PQN 14

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PEC APROVADA

QUAIS OS PRÓXIMOS PASSOS PARA VALIDAR A EXIGÊNCIA DO DIPLOMA DE JORNALISMO A PARTIR DE AGORA?

COMPORTAMENTO

RECÉM-FORMADOS CONQUISTAM LUGAR NO CONCORRIDO MERCADO DE TRABALHO.

CORPORATIVO

NOVAS MÍDIAS PROPORCIONAM OUTROS CANAIS DE DIVULGAÇÃO NAS EMPRESAS.

MOCINHO OU BANDIDO? O Marketing Infantil encontrou nas novas mídias um forte aliado para atrair seu público-alvo, principalmente com os investimentos de grandes marcas que impulsionaram a economia e a mídia. O que pensam pais, publicitários, políticos, psicólogos e instituições regulamentadoras sobre os efeitos das campanhas na cabeça das crianças?


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Participe com a gente! Mande hoje mesmo sua opinião ou comentário para cartas@pqn.com.br Sua opinião é muito importante. Sugestões de pauta também serão bem-vindas. Aguardamos seu contato!

“Recebo a revista quentinha em casa, mas não gostei da capa. Lembra aquele babaca do STF. Penso que ele merece mesmo é essa colher de pau na cabeça. Mas o desencanto da lembrança termina aí. Bastou retirar o plástico para a revelação de uma revista sempre bem feita, cuidadosa no trato com assuntos diversos, como a do “Plágio na Internet”, luta que o SJPMG vem levando a ferro e fogo para fazer valer nossos direitos definidos em lei. Na mesma linha e com um alerta especial, o professor de Multimídia André de Abreu (matéria merece ser lida e seguida) e ainda o manual de Gerenciamento de Crise. Há cases famosos que nos mostram o poder da comunicação na hora do aperto. Brincadeira à parte, a matéria de capa, a seis mãos, saiu realmente no capricho. Parabéns. Que venha a PQN 14!” Fátima de Oliveira Diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais “Excelente a reportagem de capa da PQN 13. A discussão sobre a obrigatoriedade ou não do diploma de jornalista caiu na boca do povo nos últimos meses e ainda vai dar muito que falar. Fiquei impressionado em

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saber que a Facamp acabou com o curso de Jornalismo devido ao fim da exigência de diploma. Sabemos que a graduação é essencial para o bom exercício da profissão. A reportagem trouxe ainda como é a questão da exigência de diploma em outros países, ou seja, contextualizou bem o tema. A publicação está de parabéns. A cada edição a PQN traz mais e mais conteúdos de primeira linha. Parabenizo a todos pela seriedade e o compromisso com que fazem esta belíssima revista.” Alexandre Adão Jornal do Buritis Belo Horizonte/MG

“Redes Sociais. Só essa reportagem valeu a leitura da PQN 13. A sociedade digital pauta-se em todas as direções e a matéria ficou muito bacana. Francisco Tovo e seu artigo sobre o plágio e práticas de mosh-up faz-nos refletir sobre a autenticidade e credibilidade da informação na era digital. O imediatismo pode mesmo vencer a ética? Por fim, a fundamental luta pelo restabelecimento da ordem com relação à obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Nada menos que o certo, a correção deste equívoco da nossa ‘Suprema Corte Federal’”.

Roberto Caiafa Revista Defesa Latina

“Valeu, colegas! A matéria “Somos Cozinheiros...” salva a nossa categoria, fazendo a vez, principalmente, dos jornalistas mineiros. Pouca coisa significativa tem sido feita pela mineirada e a PQN levanta, de seu lado, as discussões que todos devemos fazer, até retomarmos as nossas conquistas, suadas, testadas, e impor o respeito que é preciso para (incrível) os nossos próprios colegas. Nada deve nos abater! Nem nos deter! Vamos ao debate! Parabéns aos colegas pela bela matéria! A revista toda vale a pena ser lida e relida.” Jussara Ferreira Jornalista e professora universitária Belo Horizonte/MG

“É com grande satisfação que saboreei a matéria “Descanso ao pé da Serra”, da competente jornalista Fátima de Oliveira. Adorei tudo, principalmente por tratar da pousada Santa Vista da Roça, do querido amigo Luiz Carlos D’Ávila, que faleceu em novembro. Uma grande perda para o jornalismo mineiro e também para a comunidade PQN. Parabéns a toda a equipe da revista por nos proporcionar uma publicação de tamanha qualidade e de ótimo conteúdo”. Gracielle Pessoa Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) - Belo Horizonte/MG


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NÃO ESQUEÇA A SUA PQN! “A propaganda é a alma do negócio”, disse alguém um dia. Isso já sabemos.Agora, que ela não larga do pé do marketing, isso também é um fato concreto. Digamos que utilizar estratégias de marketing para atrair determinado público-alvo é perfeitamente justificável, mas quando o target é o infantil, tudo pode e deve ser questionável, sempre! E isso vem dividindo a opinião de pais, publicitários, marqueteiros, políticos e psicólogos. Uns acham que o marketing infantil é condenável, outros acreditam que as estratégias utilizadas são normais. Enquanto isso, nossas crianças são ‘bombardeadas’ diariamente por uma avalanche de campanhas publicitárias mascaradas de merchandising e ficam alucinadas por esse ou aquele brinquedo. Que o diga o licenciamento de marcas famosas como Ben 10, Shreck, Barbie, Super Poderosas e dos tradicionais super heróis. O Conar até procura coibir, mas é preciso mudar a legislação, assim como tudo que é feito no Brasil. Nos Estados Unidos existe um limite de 10min30s de publicidade dirigida às crianças por hora nos finais de semana; e de 12min de publicidade por hora nos dias úteis. São proibidos a exibição de programas comerciais e o merchandising testemunhal. Além disso, é proibida a publicidade de adoção de crianças pelas leis de 19 estados. Por aqui quase tudo é permitido, menos fazer campanhas com verbos no imperativo e que induzam os ‘baixinhos’ a comprar. Se bem que a famosa ‘compre batom’ ninguém nunca esquece! E não falei que a novela do diploma continuaria? A saga ainda vai longe. Tenho certeza. Pelos menos as PECs foram aprovadas na Câmara e no Senado, agora só falta a votação no plenário do Congresso. Mas, se depender deles, só depois da semana santa. E olhe lá. Ah, nem... Mesmo assim, chega de preguiça. Isso é o que nós, grandes comunicadores, não devemos ter. Que o digam os recém-formados. Eles estão dando um show no mercado de trabalho. Nossos focas viraram leões e estão enfrentando o mercado de peito aberto e com muita garra. Parabéns, moçada. É assim mesmo que vencemos a batalha. Mas o que mais me fascina são as novas tecnologias que invadiram o mercado e estão mudando a cara da Comunicação Corporativa. Destaque especial para as redes sociais que mostraram que o relacionamento é tudo entre a gente. Afinal, a “batida das asas de uma borboleta pode mudar o curso natural das coisas e, talvez, gerar um tufão do outro lado do mundo”. Foi o que aconteceu com a web 2.0. O que eu faço aqui, no meu mundinho, reflete aí, no seu mundo, não é mesmo? Todos nós estamos de olho em nós mesmos! Ah, e não esqueça a sua PQN, heim!

Boa leitura!

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Robhson Abreu Editor

EXPEDIENTE Editor-chefe: Robhson Abreu Edição: Robhson Abreu e Pedro Paulo Taucce Revisão: Pedro Paulo Taucce Projeto gráfico e diagramação: Robhson Abreu Artes: Lúcio Carvalho e Robhson Abreu COLABORADORES: André de Abreu - Francisco Tovo Jeniffer Cardoso - José Aloise Bahia Litza Matos - Lúcio Carvalho Lúcio Teixeira - Márcio Reis Paula Rangel - Petrônio Souza Gonçalves Robson Fraga - Rodrigo Capella Valéria Flores - Viviam Marques SUCURSAIS: BAHIA: Cândida Silva NORDESTE: Rodrigo Coimbra RIO DE JANEIRO: Tânia F Miranda SÃO PAULO: Daniel Zimmermann SOROCABA: Douglas Lara VALE DO AÇO: William Saliba

“Todos os textos publicados na revista PQN tiveram seus direitos autorais doados pelos seus autores, não tendo esta publicação qualquer ônus por parte de cada autor. As reportagens redigidas pelos estudantes de Comunicação foram orientadas pelo editor-chefe”. PUBLICIDADE: Para anunciar: (31) 8428-3682 ou 2127-4651 publicidade@pqn.com.br ASSINATURA: assinar@pqn.com.br Pessoa física: R$ 70,00 para 4 edições Pessoa jurídica: R$ 120,00 para 4 edições CARTAS À REDAÇÃO: cartas@pqn.com.br

Acesse o site: www.pqn.com.br A Revista PQN - Pão de Queijo Notícias é uma publicação da Publicità Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ: 00.727.861/0001-76.


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nquanto pais, publicitários, políticos, psicólogos e crianças dividem opiniões sobre o marketing infantil, esta prática mercadológica e publicitária continua sendo um importante segmento para a economia e a mídia. O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tenta preservar um de seus princípios básicos, a autorregulamentação, mas, aos olhos de muitos, ineficazmente. O Governo quer ter o “controle da situação”, porém também não consegue. A mídia, assim como a mentalidade das crianças, os grandes afetados no processo, mudaram notavelmente nas últimas décadas e, neste contexto, é perceptível a influência das novas tecnologias, destaque para as redes sociais. No entanto, uma luz no fim do túnel, o Projeto de Lei do deputado Luiz Carlos Hauley (PSDB/PR), se votado no Congresso Nacional, poderá mudar todo o quadro e criar novas estratégias e ações para o marketing infantil. CAPA: Arte - Lúcio Carvalho

ENTREVISTA

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DAVID EASTMAN - Mensurar o retorno no investimento na publicidade no mundo se mostra em um grande desafio para as empresas. A informática pode ser uma forte aliada da Comunicação para obter estes resultados?

Quais os próximos passos para validar a exigência do diploma de jornalismo a partir de agora?

Recém-formados conquistam lugar no concorrido mercado de trabalho.

Novas mídias proporcionam outros canais de divulgação nas empresas.

PREMIAÇÃO Valorizar iniciativas de empreendedorismo, estimular a produção acadêmica e auxiliar a consolidação da imagem profissional das Relações Públicas. Estes foram os objetivos do 1º Prêmio “Maria Aparecida de Oliveira” de Comunicação Empresarial e Relações Públicas

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ARMA AMERICANA Os Estados Unidos talvez sejam o país que mais investe em assessoria de imprensa governamental. Há um verdadeiro aparato técnico-profissional para informar o que faz o governo: quais suas ideias, projetos e ações, bem como para reafirmar seu poder e corrigir erros e distorções na comunicação externa. Como funciona essa importante engrenagem?

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PQN Cidadão - 8 José Aloise - 9 Márcio Reis - 18 PQN Digital - 19 Robson Abreu - 20 Francisco Tovo - 26 Vale do Aço - 42 Acontece em Sorocaba - 43 Petrônio Souza - 46 Nordeste - 47 Dendê - 48 Calçadão - 49 PQN RP - 50 Pipoca Literária - 53 Fora Nosso - 54 7


Cresce consideravelmente o número de organizações sociais preocupadas com a criação e a profissionalização de seus setores de comunicação. Quem disse que investir em Comunicação e Marketing, na área social, é pecado ou antiético? Ninguém! Esse pensamento equivocado é resultado de um consenso demagógico impregnado no universo do segmento. Comunicação é ferramenta de transparência, mobilização, multiplicação e, portanto, de sustentabilidade dos projetos e ações. E por isso, como qualquer outra área de uma organização, merece atenção e qualidade na sua produção. Que seja bela e honesta, ou seja, planejada com ética e estética. Participe, envie suas sugestões ou notícias para o meu e-mail: pqncidadao@pqn.com.br

Valéria Flores Divulgação

CONSCIÊNCIA DO SOCIAL

Durante quatro anos o jornalista mineiro Pinto, atuou como assessor de Harley Pinto comunicação do PRO-ALVO, projeto social realizado na Cabana do Pai Tomáz, região oeste de Belo Horizonte. E atualmente, coordena a redação da Prefácio Comunicação. Na agência da competente Celuta Utsch, ele busca orientar os outros assessores sobre as formas de sensibilizar os clientes e a importância de se implementar projetos de cunho social. O retorno social, diz Harley, é grande, principalmente no que se refere à reputação da organização, junto aos seus stakeholders, além de maximizar a repercussão midiática da instituição. Divulgação

SUCESSO I

Rodrigo Moraes está de parabéns por coordenar brilhantemente a área de Difusão Social e Logística da Organização Social de Interesse Público (OSCIP), do Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais (CeMAIS). Lá, ele é responsável pela comunicação interna, externa e visual da instituição e pela organização e execução de todos os eventos realizados pelos projetos do CeMAIS. Em Minas Gerais, ele coordena também o 6º Encontro Nacional do Terceiro Setor; Fórum de Governança Social; 1º Seminário Gestão de Parcerias do Governo de Minas Gerais e o Evento de Premiação do Selo de Responsabilidade Empresarial.

SUCESSO II O Movimento Nossa BH completará seu primeiro no próximo dia 11 de dezembro.Assim como as iniciativas paulista e carioca, o projeto tem como objetivo acompanhar os trabalhos legislativos da capital mineira, desenvolver sistema de indicadores e apresentar propostas de planejamento de políticas públicas que visem a qualidade de vida e a sustentabilidade para Belo Horizonte. O movimento é formado por grupos de trabalho (GTs), que se reúnem periodicamente para discutir novas propostas e articulações (mobilidade urbana, educação, direitos humanos, orçamento público, acompanhamento do legislativo, cultura, crianças e adolescentes. O Nossa BH está engajado no acompanhamento do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG 2010-2013), que identifica as diretrizes orçamentárias do município e de duas propostas de Emenda à Lei Orgânica (PELO), em tramitação na Câmara Municipal.

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GUIA PIONEIRO O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) acaba de lançar, na Casa do Saber, em São Paulo, o Guia de Comunicação e Sustentabilidade. A publicação é uma iniciativa da Câmara Temática de Comunicação e Educação (CTCOM) do CEBDS. Através de projetos como este, a instituição cumpre o seu papel de contribuir para a formação do profissional de comunicação e mídia, através da orientação sobre o conceito de Sustentabilidade e sobre dicas, a respeito das ferramentas de comunicação e gestão. Já as empresas, destacaram no encontro, a necessidade de um esforço conjunto para multiplicação do conteúdo do Guia junto aos colaboradores. O material poderá ser utilizado em workshops, treinamentos e palestras, como uma fonte de referência e consulta a respeito do tema. Até o final de dezembro, a publicação estará disponível para download no site do CEBDS. Informações com Flávia Ribeiro: flavia@cebds.org

SALÃO DO ENCONTRO I

Divulgação

A jornalista Flávia Freitas assumiu a assessoria de imprensa da ONG Salão do Encontro, sediada em Betim, em Minas Gerais, e já vem mostrando um belíssimo serviço. Em sete meses foram desenvolvidos projetos para potencializar a imagem da instituição como: newsletter semanal que divulga as ações e programas e a organização de visitas e eventos do Salão; Informativo Mural, um boletim mensal para o público interno; site da ONG com informações Divulgação atualizadas e também a inclusão do Salão do Encontro no Twitter, numa ação estratégica para inserir a instituição nas redes sociais. Conheça mais sobre o Salão do Encontro pelo www.salaodoencontro.com.br

SALÃO DO ENCONTRO II E por falar no Salão do Encontro, esta famosa ONG mineira vem atuando na erradicação da pobreza e uma de suas principais diretrizes é educar para a vida, na formação de cidadãos para o mundo. Fundada e presidida pela professora Noemi Gontijo, há 39 anos, a organização é referência no Brasil e no exterior por manter viva a tradição do artesanato mineiro, por meio da educação infantojuvenil e da oferta de oficinas de geração de trabalho e renda para pessoas menos favorecidas.


JOSÉ ALOISE BAHIA Jornalista, escritor, pesquisador, ensaísta e colecionador de artes plásticas. Autor de Pavios Curtos (Anomelivros, BH, MG, 2004). Participa da antologia O Achamento de Portugal (Fundação Camões, Lisboa, Portugal e Anomelivros, 2005), dos livros Pequenos Milagres e Outras Histórias (Grupo Galpão, Editoras Autêntica e PUC-MINAS, BH, MG, 2007), Folhas Verdes (Edições A Tela e o Texto, FALE/UFMG, BH, MG, 2008) e Poemas que Latem ao Coração! (Editora Nova Alexandria, São Paulo, SP, 2009). josealoise@terra.com.br

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modernidade mudou a maneira de perceber uma obra de arte. Inegavelmente. Perceber - o que era antes um efeito direto e sentido por um tipo de contemplação morna, mais as influências, discursos e intransigências das academias (também presente na atualidade) - é a própria condição da imperceptibilidade. Os opostos andam juntos. Há vários repertórios, técnicas e teorias, desde a psicanálise, passando pela semiologia, Gestalt, etc. que se interrelacionam numa leitura mais ampla, coabitando num mundo real e virtual. Porém, os abalos ecoam em tentativas em suas correlações modernas e contemporâneas - amplitudes antenadas – que tentam dar conta do recado. Para não dizer o termo razão proposital, na explicação de tudo. Ou quase tudo. Tentam (e não estão errados, pois todos nós estamos tentamos interpretar, compreender pelos sentidos e a razão), pois a arte inegavelmente é sustentada por uma certeza: algo imprevisível e incerto. Nós e laços. O oxímoro das trevas: a certeza incerta. A escuridão da luz. O paradoxo se instala: talvez seja realmente necessário entendê-la sem dizer necessariamente como ela é. Pode ser! Há controvérsias!? Um espanto! Dois espantos! Eis a roldana em nossos olhos contemporâneos contaminados pelo(s) movimento(s), só não podemos dormir no(os) ponto(os). E perder o bonde(s). Quem fica parado é poste... A estrutura da obra visual como um todo é formada por partes intercambiáveis. Podem ser isoladas e observadas de maneira independente, para logo em seguida serem reunidas na sua

totalidade. Donis A. Dondis, a partir da Gestalt observa que “A utilização dos componentes visuais básicos como meio de conhecimento e compreensão tanto de categorias completas dos meios visuais quanto de obras individuais é um excelente método para explorar o sucesso potencial e consumado de sua expressão. (...) Para analisar e compreender a estrutura total de uma linguagem visual, é conveniente concentrar-se nos elementos visuais individuais, um por um, para um conhecimento mais aprofundado de suas qualidades específicas.” Vários são os sentidos da palavra movimento. Em especial, como um vetor/força vital na/da visualidade. Seja no cinema, na TV, nos móbiles de Calder, nas vitrines, nas roupas, nas capas de livros, cartazes, publicidade e outras manifestações artísticas em seus detalhes específicos. Como resalta Donis A. Dondis: “A linguagem separa, nacionaliza; o visual unifica. A linguagem é complexa e difícil; o visual tem a velocidade da luz, e pode expressar instantaneamente um grande número de idéias.” O movimento é um elemento básico para a compreensão da constituição de uma determinada linguagem. Por outro lado,num desdobramento/ deslocamento da palavra observamos também que ela remete a um grupo de pessoas que defendem determinadas idéias em comuns. Isso se aplica ao Construtivismo, Concretismo, Neoconcretismo, Surrealismo, (neo)

Dadaísmo, Land Art, Arte Conceitual, Arte Cinética, Arte Povera, etc. Ou seja, esta diferenciação no campo das artes plásticas e visuais perfaz uma multiplicidade de ações, percepções e reações nas quais temos reflexos, diálogos e intertextualidades importantes, sendo a questão do movimento uma das variáveis fundamentais de todo o processo. As pontuações apresentadas nos dois parágrafos anteriores são importantes,pois a química da obra de arte e o espectador, não esquecendo o criador, imploram significados. Afinal, todos perguntam o que o artista está querendo dizer com isso ou aquilo? O que este amarelo está fazendo aqui? E este urinol? Isso é arte!? Uns podem sussurrar: perguntem à Crítica Genética. Outros berram sem cessar,“não podemos esquecer a Teoria da Recepção”.Várias mesclas de associações

S/T . Fotografia C-Print . 125 x 125 cm. André Hauck . 2008

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acrescentam valores à obra de arte, por extensão também às obras visuais, em seus deslocamentos no processo de significação. O olhar é a ponte da experiência estética. Faz (re)lembrar, necessário citar, o que José Saramago recolheu no Livro da Cartuxa (Livro dos Conselhos) e está estampado à entrada do belo Ensaio Sobre a Cegueira: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. As evidências são muitas na constituição do conhecimento. Vamos dizer que ao reparar uma obra de arte, o espectador desloca aquilo que alguns chamam de sensibilidade. Com certeza, em ligação direta com a experiência de vida e o próprio pensamento. Logo, temos não só o movimento do criador na modernidade. Observamos também na percepção do espectador outro tipo de deslocamento/ movimento: a imaginação. Numa divagação das palavras de Jorge Luis Borges é como se fosse uma leitura a partir de um criador e na sua constante conseqüência teríamos invenções de outras leituras. Leitura seminal, retroalimentação positiva, dinâmica que se constrói e instala num discurso sobre o trabalho de um criador.

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Não que o discurso cria a obra, ele ecoa numa linha não reta, mas curva no tempo e espaço. Pois, também é contaminado por interlocuções. Sustenta a fruição, algum problema ou terreno minado por tensões. Temos que aprender a partir da obra, já sentenciava Hegel, no espírito que tudo duvida, por isso ele existe, cogita. A autonomia da obra de arte na modernidade parece dizer que a imaterialidade é que se desloca/movimenta nas leituras, espantos e estranhamentos. A imaterialidade é a imaginação. Torna-se necessário no mundo contemporâneo um exercício estético de dúvida em relação à imagem(ens) imersa(s) numa Sociedade do Espetáculo - Guy Debord já colocou esta questão há tempos. A qualidade da imagem passa a ser a exigência de um olhar que pensa. Que pensa de maneira mais vagarosa e lúcida em meio à contramão da velocidade estonteante

e tecnológica, acompanhada de alguma experiência de vida e informações das mais variadas fontes (interessante, aviva à memória a Fonte de Duchamp). Talvez daí - nesta era de incertezas – desponte uma luz, para relacionar as informações adquiridas (por parte do espectador), como critérios de avaliações estéticas. Logo a questão é uma escolha. E escolha lembra a palavra ética, haja vista que nada é fechado e tudo está em aberto. Porém, vale insistir e refletir pessoalmente na epígrafe que José Saramago utiliza no seu Ensaio Sobre a Cegueira. A arte é uma transgressão, alternativa na qual a imaginação é que realiza realmente os saltos/deslocamentos/ movimentos necessários e que impulsiona todo o processo histórico. O meu, o seu, da comunidade real e natural, da internet, do país, do mundo e do Universo que estamos (re)começando a ver, (re)parando.


