The President

Page 1

POR GILBERTO UNGARETTI

Nº 47 DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

CLAUDIO LOTTENBERG PRESIDENTE DO CONSELHO DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN

DEZ | JAN 2021 Nº 47 R$ 28,00

A EXCELÊNCIA DA MEDICINA HI-TECH

ISSN 2595-8275

Nº 47 DEZEMBRO | JANEIRO CLAUDIO LOTTENBERG

FAMÍLIA SCHURMANN NAVEGARÁ PARA ALERTAR SOBRE A POLUIÇÃO DOS MARES

O MUNDO PELAS LENTES DE MARCELO SPATAFORA

O ATLAS MAIS ESPERTO DA GASTRONOMIA FRANCESA

A HISTÓRIA DE QUEM TEVE O TOQUE DE MIDAS NAS FINANÇAS

POR WALTER SON SARDENBERG S O

POR ARMANDO COELHO BORGES

POR SERGIO CRUSCO




PERSONALIZADO PARA O SEU MUNDO RESERVE JÁ O SEU NA CB AUTOMOTIVE

Volante multifuncional em couro premium com paddle-shifters e aquecimento

ANÁLIA FRANCO

Console central removível para acesso à cabine traseira

IBIRAPUERA

Moderno e prático, com tecnologia ao alcance das mãos.

VILLA LOBOS

Av. Regente Feijó, 1234, Anália Franco - São Paulo - SP

Av. Moreira Guimarães, 367, Ibirapuera - São Paulo - SP

Av. Dr. Gastão de Vidigal, 1430, Villa Lobos - São Paulo - SP

11 2020-8000

11 5054-6000

11 5105-2020


AGENDE UM TEST DRIVE

Perceba o risco, proteja a vida.


Cuidar de você e de quem você ama: a gente faz isso por

v

Tudo que a Omint faz é para cuidar do seu bem-estar e da sua saúde. Por isso, a qualidade que você conhece dos planos médicos e odontológicos Omint, você também encontra nos nossos seguros de vida individual, vida em grupo, viagem e na nossa clínica odontológica.


c ê. Dulce Chede às 12h01

Tranquilidade, confiança e segurança. Obrigada por existir, Omint.

OMINT.COM.BR

Valor ao que é importante pra você, por você.


MAIS P R AT I C I D A D E PA R A V O C Ê

VOAR!

AGORA VOCÊ PODE VOAR COM TODA A EXCELÊNCIA DA AV I AÇ ÃO E X E C U T I VA PAGA N D O POR ASSENTO INDIVIDUAL.


VOE COM SEGURANÇA E TRANQUILIDADE: Embarque rápido, sem filas e aglomerações; Higienização completa das aeronaves a cada voo; Ambientes com acesso controlado; Acesso exclusivo às salas VIP; Estacionamento privado; Uso de kits de contenção pela tripulação.

Para informações sobre trechos disponíveis, condições de uso, valores e reservas, acesse a plataforma Adam Pool no app ou site FlyAdam.

Reserve agora: Compre pelo app:

Operadora aérea:




Se é no seu estilo, é Paes & Gregori. A arquitetura residencial que surpreende nos bairros mais desejados de São Paulo. LANÇAMENTO

PURAMENTE KLABIN Perspectiva ilustrada do living ampliado

EDIfÍCIO L 154m² a 324m² Apartamentos e coberturas 3 suítes Torre única em um terreno raro na Rua Luís Molina, 105


OBRAS ACELERADAS

LINA Jardins 145m² a 371m² Apartamentos e coberturas 3 suítes Uma homenagem ao Jardins na Al. Joaquim Eugênio de Lima, 697 Perspectiva ilustrada do living ampliado com pé-direito duplo

LANÇAMENTO

Ecos Vila madaLena 127m² a 381m² Apartamentos e coberturas 3 a 4 suítes Perspectiva ilustrada das fachadas

Nosso olhar sobre a Vila Madalena na Rua Oscar Caravelas, 57

O apartamento que você deseja existe. Visite nosso site e conheça melhor estes e outros empreendimentos:

www.paesegregori.com.br EDIFÍCIO L: Registro de Incorporação R.01, sob Matrícula 128.891 em 27/10/2020, no 1º Oficial de Registro de Imóveis de SP. LINA JARDINS: Registro de Incorporação R.2., Matrícula 70.510 do 4º Registro de Imóveis de São Paulo, em 30/07/2019. ECOS VILA MADALENA: Registro de Incorporação R.02, sob Matrícula 156.860 e R.03, sob Matrícula 156.865 em 31/08/2020 no 10ª Oficial de Registro de Imóveis de SP. Central de Atendimento PAES & GREGORI INTERMEDIACÃO IMOBILIÁRIA LTDA. Rua Oscar Caravelas, 53 - Sumarezinho - São Paulo - Tel.: 11 3500-4493. CRECI/SP Nº 035781-J.




APARTAMENTOS DE 194 A 429M²

RUA 4600, 100 | BARRA SUL


tlamborghiniresidencesbc.com.br | 47 3264.0008 Material sujeito a alterações. De acordo com a Lei no 4591/64, informamos que as imagens contidas neste material possuem apenas caráter de sugestão. Nos reservamos o direito de alterar as especificações deste material publicitário, prevalecendo as informações destacadas no ato da venda, estabelecidas no contrato e memorial descritivo do empreendimento. Reg. Inc.: R.11-22482 2º O.R.I. - BC - SC. Tonino é uma marca registrada de propriedade única e exclusiva de Tonino Lamborghini S.P.A. Tonino Lamborghini Residences Balneário Camboriú é um projeto da Embraed Empreendimentos S.A.




WORLDWINE.COM.BR /worldwinebrasil /worldwine

ESTE PRODUTO É DESTINADO A ADULTOS

O VINHO CERTO EM QUALQUER MOMENTO.

VISITE NOSSAS LOJAS Acesse o QRCODE e encontre a loja mais próxima.

E-COMMERCE

worldwine.com.br

TELEVENDAS

(11) 4003-9463

PEÇA PELO DELIVERY OU RETIRE POR DRIVE-THRU


APROVEITE frete grátis para SP e RJ, nas compras acima de R$ 300,00, por tempo limitado.

Há 20 anos a Word Wine se dedica a pesquisar, em cada lugar do mundo, os melhores vinhos, aqueles capazes de transformar momentos comuns em experiências únicas. São mais de 1.500 rótulos de 13 países produtores, para que você possa escolher aquele que melhor combina com seu estilo, companhia e momento. Para quem já nos conhece, ou ainda não, queremos ser a referência do mundo dos vinhos, verdadeiros curadores de experiências.


E D I TO R I A L

Celso La Pastina, o presidente da importadora de produtos alimentícios La Pastina, preparava a filha, Juliana, para assumir o seu próprio cargo na empresa. O processo já estava adiantado. Celso, porém, morreu antes de passar o bastão, vítima da Covid-19. Tinha apenas 61 anos. A ele rendemos nossas homenagens. Foi um dos empresários mais respeitados e benquistos no setor. Juliana, então, assumiu a presidência da La Pastina. É uma das entrevistadas desta edição. Ela revela como a companhia agiu para turbinar as vendas online, expediente recorrente às empresas nestes tempos difíceis. Resoluta, bem informada e bem articulada, Juliana mostra que sabe aliar seus fartos conhecimentos de economia às lições de seu saudoso pai. Outra grande importadora paulista de produtos alimentícios, a Casa Flora, também se empenhou com esmero, nos últimos meses, para inaugurar seu serviço de e-commerce. É o que conta em detalhes, também neste número, Antônio Carvalhal Neto, diretor comercial e de marketing da empresa. A entrevista do executivo abre o Caderno Gourmet de THE PRESIDENT. Carvalhal a concedeu no novo centro de distribuição da Casa Flora, um portento de 4.500 metros quadrados, instalado em área estratégica. Também vale destacar a entrevista de Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Médico oftalmologista renomado e gestor de primeira, ele revela seu entusiasmo pela utilização de novas tecnologias na medicina. Incluindo as consultas online e a robótica. Lottenberg conta, ainda, os esforços do moderníssimo hospital na recuperação dos que contraíram o coronavírus. O Hospital Israelita Albert Einstein também se encarregou dos pacientes de dois bem montados hospitais de São Paulo. “Um terço dos leitos de Covid-19 na cidade ficaram sob nossa responsabilidade”, contabiliza Lottenberg. Famosa pelas longas viagens de veleiro ao redor do globo, a Família Schurmann, como se pode imaginar, manteve as amarras em terra firme nestes tempos bicudos. O novo projeto de navegação foi adiado para o ano que vem, como contam seus integrantes em outra entrevista. Já está programado: no dia 8 de agosto de 2021, Vilfredo e Heloísa Schurmann (que acumulam 150 mil milhas navegadas cada um, o equivalente a quatro voltas ao mundo pela linha do equador) vão zarpar na companhia dos três filhos. Desta vez, encabeçam, em parceria com a ONU, uma vibrante campanha contra a poluição dos mares. Até lá, todos esperamos que a maior parte dos problemas deste ano de 2020 tenha sido resolvida. Boa leitura.

ANDRÉ CHERON E FERNANDO PAIVA Publishers

22 |

|

DEZ.2020


Boutique TAG Heuer São Paulo: Shopping Cidade Jardim (11) 3198-9458 Rio de Janeiro: Shopping Village Mall (21) 3252-2846 https://store.tagheuer.com/


EXPEDIENTE THE PRESIDENT PUBLICAÇÃO DA CUSTOM EDITORA Nº 47

PUBLISHERS André Cheron e Fernando Paiva

REDAÇÃO

COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS

DIRETOR EDITORIAL Fernando Paiva

DIRETOR EXECUTIVO André Cheron

fernandopaiva@customeditora.com.br

andrecheron@customeditora.com.br

DIRETOR EDITORIAL ADJUNTO Mario Ciccone mario@customeditora.com.br EDITORA EXECUTIVA E DIGITAL Marina Lima

DIRETOR COMERCIAL Ricardo Battistini battistini@customeditora.com.br

marinalima@customeditora.com.br ARTE EDIÇÃO Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO EDITOR CONVIDADO Walterson Sardenberg Sº TEXTO Armando Coelho Borges, Celso Arnaldo Araujo, Françoise Terzian, Gilberto Ungaretti, Luciana Lancellotti, Marco Merguizzo, Raphael Calles, Renata Ashcar, Ronaldo Bressane e Sergio Crusco

GERENTES DE CONTAS E NOVOS NEGÓCIOS Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br Mirian Pujol mirianpujol@customeditora.com.br ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO ANALISTA FINANCEIRO Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br REPRESENTANTES REGIONAIS GRP – Grupo de Representação Publicitária PR – TEL. (41) 3023-8238

FOTOGRAFIA Angelo Pastorello, Claus Lehmann,

SC/RS – TEL. (41) 3026-7451

Marcelo Spatafora e Tuca Reinés

adalberto@grpmidia.com.br

ARTE Daniel das Neves REVISÃO Goretti Tenorio

Tiragem desta edição: 35.000 exemplares CTP, impressão e acabamento: Coan Indústria Gráfica Ltda.

THE PRESIDENT facebook.com/revistathepresident @revistathepresident www.customeditora.com.br

Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593, 9º andar – Jardim Paulista São Paulo (SP) – CEP 01407-200 Tel. (11) 3708-9702 ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br Tel. (11) 3708-9702

24

|

|

DEZ.2020


M A R I S A

C L E R M A N N

SĂŁo Paulo | Presidente Prudente

w w w. m a r i s a c l e r m a n n . c o m . b r @marisaclermannjoias 1 1 3 0 62 -7 7 6 3 / 1 1 94 0 6 0 -9 57 9


SUMÁRIO DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

50

26 |

54

148

42 MERCADO

66 OLFATO

91 TURISMO

Um novo Plano Diretor pode mudar

Perfume masculino. Escolha de acordo

A Família Schurmann prepara expedição

o mercado imobiliário paulistano

com o seu estilo e sua personalidade

para denunciar a poluição dos mares

50 VISÃO

70 TATO

115 GOURMET

Leila Diniz era livre. Esnobava as

Quem transforma em ouro o que toca?

Antônio Carvalhal Neto comenta os

convenções. Inventou uma nova mulher

Conheça alguns desses privilegiados

bem-sucedidos projetos da Casa Flora

54 AUDIÇÃO

74 NEGÓCIOS

148 ENSAIO

Jamais uma casa noturna brasileira teve

Juliana La Pastina assume o lugar do pai

Do Canadá à Itália, as lentes de Marcelo

tantos talentos como o 150 Night Club

e projeta a empresa da família para o futuro

Spatafora desvendam o mundo

60 PALADAR

82 ENTREVISTA

154 OPINIÃO

O grande gastrônomo Waverley Root

Claudio Lottenberg se destaca na

Como envolver os clientes, conquistá-los

mapeou o melhor da gastronomia da França

medicina e na administração

e transformá-los em seguidores fiéis

|

DEZ.2020



T EM P O

ÉLÉGANCE SUR LA ROUTE Nova versão do relógio Carrera, da TAG Heuer, é ainda mais refinada e esportiva POR RAPHAEL CALLES

O ano de 2020 celebra o 160º aniversário da TAG Heuer e uma série de lançamentos comemoram a data. Um deles é a nova versão do Carrera Chronograph. A maison mais uma vez prova que seus modelos acenam com estilo e versatilidade. Lançado originalmente em 1963, mas com seu nome definido já em 1962 por Jack Heuer, então CEO da companhia, trata-se de um relógio que atende às exigências de um campeonato automobilístico. O nome homenageia a Carrera Panamericana, corrida traiçoeira que cortava o México de

28 |

|

DEZ.2020

fronteira a fronteira. Por isso, a principal função – além da marcação de horas, claro – é o cronógrafo. Para 2020, uma das variações apresentadas ganhou uma releitura elegante. Agora os 42 mm de diâmetro da caixa de aço são preenchidos com quatro opções de cores para o mostrador: preto, azul, branco e cinza. Os dois primeiros ganham pulseira de aço, enquanto os dois últimos têm acabamento com pulseira de couro de crocodilo. De um modo geral, o fino bisel (o aro móvel em torno do


Variações do novo Carrera, com pulseiras de aço e de couro de crocodilo

mostrador) foi desenhado sem a presença de um taquímetro, mantendo assim a referência da versão original. No mostrador, os contadores do cronógrafo estão às 3 e 9 horas, enquanto a indicação de segundos é discretamente posicionada às 6 horas. A ausência do submostrador na porção inferior do dial dá maior leveza visual, sobretudo pela presença de uma janela de data próximo ao índice de 6 horas. Todos os dados são proporcionados pelo calibre Heuer 02, desenvolvido pela companhia em Chevenez, na Suíça. O mecanismo é composto por 168 peças, que incluem uma roda de coluna e uma embreagem vertical. Esses itens permitem um acionamento suave da função cronógrafo. São até 80 horas de reserva de energia. A caixa do modelo possibilita ver o mecanismo por meio de uma abertura no verso. Através do cristal de safira, é possível ter um vislumbre do rotor, responsável por dar corda, na cor ouro rosé. TP

Saiba mais em: tagheuer.com

DEZ.2020 |

|

29


RO L E X

RELÓGIO DOS JETSETTERS O Sky-Dweller, da Rolex, é simplesmente ouro POR RAPHAEL CALLES

O Sky-Dweller, da Rolex, é o relógio dos jetsetters. Tem 42 mm de diâmetro e está disponível em dois materiais, totalizando três combinações: ouro amarelo e mostrador preto, ouro Everose e mostrador chocolate e ouro Everose com dial branco intenso. Outra novidade do modelo é a pulseira Oyster. Ela tem três elos de largura também de ouro – ou na combinação de ouro e aço –, e passa a ser uma versão mais elaborada. Para 2020 a onda é Oysterflex. Composta por uma liga de titânio e níquel de alta flexibilidade revestida por um elastômero preto de alto desempenho, a pulseira Oysterflex foi apresentada em 2015, compondo um modelo Yacht-Master de ouro Everose. Desde então, entrou na linha Daytona em 2017. Agora passa também a integrar o Sky-Dweller. As funções são um grande atrativo do relógio. Horas, minutos e segundos centrais são complementados por um calendário anual e uma indicação de segundo fuso horário. A leitura da data está na posição de 3 horas, sob a tradicional lupa Cyclops no cristal de safira. Os meses são apresentados por uma indicação vermelha na extremidade de cada índice de horas. Por ser um calendário anual, o ajuste da data deve ser feito apenas no mês de fevereiro e anos bissextos. Já a leitura do segundo fuso horário é realizada por meio de um disco descentralizado com uma escala de 24 horas. Todas as funções são ajustadas por intermédio da coroa, com o auxílio da moldura canelada, que pode ser girada em quatro posições diferentes. Elas permitem dar a corda no mecanismo, ajustar a data, regular a hora local e hora de referência. Tudo graças ao mecanismo calibre Perpetual 9001, que tem corda automática e é um dos mais complexos projetados pela companhia. Ele oferece 72 horas de autonomia e certificação de cronômetro superlativo. Isso significa que o relógio tem uma precisão diária de −2/+2 segundos, duas vezes maior àquela exigida pelo controle oficial suíço. TP

Saiba mais em: rolex.com

30 |

|

DEZ.2020


O SUCESSO DE UMA EMPRESA, PASSA PELO SUCESSO DOS COLABORADORES O inglês é fundamental para um futuro promissor, venha conhecer o Cel.Lep, bicampeã como a melhor escola de idioma do país • Business english desde o primeiro modulo

CONHEÇA NOSSAS SOLUÇÕES CORPORATIVAS:

Aulas presenciais e virtuais

Professores atualizados com as tendências de mercado

In Company

Aprendizado simulando situações do dia-a-dia

GANHE UM VOUCHER DE R$500 Fale com nosso consultor e garanta condições especiais para 2021:

11 2388-0483 cellep.com

cellepidiomas

cellep.idiomas

Escolas de Idiomas


NOVAS LUZES O projeto Somos Todas Marias quer ajudar a mudar a sociedade a partir dos salões de beleza da periferia POR RAPHAEL CALLES FOTOS DANIEL MOURA

Maria é Ana, é Alice, é Daiane. Maria é mulher brasileira. Branca, preta, periférica, que, dentro de seu salão de beleza, encontra o sustento da família. O Brasil tem, hoje, 1,1 milhão de salões de beleza. Metade atua na informalidade. O ambiente não é só de beleza. Mas também um espaço de interação e confidência. Pensando nisso, Ana Maria Drummond ajudou a criar o Somos Todas Marias. Ela está há 18 anos à frente da Childhood Brasil, instituição que trabalha para prevenir a violência e atender as crianças vítimas de abuso e exploração sexual. Já a Somos Todas Marias nasceu em 2019 em parceria com Andreia Vettorazzo, Marina Martins e Fabiana Peroni. Ana e Marina pensaram no Somos Todas Marias quando participaram, ao longo de 40 dias, em Bangladesh, do programa do economista bengali, especializado em programas sociais, Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz. “Um dos projetos que conhecemos foi o de um salão de beleza com espaço de treinamento de outras mulheres, onde também se discutia a violência sexual”, relata Ana. De volta ao Brasil, Ana e Marina criaram o Somos Todas Marias, com sede instalada em Poá, na Grande São Paulo. A instituição oferece educação emocional, educação financeira e conhecimentos sobre direitos humanos a salões de beleza das

32 |

|

DEZ.2020

periferias. Apoiados pelo Somos Todas Marias, esses lugares passam a ser administrados de maneira mais eficiente e se tornam espaço de conscientização social. “As donas desses salões não se enxergavam como empreendedoras”, comenta Ana. “A partir do momento que reconhecem isso, tornam-se tomadoras de decisão e donas do próprio negócio e da sua história.” O conhecimento sobre direitos humanos auxilia também no combate à violência doméstica. Frente importante do projeto é como agente facilitador de microcrédito, muitas vezes dificultado pelas instituições financeiras. Outro objetivo é facilitar o acesso a produtos de beleza profissionais, que, em geral, chegam aos salões das regiões carentes com um valor inacessível. O projeto visa, dessa maneira, fazer com que a indústria da beleza enxergue as pequenas empresárias como possíveis parceiras comerciais. Uma questão de capilaridade financeira – sem trocadilho. “Esses salões de beleza podem gerar reputação de marca em um novo mercado, com uma ação que vai gerar impacto social”, explica Ana. TP

Contribua com o projeto: somostodasmarias.com contato@somostodasmarias.com @somos.todasmarias



EM PR E SA

CARTÃO HUMANO American Express encara a crise cuidando das pessoas. Mantém funcionários, apoia pequenos comerciantes e surpreende Associados

Fazer muito além do que o Associado espera já é uma norma na American Express. Tem valor de lei. Muito mais do que um cartão de crédito que abre portas, a marca se vincula aos Associados com atendimento, descontos e facilidades exclusivas. Antecipar e exceder expectativas para esse público de alto padrão é o desafio constante. Essa realidade sempre esteve clara para a empresa da porta para fora. Agora foi fortalecida dentro de casa. O período de pandemia exigiu muito mais do que gestão. Precisou de humanidade. “Nosso foco foi manter os empregos e a saúde da nossa equipe”, diz Rose Del Col, presidente da American Express Brasil. Desde março, a companhia manteve os funcionários em home office. De acordo com as normas da matriz, a possibilidade de trabalhar em casa irá se estender até junho de 2021. “Colocamos em prática os protocolos já utilizados pela empresa na Ásia e na Europa”, conta Rose. “Tínhamos essa cartilha pronta para ser aplicada aqui.” A executiva conta que a empresa, globalmente, não demitiu ninguém por conta da pandemia. “Todos os empregos foram mantidos. São 64 mil funcionários no mundo todo”, relata. “Nosso foco é o funcionário e sua continuidade.” A corporação também cuida

34 |

|

DEZ.2020

do corpo e da mente da equipe. Oferece programas de alongamento e ioga para aprimorar o foco e a qualidade de vida de cada um. Além disso, todos têm à disposição acompanhamento psicológico por meio do Healthy Minds, uma linha direta com terapeutas. Tudo é sigiloso: nomes e resultados. Nesse contexto, a American Express também passou a oferecer pequenos mimos para equipe. No Dia das Mães, por exemplo, cada funcionária (direta ou indireta) recebeu uma cesta de presente. Durante o Outubro Rosa, as mulheres receberam um espumante e cartas para lembrarem da importância da prevenção ao câncer de mama. A economia foi outra frente de batalha para a companhia no Brasil. No âmbito internacional, a marca é a maior emissora de cartões. Em um ano, teve um volume de US$ 1 trilhão e 117,8 milhões de cartões de pagamento. Está entre as 25 maiores marcas globais, segundo Ranking da Interbrand 2020, a primeira em meios de pagamento. Em 2020, houve uma queda expressiva de volume de negócios para pessoa física e cartão corporativo. “O mês de maio foi o período mais difícil”, relata a executiva. A empresa aposta na retomada lenta das viagens, especialmente no âmbito nacional. Outra iniciativa é o apoio aos pequenos negócios. “Esta-

“No s so fo c o foi ma nter o s empre go s e a saúde d a no s sa e q u ip e”

mos incentivando nossos Associados a gastarem nos comércios locais”, conta Rose. O projeto Shop Small oferece 20% de desconto em centenas de lojas físicas do Itaim Bibi e dos Jardins, em São Paulo, além de opções no aplicativo Rappi para quem pagar com o seu cartão American Express. “Nós vamos reembolsar esse percentual aos lojistas do bairro. Também temos descontos em lojas online.” Rose destaca ainda a parceira da American Express com o Guia Michelin. “Do pastel até a alta gastronomia, queremos que o Associado tire o cartão da carteira”, afirma. Dessa forma, as pessoas percebem ainda mais o valor da marca e sua atuação. Muito mais do que financeira. Ela também é sensível para o bem-estar. TP Saiba mais em: americanexpress.com/br


Rose Del Col, presidente da American Express Brasil

© CLAUS LEHMANN


V ELO CI DA D E

NOVA LENDA Jaguar F-Type 2021 é digno herdeiro dos modelos históricos da marca

Na longa corrida de apresentar um carro melhor a cada ano, a Jaguar se superou. O novo F-Type 2021 chegou ao Brasil cheio de expectativa, e com a grande responsabilidade de ser mais um capítulo vitorioso da história da marca. E o esportivo inglês não decepcionou. Basta conferir os detalhes de engenharia, design e tecnologia de bordo. O F-Type traz na bagagem, e em cada linha do projeto, os 85 anos de história da Jaguar – no segmento de carros esportivos, são sete décadas. Ele é herdeiro de carros vencedores, como o C-Type, campeão das 24 Horas de Le Mans em 1951 e 1953, e outros bólidos de alto desempenho. Estão nesse hall da fama o D-Type, lançado em 1955 e vencedor na prova francesa de longa duração em três ocasiões. Nos anos 1960, houve ainda o E-Type e, depois,

36 |

|

DEZ.2020

a linha do F-Type, um dos modelos mais belos produzidos pela marca inglesa. Frédéric Drouin, CEO da Jaguar Land Rover na América Latina, lembra que um dos lemas da companhia é “A Copy of Nothing” - Uma Cópia de Nada. “Ao longo dos anos, a marca construiu modelos com linhas de design únicas e beleza sem igual”, exulta. Isso fica evidente no novo F-Type. Com pureza em suas linhas na carroceira, o esportivo apresenta faróis de LED superestreitos, com uma assinatura “J”. Estão integrados ao capô e destacam o visual largo do novo modelo. Já o para-choque e a grade estão um pouco maiores e aumentam ainda mais a imagem imponente do novo F-Type. Na traseira, as lanternas têm visual de “chicane” -


Novo F-Type chega ao Brasil nas versões coupé e conversível, com duas opções de motorização

aquele desvio acentuado muito visto em circuitos de corrida ou como medida de segurança para diminuir a velocidade nas vias públicas. Esse item, aliás, é inspirado no SUV Jaguar I-Pace. Já as saídas de laterais têm detalhes cromados ou com Black Pack (preto brilhante). “Os carros da Jaguar nunca serão comuns. Isso vale para a sua construção, design, desempenho e na emoção ao dirigir”, comenta o executivo. No capítulo emoção, vale destacar o ronco do motor. Fabricado em Castle Bromwich, na Inglaterra, o modelo chega ao Brasil em versões coupé e conversível, com as opções de motorização R-Dynamic P300 e P380. A primeira tem motor turbo quatro cilindros, 2.0, com 300 cavalos de potência. Vai de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos e pode chegar a 250 km/h. Já a P380 só vem por encomenda e tem sob o capô um V-6 3.0 com compressor e 380 cavalos. Tem aquele rugido que emociona o mais frio dos motoristas. “A Jaguar está criando carros esportivos há mais de 70 anos e isso fez com que pudéssemos criar algo totalmente extraordinário,

seguindo a inspiração da longa e rica tradição no segmento”, afirma Paulo Manzano, diretor de marketing e produto da Jaguar Land Rover do Brasil. O novo modelo também é um passo adiante na evolução do F-Type. Tem painel digital de 12,3 polegadas configurável para visualização de instrumentos e até mapa em tela cheia. O sistema de entretenimento Touch Pro é compatível com Apple CarPlay e Android Auto, enquanto o sistema de som é da marca Meridian. O F-Type 2021, enfim, carrega a essência da marca, no luxo e na esportividade. Cada detalhe, opção de cor e de acabamento transformam o motorista em fã, revivendo na imaginação os feitos da Jaguar nas pistas. Você pode não estar em Interlagos, Le Mans ou Nürburgring, mas esta máquina o faz sonhar longe. TP

Saiba mais em: jaguarbrasil.com.br facebook.com/jaguarbrasiloficial @jaguarbrasil

DEZ.2020 |

|

37


TOP DE LINHA Estudamos cada detalhe para ser o seu porto seguro: Porto Seguro Auto Premium Ao decidir ter na sua garagem um SUV, sedã ou esporti-

para sua locomoção.

vo de marcas lendárias, o cliente eleva em muitos degraus

Cobertura 0 KM: garantia de reposição do 0 km por

o seu nível de exigência. Para contratar o seguro de uma des-

12 meses em caso de indenização integral. Mediante cláusula

sas máquinas, ninguém espera menos do que a excelência.

contratada.

