A IDEIA INBRA BLINDADOS
TENDÊNCIAS & OPORTUNIDADES 2014: UM ANO RICO DE NOVAS IDEIAS
ANO 1| EDIÇÃO 5 | DEZ 2013/JAN 2014 De vendedor de picolé a dono da maior indústria de sorvetes do Rio Grande do Norte.
EDIÇÃO ESPECIAL
#MaisLida2013
Saiba qual foi, e releia a matéria mais acessada no nosso blog e nas redes sociais.
STERBOM
ARTIGO A MELHOR MANEIRA DE COMPRAR DA CHINA
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA -
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EXPEDIENTE DIRETOR-EXECUTIVO/COMERCIAL Daniel Motta DIREÇÃO DE ARTE Lucas Aquino DIAGRAMAÇÃO Laurindo Paiva Lucas Costa REPORTAGEM Gabriela Barreto Claudio Oliveira FOTOGRAFIA Canindé Soares (CAPA) Rafael Cachina Fidel Dantas ___________________________ www.revistaonrn.com.br ___________________________
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ÍNDICE
6. TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES 2014: Um ano rico de novas ideias.
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12. A IDEIA
Blindados contra a violência - Inbra Blindados.
16. CASE DE SUCESSO
STERBOM - De vendedor a dono de negócio
26. ARTIGO
A melhor maneira de comprar na China.
28. EMPREENDEDOR ON | EDIÇÃO ESPECIAL 2013 “Mudar é preciso!”- Conheça Carlos Moura.
33. CRÔNICA
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Nenhuma rua é sem saída - por Rinaldo Barros.
34. EMPREENDEDORISMO SOCIAL RN Down
37. TROFÉU ON Homenagem da Revista ON RN à trajetória dos empresários potiguares.
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TENDÊNCIAS & OPORTUNIDADES Otomar Lopes Cardoso Junior cardosojr@yahoo.com.br Fotografia: Canindé Soares
2014:
O ano de 2014 será mais do que especial no Rio Grande do Norte. Na verdade, será especial em todo o Brasil pela coincidência de datas comemorativas e oficiais e pelo grande evento esperado por todos, a tão comentada Copa Fifa de Futebol. Será um ano curto, dizem alguns; prefiro entender que é mera visão pessimista de um ano atípico pois, na verdade, 2014 será um ano rico com novas e excepcionais possibilidades de negócios. Basta ter ideias.
Do ponto de vista de paralisações e alterações no cronograma produtivo das empresas, é bem verdade que haverá interrupções, vários ritmos quebrados e planejamentos sempre em modificação e em adaptação para atender às novidades. Vejamos: começamos o ano com o nosso tradicional “veraneio” que deverá se estender por todo longo mês de janeiro para, logo em seguida, já começarmos a pensar no Carnaval que, este ano, será logo na primeira semana de março.
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e esquisitas sobre cada país), sem falar nos cadernos especiais nos jornais e – já imagino – na quantidade de propagandas e campanhas promocionais atrelando o produto ou serviço ao campeonato mundial (“time campeão”, “marque seu gol” e todos aqueles velhos chavões que conhecemos). Afinal, antes mesmo já quase no início de junho, no dia 12, veremos a Seleção Brasileira abrir oficialmente a Copa. E aqui em Natal tudo começará oficialmente logo no dia seguinte, em uma sexta-feira 13: de acordo com a Tabela FIFA este jogo em Natal é o de “número 2” da Copa.
Carnaval encerrado já será hora, para alguns, de pensar na Semana Santa e em outro feriadão, outra paralisação...
Serão 30 dias de mídia permanente sobre a Copa. O Brasil, continuando ou não, teremos todos os momentos para associar a economia produtiva e os serviços a este evento que, não custa lembrar, é o mais global de todos. Esta será a primeira Copa do Mundo em que as redes sociais permitirão a instantaneidade das emoções, sem falar na quantidade de fotos e vídeos que circularão pelo mundo não somente sobre os jogos mas sobre a realidade de cada cidade sede da Copa.
E aí, se ainda não tiver começado mais cedo, entraremos definitivamente no ritmo da Copa, já teremos programas de TV todos os dias falando sobre os times, os países e suas curiosidades (aprenderemos tantas coisas inusitadas
Por isto, uma primeira oportunidade de negócios: Natal, mais do que nunca, será vista e conhecida por todos. Vale lembrar que será a primeira Copa em que todo mundo poderá ter sua tv portátil e acompanhar todos os detalhes
UM ANO RICO DE NOVAS IDEIAS dos jogos e de onde estiver passeando: nunca os tablets e celulares serão tão utilizados como agora!
UM CALENDÁRIO DIFERENTE Mas, voltando ao calendário. Não podemos nos esquecer que com ou sem o Brasil avançando nas fases de classificação será hora de convenções eleitorais e de definições de candidaturas. Quando terminar a Copa já será quase hora do tradicional marketing político e seus preparativos para as eleições de outubro. E depois, claro, final de ano... esperando as festividades que hoje em dia “chegam” cada vez mais cedo: nunca o Natal aconteceu tão cedo neste País, pois os shoppings já inauguram suas decorações no início de novembro (aqui vou relembrar que antes o Natal “começava” tradicionalmente em primeiro de dezembro; mas alguém deve ter se perguntado qual a razão de esperar tanto! Resultado: em 1º de novembro já é hora de fazer a lista de compras, com os shoppings todos decorados). Claro que tudo isto mudará o cenário de negócios. Não dá para ficar imune nem acreditar que 2014 não será um ano diferente, seja para a indústria, comércio e serviços e, aqui incluído, o turismo. Será a maior divulgação da
história do RN como destino turístico e com uma das melhores situações: toda a mídia estrangeira de Natal será a custo zero! Lembra que na Copa da Alemanha e da África do Sul tivemos reportagens e informações sobre todas as cidades sedes daqueles? Pois é, agora será a nossa vez. Uma oportunidade única, imperdível, inigualável, mas que dependerá principalmente das oportunidades visualizadas e das ideias programadas. E aí, temos que nos render – neste aspecto – a um conceito que a Fifa nos mostra a cada dia: o planejamento de longo prazo. O calendário, as ações, os projetos enfim, as estratégias são traçadas de forma detalhada e, principalmente, antecipada com um único foco: resultado. É hora – ainda dá tempo – de pensarmos nas atividades que despontarão como sucesso de negócios para a Copa. O artesanato é sempre uma expectativa lembrada mas, podemos mais; aliás, devemos estar mais preparados com nossas empresas. Há dois anos, por exemplo, ocorreu um Encontro China-América Latina no Peru e o principal interesse dos chineses era saber como fornecer produtos para a Copa 2014... Eles já estavam lá, pensando como abocanhar este mercado.
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Temos aqui que fazer o nosso papel e pensar a Copa como estratégia de negócios seja para alavancar o consumo interno seja também como oportunidade para a exportação. Gosto sempre de afirmar que empresário e empreendedor não “tiram férias” pois aonde vão estão sempre antenados com os produtos ou serviços que oferecem, apreciam o ambiente e as oportunidades de melhorar a empresa, quando não encontram em outros lugares a combinação de uma boa sacada para incrementar a empresa. Isto vai acontecer aqui em Natal. Com uma grande vantagem, pois teremos visitantes (empresários) de diferentes países e culturas, ou seja, com diferentes perspectivas de mercado que poderão se interessar em algum produto ou serviço “made in RN”. Claro que será necessário efetuar um trabalho de aproximação, de divulgação, de publicidade ou até mesmo do chamado marketing de guerrilha. A questão é não desperdiçar tantos novos consumidores movimentando-se em torno de sua empresa, produto ou serviço.
O BOM E CONHECIDO MARKETING “Quem não é visto não é lembrado” é a velha máxima a ser utilizada com a Copa. Vou insistir mais um pouco no perfil deste turistavisitante. Como qualquer outro, inclusive os brasileiros, quem vai para uma Copa do Mundo faz um investimento relativamente diferente enquanto programa de férias. E ele já sai de casa pensando que uma nova oportunidade desta somente quatro anos depois, ou seja, o turista “oficial” da Copa está pré-disposto a gastar mais! E se ele já vem para Natal com toda esta animação, ficará mais fácil de conquistar novos clientes. A concorrência também sabe disto, claro. Por isto, a diferenciação, novas ideias é que farão este filão mais atrativo, mais interessante de captar os dólares e euros que circularão aqui no RN por 2 ou 3 semanas (muitos turistas viajam para a Copa antes de começar os jogos).
UM OUTRO CAMPEONATO
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presidente, senador e deputados federais e estaduais, a soma aplicada aqui no RN impulsionará sensivelmente o nosso PIB! (aliás, bem que alguém poderia medir o “PIB eleitoral” a cada dois anos: quanto será que a economia nacional ganha, cresce?).
Nesta trajetória de 2014 com um ano muito bom para alguns segmentos empresariais não podemos deixar de imaginar as eleições. Como em todas elas, as movimentações de recursos concentradas em 3 meses, em média, é absolutamente acima de toda e qualquer média anual. Em ano de eleições, gasta-se naturalmente mais ou, como preferem alguns, o candidato investe mais do que o normal no seu projeto de (re)eleição.