PROFISSÃO

Em busca do Diploma perdido:

QUANDO ESSA SAGA VAI ACABAR?

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal - que determinou a não obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional do Jornalismo - uma série de manobras políticas, manifestações e articulações começou a movimentar a categoria em todo o Brasil. Todos os jornalistas sentiram-se na obrigação de agir, pois toda a formação acadêmica e os direitos trabalhistas conquistados na década de 70 estavam em jogo. Com tantas articulações e apoio de entidades e parlamentares, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), foi aprovada em 11 de novembro de 2009 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, o que proporcionou um gás a mais à categoria. Mas a melhor notícia veio logo em seguida, no dia 2 de dezembro. A PEC do senador Antônio Carlos Valadares, líder do PSB-SE no Senado, foi aprovada por 20 votos. Uma vitória na dramática série da busca ao diploma perdido. Após duas vitórias, a saga que começou em 1995 parece não ter terminado. Será ainda necessária aprovação da PEC no Congresso para que, aí sim, tudo volte ao normal. Mas qual será o próximo passo? Como os jornalistas devem agir nesse momento de incertezas? O que estão fazendo os sindicatos? Quando o diploma voltará a ser obrigatório? Muitas perguntas ainda precisam de respostas e cabe a todos os jornalistas buscar informações sobre o assunto, diariamente. LÚCIO TEIXEIRA

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ara Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), cada profissional de imprensa deveria reivindicar seus direitos e interesses, já que todo jornalista ajudou a eleger, pelo menos, um senador, um deputado ou um vereador. “É certo que a PEC de Valadares possui apoio de grande parte do Senado, mas, mesmo assim, é preciso que haja cobranças”, ressalta Andrade. Ele explica que a votação da

PEC no Plenário está prevista ainda para o primeiro semestre de 2010. No entanto, como é um ano eleitoral, o trabalho tende a ficar mais moroso. É bom lembrar que o Congresso Nacional passa a ser menos frequentado, pois quase todos os políticos se envolvem nas eleições. “Precisamos continuar com as mobilizações e ir contra o ‘desastre’ que foi a decisão do Supremo Tribunal Federal”, defende o líder sindical.

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Entenda a Saga do Diploma: 17 DE OUTUBRO DE 2001 A 16º Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo - 3º Região recebe Ação Civil Pública com Pedido de Tutela Antecipada, de iniciativa do Ministério Público Federal, contra o Governo Federal, onde é contestada a exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. 23 DE OUTUBRO DE 2001 Liminar da juíza federal substituta Carla Abrantkoski Rister, da 16º Vara Cível da Justiça Federal, 3º Região, em São Paulo, suspende a obrigatoriedade da exigência do diploma de jornalismo para a obtenção do registro profissional. Embora provisória, a liminar, enquanto estivesse vigente, obrigaria o Ministério do Trabalho a conceder registros de jornalista a qualquer pessoa. 22 DE NOVEMBRO DE 2001 Como terceiros interessados e assim reconhecidos pela Justiça, a FENAJ e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo entram com pedido de agravo de instrumento com efeito suspensivo contra a liminar concedida pela juíza substituta. 10 DE JANEIRO DE 2003 Decorridos cerca de 15 meses, sentença em primeira instância da juíza federal substituta confirma liminar

concedida por ela, dispensando a exigência do diploma para o exercício profissional de jornalista.

Regional Federal da 3º Região, Manoel Álvares, apresentando documentos e solicitando agilização do andamento do processo.

21 DE JULHO DE 2003 Encaminhamento de novo recurso por parte da FENAJ e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, agora contra a sentença de primeira instância da juíza federal. 23 DE JULHO DE 2003 A desembargadora federal Alda Basto do TRF - 3º Região (Turma de Férias) acata apelação da FENAJ e do Sindicato de Jornalistas de São Paulo e suspende sentença de primeira instância da juíza substituta. 02 DE DEZEMBRO DE 2003 O juiz federal convocado Manoel Álvares reconsidera decisão da desembargadora Alda Basto e confirma a sentença de primeira instância da juíza substituta. 07 DE ABRIL DE 2005 Representantes da FENAJ e do SJSP participam de audiência com o juiz do Tribunal

30 DE OUTUBRO DE 2005 Por decisão da desembargadora Alda Basto, da Turma de Férias do Tribunal Regional Federal - 3a Região (São Paulo), volta a exigência de formação específica de graduação universitária para o exercício profissional do jornalismo. 30 DE OUTUBRO DE 2005 Fenaj apresenta Anteprojeto de lei que cria o Conselho Federal de Jornalismo-CFJ, institui o Código de Ética e altera a legislação sobre o exercício da profissão de jornalista. DE 2006 A 2009 Mobilização em todo o país e apoio de entidades de classe sobre a obrigatoriedade do diploma. DE 2006 A 2009 O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) protocola PEC no Senado.

PAULO PIMENTA, um dos importantes arqueiros na luta a favor do diploma com sua PEC 33/2009.

GILMAR MENDES, o ministro que provocou a “ira” de todos os jornalistas, mais que a juíza Carla Rister com sua liminar em 2001.

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TUCANOS, a base tucanada se mostrou contrária a exigência do diploma para o exercício da profissão, dando fôlego ao STF.


17 DE JUNHO DE 2009 O STF aprova o fim da exigência do diploma de Jornalismo para o exercício legal da profissão. 08 DE JULHO DE 2009 O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) protocolou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que restitui a exigência do diploma de curso superior para exercer a profissão de jornalista.

SETEMBRO DE 2009 Instituições de ensino superior como a Facamp, uma das mais tradicionais do Brasil, decidem encerrar o vestibular para o curso de jornalismo para 2010. 11 DE NOVEMBRO DE 2009 Aprovação da PEC na CCJ da Câmara dos Deputados, projeto de autoria do deputado Paulo Pimenta (PT-RS). 02 DE DEZEMBRO DE 2009 Aprovação da PEC na CCJ do Senado, projeto de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). A PEC agora precisa ser aprovada no Congresso Nacional para que a exigência da formação acadêmica volte a vigorar em todo o Brasil.

ATHENIENSE, o apoio da OAB vem sendo fundamental para mostrar à sociedade o quanto o STF se equivocou na decisão.

SÉRGIO MURILLO, o “mocinho” representande de toda uma desunida categoria que se viu sem diploma e sem profissão.

ACM JÚNIOR E DEMÓSTENES, senadores “vilões” do DEM que votaram contra a PEC 33/2009 no dia 2 de dezembro.

DIPLOMA, a volta da exigência do curso superior está próxima, mas tudo pode acontecer em um ano eleitoral como 2010.

Arte: Lúcio Carvalho

30 DE ABRIL DE 2009 O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a Lei de Imprensa. Num julgamento histórico, 7 dos 11 ministros do STF decidiram tornar sem efeitos a totalidade da lei ao concluírem que ela, que foi editada em 1967, era incompatível com a democracia e com a atual Constituição Federal. Eles consideraram que a Lei de Imprensa era inconstitucional.


Andrade informa que a Fenaj ainda não definiu um plano de interesses para 2010. Como os congressistas só voltarão a trabalhar efetivamente somente após o carnaval, a diretoria da Federação discutirá a defesa PEC no Plenário apenas a partir do dia 11 de janeiro. No entanto, ele adianta que as estratégias de mobilização social e de classe continuarão seguindo o mesmo padrão, com solicitações, contatos pessoais com os parlamentares, trabalhos com os estudantes de jornalismo, profissionais formados e manifestações. A entidade planeja promover um ato público em Brasília. Além disso, uma das prioridades da Fenaj é restabelecer a emissão das carteiras de jornalista. O documento será impresso em um novo suporte e servirá como uma espécie de documento de identidade. “Os jornalistas devidamente registrados no Ministério do Trabalho podem requerer sindicalização a partir de janeiro”, informa.

ATENÇÃO É FUNDAMENTAL O presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, adverte que os jornalistas devem ficar atentos às manobras praticadas pelas grandes empresas. Ele

afirma que os interesses dos repórteres e dos empresários da comunicação são, muitas vezes, antagônicos. “Existem organizações com posições restritas, mas a grande maioria percebeu que pode se beneficiar com a desregulamentação da profissão. Muitas chegaram a renegociar o piso salarial. Apenas os ingênuos e os mal intencionados não conseguem enxergar essa relação”, opina o jornalista. Para Suzana Blass, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ), é fundamental o apoio dos profissionais da imprensa para que o diploma volte a ser regulamentado. A jornalista frisa que as frentes sindicais e a Fenaj possuem atualmente um apoio muito maior na ‘luta’ pelo diploma do que aquele existente em junho, quando houve a decisão do STF. Além disso, ela critica interesses econômicos e políticos privados existentes na questão. “A grande mídia é contra o diploma e não nos dá espaço. Temos que furar esse argumento falso de que diploma é cerceamento à liberdade de expressão. Precisamos continuar cobrando a boa formação, essa sim é que deve ser o foco do questionamento”, salienta ela.

A presidente compartilha da mesma opinião que Sérgio Murillo. Ela explica que os princípios éticos do Jornalismo – como o da informação com qualidade e imparcialidade, por exemplo – são defendidos pelos profissionais da categoria, não pelos empresários da comunicação. Para que ocorra a regulamentação do diploma, Suzana afirma que os debates sobre o tema devem continuar sendo estimulados nas universidades, nas redações e junto à sociedade civil. “Conseguimos que as duas PECs fossem aprovadas, por meio de mobilização e muito contato com os parlamentares. Precisamos buscar acessos para defender nossos pontos”, defende Suzana. José Nunes, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SJPRS), também enfatiza a necessidade dos sindicatos promoverem contatos com os políticos para defender os interesses da classe. Como exemplo, cita as palestras e debates promovidos pelo SJPRS que contaram com a participação do deputado Paulo Pimenta. Nunes informa que a entidade sindical continuará acompanhando o caso de perto até a votação no Congresso. “Vamos defender a aprovação da PEC,

Paula Sholl

José Aníbal: Comunicação não é uma ciência exata e a mídias sociais requerem um relacionamento pertinente e relevante


Arquivo Fenaj

diploma e os jornalistas promovendo palestras, publicações e manifestações. A imprensa precisa lidar com grandes responsabilidades técnicas e éticas em sua jornada de trabalho. A formação é essencial para a consolidação desses valores”, expõe. Freire explica que o SJPSP vem lutando desde 2003 na defesa dessa questão e possui grande apoio da sociedade civil. A entidade promove palestras, publicações e reuniões constantes para debater o tema, mas lamenta a pouca mobilização que existiu antes da decisão do STF. “Nenhum jornalista do Brasil acreditava que o STF

seria capaz de tomar tal decisão”, justifica André Freire.

OS DO CONTRA Durante a votação da PEC 33/09 na CCJ da Câmara, apenas o PSDB se opôs à proposta de Paulo Pimenta (PT-RS), jornalista sindicalizado no Rio Grande do Sul. De acordo com José Aníbal, líder da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados, o partido manifestou-se contra por considerar desnecessário o diploma de jornalista. “A Câmara não deveria ter retomado essa discussão. Emir Barreto

Sérgio Murillo: Comunicação não é uma ciência exata e a mídias sociais requerem um relacionamento pertinente e relevante

como fizemos até agora”, declarou o presidente. Não são apenas os jornalistas, sindicatos e congressistas que precisam se envolver na regulamentação do diploma. É necessário também o apoio da sociedade civil. De acordo com André Freire, secretário geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, existe um consenso da necessidade da qualificação profissional para o exercício do jornalismo. O secretário explica que, em pesquisas realizadas com critérios de análise científicos, foi apontado que 75% da população brasileira são a favor da regulamentação. “Acredito que o povo continuará apoiando o

ACM Júnior: após o voto contrário à PEC, ele vem sendo acusado por outros parlamentares por ter interesses específicos para exigir fim da formação acadêmica para o exercício da profissão

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Waldemir Rodrigues

Demóstenes: voto contra a PEC no Senado por acreditar que a exigência do diploma fere o direito à liberdade de expressão da sociedade

Não é necessário que o jornalista possua diploma, os principais atributos para se exercer essa profissão são o texto e a capacidade interpretativa”, opinou Aníbal. O tucano ressaltou ainda a existência de diversos profissionais que atuam competentemente na área jornalística, mas não tiveram oportunidade de cursar uma universidade. No Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO) e Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) votaram contra a PEC de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Segundo Ronaldo Caiado (DEM-GO), líder dos Democratas na Câmara dos Deputados, o partido não possui posição oficial em relação ao assunto. O voto dos congressistas representa posições ideológicas individuais.

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O deputado Paulo Pimenta, afirma que a posição de ACM Júnior e Demóstenes Torres no Senado reflete uma postura mercantilista. “Eles, os congressistas, pensam que a informação é apenas uma mercadoria. Sob essa perspectiva, não se preocupam com a qualificação profissional, a importância do piso salarial, entre outras questões”, afirma. Para o autor da PEC na Câmara, é necessário que os jornalistas continuem acompanhando e fiscalizando o trabalho dos parlamentares enquanto a proposta não é aprovada no Plenário. Ele enfatiza que isso pode ser feito tanto individualmente – através de cobranças e discussões, como coletivamente, – principalmente por meio dos sindicatos. Pimenta se diz confiante em relação à votação e acredita que a PEC de Valadares será aprovada.

bastante nesses últimos anos. Gilmar Mendes também tem proferido algumas decisões que deixam muito a desejar. Ele é um jurista de grande renome, mas isso não significa que as decisões do STF não devam ser questionadas”, expõe ele. O advogado afirma honrar a atuação na Fenaj na defesa da PEC e critica o principal discurso utilizado na decisão do Supremo. “A liberdade de expressão é o mais ingênuo argumento para a desregulamentação do diploma, pois a PEC de Valadares permite amplamente a colaboração na construção da notícia. Existem inúmeras universidades de jornalismo no Brasil e a formação é necessária para uma categoria que possui tantas responsabilidades e influencia Eugênio Novaes

De acordo com Sérgio Murillo, presidente da Fenaj, as oposições foram fruto de aspirações subjetivas. “Os dois votos contrários à PEC no Senado foram motivados por interesses específicos. Antônio Carlos Magalhães Júnior carrega consigo interesses empresariais, contrários à vontade da categoria jornalística. Demóstenes Torres, por sua vez, possui uma ‘fidelidade canina’ a Gilmar Mendes”, afirmou o presidente. A assessoria de imprensa de Torres afirmou que o voto do político foi influenciado pela decisão do STF, que possui importância suficiente para determinar a posição do político. Aristóteles Ateniense, vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), também acredita que os votos do DEM no Senado foram motivados por interesses específicos.“ACM Júnior decepcionou-me

Atheniense: a OAB vai continuar apoiando a Fenaj para reverter este grande absurdo


Ivaldo Cavalcanti

Paulo: os congressistas pensam que a informação é apenas uma mercadoria. Eles não se preocupam com a qualificação profissional e a importância do piso salarial da categoria

diretamente na estabilidade do regime”, argumenta o vice-presidente da OAB. Ateniense explica que haverá novas eleições para a presidência da OAB em fevereiro de 2010. Por este motivo, não existem políticas para a defesa da PEC definidas. No entanto, acredita que, independente da equipe eleita, a Ordem continuará apoiando os jornalistas. “A Fenaj não possui poderes diretos de decisão política. É importante que a OAB apoie a causa dos jornalistas e mostre a verdadeira ‘inconstitucionalidade’ que

representou a decisão do Supremo. Uma vez aprovada a PEC no Plenário, assumirá a eficácia de uma lei e não haverá possibilidade do diploma ser novamente desregulamentado”. Com a aprovação da PEC no Congresso em 2010, o diploma voltará a ser exigido e fim de conversa. Só assim, a classe não sofrerá mais nenhum pedido de liminar e não correrá o risco de ter mais uma vez a profissão em cheque. Enquanto isso não acontece, o jeito mesmo é esperar e mobilizar, mobilizar sempre.

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l essoa ivo P Arqu

Jornalista, formado em Comunicação Social pela UNESA (RJ) desde 2005, e escritor amador. Atualmente trabalha na Coordenadoria de Comunicação Social da Prefeitura de Itapevi (SP). Também faz alguns serviços freelancers para jornais e revistas de São Paulo.

VAI PROMETER MAIS, VAI!

A

manifestação começou por volta das 16h40, no exato momento em que o prefeito saía de seu gabinete para comparecer a uma reunião de moradores de um bairro da cidade. Dentro do veículo oficial e ainda no estacionamento, precisou engatar a ré e se enclausurar em sua sala, enquanto os gritos de protesto e as buzinas de dezenas de vans se tornavam cada vez mais altos. Sobrou pra mim ter que me infiltrar no meio da multidão e descobrir o que aquela gente baderneira queria. Não demorou cinco minutos até que os manifestantes alcançassem a Rua do Paço e transformassem o trânsito local em um inferno. Simplesmente estacionaram as vans no meio da rua e, enquanto gritavam palavras de ordem, se revezavam em discursos acalorados. “Queremos que esse prefeito mentiroso cumpra sua promessa de

campanha e legalize a situação do transporte alternativo nesta cidade”, afirmava um sujeito moreno de voz rouca e longos cabelos trançados. Proferindo palavrões com a determinação de um tigre, dava sinais de ser o líder do grupo. Depois de fazer barulho durante uns 30 minutos, desistiram de esperar o prefeito mostrar a cara em alguma janela e resolveram seguir para a avenida principal do Centro, onde, segundo eles, convidariam a população a se juntar à causa, aumentando o coro pela legalização das vans. Eu, sempre com o gravador ligado e escondido no bolso da calça, ia fotografando toda a movimentação, camuflado de jornalista independente e simpatizante do ato. Entusiasmados com os flashs da minha máquina fotográfica, posavam para as fotos fazendo cara de mau e exibindo faixas com a sigla de um partido político de oposição. Como eu já imaginava, havia um partido por trás daquilo. Em praça pública, na frente de centenas de olhares curiosos, ainda realizaram um enterro simbólico do prefeito. “Este ato mostra a indignação do povo deste município com este governo burguês. Nós somos trabalhadores e merecemos respeito”, confidenciou-me um manifestante. Deu uns 10 passos para longe e imediatamente retornou, como se percebesse que esqueceu alguma

coisa. “Meu nome não vai aparecer no jornal não, né?”, perguntou encabulado. Uma van que insistia em circular pegando passageiros em meio ao tumulto foi apreendida. Um cordão de isolamento formado por cerca de 20 guardas municipais se incumbiu de manter afastada a multidão de perueiros que se aproximou do veículo. Tentavam impedir que ele fosse rebocado. Teve início, então, a pancadaria que resultou na prisão de diversos manifestantes e deixou quatro guardas feridos. Quase sobrou para mim. Se não fosse a turma do “deixa disso”, tinha sido acertado em cheio por um soco de um senhor mais exaltado. No dia seguinte, ao levar a fita de áudio para o departamento jurídico, pude apurar mais informações sobre a tal promessa não cumprida. Disseram-me que, enquanto candidato, o prefeito realmente tinha como uma de suas principais bandeiras de campanha a legalização do transporte alternativo. Porém, como prefeito, percebeu que o buraco era mais embaixo, muito mais embaixo. Existiam contratos com empresas de ônibus que precisavam ser cumpridos e que impediam qualquer ação em favor dos “perueiros”. Independente de culpados, o caso foi assunto nas ruas e praças durante umas duas semanas. Pelo menos, ficou a lição. Nas eleições seguintes, com exceção do chefe da associação de “perueiros”, nenhum outro candidato a prefeito se comprometeu a legalizar o transporte alternativo da cidade. E tudo continua na mesma, na clandestinidade política e social...


NOVAS CRISES À MODA ANTIGA

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caso ainda recente de Geisy Arruda - hostilizada pelos próprios colegas de faculdade devido ao comprimento de uma saia que usava, e a maneira como a universidade em questão conduziu o assunto - reforça uma pergunta recorrente no ambiente da comunicação empresarial: como lidar com uma crise comunicacional no mundo digital? Ouso dizer que ninguém ainda conseguiu responder a essa questão de forma definitiva e talvez ela nunca consiga ser respondida. Não há receita de bolo. Entretanto, uma coisa é certa: as crises de comunicação atuais são diferentes de tudo aquilo que conhecemos. Portanto, novos cenários exigem novos modus operandi:

•INDISCIPLINA Alunos colocam vídeos no YouTube. Blogueiro divulga. Perfis no Twitter comentam. Imprensa repercute. Universidade se posiciona. Mundo digital se indigna. Jornalistas ficam em polvorosa. Quem você chamaria para lidar com essa questão? O assessor de imprensa? O especialista em redes sociais? O publicitário? Estamos diante de uma típica questão de Indisciplina, ou seja, trata-se de uma situação que exige o domínio de múltiplas áreas (disciplinas) do conhecimento para ser compreendida. Um profissional, infelizmente, ainda raro, já que o nosso modelo educacional – formal ou informal – ainda é extremamente disciplinar. Hoje, as questões da comunicação são cada vez mais multidisciplinares, enquanto os profissionais seguem, cada vez mais, para a unidisciplinaridade.

•AS REGRAS DO JOGO Arqu

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ANDRE DE ABREU (www.andredeabreu.com.br) é jornalista, especialista em jornalismo multimídia pela PUC-SP e mestrando em comunicação pela ECA-USP. Já teve passagens pela TAM, pelo Banco Real e pela Universidade Anhembi Morumbi. Atua há 10 anos em comunicação digital corporativa participando de projetos para Schering-Plough, Instituto Ethos, COC e Lush. É jurado das categorias digitais do Prêmio ABERJE, membro do grupo e pesquisa Com+ e um dos autores do blog Intermezzo.

A comunicação é fluída. Uma crise desliza do mundo digital para o analógico de maneira líquida seguindo regras e passando por atores que se reconfiguram a cada instante. Isso faz com que cada caso exija uma estratégia específica. Não há como tratar o assunto de forma pasteurizada. Telefonemas, almoços e encontros – técnicas comuns e certas na relação entre empresas e imprensa – aqui não funcionam. Entra em campo agora o monitoramento e o diagnóstico permanente da reputação da marca na web e o trabalho do RP 2.0, aquele profissional que busca na web espaços de diálogo sobre a empresa e intervém nesses ambientes em nome dela.

