A empreendedora Juliana Alencar e sua busca pela inovação
aksel krieger
Watches & Wonders: o melhor da alta relojoaria
O restaurante Così é protagonista da cena paulistana
Susana Balbo, a grande dama do vinho de Mendoza
Por Raphael Calles
Por Walterson Sardenberg S o
Por Marco Merguizzo
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CEO e Presidente do BMW Group Brasil
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nº55 abril | maio aksel krieger
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editorial
Fernando Paiva (1956-2022) Fernando Paiva partiu. Lá se foi o colega, o amigo, o mestre. Sua cadeira está vazia. Não tem substituto. Ele fundou a Custom e comandou dezenas de publicações (entre elas, esta THE PRESIDENT). Nos ensinou a tecer as linhas escritas a “bico de pena” (como costumava dizer), a escolher as melhores fotos, a pensar nos títulos de maneira cirúrgica. Tentaremos seguir o seu exemplo na busca da excelência em tudo o que fizermos. É a melhor homenagem que podemos prestar. Boa viagem, amigo.
© tuca reinés
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expediente the president Publicação da Custom Editora nº 55
publishers André Cheron e Fernando Paiva (in memorian)
REDAÇÃO Diretor editorial Fernando Paiva (in memorian) diretor editorial adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br EDItor executivo e digital Raphael Calles raphaelcalles@customeditora.com.br ARTE DIRETORES Ken Tanaka e Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO TEXTO André Boccato, Luciana Lancellotti,
COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS Diretor executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br diretor comercial Ricardo Battistini +55 11 97401-8565 battistini@customeditora.com.br Gerentes de contas e novos negócios Fernanda Espíndola +55 11 98182-6734 fabianofernandes@customeditora.com.br Mirian Pujol +55 11 99231-7971 mirianpujol@customeditora.com.br Ney Ayres +55 11 97687-5942 neyayres@customeditora.com.br ASSISTENTE COMERCIAL Gabriel Matvyenko gabrielmatvyenko@customeditora.com.br
Marco Merguizzo, Ney Ayres, Pat Marinho Coelho, Ricardo Prado, Roberto Cattani, Tatiana Sasaki e Walterson Sardenberg Sº
Digital Maria Beatriz Catiari mariacatirari@customeditora.com.br
Fotografia Claus Lehmann, Germano Lüders, Marcelo Spatafora, Nil Fabio e Tuca Reinés PRODUção e set styling Fabíola Maceo Revisão Goretti Tenorio THE PRESIDENT facebook.com/revistathepresident @revistathepresident www.customeditora.com.br
ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO Analista financeiro Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br Circulação: Maio Tiragem desta edição: 35.000 exemplares CTP, impressão e acabamento: Coan Indústria Gráfica Ltda. Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593, 9º andar – Jardim Paulista São Paulo (SP) – CEP 01407-200 Tel. (11) 3708-9702 ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br Tel. (11) 3708-9702
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sumário 62
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28 VITRINE
62 arte
117 turismo
Uma seleção de presentes exclusivos que
As mulheres que revolucionaram a história
Susana Balbo fala dos seus rótulos
agradam em qualquer data do ano
com suas pinturas e suas atitudes
e do hotel dentro da vinícola
30 tempo
74 entrevista
130 viagem
Watches & Wonders: o salão da alta relojoaria
Presidente e CEO do BMW Group no Brasil,
MSC Cruzeiros tem programa de embarque
mostra tendências do segmento para 2022
Aksel Krieger quer manter liderança no país
prioritário, concierge e espaços privativos
53 especial mulheres
83 gourmet
138 ARTIGO
À frente da W.G. Weird Garage, Juliana
Agora nos Jardins, restaurante Così também
Nuno Sousa, da Câmara de Comércio Brasil-
Alencar leva inovação ao mercado
conta com pratos inéditos e tabacaria
Portugal, exalta a ponte entre os dois países
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abr/MAi.2022
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CONDOMÍNIO DSG ITAIM. Incorporadora responsável: TGSP-24 SPE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA., sociedade empresarial limitada com sede na cidade de São Paulo, na Av. das Nações Unidas, 14.261, 14º e 15º andares, Ed. Ala B, Condomínio WTorre Morumbi, Vila Gertrudes, CEP: 04794-000, inscrita no CNPJ/ MF sob o nº 17.942.510/0001-80. Projeto Arquitetônico: Jonas Birger. Projeto Paisagístico: Alex Hanazaki. Projeto de Arquitetura de Interiores: Fernanda Marques. Memorial de Incorporação registrado sob o R.2 da Matrícula nº 197.237, em 21/11/2019, atualmente matriculada sob o nº 198.324 do 4º Oficial de Registro de Imóveis de São Paulo. As informações constantes nos Memoriais de Incorporação e nos futuros Instrumentos de Compra e Venda prevalecerão sobre as divulgadas neste material. As informações referentes às estimativas orçamentárias das despesas condominiais são meramente ilustrativas e poderão sofrer alterações após as realizações das Assembleias de Instalação dos Condomínios. Todas as imagens e perspectivas aqui contidas são meramente ilustrativas. As tonalidades das cores, formas e texturas podem sofrer alterações. Os acabamentos, quantidade de móveis, equipamentos e utensílios serão entregues conforme os Memoriais Descritivos dos respectivos empreendimentos e Projetos de Decoração. Os móveis e utensílios são sugestões de decoração com dimensões comerciais e não fazem parte dos contratos de aquisição de unidades. As medidas dos apartamentos são internas e de face a face. A vegetação exposta é meramente ilustrativa, apresenta o porte adulto de referência e será entregue de acordo com o Projeto Paisagístico, podendo apresentar diferenças de tamanho e porte. Demais informações estarão à disposição nos plantões de vendas. Este material é preliminar e está sujeito a alteração sem aviso prévio. Vendas: Tegra Vendas. Creci J-28638.
vitrine
O chique transparece cultura na arte de viver Lançamentos premium e destaques das principais luxury brands Por Pat Marinho Coelho
The Louis Vuitton and Nike “Air Force 1” by Virgil Abloh Os duzentos pares de edição limitada leiloados alcançaram um total de US$ 25,3 milhões, superaram em oito vezes a estimativa inicial. Em 2017, o estilista Virgil Abloh, criador da marca Off White, lançou o The Ten – uma reinterpretação de estilos icônicos de tênis da Nike. O sucesso foi tamanho que o aplicativo Nike SNKRS caiu em virtude do altíssimo tráfego. Seus designs inovadores tornaram-se itens de colecionador para a cultura sneakerhead e fãs de design, evidenciados por marcar uma fase única, em consequência do falecimento do estilista, no final de 2021. À frente da direção criativa da Louis Vuitton, Abloh revelou a colaboração com a Nike no desfile Spring/Summer 2022 da Maison. A edição limitada leva as duas assinaturas e a silhueta "Air Force 1", que comemora o 40º aniversário neste ano, e teve a coleção desenvolvida artesanalmente pela Louis Vuitton em seu ateliê de sapatos em Fiesso d’Artico, na Itália. A renda do leilão foi totalmente revertida para o The Virgil Abloh™ “Post-Modern” Scholarship Fund, com a missão de inspirar e apoiar as gerações futuras de designers ao oferecer bolsas de estudos para universitários afrodescendentes e, também, marca por ser a arrecadação beneficente mais valiosa da Sotheby's em quase uma década.
br.louisvuitton.com
Spectra 3.0 by Julio Okubo by Amir Slama
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Victorinox
Julio Okubo é uma marca de joias
A Spectra 3.0 é a mais nova
reconhecida e premiada
versão da icônica linha de
internacionalmente. Convidou o
malas da marca suíça
designer Amir Slama para assinar
Victorinox. Sempre pioneira
uma coleção masculina, com
no segmento, inova ao
desenhos contemporâneos e estilo
produzir suas malas com
elegante. No colar, de prata, o
policarbonato reciclado de
design da joia inova com o fecho e
última geração. Trata-se de
a pedra “Olho de Tigre” em
um produto leve, funcional,
formato hexagonal que arremata a
inovador e cheio de estilo,
peça com equilíbrio perfeito.
além de super-resistente.
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David Beckham Eyewear Collection 2022 David Beckham foi o único jogador inglês a ser campeão em quatro países diferentes. Também apaixonado por motos e dono de uma coleção invejável, já esteve na Amazônia pilotando dois modelos Triumph para o documentário Rumo ao Desconhecido da BBC de Londres. Essa paixão levou Beckham a criar uma coleção de óculos, juntamente com a Safilo, projetados para se encaixar sob capacetes de motos. Na coleção 2022, as armações são produzidas em acetato denso e suas lentes têm um tom azul sutil, com proteção UV. O design permite a substituição das lentes por um par com Marisa Clermann Alta Joalheria - Men's Collection O design sempre refinado da joalheira Marisa Clermann apresenta
prescrição de correção ótica.
davidbeckhameyewear.com
criações para os homens que não abrem mão dos acessórios. São diversos tons de ouro, do branco ao negro, nos quais destaca a força masculina. São anéis, pulseiras, colares e abotoaduras que podem ser adornados com pedras sofisticadas – o diamante negro, a turmalina paraíba, o rubi e a esmeralda.
marisaclermann.com.br
Apple AirTag Hermès De repente, você descobre que perdeu o chaveiro ou a bagagem. E agora? A solução é a nova linha de acessórios inteligentes da tradicionalíssima Hermès, a AirTag Hermès, equipada com GPS e Bluetooth. A localização dos objetos e bagagens é feita por meio do aplicativo Find My. Basta um clique no seu iPhone ou iPad para visualizar o local onde estão, seja ao alcance das mãos ou do outro lado do mundo. Os acessórios são confeccionados em couro e valorizam os contrastes de cores e costuras para revelar um toque especial. O portfólio inclui chaveiro e tags para bolsa, bagagem de mão e mala de viagem. O AirTag Hermès ainda não está disponível para comercialização no Brasil.
hermes.com
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tempo
Celebração das Cores
Watches & Wonders, a maior feira de relojoaria do mundo, comemora a retomada do mercado Por Raphael Calles, de Genebra
o salão InternaCIonal de alta relojoarIa ganhou um novo formato – e mudou de nome. Desde meados de 2019 é chamado de Watches and Wonders. Naquele ano, marcas do Grupo Richemont, membros do Grupo LVMH e maisons independentes, como Rolex e Patek Philippe, firmaram um acordo para se reunirem em um mesmo ambiente a partir de 2020, o que nunca aconteceu - até este ano. Depois de dois anos apenas com apresentações online, a relojoaria celebra a retomada do mercado internacional. Mesmo com uma presença reduzida de participantes das regiões da Ásia e sem membros do mercado russo, a festa estava montada em Genebra, na Suíça. Todas as demais coleções celebravam, em suas cores e formatos, este momento tão especial. Após uma queda acentuada nas vendas de relógios ao longo de 2020, despontou alguma recuperação em 2021. Desta vez, o mercado abriu o ano de 2022 com ótimos números: 15% de crescimento nos dois primeiros meses, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O período obscuro deu lugar às luzes de pedras preciosas e às cores, que celebram a retomada do mercado – mesmo que o final da pandemia não tenha sido decretado oficialmente.Aqui você confere algumas das apresentações dos principais expositores do evento.
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Cartier Criado originalmente para homenagear Pasha El
sistema exclusivo desenvolvido pela companhia permite
Glaoui, de Marrakech, no Marrocos, fiel cliente da maison
a remoção da grade, para o uso em dois estilos completa-
entre os anos 1920 e 1950, o Pasha de Cartier foi concebi-
mente diferentes.
do em 1985. Em 2022, o modelo foi reapresentado com
A versão com a grade está disponível apenas no mo-
uma grade – remanescente de um modelo à prova d’água
delo de ouro com 41 mm de diâmetro, ou nas versões
de 1943, disponível no acervo da companhia até hoje. O
de joalheria, com 30 e 35 mm de diâmetro. Os itens
acessório reforça os traços pelos quais o modelo ficou
simbólicos do modelo foram mantidos, como o prote-
conhecido: uma caixa redonda, um mostrador com tra-
tor de coroa com a possibilidade de gravação sob a
ços quadrados e quatro grandes números arábicos. Um
corrente e os berloques.
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m e m ó r i a
Montblanc O alpinismo é um desafio por si só, com muito preparo físico e mental. Os equipamentos que acompanham o praticante desse esporte também devem atender a diversas demandas e resistências. De olho na montanha mais alta do mundo, o Monte Everest, a Montblanc apresenta o 1858 Geosphere Chronograph 0 Oxygen. O modelo foi desenvolvido para ser utilizado na altitude. Por conta das condições adversas no caminho até alcançar o pico, o relógio precisou ser desenvolvido com a ausência de oxigênio dentro da caixa. Com isso, o relógio não sofre com embaçamentos em razão de mudanças de temperaturas e o mecanismo não sofre com oxidação. Além disso, o óleo da lubrificação do mecanismo também é especial. Precisa resistir a baixas temperaturas sem congelar. O personagem escolhido para realizar o desafio de escalar o Everest com o modelo da Montblanc foi o montanhista Nimsdai Purja (nepalês detentor de diversos recordes no montanhismo), indicado pelo alpinista e embaixador da companhia Reinhold Messner. O relógio será utilizado durante uma expedição marcada para acontecer ainda no primeiro semestre de 2022. Em uma edição limitada a apenas 290 exemplares, o modelo apresenta, pela primeira vez, a indicação de hora mundial combinada com função cronógrafo. Um sistema especial de selamento impede a entrada de ar no mecanismo no momento do ajuste e de ativação das funções. O verso da caixa presta uma homenagem ao Monte Everest – que está gravado a laser e apresenta uma coloração especial, também obtida por meio do laser.
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TAG Heuer Diamantes produzidos em laboratórios: uma alterna-
mas em preto, trazendo contraste e brilho aliados à legi-
tiva que preserva o meio ambiente. Eles estão incrustados
bilidade. Os indicadores de ouro branco, da mesma ma-
no novo TAG Heuer Carrera Plasma. O modelo, com 44
neira, são contemplados com as gemas.
mm de diâmetro e uma caixa feita em alumínio anodiza-
Todo o brilho dos diamantes abre espaço, na posição
do, apresenta uma estrutura preta, que serve de moldura
de 6 horas, para a apresentação do turbilhão. Ele é entre-
para 48 diamantes, totalizando 4,2 quilates. A soma in-
gue pelo movimento TAG Heuer Nanograph, que conta
clui a coroa, também elaborada em diamante e especial-
com uma mola elaborada em carbono, desenvolvida pelo
mente lapidada pela startup Capsoul.
mesmo laboratório responsável pelos diamantes. Ela
O mostrador, acredite, também é feito de diamantes
contribui com antimagnetismo, alta resistência e preci-
policristalinos cultivados como uma única pedra. O ma-
são em condições adversas. Na verdade, são, ao todo, 11,7
terial está presente, ainda, nos contadores do cronógrafo,
quilates de diamantes.
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Panerai Sustentabilidade tem se tornado um tema recorrente na relojoaria. Mas as marcas não propagam mais esse cuidado como em outros tempos. Os materiais reciclados já integram as coleções sem grandes alardes.
Os modelos possuem 44 mm de diâmetro, uma medida bastante interessante para modelos Panerai, que costumam ser mais robustos. O mecanismo é protegido a
nha elaborada em aço reciclado, o eSteel. Agora, o material
300 metros de profundidade graças ao sistema patentea-
chega também à linha Submersible, principal foco deste
do de proteção da coroa.
tem 52% do seu peso elaborado em material reciclado. As cores também estão presentes: azul profundo, verde ou cinza. Elas são apresentadas no plano de fundo do
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afinal, são relógios de mergulho.
A Panerai apresentou, no ano passado, sua primeira li-
ano. O relógio Panerai Submersible QuarantaQuattro eSteel
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mostrador e também no bisel de rotação unidirecional –
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Todas as peças vêm acompanhadas de duas pulseiras, também feitas de material reciclado: uma delas de tecido com PET reciclado e a outra de borracha reciclada. Ambas acompanham a cor do mostrador.
IWC A relojoaria IWC mergulhou no mundo colorido de
“Woodland” conta com uma caixa de cerâmica no matiz
cabeça. Não por acaso firmou uma parceria com a Pan-
Woodland, com mostrador e pulseira no mesmo tom. Os
tone para patentear as cinco cores que permeiam a
indicadores de horas, assim como o revestimento lumi-
renovação de sua coleção Top Gun.
nescente dos ponteiros, são apresentados em um tom
Jet Black, Ceratanium, Lake Tahoe, Mojave e Woo-
ligeiramente mais claro. O ceratanium, material inova-
dland foram os nomes escolhidos para batizar os tons
dor utilizado pela companhia na elaboração de alguns
de preto, cinza, branco, bege e verde, respectivamente.
relógios, está presente nos botões de acionamento do
Todas as cores são uma referência aos tons utilizados na
cronógrafo e também no verso do relógio.
aviação naval e integram os relógios de forma mono-
Esse material tem propriedades hipoalergênicas e é
cromática. O desafio da companhia vai além da paten-
obtido por meio de um processo de queima do titânio.
te das cores: o intento é alcançar o tom certo nos dife-
Ele permite desenvolver uma camada externa de cerâ-
rentes materiais que compõem um relógio, da caixa aos
mica, extremamente resistente.
ponteiros, da pulseira aos botões.
Os robustos 44,5 mm de diâmetro abrigam o calibre
Para o Woodland, o tom se inspirou nas árvores do
69380, que realiza a indicação de horas e minutos cen-
Sequoia National Park, na Califórnia, região sobrevoada
trais, tem indicação de dia e dia da semana e apresenta
com frequência pelos pilotos de elite da escola Top Gun.
um cronógrafo com marcação de 30 minutos às 12 horas
O modelo Pilot’s Watch Chronograph TOP GUN Edition
e 12 horas na posição de 9 horas.
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t e m p o
Rolex A marcação de um segundo fuso horário foi um dos focos da Rolex este ano. Seu simbólico GMT-Master II
O modelo conta com uma caixa de aço inoxidável com
causou comoção: era algo inesperado por colecionadores
40 mm de diâmetro com duas opções de acabamento de
e aficionados. Com uma moldura em verde e preto e coroa
pulseira: Jubileu e Oyster. Ali dentro, o mesmo mecanis-
à esquerda, o modelo vai além do básico.
mo dos mais recentes GMT-Master II, o calibre 3285,
Esta é a primeira vez que o verde e o preto se encontram na linha GMT-Master. Num primeiro olhar, a peça
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ta para para canhotos.
entrega um quarto ponteiro central que realiza a indicação do segundo fuso horário no bisel externo.
parece estar de cabeça para baixo. A janela de data, tra-
Trata-se de uma peça inovadora – e que pode durar
dicionalmente posicionada às 3 horas, aqui, está às 9
pouco tempo em linha. Uma possibilidade de investi-
horas, ao lado da coroa “invertida”. De fato, a peça é de-
mento com alta valorização para os concorridos leilões
senhada para ser usada no pulso direito – ou seja, perfei-
que têm ocorrido e batido recordes em vendas.
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Jaeger-LeCoultre Rendez Vous Dazzling Star Dotado de um mecanismo inovador, o modelo apresenta, de maneira aleatória ao longo de seu uso, uma estrela cadente que aparece no mostrador. O “fenômeno” é obtido graças à corda automática do mecanismo. Quando ela chega a uma determinada carga, a estrela é disparada no mostrador.
Patek Philippe Calatrava Annual Calendar Travel Time Ref. 5326G Esta é a primeira vez que a companhia combina a função patenteada de calendário anual com o sistema de segundo fuso horário.
Van Cleef & Arpels Fontaine aux Oiseaux automaton Se por alguns minutos o tempo parou durante o Watches & Wonders, o instante foi com a apresentação deste relógio de mesa. Ele apresenta um casal de pássaros em um momento de cortejo. As aves cantam e se movimentam ao redor da fonte, enquanto a flor se abre e a água se movimenta.
