nº54 fevereiro | março paulo morais
mercado por que alphaville continua atraindo moradores de alto padrão
Paulo Morais
edição 54 | R$ 28,00
issn 2595-8275
Fundador e CEO da Espaçolaser
Daniel Sahagoff, o exigente restaurateur do cantaloup e do loup
brooks brothers, o endereço masculino que lança moda há mais de 200 anos
O fotógrafo Richard Avedon também marcou época nas capas de disco
Por marco merguizzo
Por marcello Borges
Por Walterson Sardenberg Sº
Job: 119957-1655099 -- Empresa: Ogilvy -- Arquivo: 119957-1655099-BMW-DO-BRASIL-OM-SP-CARROS-PRE-VENDA-BMW-IX-REV-PRESIDENT-466X275MM_pag001.pdf
Registro: 201673 -- Data: 15:42:06 21/02/2022
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editorial Quando a vacinação geral, enfim, chegava a um número suficiente para nos aliviar do constante perigo de novas levas de internações pela Covid-19, eis que outra onda internacional de incertezas despencou como uma tempestasde. Desta vez provocada pelo avanço da Rússia sobre território da Ucrânia. O Brasil, como costuma acontecer, compareceu com sua cota particular de entraves, para uso interno. Por exemplo: a desvalorização da moeda, as altas taxas de desemprego e as previsíveis instabilidades causadas pelas campanhas eleitorais. É de se admirar o empenho de muitos empreendedores brasileiros que, apesar das tormentas vindas de fora ou daqui mesmo, não só tocam a vida adiante como também investem em outros desafios, de peito aberto e invejável otimismo. É o caso de Daniel Sahagoff. Proprietário dos vitoriosos restaurantes Cantaloup e Loup, na capital paulista, ele bem poderia se resguardar a bordo dessas duas embarcações seguras e zarpar sem carga extra, para águas abrigadas. Mas não. A despeito de um momento delicado na economia, ele acaba de abrir uma terceira casa na cidade, o Levels. Sahagoff bota muita fé em seu próprio conhecimento sobre o assunto e, sobretudo, em seu quase obsessivo apego ao trabalho. Do bairro do Itaim Bibi, onde o restaurateur instalou suas casas, chega-se rapidamente ao da Vila Nova Conceição. Basta atravessar uma avenida, a Santo Amaro. É ali, nesse trecho vizinho, que outro restaurateur ousado e experiente vem montando empreendimentos, similares não só na alta qualidade como no sucesso: Marcelo Fernandes. Agora o proprietário, também destemido, está abrindo em sociedade com Sérgio Degese – mais um empresário audacioso –, o Foglia, casa que se especializou em culinária italiana leve. Sim, leveza que vem a calhar em tempos nem tão leves assim. Juntos, Fernandes e Degese estão prontos para encarar variações atnosféricas de todos os graus. Como vem encarando há mais de uma década o sonhador Alexandre Soares. Abnegado, ele se empenha em uma causa que, embora pareça de consenso geral, não tem merecido o número suficiente de adeptos: a saúde, o bem-estar e a proteção de animais domésticos. Dois anos atrás, Soares fundou a Patas para Você, que já tratou de mais de 1.200 cães e gatos. Paulo Morais é mais um personagem e tanto desta edição de THE PRESIDENT. Visionário, ele previu a imensa aceitação de um método então inovador, a depilação a laser. Mas não foi nada fácil. Teve de enfrentar, por exemplo, as fortes marés de preconceito. Quando sua empresa, a Espaçolaser, quis abrir sua primeira filial em um shopping center, ouviu um sonoro “não” dos donos do tal centro comercial. Foi preciso muito poder de retórica para convencê-los. Hoje, passada mais de uma década, a Espaçolaser tem unidades não só em shopping centers, como também na Argentina, na Colômbia e no Chile. São mais de 600 lojas, sem contar as franqueadas. Empresários corajosos como Sahagoff, Fernandes, Degese, Soares e Morais fazem acreditar em ideias como bonanza e mar de almirante, apesar dos avisos de barômetros, radares metereológicos e afins. É preciso largar as amarras e se lançar ao mar. O mundo é dos navegantes movidos pela ousadia. Boa leitura – e ótimos ventos! andré cheron E fernando paiva Publishers
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FEV/MAR.2022
expediente the president Publicação da Custom Editora nº 54
publishers André Cheron e Fernando Paiva
REDAÇÃO Diretor editorial Fernando Paiva fernandopaiva@customeditora.com.br diretor editorial adjunto Mario Ciccone mario@customeditora.com.br EDItor executivo e digital Raphael Calles raphaelcalles@customeditora.com.br
ARTE DIRETORES Ken Tanaka e Raphael Alves raphaelalves@customeditora.com.br
COLABORARAM NESTE NÚMERO TEXTO Ana Paula Laux, André Boccato, Marcello Borges, Marco Merguizzo, Ney Ayres, Raphael Calles, Ricardo Prado, Rogério Christofoletti e Walterson Sardenberg Sº Fotografia Claus Lehmann, Germano Lüders e Tuca Reinés Revisão Goretti Tenorio tratamento de imagens Silvio Vailante
THE PRESIDENT facebook.com/revistathepresident @revistathepresident
www.customeditora.com.br
COMERCIAL, PUBLICIDADE E NOVOS NEGÓCIOS Diretor executivo André Cheron andrecheron@customeditora.com.br diretor comercial Ricardo Battistini +55 11 97401-8565 battistini@customeditora.com.br Gerentes de contas e novos negócios Fabiano Fernandes +55 11 94924-1262 fabianofernandes@customeditora.com.br Mirian Pujol +55 11 99231-7971 mirianpujol@customeditora.com.br Ney Ayres +55 11 97687-5942 neyayres@customeditora.com.br ASSISTENTE COMERCIAL Gabriel Matvyenko gabrielmatvyenko@customeditora.com.br Digital Maria Beatriz Catiari mariacatirari@customeditora.com.br ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO Analista financeiro Alessandro Ceron alessandroceron@customeditora.com.br Circulação: Março Tiragem desta edição: 35.000 exemplares CTP, impressão e acabamento: Coan Indústria Gráfica Ltda. Custom Editora Ltda. Av. Nove de Julho, 5.593, 9º andar – Jardim Paulista São Paulo (SP) – CEP 01407-200 Tel. (11) 3708-9702 ATENDIMENTO AO LEITOR atendimentoaoleitor@customeditora.com.br Tel. (11) 3708-9702
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sumário 50
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26 CONSUMO
50 destino
88 SABORES
Uma seleção dos melhores e mais exclusivos
Uma viagem pelo atraente arquipélago das
Chegou a Foglia, a forneira que trata a
presentes. Para dar a si próprio, inclusive
Seychelles, na costa da África
culinária italiana com toda a leveza
34 MOTOR
56 entrevista
116 PALADAR
Hora de comemorar! A BMW celebra um
Paulo Morais, do Espaçolaser, relata a
Entre uma pista e outra, alguns detetives da
ótimo ano de vendas no Brasil
história de um sucesso empresarial
literatura dão uma parada na geladeira
38 mercado
66 terceiro setor
124 memória
Alphaville: uma região que ainda atrai
A luta de Alexandre Soares em favor dos
Richard Avedon, o fotógrafo, também foi um
investidores e moradores de alto padrão
animais domésticos que sofrem maus-tratos
craque ao clicar capas de discos
44 ESTRADA
75 GOURMET
132 Luxo
O fotógrafo internacional Tuca Reinés leva o
Levels, a nova investida do restaurateur
Há mais de 200 anos, a Brooks Brothers é o
filho numa viagem com o Jeep Commander
Daniel Sahagoff na alta gastronomia
grande endereço masculino de Nova York
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FEV/MAR.2022
estilo
60 anos em terra e ar
A TAG Heuer celebra seis décadas da linha Autavia e lança três novas versões na comemoração Por RAPHAEL CALLES
O ano de 1962 foi decisivo para a relojoaria. Deu-se então um lançamento que se tornaria um marco. A novidade transformaria a estética da horologia para sempre. Naquele ano, a Heuer, como a companhia suíça era chamada à época – hoje TAG Heuer –, apresentou a linha Autavia. O nome, um tanto incomum para a época, era um neologismo com a junção de AUTomobile e AVIAtion. De fato, a linha foi inspirada nos relógios de painéis de carros e aviões. Em 2022, a Autavia completa 60 anos. E não poderia estar mais renovada e atual. Para dar início às celebrações do aniversário, três novos modelos foram apresentados. Todos carregam os traços marcantes pelos quais a coleção ficou conhecida. Branco & Preto As duas primeiras versões são equipadas com o movimento Heuer 02 COSC Flyback. O nome complicado pode ser destrinchado com facilidade. Trata-se de segundo movimento de fabricação própria da companhia, dotado de uma função flyback. Ou seja, o ponteiro de contagem de tempo do cronógrafo pode ser reiniciado com o pressionar de um único botão. Isso permite uma medição mais precisa no cálculo das voltas automobilísticas, por exemplo. Já COSC é a abreviação para Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres, certificação que atesta a alta
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precisão de mecanismos submetidos aos testes. A primeira versão apresenta o chamado Panda Dial, com caixa de aço e mostrador branco prateado com dois submostradores em preto. Na segunda versão, por sua vez, a caixa de aço conta com revestimento DLC preto. As duas peças têm um bisel (o anel rotativo sobre a caixa) de rotação unidirecional de cerâmica preta. A ferramenta auxilia na marcação de tempo decorrido. Azul Se a função cronógrafo, seja ela Flyback ou não, está reservada para outros modelos da coleção, o terceiro relógio da linha Autavia ganha uma complicação inédita na linha: a GMT. Ela permite a marcação de um segundo fuso horário com o auxílio do bisel. Aqui, a combinação de cores que ficou conhecida no mercado por Batman está presente: preto e azul. As cores são utilizadas para diferenciar dia e noite no segundo fuso horário, aqui, indicado por um ponteiro laranja. Essa cor, inclusive, é um destaque sobre o mostrador azul e os algarismos arábicos em branco, com revestimento luminescente. Os dados são proporcionados pelo Calibre 7 COSC GMT, que também é assegurado pelo controle suíço de cronometria. Todos os três modelos são acompanhados de pulseira de aço ou couro de crocodilo e possibilitam intercâmbio facilitado. TP tagheuer.com
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Sound of time
Bvlgari reforça expertise em relógios carrilhão e apresenta uma versão de vanguarda Por RAPHAEL CALLES
A Bvlgari tem tradição em relógios com emissão sonora. Para 2022, um dos grandes lançamentos da grife de origem italiana combina duas complicações extremas e tradicionalíssimas da alta relojoaria: carrilhão e turbilhão. Mas a leitura estética é extremamente contemporânea. O Octo Roma Blue Carillon Tourbillon preza pela perfeita emissão do som da função carrilhão. Tem uma caixa intermediária elaborada em titânio azul. Ela é conectada diretamente ao mecanismo onde três gongos atuam para a emissão e marcação do tempo. O mais grave soa a marcação das horas. Já a combinação de três gongos marca cada quarto de hora. Por fim, um gongo mais agudo indica os minutos adicionais. A escolha do titânio não acontece por acaso. A liga de metal permite amplificação e emissão cristalina do som. Em adição ao sistema carrilhão, o turbilhão é visível na posição de 6 horas do mostrador esqueletizado. Permite a anulação do efeito da gravidade sobre o mecanismo. O mecanismo responsável pela entrega de tais funções tem 35 mm de diâmetro e conta com 432 componentes, enquanto a caixa mede 42 mm de diâmetro. As porções superior e inferior são feitas em platina. O Octo Roma Blue Carillon Tourbillon tem uma edição limitada a 30 unidades. A pulseira é confeccionada em couro de crocodilo azul. TP bulgari.com
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SÓBRIO e moderno Coleção Meisterstück 4810 preza por design minimalista e sustentabilidade Por RAPHAEL CALLES A Montblanc prima pelos instrumentos de escrita e relógios. Mas também tem longa tradição em peças de couro. A propósito, sua linha 4810 Westside Collection acaba de evoluir para Meisterstück 4810 Collection. A maison alemã estabelece um novo design, que preza não só pelo visual como pela funcionalidade. Assim, as peças apresentam traços minimalistas e baixa espessura. Eles se adéquam aos dias de hoje, que requerem menor uso de papéis e dispositivos eletrônicos dotados de múltiplas funções. As peças combinam couro de bezerro texturizado e couro de flor integral liso. O sistema de tingimento delas preza pela sustentabilidade, um compromisso cada vez maior da companhia: menor uso de água para curtimento, tingimento e remolho. O mesmo princípio sustentável é
empreendido dentro das bolsas: o nylon foi substituído por Econyl, tecido que apresenta uma textura semelhante ao material anterior, porém elaborado a partir de resíduos dos oceanos e plástico reciclado. Algumas peças têm detalhes em couro verde, enquanto a maioria dos itens da coleção faz uso do couro preto. Os detalhes incluem bolsos internos e externos, zíperes metálicos, alças ajustáveis e removíveis e sistemas que permitem as bolsas serem levadas nas malas de viagem: as trolleys. São, ao todo, oito modelos de pastas e bolsas, seis modelos de carteiras, pequenos artigos de couro e bloco de notas e caderno. TP montblanc.com
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consumo
PARA BRILHAR Fique de olho nestas indicações de primeiríssima Por Raphael Calles
BRINCOS STAND BY ME ESMERALDA - MAXIOR O belo par de esmeraldas colombianas cintila no ouro 18 quilates nesta joia exclusiva. Os elos representam o desejo por conexões duradoras e valiosas, assim como o brilho das pedras preciosas.
maxior.com.br
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RAIN BOOTS – SALVATORE FERRAGAMO Feitas com aparas de borracha e costuradas em poliéster reciclado, as galochas contam com o Gancini (logo da companhia) em relevo na parte de trás.
ferragamo.com
SNS 574 – NEW BALANCE O modelo é uma aliança da New Balance com a marca americana SNS, referência na cultura sneaker. O verde combina com os tons terrosos e os detalhes em violeta e bege.
instagram.com/newbalance
Banqueta CLAIRE – JADER ALMEIDA Chama a atenção pelo design criativo. Além disso,
TOP TIME TRIUMPH – BREITLING Desde os anos 1960, quando foi lançado,
revela-se mais confortável
o relógio Top Time,
que as demais banquetas.
da Breitling, tem fãs
O acabamento dos pés
ardorosos. Esta nova
é produzido com
edição tem a parceria
carbono pintado.
jaderalmeida.com
da montadora britânica de motos Triumph. instagram.com/triumphbr
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BANCO FOLLY – ATEC As formas onduladas se fundem às superfícies do assento e do encosto. Projeto antenado de Ron Arad. instagram.com/atecoriginaldesign
TIFFANY BLUE – TIFFANY & CO. O azul da Tiffany tornou-se famoso. Mas em bola de basquete é novidade. Para produzi-la, a empresa uniu-se com a marca esportiva Wilson e a equipe dos Cavaliers. Tudo sob a égide de Daniel Arsham, do Arsham Studio. tiffany.com.br
AIRBOSS MECHANICAL – VICTORINOX O relógio homenageia os modelos aviador do passado. Tem movimento mecânico com corda automática. Suporta pressão de até 100 metros de profundidade na água. victorinoxstore.com.br
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TAYLOR’S VERY OLD TAWNY – PORT KING’S MAN EDITION Este vinho do Porto Tawny, da tradicional Taylor’s, homenageia o filme The King’s Man, do diretor britânico Matthew Vaughn. taylor.pt
MIX DE ÓLEOS ESSENCIAIS EVÔLVE – DÔTERRA Sua pele agradecerá este produto com combinação de aromas floral, doce e frutado. Sua composição agrega laranja selvagem, bergamota, neroli, ylang ylang e jasmim. O sistema roll-on facilita a aplicação. Cada frasco tem 10 ml. doterra.com.br
COUTURE COLOUR CLUTCH Saharienne – YVES SAINT LAURENT BEAUTÉ A paleta de dez cores vai do marrom terroso ao laranja radiante. As inspirações foram a jaqueta de safári desenhada pelo saudoso Yves Saint Laurent e as areias marroquinas do Saara. sephora.com.br
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ACQUA DI GIÒ
DISPENSER AUTOMÁTICO
PROFONDO LIGHTS –
DE SABONETE líquido –
Giorgio ARMANI
MINICOOL
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O produto é ativado por
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fragrância masculina intensa.
