Revista ON RN - Edição 4 | Out/Nov 2013

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EMPREENDEDOR ON: DIOGO GASPAR

TENDÊNCIAS & OPORTUNIDADES AGRONEGÓCIO: ATIVIDADE SEGUE PULSANDO

ANO 1| EDIÇÃO 4 |OUT/NOV 2013

Na direção certa, o empresário Joaci Mafra comemora os 18 anos da Agronorte com uma palavra: sucesso.

AGRONORTE A IDEIA MULA PRETA DESIGN

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Sobre PET STOP é uma marca já consolidada no mercado natalense, são mais de 10 anos de experiência. Durante este período, notabilizou-se por ser uma empresa completa, pois em todas as nossas lojas você encontra artigos para animais de estimação, consultório veterinário, ambiente climatizado e estacionamento privativo. Além disso, dispomos de um Hospital veterinário com Sala de Cirurgia, Laboratório próprio, Raio-X e um Hotel para atender seu bichinho com todo conforto e cuidado.

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20 EXPEDIENTE DIRETOR-EXECUTIVO/COMERCIAL Daniel Motta DIREÇÃO DE ARTE Lucas Aquino REPORTAGEM Gabriela Barreto Cláudio Oliveira Louise Aguiar Marcela Mendes FOTOGRAFIA Canindé Soares (CAPA) Fidel Dantas

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ÍNDICE

07. artigo Big Data - O grande desafio para as empresas

8. tendências e oportunidades

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Agronegócio: atividade segue pulsando.

12. EMPREENDEDOR ON Diogo Gaspar: Empreendedor por brincadeira.

15. GESTÃO VALOR ECONÔMICO AGREGADO (EVA)

20. CASE DE SUCESSO AGRONORTE. - 18 anos sob a liderança de Joaci Mafra.

31. A IDEIA Mula Preta: O premiado design genuinamente potiguar.

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35. Empreendedorismo Social APAE

38. Troféu ON Homenagem da Revista ON RN à trajetória dos empresários potiguares.

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ARTIGO

João Augusto Limeira Diretor de Conteúdo da Plano B Marketing joao@agenciaplanob.com.br

BIG DATA

O GRANDE DESAFIO PARA AS EMPRESAS Como o grande volume de dados presentes na internet está transformando o mercado.

Antigamente, vivíamos uma época em que éramos público-alvo, audiência e apenas receptores de informação. Originária de inúmeros canais, esse fluxo de informação chegava até nós como uma via de mão única, a chamada comunicação unilateral ou broadcast. Esse tempo acabou. Atualmente, deixamos de lado a posição de meros expectadores e receptores de informação. Agora somos produtores, críticos e geradores de conteúdo. E isso pode ser feito em qualquer lugar e a qualquer hora. Do PC da sua casa, até o smartphone no seu bolso, a informação chega até nós por inúmeros meios e em velocidade cada vez maior, principalmente via internet. Você já parou pra pensar na quantidade de informação que você deposita na internet? Desde os emails corporativos, passando pelas buscas até as atualizações em redes sociais, seus dados estão sendo armazenados na rede, fazendo da internet a maior e melhor fonte de pesquisa de opinião, deixando de lado técnicas como Focus Group, por exemplo. Além disso, a prática de utilização de equipamentos próprios na atividade profissional (BYOD Bring your own device) aumenta ainda mais esse volume de informação. Todos esses dados gerados pelas requisições e atualizações geradas por cada um de nós configuram o tão falado Big Data. O termo Big Data é relativamente novo, mas a prática já é bastante utilizada. As conhecidas práticas de Data Mining, Business Intelligence e CRM (Customer Relationship Management), por exemplo, consistem na análise estratégica de dados visando futuras decisões, assim como é feito atualmente. Inicialmente, podemos definir o Big Data como um conjunto imenso de informações presentes na rede que, por seu enorme tamanho, demanda

grandes estratégias para que o seu gerenciamento seja o mais otimizado possível. Como vivemos em um cenário onde a informação é umas das melhores ferramentas estratégicas no mercado, sua análise pode contribuir para diversas áreas. Com o gerenciamento desses dados e a interpretação dos seus resultados, novos produtos podem ser criados, clientes podem ser atendidos de forma ainda mais personalizada, gastos podem ser reduzidos e a empresa pode ter um benchmarking mais facilitado. Há quem diga que o Big Data pode mudar o mundo e transformar para melhor tudo o que consumimos e a sociedade em que vivemos. Um bom exemplo de como essa técnica pode ser utilizada para o bem estar social é o Google Flutrends. Um mapeamento baseado nos dados dos usuários extraídos do buscador que mostra a incidência e tendência para a propagação de gripe em tempo real, antes dos dados oficiais serem publicados. Assim pode ser feito para mostrar tendências de epidemias e outras contribuições para a saúde da humanidade. A ampla utilização do Big Data para a tomada de decisões é uma realidade atual, mas que está apenas no começo. Estamos vivendo a era da informação. Um tempo em que deixamos o nosso rastro em tudo o que fazemos na rede e esse rastro tem um valor fundamental para as empresas. O grande desafio para as corporações é saber como estruturar tudo isso da melhor forma possível, visando sempre a melhor qualidade dos seus produtos e serviços. E quem ganha com isso é o consumidor.

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TENDÊNCIAS & OPORTUNIDADES

Reportagem por Louise Aguiar

agrone atividade segue pulsando Mesmo com todos os efeitos da pior estiagem dos últimos 50 anos, agronegócio segue com uma participação de quase 30% no Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte.

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negócio O agronegócio potiguar é responsável por 29,26% do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte atualmente. Do PIB total de R$ 27,9 bilhões, o setor agropecuário participa com R$ 8,1 bilhões. No entanto, esse número já foi bem maior. A estimativa é que, com a estiagem que castigou a produção potiguar principalmente em 2012, os prejuízos no segmento cheguem a R$ 3,8 bilhões. De acordo com números da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape), a agricultura corresponde a 20,64% do PIB norte-rio-grandense (R$ 5,7 bilhões), enquanto a pecuária fica com 8,6% do produto interno bruto total – ou R$ 2,4 bilhões. Os setores têm uma contribuição considerada significativa pelo secretário adjunto da Sape, Tarcísio Bezerra Dantas. “É uma participação importante, mas que poderia ser maior se houvesse mais investimentos, principalmente do crédito rural”, diz. Os números foram revistos em 2013 e a estimativa oficial é que haja um prejuízo de quase R$ 4 bilhões no agronegócio potiguar. Dentro da agricultura, a maior contribuição ainda fica com a fruticultura – participação de R$ 466 milhões no PIB, ou 1,6%. A cana-de-açúcar aparece em segundo lugar com 0,45% do PIB do RN, ou R$ 125,5 milhões.

Segundo levantamento feito por Tarcísio Bezerra Dantas, a produção do agronegócio estimada para este ano ficou em R$ 4,3 bilhões – metade do considerado ideal nos últimos anos, que seria de R$ 8,1 bilhões. A pecuária deve registrar 50% de perdas, assim como as culturas não-irrigadas. A cana-de-açúcar deve protagonizar uma queda de 25% na produção. Na opinião do secretário adjunto, o RN precisa de um programa permanente de investimentos nas propriedades rurais, levando em conta as características específicas das regiões semi-áridas, exatamente para não sofrer tanto com a seca. “Temos um grande potencial na fruticultura irrigada, carcinicultura, piscicultura, pesca oceânica, apicultura, bovinocultura, caprinovinocultura, dentre outras atividades. Precisamos aproveitar o nosso clima quente e seco e transformá-lo em competitivo fator de produção”, defende.