•OUVIR É IMPORTANTE É a velha regra: se mil cabeças pensam diferente de você, é preciso, ao menos, repensar as convicções individuais. A universidade perdeu a chance de assumir o erro, de ouvir a sociedade e melhorar seus processos e, consequentemente, sua imagem. Infelizmente, não foi isso o que aconteceu. Afinal, nesse nosso contexto atual, não se pode mais tomar decisões sozinho. Reafirmo que não há receita de bolo quando o assunto é estratégia de comunicação em redes sociais. Mesmo assim, partindo desses três princípios, todos ganham: o usuário (que terá seu problema resolvido) e a empresa (que poderá corrigir o problema para que ele não se repita e, assim, provoque ainda mais desgaste interno).

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O segundo semestre foi marcado por muitas tristezas e alegrias. Coisas das vida, não é mesmo?! Mas não podemos deixar a peteca e o ritmo cair. Final de ano está aí e 2010 será maravilhoso para todos nós. Que o seu Natal e Ano Novo seja tão gostoso quanto o nosso pão de queijo! Continue participando: robsonabreu@pqn.com.br

SAUDADES O mês de novembro foi muito triste para a comunidade PQN, perdemos grandes jornalistas como Luiz Carlos D’Ávila, Alécio Cunha e Camilo Teixeira da Costa. Com certeza uma perda irreparável para a imprensa brasileira e para todos nós. Luiz e Alécio foram tricampeões no Prêmio PQN de Ouro como Melhor Leitor PQN e Melhor Repórter de Cultura, respectivamente. Enquanto que Camilo comandou brilhantemente o Grupo Diários Associados durante décadas. Saudade de vocês, amigos! Arquivo pessoal

BEBÊS

Fotos: Robhson Abreu

A cegonha aportou com força neste segundo semestre do ano. Vera Lima (Eficaz Comunicação) e Fernando com seu pimpolho, João Camilo; Sofia e João Camilo Angélica Hodge e Ernesto Boaviagem (Supra Comunicação) com o bonitinho Rafael; Raquel (Lápis Raro) e seu príncipe Davi e, por último, Isabela Soutto e Paulo Henrique Lobato (Estado de Minas) com os gêmeos Pedro e Maria Paula.

LANÇAMENTO

Nair Prata e Marcelo Prates, meus amigos, não páram. Em outubro eles seus livros. Ela com “Webradio: novos novas formas de interação”, sobre de doutorado. E ele com seu belíssimo “Pássaros da Liberdade”, que reúne imagens de aves, em contexto surpreendente: na agitação da cidade, em meio ao caos urbano. Os lançamentos aconteceram na Casa do Jornalista e na Biblioteca Pública Luiz de Bessa, respectivamente, na capital mineira. Vale a pena adquirir as obras. Parabéns amigos!

queridos lançaram gêneros, sua tese

STAND-UP COMEDY

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Virou moda, literalmente, comunicador fazer comédia em pé. Depois dos meninos do CQC, agora é a vez do redator da agência África, Zé Luiz Martins. Ele vem se apresentando com o grupo “Comédia na Veia” formado por Bernardo Veloso, Douglas Alexandre, Fábio Gueré e Rafael Oliver. Zé Luiz também já apresentou seu talento com os grupos Comédia ao Vivo, Las Vergonhas, Divina Comédia, entre outros.

É ISSO AÍ ! A mineirada está dando o que falar. Na edição de número 71 da Revista Webdesign, Ronaldo Gazel, artista plástico e webdesigner, ensinou dicas valiosas sobre os princípios subliminares da Gestalt, além de despertar o leitor para uma auto-avaliação sobre seu posicionamento como gerador e transformador da linguagem imagética. Gazel também demonstrou na entrevista, através da análise de campo visual, exemplos práticos de interfaces, interpretadas à luz dos princípios da teoria da Gestalt e Semiótica aplicados à criação de interfaces. Confira o sumário da revista: www.revistawebdesign.com.br

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Divulgação

AMPLIACÃO

A Embrace Marketing de anunciou a Relacionamento contratação de novos profissionais para os dois escritórios da agência, um em São Paulo e outro em Porto Alegre. Eles ingressarão nos núcleos de Criação de Marketing Direto, Criação de Publicidade e Propaganda, Atendimento e Projetos Especiais. Na sede paulistana foram contratadas a coordenadora de projetos especiais Gláucia Aparecida de Moraes; Moraes para o atendimento, Laudelina Pereira; a analista de operações Fabiana Cristina Mateus e a assistente de operações Lara Thie Souza Namba. Para o núcleo de Criação de Publicidade e Propaganda, em Porto Alegre, foram contratados o diretor de arte Márcio Bedin; o redator Matheus Lehenbauer e o arte-finalista Fábio Diel Born; para o núcleo de Criação de Marketing Direto, o diretor de arte Fernando Costa Oliveira; e Sandra Mara Santos de Souza como Gerente de Produção. Divulgação

HOMENAGEM Daniel Zimmermann, colunista da nossa PQN foi homenageado em cerimônia ao dia das Relações Públicas da Câmara Municipal de Sorocaba. Além dele, ex-alunos do curso de RP da Uniso, Cláudia Albuquerque (Assessora de Comunicação do Vereador Pastor Luis Santos), Fábio Mascarenhas (Assessor de Comunicação do Vereador João Donizete), o professor e mestre Valter Calis (Secretário de Comunicação de Sorocaba) também foram agraciados.


Litza Mattos

COMPORTAMENTO

Guilherme: é preciso acreditar e apostar na profissão escolhida

UM LUGAR AO SOL!

Menos de um ano de formado! Este é o tempo que alguns comunicadores levam para conquistar um lugar de destaque nas empresas de comunicação. Eles têm contrariado algumas previsões pessimistas, principalmente com a crise econômica e a queda do diploma para o exercício legal do Jornalismo. Para estes profissionais a carreira tem sido uma realidade trabalhada com muita garra e dedicação, superando desafios diários e a competição do mercado de trabalho. E os ‘focas’ estão fazendo bonito no mercado! LITZA MATTOS E ROBHSON ABREU

C

om mais de 200 instituições de ensino superior que ministram o curso de Jornalismo no Brasil, fica difícil quantificar o número certo de profissionais que se formam por semestre em cada Estado. Estima-se que só na região Sudeste, de acordo com pesquisa feita pela revista PQN, formem cinquenta mil comunicadores por ano, inclui-se aqui jornalistas, relações públicas e publicitários. Só na Região Metropolitana de Belo Horizonte são 3,2 mil formados das 18 escolas, enquanto que em São Paulo, o número sobe para 18 mil novos profissionais, saídos das mais de 42 escolas de curso superior.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 312 instituições oferecem o curso de Jornalismo em sua grade. Mais da metade concentra-se na região Sudeste, sendo 81 instituições só no estado de São Paulo. A quantidade de cursos reflete diretamente no número de jornalistas enviados ao mercado de trabalho todos os anos. O elevado número de cursos também faz com que o mercado de trabalho se torne uma selva pela disputa de empregos e estágios.

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“São quatro anos de estudos e parece que a prova do vestibular foi ontem”. Muitos profissionais se pegam fazendo esta afirmação quando percebem que o tempo de universitário acabou e terão que encarar o mercado de trabalho. Alguns afirmam que o estranhamento pode ser muito menor quando o estudante já teve algum tipo de experiência. O estágio para a área de comunicação, principalmente para o jornalismo, não é obrigatório, mas segue a política da Lei de Estágio 11.788 aprovada em setembro de 2008, que prevê o máximo de seis horas diárias um total de 30 horas semanais. Mas para selecionar tantos novos comunicadores a competência e o relacionamento e experiência são fatores que pesam no início da carreira. Para a professora e coordenadora do curso de Jornalismo do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), Lorena Peret, o profissional que logo consegue uma posição de destaque no mercado já demonstra este perfil na faculdade. “Esse estudante é facilmente perceptível entre os demais. É o aluno que tem facilidade para o jornalismo, como seria de se esperar. É aquele esforçado e dedicado que mostra interesse pela área”, garante a professora.

Arquivo pessoal

Lorena afirma que o segredo para entrar no mercado em menos de um ano de formado está em aproveitar ao máximo a escola e os professores, não se restringindo apenas à sala de aula.“Tenho o

Marcus: hoje é difícil sair da faculdade pensando somente em trabalhar em TV ou jornal. É preciso ampliar os horizontes

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exemplo de duas alunas que participaram de concursos e promoções de empresas de comunicação por indicação da escola, venceram e já estão bem encaminhadas. Se o aluno não demonstra garra, nunca será indicado por um professor, que acaba sendo uma das portas de entrada no mercado de trabalho”, observa. Muito além da relação entre o comunicador e a profissão de jornalista, a Comunicação passa por um dos momentos mais interessantes e desafiadores da história, principalmente com a velocidade dada pela internet às informações. Com este quadro, afirma Lorena, é preciso saber mesclar e tirar o que há de melhor das novas tecnologias, em termos de formação de redes e divulgação de portifólio, assim como uma participação ativa no mundo real, através de trabalhos voluntários sociais, participação em eventos e curiosidade intelectual. Para a coordenadora este é o melhor caminho para a formação plena de qualquer profissional, mas principalmente do jornalista, que tem como matéria-prima o ser humano em toda a sua essência. De acordo com Ricardo Sapia, apresentador do programa Minas Urgente, da Rede Band Minas, sua equipe é a mais jovem da TV mineira. “Com milhares de formandos em Comunicação, eu acredito e dou valor ao jovem. Infelizmente, o Jornalismo

não é uma profissão que, depois de formado, direciona o profissional para um emprego imediato, assim como acontece com médicos ou advogados”, observa. Há 16 anos como apresentador, Sapia lembra que o início da sua carreira foi marcado por muita sorte. Ele já tinha emprego garantido logo depois do término da faculdade. Na Band Minas ele está cercado de jovens ex-estagiários e a fórmula parece conquistar a simpatia do público e a audiência do programa, veiculado na hora do almoço. A equipe é formada Nayane Damasceno, Felipe Junqueira, Fernanda Grossi, Raquel Madaleno, Marco Túlio Trajano e o estagiário Felipe Pedrosa. O apresentador do Minas Urgente acredita que as redações dos veículos de comunicação têm se mostrado abertas aos jovens profissionais, em função das diretrizes econômicas das empresas. “Os custos pesam na hora da contratação que tem se igualado ou até mesmo ultrapassado os números de estagiários com o de profissionais formados. No entanto, a


Arquivo pessoal

Lorena: o segredo para entrar no mercado é aproveitar ao máximo a escola e professores

medida que pode atrapalhar um pouco a função jornalística, engrandece e forma os jovens comunicadores”, observa.

NOVAS TECNOLOGIAS MELHORAM A RELAÇÃO DE TRABALHO Com um diploma por enquanto menos valorizado após da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que desregulamentou a profissão, os jornalistas que estão se formando terão que ser cada vez mais convergentes e polivalentes.Alessandra Mendes, repórter da rádio Itatiaia, em Belo Horizonte, afirma que as empresas estão procurando comunicadores que consigam fazer uma reportagem que vai ao ar na TV, façam um boletim para o rádio e ainda colaborem na publicação online.“Pelo enxugamento nas redações a tendência é exigir do jornalista uma maior capacitação e preparo para conseguir uma melhor ocupação no mercado de trabalho”, explica. Saber lidar com as novas mídias é fundamental, principalmente as redes sociais, cada vez mais utilizadas pelas empresas. Orkut, Facebook, Twitter, MySpace, devem ser nomes conhecidos

no vocabulário dos novos profissionais.E mais do que isso, eles devem saber como utilizar e prover resultados positivos para as organizações. Alessandra afirma que hoje é impossível pensar em jornalismo sem pensar nas novas mídias. “As agências virtuais de notícias e os sites especializados são hoje as grandes fontes de informações para todas as redações, para a sociedade em geral”, conta. Lúcio Flávio Carvalho, jornalista e publicitário formado pela unidade de Arcos da Puc Minas e repórter da revista PQN, afirma que as novas tecnologias mudaram a relação de trabalho do mundo da comunicação, principalmente amplitude da web 2.0 e a elevação do número de computadores nos lares brasileiros.Atualmente o país possui cerca de 60 milhões de computadores em uso, tanto no mercado corporativo quanto doméstico, de acordo com a 20ª Pesquisa Anual da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizada em maio pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp). Há quase dois anos atrás, a base ativa instalada era de 50 milhões de computadores. Espera-se um aumento de 10% para 2010. A FGV mantém a previsão de que o número de computadores em uso no País deve chegar a 100 milhões ao longo de 2012, o que representará uma média de um computador para cada dois habitantes. Hoje essa média é de um computador para cada três habitantes.

processo de comunicação como um todo, criando novas formas o relacionamento entre as pessoas e provocando uma mudança de comportamento pessoal e profissional. No ambiente de trabalho, ele salienta as ferramentas da web 2.0, responsáveis por um relacionamento mais estreito entre empresas e consumidores na divulgação de produtos e serviços. “Temos públicos específicos que freqüentam as redes sociais e que estão ávidos para experimentar novidades. Cabe aos comunicadores saber gerenciar este imenso mailling e a melhor forma para atingir essas pessoas”, avalia Moreira. Marcus Pena, jornalista da Record Minas, afirma que ninguém pode sair da faculdade pensando somente em trabalhar em TV ou jornal. É preciso, observa, saber fazer de tudo um pouco, ampliar os horizontes profissionais e conhecer novas ferramentas que facilitem o trabalho dos comunicadores. A realidade do mercado de trabalho é difícil. Mas Lúcio Carvalho

Com estes números,cresceu a participação da sociedade no ‘fazer jornalismo’.A onda de repórteres cidadãos invadiu o País, aliados aos inúmeros blogs do mundo virtual. Poucos são os sérios, mas existem na blogosfera páginas sérias de grandes profissionais como Juca Kfuri, Ricardo Noblat, Paulo Henrique Amorim, entre tantos outros. “Hoje o comunicador precisa saber atuar em todas as frentes da comunicação – da apuração ao conteúdo publicado na internet. É necessária uma integração do tradicional com o moderno. Estamos na onda da ‘teratecnologia’, onde precisamos de muitas informações e consequentemente, saber gerenciá-las e obter bons resultados tanto pessoais como profissionais”, avalia Carvalho. Para Marcelo Moreira, jornalista formado pela Faminas, em Muriaé, interior de Minas, as novas tecnologias facilitaram o

Marcelo: os comunicadores devem saber gerenciar as redes sociais e tirar proveito delas

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sempre existirá espaço para os bons profissionais. “Por isso, estar antenado e adquirir experiência durante o período acadêmico é indispensável”, aponta.

COMEÇANDO DE BAIXO Guilherme Torres, jornalista formado pelo Uni-BH, e, atualmente editor-adjunto e colunista do caderno Eu Acredito!, do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, afirma que alcançar o cargo não foi nada fácil. Ele, que nem sempre teve o apoio da família, conta que na faculdade os professores sempre o alertavam sobre as dificuldades do mercado de trabalho. Alguns comentários mais discretos, outros até mais ousados. Mas sua história no suplemento do terceiro setor começou quando aceitou o convite da editora Valéria Flores para estagiar, porém de forma voluntária. “Aceitei e acreditei na proposta do caderno e hoje colho bons resultados. Ser editor-adjunto do maior e único caderno de responsabilidade social do Estado requer muita concentração e organização”, lembra ele. Antes do Hoje em Dia, Torres passou pelo caderno jovem “Ragga Drops”, do jornal Estado de Minas, onde assinava uma coluna cultural e de entretenimento.

Torres afirma que o fato de poder conhecer um pouco de tudo e falar sobre tudo é o que move a carreira jornalística. “O jornalista passa quatro anos na faculdade e aprende a escrever e a lidar com a informação, enquanto outros profissionais saem de lá como químicos, físicos, médicos e advogados. Mas é no fazer diário que conseguimos passear por todas essas profissões e aprender um pouco mais sobre elas”, observa o editor-adjunto. Laura Damasceno, apresentadora do programa Trilha MTV Minas, também recorda de seu passado como estagiária na emissora. Foi nessa época que ela aprendeu sobre produção, apresentação, redação do site, entre outras funções. “E nada foi em vão. Além de estagiar, gostar do que se faz pode ser um atalho para o sucesso profissional”, garante ela. Formada pela Fumec em julho deste ano, Laura afirma que assumir tal responsabilidade logo depois de formada não foi um desafio e, sim, uma transição natural da carreira. Ela nunca teve dúvidas sobre a profissão que seguiria. Na verdade, nem cogitou outra opção já que sempre demonstrou paixão pela Comunicação, em especial a área de entretenimento.

Arquivo pessoal

Mesmo colhendo bons resultados até agora, Laura acredita que a frustração profissional faz parte de qualquer carreira, pois os idealismos

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que se aprende na sala de aula nem sempre podem ser seguidos à risca no mundo real. O importante, observa a apresentadora, é ser fiel às suas convicções e tentar sempre produzir um conteúdo que você gostaria de ver como público ou leitor. Quem assiste ao programa não imagina que Laura chega a trabalhar muito durante os finais de semana e até pela madrugada. “Normalmente trabalho pela manhã e a tarde estou no escritório escrevendo para o site e cuidando das etapas de pré e pós-gravação dos programas. Mas as gravações variam de acordo com a pauta e é comum acontecerem nestes períodos”, explica.

SÃO MUITOS OS DESAFIOS Para Rafael Lopes, repórter da editoria de Geral da rádio Alvorada FM, na capital mineira, seu desafio diário é produzir cerca de sete pautas, em inserções ao vivo de 40 segundos dentro da programação musical da emissora. Ele conta que os erros ao vivo e algumas ‘saias justas’ foram responsáveis por seu grande aprendizado sobre o que realmente é o jornalismo, principalmente com os ‘toques incentivadores’ de algumas ex-professoras do Uni-BH e de suas ex-chefes. Para os recém-formados lidar com variados temas durante o expediente

Laura: gostar do que se faz pode ser um atalho para o sucesso profissional


pode se mostrar como um grande desafio. Um profissional pode começar a pauta falando de polícia e terminar o dia com uma bela reportagem sobre tendências da moda. É tudo muito dinâmico, por isso a versatilidade do comunicador, em destaque do jornalista. “Estar em um batalhão cobrindo uma falsa milionária que aplicava golpes na praça em uma hora e, em outro momento, entrevistar empresários, autoridades políticas de renome nacional e internacional em um congresso. A rotina pode ser assim e é incrível’, observa o repórter. Segundo Lúcio Flávio Carvalho, repórter da PQN, é este desafio de escrever sobre tudo e todos que faz do Jornalismo uma das melhores e mais atraentes profissões, haja vista o número de inscritos no último vestibular de algumas faculdades espalhadas no Brasil. Na mais tradicional delas, a paulista Cásper Líbero, Jornalismo foi a graduação que teve a maior procura, com 10,44 candidatos por vaga no período diurno e 8,62 candidatos por vaga no noturno. No total, o processo teve 3.769 inscritos. São ofertadas 90 vagas por turno. “Mesmo com a decisão do STF, a procura não diminuiu, informa Carlos Costa, coordenador do curso de jornalismo da instituição.

Além da variedade de assuntos durante o dia, furar o bloqueio das indicações de vagas dentro dos veículos é apontado como a principal dificuldade dos focas, principalmente quando o ‘Q.I’ (Quem Indica) é reforçado por algum familiar parentesco dentro da empresa. Muitos entram com indicações e outros com a vontade de mostrar um bom jornalismo. “Eu mesmo fui indicado para trabalhar na redação da PQN, mas provei que sou competente e consegui meu lugar, contrariando o que muitos dizem por aí. Ainda mais que saí do interior para buscar uma oportunidade na capital”, conta Lúcio Flávio. Para a repórter da rádio Itatiaia, Alessandra Mendes, os jornalistas com diploma não estão perdendo espaço nas redações, mas sim respeito e moral, ainda mais com a queda do diploma para o exercício legal da profissão. “Eu acredito que nada mudará em relação às contratações, porque nenhuma empresa séria arriscará a contratar alguém que não saiba executar o trabalho e Sapia: sempre acreditei no profissional jovem, já que no Jornalismo não saímos prontos para o mercado de trabalho

O valorização da formação universitária reflete no zelo pela busca da informação correta e da ética. Segundo Alessandra, o repórter, especialmente os recém-formados devem ficar atentos para não caírem em armadilhas, principalmente aqueles que cobrem a área policial ou que fazem matérias de denúncias. “Quando recebi a informação de que um policial militar estaria extorquindo comerciantes da região do Barreiro, tive que apurar muito até colocar a matéria no ar. Foi preciso coletar dados e conseguir testemunhas dispostas a denunciar o esquema na Corregedoria da Polícia. A reportagem resultou no afastamento do militar que é investigado pelo crime”, afirma a repórter que acredita que denúncias com este teor, se não tiverem um embasamento e muito cuidado, podem acabar em processo para o jornalista e o veículo de comunicação.

Divulgação

Arquivo pessoal

Alessandra: o trabalho do jornalista vai muito além da cozinha, contrariando o que afirmou o ministro Gilmar Mendes quando decidiu acabar a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão

sem formação acadêmica. Ao contrário do que disse o ministro Gilmar Mendes, o trabalho do jornalista vai muito além da cozinha, como bem mostrou a 13ª edição da PQN.As afirmações dele só prejudicam a categoria que acabou ficando mal vista e não é atendida quando reivindica das empresas melhores condições de trabalho e melhoria salarial”, afirma Alessandra.


Jornalista, formado em Comunicação Social pelo Unicentro Newton Paiva (BH) desde 2004. Pós-graduando em Produção de Mídias Digitais, desenvolvedor de conteúdo para Internet e analista de mídias sociais.

NÃO ME ENLOUQUEÇAM, POR FAVOR!