infravermelho a uma distância
Entre os ingredientes estão
de 5 cm. O compartimento
tangerina verde e
superior ainda permite seu
cardamomo brilhante. No
uso como aromatizador
coração, a essência tem
de ambiente.
extrato de lavanda, alecrim,
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cipreste e notas balsâmicas. Já o amadeirado vem do vetiver do fundo, que é equilibrado pelo cítrico de patchouli da Guatemala. sephora.com
CORRETIVO GOOD APPLE - KVD BEAUTY São 32 tons que vão do claro ao retinto. Vem com um aplicador que imita a ponta do dedo. Suave e preciso. sephora.com.br
LA VIE EST BELLE SOLEIL CRISTAL – LANCÔME Este perfume feminino tem mandarina, pimenta rosa e bergamota como notas de topo. O resultado? Muito frescor. Ylang ylang, flor de laranjeira e jasmim integram o corpo. Já o fundo é composto por coco solar e patchouli, entre outros ingredientes. sephora.com.br
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Para todos os terrenos
A nova família Tiger 1200 chega ao Brasil com três versões para atender aos motociclistas mais exigentes fotos: divulgação
Depois de meses de gestação, a Triumph apresentou aos jornalistas o seu projeto mais ambicioso, a nova linha Tiger 1200. As primeiras impressões foram positivas. Por exemplo: a revista americana Cycle World, uma das mais prestigiosas do segmento, afirmou que as motocicletas recém-lançadas superam as principais rivais. Entre as qualidades mencionadas está a potência, associada à farta oferta de torque e ao baixo peso do conjunto. A publicação também mencionou a grande capacidade do tanque de combustível da versão Rally Explorer. São 30 litros. A Tiger 1200 é um projeto concebido a partir de uma folha em branco. Ou seja, tudo nela é novo. A linha contempla três versões – a GT Explorer, a Rally Pro e a Rally Explorer, que se torna a única moto em sua classe com rodas fundidas e tanque de 30 litros. Todas são equipadas com a nova geração do motor de três cilindros T-Plane ajustado para o melhor desempenho tanto no off-road quanto na estrada. Os 150 cv de potência a 9.000 rpm do motor fazem da Tiger 1200 a moto de eixo cardã mais potente da categoria. Uma das primeiras preocupações no desenvolvimento da Tiger 1200 foi a redução de peso. Em consequência, o manuseio tornou-se mais amigável, o consumo diminui de modo
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considerável e o design ficou mais limpo. Comparado ao projeto anterior, o quadro perdeu 5,4 kg e o inédito braço oscilante tri-link é 1,5 kg mais leve e resistente que a configuração unilateral anterior. Na soma, são 25 kg a menos que a antecessora. Não só. A Triumph 1200 é até 17 kg mais leve que as motos de eixo cardã da mesma categoria. Desde já, se torna imbatível em agilidade e manobras em qualquer terreno. Cada versão da Tiger 1200 é focada nas habilidades para as quais foi criada. A nova GT, a estradeira do trio, vem com rodas fundidas de 19 polegadas na dianteira e 18 na traseira, pneus Metzeler Tourance e suspensão semiativa Showa. Já a Rally Pro traz a exclusiva combinação de rodas raiadas (21 polegadas na dianteira e 18 na traseira) e pneus Metzeler Karoo Street sem câmara. Os poderosos freios Brembo Stylema equipam todas as versões. O conjunto é gerenciado pelo ABS Otimizado para Curvas e apoiado por avançada Unidade de Medição de Inércia (IMU) que monitora o movimento da moto (inclinação, guinada e acelerações vertical, lateral e longitudinal) para dosar o nível ideal de intervenção do ABS. Há outros recursos eletrônicos avançados. Entre eles, o inédito sistema de Radar de Ponto Cego que equipa a GT
Explorer e a Rally Explorer. O recurso emite alerta de veículos no ponto cego ou indica aproximação de veículos quando o piloto indica troca de faixa. De série nas três versões, o Controle de Tração Otimizado para Curvas fornece tração ideal para as condições de pilotagem. Há até seis modos de pilotagem que atuam na resposta do acelerador, ABS, controle de tração e ajuste de suspensão. Exclusivo da Rally Explorer, o modo Off-road Pro desativa o ABS e o controle de tração e é a configuração off-road mais extrema para aventuras radicais. Outros recursos de conforto e segurança são o controle de saída em rampa, dispositivo de trocas de marcha sem o uso de embreagem, manoplas e assento aquecidos e, ainda, sistema de monitoramento de pressão de pneus. As informações estão dispostas no painel de instrumentos TFT de 7 polegadas, líder da categoria, com novo pacote gráfico. Há ainda o Sistema de Conectividade My Triumph. Ele agrega navegação curva a curva, chamadas e controle da câmera da GoPro. É padrão para toda a linha.
Novas Tiger 1200 têm ótimo desempenho na estrada e no off-road
A Tiger 1200, enfim, conta com todos os equipamentos para o conforto e a segurança nas longas viagens e nas trilhas. Também oferece mais de 50 itens de personalização. A grande novidade da Triumph para este ano está chegando ao Brasil. Para saber novidades, concorrer a cursos de pilotagem do TRX (Triumph Ridening Experience) e informações sobre pré-venda da Nova Triumph Tiger 1200, acesse: www.eudetiger1200.com.br (ou escaneie QR Code nesta página). TP Acesse este QR Code para mais informações
motor
No alto do pódio
Pelo terceiro ano consecutivo a BMW lidera a venda de veículos premium no Brasil
Roberto Carvalho, diretor comercial da BMW no Brasil, tem vasta experiência no universo automotivo.Trabalhou nas sedes de outras montadoras no Brasil, Estados Unidos e Canadá. Tem, aliás, a cidadania canadense. Graduado em administração de empresas, assumiu o cargo na BMW em julho de 2018. De lá para cá, vem comemorando números auspiciosos. Por exemplo: nos últimos três anos, a montadora alemã lidera a venda de veículos premium no Brasil. Este é um dos assuntos desta entrevista. THE PRESIDENT _ Como avalia o desempenho da BMW no Brasil em 2021? Roberto Carvalho - Sempre começo agradecendo aos nossos clientes, concessionários e ao time. Pois bem, mantivemos a liderança absoluta no mercado premium nacional durante os 12 meses, pelo terceiro ano consecutivo. Foi o maior market share da BMW no mundo. Vendemos no Brasil mais que todos os concorrentes diretos somados. Foi a maior participação de mercado dos nossos 26 anos de país, resultado do impulso na produção, inovações em vendas e marketing, fortalecimento da rede de concessionários e avanço da digitalização. Vendemos 14.552 unidades, um crescimento de 16,8% em comparação com 2020. A linha M, que celebra 50 anos em 2022, teve um papel de destaque, incentivada pelas versões M Sport e pelo lançamento do BMW M3. Foram emplacadas 1.276 unidades da linha M, que celebra 50 anos em 2022, o que representa incremento de 31% em comparação com o ano anterior. Quais as projeções para 2022? Teremos mais de 20 lançamentos e esperamos crescer dois dígitos. Será um ano com muito foco em veículos elétricos e,
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além do BMW i3 (o pioneiro do mercado e veículo mais eficiente energeticamente do país, de acordo com o Inmetro), teremos os novíssimos BMW iX (primeiro carro inteligente do mercado) e o BMW i4. Olhando para o futuro, podemos estimar que mais de 50% do mercado premium nacional será elétrico no fim desta década. Teremos ainda outro modelo, que anunciamos recentemente. Será o SAV iX3, que chegará ao mercado brasileiro no primeiro semestre. Fale dos lançamentos multimídias: M3 no TikTok e venda exclusiva do BMW X7 Dark Shadow no site Farfetch. A BMW se reinventa há mais de 100 anos, quando fabricava motores de avião. Desta vez nos desafiamos a agir como uma startup e entregar como empresa multinacional. Temos nestas ações uma abertura de comunicação grande com jovens. A BMW foi a primeira marca automotiva a lançar um carro na rede social TikTok no mercado brasileiro, o BMW M3, um superesportivo de 510 cv. A inovação foi marcada, ainda, pela ação digital de vendas do BMW X7 Dark Shadow Edition. Lançamos o modelo no site de e-commerce de luxo Farfetch, o principal desse segmento no mundo. O BMW X7 Dark Shadow Edition foi oferecido exclusivamente nesse canal. Houve uma audiência total impactada de 95,5 milhões. Vendemos seis unidades em apenas cinco dias por R$ 1.095.950. Como a presença da marca BMW nos simuladores de corrida se reflete como mídia e repercussão entre clientes? Sentir a emoção de um BMW sem sair do sofá. Esta é a proposta das competições virtuais dos campeonatos do simulador de corridas iRacing. Estar no mundo dos videogames é uma maneira de se conectar ao público jovem.
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O campeonato F1BC BMW levou o BMW M3 GT3 de 590 cv às pistas virtuais durante quatro meses. Mais de 3 milhões de pessoas foram impactadas. Já o game Rocket League, um dos maiores jogos multiplayer da internet, tornou-se palco para o lançamento do BMW M240i. Também realizamos torneios especiais da marca. Houve mais de 22 publicações orgânicas sobre a estreia do BMW M240i no Rocket League, com uma audiência de mais de 60 mil. Quais as principais vantagens da conectividade com a Amazon Alexa? É possível ter acesso a diversos serviços digitais via comando de voz e ainda controlar dispositivos associados. A Alexa oferece mais de mil skills, que funcionam como aplicativos, com informações, jogos e podcasts, entre outros. Algumas das possibilidades de uso são acesso a notícias, confecção de lista de compras, agendar compromissos, acessar listas de reprodução, pedir a previsão do tempo e interagir com perguntas do tipo: “Alexa, vai chover hoje?”. Também dá para acionar à distância dispositivos de casas inteligentes. A venda de modelos eletrificados BMW cresceu 162% em 2021. Essa tendência será acentuada neste ano? O iX foi anunciado no Brasil menos de seis meses após ser apresentado na Europa. A expectativa é que o mercado premium brasileiro será ao menos 50% elétrico no fim desta década. Destaque para a linha de eletrificados, que computou 2.661 unidades emplacadas, cresceu 162% em comparação com 2020 e correspondeu a mais de 18% dos registros totais da marca no ano passado. A rede de concessionários está otimista para o 2022? Sim. As nossas pesquisas mostram que 96% da nossa rede está muito satisfeita com a marca. O varejo está em transformação, entrando em projetos de desenvolvimento de rede e vendas. Estamos ampliando o percentual de concessionárias nesse novo formato. Nossa rede é parceira estratégica da marca e seguirá em transformação, cada vez mais digital, sem perder o prestígio e comodidade do meio físico. Qual é a grande aposta da marca BMW em 2022? Continuaremos com o mesmo foco, principalmente voltado à eletrificação, com o lançamento dos novíssimos BMW iX e i4. Teremos aproximadamente 30 lançamentos de todas as marcas do BMW Group. O cliente ainda pode esperar por mais novidades. TP bmw.com.br
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BMW iX, uma das principais apostas da marca para 2022
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Primeiro mundo Alphaville não sai de moda. Atrai novos moradores em busca de segurança e qualidade de vida
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Mais do que um recanto planejado entre as cidades paulistas de Barueri e Santana de Parnaíba, Alphaville é um estilo de vida. Concebido para ser um distrito industrial, o lugar se tornou uma ilha de prosperidade que atrai empresas e moradores em busca do básico: um lugar funcional, com preços vantajosos, perto de São Paulo (30 quilômetros de distância) e com segurança. Inspirado nos bairros ao redor de Miami e Nova York (e com o nome retirado de um filme de Jean-Luc Godard sobre uma cidade futurista), Alphaville saiu das pranchetas dos engenheiros Yojiro Takaoka e Renato de Albuquerque, em 1973. A ideia inicial era fazer com que Barueri deixasse de ser uma cidade-dormitório. O projeto foi bem além disso. Construiu condomínios de alto padrão. A área inicial era de 16 milhões de metros quadrados. Hoje, reúne uma população de mais de 35 mil pessoas e 12 mil empresas. A HP foi a primeira empresa a chegar. Estamos falando de 1975. Uma agressiva política de incentivos fiscais atraiu outras gigantes. Ambev, C&A, Cielo, Elo, Mercado Livre, Netflix, Sodexo, Tok&Stok e Vivo também têm unidades de negócio na região. Além de São Paulo, Alphaville Urbanismo, responsável pelo projeto, está presente em outros 22 estados e no Distrito Federal. São oferecidas opções como os modelos Alphaville (residencial de alto padrão com lotes de 400 m2 em média) e os Terras Alpha (com 300 m2). Também são desenvolvidas as Cidades Alpha, com um centro urbano completo e funcional. Alphaville já é um sucesso em lugares como Campinas, Sorocaba, Salvador e Fortaleza. E logo vai chegar a São José dos Campos-SP.
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Imóvel tem terraço com vista para a mata. Na página ao lado, fachada da casa em condomínio fechado
Por que morar lá? De acordo com levantamento de FipeZap, IBGE, FGV e Banco do Brasil, o valor do metro quadrado continua competitivo em Alphaville, na comparação com a capital paulista. Em dezembro de 2021, o preço residencial para venda é de R$ 7.748 em Barueri, contra R$ 9.708. Para locação, o custo por metro quadrado é mais parelho: R$ 40,9 (em Barueri) contra R$ 39,7 (São Paulo). “Quem procurou por Alphaville esses anos todos estava em busca de segurança, espaço, área verde, convívio social saudável, ou seja, qualidade de vida”, afirma Renata Victorino, sócia-diretora na imobiliária Bossa Nova Sotheby’s International Realty. “Muitos dos moradores de Alphaville já fazem home office há anos. É interessante pois, com a pandemia e todo este movimento de ressignificar a importância da moradia, o público externo percebeu que Alphaville oferece muitas possibilidades para se viver bem, com qualidade e variedade de opções”.
De acordo com a executiva, os habitantes de Alphaville vêm fazendo movimentos internos. “Começou a acontecer uma movimentação de compra dessas casas mais antigas para total retrofit ou até demolição e construção do zero atendendo aos novos padrões e demandas de quatro suítes, ambientes mais amplos e área de lazer.” A busca agora é por um novo conceito de arquitetura, incluindo construções mais sustentáveis. “Os moradores querem incluir energia solar nas casas, isso valoriza o imóvel.” Renata Victorino destaca que havia pessoas que viam restrições para fixar residência em Alphaville. Entre estas, o trânsito nas avenidas marginais. Isso mudou radicalmente, com o crescimento do regime home office. Há muitos anos, Alphaville é procurada por jogadores de futebol, artistas, jornalistas e influenciadores. Essas pessoas formadoras de opinião gostam de morar lá por ter essa privacidade, mais difícil de conseguir em São Paulo. “Eles querem mais tranquilidade.