Pecuária O rebanho bovino potiguar, que já chegou a ser de mais de um milhão de cabeças, hoje está em torno de 850 mil cabeças de gado. Mas o descarte de animais devido à falta de alimentação por conta da seca não desanimou os pro9


PIB do RN R$ 27.905.000.000,00

Participação relativa do setor agropecuário no PIB

29,26%

R$ 8.165.003.000,00 Agricultura

20,64%

do PIB – R$ 5.759.592.000,00 Pecuária

8,62%

do PIB – R$ 2.405.411.000,00 Frutas

1,6%

do PIB – R$ 466.013.500,00 Cana-de-açúcar

0,45%

do PIB – R$ 125.572.000,00 Outras lavouras

18,52%

do PIB – R$ 5.168.006.000,00 Prejuízos com a estiagem: Cana-de-açúcar (25%) Pecuária (50%) Outras lavouras (50%) Total estimado da produção

agropecuária em 2013, considerando os efeitos da estiagem: R$ 4.346.901.000,00 Prejuízos: R$ 3.818.000.000,00 Fonte: Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca/RN

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dutores. A 51ª edição da Festa do Boi, que acontece de 12 a 20 de outubro no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, deve movimentar mais de R$ 100 milhões com a exposição e leilão de animais. O espaço de 27 hectares hoje está totalmente estruturado para receber a festa. Segundo o presidente da Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc), Marcos Aurélio de Sá, o que foi arrecadado com a festa ano passado foi investido em melhorias para o parque. Com isso, além do bonito pórtico na entrada, o parque esse ano está todo murado, garantindo mais segurança, além de ruas asfaltadas e uma grande área coberta. Serão cinco mil animais expostos vindos de várias partes do país. A expectativa é que em torno de 500 mil pessoas passem pela Festa do Boi durante os nove dias de festa. Para Marcos Aurélio de Sá, o evento é de cunho econômico, mas que também agrega sua parte técnica com apresentações de palestras, novas tecnologias e outros eventos pontuais que acrescentam aos criadores de gado. Para o secretário adjunto de Agricultura, a Festa do Boi é mais um momento onde se pode discutir novos investimentos para o setor pecuário norte-rio-grandense, inclusive no abate e comercialização de animais – já que hoje a pecuária leiteira se sobressai perante o gado de corte. “Acredito que devemos incentivar nossa vocação natural para a caatinga semi-árida que é a criação de caprinos e ovinos, animais adaptados à rusticidade e aridez do nosso clima e com potencial produtivo que requer pequenas áreas e poucos investimentos. Para isso, temos que melhorar a organização da cadeia produtiva, notadamente na regularidade do fornecimento, abate e comercialização dos animais, de forma a consolidar o hábito de consumo dessas carnes, incluindo-as no cardápio da merenda escolar, hospitais, creches, penitenciárias e restaurantes populares mantidos pelo Governo do Estado”, defende.

Carcinicultura O Rio Grande do Norte já foi o maior produtor de camarão do país, mas perdeu essa condição de liderança para o Ceará, que vem aplicando na atividade uma ousada política de incentivos governamentais, principalmente no que se refere à flexibilização das normas de licenciamento ambiental. Aqui no RN isso ainda não aconteceu, mas segue sendo uma batalha travada pela Associação Brasileira de Criadores de Camarão. A flexibilização das normas de licenciamento tem gerado uma ampliação continuada da produção de camarão em cativeiros no Ceará. E contribuído para destronar o RN do posto de maior produtor do país. Lá, segundo o secretário adjunto de Agricul-


tura do RN, boa parte dos inverstidores se encontra regularizada e com certificação ambiental. “No nosso estado as certificações sofrem um processo técnico-burocrático que, pela demora nas concessões, deixam os produtores sem acesso ao crédito bancário”, observa. Antes considerada uma das “locomotivas” das exportações do agronegócio norte-rio-grandense em um passado recente, quando o câmbio era mais favorável aos exportadores, a carcinicultura chegou a criar 35 mil empregos diretos e indiretos no Rio Grande do Norte. Hoje, apesar de o setor ensaiar uma recuperação inclusive no ranking de comércio exterior, arca com a queda de pelo menos 10 mil postos de trabalho. “Precisamos aumentar o investimento em infra-estrutura logística, melhorando e modernizando nossas estradas e nosso porto, com vistas a oferecer maior competitividade aos empreendedores do agronegócio, atividade da nossa economia que gera milhares de postos de trabalho no campo”, pontua Tarcísio Bezerra.

guiram fechar contratos de exportação de frutas com clientes da Ásia. A princípio, serão enviadas oito mil toneladas da fruta para Hong Kong e Cingapura. O Estado produz mais da metade da safra nacional de melão e já exporta o produto para países da Europa, como Espanha, Holanda e Inglaterra. A safra 2013 deve ser praticamente igual à do ano passado: 200 mil toneladas de melão serão colhidas até 2014. Cerca de 60% da produção deve ser destinada à exportação, para países como Inglaterra, Espanha e Holanda. Este ano, o preço da fruta vai chegar mais alto para o consumidor europeu por conta do frete marítimo que está mais caro e também por causa do imposto de importação que subiu de 5,3% para 8,3% no continente. No mercado internacional a Europa continua sendo a maior consumidora da fruta nacional.

Fruticultura A fruticultura irrigada ainda é a grande menina dos olhos do agronegócio potiguar. Segundo levantamento do Governo do Estado, o setor corresponde a 1,6% do PIB do Rio Grande do Norte, ou R$ 466 milhões dos R$ 27,9 bilhões totais. Junto ao Vale do Jaguaribe, no Ceará, o segmento potiguar movimenta um montante de US$ 150 milhões por ano e gera 120 mil empregos diretos e indiretos nos dois estados. A seca também atingiu os produtores de fruticultura irrigada e a edição 2013 da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada – Expofruit, que aconteceria em julho deste ano em Mossoró, foi cancelada devido aos efeitos da estiagem. Ainda assim, a fruticultura permanece liderando a pauta de exportações do maior município produtor de frutas, Mossoró. O principal produto, líder do ranking, é a castanha de caju, com US$ 34,4 milhões enviados para fora do país em 2012. O setor, porém, vive uma crise provocada pela pior seca dos últimos 50 anos. A castanha, embora líder da pauta, ficou atrás da exportação de 2011, que atingiu os US$ 43,4 milhões.

GOVERNO

Secretário adjunto de Agricultura, Tarcísio Bezerra Dantas, sede entrevista à Revista ON RN.

Mas nem só de más notícias vive o segmento. Pela primeira vez este ano os fruticultores potiguares conse-

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EMPREENDEDOR ON

Reportagem por Cláudio Oliveira Fotografia: Fidel Dantas

empreendedor por brincadeira Conheça as razões que moveram Diogo Gaspar a empreender.

O segredo do nosso sucesso está na persistência, foco, compromisso, atenção com o cliente e respeito aos colaboradores.

