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Por que contratar uma plataforma de segurança unificada?
Por Thiago Vasconcelos
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o artigo anterior publicado na edição de janeiro da Revista Segurança Eletrônica, realizei um embasamento simplificado demonstrando o porquê de integrar sistemas de segurança. Agora, continuarei o tema abordando integração de sistemas de segurança, porém com o escopo mais amplo tratando do conceito de unificação, explicando o motivo de contratar uma plataforma de segurança unificada, e consequentemente, mostrando quais serão os benefícios. Buscarei demonstrar uma visão de forma expandida, com o olhar de ambos os lados, tanto da empresa pública quanto da empresa privada, que são contextos distintos. Projeto único Tudo começa em uma necessidade de um sistema de segurança, como: uma nova construção, ampliação de um sistema existente, necessidade de um projeto de melhoria, como pode ser também a substituição de um sistema existente não funcional ou que não está atendendo satisfatoriamente às necessidades ou expectativas do cliente. Sendo assim, com a necessidade da elaboração de uma solução, e consequentemente um projeto para implantação de uma plataforma de segurança unificada aplicável em um dos cenários citados, cada projeto deverá ser de acordo com cada contexto, devendo ter especificações adequadas para cada cenário. É importante também verificar os escopos que deverão fazer parte do projeto ou solução, como contagem de pessoas, controle de acesso, detecção de alarme de incêndio, intrusão, leitura de placas, portaria remota, proteção perimetral, reconhecimento facial, sonorização, videomonitoramento, entre outros. Em uma plataforma de segurança unificada, cada escopo ou dis58
ciplina citada é representada por um ou mais módulos nativos no Software, viabilizados por meio de licenciamento. As possibilidades ao contratar uma plataforma de segurança unificada podem ser inúmeras e quase que infinitas, a depender das licenças disponibilizadas pelo fabricante do software, módulos de software ou plugins nativos, bem como da lista de dispositivos já homologados, sem a necessidade de desenvolvimento de software customizado. Alguns protocolos padrões de mercado mundialmente conhecidos que facilitam esta unificação são: TCP/IP, HTTPS, RTSP, ONVIF, PSIA, OSDP, Wiegand, Contact ID, OPC, BACnet, Modbus, SIP, entre outros. Além dos escopos a serem contemplados no projeto, deverão ser verificados os requisitos do Software, câmeras, controladoras, leitores, painéis, sensores, infraestrutura de TIC com os respectivos servidores, storages e ativos de rede, bem como todo o passivo de rede aplicável, que será o cabeamento estruturado, racks e acessórios. Dependendo do porte do projeto, deve ser considerado uma Central de Operações com mobiliário técnico adequado, monitores profissionais que suportam funcionamento 24x7 e as respectivas workstations, que são computadores mais robustos do que do tipo desktop para suportarem todo o processamento da operação do sistema. Todos os itens citados devem ser adequadamente dimensionados e especificados, pois tudo está inter-relacionado. Dependendo do porte do projeto ou criticidade da plataforma de segurança unificada, é importante considerar redundância de diversos itens, como: servidores, software, storages, ativos de rede, interconexão da rede e nobreaks. A redundância é importante para viabilizar um sistema seguro com alta disponibilidade com o menor nível de downtime possível.
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O envolvimento do cliente durante a elaboração do projeto é muito importante e evita divergências de informações e do não atendimento a alguma expectativa esperada.