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Ambiente de casa com pé-direito alto no hall. Na página ao lado, projeto arquitetônico moderno, que privilegia iluminação natural
Assim, não necessitam de uma equipe de seguranças para sair de casa”, conta Izi Grinberg, gerente de vendas na Bossa Nova Sotheby's International Realty. “Pode ser que sejam parados para autógrafos ou tirar uma foto. Mas isso não é a regra. Normalmente, podem viver como moradores comuns.” Muito procurada também por expatriados e executivos de grandes companhias, Alphaville caiu no gosto dos moradores, que não pensam em trocar a vida que têm na cidade planejada por outro lugar. É o caso de Denis Navarro, diretor financeiro no Grupo Navarro - Distribuidora de Medicamentos e piloto de Stock Car. “Mudei para Alphaville pela qualidade de vida e segurança. Isso me dá tranquilidade para a criação e o desenvolvimento da minha família.” Navarro fincou raízes no lugar especialmente porque está estabilizado no trabalho e tem uma boa escola para os filhos. “A infraestrutura de Alphaville cresceu muito do ponto de vista comercial também. Temos também alguns dos melhores restaurantes aqui. Nem preciso ir para São Paulo.”
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Outro que adotou Alphaville como lar foi Helder Leong, gerente de projetos sênior da LexisNexis Risk Solutions. Nascido em Moçambique, com nacionalidade portuguesa, Leong chegou a Alphaville em 2018 para trabalhar no escritório da empresa. Gosta muito das facilidades da região. “Vou trabalhar a pé. E não é tão longe de São Paulo.” Ele chegou a pensar em voltar para Portugal, mas resolveu ficar. Preferiu a vida que leva em Alphaville. Esse apego não é por acaso. O mercado de alto padrão é muito bem servido, especialmente pelo Shopping Iguatemi Alphaville. Na área de saúde, os hospitais Albert Einstein e 9 de Julho têm unidades por lá. Escolas de primeira linha não faltam. Há pelo menos 14 de alto nível, como Objetivo, Mackenzie, Leonardo Da Vinci/Anglo, St. Nicholas, Maple Bear e Pentágono. Além disso, há um heliponto a menos de 10 minutos de distância. “A possibilidade de sair para fazer atividade física na vizinhança e deixar a porta de casa aberta não tem preço”, exalta Izi Grinberg.
A hora de investir Vale destacar ainda a tendência de verticalização na área. Tem muita gente que busca empreendimentos para investir em imóveis compactos para locação. “Isso é um fenômeno crescente em Alphaville”, diz Renata Victorino. De acordo com Izi Grinberg, muitas empresas geram até 3 mil empregos e incentivam que eles venham para Alphaville. A região oferece apartamentos de 50 m2 até 500 m2 (para executivos). “Essas companhias precisam disso para oferecer essa comodidade. Muitas compram como investimento e colocam seus funcionários ou alugam para ter uma renda. Tem muita procura”, conta. “Então, locação passou a ser um bom negócio para o investidor também em Alphaville, tanto nos condomínios novos quanto nos mais antigos.” Os especialistas da Bossa Nova Sotheby’s identificam movimentos de upgrade e downgrade dentro de Alphaville. “As pessoas não querem sair de lá.
Existem condomínios com estrutura de resort”, comenta Renata. Esse portfólio de vantagens vale também para edifícios com apartamentos menores. “Tais empreendimentos têm um verdadeiro clube dentro de seus muros, com piscinas aquecida e de treinamento, sauna, mercado, cabelereiro e academia de ginástica”, completa Grinberg. Oportunidades em Alphaville A Bossa Nova Sotheby’s possui uma curadoria especializada de imóveis de alto padrão na região de Alphaville. Confira estas duas propriedades selecionadas pelos especialistas da companhia. A primeira delas tem design de interiores moderno e pé-direito alto do hall de entrada ao living. Isso proporciona amplitude e iluminação natural. Já a área social oferece livings integrados com opção de cozi n ha americana e home theater individualizado. Os acabamentos são de porcelanato e madeira. Já está toda equipa-
da com móveis, armários e painéis. A outra casa está instalada em um condomínio com segurança 24 horas e fácil acesso à rodovia Castelo Branco. Foi erguida em alameda sem saída, com privacidade e vista da mata. Na área externa, tem piscina, sauna e churrasqueira. Já a área social apresenta ambientes mobiliados, cozinha equipada com eletrodomésticos Viking, sala de jantar e terraço. Tem até rooftop para ioga e treinamento. Tem sala adicional no andar inferior que pode servir de escritório – ou academia. A Bossa Nova Sotheby’s não aposta em Alphaville à toa. Tem tudo o que a capital tem. E os seus moradores podem vir a São Paulo sem problemas, até para um jantar especial ou evento. É muito comum entre os clientes de alto padrão que experimentam o lugar por um tempo, mesmo em aluguel, mudarem completamente de vida. E depois olham para Alphaville e dizem: “É aqui que vou ficar”. TP Acesse este QR Code para mais informações
Da serra
à praia Jeep Commander é o parceiro de viagem que esbanja tecnologia e encara qualquer terreno Texto e fotos Tuca Reinés
Minha câmera já viu muita coisa. Documentei arquitetura, personagens e paisagens em editoriais, publicidade e livros. Viajar é outro combustível das minhas lentes. Se for de carro, melhor ainda, porque posso cruzar o Brasil, ver cidades históricas e enfrentar uma estrada de terra. O convite para dirigir o Jeep Commander foi perfeito para reunir tudo isso em uma única experiência. Desenhei um roteiro que partia de São Paulo, passava por vários pontos da Serra da Mantiqueira e se concluía em Paraty. Foram 1.800 quilômetros rodados, contando o retorno à capital. Tenho de começar falando do carro. Que máquina! Levei meu filho Eric, de 24 anos, na viagem. Espaço não falta. Tem lugar para levar sete pessoas confortavelmente. Eric, aliás, testou todos os lugares, inclusive os de trás. Não precisou se encolher. É um lugar que pode levar adultos sem nenhum aperto. Ao se sentar no carro, você se sente na ponte de comando da nave Enterprise, junto com o Capitão Kirk. O Jeep Commander tem um painel todo digital e que você pode personalizar. A tela touch de 10,1 polegada, no centro do console, é muito fácil de operar. Apresenta toda facilidade de espelhamento sem fio com celulares de sistema Apple ou Android, além de carregamento por indução (para aparelhos compatíveis). Tem ainda uma boa novidade na versão Overland, em que viajamos. Trata-se da função Alexa in vehicle, que permite usar a assistente pessoal da Amazon para várias tarefas, diretamente pelo veículo, sem necessitar do uso de celular. Pelo comando de voz, dá para fechar os vidros, acender os faróis e até ligar o motor. Ela também possibilita consultar a previsão do tempo – e quanta chuva tivemos! –, procurar um restaurante ou fazer lista de compras. Claro que o meu moleque ficou de papo com a Alexa. Eu quase sobrei. Mas preferi curtir a direção.
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Pegamos a estrada com a versão Jeep Commander Overland 2.0 Diesel 4x4. Tudo fica ainda mais espetacular com o teto solar panorâmico. O passageiro pode curtir ainda mais a estrada. O carro tem uma boa resposta e possibilita uma sensação muito agradável ao dirigir. O primeiro destino foi Campos do Jordão. É uma cidade muito fotogênica e agradável. Tem um mix de estradas de terra e asfaltadas. De lá, fomos visitar a Pedra do Baú, um conjunto rochoso na Serra da Mantiqueira, ao largo da cidade de São Bento do Sapucaí. É possível chegar lá no parque, numa estrada linda, até a base. Por lá, fizemos um caminho a pé. Claro, com a minha câmera disparando fotos. Em Campos do Jordão, paramos no hotel Toriba. Trata-se de um lugar que é, ao mesmo tempo, chique e rústico. Tem pegada aventureira e sofisticada – assim como o Jeep Commander. A equipe é tão gente fina que consegui convencer sete colaboradores a entrarem no carro. Não que eu tivesse dúvida, mas todos eles ficaram confortavelmente instalados. E adoraram posar ao lado desse super Jeep. Saímos de Campos do Jordão para São Bento do Sapucaí, cidade de pouco mais de 10 mil habitantes, por uma estrada asfaltada e lindíssima. Um bom trajeto para sentir o motor de 170 cv. Tudo ficou ainda melhor com o aumento
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de torque de 38,7kgfm. O carro é muito forte. No caminho para Gonçalves, no sul de Minas Gerais, encaramos a maior subida com barro, na Serra do Serrano. Deve ter sido a maior que esse carro pegou desde que saiu da concessionária. Foi uma serra de terra, não de asfalto. Ótimo para colocar esse SUV à prova. Teve muitos superaclives e declives. No período da tarde, choveu um pouco. Ficou bem lamacento e escorregadio. Não havia cenário melhor para um veículo com tração 4x4 reduzida. Deu para usar inclusive o seletor de terreno: (Sand/Mud, Snow e Auto) e HDC (Hill Descent Control). Tudo o que você precisa num off-road com essa dificuldade. Gonçalves é maravilhosa também, com muitos belos pontos. Tem uma área preservada com araucárias e cachoeiras. A cidade é muito agradável, com boas opções gastronômicas e artísticas. Ficamos na casa de um amigo e voltamos para a aventura. Passamos por riacho sem esforço. Esse carro é feito para esse tipo de cenário. Depois disso, pegamos a estrada de asfalto, descemos a estrada de Gonçalves e paramos no Parque das Águas, em São Lourenço. É um lugar de 430 metros quadrados e nove fontes de águas minerais. Vale muito a pena uma parada por lá.
Jeep Commander enfrentou desafios de off-road na Serra da Mantiqueira e encerrou sua jornada em Paraty
No dia seguinte, rumamos para Muquém, ainda em Minas. Tem um centrinho urbano bem simples. E vale muito pelas belezas naturais, especialmente as cachoeiras dos Franceses e Estiva. Pegamos depois mais uma estrada maravilhosa. Recomendo rumar para Bocaina de Minas. No caminho, também se pode parar em Santo Antônio de Minas, lugar simples e agradável com artesanato bacana, queijos típicos e muitas belezas naturais (cachoeiras e serra). Na sequência, pegamos o rumo de Carlos Euler, cidadezinha com estilo inglês e que parece Paranapiacaba. Quando passamos por lá, pegamos uma chuva fora do normal, mas conseguimos passar até por um túnel de pedra. O destino final foi Paraty, no Rio de Janeiro. Conseguimos uma autorização especial para fotografarmos nas ruas históricas. Foi um belo
contraste entre o visual moderno do Jeep Commander e a arquitetura colonial. Ficamos hospedados na Pousada do Sandi, um símbolo da cidade feito em uma construção do século 18. O serviço é de primeira linha, sempre com muita gentileza. O retorno a São Paulo foi uma curtição pela rodovia BR 101. Muito bacana curtir o som na viagem. O carro tem um sistema Harman Kardon, com 9 alto-falantes, 1 subwoofer e 450w de potência. É top. Dos 1.800 quilômetros rodados, passamos por 600 quilômetros em estradas de terra. Pudemos ver do que o Jeep Commander é capaz. É um carro para aventura, passeio em família ou desfilar em centros urbanos. Posso defini-lo em duas palavras: forte e sofisticado. TP commander.jeep.com.br
SERVIÇO Hotel Toriba Av. Ernesto Diederichsen, 2962 – Campos do Jordão, SP toriba.com.br
Pousada do Sandi Largo do Rosário, 1 - Centro Histórico – Paraty, RJ sandihotel.com.br
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Todos a bordo
Navio de cruzeiro Seven Seas Grandeur fará sua estreia no final de 2023. Terá viagens pelo Caribe e pelo Mediterrâneo A família Regent Seven Seas vai crescer. Sexto navio da frota, o Seven Seas Grandeur está em construção em Ancona, na Itália, e já tem sua estreia marcada para 2023. O Seven Seas Grandeur irá zarpar pela primeira vez em 25 de novembro do ano que vem e fará 17 viagens no Caribe e no Mediterrâneo, além de cruzar o Atlântico duas vezes. Com capacidade para 750 hóspedes, a nova embarcação irá se diferenciar pela alta proporção de membros de tripulação para cada viajante. Isso se refletirá na qualidade do serviço. “O Seven Seas Grandeur será o ápice da rica história da Regent de apresentar experiências incomparáveis e exploração mais imersiva nos lugares”, disse Jason Montague,
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presidente e CEO da companhia. Aliás, a empresa promete acesso a excursões em terra em todos os portos. A Regent Seven Seas Cruises já tem quase 30 anos de experiência em cruzeiros de alto padrão e 450 destinos visitados. Não por acaso, se apresenta como The World’s Most Luxurious Fleet (Frota Mais Luxuosa do Mundo). Mesmo com esse sucesso, o navio caçula da família será uma reinvenção no segmento de cruzeiros boutique. De acordo com a empresa, a embarcação terá “novos padrões estéticos e experiências gastronômicas transformadoras, além de acomodações só com suítes com varandas”. O navio terá 15 categorias de suítes. Vale destacar a
No alto, dois ambientes do restaurante Compass Rose. Acima, áreas da Regent Suite, que tem 412 metros quadrados. Na página ao lado, o Seven Seas Grandeur, com capacidade para 750 viajantes
exclusiva Regent Suite. Tudo nela é tratado como obra de arte, dos tecidos aos móveis. Espaço não falta. Em 412 metros quadrados, a suíte tem uma sala envidraçada com claraboia. Lá estão duas espreguiçadeiras para o hóspede ver um mar de estrelas à noite. Além disso, tem vista para a proa do navio. O lugar ainda apresenta dois quartos e spa privativo com saunas seca e a vapor. A ga s t r on om i a é o u t r o p onto for t e. A joia da coroa será o Compass Rose. “Enquanto o sol se põe e o jantar é servido, os hóspedes ficarão maravilhados com a iluminação, que vai do chão ao teto, das milhares de folhas de cristal incrustadas nos troncos e galhos que envolvem o restaurante”, conta Yohandel Ruiz, sócio-fundador do Studio DADO, responsável pelo projeto de interior da embarcação. No cardápio, oferece opções para toda a famí-
lia e para todos os gostos. Os viajantes podem escolher de pratos de filé-mignon Black Angus e costeletas de cordeiro da Nova Zelândia a cauda de lagosta do Maine e vieiras do mar. Ou, ainda, menus vegetariano e vegano. Ao mar No roteiro da primeira viagem, o navio fará um cruzeiro de 14 noites de Barcelona até Miami, passando por Sevilha e Funchal. A partir de Miami, outro trajeto, desta vez de sete dias, incluindo uma parada na ilha Harvest Caye, em Belize. A terceira viagem dessa estreia do Seven Seas Grandeur irá cruzar o Canal do Panamá em direção a Los Angeles, passando o Natal em Cartagena, na Colômbia, e o Réveillon em Acapulco, no México. As reservas já estão disponíveis pelo site: pt.rssc.com/Seven-Seas-Grandeur TP
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Destino
Slow life with colors Arquipélago composto por 115 ilhas, Seychelles oferece diversas atrações para todo tipo de público Por Raphael calles
Viver a vida devagar talvez seja a melhor definição para estar em Seychelles, o país composto por 115 ilhas na África Oriental. E isso não se reserva apenas a casais e enamorados, mas sim para todo tipo de visitante. Seja sozinho, com amigos, muito bem acompanhado ou com família. O arquipélago reúne infinitas cores e atrações com o melhor da hotelaria e da gastronomia criola, que serve curries com infinitos sabores e condimentos, com destaque para baunilha, canela, pimentões e leite de coco, com base nos frutos do mar e peixes. Sabores e cores não faltam na ilha principal, Mahé, onde está localizado o aeroporto internacional e ponto de partida da viagem de todos os visitantes do país. Na pequena capital Victoria, Sir Selwyn Clarke Market, o mercado local, é um perfeito início de viagem, que permite conhecer melhor o comportamento gastronômico local e os ingredientes amplamente utilizados na culinária. As cores se multiplicam no aprofundamento do cenário religioso da capital. Mesmo com uma população majoritariamente católica, o Templo Hindu não pode deixar de ser visitado. Com apenas 30 anos de existência, ele homenageia a divindade hindu da segurança e da prosperidade, Lord Vinayagar.