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Dois adolescentes com o objetivo de ganhar uma renda extra. Com uma sacada empreendedora e uma grande oportunidade, a brincadeira virou, de repente, um negócio de sucesso. Foi assim a história do empresário Diogo Gaspar, que aproveitando o clima natural de Natal e a abertura de mercado, decidiu vender água de coco em carrinhos pelas ruas da cidade 12 anos atrás. “Tudo começou com uma brincadeira de colégio. Eu tinha uns 20 anos e junto com um amigo, decidi vender água de coco na rua para ganhar um dinheirinho a mais”, contou. Inexperientes, mas com muita vontade de fazer a ideia dar certo, Diogo e o amigo João Henrique Bressan (hoje juiz de Direito) foram buscar a matéria-prima no município de São José de Mipibu. Foi aí que descobriram que sabiam menos do que imaginavam sobre o negócio. “Quando fomos comprar o material, descobrimos que não sabíamos nem qual era o tipo de coco certo. A nossa sorte foi uma senhora que nos ajudou”, lembrou. Comprada a primeira remessa de coco anão (do qual se extrai a água de coco) e as garrafinhas, era hora de ir atrás do carrinho. Dessa vez, eles contaram com a ajuda do avô de Diogo, o construtor Henrique Gaspar, que realizou o primeiro investimento no negócio comprando um carrinho no valor de R$ 300,00. Com a água engarrafada e o carrinho pronto, Diogo e João Henrique foram às vendas iniciando um negócio


inovador em Natal. Naquela época, não havia vendedores ambulantes de água de coco pelas ruas da cidade. Prepararam, então, um lote com 50 garrafinhas na expectativa de que o estoque durasse a semana inteira. Porém, para a surpresa dos dois, poucas horas após a saída do vendedor, tudo já havia sido comercializado. “Ficamos muito surpresos quando recebemos a ligação do vendedor. A gente achava que as 50 garrafinhas dariam para a semana toda e no mesmo dia, vendemos tudo”, recordou Diogo, que passou a distribuir o produto também em lanchonetes, restaurantes e lojas de conveniência de postos de gasolina. Desde então, o negócio só cresceu e ele percebeu que poderia empreender e transformar a boa ideia em uma empresa de sucesso. Assim nasceu a Aquacoco. Contando mais uma vez com a ajuda do avô, Diogo conseguiu montar uma pequena fábrica em Extremoz no ano de 2002, iniciando um período de muito trabalho e dedicação exclusiva, já que o amigo decidiu investir na carreira jurídica e vendeu sua parte na empresa. Mas além do avô, ele contou com uma ajuda muito especial de toda a família. “Minha mãe, dona Nana, levava a água de coco para vender para as amigas do trabalho. Meu pai, senhor Fernando, também me ajudou muito, sem falar na minha esposa Thaiana, que dividiu toda a responsabilidade comigo. A participação deles foi e continua sendo fundamental, pois todos ainda trabalham aqui comigo e me ajudam muito”, destacou. As vendas deslancharam e o sucesso foi tão grande que em 2004 a Aquacoco já havia comprado cinco concorrentes, ampliando a cartela de clientes e tornando-se líder de mercado – posição, aliás, que mantém até hoje. Em 2010, Diogo empreendeu mais uma vez e deu um grande passo para o fortalecimento do seu negócio através da compra de uma fazenda para produzir matéria prima. “A compra da fazenda foi a minha atitude mais empreendedora, depois da criação do negócio. Hoje, nós produzimos 30% da matéria prima que utilizamos. Foi, sem dúvida, muito importante para a Aquacoco”, observou. Nesse mesmo ano, foi lançada também a linha de sucos Sumo, ampliando o leque de produtos oferecidos. Hoje, a empresa produz mais de 100 mil litros de água de coco e 30 mil litros de sucos por mês, empregando cerca de 50 colaboradores diretos e mais de 100 indiretos.

ambiental, tão importante nos dias de hoje, faz parte das diretrizes da Aquacoco, que realiza a reciclagem da casca do coco, transformando-a em fibra e substrato que são utilizados na fabricação de mantas, bancos de carros, entre outros. Diogo – que acredita que o feeling empreendedor vem da família de empresários – ainda tem muitos planos para o futuro. Ele conta orgulhoso que a empresa passará a produzir mais seis sabores de suco, além dos cinco já existentes no mercado. A Aquacoco também aposta hoje na comercialização de um doce de coco verde. Investindo em divulgação através da degustação e prezando principalmente pela qualidade do produto oferecido, a empresa está presente no Rio Grande do Norte, na Paraíba e no Ceará e chegará em breve a outros estados do Nordeste. O objetivo é ousado: “Quero atender ao mundo todo”, brincou. Questionado sobre o sucesso da Aquacoco, Diogo foi enfático: “O segredo do nosso sucesso está na persistência, foco, compromisso, atenção com o cliente e respeito aos colaboradores”, finalizou.

Ao longo dos anos, a empresa também passou por um grande processo de profissionalização da parte administrativa e industrial. O sistema de produção é extremamente moderno com o mínimo contato humano, garantindo um rigoroso controle de qualidade. Os frutos utilizados também passam por um rigoroso processo de seleção e atendem aos requisitos do PAS – Programa Alimentos Seguros. Além disso, a responsabilidade 13



Flávio Cortez Consultor Econômico-Financeiro flavio@flaviocortez.com.br

GESTÃO

valor econômico agregado (EVA) O EVA é a abreviação do termo Economic Value Added (Valor Econômico Agregado), criado pela empresa de consultoria americana Stern Stewart & Co., a qual obteve reconhecimento internacional com essa metodologia. Muitas empresas ao redor do mundo utilizam o EVA como sendo a melhor metodologia para avaliar negócios. Ele é mensurado para identificar o quanto foi efetivamente criado de valor para os acionistas em um determinado período de tempo (mês, trimestre, semestre, ano etc.). As principais aplicações do EVA no meio corporativo são para avaliação de projetos de investimento, análises de resultados passados, elaboração de orçamentos empresariais e criação de política de remuneração variável. O EVA consiste no resultado do lucro operacional após os impostos sobre o lucro menos o custo de todo o capital empregado na operação, que é formado pelo capital próprio mais o de terceiros. Para que os acionistas tenham sempre interesse em investir no negócio, uma empresa precisa operar com EVA positivo, criando, dessa forma, riqueza para os acionistas. Ao contrário, quando ocorre EVAs sistematicamente negativos ou iguais a zero, acontece a destruição de riqueza do investidor, o que provocará como reação a venda do controle, encerramento das atividades ou a troca da administração. A principal diferença do EVA, face às tradicionais medidas de rendimento, reside no fato de considerar o custo total do capital e não apenas o custo do capital de terceiros. Qualquer medida de avaliação de performance que ignore o custo do capital próprio não demonstra o sucesso de uma empresa em criar valor para os seus proprietários. Antes de avançarmos com um exemplo de como calcular o EVA, convém comentar alguns conceitos relevantes para um melhor entendimento do tema. Conceitos relevantes: Ativo Operacional (AO): São todos os investimentos necessários para que uma empresa consiga gerar receitas operacionais, tais como

