The President

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Nº 45 AGOSTO | SETEMBRO 2020

TATIANA ROSA CEQUINEL PRESIDENTE DA EMBRAED

PADRÃO DE CONSTRUIR INCOMPARÁVEL

AGO | SET 2020 Nº 45 R$ 28,00

ISSN 2595-8275

Nº 45 AGOSTO | SETEMBRO TATIANA ROSA CEQUINEL

HOLGER MARQUARDT CEO DA MERCEDES-BENZ CARS & VANS BRASIL DE OLHO NA RETOMADA

PELÉ: 80 ANOS DO HOMEM ATRÁS DO MITO

CELSO LA PASTINA (1958-2020): O IMPORTADOR VISIONÁRIO

MITSUBISHI L200 TRITON SPORT: A PICAPE COMPLETA

POR WALTERSON SARDENBERG S O

POR MAURO MARCELO ALVES

POR MARIO CICCONE


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tlamborghiniresidencesbc.com.br | 47 3264.0008 Material sujeito a alterações. De acordo com a Lei no 4591/64, informamos que as imagens contidas neste material possuem apenas caráter de sugestão. Nos reservamos o direito de alterar as especificações deste material publicitário, prevalecendo as informações destacadas no ato da venda, estabelecidas no contrato e memorial descritivo do empreendimento. Reg. Inc.: R.11-22482 2º O.R.I. - BC - SC. Tonino é uma marca registrada de propriedade única e exclusiva de Tonino Lamborghini S.P.A. Tonino Lamborghini Residences Balneário Camboriú é um projeto da Embraed Empreendimentos S.A.


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E D I TO R I A L

A reação inicial no meio empresarial à chegada da pandemia foi, em geral, apocalíptica. Era previsível. Como manter a folha de pagamentos com a diminuição da receita? Como vender sem a presença física dos clientes em potencial? Essas duas perguntas, sobretudo, martirizaram as primeiras etapas de convívio com a Covid-19. Aos poucos, no entanto, o mundo corporativo percebeu que há, sim, uma luz no fim do túnel. O alemão Holger Marquardt, CEO da Mercedes-Benz no Brasil, Caribe e América Latina, por exemplo, tomou uma atitude difícil: não repassou ao cliente o aumento provocado pela variação cambial. Assim, conseguiu manter as vendas em um patamar aceitável. Agora, comemora a visível recuperação do mercado: “Notamos aumento significativo nas vendas de vans de transporte e nos automóveis mais caros”. A catarinense Tatiana Rosa Cequinel, por sua vez, também tem motivos para celebrar. Presidente da construtora e incorporadora Embraed, sediada em Balneário Camboriú (SC), ela manteve as vendas em bom índice. Entre outras razões, atribui o fato à valorização anual de 15% acima da inflação dos imóveis que ergue. Ou seja, vários clientes compram apartamentos para investir. “A pandemia nos mostra a importância do planejamento a médio e longo prazos”, diz. “É um momento para as empresas se reinventarem.” Também catarinense e morador de Balneário Camboriú, o hoteleiro Terence Schauffert Reiser, a exemplo do alemão Marquardt, precisou tomar medidas difíceis no seu hotel-boutique Felissimo. Entre elas, renegociou contratos de prestadores de serviço, baixou custos fixos e encerrou contratos temporários. Mais: manteve o hotel fechado por 30 dias. Agora celebra um crescimento de 40% na ocupação. Reiser acredita que o turismo interno avançará no país, em virtude das “restrições internacionais e valorização da moeda estrangeira”. Otimismo semelhante é praticado por Eduardo Jakus, diretor de negócios de queijos da Vigor Alimentos. Não à toa, ele está trabalhando na consolidação dos produtos lançados no primeiro semestre. “Iniciaremos campanhas importantes”, anuncia, ciente de que a luz no fim do túnel pode começar intermitente, mas tem tudo para voltar a brilhar de forma intensa. Boa leitura.

ANDRÉ CHERON E FERNANDO PAIVA Publishers

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M A R I S A

C L E R M A N N

SĂŁo Paulo | Presidente Prudente

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EXPEDIENTE THE PRESIDENT PUBLICAÇÃO DA CUSTOM EDITORA Nº 45

PUBLISHERS André Cheron e Fernando Paiva

REDAÇÃO

COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS

DIRETOR EDITORIAL Fernando Paiva

DIRETOR EXECUTIVO André Cheron

fernandopaiva@customeditora.com.br

andrecheron@customeditora.com.br

DIRETOR EDITORIAL ADJUNTO Mario Ciccone mario@customeditora.com.br EDITORA EXECUTIVA E DIGITAL Marina Lima marinalima@customeditora.com.br ARTE EDIÇÃO Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br COLABORARAM NESTE NÚMERO EDITOR CONVIDADO Walterson Sardenberg Sº TEXTO Armando Coelho Borges, Françoise Terzian, Humberto Werneck, Luiz Guerrero, Marco Merguizzo, Matias José Ribeiro, Mauro Marcelo Alves, Moacyr Scliar, Raphael Calles e Walterson Sardenberg Sº FOTOGRAFIA Ângelo Borba, Luiz Henrique Mendes, Olga Vlahou e Tuca Reinés ARTE Daniel das Neves PRODUÇÃO Vivianne Ahumada REVISÃO Goretti Tenorio

DIRETOR COMERCIAL Ricardo Battistini battistini@customeditora.com.br GERENTES DE CONTAS E NOVOS NEGÓCIOS Marcia Gomes marciagomes@customeditora.com.br Mirian Pujol mirianpujol@customeditora.com.br ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO ANALISTA FINANCEIRA Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br REPRESENTANTES REGIONAIS GRP – Grupo de Representação Publicitária PR – TEL. (41) 3023-8238 SC/RS – TEL. (41) 3026-7451 adalberto@grpmidia.com.br Tiragem desta edição: 35.000 exemplares CTP, impressão e acabamento: Coan Indústria Gráfica Ltda.

THE PRESIDENT facebook.com/revistathepresident @revistathepresident www.customeditora.com.br

Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593, 9º andar – Jardim Paulista São Paulo (SP) – CEP 01407-200 Tel. (11) 3708-9702 ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br Tel. (11) 3708-9702

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SUMÁRIO AGOSTO | SETEMBRO 2020

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30 MOTOR

52 OLFATO

91 TURISMO

Conheça a nova Mitsubishi L200

Como a ciência e as artes sentem o cheiro,

No comando do Felissimo Hotel, Terence

Triton Sport, a picape perfeita

segundo o médico e escritor Moacyr Scliar

Schauffert é a imagem do luxo despojado

54 VISÃO

70 TATO

117 GOURMET

A atriz e cantora inglesa Jane Birkin

Facas não servem só para perfurar e cortar.

Eduardo Jakus, da Vigor Alimentos,

é o símbolo e o espírito dos anos 1960

Muitas vezes, conduzem o fio da memória

revê a tradição do parmesão Faixa Azul

58 AUDIÇÃO

74 NEGÓCIOS

138 HOMENAGEM

Por que Noel Rosa permanece vivíssimo,

Tatiana Rosa Cequinel fala dos planos

Ele mudou de patamar a venda de vinhos e

mais de oito décadas após a sua morte

de expansão à frente da Embraed

alimentos importados no país: Celso La Pastina

62 PALADAR

82 ENTREVISTA

148 ESPORTE

Waverley Root, o americano que deixou o

Holger Marquardt, CEO da Mercedes-Benz

Os 80 anos de Pelé, o craque que continua

livro definitivo sobre a cozinha italiana

no Brasil, fala da retomada das vendas

acima de todos, incomparável e insubstituível

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A RTI GO

HOME OFFICE, O FUTURO CHEGOU Uma casa espaçosa voltou a ser o desejo geral, nesses tempos em que o home office deixou de ser uma opção para se tornar uma exigência do mercado POR CARLOS TROSSINI, CEO DA TAROII INVESTIMENT GROUP E IDEALIZADOR DO BRAVÍSSIMA PRIVATE RESIDENCE

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pandemia mudou tudo — ou quase tudo. A começar pelo lugar que passou a ser o mais importante na nossa vida. Sim, porque, antes da Covid-19, boa parte de nossos dias podia correr, sem maiores problemas, longe de casa. Sobretudo para as novas gerações urbanas, o mais importante era residir próximo do ambiente de trabalho e dos lugares de encontros com amigos. O tamanho do imóvel? Isso era o de menos. Daí o crescimento nos últimos anos, em especial nas grandes cidades, de um mercado que parecia cada vez mais próspero: o de apartamentos mínimos — com cerca de 20 metros quadrados —, instalados em condomínios com áreas comuns dotadas de bem montada estrutura de serviços. Pareciam mais práticos, modernos e minimalistas — embora minúsculos. Em artigo para a Folha de S.Paulo, o advogado Marcio Rachkorsky, membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP, nota que essa tendência se esvaiu na pandemia, quando “passamos a trabalhar em casa, a almoçar e a jantar dentro de casa”. Disse ele: “Demo-nos conta de que espaço, aconchego e isolamento acústico são componentes essenciais para uma moradia completa. A saudade do bom e velho apartamento mais antigo bateu para muitos”. A pandemia e, em consequência, a quarentena, obrigou-nos a passar mais tempo em casa, o que impulsionou a demanda por imóveis com áreas privativas maiores e espa-

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ços definidos. Cozinhas mínimas e “integradas” com a sala pareciam uma solução para quem passava pouco tempo na própria residência. Deixaram de ser, nesses tempos em que, entre outros imperativos, é preciso cozinhar onde se mora e repensar o ambiente — e encontrar até um lugar para deixar os sapatos no hall de entrada. O mais importante: o “novo normal” vai requerer, cada vez mais, um lugar para se trabalhar em casa. A rigor, o home office está deixando de ser uma opção para colaboradores autossuficientes. Empresas 100% digital estudam estender o trabalho remoto permanentemente. Assim, um cômodo extra para alocar estações de trabalho, sem comprometer o espaço de convívio familiar, transformou-se em exigência do mercado. Especializado em planejamento urbano e economia do setor público, o engenheiro Claudio Marinho, ex-secretário estadual de tecnologia de Pernambuco, comunga dessa opinião. “A nossa casa não vai ser mais como era”, disse, incisivo, em entrevista à Agência Brasil. “Nós vamos ter de redesenhar os espaços. Vamos trabalhar a partir de casa. Nós mudamos os nossos hábitos.” Também o mentor de negócios online e conferencista Gerry Cramer sustenta que o home office veio para ficar. Ele se recorda de, na infância, em meados dos anos 1980, imaginar o futuro das pessoas comuns com viagens espaciais e trabalho no conforto do lar, em virtude da onipresença do computador. Bem,


as viagens intergalácticas ainda não se tornaram acessíveis. Mas o home office não tem volta. “Nunca imaginei que seria necessária uma pandemia global, e o resultante encerramento de quase todos os negócios em todo o mundo, para iniciar uma mudança maciça na mente das pessoas comuns”, comentou Cramer em reportagem do jornal O Globo. Já que vamos trabalhar em casa, decerto queremos não só um escritório com isolamento eficiente, uma cozinha maior e, vá lá, um lugar para os sapatos no hall. Também desejamos salas e quartos amplos, além de maior contato com a natureza. Segundo um levantamento do portal Imovelweb, um dos principais do segmento imobiliário, isso pode ser demonstrado em números. A procura por imóveis com varanda, no Brasil, cresceu

128% em relação a maio de 2019. Também aumentou a busca por casas com quintal. Claro: é preciso um lugar para as crianças brincarem, enquanto trabalhamos. Essa nova realidade nos permite afirmar que o Bravíssima, quando foi planejado, já estava à frente do seu tempo. Condomínio de alto luxo instalado na Praia Brava, em Santa Catarina, o empreendimento está de frente para o mar e combina todas as necessidades dos novos tempos. Disponibiliza lotes para a construção de casas, com áreas privativas de em média mil metros quadrados, e apartamentos com plantas de 360 a 430 metros quadrados — mas, especialmente, espaços para todos os usos, com closets amplos e escritório. Contudo, se a preferência for trabalhar com vista para o mar, há metragem para

a execução do projeto. É preciso lembrar que, se no passado recente a ideia era procurar imóveis o mais próximo possível do trabalho, esse requisito deixa de existir na nova era do home office, com a normatização do trabalho remoto. Pensando nisso, o empreendimento também irá oferecer aos moradores uma área de coworking, que atenderá a demandas específicas, com salas de reunião e toda a estrutura de escritório. No Bravíssima, conforto, tecnologia e natureza convivem em harmonia. Mais do que isso, com privacidade, segurança e eficiência. TP Para mais informações: taroii.com.br facebook.com/taroiigroup @bravissimaprivateresidence

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M ERC A D O

JOIAS VERDES

Veja como parques influenciam o valor de imรณveis em รกreas nobres de Sรฃo Paulo

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s pessoas estão trabalhando mais em casa. Esta é uma realidade da crise do novo coronavírus e que não deve mudar no cenário pós-pandemia. O mercado imobiliário está percebendo essa tendência. Com isso, possíveis compradores passam a valorizar ainda mais a infraestrutura da região onde desejam morar. E, de todos os benefícios, os parques estão no topo da lista. A cidade de São Paulo tem 108 parques municipais urbanos, incluindo os lineares. Fora isso, existem áreas estaduais, como é o caso do parque Villa-Lobos. A imobiliária Bossa Nova Sotheby’s e o Grupo Zap têm um estudo sobre essa influência de morar próximo a essas benditas áreas verdes. Entre os principais parques, sete se destacam: Ibirapuera, parque do Povo, Água Branca, Burle Marx, Trianon, Villa-Lobos e Severo Gomes. Os monitoramentos realizados pelo Grupo Zap são compostos por dois conjuntos de atributos. O primeiro são as características do próprio imóvel. O segundo diz respeito aos predicados do endereço. Com um método estatístico, é possível estimar um preço de aluguel e venda do imóvel. Os modelos mais completos têm 70 variáveis. Entre elas, estão a contribuição da distância para o metrô, shopping centers, centros de emprego, estádios e, claro, parques. RAIO-X DO MERCADO A Bossa Nova Sotheby’s mapeou imóveis a um raio de 1 km de distância daqueles sete parques paulistanos. O levantamento levou em conta o número

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de condomínios, anúncios, além dos valores de três ranges de imóveis: até 90 metros quadrados, entre 90 e 180 metros quadrados e acima de 180 metros quadrados. Segundo o levantamento, o parque mais adensado é o Ibirapuera, com 1.297 condomínios, seguido pelo Trianon, com 729. Severo Gomes, com 44, e Villa-Lobos, com 54, são aqueles com o menor número de edifícios no seu entorno. Na hora de comparar valores, o parque do Povo tem as médias de valores mais altas. Nas suas imediações, há 200 edifícios e os preços dos imóveis chegam a R$ 2,4 milhões (entre 90 e 180 m2) e R$ 7 milhões (entre 90 e 180 m2). Na região do Ibirapuera, os preços estão em R$ 1,6 milhão e R$ 4,3 milhões nos mesmos parâmetros. Porém, nas imediações do Ibirapuera está o imóvel mais caro, chegando a custar R$ 31 milhões. Outros parques têm entornos com outras características. No caso do Burle Marx, existem pouquíssimos imóveis até 90 m2 – apenas 6,8%. Por outro lado, a região do Severo Gomes tem somente 15% de imóveis com metragens superiores. Enquanto isso, Água Branca e Trianon apresentam aproximadamente 50% de anúncios de imóveis na faixa intermediária do estudo (entre 90 e 180 m2). Numa nova comparação de valores, o preço médio de apartamentos entre 90 e 180 m2 da região do parque da Água Branca está na casa de R$ 1,2 milhão, enquanto no Burle Marx está em R$ 913 mil. Nesse mesmo parâmetro, os preços chegam a R$ 1,1 milhão

nas imediações do Severo Gomes e sobem para R$ 1,7 milhão próximos ao Trianon. REGIÕES RENOVADAS Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s, percebe transformações recentes nas áreas que circundam os parques. “Algumas regiões foram resgatadas”, afirma. “O lugar onde hoje é o parque do Povo, por exemplo, era bem degradada. Hoje é uma das mais valorizadas.” O parque, no entanto, necessitou de maturação. “O lugar demorou para se consolidar. Quando foi inaugurado, tinha uma vegetação muito jovem. Por isso, não tinha sombra. Hoje, está muito frequentado.” Romero avalia que os parques Burle Marx e Ibirapuera estão bem consolidados. “Mas o da Água Branca precisou de um tempo para tirar a imagem de parque de exposições, especialmente de agronegócio”, conta. “Já o Trianon foi engolido pela cidade. Está mais para um lugar de passagem.” Segundo Danilo Igliori, economista-chefe do Grupo ZAP e chairman do DataZAP, a aproximação de 1 km de um parque gera um impacto positivo de 7,5% no valor do imóvel. Em alguns casos, chega a 8,5% e 9%. Pode também cair a cerca de 2%. Isso varia também de acordo com a localização do imóvel em relação ao parque. Depende da rua e de suas características. Se o lugar for de passagem, o impacto do parque no preço pode ser neutralizado. Numa região melhor, o valor do imóvel é impulsionado.


Valores máximos das ofertas próximas aos parques: 30 milhões

20 milhões

10 milhões

01 milhão Parque

Parque

Parque

Parque

Parque

Parque

Parque

do Ibirapuera

do Povo

Trianon

Villa-Lobos

Água Branca

Severo Gomes

Burle Marx

De acordo com os estudos do DataZAP, o parque Villa-Lobos impacta muito pouco o valor dos imóveis. “O lugar foi construído depois dos imóveis e essas moradias já estavam muito próximas”, analisa Igliori. “Por isso, esse exercício de aproximação não gera muito efeito estatístico.” No topo dessa lista de influência, estão Ibirapuera e parque do Povo. Danilo Igliori lembra que parques geram valor, mesmo se não forem utilizados pelos moradores. “O morador pode nunca entrar no parque. Ainda assim, é importante para ele ter vista eterna para essa área verde”, diz. Lazer, entretenimento, saúde, esporte e cultura compõem os outros atributos geradores de valor dessa proximidade de parque e moradia. PELO MUNDO Ao se avaliar a valorização de imóveis próximos a parques, é preciso citar o caso do Central Park, em Nova York. O caso foi emblemático porque o lugar era perigoso nos anos

1960 e 70 e se tornou um dos mais valorizados da cidade. A revitalização iniciada nos anos 1990 transformou até a relação da cidade com o parque. Outra área revigorada foi a do High Line Park. Uma antiga linha de trem se transformou em um parque elevado. Aliás, o mesmo princípio inspirou o projeto do futuro parque Minhocão. Em cidades como Londres e Paris, todas as áreas próximas a parques são valorizadas. Isso se repete no Canadá e nos países escandinavos. “Não se trata apenas da valorização, mas da existência de uma estrutura institucional para preservação desses parques”, afirma o chairman da DataZAP. Para o economista, os parques estão inseridos em um movimento de reconquista dos espaços públicos. “Isso é bastante visível nas grandes cidades com repercussões nítidas no mercado imobiliário, inclusive porque as pessoas pensam em usufruir da cidade”, diz. As pessoas que optam por apartamentos ou casas menores têm isso muito mais em mente. O parque se tornou uma extensão da sua casa.

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Mercado imobiliário próximo ao parque do Ibirapuera: 1.297 condomínios e 77.079 anúncios

FIQUE DE OLHO Ao colocar a proximidade com um parque no topo de sua lista de desejos, o comprador irá encontrar boas opções de novos empreendimentos na cidade de São Paulo. O primeiro deles é o AR Ibirapuera, da JAL Empreendimentos. Localizado a 970 metros do Parque do Ibirapuera, o condomínio tem planta de 170 metros quadrados para apartamentos e 347 para a cobertura. Com três suítes, as moradias são amplas e contam com livings panorâmicos e terraço com a vista para o principal parque paulistano. O valor de base é de R$ 2,75 milhões, enquanto a cobertura chega a R$ 6,47 milhões. Outro empreendimento de alto padrão merece destaque. É o HL 746, localizado na rua Pedro Humberto, no mesmo terreno do famoso restaurante Bar des Arts. A torre de 16

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andares tem apartamentos de 500 metros quadrados e vista de 270 graus para a marginal Pinheiros, Faria Lima e parque do Povo. “O valor desses imóveis chegará a R$ 50 mil/metro quadrado. E ainda terá uma vista eterna para o parque”, afirma Romero. Outro empreendimento importante é o On The Parc, da Cyrela. Ele estará entre o Ibirapuera e o parque das Bicicletas. Para colocar na mesa de apostas um novo parque importante nas áreas nobres de São Paulo, o favorito será a Chácara do Jockey, inaugurado em 2016, na Vila Sônia. “Tem tudo para se tornar uma área valorizada, mas terá um tempo de maturação”, prevê Romero. Entre os novos parques, o principal é o parque Augusta. A sua abertura foi adiada para dezembro deste ano. Ele já vai nascer cheio de expectativa. TP


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W WW. C ASA L A F E R .CO M . B R VISITE ESTANDE DE VENDAS NO LOCAL R. LOPES NETO, 303 X AV. HORÁCIO LAFER Fotomontagem com a inserção da perspectiva ilustrada da vista aérea dos apartamentos-tipo com sugestão de decoração e de paisagismo. Não faz parte integrante do contrato nenhum móvel, armário ou elemento de decoração e de paisagismo. Os acabamentos e/ou revestimentos serão entregues conforme o memorial descritivo do empreendimento, anexo ao contrato.*As unidades 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 14, 15, 16, 18, 19 e 20 possuem 424,29 m2 de área privativa; e as unidades 8, 12, 17 e 21 possuem 423,92 m2 de área privativa. A área privativa compreende a área do apartamento e a área do depósito privativo no subsolo. Pé-direito livre de 3 metros de piso ao forro, no living e nos quartos dos apartamentos-tipo. Incorporação imobiliária registrada no 4º Cartório Oficial de Registro de Imóveis de São Paulo – SP, sob o R.14 na matrícula nº 126.266, em 26 de fevereiro de 2020. Intermediação e Comercialização: Bossa Nova Sotheby’s International Realty: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 2.027 – Jardim Europa – CEP 01441-001 – Tel.: 3061-0000 – São Paulo (SP). CRECI: 27212J.


RO L E X

OURO & AÇO Cronógrafo Rolex tem história e alta precisão POR RAPHAEL CALLES

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aytona, como se sabe, é o nome da cidade da Flórida famosa pelo autódromo com o mesmo nome. Quem costumava frequentá-la era o ator Paul Newman, notório fã de corridas. Ele usava no pulso um Rolex Daytona. Pudera: o cronógrafo foi criado em 1963 para servir a pilotos e admiradores de carros velozes, em virtude de seu principal predicado: a alta precisão. De lá para cá, o modelo ganhou novas versões. A mais recente é o Cosmograph Daytona em Rolesor Amarelo. Rolesor é o termo utilizado pela Rolex para os relógios compostos por partes de aço e outras de ouro – neste caso o amarelo. A joia tem função cronógrafo com acumuladores de 30 minutos e 12 horas e conta com um taquímetro – permitindo a leitura da velocidade média percorrida em um quilômetro ou uma milha. Tais dados são fornecidos pelo mecanismo 4130. Foi desenvolvido para ter o menor número de peças possível. Isso torna o seu funcionamento ainda mais confiável na marcação do tempo. Não à toa, o modelo conta com certificação COSC, atestando altíssima precisão. O novo Daytona tem mostrador preto com indicadores de ouro amarelo e detalhes de material luminescente Chromalight, que também integra o ponteiro. O arremate fica por conta da pulseira Oyster, composta por três elos planos – dois de aço e um de ouro. Um relógio criado para marcar seu tempo na história. A propósito, o modelo que pertencia a Paul Newman foi leiloado em 2017 por nada menos que US$ 17 milhões. Para mais informações: rolex.com facebook.com/rolex @rolex

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RELOJOARIA EM FESTA Para comemorar seus 160 anos, TAG Heuer atualiza o seu simbรณlico Carrera POR RAPHAEL CALLES

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As quatro versões são de aço. Há uma em preto com detalhes de ouro rosa

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TAG Heuer está celebrando 160 anos. Maravilha. Entre outras comemorações, uma delas, em especial, chamou a atenção: a renovação do relógio Carrera, lançado em 1963. É bem verdade que sete anos atrás, quando o histórico modelo completou meio século, a maison suíça já havia caprichado em um facelift. Na ocasião, o Carrera ganhou versões até com turbilhão, dispositivo que torna a precisão ainda maior. Desta vez, o relógio chegará às lojas em setembro em quatro novas versões e até com outro sobrenome: Carrera Sport Chronograph. O Carrera merece. Fez história. Tem o nome em espanhol por um motivo simples. O batismo é uma homenagem a um dos mais lendários ralis, realizado em sua fase clássica na América Latina, com partida no México, entre 1950 e 1954, a Carrera Panamericana. Lançado nove anos depois, o cronógrafo tornou-se um objeto de desejo tão logo sua primeira versão saiu de fábrica. Sabendo que o modelo é tão mítico quanto a disputa automobilística que o inspirou, a TAG Heuer soube atualizar o Carrera sem descaracterizá-lo. Clássicos exigem ainda mais cuidado. Seja como for, é preciso admitir: o Carrera, de 44 mm de diâmetro, ficou ainda mais elegante. Os detalhes polidos e escovados se alternam com classe. Já o cristal com a beirada chanfrada revela um vislumbre do mostrador em três variações: azul, verde-oliva ou em preto. Resta escolher. Sobre esses tons os indicadores se posicionam ligeiramente inclinados, integrando-se aos ponteiros de horas e minutos.

A função cronógrafo – ativada, pausada e reiniciada pelos dois botões tradicionalmente instalados na lateral da caixa – recebeu discretas atualizações nos mostradores. Para o acumulador de 12 horas, à esquerda do dial, os algarismos 4, 8 e 12 foram adicionados (e não mais 3, 6, 9 e 12). Tal alteração traz harmonia com seu parceiro do lado oposto, que faz a indicação de minutos, com os números 10, 20 e 30 destacados. As quatro versões são de aço. Há uma em preto com detalhes de ouro rosa. O anel em torno do mostrador – chamado na relojoaria de bisel –, de cerâmica preta, tem neste modelo os algarismos de laca de ouro. É a primeira vez que este detalhe é apresentado em um relógio da maison. Já a coroa e os botões de ativação do cronógrafo são de ouro maciço. Pelo verso da caixa, o cristal de safira apresenta detalhes do movimento. Diferente dos demais modelos, este modelo é finalizado por uma pulseira de couro. Em comum, além da tradição e elegância, todas as versões são dotadas do mecanismo Calibre Heuer 02, fabricado pela própria companhia em Chevenez, na Suíça. Ele reúne 168 componentes, que garantem precisão e autonomia de cerca de 80 horas de energia. Para mais informações: tagheuer.com facebook.com/TAGHeuer @tagheuer

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M A R KE TI N G

VISÃO DE MUNDO Montblanc busca transformação com nova campanha e embaixadores POR FERNANDO PAIVA

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mundo não é mais o mesmo, e, para se manterem relevantes, as marcas mudaram. Num passo à frente, a Montblanc buscou se reinventar na campanha global What Moves You, Makes You (Você é o que te move). Lançada no fim de agosto, a ação evoca paixão, histórias autênticas e propósitos – conceitos que definem a maison e sua jornada para bem além de seus produtos. Para isso, um trio de talentos se juntou: o cineasta americano Spike Lee, o ator britânico Taron Egerton (que brilhou na pele do cantor Elton John no filme Rocketman) e Chen Kun, artista polivalente chinês – cantor, ator e fundador de uma escola de teatro. Os três embaixadores contam um pouco de suas histórias em filmes de 1 minuto e em outras mídias. A Montblanc buscou ainda reforçar a imagem de “Mark Maker”, fãs da marca apaixonados pelo que fazem e movidos por intuição e ideais. “Com esta campanha, engajamos uma nova geração de líderes e profissionais”, explica Vincent Montalescot, vice-presidente de marketing. “Assim, eles se inspiram para alcançar todo o seu potencial.” Já o CEO Nicolas Baretzki considera o novo posicionamento importante para a Montblanc renovar a forma como expressa seu DNA. “É uma maneira diferente de pensar”, diz. “Não se trata mais de status ou de alcançar o topo, mas de uma trajetória com significado.” Significado presente em muitas mentes criativas que vão se enxergar nessa nova fase da famosa grife alemã. TP

O cineasta Spike Lee é uma das caras novas da marca alemã

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Para mais informações: montblanc.com.br facebook.com/montblanc @montblanc


Ana Paula Castello Branco. Women to Watch 2020.

Diretora de Comunicação e Imagem da TIM, a Ana é um dos grandes nomes do mercado de comunicação do país. E é uma das homenageadas este ano do Women to Watch Brasil, ao lado de mulheres incrivelmente talentosas e relevantes. Que prazer e que orgulho ter a Ana Paula como nossa cliente e nossa fonte diária de inspiração. Parabéns e obrigado, Ana.


M OTO R

PICAPE COMPLETA Mitsubishi L200 Triton Sport 2021 chega com pacote de design, tecnologia e conforto comparável ao de SUVs premium POR MARIO CICCONE

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Mitsubishi se superou mais uma vez. Acaba de lançar a L200 Triton Sport 2021, herdeira de 42 anos do sucesso desta picape. Só que vai além. Apresenta um pacote de tecnologia e conforto comparável aos melhores SUVs premium. Tudo isso com o DNA 4x4 que só a marca dos três diamantes pode ostentar. Fabricado no Brasil em Catalão (GO), o carro logo chama atenção pelo design. Ele utiliza a nova assinatura visual da marca, o Mitsubishi Advanced Dynamic Shield. Trata-se de conceito que lembra um escudo – o capô mais alto confere imponência ao veículo. Os faróis de cima estão mais finos e alinhados com a grade. O grupo de luzes auxiliares, mais abaixo, ganhou função de seta. Funcional, esse desenho inovador não se limita

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à beleza. O para-choque foi projetado para ajudar na dissipação de água para as laterais – e não mais para a frente, melhorando a visibilidade. O coração (motor + transmissão) também mudou. Sob o capô, o 2.4 turbodiesel de quatro cilindros gera 190 cavalos. A transmissão de seis velocidades é nova. As primeiras marchas (1ª e 2ª) são 12% mais reduzidas do que nas versões anteriores. Na sexta marcha, em compensação, ela é 12% mais longa. O carro acelera mais e melhor ao arrancar e fica mais suave na velocidade de cruzeiro. A L200 Triton Sport 2021 também está ainda mais forte. Apenas na caçamba, leva 1.055 quilos. E puxa trailers de até 2,3 toneladas (quando equipado com freio próprio) ou carretas de até 750 quilos.