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Ennio maffei, michel denousse e Torsten Dickmann
Acima, dança tradicional em Mahé. Ao lado, cachoeira na floresta Vallée de Mai, em Praslin. Abaixo, crianças brincando em caiaque na praia Anse Source d'Argent. Na página ao lado, praia de Cocos Island
Os tons de azul, turquesa e esmeralda das águas das mais de 65 praias da principal ilha deslumbram os olhos com mergulhos para exploração dos arrecifes de corais e vida marinha e abrem as possibilidades para explorar os demais destinos do país. Recomenda-se ao menos três ilhas em uma viagem para este paraíso, o que permite conhecer os mais diversos ângulos e atrativos da região. Praslin e La Digue são, também, destinos frequentes e amplos a todos os perfis de viajantes. O laranja do pôr do sol dá lugar ao azul da noite em praias paradisíacas e reservadas, que permitem um jantar romântico ou mesmo um luau. O verde não poderia jamais deixar de ser um destaque. Terra da canela, baunilha e do famoso coco de mer, com sementes gigantes em palmeiras que ultrapassam os 40 metros de altura, os destinos são convites para se cansar em trilhas e relaxar no topo de montanhas, com vistas deslumbrantes. No quesito hotelaria, não há com o que se preocupar. Há opções internacionais como Four Seasons, ou retiros de luxo, compostos por vilas privativas, como Maia Luxury Resort; para famílias, como Valmer Resort; ou casais em lua de mel, como Sainte Anne Resort. É possível também fugir do lugar-comum, com ilhas exclusivas. Dentre elas, Denis Island, opção para desconectar-se do mundo e pescar, em busca de barracudas, marlins e aguilhão vela. Felicité, que conta com um dos mais recentes hotéis do país, o Six Senses. Ou North Island, pertencente à rede de hotéis Wilderness Safaris, com acesso apenas por helicóptero ou barco, prezando pela máxima privacidade dos hóspedes. TP seychelles.com
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Hospedagem
Temporada ideal diante do mar A Villa e Loft Bom Jardim, em Paraty-RJ, acena com conforto e espaço à beça – e o máximo em privacidade
Tem todos os confortos de um hotel. Incluindo um staff completo à disposição dos hóspedes: cozinheira, arrumadeira, caseiro e marinheiro. Mas, a rigor, não se trata de um hotel. Afinal, oferece uma privacidade e uma exclusividade únicas. A Villa e Loft Bom Jardim, instalada à beira-mar na baía de Paraty – a encantadora cidade histórica fluminense –, é, como o nome adianta, um imenso loft, de 400 metros quadrados, para ser utilizado por um grupo de familiares ou amigos. Conta com três amplas suítes, duas delas com vista para a Mata Atlântica e uma com vista para o mar. A pandemia, em última instância, aumentou sobremaneira a procura pelo loft, que pertence aos mesmos proprietários da Pousada do Sandi, também em Paraty. Félix Jorge, que gerencia os dois estabelecimentos, comenta: “A tendência é de as pessoas buscarem cada vez mais lugares na natureza, mas agora com privacidade, ao mesmo tempo que podem contar com uma equipe treinada para zelar pela segurança e que respeite os protocolos de segurança”. O loft está instalado a 15 minutos de barco do cais de Paraty, diante de uma praia de 300 metros de comprimento. Além das três suítes, tem wi-fi, academia, sauna a vapor, equipamentos para atividades aquáticas e duas lanchas para locação. No entorno, palmeiras, pomar, horta orgânica com temperos e um jardim botânico com mais de mil pés de
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Ambientes do Loft Bom Jardim, que está a 15 minutos de barco de Paraty
palmito-juçara, lichia e maracujá. O complemento do Villa e Loft Bom Jardim está na cidade, com marina de apoio e estacionamento para carros. A consultora Melissa Fernandes, especializada em mercado de luxo e hospitalidade, está por detrás do empreendimento, com a experiência de quem, ao longo de 19 anos, comandou o Hotel Unique, em São Paulo. Diz ela: “A ideia é oferecer um excepcional serviço de hotelaria, com uma equipe afinada, café da manhã com ingredientes artesanais e acomodações preparadas de acordo com o perfil e as preferências dos hóspedes”. A Villa e Loft Bom Jardim era, em sua origem, uma antiga garagem de barcos. Foi redesenhada para se tornar um espaço moderno e arejado, com paredes de vidro que descortinam uma vista admirável. A decoração é inspirada nos estilos colonial e caiçara, com armadilhas de caça e pesca e litogravuras de aves e plantas nativas da Mata Atlântica. Objetos náuticos de mais de um século – como bússola, abajures e farol de navio antigo – também fazem parte do décor. Por ser fincado, na prática, dentro da água, o loft permite puxar barcos de apoio pequenos ou jet ski, que podem ser guardados na parte inferior da construção. A cozinha moderna é integrada à sala, com portas de vidro que se abrem para um deck de madeira. O melhor lugar para contemplar o mar e contar estrelas. Enfim, em tempos em que o isolamento passou a ser tão valorizado, a Villa e Loft Bom Jardim se apresenta como uma opção de hospedagem que une o melhor dos mundos: conforto e espaço à beça, mas com o máximo de privacidade. TP sandihotel.com.br/villas-exclusivas
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Empreendimento
Surfe longe do mar As ondas artificiais da Praia da Grama, no interior de São Paulo, atraem até grandes surfistas como Gabriel Medina e Kelly Slater Por andré boccato
Itupeva fica no interior de São Paulo, a 73 quilômetros da capital e a mais de 160 quilômetros do mar. Embora tão longe da orla, a cidade tem feito a delícia dos surfistas. Até mesmo dos maiores deste esporte. Gabriel Medina, por exemplo. Ou Adriano de Souza, o Mineirinho. A lista de campeões mundiais de surfe que se deslocaram até Itupeva inclui até mesmo o americano Kelly Slater, uma lenda das ondas. Surpreso, você decerto perguntará: mas tem onda em Itupeva? Tem. De até 2 metros. Tudo por causa da Praia da Grama. Tudo por conta de Oscar Segall. Publicitário inovador na juventude, ele tornou-se empreendedor de sucesso no setor imobiliário. Abriu o capital da empresa na Bolsa, recheou os bolsos e poderia muito bem se aposentar. Mas qual o quê! Segall resgatou seu lado surfista (que, a bem da verdade, jamais aposentou) e montou no interior de São Paulo o parque temático de surfe Praia da Grama. Apenas na imensa piscina com ondas artificiais gastou R$ 180 milhões. Sem contar o entorno.
Visão geral do empreendimento. Na página ao lado, o empresário Oscar Segall e uma surfista testando as ondas artificiais
fotos Daniel grubba e emiliano boccato
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Segall tem aquela naturalidade de surfista. Vira “brother” já no primeiro papo. E é assim, descontraído e acessível, que ele vai contando sua jornada. A tecnologia da piscinona, revela, “permite ondas de até 32 tipos distintos, com alturas e frequência diferentes”. A novidade atrai surfistas veteranos. Mas não só. “Até o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, de 48 anos, esteve por aqui, atraído pela piscinona”, conta. Sem esquecer de Ivete Sangalo e Reynaldo Gianecchini, habituês das areias itupevenses. Claro que Oscar Segall não se esqueceu dos novatos. A Praia da Grama também tem ondas menores, para eles. E conta até com escolinha de surfe. Tem a academia de frente pra praia, restaurante japonês, bar de pokes, quiosques, local até para workaholics que só querem ficar vendo os filhos surfarem. É claro que não iam esquecer da gastronomia requintada. Serve um ótimo kisù. O sucesso mora nos detalhes, não é? Pois bem, Segall é tão minucioso que as areias do empreendimento têm um tratamento especial para não queimar os pés. É tudo surpreendente. Minha neta, surfista de 16 anos, ficou embevecida. E me disse: “Estou vendo meu futuro aqui!”. E olhe que ela surfou muito pelo mundo afora, contando a Austrália e a ilha de Bali, na Indonésia. Inaugurada há poucos meses, a Praia da Grama já é um sucesso de vendas. Sim, porque o empreendimento agrega um condomínio, instalado na fazenda que deu origem a tudo, a Fazenda da Grama. A procura tem sido imensa. Ainda que os menores lotes do terreno cheguem a custar R$ 4 milhões. Na realidade, tudo tem dado tão certo que Oscar Segall, animado, revelou, à boca pequena, que pretende abrir algo similar em plena cidade de São Paulo. É esperar para ver. E surfar. TP praiadagrama.com.br
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entrevista
Sucesso sentido na pele Paulo Morais, CEO da Espaçolaser, conta a trajetória de sucesso
da maior rede de depilação a laser do país, com mais de 600 lojas próprias
Por RAPHAEL CALLES Retratos Claus Lehmann
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en ne g t ró ec vi oi ss t a
Em uma tarde de 2004, três “malucos” se sentaram para conversar. Eram Ygor Moura, Paulo Morais e Tito Pinto. O papo foi muito frutífero. A relação de Tito e Paulo se dava não só por amizade, mas por negócios em conjunto. Ygor Tinha uma clínica de tratamento estético e tito, além de amigo, era cliente do dermatologista. Entre os procedimentos oferecidos pela clínica estava a depilação a laser. À época, era um procedimento raro e de alto custo no Brasil, reservado a poucos afortunados.
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Paulo Morais sempre primou pela veia empreendedora. Foi Tito quem o alertou para uma nova possibilidade de negócio. A ideia era investir para ampliar e democratizar os negócios de depilação a laser da clínica de Ygor Moura. Começava ali o que seria uma história de tremendo sucesso. Mas não sem antes enfrentarem alguns percalços. Logo na tentativa de abrir a primeira loja da rede, que se chamaria Espaçolaser, no Shopping Center Morumbi, em São Paulo, ocorreu um entrave. O centro de comércio foi reticente. Considerou inadequado o Espaçolaser. Mais: temia que os órgãos reguladores negassem autorização para o negócio. Foram três meses de negociação. O Shopping Morumbi só aderiu à iniciativa em virtude da teimosia de Paulo e Ygor. E do espírito empreendedor deles, claro. “Hoje os shoppings já contam com uma loja nossa ainda no projeto”, diz Paulo. “Eles sabem que geramos fluxo de clientes.” Os sócios da Espaçolaser sabiam que abrir uma unidade em um shopping era crucial, para aproveitar a circulação de pessoas com poder aquisitivo. Mas não abriam mão da matriz da clínica, no bairro de Moema. Não havia, porém, capital para investir em duas onerosas máquinas de depilação. O jeito foi improvisar. Nas segundas, quartas e sextas-feiras a máquina funcionava em Moema. Às terças, quintas e sábados era levada ao Shopping Morumbi. Sim, traslados quase que diários. Para atrair clientes, Márcia, mulher de Paulo, e sua equipe chegaram, muitas vezes, a panfletar nas entradas do estacionamento do shopping, alardeando a novidade. Dezoito anos depois, a Espaçolaser é a maior clínica de depilação a laser do Brasil. Conta com mais de 600 lojas próprias, cerca de 140 franquias e atuação até do exterior, na Argentina, Colômbia e Chile. Paulo Morais conversou com THE PRESIDENT na sede da empresa em São Paulo, no bairro de Pinheiros. Ali ele lembrou a trajetória da empresa, os saltos no negócio impulsionados por sites de compra coletiva e, posteriormente, a entrada do Fundo L Catterton e da apresentadora Xuxa Meneghel na sociedade.
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e n t r e v i s t a
“Nossa primeira regra é contar com pessoas e profissionais que fazem a diferença, em um time conectado. E acreditamos em mulheres como gestoras”
THE PRESIDENT _ São 18 anos de Espaçolaser. O que mudou na sua vida desde então? Paulo Morais - Na fase inicial da empresa, eu tinha outros negócios. Inclusive, ainda advogava. Eu só ficava às quartas-feiras na Espaçolaser, onde discutíamos a estratégia e tentávamos resolver os entraves. Mas o dia a dia da empresa estava muito mais nas mãos do Ygor e do Tito. Há sete anos, admiti a necessidade de estar mais presente na operação para o crescimento que planejávamos. Entrei no dia a dia da companhia até que efetivamente passei a viver em regime full time na empresa. Os seis últimos anos foram anos absolutamente desafiadores. O número de lojas da Espaçolaser saltou de 400, em 2019, para 587, em 2020, e 717, em 2021. Um crescimento muito expressivo num momento de dificuldade para o comércio em geral. A que você deve esse sucesso? Dependemos absolutamente de lojas abertas para entregar o que vendemos. Não temos condições de fazer depilação a laser na casa de ninguém,
por questões regulatórias.. Além disso, o transporte da máquina inviabilizaria o processo. Nos últimos dois anos vivemos em um universo chamado pandemia. Você pode imaginar as dificuldades que ocorreram em uma empresa como a nossa, que é de varejo de serviço e depende de lojas abertas para entregar o que vende. Tivemos que nos reinventar dentro da nova realidade para que a companhia pudesse seguir em frente. A parte mais bacana dessa história é que vendemos serviço para entrega futura. Isso me deixa feliz porque, se as pessoas compraram, mesmo com a com loja fechada, é porque acreditaram e confiam na nossa marca. Sabem o quanto a Espaçolaser é séria. No período crítico da pandemia cheguei a trabalhar 19 horas num dia, pois acredito que meu papel é incentivar nossos colaboradores principalmente num momento tão delicado. O saldo disso é positivo. Acreditamos que haveria futuro do nosso negócio. Então investimos e continuamos a trajetória. Pensamos: “Não é hora de recuar. É hora de crescer”. E seguimos em expansão.