E temos mais outra vantagem quando falamos neste assunto, pois os recursos serão aplicados em todos os municípios, ou seja, haverá uma grande distribuição de riqueza em todo o interior do Estado. É claro que ficará mais concentrada nas cidades de médio e grande portes, mas é impossível que não haja circulação de – nova – riqueza em todas as cidades do RN.
Neste ano a campanha será pesada mas, no sentido mais econômico da palavra, ou seja, com candidatos a
É um marketing bem diferente da Copa, mas é novamente período de planejar estratégias pois a filosofia é absolutamente a mesma: tanto o turista que vem disposto
a gastar, o candidato também está disposto a gastar e, quanto mais influenciado por pesquisas eleitorais, maior o volume de recursos gastos e injetados aqui na nossa economia.
NOVAS OU VELHAS IDEIAS? A exposição da marca é uma das preocupações das grandes empresas em todo o mundo. Aqui no Brasil temos o mesmo procedimento, com as empresas interessadas em saber o que o consumidor pensa da empresa, de suas marcas e a percepção que ele tem em suas diversas formas de comunicação, seja da campanha institucional, da publicidade direta ou até mesmo da embalagem e sua apresentação. As marcas mais valiosas costumam ser as mais lembradas pelo público. São estas que, mesmo quando não consumidas, ainda são percebidas pelo público como sinônimo de resultado e de qualidade. Para chegar a este nível de reconhecimento e até mesmo de paixão pelo público, muitas vezes o caminho principal ainda é o “velho” (prefiro tradicional) marketing e comunicação com o mercado embora cada dia mais as ações em mídias eletrônicas prometem resultados e visibilidades tão expressivas quanto rápidas. Do e-mail ao Facebook, passando pelo Youtube nunca nos comunicamos tanto eletronicamente quanto agora; e com o mundo inteiro. A Copa ou as eleições são dois eventos no nosso calendário de 2014 que alterarão a forma de comunicarse com o público. Não se faz mais campanha ou marketing como antigamente embora isto esteja longe de significar que as tão recorridas campanhas tradicionais estejam chegando ao fim; mas também não reinam mais sozinhas no mercado publicitário. Como associar isto ao calendário de boas ideias de 2014? Vamos começar com a Copa. Como já mencionado, todo mundo saberá onde fica Natal, quais as praias de Natal, quais os pontos turísticos principais e muitos baixaram aplicativos com todos os mapas de ruas do ponto da nossa cidade. Isto significa que muitos destes turistas já virão com algum conhecimento da cidade e, naturalmente, tenderão a primeiro conhecer estes locais que fazem somente parte da realidade virtual. Seguindo esta ideia, é hora de visualizar que o foco no turista da Copa não deve somente iniciar-se a partir do momento em que ele chegar em São Gonçalo do Amarante, mas desde cedo, logo que ele decidir vir para nossas cidades. Com as facilidades tecnológicas e a acessibilidade às informações não seria também interessante divulgar
a empresa, o produto e o serviço antes do cliente parar diante de sua empresa? Talvez esta comunicação antecipada já direcionaria o seu novo e futuro cliente para sua empresa, antes mesmo que ele conheça ou saiba da concorrência! E nas eleições, celulares, tablets e blogs terão seu ponto alto nas campanhas. É rápido e fácil divulgar o candidato por mensagem via celular, página na internet ou diferentes blogs. Mas, a boa aposta do mercado profissional estará em melhor comunicar sem afastar o seu “cliente”, o cidadão, ou tornar a mensagem antipática.
2014: UM ANO LONGO Todo empresário deve ser otimista por natureza. Realista por convicção. E empreendedor por vocação. Ser otimista é ter certeza que em 2014 a circulação de riquezas no nosso Rio Grande do Norte deverá ser a maior dos últimos anos em função deste calendário favorável. Ser realista e entender que algumas atividades produtivas estarão em maior exposição mas, na economia, quando poucos ou muitos ganham muito, de alguma forma todo mundo ganha alguma coisa. Ser empreendedor para ter iniciativa de aproveitar as novas oportunidades deste ano diferente de todos os demais aqui no RN. 2014 não será um ano curto, como imaginam alguns mais pessimistas ou menos otimistas. Será um ano longo pela quantidade de oportunidades que aparecerão. Na verdade, tudo dependerá das boas ideias, de saber aproveitá-las em todas as datas que um calendário diferente nos oferece. Uma outra combinação como esta não dá para deixar de lado. O ano de 2014 será naturalmente rico; mas somente para aqueles que aproveitarão suas novas ideias para coloca-las em prática.
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Fotografia: Canindé Soares
Nem todo mundo gosta de futebol É verdade, embora possa parecer estranho explicar para algum turista estrangeiro que nem todo mundo no Brasil nasce sabendo jogar bola. Tem algumas pessoas, na verdade, muitas delas, que nem gostam de futebol. Outros, detestam... É hora de aproveitar este clima favorável aos, digamos, antifutebol. O turista estrangeiro que chegar a Natal pode estar acompanhado de esposa ou companheira e/ou filhos. Talvez ele venha por causa da Copa, mas o restante da família viria mesmo a passeio, para conhecer Natal e suas praias. O que fazer, então, para tornar-se atrativo para este público que aqui estará mas, na verdade, não se interessará quase nada pelos jogos? E o público local? Muita gente vai querer “fugir” de Natal durante os jogos ou nas semanas dos jogos iniciais: é hora de entender o que gostariam de fazer, desligando-se da Copa por completo. E vale tanto para programação fora da cidade como em Natal.
Do you speak english?
Serviços Personalizados
Pensar em turismo internacional é naturalmente pensar em comunicar-se com alguém em um novo idioma. Naturalmente, por ser a língua mais falada, o inglês será bastante praticado em Natal. Mas, poderemos ter japoneses, mexicanos ou uruguaios que se sentirão bem mais à vontade em encontrar rótulos de produtos e cardápios de bares e restaurantes nos seus idiomas pátrios. A comunicação fluirá muito mais facilmente e, como todo turista, ele quer ser bem tratado: se for no idioma dele, tudo ficar mais fácil ainda!
Nesta Copa receberemos também turistas com elevado poder aquisitivo. São aqueles que comprarão um bom pacote no hotel e os melhores lugares no Arena. O poder aquisitivo deste pessoal permite escolher com muito mais possibilidade os serviços: qualidade (e luxo) farão a distinção. Para muitos, se o Brasil será uma descoberta, Natal será um quase mundo novo: se curiosidade para descobrir o novo destino também por outro lado, a preocupação de escolher bem o serviço de apoio. Será hora de oferecer serviços personalizados a este grupo especial de turistas da Copa: de passeios e roteiros exclusivos, a guias bilíngues a serviços de apoio funcionando 24h por dia, passando pela reserva em restaurantes de melhor gastronomia regional até mesmo atendimento em spas e cuidados com a saúde e o corpo. Mas, vale lembrar que estes serviços devem ser oferecidos desde já e diretamente no país emissor tendo aqui a confirmação da contratação. Quem apresentar-se primeiro – e melhor – ficará com esta fatia de mercado.
Quantos pontos comerciais e prestadores de serviços estarão preparados para atender a este público? Ou, ainda, quantas empresas adaptarão seus sites em outros idiomas? Talvez não dê tempo de qualificar as pessoas para a Copa, mas ter à disposição, na internet, todas as informações facilitará bastante qualquer comunicação e processo de negociação com o turista estrangeiro.
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A IDEIA
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Nós temos conhecimento de vários casos que o carro blindado salvou vidas
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Reportagem por Gabriela Barreto Fotografia: Fidel Dantas
BLINDADOS CONTRA A VIOLÊNCIA
Empresa de blindagem de veículos automotivos chega a Natal oferecendo serviço até então nunca realizado no Estado. Proteção a vida e investimento em segurança está na lista de prioridades dos brasileiros. Um bom exemplo disso é a blindagem automotiva, que tem se tornado cada vez mais uma alternativa de proteção frente ao crescimento da violência urbana no país, não apenas nos grandes centros, como também nas cidades litorâneas e do interior. De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), foram blindados no país 4.275 veículos somente no primeiro semestre de 2012, um aumento de 4,92% na comparação com o mesmo período de 2011. Os altos índices de violência e a sensação de insegurança dos brasileiros fizeram aumentar a procura por blindagem de veículos em 2013. No Rio Grande do Norte os dados oficiais da Polícia Civil registraram até meados de outubro deste ano mais de 1200 homicídios no estado. Em 2012, foram 952 durante todo o ano. O número de roubos e assaltos a residências e ao comércio cresce todos os dias, sem falar no registro de crimes no trânsito
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e nas ruas. Esse é o retrato de um cenário que se repete não só no RN, mas em todo o Brasil. Por isso, é cada vez maior o número de pessoas que tem procurado os serviços de segurança privada. Uma das alternativas que tem conquistado cada vez mais adeptos no RN é a blindagem de carros – um mercado até então inexplorado por aqui. O cidadão que queria ter seu veículo blindado precisava recorrer aos serviços oferecidos em outros estados,principalmente em Pernambuco, na capital Recife, onde a oferta é ampla. Observando o crescente número de clientes potiguares, os empresários Eros Matheus e Tiago Tavares, com ampla experiência no ramo, investiram no mercado potiguar em uma franquia da Inbra, maior fabricante de equipamentos de blindagem do Brasil. “Há muitos anos trabalhamos com blindagem de carros e observamos que sempre houve uma procura muito grande de clientes vindos do Rio Grande do Norte. Em 2012, esse número cresceu significativamente, o que nos estimulou a trazer
Fotografia: Fidel Dantas uma franquia da Inbra para o Rio Grande do Norte”, contou Eros Matheus. O mercado que permeiam o setor de blindagem de veículos no país é promissor, antes mesmo de instalar a empresa na capital potiguar em abril deste ano, Eros e Thiago já tinham uma boa cartela de clientes conquistados e muitas possibilidades. Para se ter uma ideia, a dupla já chegou a Natal com a responsabilidade de blindar os carros utilizados pela equipe de executivos de uma grande empresa potiguar. Outros empresários também buscaram os serviços da Elite Blindados, que em poucos meses de funcionamento, já tem lista de espera.