Dessa forma, o projeto sendo único, a empresa responsável posteriormente pela implantação, deverá entregar na modalidade “turn key”, que deverá ser em pleno funcionamento para a operação e com as devidas garantias formalizadas. É importante especificar no projeto os requisitos dos serviços, como: instalação e configuração, operação assistida, as built e treinamentos. É importante incluir no memorial descritivo a modalidade de contratação, que pode ser como venda ou através da contratação como serviço, conhecida como “as a service” ou locação. O envolvimento do cliente durante a elaboração do projeto é de suma importância, com o objetivo de evitar divergências de informações e do não atendimento a alguma expectativa esperada previamente. A comunicação é uma condição sine qua non durante todo o processo da elaboração do projeto, com as devidas formalizações através de e-mails e atas de reunião, evitando transtornos futuros. Contratação única Com a elaboração de um projeto único e unificado, o cliente poderá lançar um processo de concorrência simplificado, onde as empresas proponentes deverão ofertar uma solução que atenda a todos os escopos. É importante ressaltar que esse modelo de contratação exige especialização para acompanhar todo o processo e validar a solução de todas as empresas interessadas em apresentar uma solução técnica e comercial para atender à demanda do cliente, gerada através da elaboração do projeto único. Dependendo do cenário, será importante avaliar a contratação de uma consultoria durante o processo de concorrência, que pode ser a própria empresa que elaborou o projeto, 60
se for acordado dessa forma entre as partes. Há diversas vantagens na modalidade de contratação única, como por exemplo, o cliente ter um único contrato e toda a responsabilidade da implantação e entrega ser de uma única empresa. Entretanto, o processo exigirá uma seleção mais criteriosa, pois as empresas participantes da concorrência deverão ser rigorosamente analisadas quanto ao acervo técnico, experiência em implantações anteriores, saúde financeira e garantia de profissionais qualificados para realizar toda a implantação do sistema. Gestão simplificada Diante desse contexto, após a verificação das necessidades do cliente, alinhamento de escopo e a elaboração do projeto único, a fiscalização será mais simplificada. É muito comum órgãos públicos realizarem licitações em diversos e em alguns casos dezenas de lotes. Geralmente é feito dessa forma, pensando na economia e maior concorrência, pois empresas diferentes podem vencer lotes distintos e em alguns casos cada empresa ganha um lote específico. Quando a licitação é feita em muitos lotes e diversas empresas arrematam os respectivos lotes, de forma preliminar pode parecer que houve redução de custos se a licitação fosse única, porém há grande possibilidade que a fiscalização de todos estes contratos seja mais complexa. Segue um cenário como exemplo: uma primeira empresa fica responsável por realizar e executar os serviços de cabeamento estruturado, uma segunda fica responsável por fornecer e instalar as câmeras, a terceira empresa será responsável pela execução da infraestrutura com
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os postes, uma quarta ficará responsável pela infraestrutura de TIC e a quinta será responsável pela configuração do sistema. Este é um exemplo de um cenário com cinco lotes. Em alguns casos há processos com mais lotes, onde o processo torna-se mais complexo de fiscalizar e gerenciar. Dessa forma, haverá muitas dependências, onde uma empresa dependerá do serviço de outra e qualquer atraso pode impactar no prazo e comprometer toda a entrega. Operação unificada Com o projeto da plataforma de segurança unificada, contratação única e gestão simplificada, consequentemente o cliente terá acesso à operação unificada, com um software de um mesmo fabricante. Algumas empresas nacionais e públicas tomaram a iniciativa de padronizar de forma corporativa a definição do fabricante oficial para o sistema de segurança, conhecido como VMS (Video Management System), que representa o conceito de um sistema de gerenciamento de vídeo, porém com o tempo este conceito foi aperfeiçoado com o surgimento de um conceito de um software unificado, denominado de Plataforma de Segurança Unificada (PSU). O objetivo da padronização é viabilizar a simplificação por meio de uma operação unificada, gestão simplificada, gerenciamento e suporte técnico centralizado. Esta plataforma de segurança unificada, sendo de um mesmo fabricante, com módulos nativos por disciplina, proporcionará uma interface única para o usuário, tornando transparente o tratamento dos eventos reportados, bem como visualização das imagens das câmeras, gerenciamento das gravações, controle de acesso, logs de eventos, disponibilidade de dashboards em tempo real, módulo de inteligência situacional, emissão de relatórios, unificação de diversas disciplinas, dentre outros recursos que uma plataforma de segurança unificada pode permitir. É importante destacar que há casos que alguns softwares fazem integrações com outro, disponibilizando um front-end para o usuário final, porém o operador continua tendo os dois softwares. Quando o Software é unificado, a integração é nativa e diretamente com o hardware, dispensando a necessidade da operação do sistema com dois ou mais softwares de fabricantes distintos. Gerenciamento centralizado Com o a Plataforma de Segurança Integrada (IP), todos os dispositivos conectados à rede ethernet, como câmeras, servidores, controladoras, painéis de detecção de alarme de incêndio, painéis de intrusão, amplificadores, intercomunicadores, alto-falantes, iluminadores, sensores de presença, radares, codificadores e decodificadores de vídeo, servidores, storages, entre outros dispositivos e equipamentos, poderão ser acessados e
