TÔ BLOGADO
EMPRESAS USAM E ABUSAM DOS BLOGS COMO IMPORTANTES FERRAMENTAS DE MARKETING.
POLÍTICOS
ATÉ QUE PONTO A COMUNICAÇÃO DITA O RUMO PARA O TRABALHO DOS PROFISSIONAIS VENCEDORES DA ÚLTIMA ELEIÇÃO.
SAMBA NO PÉ
EM 2009 A DESREGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO FOI TEMA DE VÁRIOS SAMBAS-ENREDO EM TODO O PAÍS .
PARA O ALTO E AVANTE! O que parecia impossível começa agora a fazer parte de todas as grandes redações brasileiras. No céu em busca de notícias, os repórteres aéreos são a mais nova sensação do jornalismo cidadão. O que antes eram somente boletins sobre o trânsito passou a pautar matérias importantes, principalmente no dia a dia das metrópoles.
NÓS ACREDITAMOS NAS PESSOAS!
COMUNICAÇÃO Assessoria de Imprensa Assessoria Digital Publicações Empresariais Identidade Visual Monitoramento de Mídia RESPONSABILIDADE SOCIAL Balanços Sociais Workshops e Treinamento Consultoria em Planejamento Elaboração de Projetos Sociais Mobilização Social
rua fernandes tourinho 602/203 | savassi 30112.000 | belo horizonte | mg telefax: (31) 3324-4080 | 3450-9199 www.politicapublica.com.br
A DENGUE MATA. PARA EVITAR UMA EPIDEMIA NO VERÃO, TODO MUNDO TEM QUE AGIR AGORA E TODOS OS DIAS:
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O GOVERNO FAZ, VOCÊ FAZ E A GENTE ACABA COM A DENGUE.
Participe com a gente! Mande hoje mesmo sua opinião ou comentário para cartas@pqn.com.br Sua opinião é muito importante. Sugestões de pauta também serão bem-vindas. Aguardamos seu contato! “Ainda bem que temos a PQN. Finalmente “a gente” conseguiu uma revista de comunicação gostosa de ler, descontraída, comprometida com nossas pautas, profunda e, ao mesmo tempo, leve. Com um design livre dos engavetamentos das antigas revistas de comunicação. Quem disse que a informação não pode ser aprofundada e bem diagramada? Confesso: amei este número comemorativo das 10 edições. Vocês realmente capricharam! Parabéns, Robson e toda a equipe PQN”. CAREM ABREU Atos Central de Imagem Belo Horizonte/MG “Na edição 10 da PQN, a primeira que recebo como assinante, tive dois gratos e especiais “contatos”: o irretocável mestre Dídimo Paiva, esbanjando coerência (e elegância!) no Prêmio PQN de Ouro, na festa em que foi, com justiça, um dos homenageados. Outra, a coluna da nossa Paulinha Rangel com as impagáveis ‘falhas nossas’. (E como as há, Senhor!) Parabéns pela publicação e sucesso na continuação que, tenho certeza, será duradoura, como duradouros somos nós com nossa teimosa mania de achar que informar, mais que dever e obrigação, é Missão. E este “m” devia ser maiúsculo,
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como certamente concorda mestre Dídimo, a quem, com respeito e orgulho, tomo a bênção
que para a bonita capa da edição comemorativa que faz um resgate desta grande publicação”.
ALMERINDO CAMILO Assessor de Com. da Confederação Nacional do Transporte - Brasília/DF
ROBSON RODRIGUES MOREIRA Editor Jornal Diário de Contagem
“A evolução não para! A revista PQN está cada vez melhor. Com design arrojado e matérias chamativas, pautas de qualidade e interessantes. Os pontos discutidos no décimo número da publicação estão totalmente inseridos no mercado da Comunicação e nas dificuldades diárias enfrentadas pelos profissionais. Realmente a PQN está fazendo história na Comunicação brasileira. A equipe está de parabéns, principalmente todos os colaboradores que cedem seu trabalho em prol de um grande veículo de comunicação que tem a nossa cara!” FRANCISCO TOVO Guia BH Belo Horizonte/MG
“Há cinco anos trabalho na mídia online (www.diariodecontagem.com. br e www.contagem.tv.com.br), mas sempre gostei muito da mídia impressa, principalmente das revistas que, ao exemplo da PQN, cumprem muito bem o papel de informar com responsabilidade e qualidade, detalhes e questões do interesse de todos os comunicadores. Mais uma vez, meu ‘xará’ Abreu se superou, ignorou a crise e produziu uma nova edição da Revista PQN, um grande presente para os profissionais da Comunicação brasileiros. Desta-
“O conteúdo da Revista PQN se supera a cada edição, trazendo aos leitores colunas, artigos, reportagens e informações atualizadas sobre o universo da Comunicação no Brasil. A publicação preencheu um espaço editorial pouco explorado, agradando a profissionais, acadêmicos, estudantes e interessados no assunto. Torço para que, cada vez mais, o conteúdo ganhe abrangência nacional. Parabéns ao editor!” ROBERTO CONSTANTE Diretor Tes. do Conselho Regional de Relações Públicas - 2ª Região SP/PR
“Ficou muito interessante a montagem de todas as edições na capa da PQN 10. A idéia foi genial e nos deu a sensação do crescimento da publicação. Além disso, a reportagem de capa, escrita pela repórter Janaina Rochido, deu a dimensão dessa República do Pão de Queijo que vem tomando conta de todo o Brasil. PQN hoje é sinônimo de jornalismo com competência, qualidade e seriedade, elementos que andavam faltando no mercado editorial da Comunicação. Todos os comunicadores deveriam se orgulhar em ter uma publicação como esta, principalmente os mineiros, que ganharam de presente um veículo de comunicação de primeiríssimo mundo. É gratificante perceber como a revista vem se consolidando nos últimos quatro anos não só em Minas Gerais mas como em São Paulo e Rio de Janeiro. Parabéns!” Fernanda Bertoline Belo Horizonte/MG
CINCO ANOS DE PÃO DE QUEIJO NOTÍCIAS!
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o belíssimo número passado, estávamos aqui comemorando 10 edições de PQN. E só depois me dei conta de que nessa PQN 11 completaríamos cinco anos. Bem, eles não serão completados neste primeiro semestre de 2009, pois nossa revista nasceu em dezembro de 2004. Mas já estou em ritmo de festa! É bom comemorar todos os dias. Se eu pudesse, mandaria junto à publicação um pedaço de bolo para você. Isso ainda não é possível, mas você poderá sentir o delicioso cheiro do bolo desta edição. Use o poder da mente que dá pra sentir! É ótimo comemorar cinco anos de PQN antes dos meus 40. Quando eu os estiver completando, a festa será maior – 10 de PQN e 40 de Robson Abreu que, a partir de agora, passa a assinar Robhson Abreu. Isso tudo devido à numerologia do nosso amigo Marcelo Moreira. Ele me mostrou que a letra ‘H’ proporcionará mais sorte e sucesso ao meu trabalho. Uai, gente, não custa nada tentar. Até nossa colunista mineiroca (mineira + carioca), Tânia Martins de Miranda, virou Tânia F Miranda, então porque eu não posso? Quem sabe dá sorte mesmo e bombaremos ainda mais em 2009? Já começamos o ano botando pra quebrar, toda a PQN adotou o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Além disso, a edição apresenta reportagens de qualidade como a da capa. A matéria mostra o crescimento da função de repórter aéreo no jornalismo brasileiro e como é caro manter um helicóptero. Mas pode ser mais um posto de trabalho para a nossa categoria. Os blogs corporativos também podem ser uma boa alternativa neste competitivo mercado da comunicação, mas somente aqueles sérios e com conteúdo. E por falar em coisa séria, será que a Comunicação pautará a gestão daqueles comunicadores que conseguiram se eleger na última eleição? Sei não, mas como tudo no Brasil acaba em samba, nada melhor que mostrar que nossos conflitos profissionais também podem render excelentes sambas-enredo. Comunicador que se preze tem samba no pé e põe o bloco na rua se for preciso. Em 2009, vários deles usaram a desregulamentação da profissão de Jornalista como pauta principal nas letras das marchinhas. O resultado foi muita alegria. Só que na vida real acho que sambaremos ‘bunito’ com a não obrigatoriedade do nosso diploma. Acho que agora temos que nos unir mais do que nunca e pôr a escola na rua porque o bloco está cada vez menor e mal arrumado, sem samba no pé!
Boa leitura! Robhson Abreu Editor
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EXPEDIENTE Editor-chefe: Robhson Abreu Edição: Robhson Abreu e Pedro Paulo Taucce Revisão: Janaina Rochido e Liliane Martins Projeto gráfico e diagramação: Lidimar Santos Ilustrações/Artes: Lidimar Santos e Robhson Abreu COLABORADORES: André de Abreu - Fabiana Moreira Guilherme Torres - Harley Pinto - Janaina Rochido José Aloise Bahia - Liliane Martins Priscila Armani - Márcio Reis Marco Antônio Fukuyama - Paula Rangel Roberto Caiafa - Rodrigo Capella - Valéria Flores SUCURSAIS: NORDESTE: Rodrigo Coimbra RIO DE JANEIRO: Tânia F Miranda SÃO PAULO: Daniel Zimmermann SOROCABA: Douglas Lara VALE DO AÇO: William Saliba
“Todos os textos publicados na revista PQN tiveram seus direitos autorais doados pelos seus autores, não tendo esta publicação qualquer ônus por parte de cada autor. As reportagens redigidas pelos estudantes de Comunicação foram orientadas pelo editor-chefe”. PUBLICIDADE: Para anunciar: (31) 8428-3682 ou 2127-4651 publicidade@pqn.com.br ASSINATURA: assinar@pqn.com.br Pessoa física: R$ 60,00 para 4 edições Pessoa jurídica: R$ 100,00 para 4 edições Aceitamos cartões VISA e MASTERCARD CARTAS À REDAÇÃO: cartas@pqn.com.br
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Na terra e agora no ar. Jornalistas conquistam mais este espaço na competitiva luta pela audiência. As principais emissoras de rádio e TV descobriram o novo filão e estão investindo pesado no Repórter Aéreo. Não há pauta definida e todos os assuntos vão acontecendo ao vivo. Em alguns casos eles até pautam a redação quando a informação serve para as editorias de Polícia e Cidades. Lá do alto é mais fácil verificar o que está acontecendo na cidade do que ficar horas e horas dentro de uma redação. O investimento é alto, porém as emissoras se mostram satisfeitas com os resultados obtidos. Mas existem repórteres que se recusam a voar no minúsculo helicóptero projetado para executar o serviço diariamente. Outros já adoram o que fazem e se mostram realizados com a nova função. CAPA: Simone Crisóstomo - Repórter Aéreo da Band News FM e Rádio Extra, em Belo Horizonte Foto: Roberto Caiafa
PAZ PARA TODOS OS ESPÍRITOS Empresa inteligente tem blog corporativo. O que antes era modismo hoje faz parte das ferramentas de marketing.
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Se existe um jardim mais bonito que os famosos Jardins Suspensos da Babilônia é porque você ainda não conhece Himeji-jo no Japão.Tudo foi projetado milimetricamente e o resultado é de dar inveja, uma tranquilidade quase celestial.
ISQUEIRO HI TECH
Jornalistas mostraram que o dilema da profissão dá samba e caíram na folia.
Se você pensa que o aparelho de celular serve apenas para fazer chamadas está completamente enganado. Hoje ele também pode ser considerado um isqueiro hi tech. Isso mesmo!
ACREDITANDO EM UM IDEAL Muitos comunicadores começaram o ano com o pé na política. Mas será que a Comunicação será usada em suas gestões?
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Há cinco anos no mercado mineiro, o suplemento Eu Acredito!, do jornal Hoje em Dia, comemora o sucesso na divulgação de notícias de responsabilidade social. Destaque para a idealizadora do projeto, a jornalista Valéria Flores.
PQN Cidadão - 8 José Aloise - 9 PQN Digital - 18 Márcio Reis - 24 Acontece em Sorocaba - 25 Robson Abreu - 26 Entrevista - 48 Fabiana Moreira - 54 PQN Empresarial - 56 Nordeste - 58 Calçadão - 59 PQN RP - 60 Pipoca Literária - 61 Fora Nosso - 62 7
Vem crescendo consideravelmente o número de organizações sociais preocupadas com a criação e a profissionalização de seus setores de comunicação. A mudança é cultural e, por isso, caminha a passos lentos, mas já é possível observar as transformações. Quem disse que investir em Comunicação e Marketing, na área social, é pecado ou antiético? Ninguém! Esse pensamento equivocado é resultado de um consenso demagógico impregnado no universo do segmento. Comunicação é ferramenta de transparência, mobilização, multiplicação e, portanto, de sustentabilidade dos projetos e ações. E por isso, como qualquer outra área de uma organização, merece atenção e qualidade na sua produção. Que seja bela e honesta, ou seja, planejada com ética e estética. Quer participar? Envie suas sugestões ou notícias para o meu e-mail: pqncidadao@pqn.com.br
Valéria Flores É PRECISO ACREDITAR!
Agora em abril, o caderno Eu Acredito! do jornal Hoje em Dia, comemora cinco anos de circulação. Além de mostrar a realidade da responsabilidade social e seus atores, destaco duas grandes contribuições reais à sociedade, alcançadas pelo suplemento: o Prêmio Cidadãos do Mundo realizado há três anos pelo jornal e o espaço, no caderno, da coluna Jornalismo Inclusivo. O prêmio reconhece e promove iniciativas de comprovada efetividade e, a coluna, viabiliza a utopia do acesso do cidadão comum à pauta na mídia. Estamos consolidando o espaço e a rede de cooperação em torno da idéia é vitória de todos, inclusive do leitor. Que essa rede continue assim: democrática, consistente e aberta à adesão de novos parceiros! Divu
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PROTAGONISMO SOCIAL I O Instituto Xopotó acaba de selar parceria com a Política Pública Comunicação. A diretora de Comunicação do instituto, Viviam Ramos, é quem firmou a parceria entre as duas empresas atuantes, com propriedade reconhecida, na seara da responsabilidade social. A iniciativa veio potencializar as duas empresas pela troca de experiências, devido à trajetória da PPC com o Terceiro Setor e do Xopotó, com a prática nas comunidades.
BOA INICIATIVA
“Promover debates diários sobre a leitura qualificada das notícias do principal veículo de imprensa da capital do país e, ainda mais importante, o aprendizado da língua portuguesa com enfoque em interpretação de texto”. Esse é o objetivo do jornal Correio Braziliense, que abraçou de forma definitiva o ensino dos alunos da rede pública escolar. Em março, os Diários Associados lançaram um projeto inédito no Distrito Federal, que contempla a leitura de jornais em sala de aula. Além disso, haverá apoio de pedagogos, concurso de redação para os quase 550 mil alunos da rede e a criação de uma comunidade escolar virtual que terá, como um dos integrantes, o secretário de Educação, José Luiz Valente.
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HOMENAGEM
A A&M Comunicação recebeu, no final de 2008, uma homenagem da Unipabe (União dos Paraplégicos de Belo Horizonte), pela parceria criada e comandada pelas mãos do publicitário e diretor da agência, Ellânio Ramalho. A prestação gratuita de serviços para a instituição, há sete anos, como assessoria na área de comunicação e marketing e a produção de um informativo bimestral, com dez mil exemplares, integra o projeto de responsabilidade social da agência.
PROTAGONISMO SOCIAL I I
Nelson
Flores
Com a parceria, a jornalista Litza Mattos, passa a integrar a equipe de comunicação do Xopotó. Ela ganhou experiência e reconhecimento profissional, pelo trabalho nas ações da PPC e como repórter do caderno Eu Acredito!, onde iniciou como voluntária e hoje assina a coluna Estilo Alternativo.
CARREIRA VERDE
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Christopher Reher
A Sustentabilidade, responsabilidade social e TI verde estão ganhando cada vez mais destaque nas estratégias corporativas. A maioria dos gestores de tecnologia tem em mente que isso é muito mais do que trocar equipamentos. Segundo Eduardo Petit, sócio-diretor da Max Ambiental, especializada em iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável, as empresas de todo o mundo estão investindo em ações de sustentabilidade e isso vem sendo uma excelente notícia para a carreira dos CIOs.
CIDADANIA As jornalistas Cristiane Ostermann e Karen Mendes Santos apostaram em ferramentas lúdicas para levar cidadania para crianças do ensino fundamental do Rio Grande do Sul. Trata-se do projeto MudaMundo, que distribui livros sobre ética, cidadania e respeito ao meio ambiente. A proposta é formar cidadãos críticos e comprometidos com a transformação social.
JOSÉ ALOISE BAHIA Jornalista, escritor e ensaísta.Graduado em Comunicação Social e pós-graduado em Jornalismo Contemporâneo (UNI-BH). Autor de Pavios Curtos (poesia, anomelivros, 2004) e Em Linha Direta.
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m grande parte, as argumentações, pistas e interlocuções aqui apresentadas têm como ponto de partida algumas idéias do ensaísta, escritor e professor universitário Silviano Santiago, que, em entrevista para o caderno Pensar do jornal Estado de Minas, tempos atrás, ao ser perguntado pelo também escritor Carlos Herculano Lopes, se via alguma transgressão na literatura brasileira atual, afirmou o seguinte:
Num desdobramento das palavras de Santiago, chamam a atenção na contemporaneidade, a intertextualidade, as várias interfaces e uma constatação: um contexto dinâmico, em que pequenas e recentes editoras espalhadas pelo Brasil afora - além dos portais, sites e blogs na internet - incrementam a publicação de
sido tem o ã n o con nte lizme mance e s ime f “Está acontecendo uma coisa n i e ro ai s. O e, qu ão m z que, por um lado, é muito positiva alidad s teórico já não s da ve u a q c a e o j l o d e o ã a t p h o s m e, por outro, discutível. Houve um s e o “É s r u ma vid diçõe ando po com rtes, resol e o f m s desbloqueio da noção da literatura, a e s m b a e as ar ntinu er qu stamos p e dialog ofia, daquela grande literatura do século to co , basta v d e los i e m F u é s i e ho q os tamb como a 19, e isso se deu em função do merc batív A os . er, em res irem e ter s do sab ó assim cado. Hoje, quase não se fala mais em meno u q a x s em is nic oe fase literatura, mas em produção textual. E a, po canô iálog ologi a é um d mas i r c o o f S as essa produção, atualmente, está muito ,a tur tória litera a His er que a variada, como a que se refere à questão .” b perce ente rico das minorias, por exemplo, onde a transam m e r t gressão é menos formal e se dá mais no
plano do que tradicionalmente se chamava de conteúdo. Exemplo: hoje temos uma literatura negra interessantíssima, uma outra que fala da questão indígena, dos gays, das lésbicas, e assim por diante. Tudo isso é uma literatura com uma vertente popular muito forte, sem que seja necessária aquela outra, com L maiúsculo. Nisso a música popular também se enquadra. Scripts de filmes, que ninguém julgava como literatura, hoje ganham força. Outro dia li o Deus e o Diabo na Terra do Sol, e só então me dei conta que aquilo é um romance maravilhoso. Existem ainda as peças de teatro e, mais recentemente, os blogs, a literatura infanto-juvenil, e assim por diante. Então, esse desbloqueio da noção de literatura é fascinante.”
uma vasta gama de textos e autores de qualidade, pouco conhecidos, analisados e divulgados pelas mídias hegemônicas. Por outro lado, observa-se também um aumento do número de revistas impressas e virtuais especializadas na divulgação da literatura, teatro, música e artes plásticas, bem como os cadernos semanais culturais e literários nos jornais diários e os antigos suplementos literários já existentes. Acompanham, do mesmo modo, vários projetos comunitários de bibliotecas, boas adaptações de obras brasileiras para o cinema e a TV, e um contínuo fomento à divulgação dos livros, realizados por ONGs, institutos e algumas universidades preocupadas com as ques-
tões sociais. É este reino, o da pluralidade, que espreita o alcance de um mercado mais amplo, um mercado que realmente torna públicas a leitura e a literatura em terras brasileiras. Principalmente a literatura escrita por autores nacionais. Dentro desta inigualável variedade de publicações, em seus diversos suportes e veículos, entretanto, reina em compasso de espera - desde que me entendo por gente, sempre escuto isso - a velha questão abordada de modo objetivo em artigo de 2004 - “Literatura na Escola”, site: www.universia.com.br - pela professora Nelly Carvalho (Departamento de Letras da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco): “A chance de integração cultural para um jovem é estudar a literatura do país. O que acontecerá nas universidades, se não se adquirirem, no secundário, os rudimentos de literatura?” A pergunta vem a cabo na tentativa de refletir e apontar algumas constatações que são freios no alargamento de um mercado consumidor de livros e da literatura. Um dos fatores que emperram esta expansão, como bem observa a maioria das pessoas, ainda está na questão educacional. Aqui parte da tentativa de uma resposta para aumentar o nível de qualidade e formação de leitores reflexivos e críticos, passa pelo enfrentamento da questão da melhoria da qualidade dos ensinos fundamental e médio como motivação para a criação literária. Uma questão leva a outra, não tem como negar. Como também não tem como negar a pífia parcela do orçamento da República Federativa do Brasil destinada à educação.
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Alguns argumentam que falta uma política cultural objetiva e realista por parte dos governos pós-ditadura, especialmente voltada para a questão do livro didático e da produção literária. Já existem algumas bolsas de criação literária para quem está no ramo, cujos critérios de escolhas dos contemplados são bastante discutíveis, em detrimento das várias regiões do país. Ademais, como é de conhecimento de todos, o livro no Brasil é caro, e objeto dispensável na hora de incrementar o bolo econômico. Outros, igualmente, altercam com o velho discurso de que a culpa é da televisão, como fator que enfraquece a leitura. Ou a alegação de que grande parte dos jornais, revistas, portais, sites e blogs nas feituras de suas produções textuais, no corre-corre do cotidiano, criam subprodutos substitutos da leitura integral dos livros - resumos de obras, resenhas facilitadoras, críticas descompromissadas, viciadas e marqueteiras ligadas às grandes editoras, ensaios redutores, etc, ajudando pouco na informação - ou informando mal -, formação e estímulo de um público cativo em potencial, especialmente para quem está tomando os primeiros contatos com a literatura. Ou, ainda, no uso discrepante de autores estrangeiros nos ensinos fundamental e médio. Ou nos diálogos, interfaces e estudos de literatura comparada, em que os autores estrangeiros estão presentes em número considerável. Ou na falta de incentivos de determinados autores nacionais “consagrados”, pelo farto espaço que usufruem na mídia e a força que têm junto ao público em geral. Boa parte destes autores prefere os canônicos, ou sequer leram algum outro autor contemporâneo. Até hoje eu não entendo o receio de parcela destes “consagrados” de falar de novos e bons autores, que estão no limbo. Será que eles veem estes novos escritores como concorrentes em po-
tencial? Ou seria também um outro tipo de ‘discurso’ camuflado pelos interesses das grandes editoras! As quais, na sua maioria, através de campanhas intensas de marketing e suas publicidades hiperbólicas, ofertam aquilo que dá retorno, aquilo que elas consideram “qualificável” e vendável. Aqui a Lei do Mercado - a oferta cria a sua própria demanda - dita a questão da rentabilidade: não esqueçamos que vivemos num mundo Capitalista e suas escolhas “dirigidas”. Mas, ainda bem que existem exceções entre os autores “consagrados”. Receberam a mão quando começaram, e estendem os braços, abrindo espaços para os mais novos. Ou, como afirma de modo enfático Santiago na mesma entrevista: “A boa literatura incomoda. Queiramos ou não, ela traz em si isso que hoje eu acho um pouco ridículo, mas que também não podemos jogar na sarjeta, a questão da qualidade. E o brasileiro, de certa forma, nunca soube trabalhar bem esta questão. É como se tivesse um complexo de inferioridade em relação àquilo que lhe é apresentado como bom. Então ele só passa a aceitá-lo quando esse algo de qualidade se torna canônico. Eu acho isso muito estranho no temperamento do intelectual brasileiro. O caso clássico é o de Guimarães Rosa. Quando ele publica Grande Sertão Veredas, em 1956, Ferreira Gullar disse que não tinha conseguido passar das primeiras 40 páginas, pois aquele era um livro para filólogos.” Emerge aqui a questão do tempo. Tempo de aceitação, firmamento e maturação de determinados escritores, de acordo com as predileções, visões acadêmicas e da mídia, que ditam os agendamentos do mercado. Como também vêm à tona os incômodos e miopias que rondam as salas de aulas e algumas exclusões impostas por uma excessiva publicidade de quem não precisa, não merece. Primeiro pela “qualidade” da escrita capsulada pelas
editoras de grande porte e suas linhas editoriais. Segundo, ainda pelo grande desprezo de grande maioria das bancas acadêmicas pelos autores novos e de qualidade. O reflexo disso tudo está nas salas de aulas dos ciclos formadores primeiro e segundos graus - em que os professores carecem de mais reflexão no diálogo da literatura produzida hoje - os novos - com os autores canônicos - os antigos. Essa ponte pedagógica deve ser feita com cuidado e ousadia. Ela passa pelas academias, universidades, escolas, mídia, escritores e o próprio mercado, se é que todos querem realmente alargar os espaços da leitura em interlocuções mais firmes e arrojadas. Valorizar os bons escritores contemporâneos da literatura com as suas afinidades de cada região, onde passam/passaram parte de suas vidas, ou livros temáticos e segmentados de acordo com os seus públicos-alvos - livros com qualidade - é um dos princípios para integrar, formar uma demanda e fomentar um tipo de inclusão, em que os novos possam existir sem serem ofuscados pelos antigos. Vislumbrando horizontes de comunicação, leitura e reflexão de um tipo de cultura educacional que cria possibilidades e esforços para que algumas rupturas aconteçam e revigorem os desejos de mudanças.