Quantas lojas são de gestão direta e quantas são franquias? No momento, temos 140 franquias. O restante é de gestão própria. Costumo dizer que fomos carregadores de tijolos e barriga no balcão. Cuidamos do empreendimento não só como franqueadores, mas também operando diretamente essa rede. Com um número tão grande de lojas e franquias, como funciona o treinamento de funcionários e implementação da política da empresa? A primeira regra é contar com pessoas e profissionais que fazem absolutamente a diferença. É preciso um time muito conectado. E acreditamos em mulheres como gestoras. Na Espaçolaser, 96% dos colaboradores são mulheres. São mais de seis mil colaboradores. Nos cargos de liderança da companhia, 96% das vagas são exercidas por mulheres. É um timaço que nos ajuda. Um ponto importantíssimo é treinamento, formação e reciclagem de pessoas, o tempo todo. Temos uma universidade corporativa chamada Universidade Laser, com 42 profissionais
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envolvidos nessa operação. Por lá passam todos os anos mais de 3 mil pessoas em formação, que já passam por 100 horas de treinamento. É um centro de excelência. Infelizmente, o Brasil tem uma deficiência gigantesca de formação. Educação, bem sabemos, não é o ponto forte do nosso país. Temos, portanto, um desafio importante. Na verdade, precisamos ensinar não só os procedimentos profissionais, mas até mesmo coisas básicas do comportamento. As profissionais que realizam a aplicação do laser têm formação em fisioterapia? Dentro da loja temos três profissionais. A gerente, a consultora e a profissional que aplica o laser. Nossa seleção é rigorosa. A profissional que faz a aplicação do laser é uma fisioterapeuta que passou cinco anos numa faculdade específica de formação na área de saúde. E tem mais: após todo esse período de faculdade, ela passa ainda por mais de 100 horas de treinamento na Espaçolaser. Só depois de mais de 20 dias de treinamento teórico e prático essa profissional é liberada para ir à loja fazer a aplicação do laser. E para os profissionais de fora de SP? O processo é o mesmo. Claro que o EAD, o ensino a distância, pode ajudar, mas há uma etapa da formação dessas fisioterapeutas, consultoras e gerentes que é fundamentalmente prática. Por isso, fazemos o deslocamento de 100% dessas
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profissionais para São Paulo ou Rio de Janeiro, onde temos polos de formação, para que elas recebam o devido treinamento. Como está o plano de expansão na América Latina? A Argentina foi o primeiro país onde começamos o plano internacional. Hoje, a rede comporta por lá 14 lojas. Começamos também um projeto na área de franquias na Argentina. O segundo país em que investimos foi a Colômbia. Já temos sete lojas por lá. A primeira loja foi aberta em dezembro de 2020. Pois é, abrimos a primeira loja no ano da pandemia. Quanto ao Chile, entramos por meio da aquisição de uma rede já existente de uma empresa com um histórico muito semelhante ao nosso. Nossa companhia foi fundada em 2004. A Cela, a companhia de que nos tornamos sócios, existe desde 2005. Seu fundador tem entendimentos e princípios muito similares aos nossos. Hoje a empresa se chama Cela by Espaçolaser. Você tem como formação em direito e hoje atua em uma área bastante diferente. Como foi esse processo de transição? Minha primeira formação é pela Unesp [Universidade Estadual Paulista] de Jaboticabal como técnico em agropecuária. Depois cursei direito no Largo São Francisco, em São Paulo, onde me envolvi no movimento estudantil, fui diretor-geral do diretório acadêmico 11 de Agosto, que historicamente é um centro de formação de líderes. Acabei desco-
brindo que, além de gostar muito de plantas e animais, eu gostava muito de gente. Por gostar de gente e de relações de pessoas, fiz a opção da faculdade de direito, que me daria conhecimento e embasamento, além das leis, de como se relacionar com o ser humano. A gestão de qualquer empresa, aliás, envolve a capacidade de se relacionar com pessoas. Se você tem um sonho, não basta. Você precisa fazer com que todos aqueles que estão junto com você sonhem juntos, para caminhar no mesmo sentido. Este é um ponto muito importante na condução da Espaçolaser. Com seu espírito de liderança, você empreendeu em vários outros ramos, não? Sim. Tive uma empresa de coleta de lixo, que trabalhava com algumas prefeituras no interior de São Paulo. Acabei me desligando dessa companhia e atuei na área de restaurantes. Tive o restaurante A Bela Sintra e o Trindade, em São Paulo. Depois, no varejo, me envolvi na Mundo Terra, que vende artigos de esportes de aventuras. Também fundei a revista Let’s Go Bahia. A parte mais bacana dessa história toda é que essas empresas existem até hoje. O primeiro grande crescimento da empresa veio com a moda dos sites de compras coletivas, em 2010, certo? Gosto de contar essa parte da história porque entramos nesse universo por acaso. Temos aquela prevenção de,
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“Numa empresa, ter um sonho não basta. Tem de fazer com que todos aqueles que estão junto com você sonhem juntos, para caminhar no mesmo sentido”
muitas vezes, não querer ouvir as pessoas. E acontece que as melhores ideias vêm de gente que você menos imagina. Pois bem, o Tito estava namorando uma moça que queria conversar com a gente. Pretendia nos mostrar um novo negócio, uma oportunidade. Eu e o Ygor dissemos que sim, mas com pouca vontade de ouvir. Essa moça sentou-se na nossa frente para contar o projeto dela. Explicou o ferramental, a sistemática. Na conversa, eu, tentando ser pragmático e, na verdade, tentando acabar com o papo, perguntei: “Tá bom. E quanto que vai custar tudo isso?”. Se ela falasse algum valor absurdo, eu cortaria: “Obrigado, a gente não pode agora. Segue”. Mas a moça foi muito mais inteligente e mais esperta do que eu e falou: “Não custa nada”. Perguntei, incrédulo: “Como assim não custa nada?”. Ela respondeu: “Não, para desenvolver não vai custar nada. O nosso negócio vai ser o seguinte: o que vender, você me paga um percentual. Se não vender, você não me paga nada.” Eu falei: “Bom, nessa condição...” Olhei para o Ygor e disse:
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“Meu, nessa condição para mim está tudo certo. No risco total, vambora”. No primeiro dia de entrada da nossa oferta nessa ferramenta vendemos 1,8 mil tratamentos numa rede que, naquela altura, tinha oito clínicas. Oito não são 600. Na verdade, nós criamos um problema bom para a companhia. Tínhamos pouca estrutura. Aliás, não tínhamos nem estrutura de atendimento telefônico. As pessoas queriam telefonar para esclarecer dúvidas, mas não tínhamos nem mesmo um call center. Achavam que tinham caído num golpe, passaram a ir às lojas para agendar o tratamento. Virou uma loucura. O Tito, mais desesperado e pragmático: “Pelo amor de Deus, pare de vender por esse canal”. Falei: “Não, Tito, pelo amor de Deus. É o contrário. Agora é a hora. Vamos comprar mais máquinas, vamos crescer e acelerar. Vamos dar conta do que estamos vendendo e vamos encantar os clientes”. Então, a primeira grande estilingada de crescimento da companhia de forma
forte acontece justamente por essa ferramenta que, nesse primeiro momento, nem imaginávamos que seria tão eficiente. Oferecíamos um pacote de entrada para o serviço para as pessoas conhecerem o que era o tratamento. Sabíamos que a pessoa, a partir do momento que fazia o primeiro tratamento, jamais pararia. Ora, ninguém depila apenas uma área do corpo. Uma segunda revolução dentro da Espaçolaser foi a relação com a Xuxa. A gente precisava crescer. Havia dois caminhos: franquias e lojas próprias. Não tínhamos o dinheiro para todo o investimento necessário em lojas próprias. Nem estrutura de gestão para isso. A franquia pareceu o caminho mais óbvio para um crescimento acelerado. Sou amigo há muitos anos do empresário José Carlos Semenzato, presidente da SMZTO Holding de Franquias Setoriais. Eu o consultei duas vezes sobre a possibilidade de expansão. E, de maneira muito educada, ele me disse “Não, acho que ainda não é o momento adequado”.
Em 2014, eu sabia que ele estava com a Xuxa num projeto. Conversei novamente com o Semenzato sobre a ideia e, para a minha surpresa, diferente das duas vezes anteriores a resposta foi: “Putzgrila, você está falando de um assunto que faz todo o sentido. A Xuxa mencionou inclusive dias atrás que adoraria ter algo no setor de estética e beleza”. E de que forma ela se tornou sócia? Conheci a Xuxa pessoalmente em um show dela em São Paulo e apresentei a ideia. Em janeiro de 2015, veio a resposta: ela topou. Mas, antes, queria conhecer nosso serviço na casa dela, no Rio de Janeiro. Naquela altura, a gente só tinha lojas em São Paulo, um licenciado no Sul, uma licenciada no interior e uma na Bahia. Essa era a nossa rede. No Rio não tínhamos nada. Nem máquina. Lembrei de um amigo nosso com um negócio semelhante no Rio de Janeiro com a mesma máquina. Pedimos a ele o aparelho emprestado e escalamos nossa melhor fisioterapeuta. A Xuxa ficou maravilhada com o resultado do tratamento. Falou: “Agora estou dentro”. Depois de alguns meses preparando e formulando a sociedade, em junho de 2015 lançamos o nosso projeto de franquia com a Xuxa, que passou a ser a embaixadora da marca. A popularização da Espaçolaser abriu espaço para a concorrência. Como você vê os concorrentes? Não pautamos o nosso dia a dia pelo espelho retrovisor. Aliás, quem olha demais para o retrovisor não olha para a frente e é capaz de bater no poste. Então, a nossa estratégia, como líderes do mercado, é analisar o potencial que ele tem e seguir sem muita preocupação com o que os concorrentes estão fazendo. Ao menos por enquanto. Porque esses concorrentes, até o momento, copiam as aparências, mas não a essência do que a gente faz. TP
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Nossos melhores amigos O empresário paulista Alexandre Soares é um dos principais filantropos da causa animal no Brasil. Os pets que sofrem maus-tratos têm nele um grande defensor
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Brasil tem cerca de 30 milhões de animais domésticos abandonados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). São 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. Mesmo quando têm um tutor, os pets são alvo constante de crueldade, a exemplo do que aconteceu em 2020 com o pitbull Sansão, de Minas Gerais. Ele foi amarrado com arame farpado, torturado e teve suas patas traseiras decepadas por dois homens. Hoje, passa por inúmeros tratamentos, como sessões de fisioterapia, e ganhou até próteses que vieram de Denver, nos Estados Unidos.
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Crimes como esse deram força a um projeto de lei (PL 1095/18) do deputado federal Fred Costa (do Patriotas de Minas Gerais), aprovado em 2020 e conhecido por Lei 14.064/20. Ela aumentou a pena para quem maltrata cães e gatos, com reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição de guarda. A detenção era de três meses a um ano. O que a maioria não sabe é que, muito antes de vibrar com sua aprovação, Alexandre Soares desempenhou um papel de extrema relevância nesse processo. Aos 56 anos, este paulista de São José dos Campos (SP) é um dos maiores filantropos da causa animal do Brasil. Desde cedo, o menino de origem humilde teve de lutar pela sobrevivência. Aos 14 anos, era office boy da prefeitura de São José dos Campos. Ainda adolescente, mudou-se para São Paulo, onde a mãe precisava fazer um tratamento de saúde. Uma vez na capital, conseguiu uma oportunidade como office boy na agência de publicidade de um tio. Para chegar à escola, de noite, caminhava 17 quilômetros. “Não tinha dinheiro para a condução”, conta. Apesar dessas mazelas, estudou e fez invejável carreira na publicidade. Mas sua fortuna tem origem na intermediação da venda de grandes corporações. Mais tarde, Soares deixou o mundo corporativo para abraçar os projetos sociais. Ele apoiou inúmeras ONGs/ associações, bancou projetos, pagou veterinários e envolveu-se com políticos (só assim para influenciar na legislação). Em 2020, fundou a Patas para Você, associação independente que resgata e já tratou mais de 1,2 mil bichinhos que sofreram maus-tratos. Hoje, também financia projetos da People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), Médicos sem Fronteiras, Sheldrick Wildlife Trust e Roger Federer Foundation.
THE PRESIDENT Como você se envolveu com tanto afinco com essa causa? Alexandre Soares - Desde pequeno gosto e tenho animais. Sempre tive facilidade com eles e era uma coisa recíproca. Quando me mudei para a capital, senti a necessidade de ir além e ajudar de forma mais estruturada. A partir de 2008/2009, passei a ajudar associações como o Clube dos Vira-Latas, que fica em Ribeirão Pires (SP). Por querer entender mais, passei a observar projetos em Miami, onde passo parte do meu tempo. Foi onde conheci a Paws4You, que promove muitos eventos. Lá, participei de uma corrida de 5 milhas (cerca de 8 km) no verão, em um enorme campo de golfe. Você pode levar seu
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cão ou entrar na prova a partir do “aluguel” de um dos 100 cães do abrigo, disponíveis para adoção. A cada milha, há uma piscina gigantesca inflável, cheia de gelo para o cão e água para o tutor. No final, os participantes ganham medalhas. O evento reúne vários patrocinadores, como marca de ração e estandes de produtos para pets. No final do dia, de 80% a 90% dos cães do abrigo acabam sendo adotados. Criar um ambiente para as pessoas se familiarizarem com os animais faz toda diferença. Falei para uma ONG de animais brasileira: “Vamos tentar fazer isso por aqui”. Propus comandarmos o evento no Parque Villa-Lobos, em São Paulo. Sugeri envolvermos empresas de ração, de roupinhas
para pets, de coleiras etc. Mas a tal ONG não deu a menor bola. Foram muitas tentativas frustradas? Inúmeras. Além de tirar do próprio bolso, também trabalhei muito para arrecadar fundos. Eu doei, da minha coleção pessoal, objetos autografados pelo Roger Federer para um leilão promovido pela ONG Ampara Animal. E eles arrecadaram R$ 300 mil com as peças, em 2015. Parece que pouquíssimos fazem por amor aos animais, não é? De 2009 a 2020, eu me decepcionei tanto com tantas pessoas que até perdi as contas. Foi então que ocorreu o episódio do Sansão, cãozinho de Confins (MG) que teve
“A Ásia é uma piada de mau gosto. Na China, matar animal doméstico não é crime. Cachorro é servido em pratos nos restaurantes”
as patas amputadas. Entrei no Instagram e mandei um direct para os tutores dele, que aceitaram, mas com desconfiança. Peguei um avião, fui para Confins, conheci o Sansão e me propus a ser o padrinho vitalício dele, que tem agora o melhor tratamento possível, feito por profissionais de Belo Horizonte. Eu consegui próteses para ele, feitas em Denver, no Colorado. Você já deu vários indícios, ao longo da nossa conversa, dos desafios e das decepções vividos com pessoas e associações, ONGs e Oscips de proteção aos animais. Eu me deparei com muita vaidade e pouca seriedade. Aqui, infelizmente, não é como nos Estados Unidos, onde o trabalho é feito para valer. E o mais triste é que em muitos lugares do mundo a causa animal ainda tem anos-luz para evoluir. A Europa, por exemplo, não dá muita importância. Por lá, a legislação varia de país para país. Na Suíça, por exemplo, se eu maltratar seu animal, você me
denuncia na polícia e eu pago 200 francos suíços. Se eu matar seu animal, a multa será de 300 francos suíços. Não é uma legislação séria. Ao contrário dos Estados Unidos, onde as penas são rigorosas. E o que dizer da Ásia? A Ásia é uma piada de mau gosto. Na China, matar animal doméstico não é crime. Cachorro é servido em pratos no restaurante. Já na África, a legislação é bem pesada. Mas não há recursos para policiar. E na África ainda há a questão da caça. Muitos endinheirados vão caçar por prazer. A caça ilegal é culpa da pobreza. O mercado comprador é o asiático e a equipe de caça é organizada pelos próprios africanos, que passam fome. Por uma mixaria, matam qualquer bicho. Você acredita que vivemos agora uma realidade de maior seriedade no Brasil, já que temos legislação?
O avanço com a Lei Sansão foi fenomenal. Demos um passo enorme para começar, por exemplo, a incluir a zoofilia como crime. É algo nojento e que acontece com mais frequência do que imaginamos. E não só em fazendas afastadas do interior, mas na própria avenida Faria Lima, em São Paulo, onde uma cachorrinha entrou sem querer numa obra e foi estuprada por vários homens. No Instagram do Patas para Você são publicados casos estarrecedores. Sim, infelizmente mostramos vários casos de animais que sofreram maustratos e ficaram paraplégicos. São histórias que chegam do Norte, do Sul, do Nordeste, de toda parte. Quais são seus conselhos para conscientizar as pessoas que amam os animais e querem ajudar ONGs e associações sérias? Deve-se checar a fundo o histórico da associação, avaliar o serviço prestado. Verifique, veja se é verdade, veja o que é feito. Estou acostu-
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“Para proteger animais, necessitamos de gente séria no Congresso para alterar as leis ou criar novas leis. Contamos com isso nas próximas eleições”
mado com filantropia nos Estados Unidos, país onde passo bastante tempo. Mas existe muito protetor independente sério no Brasil e que coloca seu lar à disposição de cães até que uma família adote os animais. São pessoas que, de forma independente, ajudam sem ganhar um único centavo e sem fazer estardalhaço nas mídias sociais. Olhando para a frente, o que você vislumbra? Acha que estamos evoluindo? Sim. Mas precisamos aprimorar a legislação. Precisamos de uma espécie de bonificação para abater do Imposto de Renda, de forma a criar um importante incentivo para a doação. Mas, para isso, necessitamos de gente séria dentro do Congresso para alterar as leis ou para criar novas. Contamos com isso nas próximas eleições. Já há projetos de lei à espera de votação? Vários. O de zoofilia, por exemplo. O
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deputado Fred Costa, do Patriotas, é o autor. Tenta incluir a zoofilia na Lei de Maus-Tratos a Animais com pena de cadeia. Esse é um problema recorrente, inclusive em São Paulo. Daí a importância desse projeto do Fred. Ele é uma pessoa que trabalha 24 horas por dia pela causa animal. Como funciona a Patas para Você? Eu fundei essa associação em julho de 2020, depois de me decepcionar demais com outros projetos. Mantemos mensalmente mais de 200 cães resgatados que precisam de tratamento veterinário constante. A ideia é dar qualidade de vida a tantos cães que sofreram tortura. Também ajudamos no resgate e cuidados de animais vítimas de chuvas e queimadas, em diversas partes do país, a exemplo das mais recentes ocorridas na Bahia e em Minas Gerais. Ainda auxiliamos abrigos com rações e medicamentos. Em vez de termos um abrigo, preferimos ajudar os que já existem.