Para quem o tempo é o mais precioso, estaremos com você para evitar imprevistos. Criado para veículos a partir de R$ 150 mil, o Porto Seguro Auto Premium surgiu da convergência e sensibilidade de três players: a empresa, os corretores e os usuários. Assim, foi elaborado um elenco de serviços e benefícios sem igual no mercado: Assistência 24 horas sem limite de quilometragem: você pode

Desconto na Franquia: 25% de desconto na franquia (limitado a R$ 1.500,00) com livre escolha de oficinas e concessionárias.1 Cobertura exclusiva: para roubo ou furto de bens e/ou objetos deixados no interior do veículo.2 Cartão de Crédito Porto Seguro Mastercard Black ou Visa Infinite: você também tem 5% de desconto no seguro do carro, pontos no Programa de Relacionamen-

contar com o Porto Seguro Auto Premium a qualquer momento

to que podem ser utilizados na contratação ou renovação

em caso de pane elétrica ou mecânica.

do seguro.

Assistência para Residência: além disso, você conta com mais de 50 benefícios para a sua residência, como encanador, chaveiro, eletricista, assistência para a geladeira, máquina de lavar, micro-ondas entre outros. Concierge: caso ocorra um sinistro com seu automóvel, o Concierge estará à disposição para acompanhar e agilizar todo

Desconto de até 30%: além da comodidade, você tem descontos nos estacionamentos Estapar. Vidros: caso haja danos aos vidros, lanternas, faróis, retrovisores, teto panorâmico3 e precise de troca ou reparo, você também está protegido com autorização para reparos em oficina de livre escolha.

TP

o processo e você ainda poderá optar em receber crédito para corridas em transporte por aplicativos e ter mais praticidade

Consulte o seu corretor ou acesse: portoseguro.com.br/seguro-auto


1. Limitado a R$ 1.500 para veículos até 3 anos e R$ 1.000 acima de 3 anos. 2. Cobertura exclusiva de 3% da importância segurada do veículo limitada a R$ 10.000,00 que garante reembolso dos objetos deixados no interior do veículo, em caso de roubo ou furto do veículo segurado. 3. Cláusula 76: 2 utilizações, limite de R$ 40 mil (R$ 20 mil por utilização) Cartão de Crédito Porto Seguro: Solicitação do cartão sujeita a análise de crédito. Consulte Condições Gerais no site www.cartaoportoseguro.com.br Parcela mínima de R$10,00. Portoseg S.A. Crédito, Financiamento e Investimento - CNPJ: 04.862.600/0001-10.

Contatos Consulte as Condições Gerais para verificar a abrangência do seguro, de acordo com a cláusula contratada. Porto Seguro Cia de Seguros Gerais. Avenida Rio Branco 1489, Rua Guaianases 1238 - Campos Elíseos - CEP 01205-001. Automóvel – CNPJ 61.198.164/0001-60 – Processo Susep: 15414.100233/2004-59 – Valor de Mercado e Valor Determinado. O registro deste plano na Susep não implica, por parte da autarquia, incentivo ou recomendação a sua comercialização. 333-PORTO (o mesmo que 333-76786) Grande São Paulo 4004-PORTO (o mesmo que 4004-76786) Capitais e grandes centros 0300 3376786 (Demais localidades) 0800-727-0800 (Demais localidades) 0800-727-2766 SAC (Cancelamentos e reclamações) 0800-727-8736 Atendimento exclusivo para deficientes auditivos 0800-727-1134 Ouvidoria


40 |

|

DEZ.2020


Criado pra escutar você NOVA S T VS PA NA S ON IC SÃO U LT R AC ON E C TA DA S E T Ê M AT É C OM A N D O DE VOZ

M

uitos aparelhos perderam lugar na sala de estar. Menos a televisão. A telinha se reinventou, virou uma telona. Mais do que isso: foi conectada com a internet. A última fronteira era o comando de voz. Não mais. Agora, pode conectar a casa e “escutar” as indicações. Nesse mundo hiperconectado, as novas TVs Panasonic (TC-55HX550B e TC-50HX550B) mostram tudo de que a tecnologia da marca é capaz. Disponíveis nas versões de 50 e 55 polegadas, os novos modelos apresentam o sistema Android TV, com o “Ok Google” embutido. Essa inteligência artificial do Google para TVs possibilita utilizar comando de voz para mudar de canal, além de alterar o volume. Os aplicativos de streaming são outro ponto forte. Não por acaso. Segundo dados da Bernstein Research, somente a Netflix atingiu 17 milhões de assinantes e supera, sozinha, todas as operadoras de TV paga no Brasil. Além da própria Netflix, as novas TVs Panasonic apresentam YouTube, Amazon Prime, HBO Go, Globoplay, ESPN Play, Spotify e Disney+. Também está previsto o HBO MAX, que ainda vai chegar ao país. Merece destaque o sistema Chromecast. Ele permite reproduzir o conteúdo do seu celular na tela da TV. Conecta-se via wi-fi e é compatível com os sistemas Android e IOS. Em relação à qualidade da imagem, os novos aparelhos têm resolução 4K upscaling, com remasterização de imagens. Com funcionamento automático, a tecnologia 4K HDR permite aumentar ainda mais a resolução de imagens HD ou FHD. Além disso, tal recurso aumenta o contraste das cores. E a conexão via Bluetooth Audio Link possibilita pareamento com caixas de som e outros dispositivos. O usuário tem, assim, uma experiência ainda melhor com a TV, com som e imagem além da imaginação.

panasonic.com/br @panasonicbrasil @panasonic.br loja.panasonic.com.br/HX550 DEZ.2020 |

|

41


M ERC A D O

NOVO CAMINHO Mudanças no Plano Diretor de São Paulo deverão impulsionar o setor imobiliário

C

erca de 4,2 bilhões de pessoas, mais da metade da população mundial (55,3%), vivem hoje em áreas urbanas. Em 2045, estima-se que esse número aumente 1,5 vez. Ou seja, para mais de 6 bilhões, aponta o World Happiness Report no estudo Cities and Happiness: a Global Ranking and Analysis. As chamadas megacidades - aquelas com mais de 10 milhões de habitantes, a exemplo de São Paulo, a mais populosa do Brasil com 12,3 milhões de habitantes - avançam a todo vapor, devendo chegar a um total de 43 nesta década. As megalópoles são o sonho de vida de muita gente. Ao mesmo tempo que oferecem um universo de opções, nos países emergentes paga-se um preço alto pelo crescimento desordenado. São Paulo acumula sérios problemas urbanos, como mobilidade, violência, enchentes, poluição do ar e sonora e déficit habitacional - estima-se que 474 mil moradias populares deveriam ser construídas para zerar esse passivo. O ano de 2021, no entanto, acena para uma grande e importante mudança. São Paulo, pela necessidade de evoluir em mobilidade urbana sustentável, pela uberização do transporte e pela multiplicação dos serviços de de-

42 |

|

DEZ.2020

livery, terá a chance de repensar o futuro que quer construir. No horizonte de 2021, a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo começa a ganhar corpo. A despeito de o projeto a ser aprovado e adotado, a realidade aponta para uma nova era no setor imobiliário. Uma era marcada pela valorização do ativo habitacional. O Executivo deverá encaminhar à Câmara Municipal proposta de revisão desse Plano Diretor, a ser elaborada de forma participativa. Na prática, isso significa que o prefeito Bruno Covas poderá realizar mudanças na legislação que determinarão o adensamento, a verticalização, a arrecadação de outorga onerosa (valor pago para aumentar o potencial construtivo de novas construções), a criação de novos eixos comerciais, dentre outras decisões. Esses parâmetros são essenciais para o crescimento (ou não) de uma cidade, explica o IFL (Instituto de Formação de Líderes) em artigo publicado no site de finanças InfoMoney. O Plano Diretor tem um foco muito específico de descentralizar e multiplicar a oferta de emprego. Nesse projeto, o Executivo municipal prevê a criação de parques tecnológicos e polos de incentivo em diferentes re-

giões da cidade. “O objetivo principal é promover uma distribuição das atividades produtivas na cidade”, descreve o plano. Em relação à mobilidade, o plano almeja reverter o modelo atual – centrado no automóvel – para a integração de meios de transporte público e não motorizado. Isto significa trazer para essa equação, com muito mais valor, o sistema cicloviário e a circulação de pedestres. Além disso, pretende “reduzir o tempo de viagem da população” e “estimular o compartilhamento de automóveis para reduzir o número de veículos em circulação”. MELHOR PARA TODOS A expectativa é que a revisão do Plano Diretor de São Paulo permita um maior adensamento urbano, de forma a promover uma maior concentração populacional em determinadas áreas da cidade. Fazer com que quem trabalha na capital viva na capital é um dos objetivos. Estudos apontam que quem habita em regiões mais densas é mais feliz. Mais adensamento em áreas residenciais, comerciais e de serviços leva a uma menor necessidade de deslocamento, o que gera menos trânsito e aumenta a produtividade em geral. Com

© ISTOCK


DEZ.2020 |

|

43


mais pessoas em uma mesma região, os espaços públicos tornam-se mais seguros. Isso vai mexer com o habitante, proprietário ou inquilino do imóvel e movimentará o mercado imobiliário. “Com o novo Plano Diretor, temos uma chance grande de valorização dos imóveis”, aposta Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s. A valorização do ativo imobiliário deve acontecer no momento em que proibições antigas, daquelas que engessam as mãos dos construtores, forem derrubadas. Um exemplo é a chamada Fachada Ativa - frente do edifício que permite sua interação com o pedestre -, cujo Plano Diretor vigente proíbe a inclusão de vaga de garagem. “Isso engessou muito o desenvolvimento imobiliário e proporcionou a aparição desses ‘Frankensteins’ compostos por apartamentos de 120 metros quadrados e de 30 metros quadrados acessados por outra entrada”, explica Romero. “Essa revisão vai ser muito importante para esse ponto crítico do Plano Diretor.” Se houver uma reavaliação das premissas do Plano Diretor que facilite uma flexibilização das restrições hoje impostas,

44 |

|

DEZ.2020

sobretudo nos corredores urbanos, os incorporadores conseguirão melhorar o potencial de construção dos terrenos. Espera-se também que o novo Plano Diretor facilite o acesso da população aos imóveis. “Mais segurança, menos tempo de deslocamento e mais oferta de imóveis de baixo custo. Para se alcançar isso, é importante mais adensamento, menor custo de outorga onerosa e maior utilização de transporte público”, indicou o artigo do IFL no InfoMoney. Historicamente, o preço do lançamento sempre foi mais baixo. No entanto, acabou aumentando por conta do salto do valor do terreno, do custo dos materiais de construção, da mão de obra e também do INCC (Índice Nacional do Custo de Construção), que reflete a inflação do preço dos materiais de construção e da mão de obra. “Ainda faltam políticas públicas bem estabelecidas. Há uma camada da população que é alijada disso tudo, porque não tem crédito, não tem renda comprovada, não tem nada”, avalia Romero. Para justificar o aumento no preço do imóvel novo, mesmo quando adquirido na planta, as incorporadoras passaram a investir em arquitetos e designers de interiores renoma-

© GETTY; ISTOCK


dos e projetos de paisagismo de peso. A varanda expandiu o apartamento, que ganhou mais espaço em uma área não computada e sem demandar que o incorporador pagasse pela outorga. Essa estratégia dos arquitetos foi o caminho encontrado para adequar os projetos ao Plano Diretor vigente. O conceito foi rapidamente abraçado pelo time de marketing que tornou os empreendimentos cada vez mais atrativos. No entanto, levar profissionais com assinatura para os projetos encareceu o custo das obras. O aumento no volume de vendas não significa rentabilidade maior. Esse movimento de sofisticação estética das obras se deu devido às restrições impostas pelo Plano Diretor. Isso explica o boom de varandas e espaços gourmets nos edifícios residen-

“Ao alterar as leis de uso e ocupação do solo no Plano Diretor, podemos frear o custo do metro quadrado dos lançamentos”

ciais iniciado na década passada. “Essa flexibilização racional do Plano Diretor, com previsão de revisão para 2021, pode ajudar a suavizar essa curva de acentuamento do preço do metro quadrado”, analisa Romero. “Ao alterar as leis de uso e ocupação

do solo, podemos frear o custo do metro quadrado dos lançamentos.” Por mais que se pense o contrário, a densidade demográfica em São Paulo é relativamente baixa. Sobretudo nas áreas centrais. Os locais mais adensados são justamente as favelas, que avançaram à própria sorte e hoje sofrem com excesso de moradores e escassez de recursos básicos. Essa aglomeração desordenada é tudo que a São Paulo do futuro não quer. A meta do novo Plano Diretor é trazer qualidade de vida aos moradores e também melhorar a mobilidade urbana. O resultado será deslocamentos menores, menos trânsito, mais transporte sustentável, mais segurança e valorização de regiões que sirvam como áreas comerciais, residenciais e turísticas. TP

DEZ.2020 |

|

45


E STI LO

MEN’S HOUSE CHEGA AO RIO DE JANEIRO O espaço, que agrega marcas de luxo e um novo conceito de vendas, foi inaugurado no Shopping Leblon Depois do grande sucesso em São Paulo, com o lançamento do espaço no Shopping Cidade Jardim, a Men’s House leva as suas experiências e conexão com o universo de luxo para o Rio de Janeiro. De quebra, em um lugar ainda maior. A inauguração da Men's House carioca aconteceu na segunda quinzena de novembro, em um dos endereços mais emblemáticos da capital carioca: o Shopping Leblon. Seguindo o mesmo formato do espaço em São Paulo, a Men’s House reúne em um só lugar marcas de moda, carros, viagem, beleza e tecnologia. Todas elas voltadas para o público masculino. O cliente também tem acesso à curadoria exclusiva de produtos e serviços de alto luxo. Sem esquecer do clube Men's House. Por intermédio dele,

46 |

|

DEZ.2020

os sócios podem adquirir box experiences com itens que vão desde uma camisa sob medida e bebidas premium a experiências exclusivas. No Rio de Janeiro, o projeto tem a participação das marcas Jaguar, Land Rover, Land Rio, Ducati Rio, Merino Alfaiataria, N45, Solution Place Blindagem e Corsage joalheria. Há ainda a participação do artista plástico Zilando Freitas. Ele é conhecido por assinar suas obras com a bandeira do Brasil. As obras de Freitas estão presentes na decoração de residências de gente de vulto no mundo inteiro. A saber: Bono Vox, Nelson Mandela, Família Moratti, Ronaldo Fenômeno, Ayrton Senna, Ana Hickman, Ana Maria Braga, Sotheby’s London, Romero Brito e Naomi Campbell.


Vinhos, roupas, motocicletas: tudo isso pode ser encontrado em um mesmo lugar

Deve-se lembrar, ainda, que a Men’s House SP, sede do primeiro bar Macallan no Brasil, também leva essa exclusividade ao Leblon. Sem contar a adega Laretuseo, importadora de vinhos italianos. Essa empresa ocupa um pilar importante no novo marketplace com rótulos que prometem surpreender e ambiente aconchegante, decorado com mobiliário da Trend Shop e Teratai Trade e curadoria da designer de interiores Alice Sturari. A ideia de trazer o formato da Men’s House para o Brasil é do empresário Marcello Mora - proprietário das boutiques Rolex e Corsage do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo. Ele agora alça voo no Rio de Janeiro e promete chegar em breve às cidades de Ribeirão Preto, no interior paulista, e Brasília. Esse sucesso todo vem do fato de Men’s House ser muito mais do que uma loja. Trata-se de um espaço que incorpora conceitos como brands, network, lifestyle, wellness, entertainment, business e fun. Isso significa, entre outras benesses, proporcionar momentos memoráveis aos clientes e frequentadores por meio de uma agenda de eventos e experiências semanais muito prazerosos. TP

DEZ.2020 |

|

47



COLEÇÃO DE

NATAL COM ENTREGA PARA TODO O BRASIL


Cl

s as

ic

VISÃO

s

Uma mulher solar Livre, sexy, mãe, amiga, desbocada: nos explosivos dez anos em que reinou, Leila Diniz foi todas as mulheres do mundo

POR RONALDO BRESSANE*

N

unca houve nem nunca haverá mulher como Leila Diniz. Até porque nunca houve e provavelmente não haverá no Brasil uma época como aquela. Tempos ambíguos, de repressão política e social, mas também de explosão criadora, de revolta da cultura contra a moralidade tacanha da sociedade. Leila encarnou essa rebelião de modo feliz, deliciosamente sexy – e ironicamente romântico. Tão amada quanto combatida, foi o espírito do seu tempo – encapsulado em apenas 27 anos. Leila Diniz é a prova de que uma musa extrapola o poder de sua imagem. Quem a conhecesse apenas pelas fotografias, filmes (14) e telenovelas (12) que deixou, talvez duvidasse de seu impacto como símbolo sexual. Sua beleza se encaixaria no padrão da morenice brasileira – se não espetacular, jamais vulgar –, uma lindeza muito semelhante à de centenas de gatinhas cariocas: corpo violão, sorriso brejeiro, pele tostada pelo sol de Ipanema. Em seu rosto, marcantes eram as espessas sobrancelhas retas e os olhos negros amplos, profundos, curiosos. O narizinho arrebitado contrastava com a dentadura cristalina e um tantinho avançada – o que lhe garantia o apelido de Coelha. Nada disso seria imortalizado não fossem a atitude aberta, calorosa, sem rodeios, e o sorriso devastador, meio sacana, meio infantil, de onde fluíam frases originalíssimas, que divertiam uns, chocavam

50 |

|

DEZ.2020

outros – e iluminavam a todos. Leila Diniz era uma festa 24 horas por dia, sete dias por semana. Quem não quisesse participar daquele fogo de artifício em forma de gente estava morto – ou mumificado pela ditadura. Leila Roque Diniz nasceu em março de 1945 em Niterói, no Rio de Janeiro. Formou-se no magistério e aos 15 anos tornou-se professora de maternal e jardim da infância no subúrbio carioca. Chutou a mesa do professor para escanteio, misturou seus objetos pessoais aos dos alunos e tratava a molecada de igual pra igual: ela os adorava, eles a adoravam. Ali começava sua longa carreira com os palavrões, pelos quais ficou tão conhecida. Como conta na famosa entrevista para O Pasquim, em 1969, um aluno a xingou, e ela devolveu chamando-o de “Seu Cocô”. “Foi aquela zona: adaptei meus palavrões pros deles, e eles passaram a se chamar de xixi e cocô, a diretora ficava horrorizada. Depois de uma semana eles pararam, porque a merda deixou de ser excepcional, ficou totalmente desmoralizada. (...) Acho o palavrão gostoso, é uma coisa normal pra mim. É engraçado, porque meu pai nunca falou nem cocô, falava ‘fezes’...” PAIXÃO DE DOMINGOS Com 17 anos, época em que namorava um ator de teatro – havia perdido a virgindade com um amigo aos 15, “na hora


DEZ.2020 |

|

51


exata”, segundo dizia –, conheceu o teatrólogo Domingos de Oliveira. Tinha entrado numa festa de Natal do cineasta sem sequer conhecê-lo, tomou um porre, viu Domingos deitado, também de porre, e dividiu a cama com ele. Ali começava um casamento que duraria três anos. Ele demorou a se recuperar do pé na bunda – para resolver sua mágoa, cometeu em 1969 uma obra-prima: o filme Todas as Mulheres do Mundo, história de amor protagonizada por Leila e o alter ego de Oliveira, Paulo José. Uma das sequências mais belas mostra Leila nua sob um poema em off: “Não fosse meu/ o segredo do teu corpo/ eu gritaria pra todo mundo/ (...) Teu corpo, para compreendê-lo, é preciso/ muita convivência/ E teu sexo/ Um rio/ onde meu barco navega ao vento das sete paixões/ Longo caminho, poucos navegantes/ viajaram impunemente/ E tua alma/ Tua alma/ é teu corpo”. Oliveira conta que escreveu esse poema literalmente nas coxas, numa kombi a caminho do set do filme, “ainda louco por ela, alma dilacerada pela separação”. Leila fez muita figuração de cinema e trabalhos pequenos na TV, até estrear no teatro e ganhar um papel em uma novela da Tupi, E Agora, Aonde Vamos?. Virou sex symbol nacional, capa de inúmeras revistas e emendou uma sequência de 14 telenovelas até a fatídica entrevista para O Pasquim. As entrevistas do mais provocador periódico dos anos 1960/70 eram conhecidas por serem muito próximas ao linguajar coloquial dos entrevistados. Tiques, gagueiras, gírias, repeti-

52 |

|

DEZ.2020

ções – e palavrões – eram bem-vindos. Não, porém, na boca de uma moça de 25 anos. CONDENADA NA TV Fora os palavrões, indicados por asteriscos, algumas frases escandalizaram a carola sociedade brasileira. “Eu durmo com todo mundo. Com quem quiser dormir comigo e com quem eu quiser dormir”, disse Leila. Para piorar, afirmava o inafirmável: “Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo”. Não se tratava de discurso feminista: Leila Diniz praticava o que falava, e detestava que transformassem sua fala em bandeira política. Sua ousadia – que para ela era natural, nada revolucionária – custoulhe caro. A TV Globo fechou-lhe as portas. Perguntada sobre se Leila Diniz estrelaria alguma produção sua, a novelista Janete Clair respondeu: “Não planejei nenhuma história que tenha uma prostituta”. Ficou meses sem trabalhar e, submetida a um júri de “pessoas de bem”, em um programa da TV-Rio, Canal Livre, foi agressivamente condenada. Teve de voltar ao teatro; virou vedete do teatro do rebolado e, em sintonia com a vanguarda cultural, foi eleita madrinha da Banda de Ipanema. Numa época em que assumir fazer psicanálise era uma deixa para declarar-se com problemas de saúde mental, Leila contava que se analisava numa boa. “Fiz análise um ano inteiro, por ter parado de trabalhar durante seis meses. Foi muito violento para

“Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo”, ela falou. Não se dizia algo assim em 1969

mim, serviu como um balanço. No fim, percebi que foi uma preparação instintiva para meu filho”. No ano seguinte à sua entrevista a O Pasquim viria sua atitude mais controversa. Casada novamente, com o cineasta Ruy Guerra, engravidou. E sambou na cara da sociedade ao aparecer na praia de biquíni, exibindo orgulhosa o barrigão – numa época em que biquínis ainda eram escandalosos (haviam sido proibidos em 1961 por Jânio Quadros), e mulher grávida ficava em casa. Ruy Castro escreveu: “As grandes massas nunca tinham visto aquilo. Hoje pode soar absurdo, mas choveram protestos, indignação e repulsa contra o gesto de Leila. Falou-se em deboche contra a maternidade, em afronta à Virgem Maria. Mas o grande problema não era a gravidez nem o biquíni. Era Leila Diniz”. Paulo José comenta que as atitudes de Leila nunca eram pensadas. “Aquele negócio dela aparecer grávida na praia, com a barrigona de fora, foi uma grande sensação, por aparecer como uma imagem da mulher liberada


e tal. O que pra ela era muito mais simples do que isso: era simplesmente porque ela gostava de tomar sol, e o fato de estar grávida não modificava absolutamente nada. Era tão natural ficar grávida como tomar sol”. Seu amor por Janaína, a filha recém-nascida, era uma devoção – talvez uma forma de compensar ter sido abandonada pela própria mãe, aos sete meses. “Não conheci ninguém com o lado maternal tão forte quanto Leila”, disse dela Marieta Severo, madrinha da garota. “Leila não era só alegria 24 horas por dia. Era de uma vulnerabilidade... sofria pelas pessoas não entenderem sua espontaneidade, sua liberdade”, conta. A felicidade de Leila durou pouco. Em julho de 1972, viajou para a Austrália para receber um prêmio pelo filme Mãos Vazias, de Luiz Carlos Lacerda. Com saudades de Janaína, de-

cidiu antecipar a volta em um dia – nem chegou a pegar o troféu no fim do festival. O avião em que ela viajava explodiu em Nova Déli, na Índia. Suas últimas palavras, recuperadas do diário em que escrevia na hora do acidente, foram: “Está acontecendo uma coisa muito es...”. Leila Diniz tinha 27 anos, e Janaína sete meses – mesma idade em que a atriz havia sido abandonada pela mãe. Em um número especial d’O Pasquim , intitulado Uma Mulher Solar, Carlos Drummond de Andrade assim a definiu: “Sobre as convenções esfarinhadas mas recalcitrantes, sobre as hipocrisias seculares e medulares: o riso aberto, a linguagem desimpedida, a festa matinal do corpo, a revelação da vida; o nome acetinado de cartão-postal, o sobrenome de cristal tinindo e partindo-se, como se parte, mil estilhas cintilantes, o avião no

espaço – para sempre (...). Leila para sempre Diniz, feliz na lembrança gravada: moça que sem discurso nem requerimento soltou as mulheres de 20 anos presas ao tronco de uma especial escravidão”. A trajetória relâmpago demonstra que Leila era daquela estirpe de gente escolhida para iluminar o mundo e então desaparecer – e, por isso, ser transformada em mito. Talvez já soubesse disso. Afinal, em sua casa, havia a seguinte inscrição em um azulejo: “Borboleta que muito voa vai se queimar na lâmpada”. TP

(*) RONALDO BRESSANE, paulistano, é jornalista, autor dos poemas de Metafísica Prática (Editora Oito e Meio), do romance Mnemomáquina (Demônio Negro), do infanto-juvenil Sandiliche (Cosac Naify) e do romance gráfico V.I.S.H.N.U. (Companhia das Letras).