Nova L200 esbanja design e tecnologia. E está ainda mais forte. Pode carregar mais de uma tonelada na caçamba

Célebre na indústria e entre seus usuários, o sistema 4x4 da Mitsubishi continua intuitivo. O seletor permite escolher: 2H (asfalto seco), 4H (asfalto com chuva), 4HLc (piso de terra com pouca aderência) e 4LLc (subidas ou descidas íngremes no barro). A novidade é o Off-Road Mode, por meio do qual o motorista informa ao veículo se está trafegando sobre cascalho, lama/neve, areia ou pedra. E o carro, literalmente, vai saber o que fazer. No interior, a nova L200 tem acabamento esmerado. O sistema multimídia é da marca JBL, com tela de 7 polegadas sensível ao toque. Pode operar com Apple CarPlay e Android Auto. Se estiver em um lugar sem cobertura de internet, o carro tem GPS off-line. É para não se perder jamais. PALAVRA DE QUEM SABE Embaixadores da marca marcaram presença na apresentação virtual e comentaram as características do veículo. Em sua quarta L200, o empresário Bruno van Enck, proprietário da rede de barbearias Corleone, destacou a versatilidade: “Ela serve tanto para ir a um restaurante bacana quanto vir carregada de lenha”. Já o surfista Carlos Burle considera a

picape uma parceira de aventuras: “É um carro que entrega tudo o que eu preciso. Com a nova L200 você sempre será chamado para muitas viagens legais”. O CEO da Mitsubishi Motors no Brasil, Robert Rittscher, mostra-se otimista quanto ao sucesso do lançamento. “O modelo reúne todo o legado de mais de 40 anos de história – traz design atualizado, mais tecnologia, melhor eficiência em consumo”, enumera. “Com tudo isso, esperamos que a picape seja uma das mais vendidas no Brasil.” As novas versões (GLS AT, HPE e HPE-S) continuarão a conviver com a Triton Outdoor. O portfólio da L200, então, atenderá a um público amplo: do agronegócio a aventureiros off-road e usuários urbanos. Espera-se que muitos clientes novos se juntem aos fãs da marca. Até porque a Mitsubishi Triton Sport 2021 carrega tecnologia de sobra na cabine e muita história na caçamba. Para mais informações: mitsubishimotors.com.br facebook.com/MitsubishiMotorsBr @mitsubishimotorsbr

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M EI O A M B I ENTE

SUSTENTABILIDADE À MESA Nespresso investe em reciclagem e firma parceria com a ONG SOS Mata Atlântica POR RAPHAEL CALLES

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entar-se à mesa e apreciar um café passado na hora. Eis aí um hábito muito nosso. O Brasil é um dos líderes mundiais na produção de café e principal fornecedor de grãos para a Nespresso. A marca surgiu em 1986, depois de anos de pesquisa para alcançar a perfeição na produção de café expresso em cápsulas. O uso dos cilindros de alumínio já surgiu tendo em vista a sustentabilidade. Visava a possibilidade de reuso em 100% do material que chega ao consumidor. Apesar de toda a nossa tradição no café, ele ainda não é visto como alimento por aqui. “Costumo dizer que não jogamos o leite fora, mas é co-

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mum virarmos uma garrafa de café na pia”, comenta Claudia Leite, head de comunicação e sustentabilidade da Nespresso no Brasil. Um motivo a mais para se optar pelas cápsulas. Com elas não há desperdício. Até porque são recicláveis. A Nespresso conta com uma capacidade de coleta de cápsulas de 81%. A meta é bater 100% ainda em 2020. “Um desafio em um país como o Brasil, de proporções continentais, onde contamos com clientes em lugares inóspitos e de difícil acesso”, descreve Claudia Leite, responsável pelo programa de qualidade, sustentabilidade e produtividade da companhia.

No Brasil, a taxa de reciclagem era entre 23 e 30%, em 2019. Os números parecem baixos, mas representam um grande avanço, que cresce na casa dos 5% ao ano, em média. De 8% em 2016 para 23% em 2019. “Em 2020 demos um salto e estamos perto dos 30%”, informa Claudia. A coleta do alumínio é realizada por cerca de 60 cooperativas afiliadas à Nespresso. A empresa compra as cápsulas usadas e as encaminha a um centro de reciclagem em Osasco, na Grande São Paulo. “Lá enviamos o pó de café para ser transformado em adubo orgânico, enquanto o alumínio volta para a indústria”, diz Claudia.


A coleta do alumínio é feita por 60 cooperativas, em parceria com a Nespresso

Dentre as iniciativas da Nespresso para apresentar o poder de reciclagem do material, é preciso lembrar de parcerias com importantes marcas suíças, como Victorinox e Caran d’Ache. Elas utilizaram o material na criação de produtos. Uma das iniciativas mais notáveis foi a da startup sueca de bicicletas Vélosophy. A empresa transformou 300 cápsulas numa bicicleta. A cada veículo vendido pela marca – a Nespresso as adquiriu para ações internas –, uma segunda bicicleta seria doada a uma menina na África, para que pudesse usá-la para ir à escola. “Não é porque é um produto que utiliza alumínio de reciclagem que precisa ser de menor valor ou de segunda linha”, ressalva Claudia. ALÉM DAS CÁPSULAS O processo de sustentabilidade proposto pela Nespresso vai além da

reciclagem do alumínio e direcionamento do pó de café. A conscientização tem início antes mesmo da aquisição dos grãos. Eles são fornecidos por 1.200 fazendas em São Paulo e Minas Gerais. Entre elas, cerca de 28% são pequenos produtores. Todo o processo é assegurado pelo Programa AAA da marca, sob a tutela de Guilherme Amado. Com foco em qualidade, sustentabilidade e produtividade, o programa se apoia em uma parceria firmada com a Rain Forest Alliance. Hoje, 56% dos produtores brasileiros já contam com essa certificação. No entanto, a marca começou a perceber que pequenos oásis em paisagens danificadas não eram o suficiente. “Então começamos a criar projetos de paisagens mais resilientes às mudanças climáticas, e assim surgiu a parceria com a SOS Mata Atlântica”, conta Amado. O projeto está focado, incialmente, na região do Vale

da Grama, em São Sebastião da Grama (SP), na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Consiste no plantio de mais de 60 espécies nativas da Mata Atlântica em uma área de 20 hectares nas proximidades de nascentes e bacias hidrográficas. “A visão de paisagem leva em conta o todo”, lembra Amado. “Não vamos restaurar apenas nos fornecedores da Nespresso, mas também em fazendas de oliveiras, macadâmias, de gado, vizinhas em geral, como um sistema holístico integrado.” Guilherme Amado comenta: “Esse processo otimiza a produção, amplia a qualidade do produto final e diminui o desperdício, já que reduz de forma significativa o uso de fertilizantes e agrotóxicos e cria barreiras naturais para as plantações”. TP Para mais informações: www.nespresso.com facebook.com/Nespresso.Brazil @nespresso.br

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CI DA D E

GENTILEZAS URBANAS Tegra adota espaços públicos e transforma a cara das vizinhanças

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cidade é de todos. Empresas, profissionais, estudantes. O cuidado com ela se reflete no bem-estar de cada cidadão. Para uma gigante do setor imobiliário, a Tegra Incorporadora, não basta investir em seu setor de atuação e garantir o seu lucro. É preciso também investir em áreas públicas em torno do lugar em que seus futuros clientes irão morar. Essa premissa está presente nas iniciativas da empresa de gentilezas urbanas desde 2016. Nesse processo, a Tegra adotou 39 áreas (contando aquelas em implantação) nas cidades de São Paulo e Campinas (SP). Nesse cálculo, estão 1 calçada, 1 escadaria, 1 parque, 1 passarela, 2 muros, 4 parklets, 11 praças e 18 canteiros e rotatórias. O projeto de zeladoria da Tegra tem como propósito cuidar do humano por meio do cuidado com o urbano. Um bom exemplo ocorreu na praça Décio Cinelli, no Campo Belo, zona sul de São Paulo. Essa praça era cuidada pela vizinhança, até que a empresa demonstrou interesse em adotá-la. Houve um contato com os vizinhos para requisitar essa permissão e todo o esforço de investimento. A própria vizinhança fez a passagem da adoção para a Tegra e colaborou na elaboração do projeto. Ao ouvir as sugestões, a companhia avaliou o que poderia ser melhorado, numa ajustada parceria com os moradores. A praça Décio Cinelli tornou-se um case de engajamento, com a mútua contribuição. Outro ponto importante é a praça Tucumã, na esquina da

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avenida Faria Lima com a rua Tucumã. Trata-se de um terreno próximo ao Esporte Clube Pinheiros. Mesmo sendo um dos endereços mais nobres da cidade, não havia nada ali. Naquele terreno da prefeitura, a Tegra construiu uma praça, criou paisagismo, realizou uma arte no muro. O bairro do Morumbi, nas imediações dos empreendimentos IL Bosco e IL Faro, também é alvo das ações da empresa. Foram adotados seis canteiros e rotatórias na área. Além disso, o projeto da praça Vinicius de Moraes está em fase de implantação. Com base nas novas recomendações da Organização Mundial da Saúde, a remodelação respeita as normas de distanciamento social, reorganizando o fluxo de pessoas, especialmente para quem pratica esportes. A praça terá sinalizações no chão para evitar aglomerações, displays de álcool em gel por toda a sua extensão e espaços para famílias bem separadas no gramado. O mobiliário e a arte das muretas darão o toque final para essa nova cara da praça. A Tegra estabeleceu como uma de suas ações prioritárias essa contribuição para as cidades. A ideia é contribuir para uma ocupação mais saudável dos espaços públicos dentro do cotidiano das cidades. Para mais informações: tegraincorporadora.com.br facebook.com/tegraincorporadora @tegraincorporadora @tegraincorporadora


OTIMISMO É CONSTRUIR HOJE OS DIAS MELHORES QUE A GENTE QUER AMANHÃ. É com esse olhar para o futuro que estamos construindo novos lares e novas histórias, colocando alma e personalidade em nossos empreendimentos, valorizando os espaços e as necessidades de todos que vivem neles. Neste momento, o convívio da porta para fora está se restabelecendo e estamos otimistas que dias melhores virão, depende de cada um de nós fazer com que isso aconteça. Com responsabilidade e cuidado estamos prontos, com as nossas portas abertas para receber você em nossos stands de vendas* ou através de agendamento em tegraincorporadora.com.br ou pelo telefone (11) 3197-2990. *Os horários dos stands de vendas em São Paulo estão restritos, abertos durante 6 horas por dia. Demais localidades mediante agendamento. A entrada de clientes no stand se dará mediante aferição da temperatura, higienização das mãos e uso de máscara facial. Caso o protocolo não seja respeitado ou o cliente apresente temperatura corporal acima de 37,5°, a entrada no stand de vendas será vedada.


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1. Lava-louças Black Glass 6M1MB 2. Geladeira Black Glass BB71 3. Micro-ondas Black Glass ST66 4. Cooktop de Indução Inteligente T937X

Conjunto Completo C OM L I N H A S C ON T E M P OR Â N E A S, PA NA S ON IC FA Z U M SHOW DE DE SIGN E T E C NOL O GI A NA C OZ I N H A

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stá procurando algo para ver na TV ou smartphone? Uma coisa é certa. Vai encontrar vários programas de duas áreas: gastronomia e decoração. Tem para todos os gostos: reality shows, programas estrangeiros, versões brasileiras, histórias emocionantes. Tudo é motivo para o público brasileiro se engajar e sonhar com uma cozinha em conceito aberto para fazer pratos incríveis. Todos querem fazer boa figura diante de família e amigos. A cozinha deixou de ser uma área fechada e somente para serviço. Hoje, é um lugar de convivência e de amizade ao redor da mesa. É lá que a gastronomia e a arquitetura se encontram. Nesse novo lifestyle, a Panasonic tem a fórmula certa para quem


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busca a melhor ocupação de espaço, com tecnologia e design. São as linhas Black Glass e de produtos para embutir. Com acabamento de vidro preto reflexivo, essa série de produtos permite criar unidade visual no ambiente. Nessas linhas estilosas e bem projetadas, a Panasonic destaca um conjunto de aparelhos de alta tecnologia: Geladeira Black Glass BB71, Micro-Ondas Black Glass ST66, Cooktop de Indução Inteligente T937X e Lava-Louças Black Glass 6M1MB. A Geladeira Black Glass já chama a atenção pelo acabamento. Fácil de limpar, a porta de vidro preto reflexivo garante o visual contemporâneo do ambiente.

No quesito tecnologia, outro show. O recurso Inverter controla o funcionamento do compressor e detecta variações de temperatura. Com isso, possibilita menor consumo de energia e congelamento mais rápido. Outro destaque é o Vitamin Power, que possui luzes de LED simulando a luz solar. Assim, potencializa as vitaminas dos alimentos. Possui gaveta Fresh Freezer, com quatro controles de temperatura independentes da geladeira, ótimo para armazenar cerveja na temperatura ideal e carnes por até dez dias, quando em - 5°C. A geladeira tem ainda painel easy touch, compartimentos especiais e desodorizador. O novo Micro-Ondas Black Glass tem um leque de recursos difícil de superar no mercado. Para começar, apresenta acabamento exclusivo de preto espelhado. Em sua programação, existem oito tipos de preparo já na memória: pipoca, leite, arroz, sopa, strogonoff, vegetais, pudim e brigadeiro. Além disso, descongela alimento de maneira rápida e eficiente. O seu consumo de energia tem o selo A no Procel. É uma garantia de economia para o usuário e proteção para o meio ambiente. Essa novidade da Panasonic também tem desodorizador para eliminar odores no aparelho e já deixá-lo pronto para a próxima receita. Outra estrela da companhia é o Cooktop de Indução Inteligente, o xodó de chefs amadores e profissionais. Esse cooktop é embutido e eleva a sua cozinha a um novo patamar de tecnologia e design. Tem três zonas de cocção flexíveis, painel easy touch com tela LCD, controle exato de temperatura, entre outros recursos. Para finalizar, é hora de limpar toda a arte. É nesse momento que entra a Lava-Louças Black Glass. Ela tem capacidade de lavar, de uma só vez, a louça de até 15 pessoas. Faz você ganhar muito tempo, porque dá conta de copos, xícaras, talheres, tigelas, pratos e panelas. Apresenta ainda oito programas de lavagem e painel integrado. Além disso, a Função Eco permite a economia de água. O aparelho necessita de somente 10 litros de água para uma lavagem completa. Não é preciso ser youtuber para fazer sucesso na cozinha. Ou maratonar programas de decoração e reconstrução na TV para imaginar a casa dos sonhos. Com visual homogêneo, esse conjunto da Panasonic vai mudar a cara do seu lar. Nessa cozinha, você é o chef.

loja.panasonic.com.br/ panasonic.com/br @panasonicbrasil @panasonic.br

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A PR E SENTA

TEMPO, TEMPO, TEMPO Como aproveitar melhor cada momento de nossas vidas POR PIERANGELLI MORA, CONSULTORA DE NEGÓCIOS

Há um questionamento que me assombra com certa frequência. Posso imaginar que também acontece com você. De repente, em meio a um dia de agenda cheia, eu me pego questionando como posso, de fato, aproveitar melhor o meu tempo. Como conseguir, enfim, fazer mais coisas de que gosto? Quero me instruir, e também cuidar da alimentação, ler, dançar e estudar. Sempre mais e mais, claro. Tento me planejar e me organizar para adequar todas essas atividades a minha agenda. Mesmo assim, me deparo com um monte de velhas desculpas que dou a mim mesma. Acontece que, no fundo, costumamos achar que temos tempo de sobra. Então, adio para o próximo final de semana, para o mês vindouro, para o ano que vem. A FINITUDE Convenhamos: muitas vezes não damos o valor que o tempo merece. Ocorre com muita gente. Já me dei conta de um insight: meu tempo está tomado, sim, por tudo aquilo que valorizo – meu negócio, amigos, família, leituras, lazer, ginástica (nossa, até ginástica!). Ainda assim, bate a ansiedade de poder aproveitá-lo melhor. Percebi que ocupar o tempo nem sempre é sinônimo de realização e resultados. Estou rodeada por papéis, computador, celular e muitas tarefas que esmagam meu dia a dia. Sobra pouco espaço para aquelas pausas que fazem tão bem à nossa sanidade. E tudo isso em nome de quê? Quando me dei conta, estava dizendo sim para situações que já não cabiam mais em meus projetos e em minha vida. Procrastinei decisões, deixando para depois tarefas que são tão importantes, mas que dão certa preguiça e dúvida. E, então, percebi também que estar cercada de boas ferramentas de trabalho é fundamental para ganhar um tempo que pode ser aproveitado em outras situações. Uma boa conexão pode ajudar. Além disso, equipamentos de qualidade agilizam outras tantas tarefas.

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Em meio à turbulência de meus insights, mergulhei em uma pausa como nunca havia feito antes. Trata-se daquele momento em que os olhos se fecham, a boca se cala. Nisso, imagens e sons passam a permear sensações e sentimentos. Naquele milésimo de segundo, foi possível reorganizar o tempo considerando sua finitude e seu estado de presença. Dali nasceram novas possibilidades de me dedicar a tudo mais que me agrada e que traz colorido para a minha vida. Procurei utilizar mais as ferramentas online para organizar meu tempo – planners, calendários, mapas mentais – e comecei a construir agendas semanais com tudo que tenho para fazer, incluindo o que está pendente (muitas vezes ficava esquecido entre um papel e outro). No começo deu um certo trabalho, confesso – mas foi ficando tão mais fácil e mais leve. E boas ferramentas com bons equipamentos ajudam muito. Com tudo isso, o tempo ganhou um espaço que pude ir preenchendo com outras atividades prazerosas que estavam esquecidas. E uma grande lição foi aprendida. Neste estado, um cotidiano com mais sabor, é que podemos aproveitar melhor o tempo. TP Para mais informações: acer.com.br facebook.com/AcerdoBrasil @acerdobrasil @acerdobrasil


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E STI LO

A NOVA GERAÇÃO DA JOALHERIA NACIONAL Conheça a joia identitária e quem são os novos talentos que estão trazendo frescor ao mercado POR MARCIA CROCE, DIRETORA DA DGNG DESIGN & NEGÓCIOS, CONSULTORIA ESPECIALIZADA NO SETOR JOALHEIRO

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m dos muitos atributos do Brasil é a sua criatividade, que vemos aplicada em muitos setores, principalmente na joalheria. A cultura do design nas nossas joias é muito admirada mundo afora. Diversos são os talentos criativos brasileiros reconhecidos e premiados. Como uma consultoria que atende a essa indústria, a DGNG Design & Negócio tem seu radar ligado em diversas marcas e profissionais, tanto do Brasil quanto do exterior, acompanhando seu desenvolvimento. E um dos movimentos que está se consolidando é o da criação da joia com um propósito muito além de um simples adorno estético. As joias têm diversas funções. Além de adornar, historicamente, elas já reinaram como elemento de distinção, status de poder e riqueza, demonstração de fé, poderes místicos, entre outros. Mas agora, se desvencilhando de todas essas finalidades, vem surgindo uma joalheria muito mais “ampla individualmente”. Parece contraditório, né? Mas não é, e eu explico. Hoje a joia está associada à representação da identidade de quem a usa. É um objeto de expressão. Sua percepção de valor é muito superior ao dos seus materiais nobres. Claro que o ouro, a platina e as pedras preciosas endossam a expressão de empoderamento, mas, para a mulher que a está vestindo, o significado de autoexpressão é muito mais importante. E é exatamente isso que uma nova geração de joalheiros está trazendo: um trabalho mais autoral, autêntico e genuíno, mas totalmente vinculado ao objetivo de tornar cada mulher única. É a cultura do design com foco na identidade que ganha protagonismo durante o processo criativo desses profissionais. PARA QUEM É ESSA NOVA JOALHERIA? Para as mulheres de atitude! Para aquelas que querem se comunicar e contar a sua história por meio da sua imagem. É por isso que elas buscam uma joia alinhada aos seus respectivos estilos de vida, pensamentos e conceitos em que acreditam. Elas não querem o comum. Muito pelo contrário, elas querem uma joia que enalteça a sua personalidade. Ao vestir uma peça arrojada, imprevisível e até mesmo fora dos padrões es-

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téticos comum, a mulher se posiciona de uma forma diferenciada, se distinguindo de qualquer outra pessoa. A JOIA DO FUTURO Muitos dos meus recentes trabalhos de desenvolvimento de branding e de produto na DGNG têm sido os que têm como objetivo valorizar a individualidade do público que vai vestir as joias. Por isso, acredito que a joia do futuro é aquela que, cada vez mais, trará originalidade, seja na forma de uso, na composição dos materiais, na mistura com outros elementos, entre tantos outros. É importante chamar atenção que este novo cenário também traz à tona uma reflexão diferente na forma como a mulher vai escolher a joia. A partir do momento em que a seleção é baseada no íntimo da pessoa, aquelas argumentações como “se a peça combina ou não com a roupa” deixam de fazer sentido. A mulher passa a enxergar a joia muito mais associada ao território artístico e conceitual do que como um simples objeto de enfeite. Se eu pudesse deixar uma dica para o leitor, eu diria que, na hora de escolher uma joia, busque entender qual é a his-


Eles estão renovando o segmento de alta joalheria no Brasil. Em sentido horário, Beatriz Tambelli, Camille Vedolin e Anthony Garcia

tória que ela carrega e, principalmente, como ela vai interagir com você, de que forma ela fará parte da sua vida e poderá contar sobre você. A joia que tiver repertório para responder a tudo isso certamente é a que mais te representa. Quem são os novos talentos dessa joalheria identitária? Muitos estão na nova safra de joalheiros que estão trazendo um frescor ao setor. Nesta edição, destaco três dos que estão alçando a joalheria contemporânea a um novo patamar artístico e de expressão. Anthony Garcia é o diretor criativo da marca L/Dana. Para ele, a joia é um meio de comunicação e, por isso, uma maneira de emocionar, educar e marcar pessoas. Ele sempre parte de uma obra clássica do teatro para criar uma coleção. Ao extrair profundamente os sentimentos, os dilemas, as tragédias e os dramas humanos que permeiam o enredo, ele busca os pontos de identificação e estuda como eles transcendem décadas, séculos e milênios, podendo dialogar com os dias de hoje. Com qual objetivo? Fazer as pessoas repensarem, ou terem um segundo olhar, sobre o presente, passado e futuro. E o resultado de como ele materializa uma pesquisa em uma joia é sensacional. Você praticamente “sente” a joia e toda a história que está por trás. É como apalpar um conceito, um sentimento, mas com uma narrativa totalmente contemporânea. Beatriz Tambelli é a designer por trás da marca homônima Bia Tambelli. Sua joalheria é marcada pelo imprevisível. Despren-

dida de qualquer convenção ou tendência, sua essência criativa reflete sua filosofia e seus propósitos pessoais de vida. Sua arte parte de estudos de arquétipos para ativar o subconsciente coletivo em prol de uma evolução e autoconexão com a fonte que nos gerou. Tudo isso é ainda associado ao poder dos minerais que, por meio de sua ressonância, nos ajudam a bloquear os efeitos nocivos oriundos da toxidade eletromagnética a que estamos expostos diariamente. Por seguir exatamente o que acredita e ser fiel à sua realidade, ela buscou técnicas próprias de joalheria, se distanciando das clássicas. Camille Vedolin é a designer da marca Camille Voll. O traço mais marcante da sua criação é a fluidez das formas. A organicidade é o fio condutor do seu desenvolvimento: ela pensa a joia no corpo e daí parte para o processo de concepção de trás para a frente. Algumas das suas peças você só entende a proposta depois que as veste. Muitas têm seu padrão de uso rompido e formato estético nada convencional. Camille é uma mulher de atitude que cria joias para outras mulheres de atitude que estão vivendo sua plenitude, assumindo seu corpo e suas formas. E, neste sentido, a joia é o elemento de fusão entre essa sensação de autossatisfação e a pele. TP Para mais informações: dgng.com.br DGNGdesignenegocio/ @dgng_designnegocio

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TEN D ÊN CI A S

UM NOVO OLHAR PARA O

NOVO FUTURO E X PE RT 2020, M A IOR E V E N T O DE I N V E S T I M E N T O S

D O M U N D O, O R G A N I Z A D O P E L A X P, D Á O N O R T E PA R A EMPR EEN DEDOR E S E IN V E ST IDOR E S T R IL H A R EM O C A M I N H O D O S U C E S S O D U R A N T E O “ N OVO N O R M A L”

POR FRANÇOISE TERZIAN

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m novo olhar para um novo futuro, em um mundo que enfrenta o maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial e em um Brasil que experimenta, pela primeira vez, uma taxa de juros de 2,25% ao ano. Com um olho nos obstáculos criados pela pandemia e outro nas oportunidades que surgem ou foram aceleradas com o surgimento da crise, um time de pesos pesados participou do Expert 2020, o maior evento de investimentos do mundo. Ele foi realizado pela XP entre 14 e 18 de julho com nomes de fama mundial – do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair à ativista paquistanesa Malala Yousafzai. Superlativo pela grade de mais de 200 horas de conteúdo e impactante pelo número de inscritos, o evento reuniu 1 milhão de espectadores virtuais nas primeiras oito horas e mais de 5 milhões ao longo dos cinco dias. Com o intuito de democratizar a informação de alto valor, potencializar o conhecimento e transformá-lo em oportunidades e estratégias para o negócio, o Expert 2020 foi um estímulo aos investidores e empreendedores. “O Brasil está muito diferente. Nunca vimos um país com juros a 2,25% ao ano”, comentou Guilherme Benchimol, fundador e CEO da XP Inc. na abertura do Expert 2020. “A concentração bancária aqui é muito grande e a gente sempre investiu comprando CDI e renda fixa. Vamos abrir a cabeça, aprender e inspirar o Brasil. É possível acreditar em um país melhor.” Uma pergunta incisiva sobre o momento pelo qual passa o mundo foi feita por Gabriel Leal, sócio e diretor-executivo da XP Inc. “Será que, em meio à maior crise, teremos a maior mudança da nossa história?”, questiona. Com o avanço do home office, os grandes centros vão mudar e a nova geografia do mundo será profundamente modificada. Na visão de Leal, tais mudanças vieram para ficar. “Estamos atravessando a maior transformação cultural do brasileiro”, diz ele. “Antes, qual era o comportamento do nosso investidor? Era a incerteza em relação ao futuro, o que levava à compra de ativos atrelados ao CDI. Assim agiu o investidor nas crises mais recentes. Mas a de agora é completamente diferente das demais. O CDI não fica mais na faixa de 13%, 14% ao ano. Pela primeira vez, os juros reais, descontada a inflação, chegam a taxa zero ou negativa.” Diante da baixa taxa de juros, os investidores têm rentabilidade quase 50% inferior ao de outros idos. Tal diferença tem feito com que cada vez mais pensem em formas diferentes de investir. A Selic atual estimula a não colocar todas as economias no CDI, como se fazia em passado recente. “O brasileiro tem que investir seu dinheiro e não guardar esperando juros do CDI”, alerta Leal. A lição é a mais antiga e verdadeira: jamais

“O B R A S I L E S TÁ M U I T O DIFERENTE. NUNCA V I M O S U M PA Í S C O M J U R O S A 2 , 2 5% AO A N O ” GUILHERME BENCHIMOL, F U N DA D O R E C E O DA X P I N C

coloque todo seu dinheiro em uma única cesta. A diversificação traz melhores resultados. A crença é a de que esse ciclo de baixíssima taxa de juros durará por um longo tempo. Ele chega impulsionado pela alto índice de desemprego que ajuda a segurar a inflação. Por outro lado, vive-se hoje uma fase de abundância de empreendedorismo e tecnologia. Não por acaso, a Bolsa de Valores brasileira superou os 2,5 milhões de investidores. “Não se impressionem se esse número chegar a 10 milhões nos próximos dois anos”, prevê o executivo da XP. Em meio a esse cenário, o Brasil terá que enfrentar desafios de curto, médio e longo prazos. De imediato, o país precisa reduzir a burocracia. “Burocracia que Paulo Guedes (ministro da Economia) chamou de Manicômio Tributário Brasileiro, frase dita há mais de 20 anos pelo Roberto Campos”, lembrou o economista Ricardo Amorim durante sua apresentação no Expert 2020. A longo prazo, Amorim defende o investimento em educação. Para ele, trata-se de fator determinante para o desenvolvimento. Não só pela capacitação de mão de obra e pelo fortalecimento da democracia, mas também pela formação de uma nova geração de investidores que estudam e, assim bem informados, assumem riscos.

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Essa lição também vem do navegador Amyr Klink, que falou no Expert 2020 sobre a importância de conviver com especialistas para ter êxito nos objetivos. De acordo com Klink, existe uma grande similaridade entre navegadores e assessores de investimentos. Ambos precisam de planejamento e autocontrole. “Escritórios são os barcos e assessores os navegadores.” Ensina a história que as maiores oportunidades surgem em momentos de crise. “O que cria oportunidade é a redução brutal de preços”, explica Amorim. “A grande maioria compra depois que a crise está passando. À medida que o preço de um ativo sobe, a gente ouve histórias de alguém que comprou aquele ativo e ganhou dinheiro. Pode ser ação, título, moeda estrangeira, imóvel. Não importa qual o tipo de ativo. Movimentos de alta geram mais movimentos de alta por atraírem o olhar de outros investidores. É aí que a ganância começa a piscar e aumentam as compras e aceleram a alta. E esse é o final do movimento.” Como bem disse o investidor e escritor americano Howard Marks, durante o Expert 2020, “tudo o que é importante para investir é contra-intuitivo, e tudo o que é óbvio está errado”. Sobre o longo prazo, Amorim lembra ainda que, se o Brasil conseguir manter a situação fiscal e as contas públicas organizadas, o país tem potencial para atrair muitos investimentos. O número de investidores pessoa física na Bolsa também tende a dar um salto, mantendo o ciclo positivo. No momento em que a renda fixa não paga praticamente nada, os investidores precisam ter outras alternativas. “É preciso fugir da renda fixa mais básica, papai-mamãe”, brinca Amorim. Tudo isso estimula que investidores tomem riscos e, por consequência, conquistem altas de ativos.