A IDEIA O processo de blindagem dura cerca de 30 dias, o custo pode variar dependendo da marca e do tipo dp veículo. O público alvo está na classe A e tem perfil composto predominantemente por homens com mais de 35 anos. São, na maioria, empresários, políticos, juízes, promotores e advogados. Eros explicou também que muitos dos que procuram os serviços dão preferência à blindagem dos carros de seus filhos e esposas em primeiro lugar. “Os clientes priorizam muito no investimento em segurança, dando preferência aos carros dos filhos e da mulher, quando não tem condições de blindar todos os carros da casa. Já outros clientes preferem comprar um carro um pouco mais em conta e investir na blindagem do veículo.”, argumentou. Além dos carros utilizados por pessoas físicas, a Elite Blindados também realiza a proteção de veículos de grande porte para empresas, como caminhões, por exemplo. A empresa fechou, inclusive, uma parceria com a Volks e com outras concessionárias de carros de passeio para oferecer ao cliente toda a comodidade de adquirir um veículo já protegido diretamente na loja. Além da proteção, outra vantagem de ter um veículo blindado é a sua valorização na revenda.
TECNOLOGIA DE PONTA A Elite Blindados chegou ao Rio Grande do Norte trazendo toda a tecnologia de ponta utilizada pela Inbra em anos de experiência blindando não só veículos automotivos, como também veículos navais, aéreos e materiais de segurança para o Exército Brasileiro. A sede da empresa em Natal, funciona como se fosse uma indústria com toda uma linha de produção, conta com equipamentos exclusivos de última geração, além de mão de obra técnica extremamente qualificada, com vasta
experiência na blindagem de veículos e trabalham com equipamento da Inbra há mais de 10 anos. O processo, tem como diferencial a qualidade do material utilizado e o sistema de pré-moldados que não danifica o carro, passa por uma série de inspeções e revisões antes da finalização. “Nosso foco é a qualidade do material que oferecemos ao cliente. Trabalhamos com peças pré-moldadas, o que agiliza todo o processo. Além disso, fazemos uma revisão rigorosa de todos os itens do veículo, garantindo um serviço de qualidade que não se encontra em outra franquia que não seja Inbra. Fazemos um check list completo antes e depois do serviço. Nosso cliente também conta com assistência nas principais capitais brasileiras e também 10 anos de garantia. É um serviço de excelência”, assegurou Tiago. Os casos nos quais ter o carro blindado salvou a vida de um cliente são vários. “Nós acompanhamos os números da violência no Brasil e temos conhecimento de vários casos nos quais o carro blindado salvou a vida de uma pessoa. Temos clientes que depois de passarem por uma experiência na qual foram salvos, fizeram financiamento para blindar todos os outros carros da família.”, destacou Eros. Além dos vidros e da lataria, os carros blindados pela Inbra recebem proteção também no capô e nos pneus, que, caso sejam alvejados, ainda tem capacidade para rodar por cerca de 50 quilômetros a mais, graças ao aro de segurança. Os carros ainda são equipados com sirene e microfones que garantem a comunicação do interior do carro com o ambiente externo. Mercado amplo no RN, no Brasil e
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no mundo Além de blindar navios, aviões, helicópteros e carros das Forças Armadas Brasileiras (incluindo o carro utilizado pela presidente Dilma Rousseff), a Inbra também fornece blindados para o México e para países do Oriente Médio. O Brasil, segundo Eros, é o 2º país no mundo que mais blinda carros. Ao todo, são cerca de 300 novos veículos protegidos por mês com os equipamentos da Inbra.
Fotografia: Fidel Dantas
A Elite Blindados utiliza materiais balísticos produzidos pelo grupo INBRA, garantindo qualidade nos materiais e implementação. As técnicas inovadoras e alta tecnologia empregada nos materiais permitem uma das blindagens mais leves e seguras do mercado. Os empresários também pretendem ampliar os serviços da empresa,oferecendo ao mercado local a blindagem arquitetônica para ambientes.
Os materiais produzidos pelo Grupo Inbra Filtros utilizados no processo são:
MATERIAL OPACO ARAMIDA Fabricante Inbratêxtil
O material opaco aramida consiste em um composto formado por fibras leves e de alta resistência, ás quais se agregam resinas especiais. Como resultado, obtemos peças estruturadas com características morfológicas distintas e perfeitamente ajustáveis aos locais a serem protegidos. São altamente resistentes, leves, semirigidas e não perdem suas propriedades balísticas em função do tempo ou de outros agentes externos.As peças moldadas são instaladas em áreas internas especificas do habitáculo, excluindo-se o assoalho (opcional).
MATERIAL OPACO AÇO BALÍSTICO Fabricante Inbrafiltro
Os materiais opacos aços balísticos são cortados num processo de alta tecnologia chamado corte a laser,garantindo assim, precisão dimensional no corte e que suas propriedades estruturais (físico-químicas) sejam mantidas. São conformados a frio pelo processo de estampagem e instalados em áreas especificas do habitáculo alcançando alta qualidade final do produto.
MATERIAL TRANSPARENTE Fabricante Inbraglass
O vidro que não delamina, o SPACEGLASS. A delaminação tem sido um dos principais problemas 14
enfrentados pelos consumidores de blindados. A delaminação pode ser traduzida como o aparecimento de bolhas de ar, que acontece quando os materiais que compões o vidro blindado com policarbonato se deslocam. Além de ser esteticamente inadequada, compromete a transparência e a segurança. Após anos de pesquisa para eliminar esse problema, a InbraGlass, empresa do Grupo InbraFiltro, desenvolveu o SPACEGLASS, um vidro que não delamina, pois o mesmo não utiliza policarbonato. Os vidros SPACEGLASS são construídos com lâminas de cristal especial, unidos por filme PVB mais camada Hard Poliurethone e SpallShield antifragmentação, que constitui o ponto forte de nossa tecnologia, conservando a curvatura original com espessura de 21mm. Esta tecnologia de blindagem proporciona excelente qualidade, não produz estilhaços para o interior do veículo e resiste a impactos múltiplos. Na área de materiais de segurança, o Grupo InbraFiltro tem a aprovação dos mais rígidos institutos europeus e norte-americanos, como o laboratório H. P. White, dos Estados unidos, e o de Mellrichstadt, da Alemanha. no brasil, além da homologação pelo INMETRO, possui todas as certificações necessárias para fornecer às Forças Armadas, Polícias Civil e Militar, bem como às empresas de segurança em geral.
SERVIÇO
Elite Blindados www.eliteblindados.com.br 55.84.3025.6565
CASE DE SUCESSO Reportagem por Gabriela Barreto Fotografia: Canindé Soares
De vendedor de picolé a dono da maior indústria de sorvetes do Rio Grande do Norte.
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Fotografia: Canindé Soares
STERBOM De vendedor a dono de negócio
Durante a conversa com a equipe da Revista ON, o empresário Antônio Leite Jales, mais conhecido como Toinho da SterBom, deixou claro qual é a sua característica mais marcante: a simplicidade. O menino barrigudo do município de Messias Targino, no Médio Oeste potiguar, passou muita necessidade junto com a família humilde. Quando adolescente, a família se mudou para o município de Mossoró, onde o pai veio a falecer. Restou a ele, como filho mais velho, ajudar a mãe a criar os cinco irmãos. E assim começou uma das mais bonitas histórias de empreendedorismo local. Toinho foi de vendedor de picolé a dono da maior indústria de sorvetes do Rio Grande do Norte. No meio do caminho, trabalhou 12 anos como mergulhador profissional. Mas o tino para o negócio falou mais alto e ele voltou a trabalhar com sorvetes na década de 1990 já em Natal. Com um leque de produtos que agregam qualidade e preço acessível, ele se orgulha de poder gerar emprego e renda para milhares de pessoas. Casado com Zauleide e pai de André, Toinho conta como foi sua trajetória, fala sobre o período no qual
trabalhou como mergulhador e comenta quais são os planos futuros para a empresa. Confira isso e muito mais na entrevista a seguir.
