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aDEUs a UM aMiGo
Rotary e revista lamentam a perda de Carlos Gueiros
as reuniões de diretoria da Rotary Brasil, geralmente ele era o primeiro a chegar, às vezes muito antes de todos os demais – ficava esperando no auditório ou na biblioteca e sempre tinha uma notícia de última hora dos jornais para compartilhar com os que ia cumprimentando. Sua presença constante em nossos encontros mensais ganhava uma importância ainda mais especial porque ele vinha de longe: não foram poucas as ocasiões em que pegou a Ponte Aérea em São Paulo, participou da reunião no Rio e retornou para casa logo em seguida.
Com a partida inesperada e precoce de Carlos Jerônimo da Silva Gueiros no dia 20 de junho, o Rotary e a revista perdem um de seus líderes mais apaixonados e dedicados. Filho de rotariano, Gueiros começou sua jornada no Rotary em 1985, quando ingressou no Rotary Club de São Paulo. À presidência do clube em 1995-96, seguiram-se a governadoria do distrito 4610 (atual 4563) em 1998-99 e uma série de cargos em instituições ligadas ao Rotary, nas quais deixou muitos admiradores e amigos.
Presidente do Conselho Superior da Fundação de Rotarianos de São Paulo
Ndesde 2004, Gueiros atuou como presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotária em 2003-06, instrutor distrital em 2008-09, cochair da Convenção 2015 do Rotary International e training leader em Assembleia Internacional. Era acadêmico fundador da Academia Brasileira Rotária de Letras e da Academia Brasileira Rotária de Letras da Cidade de São Paulo. Defensor do nosso idioma e entusiasta da integração da comunidade lusófona, presidiu por longo período a Comissão Interpaíses Brasil-Portugal e Países de Língua Oficial Portuguesa da Fundação de Rotarianos de São Paulo. Na Rotary Brasil, atuou como voluntário por muitos anos na Diretoria Editorial e Executiva, chegando à vicepresidência da revista em 2009-11. Neste biênio 2021-23, ocupava o cargo de diretor de Logística. Sempre otimista e conciliador, Carlos Gueiros fará muita falta a todos que cativou mundo afora com seu bom humor, gentileza e dedicação. A diretoria e os funcionários da Rotary Brasil enviam um abraço fraterno a Ligia, esposa de Carlos, e aos seus filhos e demais familiares.
Fundação de Rotarianos de São Paulo
DEsafios Do intERcâmBio Em tEmpos DE panDEmia
Meu ano na Alemanha foi marcado por surpresas, dúvidas e momentos únicos, e valeu cada instante
Anna Clara de Oliveira Martins*
Existem momentos nos quais as dualidades de nossas vidas se tornam fortemente presentes. Nesses momentos, breves como um suspiro, ou delongados como um voo atravessando o Oceano Atlântico, precisamos fazer escolhas que mudarão o rumo do nosso destino eternamente. As consequências serão marcantes, eternas, boas ou ruins. A partir dessas escolhas traçamos nosso rumo e construímos, passo a passo, nossa identidade e nossa história. Foi com esse tipo de escolha que, em 2018, uma garota araguarina de 15 anos se deparou.
Muito prazer, meu nome é Anna Clara. No referido ano, me candidatei para o Intercâmbio de Jovens do Rotary no meu sempre querido distrito 4770. A ideia de conquistar outras terras sempre vinha com um sotaque de aventura e me trazia não somente borboletas ao estômago, mas toda uma panapaná. Assim, me inscrevi, fiz a prova e escolhi o país. Tudo que restava era esperar – e como eu esperei.
Pandemia e intercâmbio. Palavras morfologicamente idênticas e semanticamente irrelacionadas. Ao menos era essa minha convicção em 24 de
Na página anterior, Anna Clara no jardim do Castelo Benrath, a construção barroca mais preservada da europa, localizada na cidade alemã de düsseldorf, onde ela fez o intercâmbio. Na companhia da família que a hospedou na Alemanha, a jovem conheceu a cidade de Veneza, na Itália
janeiro de 2020, quando, ao chegar ao aeroporto Tenente Coronel Aviador César Bombonato, na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, tinha a certeza de estar prestes a embarcar e abraçar uma nova e inesquecível etapa de minha vida. Já não me restavam dúvidas de que meu ano como intercambista seria inesquecível, mas certamente a vida em solo alemão se concretizou de forma muito divergente daquela que eu imaginara.