EM TEMPO: Vale conferir o portal www.letras.ufmg.br/ literafro, cujo intuito é divulgar e estimular a reflexão sobre a produção literária e as histórias dos escritores brasileiros afro-descendentes. Vai de Abdias do Nascimento, passando por Cruz e Souza, Edimilson de Almeida Pereira, Lima Barreto... Até chegar em Waldemar Eusébio Pereira. São mais de 100 nomes. Uma bela iniciativa que contempla os novos e os antigos...
REDES SOCIAIS
TÔ BLOGADO, E VOCÊ? Empresas brasileiras descobriram o valor que os blogs possuem, tanto para conseguir novos clientes como para mantê-los. O nicho ainda engatinha no país, mas já tem muita gente ganhando dinheiro com essa ferramenta, embora nem sempre sejam os comunicadores.
HARLEY PINTO
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mercado de trabalho para os comunicadores ganhou, há algum tempo, um novo ‘veículo’: os blogs. Muitos são os jornalistas, relações públicas e publicitários que possuem seus espaços na grande rede – alguns muito conceituados, outros nem tanto. Mas é nos blogs que se discute de tudo. Desde o novo modelo de vestido Vera Wang à crise financeira internacional, passando pelas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro de Futebol. Há também uma espécie de prestação de serviço quando os ‘blogueiros’ resolvem testar produtos e serviços.
Mas nem só de opiniões vive a imensa blogosfera. As empresas estão descobrindo as vantagens que podem obter criando seus próprios blogs e, consequentemente, se aproximando dos seus clientes. De acordo com Fábio Cipriani, um dos maiores estudiosos de blogs empresariais do Brasil, o blog corporativo permite que a comunicação seja efetivamente bidirecional e instantânea. “Além disso, tais conversações têm alto valor agregado já que os blogs possuem leitura agradável, rápida e fácil”, analisa ele.
Divulgação
Arquivo Pessoal
Cipriani: quem cria os posts determinará o sucesso ou o insucesso da iniciativa, da idéia
É nisso que vem apostando a Fiat Automóveis. O diretor de publicidade e marketing de relacionamento da montadora italiana, João Batista Ciaco, mantém um blog onde se discute temas diversos, mas, principalmente as estratégias de comunicação das empresas, com destaque para as áreas de publicidade e marketing. Outra opção feita pela empresa foi a criação de um blog que antecedeu a um dos principais lançamentos da companhia neste ano, o Linea. No endereço www.blogdolinea.com.br a publicitária Ana Brant fala sobre tudo que envolve ou diz respeito ao sedan de luxo, desde o seu desenvolvimento inicial até os novos acessórios criados. “Como
o Linea foi a nossa maior novidade em 2008, quisemos que os consumidores participassem de todo o processo de lançamento de um carro para conhecer e acompanhar todos os detalhes. A proposta foi mostrar aos clientes, através de textos, fotos e vídeos, como é a concepção de um novo projeto de automóvel”, afirma Ana. De acordo com Cipriani, a estratégida da Fiat em colocar um publicitário à frente do blog demonstra um pouco como a empresa encara esta nova ferramenta. A questão mais importante a ser observada pelas empresas quando decidem criar um blog,, avalia o especialista, deve ser quem vai escrever os posts,, ou seja, os comentários.“Isso é vital, pois é o ponto central que vai determinar o sucesso ou insucesso da iniciativa”, analisa. Em empresas de menor porte essa tarefa normalmente é desempenhada pelos diretores. Isso se deve ao fato de que não há recursos para a contratação de um profissional específico para desempenhar a função. É o caso da esteticista Michelle Marques, que usa seu blog para atrair e reter clientes desde 2005. “Eu mesma posto todos os textos e fotos. E também respondo aos comentários. Para isso, Arquivo PQN
Abreu: as pessoas só vão interagir com aquilo que realmente as interessar. É a interatividade
gasto uma média de três horas semanais. Mas o investimento de tempo vale a pena, já que 80% da minha clientela chegou através do blog”, afirma. Durante o II Congresso PQN de Comunicação, realizado em dezembro último, muito se discutiu sobre novas ferramentas de comunicação, para onde caminham
as profissões dos comunicólogos e, claro, o impacto da tecnologia no fazer Jornalismo. O especialista em Jornalismo Multimídia e coordenador do portal corporativo da TAM, André de Abreu, afirmou que vê a questão do uso dos blogs como ferra-
menta de marketing e comunicação por parte das empresas com naturalidade, já que as organizações podem falar diretamente ao seu stakeholder por esse meio de comunicação. Segundo Abreu, muitos blogueiros de primeira ordem, que se opõem a essa “invasão” da blogosfera por parte de blogs que não são diários pessoais (primeira geração dos blogs), estão migrando para o Twitter. “Mesmo nesse universo blog de miniblogs, pode-se selecionar qual tema mais interessa. Eu posso perfeitamente ler apenas posts de empresas, do mesmo modo que na blogosfera. Eu leio e comento o que quero, o que me interessa”, afirmou. O especialista ainda ressaltou que essa é a filosofia da blogosfera, que as empresas precisam ter consciência quando lançarem seus blogs: as pessoas só irão ler e comentar se interessar a elas. Interatividade, mas desde que diga respeito ao stakeholder.
CUSTOS X CONTEÚDO A esteticista Michelle Marques não teve nenhum gasto na criação do seu blog, já que a hospedagem foi em um site gratuito. Mas para empresas que querem ter seu próprio domínio, o custo varia de R$ 2 mil a R$ 70 mil. Pelo menos é o valor estimado pela jornalista e doutora em Ciências da Comunicação, Pollyana Ferrari. Tudo dependerá do que a empresa busca com esse canal de comunicação. Mas a
maior preocupação da organização, avalia Pollyana, deve ser em negociar da melhor forma a manutenção do conteúdo. Para ela, a informação é a coisa mais importante do blog e por isso deve ser tratada como tal. Arquivo Pessoal
por hora de um funcionário experiente”, explica. A Fiat Automóveis não informa o valor investido no blog do Línea, mas a publicitária Ana Brant garante que trata-se de um custo irrisório perto do retorno obtido. Foram postadas 43 notícias, 1.323 comentários de internautas, 76.401 visualizações dos vídeos e 88.103 visitas ao blog. Ela ressalta que o primeiro post – um depoimento em vídeo do presidente da companhia, C.Belini – foi o terceiro mais visto no Brasil no You Tube no dia do lançamento, 18 de agosto.
PERCEPÇÃO DOS LEITORES Souza: se todas as empresas fizerem um blog só para ter, é melhor repensar a estratégia
Outra estudiosa do assunto, a relações públicas Carolina Terra, percebe uma grande aceitação desta ferramenta de
Pablo Souza, diretor da Código Fonte, empresa especializada na criação e manutenção de blogs empresariais, concorda com Pollyana e reforça a idéia com um argumento contundente. “Se a empresa pretende fazer um blog só para ter, é melhor ela repensar essa estratégia. O blog é uma coisa dinâmica, que exige gestão constante do conteúdo. Além disso, o cuidado em responder aos comentários em tempo hábil é fundamental para o sucesso (ou não) desse canal de comunicação”, enfatiza o diretor. Fábio Cipriani explica que existem basicamente dois custos para as empresas que querem criar um blog profissional – o de implementação da ferramenta e o de manutenção. A ferramenta em si pode ser encontrada gratuitamente na rede, em websites de hospedagem, ou seja, o fornecimento da plataforma é gratuito. O grande custo, porém, vem da dedicação dos blogueiros em escrever, responder comentários e monitorar os impactos da ferramenta e do nome da marca no mercado. Esse custo pode variar de acordo com a realidade da empresa. “Particularmente, eu gasto cerca de 10 horas semanais para os posts e monitorar o que tem sido falado sobre blogs corporativos no mercado. Assim, qualquer empresa poderá calcular o custo baseado no custo
comunicação por parte do público. A chave é ser relevante, agregar algo para o seu consumidor. “Simplesmente lançar um blog porque está na moda ou porque pega bem, não são desculpas”, analisa. Para Carolina, além de ser direcionado para pessoas que querem saber sobre a empresa ou sobre o seu negócio, esse veículo permite que se estabeleça uma comunicação ente as partes. Ela percebe que muita gente vem aderindo à idéia. Uns por modismo, para pegar carona na nova tecnologia; outros, porque realmente têm algo de relevante para falar aos seus públicos. “Esses últimos, sim, fazem a diferença”, enfatiza.
Pablo Souza afirma que já passou por diversas situações que comprovam a teoria de Carolina. Ele conta que muitas empresas procuram a Código Fonte apenas para fazer um blog. Algumas não possuem a clareza do que fazer com a ferramenta. “Diversas vezes recusamos propostas de trabalho pelo simples fato de que não havia o porquê de criá-lo. As corporações precisam entender que o blog é um canal de comunicação, o único a partir do qual o cliente pode dialogar de igual para igual”, diz Souza. A Código Fonte cria em média oito blogs por mês, a grande maioria para empresas de fora de Minas Gerais. “O empresário mineiro, como não poderia deixar de ser, é muito ressabiado. Poucas são as empresas que entenderam as vantagens de se blogar”, afirma. Quem já se blogou não tem do que reclamar. “Tivemos a primeira experiência com o Linea e foi muito positiva. É uma ferramenta que vamos pensar para os próximos lançamentos”, conta Ana Brant. De acordo com levantamento de Fábio Cipriani, há no Brasil cerca de 280 blogs de empresas entre pequenas, médias e grandes. Mas esse número tem crescido muito nos últimos dois anos. No entanto, Cipriani e Carolina fazem algumas ressalvas para as companhias que estão pensando em ingressar na blogosfera. Eles afirmam que as organizações devem observar se realmente existe algo relevante a ser dito; se há uma audiência interessada em ouvi-la; se os diálogos sobre ela na rede comportam um blog; se tem um executivo ou um profissional que saiba ou queira blogar; se a organização dispõe de tempo para responder a todas as interações e, mais Arquivo Pessoal
Ana: nos blogs os consumidores puderam acompanhar todos os detalhes do Línea 2008
vezes as sugestões vieram do setor de marketing ou de comunicação da empresa.
BLOG DAS TELES
importante, se a empresa está disposta a ouvir tudo o que as pessoas pensam sobre dela. Carolina enfatiza que o mais importante é a cultura organizacional da empresa. “Não é toda organização que pode ou deve ter um blog corporativo. A cultura colaborativa, de resposta, de participação e de coletividade deve estar enraizada nos valores da empresa”, diz a especialista. Assim, a ferramenta transforma-se também numa ótima peça de relações públicas para a empresa. Isso proporciona uma interface humana com a corporação, além de encurtar consideravelmente as distâncias entre os veículos de comunicação e dar maior agilidade, por exemplo, na tomada de decisões a partir de sugestões dos clientes. Um consenso entre todos os especialistas é que a maioria das empresas que decidiu blogar o fez atendendo às sugestões do departamento de informática e TI. Poucas Arquivo Pessoal
Carolina: a aceitação dos blogs é grande, mas é preciso agregar valor aos consumidores
Atualmente, no Brasil, um dos setores mais delicados da economia é o da telefonia fixa e móvel, tanto pela grande competição das teles como pela insatisfação dos milhares de clientes. Não por acaso, este é o setor que possui mais reclamações nos órgãos de defesa do consumidor de todo o Brasil. Devido a isso, Fábio Cipriani postou o seguinte texto em seu diário quando a Claro lançou um Arquivo Pessoal
Cui: em nosso blog o internauta tem mostrado interesse em participar dos assuntos tratados
blog corporativo, em julho. “Fiquei abismado de ver que uma operadora de telecomunicações está lançando um blog, o primeiro do gênero no segmento. Segundo o texto de apresentação, é o primeiro da Claro nos seus 17 países de atuação. Ainda é muito cedo para saber como o mercado vai reagir a este novo canal de comunicação que tem até a participação do presidente da companhia. Resta saber como será o desenrolar da história. Torço muito para que se torne referência entre os blogs corporativos já existentes”, analisou. Hoje, pouco mais de seis meses após o lançamento, o resultado é bastante positivo. Por um lado, as empresas que criaram tal ferramenta tiveram um retorno satisfatório. Pelo menos é o que garante o diretor executivo de clientes da Claro, Miguel Cui. “Prova disso são os números registrados em nosso blog. As visitas aumentaram em 190% desde o lançamento e o número de comentários também não
para de crescer. Estes índices indicam que o internauta tem interesse em visitar a página e também em participar dos assuntos abordados”, afirma Cui. Mas, por outro lado, muito ainda se tem que evoluir neste universo da blogosfera. A começar pelo retorno aos comentários. Eu mesmo postei um comentário no blog da operadora Vivo em outubro de 2008, quando comecei a apurar esta reportagem. Até hoje estou aguardando o retorno dos responsáveis. Então, lembrem-se, leitores: somente criar um blog não resolve. A característica desse universo é sua comunicação bidirecional. Considera-se que o primeiro blog tenha sido a página What’s new in’92?, publicado por Tim-Berners Lee a partir de janeiro de 1992 para divulgar as novidades do projeto World Wide Web. Embora mais tarde tenham ficado parecidos com diários pessoais, inicialmente a base dos blogs foi o link, sempre acompanhado de um breve comentário, um registro (log) da navegação na web. Jorn Barger, que cunhou o termo ‘weblog’ em 1997, mantém até hoje o estilo original do meio em seu famoso blog Robot Wisdom. Hoje eles são verdadeira febre em todo o mundo. São mais de 133 milhões. O Technorati, o mais conhecido e respeitado sistema de busca especializado que monitora a criação e freqüência de atualização de blogs, realizou, no final de 2008, um levantamento chamado ‘O Estado da Blogosfera’, disponível (em inglês) gratuitamente através do link http://www. technorati.com/blogging/state-of-theblogosphere. Ele diagnosticou que são criadas 900 mil postagens por dia, ou seja, mais de 100 por segundo.A cada dia, diz o estudo, surgem cerca de 120 mil blogs. Em média, 1,4 por segundo.Traduzindo: quando você terminar de ler essa reportagem, milhares de novos blogs terão surgido.
Arquivo Pessoal
presas são: Amazon, Avaya, Avon, Cisco, Dell, EDS, Ford, GM, HP, Microsoft, Motorola, racle, Sprint, Sun,Texas Instruments y Boeing. Hoje no Brasil existem cerca de 300 blogs corporativos. De acordo com um estudo da consultoria PR Week e Burson Marsteller, sete por cento dos CEOS norte-americanos ‘blogam’. Este mesmo estudo diagnosticou que 59% dos conselheiros delegados reconhecem a utilidade dos blogs para a comunicação interna das empresas e apenas 47% valorizam sua eficiência no trato com terceiros.
Pollyana: a informação é importante, por isso o blog tem sempre que ser tratato como tal
Se esses números não fossem impressionantes, alguns críticos afirmariam que este valor é maior, visto que a maioria dos blogs monitorados pelo Technorati está na América do Norte (48%) e Europa (27%), minimizando a relevância de outras áreas blogadas do mundo, como a Índia, China, Japão e Brasil. Somos o quinto país onde mais se bloga. Apenas 16 - três por cento do total - das 500 empresas do índice Fortune possuem um blog corporativo. Estas em-
ERAM OS BLOGUEIROS JORNALISTAS? Um dos temas que mais geram discussão na blogosfera diz respeito ao uso de informações repassadas por blogueiros como fontes jornalísticas, e até como produtores de notícias. Muitos são os exemplos de renomados blogs de jornalistas, como o de esporte de Juca Kfouri (http:// blogdojuca.blog.uol.com.br/), o de política de Ricardo Noblat (http://oglobo. globo.com/pais/noblat/) e o econômico, de Miriam Leitão (http://oglobo. globo.com/economia/miriam/). Segundo Noblat, os blogs são a mais veloz forma de informar e de se informar, enquanto que os sites possuem muitos filtros, como edi-
- BLOGS NACIONAIS: ÓCIO 2007 http://www.ocio2007.com.br/ Blog do Office 2007 - lançado em junho de 2007, 1º blog da Microsoft para o consumidor final no Brasil. BLOG DO CIACO http://bloglog.globo.com/ciaco/ Blog do diretor de publicidade e marketing de relacionamento da Fiat, João Batista Ciaco. Em abril de 2008 mudou para o Bloglog. BLOG TECNISA http://www.blogtecnisa.com.br/ Primeiro Blog do mercado imobiliário brasileiro e considerado o primeiro blog corporativo do país. BLOG DO JUCELINO SOUZA http://www.jucelinosousa.com.br/ VP da ALE Combustíveis fala sobre o mercado de combustíveis e vida de executivo, no ar desde junho de 2007.
tores e linhas de atuação específicas.“Isso diminui muito a sua velocidade.”, analisa o jornalista-blogueiro, um dos pioneiros a blogar no país. Outra vantagem dos blogs, para ele, diz respeito à real possibilidade de interação com o leitor, expressada através da vontade de se comentar as postagens. Os comentários, avalia, são a única ferramenta que realmente permite a interatividade e ‘conversação’ entre leitor e produtor. “Mas infelizmente ainda vejo poucos blogueiros que se enriquecem com essa troca de informações”, afirma ele. Uma prova da relevância que já possuem os blogs no meio jornalístico foi a concessão de credenciais de imprensa para alguns desses ‘profissionais’ nas eleições norte-americanas de 2004 e 2008.A mesma ferramenta foi utilizada com desenvoltura pelo presidente eleito dos EUA, Barack Obama.A equipe de Comunicação dele criou vários blogs nos quais inseriam
BLOG DO FÁBIO CIPRIANI: http://www.blogcorporativo.net/ - BLOGS INTERNACIONAIS: BOEING http://boeingblogs.com/randy/ blog do vice-presidente de marketing da companhia, Randy Tinseth. SUN MICROSYSTEMS http://blogs.sun.com/jonathan Blog do presidente da empresa, Jonathan Schwartz. GENERAL MOTORS http://fastlane.gmblogs.com Blog do vice-presidente da montadora, Bob Lutz, no qual discute com concessionários e engenheiros sobre o desenho dos novos modelos da companhia.
postagens sobre os desdobramentos da campanha. A estratégia surtiu efeito já na disputa dentro do partido democrata, contra a senadora e então favorita, Hillary Clinton, agora secretária de Estado. É cada dia maior o poder de influenciar as decisões de blogueiros-jornalistas. Recentemente, um blog criado pelo vizinho do deputado Roberto Jefferson fez muito sucesso no auge do escândalo petista do Mensalão (http://vizinhodojefferson.blogger.com.br). “A vantagem deste veículo é a comunicação instantânea e quase sempre exclusiva, de notícias. Os blogs de jornalistas nasceram como uma maneira dos profissionais descarregarem grande parte das informações que obtinham junto às fontes, mas não tinham como colocar nas matérias do dia a dia. Isso é uma das coisas que mais dá credibilidade aos blogs de jornalistas”, analisa Thaís Mendonça, professora da UnB e doutora em Comunicação e Mestra em Ciência Política pela Universidade de Brasília. Arquivo PQN
Thaïs: a vantagem do blog é a comunicação instantânea e sempre excluvisa de notícias
Para Noblat, esse reconhecimento traz consigo um peso adicional aos blogueiros, sejam eles jornalistas ou não. “Quando você escreve somente para algumas pessoas, sua responsabilidade é uma. Quando você possui milhares de leitores, a coisa é diferente. No meu caso, por exemplo. Mesmo após me associar a um grande portal de notícias, fiz questão de que no meu contrato constasse que tenho total autonomia editorial. Por outro lado, toda a responsabilidade legal pelo que posto também é minha. As pessoas têm que ter consciência do poder que a palavra possui na blogosfera”, enfatiza. Um dado que demonstra quanto os comunicadores deixam de ‘lucrar’ explorando essa nova ferramenta de comunicação é demonstrado pelo levantamento da EUPRERA (European Public Relations Education and Research Association). Foram ouvidos 587 profissionais de Relações Públicas de 33 países europeus e constatouse que os fatores que inibem os executivos e as empresas do Velho Continente a adotar blogs são: 44,4% dos pesquisados têm dificuldade de controlar os conteúdos; 40,6% não conseguem integrar os blogs nas estratégias de Comunicação; 39,9% não conseguem criar conteúdos e idéias para os comentários; 37,1% não conseguem dar retorno às audiências e 10,4% deles, não encontram tempo para blogar frequentemente.
Será que alguma dessas funções não é parte do trabalho de um profissional de comunicação empresarial? Ainda mais se levarmos em conta outro dado constatado no levantamento. Do universo de executivos ouvidos, que têm medo de blogar suas organizações, dois terços estão totalmente familiarizados com os blogs, e 36% fazem uso deles semanalmente. Não é por falta de conhecimento que eles não blogam suas empresas, mas sim por falta de um profissional que se encarregue dessa tarefa. Fábio Cipriani, um dos maiores especialistas no tema, em post recente no seu blog, resumiu bem o perfil que a pessoa encarregada pelo blog deve ter: “deve ser alguém que tem afinidade com a blogosfera, escreve, lê e responde comentários e estabelece um diálogo com a blogosfera. Pode ser um jornalista, relações públicas ou publicitário, desde que ele seja, antes de tudo, um blogueiro. Então, você está esperando o quê?
VANTAGENS DOS BLOGS CORPORATIVOS - Manutenção barata, se comparada a outros meios de comunicação empresarial;
- Deve ser escrito sem formalidades, por alguém de dentro da empresa;
- É de fácil atualização, personalização e navegação, prevalecendo sempre a agilidade na comunicação;
- Ou se encara a rede como parceira ou não entre nessa briga. Para três consumidores satisfeitos, sempre haverá 3 mil insatisfeitos. É preciso ser transparente;
- Disponibiliza a troca de comentários e links, fomentando o sentido de relacionamento e diálogo; - É personalizado e permite a criação de uma comunidade em torno de um tema. - Um blog não tem a função de tornar-se uma vitrine da loja, um quadro de avisos para os colaboradores ou um anúncio para apresentar um novo produto da companhia;
- É necessário investir tempo e fosfato em conteúdo relevante, que faça com que o leitor - seja ele cliente, fornecedor ou funcionário - sinta vontade de ler e de divulgá-lo. Para isso o assunto explorado deve ir além da marca e dos seus produtos, abrangendo áreas de interesse diferentes do público a ser atingido.
