Tomate Brasil em Revista 2ª Edição

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ANO 002 EDIÇÃO II ABRIL 2019

NESTA EDIÇÃO

Conheça a história da Jacoby

Prestes a completar 36 anos, a empresa atinge uma marca histórica.


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ÍNDICE CONFIRA NESTA EDIÇÃO O BORO E SUAS INTERAÇÕES COM MACRONUTRIENTES

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CONTROLE BIOLÓGICO DE DOENÇAS E PRAGAS DO TOMATEIRO

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JACOBY HORTIFRUTI

10

DESAFIOS NO CONTROLE DE MOSCAS-MINADORAS EM TOMATEIRO 14 NEMATOIDE: O INIMIGO QUE VEM DO SOLO

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ANTIESTRESSANTES NATURAIS PODEM AJUDAR A PRODUZIR MAIS E MELHOR 22 A IMPORTÂNCIA DOS LABORATÓRIOS FITOSSANITÁRIOS NA CADEIA PRODUTIVA 24 CÁLCIO: NECESSIDADE E RESISTÊNCIA DE PLANTAS 28

MERCADO DO TOMATE BRASILEIRO E OS CUSTOS DE PRODUÇÃO

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Nós somos o Tomate Brasil! Olá! Enfim chegamos na segunda edição! Estamos completando 3 anos de vida com de muita troca de experiência e informação, onde o nosso legado sempre será a boa vontade e o esforço por ver um Brasil para todos, livre da ignorância com uma educação que leve a pensar e refletir, porque uma técnica que está longe da dignidade humana está fadada ao erro e a serviço do descaso e da ganância. Nesses últimos 2 anos o setor tomateiro vem passando por problemas financeiros, principalmente o produtor que vende o seu produto in – natura, devido a queda do consumo ocasionada pela crise econômica brasileira. O mercado vem sofrendo fortes mudanças e tendo que procurar um ponto de equilíbrio para a tal façanha de produzir um produto de qualidade com custos ponderáveis, porém esse ponto de equilíbrio vem sendo afetado pelos custos de produção que no ponto de vista agronômico é quase impossível se produzir do dentro de um teto mínimo de gastos ; estamos enfrentando uma forte pressão de pragas em especial a traça do tomateiro que vem devastando lavouras de norte ao sul do Brasil. O produtor e o técnico tem que se atentar cada vez mais a detalhes mínimos da atividade e buscar diferenciação, pois da “velha maneira” de se produzir está destinado ao fracasso; pensar numa adubação eficiente, procurar por tecnologias que o ajudem nas

tomadas de decisões de acordo a cada fase da cultura, bem como híbridos com menos exigências nutricionais para o elemento nitrogênio. O setor como um todo precisa de orientação e buscar alternativas a curto prazo e rever os seus posicionamentos principalmente a respeito do mercado e normas de rastreabilidade para o ano de 2020. Nesta edição vem repleta de informações, bem como assuntos relevantes para a tomaticultura nacional, aproveite do conhecimento contido nessas páginas e boa leitura. Edição Dedicada a Charbel Elias Jorge Miguel ( Duroc) in memorian

Welson Perli Pereira


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O BORO E SUAS INTERAÇÕES COM MACRONUTRIENTES O BORO É UM DOS MICRONUTRIENTES QUE MAIS LIMITA O RENDIMENTO EM CULTIVOS AGRÍCOLAS NO BRASIL Na cultura do tomate, o boro tem sua

níveis de boro no solo causam a inibição

importância por aumentar o pegamento

do crescimento radicular em plantas, com

de flores e garante um desenvolvimento

potenciais danos a cultura do tomate.

uniforme dos frutos, já a sua deficiência causa queda no rendimento, entre outros,

Além disso, em pesquisas se discute que

confira:

a condição de excesso de boro pode aumentar a deposição de lignina nas raízes

A deficiência deste micronutriente pode

das plantas. Mas, na cultura do tomate

causar vários distúrbios metabólicos e

essa lignificação das raízes não é um fator

defeitos no desenvolvimento da cultura,

essencial para reduzir o crescimento

com início nas folhas novas e provoca

radicular em plantas, isto porque foram

com crescimento anormal da região do

observados diferentes comportamentos

crescimento apical.

em experimentos de acordo com a cultivar de tomate utilizada.

Ocorrem mudanças na estrutura da parede celular, causando efeitos como um inchaço e

Nas plantas de tomate ocorre uma interação

formação de células pequenas e irregulares.

de nutrientes, isto porque o boro e o cálcio

As paredes celulares são importantes para

apresentam funções semelhantes na

a integridade estrutural da célula e, de fato,

constituição da parede celular das células.

para toda a planta. A deficiência severa de boro afeta os processos fisiológicos, bioquímicos e moleculares e resulta em diminuição da produção e com lesões negras e a rachadura dos frutos. Variação entre espécies O intervalo de concentração entre a deficiência de boro e a toxicidade variam de acordo com as espécies de plantas. Assim deve se ter cuidado em relação à adubação devido aos riscos com a toxidez. Altos


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A deficiência de boro afeta a translocação e absorção de cálcio, diminuição do teor de cálcio na folha, e consequentemente há uma maior incidência de podridão apical na cultura.

BORO E SOLO No solo, a principal fonte do boro é a matéria orgânica, com potencial de lixiviação em condições de alta precipitação e em solos arenosos. Com a disponibilidade de boro para as culturas sendo definida principalmente devido aos processos de retenção no solo de acordo com o teor de argila e o pH do solo.

FONTES DE PESQUISA: CERVILLA,L.M.; ROSALES, M.A.; RUBIOWILHELMI, M. M.; SÁNCHEZ-RODRÍGUEZ, E.; BLASCO, B.; RÍOS, J. J.; ROMERO, L.; RUIZ, J. M. Involvement of lignification and membrane permeability in the tomato root response to boron toxicity, Plant Science, v. 176, p. 545-552, 2009. KAYA, C.; TUNA, L. A.; DIKILITAS, M.; ASHRAF, M.; KOSKEROGLU, S.; GUNERI, M. Supplementary phosphorus can alleviate boron toxicity in tomato, Scientia Horticulturae, v. 121, p. 284-288, 2009. TOMBULOGLU, I.;SEMIZOGLU, N.; SAKCALI, S.; KEKEC, G. Boron induced expression of some stressrelated genes in tomato,Chemosphere, v. 86, p. 433-438, 2012. PLESE, L.P.M., TIRITAN, C.S., YASSUDA, E.I., PROCHNOW, L.I., CORRENTE, J.E., & MELLO, S.C. Efeitos das aplicações de cálcio e de boro na ocorrência de podridão apical e produção de tomate em estufa. Scientia Agricola, v. 55, p. 144-148, 1998.

De maneira geral, a aplicação do boro via solo é mais eficiente em atender à exigência nutricional das partes jovens da planta do que sua aplicação foliar. Mas, em condições com solos argilosos ou com o excesso de calagem pode acontecer de as doses de boro aplicadas não serem eficientes para o ótimo desenvolvimento das plantas devido à alta adsorção no solo. Assim como condições de veranicos, em que ocorre a falta de água que reduz o transporte do micronutriente no solo e provoca uma menor absorção de boro pelas raízes das plantas. Na planta, o boro é pouco móvel no floema, por onde deveria ocorrer o transporte do micronutriente das folhas para as partes jovens da planta. Assim o boro não se move na planta e permanece no local que foi aplicado, com a vantagem da aplicação foliar nas plantas quando é necessário uma rápida absorção pelas folhas, chegando a 50% do boro absorvido próximo de dez horas após aplicação foliar para a cultura do tomate.

Riviane Donha Drª em produção vegetal Ceo da Ciência do Campo


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CONTROLE BIOLÓGICO DE DOENÇAS E PRAGAS DO TOMATEIRO Hoje, com a intensificação da exploração

controle de doenças e pragas que, devido

dos recursos naturais, proporcionada pelo

a sua utilização indiscriminada, causam

desenvolvimento de tecnologias, tem gerado

ainda mais danos ao meio ambiente, como

danos severos aos ecossistemas naturais,

a poluição dos rios, do ar e do solo.

como por exemplo, o desaparecimento de massas florestais e sua fauna.

controle biológico (Luiz, 2017).

CONTROLE BIOLÓGICO O Controle Biológico (CB) é definido

Além disso, ocasionam a contaminação

como “o estudo, a introdução, o aumento e

dos alimentos e das cadeias alimentares,

a conservação de organismos benéficos para

desta

gerando malefícios à saúde de organismos

regular a densidade populacional de outros

exploração, além de ser efetuado para a

superiores, como a do homem (Luiz, 2017).

organismos” (DeBach, 1964).