InícIo da pandemIa
Chegar à Alemanha e conhecer a família que me acompanharia naquela jornada foi algo inesquecível. O primeiro dia de escola, longe do desastre que eu imaginara, e a cidade – Düsseldorf – ainda mais linda do que nas fotos do Google. Meu primeiro mês e meio foi exatamente como deveria ter sido: primeiras reuniões do Rotary, primeiros encontros com outros intercambistas, primeiras saudades de casa. Dias marcados por encantos, desencantos e muitas surpresas. Inclusive uma de caráter global: uma pandemia.
No dia 13 de março de 2020, o governo da primeira-ministra Angela Merkel decretou um lockdown de cinco semanas. Tenho que admitir que uma série de dúvidas e inseguranças foram minhas companhias naqueles dias: ser mandada para casa, fronteiras fecharem ou até mesmo perder uma pessoa próxima por conta de um vírus sobre o qual, até então, pouco se sabia. Em meio a tantas suposições, minhas duas famílias, a brasileira e a alemã, foram vitais para que eu enfrentasse a realidade. Uma me apoiava a um oceano de distância e a outra buscava entreter três adolescentes inconformados, transformando, assim, meu intercâmbio de uma forma inimaginável.
Ainda que com medo, segui em frente. Iniciei novos hobbies, levei o tempero brasileiro até a mesa germânica, me concentrei no estudo do idioma e, quando possível – com os devidos dois metros de distância e a melhor das máscaras –, encontrava meus amigos.
Dei tempo ao tempo e logo ele retribuiu. Pouco a pouco, a primeira
onda passou e pude conhecer aquele país de Norte a Sul. Nas minhas seis semanas de férias de verão, mergulhei completamente naquela cultura. Viajei com minha família alemã, com meu oficial de intercâmbio e suas filhas e visitei intercambistas que, pouco antes de minha ida, haviam ficado comigo e com meus pais. Visitei desde vilarejos que, mesmo com poucas centenas de habitantes, me mostraram a história do Sacro Império RomanoGermânico até a capital, Berlim, a qual, por meio de seus imponentes monumentos, já tão familiares das aulas de história, me mostrou, ao vivo e em cores, séculos de guerras e acordos de paz presos em suas paredes e ruas.
Novo bloqueio
A segunda metade do meu intercâmbio consistiu, dentre outras coisas, em ver o vírus se espalhar novamente. Com as temperaturas baixando, lentamente as medidas de contenção ao vírus aumentavam. A história foi se repetindo diante dos meus olhos e, um mês antes de voltar para o Brasil, foi instituído um novo lockdown.
Hoje, olho para trás e vejo que graças à resiliência, que desenvolvi diariamente pelos embates culturais, idiomáticos e pessoais, fui capaz de encarar as últimas semanas não como uma derrota. Por ter aproveitado o que pude enquanto pude, apenas as aceitei com complacência, contente por ter alcançado objetivos significativos no meu tempo na Alemanha.
Com certa frequência me perguntam se meu intercâmbio, mesmo com a pandemia, valeu a pena. E a minha resposta é sempre a mesma: valeu cada instante. Foi, com toda certeza, a experiência mais enriquecedora que tive. Todas as restrições serviram para engrandecer os momentos de certa “normalidade”. Vivi cada instante como se fosse único – e muitos de fato foram. E mesmo em meio ao turbilhão de incertezas advindas da pandemia, todas as pessoas e lugares que conheci tornaram minhas experiências ricas e deslumbrantes, fato pelo qual serei eternamente grata ao Rotary.
Saí da minha zona de conforto, aprendi um novo idioma e vivi intensamente por um ano em meio a uma crise global. Por isso não me restam dúvidas: meu intercâmbio foi, de fato, o ano mais marcante da minha vida.
*A autora participou do programa de longa duração do Intercâmbio de Jovens do Rotary de janeiro de 2020 a janeiro de 2021.
Em Colônia, na alemanha, os intercambistas recebidos pelo distrito 1870 se encontraram com o Rotex, organização internacional que reúne ex-participantes do Intercâmbio de Jovens do Rotary. Abaixo, Anna Clara e ClausChristian Schramm, oficial de intercâmbio do Rotary Club de düsseldorf Schlossturm
Novos camiNhos paRa cResceR
Um clube do Pará e um distrito do Paraná apostaram em mudanças para superar os desafios de 2020-21
serviço e imagem pública: ações de combate à pandemia feitas pelo Rotary Club de Santarém-Aldeia ao lado do SantarémPérola do Tapajós e do Santarém Vitória-Régia ganharam destaque nas redes sociais e despertaram o interesse de novos associados
Ilustrações: iStockphoto Nuno Virgílio Neto Na reunião em que assumiu a presidência do Rotary Club de Santarém-Aldeia (distrito 4720), em julho do ano passado, Maria Irene Escher Boger deu posse a dois companheiros, elevando o número de associados para 34, entre representativos e honorários. O período 2020-21 começava repleto de incertezas no clube paraense. Declarada meses antes pela Organização Mundial da Saúde, a pandemia de Covid-19 trazia medo ao planeta, uma enorme crise social e econômica e diversas restrições de convívio.