Fonte: Fábio Cipriani, Carolina Terra e Pollyana Ferrari
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POR QUE AS PESSOAS LEEM BLOGS AO INVÉS DE SITES DE NOTÍCIAS? Você já se fez essa pergunta? Os blogs teriam chegado a um patamar de qualidade de conteúdo maior do que o da grande imprensa? Seria a tal web 2.0? Talvez. Mas um dos motivos para a queda de leitura da grande imprensa online atende pela sigla SEO (Search Engine Optimization). Não se preocupe, não irei discorrer sobre monetização e sim como os sites noticiosos não se adaptaram à mudança de comportamento que todos já estão carecas de saber: as pessoas não acessam mais; elas buscam. Diversos autores já tentaram descrever as características do leitor digital. Contudo, basta conversar com qualquer editor de redação on-line para ele atestar o fato de que a maior parte do tráfego do site advém do Google. Esse fenômeno é observável em qualquer local público de acesso à internet.As pessoas trocaram os favoritos pelo conforto e a praticidade de uma busca. Diante dessa realidade, pergunto: ao realizar suas buscas, quantas vezes um site de jornal ou revista apareceu na primeira página de resultados? Faça o teste.Você verá que raramente eles aparecem.As primeiras páginas do Google são praticamente domínio de blogs e de wikis. Mérito deles? Em alguns casos sim, mas mérito maior das plataformas de conteúdo. A maioria das empresas renega plataformas livres de publicação de conteúdo, pois temem a falta de suporte. O resultado é a aquisição de CMSs fechados que, sem as devidas personalizações, não são semanticamente corretos. Por outro lado, praticamente todos os blogs são construídos em cima das plataformas WordPress e Blogger. Ao contrário dos pacotes fechados, os desenvolvedores e as centenas de voluntários em torno desses dois projetos trabalham versão a versão para deixá-los cada vez mais corretos e adequados aos padrões web.
Arqu
ivo
Os endereços das notícias desses sites geralmente são compostos de códigos gerados aleatoriamente pelos sistemas de publicação ao invés de trazerem o conteúdo da manchete. Estruturas de endereços não amigáveis fazem com que as páginas percam relevância para o Google. Pess
oal
ANDRE DE ABREU Especialista em Jornalismo Multimídia pela PUC-SP, coordenador do portal corporativo da TAM, professor de jornalismo digital da Universidade Anhembi Morumbi e jurado das categorias digitais do Prêmio ABERJE. (www.andredeabreu.com.br)
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A junção da tecnologia dos blogs, a ausência de tecnologia dos sites da grande imprensa e o novo comportamento dos leitores acaba retroalimentando o sistema. O novo usuário busca o conteúdo que aparece na primeira página dos sites de busca – independentemente de critérios qualitativos ou de reputação, basta que o conteúdo responda a pergunta da busca e a minha experiência como professor universitário, infelizmente, comprova isso -, com plataformas mais otimizadas, blogs e páginas wiki sempre aparecem nas primeiras páginas e, logo, são mais clicadas e referenciadas. Desta forma, o algoritmo do Google entende que esse tipo de conteúdo é mais relevante do que os conteúdos dos sites de imprensa. Com a repetição desse ciclo, os sites jornalísticos – a despeito da crise do setor – são, cada vez mais, relegados às últimas páginas dos resultados de busca. Por isso, além do investimento em conteúdo de qualidade, relevante e exclusivo, é preciso também melhorar as plataformas de conteúdo e não ter medo do que é gratuito. Haja vista o crescimento no número de acesso ao Portal PQN (www.pqn.com.br).A sessão Fornadas é campeã de leitura dos assessores de imprensa, perdendo apenas para os Artigos que a página da comunicação publica. Para entender um pouco mais sobre este universo, um bom ponto de partida para iniciar essa mudança é a leitura do Google’s Search Engine Optimization Starter Guide (www.google.com/webmasters/docs/search-engine-optimization-starter-guide.pdf).
COMPORTAMENTO
OLHA OS JORNALISTAS AÍ,
GEEEEN
NTEEE
EEEE!
JANAINA ROCHIDO
D
o norte ao sul do país, comunicadores e simpatizantes se organizaram em blocos carnavalescos que tomaram as ruas e foram arrastados por muitas marchinhas, animação, irreverência e alegria. Porém, sem esquecer as lutas do dia a dia, como os baixos salários, direitos trabalhistas e regulamentação do diploma, um samba-enredo que não sai da cabeça de todos os jornalistas. Carnaval e trabalho podem andar juntos sem incluir, necessariamente, gravador, câmera ou microfone. Milhares de jornalistas das mais diferentes regiões do Brasil provaram isso, ao desfilar em blocos caricatos e alas de escolas de samba formadas, principalmente, por profissionais da comunicação. De Santa Catarina ao Amazonas, os jornalistas saíram das redações e assessorias e caíram na folia com o maior orgulho. Ao som dos frevos no nordeste ou das marchinhas antigas no sul, este ano, um tema recorrente em todas as manifestações foi a defesa da obrigatoriedade do diploma para o exercício prático do Jornalismo. É a luta pelos direitos dos jornalistas, com samba no pé, alegria e muito engajamento político em prol dessa causa mais que nobre!
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Petra Mafalda
Pauta que Pariu: desfile na Praça XV de Novembro, tradicionalmente ao meio-dia, desde 1990
O bloco “Pauta que Pariu”, organizado pelo Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, desfilou pela Praça XV de Novembro, centro de Florianópolis, ao meio-dia, tradição que se repete desde o início da década de 90. Da primeira vez foram 200 pessoas e, este ano, conforme informa Fabíola de Souza, diretora da entidade, foram feitas 400 camisetas, mas o número de integrantes foi bem maior, uma vez que o bloco é aberto a outros sindicatos, familiares e amigos que também participam do desfile. Toda a folia é bem segura e familiar. “Até a filha do presidente do sindicato, a Laura, participa do bloco desde quando ainda estava na barriga da mãe, e hoje está no terceiro ano do Pauta que Pariu”, diverte-se Fabíola. Em 2009 o ‘Pauta’ inovou e levou para o desfile um DJ, cedido por uma boate de Florianópolis, que deu uma roupagem eletrônica às antigas marchinhas de carnaval. A idéia teve como objetivo atrair os mais jovens, já que a maioria do bloco é formada por veteranos na profissão. Eles não adotaram um enredo específico para o desfile deste ano, mas, como a pergunta constante do bloco é “quem você mandaria para a pauta que pariu?”, os temas e mazelas mais atuais e recorrentes da vida dos profissionais da comunicação sempre vêm à tona. E a folia dos jornalistas vai subindo e chega a São Paulo com toda a irreverência. Duas regionais do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo se mobilizaram para colocar os jornalistas na rua: a Regional Santos e a Regional Campinas. A primeira, sob a batuta do diretor regional Nilson Regalado Monteiro
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da Silva, fez uma confraternização de carnaval dos “Filhos da Pauta” paulistas. A camisa/ingresso dava direito a chope, refrigerante, água e frutas. Silva definiu o encontro como uma “matinê de carnaval para os sindicalizados e suas famílias”, com direito a participação de colegas do interior e da capital que estivessem na área. Já em Campinas, pelo segundo ano consecutivo, a Ala da Comunicação desfilou na Escola de Samba Estrela D’Alva, uma das mais antigas da cidade, presente em mais de 50 carnavais. O diretor de base da regional, Agildo Nogueira Júnior, lembra que o primeiro desfile foi em 2007 e a idéia surgiu a partir de uma homenagem que a escola fez ao Correio Popular, jornal que tinha completado 80 anos de circulação. “Sou amigo da presidente da escola, Claudelina Aparecida de Moraes (a Ina) e, como sou jornalista, ela me convidou para ser jurado na escolha do samba-enredo. Fiquei empolgado e conversei com o restante da diretoria sobre a possibilidade de desfilarmos. Todos aprovaram”, conta. No primeiro desfile 20 profissionais saíram e, este ano, foram menos, cerca de 10, mas Nogueira esclarece que isso se deveu ao fato de muitas pessoas estarem viajando ou trabalhando. De qualquer forma, o sindicato sempre recebe muito apoio dos jornalistas e muitas consultas sobre como participar dos desfiles. TERRA DO SAMBA NO PÉ Que o Rio de Janeiro é a terra do samba não há como contestar. Mas que os jornalistas de lá também levam a fama, isso
poucos sabem. Em Niterói, o primeiro bloco “Filhos da Pauta”, formado há 23 anos, tem o maior orgulho de ter inspirado grupos homônimos por todo o Brasil. O bloco desfilou pelas ruas do centro da cidade no sábado de carnaval, com um enredo inspirado na reforma ortográfica, o “Na língua dos outros é refresco”. Junto a eles, outro bloco de jornalistas, o “Segundo Clichê”, também animou os foliões, desfilando uma homenagem às mulheres com o enredo “Salve Elas!” A cidade maravilhosa prestigiou o “Imprensa que Eu Gamo”, formado há 13 anos por jornalistas cariocas. O bloco desfilou no início de fevereiro, dia sete, com o samba “No carnaval do Imprensa quem dá ordem é o Rei Momo”, com o acompanhamento da bateria da escola
Vão os anéis e os dedos: jornalista precisa de diploma para exercer a profissão Letra: jornalista Antonio Carlos Silva Oh! Dona Justa, Não me deixe mudo! Quanto me custa Perder meu canudo! Oh! Dona Justa, Não me deixe mudo! Quanto me custa Perder meu canudo! Jornalista sem diploma É igual país em coma, Democracia com linfoma, Rasgar Direito de Roma. Doutor, não confunda Liberdade de expressão Com o necessário Exercício da profissão. Ôôô seu Doutor, Seja coerente! Sem anel, meu dedo ficou. Mas, por que só o da gente? Oh! Dona Justa, Não me deixe mudo! Quanto me custa Perder meu canudo! Oh! Dona Justa, Não me deixe mudo! Quanto me custa Perder meu canudo!
Paulo Botelho
de samba São Clemente. O desfile pelas ruas no bairro Laranjeiras empolgou um público estimado de oito mil pessoas. Treze jornalistas compuseram o sambaenredo e a camiseta usada pelos foliões este ano levou a assinatura de Cássio Loredano, um dos grandes nomes da caricatura brasileira.
A LETRA DA MARCHINHA OFICIAL Autores: Frazão do Sinttel e Maurição
NO CENTRO-OESTE TUDO TAMBÉM TERMINA EM SAMBA
Matou a Pauta, Quase me lasco na redação Não fique aí parado Venha pra cá, alegrar seu coração
Rumo ao centro do país, o Sindicato de Jornalistas de Mato Grosso, SindjorMT, colocou os jornalistas nas ruas e botou todo mundo para pular. O bloco carnavalesco “Impressando o Bebum”, reuniu cerca de 100 pessoas em Cuiabá. O grupo foi criado em 1987 pelo jornalista Malik Didier e outros colegas da classe. Curiosamente, Didier, que era conhecido por sua alegria e por sua irreverência, morreu em um acidente de carro em 15 de fevereiro de 1992, enquanto preparava mais um desfile do bloco para aquele ano. Mesmo assim, os foliões jornalistas não desanimaram e levaram adiante a idéia do jornalista patrono.
Quem não se comunica, se trumbica Venha pro bloco dos jornalistas
Keka Werneck, presidente do sindicato mato-grossense, destaca que ações alternativas, como a confraternização do bloco, são momentos de descontração, fora de ambiente de pressão e das campanhas salariais, que desgastam os profissionais do Jornalismo. Ela informa que 2009 foi o segundo ano consecutivo do bloco, reativado com a entrada da nova gestão do sindicato, em 2007. O tema do primeiro desfile foi a campanha salarial, retratada nas camisetas usadas pelos foliões.
Matou a Pau...ta!!! Fortaleza / Ceará
Quem não se comunica, se trumbica Venha pro bloco dos jornalistas (repete)
Jornal e TV, rádio e revista Venha pro bloco dos jornalistas Matou a Pauta Quase me lasco na redação Não fique aí parado Venha prá cá, alegrar seu coração Quem não se comunica, se trumbica Venha pro bloco dos jornalistas Pessoal de assessoria que não é ascensorista Venha pro bloco dos jornalistas Matou a Pauta, Quase me lasco na redação Não fique aí parado Venha pra cá, alegrar seu coração Quem não se comunica, se trumbica Venha pro bloco dos jornalistas Tem a turma da Chefia e tem sindicalista Venha pro bloco dos jornalistas”
JORNALISTA SABE DANÇAR FREVO?
o ‘Filhos da Pauta’ levou para a rua duas homenagens – uma aos 50 anos do sindicato da categoria e outra ao jornalista e radialista Edécio Lopes, falecido no começo de 2009, compositor da maioria dos frevos do bloco, além de personalidade conhecidíssima em Alagoas. Isso colaborou para reunir mais de mil pessoas este ano, segundo Valdice Gomes da Silva, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas. O mote do frevo deste ano, composto pelo jornalista Ricardo Mota, foi “Tire a mão do meu canudo!”, também em defesa do diploma dos jornalistas. O tema também foi mostrado em um boneco gigante e em um painel com uma charge, colocados no trio elétrico.
Continuando a subida pelo mapa do Brasil, chegamos a Alagoas. Lá, o bloco “Filhos da Pauta” é quem comanda a folia. Com 18 anos de muito samba no pé e tendo feito seu primeiro desfile em 1991,
O bloco congrega não somente jornalistas, mas também profissionais de relações públicas e de publicidade e propaganda. Uma das características do ‘Filhos da Pauta’ é sempre satirizar a política e
Em Brasília não houve desfile, mas o jornalista Antônio Carlos Silva compôs o samba “Vão os anéis e os dedos: jornalista precisa de diploma para exercer a profissão”, sobre a defesa da obrigatoriedade do diploma para o curso de Jornalismo. Silva enviou a composição para a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) como contribuição para a campanha nacional da categoria. O samba foi disponibilizado para todos os blocos que quisessem utilizá-lo em seus desfiles.
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Divulgação
Gaiatos: em defesa da TV Cultura amazonense
levar os foliões às ruas com frevos e bonecos gigantes, preservando a cultura da região. Segundo Silva, se acompanharmos as letras dos frevos desde 1991, conheceremos toda a história política de Alagoas. O líder sindical explica que o bloco não pertence ao sindicato, mas a ligação é muito forte porque os fundadores foram jornalistas sempre envolvidos com a luta sindical. Em Pernambuco também existem dois blocos formados por jornalistas, sendo um “oficial”, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (SinjorPE), e o outro adotado pelos profissionais da imprensa. São, respectivamente, o ‘Língua Ferina’ e o ‘Caranguejo do Caçuá’. Em 2009, os presidentes do SinjoPE, Ayrton Maciel, e do Caranguejo, Rossini Barreira, ex-presidente do SinjoPE e atual integrante do Conselho de Ética da FENAJ, resolveram unir os desfiles dos dois blocos, que saíram no domingo de Carnaval na Velha Recife, depois de participar das prévias um do outro. O ‘Língua’ e o ‘Caranguejo’ têm mais de 20 anos de fundação. O ‘Língua Ferina’ fez seu retorno neste carnaval após 15 anos de recolhimento. Para o grande retorno foram produzidas 1.200 camisetas comemorativas, com uma ilustração do chargista Laílson. O destaque do desfile foi a presença do ex-prefeito de Recife, João Paulo Lima e Silva, primeiro político reeleito da história da cidade. Outro bloco pernambucano, o ‘Imprensa Que Entra’, fez sua primeira prévia carnavalesca no início de fevereiro, reunindo profissionais da comunicação de Pernambuco – não só jornalistas, mas também radialistas e publicitários. Outro tradicional grupo de jornalistas é a ‘Associação Carnavalesca, Recreativa e Etílica-Cultural Matou a Pau...ta!!!’, do Ceará, que se classifica como “o bloco de carnaval mais bem informado do país” e sai com frevos e marchinhas antigas tocados por músicos de várias origens, que se
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unem para formar a “Orquestra Matou a Pau...ta!!!”. O bloco foi fundado em 2006 como um projeto cultural do Sindicato dos Jornalistas do Ceará, o SindjorCE, e, desde então, sai todos os anos, sempre com bonecos gigantes e homenageando um jornalista. Em 2009 a escolhida foi Samira de Castro, repórter do Diário do Nordeste. Quanto aos bonecos, um merece destaque: o boneco do Milhão do Patrão, que remete à campanha salarial dos jornalistas da região. Maurício Lima, diretor do SindjorCE, conta que a novidade deste ano foi o ‘Filhos da Pauta’, um bloco dentro do ‘Matou a Pau...ta!!!’ formado somente pelos filhos, sobrinhos e netos dos jornalistas que saem no bloco de “gente grande”. “Estávamos notando que os jornalistas não tinham com quem deixar os filhos e começaram a pedir para fazermos camisas para crianças. Elas também vão fantasiadas, fica muito bonito”, explica Lima. O tema deste ano, como explicou o diretor, foi o mesmo do ano passado, “Quase me lasco na redação”, que consegue abarcar vários assuntos no dia-a-dia dos profissionais da comunicação, inclusive a questão do diploma. NO AMAZONAS TAMBÉM TEM CARNAVAL Chegando ao topo do mapa do Brasil, o bloco de jornalistas manauaras “Imprensa Que Eu Gosto” fez bonito esse ano e, além de agitar em seu próprio desfile, foi convidado a participar de vários outros blocos, como informou Cristóvão Nonato, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas. O ‘Imprensa’ foi fundado há quatro anos como uma iniciativa para congregar a sociedade, os comunicadores e divulgar as ações do sindicato. “Ao mesmo tempo em que estamos na defesa da categoria,
defendemos a sociedade, tanto é que a gente faz o desfile na rua e a comunidade é envolvida. Pedimos ideias, as pessoas ajudam e gostam muito de participar”, afirma Nonato. Cerca de quatro mil pessoas brincaram este ano na companhia dos jornalistas ao som de duas baterias de escolas de samba e outras bandas. Dentro desse “tour” que o ‘Imprensa’ fez pelas bandas e blocos da capital amazonense, o destaque foi a participação na ‘Banda da Bica’, uma das mais famosas e aguardadas em todo o carnaval de Manaus, fundada por profissionais liberais, inclusive jornalistas. Além dela, os foliões do ‘Imprensa Que Eu Gosto’ deram o ar da graça na ‘Banda do Boulevard’, na Toca do Chifre, bloco com forte apelo folclórico e no desfile do Bloco Gaiatos e Bonitões. Esse último, inclusive, é, na verdade, um movimento em defesa da TV Cultura do Amazonas, que passa por sérias dificuldades. Segundo o Sindicato da categoria e o site “SOS TV Cultura Amazonas” (http:// sostvculturaam.zip.net), o bloco foi criado no início de 2009, sendo formado por funcionários da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas (Funtec) que participam do movimento, deflagrado no fim de agosto de 2008. O nome do bloco veio após o governador do Estado, Eduardo Braga, chamar os trabalhadores da emissora de ‘gaiatos e bonitões’ durante uma negociação de reposição salarial entre a Comissão de Funcionários da TV, a direção da Funtec e o próprio governador na sede do Governo, no dia 10 de novembro de 2008. APOIOS E AFINS Os recursos para a manutenção dos blocos são obtidos por intermédio de patrocínios de simpatizantes dos movimentos Plínio Nicácio
Filhos: irreverência e alegria no bloco formado pelos comunicadores
Petra Mafalda
Pauta Que Pariu: jornalistas e afins agitam as ruas de Floripa
dos jornalistas, tanto para bebidas, camisetas e músicas. O ‘Matou a Pau...ta!!!’, do Ceará, não utiliza nenhum tipo de recurso do sindicato. Em 2009, o bloco contou com patrocinadores de peso, como a cerveja Nova Schin e o Centro Cultural do Banco do Nordeste, além de agências de comunicação de Fortaleza. Já o ‘Imprensa que Eu Gosto’, de Manaus, contou com o apoio de empresas de refrigerantes e alguns políticos que simpatizam com as causas dos jornalistas, mas, a maior parte do dinheiro veio da venda de camisetas e bebidas – coisa que se repete com a maioria dos blocos, que prefere não vincular recursos do sindicato com festas desse tipo. Quase todos os blocos de jornalistas têm relação com os respectivos sindicatos – na maioria das vezes, esse apoio é mais na questão da organização e divulgação das atividades e na distribuição dos recursos. Os blocos também são um canal de diversão para divulgar as ações da entidade sindical e “puxar as orelhas” dos patrões para campanhas salariais e respeito aos direitos dos profissionais. Além disso, a alegria dos participantes acaba contagiando a comunidade e ajudando a aproximar as pessoas para que participem da defesa das causas da categoria e conheçam de perto a importância do trabalho dos jornalistas para o bem-estar dos cidadãos. E OS MINEIROS? NADA? Na terceira maior capital do Brasil, Belo Horizonte, os profissionais da imprensa
não se organizam para criar um bloco carnavalesco. Apenas o colunista do jornal Hoje em Dia, Marcelo Rios, promove seu festejado e colunável Pré-Belô, já tradicional no calendário momesco da cidade. Mas o evento não é voltado à categoria, embora alguns jornalistas sejam figurinhas carimbadas na festança que tem direito a Rainha e Rei Momo do carnaval belo-horizontino. Para 2010, o editor da revista PQN, o jornalista Robson Abreu, promete criar o bloco ‘PQN‘ para desfilar durante a Banda Mole, tradicional festa promovida na Avenida Afonso Pena, no Centro, pelo Movimento dos Machões Mineiros. Se depender do know-how de Abreu, o bloco ‘PQN’ será um dos maiores do país, já que todas as festas promovidas pela revista sempre reúnem centenas de comunicadores. A formatação do grupo já está em andamento e os abadás serão entregues na segunda quinzena de janeiro. O jornalista informa que haverá concurso para escolha do samba-enredo, além da famosa rainha do bloco que levará prêmio em dinheiro.“Até agora já temos 100 adesões entre jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, professores e estudantes do curso de Comunicação. Quero chegar a 500 comunicadores foliões com muito samba no pé e esbanjando muita alegria. Quem sabe, no futuro, nos transformamos em uma grande escola de samba? Vamos buscar apoio dos órgãos públicos e também da iniciativa privada que poderá custear as camisas”, projeta o criador do PQN.
Imprensa que Eu Gosto Amazonas / Manaus
DIPLOMA PRA VALER Autores: Davi Almeida, Cesar Wanderley, Miguel Pacheco, Rosângela Alanís, Manoel Marques, Hudson Fonseca e Lídia Ferreira
Vem, que eu vou Vai ser legal A Banda dos Jornalistas (Bis) Vai abrir o Carnaval A ordem agora É brincar sem esquecer Que sem diploma Todo mundo vai perder Mas depois da quarta-feira ingrata O ‘seo´ Gilmar já sabe Não tem jogo (Bis) Nem bravata Assim que é bom É pra valer Imprensa que eu sei fazer (Refrão) Assim que é bom É pra valer Imprensa que eu gosto de ser
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Jornalista, formado em Comunicação Social pela UNESA (RJ) desde 2005, e escritor amador. Atualmente trabalha na Coordenadoria de Comunicação Social da Prefeitura de Itapevi (SP). Também faz alguns serviços freelancers para jornais e revistas de São Paulo.
A HONESTIDADE COMO NOTÍCIA
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izem que brasileiro já nasce malandro (leia-se “sem vergonha”). De fato, com tantas notícias de corrupção que ouvimos por aí, vivo a me decepcionar com o ser humano. Outro dia, por exemplo, um programa de televisão testou a honestidade de um policial em Brasília deixando cair ao chão, à vista dele, uma nota de R$ 100,00. Foi reprovado no teste. Flagrado pegando disfarçadamente a nota e enfiando no bolso do uniforme, não a devolveu e ainda jurou de pé junto que nem mesmo a viu cair.
al situação em que o mundo se encontra, uma conduta correta até vira notícia! Em agosto de 2007, há quase um ano, conheci uma mulher na Secretaria de Assistência Social chamada Eliete. Como tantas outras, ela recebia todos os meses, por meio do programa Renda Cidadã, R$ 60,00 do Governo do Estado. Quando finalmente obteve a própria independência financeira, ao invés de seguir o caminho mais fácil e continuar recebendo o auxílio, Eliete preferiu ouvir sua consciência. Fez questão de ir à Secretaria e devolver o cartão do
Deve ser por essa razão que, quando presencio indivíduos que simplesmente cumprem com sua obrigação moral, fico profundamente emociona-
programa. “Já não preciso mais dele e sei que tem gente que necessita”, afirmava.
do. O que, para bem da verdade, não deveria acontecer. Acostumamo-nos com o erro e, com isso, aplaudimos o acerto, quando ele raramente acontece. Na atu-
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Pronto. Foi aplaudida de pé pela secretária da pasta como um exemplo de cidadã consciente, uma peça diferenciada no meio da população. Fui rapidamente convocado para ouvi-la e fotografá-la abrindo mão do benefício. Deu até capa de jornal. O que deveria ser regra era agora uma grande exceção.