créditos a receber (clientes), estoques e imobilizações produtivas. Ou seja, o ativo operacional é formado pelo capital de giro mais o capital fixo. Passivo Operacional (PO): São todos os financiamentos espontâneos, ou seja, aqueles financiamentos que são típicos da operação da empresa, tais como fornecedores, salários e encargos a pagar, impostos a pagar incidentes sobre as vendas etc. O passivo operacional abrange todos os financiamentos (recursos) que a própria operação oferece. Os capitais de terceiros e próprios são os recursos obtidos fora da operação. Ativo Operacional Líquido (AOL): É a diferença entre o ativo operacional e o passivo operacional. Corresponde a parcela do ativo operacional que a administração da empresa terá que buscar em financiamentos fora da operação (capitais de terceiros e próprios). Capital de Terceiros (CT): São os financiamentos de curto e longo prazos obtidos por meio de bancos, emissão de debêntures e outros papéis, os quais são considerados financiamentos estruturais, utilizados para a empresa montar a sua estrutura de capital. A despesa financeira (juros) destes financiamentos estruturais é chamada de custo do capital de terceiros. Os déficits temporários geram financiamentos de curtíssimo prazo, os quais estão associados ao capital de giro e que podem ser assumidos como passivo operacional. Os juros pagos desses financiamentos emergenciais são tratados como despesa operacional. Capital Próprio (CP): Representa os “financiamentos” dos acionistas. É o dinheiro colocado pelos acionistas na empresa mais os lucros retidos (Patrimônio Líquido). Custo do Capital de Terceiros (CCT): O CCT é documentado e está representado na figura dos juros ou despesas financeiras. A amortização do principal faz parte do serviço da dívida, mas não é considerado parte do custo do financiamento. Os juros do CT são devidos independentemente da capacidade financeira do tomador, estando na maioria dos casos protegidos por garantias. 15


Custo do Capital Próprio (CCP): Consiste na expectativa de retorno desejada pelos acionistas sobre o seu capital investido na empresa (Patrimônio Líquido). É representado pelo desejo dos acionistas de receberem dividendos e lucros (dinheiro).

a demonstração do resultado que segue logo abaixo e que o custo médio ponderado de capital corresponde a 13% a.a., passemos agora ao cálculo do EVA.

Cálculo do CMPC: É o cálculo do custo médio ponderado de capital (CMPC). Médio porque considera a média de custo entre o capital de terceiro e o capital próprio, ponderado porque considera a participação (peso) de cada fonte de recursos no financiamento do AOL. O CMPC serve para referenciar o retorno mínimo que os gestores das empresas deverão obter sobre o AOL que estão gerenciando. Exemplo ilustrativo: Levando em consideração que determinada empresa possui um AOL de R$ 10 milhões, sendo 40% do AOL financiado com recursos de terceiros a um custo de 10% a.a. e 60% do AOL financiado com recursos próprios a um custo de 15% a.a., será calculado primeiramente o custo médio ponderado de capital, ou seja, o custo do financiamento do investimento.

Calculando o CCT e o CCP: O CCT de 10% a.a. implica numa despesa financeira de R$ 400 mil (R$ 4 milhões x 0,10). O CCP de 15% a.a. informa o retorno esperado pelo acionista sobre o capital investido de R$ 6 milhões. Ele aponta para uma expectativa de lucro líquido após o imposto de renda e contribuição social de R$ 900 mil (R$ 6 milhões x 0,15). Calculando o CMPC: CMPC = ((R$ 4 mi x 0,10) + (R$ 6 mi x 0,15)) / R$ 10 mi = 0,13 Se a estrutura de capital custa 13%, a produtividade a ser obtida na gestão do AOL deverá ser de, no mínimo, 13% ao ano para não se destruir valor. Sabendo-se que no período estudado a empresa apresentou

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O formato da demonstração do resultado apresentada anteriormente possui as vantagens de evidenciar o CCP e de determinar o EVA. Pode-se observar que acima do lucro operacional de R$ 1.800 mil temos os impostos, os custos das mercadorias vendidas e as despesas operacionais. Ou seja, acima do lucro operacional de R$ 1.800 mil temos os gastos operacionais. Todavia, abaixo do lucro operacional de R$ 1.800 mil temos os gastos com a estrutura capital. No exemplo, o custo do capital de terceiros é de R$ 400 mil e o custo do capital próprio é de R$ 900 mil. Dessa forma, o “objetivo” do lucro operacional consiste em pagar, pelo menos, o custo do capital de terceiros e pagar o custo do capital próprio, sendo o EVA a parcela do lucro operacional que excede os gastos com a estrutura de capital. No exemplo apresentado, o lucro operacional de R$ 1.800 mil excede os gastos com a estrutura de capital, R$ 400 mil para o CCT e R$ 900 mil para o CCP, em R$ 500 mil. O lucro operacional é considerado bom quando paga o custo do capital de terceiros e o custo do capital próprio, sobrando um excedente, que é o EVA, o qual aponta quanto foi adicionado de valor para os acionistas num determinado período de tempo. O lucro operacional é considerado ruim quando não consegue pagar o custo do capital de terceiros e o custo do capital próprio, havendo, portanto, destruição de valor para o acionista. Um EVA igual a zero implica em um retorno sobre o capital próprio igual ao CCP, o que evidencia uma situação de equilíbrio.





CASE DE SUCESSO

Na direção certa, o empresário Joaci Mafra comemora os 18 anos da Agronorte com uma palavra: sucesso.

...acredite no seu potencial, porque quando se acredita, se alcança. E para todo problema, existe uma solução.

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Reportagem por Gabriela Barreto Fotografia: Canindé Soares


AGRONORTE Aos 52 anos, Joaci Mafra esbanja simpatia e disposição para o trabalho. Casado, pai de três filhos (sendo dois também empresários) e com três netos, ele gosta de dedicar o tempo livre à família. Amante de futebol e de São Tomé, sua cidade natal, Joaci nos recebeu para uma conversa na loja da Agronorte localizada no bairro do Alecrim – o coração do comércio da capital. A carreira profissional começou logo cedo, assim que concluiu o curso técnico em Agropecuária, e continuou com a representação comercial, o que lhe abriu muitos caminhos. Mas o tino empreendedor lhe deu a vontade e a coragem necessárias para ousar e montar o próprio negócio. A trajetória foi de muito trabalho e dedicação, que hoje refletem diretamente no sucesso da empresa. No comando de duas grandes lojas muito bem sucedidas no setor agropecuário, ele nos conta como iniciou a vida empresarial, quais dificuldades enfrentou e faz um desabafo sobre a injusta carga tributária que pesa nos ombros dos empresários brasileiros. Joaci, que analisa ainda o atual momento econômico do Rio Grande do Norte, se confessa também um homem de fé: “Tenho muita fé em Deus. No meu silêncio, eu sempre agradeço a Deus por tudo”.

Como foi o início da sua carreira empresarial?

Eu terminei o curso técnico em Agropecuária na Escola Agrícola de Jundiaí em 1978 e, no ano seguinte, fui convidado pela Cooperativa Agropecuária de São Tomé para desenvolver um projeto chamado Polo Nordeste, em convênio com a Emater, que comprava antecipadamente a produção dos associados. A Cooperativa era a maior beneficiadora de algodão do Rio Grande do Norte, que foi a principal fonte de renda do interior, o chamado “ouro branco”. Diferente das culturas de subsistência como milho e feijão que você produz praticamente só para comer, o agricultor que plantava algodão podia vender o produto e tinha dinheiro no final do ano. Passei 11 anos na Cooperativa desenvolvendo esse projeto. No entanto, no final da década de 90, houve a Praga do Bicudo que dizimou toda a produção de algodão que existia na região, não só no RN, mas a nível de Nordeste. Quem sobrevivia do algodão, faliu. Com isso, a Cooperativa de São Tomé começou a passar por uma dificuldade muito grande e eu fui convidado para ser gerente da Cooperativa Central do Rio

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CASE DE SUCESSO Grande do Norte, que ficava na Ribeira e era a mãe de todas as cooperativas que existiam no estado. Após seis meses, fui designado para aumentar as vendas da maior loja de produtos agropecuários da Cooperativa, que ficava no Alecrim. O detalhe é que todas as lojas fechavam no horário do almoço e eu determinei que não iríamos fechar. Assim, mostrei para a diretoria que em apenas um mês, aumentamos em 20% o faturamento. Então, a história é que nesta minha vinda para a loja, eu conheci um gerente da Purina, que era a maior fábrica de ração a nível mundial. Essa pessoa gostou muito de mim e me convidou para ser o representante comercial deles no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Eu aceitei o convite porque a proposta era realmente irrecusável, era aquilo mesmo que eu queria: trabalhar com vendas.