é realizado para implementação de

Ainda que existam altos índices de

Na agricultura, o CB, tem como premissa

monoculturas,

ao

utilização de agrotóxicos no cultivo vegetal,

manejar as pragas e doenças vegetais a

aparecimento inevitável de doenças vegetais,

a produção livre de resíduos tóxicos e a

partir do uso de inimigos naturais, que

pragas e plantas daninhas (Luiz, 2017).

preocupação da população com os danos

podem ser insetos benéficos, predadores,

ambientais têm crescido nos últimos anos.

parasitóides e, microrganismos, como

O

desflorestamento,

inerente

extração de madeira e criação animal, as

quais

levam

Com o intuito de reduzir os problemas

fungos, vírus e bactérias. Os mecanismos

fitossanitários, gerados pelos métodos de

Por isso, pesquisas vêm sendo realizadas

de ação dos antagonistas envolvidos

cultivo atualmente empregados, o homem

para a obtenção de métodos alternativos de

neste sistema são: antibiose, competição,

desenvolveu produtos químicos para o

controle de fitopatógenos e pragas, como o

parasitismo, predação, hipovirulência e


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indução de defesa do hospedeiro (Bettiol,

A traça-do-tomateiro, não é a única

com técnicas do manejo integrado de

1991; EMBRAPA, 2018) . Sendo assim,

que gera prejuízos para a tomaticultura.

pragas, principalmente com o manejo

o biocontrole pode ser considerado um

A

broca-pequena-do-fruto

cultural. Esta prática, além de favorecer

resultado positivo decorrente de uma

(Neoleucinodes

elegantalis) é um

os organismos inseridos no ecossistema

variedade de interações específicas e não

outro exemplo de praga destrutiva, que

lavoura, pode ajudar significativamente,

específicas entre hospedeiro, doença e

vem trazendo danos significativos para o

na atração e multiplicação de outros

agente biocontrolador.

setor.

inimigos naturais.

O CB DE PRAGAS DO TOMATEIRO

Primeiramente, os adultos do inseto

O CB de doenças do tomateiro, o

ovipositam o cálice ou as sépalas.

controle biológico de doenças vegetais

Após a eclosão dos ovos depositados,

pode ser definido como “a redução

O controle biológico já é um método

ocorre a penetração das lagartas no

da soma de inócuo ou das atividades

amplamente utilizado em lavouras de

interior dos frutos, provocando danos

determinantes da doença, provocada

tomate, ajudando a manejar problemas

significativos e reduzindo drasticamente

por um patógeno, realizada por um ou

de importância econômica para a cultura.

a produtividade. Assim como para Tuta

mais organismos que não o homem. ”

absoluta, o uso do parasitoide de ovos

(Cook e Baker, 1983). Assim como no

da

Trichogramma pretiosum e a aplicação

manejo de pragas, o controle biológico

tomaticultura está a traça-do-tomateiro

do microrganismo Bacillus thuringiensis,

de doenças do tomateiro é uma prática

(Tuta absoluta). Este inseto é originário

são também indicados.

muito importante para a manutenção da

Dentre

as

principais

pragas

da América do Sul e está disseminado

saúde da lavoura.

em vários países da Europa, Oriente

Além da traça e das brocas, também se

Médio, Norte da África e Índia. A T.

destacam a tripes (Thrips tabaci, T.

Neste contexto, os microrganismos

absoluta é um inseto minador e danifica

palmi e Franklinelia occidentalis)

benéficos do solo, para a contenção de

significativamente as folhas, botões

e a mosca-branca (Bemisia tabaci).

patógenos veiculados pela terra, ganham

terminais, flores e frutos do tomateiro,

Estes invertebrados são transmissores

um papel de destaque. O Trichoderma

causando reduções significativas no

de viroses que limitam ou inviabilizam a

spp., por exemplo, é utilizado com

rendimento da planta (Lopes-Filho,

produção, por isso, o seu manejo torna-se

sucesso no controle de doenças como

1990; Castelo-Branco, 1992; Desneux et

muito importante em lavouras de tomate.

o mofo cinzento (Sclerotium rolfsii), tombamento (Rhizoctonia

al., 2010; Kumari et al., 2015).

murcha

Apesar de destrutiva, a praga pode ser

podem ser controladas com liberações

spp.), podridão das raízes (Phytium

controlada efetivamente por inimigos

inundativas de percevejos predadores do

spp.)

naturais

iniciais,

gênero Orius. No caso da mosca-branca,

infestans).

como por exemplo, por nematoides

o fungo entomopatogênico, Beauveria

benéfico atua principalmente como

entomopatogênicos

bassiana é uma excelente alternativa.

predador, atacando hifas e estruturas de

carpocapsae,

seus

estágios

(Steinernema

Steinernema

feltiae

e

fusarium

(Fusarium

As espécies de tripes, por exemplo,

nos

de

solani),

requeima

(Phytophthora

Este

microrganismo

reprodução e sobrevivência dos fungos

e por

Existem alguns produtos, a base de

fitopatogênicos. Fungos do gênero

fungo (Metarhizium anisopliae var.

organismos vivos, permitidos para uso

Trichoderma podem ser encontrados

anisopliae) e, microvespa (Trichogramma

na cultura do tomate e disponíveis no

em produtos formulados ou serem

pretiosum) (Batalla-Carrera et al.,

mercado Brasileiro. Os formulados

capturados em mata virgem junto com

2010; Contreras et al., 2014).

devem ser utilizados em conjunto

outros microrganismos denominados de

Heterorhabditis

bacteriophora),


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eficazes. É importante salientar que o CB de doenças deve ser acompanhado por práticas culturais para criar um ambiente favorável aos antagonistas e favorecer o controle biológico natural. LITERATURAS PARA ELABORAÇÃO DESTE MATERIAL E RECOMENDAÇÃO DE LEITURA: BATALLA-CARRERA, L., MORTON, A., GARCÍADEL-PINO, F., 2010. Efficacy of entomopathogenic nematodes against the tomato leafminer Tuta absoluta in laboratory and greenhouse conditions. BioControl 55, 523–530. BETTIOL, W. Componentes do controle biológico de doenças de plantas. In: Bettiol, W. (Ed.) Controle biológico de doenças de plantas. Jaguariuna. Embrapa. 1991. pp.1-5. CASTELO-BRANCO, M., 1992. Flutuac¸ao populacional da trac a-dotomateiro no Distrito Federal. Horticultura Brasileira 10, 33–34. CONTRERAS, J., MENDOZA, J.E., MARTÍNEZAGUIRRE, M.R., GARCÍA-VIDAL, L., IZQUIERDO, J., BIELZA, P., 2014. Efficacy of entomopathogenic fungus Metarhizium anisopliae against Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae). Journal of Economic Entomology 107 (1), 121–124. DEBACH, P., 1964. The scope of biological control. In: DeBach, P. (Ed.), Biological Control of Insect Pests and Weeds. Reinhold, New York, USA, pp. 3–20. DESNEUX, N., WAJNBERG, E., WYCKHUYS, K.A.G., BURGIO, G., ARPAIA, S., NARVÁEZ VASQUEZ, C.A., GONZÁLEZ-CABRERA, J., CATALÁN RUESCAS, D., TABONE, E., FRANDON, J., PIZZOL, J., PONCET, C., CABELLO, T., URBANEJA, A., 2010. Biological invasion of European tomato crops by Tuta absoluta: ecology, geographic expansion and prospects for biological control. Journal of Pest Science 83, 1–19. EMBRAPA, 2018. Controle biológico: ciência a serviço da sustentabilidade. https://www.embrapa.br/tema-controlebiologico/sobre-o-tema. Acessado em: 03/12/2018. LUIZ, C. Nanoemulsões de Aloe vera e óleos essenciais de Melaleuca alternifolia e Cymbopogon martinii como indutores de resistência controla a mancha angular do morangueiro (Xanthomonas fragariae). Tese (doutorado), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. 97p. LOPES-FILHO, F., 1990. Tomate industrial no submédio Sao Fracisco e aspragas que limitamsua produçao. Pesqui Agropecu Bras 25, 183–288. Kumari, D.A., Anitha, G., Anitha, V., Lakshmi, B.K.M., Vennila, S., Rao, N.H.P., 2015. New record of leaf miner, Tuta absoluta (Meyrich) in tomato. Insect Environment 20 (4), 136–138.

Caroline Luiz Pimenta Engenheira agrônoma Maneje Bem


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JACOBY HORTIFRUTI

Há 36 anos, alimentando o crescimento A história da Jacoby Hortifruti foi semeada por Silvion Jacoby, na cidade de Itati, interior do Rio Grande do Sul. Tudo começou em uma pequena propriedade rural dedicada a produtos livres de agrotóxicos. Pouco tempo depois, em 1983, o tino para negócios rendeu os primeiros frutos. E, foi nas feiras da capital do Rio Grande do Sul que os produtos Jacoby se tornaram conhecidos e consumidos em maior escala. Da pequena produção aos pedidos em larga escala: um salto de qualidade

A retomada exigiu esforços redobrados,

vendas, bem como a variedade de produtos,

mas permitiu também grandes avanços.

a grandes redes supermercadistas.