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Durante o evento, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair defendeu um setor público eficiente: “As oportunidades devem ser divididas da mesma forma. O capital humano é fundamental para os países”


“ E S C R I T Ó R I O S S ÃO OS BA RCOS E A S SE S SOR E S

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DE IN VESTIMENTOS, O S N AV E G A D O R E S .” A M Y R K L I N K , N AV E G A D O R

O PAPEL DOS GOVERNOS Uma das estrelas do Expert 2020 foi o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, que deu uma aula sobre governar. Ele explicou que a diferença dos países depende da qualidade do governo. “Estudamos e trabalhamos arduamente para entender o que faz um governo ter sucesso, ser eficaz. O que faz certos países não se desenvolverem? Ineficiência, corrupção?”, questionou. Em seguida, lembrou que é até fácil descobrir o que os governos devem fazer. O grande problema é o surgimento de interesses que se interpõem. Nos casos de mercados emergentes, Blair considera fundamental eliminar a corrupção, preservar o estado de direito, elaborar e cumprir regras para investidores, de forma a oferecer um clima propício para as empresas crescerem. O setor público também não pode ser esquecido. Ele deve ser eficiente e não superinflado. “As oportunidades devem ser divididas da mesma forma. O capital humano é fun-

damental para os países”, alertou. Para atrair mais investimentos, o ex-primeiro-ministro lembrou da importância de se construir um setor privado vibrante. Regras tornam setores como o energético adequado, com bom clima para trabalhar e um incentivo à força de trabalho bem capacitada. Em resumo, Blair sugere aos líderes políticos uma estratégia política. Quanto ao cenário do mundo pós-pandemia, a teoria de Blair é que tudo o que já estava presente antes da crise estará lá depois. Só que em maior volume e de forma mais acelerada. “Enfrentaremos enormes problemas econômicos”, avisa. O que vai diferenciar o cenário futuro

de um país para o outro são as estratégias previamente adotadas. Tanto no combate à Covid-19 quanto nos incentivos a diferentes setores e oferecimento de auxílio emergencial à população necessitada. A Grã-Bretanha, acredita Blair, terá que fazer duas coisas: estimular a economia e tomar atitudes corretas em relação à evolução tecnológica. Outros problemas enfrentados pelo mundo serão as altas taxas de desemprego, empresas com sérias dificuldades de se tornarem lucrativas, negócios que enfrentarão uma longa fase até a recuperação e setores que serão obrigados a enfrentar longos e rigorosos períodos de prejuízo. Sem estratégia, alguns correm o risco de viverem

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“ T E N TA R A M M E S I L E N C I A R C O M U M T I R O. T I N H A M M E D O DA VO Z D E U M A A D O L E S C E N T E ”. M A L A L A YO U S A F Z A I , AT I V I S TA PA Q U I S TA N E S A

no vermelho permanentemente. “Viveremos tempos de incertezas”, disse Blair. Segundo ele, devem se acelerar as indústrias que trabalham com cooperação e tecnologia. Há muitas outras oportunidades no horizonte, a exemplo da África. “A África irá dobrará a população nos próximos 30 anos, se desenvolverá, construirá aeroportos, usinas, rodovias”, previu. Na sequência, Blair trouxe à tona um tema de extrema importância. “Como você faz com que um continente como a África para que ele cresça como necessita, só que de forma sustentável?”. A resposta o próprio Blair deu. “Ela está na ciência, na tecnologia e nas novas formas de energia. Devemos pensar que viveremos em um mundo com carros elétricos, cidades inteligentes e muitos outros grandes avanços.” A tecnologia traz consigo enormes possibilidades, mas também desafios. Dentre eles está o grande divisor social, com possibilidades a uns e falta de aces-

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so a outros. Por isso, Blair defende uma política que foque nas soluções práticas. PROPÓSITO NA VIDA “O que traz mais felicidade é ter propósito na vida e ajudar os outros.” Essa frase foi dita por Guilherme Benchimol no último dia de Expert 2020. Segundo ele, o Brasil necessita de empreendedores corajosos que aprendam com o país. “Aqui o culpado é sempre o governo. Agora, com os juros baixos, é um estímulo natural ao empreendedorismo. É hora da gente empreender, de acreditar no Brasil e de construirmos o Brasil que a gente sempre acreditou.”

Nos últimos cinco anos, ele lembrou que mais de 100 mil brasileiros deixaram o país. “Voltem. Aqui é maravilhoso. Vamos empreender aqui”, convocou Benchimol. “Depois da pandemia, será hora de construir emprego, escola, hospital. Eu amo o Brasil, não vou sair daqui de jeito nenhum.” Uma das conferências mais aguardadas da Expert 2020 foi a da ativista paquistanesa Malala Yousafzai, ferida a bala por extremistas do Talibã quando tinha apenas 15 anos. Hoje com 23, a vencedora do Prêmio Nobel da Paz contou que seu melhor aprendizado foi: desempenhe seu papel. “Eu me dei


Fundador e CEO da XP Inc., Guilherme Benchimol (à esquerda) foi um dos anfitriões Expert 2020, que contou com os ativistas paquistaneses Ziauddin e Malala Yousafzai (pai e filha)

conta que todo mundo pode desempenhar o seu papel, fazer sua parte”, disse. “Pode ter um blog, escrever, fazer parte da mudança que você quer ver acontecer.” Malala continuou: “Eles tentaram me silenciar com um tiro. Tinham medo da voz de uma adolescente. Saiba que sua voz pode trazer conscientização para uma comunidade”. Recém-formada em política e economia pela Universidade de Osford, na Inglaterra, a ativista defende que a educação seja universalizada. “Entre outras benesses, é uma parte impor-

tante do empoderamento e da emancipação da mulher”, defendeu. Por esse motivo, insiste que os países que não gastam o suficiente do orçamento em educação, principalmente no início dos anos escolares, embarcam em um erro fatal. A conferência de Malala contou ainda com a participação de seu pai, o ativista educacional paquistanês Ziauddin Yousafzai, que afirmou a importância de os homens permitirem às mulheres avançarem. Em toda e qualquer sociedade, e em especial na dele que se opôs ao Talibã e todas

as restrições à educação das meninas. “Eu não cortei as asas dela. Deixei que ela voasse”, ensinou Yousafzai. Se ter apoiadores é essencial, ter mentores também se torna fundamental no processo de transformação de uma pessoa. Exemplo disso foi dado pela participação do astro do basquete Magic Johnson. “A razão de eu ter chegado até aqui é porque tive muitos mentores”, contou durante o Expert 2020. O ex-jogador sempre se cercou de grandes mentes executivas. Uma lição para quem quer trilhar esse caminho. TP

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E V ENTO

CONHECIMENTO E DOAÇÃO “Live do Bem Panasonic” reúne CEOs para dividir experiências e arrecadar fundos para o Projeto Capacita-me

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“Live do Bem Panasonic”, encontro online com palestras ministradas por CEOs e empresários brasileiros no último mês de agosto, arrecadou mais de R$ 200 mil em dinheiro, máscaras e cestas básicas – tudo destinado à ONG Capacita-Me. A instituição, liderada pela pedagoga Marcia Maia e por Carol Prates, promove o desenvolvimento de jovens e famílias em situação de vulnerabilidade, tendo entre outros objetivos gerar empregabilidade. Foram cinco horas de evento, comandado pelo mestre de cerimônias Fabio Ribeiro, gerente geral de marketing da Panasonic, e Ricardo Battistini, diretor comercial da THE PRESIDENT e fundador do grupo VIP Battistini. Eles conversaram com Rachel Maia (CEO da Lacoste e fundadora do Capacita-me); Guilherme Benchimol (CEO do grupo XP); Luiza Helena Trajano (presidente do conselho administrativo do Magazine Luiza e presidente do grupo Mulheres do Brasil); João Appolinário, fundador e CEO da Poli-

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shop; Alexandre Velilla Garcia, CEO do Cel.Lep; Divanildo Albuquerque Jr., diretor-geral da Land Rover e da Jaguar no Brasil; Marcelo Tabacchi, presidente da Faber-Castell; Eduardo Jakus, diretor da Vigor; e o nadador paraolímpico brasileiro e recordista mundial Daniel Dias, entre outros. Todos compartilharam com o público parte de seu aprendizado e mensagens de esperança e superação. A live, que teve o apoio da revista THE PRESIDENT e do grupo VIP Battistini, faz parte de uma sequência das ações realizadas pela Panasonic do Brasil desde o início da pandemia. “Temos um papel social muito importante perante a sociedade”, disse Sergei Epof, vice-presidente da empresa. “E estamos fazendo uso de todos os nossos meios para cumpri-lo.” Vale ressaltar que o apoio se estenderá após a realização da live, para contribuir de forma eficaz para o desenvolvimento profissional de pessoas carentes. Para quem não pôde assistir ao vivo, o conteúdo está disponível no YouTube da Panasonic. TP

Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza), Rachel Maia (Lacoste Brasil) e Guilherme Benchimol (Grupo XP) e outros líderes compartilharam suas histórias no evento digital



L A N Ç A M ENTO

PRODUTOS, SERVIÇOS & CIA. Uma nova proposta de espaço premium chega ao shopping Cidade Jardim. E a revista THE PRESIDENT estará lá POR MARINA LIMA

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arcos, motos, aviões, alta tecnologia, canivetes, relógios, drinques, roupas. Uma área especial dentro do shopping Cidade Jardim, com quase 200 m 2 de produtos, serviços e entretenimento voltados para o público masculino, é a proposta da recém-inaugurada Men’s House em São Paulo. O espaço – que traz uma visão inovadora de unir marcas sofisticadas, como a Azimut, líder mundial na fabricação de barcos de luxo, e a Icon, empresa brasileira de aviação executiva

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com a frota mais moderna e diversificada da América do Sul – agrega ainda os carros da Jaguar Land Rover e as motocicletas Triumph. Os pilares da Men’s House se dividem em Brands, Network, Lifestyle, Wellness, Entertainment, Business e Fun. Com esse intuito, os frequentadores e clientes poderão viver experiências por meio de uma agenda de eventos semanais. Vale lembrar que a revista THE PRESIDENT estará presente com um lounge especial e confortável para pequenas


A fachada da Men's House, Jaguar F-Type e Azimut Magellano 66 pés

reuniões e encontros. É claro que, nesse universo que a Men’s House busca enfatizar, os relógios não poderiam faltar. Royale e Watch Time já estão lá, nas áreas de compra, venda e assistência técnica. Canivetes, mochilas e acessórios made in Switzerland pela tradicional Victorinox, além da alfaiataria de alto nível da Merino e cosméticos da Keune, completam a lista. Na área de serviços, voltada para o mercado de alto luxo, a Remax Urban utiliza os mais modernos sistemas para agilizar as transações imobiliárias de forma eficiente. A Men’s House sedia ainda o primeiro bar Macallan no Brasil, especializado nos single malts da célebre destilaria escocesa. Já a adega Vinhos e Momentos promete degustações especiais e inusitadas. Idealizada por Marcello Mora, das boutiques Rolex e Corsage do mesmo shopping, e realizada pela LGL Case, a Men’s House terá também uma versão itinerante. Rio de Janeiro e Ribeirão Preto já se encontram no target do empreendimento. Para enfrentar os riscos da Covid-19, o lugar dispõe da tecnologia UV-C Plus, com efeito bastante forte, mas muito segura. Ela reduz o risco de contato com bactérias, vírus e outros micro-organismos nocivos transportados pelo ar. TP

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VISÃO Prazer, eu sou os anos 60 Sensual, a inglesa Jane Birkin, intérprete de Je T'aime... Moi Non Plus, foi o espírito de uma época

POR WALTERSON SARDENBERG S O* COLAGEM RAPHAEL ALVES

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oi o único episódio em que o Exército, na ditadura militar, cercou uma fábrica de discos no Rio de Janeiro com a ordem de quebrar tudo, caso os operários continuassem prensando um disco. O tal compacto simples da Philips, naquele ano de 1969, não continha alguma gravação de Geraldo Vandré, Chico Buarque ou outro adversário do regime. Os 4 minutos e 21 segundos de “Je T’Aime, Moi Non Plus” nem eram cantados em português – mas sussurrados em francês. Como podem ter provocado a mais radical reação contra um disco no Brasil? Simples: a acusação de pornografia. Apoiado em românticos floreios de um órgão Hammond, o autor da música, o feioso francês Serge Gainsbourg, 42 anos, dividia os versos com uma linda inglesinha duas décadas mais jovem, Jane Birkin, sua nova mulher. A letra, picante, murmurava: “Je vais et je viens, entre tes reins” (“Vou e venho entre os seus rins”). Mas o mundo se acabou não pelo estrondo das palavras, e sim pelos gemidos. No final da gravação, Jane se derretia num orgasmo. Espanha e Suécia proibiram o disco. A rainha Juliana, da Holanda – uma das sócias da Philips –, baniu-o de pronto. Na Itália foi pior. O chefe local da gravadora viu-se excomungado e preso. No Brasil, o diretor da Philips, André Midani, correu para a fábrica e interrompeu a prensa-

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gem. Aos fãs de Jane, restava gravar em minicassete – uma criação da Philips – o compacto simples de algum amigo, e encarar uma discussão bizantina: Gainsbourg e sua musa estavam mesmo fazendo aquilo no estúdio ou não passava de simulação? Havia outra questão: o que aquela gatinha estupenda, de imensos olhos azuis, boca carnuda, pequenos seios empinadinhos e voz aliciante, embora também diminuta, enxergara no feioso de orelhas de abano? Por que se unira a um narigudo inchado de birita? Se inveja de fato matasse, os fãs de Jane não teriam sobrevivido. Para piorar, Gainsbourg gozava da reputação de sedutor. Gravara a mesma “Je T’Aime” dois anos antes com Brigitte Bardot, outra de suas conquistas. BB descartara o lançamento do disco por intervenção do namorado, o playboy Gunther Sachs. Não bastasse, Gainsbourg era talentoso e visionário, embora também fosse vulgar e manguaceiro. OK, Jane podia não ter tantos pendores — nem tantos defeitos. Ainda assim, mais do que Gainsbourg, ela era os anos 1960. Vejamos. James Bond, nudez, cinema de vanguarda, liberação sexual, Beatles, David Bailey, moda insolente, maio de 1968 e orientalismo formam um painel da década. De uma ou outra forma, Jane esteve em todas.



Entre seus fãs declarados como cantora estão Franz Ferdinand, Manu Chao, Beck e Caetano Veloso. Aliás, já se apresentou com todos eles

Filha de Judy Campbell, uma atriz de prestígio – era a preferida do dramaturgo Nöel Coward –, estreou no teatro aos 17 anos, onde conheceu John Barry, autor das primeiras canções-tema do 007. Casou-se com ele, teve a filha Kate e logo separou-se. Emblema da Swinging London, com minissaias que caberiam melhor na palavra micro (se é que, ainda assim, não ficariam curtas demais), tornou-se musa do fotógrafo David Bailey, o inspirador de Blow-Up (Depois Daquele Beijo), de Michelangelo Antonioni. No filme, protagonizou o primeiro nu frontal do cinema britânico. Pouco mais tarde estaria vivendo a personagem Penny Lane no longa Wonderwall, de Joe Massot, com trilha sonora de George Harrison. Haja cítaras. Foi quando Gainsbourg meteu o nariz onde foi chamado. O cineasta Pierre Grimblat o convidara para o papel principal do filme Slogan. Faltava escolher a partner. Marisa Berenson chegou a ser cogitada. Grimblat preferiu Jane, a quem conheceu – onde mais? – na King’s Road, a rua londrina da moda. A inglesinha viajou a Paris tremendo de medo. Não falava francês. Aprendeu rudimentos do idioma com o mordomo de Grimblat – chinês. Apresentada a Gainsbourg, considerou o feioso não só sarcástico como arrogante. Grimblat os aproximou. Levou o casal à boate Regine’s e saiu de fininho. Foi uma noite de muita

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birita e esticadas. A última no Hilton Hotel, onde a inglesinha assustou-se ao ouvir o recepcionista perguntar ao misto de Cyrano de Bergerac com Dumbo (pois é, a maldita inveja): “O quarto de sempre, senhor?” Jane escondeu-se no banheiro da suíte. Pensava: “Caramba, como fui me meter nisso?” Até então tinha tido um único homem. Estava prestes a conhecer o segundo, mas não foi daquela feita. Quando enfim voltou ao quarto, topou com Gainsbourg roncando. PIGMALIÃO 24 HORAS Jane estreou como cantora gravando a canção-título de Slogan, composta por Gainsbourg, enquanto o diretor do filme amargava a perda de seu Porsche, explodido pelos estudantes no boulevard Saint-Germain, em maio de 1968. Já então Jane e Gainsbourg iam fundo em uma relação neurótica e apaixonada, que nem mesmo uma mística viagem ao Nepal apaziguou. De volta a Paris, ele a enfurnara em um sobrado com o interior todo pintado de preto – como se levasse a sério a recomendação dos Stones em Paint it Black –, onde nem Jane, nem a enteada Kate e tampouco Charlotte, a filha do casal, podiam tocar em nada sem a autorização do rei. Gainsbourg jamais foi violento. Mas indicava as roupas da mulher e até decidia o que ela iria comer. Da porta preta para fora, incentivava Jane a participar de filmes atrevidos como Don Juan. Nele, a atriz foi para a cama com — veja só — Brigitte Bardot. Até escolheu a mulher para o filme barra-pesada que dirigiu, com o obsessivo título Je T’aime, Mois Non Plus (no Brasil, Paixão Selvagem). Na fita, Jane, com cabelos à la garçonne, se faz passar por um homossexual e atrai um caminhoneiro gay, vivido por Joe Dallesandro – ator-fetiche de Andy Warhol. Mais um escândalo. Jane só foi arrumar trabalho no cinema passados três invernos. Fora da casa negra da rua Verneuil, Gainsbourg participou, sobretudo, da carreira musical da mulher. Compôs para ela clássicos do quilate de “69 Anée Érotique” e “Mon Amour Baiseur”, no qual relata 21 maneiras de se beijar alguém. Esse pigmaleão 24 horas, contudo, atazanou Jane a ponto de ela atirar-se no rio Sena em uma noite fria, depois de uma DR. Os bombeiros tiveram trabalho duplo. Gainsbourg, embriagado, também se jogara nas águas gélidas. Cansada do papel de bonequinha, Jane largou o mal-apessoado para unir-se ao cineasta Jacques Doillon, que a dirigira em La Fille Prodigue. Para variar, teve mais uma filha, Lou – estava grávida dela antes de deixar a casa dark. Inconformado, Gainsbourg continuou a assediá-la. Embora não fossem mais um casal, permaneceu seu mentor. Era o homem por trás do melhor álbum de Jane, Baby Alone in Babylone,


Jane, o narigudo Gainsbourg e o compacto simples que escandalizou o planeta

de 1983. Assim continuou até 1991, quando morreu em frangalhos, depois de décadas de excessos. A partir daí, o que aconteceu com Baby Jane? Se, em homenagem a ela, a centenária grife Hermès lançara uma bolsa com seu nome – hoje, um clássico –, a passagem dos anos tornou a inglesinha ainda mais influente. Seu disco ao vivo de 1987, Au Bataclan, foi a inspiração da banda Baby Birkin. Outra: a cineasta Agnès Varda filmou a vida da atriz, em Jane B par Agnès V. A própria Jane rodou sua velada autobiografia, Boxes (Caixas), com Michel Piccoli e Geraldine Chaplin como os seus pais. Sem contar, claro, shows e gravações com Franz Ferdinand, Manu Chao, Beck e Caetano Veloso, fãs declarados. Tem mais: a militância de Jane na Anistia Internacional e outras campanhas humanitárias renderam condecorações dos governos britânico e francês. Além disso, suas filhas Charlotte Gainsbourg e Lou Doillon viraram bem-sucedidas cantoras e atrizes. A primogênita, Kate Barry, era uma fotógrafa de moda renomada. Caiu de um edifício para a morte, aos 46 anos, no ano de 2013, em Paris. Um acidente, especula-se.

Ao contrário de muitas companheiras de geração, a despojada Jane, aos 73 anos, descarta botox e até maquiagem. Quando esteve em 2009 no Rio — cidade em que o Exército quase destruiu uma fábrica por causa dela —, entrou num ônibus de linha para chegar ao Corcovado, sem estrelismo. Na ocasião, declarou-se “viúva de Gainsbourg, ainda que tenha tido outro marido”. Mesmo fora do castelo de ébano, o ectoplasma do narigudo ainda reina. Em 2018, Jane fez um show inteiro em São Paulo em homenagem ao ex-marido. Quanto àquela velha dúvida sobre as circunstâncias da gravação de Je T’aime, Gainsbourg esclarecera, muitos anos depois: “É claro que não transamos no estúdio. Fosse assim e não teria sido uma compacto, mas um LP”. Infame narigudo! TP (*) Walterson Sardenberg Sº é jornalista e nasceu na cidade de São Paulo em 6 de julho de 1957, o dia em que John Lennon e Paul McCartney se conheceram e ficaram amigos.

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A arca de Noël Ou como o menino “Natal” legou à MPB um tesouro de canções inesquecíveis

POR MATIAS JOSÉ RIBEIRO*

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oël Rosa é um Noël Rosa é um Noël Rosa é um Noël Rosa. Noël Rosa é um Noël Rosa, não há dois. E neste ano em que se festejam 110 anos de seu nascimento e se reverenciam 83 de sua morte, esse Noël Rosa único permanece vivo por meio de uma obra que resiste ao tempo como raras outras de sua época na música brasileira. Surpreso, intrigado com o trema no “e”? Pois saiba que o compositor foi registrado assim mesmo. Ele nasceu pouco antes do Natal, em 11 de dezembro de 1910, e seu pai, Manuel de Medeiros Rosa, o batizou justamente com o nome de “Natal”. Mas em francês: Noël. O fato é que Noël de Medeiros Rosa gostou disso e sempre assinou assim seu nome. Certamente via naquele trema alguma “bossa” – termo que, segundo Ruy Castro, foi ele o primeiro a usar com o significado de “jeito especial” (em seu samba “Coisas Nossas”, de 1930) e que depois veio a batizar a bossa nova. Por isso, nestas mal traçadas decidimos respeitá-lo – até por lembrar de célebre verso do próprio Noël: “Mas meu último desejo você não pode negar”. Personagem singular na história da música brasileira, Noël Rosa foi, pode-se afirmar, um perfeito caso de pessoa certa no lugar certo no momento certo. O lugar? Vila Isabel, bairro de classe média da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, que viria a ganhar fama pela vida boêmia. O mo-

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mento? Fins dos anos 1920, início dos 30, período marcado pela afirmação e profissionalização do rádio como veículo popular de massa e pelo desenvolvimento da indústria do disco – foi a partir da evolução do sistema de gravação elétrica em substituição ao mecânico que a música popular ganhou grande importância na vida cultural brasileira. A pessoa? Alguém de verve e genialidade incomuns, capaz de ignorar, e de suplantar, reais dificuldades. A mais conhecida delas, que o martirizou até o fim da vida, foi o rosto desfigurado pelo mau uso do fórceps em um parto difícil. O instrumento provocou fratura e afundamento de seu maxilar inferior e paralisia parcial da face direita, problema que se agravou com as cirurgias (que se pretendiam corretivas) a que foi submetido quando criança. Foi esse Noël Rosa, de Vila Isabel, daquela época de ouro, que entre 1928 e 1937 produziu cerca de 250 canções. Uma obra plena de tesouros. Alguns não tão brilhantes, é verdade, mas outros, duas ou três dezenas deles, verdadeiras joias raras, valiosíssimas. Obras-primas como “Com Que Roupa?”, “Palpite Infeliz”, “Gago Apaixonado”, “Conversa de Botequim”, “Fita Amarela”, “Cinema Falado”, “Três Apitos”, “Pra Que Mentir?”, “Dama do Cabaré”, “Feitiço da Vila”, “Quem Dá Mais”, “Feitio de Oração”, “Último Desejo”.

© RAPHAEL ALVES



PARA DAR E VENDER Surpreende sempre lembrar que os tais tesouros da arca foram produzidos em curto espaço de tempo, não mais do que oito anos. Uma prodigalidade espantosa. Surpreende também saber que Noël teve, devidamente registrados como tal, algo como 60 diferentes parceiros e, ainda assim, mais de metade de sua produção é assinada apenas por ele. E a surpresa aumenta ao percebemos que a obra de Noël foi com certeza muito maior. Afinal, naquele período proliferavam os “comprositores”. É esclarecedor esse depoimento de Noël ao jornal O Globo, em 31 de dezembro de 1932: “Pergunta-se na cidade constantemente: há compositores que compram samba? Eu posso afirmar que há. Falo por experiência própria. Já vendi muitos sambas. Você achará graça quando eu disser que vendia os sambas exclusivamente pelo prazer de vê-los gravados (...). Dizia-se nas ruas: ‘O samba de fulano é ótimo’. Eu me enchia de orgulho (...) O meu maior freguês de sambas era Gomes Júnior, da Casa Viúva Carneiro. Eu os vendia por uma verdadeira bagatela e eles davam lucros. Naquele tempo eu era otário. Agora sim é que eu estou começando a compreender a vida. Também não os compro porque, graças a Deus, não preciso disso.” Noël Rosa é sempre chamado “poeta da Vila” e centenas e centenas de seus versos revelam a justeza do epíteto. Lembremos apenas destes, em “Pela Décima Vez”, samba de 1935 que Noël chegou a mencionar como o seu preferido, dizendo que “ele acorda em mim o desejo de sonhar”: Joguei meu cigarro no chão e pisei Sem mais nenhum aquele mesmo apanhei e fumei Através da fumaça neguei minha raça chorando, a repetir: Ela é o veneno que eu escolhi pra morrer sem sentir O que com frequência se esquece, no entanto, é que Noël Rosa era ao mesmo tempo excepcional como melodista e tinha invejável sentido rítmico. Não se podendo esquecer, ainda, que era ótimo músico, tocava violão muito bem. O resultado de sua extraordinária capacidade de articulação entre os ingredientes da canção – o “modo Noël” de combinar melodia, ritmo, letra, pausas, acordes – é que fez do compositor não apenas um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos, mas também um dos grandes cronistas do Brasil de sua época. Criador de uma galeria de tipos, era um talentoso cronista do cotidiano do Rio de Janeiro. Cantava seu bair-

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Personagem singular na história da música brasileira, de verve e genialidade incomuns, produziu centenas de tesouros em curto espaço de tempo, não mais do que oito anos

ro, sua cidade, traduzia o espírito de tudo o que via em canções marcadas pelo humor e pela veia crítica. Sobre o tema, vale citar o próprio Noël em mais um fragmento da já referida entrevista a O Globo: “Antes, a palavra samba era sinônimo de mulher. Agora já não é assim. Há também o dinheiro, a crise. (. . .) Agora , o malandro se preocupa , no seu samba , quase tanto com o dinheiro como com a mulher. A mulher e o dinheiro são, afinal, as únicas coisas sérias deste mundo.” E também trecho de texto assinado pelo jornalista e pesquisador João Máximo: “Foi Noël Rosa quem demonstrou – com suas letras inspiradas no linguajar do povo, nos episódios do dia a dia, nos personagens de sua cidade, nos temas de sua época e ao mesmo tempo de todas as épocas, como os maus governos, a falta de dinheiro, a fome, o crime, a mendicância, a marginalidade, a boêmia – que tudo cabe numa canção ‘séria’, ainda que haja lugar também para o humor e a crítica irreverente. (...) Até em suas canções de amor, Noël desce das alturas do poeta derramado para o chão do homem comum. E o faz de forma admirável, única.”


VIVER SEM AMANHÃ Noël Rosa, que padeceu de tuberculose a partir do início de 1935, nunca perdeu o humor e a visão crítica. Continuou compondo com a mesma inspiração, como se a vida seguisse a mesma. E salvo em momentos de pioras na saúde continuou boêmio, frequentando botequins, bebendo, fumando. O resultado desse viver sem amanhã, comprometido apenas com o hoje, é que em menos de dois anos a doença o levaria à morte – em 4 de maio de 1937, quando tinha apenas 26 anos, quatro meses e 23 dias. Como se disse lá no início, porém, Noël Rosa continua vivo, vivíssimo, por meio de sua obra genial. E a comemoração dos 110 anos de seu nascimento é mote perfeito para que se conheça melhor Noël Rosa, sua música e sua vida. Pena que Noel Rosa: Uma Biografia, de Máximo e de Carlos Didier, o melhor e mais completo livro já publicado sobre Noël, há muito está fora das estantes e condenado a não ser reeditado. Lançado em 1990 pela Editora Universidade de Brasília, esteve disponível até 1994. Desde então foram frustradas as tentativas de reedição. Em 2001, duas herdeiras de Noël (duas sobrinhas, filhas do irmão Hélio Rosa) moveram processo contra os autores e a editora e ganharam a causa. Novas leis permitiriam o relançamento, mas Máximo e Didier se desentenderam entre si. Um exemplar da obra, hoje, não custa menos de R$ 265 em sites como Mercado Livre e Estante Virtual. Também não anda fácil encontrar outras obras fundamentais, como o li-

vro No Tempo de Noel Rosa, de Almirante, a caixa Noel Pela Primeira Vez, 14 CDs com gravações originais de 229 composições, e os três volumes de Songbook Noel Rosa, de Almir Chediak. De todo modo, para quem quiser mergulhar em Noël Rosa, há centenas de sites na internet tratando dele, alguns permitindo a audição de gravações e até entrevistas. E nas boas casas do ramo encontram-se muitos livros, CDs e DVDs, boa parte em lançamentos que aproveitaram, dez anos atrás, a onda do centenário. Uma boa sugestão para começar é o filme

Noel, o Poeta da Vila, de 2007, direção de Ricardo van Steen, com o ator Rafael Raposo no papel principal. Há uma boa cópia no YouTube. Quem só o conhece de ouvir suas músicas vai se surpreender com o sensível e complexo retrato de Noël que emerge do filme. TP (*): Matias José Ribeiro, viciado em música, é jornalista especializado desde os tempos do vinil e possui uma discoteca nada básica com todos os estilos, incluindo o Poeta da Vila, que chama de “os tesouros da arca de Noel”.

