The President

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Por SERGIO CRUSCO Nº 41 dezembro | janeiro 2020

Francisco Costa Neto CEO da Aviva

O homem do entretenimento

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dez | jan 2020 nº 41 R$ 28,00

Nº 41 dezembro | janeiro francisco costa neto

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e d i to r i a l

Quatro executivos. Quatro histórias bem diferentes, contadas nesta THE PRESIDENT. Mirella Raquel Parpinelle, diretora da Lopes Consultoria de Imóveis, a maior imobiliária do país, tem origem modesta. Morava na Cohab do Grajaú, na periferia de São Paulo. Entrou na Lopes em 1990, como corretora associada. Demorou seis meses para fazer a primeira venda. Viveu momentos difíceis. Aos 25, era gerente de vendas. Aos 28, diretora. Aos 50 anos, workaholic assumida, celebra incríveis 93% de aumento nas vendas da empresa em São Paulo em 2019. Patrice Lucas, presidente do Groupe PSA (fabricante dos automóveis Citroën e Peugeot) para o Brasil e América Latina, grupo com atuação em 160 países, nasceu em uma família de classe média na França. Os pais tinham um pequeno mercado. Na infância, preferia jogar bola a frequentar as aulas. Ainda antes de entrar na faculdade de engenharia notou que jamais seria um Zidane. Dedicou-se aos estudos com afinco. Abriu a cabeça numa viagem aos Estados Unidos. Tornou-se um cidadão do mundo. Galgou posições cada vez mais altas na indústria automobilística, incluindo uma feliz passagem pelo México. Aos 53 anos, à beira de completar dois anos no cargo, investe alto no mercado brasileiro. Guilherme Gregori, CEO da incorporadora e construtora Paes & Gregori, é economista em uma empresa de engenheiros e arquitetos com mais de duas décadas de prestígio. Formado pelo Insper, trabalhou no mercado financeiro com fusões e aquisições, antes de abraçar os negócios da família. Chamado pelo pai a juntar-se à construtora, aprofundou-se nas questões imobiliárias a ponto de hoje, com apenas 33 anos, estar à frente da empresa, para a qual prevê, no ano que vem, R$ 500 milhões em lançamentos. Francisco Costa Neto, CEO da Aviva, braço de turismo do grupo Algar, é herdeiro de uma holding iniciada ainda nos anos 1930. Mas preparou-se ferreamente para assumir os negócios. Formou-se em administração de empresas pela Universidade de Vermont e trabalhou no Banco Garantia. Trilhou um caminho seguro até comandar a Aviva. Aos 51 anos, é o responsável por destinos turísticos do porte do Rio Quente Resorts e Costa do Sauípe, que, juntos, somam 2.700 apartamentos e 2,2 milhões de hóspedes por ano. Ele avisa: até 2025, investirá R$ 1,4 bilhão nos dois empreendimentos. De fato, quatro executivos bem diferentes. Mas com algo em comum: o otimismo com relação à economia brasileira em 2020. Tomara estejam cobertos de razão. A você, caro leitor – ­ e a eles – nossos votos de Boas Festas. E de um ótimo 2020. Boa leitura.

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expediente the president Publicação da Custom Editora Nº 41

publishers André Cheron e Fernando Paiva

REDAÇÃO Diretor editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br diretor editorial adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br redator-chefe Walterson Sardenberg So berg@customeditora.com.br ARTE EDIçÃO Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br prepress e tratamento de imagens Daniel Vasques danielvasques@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO TEXTO Celso Arnaldo Araujo, Enio Basilio Rodrigues, Françoise Terzian, J.A. Dias Lopes, Marcello Borges, Raphael Calles, Roberto Muggiati, Ronny Hein, Sergio Crusco e Silvio Lancellotti Fotografia Claus Lehmann e Tuca Reinés ILUSTRAçÃO Ariel Bertholdo PRODUção Vivianne Ahumada Revisão Goretti Tenorio

THE PRESIDENT facebook.com/revistathepresident @revistathepresident www.customeditora.com.br

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COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS Diretor executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br diretor comercial Ricardo Battistini battistini@customeditora.com.br Gerentes de contas e novos negócios Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br Mirian Pujol mirianpujol@customeditora.com.br Northon Blair northonblair@customeditora.com.br ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO Analista financeira Carina Rodarte carina@customeditora.com.br Assistente Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br REPRESENTANTES REGIONAIS GRP – Grupo de Representação Publicitária PR – Tel. (41) 3023-8238 SC/RS – Tel. (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br Tiragem desta edição: 35.000 exemplares CTP, impressão e acabamento: Coan Indústria Gráfica Ltda. Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593, 9º andar – Jardim Paulista São Paulo (SP) – CEP 01407-200 Tel. (11) 3708-9702 ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br Tel. (11) 3708-9702

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sumário dezembro 2019 | janeiro 2020

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86 VISÃO

116 entrevista

152 aviação

Dizem que Lana Del Rey é só um personagem

Um otimista: Patrice Lucas, presidente do

Em dezembro acabou a volta ao mundo do

fake. Pode ser. Mas que personagem!

Groupe PSA para a América Latina

Silver Spitfire, caça britânico de 1943

92 AUDIÇÃO

124 negócios

154 cult

Jimi Hendrix, guitarrista superb, teve a carreira

Mirella Parpinelle, da Lopes Consultoria

Quando Hollywood fazia filmes com negros,

mais intensa e fugaz da história do rock

de Imóveis, celebra 93% de crescimento

dirigidos por negros e para negros

98 PALADAR

132 turismo

160 tecnologia

O Brasil é o segundo maior fabricante de

Francisco Costa Neto, da Aviva, conta as

Smart living: a casa dos Jetsons já existe,

panetones do mundo. Só perde para a Itália

novidades do Rio Quente e Sauípe

pode ser sua e nem custa tão caro assim

104 OLFATO

140 mercado

162 humor

O babbo ensinou: um bom cozinheiro sabe

Aos 33 anos, Guilherme Gregori comanda

Jovens e viúvas. Uma delas na cidade grande.

diferenciar aroma de cheiro

a incorporadora Paes & Gregori

A outra, na roça de uma colônia alemã

110 TATO

148 adega

166 CONSUMO

Adão foi o primeiro marido traído. E a

Ele fabrica as mais cobiçadas taças de vinho

Dicas para presentear com estilo

serpente não tem nada a ver com isso

do planeta. Seu nome: Maximilian Riedel

e criatividade neste Natal

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co l a b o r a d o r e s

visão

PALADAR

OLFATO

Ouvir cantoras é uma das paixões deste paulistano, que tem em seu apartamento, no bairro de Pinheiros, uma senhora discoteca, repleta de raridades. Daí por que o chamamos para escrever sobre Lana Del Rey. Sergio se define um jornalista “especializado em generalidades”. É um modo de lembrar que já fez reportagens tão diferentes entre si quanto acompanhar Glória Maria pelas ilhas gregas e revelar as técnicas de congelamento de sêmen canino.

Quando foi correspondente da revista Veja em Roma, aproveitou para aprofundar seus conhecimentos da cozinha italiana. Entre uma entrevista e outra com gente do porte de Luciano Pavarotti e Umberto Eco, embrenhou-se em restaurantes e bibliotecas. De volta ao Brasil, tornou-se o decano de um gênero: o jornalismo gastronômico de farta pesquisa histórica. Para este número escreveu sobre o panetone, grande estrela da mesa natalina.

Ele começou no jornalismo nas primeiras edições da Veja, lá se vão 51 anos. Estava no Maracanã trabalhando quando Pelé fez o milésimo gol. Seguiu-se uma infinidade de trabalhos na grande imprensa, incluindo rádio e televisão. Versátil, arquiteto formado, Silvio costuma escrever sobre assuntos tão variados quanto gastronomia, música popular e esportes em geral. Desta feita, ficou na primeira opção.

Sergio Crusco

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Silvio Lancellotti

tato

ENTREVISTA E NEGÓCIOS

NEGÓCIOS

Estudante de artes visuais, este paulistano desistiu de uma carreira na pedagogia para dar vazão ao seu verdadeiro talento: o lápis e o papel. E é no desenho que ele usa sua experiência pedagógica para adaptar e traduzir conceitos em traços, geralmente em grafite e branco. Suas inspirações vão do espanhol Francisco de Goya ao super pop Quentin Tarantino, do som do Fleetwood Mac aos contos de Egdar Allan Poe.

Ilustre morador da represa Guarapiranga, em São Paulo, comandou as revistas Próxima Viagem, Caminhos da Terra e Lonely Planet. Tal ofício levou-o a conhecer 82 países. Ex-diretor de redação da revista Forbes, este efusivo torcedor do Santos, apreciador de puros cubanos e dono de texto elegante, conversou com inúmeros executivos. Dois deles para esta edição de fim de ano.

Aviação? É com ele mesmo. Mergulho autônomo? Também. Vela? Idem. Bateristas de rock e jazz? Adora – e toca muito bem. Arquitetura é outra de suas paixões. E lhe rendeu um diploma. A régua “T”, no entanto, foi trocada pelas câmeras. Tuca é fotógrafo internacional. Tem livros publicados pela editora alemã Taschen e imagens no acervo de museus europeus. Desta vez, clicou a executiva Mirella Raquel Parpinelle.

Ariel Bertholdo

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J.A. Dias Lopes

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Ronny Hein

tuca reinés

© acervo pessoal | © bruno marçal

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São Paulo | Presidente Prudente

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co l a b o r a d o r e s

MERCADO E TECNOLOGIA

MERCADO E TURISMO

TURISMO

Jornalista há mais de 20 anos, passou por alguns dos principais veículos do Brasil, incluindo Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Época Negócios, Brasil Econômico e Forbes. Ganhou o prêmio Unisys de Jornalismo e escreveu o livro A Presença Francesa no Brasil: de Villegaignon ao século XXI. Compartilha com amigos suas descobertas no site Prazerices, sobre as boas coisas da vida.

Começou a fotografar aos 19 anos, em 1998. Daí em diante viveu seis anos entre Alemanha e Itália. De volta a São Paulo em 2008, especializou-se em retratos. Diz ele: “Meus projetos de pesquisa estão ligados às mudanças dos processos técnicos da fotografia, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e humano. Envolvem desde a captura da imagem com diferentes câmeras até a impressão digital e analógica”.

Embora inconformado com as atuações recentes de seu São Paulo Futebol Clube, Celso jamais perde o bom humor. Tem dois prêmios Esso na estante, mas não faz disso estandarte. Começou no jornalismo ainda imberbe no Diário de Notícias, no Rio de Janeiro – se é que um dia este hirsuto cidadão foi imberbe. Fez longa e bela carreira na revista Manchete. Colaborou para esta edição entrevistando Francisco Costa Neto.

Françoise Terzian

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Celso Arnaldo Araujo

ADEGA

HUMOR

CULT

Engenharia é um dos cursos universitários do nosso prestimoso colaborador. Ele tem outros. Marcello, exagerado até no L duplo do nome, também tem um canudo de advogado. Mais: fez pós-graduação em marketing. Apesar de tantos títulos, prefere dar aulas de destilados e charutos na Associação Brasileira de Sommeliers, traduzir livros e escrever textos sobre os prazeres da vida, o que tem feito com assiduidade por aqui.

Ele é um dos grandes nomes da criação publicitária. Adora escrever. Em especial, aqui. Explica: “Teclo e minhas letras saem na tela do computador, do celular e vão para as nuvens. Por isso, retomo velhas emoções ao vê-las estampadas nas páginas de THE PRESIDENT. É bom – o contato com o papel couché, o seu aroma característico, as unhadas que ele dá na sua mão quando você toca nas pontas. É a volta da sensualidade”.

Ele trabalhou no Serviço Brasileiro da BBC, em Londres. Depois, tal como Dias Lopes e Lancellotti, fez parte da primeira redação de Veja, antes de tornar-se, ao longo de décadas, diretor de redação de Manchete. Ainda muito jovem já escrevia sobre cinema, literatura e música – é saxofonista amador. Desta feita, nos presenteia com um belo texto sobre o Blaxpoitation, o cinema negro americano dos anos 1970.

Marcello Borges

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Claus Lehmann

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Enio Basílio Rodrigues

Roberto Muggiati

© acervo pessoal

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luxo Por r aphael calles

Uma boa causa Montblanc se engaja na luta contra a aids e amplia a linha de produtos em parceria com a RED A Montblanc, conhecida por sua forte presença no universo das canetas, relógios e artigos de couro, engaja-se, mais uma vez, na luta contra a aids. De novo, em parceria com a RED, instituição que promove iniciativas em prol dessa causa. Em 2019 a Montblanc ampliou sua participação no projeto. Agora, duas coleções de produtos têm parte de seus rendimentos revertida para prevenção e tratamento da aids. A primeira delas é a linha de canetas Montblanc RED. O corpo de cada peça é revestido de paládio e níquel escovado. Um revestimento de laca vermelha aparece na parte frontal da caneta, colorindo a parceria. A pena também apresenta a inscrição. Outros detalhes reforçam a participação. O ato de fechar a tampa é suave, uma vez que um sistema de ímã faz com que ela esteja sempre na posição correta. A linha de malas da maison, por sua vez, acaba de integrar a causa. Tem estética similar. Com revestimento de policarbo-

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nato vermelho, a mala de bordo conta com detalhes de couro da mesma cor e itens pretos. O revestimento interior é de tecido cinza e também apresenta nuanças vermelhas. As rodas da mala, posicionadas de modo estratégico, permitem um melhor aproveitamento do espaço interno. Cada produto da linha RED produzido pela Montblanc reverte para a causa da instituição. A ajuda supre cerca de 25 dias de medicamentos a portadores do HIV. A verba é diretamente depositada pela marca alemã no Fundo Global de Combate a Aids, Tuberculose e Malária. montblanc.com

PARCEIROS Malas e canetas: a marca alemã se associa à RED

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tem po Por r aphael calles

A hora dos poderosos Modelo da Rolex com 63 anos de história ganha versão com mostrador azul e detalhes de diamantes

PRECISão Modelo histórico, o Rolex Day-Date garante total pontualidade

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Há 63 anos o mercado ganhava uma peça para fazer história: Rolex Day-Date, primeiro relógio a apresentar no mostrador o dia da semana por extenso, com a função de alteração instantânea dos dados. Ainda hoje, a peça impressiona. Ela é produzida apenas com metais preciosos: ouro amarelo, branco ou Everose 18 quilates, ou platina 950. O modelo, adquirido por personalidades de peso, políticos e líderes mundiais, parece predestinado. É imediatamente reconhecível por sua pulseira, chamada de Presidente. Disponível em 36 e 40 mm de diâmetro, o modelo não deixa a masculinidade de lado, mesmo com o tamanho mais diminuto e diamantes aplicados a seu mostrador – que, aliás, reforçam ainda mais o papel imponente. A versão com mostrador azul, novidade de 2019, tem oito diamantes inseridos em engastes de ouro 18 quilates e outros dois em lapidação baguete, marcando as 6 e 9 horas. A posição de 12 horas é reservada para o dia da semana (que pode ser apresentado em uma variedade de idiomas além do inglês e do francês), enquanto a das 3 horas apresenta o dia, ampliado pela lente Cyclops, uma característica da maison em alguns modelos. A precisão é assegurada pelo movimento de corda automática 3255, que garante absoluta pontualidade. Isto significa um atraso duas vezes menor que o assegurado pelo Controle Oficial de Cronômetros Suíços, o COSC, sobre o relógio já finalizado. Tudo isso abrigado por uma caixa e pulseira elaborados em ouro branco, com a simbólica moldura canelada e uma resistência a até 100 metros sob a água. rolex.com

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nº 125.515, do 1º Cartório do Registro de Imóveis de São Paulo-SP, em 08/10/2019. *Parcelas mensais referentes à unidade 409. O fluxo de pagamento completo contempla parcela no ato de R$ 11.820, parcelas de 30/60/90 dias de R$ 11.820, 30 parcelas mensais de R$ 950,00, sendo a 1ª em 03/2020, 2 parcelas anuais de R$ 11.440, sendo a 1ª em 10/2020, parcela única de R$ 26.690 em 09/2022 e parcela de financiamento de R$ 247.190, somando um total de R$ 377.020. Todas as parcelas serão corrigidas pelo INCC/DI. Preço válido para o mês de novembro de 2019. Consulte disponibilidade. Os acessórios de produção ou equipamentos e materiais de uso cotidiano, como talheres, copos, vasos, bancada, grill, toalhas etc., são apenas elementos de decoração e não fazem

parte do contrato de aquisição. Móveis, revestimentos de piso e parede, forro de gesso, sancas, luminárias, painéis, armários etc. são meramente ilustrativos e não fazem parte do contrato de aquisição. A vegetação que aparece nas imagens está com porte adulto.

Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à intermediação imobiliária e as respectivas comissões decorrentes deverão ser descontadas do preço de venda constante na proposta a ser assinada pelo comprador. Imagem meramente ilustrativa.

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Nova er a Potente, econômico e inovador, novo Cayenne E-Hybrid é o trunfo da Porsche para ganhar mercado e marcar época

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e alguém te falou que a eletrificação é o futuro, pode ter certeza de que essa pessoa já está no retrovisor da história. A energia limpa é a realidade do presente. Na Alemanha, a determinação é encerrar as vendas de veículos a combustão em 2030. Com esse objetivo pregado na parede, a Porsche está escalando suas mentes mais brilhantes para diminuir cada vez mais a emissão de poluentes. Para esse jogo, no qual ambiente e indústria precisam ganhar, a marca tem um curinga na manga: o novo Cayenne E-Hybrid. Este SUV da marca alemã não decepciona em nenhum quesito. Desempenho é o primeiro deles. O veículo combina a potência de dois motores. Um deles é movido a gasolina (V6 de 340 cv) e outro elétrico (136 cv). No final das contas, 462 cv empurram esse utilitário esportivo. Na propulsão híbrida, o carro vai de 0 a 100 km/h em 5,0 segundos e alcança velocidade máxima de 253 km/h. Ao optar por usar somente o motor elétrico, o carro pode alcançar 135 km/h e sua bateria tem autonomia de 44 quilômetros. Porém, é a combinação dos dois motores que faz a graça da sua direção. Da direção puramente elétrica à superesportiva, o motorista pode escolher variáveis que o fazem desfrutar deste utilitário com pegada de esportivo e consumo mínimo de combustível. Estamos falando do pacote Sport Chrono e os ganhos de

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performance que ele proporciona. Outro ponto importante é a tecnologia Sport Response (Resposta Esportiva), que veio diretamente do 918 Spyder. Isto significa que este novo Cayenne herdou recursos de um supercarro. Não por acaso, ele responde bem ao acelerador, sem perder o conforto e a estabilidade. O novo modelo também ampliou a gama de recursos tecnológicos à disposição do usuário. É o primeiro Porsche a ter um head-up display, função que projeta informações no para-brisa, bem na linha de visão do condutor. Outro destaque é o Porsche InnoDrive, um copiloto digital que controla a velocidade de cruzeiro do veículo. Infraestrutura de carregamento O novo Cayenne E-Hybrid é um veículo para ser carregado na energia. Os carregadores têm potência de 11kW e atendem híbridos plug-in e 100% elétricos da Porsche. O tempo de carregamento pode variar de acordo com o modelo.

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Em parceira com Porsche

Ao perguntarmos para alguém que deseja ter um carro elétrico, provavelmente dez entre dez entrevistados vão se preocupar com onde poderão carregar o carro fora de casa. A Porsche está atenta a isso e resolveu investir pesado. Ampliou a rede de carregadores para 32 pontos instalados em sete estados brasileiros. Eles estão localizados em shoppings, marinas, hotéis e clubes. São lugares como o Shopping Iguatemi, o hotel Sofitel Jequitimar Guarujá, Shopping Leblon e a Marina Itajaí. Confira a lista completa dos locais de carregamento no site: porsche-eperformance.com.br Essa iniciativa da divisão E-Performance prepara o terreno para a chegada ao Brasil do Taycan, o primeiro veículo 100% elétrico da Porsche. Tudo o que você conhece sobre carros elétricos vai mudar quando conhecê-lo. É a nova geração dos supercarros elétricos. Vai valer a pena esperar 2020 chegar. porsche.com/br

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Modelo combina dois motores: V6 de 340 cv a combustão e um elétrico de 136 cv

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Em parceira com Lexus

Estilo e Eficiência

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Lexus está sempre um passo à frente. Será a primeira montadora do Brasil com um line-up 100% híbrido. Neste cenário, o UX 250h chega para mexer com o segmento. O modelo é o único crossover de luxo a oferecer motorização exclusivamente híbrida em todas as versões, inclusive na configuração de entrada. Tudo nasceu da Yet Philosophy, abordagem inovadora da Lexus que une coisas que, em um primeiro momento, parecem não combinar. Um exemplo está no formato da lanterna traseira, que auxilia na aerodinâmica. Vale dizer que essa lanterna conta com 120 lâmpadas de LED com projeção de luz noturna centralizada. E é a nova marca registrada da montadora. O UX 250h tem o sistema Lexus Hybrid Drive, que combina dois motores (gasolina e elétrico). De acordo com a Lexus, esse conceito tem quatro pilares: proporcionar direção dinâmica e envolvente, maximizar a eficiência de combustível, gerar emissões limpas e ser silencioso. Tudo é cumprido à risca. O modelo apresenta um motor a gasolina de 2.0 de 145 cv e outro

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L A NÇ A M E N TO DA L E X US, O NOVO U X 250h É O Ú N IC O H Í BR I D O DA S UA C AT E G OR I A. E S T E C RO S S OV E R A L I A A LTA T E C NOL O GI A E E C ONOM I A DE C OM BUS T Í V E L

elétrico de 107 cv, gerando potência combinada de 181 cv. De acordo com o INMETRO, o Lexus UX 250h registra 16,7 km/l na cidade e 14,7 km/l em rodovia. No entanto, conforme publicações especializadas, o modelo chega a fazer 20,5 km/l em ciclo urbano e 18,1 km/l em estradas. No interior, o motorista conta com excelente posição de direção e tem fácil acesso a todos os recursos do painel. A tela central de 10.3 polegadas controla todas as funções do crossover. Já o head up display, disponível na versão F-Sport, projeta no para-brisa informações de velocidade, navegação e áudio. O veículo tem ainda oito airbags, além de garantia de quatro anos (e mais quatro anos para o sistema híbrido). Os valores das primeiras revisões são fixos. Aliás, a soma das primeiras cinco é a mais baixa da categoria até R$ 200 mil. O UX 250h é mais um fruto da estratégia do Experience Amazing da montadora. Essa assinatura vai além do conceito do luxo. Eleva o nível de excelência que o cliente sempre espera. lexus.com.br

Nova marca registrada da Lexus, lanterna traseira tem sequência de 120 LEDs

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Valentia renovada O Suzuki Jimny Sierra ganha novo motor, câmbio automático e muitos itens de conforto, mas mantém a mesma robustez e agilidade que fizeram dele um verdadeiro ícone do fora de estrada

Quando foi lançado, em 1970, o Suzuki Jimny atuou como um divisor de águas no mercado 4x4, naquela época dominado por modelos maiores e com motor de grande cilindrada. Compacto, ágil e com enorme capacidade de enfrentar todo tipo de piso, ele vencia com facilidade terrenos alagados, pedregosos e trilhas na mata fechada. Isso fez com que o Suzuki Jimny ganhasse inúmeros admiradores. Depois de quase meio século de existência, o SUV, em sua quarta geração, acaba de fazer sua estreia no Brasil. O novo Jimny Sierra será importado do Japão e irá conviver com a atual geração, produzida na fábrica da Suzuki em Catalão (GO). E não se engane. Apesar do visual carismático e dos inúmeros itens de conforto a bordo, ele manteve íntegro o seu espírito de off-road raiz. Forma e função andam de mãos dadas no Jimny Sierra. Para-brisa e coluna A têm agora uma nova inclinação, que amplia a visibilidade. O capô é plano, para evitar reflexos que possam atrapalhar a dirigibilidade, enquanto os vidros laterais são verticais para não acumularem água ou lama. Molduras dos para-lamas são mais largas para evitar batidas de pedras na carroceria e, assim como os para-choques, possuem textura antirrisco. O teto, mais amplo, tem calhas nas laterais para evitar a infiltração de água na cabine, enquanto as portas se abrem em três estágios, com ângulo máximo de 70º.