Como foi o início da sua história? Eu comecei a trabalhar com sorvete em Mossoró, em 1974. Sou natural de Messias Targino e quando era bem jovem, meu pai – que era agricultor – adoeceu e a família se mudou para Mossoró. Quando chegamos lá, meu pai conseguiu um emprego, mas com poucos dias, o câncer se agravou e ele acabou falecendo. Como eu era o filho mais velho, fui atrás de um emprego para ajudar minha família. Procurei um homem que trabalhava com picolés e pedi uma carrocinha para poder começar a vender. Ele riu e disse: “meu filho, você não pode nem com você, como vai carregar uma carroça de picolé?”. Eu era magrinho, tinha uns 14 anos, e pedi para que ao invés de me entregar uma carrocinha, ele comprasse uma caixa de isopor. Assim foi feito e no dia seguinte, eu já estava vendendo picolés pelas redondezas do bairro onde ficava a fábrica. Durante o dia eu vendia os picolés e durante a noite,
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CASE DE SUCESSO eu ia para a sorveteria para ajudar ao dono e também para aprender como era o processo de fabricação. Dessa forma, eu também aprendi a fabricar os picolés e com o tempo, arrendei uma máquina e antes de completar 18 anos, eu comprei a fábrica dele com o dinheiro que sobrava da venda dos picolés, já que eu ajudava minha mãe na criação dos meus irmãos.
Houve uma época na qual você foi mergulhador profissional. Como isso aconteceu? Na época em que eu vendia os picolés, passava um seriado chamado “No fundo do mar” e eu adorava ficar assistindo pelas janelas das casas enquanto andava pelas ruas. Com isso, eu coloquei na minha cabeça que queria ser mergulhador. Por volta dos 19 anos, eu vendi minha fábrica de sorvetes e picolés e fui trabalhar numa empresa de dragagem chamada Ster Engenharia. Conheci o filho de um dos sócios da empresa e ele me convidou a fazer um trabalho que duraria 15 dias, que se transformaram em 12 anos. Passei a ser mergulhador profissional, mas sempre comentava que quando eu tivesse meu filho, largaria essa profissão. Faltavam cinco anos para eu me aposentar e as pessoas achavam que eu estava louco. Todos comentavam: “Com essa história de mergulhar em grandes profundidades, Toninho endoidou”. Mas o fato é que em 1990, quando eu morava no Guarujá, meu filho nasceu e eu pedi para sair da empresa. Voltei para Natal para trabalhar com sorvetes.
Como foi a experiência como mergulhador? Aprendi muito durante os doze anos que trabalhei na Ster Engenharia e tenho muitos serviços prestados pelo Brasil. Foi a melhor faculdade que pude fazer, pois quando você tem vontade de aprender e tem a oportunidade, as coisas acontecem facilmente. Fazíamos muitos emissários submarinos e trabalhávamos em parceria com a Petrobras em obras de dragagem. Já fiz dragagem para a Marinha debaixo da ponte Rio-Niterói, trabalhei na base naval do Aratu, na Bahia. Tenho o prazer de dizer que fui eu que fiz a vistoria de fundo do porto de Suape para que as obras fossem iniciadas, isso em 1980. Trabalhei também em Areia Branca, Guamaré, fiz o emissário do Guarujá... já rodei o Brasil todinho debaixo d’água. Eu costumo brincar dizendo que se eu vivesse 200 anos, não gastaria nem a metade da experiência que adquiri como mergulhador profissional. O melhor é que foi aquela experiência na prática, que livro nenhum ensina. É como andar de bicicleta: eu duvido que alguém aprenda só lendo nos livros. Só vai na prática.
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Durante esse período, você manteve alguma atividade relacionada à fabricação e comercialização de sorvetes e picolés? Não. Durante todo esse tempo, eu não passava nem perto de uma fábrica de sorvetes porque eram coisas completamente diferentes. Em 1991, voltei para Natal, comprei umas máquinas em São Paulo e fundei a SterBom, fazendo uma homenagem à empresa na qual trabalhei por doze anos. No início, eu trabalhava com um freezer emprestado e usava um carrinho de rua. Lutei durante muitos anos e tive muitas oportunidades que hoje procuro oferecer para outras pessoas que tem interesse em progredir. Mas nem todos são iguais, cada um tem seu dom e sua forma de trabalhar. Eu gosto de dar oportunidades e aqui na empresa, quando eu vejo que alguém se destaca, eu chego junto para ajudar. Mas tem gente que não quer isso. Eu mesmo já ofereci uma oportunidade a um colaborador que se sentiu ofendido achando que eu não estava gostando do serviço prestado por ele. Mas, graças a Deus, tem casos de outros colaboradores que agarraram as oportunidades e hoje estão muito bem. Eu fico muito feliz com isso. Não tem coisa melhor do que ver uma pessoa que a gente gosta bem. A melhor coisa desse mundo é a amizade.
Como é a sua relação com os colaboradores da empresa? É claro que o navio grande tem uma tripulação, muita gente que ajuda, mas tem que ter o timoneiro que trace o rumo. Ninguém vai a lugar nenhum sozinho. Eu sou muito grato a muitas pessoas. Não é à toa que todos que começaram na SterBom, que eu brinco chamando de “veteranos de guerra”, continuam aqui comigo. Tem um motorista que está perto de se aposentar que era vendedor de carrinho e conseguiu o emprego porque o pai me pediu ajuda, mas na época eu não tinha condições de pagar. Então, fiz um acordo com ele e pagava metade do salário, a outra metade ele tirava em mercadorias e levava para vender. Quando as coisas melhoraram, eu pude pagar o salário inteiro e hoje quando vejo que ele está bem, criou a família toda e os filhos estão encaminhados na vida, eu fico muito feliz. São vários casos assim, pois praticamente todos os fundadores da SterBom continuam aqui. Isso é muito gratificante.
O que foi mais difícil? Todo momento tem a sua história. Se eu tinha uma dificuldade no começo, agora é tudo bem maior, já que aumentou também a responsabilidade. Hoje,
DISTRIBUIÇÃO
Além da fábrica e dos galpões, hoje temos em torno de 82 carros que circulam pelo Rio Grande do Norte e fazem as viagens para distribuir as casquinhas.
Fotografia: Canindé Soares temos mais de oito mil pais de família que tiram seu sustento daqui. São mais de 600 colaboradores diretos e toda uma cadeia de pessoas que dependem do nosso negócio. Nós produzimos sorvetes, picolés, casquinha, coberturas, biscoitos, gelo, água mineral... e este último, por exemplo, gera muitos empregos. São muitas as pessoas que sabemos que estão desempregadas e vem aqui comprar garrafões de água para revender e garantir uma fonte de renda. É algo que nos deixa felizes.
Teve algum momento no qual o senhor achou que não daria certo ou pensou em desistir? Desde que eu me entendo de gente, nunca houve nada que eu me propusesse a fazer e que colocasse alguma dificuldade. Não sei nem lhe dizer se sou dedicado ou sortudo. Acho que a sorte é saber o que você quer, pois se você não acreditar naquilo que você vai fazer, quem é que vai acreditar? Tudo que eu vou fazer, eu acredito. É a pessoa dizendo “não vai dar certo” e eu respondendo: “mas deixe eu tentar”. E eu tenho a humildade de dizer que errei, mas sempre depois de tentar.
E sobre o processo de expansão e construção da fábrica, como aconteceu? Minha primeira loja foi no Alecrim. Hoje, quem trabalha na loja onde eu comecei é o meu irmão. E ali na avenida 7, na Rua dos Caicós, temos a loja da fábrica que já foi o nosso segundo passo. Depois, em 1998, eu comprei esse
terreno aqui (no município de Parnamirim) e viemos para cá no ano 2000. Foi um investimento muito alto porque esse era um terreno virgem, aqui era uma granja.
Esse foi o seu maior passo? Eu confesso que essa foi uma das acertadas que eu dei. Não há condições de se ter uma indústria dentro da cidade. Foi uma coragem fora de série porque se eu tivesse me acomodado e tivesse ficado mais dois anos no Alecrim, a SterBom não seria o que é hoje. Eu sempre digo que não podemos perder as oportunidades. Se existe uma coisa que não se recupera é o tempo. Eu, graças a Deus, digo que a coisa certa aconteceu na hora certa. Eu tenho muita vontade de trabalhar, eu só quero que Deus me dê saúde para eu continuar fazendo isso por muitos anos. Quer me ver triste? Me tire daqui.
Houve algum período de crise financeira que tenha afetado os seus negócios? Não. Quando eu comecei, era uma inflação muito grande. Eu tinha muita amizade com os fornecedores de açúcar e farinha, por exemplo. Aí, quando o preço ia virar, eles me davam 30 dias para eu pagar. Então, eu pegava aquele dinheiro e aplicava na poupança. Quando chegava o dia de pagar, às vezes a inflação era tão alta que eu pagava muito pouco porque o dinheiro estava desvalorizado, mas rendia alguma coisa. O empresário tem que saber trabalhar com a economia de acordo com
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Fotografia: Canindé Soares
a época. Veja que muitas pessoas que viviam bem na época da inflação quebraram porque viviam de especulação. Eu não fazia isso. Eu comprava mercadoria e estocava porque sabia que haveria uma oscilação. Eu me preparava para as situações e aplicava o dinheiro na minha própria empresa. Eu tive que enxergar como lidar com várias situações, pois não se tratava apenas de produzir sorvete. Eu tinha que estar atento a como aplicar o dinheiro.