Cinco anos mais tarde, em 1988, a Jacoby

Fato é que, em 1995, a empresa fixa operação

Hortifruti passou a contar com um Box na

definitivamente em Porto Alegre. Dois anos

Ceasa/RS - Centrais de Abastecimento

mais tarde e plenamente recuperada, a Jacoby

do Rio Grande do Sul. Esta nova realidade

fez sua primeira aquisição: uma empresa

possibilitou vendas em maior escala e a

com sede na Ceasa, maior distribuidora

formação de uma equipe especializada.

de alimentos do Rio Grande do Sul. Nesta mesma época, passou a distribuir legumes

Silvion e a Jacoby chegaram no seu auge em 1993, onde o empresário figurou em matérias de jornais do Sul do país, sendo chamado carinhosamente de O Rei do Tomate.

para cozinhas industriais e hospitalares, atendendo um novo nicho de mercado. Já consolidada no mercado de hortifruti, a Jacoby cortou intermediários e passou a

Porém, após atingir seu ápice, a Jacoby

vender diretamente para grandes redes a

Hortifruti, assim como outras empresas

fim de ter uma maior amplitude do negócio.

do

de

Esta feliz relação de negócios teve início na

turbulência. Mas, a dedicação e o senso de

comercialização de chuchu, em função da

empreendedorismo falaram mais alto: a

alta qualidade do produto. Com o passar do

Jacoby deu a volta por cima.

tempo, a marca foi ampliando o volume de

setor,

atravessou

períodos

Este feliz relação de negócios teve início na comercialização do chuchu, em função da alta qualidade do produto. Com o passar do tempo, a Jacoby foi ampliado o volume de vendas, bem como o mix de produtos à grande rede supermercadista. Em plena virada do milênio, a empresa foi além: ampliou seu catálogo de frutas e especializou-se em legumes, até então menos explorados, tornando-se referência na distribuição de produtos. No processo de modernização, a Jacoby evoluiu suas práticas internas de gestão e controle de qualidade de seus produtos e hoje, sua linha de hortifrutis é classificada em Premium, A e B, abastecendo diferentes clientes de acordo com seu perfil de compra.


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Atualmente, a Jacoby comercializa para grandes redes de supermercado, como o Zaffari, responsável por uma fatia significativa do seu faturamento, além de redes menores, mercados locais, fruteiras, sacolões e, restaurantes renomados. A venda direta na Ceasa também segue acontecendo, mas responde por um percentual de comercialização menor. Em um novo flanco de atuação, a Jacoby deseja comercializar diretamente para o consumidor final, numa modalidade que demandará um grande esforço de marketing e uma logística azeitada.

Foto: Família Jacoby

O fruto nunca cai longe do pé: com a palavra, Matheus Jacoby

“O processo era simples: uma pessoa

e determinação, não suportou as

ficava responsável por alimentar a

oscilações do mercado e da economia

“Lembro-me nitidamente dos

mais um trabalhador colocava as

primeiros meses do ano de 1994. Na

tábuas de madeira, perfeitamente

época, com apenas três anos de idade,

alinhadas, duas a duas. Ao final, outra

coração gigante e muita vontade”,

acompanhava aquele que logo depois,

pessoa já vinha pregando, primeiro um

analisa Matheus.

viria a ser chamado de Rei do Tomate,

lado, depois o outro, fechando todas

ou melhor, o meu pai”, afirma Matheus

as caixas até que não houvesse mais

Jacoby.

nenhum tomate”, explica.

Ele acrescenta, “só de pensar, me vem

Ele conta que após encaixotar, era

à cabeça aquelas incontáveis fileiras

preciso carregar as caixas. “Uma,

como sempre dizia! Não que tivesse

de caixas de madeira, todas recheadas

duas, até mesmo três cargas repletas

condições de parar de trabalhar,

de tomate de alta qualidade. Era um

de tomate eram transportadas num

pelo contrário, desde criança, mais

processo de produção, montado por

único dia. Tudo isso, levando em

pessoas que nunca haviam lido nada

consideração que éramos apenas uma

sobre administração, ou se quer sabiam

pequena propriedade rural de Itati”.

fileira, outra ajustava a “boca”, para que esta selecionasse os produtos, enquanto

o significado da palavra logística. Mas estes trabalhavam e como

E foi então que aquele pequeno

trabalhavam!”, aponta.

produtor, mesmo com muita coragem

nacional, assim como muitos outros empresários. “Mas, meu pai aprendeu a lição, aprendeu que não bastava um

Quanto ao Seu Silvion, este continuou gostando de todo mundo, rindo, brincando. Trabalhava por esporte,

trabalhou do que qualquer outra coisa, e por isso, aprendeu a valorizar como poucos cada hora trabalhada, dos trinta e cinco anos desta bela história.


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MASCOTES JACOBY: UMA FAMÍLIA MAIS QUE SAUDÁVEL

Tudo que vem da terra, vem também do coração. É assim, com carinho, cuidado e muita responsabilidade que a gente trabalha há 35 anos para alimentar o crescimento. E para representar toda essa trajetória repleta de trabalho e muitas conquistas, apresentamos a família que mais entende de saúde e alimentação.

Mascotes Jacoby: uma família mais que saudável

Uma linha do tempo com muita história para contar


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Jacoby Hortifruti comemora seus 36 anos de vida. Revista Tomate Brasil: O que mudouna Jacoby nestes 36 anos de vida? Jacoby: O mundo é outro em relação há 35 anos atrás. A globalização e o acesso universal à internet são dois exemplos. Foram muitas as mudanças de hábito, que também refletem na alimentação. Porém, existe algo que permaneceu inalterado nestes 36 anos: a nossa busca incessante por produtos de qualidade, às relações sadias com os produtores e o comprometimento com os clientes. R.T.B.: E como descreveria a empresa Jacoby atualmente no mercado? Jacoby: A empresa vivenciou todas as transformações da sociedade, e também do próprio negócio. Viu seu Silvion ser o Rei do Tomate. Depois, enfrentou muitas dificuldades, mas reergueu-se. Hoje, plenamente saudável, passa por um processo de profissionalização que a diferencia no mercado.


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DESAFIOS NO CONTROLE DE MOSCASMINADORAS EM TOMATEIRO O crescente aumento da importância das moscas-minadoras tem trazido preocupação aos produtores de tomate em várias regiões do País. Dependendo dessa região, a praga é conhecida por diferentes nomes, como mosca-minadora, larva-minadora, minador ou riscador. Estes nomes comuns se referem a quatro espécies principais que são pragas no País, sendo estas Liriomyza sativae, L. trifolii, L. huidobrensis e L. brassicae. A espécie L. sativae é a que se encontra mais associada ao tomateiro e também em outras culturas, como o melão e o feijão. Os adultos de moscas-minadoras são

Figura 1: Diferentes estágios da mosca-minadora Liriomyza sativae. (A) Ovo; (B) Larva; (C) Pupa e (D) Adulto (Fotos: Tiago C. da Costa-Lima)

insetos pequenos (1 a 3 mm) de coloração preta e amarela (Figura 1D). Em

DANOS

infestações maiores é possível observar as moscas sobre as folhas da cultura. As

A fase larval é a que causa o maior

fêmeas fazem a postura no interior da

dano, reduzindo a área verde da planta

folha (Figura 1A), local em que a larva irá eclodir e iniciar a sua alimentação (Figura 1B). Esta é a fase mais fácil de reconhecimento no campo, pois as

e, consequentemente, sua capacidade fotossintética. Logo, a produtividade da área afetada é reduzida. Em ataques intensos a

larvas criam minas nas folhas. Após se

folha do tomateiro se torna esbranquiçada

alimentarem, as larvas saem das folhas e

e pode cair, expondo os frutos aos raios

caem no solo, sendo que algumas podem

solares e causando queimadura destes.

ficar presas na planta. Após essa fase, as

Também pode ser visualizado nas folhas

larvas transformam-se em pupas (Figura 1C), equivalente à metade do ciclo do inseto, até ocorrer a emergência de um

várias pontuações brancas, causada pelas puncturas de alimentação realizadas pelas

novo adulto. O período ovo-adulto é de

fêmeas. A mosca-minadora pode infestar o

16 dias à 25°C, elevando a temperatura a

tomateiro desde o transplantio até a fase da

32°C, esse período reduz a 13 dias.

colheita.

