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AUTOESTIMA AOS 50

O autocuidado e a autoestima feminina: tanto se fala nesse assunto, e pouco o colocamos em prática.

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por ELISÊ PEIXOTO fotos RUBEN RIERMEIER

adulta da mulher é apertada. Estudos, hobbies, crianças, relacionamentos, amigos, fa- mília, trabalho: muitos fatores podem tirar o autocuidado da nossa lista de prioridades. Por consequência, negligenciamos nossa saúde física e mental e também nos desconectamos de nós mesmas. Aqui, estabelecer uma rotina é a melhor forma de fomentar o autocuidado. E não precisa empreender, agora mesmo, uma mudança radical na sua vida: comece aos pouquinhos, um passo de cada vez. Fundamental mesmo, nesse momento, é criar um compromisso com você mesma. É tão fácil fazer promessas aos demais, não é? Como eu disse lá no começo desse artigo, é muito fácil deixar nosso próprio bem-estar de lado, porém, isso também deteriora nossa energia, saúde, bom-humor e até a nossa beleza estética.

Lembre-se que o autocuidado é amplo e não é feito apenas de questões estéticas e superficiais – apesar de estas serem essenciais também. É preciso se alimentar melhor, tomar mais água, se exercitar, separar um tempo para o lazer, passar menos tempo nas redes sociais e se conectar com mais frequência com aqueles que você ama – na vida real! Dormir bem, evitar o desenvolvimento de vícios e investir em relacionamentos saudáveis também podem mudar a nossa vida para melhor. Como eu disse, à primeira vista, todos esses aspectos podem parecer tarefas impossíveis. E isso é compreensível: às vezes, estamos tão desconectadas da nossa vida pessoal e de nós mesmas que qualquer mudança parece demandar tempo demais.

Contudo, eu reforço novamente: um pequeno esforço por dia já pode mudar muito a sua saúde e a sua autoestima. Logo, esses novos hábitos não serão nem sequer considerados esforços. Serão apenas mais uma pequena parte do seu dia.

Algumas vezes, podemos olhar a foto de uma mulher ou até conhecê-la pessoalmente e apostar que está na faixa dos 40 anos ou até menos. Quando na realidade ela tem mais de 50 anos de idade. Isso nos dias atuais tem sido muito frequente. A todo instante chegam informações de mulheres de meia-idade que se cuidam esteticamente, não apenas da face, mas também do corpo. Para quebrar os preconceitos de quem diz que depois dos 40 as mulheres ficam mais descuidadas e perdem sua beleza, basta conversar com mulheres frequentadoras de academia, adeptas de corrida de rua e de bike, mulheres que estão no auge da sua forma física e com mais de 50 anos. E, acredite, mulheres com mais de 60 anos, que daquele estereótipo de “mulher idosa” não têm nada.

Mas para tudo existe uma certa dedicação, um belo corpo requer determinação, foco, boa vontade e muita disciplina. Essas mulheres com um shape definido certamente estão incentivando outras mulheres a adotarem o lifestyle e que deve estar incorporado à rotina delas. E que depois de um tempo vão colher os benefícios. O exercício físico tem fatores positivos para a saúde, como prevenir osteoporose, diabetes e câncer, além de ajudar na mobilidade quando a idade avançada chegar.

Se manter um corpo sarado, um bumbum perfeito e um abdômen definido aos 20 anos é tranquilo, imagine para uma mulher de 50 anos, quando os fatores hormonais não contribuem muito. Mas seria um sacrifício? Nem tanto. Porque há mulheres que curtem verdadeiramente adotarem um estilo de vida mais saudável, com muita atividade física, alimentação regrada, abrindo mão de petiscos, regulando doces, evitando bebida alcoólica, dormindo o suficiente, acordando cedo para malhar, controlando o peso, sem vícios e felizes. A Avessa conversou com três mulheres que têm esse objetivo: cuidarem do corpo com disciplina. Uma delas venceu a anorexia e dá um testemunho emocionante de superação. Vamos acompanhar seus depoimentos?