Sua capacidade administrativa é algo natural ou você se preparou para isso? Tenho certeza que nasceu comigo. Eu até fiz alguns cursos, mas não existe curso melhor do que a necessidade. Lá em Messias Targino, tinha muitas noites que não tínhamos o que jantar e minha mãe nos dava farinha com sal e água da cacimba, que a gente disputava com os animais. Aquilo dava um “bucho inchado” que quando você batia, parecia uma zabumba (risos). Assim, você aprende a valorizar as coisas. O grande estágio que eu fiz na área de economia foi durante a minha infância no interior. Era uma situação muito difícil, meu pai era meeiro e eu não tenho vergonha de dizer que às vezes a gente não tinha o que comer.
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Você é casado,tem filho? Eles trabalham aqui? Sim, sou casado e tenho um filho. Os dois trabalham comigo. Zauleide, minha esposa, cuida da parte administrativa e das lojas que temos. Já o meu filho André está na área comercial, mas ele se mete em tudo. Esse pessoal mais jovem é assim, mas isso é ótimo. Eu aprendo com ele, ele aprende comigo. A vida é assim: a gente acha que sabe de tudo, mas sempre podemos aprender uma coisa nova. Basta ter humildade porque ninguém, por mais sabido que seja, é melhor do que ninguém.
Como foi o processo de ampliação da linha de produtos e a expansão para outros estados? Tudo é uma questão de oportunidade, de você observar a carência de mercado. Eu comecei com carrinhos de sorvete, depois fui comprando as máquinas e montando minha estrutura. Como eu não produzia picolé, o pessoal costumava guardar os picolés nos meus freezers. Aí eu reclamava, mas não podia fazer nada porque havia emprestado. Daí, eu passei a produzir picolé para ocupar meus freezers. A casquinha foi uma necessidade, pois toda
casquinha que eu comprava de fora, a metade chegava quebrada. Eu reclamava com a fábrica e eles diziam que o problema era da transportadora. Eu falava com a transportadora e eles diziam que o problema era da fábrica. Aí eu resolvi comprar uma máquina de casquinha e comecei com uma máquina manual. Hoje a SterBom tem uma das maiores fábricas de casquinha do Brasil. Já vendemos até para o Sul do país. Já a água mineral foi um processo que eu iniciei desde que instalamos a fábrica aqui. Em 2007, conseguimos a concessão para produzir a água e deu muito certo, pois aqueles clientes que eu já atendia com o sorvete já eram clientes para a água também. Eu só aproveitei aqueles produtos que eu tinha facilidade de vender, investindo num mix de produtos, na logística, em equipamentos modernos e bons profissionais. Venho sempre procurando equipamentos de última geração para baixar custos e aperfeiçoar o produto.
Qual? O sorvete ainda é o principal.
Em quais estados a SterBom está presente hoje? Com o sorvete, além do Rio Grande do Norte, eu trabalho em Pernambuco, Paraíba e Ceará. Mas o nosso casquinho é vendido em todo o Brasil e todo o sistema de logística é feito pela SterBom.
O mercado de açaí vem crescendo muito em Natal. Você pensa em entrar nessa área? Veja só como nosso país é cheio de oportunidades. Muitas pessoas estão fazendo bons negócios com a comercialização de açaí. Eu poderia estar nesse mercado, mas esse não é o meu foco. Não precisa eu querer entrar num mercado para derrubar um concorrente. Tem espaço para todo mundo. Quando eu entrei no mercado de água mineral, eu tenho certeza que não atrapalhei ninguém. A diferença é a qualidade do serviço que se presta. O consumidor não perdoa: você é julgado pela qualidade do produto que oferece.
A qualidade, então, é um diferencial da Sterbom? Com certeza. Ninguém quer consumir um produto que não é bom. Eu faço uma conta grosseira e estimo que 300 mil pessoas consumam nosso produtos diariamente.
O fato de ser potiguar impulsionou o crescimento da empresa e a simpatia das pessoas em relação
à Sterbom?
Eu acho que a SterBom tem uma relação muito bonita com o povo do Rio Grande do Norte e as pessoas de outros estados reconhecem e admiram isso. Não é fácil começar com um freezer emprestado e hoje ter mais de 6 mil freezers num espaço de tempo curto. Sempre procuramos fazer o melhor para nosso maior parceiro que é o consumidor. A gente que trabalha com alimento tem que ter muito cuidado. Nossa equipe é qualificada e todos os produtos são submetidos a análise.
Como funciona a estrutura estratégica da SterBom? Temos um engenheiro de alimentos que veio de fora e a equipe financeira é gerenciada pela minha esposa. Temos a equipe de manutenção, os vendedores externos – quem cuida dessa parte é meu filho André – e os supervisores. Temos o pessoal do RH que firma parcerias muito interessantes com o Sesi, trazendo vários benefícios para os nossos colaboradores. Sempre tem alguma coisa para motivar as pessoas e trazer um novo incentivo. Eu tenho muitas ideais boas em relação a isso, não sei se vou conseguir colocar em prática.
Pode revelar? Tenho um sonho de pegar uma área boa e fazer um condomínio fechado com apartamentos para os colaboradores morarem com estrutura de área de lazer, construir galpões... é tipo uma família. Hoje temos colaboradores que moram na zona Norte de Natal e gastam até 7 horas para se deslocar entre a casa e o trabalho. Isso eu vi na China e achei muito interessante.
O seu produto é muito bom, equiparado a marcas de alcance nacional. Você pensa em expandir para outros mercados, como no Sudeste? Não vou dizer que não vou, mas eu acho que ainda tem muito espaço aqui no Nordeste onde eu posso chegar. O mercado do Sudeste é muito grande, muito consumidor, mas tem muitas fábricas regionais. Mas se eu tenho todo esse espaço aqui próximo a mim, eu não vejo necessidade de expandir para essa área agora. Pode ser que um dia eu venha a fazer isso, mas ainda há muito a ser feito aqui pelo Nordeste.
Então os planos de expansão da empresa estão totalmente focados no mercado local? Sim, focamos no Nordeste. Quero fazer um trabalho bom no Rio Grande do Norte, tenho umas ideias e estou buscando parcerias. É como se fosse um bolo
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Fotografia: Canindé Soares
QUALIDADE
Todos os produtos da SterBom passam por um rigoroso controle de qualidade.
muito bom que não se consegue comer sozinho. Então é melhor dividir aquele bolo porque é melhor para todo mundo.
Você pensa em abrir franquias? Estamos estudando uma maneira de fazer isso, porque franquia só para sorvetes é complicado. Nós fazemos esse trabalho com as lojas há 12 anos. Quando eu comecei, a gente tinha que bancar. Mas era positivo porque as lojas divulgam o nosso produto e fortalecem a nossa marca. Hoje, elas já estão dando lucro. Eu fico feliz porque ali está a minha marca, o meu produto e eu estou gerando emprego e fonte de renda para mais pessoas.
Todas aquelas lojas são gerenciadas por vocês? Sim, quem comanda isso é a minha esposa Zauleide. Já tivemos 26 lojas, hoje estamos com 18. Algumas funcionam em sistema de parceria, mas tudo é sob o nosso comando. Todas as lojas seguem um padrão e minha esposa, que é muito organizada, toma conta de tudo.
Qual a estrutura de logística da empresa? Além da fábrica e dos galpões, hoje temos em torno de 82 carros que circulam pelo Rio Grande do Norte e fazem as viagens para distribuir as casquinhas.
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Qual a capacidade de produção atualmente? Medimos nossa capacidade de produção por hora: de sorvete, são cerca de 7 mil litros por hora; picolé são 18 mil unidades; casquinhas, 3 mil unidades e o biscoito waffer são 11 mil. Produzimos tudo rapidamente a partir dos pedidos porque são produtos que não podem ficar estocados por muito tempo. Já a água, são 8 mil garrafinhas por hora e 1.500 garrafões/h.
Você se sente a vontade para falar do faturamento da empresa? Estamos bem. Está dando para crescer e dar oportunidade a muita gente, que é o que eu mais desejo. Eu que fui vendedor de picolé na rua e hoje posso gerar mais de 10 mil empregos no meu estado, eu fico muito feliz, pois lembro o quanto foi importante para mim aquele senhor ter me arrumado aquela caixa de isopor para vender picolé.
Ele viu seu crescimento? Infelizmente não. Ele foi uma pessoa muito importante para mim, era como se fosse um pai. Mas ele faleceu.
Quais são os planos para o futuro da SterBom? Eu tenho muitos projetos em mente, vamos ver como isso vai ficar.
Hoje os empresários reclamam muito, e com razão, de que estamos passando por uma crise muito grande de mão de obra. Mas eu acho que isso é passageiro porque está vindo uma safra muito boa aí. Houve uma grande mudança no país, as pessoas estão melhorando de vida. Essa turma nova que vem aí está estudando e se preparando. Acho que daqui a uns 5 anos, essa crise deve cessar.
A um curto prazo, o que podemos esperar para o próximo ano, por exemplo? Nós lançamos vários picolés diferentes e eu tenho umas ideais aí de trabalhar com o nosso nicho de produtos. Não pensem que é fácil vender picolés. É todo um processo de fabricação, armazenamento, distribuição... tudo isso tem um custo muito alto.