Figura 2. Folhas de tomateiro com minas formado por larvas de mosca-minadora e pontuações brancas causadas pela alimentação de fêmeas adultas (Fotos: Diego Munhoz)


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OPÇÕES DE CONTROLE

minadora internamente. Depois disso, a vespa forma sua pupa dentro da mina.

Parasitoides de mosca-minadora são

Alguns manejos culturais são importantes

Colocando-se a folha minada contra o sol

comercializados em outros países desde a

para a redução de várias pragas, incluindo

é possível ver pontos escuros ao final das

década de 80. No Brasil, em breve deve-se

as

plantio

minas (Figura 3). Na maior parte das vezes,

ter essa opção no mercado, principalmente

escalonado no sentido contrário aos ventos

produtores confundem como sendo larvas

em decorrência da demanda dos produtores

predominantes é um destes, algo simples

mortas, acreditando que tenha sido ação

de melão. Outra opção que vem obtendo

mas que algumas vezes passa desapercebido

do inseticida. Com auxílio de uma lupa

bons resultados para o meloeiro é o manejo

pelo produtor. Esta orientação do plantio

de bolso é possível confirmar a presença

de parasitoides em campo, transferindo-os

retarda a infestação dos novos cultivos. O

das pupas das vespas parasitoides. Outros

de áreas na fase de colheita para áreas novas.

revolvimento do solo é outra tática que

inimigos naturais de moscas-minadoras

Para isso, folhas minadas são colocadas no

auxilia na exposição das pupas das moscas-

são os crisopídeos, que predam larvas de

interior de caixas de papelão com recipientes

minadoras. Desta forma, as pupas se

moscas-minadoras, assim como tesourinhas

plásticos transparentes acoplados. Os

tornam mais disponíveis para predadores

e formigas, que se alimentam das pupas

parasitoides que emergem buscam a

e podem aumentar a mortalidade devido

que ficam no solo. Considerando a grande

claridade e são coletados nos recipientes.

ao ressecamento pela exposição aos raios

diversidade desses inimigos naturais, torna-

Este mesmo manejo pode ser adaptado para

solares.

se de extrema relevância a conservação

aplicação na cultura do tomate.

moscas-minadoras.

O

dessa fauna benéfica. A principal estratégia

CONTROLE QUÍMICO

A cobertura da cultura com manta agrotêxtil

nesse sentido direciona-se ao uso de

(“TNT”) foi uma das medidas drásticas

inseticidas mais seletivos aos inimigos

adotadas por produtores de melão, com o

naturais. Produtos de largo espectro, como

O controle químico de moscas-minadoras

aumento de perdas por mosca-minadora

piretroides, carbamatos e organofosforados

deve ser direcionado a fase larval. No

e mosca-branca. Na edição anterior da

devem

máximo,

caso, estes inseticidas precisam ter ação

Tomate BR foi demonstrado a possibilidade

considerando o alto impacto destes sobre

translaminar e/ou sistêmico. Todos os

de uso da mesma técnica adaptada para o

esses organismos.

princípios ativos disponíveis para este grupo

ser

evitados

ao

cultivo do tomate. Trata-se de uma barreira

de insetos possuem registro para o tomateiro,

física contra os insetos, dentre estes as

sendo estes: abamectina, ciromazina,

moscas-minadoras. O aumento do custo do

ciantraniliprole

uso do agrotêxtil poderá ser compensado

espinetoram

com a redução do uso de inseticidas.

dificuldade de controle refere-se a rápida

Controle Biológico

seleção de populações resistentes a

(diamidas) (espinosade).

e A

diferentes produtos, diminuindo a eficiência O grupo de insetos minadores são uns dos

dos mesmos. Alguns princípios ativos

que possuem uma maior quantidade de

utilizados com alta frequência e por muitos

parasitoides associados. Em geral, estas são

anos, como o caso da abamectina, não mais

pequenas vespas que conseguem parasitar

demonstraram efeito sobre L. sativae em

a larva das moscas-minadoras no interior

algumas populações. Considerando a baixa

da folha. Algumas espécies ao fazer o

disponibilidade de produtos químicos

parasitismo já paralisam a larva e colocam um ovo no interior da mesma. A larva da vespa irá consumir a larva da mosca-

Figura 3. Setas indicam pupas de parasitoides de moscas-minadoras (Foto: Tiago C. da Costa Lima)

com resultados positivos, torna-se cada vez mais importante saber o momento de se utilizar os inseticidas. O aumento do


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número de aplicações aumenta as chances de seleção de populações resistentes e, consequentemente, acelera a perda de eficiência do produto químico.

TOMADA DE DECISÃO Um controle eficiente de moscas-minadoras dependerá de um monitoramento de qualidade. O maior erro é contabilizar apenas o número de minas nas folhas, o que pode não refletir o dano real. As larvas podem estar a maior parte parasitadas (como comentado anteriormente) ou vazias, não necessitando de controle. Para isso, o produtor deve utilizar uma lupa de bolso e colocar a folha contra o sol para quantificar o número de larvas vivas. Estas irão se localizar ao final da mina e possuem a cor amarelada. Uma amostragem de 20 plantas/ha pode ser adotada pelo produtor. O nível de controle irá variar dependendo do custo de produção de cada área. O plantio escalonado da cultura e a presença de vários hospedeiros alternativos favorecem a permanência da praga no campo. Aliado a isso, o ciclo curto do inseto e sua alta capacidade de crescimento populacional dificulta o controle das moscas-minadoras. Desta forma, destaca-se a importância de unir diferentes estratégias de controle para que o produtor possa conseguir manter a população desta praga abaixo do nível de dano. Tiago Cardoso da Costa-Lima Pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE.


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NEMATOIDE: O INIMIGO QUE VEM DO SOLO O tomate é originário dos Andes e atualmente está entre as culturas mais difundidas e cultivadas em tudo mundo. Os frutos de tomate são consumidos, principalmente, devido ao seu alto valor nutritivo, contendo em sua composição carotenóides, minerais, antioxidantes e vitaminas. A cultura desenvolve-se bem em diferentes climas e regiões, desde climas tropicais até climas mais temperados.

Independente do habitat, esta cultura é

por nematóides. Os prejuízos gerados

hiperplasia e hipertrofia das células, exibindo

atacada por várias doenças e pragas que

nas plantas são variáveis dependendo

os sintomas de galhas nas raízes. Na parte aérea

afetam seu rendimento. Entretanto, um dos

da suscetibilidade da variedade afetada,

da planta podem ser observados, inicialmente

fatores limitantes na produção de tomate,

do gênero de nematoide e das medidas

na forma de reboleiras, os seguintes sintomas:

é a ocorrência de doenças, que se constitui

adotadas. Muitas vezes esses problemas

nanismo, clorose, amarelecimento das folhas

num dos maiores problemas para obtenção

podem ser intensificados pelas condições de

e morte da planta, nas situações mais severas.

de produtividades mais elevadas e produto

cultivo das regiões produtoras que facilitam

de melhor qualidade.

a disseminação dos nematoides.

O gênero Pratylenchus tem ampla gama de hospedeiros e, mais recentemente, vem

Dentre as doenças, encontram-se as causadas

Nas áreas onde são cultivados tomateiros,

sendo relatada a ocorrência do mesmo

por nematóides. Estes micro-organismos

os principais gêneros de nematóides

em hortaliças, dentre as quais, destaca-se

são importantes para a produção de tomate,

que causam danos expressivos à cultura

o tomateiro. Esse nematoide tem como

principalmente em condições tropicais, por

são

sua presença praticamente em todas as áreas

Belonolaimus, e Rotylenchulus.

Meloidogyne,

Pratylenchus,

de cultivo.

sintoma principal a formação de lesões no sistema radicular, devido ao hábito migrador do mesmo. Na parte aérea, podem ser

Os danos geralmente são ocasionados nas

observados sintomas que são facilmente

Os fitonematoides causam redução de

raízes, sendo que alguns gêneros ocasionam

confundidos com aqueles ocasionados por

produtividade que variam de 30 a 50%,

lesões nas raízes, como Pratylenchus,

outros patógenos radiculares ou vasculares

mas em locais de cultivo intenso, na mesma

e outros geram mudanças fisiológicas,

ou até mesmo por deficiências nutricionais.

área e sem a adoção de medidas de manejo,

formando galhas, como Meloidogyne.

essa perda pode chegar próxima a 100%,

Esses sintomas aparecem em reboleiras,

principalmente quando na presença do

No entanto, em ambos os casos as raízes

com as plantas apresentando atraso no

(Meloidogyne

apresentam ferimentos que servem de porta

desenvolvimento.

nematoide-das-galhas spp.).

de entrada para outros patógenos, como Sclerotium rolfsii e Ralstonia solanacearum.