Enquanto muitos recebem os R$ 60,00 e simplesmente gastam com coisas vãs, Eliete utilizava a quantia para comprar panos de prato na capital paulista. Em seguida, vendia-os em sua cidade, acrescentando R$ 1 ao preço original. Com o tempo, o negócio se expandiu. Dos panos, os investimentos de Eliete também passaram a ser destinados a artigos de cama, mesa e banho. E os R$ 60,00 se transformaram em R$ 120,00; R$ 150,00 e R$ 200,00. Na sede da secretaria, sentamos um instante para conversar. Orgulhosa de sua própria atitude e visivelmente inquieta por saber que seria matéria de jornal, ela me confidenciou seu segredo. “Esses R$ 60,00 quando bem empregados, se multiplicam. Basta força de vontade”, disse baixinho, quase que ao pé do meu ouvido. Sorri e concordei, sem nem mesmo saber qual seria minha atitude se estivesse nos sapatos dela. De fato, naquele final de semana, o rosto de Eliete estampou a capa dos principais periódicos da região. Espero que tenha servido de estímulo para outros municípios. Quanto ao policial de Brasília, quando viu a repercussão de sua atitude na mídia nacional, acabou por enviar um e-mail à redação da emissora assumindo a culpa, pedindo perdão publicamente e informando que devolveria a quantia ao seu verdadeiro dono. Antes tarde do que nunca. Mas, será que tarde demais diminui a culpa de qualquer erro como este?
Sorocaba é só alegria. Ainda mais neste ano em que a PQN completa cinco anos de circulação. Nossa revista está cada dia melhor. Primorosa, de qualidade, conteúdo digno de todos os comunicadores. Não é difícil ficar apaixonado com essa publicação feita por nós e para os nossos queridos amigos comunicólogos de todo o Brasil. Se com cinco anos estamos assim, já pensou daqui mais cinco? Vida longa para todos nós e mais ainda para nosso querido criador, Robson Abreu! Uma salva de palmas!
UNISO O experiente relações públicas e colunista da nossa PQN, o pernambucano Daniel Zimmermann, é o novo coordenador do curso de Relações Públicas da Universidade de Sorocaba (UNISO). Com passagens pela Cásper Líbero e pela UniSantana, entre outras, Zimmermann nos enche de tanto orgulho com seu profissionalismo e competência. Os futuros relações públicas de Sorocaba só têm a agradecer. Divulgação
DE VOLTA À RÁDIO O Programa Cultural Provocare FM está de volta à rádio Cruzeiro FM (92,3Mhz – Sorocaba/SP) e será exibido todas as sextas, às 15 horas, com reprise aos sábados às 10 horas. Mas se você ainda assim perder, basta ouvir pelo site www.cruzeirofm.com.br. Até parece que foi ontem quando o Procovare FM estreou, isso em 2006, lembram? O programa é apresentado pela doutora em Comunicação Míriam Cris Carlos, com direção do jornalista Werinton Kermes, produção de Luciana Lopez, assistência à produção de Edgar Gonçalves e operações técnicas de Fábio Costa. Parabéns, meus amigos!
SAUDADE I Em 28 de fevereiro de 1981, Sorocaba perdia um dos maiores comunicadores da história. Emudeciam para sempre os microfones da rádio Cacique AM, na apresentação de Nhô Juca. Para marcar a data, a rádio Nova Tropical FM, de Votorantim, (105.9 MHz) prestou uma homenagem ao radialista. Durante o programa foram transmitidas gravações raríssimas na voz do apresentador mais famoso da época. Foram selecionados trechos em que Nhô Juca se referia aos ouvintes de Votorantim e também ao aniversário da cidade. Divulgação
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SITE E LIVRO A Associação Cultural Coesão Poética de Sorocaba acaba de lançar, na Fundação de Desenvolvimento Cultural (FUNDEC), seu site www.coesaopoetica. com.br, construído por Sonia Orsiolli, com a participação dos membros da entidade.Também lançado o livro “Lunático”, do poeta Evandro Mezadri. A obra expõe um pouco das vertentes do escritor, já que suas influências vão de Rimbaud a Paulo Leminski, passando por Divulgação Jim Morrison, Baudelaire e Allen Ginsberg, desfilando ecléticas escolas em seu aprendizado poético. O grupo Coesão Poética nasceu em junho de 2005, após um concurso de poesias que resultou na união de vários poetas da região. Com o objetivo de publicar um livro, o grupo tornou-se sólido e publicou uma coletânea com poesias dos membros.
SAUDADE II O radialista Sabonete, que foi amigo e trabalhou com Nhô Juca, também participou da homenagem. Os ouvintes mataram a saudade do jeito irreverente do apresentador, suas brincadeiras e suas canções. Além de radialista e empresário cultural, Nhô Juca compôs várias marchinhas de sucesso, como “Gerardina”, de 1976.
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Cinco anos de PQN. Tô me sentindo demais. Obrigado, obrigado, obrigado e obrigado. Não me canso de agradecer a todos que confiam em mim e no meu trabalho e colaboram para que tudo dê certo. Não é fácil, mas estou conseguindo, apesar de algumas dificuldades. É muito gratificante ver como nossa revista está bonita e cheia de ótimos colaboradores. Participe, envie seu e-mail: robsonabreu@pqn.com.br
TESOURO Paula Rangel, produtora da CBN Minas e colunista da PQN, está cheia de novos projetos. Em breve ela lançará um livro. O título é guardado a sete chaves, mas, pelo que sei, vem coisa boa por aí. Além de escritora ela divide seu tempo com a também produtora da rádio, Fabiana Arreguy, fazendo o ‘Tesouro do Tempo’. Uma arca com as principais notícias, fatos, fotos, recortes de jornais e revistas do dia em que a pessoa nasceu. É muito legal e não é tão caro. Elas aceitam encomendas de todo o Brasil. Contatos pelo paularangel@pqn.com.br. reu
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MATERNIDADE FAZ BEM
Graciele Pessoa, assessora do Sindibel, na capital mineira, está mais radiante impossível. Nasceu, em março, Lorenzo, um bebezão de 51cm e 3,5 kg. Grazi e papai Luciano, estão super felizes. Que Deus reserve muitas alegrias ao casal e muita coisa boa para o novo sobrinho da PQN. Seja bem-vindo, Lorenzo! Uma salva de palmas para você e que Deus te ilumine. Sempre!
COMPETÊNCIA I O escritor, poeta e colunista da PQN, meu amigo Rodrigo Capella, prepara, juntamente com outros autores, o seu sétimo livro. Trata-se de “Dez decanos da Comunicação”. A obra, coordenado por Monica Martinez, trará vários perfis, entre eles o do fotógrafo Boris Kossoy, assinado por Capella. O fotógrafo e historiador Boris Kossoy revolucionou a história e a teoria da fotografia no Brasil. Com quase 70 anos de idade e várias obras publicadas, o livre-docente da ECA-USP revela no livro histórias inusitadas e curiosas.
TCC PQN O administrador recém-formado pela FEAD, em BH, Sérgio Nogueira, defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o PQN. Ele mostrou as viabilidades do projeto e também, propostas interessantes como a criação da TV PQN, a PQN Eventos, sessões importantes para o Portal da Comunicação e a página PQN Empresarial. Todas as sugestões dadas pelo novo administrador estão sendo adotadas em 2009. Parabéns Sérgio pela aprovação! Esta é a primeira vez que o PQN é citado em um trabalho acadêmico fora da Comunicação e sob a ótica da Administração. Muito bom! Divulgaçã
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COMPETÊNCIA II Meus amigos são porretas mesmo. Tânia Martins de Miranda, nossa colunista carioca, está apresentando o programa ‘Mais Casa Rio’, transmitido pela TV Claret, afiliada da TV Cultura para a região de Campinas e mais 35 cidades. O quadro de entrevistas de 10 minutos está o maior sucesso na Cidade Maravilhosa e acaba de ganhar um parceiro de peso: a PQN, claro! Tânia está um luxo e tem entrevistado grandes personalidades cariocas como nossa sempre elegante Lili Marinho, que dispensa apresentações. Parabéns para toda a equipe do programa!
REDE NA REDE A Rede Comunicação de Resultado, da competente Flávia Rios, de Belo Horizonte, acaba de lançar o endereço na web (www.redecomunicacao.com). Com parceria da Multiweb Design, a agência entra em rede com um site que pretende ser uma verdadeira ferramenta de comunicação com releases, notas e notícias sobre as empresas que atende e informações sobre os serviços prestados pela empresa aos seus clientes. Estava na hora de mostrar a cara na grande rede, pois o profissionalismo e competência todos nós já conhecemos e batemos palmas sempre!
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Divulgaçã
TÁ SCRITTO! A Scritto Comunicação Empresarial, agência mineira com mais de 10 anos no mercado, entrou 2009 cheia de gás. Expandiu seus negócios, conquistou novos clientes e ganhou uma nova sócia, a diretora Rozani Grossi.Ao lado da irmã Méri Grossi, elas prometem mudar a cara da empresa e oferecer novos serviços em comunicação corporativa no mercado mineiro. Sucesso é pouco para vocês duas!
POLÍTICA
UM VOTO DE CONFIANÇA Vira e mexe, os comunicadores tentam uma vaga na política. Mas será que os profissionais eleitos usam a Comunicação como base em suas gestões públicas ou se esquecem que um dia já estiveram do outro lado da notícia?
LILIANE MARTINS E PRISCILA ARMANI
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e julho a outubro de 2008, a população brasileira elegeu prefeitos (com os respectivos vices) e vereadores para os próximos quatro anos. Durante o horário eleitoral gratuito, cada candidato fez o que pôde para tentar mostrar o seu valor. As intenções eram as melhores, mas foi difícil acreditar que alguns dos que usaram a TV queriam o bem público e não o do próprio bolso. Ainda bem que existem candidatos sérios e com boas propostas, como os colegas comunicadores que foram eleitos e fizeram bonito nas urnas de todo o país. Ser candidato não é uma tarefa fácil, principalmente quando o partido não consegue investir na propaganda política e no candidato, ainda que ele seja um profissional conhecido da população. Mas é bom lembrar que ter um rostinho e uma voz conhecidos não é garantia de vitória para ninguém. Contudo, para alguns comunicadores, isso pode ajudar. Muitos de nossos colegas de profissão concorreram às eleições pela primeira vez em 2008 e conquistaram os eleitores. Em todo o Brasil, mais de três mil profissionais da área da Comunicação – Relações-Públicas, Jornalistas, Publicitários – se candidataram, talvez para experimentar a sensação de ficar do outro lado da notícia. João Vitor Xavier, jornalista da Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, mostrou-se bastante preparado durante a candidatura, Sua boa conduta e seu preparo para o cargo que disputou foram as garantias que ele usou, de proteção contra o bombardeio da mídia, já que ele não foi poupado por ela. João Vitor viu nisso um aliado e considerou a cobrança da imprensa como fundamental para o processo político. Para o comunicador, analisa ele, a vigilância diminui erros e inibe a ação dos mal intencionados.
Investido de uma postura decisiva, Xavier foi eleito vereador em Belo Horizonte pelo PRP, obtendo 6.646 votos. Apesar de ter sido sua primeira candidatura, não foi a primeira incursão dele na política. Paralelamente ao Jornalismo, Xavier manteve militância em movimentos políticos e sociais, tendo feito, no passado, campanha para amigos que se candidataram e com os quais se identifica. “Creio que a militância é uma das melhores maneiras de contribuir para a democracia e participar do processo eleitoral”, afirmou o novo vereador.
meira vez a vereador, seu pai foi vereador e prefeito em Conceição do Mato Dentro, interior de Minas Gerais. A experiência familiar ajudou muito para que o músico, publicitário e jornalista fosse eleito. Ele quer ajudar ainda mais às pessoas que, segundo ele, já ajudava em sua carreira profissional. “Quando estamos na TV, conhecemos autoridades, personalidades e acabamos intercedendo por pessoas que não têm condições e precisam de ajuda.
Para ele, o fato de ser um comunicador vai ajudá-lo durante o mandato, porque pretende pôr em prática tudo o que aprendeu ao longo da carreira. “Em alguns momentos, a política chega a se confundir com o Jornalismo. Tal como os jornalistas, os vereadores têm o dever de fiscalizar os homens públicos e as instituições que representam. Comunicar é requisito básico no trabalho do jornalista. Este é um grande ensinamento que eu levarei para a política. Continuarei ouvindo a população, só que agora de outra forma”, afirma Xavier.
Baterista da banda Boca de Sino há 20 anos, Augusto diz que a imagem de homem sério, humilde e religioso foi o seu diferencial entre os demais concorrentes, contribuindo para uma votação expressiva. Ele sabe que a imagem não é tudo e critica os que buscam se eleger baseados meramente na notoriedade que possuem. “Tenho uma história com a política. Sei bem que só o fato de estar na TV não me garantiu a vitória. Se eu não tivesse apresentado propostas e pedido o voto do eleitor, dificilmente eu teria sido eleito. Não acho certo que candidatos que ficam conhecidos em seus bairros por serem donos de padarias ou mercearias disputem a eleição”, enfatiza o vereador.
COMUNICADOR SABE FORMULAR PROPOSTAS? Orlando Augusto, apresentador do programa “Jogada de Classe”, da TV Horizonte, de Belo Horizonte, também possui uma forte vivência dentro da Política. Apesar de haver se candidatado pela pri-
Em suas propostas, Augusto pretende contemplar as três classes da Comunicação da qual faz parte. Tal intenção transformou-o num candidato com muiDivulgação
João Vitor: a política chega a se confundir com o Jornalismo. Os vereadores têm o dever de fiscalizar os homens públicos e as instituições que representam. Comunicar é requisito básico no trabalho do jornalista e o mesmo acontece na vida de homem que ocupa um cargo público
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tos apoiadores, alguns até fizeram campanha gratuitamente. Mas, indo além da publicidade, do jornalismo e da música, o vereador promete cuidar da segurança, da saúde e do esporte, como forma de evitar que as crianças fiquem em contato com as drogas. “Nas comunidades que visitei durante a campanha, senti muita falta de apoio e atenção, especialmente para as crianças de 10 a 15 anos. Além disso, quero investir o tempo do meu mandato em atividades que proporcionem lazer e qualidade de vida aos idosos, já que eles dependem de iniciativas públicas”, afirma Augusto. O jornalista e professor de Comunicação da PUC-Minas, Adriano Ventura, eleito vereador com 8.706 votos pelo PT (décima melhor colocação geral), diz que ingressou na política por amor às causas sociais, principalmente pelo trabalho desenvolvido na Pastoral da Juventude. “Gosto de política desde os meus 14 anos e foi na Igreja que aprendi a trabalhar com mobilização social e a fazer política. Considero que a política não é um instrumento para resolver problemas pessoais do cidadão Adriano Ventura, mas, sim, de forma coletiva, resolver os problemas daqueles que precisam”, relata. Segundo ele, um comunicador entrar para a política não é nada fácil, principalmente pelo fato de que esses profissionais são geralmente conhecidos como “a voz da verdade”.
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verificamos duas coisas: que tudo é pior do que imaginávamos e que existem políticos com escrúpulos, apesar de tudo”, observa. Com relação aos comunicadores que se candidataram em 2008 pela primeira vez, o vereador gaúcho incentiva a participação na política. Segundo ele, todos os cidadãos com tempo e boa vontade deveriam contribuir. Ele afirma que a política é essencial, mas é preciso que ela seja promovida com transparência e honestidade. A ex-vereadora da cidade de São Paulo e comentarista de futebol na ESPN, Sônia Francine, a Soninha, ex-VJ da MTV, não tentou a reeleição como vereadora e preferiu alçar vôos mais altos nas últimas eleições. Depois de uma experiência na Câmara Municipal, que ela descreveu como difícil, frustrante e sofrida, candidatou-se à Prefeitura de São Paulo, mas não foi eleita. Mas afirma que, apesar de tudo, gostou da experiência.
Adriano: a política não é um instrumento para resolver problemas pessoais do cidadão ‘Adriano Ventura’, e sim, para resolver os problemas daqueles que realmente precisam de ajuda, isto é a base
Antes das eleições, João Vitor Xavier, da Rádio Itatiaia, aparentemente não tinha nenhuma proposta direcionada aos comunicadores. Para ele, bastava apenas defender o município como um todo. Após a vitória, afirma, sua percepção mudou e agora ele planeja uma visita ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) para discutir o que for de interesse dos jornalistas. Ele pretende discutir projetos que beneficiem a categoria.
E A LUTA PELA CLASSE CONTINUA! Se os marinheiros de primeira viagem estão empolgados e ansiosos com a nova fase de suas vidas, os veteranos não deixam por menos. Para aqueles que tentaram a reeleição e foram eleitos, a emoção
dos primeiros dias e a renovada vontade de seguir em frente na carreira política são unânimes. O radialista e vereador em Porto Alegre, Haroldo de Souza (PMDB), foi eleito pela terceira vez com 6.375 votos. Ele promete continuar “trabalhando pela sociedade” e informa que “as pesquisas que falam do aproveitamento dos senhores vereadores endossam o reconhecimento público à minha gestão”.
Soninha conta que a percepção que possuía da política antes de ser eleita vereadora mudou, mas para pior. Segundo ela, a população percebe alguns problemas mais evidentes como a corrupção, mas existem Soninha: um projeto só é votado no Plenário se houver um acordo entre os líderes de todos os partidos que garanta que todos os vereadores terão um projeto aprovado
O radialista ingressou na carreira política após alcançar sucesso como comunicador na Rádio Guaíba. Locutor esportivo há mais de 40 anos, Souza afirma que seu trabalho, tanto na rádio quanto no plenário, “não tem muita diferença e é administrável”. Ele acredita que o jornalista entende melhor o “outro lado” quando faz parte da máquina política. Ele confessa que, estando do lado de fora, não há como se ter a real dimensão das dificuldades enfrentadas pelos bons políticos. “Há certo exagero da mídia e gostaria de um tratamento mais individualizado na política”, diz o radialista-vereador. Segundo ele, a imprensa brasileira é uma das melhores, mas poderia atingir a perfeição se não generalizasse tanto o tratamento à classe política, o que dá a impressão de que todo político não presta. Souza sempre foi defensor da liberdade de imprensa. Ele afirma que sem liberdade não há formação de uma democracia plena. Para ele, como comunicador, pouca coisa mudou depois de ingressar na política. “Dentro deste universo,
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Ventura já sofreu várias decepções partidárias, mas nunca desistiu da política. Ele acredita que, tanto na política quanto na Comunicação, a transparência é essencial. “Meu primeiro projeto à Câmara Municipal de Belo Horizonte trata da transparência e eu o assinei, com muito orgulho. Quero fazer um trabalho assim para a população. Esta será uma das bandeiras do meu mandato”, diz o recémempossado.
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Alberto: a política é algo fascinante, filosófico e cheio de desafios, assim como no jornalismo
muitos outros. “Além de ser contaminada por interesses particulares, pelo egoísmo, ganância, vaidade e demagogia, às vezes as coisas não andam na política apenas por força de costumes cristalizados que ninguém consegue ou quase ninguém tenta modificar”, observa. A frustração da comunicadora foi grande quando descobriu que não importava quantos projetos de lei fizesse ou o conteúdo deles, a velocidade da tramitação não dependia desses pormenores. De acordo com Soninha, um projeto de vereadores só é votado no plenário se houver um acordo entre os líderes de todos os partidos que garanta que todos os vereadores terão um projeto aprovado também. Isso gera, segundo ela, muito mais empenho em torno da construção dos acordos do que debate sobre os projetos. Como vereadora, Soninha propôs dois
projetos que, em sua opinião, trarão benefícios aos comunicólogos. Um deles virou a lei n°14.720, de 25/04/2008, que pede a publicação de informações sobre funcionários, empregados e servidores vinculados ao Poder Público Municipal, inclusive à Câmara e ao Tribunal de Contas, no site do órgão em que se encontra em exercício. Este instrumento garante a transparência de informações dos servidores públicos, incluindo nessa cota os vereadores de São Paulo. O que beneficia não só os jornalistas interessados em investigar irregularidades, mas toda a população. Outro projeto de autoria da ex-vereadora, o PR 14/07, instituiu uma frente parlamentar em defesa da radiodifusão comunitária, prevendo a regulamentação e organização do funcionamento desses veículos, o que beneficiaria os profissionais que trabalham nas rádios comunitárias em condições precárias. Este projeto está na Comissão de Constituição e Justiça desde 31 de maio de 2008. Depois que sair de lá, passará pelas Comissões de Política Urbana, Educação e Finanças, e, se passar por todas elas, poderá até ir a plenário para votação. Já o vereador Alberto Rodrigues, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, reeleito pela primeira vez, é um conhecido locutor esportivo da Rádio Itatiaia e afirma que se sente mais perto do povo em seu cargo político. Ao contrário de Soninha, ele descreve a política como algo “fascinante”, filosófico e cheio de desafios. Sua primeira tentativa de ser eleito foi em 1992, mas acabou tentando a candidatura a deputado estadual em 2002. Mesmo perdendo, obteve votação expressiva e, ao tentar o cargo de vereador pela segunda vez, a vitória foi certeira. “Aprendi a escutar mais as pessoas e, embora cansativo às vezes, é muito gratificante quando resolvemos as demandas dos cidadãos. Temos de ter jogo de cintura e não prometer aquilo que é antiético,
coisas impossíveis de atender”, lembra Rodrigues. Sobre a imprensa, o vereador-locutor afirma que, em certos momentos, ela faz críticas infundadas ou provocativas, aproveitando-se das circunstâncias. Mas quando a imprensa generaliza, os políticos que realmente trabalham sentem-se injustiçados. Mesmo assim ele considera o papel da mídia fundamental. Com relação a projetos que beneficiem os comunicadores, Rodrigues tem pedido sugestões de demandas por parte dos sindicatos da categoria. “Neste ponto, o Sindicato dos Radialistas é inerte, o dos Jornalistas é mais atuante”, avalia.
POR QUE ENTRAR PARA A POLÍTICA? Para a psicóloga e professora do curso de Comunicação do Centro Universitário Newton Paiva, de Belo Horizonte, Sylvia Flores, o que faz uma pessoa deixar a área em que atua para se ocupar de um cargo público depende muito da história de vida e da cultura da comunidade em que a pessoa vive. Muitos, afirma, ingressam na política mais pelo chamado, pelo perfil de personalidade, responsabilidade e comprometimento com o social. Geralmente, aponta a psicóloga, esse chamado é mais atuante nos profissionais ligados à área Divulgação
Sylvia: alguns comunicadores ingressam na Política mais pelo chamado social, pelo perfil de personalidade, responsabilidade e também pelo comprometimento com os cidadãos
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eleitorado e fazer promoção pessoal. A senadora argumenta que os candidatos já teriam espaço de campanha em rádio e TV previstos na legislação eleitoral e não deveriam usar o espaço na mídia em sua promoção pessoal, mesmo que de maneira ‘subliminar’. Segundo ela, essa estratégia prejudica a alternância de poder. E ela vai mais longe: quer impedir os comunicadores eleitos de continuarem a exercer a profissão. E quer impedir também que políticos eleitos se tornem comunicadores. O projeto de lei que ela está propondo proíbe os detentores de mandatos eletivos de exercerem atividades em rádio e TV. Essa medida também teria o objetivo de coibir a autopromoção.
Serys: os comunicadores eleitos devem deixar de exercer suas funções a fim de evitar a autopromoção de seus cargos eletivos. Isso vale principalmente para os profissionais de rádio e TV
de humanas, que têm mais contato com a sociedade. “Mas é possível se encantar pelo salário e assim se perder no meio do caminho”, observa Sylvia. Segundo ela, quando um comunicador decide entrar para política, as probabilidades de exercer um bom mandato são muito maiores. Se um jornalista se dispõe a entrar para a política, afirma Sylvia, quanto mais experiência ele tiver como profissional da área, as chances de ele ser um bom político será maior. O comunicador está acostumado a ouvir e a perguntar. O fato de ele ter contato com o social, com as mais diversas realidades, automaticamente o faz tirar as conclusões disso e elaborar uma visão de mundo, de forma mais coerente a partir da sensata percepção da realidade. O psicólogo e professor na Universidade Paulista (UNIP), Oliver Zancul Prado, concorda com Sylvia e acredita que tudo depende da história de vida e da cultura que o profissional está inserido. Não se pode negar que, pelo fato do jornalista, principalmente os de TV e rádio, estar sempre nas casas das pessoas, ajuda o candidato a largar na frente. O jornalista é apenas mais uma possibilidade como todos os outros. Ele tem a sua imagem divulgada junto à sociedade e, por isso, apresenta certa vantagem sobre o médico, o advogado ou outro profissional qualquer. “Não acredito que o fato de estar ligado à área de humanas seja um fator decisivo para o ingresso na política, mas sim a sua histó-
ria de vida, sua cultura e a sua formação como ser humano”, avalia Zancul.