E como surgiu a ideia de montar seu próprio negócio? A Agronorte já existia e era, inclusive, minha cliente. Foi fundada em 1984 e pertencia a um médico veterinário. Em 1995, a empresa foi colocada à venda. Meu grande sonho era conseguir um ponto nesta rua, porque era a vitrine do Rio Grande do Norte de lojas agropecuárias. Porém, era muito caro. Ninguém tinha ponto para alugar e quem tinha, cobrava caro. Lembro que, na época, eu paguei R$ 12.000,00 só pela cessão do ponto, além de comprar todo o estoque da loja. Eu não tinha dinheiro, mas tinha muita coragem. Aluguei o prédio, renegociei com alguns credores e assim, assumi a empresa.

O que lhe deu coragem para tomar essa atitude empreendedora? A vontade de ingressar no negócio e a oportunidade, além de confiar muito no meu trabalho. Eu sempre confiei no que eu faço.

Você já desejava atuar nessa área ou foi algo que surgiu na sua vida? Eu sempre gostei muito do meu lado de empreendedor. Quando eu vi surgir a oportunidade de ser representante comercial de uma multinacional (a Purina), não tive a menor dúvida. Um tio até me questionou como eu deixaria de ser gerente de uma Cooperativa Central para ser representante comercial sem salário fixo, mas era isso mesmo que eu queria. Não queria me acomodar com um salário fixo e sim fazer o meu salário. Depois, assumi a Agronorte e negociei com todo mundo. Devagar, fui pagando aos fornecedores. Fui crescendo e comecei a trabalhar com atacado e distribuição, sem ficar restrito ao varejo.

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Por que resolveu atuar também no mercado de distribuição? Essa foi a grande sacada porque como eu era representante da Purina, minha clientela comprava os produtos que eu próprio já havia comprado e revendia. Se eu já fazia isso dentro de um carro, imagina quando coloquei a loja. Eu liguei para a Purina, fiz uma grande parceria e passei a distribuir a linha de produtos veterinários, passando a ser um pequeno distribuidor. Fui incorporando novos laboratórios. Veio a Purina, depois veio a Inseticidas Pika Pau – que era líder de mercado e acreditou no meu trabalho também. Vieram outros laboratórios e eu passei a ser varejista e atacadista, e comecei a montar uma equipe de vendas. Em dezembro de 1995, seis meses depois de abrir a loja, eu comprei meu primeiro carro de entrega, que era uma Pampa cor de vinho 0km e a entregadora era dona Ana Tereza, minha esposa.

Como é a participação da sua família no negócio? 100%, com exceção da minha filha Kataryna. Meus filhos Joacy Filho e André vieram logo cedo para cá, sem falar na minha esposa. Nós começamos naquela outra loja: éramos eu, Ana Tereza, Arimatéia que é um vendedor que hoje trabalha na nossa filial na BR, uma funcionária do caixa e um ASG, Biloca, que também está até hoje. Nós começamos a fazer esse trabalho de venda no varejo e distribuição. No ano seguinte, eu fiquei utilizando essa Pampa para mim – depois troquei num carro de passeio – e comprei para a loja uma F4000, que era maior. Contratei um motorista em 1996 e ele já começou a fazer entregas de ração e de medicamentos. Outros laboratórios foram chegando e eu fui aumentando devagarzinho. Fiz uma grande parceria com a Belgo (multinacional que comercializa arame farpado) e passei a disputar o mercado em igualdade de condições com as outras lojas.

Como foi o processo de início da empresa, incluindo a compra do prédio? Em 1999, este prédio, que era o maior e melhor prédio da rua, foi colocado à venda pelo proprietário Manoel Ferreira, que era de Campina Grande e mantinha aqui a maior loja de produtos de caça e pesca do Rio Grande do Norte. Quando eu soube, fiquei doido, sem saber o que fazer. Até que um amigo bem próximo da família percebeu minha aflição e eu comentei que precisava de um grande financiamento para comprar o prédio. Ele estranhou, questionou se eu estava seguro de dar esse grande passo e eu respondi que só poderia crescer se tivesse espaço. Ele me perguntou quanto custava o prédio – algo em torno de R$ 200.000,00 na época – e me sur-


preendeu dizendo me emprestaria o valor. Imediatamente entrei em contato com o proprietário para negociar e soube que outros empresários queriam comprar o prédio. Consegui negociar o pagamento em R$ 180.000,00 e sem nenhum centavo no bolso, puxei o talão de cheque, paguei uma entrada e dei outro cheque para 30 dias. Então, liguei para o amigo que me emprestou o dinheiro e pedi que fizesse a transferência. Até hoje tenho a cópia desses cheques guardada. No dia 19 de dezembro de 1999, eu ofereci um coquetel de inauguração com a presença de fornecedores e gerentes de bancos que já estavam investindo em mim. Abri uma loja muito bonita para o nível das outras que tinham aqui. Eu deixei a loja entupida de mercadoria. Era tudo muito bonito e bem identificado.

Desde então, como se deu o crescimento da empresa? Em 2000, ano seguinte à compra do prédio, registramos o maior crescimento da nossa história: aumentamos nosso faturamento em 61%. Continuamos crescendo e hoje, conseguimos faturar em um mês o que faturamos durante todo o ano de 1997, por exemplo.

Durante esses 18 anos, houve algum período de dificuldade ou crise?

FAMÍLIA

Joaci e seu filho mais novo, André Mafra, no escritório da Matriz, no Alecrim.

Passamos por uma crise no ano passado, como todos os empresários do meu segmento. Nós vínhamos de 16 anos de crescimento e tivemos, pela primeira vez, um ano sem crescimento. Mas eu fui felizardo, porque tenho colegas do ramo que caíram 25%. O Nordeste passou pela maior seca do século e o rebanho foi dizimado em torno de 50%, o que ocasionou a queda do faturamento para todos. No entanto, como nós identificamos que estava acontecendo esse decréscimo no ramo agropecuário, partimos para o investimento na área pet (animais de pequeno porte), que é uma área em constante crescimento e não tem crise. Essa nossa atitude de investir fortemente em outra área foi o que garantiu o nosso faturamento. Do contrário, teríamos caído, assim como os nossos concorrentes.

E a expectativa para 2013? O ano vai terminar bem para o setor agropecuário? Estamos com crescimento na ordem de 10%.

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MATRIZ

A atual loja do alecrim conta com um amplo showroom, oferecendo os mais diversos produtos desde máquinas agrícolas à produtos veterinários.

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Mas essa é uma característica da Agronorte ou há uma recuperação de todo o setor?

Isso tem relação com a crise econômica geral pela qual passa o RN?