MANEJO NO TOMATEIRO

em média que resulte em US$ 100 a 157

O gênero Meloidogyne induz a mudanças

Para o manejo dos nematoides em tomateiro,

bilhões de dólares de perdas anuais geradas

fisiológicas nas células das raízes, por meio de

uma série de medidas devem ser observadas,

Da produção total do mundo, estima-se


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pois uma vez introduzidos na área não tem

durante esse período que sejam realizadas

como erradicá-los, tendo o produtor que

práticas para a eliminação de qualquer tipo

conviver com os mesmos, minimizando

de planta. Pesquisas já demonstraram que

as perdas. Para isso, várias medidas visam

essa prática pode reduzir a população do

reduzir a população do nematoide na área

nematoide-das-galhas na área em mais 75%.

de cultivo e não a eliminação dos mesmos. Utilização de plantas antagonistas: Para evitar a entrada dos nematoides nas

algumas

plantas,

como

crotalarias

áreas de cultivo, algumas medidas de

(Crotalaria spectabilis e C. juncea) e

prevenção devem ser tomadas, dentre elas

cravo de defunto (Tagetes spp.), podem

temos: realização de amostragem na área

ser usadas com sucesso no manejo de

para realização de análise e verificação da

fitonematoides. Estas plantas podem agir

presença dos nematoides, quais gêneros e

permitindo a penetração do nematoide

mesmo a população existente, medida esta

em seus tecidos, mas não permitem que os

de grande importância na implantação de

mesmos completem seu desenvolvimento

novas áreas de cultivo; obtenção de mudas

(crotalarias) ou liberando substâncias

de qualidade, isentas deste patógeno;

tóxicas aos nematoides (cravo de defunto).

limpeza de maquinário e ferramentas, o

As crotalarias podem ser utilizadas como

que impossibilita o transporte de partículas

adubo verde e ser incorporadas na área,

de solo aderidas e com isso a disseminação

sempre antes da floração e o cravo de

do patógeno; conhecer o histórico da área,

defunto pode ser viável em áreas menores,

para saber quais culturas foram cultivadas

pois não serve como adubo verde.

anteriormente e qualquer outra medida que dê ao produtor suporte para conhecimento

se como opção alguma plantas da família

Eliminação

da área.

Brassicaceae como couve chinesa, mostarda

e plantas daninhas: todo resto de

preta, mostarda e repolho, que apresentam

cultura infectado por nematoides deve ser

Várias medidas ainda são importantes no

níveis de tolerância ao nematoide-das-

eliminado da área para que não se constitua

manejo de nematoides, pois existem poucas

galhas.Importante, nesses casos, e quando

em fonte de inoculo para novo plantio. O

opções de nematicidas no mercado e que,

for utilizar a rotação de culturas, conhecer

ideal é a retirada de todo o sistema radicular

normalmente, são produtos tóxicos e com

a espécie de Meloidogyne que predomina

infectado e a destruição dos mesmos. Nos

grande período residual, o que aumenta

na área, pois a rotação normalmente é mais

cultivos de tomate com tutoramento, evitar

o risco de contaminação da cultura e do

eficiente para M. javanica que para M.

a utilização do mesmo com restos de cultura.

ambiente. Dentre essas medidas destacam-

incognita. No caso de haver a presença de

A eliminação de plantas daninhas na safra

se as culturais como:

Pratylenchus spp., deve-se tomar cuidado

e, principalmente, na entressafra é muito

com a utilização de gramíneas, pois estes

importante para que não haja a manutenção

multiplicam-se rapidamente em algumas

e reprodução do inoculo na área. Isto se

espécies.

deve ao fato de que muitas planta daninhas

Rotação

de

culturas:

medida

extremamente importante para a redução do inoculo do nematoide na área. Para o

de

restos

culturais

são boas hospedeiras de nematoides

gênero Meloidogyne não é uma medida tão

Alqueive: consiste em deixar a área de

simples, devido à gama de hospedeiros do

cultivo limpa, sem a presença de culturas

patógeno. Nas áreas com olerícolas, tem-

comercias ou plantas daninhas. Importante

(Meloidogyne e Pratylenchus). Utilização de matéria orgânica: a


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matéria orgânica, incorporada ao solo, funciona como condicionador do solo. Neste caso, favorecem o desenvolvimento das plantas, com mais vigor, sendo as mesmas favorecidas frente ao ataque dos fitonematoides. Pode atuar também favorecendo

o

microrganismos

desenvolvimento

de

antagonistas

de

nematoides na área, mantendo a população dos nematoides em equilíbrio e podem agir também por meio das substâncias liberadas na decomposição da matéria orgânica, que podem ter ação nematicida. Podem ser recomendadas em pequenas áreas ou na produção orgânica. Exemplos de matéria

pois a espécie M. enterolobii é citada causando danos em áreas com plantas resistentes. O controle biológico é uma das alternativas viáveis para o manejo. Existem pesquisas com fungos predadores e bactérias para essa finalidade. Começam a surgir produtos comerciais com base em microrganismos agentes de controle biológico para a utilização nas áreas de cultivo. Outra possibilidade são as alternativas estudadas por universidades e instituições de pesquisa, com utilização de óleos essenciais, extratos de plantas e outros para o manejo efetivo de fitonematoides, visando a sustentabilidade dos sistemas de cultivo.

orgânica utilizada no manejo de nematoides: resíduos de plantas da família Brassicaceae, bagaço de cana de açúcar, palha de café, torta de mamona, esterco bovino e outros resíduos da produção agrícola. Outra medida que pode ser utilizada com sucesso, em áreas pequenas ou em canteiros, é a solarização. Essa técnica constitui em cobrir a área com plástico transparente por um período que pode variar de 3 a 8 semanas. O objetivo da prática seria o de aquecer o solo nas camadas mais superficiais, eliminando parte dos nematoides presentes nessa faixa de solo. Tem o inconveniente de ter que manter a área sem cultivo por esse período e o alto custo.

Plantas de tomateiro plantadas em vasos infestados com Meloidogyne javanica. À esquerda testemunha sem tratamento, à direita vasos com tratamento à base de extrato de plantas

O CULTIVO E A GENÉTICA No cultivo de tomate, tem-se uma série de cultivares com resistência genética para o

Cacilda Márcia Duarte Rios Faria Aline José Maia Leandro Alvarenga Santos Luciana Villanova Obici

nematoide-das-galhas. No entanto, esta busca por novos materiais resistentes não pode parar, pois é conhecida a habilidade desses microrganismos em “quebrar” a resistência conferida. Neste caso, é importante conhecer a espécie de Meloidogyne que se tem na área,

Sintoma de Meloidogyne (galhas) em raízes de tomate

javanica


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ANTIESTRESSANTES NATURAIS PODEM AJUDAR A PRODUZIR MAIS E MELHOR Todos vivemos em um mundo de cobranças e necessidades, sempre buscando atingir o potencial máximo, o maior retorno do investimento feito, porém, nem tudo se comporta como prevemos Muitas variações mesmo controláveis ou

manejáveis

acabam

gerando

alterações no comportamento normal do desenvolvimento dos cultivos, o tão conhecido estresse, que pode levar a

comprometimentos

na

qualidade

e

e

alterações

principalmente

na

produtividade final. As variáveis e adversidades nos impõem muitos desafios e, diariamente temos que buscar ferramentas e estratégias para diminuir ao máximo seus impactos sobre a produtividade e a qualidade final de nossos produtos. Esses fatores podem acontecer

abertura e fechamento dos estômatos,

metabolismo. Na ação dos hormônios

ao mesmo tempo, isoladamente, ou ainda

para que as plantas consigam resistir a esses

vegetais, suas interações com metabólitos

alternadamente. Algumas vezes com nosso

períodos. Contudo, em condições de ação

secundários, na redução da atividade

conhecimento ou até mesmo provocados

prolongada de estresse ou de um estresse

fotossintética e também na liberação de

por nós e, em outros momentos a nossa

severo, a capacidade do sistema de defesa

radicais oxidativos, por exemplo.

revelia, nos tornando meros expectadores.

da planta se exaure, podendo causar danos irreversíveis ou até mesmo morte da planta.

Em função disso, existe uma busca constante de tecnologias que visando entender essas

É importante lembrar que condições de estresse desencadeiam nas plantas a ativação

Estresses ambientais, chamados abióticos,

interações e suavizar os impactos delas

de sistemas antioxidantes enzimáticos e não

como

temperaturas

nas plantas quem tem retornado para os

enzimáticos, ativação das enzimas envolvidas

extremas, radiação UV e incluindo

produtores na forma de novas práticas

na biossíntese de flavonóides, acúmulo

fitotoxidez, influenciam o desenvolvimento

culturais e de substâncias que podem ser

de osmólitos, regulação da dinâmica de

das plantas por meio de mudanças no

usadas como aliada para minimizar o efeito

seca,

salinidade,


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do estresse, melhorando substancialmente a

importante para a seleção de variedades e

eficiência da produção agrícola.

híbridos resistentes a estresse.