Ser feliz é a meta

A professora de história Marina Pires Barbosa, 58 anos, divorciada, tem uma filha com 37 anos e uma neta com 18 anos. Sempre gostou de estar bonita, cuidar da alimentação e fazer atividades físicas. “Quando mais jovem fazia musculação, participava de corridas, mas por conta de uma cirurgia de menisco, minhas atividades hoje são mais leves, como caminhar todos os dias e fazer dança de salão, que amo. Como me aposentei recentemente, estou ainda vivendo um ócio, tenho horários flexíveis para me exercitar, mas a dança de salão faço todas as sextas-feiras e sábados. Além de estar sempre em movimento, também é importante a mulher se amar e sentir-se amada, gosto de estar sempre com amigos, sair aos finais de semana, ou até mesmo ficar em casa assistindo a um bom filme na companhia de um pote de pipoca”, comenta a professora, que incluiu na sua rotina um novo desafio: aprender inglês com aulas semanais. Ressalta que o cuidado com o corpo é uma questão pessoal e que desde mocinha aprendeu com a mãe a estar sempre arrumada, mesmo estando em casa ou dando um pulo no mercado. “Não saio sem batom jamais. Acredito que o bonito da maturidade é saber se adaptar às fases da vida e vivê-las intensamente, pois são únicas. As rugas em nosso rosto são registros da nossa história e devemos respeitá-las. Afinal estamos vivas e atuantes, o segredo é ser feliz sempre”, finaliza.

Altos e baixos

Rita de Cassia Souza Braz nasceu em 20 de fevereiro de 1970, “ainda em tempo de comemorar o tricampeonato mundial do Brasil”, como ela própria brinca. Completa 50 anos em breve, é advogada, mas atualmente dedica-se à família. Casou-se duas vezes, tem dois filhos, atualmente com 15 e 16 anos. Chegou a ter uma depressão que durou dois anos. “Naquela época tive sérios problemas em relação ao modo como me via, o que me empurrou para a anorexia. Quando entrei em tratamento, passei a me preocupar com minha aparência. E aprendi a me gostar mais. Então parti para atividades físicas regulares como musculação, ginástica localizada, cuidados com pele e cabelo. Mantive o peso de 58/60 quilos até 2015. Na época não eram mais fabricados e vendidos tão facilmente esses medicamentos para emagrecer, então eu sempre me policiava na alimentação. Meus filhos nasceram com diferença de 1 ano e 1 mês, então acabei abandonando essas atividades para cuidar dos meninos”, ela recorda.

A experiência amarga ela teve ao mergulhar nos anorexígenos, quando tomava remédios para emagrecer em vez de voltar às atividades físicas. “Eu trabalhava durante a tarde e dedicava as manhãs e noites às crianças. Então não queria ir pra academia. Queria ficar com os meninos. Há poucos anos tive outra depressão, resultado de uma doença grave. Fui curada, mas a depressão me derrubou e engordei 20 quilos. Com o apoio dos filhos, passei a fazer caminhadas, perdi peso e voltei à academia depois de uma avaliação, pronta para fazer atividade física, aeróbica e musculação a fim de tonificar a musculatura e recuperar a forma antiga”, recorda a dona de casa.

Como venceu a anorexia

Depois de viver e sentir na pele os efeitos de uma anorexia, Rita de Cássia faz questão de dar o seu testemunho às mulheres que anseiam a qualquer custo por um corpo “perfeito”. Em 2017, mudou-se para Uberaba (MG), estava renovada e com vontade de ficar mais jovem e bonita. “Foi aí que acordei mais para a forma física. Com 1.70 de altura, não bastava pesar 70 quilos, eu estava acima do peso e queria emagrecer para ter uma aparência melhor. Durante essa fase eu estava em um turbilhão de sentimentos negativos a meu respeito, sentia-me péssima, feia e gorda. Mas eu não era. Por minha conta, comecei a tomar remédios para emagrecer e a perder peso, passei a tomar laxantes junto com os anorexígenos para acentuar a perda. Eu me pesava em média duas vezes por hora, era compulsivo. O tempo passou e em poucos meses eu tomava seis comprimidos por dia para emagrecer. Às vezes trocava isso por duas bolachas água e sal por dia. Chegou uma época que eu tinha dores horríveis de estômago após tomar os remédios. Era como se meu estômago estivesse queimando. Então eu deitava de barriga no piso frio e chorava. Jurava que não ia mais fazer aquilo. Mas, assim que a dor passava, eu voltava aos remédios. Fiquei pele e osso, mas sempre que me olhava no espelho encontrava algo no meu corpo que ainda era possível emagrecer. Um dia resolvi mudar e voltar a ser quem eu era, rompi com tudo e busquei a minha saúde.”