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O Jimny ganhou um inédito motor 1.5 aspirado, com bloco de alumínio, 108 cavalos de potência e 14,1 kgfm de torque. Outra boa novidade é a transmissão automática

Coração novo ebaixo do capô está um inédito motor 1.5 aspirado, com bloco de alumínio e duplo comando variável de válvulas, de 108 cavalos de potência e 14,1 kgfm de torque. Outra boa nova é a transmissão automática, que se junta à opção de caixa manual de cinco velocidades. E, claro, o Jimny Sierra conta com tração integral, selecionada por meio da alavanca no console central, com opção de reduzida. A função LSD detecta quando duas rodas perdem contato com o solo em diagonal, direcionando o torque para as rodas do lado oposto, situação comum no off-road extremo. Ele ainda conta com controle de estabilidade, assistente de partida em rampas e também o assistente de descida. O baixo peso (1.095 kg) facilita a transposição de terrenos arenosos ou lamacentos – além de economizar combustível. O chassi Heavy Duty ganhou três barras transversais – duas em "X", perto do eixo dianteiro e outra pouco antes do traseiro – e a rigidez torcional aumentou em 50%. O modelo manteve os 3,64 metros de comprimento e 2,52 metros de entre-eixos, mas cresceu 2 cm em altura e ficou 2,5 cm mais largo.

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Parrudo A capacidade de vencer obstáculos do Jimny Sierra é impressionante. Basta ver a foto ao lado. No interior, materiais resistentes a riscos e sistema multimídia JBL, com tela de 7 polegadas

Beleza interior o interior, que lança mão de materiais resistentes a riscos e fáceis de limpar, o console central possui longas linhas horizontais – que servem de referência para o motorista reconhecer o ângulo do veículo em terrenos acidentados. E, para facilitar o acesso nessas situações extremas, todos os comandos estão posicionados em pontos estratégicos, enquanto o painel de instrumentos oferece máxima visibilidade mesmo sob sol forte ou na penumbra da floresta. O espírito fora de estrada não dispensa uma boa música, certo? Por isso, o Jimny Sierra conta com sistema multimídia JBL, com tela touch de 7 polegadas, além de Car-

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Play e AndroidAuto. O volante multifuncional revestido de couro abriga os comandos do piloto automático, limitador de velocidade e áudio. Ar-condicionado digital e câmera de ré são outras facilidades presentes. Por fim, os bancos estão mais largos e ganharam maior poder de absorção de impactos, além de maior curso nos trilhos, ajudando os mais altos a encontrarem uma melhor posição de dirigir. suzukiveiculos.com.br

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H OSPITA LIDADE P o r f e r n a n d o pa i va

diversão em família

Para o Martinhal Family Resorts, pais e filhos devem aproveitar ao máximo o tempo passado juntos. E separados também

Conhecido no mercado hoteleiro português há uma década, o casal Chitra e Roman Stern, fundador do The Elegant Group, é detentor da marca Martinhal Family Resorts. Pais de quatro filhos entre as idades de 8 e 17 anos, Chitra e Roman chegaram a Portugal em 2001. E se orgulham da palavra “Family” em todos os seus empreendimentos, já que se especializaram em receber famílias de um modo muito especial. Sua filosofia é simples: pais e filhos devem aproveitar ao máximo o tempo passado juntos. E separados também. O grupo tem hoje um portfólio de quatro hotéis e resorts. Eles se dividem entre Sagres e a Quinta do Lago, na região litorânea do Algarve; em Cascais, na chamada Riviera Portuguesa; e no histórico bairro do Chiado, no centro de Lisboa. MARTINHAL SAGRES BEACH FAMILY RESORT Primeiro projeto do The Elegant Group, ele foi inaugurado em 2010. São 38 quartos e 150 village houses abençoados por uma vista cinematográfica do Atlântico. Esse resort 5 estrelas leva a assinatura do arquiteto inglês Matthew Wood, do festejado escritório londrino Conran&Partners, que priorizou a natureza. O designer londrino Michael Sodeau projetou os interiores, com uma proposta minimalista de luxo confortável. Para isso, materiais da região, como o vime, a cortiça, a pedra da serra de Monchique e a fibra de palmeiras, foram utilizados nos revestimentos e nos móveis, criados por artesãos portugueses. O Martinhal Sagres tem até creche, para bebês entre 6 e 23 meses. Oferece um inédito serviço de baby concierge, que

permite a reserva antecipada de itens como carrinhos, banheiras e berços. As crianças de 2 a 5 anos dispõem do Raposinhos Kids Club. Dos 6 aos 9, do Fox Club. E, para os adolescentes, há o Blue Room, sala de jogos superequipada. A programação de lazer busca a interação entre filhos e pais. A diferença é que estes últimos também possam aproveitar as férias – jogando tênis ou golfe, ou relaxando no spa local, o Finisterra. A alta gastronomia está presente no restaurante O Terraço, perfeito para um jantar romântico. Já o restaurante As Dunas, com um cardápio especializado em pescado e frutos do mar, oferece uma vista inesquecível do Atlântico. A turma que gosta de esportes aquáticos (mergulho, surfe ou bodyboarding) vai encontrá-los ali mesmo, ao redor do resort, no Parque Natural e na baía do Martinhal. MARTINHAL QUINTA FAMILY GOLF RESORT Na região da Quinta da Lagoa, célebre por seus campos de golfe, restaurantes estrelados do guia Michelin e belíssimas praias, fica esse empreendimento que adota o conceito de Vila Resort: casas de dois a cinco quartos, todas com piscinas privativas e jardins privados. Uma delícia para a família toda passar as férias. As crianças contam com os mesmos serviços do Martinhal Sagres. O mercado Deli & Bake, loja de conveniência com produtos básicos para o dia a dia, com enorme variedade de legumes e frutas, produtos delicatessen de alta qualidade, bebidas variadas e todo o tipo de refeições take-away, garante o abastecimento. No mais, é aproveitar pra valer as atividades aquáticas

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lazer em conjunto Ao lado, pai e filho jogam bola na Quinta da Lagoa. Abaixo, a piscina do Martinhal em Sagres

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como stand-up paddle, jet ski, windsurfe, mergulho. Sair para passear de barco em família, pescar com a molecada. E ainda visitar o Zoomarine, onde se pode observar focas, golfinhos, aves tropicais e tubarões. Programão. MARTINHAL CASCAIS FAMILY HOTEL Entre dois campos de golfe, o Quinta da Marinha e o Oitavos Dunes, fica esse resort 5 estrelas, a apenas meia hora de carro de Lisboa. Isso permite juntar a vivência da capital portuguesa com a história de Sintra, a beleza de Cascais e a paisagem inesquecível da praia do Guincho. Projetado pelo renomado arquiteto português João Paciência em parceria com o paisagista Francisco Cabral, o resort oferece o restaurante O Terraço – cujo cardápio assinado pelo chef Alexandre Cláudio apresenta a culinária tradicional lusa com roupagem contemporânea.

TODOS JUNTOS Família se diverte no Largo do Paço, em Lisboa. Abaixo, o Martinhal de Cascais

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MARTINHAL LISBON CHIADO FAMILY SUITES No coração do Chiado, bairro histórico de Lisboa, fica o primeiro hotel urbano do The Elegant Group. Seus 37 apartamentos, com decoração contemporânea, são equipados com uma infraestrutura completa de alto padrão: fogão, máquina de lavar roupas, máquina de lavar louças e inúmeros utensílios domésticos. Crianças e adolescentes, a exemplo das outras unidades do grupo, contam com atendimento especial. Para que os pais possam relaxar, o serviço Pyjama Club monitora os pequenos, numa espécie de “festa do pijama”, até as 22h. Dá tempo de jantar num bom restaurante ou assistir a um concerto, sem preocupações. martinhal.com

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h ospedag em Por r aphael calles

ESTRATÉGICO O hotel fica às margens do rio Potomac. E perto de tudo o que importa

Como um presidente O admirável prazer de se hospedar no Mandarin Oriental na capital americana Da janela do quarto veem-se o rio Potomac e os aviões decolando do aeroporto Ronald Reagan. Do lado oposto, o obelisco que homenageia George Washington, o primeiro presidente americano. Aos seus pés, a capital dos Estados Unidos, Washington, D.C. O Mandarin Oriental é simplesmente um hotel todo-poderoso no grande centro do poder. Sem esquecer que, a poucos passos de distância do hóspede, descortina-se o que há de melhor em gastronomia, tratamentos de beleza, relaxamento ou facilidades para os negócios. Mas nada de sair da suíte sem antes conferir tudo o que está ao seu alcance. O toque aconchegante já começa na combinação de verde, azul e tons de terra em conjunto com a movelaria de madeira escura. A tradicional escrivaninha foi substituída por uma mesa redonda de mogno, que desfaz o ambiente de trabalho tão logo o computador é guardado. Um filme a sua escolha pode ser exibido na TV Ultra HD de 55 polegadas sob o comando do celular do hóspede. Se a cidade não fosse um imenso atrativo, o hotel poderia sê-lo por si. Em seu jardim, vicejam as cerejeiras plantadas pela filha de Yukio Ozaki, o homem que presenteou as mais

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de 3 mil árvores da mesma espécie espalhadas pela cidade em 1912. É com vista para elas que o Empress Lounge oferece uma atmosfera de relaxamento regada a coquetéis e vinhos, ou mesmo um clássico chá da tarde, servido de sexta a domingo entre 14h30 e 16h30. E, se um aperitivo abre o apetite, um Mini Sushi Bar comandado pelo chef Minoru Ogawa pode receber até oito convidados à beira do balcão. Mas se a ideia é algo mais elaborado, o novíssimo Amity & Commerce oferece gastronomia americana contemporânea. É possível começar o dia disposto – ou terminar, por que não? – com um bom treino, um banho de piscina, uma deliciosa sauna e um tratamento direto do spa com mais de 3 mil metros quadrados. O clima de relaxamento se estende de volta ao quarto, com um banheiro digno de spa, totalmente de mármore e com um providencial sistema de dimmer. Isso permite transitar do total relaxamento com luz indireta para um banho de banheira a uma boa iluminação para barbear-se ou acertar na maquiagem. Tudo para encarar o prazer de apreciar mais um dia na capital. mandarinoriental.com

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Em parceria com CVC

Férias incríveis em família Aproveite momentos inesquecíveis com a CVC e o Grupo Aviva

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ocê merece uma experiência de viagem inesquecível. E esse privilégio só é possível com quem entende de viagem. A CVC, maior operadora de viagens do Brasil, realiza o sonho de milhões de turistas há 47 anos. Uma de suas fórmulas de sucesso é ter parceiros de valor em todas as áreas, como o Grupo Aviva, proprietária de dois destinos paradisíacos para famílias: a Costa do Sauípe, no norte da Bahia, e o Rio Quente Resorts, no coração de Goiás. A CVC e o Grupo Aviva celebram o Brasil juntos, proporcionando entretenimento de altíssima qualidade. Seus clientes vivem grandes aventuras, interagem com a natureza, praticam mergulho, relaxam em recantos especiais e degustam o melhor da gastronomia nacional e internacional. Assim, têm acesso a um cardápio completo para curtir as férias ou apenas alguns dias de folga. Com a CVC, você viaja do seu jeito. Pode escolher um All Inclusive da Bahia, um hotel em um complexo com parque aquático, uma pousada à beira-mar ou qualquer outra opção de hospedagem no Brasil ou no resto do mundo. Pode viajar de avião, carro alugado, ônibus ou com o próprio automóvel. Pode adquirir seguro-viagem, passeios e ingressos para os parques mais divertidos do mundo. Pode inclusive comprar um roteiro completo, com tudo de que precisa.

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A CVC fornece assistência 24 horas e faz de tudo para lhe garantir uma viagem sensacional. São mais de 1.400 lojas exclusivas e mais de 6.500 agências de viagens multimarcas credenciadas. Você só precisa visitar uma delas ou entrar no site www.cvc.com.br. E a CVC cuida de todo o resto. Acesse, curta e compartilhe. cvc.com.br |

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Emmental: Suave doçura e teor alcoólico elevado, como do estilo Pale Ale, harmonizam perfeitamente com este tipo de queijo.

Blue Cheese Graduação alcoólica elevada ou amargor de cervejas mais lupuladas são perfeitas combinações para este tipo de queijo. Opte, portanto, por uma Porter ou uma American Pale Ale. Você vai gostar.

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Brie (ou Camembert) Combina muito bem com cervejas ácidas como Berliner Weisse, Saison ou a brasileira Catharina Sour.

Que venha

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Réveillon vai bem com cerveja. Aliás, queijo também combina muito bem com ambos. Resolvemos fazer uma mesa muito especial com cervejas artesanais e os melhores queijos que a Faixa Azul produz no Brasil. Tem de todos os tipos e para todos os gostos. Entre os queijos, apresentamos as melhores receitas do mundo. Em cada tradição, o Faixa Azul mostra o melhor da produção nacional, com rigor e inspiração. Da França, temos Brie e Camembert, queijos macios e de casca branca. O representante da Itália é o Parmesão Faixa Azul (Forma). Com sabor adocicado e boa acidez, o Emmental leva a bandeira da Suíça. O dinamarquês Blue Cheese completa o time com toda a sua intensidade e personalidade. Todos eles formam boas duplas com cervejas. Confira a nossa mesa e aproveite bem. Feliz Ano Novo.

Parmesão forma Deguste com uma cerveja de aromas e sabores de torrefação e leve dulçor, como no estilo Stout.

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Finíssima

Nova T V Ol e d da Pa na s on ic t e m m a i s c or e s, a pl ic at i vo s e r e s oluç ão. T u d o na e spe s s u r a de u m a fol h a de pa pe l

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uarde este código: TV OLED TC-65GZ1000B. Essa é a sua porta de entrada para uma imagem de altíssima qualidade. Não só a imagem, mas o som de cinema e a conectividade de que você não abre mão. Estamos falando da nova TV Oled 4K da Panasonic. Disponível em 55 e 65 polegadas, esse lançamento da marca japonesa dá um salto de qualidade em todos os quesitos quando o assunto é entretenimento. A resolução 4K já é bem conhecida. A Panasonic, no entanto, vai além. Permite tons mais profundos de pretos e cores mais precisas. É uma tela a óleo. Uma tela de cinema. Como quiser comparar. Isso significa o mais próximo que a indústria pode chegar da perfeição da imagem. A TV é compatível com o padrão HDR10+. Em outras palavras, o High Dynamic Range permite maior brilho e contraste da imagem. Além disso, trabalha muito bem com os chamados “metadados dinâmicos”. Esse termo mais parece que foi tirado de um filme de espionagem, mas faz toda a diferença para o que você vê na tela. Isto porque o padrão HDR10+ permite que cada quadro de um filme, por exemplo, seja tratado com o seu próprio

conjunto de cores. Resultado: uma imagem muito mais realista. Em relação ao som, a nova TV da Panasonic é compatível com a tecnologia Dolby Atmos. Esse novo recurso permite que o som se propague em todas as direções, inclusive para cima. Com o perdão do clichê, a sensação é de ter um cinema em casa. Tudo isso funciona sob o comando de um processador inteligente HCX PRO. Toda a experiência adquirida pela Panasonic ao longo de décadas está representada nesse cérebro eletrônico. Ele comanda todos os sistemas e define a qualidade da imagem (cor, brilho e nível de preto). Para se ter uma ideia da excelência do produto, a TV recebeu calibragem de especialistas em imagem de Hollywood. Visto de lado, o aparelho mais parece uma folha de papel – de tão fino. É compatível com os aplicativos mais utilizados (Netflix, Youtube, Amazon) e está pronto para transformar o seu entretenimento em uma experiência mais real e imersiva. panasonic.com/br panasonic.br @panasonicbrasil

©Andres Jasso/unsplash

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Lombo Fatiado com Molho Barbecue Seara GOURMET é produzido com muito cuidado. Marinado no vinho e cozido por 3 horas, ele apresenta carne macia e suculenta. Já vem fatiado e tem o toque do molho barbecue.

Linguiça de Pimenta Biquinho Seara Gourmet Linguiça com pedaços de pimenta biquinho e erva doce em grãos. É uma combinação única

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para o seu prato

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Explosão de sabores Cuscuz paulista com linguiça de pimenta biquinho

Prepare pratos únicos e criativos com a Linguiça de Pimenta Biquinho Seara Gourmet ou o Lombo Fatiado com Molho Barbecue Seara Receita 2

Lombo com crosta de parmesão

Cuscuz paulista com linguiça de pimenta biquinho

TEMPO 60 minutos I PORÇÕES 3

Tempo 60 minutos I Porções 6 a 8

Preparo fácil

Preparo fácil

ingredientes

ingredientes

› 1 Lombo Fatiado com Molho Barbecue Seara › 150 g de queijo tipo parmesão ralado › 70 g de mozarela ralada › 2 colheres (sopa) de salsinha picada › 2 colheres (sopa) de farinha de rosca ou panko › 1 dente de alho picado

› 1 embalagem de Linguiça de Pimenta Biquinho Seara Gourmet › 1 cebola roxa grande picada › 3 colheres (sopa) de azeite › 2 latas de tomate pelado › 3 colheres (sopa) de extrato de tomate › 250 g de farinha de milho › 1 xícara (chá) de ervilhas frescas ou congeladas › 2 pimentões coloridos › Sal e pimenta-do-reino a gosto › 4 ovos cozidos › Azeitonas fatiadas

Preparo

Asse o lombo conforme as instruções da embalagem. Enquanto isso, misture os outros ingredientes em uma tigela. Quando o lombo estiver pronto, retire o plástico, alinhe a carne e cubra com a mistura. Volte ao forno em temperatura alta por mais 10 minutos para gratinar, ou utilize a função grill do forno. Sirva em seguida. PARA HARMONIZAR

Produzida a partir de malte defumado, a cerveja tipo Rauchbier tem um sabor que lembra carne defumada. Por isso, combina muito bem com pratos mais encorpados, especialmente à base de carne de porco.

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Receita 2

Preparo

Corte a linguiça em pedaços grandes. Em uma panela grande, refogue no azeite a linguiça e a cebola picada. Quando a linguiça estiver dourada, acrescente o tomate pelado e o extrato. Adicione mais uma medida de água, utilizando a própria lata do tomate. Mexa bem e deixe ferver. Quando levantar fervura, adicione a farinha de milho, mexendo sempre. Acrescente as ervilhas e tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto. Unte uma fôrma grande de pudim ou várias fôrmas pequenas com azeite. Decore com pimentão em fatias, azeitona e ovo cortado. Cubra com a massa do cuscuz e mantenha na geladeira por cerca de 30 minutos ou até firmar. Pode servi-lo frio ou quente.

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Toque de gênio Som Maior lança marca própria voltada para automação residencial: Piero Infinity Control

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note este nome: Piero Infinity Control. Esta marca vai dar o que falar no mercado de automação residencial. Não por acaso, é um lançamento de quem entende do assunto, a Som Maior. Fundada em 1983 pelo engenheiro Luis Assib Zattar, a empresa é pioneira na importação das melhores marcas de produtos de áudio e vídeo high end. A criação da Piero é um impulso para a Som Maior ganhar ainda mais relevância no segmento. Essa nova linha produtos irá oferecer soluções completas de controle para residências, com equipamentos cabeados e sem fio.

“Resolvemos criar uma marca própria de automação porque não havia uma opção no mercado que oferecesse uma solução completa” explica Samir Assib Zattar, diretor de tecnologia da Som Maior. Segundo ele, todos buscam: estabilidade, confiabilidade, facilidade para programar e operar e um custo razoável. “Precisamos pensar no cliente e no revendedor.”

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Inspiração e tecnologia Piero veio do nome completo de Leonardo Da Vinci. Um dos maiores nomes do Renascimento italiano, da arquitetura e da ciência, foi registrado como Leonardo di Ser Piero Da Vinci. A nova marca da Som Maior traz a essência de Da Vinci para o século 21. Une arte e precisão em todas as suas soluções. O seu design tem função e a sua tecnologia atende às necessidades do usuário. Integração e acessibilidade são dois pilares da Piero Infinity Control. Em casa ou a distância, pode-se acionar as luzes, aquecedores da banheira, câmeras de segurança, equipamentos de ar condicionado e sistemas de vídeo e áudio, tudo com um toque no celular. A marca apresenta uma gama completa de módulos de controle de iluminação e cortinas, sensores de presença e temperatura, keypads e telas touch. Tudo isso permite transformar uma

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Em parceria com Som Maior

residência num espaço moderno e funcional. Também existe uma grande variedade de keypads disponíveis em várias cores e acabamentos – harmoniza com qualquer decoração. Entre os destaques, estão os Smart Mirrors, espelho combinado a uma tela sensível ao toque.. Eles permitem o controle total da automação e do áudio e vídeo da casa. Quando desativado, pode se passar por um espelho normal. Disponíveis em versões circular ou retangular, apresentam resolução Full HD e conexões USB, bluetooth e wifi. Com uma tela de 4,3 polegadas, o modelo Enviro é a estrela dos keypads. O dispositivo traz várias possibilidades para a automação residencial, como monitoramento de recursos hídricos e elétricos. Também dispõe de sensores de proximidade e temperatura, além de ícones e interfaces que podem ser personalizados para se adaptar a cada projeto.

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O cérebro do sistema é a controladora DaVinci One, que atua como um maestro que coordena toda a casa e permite ao próprio cliente customizar seu sistema. É capaz de definir agendamento de tarefas, como baixar as persianas automaticamente. O módulo conta com um processador de alta capacidade. Pode se comunicar com os outros equipamentos por uma rede cabeada ou sem fio, separadas. Isso garante estabilidade na rede, sem interferência de um eventual problema no fornecedor de internet. Os produtos Piero podem ser encontrados em todo o Brasil na rede de revendedores Som Maior. sommaior.com.br

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t ecn o lo g i a

Smart Living Chegou a hora de dar um banho de tecnologia e transformar sua residência em uma casa inteligente

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m velho ditado diz que as paredes têm ouvidos. A frase é um conselho para tomar cuidado ao falar em ambientes com um eventual terceiro ouvindo a conversa. No mundo atual, da transformação digital, as paredes, de fato, têm ouvidos. Ao pé da letra. Não só as paredes, mas as luminárias, persianas, TVs, cafeteiras, pipoqueiras, geladeiras e, em especial, caixas de som à mercê de assistentes pessoais. Bem-vindo à era dos smart speakers, famosos graças a nomes como Alexa (da Amazon) e Nest Mini (do Google). Por meio deles, dá para pedir para escutar uma música, ligar a máquina de café e extrair um expresso, ouvir o noticiário, acender e apagar as luzes, trancar fechaduras, gravar vídeos e chamadas de voz, perguntar sobre a previsão do tempo e controlar os muitos dispositivos de uma casa inteligente.

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Casas inteligentes deixaram o status de futuro distante, como nos desenhos dos Jetsons, para se tornar uma realidade cada vez mais próxima. Isso não é uma tendência ditada por um guru, mas uma realidade averiguada por pesquisas. O mercado global de smart speakers deverá movimentar US$ 31,7 bilhões em 2023. Mais do quádruplo ante os US$ 7,9 bilhões de 2018, em levantamento da IHS Markit, provedora de informações. De acordo com o Google, a expectativa é que 327 milhões de lares estejam conectados em um smart speaker ao redor do mundo até 2021. Só nos Estados Unidos, um em cada cinco adultos tem um aparelho assim, segundo pesquisa do Voicebot.ai. Isso significa que 47,3 milhões dos 252 milhões de americanos já abraçaram essa tecnologia que é o pontapé inicial da automação residencial.

