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MensageM do cHair da Fundação rotária
ampliando o Bem no mundo com mais associados e mais apoio
em agosto, voltamos nossa atenção ao aumento do quadro associativo – e buscamos maneiras de expandir o alcance do rotary. À medida que formamos novos clubes e atendemos ao chamado do presidente Shekhar Mehta para a iniciativa cada um Traz um, é importante termos em mente como esses esforços terão impacto positivo em todos os níveis da nossa organização. intrinsicamente ligados, os dois maiores patrimônios do rotary são seus associados e a fundação rotária. nossa organização é formada por mais de 48 mil clubes de rotary e rotaract. Sem nossos dedicados associados, não poderíamos prestar os serviços que prestamos.
Trabalhando em projetos de base e realizando contribuições que apoiam inúmeros programas e subsídios, nossos associados cumprem a missão da fundação rotária de fazer o Bem no Mundo. com mais associados no rotary, a fundação rotária poderia fazer o bem no mundo de forma ainda mais ampla. Teríamos um número maior de mãos para realizar projetos que levariam água limpa, saneamento e bons hábitos de higiene a mais pessoas. Teríamos mais mentes para planejar projetos de Subsídios Globais que apoiam serviços pré-natais – e assim mais bebês poderiam sobreviver.
Poderíamos financiar mais Subsídios Distritais na área de alfabetização para que mais pessoas pudessem aprender a ler. hoje, cerca de um terço dos nossos associados apoia ativamente a fundação com doações anuais ou por outros meios. imagine como poderíamos expandir o alcance do rotary se aumentássemos esse engajamento, mesmo que apenas um pouco. Mais contribuições de rotarianos significariam fundos adicionais para os Centros Rotary pela
Paz, bem como mais equiparação de doações para erradicar a pólio graças à nossa parceria com a fundação Bill e Melinda Gates. A Fundação Rotária é uma força poderosa que realiza com eficiência projetos impactantes e sustentáveis em todo o mundo. Por 13 anos consecutivos, ela tem recebido a pontuação máxima de quatro estrelas da charity navigator, o que é um motivo de orgulho para todos nós.
Seria maravilhoso se todos os rotarianos apoiassem a fundação de todas as formas possíveis. Tenho um pedido simples este mês: durante a próxima reunião do seu clube, dedique 10 minutos para discutir maneiras de envolvêlo mais com a fundação em 2021-22. isso poderia se dar pelo planejamento de uma iniciativa online de arrecadação de fundos ou por uma parceria com outros clubes em um projeto de Subsídio Global. não importa o que você faça: lembre-se de que somos nós que impulsionamos o rotary e damos sustentação à fundação rotária.
John F. Germ
Resposta URgente contRa a fome
A pandemia agravou a insegurança alimentar em todo o mundo, e a Família do Rotary no Brasil está agindo para fazer o alimento chegar a quem precisa
Reportagem: Renata Coré Design: Armando Santos l Ilustrações: Bruno Silveira
Uma fila na porta dos fundos de um açougue no bairro CPA2, em Cuiabá, no Mato Grosso, chamou atenção em meados de julho e foi notícia na mídia. É que três vezes por semana, na periferia da capital do maior estado brasileiro produtor de gado bovino, dezenas de pessoas esperam pela doação de ossos de boi no final da manhã. Outros açougues da região vendem esses restos do processo de desossa a dez reais o quilo. Em reportagem publicada no portal Uol, a jornalista Bruna Barbosa Pereira, de Cuiabá, contou que as doações de ossos a moradores sem renda ocorrem há mais de dez anos, mas que o número de pessoas que recorrem a elas para poder se alimentar vem aumentando. Em uma notícia publicada no G1 na mesma época, a jornalista Kátia Krüger, da TV Centro América, informou que, semanalmente, comerciantes das bancas da Central de Abastecimento e Distribuição de Cuiabá doam alimentos que não foram comercializados nas feiras locais. Na ocasião, 420 pessoas e 40 entidades estavam cadastradas para recebê-los.