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O explicador de cozinhas Waverley Root ensinou ao mundo que comida é cultura. E vice-versa

POR ARMANDO COELHO BORGES*

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uma pena que nenhum dos livros de Waverley Root tenha sido traduzido até hoje no Brasil. Ele nasceu em Providence, Rhode Island, nos Estados Unidos, em 15 abril de 1903, e morreu dormindo (lucky fellow) em 30 de outubro de 1982, em Paris. Grande jornalista, grande escritor, começou em 1927 como correspondente do Chicago Herald Tribune na capital francesa. Esse jornal foi absorvido, sete anos mais tarde, pelo New York Herald Tribune. Continuando sempre na Cidade Luz, Root chegou a correspondente do Washington Post. Ele fazia parte da chamada geração de “expatriados” americanos que preferiam viver na Europa, sobretudo em Paris, nos anos 1920 e 30. A segunda leva desses artistas e intelectuais avançou pelos anos 40, 50 e 60. Root conhecia vários deles: Elliot Paul, Ernest Hemingway, Gertrude Stein, William Shirer (de Ascensão e Queda do III Reich) e outros. Ele não pensava em voltar. Seu destino era permanecer na Europa. Sobre Paris e o envolvimento das sucursais de que participava, dizia: “Nós gostávamos uns dos outros, dávamos duro na edição parisiense porque parecia um clube, quase uma religião, e tínhamos prazer de terminar nosso trabalho e botar a edição na rua”. Será que esse comentário ainda vale para as redações modernas tão competitivas? Root gostava de comida e gostava de viajar. Era homem

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culto. Seus livros mais famosos, The Food of France (1958) e The Food of Italy (1971), seguem sendo reeditados com sucesso nos EUA. Por isso venho chamar a atenção sobre ele nesta conversa de botequim. Logo se verá por quê. O AUTOR O que torna Waverley Root um caso à parte entre jornalistas e escritores que tratam de comida é que ele organiza, sistematiza e junta, sagazmente, com poder notável de síntese, a história, a pré-história, as regiões, as microrregiões, as paisagens, os cultivos, as raças, os costumes, os produtos, as bebidas, os pratos, os ingredientes, as maneiras de fazer e os detalhes das duas principais cozinhas da Europa e – por que não dizer? – do mundo. Relatos, observações, paralelos, dessemelhanças se aprofundam nos livros de Root e fazem-nos refletir, mesmo quando estão apenas a sublinhar conotações e anedotas para nos divertir. Se quiserem, façam o “desafio do livro bom”. O que é isso? Assim: abra qualquer página e a leitura prende logo. Não é guia, livro de viagem, tratado. É mais do que isso. É uma saga sobre gostos e sabores e o papel do homem ao desvendar esses segredos. A TOSCANA Vamos falar aqui do clássico The Food of Italy. Nele Root alinha

© RAPHAEL ALVES



etruscos, gregos e sarracenos que habitaram o que seria mais tarde a Itália. Com os etruscos (e, logo, os romanos), Root chega à Toscana, ao Lácio, à Úmbria, às Marcas e à Emília-Romanha – com todos os desenvolvimentos posteriores e modernos. São meandros e atalhos diante de nossos olhos, conduzidos por um cicerone esclarecido. A raça chianina na Toscana é o maior gado em altura no mundo. E produz a bisteca fiorentina. Porto Ercole, no litoral, foi onde Caravaggio morreu; os visitantes que fogem da vulgaridade de St. Tropez ali se abrigam. O arquipélago da Toscana perdeu a ilha de Elba, a maior, mas os romanos gostavam mais da ilha de Giglio, que chamavam de Agilium, construíam vilas de verão, enquanto o romancista francês Stendhal deu-lhe o nome de ilha das Sereias. Root explica que a zuppa di pesce alla gigliese não contém sereias – mas todos os peixes do entorno comparecem, além dos deliciosos baby octopuses. Na Toscana o cacciucco é a sopa mais famosa, com mistura de vários peixes, cebola, alho, salsa, molho de tomate fresco e, raramente, siri ou lagosta. É cozida com vinho branco seco, mas Root viu receitas pedindo vinho tinto específico. É impossível seguir com comentários do Lácio, da Úmbria e das outras regiões. Não há espaço para todos. Pecado. O DOMÍNIO DAS TRIBOS Com longobardos e germânicos, além de outros, Root entra na Lombardia, no Piemonte, em parte do vale d’Aosta e na Ligúria. Ele chama atenção sobre o fato de que a Lombardia é uma das raras regiões italianas em que se cozinha quase

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Root não fez guias, livros de viagem, tratados. Fez mais. Fez uma saga sobre gostos, sabores e o papel do homem ao desvendar esses segredos

inteiramente com manteiga. E uma de suas glórias é o queijo gorgonzola, feito de leite de vaca (entre as diferenças do roquefort francês, de leite de ovelha). Na Ligúria, o pesto é ótimo. Em Gênova, chega a ser maravilhoso. No restaurante La Santa, Root quis saber por que o gosto era diferente. O dono disse que era receita de Nervi, mais suave por causa do creme. Nervi fica só 7 (!) milhas ao sul de Gênova. Cada comuna importante tem receita própria de pesto, escapando da atração hipnótica da capital. Os primeiros marinheiros genoveses chegavam fartos de aspirar aromas da carga dos navios, como pimenta da Índia, cravo de Zanzibar, canela de Ceilão, pimentão das Antilhas. Só usavam a bordo gengibre para evitar o escorbuto. Em terra firme, a cozinha que os marinheiros sonhavam era a do lar, da presença de ervas aromáticas, contendo o sopro da terra, o gosto da terra, o perfume do manjericão. E na Ligúria constata-se a ausência de temperos fortes, como as pimentas, de resto usados nas outras regiões da Itália.

O DOMÍNIO DOS VÊNETOS Em outro capítulo do livro estão os vênetos, cuja origem remonta a povos do Báltico, que saíram de onde hoje está a Polônia e migraram para o nordeste italiano. A região divide-se em Vêneto, Veneza Tridentina e Veneza Giulia. Root descreve Veneza como um cenário de produção operística extravagante. Goethe chamava o Grande Canal de “a mais bonita rua do mundo”. O reflexo da cidade na água, os chapeados a ouro, o monopólio da fabricação de espelhos na Renascença, o Carnaval e as máscaras, a única cidade que ficou independente do papa e do imperador e escapou da dominação das grandes famílias, decisivas nas outras cidades – acrescentam seu caráter peculiar. A cidade-estado de Veneza manteve sua independência por mil anos (!). Pouco lembra a ilha que deu origem ao refúgio fortificado para se defender de atacantes no litoral. O luxo imperava. Para dar uma ideia, em 1750, quando Londres tinha apenas seis teatros e Paris tinha dez, Veneza contava 16. “Que comida esses negociantes espertos e suas mulheres gastadeiras iriam escolher?”, pergunta Root. Ele acha que combinavam o sensível respeito pelo dinheiro com a presteza de gastá-lo no mundo do luxo. Os venezianos comiam fígado e cebola e o arroz de várias formas refinadas. Comiam também flores, violetas, flor de abóbora. E pratos mais pobres, polenta, risi e bisi, e todos os peixes e frutos do mar do Adriático. Também o risoto negro, com a tinta da seppie, a sopa de tripa — presença do arroz por tudo. Root lembra que o lendário filme Arroz Amargo (1949), de Giuseppe De Santis, foi filmado em Polesini, no delta do rio Pó.


Clássicos: o cacciucco (com mariscos), a pasta ao molho de pesto, a famosa lebre assada e a bíblia de Waverley Root, The Food of Italy

O DOMÍNIO DOS GREGOS Na quarta parte do livro, Root envereda pela Campanha, os Abrusos, a Apúlia, a Basilicata e a Calábria. Terra vulcânica e fértil. É um puro território grego em que a mão romana aparece muito de leve. Pestum tem ruínas gregas tão impressionantes como as da Grécia. Mozzarellas, de leite de búfala, que foram importadas da Índia no ano 600 d.C., pizzas, frito misto, macarrão. Muitas histórias de Abrusos, da Apúlia (moluscos e ostras): quando fritam peixes só usam azeite de oliva, nunca gordura ou manteiga. A parte da Calábria por si só é uma lição.

© ISTOCK

O DOMÍNIO DOS SARRACENOS Foi esse o nome escolhido por Root para tratar da Sicília. Poderia ser território dos gregos. A maior ilha do Mediterrâneo, atravessada pelo vento sirocco. Os sarracenos, ao perder o controle da ilha, refugiaram-se na manfa (“lugar de exílio”), para criar um governo oculto ao poder estatal. Isso teria dado origem à máfia. Terra de citros fantásticos, de oliveiras, onde, na Catânia e na ilha de Ústica, até bananas florescem. Homero usou o panorama da Sicília para descrever a Odisseia e inspirou-se nas pedras-pomes das ilhotas flutuando nas águas.

A SARDENHA O último capítulo da comida da Itália fala da Sardenha. Aqui se entra na Idade da Pedra. É um capítulo fantástico. As focas, escondidas nas grutas do litoral, eram chamadas “vacas do mar”. Lá os bilionários, seguindo o Aga Khan, criaram a Costa Esmeralda como enclaves de seus sonhos, que Root ironiza porque, geograficamente, estão na Sardenha, mas, culturalmente, a mil léguas de distância. Verões tórridos e invernos amenos, marcas da ilha. Depois de unificar a Itália, Giuseppe Garibaldi retirou-se para a Sardenha, onde passou os 26 últimos anos de sua vida. Cordeiros e ovelhas, cabras e gado vacum abundam. O pecorino sardo é queijo de ovelha delicioso. As lebres e os veados, assim como as perdizes, hoje são protegidos. Caças, carnes e pão são comidas básicas do homem neolítico! Root cita Remo Borzini, que diz: “Na Sardenha, a cozinha é arcaica e não sofreu interferências, porque tudo que é sardo está ligado à tradição e condicionado pela simplicidade e ingenuidade dos camponeses, que não foram estragados por incursões, invasões e dominações. Nenhuma cozinha é mais típica que a da Sardenha. Nascida na simplicidade, os gostos dos agricultores e pastores mostraram um refinamento plebeu que não exclui a sensualidade”. TP (*): Armando Coelho Borges (19372003), gaúcho de Pelotas, radicado em São Paulo desde a década de 70, foi crítico de restaurantes das revistas CartaCapital e Veja-SP. Advogado, relações-públicas e um gentleman verdadeiro, colaborou com THE PRESIDENT desde o primeiro número.

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O instinto nasal Sentimos os odores com a parte mais arcaica do cérebro, que reage a eles de maneira irracional

POR MOACYR SCLIAR*

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sso não me cheira bem”, dizemos, quando alguma coisa nos causa desconfiança. E é bem sabido que os fotógrafos de imprensa gostam de retratar os políticos com o dedo no nariz. Um gesto que, em termos de linguagem corporal, indica a mesma coisa: há algo de podre no reino da Dinamarca, como dizia Shakespeare, ou em qualquer outro lugar. Esses dois exemplos mostram o poder simbólico do olfato. O que não é de admirar: dos cinco sentidos, o olfato é dos mais antigos, se não for o mais antigo. Como o gosto, funciona na base de estímulos químicos. Diferente, portanto, da visão ou da audição ou mesmo do tato. Possuímos na mucosa nasal centenas de receptores olfativos capazes de identificar as diferentes moléculas associadas a este ou àquele odor. As informações daí resultantes são processadas na parte mais arcaica do cérebro, o rinencéfalo, palavra de origem grega composta pelos termos que significam “cheiro” e “cérebro”. O rinencéfalo tem poucas conexões com as zonas cerebrais que, do ponto de vista evolutivo, são mais recentes, como o neocórtex, onde estão os centros da linguagem: a percepção dos odores surge antes que possamos expressá-la em palavras. Mas o rinencéfalo está ligado a estruturas cerebrais antigas, como o sistema límbico, sede de emoções, e a hipófise, glândula importante no sistema hormonal. Resultado: antes que pos-

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samos examinar racionalmente o cheiro que sentimos e traduzir esse raciocínio em palavras, agiremos instintivamente, automaticamente, em relação ao estímulo odorífero. O que à luz da evolução é compreensível: essa reação poderia salvar a vida do homem primitivo que farejava a aproximação de uma fera. É uma resposta simples, binária: ficar (e lutar) ou fugir, fight or flight. Ou, situação menos dramática, evitar, pelo cheiro, um alimento deteriorado. Alguns receptores olfativos detectam feromônios, substâncias químicas emitidas por seres da mesma espécie e que servem, por exemplo, para estimular a aproximação sexual. Por ser um sentido primitivo o olfato foi encarado com certa condescendência e mesmo desprezo no pensamento ocidental. Platão achava que perfume era coisa para prostituta e que a visão era muito mais importante. Ao longo do tempo, e seguindo Platão, os filósofos deram escassa atenção ao assunto, mesmo porque, com o Renascimento e o Iluminismo, o que passou a interessar foi o intelecto, a razão, não o corpo, uma coisa que, para Descartes, pouco diferia das máquinas. AURA SEMINALIS O mesmo não acontecia com a medicina. Mas cheirar o paciente, suas secreções e excreções, fazia parte do exame clínico desde Hipócrates, o “pai da medicina” (5º século a.C.); o médi-

© RAPHAEL ALVES



Pesquisas indicam que cachorros treinados conseguem identificar câncer de bexiga, mama, pulmão e pele apenas farejando o ar expirado pelo paciente

co árabe Avicena (século 11) destacou-se nessa prática. Substâncias odoríferas – alho, ervas – eram usadas no tratamento do paciente. Os odores caracterizavam pessoas: um homem viril, bom de sexo, tinha o que se chamava de aura seminalis. Já as mulheres deveriam obrigatoriamente cheirar a leite; afinal, sua finalidade na vida era gerar filhos e amamentá-los. Daí a controvérsia em torno do banho, que poderia remover essas “auras”. Até mesmo em termos de saúde pública os odores tornaram-se importantes, sobretudo a partir do século 18. Com a crescente urbanização e o aumento do comércio internacional, que favorecia a disseminação de enfermidades, epidemias de peste, de cólera e de outras doenças passaram a devastar a Europa. Eram atribuídas ao miasma, uma emanação patogênica, mefítica (termo que significa tanto “venenoso” como “fedorento”), gerada em regiões insalubres e que causaria a doença. Daí o termo malária, que significa “maus ares”, os ares dos pântanos, responsabilizados pela enfermidade. Ignorava-se que o agente infeccioso era o plasmódio, transmitido pelos mosquitos dessas regiões. Mau odor significava, pois, ameaça para a saúde, e isso valia também para as pessoas. Medidas antimefíticas eram usadas para neutralizar os miasmas: acender fogueiras ou disparar tiros de canhão, coisa que aparece em O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez. Em caso de epidemia os médicos

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antigos usavam uma espécie de máscara com um bico contendo substâncias odoríferas e que supostamente os protegeria do contágio. A SAÚDE PELO HÁLITO Os médicos descobriram que a diabete descompensada manifesta-se pelo hálito com odor de frutas; pacientes com insuficiência renal têm o chamado hálito amoniacal; e um odor de fezes pode sugerir obstrução intestinal. Um curioso capítulo nessa história é representado pelo contemporâneo e amigo de Sigmund Freud, Wilhelm Fliess (1858-1928). Otorrinolaringologista, Fliess desenvolveu uma teoria segundo a qual havia uma conexão entre a mucosa nasal e a função genital. Intervinha cirurgicamente no nariz como forma de aliviar problemas sexuais. Operou assim uma paciente de Freud, Emma Eckstein, que sofria de histeria. O resultado foi desastroso. Fliess “esqueceu” rolos de gaze nas fossas nasais da paciente. Houve supuração, mas ele se recusou a reconhecer o erro cirúrgico, deixando Freud em maus lençóis. Nesse episódio o pai da psicanálise protegeu o colega, porém mais adiante os dois romperam relações. O diagnóstico pelo cheiro foi praticamente abandonado a partir do século 20, mas ultimamente ganhou versões curiosas. Modernos aparelhos, entre eles o chamado olfatômetro, analisam e quantificam substâncias odoríferas eliminadas em circunstâncias patológicas, como é o carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele. E, inova-


Hipócrates, o “pai da medicina”, Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, Agatha Christie e Freud falaram dos cheiros em suas obras

ção surpreendente, pesquisas indicam que cachorros treinados conseguem identificar câncer de bexiga, mama, pulmão e pele apenas farejando o ar expirado pelo paciente ou o corpo deste. Parece ficção? Nesse caso é bom lembrar: não foram poucos os escritores que incluíram o odor como forma de esclarecer um mistério em suas narrativas. Conan Doyle (1859-1930), o criador de Sherlock Holmes, e Agatha Christie (1890-1976), que nos deu personagens famosos como Miss Marple e Hercule Poirot, escreveram várias histórias nas quais o cheiro de amêndoas amargas, típico do envenenamento por cianureto, levava ao criminoso. A propósito: Conan Doyle era médico, e foi discípulo do dr. Joseph Bell, famoso por fazer diagnóstico com base em detalhes aparentemente menores, como o odor. Já Agatha Christie trabalhou como enfermeira durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e era fascinada pelo tema do envenenamento. Um de seus romances intitula-se Sparkling Cyanide (“Cianureto Faiscante”, publicado no Brasil com o título Um Brinde de Cianureto). A propósito, diz-nos Gabriel García Márquez logo no início de O Amor nos Tempos do Cólera: “Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas recordava-lhe sempre o destino dos amores contrariados. O doutor Juvenal Urbino sentiu-o assim que entrou na casa, ainda mer-

gulhada em penumbra (...). O refugiado antilhano Jeremiah de Saint-Amour (...) tinha-se posto a salvo das inquietações da memória com um defumador de cianeto de ouro”. Uma outra obra na qual o odor é associado a crime é O Perfume, História de um Assassino (Das Parfum, die Geschichte eines Mörders, 1985), do escritor alemão Patrick Süskind, que fez enorme sucesso: vendeu 15 milhões de exemplares em 40 línguas. A história passa-se na França do século 18 e tem como protagonista Jean-Baptiste Grenouille, jovem dono de um olfato extremamente desenvolvido e que, obcecado por perfumes de mulheres, assassina 25 delas. O livro foi transformado em filme pelo diretor alemão Tom Tykwer. Menos sinistro é o filme italiano Perfume de Mulher (Profumo di Donna, 1974), dirigido por Dino Risi e com Vittorio Gassman no papel principal. Ele vive um capitão cego e irascível que, numa viagem de Turim a Nápoles, faz-se acompanhar de um jovem recruta. O relacionamento do capitão com as mulheres é muito mediado pelo perfume delas, o que justifica o título. O filme ganhou vários prêmios e o mesmo aconteceu com a versão americana, que tinha Al Pacino vivendo o agressivo militar. Ambos os filmes são cult e há na internet uma comunidade de fãs. Falar em odores é falar em emoções muito antigas e, por isso mesmo, muito autênticas. Em O Nariz, o escritor russo Nicolai Gogol (1809-1852) conta a história de um homem cujo nariz o abandona para ter uma vida independente. A tanto o nosso nariz não se atreve, mas não há dúvida de que, por meio dos odores, ele condiciona boa parte de nossa vida. TP (*): Moacyr Scliar (1937-2011) foi médico, doutor em ciências, membro da Academia Brasileira de Letras e professor da Brown University. Escreveu 74 livros, vertidos para várias línguas. Foi colunista dos jornais Zero Hora e Folha de S.Paulo. O texto acima foi sua última obra publicada.

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O fio da memória Facas servem para caçar, fatiar legumes, descascar laranjas, salvar a pele de quem as empunha. E algumas podem levar qualquer um do anonimato à fama em um simples vapt-vupt

POR FERNANDO PAIVA* FOTOS LUIZ HENRIQUE MENDES

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ouca coisa é mais tátil que uma faca. Uma faca é tátil por definição. Não tem utilidade se ninguém a empunhar. Só funciona ao contato da epiderme humana com o cabo. Sem ser tocada, é um ser morto, sem serventia. Ao ser manejada, adquire poder imediato. Pode fatiar legumes, descascar uma laranja, salvar a pele de quem a empunha. Pode até levar do anonimato à fama em um simples vapt-vupt. Como aconteceu com Lorena Bobbitt em 1993. Lembro-me do fascínio que senti ao ler de uma sentada A Grande Arte, de Rubem Fonseca. Depois de levar um golpe no abdômen e ver a namorada Ada violentada com o cabo de uma faca, o detetive Mandrake sai em busca de vingança. Pede ajuda a Hermes, ex-sargento do Exército a quem livrara da prisão. Hermes, especialista em armas brancas, domina a arte do Percor – perfurar e cortar. Depois de muito ler e treinar, Mandrake torna-se um especialista no manejo de facas e adagas. O que diferencia faca de adaga é que esta é feita especificamente para o combate: a lâmina tem fio dos dois lados. Abre feridas difíceis de serem costuradas. Naquele 1983, por meio de A Grande Arte, fui apresentado a uma série de nomes míticos no universo da cutelaria – Fairbairn-Sykes, Randall, Applegate. Gente que fez facas, viveu delas. Gente de fino tato. A adaga Fairbairn-Sykes, ou F-S, foi criada pelos militares

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britânicos William Fairbairn e Eric Sykes, que serviram muito tempo na polícia de Xangai até a invasão da cidade pelos japoneses em 1937. Baseados nos anos de polícia na China eles desenvolveram uma técnica de combate corporal violento com uso de armas brancas. Em novembro de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, produziram as primeiras unidades da F-S, com a ajuda do industrial John Wilkinson-Lathan (outro nome célebre em matéria de corte). A fina lâmina de 6 polegadas de comprimento da Fairbairn-Sykes foi projetada de modo a penetrar o tórax com facilidade. Passava entre as costelas e atingia o coração e os pulmões. A redesenhada “faca de Xangai” matava rápida e silenciosamente. A lâmina fosfatizada de aço carbono não provocava reflexos. Logo a F-S foi adotada pelos recém-criados comandos ingleses. Cerca de 250 mil delas foram produzidas entre 1941 e 1945. Randall é outro nome mencionado em A Grande Arte. Refere-se às obras de arte produzidas por Walter Doane Randall (1919-1989) às margens do lago Ivanhoé em Orlando, Flórida, desde 1938. “Bo” Randall foi um artesão digno do nome. Forjados a mão, os 28 modelos de seu catálogo levam em média 8 horas para serem feitos e passam por 17 diferentes estágios. Uma de suas criações mais célebres é a modelo 14



Aborígines, bantos, caboclos, esquimós, patagões, tabaréus, quimbundos, sioux, zulus – todos praticam desde tempos imemoriais a nobre arte do Percor para sobreviver

Preciosidades da cutelaria: Fairbairn-Sykes, Puma White Hunter safra de 1974, canivete Victorinox, canivete Puma 972-Game-Warden, navaja sevillana Exposito

Attack. A arma caiu como uma luva nas mãos dos pracinhas americanos e cerca de 4 mil delas foram produzidas durante a Segunda Guerra Mundial. Os pedidos chegavam do exterior com apenas duas palavras no envelope: Knifeman, Orlando. A lista de espera para se conseguir uma Randall chegou a ser de cinco anos. A Smithonian Institution, em Washington, DC, abriga duas Randall modelo 17 Astro. São as primeiras facas a irem para o espaço, desenvolvidas em conjunto com a Nasa e projetadas como ferramentas de sobrevivência para qualquer ambiente em que um astronauta pudesse cair de volta à Terra – deserto, selva, mar, neve. Antes de descobrir todas essas lendas, no entanto, meu interesse pelo assunto já era razoável. Creio que começou com uma visita ainda garoto à fazenda Brumado, em Alberto Moreira, distrito de Barretos, minha cidade natal. Ali conheci de longe seu Rubico Carvalho – morto em 2009 aos 92 anos de idade. Ele dedicou sua vida ao nelore e foi o primeiro a registrar a raça nos Estados Unidos, de onde trouxe, também pioneiro, o brahman para o Brasil. “Conheci” é modo de dizer, pois apenas o cumprimentei. À época eu era moleque demais para saber da importância do velho Rubico. O que chamou minha atenção foi a mesa de centro na sala de visitas da sede da fazenda. Sobre esse imenso móvel de madeira rústica repousava uma centena de facas, com diversos tipos de cabos, com e sem bainha, de todos os tamanhos e formas. “Será que ele não tem medo que suma alguma?”, pensei – ainda sem saber que um colecionador de verdade identifica seu rebanho pelo cheiro, o que dirá pela visão. Fiquei siderado por aquele universo de lâminas. E decidi que teria algo parecido.

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Era o final dos anos 1960 e comecei com canivetes, principalmente os da marca Corneta, tidos e havidos no interior do Brasil como os melhores. Não dava para adquirir muitos, a mesada era curta. Mesmo assim, quando me embrenhava pelo interior de Minas e Goiás, sempre entrava numa daquelas vendas de beira de estrada para garimpar. E nunca deixei de encontrar peças interessantes, das marcas mais variadas. Afinal, não há indústria cuteleira que não tenha abastecido com carinho povos primitivos de A a Z. Aborígines, bantos, caboclos, esquimós, patagões, tabaréus, quimbundos, sioux, zulus – todos praticam desde tempos imemoriais a nobre arte do Percor para sobreviver. Adolescente no começo da década de 1970, passei a pescar e caçar. E como companheiras dessas incursões pelo sertão adquiri algumas facas Mundial – outra marca nativa de grande prestígio, célebre pelo acabamento primoroso. A Tramontina já produzia peças interessantes, mas ainda restritas ao mercado gaúcho. Só sei que em 1974 pedi a parentes em viagem à Europa que me trouxessem uma faca pra valer. Foi assim que ganhei a minha primeira “de gente grande”: uma Puma White Hunter. Com cabo de chifre de gamo, fio recurvo que subia pela lâmina grossa de 7 po-


legadas de comprimento, tipo diamond point, essa obra-prima da artesania alemã funcionava como um pequeno machete. E eram numeradas uma a uma, novidade absoluta para quem só conhecia o produto nacional bruto. O nome e o design da White Hunter remetiam ao romantismo de uma África que se extinguira havia uma década. Época em que os caçadores brancos como meu futuro amigo Jorge Alves de Lima guiavam milionários brasileiros, americanos e europeus desejosos de transformar os Big Five – elefante, leão, búfalo-cafre, leopardo e rinoceronte – em cabeças empalhadas sobre a lareira. A White Hunter custou US$ 120 e veio numa caixa de plástico verde e amarela, com bainha de couro retangular e cordões do mesmo material para ser fixada à perna, como o coldre de caubói. Hoje compra-se uma nova por US$ 400, mas as antigas chegam aos US$ 1,5 mil dependendo do chifre utilizado no cabo. É que já não se fazem mais gamos como antigamente. Animado com o upgrade em matéria de consumo e qualidade, encomendei no ano seguinte um canivete de caça. Mas agora tinha de ser Puma. E quase morri de alegria quando recebi um 972-Game-Warden de lâmina dupla e cabo de pinho-de-riga. Uma das lâminas, a maior e mais pontiaguda, travava quando aberta. A exemplo da White Hunter, o Game-Warden evocava a aura aventureira dos guarda-parques africanos. A lâmina era do tipo needle point (ponta de agulha) e no forma-

to Bowie [Jim Bowie foi um aventureiro americano que morreu combatendo no Álamo em 1832. Ficou célebre por ter criado uma faca de duelo de ponta recurva, de onde o cantor britânico David Bowie tirou seu nome artístico]. Com o passar dos anos, as viagens e leituras foram se sucedendo e a coleção aumentando. À Puma White Hunter se somaram sonoras navajas sevillanas e seu inconfundível estalido metálico de catraca ao se abrirem. Peças espanholas com a forma do crescente mouro vindas de Albacete. Afiadas lâminas de filetar da Finlândia. Diversos modelos dos utilíssimos canivetes suíços Victorinox. Adagas que ecoavam as mais respeitadas marcas de armas de fogo: Colt, Winchester, Uzi, Remington, Glock, Smith & Wesson. E já que mencionamos os nomes de Horace Smith e Daniel Wesson, esta dupla do barulho que em 1852 resolveu abrir uma fábrica de revólveres em Springfield, Massachusetts, vale contar aqui uma história curiosa. Em 1984, durante uma viagem aos Estados Unidos, fiz questão de comprar para meu avô materno um canivete Buck – “famoso por cortar um parafuso”, como apregoava a publicidade. Entrei numa loja especializada em Nova York e, apesar do orçamento minguado, pedi ao atendente o melhor modelo. Voltei ao Brasil, fui a Barretos e entreguei a caixinha a ele. “Isso é uma relíquia”, limitou-se a dizer com seu jeito lacônico o velho Joaquim de Oliveira Pereira. Percebi no entanto que ele se emocionara. O que eu ignorava é que o rijo trasmontano já estava diagnosticado com câncer no intestino, em estado terminal. Um ano se passou e ele finalmente morreu. Depois da cremação na Vila Alpina em São Paulo, minha avó me chamou de lado. “Teu avô me pediu para te entregar isso”, disse. E me passou uma caixa de madeira. Dentro, três objetos embrulhados em flanela: um revólver Smith & Wesson, o punhal que seu Joaquim carregara eternamente por dentro da camisa – e o canivete Buck ainda na caixa, novinho em folha, que voltava às minhas mãos. TP (*): Fernando Paiva, jornalista, é publisher da THE PRESIDENT.

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N EGÓ CI OS

ARTE DE CONSTRUIR TAT I A N A R O S A C E Q U I N E L

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D E S E U PA I N A C O N S T R U T O R A E M B R A E D E E L E VA O PA D R Ã O DA C O N S T R U Ç Ã O C I V I L .

FOTOS Â NGELO BORBA

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E M 2013, A JOV E M E M PR E E N D E D O R A TAT I A N A RO S A C E QU I N E L A S S U M I U A PR E S I D Ê N C I A DA E M B R A E D, U M A DA S M A I O R E S C O N S T R U T O R A S E I N C O R P O R A D O R A S D E L U X O D O S U L D O PA Í S . F U N D A D A E M 1 9 8 4 , E M B A L N E Á R I O C A M B O R I Ú, O N D E E S T A B E L E C E U A L I C E R C E S E E M PR E E N DI M E N TOS, A E M PR E SA E RGU EU A LGU NS D O S M E L HOR E S — E M A I S A LT O S — PR É DIO S D O B R A S I L .

Quando Rogério Rosa faleceu, sua filha tinha apenas 35 anos. Formada em administração de empresas e já então o braço direito do pai na gestão da Embraed, Tatiana ainda assim assumiu a presidência sob alguma desconfiança. Natural que fosse assim. Afinal, parecia jovem demais para o cargo. Não tardou, porém, para que as desconfianças iniciais se dissipassem. Tatiana aplicou os ensinamentos do pai unidos ao seu próprio talento e conhecimentos de empreendedora. Assim, a Embraed – hoje com quase mil funcionários – tornou-se uma companhia ainda mais só-

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lida. Sua fama chegou à Itália, onde a grife Tonino Lamborghini a escolheu como parceira para construir o primeiro edifício da marca no Brasil. Entre inúmeros diferenciais, a Embraed mantém um centro de produção de 20 mil metros quadrados, onde fabrica os próprios acabamentos para pisos, paredes, portas e esquadrias. Em expansão mesmo na pandemia, a construtora está avançando para além de Santa Catarina. Seu próximo lançamento será no Paraná. São Paulo também está na mira, como revela a presidente da empresa na entrevista a seguir.