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cultura
Arte para as massas Cláudio Mattos, gerente geral do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, trabalha com dinamismo em prol da democratização do acesso à cultura Fotos germano Lüders
O Centro Cultural Banco do Brasil, de São Paulo, foi inaugurado em 2001, está instalado numa ex-agência bancária, em um lindo edifício, construído em 1901, na rua Álvares Penteado, Centro Histórico da capital paulista. É um enclave estimulante, sempre atento ao passado, presente e futuro das artes. Boa parte dessa efervescência se deve a Cláudio Mattos Brito Filho. Em 2019 ele assumiu o cargo de gerente geral da entidade. Vinha de uma notável experiência no CCBB de Brasília. Funcionário do Banco do Brasil desde 1986, este cearense de 50 anos nasceu em Fortaleza. Formado em administração de empresas com pós-graduações em marketing, comunicação e artes visuais, ele é um dínamo. Divide sua atuação com igual energia entre as atividades culturais e a gestão prática da entidade. THE PRESIDENT _ Conte um pouco de sua trajetória no Banco do Brasil. Cláudio Mattos - O Banco do Brasil é uma escola, com inúmeras áreas para trabalhar. Comecei aos 14 anos, como menor aprendiz, num centro de processamento em Fortaleza. Depois fiz concurso e, aos 18 anos, fui trabalhar em uma agência. Eu fazia graduação em administração de empresas, participava de um grupo de teatro amador, era apaixonado por fotografia e tinha até um estúdio e laboratório para revelação/ampliação em preto e branco. Por causa dessa relação com a fotografia, surgiu a oportunidade de me mudar para Brasília em 1995, aos 23 anos, para
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ingressar em uma área do Banco que produzia vídeos de treinamento. Ainda na capital, tive a oportunidade de trabalhar na diretoria responsável pela estratégia com o segmento corporate banking e na diretoria de marketing. Finalmente, fui convidado a gerenciar a programação do CCBB de Brasília e, há quase três anos, estou na direção do CCBB em São Paulo, outro desafio muito prazeroso. Quais são as funções que deve cumprir um gerente geral do CCBB? Ele precisa constantemente inspirar os colaboradores a inovar, a pensar em formas de fazer melhor e tornar este lugar desejado pelos visitantes, produtores, artistas etc. Deve também atentar para o relacionamento com todos os públicos e ser um articulador para viabilizar melhorias, tanto na programação como na área administrativa. É um trabalho muito dinâmico. Requer ter paixão pelo que se faz. Não menos importante, considero fundamental acompanhar o cenário cultural e a programação das outras instituições culturais. Como vê a importância de auxiliar na recuperação do Centro Velho de São Paulo? Desde sua inauguração, o CCBB contribui com a transformação e revitalização da região, que tem tantas riquezas arquitetônicas e culturais. As melhorias no Centro são decorrentes de uma articulação de todas as partes interessadas. As pessoas passam a frequentar a região quando
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existe uma programação atrativa, segurança, limpeza, transporte e opções de alimentação. Num movimento inverso, a frequência de visitantes estimula a abertura de novos estabelecimentos comerciais e outras instituições. De qualquer maneira, o Centro Histórico já é uma excelente opção para os interessados em cultura, história, arquitetura e gastronomia. Quais são os desafios de trabalhar com a cultura no Brasil de hoje? O cenário da cultura tem se reinventado em todo o mundo e a pandemia também acelerou transformações. É o cinema investindo em salas tecnológicas, são as exposições de arte apostando em experiências sensoriais, as artes cênicas, os shows e programas educativos ampliando suas fronteiras para os meios digitais. De um lado o público mais velho que valoriza eventos presenciais; de outro, jovens e crianças que ficam horas imersos no universo dos games e das redes sociais. Uma das premissas do CCBB é a democratização do acesso, com exposições gratuitas e o restante da programa-
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ção, quando não gratuita, com preços populares. Outro grande desafio é conseguir os recursos para manter uma programação de qualidade. Que prioridades você estabeleceu ao assumir o cargo? Tenho dado uma atenção especial à infraestrutura, manutenção e conservação do prédio, de forma a torná-lo uma atração à parte. Reformamos teatro, cinema e auditório, atualizando os equipamentos. Estamos em fase final de aprovação do projeto para expansão do CCBB que, até o próximo ano, ocupará dois andares do prédio vizinho, com mais de 600 metros quadrados para programações das mais diversas. Foquei, ainda, a criação de uma área de análise de dados e temos investido na formação dos colaboradores. A programação é feita com grande antecedência? Sim. Neste primeiro semestre teremos ainda a exposição do artista argentino, provocador, Leandro Erlich, o Festival Rock Brasil 40 anos, a mostra do cineasta Terry Gilliam.
A cultura está se reinventando com salas tecnológicas, experiências sensoriais e ampliando suas fronteiras para os meios digitais”
Entre as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, haverá uma atividade cênica e musical que leva o público a um passeio pelo prédio do CCBB ao som de composições inéditas e de Villa-Lobos. Em julho abrigaremos a mostra do Movimento Armorial, celebrando o cinquentenário do movimento liderado por Ariano Suassuna. Em outubro, haverá a Playmode, que traz a provocação “Pode um jogo levar a reflexões e interpretações sobre o que acontece no mundo atual?”. Tem peças de artistas da Alemanha, Brasil, Croácia, Estados Unidos, França, Grécia, Japão, Nova Zelândia e Portugal. Muitas delas interativas. O CCBB tem, no momento, quatro unidades no país. Elas trabalham em conjunto? Cada unidade tem sua gestão, com uma grade de programação própria e ações que dialogam com as características e demandas de cada praça. Mas estão alinhadas com o propósito de democratizar o acesso a arte e contribuir para a promoção, divulgação e incentivo da cultura. A integração é constante e os projetos são discutidos num fórum semanal com a participação de todos os gerentes. Boa parte da programação acaba itinerando pelas quatro unidades. TP
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Clássicas
e eternas
Linha Modern Classics da Triumph é a história e o presente da marca, agora totalmente renovada
No ano em que comemora 120 anos de existência e uma década de Brasil, a Triumph apresenta sua nova linha de motocicletas clássicas. As Modern Classic, que junto com as Roadster e as Big Trail formam o portfólio de produtos premium da marca britânica, são as responsáveis pelo impacto que a marca tem na história do motociclismo. Poucas fábricas contam com motos que unem personalidade, carisma e desempenho. Vale destacar boas notícias para os fãs da marca. Modelos da linha têm intervalo de manutenção de 16.000 km, o que reduz os custos de forma significativa. Também vale lembrar que os novos motores atendem à norma Euro 5, que exige redução das emissões dos níveis dos poluentes. E a cereja do bolo é o portfolio de acessórios. Cada modelo tem pelo menos 50 deles disponíveis ao consumidor. Street Twin Modern Classic Triumph mais vendida no mundo, a Street Twin chega a uma nova geração com maior desempenho, segurança e conforto, além do estilo contemporâneo que foi atualizado com a chegada da nova família Bonneville. O motor de 900 cc de 65 cv gerenciado pelo acelerador eletrônico, ficou mais econômico e com baixo nível de emissões. Rodas de liga leve, um novo banco mais confortável e nova carena-
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gem são alguns itens do pacote estético. Como opcional, pode ser equipada com manoplas aquecidas e carregador USB. A lista de itens de personalização é extensa – são 120 acessórios originais criados exclusivamente para o modelo. Bonneville T100 Com o mesmo estilo atemporal da Bonne T120, a Bonneville T100 também ficou mais leve e mais forte por conta dos 10 cv extras do bicilíndrico de 900 cc – agora são 65 cv de potência (a 7.400 rpm) com torque de 8,15 kgfm (3.750 rpm). Parte da redução de peso veio do emprego de novos componentes mecânicos (só o motor perdeu 4 quilos). Freios Brembo com dois pistões, amortecedores de maior eficiência na dianteira e controle de tração comutável são alguns dos recursos técnicos incorporados. Street Scrambler 900 Linda, divertida, acessível e com muita personalidade: esta é, em resumo, a Triumph Street Scrambler 900. Digna sucessora da Bonneville T120 TT da década de 1960, foi projetada para entregar pilotagem fácil e precisa no asfalto ou fora dele. O que se destaca é o conjunto de escapamento elevado que emite a inconfundível sonoridade Scrambler. Com 65 cv de potência e torque de 8,15 kgfm, a Street Scrambler chega para mais uma temporada com novo grafismo e novas cores.
Bonneville T120 Black Maior ícone entre as motos britânicas, a nova Bonneville está 7 quilos mais leve, com maior poder de frenagem por conta dos novos freios Brembo com disco duplo e pinças deslizantes de dois pistões. Há também ABS de última geração, embreagem assistida, controle de tração comutável e controle automático de velocidade. As melhorias tornaram a pilotagem da Bonneville T120 (de 80 cv de potência e torque de 10,5 kgfm) ainda mais fácil. O resultado faz da nova T120 a melhor Bonneville da história. Bobber Com estilo minimalista, com destaque para o belo banco flutuante, a Bobber recebeu melhorias importantes na mecânica e na estética. O motor de 1.200 cc, 78 cv de potência e torque de 10,6 kgfm, comum às demais clássicas com esta capacidade cúbica, excede os requisitos de emissões da norma Euro 5 e apresenta excelente economia. Associado ao depósito de combustível, agora de 12 litros, a Bobber ganhou até 33% de autonomia. Entre outras novidades, a roda dianteira de 16 polegadas e garfos de 47 milímetros, mais volumosos, e o acelerador eletrônico. Como toda clássica moderna da marca, a Bobber pode ser personalizada com acessórios originais da Triumph. Speedmaster A nova geração da cruiser Speedmaster chega ao Brasil para se juntar à família Bonneville, a linha de clássicas modernas da Triumph. A moto é reconhecida pelo extremo conforto, fun-
damental para um veículo feito para cruzar longas distâncias, e pelo refinamento técnico, com motor de 78 cv de potência e torque de 10,6 kgfm. O banco do piloto, posicionado a apenas 705 milímetros de altura, é envolvente – e pode ser configurado em peça única ou em duas peças. Scrambler 1200 Nova referência da categoria no asfalto ou no fora-de-estrada, a Scrambler 1200 XE representa a última geração de uma moto exclusiva e um dos ícones modernos da Triumph. Seu design cativante embala o melhor da tecnologia de ponta e novos recursos de auxílio ao piloto. Entre eles, o Triumph Ride-by-Wire, que gerencia os seis modos de pilotagem, incluindo o Off-Road Pro. Outra novidade é o exclusivo display em TFT colorido controlado por joystick de cinco vias no guidão. O bicilíndrico de alto desempenho produz 90 cv de potência e 11,2 kgfm de torque. Speed Twin É a favorita dos clientes e um dos grandes sucessos da família de clássicas Triumph. Lançada em 2018, a Speed Twin agrada pelo desempenho e, sobretudo, pela docilidade de condução. Esta custom contemporânea combina caráter, estilo e desempenho esportivo. Além disso, conta com avançados sistemas de segurança. Agora com 3 cv a mais (são 100 cv a 7.250 rpm), a Speed Twin tem intervalo de primeira manutenção de 16 mil quilômetros, tal como ocorre com todos os modelos da linha Modern Classic Triumph.
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Estilo de vida Na linha de produtos, a Triumph alimenta a paixão do seu público. Em seu portfolio, a marca oferece uma coleção com roupas estilosas, como camisetas, moletons, jaquetas e calças jeans, além de acessórios como luvas e neck tubes. Tudo com tecidos e couros certificados. Experiência A Triumph aposta suas fichas também em eventos, serviços e nas experiências dos fãs. A TRX, por exemplo, oferece cursos de pilotagem on road e off road, além de viagens em grupo, inclusive internacionais. Já o Triumph Rental é o programa de locação oficial da marca, com modelos renovados a cada seis meses. E a marca também movimenta a sua base de clientes em prol de uma causa. É o caso do DGR (The Distinguished Gentleman’s Ride), evento em prol da saúde masculina e que tem adesão mundial – nesta ação, donos de Triumph prioritariamente clássicas são convidados a participarem de passeios pela cidade e fazerem doações. TP Saiba mais em: triumphmotorcycles.com.br
jo rn a das
Chegou a primeira Jornada UNQUIET! Nossa primeira Jornada já tem data e destino: partiremos para as savanas sem fim dos parques nacionais do Quênia na segunda semana de novembro de 2022. Esta viagem, para um pequeno grupo de viajantes, será acompanhada por Corinna Sagesser, publisher da UNQUIET – uma apaixonada pelo Quênia – e Marina Klink, fotógrafa de natureza. Desenhamos um roteiro conduzido por especialistas preparados para criar memórias inesquecíveis.
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A BASF e a economia circular
As empresas estão fazendo a parte delas na luta contra o aquecimento global. Conheça aqui como a BASF está contribuindo para ajudar outras empresas a também acelerarem a transição para a economia circular A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021, conhecida como COP-26, realizada em Glasgow, foi marcada por alguns avanços importantes, com compromissos assumidos por diversos governos. O brasileiro, por exemplo, se comprometeu em reduzir 50% das emissões dos gases associados ao efeito estufa até 2030, neutralizando as emissões de carbono até 2050, além de assinar acordos relevantes, como a Declaração Para o Uso de Florestas e o Compromisso Global do Metano. A 26ª Conferência Mundial também contou com uma adesão significativa de lideranças empresariais de diversos setores da economia, que também estabeleceram seus próprios compromissos e metas. Caminhando nessa direção rumo a uma economia de baixo carbono, a BASF lançou a Unidade Global Net Zero Accelerator, que tem como objetivo apoiar a companhia em sua meta global de reduzir suas emissões de CO2 em 25% até 2030 em relação a 2018 e tornar-se uma empresa carbono neutro até 2050. Essa nova unidade tem como foco a implementação e aceleração de projetos relacionados a tecnologias de produção de baixo CO2, economia circular e energias renováveis. Antônio Lacerda
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vice-presidente sênior de Produtos Químicos e de Performance da BASF América do Sul, conta que a ideia é que projetos já existentes e novos - que viabilizem redução de CO2 - sejam desenvolvidos em todas as regiões onde a companhia está presente: “Com a estruturação dessa nova unidade, a BASF vai priorizar e conectar oportunidades em energias renováveis, matérias-primas alternativas e tecnologias produtivas que possibilitam redução de emissões de CO2 de modo a aumentar a velocidade de implementação dos projetos e com isso alcançar resultados em escala mais rapidamente, acelerando assim a transição para o modelo de economia de baixo carbono e circular”. A BASF na economia circular A companhia alemã incentiva e financia o desenvolvimento de projetos de economia circular em parceria com clientes em todo o mundo. No Brasil isso acontece também através do Hub de Economia Circular, localizado no onono, como é chamado o Centro de Experiências Científicas e Digitais da BASF, em São Paulo. Ali, os especialistas da BASF, seus parceiros e clientes trabalham em
Acelerar a transição para a economia circular é um foco dos projetos da BASF, que incluem desenvolvimento de novos produtos, geração de parcerias e conscientização
busca de inovações voltadas para modelos de economia circular, e também para promover conhecimento sobre o tema. Para 2030, um dos objetivos da BASF é dobrar as vendas geradas de soluções para a economia circular, chegando a € 17 bilhões, concentrando seus esforços em três áreas de atuação: matérias-primas circulares (produzidas a partir de biomassa vegetal ou de materiais reciclados), novos ciclos de materiais que estendam a vida útil dos produtos e novos modelos de negócios, como o portfólio B-Cycle, que traz soluções completas para todas as etapas da reciclagem de plásticos, ou seja, triagem, lavagem e extrusão. “A consciência do consumidor tem avançado muito rápido nos últimos anos. E toda a cadeia de reciclagem tem procurado acompanhar esse rápido crescimento. Em 2015 o total de plástico reciclado no Brasil era de 500 mil toneladas ao ano. Isso dobrou para 1 milhão de toneladas ao ano em 2021”, afirma Fabricio Soto, diretor de Químicos de Performance para a América do Sul. “Com as soluções do B-Cycle para dar nova vida ao plástico, o material pode ser reciclado inúmeras vezes com muita qualidade.” Para a triagem, o B-Cycle integra tecnologias de ponta, como o TrinamiX, um equipamento do tamanho de um celular dotado de um leitor de espectroscopia capaz de identificar 29 tipos de plásticos comuns em segundos. Para a etapa de extrusão, quando o resíduo plástico está mais suscetível à degradação oxidativa e à degradação térmica, os aditivos para plásticos evitam a perda da
qualidade e das propriedades do material reciclado. Conheça mais sobre o portfólio B-Cycle aqui: b-cycle.basf.com A BASF também é uma das pioneiras na adoção dos bioplásticos e desenvolveu o inovador polímero compostável ecovio®, obtido de matérias-primas renováveis à base de milho e que, com a compostagem adequada ao final da sua vida útil, se transforma em adubo e proporciona ainda a redução da sua pegada de carbono. Outro projeto de economia circular, o EcoPack, viabiliza a reciclagem de embalagens plásticas dos produtos da companhia, transformando-as em placas construtivas, como telhas e paredes ecológicas, que podem ser recicladas inúmeras vezes ao final da vida útil. As chapas ecológicas podem ser usadas na construção de moradias populares e apoiar edificações sustentáveis, pois possuem outras características de sustentabilidade, como resistência à água, alta durabilidade, conforto térmico, além de serem mais econômicas no custo da obra e fáceis de instalar. Essa iniciativa é fruto de um programa de intraempreendedorismo da BASF junto à fundação Dom Cabral. Esse e outros projetos são reflexo da cultura de inovação colaborativa da BASF, sempre no pilar de sustentabilidade, e que tem no onono o eixo para conectar as diversas áreas da empresa, seus clientes, parceiros, universidades, entre outros stakeholders, ao ecossistema de inovação. TP
fotos: divulgação
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Marca de vanguarda MINI terá somente carros elétricos a partir de 2030
Os números mais recentes divulgados pela MINI do Brasil comprovam que a marca acelera fundo rumo à eletrificação: 46% das vendas no país são do MINI Cooper S E, o primeiro modelo 100% elétrico da montadora. Quando comparadas às da versão a combustão da mesma carroceria, as vendas do elétrico avançaram para 62%. Um salto. “Já anunciamos que a partir do início da próxima década a marca MINI passara a ser uma marca 100% elétrica, a primeira marca do Grupo BMW a completar esta transição, e para nós é muito gratificante ver que no Brasil este produto tem sido muito bem aceito, o que indica que estamos no caminho certo.”, afirma o diretor de vendas e marketing da MINI do Brasil, Rodrigo Novello. O MINI Cooper S E é produzido em Oxford, Inglaterra, na mesma planta em que o primeiro MINI foi produzido em
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1959, mas claro, totalmente modernizada e com forte viés de sustentabilidade, inclusive uma das maiores áreas de captação de energia solar do Reino Unido está instalada na fábrica da MINI, com um parque composto por mais de 11.500 painéis, cobrindo uma área de 20.000 metros quadrados (equivalente à cinco campos de futebol). Isso permite que a planta de Oxford reduza sua pegada de carbono em aproximadamente 1.500 toneladas de CO2 por ano. Sabemos que veículos elétricos são uma excelente solução para mobilidade urbana de forma sustentável, e agora com o MINI Cooper S E, o primeiro MINI 100% elétrico, temos um veículo que integra esta solução com um produto premium, de design marcante e com uma condução eletrizante (não resistimos ao trocadilho), características marcantes da britânica MINI, marca que já nasceu inovan-
do e introduziu novos conceitos de projeto, como a utilização inteligente de espaço interno, e que continua presente até os dias de hoje, inclusive quando comparamos um Hatch 3 Portas com powertrain elétrico ou a combustão, o espaço interno e de porta-malas é o mesmo nas 2 versões. Sob o capô do MINI Cooper S E temos um motor elétrico que gera potência de 184 cv e torque imediato (uma vez que é elétrico) de 270 Nm, e o conjunto de baterias de alta tensão composta por células de íons de lítio e subdivididas em 12 módulos estão distribuídas no piso do carro, e pela forma que estão posicionadas, acaba inclusive reduzindo o centro de gravidade em 30mm quando comparado com o modelo semelhante que usa motor a combustão, fazendo de 0 a 60km/h em apenas 3,9 segundos e com uma direção bem direta, garantindo o conhecido o Go Kart Feeling da marca. Vale dizer que o conjunto de baterias tem garantia de 8 anos. Outro detalhe interessante quanto a condução do MINI Cooper S E é a possibilidade de definir o grau de regeneração de energia, sendo um deles com baixa regeneração em que a rolagem do carro fica muito similar ao de um carro a combustão, e o segundo com alta regeneração temos o que a marca chama de One-Pedal Feeling, em que há uma
desaceleração mais intensa do veículo assim que o motorista retira o pé do acelerador, fazendo com que o motor funcione como um gerador transformando energia cinética em elétrica e realimentando a bateria de alta tensão. Como é esperado em um veículo premium, a qualidade dos materiais e equipamentos é impressionante, além de o carro ser equipado com vasta gama de itens de série, como painel digital de 5”, central multimidia de 8,8”, ar condicionado automático de duas zonas, teto solar panorâmico, rodas aro 17”, dentre outros itens. Sobre o carregamento, o MINI Cooper S E vem de serie com um carregador portátil, com tomada no padrão brasileiro e pode ser conectado à rede convencional, sendo necessário apenas garantir que a tomada esteja devidamente aterrada. Além do carregador portátil, a marca MINI oferece atualmente (livre de custos) um carregador rápido MINI Wallbox que pode ser instalado no lugar em que o cliente desejar. Para aqueles que buscam um veículo elétrico premium com foco em mobilidade diária urbana de forma sustentável, o MINI Cooper S E é uma opção excelente e cheia de estilo. TP mini.com.br
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Voos mais altos Depois de chegar ao Sudeste, a Voar Aviation amplia operações e consolida expansão nacional
Com forte tradição no mercado aeronáutico do Centro-Oeste, a Voar Aviation já é uma realidade também no Sudeste, depois da aquisição da Icon Aviation. Essa compra de uma das mais importantes companhias do setor abriu as portas de uma região responsável por 53% das operações de táxi aéreo do Brasil. Agora a Voar tem hangares em operação em alguns dos principais aeroportos do país: Goiânia, GO (4 hangares), Uberlândia, MG (1), Congonhas, SP (4), Santos Dumont, RJ (2), Juscelino Kubitschek, DF (1), Pampulha, MG (1) e Sorocaba, SP (1).