Também em meados de julho, outra matéria do G1 noticiou que 18.385 famílias cuiabanas estão vivendo em situação de extrema pobreza, enquanto 14.241 famílias se encontram em situação de pobreza, segundo a Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística classifica como extrema pobreza a condição de alguém que vive com menos de 151 reais por mês. Na situação de pobreza, a pessoa se mantém com menos de 406 reais mensais.
Não foi só na capital matogrossense. A Organização das Nações Unidas (ONU) registrou um agravamento dramático da fome no mundo em 2020, muito provavelmente em consequência da pandemia da Covid-19. A edição de 2021 do relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo, divulgada em 12 de julho, estima que um décimo da população do planeta tenha sido atingida pela fome no ano passado – o que corresponde a até 811 milhões de pessoas. Ainda que o impacto da pandemia não tenha sido totalmente mapeado, o documento – publicado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde – é o primeiro estudo global dessa natureza realizado nesse contexto. “Infelizmente, a pandemia continua a expor fraquezas em nossos sistemas alimentares, que ameaçam a vida e a subsistência de pessoas em todo do mundo”, os chefes das cinco agências da ONU escreveram no prefácio do relatório. De todas as pessoas enfrentando a fome, 418 milhões vivem na Ásia, 282 milhões, na África, e 60 milhões, na América Latina e no Caribe. Segundo o estudo, o continente africano apresentou o aumento mais acentuado do problema.
A privação de alimentos é medida de diversas formas, e todas pioraram em 2020. O relatório da ONU mostra que a insegurança alimentar moderada ou grave – quando não há acesso à
alimentação adequada – saltou tanto quanto nos cinco anos anteriores combinados, atingiu 30% da população do planeta e aprofundou a desigualdade de gênero. A má nutrição persistiu em todas as formas: as estimativas são de que mais de 149 milhões de crianças menores de cinco anos tenham sofrido de desnutrição crônica, ou eram muito baixas para a idade; mais de 45 milhões apresentaram um quadro de desnutrição aguda, ou eram muito magras para a altura; e quase 39 milhões estavam acima do peso. Por fim, três bilhões de adultos e crianças não tiveram acesso à alimentação saudável, e uma das grandes causas foi o alto custo dos alimentos.
No Brasil, o preço dos gêneros alimentícios vem aumentando. No acumulado de um ano até maio, o óleo de soja, o arroz e a carne subiram, respectivamente, 82%, 56% e 35%. O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, estudo inédito que abrangeu áreas rurais e urbanas nas cinco regiões do país, aponta que 19 milhões de pessoas passaram fome e 55,2% dos lares (116,8 milhões de pessoas) enfrentaram algum grau de insegurança alimentar nos três meses anteriores à pesquisa, realizada de 5 a 24 de dezembro de 2020. Divulgado em abril, o levantamento foi feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional em parceria com a Action Aid Brasil, Friedrich Ebert Stiftung Brasil e Oxfam Brasil com apoio do Instituto Ibirapitanga.
RotaRianos em ação
Uma das causas da fome, a falta de trabalho está entre as principais dificuldades que a população da cidade paranaense de Ponta Grossa tem enfrentando neste momento de pandemia, segundo Simone Kaminski de Oliveira, presidente da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG). “Vimos crescer as solicitações de cestas básicas, pois muitos que não eram assistidos pela Assistência Social, devido à paralisação de várias atividades, como forma de conter o avanço da pandemia, ficaram sem o sustento e recorreram a ela”, Simone explica. Todos os meses, por meio dos Centros de Referência da Assistência Social, e atendendo também aos pedidos que chegam pelo gabinete, a FASPG entrega uma média de 2.500 cestas básicas. Em junho, todos os Rotary Clubs de Ponta Grossa, no distrito 4730, se uniram para dar uma força a esse trabalho e arrecadaram 2,8 toneladas de alimentos e 1.380 peças de roupas, agasalhos e cobertores.