DEZ.2020 |

|

53


Cl

AUDIÇÃO s as

ic

s

Noites inesquecíveis Em 1981 era aberto em São Paulo o 150 Night Club. Nunca houve no país uma casa noturna como aquela

POR WALTERSON SARDENBERG Sº

B

illy Eckstine já passara dos 70 quando fez uma temporada no 150 Night Club, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. Ainda mantinha o elán dos anos 1940, quando se tornou o primeiro cantor negro a fazer sucesso entre as plateias brancas entoando um repertório romântico – antes mesmo de Nat “King” Cole. Hospedado no Maksoud, Eckstine convidava amigos recentes para um scotch na suíte. Só então descia para o show. Foi assim com o produtor Luiz Carlos Miele, um raro brasileiro que veio ao mundo de smoking. Por sinal, este era o traje de Eckstine naquela noite. Miele acomodou-se, com o copo a estibordo. Eckstine permaneceu bebericando de pé. Miele perguntou: “Por que o senhor não se senta?”. Resposta em barítono profundo: “Não posso. Vai tirar o vinco das calças”. Miele comentou tempos depois: “Um cara com a carreira solidíssima, absoluta, ainda se preocupava em não tirar o vinco das calças, em não fazer essa afronta ao público”. Isso era elegância. *** Elegância é uma boa palavra para definir o 150, casa noturna para apenas 200 pessoas, embora não fosse o figurino pessoal do proprietário do hotel, Henry Maksoud, um tipo miúdo, calvo, enérgico e com uma queda por gravatas berrantes. Na sua ausência, os funcionários o tratavam por Mr.

54 |

|

DEZ.2020

Magoo, em virtude da semelhança com o personagem de desenho animado que enxergava mal à beça. Ao contrário deste, era um homem de visão. Em 1979, quando completou 50 anos, Maksoud, filho de imigrantes libaneses, estava no auge. Seu conglomerado incluía a construtora Hidroservice – que ergueu o Aeroporto Tom Jobim –, a indústria de computadores Sisco e a revista semanal Visão. Inquieto, comandava um programa de entrevistas na TV, no qual tagarelava o triplo dos convidados. Ainda em 1979, inaugurou o seu Palácio de Versailles, na confluência dos bairros de Cerqueira César e Bela Vista: um hotel com 371 apartamentos, 38 suítes de luxo, sete suítes presidenciais, três bares, cinco restaurantes, um teatro e um nightclub. O tal nightclub, claro, era o 150, nome que ocorreu a Roberto Felix, o mais velho dos dois filhos de Maksoud, a partir de um fato prosaico. “O hotel dá frente para a rua São Carlos do Pinhal. Mas a entrada do 150 era pela alameda Campinas, número 150.” Elegante, sim, era – e ainda é – Roberto, a despeito da silhueta rechonchuda em 1,68 metro. Um homem discreto. Coube a ele, no viço dos 25 anos, administrar o Maksoud Plaza. Em 1981, o hotel ganhara fama internacional ao trazer Frank Sinatra para quatro apresentações. A temporada do cantor reforçou a aposta na ideia inicial do 150, levada à prática naquele mesmo ano: um lugar pequeno para se dançar


DE.2020 |

|

55


A animadíssima plateia em um show de Bobby Short

de rosto colado, ao som de um grupo inspirado nas big bands do swing. “Não havia nada assim na época, dominada pela música disco”, relembra Roberto. “Achávamos que existia uma lacuna para agradar gente mais romântica, mais adulta e com gosto mais refinado.” No alvo. *** O jornalista, escritor, radialista e produtor musical Zuza Homem de Mello estranhou quando abriu a janela de seu apartamento no edifício Pauliceia, na rua São Carlos do Pinhal, e viu, do outro lado da calçada, o convento das freiras circundado por tapumes. Uma reforma? Não. Logo ficou sabendo que a moradia das religiosas seria derrubada para dar lugar a um hotel de luxo com 22 andares. Sua melhor surpresa foi descobrir não só o 150 como também a principal cartada de Roberto Maksoud: além da apresentação diária da Banda 150, a casa programava, na metade de cada semana, uma temporada de algum astro brasileiro ou internacional. Sempre um biscoito fino, para degustar com whisky das Highlands, num período em que, no Brasil, harmonizar ainda tinha a ver com música, e não com brancos e tintos. “Jamais uma boate brasileira reuniu um elenco tão fabuloso de músicos”, exultou Zuza Basta uma olhadela no cardápio no decorrer de 16 anos do 150 para compreender esse entusiasmo. O jazz era o prato principal, trazendo ao país, entre outros, os pianistas Earl Hines e George Shearing; os saxofonistas Benny Carter e Paquito D’Rivera; o vibrafonista Lionel Hampton; as cantoras Anita O’Day, Betty Carter e Carmen McRae; os cantores Bobby Short e Joe Williams. Mas também havia espaço para outros paladares, dos condimentados blues de Buddy Guy e Ju-

56 |

|

DEZ.2020

nior Wells à cozinha caprichada do chileno Lucho Gatica, dos italianos Paolo Conte e Sergio Endrigo, do francês Michel Legrand e do mexicano Armando Manzanero. Sem olvidar o produto nacional: João Donato, Leny Andrade, Nana Caymmi, Nara Leão, Tom Jobim e grande elenco. Boa parte dos escolhidos era preferência pessoal de Roberto. Ele teria hoje em casa uma discoteca com mais de 3 mil discos de vinil, não houvesse seu irmão Cláudio, à sua revelia, vendido a coleção para um primo espertalhão. Roberto quis adquiri-la de volta. “Desisti para não comprar uma briga de uma geração inteira na família”, resume. Mal sabia que as desavenças entre os Maksoud subiriam de tom até se tornarem estrondosas. *** “Você tem de trazer o Bobby Short.” A dica era do consultor financeiro Geraldo Forbes, frequentador assíduo. Roberto Maksoud foi ouvir a opinião do fotógrafo americano David Drew Zingg, radicado no Brasil havia duas décadas. “Traga amanhã mesmo. É o maior saloon singer do mundo!”, referendou Zingg. Roberto estava sempre aberto a sugestões. Zuza contou: “Lembro-me de ter indicado a ele o trompetista Les Elgart e Lionel Hampton, que continuavam tocando o fino”. De fato, os dois vieram ao 150. Foi Roberto Corte Real, outro dedicado fã de jazz, quem apresentou a seu xará hoteleiro um tarimbado agente de Los Angeles, Harold Jovien, que passou a


Bobby Short cumpriu nada menos que seis temporadas no 150. Fez amigos. Ia a churrascos. Encomendou até arranjos para o maestro da casa, Hector Costita

fazer o meio de campo com os músicos estrangeiros. Quando queria saber se um artista veterano estava ou não em boa forma, Roberto Maksoud telefonava para Leonard Feather, um dos principais historiadores do jazz, que Jovien lhe apresentara. “Desisti da Nina Simone quando me garantiram que ela era encrenqueira”, conta. Já o cantor Mel Tormé fez muitas exigências. Queria que pagassem o combustível de seu jato particular. Não veio. Havia argumentos aliciantes para viabilizar a vinda dos artistas. A começar pelo aval do escritório de Sinatra. Outra: as passagens aéreas eram bancadas pela Pan Am, que tinha uma parceria com o hotel e, mais tarde, seria substituída pela Varig. Despesas com hospedagem e alimentação ficavam, claro, por conta do Maksoud. Ao artista, restava botar o cheque no bolso, entrar em um dos elevadores panorâmicos e descer ao subsolo, onde ficava o 150. Com ou sem o vinco nas calças. Apesar dessas facilidades, Tim Maia aprontou. Sua temporada deveria ser de duas semanas, mas encolheu para quatro shows. O autor de “Vale Tudo” chegou ao hotel furioso. O motor do carro em que viajava do Rio para São Paulo fundiu na via Dutra, e foi preciso pedir carona na estrada. Ainda no dia da estreia, no ensaio vespertino, Tim ofendeu os técnicos

de som com expressões que corariam Vanderlei Luxemburgo ao instruir a zaga em dia de derrota. Por fim, já com o 150 lotado, negou-se a descer para o show. Chamado a intervir por um funcionário aflito, Roberto ligou para a suíte. “Tim não queria cantar de jeito nenhum”, relembra. No desespero, Roberto queixou-se: “Poxa vida, você está me dando muito mais trabalho que o Sinatra!”. Mágicas palavras. Tim surpreendeu-se: “É mesmo, mermão?”. Em seguida, fez soar uma tonitruante gargalhada e, vingado e feliz, avisou: “Estou descendo!” *** Convencer Bobby Short a vir a São Paulo foi mais fácil, embora até então o cantor e pianista só trocasse o nova-iorquino Cafe Carlyle, onde se apresentava, pelo descanso em seu château na Côte d’Azur. Bobby sentiu-se em casa no 150, onde cumpriu seis temporadas. “A principal exigência dele era vir ao Brasil na primavera”, diz Roberto. “Aos poucos, fui descobrindo um Bobby muito brincalhão. Rindo muito, ele me deu de presente um cinzeiro muito cafona com a foto dele mal impressa em preto e branco, souvenir que mandou fazer no Corcovado.” Cada vez mais à vontade no Brasil, Short passou a agregar a Banda 150 às suas apresentações. Encomendou até arranjos ao maestro do grupo, Hector Costita. Fez amigos. Frequentava churrascos. Lavava a alma por aqui – com sabonete Phebo, que adorou e adotou. Quando fez 50 anos, em 1983, Zuza viveu uma das melhores noites de sua vida, ao lado da namorada. Cinquenta casais amigos foram ao 150 comemorar o seu aniversário ao som de Bobby Short. Em meio ao show, o polido e boa-praça maître João Aragão Prado, o Prado – para quem Zuza costumava

DE.2020 |

|

57


enviar postais quando viajava –, trouxe o bolo. Bobby emendou com “Happy Birthday”. Precisava mais? *** Foi Bobby Short quem disse a Roberto Maksoud: “Você tem de trazer a Alberta Hunter”. Alberta quem? A pergunta não era despropositada. Alberta começou a cantar nos anos 1920 acompanhada por ninguém menos que King Oliver e Louis Armstrong. Compôs “Downhearted Blues”, gravada por Bessie Smith. Em 1950, mandou tudo às favas e passou a trabalhar como enfermeira em Nova York. Estava esquecida quando retomou a carreira musical em 1977. “O Brasil fica na América Central? Para a América Central eu não vou”, ela disse ao telefone, ao receber o convite para cantar no 150. Do outro lado da linha, Roberto explicou: “O Brasil é na América do Sul. Olhe, a senhora poderia se informar a meu respeito com o Bobby Short”. Dois dias depois, estava confirmada a vinda de Alberta Hunter ao 150. Quem a viu chegando ao hotel aos 88 anos, numa cadeira de rodas, não podia acreditar que faria duas efervescentes temporadas no 150. “Quando começava o show, aquela velhinha se transformava em um mulherão. Como cantava!”, suspira o jornalista Márcio Gaspar. “A última apresentação de Alberta no exterior aconteceu no Brasil.” Márcio trabalhava na CBS – hoje, Sony Music –, que representava no Brasil a Columbia, gravadora de Alberta Hunter. Assim conseguiu marcar uma conversa com a cantora. “Ela me recebeu no quarto, muito bem-humorada”, diz. “Divertidíssima, disse que

58 |

|

DEZ.2020

O 150 Night Club durou 16 gloriosos anos. Fechou de um modo melancólico, em 1997, para ser transformado em um bingo

Duke Ellington era gênio na vertical mas péssimo na horizontal.” Se Bobby Short levou sabonetes Phebo e Carmen McRae pôs na mala uma cachaça da boa, Alberta carregou orações. Nas duas vezes que esteve em São Paulo, reuniu funcionários do Maksoud no dia da viagem de volta a Nova York, pedindo que rezassem por seu retorno ao Brasil. Morreu antes da terceira temporada, aos 89 anos. *** O maestro Hector Costita não estranhou quando Roberto Maksoud lhe avisou que traria Toshiko Akiyoshi – 14 vezes indicada ao Grammy – para conhecer a boate naquele mesmo dia. A pianista e arranjadora japonesa faria seu show de estreia na noite seguinte. Era sempre assim. Roberto amava exibir a Banda 150, formada por dez músicos. Tinha orgulho do grupo. Em especial, do naipe de metais comandado pelo próprio Costita ao sax tenor e clarineta. “Ganhávamos bem, tínhamos um ótimo ambiente de trabalho e a banda estava a cada dia mais afiada”, relembra o simpático argentino Costita. Toshiko ficou encantada com o que

ouviu. Ela iria se apresentar acompanhada apenas pelo marido (o saxofonista Lew Tabackin), o baixista e o baterista. Mas, depois de ouvir Costita e seus asseclas, a pianista, cheia de dedos, perguntou a Roberto: “Será que posso me apresentar unindo o meu grupo com a banda da boate?”. No ensaio marcado para a tarde do dia seguinte, Toshiko trouxe duas olheiras e mais de uma dezena de novos arranjos. Passara a noite em claro escrevendo, uma a uma, as partituras para cada instrumento da Banda 150. “Foi uma temporada incrível!”, exulta Costita. Nos dois anos e oito meses em que comandou a Banda 150, Costita também acompanhou, entre outros, Benny Carter, Michel Legrand e Bobby Short. “Ele me chamava de Mon Petit, porque morei três anos em Paris.” *** O jornalista e escritor Roberto Muggiati, autor de cinco livros sobre jazz, saía do Rio de Janeiro, onde ainda mora, para assistir aos shows do 150 e entrevistar os protagonistas. Tem saudade do clima altamente civilizado. “Conversei à vontade com o Benny Carter às 3 da manhã”, diverte-se. A irascível Anita O’Day, que destratou repórteres e foi hostil com os músicos – embora tenha gravado um disco ao vivo no 150 –, não lhe pareceu tão intratável. “Ela até enviou-me sua biografia.” Com Joe Williams, Muggiati papeou antes de o cantor entrar no palco. “Ele foi muito gentil, mas tinha os olhos bem vermelhos, de quem acabara de dar uns tapinhas.” O escritor e roteirista Renzo Mora, frequentador assíduo, também enalte-


Alberta Hunter, Tim Maia, Toshiko Akiyoshi e Lew Tabackin: personagens de histórias divertidas

ce a categoria do ambiente. Ainda na dureza da juventude, ele raras vezes pedia o prato de resistência da casa, o filé à maturine, servido com molho roti. Ficava nos dois whiskies. Mesmo assim, era recebido com fidalguia pelo maître Prado. “Quando ele me via bem acompanhado e sabia que eu queria impressionar a moça, perguntava: ‘Vai o de sempre, seu Renzo?’ E ainda piscava para mim, cúmplice”. O publicitário Enio Basílio Rodrigues é outro frequentador contumaz com saudade do tratamento. “Nenhum garçom te importunava, querendo empurrar comida ou bebida”, testemunha. Aboletado em um banquinho no bar, seu lugar preferido, Enio viu cenas memoráveis. Entre elas, a da cantora Nana Caymmi, de porre ao seu lado, avacalhando o show que fizera com o pai e os irmãos: “Foi uma merda!”. Enio tentou contemporizar, pedindo que ao menos poupasse o pai, Dorival. “Ele é outra merda”, retrucou Nana, antes de decretar, de copo em riste: “E você também!”.

Beberique-se com um barulho desse. *** O 150, enfim, foi um número – como ainda se dizia para designar algo muito divertido. Pena que Henry Maksoud, açoitado pelas drásticas oscilações da economia nos anos 1990, tenha resolvido popularizar a casa, escalando cantores de vozeirão. Ao arrepio do bom gosto do filho mais velho, forçou a barra com uma temporada de Agnaldo Rayol. “Não tinha o perfil do 150, mas fez sucesso”, admite Roberto. Por fim, em 1997, Henry Maksoud decidiu fechar o 150. Em seu lugar, abriu um bingo. Poderia ser um tobogã. Ou uma pista de patinação. Qualquer fosse a solução seria um erro. O objetivo da boate jamais foi ter grandes lucros – nem haveria como, em virtude das dimensões reduzidas. Mas sim emprestar projeção internacional ao Maksoud Plaza. Dois anos depois, Roberto deixou o hotel. Quando o velho Henry Maksoud morreu, em 2014, decrépito, a família estava dividida na Justiça, pleiteando a

herança avaliada em R$ 700 milhões. Na disputa, o filho mais velho de Roberto, Henry Maksoud Neto, está do lado contrário do pai. Hoje, ocupa o lugar de Roberto à frente do hotel que, neste ano de 2020, permaneceu seis meses fechado, em virtude da pandemia. A falta de receita obrigou a direção a demitir 153 dos 316 funcionários. Antes da pandemia, o Maksoud Plaza ainda tentou a sorte com uma boate de música eletrônica, a PanAm. Sem glamour. Sem músicos. Os DJs não precisavam nem sequer conhecer claves ou compassos. Nem trocar o sono por partituras. Muito menos se preocupar com o vinco das calças. TP

(*) WALTERSON SARDENBERG Sº é jornalista, em São Paulo. Gosta de contar que nasceu em 6 de julho de 1957, o dia em que John Lennon e Paul McCartney se conheceram. Talvez venha daí sua paixão pela música popular, tema, por sinal, de vários textos que escreveu para THE PRESIDENT.

DE.2020 |

|

59


Cl

PA L A DA R

s as

ic

s

A comida da França O uso preponderante da manteiga, da banha e do azeite mapeia a cozinha francesa

POR ARMANDO COELHO BORGES*

J

á acompanhamos, na revista THE PRESIDENT, o grande gastrônomo e homem de letras Waverley Root (19031982), americano que viveu na Europa, abordando a comida italiana em seu clássico The Food of Italy. Agora comentamos o primeiro livro dele, The Food of France, de 1958. São duas obras-primas que podem ser encontradas na Amazon. Root, com senso crítico, vasta cultura e poder de síntese, nos faz viajar pela cultura francesa contando histórias, descrevendo pratos e desvendando segredos.

O DOMÍNIO DA MANTEIGA n Touraine – coração sentimental da França Terra e microclima condicionam a comida. E assim, por gerações, determinam a cultura do lugar. As diferentes cozinhas se interpenetram e a culinária francesa ganha variedade de pratos e modos de preparo para mostrar. Touraine é um território pequeno porém com muita história. Foi lá que Joana d’Arc fez nascer a França moderna ao combater os ingleses em 1429. Isso aconteceu no castelo de Chinon, o mesmo em que morreu Ricardo Coração de Leão (1157-1199), rei inglês. Foi berço da cuisine bourgeoise, que levava em alta conta o conforto e o bem-estar. Tours, capital da região, pode se orgulhar, diz Root, do melhor francês falado na

60 |

|

DEZ.2020

França. Rabelais era conterrâneo e Balzac também. As batatas à parmentier, célebre receita local, foram cozidas pela primeira vez com salsinha e manteiga. E ainda estão nos cardápios do mundo. n Île-de-France (mais Anjou, Poitou, Berry)

A aventura do alimento prossegue pela região parisiense. O bom governante Henrique 4º (1553-1610), ele próprio exímio espadachim, traçou como objetivo “ter menos espadachins nas ruas e mais frangos no prato dos camponeses”. Uma ideia de “bolsa-família” da época. Foi dele a frase: “Paris vale bem uma missa”, quando renunciou ao protestantismo convertendo-se ao catolicismo, exigência para se tornar rei. Tinha senso de humor. Notando que sua adorada amante, Gabrielle, mal tivera tempo de esconder um acompanhante debaixo da cama, sentou-se no leito e pediu que lhe trouxessem três bandejas com perdiz: uma para Gabrielle, outra para ele e a terceira para colocar sob a cama. “Não vamos deixar o pobre moço morrer de fome.” Waverley Root lembra que já se antecipava um clima de esnobismo que mais tarde ficaria ligado para sempre à gastronomia. São daqui pratos como coq au vin , rognons de veau, cardos (cadrons) de Tours, fèves, pot-au-feu, vol-au-


DEZ.2020 |

|

61


Os normandos são comilões e sua cozinha reflete o leite, a manteiga, o creme, a maçã e os produtos do mar

Os normandos são comilões e sua cozinha reflete o leite, a manteiga, o creme, a maçã e os produtos do mar: caçarola de vitela com creme, sole à normande, tripas à moda de Caen, omelete da Mère Poularde. Não esquecendo o Calvados, destilado de maçã que pode ser tão bom quanto conhaque e armanhaque. n Bretanha

vent, steak Chateaubriand , crepes Suzette, homard à l’américaine. O parisiense Antoine Carême (1784-1833) foi o primeiro chef da haute cuisine francesa. Desdenhava Brillat-Savarin, o grande gastrônomo daquele tempo. “Ele nunca soube comer”, dizia. Vem de longe a animosidade entre cozinheiros e críticos de comida. n Normandia

Os vikings, depois de cansar de bater nos ingleses, partiram para incursões ao território francês. Chegaram a sitiar Paris. Queimando e matando adoidados. Mas tinham uma grande virtude. Quando se viam numa posição insustentável, trocavam Thor por Jesus Cristo e eram batizados. O francês Carlos, o Simples, convenceu o líder viking Rollo a assinar a paz recebendo em troca o apetitoso ducado da Normandia, em 911. Rollo abriu uma linhagem nórdica que chegou a Guilherme, o Conquistador. Este atravessou o canal da Mancha, derrotou o rei saxão Haroldo na batalha de Hastings (1066) e se tornou rei da Inglaterra. O domínio normando duraria 300 anos.