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epois de alguns anos trabalhando na cobertura de assuntos culturais, especificamente no desenvolvimento de conteúdo para Internet, e ter passado momentos de fúria com algumas assessorias de comunicação, decidi redigir este artigo, assim que mea culpa e, agora do lado de cá do balcão, mas pensando em orientar aqueles comunicadores que precisam de uns toques quando, ao disparar seus releases por e-mail, praticam ações extremamente abusivas. Minha intenção é contribuir com a melhoria no relacionamento “virtual” de todos nós e, para isso, enumero cinco das principais atitudes que chegam a enlouquecer muitos pauteiros, repórteres e todos os produtores de conteúdo. Lembre-se, nas redações, cada profissional recebe centenas de mensagens e saber chamar a atenção para a sua notícia é algo tão importante assim como vê-la publicada! Mas vamos à alguns toques. Preste bastante atenção e procure seguir as dicas abaixo: SPAM Disparar mais de uma vez e na mesma semana o mesmo release é considerado SPAM. Isso lota a caixa de entrada das pessoas e é vista como uma prática abusiva na Internet. Além de irritar quem recebe a mensagem, o remetente corre o risco de seu endereço ser caracterizado como “Spammer” pelos servidores. Neste caso, suas mensagens futuramente poderão ser bloqueadas antes mesmo de chegar a seus destinatários. Aliás, reza a lenda que a origem da palavra Spam vem de “spiced ham” (presunto condimentado em inglês). Em um episódio do programa

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humorístico Monty Python, a palavra SPAM é usada de maneira irritante e insistente. Quem quiser conferir o filme, basta acessar o Youtube. TEXTOS GRANDES E MUITO CONFUSOS Alguns assessores de comunicação ainda acreditam que esconder as informações essenciais sobre o evento em textos enormes obrigaria os jornalistas a ler com mais atenção. Isso não passa de lenda urbana. Geralmente as caixas de e-mails dos jornalistas estão sempre abarrotadas de mensagens que contêm desde informações essenciais a lixo eletrônico, logo, a chance de um e-mail desse tipo ser simplesmente ignorado pela falta de tempo ou ir parar na lixeira, é muito grande. Por isso, priorize o uso de lead e serviço nos releases. Além de facilitar a vida dos destinatários, as chances de sua notinha “emplacar” com antecedência aumentam. FOTOS EM ALTA RESOLUÇÃO Tem assessor de imprensa que simplesmente insiste em passar e-mails recheados de fotos em altíssima resolução. O e-mail além de ficar pesado, é difícil de ser aberto e ainda corre o risco de ir parar na caixa de spam ou ainda de ser bloqueado. O gmail.com, por exemplo, possui limitações de tamanho de arquivos a serem enviados e recebidos. Por isso anote a minha dica: mandem fotos em baixa resolução e só envie em alta se alguém solicitar. Se for extremamente necessário, repasse os arquivos grandes por e-mail, utilizando um compactador de arquivos como o WinZIP ou WinRAR, baixados no www.baixaki.com.br.

E-MAIL COM CÓPIA ABERTA Por mais que pareça obvio usar a cópia oculta ao disparar um release, ainda tem muito assessor de comunicação que se esquece deste detalhe e acaba mostrando seu precioso mailling para todos. Essa prática, além de ser um desleixo, pode ser ainda mais perigosa, pois nunca se sabe se do outro lado existe um espertinho disposto a copiar todo o mailling e sair por aí comercializando seu endereço virtual. Além disso, pode gerar situações incômodas. Uma vez recebi um release cujo lead informava que a informação era exclusiva. O problema era que o e-mail estava em cópia aberta e tinha sido disparado para vários destinatários, logo, não poderia ser um assunto exclusivo se várias pessoas o haviam recebido. NEWSLETTER EM PDF Várias assessorias de comunicação que possuem uma newsletter insistem em dispará-la em PDF. Isto demonstra um total desconhecimento das ferramentas da Internet. O PDF é um tipo de arquivo pesado e utilizado para publicações impressas. Na Internet o correto seria enviar a newsletter no formato HTML ou em texto puro. Os motivos são os mesmos enumerados na prática de número dois. LEMBREM-SE: boas práticas são sempre bem-vindas na Comunicação e só ajudam o trabalho de todos nós.


Lúcio Carvalho

ENTREVISTA

COMO MENSURAR O RETORNO DO

INVESTIMENTO NA PUBLICIDADE LÚCIO CARVALHO

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avid Eastman é formado em História pela Penn State University em 1991, e iniciou sua carreira na agência de publicidade Ogilvy & Mather, onde propôs uma iniciativa mundial para o gerenciamento de mídia da IBM em 49 países. Atua na Tureck Bach Research Foundation (Inglaterra), Centro dos Idiomas (Brasil), The Nielsen Company (EUA) e Mindshare (EUA), além de manter o blog B3 (http://blog. pointlogic.com), onde noticia inovações tecnológicas e novidades em marketing. Em entrevista exclusiva à PQN, a revista da Comunicação, após sua participação no 2º Painel da Associação Brasileira de Publicidade (ABAP), realizado em outubro, no Hotel Ouro Minas, Eastman, que também é vice- presidente e principal responsável pelo setor de vendas da Pointlogic, empresa que desenvolve, implementa e distribui soluções de planejamento de comunicação e ROI de marketing para organizações em 65 países, falou sobre os desafios de se mensurar o retorno no investimento na publicidade no mundo e também como a informática vem sendo uma grande aliada da Comunicação.

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PQN: O que é ROI? David Eastman: Cada cliente define ROI “(Retorno do Investimento”) de uma maneira um pouco diferente, mas existem coisas em comum nestas definições. Em termos práticos, o ROI de uma campanha política é mensurável pelos resultados de pesquisas eleitorais e/ou votação, enquanto que o ROI de uma campanha para a venda de bens ou serviços é tipicamente aferido pelo volume de vendas. Se os nossos clientes tiveram bens ou serviços para vender, eles querem entender a relação entre marketing e a participação do mercado (vendas) e querem aumentar a participação do mercado com esse conhecimento. O problema é que poucos anunciantes estão realizando o valor total da relação entre mídia e mensagem (peça criativa) para alcançar os objetivos de ROI. Poucos estão integrando todos os recursos disponíveis (pesquisa, modelagem, dados de mídia, canais de mídia, a peça criativa, etc.) com sucesso. E para chegar ao sucesso, todas as variáveis precisam ser levadas em conta para proporcionar um verdadeiro retorno, o que chamamos de money-in-money-out, que é a medida de efetividade da publicidade.

de aumentar a participação de mercado (vendas) de seus clientes por meio das atividades de marketing. PQN: Como os métodos para se mensurar o ROI no marketing mudaram nas últimas décadas em função das novas tecnologias e da nova realidade de mercado? Eastman: As técnicas de modelagem econométrica não mudaram radicalmente nas últimas décadas. Porém, houve muitos fatores que tiveram uma influência positiva e significante em nossa habilidade para criar modelos de ROI como: disponibilidade de dados e os seus mínimos detalhamentos, ferramentas e tecnologias capazes de administrar terabytes x kilobytes de dados, e o custo de pesquisa. Em referência aos custos, a Internet teve um impacto muito favorável principalmente em mercados desenvolvidos. Lúcio Carvalho

PQN: Qual a importância do ROI no marketing atualmente? Eastman: O investimento em publicidade do anunciante não é inconsequente. Assim, continuará sendo examinado cada vez mais cuidadosamente. Também, por anos nossa indústria tem tentado maximizar a efetividade de publicidade por otimizadores, melhores métodos para atingir o alvo, etc. Porém, houve um consenso de que a pesquisa e a tecnologia nunca foram realmente adequadas para acompanhar as ambições de ROI da nossa indústria – pelo menos, até agora. Novas pesquisas sobre o consumidor e suas características, forças e debilidades dos canais de mídia, novas tecnologias para acomodar e manipular os dados, novas técnicas de modelagem de previsão de ROI, bem como melhores ferramentas de compreensão e aplicação de dados – tudo sugere que um modelo de publicidade baseado no ROI chegou e está aqui para ficar. Por exemplo, considere o que está acontecendo com anunciantes como a Coca-Cola e Unilever. As suas agências estão sendo avaliadas (e até mesmo remuneradas) com base na habilidade

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uma técnica para a construção dessas ferramentas de ROI de uma maneira rápida e custo eficiente, e que são acessíveis às agências e anunciantes tanto os grandes quanto para aquelas com pequenas receitas. PQN: Qual a relação dessas ferramentas com outros softwares como o Blue Delphi? Quais são os principais recursos oferecidos por ele? Eastman: As ferramentas de Pointlogic podem ser separadas em três amplas categorias: 1 - Existem ferramentas com um alcance muito abrangente e que são capazes de capturar uma ampla variedade de categorias publicitárias (por exemplo: bebidas, roupas, turismo, varejo, etc.), mas essas ferramentas não têm a profundidade no nível de categoria para criar modelos de ROI com o tipo de precisão obtida com ferramentas que cuidam de uma só categoria de publicidade. Um bom exemplo disso é a ferramenta Compose, que será lançada no Brasil em 2010. É uma das mais vendidas porque é útil em várias categorias de publicidade. Compose pode ser aplicada a tantas categorias de publicidade. A capacidade de proporcionar ROI não está tão forte quanto um produto como M3.

PQN: Quais são as ferramentas utilizadas para a mensuração do ROI? Essas peças são caras?

2 - Existem ferramentas que cuidam de uma única categoria de publicidade. Com essas ferramentas podemos dar um mergulho bastante profundo nas variáveis que causam impacto nas vendas e KPIs (indicadores-chave de desempenho) para criar um modelo de ROI bastante robusto e que pode predizer e entregar resultados que se pode verificar facilmente. M3, que significa Message Media Market share é um ótimo exemplo deste tipo de ferramenta.

Eastman: É importante lembrar que medir e proporcionar ROI não é o trabalho de uma ferramenta no sentido estrito. Medir ROI é um processo que envolve a construção de modelos de previsão que são criados a partir de uma diversidade de fontes de dados e variáveis. O objetivo das ferramentas de ROI é duplo: primeiro, como integrador de todos os dados e modelos necessários a preverem e proporcionarem ROI e, depois, fazer os resultados dos modelos, pesquisa, etc acionáveis. A Pointlogic desenvolveu

A premisa por trás de M3 é: os consumidores tomam decisões baseadas no que estão acostumados a fazer, no que eles pensam sobre os produtos e marcas e também nas experiências pessoais com esses produtos e marcas. Para aumentar a sua fatia de mercado você tem que saber qual combinação de mensagem e mídia será mais eficaz para afetar o conhecimento e a atitude do consumidor acerca de uma marca. Além de fornecer a resposta a essa pergunta, M3 tem capacidade de otimizar o investimento


em mídia para realizar o retorno previsto pelos modelos.

de se desenvolver estudos de M3 no mercado brasileiro?

3 - Finalmente, existe a Blue Delphi, que também é uma solução de planejamento de comunicações integradas que pode medir e proporcionar ROI. No caso da Blue Delphi, ela é utilizada para uma gama extensiva de categorias de publicidade. Blue Delphi pode responder perguntas do tipo: qual retorno eu posso esperar do meu investimento em propaganda? Quanto eu deveria gastar? Que mistura de mídia eu deveria usar?

Eastman: Sim, estamos discutindo estudos de M3 com várias agências de publicidade e anunciantes no Brasil, tanto nacionais quanto internacionais. Essa tem sido uma abordagem nunca antes vista no Brasil e estamos ansiosos para fazer uma parceria com uma agência ou um anunciante para construir um estudo de caso para validar M3. Para diminuir os riscos para os nossos parceiros, pretendemos fazer um investimento inicial e substancial na ferramenta M3, de modo que um anunciante ou uma agência terá o mais sofisticado sistema de medir e proporcionar ROI naquele mercado. Em troca, pediremos a esse parceiro para dar informação suficiente aos líderes das indústrias a fim de tornar válida a nossa abordagem.

Qual é a freqüência e cronometragem mais efetivas? M3 também pode responder a essas perguntas, mas em somente uma categoria de publicidade. PQN: O software é recomendado para qual perfil de empresas? Grandes, médias, pequenas e micros podem utilizá-lo? Eastman: Os sistemas de ROI que foram propositalmente desenhados para serem acessíveis e utilizados escaladamente. Companhias de vários tamanhos podem começar com ferramentas pequenas e adequarem os seus tamanhos de acordo com o seu crescimento. PQN: Qual a porcentagem de acertos das simulações feitas pelo Blue Delphi? Eastman: O Blue Delphi tem um grau de sucesso altíssimo, mas a acuidade pode variar de uma categoria para outra. Estudos de caso estão disponíveis.

Lúcio Carvalho

PQN: Existe a ideia ou tendências

PQN: Como o ROI de marketing é feito no Brasil? Quais organizações brasileiras utilizam softwares para mensurar ROI? Eastman: Quando se trata de ROI, o que temos visto no Brasil e em outros mercados pelo mundo afora é media mix modeling. Esse tipo de modelo tenta dizer: “essa foi a contribuição da TV ou da Internet para as suas vendas”. Mas o modelo supõe que o contato com a TV ou a Internet (sendo exposto do canal) conduz às vendas. Este modelo olha para trás, tal como um espelho retrovisor. Tomemos como exemplo a indústria automotiva nos EUA. Se você tiver três anos de dados, conseguirá aplicar estes resultados hoje em dia? É mais frequentemente a mensagem criativa colocada no canal adequado que conduz às vendas. A Pointlogic acredita que seria tão ou mais valioso analisar quanto dinheiro deveria

ser gasto numa mensagem, quanto avaliar o investimento que deveria ser aplicado na TV, por exemplo. Por isso criamos um novo tipo de modelo chamado message mix modeling (modelagem de mensagem misturada) que tem um papel chave na maioria dos nossos sistemas para medir e proporcionar ROI. PQN: Quais são as principais características do mercado brasileiro em relação à mensuração do retorno de investimento em marketing? Eastman: Talvez a característica mais interessante do mercado brasileiro seja a agência de publicidade. Mídia e criação estão sob o mesmo teto. Isso é imensamente importante. Qual seria um melhor ambiente para um esforço colaborativo na verdadeira entrega de ROI, com base no planejamento da comunicação? A separação da mídia e da criação em outras partes do mundo tem criado compartimentos estanques dessas disciplinas e a falta de comunicação entre elas é trágica, resultando em alto custo para o anunciante. Estamos muito empolgados sobre o que pode ser feito no Brasil. E mais, estamos confiantes de que o sucesso aqui chamará ainda mais atenção do mundo para esse crescente e vibrante mercado. PQN: Quais são as tendências mundiais do ROI no marketing para os próximos anos? Eastman: Como a Coca-Cola e Unilever, a tendência mundial será uma mudança no paradigma para planejamento da comunicação. O método antigo de otimização do alcance/frequência não sobreviverá, pois leva à exposição máxima do alvo, mas não atinge o objetivo final: desencadear os processos na mente dos consumidores que os levam a considerar determinada marca e, então, comprar o produto. Planejamento da comunicação baseado em ROI – esteja ROI definido como um aumento nas vendas ou em KPIs – tem sido discutido nas mesas diretoras do mundo inteiro. Como eu disse antes, isso põe o Brasil, em razão da sua estrutura de agências, numa posição muito mais vantajosa como mercado em que se pode provar técnicas novas e que irão, sem dúvida alguma, receber a atenção mundial.

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CAPA

MARKETING INFANTIL:

MOCINHO OU BANDIDO? Enquanto pais, publicitários, políticos, psicólogos e crianças dividem opiniões sobre o marketing infantil, apenas uma coisa é certa: ele continua sendo um importante segmento, tanto para a economia como para a mídia. O Conar tenta preservar um de seus princípios básicos, a autorregulamentação. O governo, por sua vez, quer ter o “controle da bola”. A mídia, assim como a mentalidade das crianças, mudaram notavelmente nas últimas décadas e, dentro desse contexto, é perceptível a influência das novas tecnologias. No entanto, o projeto de lei do deputado Luiz Carlos Hauley (PSDB/PR) não é votado no Congresso Nacional. Enquanto o jogo de interesses continua, as “peças” agem dentro do “tabuleiro”. LÚCIO CARVALHO

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cabou o tempo em que a publicidade para crianças era “de brinquedo”. Hoje, o público infanto-juvenil consome na mesma proporção que os adultos. Para se ter ideia, as vendas de produtos infantis movimentam anualmente, só no Brasil, mais de R$ 50 bilhões. Além disso, o nosso país está entre os três principais mercados mundiais para vários artigos destinados a esse segmento, como higiene e beleza, balas, chocolates, brinquedos, entre outros. O marketing infantil cresceu vertiginosamente nas últimas duas décadas. Porém, ao mesmo tempo em que os investimentos aumentaram, houve um crescimento nos desafios que os profissionais de marketing enfrentam para trabalhar com a comunicação mercadológica dirigida às crianças.As formas de discurso, as novas estratégias, a popularização da internet e os novos valores éticos da sociedade influenciam diretamente os modos de se pensar e fazer ações de marketing. E esse ‘jogo’ é bem mais sério do que parece. Filipe Mega, diretor de arte da Marca, empresa que presta assessoria para a Associação Brasileira das Agências de Publicidade (ABAP), acha que o investimento em marketing infantil aumentou significantemente nas últimas décadas. Ele explica que nas décadas de 80 e 90 a verba para a divulgação de um produto era concentrada em poucos canais e agências. Atualmente, informa, são utilizadas várias ferramentas como a web, aTV, outdoors, impressos, games interativos e muitos outros. Para cada um desses meios, é comum que uma

agência especializada seja contratada. As tendências mudaram muito. Antigamente, a propaganda infantil preocupava-se em destacar o nome e o status de marcas como Estrela, Grow, Lego, Mattel e Glasslite. “Agora, o foco das campanhas está no produto. Isso fez com que o marketing infantil se tornasse mais profissional. Ele está apoiado em estratégias específicas e embasado continuamente em pesquisas”, ressalta o publicitário, que possui 15 anos de experiência no mercado brasileiro. Mesmo com a segmentação e a disponibilidade de dados para cada público-alvo, Mega afirma que fazer propaganda para o público infantil é mais difícil hoje do que antigamente. Os motivos, segundo ele, são as exigências da sociedade e principalmente do Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar), uma organização não-governamental que visa impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas. “As duplas de criação precisam ‘tirar um coelho da cartola’ para produzir algo criativo, ético, leve e coerente. As exigências sociais fazem com que 90% das boas ideias para uma campanha tenham que ser descartadas e que, muitas vezes, as propagandas caiam na ‘mesmice’. Mais da metade das grandes campanhas infantis que marcaram época não poderiam ser veiculadas atualmente, devido às novas regras do Conar. A propaganda brasileira possui um alto padrão de qualidade e criatividade, porém deveria existir mais liberdade para os profissionais de criação”, avalia Mega.

Arthur: graças à TV, as crianças estão se transformando em consumistas em potencial, criando diariamente uma geração influenciada pelo merchandising

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Quem não se lembra das campanhas ‘Compre Baton’ e ‘Não esqueça a minha Caloi’? Apesar de consideradas por muitos publicitários como campanhas brilhantes e estarem na memória de milhares de pessoas, elas não poderiam ser veiculadas atualmente. “Essas propagandas seriam barradas pelo próprio Conar devido ao apelo imperativo”, argumenta Mega. Outra campanha como ‘Qual o segredo de Tostines’, por exemplo, continua com sua ideia criativa e seria pertinente nos dias e valores de hoje. No entanto, avalia, mesmo que o conceito fosse utilizado, haveria mudanças nas ferramentas de divulgação, levando-se em consideração os novos hábitos do público infanto-juvenil. Martha Belivacqua, sócia-fundadora da empresa SmartKids, afirma que quando uma organização se propõe a ter um relacionamento com o público infantil é necessário que haja um imenso nível de responsabilidade. “As grandes marcas participam ativamente no processo de formação das crianças. É preciso que se preocupem em ter um discurso diferenciado. Ao invés de vender uma pasta de dentes, por exemplo, o anunciante deve se preocupar em estimular as crianças a praticar higiene bucal de forma correta”, explica a empresária. Rodrigo Boschi, diretor de mídia e planejamento da agência de publicidade Sigla, em Belo Horizonte, concorda com a perspectiva de Martha. Quando a propaganda trabalha com o público infantil, Arquivo pessoal

Martha: todas as grandes marcas participam ativamente do processo de formação das crianças, por isso nossa preocupação

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Lúcio Carvalho

Rodrigo: as crianças não possuem um discernimento crítico quando assistem um comercial na TV

afirma, ela não deve utilizar verbos no imperativo ou apelações para a venda de produtos e serviços. Ela deve agir de forma sutil, trabalhando de maneira lúdica e didática. Boschi explica que as crianças possuem certa inocência perante as mídias de divulgação mercadológica e que essa característica deve ser trabalhada como um ponto positivo. “Os adultos sabem aquilo que é bom e aquilo que é ruim. Possuem conhecimento que uma propaganda não irá ressaltar aspectos negativos de um produto. As crianças, por sua vez, não possuem esse discernimento crítico. Nada ostensivo deve ser feito para o público infantil. A inocência delas não deve ser vítima de exploração”, enfatiza. Caloi e Batom: campanhas criativas que até hoje são lembradas por todos


Gilberto Nascimento

Hauly: projeto de lei fez Conar rever sua autorregulamentação na publicidade brasileira

A PROIBIÇÃO DO MARKETING INFANTIL Após oito anos de trâmites legais e emendas, o Projeto de Lei nº 5921, apresentado pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), que proíbe todo tipo de comunicação publicitária dirigida ao público infantil, voltou a atrair a atenção da mídia. De acordo com o parlamentar, apesar de ter requerido a urgência na tramitação e posterior votação no Congresso, o partido vem sofrendo com a resistência de grupos empresariais específicos. O projeto quer acabar com a publicidade destinada a promover a venda de produtos infantis, sendo classificados nesta categoria qualquer tipo de produto voltado apenas às crianças. O PL aponta a publicidade como algo que pode promover “coação e chantagem para a aquisição de bens anunciados, embora desnecessários, supérfluos ou até prejudiciais, além de incompatíveis com a renda familiar”. Como justificativa, o deputado afirma que no Brasil existe um “liberalismo total”, enquanto que em outros países há diversas restrições. Apesar da proibição, o Projeto de Lei de Hauly defende a publicidade que incentive a educação e a cidadania. No substitutivo aprovado pela Comissão de Defesa do Consumidor, informa o deputado, as propagandas educativas estão liberadas. “As outras, mesmo merchandising, estão descartadas”, explica o parlamentar. No dia 18 de setembro deste ano, o deputado Osório Adriano (DEM/DF),

relator da Comissão, emitiu parecer favorável à aprovação do PL na forma de substitutivo. Nele foram mencionados pontos como o reflexo negativo sobre a economia nacional e o poder de decisão da família. O projeto figurou na pauta de 23 de setembro, quando foi feito pedido de vista pelos deputados Capitão Assumpção (PSB/ES) e José Guimarães (PR/CE). Adiada, a extra-pauta foi remarcada para o dia 30 de setembro, em sessão da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara Federal. Na ocasião, Assumpção apoiou o substitutivo da deputada Maria do Carmo Lara (PT/MG), da Comissão de Defesa do Consumidor. Ela promoveu mudanças no texto original de Hauly, tornando-o ainda mais restritivo. Foi substituída a expressão “a publicidade destinada a promover a venda de produtos infantis” por “toda comunicação mercadológica e a publicidade dirigida às crianças”. No entanto, a sessão foi cancelada e a discussão novamente adiada. O assunto foi finalmente apreciado no dia 7 de outubro. A câmara se opôs ao radicalismo da deputada Maria do Carmo e encaminhou o substitutivo de Osório Adriano para a Comissão de Constituição e Justiça. No material apresentado, foi utilizado o texto do deputado Luiz Carlos Hauly, com acréscimo de um parágrafo ao artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990). O parágrafo define como abusiva a utilização de qualquer tipo de publicidade que se utilize da falta de crítica das crianças

para induzir ao desrespeito aos valores éticos e sociais, motivar o consumo excessivo ou colocar os jovens em situações de risco. “Meu projeto original prevê a proibição total de propaganda destinada ao público infantil. O substitutivo da então deputada Maria do Carmo, que foi aprovado na Comissão de Defesa do Consumidor, estabeleceu pontos que demonstraram a insatisfação com a liberalidade da publicidade infantil no país. No entanto, o substitutivo do relator Osório Adriano praticamente invalidou o substitutivo anterior, sendo então um retrocesso. Atende às empresas de comunicação, que não querem perder o valor da publicidade”, afirma Hauly.Até o final desta edição da PQN, o PL não possuía data marcada para votação no Congresso.