gerenciados através da rede. Este acesso aos dispositivos e equipamentos poderá ser através de rede local (LAN) ou via internet, por meio de acesso remoto ou VPN. O Software poderá também estar instalado em uma infraestrutura em cloud computing, sendo gerenciado e operado via internet. Otimização do investimento A otimização do investimento pode ser constatada de diversas formas. Primeiramente, com a elaboração de um projeto único, a empresa contratante otimizará o tempo, pois a responsabilidade pelo Projeto da Plataforma de Segurança Unificada será de uma única empresa. Dessa forma, a empresa contratante poderá lançar uma licitação ou processo de concorrência único e otimizado. Atualmente algumas das grandes empresas privadas estão optando por realizar uma contratação única, evitando lançar vários processos separados. Já tive oportunidade de trabalhar em diversas concorrências onde o projeto foi elaborado de forma única, exigindo uma solução que contemplasse uma plataforma de segurança unificada e tendo como requisito que apenas uma empresa ficasse responsável por todo o fornecimento dos produtos e realização de todos os serviços de implantação. Ocorreu um caso que a empresa contratante impôs a condição que se a empresa proponente não ofertasse uma solução e proposta para todos os escopos, não poderia participar da concorrência. Conclusão Realizado o embasamento, contextualização com cenários e exemplificado o motivo de contratar uma plataforma de segurança unificada, mostrando os benefícios para todas as partes, é importante avaliar cada oportunidade de negócio, escopos e os riscos inerentes. Em alguns casos, pode ser importante analisar a obra civil com infraestrutura separadamente, porém quando há diversas empresas envolvidas no escopo tecnológico, pode ser complexo de gerir e fiscalizar de forma separada, pois será necessário ter uma visão ampla do sistema enxergando-o como um todo, bem como interagir com diversas empresas simultaneamente. Havendo muita divisão de escopo em processos distintos, a tendência é tornar mais complexa a contratação e gestão dos contratos, bem como o acompanhamento das respectivas entregas, pois em uma plataforma de segurança unificada, um item está associado a outro e há diversas dependências entre si. Dessa forma, é importante avaliar a consideração de um projeto único para uma plataforma de segurança unificada com módulos e plugins nativos através de licenciamento de software. SE
Thiago Vasconcelos é consultor de soluções da Avantia, possui diversas certificações internacionais, é graduado em sistemas de informação com experiência em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) desde 2004 e Segurança desde 2011, com foco em Plataforma de Segurança Unificada.
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O que vi na ISC West
Por Igor Pipolo
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ISC West, realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, é reconhecida como uma das maiores feiras de segurança eletrônica do mundo e não só pelo seu tamanho e quantidade de expositores, mas principalmente por ser o palco de grandes lançamentos. Novos produtos e tendências são o destaque dessa feira que reúne mais de 30.000 profissionais de segurança e mais de 1.000 expositores e marcas. Os produtos, tecnologias e serviços vão desde controle de acesso até veículos não tripulados. A ISC tem uma divisão de setores por temas, o que facilita a busca de equipamentos e serviços durante sua visitação, afinal é quase impossível visitá-la em um só dia. Esse ano pude perceber várias coisas interessantes que podem ser aplicadas no Brasil e tendências que certamente representam nossa próxima fronteira, tais como: Drones Muitas empresas estão oferecendo drones com variações incríveis e as mais diversas aplicações na segurança, com destaque para aquelas empresas que fazem a detecção e captura desses veículos. Há uma empresa que possui um drone que lança uma rede de captura no equipamento em movimento, incrível! Dada a importância do tema foi criado um seminário especifico sobre essa solução.
Radar Apesar de ainda custar muito caro no Brasil, a associação de radares ao CFTV (HD) está crescendo muito e tornando possível o controle de grandes áreas e/ou grandes instalações que exigem um grau maior de controle e que através dessa integração conseguem ótimos resultados além da viabilidade econômica. Sem dúvida essa é uma forte tendência. Fechaduras, campainhas e cadeados inteligentes Segurança física sempre teve grande destaque nas feiras america-
nas, pois culturalmente eles aplicam o conceito de não deixar a porta aberta, porém controlada. Muitas empresas estão oferecendo soluções para abertura remota pelo Wi-Fi, via Bluetooth, com biometria (face ou digital) e até por reconhecimento de voz. Ainda no campo da segurança física, encontramos muitos stands com empresas que vendem barreiras físicas para evitar a entrada indevida de carros e caminhões. As fechaduras também são destaque no controle dos racks de informática (gabinetes de roteadores, entre outros) tudo sem chave. Ainda nesse setor, os alambrados protegidos por cabos microfônicos e outras tecnologias de detecção estão fazendo sucesso, tudo integrado com o CFTV. Base móvel de CFTV (UPS – Unidade Portátil de Segurança) Essas bases são muito utilizadas em grandes eventos, operações policiais ou áreas remotas onde não há facilidade para levar a infraestrutura do CFTV. A novidade nesse setor está na fonte de energia, uma vez que as empresas estão utilizando painéis solares e até mesmo energia eólica. É claro que a inovação não para por aí, deu para ver vários sistemas integrados nessas bases, como alto-falantes, refletores de LED, anemômetros, lâmpadas estroboscópicas, radares, antenas de retransmissão, etc. Robôs Há quem diga que muito em breve milhões de pessoas terão como chefe um robô, se é que isso já não acontece em tal escala. Na segurança a robotização está vindo com toda força e foi possível constatar isso na ISC West. As funções desses “Vigilantes do Futuro” vão muito além de nossa imaginação, destacando o emprego em áreas de risco e insalubre. Só assistindo uma demonstração para entender o quanto avançado já estamos com essa tecnologia e que por questão de custo e de cultura ainda vai demorar para ser realidade em nosso Brasil. Detalhe da foto do veículo não tripulado utilizado para fiscalização de grandes áreas. 63
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Mais de 30.000 profissionais de segurança por dia e 1.000 expositores e marcas estavam presentes na ISC West.