62 |

|

DEZ.2020

A Bretanha é uma joia exótica. Os celtas trouxeram o idioma. Mil e quinhentos anos depois de Carlos Magno submeter a região à França, a língua continua viva. E falada, ainda hoje, por 2 milhões de pessoas. Bretões franceses e galeses da Grã-Bretanha se entendem. A comida é encorpada, mas rústica. A região produz alimentos de excelente qualidade que não requerem tratamento especial. Glória particular está reservada aos crepes de vários tipos (doces e salgados). Peça com manteiga e ovos ou de queijo e até com geleia na sobremesa. A bebida é a cidra. Para a sopa de peixe (cotriade), os bretões escolhem as que pedem maior variedade de ingredientes.

sustância e boa alimentação. Os pratos pedem molhos encorpados, mas os ingredientes são tratados com naturalidade. A cozinha se alicerça na mostarda, na carne bovina (gado charolês) e no vinho. Dá para pedir mais?

n O país de Bordéus

A cozinha bordalesa desenvolveu-se em sofisticadas receitas. Mas existe o contraponto da cozinha camponesa, mais simples e perto da terra. Pratos típicos: cagouilles (caracóis) recheados ou em ragu, cordeiro de Paulliac, ervilha de Cérons, alcachofra de Macau, lampreias e rougets de l’Atlantique (trilha). n A Borgonha

Root define a cozinha da Borgonha numa palavra: “Substancial”. Oferece

O DOMÍNIO DA GORDURA (BANHA) n Alsácia-Lorena

Os alsacianos, nota Root, acrescentaram sutileza francesa aos pratos alemães, pesados e sem imaginação. Pato e porco costumam ser cozinha de terras e de gente pobre. Mas a Alsácia não é pobre e boa parte do seu solo é fértil. A região sabe manejar gansos, patos e suínos. Na Lorena, a famosa quiche lorraine e pratos como perdiz e repolho, macarons e geleias deixam o visitante


Waverley Root e o cassoulet, prato típico da região de Languedoc

sem saber o que comer primeiro. Na dúvida, abra logo um vinho riesling. n Platô Central (Périgord, Auvergne, Marche, Limousin) No Maciço Central da França, as tribos francas lideradas por um rapaz de 20 anos fizeram correr o grande Júlio César e suas legiões romanas. O nome dele era Vercingetórix, natural de Averne. César deu o troco, em Alésia, quando acorrentou o guerreiro e o trouxe para desfilar em Roma. Na prisão, morreu estrangulado. Finesse e sofisticação não são marcas da comida da Auvérnia (como se diz em português). Mas é uma comida forte, com muita gordura, para enfrentar o clima difícil. A sopa de repolho (soupe

© ISTOCK

aux choux) é famosa. Mais pratos dessas regiões, que incluem Périgord e Marche: lebre Royal com foie gras, trufas sob cinza, ovos à perigordine, tournedos etc.

aceso para cozinhar o cassoulet permanecia aceso há 20 anos, sem se apagar. O DOMÍNIO DO AZEITE n Provença

n Languedoc

Os ingredientes são muito bons, embora a haute cuisine tenha demorado a deslanchar. No entanto, Tolouse e sua nobreza, Montpellier e seus negociantes de especiarias não deixavam a peteca cair. Languedoc aprecia ragu de carneiro. Pode ser considerado precursor do seu prato mais famoso, o cassoulet, que é cozido com feijão-branco, em um pote, com vários tipos de carne e embutidos. O grande escritor Anatole France (18441924), prêmio Nobel de literatura, dizia que no seu restaurante favorito o fogo

Waverley Root considera esta a mais encantadora das províncias francesas. Aqui, a natureza, o clima e o homem parecem estar próximos da harmonia, mais que em qualquer outro lugar na França. Tudo iluminado e tostado pelo calor do sol provençal. Em comparação com a Provença, até Paris pode parecer aborrecida. A cozinha do azeite esclarece o enigma do “paradoxo francês” que Waverley já intuía. Ele diz: “A (árvore da) oliveira parece a morte (de tão feia), mas nos países onde cresce, literalmente, significa a vida”.

DEZ.2020 |

|

63


Os macarons são uma invenção da Alsácia que ganhou o mundo

O segundo elemento da cozinha provençal é o alho. E o terceiro, o tomate. Os provençais para incrementar sua maionese adicionam alho esmagado. O resultado é o aïoli (ail significando alho). O aïoli é particularmente bom com pratos de ovos. Com peixes. E – glória das glórias –, diz Root, com lagosta. Prove. n A Côte d’Azur e a província de Nice

A Riviera é parte da Provença. Mas, como a faixa costeira é estreita, a Riviera se separa do hinterland pelas montanhas, que espreitam ao longo da costa. A persistência de hábitos alimentares, por sua vez, vem do tempo em que a linha do litoral era bloqueada pelas fissuras isolando em bolsões uma comunidade da outra. Se começamos por Marselha, topamos logo com a bouillabaisse. Todos elaboram essa perfumada sopa de peixe e garantem que a sua é a verdadeira. Não é preciso mais que 15 minutos para cozê-la. O rouille é molho sensacional da Riviera e da Provença, com força de pimenta vermelha, alho esmagado, casca de pão, azeite e caldo de peixe. Faça assim: misture numa concha e despeje bem no centro da sopa. Waverley Root adverte que o molho acrescenta um sabor novo e ressalta os ingredientes que estão no prato, trazendo uma intensidade nova a toda a combinação. O pistou é a sopa de Nice, maravilhosa. A origem é genovesa, o pesto. Mas o pesto, na Ligúria, é um molho. Em Nice o pistou é uma sopa completa. O DOMÍNIO DA MANTEIGA E DO AZEITE n Gasconha e País Basco Root comenta a origem dos bascos e dos gascões, que não são as mesmas. Há mui-

64 |

|

DEZ.2020

tos pratos na região (presunto de Bayonne, chipirones de Biarritz, estufados de vitela, tutano, piperade de ovos mexidos) e por aí vai. Leiam o livro, que tem mais. As comidas de Bearn (a gabure, sopa que é uma refeição inteira), por exemplo. Ou de Roussillon (Perpignan é a capital), enclave catalão. Lembremos de anchovas e sardinhas, pombo ao pistache, civet de lagosta e muitos outros sabores. Não pensem que o livro de Root é uma exposição de roteiros, tipo guia de viagem. É um tratado delicioso, denso porém fácil de ler. Mãos à obra. TP

(*) ARMANDO COELHO BORGES, gaúcho radicado em São Paulo, foi crítico de restaurantes de Veja -SP. Advogado, relações públicas e um gentleman verdadeiro, morreu em 2003, aos 66 anos.

© ISTOCK



Cl

O L FATO

s as

ic

s

Com que perfume eu vou? Esse sutil quesito da toalete revela estilo e personalidade. Escolher bem, portanto, é fundamental

POR RENATA ASHCAR*

E

m 1992, Al Pacino emocionou as plateias no filme Perfume de Mulher, em que interpretava um militar reformado cego, capaz de identificar a personalidade e o tipo físico das mulheres pelo perfume que usam. Era a refilmagem de um filme homônimo italiano, de 1974, com o grande Vittorio Gassman no papel. Mesmo tratando-se de ficção, o argumento nos lembra que o olfato é ainda mais rico e profundo do que pensamos. Diretamente ligado à memória, tem o poder de capturar a essência das nossas experiências, ao mesmo tempo tão difíceis de definir e tão fáceis de reviver. E como o cheiro é capaz de provocar fortes reações emocionais e nos identificar como integrantes de um grupo social, uma coisa é certa: um perfume é algo de fato poderoso. Ao lidar com tão precioso sentido, a perfumaria só poderia ser considerada uma arte. E, como tal, encontra muitas analogias na música. Na linguagem dos perfumistas, cada aroma é chamado de “nota” e sua mistura, de “acorde” ou harmonia. E tem mais: diz-se que um perfume tem “ritmo olfativo”, graças à sucessão das notas de “saída”, de “corpo” e de “fundo”. Nada nesse universo é gratuito. Há um equilíbrio sutil e delicado que, em última análise, compõe uma “sinfonia” – a chamada pirâmide olfativa de um perfume. Vale conhecer um pouco mais sobre ela para escolher melhor seu perfume. No topo estão as “notas de saída”, compos-

66 |

|

DEZ.2020

tas por matérias-primas voláteis, de rápida dissipação. São as responsáveis por aquela impressão que sentimos logo ao abrir o frasco. Em geral, notas frescas, cítricas e verdes, como limão, laranja, bergamota e lavanda. Em seguida vêm as “notas de corpo”, que personificam a alma, o tema principal da composição. Menos voláteis, são sentidas assim que o líquido seca na pele. Podem ser flores, especiarias ou ingredientes como alecrim, gerânio, violeta. Por fim, vêm as “notas de fundo”, representadas pelas matérias-primas de peso molecular alto, como madeiras, cedro, sândalo, vetiver e patchuli. São elas que definem a fragrância que se difunde na pele, além de garantir o poder de fixação do aroma. A ÁGUA DE FARINA O pioneiro entre todos os perfumes foi a célebre Água de Colônia – estamos falando da original, Kölnisch Wasser, ou Eau de Cologne, criada pelo perfumista italiano Giovanni Maria Farina no início do século 18. Produzido com ingredientes naturais como bergamota, lavanda e alecrim misturados com álcool neutro, foi o primeiro perfume comercial registrado. Seu nome provém do fato de ter sido produzido na cidade de Colônia, na Alemanha, onde Farina vivia e abriu, em 1709, a Farina Gagenüber – a mais antiga perfumaria ainda em funcionamento no mundo.


DEZ.2020 |

|

67


O imperador Napoleão Bonaparte despejava um frasco inteiro de Eau de Cologne na cabeça, antes de sair, e ainda levava outro de reserva nas botas

A partir do final do século, com a ocupação de Colônia pelos franceses, ninguém menos que Napoleão Bonaparte tornou-se informal garoto-propaganda da fragrância. Consta que o imperador despejava um frasco inteiro da fórmula de Farina sobre a cabeça e ainda andava com um de reserva nas botas. Surgiu também na ocupação a icônica Kölnisch Wasser nº 4711 (o nome veio da renumeração das ruas ordenada pelos franceses). Sua combinação de ingredientes cítricos e aromáticos é uma das preferidas entre os homens e vendida até hoje. A família Bonaparte teve outra personagem ilustre no mundo dos aromas, a requintada espanhola Eugenia, a imperatriz de Napoleão 3º. Ela lançou um perfume: a Eau de Cologne Impériale, um mix de notas cítricas e lavanda. A fragrância, considerada “reanimadora” pelas mulheres da época, foi criada para ela em 1861 pela Casa Guerlain, comandada por Pierre-Francois Pascal Guerlain. Trazia no frasco o brasão dos Bonaparte: abelhas pintadas à mão em ouro. Apesar dos hábitos da aristocracia, o perfume custou a ser assumido como

68 |

|

DEZ.2020

acessório indispensável da toalete masculina e um item de moda. Foi apenas em 1921, com o lançamento do mítico Chanel nº 5, uma criação do perfumista Ernest Beaux para Coco Chanel, que principiou essa união – jamais desfeita – entre o perfume e a moda. Depois de Chanel, vários outros estilistas, como Christian Dior, seguiram o caminho, de início com perfumes femininos. O primeiro clássico de Dior para homens nasceu somente em 1966, criado por Edmond Roudnitska: Eau Sauvage, uma composição cítrica trazendo hedione na fórmula – uma molécula sintética inovadora que introduzia um toque floral de jasmim na perfumaria masculina. PERFUMES ETERNOS Mas o que faz um perfume se tornar um clássico? A rigor, os clássicos são aqueles que fizeram história, marcando tendências olfativas e inspirando novas criações. Outros exemplos emblemáticos para homens, além do Eau Sauvage, são Aramis, Drakkar Noir, Azzaro, Paco Rabanne, Polo, Eau d´Orange Verte, Eternity, Cool Water. Todos foram criados a partir da metade do século passado. A perfumaria masculina segue inventando fragrâncias, quase sempre endossadas em anúncios publicitários com rostos belos e famosos. Por exemplo: os atores britânicos Clive Owen para o Bvlgari Man e Jude Law para Dior Homme, o do jogador de polo Nacho Figueras para Polo Black e o piloto Fernando Alonso para Scuderia Ferrari. Mesmo que você não se identifique como um homem belo entre os mais belos, ser reconhecido por seu perfume é sempre uma maneira de mostrar estilo e personalidade. Mergulhar nesse envolvente universo ajuda a descobrir novas opções para uso pessoal. As grandes categorias – amadeirados, aromáticos, orientais, cítricos – encerram nuanças e subdivisões. Se você ainda não sabe qual é o seu perfume, aqui vão algumas dicas para fazer a escolha certa. Na descrição de cada estilo foram selecionados alguns perfumes icônicos, grandes clássicos, ao lado de outros que seguem a mesma direção olfativa. Está assinalado também o ano em que cada um desses perfumes foi criado, para você saber o que é clássico e o que é candidato a se tornar eterno – sempre lembrando que os clássicos masculinos só surgiram em meados do século 20.


Eis alguns dos perfumes masculinos que marcaram época – e continuam sendo consumidos pelos exigentes

SOFISTICADOS Amadeirados As elegantes fragrâncias amadeiradas combinam com todos os momentos e trazem em seus acordes ingredientes como sândalo, patchuli, cedro ou vetiver. Chipre: Aramis (1965) e Polo (1978), de Ralph Lauren; Vétiver (1957) e Terre D’Hermes (2006), de Carven; e Vétiver (1961), de Guerlain. Floral: 212 men (1999), Biografia (1994), Bulgari Pour Homme (1995); Egoiste Platinum (1993), de Chanel; Farenheit (1986), XS (1993), de Paco Rabanne. Especiado: Malbec (2004), Polo Double Black (2006), CH Men (2009), Ferrari Uomo (2009). CLÁSSICOS Aromáticos As fragrâncias deste estilo estão entre as favoritas na preferência masculina. Trazem um forte caráter aromático e são complementadas com notas cítricas e herbais. Fougère: Acqua di Selva (1949), da Victor; Agua Brava (1968), Azzaro Pour Homme (1978), Big Pony 2 de Ralph Lauren (2010); Drakkar Noir (1982), de

Guy Laroche; Dolce&Gabbana (1994), English Lavender Atiknson’s (1910), Paco Rabanne pour Homme (1973), Porsche Design (2008). Fresco: Bleu (2010), de Chanel; Cool Water (1988), de Davidoff; Kaiak (1996), Eternity for Men (1989), de Calvin Klein. Aromático Tônico: Acqua di Gió (1996), Hugo Element (2009), Polo Blue (2002). SEDUTORES Orientais Fragrâncias mais ricas e sofisticadas, em que predominam ingredientes marcantes como âmbar, especiarias, tabaco, madeiras e notas mais densas. Fougère: A Men (1996), de Thierry Mugler; Armani Code (2004), Bugatti Homme (2006), Joop!, Le Male (1995), de Gaultier; Minotaure (1992), de Paloma Picasso. Amadeirado: 212 Sexy Men (2006), Barolo (2009), Ferrari Red (1996), Obsession For Men (1986), de Calvin Klein; One Million (2010), Prada (2006); Santos (1981), de Cartier. Especiado: Old Spice (1937), Baldes-

sarini (2002), Hugo Dark Blue (1999), Monsieur Carven (1978). ESPORTIVOS Cítricos ou Amadeirados Fragrâncias mais leves e refrescantes, que trazem em seus acordes notas cítricas e aromáticas. Cítrico Aromático: Armani pour Homme (1984); Eau Imperiale (1861) Guerlain, Colonia Santa Maria Novella (1850), Eau Sauvage (1966), de Dior, Guerlain Homme (2008), Roadster (2008), Sr N (2007), CK one (1994), Eau d’Orange Verte (1979). Amadeirado Aromático: Chrome Legend (2007), Jazz (1998), Tsar (1989), Very Irresistible for Men (2005). Amadeirado Aquático: Allure Sport (2004), Acqua de Bvlgar (2005), L´Eau d´Issey (1994), Z Zegna (2005). TP

(*) RENATA ASHCAR é considerada uma das maiores especialistas em perfume no país. Em 1987 iniciou seus trabalhos como designer de perfumes em atelier próprio. É autora do livro Brasilessência: a Cultura do Perfume (Editora Best Seller, 2001).

DEZ.2020 |

|

69


Cl

s as

ic

TATO

s

Toque de gênio Alguns felizardos têm um dom para lá de especial: o de transformar em sucesso qualquer coisa em que encostam

POR SERGIO CRUSCO*

D

iz-se de quem provoca frêmitos, suores, risos e gemidos, faz olhos girarem fora da órbita, pernas bambas como maria-mole, antecipa-se na satisfação de desejos: “O sujeito tem pegada”. É o toque – de gênio, de Midas, como preferir chamar. Há quem nasça com ele. É como portar um nariz adunco ou sardas no rosto. Não se aprende na escola, nem em manuais de marketing que pretendem gerar uma cornucópia de “ideias disruptivas”. O toque é pessoal e intransferível como o sorriso de Monalisa, as orelhas de Mickey, a voz calejada de Louis Armstrong, o sopro preciso de Miles Davis, a brejeirice de Carmen Miranda. Tem-se ou não. Midas quis possuí-lo, numa troca de gentilezas com Baco, que lhe ofertou o dom de transformar em ouro tudo o que tocasse. O rei da Frígia logo se viu numa enrascada. Qualquer fruta que pegasse virava metal. Baco, um bonachão, teve dó, desfez o encanto e até hoje o mito serve como lição de moral para amedrontar as crianças sobre os perigos da ganância. Acontece que “o toque”, já dissemos, não vem por herança ou tradição, nem passe de mágica. É possível aprender a mexer com dinheiro e, assim, não deixar a fortuna da família escoar em bingos, vapores e luxúria. Construí-la são outros quinhentos. Midas, nascido em berço de ouro metafórico, queria tudo para si. Talvez desconhecesse a regra

70 |

|

DEZ.2020

básica de quem vende sedução e ganha mundos: oferecer o que o outro espera mas não sabe, o que não se pensou antes. Algo imensurável no dizer do poeta americano Walt Whitman: “Não há nada maior e nem menor do que um toque”. Nota-se ao primeiro afago. SEX PISTOLS É DINHEIRO Foi assim com Gabrielle “Coco” Chanel (1883-1971). Candidata à morte por inanição na França do fim do século 19, levou uma infância danada, órfã de mãe, rejeitada pelo pai, jogada num orfanato. Ainda jovem, tentou emplacar como cantora. Esganiçada, resignou-se: não iria além dos cabarés de quinta. As aulas de costura com as religiosas, porém, fizeram brotar outro afazer, o de chapeleira. Suas criações eram modernas e minimalistas. Dos chapéus passou às roupas. Tornou-se uma das primeiras estilistas a desenhar uma nova silhueta feminina, mais solta, sapeca e sensual, livre das rendas, veludos e espartilhos sufocantes. Claro, Chanel contou com o apoio de gente poderosa e endinheirada, que lhe financiou as primeiras butiques, em especial o milionário inglês Arthur Capel, com quem teve um sinuoso teretetê. Assim, quitou as dívidas e ganhou o mundo com seu talento avant-garde. Logo suas roupas estavam em Hollywood e o perfume que criou, o tal nº 5, servia


DEZ.2020 |

|

71


Onassis começou em um outro país, com apenas US$ 250 na carteira. Samuel Klein também era um imigrante. E iniciou-se empurrando uma carroça

de consolo a quem não tivesse dinheiro para um de seus tailleurs clássicos, mas juntasse um troco para um frasco. Foi também percebendo uma nova mulher no horizonte que o grego, nascido na Turquia, Aristóteles Onassis (1906-1975) teve seu primeiro tchan, a grande sacada. Rapazote, cansado da instabilidade política da disputa entre Grécia e Turquia pela região de Esmirna, onde veio ao mundo, mandou-se para Buenos Aires em 1927, com US$ 250 no bolso. Arranjou a humilde ocupação de telefonista. Mas era safo, vivia de orelha em pé, ouvia conversas entre homens de negócios. Fez algumas transações que lhe renderam dinheiro suficiente para jogar um pano legal por cima de si, como diria Billy Blanco, e frequentar as altas rodas. Soube que as coisas do Oriente estavam na moda. Rodolfo Valentino, morto um ano antes, tratara de espalhar esse rastro de exotismo com seu sheik enigmático. Era chique posar de sultão ou odalisca. Onassis pescou que as mulheres começavam a fumar em pú-

72 |

|

DEZ.2020

blico, mas deviam estar com os pulmões ardendo em virtude do forte tabaco cubano dos cigarros da época. Juntou as duas coisas: o fumo turco era mais suave, haveria de conquistar aquelas garotas ansiosas por hábitos pitorescos, paixões sacudidas, assanhadas pelo ritmo do tango, então em sua fase de ouro. Começou importando o tabaco bruto da Turquia e em seguida sacou que o negócio era criar sua marca de cigarros – ou melhor, duas: Osman e Primeros. A garota-propaganda foi a soprano Claudia Muzio, com quem Onassis se enrabichara (sim, houve outra diva em sua vida, antes de Maria Callas). As baforadas da cantora ajudaram os cigarros turcos a virar sensação. Assim, Onassis fez seu primeiro milhão, comprou os primeiros barcos para baratear os custos de suas transações, com tino afinadíssimo para adquirir frotas a preço de ocasião e renegociá-las com grande vantagem. Um senão: há quem desconfie que o fumacê fosse bem outro. Os cigarrinhos seriam fachada, e o grande

negócio de Onassis, no duro, era o tráfico de ópio. Acertava em satisfazer desejos, de uma forma ou de outra. Certa vez um repórter perguntou ao armador qual o segredo de seu sucesso entre as mulheres. “Elas gostam de homens altos”, disse Onassis, no que o interlocutor não conteve a risadinha. O entrevistado tinha 1,60 m. Mas era mais esperto do que qualquer jornalista folgazão: “Elas me enxergam de pé sobre uma pilha de dinheiro”. Ser boa-pinta ajuda, ô, se ajuda. Mas não é tudo. Taí o megaempresário britânico Richard Branson, 70 anos, do alto de seu 1,79 m, para provar. Embora tenha se tornado o protótipo do coroa charmosão, Branson era o nerd de óculos fundo de garrafa quando deu as primeiras cartadas. Estava longe de ser o galã do campus ao lançar a revista Student e, pouco depois, a loja de discos Virgin (que se tornou a Virgin Megastores). Encasquetou de ser dono de gravadora e apostou naquilo que todos consideravam um lixo invendável. As fitas demo do disco Tubular Bells, de um menino


Coco Chanel, Samuel Klein, Richard Branson, Benedikt Taschen e Aristóteles Onassis: virados para a Lua

inglês de 19 anos, Mike Oldfield, foram rejeitadas por inúmeras companhias. Quem se interessaria por aquele som lento, chato e sem letra? Branson viu de outro jeito: era trilha sonora perfeita para harmonizar com um fuminho. Em 1973, Tubular Bells foi o primeiro lançamento da Virgin Records e um dos discos mais vendidos do mundo. Usado como trilha sonora do blockbuster O Exorcista, foi ainda mais longe. O toque de Branson foi sacar o que nascia nas ruas e nos quartos — e a garotada ouviria na próxima estação. Lançou os Sex Pistols, banda barulhenta que pouca gente acreditaria vir a ser sucesso, na alvorada do punk rock. No auge da androginia da new wave dos anos 1980, inventou o Culture Club, aquele do Boy George. Ganhou as estrelas, ao pé da letra: após dar-se bem em uma miríade de negócios de comunicação e transporte aéreo, entrou também no ramo das viagens espaciais. Há quem prefira se ater a anseios mais terrenos, como a ânsia em ter uma geladeira nova ou um jogo de dormitório

com camas e guarda-roupa combinando. Foi o que o polonês Samuel Klein (1923-2014) farejou. Sobrevivente de Auschwitz, aportou no Brasil em 1952 e começou empurrando uma carroça, vendendo cobertores a operários nordestinos que tentavam a sorte em São Paulo. Vendia a prestações, algo inédito naqueles idos. Foi o homem que inventou o crediário no Brasil e, em pouco tempo, era dono do império Casas Bahia. “A riqueza do pobre é o nome. O crédito é uma ciência humana, não exata”, dizia ele sobre o segredo do seu toque de Midas. Era a confiança, além da cabeça boa para contas. E a lábia de vendedor: “De um bom namoro, sai um bom casamento. Da boa conversa, sai um bom negócio” era outra de suas máximas. Partindo para caprichos que vão bem além do trivial, quem não quer um Van Gogh, um Picasso, um Klee na parede da sala ou pronto a ser passado nos cobres em algum leilão repleto de ricaços chineses? Mas quem pode? O editor alemão Benedikt Taschen, 59 anos, intuiu essa vontade e sua empresa, a Tas-

chen, notabilizou-se pelos livros de arte primorosos, porém acessíveis, compilando os gênios da pintura e também a iconografia pop: tatuagens exuberantes, cortesãs desnudas do século 19, dançarinas burlescas, fisiculturistas gays e até um espesso livro sobre esse obscuro objeto, o pênis, um de seus grandes sucessos de venda. “Benedikt me lembra uma figura da antiga Hollywood – o chefe de estúdio, alguém que está em forte posição de comando e tem sua mão em tudo”, disse sobre Taschen o cineasta Billy Wilder, outro “menino do dedo verde”. Traduzindo: é o olho do dono engordando a boiada, um olho na brasa e outro na sardinha ou, no fim das contas, olho vivo, simplesmente. Olhar de águia que precede o toque, a investida sedutora e fatal que esses e outros visionários souberam injetar. Steve Jobs (1955-2011), o mais celebrado, não fugiu ao perfil. Manjou antes de todos o que ninguém poderia imaginar: em pouco tempo, teríamos o mundo na palma da mão. O cara tinha pegada. TP

(*) SERGIO CRUSCO é jornalista freelancer, dono de um estilo refinado e bem-humorado. Colabora para a empresa de geração de conteúdo Skyword e assina o blog dringue.com, onde mistura coquetéis, cerveja e vinho com música, cinema e literatura.