Muitos empresários reclamam da burocratização, que dificulta o empreendedorismo e os negócios. Qual a sua opinião a respeito disso? Não sou contra as leis que existem, mas sou contra aquelas pessoas que muitas vezes estão ali atrás do balcão para dificultar a vida dos outros. Eu acho que não era para o empresário precisar ir atrás de uma licença, de qualquer coisa. Os órgãos que deveriam visitar as empresas e ter a iniciativa, pois as empresas geram renda. Mas é o contrário. O empresário às vezes passa anos esperando para ter uma licença. As leis são feitas para serem cumpridas, mas há muita coisa errada. Eu tenho certeza que com o nosso potencial, não haveria país que amarrasse as nossas chuteiras se as coisas fossem diferentes no Brasil. O que eu acho que falta nas pessoas é boa vontade de ajudar ao próximo. Não tem coisa melhor do que se ter vontade de ajudar as pessoas. Mas se você não quer ajudar, também não atrapalhe. Essa burocratização é uma característica do Rio Grande do Norte ou um problema a nível nacional? Existe essa dificuldade de ser empresário aqui no estado? Não, isso é algo que existe em todo o Brasil. Alguns empresários dizem que em outros estados é diferente, mas isso acontece em todos os lugares. O próprio Governo Federal embarga suas obras a todo momento. É como se o Governo trabalhasse contra si próprio e isso nós estamos vendo direto. É um prejuízo enorme para o poder público e para nós que pagamos impostos. Eu acredito que deveria haver um pacto pelo fim da burocratização, pois isso impede o desenvolvimento do nosso país. O Brasil vive um momento único de oportunidades, mas não está sabendo aproveitar.O setor empresarial também tem se queixado da falta de diálogo e de colaboração da atual gestão Governo do Estado. O senhor compartilha dessa opinião?
Não. Eu não tenho o que reclamar de Governo. Eu luto, faço a minha parte. Quando existe alguma dificuldade, nós vamos atrás e procuramos resolver. Não é fácil, mas não é impossível. Nós mostramos nosso esforço e nossa boa vontade – o que eu acho que está errado, pois não deveríamos precisar ficar correndo atrás, pelo contrário. Também discordo do modo como as coisas são tratadas. Se você vai abrir uma padaria, precisa de uma licença do Idema, mas se for abrir uma usina de moer trigo, é a mesma licença. Isso está errado. Mas graças a Deus, parece que isso está mudando graças a um projeto que regulamenta o licenciamento ambiental eletrônico. Isso é importante. Basta tirar as travas que existem e pensar nas futuras gerações.
Sobre a vida pessoal, o que você gosta de fazer? Uma coisa que eu gosto demais é estar ao lado dos amigos. É muito gratificante passar um final de semana ao lado das pessoas que eu gosto. Gosto também de mergulho, já que sou mergulhador profissional e hoje tenho pouco tempo, mas estou me organizando para voltar a me dedicar ao mar. Quando eu estou debaixo d’água, é um mundo completamente diferente, é uma paz de espírito muito grande. Mergulhar é como andar de bicicleta: você não esquece nunca.
Você gosta de futebol? Gosto de futebol e gosto do ABC. Mas sou ABC quando o jogo é contra o América. Mas se o América jogar com qualquer outro time, eu sou América desde criança. Nós temos que torcer pelo futebol do Rio Grande do Norte. Eu quero que o esporte do nosso estado se destaque.
E como é a sua relação com Messias Targino? Você costuma ir lá? Nunca vou esquecer a minha terra. O tempo não me deixa ir com a frequência que gostaria, mas são muitas coisas para fazer aqui. Mas sempre que posso, volto lá.
Tem algum empresário que o senhor tenha como referência? Paulo Melo da Citroën é um exemplo. Quando ele veio para cá de Recife, era vendedor de peças de carro ali no Alecrim. Ele tem uma história muito bonita. Ele tem hoje a Citroen e diversas outras concessionárias. É um cara correto, um exemplo de ser humano.
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ARTIGO
A MELHOR MANEIRA DE COMPRAR DA CHINA por por Patrícia Gomes e Grace Moura.
Quando pensamos em China a primeira coisa que nos vem à mente é sua incrível capacidade de produção, que a tornou uma grande potência mundial. E todos nós queremos negociar com a China. Mas por onde começar? Primeiro temos que ter em mente sua cultura, sua maneira de negociar. A China possui uma cultura milenar, com muitas tradições e etiquetas que deverão ser levadas em consideração. A não observação a regras culturais é o principal fator de fracasso, conflitos comerciais e até legais entre pessoas de estilos diferentes. Enquanto nós brasileiros somos extremamente amigáveis, educados, com pessoas que acabamos de conhecer, os chineses em uma primeira impressão podem parecer rudes e mal educados. Mas, no entanto, é somente uma postura normal para eles com aqueles que não conhecem. Os laços de amizade, porém, são muito fortes e valorizados, mas é algo que deverá ser cultivado por um bom tempo. Sempre ouvimos, desde pequenininhos, para não deixar comida sobrando no prato em uma refeição, uma falta de educação correto? Errado se estiver em um jantar na China! A comida é um fator de extrema importância para os chineses. Devido à situação de extrema falta de alimentos na época da Guerra 26
Sino-Japonesa (1937-1945) e de fome generalizada (19581961) durante a Revolução Cultural Chinesa, liderada pelo então líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsétung, a comida tem sido um fator de prestígio. Se você for convidado para um jantar ou almoço por um chinês, saiba que está sendo convidado para algo muito especial. Mas voltando ao prato limpo em uma refeição, na China se você estiver satisfeito deverá deixar um pouco de comida, assim mostrará ao anfitrião que está satisfeito. Se você limpar o prato, mostrará que ainda está com fome. Um pouco contraditório para nós brasileiros! Os jantares, aliás, são uma forma de continuar as conversar de negócios. Os chineses estão sempre observando, estudando, cada movimento, cada expressão sua, seja em uma reunião ou em uma conversa informal. Os jantares são longos, com muitos pratos em um único jantar, em média 20 a 30, incluindo entradas, sopas, prato principal. E é considerada uma falta de educação recusar um prato oferecido pelo anfitrião. Caso não queira, agradeça, e coloque ao lado em seu prato. Outra coisa muito comum em jantares e reuniões é o consumo de bebidas alcóolicas, e o seu anfitrião irá testar o seu limite! Essas diferenças culturais entre brasileiros e chineses podem ser um limitador em sua negociação, levando a mais fracassos e frustrações do que sucessos. Hoje, porém, os negociadores chineses encontram-se em vantagem perante a nós brasileiros. O choque cultural entre chineses
Patrícia Gomes e Grace Moura são diretoras da Innover Negócios Internacionais, empresa especializada em Comércio Exterior, possuindo uma rede de parceiros composta pelas melhores e maiores empresas chinesas, que possuem vasto conhecimento do mercado brasileiro e suas particularidades.
e ocidentais faz com que eles compreendam melhor nossas qualidades e fraquezas e com isso podem controlar o processo negocial a seu favor. Quando pensamos em fazer negócios, buscar um novo produto, desenvolvê-lo, e tê-lo fabricado e produzido na China, temos que fazer nosso dever de casa primeiro. Alguns pontos devem ser levados em consideração. Primeiro: Pesquise. Faça um levantamento do produto que você deseja. Um estudo de mercado para avaliar os preços praticados no mercado local, cotação de preços com fábricas chinesas, e um estudo mais completo, administrativo e tributário, deste produto já nacionalizado para ver a viabilidade do negócio já é um bom começo. Segundo: Conheça. A China como superpotência, possui uma cadeia imensa de fábricas, de diversos produtos. Uma boa oportunidade de conhecer melhor o mercado e o que ele pode oferecer é visitando a feira multisetorial Canton Fair, que ocorre duas vezes ao ano. Agora cuidado! Como toda feira multisetorial, existem empresas e empresas. Ou seja, stands lindos, luxuosos, com produtos de primeira qualidade, porém com uma fábrica pequena que não possui capacidade produtiva. Se for à Canton Fair para fechar negócios, é de extrema importância que vá acompanhado de uma empresa especializada, que possa checar a empresa antes de se fechar um negócio.
Terceiro: Negocie. Como falamos, as diferenças culturais podem ser um passo para o fracasso. É extremamente importante em uma negociação deixar claro exatamente o que deseja e como deseja o seu produto. Nosso mercado possui várias regras e leis a serem seguidas, portanto, antes de fechar qualquer negócio é de extrema importância fazer um estudo com uma empresa especializada para avaliar se o produto a ser importado necessita de alguma licença prévia, ou ainda se tem um padrão a ser cumprido, para entrar no Brasil. A inserção de uma empresa no mercado internacional visa, acima de tudo, o aumento da competitividade das organizações. Seja em insumos para a indústria, seja em produtos manufaturados que garantem um produto exclusivo e com possibilidade de uma margem de lucro maior, adquirir produtos do mercado externo ou comercializar o que produzimos aqui em outros países é a tendência para alcançar, dentro outros objetivos, maiores ganhos, maior qualidade, especialização e sustentabilidade. Em um mercado tão grande, quanto a China, é importante conhecer onde estão os melhores parceiros comerciais. Empresas especializadas, que possuem redes de parceiros chineses, são essenciais para evitar frustrações, reduzindo o choque cultural e aumentando o sucesso de sua negociação.
