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Olho do técnico é essencial
Quem defende a avaliação morfológica como uma das mais importantes ferramentas de seleção é o engenheiro agrônomo e jurado Carlos Marino.
Brasil não é só referência mundial em genética bovina. É conhecido também pelo alto nível de seus profissionais da área de Ciências Agrárias. Eles vêm contribuindo sobremaneira para a seleção zebuína seguir na direção certa, seja no campo ou nas pistas de julgamento. O engenheiro agrônomo, especializado em Zootecnia, Carlos Alberto Marino Filho, integra esse “time”. A pecuária faz parte de seu DNA, sendo a terceira geração de pecuaristas da família, paixão herdada tanto na parte materna quanto paterna. “Aprendi desde criança que a pecuária exige dedicação, pois é uma atividade complexa, principalmente quando se fala na seleção de raças puras. A busca pelo conhecimento e o trabalho de melhoramento do rebanho devem ser contínuos. Essa sempre foi uma verdade dentro da minha família e procuro seguir até hoje”, assegura Marino.
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Sua trajetória como assessor pecuário começou logo após se formar em Engenharia Agronômica, em 2007. Desde então, vem atuando em fazendas de todo o país, incluindo tradicionais criatórios selecionadores de Nelore, e comanda a empresa Carlos Marino Assessoria. Segundo ele, o trabalho exige um aprendizado diário para que as novas tecnologias possam ser aliadas às ferramentas tradicionais visando a produção de genética de ponta e de carne de qualidade.
“Dentro desse processo, é essencial equilibrar as avaliações genéticas com as morfológicas. A avaliação morfológica é mais importante que qualquer outra ferramenta de seleção. É ela que ajudou a construir o gado brasileiro, a chegarmos nesse resultado extraordinário na genética bovina, hoje exportada para muitos países. E a avaliação genética é uma ferramenta complementar, muito útil para diminuir erros. Afinal, quando o assunto é seleção, acerta mais quem erra menos. Esse é um casamento que deu muito certo e nos permitiu fazer uma seleção muito acurada, tendo a morfologia como carro-chefe”, assegura Marino.
Com vasta experiência na seleção de raças zebuínas de corte, especialmente o Nelore, ele defende que os avanços genéticos devem mirar o aumento de produtividade, mas mantendo as características naturais. “A rusticidade do Nelore deve ser preservada, pois contribui para que os animais suportem bem os mais variados sistemas de produção, de clima e de solo. Isso é um ponto forte da raça”, diz Marino.
Desde 2014, ele também comanda o criatório da família. Além da produção de genética, atua na pecuária comercial. Na opinião dele, as características de desempenho e funcionalidade do Nelore levaram a raça a ser a mais utilizada no país. “Seja em sistema a pasto, semi-intensivo ou confinamento, é uma raça que sempre apresenta ótimos resultados”, assegura.
Outro diferencial do Nelore seria sua variedade de linhagens, permitindo dar um direcionamento mais adequado para o rebanho, conforme o objetivo de seleção ou o momento do negócio. “A oferta de touros melhoradores no mercado é muito grande, o que nos permite corrigir algum ponto, seja na parte de desempenho ou no racial. É uma raça de corte cada vez mais completa por conta disso”, assegura.
E dentro do atual momento da pecuária comercial, que enfrenta um ciclo de baixa, essa versatilidade da genética Nelore contribui para melhorar a rentabilidade do negócio. Na visão de Marino, a grande valorização dos animais melhoradores, mesmo com a queda no preço da arroba e dos bezerros, confirma a importância da pecuária seletiva para o avanço do setor. “O Nelore sempre foi uma raça que sobreviveu a todas as fases de crise do mercado. E muito disso vem do trabalho ininterrupto que os criadores fazem para a produção de uma genética de ponta. Eles sabem que o selecionador precisa manter um nível altíssimo de seleção de seu rebanho, independente das crises que a pecuária passe, pois isso vai garantir que, quando os produtores voltarem a investir de forma mais intensa em genética, haverá produto de qualidade à disposição”, pontua Marino.
Jurado efetivo da ABCZ desde 2010, Carlos Marino acredita que as pistas também são importantes no direcionamento da seleção. Os critérios de julgamento têm contribuído para identificar animais superiores. “As pistas já revelaram incontáveis indivíduos de genética superior que contribuíram para o avanço dos rebanhos seletivos”, finaliza Carlos Marino Filho.