FISCALIZAR ANTES OU DEPOIS? Desde junho de 2006, o Conar vem adotando medidas restritivas visando melhorar a qualidade do material destinado ao segmento infantil. O órgão estabeleceu novas regras para campanhas dirigidas a esse público, como a proibição da utilização de verbos no imperativo e a não utilização da imagem de crianças sugerindo o consumo de produtos.Atento às movimentações de órgãos estatais e do próprio Poder Legislativo, no sentido de limitar a publicidade de alimentos com altos teores de sal, açúcar e gorduras,


o Conselho de Autorregulamentação publicou o “Anexo H”, que disciplina a publicidade de alimentos, refrigerantes, sucos, achocolatados, entre outros. O Conselho enfatiza que adotou tal postura em função das novas demandas éticas, de forma que antecipasse as exigências sociais e cumprisse, dessa maneira, seu papel de autorregulamentação séria e profissional. No entanto, o deputado Luiz Carlos Hauly discorda dessa perspectiva. “A fiscalização feita pelo Conar ocorre somente após a publicidade ser veiculada ou mediante denúncia. E, por enquanto, as experiências de autofiscalização não têm se mostrado eficazes, pois até o próprio capítulo destinado ao público infantil no Código de Autorregulamentação foi incorporado após a proposta do meu Projeto de Lei. Ou seja, não havia capítulo algum sobre publicidade infantil. Foi decorrente do meu projeto que o Conar se movimentou”, afirma o parlamentar. Conforme informou Eduardo Correia, assessor de imprensa do Conar, a Seção 11, destinada a crianças e jovens, está presente no Código desde 1978. “A Seção existe desde essa data e sempre procurou delimitar regras para a autorregulamentação de material publicitário infanto-juvenil. Com o passar dos anos, o que ocorreu foi a incorporação de novas regras e reformulações”, explica o assessor. Com as novas normas, sete peças publicitárias foram barradas em 2007. Em 2008, o número subiu para 17.Além disso, também cresceu a determinação para alterações no conteúdo dos materiais publicitários voltados ao público infantil. No entanto, as determinações do Conar são bem mais brandas que aquelas discutidas na Câmara, pois o órgão precisa considerar a posição do anunciante. O próprio Conar admite que grande parte dos pais não sabe como denunciar algum tipo de material publicitário que considere inadequado aos seus filhos. “Se eles querem se legitimar como um órgão de fiscalização da publicidade infantil, têm que ter uma estrutura para receber as denúncias. Se não se consideram capazes, mais uma razão para que o Estado assuma essa função”, alfinetou Veet Vivarta, secretário-executivo da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância). Caso alguém se julgue ofendido por alguma propaganda, pode denunciá-la ao Conar, por meio de um campo específico no site da ong. As denúncias

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são previamente analisadas por um corpo técnico que averigua se houve algo na peça que desrespeitou os princípios propostos no Código de Autorregulamentação. Localizada alguma irregularidade, a agência responsável pela propaganda é previamente notificada, para que apresente sua defesa, e o caso é discutido pelos conselheiros. Após o debate, o órgão decide se a propaganda pode ser mantida, suspensa ou sofrer alguma alteração. Em casos normais, o processo dura até 60 dias.Apesar do Conselho não possuir poderes judiciais, já que não pode aplicar multas, por exemplo, as decisões são geralmente acatadas. Caso não sejam, o Conar divulga publicamente o caso e as partes envolvidas. Além do Conselho, existem iniciativas privadas de autorregulamentação para propagar as normas de conduta ética que devem ser seguidas pelos publicitários ao lidar com o público infantil. A SmartKids desenvolve cartilhas direcionadas aos pais e às agências de publicidade no intuito de reforçar as regras do Conar e ajudar a entender como a propaganda infantil deve ser abordada. Para os pais, são dadas dicas de como melhorar o monitoramento sobre as mídias que são consumidas pelos filhos, as maneiras de se ensinar às crianças os processos de produção da propaganda, como estimular discussões sobre o assunto, como denunciar material publicitário que seja considerado inadequado, entre outras. O material voltado ao empresariado, por sua vez, explica a importância do Conar e resume as principais regras da ong sobre a propaganda infantil. Desde janeiro deste ano, os membros do Conar não participam de entrevistas oficiais que abordem a proibição do marketing infantil. “No Brasil, o assunto tem sido debatido bastante nos últimos cinco anos. O Conselho participou ativamente de toda a discussão e procurou se antecipar por uma propaganda infantil que siga os padrões éticos sociais vigentes na atualidade. Para se ter uma noção, o debate sobre a publicidade de alimentos durou


Em nota no site da entidade, intitulada “Conar se antecipou às demandas da sociedade em relação à publicidade para crianças”, o Conselho explica as novas medidas de autorregulamentação destinadas ao público infantil e coloca a reforma do código como “uma ação que atendeu ao propósito de manter elevados os padrões éticos da comunicação e, principalmente, dar respostas apropriadas às justas preocupações da sociedade com a formação das suas crianças e adolescentes, integrando-se aos esforços para a formação de cidadãos responsáveis e consumidores conscientes e na difusão de hábitos de vida saudável, secundando o insubstituível papel dos pais, professores e das autoridades”.

Correia explica que sua opinião não reflete a posição oficial do Conar, mas que ele considera a proibição do marketing infantil um ato não apenas exagerado, como também inconstitucional. “Não é apenas um Projeto de Lei. Precisaria haver uma emenda para esse tipo de questão. Entendo que as crianças precisem de um tratamento diferenciado, pois não estão moralmente e psicologicamente formadas. No entanto, a formação do cidadão se faz com informação, não com a falta dela”, expõe o assessor. “O movimento de proteção à criança é uma questão que veio da Europa e que vem sendo discutida há bastante tempo. Não é algo atual, tampouco surgiu na Câmara. A publicidade destinada a esse público não deve ser ‘predatória’ ou ‘agressiva’. Deve ser autorregulamentada e seguir princípios éticos. Acredito que grande parte dos congressistas compartilhe desse ponto de vista”, observa o assessor de imprensa do Conar. Assim como Correia, a advogada Ana Paola Lucato, mestre em Concentração de Direitos Difusos e Coletivos, considera o PL anticonstitucional. A profissional defendeu seu ponto de vista durante a 1ª Conferência Internacional de Marketing Infantil, promovida no mês passado, em São Paulo. Segundo ela, existe dentro do ordenamento jurídico uma definição de princípios, dentre os quais está a liberdade. A proibição remete a um período de censura, que já foi ultrapassado historicamente. “Não vivemos mais em um regime ditatorial, qual a constitucionalidade dessa proibição?”, questiona a advogada. Ana Paola informa que existe uma série de dispositivos que regulamentam a propaganda infantil como o Estatuto da

Arquivo pessoal

cerca de quatro anos. Da mesma forma ocorreu com todo o marketing infantil. O Conar já ponderou tudo aquilo que deveria ser pontuado sobre o assunto e divulgou sua posição oficial no site do órgão, no dia 29 de janeiro deste ano”, explica Correia.

Bruno: com a proibição do marketing infantil, o entretenimento e o aprendizado consumido pelas crianças serão diretamente afetados

Criança e do Adolescente, o Código de Autorregulamentação Publicitária e o Código de Defesa do Consumidor que são dispositivos que defendem os direitos infantis e colocam as crianças em uma categoria especial, uma vez que são seres em desenvolvimento. “No entanto, nada diz que durante esse desenvolvimento os jovens não possam construir um senso crítico”, pondera.

PROIBIR É A SOLUÇÃO? Assim como o Conar, a maioria dos publicitários que trabalha com o público infantil considera o Projeto de Lei proposto pelo deputado Luiz Carlos Hauly exageradamente restritivo. “Proibir não é a solução, mas sim fiscalizar aquilo que já está proposto no código do Conselho de Autorregulamentação Publicitária. A partir do momento em que

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a proibição é efetuada, o que o público infantil vai consumir? Sou a favor da autorregulamentação e do trabalho feito de maneira responsável”, opina Martha Belivacqua, da SmartKids. O publicitário Bruno Fortini concorda com Martha e acredita que, com a proibição do marketing infantil, o entretenimento e o aprendizado consumido pelas crianças serão diretamente afetados. “Sem dúvida, a televisão seria tomada por programas para a dona de casa. Essa tendência já é normal dado que os moleques já acordam e vão direto para o computador, algo incomum entre donas de casa”, brinca Fortini. “Se o merchandising for proibido, será fatal. Muitos desenhos são criados apenas para abrir caminho ao merchandising, como, por exemplo, o Ben 10”, expõe Bruno. Para Nicolas Montigneaux, fundador e diretor da agência espanhola Kidekom, especializada em marketing infantil, a publicidade voltada para crianças possui maior eficácia quando veiculada em mídias consumidas pelo público infantil. “Muitos profissionais do marketing defendem que crianças entendem completamente as propagandas ou seu objetivo de persuasão. Por outro lado, pesquisas independentes confirmaram a influência da mídia sobre uma grande proximidade entre os gostos das crianças, as necessidades percebidas e o conteúdo dos programas aos quais elas assistem. A efetividade da publicidade aumenta quando os anúncios são mostrados nos intervalos dos programas dirigidos a elas”, pontua o diretor. Dessa forma, do ponto de vista publicitário, a grande questão a ser debatida são as formas de abordagem, discurso e veiculação da publicidade infantil, não a proibição. Montigneaux enfatiza que, além das agências, as companhias privadas também possuem responsabilidades perante os estímulos cotidianos que influenciam as crianças, pois os produtos corporativos voltados para o segmento precisam se adequar às novas realidades éticas e lúdicas cobradas pela sociedade. “As empresas precisam mudar essa relação existente entre uma marca, as crianças e os pais. Precisam pensar sobre como uma marca pode enriquecer parte de suas vidas e não somente ter uma proposta comercial”, afirma o diretor. Para ele, agir de tal forma nada mais representa

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do que exercer o cumprimento de responsabilidades sociais. Arnaldo Rabelo, consultor especializado em Marketing Infantil, ressalta que a discussão sobre o tema se fundamenta principalmente na falta de crítica que as crianças possuem para distinguir a publicidade do entretenimento.“A grande questão é que já existe uma série de leis e regulamentações que vão contra os excessos. Não há necessidade de novas leis para proteger as crianças. Acho que elas já estão suficientemente protegidas pelo Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, as regras do Conar, a Anvisa, além de várias outras leis e normas relativas à publicidade”, afirma. Rabelo destaca que é fundamental fazer com que as empresas respeitem e procurem sempre trazer o bem, a longo prazo, para os consumidores. “No entanto, isso deve ser feito também pelas famílias, escolas e governos. A saúde das crianças deve ser zelada por um conjunto de instituições”, pondera.

INTERNET MUDA CONCEITOS A popularização da internet é, sem dúvidas, um elemento de grande relevância nas mudanças no consumo de novas mídias para crianças. De dezembro de 2005 a dezembro de 2008, o número de brasileiros que acessam a web em suas próprias residências dobrou, atingindo a 24,5 milhões de pessoas. Isso mostra que uma a cada cinco casas possui um Divulgação

Arnaldo: as crianças não conseguem distinguir a publicidade do entretenimento

computador e quase o mesmo número de residências tem acesso à internet. O público infantil (de 2 a 11 anos de idade) corresponde a 10,9% do acesso residencial ativo. Isso significa que, no Brasil, mais de 2,6 milhões de crianças navegam na internet. Os jovens brasileiros possuem o hábito de passar, em média, 17 horas e 17 minutos online por mês (quase cinco horas a mais que os norte-americanos). Isso mostra como, em função da web, os canais de marketing no Brasil tiveram que mudar seu posicionamento e apostar nas ferramentas de interação para cativar o target infantil. Para Martha Belivacqua, sócia-fundadora da SmartKids, com o advento das novas tecnologias, a interatividade passou a representar um papel fundamental na forma de estabelecer contato com as crianças. As próprias estruturas do marketing tiveram que se adequar a uma realidade na qual a cultura jovem estimula o consumo de várias mídias simultaneamente.“As empresas lidam com crianças que já nascem familiarizadas com a internet. Em função disso, grande parte das marcas está se reposicionando e reformulando seus conceitos. Elas exploram todas as mídias relacionadas à internet como jogos, vídeos, atividades, músicas, textos, brincadeiras, imagens, entre outros. Existe a preocupação de estabelecer diálogo tanto com as crianças quanto com os pais”, expõe.


IDENTIFICAÇÃO É ESSENCIAL Para Bruno Fortini, profissional do setor de Recursos Humanos da Petrobras, no Rio de Janeiro, a criação publicitária deve andar alinhada com o público infantil. É preciso perceber, por exemplo, que as crianças são mais suscetíveis a personagens e cores berrantes capazes de provocar ataques epiléticos em adultos. “Sou um ‘crianção’ de 30 anos. Gosto das mesmas coisas que elas e consigo falar de igual pra igual”, justifica Fortini, que cria peças publicitárias, convites, tirinhas e ilustrações para livros infantis desde o ano de 2003. Fortini informa que o setor de multimeios da refinaria tem desenvolvido vários trabalhos de comunicação digital voltados ao público infantil com foco na preservação do meio-ambiente. A linguagem infantil, ressalta, pode ser utilizada em algumas peças leves,bem-humoradas e emotivas.Ele afirma não concordar com os psicólogos que acusam continuamente a propaganda de irresponsável ao lidar com as crianças. “O próprio Conar se encarrega de colocar os infratores na linha, sobretudo na nociva associação entre consumismo e prestígio social. O publicitário, durante o processo de criação, deve agir de forma cautelosa, levando em consideração todos os tipos de interpretação que a peça possa provocar no público infantil. Por mais ‘inocente’ que o material pareça, é necessário refletir bastante sobre a questão da percepção infantil”, observa.

A PUBLICIDADE INFANTIL DEVE ACABAR? O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, organização não-governamental localizada em São Paulo que trabalha diretamente com esses modos de percepção e interpretação infanto-juvenil, possui opinião contrária à da grande parte dos publicitários. A ONG afirma ser contrária à publicidade comercial para as crianças. Isso inclui o merchandising e qualquer tipo de comunicação de mercado, mesmo aquelas que ainda utilizam campanhas com conceitos

educacionais para promover o nome de produtos. Segundo Isabella Henriques, coordenadora do projeto, a situação é pior quando a propaganda atua de forma sutil, pois é um merchandising ‘mascarado’, técnica que dificulta ainda mais as noções de entendimento e crítica das crianças. A ONG tem atuado em três diferentes áreas:“jurídico-institucional”,“educação” e “eventos”. Na primeira, recebe denúncias e queixas referentes a empresas que promovem comunicação mercadológica abusiva para o público infanto-juvenil. As informações são analisadas e, caso tenham procedência, encaminhadas para órgãos competentes (Procons, Conar, Ministério Público, etc.). As outras áreas de atuação do projeto são responsáveis por fomentar pesquisas acadêmicas e eventos que discutam o marketing infantil sob as mais diversas perspectivas: seu papel no desenvolvimento das crianças, os meios como são utilizados, os abusos cometidos, entre outros. O Instituto Alana surgiu em 1994, com a proposta de desenvolver e promover a assistência social e a educação para a população do Jardim Pantanal, comunidade carente da zona leste paulista. “Por meio dos trabalhos desenvolvidos por Lúcia Villela, presidente do instituto, foi percebido como o consumismo atinge de forma perversa tanto a criança que mora na favela quanto aquela que reside em zona nobre. A propaganda infantil cria desejos e promete a felicidade em produtos muitas vezes inacessíveis. O público infanto-juvenil não possui boas noções de como age o marketing ou de como funciona a economia”, afirma Isabella. A coordenadora explica que o Alana não possui o intuito de acabar com a publicidade de produtos infantis. O que a ong pretende é fazer com que esse tipo de comunicação, ao invés de ser dirigida ao público infantil, possua como público-alvo pais e adultos. “O projeto pretende mudar certos paradigmas do marketing. Nosso trabalho envolve discussões de políticas públicas que querem mostrar às empresas e entidades que é possível anunciar produtos sem que o receptor seja o público infantil. Por esse motivo, considero que o mercado publicitário não sofrerá abalos, as agências apenas terão de mudar o seu foco”, observa.

Murillo Medina

Isabella: é possível anunciar produtos sem que o receptor seja o público infantil

Contrário à opinião do Instituto, Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert), acredita que a proibição do marketing infantil inviabilizaria vários programas televisivos. Algumas programações das grades para crianças na TV “aberta”, como os canais Discovery Kids, Nickelodeon e Cartoon Network, dependem diretamente das ações do marketing infantil. “O setor está preocupado com o volume de restrição de produtos”, relata Slaviero. Para o presidente, haverá um impacto no mercado publicitário mesmo se as peças forem direcionadas ao público adulto, pois determinados tipos de mídia, como canais de desenhos animados, são consumidos principalmente pelas crianças. Sendo assim, como esses canais poderiam veicular unicamente anúncios direcionados aos pais? - indaga o presidente da Abert. Para Fátima Zagari, vice-presidente de AD Sales e Trade Marketing da Viacom Networks Brasil, empresa que distribui os canais VH1, MTV Hits e Nickelodeon, os impactos que a proibição da propaganda infantil poderiam causar nas emissoras ainda não são desconhecidos. Ela aponta como fato de extrema importância a participação dos próprios meios de comunicação diante dessa questão. “Acredito que o mais interessante seria ouvir os todos os representantes dos meios de comunicação antes de definir qualquer nova regra. Não se pode proibir sem ouvir todos que trabalham e dependem deste tipo de marketing ”, opina ela.

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Divulgação

Fátima: é preciso ouvir todo os meios de comunicação antes de qualquer nova regra

Fátima afirma que o canal Nickelodeon faz uma rigorosa triagem dos comerciais nele veiculados. “Por ser um canal infantil, focado em crianças e adolescentes, temos a obrigação de tomar cuidado. Temos uma imensa preocupação em seguir, não apenas as regras do Conar, mas também as políticas globais da Viacom International. É simples: se percebemos que o comercial não tem como foco o nosso público-alvo, ou se ele é ofensivo, enganoso ou abusivo, não entra na programação”, enfatiza a profissional. Entre as principais agências anunciantes no canal estão W/Brasil, Giovanni, Almap, Ogilgy, DM9, Young Rubican, Z +, Age, Fischer, Leo Burnett, Taterka, Talent, Publicis e a Euro.

O QUE ACHAM AS MÃES Margareth Xavier, repórter do jornal A Tarde, de Salvador, Bahia, afirma que possui tendências ‘radicais’ em relação às mídias que são consumidas pelo filho. A jornalista, mãe do pequeno Jimi, de três anos, controla os contatos que ele tem com qualquer tipo de meio de comunicação de massa. “A mídia com a qual Jimi possui maior contato é a televisão. Mesmo assim, só permito que ele assista por cerca de 20 minutos diariamente. Sempre acompanho a programação ao lado dele e os canais permitidos são apenas TV E e Discovery Kids. Adoto essa postura por acreditar que as formas de percepção das crianças dessa idade são bastante vulneráveis. Além da velocidade de corte das imagens e do brilho das luzes, a propaganda de massa não faz bem ao público infantil”, opina.