O que você precisa hoje para ver a Patas para Você e a causa animal avançar no Brasil? Gostaria que a legislação mudasse para que tivéssemos o apoio de empresários que se sensibilizam e podem nos ajudar financeiramente. Porque hoje eu gasto integralmente do meu bolso. Tudo que mencionei acima não vem de terceiros. E como poderia vir? Só se houvesse uma legislação que incentivasse alguém a doar esses recursos. Sem isso, é muito difícil encontrar quem doe. Deveria existir alguma lei que permitisse abater no Imposto de Renda. Existe, mas o percentual é pequenininho, tão irrelevante que não faz diferença. Precisa haver uma modificação na legislação, criando um benefício maior para quem doa. Só assim para vermos um movimento real em volume e constância nas doações. TP
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MA I SU MAME D A L H AP R AN O S S AC O L E Ç Ã O !
U MO R G U L H OP A R AN Ó SB R A S I L E I R O S .
Pr oi bi daav endadebebi dasal c oól i c aspar amenor esde18anos Sebebernãodi r i j a-Apr ec i ec om moder aç ão
F ot o: @r evi s t anos eout r os ol hos
daniel sahagoff restaurateur do Cantaloup, do Levels e do Loup cena paulistana
Midas
da alta cozinha
Daniel Sahagoff, o perfeccionista restaurateur do Cantaloup e Loup, em São Paulo, abre as portas de um novo empreendimento Por Marco Merguizzo
Como na F-1, onde pilotos e mecânicos ajustam engenhosamente os motores dos carrões, ele se considera um “acertador de restaurantes”. Ou ainda um maestro preocupado com a harmonia de sua orquestra, que anseia por sessões lotadas, aplausos de público e crítica quando as “cortinas” se abrem e o “show” começa nos almoços e jantares do Cantaloup e do Loup. Além de um criador de restaurantes, o restaurateur Daniel Sahagoff é um Midas da cena gastronômica de São Paulo. Seu toque sutil e perfeccionista pode ser observado em cada detalhe de suas duas criações – desde o projeto arquitetônico, a concepção e proposta culinárias à escolha de cada prato e, tarefa de que não abre mão, a rigorosa seleção dos profissionais de cozinha e do salão, treinados por ele. “Quem trabalha comigo sabe que faço questão de estar presente no dia a dia. O maior crítico das minhas casas sou eu”, diz.
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Paulistano com raízes nos Jardins, classe de 1963, graduado em administração de empresas pela FGV (Fundação Getulio Vargas), cozinheiro nas horas vagas, Sahagoff abriu agora o Levels Lounge Bar, que tem tudo para trilhar o sucesso dos antecessores. O Cantaloup, sua primeira e maior criação, é reverenciado e aplaudido há mais de 25 anos. Apontado como um dos melhores endereços contemporâneos da capital paulista, o restaurante pioneiro também acabou se tornando um celeiro de grandes chefs, casos de Jefferson Rueda, Naim Santos, Paulo Barros e Valdir Oliveira. Detalhista e ultraexigente, porém gentil no trato com funcionários e clientes, Sahagoff começa a trabalhar às 8h, depois de deixar a filha Olivia na escola. Seguem-se não menos que 12 horas de batente. O alto nível alcançado por suas casas repousa em três pilares: “O ambiente sofisticado, mas acolhedor; a sutileza e a discrição do serviço e a comida excepcional”.
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THE PRESIDENT _ O que você fazia antes de abrir o Cantaloup? Daniel Sahagoff - Minha família era dona uma distribuidora de produtos farmacêuticos. Eu mal havia terminado a faculdade, feito um estágio na Nestlé e outro numa consultoria quando meu avô, que comandava o negócio, teve um câncer fulminante. Aos 22 anos, tive de assumir do dia para a noite uma empresa fundada em 1937 e com funcionários com mais tempo de casa do que eu de vida. Pouco tempo depois, recebi uma proposta para vender a empresa e o que era um hobby e passatempo – sempre amei cozinhar - virou um negócio sério, cujo envolvimento exige dedicação total durante os 365 dias do ano.
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Já se passaram quase três décadas do Cantaloup. Dava para imaginar essa longevidade e tamanho reconhecimento? Jamais. As estatísticas de fechamento de restaurantes em São Paulo e Brasil são altas. Desde a época em que abrimos, ficaram pelo caminho, por exemplo, casas como Don Curro, La Cocagne, Le Coq Hardy, que pareciam eternas. Aos 32 anos, por mais paixão, conhecimento, consultoria de um grande chef ou garra que eu tivesse, não conseguiria imaginar a quantidade de desafios a ser enfrentada. Muitos acham que é abrir a casa e fazer um bom trabalho para que os resultados apareçam naturalmente. Mas a realidade é bem diferente. É
preciso trabalhar muito, estar sempre motivado e sintonizado com tudo o que acontece. Costumo comparar nossa atividade a uma peça da Broadway: você ensaia, ensaia e ensaia, e, quando as cortinas se abrem, não se sabe se haverá apoio do público, da crítica especializada e caixa para pagar os atores. O Cantaloup acabou sendo pioneiro e revolucionando o setor, estimulando a abertura de novas casas. A ideia inicial era começar pequeno, com uma proposta culinária nova que não existia na cidade, cujo cenário era dominado por restaurantes italianos, portugueses, franceses e churrascarias. Mas a oportunidade de realizar
“Tenho profissionais no Cantaloup que estão comigo há mais de 20 anos. Alguns até se aposentaram depois de 25 anos de trabalho na casa. Isso foi fundamental para a nossa longevidade”
um projeto no imóvel no qual o Cantaloup está até hoje, na rua Manuel Guedes, que ninguém sabia onde ficava, me fez investir na vertente contemporânea sem fronteiras, que bombava à época em cidades como Nova York, Paris, Londres e Tóquio. Sobre esse início, tem até uma história engraçada. Os vizinhos achavam que o local, durante as obras, ia abrigar um novo Café Photo, uma casa de encontros, e houve uma certa resistência e até embargos. No início, tivemos a consultoria do Laurent Suaudeau [chef francês consagrado que atuou no Rio e, atualmente, em São Paulo, reconhecido pela sua gastronomia franco-brasileira desde os anos 1980], que deu o norte ao nosso trabalho, parceria que durou seis anos. Desde então, a proposta do Cantaloup permanece atual. Viramos referência e uma escola que formou e forma gerações de profissionais. Quais chefs do Cantaloup podem ser considerados crias suas e da casa? A lista é grande. Tenho muito orgulho
de o Cantaloup ter sido – e continua sendo – um celeiro de talentos. Vou citar apenas os da fase inicial da casa: Douglas Santi, Paulo Barros (responsável pela praça de massas), Jefferson Rueda (nas carnes), Naim Santos (melhor candidato brasileiro no concurso Bocuse d’Or) e Valdir Oliveira, hoje consagrados dentro e fora do Brasil. Quais os pilares da culinária do Cantaloup que permitiram manter essa regularidade de alta performance? Embora não cozinhe nos restaurantes, até por falta de tempo, me considero, como na Fórmula 1, um “bom acertador de carros”. Adoro provar e colocar a mão na massa dando sugestões ao piloto que está no cockpit da cozinha. Meu paladar foi treinado desde pequeno. Graças aos meus pais, sempre pude ir a bons restaurantes, não só aqui mas do mundo inteiro. Isso me proporcionou esse background e uma certa intimidade com a culinária. Sei acertar com o chef o que falta
na receita, propor e incorporar novos pratos para torná-los vibrantes e atuais, porém sem descaracterizar a proposta original que os inspirou. Quais os segredos para manter uma casa no topo durante tanto tempo? Sou perfeccionista e isso explica em boa medida a longevidade do Cantaloup. Para ancorar e manter o alto nível de uma cozinha ao longo de tanto tempo é preciso muita paixão, profissionalismo, dedicação e trabalho duro. Tenho profissionais no Cantaloup que estão comigo há mais de 20 anos, alguns até se aposentaram depois de 25 anos de casa. Isso foi fundamental para a nossa longevidade. Todo perfeccionista tende a ser um sujeito chato com os comandados. Mas você aparenta ser uma pessoa suave e afável. Como consegue? No negócio onde atuo, ou em qualquer outro, se eu tiver um comportamento irascível, desrespeitoso, estou morto. Aprendi com meu avô Jacques, meu
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mentor, que quando se grita com alguém, perde-se a razão. É fundamental dialogar. Se você não der o exemplo, perde toda a confiança da equipe.
A consolidação do trabalho só vem depois de cinco anos. Este é o grande teste e o marco definidor do sucesso de uma casa.
Que tipo de falha mais o incomoda nos restaurantes? O serviço ruim. É o que mais pega. Um serviço de má qualidade no salão compromete todo o trabalho da cozinha. É preciso que seja eficiente, cortês e gentil. Também me incomodam preços abusivos, sobretudo em vinhos e bebidas em geral. Isso mata a experiência da harmonização e limita o poder de sedução da casa. Procuro sempre oferecer rótulos com margem de lucro que façam o cliente abrir uma ou mais garrafas.
O que é mais importante: transpiração ou talento? As duas coisas. É importante que as equipes saibam que estou sempre junto delas, dialogando, corrigindo a trajetória e encontrando soluções. Se eu não souber dos problemas não teremos a chance de corrigi-los. Meus funcionários sabem que sou um dono presente.
Como consegue atuar nas três casas? Confesso que já dormi melhor [risos]. Fico mais tempo nos restaurantes do que na minha própria casa. Convivo mais com o pessoal das minhas equipes do que com a minha filha de 7 anos, a Olivia, que é a coisa mais importante da minha vida. Por volta das 8h já estou no ar organizando a agenda do dia. Inicio no Cantaloup e depois peregrino pelas outras duas casas. Faço questão de que as minhas equipes vejam que estou sempre por lá, me importando com o cotidiano. No final do dia, reservo um tempinho para ficar com a Olivia. Só termino a jornada por volta da 1h da madrugada. Quando um dono de restaurante sabe que o negócio deu certo?
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Você deve ter muitas histórias para contar do Cantaloup e do Loup. Alguma curiosa? Teria muitas histórias para contar, mas não costumo falar sobre clientes. Talvez a nossa maior dificuldade tenha sido a adaptação da escola europeia, ultrarrigorosa, para a realidade brasileira. No início, tínhamos, por vezes, um ambiente tenso, algo contraproducente em uma cozinha. Isso gerava estresse. Ao constatar algum erro na execução de alguma receita, o chef chegava a atirar o prato no chão, gritava com a equipe de cozinha. Muitas vezes fui obrigado a interferir para que não saíssem na mão e essas situações fugissem ao controle. Com a inflação, o dólar em alta e as restrições da quarentena, quais os desafios nesses dois anos de pandemia para manter a qualidade de um
restaurante de alta cozinha? Foi um momento único e terrível, sem saber o que aconteceria no dia seguinte, vivendo um dia atrás do outro, rezando e torcendo para estar com saúde e poder trabalhar. O isolamento afetou muito o setor. Foi um enorme desafio, já que meu cliente não estava acostumado ao delivery. Tivemos dificuldade até de encontrar um fornecedor de embalagens. Há dois anos não sei o que é trabalhar em casa. Como eu poderia exigir que os funcionários se arriscassem se não estivesse junto deles? Felizmente naquele momento inicial [em 2020] não houve nenhum caso de contaminação. Agora com a ômicron, que é mais leve, sim, tivemos alguns casos. Mas essas dificuldades acabaram sendo superadas por conta da sinergia que sempre houve nas equipes do Cantaloup e Loup. Em sua opinião, a pandemia foi um divisor de águas para o setor de restauração? O que muda daqui para a frente? As pessoas ficaram muito mais atentas com a questão da higiene. Acredito muito no conceito de entretenimento e não só na gastronomia. Em cidades grandes como São Paulo, o ambiental social acaba acontecendo dentro dos restaurantes. Essa é a proposta das casas que participo, Cantaloup, Loup e do Levels Lounge Bar. É um mercado que tende a crescer muito, com uma demanda cada vez maior. TP
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Do amargo ao ácido, um portfólio de cervejas especiais para surpreender o seu paladar
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Nacionais ou importadas, as cervejas artesanais e premium vêm conquistando o paladar dos brasileiros há algumas décadas. Criando sua própria cultura no país, já são servidas em temperaturas não tão baixas e em ocasiões especiais. A Casa Flora reconhece esse novo cenário e apresenta algumas das melhores marcas em seu portfólio, como a elaborada Leopoldina, a criativa Tarantino e, com exclusividade no Brasil, a linha completa da tradicional alemã Paulaner. É um belo conjunto de estilos, que, com certeza, vai agradar o seu paladar.
Da esquerda para a direita: Tarantino Wit Bier, Tarantino ZN Lager, Tarantino Miracle IPA, Paulaner Weissbier, Paulaner Weissbier 0.0, Paulaner Salvator, Paulaner Münchner Hell, Leopoldina Red Ale e Leopoldina Pilsner Extra
Para mais informações: casaflora.com.br casafloraimportadora
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Comida italiana autêntica e leve é a orientação da Foglia Forneria e Pizzaria, que abre suas portas na Vila Nova Conceição, em São Paulo Por Ricardo Prado Fotos Claus Lehmann
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Sérgio Degese e Marcelo Fernandes, os sócios da nova casa paulistana
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O lugar serve uma comida leve, mas afetiva, em um ambiente onde convivem nas estantes fotos de Miles Davis e dos Rolling Stones. Há também grandes latas de pomodori pelati, exemplares da coleção Bom Apetite, que mudou o cardápio de muitas casas brasileiras nos anos 1970, e, ainda, revistas, livros já lidos, belos vidros que algum dia trouxeram azeite e uma cozinha à vista de todos – com um crepitante forno a lenha ao fundo. Tudo isso com muita luz natural, bem aproveitada no projeto do escritório Athié Wohnrath. O tal lugar também tem uma charmosa varanda, um mezzanino para reuniões e um balcão para aqueles que, em vez de almoçar ou jantar, preferirem beber e petiscar iguarias criadas pelo chef consultor Franco Ravioli. Mas será uma pena se não estenderem a conversa para as mesas, porque lá encontrarão o cerne (sempre macio) da proposta da Foglia Forneria e Pizzaria: comida leve, com uma interpretação contemporânea e criativa da tradição italiana, feita com bons insumos. A criação é de Marcelo Fernandes e Sérgio Degese, a dupla que naquele mesmo espaço era responsável pelo sucesso do Kurâ (agora em Pinheiros) e do quase vizinho Kinoshita, na mesma Domingos Fernandes, coração da sofisticada Vila Nova Conceição. Pois ali os dois identificaram a carência de um bom restaurante de comida italiana. E como nada do que Fernandes faz é trivial (vide D.O.M, Attimo, Mercearia do Francês, Tradi, além dos japoneses já citados). Para Degese, ex-Moët Hennessy, aquele seria o primeiro filho gastronômico que veria nascer desde a concepção, o planejamento resultou longo e meticuloso. Só de cozinha foram 150 dias criando e aperfeiçoando uma infinidade de pratos que respondessem ao desafio de mostrar que há, sim, comida italiana leve. Há poucos dias chegaram ao cardápio final – por enquanto não divulgado, mesmo que este repórter tivesse insistido. Será preciso ir até lá para conferir o que essa dupla de criadores de ótimas experiências gastronômicas trouxe desta vez, sabendo que a saída da refeição, seja ela qual for, será com uma agradável sensação de saciedade e leveza. Que talvez convide a um passeio pelo bairro, em dolce far niente.
