.Arte #2 - Andy Warhol

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Nota do editor Latas de sopa, John Lennon e Coca-Cola. Três elementos distintos que faziam parte do cotidiano da década de 60 e foram, mais uma vez, imortalizados pelo pintor e cineasta, Andy Warhol. Muito à frente de seu tempo, o artista de vanguarda é o maior nome da Pop Art e a provocação de suas obras chamam a atenção de todos até hoje. Aqui será contada a sua história, além de apresentar alguns de seus trabalhos, que exerceram enorme influência no mundo das artes. por Leonardo Correia



A HISTÓRIA POR

TRÁS DE UM

GÊNIO S

endo o quarto filho de uma família de imigrantes da Eslováquia, o americano Andrej Warhola, Jr. nasceu no dia 6 de agosto de 1928. Viveu toda sua infância e adolescência junto de seus familiares bastante religiosos, em uma casa bem simples na cidade de Pittsburgh, Pensilvânia. Ainda nesta mesma época, desenvolveu uma doença que gerou manchas em sua pele e o fazia ter movimentos involuntários, contribuindo para que se tornasse hipocondríaco. Com a crença sem comprovação de que possuía uma doença grave, Andy se tornou um excluído dos colegas de classe e passava grande parte de seu tempo em sua cama. No seu quarto, gostava de desenhar, ouvir rádio e tinha o hábito de colecionar imagens de estrelas de cinema. Em 1945, aos seus 17 anos, entrou para o curso de arte comercial na Universidade Carnegie Mellon e logo depois se tornou diretor de arte da revista estudantil Cano. Após se graduar, em 1949, Andy se mudou para Nova York e iniciou sua carreira ilustrando revistas e peças publicitárias. Começando nos sapatos ilustrados da Glamour, não demorou para que os seus trabalhos já começassem a chamar atenção. No começo dos anos 50, o artista já começou a expor suas obras na Hugo Gallery e na Bodley Gallery. Durante final da década, já havia passado pela Vogue, New Yorker e feito a capa do livro The Immortal (Walter Rosse).


S

ua explosão aconteceu em 1962, no Stable Gallery. Nesta exposição, estavam presentes algumas de suas obras de maior relevância, entre elas, Marilyn Diptych, 100 Soup Cans, 100 Coke Bottles e 100 Dollar Bills. Todas marcadas pelos elementos cotidianos da cultura americana, cores fortes e a repetição em série, características que fariam Andy Warhol se transformar num artista de vanguarda e no principal nome da Pop Art. Ainda no mesmo ano, Andy funda seu próprio ateliê, chamado The Factory. Além dos trabalhos artísticos que eram realizados, este local também se torna o ponto de encontro de diversos artistas, escritores, músicos e celebridades do underground da época. Com a liberdade do local para sexo sem discriminação e uso de drogas, Warhol buscaria retratar o estilo de vida destas pessoas em alguns de seus filmes experimentais. O primeiro foi Sleep (1963), é definido como

um anti-filme e consiste num plano-sequência de John Giorno (seu namorado) dormindo em suas quatro horas de duração. Enquanto Kiss (1963) apresenta diversos casais se beijando, o filme mudo Blowjob (1964) retrata o rosto de DeVeren Bookwalter ao receber sexo oral de seu parceiro. Por fim, Chelsea Gril (1966) é o seu título de maior sucesso. Ele foge um pouco da pegada avant-garde e traz um ritmo mais palatável, no qual retrata a vida de jovens mulheres no Chelsea Hotel. Este filme também traz a atuação de Nico, cantora que participou do primeiro disco do grupo Velvet Underground, o qual faz parte da trilha do filme e teve a capa de seu disco de estréia feita pelo próprio Andy. A verdade é que o artista tema desta edição da revista é um tremendo workaholic. Mesmo com seu forte envolvimento com o cinema experimental, ele não deixou de fazer outros trabalhos. Além das exposições

Death and Disaster (1964) e Flowers (1964), ele também foi fundamental para o conceito do Velvet Underground, criando a capa do icônico "disco da banana", lançado em 1967. Porém, depois de um tempo, o grupo acabou afastando seu relacionamento, muito provavelmente, por não querer continuar com Nico como integrante da banda. O dia 3 de junho de 1968 ficaria marcado para sempre na vida de Warhol. Valerie Solanas, escritora a qual já havia participado de um de seus filmes, entrou no The Factory portando uma arma e atirou nele. A mesma se entregou à polícia no dia do crime, dizendo que a razão do fato foi Andy ter muito controle sobre a vida dela. Apesar de ter sido dado clinicamente como morto, Warhol voltou à vida após uma massagem cardíaca. Este incidente o deixou completamente traumatizado pelo resto de sua existência.