COMUNICADOR LEVA VANTAGEM? Apesar dos trâmites políticos por não haver nenhum tipo de diferenciação entre políticos que nunca lidaram com comunicação e os políticos que também são comunicadores, há quem considere injusta a competição eleitoral entre os candidatos comunicólogos e não comunicólogos. A senadora Serys Slhessarenko, presidente do diretório regional do PT de Mato Grosso e pré-candidata ao governo do Estado, é uma das pessoas que pensam assim e vêm propondo o Projeto de Lei 684, de 29/11/07. Nele, a senadora pede que apresentadores, locutores e comentaristas de rádio e TV deixem suas funções pelo menos um ano antes das eleições para se candidatar a mandatos eletivos. Na legislação atual, esses profissionais devem deixar suas funções pelo menos três meses antes da eleição para concorrer ao pleito. Mas, se a convenção do partido apresentá-los oficialmente como candidatos antes desse prazo, a saída do cargo deve ser a partir da apresentação. Serys explica que o uso da palavra, cotidianamente, pelo comunicólogo, seja para prestar serviços, informar ou entreter o público, fere a isonomia eleitoral. E por um motivo simples: os comunicadores usam da concessão pública dos veículos onde trabalham para contatar diretamente o
Serys argumenta que os representantes eleitos já teriam a possibilidade de utilizar os meios de comunicação públicos e privados para divulgar suas ações junto à população, fazendo-se desnecessária a presença deles no rádio e na TV. O projeto de lei 684 aguarda a leitura da relatoria da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Caso seja aprovado, os comunicadores que tiverem o desejo de ser políticos terão de optar entre a política e a Comunicação ou, então, desistir da profissão. Por outro lado, segundo a psicóloga e doutoranda em Psicologia Social da UERJ, Valéria Ruiz, a política está em todas as ações humanas. Mesmo quando a pessoa Divulgação
Oliver: ser comunicador pode ajudar mas não é fator decisivo no resultado da eleição
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Gonçalves: nunca escolhi meus candidatos pelo fato de serem comunicadores. Valorizo as propostas apresentadas, projetos que priorizem a educação, saúde, segurança pública, entre outros
se diz neutra politicamente, ela está sendo política por adotar essa posição. Por outro lado, quem deseja entrar de cabeça na área precisa ser coerente. Ela conta que é mais uma questão de comprometimento e conquista no dia a dia. “Conquistar o outro deve ser um exercício pautado pela ética. Além disso, o fato de se tornar público, coloca-o sempre em evidência e deixa-o muito vulnerável tanto para o bem quanto para o mal”, avalia Valéria. E se as promessas não acontecerem conforme prometido? E se a honra e a honestidade do político ficarem em cheque? Valéria afirma que não é um processo muito fácil, pois estaria mais propenso às críticas. “Os ocupantes de cargos públicos precisam prestar conta de suas ações e estar abertos aos diálogos, buscando sempre uma reflexão crítica sobre a coerência entre suas práticas cotidianas e seus compromissos éticos. Devemos ser pautados o tempo todo por esse viés de troca, lembrar dos compromissos firmados e ter essa prática cotidiana pautada por esses objetivos”, afirma a psicóloga. A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, afirma que a profissão de comunicador é como outra qualquer e não credencia ninguém a um cargo público. Para ela, os conhecimentos na área da Comunicação fazem-na entender melhor a atuação da mídia, porém, para ser eficaz na gerência de uma cidade, é preciso ter um olhar amplo e é isso que ela busca. “É preciso compromisso com os mais pobres, que são exatamente os que mais precisam da
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ação do poder público. Governamos para todos. O comprometimento deste profissional com a sociedade e com as lutas históricas dos trabalhadores é que pode torná-lo um ‘bom político’”, observa Luizanne. E a prefeita dá a dica: “perceba as dificuldades do povo, pense no bem comum e priorize os mais pobres. Isso fará a diferença”.
COMUNICADOR VOTA EM COMUNICADOR? O presidente da Rádio Inconfidência e apresentador do programa “Rede Mídia”,
da Rede Minas, José Eduardo Gonçalves, disse não ter escolhido seus candidatos pelo fato de serem comunicadores. Segundo ele, o voto precisa ser em função das idéias e propostas que o candidato apresenta. Para ele, projetos que priorizem a educação, saúde, segurança pública, transporte urbano e democratização da cultura são os mais interessantes. “Não acredito que qualquer questão ligada à Comunicação tenha mais prioridade que estas neste momento. Mas valorizo o político que, além de priorizar as questões citadas, proponha uma reflexão sobre o papel e as responsabilidades dos meios de comunicação na construção de uma sociedade mais democrática e igualitária. É importante que os eleitos se comprometam com a questão da liberdade de imprensa e de opinião”, explica o apresentador. Gonçalves não cogita a hipótese de um dia ele mesmo se candidatar a algum cargo público, e não acredita que exista nenhum vínculo que comprove que um bom comunicador possa ser um bom político. Um jornalista ético poderia ou não ser um político competente. Ele lembra que a ética deve ser seguida por todos, não só por comunicadores. E que o fato de ser ético, por si só, lembra o presidente da rádio, não basta para assegurar uma política de qualidade. Para o apresentador, um bom político precisa defender os direitos da população e ter integridade moral para lidar com a Divulgação
Valéria: Conquistar o outro deve ser um exercício pautado pela ética. O fato de se tornar público, coloca-o sempre em evidência e deixa-o muito vulnerável tanto para o bem quanto para o mal
coisa pública. O político precisa dialogar com as diversas forças da sociedade, estar disposto a buscar conhecimentos novos e aprender constantemente, além de ser um administrador com bom senso e equilíbrio para usar os recursos técnicos, humanos e orçamentários que estão ao seu dispor. Além disso, ele precisa ser capaz de montar e liderar equipes de trabalho que sejam voltadas para resultados. “Um bom político deve ser apaixonado pelo seu trabalho e desejar fazê-lo sempre melhor, assim como qualquer bom profissional deve ser apaixonado pelo seu ofício”, ressalta José Eduardo. O jornalista acredita que o que leva muitos de seus colegas a concorrer a cargos públicos seja o desejo de participar da vida pública e contribuir com o debate democrático. Para ele, esse precisa ser o anseio daqueles que buscam a carreira política. Mas Gonçalves afirma que infelizmente nem sempre ou quase nunca é isso que os candidatos buscam. “Pode ser que existam comunicadores que queiram usufruir dos inúmeros privilégios que a vida parlamentar oferece, mas quero crer que bons políticos sabem como se man-
ter distantes de tantas facilidades, optando por um trabalho sério e compatível com a importância da política no sistema democrático”, observa. O presidente da Inconfidência lembra que, dentre as muitas regalias a que um político tem direito, incluem-se a imunidade parlamentar e a carga horária de trabalho menor que a de qualquer trabalhador brasileiro. A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, afirma que o cidadão deve orientar seu voto para aquelas pessoas que possuem projetos concretos para desenvolvimento da sociedade, independente de sua profissão. Seja médico, assistente social, professor ou comunicador, o importante é que o candidato atue na defesa da sociedade e possa levar a luta do povo para o Parlamento ou para o Executivo. A Comunicação, aponta a prefeita, é um direito da sociedade e a usará em benefício de sua cidade. Em sua gestão, diz ela, a Comunicação é pensada para além do marketing e da publicidade, sempre como um direito da sociedade. “Por isso, desde o início, procuramos fortalecer nossos laços com os profissionais que fazem a comunicação popular. Montamos um seminário sobre ‘A Comunicação que queremos’ e incentivamos a criação da Rede de Comunicadores Populares, com a qual mantemos um diálogo frequente. Além disso, estabelecemos uma parceria com veículos alternativos”, explica a prefeita. O vereador belohorizontino Adriano Ventura conta que, durante as eleições, não esperou apoio dos colegas jornalistas, devido ao histórico que a classe tem de que ‘comunicador não vota em comunicador’. A imprensa não se mobiliza nem para defender suas causas sindicais quanto mais para ajudar o colega. Segundo ele, os comunicadores de Minas Gerais são conservadores e não têm tradição de ter jornalistas em cargos eletivos. “Um ou outro é eleito, mas pelo povo. Se eu fosse esperar voto dos colegas de profissão para ganhar eleição eu estaria perdido”, brinca Ventura.
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Luizianne: seja qual for a profissão do candidato, ele deve priorizar as pessoas que o elegeu
Por outro lado, Ventura está aberto ao diálogo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais para saber sobre as necessidades da classe, discutindo o que o comunicador espera de sua gestão. Mas diz que é um grande desafio, pois uma coisa é atuar de um lado como jornalista, outra coisa é estar junto às maquinas públicas para ouvir os eleitores como cidadãos. “As pessoas começam a nos observar mais como político e não tanto como jornalista, mesmo que hoje a política esteja mais acessível à população. Mas não acho que é pior e nem melhor. Só acho que agora é diferente e tenho que entender que esta minha atuação faz com que a minha realidade mude. Uma coisa é falar do que aconteceu, falar dos problemas da sociedade e tal. Outra é você encontrar soluções palpáveis”, explica o vereador recém-empossado. O radialista mineiro João Vitor Xavier tem opinião diferente. Durante a candidatura, afirma ele, contou com o apoio de alguns jornalistas e dos colegas de trabalho da Rádio Itatiaia. Assim como Ventura se mostrou aberto a discutir projetos que sejam de interesse da classe, Xavier diz que também pretende procurar sindicato da categoria para discutir e avaliar idéias e saber o que, de fato, precisa ser feito. “Quero representar a classe legitimamente bem”, diz o jornalista. Agora é esperar para ver o que acontecerá nos próximos quatro anos.
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PARA O ALTO E AVANTE! Quem acha que vida de repórter é só ‘correr atrás da notícia’, comete ledo engano. Hoje, vida de repórter é também ‘voar atrás da notícia’. A briga pela audiência saiu da terra e agora, pelos céus, busca o melhor ângulo da reportagem para atrair ouvintes e telespectadores. A função de Repórter Aéreo tem se mostrado uma importante ferramenta nesta guerra da comunicação de massa. Voando por toda a cidade, ele dá as notícias em primeira mão - seja no rádio ou nos boletins da TV - sobre como anda o trânsito ou mesmo acidentes graves. Esse tipo de reportagem está despertando cada vez mais a atenção das grandes emissoras, que estão investindo pesado na estratégia. Mas nada é tão fácil quanto parece! ROBERTO CAIAFA
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pós o fim da Guerra do Vietnã, em 1975, existia nos Estados Unidos uma verdadeira massa de pilotos desmobilizados e sem trabalho. Em Los Angeles, na Califórnia, a experiência com reportagem aérea para emissoras de rádio já era uma realidade há décadas, mas somente em meados dos anos 70 é que surgiram as primeiras coberturas aéreas para as emissoras de TV. Usando a experiência dos pilotos desempregados aliada às equipes completas de jornalismo, o conceito se estabeleceu nos EUA. E como todo mundo sempre copia as boas idéias, o repórter aéreo chegou ao Brasil. Na década de 70 não existiam no país equipamentos e pilotos homologados ou uma doutrina de uso de helicópteros em transmissões de TV, ainda mais ao vivo. Foi a obstinação do jornalista Hamilton Alves da Rocha, o Comandante Hamilton, que mudou essa história. Piloto recémformado, ele iniciou a carreira na metade dos anos 80. Antes de ser repórter aéreo, trabalhou em produtoras de vídeo e cinema, mas só em 1989 ingressou na TV. Na
JP Moralez/Revista Asas
época, diz ele, tudo era muito difícil. A TV trabalhava com material descartável, não tinha preocupação com a plasticidade e com a beleza da imagem. No final da década de 80, voar num helicóptero era muito caro e não justificava o uso. Com muito custo, Hamilton conseguiu mudar esse quadro, tendo como referência o trabalho que os norte-americanos faziam com suas aeronaves. “Fiz várias viagens a Los Angeles para ver como tudo funcionava. Aos poucos, fui vencendo o preconceito e entrando cada vez mais nos programas de TV”, lembra ele. Mas, como tudo que é novidade deixa as pessoas desconfiadas, veio a desconfiança e as repreensões de órgãos oficiais, como a Aeronáutica. Os equipamentos eram improvisados, pois não havia nada parecido em uso no Brasil. Assim, multas e punições eram rotina. Aos poucos, porém, o Comandante Hamilton mostrou que o uso do helicóptero na TV brasileira era um novo serviço que emergia, e não uma forma marginal de usar a aeronave, como alguns pensavam.
Seguindo a mesma trilha do comandante estava o jornalista Geraldo Nunes, da Rádio Eldorado FM, em São Paulo. Com recorde mundial homologado pelo Guinness Book como o repórter aéreo em atividade que mais voou no mundo, ele também é um profissional de destaque. Em seu extenso currículo, já protagonizou cenas que entraram para a história do jornalismo, como a cobertura do enterro de Ayrton Senna, em 1994 e o surpreendente sequestro da filha de Sílvio Santos, em 2001. Para Nunes, a carreira de repórter aéreo começou por acaso: ele entrou como substituto de outro colega e nunca mais parou.“Eu sonhava em voar e, mesmo sendo uma tarefa cheia de riscos e desafios, topei a parada”, brinca. Quanto aos riscos da atividade, ele afirma que voar pelo céu paulista é um grande desafio, especialmente na capital, São Paulo, com seus 13 milhões de habitantes e cerca de cinco milhões de automóveis, sem falar nos cerca de 500 novos emplacamentos de veículos por dia no Detran. Mas não
é só de trânsito que vive um repórter aéreo, o lado cidadão também é muito forte. Exemplo disso, lembra Nunes, foi a cobertura da queda do Fokker 100 da TAM, em 1996. “Estávamos ao vivo e fomos direto para o local do acidente, nas imediações do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Passamos as primeiras informações e ajudamos a monitorar os corredores especiais de acesso para ambulâncias e os bombeiros”, recorda. No Rio de Janeiro, o serviço de repórter aéreo foi implantado em 1988, na Rádio JB (Jornal do Brasil). Na época, a aeronave usada era também um Robinson R-22 e depois um Hughes 300. Segundo o repórter aéreo Genilson Araújo, o primeiro jornalista a fazer este tipo de reportagem foi Carlos Couto, seguido de Nicolau Maranini e Douglas de Felice. Araújo assumiu somente em 1989 e continua na função até hoje, contabilizando mais de 12 mil horas voadas. “Sobrevoar a Cidade Maravilhosa, suas praias, a entrada da baía da Guanabara, a ponte Rio - Niterói, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar são presentes que recebo diariamente em meu local de trabalho – o helicóptero”, diz o repórter.
rio mudou muito por conta destes fatores”, observa.
tempo de chegada de um resgate ou socorro. “Este profissional tem uma enorme responsabilidade social”, avalia Datena.
Para José Luiz Datena, apresentador do programa Brasil Urgente, da Band, a reportagem aérea brasileira tem a mesma importância que o serviço nos EUA, onde tudo começou. Ele afirma que o repórter aéreo é um serviço especializado com reflexos no bem-estar da população, pois soma forças ao trabalho das Polícias, dos Bombeiros, Defesa Civil e muitos outros envolvidos. Em alguns casos, por já estar sobre a ocorrência, o repórter ajuda a orientar outros profissionais, minimizando o
A atividade de repórter aéreo também mexeu com o mercado de profissionais de aviação em todo o Brasil, especificamente de asas rotativas. Quem afirma é o diretor de segurança de voo da Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros (ABRAPHE), Comandante Hoel Tadeu de Carvalho. Segundo ele, somente o Estado de São Paulo possui atualmente 465 helicópteros registrados e muitos estão voando em outras praças.A demanda por pilotos qualificados em asas rotativas, informa Carvalho, cresceu muito nos últimos cinco anos. As próprias empresas do segmento de imagens e transmissões aéreas desenvolveram doutrinas próprias de operação, já que o voo jornalístico se reveste de características peculiares, como a constante realização de voos pairados, ou seja, quando a aeronave
Em 20 anos de atividade, ele pôde acompanhar o crescimento urbano e desordenado do Rio, principalmente a expansão das favelas e o caos do trânsito. Além disso, afirma Araújo, existem setores do espaço aéreo carioca que não podem ser sobrevoados, tal o poder de fogo dos traficantes de drogas, que aumentou muito nos últimos 15 anos. “Aí você percebe o tamanho das nossas dificuldades; o vôo no
Fotos: Divulgação
Comandante Hamilton: tudo o que é novo as pessoas têm a tendência de não aceitar e acreditar, mas pouco a pouco passaram a confiar na reportagem aérea
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fica imóvel no ar, sobre o local do fato que está sendo coberto e deslocamentos sobre áreas densamente povoadas. No entanto, todas as manobras são feitas seguindo rígidas normas de segurança ditadas pela Aeronáutica. Mas o grande problema dos helicópteros na capital paulista são as constantes reclamações de populares com relação ao ruído causado pelos aparelhos. “Há uma luta travada por organizações de moradores para reduzir o número de helipontos homologados na área urbana, o que poderá restringir a quantidade de aeronaves liberadas para voar sobre a cidade”, aponta o comandante Hoel. Mas avanços como o inédito sistema de corredores aéreos especiais para helicópteros, único no mundo, aumentou consideravelmente a segurança de operação, o que se comprova pelo baixíssimo número de acidentes.
BRIGA PELA AUDIÊNCIA COMEÇA CEDO Como os tempos são outros, em algumas das principais capitais do Brasil emissoras de rádio e TV brigam cada vez mais pela audiência em seus boletins especiais. E nada melhor que oferecer um diferencial aos ouvintes e telespectadores: foi seguindo este conceito que a função de repórter aéreo começou a ressurgir em várias redações. Hoje, até o repórter aéreo pauta matérias na redação, já que ele está nas ruas, ou melhor, no céu, mais cedo e mais
rápido que a reportagem convencional. Nem sempre é o mesmo profissional que sai a voar em busca de notícias. Existem redações em que aquele que chega primeiro ao trabalho é o que pega a pauta aérea; em outros, já existem os repórteres fixos, como a carioca Simone Crisóstomo, repórter das rádios Band News FM e Extra, em Belo Horizonte. Simone sobrevoa a capital mineira desde 2008, de segunda a sexta-feira e transmite direto de um pequeno helicóptero amarelo, modelo Robinson R-22, informações sobre o trânsito da Região Metropolitana de Belo Horizonte, além de acidentes, rotas alternativas e até mesmo prestando ajuda em situações de risco. Com entradas coordenadas a partir das oito da manhã, em voos de trinta minutos em média, a repórter alterna seus boletins entre as rádios, abrangendo ouvintes de diferentes perfis. “Na Extra, o público jovem permite certa liberdade, posso brincar um pouco com as informações. Já na Band News, o perfil é mais contido, focado na informação. É gratificante saber que nosso trabalho lá em cima pode fazer a diferença para muitas pessoas logo no início do dia. Creio que ajudamos o lado psicológico dos cidadãos”, observa a repórter. Todas as manhãs, na Band, é feita uma breve pauta, após a apuração do radioescuta. Em cima da rota prevista é que se ordenam as entradas das notícias. “A Simone tem total liberdade para montar ou modificar as pautas, de acordo com o que o voo for apresentando. Não raro, fatos inusitados
obrigam até a um replanejamento da rota de voo. É algo muito dinâmico, tudo pode mudar em vinte minutos”, afirma Maressa Souza, coordenadora da Band News. Para um perfeito trabalho, avaliam os repórteres aéreos, a interação entre piloto e jornalista é fundamental. O texto tem que sair na hora, é muito dinâmico e, à medida que as informações são reunidas, o repórter tem que planejar sua próxima entrada, coordenando o áudio ou a imagem com o piloto. Nesses casos, é ele o diretor de imagem. O piloto deve estar atento o tempo todo, pois ele tem que pilotar a aeronave de forma segura, possibilitando as melhores imagens do trânsito durante o percurso. Simone conta que, antes da decolagem, faz-se uma apuração com as polícias Rodoviária e Militar, além de órgãos de trânsito, bombeiros e outros envolvidos com a malha viária urbana. “Além de estarmos focados no trânsito, devemos tomar cuidado com as condições do tempo e também vigiar o espaço aéreo à nossa volta”, lembra. Para Geraldo Nunes o dia também começa bem cedo. Ele acorda às três e meia da manhã e logo um carro da rádio paulista Eldorado FM vem buscá-lo para apresentar o programa ‘De Olho na Cidade’, que vai ao ar das cinco às seis da matina. “Leio meus e-mails e sigo para o helicóptero. Embarco às 7h30, sobrevoo São Paulo até as 9h15 e, na parte da tarde, das 17h30 às 18h30”, informa Nunes. Em feriadões são comuns os voos noturnos e prolongados. JP Moralez/Revista Asas
Geraldo: a carreira de repórter aéreo começou por acaso, substituindo um colega de trabalho
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Normalmente Nunes utiliza rotas especiais para helicópteros e, como se trata de um serviço específico e de utilidade pública, ele também faz voos fora das rotas. A aeronave utilizada é um R-22 que custa em média US$ 200 mil e tem um custo de hora/voo de R$ 750,00. Já na TV, a equipe voa cerca de 50 a 70 horas por mês sem horário pré-determinado. Para as rotas, o critério é o mesmo adotado na cobertura radiofônica. A aeronave utilizada é um Robinson R-44 Newscopter ENG, que custa cerca de US$ 900 mil. O piloto que trabalha com Genilson Araújo, o Comandante Ricardo Malaguti, da Helinews, empresa carioca de Serviço Aéreo Especializado (SAE), com foco em aeroreportagem e aerocinematografia, afirma que a audiência é sempre muito alta em dias de chuva forte. O ouvinte quer saber quais são as melhores opções para fugir do trânsito e dos alagamentos, muito comuns no verão. Na TV o interesse é pelas imagens, no ao vivo, de como anda a situação naquele momento, principalmente quando são mostrados pessoas ilhadas, carros sendo levados pela enxurrada e desmoronamentos. Ele lembra algumas notícias marcantes, como o incêndio no Aeroporto Santos Dumont e as chuvas de verão de 1996, que praticamente pararam o Rio de Janeiro. “Naquele dia voamos cerca de sete horas”, conta Malaguti.
ENTROSAMENTO É ESSENCIAL De acordo com o repórter aéreo Genilson Araújo, o entrosamento é uma ferramenta importante para que cada um – piloto e repórter – realize seu trabalho com segurança e eficácia. Ele afirma que o repórter deve conhecer um pouco dos procedimentos operacionais do equipamento e as regras aeronáuticas. O objetivo é saber quais os limites que o piloto tem para atender as solicitações do jornalista. Por sua vez, o piloto deve entender que, para o repórter, o atrativo visual e a importância do fato em si contribuirão para o interesse jornalístico, tanto na TV quanto no rádio. Segundo José Luiz Datena, a parceria entre ele e o Comandante Hamilton tem garantido boa interação e pontos no ibope. O trabalho de repórter aéreo, afirma, é muito dinâmico; em uma cidade com 22 milhões de habitantes e centenas de fatos acontecendo, não é possível pautar nada antecipadamente. Para o comandante tudo isso só é devido a muita concentração e disciplina, priorizando a segurança do voo, a navegação e instrumentos do helicóptero, além da fonia aeronáutica, que é a comunicação com outros helicópteros e órgãos de controle. “Só após checar tudo é que posso falar com o Datena e o pessoal da programação da Band. Depois que a turma do radioescuta informa as ocorrências à
coordenação do programa e por último, os profissionais da central técnica, que cuidam do sinal de recepção do helicóptero, em microondas”, informa o Comandante Hamilton. Datena não poupa elogios ao colega de programa e afirma que ele é um excelente piloto, além de grande jornalista. “Ele pilota, atua, informa, interage ao vivo e sempre consegue a melhor imagem, o melhor ângulo. A experiência como piloto e o faro jornalístico dele sempre me impressionaram. Estamos há mais de seis anos juntos e posso garantir que a habilidade do Hamilton é ímpar. Quando estamos ao vivo, a interação é muito natural, tamanha a cumplicidade que temos. E olha que ele tem de pilotar a aeronave, fazer a fonia, receber informações do estúdio da Band e ainda atender às minhas solicitações”, confidencia o apresentador. E basta que o Comandante Hamilton decole para que comece o serviço de radioescuta e a seleção das ocorrências que entrarão no programa. O Brasil Urgente mantém um monitor no estúdio para acompanhar a localização do jornalista e da equipe e para coordenar as entradas ao vivo.