A recuperação é para todos. Esse ano, tivemos uma surpresa boa com a regularidade das chuvas. Outro fator muito importante foi o Rio Grande do Norte ter se tornado uma área livre contra a febre aftosa. Isso vai fazer da Festa do Boi a maior exposição dos últimos anos porque teremos animais de todas as regiões do Brasil. Como o RN era uma área de risco desconhecido, os animais podiam entrar no estado, mas, para sair, precisavam passar por um processo de quarentena fazendo a sorologia para saber se estavam com aftosa ou não. Dessa forma, ninguém queria trazer os animais de elite porque demandava um trabalho e um custo enorme. Agora somos área livre. A regularidade das chuvas também foi muito importante porque motivou o pecuarista a investir no segmento novamente. Foram fatores importantes para a recuperação este ano, mas ainda precisa melhorar muito. O primeiro semestre foi excelente. O segundo não começou no mesmo ritmo, mas esperamos que isso mude.

Totalmente. Exemplo disso é o Programa do Leite, que é um programa modelo, e que vem atrasando o pagamento dos produtores constantemente. Cada quinzena injeta R$ 3 milhões na economia. Sem esse pagamento, os negócios foram totalmente afetados. É um problema grande e todo o segmento agropecuário é atingido.

Como avalia o mercado agropecuário potiguar? Temos um mercado agropecuário com grandes criadores de bovinos, ovinos e equinos, mas que precisa de maior apoio do Governo para desenvolver o potencial que apresenta. Além disso, pelas nossas características naturais, precisamos que haja a regularidade de chuvas para que tenhamos pasto e água em abundância para uma melhor viabilidade do segmento.


Quais iniciativas poderiam ser tomadas para estimular o agronegócio no RN? Seria um estímulo para os produtores se tivéssemos maior oferta de crédito, com juros mais baixos, como também uma política fiscal e tributária mais justa.

O que falta para o RN se desenvolver mais? Falta mais empenho por parte dos nossos representantes. O RN talvez seja o estado do Nordeste com maior representatividade na política. Nós temos hoje o terceiro homem mais importante do país, que é o presidente da Câmara Federal Henrique Eduardo Alves; temos o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho; temos o maior líder da oposição ao Governo Federal, o senador José Agripino. Recentemente, Natal apareceu numa pesquisa entre os lugares mais procurados pelo turista brasileiro e nós não sabemos explorar isso.

Seus filhos também são empresários. Foi influência sua? Meus filhos conviveram aqui comigo por muitos anos. Joacy Filho, que tem um Centro de Treinamento Esportivo, foi um grande vendedor da loja. Ele tem um tino comercial fantástico e o melhor rendimento dele aqui na empresa foi como vendedor. Ele iniciou aos 18 anos, fazendo exatamente o que eu fazia aqui. Era até um pouco constrangedor porque no final do ano fazíamos as premiações dos melhores funcionários e ele

sempre ganhava como melhor vendedor.

Isso foi estimulado ou aconteceu de forma natural? As duas coisas. Depois de Joacy Filho, André começou a vir para cá também. Ele começou a dar um trabalhinho na escola e eu o trouxe para a loja para aprender a trabalhar. Hoje, ele administra muito mais do que eu. Ele é quem conduz a linha pet, tendo inclusive sua própria empresa, mas é meu braço direito aqui na Agronorte. Hoje, ele tem muito mais conhecimento do que eu.

Mais alguém da família envolvido? Minha esposa Ana Tereza, que sempre foi muito simples e humilde e me ajudou muito aqui. O grande sucesso do nosso negócio se deve muito à participação da minha família. Ela e meus filhos foram fundamentais. Tem outro fato importante que eu gostaria de destacar. Em 2006, meu pai faleceu e eu decidi abrir uma loja em homenagem a ele. Assim surgiu a nossa loja filial, localizada na BR-101. Também tem o meu genro Gustavo, que é gerente da filial e esteve ao meu lado nesse projeto desde o começo. Abri uma loja modelo e com um detalhe: todos os sábados, nós realizamos um tradicional café da manhã para os clientes. Abrimos a loja às 6 horas da manhã, que é a única no Brasil que eu tenho conhecimento de que abre essa hora num sábado. Quando o cliente chega lá, já tem um grupo reunido para tomar um café da manhã completo. Tem uma turma que vai todo sábado. Esse café foi, inclusive,

FILIAL

Fachada da loja localizada na BR 101. Após uma grande reforma, a loja conta com ambiente totalmente climatizado para oferecer mais conforto aos seus clientes.

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citado numa aula de Marketing na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo apresentado como case de sucesso.

Quem são esses clientes? São médicos, advogados, engenheiros, empresários... pessoas que geralmente vão às suas fazendas nos sábados e passam na loja para comprar o que precisam. Aí eles aproveitam também para se reunir. Já fazemos isso há sete anos.

Qual é o principal foco da empresa e qual o diferencial que garante o sucesso? Desde início, trabalhamos muito para contribuir para o agronegócio potiguar, oferecendo produtos e serviços de qualidade. Nos destacamos porque temos uma equipe qualificada e oferecemos uma grande variedade de produtos. Também contamos com uma excelente estrutura de logística e investimos em lojas modernas e confortáveis. A nossa filial, por exemplo, é climatizada.

Como é a sua dedicação aos negócios? Hoje eu estou mais light. Já fui de estar na loja durante todo o expediente, mas desacelerei um pouco. A idade vai chegando, acabei de completar 22 anos (risos). O controle hoje é muito fácil. Eu saio da loja, mas tenho acesso a tudo através de câmeras, celular, iPad... posso fazer quase tudo pela internet. A empresa hoje está muito bem assessorada, com pessoas competentes em vários setores. Temos funcionários qualificados e tudo isso passa por mim e pelo meu filho André. Também temos um moderno sistema de controle gerencial, totalmente informatizado.

Como o senhor se vê daqui a alguns anos?

Hoje trabalhamos com grandes marcas e grandes laboratórios como Vetnil, Biovet, Vansil, Ibasa, Coveli, Syntec, Pfizer, Tortuga, Socil, Hercosul, Belgo, Buffalo, Nogueira, Trapp e Tramontina.

Com o cabelo mais branco ainda (risos). Quando eu comecei na Agronorte, meu cabelo era pretinho. A vida de empresário não é fácil. Uma das maiores dificuldades – não só da Agronorte, mas de todos – é a carga tributária que acaba com o empresário. É muito injusta a forma como somos tratados pelo governo em relação a isso. Nós ainda temos alguns benefícios fiscais pelo fato de sermos uma empresa agropecuária, mas a nossa carga tributária é muito alta. Quem mais ganha no negócio do empresário é o governo, que recebe a fatia dele através do imposto com a emissão da nota fiscal, mesmo se você levar um calote.

A Agronorte conta com quantos colaboradores?

O que você gosta de fazer?

Temos uma equipe externa que conta com um profissional de vendas em Mossoró, atuando em todo o interior e na Paraíba. Também temos outro em João Pessoa, atendendo a área até Campina Grande. Temos ainda três vendedores em Natal, uma médica veterinária, duas promotoras de loja e um zootecnista que visita e dá assessoria nas fazendas. Nas lojas, temos em torno de 50 colaboradores.

Sou muito ligado à família e gosto muito de sair e viajar na companhia da minha esposa, meus filhos, genro, noras e netos. Adoro futebol, sou apaixonado pelo ABC e pelo Fluminense. Fui ao Rio de Janeiro recentemente só para assistir o jogo de estreia da camisa nova do Fluminense no Maracanã. Adoro receber amigos na minha casa e adoro ir a São Tomé.