ESTUDOS DO STRESS

A busca por melhorias constantes, nos diversos fatores relacionados às atividades

Muitos

estudos

fisionutricionais

agrícolas, como a seleção das variedades

comprovam que a aplicação de aminoácidos

e híbridos mais produtivas e melhores, a

de forma isolada ou, associados a nutrientes

utilização de produtos com características

auxiliam entre outras funções, a absorção,

protetoras, a nutrição equilibrada com

transporte, assimilação mais eficiente dos

as necessidades fisiológicas, o manejo

nutrientes pelas plantas e também para que

consciente e otimizado de defensivos, serão

estas, sejam mais tolerantes a condições de

cada vez mais presentes e importantes no

estresse.

campo para que o produtor se mantenha e tenha êxito econômico nas atividades

COMPONENTES ORGÂNICOS

agrícolas. Cabe a todos envolvidos na cadeia

Dentre os compostos orgânicos que tem

produtiva, a conscientização de que a

essa característica, podemos destacar:

agricultura é e sempre será uma atividade

glicina betaína (GB) que atua na mediação

impotante e que somente se fizermos nossa

das respostas das plantas às tensões

parte com excelência teremos a atividade

ambientais.

mais valorizada.

As plantas que são mais eficientes para sintetizar e acumular compostos como a GB, são notavelmente mais tolerantes às adversidades abióticas. Mostrando que as características osmoprotetoras da GB têm efeitos positivos na integridade de enzimas e membranas celulares e no auxilio dos

Glicina Betaína

ajustes osmóticos em plantas sob condição de estresse. Em muitas espécies de plantas, aplicação exógena e consequente acúmulo de GB, levam a aumentos significativos no

crescimento,

desenvolvimento

e

rendimento final da cultura. Sendo que o acumulo e concentração de GB nas plantas pode ser considerado até mesmo como um critério fisiológico

Fontes: The Journal Of Horticutural Science an Biotecnology, 2016,2017; Environmental and Experimental Botany, 2012,2013,2014; Plant Science,

Robson Luiz Necchi Engenheiro Agrônomo


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A IMPORTÂNCIA DOS LABORATÓRIOS FITOSSANITÁRIOS NA CADEIA PRODUTIVA Na última metade do século XX, o Brasil se tornou um dos maiores produtores de alimento do mundo. No entanto, de maneira ardilosa temos sofrido com graves problemas, pragas e doenças, que ano após ano vem surgindo e se estabelecendo em solo nacional Alguns milhões de dólares são perdidos

tratando-se de uma ilha cercada pelo

importação e para exportação, tanto para

anualmente graças à entrada de um novo

Oceano Pacífico e de uma longa faixa de

consumo quanto para o plantio (sementes,

patógeno ou inseto, o que compromete

terra cercada pela Cordilheira dos Andes de

bulbos, tubérculos, rizomas etc).

a produtividade do “celeiro do mundo”.

um lado e pelo mesmo oceano do outro.

O dano após a entrada e disseminação de

No Brasil, cabe esta responsabilidade ao

algum novo agente patogênico, dentro

Os Estados Unidos (USDA - Animal and

VIGIAGRO (Vigilância Agropecuária

de um agroecossistema pré-estabelecido,

Plant Health Inspection Service - APHIS)

Internacional) órgão da Secretaria de Defesa

torna-se avassalador pelo desequilíbrio

apesar de seu tamanho continental tem

Agropecuária (SDA/MAPA). Segundo

causado e pela total ignorância do problema,

áreas definidas de produção (cinturões) de

a VIGIAGRO existem 106 pontos de

prejudicando o agricultor e toda uma cadeia

acordo com as condições de solo e clima,

vigilância internacional que são portos,

produtiva.

facilitando medidas de detecção e controle.

aeroportos, pontos de fronteira e aduanas interiores.

Alguns exemplos recentes que podem ser

Porém, todas estas políticas de defesa

destacados são: Helicoverpa armigera,

agropecuária têm alguns detalhes em

Atualmente existem seis Laboratórios

Bemisia tabaci Biotipo Q, Drosophila

comum: uma legislação rígida, ações com

Nacionais Agropecuários (LANAGROS/

suzuki, Tomato Yellow Leaf Curl

rápida execução e sanções regulatórias

MAPA) e suas unidades laboratoriais

Virus, Tomato chlorotic Virus, entre

ríspidas. Hoje em dia a globalização e

avançadas estão localizados em todas as

inúmeros outros, muito bem relacionados

a facilidade de transporte ao redor do

regiões do Brasil: Norte em Belém (PA),

na Instrução Normativa nº 38, de 1º de

mundo, o clima propício e o próprio

Nordeste em Recife (PE), Centro-Oeste

Outubro de 2018.

tamanho continental do Brasil nos deixa

em Goiânia (GO) e, Sudeste em Pedro

desconfortáveis quanto à possibilidade da

Leopoldo(MG),

entrada de novos patógenos e pragas.

avançadas em Belo Horizonte, Andradas e

Entre as estratégias de defesa vegetal adotadas por alguns países vale à pena

possuindo

unidades

Varginha e, em Campinas (SP), ainda com

destacar, as praticadas na Nova Zelândia

Uma das principais bases de defesa da

unidades avançadas em Jundiaí (SP), no Sul

(New Zealand Food and Safety Authority

agricultura que qualquer país deve ter são

em Porto Alegre (RS) e, em São José (SC).

- NZFSA) e no Chile (Servício Agrícola y

os laboratórios fitossanitários, responsáveis

Algumas perguntas muitas vezes nos

Ganadero – SAG). No entanto, estes países

pela detecção e pela certificação na

preocupam principalmente pelo fato do

são muito beneficiados pela sua geografia,

introdução de materiais provenientes de

número de pontos de entrada de material


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no nosso país. Além destes, temos os

quantidade (normalmente são enviadas 300

laboratórios credenciados que tem de

sementes para detecção de contaminações)

cumprir inúmeras exigências para entrar

e o modo de amostragem utilizado e mesmo

no cadastro do MAPA, entre elas seguir

assim muitas vezes patógenos podem ser

as normas da ISO 17025, exclusiva para

detectados.

laboratórios. Entre

os

problemas

que

passam

Apesar do esforço e eficiência de diversos

despercebidos, com ênfase na tomaticultura,

laboratórios de diagnóstico fitossanitário,

os fitovírus se destacam por sua difícil

pertencentes ao governo, a universidades

detecção macroscópica, sendo identificados

ou mesmo laboratórios particulares, nos

quando as sementes já se encontram em

deparamos com um número pequeno para

campo com as plantas em estádio vegetativo

cumprir com a demanda.

e manifestando sintomas, convertendose potencialmente em fontes de inóculo (Solanum

para que o patógeno consiga infectar outra

lycopersicum) a produção de sementes de

hospedeira, principalmente se este for

cultivares de polinização aberta tanto para

transmitido por algum inseto-vetor e desta

mesa como para processamento é feita em

forma se perpetuando.

No

caso

do

tomate

plantio rasteiro, resultando num custo mais baixo com boa produtividade e razoável

Somente depois a doença é caracterizada,

qualidade.

trata-se de uma ameaça invisível que devia ser coibida na entrada ao Brasil. Entre as

Porém, mesmo com o aumento desta

espécies de vírus que infectam a cultura

prática, o Brasil importa praticamente

de tomate e não foram descritas no Brasil

todas as sementes de cultivares híbridas F1

(A1) (MAPA): Pepino mosaic virus

de países como Japão, EUA e Chile (maior

(Potexvirus); Tomato black ring spot

produtor mundial de sementes), entre

virus (Nepovirus), Tobacco rattle virus

outros, totalizando 24 países. Atualmente

(Tobravirus); Tomato ringspot virus

o Brasil planta uma área total de 37.398 ha,

(Nepovirus); Pelargonium zonate spot

sendo que 18.674 ha destinados para mesa

virus (Anulavirus); Tomato yellow leaf

e 18.724 ha para indústria, com produção

curl virus (Begomovirus).

total em 2017 de 3.967.468 toneladas. Porém, as famílias mais importantes Considerando-se o uso de 30g de sementes

que

resultam

em

de

produtividade

redução

para o plantio de um hectare de tomate,

drástica

estima-se um número de sementes/ano

To s p o v i r i d a e : O r t h o t o s p o v i r u s

de 1.246 mil, para o plantio e produção

(complexo do vírus do “vira cabeça” do

de mudas. Deste montante uma ínfima

tomateiro) e Geminivirus:Begomovirus,

amostragem é enviada aos laboratórios

respectivamente. No Brasil, as espécies

de fitossanidade, tornando-as pouco

já relatadas de tospovírus, na cultura de

significativas no que diz respeito à

tomate são: Tomato spotted wilt virus

são:


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(TSWV); Tomato chlorotic spot virus

Crinivirus o Tomato chlorotic virus

Consultoria, UNISIC – Central Analítica,

(TCSV);

(ToCV).

ambos no Rio Grande do Sul - Clínica

Groundnut

ringspot

virus

Fitopatológica, Instituto Agronômico de

(GRSV) e finalmente o Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV), que apesar

Inúmeras empresas de sementes não enviam

Campinas e o Instituto Biológico de São Paulo,

de não serem transmitidos por semente, a

o material para certificar visto que depois de

ambos no Estado de São Paulo e pertencentes

alta incidência é o resultado da associação

introduzida e consolidada comercialmente,

a Secretaria de Agricultura e Abastecimento

do vírus com o vetor (tripes) que adquire o

a cultivar, não passa por certificação. Entre

(SAA), atualmente apenas dois operando

vírus na fase larval e permanece durante toda

os motivos da não indexação do material,

conforme as exigências minuciosas do MAPA.

a vida no corpo do inseto, com característica

destacamos: o elevado custo das análises

circulativa propagativa.

e o custo da semente de uma variedade

Apesar do esforço das autoridades brasileiras

melhorada (muitas vezes o preço de cada

em coibir e minimizar o trânsito de material

semente gira em torno de R$5,00).

propagativo e/ou sementes, nem sempre é

Outro importante fator é a polifagia dos tripes que podem se alimentar de inúmeras espécies botânicas e se mantem em campo quando em condições ambientais favoráveis, se hospedando em inúmeras hospedeiras alternativas.

possível detectar sementes, principalmente No entanto, muitas delas realizam a produção

de tomate, pelo fácil transporte e desta

de sementes em outros países e a introduzem

maneira os vírus podem ser dispersos a

como sendo nacional, no total 24 países

grandes distâncias.

com seis de maior importância (mostrados De acordo com a literatura, até a década

no mapa) são os produtores das sementes

de 1970, somente uma espécie de

comercializadas no país. Em trabalhos

Begomovírus, transmitida por Bemisia

desenvolvidos nos países que realizam a

tabaci era descrita no Estado de São Paulo

multiplicação, relata-se a preocupação

(Tomato golden mosaic virus – ToGMV).

com novas viroses que são transmitidas

No entanto, alguns surtos foram detectados

pelo material no trato cultural e enxertias

Alguns motivos que podem ser enumerados são: reduzida fiscalização quando se leva em consideração o grande número de pontos de entrada, reduzido número de laboratórios para análise de amostras: a falta de informação e de sanções mais severas, constituem-se em fatores primordiais na introdução de novos

em 1997 envolvendo o Tomato yellow vein

realizadas, sendo que o problema não se

patógenos.

streak virus (TYVSV).

torna mais sério porque este processo de multiplicação, melhoramento e obtenção de

Atualmente temos 11 espécies de

sementes se dá em cultivo protegido, ou seja,

Begomovirus

sem a presença de insetos-vetores.

relatadas

no

Brasil,

sendo: Tomato golden mosaic virus (TGMV); Tomato rugose mosaic virus

Atualmente, na página oficial do MAPA

(ToRMV); Tomato chlorotic mottle virus

podemos

(ToCMoV); Tomato yellow spot virus

Laboratórios

(ToYSV); Tomato severe rugose virus

análises para todo o Brasil, estes se distribuem

(ToSRV); Tomato common mosaic virus

em cinco Estados e são:

contar

com

apenas

Credenciados,

sete

realizando

(ToCmMV); Tomato mild mosaic virus (ToMlMV); Tomato yellow vein streak

Instituto Mineiro de Agropecuária (MG)

virus (ToYVSV); Tomato interveinal

em Minas Gerais, Centro de Diagnóstico

chlorosis virus (ToICV); Tomato mottle

“Marcos Enrietti”- CDME, no Paraná,

leaf curl virus (TMoLCV) e o Tomato

Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário-

golden vein virus (TGVV), além de um

UFRRJ, no Rio de Janeiro, Agronômica –

outro fitovírus pertencente ao Gênero

Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e

Hoje em dia quando se apreende o material vegetal o que ocorre é apenas a perda e inutilização do material. A necessidade de credenciar novos laboratórios, aumento na rigidez das leis que regem a introdução de material vegetal como multas e até medidas judiciais contra os passageiros ou transeuntes que introduzam material sem certificação, assim como é feito nos países tidos como modelos em vigilância agropecuária, necessitam ser repensados urgentemente, claro acompanhado da criação de um sistema menos burocrático e mais informatizado, estas medidas seriam um ótimo começo para evitar o número crescente de fitovírus interceptados no Brasil, muitas vezes tardiamente e inclusive já presentes em solo nacional.


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QUADRO 1 – LISTA DE VÍRUS EMERGENTES PRESENTES NOS SEIS PAÍSES COM MAIOR PRODUÇÃO DE SEMENTES DE TOMATE PARA O BRASIL.

Dr. Fernando Javier Sanhueza Salas


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CÁLCIO: NECESSIDADE E RESISTÊNCIA DE PLANTAS HORTALIÇA DE GRANDE IMPORTÂNCIA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA O TOMATE OCUPA ESPAÇO FUNDAMENTAL NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Para fertilizantes fosfatados a taxa de

células, mantém a integridade das paredes

absorção é de aproximadamente 10 %,

celulares e estabiliza as membranas celulares.

podendo ser aumentada ou diminuída dependendo dos tratos culturas e dos

Possui influência direta no balanço de sais

produtos utilizados.

dentro das células vegetais e na ativação do potássio na regulação da a abertura e

Para cada tonelada de frutos colhidos são

fechamento de estômatos permitindo as

encontrados: 3 kg de nitrogênio; 0,5 kg de

trocas gasosas e o movimento de água na

Considerado, entre as hortaliças, uma das

fósforo; 5 kg de potássio; 0,8 kg de cálcio;

planta.

culturas mais exigentes em fertilidade, o

0,2 kg de magnésio e 0,7 kg de enxofre. Em

tomateiro exige profissionalismo e atenção

relação aos micronutrientes, as quantidades

Além de promover a melhoria na

dos produtores. Levando em conta as

são: 5 g de boro; 25 g de zinco; 10 g de cobre;

germinação dos grãos de pólen, regula

exigências nutricionais de cada variedade,

25 de manganês e 25 g de ferro.

alguns sistemas enzimáticos, e exerce influência sobre o crescimento e a sanidade

os sintomas de deficiências e suas formas de correção e as características edafo-climáticas

Dentro os nutrientes exigidos pela cultura,

do local de plantio.

cabe ressaltar a importância do Cálcio,

ABSORÇÃO DE NUTRIENTES:

de tecidos condutores.

definido como nutriente secundário,

No tomate influencia diretamente na

porém importância única e fundamental

qualidade dos frutos e interfere diretamente

em vários processos fisiológicos da cultura, A absorção total de nutrientes pelo

interferindo na durabilidade dos frutos no

tomateiro é baixa até o aparecimento

pós colheita, bem como na tolerância da

das primeiras flores. A partir dessa fase a

cultura a determinadas doenças.

no aparecimento de podridão apical (figura 01).

absorção aumenta e atinge seu máximo na fase de pegamento de flores e, crescimento

O pico de absorção do cálcio ocorre

dos frutos (entre 40 e 70 dias após o plantio),

a partir do florescimento, durante o

diminuindo durante a maturação dos frutos.

desenvolvimento dos frutos até a colheita.

A quantidade de nutrientes extraída

Uma vez que apenas 5 % do Cálcio é

pela cultura é relativamente pequena

encontrado nos frutos e 95 % nas partes

mas, a exigência de adubação é muito

vegetativas da planta, a necessidade também

grande porque a eficiência de absorção

ocorre durante o crescimento vegetativo.

dos nutrientes pela planta é baixa, principalmente em solos não corrigidos

Função do cálcio na produção do tomate

adequadamente.

O Cálcio é um componente chave das

Figura 01


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Efeito do cálcio em estágios de

entre os nutrientes e deve dispensar uma

crescimento do tomate:

atenção especial para os elementos cálcio, magnésio e enxofre.

Efeito do cálcio sobre a tolerância a doenças: O conteúdo de cálcio no tecido das plantas afeta a incidência das doenças parasíticas de duas maneiras: Primeira: O Cálcio é essencial para a estabilidade das biomembranas – quando seu nível é baixo, há aumento do efluxo de compostos de baixo peso molecular do citoplasma para o apoplasto.