“O impacto imediato que sentimos foi a impossibilidade das reuniões presenciais”, recorda Pedro Paschoal, atual presidente do clube e diretor de Imagem Pública na gestão passada. “Seria uma fantasia afirmar que tudo seguiu normalmente. Os companheiros demonstraram claramente a tristeza de não poder se encontrar. Além disso, muitos não têm afinidade com o meio digital e tiveram muita rejeição às reuniões virtuais.”
Quando Pedro e seus companheiros perceberam quea frequência às reuniões havia diminuído drasticamente, um alerta soou entre eles. “Temíamos que o clube estagnasse por falta de troca de ideias e participação ativa nas ações. O desafio era criar um envolvimento maior de todos nós no meio digital.”
Criando uma estratégia
A reação liderada pela presidente Maria Irene envolvia o diretor de Desenvolvimento do Quadro Associativo Edson Queiroz (que segue no cargo em 2021-22) e a comissão de Imagem Pública coordenada por Pedro Paschoal. Profissional de marketing graduado em comunicação social com pós-graduação em administração de empresas,
coube a ele planejar uma reformulação no diálogo do Santarém-Aldeia com seus integrantes e a comunidade.
Isolados em casa, os associados compartilhavam mensagens e informações num grupo de WhatsApp bastante ativo. A aposta agora seriam os perfis do clube no Facebook (facebook. com/rotaryclubsantaremaldeia) e no Instagram (@rotaryclubsantaremaldeia), que haviam sido criados meses antes. “A intenção inicial foi melhorar a visibilidade das nossas ações e mostrar à comunidade o que, de fato, é o Rotary International”, Pedro explica. “Postamos informações sobre nossos objetivos e nossa história. Daí, além do crescimento de seguidores, começamos a receber pedidos de informações sobre como se associar ao Rotary.”
Boa parte das postagens nestes canais digitais mostram iniciativas voltadas à comunidade. Mais do que nunca, os tempos conturbados de pandemia exigem união de forças, e foi isso que o Rotary Club de SantarémAldeia fez, passando a trabalhar ao lado de outros dois clubes da cidade, o Santarém-Pérola do Tapajós e o Santarém Vitória-Régia.
“Pessoalmente, não me agrada a ideia de clubes de uma mesma cidade estarem disputando quem faz mais ações”, Pedro avalia. Graças a essa parceria, os três foram convidados para participar da distribuição de cestas básicas arrecadadas por uma ONG local. “Criamos um grupo para facilitar a comunicação e o planejamento das iniciativas”, Pedro conta. “Após a conclusão desse primeiro trabalho, decidimos manter o grupo e, sem dúvida, nossa integração só cresceu, com troca de informações e ideias sobre novas ações.”
Os esforços do clube tiveram excelentes resultados. Na cerimônia em que Pedro assumiu a presidência 2021-22, o quadro associativo chegou a 50 pessoas, um crescimento de 47% em 12 meses.
Os próximOs passOs
Ao longo de 2020-21, o Rotary Club de Santarém-Aldeia fez tentativas de retomar as reuniões presenciais em alguns eventos pontuais – sempre com distanciamento social e os demais protocolos de segurança necessários. Mas o primeiro reencontro dos associados desde o começo da pandemia se deu, de fato, na reunião de posse do Conselho Diretor 2021-22, no mês passado, com a reunião de mais de 70 pessoas. “Certamente, mantivemos todos os protocolos de segurança exigidos pelos órgãos de saúde para prevenir a Covid-19”, Pedro salienta. Além da presidência do clube, ele assumiu a subcomissão de Imagem Pública do distrito 4720.
À medida que a realidade permita, o retorno do Santarém-Aldeia ao “velho normal” não impedirá que o “novo normal” também tenha seu espaço. “Retomaremos as reuniões presenciais semanalmente, mas penso que os associados preferirão a forma híbrida”, diz o novo presidente. “Acredito que isso seja bastante útil para não retrocedermos na utilização das plataformas digitais.”
a extensa programação desenvolvida pela Comissão da Mulher em Rotary do distrito 4730 em 2020-21 incluiu uma carreata pelos bairros de Curitiba com arrecadação de alimentos para a Maternidade Materdei
Uma comissão distRital com foco na ampliação da pResença feminina
em 30 de junho, na sua mensagem de despedida aos associados do distrito 4730, no Paraná, a governadora 2020-21 Anaides Pimentel Orth pediu perdão “pelos momentos em que chorei, arrisquei e aventurei, mas sempre acreditei”. Foi um período de desafios. Passar um ano da vida à frente de um distrito de Rotary é uma tarefa complexa, que envolve alguns anos de preparação, planejamento e antecipação. Para Anaides e os outros 527 governadores e governadoras de distrito de todo o planeta que desempenharam essa tarefa em 2020-21, em meio a uma gravíssima crise sanitária, essas dificuldades e responsabilidades foram ainda maiores.