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19 vinhos nota 100 de Robert Parker e mais de duzentos rótulos acima de 90 pontos.
Markus Molitor busca a máxima expressão do terroir, com a mínima intervenção, tendo como lema “80% inclinação, 90% Riesling e 100% paixão”. Em 2013 recebeu sua primeira nota 100 de Robert Parker e desde então, 19 rótulos de Molitor alcançaram a nota máxima e mais de 200 de seus vinhos possuem mais de 90 pontos na Wine Advocate. Um símbolo de Mosel.
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THE PRESIDENT _ Como e quando nasceu a ideia da Foglia? Sérgio Degese - Foi no começo de 2021 que decidimos criar uma forneria, e começamos a construir o conceito. Depois veio a parte de desenho, de instalações e também de escolher um bom chef consultor. Foi aí que decidimos trabalhar com o Franco Ravioli, que é de uma geração que tem um histórico muito grande em pizzas e massas, e também contamos com a juventude do Lorenzo Ravioli, o filho dele. Foi o campeão da última edição do MasterChef Júnior. Depois contratamos um estúdio de arquitetura, o Athié Wohnrath, que interpretou o que nós queríamos, sabendo combinar pedra, fogo e madeira em uma
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ambientação leve. Marcelo Fernandes - Quando o Kurâ foi para Pinheiros eu já tinha um desejo de fazer uma forneria e uma pizzaria na Vila Nova Conceição em virtude da carência que tem o bairro. E o Sérgio foi decisivo: “Já que o bairro é carente de uma oferta de qualidade, e já que a gente tem esse espaço, que é um espaço maravilhoso, vamos em busca de pôr alma, pôr energia, pôr alegria e, principalmente, pôr calor”. E qual foi o conceito por trás da criação do Foglia? SD - A leveza de uma folha... Eu me lembro sempre que comia pizza na Argentina, quando eu era jovem [Sérgio nasceu na Argentina e atuou na
Moët-Hennessy. Saiu depois de 12 anos como diretor geral]. Pingava azeite daquela pizza, e manchava as calças. E quando fui à Itália, sentia que a pizza de lá era diferente, era leve. Por quê? Porque tem uma fermentação feita de maneira diferente. Você come uma pizza e pode ir caminhar tranquilamente. Então, a ideia nossa de criar o Foglia vem mesmo da palavra foglia, que é folha em italiano. É a leveza que queremos na comida, no cardápio, no atendimento, no ambiente, que tudo seja leve. Por quê? Porque o brasileiro está procurando leveza. Que tipo de comida italiana a pessoa vai encontrar aqui? MF – A gente debateu muito. O Sérgio dizia: “E se a gente criasse
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A melhor expressão dos solos vulcânicos do Etna
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uma forneria e pizzaria artesanal, onde tivesse um panino com uma massa feita com fermentação lenta e, mais do que isso, com uma boa farinha, justamente para você poder se sentir bem depois? Então vamos ter um balcão de saladas para o almoço, porque acreditamos que o bairro tem uma vocação muito interessante e uma carência de saladas bem-feitas, ali na hora, com bons insumos, respeitando-se a sazonalidade, e também algumas massas, vegetais e algumas proteínas, tudo caseiro, artesanal, as pastas e os panini feitos aqui. Algo que retrate um pouco a ideia de comfort food. Imagino que vai agradar o perfil e a característica do bairro.
A carta de vinhos, pelo histórico do Sérgio, deve ser um dos destaques, não?
jantar. Ou então vir e encontrar um pessoal e depois ir para a mesa.
SD – Sim, nós já temos uma adega excepcional e ainda estamos escolhendo quem mais vai fazer parte desse time. Boas marcas não vão faltar. Vamos ter alguns (poucos) vinhos brasileiros, também chilenos, argentinos, italianos obviamente, e alguns franceses. Fora a linha de champanhe, porque o pessoal gosta de comemorar. MF – A ideia é uma carta que seja superoriginal, mas não muito extensa. Também temos uma expectativa muito grande em relação ao bar, o nosso cartão de entrada.
SD – Essa é a ideia. Temos a varanda integrada, que é maravilhosa porque você pode beber um chope, um vinho, comer um petisco e não necessariamente jantar. Pode vir um pouco antes, pode ter algo a mais para depois do jantar.
Ou seja, a pessoa pode vir ao Foglia, tomar um chope, por exemplo, e não
Foglia Forneria e Pizzaria Artesanal Rua Domingos Fernandes, 548 – Vila Nova Conceição – São Paulo, SP @fogliaforneria
E o funcionamento, como será? MF – De segunda a segunda, almoço e jantar. No domingo vamos ter uns pratos tradicionais, uma pata de cordeiro com batatas bolinhas, aquela coisa gostosa para reunir a família. E de segunda a sábado almoço executivo, com um balcão de saladas. TP
Vinhos emocionantes e deliciosos, ligados à terra onde são elaborados.
Pelas mãos do aclamado Frascisco Baettig, os vinhos são elaborados de forma artesanal com intervenção mínima para alcançar a máxima expressão do terroir. As uvas são colhidas no momento certo, fermentadas com leveduras selvagens, e usando o carvalho com moderação. Tudo para produzir vinhos com a mais alta qualidade e a maior expressão de Viñedos Los Suizos, na cidade de Traiguén, no Chile.
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Ambiente de tabacaria implantado no Così
Così inaugura espaço de charutos Mais um motivo para apreciar a culinária e os drinques da concorrida casa paulistana Por ney ayres O Così, ótimo restaurante na região dos Jardins, em São Paulo, ganhou uma atração a mais. Trata-se de um espaço no andar superior, destinado a apreciadores dos puros. Ou seja, charutos. A novidade é uma parceria com a Caruso, a mais antiga tabacaria do Brasil. As marcas se unem para oferecer uma experiência exclusiva. Além da degustação de charutos, lá estão o cardápio exclusivo do chef Renato Carioni e os drinques assinados pelo mixologista André Caveagna. O espaço é confortável, com poltronas de couro. Tem sistema de exaustão especial e um telão de led para apreciadores de esportes. O lugar ideal para apreciar os melhores charutos de Cuba, Equador, El Salvador e República Dominicana. Acessórios especiais para fumantes estão à venda, de cinzeiros a maçaricos. Os drinques foram autorais desenvolvidos especialmente para harmonizar com os puros. Pode ser, por exemplo, o Coffee Brand. Agrega Jerez, Kahlua, Fernet, limão e espuma de café com gengibre. Que tal um Black Mojito? É composto por Rum Kraken, xarope de hortelã, limão e Club Soda. Para completar a experiência, há deliciosos petiscos para compartilhar, seja o arancini (bolinho de risoto acompanhado de creme de ricota), os camarões empanados (servidos com purê de abacate) ou a crochetta de cordeiro. Sanduíches também estão no menu, incluindo sucessos do Così, como o lobster roll (feito com lagosta e acompanhado de brioche de abóboras e chips de mandioquinha). Aos sábados, serve-se a lasanha do chef. A tabacaria tem entrada gratuita para associados do Clube Caruso. Não associados pagam R$ 250 de consumo mínimo. O ambiente pode ser fechado para confrarias e eventos. TP Caruso Lounge Jardins Rua Haddock Lobo, 1.589 – Cerqueira César – São Paulo, SP (11) 3061-9543
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Gastronomia para todos os sentidos. Rua Manuel Guedes, 474 - Itaim Bibi, São Paulo Telefone: (11) 3165-3445 @ cantalouprestaurante FEV/MAR.2022 |
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Chegou o IMMA! O novo restaurante já agita o bairro do Jardim Europa, em São Paulo
O chef Marcelo Giachini inaugurou recentemente o seu restaurante IMMA, na rua Emanuel Kant, no bairro do Jardim Europa, em São Paulo. Escolheu para o nome o que seria o apelido do filósofo alemão. O restaurante nasce de um sonho. Giachini cozinhava para os amigos, que o incentivaram, animados, a se tornar um chef profissional. Formado com honra e mérito na tradicional escola francesa Le Cordon Bleu, como o melhor aluno da turma, e dono de muitas referências em produtos por sua trajetória como executivo da Casa Flora Importadora, Giachini chegou com tudo. Para compor o cardápio do IMMA, criou uma cozinha com influências de cada etapa de sua jornada. Lá estão os sabores ibéricos, mediterrâneos, italianos, com um toque em comum: o afeto. Sim, porque o menu despretensioso convida o comensal a sentir-se em casa. Poderia ser classificado como “cozinha rústica” no que diz respeito à valorização dos produtos. Ou também pelo fato de a maior parte dos pratos ter o cozimento e a brasa como cocção principal. No entanto, a técnica de Giachini, mais a cuidadosa elaboração, traz a cada receita uma elegante sofisticação do simples. A cozinha do IMMA transmite acolhimento, prazer e bem-estar no seu sentido mais sábio: comer bem é viver bem. Para isso oferece um ambiente despojado e autêntico, com cozinha e bar integrados ao
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A costela, o mil-folhas e o carpaccio de pescados: refeição completa
salão. O espaço é aberto e com áreas verdes, um lugar que amplia a luz do dia e romantiza com iluminação especial a noite. Tem capacidade para receber 90 pessoas. Há também uma sala no piso superior, arejada com bela vista para o jardim, que pode ser espaço privativo para eventos com capacidade para 20 pessoas. Embora recente, o menu já tem três pratos de destaque. A Costela é macia, cozida na mesma temperatura por 24h e finalizada em forno a lenha. Temperada com sal grosso e alecrim, vem acompanhada de um mil-folhas de batata, regado em uma redução do molho da própria costela com acréscimo de vinho tinto. Já o Porco de Crosta Crocante é uma panceta suculenta por dentro, com uma casca tostada. Acompanha purê de batata e salada de folhas verdes com vinagrete de Jerez. O Carpaccio de atum,
robalo e salmão , por sua vez, tornou-se outra estrela do menu. Entre as sobremesas, destaque para o mil-folhas com creme pâtissière. Os drinques também merecem destaque. O mixologista é o baiano Rodolfo Bob, com mais de 20 anos de experiência. Foi finalista em 2019 da disputa Patrón Perfectionists. Uma de suas criações é o Old Hickory, um blend de vermutes italiano e espanhol, vermute seco francês, bitters de laranja e creole. O Reinés homenageia o fotógrafo Tuca Reinés. Agrega vodca de pera, gim, pepino, espumante e bitter de laranja. Muito refrescante. TP IMMA Rua Emanuel Kant, 58 – Jardim Europa – São Paulo, SP (11) 3064-6254
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O elixir de mais de 2.200 anos O 43 é descendente direto de uma bebida criada no ano 209 antes de Cristo. Vai muito bem mesclado ao café Por Raphael Calles
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O longevo licor é encontrado hoje em três versões: Horchata, Original e Baristo. Todas perfeitas para coquetéis
Quarenta e três ervas secretas infusionadas, em uma receita que perdura há 2.231 anos. Liqvor Mirabilis foi assim chamado em 209 a.C., quando os romanos conquistaram Carthago Nova, onde hoje é Cartagena, na Espanha. A bebida, um elixir adocicado que provoca as mais diversas sensações no paladar, continuou a ser produzida em segredo, mesmo depois de sua proibição, assim determinada para “evitar as tentações”. Por sorte (e para a nossa sorte), a receita foi passada por gerações e gerações, até que a Família Zamora começou a engarrafar Liqvor Mirabilis, em 1946. Naquele momento, a bebida já ganhava outro nome: 43. O blend de ingredientes é um segredo guardado até hoje. Apenas poucos afortunados têm o privilégio de saber o mix de especiarias e frutas ali contidas. Mais uma vez, a sorte está do nosso lado: desde os anos 1960, a bebida, que era quase uma exclusividade da Espanha, ganhou o mundo graças a turistas que visitavam as praias da região. Os viajantes levaram o 43 para os quatro cantos do mundo. Nos anos 2000, já eram mais de 50 países que contavam com a presença de 43.
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Café & Licor No século 19, nasce Carajillo, uma mistura de café com licor. Diversas são as histórias da origem deste nome e da tal combinação. De Cuba, a mescla de café com rum desperta e dá “coraje” para batalhas que soldados espanhóis teriam de enfrentar. De Barcelona, o escritor e jornalista Josep Pla descreve que o nome vem de “que ara guillo”, em catalão. A expressão significa “já me vou” e era usada por tropeiros, que misturavam café e licor em um mesmo copo pela necessidade de consumir algo rápido em seu pouco tempo de descanso. Há ainda a versão nascida na América Latina e levada para a Espanha: os espanhóis serviam a mistura para negros escravizados para que começassem o dia com energia e coragem. Os tempos passaram e café e 43 se encontraram. Carajillo, agora, também é Carajillo 43. O coquetel foi eleito o preferido no mundo no ano de 2020 pelo Difford’s Guide, maior guia internacional de coquetelaria. A receita não tem segredo: 50 ml de café expresso, 50 ml de Licor 43 e gelo. Muito gelo. O blend foi alvo de uma experiência que THE PRESIDENT vivenciou em Campos do Jordão (SP), no hotel Six Senses Botanique, a convite de Licor 43. Na ocasião, o 43 foi utilizado em suas diferentes versões – Horchata, Baristo e Original. Claro que o Carajillo teve vez. Para ele, utiliza-se o Original. As combinações são infinitas, já que os diferentes blends de café, ao entrarem em contato com o licor, se fundem em uma experiência nova a cada drinque. Uma delas lembra um adocicado mocha americano, com notas de caramelo. Outra tem notas de torrado, quando misturado a um Ristretto italiano, pedida ideal para acompanhar charutos. TP
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O café é um dos ingredientes preferidos para um mix com o 43
"Com uma culinária rica em tradicionais pratos tipicamente portugueses, o restaurante Marialva trás um clima elegante e sosticado."
@marialvaoficial
Rua Haddock Lobo, 955 - Jardins Reservas: (11) 95956-0546 ou (11) 3061-0261 FEV/MAR.2022 |
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na serra O aclamado chef Luciano Boseggia criou uma refeição especial para a Trattoria Noce, do Hotel Boutique Quebra-Noz, em Campos do Jordão Por andré boccato
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O Hotel Boutique Quebra-Noz, de Campos do Jordão, a 182 quilômetros de São Paulo, sabe alinhar a tradição ao moderno. Também se esmera em unir a natureza a uma visão cosmopolita. Outro de seus atributos é reconhecer que a hospitalidade precisa ser acompanhada de uma gastronomia de primeira. Dessa concepção nasceu o restaurante interno, a Trattoria Noce. É bom lembrar que os sócios do Quebra-Noz são não só aficionados da boa mesa, mas também pesquisadores da enogastronomia. Já viajaram mundo afora com olhos atentos para conhecer com profundidade a comida e o vinho de cada canto. Sempre com preferência pela tradição italiana. Dessas afinidades surgiu um estreito relacionamento com o chef Luciano Boseggia. Trazido da Itália em 1985 para comandar a cozinha do Fasano, ele esteve à frente da casa por 14 anos, antes de alçar voo próprio. Desta feita, foi desafiado pelos proprietários do hotel a criar um prato que, antes de tudo, valorizasse os ingredientes regionais. “Ressaltar as produções locais e típicas da Serra da Mantiqueira era o intento”, ressalta Sidney Isidro, diretor do hotel.