THE PRESIDENT _ Quando você tinha 6 anos, ouviu seu pai dizendo num almoço: “Vou construir!”. E, de fato, ele montou, em 1984, a Embraed. Esta sede de empreender também está no DNA de Tatiana Rosa Cequinel? Tatiana Cequinel – Sempre admirei o empreendedorismo e a ousadia do meu pai. É a minha grande referência. Estive ao seu lado em vários processos do desenvolvimento da empresa e foi um grande aprendizado. Sempre apreciei a inovação, a busca do exclusivo, o belo, o criativo. Proporcionar às pessoas o conforto e a arte de viver bem é o propósito da empresa. Além disso, prezo pela organização, planejamento e transparência. A fusão dos ensinamentos que herdei do meu pai com as minhas características como empreendedora moldam a gestão da empresa. Rogério Rosa, de fato, tem muita importância na sua formação. Quando você queria estudar arquitetura, ele disse: “Faça administração de empresas e contrate o arquiteto que quiser”. Sobrou alguma frustração por não ter cursado arquitetura? São duas profissões que admiro muito. O curso de administração contribuiu para uma gestão transparente e profissional. Tenho orgulho em dizer que a Embraed é administrada por um moderno sistema de governança, além de ser auditada por uma das Big Four. É uma empresa sólida, com altos índices de valorização e uma das maiores e melhores construtoras de empreendimentos de luxo do país. Em relação à arquitetura, a experiência diária de muitos anos, de certa forma, foi uma

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“universidade”. Eu me sinto privilegiada de estar cercada por arquitetos e designers muito competentes. Faço questão de supervisionar cada etapa dos projetos com nosso time de especialistas. No final das contas, acabei cursando não apenas administração e arquitetura, mas muitas outras universidades [risos]. A Embraed começou com 12 funcionários. Hoje, são quase mil empregos diretos. Como explica essa ascensão? Alta qualidade de produtos e serviços, exclusividade e inovação. Desde o começo, a empresa buscou prestar assistência completa aos clientes e ao time de colaboradores. Isso levou a um crescimento constante e sustentável, mesmo durante os períodos de crises políticas e econômicas que o país atravessou. Você escreveu um livro com as histórias de seu pai, incluindo as mais curiosas. Conte uma delas. Não poderia deixar de eternizar as histórias do meu pai. É algo motivador e inspirador. Ele teve origem humilde, mas sempre foi riquíssimo em força de pensamento. Seu lema era: “Pensamento gera sentimento, que se transforma em ação e se torna realidade”. Mesmo quando tudo parecia que não iria dar certo, ele persistia – e atingia seus objetivos. É mais um legado que deixou. Meu pai acreditava no magnetismo entre as pessoas e era muito ligado à astrologia. Antes de contratar qualquer colaborador, utilizava a combinação do signo astrológico com o chinês para entender melhor a personalidade da pessoa e suas características para exercer o cargo.

“N O S S O S I M ÓV E I S T Ê M VA L O R I Z AÇ ÃO A N UA L E M T O R N O D E 1 5% AC I M A DA I N F L AÇ ÃO”

Pensa em publicar o livro? Criamos o Instituto Rogério Rosa para contribuir com o desenvolvimento das pessoas e das cidades onde a Embraed atua. Dentro deste projeto, pretendemos publicar o livro, sim. Você se tornou presidente da Embraed de um dia para o outro. Como foi a adaptação? Apesar de sempre ter acompanhado meu pai em todas as áreas da empresa, foi, de início, bastante desafiador. Ser jovem, mulher, mãe e filha do dono da empresa suscitou alguns “pré-conceitos” que tive de enfrentar quando assumi a presidência. Mas, com o passar do tempo, todos perceberam o desenvolvimento e a solidificação da Embraed. Nunca perdi a confiança de que tudo daria certo. A Embraed produz as próprias portas, faz os pisos decorados e os gessos e fabrica as esquadrias. Qual a importância desse diferencial em relação aos concorrentes? O ineditismo molda o DNA de uma marca. Na Embraed, o trabalho exclu-


Um prédio com assinatura conjunta com a grife italiana Tonino Lamborghini: parceria internacional

sivo e personalizado é um dos nossos maiores diferenciais. Em nossos ateliers de gesso e de pedras nobres, habilidosos artesãos produzem acabamento s e p e ç a s exclu siva s que s e transformam em detalhes de parede e piso únicos. É ali que a nossa “magia” acontece. Um grande diferencial, do qual me orgulho muito. Outro diferencial é que o trabalho da Embraed não termina depois da entrega. Você é síndica de várias torres que construiu. Isso lhe dá um contato direto com os clientes e o privilégio de descobrir o que funciona e o que não funciona, não? Sim. Além de mantermos um contato próximo com cada cliente, conseguimos entender melhor seus desejos e aplicar as informações nos novos empreendimentos. Assumir a sindicância

e administração condominial por um determinado período também permite estabelecer um padrão de qualidade da prestação de serviços nos prédios e assim manter a satisfação dos clientes e a valorização do empreendimento. Há outros diferenciais da Embraed em relação às demais construtoras? Trabalhamos com um perfil de clientes seleto e muito exigente. Eles nos motivam a melhorar sempre. Buscamos incorporar tendências mundiais e alta tecnologia. Luxo, para nós, vai muito além de valores materiais. Nossos clientes buscam experiências, obras exclusivas e autênticas. Esses diferenciais permeiam todos os setores da empresa, do atendimento à entrega das chaves. Recentemente, fomos escolhidos pela grife italiana Tonino Lamborghini para construir o primeiro edifí-

cio da marca no Brasil. Aliás, já é sucesso de vendas. Como é um prédio típico da Embraed? Faço questão de acompanhar os vários processos envolvidos no desenvolvimento e na execução. Até chegarmos na versão final, os projetos passam por inúmeros estudos. São elaborados em BIM (Building Information Modeling), metodologia que possibilita a criação de uma simulação digital completa. Acredito que o período de planejamento é fundamental para a excelência no resultado final. Na entrega, utilizamos um sistema de vistoria digital, pelo qual o usuário avalia todos os itens do apartamento e recebe um imóvel impecável. O cliente tem todo o nosso suporte mesmo após a entrega das chaves. Inclusive, a possibilidade de

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receber o apartamento já mobiliado e decorado. Este serviço foi criado para facilitar a vida dos proprietários que, na sua maioria, são de outras regiões. Por que construir edifícios tão altos? Diminui o preço final para o comprador? Não, não diminui o preço final. Pelo contrário. Para viabilizar um prédio assim é necessária muita tecnologia, além de análises técnicas aprofundadas, algumas realizadas fora do país. Balneário Camboriú concentra alguns dos maiores arranha-céus de luxo do Brasil. Eles se tornaram a marca registrada da cidade, já comparada a Dubai. Mas nosso foco não está no desenvolvimento do prédio mais alto, e sim em projetos que proporcionem a melhor experiência aos clientes. A empresa trabalha com um nicho de mercado de clientes com alto poder aquisitivo, que, em tese, não sentem tanto as crises. Isso ajudou a atravessar a crise econômica da pandemia? Sim, certamente ajudou. Nossos clientes não sentem tanto os reflexos da crise. Além disso, muitos buscam investir em imóveis pela alta valorização e proteção de seus recursos a longo prazo. Nossos imóveis têm uma valorização anual em torno de 15% acima da inflação. Mesmo em meio a este cenário de incertezas, seguimos superando nossas metas de vendas. Quem é o seu comprador? São empresários, executivos, empreendedores, profissionais liberais de várias partes do Brasil, especialmente de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Centro-Oeste, e do exterior. No que a pandemia mudou os planos

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“O I B G E A P ON TA BALNEÁR IO CAMBOR IÚ C OM O O Q UA RT O Í N D I C E D E D E S E N VO LV I M E N T O H U M A NO D O B R A S I L”

da Embraed? Vocês conseguirão manter a média de construção por ano? A pandemia é um período desafiador para o mundo todo. Felizmente, mantivemos nosso volume de vendas. Incorporamos todas as medidas preventivas nos plantões de vendas e, assim, conseguimos manter o padrão no atendimento. Com as vendas aquecidas, conseguimos manter a velocidade planejada nas obras. Para os próximos cinco anos, projetamos aumentar a produção em mais de 30%. Temos um landbank que gerará em torno de 250 mil metros quadrados e um VGV (Valor Geral de Vendas) de aproximadamente R$ 2,5 bilhões. Quais são os principais entraves para a construção civil no país? A burocracia envolvida em todo o processo aprovativo é um dos principais entraves para a construção civil em geral. Dá para acreditar no Brasil? Apesar dos inúmeros desafios políticos, sociais e econômicos, acredito muito no Brasil. O país tem muito potencial nos mais diversos setores da indústria, além de um clima privile-

giado e belezas naturais. A exemplo do meu pai, a garra do brasileiro é única. Temos todos os ingredientes para, em breve, sermos destaque mundial. Haverá uma retomada rápida do crescimento econômico? Será gradativa. Afinal, estamos falando de uma crise mundial. Mas a pandemia também nos mostra a importância do planejamento a médio e longo prazos. É um momento para as companhias analisarem seus processos e produtos e se reinventarem. Você acredita em maior valorização e avanço da construção civil em BC e região? Sim. Ao mesmo tempo que a construção civil avança em Balneário Camboriú, os investimentos públicos e incentivos em novos projetos também estão em ritmo acelerado na cidade. Muitos fatores contribuem para isso. As atrações turísticas aliadas à localização, segurança e infraestrutura são fatores associados aos grandiosos projetos em desenvolvimento, como a Big Wheel. Balneário Camboriú está vendo o alargamento da faixa de areia, a ampliação de píer para cruzeiros e a construção de novas marinas. Além disso, a cidade apresenta um dos mais altos índices de desenvolvimento humano (IDH) – o quarto no Brasil, segundo o mais recente levantamento do IBGE. Está entre as cinco melhores cidades do Brasil para morar, segundo a ONU. É também o segundo município do país em desenvolvimento social apontado pelo Ranking das Melhores Cidades para Fazer Negócios, realizado pela Urban Systems em 2018.


Você morou cinco anos em Florianópolis, mas voltou para BC e nunca mais saiu. O que a cidade tem de tão especial? Tive ótimas experiências em outras cidades, como Florianópolis, e vivências em outros países, como a Itália e os Estados Unidos. Mas, Balneário Camboriú é a cidade em que nasci e escolhi para viver com a minha família e gerir a empresa que amo. Tenho um carinho especial por ela. Você tem uma filha no final da adolescência, um garotinho de apenas 2 anos e uma menina recém-nascida. Como uma canceriana – e, portanto, muito ligada a família – faz para agregar o papel de mãe ao de presidente de empresa? Procuro planejar bem a minha rotina de mãe e as atividades profissionais. Faço

questão de reservar um tempo de qualidade para a família. Ajuda muito contar com uma equipe maravilhosa que me dá todo o suporte no escritório para que eu consiga conciliar as duas funções. A Embraed tem planos de expansão para outros estados? No início do ano, depois do nosso lançamento do primeiro residencial do Brasil da marca italiana Tonino Lamborghini em Balneário Camboriú (SC), a Embraed anunciou o desenvolvimento do seu primeiro empreendimento no Paraná, em Maringá. Estamos estudando a expansão para outros estados, inclusive São Paulo. Um dos legados de seu pai foi a filantropia. Como está hoje o Instituto Rogério Rosa? A Embraed sempre desenvolveu ações

sociais. Em novembro de 2019, lançamos o Instituto Rogério Rosa com o objetivo de contribuir ainda mais com o desenvolvimento da região por meio do apoio e do engajamento de seus colaboradores com entidades públicas e privadas. Uma das nossas ações recentes foi o mapeamento das iniciativas sociais desenvolvidas por entidades, grupos organizados e secretarias públicas para minimizar os efeitos da pandemia da Covid-19 na região. As ações beneficiam, sobretudo, o público mais afetado, como profissionais da saúde e moradores em situação de vulnerabilidade social. Também realizamos a doação de cestas básicas e alimentos para inúmeras entidades, além de máscaras e outros equipamentos de proteção individual para hospitais. TP

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ENTR E V ISTA

De olho

na retomada H O L G E R M A R Q UA R D T,

C E O DA M E R C E D E S -B E N Z C A R S & VA N S B R A S I L

E M B C A M É R I C A L A T I N A & C A R I B E , E S T Á O T I M I S T A Q UA N T O A O S R E S U L T A D O S DA E M P R E S A D E P O I S D O S M E S E S M A I S D U R O S DA PA N D E M I A

POR LU I Z GU E R R E RO

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A

AO S E F OR M A R E M A DM I N I S T R AÇ ÃO DE E M PR E S A S PE L A U N I V E R S I DA DE DE G O E T T I N G E N, N A A L E M A N H A , E M 19 9 0, U M A DA S P O S S I B I L I DA DE S DE HOL G E R M A R Q UA R D T S E R I A V O L T A R PA R A H O E X T E R , S UA C I D A D E N A T A L , E S E C A N D I D A T A R A U M A VA G A N A A S K L E P I O S W E S E R B E R G L A N D . E S S A PR E S T I G I O S A C L Í N I C A M OV I M E N TA A E C ON OM I A DA C I DA DE DE 32 M I L H A B I TA N T E S N A R E G I ÃO N ORT E DA A L E M A N H A . M A S M A R Q UA R D T, P R I M O G Ê N I T O D E U M E NGE N H E I RO E DE U M A E N F E R M E I R A, T I N H A OU T ROS PL A NOS. QU E R I A T R A BA L H A R EM U M A EMPR ESA QU E L HE DESSE A O P O R T U N I DA D E D E V I A JA R E T E R U M A C A R R E I R A I N T E R N AC ION A L .

Com esse objetivo, percorreu 400 quilômetros de Hoexter a Stuttgart e bateu às portas da Daimler. Trinta anos – e milhares de quilômetros percorridos a serviço da empresa – depois, este alemão de 56 anos continua dedicando seu talento e sua devoção à “marca das três estrelas”, como ele se refere, hoje como CEO da Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil e MBC América Latina & Caribe. Holger Marquardt chegou ao Brasil pela primeira vez em junho de 2003 e permaneceu até março de 2006 à frente da área de Planejamento, Controlling e Reporting da Mercedes-Benz. Foi designado para a Turquia e depois para a China e, 12 anos mais tarde, retornou ao Brasil, desta vez como responsável pelo Marketing e Vendas de automóveis. Em janeiro deste ano foi promovido a CEO da divisão Cars & Vans, uma das três unidades de negócios criadas globalmente pela Daimler para, segundo comunicado do grupo, “aproximar as empresas de seus clientes, ganhar agilidade com estruturas dedicadas, além de posicionar a marca para uma nova era da mobilidade.” No novo cargo, grande parte do seu tempo será dedicado a viagens por toda a América Latina e pelo Caribe para entender os desejos dos clientes da marca – atividade que foi interrompida pela pandemia do novo coronavírus. Desde 17 de março, Holger trabalha em casa. O recolhimento forçado ao menos lhe proporcionou duas vantagens: sem o deslocamento diário de sua casa à sede da empresa, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Holger poupou uma hora e meia por dia. E, o melhor para ele, fez com que ficasse mais próximo da enfermeira Anja Koenig-Marquardt, sua mulher, e dos filhos Julius Mauricio, de 15 anos, nascido no Brasil, e de Florentine Esra, de 12 anos, nascida em Istambul, na Turquia, e fluente em mandarim. Boa parte da rotina deste admirador da ativista paquistanesa Malala Yousafzai tem se resumido às reuniões por videoconferência com concessionários, com o comando da fábrica de automóveis de Iracemápolis (SP) e com o QG da Daimler em Stuttgart. Há também o acompanhamento dos gráficos de vendas dos automóveis e vans Mercedes-Benz que, como diz, estão retomando aos poucos os números pré-pandemia. Faz sentido. Quando sobra tempo, procura jogar tênis, seu esporte predileto, ou acompanhar os jogos do seu time, o Bayern de Munique.


THE PRESIDENT _ O senhor assumiu a divisão de Cars & Vans em janeiro deste ano e logo em seguida veio a pandemia. Já dá para medir o impacto da crise em sua área? Holger Marquardt – Para o setor de automóveis premium o impacto é forte devido à alta do dólar, mas já temos notado uma retomada do mercado. Em nosso caso, não repassamos para o cliente o aumento total provocado pela variação cambial. Absorvemos parte do impacto e tivemos aumento de 20% de forma linear para toda a linha de produtos. A situação ainda está muito instável, mas vemos efeitos positivos da recuperação de mercado. Alguns fabricantes locais têm investido na nacionalização de componentes importados para reduzir as consequências da variação cambial. Seria esse um caminho? Essa não é uma decisão simples, pois depende do bom desempenho do mercado. Ou seja, o fornecedor precisa ganhar escala para ser viável financeiramente. É por isso que a nacionalização de componentes é maior em veículos com grande volume de vendas. Em outras palavras, é um desafio para o segmento premium, que tem muita tecnologia de última geração a i nda desenvolvida somente no exterior. Antes de deixar a presidência da Mercedes-Benz, Philipp Schiemer criticou a falta de ações coordenadas dos governantes brasileiros no combate à crise de saúde. O senhor tem a mesma opinião? Prefiro não comentar sobre política. Certas ações podem partir de nós e não devemos esperar pelo governo. Para

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mim, o mais importante é a saúde dos nossos colaboradores, clientes e rede de concessionários. A nossa responsabilidade é garantir a segurança de todos em primeiro lugar. Podemos imaginar que as trocas de informações entre sua divisão e a matriz na Alemanha foram mais intensas neste último semestre. Qual a maior preocupação dos alemães em relação ao Brasil? Neste semestre intensificamos nossas conversas com o objetivo de aproveitar as lições aprendidas pelos alemães, que passaram pela pandemia antes do Brasil. Conversamos muito a respeito dos cuidados adotados na Europa e na Ásia e que pudessem ser replicados nas fábricas e concessionários brasileiros. Paralelamente, estamos trabalhando fortemente em conjunto para cuidar da saúde financeira da nossa companhia diante desta crise sem precedentes. Temos trocado experiências em como traçar novas estratégias de negócios e aproveitar oportunidades geradas pelo “novo normal”, como as vendas nas plataformas digitais. O senhor acredita que algumas práticas adotadas durante a pandemia, como as vendas on-line e o delivery de veículos, devem perdurar no “novo normal? A pandemia foi definitivamente um acelerador da digitalização. Já tínhamos processos digitais e, agora, avançamos ainda mais nesse aspecto, com a realização de home office e com as nossas lojas online no Instagram e no Facebook. Mas o concessionário tradicional permanece e a tecnologia veio para agregar. Como a crescente preferência dos compradores por SUVs e crossovers tem

“A PA N D E M I A F O I U M AC E L E R A D O R DA D I G I TA L I Z AÇ ÃO. AVA N Ç A M O S C O M H O M E O F F I C E E N O S S A S L O JA S O N L I N E N O I N S TAG R A M E N O FAC E B O O K ”

afetado as vendas dos sedãs e hatches Mercedes-Benz? Continuamos fortes no segmento de hatches como o Classe A, e de sedãs, caso do Classe A Sedan e do nosso líder histórico no segmento, o Classe C Sedan. No entanto, vemos o crescimento dos SUVs e também acreditamos nesse mercado. Desde novembro de 2019, renovamos nossa frota de SUVs como o GLB, que chegará ainda neste ano. Além disso, trouxemos o modelo GLC na versão Coupé e o EQC 400, primeiro veículo elétrico da marca. Em breve, chegará ao mercado brasileiro o GLE Coupé. Já o GLA e GLS chegarão no ano que vem para integrar a nossa família. A apresentadora Hebe Camargo era notória fã da marca e fazia questão de comprar os carros diretamente da fábrica. Ainda existem compradores como Hebe? Sempre teremos compradores especiais, seja pelo relacionamento longínquo com a marca ou pela notoriedade pessoal/profissional do cliente. Mas há alguns anos temos estruturado no Bra-



sil uma área e um programa de vendas especiais, que, dentre outros tipos de vendas, incluem estas como a da Hebe. Hoje todos os concessionários da marca no Brasil podem atender aos seus clientes especiais localmente e, caso seja necessário, o faturamento de fábrica pode ocorrer. Desta forma, não ficamos regionalizados em São Paulo e atendendo somente a clientes daqui por ser o nosso local físico. Algumas marcas têm investido nas tecnologias híbridas e 100% elétricas. A Mercedes-Benz deve ampliar a oferta desse tipo de veículo no Brasil? A eletrificação do mundo automotivo é um processo que veio para ficar. Já oferecemos no país algumas opções com uma tecnologia híbrida, como os modelos C 200 EQ Boost e Mercedes-AMG E 53 4MATIC+. Em um futuro bastante próximo, chegará o nosso primeiro modelo 100% elétrico, o EQC 400 4MATIC. Além disso, firmamos uma parceria com a Enel X, maior empresa do ramo elétrico no Brasil, e isso é só o início de uma longa jornada. Essa parceria oferece o inovador pacote de energia que disponibiliza um carregador de bateria, o wallbox, instalado com aplicativo exclusivo e até um ano de energia gratuita. A marca Mercedes-Benz é a primeira a oferecer um pacote completo de serviços, como garantia estendida para três anos incluindo manutenção pelo mesmo período. O senhor acredita que a saída para o automóvel passa necessariamente pela eletrificação? O Ambition 2039 é o nosso propósito global para uma mobilidade sustentá-

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“A E L E T R I F I C AÇ ÃO É PA RT E I M P O RTA N T Í S S I M A NO F U T U RO D O AU T OM ÓV E L . TA M B É M T E M O S PL A NO S PA R A T O R NA R NO S SA S L I N H A S D E PRO D UÇ ÃO L I V R E S D E C O2”

vel. Com toda certeza, a eletrificação é parte importantíssima no futuro do automóvel. A sociedade busca um mundo melhor, e não apenas o automóvel deve ser sustentável. O seu processo de produção também deve ser ajustado nessa mesma direção. Temos muitos planos já em andamento para tornar nossas linhas de produção livres de CO2 no futuro próximo. Neste ano o senhor completa 30 anos de Daimler, longevidade impensável nos dias de hoje... O mundo está mudando mais rápido e, com isso, as pessoas têm buscado novas oportunidades de se desenvolverem profissionalmente. Portanto, é comum que os mais jovens não se disponham a esperar muito tempo para atingir seus objetivos e busquem por resultados e reconhecimentos mais imediatos. Em minha carreira na Daimler, tive a possibilidade de trabalhar em diversos setores, como Controle e Vendas, e em diferentes unidades de negócios (automóveis, vans, caminhões e ônibus), além de passar por diversos países. Tudo isso

me proporcionou a possibilidade de desenvolvimento profissional e fidelidade à marca. O quanto é difícil para um alemão de sua geração, funcionário de uma empresa centenária, se adaptar aos novos tempos e aos novos métodos de gestão? Não é difícil. Faz parte de todas as mudanças pelas quais o setor vem passando nos últimos séculos. A diferença é que as adaptações devem ser realizadas muito rapidamente. Como marca e empresa que existe com sucesso há mais de 130 anos, é importante, mesmo em tempos de grandes mudanças, basear as decisões em números financeiros. Vale destacar também que agora temos novos métodos de gestão com o home office, que têm trazido bons resultados. O que o levou a escolher a Daimler para seguir carreira? Meu sonho era trabalhar em empresas internacionais que pudessem me proporcionar o contato com diversas culturas e a possibilidade de uma carreira internacional. A Daimler foi a minha primeira escolha. Iniciei minha carreira no grupo em 1990, trabalhando em diferentes posições na área de controle na Alemanha, Portugal, Espanha, África do Sul, Turquia e China, além do Brasil. Chegou ao Brasil em 2003 e retornou em 2015. Quais as mudanças que o senhor percebeu no país neste intervalo de tempo? Notei um avanço na comunicação entre as pessoas por conta da digitalização, cidades mais verdes, aumento do número de motoboys nas ruas por conta da


Holger Marquardt ao lado do modelo GLC versão Coupé, uma das apostas da Mercedes

alta demanda de deliveries e uma maior segurança, se comparado ao passado. Qual a sua técnica para se adaptar mais rapidamente aos locais para onde é designado? Estudo muito a cultura e a história do país para onde vou. Nossa matriz oferece seminários individuais em Stuttgart sobre o assunto, onde o consultor é sempre um especialista local. Quando finalmente chego ao país, ouço as pessoas e os colaboradores, observando o comportamento dos clientes em relação aos nossos produtos, mas também vou ao shopping para observar e aprender mais sobre o comportamento da cultura e das pessoas. A minha lição

de todas as minhas diferentes visitas e trabalho em diversos países é muito simples: escute as pessoas, seja autêntico e pense também com o seu coração, porque todas as diferentes culturas e pessoas têm um coração. Sua família o acompanha nesta peregrinação? Sim, eles sempre se juntam a mim. Nosso objetivo sempre foi começar ao mesmo tempo no novo país, então foi e sempre será uma jornada comum. As crianças estão sempre ingressando em escolas internacionais e gostam disso, embora sair de um país esteja se tornando cada vez mais difícil. A Internet, claro, ajuda muito a manter contato

com amigos. Lembro da minha primeira conta telefônica em Portugal em 1996 com um valor bem alto para manter o contato com a família e amigos, e isso mostra como os tempos mudaram nesse aspecto. Para a minha esposa, é, provavelmente, um pouco mais desafiador descobrir como funciona o país, onde estão os médicos, lojas, etc. Mas também devo ressaltar que em todos os países recebemos muita ajuda da população local. O que mais preocupa o senhor e a sua família no dia a dia no Brasil? A maior preocupação é com a segurança, que está limitando drasticamente nosso espaço de movimentação, especialmente para as crianças. Ao passar dos anos notei uma melhora, mas ainda não é o suficiente para dar mais liberdade às crianças, por exemplo. No entanto, existem regras e comportamentos em que precisamos nos adaptar e manter a atenção. Qual a origem de seu sobrenome? É um nome alemão, da Baixa Saxônia, e vem das palavras mark, ou fronteira, e ward(e), que significa guardião. Originalmente, era o nome para o guardião de fronteiras. Qual a fronteira que o senhor guarda com mais atenção? Posso afirmar que os grandes pilares da minha vida envolvem a família, os amigos e a natureza e, com certeza, essas são as fronteiras que guardo com o maior zelo e respeito. TP

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TERENCE SCHAUFFERT REISER DIRETOR DO FELISSIMO EXCLUSIVE HOTEL PÉ NA AREIA


Turismo


A PRAIA CERTA Descalço, Terence Schauffert Reiser comanda um dos melhores e mais exclusivos hotéis-boutique no país: o Felissimo, em Balneário Camboriú (SC)

E

mbora seja um empresário muito bem-sucedido, Terence Schauffert Reiser prefere trabalhar como veio ao mundo: descalço. Tal despojamento retrata o estilo de vida deste catarinense de 46 anos, de ascendência alemã, que fez da praia mais do que um lugar de lazer. Aos 15 anos, começou a trilhar uma carreira no surfe profissional. Largou para se dedicar aos estudos, embora tenha mantido as pranchas como hobby. Ainda na praia, passou a se dedicar ao Kiwi Bar, que fez sucesso na Praia Brava (SC) a ponto de ter conquistado, sete vezes seguidas, o título de “melhor bar de praia do Brasil”. Na realidade, o lugar ganhou destaque até na imprensa internacional. Tornou-se uma referência para o mundo. No Kiwi, Terence conheceu a mulher, Marcella, e decidiu trocar a vida de dono de bar pela de hoteleiro. Há 11 anos, está à frente do Felissimo Exclusive Hotel, inaugurado pelos pais, em 2002, na praia dos Amores, em Balneário Camboriú. O lugar se tornou um dos melhores e mais exclusivos hotéis-boutiques do país. Tudo é de primeiríssima neste oásis de 5 mil metros quadrados, a começar pelo restaurante interno, o Bistrô. Não admira: Terence é formado em gastronomia – e adora o que faz. O hotel, a 80 quilômetros de Florianópolis, tem apenas 11 suítes e uma villa. Além da Casa Verde, uma unidade absolutamente sustentável, que está na vanguarda de tudo o que se conhece no Brasil em matéria de hotelaria. O lugar une o clímax do conforto ao máximo de cuidado com o meio ambiente. Tal amálgama pode ser simbolizada no automóvel BMW i3, elétrico, que fica à disposição do hóspede.

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THE PRESIDENT _ Quais são suas memórias mais antigas? Terence Schauffert Reiser – Venho de uma família tradicional. Por parte de pai, foi uma das quatro que fundaram Itajaí. Meus pais se separaram cedo e minha criação foi de raiz feminista, com minha mãe como principal elo da família. Ela nos deu a segurança para crescermos acreditando que sonhos são possíveis. Já meu pai era jogador de futebol, boa-praça, boa-pinta, bom de briga. Podia passar frio, mas dava seu único casaco para a primeira pessoa sem recursos que cruzasse pelo caminho. Estar com ele era estar em um filme do Indiana Jones. Infelizmente, morreu cedo, quando eu tinha 11 anos. Me ensinou a surfar, me deu minha primeira prancha de surfe, me levou aos campeonatos de surfe. O surfe me levou a lugares incríveis mundo afora. Vivo perto dele, de minha mãe, minhas irmãs, de minha filha. O Felissimo é nosso dolce far niente. A família sempre se encontra ali, dividindo muitas risadas. O que você herdou da ascendência alemã? A criatividade, a seriedade e a honestidade, que carregamos por todos os caminhos da vida. E nosso jantar sempre foi parecido com o famoso café colonial. Como eram as suas viagens em família? Sempre memoráveis. Muitas foram para estações de esqui. Adoramos esse esporte. E o surfe, claro. Certa vez viajamos de carro de Santa Catarina ao sul da Bahia para surfar nas praias do caminho. Há bastante tempo minhas viagens pessoais têm sido para lugares com ondas. Um dos meus preferidos é a Indonésia. Como essas viagens te influenciaram?