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Para a jornalista, a propaganda é um dos maiores problemas existentes na programação televisiva. Diante do marketing infantil, avalia Margareth, tanto legisladores quanto empresários da comunicação possuem responsabilidades sociais que, muitas vezes, não são cumpridas. Segundo ela, a propaganda poderia agir com princípios de abordagem diferentes. Tudo depende da forma como ela é elaborada. No entanto, a comunicadora percebe que as estratégias utilizadas no marketing infantil são sempre as mesmas, modificando superficialmente as necessidades das novas mídias. A assessora de imprensa mineira Flávia Presoti não é tão restritiva quanto a baiana Margareth, mas enfatiza a agressividade das estratégias utilizadas no marketing infantil. Flávia, que é mãe de João Pedro e Arthur, cinco e quatro anos, respectivamente, confessa ficar dividida entre as vontades dos pequenos e o discurso do mercado publicitário. Os desenhos animados, como o Ben 10, diz ela, utilizam bastante o merchandising. Existem programas infantis que mostram de forma abusiva cenas de luta.“Creio que isso estimula a agressividade das crianças. A propaganda infantil poderia ser mais educativa. Porém, para que isso aconteça, seria necessário que a própria indústria de brinquedos adotasse uma postura diferente”, explica a jornalista. Flávia ressalta que é dos pais, e não da mídia, o papel de educar e conscientizar os filhos. Para a assessora, os adultos devem compreender o modo como as crianças entendem o ambiente ao seu redor e a maneira como se socializam. “Crianças e adolescentes estão ficando cada vez mais introspectivos nos contatos pessoais. Utilizam as redes sociais como suas maiores formas de interação. Os pais devem educar seus filhos e estimular hábitos de vida saudáveis. O público infantil deve possuir noções de valor do dinheiro, além de saber relacionar produtos e serviços. Ao invés de um brinquedo caro, por exemplo, a criança deve saber que pode fazer uma viagem ou comprar outros produtos”, opina. Para a assessora, os pais devem decidir e delimitar aquilo que as crianças podem ou não comprar. No entanto, ela confessa que existem vontades e indecisões no público infantil, principalmente em datas comemorativas. “Meus filhos ficam completamente indecisos na véspera do

Dia das Crianças e no Natal. Eles querem tudo ao mesmo tempo. Então, explico que o dinheiro tem que ser dividido em várias despesas cotidianas. E quando as crianças ganham presentes nessas datas, peço que escolham alguns brinquedos antigos para que possamos doar a crianças carentes”, garante Flávia. Assim como Flávia Pressoti, a jornalista Nalu Saad também incentiva seus filhos a doar brinquedos para crianças carentes. A editora do caderno de Informática do Jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, afirma que esse tipo de atitude influencia na formação das crianças. “Meus filhos não ganham presentes fora de datas comemorativas. É importante que eles saibam a importância de economizar, como gastar e o que fazer com o dinheiro.A mídia, em geral, transmite a imagem de que você será ‘melhor’ caso consuma determinadas coisas. Quero mostrar às minhas crianças que a vida não é dessa maneira. A partir do momento em que os jovens passam a ter consciência da existência de meninos que vivem em condições econômicas desfavoráveis, eles passam a valorizar mais aquilo que possuem”, afirma Nalu, mãe de Igor (8), Natália (5) e Luíza (2). Arquivo pessoal

Nalu: precisamos ter muito cuidado com as novas mídias, em especial os jogos interativos e os sites que vendem produtos infantis

A editora afirma que seus filhos consomem praticamente todas as mídias, muitas vezes de forma simultânea.Por isso,ela e o marido, o diagramador do jornal Aqui, Ubiratan Teixeira, monitoram constantemente os modos como as crianças se relacionam com os meios de comunicação, além do respeito às classificações de faixa etária para cada tipo de programação. O marketing infantil, afirmam eles, ‘detona’ os valores que passamos para as crianças.


Lúcio Carvalho

Flávia, João Pedro e Arthur: o assédio do marketing na programação infantil é constante, mas procuro educá-los com moderação e também, fazer com que eles enxerguem o outro lado deste consumismo desenfreado que está presente em nossas vidas diariamente

Quando um coleguinha assimila um slogan e transmite isso para o outro, torna-se muito mais difícil para a família fazer com que essa ideia seja desvinculada. “Precisamos ter muito cuidado com as novas mídias, principalmente com os jogos interativos e sites que trabalham com vendas de produtos infantis”, opina Nalu. Nalu Saad, que desenvolve trabalhos de marketing infantil para duas escolas particulares na capital mineira, afirma que a disciplina é um elemento fundamental nos processos de elaboração da comunicação dirigida às crianças. O público infantil, argumenta ela, deve obedecer a regras, que não devem ser impostas,mas sim debatidas e elaboradas com a participação das crianças. Quando uma criança faz um acordo com um adulto, dificilmente ele rompe o trato. A disciplina deve ser pensada a todo o momento, pois o mundo atual oferece uma infinidade de estímulos ao indivíduo desde o seu nascimento. “Neste contexto, o discurso do marketing infantil deve ser elaborado de uma forma que alie, em seu conteúdo, educação e cidadania. Isso é perfeitamente possível”, garante a editora.

DEIXAR OU NÃO DEIXAR? SSob a perspectiva da psicologia, o Projeto de Lei proposto pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR) representa uma proposta coerente.“Não recomendo propaganda para o público infantil. A

publicidade cria necessidades de consumo que não são necessárias e vontades de adquirir produtos aos quais nem todas as crianças têm acesso. Esta perspectiva também é defendida pelo Conselho Federal de Psicologia”, afirma Dirley Lellis Faria, especialista em Psicologia Social com foco na influência da televisão na subjetividade das crianças. “As propagandas veiculadas próximas a datas como, por exemplo, o Dia das Crianças, fazem com que o público infantil não se sinta amado caso não ganhe presentes. Grande parte dos pais assimila essa ideia e acaba fazendo parte desse ‘jogo’ de mercado”, avalia a psicóloga. Para Dirley, o tempo de infância está diminuindo com o passar dos anos. Ela afirma que o desenvolvimento do corpo físico está cada vez mais precoce. No entanto, o desenvolvimento psicológico não acompanha esse processo. A especialista expõe que isso não é culpa do marketing, mas sim das maneiras como a sociedade contemporânea educa suas crianças. A psicóloga afirma que a publicidade reforça esses paradigmas. “Em um primeiro momento, cabe

ressaltar que a propaganda é, de certa forma,sexista.Os meninos são estimulados com propagandas de carrinhos, jogos e brinquedos específicos. As meninas, por sua vez, são incentivadas a consumir bonecas, sandalinhas e roupinhas. Esse tipo de vestuário geralmente segue os mesmos padrões estéticos das roupas adultas. Dessa forma, as crianças se vestem como ‘adultos em miniatura’. Isso não é fisicamente nem psicologicamente saudável”, expõe a especialista. Segundo a psicóloga, o público infantil está experimentando coisas que não são próprias para a idade e sem tempo para brincadeiras. “As crianças moram em prédios, cursam aulas particulares, assistem à TV, mexem no computador, entre uma série de outras coisas. Com todas essas atividades, não há tempo para brincadeiras e socializações próprias de crianças. Além disso, possuem contato com mídias e conteúdos da web muitas vezes impróprios”, afirma Dirley. No entanto, nem todos os profissionais da psicologia compartilham da mesma ideia defendida pelo Conselho Federal. Para a psicóloga Daisy Guttmann, a educação e a propaganda podem ser grandes aliadas. Ela afirma que, ao invés de leis que proíbam totalmente o marketing infantil, deveriam ser pensadas leis que protejam os direitos das crianças. “As campanhas publicitárias deveriam focar em ações educativas que fizessem as crianças pensar mais no ‘ser’ do que no ‘ter’, e que atendessem às necessidades dos pequenos e não aos seus desejos”, afirma Daisy. “O que há de errado nas propagandas são as ações de venda de produtos alimentícios, por exemplo, atreladas ao ganho de brinquedos. Daí a necessidade do controle de qualidade das propagandas e não a sua censura”, opina a psicóloga. Shrek: produtos licenciados levam as crianças à loucura

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PREMIAÇÃO

RECONHECIMENTO VALORIZA

O PROFISSIONAL DE RP

Valorizar iniciativas de empreendedorismo, estimular a produção acadêmica e auxiliar a consolidação da imagem profissional das Relações Públicas. Estes foram os objetivos do 1º Prêmio “Maria Aparecida de Oliveira” de Comunicação Empresarial e Relações Públicas. VIVIAN MARQUES

R

ealizado no último dia 26 de novembro e promovido pela Universidade de Sorocaba (Uniso), o Prêmio Maria Aparecida de Oliveira de Comunicação Empresarial e Relações Públicas contou com o apoio da Revista PQN e também da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), premiando estudantes e profissionais em categorias diversas como Projetos Experimentais, Agências Experimentais, ExpoRP e Destaque Individual, além de escolher as melhores agências experimentais – formadas por alunos. O prêmio homenageia a vida e o trabalho da professora Maria Aparecida de Oliveira, falecida em 2006 e responsável pela implantação do curso de Relações Públicas na Uniso. Maria Aparecida se formou em 1977, pela PUC-Campinas, e foi a primeira coordenadora do curso de RP da instituição sorocabana. A abertura da premiação foi realizada pelo coordenador do curso de Relações Públicas, o professor e mestre Daniel Zimmermann,que prestou uma homenagem aos familiares da professora. “Fã da Educação e ‘onipresente’, sempre conversando com todos, Maria Aparecida tinha a honestidade e a ética como compromissos de vida. E ser RP é aplicar os princípios e valores da área. A ‘Cida’ foi uma RP de fato”, ponderou o coordenador. Antes das premiações, Carlos Pitchú e James Scavone, sócios-pro-prietários da agência Salve Interativa

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proferiram uma palestra sobre a Nova Criatividade.

RECONHECIMENTO Cinco grupos foram premiados na categoria ‘Projetos Experimentais’ após a apresentação dos trabalhos à banca examinadora. Foram seguidos os mesmos critérios do Prêmio da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP). Foram as agências experimentais Calef, que atendeu o Centro de Integração da Mulher (CIM); O2 Comunicação, que desenvolveu um projeto para a Cervejaria Bamberg; Compacto, que atendeu à Contemar Ambiental; Célula, que desenvolveu projeto para Viação Cidade de Ibiúna e a agência Adpata, que trabalhou para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Votorantim.

Pelo trabalho desenvolvido ao longo de 2009, três agências experimentais de Relações Públicas e Comunicação Empresarial também foram premiadas: a Cognitiva, formada pelos alunos Aline Monteiro, Aline Faustino, Fábio Henrique Gonzaga e Gabriela Freire; a Conexão, formada pelos alunos Bianca Bazzo, Guilherme Valgas, Luciana Moretti, Karina Pereira Dolácio Mendes, Kátia Aparecida Andrade e Nádia Cristina Nilo; e a O2 Comunicação, que também foi considerada a melhor agência do último ano do curso. A equipe é formada por Angelo Giovanni, Camila Saconi, Flávia Catrine, Ivan Amorim, Pedro Kriguer e Vanessa Reche. De acordo com os alunos premiados, existe a possibilidade de os projetos


Fotos: Karina Dolácio e Tiago Miranda

a agência experimental Córtex Comunicação, que atendeu à rede de lojas C&A com muita criatividade e profissionalismo. “Acreditamos que transparência e uma comunicação inteligente melhoram a relação entre a comunidade e essa grande loja de moda”, ressaltou o aluno Wladimir Lima Ramos Alves.

É BOM PARA O EGO

Carol, Débora, Verônica, Anna Júlia, Valquíria e Márcio, da Agência Compacto, recebem o troféu na Categoria PrexRP Ações Estratégicas de Com. Empresarial e RP Responsabilidade Socioambiental: Pela ação “Troque Lixo por Cultura”

A relações públicas e ex-aluna da Uniso, Janaína Silvani, que foi aluna da professora entrega a homenagem à Profa. Maria Aparecida Oliveira a seus filhos Rodrigo e Rafael

desenvolvidos se concretizarem. “Há interesse de implantação pela Apae, que ficou satisfeita com o projeto”, afirma Daiane Diniz, da Adpta.“Os projetos foram bem elaborados e podem ser facilmente implantados. A premiação representa a valorização de nossa universidade e o reconhecimento dos quatro anos de estudos. Foi uma surpresa havermos conquistado dois troféus e a indicação para tantos outros, pois não tínhamos a pretensão de ganhar qualquer prêmio”, ressaltou Ivan Amorim, da O2. Já a ExpoRP – categoria da premiação responsável pela montagem da Exposição de Estratégias de Relações Públicas – reuniu estandes diferenciados desenvolvidos pelos alunos para as empresas Caloi, C&A, Schincariol, Semp Toshiba, Pirelli e Tigre. Os projetos foram conferidos por um corpo de jurados que avaliou, além do estande, o conjunto de ações estratégicas planejado, portfólio institucional, welcome kit e folder.A grande vencedora foi

Outros quatro alunos do curso de RP, Eduardo Teixeira de Oliveira, Elda Fernanda Cesar de Moraes, Fábio Henrique Gonzaga e Giuliano Godinho Martins, foram agraciados com premiação na categoria Destaque Individual 2009.A escolha foi dos próprios colegas de classe, levando em consideração critérios como superação, comprometimento, criatividade e também pró-atividade. Na categoria Incentivo às Relações Públicas foram levados em consideração quesitos como Pesquisa, Expressão Regional e Nacional, sendo agraciados, respectivamente, o professor Doutor Osvando José de Morais, por seu destaque no Mestrado em Comunicação e Cultura da Uniso e suas ações de incentivo aos alunos do curso de Relações Públicas para se desenvolverem na iniciação científica e no processo de pesquisa da comunicação organizacional; o professor e Mestre Aldo Vannucchi, por seu envolvimento profissional com o curso de Relações Públicas e seu suporte e incentivo na criação e manutenção do curso, desde o período da professora Maria Aparecida Oliveira e o professor Doutor Luiz Alberto Bezerra de Farias (Presidente da ABRP), por sua atuação na ABRP, Intercom, Organicom e outras instituições associativas, divulgando e incentivando a prática das Relações Públicas no Brasil. Para Osvando José de Morais, Coordenador do Programa de Mestrado em Comunicação e Cultura, o prêmio é uma resposta positiva frente a todas as dúvidas, ansiedades, cansaço e obstáculos que houve ao longo de 2009 tanto na área da comunicação quanto nas áreas política e econômica. Ele enfatizou que, além de estimular a prática profissional entre os alunos, iniciativas desse cunho proporcionam experiências de trabalho em equipe, planejamento e reconhecimento.

Professor Doutor Osvando Morais, coordenador do Mestrado Comunicação da Uniso recebe troféu por incentivo à Pesquisa em Relações Públicas

O coordenador do curso de RP, Daniel Zimmermann concorda com Morais e acrescenta que: “para as Relações Públicas, é fundamental possuir esse tipo de contato com o mercado de trabalho. O evento foi um grande sucesso e o resultado final demonstrou o empenho dos alunos, professores e colaboradores em transformar o curso de RP da Uniso em uma referência ao divulgar a profissão e homenagear aqueles que construíram a história das Relações Públicas na região de Sorocaba e no Brasil”, finaliza.

Professor Aldo Vannucchi, Reitor da Uniso, recebe troféu como Expressão Regional na categoria Incentivo às Relações Públicas

Banca Final de Projeto Experimental em RP: Luciano Viana (Verus Comunicação e ABRP), Márcia Ceschini (Consultora de Comunicação e Eventos, e blogueira “Oras Blog!” ), Elson Freitas (Prof. da Uniso e Salve Interativa) e representante do cliente “Viação Cidade de Ibiúna”.

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FÓRUM DAS ÁGUAS A jornalista Zaíra Rezende, da Associação Projeto Águas do Rio Doce, está de volta ao Vale do Aço para a preparação do 5° Fórum das Águas do Rio Doce, programado para o período de 7 a 10 de abril de 2010. O evento, que será realizado em parceira com a Prefeitura Ipatinga, é a continuação de um trabalho de sucesso que já atraiu - desde 2005 até sua quarta edição, em Linhares, no Espírito Santo - mais de 300 mil pessoas de cidades mineiras e capixabas. Sozinho, o 3º Fórum das Águas, que aconteceu em Ipatinga, no ano de 2007, recebeu cerca de 130 mil pessoas. O lema da próxima edição será “Água e Educação: Garantia para o Futuro”.

DE PERNAS PRO AR Este colunista que vos escreve, pede desculpa pela ausência nos eventos sociais, nos últimos meses, devido ao seu período de restabelecimento. Um pequeno acidente na praia, em Prado, na Bahia, em outubro provocou um grave estiramento muscular, que o deixou literalmente de “pernas pro ar”. Fotos: Carta de Notícias

As jornalistas que brilham: Fabiana Gomes (TV Cultura), Janete Araújo (Rádio Educadora), Tatiana Gregório (Rádio Vanguarda) e Raquel de Carvalho (Jornal Vale do Aço)

Arquivo pessoal

DE VOLTA I Quem também está volta à Ipatinga, sua terra natal, é a jornalista Ludmila Bifano. Ela esteve por vários anos em Belo Horizonte, onde cursou a faculdade e atuou em diversas empresas de assessoria de comunicação social.

DE VOLTA II O jornalista e também radialista Wander Santos noticia em sua coluna, no Classivale, que a Rede Itatiaia de Rádio renovou o contrato de franquia com a rádio Jovem Pan, de São Paulo. Assim a Itatiaia FM, de Ipatinga, continuará retransmitindo a programação da emissora paulista.

DE VOLTA III O radialista Luiz Omar Magalhães, com passagens pelas rádios Vanguarda e Itatiaia AM, estuda uma nova proposta. Poderá retornar, brevemente, ao microfone de uma emissora do Vale do Aço.

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Em recente coletiva, na Usiminas, os atuantes jornalistas Robson Almeida (Diário Popular) e Alex Ferreira (Diário do Aço).

O jornalista Raimundo Serrinha ladeado por Patrícia Silva, da PHD Publicidade, e o pai dela, o prefeito de Ipatinga, Robson Gomes.

O empresário Minoru Izawa, diretor da Carmen Steffens, e o jornalista Zé Vicente de Souza, colunista do Jornal de Domingo e editor do Gente Quality, de Governador Valadares.


Fechamos 2009 com chave de ouro. A nossa PQN caiu no gosto dos comunicadores da cidade e agora ninguém perde uma edição. Em nossa última coluna do ano, destaque para o Concurso Jornalístico e Publicitário promovido pela Prefeitura, a Expo-Literária e o nosso grandioso projeto Rodamundinho. Enquanto isso, estou aqui, cuidando da minha saúde. Obrigado pelos cumprimentos de melhoras e obrigado pela participação de todos durante todo o ano. Feliz 2010 para você! Divulgação

PREMIAÇÃO II Divulgação

PREMIAÇÃO I O jornal Cruzeiro do Sul recebeu três prêmios no Concurso Jornalístico e Publicitário realizado pela Prefeitura de Sorocaba, no Ipanema Clube. Estela Casagrande venceu na categoria melhor reportagem com a matéria “Tesouros do Lixo”, publicada em agosto de 2008. Na categoria melhor fotografia jornalística, o prêmio foi para Aldo Silva, que inscreveu o trabalho “Alegria - famílias vítimas da chuva”, veiculado em dezembro passado. No prêmio de melhor caderno especial foi escolhido o suplemento publicado no Dia da Mulher, em março de 2008, com o título “Mulheres decidem as eleições em Sorocaba”. A jornalista Cristina Belucco ganhou na categoria melhor jornal de empresa, com a publicação “Schaffler do Brasil em Revista”. Como melhor jornal de bairro foi escolhido o Zona Norte Notícias, do jornalista André Sano. Dos programas de rádio, a melhor reportagem foi para o jornalista Fábio Andrade, da rádio Cruzeiro FM, com a matéria “Problemas no call center”. O prêmio de melhor programa jornalístico ficou para Benedito Martins, do jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan. Na categoria programa jornalístico e musical ganhou o programa Provocare FM, de Luciana Lopes.

Das rádios AM venceu como melhor programa Maurício Babu Moreira, com o “Jogo Aberto”. A melhor reportagem foi “Caminho das tropas”, de Jair Oliveira, da rádio Cacique. José Rubens Bismara ganhou o prêmio de melhor programa jornalístico com o “Jornal Cidade”, também da rádio Cacique. Entre os programas de TV, o melhor programa jornalístico escolhido foi o Noticidade, da jornalista Simone Marquetto, da TV Sorocaba/SBT. Carlos Alberto Soares,, também da TV Sorocaba, conquistou o prêmio na categoria melhor reportagem, com a matéria “Estresse das Profissões”. Fabrício Vieira foi premiado com a mesma reportagem, na categoria imagem jornalística. Divulgação

EXPO-LITERÁRIA Os sorocabanos viveram quatro dias de outubro em intensa atividade literária com a 3ª Expo-Literária de Sorocaba, promovida pela Prefeitura de Sorocaba, por meio das secretarias da Cultura (Secult) e Educação (Sedu), em parceria com a Academia Sorocabana de Letras (ASL), e a Biblioteca Municipal “Jorge Guilherme Senger”. Com o tema “Terra Tatuada de Sonhos”, participaram do evento o escritor Maurício de Sousa; o professor Pasquale Cipro Neto; Dorina Nowill, criadora da renomada fundação para cegos que leva seu nome; o escritor Paulo Lins - autor do livro “Cidade de Deus”; o escritor e rapper Reginaldo Ferreira da Silva, o Ferréz; a Cia. Trucks - Teatro de Bonecos, entre outros.

RODAMUNDINHO 2009 Foi o maior sucesso o projeto Rodamundinho no ano passado, tanto que para 2010 as inscrições já estão abertas. Podem participar apenas crianças e jovens com, no máximo, 15 anos. As inscrições vão até o dia 31 de julho e pode ser feitas pelo site. Participe! Acesse http://rodamundinho.ning.com/

LITERATURA PREMIADA Encerram-se em janeiro de 2010 as inscrições para o Prêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literatura, promovido pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA). O prêmio conta agora com dois apoiadores: a Prefeitura de Sorocaba e o Colégio Uirapuru. Podem participar escritores de todas as idades, a partir de 10 anos, que morem nas 17 cidades onde o Cruzeiro do Sul circula (Alumínio, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Iperó, Itapetininga, Itu, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tatuí e Votorantim). Os inscritos não podem ter livros publicados como autores e o material inscrito deve ser inédito. O vencedor terá o livro editado pela FUA, que se encarregará de distribuir quatrocentos exemplares para escolas, bibliotecas, entidades culturais e imprensa da região, ficando os seiscentos exemplares restantes para o autor, que poderá distribuí-los gratuitamente ou vendê-los ao preço de R$ 20,00. Informações pelo www.cruzeirodosul.inf.br e (15) 2102-5057.

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Jornalista, assessor de imprensa, ministra oficinas de TV, além de escrever para o jornal Sem Fronteiras. Confira seu blog pelo http://robsonfraga.uniblog.com.br

UMA ARMA AMERICANA O s Estados Unidos talvez sejam o país que mais investe em assessoria de imprensa governamental. Há um verdadeiro aparato técnico-profissional para informar o que faz o governo: quais suas ideias, projetos e ações, bem como para reafirmar seu poder e corrigir erros e distorções na comunicação externa. Veja como funciona essa importante engrenagem.

