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Registrando a fronteira que nos une

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Registrando a fronteira que nos une

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A Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai é uma das regiões fronteiriças mais movimentadas da América do Sul. Para além da importância do comércio de mercadorias entre a cidade paraguaia de Ciudad del Este e Foz do Iguaçu, ali se desenvolveram dinâmicas cotidianas próprias, marcadas pelo contato facilitado entre a população dos três países. Como não poderia deixar de ser, também é uma região marcada pelas contradições sociais e, consequentemente, por movimentos que lutam para garantir um mínimo de direitos e de condições para a sobrevivência de seus integrantes. É em meio a esse turbilhão, que representa bem as mazelas da América Latina, que Paulo Silva registra cenas do cotidiano dessas organizações. Cria do Jardim Anchieta, em Mauá, na Grande São Paulo, Paulo vive desde 2016 em Foz do Iguaçu, onde estuda História e participa ativamente em movimentos sociais, sempre armado com sua câmera fotográfica. Do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra aos indígenas Guaranis, passando por ocupações urbanas e quilombos, as fotografias de Paulo nos mostram um pouco das lutas concentradas na Tríplice Fronteira mas que, ao mesmo tempo, estão dispersas pelas quebradas de toda a América Latina.

Mural da Acción Poética, Ciudad del Este (2016). Acción Poética é um movimento literário e muralista que tem sua origem no México em 1996 e acabou difundido em toda América Latina. A frase da imagem aparece em Espanhol e Guarani, os dois idiomas oficiais do Paraguai.

Acampamento Sebastião Camargo, São Miguel do Iguaçu (2018). Este acampamento do MST, também localizado no oeste do Paraná, homenageia em seu nome um trabalhador rural assassinado durante uma ação ilegal de reintegração de posse no município paranaense de Marilena. Ciudad del Este (2016). Foz do Iguaçu e Ciudad del Este são cidades conurbadas que marcam o contato entre Brasil e Paraguai no extremo oeste do Paraná. A vizinha paraguaia é conhecida por seu centro comercial, que é um dos maiores do mundo por conta do fluxo de brasileiros que buscam mercadorias para revender em vários pontos do país.

Quilombo Apepú, São Miguel do Iguaçu (2019). Apepú é uma comunidade remanescente de quilombo reconhecida como tal desde 2005. Seu nome é referência à laranja ali produzida e que serve para a elaboração de um doce típico.

Acima: Manifestação em solidariedade ao estudante haitiano Getho Mondesir, que sofreu um ataque racista e xenófobo no centro da cidade, Foz do Iguaçu (2010).

À esquerda: Horta da Dona Laide, Foz do Iguaçu (2019). Mobilizando saberes ancestrais de origem quilombola, Dona Laide conserva a mais de 30 anos uma área pública da cidade de Foz do Iguaçu que está na eminência de se tornar um Parque Público. Há uma mobilização popular com o intuito de que esse espaço tenha um caráter agroecológico, para manter o legado do trabalho de Dona Laide.

Acima: Ocupação Bubas, Foz do Iguaçu (2018). A Ocupação Bubas, iniciada em 2013, é a maior ocupação urbana do estado do Paraná, contando atualmente com cerca de seis mil habitantes, que aguardam a regularização de sua situação em um grande terreno da região sul da cidade de Foz do Iguaçu. Aldeia Indígena Avá-Guarani Tekoha Ocoy, São Miguel do Iguaçu (2019).

À esquerda: Comunidade Chico Mendes, Matelândia (2019). O Acampamento Chico Mendes é um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) formado em 2004 e que luta pela causa da reforma agrária no oeste paranaense.

Acima: Stencil com referência às vítimas da ditadura civil-militar argentina (1976-1983), Puerto Iguazú (2019).

Paulo é mauaense, filho da Tereza, sobrinho da Madalena e neto da Almerinda. Faz zuada com cavaquinho.

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