Pretende expandir a loja para outras cidades do RN?

Que mensagem você passaria para alguém que está começando agora?

Com quais marcas a Agronorte trabalha atualmente?

No momento, não. Estamos focados em atender as lojas como distribuidora. Pensamos em abrir um Centro de Distribuição em João Pessoa, mas é um projeto que ainda está a passos lentos, pois depende de vários fatores.

A Agronorte distribui para quais estados atualmente? Trabalhamos fortemente no Rio Grande do Norte e na Paraíba há 10 anos.

Qual é a estrutura da distribuidora? Hoje nós temos frota própria (dois caminhões baú que 26

rodam todo o RN e PB) e todos os vendedores externos recebem um carro 0 km com seguro.

Que acredite no seu potencial, porque quando se acredita, se alcança. E para todo problema, existe uma solução.

Tem algum empresário no Brasil que seja referência para você? Sim. Nevaldo Rocha é, para mim, um exemplo de empresário. Ele começou do nada e hoje tem um império daquele. Para mim, ele é um espelho.






Reportagem por Marcella Mendes Fotografia: Fidel Dantas

MULA PRETA

A IDEIA

O premiado design genuinamente potiguar.

Eles romperam os limites da criatividade e fizeram da ousadia a chave para o reconhecimento internacional. O arquiteto Felipe Bezerra, de 42 anos, e o designer gráfico André Gurgel, 25, decidiram expandir as fronteiras da criação e deixar o lado artístico falar mais alto. Desde que a ideia de fundar um estúdio de design foi colocada em prática, eles deram início a uma trajetória de importantes conquistas no cenário mundial. O estúdio Mula Preta Design surgiu de um encontro de ideias de dois profissionais criativos que desejavam sair da rotina e criar produtos inovadores, cheios de personalidade e irreverência. Tudo começou há pouco mais de um ano, durante um encontro profissional. O arquiteto Felipe Bezerra, com mais de 15 anos de atuação no setor imo-

biliário, queria ir além dos projetos convencionais. Em uma conversa com André Gurgel (que chegou a cursar Engenharia Elétrica, mas resolveu se tornar designer gráfico por vocação), eles descobriram que tinham muito em comum. A inquietude adquirida durante diversos anos no exercício da profissão fez com que Felipe buscasse um espaço onde o design pudesse superar os limites da calculadora. “No mercado imobiliário, o arquiteto é escravo dos cálculos, porque a gente tem que desenhar um produto que vai custar x, pois será vendido por y. A sua criatividade fica limitada e isso me incomodava muito. É um ramo muito difícil para que você expresse o máximo que você queria fazer”, explica.

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A IDEIA Antes mesmo da inauguração do escritório, o estúdio de nome inspirado em uma canção de Luiz Gonzaga começou a receber destaque em premiações internacionais. A trajetória começou em grande estilo com a participação no A’ Design Awards, evento realizado em abril de 2013 em Milão, na Itália. Todos os quatro móveis projetados por eles foram reconhecidos pelos jurados. A poltrona “Basquete” (de couro e espuma) levou o ouro, a poltrona “Nest” e o banco “Centopeia” (em madeira) faturaram prata, e a cadeira “Reta” (de plástico injetado) foi premiada com o bronze.

Basquete, permanecem apenas como protótipos eletrônicos.

A participação no A’ Design Awards rendeu a Felipe e André o convite para a Design Week, realizada em setembro, em Paris. As três peças projetadas por eles receberam posição de destaque na galeria onde foi realizado o evento, que reuniu jovens designers de todo o mundo. No último dia, o sucesso foi ainda maior: a poltrona Duna, confeccionada em madeira, o banco Centopeia e a luminária Pirulito – feita de papelão e concreto reciclado – foram arrematados durante o leilão das peças. Ao todo, os três produtos foram vendidos por cerca de 7 mil euros.

Mesmo ainda sem fabricação, o protótipo da poltrona Basquete continuará sendo o carro-chefe do estúdio Mula Preta e deverá ser levado para o próximo concurso. A dupla está se preparando para a participação no mais importante evento de sua carreira: o Meet My Project, que será realizado em Paris, em janeiro de 2014. O designer francês Philippe Stark e os irmãos Campana participaram, no início da carreira, deste encontro que proporciona a interação entre designers e a indústria.

Para o arquiteto e o designer potiguares, o sucesso Mula Preta em competições internacionais acompanha a ascensão do design brasileiro no mercado mundial. No entanto, apesar do reconhecimento e do destaque que os prêmios proporcionaram ao estúdio, a dupla ressalta que ainda falta espaço para o design no Nordeste. “Pensamos da seguinte forma: já que ninguém aqui em Natal conhece a gente, vamos participar de concursos fora”, brinca Felipe. A ideia que começou apenas como hobby ganhou proporções maiores a partir dos bons resultados. Felipe e André foram convidados para visitar o polo moveleiro do sul e sudeste do país e várias indústrias manifestaram interesse em fechar parcerias para a execução das peças. Hoje, um dos maiores desafios da dupla é viabilizar a fabricação dos móveis. Alguns, como a premiada poltrona

BANCO CENTOPÉIA

Nome justificado pela sua característica principal:100 pés.

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“A procura pela poltrona Basquete é tão alta que a revista Casa Vogue divulgou uma foto como se ela estivesse para vender, mas ela ainda não existe”, conta André Gurgel. A cadeira, de couro e espuma, foi idealizada para o mercado americano devido à paixão pelo esporte. Por enquanto, ainda não há previsão para a fabricação. “Se a gente descobrir como fabricá-la, tenho certeza que será sucesso nos Estados Unidos”, completa.

BASQUETE

Protótipo digital da poltrona criada pelos designers.


PIRULITO

Luminária em formato inusitado.

CADEIRA RETA Mais um design premiado.

DUNA

Formas inspiradas na natureza potiguar.

PRÓXIMOS PASSOS Em meio ao planejamento e a criação de projetos para competições e eventos, Felipe Bezerra e André Gurgel pretendem expandir o estúdio Mula Preta. “Por causa dos nossos outros compromissos e trabalhos, o escritório acaba em segundo plano”, afirma André, que também é sócio-proprietário da Vírtua Computação Gráfica. A ideia é que o Mula Preta, principal meio de expressão artística dos dois profissionais, se consolide ainda mais nos próximos meses. Quando questionados sobre os projetos para um futuro próximo, a dupla reforça que vai investir para vender os projetos para a indústria e para fortalecer o nome de André Gurgel e Felipe Bezerra como

artistas de design. Para isso, estão planejando um road show nas fábricas do sul do país. A busca por parcerias com indústrias de outros estados brasileiros não faz com que eles pensem em morar fora. “Não é à toa que o nome do estúdio é Mula Preta, um nome genuinamente nordestino e que expressa as nossas raízes”, explica Felipe. “A gente pretende fazer contatos internacionais e vender lá para fora também, exportar, mas não temos a pretensão de sair de Natal”, completa. O premiado estúdio Mula Preta, representa, sem dúvida, a essência do design potiguar. E se depender de Felipe e André, a arte funcional inspirada na canção de Luiz Gonzaga ainda vai trazer muitos prêmios para o Rio Grande do Norte. 33



Reportagem por Claudio Oliveira Fotografia: Fidel Dantas

EMPREENDEDORISMO SOCIAL

empreender pela vida.

