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Evolução da Moda Drag Queen
A EVOLUÇÃO DA MODA DRAG QUEEN ATÉ OS DIAS DE HOJE
A moda passa por mudanças constantes, sendo um reflexo da sociedade, e isso é extremamente válido para a comunidade drag queen
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por Mariana Costa foto: Instagram Ceciliah Bally
Amoda está inteiramente ligada a aspectos como a cultura e status social, na expressão do ser. E, no final da Idade Média e começo da Renascença, por volta de 1350 d.C, houve uma mudança do pensamento da sociedade; o homem estava começando a questionar o mundo que conhecia e a pensar por si só, e isso foi mais destacado ainda pelo desenvolvimento tecnológico.
Então, a moda como conhecemos surge com a noção de “Eu”, do ser individual. As roupas e a estética passaram a expressar o que uma pessoa pensava e estava passando por, virando a vestimenta uma questão de orgulho e ostentação. E o mesmo conceito se aplica a moda Drag Queen.
A MODA DRAG QUEEN ANTIGAMENTE
A moda drag é uma expressão artística que surgiu há tempos. É meio difícil datar exatamente quando ela apareceu, por conta da pouca falta de estudos de seu desenvolvimento inicial, mas é dito que a moda drag apareceu primeiramente no teatro.
O interesse surgiu para o ator, que viu esse tipo de moda que “exagera” em roupas extravagantes tradicionalmente associadas à mulher, uma forma de se expressar dramaticamente no palco. Essa ideia persiste até hoje, pois é nos palcos que a moda drag queen ganha destaque, junto com a apresentação do artista.
Foi apenas em 1920 que a arte drag começou a ser mais alinhada com a comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, Intersessuais, Assexuais e o + que abrange outras identidades de gênero e outras sexualidades).
Moda drag no século 19. Foto: FashionBubbles
Nesse período, começaram a acontecer festas enormes na qual a maioria dos homens iam vestidos de mulheres, essas festas recebendo o nome de “drag balls”, um baile da cultura drag. Esse período ficou conhecido como “pansy craze”, onde houve um aumento da popularidade da cultura drag.
Enquanto esses bailes davam mais destaque ao glamour e estilo da vida drag, a audiência ainda valorizava muito mais as performances com comédia em teatros, por isso foi um momento de se reinventar, tentando encontrar um equilíbrio sobre ambos.
Em 1930, ser drag virou uma carreira cara; era considerado um grande investimento para um homem manter a posição esperada de uma mulher naquele tempo, e ainda é! Roupas, perucas e maquiagens valem muito no bolso.
Na época, drag queens começaram a ser presas pois o cross-dressing era uma “ofensa” à sociedade. Os bailes começaram a desaparecer e os que ficaram tiveram que se esconder, havia virado um tabu enorme. Porém, mesmo que a homossexualidade e essa arte estivessem sem marginalizadas, as drags manteram seu lugar no entretenimento.
A MODA DRAG QUEEN HOJE EM DIA
Enquanto a sociedade se descobria, a moda drag foi evoluindo também e atualmente a prática de se vestir exageradamente, seja de forma considerada feminina ou masculina, já é bem comum e extremamente interessante.
Ser drag queen ou drag king, que é quando mulheres se vestem de forma exagerada como o que é esperado de um homem, virou uma questão mainstream. Na mídia atual é bem fácil de achar fotos e vídeos, como o canal do Youtube World of Wonder, com vídeos sobre a cultura LGBTQIA + e foco em drag queens famosas no exterior.
Um programa que ajudou bastante essa arte a disseminar pelo brasil e no mundo é o RuPaul’s Drag Race, um programa onde cerca de 13 concorrentes competem pelo prêmio maior de Drag Queen Superstar. Atualmente, o programa está na 13.ª temporada.
Outro rosto familiar é a de Pabllo Vittar, drag queen brasileira e famosa no mundo inteiro pelas músicas e personalidade. A música está totalmente ligada a cultura e a expressão de ser, por isso Vittar foi logo abraçada por toda a comunidade LGBTQIA+.
A MODA DRAG QUEEN EM FOZ DO IGUAÇU
E aqui na cidade de Foz não é diferente! Conversamos com a drag Queen Ceciliah Bally para saber um pouco mais sobre o mundo drag e a moda.
Ceciliah Bally, ou Cícero Adolfo, é professor de artes e tem 37 anos. É drag queen há mais de 10 anos, começando em 2005. Ceciliah é apresentadora e performance, e faz performances que vão desde participar da parada LGBTQIA + até em velórios.
No começo, ele conta que foi como um hobby. “Sou apaixonado pela cultura drag desde pequeno, comecei a me montar para alegrar festas de amigos e não teve mais volta. Entre altos e baixos, fazem 16 anos de muita transformação”. Essa paixão pela arte surgiu após Cícero ver dois amigos se montando para o drag, e após dois anos Ceciliah Bally veio ao mundo.
As inspirações na moda inicialmente foram as personalidades ainda muito bem conhecidas Cher, Madonna e Beyoncé, e o estilo que predominava no início era a moda burlesca. A arte burlesca vem diretamente do sentido de sátira, brincadeira e comédia, onde os espetáculos eram sempre em palcos com dançarinas usando figurinos exóticos e coloridos.
Um dos incríveis looks de Ceciliah Bally. Foto: Instagram Ceciliah Bally
Atualmente, a inspiração de moda de Bally é o mundo. Tudo é uma possível inspiração, seja na moda, em shows, conceitos diferentes, a ideia principal é experimentar. Ao longo dos anos, Ceciliah mudou, e vai continuar mudando pois é sempre uma constante transformação, se aceitando e sabendo que realmente ela é, segundo Cícero.
A CRIAÇÃO
O conceito é uma das questões mais importantes para a criação das roupas, diz Cícero. “Penso no conceito da montagem inteira e também a mensagem que quero passar para cada ocasião”, diz sobre o processo por trás de cada figurino. Cada show é diferente, cada performance feita tem sua mensagem por trás.
Como já dito antes, a moda possibilita a expressão do ser individual, do “eu”, e nas roupas da drag queen Ceciliah não é diferente. Ela é uma show girl intensa, que gosta de ousar e se sentir ousada, exagerada, então suas roupas e maquiagem refletem isso.
“A roupa é muito importante, ela revela o que você é ou o que você deseja. A arte drag precisa de uma mensagem, um discurso, e os figurinos podem ajudar em todos os sentidos.” fala Cícero na importância das roupas e da personagem. Então, deixo aqui, como fim, algo que Cícero escreveu sobre a arte da cultura Drag Queen, que não sinto necessidade de mudar nada.
“A moda drag vem a permitir e exaltar a beleza de cada drag, seja ela caricata, beauty, show girls, ou simplesmente conceito, carregando o melhor de cada uma em toda montação. A roupa precisa conversar com o sapato, acessórios, a maquiagem e claro, com a peruca.
Gosto de apoiar todas que buscam o mundo da arte drag de alguma forma, pois sei que tem oportunidade para todas mostrarem sua arte, seu discurso e sua beleza.
Meu sonho é ver nossa sociedade respeitando a cada um como ele é, suas escolhas sem preconceitos e sem discriminação.
A arte drag liberta e salva ao mesmo tempo.”
Cícero Adolfo