Bonita e saudável

Rita começou a treinar diariamente e com disciplina, auxiliada por um instrutor, toma vitaminas, ingere proteínas, alimenta-se de maneira saudável. “Passei a caminhar diariamente e comer deixou de ser um medo. Recuperei e encontrei uma nova chance de vida, venci a anorexia.” Rita de Cássia alerta a todas as mulheres para esse problema sério que é a depressão, que pode desencadear uma anorexia. Para ela, ser bela não precisa estar dentro dos padrões estabelecidos pela mídia, não é necessariamente pesar 50 quilos, mas saber aceitar as imperfeições e acima de tudo ser saudável. “Não existe envelhecer, nós mudamos de fase. Aos 50 anos, temos a vantagem de poder olhar a caminhada que já fizemos, os sonhos que realizamos, a família que criamos. E ainda podemos olhar pra frente e viver novos sonhos, fazer planos. A mulher que chega aos 50 e vive sob a ditadura do espelho vai ser sempre refém do bisturi e eternamente infeliz. Aceitar-se é o primeiro passo pra felicidade. O segredo de se ser feliz aos 50 anos é não se comparar com mulheres de 20 anos.

Madrugando para dar conta

A advogada Renata S. Cassiano tem 50 anos, é casada e tem uma filha. Herdou da mãe o cuidado com a aparência, cuida da pele, do cabelo e do corpo. Faz musculação e corrida de rua e no momento está treinando para uma meia-maratona. Acorda de madrugada para dar conta dos afazeres da casa, malhar e trabalhar no escritório. A rotina é puxada, mas, disciplinada com os horários, ela dá conta do recado. “Sempre gostei de esportes. Comecei na ‘escolinha’ de vôlei na AREL aos 12 anos. Quando entrei na faculdade de Matemática era obrigatória a disciplina de Educação Física, então também entrei para o time de vôlei. Levanto-me diariamente às 5 horas, deixo algumas coisas adiantadas e vou para a academia do clube. Faço musculação logo cedinho e também corro. Durante a semana completo 10 km e no sábado faço um ‘longão’ de 18 a 20 km. Da academia vou direto para o escritório, onde tomo banho e trabalho das 8 às 11h40. Almoço em casa e volto ao escritório às 13h30. Volto para casa perto das 18 horas, lavo roupas, vejo a tarefa da minha filha e preparo o almoço do dia seguinte. Vou dormir no máximo às 22 horas”, conta a advogada, que revela ainda ter compromissos com a igreja. “A minha filha é coroinha e serve na missa durante a semana e aos domingos”, completa.

Para ela, atividade física é essencial para a vida, já que dá ânimo, energia e nos mantém literalmente vivas. “Sou bastante suspeita em falar porque não vivo sem atividade física. Cada um deve procurar uma atividade que lhe dê prazer, como correr, dançar, fazer ioga, pilates. A preguiça faz a pessoa envelhecer antes do tempo. Os benefícios da atividade física são inquestionáveis e tem sempre algo que a pessoa possa fazer, independente de suas limitações.” A advogada também afirma que a alegria faz a pessoa fica mais bonita, atrai amigos. “Meu conselho é que toda mulher deve se cuidar e investir nela mesma. Olhar-se no espelho e gostar do que se vê é salutar”, explica.

Em uma época da vida, Renata admite que relaxou nos cuidados, engordou. “Mas fiz uma dieta que, aliada à atividade física, ajudou-me a emagrecer 21 quilos. Nunca mais engordei e sou disciplinada com a alimentação porque com a idade o metabolismo é lento. Sou a favor de procedimentos estéticos que suavizem as marcas do tempo, mas tudo tem um limite. Não posso mais fazer o que fazia aos 20 anos, mas posso ser feliz com a minha idade. A mulher pode sentir-se plena aos 50, 60 e 70 anos.”

Renata reitera que se cuidar é um ato de amor, isso muda o jeito que ela se enxerga e relaciona com os outros

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