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EMPREENDEDOR ON EDIÇÃO ESPECIAL
#MaisLida2013
Reportagem por Gabriela Barreto Fotografia: Rafael Cachina @RevistaONRN diz: Essa foi a matéria mais lida no RevistaONRN. com.br e nas redes sociais da @RevistaONRN em 2013. Quer relembrar? Boa leitura. #FicaaDica
@
MUDAR É PRECISO! Para driblar a falência, empresário muda de ramo e vira empreendedor de sucesso no mercado de móveis.
“Nasci para ser dono do meu próprio negócio”. Foi com esse pensamento desde a infância que o administrador Carlos Moura se tornou um grande empresário. Mas quem vê o sucesso desse empreendedor, que hoje atua no ramo de móveis, não imagina as dificuldades que ele enfrentou para manter seu sonho de ser autônomo.
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Quando criança, eu pensava em ser um empresário bem sucedido. Mas me considero um empreendedor, pois não olho para trás...
“
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Tudo começou na década de 80, quando Carlos era funcionário concursado da Petrobras e havia conquistado a estabilidade profissional que tantos sonham ter. Como trabalhou no comércio de familiares quando era criança, ele aprendeu a gostar da atividade. Sendo assim, para complementar a renda familiar, Carlos usou sua experiência como comerciante e passou a fazer viagens para comprar mercadorias diversas e vender para os colegas de trabalho da Petrobras. Em 1983, ele observou que havia um mercado promissor em Natal: o de venda e locação de filmes. Nesse mesmo ano, fundou a Yellow Vídeo, que funcionava como locadora e distribuidora, deixando o negócio sob a responsabilidade da esposa Diozete Barbalho. O negócio prosperou com rapidez, o que gerou a demanda de mais dedicação. Foi um momento crucial para Carlos, que decidiu sair do emprego e se dedicar ao negócio. “Todos me chamavam de louco. Quem deixaria um emprego público para se dedicar a um negócio? Essa foi, sem dúvida, a iniciativa mais empreendedora que tive na vida”, contou.
LOJA Fachada da principal loja da Yellow Vídeo em Natal. Com 600m2, era a maior locadora do RN.
Durante cerca de 20 anos, a Yellow Vídeo foi um grande sucesso. Carlos chegou a ter 6 lojas, sendo 4 em Natal, 1 em Pernambuco e 1 na Paraíba, e distribuía filmes para quase todas as locadoras de Natal. Mas a atividade não se restringia a isso. Para atender à demanda da sua e de outras locadoras, ele montou uma pequena marcenaria e começou a fabricar móveis, especialmente as estantes onde os filmes ficavam expostos. Nascia, então, seu segundo grande negócio – e o que, mais tarde, seria sua “salvação” no mercado. Por volta do ano de 2004, a pirataria chegou ao Rio Grande do Norte, afetando significativamente o mercado de comercialização de CD’s e DVD’s. Carlos conta que viu seu negócio falir aos poucos, assim como várias outras locadoras do estado que fecharam as portas durante esse período. No entanto, ele foi um dos mais afetados. “Como era distribuidor, tive um prejuízo maior porque muitos outros empresários faliram e não tiveram como quitar as dívidas que tinham comigo. E eu não tinha como cobrar, pois estávamos todos ‘quebrados’”, explicou. Os empresários do ramo se uniram e criaram uma associação dos proprietários de videolocadoras. Juntos, eles fizeram campanhas de conscientização junto à população e tentaram encontrar maneiras de acabar com o crime. Tudo em vão. Para se ter uma ideia do prejuízo, a Yellow Vídeo alugava, em média, 10 mil DVD’s durante os finais de semana. O número foi caindo rapidamente e assim como os outros empresários, Carlos ficou devendo aos seus fornecedores, mas fez questão de honrar todas as dívidas. Mesmo diante da impossibilidade de continuar nesse
CARRO Carro adesivado com identidade visual da primeira empresa. ramo, ele soube contornar a situação e até arrecadou uma boa quantia de dinheiro com o fechamento das lojas, vendendo os móveis e o acervo de filmes para clientes e pequenas locadoras de bairro que sobreviviam à crise. Mas estava na hora de mudar. Com a experiência da pequena marcenaria, Carlos decidiu investir na fabricação de móveis e pesquisou atentamente o mercado. Então, em 2006 ele fundou a Movec e passou a participar de licitações para vender móveis a instituições públicas federais, mas a qualidade das peças fabricadas chamou a atenção também de compradores particulares. Em parceria com empresas do Sul e Sudeste, que fornecem a matéria prima (madeira de reflorestamento) e máquinas, o negócio deu tão certo que hoje, apenas 7 anos depois, a 29
EDIÇÃO ESPECIAL #MaisLida2013 empresa conta com uma fábrica no bairro de Felipe Camarão e emprega 40 pessoas. E os planos são de crescer cada vez mais. “Estou totalmente focado e, em breve, vou construir a sede própria da minha empresa, com uma fábrica moderna, como eu sempre sonhei”, revelou. Com o sucesso da Movec no segmento de móveis para repartições, instituições de ensino e escritórios, Carlos atentou para a brecha que ainda existe no mercado de móveis voltados para um público mais exigente. Para atender essa demanda, ele se prepara para a abertura da loja Yellow Design, que vem muito bem preparada para competir com empresas já tradicionais. Seu diferencial, segundo ele, estará na qualidade do acabamento de seus produtos e no atendimento. Mudar de ramo foi, portanto, crucial para a sobrevivência do sonho de “não ter patrão”. A formação em Administração também ajudou bastante durante o processo de encerramento de uma atividade e abertura de outra empresa. Mas o feeling empreendedor foi o mais importante para que Carlos pudesse observar o contexto e fazer as escolhas certas nos momentos mais adequados. Por isso, podemos perfeitamente defini-lo como um empreendedor ON. Questionado sobre qual lição ele aprendeu ao longo dos anos como empresário, Carlos foi enfático: “A lição que aprendi com tudo isso é de que nunca se pode desistir. Temos que ter um objetivo na vida e correr atrás dele. Quando criança, eu pensava em ser um empresário bem sucedido. Mas me considero um empreendedor, pois não olho para trás”, destacou. Se os negócios vão continuar no ramo de móveis, Carlos não sabe. A única certeza que ele tem é de que estará sempre pronto para driblar as desventuras.
Fotografia: Rafael Cachina
INVESTIMENTO EM QUALIDADE Para aumentar sua produtividade e qualidade dos seus produtos, Carlos buscou parcerias com empresas do Sul e Sudeste, que fornecem a matéria prima (madeira de reflorestamento) e máquinas. Fotografia: Rafael Cachina 30
Você sabe que um anúncio é bom quando sua mensagem permanece após virar a página.
Você sabe que um anúncio é bom quando sua mensagem permanece após virar a página.
CRÔNICA NENHUMA RUA É SEM SAÍDA “Quando todos pensam iguais, ninguém está pensando”. (Walter Lippman) Quero começar com um pouco da sabedoria de uma civilização muito antiga que já experimentou dificuldades de toda ordem. E todos sabem que “o chicote da necessidade faz as idéias galoparem”. Quero lhes falar sobre uma metáfora da civilização judaica, a qual nos ajuda a compreender algo muito valioso. Certa vez, um rabino observou de longe um trapezista que se equilibrava numa corda bamba. Quando este encerrou suas atividades, foi interpelado pelo rabino: “Qual é o segredo para conseguir equilibrarse?” O equilibrista perguntou: “Para onde é que você acha que se deve olhar para encontrar equilíbrio?” O rabino respondeu: “Com certeza não é nem para o chão nem para a corda”. “Correto” completou o equilibrista, “devemos olhar sempre para os marcos no final da corda”. Ou seja, o ato de pensar não pode estar comprometido com o imediatismo do próximo passo. Assegurar-se de que o próximo passo será correto ou errado é similar a olhar para a corda. Comprometese assim a caminhada maior que deve estar sempre vinculada à meta estratégica, ao poste no final da corda. Qualquer iniciante sabe que são os momentos de virada, quando permanecemos sem o referencial diante de nós, que representam os momentos-chave para a manutenção do equilíbrio e para que, a contento, possamos levar ao final o processo de escolha. Atravessar a corda bamba do pensamento, sem cair por conta do próprio desequilíbrio, diz respeito ao questionamento dos interesses menores e imediatos, ao próximo passo na corda, por conta do objetivo maior de concluir com sucesso a travessia no trapézio do pensar. Até porque, como diria o filósofo Pablo Capistrano, “o Estado, não é um animal doméstico. É uma fera selvagem, que tritura e devora, na mesma vala comum de miséria moral, aqueles que ousam aproximar-se de suas garras”.