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Fundada em Goiânia, a Voar Aviation tem 35 anos de atividade e está consolidando a sua presença nacional. “A nossa participação na região Sudeste garante caráter nacional e internacional à nossa operação”, afirma a CEO Alessandra Abrão. “Dobramos nossa capacidade de atendimento, ampliamos a capilaridade com presença nos principais aeroportos e expandimos a oferta de fretamentos tanto para helicópteros quanto para aeronaves de grande porte e aeromédicas.” O perfil de clientes também foi ampliado. Na região
Alessandra Abrão, CEO da Voar Aviation
Centro-Oeste, o foco principal era o agronegócio. Agora, também atende a indústria, finanças e setor advocatício. Além dos 14 hangares no Brasil, a empresa mantém uma base em Fort Lauderdale, na Flórida, nos Estados Unidos. “Assim podemos ser mais eficientes na logística de importação de peças de reposição para manutenção das aeronaves”, explica Alessandra Abrão. “Enquanto a média do mercado é de 30 dias, nós passamos a solucionar o processo em apenas sete.” Com essa agilidade, a Voar Aviation atua em várias frentes. Para atender a quem tem a própria aeronave oferece manutenção, hangaragem, atendimento aeroportuário, além de gerenciamento, administração e consultoria para compra e venda de aeronaves. Outro pilar da empresa apresenta serviços de fretamento: jatos executivos (médio e longo alcance), turboélices e helicópteros. O terceiro segmento onde a companhia atua é no transporte aeromédico. Oferece, inclusive, UTI homologada para adultos e crianças. Na região Centro-Oeste, a Voar Aviation foi a precursora na certificação para operação e manutenção de jatos executivos. Realiza nada menos que 1.100 inspeções por ano. “Esse desempenho está muito ligado à credibilidade da empresa, traduzida em qualidade, seriedade e agilidade nos serviços prestados e, acima de tudo, na preocupação com a segurança, um dos nossos principais pilares”, afirma a CEO. TP @voar.aero
1100 600 200 14 13 01
inspeções por ano
funcionários
técnicos
hangares no Brasil
aeronaves
base nos EUA
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Feito para morar O Areia, no Leblon, é o lugar ideal, no melhor endereço do Brasil
Qual é o melhor lugar para se morar no Brasil? A resposta é fácil: na praia do Leblon, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em um amplo apartamento de alto padrão. Mais bacana ainda se for em um edifício de apenas 14 unidades. Assim é o Areia, instalado na quadra da praia, na avenida Bartolomeu Mitre, o mais novo lançamento da Mozak. O Areia foi projetado por David Bastos, um dos arquitetos mais celebrados do momento, além de ser muito procurado por artistas e celebridades. A novidade fica por conta do que a Mozak chama de “personalização flexível”. Ou seja, o cliente pode levar o arquiteto de sua preferência para intervenções na planta e no acabamento. Uma customização para deixar o imóvel à feição do dono. O projeto tem duas coberturas, dois gardens elevados e dez apartamentos, sempre com metragens generosas, que podem variar de 266,60 metros quadrados a 537,52 metros quadrados. Uma maravilha. Cada apartamento tem quatro suítes. As coberturas contam com uma a mais. Além disso, todas as unidades contam com um box locker no térreo. Ou seja, um lugar seguro e perfeito para guardar o equipamento esportivo, por exemplo. Nas áreas comuns há piscina de raia climatizada, sauna a vapor, hidromassagem aquecida, duchas, área de repouso, academia, bicicletário e sala de reuniões. Responsável pelo empreendimento, a Mozak é uma empresa genuinamente carioca, fundada em 1994 e especializada em imóveis de alto padrão localizados na zona sul do Rio de Janeiro, notadamente Leblon, Lagoa, Ipanema, Jardim Botânico e Gávea. Tem mais de 80 projetos lançados. É procuradíssima não só por um público exigente, em busca de conforto e praticidade, quanto também por investidores que procuram opções de negócios com mais liquidez. TP mozak.rio
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e s p ec i a l
Mulheres
juliana alencar CEO da Weird Garage
Empresa é cultura
Cultura da empresa é tudo Juliana Alencar, da Weird Garage, vem se especializando em fazer com que companhias e lideranças encontrem suas melhores versões Por Ricardo Prado
“O maior potencial do indivíduo é o fato de ele ser único, tanto quanto as empresas”, diz Juliana Alencar, CEO da Weird Garage, o voo solo da mais jovem mulher a receber o Prêmio G10 Liderança Empreendedora Feminina, e ex-líder de cultura da StartSe. “Aquilo que faz com que as pessoas queiram trabalhar em uma empresa, consumir os produtos ou serviços que ela oferece é sua cultura”, observa. Encontrar as melhores versões das empresas e das pessoas, para mantê-las competitivas no cenário sempre mutante da Nova Economia, é o que Juliana oferece. E vem entregando, em contratos fechados com empresas como Claro, Go.k, a plataforma de ativos financeiros alternativos Bamboo, a insurtech de soluções para corretoras de seguro TEX e até um escritório de advocacia. A criação de sua própria empresa, a WG, em 2021, culminaria uma trajetória que passa pela área de marketing digital da Amil, mergulha no dinâmico ambiente da XP Investimentos, até desembocar na StartSe, plataforma de educação empresarial criada por um ex-colega do banco. Ali houve o encontro da fome de aprender com a necessidade de inovar. Na StartSe, começou a trabalhar na área de inovação corporativa, desenhando projetos de inovação para as empresas – uma área em que já atuara. “Um projeto meio bagunçado é o que eu gosto”, comenta sobre esse período e os desafios da inovação. “Me chamou muito a atenção esse propósito da StartSe, que é o de provocar novos começos.” Pouco tempo depois
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se tornaria a primeira sócia mulher do empreendimento. Até que, em 2020, um convite feito pelo novo CEO, Junior Dornele, levaria esta paulista crescida e educada em Aldeia da Serra, e que “tinha pavor de assuntos de RH”, a assumir a função de chefe de cultura da empresa. O motivo explicado pelo novo chefe era cristalino: quando ela entrara, o grupo era composto por sete profissionais; e agora eram 65. Junior Dornele disse: “Nós vivenciamos algumas crises, vimos algumas oportunidades, mas uma coisa que eu percebi é isto: se vierem 50 crises, se a gente quiser crescer 100 vezes ou até mesmo captar investimento, a cultura é o que vai permitir com que isso seja feito. As pessoas que estão aqui sonham as mesmas coisas, compartilham dos mesmos valores, e eu queria muito que alguém fizesse a tradução da nossa cultura, para potencializá-la ainda mais. E essa pessoa tem que ser você”. A cultura empresarial O convite provocaria um curto-circuito no planejamento de carreira de Juliana. “Eu queria ser cada vez mais especialista de inovação”, relembra. “Isso de cultura empresarial parecia que não tinha nada a ver comigo. Aí, durante uma palestra sobre inovação, falei: “Se aqui não houver a cultura certa não vai rolar”. E caiu a ficha: de fato, a pegada da inovação está muito atrelada às pessoas. Sem elas, sem a cultura, isso não é possível. Aí virei responsável pela cultura da StartSe. Começou a dar tão certo que a gente criou cursos para os nossos
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clientes sobre como fomentar sua cultura. Na época que eu estava lá, acho que tivemos mais de 400 clientes inscritos nos nossos cursos B2C.” Nasce a Weird Garage A demanda por empresas buscando se encontrar foi reveladora para Juliana. Em 2021, ela decidiu criar sua própria empresa de consultoria. “Eu queria começar um projeto do zero muito focado em cultura porque vi o poder que isso tem”, rememora. “No ano passado, a StartSe captou R$ 75 milhões com o fundo de investimentos Pátria. Obviamente, entre todos os esforços ali do time, cultura foi uma das questões-chave para conseguir essa captação. Falei: ‘Poxa, eu quero proporcionar isso para mais empresas de uma forma muito acelerada’”. Pesou na decisão também um evento familiar: o câncer de sua irmã Carolina (felizmente curado) e a forma como ela foi abraçada e acompanhada de perto pela empresa onde trabalhava, uma das mais ativas no universo online na área imobiliária.
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O episódio trouxe para Juliana a certeza do quanto a cultura empresarial é importante, “tanto para as companhias se tornarem competitivas como para tornar uma sociedade melhor”. Há empresas novas que precisam criar a própria cultura, até mesmo para tornar mais claro o perfil dos profissionais que serão buscados no mercado. Outras, já estabelecidas, se veem diante de novos desafios aos quais as respostas costumeiras não funcionam mais. De uma forma ou de outra, será da coerência entre o que a empresa prega e o que pratica, seja com seus próprios funcionários, gestores e acionistas, seja com os consumidores ou apoiadores e interessados no negócio (os chamados stakeholders), que nascerá a “melhor versão” da cultura da companhia. Em busca da essência da cultura da empresa, Juliana Alencar inicia o processo com um diagnóstico. Seu braço direito na investigação será Lucas Bittencourt. Ele a conheceu nas redes sociais, onde Juliana vem ensinando o que aprendeu (“é a melhor forma de apreender novos conhecimentos, está provado!”, garante). Bittencourt trabalha atu-
almente como Discovery Experience da WG. Em parceria com Juliana, procura um entendimento prévio da situação. Ele explica: “É como se a gente fosse tirar uma tomografia da empresa, tanto em caráter de cultura, quanto de dinâmica. Quais são os valores hoje presentes? O que as pessoas valorizam? O que elas não toleram mais? E isso vai dar o sumo para as demais etapas”. A segunda etapa é um plano de ação, que objetiva alcançar a cultura almejada, ou reforçar a presente. Envolve valores mensuráveis, balizados pela metodologia OKR (Objectives and Key Results), que estabelece as grandes metas da empresa, ou de suas lideranças. O passo seguinte é o compartilhamento e o comprometimento com essas metas. É a hora de criar (e pôr em prática!) planos de comunicação. “Eu sou muito chata com esse lance da comunicação porque é a disseminação da cultura”, comenta Juliana. “Quando falo em plano de comunicação, estou dizendo ter uma equipe empreendedora, com senso de dono, alinhada, com gestão mais horizontal, com rituais semanais de avaliação de para onde a empresa está indo, o que aconteceu na última semana, quais foram os novos clientes, como está o faturamento, quem a gente perdeu de cliente, quem entrou na empresa, quem saiu, quem vai ter filho, qual a etapa do projeto tal...” Juliana continua: “Sem um plano de comunicação, se criam diversos problemas. As informações ficam centralizadas e as pessoas não conseguem tomar decisões com maior autonomia ou até mesmo decisões inteligentes e
alinhadas à estratégia do negócio”, avalia. “E se a empresa não se importa em comunicar, está sinalizando que não considera aquela pessoa, integrante do time, um sócio do negócio, alguém importante.” Por fim, a quarta etapa é de sustentação, ou seja, entregar os reconhecimentos (bônus, PPR, planos de carreira, benefícios etc.) que sustentam a cultura da empresa. Erros e desafios Nem sempre é um caminho fácil. Um bom trabalho de cultura empresarial precisa colocar em diálogo os três principais interlocutores de qualquer processo de mudança em um ambiente de trabalho: os líderes, a governança e os times. “Há algumas empresas que já têm a cultura muito inovadora, só que os times não conseguem sentir essa cultura, que é superlegal, porque os líderes não conseguem transpassá-la”, diz. “O maior desafio é fazer com que todos os interlocutores acompanhem a evolução da empresa e isso inclui criar critérios de reconhecimento, que são os indicadores. É importante reconhecer as pessoas nesse novo momento.” Sobre os principais erros que já viu acontecer, Juliana destaca o mais comum: “Entrar na pilha do mercado em relação ao que a empresa almeja ser. Fugir da sua melhor versão e tentar copiar uma outra cultura. ‘A gente precisa ser assim’. Não, não precisa. Isso faz perder a sua identidade, isso apaga a história, faz esquecer os valores. É um erro gigantesco”, observa. Outro: a inovação pela inovação. Para isso, recomenda que se faça, antes de tudo, a pergunta essencial: no que essa inova-
“Antes de encampar uma inovação, uma empresa deve se perguntar: no que ela de fato vai impactar o meu negócio?”
ção vai de fato impactar o meu negócio? Outro entrave apontado pela consultora na identificação de suas melhores versões, bem como na oferta de soluções inovadoras em suas áreas de atuação, é a falta de diversidade nelas. “Você só consegue de fato ser orientado a stakeholders se consegue explorar cada vez mais o seu mercado, diminuir possíveis pontos cegos, ruídos que possam acontecer”, comenta. “E isso dificilmente vai acontecer em uma mesa diretora composta por um único perfil. Acho que o Vale do Silício já provou por A + B que, com uma mesa diversa, seu produto consegue nascer global, atender mais públicos, porque existe uma inclusão de diversos perfis.” TP
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Empoderada Kátia Freitas começou como balconista de uma locadora de vídeos. Hoje é a diretora-geral da Aeromexico para o Brasil, Bolívia e Peru Retrato marcelo spatafora
Empoderamento feminino já se tornou, nos últimos tempos, uma expressão gasta. Quase um clichê. Mas ainda distingue, com precisão, a história de mulheres como a paulistana Kátia Bruna Freitas. Nascida em uma família modesta e trabalhadora, ela se tornou, com os próprios esforços, a diretora-geral da companhia aérea Aeromexico, para Brasil, Peru e Bolívia. Uma história de sucesso que começa ainda na infância, quando seus pais – ele, metalúrgico; ela, secretária-executiva – a levavam nos fins de semana ao Aeroporto de Congonhas, para ver as aeronaves subirem e descerem. “Eu ficava deslumbrada pela modernidade dos aviões, pela ideia de viajar e até pelos uniformes dos comandantes e das comissárias de bordo”, suspira. Quando conseguiu o primeiro emprego, ainda adolescente, contudo, ainda não havia um plano de voo. Aos 15 anos, Kátia foi trabalhar como balconista numa locadora de vídeos VHS. Era a única dos colegas de escola a pegar no batente. “Descobri ali que ninguém consegue nada sozinho”, conta. “Aprendi o valor da equipe.” Três anos depois, conseguiu, enfim, realizar o sonho de trabalhar numa companhia aérea – a hoje extinta Trans-
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brasil. Nada de tão inspirador, porém: começou no call center, antes de ser promovida para a área de controle de voos. Na realidade, foi no emprego seguinte que se achou, de fato, como profissional. Na AeroPeru – sim, mais uma companha aérea – alguém notou sua aptidão para a área comercial. “No call center, você espera o cliente”, diz. “Na área comercial, vai atrás deles.” Deu-se tão bem na nova função que acabou convidada a ingressar na Mexicana de Aviación, onde descobriu outra vocação: a de falar em público, em palestras para agentes de viagem. Transformouse em gerente de vendas, em gerente comercial. “Fui crescendo”, resume. Claro que veio a calhar uma formação universitária em marketing, feita em paralelo, hoje aliada ao curso que faz na Universidade de São Paulo: MBA em gestão de negócios. No ano de 2000 – portanto, há 22 anos – entrou, também a convite, na Aeromexico. Era o começo de uma trajetória fulgurante, que a levaria a comandar o escritório da companhia não só para o Brasil, como também para Bolívia e Peru. Adora o que faz. Em especial, por estar em uma empresa de ótima reputação.
“A joia representa em mim a força e a autenticidade do ser feminino”
“Trabalhamos com aeronaves de primeira”, diz. “No caso do Brasil, o avião é o Dreamliner, o mais moderno da Boeing. Nosso serviço é impecável. Tem fama internacional. Ainda existe preconceito contra as companhias aéreas latinas, sim. Mas as pessoas precisam abrir a cabeça e experimentar.” Casada há 16 anos, Kátia Bruna Freitas tem um filho de 13, Fabrício. Conciliar a vida privada com a de executiva não é fácil para ninguém. Mas ela tem conseguido, numa ótima. E se entusiasma com os rumos da Aeromexico, que entrou em 2022 com ainda mais voos para o Brasil. “Há uma demanda reprimida grande em viagens”, avalia. “O momento é de volta do crescimento.” TP
Joias Maxior: coleção Caminhos
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Símbolo de liberdade
Mulheres amam viajar a bordo de uma motocicleta. Nessa experiência, a BMW G 310 GS é a parceira ideal O público feminino tem forte poder de decisão na aquisição de motos premium. Isto é fato. Mesmo que a compra seja feita em acordo com a família são elas que batem o martelo, em mais de 50% dos casos. Essa estimativa é da BMW, que aposta muito nas mulheres para movimentar a sua divisão de motocicletas. “Costumo dizer que a moto é um símbolo de liberdade entre os meios de direção, e é por meio dessa liberdade que conseguimos conquistar mais espaço e oportunidade no mercado de trabalho”, diz Gabriela Cicone, head de marketing e produto da BMW Motorrad do Brasil. “Temos uma atuação focada em diversidade, e rebeldia é uma palavra feminina, assim como motocicleta.” Inclusão e diversidade são pilares no desenvolvimento dos produtos da BMW de duas rodas. No caso do público feminino, isso é notado em opcionais e diferenças de porte de equipamento. “O público da BMW Motorrad ama liberdade, tecnologia e gosta de se expressar por meio de sua motocicleta”, explica a executiva. O portfólio da marca é dos mais ecléticos. Existem os produtos de entrada (a G 310 R ou a G 310 GS), as superesportivas (a S 1000 RR) e as fora de estrada (toda a linha GS). “Hoje, vemos mulheres em todos os segmentos e cada vez mais presentes.” Vale destacar ainda a BMW G 310 GS. Compacto e robusto, o modelo gera 34 cv (25 kW) de potência a 9.250 rpm. Capaz de enfrentar qualquer terreno, se estabeleceu imediatamente como uma genuína BMW GS e é destinada sobretudo aos recém-chegados ao mercado das duas rodas e que desejam um produto premium. “A BMW Motorrad apresentou a BMW G 310 GS ao mercado brasileiro ainda mais versátil, segura e dinâmica, seja no trânsito cotidiano, durante passeios de lazer em estradas ou no uso off-road”, destaca Gabriela Cicone. Para o segmento de viagens, a BMW Motorrad investe nos eventos do BMW Rider Experience. Eles oferecem uma programação exclusiva e dedicada aos amantes de duas rodas – tanto online quanto presencial. Com isso, a montadora busca levar uma experiência diferente aos consumidores, com destaque para o GS Trophy. Com essas máquinas e experiências, as mulheres estão cada vez mais presentes. Não apenas atuando como consumidoras, mas para exercer um ato de liberdade. TP bmw-motorrad.com.br
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A BMW G 310 GS: elas no comando
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arte
Pintaram e bordaram Eram mulheres e revolucionárias. Marcaram o planeta não só nas artes plásticas – mas também pelo comportamento libertário Por Roberto Cattani
Colagem Raphael alves
Frida Kahlo se tornou a pintora mais famosa da arte moderna. Mas nas primeiras décadas do século 20, brilharam muitas outras mulheres grandiosas, ao mesmo tempo artistas plásticas de primeira e figuras marcantes de uma época de imensa riqueza cultural. Algumas conseguiram se impor e emergir justamente por serem mulheres, em virtude da novidade que representavam, e da necessidade de uma afirmação feminina na sociedade. Outras usaram seu lado feminino e seu charme para conseguir o que queriam. Houve ainda as que não conseguiram eternizar seus períodos de glória. O denominador comum é a intensidade voraz com a qual viveram. A mais excessiva foi a baronesa Tamara de Lempicka. Filha de um advogado judeu polonês, casou-se sucessivamente com dois ricos aristocratas. Conseguiu levá-los à falência com suas excentricidades e sua vida frenética, desregrada e custosa entre Paris, Nova York e Milão. Não devia ser fácil ser marido da Tamara. Ela era exibida, bissexual e viciada em cocaína. Seduziu muitas mulheres famosas, como Vita Sackville-West (escritora e poetisa, companheira de Virginia Woolf) e a cantora Suzy Solidor. Pintou seus retratos com um vigor e uma penetração psicológica que só a intimidade física podia inspirar. Nem sempre utilizou esse método. Tamara foi visitar Gabriele D’Annunzio, maior poeta italiano do século 20, outro sedutor sistemático de celebridades. Queria pintar o retrato dele, mas sem passar por sua cama monumental. O bardo, por sua vez, insistia em levá-la a todo custo para seu quarto, todo forrado de cetim preto. Acabaram ambos frustrados em suas aspirações. O quadro mais famoso de Tamara, de 1925, é (como para Frida e outros egos transbordantes) um autorretrato: uma imagem oscilando entre art déco e futurismo, com a artista chique e poderosa ao volante de um Bugatti. A revista Auto-Journal descreveu assim a obra, na época: “Ela está de luvas, capacete de couro, e parece inacessível; uma beleza fria, que incomoda, mas deixa transparecer um ser humano formidável – a verdadeira mulher livre!”. Todos os grandes da época, do rei da Espanha Alfonso XIII às estrelas de Hollywood, como Tyrone Power, encomendaram retratos à baronesa de Lempicka. Ela foi se tornando amiga e cúmplice de excessos dos protagonistas da vanguarda artística de Nova York e da vida bohémienne de Paris, contando aí Pablo Picasso, André Gide, Jean Cocteau e Colette. Mas não conseguiu transcender a intensidade de seu próprio comportamento. Aos poucos, a qualidade e a expressividade de suas telas foram declinando.
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No sentido horário: Tamara de Lempicka, Valentine de Saint-Point, Nives Comas de San Felíu, Suzanne Valadon, Frida Kahlo e o quadro A Estudante, de Anita Malfatti
Quando surgiram as primeiras críticas negativas, Tamara – sempre radical – decidiu nunca mais expor e se dedicou a retrabalhar telas dos períodos anteriores. Tendo gastado tudo o que havia herdado dos maridos e amealhado com a venda dos quadros, recolheu-se nos últimos anos a uma vida quase miserável em Cuernavaca, no México. Mas sua última vontade post-mortem foi à altura do período de delírio de grandeza: exigiu que suas cinzas fossem jogadas na cratera do maior vulcão ativo do México, o Popocatepetl. Madonna, fã declarada de Tamara de Lempicka, inseriu muitas telas dela em vários clipes e shows. Do futurismo ao Islã Menos diva, mas ainda mais contraditória, a francesa comtesse Valentine de Saint-Point era aristocrata de nascimento e não por casamento. Dona de uma criatividade sem limites, foi escritora, jornalista, poetisa, pintora, dramaturga, coreógrafa, crítica de arte. Mas ficou famosa por ter sido a musa e única representante feminina do Movimento Futurista, fundado na Itália em 1907 pelo poeta Filippo Tommaso Marinetti, de quem se tornou amante. Assim como para Tamara de Lempicka, a libido feminina foi um tema central na sua expressão artística. Depois de publicar um romance erótico com o título explícito de Incesto, no qual uma mãe inicia o filho ao amor físico, em 1912 Valentine lançou suas obras mais polêmicas: o Manifesto da Mulher Futurista e o Manifesto Futurista da Luxúria. No primeiro, polemizava com o machismo ideológico do movimento futurista (que iria se tornar uma forte influência intelectual para o nascente fascismo italiano): “Todo super-homem [referência ao Übermensch de Nietzsche, n.d.r.], todo herói, por épico que seja, por genial que seja, por poderoso que seja, [...] é composto ao mesmo tempo de elementos masculinos e femininos, para poder ser um ser completo... [...] O que mais falta, nas mulheres como nos homens atuais, é virilidade”. No segundo Manifesto, ainda mais provocativo, a comtesse Valentine reivindicava o direito das mulheres a uma vida sexual irrestrita e ao prazer autônomo e plural, sem limitações morais. As fofocas da época sugerem que ela, coerente com seus princípios declarados, não teve problemas em ceder aos galanteios de Gabriele D’Annunzio – sempre ele. Sua obra-prima foi La Métachorie, de 1913, uma criação muito além de teatral, na qual buscava de forma então inédita “uma fusão total de todas as artes”. No palco, orientou a luz, som, música, dança, poesia, coreografia, pintura e figurinos, com o objetivo de representar, “como se fosse um organismo vivo”, nada menos que “a alma feminina”.