“A ideia surgiu em virtude do momento que estamos passando”, conta
Joaquim de Mira Junior, presidente 2020-21 do Rotary Club de Ponta Grossa-Lagoa Dourada, atual vicepresidente do clube e idealizador da campanha Aqueça seu Coração com Amor e Empatia. “A pandemia tem penalizado muitas famílias, principalmente aquelas que estão à margem dos programas assistenciais e dos auxílios governamentais. A dificuldade em colocar comida na mesa é uma triste realidade com que essas famílias têm de conviver diariamente. Também não podemos esquecer que com o inverno, além da fome, elas sofrem com o frio. Por isso, a campanha visou a arrecadação de alimentos não perecíveis e agasalhos, roupas e cobertores.”
Os rotarianos tiveram menos de 20 dias para organizar a campanha. Eles iniciaram a divulgação pelas redes sociais e, em paralelo, elaboraram um release, enviado a diversos órgãos de imprensa que os ajudaram a comunicar a iniciativa. “Eles também entraram em contato conosco solicitando entrevistas para falar sobre a campanha”, diz Joaquim. Em 19 de junho, os clubes realizaram um Dia D, e voluntários recolheram doações em supermercados locais e em outros pontos, em sistema de drive-thru.
“Essas ações são de extrema importância para que, nesse momento de dificuldade, possamos unir forças e atender a população mais vulnerável que foi acometida pelas consequências da pandemia, seja por falta de trabalho, seja pela perda do provedor familiar, vitimado pela Covid-19”, comenta Simone. Os rotarianos concordam com a presidente da FASPG, tanto é que a ação realizada em conjunto por todos os clubes não foi uma iniciativa isolada. “O Rotary Club de Ponta GrossaCampos Gerais, em parceria com o Rotaract Campos Gerais e o Rotary Club de Ponta Grossa-Centenário, lançou a campanha Doe Amor de Forma Concreta para atender pessoas carentes e em situação de vulnerabilidade social com alimentos, itens de higiene pessoal e roupas”, recorda Joaquim. “Essa campanha beneficiou cinco instituições sociais e mais de 68 famílias carentes com a entrega de 70 cestas básicas, cerca de 1.500 peças de roupas, 250 pares de calçados, itens de cama, mesa e banho e mais de 60 kits de higiene pessoal.”
Solidariedade
A 540 quilômetros dali, no distrito 4540, o Rotary Club de AraraquaraOeste vem mobilizando a cidade paulista em torno da arrecadação de alimentos não perecíveis e produtos de higiene e limpeza para os mais atingidos pela pandemia desde que trabalhou na primeira etapa da Campanha da Solidariedade, a convite do Instituto Grupo Pão de Açúcar (IGPA), em abril de 2020. Com a edição mais recente, em abril e maio deste ano, duas toneladas de doações foram repartidas entre pelo menos seis instituições locais. “A escolha das instituições beneficiadas é feita exclusivamente pelo clube, por meio de um cadastro prévio e avaliação das necessidades de cada uma, inclusive para o direcionamento de produtos específicos”, explica Eliane Oliveira, responsável pela Imagem Pública do clube em 2020-21 e atual secretária.
Na Campanha da Solidariedade, idealizada pelo IGPA a partir do cenário de dificuldades surgido com a pandemia, são instalados postos de arrecadação em dois supermercados da cidade e o clube trabalha na divulgação da ação e na retirada semanal das doações. “Em períodos de maior flexibilização na cidade, contamos com a presença de voluntários do clube nas lojas, durante finais de semana, para intensificar a divulgação e possibilitar melhores resultados, respeitando as normas de segurança”, Eliane conta. Entre as edições da campanha, os associados também trabalharam no Drive-Thru Solidário, uma ação que reuniu os seis Rotary Clubs da cidade e arrecadou mais de duas toneladas de alimentos em um único dia.
Também em São Paulo, mas no distrito 4480, o Rotary Club de Votuporanga-8 de Agosto entregou 1.700 cestas básicas para o Fundo Social de Solidariedade de Votuporanga e o programa Votu Solidária no mês de maio. Em matéria publicada no Portal do Município de Votuporanga, Valmir Dornelas, presidente 2020-21 do clube, agradeceu o envolvimento de todos os demais clubes da região. “É muito gostoso quando ligamos para as pessoas e conseguimos a pronta ajuda de todos”, ele disse na ocasião. Afinal, a crise da fome requer respostas urgentes.