Apesar disso, como afirmou na mensagem, Anaides não deixou de buscar caminhos novos. O maior exemplo disso foi a Comissão da Mulher em Rotary criada por ela ao lado de outras rotarianas. Com o objetivo de ampliar a presença feminina nos clubes do 4730 (uma prioridade mundial do Rotary, que em julho de 2022 dará posse à primeira mulher como presidente internacional, a canadense Jennifer Jones), o grupo de trabalho desenvolveu uma série de atividades ao longo de toda a gestão, concluída com 36,2% de associadas no distrito, contra 34% em 2019-20 – no Brasil e no mundo, esse percentual é de, respectivamente, 29,7% e 24,3%.
Voz e ação
“Essa comissão fez a diferença, mostrando diversidade, equidade e inclusão nas ações”, avalia Anaides Orth. Em diversos eventos realizados de forma virtual ao longo do último ano, o distrito deu voz a mulheres que compartilharam suas conquistas e desafios. Numa dessas oportunidades, Adelia Villas, primeira governadora de distrito do Brasil, em 1998-99, e Silvia Campos, primeira mulher a liderar o 4730, em 1999-00, conversaram com Anaides sobre o tema. Em março, mês da mulher, houve uma programação especial. “Tivemos surpresas diárias”, conta a governadora 2020-21. “Trinta mulheres que geram impacto positivo em suas carreiras, trabalhando em áreas dominadas por homens, que são líderes dedicadas, sonhadoras e inspiradoras, foram convidadas para compartilhar suas experiências na vida pessoal, profissional e falar sobre como enfrentaram a pandemia.”
A atuação da Comissão da Mulher envolveu ainda apoios à Exposição Fotográfica de Mulheres Negras Grávidas, ao projeto Parto Amoroso, que oferece auxílio a gestantes e familiares, e a realização de palestras com profissionais de saúde sobre câncer de mama durante o Outubro Rosa. Já perto do final da gestão, em maio ocorreu a Carreata das Mulheres, que passou por vários bairros de Curitiba para comemorar o Dia das Mães e arrecadar alimentos para a Maternidade MaterDei. “Foi um desfile de carros e motos decorados com adereços e mensagens positivas, distribuindo amor, amizade, alegria, saúde e oportunidade”, Anaides explica. Ao final, a iniciativa entregou à maternidade 330 quilos de alimentos e cerca de 650 itens para bebês, como fraldas e roupas.
Anaides ressalta ainda o impacto desse esforço sobre os clubes de jovens. O distrito ganhou três Rotaract Clubs no período, com aumento de 34% no número de associados. Dos 377 rotaractianos que integram o 4730 atualmente, 54,38% são mulheres. O Interact passou a ter 33 clubes (antes eram 22) e expandiu o número de associados de 231 para 303.
Encerrando sua mensagem de despedida ao distrito, Anaides Orth deixou uma pergunta e uma resposta: “Chegamos ao fim? Na verdade não, é apenas um novo começo.” Dias depois, ela transmitiu o cargo a outra companheira, a governadora 2021-22 Mariane Nascimento Ferreira. É a força da mulher se renovando no Rotary.
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Fortalecendo o engajamento dos novos associados
Brasil possui uma ótima oportunidade pela frente. em maio deste ano, uma grande posse aumentou o quadro associativo do Rotary no país em mais de 1.500 rotarianos e 500 rotaractianos. Podemos fortalecer as ligações e conexões dessas pessoas com o Rotary e outros associados que transformam o mundo por meio do serviço.
Neste mês de agosto, o especialista regional em quadro associativo do escritório do Rotary International no Brasil, Caio Cruz, trabalhará com os distritos para implementar um projeto de orientação aos novos associados. A rodada de treinamentos começará com os presidentes das comissões distritais de desenvolvimento do Quadro Associativo, seguida por outros encontros com demais membros dessas comissões e, por fim, com os dirigentes de clube.
“Com esses treinamentos de orientação que o Rotary estruturou, poderemos assegurar o engajamento dos novos associados em algum projeto, ação regional, programa de voluntariado ou mentoria”, Caio explica. Se você gostaria de participar de um programa de mentoria ou engajamento de novos associados, preencha o formulário disponível em forms.gle/NMhRRkpMhJNxWLY57 ou clique no QR code
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