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CONTROLE CENTRAL Os pequenos smart speakers comandam a residência, restando ao morador apenas aproveitar

O primeiro passo, enfim, para um mundo de possibilidades proporcionadas pela automação residencial já foi dado. “A automação não é algo fora da realidade e nem precisa ser sofisticada”, explica José Roberto Muratori, diretor-executivo da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside). “Pelo contrário, ela é muito útil e palpável. Tem como função ajudar pessoas em busca de praticidade, segurança e conforto.” A automação, enfim, pode ajudar desde um executivo que viaja muito e quer controlar a temperatura da adega de vinho a um casal com filhos que precisa ter certeza se a porta foi travada. E o melhor: o custo está cada dia mais acessível. “De cinco anos para cá, o preço da automação residencial caiu pela metade”, contabiliza Muratori. A parte de instalação também ficou mais fácil, sem o quebra-quebra e o remanejamento de fios do passado. Hoje, há uma série de dispositivos que saem de fábrica prontos para a era da transformação digital. As TVs, por exemplo. E, quando não, há alternativas como a compra de smart plugs. Explica-se: são tomadas inteligentes, com wi-fi. Automação residencial não é um produto para apanhar na prateleira e acomodar no carrinho de supermercado. Ela é, antes de tudo, personalizável. Incorporadoras e construtoras como a Paes & Gregori, de residenciais voltados ao público de alto poder aquisitivo, já oferecem essa possibilidade

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de customização aos clientes. “Tudo vai de acordo com o projeto”, informa Guilherme Gregori, CEO da Paes & Gregori. “Em alguns cabem mais e em outros menos. Desenhamos projeto a projeto e realizamos de acordo com a necessidade do cliente.” Hoje, como bem explica Gregori, a automatização ainda tem pouca penetração no Brasil. Ao contrário do que vem ocorrendo nos EUA e da China. Mas a demanda está crescendo. Um exemplo do aquecimento desse mercado são os projetos conduzidos por Leandro Elias, diretor da integradora Real HT, focada em automação residencial. Ele conduz de 10 a 12 projetos por mês. Todos de casas de alto padrão na capital paulista ou no interior do estado, como o condomínio Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista. “É possível ter um sensor de presença na sala, no escritório e nos corredores e definir que se acenda uma cena de iluminação de dia e luzes de forma mais completa à noite”, explica Elias. “De madrugada, pode ser definido que se acenda um caminho. Pode-se ainda chegar ao requinte de ligar o ar-condicionado quando o sensor percebe que passou de 24 graus. E desligá-lo meia hora depois de você ir embora.” A maior parte dos clientes busca automação na área social, o que inclui a sala de estar, varanda gourmet, home theater e piscina. “Nada disso funciona sem uma boa rede cabeada e wi-fi”, lembra Elias. Com infraestrutura, dá para ligar o som na piscina, na varanda, desligar o ar-condicionado, escolher um filme, acender a luz e por aí vai. Tudo isso pode ser feito a um clique no aplicativo do celular e, muitas vezes, a partir de um simples comando de voz. Hoje, calcula Elias, uma automação residencial na área social de um apartamento de 150 a 200 metros quadrados custa por volta de R$ 25 mil a R$ 30 mil. A casa toda, dependendo do grau de sofisticação do projeto, pode chegar a R$ 200 mil. TP

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Jantares estrelados E m pa rc e r i a c om o Guia Mic he lin, pl ata for m a A m e x For Fo odi e s, Da A m e r ic a n E x pr e s s, promov e e nc on t ro s c om o s m e l hor e s c he f s d o m u n d o

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melhor do melhor. Os Associa­dos do cartão American Express estão acostumados com isso em todas as áreas. Na gastronomia, o ní­ vel ficou ainda mais elevado e surpreen­dente. Numa parceria com o Guia Michelin, a plataforma AmexForFoodies reuniu chefs em nove jantares ao longo de 2019. Seis deles foram realizados em São Paulo e três no Rio de Janeiro. Neste ano, mais de 500 associados American Express tiveram contato com as criações de chefs famosos de países como Argentina, Colômbia, França, In­glaterra, Itália e Peru. Ao longo de 2019, o pro­jeto promoveu encontros memoráveis. Vale destacar Paolo Lavezzini, do Neto D’Italia, no Hotel Four Seasons SP. Ele recebeu Riccardo Monco, Enoteca Pinchiorri, restau­ rante 3 estrelas Michelin localizado em Floren­ ça, na Itália. No menu, um show com camarões enrolados no bacon com creme de feijão e farro toscano - prato principal paleta de cordeiro bra­ seada, al­cachofra, manjerona e mandioquinha. Já Jefferson Rueda foi o anfitrião de uma sele­ ção peruana de chefs: Mitsuharu Micha, do res­ taurante Maido; Renzo Garibaldi, do Restau­ rante Osso; José del Castillo, do Isolina; Pedro Miguel Schiaffino, do restaurante Malabar; José Lujan Vargas, dos restaurantes Chullpi e Taytafe; En­rique Paredes, do Barrakhuda; Mayra Flores,

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do restaurante Shizen Barra Nikkei; e Fransua Ro­bles, do La Picante. Nicolás Lopez, do Villanos em Bermudas, 15° na lista dos 50 melhores restaurantes, também marcou presença. Ele foi recepcio­ nado por Tho­mas Troigros. Além disso, Ken Tanaka, do Kino­shita, recebeu Ciro Watana­ be, do Osaka – o res­taurante chileno é o 47° na lista dos melhores da América Latina. Não podemos esquecer o memorável jantar de Ne­ lio Cassese, do Cipriani Copacabana Palace, com Luis Filipe Souza, do restaurante Evvai (1 estrela Michelin). A presidente da American Express no Brasil, Rose Del Col, faz um balanço positivo da ini­ ciativa: “Este é um projeto muito importante e que representa os diferenciais da marca em be­ nefícios e serviços, tornando momentos como um jantar em experiências inesquecíveis para nossos associados”. De acordo com a executi­ va, a inspiração para o projeto veio do estilo de vida das pessoas. “Todos estão buscando cur­ tir as suas paixões e procurando integrar a vida profissio­nal com a pessoal.” Para 2020, a American Express promete sur­ preender ainda mais com o elevado nível de ex­ celência do Amex­ForFoodies. Confira os novos shows de sabores, aromas e texturas no site da American Express ou nas mídias sociais. americanexpress.com/br

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Em parceira com American Express

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Em parceria com Magic Village

Paixão por Orlando Com assinatura Pininfarina, Magic Village vai mudar seu conceito de férias na Flórida

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ou­cas coisas devem harmonizar tão bem com uma Ferrari quanto o empreendimento Magic Village, em Orlando. Isso não acontece por acaso. Existe uma relação de parentesco entre eles a partir da prancheta de desenho. Ambos são criações do Studio Pininfarina. Também conhecido por projetos fora do âmbito automotivo, como o Juventus Stadium e Istambul New Airport Tower, o estúdio italiano uniu arte, décor e design em um mesmo lugar. Sob o comando da Magic Development, empresa criada por brasileiros, o projeto conta com 450 casas de três e quatro suítes, com previsão de entrega para agosto de 2020. “Investidores e viajantes terão uma experiência inigualável na região e estamos animados em ver o que o futuro reserva para Magic Village by Pininfarina”, afirmou

Rodrigo Cunha, CEO da Magic Development. “Temos certeza de que este projeto estabelecerá um novo padrão de beleza atemporal”, disse Paolo Trevisan, diretor de Design da Pininfarina America. Magic Village by Pininfarina é parte do complexo Magic Place. O lugar está localizado na região central da Flórida, um dos maiores polos turísticos do estado americano. Entre os serviços, destaque para concierge e serviços hoteleiros, com atendimento em vários idiomas, durante as 24 horas do dia. O clubehouse oferece piscina aquecida, sauna, academia, espaço kids e sala de reuniões. Além disso, tem transporte para os parques temáticos. Com a localização privilegiada e esses serviços de primeira linha, as casas também serão um excelente investimento para quem adquiri-las com a finalidade de alugar. A partir da máxima de Paolo Pininfarina de que o design é uma forma de humanizar a inovação, não é exagero dizer que o Magic Village é uma forma extraordinária de ter um lugar para tirar férias, ou investir, em Orlando. magicvillagebypininfarina.com

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Sempre polêmica A cantora Lana Del Rey adora controvérsias. Há quem diga que, por trás disso, esteja um bem sacado plano de marketing

Por SERGIO CRUSCO

A controvérsia persegue Lana Del Rey desde o momento em que o clipe da música “Video Games” estourou na internet em 2011, num caso aparente de fama conquistada da noite para o dia. Veio “Blue Jeans”, mais um hit poderoso lançado no YouTube e, antes mesmo que a garota pudesse apresentar o álbum Born to Die, lançado em janeiro do ano seguinte, teve a vida pessoal e profissional investigada. Lana, uma das estrelas da próxima edição do Festival Lollapalooza, no autódromo de Interlagos, em abril, impressiona. E como.

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Os cabelos caem como uma cascata de seda sobre os ombros. O corpo é voluptuoso. A boca, carnuda como a de Brigitte Bardot. A voz de contralto luxuriosamente lânguida combina com o look retrô, acentuado pelo gatinho de delineador nos olhos e um ar blasé que se pretende indevassável. Suas canções são melancólicas com acordes graves, próprias para embalar crises existenciais nos quartos trancados da adolescência. Estava definido um estilo de ser e de fazer música. No começo da década, ela era uma promessa musical. À parte os méritos artísticos, Lana Del Rey, 34 anos, configura um caso de reposicionamento de marca. Embora tenha tentado apagar as pegadas que deixou antes da fama, houve quem fuçasse e, sem esforço, puxasse o fio da meada. Em 2005, ela chegou a registrar um EP de sete faixas com seu nome de batismo, Elizabeth Woolridge Grant. Em seguida, sob a alcunha May Jailer, gravou um álbum folk com o qual não chegou a lugar algum. Tentou a sorte novamente como Lizzy Grant, agora de contrato assinado com a pequena gravadora 5 Points Records, da qual recebeu US$ 10 mil de adiantamento e pela qual trabalhou por dois anos, até o lançamento de mais um álbum, em 2010. Outro furo n’água.

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Enfim, rompeu o contrato e decidiu autoproduzir-se, não sem antes ficar em dúvida sobre a próxima alcunha. Tentou Lana Del Ray, depois Lana Rey Del Mar (que mais parece nome de restaurante especializado em paella). Até chegar a Lana Del Rey, que define como “uma mistura de Lana Turner com o sedã Del Rey da Ford”. O novo pseudônimo cairia bem a alguma estrela hollywoodiana do passado e combina com a estética de Lana, que nutre referências cinematográficas e musicais dos anos 1950 e 60. Assim como das pin-ups de silhueta curvilínea que recria com sua persona artística. Dizem os reviradores de seu passado que há um dedo, se não a mão toda, do pai de Lana nessa história. Nascida na cidade de Nova York e criada no norte do estado, Elizabeth é filha de publicitários bem situados, que teriam bancado as tentativas musicais da filha, inclusive o clipe de “Video Games”. Lana desconversa, diz que ficou um bom tempo sem ver o pai. Nesse período, insinua ter levado uma vida errante, trabalhando com assistência a drogados e alcoólatras. MOTOCICLISTAS TIOZÕES la própria diz ter sido viciada em álcool na adolescência, o que lhe valeu uma temporada num colégio interno (há quem desconfie – afinal, um passado ébrio sempre cai bem em qualquer biografia rock’n’roll). Mesmo limpa, gostava de sair pela noite, conhecendo de modo aleatório pessoas nos bares do Brooklyn e tentando, entre encontros furtivos e histórias entrecortadas, fazer música e poesia, à maneira de Bob Dylan, um de seus ídolos. O álbum Born to Die, lançado em janeiro de 2012, estourou. Chegou ao primeiro posto em 11 países. O sucesso repentino, alcançado como it girl e musa da adolescência deprimida (que afoga mágoas em consumo), logo lhe garantiu um contrato publicitário com a gigante varejista de moda H&M. Em seguida, mais um, com a grife Mulberry, que se apressou em lançar o modelo Lana Del Rey de bolsa. O nome da cantora tornou-se, enfim, reconhecido no mercado de luxo. “Lana tem um misto único de autenticidade e modernidade”, disse o global brand director da Jaguar Land Rover, Adrian Hallmark, sobre a garota-propaganda que descerrou o manto do Jaguar F-Type 2012, lançado no Paris Motor Show. Autenticidade (ou sua falta) é uma palavra que aparece em qualquer análise que se disponha fazer sobre o fenômeno

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Lana Del Rey. Os críticos sugerem que sua personagem artística foi milimetricamente inventada pelos produtores da gravadora que a mantém sob contrato, a Polydor/Interscope. Por ironia, alguém que teria motivos para guardar rancor da cantora ofereceu a mão. David Nichtern, fundador da 5 Points Records, disse, mesmo depois da quebra de contrato, que a garota sempre soube muito bem aonde queria chegar e que com ela ninguém fritava bolinho. “Essa história de que Lana não sabe tomar decisões é completamente irreal”, falou Nichtern. “Se foi ‘inventada’, foi ela própria quem se inventou. Lana tem ideias muito fortes sobre o que faz. A hipótese de que alguém poderia moldá-la é impossível.” Por fazer o que lhe dá na telha, a bela Lana tem sofrido ataques. Quando lançou o vídeo de “Ride”, um curta-metragem de 10 minutos, ganhou o ódio das feministas. Pudera: ela aparece fazendo michê pelas ruas de uma cidade californiana e acaba sendo “adotada” por uma gangue de motociclistas tiozões – cada um deles tira uma casquinha

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Ela contruiu uma aura de rebelde. Mas nem tanto. Anuncia produtos da H&M, deu nome a uma bolsa da Mulberry e lançou um Jaguar

da moça. A jornalista Lucy Jordan, do New Musical Express, escreveu qua a personagem vivida por Lana no vídeo glamouriza a profissão mais antiga do mundo. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, Lana admitiu que o vídeo poderia mesmo ofender as feministas. “Mas aquilo era algo mais pessoal”, rebateu. “Tinha a ver com meus sentimentos sobre o amor livre e sobre o efeito de encontrar estranhos na vida. Em como isso pode ser um desequilíbrio no bom sentido, nos libertando das obrigações sociais das quais espero estarmos tentando nos livrar.” O repórter Tim Jonze foi rápido no gatilho e perguntou quanto daquele vídeo representava a vida real de Lana. “Cem por cento”, ela disparou. O repórter cutucou: “Sair por aí com motociclistas e transar com caras diferentes?”. “Yeah”, foi a resposta, seguida de uma gargalhada. MORTE PRECOCE mesma entrevista colocou Lana em outra saia justa. Conversando sobre seus ídolos Amy Winehouse e Kurt Cobain, sugeriu que havia glamour na morte prematura, e que gostaria de ter esse destino. “Não diga isso!”, assustou-se Jonze. “Mas eu digo”, ela rebateu. “Você, não!”, devolveu o repórter. “Eu sim. Eu não queria continuar fazendo isso, mas continuo”, disse, em mais um de seus resmungos sobre como é exasperante cumprir as obrigações impostas pela fama, e como a morte solucionaria o drama. Quem ficou fula da vida foi Frances Bean, filha de Kurt Cobain. Ela tuitou: “A morte de jovens músicos não é algo que possa ser romantizado. Nunca vou conhecer meu pai porque ele morreu jovem, e agora isso virou algo desejável porque pessoas como você acham cool”.

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Lady Gaga, Gwen Stefani e Kanye West estão entre os artistas com quem já se desentendeu. Até a filha de Kurt Cobain virou desafeta

NO TOPO 1. Com um motociclista no vídeo de “Ride” (2012); 2. Capa da revista GQ (2012); 3. Cena do minifilme Tropico (2013); 4. Capa da revista Complex (2017); 5. Clipe de “Doin' Time” (2019)

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Lana, espertinha, quis botar a culpa na publicação. O Guardian teria inserido sua fala fora de contexto. O repórter Tim Jonze garantiu que ela disse tudo letra por letra. E postou o áudio para que não houvesse dúvida. Embora tenha se metido em outros quiproquós que já envolveram Lady Gaga, Gwen Stefani e Kanye West (por conta do apoio do rapper a Donald Trump), a cantora diz não ser uma provocadora. Posou nua como “mulher do ano” para a capa da edição inglesa da revista GQ, mas alega sonhar com uma vida tranquila, longe da fama, numa comunidade de escritores. Sim, a bela tem ambições literárias e prometeu o seu primeiro livro de poesias. Já lançou neste ano o sexto álbum, Norman Fucking Rockwell, uma brincadeira boca-suja com o nome do desenhista que retratou o American way of life no século 20. No frigir dos ovos, Lana diz não ter compromisso com ninguém, a não ser consigo mesma: “Sou muito egoísta. Faço tudo meio que para mim. Quero dirigir ouvindo minha música, quero mergulhar no oceano com ela. Quero pensar sobre ela e depois escrever algo novo em cima disso. Não quero que as pessoas ouçam e pensem sobre o que escrevi. Não é da conta delas”. TP

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a u d i ç ão O cometa Jimi Hendrix Ele riscou o céu do rock com rapidez, brilho e intensidade

Por Walterson Sardenberg So

Como pode alguém em apenas três anos e nove meses e meio reinventar a guitarra e os blues? Como pode alguém nesse curto espaço de tempo revolucionar a música? Assim aconteceu com Jimi Hendrix. Do dia 16 de dezembro de 1966 (quando o compacto simples com “Hey Joe” foi lançado pela Polydor britânica) até 18 de setembro de 1970 (quando o cantor, compositor e guitarrista americano morreu) foi tudo, ao mesmo tempo, intenso e fugaz. Como a passagem de um cometa.

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ILUSTRAçÃO RAPHAEL ALVES

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esse ínterim, Hendrix lançou apenas três álbuns de estúdio – além de um ao vivo, que abominava. Ainda assim, tornou-se o guitarrista mais inovador e influente da história, pioneiro no uso do instrumento como matriz do som eletrônico. Antes dele, outros recorreram a recursos como feedback e distorção, mas Hendrix fez disso uma linguagem controlada e fluida, expressa por sua Fender Stratocaster e multiplicada por gigantescos amplificadores Marshall ligados em série. Ele foi mesmo um cometa. Deixou um rastro de luz, junto com uma interrogação riscada na estratosfera: como, afinal, morreu com apenas 27 anos? Na época, há quase meio século, as manchetes dos jornais estamparam que o motivo foram as drogas. Ou o excesso delas. Hendrix seria o doidão inconsequente, o Baco alucinado, o hedonista sem freios, o viciado irrecuperável, o desencaminhador da juventude. O sensacionalismo e o moralismo passaram por cima de uma constatação óbvia: a droga que se incumbira de matar o americano James Marshall Hendrix podia ser encontrada, com venda legal, em qualquer boa farmácia das redondezas, em Londres. Bastava uma receita médica. Pois é, na noite de sua morte, o guitarrista consumira barbitúricos. Os mesmos barbitúricos que, quatro anos antes, os Rolling Stones cantaram como “Mother’s Little Helper”, ou seja, “Pequenos Ajudantes das Mamães” – um remedinho respeitável, utilizado pelas ainda mais respeitáveis senhoras para levá-las ao sono diário, livrando-as por algumas horas do tédio.

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Jimi andava animadíssimo. Estava terminando seu quarto disco de estúdio. Combinara de gravar com

EM FAMÍLIA O palco era a casa do canhoto. Abaixo, com o pai, Al, a madrasta June e o irmão Leon em Seattle, sua cidade natal

Miles Davis. Não queria morrer

Hendrix encontrara os comprimidos, da marca Vesparax, no banheiro do apartamento da alemã Monika Danemann, de 25 anos, com quem passaria a noite. Os dois vinham mantendo um caso desde janeiro daquele ano de 1970, quando se conheceram em um concerto em Düsseldorf, na Alemanha. Nos depoimentos à polícia, Monika não soube calcular quantos comprimidos Hendrix ingerira. Chegou a dizer que foram nove. Depois negou. O segredo morreu com ela. Monika faleceu aos 50 anos, em 1996, dentro de um Mercedes-Benz, em Seaford, na Inglaterra. Ao que tudo leva a crer, deu cabo da vida com uma dosagem excessiva de barbitúricos. Mas Hendrix não queria morrer. É o que relatam os amigos. Andava animadíssimo. Estava terminando as gravações de um álbum duplo. O disco, por sinal, teria um nome pra lá de otimista: First Days of the New Rising Sun (Primeiros Dias do Novo Sol Nascente). No final de setembro, ele encontraria o trumpetista Miles Davis para gravarem juntos. Falava disso com entusiasmo. O encontro o soergueria à altura dos jazzistas, algo recompensador para um autodidata como ele. Miles foi ao enterro de Hendrix na fria Seattle, cidade natal do guitarrista. Levou o seu trumpete e fez menção de tocá-lo à beira do túmulo, em homenagem ao amigo. Leon, irmão de Hendrix, o impediu. É o que relatam. Será? Boa parte da vida de Hendrix tomou a dimensão de lenda. Pergunta-se: teria mesmo apenas 4

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Hendrix causou, de início, mais assombro e ciúme do que admiração nos guitarristas britânicos famosos. É o que se conta. Como lenda. Como fábula. As gravações de seus discos – que, sabe-se hoje, obedeciam a uma rigorosa disciplina – também suscitaram lendas. Conta-se que a faixa “Voodoo Chile”, do álbum duplo Eletric Ladyland, seu terceiro disco de estúdio, teria sido registrada altas horas da madrugada, em Nova York. Hendrix e o baterista de seu trio, Mitch Mitchell, estariam na maior esbórnia em uma casa noturna, na companhia do baixista Jack Casady (do Jefferson Airplane) e do multi-instrumentista Steve Winwood (do Traffic). Lá pelas tantas, de supetão, o guitarrista levou a turma para o estúdio Record Plant. Aproveitou e carregou na balada conhecidos que biritavam com eles e não tocavam nem sininho de Natal. VAIAS NA ALEMANHA ssim, sem ensaios, com gente alcoolizada refestelada no chão, saiu a gravação perfeita. Hendrix está soberbo na canção que já foi chamada de mescla de Chicago Blues com ficção científica. Seus “duelos” de guitarra com o órgão Hammond tocado por Winwood tornaram-se antológicos. Um dos maiores momentos do rock – e do Chicago Blues. Até mesmo os barbitúricos que teriam matado o artista estão na dimensão das lendas. Na realidade, ele morreu por uma causa indireta: embalado pelos comprimidos e, provavelmente, por álcool, vomitou. O corpo rejeitara a mistura. Deitado de barriga para cima, morreu afogado no próprio vômito. Como isso pode ter ocorrido? Há quem culpe Monika Danemann. Não só ela. Também os enfermeiros do Hospital St. Mary Abbott’s. Chamados por Monika, eles não notaram os sintomas de afogamento. Acomodaram Hendrix de barriga para cima na ambulância. Ele já chegou morto no hospital. Isto é fato. Ou seria lenda? Qual a culpa de Monika, uma pretendente a pintora? A demora no atendimento. Antes de chamar os médicos, ela telefonou duas vezes, em desespero, para o cantor Eric Burdon. Ele era amigo chegado de Hendrix. Tanto que duas noites antes deram canja juntos no palco da boate de jazz Ronnie Scott’s, no bairro londrino do Soho. Já na primeira ligação, Burdon foi enfático: “Desligue e chame uma ambulância!”. Monika, todavia, não agiu com a urgência

A anos, quando irrompeu na sala da casa modesta em Seattle tocando blues na gaita com rara habilidade, para espanto do pai, o jardineiro Al? Outra: decidiu-se, de fato, pela carreira artística depois de uma queda malsucedida, quando era paraquedista do Exército? Mais uma história com a aura de fábula. Outra: foi, realmente, expulso da banda de Little Richard porque tivera a pachorra de querer aparecer, no palco, mais do que o vaidosíssimo líder? Como alguém expulsa Hendrix? – ainda que este alguém seja Little Richard? As perguntas poderiam continuar às dezenas. Fala-se que uma namorada arrastou Chas Chandler, baixista dos Animals, até o Café Wha?, em Nova York, porque tinha interesse sexual naquele guitarrista negro, canhoto e desconhecido. Daí surgiria o convite para tentar a sorte na Inglaterra. Foi assim mesmo? Insinua-se que ao desembarcar em Londres,

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UM RASTRO DE LUZ O cometa com sua Stratocaster. Abaixo, à direita da foto, o baterista Mitch Mitchell e o baixista Noel Redding no enterro de Jimi

necessária. Há quem suspeite que temia problemas com a imigração. Teria receio de chamar os médicos ao seu apartamento — e, por intermédio deles, a polícia. Daí ter feito uma segunda ligação para Burdon. “Mas como? Você ainda não chamou a ambulância?”, ele quase arrancou os cabelos. Três pessoas não só jamais se conformaram com a maneira estúpida com que Hendrix morreu como tentaram ao longo de décadas descobrir a história verdadeira: o baterista Mitch Mitchell; sua mulher, Dee; e Kathy Etchingham, ex-namorada do guitarrista. Em 1991, conseguiram que a Scotland Yard os ouvisse sobre um pedido formal de reabertura das investigações. Dois anos se passaram até que a polícia britânica concordasse em desarquivar o caso. Pouco depois, em 1994, contudo, a Scotland Yard divulgou uma nota lacônica, informando que não encontrara evidências que recomendassem a insistência no inquérito. A morte de Hendrix voltou aos arquivos da polícia mais famosa do planeta. Para tornar-se de vez uma lenda. Em 6 de setembro, 12 dias antes de morrer, Hendrix fez sua última apresentação oficial, no Festival da ilha de Fehmarn, ao largo da costa da Alemanha. Foi um dia difícil. Ele tocaria na noite anterior. Mas a chuva era torrencial. Por isso, a apresentação acabou remarcada para o meio-dia do dia seguinte. A chuva continuou. Havia vento. Frio. Lama.