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Acima, um autorretrato de Tamara de Lempicka e Madonna, sua fã. Na outra página, Valentine de Saint-Point
Valentine de Saint-Pol defendia o direito das mulheres a uma vida sexual sem restrições morais. Por fim, converteu-se ao Islã
Aos 50 anos, a vida da esfuziante comtesse deu uma guinada. Depois de um encontro com a ocultista russa Elena Petrovna Blavatsky (a poderosa Madame Blavatsk, líder do Movimento Teosófico), Valentine abandonou a vida mundana e artística, para mergulhar na espiritualidade. Converteu-se ao Islã e mudou-se para o Cairo, no Egito. Viveu os últimos anos na pobreza e na elevação espiritual, com o nome esotérico de Rawhiyah Nur el-Din. Irresistível e longeva Nives Comas de San Felíu nasceu na Calábria, no sul da Itália, depois que o avô Bonaventura, marquês de San Felíu de Guixols, teve de se exiliar de suas terras perto de Gerona, na Catalunha, Espanha, tornando-se produtor de cortiça para rolhas (segundo algumas versões, matou um adversário em duelo). Desde muito jovem, Nives descobriu seus dotes artísticos com o tio Marcello Dudovich, o maior criador de pôsteres publicitários estilo Liberty da Itália. Ele a encaminhou para as artes plásticas. Em Ferrara, Nives se tornou o epicentro da vida intelectual e mundana, organizando festas e bailes suntuosos, ao mesmo tempo que produzia cenografias, coreografias e figurinos para peças teatrais e balés, e realizava mostras de desenhos e pinturas. Em 1933, foi encarregada da produção geral do Palio de Ferrara, um evento celebrado todo ano, como em Siena, desde a Idade Média. Encarregou-se de produzir o evento inteiro, desde a decoração até os figurinos dos jóqueis e dos cavalos, e até uma filmagem sobre o evento. Na ocasião, tornou-se a primeira mulher diretora do cinema italiano. Enveredou também para a produção teatral, dirigindo os atores (entre os quais ela própria), desenhando os figurinos, montando as cenografias e assim por diante.
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Chiquérrima e carismática, com magnéticos olhos cinza claros, era considerada uma mulher irresistível. Adorava se exibir com atitudes provocativas para os anos 1920, como dirigir carros, vestir calças e paletós “masculinos”, fumar em público, discutir com intelectuais (homens). Não se sabe se Gabriele D’Annunzio tentou uma aproximação, mas as fofocas da época sugerem que Nives conquistou Italo Balbo, um dos gerarchi (líderes) do partido fascista italiano. Quando Balbo caiu em desgraça e foi exilado por Benito Mussolini (que não gostava que alguém o ofuscasse) como governador da Líbia – então colônia africana da Itália –, recriou na África sua corte de administradores, intelectuais e pessoas de confiança. Com lealdade e devoção, Nives não hesitou em segui-lo, com o marido e a filha. Ali, voltou a crescer como artista, inspirada e estimulada pela cultura árabe líbica. Suas telas do período mostram uma maturidade estética e uma serenidade pessoal que faltavam no período mais mundano. Além disso, constituem um importante testemunho etnográfico do cotidiano na Líbia. Aos poucos, com seus belos olhos cinza perdendo a visão, a marquesa teve de abandonar a arte, fechando-se num auto-
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exílio silencioso até a morte, aos 93 anos, na Cidade do México. Até os últimos dias, fumava três maços de Kent por dia. Em prol do amor livre Suzanne Valadon não nasceu num berço privilegiado. Filha de mãe solteira pobre, começou a trabalhar em Paris ainda criança. Aos 15 anos foi contratada por um circo mambembe como trapezista, mas dois anos depois quase morreu com uma queda de dez metros. Em virtude das sequelas teve de encerrar sua carreira circense. Nem chique nem elegante, mas com um corpo magnífico, sarado e esculpido (algo muito raro entre as mulheres da época) pelos exercícios do trapézio, Suzanne se tornou a mais requisitada entre as modelos de nus para pintores em Paris. Entre os quais Henri de Toulouse-Lautrec (que lhe deu as primeiras aulas de desenho e pintura) e Pierre-Auguste Renoir (com quem teve um caso). Mas foi o grande pintor e escultor impressionista Edgar Degas que a encaminhou definitivamente para a pintura. Suzanne era perfeccionista. Trabalhou até 13 anos em algumas telas até apresentá-las. Como na maior parte das artistas aqui descritas, suas obras eram centradas na mulher.
No seu caso, talvez por causa de sua aproximação ao mundo da arte como modelo, pintou principalmente nus. Mas sua tela mais conhecida, La Chambre Bleue, representa uma mulher na pose típica de odalisca, mas vestida e nada atraente, gorda, vulgar e com um cigarro no canto da boca, talvez um autorretrato num momento de autorrejeição. O compositor contemporâneo Erik Satie apaixonou-se por Suzanne, a quem pediu em casamento após uma noite de amor. Ouviu um não. Suzanne reivindicava o amor livre, sem laços afetivos ou formais. Não levou Satie a sério. Ele ficou traumatizado. Algumas de suas composições mais famosas são dedicadas ou inspiradas pelo amor irrealizado com Suzanne. A pintora foi a única dessas grandes artistas que deu à luz outro artista famoso: Maurice Utrillo, “o pintor de Paris”. A capital francesa era o tema exclusivo e obsessivo de sua obra. O rapaz aprendeu o ofício com a mãe, até ofuscá-la, reduzindo-a para a história oficial a “mãe de Utrillo”. Uma ingratidão.
La Chambre Bleue é a tela mais conhecida de Suzanne Valadon, que aparece na foto acima com os pintores Maurice Utrillo (seu filho) e Andre Utter (seu segundo marido). Ao lado, a brasileira Anita Malfatti
Uma brasileira no grupo Nem aristocrata nem proletária, mas rica herdeira de uma família burguesa, a alemã Gabriele Münter tornou-se a faceta feminina do expressionismo. Sua influência produtiva foi determinante para os fundamentos do movimento. O russo Wassilij Kandinskij, já então famoso como pintor de vanguarda, era diretor da Phalanx Schule de Munique, a escola de artes plásticas mais progressista da Alemanha. Ali Gabriele foi aprender o ofício, bem no começo do século 20. Kandinskij logo percebeu o talento da aluna, que revelou um dom incomum sobretudo na pintura em vidro. Começava aí uma relação criativa, pessoal e sentimental. Com as perseguições nazistas, Kandinskij fugiu para a Rússia, e Gabriele foi obrigada a continuar na Alemanha. Ela nunca se recuperou totalmente da perda do companheiro e grande parceiro artístico, mas ficou de posse de quase toda a obra do grande pintor russo. Foi graças a seus esforços generosos que podemos admirar hoje as telas de um dos precursores da arte moderna. Há também uma artista brasileira neste seleto grupo: Anita Malfatti. Sua exposição no final de 1917 caiu sobre São Paulo como uma bomba. Com cerca de 50 telas “expressionistas”, de uma modernidade desconcertante para os padrões da
fotos: alamy e reprodução
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A Estudante (1916), de Anita Malfatti
época, a artista oferecia às nossas paragens o que havia de mais radical em termos de experiência plástica: uma pintura que se pretendia experiência da linguagem (da forma e da cor), e não mais uma narrativa mimética do mundo. Anita foi grande, excessiva, polêmica, não em seu comportamento pessoal, não nos exageros comportamentais, como as demais mulheres desta coletânea. Mas em sua solidão artística num Brasil ainda tão pequeno e fechado e em sua obstinada coerência criativa em busca de uma expressão artística brasileira, não influenciada pelos movimentos artísticos tão marcantes, vindos de fora. Disse ela: “Eu pinto
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aspectos da vida brasileira, aspectos da vida do povo. Procuro retratar os seus costumes, os seus usos, o seu ambiente. Procuro transportá-los vivos para as minhas telas. Interpretar a alma popular [...] Eu não pinto nem folclore, nem faço primitivismo. Faço arte popular brasileira”. Essas são algumas grandes mulheres artistas plásticas daquele período, mas a lista poderia abranger escritoras radicais como Anaïs Nin (a francesa considerada a maior escritora erótica de sexo feminino) e inovadoras como Djuna Barnes, uma deusa da dança como Isadora Duncan, uma fotógrafa iconográfica como Tina Modotti (que aliás, no período em que viveu no México, foi amante de Frida Kahlo) e muitas outras. Na mesma época, uma escritora, Sibilla Aleramo, ganhou o primeiro prêmio Nobel atribuído a uma mulher nas categorias culturais (Marie Curie já o recebera no âmbito científico). Nas décadas seguintes, o sexo feminino foi conquistando seu espaço, sua liberdade, seus direitos, sua expressão. O preço para isso, contudo, é o espaço vital, a grandeza que todos nós, homens e mulheres, da mesma forma, acabamos perdendo no caminho. TP
A nossa vez Mulheres ainda têm muito terreno a conquistar no mercado de Tecnologia da Informação Por Sara Hughes, CEO da Scaffold Education
As mulheres, bem sabemos, podem ser o que quiserem. Eis aí uma verdade. Mas entre o discurso e a prática muito trabalho ainda precisa a ser realizado. O mercado de tecnologia, por exemplo, é um dos terrenos em que há muito a avançar. Apenas 15% dos estudantes de ciência da computação são mulheres. Até porque os desafios de STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática) ainda se revelam pouco atrativos para elas nas universidades. No mercado de tecnologia da informação, ocupam somente 20% das vagas. A formação cultural das mulheres, em muitos casos, ainda apresenta cautela e perfeccionismo em excesso. O mundo dinâmico de hoje exige que se demonstre rapidamente o que não entendeu e ter a ousadia de aprender na hora. É preciso considerar o equilíbrio entre vida e trabalho, mas também pensar no papel que a sociedade coloca para a mulher e naquele que cada uma quer para si. A ambição feminina permite uma reconquista do seu papel e isso passa por mudar a cultura organizacional para que ela seja mais flexível nas empresas e mais participativa e colaborativa em casa. Para aumentarmos a representatividade feminina nas áreas de TI, precisamos mostrar desde cedo as possibilidades, difundir a história de mulheres que alcançaram sucesso no mercado e muni-las de estratégias para se lançar nas oportunidades e conseguir negociá-las com as lideranças. Do lado das organizações, é importante trabalhar os vieses de gênero e ações de inclusão para considerar e potencializar
talentos de diferentes contextos e lugares. Existem países em que as mulheres nem sequer podem trabalhar e outros onde elas têm maior representatividade no mercado de trabalho em relação ao Brasil. O relatório Women, Business and the Law 2022, do Banco Mundial, aponta que no Canadá as mulheres ainda não recebem o salário equivalente ao dos homens e na África do Sul não têm o seu trabalho em casa contabilizado, assim como no Brasil. Em contraste com os países nórdicos, que estão mais avançados sobre os assuntos de gênero. Para se ter uma ideia, 159 nações ainda precisam formatar leis para incentivar as mulheres no mercado de trabalho após a maternidade. Nas áreas de TI no mundo apenas 25% são mulheres. Entre elas, 5% são asiáticas e 3% mulheres negras, de acordo com o National Center for Women & Information Technology (NCWIT). No Brasil, temos, ainda assim, bons nomes para destacar. O primeiro deles é Tânia Cosentino, da Microsoft, líder da área de tecnologia no Brasil. Ela é o exemplo de mulher que buscou aprender e se lançou no mercado. Também posso mencionar as fundadoras do fundo Dona de Mim como exemplos de mulheres que investem em outras mulheres e, ainda, as investidoras do BR Angels, que olham para o futuro e querem fazer parte da sua construção. Todas são mulheres protagonistas e modelos que podem encorajar e inspirar tantas outras profissionais. Certamente, elas mostraram o caminho. TP
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Um Estado mais moderno Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, relata seus esforços para tornar mais fácil a vida de quem quer empreender no Brasil
Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o general Luiz Eduardo Ramos, carioca, 65 anos, tem entre os seus objetivos principais facilitar o empreendedorismo no país. Ele acredita que a ampliação dos negócios, entre muitas benesses, aumenta a oferta de empregos, em todos os escalões, para o brasileiro. Em última instância, portanto, beneficia a todos. Para transformar teoria em prática, no entanto, é preciso mobilizar não apenas os órgãos federais mas também associações de empresários e a sociedade civil como um todo. Nesta entrevista, Ramos relata, com entusiasmo, as realizações de sua gestão, iniciada em agosto de 2021.
THE PRESIDENT _Em junho de 2019 surgiu o convite para participar do governo. Como foi sua reação? Luiz Eduardo Ramos - Quando o presidente Bolsonaro me convidou para assumir o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo vivi um momento especial. Eu estava na ativa como general de Exército à frente do Comando Militar do Sudeste. É um dos comandos mais estratégicos a que um oficial pode aspirar em seu último posto. Restavamme dois anos e meio como oficial-general quatro estrelas. Abri mão. Aceitei o cargo, como um soldado que recebe a missão de seu comandante. Pesou na decisão minha amizade de quase 47 anos com o presidente. Foi um desafio? Sim. Parecia muito mais complexo do que estava acostumado. Mas fui bem-sucedido. Saímos de uma
modesta base no Congresso e gradativamente assumimos uma posição mais confortável de apoio e diálogo com o Parlamento. Junto a outros atores do governo tivemos sucesso nas vitórias do senador Rodrigo Pacheco e do deputado Arthur Lira como presidentes das casas legislativas. Minha vantagem é que, sem ser filiado a partido político e sem pretensões a cargos eletivos, pude focar exclusivamente as intenções do presidente. Mais tarde, fui chamado a chefiar a Casa Civil para cooperar na coordenação das principais decisões do Executivo. Em seguida, em razão de uma prerrogativa exclusiva do presidente, passei a assumir o posto de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. O desafio é de outra natureza. Que natureza? A missão envolve as questões de
modernização do Estado. Há também uma subchefia de assuntos jurídicos. Por ela tramitam todas as normativas do Governo Federal. Estou à frente, ainda, de uma Secretaria de Controle Interno, que, entre inúmeras atividades, atua na correição do Poder Executivo, além de assegurar os mecanismos de governança dos órgãos da presidência. A experiência que construí ao longo de 47 anos de vida militar, dentro e fora do país, com os dois anos como player com interlocução com os três poderes, deu-me o background para essa atuação. E o desafio da modernização do Estado? Não se trata só de modernizá-lo, mas de fazê-lo com foco no cidadão de todas as camadas da sociedade. O objetivo é aumentar a eficiência da administração pública e melhorar a
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“Os brasileiros já economizaram R$ 50 milhões por adotar o uso de assinatura digital gratuita no lugar de idas a cartórios e órgãos públicos”
prestação de serviços e o ambiente de negócios. Entre inúmeros exemplos podemos citar a redução do número de dias para a abertura de uma empresa. Segundo os mais criteriosos rankings internacionais de avaliação de capacidade de negócios, o Brasil figura entre os melhores em capacidade de inovação. Estamos entre as 65 melhores nações para se fazer negócios. A meta é chegar aos 50 até o final deste mandato. Quais são os principais impactos econômicos e sociais? É preciso que as conquistas econômicas de uma nação forneçam condições para aplicação de políticas públicas de alcance social. Por exemplo: os brasileiros já economizaram cerca de R$ 50 milhões somente por adotar o uso da assinatura digital gratuita em substituição a idas a cartórios ou órgãos públicos. A utilização mensal do serviço cresceu 45 vezes nos últimos oito meses. Quase 130 milhões de brasileiros já contam com o login único para acessar os mais de 72
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3.500 serviços totalmente digitais disponíveis por meio da plataforma Gov.Br. Hoje, 149 sites de órgãos e instituições públicas já estão acessíveis pela plataforma. Queremos aproximar o cidadão do governo, facilitar o acesso a serviços públicos, transformar balcões físicos em virtuais e tornar os ambientes propícios a negócios com menos burocracia e custos. Outro exemplo: o tempo entre a solicitação e ligação de energia elétrica caiu de 120 para 45 dias. Quais são as medidas fundamentais para melhorar o ambiente de negócios? É preciso reduzir o peso do Estado para o cidadão e, ao mesmo tempo, melhorar a segurança jurídica para quem empreende. Criamos a Diretoria de Modernização do Ambiente de Negócios, com o objetivo de promover a governança estratégica e definir projetos, medidas e planos de ação entre os ministérios e os órgãos do governo. Queremos crescer nos indicadores do relatório Doing
Business, do Banco Mundial. Entre os resultados do intercâmbio de agentes federais estão a Nova Lei das Falências (número 14.112/20), a Nova Lei das Licitações (14.133/21), a Lei do Ambiente de Negócios (14.195/21) e a MP de Registros Públicos (MPV 1085/2021) em debate no Congresso. Vale lembrar, ainda, da consolidação do One Stop Shop, ou seja, o Balcão Único. Este modelo é utilizado para transações imobiliárias, licenças de construção, e, até o final deste ano, 24 dos 27 estados já o estarão utilizando para abertura de empresas. Por que a base foi o relatório Doing Business, do Banco Mundial? Ele tornou-se o principal indicador de ambiente de negócios. Obteve repercussão mundial, pois abrangeu 190 países. Mas o acompanhamento deste indicador foi só o início do trabalho. Realizamos o mesmo modelo de governança estratégica no acompanhamento do Índice de Competitividade Global (do Fórum Econômico
Mundial) e o Índice de Liberdade Econômica (do Instituto Fraser). Mapeamos os gaps e os avanços que devem ser promovidos, identificamos as lideranças de governo e da sociedade para cada pilar de atuação e envolvemos os ministérios correlatos. Em 2021, realizamos em São Paulo o Moderniza Brasil – Ambiente de Negócios. O evento contou com a presença do presidente Bolsonaro, de quase todos os ministros e de 350 CEOs do Brasil. Ali apresentamos as entregas do período 2019 a 2021 e as perspectivas futuras para 2022, alinhadas a estes índices. A ideia é facilitar a entrada de novos investimentos e contribuir para que o empresário brasileiro possa se apresentar melhor no mercado internacional.
Como essa atuação impacta em âmbito regional pelo país adentro? O Relatório Doing Business avaliava apenas duas cidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Era importante termos uma avaliação das demais capitais. Encomendamos ao Banco Mundial o relatório Doing Business Subnacional Brasil. A pesquisa foi feita com patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Agora qualquer investidor nacional ou internacional consegue avaliar qual capital brasileira é mais favorável em relação a ambiente de negócios e compará-la com as principais cidades do mundo.
O que tem sido feito para facilitar o andamento das questões jurídicas? No que tange às diretrizes do governo no quesito desburocratização e modernização do Estado, a Secretaria-Geral tem promovido o projeto conhecido por “Revogaço”. Consiste na edição de decretos de revogação coletiva para retirada do ordenamento jurídico das normas consideradas desnecessárias. Desde 2019, já foram editados 12 “Revogaços”, que culminaram na revogação de mais de 5.470 atos exauridos ou tacitamente revogados. Entre eles decretos que criavam órgãos colegiados considerados inoperantes, que tratavam de políticas públicas já superadas por outras atuais e aqueles que reconheceram estado de calamidade para situações específicas já superadas. TP
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O melhor entre os melhores Presidente e CEO do BMW Group no Brasil, Aksel Krieger tem um desafio em mente e mobilizou sua equipe. A meta é manter a liderança da marca entre os veículos premium
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paulistano descendente de dinamarqueses Aksel Krieger assumiu o comando do BMW Group no Brasil em fevereiro de 2019. OU seja, 19 anos depois de ser admitido na companhia e de ter atuado na Alemanha, África do Sul e na China. Sua meta era manter a BMW na liderança do segmento premium, mas, um ano depois de ocupar o posto, veio a pandemia. Driblar a situação foi o maior desafio de Krieger, 46 anos, formado em administração de empresas pela Mauá. E ele agiu rápido, com criatividade e com as ferramentas de que dispunha: os meios digitais.