por Rinaldo Barros http://opiniaopolitica.com/ rinaldo.barros@gmail.com
Por outro lado, ainda bem que toda crise é uma benção, porque nos indica que temos que abandonar o cadáver de nossas desilusões e trocá-lo pela inquietante lufada de ar do imponderável. A propósito, diga-se de passagem, qualquer cidadão (principalmente governantes e gestores) deve sempre saber justificar suas escolhas. Compartilho, objetivamente, a perspectiva que antevejo para o futuro do Rio Grande do Norte, a partir das condições dadas nos dias atuais; com as ações que nascerão do planejamento conjunto das ações do governo estadual e do setor produtivo, previstas no Programa MAIS RN. Prestem atenção a essa movimentação! Estou convicto de que - na terra de Poti - são possíveis transformações dos serviços necessários (públicos/ privados) para melhoria da qualidade da vida humana e para a garantia do aperfeiçoamento genético da vida animal e vegetal; serão construídas condições favoráveis à biodiversidade natural / suprimento e potabilidade da água; com a parceria das universidades, serão asseguradas evoluções tecnológicas no transporte, na logística, na saúde pública, na educação (sintonizada com o mundo do trabalho); tudo com a utilização de fontes de energia limpa - já disponíveis. Ouso afirmar que, em que pese as inúmeras dificuldades do presente, esses condicionantes tornarão, no médio prazo, o Rio Grande do Norte parte integrante do mundo desenvolvido. Ouso igualmente recomendar a atual governadora para agir como se fora uma eterna aprendiz, com humildade, sabedoria e paciência: pensar grande para, no longo prazo, inscrever o seu nome na história, como Estadista. Sem medo de ser feliz, porque feio mesmo é não lutar pelo sonho coletivo, pelo que se acredita ser o mais justo e o mais correto. E, sem dúvida nenhuma, o sonho não apenas não acabou, como está cada vez mais perto de se tornar vida. Resumo da Ópera: como diz Gabriel, o Pensador: “nenhuma rua é sem saída quando se sabe olhar para trás”. A hora é agora.
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EMPREENDEDORISMO SOCIAL Reportagem por Claudio Oliveira
EMPREENDENDO UM NATAL EXCEPCIONAL EMPREENDENDO UM NATAL EXCEPCIONAL
Possibilitar às crianças momentos de descontração, alegria, entretenimento e de prazer ao receber um presente, especialmente no período do Natal é algo inestimável que leva milhares de pessoas todos os anos a realizarem doações de presentes a muitas crianças carentes. Porém quando a entrega de um simples presente é feita a uma criança com Síndrome de Down, a iniciativa ganha uma peculiaridade ainda mais especial. A iniciativa já existe em Natal e é realizada desde 2011, quando no dia das crianças, o professor de marketing, Fagner Peixe, decidiu promover uma ação diferente e aproximar as pessoas das crianças portadoras da síndrome. Estava criado o RNDown. A ideia foi encontrar doadores voluntários para presentear estas crianças, a partir de cartas que elas escreveriam pedindo o presente. No Natal a mesma ação ganhou nova roupagem. Dentro de uma loja movimentada, foi instalada uma árvore de Natal, enfeitada com cartas escritas pelas crianças. Para encontrar essas crianças, Fagner e seus colaboradores procuraram as instituições que prestam atendimento aos portadores de Down e outras síndromes e, com estas, firmou parceria para obter o contato das crianças e suas famílias. As cartas ficavam na árvore por duas semanas, período 34
em que qualquer pessoa pôde se comprometer a adotar uma carta, comprar e doar o presente. Mas a iniciativa não termina com a doação. O diferencial deste projeto é aproximar o doador da criança e só a doação não alcança tal objetivo. “O ponto forte da ideia é levar a realidade da síndrome para quem nunca vivenciou esta realidade e assim descobrir como as crianças com Down são capazes”, explica o coordenador e idealizador do projeto, Fagner Peixe. Nas instituições, os pais e as crianças redigem as cartinhas e a coordenação do projeto cria um cadastro com o endereço destas famílias. “Não tem como não ficar comovido e sentir algo especial quando a gente se aproxima destas crianças e é muito difícil quem se dispõe a participar não se sentir envolvido com o projeto”, conta Fagner. Neste ano, os parceiros e participantes de outras edições já se prontificaram a receber as cartinhas para o Natal do RNDown, sem haver a necessidade de deixá-las a espera em uma árvore de Natal montada numa loja como ocorreu nos outros anos. “Em virtude da grande procura pela adoção das cartinhas entre nossos próprios amigos e participantes anteriores, não será necessária a montagem de uma árvore em local específico”, explica o coordenador do projeto. Para 2013, cerca de 100 crianças serão atendidas e as
ATIVIDADES
O RN Down promove ações em diferentes épocas do ano.
cartinhas entregues em qualquer dia de comum acordo entre as partes durante todo o mês de dezembro.
EMOÇÃO EM SER SOLIDÁRIO Ao escolher a carta, o doador se predispõe a ir visitar a criança escolhida e entregar-lhe pessoalmente o presente, promovendo um contato direto com quem escolheu presentear e seus familiares. Na casa da criança o doador conhece um pouco mais sobre a história da família e dedica um pouco de sua atenção, mantendo um entrosamento que segundo contam, emociona. Uma das voluntárias que se interessou em colaborar com o projeto foi Gisely Fernandes. Ela diz que ficou encantada com o trabalho de quem já participava e sentiu-se estimulada a colaborar. “No dia das crianças tivemos o prazer de ter o contato direto com essas crianças especiais e foi maravilhoso. Visitei o pequeno Gabriel e levei um presente, mais muito tímido ele não queria receber, porém com um pouco mais de jeito ele se deu sorrisos, recebeu o brinquedo e brincou conosco”, relata. Quem também se sente emocionada em ter colaborado é a voluntária Maria Tânia Inagaki. “Quando eu soube da história da pequena Vitoria foi com grande prazer que fui fazer a visita, naquele momento não vi uma criança Down, mas um ser doce, que necessitava de carinho e atenção”, revela se predispondo a participar novamente da iniciativa.
Foi o contato direto com uma criança com down que levou Fagner Peixe a iniciar o projeto. Ele tem um irmão de 12 anos portador da síndrome e, por isso, já tinha adquirido uma forma diferente de olhar para pessoas com a síndrome. “A ideia surgiu quando não consegui atendimento para meu irmão em uma instituição e ao invés de ficar revoltado, resolvi ajudar e levar mais atenção e solidariedade a outras crianças”, diz. A ideia começou com a entrega de presentes no dia das crianças em 2011 e veio acompanhada de outras ações de visibilidade social, beneficiando as pessoas com Síndrome de Down. No Natal daquele ano, repetiu a entrega de presentes com visitas dos doadores às crianças. No ano seguinte, para comemorar o “Dia mundial da Síndrome de Down”, comemorado em 21 de março, o projeto buscou voluntários e patrocinadores de pequenas, medias e grandes empresas para promover um show musical, cuja arrecadação seria revertida em doações que visam melhorar a estrutura física e humana das instituições que atendem aos portadores da síndrome. Quem participasse do evento seria convidado à realizar visitas conjuntas às instituições beneficiadas, para que, no contato direto com a mesma, definisse as prioridades nas quais as doações proporcionariam
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melhorias em suas instalações. “A própria pessoa que foi ao show diria o que a instituição precisaria e com o dinheiro arrecadado ela se responsabilizaria pela compra e instalação da melhoria”, diz Fagner. tOutros eventos como São João e o Natal ainda foram realizados no ano passado na intenção de influenciar o público de jovens e adultos sobre a realidade das pessoas portadoras de Down.
A SÍNDROME DE DOWN Existem várias formas de Sindrome de Down, sendo a mais comum aquela que provoca uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, por isso também conhecida como trissomia 21. É uma alteração genética que afeta o desenvolvimento do individuo, determinando algumas características físicas e cognitivas. Não se conhece com precisão os mecanismos da disfunção que causa a Sndrome e embora as alterações cromossômicas dos portadores sejam comuns a todos eles, nem todas apresentam as mesmas características, nem os mesmos traços físicos, tampouco as malformações. A variação das características e personalidades entre uma pessoa e outra é a mesma que existe entre as pessoas que não tem a síndrome. A única característica comum a todas as pessoas é o déficit intelectual. Não existem graus de Síndrome de Down. Cerca de 50% das crianças com down apresentam problemas cardíacos, algumas vezes graves, necessitando de cirurgia nos primeiros anos de vida. A intervenção médica pode acontecer com a finalidade principal de prevenção dos problemas de saúde que podem aparecer com maior frequência na Síndrome de Down que não é uma doença, mas sim, uma alteração genética, que pode gerar problemas médicos associados. A síndrome de Down (SD) foi descrita em 1866 por John Langdon Down.
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TROFÉU ON
EDIÇÃO 5 Homenagem da Revista ON RN à trajetória dos empresários potiguares.
Fotografia: Canindé Soares
Toinho (STERBOM) Toinho dedica seu trófeu à sua família, aos seus colaboradores e a todos os consumidores dos produtos Sterbom.
Carlos Moura (MOVEC) Carlos Moura dedica o seu trófeu ao seu pai, José Moura, que sempre o incentivou a empreender.
Fotografia: Rafael Cachina
CONFIRA OS EMPRESÁRIOS QUE JÁ RECEBERAM O TRÓFEU ON EM
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