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Em 1993, mais de duas décadas depois da morte do guitarrista, a Scotland Yard reabriu o caso, para arquivá-lo de vez um ano depois

Desconfortável, parte da plateia vaiou, antes de Hendrix iniciar os primeiros acordes de “Killing Floor”, a primeira das 13 canções. O show terminou com a plateia arrebatada por “Voodoo Chile”. Em menos de duas semanas Hendrix se tornaria ele próprio uma lenda. Ainda bem que restou sua estupenda música para lembrar que, de fato, o cometa riscou – e beijou – o céu. TP

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pa l a da r Pão nosso O Brasil é o segundo maior produtor de panetone no planeta. Só perde para a Itália

Por J.A. Dias Lopes

Úmido, fofo e amanteigado, é recheado com uvas-passas e frutas cristalizadas. Tem aroma de baunilha levemente cítrico, e formato de chapéu de cozinheiro. O panetone é um pão grande e doce que caiu no gosto universal. Tem similares em alguns países, sim, mas nenhum ameaça sua relevância. Obrigatório na comemoração do Natal de milhões de pessoas, ricos e pobres o saboreiam com prazer. Sua receita original, porém, comporta variações. Hoje, há panetone com recheio de chocolate – quando as frutas secas são substituídas por gotas de chocolate e ele se torna chocotone –, com brigadeiro, doce de leite, goiabada e outros ingredientes. Mas nem sempre foi especialidade universal.

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urante séculos, esteve circunscrito à região da Lombardia e sua capital, Milão, onde surgiu ao longo da Renascença. Referimo-nos ao período, há um milênio e meio, de grandes transformações na cultura, sociedade, economia, política e religião, com epicentro na região que, mais tarde, seria uma das mais desenvolvidas da futura Itália. A primeira citação em livro desse pão opulento e generoso, relacionada ao Natal, apareceu no dicionário Varon Milanes, do piemontês Giovanni Capis, publicado entre o final do século 16 e início do seguinte. Tinha o nome um pouco diferente. Chamava-se panaton. Como tal, aparece em um quadro renascentista do pintor flamengo Pieter Bruegel (1525-1569). O sucesso no exterior, porém, ainda não completou cem anos. Foi o homem de negócios milanês Angelo Motta (1890-1957), então futuro ministro das Finanças do presidente e primeiro-ministro italiano Alcide De Gasperi, quem aprimorou definitivamente a antiga receita do panetone e ampliou seu horizonte de consumo. Em 1921, abriu uma pasticceria (confeitaria) em Milão, na movimentada via della Chiusa, e ali começou a produzir industrialmente o pão natalino. Pelas inovações que introduziu, passou a ser considerado seu reinventor. Angelo Motta aromatizou a massa com uma combinação de baunilha, laranja e limão em proporções secretas. Aumentou a quantidade de manteiga, açúcar, uvas-passas, frutas cristalizadas, o tempo de levedação e de forno. Consagrou definitivamente o

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formato cilíndrico e alto, anteriormente variado. E, acima de tudo, espalhou o panetone pela Itália e vizinhos europeus. Ainda hoje, a marca Motta, comprada pela Nestlé, é sinônimo de produto de qualidade. Saboreado no mundo inteiro, o pão natalino chegou ao Brasil em 1939, por iniciativa da confeitaria paulistana Di Cunto, do bairro da Mooca. Mas era elaborado com fermento de pão, a fermentação levava poucas horas, a massa endurecia – e comprometia a longevidade, fundamental no panetone. O autêntico pão natalino da Di Cunto, à base de fermento natural e longa levedação, dotado de uma massa que se separa em fios ao ser rasgada com as mãos, foi elaborado mais tarde, já na década de 1950. PESO-LIMITE o jeito que o faziam em Milão, só veio a se espalhar, primeiramente em São Paulo, e depois no Brasil a partir de 1952, quando o turinês Carlo Bauducco, dono da confeitaria homônima, no bairro paulistano do Brás, passou a produzi-lo em escala. Ao imigrar, trouxe na bagagem um pouco da massa madre, o fermento natural que se reproduz espontaneamente e faz o pão crescer; também lhe confere aroma realçado, textura e sabor diferenciados. Tratada como preciosidade, a massa madre usada hoje na Bauducco é a mesma de sete décadas. Sim, a cada ano reserva-se parte da massa para ser reaproveitada no ano seguinte. Eis um dos segredos do bom panetone. Empreendedor criativo, o dono da confeitaria do Brás alugou um teco-teco, encheu-o de panfletos que teciam maravilhas do “tradicional pão doce natalino dos italianos” e espalhou a papelada na cidade inteira. Formaram-se filas de interessados diante de sua casa comercial, atualmente transformada em indústria poderosa: é considerada a maior fabricante e exportadora de panetone do mundo, batendo todas as concorrentes italianas. Aliás, o Brasil é o segundo maior produtor desse confeito no planeta. Só perde para a Itália. Estudo da Kantar Worldpanel estima em 29 milhões o número de famílias brasileiras que consomem o produto todos os anos. Além da marca com seu nome, a Bauducco incorporou a Visconti e a Tommy. Em 2019, sairão das três fábricas do grupo – em Guarulhos (SP), Extrema (MG) e Maceió (AL)

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A massa da Bauducco para fazer os panetones deste ano de 2019 ainda é, de certo modo, a mesma que começou a ser usada há sete décadas

OUTROS TEMPOS Nas fotos maiores, o panetone da Motta de outros Natais. Nas demais imagens, os pioneiros da Bauducco e pedaços da massa madre, que é utilizada há mais de 70 anos

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– 75 milhões do cobiçado pão natalino, feito segundo a receita original milanesa, e preparações assemelhadas. O chocotone, responsável por 40% das vendas, foi criado em 1978 no Brasil, por Massimo Bauducco, neto do pioneiro Carlo. No quesito da qualidade, a marca agora enfrenta muitas concorrentes nacionais e estrangeiras, entre as quais a Visconti e a Tommy, de sua propriedade. Todas aparecem nos supermercados, confeitarias, padarias e delikatessens nesta época do ano – o grande mercado do panetone se abre em setembro e termina em janeiro. Chamam-se Di Cunto, Fasano, La Pastina, Ofner, Mr. Cheney, Kopenhagen, Nestlé, Havanna, Felice e Maria (de Massimo Ferrari), Cristallo, Dulca, Lindt, Puratus, Cacau Show, Amor aos Pedaços, Brasil Cacau, Starbrucks e ufa! Os brasileiros se apaixonaram pelo panetone. Tanto faz se pesa menos ou mais de 500 gramas, um ou mais quilos. Sem discutir preferências, nesse caso tamanho é documento. Em 1847, o dono do café Il Biffi, de Milão, enviou um panetone tão grande e pesado para a ceia natalícia do papa Pio 9 que precisou transportá-lo numa carroça especial. O exagero deveria ser evitado. Segundo Iginio Massari, o maior confeiteiro italiano da atualidade, conhecido personagem da televisão daquele país, existe um peso-limite para o pão natalino revelar suas qualidades. “O panetone ideal deve ter apenas 1 quilo”, afirma. “Passando disso, tende

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Quem inventou o panetone? Há muitas lendas. Ao que tudo leva a crer, não houve um autor. Mas sim vários. E anônimos

a não assar de maneira uniforme e a comprometer a textura”. O nome seria aumentativo do lombardo panetto (panett em dialeto, ou seja, o pão diário). Circulam outras versões, em princípio imaginosas. A mais romântica atribui a criação do pão natalino a um certo Toni, ajudante da cozinha de Ludovico Sforza, o Mouro (1452-1508), duque de Milão. Sem recursos para custear o casamento da filha, ele fez um pão doce e rico, servido na festa nupcial. Teria nascido assim o “pan de Toni”, depois batizado de panetone. No livro Il Panettone – Storia, Leggende e Segreti di un Protagonista del Natale (Guido Tommasi Editore, Milano, 2007), porém, o escritor gastronômico napolitano Stanislao Porzio afirma que essa e todas as demais histórias são lendas. Seriam até mesmo relativamente novas, inventadas na segunda metade do século 19. Para Stanislao Porzio, o pão natalino não teria um autor, mas vários, todos anônimos, que o aperfeiçoaram ao longo do tempo. Ele sustenta que o panetone deriva da cerimônia do tronco, antiga liturgia doméstica europeia, oficiada na véspera do Natal, cujo ápice ocorreu na Idade Média. O patriarca da família fazia uma cruz no alto de três grandes pães e os assava. Escolhia um grande tronco seco de árvore e o colocava na lareira sobre ramos de zimbro. Ateava fogo, jogava por cima um pouco de vinho, tomava um gole

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SUCESSOs De VENDAS Panetones da Di Cunto e da La Pastina: procuradíssimos

da bebida e passava o copo para que os familiares o imitassem. Finalmente, partia cada pangrande ou panatton e distribuía pedaços aos parentes. Impossível um gesto mais simbólico da fé cristã. Os pães divididos entre as pessoas evocavam a Santíssima Trindade. O tronco, que precisava queimar até a Epifania do Senhor, agora comemorada dois domingos após o Natal, representava a árvore pagã do bem e do mal. O vinho evocava o sangue de Jesus, a missão redentora do fundador do cristianismo. Sem esquecer que, no episódio bíblico da multiplicação dos pães, Jesus Cristo afirma aos judeus: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome” (João 6:35). O fundador do cristianismo tornou a fazer invocação semelhante na véspera da morte. Na última ceia, quando instituiu o sacramento da Eucaristia (comunhão), pegou o pão, partiu e deu aos discípulos, dizendo: “Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19). A força natalina do panetone é ancestral. TP

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o l fato Aroma de Natal Nosso colaborador rememora com o nariz as deliciosas recordações das festas de fim de ano

Por SILVIO LANCELLOTTI

Poeta intuitivo de forno & fogão, o meu saudoso pai, babbo Don Eduardo Lancellotti, costumava citar um ditame do maestro Ciccio Ingrao, nosso amigo de Palermo, na ilha da Sicília, para quem é o nariz o melhor dos amigos de um bom cozinheiro. E acrescentava o babbo que, para se tornar um cozinheiro de primeira, o aprendiz, como eu, precisa distinguir entre aroma e cheiro. Em um cheiro se abriga tudo aquilo que emana, do perfume ao budum. Um aroma, todavia, transcende, encanta, inebria, hipnotiza. E não incomoda, nunca.

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Daí a importância do nariz. Que, além de interpretar e de selecionar a qualidade do que recende de uma panela ou de uma assadeira, tem de compreender uma circunstância crucial. No trabalho da gastronomia – perigo! perigo! – há um momento em que um aroma se transforma em cheiro. Ocorre como consequência do calor, quando substâncias essenciais se volatilizam, ou se sublimam, vão-se embora dos seus ingredientes, das matérias-primas de origem. O aroma é prazer. E o cheiro é um desperdício. Ensinava o meu babbo: “Jamais se fascine com os tais odores que sobem de um fogão ou de um forno. Ao contrário, use o seu nariz como um sinal de alerta. Você não sabe se aquele bolo de fubá já ficou prontinho? Simples. Consulte o olfato, mobilize o seu nariz. Qualquer receita chega ao ponto no momento em que um aroma começa a se transformar em cheiro. Apareceu o cheiro? Pare!”. Claro que, embora seja um sentido inato, quase atávico, o olfato também se educa. A pele aprende a diferenciar o frio e o quente. O palato, o doce e o azedo. A audição, a música e o ruído. O olhar, a paisagem e a aridez. Minhas aulas de olfato se iniciaram com meu babbo nos passeios em que eu o acompanhava, nas vésperas de Natal, de modo a escolhermos os produtos que brilhariam nas refeições da família. De uma padaria centenária, no bairro paulistano da Bela Vista, ao Mercado Central.

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Na padaria, o babbo encomendava as broas e os filões que nos serviriam de base para as bruschette e os crostini de introdução à ceia. O aroma dos pães quentes, porém, nos magnetizava lá mesmo, e antecipávamos uma amostra do que viria depois. Pecado. Enquanto, a bordo de um fusquinha, rumávamos ao endereço seguinte, com os dedos dividíamos a amostra, devorada num rompante. Já profissional, e consultor de uma bagueteria muito mal localizada num shopping, bateu-me uma ideia maluca e transformei num exaustor o duto do ar-condicionado central que cruzava o forro. A cada fornada o aroma se espraiava através dos corredores do shopping, e a loja se enchia de gente. Descobriram a mutreta. Tarde, contudo, para impedir o sucesso da loja que logo virou franquia. Um mercado, como o Central da Pauliceia, representa o papel de uma universidade. Lá existe a faculdade dos cereais, das folhas verdes, dos legumes, dos pescados e frutos do mar, das carnes em geral, dos enlatados e das conservas etcetera e tal. Mas lá funciona sobretudo a superfaculdade dos temperos secos ou desidratados. E é nesse departamento que o meu nariz paulatinamente, por anos, por décadas, cada vez mais e melhor se ilustrou. Da suavidade da erva-doce, do funcho, do dill, do cravo e da canela, até a pungência do gengibre e da raiz-forte. A BEATITUDE DO CUsCUZ escados e carnes, que eles me perdoem, têm muito mais cheiro do que aroma. De todo modo, consegui passar a distinguir os crustáceos mais fresquinhos daqueles já um tanto avançados na idade. Não me perguntem como nem por quê. Intuitivo, eu me acostumei, e basta. Prefiro invadir, e depressa, o segmento das frutas. E, nas aquisições para o Natal, nos meus entornos sempre foram compulsórios o agri-adocicado das cerejas e o quase floral dos pêssegos. Na família, estocávamos mais do que o utilizável na comilança. A mamma Helena idolatrava a possibilidade de montar uma bela cesta de frutas sobre o centro da mesa, preciosidade que permanecia por ali até 6 de janeiro, para o almojanta de Reis. O nariz (e, cá entre nós, que ele não nos leia lá do Céu, o do babbo ostentava um tamanho peculiar) fez com que eu entendesse, também, a importância da combinação dos

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olores. Fundamental, no fim de ano inteiro da família, pois perpetrávamos diversas unidades, era o cuscuz de camarões. Recebíamos um batalhão de crustáceos, aos quais tratávamos com uma técnica de fato sensacional, que depois aprimorei ao me tornar um pro. Iam a uma frigideira, apenas untada com azeite, inteiros, com as cabeças e as cascas intactas. Em fogo alto, 90 segundos de cada lado. Daí para uma bacia repleta de água e gelo. Graças ao chapeamento prévio, os crustáceos como que alcançam o seu ponto justo de selamento, a proteção da sua superfície para o que virá depois, sem prejuízo de sua textura e

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“A pele aprende a diferenciar o frio e o quente. O palato, o doce e o azedo. A audição, a música e o ruído. O olfato também se educa”

tomates. Resultará um caldo, no qual, com parte igual de água e um fio gordo de azeite, se cozinha a farinha de milho, grumosa, do cuscuz. Restará montar nas respectivas fôrmas com camarões, ervilhas cruas, azeitonas sem caroços, salsinha e cebolinha verde batidinhas. Mais azeite em cada topo e um tempinho de forno, apenas para homogeneizar, ou aglutinar o cuscuz. Quanto tempo? O nariz indica. Assim que o cuscuz principia a exalar, atingiu a sua beatitude. VIDROS ÂMBAR utra combinação inesquecível de aromas provinha da pasta obrigatória na família, os spaghetti alle vongole que o babbo cometia à maneira enlevada de um ourives. Don Eduardo angustiava a cozinha com os humores que escapuliam dos dentes de alho que cortava, em lâminas finérrimas, à ponta de gilete de barbear. Logo, todavia, se redimia com um belo fundo de azeite num panelão, ramos e ramos de alecrim, sobre as lâminas de alho, um refogado que servia de leito para as vongole, ainda nas conchas. Chama sutil, mínima, o panelão tampado e as vongole em plena sauna, uma transpiração forçada, para as conchas se abrirem. Cinco minutos. Então, destampado o panelão, se verificam as vongole e se eliminam todas aquelas que não se escancararam. Resta embriagar o líquido que liberaram com um vinho branco ultrasseco e condimentar com o sal justo (insignificante, pois as vongole provêm do mar), um toque de pimentinha vermelha trituradinha – e aleluia! Falta informar que o babbo apreciava descascar vários dos pêssegos, cortá-los em pedaços e preencher com os nacos alguma jarra bonita de vidro, até de cristal. Sobre os pedaços, derramava algum vinho além de ótimo, tanto fazia se

O MAGIA O aroma dos pães quentes magnetiza

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de suas propriedades nutritivas. Então, graças ao choque térmico, assustadinha, a sua carne se contrai e se separa da carapaça. Facílimo de limpar, lógico. E não se descartam as cabeças e as cascas, já rubras e com um cheiro notório. O eventual desagradável de tal cheiro, porém, se camufla na operação seguinte, numa caçarola apropriada, em que as carapaças são flambadas em ótimo conhaque e depois recobertas por polpa peneirada de

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Recordações A cesta de frutas era mantida à mesa até 6 de janeiro

“Os cozinheiros de plantão fingem que são decoradores. Dizem que se come com os olhos. Talvez. Mas, antes, se cozinha com o nariz”

espumante, branco ou tinto. O vinho transmite o seu sabor aos pêssegos e os pêssegos reforçam o bouquet do vinho. Ah, também falta informar que Don Eduardo me ajudou a me tornar um conservador de olores cá em casa ou no ofício. Não requer prática nem habilidade. O ideal é comprar os condimentos frescos, e aos poucos, a cada dia, apenas na quantidade e no volume indispensáveis à sua utilização. Por exemplo: alecrim ou rosmarinho, coentro em folha, estragão, gengibre, menta, hortelã, louro

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em folha, manjericão, manjerona, orégano, raiz-forte, salsinha, sálvia, segurelha e tomilho. Saiba que o alecrim, o louro, o orégano, a segurelha, o tomilho, que se desidratam aos poucos, ainda podem ser guardados em vidros bem limpos, na cor âmbar, bem vedados. E outros, como o gengibre e a raiz-forte, podem ser transformados em pastas, misturados em azeite e vinagre – e guardados nas prateleiras mais baixas da geladeira. Resistem anos. O olfato, enfim, eu repito, eu insisto, o olfato se treina. De quando em quando, faça-lhes a gentileza de abrir os frascos, os vidros continentes de cor âmbar, para que a pressão interna mansamente se esvaia, se despeça, e para que os conteúdos respirem um pouco. Você perceberá que, pela ação inexorável do deus Cronos, a cada nova experiência o seu santo nariz, cada vez mais receptivo, assimilará minúcias ricas e nunca dantes navegadas. Na atual modernidade da gastronomia, os cucas de plantão fingem que são decoradores. Dizem que se come com os olhos. Talvez. Mas, antes, se cozinha com o nariz. TP

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Tato Quando os chifres despontam Adão – sim, Adão - foi o primeiro homem a ter a testa enfeitada

Por Walterson Sardenberg So

“Se os maridos das esposas infiéis desesperassem, enforcar-se-ia a décima parte da humanidade.” A estimativa é de Leontes, o rei da Sicília, na peça teatral Conto do Inverno, escrita por William Shakespeare em 1610. Àquela altura, o planeta tinha 556 milhões de moradores. Seriam, portanto, 55,6 milhões de indivíduos do sexo masculino dotados de um par de chifres. Nessa leva, sustentam alguns historiadores, estaria contabilizado o próprio bardo britânico, pobrezinho. Eles insinuam que Anne Hathaway, a discreta mulher de Shakespeare, oito anos mais velha, teria traído o marido com ao menos dois dos três irmãos do dramaturgo. Ambos mais jovens que o bardo.