DEZ.2020 |

|

73


N EGÓ CI OS

INOVAR SEMPRE J U L I A N A L A PA S T I N A ,

P R E S I D E N T E D O G R U P O L A PA S T I N A ,

A C E L E R O U A T R A N S F O R M A Ç Ã O D I G I T A L DA S E M P R E S A S . A G O R A C O L H E O S R E S U L T A D O S P O S I T I VO S

R E T R A T O S C L AU S L E H M A N N


DEZ.2020 |

|

75


76 |

|

DEZ.2020


A "A G A S T RONOM I A S E M PR E E S T E V E M U I T O PR E S E N T E N A M I N H A V I DA . AC HO QU E DE S DE QU E N A S C I", C ON TA , B E M-H U MOR A DA , J U L I A N A L A PA S T I N A , PR E S I DE N T E D O G RU P O QU E L E VA S E U S OB R E NOM E E C ONC E N T R A A S E M PR E S A S L A PA S T I N A E WOR L D W I N E – A L É M D O R E S TAU R A N T E E NO S T E R I A V I NO E C UC I N A , E M S ÃO PAU L O.

E não teria como ser diferente. O gosto pelos prazeres da mesa já era cultivado pelo avô de Juliana, o imigrante italiano Vicente La Pastina. Em 1947, ele fundou, no bairro paulistano do Brás, o primeiro estabelecimento do grupo. Chamava-se Catalan La Pastina e focava o comércio atacadista de cebola. A empresa cresceria e se tornaria, na década seguinte, a maior exportadora de grãos do país. Mas foi o pai da empresária, Celso La Pastina, quem trouxe à companhia novos propósitos, entre eles entregar produtos com a maior qualidade possível também ao consumidor final. Formava-se, assim, a base de uma das maiores importadoras e distribuidoras de alimentos e bebidas do país. “Tenho uma recordação muito forte do perfume de especiarias do armazém onde funcionou a primeira sede da La Pastina, na rua Santa Rosa”, recorda-se Juliana. “Eu ainda era muito pequena e adorava cheirar os alimentos. Talvez por isso hoje tenha facilidade de identificar os aromas de um vinho.” Juliana tem três irmãos e é formada em administração de empresas pela Fundação Armando Álvares Penteado,

com MBA na Fundação Instituto de Administração. Iniciou a carreira no Grupo La Pastina há 17 anos. Começou como assistente e ocupou vários cargos nas áreas de marketing e comercial, cuidando de projetos como o primeiro rebranding da marca La Pastina. Em 2018, passou a ocupar a vice-presidência do Grupo e, inesperadamente, se viu assumindo o principal cargo da holding em agosto deste ano, quando Celso faleceu, vítima de complicações em decorrência da Covid-19. Estava prestes a completar 62 anos de idade. Entre todas as incertezas provocadas pela pandemia, Juliana comandou a aceleração da transformação digital das empresas, que inclui o novo aplicativo da World Wine e o recém-lançado e-commerce da La Pastina. Também focou os investimentos de marketing em mídia digital e no relacionamento com clientes e mudou o cronograma de inauguração de novas lojas físicas previstas para 2020. “Queremos dar continuidade a tudo o que começamos, mantendo os investimentos em planejamento, processos, tecnologia e governança.”

DEZ.2020 |

|

77


THE PRESIDENT _ Evidentemente, você não esperava assumir cedo a presidência do Grupo. Mas seu pai já vinha lhe preparando para assumir o cargo, certo? Juliana La Pastina - A gente iniciou esse

plano de sucessão há dois anos. Criamos um conselho consultivo, formado pelos membros da família e presidido pela minha tia Vera. Em paralelo, iniciamos um processo forte de governança. A ideia era organizar a empresa, processos e estrutura para que meu pai pudesse diminuir o ritmo e se dedicar mais às viagens e ao relacionamento com os produtores. Como foi esse processo? Desde que comecei a trabalhar no Grupo, acompanhei toda a profissionalização da empresa, participando de seu crescimento e, naturalmente, vinha sendo preparada. Enfim, não havíamos estabelecido uma data. O processo vinha ocorrendo de forma muito natural. Estava assumindo cada vez mais responsabilidades, mas sempre imaginei que, mesmo depois que assumisse a presidência, meu pai continuaria aqui ao meu lado, pelo menos por mais dez anos. Afinal, ele trabalhava no negócio desde os 20 anos. Então, como você pode imaginar, também era difícil para ele largar o osso [risos]. Por isso, a gente não estipulou uma data. Dentro do plano de sucessão, houve remanejamento com relação a outros profissionais? Sim, nós também promovemos o Denilson Moraes, que está na empresa desde 2012. Na época, ele assumiu como diretor de operações e fez melhorias importantes para a empresa. Também pôde aprender muito ao longo

78 |

|

DEZ.2020

“A S PE S SOA S FIC A R A M EM C A SA DU R A N TE A PA N DEMI A E O VINHO, MAIS QUE NUNCA, PA S SOU A FA ZER PA RTE DO S H Á BITO S DE C ONSU MO DO BR A SILEIRO”

desses anos com meu pai. Hoje é um grande conhecedor de BackOffice, de todos os processos, e, no ano passado, foi promovido a CEO da empresa. O Denilson era o braço direito do meu pai e agora é meu braço direito também. Sua rotina de trabalho mudou muito desde que assumiu a presidência? Eu já estava bastante inserida no negócio e participava de tudo, mas meu foco sempre foi muito ligado ao marketing, ao contato com os produtores e o comercial. E meu pai já vinha, havia bastante tempo, se dedicando às compras e também ao relacionamento com os produtores. Acho que talvez o que mais mudou na minha rotina é que antes eu não cuidava, com tanto foco, das compras. Eu fazia o relacionamento e planos de marcas. Com relação às outras áreas, conseguimos nos estruturar muito bem, melhorar processos, investir muito em tecnologia e controles. Como vem sendo o processo de reposicionamento de marca da La Pastina?

Nós precisamos, sempre, olhar para o mercado e para as necessidades dos consumidores. E entendemos que as duas marcas, tanto World Wine quanto La Pastina, precisavam de um reposicionamento. Lançamos o da World Wine no ano passado, e neste ano o da La Pastina. E também redesenhamos as embalagens. A ideia central dos dois rebrandings é trabalhar o conceito de curadores de experiências. Nós não somos fazedores de produto. Nós criamos as melhores experiências para os nossos clientes, desde a seleção dos itens até a entrega. Na La Pastina o slogan que estamos utilizando é “Alimentamos sua paixão”. Já para a World Wine, “O vinho certo em qualquer momento”. Por meio deste reposicionamento queremos aproximar o mundo do vinho das pessoas, e torná-lo mais acessível. E, no caso da La Pastina, disseminar e dar acesso à cultura gastronômica mediterrânea. Falando em vinhos, os números de 2020 referentes a importação e consumo entre os brasileiros são animadores. Sem dúvida. Tivemos um aumento importante do consumo durante a pandemia. O volume de importações cresceu 21%, e, excluindo-se o vinho de garrafão, de mesa, o nacional avançou 44%. Isso também se refletiu dentro de casa. Vimos um salto impressionante nas vendas de vinhos - em todas as faixas de preço, inclusive os de alta gama. Nossas vendas de Bordeaux não exclusivos, por exemplo, tiveram um incremento de 105%. As pessoas estavam em casa, restritas ao convívio social, e o vinho, mais do que nunca, passou a fazer parte dos hábitos de


consumo do brasileiro. Talvez seja o início de uma mudança de mindset. A transformação que o Grupo vem fazendo na área digital teve início antes da pandemia e dessa mudança de comportamento? Sim, já vínhamos investindo fortemente na transformação digital, mas a pandemia acelerou esse processo. Direcionamos mais investimentos em tecnologia, mídia inbound, ferramentas de relacionamento e atendimento aos clientes. As vendas do e-commerce da World Wine cresceram mais de 300%, com os investimentos que fizemos. Já tínhamos previsto o lançamento do nosso aplicativo para este ano. Decidimos antecipá-lo. Assim como o ecommerce da La Pastina, que estava programado para o ano que vem.

Como tem sido a adesão ao aplicativo da World Wine? Por enquanto não fizemos nenhuma grande promoção para compra de vinhos no aplicativo, porque ainda há melhorias que queremos fazer. Mesmo assim, a adesão foi boa. O público brasileiro vem adotando novos hábitos com relação aos vinhos, seguindo, por exemplo, tendência internacional pelo gosto por rosés. Vocês têm observado essa mudança de comportamento? Sim, ano a ano! E agora em 2020, com relação aos rosés, o consumo aumentou 35%. É uma tendência que já vem se insinuando há algum tempo, a partir de uma base muito baixa. Há cinco anos, era de cerca de 1%. Hoje está

entre 5% e 6%. Sem dúvida, o rosé caiu no gosto do brasileiro e tem tudo a ver com nosso clima tropical e com o verão. E, ainda, com um consumidor mais despojado. Sobre a marca própria: há planos para desenvolvimento de um vinho nacional? Sim, há algum tempo estamos focando o desenvolvimento de marcas próprias de alimentos. Fomos pioneiros, aliás, com a La Pastina e agora também com a World Wine. Não conheço nenhuma marca própria de outros importadores. Primeiro, lançamos uma marca da Puglia, que foi o Terra Rossa. Escolhemos um vinho dessa região italiana sobretudo por causa da nossa origem. Na La Pastina lançamos o Dal 1947, sucesso absoluto de vendas. Temos outra mar-

DEZ.2020 |

|

79


ca, de Portugal, que é o Val da Ucha, com rótulos de várias regiões portuguesas. E ainda uma outra marca italiana, Zenith, também com rótulos das principais e mais tradicionais regiões vinícolas da Itália. Só que essa marca tem um posicionamento mais alto. E agora é a vez de criar um rótulo nacional de marca própria. Na verdade, faz tempo que a gente quer ter um espumante nacional de marca própria, tanto para a La Pastina quanto para a World Wine. Chegamos até a conversar com alguns produtores, mas não conseguimos viabilizar por causa do Regime de Substituição Tributária (ST), que onerava muito o custo do produto. Com a notícia de que, a partir de fevereiro deste ano, o vinho não seria mais submetido a esse regime, decidimos que era a hora de retomar o projeto. Alguma região específica? A princípio, o Rio Grande do Sul. Ainda estamos conversando. No ano passado, visitei alguns produtores. Fazia tempo que não fazia uma degustação de vários rótulos nacionais. Voltei encantada. A ideia era lançar nosso espumante agora em 2020. Mas acabamos postergando por causa da pandemia. Ainda não decidimos qual vai ser o produtor. Estamos negociando. É muito provável que o lançamento aconteça no primeiro semestre de 2021. E para 2021 quais serão os outros canais a desenvolver? Tenho muito claro que, para continuar crescendo, é necessário inovar e se reinventar sempre. O mercado está em constante transformação e precisamos nos adaptar. Claro, sempre respeitando a cultura e valores da

80 |

|

DEZ.2020

empresa, para garantir resultados sustentáveis e a perpetuidade do negócio; sobretudo numa empresa familiar. Para a World Wine, temos pela frente um projeto robusto de expansão, e, na La Pastina, queremos atuar cada vez mais multicanal. Além de consolidar nosso e-commerce, que lançamos em novembro, temos um projeto piloto de loja física. Obviamente que, para avançarmos com esses projetos, também precisamos inovar em processos e estrutura. Vamos continuar investindo na transformação digital. Quero trabalhar cada vez mais integrando os canais físicos e online e também priorizar ações de relacionamento com os clientes. Um de nossos pontos fortes é a rapidez da entrega. E ainda assim quero investir também em logística. Porque, com o crescimento do ecommerce, precisamos nos estruturar para atender ainda melhor os clientes. Quero ter um estoque dedicado para o e-commerce, que nos permita entregar para nossos clientes em São Paulo em até três horas. Hoje entregamos em 24 horas. A World Wine tem 15 lojas físicas próprias e inaugurou uma nova em Florianópolis em novembro. Há planos para inaugurar outras ainda em 2020? Há, sim. Neste ano, tínhamos a intenção de inaugurar entre cinco e dez novas lojas, mas serão apenas três até o fim de dezembro. Obviamente, tivemos que rever o timing do plano de expansão – o timing, apenas, não o plano em si. As outras duas lojas serão inauguradas em São José do Rio Preto e

“A L A PA STINA TR A BA LH A C OM 800 PRODUTO S, ENTR E A LIMENTO S E V IN HO S, SEN DO 300 ITENS DE V IN HO. JÁ A WOR LD W IN E TEM C ERC A DE 2 MIL RÓTU LO S”

na rua Haddock Lobo, no novo shopping da JHSF. Para 2021, então, vamos abrir entre cinco e dez lojas. Como é composto hoje o portfólio da La Pastina e da World Wine? No momento, a La Pastina trabalha com cerca de 800 produtos, entre alimentos e vinhos, sendo 300 itens de vinhos. Já a World Wine tem cerca de 2 mil rótulos, contando com os vinhos não exclusivos. Somos, inclusive, referência em vinhos não exclusivos de Bordeaux, tanto pela diversidade quanto pela qualidade do portifólio. Em 2021 quero ampliar e fortalecer nosso portfólio de vinhos da La Pastina, e já temos previstas algumas novidades para as linhas de alimentos da marca própria La Pastina. Já para a World Wine só este ano já lançamos mais de 300 novos produtos, e a ideia é dar continuidade a essa proposta, de sempre oferecer novidades aos clientes. A seu ver, quais foram os principais méritos do Grupo La Pastina ao enfrentar os contratempos trazidos pela pandemia? Tivemos momentos muito difíceis, mas


também foi um grande aprendizado para todos. Acho que uma das coisas que nos possibilitaram passar bem por essa pandemia foram coragem e agilidade para mudar. Faz parte da nossa história e da nossa essência a capacidade de se reinventar e se adaptar às mudanças. Logo que começou o lockdown, tivemos que rever todas as estratégias, e os planos de investimento e marketing. Fechamos também o restaurante. Implementamos um sistema de delivery e take away nas lojas, que passaram a funcionar como pequenos centros de distribuição, e investimos no atendi-

mento e relacionamento com nossos clientes. Uma das coisas que a gente fez foi possibilitar que os vendedores utilizassem o e-commerce para colocar os pedidos. Isso foi fundamental. Você já tinha trabalhado com essa funcionalidade da plataforma? Eu conhecia essa funcionalidade: os vendedores podem colocar um código e, por meio desse código, conseguimos identificar qual vendedor colocou o pedido. Essa medida foi imprescindível para conseguirmos manter o volume de vendas. O resultado: nossas vendas cresceram mais de 30% durante a pandemia.

A adaptação foi rápida? Sim, conseguimos virar o barco com rapidez. Meu pai dizia uma coisa com a qual concordo: foi sempre em momentos de dificuldade e de crise que nós mais crescemos. Justamente porque tivemos coragem e agilidade para mudar quando foi necessário. Quanto mais corretos, quanto melhor o planejamento e quanto mais azeitados os processos, mais fácil é atravessar momentos como este. Quero consolidar todo o trabalho que viemos fazendo e nossas conquistas. Mas tenho convicção de que para crescer precisamos constantemente nos reinventar e inovar. TP

DEZ.2020 |

|

81


ENTR E V ISTA

DE OLHO NA

SAÚDE 5.0 C L AU D I O L O T T E N B E R G , PR E SI DE N T E D O C ONSE L HO D O HO SPI TA L A L BE RT E I NS T E I N E D O I NS T I T U TO C O A L I Z Ã O S AÚ D E , É D E F E N S O R D E M O D E R N I D A D E S C O M O A T E L E M E D I C I N A

P O R C E L S O A R N A L D O A R AU J O

82

|

|

DEZ.2020

R E T R ATO S T UC A R E I N É S


© BRUNO RYFER

DEZ.2020 |

|

83


E

E L E N ÃO É A PE N A S U M D O S M A I S R E QU I S I TA D O S M É DIC O S D O PA Í S E M S UA E S PE C I A L I DA DE – C OMO U M A DA S E S T R E L A S DA OF TA L MOL O G I A , T E M 30 M I L C I RU RG I A S E M S UA C A S U Í S T IC A , I NC LU I N D O 1.50 0 T R A N S PL A N T E S DE C ÓR N E A . E X-S E C R E TÁ R IO DA S AÚ DE DA C I DA DE DE S ÃO PAU L O, C L AU DIO LU I Z L O T T E N B E RG, 60 A NO S, É , TA M B É M, U M A AU T OR I DA DE DA M E DIC I N A PR I VA DA . HOJ E , E L E É PR E S I DE N T E D O C ON S E L HO DE L I B E R AT I VO D O HO S PI TA L A L B E RT E I N S T E I N.

Já havia sido presidente, de fato, entre 2001 e 2016, quando deixou o posto para comandar o UnitedHealth Group, empresa americana diversificada de cuidados de saúde. E ainda encontra tempo e talento para participar de diretorias de empresas do ramo e presidir o Instituto Coalizão Saúde, outro gigante do segmento. Além disso, foi nomeado, por unanimidade, como o novo presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib). Como faz isso? Defendendo e utilizando os instrumentos da nova medicina – hoje graduada em 5.0. Seu novo

84

|

|

DEZ.2020

normal é a saúde digitalizada, a inteligência artificial e a telemedicina. Com a Health Internacional, trouxe para o Brasil, por exemplo, a tecnologia Binah. Consiste em um aplicativo que usa a câmera do celular, tablet ou computador para, por meio de reconhecimento facial, aferir frequência cardíaca, saturação de oxigênio, respiração e outros sinais vitais que podem mostrar se o paciente está com sintomas da Covid-19. Com o detalhe de que a inteligência de Claudio Luiz Lottenberg não é artificial – mas naturalíssima.


DEZ.2020 |

|

85


THE PRESIDENT _Como a pandemia o impactou como médico e pessoa? Claudio Luiz Lottenberg - Percebi que temos grandes vulnerabilidades. E isso no momento em que a gente imagina ter tanto domínio, em tantas frentes, no mundo real, digital, aparentemente controlado pelo grande conhecimento humano. Essa percepção foi o que mais me afetou como ser humano. Como médico, ficou clara a limitação de nosso conhecimento. Vivemos num cenário de pesquisa permanente, mas, por mais que este-

86

|

|

DEZ.2020

jamos atualizados, o desconhecimento e a imprevisibilidade ainda são fatores patentes. Como o Albert Einstein vem lidando com a Covid-19? Somos um sistema de saúde e posso quase dizer que somos um ecossistema - a dimensão mais ampla da saúde. Temos dois hospitais públicos, o de Vila Santa Catarina e o M’Boi Mirim, onde ampliamos uma ala dedicada aos pacientes de Covid-19, e montamos o hospital de campanha do Pacaembu, também para atender es-

ses pacientes. No conjunto, um terço dos leitos de Covid-19 no município de São Paulo ficaram sob a responsabilidade do Hospital Israelita Albert Einstein, que se organizou para isso - ao prever o que iria acontecer, já que o vírus, independentemente de sua letalidade, tem alta capacidade de transmissão. Isso exige uma medicina crítica muito diferenciada. O grande desafio era reunir competências humanas e tecnológicas para atuar na escala exigida pelo vírus. Nossas taxas de sobrevida de pacientes críticos fo-


“U M TERÇ O D O S LEITO S D E C OV I D -1 9 N O M U N I C Í P I O D E S ÃO PAU L O FICAR AM SOB A R E S P O N S A B I L I DA D E DO EINSTEIN”

ram bem superiores às dos melhores hospitais nos Estados Unidos. Esta é sua segunda passagem como presidente do Einstein… Fui presidente do Einstein por quatro gestões, 15 anos: de 2001 a 2016. Terminado o período de reeleições previsto estatutariamente, acabei saindo e passei a ser presidente do Conselho do Einstein. Aliás, a atividade de presidente do Einstein ou do Conselho do Einstein não é remunerada. A organização não tem fins lucrativos. Saindo da presidência, em 2016, você foi contratado pela UnitedHealth. Como ocorreu a negociação? O que aconteceu foi o reconhecimento pelo que eu tinha feito no Albert Einstein – que sempre foi um hospital de excelência. Quando assumi a presidência do hospital, com um grupo de voluntários e a liderança de executivos, profissionalizamos a casa, trouxemos uma plataforma SUS bastante robusta e ampliamos nossas bases de ensino. Temos hoje cerca de 40 mil alunos fre-

quentando as escolas do Einstein. Tendo também ocupado o cargo de secretário da Saúde de São Paulo, é evidente que esse trabalho chamou a atenção do grupo UnitedHealth e acabei sendo contratado para repetir esse papel de liderança. Nos três anos presidindo o grupo, período combinado contratualmente, mantive meu papel no Conselho do Einstein, com menos atividades práticas, e também reduzi minhas atividades como médico oftalmologista. Encerrado esse prazo, retomei minhas outras atividades empresariais, como participar do conselho e ser acionista da Biomm, uma empresa de biotecnologia, e presidir o conselho da Ziom, uma startup que atua na área da Cannabis, e como investidor e membro do conselho da Plenum, companhia da área de implantes odontológicos e ortopédicos. Aliás, a Cannabis, princípio ativo da marijuana, hoje é objeto de intensa polêmica por causa da liberação de seu uso terapêutico em certas situações médicas. Como você vê essa discussão? A Cannabis tem duas vertentes: o uso medicinal e o uso recreativo. O medicinal está liberado no Brasil dentro de certos limites regulatórios. Faz parte do conhecimento científico. A Cannabis tem hoje um papel importante em oncologia, neurologia, particularmente em epilepsia, e em dor. Mas, é lógico, ainda paga o estigma da maconha. Não é o único elemento com esse grau de polêmica na história da ciência. No dia em que o bolor matou bactérias e alguém começou a descobrir a base da penicilina, esse indivíduo deve ter sido chamado de louco.

Você se formou em 1984 e adotou a oftalmologia. Por que essa foi desde cedo sua menina dos olhos na medicina? Sou uma pessoa muito pragmática e a oftalmologia é uma especialidade muito objetiva para, por exemplo, fazer um diagnóstico. O que o paciente diz que tem ou sente é o que você vê. Quando você vai a um gastro, ele pede uma endoscopia ou exames subsidiários. O oftalmologista examina o paciente e, ali mesmo, constata o problema, pois consegue ver o olho por fora e por dentro. Esse pragmatismo me chamou a atenção. Além disso, me atraiu para a oftalmologia a possibilidade de conciliar clínica e cirurgia. Gosto muito de operar. A cirurgia oftalmológica é muito gratificante. Quem é operado volta a enxergar ou, no mínimo, enxergar melhor. Essa sensação é única na relação médico-paciente. Operados de catarata vão para casa horas depois. O que mais se destaca hoje na cirurgia oftalmológica? Hoje praticamente todas as cirurgias oftalmológicas são feitas em caráter ambulatorial. O paciente vai para casa no mesmo dia. Aliás, você não só operou como foi operado de catarata. Você não tem idade para ter catarata, classicamente uma patologia da terceira idade. Operei duas vezes. Não é uma questão de não ter idade. A cirurgia de catarata é feita cada vez mais cedo. As pessoas estão hoje muito mais atentas à qualidade de vida, detectando sinais precoces do que as incomoda.

DEZ.2020 |

|

87


Nesses 34 anos em que você se encontra no olho do furacão, qual foi o principal avanço da oftalmologia? A cirurgia refrativa – que foi transformadora, no sentido de conhecimento e da minha carreira. Quando me formei, ainda não se fazia. Miopias exigiam lentes de contato e óculos – em alto grau, os chamados “fundos de garrafa”. No momento em que o paciente volta a enxergar dentro de quatro horas, a cirurgia refrativa é maravilhosa, foi muito inovadora. Ma rcou m i n h a ca r rei ra e permitiu que eu me desenvolvesse. Ganhei reputação e, graças principalmente às técnicas refrativas, criei uma rede de clínicas muito grande – a Lotten Eyes, que chegou a ter 18 unidades e 300 funcionários, incluindo 150 médicos. Foi uma das maiores iniciativas na área privada em oftalmologia. Essa companhia foi vend id a ao gr upo Un ited Hea lth quando me tornei presidente. Hoje presto atendimento na condição de médico contratado. Ao longo de sua carreira, você sempre conciliou sua paixão pela oftalmologia com as funções executivas. Como você consegue? Isso para mim sempre foi natural. É como ser bilíngue. Fui criado dessa forma. Eu era criança e meu pai, pequeno empresário na área de gravatas, participava de atividades comunitárias. Sempre foi um voluntário – na Hebraica, no Lions, em associações de classe. Foi síndico de prédio. Uma referência de quem fazia muitas coisas ao mesmo tempo. Na escola, eu já participava dos

88

|

|

DEZ.2020

movimentos do Rotary, do Centro Acadêmico, estudava judaísmo, era aluno do rabino Sobel. Sou uma pessoa relacional e isto é estratégico para mim. Sua nova missão é presidir o Instituto Coalizão Saúde, que reúne hospitais, laboratórios, seguros, associações, federações, escolas. Qual o objetivo da instituição? A saúde tem explodido em termos de custos porque fomos criados numa cadeia produtiva na qual as mecânicas de remuneração não são aferidas pela satisfação do paciente. Quando criamos esse instituto, sociedade sem fins lucrativos, foi para criar um espaço onde empresas farmacêuticas e seguradoras de saúde, por exemplo, possam conversar. Temos promovido fóruns para aproximar essas partes. Isso acaba beneficiando o consumidor final e a sociedade como um todo. Como você se sente sabendo que poucas pessoas podem se tratar no Einstein? O Einstein, como vários hospitais, faz parte de um grupo de hospitais de melhor qualidade e eu me sinto muito incomodado quando vejo que esse grupo é pequeno para as necessidades de uma boa assistência aos brasileiros. Mas luto por este grupo, primeiro porque o Einstein passa a ser uma referência, e segundo quando nossa organização, hoje presidida por Sidney Klajner, assume dois hospitais públicos de boa qualidade. Mas nos hospitais públicos de alta complexidade, como o Instituto do Coração e Instituto do Câncer, o problema é entrar no sistema… Você disse tudo. Até ser admitido,

“A R O B Ó T I C A D E T E C TA DA D O S E OS ENCAMINHA ÀS NU V ENS, PER MITINDO M E L H O R P L A N E JA M E N T O DA S C I R U R G I A S ”

você passa por uma penosa fila – mas, ao começar a ser tratado, recebe o melhor tratamento. A pandemia talvez venha a ajudar muito a medicina brasileira, no sentido da digitalização – que levará as pessoas para a porta de entrada adequada. Sou um ardente defensor da telemedicina, que trouxemos para o Brasil em 2012. Para cuidar do olho não dá… Dá, sim. A telemedicina surgiu com Graham Bell e o telefone...Você nunca telefonou para um médico descrevendo seus sintomas e ele te passou um remédio ou uma orientação? Se você me mandar uma foto de seus olhos, eu posso ajudar. Claro, não é uma relação completa entre médico e paciente. Mas em muitos casos a telemedicina pode ajudar. O Einstein é pioneiro do país. Uma curiosidade: quando inventaram o estetoscópio, no século 19, diziam que o aparelho de ausculta ia desumanizar a medicina – pois, com ele, o médico afastava sua orelha do peito do paciente.