O

s anos 70 foram mais tranquilos comparados às últimas décadas vividas artista. Com um foco empreendedor, passou trabalhar na arte por encomenda. Foi nesta época que pintou os quadros de John Lennon, Mick Jagger, Michael Jackson, Mao Zedong, Brigitte Bardot e fotografou o jogador Pelé. Também exerceu grande importância

bem se duas pelo mais a

na popularização da revista Interview e contribuiu com outra icônica capa, para o álbum Sticky Fingers (1971) dos Rolling Stones. No final deste dez anos, Andy já havia lançado livros e fundado a New York Academy of Art. Este período se encerra com fortes críticas sobre seu trabalho ter se tornado superficial e comercial. Na década de 80, embora Warhol fosse um veterano do mundo das artes, o auge de sua carreira já parecia bem distante.

Acontece que uma nova safra de artistas nova-iorquinos começou a surgir, os quais acabaram criando um vínculo de amizade com o artista Entre eles, o de maior destaque para sua carreira foi Jean-Michael Basquiat. Com uma relação de pai e filho (ou mais que isso), Basquiat se tornou uma figura muito próxima e ajudou a rejuvenescer seus trabalhos. Após a frieza na recepção da exposição Jewish Genii (1980), Andy focou seu trabalho em pinturas de renascentistas, como DaVinci, Botticelli e Uccello, o qual tornou a obter uma relevância. Em 1985, iniciou seu próprio programa de entrevistas na MTV, chamado Andy Warhol's Fifteen Minutes e nos últimos anos, trabalhou com grandes nomes como Miguel Bosé e Prince. Andy Warhol morreu no dia 22 de fevereiro de 1987, após uma operação de vesícula biliar. No mesmo ano foi criada a Andy Warhol Foundation e seu legado continua até os dias de hoje.


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"Gosto da s

coisas chatas" "No futuro todo mundo serรก famoso durante quinze minutos."


Cano (1948)

Ilustração de capa da revista estudantil Cano. Este é o primeiro trabalho de Warhol como ilustrador.

Vogue and Harper's Bazaar (1951-1963)


Marilyn Diptych (1962)

Cinquenta imagens da Marilyn Monroe elaborada através da técica de silkscreening.

Campbell's Soup Cans (1962)

Sem dúvidas, este é o trabalho de maior relevância em sua carreira. As 32 latas de sopa Campbell são representadas em 32 quadros, de 50,8 cm de altura e 40,6 cm de largura. Utilizando um processo semimecanizado de serigrafia, cada lata foi retratada portando o nome de uma das variedades de sopa enlatada que a companhia oferecia. O apoio da mesma à este tipo de arte fez do movimento um dos maiores dos Estados Unidos.

Sleep (1963)

Foi o primeiro trabalho audiovisual de Warhol. São 5 horas e 20 minutos contendo o ator John Giorno dormindo. A proposta era que fosse um anti-filme e transformasse Giorno em um ator famoso.


Batman Dracula (1964)

É um filme não autorizado sobre o herói, o qual Warhol era um grande fã. Ele foi exibido apenas em uma exposição de arte.

Empire (1964)

Com 8 horas e 5 minutos, o filme mostra o edifício Empire State Buiulding em plano sequência, filmado continuamente em câmera lenta.

Death and Disaster (1964)

Exposição que reunia diversas fotos de acidentes e desastres que terminaram em morte.


Flowers (1964)

Ao contrário da anterior, esta exposição usa as flores para representar a vida.

Brillo (1964)

Caixa de palhas de aço da marca Brillo.


Chelsea Girls (1966)

Foi seu primeiro grande sucesso audiovisual. O filme relata a vida cotidiana de jovens no Hotel Chelsea. Abordando assuntos como sexo e drogas, ele é dividido em duas telas e faz uma transição entre o preto e branco das cenas iniciais com o colorido das finais. Embora seja menos monótono do que os outros, ele ainda apresenta cenas longas sem nenhum corte.

Velvet Underground and Nico (1967)

A capa feita para o disco de estreia da banda Velvet Underground nos traz outro objeto de consumo do cotidiano. Nas primeiras prensagens, a banana tratava-se de um adesivo que pode ser removido. A frase “peel slowly and see” (descasque devagar e veja) nos convidava a puxá-lo e nos depararmos com uma nova pintura, que demonstra a parte interior desta mesma fruta. A cor avermelhada traz uma sensação de que seja feita de carne, deixando a interpretação do sentido e comparação para a malícia do apreciador. Outro ponto interessante é a ausência do nome do grupo.


The Rolling Stones - Sticky Finger (1971)

Assim como a do Velvet Underground, esta capa também possui um elemento interativo. O zíper da calça é verdadeiro, trazendo a possibilidade de abrir e fechar.

Vote McGovern (1973)

Retrato de Richard Milhous Nixon com o pedido para votar em seu adversário George McGovern.


Skull (1976)

É uma sÊrie de pinturas de caveiras feitas à partir de uma mesma fotografia.

Mynths (1981)


Sloves (1985)

Pintura feita em parceria com Basquiat.

The Last Super (1986)



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