ACIDENTES ACONTECEM Quando ainda voava no céu do Rio de Janeiro, Simone Crisóstomo, das rádios Band Fotos: Roberto Caiafa
Simone e Parra: entrosamento profissional na busca de melhores reportagens na capital mineira
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News e Extra, enfrentou alguns momentos tensos. Quando sobrevoava a Enseada de Botafogo com um Jet Ranger, um urubu colidiu com a aeronave. “Sequer vimos de onde ele veio, ainda bem que só ele levou a pior”, lembra ela. Em outro voo, Simone estava ao vivo e o piloto passou mal, vomitando no colo dela, já que estavam lado a lado. “A vida de um repórter aéreo nem sempre é muito glamourosa, mas Deus foi gentil e conseguimos pousar em segurança. Esse piloto foi um dos melhores com quem já voei, tanto que hoje ele faz voos off-shore para a Petrobras”, acrescenta a repórter. Com o comandante Hamilton, mais de 20 anos de carreira, a história não seria diferente. Já aconteceu quase tudo, como a parada da turbina do Bell Jet Ranger, avalia-
do em US$800 mil; a quebra da haste do rotor de cauda de um R-22; e uma linha de pipa enrolada no rotor de cauda, o que provocou o pouso quase sem controle dos pedais. Em outra situação, o repórter que voava com ele enroscou o fio do microfone na manete do AS 350 Esquilo, avaliado em US$ 2 milhões, obrigando-o a pousar, quase sem potência, em uma área gramada. Em todos os casos, avalia o comandante, houve pelo menos uma pequena falha humana. “Graça a Deus sempre tive muita sorte. Com rapidez e calma sempre consegui sair das panes sem quebrar a aeronave ou ferir pessoas”, observa. Em se tratando de acidentes pes-
soais, um dos mais inusitados foi o registrado em 2005, quando o Robinson R-22 em que voava o repórter Geraldo Nunes teve uma pane de motor, perdendo potência e fazendo com que o piloto lançasse o helicóptero na pista da Marginal Pinheiros, em São Paulo. A aeronave se arrastou por mais de 30 metros e foi parar debaixo da Ponte Eusébio Matoso. Portador de paralisia infantil, Nunes e o piloto saíram ilesos. Segundo ele, o piloto acertou em cheio ao descer na pista, esbarrando somente em um carro e, em seguida, tombando a aeronave, que se arrastou até a ponte.
SISTEMA DIGITAL Com a chegada da TV digital ao Brasil, novas demandas surgiram no trabalho de repórter aéreo e, consequentemente, novas
Globocop: a aeronave mais conhecida da reportagem aérea no Brasil é sinônimo de qualidade e profissionalismo
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tecnologias, equipamentos e outros desafios profissionais. Adaptar um helicóptero para transmissões de TV exigiu peças muito mais sofisticadas e caras do que as usadas no rádio e TV convencionais. Atualmente, grande parte dos helicópteros utilizados já possui o novo sistema de transmissão. Segundo o Comandante Hamilton, repórter aéreo da Band, a TV de alta definição exige câmeras de qualidade muito mais apuradas que as convencionais, e, de certa forma, todo o trabalho de imagem teve que ser reaprendido. O requisito técnico da aparelhagem digital é muito grande e diferente do analógico.A resolução das imagens geradas exigiu novos parâmetros de pilotagem, pois a HDTV não perdoa, mostra a imagem real com todas as suas nuances. Emissoras como Rede TV, Record, RBS TV, Rede Globo, Band News, entre outras, já adaptaram suas aeronaves e atualmente operam com o novo HDTV. O modelo TV mais utilizado é o R-44 Newscopter ENG (Electronic News Gate) que já vem de fábriDivulgação
Detalhe da câmera de vídeo giroestabilizada montada no nariz da aeronave
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ca pronto. A aeronave é equipada com um sistema de microondas, analógica ou digital, para recepção e transmissão de áudio e vídeo, guiado por um sistema de GPS que sempre direciona a antena para a estação receptora da emissora de TV.
FERRAMENTAS DE OFÍCIO O modelo Robinson R-22 é um pequeno helicóptero capaz de levar duas pessoas, piloto e repórter. Este é o mais popular para o trabalho, pois alia economia de operação e manutenção com o porte ideal para transportar uma equipe enxuta e magra devido ao pouco espaço interno. Debaixo do banco do repórter ficam os rádios do link de terra e outro para fazer a escuta da transmissão. O piloto e o repórter dispõem de ampla área envidraçada, com total visibilidade para frente e para baixo. Além disso, um rádio stand-by serve de back-up em caso de pane do principal. Leve e impulsionado por um motor Lycoming confiável e barato de manter, a aeronave conquistou uma legião de fãs Divulgação
Manete de comandos das câmeras de vídeo, operadas pelo cinegrafista
mundo afora, tornando-se o mais vendido helicóptero a pistão para diversas funções, que vão da versão policial até a inspeção de cabos de transmissão de torres de energia elétrica. Segundo o Comandante Parra, piloto de Simone Crisóstomo, das rádios Band News e Extra, de Belo Horizonte, o modelo é muito versátil. A pequena área de rotor e baixo peso permitem voos tranquilos, sem alarmar ou perturbar os moradores com muito barulho ou vento. Já a pilotagem requer atenção total, pois seus comandos são mecânicos e bem duros e a aeronave é bem arisca. O motor a pistão reduz custos, além de disponibilizar boa assistência técnica. Atualmente, o mais potente e espaçoso é o modelo Robinson R-44, com capacidade para quatro pessoas. O posto do operador das câmeras mais parece um grande vídeo game com um super manete. Seus controles especiais permitem ao cinegrafista abrir ou fechar a imagem, execuDivulgação
Vista dos monitores de vídeo do piloto e cinegrafista, usados para visualizar a transmissão
Roberto Caiafa
Panorâmica da aeronave Robinson R-22, um dos mais usados no serviço de repórter aéreo
Divulgação
logomarca da emissora. No Rio, o Esquilo prefixo PT-HLU faz a cobertura diária para os jornalísticos e também para os grandes eventos como carnaval, réveillon, eventos esportivos e megashows. O helicóptero é equipado com a câmera giro estabilizada (analógica) e câmeras internas para repórter, piloto e observador/tripulante extra. Já em São Paulo, a aeronave prefixo PTHND faz o mesmo trabalho, além de ser deslocada eventualmente para coberturas especiais no litoral (Guarujá) e interior do Estado. Em Belo Horizonte, o Globocop prefixo PP-MAT é um modelo R-44 Newscopter, anteriormente baseado no Campo de Marte, em São Paulo, e atualmente no hangar nº 4 do Aeroporto da Pampulha. O piloto, Comandante Marco Antônio Martini, informa que a equipe decola antes do noticiário entrar no ar, por exemplo, ao final da manhã. Quem cuida das imagens é o ci-
Equipe: o repórter Genilson Araújo ladeado pelos pilotos Aécio e Ricardo Malaguti. O bom entrosamento e novas tecnologia têm garantido um trabalho de qualidade no céu do Rio de Janeiro
tar zooms e manter o foco durante uma veloz perseguição policial, por exemplo. A câmera opera em elevação e giro sobre o próprio eixo, e possui conjunto óptico poderoso, montado no nariz do helicóptero. Além disso, a aeronave possui monitores digitais especiais protegidos contra reflexos do sol, o que permite ao piloto e ao operador da câmera visualizar o que está sendo filmado e manter o link com a emissora. Os fones de ouvido são preparados para dividir a conversa interna entre tripulantes do áudio de rádio com os órgãos aéreos, o que requer concentração e treinamento. Além destes, os helicópteros AS-350 Esquilo, fabricados pela Helibrás, em Itajubá,
Roberto Caiafa
Minas Gerais, são outra boa opção. É uma aeronave mais cara por ser maior e mais potente. Possui motor turbinado, comandos hidráulicos assistidos e maior capacidade de carga e passageiros. O modelo pode ser equipado com todos os arranjos do R-44 ENG TV. Com mais de vinte anos de experiência na operação de helicópteros para fins jornalísticos, a Rede Globo, primeiro no Rio de Janeiro, e depois em São Paulo, iniciou suas operações com modelos Esquilo Newscopter. Foi daí que surgiu o nome GloboCop, que acabou sendo padronizado para todas as aeronaves da casa. Os helicópteros adotaram um padrão cinza-prata e o logo Globocop nas laterais, ao lado da
Maressa: a audiência dobrou na Band News FM após a entrada do serviço da repórter aérea
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Fotos: Roberto Caiafa
Wilson: a empresa custeia as despesas do aeronave e viu na iniciativa uma bom marketing
negrafista Benjamim Fridman, produzindo o que a redação precisa. Como as câmeras atuais possuem lentes com zoom poderoso, não é necessário voar baixo para obter as imagens, tornando o voo mais seguro. “Mesmo com toda segurança, alguns repórteres demonstraram medo ao saber que iriam voar. Mas nada que um pouco de conversa não tenha resolvido. Na maioria das vezes, o voo é feito sem o repórter a bordo, e as imagens são cobertas pela fala do apresentador, direto do estúdio”, informa o comandante. Além das três capitais do sudeste, a Rede Globo mantém aeronaves para uso jornalístico por meio de fretamento em Recife (Bell Jet Ranger 206B PT-HPL), que faz a cobertura daquela parte da região nordeste. Em outras cidades, somente sob demanda. Já a Rede Record de São Paulo utiliza uma aeronave Esquilo, conhecida como “Águia Dourada”, prefixo PT-YRE e baseada no
Campo de Marte. O helicóptero, na cor dourada, está equipado com o mesmo tipo de sistema analógico do Globocop
percebido e descobrimos que o repórter aéreo funciona como um chamariz para atrair e fidelizar o ouvinte, diz.
PATROCÍNIO É IMPORTANTE
Na capital mineira, a reportagem aérea da Band News conta com o apoio da Fon Fon Pneus, tradicional revenda dos produtos Goodyear, e da Marítima Seguros, uma das grandes empresas no segmento. Segundo Wilson Navarro, um dos diretores da Fon Fon, 90% do custo do projeto recai sobre a aeronave e, deste percentual, 60% são para manutenção. O restante é para custos operativos como combustível, lubrificantes, salário do piloto e despesas administrativas. Os 10% restantes representam o custo da renumeração do repórter aéreo. O helicóptero, grafado com a logo da empresa, utiliza o hangar da Helimed, empresa de resgate aeromédico.
Em algumas emissoras, como a Band News FM, o patrocínio de empresas foi fundamental para viabilizar a reportagem aérea, pois o custo hora/voo é muito alto, em média R$ 700,00. Segundo Maressa Souza, coordenadora da emissora em BH, a rádio manteve uma estratégia definida para trazer o serviço de repórter aéreo. Segundo ela, a intenção era disponibilizar um serviço diferenciado aos ouvintes nas principais capitais. Como o trânsito da capital mineira cresceu muito, avalia, a demanda se tornou enorme e o esquema de câmeras de vigilância das operadoras de tráfego e relatórios de agentes de trânsito mostrou-se insuficiente para permitir uma informação mais completa e abrangente. Com a entrada do repórter aéreo na programação da Band News, a interatividade entre os ouvintes mais que dobrou. “O público participa ativamente enviando e-mails, sugere rotas alternativas e até agradece a ajuda que ‘veio do céu’. Para os ouvintes não basta falar da existência do problema, tem de oferecer soluções”, observa a coordenadora. Maressa informa que própria Simone Crisóstomo realizou a captação dos patrocinadores, além de ajudar na escolha da aeronave, do piloto e do local de hangaragem do helicóptero. A repercussão entre os profissionais de imprensa foi imediata e muito positiva. “O produto nos foi entregue já formatado e pronto para ir ao ar. O retorno em termos de audiência já é
Na Marítima Seguros, a união de forças com as duas rádios – Band News e Extra FM – se consolidou como um marco importante na empresa. Com o apoio, afirma Marcelo Araújo Braz, diretor de produção, a seguradora obteve maior visibilidade da marca, levando ao público-alvo um serviço de utilidade pública. “O apoio ao repórter aéreo só vem confirmar nosso compromisso com os motoristas e a população de Belo Horizonte”, conclui Braz.
Marcelo: comprometimento com os motoristas
PAZ PARA
TURISMO
TODOS OS ESPÍRITOS! MARCO ANTONIO FUKUYAMA
Se existe um jardim mais bonito que os ‘Suspensos da Babilônia’, este local com certeza está na cidade de Himeji-jo, cujo nome vem de seu imponente castelo. Localizado na província de Hyogo, no Japão, e a Oeste da grande cidade de Osaka a exatamente cinqüenta km, e 650 km da capital Tóquio, este patrimônio da humanidade é um momento de paz para nossos espíritos, principalmente nós comunicadores que vivemos no corre-corre das grandes metrópoles.
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aindo da estação de trem (pinga-pinga), o FutsuDensha, e seguindo da cidade de Okayama, após uns quarenta e cinco minutos, chega-se a uma pequenina estação chamada Aioi. É lá que acontece a troca de trem. De Aioi, a locomotiva segue direto para Himeji. Ao longo do caminho, as lindas paisagens nos convidam a uma viagem no tempo, ideal para quem quer sossego. Mas para quem prefere chegar mais rápido, a dica é ir de trembala. O trem pinga-pinga faz um trajeto diferente passando por lugares bonitos, cenários verdes e pitorescos, campos abertos com casas típicas japonesas. Após uma hora e vinte minutos de paisagens e muitas histórias, o pinga-pinga chega ao seu destino final, a cidade da Garça Branca. Saindo do trem, que sempre nos remete uma volta ao passado, a impecável estação de Himeji, formada por uma enorme estrutura, é um convite à modernidade. A quantidade de pessoas perambulando para lá e para cá com suas malas, bolsas e sacolas, e de várias nacionalidades japoneses, filipinos, canadenses ou americanos, mostram a grandiosidade do local. Da porta da estação é possível visualizar o magnífico Castelo Himeji-jo ao fundo da principal avenida. Após dez minutos a pé da Estação J.R chega-se até a entrada principal do complexo do Castelo, um exemplar da arquitetura milenar japonesa, que, desde 1993 recebeu o status de Patrimônio Cultural e Histórico da Humanidade concedido pela Unesco. Juntamente com o Matsumoto-jo e com o Kumamoto-jo, é um dos "Três Famosos Castelos" do Japão e o mais visitado do país.
O Castelo de Himeji-jo começou a ser construído por Norimura Akamatsu, por volta de 1333. Akamatsu foi um antigo governador da região de Harima. E só em 1346 que foi erguido uma pequena construção nas formas de um castelo, por Sadanori Akamatsu. A obra era de madeira e durou por duzentos e trinta anos. Logo após veio a guerra civil em 1580, quando os senhores feudais disputavam o controle do Japão.
REFORMAS MODERNAS O Castelo Himeji-jo, uma das mais antigas estruturas ainda existentes do Período Sengoku, passou por uma série de reformas ao longo dos anos. Em uma delas foram implantados detalhes que modernizavam as características arquitetônicas. Foi nesta época que ganhou o apelido de Garça Branca por sua alvenaria branca cobrindo as paredes. De longe a paisagem se completa com árvores verdes, muralha, o lago em frente e uma típica cerca japonesa de bambu. Um dos caminhos que leva ao lado interno do castelo é formado por belos jardins da era feudal. Em outra parte, largos degraus nos paredões. Existem várias aberturas que serviram na época para colocar armas de fogo ou outros tipos de armamentos para o ataque a invasores inimigos. Isso em 1549 quando começou o uso de armas de fogo. A reconstrução do Castelo Himeji-jo levou aproximadamente nove anos até ser completada – de 1601 à 1609. A obra, de acordo com registros históricos, mobilizou cerca de cinqüenta mil trabalhadores, com um custo estimado em torno de dois
Kokoen: Jardim projetado com perfeição e que encanta turistas de todo o mundo
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bilhões de dólares. A construção é de encher os olhos e de impressionar qualquer turista com sua imponência. O Himeji-jo serve como um excelente exemplo do protótipo de castelo japonês, já que apresenta muitas das características de defesa e de arquitetura militar mais associadas com esses castelos. As altas fundações em aparelho de pedra, as paredes brancas e a organização interna dos edifícios no complexo são elementos padrão de qualquer castelo daquele país. O monumento também exibe muitos outros exemplos do típico desenho japonês, incluindo posicionamento de armas e buracos para largar pedras. Um dos elementos defensivos mais importantes do Himeji-jo, e talvez o mais famoso, é o confuso labirinto de caminhos que conduzem à fortaleza principal. Os portões, muralhas exteriores e outras paredes do complexo estão organizados de forma a confundir as forças invasoras e permitir um ataque mais rápido e eficiente. A espiral em volta do castelo, com muitos caminhos sem saída, permitia que os atacantes fossem observados e atacados a partir da fortaleza durante todo o seu caminho de aproximação. O Himeji-jo nunca foi atacado dessa forma e seu fabuloso sistema nunca pôde ser testado.
Muralhas: construídas para os conflitos que nunca aconteceram
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CULTURA E PASSEIOS Saindo do complexo do Castelo Himeji-jo e já no parque, os artistas de rua dão um show de talento à parte, principalmente na música típica. O instrumento mais usado pelos artistas é Himeji e o Shamisen, instrumento de quatro cordas japonês, visualmente parecido com um berimbau. Há séculos os japoneses se divertem ao som deste instrumento, símbolo da cultura do país. Muitos turistas acabam comprando o instrumento como lembrança do passeio. E por falar em passeio, no complexo do parque o que não faltam são as lojas de souvenirs, além de muitos restaurantes típicos da região com seus pratos e bebidas típicas, sorvetes e inúmeras lojas de presente.Tudo isso bem perto da Estação J.R de Himeji. E os passeios não são tão caros. Por apenas R$ 12,00, ou seja, 500 yenes, você pode desfrutar da belíssima arquitetura da época feudal, de toda a sua história. E o melhor, o espaço pode ser visitado durante o ano inteiro. Já quem quer conhecer o Okikuido, o poço de Crisântemo, o passeio custa também 500 yenes.
Fundações: construídas por pedras para sustentar as grandes e monumentais paredes do Castelo de Himeji-jo
Para o belo Jardim Kokoen, a entrada para o público é ainda mais barato, cerca de 300 yenes, o equivalente a R$ 7,15. Já a entrada para o Museu Municipal de Artes, custa 200 yenes, R$ 4,80. O museu só não abre às segundas-feiras. E a 371 metros de altitude, o melhor passeio é o Templo Enkyoj e seus pavilhões, o ponto mais alto da cidade. Da estação de Himeji-jo até Otemonmae só se chega de bondinho suspenso. De ônibus municipal, cerca de vinte e cinco minutos.As partidas acontecem das 8h30 até às 17h. A passagem custa algo em torno de 300 yenes, R$ 7,15.
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Fotos: Marco Fukuyama
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Compras: comércio do complexo do Castelo oferece souvenirs muito interessantes
Preço: os yene s pag centavo os valem cad a por tan ta belez a
Religiosidade: em vários cantos do complexo de Himeji-jo os turistas podem fazer suas orações
Dragões: ícone típico da cultura japonesa, pode ser visto em várias partes do complexo
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ENTREVISTA
ESTAMOS PREPARADOS PARA QUALQUER DESAFIO! Lúcio Flávio Rocha é um empresário de 30 anos de idade e muito atuante no segmento de mídia exterior (Busdoor e Out-Post/Pentágono), mídia indoor (Cinema/Kinomaxx e Dirigível) e mídia alternativa (Caixas de Pizza/OneMídia). Além disso, ele divide seu tempo como colunista do maior site de notícias da propaganda sergipana, o Meio da Rua. Rocha é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade & Propaganda, e também é pós-graduado em Marketing.
RODRIGO COIMBRA
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egundo Lúcio Flávio Rocha, em Sergipe existem mais agências de publicidade que assessorias de imprensa. Mesmo assim, o mercado enfrenta grandes dificuldades, apesar de haver instituições de ensino de qualidade e empresas de excelência. “Tenho uma maior percepção deste segmento, até pelo fato de trabalhar nesta área. Temos grandes e boas agências no mercado com trabalhos de nível nacional, mas precisamos mostrar para todo o Brasil o nosso talento, o talento da comunicação sergipana!”.
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Em entrevista exclusiva para a revista PQN, Lúcio Flávio Rocha conta um pouco sobre o mercado sergipano e como as empresas enxergam o mercado da comunicação e conseguem sobreviver às crises e à adoção de novas tecnologias.
PQN - Quais os grandes desafios para os profissionais da área que querem atuar no Estado? Lúcio - Os desafios do mercado sergipano são os de qualquer cidade do interior: pequena dimensão geográfica, baixo volume populacional e consequentemente pouca quantidade de empresas. Isto faz o mercado girar menos capital, ter menos clientes em potencial e salários inexpressivos. É uma lógica matemático-financeira que regula o mercado. Mas acredito que o segmento esteja em franca expansão em face da moralização da comunicação no poder público. Atualmente, a Prefeitura de Aracaju distribui seus trabalhos entre várias agências locais e o Governo do Estado, da mesma forma, tem duas (das quatro) agências sergipanas administrando suas contas publicitárias. PQN – E para os publicitários? Lúcio – As dificuldades são inúmeras, principalmente pela falta de profissionais qualificados e a adoção de preços justos. Mesmo apresentando instituições de ensino de ponta, algumas faculdades formam profissionais sem base alguma, sem conhecimento real do mercado publicitário. Ainda estamos na era virtual e de muita base teórica. Assim como em outras capitais, os recém-formados são inexperientes.
que, ultimamente, a informática tem sido ferramenta básica de toda boa empresa da área. Não há como ficar de fora e não repassar toda uma modernidade aos clientes, seja através dos sites e até mesmo em ferramentas importantes como a web 2.0, podcasts, redes sociais entre tantas outras tecnologias que mudaram a cara da comunicação nos últimos anos. PQN - Você acredita que o mercado sergipano está preparado para atender a clientes em nível nacional? Existem empresas realizando trabalhos com excelência? Lúcio - Absolutamente! Recentemente uma agência local ganhou a licitação de uma campanha de âmbito nacional. Existe uma marca de café no Estado que faz campanhas de âmbito nacional e é atendida por uma agência sergipana. A conta do Governo é atendida por quatro agências, sendo uma do Rio, outra da Bahia e as outras duas genuinamente sergipanas.Tenho a convicção de que o mercado sergipano está preparado e muito bem preparado para qualquer desafio, seja local ou nacional. PQN - As instituições de ensino superior do Estado oferecem cursos de comunicação de nível com os pré-requisitos mercadológicos e intelectuais exigidos pelo mercado da comunicação?
E quanto aos preços, precisamos remunerar melhor nossos profissionais para obter campanhas de qualidade. Nossos custos de produção estão despencando a cada dia. Porém, não são os clientes os maiores culpados por essa política de preço baixo com que o mercado sergipano tem remunerado as empresas de publicidade, e sim algumas agências que não se respeitam e nem respeitam a ética de mercado. Algumas, para se ter idéia, não cobram nem pelo trabalho de criação, só para ganhar o trabalho, faturar apenas com os fornecedores e montar portfólio.
Lúcio- Com certeza! Uma das universidades particulares do Estado, por exemplo, chegou a ser certificada com o conceito A do MEC nos primeiros anos de abertura do seu curso, quando inaugurou um moderno complexo de Comunicação Social, com equipamentos de ponta. Esta foi considerada a melhor universidade do Nordeste na área. Nós temos aqui boa estrutura tecnológica e bibliotecas. A maioria das instituições está investindo no incentivo à capacitação dos professores, estimulando o mestrado e o doutorado e, consequentemente, uma melhor formação dos profissionais da Comunicação.
PQN - Em se tratando de tecnologias, você percebe o interesse e adesão do mercado de comunicação no uso de novas tecnologias para as campanhas de seus clientes?