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Ilustrações ariel bertholdo

O nosso Nelson Rodrigues, também grande autor de peças teatrais, não culparia Anne pela infidelidade. Jamais. “O adultério não depende da mulher, e sim do marido, da vocação do marido. O sujeito já nasce marido enganado”, escreveu o maior especialista brasileiro em corneologia. E explicou: “A cara do marido pode influir no adultério. A cara, ou a obesidade, ou as pernas curtas, ou a papada, ou a salivação muito intensa. Lembro-me de uma senhora que traía o marido. Quando lhe perguntaram por que, ela alçou a fronte e respondeu, crispada de ressentimento: – ‘Sua nas mãos’”. Dessa maneira, o adultério, antes de um pecado ou ato de má-fé, seria uma predisposição, uma sina, um fado, uma fatalidade. A vida como ela é. Tal visão pode ser de um determinismo atroz, ressalve-se. Mas ao menos explica parte do infindo contingente de cidadãos que, a despeito da nacionalidade e da classe social, notam, surpresos, certa manhã, ao fazer a barba no espelho, o despontar pontiagudo de duas protuberâncias ao esfregar as mãos no alto da testa. O corno pioneiro, embora ainda sem barbeador e espelho, é o primeiro homem da história, Adão. O próprio. Sim, eis aí a prova de que o destino da condição humana, tal como numa letra de Lupicínio Rodrigues (o segundo maior especialista brasileiro em corneologia), é de fato ser agraciada por um par de berrantes. Lilith, a quem Adão conheceu, até no sentido bíblico, antes de Eva, numa protobalada, poderia motivar os versos lupicianos: “Ela nasceu com o destino da Lua/ Pra todos que andam na rua/

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Não vai viver só para mim”. A distinta era da pá virada e o traiu com os chamados Anjos Caídos – que não deviam ser tão caídos assim. Apesar disso, Adão deu a sorte, mesmo nas décadas seguintes, de salvar-se da pérfida difamação. Acontece que, segundo o censo inaugural, a população de então – obra sua, por sinal - ainda era acanhada. Na Antiguidade, já não dava mais para escapar do falatório. O filósofo Sócrates caiu na boca do povo na Grécia. Nem tanto pelo fato notório de preferir a companhia dos efebos. Tal predileção era comum pelos lados do Peloponeso. O que pegou, no duro, foi sua predisposição, por volta dos 60 anos, em casar-se com Xantipa, quatro décadas mais jovem. A diferença de idade pesou. Sócrates roía-se de um ciúme de Otelo, cada vez que via Xantipa sendo cortejada por Alcebíades, o mais formoso rapaz das cercanias. Vai ver, foi por medo das fofocas que, embora emérito pensador, não deixou nada por escrito. Já o imperador romano Cláudio deixou uma graúda autobiografia – e até um tratado sobre jogo de dados. Mas não contou em latim os pormenores de seu casamento com Valéria Messalina, com quem se uniu já cinquentão. Ela tinha apenas 16. Messalina tornou-se adjetivo para devassa, libertina. De fato, ela não era fácil. Era facinha mesmo. Transformou um cômodo do palácio em, digamos, centro cultural para acolher o primeiro que aparecesse. O segundo e o terceiro idem. Faltou distribuir senha e instalar catraca. Cláudio, registre-se, não foi o único mandachuva romano contemplado com saliências no crânio. O império, aliás, acabou com um adultério, quando a egípcia Cleópatra deu a Marco Antônio o que era de César. A VOCAÇÃO DE BENTINHO as Cláudio e César não são páreo em matéria de chifres para o czar Pedro da Rússia, no século 18. Este sim foi um lídimo personagem de iê-iê-iê de Reginaldo Rossi - o terceiro maior especialista brasileiro em corneologia. A mulher do czar, a geniosa Catarina, ainda não era a Grande quando deixou a Polônia, aos 16 anos, para morar no palácio em São Petersburgo. Logo se desiludiu ao descobrir que o maridão não tinha lá muito fervor pelo esporte. Nem pelo poder. Foi deposto. Catarina assumiu o trono, deu um jeito nas finanças e ajustou a Rússia. Ajustou também o uniforme dos palacianos para conferir a olho nu os atributos de cada um. Mantinha uma equipe de moças que faziam o test-drive e selecionavam para a czarina os rapazes mais competentes. Comandou a Rússia por 33 anos, até sofrer um derrame. Seus desafetos espalharam que a real causa mortis foi um colóquio com um equino, quando Catarina, a Grande, teria antecipado em três séculos o ciclo

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hípico do cinema pornô paulista. No século seguinte, o 19, as mais famosas adúlteras não eram de carne e osso - mas de papel. Muito mais importantes que os maridos traídos, elas marcaram na literatura alguns dos principais romances daqueles idos. A começar por outra aristocrata russa, Anna Karenina, criação de Leon Tolstói - e ele próprio, o autor, um galhudo na vida real. Exatamente: a mulher do romancista, Sonia, viveu um affair com o compositor Sergei Taneyev. Não se pode esquecer, claro, de

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Corneado por Lilith, o pobre Adão só escapou do falatório porque a população da época era exígua. Obra sua, aliás

Ele chega ao extremo de manter em casa medalhões de célebres galhudos do Império Romano. E escreve: “Sim, Nero, Augusto, Massínissa, e tu, grande César, que me incitas a fazer meus comentários [...]” Mas por que, afinal, o homem traído é chamado de chifrudo? Primeiro é preciso lembrar que o fenômeno não é mundial. Está arraigado nas culturas de origem latina. Nos Estados Unidos, por exemplo, bull, ou seja touro, é adjetivo para definir exatamente o contrário: um irresistível pegador. Em especial com uma mistress – nome oficial para mulher não oficial de homem oficialmente comprometido.

Madame Bovary, mais uma adúltera, saída da pena vivaz de Gustav Flaubert, que, em virtude do livro, se viu processado por “ofensa à moral pública e à religião”. Flaubert foi por toda vida apaixonado por uma senhora casada, Elisa Schlesinger, que não era uma Bovary: jamais consumou seu relacionamento com o escritor. A lista das grandes adúlteras da literatura da época poderia se completar com a Capitu de Machado de Assis, do romance Dom Casmurro. Não fosse ela ainda, e sobretudo, um enigma perene: traiu ou não Bentinho com Escobar? No caso de se admitir a predisposição atávica para os chifres, como atribui Nelson Rodrigues às vítimas da infidelidade conjugal, pode-se considerar Bentinho uma vocação inata, genuína.

O MISTÉRIO DO RICARDÃO a realidade, seremos todos os últimos a saber o real motivo de a vítima do adultério ser chamado de chifrudo. O mais provável é que a expressão tenha despontado (epa!) por analogia. Os animais chifrudos (touro, bode, carneiro), quando no auge da virilidade, costumam ter um séquito de fêmeas fiéis, imunes à presença de Ricardões. No entanto, no momento em que o macho perde a fidelidade de uma delas, muda de comportamento. Passa a se mostrar irritadiço e ciumento. Torna-se brigão e posiciona os chifres em configuração de ataque. Cabreiro, identifica outros machos como Ricardões em potencial.

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Nelson Rodrigues foi implacável: “Hoje, o marido moderno é o primeiro a saber. Muitos sabem antes do pecado. E alguns sabem até antes do amante”

TELONA E TELINHA Adultério no cinema: Catherine Deneuve em A Bela da Tarde e Meryl Streep em As Pontes de Madison. A origem da expressão Ricardão: Paulo Gracindo e Brandão Filho em Balança Mas Não Cai

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A propósito, o termo Ricardão surgiu nos anos 1950. Foi criado pelo redator e médico Max Nunes para o programa radiofônico Balança Mas Não Cai, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro – e que, na década seguinte seria transplantado para a Rede Globo de Televisão. Um dos quadros de mais audiência era o do Primo Rico, vivido por Paulo Gracindo, e Primo Pobre, personagem de Brandão Filho. A mulher do Primo Rico, que não aparecia em cena, estava com frequência em intermináveis férias na companhia do tal Ricardão, que o Primo Pobre, pé-rapado mas esperto, logo percebeu ser um dos vértices, o mais oportunista, de um triângulo amoroso. O nome pegou. A televisão e o cinema, aliás, foram ao longo do século passado o porto seguro (ou nem tanto) dos chifrudos e adúlteras de toda ordem. Inclusive das mais improváveis, como a Catherine Deneuve de A Bela da Tarde, casada e recatada que se transforma em prostituta de luxo; ou a Meryl Streep de As Pontes de Madison, esposa fiel mas capaz de uma única e efêmera escapada de quatro dias. Agora, as redes sociais favorecem qualquer encontro. Até a de anciãos reunindo os coleguinhas do jardim da infância. Ficou mais fácil trair; e mais difícil manter o segredo. Nelson Rodrigues já previra: “Hoje, o marido moderno é o primeiro a saber. Muitos sabem antes do pecado. E alguns sabem até antes do amante”. TP

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entr e v ista

Novos TEMPOS Pat r i c e L u c a s ,

p r e s i d e n t e pa r a B r a s i l

e A m é r i c a L a t i n a d o G r o u p e P SA , p r e v ê c r e s c i m e n t o a pe s a r da t u r b u l ê n c i a da r e g i ão

Por Ron n y H e i n

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r e t r a t o s C l au s L e h m a n n

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P or t e r se de s tac a d o e m s ua t u r m a du r a n t e o s pr i m e i ro s e s t u d o s e m C h ât e au-G on t i e r, na F r a nç a, o e n tão m e n i no Pat r ic e Luc a s, hoj e c om 53 a no s, pr e f e r i u de dic a r b oa pa rt e de se u t e m p o ao f u t e b ol c om o s a m ig o s — e m e no s à s ta r e fa s e s c ol a r e s. Não pr e c i sava de m u i to e sforç o pa r a pa s sa r de a no. Se t i v e s se se gu i d o a di a n t e na c a r r e i r a qu e c onsagrou Z i n e di n e Z i da n e , ta lv e z pu de s se t e r pa rt ic i pa d o d o t i m e qu e de r rotou o Br a si l na C opa d o M u n d o de 1998. O f i l ho de propr i e tá r io s de u m pe qu e no m e rc a d o, c on t u d o, se m pr e s obrou na s at i v i da de s qu e de se m pe n hou.

Foi bom aluno nas universidades que frequentou, destacou-se trabalhando pela Valeo (uma das maiores indústrias de autopeças da França), onde ficou 15 anos, parte dos quais no México, como diretor de divisão. Em 2006 juntou-se ao Groupe PSA, fabricante das marcas Citroën e Peugeot, entre outras. Um colosso que atua em 160 países. Foi nesse período, como vice-presidente executivo de pro-

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gramas e estratégias da empresa, que teve papel relevante na aquisição da Opel e da Vauxhall na Europa. Casado, pai de duas meninas (a segunda nascida no México), Lucas assumiu a presidência do Groupe PSA para o Brasil e a América Latina em fevereiro de 2018. Veio com o desafio de aumentar de 2% para 5% a fatia da PSA no mercado automobilístico brasileiro. A empresa já está investindo

R$ 220 milhões em sua fábrica de Porto Real, no estado do Rio de Janeiro, onde pretende produzir as novas gerações de seus produtos com as mais recentes e avançadas tecnologias do grupo. Fanático por Supertramp, Queen e Nina Simone, Lucas adora ler biografias (as de Kennedy e Fidel Castro são seu destaque), é admirador de esportistas com grande força mental (entre eles, Rafael Nadal e Tiger Woods) e viaja quando tem tempo. Seu destino predileto é Roma e mostra um entusiasmo especial ao falar dos Museus do Vaticano e da Capela Sistina. Em função de sua longa vivência em San Luis Potosí, no México, aprendeu a falar um espanhol perfeito. Hoje, com menos de dois anos no Brasil, já executa, também, um português de qualidade. Vivendo, momentaneamente, longe de sua mulher e das filhas e sem tempo para praticar o golfe que aprecia, tenta manter a forma caminhando pelo Rio de Janeiro. E pelas outras cidades da América Latina para onde vai com frequência. Na véspera da entrevista que concedeu à THE PRESIDENT, o mundo ficou sabendo que o grupo francês e a FCA – Fiat Chrysler Automobiles – anunciaram a intenção de juntar-se, na base de 50% para cada lado. Da fusão nasceria a quarta maior empresa de automóveis do mundo, cuja sinergia permitiria a produção de 8,7 milhões de unidades por ano. Lucas não quis ir além da nota oficial divulgada pelos dois grupos, que anuncia a intenção e o início de um processo que pode ser longo e repleto de obstáculos. Mas não se negou a declarar-se feliz de estar no lugar certo na hora certa. Profissionais que sobram em suas turmas tendem a ganhar mais projeção e importância quando fatos dessa grandeza ocorrem.

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“P THE PRESIDENT _ Como foi a sua infância?

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Patrice Lucas – Nasci em ChâteauGontier, uma cidade do oeste da França, meio do caminho entre Paris e a Bretanha. Mas logo saí. Meus pais eram comerciantes, donos de mercados, e mudavam muitas vezes, com muita frequência. A cada dois ou três anos estávamos em um lugar diferente, mas sempre na parte oeste da França. Passei a adolescência em Caen, uma cidade um pouco maior. Depois fiz meus estudos em Paris. Quais são suas memórias mais antigas das escolas, dos primeiros amigos? Posso dizer que a escola para mim não era muito difícil. Por isso, eu não passava muito tempo fazendo as tarefas. Minha prioridade era sair da escola e jogar futebol com os amigos. Passado um tempo, minha mente teve mais ambição para estudar, mas na infância realmente é a facilidade da escola que guardo na memória. Quando se iniciou o seu interesse e a paixão pela indústria automobilística? Como para todos os meninos, os carros me eram algo intrigante, algo importante. Fazendo meus estudos tive a oportunidade, e isso foi uma sorte, de iniciar minha carreira na Valeo. Valeo, faróis? Faróis, para-brisas, e assim entrei na indústria automobilística. Isso foi em 1991. É uma indústria com muita exigência, com muitas oportunidades em todos os campos para um engenheiro. Quer seja na produção, quer seja na logística. A logística dessa indústria parece um milagre, parece uma máquina de guerra. Cada parte tem de

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chegar em um determinado momento na linha de fabricação para ser integrada. Assim encontrei meu caminho e a paixão pela indústria automobilística, em várias posições, com vários desafios. Tenho quase 30 anos na indústria automobilística, 15 anos na Valeo, e no Groupe PSA desde 2006. Seus estudos foram na Université de Technologie de Compiègne. Dava para jogar futebol? Ali não tinha tanto tempo para jogar futebol [risos]. Na realidade, logo descobri que não seria um bom jogador profissional. Resolvi me dedicar aos estudos. Nessa escola de engenharia, passei muito tempo estudando e trabalhando sério. Eu queria aproveitar todos os cursos. Ali descobri também o interesse pelos negócios. Tive a oportunidade de passar meu último ano nos Estados Unidos, em um programa de intercâmbio. Eu tinha 22 anos. Foram dois semestres de estudo. Pela primeira vez me dei conta de como o mundo é pequeno. Bastam 12 horas de voo e você entra em uma cultura totalmente diferente. Isso me deu o gosto de viajar, de apreciar culturas diferentes, de me abrir às coisas que estavam fora da minha zona de conforto. Foi uma experiência incrível. Quando você entrou no Groupe PSA, qual era a sua função? Entrei com o cargo de engenheiro de interior dos veículos para todas as marcas. Foi uma boa para mim. Era uma ótima introdução no Groupe PSA. Deu-me a oportunidade de conhecer a montadora de dentro. E também de usar minha experiência como fornecedor [da Valeo], porque, afinal,

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“N o s s o s p r o d u t o s têm potencial. O pl a no inici a l é c o n q u i s t a r 5% d o m e r c a d o b r a s i l e i r o”

todas as partes do interior do veículo vêm de fornecedores. Fiz isso durante quatro anos. Como foi sua passagem pelo México? Estive no México quando ainda trabalhava na Valeo, entre 1998 e 2003. O México tem um lugar importante no meu coração porque foi uma experiência incrível. Até mesmo no sentido pessoal. Quando cheguei ao México, minha primeira filha tinha só oito meses. Minha segunda filha nasceu lá. No México tomei gosto pela cultura da América Latina, esse calor humano das pessoas, o carinho. E foi também uma experiência profissional importante porque ocupei a minha primeira posição de diretor-geral. Fui o diretor da fábrica de San Luis Potosí. Inesquecível na minha carreira e na minha vida. Dizem que os mexicanos são os brasileiros com bigode. Você concorda? Do ponto de vista profissional, do ponto de vista do mercado, o México é parecido com o Brasil ou não? Não. É totalmente diferente em vários pontos. O México está mais ligado ao mercado dos Estados Unidos, então seria mais parecido com eles. Aqui no Brasil a carga tributária afeta em 50%

a competitividade da indústria. Não se pode esquecer dos custos logísticos. No México você encontra de tudo. Você pode fazer um carro 100% integrado localmente, há todas as tecnologias, todos os fornecedores, e aqui ainda é realmente bem diferente. Gostaria que fossem implementadas as reformas no Brasil porque este país tem um mercado bem maior que o mercado mexicano, e merece mais competitividade para aumentar a oferta de produtos. A indústria automobilística francesa demorou a entrar no Brasil. O que ocorreu? Boa pergunta. Bom, o Brasil começou a importar carros franceses nos anos 1990. Mas a produção só começou em 2000. O Groupe PSA tinha marcas muito focadas na Europa, e o tema do desenvolvimento global no mundo tardou um pouco mais. Realmente não era a prioridade. Mas tudo isso faz parte da história. Depois de engenheiro de interior de carros, quais foram suas funções no Groupe PSA? Entrei na PSA em 2006 e fiquei trabalhando em Paris com várias funções. Foram quatro anos na engenharia. Depois passei a diretor dos programas de veículos comerciais para o grupo todo. Isso também durante quatro anos. Mais tarde, com a chegada do Carlos Tavares [atual presidente do PSA], comecei a tomar a posição executiva da direção dos programas e estratégia para o grupo todo, todo o tema estratégico, durante também quatro anos. Estou aqui no Brasil desde fevereiro de 2018, mas passei muito

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tempo trabalhando na matriz em vários cargos. E como foi assumir o Brasil e a América Latina? O Carlos Tavares me propôs essa posição e aceitei. Realmente gosto da América Latina e, além disso, seria um desafio importante para o grupo e para mim. Levantar o desempenho das marcas na América Latina seria fabuloso. Isso me permitiria completar minha carreira e usar meus talentos. Do lado pessoal foi mais complicado. Minhas duas filhas ficaram em Paris porque estão estudando. A mais velha tem 21 anos e a segunda, só 18 anos. Minha esposa também ficou na França, pois tem seu próprio negócio. Foi um pouco mais complicado tomar essa decisão na família, mas no lado profissional sem dúvida é um desafio muito importante. Vocês estavam com problemas como baixa participação de mercado no Brasil quando veio para cá. Como estão agora os negócios aqui e na América Latina? Não podemos chamar de problemas. Chamamos de situação. Temos no Brasil duas marcas, a Peugeot e a Citroën, e estávamos fazendo 2% de participação de mercado. Então não chamamos isso de problema, chamamos isso de situação, e o desafio é fazer crescer a empresa. Nossos produtos têm muito mais potencial e, por isso, temos a ambição de 5% de participação do mercado. Há um plano para isso. Estamos na trajetória. Vamos produzir novos veículos e isso vai nos permitir desenvolver a participação das nossas marcas no Brasil. Na

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“N o f u t u r o s e c o m p r a r ão m i n u t o s d e m o b i l i da d e e m v e z de se adquirir u m v e í c u l o”

Argentina o desafio é devido à crise econômica. Estamos combatendo com agilidade, antecipando, tomando decisões para ver como adaptar os custos e estabelecer um padrão competitivo. No Chile estamos crescendo bem, e com a marca Opel estamos dobrando os volumes. Temos um plano para bater as metas de desenvolvimento em toda a América Latina. O Brasil é o maior mercado da região. Temos a oportunidade de desenvolver nossas marcas, nossa participação, e aí é um projeto de crescimento. Na Argentina, temos um bom desempenho e queremos nos adaptar à nova situação da economia. Temos uma fábrica no Brasil em Porto Real, no Rio de Janeiro, e outra na Argentina, em Buenos Aires. E como se divide a participação do grupo na América Latina como um todo? No Brasil temos 2% de participação no mercado. Isso representa um pouco mais de 50 mil veículos ao ano. Na Argentina são 10 a 11% do mercado. Representa mais ou menos 40 a 45 mil. No Chile, a participação é de cerca de 7%, e a marca Peugeot é a mais importante. Representa 5% do PDM. E depois temos todos os outros países onde os

mercados são menores. A Colômbia está crescendo de maneira forte, e ali também estamos crescendo de maneira forte. Esse é o panorama. Como o grupo está se preparando para ser, vamos dizer, ecologicamente correto, com fontes alternativas de energia? Esse é um tema que estamos trabalhando desde muito tempo. Estamos prontos para enfrentar todas as transformações que a indústria fará em cinco, dez anos. É um período de transição para elétricos, híbridos. Estamos lançando na Europa o novo Peugeot 208 elétrico, o novo 2008 elétrico. Vamos colocar no mercado o 3008 plug-in hybrid. Para 2025, toda a gama do Groupe PSA terá uma opção elétrica ou híbrida. Há outras novidades? Nossa ambição é ser o provedor preferido da mobilidade. Temos cinco marcas de veículos e uma marca de mobil id ade cha mad a Free2Move. Ela oferece, por exemplo, o serviço Connect Fleet. É uma solução de telemetria para administrar frotas. Na Europa, 8 mil companhias usam esse serviço. Temos também o Free2Move Car Sharing. É uma operação de car sharing em várias cidades: Madri, Paris, Washington D.C. A ideia é nos preparar para entender o negócio, os anseios dos clientes. Estamos bem preparados para a transformação na qual vamos passar da posse do veículo ao seu compartilhamento. Um futuro em que se comprarão minutos de mobilidade em vez de se adquirir um veículo por dois, três ou quatro anos. Temos também opções de Free2Move Rent. É a frota de aluguel para corpo-

rações. Estamos com todas as soluções de mobilidade. Bem, é hora de perguntar sobre essa possível fusão com o grupo Fiat Chrysler. Não posso dizer mais do que já foi comunicado aqui, não posso dizer mais, tudo está dito no comunicado. As negociações estão abertas, vamos dar um tempo para ver se as fechamos. Não posso dizer mais no momento, mas está tudo nas comunicações oficiais. Pessoalmente, você recebeu a notícia com preocupação ou com felicidade? Bom, com felicidade. É uma oportunidade grande tanto para o Groupe PSA, como para a FCA, sem dúvida. Como se comentou no comunicado, será uma oportunidade de fortalecer os grupos. Um momento espetacular. Você afirmou que o objetivo, ao chegar ao Brasil, era tornar a operação por aqui rentável no mais tardar até 2021. Esse objetivo ainda é viável? Sim, estamos nisso, estamos nessa trajetória. Obviamente o polo econômico pode mudar um pouco os parâmetros, mas estamos nessa trajetória. O Citröen C4 Cactus, por exemplo, nos permite essa trajetória. É um produto de muito êxito e isso possibilita que a marca Citroën seja, nesse ano, a que cresce mais entre as top 20 do Brasil. São quase 40% a mais. Vamos ter novos produtos para permitir sustentar essa ambição. Dá para fazer isso no Brasil. Temos o engajamento das equipes. O foco delas está nesse tema. É complicado, sim. Mas temos um plano e, apesar de todas as dificuldades, vamos conseguir cumprir essa meta. TP

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n egó ci os

lucro concreto E m o u t u b r o,

M i r e l l a R aq u e l Pa r p i n e l l e , da L o pe s C o n s u lt o r i a d e I m óv e i s , c o m e m o r ava 9 3% d e c r e s c i m e n t o n a c i d a d e d e S ã o Pau l o

Por Ron n y H e i n

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r e t r ato s t uc a r e i n é s

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p

P o u c a s h i s t ó r i a s d e s u p e r a ç ã o e q u i va l e m à d e M i r e l l a R a q u e l Pa r p i n e l l e . O u M i r e l l a L o p e s ( c o m o a l g u n s a c h a m a m ), a e x e c u t i va q u e c o m a n da a s o pe r aç õ e s da L o pe s C o n s u lt o r i a d e I m ó v e i s , a m a i o r i m o b i l i á r i a d o pa í s , e m S ã o Pa u l o . A n t e s m e s m o d e a e n t r e v i s t a c o m e ç a r , e l a p e d e a t e n ç ã o pa r a u m p e q u e n o a u d i o v i s ua l q u e m a n d o u fa z e r a s e u r e s p e i t o .

Nele vê-se a menina muito pobre que foi na infância, habitante da Cohab do Grajaú – bairro operário na periferia da cidade de São Paulo. Em seguida, fotos da então garota vendendo panelas, tecidos e, mais tarde, produtos da Avon. Mulheres cuja vida começa dessa maneira raramente têm futuro, muito menos um futuro próspero e brilhante. Pois Mirella foi muito além do que se esperava. Trabalhou no Bradesco já aos 15 anos e, em 1990, entrou como corretora associada na Lopes. Levou seis meses para concretizar sua primeira venda, passou por momentos muito difíceis, mas sua determinação não parou de crescer. Com 25 anos já era gerente de vendas campeã. Com 28, diretora de vendas. Era muito nova também para esse cargo. Em 2000 tornou-se responsável por novos negócios. A Lopes fez seu IPO – ou seja, decidiu abrir o capital – em 2006 e, pouco depois, Mirella já assinava como diretora executiva de vendas.