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Em tudo. Da Indonésia, por exemplo, trouxe elementos novos para decoração e referências gastronômicas para o menu do Kiwi e, depois, para o Felissimo. O lugar onde está instalado o Felissimo era a casa da sua família. Deve estar repleto de memórias afetivas. Foi a terceira casa de toda a Praia Brava! Tenho lindas lembranças: os churrascos de domingo em família, as caminhadas por trilhas para ir surfar após o almoço, as festas que meus pais davam, com muito rock’ n’ roll. Acredito que essa atmosfera ainda está presente e, de alguma forma, é sentida pelos hóspedes. Quero que se sintam na própria casa de praia. Como foi a concepção do Kiwi Bar? Eu tinha 23 anos e havia voltado de uma viagem de quase um ano pela Europa. Foi quando surgiu a oportunidade de alugar uma cabana de praia, pé na areia, no Canto do Morcego, meu ponto favorito de surfe na Praia Brava. O lugar era afastado e tinha um único serviço de praia, muito demorado. Quando a fome batia, o jeito era sair da praia. Foi aí que vi a oportunidade de abrir um restaurante para pessoas com o meu perfil. O Kiwi teve 15 anos de sucesso. Que bela história, não? Todas as tribos se encontravam no Kiwi. Até os meus amigos começaram a frequentar [risos]. Vinha gente de outras cidades, estados e até países, incluindo as mulheres mais lindas do Brasil! Virou um point, um lugar de vanguarda, lançando moda e comportamento. Eu trabalhava no verão e viajava no inverno trazendo novas tendências para a próxima temporada. Recebemos sete prêmios consecutivos de melhor bar de praia do

“N o Fe l i s s i m o, q uero q ue todos os hóspedes se sintam n a própri a ca s a d e p r a i a”

Brasil. Marcas como Forum, Triton, Evoke, Lvmh, Nova Schin patrocinavam forte o Kiwi, para ter seus produtos associados àquele fenômeno. Qual foi o melhor momento do Kiwi na sua vida? Centenas, ou talvez milhares, de histórias ocorreram no bar. Quando lembro tudo que vivemos ali, me vem à cabeça uma frase de um filme que adoro, o Tomates Verdes Fritos: “É incrível como um lugar tāo pequeno pode unir tanta gente”. Tive, de fato, a oportunidade de conhecer muita gente. Entre tantas pessoas, a mais especial é minha mulher, Marcella. Estamos completando sete anos de casamento. O Felissimo foi inspirado em algum lugar que você conheceu pelo mundo? Foi inspirado pelas viagens dos meus pais. Eles trouxeram referências do que viram de melhor. Sempre com o objetivo de unir simplicidade, bom gosto e serviço personalizado. O que a região do Felissimo tem de especial? Temos tudo em um só pacote. Estamos localizados na Praia Brava, na divisa de Itajaí com Balneário Camboriú. Em um raio de 30 quilômetros temos praias agrestes, cachoeiras, escolas de mergulho, ma-


No alto, o projeto Casa Verde conta com 165 painéis solares. O excedente gera 50% da energia do Felissimo, que conta ainda com a sua própria estufa

rinas, superclubs, cultura de praia e surfe. Pelo índice de desenvolvimento humano, Balneário Camboriú é o quarto melhor lugar para se viver no país, uma cidade pequena com estrutura de cidade grande e excelentes oportunidades de negócios. E estamos muito próximos de Curitiba. A culinária está entre os melhores predicados do Felissimo? Sou formado em gastronomia. Minha mãe ama cozinhar e é excelente cozinheira. Chefs que conhecemos em viagens costumam vir para workshops. O chef executivo do bistrô é um excelente catalisador dessa simbiose. Se fosse escolher uma trilha sonora para o Felissimo, qual seria? “Starry Night”, da DJ Peggy Gou. Adoro o som dela, que é cliente do Felissimo, assim como todos os DJs internacionais que vêm tocar no templo da música eletrônica Warung Beach Club, na Praia Brava. Como você faz para conjugar simplicidade e exclusividade no Felissino? Com um serviço profissional pessoal, com alma. É importante não impor tantos obstáculos formais ou burocráticos. É preciso facilitar o elo entre equipe e cliente. Como surgiu o conceito da Casa Verde? Partiu da vontade de criar algo relevante. Não apenas um excelente quarto de hotel, mas algo que pudesse revelar nossa visão para o futuro da hotelaria. O Casa Verde é uma experiência CO2 zero. Une o máximo de conforto, alta tecnologia e sustentabilidade. O que tem de tão especial? Toda a energia é gerada por 165 painéis solares. O excedente gera 50% da energia de todo o hotel. Tudo foi pensado em

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“ F a l t a m c o n h e c i m e n t o, curiosidade e budget para projetos s u stentá vei s n o B r a s i l”

termos de sustentabilidade. O barro tirado para a construção foi doado ao município para aterrar campos de futebol em escolas públicas. O forro das paredes não teve processos de queima na produção. O telhado verde reduz em até 12 graus a temperatura da casa no verão, exigindo bem menos do ar condicionado. Já os vidros filtram 95% dos raios solares e a automação é feita pela gigante ABB, com protocolo Knx. Ela indica quando devemos esterilizar cortinas e

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tapetes. É preciso lembrar do projeto de interior e móveis, a cargo de Jader Almeida, designer com diversos prêmios internacionais. Ah, e um carro BMW i3, elétrico, fica à disposição do hóspede. Por que um projeto desses é tão raro no Brasil? Falta conhecimento, curiosidade e budget. E também visão a médio e longo prazo. É preciso ter a clareza de que os resultados não acontecerão de imediato. Estamos abolindo o plástico e queremos

partir para uma gestão sem papel. Cada real investido trará frutos. É preciso entender a demanda das novas gerações. Em países desenvolvidos, as pessoas estão dispostas a pagar mais por produtos sustentáveis. Essas ações fortalecem a marca e criam empatia. Mas ainda falta essa visão ao mercado. Como está a retomada do Felissimo? Nosso primeiro objetivo sempre foi manter os empregos. Mas tivemos, claro, que nos adaptar. Fechamos durante 30 dias. Nesse meio tempo, tomamos medidas como reduzir a carta de vinhos, renegociar contratos de prestadores de serviço, baixar custos fixos, encerrar contratos temporários. Um dos fatores que nos beneficiaram foi o fato de sermos um hotel-boutique, com apenas 14 unidades distribuídas em 5 mil metros quadrados. O hotel é plano, sem elevadores, tem muita circulação de ar. Nos últimos três meses, tivemos um aumento da ocupação de 40%. Acredita que uma demanda reprimida resultará em crescimento do turismo nacional? Sim. Com as restrições internacionais e o aumento da moeda estrangeira, o Brasil será uma tendência a curto e médio pra-


zos. É a hora certa para conhecermos o país, que oferece lugares incríveis a serem desbravados. Temos paraísos naturais como o Pantanal (MS), Itacaré (BA), Fernando de Noronha (PE) e, claro, a bela Santa Catarina. Recomendo os hotéis da BLTA (Brazilian Luxury Association). Não foi à toa que entramos para essa criteriosa associação. Você acredita que as pessoas passarão a viajar mais de carro? Sim. Mesmo que nossas estradas não favoreçam. Santa Catarina é o lugar da moda? Adoro todas as regiões do Brasil, mas Santa Catarina é o vice-líder em qualidade de vida do país. Isso leva em conta desenvolvimento econômico e social, educação, infraestrutura e segurança. Santa Catarina não é moda, pois a moda é efêmera. Nosso estado tem raízes sólidas, cultura, tradição. Como foi sua formação profissional? Passei por dois cursos universitários, que não completei, antes de me formar em gastronomia. Eles me ajudaram muito. Fiz cinco semestres de engenharia civil. Isso me deu boa noção de números, que é fundamental para qualquer negócio. Na faculdade de administração aprendi bastante na cadeira de psicologia corporativa. Foi essencial para o desenvolvimento da inteligência emocional e análise de ambiente. O curso de gastronomia me levou a me especializar em layout de cozinha, fluxograma e administração de restaurantes. Chegou a pensar em ser profissional do surfe? Fui um atleta amador que aspirava a uma carreira profissional. Despontei

nos campeonatos estaduais e nacionais. Fiz até uma final profissional, com apenas 15 anos de idade. Mas a estrutura do surfe ainda era muito pequena e difícil para uma carreira profissional. Ao entrar na faculdade, fui deixando as competições e comecei a curtir o surfe sem pressão, apenas curtindo o momento. Conheci alguns melhores lugares de surfe no mundo. O North Shore da ilha de Oahu, no Havaí, por exemplo. Também desbravei lugares menos visitados. A onda mais perfeita que conheci foi no Desert Point (hoje de deserta não tem nada), na ilha de Lombok, na Indonésia. Viajei muito, e posso afirmar que meu lugar preferido de surfe é em frente a minha casa no Canto do Morcego, na Praia Brava. A frase “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez” segue sendo o seu lema? Ela reflete a minha personalidade. Eu me emociono com histórias de superação, como a do Ronaldo na Copa de 2002. Nascemos seres completos e passamos a acreditar que tudo é possível. Mas o medo transmitido pelos outros vai nos contaminando. Em 2007, tive um ano de perdas e conquistas. Perdi uma ação movida pelo Ministério Público Federal. Alegava-se que, por estarem em área de preservação permanente, os bares da orla da Praia Brava teriam de ser removidos. Eu teria de demolir o bar em um único dia. Estávamos em uma manhã de praia lotada. O bar tinha 45 funcionários. Comprei quatro pés de cabra. Derrubamos o bar para construir o novo Kiwi no terreno atrás, que havia adquirido. Uma propriedade linda de 24 mil metros quadrados. Coloquei outdoors na cidade com uma

frase da madre Teresa de Calcutá: “Alguém pode destruir em instantes o que você levou uma vida inteira pra construir… mesmo assim construa”. E você reconstruiu o Kiwi. As mesmas pessoas que moveram ação para retirada dos bares fizeram outra para que não construíssemos atrás. Aprovamos o projeto, com alvará e tudo, e iniciamos a construção. O Ibama, a mando do MPF, embargou a obra. Por fim, a prefeitura de Itajaí assinou um decreto de interesse público, liberando a construção, desde que cumpríssemos dez ações sustentáveis para o local. Soltei o choro preso de quando empunhava o pé de cabra. Em dezembro de 2007, inauguramos. Não sabendo que era impossível... Uma nova campanha de outdoor estava nas ruas com a frase: “Kiwi… a saga continua”. Por que trocou o Kiwi pelo Felissimo? Depois de cinco anos, decidi me casar e sair da vida noturna. Aluguei o Kiwi para o grupo Green Valley, que trocou o nome para Belvedere e, desde então, está instalado no mesmo local. Em que medida o seu gosto por andar descalço revela o seu estilo de vida e dos seus projetos? Adotei para toda a vida o espírito “vida na praia”. Minha casa tem horta e galinheiro. Toda manhã caminho até lá para pegar os ingredientes do café da manhã. Nosso próximo hotel-boutique será no meio de árvores. O hóspede receberá o pão na porta da villa, pegará as folhas na horta para o suco verde e retirará os ovos do galinheiro para o café da manhā. Será um lugar de cura, com intuito de aumentar a serotonina e baixar o cortisol. Sem celular e, de preferência, descalço. TP

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NEW OFFICE Toriba Hotel oferece até estrutura para quem quer trabalhar remotamente, mas em contato com a natureza

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odos sabem que se hospedar no Toriba Hotel é uma das melhores experiências da região de Campos do Jordão (SP). Mas você sabia que dá para trabalhar de lá? O hotel deu outra dimensão ao conceito de room office. As pessoas não precisam apenas utilizar o quarto para as suas atividades remotas. Podem estar em contato com a natureza. A estrutura do Toriba permite conexão de qualidade com a internet até no mirante. Em plena exuberância da serra da Mantiqueira, é possível realizar teleconferências em espaços reservados e com internet de alta velocidade. Inaugurado em 1943, Toriba está cercado por uma área de 200 hectares de mata atlântica, totalmente preservada. O lugar reabriu suas portas após 60 dias de paralisação.

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A retomada vem cercada de medidas sanitárias. Entre elas, o check-in online e o check-out agendado. O café da manhã passou a ser à la carte. Enquanto isso, todas as refeições podem ser servidas nos quartos ou ao ar livre, respeitando o distanciamento. Máscaras e dispensers de álcool em gel estão disponíveis nas acomodações e nas áreas comuns. O Toriba era como uma casa na montanha. Agora, também pode ser o escritório. Faz jus ao nome em tupi-guarani, que significa “paz, alegria e felicidade”. Isso é bem verdade, inclusive para as suas reuniões virtuais. TP Para mais informações: toriba.com.br facebook.com/toriba @hoteltoriba


O Toriba Hotel é cercado por uma área preservada de 200 hectares de mata atlântica. Com todos os protocolos de segurança, o lugar pode ser o seu escritório ao ar livre

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HORA DE ZARPAR MSC Cruzeiros retoma operações no Mediterrâneo e prepara produto premium em dois navios da temporada brasileira

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ovo normal, distanciamento social, isolamento. O mundo foi invadido por termos (e práticas) que forçaram as pessoas a deixar de curtir uma das atividades de que mais gostam: viajar. A boa notícia: depois de uma longa espera, agora já é possível fazer cruzeiros em alguns dos lugares mais belos do planeta. A MSC Cruzeiros reiniciou suas atividades em agosto e já tem uma temporada atraente no Mediterrâneo e, em pouco tempo, também no Brasil, inclusive com o MSC Yacht Club, produto para quem busca exclusividade. O navio MSC Grandiosa inaugurou os protocolos de segurança

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da empresa no Mediterrâneo, no verão europeu. “Estamos muito satisfeitos por poder receber os hóspedes de volta, com uma experiência completa neste verão do hemisfério norte”, afirma Gianni Onorato, CEO da MSC Cruzeiros. O protocolo inclui pelo menos seis etapas importantes de proteção. Na triagem, haverá verificação de temperatura, questionário e teste swab para Covid-19. Em relação à higienização, os produtos de limpeza serão de nível hospitalar. As dependências do navio terão distanciamento social ou uso de máscara obrigatório onde isso não for possível. Além do mais, a embarcação contará com serviços médicos ainda mais qua-


Na página anterior, o MSC Seaview em alto-mar. Acima, dois ambientes do MSC Preziosa

lificados, bem como estrutura para isolamento e monitoramento contínuo. Se um caso do novo coronavírus for identificado, já existe um plano de contingência para isolamento do possível paciente e sua família. Os protocolos de segurança superam até as exigências das autoridades. Neste início de operações, os navios receberão apenas turistas residentes em nações do Espaço Schengen (tratado de livre circulação de pessoas válido em 26 países europeus). “Vamos monitorar de perto as atualizações e novas diretrizes em nível global”, conta Onorato. “Também iremos garantir que essas medidas reflitam a tecnologia e os conhecimentos da medicina mais atualizados. Tudo irá acompanhar as diferentes fases da evolução e disseminação do vírus.”

MAIS QUE PRIMEIRA CLASSE A MSC Cruzeiros não se contenta em ter os melhores navios, mais bem equipados e seguros. Faz questão de estar um degrau acima. O serviço MSC Yacht Club é a prova disso. Esse produto premium está alicerçado em um conceito de exclusividade e privacidade. A experiência tem de ser de “um iate dentro de um navio”, conforme destaca a companhia. O cliente dessa modalidade terá prioridade para embarcar e desembarcar, além de área própria para check-in e check-out. Ao chegar ao navio, esse viajante VIP é recebido por um mordomo. Ele o acompanhará até a sua cabine e ficará à disposição 24 horas. Um concierge também estará disponível o dia todo. As suítes do serviço MSC Yacht Club estão localizadas na proa, na melhor parte do navio. A vista é privilegiada e tem acesso exclusivo ao Top Sail Lounge. Esse espaço panorâmico oferece buffet, coquetéis e até um chá da tarde. Também é possível desfrutar do One Pool, área com piscina privativa e hidromassagem. Esse pacote de benefícios estará disponível em dois navios que farão a temporada brasileira 2020/2021: MSC Seaview e MSC Preziosa. O primeiro propõe um roteiro de sete noites de Santos para o Nordeste, com escalas em Ilha Grande, Salvador, Maceió e Búzios. O segundo terá opções de três a oito noites a partir de Santos, Rio de Janeiro e Salvador. Será possível fazer minicruzeiros e escolher itinerários para as regiões de Balneário Camboriú e Búzios, por exemplo. Os destinos já são um atrativo e tanto. Tudo isso melhora com um pacote que inclui protocolos de segurança e uma experiência privativa dentro de um navio. TP Para mais informações: msccruzeiros.com.br facebook/MSC.Cruzeiros.Brasil @msccruisesofficial

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UMA ROTA REPLETA DE EMOÇÕES Slow travel pelo Nordeste combinando autenticidade, belas praias e atmosfera de exclusividade POR TERESA PEREZ TOURS

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m um primeiro momento, pode até parecer que slow travel não combine muito com aventura. Mas na Rota das Emoções, um roteiro que percorre destinos do Nordeste como Maranhão, Piauí e Ceará, é exatamente isso que encontramos: rusticidade com contornos autênticos, belas paisagens e atividades outdoor em pequenas cidades e vilarejos pouco visitados. Quem viaja pela Rota das Emoções encontra pelo caminho cenários arrebatadores - muitos deles formados por dunas, santuários ecológicos, praias de areias claras - além, é claro, de experiências pra lá de emocionantes. Um dos destaques é Atins, no Maranhão, localizado entre os Lençóis Maranhenses, o Oceano Atlântico e o rio Preguiças, com sua atmosfera rústica, perfeita para quem procura por sossego em um destino ainda pouco visitado. Atins é um vilarejo de pescadores pé na areia e cada vez mais encanta quem busca por tranquilidade, clima descolado e esportes aquáticos. As paisagens têm de um lado as convidativas dunas de areia, perfeitas para explorar com uma caminhada, cavalgada ou até mesmo de veículo 4x4. Do outro, a praia e o mar, ideais para relaxar ou curtir as emoções do kitesurf ou do windsurf. Na sequência, o delta do Parnaíba, no Piauí, é cortado pelo famoso rio de mesmo nome, que deságua no mar formando cinco grandes braços - é o maior delta das Américas. É lá que está Parnaíba, a segunda maior cidade do estado e uma das paradas da Rota das Emoções. As praias tam-

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bém são belíssimas, perfeitas para curtir antes ou depois de navegar de barco pelo rio Delta - outro passeio emocionante. Um destino mais badalado é Jericoacoara e sua atmosfera rustic-chic irresistível. Espere por gigantescas dunas móveis, coqueirais, lagoas de águas cristalinas, cavernas, praias intocadas de enseada e de oceano, além de rochas esculpidas pelo vento que combinam como nenhum outro local os ares do sertão e litoral. Porta de entrada para Jericoacoara, a praia do Preá é outra dica para aproveitar o clima descontraído: a faixa de areia branquinha, a água de azul intenso, os coqueirais e a brisa suave compõem o cenário. E os ótimos bares e restaurantes deixam tudo ainda melhor. Por fim, ainda temos Trairi, no Ceará, com 36 quilômetros de belas praias, todas com uma atmosfera rústica e ar pacato, preservando aquele jeito de aldeia de pescadores. Com a maré baixa, surgem piscinas naturais formadas pelos arrecifes, proporcionando um visual ainda mais deslumbrante. A combinação de mar calmo e ventos constantes faz de Trairi outro ponto ideal para andar de jangada, paquete ou praticar esportes na água, como o windsurf ou kitesurf. Na praia de Mundaú ainda dá para conferir de pertinho um encontro único: a rara união do rio com o mar, as dunas e os coqueirais. TP Para mais informações: teresaperez.com.br


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NOSSAS AR EIAS E STÃO CHEIAS DE SAUDA DE A proteção da nossa natureza exuberante sempre foi um dos valores do Transamerica Resort Comandatuba. E isso não seria diferente quando se trata do nosso cliente. Por isso, adequamos todas as políticas e protocólos de hospedagem para preservar a sua segurança e de toda a comunidade. Confira em nosso site as novidades que preparamos para que você volte a viver sua liberdade de novo na nossa ilha!

SP e Grande SP +55 (11) 5547-1166

Outras localidades 0800 012 4400

Telefone do Hotel: +55 (73) 3686-1122

www.transamerica.com.br/comandatuba SET.2020 |

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PORTAS ABERTAS Sofitel Guarujá Jequitimar retoma atividades com novos protocolos de segurança

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turismo nacional está começando o processo de retomada. Um dos símbolos do Guarujá e de todo o litoral paulista, o Sofitel Guarujá Jequitimar reabriu suas portas em agosto. Cauteloso, tomou duas medidas fundamentais: protocolos de saúde e ofertas ainda mais atraentes. A primeira providência foi adotar todos os protocolos de higienização e prevenção do selo ALLSafe. Destaque para o distancionamento social nas áreas comuns, programas de limpeza e desinfeção reforçados nos quartos e áreas públicas, spa com horário reduzido, opção de refeições no quarto sem custo adicional, novos padrões de segurança alimentar e me-

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nor contato possível para pagamentos, check-in e check-out. Essas medidas foram desenvolvidas pelo Bureau Veritas, referência internacional em certificações, inspeções e testes. Todos os 5 mil hotéis, resorts e residências do Grupo Accor, em 110 países, deverão aplicar essas medidas para conquistarem o selo ALLSafe. Após uma visita virtual de um auditor no final de agosto, o hotel também conquistou a certificação do Bureau Veritas. Nessa retomada, o Sofitel Guarujá Jequitimar resolveu apostar em um pacote competitivo. A estadia de 4 noites tem valor de R$ 3.570 (com café da manhã, almoço e esta-


cionamento). As viagens em família também ficam mais atraentes. São cobrados apenas R$ 140 adicionais por criança que se hospedar no apartamento dos pais. Com quase 14 anos de existência, o hotel já faz parte da história da região. É o maior do litoral paulista, com 301 quartos. Conta com o luxo de enxovais Trussardi, camas MyBed, So Spa com assinatura L'Occitane e serviços de nível internacional. Todo o conforto, enfim, para matar a saudade de ouvir o som do mar e andar descalço pela praia. Como faz falta, não? TP Maior hotel do litoral paulista, o Sofitel Guarujá Jequitimar adota protocolos de prevenção do selo ALLSafe. Terá distanciamento social e programas de limpeza reforçados

Para mais informações: sofitel.accor.com facebook.com/sofitel.jequitimar @sofiteljequitimar

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DE FRENTE PARA O MAR Esse santuário fincado entre a Mata Atlântica e o mar azul-turquesa é o lugar para recarregar as energias. Localizado na Barra de São Miguel, em Alagoas, um dos melhores resor ts do Brasil oferece hospedagem em vilas frente mar com piscina privativa de borda infinita: Marajó Villa, Jaobi Villa e Kenoa Villa. Muito espaço, privacidade e estilo. É pé na areia, sol e a assinatura do Kenoa Resort. kenoaresort.com

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O LUGAR DO PÓS-LUXO Com alma brasileira, o Botanique traz uma nova experiência de hospedagem

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empresária paulistana Fernanda Ralston Semler é daquelas pessoas que podem se orgulhar de ter pensado fora da caixa e colhido os frutos dessa ousadia. Ela lançou no Brasil o movimento pós-luxo e o concretizou no Botanique Hotel & Spa, no Triângulo das Serras, interior paulista. Fernanda define seu conceito: “São escolhas conscientes, zero ostentação e destinos protegidos, com natureza abundante e total privacidade”. Em atividade desde 2012, o Botanique leva sua filosofia muito a sério – da gastronomia ao design, dos produtos do spa ao café de origem local. É um

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selo de brasilidade que inclui ainda curadoria cinematográfica, literária e musical. A biblioteca tem 403 títulos de literatura nacional. A cozinha recebe todo dia ingredientes colhidos das 350 caixas de hortas que circundam o hotel, no melhor conceito from farm to table. Isso garante o frescor dos ingredientes no preparo dos pratos. Na retomada de suas atividades, o Botanique teve ocupação máxima nos meses de julho e agosto últimos – ainda que tenha ocorrido uma redução de capacidade durante a pandemia. O lugar tem recebido encontros de negócios para um público reduzido. Esses think tanks, ou laboratórios de ideias, reúnem


CEOs e diretores com o objetivo de discutir estratégias de negócios, planejamento e gestão de suas empresas. O Botanique é feito sob medida para esse tipo de encontro. Une a ideia silenciosa de hotel na montanha à natureza intocada. Durante o período de pandemia, o lugar terá medidas especiais. “Temos mais de 80 itens e protocolos de acordo com as normas da Organização Mundial da Saúde”, explica Fernanda. “Estamos recebendo também famílias que viram em nossa propriedade um refúgio a ser desfrutado com tranquilidade e segurança.” O lugar, aliás, tem uma localização privilegiada. Fica a apenas 12 km do centro de Campos do Jordão e a 13 km de Santo Antônio do Pinhal, na divisa com São Bento do Sapucaí – o chamado novo Triângulo das Serras. A previsão para os próximos meses é de elevada ocupação do Botanique. Muita gente está aderindo ao pós-luxo, querendo desfrutar da autenticidade local. APRÈS LUXE Fernanda Semler elaborou também uma plataforma de certificação das suas ideias: Après Luxe (www.apresluxe.com.br). Criado há quatro anos, o selo tem como pré-requisitos a qualidade da matéria-prima; a atemporalidade; a originalidade e a inovação. Além da autenticidade local, do valor justo e do preço coerente. “Vejo que algumas pessoas começam a falar desse novo luxo e fico feliz em notar que há uma nova consciência sobre um modo diferente de consumir”, afirma a empresária. Ela destaca ainda o momento em que vivemos diante da Covid-19, o que obriga a repensar diversos hábitos. “O novo luxo será vitorioso depois dessa pandemia”, prevê. “Percebemos a fragilidade de tudo, e como é inútil se prender a valores rasos.” TP Para mais informações: botanique.com.br facebook/hotelbotanique @botaniquehotel

Defensora de um luxo consciente, a empresária paulistana Fernanda Ralston Semler aplicou suas ideias no Botanique, hotel-boutique que privilegia produtos nacionais

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PARA A FAMÍLIA Summerville Beach Resort recebe selo do Tripadvisor e está entre melhores hotéis do Brasil

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uer bons motivos para visitar um lugar? Água do mar cristalina e mais de 70 mil m² de área verde preservada podem ser alguns deles. Essa é justamente a moldura e alguns dos principais atrativos do Summerville Beach Resort, em Muro Alto, no litoral sul pernambucano. Escolhido pelo Tripadvisor o quinto melhor hotel para se levar a família, o lugar faz parte da rede Pontes Hotéis & Resorts e é um dos mais famosos de Porto de Galinhas e do próprio Nordeste. Aliás, é o único a receber o selo do famoso site de viagens em Porto de Galinhas. O Summerville une estrutura, sustentabilidade e toda a segurança na retomada das atividades. São 204 unidades para se hospedar entre bangalôs, suítes e apartamentos. Há estrutura completa de esporte e lazer. É possível até praticar arco e flecha, aprender frevo e se arriscar no stand up paddle. O spa é um capítulo à parte. A área tem 300 m2 e proporciona serviços dos mais diversos na linha Tantien – termo de origem chinesa que se refere a um ponto de poder pessoal, concentrado na respiração, emoções e força vital. O spa dessa modalidade trabalha sobre quatro pilares: corpo, mente, espi-

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ritualidade e alimentação. Ele oferece rituais faciais, drenagem linfática, peeling, técnicas de purificação e de massagem. Após a paralisação causada pela pandemia do novo coronavírus, o Summerville retornou às atividades com áreas renovadas. Além disso, novos protocolos foram implementados para receber novos hóspedes com segurança. Para começar, agora o check-in é realizado por aplicativo, com o objetivo de diminuir a espera e a aglomeração na recepção. Na entrada, a temperatura dos hospedes é medida e as bagagens são higienizadas. Toda a configuração das áreas sociais foi modificada para garantir a distância segura entre as pessoas. Nesse novo momento do turismo nacional, o resort, com certeza, é a melhor opção para as famílias e casais se desligarem de tudo com segurança. Por lá, é só chegar, se conectar e curtir tudo que o hotel e que as belezas naturais do local oferecem. TP Para mais informações: summervilleresort.com.br facebook.com/summervillebeachresort @summervilleresort


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EDUARDO JAKUS DIRETOR DE NEGÓCIOS DE QUEIJOS DA VIGOR ALIMENTOS FAIX A DE CAMPEÃO


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FAIXA DE CAMPEÃO Eduardo Jakus, diretor de negócios de queijos da Vigor Alimentos, comemora os 80 anos do parmesão Faixa Azul POR MARCO MERGUIZZO

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RETRATOS TUCA REINÉS

s avós de Eduardo Jakus deixaram a Hungria e chegaram ao Brasil nos anos 1930. Menos de uma década depois, a Vigor Alimentos lançava o queijo Faixa Azul, que está completando 80 anos.Diretor dos negócios de queijo da companhia, Jakus comemora o sucesso do produto, que teve receita trazida pelo mestre queijeiro italiano Vito. Oito décadas de sucesso comercial é fato raríssimo – e, de fato, digno de comemoração. Presença obrigatória nos almoços familiares de domingo, o Faixa Azul virou sinônimo de alta qualidade - e da própria Vigor, uma das gigantes do segmento de lácteos, com 103 anos de existência e cuja receita operacional bruta em 2019 foi de R$ 3,12 bilhões. Hoje, além de batizar uma linha completa de queijos premium e de ser o produto de maior prestígio da companhia – hoje controlada pelo grupo mexicano Lala –, o mais famoso queijo da Vigor é uma das principais estrelas da empresa. Mesmo participando de um portfólio agora com mais de 100 itens. Isso inclui de queijos especiais, leite UHT, blends de manteiga e iogurtes a alimentos como chantilly, creme culinário e margarinas especiais. Sua excelência é garantida por métodos rigorosos trazidos da província de Parma, no coração da Emília-Roma-

nha, norte da Itália. Formado em administração de empresas e pós-graduado em marketing com MBA em agronegócio, Jakus construiu ao longo de 25 anos de carreira uma ampla experiência no mercado de alimentos. Antes de chegar ao conglomerado, atuou no segmento de proteínas de carne e como consultor de uma empresa inglesa nos supermercados do Grupo Pão de Açúcar. Desde 2015 na Vigor, comanda uma das áreas mais tradicionais, premiadas e vitais da companhia. “Sempre digo que o trabalho com queijos no ponto de venda é um trabalho artístico”, assinala. “Nosso colaborador é treinado para operar os melhores cortes, fazer a melhor apresentação, no tamanho certo e com uma bela exposição para seduzir o consumidor final.” THE PRESIDENT _ Quais as principais mudanças incorporadas nessa fase mais recente? Desde quando a Vigor foi adquirida pelo Grupo Lala tivemos uma troca importante de know-how. Da parte da Lala, o que pudemos imediatamente absorver foram boas práticas de operação. Em contrapartida, oferecemos uma cultura de inovação que se traduziu, por exemplo, no lançamento da

receita do Vigor Grego no mercado Mexicano pela Lala. Como são feitos os queijos da empresa? Em especial, o mais famoso deles, o Faixa Azul? A Vigor tem em suas fábricas os melhores processos e tecnologias para garantir o máximo em qualidade e segurança alimentar. Algumas linhas são totalmente automatizadas, como as que temos na fábrica em Cruzeiro (SP), onde produzimos queijos brancos como requeijão, cream cheese, cremes de queijo e o Minas, todos da marca Danubio. Ali, desde a entrada do leite até o produto final, não há contato humano com os produtos. No caso da linha Faixa Azul, temos também tecnologia empregada, mas preservamos muitos processos artesanais. Por exemplo: o da manipulação das peças ao longo da maturação. Nessa etapa, cada queijo é girado com cuidado e massageado com azeite de dendê, de forma manual. É um processo que preservamos por acreditar que faz diferença para garantir o sabor exclusivo do Faixa Azul. Que procedimentos sanitários foram adotados durante o período mais crítico da pandemia? Desde o registro do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a empresa adotou medidas para preservar a saúde e a segurança

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dos colaboradores, garantindo a produção segura dos produtos e o abastecimento no mercado. Ou seja, intensificamos condutas de boas práticas de fabricação e procedimentos de higienização. Quais são os campeões de vendas do portfólio? A Vigor atua em segmentos diversos com mais de 100 itens. Nossas principais marcas são Vigor, Faixa Azul, Danubio, Amélia, Leco e Jong. Cada uma se destaca no universo em que atua. Somos líderes em vendas em requeijão, queijo ralado e iogurte grego. Também atuamos nos segmentos de queijos especiais, margarinas, maioneses e sucos, entre outros. O Faixa Azul é a nossa marca premium. A Danubio, na linha de queijos brancos, é a líder em cream cheese. No mercado de Food Service, o destaque fica para a tradicional linha Amélia, com chantilly, creme culinário e margarinas especiais, entre outros itens. Bastante conhecida do consumidor, a Leco é nossa marca em leite UHT e blends de manteiga. Já o famoso “queijo do Reino”, da linha Jong, se tornou uma tradição no Natal de muitas famílias em algumas regiões do Nordeste. Como você ingressou na Vigor? Sempre atuei no mercado de alimentos, no segmento de proteínas de carne e, agora, em lácteos, com a Vigor. Tive uma importante passagem pelo varejo, como consultor de uma empresa inglesa dentro do Grupo Pão de Açúcar. São mais de 25 anos atuando nas áreas de marketing, trade marketing e comercial, trajetória que me capacitou para enfrentar este grande e belíssimo desafio de tocar o negócio de queijos da Vigor.