“Distribuíamos textos sobre tudo”, diz a ex-secretária de imprensa da Casa Branca, Dee Dee Myers. Durante o primeiro mandato do presidente Bill Clinton, ela explica, a assessoria de imprensa da Casa Branca distribuía aos repórteres não apenas textos de discursos, resoluções e coletivas de imprensa, mas também press releases, informativos, informações de referência sobre políticas, notas à imprensa sobre novos eventos, resumos de discursos e documentos políticos, análises dos pontos mais importantes de um documento e assim por diante. “Repórteres são pessoas ocupadas, principalmente aqueles que cobrem chefes de Estado e outros líderes de governo”, explica ela. “O volume de material que eles têm de cobrir é impressionante.” Fornecer material impresso ajuda bastante. Resumir e distribuir material na forma impressa ou on-line significa não precisar depender da compreensão correta de um discurso ou uma declaração. Também proporciona ao porta-voz uma outra oportunidade de reafirmar os pontos principais, diz Myers. Nos Estados Unidos, sempre que possível, as assessorias de imprensa redigem e distribuem à imprensa, em papel ou pela internet, declarações políticas, ações e planos. Isso tem várias utilidades: • Ajuda as autoridades do governo e os assessores de imprensa a definir claramente o que querem dizer e a refinar suas mensagens.

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• Aumenta as probabilidades de que a mídia entenda as informações corretamente, reduzindo as más interpretações.

• É algo que os repórteres podem consultar quando estiverem redigindo suas matérias. • Evita ter de responder às mesmas perguntas várias vezes porque as informações básicas são fornecidas. • Estimula a elaboração de perguntas mais pertinentes, baseadas em fatos, por parte da mídia. • Aumenta as chances de que a matéria saia com a ênfase desejada. • Fornecer resumos e análises com uma declaração ou um discurso também possibilita à assessoria de imprensa reafirmar sua interpretação das notícias. Nos Estados Unidos, as comunicações escritas assumem muitas formas. Além disso, as assessorias de imprensa têm diversas ferramentas - visuais e orais - para se comunicar com o público por meio da imprensa. Algumas das ferramentas de comunicação mais comuns são: Press release, que é redigido como um artigo de jornal e às vezes utilizado como texto de artigos jornalísticos por algumas publicações. Press release é a narrativa de uma notícia em uma ou duas páginas. Deve informar quem, o quê, onde, quando, por quê e como no primeiro parágrafo, tal como em uma reportagem jornalística. O press release deve seguir o estilo de uma pirâmide invertida, citando as informações por ordem de importância, de modo que os editores possam identificar facilmente os fatos principais. A informação-chave corresponde ao topo da pirâmide e as notícias menos importantes à base.

Nota à imprensa, que é semelhante a um press release, mas preparada para anunciar um evento futuro, de modo que a mídia possa avaliá-lo rapidamente e decidir se deve relatá-lo ou não. A nota à imprensa também deve incluir quem, quê, quando, onde, por quê e como. Deve ocupar apenas uma página. Informativo ou histórico, que é um press release expandido com informações detalhadas sobre um assunto. Utiliza fatos e estatísticas, mas geralmente não faz citações e é distribuído junto com o press release. Tem em média quatro ou cinco páginas, deve ser fácil de ler e utilizar marcadores ou negritos para cada fato novo. Ilustrações, como fotos, gráficos, quadros e mapas que acompanham os press releases. Biografia, que é fornecida com o press release. A biografia resume o histórico profissional e as realizações de uma pessoa que está sendo indicada para um novo cargo, apresentando um discurso ou participando de um evento. Boas Fontes, uma lista de especialistas para reforçar sua mensagem. A lista deve incluir nomes e números de telefone. Outros textos, que podem incluir todos os tipos de material. Na Casa Branca, por exemplo, as transcrições de comentários do presidente e de informes diários do secretário de imprensa e de outros assessores são fornecidas à mídia logo após a realização dos eventos. Resoluções, declarações, anúncios de indicações e nomeações de funcionários, cartas de especialistas ou de associações profissionais em apoio à legislação proposta e outros tipos de correspondência de


e para o presidente também são distribuídos diariamente à imprensa.

falas e sons naturais em outra para facilitar a edição do som.

Clippings, que mostram essencialmente as “boas” reportagens que foram publicadas. Os assessores geralmente tiram cópias de artigos jornalísticos favoráveis a eles e as colocam em kits para a imprensa junto com outros materiais.

- Satélite, que permite reunir-se com a personagem da notícia ou entrevistá-la e transmitir as imagens ou a notícia para as estações de televisão de todo o país. Essa tecnologia proporciona um tour de imprensa sem gastos com viagens nem perda de tempo. Em geral, os especialistas em informação pública gravam um evento e então compram tempo do satélite para transmiti-lo. Para isso, é necessário um estúdio que possa transmitir imagens e sons ao vivo e possa dar aos repórteres da televisão a oportunidade de fazer perguntas por telefone enquanto se grava a autoridade dando as respostas. As estações precisam ser notificadas de quando a transmissão por satélite estará disponível e como acessá-la.

Perguntas,que às vezes os assessores fornecem aos repórteres para aguçar seu interesse em um tópico. Também é possível redigir algumas perguntas para os entrevistadores fazerem a um assessor. Perguntas imaginativas despertam a curiosidade. Kits Press, que contêm vários itens sobre um determinado tópico. Os itens são inseridos em uma pasta que tem dois bolsos internos para guardá-los. No caso da inauguração de uma nova escola, por exemplo, o kit para a imprensa pode incluir: - uma pasta com o logotipo da escola na capa e duas abas internas para guardar material impresso. Nota à imprensa, com detalhes sobre a hora e o local da inauguração, bem como sobre sua importância. - Press Release, com detalhes específicos da inauguração, informações gerais e citações de autoridades importantes sobre a escola. - Cronogramas, com estatísticas e fatos detalhados, como dados específicos sobre a construção, número de alunos que freqüentarão a escola, etc. - Sugestões de pauta, que resumem a ideia de uma matéria em um parágrafo e explica por que os leitores - ou espectadores - se interessarão por ela. A sugestão de pauta ou o telefonema fornecem detalhes, citam nomes, descrevem oportunidades fotográficas e resumem o conceito da matéria. - Press releases em vídeo e áudio, que informam quem, o quê, quando, onde, por quê e como, assim como o press release impresso, mas são apresentados como uma reportagem de rádio ou televisão. As emissoras podem usar todo o material ou parte dele em uma matéria jornalística para rádio ou televisão e identificar o material como proveniente de uma fonte de relações públicas. O press release em vídeo deve ser apresentado em trilhas de áudio separadas, com o narrador em uma trilha e os trechos de

- Sonora, que é a gravação em áudio de uma autoridade do governo fazendo uma pequena declaração, como se estivesse em uma entrevista real. Alguns políticos norte-americanos gravam declarações diariamente em horários regulares e as transmitem diretamente aos repórteres ou fornecem a eles o número de uma secretária eletrônica que contém a declaração. Para isso, é necessário um gravador de boa qualidade conectado a um telefone. O material também pode ser colocado na web para transferência por download. - Linha Privada, que pode ser utilizada para gravar a agenda diária de uma autoridade governamental para referência. - Coletivas de imprensa, nas quais os assessores anunciam notícias sobre determinado assunto. Para serem eficazes e dignas de crédito, as notícias devem ser oportunas e genuínas. - Entrevistas, que dão aos assessores uma chance de falar com um repórter, em geral diretamente, e expor suas ideias de uma maneira mais profunda do que em uma coletiva de imprensa. - Conselhos editoriais, que são reuniões entre a personagem da notícia e o editor da página de editorial de um jornal, editorialistas, articulistas e repórteres de seções de notícias para discutir um tópico. As principais redes de televisão e TV a cabo também fazem reuniões similares. O conselho editorial pode dar a uma autoridade governamental a oportunidade de explicar mais claramente suas ideias, o que pode levar a mídia a compreender melhor as políticas do governo e quase sempre resulta em reportagens jornalísticas e editoriais. - Reuniões off the record, nas quais os assessores se reúnem com os repórteres para fornecer informações básicas ou contexto para tópicos de interesse jornalístico.

- Artigos e colunas que as personagens das notícias utilizam para expressar suas opiniões. Alguns políticos redigem uma coluna semanal para expressar suas opiniões diretamente para o público. - Discursos, que são utilizados para promover políticas, revelar novos programas, explicar posições e obter consenso.Cópias de discursos são fornecidas à imprensa antecipadamente e enviadas a jornalistas interessados que não podem comparecer a um evento da mídia. Colocar discursos na Internet também ajuda. Se possível, ao distribuir um discurso, comece com um resumo do material para dar aos repórteres uma sinopse do tema principal. Guarde sempre uma lista das pessoas para quem o material foi enviado. - Tours de imprensa, que vão além da capital e alcançam a mídia regional. Os tours de imprensa devem fornecer à imprensa local notícias relacionadas com a sua região e explicar como os cidadãos serão afetados pelas políticas do governo. - Features, que contam uma notícia de uma forma mais leve. Os especialistas em informação pública não se baseiam apenas nas seções de notícias importantes da imprensa quando redigem seus artigos, mas usam os features e outras seções também. - Internet, que é um meio de se comunicar diretamente com o público sem o filtro da mídia. A rede também proporciona rápida comunicação com os repórteres.Além disso, a internet possibilita o vai-e-vem de mensagens entre as autoridades governamentais e o público. As assessorias de imprensa podem estabelecer seus próprios boletins eletrônicos locais. A Internet tem de tudo: texto, imagens, vídeo e som. As assessorias de imprensa do governo também utilizam a rede para encaminhar os usuários a um grande número de documentos originais on-line. Para ser eficaz, o site precisa ser atualizado com freqüência. - E-mails, que incluam endereços eletrônicos de grupos de modo que, com um simples comando do teclado, as informações são facilmente transmitidas para diversas pessoas interessadas. - Fotográfias ou photo ops, que permitem a um assessor tirar uma foto com outros cidadãos, como os ganhadores de um prêmio, para enviar ao jornal da cidade natal dessas pessoas para publicação. Ao tirar uma fotografia e enviar pelo correio, não se esqueça de identificar as pessoas na foto e o evento.


Escritor e jornalista, tem dois livros publicados: “Quando a curva faz a vida do rio” e “Memórias da casa velha”. Mantem coluna semanal sobre política em mais de 40 jornais brasileiros e escreve reportagens especiais para a revista “Vida Simples” da Editora Abril.

E O FAMOSO JORNALISMO? S

em um reconhecimento institucional, vive o jornalismo brasileiro como uma categoria desclassificada e tão bem retratada nas páginas dessa PQN. Subjugada pela Justiça terceiro-mundista do País mensaleiro, o jornalismo viu-se alvejado com a decisão retaliadora do Supremo, visando enfraquecer e, de uma certa forma, enquadrar a profissão e seus profissionais, colocando-os no degrau de baixo, debaixo da chuva e do sereno. Nesta mesma toada, em decisão posterior, a banca calou a voz do jornal O Estado de São Paulo quanto às publicações

relacionadas ao clã Sarney. Por certo, antevendo os vários escândalos que poderiam ser relatados. Que confissão! Agora, arvoram em cima dos blogs, pobres edições caseiras, como nos casos dos jornalistas Fábio Pannunzio e de Adriana Vandoni. Pannunzio está censurado desde o dia 1º de dezembro, por determinação da Segunda Vara Cível de Curitiba, não podendo publicar matérias sobre uma quadrilha internacional desbaratada pela Interpol, além de ter sido obrigado a retirar todo o material que vinha publicando sobre o assunto, sob pena de R$ 500,00 diários. Adriana está censurada desde o dia 13 de novembro, por decisão da 13ª Vara Cível de Cuiabá, que determinou que ela se abstenha de emitir opiniões pessoais sobre o deputado estadual José

Riva (PP) ou que veicule qualquer uma das mais de 100 ações que correm contra o deputado na Justiça. A pena para ela, caso descumpra a decisão, é de R$ 1.000,00 ao dia. Bom, como nenhum crime é perfeito, os blogueiros resolveram trocar matérias censuradas. O que a Adriana não pode publicar, pode Fábio. O que o Fábio não pode publicar, a Adriana publica. Com pomposos salários de fome, o jornalismo brasileiro agoniza entre os interesses da empresa e da imprensa. Sem estímulo e banalizado, a profissão que qualquer um escreve, diariamente, sua ultrajada história, como uma profissão que caiu, como um compromisso ético vencido e esquecido, como uma pauta que tem que ser, todo dia, requentada. É mais ou menos aquela coisa: se não pode comprar o todo, compre os poucos que podem muito. A quem interessa esse quadro de ostracismo profissional de ideal e comprometimento? A todos esses que estão aí, taxando comissões, grilando o poder, oferecendo dossiês e mensalões. Este é o Brasil da TV, da pornochanchada institucional, do povo domesticado, do jornalismo desclassificado e calado. Se o jornalismo são os olhos da nação, no Brasil esses olhos andam vedados e, muitas vezes, enquadrados a olhar em uma única direção.

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RODRIGO COIMBRA

Ainda não acredito que você esqueceu de enviar sua nota para a minha coluna. Mostre que você ou sua empresa estão ‘botando pra quebrar aqui no Nordeste’. Participe, mande suas sugestões para nordeste@pqn.com.br Tô esperando heim!

CURSO DE ECONOMIA Já estão na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (SinjoPE) os certificados de participação no curso Economia para Jornalistas, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o sindicato e a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O Ipea enviou ao SinjoPE uma doação de 30 kits de livros sobre as áreas econômica, social e de pesquisa, de autores, organização e publicação da própria entidade. Os kits foram sorteados na noite de premiação do 16º Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo. Com cerca de 100 jornalistas participantes, o curso gratuito “Economia para Jornalistas” fez parte das comemorações dos 45 anos de fundação do Ipea, e teve o tema “Brasil/Ipea 45 Anos – Panorama EconômicoSocial: uma Atualização”.

ENCONTRO A Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) promoveu, no auditório do Maceió Mar Hotel, o Encontro de Comunicadores para Promoção da Saúde e Cultura da Paz. A reunião teve como objetivo criar uma Rede de Comunicadores em Defesa da Paz, já que esses profissionais exercem grande influência junto à sociedade e, por isso, podem contribuir com a saúde pública, informando sobre cuidados necessários para evitar doenças, estimulando a cidadania e tratando do tema sobre violência sem espetacularização.

DOAÇÃO A diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas entregou ao Lar São Francisco de Assis cerca de 80 quilos de alimentos não perecíveis arrecadados durante o Prêmio Banco do Brasil Braskem de Jornalismo. A instituição beneficiada acolhe idosos e idosas, sobrevivendo de doações e do trabalho de voluntários.

PRÊMIO Com o auditório da Celpe lotado de jornalistas, estudantes, representantes sindicais e da sociedade, finalistas e familiares, os vencedores do 16º Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo foram anunciados e premiados em dezembro pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco, Ayrton Maciel. Ao todo, 192 inscritos em 13 categorias. A premiação contou com o patrocínio da CNI, Prefeitura do Recife e Governo do Estado, além do apoio da Celpe (Companhia Energética de PE), e foi coordenado pela Duxi Comunicação. Parabéns aos vencedores!

FESTANÇA O Sindicato dos Jornalistas de Alagoas promoveu, em dezembro, a festa de confraternização da categoria, realizada no clube da Adepol, em Jacarecica. Muita música ao vivo, cerveja gelada, almoço e sorteio de brindes. A entrada foi um quilo de alimento não perecível, e os alimentos foram doados a instituições filantrópicas.

SINJOR I Durante a 6ª versão do prêmio Sinjor, do Sindicato dos Jornalistas de Rondônia, a Usina Hidrelétrica do Jirau entregou as premiações aos vencedores nas categorias ‘Meio ambiente’ e ‘Fotojornalismo’, respectivamente para Rosinaldo Machado, com a foto “O Pantanal Rondoniense”, publicada na Revista Momento, e Eliênio Nascimento, com a foto “Batalha na Rodoviária”, publicada no jornal o Estadão do Norte.

SINJOR II Evelyn Morales venceu a categoria Radiojornalimo com a publicação da reportagem “Indignação no Trânsito”, na rádio Cultura FM. Paulo Andreoli venceu na categoria Webjornaslimo com a publicação da reportagem “Brasileiros expulsos por paramilitares”, no site Rondoniaovivo; LucieneGonçalves, da Rede TV, venceu na categoria Telejornalismo com a publicação de “Quilombolas-Comunidade Jesus”, e o jornalista Silvio Santos levou para casa o prêmio na categoria Jornalismo Impresso ,com a matéria “Há 99 anos o trem chegava a Jaci-Paraná”, publicada na coluna Zé Katraca, do Diário da Amazônia.

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Os comunicadores baianos estão brigando para aparecer aqui na PQN. Minha caixa postal agora vive cheia. Mas que ótimo. Isso mostra que a PQN também está encantando a Bahia, assim como aconteceu em outras cidades. Escrevam para mim: candida@darana.com.br Divulgação

MODERNIDADE A TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, já está na era digital. O sinal começou a ser transmitido com o fim da instalação da antena com a nova tecnologia. Primeira televisão local a realizar a transmissão em cores, a TV Aratu é a segunda a exibir o sinal digital no estado da Bahia. A implementação da TV digital finaliza um investimento que começou em 2008 com mudança de logomarca, novos cenários e lançamento de programas. Os telespectadores que possuem televisores digitais ou decodificadores do sinal podem captar o sinal da emissora através do canal 4.

SUCESSO O Sindicato dos Jornalistas da Bahia promoveu, em novembro, nas dependências da Faculdade FTC, seu X Congresso. Com o tema “Do Analógico ao Digital: Novos Desafios após a Decisão do STF sobre o Diploma”, o evento contou com oficinas, palestras, debate sobre a organização do segmento e um ato político em defesa do diploma de jornalismo como exigência ao exercício da profissão. Foram palestrantes Valci Zuculotto, diretora da Fenaj; os jornalistas e professores Sérgio Mattos, Emiliano José, Alberto Oliveira e Messias Bandeira, além do secretário de Comunicação de Salvador, André Curvello e o secretário estadual de Comunicação, Robinson Almeida. O Congresso foi patrocinado pela Millenium, Prefeitura de Salvador e Desenbahia, além do apoio da Fenaj, FTC, Banco do Brasil, Coelba, Oi, Prefeitura de Lauro de Freitas e Assembléia Legislativa da Bahia.

CLIENTE NOVO A Via Press assumiu, em Salvador, a assessoria de comunicação da Estácio FIB, instituição de ensino fundada em 1970, no Rio de Janeiro, e que hoje marca presença em todas as regiões do Brasil, com 78 unidades e mais de 200 mil alunos. Para o atendimento foi designado o jornalista Gabriel Monteiro.

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ENCONTRO Os destinos da profissão e da formação de jornalista foram pauta durante o I Encontro Estadual de Professores de Jornalismo, realizado no auditório da Câmara de Vereadores, em novembro, em Salvador. Além dos docentes, estudantes, profissionais e pesquisadores debateram temas como o perfil e as perspectivas da formação superior na área, a constituição de novos conglomerados empresariais mantenedores de faculdades, o perfil do profissional frente às novas tecnologias e os projetos pedagógicos dos cursos.

VOCÊ SABIA QUE... Existem atualmente 23 cursos de comunicação social com habilitação em jornalismo ou de jornalismo autorizados para funcionamento em Salvador e no interior do Estado, pelo Ministério da Educação (MEC). Entretanto, alguns deles estão em extinção e outros sequer iniciaram as atividades de ensino. Dos 23, apenas quatro são públicos, sendo dois da rede federal e dois da estadual. Divulgação

COMEMORAÇÃO Publicitários e jornalistas se reuniram no último dia 4 de dezembro, no restaurante Porto Gourmet, no Comércio, para comemorar o Dia Mundial da Propaganda. O almoço de confraternização, promovido pelo Sinapro-Bahia, tem o objetivo de reunir dirigentes das agências de propaganda associadas, da capital e do interior, imprensa e outras áreas para um bate-papo descontraído e, ao mesmo tempo, homenagear profissionais que foram importantes para a construção da história do mercado publicitário baiano. Este ano, Ênio Carvalho (Marketing Consultoria), Ney Bandeira (diretor da TV Aratu) e Fernando Henrique Chagas (presidente da ABART) foram homenageados pela importante contribuição que deram à propaganda e ao mercado publicitário baiano. Parabéns ao Paulo Coelho, presidente recém-empossado do Sinapro-Bahia pela iniciativa.


O Rio de Janeiro continua lindo e a nossa Calçadão bombando como sempre! Estou esperando por você aqui! Envie sua nota para mim: taniafmiranda@pqn.com.br o

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TÂNIA F. MIRANDA

NATAL A agência de publicidade carioca Bloom Design lançou a campanha de decoração de Natal 2009 do Shopping Iguatemi Rio. Com base na atração de Teatro de Bonecos do centro de compras, a agência elaborou a campanha “Marionetes do Natal”, que está espalhada em toda a comunicação interna do mall. As peças podem ser vistas também no metrô, em anúncios de jornais, na cinta para assinantes do jornal O Globo e em painéis de rua.

CARNAVAL

O Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco 2º Clichê – que reúne jornalistas de Niterói e seus amigos – já tem enredo para 2010: Do Copo à Copa,Viva a África – uma homenagem a valores da cultura negra – a feijoada, a pinga, o culto aos orixás, a Copa do Mundo na África, o samba. Na imaginação do poeta popular, os componentes do bloco de Niterói resolvem ir à África do Sul, para assistir à Copa de 2010. Chegando lá, numa grande recepção na casa de Nélson Mandela, bebem todas e acabam perdendo a hora do jogo. Nem isso, porém, tira a grandiosidade da festa. E tudo termina numa grande roda de samba.

CONSELHO A Câmara de Vereadores de Niterói promoveu audiência pública com as propostas aprovadas na Conferência Municipal de Comunicação Social, realizada em agosto passado, na UFF, que teve a participação de mais de 200 comunicadores. Destaque para a criação do Conselho Municipal de Comunicação e a implementação do Fundo Municipal de Comunicação Social.

EXPOSIÇÃO

Com o patrocínio da Vale, foi aberta ao público, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição “Cuide de você”, da artista plástica francesa Sophie Calle. A mostra tem co-patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura e foi apresentada pela primeira vez na 52ª Bienal Internacional de Arte de Veneza em 2007, onde causou sensação e polêmica. Ainda dá tempo de ver, já que a exposição ficará em cartaz até 21 de fevereiro. Divulgação

LIVRO

Intelectuais, jornalistas e estudantes de jornalismo, entre outros profissionais de diversas áreas, participaram, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, do lançamento da edição comemorativa do livro “O Papel do Jornal e a Profissão de Jornalista”, de Alberto Dines, que também comemorou 35 anos de publicação da obra, uma referência para quem quer entender o funcionamento da imprensa no mundo. Presentes experientes profissionais, como Afonso Romano de Sant’Ana, Marina Colasanti, Agatha Messina, Chico Otávio, do jornal O Globo, Joelle Rouchou, da Fundação Casa de Rui Barbosa, Leonel Aguiar, coordenador do curso de Jornalismo da PUC, Luiz Erlanger, da Rede Globo, e Sandra Traverso.