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A determinação é uma das bases do sucesso de Mirella. A outra é a fé. Teóloga formada, frequentadora da Igreja Batista, a executiva lê A Bíblia quase todos os dias. “Eu lido com pessoas. E, para entendê-las, é preciso compreender quem as criou”, cita, entremeando salmos e provérbios em suas respostas. Aos 50 anos, casada, mãe de dois filhos adolescentes, Mirella é assertiva, exigente – consigo e com suas equipes – e tem uma rotina de workaholic. Responde pela enorme praça de São Paulo e, enquanto as demais ainda sofrem para recuperar-se da crise econômica, promoveu um inacreditável aumento de 93 % nas vendas nos primeiros nove meses do ano de 2019. No ano passado, a Lopes chegou a um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 6,9 bilhões. Vale lembrar que a empresa é democrática em suas atividades. Vende os imóveis de mais elevado padrão, mas também intermedia imóveis econômicos do programa Minha Casa, Minha Vida, entre outros. A Lopes tem hoje 103 lojas, sendo 15 próprias e 88 franquias. Mirella dorme entre quatro e cinco horas por noite, trabalha todos os dias da semana (“sábados e domingos são as estrelas de uma imobiliária”), é elegante e adora roupas desde os idos da Cohab, quando não podia comprá-las. Lê livros religiosos ao acordar, vai ao culto todos os domingos, frequenta a academia quase todos os dias e dizem que é exemplar ao motivar e treinar seus corretores, além de exímia palestrante. Está no topo de sua carreira, mas não é isso que a leva adiante. “Quero ser uma inspiração para todos”, explica, como se sua história de vida já não fosse um interminável alumbramento.

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THE PRESIDENT _ Foi complicado começar como corretora de imóveis? Mirella Raquel Parpinelle – Quando eu entrei, no ano de 1990, havia poucas mulheres, muitos aposentados e não era uma profissão reconhecida. Existe um corporativismo masculino porque a maioria dos incorporadores e construtoras no passado trabalhavam só com homens nos canteiros de obras. Então, eu não via muitas oportunidades de crescimento. Vim como autônoma, sem salário. Fiquei seis meses sem vender, o que foi muito difícil. Eu não tinha dinheiro nem para almoçar. Um tempo complicado. Eu era mulher, muito jovem. Lutei

por esse ponto de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal que é necessário ter. E fui crescendo. É preciso mesmo trabalhar sete dias por semana? Chega uma hora em que você fala: “não, eu não preciso mais trabalhar tanto simplesmente para ganhar um pouco mais porque eu já fiz o meu patrimônio e tenho uma vida boa”. Mas a gente tem que pensar em passar esperança para essas pessoas que não têm condição em qualquer outra profissão ou que muitas vezes não têm oportunidade. Então, é isso. Eu tento ser uma inspiração e mostrar para quem está começando na profis-

“É p o s s í v e l s e r u m c a m p e ão d e v e n da s com ética, com va l o r e s , fa z e n d o o q u e é c e r t o”

são que é possível ser um campeão de vendas com ética, com valores, fazendo o que é certo. Você é de onde? De uma cidadezinha bem perto de

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“ E m S ão Pau l o, e s t a m o s e m t o da s a s regiões e segmentos. i s s o n o s dá u m diferenci a l gr a nde”

Paranavaí, no noroeste do Paraná, que se chama Loanda. Quem foi o pioneiro da empresa? Foi o senhor Francisco Lopes. Agora já estamos na terceira geração. O Marcos Lopes é o CEO da holding. Vamos falar um pouco sobre mercado? O que eu posso dizer é o seguinte: o mercado passou por momentos difíceis. No ano passado, a gente cresceu 13% em São Paulo. Isso é legal falar. Repito: no ano passado a gente cresceu 13%. Este ano, até agora, 93%. Estou falando sempre de São Paulo. As nossas ações estão subindo, o que é ótimo. Como é hoje a composição acionária? O que é da família ou o que é do mercado? A empresa possui como acionista relevante a família Lopes com 45% das ações da companhia. O resto é pulverizado no mercado. O market cap da empresa é de R$ 1 bilhão. A Lopes é focada no mercado de alto padrão? Não. Intermediamos imóveis de alto padrão, sim. Mas trabalhamos com todos os segmentos. Desde o econômico. Participamos do programa Minha Casa Minha Vida. Ele cresceu

muito nesses últimos anos e posso dizer até que, em determinados momentos, foi o que sustentou o mercado. Um das nossas empresas é a Lopes Econômico. Outra, a Habitcasa. Ambas atendem a essa fatia do mercado. E hoje, como está o mercado? Espera uma forte recuperação. A Lopes foi, na prática, a única empresa do setor que sobreviveu pós-crise, não é? Quando a gente olha as demais companhias do segmento, nota que tiveram muitos problemas. Sobrev ivemos em u m mercado tão complicado. Por isso, o investidor espera uma recuperação forte da Lopes. Um crescimento forte, que já está ocorrendo. É normal. A gente está no topo nos últimos 26 anos, segundo o ranking de VGV da Embraesp. Somos a empresa com maior número de lançamentos. Temos o maior Valor Geral de Vendas (VGV). No ano passado, somando todas as outras imobiliárias do top 10, não deu o nosso VGV. Vocês vendem imóveis. Também incorporam ou não? Participam de lançamentos? Não. Nós não incorporamos. O que a gente tem? A inteligência do negócio, a inteligência de mercado e um rico banco de dados. O cliente na ponta é quem me dá a informação. Então, quando o incorporador vem para analisar um terreno, ele quer saber a nossa opinião. Conhecemos a vocação para aquele terreno. Então, ajudamos o incorporador com informações. Esta mos por dentro do desenvolvimento do negócio até o marketing. Afinal, quem primeiro

compra o nosso projeto é o corretor de imóveis. Ele é o nosso primeiro cliente. Ele passará o projeto para o cliente final. Então, é esse trabalho que a gente faz. Adequamos o produto ao momento do mercado. Estamos em todas as regiões, em todos os segmentos – e isso nos dá um diferencial grande, é claro. No Brasil, quais são os novos mercados, os novos polos importantes para o setor imobiliário? Na verdade, não há muitos lugares bombando no Brasil, não. Tivemos um momento difícil no país, eis o fato. A cidade de São Paulo, o nosso maior PIB, se recuperou. Mas as demais ainda não. Dá para sentir, claro, que no resto do país já existe a confiança de que tudo vai voltar a ser como era. Assim como voltou aqui. Dá para notar um retorno do crescimento, mas com cuidado. Rio de Janeiro e o interior de São Paulo sempre estiveram entre os melhores para lançar. No entanto, foram alguns dos lugares que mais sofreram nos últimos anos. O Rio de Janeiro tem áreas ainda enormes para incorporar, mas aguarda o momento certo para voltar a lançar. Resumindo: a economia precisa voltar mais forte. Já temos uma boa taxa de juros, de primeiro mundo. Isso quer dizer que as pessoas voltarão a comprar imóveis. Até porque não adianta deixar dinheiro parado no banco, ou correr risco. Imóvel é segurança. Que tipo de imóvel tem sido mais procurado na cidade de São Paulo? Este ano lançamos mais os residenciais de médio e alto padrão.

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“O n ovo c l i e n t e n ão tem mais o sonho do c a r r o. E l e q u e r m o r a r p e r t o d e u m a e s t a ç ão d e m e t r ô”

Continuam surgindo condomínios com grandes áreas? Não. Os grandes condomínios vêm sendo substituídos por projetos com ótimo design e localização próxima ao metrô. As pessoas estão mudando a maneira de viver e hoje preferem apartamentos até menores. Antes, um cliente de médio e alto padrão comprava um apartamento de 300 metros quadrados. Hoje, busca plantas mais inteligentes e vive muito bem em 200 metros quadrados. Costumo dizer que essas pessoas deixaram de ter espaço inútil. O comportamento mudou. Entrou no mercado um novo cliente, que é essa população economicamente ativa jovem que vive de experiência. Qual é o perfil desse novo cliente? É gente que quer vivenciar experiências novas, seja de moradia, de viagem, de gastronomia. Esse cliente jovem já não tem o sonho do carro. Ele não precisa mais do carro. Por isso, quer morar perto do metrô. Veja o caso da avenida Rebouças, que está sendo revitalizada. O que aconteceu? O metrô. A cidade cresce em torno do metrô. Avança perto de onde há transporte de qualidade, entendeu? Esse novo cliente compra

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próximo dali apartamentos menores, que são esses compactos de luxo, agora muito na moda. Esse compacto é apartamento pequeno mesmo. As pessoas vivem num dormitório e está bom. Sim, mas tem que ter espaços comuns de primeira: uma superacademia, uma lavanderia espaçosa, uma sala de jantar gourmet. De modo que o morador só precise do apartamento para dormir. Quais são os bairros mais procurados hoje em São Paulo? A Vila Nova Conceição, porque é do lado do Parque Ibirapuera. Pinheiros porque conta com metrô, tem restaurante, tem tudo o que você precisa. O Itaim e a Vila Olímpia, que vêm crescendo muito porque tem o Parque do Povo de um lado e o shopping JK do outro. Há também a Chucri Zaidan, que é o eixo de transformação. Vai ser o novo Centro, depois da Paulista, da Faria Lima e da Berrini. Bom, você já mais ou menos estabeleceu o perfil do novo usuário. Mais jovem, com uma nova visão... Esse usuário quer comodidade. E mobilidade. Hoje ele está aqui, amanhã estará lá, no outro lado. Ele quer fechar a porta e ir para o outro rumo. Pretende alugar o imóvel o mais rápido possível, sabe? Ele quer ter experiências, não é? Uma maneira de revitalizar a cidade são os prédios com fachada ativa, não? Aqueles que, na parte de baixo, acolhem comércio. Sim, a fachada ativa rende benefícios para o bairro, com lojas, restaurantes. Dá comodidade ao morador e ele aproveita, é óbvio. E também permite mais áreas construtivas para o incorporador.

Isso vem surgindo em São Paulo depois do novo plano diretor. Agora você vê um não residencial pequeno junto com uma loja, ao lado de um residencial com apartamentos de 100 metros quadrados. Vamos falar um pouco da sua rotina pessoal? Eu durmo quatro ou cinco horas. No máximo seis horas, quando consigo. Tenho de fazer ginástica porque, depois de uma certa idade, você precisa fazer. Também acordo cedo para fazer minhas leituras. Então, a minha rotina é bem pesada. Ontem, por exemplo, eu saí daqui às 21h30 e fui para um lançamento. Cheguei em casa por volta das 23h. Então, não tenho muito horário. Isso cria problemas até para comer. Uso o almoço para as reuniões. Você tem algum hobby? Acho que o meu subterfúgio, eu diria assim, é viajar pelo menos sete dias em julho com as crianças. E tiro férias entre o Natal e o Ano Novo, também com as crianças. Aos domingos de manhã vou à igreja, que é onde me renovo. Por isso que eu fiz teologia. Olha, não é fácil. Trabalhar com pessoas é a coisa mais difícil que existe. Se você trabalha com computador, se ele der um problema você troca. Já com gente... E você se considera muito exigente com as pessoas? Eu sou muito exigente. Eu sou muito exigente comigo. Esse é um problema. Sou também muito perfeccionista. Então, eu me cobro demais. E eu cobro também as pessoas. Mas entendo o seguinte: a gente só cresce errando e tentando de novo. Mas sempre tentando fazer melhor que da vez anterior. Senão não evolui. TP

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T U R ISM O

That’s

entertainment F r a n c i s c o C o s ta N e t o ,

C EO d a Av i va ,

i n v e s t i r á R $ 1,4 b i l h ão e m R io Qu e n t e (G O) e C o s t a d o Sau í p e ( B A ) pa r a t o r n a r a i n d a m a is su r pr een den t e s e sT e s dois de st inos

P o r C e l s o A r n a l d o A r au j o

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r e t r a t o s C l au s L e h m a n n

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O

O n o m e Av i va t a lv e z n ã o c r i e u m a r e f e r ê n c i a i m e d i a t a n a m e n t e d a s p e s s o a s . Ma s q u e t a l o s n o m e s R i o Q u e n t e ( G o i á s ) e C o s t a d o Sa u í p e ( Ba h i a )? A g o r a , s i m , a v i ag e m é c e r t a . D o i s d o s m a i s q u e r i d o s d e s t i n o s d o pa í s , fa m o s o n o m u n d o i n t e i r o p o r s e u p o t e n c i a l t u r í s t i c o , t ê m o s e l o Av i va . N o l a n ç a m e n t o d a C o m pa n h i a e m o u t u b r o d e 2 0 1 8 , o C EO d a e m p r e s a , F r a n c i s c o C o s t a N e t o , s u r p r e e n d e u o e v e n t o v e s t i d o d e m ág i c o. H i s t r i o n i s m o c o r p o r at i vo? Na d a d i s s o . F r a n c i s c o , 5 1 a n o s , é l o w p r o f i l e .

Formado em administração de empresas pela Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, ele começou no mercado financeiro, no Banco Garantia. Naquela noite de anúncio da nova marca e novo propósito, usou a fantasia para tirar da cartola, como num passe de mágica, a verdadeira vocação da Aviva – mais do que turismo, o entretenimento.

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Mas o que vem a ser esse novo jeito de ser para uma empresa com, por enquanto, 12 hotéis, cinco pousadas, 2.700 apartamentos e 2,2 milhões de hóspedes por ano? Os investimentos nesse primeiro ano já dizem muito sobre a nova vocação que o grupo quer agregar aos dois destinos. Uma Vila Assombrada com personagens do folclore brasileiro já assusta e se-

duz crianças e adultos em Sauípe. Ali também Neto suspende no ar hóspedes inebriados pelo estupor da vista no ponto mais alto da roda-gigante ali implantada. Para Rio Quente, a nova investida da Aviva é a Hot City – um centro de entretenimento cuja principal atração será a tecnologia do mapping, a nova onda entre as mídias não convencionais.

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THE PRESIDENT - Há 40 anos o grupo do qual a Aviva faz parte adquiriu o destino Rio Quente. Por que agora vocês incorporaram o complexo da Costa do Sauípe? Francisco Costa Neto – Porque completamos um ciclo de mais ou menos dez anos de revitalização do destino Rio Quente e, com isso, tínhamos como objetivo estratégico crescer em novos destinos. E por que a Costa do Sauípe, que vai completar 18 anos? Estávamos querendo mesmo ir para a praia. Sauípe é o maior resort de praia do Brasil e o maior do país. Com 1.584 apartamentos, é um ativo que há muito tempo estava no mercado. O controlador era a Previ [fundo de previdência do Banco do Brasil] e avaliamos que esta aquisição seria uma oportunidade muito interessante de

agregar a esse destino o que temos de melhor em entretenimento, gestão, governança, para oferecer aos nossos clientes. Muitas aquisições do setor são feitas sem esse foco, sem pensar no futuro cliente. Na radiografia que vocês fizeram da Costa do Sauípe para comprá-la, e depois para incrementar seu poder de atração, quais foram os pontos que receberão o primeiro upgrade? É importante dizer, em primeiro lugar, que fomos muito bem assessorados por duas empresas: a Mapie, a boutique do setor, com grandes clientes, e uma boutique financeira chamada Cypress, que nos ajudou no fechamento do negócio. Em segundo lugar, sentimos logo que tínhamos que reinventar Sauípe. Foi, sim, um destino muito além do seu tempo. Estou

falando de infraestrutura e da própria criação do resort. Mas isso foi superado. Sauípe, enfim, tinha uma grande necessidade de investimento e, sobretudo, uma necessidade de entretenimento. Também precisava de um management mais adequado. Temos um grupo que performou muito bem no Rio Quente, então trouxemos para Sauípe esse know-how. A Previ tem um portfólio gigante, muito diversificado, e não conseguia dar a devida atenção a um setor que para eles é pequeno. Você pretende manter pousadas e hotéis com diferentes estrelas em Sauípe? Nós temos lá, na verdade, três categorias. A de entrada são as pousadas, seguida pelos resorts, e também temos a categoria premium. Aliás, a primeira grande reforma de Costa do Sauípe foi reaberta, em

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no cerr ado e

na praia Há muitas novidades tanto nas instalações do Rio Quente como nas da Costa do Sauípe, incluindo a Quermesse da Vila

outubro. O Sauípe Premium Brisa, com 198 apartamentos, proporciona a hospedagem mais exclusiva do complexo. Foram investidos cerca de R$ 19 milhões, com diversas revitalizações como piscina de borda infinita, restaurantes, lobby e quartos, entre outros ambientes. Ou seja, não foi uma simples reforma, criamos praticamente um novo hotel. Serão investidos mais de R$ 280 milhões em reformas em Sauípe. É isso mesmo? Até 2025. Isso envolve a reforma de todos os hotéis e um parque aquático, que está em desenvolvimento. O aporte faz parte de um projeto maior da Aviva, pois será investido R$ 1,4 bilhão nos nossos dois destinos: Rio Quente e Costa do Sauípe. Sauípe fica a 100 quilômetros de Salvador e a maioria dos hóspedes permanece uma semana. Isso exigiria mais atrações locais, concorda? Lógico! E essa é a grande proposta da Aviva, já que não acreditamos mais na hospitalidade tradicional. O que vai sustentar o turismo é o entretenimento. Seja resort ou Airbnb, os meios de viagem são componentes para garantir a hospitalidade. Mas, no fundo, a razão de ir a um determinado destino é o entretenimento e a busca por experiências.

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O que você destacaria como novas atrações de entertainment para Sauípe? Quando entramos em Sauípe, guiados pelo direcionamento estratégico, queríamos fazer algo diferente. Não apenas reformar o hotel. Um player tradicional da indústria hoteleira iria reformar o hotel como sua primeira atitude. Nós preferimos investir primeiro em entretenimento. Mas, antes de tudo, cuidamos dos nossos colaboradores de lá, que são aproximadamente 2 mil pessoas. Para isso, reformamos todos os refeitórios, os centros de convivência, vestiários, antes de qualquer outra coisa. Mas voltando ao entretenimento no destino: criamos a Quermesse da Vila, ao lado da Vila Nova da praia, com uma roda-gigante, uma Vila Assombrada e atrações que toda quermesse tem, como comida típicas e brincadeiras. Exatamente para deixar claro que a primeira proposta é dar mais entretenimento para o cliente. Criamos um momento mágico, por exemplo, que é estar no alto de uma roda-gigante podendo tomar espumante e ver o pôr do sol na Bahia. Não nos contentamos com o modelo tradicional de entretenimento, que basicamente se ocupa de oferecer atividades de piscina e alimentação. Só isso não sustenta a razão do público visitar qualquer turismo, seja aqui no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. Precisamos acima de tudo criar experiências. Elas são o que cada vez mais as famílias e pessoas buscam. Qual o balanço deste primeiro ano de administração da Costa do Sauípe pela Aviva? Sauípe perdia em média R$ 37 milhões por ano. Nesse período nós já conseguimos reverter o cenário e conquistamos R$ 10 milhões de lucro no primeiro ano.

Vocês lançaram em março deste ano a Turminha da Zooeira. Conte mais sobre ela. A Turminha da Zooeira foi criada por nós e nasceu no Rio Quente. Na época se chamava Turma do Cerrado. Entre outros personagens temos a baleia Leia, que estreou em Sauípe este ano para fazer a conexão entre os dois destinos. Ao todo são seis personagens: Lara, Blá, Juba, Zira, Marina e Leia. O grande destaque é que eles abraçam a causa ambiental e, junto com as crianças, protegem a nossa natureza. Sempre tendo como premissa este cunho educacional e ambiental de uma maneira divertida e com uma linguagem voltada para os pequenos. Todos personagens legitimamente brasileiros, não? Exatamente. A proposta da Aviva é ser uma empresa genuinamente brasileira que oferece entretenimento como seu core, mas usando toda a riqueza da cultura brasileira e da cultura local. A nova Vila Assombrada também tem personagens de lendas brasileiras – como o Chupa-cabra, Maria Pisadeira e Loira do Banheiro. Vocês estão visando famílias com crianças, porque um adulto talvez não se interesse muito por esse folclore infantil. A definição de família hoje é muito ampla. O modelo tradicional mudou muito. Atendemos, na verdade, crianças de todas as idades e adultos que conservam este espírito infantil da curiosidade, da alegria da descoberta e o desejo de ter sempre contato com o novo. Família para nós pode ser, por exemplo, um grupo de amigos em viagem que talvez seja muito mais família entre si que aquela com laços de sangue. Com criança ou sem criança, para nós a diversão é para todos, já que o nosso propósito é fazer famílias felizes.

“a s r a z õ e s d e i r a um determinado d e s t i n o S ão o entretenimento e a busc a por exper iênci a s”

O destino Rio Quente existe há mais de 50 anos. Ainda atrai muita gente? A marca Rio Quente é consolidada, com uma ocupação tradicionalmente muito mais alta do que o setor. Em média, quase 75% versus 55%. É um produto único, uma experiência singular, com demandas por gerações. Os dois destinos recebem estrangeiros? Sauípe, sim. São cerca de 10% de hóspedes internacionais, a maioria da Argentina e Chile. Já Rio Quente é 100% nacional. O Sudeste ainda é a principal origem como mercado emissor pois estamos muito bem localizados em ambos os destinos. A primeira barreira do turismo é o lift, o acesso. O Rio Quente está a uma hora e 10 minutos de voo de São Paulo. Trazemos mais de 400 voos fretados por ano. Somos a segunda maior fretadora de aeronaves do Brasil. E Salvador é a primeira parada no Nordeste para quem vem do Sudeste: são duas horas e meia de São Paulo. A nova atração da Aviva, a Hot City, está prevista para 2022. Fale sobre ela. Hot City é um projeto que trabalhamos junto a algumas consultorias para trazer algo, de fato, novo nos nossos destinos. Estamos construindo em Rio Quente um Festival Center, algo como um shopping

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“O s e r h u m a n o p r e c i s a se desligar do mundo re a l E se di v ertir com a fa m í l i a , s e já l á c o m o e l a f o r f o r m a da”

center de gastronomia e entretenimento outdoor. Além das opções de gastronomia, entretenimento e lojas, teremos o maior projeto de mapping do Brasil, que será a grande atração noturna. O que é mapping? É um tipo de projeção outdoor que transforma cada parede, prédio ou monumento numa tela de mídia, o limite por conta

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da imaginação. A Hot City vai ser toda branca, com projeção mapeada permanente para podermos contar as histórias do Brasil para os visitantes. É uma minicidade? Um entertainment center, com restaurantes temáticos, cervejarias, anfiteatro para shows, espetáculos diversos, peças teatrais. Tudo isso para os hóspedes e visitantes da região. Investiremos R$ 62 milhões na Hot City. Ela será uma novidade no Brasil e iremos cruzar mares que são novos para nós também. Você é um workaholic? Não sei se workaholic, inclusive acho que esse termo está ultrapassado. E não há mais home office. Hoje é anywhere office. CEO não tem opção. É sempre 24x7. Como será o novo ano? Teremos um crescimento econômico relevante, como não se vê há mais de qua-

tro anos. E uma taxa de juros que, historicamente, nunca esteve tão baixa. Mas é uma taxa de juros que não é para nós, ou é? Esses juros baixos promovem toda uma cadeia. E o efeito deles chegará ao consumidor logo, logo. A Aviva está disposta a apostar no Brasil e a investir. Já vamos começar duplicando o investimento que fizemos este ano. E o setor de turismo, especificamente? A cadeia de turismo é das que mais crescem no âmbito global. E, no mundo todo, os grandes viajantes são sempre os emergentes. Persiste a falsa noção de que turismo é um item dispensável, supérfluo. Nossa indústria provê a necessidade humana de sair da realidade, de se desligar do mundo real e simplesmente se divertir com a família, independentemente de como ela for formada. TP

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m erc a d o

jovem liderança Ao s 33 a n o s,

Gu il her me Gr egor i,

C EO d a i n c o r p o r a d o r a e c o n s t r u t o r a Pa e s & G r e g o r i , p r e v ê R $ 5 0 0 m i l h õ e s e m l a n ç a m e n t o s pa r a o a n o d e 2 0 2 0

Por Fr a nçoise Terzi a n

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r e t r a t o s C l au s L e h m a n n

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V

Va l e a p e n a p r e s ta r at e n ç ão e m u m n o m e da n ova g e r aç ão d e C EO s . E l e v e m d e u m a fa m í l i a d e a r q u i t e t o s e e n g e n h e i r o s a pa i xo n a d o s por a rqu i t e t u r a, u r ba n ismo e pe l a a rt e de c o n s t ru i r i m óv e i s d e a lt o pa d r ão. S e u n o m e? Gu i l h e r m e Gr eg or i. Ou c omo o própr io se de f i n e , “ u m e c o n o m i s ta e n t r e e n g e n h e i r o s e a r q u i t e t o s ”.