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Passou a ofertar carros no Instagram, no Mercado Livre e no Farfetch, plataforma de mercado de moda de luxo. Também promoveu apresentações remotas com recursos de realidade virtual e aproximou a BMW do público jovem com lançamentos no TikTok. “Nunca trabalhamos tanto para vender tão pouco”, comenta. O fato é que o Grupo BMW não vendeu tão pouco assim – no ano passado a marca superou os concorrentes alemães somados. Hoje, a cada três veículos premium vendidos no país, um é BMW. O novo desafio de Krieger é ampliar a vantagem, agora com o apelo dos veículos elétricos e, claro, com o apoio dos canais digitais. “Adoro ser desafiado e às vezes me pergunto se serei capaz de superar tal barreira”, confidencia. Os números demonstram que até aqui Krieger tem se superado. THE PRESIDENT _ Qual foi seu maior desafio: criar uma startup na China ou assumir o comando da BMW no Brasil aos 43 anos de idade? Aksel Krieger -Criar a startup na China foi complexo, mas assumir a operação da empresa no Brasil não foi menos desafiador. A vantagem é que nos mais de 100 anos da BMW nos tornamos mais que uma empresa de tecnologia, ambiental ou de engenharia. E, como uma companhia com operações globais, representamos a coexistência de diferentes culturas em todo o mundo. Ou seja, sabemos nos adaptar, vestir a camisa e trabalhar em equipe. Essas características me ajudaram muito nesses dois momentos. Ser brasileiro representa alguma vantagem para um CEO no comando
de uma empresa no Brasil? Sim. Falar com o time fica muito mais fácil, seja sobre futebol ou sobre aquele tempero especial do feijão. Conhecer a cultura local permite encarar com mais facilidade as estratégias de evolução da empresa. Como você diz, o Brasil é um país VUCA [volátil, incerto, complexo e ambíguo]. Se não bastasse, meses depois de você ter assumido, o país foi devastado pela pandemia. O que você imaginou naquele momento? Cada dia mais VUCA. Mas isso não é de todo ruim, porque torna o profissional brasileiro um dos mais flexíveis do mundo, o que é positivo no final das contas. Agimos com rapidez na pandemia e, além das medidas para a segurança dos nossos colaboradores, concessionários e clientes, inovamos nossos processos e forma de atuar. Mantivemos os investimentos em tecnologias e tivemos de liderar uma transformação que passou pela geração de conteúdo e pela forma de tocar o negócio. Evoluímos digitalmente cinco anos em um. Mantivemos todos os lançamentos no país, mas as novas tecnologias exigiram esforço e aprendizado da rede de concessionários para apoiar os clientes. Não pudemos parar esses treinamentos, que são estratégicos para assegurar que as novas tecnologias cheguem ao mercado. Nosso time de treinamento passou a trabalhar com realidade aumentada e conseguiu treinar todo mundo sem necessidade de viagens, expandindo os produtos de forma digital e permitindo o aprendizado como se fosse presencial. Nas situações de crise, é
vital focar em comunicação. E quero aproveitar pra agradecer ao time, aos dealers e aos clientes pelos nossos resultados e pela preferência de nossa marca no país. A pandemia mudou o comportamento do consumidor? Temos a constatação do Phygital, que mistura o físico com o digital nas ações. A reação humana é importante em qualquer ação e ela não se perdeu, mas foi reforçada por ações digitais. Acredito que ainda é cedo para avaliar se mudou e o que mudou. Mas é fato que a pandemia transformou a maneira como as pessoas interagem, como fazem amigos, compram, estudam. Um exemplo: inovamos na maneira de comunicar o lançamento do iX, o primeiro carro inteligente do Brasil e que conta com showroom, modelo e test-drive em um mundo virtual e 3D. Por isso, escolhemos o Metaverso para lançar o modelo, criando uma experiência ainda mais profunda, imersiva e emocional. Mas isso não impediu de levarmos os carros até a casa dos clientes, de entender diferentes necessidades de contato humano na rede e principalmente no suporte aos clientes que precisavam interagir fisicamente. O que mudará nos modelos do BMW Group vendidos no Brasil com o padrão 5G? O 5G será uma revolução e teremos tudo conectado, desde seu carro, sua roupa, sua casa. É a chamada internet das coisas, que continuará a mudar a forma que vivemos. Para mim, que já sou um 40+, é fascinante ver tudo isso. Seu
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e n t r e v i s t a
veículo conhecerá seus hábitos e poderá interagir de forma a simplificar ações. O carro saberá que eu gosto de futebol e vejo jogos do meu time toda quarta no mesmo horário. E, para isso, gosto de estar com a família e pedir uma pizza. Para não perder o horário, o carro me oferecerá comprar a pizza e me indicará a que horas sair do escritório para que a comida e eu estejamos em casa sem perder o tempo do jogo. Este é um exemplo bem trivial, mas de fato tudo estará conectado. De qualquer maneira, a tecnologia ainda pode demorar um pouco para chegar ao Brasil porque depende de vários fatores, muitos dos quais ligados à infraestrutura. O time brasileiro participa do desenvolvimento dessas novas tecnologias? Nosso time de engenharia local e
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conectividade está entre os melhores do Grupo BMW no mundo. Temos uma equipe dedicada a apoiar os desenvolvimentos globais do Brasil. Desenvolvemos localmente o motor flex da BMW X1, fizemos parte do desenvolvimento global dos aplicativos My BMW e MINI App e outros projetos. Além disso, ajudamos nos testes globais de infotainment [tecnologias de informação e entretenimento] do BMW iX, e trabalhamos no desenvolvimento da Digital Key, que permite controlar o seu veículo com o celular. Os modelos BMW elétricos e híbridos representam quanto nas vendas? Foram mais de 2.600 BMW eletrificados vendidos ano passado. Isso dá um aumento de mais de 162% em comparação com 2020 e representou 18% das nossas
vendas totais. O consumidor está aderindo cada vez mais a essa onda e, hoje, esses modelos já são mais de 20% nas nossas vendas em BMW e quase 50% em MINI. No momento, além dos elétricos, temos os BMW Série 3, Série 5, X3 e X5 com opções híbrido plug-in em nosso mercado. Os números mostram que, até o final da década, 50% do mercado premium do Brasil será puramente elétrico. Até lá, a MINI será globalmente, e aqui também, 100% elétrica. Não é contrassenso investir em eletrificação em um país com sérios problemas de infraestrutura quando temos o etanol, uma fonte de energia limpa? O etanol é uma realidade brasileira e há outras possibilidades de uso deste combustível renovável em motores a hidrogênio. Ter uma equipe de engenha-
“O cliente premium roda cerca de 15 km por dia. E menos de 5% dos deslocamentos acima de 400 km são feitos de carro” ria no Brasil também nos apoia para desenvolver ações com foco no cliente local. Nossos modelos de maior volume, ambos fabricados em Araquari (SC), têm versões flex – e são os modelos premium mais vendidos no Brasil: BMW Série 3 e BMW X1. Mas a realidade nos mostra que a tecnologia avança de forma muito acelerada em direção à eletrificação. O futuro da mobilidade premium é elétrico e irá se desenvolver com diferentes tipos de infraestrutura de recarga: privada (nas residências), corporativa (instaladas em empresas) e ainda a rede pública compartilhada. Crescendo mês a mês, o número de carregadores reforça cada vez mais que o Brasil terá ao menos 50% do mercado premium automotivo com propulsão elétrica no final da década. Com base na coleta de informações de telemetria local dos veículos, no segmento de elétricos premium, a preferência está em recarregar nas residências ou empresas. Sendo assim, todos os carros elétricos vendidos pelo grupo são entregues com dois carregadores: um carregador fixo, BMW/ MINI Wallbox, e um carregador portátil, oferecendo o máximo de flexibilidade e praticidade. Já entregamos mais de 10 mil estações de recarga privadas e corporativas no Brasil. E ainda assim seguimos a
investir em rede de recarga compartilhada, com mais de 400 carregadores instalados no Brasil. Veículos híbridos seriam a melhor alternativa hoje? O foco e a decisão devem ser do cliente. Os híbridos foram uma boa alternativa no início, mas acredito que, à medida que o desenvolvimento das baterias vai evoluindo, essa opção deve perder um pouco de força. Dou como exemplo a autonomia acima de 600 km do BMW iX ou acima de 400 km do BMW iX3. Isso torna os elétricos cada vez mais atrativos. Pensando no cliente premium, menos de 5% dos deslocamentos acima de 400 km são feitos de automóvel. Ou seja, a realidade atual oferecida pela BMW já supre essa demanda com alguma tranquilidade. Usando dados de telemetria dos veículos coletados localmente, o cliente brasileiro premium roda ao redor de 15 km por dia. Sustentabilidade é uma das preocupações da maioria das empresas. Quais as ações que vocês têm aqui no Brasil nesse sentido? O Grupo BMW tem metas claras de sustentabilidade, dentro de uma
estratégia global chamada Neue Klasse [Nova Classe]. Em números, tendo como referência o ano de 2019, queremos reduzir em 80% as emissões de CO2 na produção, em 50% no uso dos veículos por quilômetro rodado e em 20% na cadeia de fornecedores. Além da eletrificação do portfólio, temos diversos projetos já implementados no país. Para citar alguns, desenvolvemos protótipos de carregadores de veículos elétricos totalmente desconectados da rede de energia e que utilizam luz solar como fonte de alimentação. Também investimos em baterias de segundo uso do nosso BMW i3. Instalamos, ainda, placas fotovoltaicas na fábrica de Araquari, também para geração e aproveitamento da energia solar, e temos dois projetos relacionados à economia circular, o Upcycle Element e o Seal the Deal, que reaproveitam materiais que seriam descartados. No ano passado, a BMW investiu R$ 500 milhões na montadora de Araquari. A partir de quando a fábrica terá condições de produzir carros elétricos e/ou híbridos? O aporte foi feito para novos modelos e para o desenvolvimento de novas tecno-
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logias pelo time da engenharia local. Nosso sistema de produção é flexível e conseguiria se adaptar rapidamente para um veículo de propulsão elétrica. Essa possibilidade está nos nossos planos, mas ainda não há um volume no mercado local que justifique a decisão. Ter fábrica no Brasil representa vantagem competitiva para a marca? Sem dúvida, isso nos dá flexibilidade e agilidade. Hoje, um em cada três veículos premium vendidos no Brasil é BMW. No ano passado, a marca vendeu mais que todos os seus principais concorrentes alemães somados. Confirmar a produção de novos modelos seis meses após vendas na Europa e ter a certeza de que receberemos ainda um modelo novo e totalmente inédito reforça a qualidade do nosso time e processos para produzir com tecnologia, qualidade e paixão no Brasil. Temos
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um compromisso com o país, acreditamos no Brasil e no futuro das fábricas de Araquari e na fábrica de motocicletas de Manaus. A indústria automotiva já atingiu a rapidez necessária para detectar tendências e, sobretudo, lançar modelos inéditos? A BMW é ágil nesse sentido? Sinceramente, acredito que somos bastante ágeis, principalmente em uma indústria em que as decisões necessitam de tempo para maturar. Nós nos desafiamos sempre a fazer diferente, a agir como uma startup e entregar como uma multinacional. Nos reinventamos há mais de 100 anos e temos nestas ações, além da exclusividade, uma abertura de comunicação grande com jovens e outros públicos. Não acho que jovens não gostem de carros e nossas pesquisas mostram que, na verdade, a
indústria automotiva não se comunicava com essa faixa etária. Temos de ampliar nossa comunicação para ser mais inclusiva e pensar no cliente de amanhã. A Rolls-Royce, por exemplo, uma marca do BMW Group, tem a maioria dos novos clientes na faixa dos 20 anos. Temos de pensar também em momentos da vida. Muitos jovens millennials passaram a buscar por carros quando o primeiro filho chegou e viram a necessidade de uma cadeirinha, opção que não existia nos modelos compartilhados (seja táxi ou APP), que não traziam a mesma segurança para transportar bebês. Lançamos diversos produtos da BMW em 2021, incluindo ações em mídias sociais. A exemplo disso, o lançamento do M3 no TikTok, fato inédito até então no nosso mercado, e a venda exclusiva do BMW X7 Dark Shadow no site Farfetch. Fomos os
primeiros a lançar um veículo no Metaverso, com o BMW iX. Isso é inovação e querer falar com os mais jovens na língua deles. Qual a média etária dos compradores de BMW? Como mencionei, nossa ideia é falar cada vez mais com o público jovem. Isso não significa que essas pessoas terão acesso aos nossos produtos agora. Acontece que, se não plantarmos essa semente, abriremos espaço para os competidores. Considero que, a partir dos 18 anos, temos diferentes produtos para diversos perfis de pessoas. Hoje, a faixa etária média do cliente BMW está entre 35 e 54 anos. Um dos apelos da BMW é, não sem motivo, a esportividade, qualidade que fala mais alto ao público masculino.
A questão é: como atrair as mulheres? Somos uma empresa diversa e inclusiva. Pessoas diferentes se relacionam de forma diferente, independentemente de gênero, com o veículo e não podemos nos limitar a gênero. Nosso foco está no cliente e o objetivo é agradar todos e todas tendo a diversidade em seu aspecto pleno nesta proposta. Temos cada vez mais clientes mulheres, tanto em automóveis como em motocicletas. Em um mercado competitivo, como o de carros premium, o pós-venda é um dos recursos mais importantes para cativar clientes. O que difere a BMW de outros competidores nesta área? Precisamos sempre encantar o cliente, superar as expectativas. Conseguimos isso individualizando, personalizando, e customizando o atendimento. A concorrência é importante e saudável,
mas seguimos a liderar a transformação da indústria de mobilidade premium e este foco no cliente, a humanização e paixão do nosso time, com os produtos e serviços adequados ao mercado, fazem a diferença. Qual o índice de fidelidade do comprador dos veículos do grupo? Quem vem para as nossas marcas fica e traz amigos e família. O cliente fica majoritariamente com a gente quando troca o produto e ainda influencia muito sua família e círculos de amigos a fazerem o mesmo. E aqui quero agradecer a fidelidade e a paixão do brasileiro, que mantém BMW e BMW Motorrad como as líderes e marcas favoritas no Brasil para o mercado premium. Temos muitos clientes já no quinto ou sexto modelo e que pretendem ficar com a marca. TP
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MA I SU MAME D A L H AP R AN O S S AC O L E Ç Ã O !
U MO R G U L H OP A R AN Ó SB R A S I L E I R O S .
Pr oi bi daav endadebebi dasal c oól i c aspar amenor esde18anos Sebebernãodi r i j a-Apr ec i ec om moder aç ão
F ot o: @r evi s t anos eout r os ol hos
Renato Carioni e Leonardo Recalde
Chef e sócio do restaurante Così De casa nova
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sucesso paulistano
O Così mudou de endereço. Fica agora na região paulistana dos Jardins. Também ganhou pratos inéditos e até mesmo uma tabacaria. Mas a cozinha continua a mesma – e, como sempre, ótima Por WALTERSON SARDENBERG Sº Retratos CLAUS LEHMANN
Enquanto ótimos restaurantes fechavam ao longo da pandemia, o Così de São Paulo deu um passo adiante. E que passo! A casa de cozinha italiana contemporânea, comandada pelo empresário Leonardo Recalde e o chef Renato Carioni – e agora com o aporte de Bia Rabinovich –, deixou o bairro de Santa Cecília, onde estava havia 11 anos, e mudou-se para a Haddock Lobo, na região dos Jardins, vereda com tradição de grandes restaurantes. O novo endereço é amplo e agradável. Tem uma varanda arejada, um salão acolhedor e, de quebra, um bar de charutos no piso superior, parceria com a tabacaria Caruso. Melhor ainda: o cardápio, onde cintilam pratos concorridos, ganhou um segundo menu, com criações recentes de Carioni. Nascido em Florianópolis há 45 anos, o chef tem 26 anos de profissão. Dez deles passados na Europa, onde trabalhou no Hotel Ritz londrino, no Villa de Lyz de Cannes, na França, e na Enoteca Pinchiorri, em Florença, na Itália, entre outros. De volta ao Brasil para comandar a cozinha do Cantaloup, em São Paulo, Carioni conheceu por lá Leonardo Recalde, hoje com 45 anos e formado em administração de empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Juntos, sonharam o Così. E o transformaram em um sucesso – agora renovado.
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THE PRESIDENT _ Como é a gastronomia do Così? Renato Carioni – A cozinha é italiana mas com base francesa. O leigo não percebe, mas quem conhece descobre logo. Prezamos por uma comida fora de modismo. Jamais enveredamos pela ideia do molecular, nem levantamos bandeira de região italiana, nem nada disso. É uma cozinha contemporânea, com uma pegada autoral e uma pincelada de ingredientes brasileiros, mas sem exagero. Você não vai achar puxuri, por exemplo. É uma cozinha fresca, feita com ingredientes de qualidade, com cara, gosto e cheiro de comida. Até que ponto é cozinha contemporânea? RC – Olha, não tem, por exemplo, nada “desconstruído”. Se você pedir um ossobuco, ele estará lá, em carne e osso. Não virá disfarçado de nada. Se você pedir um ravióli, vai ter cara de ravióli. O recheio pode surpreender, a cocção também, mas você reconhecerá um ravióli. Quando abrimos o Così, seguimos o movimento da bistronomia. Era comida de chef com ingredientes de qualidade, só que em lugares, digamos, off-Broadway. O endereço permitia preços mais camaradas. Fizemos isso durante 11 anos lá em Santa Cecília e deu muito certo. Somos os únicos que realmente levaram a sério o conceito de bistronomia em São Paulo. E nessa passagem para a região dos Jardins, o que mudou? RC – Não perdemos os clientes antigos,
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e conquistamos novos. Em Santa Cecília havia o problema da localização. A rua era escura, contramão. Leonardo Recalde – Ir ao Così era um programa alternativo. Nos diziam: “Nossa, como vocês têm um restaurante desses aqui?”. Agora essas mesmas pessoas falam assim: “Ah, até que enfim vocês estão onde deveriam estar desde o começo”. Ainda em Santa Cecília vocês já incluíam o foie gras como ingrediente opcional nos pratos. Ainda é assim? RC – Sim. Para não obrigar o cliente a gastar mais. Mas para quem gosta é uma maravilha. Dá um up nos pratos. Por que o nome Così? LR – Quando pesquisávamos nomes, pensamos em um batismo curto, de fácil lembrança e fácil pronúncia. Fizemos um brainstorming entre uma taça de vinho e outra e chegamos a Così. Por que Così? Em italiano significa “assim”. E o Così é um restaurante bacana, sem ser refinado. Tudo com serviço legal, sem ser muito formal. Assim (ou Così) do nosso jeito. Independente de mudarmos de lugar, o conceito é o mesmo. Quais são os pratos que se tornaram mais concorridos e se transformaram, digamos, em clássicos da casa? RC – O ovo mollet trocou de roupa algumas vezes, mas continua sendo bem pedido. O ravióli de pupunha e o risoto de polvo também têm muita saída. O ossobuco está no cardápio desde o começo, só trocamos a guarnição. O
polpetone já saiu e voltou. Mas servimos com salada de rúcula para não ficar aquela coisa pesadona, de cantina. Em cima do polpetone adicionamos tomate e mozarela de búfala, como se fosse uma salada caprese, e botamos no forno. Quantas pessoas trabalham na casa? LR – Cinquenta, contando salão, cozinha e administração. É uma operação muito maior. Em Santa Cecília tínhamos 20 funcionários. Vocês se mudaram para os Jardins justamente no período da pandemia. Como foi isso? LR – Já havíamos tentado outro endereço. O Così de Santa Cecília foi um sucesso desde a inauguração. Então, uns dois anos depois, abrimos uma filial na Vila Nova Conceição. Foi o maior tombo da nossa vida. RC – Não, calma! O primeiro ano foi legal, o segundo ano empatou. O terceiro ano é que foi um buraco negro, que nos obrigou a fechar. LR – Durante o almoço era fraco. E ótimo nos finais de semana. Mas quando tinha feriado ficava vazio. Ao contrário do Così original, que sempre foi um sucesso. Bem, enfim pagamos as nossas contas da casa da Vila Nova Conceição, fechamos a casa e continuamos tocando a operação em Santa Cecília. Até que a dona do imóvel começou a inflacionar demais o valor do aluguel. Aí passamos a procurar um novo endereço. E achamos. Aqui na Haddock Lobo funcionou antes uma loja Christian Dior e, depois, o restaurante La Macca, que não
vingou. O Renato passava todo dia em frente a caminho do clube e dizia: “Pô, que restaurante, cara, que localização, que negócio sensacional!”. Era o restaurante com que a gente sempre sonhou. E como foi a passagem de um imóvel para outro? LR – Rapidíssima. Fechamos a casa de Santa Cecília num dia e, uma semana depois, já estávamos abrindo aqui no Jardins. A pandemia não afetou os negócios? LR – Seis meses antes da pandemia havíamos aberto um Così em Brasília. Era uma casa linda e muito bem estruturada. Ficava dentro de um shopping. Com a pandemia, infelizmente tivemos de fechá-la. Vocês promoveram uma vasta reforma no novo endereço dos Jardins em plena pandemia. Havia capital para isso? LR – A operação foi viabilizada com o ingresso de uma nova sócia, a Bia Rabinovich. E desde que abrimos o Così funciona direto. E ainda inauguramos no andar superior o Caruso. De início, pensávamos em usar o espaço apenas para eventos. Mas aí conhecemos o André Caruso. Ele procurava um espaço para fazer uma filial da tabacaria Caruso, um bar para fumantes de charutos, nos Jardins. A matriz fica no Itaim Bibi. RC - E assim surgiu a única tabacaria que é servida por um restaurante bacana.
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O cardápio no Caruso é o mesmo do Così? LR – Sim, você pode escolher qualquer prato do restaurante. Mas há também um cardápio próprio, com pratos para compartilhar, bolado pelo Renato. Vocês aderiram logo à proposta da parceria com uma tabacaria? RC – Eu nem queria ir à primeira reunião. Não gostava de charuto. Não curtia nem o cheiro. E o imóvel fica próximo a uma loja de roupas femininas. Pensei: “Vamos defumar as roupas das patricinhas. Elas vão nos matar!”. LR – A primeira premissa do negócio é montar um sistema que não vaze cheiro algum de tabaco. O nosso business primordial é restaurante. Não
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iríamos sacrificá-lo, claro. Montamos um eficientíssimo sistema de exaustores. O Renato acabou topando. Mas continuou reticente quanto aos charutos. Corta para os dias atuais: o Renato fuma charuto todos os dias, até na casa dele. [Risos.] O Caruso também funciona como um clube, correto? LR – É um clube. Uma vez que a pessoa se associe, tem benefícios, cada vez maiores, a depender do nível de sócio. São, por exemplo, descontos no que você consome, incluindo os charutos. Aos sábados oferecemos uma lasanha, sem qualquer custo adicional. Vem numa daquelas belas panelinhas de ferro.
E vocês vendem, claro, os melhores charutos do Caribe e América Central. LR - A Tabacaria Caruso tem 136 anos. Está sob o comando da quarta geração da família. Eles têm muita experiência. Conhecem tudo sobre o assunto. O movimento do restaurante voltou ao estágio pré-pandemia? LR – Sim. Está cada vez mais normal. O público estava muito necessitado de sair de casa. Antigamente, não abríamos de domingo à noite. Além disso, fechávamos entre almoço e jantar. Agora o Così abre todos os dias, de segunda a domingo.