Smart Home Sem querer puxar a sardinha para meu lado, é incontestável o caminho que a tradicional segurança eletrônica está tomando no mundo. Já não se concebe uma empresa que faça apenas instalação de Alarme e CFTV. O conceito é de IoT (Internet das Coisas), integrando a tradicional segurança a outras dezenas de produtos com o propósito de gerar maior controle, eficiência energética e gestão. É claro que destacamos a Alarm.com como líder de mercado e que estava muito bem posicionada na ISC, ao lado de grandes players do mercado. Esse tema é de tanta importância que há um setor próprio dentro da feira reunindo dezenas de empresas que estão dedicadas a Smart Home. É o futuro hoje! VMS Impossível pensar em um sistema de CFTV sem um bom VMS, e na ISC West encontramos muitas empresas com soluções interessantes, algumas delas com produtos para aplicação bem específica como é o caso dos cassinos, onde cada detalhe tem o seu valor e pode fazer uma grande diferença. Há VMS que pode controlar uma atividade, saber se está sendo executada ou não, e gerar uma resposta sem qualquer intervenção humana. As aplicações de analíticos de vídeo para varejo conseguem determinar sexo, idade aproximada, altura e outras informações. Já pensaram no que essas informações podem representar para uma empresa? Apesar de tão inovador essa tecnologia ainda está sendo aperfeiçoada e muito em breve irá mudar a forma como vemos o CFTV aplicado no setor de varejo. Também vimos uma aplicação para identificar se os motoristas estão cansados, com sono ou sem prestar a tenção na direção. Essa solução identifica uma dessas situações e envia um alerta para a central de monitoramento.
CFTV Grande parte dos fabricantes desse mercado estavam lá e apresentaram suas mais novas tecnologias de megapixel, 4k, 8k, armazenamento na nuvem, 360°, infravermelho, térmica, e outras tantas novidades relativas a transmissão de imagens sem fio. As câmeras sem fio são uma realidade para pequenas instalações (residenciais e comerciais de pequeno porte), com preço e facilidades para as mais diversas integrações. Controle de Acesso O ponto alto desse segmento é um equipamento que lê a palma da mão em movimento e determina a liberação do acesso. O design dos produtos está cada vez mais bonito e leve, facilmente integrável a qualquer projeto de arquitetura. Networking Durante a feira conhecemos diversas pessoas e temos oportunidade de falar diretamente com tomadores de decisão, o que facilita muito na hora de fazer negócio. Muitas empresas proporcionam eventos próprios e jantares de negócio com o objetivo de estreitar relações e fortalecer parcerias. Gostaria de destacar com muito orgulho a presença de empresas brasileiras expondo na ISC West, dentre elas a Digifort, Aliara, Contronics, Diponto, JFL Alarmes, Segware Security Performance e Smartcar. Muito obrigado ao Christian Visval por me convidar para fazer esse breve relato. Fico muito feliz em compartilhar com os nossos colegas de mercado alguns dos aprendizados adquiridos nessa última edição da ISC West. Desejo a todos muito sucesso e que não deixem de se manter atualizados, nosso setor não nos permite essa folga. SE
Igor Pipolo é CEO da Nucleo Consultoria e Master Dealer Brasil da Alarm.com. Foi correspondente internacional da Revista Segurança Eletrônica para realizar a matéria sobre a ISC West 2018
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