O jovem CEO, de apenas 33 anos, está à frente da Paes & Gregori, incorporadora e construtora com mais de duas décadas de história em empreendimentos voltados para o alto padrão. A empresa fundada por seus pais e pelo avô materno, com seus empreendimentos fincados na capital paulista, mira na qualidade dos projetos, desenhados para o novo consumidor, que, segundo Gregori, deseja conveniência, conforto e experiências únicas. De acordo com o CEO formado em enconomia pelo Insper, a Paes & Gregori mantém o foco nas áreas centrais e mais valorizadas da cidade, nas proximidades de transporte público e a poucos passos de comércio e serviços. “São áreas valoriza-

das que atraem, sobretudo, os públicos A e B”, conta Gregori, que divide seu tempo entre o cargo executivo e uma vaga no conselho de administração no grupo de empresas da família. Casado, pai de um casal de filhos, Guilherme Gregori nasceu em São Paulo, onde viveu até os 8 anos. Depois, mudou-se com os pais arquitetos para Jundiaí (SP), retornando mais tarde à capital, onde se fixou. “Meus pais sempre tiveram paixão por construir, projetar e estudar projetos de urbanismo”, diz. Não por acaso, os dois trabalharam na Emplasa, empresa de planejamento urbano de São Paulo. “Na década de 90, por oportunidade, meu avô chamou meus pais e se juntaram para incorporar”, conta. “Meus pais também fundaram na época uma empresa fabricação de móveis, especialmente para instalações comerciais.” Essa é a Manufacta, que fornece mobiliário para segmentos como o hospitalar, varejo de moda, alimentício, aeroportuário e corporativo. A companhia faz, por exemplo, mobília para o Burger King, McDonald’s, Outback, Starbucks e também para as duty-frees Dufry e DFA, nos aeroportos. O faturamento anual gira entre R$ 20 milhões a R$ 30 milhões. A Manufacta faz parte dos negócios da família assim como a Astra, empreendimento de 60 anos que está entre as 1,5 mil maiores empresas do país. Hoje ela fatura por volta de R$ 500 milhões por ano, tem seis unidades produtivas (nos estados de São Paulo e Pernambuco) e produz assentos sanitários, cubas, gabinetes, mecanismos de descarga para banheiro, tubos, conexões, válvulas e também banheiras e spas.

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THE PRESIDENT _ Em seus 23 anos de história, a Paes & Gregori atravessou muitos cenários políticos e econômicos no Brasil. Como continuar tocando? Guilherme Gregori – O que nos permitiu atravessar todos esses anos com resiliência foi a qualidade dos produtos que ofertamos. Sempre crescemos com bastante diligência, planejamento e res­pon­sabi­ lidade. Quando a crise começou a se evidenciar, lá entre 2013 e 2014, nos preparamos. Chegando ao fundo do poço em 2016, tínhamos pouco estoque. Imprimimos toda uma estratégia para passar pela crise, pelo período de turbulência, de uma forma razoavelmente incólume. E qual foi essa estratégia? Antes de tudo, procuramos evitar cancelamentos de vendas, os distratos. Eles são especialmente nocivos, pois, além de ter a venda cancelada, é preciso devolver ao cliente a maior parte paga. Muitas vezes, o dinheiro virou tijolo, cimento, concreto e portanto ocorre um estresse grande em fluxo de caixa. Várias empresas quebraram, tanto as de grande porte, de capital aberto, quanto médias e pequenas. O mercado como um todo foi prejudicado. Nós, da Paes & Gregori, tivemos um nível de 7,5% de distratos, quando para muitas esse nível beirou os 50%. A que você atribui esse menor índice de distratos da Paes & Gregori? Atribuo à qualidade da nossa carteira de clientes, de alto poder aquisitivo, menos atingidos por desemprego e que sofreram menos impacto nos seu nível de renda. Também foi importante a própria qualidade dos nossos produtos. Eram produtos em dos quais o cliente podia esperar valorização, apesar da crise. Eles se sobressaíam com o chamado flight-to-quality.

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Que outras atitudes foi necessário tomar como estratégia? Também imprimimos um controle rigoroso de custos. Procuramos sempre ser eficientes nesse sentido, mas nos empenhamos ainda mais. Contamos com uma estrutura bem flexível para atravessar tempos assim. Os projetos que julgamos melhor adiar, nós postergamos. Investimos visando eficiência, mas também para aproveitar oportunidades que surgiram com a crise. Então a crise, para vocês, não foi só o momento de pôr o pé no freio. Também houve momentos de acelerar, não? Realizamos, por exemplo, investimentos para promover cortes de custos na Astra. Investimos em um novo parque industrial, eliminando o aluguel pago a terceiros. Hoje, temos galpões modernos e flexíveis, com uso eficiente de energia e outros recursos. As construtoras especializadas estavam com grande capacidade ociosa. Dessa forma, conseguimos construir por um valor muito favorável. Fizemos algo semelhante na Manufacta. Para ela, adquirimos um galpão moderno por um valor bem abaixo do seu custo de reposição. Na Paes & Gregori, fizemos investimentos em novas excelentes áreas para incorporação, a preços muito convidativos, por causa da baixa demanda. Embora você tenha nascido em uma família de engenheiros e arquitetos, decidiu estudar economia. Como foi esse trajeto? Eu me formei em economia no Insper. Depois da faculdade, fui trabalhar em consultoria e no mercado financeiro. Comecei na Stern Stewart, uma consultoria especializada em estratégia e finanças. Mais tarde, trabalhei com project finance, estruturações financeiras e fusões e aqui-

“o r e aq u e c i m e n t o da e c o n o m i a e a s b a i x a s ta x a s d e j u r o s favo r e c e m i n v e s t i r e m i m óv e i s ”

sições. Sobretudo envolvendo ativos de infraestrutura como hidrelétricas, térmicas, eólicas, linhas de transmissão, transporte e logística. Até que, há seis anos, passei a atuar nas empresas da família. Iniciei participando no conselho de administração da Astra em 2013, ainda mantendo meu trabalho anterior. Em 2015, vim para a Paes & Gregori, me desligando da empresa em que trabalhava. Como foi o ano de 2019 para a empresa? Extremamente satisfatório. Estamos com uma excelente velocidade de vendas em relação ao estoque e ao projeto que lançamos. Colocamos muito foco na rentabilidade desse projeto. Muitas empresas não mantêm esse mesmo foco, muitas trabalham com metas de lançamentos e olham outros números. Para muitas, o olhar é no volume. Nós não. Temos muito foco em crescimento, mas com rentabilidade e sobretudo disciplina financeira. Neste ano, tivemos um lançamento somente, em paralelo a outros projetos já lançados e futuros. O ciclo do setor imobiliário é longo, com o envolvimento de uma década da incorporadora no processo todo, da aquisição da área ao pós-venda. Hoje, por exemplo, temos algumas unidades em estoque do Ybyrá, residencial lançado no

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final de 2017 na rua Girassol, na Vila Madalena, com entrega prevista para novembro de 2020. São 110 unidades de 60 e 70 metros quadrados. Um projeto que faz uso da multiplicidade de materiais nobres em harmonia. Casos do vidro, concreto aparente, aço corten e madeira. Qual foi o lançamento de 2019? Nosso lançamento do ano foi o Lina Jardins, na alameda Joaquim Eugênio de Lima, nos Jardins. São apartamentos de 145 metros quadrados, com três dormitórios. Estamos na fase de vendas das 24 unidades, contando as duas coberturas bem diferenciadas, de três pavimentos, uma com 348 metros quadrados e outra com 371 metros quadrados. É um imóvel de alto padrão, com as unidades da frente com pédireito duplo na sala (5,30 metros). Quanto custa? São cerca de R$ 20 mil o metro quadrado,

o que dá em torno de R$ 3 milhões a unidade. A entrega do Lina está prevista para março de 2022. Serão quantos lançamentos em 2020? Planejamos lançar cinco empreendimentos e chegar perto dos R$ 500 milhões de VGV (Volume Geral de Vendas). Cada projeto tem de R$ 70 milhões a R$ 130 milhões de VGV. Estamos aquecendo os motores, mas com responsabilidade. Dos lançamentos previstos para 2020, teremos dois no bairro da Vila Madalena. Um deles, o Ecos Vila Madalena, fica na rua Oscar Caravelas. Em 2,2 mil metros quadrados de terreno, trará duas torres residenciais com apartamentos de metragens variadas - de 120 a 200 metros quadrados – e uma parte com estúdios de 26 metros quadrados. Há um segundo projeto, o Harmonia da Vila, na rua Harmonia, com cerca de R$ 130 milhões de

VGV. Terá unidades de 194 metros quadrados, além de estúdios e salas comerciais. Há ainda um projeto na Chácara Klabin, também previsto para o primeiro semestre de 2020. Como é? Trata-se de um residencial de alto padrão, com apartamentos de 150 metros quadrados e três suítes. Tem frente para duas ruas distintas e equipamentos de lazer generosos. No segundo semestre de 2020, será a vez de um residencial com serviço no Parque da Água Branca. Esperamos também aprovar e lançar um residencial na rua Alexandre Dumas, até o final de 2020. Imóvel ainda é um investimento seguro e rentável no médio e no longo prazo? É um investimento que tem seu lugar em qualquer carteira diversificada e certamente rentável no longo prazo. Tem suas idiossincrasias e, como em toda categoria

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“O m e r c a d o e s t á e m c o n s t a n t e e vo l u ç ão. E exigir á maiS e m a i s i n ova ç ão e f l e x i b i l i da d e ”

de investimentos, uns performam melhor que outros. Em geral, é resistente em relação à inflação e performa bem quando a economia está crescendo, combina com épocas de retomada econômica. Hoje, imóvel é uma das opções mais promissoras no estado atual de reaquecimento e de baixas taxas de juro. A gente costuma brincar que o ativo imobiliário é concreto, tijolo e taxa de juros. Quando os juros caem, os imóveis se valorizam. Como é feito o controle das obras? Todas as novas obras são projetadas em BIM (Building Information Modelling), um sistema 3D no qual você constrói uma maquete virtual com todos os detalhes. Assim, conseguimos conciliar todas as vertentes de um projeto, como a parte estrutural, arquitetônica, de instalações hidráulica e elétrica, esquadrias, interiores e exteriores. Isso nos permite simular virtualmente a evolução da obra, antecipando possíveis contratempos. Também imprimimos rígidos controles de qualidade e evolução de obra durante a execução, com avaliações constantes in loco por parte de nosso time especializado e por meio de painéis e relatórios com diferentes métricas de avaliação. Aqui na Paes & Gregori, brincamos que temos

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mais cérebros que braços. Nossa equipe é composta por cerca de 30 profissionais. A maior parte, engenheiros e arquitetos. Mas também há uma relevante equipe comercial, de controladoria, business intelligence e atendimento ao cliente. Quais são os bairros da vez para os lançamentos residenciais? O plano diretor revisado em 2014 e, posteriormente, a lei de zoneamento aprovada em 2016 elegeram localizações de maior potencial construtivo. O mercado imobiliário acabou focando muito essas áreas, que contemplam o entorno de metrô e transporte público. Vemos muitos lançamentos em Pinheiros, Vila Madalena e o Butantã. O mesmo pode se dizer de Perdizes, com as estações de metrô planejadas para o bairro. As áreas próximas aos trechos da linha 5 do metrô também vivem um boom em seu entorno. Moema, Vila Mariana, Chácara Santo Antônio e Alto da Boa Vista passam por uma expansão baseada na chegada dessa linha. Como você vê o futuro do setor imobiliário e da Paes & Gregori? Acredito que o mercado estará em constante evolução. E exigirá mais e mais inovação e flexibilidade. Olhamos sempre novos tipos de negócios que atendem aos novos tempos. Embora tenhamos muitos projetos residenciais, não nos limitamos a isso. Analisamos quais produtos têm mais aderência com o mercado. Tudo está na mesa: residencial, comercial, residencial com serviço, hotel, coworking, pequenas unidades, grandes unidades. Temos um sistema muito bem estabelecido de análise de projetos e produto. Trabalhamos com muita análise de dados, pesquisa de mercado e sempre muito foco nas demandas dos clientes.

Como analisa o consumidor das novas gerações? O perfil vem mudando não só na moradia, mas em todo estilo de vida. As novas gerações valorizam experiências em relação à propriedade em si. É mais a conveniência, o conforto e o prazer proporcionados que propriamente o possuir. A gente adapta os imóveis a essa realidade. Por isso, também criamos áreas especiais como rooftops e espaços gourmet, lounges, espaço para pilates e yoga além da academia e coworking, bem como áreas de conveniência, como lavanderia coletiva, espaço para armazenagem de delivery, espaço pet e por aí vai. Procuramos focar a experiência do consumidor também dentro de sua unidade, o que significa buscar a melhor planta, a melhor utilização dos espaços, oferecer flexibilidade e diferenciais em termos de usabilidade e acabamento. Oferecemos, ainda, um programa de personalização completo, que permite ao cliente optar online pela a planta que melhor se encaixa nos seu estilo de vida. Adicionalmente, possibilita a opção de acabamentos, acessórios, mobília e outros itens exclusivos para sua unidade com muita conveniência a valores diferenciados. A melhor experiência inclui também a qualidade de atendimento ao cliente. Fazemos questão de ter uma área de atendimento superdimensionada e espe­­cializada, acessível por meio de canais de contato convenientes. Buscamos ter proximidade e transparência em relação aos nossos compradores. Nossas iniciativas incluem o envio de informativos periódicos, eventos e visitas às obras. Não queremos que os nossos clientes só se lembrem de nós na hora de pagar o boleto. TP

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a d eg a

Arte

cristalina M a ximil i a n R iedel

fa b r i c a a s m a i s

fa m o s a s t a รง a s d e v i n h o d o p l a n e t a

Por M a rc e l lo Borge s

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Elega nte, com terno sob medida e um discreto Rolex no br aço, ele surge com dois assessores. Aca ba de sa ir de um a churr asca ria, em São Paulo, e diz que consider a a ca rne br asileir a um a das melhores do mundo. M as recl a m a da pouca atenção que os restaur a ntes em ger a l dão ao serv iço do v inho. “Não é só no Br asil, não”, ressa lva. “Poucos restaur a ntes se dão conta da importâ nci a de serv ir um v inho na taça a dequa da à va rieda de da u va ou ao estilo da bebida.”

M

aximilian Riedel, 41 anos, presidente da empresa batizada com o seu sobrenome, esteve em São Paulo para apresentar o seu road show: a degustação de taças de cristal. O industrial alemão representa a 11º geração da família à frente da mais famosa fábrica de taças de vinho do planeta. Na seleta plateia havia sommeliers, donos de restaurantes e consumidores exigentes. A ideia era mostrar que, por melhor que seja o vinho, se for servido no recipiente errado, perderá muitas de suas qualidades. A Riedel tem um catálogo extenso, com dezenas de taças, algumas com um nível de especificidade inacreditável. Por exemplo: há uma para conhaque VSOP (mínimo de quatro anos de envelhecimento) e outra para conhaque XO (mínimo de seis anos). O sucesso da empresa não veio de uma hora para outra. A família começou a trabalhar com vidros e cristais ainda no final do século 17, na Boêmia – hoje República Checa –, então considerado, no gênero, o melhor país produtor. O modelo a seguir naquele e nos séculos seguintes eram peças coloridas e repletas

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de entalhes. O conceito de taça mais clean foi uma sacada do avô de Maximilian, o professor Claus Riedel, já então fixado na Áustria, em meados do século passado. “Ele era adepto da escola Bauhaus de design”, conta o neto. “Seguia fielmente os dois lemas da instituição: menos é mais e a forma acompanha a função.” Nos anos 1950, Riedel avô representou a Áustria em feiras mundiais, uma em Bruxelas, na Bélgica, e outra em Montreal, no Canadá, e trouxe a medalha de ouro em ambas. Eram taças transparentes, sem cor e menos decoradas. Uma novidade e tanto. Ainda assim, revelaram-se um fracasso de vendas. Para sorte dos Riedel, em 1960 o Museu de Arte Moderna de Nova York (o MoMA) adotou uma de suas peças, classificando-a como “a mais bela taça de vinho já criada”. Maximilian comenta que o New York Times chamou essa peça de “aquário”, porque na época bebia-se vinho em cálices pequenos. A taça de Riedel podia receber uma garrafa inteira de vinho. “Foi algo surreal, inédito”, entusiasma-se. Apesar do apoio da vanguarda do design e das artes ao novo estilo de taça proposto pela Riedel, a marca só decolou de verdade em 1973. Foi quando Georg – filho de Claus e pai de Maximilian – desenvolveu a coleção Sommelier com oito taças diferentes, voltadas para uvas ou cortes específicos. A iniciativa rece-

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beu o apoio da Associação Italiana de Sommeliers. O vinicultor piemontês Angelo Gaja levou Georg a conhecer os terroirs mais importantes. Isso foi decisivo para que a Riedel ampliasse os formatos de taças segundo as uvas ou os tipos de cortes de cada região. “Só na década de 1980 é que começamos, de fato, a beber vinho tal como fazemos hoje, com as taças adequadas.” MULHER BRASILEIRA uanto tempo é necessário para desenvolver um formato de taça? Maximilian responde de pronto: “A taça para Krug Rosé levou só três meses. Mas acabamos de introduzir uma nova para Riesling que levou sete anos para ser desenvolvida”. Uma das bolações de Maximilian, que também é designer, foi revolucionar as taças para espumante. Até então, recorria-se às esguias e acanhadas flûtes. Maximilian optou por taças maiores, que possibilitam não só girar para expandir os aromas, mas, sobretudo, melhor percepção olfativa. “Quando meu avô tinha de tomar champanhe – não era muito fã – sempre usava taça para Borgonha.” O primeiro emprego de Maximilian foi na Maison Taittinger. Trabalhava como guia. Para os turistas, o champanhe era servido na flûte. Mas nos bastidores os produtores bebiam na taça de vinho branco. Isso ajudou a inspirar este fã de relógios e de vinhos – estes, por motivos óbvios. Se não estivesse na indústria de cristal fino, gostaria de se dedicar a uma dessas áreas. Mas não tem muito tempo livre. Viaja mais de 200 dias por ano. Nos intervalos, procura passar tempo com seus dois filhos, de 2 e 4 anos, em Kufstein, na Áustria, onde está fincada a fábrica. As crianças são fruto de seu casamen-

Q

A Riedel tem mais de 3 0 0 a n o s . Ma s s ó d e c o l o u d e v e z c o m o fa b r i c a n t e d e t a ç a s e m 19 7 3

to com Rosana, paulista de origem mineira. “Estou aprendendo muito com eles. Quero encaminhá-los a nossa empresa.” Maximilian conheceu Rosana graças a um amigo em comum, Daniel Bacardi, com quem passava férias de verão num acampamento no Canadá. “O Facebook acabara de surgir”, relembra. “Mandei uma mensagem para ela, dizendo que tínhamos um amigo em comum e que queria conhecê-la.” Não obteve resposta, mas foi persistente. “Ela era modelo em Londres e fui até lá. Apaixonamo-nos e Rosana se mudou comigo para Nova York.” Na época, o pai de Maximilian convidou-o a assumir a empresa. “Estamos juntos desde então”, conta. “Aprendi muito com ela. Sou alemão, penso de forma racional demais, e ela é brasileira...” Maximilian recebeu as rédeas da Riedel em 2013, aos 35 anos. Dois anos antes havia desenvolvido uma série de taças para restaurantes, mais robusta e econômica, capaz de aguentar o tranco do dia a dia. Ainda antes disso, em 2004, criara uma linha de taças sem haste. Em 2008 desenhou um decanter – um aerador – chamado Eve, que faz uma aeração dupla. Ele acredita na necessidade de aerar até vinhos brancos. “Não há um só vinho, inclusive champanhe, que não se beneficie de uma passagem pelo decanter.” E que vinho o homem das taças prefere bebericar? “Gosto de Pinot Noir, mas os preços estão muito altos”, diz. “Por isso, dedico-me ao Cabernet, quando possível Bordeaux.” Para Maximilian o marketing dos vinhos da Borgonha precisa ser aprimorado. “Há produtores menores que fazem ótimos produtos, mais acessíveis, mas pouca gente os conhece.” TP

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av i aç ão P o r f e r n a n d o pa i va

Pássaro prateado Patrocinado pela IWC Schaffhausen, um Spitfire de 1943 dá a volta ao mundo, percorrendo 43 mil quilômetros e cruzando 30 países em quatro meses

O

Supermarine Spitfire foi um dos aviões de combate mais importantes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O caça britânico celebrizou-se durante a Batalha da Inglaterra, em 1940, quando os alemães bombardearam Londres sem dó nem piedade. Mesmo assim, não conseguiram vencer. Os Spitfire da RAF (Royal Air Force), embora em número bem menor, conseguiram deter o avanço da Luftwaffe, a força aérea nazista. O avião tornou-se um símbolo de força e esperança. Um símbolo tão forte que a IWC Schaffhausen, manufatura suíça que inventou o Pilot Watch, resolveu patrocinar uma volta ao mundo tendo o avião como protagonista. Alternando-se no manche de um Spitfire Mk IX de 1943, Steve Boultbee Brooks e Matt Jones decolaram em 5 de agosto último do aeródromo de Goodwood, em Chichester, Inglaterra – para onde devem retornar no começo deste dezembro. Até 24 de novembro, a dupla esperava na Grécia a hora de voar para a Itália, dali para a França, Suíça, Alemanha... e finalmente para casa.