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“O Faixa Azul conquistou a medalha de ouro no maior concurso de queijos do mundo, o World Cheese Awards”

O que representa essa área dentro da Vigor? O negócio de queijos tem um papel muito importante. Além de grandes marcas, a unidade de negócios tem uma especificidade na operação que a diferencia dos demais negócios da empresa. São produtos de alto valor agregado. Estão em fase de desenvolvimento quando se trata de hábito de consumo, e ainda possuem baixa penetração. Precisam de um trabalho de democratização e execução junto aos canais de vendas. Desenvolvemos toda a estratégia, inovação, plano de marketing e execução direcionados a esse segmento. Temos um time de vendas e merchandising dedicado à venda nos principais mercados do Brasil. Sempre digo que o trabalho com queijos no ponto de venda é um trabalho artístico. Nosso colaborador é treinado para operar os melhores cortes, fazer a melhor apresentação, no tamanho certo e com uma bela exposição para seduzir o consumidor final. Se fosse eleger um ou mais produtos que melhor expressem a filosofia da

empresa quais seriam? Sem nenhuma dúvida, o Faixa Azul. Ele expressa toda a tradição da Vigor. Conquistou as medalhas de ouro e bronze no maior concurso de queijos do mundo, o World Cheese Awards. É líder no mercado brasileiro em queijos premium e um dos produtos de maior qualidade e tradição no Brasil. Destaco também o Vigor Grego, que revolucionou o segmento de iogurtes. E há ainda o requeijão e o queijo ralado Vigor. São os produtos com maior penetração nos lares brasileiros e líderes absolutos de mercado. O Faixa Azul é um dos orgulhos da Vigor. Sim, um grande orgulho. Representa uma longa história de tradição e qualidade. O fato de ser tão amado pelos brasileiros e reconhecido até no exterior faz com que tenha um grande destaque no nosso portfólio. Também ganhamos por quatro anos consecutivos o prêmio “O Melhor de São Paulo”, em pesquisa realizada pelo Datafolha, na categoria queijo parmesão ralado. Na Itália, o parmigiano reggiano, que inspira o Faixa Azul, tem uma legislação rígida de controle e produção. Onde e como ele é feito aqui? Seguimos a tradição Italiana a começar pela localização: é produzido em São Gonçalo do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, uma região serrana, de clima ameno, escolhida pelo mestre Vito ao chegar da Itália por ter características climáticas próximas à da sua terra natal. A produção é feita com leite da melhor qualidade. Cada quilograma consome até 15 litros de leite.


O tempo de maturação das formas de Faixa Azul é de 12 meses, em ambiente supercontrolado, com modernos equipamentos de climatização, laboratórios de análise, preparação e conservação das culturas que dão o sabor característico. Qual o segredo para esse queijo icônico ter se mantido durante tanto tempo na preferência do brasileiro? A tradição. São poucos os produtos que

respeitam ao longo de tanto tempo a sua receita original. Não há nenhum outro queijo no mercado que se assemelhe ao sabor e às características do Faixa Azul. E, para fechar, que lançamentos estão previstos para os próximos meses? Estamos trabalhando na consolidação dos lançamentos do primeiro semestre, como os queijos ralados frescos, da marca Vigor, o queijo parmesão Faixa

Azul Lascas, os queijos fracionados de fábrica, além dos novos sabores de Vigor Grego (Merengue e Coco Queimado) e da bebida Vigor 100% Vegetal. Neste segundo semestre, iniciamos campanhas de mídia importantes. Caso dos “80 anos de Faixa Azul”, do “Queijo Vigor Dá Match” e da novíssima campanha de Grego com a hashtag #EsseMomentoÉMeu. Não deixem de conferir. E provar. TP

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Uva Malbec Originária da França, ela ganhou fama em Mendoza, Argentina: equilíbrio entre taninos e acidez

A Tradição do Parmesão

Parmesão Faixa Azul O rei dos queijos tem aromas de nozes, frutas e sabor salgado, com textura granulada

A origem desta estrela do mundo dos queijos nos leva ao século 13. Lá na região italiana da Reggio Emilia nascia o “rei dos queijos”. O famoso Parmigiano Reggiano ganhou fama internacional. No Brasil, esse clássico recebeu o nome de Parmesão. Estamos falando de um Stradivarius da cozinha. É um “formaggio affinato” que passa por um período de amadurecimento, realçando seus aromas para o deleite de quem o degusta depois. Desde 1940, o Parmesão Faixa Azul mantém os seus processos artesanais e sua receita original. Passa por um longo tempo de maturação, com tratamento especial à base de azeite na casca. No final do processo, somente as peças de altíssima qualidade recebem uma faixa azul pintada à mão. Com essa história de 80 anos, o Parmesão Faixa Azul consegue reunir sabor, textura e identidade que o brasileiro conhece e aprecia. E com um vinho à base de uva Malbec, por exemplo, faz uma harmonização dos deuses.

que derrete na boca

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MIX DE SABORES A combinação de doce e salgado é antiga e comum no Oriente. Por aqui, a mistura foi introduzida nos cardápios ao longo dos anos e conquistou quem não tem medo de experimentar novos sabores. Inove, crie, surpreenda seu paladar com um prato fácil de preparar.

BACON FATIAS DOUBLE SMOKED SEARA GOURMET É duplamente defumado e tem proporção ideal entre carne e gordura.

RECEITA

WAFFLES COM BACON CARAMELADO TEMPO 60 MINUTOS I PORÇÕES 6 I PREPARO FÁCIL

WAFFLES

› 3 xícaras (chá) de farinha de trigo › 1/2 xícara (chá) de açúcar › 1 colher (sopa) de fermento biológico em pó › 1/2 xícara (chá) de leite morno › 1 tablete de manteiga com sal › 2 ovos PREPARO

Misture a farinha, o açúcar e o fermento. Derreta a manteiga em uma panela, retire do fogo e junte o leite. Despeje a mistura de leite na farinha, mexendo bem. Adicione os ovos, mexendo bem. Cubra a mistura e deixe descansar por 30 minutos. Divida a massa em pedaços do tamanho desejado e prense na máquina de waffle, deixando até dourar. Sirva com mel e bacon caramelado. BACON CARAMELADO

› 300 g de Bacon Fatias Double Smoked Seara Gourmet › 1/2 xícara de mel › 1/2 xícara de açúcar Forre uma assadeira com tapete de silicone ou papel-manteiga untado com manteiga. Distribua as fatias de bacon, regue com o mel e salpique com o açúcar. Leve ao forno em temperatura alta por 10 minutos, ou até dourar. Retire da fôrma ainda quente e deixe esfriar sobre um prato de louça.

PARA HARMONIZAR O bacon tem sido cada vez mais adorado e incorporado à gastronomia brasileira. Muito utilizada pelo mundo afora, a iguaria cai bem em diversos pratos e receitas, como o Waffles com bacon caramelado. Para criar uma combinação equilibrada e saborosa, aposte num vinho como o Undurraga Reserva Cabernet Sauvignon 2017, do Valle Central, Chile, ou o Toro Loco D.O.P, UtielRequena Tempranillo 2017, de Utiel-Requena, Espanha.


waffles com bacon caramelado

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Explosão de sabor CONTE COM O COOKTOP DE INDUÇÃO INTELIGENTE DA PANASONIC PARA FAZER UM ALIGOT COM LINGUIÇA E ERVA-DOCE. SERÁ UM SUCESSO COM SEUS AMIGOS

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cozinha Panasonic está em constante atividade. O chef Guga Rocha é um sucesso no canal da marca no YouTube e no site Criado pra Você Cozinhar (www.criadopravocecozinhar.com.br/). Desta vez, ele apresenta uma receita franco-suíça, o aligot – aquela saborosa e irresistível união de purê de batata, creme de leite e vários queijos. Nosso chef vai além e inclui linguiça e erva-doce. “É um explosão de sabores”, afirma o chef. Para realizar esse show na cozinha, o Cooktop de indução inteligente da Panasonic é o melhor equipamento que um chef poderia ter. O recurso de fervura automática garante a temperatura estável para o preparo das batatas. “Elas cozinham perfeitamente”, diz. Você também pode contar com outros recursos do seu cooktop. As tecnologias Genius Sensor e Sensor+ dão precisão no cozimento sem queimar os alimentos. Além disso,

Painel Easy Touch Tudo ao seu alcance Genius Sensor Precisão no cozimento sem queimar os alimentos Sensor+ Identifica a densidade dos alimentos

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o controle de temperatura é feito por meio do grau escolhido e não apenas por níveis de potência, como nos cooktops convencionais. O aligot pode ter batata inglesa comum, mas também pode ser o tipo Asterix ou o Rosenthal. Com o cooktop programado para fritura leve, esprema as batatas diretamente na panela. Creme de leite, leite, manteiga são acrescentados aos poucos. Queijo gruyère e muçarela têm de ser ralados e entram pouco a pouco no final. “Prefira um queijo forte e que derreta bem. Gouda e emental são boas opções. No lugar da muçarela, queijo minas ou o meia cura vão muito bem. O frescal não é indicado. Não dá o efeito de esticar.” A receita fica melhor se tudo for adicionado aos poucos. O equipamento ajuda muito na hora de ter uma temperatura constante. Já quando for servir, o show é seu. A receita é bonita de ser ver e melhor ainda de provar.


ALIGOT COM LINGUIÇA E ERVA-DOCE

By

PRODUÇÃO NO CANAL DA PANASONIC NO YOUTUBE: CLAPME

ALIGOT • 500 g de batata rosa (Asterix) • 50 ml de leite • 250 ml de creme de leite fresco • 250 g de queijo gruyère ralado • 250 g de queijo muçarela ralado • 1 colher (sopa) de manteiga • Sal, noz-moscada e pimenta-do-reino a gosto LINGUIÇA E ERVA-DOCE • 4 linguiças calabresas • 4 unidades de erva-doce • Azeite de oliva • Sal e pimenta a gosto INSTRUÇÕES ALIGOT 1. Cozinhe as batatas com casca em água fervente (fremir) com uma pitada de sal. 2. Quando começar a rachar a casca, retire e descasque ainda quente. Importante: use um pano seco limpo para segurar as batatas. 3. Amasse bem as batatas e passe numa peneira para que fiquem bem lisas. 4. Ponha as batatas peneiradas numa panela e junte o leite, o creme de leite e a manteiga em fogo baixo, mexendo sempre. 5. Vá adicionando os queijos aos poucos em temperatura baixa e mexendo sempre. 6. Acerte o sal, a noz-moscada e a pimenta e sirva. LINGUIÇA E ERVA-DOCE 1. Corte as ervas-doces em quartos, ponha numa assadeira com as linguiças, regue com o azeite, tempere com o sal e a pimenta e asse até dourar. Importante: use o broiler para deixar bem dourado.

loja.panasonic.com.br/ eletrodomesticos/ produtos-de-embutir/cooktop

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NOVO BRINDE DA WORLD WINE A venda online de vinhos é uma realidade que veio para ficar

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forma como vamos aproveitar uma taça de vinho está mudando em ritmo acelerado. O consumo fora de casa – em bares, restaurantes e hotéis – deve cair mesmo no pós-pandemia. Nesse novo panorama, a importadora World Wine é uma das empresas que está muitos passos na frente. De acordo com a vice-presidente da empresa, Juliana La Pastina, a companhia precisou repensar estratégias e realocar investimentos. Diz ela: “Assim como em outros mercados, também estamos presenciando no mercado de vinhos a ace-

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leração do go to market digital e, como consequência, temos maior concorrência, mas também surgem muitas oportunidades em ecossistemas digitais”. Até a disseminação do novo coronavírus, as lojas podiam se dar ao luxo de atender exclusivamente em ambiente físico. Isso mudou de maneira radical. Elas passaram a atender também no digital. Vale também para supermercados. Já os distribuidores focaram os clientes finais, não apenas pessoas jurídicas. “As lojas físicas terão que ser repensadas, priorizando a experimen-

tação e o relacionamento (sem contato). A integração entre o ambiente físico e online se faz necessária mais do que nunca (conceito omnichannel).” Até como resultado dessa aceleração – e inclusão – digital, os consumidores são menos fiéis e mais bem informados. A alta do dólar, no entanto, levou à insegurança dos clientes. Com isso, surge outra palavra fundamental: oferta. “Aumentou a busca por vinhos mais baratos e novas marcas”, comenta Juliana. “Surgiram promoções agressivas, que tornam também o mercado mais pulve-


rizado. Por outro lado, também deve aumentar a procura por vinhos mais caros, motivada pela diminuição de viagens dos consumidores ao exterior.” Na visão da executiva da World Wine, já é possível perceber algumas tendências que sinalizam novos padrões, preferências e motivações de consumo. Segundo pesquisa da McKinsey, 35% dos consumidores pretendem diminuir a ida às lojas físicas, e 74% dos consumidores que compraram pela primeira vez na internet pretendem continuar comprando, após a pandemia. “O novo consumidor passou a enxergar a casa como ambiente de entretenimento e socialização. Muitas vezes está mais disposto a desembolsar um pouco mais por um produto de qualidade, apesar do momento de insegurança financeira”, diz. Uma das apostas da World Wine é que um certo sentimento de indulgência também motive a busca por melhores rótulos. NOVOS CANAIS No e-commerce, a base de clientes da World Wine aumentou 80%, na comparação com junho do ano passado. De março para abril, a elevação foi extraordinária: 360%. “Isso deixou bem claro o potencial de crescimento das vendas no digital durante o isolamento social”, afirma Juliana. Se forem somadas as vendas de março a junho, o crescimento é de 333% em relação ao mesmo período de 2019. Já a base de clientes da importadora no Televendas teve aumento de 26%. Os supermercados, por sua vez, registraram 49% de crescimento nas vendas de vinhos no

mês de abril, na comparação com o mês anterior. A estratégia da empresa teve três pilares: 1) Comunicação e relacionamento com nossos clientes (chats, Whatsapp, SMS e Facebook, degustações e experiências virtuais para grupos no Zoom ou Google Meet, “Momento World Wine - Em casa” no Spotify); 2) Brand awareness (maior presença nas mídias sociais, campanhas com influenciadores, lives no Instagram com produtores, conteúdos no YouTube); 3) Marketing de performance com foco em resultado e aquisição de novos clientes (investimento no Google e buscadores, campanhas para mídias sociais e redes de afiliados). O plano inicial da World Wine era abrir mais pontos de venda. Devido ao cenário da pandemia, o projeto ficou para o ano que vem. “Também queremos continuar investindo na ampliação da nossa cadeia de distribuição, visando aumentar nossa capilaridade e distribuição em todo o Brasil”, prevê Juliana. Melhorar a experiência do cliente é outra prioridade da World Wine. Nesse contexto, a empresa tem planos de incrementar a plataforma de e-commerce, lançar novos canais de comunicações, integrar os ambientes físicos e online (modelo omnichannel) e lançar um programa de fidelidade. Nesse plano de transformação, a World Wine está pavimentando a sua nova estrada. E esse caminho é digital. TP

DADOS DE CRESCIMENTO DA WORLDWINE • • •

PESQUISA DA MCKINSEY • •

worldwine.com.br facebook.com/worldwinebrasil @worldwine

26% no Televendas 80% no e-commerce 49% das vendas nos supermercados

35% dos consumidores pretendem diminuir a ida às lojas físicas 74% dos consumidores que compraram pela primeira vez na internet pretendem continuar comprando

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MADE IN ITALY Freixenet garimpa vinhos italianos e amplia portfólio no Brasil

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o dicionário da Freixenet, sucesso é diretamente relacionado a desafios. Em 150 anos de história, a companhia se consolidou como uma referência em Cavas e outros espumantes. Agora, é a vez de novos rótulos e estilos, que foram apresentados ao mercado brasileiro em convenção online no final de junho. Entre as novidades do portfólio, a empresa aposta em um trio de vinhos italianos de alta qualidade: um tinto Chianti, um branco Pinot Grigio e um rosé do Vêneto. O novo Freixenet Chianti DOCG traz a alma da uva Sangiovese. O Guia Gambero Rosso relaciona a famosa cepa toscana com continuidade e tradição. “É uma parte do paraíso localizado entre Siena e Florença.” Esse vinho é produzido com predominância da uva Sangiovese, conforme determina o selo DOCG. Ele apresenta elegância e delicadeza nos aromas que lembram frutas silvestres. Versátil, acompanha muito bem os seus bons momentos com pizza, pasta ou carne vermelha. O vinho branco é um Garda DOC, produzido à base de Pinot Grigio. Elegante, o rótulo vem da região do lago de Garda, o maior da Itália e localizado no nordeste do país. Na taça, apresenta um caráter floral e frutado mais delicado. O seu final é cítrico. Vai muito bem com pratos vegetarianos, frutos do mar, peixes e sushi. Para fechar o trio, o Italian Rosé é feito com castas típicas do Vêneto, cultivadas nos vales e colinas próximas a rios, canais e ao delta do rio Po. O resultado é uma bebida refrescante, com aromas sutis e delicados. Servido gelado, harmoniza com pratos leves, saladas, grelhados e até apimentados. Os três vinhos italianos chegam em garrafas com acabamento de estilo diamante. Esse é um componente elegante nesses rótulos que louvam a tradição italiana e agradam ao gosto brasileiro. TP freixenet.com.br

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LA PASTINA APRESENTA:

DUPLA MEDITERRÂNEA

RECEITA 1

BRUSCHETTA DE ASPARGO VERDE E QUEIJO BRIE TEMPO DE PREPARO: 10 MINUTOS | RENDIMENTO: 4 PORÇÕES

INGREDIENTES:

› 1 vidro de Bruschetta de Aspargo Verde La Pastina › 4 fatias de queijo Brie › 4 fatias de presunto Parma › 4 fatias de pão italiano › Azeite Extravirgem La Pastina

HARMONIZAÇÃO

Paella de frutos do mar e Bruschettas La Pastina farão sucesso à sua mesa

VINHO Mouton Cadet Rosé

MODO DE PREPARO:

1. Em uma travessa, coloque 4 fatias de pão italiano e leve ao forno por cerca de 4 minutos, ou até que fiquem levemente douradas; 2. Coloque uma fatia de presunto Parma e uma fatia de queijo Brie em cada pão; 3. Adicione uma camada generosa de Bruschetta de Aspargo Verde por cima; 4. Finalize com um fio de Azeite Extravirgem; 5. Bom Apetite. 136

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RECEITA 2

BRUSCHETTA DE PIMENTÃO COM FILÉ DE ANCHOVA TEMPO DE PREPARO: 10 MINUTOS | RENDIMENTO: 4 PORÇÕES

INGREDIENTES:

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1 vidro de Bruschetta de Pimentão La Pastina 4 filés de Anchova Agostino Recca ½ cebola roxa picada 4 fatias de pão italiano Azeite Extravirgem La Pastina

MODO DE PREPARO:

1. Em uma travessa, coloque 4 fatias de pão italiano e leve ao forno por cerca de 4 minutos, ou até que fiquem levemente douradas; 2. Coloque uma camada generosa de Bruschetta de Pimentão em cada pão; 3. Salpique a cebola roxa e coloque um filé de anchova em cada fatia; 4. Finalize com um fio de Azeite Extravirgem; 5. Bom apetite.

| SET.2020 Para realçar ainda mais o sabor, use também, na finalização, Crema Balsâmico La Pastina e sal Maldon. Vai ficar delicioso!


9 29/0 DA• •DIA

PAELLA

ESCOLHER É DIVINO

RECEITA 3

PAELLA DE FRUTOS DO MAR INGREDIENTES:

MODO DE PREPARO:

› 600 g de camarões médios descascados e limpos › 600 g de lulas em anéis › 600 g de mexilhões já abertos › 6 camarões grandes inteiros para decoração do prato › 2 xícaras de arroz bomba Antonio Tomas › 2 xícaras de ervilhas frescas › 2 latas de tomates cubetti La Pastina › 1 vidro de aspargos verdes La Pastina para decorar › 2 cebolas picadas › 6 dentes de alho picados › 1 pimentão vermelho em tiras › 1 pimentão amarelo em tiras › 4 xícaras de água › 0,4 g de açafrão em pó Carmencita › Azeite Extravirgem La Pastina › Sal e Pimenta Negra Carmencita a gosto

1. Coloque a água para ferver em uma panela à parte; 2. Em uma paellera, doure os camarões inteiros no azeite extravirgem com um pouco de sal e pimenta negra. Reserve para a decoração final do prato; 3. Na mesma paellera, coloque mais azeite extravirgem e refogue a cebola e o alho; 4. Acrescente a ervilha, as tiras de pimentão vermelho e amarelo, o tomate cubetti e deixe cozinhar. Dica: separe algumas tiras de pimentão vermelho e amarelo para a decoração do prato; 5. Adicione o arroz bomba, a água que estava fervendo, o açafrão e deixe cozinhar por aproximadamente 10 minutos (não precisa misturar); 6. Decorrido o tempo, inclua os camarões limpos, os anéis de lula, os mexilhões abertos, os aspargos verdes, as tiras reservadas de pimentão, os camarões inteiros reservados e deixe cozinhar por mais 10 minutos aproximadamente. Acerte o sal e a pimenta, nenhum dos frutos do mar estava temperado; 7. Finalize com azeite extravirgem e sirva em um prato bem bonito; 8. Bom apetite!

RECEITA TODA SEMANA INSCREVA-SE

OS PRODUTOS PODEM SER ADQUIRIDOS PELO NOSSO TELEVENDAS: (11) 4003-4866 ACOMPANHE A LA PASTINA NAS REDES SOCIAIS lapastina.com @lapastina_import /LaPastinaImportadora /CanalLaPastina/receitas/2020paellafrutosdomar

HARMONIZAÇÃO

PREPARO: 25 MINUTOS | RENDIMENTO: 4 PORÇÕES

VINHO Carlos Serres Rosé

WhatsApp (11) 97636-52 37 SET.2020 |

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H O M EN AG EM

ELE FEZ HISTÓRIA Celso La Pastina (1958-2020) foi o empreendedor que mudou o patamar da venda de vinhos e alimentos importados no Brasil POR MAURO MARCELO ALVES* RETRATO TUCA REINÉS

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cabo de plantar 50 pés de oliveira lá, estou superfeliz com isso.” Foi o que me disse Celso La Pastina, há pouco mais de um ano, em entrevista para THE PRESIDENT, ao falar de sua casa em Campos do Jordão e do prazer que sentia ao curtir a propriedade e respirar os ares da cidade na serra da Mantiqueira. As oliveiras vão continuar como uma das lembranças plantadas por ele, assim como sua obra maior, a continuação da saga comercial iniciada por seu pai, Vicente, numa pequena loja, em 1947, e que resultou em algumas das maiores importadoras de vinhos e alimentos do país. Muitas empresas familiares costumam sofrer quando herdeiros assumem o comando, mais interessados nos dividendos do que nas dívidas provocadas por uma gestão temerária. Mas Celso, já a partir dos 20 anos, entendeu e trabalhou para que o ideal de seu pai fosse mais longe – muito mais longe. Cebolas e batatas no atacado, exportação de grãos, importação de cereais, azeites, vinhos, destilados, bacalhau, frutas secas – um aprendizado rápido e cheio de alternativas. E aos 26 anos Celso descobriu que o mundo dos negócios não era para fracos:

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a crise do petróleo de 1973 impôs severos controles à importação, impactando todas as linhas de produtos da La Pastina. A partir daí ele iria perceber aos poucos, com seu jeito pessoal mais para a discrição do que para a extroversão, que novas ações deveriam ser plantadas para fortalecer o negócio: vieram a pioneira marca própria de alimentos La Pastina; o lançamento da importadora de vinhos premium World Wine; a compra da Enoteca Fasano e posterior acordo para a venda dos produtos da grife; o incremento recente do e-commerce e do omnichannel e a satisfação pessoal de colocar no mercado o vinho 1947, um Primitivo di Manduria para comemorar os 70 anos da La Pastina – e que se tornou um de seus maiores sucessos de venda. Encontrei Celso algumas vezes em degustações de vinhos em restaurantes e na sede de sua empresa, aonde também fui duas vezes a fim de entrevistá-lo para esta revista. Revelou que adorava acompanhar esportes (“sou fanático”, disse) como tênis, golfe, corridas de carro e motos, mas que não podia praticar nenhuma atividade física mais intensa por causa de problema congênito no coração. Infelizmente, ele acabou sendo mais uma vítima da Covid-19, que o le-

vou às vésperas de completar 62 anos. Na última vez em que o entrevistei, Celso me recebeu no restaurante mantido no último andar da empresa, num espaço agradável cercado por inúmeras plantas. Abriu um ótimo Brunello di Montalcino Siro Pacenti, que ele dizia ser um de seus produtores preferidos, e pude ver sua interação afável com os funcionários que também almoçavam ali, junto com a esposa, Liliane, a irmã Vera e a filha Juliana (os outros filhos são Jeremias, Sofia e Amanda). Observando o ânimo geral na presença do chefe, lembrei de uma frase do dramaturgo e ex-presidente da República Tcheca, Vaclav Havel: “Quanto mais importante o dono do negócio e sua prosperidade econômica, mais importantes se tornarão as pessoas que trabalham com ele.” Se já não tiver, um pé de oliveira iria bem naquele espaço. TP (*): Mauro Marcelo Alves, estudioso dos vinhos e da gastronomia desde que morou na França, é jornalista e chef de cozinha, autor de Vinhos, A Arte da França, entre outros. Dirigiu o Guia Quatro Rodas, classificando restaurantes de todo o Brasil, e a revista Gula. É diretor da MMJX Comunicação.



UM CLÁSSICO Chef do estrelado Blue Bay, em Mônaco, ensina receita tradicional de frango assado

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m Mônaco trabalham alguns dos chefs mais renomados do mundo, reunidos às margens do Mediterrâneo e inspirados por sua rica cultura gastronômica e abundância em ingredientes frescos e saborosos. Apesar de uma grande variedade de restaurantes e pratos ser internacional, Mônaco se orgulha de sua própria gastronomia: uma fusão saborosa da cozinha do sul da França (especialmente da Provença e de Nice) com a italiana. Dentro de suas fronteiras há mais de uma centena de restaurantes, sendo que sete deles somam dez estrelas Michelin, conquista impressionante para um país tão pequeno, de apenas 2 km². Um desses restaurantes aclamados é o Blue Bay, localizado no hotel Monte-Carlo Bay, dono de uma estrela no guia. O premiado chef Marcel Ravin usa os mais frescos ingredientes da terra e do mar mediterrâneo, combinados com sabores do Caribe francês. Enquanto não é possível fazer uma viagem pelo principado e conhecer os deliciosos pratos do restaurante, o Marcel Ravin compartilha uma receita fácil de um prato clássico e delicioso, para cozinhar durante a quarentena. Fazer a receita pode ser uma ótima oportunidade para (re)descobrir o prazer em cozinhar para você mesmo e para as pessoas que ama, além de ter a sensação de experimentar um jantar estrelado e trazer um pouquinho do principado para casa. Bom apetite! TP

FRANGO ASSADO POR MARCEL RAVIN SERVE 4 PESSOAS

INGREDIENTES • 1 frango caipira (1 a 1,5 kg) • Meio limão

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• 125 g de manteiga amolecida

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• 2 dentes de alho descascados e finamente picados

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• 3 raminhos de tomilho fresco

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• 1 colher de chá de Quatre Épices (mistura francesa de quatro especiarias: pimenta-do-reino, nozmoscada, cravo e gengibre) • ½ colher de chá de sal INSTRUÇÕES 1. Tempere o frango por dentro e por fora com meio limão. 2. Misture a manteiga, o tomilho, o alho, o suco de limão, a mistura de quatro especiarias e o sal em uma tigela. 3. Recheie o frango com esta mistura e também espalhe sob a pele. 4. Preaqueça o forno a 200 °C. 5. Coloque o frango em uma assadeira e asse por 15 minutos. 6. Diminua a temperatura do forno para 170 °C pelo tempo restante de cozimento e vá regando o frango com o caldo do cozimento a cada 10 minutos aproximadamente. Tempo de forno: 120 minutos.

Mais informações sobre o restaurante Blue Bay: montecarlosbm.com Mais informações sobre Mônaco: visitmonaco.com

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7. Sirva com purê de batatas ou batatas para aperitivo e alguns espargos verdes cozidos em água com sal.

