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ENTREVISTA

do jogado em uma terra de gigantes. Então, é preciso definir o que é mediano. Na minha opinião, os animais ainda estão muito grandes em pista. É só olhar a idade e o peso para constatar isso. Se não mudarmos o critério de julgamento, que hoje considera demais o desempenho, fica complicado. A única maneira de aproximar a pista do sistema de produção é trabalhar os critérios de julgamento, buscando identificar os animais funcionais e que atendem melhor às necessidades da pecuária brasileira. Em outros países da América Latina, já se busca nas exposições um Nelore mais parecido com o selecionado para o campo. Nas outras raças zebuínas, essa relação entre pista e campo caminha bem mais perto, assim como também nas raças taurinas e sintéticas.

Você desenvolveu o método EPMURAS. Fale um pouco sobre sua aplicação e os resultados alcançados até o momento.

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William Koury Filho - O EPMURAS é uma excelente ferramenta para que técnicos, criadores e mercado passem a falar a mesma língua, não ficando aquela confusão do que é bom para um às vezes não é bom para outro. Ele funciona como um retrato falado do animal. Na prática, já encontramos DEPs morfológicas para as características de estrutura, musculosidade e precocidade. Além disso, finalizamos a descrição do animal para raça, sexualidade e umbigo. Hoje, para emitir o registro genealógico do reprodutor, o técnico da ABCZ faz a descrição pelo EPMURAS. O método tem sido usado por muitos criadores como critério de seleção e por várias associações. Apesar de ser uma metodologia bastante difundida, gostaria que houvesse uma capacitação maior dos profissionais que trabalham com o EPMURAS, visando uma aplicação ainda mais eficiente. Vale ressaltar que a metodologia teve validação científica, foi publicada em congresso mundial de genética. É uma ferramenta que funciona demais no processo de seleção do biotipo e da morfologia produtiva e funcional para identificar animais eficien- tes e para obter maior aproveitamento de touros e matrizes dentro da pecuária seletiva, isso quando utilizado desde o acasalamento dirigido.

O Brasil continua com um grande déficit de touros. Além disso, a maior parte utilizada não tem avaliação genética. Acredita que esse cenário pode ser revertido em médio prazo?

William Koury Filho - Infelizmente, ainda é muito utilizado o boi de boiada. Estamos aumentando a produção de touros certificados, melhoradores de fato, mas é preciso ter uma conscientização do mercado e quem sabe surjam mais programas de governo que possam estimular a utilização de animais superiores. E aí a pecuária ganha como um todo. Acredito que gradativamente o uso de touros melhoradores ganhará corpo até porque quem não for eficiente vai sair da atividade. Sou otimista em relação a isso. Lembrando que temos de chegar a um custo de produção mais racional, menos oneroso, o que facilitará a aquisição desses reprodutores pelos pecuaristas que ainda hoje usam o boi de boiada.

Você critica a falta de padrão de touros, inclusive em centrais. Quais características são primordiais na seleção de um touro melhorador?

William Koury Filho - Existem touros com números fortes em centrais, mas que apresentam defeitos morfológicos acentuados, não só em relação à parte de caracterização racial, mas muito pela parte funcional. Outro receio é que existem muitos touros de raça de corte em central que não apresentam uma boa conformação frigorífica, mas, mesmo assim, tem bons números. Se ele está na central é porque o mercado ainda está comprando números e não está avaliando o conjunto da obra. Isso é uma moda que está passando e, em breve, devemos encaminhar para algo mais equilibrado entre a morfologia produtiva e funcional e as avaliações genéticas.

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