Uma boa análise do paciente depende de uma história e de um exame. Mas novas tecnologias podem ajudar a superar esse contato mais humano e estabelecer mais confiança. Um de seus artigos mais recentes tem o título de “O autocuidado é o novo normal”. O que é autocuidado? Ao se estabelecer a saúde como dever do Estado e direito do cidadão, houve uma terceirização de responsabilidades – quando o gestor da própria saúde deveria ser o paciente. O engaja mento dele em seu trata mento pode fazer toda a diferença. Agora,

em função da pandemia, houve um crescente interesse nesse sentido. Os robôs, que hoje operam, fazem parte da digitalização da medicina 5.0? Fazemos cirurgia robótica há 15 anos. Mas a robótica hoje vai além das cirurgias – detecta dados e os encaminha para as nuvens, permitindo o planejamento das cirurgias. Está ocorrendo algo chamado convergência tecnológica. Se você trouxesse aqui um médico estrangeiro para visitar o Einstein, o que você mostraria a ele? Nossa base de conhecimento e pesquisa – que é o cerne de nossa credibilida-

de e confirma que estamos investindo numa medicina crítica, séria e de boa qualidade. A segunda coisa que eu mostraria a ele é nosso setor de pacientes graves. A rigor, hospital é para fazer medicina de alta complexidade – e com processos, não só aparelhos. Repito: nossas taxas de mortalidade por Covid-19 de pacientes intubados são as mais baixas do mundo. De acordo com a revista Newsweek, somos o hospital número 1 em oncologia da América Latina, o segundo em cardiologia e, no cômputo geral, o 34º melhor hospital do mundo. TP

DEZ.2020 |

|

89



Turismo FAMÍLIA SCHURMANN DEFENSORES DOS MARES


Turismo

SALVE O OCEANO! Em sua próxima expedição, a Família Schurmann alerta sobre a poluição dos mares, em um projeto de defesa do meio ambiente POR GILBERTO UNGARETTI

E

les amam o mar e o tratam como a sua própria casa. Pudera: há 36 anos dedicam-se a desbravar os oceanos a bordo de um veleiro de cruzeiro. Mas a questão ambiental ainda não havia ocupado o primeiro plano de seus projetos de navegação, embora fosse, sim, prioritária na agenda pessoal de cada um dos integrantes da família: o casal Vilfredo e Heloisa Schurmann (que acumulam 150 mil milhas navegadas cada um, o equivalente a quatro voltas ao mundo pela linha do equador) e seus quatro filhos, Pierre, David, Wilhelm e Kat. De agora em diante, ocupa sim. A nova meta da Família Schurmann é navegar em busca de soluções para a poluição dos oceanos. Vem aí o projeto Voz dos Oceanos. “É importante refletir sobre os problemas que o ser humano vem causando à natureza, especialmente a poluição dos mares”, diz o diretor de cinema e CEO David Schurmann, 46 anos, um dos idealizadores do projeto, programado para ter início no dia 8 de agosto de 2021, em uma parceria com a campanha Mares Limpos, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). A ideia é testemunhar in loco o que está acontecendo nos oceanos, atrair os holofotes da mídia para os estragos que o plástico causa no mar, alertar o mundo sobre o consumo voraz e inconsequente deste material e — com o respaldo de cientistas, ambientalistas e empreendedores — buscar e compartilhar soluções inovadoras para mudar esse cenário. Para isso, a bordo de um veleiro sustentável de 80 pés (24 metros de comprimento) — o Kat, de dois mastros, casco de aço com quilha retrátil, deque de aço inox e sete cabines —,

92 |

|

DEZ.2020

eles vão percorrer cerca de 40 pontos estratégicos do planeta, do Brasil aos Estados Unidos, do Caribe ao Oceano Pacífico, até chegar à Nova Zelândia. A ação começará a bordo do próprio veleiro da família, que tem um compactador de lixo reciclável, energia eólica, gerador hídrico e painéis de energia solar, entre outros recursos. Uma diferença enorme em relação à primeira expedição, iniciada em 1984, quando o veleiro Guapo, de 44 pés, levantou ferros em Florianópolis para uma viagem programada para durar dois anos e que acabou se estendendo por uma década, com passagem por 42 países, em três continentes. A primeira aventura teve um fim em si mesma: representava a realização do sonho da família de dar uma volta ao mundo embarcada. Três anos depois, em 1997, agora bordo do veleiro Aysso, de 55 pés, os Schurmann repetiram a façanha do português Fernão de Magalhães, primeiro navegador a dar a volta ao mundo, entre 1519 e 1522. Mais tarde, entre 2014 e 2016, eles abraçaram um novo projeto: a Expedição Oriente. A bordo de um veleiro maior, o Kat (nome em homenagem à filha adotiva Katherine, a Kat, falecida em 2006, aos 13 anos), a família velejou por 800 dias, com direito a passar pela primeira vez pela Antártica e pela China. Em resumo, desde a primeira expedição, em 1984, os Schurmann têm sido testemunhas do crescente acúmulo de lixo nos sete mares. Mas a centelha para a causa ambiental só foi acessa em 1998, ao se sentirem chocados com a quantidade de lixo que se acumulada em uma remota ilha do Pacífico, como contam na entrevista a seguir.


David, Vilffredo, Wilhelm, Heloísa e Pierre: os Schurmann hoje

THE PRESIDENT _ Muita gente sonha jogar tudo para o alto e sair velejando pelo mundo, e nunca o faz. Qual é o segredo para levar o plano adiante?

Heloísa Schurmann – Uma vez, eu li em uma revista uma mensagem que dizia assim: “Para realizar o sonho de um dia navegar você tem de marcar uma data”. Aí, eu e o Vilfredo conversamos sobre isso e ele disse: “Quando o David fizer dez anos, no dia 13 de abril de 1984, nós vamos iniciar a nossa jornada no mar”. Nosso segredo foi esse. Foi uma forma de romper com todas as rotinas em terra firme? Heloísa – Na realidade, não foi isso. A virada não veio da noite para o dia. Começou 10 anos antes, em 1974. No Natal

daquele ano, nós ganhamos da minha mãe, que morava nos Estados Unidos, passagens para St Thomas, uma ilha muito bonita, no Caribe, onde se concentram muitos barcos. Quando estávamos lá, passou por nós um veleiro com uma faixa anunciando “day charter”. No dia seguinte, embarcamos no veleiro, que levava 20 pessoas. A hora em que levantaram as velas foi um momento mágico, que tocou o nosso coração. Vilfredo Schurmann – Depois que desembarcamos, eu prometi para a Heloísa: “Um dia nós vamos voltar aqui comandando o nosso próprio barco”. Aí, voltando a Florianópolis, onde morávamos, a primeira coisa foi trocar o nosso apartamento no centro da cidade

por uma casa de frente para o mar, em Santo Antônio de Lisboa, onde passamos a fazer planos de comprar um barco para um dia viajar pelo mundo. Começando do zero? Vilfredo – Do zero! Primeiro, compramos um veleiro de 19 pés, da classe lightning, e começamos a velejar pela baía norte de Florianópolis. Depois, passamos a participar de regatas. Heloísa – Antes, fizemos aulas de vela e de navegação. Fomos aprendendo aos poucos. E o sonho, crescendo. E aí a gente começou a fazer um planejamento para, de fato, soltar as amarras no dia do décimo aniversário do David. Jogávamos no chão da sala o mapa-múndi, umas cartas náuticas e várias revistas e

DEZ.2020 |

|

93


Turismo

“M a i s d e 5 0% d o a r q u e r e s p i r a m o s vê m d o s oceanos, por meio de algas. O grande pulmão d o m u n d o s ã o e l e s”

íamos fazendo uma lista de lugares que queríamos conhecer. No dia 13 de abril de 1984 nós estávamos prontos. Vilfredo – Só não saímos nesse dia porque era uma sexta-feira 13 e, por precaução, decidimos deixar para o dia seguinte (risos). Aí, o veleirinho lightning já tinha sido substituído pelo Guapo, de 50 pés... Vilfredo – Do lightning, passamos para um veleiro Brasília de 32 pés, com o qual participamos de regatas de oceano, como a Santos-Rio e o Circuito Rio. E aí surgiu um estaleiro em Santa Catarina, do Horácio Carabelli e eu comprei um barco novinho um Main 35. Depois disso compramos um Germán Frers de 44 pés, com o qual iniciamos a volta ao mundo, e que no meio da viagem acabou sendo trocado por um veleiro maior. Como assim? Vilfredo – Um americano pediu para visitar o nosso barco, gostou muito do que viu, e perguntou se eu não queria vendê-lo. “Todo barco tem um preço”, disse. Como eu não queria vender, chutei um preço bem alto. Ele topou. E aí tivemos que rodar feitos loucos à procura de um novo barco. Três meses

94 |

|

DEZ.2020

depois, na Martinica encontramos o Aysso. Era um barco novo, de 55 pés, com casco de aço. Heloísa – Foi aí que decidimos cruzar o Canal do Panamá e fazer o Pacífico. Dos lugares incríveis que visitaram, quais ficaram gravados na memória como inesquecíveis? Vilfredo – Para mim, em primeiro lugar vem a Patagônia chilena, cujos canais são fora de série. Depois, a Polinésia. São centenas de ilhas, uma mais espetacular que a outra. Inesquecível também é a Réunion Island, o lugar que os franceses endinheirados frequentam, no Oceano Índico. Heloísa – A Polinésia, sem dúvida, é a nossa queridinha. Mas há vários lugares isolados, de difícil acesso, a não ser por barco, que também são maravilhosos. Como Cocos Keeling, uma ilha de 800 habitantes, entre a Austrália e o Sri Lanka. Tem

também o Atol Ducie, que fica no chamado Ponto Nemo, o lugar mais afastado de qualquer costa do planeta. Quando a questão ambiental despertou o interesse da família? Vilfredo – Foi durante a Expedição Magalhães. Em 1998, depois de visitar uma ilha remota no Pacífico, ficamos impressionados com a grande quantidade de lixo plástico. David – Levamos uma grande quantidade de lixo para o veleiro. Parecia um filme de terror. O mar está pedindo água? David – Está pedindo água e fôlego. Mais de 50% do ar que respiramos vêm dos oceanos, por meio de algas microscópicas. O grande pulmão do mundo são os oceanos e não a Amazônia. Nos 36 anos de navegação, a gente vem acompanhando um sofrimento crescente dos mares. No início, era uma


Na Antártida, na Austrália ou recolhendo lixo numa ilhota no Pacífico: ambientalistas que saíram do armário

coisa mais regional. Depois, foi piorando, com o branqueamento dos corais, o nível do mar subindo... São coisas que a gente foi notando aos poucos. Mas aí, em 1998, ao passar por uma ilha que havíamos visitado na primeira viagem, a Henderson Island, ficamos chocados com a quantidade de lixo. Em 2 quilômetros, recolhemos dez sacos de lixo de plástico. Aquilo nos pegou. Antes, vocês não se preocupam tanto com o meio ambiente? David – A Família Schurmann sempre foi ambientalista. Mas, a gente brinca que era ambientalista dentro do armário. Até que, entre o fim de 2015 e início de 2016, ao desembarcar em outra ilha remota, chamada West Fayu, no Pacífico Asiático, em 150 metros de praia

recolhemos 30 sacos de lixo de plástico. Foi o momento da virada de chave. O vídeo bombou na internet... David – Pois é, nós postamos o vídeo, de maneira muito humilde, e o vídeo viralizou mundialmente, com 2 milhões de views em poucas semanas. Vilfredo – Também chegou um momento da nossa vida em que a gente parou para pensar e disse: “Qual é o legado que iremos deixar, como Família Schurmann?” O mar nos deu tanta felicidade, vamos dar alguma coisa de volta. David – Ficar contando viagem de aventura é super legal, mas podemos usar a nossa voz para fazer a diferença. Assim nasceu o projeto Voz dos Oceanos, que tem como slogan a frase “Seja você também a voz do oceano”, que é

para não ficar parecendo uma coisa ego, só da Família Schurmann. É uma coisa muito maior do que nós. Qual é a proposta? David – Não queremos ser o Greenpeace, que faz um trabalho maravilhoso, assim como o Sea Shepherd. Nossa proposta é diferente: ir atrás de soluções práticas, por meio da inovação e da ciência. Vamos trabalhar com várias universidades. Para isso, fechamos com a Infinito Mare, empresa que promove diálogo entre a comunidade científica e o mundo midiático, com o objetivo de democratizar a ciência. E já temos ao nosso lado dez daqueles que são considerados os maiores oceanógrafos do Brasil. Também fechamos com a Spin, que é maior incubadora de

DEZ.2020 |

|

95


Turismo

startups do Brasil, focada na indústria, com a qual lançamos o Programa Global de Inovação. Vamos selecionar 1500 startups do mundo inteiro, incubá-las e, no fim do processo, sair com quatro ou cinco grandes soluções. Como será o diálogo com a indústria? David – A indústria, que está na lá ponta, é apontada como a primeira vilã. Então, ela precisa encontrar uma tecnologia de produção, uma fórmula diferente, para que o plástico não vá mais parar no mar. Vamos sentar com esses caras e dizer: “Nós vamos ajudar vocês a fazer isso”. Como será essa ajuda? David – Montamos um projeto 360, focado em apresentar soluções, desde

96 |

|

DEZ.2020

maneiras eficientes de reciclar até a criação de novos tipos de materiais para substituir o plástico. Não existe uma bala de prata, é claro. Mas um movimento, uma iniciativa que toca em várias frentes, que é para plantar uma semente e iniciar uma mudança que seja economicamente viável. O projeto é feito em parceria com campanha Mares Limpos, das Nações Unidas. Como será essa colaboração? David – Nós já éramos embaixadores da Mares Limpos da ONU no Brasil e quando ficaram sabendo do nosso projeto eles nos propuseram uma parceria internacional. E nós recebemos não apenas a chancela da ONU como também a oferta de apoio.

De que tipo? David – Pedimos que trouxessem para o nosso barco os grandes embaixadores da ONU para o meio ambiente. São pessoas famosas, como Leonardo DiCaprio e Gisele Bündchen, que são convidadas passar pelo menos um dia a bordo do Kat. Além disso, fechamos com o Pacto Global, outro programa da ONU, para encorajar empresas a adotar políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade. Como o mar de plástico afeta a vida marinha? David – Segundo dados da ONU, todos os anos são despejados nos oceanos 8 milhões de toneladas de lixo, em forma de


Entre as aventuras dos Schurmann, um passeio pela Ilha de Páscoa e um mergulho com baleias

“ To d o s o s a n o s são despejadas nos mares 8 milhões de t o n e l a d a s d e l i xo e m fo r m a d e p l á s t i c o”

plástico, o que provoca a morte de cerca de 100 mil animais. Os peixes e as tartarugas estão comendo plástico! Há plástico em tudo o que é canto. Na Georgia do Sul, perto da Antártica, o meu pai encontrou

muitos cabos [cordas] e redes de pesca. E agora foram encontrados microplásticos na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo do planeta. No Brasil a situação também é crítica? David – Extremante! Fizemos um teste perto da Ilha Anchieta, no litoral do Norte de São Paulo. Pegamos o barco e arrastamos uma manta atrás. Quando a gente puxou a rede, havia um punhado de microplásticos. É plástico que a gente não vê a olho nu. Mas está lá. É possível viver sem plástico? Como a família Schurmann substitui esse material poluente a bordo do veleiro Kat? David – É possível, sim, fazendo escolhas conscientes. A minha mãe é líder nisso

dentro do barco. Não deixa passar nada. De vez em quando alguém diz: “É só uma coisinha”. Ela responde: “Não, não, não!”. Mas é precisar fazer uma distinção. Existe o plástico que a gente usa uma vez só e joga fora. Esse deve ser banido. Há outros que podem ser reciclados. O que vocês fazem com o lixo que se acumula a bordo? David – Temos um compactador, que reduz 80% do lixo reciclável dentro do barco. Ou seja, em vez de dez, nós temos dois sacos de lixo, o que nos permite armazenar por mais tempo para levar a um centro de reciclagem. Para que as pessoas todas entendam e abracem a campanha, é preciso dar o exemplo. TP

DEZ.2020 |

|

97


Turismo

98 |

|

DEZ.2020


DEZ.2020 |

|

99


Turismo

BEM-VINDO AO KENOA RESORT Pertinho de Maceió, um enclave para quem quer conforto, exclusividade e natureza ainda intocada

O

Kenoa Resort é simplesmente um dos refúgios mais deslumbrantes do Nordeste. Fica a somente 30 quilômetros de Maceió, capital de Alagoas, e oferece experiências autênticas, que inebriam os sentidos. A começar pela localização, estratégica. Ao norte, é abraçado pela resplandecente Mata Atlântica. Ao poente, pelas águas azul-turquesa do oceano, com o suave balanço das ondas. Em comunhão com a natureza pródiga, toda a ambientação foi baseada no bom gosto. Seja nas suítes ou nas áreas comuns. Uma das mais atraentes é a do restaurante Kaamo, instalado na parte central do empreendimento. Ele tem uma atmosfera convidativa, além de vista grandiosa para o mar. Ali, inspirada na paisagem tropical, nasce uma culinária inventiva e deliciosamente aromática, com pratos que oferecem uma explosão de sabores. Experimente o polvo croque croque. Tem um toque fresh de acerola e crocância que te levará às alturas. Outro ambiente inesquecível, erguido no terraço a 9 metros de altura com uma vista panorâmica, o Kaamo Lounge é

100 |

|

DEZ.2020

decorado com pufes, mesas baixas e aconchegantes almofadas. O bar acena com ambiente descontraído e relaxante. Tanto a iluminação quanto a música ambiente são suaves, de espírito bem intimista. Um lugar ideal para as noites. Também para os fins de semana. A Lua, sempre bem-vinda, se esmera em visuais únicos. Se o objetivo for desbravar a paisagem local, uma ótima opção é descobrir mangues intactos. O Kenoa Resort oferece o embarque em uma canoa nativa. Ela conduz o hóspede a um criatório de ostras na lagoa do Roteiro. A degustação é feita ali mesmo, dentro da água. Uma experiência fresh e gastronômica. Passeios levam, ainda, à aldeia de produtores locais de ostras e mel da vila de pescadores de Palateia com suas casas originais de taipa — e sua alegria. A atração é ver as nascentes de água e a exuberância da natureza, ainda intocada, à sua volta. Dá pra resistir? TP Para mais informações: kenoaresort.com @kenoaresort


DEZ.2020 |

|

101


124 | 102 |

|

DEZ.2020


DEZ.2020 |

|

103


Turismo

104 |

|

DEZ.2020


DEZ.2020 |

|

105


Turismo

TRANQUILIDADE NO MEIO DO AGITO Assim ocorre no novo East Hotel, de Miami, primeira unidade da rede asiática Swire Properties nos Estados Unidos POR RAPHAEL CALLES

M

iami jamais esconde ao que veio: festas, bares, restaurantes e compras. Muitas compras. A região de Brickell, a poucos minutos do Centro, tem tudo isso. Muito agito? Sim. Mas em meio a ele ergue-se um enclave de tranquilidade: o East Hotel. O hotel pertence à rede asiática Swire Properties e traz um toque daquele continente em todos os ambientes. É o primeiro empreendimento da companhia nos Estados Unidos. Os 40 andares guardam 352 quartos e 89 residências. São habitações de 28 a 148 metros quadrados com varanda. Oferecem vistas de Brickell, do Centro, do oeste da cidade e, claro, da Biscayne Bay e do porto ao fundo. Um time de primeira foi escalado para cuidar do design e da arquitetura do East. A Arquitectonica é responsável pelo hotel em geral. Já os restaurantes levam a assinatura de Studio Collective, enquanto os quartos foram desenhados pela nova-iorquina Clodagh Design. A curadoria de artes é da Indiewalls, que trabalha de maneira próxima com artistas locais. Tudo isso para garantir o que há de mais atual no design: ambientes ensolarados por janelas do chão ao teto, varandas e itens tecnológicos de última gera-

106 |

|

DEZ.2020

ção. O cuidado com o corpo fica a cargo de BEAST (Body by East), academia disponível 24 horas. Tem aparelhos Technogym – o que há de mais atual em tecnologia fitness. No mais, dá para aproveitar uma das quatro piscinas, abertas do nascer ao pôr do sol. O East, claro, também acena com ótimas opções para beber e comer. O Quinto La Huella é uma reinvenção urbana do restaurante uruguaio Parador La Huella. Instalou no quinto andar fogões a lenha alimentados com carvalho vermelho e branco para a preparação de pratos. No 40º pavimento, levados pelos elevadores futurísticos, os hóspedes se deparam com o rooftop Sugar, que mistura a elegância de Hong Kong com o clima cool de Miami, servindo drinques e tapas originais com inspiração asiática. No mesmo andar, o discreto Tea Room oferece uma seleção de coquetéis clássicos combinados com um menu-degustação de pratos para compartilhar. O East integra o recente complexo Brickell City Centre, centro de compras e entretenimento recém-inaugurado na cidade, com marcas que vão de Apple a Audemars Piguet. TP

Para mais informações: easthotels.com


NÓS SOMOS EXIGENTES, COMO VOCÊ. Suítes enormes, sala e cozinha equipadas, alta gastronomia contemporânea todos os dias e os detalhes que fazem sua estada inesquecível.

Vista panorâmica linda! São Paulo verde de uma forma inimaginável.

Hóspede do George V Alto de Pinheiros.

Dois endereços em São Paulo: Praça. Roquete Pinto, 09 www.gvap.com.br Alameda Casa Branca, 909 www.gvcb.com.br Central de Reservas: 0800.773.4663 reservas@grupoaldan.com.br

Suítes de 48 a 92 m²; Restaurante com room service 24 hrs; Piscina, saunas seca e úmida com ducha; Sala de massagem terapêutica e estética; Fitness center; Espaço para eventos no rooftop; Business center; Sala de reunião.