PRÊMIO ESSO Foi realizado no último dia 08/12, no Hotel Copacabana Palace, o Prêmio Esso de Jornalismo 2009. Faturaram a os jornalistas Fabiana Moraes e Schneider Carpeggiani, do Jornal do Commercio, do Recife, com o trabalho Os Sertões, elaborado em razão da passagem dos 100 anos da morte do escritor Euclides da Cunha.

HOMENAGEM Cerca de cem pessoas compareceram à celebração do centenário da ativista política, professora, poetisa e atriz Beatriz Vicência Bandeira Ryff, a “Vivi”, completado em novembro.A cerimônia foi realizada na Sala Belisário de Souza da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e aberta pelo presidente da entidade, Maurício Azedo. Compareceram à cerimônia parentes, amigos, militantes políticos e representantes de diversas entidades e movimentos sociais. Entre eles estavam o diretor de Cultura e Lazer da ABI, Jesus Chediak, o Deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ), os ex-Deputados Vivaldo Barbosa e Carlos Fayal, a ativista Edialeda Nascimento, Presidente do Movimento Negro do PDT, o Secretário municipal de Assistência Social, Fernando William, e um dos filhos de Beatriz, o ex-Secretário municipal de Fazenda do Rio, Tito Ryff, além de netos, entre outros.

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Nossa última coluna do ano traz notícias importantes do nosso mercado. Ser RP realmente é fascinante e o mercado está se abrindo a um novos horizontes. Obrigado a todos que participaram e continuo esperando sua colaboração! Quer participar? Então envie um e-mail para mim: dzzimer@pqn.com.br

COMEMORAÇÃO A Oscip Casa Arte e Cidadania realizou no dia 21 de novembro um jantar “dançante” beneficente no Clube Atlético Ypiranga, para comemorar os seus 10 anos de existência. O evento, que foi planejado e organizado por um grupo de estudantes do 4º semestre de Relações Públicas do Centro Universitário Sant’Anna, teve direito a vídeo-depoimento, logo comemorativa, testemunho de uma ex-integrante do projeto, DJ mural de fotos, exposições, brindes e, ao final, uma surpresa especial, um baile de máscaras. Sob a batuta da professora Vânia da Silva, o projeto visa, principalmente, discutir e refletir a arte como contribuinte para uma sociedade cidadã, promover oficinas gratuitas de caráter artístico para crianças e adolescentes e instrumentalizar os educandos por meio das artes em geral. Divulgação

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MERCADO AQUECIDO De acordo com a última edição do Guia do Estudante da Editora Abril, está aquecida a demanda por profissionais de Relações Públicas – e as melhores oportunidades encontram-se em empresas privadas, principalmente nas de grande porte e/ou multinacionais. As agências especializadas em Relações Públicas, que prestam serviços para empresas, também contratam o profissional, e o setor público busca constantemente esse especialista – prefeituras de todo o Brasil realizam concursos anualmente. ONGs, fundações e instituições querem os graduados para o planejamento, comunicação e a captação de recursos. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife são cidades promissoras. Brasília é uma boa praça na área governamental.

VOLUNTARIADO EM MANUAL

I ENCONTRO ALAGOANO DE COMUNICAÇÃO Com o tema “Relações Públicas em Foco”, o evento foi a primeira realização do Grupo Check Mate Produções, formado por estudantes do segundo período de Relações Públicas da UFAL. O encontro, que foi realizado em Maceió, nos dias 12 e 13 de novembro, teve como objetivo divulgar, valorizar e incentivar as Relações Públicas no Estado de Alagoas e contou com a presença de empresários e RPs de diversos estados. Outras informações acesse: http:// ealcom.blogspot.com/

DIFUSÃO USA MÍDIAS SOCIAIS A Difusão Editora acaba de lançar mão das mídias sociais para se aproximar de professores, pesquisadores, estudantes, profissionais e executivos que se interessam por publicações voltadas para negócios. Foram criados dois blogs e dois twitters, para área de Comunicação e para a área de Saúde. E ainda as mídias Flickr e Slideshare. Acesse: http://difusaocomunicacao.blogspot.com/

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O Instituto Ethos, buscando promover o avanço de práticas empresariais socialmente responsáveis, desenvolveu em parceria com o Programa Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária o manual “Como as Empresas Podem Implementar Programas de Voluntariado”. O voluntariado é um caminho de busca de conscientização coletiva, de mobilização de grupos sociais marginalizados na defesa dos seus direitos, de influência de políticas públicas e outras ações no campo da cidadania e por isso todo o cuidado é pouco ao promover o voluntariado corporativo. O manual tem o patrocínio da IBM, por meio do e-voluntários, da Samarco Mineração e com a colaboração da Fundação Banco do Brasil. Acesse: http://www.ethos.org.br/_Uniethos/ Documents/MnVoluntariado.pdf


REDES SOCIAIS

OS NOVOS PARADIGMAS DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Com o advento das novas mídias, os comunicadores conhecem, a cada dia, uma série de possibilidades e canais de comunicação antes não utilizados para divulgar seus produtos e serviços. Porém, ainda existem dúvidas sobre como adotar essas ferramentas e utilizar as novas tecnologias dentro do ambiente da Comunicação Empresarial. Se, por um lado, os profissionais “ganharam” acesso imensurável às informações transmitidas em grande quantidade e velocidade, a sociedade tornou-se mais exigente e crítica. LÚCIO CARVALHO

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incrivelmente poderosas e podem ser utilizadas em conjunto com ações “reais”. Um bom exemplo na empresa, informa, foi o planejamento de mídia realizado com o intuito de divulgar a marca ALE e a localização de seus postos de combustíveis. A ação contou com a banda teen Fresno, protagonista de uma série de pocket shows que ganhou o nome de “Fresno Bomba no Posto ALE”. Na ocasião, uma van levava os integrantes aos postos, previamente escolhidos pelo departamento de marketing da distribuidora, para as mini-apresentações. Os shows foram divulgados com apenas dois dias de antecedência, no site da ALE e em mídias sociais como o Orkut.

Quando se fala em comunicação e novas mídias, as redes sociais não podem deixar de ser abordadas. Karen Gatti, gerente de comunicação da Converteam Brasil, afirma que essas mídias podem e devem - ser utilizadas como meios para desenvolver ações institucionais nas empresas. Mais do que modismo, pondera, as redes sociais trazem resultados significativos aos negócios. “No entanto, muitas pessoas ainda não sabem como gerir e obter benefícios reais por meio desse mundo virtual”, garante Karen. Outros usuários enxergam o Orkut,Twitter, Facebook e Myspace como meros sites de entretenimento.

“Apesar de essa ação ter como público-alvo os adolescentes, queríamos que os pais conhecessem a localização dos nossos postos. O objetivo foi alcançado, pois foram os adultos que levaram seus filhos até os locais das apresentações”, explica Rejayne. E como resultado, a ação obteve uma ótima mídia espontânea por meio

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s paradigmas da Comunicação foram influenciados por uma verdadeira revolução virtual, decorrente das ferramentas oferecidas pela Web 2.0 e pelos seus dispositivos móveis. Tudo isso é relativamente novo se pensarmos que a Internet mudou todas as relações mercadológicas e sociais na última década. Há pouco menos de cinco anos, ninguém imaginaria que a comunicação pudesse ganhar novos aliados como as redes sociais que expõem empresas, produtos e pessoas. Mas como trabalhar, da melhor forma possível, com estes novos modelos? Quais são as tendências da Comunicação Corporativa?

Para Rejayne Nardy Neto, coordenadora de marketing e comunicação da ALE Combustíveis, as mídias sociais são Fresno: arma de marketing de guerrilha nos postos de gasolina espalhados pelo País

das redes sociais. O público teen postou vídeos no YouTube, criaram comunidades e álbuns de fotos no Orkut, divulgaram os locais dos shows pelo Twitter, Flickr, Facebook, entre outros. E com tanta repercussão nas redes sociais, a ação de guerrilha virou pauta para vários veículos de comunicação espalhados pelo País. “Tivemos um retorno no valor de três milhões de reais em mídia espontânea, o que o grupo ALE comemorou como bastante satisfatório”, argumenta a coordenadora de marketing.

É PRECISO REFLETIR PARA A TOMADA DE DECISÕES Em todo o processo de divulgação e valorização de marcas é necessário maior reflexão sobre o que se quer atingir e também conhecer toda a coerência da empresa com seus públicos-alvo antes de se executar qualquer ação de marketing promocional. O comunicador precisa estabelecer elementos visuais fortes e totalmente integrados para que seu planejamento


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Karen: as mídias podem e devem ser utilizadas como meios para desenvolver ações institucionais nas empresas

tenha, no final, as metas e resultados esperados. Maurício Manzali, analista de comunicação da Vale, afirma que as marcas são o principal diferencial em um mercado globalizado no qual a qualidade dos produtos se assemelha cada vez mais. Nesse contexto, avalia, as marcas assumem o papel daquilo que uma empresa é, faz e comunica nos mercados interno e externo. Ele recorda que a comunicação da antiga Companhia Vale do Rio Doce era bastante fragmentada. E, com o passar dos anos, a empresa começou a explorar diferentes produtos, inaugurando escritórios em outros países e expandindo seu nível de atuação. Com isso, a Vale tinha diversas logomarcas, conceitos, modos de se comunicar e até mesmo nomes distintos, em cada local de atuação. A mineradora não recebia créditos pelas ações que fazia, não tinha modos eficazes de gerir crises. “Até 2003 não conhecíamos mensuravelmente o valor de nossa marca”, afirma Manzali. Segundo ele, era preciso criar um conceito forte, que demonstrasse os vários valores que a empresa possuía. Após uma extensa análise de posicionamento das principais empresas de mineração do mundo, a companhia brasileira percebeu que o discurso e as estratégias de comunicação de todos os concorrentes eram bastante semelhantes. Isso representou uma oportunidade para que, 10 anos após a privatização, a Vale passasse por mudanças radicais. O primeiro ponto foi definir com clareza a missão, visão e os valores da mineradora. Estes elementos foram transmitidos e lembrados várias vezes para todos os funcionários da empresa. A partir daí,

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mudou-se o nome de Companhia Vale do Rio Doce para Vale. O novo nome ficou mais simples de lembrar, especialmente no mercado internacional, na bolsa de valores. A mudança de postura, conceitos e marcas fizeram com que todas as antigas empresas se fundissem em apenas uma.“As alterações são sempre necessárias quando a comunicação corporativa e a identidade visual não representam mais o que a empresa realmente é”, garante o analista. COBRANÇAS SOCIAIS INFLUEM NO PROCESSO Há quem pense que apenas as demandas internas exigem mudanças nos modos de pensar e agir os processos de Comunicação. As cobranças sociais,

Manzali: as marcas são o principal diferencial em um mercado globalizado

com a mudança de comportamento do mundo corporativo e dos cidadãos, estão exercendo uma considerável influência nas ações das empresas, principalmente com a comunidade. Dependendo das estratégias almejadas, é necessária toda uma série de reformulações estruturais e de comunicação, assim como ocorreu com a Coca-Cola Femsa Brasil,maior engarrafadora de Coca-Cola da América Latina. Segundo Camila Cantagalli, coordenadora de comunicação da Coca-Cola Femsa Minas Gerais, a responsabilidade social representa atualmente um tema de bastante relevância em todas as empresas de grande porte. Por esse motivo, o Grupo Femsa Brasil desenvolve propostas e ideias sustentáveis que utilizem recursos naturais sem o comprometimento da qualidade de vida das gerações futuras. As ações desenvolvidas pela Coca-Cola seguem a máxima do “viva positivamente”. E, desta forma, diz Camila, a empresa

procura trabalhar de forma sustentável e saudável nos modos de vida, no ambiente de trabalho dos funcionários, na energia consumida na fabricação e distribuição dos produtos, na valorização da comunidade e também na reciclagem de materiais. A Coca-Cola Femsa vem trabalhando com alternativas criativas e práticas especialmente na reciclagem de embalagens. Com garrafas pet usadas, a empresa fabrica materiais de marketing para Pontos de Venda (PDV), camisetas e até mesmo cartões de visita. “A Coca-Cola foi pioneira na reciclagem de garrafas pet. É importante que a empresa tenha sempre ideias e perspectivas novas diante do mercado. A Femsa desenvolve projetos sociais, logísticos e mercadológicos de maneira inovadora e inventiva”, informou Camila. Não existem dúvidas de que a comunicação organizacional mudou significantemente na última década. A popularização da Internet ainda é recente, mas as formas de se trabalhar com os recursos proporcionados pela Web já estão sendo amplamente explorados. Do mesmo modo que a tecnologia passa por mudanças estruturais rápidas e contínuas, a Comunicação também tem de se adequar. Seja nas mídias sociais, nos dispositivos móveis, nos E-Books, em qualquer outra novidade de hardware ou software. Onde há informação para ser consumida sempre haverá comunicadores. Estes devem trabalhar de formas imaginativas, experimentais e perspicazes, para produzirem material ético, interessante e que atenda aos objetivos empresariais. Lúcio Carvalho participou do Ecom Diálogos, promovido nos dias 10 e 11 de novembro pelo Ecom, no auditório do Uni-BH, em BH. Camila: a responsabilidade social representa relevância nas empresas atualmente


Arquivo Pessoal

Jornalista, escritor e poeta. Autor de vários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que está sendo adaptado para o cinema, e “Rir ou chorar”, que desvenda os bastidores do cinema brasileiro.

TÁ TUDO CONTROLADO!

D

ois estranhos - Jerry Shaw e Rachel Holloman – recebem um telefonema. A voz do outro lado é desconhecida. Mas é possível ouvir claramente uma mulher. Aos poucos – e sem entender muito bem o que está acontecendo eles caem na armadilha. A situação se agrava minuto a minuto e todos estão atrás deles. Por que os dois? Como os descobriram? Qual o objetivo? Esses são os ingredientes do filme Eagle Eye (disponível no Brasil como Controle Absoluto). Poderia ser um longa qualquer de perseguição e suspense se não fosse a conexão da obra com o mundo 2.0. E a receita muito atual: os protagonistas são encontrados na social media e toda a presença on-line – Facebook, blog, MSN e por aí vai – é então dissecada e mapeada. Nada é perdoado, nada é esquecido. Fotos de infância, vídeos caseiros – tudo, absolutamente tudo, é conhecido pela tal voz misteriosa. Medo? Angústia? Pare e pense! Por que o espanto? O mundo atual é assim: conectado e público. Bastam alguns cliques para conhecermos detalhes íntimos de uma pessoa. Ferramentas fazem a alegria das empresas (sabem o que vender para quem vender) e garantem a compra do mês dos ladrões (os sequestros têm mais produtividade). Perigoso, mas excitante. Como comunicadores, precisamos tomar cuidado com o que escrevemos, pensamos e somos. Como cidadãos, precisamos entender que privacidade (tanto on-line, quanto off-line) não existe mais e que os comunicadores

estão – de certa forma – fomentando esta prática -. Nos Estados Unidos, por exemplo, as agências de PR já monitoram até mesmo ambiente público, instalando equipamentos de gravação. É possível saber o que cada pessoa diz sobre determinada marca: gostou do lançamento x? Consome o produto Y? O desodorante está acabando? No ambiente on-line, estabelecem contato com líderes de comunidades e interagem com os usuários e blogueiros. Para informar que o filme Doce Veneno do Escorpião estava sendo rodado em São Paulo, a agência convidou trinta bloggers e twitters para conhecer o set de filmagens e ser figurantes. Para lançar um carro, a Ford enviou o veículo a 30 blogueiros, com a promessa de que eles fizessem comentários em vídeos. As duas iniciativas foram um sucesso. O filme caiu na boca do povo, invadiu as mídias sociais e ganhou registro nos quatro cantos da web.A mídia tradicional se rendeu ao fato e o noticiou, sem perceber que estava dando mais moral ao concorrente. Hoje, vivemos a Era da Exclusividade: blog é concorrente da Veja, que é concorrente do Twitter, que compete com o Jornal Nacional, que.... O case do carro também recebeu destaque em blogs, com muitas críticas positivas, alguns conselhos, algumas sugestões. Mas, ninguém criticou a ação da assessoria de imprensa.

treino, tudo é conhecimento. E isso faz parte para se evitar sustos. Em seu novo livro, The Skin of Culture: Investigating the New Electronic Reality (disponível em português como A Pele da Cultura: investigando a nova realidade eletrônica), Derrick de Kerckhove levanta, após realizar experimento com dispositivos capacitados para medir as suas reações na pele, a hipótese de que aTV conversa, em um primeiro momento, com o corpo (reações físicas) e não com a mente (estímulos para competências criativas e reflexivas). Ora, se a TV é um veículo informativo de fácil compreensão – basta estar atento ao monitor para entender o conteúdo - estaria, então, a social media – uma ferramenta de essência “perturbadora” - logo em um primeiro momento, associada à mente? Será por isso que ela tem provocado – e ainda provocará, por muitos anos – dores de cabeça nos assessores de imprensa, que tentam a todo custo, compreendê-la? Será que o comunicador terá que, de alguma forma, ser um perito em mentes humanas? Por enquanto, são apenas questionamentos. Mas, aqui fica a mensagem: está tudo controlado! Para sobreviver no mercado de comunicação, é preciso entender como esse novo mundo funciona e fazer parte.

Por que as agências optaram por essas ações? Por que a imprensa tradicional ficou de fora dessas duas iniciativas? Simples: os comunicadores estão aprendendo a atuar neste mundo controlado, neste mundo 2.0 de social media. Tudo é

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É, gente, nossos “causos” não param e não têm como parar. Comunicador que se preze tem sempre que dar um fora. Foca ou experiente, não tem jeito. A gargalhada é garantida. Mas, pra gente rir, você precisa enviar seus “foras” para o meu e-mail: paularangel@pqn.com.br ILUSTRAÇÕES: LÚCIO CARVALHO

Paula Rangel BRASIL E CUUUUUBA!

Quem gosta de esportes e acompanha as transmissões de jogos de vôlei, deve se lembrar dessa pérola antiga numa Olimpíada, durante um jogo entre Brasil e Cuba. A partida era disputadíssima, e o final foi narrado com muita emoção pelo Mário Henrique, o Caixa, da Rádio Itatiaia, principalmente quando a jogadora cubana errou um saque. Ele não teve dúvidas em gritar: - Cuba errou! Cuberrou! Cuberrou! Foi advertido pelo saudoso Osvaldo Faria, que não gostou da cacofonia, e continuou a transmissão, tentando consertar. Outro erro de Cuba e o Caixa narra de outra forma: - Cuba errando! Cuberrando!

PÉROLAS DA ESPETÁCULO A espetáculo Márcia Barroso, na época repórter da Rádio Itatiaia, foi fazer uma matéria sobre a pesca proibida na Lagoa da Pampulha. O jornal estava no ar, às 12h30 e ela precisou entrar ao vivo com um pescador. - Qual o seu nome? - Ismael. - Tem muito tempo que o senhor pesca aqui na lagoa? O homem balançou a cabeça negativamente. Márcia continuou: - O senhor sabe que é proibido pescar aqui? Novo balanço negativo com a cabeça. - O senhor sabe que a lagoa está contaminada? O homem, mais uma vez, balançou negativamente a cabeça. Já entrando em desespero, Marcinha tentou de novo: - O senhor pesca por lazer? Outro “não” com a cabeça. Sem paciência mais, a repórter concluiu: - O senhor sabe falar? O pescador balançou a cabeça, desta vez, afirmativamente! Márcia Barroso não teve saída, a não ser devolver ao locutor: - Bom, parece que o nosso entrevistado tem um vocabulário restrito, vamos ficando por aqui...

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INIMIGO POLÍTICO

Transmissão no Grande Prêmio F-Indy, no Rio, e pela Rádio Jovem Pan, de São Paulo, o locutor Flávio Machado narrava para todo o país. O então prefeito do Rio, Luís Paulo Conde, rival político do governador Marcelo Alencar, estava lá, mas Flávio só se lembrava do sobrenome, Conde, e chamou-o, ao vivo, ao microfone: - Bom dia, prefeito Marcelo Conde! O prefeito fechou a cara e respondeu: - Marcelo, não. Marcelo, não... E saiu, sem dar entrevista... Hummmm, que fora!

Um jovem de 19 anos teve morte cerebral em um acidente de trânsito e a família decidiu doar todos os órgãos. Seria a primeira doação múltipla de órgãos em Minas Gerais e a espetáculo Márcia Barroso foi cobrir, no Hospital das Clínicas da UFMG, a coletiva da coordenadora do MG Transplantes, Aparecida de Paula. O homem que receberia o fígado do jovem estava internado no hospital e a família era a única que se dispôs a dar uma entrevista. Depois de responder várias perguntas, uma delas sobre o tamanho da fila para transplante de rins, fígado, coração, córneas, etc, a coordenadora encerrou, ressaltando a importância do gesto da doação.Terminada a entrevista, Márcia seguiu para gravar também com a família que estava à espera dos repórteres, mas ainda teve tempo de ouvir duas colegas de TV comentando: - Eu queria entrevistar o doador, disse uma delas. A outra respondeu: - Ah, eu preciso fazer imagens da fila...



QUANDO A PREFEITURA ERGUE UM PROJETO,

MILHARES DE VIDAS SE ERGUEM JUNTO. Em 2009, a Prefeitura de Belo Horizonte deu continuidade a grandes projetos. Criou vários outros. E conseguiu o mais importante: fez de cada trabalho concluído o início de uma nova vida para milhares de pessoas.

10 MIL NOVOS ALUNOS NAS ESCOLAS INTEGRADAS. 10 NOVAS UMEIS, UNIDADES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL.

AMPLIAÇÃO DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA.

VOLTA DO BOLETIM ESCOLAR.

7 NOVOS NÚCLEOS DO PROGRAMA BH CIDADANIA.

1064 NOVOS APARTAMENTOS DO VILA VIVA.

8 NOVAS ACADEMIAS DA CIDADE.

CONSTRUÇÃO DE MAIS UM RESTAURANTE POPULAR.

DUPLICAÇÃO DA AVENIDA ANTÔNIO CARLOS.

Prefeitura de Belo Horizonte. Investindo cada centavo do dinheiro público na transformação da qualidade de vida das pessoas.


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