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Em váRias cidadEs, dEsdE os pRimEiRos dias
Assim que a pandemia de Covid-19 começou, a Família do Rotary no Brasil se mobilizou para organizar as mais diversas ações de enfrentamento, que não pararam desde então. Das iniciativas de distribuição de máscaras aos projetos de doação de equipamentos hospitalares com o apoio de recursos da Fundação Rotária, os clubes têm sido incansáveis nos esforços de socorrer as comunidades. Sensíveis à gravidade do aumento da fome, em diversas cidades eles vêm promovendo também ações de arrecadação e distribuição de alimentos desde os primeiros dias da pandemia. Nas últimas 15 edições da Rotary Brasil, registramos cerca de 230 iniciativas assim, e muitas outras são publicadas quase diariamente nas redes sociais da revista. Nestas duas páginas você conhece mais algumas delas. 1 O Rotary club de itápolis, SP (distrito 4480), o Rotaract e o interact participaram do arrastão da Campanha do Agasalho, em 19 de junho, em parceria com a prefeitura, a Secretaria de desenvolvimento Social e o Fundo Social de Solidariedade de Itápolis. Além de 4.508 peças de vestuário (incluindo roupas e calçados adultos e infantis e cobertores), a ação arrecadou 703 quilos de alimentos não perecíveis que foram divididos entre o Fundo Social de Solidariedade, o Grupo São Vicente de Paulo e a Associação Cleide Rizzo. O Centro espírita Nova era recebeu somente cobertores. 2 O Rotary Kids e o Rotary club de itápolis, em parceria com a escola SeI-Anglo, realizaram um drive-thru solidário na porta da instituição de ensino em 17 de junho e arrecadaram 356 quilos de alimentos para o Grupo São Pelegrino e o Abrigo Rainha da Paz. 3 Com a parceria do líder comunitário Antenor José, o Rotary club de Brasília-lago sul, dF (distrito 4530), doou 200 cestas básicas e 200 cestas verdes, estas contendo legumes e frutas, para famílias da Vila Santa Luzia, na cidade da estrutural. A ação ocorreu na Vila Olímpica da estrutural em 26 de junho, das 11h às 14h, e respeitou os protocolos sanitários necessários. Três dias depois, o clube entregou cinco cestas básicas e cinco cestas verdes para uma moradora de Itapoã. 4 em 19 de junho, o Rotary club de Goiânia-anhanguera, GO (distrito 4530), doou 150 cestas básicas para famílias do bairro Residencial Juscelino Kubitschek. 5 O Rotary club de avaré, SP (distrito 4621), entregou 39 cestas básicas para a Associação espírita Arco-Íris de Avaré, que atende pessoas com transtorno do espectro autista. 6 Com os recursos obtidos em sua 1ª Paella Caipira, o Rotary club de sumaré-ação, SP (distrito 4621), entregou 85 cestas básicas para o Instituto Bem Querer, uma entidade sem fins lucrativos que visa promover a sustentabilidade comunitária. 7 No final de junho, quando o Rio Grande do Sul estava registrando seus dias mais frios no ano, o Rotary club de General câmara, no distrito 4680, arrecadou e entregou alimentos e cobertores para 25 famílias. A ação teve o envolvimento da equipe do Banco de Alimentos do clube e da SeR Gecanon. 8 O Rotary club de Jaguariaíva, PR (distrito 4730), representado pelo então presidente Wilderrobson Rausis e pelo então vice-presidente Adriano Francisco de Oliveira, entregou 240 litros de leite ao Lar Bom Jesus, onde vivem idosos. A doação, em 3 de junho, foi possível graças ao 1º Festival da Pizza, que o clube organizou em 10 de abril. 9 Também em junho, a associação de senhoras de Rotarianos – casa da amizade de Joaçaba, SC (distrito 4740), doou 276 cestas básicas para famílias atingidas pela pandemia. desde o início da pandemia até setembro de 2020, as integrantes já haviam distribuído quase 900 cestas básicas, além de seguirem ajudando a Casa de Apoio Nosso Lar com doações de enxovais para recém-nascidos e roupas para as campanhas de inverno.