DEZ.2020 |

|

107


Turismo

MÔNACO, ALÉM DAS FRONTEIRAS Principado é a melhor opção de hospedagem para explorar os encantos de Côte D’Azur e da Riviera Italiana POR RAPHAEL CALLES

A

lém de linda e chique, Mônaco é estratégica. Maravilhosamente estratégica. Encravada de frente para o Mediterrâneo, é vizinha da Riviera Italiana e está instalada na Côte d’Azur francesa. De forma que o visitante pode, sem maiores esforços de locomoção, aproveitar três países até mesmo em um mesmo dia: a França, a Itália e a própria Mônaco — que é o segundo menor país do mundo, atrás do Vaticano. Antes de tudo, a dica é deixar as malas no hotel Fairmont Monte Carlo. Fica ao lado da célebre curva em forma de grampo do Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1. O acesso é facilitado ao Yacht-Club e a poucos passos do Cassino de Monte Carlo. O dia começa com um café da manhã no Horizon Deck & Champagne, no sétimo andar do Fairmont. De suas janelas dá para apreciar uma vista de 360 graus do principado, com um vislumbre da Opera, do Palácio e do Cassino, além, claro, do mar azul. Saindo do Fairmont de carro, em apenas 20 minutos o visitante estará na vila francesa de La Turbie. Vá ao centro antigo. Vieux La Turbie permite um mergulho na história do vilarejo. O ponto alto da visita se dá em Trophée d’Auguste, monumento construído há mais de 2 mil anos para o imperador romano Augusto, em homenagem à conquista dos povos dos Alpes em 16 a.C. O lugar foi utilizado como fortaleza no século XII e, depois, parcialmente desmantelado por Luis XIV para a construção de casas na região. Para o almoço, o bistrô La Fourchette Libre, ainda em La Turbie, é a dica. Foi eleito o melhor restaurante da região por viajantes do TripAdvisor. Acena com culinária mediterrânea com ingredientes locais. De volta a Mônaco, que tal percorrer o espetacular Museu Oceanográfico? Teve a chancela de Jacques Cousteau. Mais tarde, da varanda de seu quarto no Fairmont, aprecie a Itália à esquerda, a França à direita e Mônaco

108 |

|

DEZ.2020

aos seus pés. No jantar, o restaurante Gaia acena com culinária mediterrânea com inspiração grega. O menu dos chefs Izu Ani e Orestis preza ingredientes frescos e a intimidade de uma comida caseira. Para o dia seguinte, outros 20 minutos de carro levam à francesa Èze. O programa é visitar as renomadas perfumarias Fragonard e Galimard e aprender sobre a artesania perfumista e até mesmo criar sua própria fragrância. A cidade velha foi construída sobre ruínas de um castelo do século 12 e tem excelentes opções gastronômicas, como Château Eza e Les Remparts e o estrelado La Chèvre d’Or, ambos no hotel La Chèvre D’Or. Não deixe de visitar Sanremo, na Itália, também a uma curta distância de carro. A cidade da Ligúria traz um clima tipicamente italiano. Perca-se nas ruelas da cidade-fantasma de Bussana Vecchia, ou encontre-se em um fim de tarde avistando os barcos em Cetacei Sanremo. Para finalizar o dia, frutos do mar no estrelado Paolo e Barbara. O principado de Mônaco se reafirma como melhor opção de hospedagem para explorar a região da Côte d’Azur e da Riviera Italiana. Além de passeios por pequenas cidades dos arredores, oferece diversos atrativos turísticos. Além de uma mão cheia de restaurantes com estrelas Michelin. TP

Para mais informações: visitmonaco.com


Ao lado, o Hotel Fairmont Monte Carlo. Abaixo, o interior do restaurante Gaia

SERVIÇO: Fairmont Monte Carlo fairmont.com/monte-carlo Tête de Chien, Vieux La Turbie e Trophée d’Auguste ville-la-turbie.fr La Fourchette Libre facebook.com/lafourchettelibre Gaia gaia-restaurants.com Fragonard fragonard.com/en/factories/eze Galimard galimard.com Château Eza chateaueza.com Les Remparts chevredor.com La Chèvre d’Or chevredor.com Paolo e Barbara paolobarbara.it

DEZ.2020 |

|

109


Turismo

O MELHOR HOTEL DA ÁFRICA O Royal Mansour Marrakech, erguido no centro de Marrocos, é simplesmente esplêndido POR RAPHAEL CALLES

110 |

|

DEZ.2020


O

centro das antigas cidades islâmicas é conhecido por medina. Também ocorre assim em Marraquexe, no Marrocos, no norte da África. A chamada Cidade Vermelha – suas construções têm, em geral, tons avermelhados ou ocre — conta com uma bela e agitada medina. Lá estão os souks – leia-se mercados. Para apreciar melhor Marraquexe, só mesmo se hospedando dentro da medina. Nesse caso, há apenas uma – e magnífica – opção: o Royal Mansour Marrakech. Construído a pedido do rei do Marrocos, o hotel empregou 1.500 artesãos por mais de três anos. A experiência de hospedagem vai além do

conforto. É sensorial. A começar pelas portas de bronze de 2,5 toneladas que recebem o hóspede. Aqui, cada suíte foi substituída por uma riad – o nome que se dá no Marrocos às casas com pátio interno. O serviço? Praticamente invisível. O staff acessa os riads por corredores subterrâneos. Não por acaso o hotel foi eleito o melhor da África e conquistou o sexto lugar no ranking da revista Condé Nast Traveler em 2019. Cada riad oferece uma experiência diferente de hospedagem. São 53 opções. Eles são divididos em cinco categorias, todos com três andares e metragens que vão de 140 a 1.800 metros quadrados. Podem ter apenas um dormitório. Mas

O clima de “1.001 Noites” é inspirador tanto nas áreas comuns quanto nas suítes, que, na verdade, podem ser residências completas

DEZ.2020 |

|

111


Turismo

Um a d a s h a b i t a ç õ e s , a Grand Riad, tem nada menos q u e 1. 8 0 0 m e t r o s quadrados, incluindo b a r, p i s c i n a , a c a d e m i a e sala de sinuca

também dois, três ou quatro. Destaque para a categoria Prestige. Ela oferece três quartos, uma piscina privativa e serviço de mordomo e cozinha equipada. Já o lendário Grand Riad – que já recebeu celebridades e chefes de Estado – evoca privacidade total em 1.800 metros quadrados, com piscina, sala de jantar, escritório, biblioteca, bar, academia, sala de sinuca e cinema. Nas áreas comuns do hotel, há uma área verde que se estende por mais de um hectare. A piscina, em tom esverdeado, combina com as plantas do jardim desenhado pelo paisagista espanhol Luis Vallejo. Se quiser, o hóspede pode recorrer aos serviços do spa. Ele acena com os mais diversos tratamentos com assinatura de marcas de primeiríssima, como marocMaroc, Sisley e Dr Hauschka. Muitos escolhem o hammam, o tradicional banho turco. Todo o cuidado também é destinado à gastronomia. São quatro restaurantes e igual quantidade de bares. Três deles sob a curadoria de Yannick Alléno, detentor de três estrelas Michelin. La Grande Table Marocaine pratica uma nova interpretação da culinária local. La Table, por sua vez, acena com influências mediterrâneas. Já Le Jardin se junta ao jardim e à piscina e tem cardápio com influência asiática e mediterrânea com base na criatividade, surpresa e no compartilhamento de refeições. Sesamo, por fim, traz gastronomia italiana com muitos ingredientes locais pelas mãos do estrelado chef Massimiliano Alajmo. TP Para mais informações: royalmansour.com

112 |

|

DEZ.2020



Turismo

VOANDO ALTO A Gulfstream tem uma aeronave para cada jornada: o modelo supermédio G280™; a aeronave de alto desempenho G550™; os novos e premiados G500™ e G600™; o famoso G650ER™; e o novo carro-chefe G700™.

114 |

|

DEZ.2020


ANTÔNIO CARVALHAL NETO DIRETOR DA CASA FLORA

50 ANOS DE SUCESSO


MEIO SÉCULO TRAZENDO O MELHOR Antônio Carvalhal Neto, da Casa Flora, comemora os 50 anos da importadora e o lançamento do e-commerce da empresa POR LUCIANA LANCELLOTTI RETRATOS ANGELO PASTORELLO

Q

uem visita o novo armazém da Casa Flora, em Guarulhos-SP, se impressiona com as dimensões do espaço, distribuído por generosos 4.500 metros quadrados de área. Pelos corredores, que mais parecem ruas, caminhões traçam um vaivém contínuo levando caixas recheadas com produtos que, nas gôndolas, enchem os olhos e desafiam os sentidos. São balas de goma árabe coloridas, frutas secas e castanhas crocantes, mostardas de Dijon ao vinho branco, latas de alcachofra italiana marinada, torrones espanhóis de Alicante embalados em papel vermelho brilhante, entre muitos outros, que somam um portfólio de 1.200 itens – entre eles, de 600 a 800 rótulos de vinhos importados de 20 países. Com oito docas, pé-direito de 12 metros e mais de 6 mil posições/pallets, o depósito recém-inaugurado é apenas uma das novidades que a Casa Flora preparou para comemorar meio século de atuação. “Foi uma decisão estratégica”, explica Antônio Carvalhal Neto, diretor comercial e de marketing da empresa. “A localização, na intersecção das rodovias Dutra e Fernão Dias, facilita a distribuição para o eixo São Paulo-Rio de Janeiro-Belo Horizonte”, afirma, esclarecendo que os outros centros de distribuição da Casa Flora, instalados em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, preservam suas atividades normais. A informação é uma deixa para a outra novidade preparada para 2020: além de viabilizar o abastecimento nas três cidades, o novo CD de Guarulhos vai concentrar a logística para abastecer todo o território nacional com as vendas feitas pelo novo e aguardado canal de e-commerce da empresa. A loja virtual vai operar em B2B e B2C e tem previsão para ser lançada em dezembro. "Ganhamos muito em termos operacionais, controle, eficiência e qualidade", garante Neto, comparando o novo CD ao antigo armazém, fundado em 1970 na Zona Cerealista do Brás, em São Paulo, e recentemente desativado. É certo que o vínculo afetivo com o Brás permanece. Por isso, a estrutura comercial, o administrativo e o marketing da Casa Flora continuam no bairro paulistano. A seguir, ele comenta sobre as novidades e compartilha uma experiência pessoal que foi decisiva na visão para os próximos 50 anos da empresa.

116 |

|

DEZ.2020




THE PRESIDENT _ Após muita espera, finalmente a Casa Flora está lançando um e-commerce. Por que somente em 2020?

Antônio Carvalhal Neto - Esse projeto, por incrível que pareça, estava engavetado havia uns cinco anos. Sempre tivemos como ideologia abastecer o mercado para que o consumidor encontrasse nossas marcas e produtos nos restaurantes, hotéis, bares e supermercados. Mas a partir do momento em que nossos fornecedores começam a contar com um sortimento que não tem uma aderência direta a esses canais, faz sentido abrir um canal para chegarmos a esse consumidor final. Que tipo de produto, por exemplo? Há fornecedores como a Santa Carolina, vinícola chilena com vinhos muito premiados, de altíssimo nível. Mas esses rótulos não têm uma aderência direta com supermercados. Por que, então, não oferecer essa possibilidade para o consumidor brasileiro que deseja esse tipo de produto? E, hoje, a forma madura para ocupar essa aderência é o mercado eletrônico. Existe a preocupação com a possibilidade de haver concorrência entre o ecommerce e os outros canais de venda da Casa Flora? Agora em dezembro, nós já começamos a apresentar o e-commerce para o mercado, fazendo alguns testes, justamente para que a loja virtual entre em operação de forma complementar aos nossos outros canais. Também entendemos esse movimento como um serviço para o cliente da Casa Flora. E jamais vamos fazer a transição de forma que o consumidor nos procure direta-

“Nosso site trará informação sobre a produção do que importamos. O cliente vai saber de que região italiana vem a massa artesanal e detalhes sobre a fabricação”

mente em vez de nos buscar nos canais já existentes. Outro ponto que levamos em consideração é que há muita coisa ainda fora do Brasil que, pelo fato de não contarmos com o e-commerce, acabávamos não trazendo para o país. Todos os itens do catálogo vão estar à venda no e-commerce? A maior parte deles, sim. Ou seja, os itens do portfólio seco, como azeites, atomatados, molhos, conservas, entre muitos outros produtos. Já a categoria mol hada, composta por queijos, jamón, itens resfriados ou congelados, ainda não vai ser disponibilizada ao público no nosso site. No mais, os procedimentos são os de costume: o cliente preenche um cadastro e a partir daí faz suas escolhas, fecha o pedido e recebe a compra. Como está a expectativa com relação à adesão do público ao e-commerce? Está muito conservadora. A partir do acesso do consumidor a esse portfólio de produtos ainda sem aderência, queremos saber o que ele realmente está buscando como experiência. Para isso,

vamos contar, dentro do site, os detalhes sobre a produção dos itens. Se tenho uma massa artesanal, o cliente vai saber de que região italiana ela vem, curiosidades sobre sua fabricação, esse tipo de dado. Essas informações vão sair do site direto para a mesa, quando o cliente estiver se alimentando e comentando sobre isso com suas companhias. Existe, então, uma preocupação extra com o conteúdo. Certamente! Quando contamos ao cliente que temos um vinho com determinada premiação, produzido de certa forma em uma região específica, estamos mostrando nossa preocupação com o acesso dele a informações de qualidade. Até porque com informação fica mais gostoso comer e beber, é o que completa a experiência. Para nós, como curadores, faz todo sentido investir nesse tipo de comunicação. Hoje é um grande desafio levar o conteúdo com propriedade ao consumidor. Com a pandemia, o consumo de vinhos entre os brasileiros teve um aumento histórico. Você acredita que esse padrão seja mantido quando a rotina dita normal for retomada? É interessante porque, mesmo com esse aumento, é ainda muito tímida a participação do vinho na mesa do brasileiro. Vejo ainda muito espaço como participação porque o vinho é de fato uma das bebidas que fazem com que a harmonização da refeição se transforme em uma experiência. E acho que não tem volta, independentemente de as pessoas retomarem o gasto com viagens e jantares em restaurantes. Um dos nossos grandes desafios é fazer

DEZ.2020 |

|

119


com que as pessoas sejam mais estimuladas a estudar sobre o vinho. E como seria esse estímulo? Quando digo estudar não me refiro a uma forma chata e antiquada de aprender. As pessoas têm de descontrair e ficar à vontade para abrir uma garrafa. É preciso perder o medo do vinho e tornar esse consumo mais racional, fazer com que as pessoas se familiarizem com os termos e tudo o que cerca o vinho. Hoje os vinhos correspondem a quanto dentro do negócio da Casa Flora? Correspondem a 60%, é o produto com o maior histórico na empresa, como importação e como sortimento, aquele cuja capilarização nos canais de atendimento sempre recebeu maior investimento. Os vinhos também se fortalecem pelas ma rcas: qua nto ma is conhecidas, mais segurança garantem aos consumidores, que, por sua vez, têm medo de errar ao arriscar. Por outro lado, o brasileiro também é conhecido por ser aberto a novidades. Sim, e estamos desenvolvendo um projeto com uma visão bem ampla, para entender quais produtos, no mundo inteiro, seriam interessantes para o público brasileiro. A questão é: quais experiências podemos apresentar? Hoje você tem Itália, Chile, França, Argentina, Alemanha… Quantos países mais? A operação nos supermercados infelizmente não permite que haja essa conversa direta com o consumidor. Já no canal digital a gente aumenta as possibilidades nesse sentido. Esse também foi um dos motivos que nos levaram a criar o canal. O negócio do vinho no Brasil também

120 |

|

DEZ.2020

está prestes a chegar à Bolsa de Valores. A Casa Flora cogita abrir seu IPO? Não, o IPO não está nos planos por enquanto. Entendemos que essa junção de nossa empresa familiar, de forma muito profissional, é a melhor entrega para disponibilizar ao mercado em geral. Isso nos traz credibilidade junto aos fornecedores, colaboradores e clientes, sempre com participação por conselhos e gestão profissional via sistemas de informação que permitam que a gente tome a decisão de forma mais rápida. A identidade visual da Casa Flora passou por uma reformulação, acredito que, também, por conta do aniversário da empresa, certo? Sim, certamente mais uma forma de comemorar nossos 50 anos. Há tantos anos vemos aquela flor do logotipo, queríamos mexer. Parece algo simples, mas é extremamente complexo. Então começamos a mudar a florsímbolo aos poucos, e chegamos a uma Flora mais moderna e mais autêntica, trazendo uma boa energia. Conseguimos concretizar o projeto e estamos apresentando ao mercado. Você está saindo de um momento delicado, uma internação em virtude da Covid-19. Como foi a sua experiência com a doença? Eu gostaria muito de compartilhar o que vivi. É um momento em que levamos um tombo e ficamos ali, deitados, sem muita energia. Um isolamento difícil, porque ninguém sabe, ainda, lidar direito com esse vírus. É você com você, e você com Deus. E é inevitável fazer uma análise sobre o porquê de estar ali, que prioridades teve até

“É preciso perder o medo do vinho e tornar o consumo mais racional, fazer com que as pessoas se familiarizem com os termos e fiquem à vontade para abrir a garrafa”

então. Penso que temos que ter um motivo muito maior para justificar essa nossa passagem por aqui. Todos nós temos que deixar algo a mais. Novas resoluções surgiram desse momento difícil? Sim, é preciso aprofundar as relações que você tem, a forma como tem lidado com as pessoas, questionar as prioridades que vem tendo. Será que naquele tempo que você normalmente não tem, não poderia estar fazendo algo com maior produtividade, com mais interioridade? Será que não é possível se solidarizar melhor com as pessoas? É preciso repensar o modo com que se vive antes de tomar um tombo como esse, porque a vida é uma dádiva de Deus e nós não podemos passar por ela sem dar todo o valor que ela merece. Valorize as pessoas que estão ao seu lado, reveja a companhia de quem realmente faz sentido, reze e agradeça muito. E não se esqueça de olhar o próximo, porque muitas vezes ele não tem as mesmas oportunidades que você. TP



SABOROSA E PRÓSPERA TRADIÇÃO Casa Bauducco oferece experiência única com receitas artesanais clássicas da Itália POR MARCO MERGUIZZO

P

resente há quase 70 anos no paladar do consumidor, a Bauducco, marca que virou sinônimo de Panettone, ampliou não só o seu variado portfólio de delícias. Também concebeu um bem-sucedido modelo de negócio. Em 2012, o conglomerado criou uma rede de franquias. São hoje 90 lojas conceituais espalhadas pelo Brasil. Elas trabalham como um misto de empório e cafeteria. O carro-chefe é a venda das fatias de Panettone, sempre quentinhas. Com uma experiência única, também oferece outras receitas artesanais. Esses sabores familiares são transmitidos desde os anos 1950

122 |

|

DEZ.2020

pelo seu fundador, o empreendedor italiano Carlo Bauducco. Mesmo durante este ano atípico, a Casa Bauducco não parou de crescer. A unidade de negócios continuou a expandir seus domínios Brasil adentro. Só neste segundo semestre foram inauguradas seis lojas em grandes cidades e capitais brasileiras. E outras oito estão programadas para até o final de 2020. Duas das novas franqueadas serão inauguradas na capital paulista. As demais abrirão no Rio de Janeiro (RJ), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Goiânia (GO), São José dos Campos (SP) e Santos (SP). Ou seja: ao fechar o ano com 90 unidades, o grupo man-


Um clássico natalino. À esquerda, loja na avenida Paulista, em São Paulo


O Chocottone® deriva do carro-chefe de uma empresa que é quase sinônimo de Panettone

teve a sua estratégia de crescimento, mesmo em um ambiente de investimentos hostil. Embora em um cenário adverso, a Casa Bauducco empreendeu o suporte necessário para manter o vigor e o pleno funcionamento das unidades existentes e, de quebra, compatibilizar o seu plano de expansão. Entre outras medidas, revisou propostas comerciais e renegociou aluguéis, dando fôlego ao caixa das franqueadas. Desse modo, ajudou as lojas a driblarem parte das dificuldades. VENDAS DIGITAIS: APOSTA CERTEIRA Outra decisão estratégica para amenizar a crise foi a “virada digital”. Com uma campanha nacional online, a franqueadora estimulou as lojas a se divulgarem regionalmente, por meio de impulsionamentos locais. A estretégia levou à criação de um app com delivery e takeaway. A Casa Bauducco estimulou,

124 |

|

DEZ.2020

ainda, a ampliação dos contratos com iFood, Rappi, Uber Eats, Delivery Center e Loggi e a contratação de uma nova agência digital. Até a nova ferramenta de compra direta pelo Google já está em fase de testes em algumas unidades da marca. “Em 2020, tivemos um trabalho intenso e de muita dedicação, com um olhar para ‘dentro e fora de casa’”, assinala Renata Boock, diretora da Casa Bauducco. “Com a virada digital, supervisionamos cada franqueado e demos amplo suporte para que todos pudessem atravessar os momentos mais agudos e as incertezas econômicas geradas pela pandemia.” De acordo com a executiva, a marca também disponibilizou webinars semanais com especialistas nas áreas trabalhista e de locações, informando toda a rede por meio de comunicados diários. Além do repasse, foram renegociados passivos e im-


A Casa Bauducco vai fechar o ano com 90 unidades. Uma proeza. E estão vindo mais por aí, apesar do ambiente hostil para investimentos

plantou-se um calendário mensal comemorativo e ainda outras reestruturações nas franquias. “Com isso ajudamos nossos franqueados a obter linhas de crédito com o apoio da Associação Brasileira de Franchising (ABF)”, diz Renata. Também se estabeleceu a isenção da taxa de franquia de repasse, a negociação da taxa de transferência dos shoppings e a inclusão de diversos valores abaixo dos praticados no mercado.

Em Lima, no Peru, cidade de alta gastronomia, há uma bela loja Bauducco, já muito bem-sucedida

FIM DE ANO E 2021 NO RADAR Impulsionada pelos primeiros sinais de recuperação econômica, e já de olho em 2021, a Casa Bauducco se preparou para a chegada do Natal e as festas de fim de ano. A marca acredita na força da data para alavancar as vendas em toda a rede. Com produção da Bauducco a todo vapor, preparou novas embalagens e tem expectativas de elevar as vendas, tanto nas plataformas digitais quanto presencialmente em toda a rede.


A previsão de crescimento para o ano que vem é da ordem de 35%. Nada mau. O objetivo é ter nada menos do que 400 lojas funcionando até 2025

Com uma oferta variada e de alta qualidade, a Casa Bauducco oferece para este período um portfólio com mais de uma centena de itens, cujos preços variam entre democráticos R$ 18,90 (seleções de biscoitos de 90 g a 120 g) e R$ 259,00 (cesta com mais de duas dezenas de itens). Entre os lançamentos programados, o destaque fica por conta das Fibralatas (com novos sabores e novas embalagens), novos minipanetones (Duo Cioccolato e Avelã), Bombottone, Panettone Bites, Chocottones® de Trufa Branca e Brigadeiro Gourmet, além dos Panettones e do Chocottone® Zero. Com visão empreendedora e as vendas em alta, a Casa Bauducco também buscará, em 2021, fortalecer sua estratégia de crescimento, com a abertura de novas lojas franqueadas, com foco nas capitais. “Mas tudo dependerá da economia e de como o mercado se comportará nos próximos meses”, observa Renata Boock. “A expectativa é abrirmos entre 15 e 30 novas unidades (um crescimento entre 20% e 35%) e assim manter o objetivo de expansão da empresa que é atingir a marca de 400 lojas até 2025." casabauducco.com.br facebook.com/casabauduccooficial @casabauducco

126 |

|

DEZ.2020


O QUERIDINHO DA FORNADA Recém-saído do forno, o seu aroma invade o ambiente e atrai a clientela. A festejada receita de Panettone da Bauducco leva cerca de 50 horas para ficar pronta. Hoje, a produção anual ultrapassa 75 milhões de unidades. Todas têm um pouco da “massa madre” - a mistura viva com micro-organismos de fermento natural trazida da Itália para o Brasil por Carlo Bauducco. Ela é realimentada nas fábricas espalhadas pelo país como ingrediente basilar do mais famoso e festejado produto do grupo Pandurata. Mas, diferentemente de outros concorrentes do setor de alimentos adquiridos por multinacionais ou de capital em bolsa, a Bauducco, maior fabricante de Panettones do mundo, mantém uma gestão familiar, cujo controle tam-

bém se estende à sua rede de franquias. Instaladas em shoppings, hospitais, prédios corporativos e aeroportos, as lojas estão presentes hoje nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Neste ano, a Casa Bauducco recebeu a classificação máxima no ranking “Melhores Franquias do Brasil 2020”. Concedido pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da editora Globo, o prêmio é considerado o “Oscar do franchising brasileiro”. E tem o aval da Serasa Experian, que busca avaliar, num universo de 446 redes de franquias, as marcas nacionais que se destacam pela qualidade, desempenho e satisfação do franqueado. TP


NOSSOS DESAFIOS Setor de Foodservice buscou reinvenção após prejuízos do primeiro semestre POR THIAGO THEODORO, LÍDER DE VENDAS E TRADE MARKETING DE FOOD SERVICE NA CARGILL BRASIL

A

o que parece, este ano vai demorar a terminar. Provavelmente, irá muito além de 31 de dezembro. A pandemia mudou tudo para todos. Participei de uma conferência no início de março com outros líderes do setor de Foodservice. Essa reunião em vídeo reuniu representantes de cinco continentes. Todos estavam muito preocupados com as pessoas e reportando previsões de quedas nas vendas de até 80% para março e abril. O Brasil vivenciava então um cenário mais calmo, com previsão de leve queda. As preocupações maiores diziam respeito a uma possível dificuldade na cadeia de suprimentos, nos insumos importados dos mercados afetados. Mas o que ficou demostrado é que de leve a queda do nosso mercado não tinha nada. Ainda em março, eu já estava entregando o meu apartamento em São Paulo e solicitando à família que fizéssemos, com urgência, estoque de alimentos e insumos básicos. Isso valeria para os três meses em nosso “bunker” no Rio de Janeiro. Era o início de uma longa jornada de novidades na vida de todos nós. O setor de Foodservice responde pela alimentação produzida fora do lar. Desde o buffet a quilo até a pizza que pedimos por delivery — tudo isso é Foodservice. Segundo dados da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), o setor gerou, em 2019, um valor agregado total na economia de R$ 463 bilhões e empregava cerca de 6 milhões de pessoas. Vivemos, no entanto, um colapso global com a pandemia. No auge da queda, no final de março, dados do índice ICVA-Cielo davam conta de que houve retração de 81% no Brasil. O café da manhã na padaria, o almoço durante o expediente, o jantar nos hotéis, todos foram afetados pelas restrições e lockdowns. Essas medidas foram necessárias para garantir o isolamento social e frear o contágio. A prioridade era salvar vidas. No Brasil, antes da pandemia, tínhamos 34% da despesa de alimentação em Foodservice, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Dados de julho nos dizem que isso se retraiu para 25%. A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) estima que, aproximadamente,

128 |

|

DEZ.2020

300 mil empresas do setor já fecharam, com uma perda de 1,5 milhão de empregos. Diante de tanto sofrimento humano e nos negócios, vimos muitos movimentos de solidariedade. A Cargill, por exemplo, doou mais de US$ 35 milhões no mundo. Com o lema “juntos pelo pequeno varejo”, o Movimento Nós reuniu gigantes dos setores de alimentos e bebidas - Coca-Cola, Pepsico, Ambev e Nestlé estão entre elas – para auxiliar os negócios no processo de reabertura. Outras tantas iniciativas buscaram orientar, educar e dar suporte às micro e pequenas empresas. De acordo com o Sebrae, elas representam mais de 93% dos estabelecimentos do “food” no Brasil. Depois de quase nove meses, temos uma nova realidade para bares e restaurantes. Esses estabelecimentos estão arcando com novos custos. Ao mesmo tempo, criaram novos canais de venda e estão redimensionando seus espaços físicos. Aliado a tudo isso, podemos dizer que tivemos um avanço tecnológico de cinco anos em apenas cinco meses. O tal “novo normal” vem da característica empreendedora e inovadora do setor. O Foodservice é fundamental para necessidades e desejos, sustentabilidade e indulgência. É mais que um modal de alimentação. É a sobrevivência humana. E, juntos, somos mais fortes. TP cargill.com.br

facebook.com/cargill @cargill


DEZ.2020 |

|

129


SELEÇÃO PERFEITA Aqui tem novos produtos Seara Gourmet com uma explosão de sabores

LANÇAMENTO! PIZZAS SEARA GOURMET SABORES: MARGHERITA E CALABRESE

Pizza Seara Gourmet Margherita

LOMBO FATIADO

Pizza Seara Gourmet Calabrese

COM MOLHO BARBECUE SEARA GOURMET

Pizza Seara Gourmet é a grande novidade. Feita com molho e farinha importados da Itália, a massa é artesanal e fermenta de forma natural por 24 horas. Isso deixa a pizza muito mais leve. Vai direto do freezer para o forno. Fica pronta em 20 minutos. 130 DEZ.2020 Disponível nos sabores Calabrese e Margherita. |

|


Lombo Fatiado com Molho Barbecue Seara Gourmet

PARA HARMONIZAR

A combinação com lombo fatiado pede tintos mais estruturados. Vale escolher vinhos à base de Syrah, Tempranillo, Malbec e Cabernet Sauvignon. Bons rótulos são produzidos na Espanha, na Argentina e nos EUA. Para acompanhar as pizzas, tintos italianos são a escolha mais comum. Geralmente, a melhor opção é a Sangiovese. Porém, é possível apostar em vinhos Cabernet Sauvignon para harmonizar com a Calabrese e Merlot com a Margherita. Dê uma chance também a tintos brasileiros.