PQN - Vale a pena investir em Comunicação no Estado de Sergipe?
Lúcio - Sim. O mercado de comunicação é muito receptivo às novas tecnologias, já
Lúcio - Tanto em Sergipe quanto em qualquer lugar do mundo, os investimentos em Comunicação não são mais opção, mas uma condição vital de existência de um mundo competitivo e globalizado.
Quem não enxerga isto já está obsoleto! Aparecer para a sociedade de uma forma bem construída e planejada agrega credibilidade, simpatia e valor às marcas e instituições. Não consigo enxergar uma grande empresa que não use a comunicação como ferramenta estratégica. PQN - Como as agências de publicidade estão se saindo em plena crise econômica? Ou não se fala em crise no mercado sergipano? Lúcio – Não acho bom ficar dando ibope para a crise. Ela pode criar estragos ainda maiores. Mas acredito sim que esta famigerada onda já tenha afetado algumas empresas da área de propaganda. Não serei hipócrita em dizer que todo mundo está bem. Seria mentira. Seria leviano. Há agências com clientes que reduziram muito os seus investimentos em mídia. Há anunciantes que cessaram tudo. E muitas agências tinham estas empresas como clientes principais. A construção civil é um exemplo de setor de anunciantes que estagnou. Mas eu mentiria também se falasse que a crise alcançou a minha empresa. Nunca veiculamos tanto como nos meses em que anunciaram a crise. Aumentamos muito as nossas vendas e em janeiro de 2009 batemos o recorde de faturamento em toda a história da PubliMídia. A receita é manter um portfólio de opções de mídias alternativas com excelente custo x benefício. PQN - O mercado sergipano se inspira nas campanhas realizadas na Região Sudeste ou vocês possuem uma identidade própria? Lúcio - Acho que as grandes praças sempre devem ser observadas mesmo, pois são precursoras de tendências. No Sudeste está a vanguarda. Não penso que analisar estes mercados seja uma espécie de descaracterização ou falta de identidade. Muito menos falta de criatividade. Seria uma grande estupidez fecharmos os nossos olhos para o que está à nossa frente e mantermo-nos olhando para os nossos próprios umbigos. A propaganda sergipana tem o seu tempero próprio, mas está em constante observação sobre o que rola mundo afora. E talvez esta seja a grande fórmula de sucesso para um mercado pequeno crescer tanto. É vendo e aprendendo!
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ARTIGO
ISQUEIRO HI TECH ROBHSON ABREU
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ue os tempos mudaram. isso ninguém contesta. Não tem como, é fato. Alguns hábitos vão e vêm, mas uns se vão para sempre e dão lugar a outros mais ‘mudernos’. Há pelo menos 10 anos ninguém imaginava que os telefones celulares pudessem ser usados no lugar dos bons e velhos isqueiros. Espere um pouco, não estou falando que os aparelhos de telefonia celular agora ascendem cigarro e, sim, que são eles as grandes vedetes em qualquer show. Isso mesmo! Antes, quando as luzes se apagavam, todo mundo tirava o isqueiro Bic do bolso e riscava a chama, iluminando a galera. Hoje, são as luzes dos celulares que proporcionam um show à parte, além de registrar as imagens a todo o momento.
No megashow da rainha do pop Madonna, em dezembro, no Brasil, o que não faltou foi aparelho celular. Das mais variadas marcas, eles foram a sensação dos shows. De cada 10 pessoas que assistiam, sete estavam com os braços esticados e com o aparelho em punho para não perder nenhum detalhe de uma apresentação que demorou 15 anos para acontecer no país. Só para dar uma ideia, em fevereiro, dois meses após a apresentação de Madonna, o Brasil registrou um número recorde: 152,36 milhões de assinantes de celulares. De acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foram realizadas 415.909 novas habilitações no segundo mês de 2009, um crescimento
de 0,27% em relação à base de usuários de janeiro do mesmo ano. Deste volume, 124,3 milhões das pessoas (81,59%) possuem celulares pré-pagos, enquanto 28,05 milhões têm telefones móveis póspagos. E a maioria dos aparelhos possui câmera, mp3 e, alguns, a nova tecnologia 3G. Os números impressionam e confirmam o tanto de aparelhos ligados quando Madonna pisava no palco e começava sua dançante fábrica de doces, a ‘Sticky & Sweet Tour’. Hard Candy, nome de seu 11º e último trabalho pela Warner, e que celebra seus 25 anos de carreira, foi seu penúltimo cd pela gravadora, já que seu contrato acaba este ano.A cantora se mudará, como sócia, para a cult do momento, a Live Nation. Foi firmado um contrato de mais Robson Abreu
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Robson Ab
uma década de álbuns, shows e turnês. E, pasmem, até verba para os fã-clubes tem. Isso é que é marketing. Este pode até não ser o melhor álbum da cinquentona Ciccone, porém é o mais dançante e com produtores de peso. Timberland, Pharrel, Timberlake, Williams e West não imaginavam que o disco estreasse em primeiro lugar em 37 países com o single ‘4 Minutes’, dueto com o queridinho da América, o ‘maiconjacksoniano’ Justin Timberlake. Até agora, o ‘doce duro’ de Madonna já vendeu mais de 3,8 milhões de cópias, sendo este o nono albúm mais vendido de 2008. Só no Brasil foram comercializados cerca de 76.560 CDs, levando disco de ouro e ainda cerca de 70 mil pessoas em cada um dos cinco shows realizados no País. Mesmo pregando salvar o mundo do alto de seus 50 anos e com milhares de celulares acesos à sua volta e registrando todos os seus movimentos, Madonna não protagonizou nenhum conceito ecológico na turnê, a não ser a proibição de garrafas e latas de refri e cerveja. Só se via copos reciclados. Até aí normal demais, mas será o que é que foi feito com o enorme lixo gerado nas cinco apresentações brasileiras e nas outras 40 ao redor do mundo? Será que algum moderno celular fez alguma foto que poderia mostrar o tanto de resíduo sólido produzido? Confesso que não me dei conta disso após duas horas de show. Eu, na pista vip, estava extasiado por ver Madonna com tanta energia e tecnologia que nem pensei sobre o que seria feito com todo aquele lixo.
riam uma sala ou um andar inteiro? Ou estou exagerando? Não sei. Se você achar exagero e que nem tantos celulares havia no show, basta dar uma passeada na famosa rede social YouTube e ver milhares de vídeos postados por fãs brasileiros e também de outros países. Nesta década em que estamos quase perdendo o diploma, todos se transformaram em jornalistas e fotógrafos. Com um celular nas mãos, muitos se transformam no repórter cidadão. Isso é bom? Pode até ser o prenúncio da democratização da Comunicação, com especial destaque para a tecnologia 3G, onde qualquer ‘bom’ aparelho envia imagens para outro aparelho. O que víamos em ‘Os Jetsons’ hoje é realidade pura. ‘Sticky & Sweet Tour’ produziu 1635 toneladas de dióxido de carbono (CO2), gás que tanto contribui para o aquecimento global. Os números foram divulgados pelo jornal britânico ‘Daily Mail’, segundo o qual a poluição provocada pelos 45 shows em 37 locais é equivalente a gerada por 160 britânicos durante um ano ou a uma lâmpada elétrica de 100 watts acesa durante quatro mil anos. Só os vôos de Madonna em jatinho privado da Europa aos Estados Unidos contribuíram com 95 toneladas de CO2. A equipe, que viaja em carreiras comerciais, produziu 1080 toneladas, segundo o site carbonfoolprint.com. Agora, quanto de energia deve ter gerado tantos celulares ligados a cada música, principalmente em ‘Vogue’, um dos grandes sucessos de Madonna que ganhou ritmo de ‘4 Minutes’ ou então em ‘She’s not me’ uma das melhores batidas de Hard Candy que mostrou a cantora em várias fases da sua carreira? Será que as luzes de mais de 50 mil celulares reunidas ilumina-
O efeito disto tudo são cidadãos mais consumistas, ávidos por modernas tecnologias e que dispensam a função básica do celular – a de fazer chamadas. Atualmente, os aparelhos são tão modernos que esquecemos que seu principal objetivo era o de ser um telefone móvel. Ele virou walkman, filmadora, caixa postal, câmera fotográfica, agenda, rádio, diário, GPS, biblioteca de livros, binóculo, lanterna, etc, etc. Vixe! São tantos os recursos que eu não me espantaria se, daqui a alguns dias, o celular apresentasse a função de um isqueiro. Ele quase que se parece com um canivete suíço ao estilo de ‘Macgyver’. Aliás, já pensou este personagem hoje com um celular nas mãos? Imagine no que ele transformaria um aparelho celular? Isso poderemos assitir no filme homônimo que tem previsão de estreia em 2010. É bem provável que, com um celular nas mãos, ele monte uma churrasqueira com direito a TV de LCD. Robson Abreu
Sticky & Sweet: milhares de aparelhos e milhares de vídeos caseiros da turnê que mais faturou em 2008 segundo o jornal britânico Daily Mail
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MERCADO
CINCO ANOS
ACREDITANDO EM UM IDEAL! Eu Acredito! comemora o sucesso nos últimos anos e se firma como um dos melhores suplementos de divulgação das ações de responsabilidade social , NTE /2009 RIZORA, 26/2 O HO BEL TA-FEI QUIN
GUILHERME TORRES
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nformar programas, projetos e ações de responsabilidade social implementadas pelas esferas municipal, estadual e federal além de ações sustentáveis de empresas privadas ou não-governamentais”. Esta foi, desde o início, a missão do caderno especial Eu Acredito! que circula mensalmente no jornal mineiro Hoje em Dia. O projeto, pioneiro e inovador, proporcionou aos leitores um maior conhecimento sobre a utilização dos conceitos da responsabilidade social aplicados à promoção das diversas áreas do desenvolvimento sustentável inclusivo como a educação, saúde, cultura, segurança, emprego e na transformação de realidades sociais. Mas, muito além de apenas mostrar tais iniciativas, o suplemento assumiu, através de sua editora, a jornalista Valéria Flores, a responsabilidade de trazer para debate discussões e a mobilização das comunidades com seus fatos inéditos, conceitos, produtos, idéias. São pautados também assuntos como as grandes conquistas e os desafios enfrentados pelo terceiro setor rumo à consolidação de sua imagem como agente efetivo e essencial na busca pelo desenvolvimento sustentável do planeta.
Segundo Valéria, o projeto de um caderno jornalístico sobre responsabilidade social, que contemplasse todas as suas missões, nasceu durante sua atuação como coordenadora de Comunicação no CAO -TS, junto ao procurador de Justiça, Tomáz de Aquino Resende. Foi ele quem idealizou o projeto que criou o órgão no MP, em 2001, processo que contou com a atuação profissional intensa de Valéria. “O jornal Hoje em Dia teve uma visão empreendedora ao receber minha idéia”, lembra a idealizadora do Eu Acredito! “Importantes reportagens e entrevistas com dirigentes dos diversos segmentos da sociedade dão ao caderno a dimensão da imprescindibilidade no que tange ao fomento de idéias visando a melhoria das condições sociais e ambientais de nosso Estado,” completa o procurador de Justiça Resende.
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“O caderno cumpre com sucesso, a importante missão de colocar em pauta questões importantes sobre ações de responsabilidade socioambientais de empresas em todo o país, além de estimular a sociedade a pensar sobre assuntos que interessam para o nosso desenvolvimento”. Robson Rajão - Press Comunicação
Valéria e equipe: cinco anos acreditando no social de forma pioneira
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uma iniciativa que reconhece, valoriza e divulga ações de responsabilidade social e sustentabilidade no cenário nacional. De acordo com Carlos Lindenberg, diretor de redação do HD, as páginas do Hoje em Dia, ao longo destas duas décadas, sempre estiveram abertas a ações – isoladas ou coletivas – que propunham um novo olhar cidadão, fosse em articulações no campo social, ambiental, de desenvolvimento sustentável e humanitário,” ressalta. Lindenberg afirma que, apesar das abordagens pontuais semanalmente sobre essa linha editorial, o jornal se revigorou com o projeto do caderno Eu Acredito!. “Numa bela parceria, reforçamos o conceito de responsabilidade do jornal com a sociedade a que serve”, lembra o diretor.
Núm Com ero 45 ercia Próx im l (03 1) 33 a ediçã 24-4 080/3 o 26/02/2 450-9 009 199
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e pro g tais, ramas de e um de cunho respons omo patrimô educati abilidade o Pro nio s vo e c gram ocial, ultur social, d a a g a Qu ik Cid erado co l traz, ne s organiz adan m a i sta ed ações ia (Fo nclus iç p to). P ão e, ão, açõe úblicas, s ágin para o fut que e a o s ir e 8 ,9 e 1 uro d inh har d ). Sob a e 0 , gan oto à
bra ocha (f tar men -de-o mão to, Tião R comple e uma erar o d imen com falta nvolv -formal, as, por , 9 e 10. ão .M s8 ção n culturais to. Página e ac dicas s de imp re o d ica
SUCESSO RECONHECIDO A ideia do suplemento, que hoje circula em todo o Estado com 42 mil exemplares, deu tão certo que há quatro anos foi criado o Prêmio Cidadãos do Mundo,
“Parabenizamos pelo compromisso de há cinco anos comunicar a atuação social de empresas e ONGs em Minas Gerais e valorizar em suas abordagens o campo da sustentabilidade”. Flávia Rios - Rede Comunicação de Resultados
A editora do caderno afirma ser gratificante ver em toda a imprensa nacional a frequência de fatos ligados às questões sociais como solidariedade, ética e justiça. Atualmente vários veículos de comunicação estão adotando temas como o voluntariado, protagonismo, sustentabilidade, intersetorialidade, governança social corporativa, consumo consciente, mobilização comunitária, jornalismo cidadão, incentivos fiscais nacionais e internacionais, investimento e patrimônio social privado, empreendedorismo, tecnologias sociais, reciclagem, entre outros. “Isso
“Há cinco anos o Eu Acredito! oferece um espaço nobre e regular para debate e troca de experiências sobre as melhores práticas numa área de crescente importância, a responsabilidade social”. José Guilherme - Idéia Comunicação
mostra que estamos no caminho certo e que o caderno vem ganhando seu espaço na mídia imprensa”, relata Valéria Flores. Para este ano, o Eu Acredito! deverá dobrar o número de páginas – de 16 para 32 páginas. Mas para isso busca novas parcerias e patrocínios como a firmada com a revista PQN para divulgar as estratégias do suplemento. Segundo Robson Abreu, editor da publicação, a parceria fomenta a idéia do ‘ser socialmente responsável’ e “isso é muito importante para o trabalho dos comunicadores”, diz.
“Na comemoração dos cinco anos, não poderíamos deixar de evidenciar a importância deste meio de comunicação. Obrigada por dar visibilidade a projetos que nos convida a sonhar e transformar.” Érika Pessoa - Pessoa Comunicação e Relacionamento
“São cinco anos de um trabalho sério que tem dado visibilidade às organizações que compõem o Terceiro Setor. Suas seções têm fortalecido as ações e os projetos dessas organizações que, muitas vezes, encontram dificuldades no alcance de sua sustentabilidade”. Cecília Regueira - Inst. Hartmann Regueira
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Relações Públicas graduada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Responsável pela área de Comunicação da Junior Achievement São Paulo.
A COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR COMO PILAR PARA
SUSTENTABILIDADE DA CAUSA
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ois bem, grosso modo, sabemos que o Terceiro Setor - e aqui vou me ater às ONGs mais especificamente - nasceu da necessidade de sanar problemas da sociedade que o Primeiro Setor não conseguia resolver. Pessoas se mobilizaram em prol de uma causa e hoje temos as organizações sociais como importantes articuladoras, com iniciativas e resultados comprovados no quadro social. O Terceiro Setor tem tido, cada vez mais, importância na mídia como notícia relevante. E não é para menos. Na última pesquisa divulgada em 2005 pelo IBGE, IPEA, Abong (Associação Brasileira de Organizações não-governamentais), e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), existiam 276 mil instituições privadas e sem fins lucrativos no Brasil, sendo que São Paulo (21%) e Minas Gerais (13%) reuniam um terço delas. Agora vamos fazer um exercício. Tente listar, rapidamente, 50 delas. Tente lembrar a atuação também. Conseguiu? Com algumas você pode ter feito confusão se era Terceiro ou Segundo Setor? Ok! Fica complicado lembrar daquilo que não conhecemos ou que sequer ouvimos falar. Antes de entrar na área, é importante pensar Comunicação como uma ação para transformação social, e não apenas a Comunicação como gestão ou como as diversas ramificações do marketing, rotulando-a apenas como marketing relacionado à causa. Para manter a missão da organização no foco e desenvolver os pro-
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gramas sociais a que se propõe, o Terceiro Setor depende de legitimidade e sustentabilidade. A pesquisa realizada pelo Ibope em 2007, “Sustentabilidade: Hoje ou Amanhã?” revela que 46% dos cidadãos acreditam que as marcas que fazem algo pela sociedade e pelo meio ambiente o fazem somente como ação de marketing. Para Ricardo Voltolini - Publisher da revista Idéia Socioambiental - “só a confiança constrói relações sólidas”. Ele afirma, ainda, que “o que faz com que o mundo desconfiado perceba esse atributo são fatos, e não promessas, humildade, e não arrogância, números, e não suposições, políticas concretas, e não projetos, práticas, e não discursos, convicção, e não conveniência, senso de oportunidade, e não oportunismo”. O estabelecimento e manutenção de parcerias sérias fortalecem o alicerce para o sucesso das ações. Não basta fazer por fazer, é importante ser transparente, ter o conhecimento de onde veio, para onde vai, para quantos, como, onde e por qual motivo foi investido qualquer tipo de capital. O assistencialismo saiu do foco há tempos. A sustentabilidade e responsabilidade social passaram a fazer parte do plano de negócios do Segundo Setor. E a participação da sociedade no âmbito regulador está cada vez mais consciente. Em contato com diversas organizações, é possível perceber a divulgação da causa pela causa. A nobreza da causa não chama a atenção por si só e sempre. Os gestores reclamam da falta de exposição na
mídia sobre a organização x ou y, mas não investem na estrutura para que isso aconteça com objetivos claros. Há diversos meios de comunicação e a informação nunca esteve tão acessível. Conquistar a atenção do receptor é uma arte, sem contar a onda greenwashing de algumas empresas. É preciso avaliar um conjunto de fatores, estar permanentemente alinhado ao plano de negócios. Por exemplo, será que a exposição em massa é exatamente o que a organização precisa em todos os momentos? As ONGs precisam aprender a disputar o espaço e o tempo na mídia com fontes confiáveis, histórico, assuntos de interesse e destaque para a credibilidade do seu trabalho, cases, dados completos, imagens, pessoas disponíveis para entrevistas e depoimentos. Aliás, antes de mais nada, alguém para atender a imprensa quando a organização for acionada. Alguém que saiba argumentar e expor a organização, ou seja, um profissional devidamente gabaritado para isso. Não estou dizendo que a organização deve priorizar a contratação de uma assessoria de imprensa para a causa em si. Como responsável pela implantação e pelo departamento de Comunicação Social de uma ONG internacional, sei exatamente como os recursos são escassos. Mas vale salientar que, começando com a contratação de um profissional de comunicação para planejar e cuidar disso, já começa a reduzir a perda de espaço na mídia, sem contar que a organização passa
a obter os ganhos de um planejamento de comunicação estratégica para promoção e manutenção da imagem com exposição monitorada. E, para tanto, nunca é demais lembrar Jurgen Habermas: “O que importa não é apenas a posse de um saber, mas a maneira como as pessoas empregam esse saber”. Há, por parte das organizações sociais, a necessidade de acolhimento pelos públicos, de aceitação, reconhecimento e divulgação do nome da organização e das ações que são desenvolvidas. Relacionando esses fatores à necessidade de obtenção de recursos, existe a possibilidade do estabelecimento de estratégias específicas de Relações Públicas para trabalhar a imagem desejada por meio de divulgação coerente com o orçamento da entidade, basta que seja um desejo político da organização. Antes de sair fazendo e acontecendo, implantando ferramentas e canais, é imprescindível que seja feito um cuidadoso diagnóstico pautado no relacionamento com os públicos. O profissional deve investir tempo, planejamento estratégico e comunicação integrada para o envolvimento da organização com seus stakeholders.
É imprescindível que a identidade seja trabalhada de forma persuasiva, transparente e clara, usando a premissa de que a organização já possui uma causa que extrapola o negócio, a oportunidade de experiência com a causa, com a marca, com a organização já existe! Cumprindo-se isto e passando-se a fazer parte da vida dos públicos de interesse efetivamente, o desafio de comunicar a causa foi cumprido com louvor. Os recursos que fazem com que as organizações sociais vivam, sejam eles financeiros, humanos, ou materiais, são doados por conta de atributos intangíveis. E são neles que a comunicação deve investir. Não basta que a palavra “credibilidade” esteja no texto dos princípios organizacionais, ela tem que estar no DNA da instituição.Tem que estar atrelado ao nome da organização para quem a referenciar. A comunicação tem o papel de educação para a marca, identidade, políticas e valores da organização perante os públicos envolvidos. O captador de recursos precisa estar perfeitamente alinhado com todas estas questões e não vender “gato por lebre”. A linguagem precisa estar em harmonia, cada qual com seu
tom, cada área em uma voz, de forma que a melodia seja reconhecida positivamente onde quer que seja exibida ou referenciada. O crescimento da instituição depende da integração perfeita entre os membros da equipe. Não sendo assim, a chance de ruídos refletirem na visibilidade da instituição é bastante alta. Empresas não gastariam bilhões de dólares se comunicação e marketing não fossem importantes. O capital financeiro está escasso e, quando isso acontece, a concorrência aumenta. Por favor, a esta altura não adianta pensar que não há concorrência no Terceiro Setor. Em tempos de crise, é a comunicação que pode manter acesa a chama da boa vontade para com a causa, obtendo maiores chances de captação, mantendo o vínculo com os stakeholders, boa vontade do voluntariado e imagem positiva perante a opinião pública, além do bom funcionamento do Triple Botton Line para a sustentabilidade da causa. É a comunicação com qualidade que fará o diferencial, mostrando a eficácia da causa com a lealdade à missão, e que o investimento na organização traz resultados efetivos.
18 palestras simultâneas 8 workshops 10 conferências 3 convidados internacionais 27, 28 e 29 de maio de 2009 Centro de Convenções Rebouças – São Paulo, SP
Aproveite a temporada de pré-inscrição e participe do maior e mais importante evento do gênero da América Latina INSCRIÇÕES A PREÇO PROMOCIONAL POR TEMPO LIMITADO
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INFORMAÇÕES: (11) 5576-5600 Depto. de Eventos, com Laura ou Aline
A atuação da Comunicação Corporativa nas empresas tem gerado várias discussões, debates e palestras no mundo inteiro. Novas tecnologias, web 2.0, intranet, redes sociais e a qualificação profissional são temas da ordem do dia que motivam mais e mais essas discussões. O cenário da comunicação corporativa no Brasil está em constante mudança e cabe aos comunicadores a escolha das melhores ferramentas para gerir, com sucesso, seus processos de comunicação.
COMUNICAÇÃO CORPORATIVA,
UM AGRADÁVEL DESAFIO CONSTANTE! LILIANE MARTINS
N
ão é novidade que a Comunicação nas organizações passou por mudanças, principalmente nos últimos 10 anos, com a internet e a preocupação de um melhor relacionamento com os diferentes públicos. A Comunicação, hoje, é peça fundamental nos processos estratégicos das organizações. Para Marlene Machado, gerente de Comunicação da Vale, a Comunicação nas empresas tem proporcionado um momento especial para os profissionais da área. Ela é de opinião que os desafios são maiores, mas
quem está na área deve ter em mente que as empresas precisam de comunicadores que possam desenvolver, com excelência, seu papel profissional e, de fato, ter atividades relevantes e satisfatórias. Ser parte da estratégia da empresa é essencial para a Comunicação. Isso é resultado do reconhecimento do papel do comunicador, que deve conduzir seu trabalho de forma estratégica na organização. De fato, a comunicação corporativa opina, orienta e conduz os negócios da corpora-
ção. “Os profissionais devem se qualificar e estar aptos a atender às expectativas das organizações”, observa Marlene. “Qualificação constante”. Essa é principal face do comunicador corporativo, na visão da gerente da Vale. Conhecer a empresa e a realidade do mercado em que ela está inserida é fundamental. De acordo com Marlene, o profissional deve ter uma boa qualificação, conhecer ferramentas de relacionamento interpúblicos, ter expertise. Só assim ele poderá oferecer a melhor Divulgação
Marlene: o profissional que deseja atuar na área deve buscar qualificar-se constantemente, além de conhecer a realidade da empresa em que trabalha e também da comunidade
Em uma organização, cada área deve ter papéis bem definidos, principalmente quando envolve outros departamentos, como o Marketing. Marlene avalia que este processo tende a ser um somatório de união de forças, mesmo que as funções sejam distintas. Nestes casos o que conta são as propostas e metas bem definidas que poderão interagir naturalmente no processo. “Quando a comunicação atua de forma integrada, ela se torna capaz de garantir um resultado muito rico e satisfatório. As experiências que tive atuando com as duas áreas mostraram isso. Essa sintonia assegura bons resultados para a empresa com base em seus valores”, relata.