Como funciona o almoço executivo? RC - Muda todos os dias, sem escolha, para dar preferência aos produtos frescos e sazonais. Sempre foi um sucesso. Tem entrada, prato principal e sobremesa. No começo um monte de gente criticou. Até que ganhamos o prêmio da revista Época de melhor almoço executivo de São Paulo. LR – E há algo ótimo: temos um público feminino muito forte. RC – E, afinal de contas, são elas que decidem onde o casal vai sair para almoçar ou para jantar. E o novo Così tem coquetelaria? LR – Em Santa Cecília, não tínhamos espaço para uma boa coquetelaria.
Agora temos. O bar, aliás, é o que mais chama a atenção na casa. Ele é tocado pelo André Caveagana, bartender com mais de 20 anos de atuação. Há novidades nas sobremesas? RC – Sempre tivemos no cardápio o tiramisù tradicional e uma releitura, com frutas vermelhas. Onde tem café no tradicional, botamos um coulis de frutas vermelhas e finalizamos com licor de cassis. A novidade, porém, é uma sobremesa de creme de mascarpone com goiabada, acompanhado de biscoito e sorvete caseiro de pistache. Transformamos em algo muito mais refinado. Tem três texturas distintas de goiabada. Com a
repaginada, tornou-se nossa sobremesa mais vendida. Vocês têm planos de expandir para outros lugares? LR – Sim. Queremos levar esse combo restaurante/tabacaria para outras praças. Brasília, inclusive? RC – Sim, claro. É uma praça ótima de trabalhar. Só não deu certo por causa da pandemia. LR – O importante é que eu e o Renato tenhamos o controle da qualidade da operação. Precisamos ser fiéis ao conceito Così, que, modéstia à parte, é um conceito vitorioso. TP
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Sucesso instantâneo Restaurante Imma une menu autoral com arquitetura inovadora Por ney ayres Fotos Tuca Reinés
O restaurante Imma, do chef Marcelo Giachini, está fazendo sucesso. Instalado em pleno bairro do Jardim Europa, em São Paulo, e recém-inaugurado, já chama a atenção (e os elogios) da crítica especializada, pela gastronomia de primeiríssima. O menu reúne receitas autorais, como o arroz de pato e a barriga de porco com purê e salada, mas sempre com um toque pessoal. O ambiente também ganha adeptos. A decoração ficou por conta do arquiteto Otavio de Sanctis, que criou um espaço acolhedor, confortável e moderno. Agrada, sobretudo, a quem gosta de informalidade – mas com serviço de alto gabarito. As mesas estão distribuídas em três ambientes: terraço, salão e área externa. Este último, sobretudo, um jardim arborizado, é ideal para um almoço demorado. Também vai bem de noite, em virtude de uma iluminação especial, mas jamais agressiva. O Imma tem capacidade para abrigar até 90 pessoas. A culinária, o décor e o atendimento justificam seu sucesso instantâneo. TP Imma Rua Emanuel Kant, 58, Jardim Europa, São Paulo - SP (11) 3064-6254 @immarestaurante
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São Paulo adora o Aguzzo A marca de alta gastronomia italiana já tem quatro endereços na cidade
A primeira unidade do Aguzzo foi inaugurada há 16 anos, em 2006. Desde então, a marca vem se tornando uma instituição da gastronomia paulistana. Sobretudo daquela de estrato italiano. Não à toa, sua qualidade foi reconhecida pela imprensa especializada. O Aguzzo mereceu premiações das revistas Veja São Paulo, Gula e Prazeres da Mesa , além do jornal O Estado de S.Paulo, entre outros veículos de prestígio. Os pães, as massas, os molhos artesanais ganharam troféus. Destaques para o Gnocchi, eleito o melhor da cidade, e o já clássico Filetto Aguzzo, uma variação deliciosa do filé à parmegiana. Uma prova de que o paulistano abraçou o Aguzzo com entusiasmo é o fato de serem hoje três endereços na cidade. Todos eles servindo uma culinária ao mesmo tempo saborosa e tradicional, ainda que adaptada ao gosto contemporâneo. Há o Aguzzo Cucina Italiana Pinheiros, o maior, com 130 lugares. Tão ou mais requisitado é o Aguzzo Cucina Italiana Jardins, na Rua Haddock Lobo, enclave dos melhores restaurantes paulistanos. O mesmo se pode dizer do Aguzzo Trattoria Moema (aberto com outro nome, Aguzzo Express). Sem esquecer que os outros restaurantes da marca, além do atendimento presencial, também trabalham com o sistema delivery. Aguzzo é uma marca que veio para ficar. O paulistano que o diga. TP aguzzo.com.br
No alto, o chef Rafael Azrak. Acima, o prato Polenta al Ragu di Agnello
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La vie en rose Rosados contêm taninos como os tintos e costumam ser tão aromáticos quanto os brancos. O vinho rosé vai além das fronteiras da Provence e ganha destaque em várias outras regiões vinícolas do mundo, encantando paladares delicados, porém não menos exigentes. É com grande satisfação que a Casa Flora representa excelentes rosés provenientes da África do Sul (Nederburg Rose 2021), do Chile (Casablanca Cefiro Reserve Rose 2021), da Espanha (99 Rosas Rosé 2020) e da França (Le Rosé de Floridene 2017), da região de Bordeaux, entre outras. Experimente os nossos rosados. Para mais informações: casaflora.com.br casafloraimportadora
Aprecie com moderação.
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apresenta
Presentes de chef
Para demonstrar seu afeto, gift boxes com assinatura La Pastina são boas escolhas para o Dia dos Namorados e outras celebrações Para pessoas muito importantes, nada melhor do que um presente escolhido com cuidado e carinho. As gift boxes “LA PASTINA Kit do Chef” são excelentes sugestões para o Dia das Mães e Namorados. Grande disseminadora da alta gastronomia no Brasil, a LA PASTINA apresenta mais de 100 opções de caixas com iguarias e vinhos de rótulos variados, em diversas faixas de preços. Essas gifts boxes são presentes elegantes elaborados por especialistas, como wine hunters, sommeliers e chefs convidados como: Silvia Percussi, Allan Vila Espejo, Roberto Ravioli, Sergio Arno, Douglas Benatti, Giuseppe Gerundino, Izabela Dolabela e Isaac Azar. Tudo foi pensado para preparar grandes receitas em casa. Cada kit é composto por ingredientes para a receita, uma filipeta impressa com o passo a passo e um vinho para harmonizar. Todos os itens vêm embalados dentro da icônica caixa vermelha da marca.
Confira aqui quatro kits com assinatura de alguns desses incríveis chefs. Kit do Chef – Silvia Percussi Apaixonada por gastronomia desde a infância e com grande prazer em agradar as pessoas pelo paladar, Silvia Percussi se tornou chef e proprietária há mais de três décadas do restaurante Vinheria Percussi. Um dos grandes dons da chef Silvia é unir gostos e aromas de diversos lugares do mundo. O kit assinado por ela conta com a receita de Risotto alla Orientale, feito com Arroz Basmati. Como harmonização desse prato, a sugestão é o vinho Rosabelle Rosé - elaborado com castas tradicionais, cultivadas no sul da França, com influência do Mediterrâneo e plantações de lavanda e rosas. Um vinho que encanta com seus aromas e sabores delicados.
Os chefs e seus kits: Roberto Ravioli (à esq.) e Allan Vila Espejo com sua filha, Mireia. Na página ao lado, Silvia Percussi (à esq.) e Isaac Azar
Kit do Chef – Allan Vila Espejo O chef Allan Vila conta com uma bagagem de 20 anos de televisão e 38 anos comandando sua rede de restaurantes. O chef assinou a coleção com a receita de Paella Mista, com o Arroz para Paella. Quem se juntou a ele para produzir essa receita especial foi sua filha chef Mireia Vila. Outros ingredientes de destaque são o Paellero e a Páprica Doce produzidos pela centenária marca Carmencita e Azeite Extravirgem DOP Terra di Bari La Pastina. Para a harmonização, o vinho escolhido foi Carlos Serres Rosado, um rótulo moderno e leve elaborado em Rioja, uma das regiões mais prestigiadas da Espanha. Kit do Chef – Roberto Ravioli Chef Roberto Ravioli é considerado um dos mais importantes defensores da cozinha italiana de raiz no Brasil, um ícone da gastronomia paulistana. O chef assinou a sua gift box com a receita Cuscuz de Frutos do Mar, feita com Polenta Divella. Além
disso, o kit é composto por Pomodori Pelatti La Pastina, Lula em Pedaços Albo, Sardinha em azeite Albo e Pimentão ao forno La Pastina. O vinho escolhido foi o Terre di San Vincenzo Sette Spezie hnnay IGP - elaborado com a casta rainha das brancas, Chardonnay, possui um estilo moderno, jovem e fresco. Kit do Chef – Isaac Azar Apaixonado pela gastronomia e azeites de oliva, o chef Isaac Azar é o fundador da reconhecida rede Paris 6. Na coleção, assinou a receita Risotto Envelhecido com Alcachofra. Outros ingredientes de destaque são o Coração de Alcachofra Grelhado e o Pomodori Pelati Orgânico, ambos da La Pastina. Para a harmonização, a caixa vem com o vinho Emiliana, maior vinícola orgânica do mundo, Adobe Reserva Riesling - este branco nos encanta por sua vivacidade e equilíbrio. Destaque para seu caráter fresco que remete a notas de frutas cítricas, como limão, flores e toques minerais. TP
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A vez delas
Em São Paulo, as mulheres comandam a coqueteleria de alguns dos bares mais incrementados Por ney ayres
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Somente gim
Muito inventiva
Hannah Jacomme é a bartender responsável pela carta de drinques do Urban
Mais uma mulher bartender? Pois bem, anote este
Distillery. O bar, em estilo speakeasy, fica na fulgurante rua Nestor Pestana, no
nome: Isabelle Aymard. Ela está à frente dos coquetéis
bairro da Consolação, pegado ao centro de São Paulo. Aliás, está fincado em
do restaurante Imma, do Marcelo Giachini, no Jardim
um casarão tombado pelo Patrimônio Histórico. Ali é produzido o Jardim
Europa, em São Paulo. Isabelle é formada em
Botânico, um gim composto por uma mescla de ingredientes exclusivos da flora
veterinária. A coquetelaria era apenas um hobby. Ela
brasileira, incluindo o pau-rosa. Com ele, Hannah inventa coquetéis criativos –
gostava tanto do passatempo que o transformou em
todos com gim. O No Toilet, por exemplo, que leva refrigerante de wasabi e
profissão. Suas criações chamam a atenção da crítica
pepino. O nome é uma brincadeira sobre o Drosophyla Bar. Nascido no ano de
especializada. Isabelle é craque nos coquetéis
1986, em Belo Horizonte, o botequim não tinha banheiro. Os fregueses
tradicionais, mas também se vale de bolações próprias
precisavam atravessar a rua para usar o da lanchonete vizinha. Já o coquetel da
– bastante inventivas, por sinal. Um exemplo é o Bitter
foto é o The Last World (com o licor italiano Luxardo Maraschino, o licor francês
Giuseppe. Agrega Cynar, vermute tinto, limão e bitters
Chartreuse e limão). Cítrico, herbáceo e doce, tem sabor persistente e
de laranja e cacau.
leve adstringência.
Imma - Rua Emmanoel Kant, 58 – Jardim Europa,
Urban Distillery - Rua Nestor Pestana, 163 - Consolação, (11) 3120-5535
(11) 3064-6254
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A melhor do World Class As mulheres vêm, de fato, ganhando cada vez mais projeção entre os bartenders. Entre os destaques, vale lembrar de Bianca Lima. Ela é nada mais nada menos que a melhor bartender do país, premiada na etapa brasileira do concurso World Class, promovido pela Diageo. No momento, Bianca trabalha no bar Boato, instalado no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo. Uma das suas criações é o coquetel Meia Verdade. É composto por bourbon Woodford Reserve, chá Lady Grey, sálvia, bitter e cogumelo enoki. Bar Boato - Rua Pedroso Alvarenga, 1135 – Itaim Bibi, (11) 4040-3673 Bartender Premiada Thatta Kimura é profissional experiente. Teve passagens pelo Fel, Frank e Attimo, na cidade. Está no comando, agora, da coqueteleria do recém-inaugurado Bar Marola, em Pinheiros. Premiadíssima, Thatta pode ser bastante surpreendente nos coquetéis, incluindo a caipirinha, que obriga qualquer bartender a limitações. Entre os seus drinques mais requisitados estão o Guará (tequila, xarope de manga, triple sec, limão e sal de manga) e o Jangadeiro (gim, caldo de cana e água de coco). Bar Marola - Rua dos Pinheiros, 1293 – Pinheiros, @bar.marola
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Imagens meramente ilustrativas.
ASSADO DE TIRAS
Na Mantiqueira Três restaurantes de primeiríssima na privilegiada região serrana Por andré boccato Fotos Nil Fabio Produção e Set Styling Fabíola Maceo Costela suína e, abaixo, brusqueta do ART BBQ
ART BBQ Por tradição, a gastronomia de Campos do Jordão (SP) se alinhou, por décadas afora, com aquela praticada nos Alpes. Nos últimos tempos, porém, a cidade serrana vem ganhando receitas surpreendentes. Como a dos pratos servidos no ART BBQ. Ali você se sente como se estivesse em Austin, Houston ou Dallas. Ou seja, em pleno estado americano do Texas, onde se servem alguns dos melhores barbecues – leia-se churrascos – dos Estados Unidos. Para isso, o ART BBQ foi buscar nas ricas terras petrolíferas do Tio Sam o especialista Arthur Hess. Ele sabe tudo de churrasco mexicano. Foi Hess quem montou o pit smoker (o defumador) da casa, responsável por dar um sabor especialíssimo às carnes. Também ensinou os cortes típicos do estado sulista americano. Um craque. De segunda a quarta-feira, o ART BBQ funciona apenas para almoço. A partir daí, também no jantar. Nos fins de semana, vira uma festa depois das 23h com shows musicais e de stand up comedy. Ah, sem esquecer que é pet friendly. ART BBQ Rua 3, número 308, Vila Floresta, Campos do Jordão – SP @a.r.t.bbq_camposdojordao (12) 99740-0777
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Gastronomia para todos os sentidos. Rua Manuel Guedes, 474 - Itaim Bibi, São Paulo Telefone: (11) 3165-3445 @ cantalouprestaurante
O prato Porquinho escondido do Donna Pinha. Ao lado, torta cremosa de amêndoas com frutas vermelhas do Le Foyer
Le Foyer O Chateau la Villette é um dos hotéis boutique mais exclusivos de Campos do Jordão. Uma preciosidade. Ali dentro funciona o restaurante Le Foyer, inaugurado em 2005. De início, apenas os seletos hóspedes da saudosa proprietária, Ana Maria Rozette, tinham acesso às maravilhas da cozinha franco-suíça da casa. No entanto, receitas como a fondue na pedra – ainda hoje o carro-chefe do cardápio – ganharam tal repercussão que o Le Foyer acabou aberto ao público exigente em geral. Tal fato ocorreu em 2009, quando o endereço passou a integrar a associação Cozinha da Boa Lembrança. O cardápio oferece iguarias desde as entradas. Por exemplo: escargots e steak tartare. Lembre-se também das ostras frescas, vindas diretamente do aquário da casa. Os frutos do mar, da mesma maneira, estão presentes em vários dos pratos principais. O ambiente é romântico, perfeito para casais. Nem por isso deixa de ser acolhedor em jantares de família, casamentos e eventos que tais. Basta fazer a reserva. O La Foyer está aberto todos os dias para jantar, das 19h às 23h. Nos fins de semana e feriados, funciona para almoço, das 12h às 15h. Le Foyer Rua Cantídio Pereira de Castro, 100, Vila Everest, Campos do Jordão. @chateau_la_villette / @restaurante_le_foyer (12) 3663-1444 Donna Pinha Para quem sobe a Serra da Mantiqueira, a simpática cidade de Santo Antônio do Pinhal desponta 12 quilômetros antes de chegar a Campos do Jordão. É bem menor. E tranquilíssi-
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ma. Essa serenidade interiorana fica ainda mais explícita no Restaurante Donna Pinha, instalado em meio à mata e ao lado de um bucólico riacho. A culinária, seja como for, nada tem de simplória. Está nas mãos seguras e criativas da chef Anouk Migotto, que sabe valorizar os produtos da região. As trutas grelhadas são uma das especialidades. Outras: fondues, avestruz, cogumelos, pratos vegetarianos e veganos. Vale experimentar a linguiça de truta servida na pedra, criação de Anouk. Ao longo do ano, são realizados seis festivais de produtos que inspiram as receitas do cardápio. Entre eles os da alcachofra e pinhão. “A terra é rica e próspera”, diz a chef. “Sou grata todos os dias por estar aqui.” O Donna Pinha faz parte de diversas associações culinárias. Além disso, promove a sustentabilidade, com reciclagem de materiais e energia renovável. Lembrando ainda, claro, a valorização do pequeno agricultor. “Isto não deveria ser destaque e sim um hábito de todos”, pondera Anouk. Com 20 anos de existência, o restaurante é a concretização de um sonho. Uma dica: as 40 melhores receitas da chef estão reunidas no livro Donna Mantiqueira, que pode ser adquirido pelo site donnapinha.com.br ou no próprio restaurante. Donna Pinha Avenida Antônio Joaquim de Oliveira, 647, Centro Santo Antônio do Pinhal donnapinha.com.br @chef_anouk / @donna_pinha (12) 3666-2669
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Sempre elas
As cervejas belgas costumam receber algumas das maiores premiações. Selecionamos quatro das melhores Por ney ayres Verhaeghe Duchesse de Bourgogne A Duchesse de Bourgogne é uma cerveja belga, do estilo Flemish Red-Brown (Vlaams Rood-Bruin), tradicional da região de Flandres. Tem muita história. É produzida pela Brouwerij Verhaeghe-Vichte, uma pequena empresa familiar fundada em 1885. Trata-se de uma cerveja com personalidade, que passa por envelhecimento em barricas de carvalho francês. O produto final é um blend entre safras de 8 e 18 meses, com graduação alcoólica de 6,2%. O nome homenageia a duquesa Marie de Borgonha, que viveu no século 15 nos arredores de Bruxelas. Com 20 anos, esta nobre herdou o Ducado e ficou conhecida por ser uma mulher com temperamento forte e decidido. Durante seu governo fez com que a França reconhecesse a autonomia da província de Borgonha. Morreu com apenas 25 anos, em uma queda de cavalo. Ainda hoje a cerveja Duchesse de Bourgogne remete à realeza: em 2004 ganhou o privilégio de ser servida no casamento do príncipe Frederik da Dinamarca com a princesa Mary.
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Foi também uma das primeiras cervejas ácidas a chegar regularmente ao Brasil, em 2012. Há anos figura no top 5 da lista das “100 melhores cervejas disponíveis no Brasil” da revista Prazeres da Mesa. De Cam Geuzestekerij Geuze Lambic é um estilo de cerveja de trigo de fermentação espontânea produzido exclusivamente na região da Pajottenland na Bélgica. A área está circunscrita a um raio de 20 quilômetros ao redor da capital, Bruxelas. Desde 1999 no mercado, a Oude Geuze De Cam é um blend de Lambics jovens, com pelo menos um ano de maturação, e Lambics maduras, com um mínimo de dois anos de maturação, mas podendo chegar a quatro anos. No final, passa por um estágio em garrafa, quando ocorre a refermentação e pressurização do líquido, processo semelhante ao de um espumante. O resultado é uma cerveja bastante seca, com teor alcoólico de 6,5%, leve amargor e acidez elegante. A De Cam é reconhecida pela altíssima qualidade dos produtos e também por sua produção extremamente limitada.
Proprietário da Viña Arboleda
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Oud Beersel Green Walnut Em meados de julho, as nozes ainda verdes são colhidas no pomar da Oud Beersel e adicionadas à Lambic. O amargor inicial, que é extraído das nozes, é arredondado ao longo da maturação da cerveja. Disso resulta um equilíbrio delicado entre a leve acidez da Lambic e o amargor das nozes verdes desta cerveja com 6,5% de teor alcoólico. Originária da cidade de Beersel, 14 quilômetros ao sul de Bruxelas, a Oud Beersel tem uma longa história. Foi fundada em 1882 e passou por quatro gerações da família Vandervelden. Em 2003, sem descendentes para assumir o negócio, a operação acabou interrompida por três anos. Voltou em 2007, agora pelas mãos da família Christiaens, amiga de longa data dos Vandervelden. Gueuzerie Tilquin Pinot Noir à l’Ancienne A Oude Pinot Noir Tilquin à L'ancienne (7,7% alc / vol) é uma cerveja de fermentação espontânea, com 8,1% de teor alcoólico, obtida a partir da de uvas Pinot Noir orgânicas. Não filtrada e não pasteurizada, ganha refermentação na garrafa por um período de quatro meses. Posteriormente é blendada junto a Lambics de dois e três anos. A concentração final é de 325 gramas de fruta por litro de Lambic. A Gueuzerie Tilquin, que a produz, foi inaugurada em 2009 por Pierre Tilquin – PhD em estatística e genética. Mas só dois anos depois lançou sua primeira gueuze, isto é, uma mescla de Lambic jovem com outra mais velha engarrafada para segunda fermentação. Tilquin havia aprendido o ofício trabalhando de maneira esporádica nas cervejarias Cantillon e 3 Fonteinen. Em 2012, ele tornou-se membro da HORAL (High Council for Artisanal Lambic Beers), grupo que reúne 10 dos 15 produtores comerciais de gueuzes. O mais curioso nesse ingresso é que a Tilquin é o único participante ativo fora da região de Pajottenland. TP
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"Com uma culinária rica em tradicionais pratos tipicamente portugueses, o restaurante Marialva trás um clima elegante e sosticado."