Lombo Fatiado com Molho Barbecue Seara Gourmet vai do freezer direto para o forno. Marinada no vinho, a carne é macia, suculenta e muito bem temperada. Além disso, vem acompanhada de molho barbecue. É o casamento perfeito. DEZ.2020 131 |

|


MASSA FRESCA ITALIANA EXTRAFINA A marca Giovanni Rana é uma das mais amadas da Itália. Produzidas com farinha grano duro e ovos frescos, suas massas têm recheios verdadeiros e generosos – sem conservantes ou corantes. Confira aqui três receitas deliciosas que vão trazer mais sabor para o seu dia calimp.com.br giovannirana.com.br

RAVIOLI DE GORGONZOLA E NOZES COM MOLHO DE LARANJA INGREDIENTES

• • • • • •

1 pacote de Ravioli Gourmet Gorgonzola e Nozes Giovanni Rana ½ xícara de nozes picadas Suco de 1 laranja e raspas da casca 2 raminhos de tomilho 6 colheres de sopa de azeite Sal e pimenta a gosto

PREPARO

Aqueça 4 colheres de sopa de azeite em uma frigideira grande em fogo médio. Adicione os raminhos de tomilho e as nozes picadas. Depois, cozinhe por 2-3 minutos. Cozinhe o ravioli em uma panela grande com água fervente com sal por 4 minutos. Transfira a massa para a panela, acrescente o suco de laranja e um pouco da água do cozimento. Inclua o restante do azeite e as raspas de laranja e misture bem. Tempere com sal e pimenta a gosto.


GNOCCHI DE BATATA GRELHADO COM TOMATE CEREJA, MOZZARELLA DE BÚFALA E MANJERICÃO

RAVIOLI QUATRO QUEIJOS COM BRÓCOLIS, PRESUNTO CRU E TOMATES ASSADOS INGREDIENTES

INGREDIENTES

• • • • • •

1 pacote de Gnocchi de Batata Giovanni Rana 1 colher de manteiga 60 g tomates cereja 80 g mozzarella de búfala em bolas Folhas frescas de manjericão Sal e pimenta a gosto

• • • • • • •

1 pacote de Ravioli Quatro Queijos Giovanni Rana 350 g de brócolis cortado em flores 260 g de tomates cereja cortados ao meio 80 g de presunto cru fatiado picado 2 dentes de alho triturados 2 colheres de azeite extravirgem para servir Sal e pimenta a gosto

PREPARO

Em uma frigideira grande antiaderente, derreta a manteiga em fogo médio-baixo. Adicione o gnocchi e grelhe por 5 minutos até ficar dourado. Reserve. Em seguida, inclua os tomates cereja e a mozzarella. Misture delicadamente em fogo baixo para derreter um pouco a mozzarella. Coloque em pratos e decore com folhas frescas de manjericão antes de servir.

PREPARO

Escalde os brócolis em água fervente com sal por 2 minutos, escorra e reserve. Aqueça 1 colher de azeite em uma frigideira grande. Adicione o presunto cru e refogue por 2-3 minutos até ficar crocante. Retire o presunto cru da panela e reserve. Depois, acrescente 1 colher de azeite e o alho à frigideira e cozinhe por 2 minutos. Incorpore os brócolis e cozinhe em fogo médio por 2-3 minutos. Agregue o tomate cereja e cozinhe por mais 2-3 minutos. Tempere com um pouco de sal (o presunto cru já é salgado, tenha cuidado) e pimenta a gosto e devolva o presunto cru de volta à panela. Enquanto isso, cozinhe o ravioli em uma panela grande com água fervente com sal por 3 minutos e drene reservando 30 ml de água do cozimento. Coloque o ravioli na panela com o líquido reservado e misture. Divida entre os pratos, regue com um pouco de azeite e sirva.


134 |

|

DEZ.2020


IMAGENS ILUSTRATIVAS

O Natal Ofner vem recheado de bons sentimentos. Como o novo Panettone Pistache, feito com a deliciosa e exclusiva receita italiana de massa de fermentação natural com pedaços de pistache, creme de pistache, coberta com chocolate branco e pistache. E muita esperança.

DEZ.2020 |

|

135

ACESSE OFNER.COM.BR


SOFISTICAÇÃO À MESA RECEITA 1

MODO DE PREPARO:

ESCARGOT LA PASTINA

1. Escorra os escargots, coloque-os em um recipiente cobrindo-os com vinho branco e deixe descansar; 2. Faça uma manteiga de ervas com a manteiga, o alho, a salsinha e a cebolinha, sal e pimenta branca a gosto; 3. Escorra os escargots e coloque-os em uma assadeira, cubra com a manteiga de ervas e leve ao forno pré-aquecido até que a manteiga derreta; 4. Retire do forno e recheie as conchas com os escargots e sirva em seguida.

TEMPO DE PREPARO: 10 MINUTOS RENDIMENTO: 4 PORÇÕES

INGREDIENTES:

› 1 lata de Escargot La Pastina (24 unidades com conchas) › 90 g de manteiga › 1 dente de alho picado › Salsinha e cebolinha picada a gosto › Sal e Pimenta branca Carmencita a gosto › 200 ml de vinho branco

HARMONIZAÇÃO

Com ingredientes La Pastina, faça sucesso com dois pratos especiais: escargot e risoto com tinta de lula

VINHO Gem Pays D'Oc Rosé

136 |

|

DEZ.2020


RECEITA 2

RISOTO COM TINTA DE LULA PREPARO: 30 MINUTOS

INGREDIENTES

MODO DE PREPARO:

› 250 g de Arroz Carnaroli La Pastina › 1 envelope de Tinta de lula La Pastina › 400 g de lula limpa › 200 g de parmesão ralado › 200 g de manteiga sem sal › 50 g de salsinha picada › 100 g de cebola picada › 100 ml de vinho branco › 2,5 l de caldo de legumes › Sal branco da Sicília Montosco a gosto › Azeite La Pastina a gosto

1. Corte as lulas em anéis e reserve; 2. Em uma panela com azeite, doure a cebola e refogue o Arroz Carnaroli. Acrescente o vinho, deixando-o evaporar; 3. Adicione a tinta de lula, misture bem e, em seguida, vá acrescentando aos poucos o caldo de legumes, deixando cozinhar por cerca de 15 minutos. Acrescente o caldo de legumes sempre que necessário e mexa para não grudar no fundo da panela; 4. Tempere as lulas com sal e acrescente no risoto. Cozinhe por mais 3 minutos; 5. Quando o arroz estiver al dente, adicione a manteiga, o parmesão, a salsinha e mexa até ficar cremoso. Sirva com um fio de azeite extravirgem.

Receita de CALDO DE LEGUMES: › 2 litros de água › 1 cenoura cortada em cubos grandes › 1 cebola cortada em 4 partes › 2 talos de salsão › 1 alho-poró

HARMONIZAÇÃO

RENDIMENTO: 4 PORÇÕES

VINHO Mouton Cadet Resérve Médoc AOC

INSCREVA-SE NO CANAL LA PASTINA PARA MAIS RECEITAS! ACESSE NOSSO E-COMMERCE PARA MAIS ALIMENTOS, VINHOS E KITS GOURMETS!

WWW.LAPASTINA.COM TELEVENDAS (11) 4003-4866 OU WHATSAPP (11) 97636-5237 @lapastina.oficial /LaPastina.Oficial /CanalLaPastina DEZ.2020 |

|

137


138 | | 117

||

DEZ.2020 SET.2020


Creme de Queijo Parmesão Faixa Azul: Prático e sofisticado Em comemoração aos seus 80 anos, a marca Faixa Azul traz uma novidade que vai dar muito mais sabor ao seu dia a dia: o novo Creme de Queijo Parmesão Faixa Azul. Esse lançamento é ideal para dar um toque especial ao café da manhã ou lanche da tarde. Pode também ser aquela intervenção mais criativa e saborosa em receitas simples, como tapioca ou hambúrguer. O Creme de Queijo Parmesão Faixa Azul chega para arrematar com maestria pratos do cotidiano, de forma prática, saborosa e com um toque de sofisticação. Tudo começou com o queijo Parmesão Faixa Azul. No Brasil, a sua produção teve início em 1940, na cidade de São Gonçalo do Sapucaí em Minas Gerais. A receita original italiana exige 12 meses de maturação até atingir sabor, textura e personalidade única. Com acabamento artesanal, o produto mantém até hoje a faixa pintada à mão em cada peça de parmesão. Agora, toda essa tradição e prestígio do premiado Parmesão Faixa Azul vem em forma de creme. Experimente.

DEZ. SET.2020 2020 | |

| |139 118


Salmão especial A RECEITA DO PEIXE AO MOLHO BEURRE BLANC É EQUILIBRADA E SABOROSA. E COM O COOKTOP DE INDUÇÃO INTELIGENTE PANASONIC, TUDO FICA MAIS FÁCIL

O

chef Guga Rocha traz mais um clássico francês para a sua mesa. Ele escolheu o peixe com aspargos ao molho beurre blanc. Não poderia faltar um toque brasileiro. Guga Rocha adicionou leite de coco para dar um novo sabor à receita. “É o detalhe brasuca”, comenta o chef, que utilizou no preparo os recursos do Cooktop de indução inteligente da Panasonic KY-T937XLRPK.

Painel Easy Touch Tudo ao seu alcance Genius Sensor Verifica a temperatura exata do fundo da panela. Sensor+ identifica a densidade dos líquidos, regulando automaticamente a temperatura ideal para cada alimento. Muito mais precisão ao preparar suas receitas com um cozimento perfeito! 140 |

|

DEZ.2020

Trata-se de um fogão sem fogão - só as bocas –, o que torna o espaço da cozinha mais harmonioso e moderno, além de ser bem mais fácil de limpar e cozinha os alimentos mais rapidamente. O modelo T937 apresenta cinco zonas de cocção e Flex Zone, o que permite o posicionamento de panelas dentro da zona de cocção com maior liberdade, possibilitando o uso de panelas menores ou maiores que o convencional. Você pode usar até uma assadeira! Rocha optou pelo salmão para o prato. “No caso de um peixe mais gorduroso, como esse, é sempre bom ter ingredientes mais ácidos para poder contrabalancear”, ensina. A cebola, o vinho branco e o vinagre de vinho branco exercem o papel no molho beurre blanc. Claro, a tecnologia Panasonic pode ser o atalho para tornar uma receita ainda melhor. “O Cooktop tem como diferencial o controle minucioso de temperatura”, explica o chef. “Para o cozimento dessa receita, acertei a 200 graus Celsius.” Segundo destaca Guga Rocha, o equipamento tem padrões para peixe frito ou empanado, por exemplo. “Ele trabalha exatamente com o calor necessário”, aprova. É importante destacar que tal controle se dá pela escolha dos graus Celsius indicados, não pela potência — como acontece nos modelos convencionais. O Cooktop Panasonic possui tela digital LCD com todas as funções de controle das temperaturas, tempo e zona de cocção ao alcance e controle dos dedos. Você pode conferir uma tabela com o padrão ideal para preparar 48 receitas. Ele faz quase tudo. Mas o talento na cozinha é seu.


By

PEIXE COM ASPARGOS AO MOLHO BEURRE BLANC PRODUÇÃO NO CANAL DA PANASONIC NO YOUTUBE: CLAPME

PEIXE E ASPARGOS

MOLHO BEURRE BLANC

INGREDIENTES

INGREDIENTES

• 2 filés altos de salmão (cerca de 250 g cada)

• 1 cebola picada

• 4 colheres (sopa) de sal

• 150 ml de vinho branco

• 1 litro de água

• 100 ml de vinagre de vinho branco

• Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

• Sal e pimenta-do-reino

• Aspargos

• 125 g de manteiga gelada, em pedacinhos

• Azeite

• 200 ml de leite de coco

INSTRUÇÕES

INSTRUÇÕES

1. Ponha os aspargos numa frigideira com azeite

1. Numa panela ponha vinagre, vinho e a cebola e reduza até sobrar

e deixe marinar. 2. Numa cumbuca grande, misture a água com o sal e ponha os filés de salmão de molho por 10 minutos. 3. Retire o salmão do soro, lave em água corrente

1/3 da quantidade original de líquido. 2. Passe por uma peneira e volte à panela. 3. Sem parar de mexer com um fouet, incorpore os pedaços de manteiga e o leite de coco aos poucos, até o molho virar uma emulsão.

e leve ao cozimento a vapor por 10 minutos junto

4. Tempere com sal e pimenta e sirva com o peixe e os aspargos.

com os aspargos.

5. Decore com ervas frescas.

panasonic.com/br @panasonicbrasil @panasonic.br

www.panasonic.com/br/consumidor/ eletrodomesticos/produtos-de-embutir/ hl-cx668srpk.html DEZ.|2020 | DEZ.2020

| |

43 141


Conheça o vinho perfeito Don Melchor 2018

Para entender por que Don Melchor recebeu a pontuação perfeita, basta sentir seu aroma único, que equilibra flores, groselha negra, framboesa e pêssego, ou observar como seu corpo é amplo e refinado ao mesmo tempo. Ao apreciar, você sentirá taninos delicados, a beleza do terroir de Puente Alto e um final prolongado, que explica por que ele é um dos melhores Cabernet Sauvignon do mundo.


BEBA COM MODERAÇÃO

Pontos James Suckling

DEZ.2020 |

|

143


MOMENTOS GLAMOUROSOS O seu brinde do final de ano pede dois dos melhores Cavas da Freixenet: Elyssia Gran Cuvée e Reserva Real

A

s festas de fim de ano precisam de um toque especial e a Henkell Freixenet, líder mundial na produção de vinhos espumantes, sugere dois Cavas icônicos para as festas de fim de ano, pertencentes ao portfólio Premium. Freixenet Elyssia Gran Cuvée e Freixenet Reserva Real são produzidos na região de Sant Sadurni d’Anoia, na Catalunha. O primeiro rótulo, o Cava Freixenet Elyssia Gran Cuvée, é elaborado num corte das cepas Chardonnay, Macabeo, Parellada e Pinot Noir. Aliada a essa combinação, passa por fermentação de 18 meses em garrafa. Esse processo confere um sabor elegante de frutas maduras e aromas que remetem a mel e flor de acácia. É suave e tem acidez na medida certa. Já o Freixenet Reserva Real combina vinhos de reserva com as uvas Macabeo, Xarel·lo e Parellada. A segunda fermentação – em garrafa, com tampa de cortiça – dura mais de 30 meses. Tudo isso confere a este Cava qualidades únicas. Tem aromas torrados bem suaves, combinados com toques de nozes, avelã e frutas maduras. Na boca, permanece por bastante tempo, com boa estrutura, frescor e acentuada acidez. No quesito harmonização, o rótulo Elyssia Gran Cuvée harmoniza melhor com embutidos, peixes e risotos. Já o Reserva Real é ideal com queijos e grelhados. Por serem rótulos com classificação brut, ambos harmonizam também com aperitivos e pratos com carnes típicas de Natal. As escolhas especiais da Henkell Freixenet combinam com as celebrações do ano que vai chegar. Novos tempos virão! Cheers! TP

Para mais informações: freixenet.com.br facebook.com/FreixenetBrasil @freixenetbrasil

144 |

|

DEZ.2020


NATAL

2020 SELEÇÕES DE VINHOS, CESTAS, & PRESENTES

/worldwinebrasil

APROVEITE /worldwine

frete grátis para SP e RJ, nas compras acima de R$ 300,00, por tempo limitado. VISITE NOSSAS LOJAS Acesse o QRCODE e encontre a loja mais próxima.

E-COMMERCE

worldwine.com.br

TELEVENDAS

(11) 4003-9463

World Wine e Fasano se unem para oferecer as mais desejadas Cestas e Kits de Natal, além do clássico Panettone Fasano. Solicite um catálogo ou visite nossas lojas e descubra presentes que irão encantar neste Natal.

DEZ.2020 |

|

145


ÓTIMAS COMPRAS

NOTA 100

Aos pés das cordilheiras dos Andes, a região de Mendoza, na Argentina, é conhecida pela qualidade dos vinhos, pelo clima ideal e pela altitude única para o cultivo de uvas. Vem dali o tinto Cheval des Andes, com blend composto por 62% de Malbec e 38% de Cabernet Sauvignon. O rótulo é resultado da união da vinícola Terrazas de los Andes com o Premier Grand Cru Classé A de Saint Emilion Château Cheval Blanc. Parceria mais do que bem-sucedida. A safra 2017 de Cheval des Andes acaba de receber a pontuação máxima do renomado crítico de vinhos James Suckling e tem forte potencial de guarda.

LVMH: (11) 3062-8388

TRÊS VIRTUDES De empunhadura firme e 17 centímetros de lâmina, a faca Santoku Swiss Modern, da Victorinox, traz a versatilidade que um bom chef de cozinha precisa. Seu nome significa “faca das três virtudes”. Sem grandes esforços, a faca fatia carnes, frutas e vegetais. Sulcos artesanais ao longo da lâmina atenuam o atrito do alimento contra o metal. Isso impede a aderência, facilitando o corte. O cabo de polipropileno acinzentado oferece versatilidade para a decoração da cozinha.

victorinoxstore.com.br

146 |

|

DEZ.2020



ENSA I O

Andanças A mundo afora O F O T Ó G R A F O PAU L I S T A N O M A R C E L O S PATA F O R A É U M V I A JA N T E I N C A N S ÁV E L . E C R AQU E N A S L E N T E S POR WALTERSON SARDENBERG Sº

148 |

|

DEZ.2020

foto acima foi clicada em Knight Inlet, na Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá. Apesar de ser outono no calendário, fazia um frio desolador. De doer os ossos. Nada que o paulistano Marcelo Spatafora não tirasse de letra. Ele fotografa profissionalmente há quatro décadas e topa qualquer parada. Sem estresse. Versátil, Spata – como é chamado pelos amigos – clica automóveis, culinária, produtos e manda muito bem nos retratos. Aliás, costuma fotografar os entrevistados de THE PRESIDENT. Entre os seus maiores prazeres decerto estão as fotos de viagem. Nestas e nas páginas seguintes selecionamos um pouco da arte do Spata. Em tempo: todas as imagens podem ser adquiridas em altíssima resolução no site dele, spatafora.com.br.


BRILHO ISLÂMICO A construção é toda feita em mármore, com detalhes em ouro. Não, não é o Taj Mahal. Mas a mesquita Sheikh Zayed, em Abu Dhabi, um dos três Emirados Árabes. Abriga 40 mil fiéis.


ILHA REMOTA E CIDADE IMPROVÁVEL A Ilha de Páscoa, no Pacífico, é um ponto tão remoto que as ruas não têm nome. Fica a 3.700 quilômetros da costa do Chile, a quem pertence. Os deuses deveriam ser mesmo astronautas para chegar até aqui. Uma das atrações são os intrigantes moais, gigantes de pedra, com altura média de 5 metros. Pesam algo em torno de 14 toneladas. Não passava pela cabeça dos habitantes de Aquileia, no século 5º, que aquele pântano se tornaria cidade. Eles foram parar ali por força das circunstâncias. Com a queda do Império Romano, os hunos invadiram Aquileia. Aos moradores, restou se ajeitar nas ilhotas dentro de uma laguna. Enfim, improváveis obras de engenharia criaram Veneza – e sua Ponte dos Suspiros.

150 |

|

DEZ.2020



INDICAÇÃO VULCÂNICA Nas imediações da Ilha de Páscoa, este rochedo vulcânico parece um ponto de indicação só para lembrar ao navegante: este é o ponto mais ermo do planeta.

CONTATOS Marcelo Spatafora Instagram: @marcelospatafora spatafora.com.br

152 |

|

DEZ.2020


DEZ.2020 |

|

153


O PI N I ÃO P O R A L E X A N D R E V E L I L L A G A RC I A

Foco principal: o cliente

Q

uem não gostaria de estabelecer uma base de clientes absolutamente fiel? Apesar de ser uma meta compartilhada pela maioria das empresas, não é tarefa simples. Ao contrário. Para ser conquistado, o cliente precisar ter uma experiência memorável. Como fazê-lo? Algumas medidas podem facilitar a conquista do cliente. Vamos a elas. 1 - PENSE DE FORMA HUMANIZADA As pessoas valorizam muito mais quem as compreende como semelhantes. Isso se dá desde o atendimento até o processo de pós-venda. Uma pesquisa publicada em 2019 pelo projeto Empresas Humanizadas no Brasil, idealizada pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, constatou que empresas que adotaram um modelo de gestão humanizada, além de duplicarem seus níveis de rentabilidade, puderam identificar uma satisfação 240% superior dos clientes e níveis 225% maiores de bem-estar entre os colaboradores. Números que credenciam essa nova forma de conduzir as organizações. 2 - ESCUTE O QUE O CLIENTE TEM A DIZER Nenhuma relação se sustenta sem reciprocidade. Na construção de uma troca de informações, é fundamental que a empresa dedique recursos para ouvir o cliente. A resposta gera um riquíssimo conteúdo que não deve apenas ser absorvido. Precisa retroalimentar os processos da empresa e, se necessário, aprimorar o produto/serviço. Um levantamento realizado pela NeoAssist em parceria com a MindMiners revelou que 92% dos consumidores desejam, de alguma forma, ser ouvidos pela empresa. O mesmo estudo constatou que a imagem da companhia é resultado também da interação com o consumidor. Reiterando: o cliente quer ter sua opinião levada em consideração, ainda que seja para jogar confetes. 3 - UMA CULTURA DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE Essas medidas também servem para a implementação de uma nova mentalidade, uma verdadeira cultura de relacionamento com os clientes. É necessário transformar essas práticas no modus operandi interno. Disseminá-las por todos os setores da empresa. Não importa se é o departamento de contabilidade ou o de inovação. Precisa ser uma prática geral. Eis a pergunta que um CEO deve se fazer todos os dias: minha equipe está preparada para proporcionar experiências memoráveis aos clientes? 4- NÃO SE ESQUEÇA: O LÍDER É A REFERÊNCIA A despeito de você ser o líder de uma grande corporação ou o empreendedor de uma

154 |

|

DEZ.2020

Alexandre Velilla Garcia, Profissional do ano 2020, CEO do Cel.Lep e sócio-fundador da Quest Construções, é economista com pós-graduação em management pelo ISE/IESE-University of Navarra velillagarcia@uol.com.br

pequena organização, nada funcionará se as suas ações não corresponderem integralmente às ideias e objetivos propostos. Como referência máxima na empresa, é indispensável que mostre, por meio de ações concretas e objetivas, o comprometimento em suprir os anseios do consumidor. Em tempos cada vez mais tecnológicos e digitais, destacam-se no mercado aqueles com sensibilidade de tratar as pessoas com a atenção que exigem – e merecem. Humanize a experiência. Torne-a memorável. Assim, você tornará seu cliente fiel, e, em última instância, um promotor voluntário da marca. TP

© TUCA REINÉS




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.