Manejos e resultados Para obtenção dos melhores resultados na cultura do tomate é necessário que se faça uso das melhores técnicas de manejo, no uso de defensivos recomendados e aprovados e adoção de práticas adequadas de fertilização. O conhecimento do histórico da área deve também ser considerado, pois a análise de solo, isoladamente não é um instrumento eficaz para a definição de doses e épocas de aplicação de fertilizantes. O uso eficiente de fertilizantes exige uma diagnose correta de possíveis problemas de fertilidade do solo e nutrição da

Segunda: Os poligalacturonatos de cálcio são requeridos na lamela média para a estabilidade da parede celular. Muitos fungos parasíticos e bactérias invadem o tecido vegetal através da produção extracelular de enzimas pectolíticas como a poligalacturonase, que dissolve a lamela média. A atividade desta enzima é inibida pelo Cálcio. O aporte de Cálcio, disponibilizando o nutriente para as plantas faz com a severidade das doenças seja diminuída bem como melhore a eficiência dos defensivos utilizados para controle das doenças.

planta e deve levar em conta, entre outros

Interações de nutrientes minerais e patógenos radiculares (adaptado de Huber,

critérios, a interação entre os nutrientes

1990 e Zambolim & Costa, 1998).

aplicados e as consequências do seu uso no desenvolvimento da cultura e no aparecimento de doenças. Nesse aspecto deve-se ressaltar que todo o esforço empregado pelo produtor de tomate deve levar em conta o equilíbrio


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MERCADO DO TOMATE BRASILEIRO E OS CUSTOS DE PRODUÇÃO De

acordo

com

o

Levantamento

Escola Superior de Agricultura “Luiz de

ao mercado consumidor é observado uma

Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)

Queiroz” (ESALQ/USP) indicam que o

cadeia intermediária, com remuneração

de 2018, a produção de tomate prevista é

custo de produção de tomate ultrapassa

maior.

4,5 milhões de toneladas, registrando uma

R$ 100 mil por hectare, o que representa

variação de 3,5% em relação à safra do ano

R$ 25,00 a R$ 30,00 por caixa de 25 quilos,

Atualmente nas propriedades rurais,

passado, com estimativa de produção em

a depender da região, com produtividade

com cultivo em campo aberto, o custo de

torno de 200 mil toneladas a mais, com área

nacional estimada em torno de 3.500 caixas

produção da caixa de tomate alcança valor

plantada de 64,6 mil hectares, apresentando

por hectare ou de 350 caixas a cada mil

em torno de R$ 26,00, com uma densidade

uma retração de 0,2%. Entre as regiões

plantas.

média de 10.000 plantas por hectare,

produtoras de tomate no Brasil, os Estados

exigindo que a atividade de produção

de Goiás e São Paulo são os maiores

seja bem manejada (fertirrigação, pragas e

produtores do fruto, sendo responsáveis por

doenças) a fim de alcançar em média 3.350

32 e 20,8%, respectivamente, na participação

caixas de rendimento para cobrir os custos

destes volumes produzidos.

de implantação e manutenção da lavoura.

O LSPA é uma pesquisa mensal de

Diante do exposto, observa-se que a

previsão e acompanhamento das safras

sustentabilidade

dos principais produtos agrícolas, cujas

diretamente proporcional não apenas ao

informações são obtidas por intermédio

volume produzido, como também a sua

das Comissões Municipais (COMEA) e/

remuneração – valor pago por caixa ou

ou regionais (COREA). Consolidadas

quilo. Portanto, torna-se essencial que a

do

tomaticultor

é

em nível estadual pelos Grupos de

Composição do custo total de produção na

tomaticultura seja tecnificada não apenas

Coordenação de Estatísticas Agropecuárias

tomaticultura, de acordo com a Hortifruti/

nos meios de produção, necessitando

(GCEA) e posteriormente, avaliadas, em

Cepea

uma gestão mais eficaz da atividade, com acompanhamentos diários dos índices a fim

nível nacional, pela Comissão Especial de Planejamento, Controle e Avaliação das

(https://www.noticiasagricolas.com.br/

Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO),

noticias/hortifruti/216953-custo-de-

constituída por representantes do Instituto

producao-de-tomate-em-cacador-sc.html#.

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

W2L8NNVKjIU)

e do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA).

O CUSTO DA PRODUÇÃO

Como aponta a pesquisa publicada em

Manter a atividade da tomaticultura no

2016, pelo Centro de Estudos Avançados

Brasil, a este custo, está a cada dia mais

em Economia Aplicada (CEPEA) e da

difícil ao produtor rural, pois até chegar

de precificar melhor o produto.

O COMPORTAMENTO DA CADEIA A flutuação de preços do tomate, resultante da sazonalidade de produção nas diferentes Regiões Brasileiras, agrava mais ainda a situação dos valores deste produto no comércio varejista, reduzindo o poder de compra de consumidores brasileiros,


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sendo que o preço pago ao Tomaticultor não acompanha a variação. Este evento é repetitivo em todas as regiões e as estatísticas dos Centros de Comercializações são disponibilizados para consultas no ambiente virtual. No estudo de caso do preço do tomate comercializado no varejo Paulista, cujo preço médio foi de R$ 4,69 por quilo segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), no período de agosto de 2017 a junho de 2018, corresponde a um valor de R$ 118,00 por caixa, sendo que o produtor recebeu no mesmo período em torno de R$ 32,00 reais por caixa. Ao avaliar esta conjuntura da Tomaticultura Brasileira observamos o quanto temos que avançar para sermos também bons vendedores, pois produzir a R$ 26,00 reais por caixa e vislumbrar um mercado consumidor pagando R$ 118,00 é, sem dúvida, um negócio de alta rentabilidade. Portanto, observar esta margem de R$ 92,00 por caixa (valor pago por caixa no varejo, menos o valor pago por custo de produção por caixa) observamos que a remuneração na cadeia da tomaticultura é mal distribuída a todos os agentes, onde o tomaticultor fica com uma margem em torno de 20% e o varejo em torno de 70%, segundo uma breve análise dos dados de preços ao produtor, ao atacado (Hortifruti/Cepea) e no varejo paulista (IEA).

ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA A tomaticultura, em função do ciclo de cultivo curto, demanda muito por mão de obra especializada por hectare, sendo este o seu maior custo e por ser altamente perecível, demanda rapidez no escoamento. Além disso, a maior escala de produção

no segmento indústria (custo em torno de um quinto do tomate de mesa) permite diluir mais o investimento em infraestrutura, máquinas e implementos. Todavia, no segmento de mesa, com pouca infraestrutura, o custo fixo é elevado nas propriedades de menor escala. O desafio diário da tomaticultura é a produção com práticas sustentáveis, com mínima dependência dos insumos externos, aumentando a rentabilidade e a remuneração na atividade. A produção de alimentos de forma sustentável, com uso de práticas alternativas aos manejos químicos é de fundamental importância, não apenas pela produção limpa, como também para uma produção economicamente viável. A conscientização para a transição do modelo convencional para o agroecológico, já em curso no nosso Brasil, é uma necessidade e tendência de mercado, exigindo assim que os tomaticultores busquem adequar-se ao modo de produção. A permanência na atividade da tomaticultura exige cada vez mais à aproximação do conhecimento empírico e teórico, bem como a mudança de atitudes, a busca de aperfeiçoamento e organização do setor produtivo. Francisco Adeilton Carvalho Eng º Agrônomo


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EXPEDIENTE Tomate Brasil em Revista www.tomatebrasil.com.br Grupo de debates Tomate Brasil. Fundado em 24/01/2016 CONSELHO Lulimar de Campos Vieira / Unaí – MG Diego Munhoz (Faxinal) / Faxinal - PR Everton Kremer / Feliz- RS Francisco Adeilton Carvalho Costa / Fortaleza - CE Welson Perli Pereira / Feira de Santana – BA Deiverson Matos Mendes / Campo Bom – RS Rodrigo Justianiano dos Reis / Mariápolis – SP Alex Sandro da S. Laurindo / Ribeirão Branco - SP DIREÇÃO GERAL Welson Perli Pereira wpereira@tomatebrasil.com.br DIRETOR TÉCNINCO E ACADÊMCIO Diego Munhoz dmunhoz@tomatebrasil.com.br REVISÃO DE TEXTOS Patrícia Rosseto PUBLICIDADE comercial@tomatebrasil.com.br DIAGRAMAÇÃO João Paulo Ferreira criativo@tomatebrasil.com.br Instagram @joaodesignergrafico FOTOS Ricardo Messias, Willian Franco JORNALISTA RESPONSÁVEL Patrícia Rosseto - MTB 64.514-SP MARKETING E PROPAGANDA Apoena Agromarketing



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