@marialvaoficial
Rua Haddock Lobo, 955 - Jardins Reservas: (11) 95956-0546 ou (11) 3061-0261
novidades para sua adega Vinhos de primeiríssima recém-lançados no mercado brasileiro. Experimente Por ney ayres
Clos Apalta 2017 Robert Parker atribuiu 95 pontos. A revista Wine Spectator também. O crítico James Suckling foi além: entusiasmado, marcou 100 pontos. Ou seja, o Clos Apalta 2017 é considerado um dos melhores vinhos do mundo. Suas uvas vêm do fabuloso terroir de Apalta, no Vale do Colchagua, no Chile, e sua constituição, biodinâmica com sofisticado toque francês. A composição: Carmenère (46%), Cabernet Sauvignon (30%), Merlot (19%) e Cabernet Franc (5%). O Clos Apalta 2016 passou 24 meses em barricas novas de carvalho francês. É um vinho encorpado, elegante, equilibrado macio, com excelente acidez. Não admira sua pontuação. Vai bem com carnes de caça e cordeiro. Representado pelo DLB Group e importado por Gran Serafim. TP www.closapalta.com Poliphonia Signature Tinto 2016 A Barrinhas importadora está trazendo com exclusividade o português Poliphonia Signature Tinto (TOP) 2016. É produzido na vinícola Monte dos Perdigões, instalada no Alentejo há mais de 500 anos. Sim, tem muita história. A propriedade – hoje com mais de 20 hectares de planícies – foi residência de Damião de Góis, historiador e humanista lusitano do século 16. Serviu também de inspiração para poetas e músicos. O Poliphonia Signature Tinto é um blend de Syrah, Aragonez e Alicante Bouschet. Tudo começa na colheita manual e continua na fermentação em balseiros de carvalho francês, onde estagia por 12 meses. É um vinho de cor granada, opaco e concentrado. Tem aroma muito intenso com notas florais de cassis em compota. O paladar é rico em fruta com taninos elegantes aliados ao toque da tosta da madeira. barrinhasvinhos.com.br
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Marquês de Borba Vinhas Velhas Tinto 2017 Algumas das mais importantes vinícolas portuguesas são representadas no Brasil pela Casa Flora. É o caso dos vinhos produzidos por João Portugal Ramos. A companhia produz no Alentejo, Douro, Beira e região dos vinhos verdes. Sempre com a adoção de práticas sustentáveis de desenvolvimento rural. Coleciona elevadas pontuações e medalhas de ouro de principais concursos internacionais. Seu novo destaque é o Marquês de Borba Vinhas Velhas Tinto 2017. Trata-se de um blend de Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão e Syrah. Sua fermentação ocorreu em lagares de mármore depois de pisa a pé. Estagiou um ano em barricas de carvalho americano e francês. No aroma, revela frutas negras e folhas de eucalipto com toque de especiarias (sobretudo, pimenta negra). No palato, se apresenta estruturado e equilibrado, com taninos redondos e final persistente. É vinho de guarda. casaflora.com.br Vallado Touriga Nacional 2018 A Grand Cru realizou em São Paulo uma degustação com vinhos da vinícola portuguesa Quinta da Vallado, umas das mais antigas e reconhecidas do Vale do Douro. Acredite: abriu as portas ainda em 1716. A degustação foi brindada com a presença de João Ribeiro, CEO da Quinta do Vallado, que, com todo o denodo, apresentou seus vinhos. O destaque ficou por por conta do Vallado Touriga Nacional 2018. Vinho aromático, estagiou por 16 meses em barricas de 225 litros de carvalho francês. Emana frutas negras, com toques de especiarias. Na boca, revela médio corpo, com taninos macios e elegantes, boa acidez e potência de guarda. Recebeu 93 pontos do criterioso crítico Robert Parker. grandcru.com.br Chardonnay Oak Barrel 2020 Cada vez mais o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, contribui com ótimos rótulos. Assim acontece com o Chardonnay Oak Barrel 2020, da Vinícola Amitié. O vinho tem edição limitada de 6.500 garrafas, com uvas selecionadas das melhores safras, que descansaram 12 meses em barricas de carvalho francês. Já chega ao mercado premiado: acaba de conquistar uma Medalha de Ouro no Chardonnay du Monde, importante concurso francês dedicado a esta casta. Destaque entre 546 amostras de 32 países, o Amitié Chardonnay Oak Barrel ganhou uma das cobiçadas 56 medalhas de ouro atribuídas na ocasião. O rótulo foi produzido sob a supervisão das idealizadoras da marca, a sommelière Andreia Gentilini Milan e a enóloga Juciane Casagrande, com uvas de Santana do Livramento. espumantesamitie.com.br
Um puro ao ar livre O Europa Lounge é um lugar perfeito em São Paulo para os apreciadores de charutos Por ney ayres Um casarão centenário, tombado pelo Patrimônio Histórico na avenida Europa, na região dos Jardins, em São Paulo, abriga o Europa Lounge. Trata-se do novo endereço de uma das mais tradicionais tabacarias da cidade. Ali funciona não só uma espetacular loja de charutos, mas, sobretudo, um bar/restaurante para os apreciadores dos puros, sejam produzidos no Brasil, em Cuba ou outros países do Caribe e América Central. O espaço é amplo e diversificado. Há a área interna, com sala dotada de lareira e decoração ao estilo britânico. O casarão também oferece cômodos privados, para eventos, reuniões e confrarias – sempre com silêncio, conforto e discrição. O Europa Lounge acena, ainda, com uma área externa onde os amantes dos charutos podem se encontrar para degustar um puro ao ar livre. Sim, um privilégio e tanto nos dias mais tépidos. Outro diferencial da casa é o fato de produzir boa parte dos charutos que oferece. Nenhum outro bar/restaurante do segmento tem essa d i s t i n ç ã o . E x p e r i m e n t e o 6 14 . U m p r i m o r. O Europa Lounge, aliás, dispõe de um enrolador de charutos in loco, que é cubano e sócio do empreendimento. Mais um fato
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digno de destaque: Alexandre Avellar, responsável pela curadoria da casa e jurado da competição internacional Habanos World Challenge, em Cuba, tornou-se o único brasileiro com o título de Hombre Havana em Comunicación. Ele também está à frente do menu do Europa Lounge, que funciona tanto no almoço como no jantar. Antes da refeição, claro, vai bem um aperitivo. A coquetelaria é de primeira. Parcerias com fornecedores do porte da Pernod Ricard garantem a excelência. Para terminar, um blend de café preparado exclusivamente para o Europa Lounge pelas especialistas da Café por Elas. Que tal? Enfim, um lugar perfeito para confraternizar com os amigos. De quebra, todas as dependências, incluindo os jardins, contam com quadros e esculturas do artista plástico Jotapê, tornando a experiência ainda mais encantadora. TP Europa Lounge Avenida Europa, 614, Jardim Europa, São Paulo - SP @europaloungeoficial
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Turismo
Susana Balbo fundadora da Susana Balbo Wines
A rainha de Mendoza
Turismo
Nas vinhas da grande dama
Susana Balbo, a pioneira e mais reconhecida enóloga argentina, comenta os rótulos e atrações de sua charmosa vinícola em Lujan de Cuyo, Mendoza Por Marco Merguizzo
Primeira enóloga mulher em seu país, Susana Balbo antes de virar uma espécie de grife do vinho argentino sempre pautou sua vida por ultrapassar limites, romper barreiras e buscar novos desafios. Nascida em uma família tradicional, ainda bem jovem, nos anos 1970, decidiu que queria deixar a cidade de Mendoza para estudar física nuclear. Estava na contramão dos padrões vigentes à época e ao que se esperava de uma mulher de seu perfil social. Os pais, portanto, a proibiram de seguir rumo a Bariloche, afastando-a de vez do estudo dos átomos mas não dos laboratórios. Irrequieta e de personalidade solar, Susana resolveu se envolver a partir de então nos negócios da família, que já produzia vinhos, e acabou se tornando, em 1981, a primeira mulher a se formar em enologia na Argentina. Com boa dose de determinação e vários nãos de produtores mendocinos, decidiu partir para Cafayate, no norte argentino, para trabalhar na vinícola Michel Torino, em Salta, onde foi a responsável por colocar a casta branca Torrontés no mapa do vinho argentino. A seguir, trabalhou em grandes vinícolas como a presti-
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giosa Catena Zapata, sem contar as inúmeras atividades como consultora – tanto em empresas da própria Argentina quanto em países como Espanha, Chile, Itália, Brasil, Austrália e Estados Unidos. No final da década de 1990, realizou enfim o sonho de fundar sua vinícola – a Susana Balbo Wines –, e passou a criar os próprios rótulos, alcançando em pouco tempo reconhecimento internacional. A consolidação do projeto veio a seguir com seus filhos – José Lovaglio, enólogo formado em UC Davis, e Ana Lovaglio, administradora de empresas. O dois se juntaram a ela incrementando ainda mais seu legado, que inclui, nos dias de hoje, a moderna Susana Balbo Wines, em Lujan de Cuyo, com instalações de última geração, estrutura de hospedagem e turismo, compromisso com sustentabilidade e projetos sociais. Por conta de seu trabalho incansável, competência e determinação em posicionar mundo afora seus brancos e tintos, bem como o vinho argentino, Susana foi eleita não por acaso presidente da Wines of Argentina nos anos de 2006, 2010 e 2014. Coroava assim uma trajetória longeva e de sucesso.
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THE PRESIDENT _ Você é a primeira enóloga da Argentina. Quais desafios e preconceitos enfrentou até se tornar uma das expoentes do vinho no país? Susana Balbo - Como era a única enóloga em todo o Vale Calchaquí, tive de mostrar que tinha talento e competência e vencer enfim todo tipo de desconfiança. Meu primeiro emprego foi em Cafayate, uma cidade muito pequena, já que na região de Mendoza não havia conseguido trabalhar em nenhuma vinícola. Pelo fato de ser mulher e muito jovem, muitos duvidavam que pudesse ter sucesso fazendo vinhos ou administrando uma vinícola. Enfrentei vários desafios.
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Por exemplo... A vinícola ficava em um vale montanhoso isolado, com estradas, comunicação e infraestrutura precárias. Mas superar cada uma dessas dificuldades foi um grande aprendizado, pois me ajudou a lidar com as frustrações, me mover em meio às incertezas para encontrar soluções e ampliar a minha capacidade de resolver problemas inesperados com pouquíssimos recursos de forma criativa. Todas essas adversidades foram fundamentais para o que eu sou hoje. Elas me tornaram mais forte e me prepararam para o futuro.
A presença das mulheres é cada vez maior entre os consumidores e na indústria do vinho, antes dominada pelos homens. Em sua opinião, essa movimentação feminina tem mudado a forma de se produzir e consumir vinho? Sem dúvida. A presença feminina hoje é fundamental no mundo do vinho. Cerca de 70% das compras em todo o mundo são realizadas por mulheres. Com o avanço da tecnologia, das compras online e da venda em supermercados, a oferta de vinhos se tornou mais variada e acessível a todos, em especial às mulheres. Para mim, essa escolha não é uma questão
“A presença feminina é essencial no mundo do vinho. Cerca de 70% das compras são feitas por elas”
só comercial. Esse olhar detalhista e o gosto feminino fizeram com que a indústria vinícola tivesse que “ouvir” mais a opinião das mulheres, definindo várias características, seja dentro ou fora da garrafa. Quando há a participação de mulheres numa equipe enológica, haverá inegavelmente a influência feminina no estilo do vinho, que em geral é mais elegante e de maior complexidade. Em quais dos seus rótulos percebe-se essa expressão de empoderamento e alma femininos? Todas as linhas que produzimos hoje expressam essa característica. A imagem que aparece nos rótulos da Crios, Nosotros e principalmente na assinatura Susana Balbo criada pela minha filha, responsável pelo marketing da vinícola, é de uma mandala de corações entrelaçados. Representa
a chama da paixão, a coragem de viver com o coração à frente e os laços que nos unem. Tanto você quanto seus rótulos são muito conhecidos e prestigiados pelo consumidor brasileiro. Além do Brasil, em quais outros países seus vinhos também fazem sucesso? Temos uma forte presença já há 20 anos no Brasil, que é o segundo mercado mais importante para os nossos vinhos depois dos Estados Unidos. Sempre fiz questão de viajar e trabalhar o mercado brasileiro pessoalmente. Acredito que a consistência da qualidade associada a bons preços ao longo desse tempo todo seja a chave do nosso sucesso no Brasil. É o que chamamos em inglês de value for money, ao entregar um valor a mais que é percebido pelo consumidor. Além do Brasil, exportamos para mais de 40 países, como Reino Unido, Canadá – que está crescendo muito hoje –, além de Ásia e Europa. O que é um bom vinho para você? É a síntese de uma série de detalhes aliada ao cuidado que se deve ter em cada etapa de produção: como as uvas são cultivadas no vinhedo, como são processadas na cantina até a apresentação na garrafa e o vinho chegar às mãos do consumidor, em que a qualidade e a consistência se sobressaem no conjunto. O que é mais importante: a mão do(a) enólogo(a), a cantina e a tecnologia ou a matéria-prima, o vinhedo e o terroir? Ótima pergunta. Todos esses elemen-
tos contribuem para a elaboração de um bom vinho. Nenhum é mais importante que o outro. Dois, entretanto, são essenciais: ter uvas e matéria-prima de qualidade e um bom terroir. Mas também é necessário que haja um bom enólogo e tecnologia para extrair o melhor daqueles dois primeiros. Ou seja, é preciso que haja esse equilíbrio para que no final a bebida seja a melhor que se possa obter. Como enóloga, o que é mais difícil fazer: branco, tinto ou rosé? É preciso muita tecnologia e conhecimento enológico para obter vinhos equilibrados e corretamente elaborados. Mas certamente os vinhos mais difíceis de serem elaborados são os brancos, pois se mostram mais sensíveis à oxidação. E onde ficam os vinhedos da Susana Balbo Wines? Nossas vinhas estão localizadas no Vale do Agrelo, uma região que fica 35 quilômetros ao sul da cidade de Mendoza, e a 990 metros acima do nível do mar. É uma microrregião apontada como uma das melhores para se cultivar a Cabernet Sauvignon e a Malbec. Ali, em um raio entre 5 quilômetros e 10 quilômetros, também estão situadas outras vinícolas de grande prestígio, como a Catena Zapata, a Cheval des Andes e a Terrazas de los Andes. Embora a Malbec seja a principal protagonista da região e tenha feito a fama do vinho argentino, qual a
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importância da Torrontés para você em especial? A Torrontés tem uma importância muito grande para mim. Meu trabalho foi reconhecido a partir dela ao elevá-la à categoria de castas brancas finas. Quando assumi a vinícola Michel Torino, na década de 1980, o dono me pediu para produzir vinhos de padrão internacional com essa cepa. Um desafio e tanto. Até então, a Torrontés era uma variedade usada para fazer vinhos de garrafões, para grandes volumes. Usei enzimas para fermentar as uvas e, detalhe, não havia à época enzimas para uso enológico, só para a produção de sucos e extratos de maçã para sidras. Com isso, obtive um vinho de grande frescor, menos amargo, com aromas sutis e paladar mais elegante, o que
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tornou a Torrontés uma variedade compatível para moldar vinhos finos. Mais do que apenas provar um vinho, hoje o consumidor busca ter a “experiência do vinho”. Também é possível vivenciar isso na sua vinícola? Sim, claro. O vinho é um grande transmissor de cultura, de amor familiar, de tradições e hábitos locais – e isso é apaixonante! Cada vinho tem a sua própria história e gostamos também de contar a nossa história por trás de cada um dos nossos rótulos. Para vivenciar isso na pele, há uma programação variada que inclui visitas guiadas, degustações harmonizadas e verticais [provas de diferentes safras do mesmo vinho]. Há também dois restaurantes com propostas gastronômicas instigantes.
“Em qualquer canto da Susana Balbo Wines é possível sentir a energia e a dedicação em tudo o que fazemos”
Outros passeios exclusivos imperdíveis são os nossos safáris aéreos a bordo de um avião anfíbio, com destino às regiões vinícolas da Patagônia e Cafayate e ao Parque Nacional Esteros del Iberá, além do day tour por Mendoza e San Rafael. Há também um hotel dentro da vinícola? Temos um hotel butique de alto nível, mas ele fica fora da propriedade da vinícola. O Susana Balbo Unique Stays dispõe de sete suítes spa extremamente charmosos e aconchegantes, que oferecem serviços de bem-estar ultraexclusivos, na modalidade à la carte, que inclui muitos mimos associados a aparelhos com tecnologia de última geração. Cada suíte foi projetada para proporcionar todo o conforto e
privacidade ao hóspede. As paredes de vidro permitem que se veja um jardim privado de qualquer ponto da habitação. Cada uma delas conta com sala de estar, mesa com estações de recarga, frigobar e uma adega abastecida com os melhores rótulos argentinos, dentre eles, os nossos. O hóspede também pode desfrutar de instalações integradas, como a ducha de sensações, a sauna úmida, espreguiçadeiras aquecidas, banheira oversize e sauna úmida em alguns apartamentos. Denominamos essa experiência única em nosso hotel de Be My Guest by Susana Balbo. Nossas diárias variam entre US$ 784 e US$ 1.200 (mais taxa de serviço), para duas pessoas e mínimo de duas noites, dependendo da época do ano. Além de todos esses atrativos, o que
diferencia a Susana Balbo Wines de outras vinícolas de Mendoza? Além do fato de ser comandada e fundada por uma mulher, o que nos distingue das demais vinícolas da região é a visão holística de team building, que se expressa no espírito de equipe e por meio de práticas ambientais e de RES (Responsabilidade Empresarial Social) adotadas no dia a dia. Para nós, cada colaborador é como um familiar e isso se reflete na qualidade dos nossos vinhos e na atenção com que as pessoas são recebidas aqui. Em qualquer canto da Susana Balbo Wines, é possível respirar essa “energia” e sentir toda dedicação, carinho e amor que é colocado em tudo aquilo que fazemos. TP Agradecimento: Cantu Importadora. cantuimportadora.com.br
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Novidade na Serra Hotel Toriba, em Campos do Jordão, apresenta chalés de vidro com vista panorâmica
Como unir arquitetura e natureza de forma orgânica? O Hotel Toriba tem a resposta. Grandes novidades da propriedade localizada em Campos do Jordão, os novos chalés de vidro trazem essa simbiose com perfeição. Basta ver esses novos ninhos suspensos instalados no Bosque das Bromélias. Nesse plano de expansão do Grupo Toriba, os ninhos contemporâneos ganham nomes de pássaros que podem ser vistos na região da Serra da Mantiqueira: Beija-Flor, Sábia-Laranjeira, Cegonha e Coruja. Concebido em três ambientes, o Beija-Flor é plenamente integrado à natureza. Basta abrir as janelas e o hóspede se sente parte da copa das árvores. Na sala de banho, conta com banheira e cromoterapia. Já o quarto tem lareira de aço e piso aquecido.
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O Sabiá-Laranjeira, por sua vez, tem dois ambientes e predominância dos tons de verde. Seu estilo contemporâneo faz um belo contraste com o ambiente de montanha. Se o hóspede quiser, pode abrir as janelas e tocar na copa das árvores. Sustentável, o projeto do ninho aproveita ao máximo a luz natural e tem aquecimento à base de biomassa. Já o Ninho Cegonha apresenta duas suítes, incluindo banheira de hidromassagem. Tem ainda salas de estar e de jantar. Para as refeições, o destaque fica para a mesa redonda de seis lugares, criada pelo designer Paulo Alves. Um painel da muralista Fatima Moraes é outro destaque. Toda envidraçada, a sala dá acesso ainda ao jardim superior do ninho. A arquitetura e a decoração dessa novidade utilizaram aço Corten,
couro, linhos e madeira de demolição. Tudo em perfeita harmonia. Construído abaixo do Cegonha, o Ninho Coruja tem tons de cinza grafite e colunas arredondadas por todo o seu espaço. A suíte é ampla e vem equipada com uma banheira de Air Massagem, integrada ao closet. A arte de Fátima Moraes (com seu mural em tons de cinza e verde) e o design de Paulo Alves também brindam o hóspede do Coruja com seu toque contemporâneo, plenamente integrado com a natureza. Aliás, uma escada de aço dá acesso ao jardim superior do Ninho Cegonha. Falar em beleza da vista é até uma redundância.