MUDANÇAS SÃO NECESSÁRIAS Há tempos, muitas organizações concentravam as ações de Comunicação no Departamento de Recursos Humanos. Hoje, a incidência deste cenário é menor, mas algumas empresas adotam este modelo antigo, resultando em uma comunicação não tão eficaz. Mas, a partir do momento em que se torna parte integrante dos processos estratégicos empresariais, a Comunicação se torna mais dinâmica e rápida. “Eu conheço empresas em que a comunicação ainda está no RH, porque antigamente era comum ter os departamentos de Comunicação Interna subordinados àquele setor. Atualmente, eu percebo que a comunicação interna é uma das ferramentas da Comunicação, o que possibilita uma atuação mais integrada”, argumenta Marlene. Mudanças fazem parte da rotina das organizações. Em muitos casos, costumam causar resistência de alguns funcionários. É nesta hora que a Comunicação entra em ação no intuito de facilitar o processo de transação. Segundo Marlene, algumas empresas possuem a área de Gestão de Mudanças que, em situações como essa, atua em parceria com o departamento de Comunicação, o qual tece seu discurso por meio de ferramentas de posicionamento da empresa e traduz a nova política para todos os colaboradores. Na
avaliação da gerente, a Comunicação tem um papel muito nobre: garantir o alinhamento organizacional para que todos conheçam essas mudanças, se apropriem dela e sejam capazes de proporcionar os resultados esperados pela organização. Em situações em que os fatos necessitam de ações imediatas, como as crises, a gerente de Comunicação da Vale é taxativa ao afirmar que, se a empresa possui uma comunicação consolidada, sua atuação deve ser igualmente dinâmica e imediata. Para ela, o departamento de Comunicação deve estar sempre pronto para atendê-la, principalmente em uma empresa globalizada que atua em mais de 32 países, mais de 500 municípios brasileiros e possui mais de 60 mil empregados, como a Vale. “Ter uma análise consistente do atual cenário é fundamental na organização”, avalia Marlene.
PROTEGENDO SEMPRE O PATRIMÔNIO Ter o nome da organização estampado nas manchetes dos veículos de comunicação de forma positiva é o desejo de toda empresa. Porém, ‘ser notícia’ requer um trabalho criterioso e sistemático, de modo a zelar pela reputação.Tendo a Comunicação como área fundamental para garantir esse alinhamento da organização, tudo fica mais fácil. Ela deve atuar como o principal canal entre a empresa e seus diferentes públicos. Mas sempre de modo eficaz, com profissionais capacitados para atuar nos três processos de comunicação: imprensa, publicidade e relações públicas. “Se uma organização deixar claro que ela é transparente, ética e correta, o profissional norteará melhor o seu trabalho”, explica Marlene. No caso da imprensa, a gerente afirma que o caminho é mais fácil a partir do relacionamento respeitoso, ético e dinâmico. Uma empresa séria oferece boas informações e tem que ter uma equipe atuando de forma profissional. E a imprensa sempre busca informações ágeis. “Não digo que é fácil, mas se a empresa tem esses valores, então o trabalho fica mais interessante”, alerta Marlene que, em 2008, ganhou o Prêmio PQN de Ouro como a Melhor Profissional de Comunicação do ano. Sobre a relação da Vale e seus públicos, Marlene diz que procura tratar a Comu-
Valmir Costa
solução em Comunicação. Isso depende de muito estudo e técnica. Em todas as áreas profissionais, o mercado tem exigido esta visão abrangente do trabalhador. Tudo para garantir um alinhamento organizacional e contribuir para a reputação da empresa.
PQN de Ouro 2008: Marlene recebe o troféu das mãos do criador Robson Abreu, um reconhecimento ao trabalho desenvolvido na Comunicação da Vale em Minas Gerais
nicação de modo segmentado, porém integrado. Quando uma empresa envolve todos os atores da comunicação no processo, os resultados são potencializados e igualmente ricos. Por isso, é preciso estar atento às inovações disponíveis no mercado, uma vez que é essa uma das maneiras de comunicar eficazmente com o público-alvo. A Comunicação deve atuar de modo integrado. Assim as chances de êxito serão maiores e o trabalho mais prazeroso. As novas tecnologias têm sido um fator essencial na relação da empresa com seus públicos. A inserção da web 2.0 está cada vez mais constante e facilitando o trabalho da Comunicação Corporativa. Na Vale, por exemplo, as ferramentas tecnológicas são utilizadas para que a Comunicação flua de forma mais veloz, como o site, intranet e as rede sociais. Porque a empresa é multinacional e tem a necessidade de comunicar com grande dinamismo. Para o futuro da Comunicação Corporativa, a gerente prevê uma área cada vez mais consolidada e estratégica. “É um desafio constante! Neste mundo globalizado, as corporações demandam uma relação mais próxima da comunidade, do cuidar do meio ambiente, de contribuir com a sustentabilidade do próprio negócio e do planeta. A comunicação tem que estar preparada para suportar a empresa”, afirmou Marlene Machado, eleita Melhor Profissional de Comunicação de Minas.
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RODRIGO COIMBRA
Vixe maria, a PQN vai enlouquecer os comunicadores nordestinos! E minha responsabilidade, como bom mineiro que sou, será dobrada! Mas quando sabemos do que estamos falando é muito mais fácil. PQN é sinônimo de qualidade, conteúdo, interatividade e seriedade. Qualidades que encantam todos os profissionais. Então vamos lá, participe da minha coluna, mande suas sugestões para nordeste@pqn.com.br Tô esperando eim!
FOGUETINHOS Durante o Pré-Caju 2009, realizado entre os dias 22 e 25 de janeiro em Aracaju, quem decolou para o alto e avante foi a turma do Jornal Cinform. O veículo de comunicação, que é o maior impresso em Sergipe, colocava sua equipe para trabalhar enquanto os foliões curtiam a maior prévia carnavalesca do Brasil. A equipe de jornalismo do Cinform acompanhava a saída dos trios elétricos e voava rumo à redação. Lá, a galera montava os cadernos, apelidados de “foguetinhos”, e quando os trios começavam a chegar à passarela da folia, os tablóides já estavam nas mãos dos foliões repletos de fotos do dia. Sem dúvida, rapidez e eficiência que pouca gente tem. NO MEIO DA RUA O site Meio da Rua é uma versão light e nordestina da newsletter PQN feita há seis anos por Robson Abreu, que dispensa apresentações. Lúcio Flávio sempre traz as quentinhas das agências e faz como ninguém o intercâmbio com o setor neste mercado. Entre outras ações de integração, ele trouxe o Maximídia para a capital sergipana e promove, anualmente, o Forró do Meio – evento como as feijoadas do PQN, celebrado em junho – mês de São João. No site, o internauta pode ler artigos de profissionais da área, notícias relacionadas ao meio com suas colunas pra lá de especiais e conhecer empresas que atuam no nosso segmento. Acesse www.meiodarua.com.br DEU ZEBRA Há seis meses no mercado, a Zebra Comunicação – da dupla Bruno Menezes e Luciano Sávio – vem mostrando que chegou para ficar. Criativos e bons de serviço, os ‘meninos da porteira’ tem como foco o webdesign, mas fazem com qualidade trabalhos de design gráfico. A paixão pela publicidade uniu esses dois sergipanos e, entre uma e outra conversa, resolveram encarar a concorrência. Em seu cast de clientes, a Casa Alemã (doceria), o café Primavera e a loja de roupas Vive La Vie – além de outros jobs pontuais como a da Revista Ícone e da Hábyto, no setor de moda. Sergipanos de carteirinha, a turma da Zebra Comunicação vem como os mineiros: devagarzim e comendo quetim.
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RECONHECIDOS A agência de publicidade Formato foi reconhecida nacionalmente pelo Clube de Criação de São Paulo (CCSP) pela criação de um anúncio para a Prefeitura Municipal de Aracaju. Intitulado ‘Raiz’, o trabalho foi originalmente veiculado na revista Veja, em dezembro de 2007. A trama da peça criada é evidenciar aquilo que dá sustentação aos indicadores de organização e qualidade de vida. A peça foi publicada no portal do CCSP, numa seção que reúne trabalhos avaliados por um júri especializado e considerados excelentes, sobretudo no quesito criatividade. SILÊNCIO Poluição sonora também gera violência. Este é o conceito do anúncio criado pela Idéia 3 para a SUCOM, órgão da Prefeitura de Salvador. Aproveitando o Dia Mundial da Não-Violência (30 de janeiro), a Idéia 3 criou uma peça de grande impacto visual que mostra a imagem de um homem empunhando um megafone como se fosse uma arma de fogo. O anúncio é uma das inúmeras ações que a Prefeitura de Salvador está promovendo contra a poluição sonora neste verão. A criação é de Bruno Cartaxo e Hiram Gama, sob a direção de Maurício Carvalho. ABRIU Acaba de abrir suas portas em Aracaju a IZ Comunicação Integrada, a mais nova agência do Meio. A empresa traz uma nova proposta para o mercado, focada em uma comunicação de resultados, com um perfil executivo, buscando tratar a publicidade e o marketing como instrumentos integrantes do contexto organizacional. A empresa é dirigida pelo publicitário Allan Alberto e pelo designer Franklim Roosevelt, profissionais experientes conhecidos no mercado pelas passagens por agências e empresas. A IZ ainda conta com uma área de assessoria de imprensa comandada pela jornalista Acácia Merici.
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Cinco anos de PQN. Que maravilha! Nós cariocas estamos cada vez mais apaixonados com esta revista. Tem comunicador querendo aparecer por aqui em toda edição. São tantos os e-mails que recebo que está ficando difícil escolher quem estará na coluna. Mas no final tudo dá certo e é sucesso na certa. Parabéns para todos nós que fazemos a melhor revista da comunicação! Escrevam para mim: taniafmiranda@pqn.com.br
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TÂNIA F MIRANDA CONTRATADO NA COLETIVA RIO MARQUETERIE
Giselle Rongetti comanda, desde janeiro, o novo escritório no Rio da Marqueterie, agência que está há três anos no mercado paulista. As sócias Bia Azevedo (foto), Alice Lobo e Débora Carvalho têm como clientes a Cervejaria Eisenbahn, Rosenbaum Design, Tecnoblu, Faculdade Belas Artes e Marton+Marton. A empresa também acaba de conquistar duas contas internacionais: Herman Miller e Getty Images. Giselle já trabalhava na sede em SP, e foi para o Rio estreitar o contato dos clientes com a imprensa local e ampliar o atendimento na cidade. Sucesso, meninas!
COMUNICAÇÃO CARIOCA Cristina Rio Branco e André de Biase, da Palavra, têm novas contas e aumentam a equipe. A agência responde pela divulgação nacional do Canal Brasil, com Leandro Lannes (ex-In Press Porter Novelli e O Dia) contratado para o atendimento. A empresa tem também o musical Tom & Vinicius, em temporada no Teatro Carlos Gomes, e a estréia das peças Play e Cachorras Quentes. Ainda na área de cultura, a empresa lança os documentários Palavra (En)cantada, que chega aos cinemas, e Fumando Espero, no circuito comercial. Interessou? Então escreva para leandro@palavraonline.com
O jornalista Rafael Lisboa, ex-Rede Globo, foi contratado durante, ou melhor, após cobrir uma coletiva de imprensa do Prefeito Eduardo Paes. O convite partiu do próprio Prefeito, que comandou uma reestruturação na comunicação da prefeitura logo após sua posse.
“PENSAR A IMPRENSA” A série “Pensar a imprensa” retorna com a palestra “Imprensa, Pesquisa e Informação: uma ponte entre Nelson Werneck Sodré e a atual condição da comunicação social no Brasil”, ministrada pela doutora em Psicologia Clínica, Olga Sodré. O encontro acontece na Sala de cursos da Fundação Casa de Rui Barbosa, que fica na Rua São Clemente, 134, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. Não perca, ligue (21) 3289-4641 e faça sua inscrição.
CARTÃO DE PONTO NO INFOGLOBO
Em assembléia marcada por expressivo número de participantes, em um momento verdadeiramente histórico para a categoria, 80% dos jornalistas autorizaram a diretoria do Sindicato dos Jornalistas do RJ a firmar acordo com o Infoglobo para o uso do cartão de ponto, com marcação obrigatória na entrada e na saída do trabalho, e o estabelecimento de regras claras para a compensação ou pagamento das horas extras. Fique de olho, acesse: www.jornalistas.gov.br
FIGURINO FASHION
Com um delicioso glamour evidente e uma boa dose de autoironia, a Agilita Fashion assina com exclusividade o figurino do programa + Mais Casa Rio, veiculado pela TV Claret, afiliada TV Cultura.Voce pode conferir toda a colecao primavera-verão 2009, na loja do Barra Shopping, Rio Design Barra, Fashion Mall, Shopping da Gavea ou Icaraí. Acesse: www.agilitafashion.com.br e encante-se.
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Parabéns para todos os colaboradores da PQN! E olha que eu venho acompanhando o crescimento da revista desde a segunda publicação. Como nossa PQN cresceu e ganhou mais conteúdo. É um orgulho, sempre, estar aqui com vocês e somando boas informações em uma publicação que é nossa, que tem a nossa alma, o nosso fazer profissional. Obrigado a todos que participaram e continuo esperando sua colaboração! Quer participar? Então envie um e-mail para mim: dzzimer@pqn.com.br CURSOS O Centro de Conferências Virtuais AULAVOX que promove cursos por meio de áudio-conferências em salas virtuais, em diversas áreas, inclusive emitindo certificados e com professores do mais alto nível, lançará, no final de março e início de abril, uma série de cursos voltados a estudantes e profissionais de relações públicas que necessitam se atualizar, e ainda cursos básicos de RP para jornalistas, publicitários, administradores e outros profissionais que necessitam das ferramentas e conhecimentos específicos desta área para ampliar suas perspectivas. Esta é uma alternativa que gera redução dos custos de comunicação, tempo e transporte, sem falar na aquisição de conhecimento. Acesse o site: http://www.aulavox.com ATUALIZAÇÃO 2.0 Para quem quer se atualizar em relação à utilização da internet como mídia social e está sem grana, uma boa dica é visitar o Blog Éoqhá. O blog é uma iniciativa de ser um contraponto a mídias tradicionais, trazendo fatos, acontecimentos, entretenimento, reportagens e inclusive diversos vídeos, como as palestras que foram transmitidas da Campus Blog em parceria com o Maccult.tv. Outros assuntos abordados são: Relações Públicas 2.0, uso de mídias sociais na publicidade, podcast, monetização e programas afiliados, mídias sociais nas corporações, mídias sociais nas eleições, construção da reputação, dos públicos e da moral blogueira, mobilidade, microblogs e lançamento do livro digital Blogs.com, entre outros.Visite o link http:// eoqha.net/video/palestras-do-campusblog/
Arquivo PQN
OSCIP NA MÍDIA Para aqueles que trabalham com relações públicas no terceiro setor e reclamam do descaso da mídia com a receptividade das propostas de pautas, releases e outros materiais desse tipo, a Junior Achievement São Paulo (JASP), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), prova que tudo é questão de como trabalhar a notícia e, principalmente, ter profissionais competentes à frente de sua Comunicação. A JASP anunciou o resultado de mídia espontânea em 2008, o qual foi de R$ 1.878.774,50, decorrente do trabalho de sua equipe de comunicação, formada por dois profissionais de relações públicas – a gestora do setor e seu estagiário. Isso mostra que é possível ter bom retorno no terceiro setor, principalmente institucional, sem o dispêndio de grandes recursos. Parabéns, Jasp! Parabéns, Fabiana Moreira e Anderson Bueno.
Divulgação
CANNES E CLIO AWARDS Duas das mais importantes premiações internacionais da Publicidade e Propaganda no mundo resolveram abrir espaço para as Relações Públicas. Em junho, estreia a disputa pelo troféu PR Lions, 56ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, na costa francesa. Antes disso, em maio, será a vez da 50ª edição do Clio Awards, nos Estados Unidos, avaliar e premiar os cases de relações públicas e comunicação estratégica. Para saber mais sobre os prêmios Cannes - www. festival-cannes.com e Clio Awards - www.clioawards.com/
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Divulgação
PRÊMIOS EM XEQUE O site Comunicação Empresarial On Line publicou um artigo que está fazendo o mercado fervilhar. O autor é Wilson da Costa Bueno, jornalista, professor do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP, de Jornalismo da ECA/USP e diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa. Segundo Wilson as premiações na área de Comunicação Empresarial estão definitivamente sob suspeita. Ele afirma que, com algumas raras exceções, a maioria do cases premiados não passam de estratégias desenvolvidas por entidades e veículos para arrecadar dinheiro e anúncios, extremamente sedutoras para executivos vaidosos. Saiba mais em http://www.comunicacaoempresarial.com.br/
Arquivo Pessoal
Jornalista, escritor e poeta. Autor de vários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que está sendo adaptado para o cinema, e “Rir ou chorar”, que desvenda os bastidores do cinema brasileiro.
DESINTOXICAÇÃO
SE FAZ PRECISO, E COMO!
E
squeça por um momento todas as tradições indianas e tente não se influenciar com a novela “Caminho das Índias” (Rede Globo). Nesta edição, Pipoca Literária convida você a conhecer uma outra Índia – totalmente diferente daquela que você está acostumado a ver. todos os dias na TV. Por isso, uma desintoxicação se faz preciso, e como!
diretor inglês sempre gostou de causar polêmicas e de aumentar algumas delas. É dele, por exemplo, o filme ‘Trainspotting’ (1996), que narra a vida de um grupo viciado em heroína. Durante o lançamento do longa, Boyle foi acusado de promover a apologia às drogas e foi recriminado por autoriadades, incluindo o então senador Bob Dole.
Tente também não prejulgar e não comparar os elementos que serão apresentados aqui – deixe isso por minha conta. Mas, atenção: abra sua mente e deixa-a livre para assimilar e armazenar informações modernas, como as trazidas, por exemplo, no livro “Sua resposta vale um milhão”, o primeiro do indiano Vilkas Swarup.
O fato é que as palavras e atitudes adversárias não abalaram Boyle. Em “Quem quer ser um milionário?”, alguns outros aspectos são destacados, como a violência. Ganha mais importância, por exemplo, o fato de adultos maltratarem algumas crianças, feriando-as, já que as deficientes tinham mais chance de obter esmola nas ruas. O personagem principal – o jovem indiano – poderia ter este fim, mas foi salvo a tempo pelo irmão.
Nesta bela obra, traduzida para 37 países antes mesmo da premiação no Oscar – melhor roteiro adaptado –, é narrada a história de um indiano pobre que se consagra ao responder perguntas de um programa televisivo, aquele bem ao estilo do Show do Milhão. O diferencial da obra está justamente na condução da história de Swarup: o jovem indiano viaja por cidades e protagoniza momentos, bons e ruins, que o ajudam e muito a responder as questões.
Ao optar por uma abordagem como esta Boyle faz de “Quem quer ser um milionário?” um filme sobre destino, destacando que o jovem estava predestinado ao sucesso, enquanto o livro de Swarup foca em sorte e consequência, ou seja, o fato do protagonista saber as respostas foi um mero acaso. Afinal, o
rapaz não é culto e só armazenou o conhecimento necessário para triunfar porque vivenciou cada uma das respostas. Há outros elementos que também estão em choque: na obra impressa, por exemplo, trechos da guerra entre Índia e Palestina são mostrados com uma certa riqueza. Já no filme, eles simplesmente não aparecem. Abordagem diferenciada ou falta de dinheiro para narrar este aspecto no filme? Difícil de se dizer, mas de Boyle pode-se esperar tudo. Nada do que ele faz é inconsciente ou prematuro, tudo tem um porquê e merece ser respeitado. Afinal, Boyle dirigu nada menos do que ‘Sunshine’ (2007), longa que prevê o desaparecimento do Sol em 2057 e o fim de toda uma humanindade.A última esperança é uma nave especial que tem uma bomba atômica e poderá revitalizar o Sol. Alguém quer embarcar? Eu não recomendo!
Já no filme "Quem quer ser um milionário?" ("Slumdog Millionaire"), baseado no livro sob a direção do americano Danny Boyle, a miséria e pobreza mostradas na obra impressa são acentuadas, com cenas que retratam o cotiano das pessoas que habitam favelas. A opção é justificada: o
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É, gente, nossos “causos” não param e não têm como parar. Comunicador que se preze tem sempre que dar um fora. Foca ou experiente, não tem jeito. A gargalhada é garantida. Mas, pra gente rir, você precisa enviar seus “foras” para o meu e-mail: paularangel@pqn.com.br
Paula Rangel TORERO AO VIVO? A âncora Tânia Morales, do Revista CBN, começa o programa em rede nacional, informando as mudanças na programação. O quadro “Blogueiros”, que era transmitido aos domingos, passa a ser transmitido aos sábados. - E estamos aqui com o José Roberto Torero, escritor, jorna-
CADÊ ELE? Um indivíduo veio a óbito, à rua das Palmeiras, no Morro de Cima, após ser atingido por disparos deferidos na parte superior da nuca. Um meliante se aproximou e atirou contra o referido. Ele saiu em fuga por destino ignorado. Segundo populares, o criminoso tomou de assalto a carteira que permanecia junto ao corpo. Autoria e motivos não foram esclarecidos. Perícia e rabecão no local. O suspeito, identificado como sendo “Joaquim Boca Larga”, com quem teria rixa por disputa de ponto de tráfico, é procurado. Buscas não lograram êxito. Registro à DP local.
lista, colunista da Folha de São Paulo e blogueiro.Torero, boa tarde. - Oi! - Tudo bem? - Alô? - Oi,Torero, estamos ao vivo. - Tudo bem. Beleza, tranqüilo. - Você está nos ouvindo bem? - Eu estou ouvindo. - Ah, então tá bom. (Pausa) Ela repete.
Eu não sou nenhum toureiro não... (Longuíssima pausa) Tânia Morales começa a rir no ar. - Muito bem, vamos entender o que está acontecendo, atenção produção. Me desculpe, ligamos errado para o nosso entrevistado...
CONFIRMADA A SUSPEITA? Confirmado caso de febre hemorrágica ou amarela em Minas Gerais. Filho de ex-senador morre de febre hemorrágica. As hipóteses são que ele tenha contraído dengue ou febre amarela. Os exames sairão em 15 dias...
RAMBO E foi localizado o corpo de um homem armado com uma faca, apresentando uma perfuração no abdômen e dizendo que iria suicidar...
VOZ TRANSGÊNERA O repórter e narrador Marcelo Gomes, hoje na CBN SP, foi gravar uma matéria para o Globo Esportivo e ligou para o comentarista Raul Quadros, da Sportv. A conversa foi mais ou menos assim: - Alô! - Boa noite, o senhor Raul Quadros se encontra?
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- Tudo bom,Torero? - Ô colega, agora é o seguinte, tá ao vivo, é?
INCÊNDIO NA RÔLA Um apresentador da CBN SP, em rede nacional, matou a redação e a produção de rir. Na notícia enviada pela CBN BH, informando incêndio de grandes proporções, o apresentador não titubeou: Incêndio atinge a Serra do Rôla Moça...
- Esse telefone não é mais dele há muito tempo. O senhor ligue para a telefonista e peça o número dele. - Ah, então esse 2581 também não é do senhor não? - Não. Embora eu te perdoe, porque quem está falando aqui não é senhor não, é uma mulher, tá? - Desculpe, desculpe, é que o fone aqui está baixo, viu, desculpe, senhora...
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