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No total, serão 43 mil quilômetros percorridos por 30 países com cerca de 100 paradas: Reino Unido, Groenlândia, Canadá, Estados Unidos, Rússia, Japão, Índia, Paquistão, Barein, Egito, Grécia... Brooks e Jones são sócios da Boultbee Flying Academy, que além de formar pilotos leva clientes para experimentar a célebre aeronave inglesa. “Planejamos voar por cerca de 150 horas”, explicou Jones no estande da IWC durante o Salão Internacional de Alta Relojoaria, SIHH, em Genebra, Suíça. “Como o motor foi restaurado e tem uma vida útil de 500 horas, poderíamos fazer três vezes a viagem sem substituí-lo.” O ronco do motor, aliás, tornou-se tão lendário quanto o avião. Trata-se de um gigantesco Rolls-Royce Merlin V12, duplo turbo, de 1.565 cavalos de potência. “Quando você dá a partida, o Spitfire parece adquirir vida própria”, contou Brooks. “As pessoas que não estão acostumadas ouvem pela primeira vez e fazem uma cara indescritível.” Numa obra clássica sobre a aviação de caça, O Grande Circo, o franco-

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O C AÇ A B R I TÂ N I C O T E V E A P I N T U R A DA F U S E L AG E M L I X A DA AT É O M E TA L E V I R O U T H E S I LV E R S P I T F I R E

aventura aérea No alto, Steve Brooks e Matt Jones. E o avião voando e pouco antes de decolar

-brasileiro (nasceu em Curitiba, de pais franceses) Pierre Clostermann (19212006) descreveu em tons grandiosos a primeira vez que voou num Spitfire, mencionando explicitamente o barulho inigualável dos 12 cilindros e a saída do fogo pelos canos de escapamento na hora da partida. A maioria dos 100 trechos percorridos aconteceu a baixa altitude, por meio de navegação visual. O que só permitiu o deslocamento em dias claros. Isso exigiu um grau de excelência na logística e nos estudos meteorológicos raras vezes visto. Querosene de aviação não é fácil de se encontrar nos confins da Sibéria, por exemplo. “Em lugares como o Extremo Oriente ou o leste da Rússia, são centenas de milhas sem uma única pista de pouso, contato com rádio e um combustível que não é muito comum por lá”, disse Brooks. O Silver Spitfire, como foi batizado para a expedição, contou em todo o trajeto com o apoio de um Pilatus PC-12 suíço, um dos turboélices mais confiáveis do mundo. Além de um rádio extra e de um iPad, todos os instrumentos de navegação são originais. Silver Spitfire porque a aeronave teve a fuselagem lixada até o metal. “Trata-se de um avião todo original, vindo direto de um museu, adquirido em um leilão cerca de dez anos atrás”, contou Brooks. “Queremos que as pessoas o toquem. Se o pintássemos, elas estariam tocando em 2019 e

não em 1943.” Cada um dos 80 mil rebites da fuselagem foram trocados, para evitar qualquer problema. Jones explica que buscou o apoio da suíça IWC Schaffhausen pelo fato de a manufatura possuir uma linha de relógios para pilotos inspirada no Spitfire. “Conversamos com o Chris [Christoph Grainger-Herr, CEO da marca] e ele imediatamente disse que gostaria de estar envolvido no projeto”, conta. “A Boultbee Flying Academy é uma empresa de dez pessoas, focada em voar: precisávamos de um patrocinador com integridade e disposto a contar a história.” Segundo ele, a circum-navegação da Terra não é apenas sobre o voo, é algo que traz valores inspiracionais. Passa pela conexão com pessoas em todos os quadrantes do mundo e por contar uma história. “Vamos reunir lugares que não veem um Spitfire há pelo menos 75 anos”, afirmou. “E apresentá-lo a países que jamais viram um antes.” silverspitfire.com

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CU LT

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Hollywood No c om e รง o d o s a no s 70 su rgi a m os f i l m e s a m e r ic a nos f e i tos p o r n e g r o s , c o m n e g r o s e pa r a n e g r o s

P or Robe rto M ug gi at i

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blackstar Richard Roundtree, o astro de Shaft

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C í n i c a e p r ag m á t i c a , a d é c a da d e 19 7 0 t r a n s f o r m o u e m m e r c a d o r i a as idei as e os sonhos dos r e vo l u c i o n á r i o s s i x t i e s . A c r i a t i va m o da da s r ua s f o i a p r i s i o n a da n a s v i t r i n a s pa r a o s “ h i pp i e s d e b u t i q u e ”. O s o m e a f ú r i a d o r o c k v i r o u b a t e-e s t ac a n a s d i s c o t e c a s e n t o r p e c e n t e s . H o l ly wo o d e m c r i s e c e d e u ao c i n e m a j ov e m : c o p i ava s e u b a i xo o r ç a m e n t o s e m o s e u t a l e n t o. A l i b e r da d e s e x ua l r e s va l o u pa r a a l i b e r t i n ag e m e a p e d o f i l i a: ao s 1 2 a n o s , B r o o k e S h i e l d s t i n h a s ua v i r g i n da d e l e i l oa da n u m b o r d e l n o f i l m e P r e t t y B a b y; Dav i d H a m i lt o n d e s f i l ava a n u d e z d e s ua s n i n f e t a s e m fotos e f i l m e s; e Rom a n Pol a nsk i s e m e t e u n u m c a s o d e a b u s o s e x ua l d e m e n o r e m L o s An g e l e s q u e o pe r se gu e at é hoj e . F oi n e s se c e ná r io qu e e x pl odi u a bl a x pl oi tat ion ( t r o c a d i l h o d e “ e x p l o r aç ão n e g r a”) : f i l m e s f e i tos por n egros sobr e n e g r o s e pa r a n e g r o s .

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oram centenas de produções na primeira metade da década com um sucesso assombroso: em 1972, Super Fly superou O Poderoso Chefão nas bilheterias dos Estados Unidos. Nos estertores do fenômeno, em 1975, o produtor Dino de Laurentiis arriscava suas fichas em Mandingo, um estranho Blaxplotation branco. Já em 1970 chegava às telas Cotton Comes to Harlem/Rififi no Harlem, baseado no romance policial do afroamericano Chester Himes. A sofisticação do filme contrastava com a grossura de Sweet Sweetback’s Baadasssss Song (1971), considerado o filme mais representativo da Blaxplotation. Dirigido e interpretado por Melvin Van Peebles, mostra um marginal que faz sexo ao vivo num bordel. Ele vira herói ao matar dois poli-

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S u p e r F ly, d e 19 7 2 , s u p e r o u n a da m e n o s q u e O p o d e r oso c h e fã o nas bilheterias d o s e s ta d o s u n i d o s

cinema negro Acima, Ron O'Neal e Carl Lee em Super Fly. Ao lado, Fred Williamson no filme

um detetive particular na linhagem de Sam Spade e Philip Marlowe – do outro lado da barreira da cor. O diretor do filme, Gordon Parks, caçula de 15 filhos de um jornaleiro, tornou-se o primeiro afroamericano a entrar para o seleto quadro de fotógrafos da Life, considerada a maior revista ilustrada do mundo. Músico, escritor, poeta, cineasta e ativista político, expôs com sua câmera as condições dos pobres do Sul dos EUA e das favelas brasileiras e fez um comovente retrato do líder político Malcolm X. Mostrou também que podia fotografar moda como qualquer branco refinado.

O Chefão de Nova York. Na outra página, Sweetback's Baadasssss Song

ciais que torturavam um jovem negro e passa a sofrer perseguição implacável. Por extravasar o ódio e a mágoa da comunidade afro contra a sociedade racista, o filme foi exaltado pelos Panteras Negras. Palavrões, cenas de sexo e violência o fizeram alvo da censura – o título, intraduzível, foi uma forma de escapar dela. Isso não impediu que se tornasse um sucesso de bilheteria, apesar da rejeição inicial dos próprios distribuidores. Ex-condutor de bondes em San Francisco, Van Peebles não entendia nada de cinema quando juntou suas poucas economias a um empréstimo de US$ 50 mil do comediante Bill Cosby para rodar Baadasssss e faturar US$ 10 milhões. Seu filho Mario contaria essa história em 2003 no filme How to Get the Man’s Foot Outta Your Ass. O personagem mais representativo da Blaxplotation é o detetive John Shaft, uma espécie de resposta negra ao fenômeno James Bond. Shaft é

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TARANTINO É FÃ ordon Parks lançou seu herói noir em Shaft – O Filme (1971). O sucesso gerou as sequências O Grande Golpe de Shaft e Shaft na África. Encontrou em Richard Roundtree, manequim profissional, um dos mais sofisticados protagonistas da Blaxplotation, com seu trench coat de couro, camisa de gola rulê e sapatos italianos. Aliás, a roupa nesses filmes é fundamental na definição do caráter: os mocinhos são sempre elegantes, só bebem conhaque francês, enquanto os vilões se impõem pela ostentação dos ternos largos com estamparias berrantes, os sapatos-plataforma e os chapéus extravagantes – uma espécie de releitura dos zoot-suiters dos anos 1940. Muitos atores do novo gênero vieram do esporte, em particular do futebol americano, como Fred Williamson, que protagoniza O Chefão

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nunca no cinema a trilha s o n o r a f o i t ão i m p o r t a n t e , de herbie h a ncock a curtis m ay f i e l D e i s a a c h ay e s

de Nova York/Black Caesar (1973); Bernie Casey (Hit Man); Jim Brown (antes de fazer carreira na Blaxploitation brilhou no sucesso da MGM Os Doze Condenados), e Jim Kelly (fez com Williamson e Brown Three the Hard Way). Ken Norton, o peso-pesado que não só derrotou Muhammad Ali em 1973, como quebrou o maxilar do campeão, faz o papel de um lutador em Mandingo (1975), incursão equivocada, mas lucrativa, de Dino de Laurentiis na área, que teve até uma sequência, Drum. As mulheres também brilharam no gênero. Em Cleópatra Jones (1973) – e sua sequência, Cleópatra Jones e o Cassino de Ouro –, a manequim Tamara Dobson (quase 2 metros de altura) é uma agente de combate às drogas em conflito mortal com a vilã lésbica “Mamãe” (interpretada pela loura Shelley Winters). Mas a musa maior da Blaxploitation é Pam Grier, que surgiu arrasadora em dois filmes de vingança. Em Coffy (1973), ela pune toda a rede de vilões – traficantes, cáftens, policiais corruptos – envolvida na morte de sua irmãzinha por uso de drogas. Já em Foxy Brown (1974), infiltra-se no submundo do crime para exterminar os assassinos do seu homem, um agente policial, com atos de violência que incluem castração e atropelamento por um avião. Coffy foi um dos seis filmes de Blaxploitation que chegaram ao número um nas bilheterias americanas. Quentin Tarantino o considera “um dos filmes mais divertidos de todos os tempos”. Em 1997, Tarantino lançou Jackie Brown, uma comédia de erros em que todo mundo está a fim de passar a perna em todo mundo e ficar com o dinheiro. A ação gira toda em torno de Pam Grier e a mostra no auge do talento e sensualidade, aos 48 anos. Pam, que estreou em 1970 numa ponta no musical Além do Vale das Bonecas, já fez mais de 50 filmes e não pretende parar tão cedo. Em 1979

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ela falou à revista Essence sobre a onda da Blaxploitation: “Por que as pessoas acham que eu desvalorizaria a mulher negra? Fui julgada e condenada sem poder testemunhar em minha defesa. Claro, muitos daqueles filmes eram lixo. Mas eram o que estava à mão. Ofereceram trabalho para mim e empregos para centenas de negros. Todos nós precisávamos trabalhar. Todos nós precisávamos comer”. Em nenhum outro gênero do cinema a música é tão importante como na Blaxploitation, superando muitas vezes o próprio filme. Uma intriga de espionagem inconsequente, The Spook That Sat by the Door, é brindada pelo exuberante jazz de Herbie Hancock. Quincy Jones abrilhanta o mediano Com os Minutos Contados, um pré-blax de 1969 com Sidney Poitier. Curtis Mayfield brilha na música de Super Fly. Mas foi a trilha sonora de Isaac Hayes que fez de Shaft o carro-chefe do “movimento”. Uma das grandes figuras do soul, Hayes candidatou-se ao papel principal, mas foi escalado para fazer a música do filme. Particularmente notável é o tema de abertura, com a parte instrumental pelos Bar Keyes and Movement – o baixo pulsante, os uivos lancinantes da guitarra em wah-wah, a marcação do hi-hat e pandeiro, o piano e a voz de Hayes e o entrechoque vibrante de cordas, metais e flautas sintetizados. Ao ganhar o Oscar de melhor canção original com o Tema

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SOUL NAS CAIXAS Cotton Comes to Harlem foi um dos pioneiros do gênero. Shaft e Coffy, dois dos maiores sucessos. Em parte, graças às trilhas sonoras de Isaac Hayes e Roy Ayers

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de Shaft, Hayes não só se tornou o primeiro compositor afroamericano agraciado pela Academia, mas também o primeiro a compor e interpretar a canção vencedora. Embora a música se reporte ao coração de Manhattan – Shaft saindo do metrô para as ruas agitadas enquanto vão rolando os créditos –, o som foi gerado na grande incubadora do soul do Sul dos EUA e de Memphis, o estúdio de gravação da Stax, um selo fundado pelos irmãos Jim Stewart e Estelle Axton (STewart/AXton = Stax). BLACK WOODSTOCK a extinta gravadora Stax saíram maravilhas do soul, cantadas por Otis Redding, Wilson Pickett, Sam & Dave, Rufus e Carla Thomas e Albert King, entre outros. Muitas delas eram compostas pelo branco Steve Cropper, guitarrista do grupo Booker T. & The MGs – plantonistas do endereço lendário da Stax na McLemore Avenue, em Memphis. Uma antiga sala de cinema convertida em estúdio, manteve o piso abaulado onde ficavam os assentos. Esse desequilíbrio criava uma anomalia acústica detectável nos discos, que ganhavam um som mais profundo e rouco. O historiador do soul Rob Bowman afirma que bastava aos fãs ouvir as primeiras notas para terem a certeza de que a canção fora gravada no estúdio de Memphis. Basicamente, a Stax incorporou o sonho americano da gravadora de garagem que se tornou uma organização multimilionária. No verão de 1972, a Stax promoveu o que seria considerado “o Woodstock negro” – um festival no estádio Los Angeles Memorial Coliseum, o único do mundo a acolher três Olimpíadas: as de 1932, 1984 e a prevista para 2028. O evento beneficente em prol da causa negra chamou-se Wattstax (Watts lembrando a heroica insurreição no gueto negro de Los Angeles, em 1965.) Os principais artistas da gravadora exibiram-se para uma plateia superior a 100 mil pessoas e o show foi lançado no filme Wattstax, em 1973. Em 2002, na Inglaterra, Isaac Hayes regeu 20 músicos numa versão eletrizante do Tema de Shaft. Em 2008, dez dias antes de completar 66 anos, ele morreu de um AVC – a mulher encontrou seu corpo ao lado de uma esteira ergométrica ainda ligada, em sua casa de Memphis. Deixou 12 filhos, 14 netos e três bisnetos – sua última filha nasceu quando ele tinha 65 anos. Isaac Hayes pode ser tomado como um símbolo da força e da exuberância do Blaxplotation, que passou como um meteoro, mas marcou a ferro e fogo a cultura da primeira metade dos anos 1970. TP

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e v ento

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MUITO À VONTADE Frédéric Drouin, da Jaguar Land Rover, foi homenageado em coquetel

Simpático e muito acessível. Assim se mostrou Frédéric Drouin, presidente da Jaguar Land Rover para o Brasil e América Latina, no coquetel em sua homenagem, realizado em outubro no Espaço Itahy, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo. Na ocasião, foi oficialmente lançada a edição 40 da revista THE PRESIDENT. À vontade, o executivo nascido na França falou com entusiasmo dos planos das duas marcas automobilísticas, que são lendas da indústria britânica. Ele abordou aspectos como a eletrificação dos veículos, o potencial do mercado brasileiro e as perspectivas para 2020. Respondeu de forma direta e didática às perguntas dos convidados.

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NOITE de

AMIZADE E NETWORKING 1. Frédéric Drouin, em entrevista durante o evento realizado em 21 de outubro, com a presença de proprietários de concessionárias, amigos e convidados da revista The President; 2. Guilherme Gregori, CEO da Paes & Gregori, e Nina Monticelli, arquiteta e diretora de marketing da empresa, apresentaram maquete do lançamento Lina Jardins; 3. Frédéric Drouin, atento às perguntas dos convidados; 4. Da esquerda para a direita, Divanildo Albuquerque, Vivian Giti, Beetto Saad e Luiz Fernando Guidorzi; 5. Rodrigo Lovatti; 7.

© Carlos Paszko

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6. Ricardo Battistini, Beetto Saad, Arnaldo Rosa, Paulo Manzano; 7. Adriana Tito, Lizandra Coimbra e Mariana Carreño

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humor P o r E n i o B a s i l i o Ro d r i g u e s

co l ag e m r a p h a e l a lv e s

Duas viúvas

U m a da c i da d e g r a n d e , ou t r a d e u m a c o l ô n i a a l e m ã n a ro ç a

E

ra um tempo em que havia poucas mulheres na redação, quando ela entrou. Jovem, de estatura pequena porém bem modelada, saudável e mais não posso dizer por enquanto, porque ela, recém-viúva, ainda estava em período de luto e havia que respeitá-lo. Seu marido, um jornalista consagrado, também de tenra idade, falecera havia dias. Deitara-se ao lado dela, certa noite, e, quando ela acordou, estava morto. Assim, na redação, formou-se em torno da moça um clima que eu não chamaria de velório – seria mais de silêncio obsequioso com cumprimentos clássicos, gestos par­n asianos e só não tiravam o chapéu porque ninguém usava chapéu (o Panamá, redator de necrológios,

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usava, mas ele pertence a outra história). Depois do trabalho, quando a rapaziada se reunia no bar Barroquinho, ainda em treino para mais uma noite de loucuras, entre as barbaridades postas em discussão preservava-se a viuvinha. Uma noite até passei do limite, por distração, e comentei soi-disant: “Os joelhos dela parecem com os da Nara Leão”. Porém acrescentei: “Com todo o respeito”. O que fazer? Já era época do fashion-luto à la Mary Quant. Assim se passaram alguns dias. Mas certa tarde – que ficará na história da nossa personagem – um redator (e que redator, além de tudo teatrólogo), uma figura lépida, doce, o cabelo caindo insistentemente sobre os olhos, que atravessava a redação em passos de balé clássico,

Depois do trabalho, entre as barbaridades postas em discussão preservava-se a viuvinha

qual Nureyev (que coisa, só agora noto que ele realmente era bastante parecido com Nureyev), aproximou-se do quadro de avisos. Era daqueles quadros de avisos de cortiça onde se pregavam com tachinhas notas, recortes, pedidos, fotos. Lá ele anexou a seguinte mensagem: “Minha cadelinha Holly Golightly teve filhotes. Quem quiser adotar um ou mais fale comigo”.

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Não durou muito tempo. No fim da tarde, a redatora viúva deixava seu mister e parou diante do quatro de avisos que ficava na entrada (ou na saída) da redação. A leitura distraída tornou-se mais atenta. Pequenina, ergueu-se sobre a ponta dos pés, o que tornava a minissaia mais reveladora, para ler a mensagem de Nureyev. Início da tarde seguinte. A redatora senta-se diante da Olivetti e começa a desembrulhar algo. É um cartão, mais ou menos do tamanho de uma capa de caderno, que ela leva e junta à mensagem do nosso querido redator (que também morreu jovem, uma pena!). O cartão tinha uma letra firme e caprichada, quase um layout alltype – escrito em caixa-alta, o que hoje, no Face, seria identificado como um grito (e talvez fosse, talvez fosse...). Lá estava escrito: “ESTOU PRECISANDO DE UM MACHO”. Epifania na redação. Foi cercada de colegas risonhos e atenciosos e houve até algumas cotoveladas entre eles no afã de ser o mais próximo. Um deles lhe trouxe um vasinho de dente-de-leão, veio um convite para assistir ao show de Ray Charles, um valioso exemplar do Village Voice foi colocado na mesa dela e até eu me prontifiquei a trocar a fita da Olivetti, que me pareceu acabadinha. Era alegria. A saia pregueada era Mary Quant. Lá fora o Sol e, principalmente, aqueles besouros gordos que se suicidam esbarrando nas vidraças anunciavam a chegada do verão. E sempre houve um verão. VELÓRIO NO ALTO VALE ão importa, já que o Dia dos Mortos é todo dia. Não vi, era muito criança e morava no centro da cidade, mas depois fiquei sabendo. Lá no Alto Vale Catarinense, na colônia, a alemãozada da roça fazia os velórios em casa. Morreu o marido, vítima de pertinaz moléstia. Velório na sala. Poucos parentes e vizinhos reunidos. A viúva, jovem e saudável com o vigor das lides na roça, sofria firme, ali junto ao caixão, porque quem é do Alto Vale não chora. Foi quando aquele vizinho esquisito ficou do lado dela – era novo na colônia e ela já o tinha visto na saída do culto. Um homem muito alto – do lado dela, agora, dava pra notar que dava dois do marido, coitadinho, ali estendido por causa da doença do peito. Esse vizinho era, a bem dizer, educado mas esquisito, e sempre tirava o chapéu na porta da igreja quando passava por ela e amassava o chapéu, nervoso, estranho, vai ver que veio pra colônia se esconder de alguma maldade feita por aí, credo! Ficou envergonhada de ficar pensando no vizinho, agora do lado dela enquanto o

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Foi até atrás da porta pegar a vassoura e pancadeou sem dó a cabeça do abusado, que, lógico, fugiu correndo

marido estava ali, na frente dos dois, mortinho. Então o vizinho chegou mais perto e com o rabo do olho a viúva viu que aquele gigante de cabeça baixa e triste (essa cara triste não convencia e podia ser disfarce de jaguara, gente ruim) amassava o chapéu nas mãos, já parecia uma roupa velha e embolada, aquele chapéu peludo. Foi quando ele falou, olhando mais para o falecido do que para ela: “Frauen Sulze, mein Beileid (meus pêsames), você precisa de um homem para passar a noite?”. Pra quê! Dona Sulze com aqueles braços poderosos que o uso diário da enxada lhe proporcionou foi até atrás da porta pegar a vassoura e pancadeou sem dó a cabeça do abusado, que, lógico, fugiu correndo feito louco deixando até cair aquele chapéu que mais parecia um gambá pisado pelos cavalos. Só alguns dias depois ela ficou sabendo pelo pastor luterano que o homem não era má pessoa. Ele só tinha se oferecido para passar a noite velando o falecido. Foi assim que se casaram. TP

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o pi n i ão P o r A l e x a n d r e V e l i l l a G a rc i a

Inovar é preciso. Sempre!

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posição de CEO está passando por uma transformação rápida e irreversível. Cenários cada vez mais desafiadores vêm tirando o sono desses executivos nos últimos anos. A missão não é fácil: gerir uma companhia nesse mundo moderno impactado por quatro adversários que os americanos definiram como VUCA, a sigla em inglês para Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. Com a brutal transformação digital, os líderes do século 21 têm buscado estratégias que façam de suas empresas inovadoras de verdade – e, assim, competitivas. Por outro lado, o maior obstáculo de todo esse processo é a dificuldade que as companhias têm em lidar com mudanças profundas de gestão. Neste sentido, vale destacar O Caminho para o Topo, estudo realizado pela Consultoria Internacional Korn Ferry. Nele, estão os principais desafios do cargo de CEO: redirecionamento estratégico da empresa, promoção da transformação cultural e aumento de sua eficiência operacional. A partir dessas ideias, vale pontuar aqui algumas estratégias: • Identificar pontos fortes e oportunidades: ao analisar todo o ambiente interno e externo do negócio, dá para identificar pontos fortes e questões a melhorar em sua equipe e serviços. Nessa estratégia, deve-se listar todas as oportunidades e também ameaças à empresa. Para isso, as pesquisas de mercado são as melhores ferramentas para traçar ações mais assertivas. • Definir a identidade da companhia: estabeleça a essência da empresa: missão, visão, valores e propósito. Esse exercício é fundamental para comunicar a sua identidade a colaboradores, parceiros e clientes. Os objetivos, assim, ficarão muito mais claros para a sua equipe. • Promover uma real e genuína transformação cultural: estabelecer uma nova mentalidade empresarial é o ponto de partida para qualquer mudança. Deve-se estimular e inspirar todo o time com ações que promovam a transformação do mindset. Ações práticas devem permitir novos desafios e criatividade. Assim, o ambiente se torna mais colaborativo, dinâmico e eficiente. • Monitorar os resultados: para o sucesso de qualquer projeto, um monitoramento contínuo é indispensável. Afinal, os resultados permitirão pensar nas melhores ações e alinhar os objetivos da corporação com todo o seu time. Ao pegar a estrada da inovação, o CEO precisa ter consciência da sua importância. Tem de ser um líder de verdade, para promover mudanças e convencer a todos da importância delas. No topo da sua lista de tarefas, está o incentivo ao time na hora de lidar – e vencer – novos desafios. Para isso, precisa assumir o papel de líder inspira-

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Alexandre Velilla Garcia, CEO do Cel.Lep e sócio-fundador da Valor Real Construções, é economista com pós-graduação em management pelo ISE/IESE-University of Navarra velillagarcia@uol.com.br

dor. Ao se sentir importante e reconhecido, cada colaborador vai se desdobrar para ser um profissional melhor e vestir a camisa da empresa. Considerado o pai da administração moderna, o professor e escritor austríaco Peter Drucker (1909-2005) tem uma frase que define bem a nossa busca por inovação: “Onde quer que você veja um negócio de sucesso, pode acreditar que ali houve, um dia, uma decisão corajosa”. Em outras palavras: se a inovação é o motor, a coragem é o combustível. TP

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