Tradição e modernidade. No alto, o ninho Cegonha e, na sequência, vista aérea do hotel
Sabor e saúde Às portas de completar 80 anos em atividade, o Toriba é um capítulo da história do turismo de Campos do Jordão. Inaugurado por Ernesto Diederichsen e Luiz Dumont Villares em 1943, consegue unir experiências únicas com a paisagem da Serra da Mantiqueira. Tem uma piscina de 25 metros com água aquecida, sem esquecer o bosque preservado e as atividades para crianças (Toriba Kids) – e é pet friendly. O Spa Toriba by L’Occitane é outro dos destaques do hotel. Pode até ser utilizado por quem não está hospedado, desde que tenha reservado seus serviços. Oferece um extenso menu de massagens revitalizantes e relaxantes. Mas o que não pode faltar na sua visita é o Ritual Toriba, que une sauna, banho de espuma relaxante, esfoliação, máscara corporal, massagem fabulosa de corpo e rosto. Horas preciosas para se energizar e relaxar. Tudo com produtos L’Occitane, claro. Na gastronomia, o Toriba atende todos os gostos. O Pennacchi Restaurante, por exemplo, apresenta cardápio contemporâneo, pratos italianos, com opções vegetarianas e veganas. Tem ainda o Toribinha Bar & Fondue (eleito muitas vezes a melhor fondue das montanhas), muito indicado para casais. Já o Vindima Bar e Café é a opção para cafés e uma taça de vinho (ou mais). O Terraço Panorama serve o chá da tarde. Aqui vale dar uma pausa na dieta. Afinal, são dois andares de doces, ao som de piano ao vivo. Instalado em vagão de trem de 1920 restaurado, a Estação Toriba é um restaurante especializado em panini, tradicionais sanduíches italianos, mas que serve também hambúrgueres e sanduíches artesanais. Se for preciso definir o Toriba em uma palavra, talvez seja equilíbrio. Nele estão a natureza, o design, a arquitetura, o bem-estar e a gastronomia. Tudo em perfeita harmonia. É o que você precisa para um fim de semana. Ou uma semana inteira. TP
e o ninho Coruja. Na página ao lado, a vista do quarto do ninho Beija-Flor.
toriba.com.br
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Turismo
Praias e mais praias Elas são uma das principais atrações das Ilhas Seychelles, uma maravilha encravada ao largo da costa africana
As ilhas Seychelles reservam grandiosidades em seu pequeno território. Menos de 100 mil pessoas moram neste país insular, pulverizado ao largo da costa leste da África, no oceano Índico. Elas dividem a maior renda per capita do continente. Dividem também nada menos que 115 ilhas, distribuídas em diversos arquipélagos, sendo três as principais: Praslin, La Digue e Mahé (onde está a capital, Victoria, e reside a maioria dos habitantes). Compartilham, ainda, três idiomas oficiais: o creole seichelense (falado por 87% dos moradores), o francês (51%) e o inglês (31%). Explica-se: franceses e britânicos alternaram-se no poder desta nação, que é independente desde 1976. Essas influências culturais sortidas também se refletem na cultura local, que é rica em danças, ritmos
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e, em especial, na gastronomia. A cozinha creole, baseada em frutos do mar fresquinhos, é simplesmente estupenda. Entre as diversas grandezas de Seychelles está o respeito ao meio ambiente. Mais da metade do território é protegido por leis de preservação – recorde no mundo. Aqui o turismo sustentável domina as ações. Outra grandeza é o número de praias. Incalculável, por sinal. A maioria delas está instalada diante de um mar turquesa e foi desenhada com areias imaculadas. Mas algumas ganham merecido destaque. Não apenas pela beleza, mas por estarem fincadas nas três ilhas principais, onde há maior estrutura hoteleira e de restaurantes. A elas, portanto. La Digue, a 20 minutos de barco de Praslin, é a menor das três ilhas. Tem uma atmosfera descontraída e rústica e quase
fotos: Michel Denousse, Paul Turcotte e Torsten Dickmann
Ao lado, a praia de Anse Lazio, na ilha de Praslin. Abaixo, visão da ilha de Mahé, onde fica Victoria, a capital de Seychelles. Na página ao lado, La Digue, que tem as praias mais admiradas do planeta
todo o deslocamento é feito por bicicletas. Fica ali uma das praias mais fotografadas do planeta: Anse Source D’Argent. As impactantes rochas de granito estão entre suas forças. Outra, o mar sereno. Mais uma: as tartarugas gigantes, outra das múltiplas atrações do arquipélago. Também fica em La Digue a reconfortante Anse Cocos, praia de acesso mais complicado. Mas vale a caminhada de 30 minutos. Afinal, a natureza está praticamente intocada. Além do mais, o mar é cristalino, suscitando a intensa procura de mergulhadores, seja para a prática do snorkeling ou do mergulho autônomo. Os adeptos de scuba diving, por sinal, consideram as Seychelles um dos melhores points do globo. A visibilidade submarina é vertiginosa. Permite, por exemplo, uma visita especial ao naufrágio do Aldebaran, ainda que os destroços do navio estejam a 40 metros de profundidade. Outro dos points fantásticos é L’îlote, uma pequena ilha, como o nome anuncia, próxima a Mahé. Em Mahé, aliás, está outra praia que, com o perdão do clichê, já se tornou campeã do Instagram: Anse Takamaka combina águas cristalinas e montanhas. É a preferida da turma do stand up paddle. Por fim, Praslin. Nesta ilha estão Anse Lazio e Anse Georgette. Duas praias de sonho – se o caro leitor permite mais um clichê. Anse Lazio é a mais famosa da ilha. Frequenta com assiduidade as listas das mais lindas do globo – sem favor nenhum, ressalte-se. Suas extremidades são embelezadas por palmeiras e rochas de granito. Já Anse Georgette, à maneira de Anse Cocos, exige uma caminhada de 30 minutos – ou chegar de barco. O percurso a pé é feito em uma floresta tropical, flora que merece cada segundo do trajeto. As Seychelles, resta comentar, têm diversos outros atrativos além de praias e mergulho. Mas ninguém vem até aqui sem aproveitar as benesses da natureza tropical. Mergulhe nessa. TP seychelles.com
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Turismo
Toque de despertar O histórico Ritz Madrid reabre sob a bandeira Mandarin Oriental após três anos de reformas e um investimento de 100 milhões de euros Por Luciana Lancellotti, de Madri Quando o centenário Ritz Madrid fechou as portas para reforma em 2017, muitos madrilenos viram ameaçada a essência clássica em favor do estilo contemporâneo. O hotel havia sido adquirido em 2015, por 130 milhões de euros, pelo grupo asiático Mandarin Oriental, em uma joint venture com a multinacional saudita Olayan. E ainda que seu orçamento estivesse estimado em ambiciosos 90 milhões de euros (o custo final foi de 100 milhões), o período de obras gerou ceticismo: como reinventar um hotel de luxo secular sem abrir mão de sua tradição? A bem da verdade – e os próprios tradicionalistas admitem – os cenários emblemáticos daquele que já foi considerado a maior expressão do luxo hoteleiro na Espanha já não eram os mesmos.
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Leia-se: ambientes pesados, cores fortes e escuras, carpetes e papéis de parede puídos, pilares e molduras neoclássicas desgastados, entre muitos outros sinais de cansaço. Origem real O Ritz nasceu para fazer história. Precisamente em 1910, por ideia do rei Alfonso 18. Tendo em vista sua cerimônia de casamento, o monarca desejava oferecer um hotel de alto nível para os convidados – a nobreza. Para isso, contratou o já respeitado hoteleiro suíço César Ritz, o que faria com que Madri, junto com Paris e Londres, se tornasse referência: são as únicas três cidades europeias a abrigar unidades originais do Ritz.
A fachada renovada do hotel. No alto, a Royal Suite. Ao lado, o restaurante Deessa. Na página ao lado, ambiente do Palm Court, outra opção gastronômica
Nesses 110 anos de história, períodos de glória e de ruína se alternaram. O mesmo Ritz que durante a Guerra Civil (19361939) teve o saguão convertido em hospital da Cruz Vermelha sentiu ecoar os acordes do piano do bar pelas mãos de Frank Sinatra, enquanto cantava para Ava Gardner. Novos ares A reforma durou três anos, orquestrada pelo escritório francês Gilles & Boissier e pelo arquiteto espanhol Rafael de La-Hoz. Sob o vistoso jardim do hotel, foram escavados spa e piscina aquecida. Os aposentos – 100 quartos e 53 suítes exclusivas, com diárias a partir de 900 euros – ganharam ar contemporâneo. Paredes agora são brancas e os ambientes parecem mais claros e arejados, sem terem perdido a essência clássica. Um teto falso no centro do edifício foi substituído por uma cúpula de vidro, iluminando naturalmente a entrada do hotel e um de seus restaurantes. Tapetes espessos cederam espaço a pisos de carvalho. Banheiros receberam revestimento de mármore Calacatta. Elementos originais, como os lustres, foram restaurados.
Cinco propostas fazem parte da oferta gastronômica do novo Mandarin Oriental Ritz Madrid. E como o grupo asiático não brinca em serviço, tratou de trazer para dirigi-las o chef Quique Dacosta, cujo restaurante homônimo em Denia, Alicante, ostenta três estrelas Michelin. O Deessa é o mais gastronômico dos restaurantes do hotel. Já o romântico Palm Court, sob o teto de vidro logo após a entrada, é o mais fiel à gastronomia clássica do Ritz. Com um bônus de respeito: a participação da chef confeiteira Claudia Capuzzo. Já o Ritz Garden, instalado ao ar livre, fica aberto da primavera ao início do outono. O cardápio não é fixo e sugere pratos leves contemporâneos, tapas e amuse-bouches. E há ainda os bares: Pictura, de coquetéis de vanguarda criados pelo bartender Jesús Abia, e Champagne Bar, em uma área exclusiva, para oito pessoas. Neste último, o melhor a fazer é aceitar a sugestão da sommelière Silvia Guijarro e erguer um brinde. Os bons tempos estão de volta. TP mandarinoriental.com/madrid
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Em alto-mar, em grande estilo Embarque prioritário, espaços privativos e concierge 24 horas são pontos altos do Yacht Club, produto premium dos roteiros nacionais e internacionais da MSC Cruzeiros Por Tatiana Sasaki
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Disputar uma espreguiçadeira à beira da piscina não é a
classe de um voo internacional. Na prática, isso represen-
imagem que o viajante exigente tem em mente quando
ta acesso rápido e livre de filas, inclusive nas paradas, que
planeja embarcar num cruzeiro. Por isso mesmo, algumas
podem ser breves ou longas, dependendo do itinerário
companhias apostam em produtos premium para quem
escolhido. Na chegada, uma garrafa de prosecco e uma
faz questão de uma experiência privativa, mesmo em um
seleção de frutas frescas dão as boas-vindas.
transatlântico com capacidade para milhares de passa-
Mas não é só no embarque e desembarque que você
geiros. Nos navios da MSC Cruzeiros, esse produto tem
encontra comodidades. As cabines são mais amplas e
nome e sobrenome: Yacht Club.
aconchegantes. Todas apresentam equipamentos como
Quando introduzido em 2008 na classe Fantasia, o
colchões ergonômicos, lençóis de algodão egípcio, menu
Yacht Club inaugurou o conceito de um “iate dentro de
de travesseiros e banheiro com detalhes em mármore.
um navio” ao disponibilizar espaços dedicados e elevar o
Para um café da manhã sem pressa na suíte, a varanda
padrão dos serviços, mais personalizados e exclusivos. De
com vista para o mar é a melhor pedida.
lá para cá, o produto acompanhou a evolução das embar-
Localizado na proa, nos andares superiores do navio,
cações e se consolidou como a categoria top de linha da
o Yacht Club tem acesso controlado e feito com o uso do
MSC Cruzeiros, em destinos nacionais e internacionais. O
ship card, a chave da cabine. Ao ingressar, o hóspede per-
diferencial, para quem opta por essa categoria, começa no
cebe que não só o espaço proporcional para cada viajante
porto de embarque, que conta com uma área separada
é maior, mas também o número de tripulantes especia-
para o check-in. Ali, você é recebido por um mordomo que
lizados na arte de servir. Não se surpreenda se o seu mor-
cuidará do despacho da bagagem e o acompanhará até sua
domo, cordial e discreto, identificar suas preferências e
cabine. O embarque é prioritário, semelhante à primeira
mantiver o minibar abastecido com sua bebida favorita.
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O minibar, aliás, faz parte do pacote all-inclusive, que
Entre outras vantagens,
inclui planos de internet e bebidas.
o passageiro se livra
que funciona 24 horas por dia. Em vez de se deslocar até
das filas e se acomoda
de a reserva para um dos restaurantes de especialidades
em uma cabine mais
a bordo. Em dúvida sobre o que fazer na próxima praia
ampla e aconchegante
uma excursão personalizada e reservar passeios alinha-
No coração do Yacht Club fica o serviço de concierge, a recepção principal do navio, você resolve tudo ali, desou o agendamento de compras particulares nas boutiques onírica? Peça auxílio ao concierge, que poderá preparar dos ao seu perfil. Próximo ao concierge está o Top Sail Lounge. Com vista panorâmica inspiradora, este espaço vira um ponto de encontro de quem quer um momento mais low profile, mas não menos cintilante. É impossível resistir à foto na escadaria de cristais Swarovski antes de apreciar o pôr do sol neste lounge reservado onde o chá da tarde frequente-
Até mesmo a área dos restaurantes do Yacht Club (ou principalmente) tem espaço mais privativo. E sem horários preestabelecidos
mente vem acompanhado do som de um piano. O ponto alto da experiência premium é, sem dúvida, o solarium com jacuzzi e piscina. Também na proa, esta área ABR/MAI.2022 |
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v i a g e m
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ao ar livre talvez tenha a vista mais fabulosa de todo o navio.
poderá apreciar uma carta de vinhos selecionados e um
E como o acesso ali é restrito, você sempre encontrará um
menu à la carte que muda todos os dias, com clássicos da
lugar ao sol – e uma espreguiçadeira – garantidos. Mais que
culinária internacional. Destaque para os pratos veganos,
isso: serviço de bar, snacks e opções para um almoço rápido,
sempre presentes no cardápio.
que se alternam ao longo do dia. Outra exclusividade: quan-
E se engana quem acha que ficar no Yacht Club sig-
do o assunto é bem-estar, a passagem pelo Aurea Spa é
nifica abrir mão da extensa variedade de opções de lazer
imperdível. Hóspedes do Yacht Club contam com elevador
e entretenimento que um navio de cruzeiro oferece. Tea-
exclusivo e passe livre para a área termal do autêntico spa
tro com espetáculos estilo Broadway, cassino, simulador
balinês, que dispõe de saunas, cadeiras de pedra aquecidas
de Fórmula 1, academia de ginástica, espaço kids, restau-
e uma série de massagens e tratamentos de beleza.
rantes de especialidades e bares temáticos com música ao
A gastronomia, como não poderia deixar de ser, tam-
vivo estão entre as opções a explorar. Há festas todas as
bém é superior. No lugar dos buffets e restaurantes com
noites, em múltiplos ambientes. Escolha um bar para
turnos marcados dos pacotes convencionais, você tem à
chamar de seu, peça seu drinque favorito e divirta-se
disposição um restaurante dedicado para fazer suas re-
com os hits que embalam as pistas em alto-mar.
feições. Nele, a atmosfera é intimista e é possível chegar
Para a temporada 2022/23, com início em novembro,
na hora que bem entender, respeitando o horário de fun-
quatro navios da MSC Cruzeiros vão operar na costa brasi-
cionamento. À mesa, você será atendido pelo nome e
leira. O novíssimo MSC Seashore, lançado no ano passado,
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marcará sua estreia no país e promete ser a estrela da temporada. Maior e mais moderno navio de cruzeiro a navegar no litoral brasileiro, o transatlântico de 339 metros de comprimento fará roteiros de seis a oito noites com embarques em Santos e escalas alternadas em Ilha Grande, Búzios, Salvador e Maceió. Equipado com o mais luxuoso Yacht Club da frota, também permitirá embarques em Salvador e Maceió. Se você planeja viajar logo, há roteiros especiais no Mediterrâneo, Norte da Europa, Caribe, Estados Unidos e Oriente Médio. Em maio e junho, o MSC Bellissima cumprirá itinerários de sete noites partindo de Dubai, com escalas na ilha Sir Bani Yas e em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e em Doha, no Catar. A hospitalidade de luxo, vale lembrar, independe da rota. Para quem escolhe É um transatlântico. Mas a exclusividade do Yacht Club remonta a uma viagem em uma embarcação bem mais íntima
navegar em grande estilo, a jornada a bordo tem tudo para ser tão marcante quanto o próprio destino.
TP
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Turismo
Com a vista de uma pintura O Park Hotel Vitznau, à beira do lago de Lucerna, na Suíça, poderia ser considerado um dos melhores hotéis do mundo Por Raphael Calles, de Vitznau
Apenas 1.427 pessoas são afortunadas o suficiente para dizerem que moram em um dos lugares mais belos do mundo: a estreita cidade de Vitznau, entre as águas do lago de Lucerna e o monte Rigi, na região central da Suíça. Outros poucos também têm a sorte de dizer que já estiveram por ali, especialmente em um dos mais simbólicos endereços da cidade: o Park Hotel Vitznau. A construção chama a atenção desde a estrada – seja partindo de Brunnen, a leste, seja partindo de Lucerna, a oeste. Mais ainda se o trajeto até a cidadezinha for feito por barco: um opulento edifício em branco e cinza nos remete imediatamente a um castelo, embora com construção datada dos idos de 1900. Logo ao entrar no hotel, o acesso aos quartos é feito por um
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elevador de vidro: cada andar tem um tema (música, finanças, gastronomia...) e as paredes internas do poço do elevador são graciosamente pintadas. Já os corredores constituem galerias de arte. Das habitações com vista para o lago, em um único vislumbre, é possível apreciar água, casas, montanhas, árvores, neve e os Alpes. Tudo isso pode ser enquadrado, ainda, em uma das imensas janelas do chão ao teto. O hotel é um destino por si só. A mesma vista pode ser apreciada no Lake Terrace, charmoso restaurante no deck, à beira do lago. Por falar em refeição, são três estrelas Michelin concentradas em um mesmo local. Duas delas foram conferidas ao restaurante Focus Atelier, sob o comando do chef Patrick Mahler (também conhecido por assinar o menu das classes superiores
Construção que lembra um castelo eleva-se à beira do lago de Lucerna, hotel conta com adega de 35 mil rótulos de vinhos e SPA com tratamentos La Prairie
da companhia aérea Swiss). Ali ele oferece menus de sete ou dez cursos com opção de harmonização. A outra estrela fica por conta do Prisma. Este restaurante imprime o conceito japonês de Omakase. Deixe-se levar pelas escolhas do chef. Philipp Heid, responsável pela cozinha, oferece opções essencialmente vegetarianas, em que a carne ou o peixe são oferecidos como acompanhamento. Aqui, a harmonização dos três restaurantes é feita com milhares de opções de rótulos de uma das maiores adegas da Suíça. Uma, não. Na verdade, são seis. Elas armazenam nada menos que 35 mil garrafas avaliadas em mais de 25 milhões de francos suíços, ou mais de R$ 125 milhões. As adegas podem ser visitadas em tours guiados, que, a depender do trato, incluem degustações. Se os olhos não se cansarem da incrível vista do seu quarto e dos restaurantes, a área de SPA é um convite tentador. São dezenas de tratamentos com produtos de assinatura La Prairie. Mas o relaxamento não vem apenas daí. Uma piscina externa climatizada de borda infinita confunde a visão com as águas frescas do lago de Lucerna: as informações de temperatura do
lago são disponibilizadas diariamente ali dentro. O relaxamento segue nas duas opções de sauna seca, uma sauna úmida, piscina a 19 graus, área de tratamento para os pés com água em diferentes temperaturas, uma sala com luz UV e áreas de relaxamento. Uma delas, inclusive, permite observar o gigantesco aquário de água salgada, que conta com horas marcadas para alimentação dos peixes. Se, ao fim do dia, a extensa cartela de atividades exigir um relaxamento extra, o bar Verlinde oferece cerca de 200 rótulos de armanhaques e conhaques, além de carta de drinques e um charmoso cigar lounge, com uma extensa seleção de charutos, entre outros, cubanos, dominicanos, nicaraguenses e hondurenhos. O Park Hotel Vitznau requer tempo e apetite. É difícil sentar-se a um dos restaurantes e não querer apreciar cada uma das criações, degustar, com calma, o máximo de rótulos possíveis e apreciar cada um dos tratamentos oferecidos no SPA. O castelo poderia ser, tranquilamente, nossa casa para sempre. TP parkhotel-vitznau.ch
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artigo
Tempo de redescoberta Por NUNO REBELO DE SOUSA
O Nuno Rebelo de Sousa, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio – São Paulo
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momento atual, em que o Brasil celebra 200 anos de independência, é excelente para destacar a “descoberta” de Portugal por parte do gigante sul-americano. Os dois países estão unidos por 520 anos de história, com altos e baixos nos aspectos políticos, sociais e econômicos. Os períodos de expansão e recessão das duas nações raramente coincidiram. Não obstante, observamos nos últimos sete anos o período de maior convivência e troca de fluxos sociais, econômicos, sociais e culturais. É muito comum na História termos grandes avanços após graves crises, como guerras mundiais e pandemias, como a que estamos atravessando. E isso aconteceu, em outra escala, com Portugal na recente crise de 2009-2015, em que tivemos de nos reinventar nesse período tão difícil para os portugueses, só comparável ao 25 de Abril de 1974. A verdade é que Portugal não ficou parado e aproveitou essa crise para criar um “Novo Portugal” com base nas seguintes cinco frentes. 1. Política de forte contenção orçamentária entre 2011 e 2015, junto com um Programa de Atracão de Talento e Investimento para Portugal por meio do Golden Visa e Residente Não Habitual – receita direta de mais de 7 bilhões de euros; 2. Programa do governo para Modernização da Administração Pública com 500 iniciativas que foram implantadas nos últimos anos (fim dos cartórios; criação de empresa de 24h; loja do cidadão com mais serviços) e os programas Portugal 2030 e Horizonte 2030; 3. Nova estratégia de marca e comunicação para o turismo de Portugal alicerçada em quatro pilares: gastronomia, festivais de música, surfe e golfe. Foi feito um investimento em roteiros turísticos e parcerias com companhias aéreas low cost que controlam as escolhas dos turistas europeus. 4. Criação de uma nova cultura empreendedora transversal a todos os setores e classes, fruto da elevada taxa de desemprego (18%) e dos impostos mais elevados de sempre (55% imposto de renda máximo para pessoa física), sobretudo na área de serviços, na qual vemos hoje um novo Portugal moderno e inovador; 5. Criação do terceiro maior ecossistema de empreendedorismo e startups da Europa, com um crescimento impressionante que só perde hoje para Berlim e Londres, atraindo para Portugal os maiores fundos de VC mundiais, incubadoras de todo o mundo, aceleradoras de startups e vários unicórnios – Farfetch, Outsystems, Talkdesk, Feedzai, Remote, SWORD Health e Anchorage Digital. Sem esquecer a realização do maior evento do mundo de tecnologia e empreendedorismo em Lisboa, Web Summit, nos últimos seis anos. Claro, isso é apenas um aperitivo. Aquele cálice de vinho do Porto. Um novo Portugal está aí ao lado, a apenas um oceano de distância – ou a um clique na economia do mundo digital. Estamos muito além dos laços históricos. Podemos dizer que também somos o futuro. Um futuro de inovação e oportunidades, para caminharmos juntos, cada com seu sotaque e do seu jeito. Mas sempre como países irmãos, unidos pelo trabalho, pela educação e vontade de conhecer cada vez mais um do outro. TP
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