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A BATATA PERFEITA The Fifties cuida de todos os detalhes para ter as melhores fritas

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uem gosta de cozinhar já deve ter ouvido uma dica de como fazer batatas fritas crocantes por fora e cremosas por dentro. Basta descascar, cortar, deixar alguns minutos na geladeira e depois secar antes de fritar. Pois a badalado The Fifties, hamburgueria inspirada nas lanchonetes americanas dos anos 1950, foi além: criou a batata frita perfeita, resultado de um minucioso processo que vai da rigorosa seleção dos produtores à temperatura certa da fritura, passando por detalhes como o tamanho e o formato ideais ideal do palito. Isso explica por que a The Fifties conseguiu transformar um prato aparentemente tão simples como o hambúrguer em uma iguaria gourmet, desde a inauguração do primeiro restaurante, em 1993, no Itaim Bibi, em São Paulo. A seleção dos produtores que fornecem as batatas, por exemplo, começou pela Argentina, país que tem nos campos as condições climáticas ideais para produção de uva e vinhos – calor durante o dia, frio à noite. As mesmas características que contribuem para uma batata de alta qualidade. Depois de estudar o que faz o tubérculo ser tão saboroso no país vizinho, de onde ocasionalmente são importadas as batatas utilizadas nos pratos do The Fifties, a empresa identificou os melhores produtores brasileiros das espécies markise e caesar. A escolha ocorreu por alguns fatores dessas espécies que favorecem a crocância e cremosidade do produto: elas têm um padrão de sólidos entre 18% a 20%, que segundo a Embrapa garante menor absorção de óleo no resultado final, ou seja, batatas mais secas. Tudo isso, diz Marcia Di Siervi, coordenadora de produtos da rede, “torna a experiência memorável”. Toda semana, chegam ao centro de distribuição da marca, em Barueri (SP), de 14 a 16 toneladas de batatas. Mas não pense que é só entregar a encomenda e voltar para a estrada. O produto passa por um teste antes de ser descarregado dos caminhões. Um funcionário escolhe uma amostra do lote,

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Marcia Di Siervi, coordenadora de produtos da rede The Fifties

leva até a cozinha industrial, descasca, corta a batata e frita. Só depois dessa prova é que a cozinha do The Fifties assina o recibo de entrega e passa para a próxima etapa: descascar e lavar, antes de finalmente enviar a matéria-prima para os restaurantes darem sequência ao processo: cortar em palitos, pré-fritar e por último servir. Da pré-fritura à mesa do cliente, são apenas seis horas. “O The Fifties sempre entendeu que os fãs da marca são os responsáveis pelo sucesso do restaurante, por isso a experiência do paladar precisava estar à altura do espírito da marca, criada há quase 30 anos”, finaliza Marcia. TP thefifities.com.br


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I M PR ENSA

GRANDE NIRLANDO Uma homenagem ao autor de textos em estado de elegância pura, ao colaborador de THE PRESIDENT desde seu primeiro número POR HUMBERTO WERNECK* RETRATO OLGA VLAHOU

À

maneira de um repórter que põe à prova a exatidão das informações garimpadas, repasso minhas lembranças de Nirlando Beirão, falecido no último dia 30 de abril – e não encontro uma que não seja boa. De quantos amigos, por melhores que sejam, pode alguém dizer o mesmo? Em meio século de camaradagem, tudo que me veio dele foram atenções, delicadezas, alegrias. E não falo apenas de momentos obrigatoriamente inesquecíveis, desses em cuja moldura parecem pendurar-se cachos de serafins a soar trombetas. A minha primeira noite em Paris, por exemplo, num verão distante, quando nos deixamos levar, sem rumo, para onde o nariz apontasse, nós dois e o José Márcio Penido, que nem as folhas mortas no outono do poema de Prévert. Curiosidade: no emblemático maio de 68, ainda sem se conhecerem, o Nirlando e o Zé Márcio deixaram Belo Horizonte no mesmo ônibus da Viação Cometa, rumo a São Paulo, cada qual com seu convite do Jornal da Tarde. Tinham então 19 e 23 anos de idade. Em 1970, lá estavam dividindo apartamento em Paris. Houve bem mais que momentos festivos. Minha camaradagem com Nirlando resistiu à prova do convívio em redações,

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onde a trepidação do ofício de encher páginas pode ser moenda para amizades as mais resilientes. A seu convite, estivemos lado a lado, ainda jovens, na revista Veja e na aventura do efêmero Jornal da República de Mino Carta, e mais tarde, já maduros, na Playboy. Nos dois primeiros, foi meu chefe – dos melhores que tive, capaz de combinar firmeza e doçura no comando. Nirlando estava comigo na noite em que me tornei pai – foi ele que, tendo visto a luz azul acender-se no painel das salas de parto, veio me anunciar que o Paulo acabara de chegar. Poucas semanas depois, chegaria a sua Julia, filha da Rachel, a bela Rachel de Almeida Magalhães, sua primeira mulher, que haveria de partir dois meses antes dele. Tenho sob os olhos uma foto em que os dois bebês dividem uma coberta estendida no chão da varanda da fazendola de meus pais, nas vizinhanças de Belo Horizonte, a cidade onde nascemos, o Nirlando e eu. Tive o privilégio de estar nas suas imediações nas longas décadas que meu amigo repartiu com a não menos bela Marta Goes, jornalista talentosa, dramaturga melhor ainda, mãe da Maria e do Antonio Prata, crias do Mario Prata para quem Nirlando não foi menos do que pai, e mais adiante amoroso avô dos filhos deles. Me

lembro de visitá-los na Bryaxis, ruazinha simpática onde moravam também a dona Gilda Mello e Souza e o professor Antonio Candido, e num par de vezes, pelo menos, cruzei a rua para estar com os mestres. Em 2002, aliás, ele topou prazerosamente um convite para prefaciar – “Bom trabalho, rapazes” – a segunda edição de Cabras, delicioso caderno de viagem, com textos, fotos e desenhos, nascido de incursão que o Antonio Prata, o Paulo Werneck, o Chico Mattoso e o Zé Vicente da Veiga fizeram ao Nordeste, no programa Universidade Solidária. Estive por perto nos quase quatro anos em que Nirlando encarou a luta desde o início perdida para a esclerose lateral amiotrófica, e o vi transitar, sem lamúrias, da bengala ao andador, e do andador à cadeira de rodas – na qual, certa noite, rodou de seu apartamento, na rua Itacolomi, ao restaurante La Frontera, a algumas quadras dali, para jantar comigo e com Ana Massochi, a dona da casa, numa carreira que pôs à prova o fôlego da Marta. O mesmo La Frontera onde, faz um ano neste mês de maio, centenas de amigos foram festejá-lo no lançamento de seu último livro, Meus Começos e Meu Fim. Já privado de boa parte de seus movimentos, Nirlando substituiu os autógrafos


por três alternativas de carimbos, todos eles com a assinatura do autor ao lado de um desenho; para o meu exemplar, fiz questão da taça de vinho e da máquina de escrever, mas, cruzeirense incurável, declinei do escudo do Corinthians, o clube com o qual o torcedor atleticano dividiu seu coração, ao ponto de lhe haver dedicado um livro, em coautoria com o Washington Olivetto. A noitada de lançamento foi ocasião de reencontro para as inumeráveis amizades que ele fez e alimentou, e só entre os jornalistas com os quais trabalhou seria possível formar ali algumas redações. Inesquecível, também por isso, o espetáculo daquela multidão de cabelos escuros, brancos e grisalhos, para não mencionar aqueles que, em sentido figurado ou não, azularam, pois Nirlando Beirão (que esplêndido nome!, comentou comigo Otto Lara Resende, numa carta) cuidou, a vida inteira, de ter em torno de si uma enriquecedora mescla de veteranos e principiantes, recusando-se à pobreza de se restringir a seu próprio vagão geracional. (Ao reviver agora aquela noitada para todos gloriosa, me dou conta de uma dupla perda, pois além de Nirlando Beirão já não temos La Frontera, fechado em definitivo pela pandemia do maldito vírus.) Nosso amigo não entregava os pontos. Seu último texto foi enviado à redação da CartaCapital na véspera da morte. Com os movimentos reduzidos a um dos dedos da mão direita, até o fim Nirlando seguiu escrevendo na revista do Mino Carta – amigo a cujo time pertenceu intermitentemente sob vários tetos, desde o dia de 1977 em que, a convite dele, deixou a Veja para incorporar-se à equipe que iria lançar a IstoÉ. Por onde

passou, deixou textos memoráveis, sem data de validade, pois seu modo de contar encanta até mais do que a coisa contada. Muitos, não tenho dúvida, merecem estar em livro, pouco importando quando foram feitos, pois sua fatura é tão fina que o tempo que passou por eles não lhes cavou rugas. Sua produção mais alta ficou sendo Meus Começos e Meu Fim, livro no qual o drama da condenação à morte, contado sem um grão de pieguice, se entrelaça ao literal romance de António – seu avô paterno, jovem padre português que há mais de cem anos veio dar com os costados em Oliveira, no interior de Minas, onde se apaixonou pela jovem Esméria. Como que fiel ao preceito cristão, o casal

cresceu e se multiplicou, e há muito repousa no cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, num túmulo que acolheu também Nirlando e Leda – e, faz uns dias, o segundo Nirlando de uma bela história, por ele tão bem contada. Na última vez que nos vimos, em janeiro, presentes a Marta e o Ivan Marsiglia, ele já não falava, mas a mente, acesa, acompanhava o papo, que aqui e ali pontuava com sorrisos. Na minha cabeça, boiava o tempo todo o verso de Drummond que ainda agora me atormenta: “Por que Deus é horrendo em seu amor?” TP (*): Crônica publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 5/5/2020

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ESTILO E SABOR MOMENTO RETRÔ Apreciar um champanhe Veuve Clicquot é sempre surpreendente. Vai além da bebida que está na sua taça. O design é uma atração à parte. Com estética retrô, a maison apresenta a edição limitada Cliquot Tape. Ela é inspirada em fitas de áudio, as populares K7, muito utilizadas até o final dos anos 1980 e início dos 90. O estojo tem seis opções de estampas, mais uma atração para colecionadores. Ela vem com uma garrafa de 750 ml do clássico Veuve Clicquot Brut. Esse champanhe foi criado em 1877 e mantém um blend muito fiel às suas origens: 50 a 55% de Pinot Noir, 28 a 33% de Chardonnay e 15 a 20% de Meunier. Preço: R$ 600,00 LVMH: (11) 3062-8388

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POR WALTERSON SARDENBERG SO *

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m seu belo livro Pelé - Os Dez Corações do Rei, o jornalista José Castello conta uma história deliciosa. O protagonista é John Lennon. Ou nem tanto. O ex-beatle chegou a Tóquio, no Japão. Enquanto o avião taxiava, viu uma multidão de jornalistas à beira da pista. Era quase sempre assim. Mas naquele dia Lennon estava de mau humor e ficou aborrecido com o assédio. Foi o último a descer da aeronave, contrariado. Só então se deu conta: a grande maioria dos jornalistas não aguardava por ele. Mas por Pelé, que desembarcaria em outro avião. Lennon, numa frase infeliz, dissera, em 1966, que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo. Logo depois, aconselhado por assessores, corrigiu-se. Enfim, constatava, no aeroporto de Tó-

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quio, que ele mesmo não era mais famoso que Pelé. Os repórteres tinham vindo ao encontro de um astro mais luminoso. José Castello ressalva, no livro, que essa história tem a dimensão das lendas – e, como tal, não se sabe até onde há nela uma intersecção com o real. Ora, na vida de Pelé, essa invasão da fábula, ocupando sem pedir licença o trivial terreno da realidade, é quase corriqueira. No seu dia a dia, o fantástico toma conta da cena com a mesma frequência das jogadas imprevisíveis do improvável garoto de Três Corações; do homem na medida do impossível que marcou 1.281 gols em 1.363 partidas (espantosa média de 0,93 gol por jogo) – oito deles em uma única noite de 1964, na Vila Belmiro, quando o Santos venceu o Botafogo de Ribeirão Preto por 11 a zero.

Celso Grellet, sócio de Pelé nas duas últimas décadas, gosta de contar outro caso também iniciado em Narita, o aeroporto de Tóquio, no final dos anos 1990. O Rei, açodado por admiradores, deu autógrafos com a fidalguia de sempre – até nisso parece fadado ao papel de megaestrela. Foram tantos que, já então na sala de embarque, acabou autografando o próprio passaporte, no atropelo, e o passou adiante. Só no avião, a caminho de Nova York, notou a confusão. Não se alterou. Entrou nos EUA sem passaporte. “Só assinou um papel”, assustou-se Grellet. O mais incrível: dias depois, o passaporte perdido, enviado por um fã japonês – junto com milhões de pedidos de desculpa –, chegava ao escritório de Pelé, em Nova York. Intacto.



Há coisas que só acontecem com Pelé. Em 1959, fez 127 gols em 103 jogos. Muito mais: foi o único jogador tricampeão do mundo. Ganhou 53 títulos em campo, sem contar as dezenas fora dele – tornou-se, por exemplo, o único brasileiro (e um dos raros estrangeiros) condecorado por Elizabeth II como Cavaleiro Comandante da Mais Excelente Ordem do Império Britânico. O mirabolante craque até parou uma guerra, sem mover uma palha, como um Gandhi inverossímil, negro e atlético. Aliás, não foi uma guerra — mas duas, ambas em 1969, na mesma excursão do Santos à África. A primeira em Tata Raphael, no Congo-Kinshasa (hoje, República Democrática do Congo). Para que a população pudesse ver o Rei do Futebol em ação, foi declarado o cessar-fogo contra o vizinho Congo Brazzaville (atual República do Congo). A segunda trégua ocorreu 12 dias depois, em Benin, na Nigéria, interrompendo a Guerra da Biafra, uma guerra civil que transformou o estado secessionista da Biafra em país independente ao longo de três anos. Esses feitos todo mundo conhece – ao menos em parte. Mas pouca gente se recorda de outra história cinematográfica, também ocorrida na África. Aconteceu em 1978, um ano depois de Pelé se aposentar do futebol. O Fluminense iria jogar em Kaduna, na Nigéria. Por coincidência, Pelé estava por lá e concordou em dar o pontapé inicial da partida, contra o Racca Rovers. Disso surgiu um mal-entendido. Divulgou-se que ele jogaria – e, assim, os 30 mil ingressos logo se esgotaram. Para evitar a ira de uma massa, Pelé teve de atuar por 45 minutos, mesmo longe da forma física e com chuteiras menores que o ideal. Seus pés ficaram em frangalhos –

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O craque fez nada menos que 1.091 gols com a camisa do Santos

aqueles que Xuxa, sua namorada no início dos anos 1980, chamou de “horrorosos, a coisa mais feia que já vi”. Outra história inacreditável? Pois bem, em 1971, a delegação do Santos chegou ao hotel, em Teresina, no Piauí, para hospedar-se antes da partida amistosa contra o Flamengo local. As reservas, no entanto, estavam canceladas. Mais do que isso: o então governador do estado, Alberto Silva, dera ordens para adiar o jogo. Chegara-lhe a notícia de que Pelé não estava entre os jogadores e, naqueles tempos autoritários, o mandachuva do Piauí resolveu tomar uma atitude. Sem o Rei do Futebol, o Santos dos tricampeões do mundo Edu, Clodoaldo e Joel Camargo que fosse atuar em outra freguesia. SEM KRYPTONITA Muitos criticam Pelé quando ele se refere a si próprio na terceira pessoa. Parece soberba. É o contrário disso. Funciona como uma defesa do homem Edson Arantes do Nascimento, um escudo para manter a sanidade diante da força brutal do mito Pelé. São dois seres muito diferentes. Até opostos. Um deles, o Edson, é o menino mineiro pobre, irmão de Jair (Zoca) e de Maria Luíza, nascido da união do ex-jogador – de trajetória obscura no futebol – João Ramos do Nascimento, o Dondinho (1917-1996), com Dona Celeste, a hoje nonagenária (97 anos) filha de um carroceiro. Edson tornou-se Edinho e, finalmente Dico, um garoto de canelas finas que, aos 7 anos, engraxava sapatos no estádio – hoje, um supermercado – do Bauru Atlético Clube, enquanto o pai, dentro do campo,


tentava encompridar uma carreira esgarçada por uma crônica contusão no joelho. O outro ser, Pelé, não é deste mundo. Pertence à esfera das mitologias. Um deus saído do Olimpo para estraçalhar adversários mundo afora e nos redimir da humilhação do subdesenvolvimento. “Se Pele não tivesse nascido gente, teria nascido bola”, dizia o jornalista Armando Nogueira. O bem-humorado ponta-esquerda Pepe, que, no Santos, perfilou no maior ataque de todos os tempos – Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, repetido como um mantra pelos amantes do futebol –, arvora-se o maior artilheiro do clube. Esta proeza cabe, de direito, ao Rei, autor de 1.091 gols com a camisa alvinegra – 58 deles, veja só, no Campeonato Paulista de 1958 (marca jamais superada). Mas Pepe (405 gols pela equipe) tem um argumento definitivo em seu favor: “Pelé não vale. É de outro planeta”. Se Edson é um Clark Kent, a identidade secreta do Super-Homem, Pelé é o próprio Super-Homem. Mas sem o perigo da kryptonita, a substância que minava os poderes do herói de gibi. O cronista Nelson Rodrigues escreveu que a bola se acomodava aos pés de Pelé “dócil como uma cadelinha”. Outros craques das artes fizeram analogias similares. “No momento em que a bola chega aos pés de Pelé, o futebol se transforma em poesia”, disse o escritor e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. “Como se soletra Pelé?”, perguntou um locutor da TV britânica, em meio a um jogo do Brasil na Copa de 1970. O comentarista respondeu de pronto: “É fácil: D-E-U-S”. Edson é um homem comum. E, como os demais, cometeu erros. Em 1977, nos idos da ditadura militar, declarou que o povo brasileiro não sabia votar. Depois, tentou

consertar: “O que eu disse é que ele deveria votar com mais seriedade. Principalmente quando estamos pensando em eleições diretas”. Edson é um sujeito simples, sem formação escolar – embora, mais tarde, diplomado em educação física (sabe-se lá com que tempo para frequentar as aulas e com que complacência dos mestres). Que não se cobrem dele, portanto, posições além do mais inglório senso comum. Em seu livro Pelé, a Autobiografia, publicado em 2006, o craque conta que, na Copa de 58, na Suécia, ao reparar que todas as demais seleções eram formadas só por jogadores brancos, perguntou aos companheiros: “Será que preto só existe no Brasil?”. A COPA DE 58 DISTINGUIU A Copa de 58 distinguiu para o mundo Pelé do homem comum. A sorte, o destino, a predestinação, a estrela, seja lá o nome que se dê, parece tê-lo escolhido, como a um personagem bíblico. Dois invernos antes, vindo de Bauru, ele chegara ao Santos, com 15 anos e pesando menos de 60 quilos. Quis a sorte que desembarcasse em um time com um elenco robusto como uma baleia e recém-campeão – o clube conquistara, em 1955, o segundo Campeonato Paulista de sua história, passadas duas décadas do primeiro. Quis o destino que conseguisse uma vaga no ataque do time principal. A sorte lhe foi generosa. Vasconcelos teve uma perna fraturada. Seu companheiro de ataque Del Vecchio foi vendido para a Itália. Abriam-se os caminhos para o rapaz magrelo e de canelas finas. Não fosse isso e ele só se tornaria titular mais tarde, sem tempo de revelar sua arte ao país e de participar da primeira Copa do Mundo vencida pelo Brasil, na Suécia. Se é que a seleção conquistaria o título,

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sem seus dribles, seus passes e seus seis gols – dois deles, extraordinários, depois de chapelar os zagueiros. Na Copa seguinte, no Chile, sua estrela não brilhou. Já na primeira partida, em que anotou seu único gol na disputa, Pelé viu-se vítima da contusão que o tiraria do torneio. Era a primeira das duas lesões agudas que sofreria nos 22 anos de carreira. (A segunda foi justamente na Copa seguinte, na Inglaterra, quando, sob a anuência dos juízes, os zagueiros o caçaram sem compaixão.) Um detalhe que, aos olhos de hoje parece impensável, quando jogadores razoáveis ganham mais do que nababos: já bicampeão do mundo, Pelé ainda morava, com outros boleiros, na pensão de Dona Giorgina, próximo ao estádio do Santos. Por que Pelé é Pelé? O que tem de tão especial? Quem jogou contra ele na Copa de 70, no México, quando o Rei fez quatro gols (e dois “não-gols”, ainda mais famosos), tem explicações sobrenaturais. “Às vezes eu acho que o futebol foi inventado para esse jogador mágico”, confessou o inglês Bobby Charlton, tremendo meio-campista. “Eu disse a mim mesmo: ‘Ele é de carne e osso, assim como eu’. Estava enganado”,

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exaltou o zagueiro italiano Burgnich, seu adversário na finalíssima. “Parecia um helicóptero em sua mágica capacidade de permanecer no ar o tempo que quisesse”, suspirou outro zagueiro italiano, Faccheti, ao comentar o gol de cabeça do craque na partida derradeira do torneio. Tostão, companheiro de ataque do Rei do Futebol naquela Copa, tem explicações técnicas: “Ele jogava em alta velocidade, com dribles curtos, longos, tabelas, chutava com os dois pés, cabeceava com os olhos abertos olhando para o goleiro, passava bem, era inteligente, um guerreiro em campo, crescendo nos momentos ruins. O seu futebol não tinha faltas, excessos, adornos, era a total simplicidade e eficiência”. Doutor em Teoria Literária, o santista José Miguel Wisnik tem uma explicação que lembra ficção. Ele escreveu no livro Veneno Remédio: “Pelé parece funcionar em uma frequência diferente da dos demais jogadores, como se tivesse mais tempo para pensar e ver o que se passa, assistindo em câmera lenta ao mesmo jogo do qual está participando em altíssima velocidade, enquanto outros, em torno dele, parecem estar assistindo ao jogo em altíssima velocidade e jogando em câmera lenta”. Fora de campo, a eficiência não é a mesma. Edson é um iluminado no nome – inspirado em Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada incandescente, muito comentado em Três Corações quando a cidade recebeu iluminação elétrica, nos anos 1930. Mas não soube investir o dinheiro de Pelé. Negócios desastrados o obrigaram, já aposentado da bola pela primeira vez, a aceitar o convite do Cosmos, de Nova York, para inventar o futebol nos EUA – aliás, o soccer, como eles o chamam por lá.

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FLORES DEVOLVIDAS Corria o ano de 1975. Lá se foi o Rei em tarefa messiânica. Levou consigo a mulher, Rosemeri Cholbi, com quem se casara no Carnaval de 1966, e os dois filhos do casal, Kelly Cristina e Edson, o Edinho. A passagem pelo Cosmos durou até 1977 – e rendeu o título de campeão norte-americano. O casamento perdurou um ano a mais – embora sua terceira filha com Rose, Jennifer, não fosse mais que um bebê. Edson só se casaria novamente em 1994, com a psicóloga – e depois cantora e pastora evangélica – Assiria Seixas Lemos, com quem teria, dois anos depois, os gêmeos Joshua e Celeste. Com ela viveu 14 anos. Foi um homem muito afeito aos romances, duradouros ou efêmeros. Teve duas filhas fora dos casamentos. Assumiu sem problemas a paternidade de Flávia Cristina Kurtz, nascida em 1968, do relacionamento com a jornalista gaúcha Lenita Kurtz. O mesmo não se deu em relação a Sandra Regina Machado, que veio ao mundo quatro anos antes, filha de uma empregada doméstica, Anízia Machado. Só a reconheceu quase 30 anos mais tarde, forçado pelo exame de DNA. Em sua autobiografia, Edson expli-


cou: “A minha irmã Maria Lúcia foi conversar com ela e teve a impressão de que ela estava mais interessada em dinheiro do que em ficar comigo”. Sandra morreu de câncer, em 2006, deixando dois filhos com o marido, o pastor evangélico Ozéas Felinto: Octávio e Gabriel. Edson não foi ao velório. Enviou flores ao velório em nome das Empresas Pelé. Foram devolvidas. No intervalo dos casamentos, Pelé namorou como um fauno. Em 2009, quando a imprensa internacional publicou uma velha foto sua, nu, em um vestiário, rebateu às repercussões de maneira gaiata: “Até nisso representei bem o Brasil”. Era habituê das boates, restaurantes e discotecas chiques, mesmo sem beber – jamais gostou, desde que Vasconcelos (aquele a quem substituiu no Santos) tirou-lhe um copo da mão, de modo ao mesmo tempo abrupto e paternal. LONGE DAS MULTIDÕES Entre outras tantas mulheres, Pelé fez tabelinhas com Xuxa (a quem conheceu quando ela tinha 16 anos), Gal Costa, Deise Nunes de Souza e Flávia Cavalcanti – as duas últimas coroadas Miss Brasil. Aos 74 anos, avô de 3 netos (três de Kelly, dois de Edinho e dois de Sandra), anunciou seu casamento com a empresária Márcia Cibele Aoki. No entanto, os problemas judiciais do filho Edinho, acusado de tráfico de drogas, que tanto o machucaram, adiaram as bodas. Uniram-se oficialmente dois anos mais tarde, em 2006. Já então Edson começou a conviver com problemas de saúde. Eles se agravariam três anos depois, quando foi internado no Hospital Sírio Libanês para a retirada de um rim. Estava com câncer. Na última década, Edson padeceu de

dores constantes nas costas e cruéis dificuldades para andar, em virtude de cirurgias no quadril, onde se formou uma fibrose. O jeito foi reduzir ao mínimo sua vida social. Completará 80 anos, em 23 de outubro, longe das multidões frenéticas que louvaram Pelé. O Rei conviveu com outros reis, presidentes, premiês e foi, ele próprio, o primeiro ministro negro do Brasil, no Ministério dos Esportes de FHC. Antes disso, chegou a esnobar o presidente americano Bill Clinton, alegando ter outro compromisso. Tudo bem. O boa-praça Clinton compreendeu e encontrou-o, feliz, em outra ocasião. Era seu fã declarado. O artista plástico Andy Warhol, famoso pela frase de que no futuro todos teriam direito a 15 minutos de fama, retratou o craque – e retratou-se: “Pelé é um dos poucos que contrariam minha tese. Em vez de 15 minutos de fama, terá 15 séculos”. Quanto a John Lennon, foi seu amigão. Conheceram-se numa escola de idiomas, em Nova York. Pelé estudando inglês. Lennon, japonês. Numa das conversas à época, o ex-beatle, fã de futebol – a capa de seu álbum de 1974, Walls and Bridges, é o desenho de uma partida, feito aos 11 anos –, e, sobretudo, de Pelé, lhe confirmou a veracidade de uma história que cheirava a lenda. Mas que, segundo o Rei, não era. Em 1966, os Beatles fizeram de tudo para tocar na concentração da equipe brasileira, por ocasião da Copa do Mundo. O chefe da delegação brasileira, o linha-dura Carlos Nascimento, não conhecia o grupo e frustrou Pelé – e, ainda mais, a John Lennon. Ou este seria só mais um drible do fabuloso Rei na vulgar e desprezível realidade? TP

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O PI N I ÃO P O R A L E X A N D R E V E L I L L A G A RC I A

Regras de liderança no mundo digital

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iderar uma organização no cenário atual é mais do que um desafio. Trata-se de um exercício contínuo de reinvenção. Isso ficou ainda mais claro para mim ao reler um artigo de Deborah Ancona, fundadora do MIT Leadership Center. Ela lembra que o bê-á-bá da administração contemporânea indica agilidade, foco no cliente e novos modelos de comando. No novo mundo dos negócios, a liderança não irá mais se identificar apenas pela posição hierárquica. É preciso ser articulado, ter qualidades para identificar mudanças e cultivar essas características na equipe. Além disso, o líder precisa criar um time flexível, colaborativo e eficiente, com fortes parcerias internas e externas. Ao lado de outros pesquisadores da MIT Leadership Center, Deborah Ancona elaborou cinco regras de ouro para líderes corporativos do mundo digital. Confira. • Comunique a assinatura da sua liderança. Não basta mostrar que há uma pessoa no controle. É preciso demonstrar a sua marca. Isto é, quem você é na figura de líder e como enxerga o trabalho. A sua assinatura pode ter características muito próprias. O seu foco pode ser nas tarefas ou nas pessoas. A sua imagem pode ser de um líder visionário, ou mais discreto atuando nos bastidores quase como um coach. Pode encorajar a inovação ou jogar energia no core business. Cada um desses aspectos gera impactos diferentes na equipe e é capaz de determinar a cultura da empresa. • Seja um sensemaker. O termo foi criado pelo teórico organizacional Karl Weick. Podemos defini-lo como o papel de um líder na criação de sentido para o trabalho. Líderes precisam se atualizar na concepção do significado de tudo o que fazem, até para acompanhar as mudanças nos modelos de negócios, comportamentos do cliente, tecnologias, mercados, aspectos regulatórios e nas forças de trabalho. • Monte times de elite. O líder corporativo assume o papel de técnico de uma seleção dos melhores entre os melhores de cada área para desenvolver estratégias, promover inovação, trabalhar networking interno e externo. Esse tipo de profissional é essencial. Cada um desses “craques” se torna naturalmente um embaixador da empresa para buscar talentos e novos recursos. Além disso, esclarecem objetivos e estratégias, alinham atividades e coordenam tarefas. • Substitua tendências tóxicas por lideranças direcionadas a desafios. O título fala por si. Os líderes precisam deixar de lado, imediatamente, hábitos autoritários, como denegrir subordinados e ser hipercrítico. Não se conseguem bons resultados sendo agressivo e insensível. Os líderes precisam reunir a equipe em torno de um propósito. Esse tipo de foco nos levou à Lua e à cura de incontáveis doenças. • Construa sistemas que tornem tudo isso possível. Para isso é preciso desenvolver três tipos de líderes: empreendedores (motores de inovação), capacitadores

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Alexandre Velilla Garcia, CEO do Cel.Lep e sócio-fundador da construtora QUEST e da Flex Interativa, é economista com pós-graduação em management pelo ISE/IESE-University of Navarra velillagarcia@uol.com.br

(identificam projetos e oportunidades de colaboração, além de treinar os empreendedores) e arquitetos (cultivam sistemas, estruturas e cultura dentro da empresa). Essas ideias nos apresentam um estilo de liderança visionária e resiliente. Estamos diante de um modelo que possibilita a criação de uma inteligência coletiva, em que todos pensam de forma mais estratégica. Ainda que não seja fácil abraçar essas cinco regras, elas são uma seta apontando um caminho novo. O caminho do sucesso. TP

© TUCA REINÉS


VOANDO ALTO A Gulfstream tem uma aeronave para cada jornada: o modelo supermédio G280™; a aeronave de alto desempenho G550™; os novos e premiados G500™ e G600™; o famoso G650ER™; e o novo carro-chefe G700™.



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