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Novos mercados para a genética leiteira do Brasil

Colômbia está entre os países com maior interesse por Gir Leiteiro, Guzerá e Girolando. O país quer a revisão do protocolo sanitário para facilitar as exportações

Aampliação do protocolo sanitário na área de genética bovina entre Brasil e Colômbia está entre as propostas que serão apresentadas aos governos dos dois países pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e pela Federação Nacional de Departamentos da Colômbia, que reúne governadores dos 32 departamentos (estados) daquele país. O assunto foi tratado durante reunião ocorrida 24ª Agroexpo, em Bogotá, com a presença do gerente do projeto internacional Brazilian Girolando, Marcello Cembranelli, e dos representantes da Federação, o diretor-executivo, Didier Tavera, a subdiretora de Governo e Regiões, Carolina Franco, e o chefe do Programa Anticontrabando, David Jaramillo.

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A Colômbia é o principal país importador da genética Girolando na América Latina. Como o Brasil é o berço da raça e referência em sua seleção, muitos criadores colombianos têm interesse em levar touros e matrizes de genética superior para acelerar o melhoramento genético do rebanho local. Apesar dessa forte demanda, o atual protocolo sanitário entre os dois países não permite a comercialização de animais vivos. “Além da inclusão de animais vivos, é urgente rever as exigências atuais para o comércio de sêmen e embriões, pois o excesso de burocracia tem tornado o processo muito complicado, desestimulando novos negócios”, explica Cembranelli.

As duas entidades fizeram um memorando solicitando a revisão do protocolo e enviarão às embaixadas dos dois países. Outra medida será uma visita técnica neste mês de agosto de representantes da federação colombiana ao Brasil para tratar do assunto com Ministérios e órgãos responsáveis. “Nosso interesse com essa missão é promover o intercâmbio de tecnologias entre os dois países”, diz o gerente do Brazilian Girolando.

De acordo com diretor-executivo da Federação Nacional de Departamentos da Colômbia, a ida ao Brasil será uma oportunidade para tomar decisões importantes sobre o assunto. “Nosso objetivo é avançar no aprimoramento dos protocolos, minimizando o tempo e os procedimentos para o intercâmbio de produtos, conhecimento, tecnologia e genética bovina do Brasil para a Colômbia, e da Colômbia para o Brasil”, assegura Didier Tavera.

A comitiva ainda visitará duas propriedades referência na seleção de Girolando, localizadas no estado de Goiás, a Estância K e a ICH Agropastoril. O grupo também conhecerá sistemas de produção de cana-de-açúcar e de energia em outras regiões do Brasil. “Estamos agradecidos pelo convite da Girolando para visitarmos essas propriedades, pois poderemos conhecer pessoalmente o trabalho de melhoramento genético da raça”, diz Didier Tavera.

Demanda Pelo Zebu Leiteiro

Não é só a raça Girolando que está na mira dos mercados externos. As raças Gir Leiteiro e Guzerá têm forte demanda na América Latina, África e Ásia. “Vimos isso in loco, durante nossa participação na Agroexpo 2023, em Bogotá, que o país tem grande no zebu leiteiro. Mas não podemos deixar de mencionar o imenso potencial de mercado que a Índia representa para as raças leiteiras. Nossa expectativa é que os protocolos sejam aperfeiçoados com consequente incremento das exportações de genética leiteira para aquele país”, assegura a supervisora de Relações Internacionais da ABCZ, Raquel Dal Secco Borges.

Segundo ela, o projeto Brazilian Cattle está trabalhando em várias frentes para abertura de mercado, seja para animais vivos ou para material genético. “Na Ásia, estamos atuando junto ao governo do Paquistão. Na África, com a Namíbia, Quênia e Tanzânia. Já na América Latina as negociações são com El Salvador, Guiana e México”, diz Raquel.

Países da África subsaariana e Ásia têm procurado regularmente pela genética zebuína para leite. Depois de exportar para o Senegal 310 touros, que desembarcaram em maio em terras africanas, a raça Guzerá continua registrando demanda crescente tanto no exterior quanto internamente. Em 2022, as exportações de doses de sêmen da raça cresceram 25% segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA). “A expectativa é de que 2023 seja ainda melhor, pois as vendas no primeiro trimestre ficaram acima das registradas no mesmo período do ano anterior. Observamos um forte crescimento, principalmente em países como Panamá, Colômbia e Costa Rica”, esclarece o gerente de Produto Leite Tropical Brasil da CRV, Antônio Garcia Silva Nascimento.

O avanço genético da raça e a melhor comunicação desses dados ao mercado estariam contribuindo para a crescente valorização do Guzerá. “Com a maior divulgação de dados das lactações, de persistência de lactação e qualidade do leite, os produtores que trabalham com cruzamentos leiteiros passaram a apostar mais no Guzerá. Nos países que se têm usado o Guzerá em cruzamentos com outras raças, os produtores estão conseguindo obter boas lactações, em torno de 4 mil kg/leite, mesmo em climas adversos e em condições de pasto ou comida não ideais justamente por conta da versatilidade e rusticidade da raça”, informa Garcia.

De acordo com ele, boa parte das vendas de sêmen Guzerá feitas pela CRV são justamente para produtores de leite que fazem cruzamento com outras raças. “Como o Guzerá é dupla aptidão, possibilita a venda dos bezerros a preços melhores para a pecuária de corte”, explica. Entre os pontos mais valorizados nos touros Guzerá estão: consistência da família, ter mães, avós e bisavós com lactações aferidas, pedigree, participação no teste de progênie, avaliação fenotípica, controle leiteiro das mães.

Já a raça Gir Leiteiro lidera as exportações de sêmen nos últimos anos, sendo a Colômbia o maior mercado na América Latina. Em 2022, foram exportadas oficialmente 255.168 doses de sêmen para vários países contra 151.154 doses em 2020.

DE 09 A 15 DE OUTUBRO • UBERABA-MG

O grande encontro das raças leiteiras.

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