Uma das formas de empreendedorismo que tem crescido no Brasil é o empreendedorismo social, aquele em que as empresas utilizam ferramentas de gestão e elementos para um gerenciamento mais planejado e eficaz das instituições, podendo gerar lucro ao oferecer produtos e serviços que melhoram a qualidade de vida da população excluída ou mesmo apoiando instituições e ONGs que trabalham pelo bem-estar social. Em Natal a Apae (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais) é uma destas instituições em que as empresas podem praticar esse tipo de empreendedorismo. A entidade é filantrópica e oferece assistência gratuita às pessoas com deficiências intelectual e múltipla e suas famílias. É mantida com recursos oriundos de projetos, convênios e doações. Atualmente 474 pessoas com necessidades especiais são beneficiadas pela Apae/Natal que oferece atendimento educacional especializado. No entanto existe uma fila de espera porque a procura é grande, mas a entidade só atende a quantidade que consegue. A procura geralmente é voluntária. Alguns são encaminhados por médicos do sistema público de saúde. A única exigência é que a renda familiar não ultrapasse dois salários mínimos. “Assim damos prioridade a quem realmente não tem condições de ter um tratamento como os que oferecemos”, diz a presidente da instituição, Suely de Andrade.

Os pacientes atendidos, no caso de crianças e adolescente precisam estar matriculados na rede pública de ensino e recebem reforço escolar na entidade em disciplinas que tenham dificuldades de aprendizado como matemática, informática, linguagem, além de preparação para serem inseridas no mercado de trabalho com aulas de comportamento, comunicação, higiene e ainda apoio pedagógico. De acordo com a presidente da Apae/Natal, Suely Andrade Freire, os pacientes também são inseridos em grupos de dança, capoeira, banda marcial, coral e cursos como serigrafia e trabalhos manuais de artesanato. Os pais são incluídos neste processo de tratamento dos pacientes com um serviço de terapia ocupacional graças a uma parceria com o Sesi, que proporciona oficinas de trabalhos manuais, arte e culinária, enquanto os filhos são atendidos na instituição. “Procuramos envolvê-los dentro das nossas atividades porque entendemos que é preciso dar atenção não apenas ao portador de necessidades especiais, mas também aos familiares que convivem diretamente com este desafio diário”, destaca Suely Freire. A outra área de atuação é o atendimento clínico de habilitação e reabilitação. “Contamos com médicos, assistentes sociais, psicólogo, dentista, pediatra. Nossos serviços abrangem psicopedagogia, psicomotricida35


EMPREENDEDORISMO SOCIAL

ATIVIDADES

Psicopedagogia, psicomotricidade, terapia ocupacional entre outros serviços são prestados pela APAE.

de, terapia ocupacional, entre outros”, conta a presidente. Além disso, a lugoterapia, fonoaudiologia, audiometria e fisioterapia também fazem parte do quadro de atividades da Apae.

Administrando com os “pés no chão” Para administrar toda a estrutura da Apae, Suely Andrade Freire conta que é preciso ter cautela para que os serviços não sejam comprometidos. O que se arrecada para tanto vem de doações. “Administramos com os pés no chão. Só fazemos aquilo que sabemos que o dinheiro dá para fazer e nunca iniciamos uma atividade sem que haja dinheiro disponível. Às vezes nos privamos de resma de papel, por exemplo, para priorizar algum outro material de maior necessidade”, relata. A prioridade é sempre para o salário dos servidores. A Apae tem um quadro de 137 funcionários. São médicos e outros profissionais qualificados para prestar um atendimento adequado às pessoas com deficiências e seus familiares. As empresas, segundo conta, ainda não despertaram interesse para ajudar com doações nos trabalhos da Apae. “São doações de pessoas físicas. Uma ou outra empresa ajuda

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doando algum material que aproveitamos para um bazar ou para outras atividades, mas financeiramente ainda não contamos com empresas”. Também não existe apoio financeiro governamental, diz. Contudo, qualquer empresa ou instituição pode contribuir com doações. A associação possui um setor de call center voltado especialmente para este fim. Profissionais do setor entram em contato com os doadores diariamente. Tudo é feito na mais absoluta transparência. Para receber as doações, a pessoa ou empresas pode procurar a diretoria da Apae na Rua dos Potiguares - Dix-sept Rosado. “Pedimos que venha, conheça o trabalho da instituição, avalie o serviço, a estrutura e reflita como pode ajudar”, conclama a presidente. A Apae concede às empresas que colaboram com o serviço a logomarca “Amiga da Apae” que pode vincular a imagem da empresa à credibilidade da instituição. Esta iniciativa tem como objetivo estimular ações sociais e empresariais e prestar reconhecimento público às pessoas jurídicas que investem nas políticas e práticas de comprometimento social promovidas pela entidade. A instituição também recebe ajuda de órgãos como a Justiça Federa, a Justiça Estadual e o Tribunal do Trabalho quando estes aplicam penas alternativas e os apenados precisam realizar trabalhos ou doações como forma de serem punidos de algum delito.


Melhor estrutura para bem atender Basta fazer uma visita às dependências da Apae para perceber o zelo por tudo o que lá existe, desde as pessoas atendidas, passando pelos profissionais até a estrutura física, que não fica atrás de clínicas do setor privado. As salas são equipadas com materiais e equipamentos adequados para o referido tratamento. As salas de psicomotricidade, por exemplo, têm os elementos necessários para trabalhar o desenvolvimento do corpo através do movimento, do intelecto e do afeto. Na sala de terapia ocupacional a terapeuta Bruna Fabiana conta que atende a três turmas de dez pacientes adolescentes durante a semana. Eles são capacitados para conviverem de forma independente com a sociedade. “Tudo o que se faz desde acordar até dormir. Além disso, trabalhamos o comportamento externo. Nós organizamos festinhas e também saímos para comprar no mercado ou passear no shopping para que entendam como devem se portar”, explica. A Apae também tem consultório odontológico. “Temos que condicioná-los a este ambiente e com o tempo eles vão aceitando e conseguem, dependendo do caso, realizar sua higiene bucal”, relata o dentista César Douglas. Os serviços de fonoaudiologia e de audiometria são alguns dos mais requisitados. A Apae mantém uma cabine com os equipamentos que identificam problemas na voz e na audição e, caso o paciente necessite de próteses, é encaminhado para o sistema público de saúde. No consultório de psicologia, familiares e pacientes também recebem atendimento. “Com eles trabalhamos a estimulação, o comportamento e a autonomia”, conta a psicóloga Luciana Queiroga. Há ainda uma sala de informática com 15 computadores para que os pacientes tenham acesso ao mundo digital. Nas salas dos consultórios, também há computadores, além de brinquedos e materiais lúdicos que são utilizados nos tratamentos. A entidade oferece lanche aos pacientes num cardápio elaborado por nutricionistas. O espaço do refeitório também é satisfatório e, para a prática esportiva, uma quadra de esportes está a disposição. Duas piscinas aquecidas são utilizadas ainda para tratamento e exercícios terapêutico. Para a diretora da instituição, todo o trabalho e esforço para manter o serviço e a estrutura necessária é recompensado na medida em que o quadro dos pacientes evolui. “Quando vemos que já conseguem ir à escola sem ninguém acompanhando, ou aprendem a se comportar em locais públicos, ou ainda, quando ganham a confiança da família ou participam de competições esportivas, é a recompensa que temos. Ver o desenvolvimento e a evolução destas crianças e pacientes”, finaliza. 37


TROFÉU ON

EDIÇÃO 4 Homenagem da Revista ON RN à trajetória dos empresários potiguares.

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