Surgiu assim o Menu di Luciano Boseggia, uma refeição completa, estrela do cardápio da Trattoria Noce. O prato principal é o Quebra Noz – Filet de Vitelo, com fonduta de Pecorino Romano e creme de trufas negras. É acompanhado por pontas de aspargos al dente e risotto de morangos com nozes. Segundo Boseggia a primeira inspiração foi a beleza do lugar. “O restaurante está instalado em uma área aconchegante e integrada ao bosque de araucárias”, explica. A segunda ideia do aclamado chef foi adicionar ingredientes que pedem um bom vinho. Deu certíssimo: o prato reúne sabores marcantes, mas devidamente equilibrados. Rafael Marcandali, sócio do hotel e restaurante, acredita que a iniciativa valorize não apenas seus empreendimentos, mas a gastronomia de Campos do Jordão como um todo. Diz ele: “O momento exige, sim, cuidados. Mas se organizados com prudência, os eventos gastronômicos agregam elegância, movimento, socialização e aquecem o mercado hoteleiro”. O Menu di Luciano Boseggia compreende uma deliciosa entrada, o Ricordi di Montagna. Trata-se de uma polenta cremosa com ragu de cogumelos. O gran finale é a sobremesa Dolce Autunno, uma tartelete com geleia de figos acompanhada de sorvete de baunilha. TP Em sentido horário, o prato QuebraNoz, o chef Luciano Boseggia e o saboroso Dolce Autunno. Na página ao lado, vista do Hotel Quebra-Noz
Hotel Boutique Quebra-noz reservas@quebranoz.com.br Reservas: (12) 3663-4889.
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de mixologistas de São Paulo Por NEY AYRES
Toque de exclusividade Com experiência de mais de 20 anos de coquetelaria e vários prêmios conquistados, o mixologista Alê D’Agostino é o responsável pela carta de drinques servida no Priceless, complexo gastronômico da Mastercard, no terraço do Shopping Light. Há de tudo à disposição do bom bebedor. Contando aí coquetéis inspirados na região nordestina dos sertões. Destaque para o Elixir do Sertão, feito com vodca, rum, jerez, angostura e destilado de rapadura. Já o Deleite de Cachaça é elaborado com sur l'orange, bourbon, cachaça Alzira, vermute rosso e destilado de doce de leite. Uma excelente opção para o verão é o Leonard. Agrega amaro Scarlatti 25 ml, vermute bianco APTK e tônica. Priceless Rua Formosa, 157, Rooftop, (11) 2853-0373, booking-priceless.com.br
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Boas surpresas O recém-inaugurado bar-restaurante Boato, instalado no bairro paulistano do Itaim Bibi, tem atrás do balcão a atual campeã da etapa brasileira do concurso World Class. Estamos falando de Bianca Lima. Ela apresenta criações delicadas baseadas em muita técnica e no uso de ingredientes inusitados no universo da coquetelaria. É o caso do Cochicho. O drinque leva whisky Chivas Regal 12 anos, mix de cogumelos na manteiga vegana, vinho do Porto e bitter de cacau. A carta da casa também tem uma seção de spritzes com opções como o Seltzer Spritz, feito com Aperol, Hard Seltzer de uva branca com tomilho e manjericão e prosecco Martini.
Boato Rua Pedroso Alvarenga, 1135 Itaim Bibi, São Paulo, SP (11) 4040 3676 espalheoboato.com.br
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Coquetéis autorais O Papaya Café é um novo gastrobar, instalado no coração do Itaim Bibi. Foi inspirado nas casas da charmosa região da Costa Amalfitana, na Itália. O cardápio de bebidas é assinado pelo chef de bar Paulo Ramos e apresenta 14 coquetéis autorais. Entre eles, o Grotta Azzurra. Leva licor Curaçau Blue, gim infusionado com flor de fada, xarope de hortelã e tônica. Já o Bere Condividere é um mix de limoncello artesanal, Lillet, espumante e frutas. Papaya Café Rua Pedroso de Alvarenga, 1055 Itaim Bibi – São Paulo, SP – (11) 3168 1667 papayacafe.com.br
Para levar para casa A APTK Spirits é uma empresa paulistana, pioneira na produção de coquetéis engarrafados e bebidas alcoólicas. O Negroni Clássico foi o primeiro lançamento, em 2017. Depois, veio o Negroni Jerez, uma releitura feita com vermute Circollo Bianco e jerez. Old Fashioned, Boulevardier e Dry Martini também estão na linha dos clássicos APTK. Em 2020, a empresa agregou destaques para as bases. São o Gin Nº1 e o amaro Scarlatti, ambos 100% brasileiros, naturais e orgânicos. Há ainda criações boladas especialmente para clientes, mas que também entraram no portfólio. Assim ocorreu com o Hole in One e o Gallo Tropicalle, também vendidos no site. APTK Rua Haddock Lobo, 1626, segundo piso, Cerqueira César – São Paulo, SP (11) 99866-9119 aptkspirits.com
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De primeira Três tintos e um branco selecionados especialmente para você Por ney ayres
Maquis Franco 2011 Considerado um dos melhores vinhos do Vale do Colchagua, no Chile, este Cabernet Franc da Viña Maquis conquistou altíssimas pontuações e reconhecimento internacional. Ganhou elogios da revista Wine Advocate e dos respeitados críticos James Sucking e Andreas Larsson. A Maquis esta associada à produção de vinhos desde o século 18, quando as vinhas pertenciam à congregação jesuíta Companha de Jesús. Os religiosos escolheram o terroir ideal, entre os rios Tinguiririca e Chimbarongo. Versátil, o terreno é propício ao cultivo de cepas como Cabernet Franc, Carménère e Malbec, entre outras. Hoje a Maquis está nas mãos da família Hurtado, que faz colheita manual. Este vinho descansa ao longo de 24 meses em barricas de carvalho francês. A vinícola é representada no Brasil pela DLB GROUP. maquis.cl Um grande Barolo O sonho nasceu em 1967 na região italiana do Langhe, no coração do Piemonte. Ali os hábeis Egidio e Angela Basio deram início à viticultura da família. Mais de meio século depois, são mais de 500 hectares de vinhedos. Quem administra a produção agora é Valter Bosio, da terceira geração da família. Uma de suas melhores iniciativas é o Barolo Boschi Dei Signori DOCG, um grande Barolo. Complexo, elegante e estruturado, o tinto, com sua digníssima denominação de origem, destaca-se pelas agradáveis notas de flores secas, frutas vermelhas maduras e toques terrosos. Uma maravilha. lapastina.com
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Brasileiro premiado É vinho brasileiro, sim senhor. Mas premiado no Challenger International Du Vin, em Bordeaux, na França. Para quem não sabe, trata-se da mais antiga entre as principais competições do gênero. Desta feita, os jurados analisaram 3.444 vinhos de 33 países. Apesar da árdua disputa, o nosso Zanotto Sauvignon Blanc, da vinícola gaúcha Campestre, conquistou a medalha de ouro em sua categoria. A vinícola está instalada em Campos de Cima, em Vacaria, e utiliza métodos tradicionais. A colheita é manual. A produção, limitada a 10 mil garrafas. O resultado? Um branco aromático, com notas cítricas, abacaxi, maracujá e vegetal. No palato, um vinho fresco, de corpo leve, com média acidez, mas frutado no final. Vai bem com frutos do mar. vinicolacampestresaopaulo.com.br
O inovador em ação Em meados dos anos 2000, o produtor Jean Luc Thunevin foi chamado de “Bad Boy de Saint-Emilion” pelo eminente crítico Robert Parker. O epíteto se deveu à abordagem inovadora do vinicultor. Embora recorra a uvas Merlot de vinhedos com mais de 40 anos, na região francesa de Bordeaux, o ousado Thunevin utiliza métodos de vanguarda. Por exemplo: parte deste Virginie de Thunevin é fermentada em tradicionais tanques quadrados de cimento. Mas o vinicultor despeja outra fração em tanques de aço inox. Enfim, a mescla descansa em barricas de carvalho francês, novas e usadas. O resultado é uma bebida com aromas frutados de cerejas vermelhas, cassis, alcaçuz e um toque de madeira e pimenta negra. No palato, revela corpo médio, redondo, macio, aveludado e com ótima integração com madeira tostada. Um vinho equilibrado e de textura elegante. casaflora.com.br
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pura gastronomia Por raphael calles
Damasco de cortar O aço damasco é um dos materiais mais desejados dos amantes das lâminas de alta precisão. Com altíssima duração e resistência, ele possui uma trama única, que torna cada item produzido exclusivo. A Victorinox acaba de trazer ao Brasil algumas das 1.884 unidades da edição Limitada da SwissModern Damast Limited Edition. Voltada para o uso de massas e pães, possui alta precisão, com uma superfície de baixa espessura. O cabo é elaborado em nogueira. A limitação é uma referência ao ano de fundação da Victorinox e cada uma delas é numerada. Estão à venda com exclusividade em victorinoxstore.com
Gosto de ouro A culinária japonesa está entre as favoritas dos paulistanos não por acaso. Há dez anos, o número de restaurantes japoneses superou a quantidade de churrascarias na capital paulista. Hoje, este número é muito maior. A culinária permite diversificação e criatividade, além de abrasileiramentos. Dentre os destaques de São Paulo, o Black Sushi preza pelo frescor dos alimentos e tem como objetivo surpreender o paladar. As criações do chef Mario Tucillo combinam, por exemplo, salmão com amêndoas no Uramaki, atum com foie gras no Niguiri, pétalas de ouro 23 quilates ou mesmo azeite de trufas.
instagram.com/blacksushii
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C A S A
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RESTAURANTE, LOUNGE BAR, JARDIM, VINHOS E CHARUTOS
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RUA MAL HASTIMPHILO DE MOURA, 233, MORUMBI. tel 2528 0175 FEV/MAR.2022 |
@casadochefeduardodecastro
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Na pista das iguarias
Há detetives na literatura policial que desvendam crimes e devoram banquetes com o mesmo apetite Por ANA PAULA LAUX e ROGÉRIO CHrISTOFOLETTI Ilustração Raphael alves
Combater o crime e solucionar mistérios dá uma fome danada. Ao menos assim acontece com diversos personagens da literatura policial, que aliam coragem, poder de dedução e paladar aguçado. Detetives gourmets como Pepe Carvalho e Nero Wolfe são bons exemplos de uma tendência cada mais vez presente. Literatura policial harmoniza tanto com gastronomia que o recurso vem se tornando um elemento desse gênero. Entre um caso e outro, nossos heróis se envolvem com pratos sofisticados, ingredientes improváveis e cardápios aliciantes. Nero Wolfe é desses que usam o olfato para farejar pistas e bons temperos. O marcante personagem criado por Rex Stout em 1934 pesa 150 quilos e, na prática, soluciona os casos atracado à sua poltrona doméstica – as investigações são feitas pelo seu lépido assistente, Archie Goodwin. O detetive é tão fã de comida que tem um chef de cozinha full time ao seu dispor: Fritz Brenner, criador de delícias estrambóticas. Com seu rotundo physique du rôle, o grande Nero Wolfe – grande mesmo! – não é apenas um devorador de pratos, um glutão, mas um apreciador refinado. Traduzindo para a linguagem da gastronomia, ele é a combinação do gourmand com o gourmet. A Larousse Gastronomique ensina: o primeiro gosta de comer bem e bastante; o segundo sabe escolher e apreciar. Apesar de ingerir refeições em quantidades pantagruélicas, Wolfe exercita o garfo com apuro e requinte. E ainda por cima cultiva orquídeas.
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Steve na pele do detetive Frank Bullitt (1968): estilo de sobra
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No menu de suas preferências – e ele tem muitas! –, estão moluscos de Cape Cod, vitela com molho de alcaparras e atum, bisteca de porco recheada, molho agridoce com cogumelos e abóbora com creme de leite. Para a sobremesa, apfelstrudel, amêndoas e castanhas assadas. Se não houver tempo para refeições mais demoradas, Nero Wolfe opta por uma criativa variedade de sanduíches com carne moída de coelho ou presunto da Geórgia, sem contar seu predileto: o de pastrami. Eis aí um clássico de Nova York, onde ele atua. Na realidade, essa receita de carne macia, quase sem fibras, suculenta e que derrete na boca surgiu no sudeste da Europa e emigrou para os Estados Unidos, como o próprio detetive, iugoslavo de nascimento. Um dos segredos do pastrami é o preparo. A carne bovina é curada com sal e temperos. Depois, defumada e cozida no vapor por até cinco horas. Fica tenra como poucas. Como nem todos podem contar com um chef suíço à disposição, por que não arregaçar as mangas e preparar maravilhas na cozinha? Assim procede a doutora Kay Scarpetta. A personagem da escritora americana Patricia Cornwell surgiu em 1990 e, desde lá, protagonizou 22 livros. Não só: levou a tecnologia forense tão a fundo que foi determinante para o surgimento de séries de TV como CSI e Bones. Se durante o dia a médica-legista usa o bisturi para abrir cadáveres, à noite, corta tomates para um borbulhante e espesso molho para suas
O apreço da personagem Kay Scarpetta pela culinária é tamanho que sua criadora, Patricia Cornwell, lançou um livro de receitas
massas. De ascendência italiana, Scarpetta capricha no azeite de oliva, pães, conchigliones e linguines. A detetive loira, quarentona e séria fala com os mortos – como se diz na sua área – mas também faz os ingredientes conversarem, harmonizando vinhos e massas. Para ela, boas pedidas são risotos e frango com limão (pollo al limone), além de curiosidades como lasanha com cogumelos porcini. Sua profissão exige sangue-frio, e é por isso que a doutora Scarpetta busca na cozinha não só um hobby, mas uma terapia. Para leitores com grande apetite, quanto mais ela estiver estressada, melhor. Scarpetta na cozinha é um caso tão sério que, em 2002, sua criadora lançou Food to Die For, um livro com receitas da detetive, para se comer até... morrer.
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O apfelstrudel é uma das sobremesas preferidas do rotundo Nero Wolfe
A doutora Kay Scarpetta tem um bocado de sangue italiano, mas por que não jantar com um típico mediterrâneo? É possível atravessar o Atlântico em poucas páginas se o leitor escolher o detetive Salvo Montalbano, criação do aclamado Andrea Camilleri. Morador da fictícia Vigàta, esse comissário de pavio curto encara criminosos com o mesmo apetite com que destroça um polvo à carreteira. Seu cardápio é bem servido de pescados e outras maravilhas do mar, dada a privilegiada oferta do litoral da Sicília. É difícil terminar um livro protagonizado por Montalbano e não salivar com os banquetes ali descritos. Sabores europeus Que tal começar com mariscos salteados, anchovas com agrião ou os muitos tira-gostos à base de frutos do mar, os irresistíveis antipasti di mare? Nosso sanguíneo herói perde a educação diante dos antepastos da Trattoria San Calogero. E como Montalbano é – acima de tudo – um forte, encara sem cerimônia cabritos ao forno, ensopadinhos de lula e um prato de massa ao molho de caranguejo. Com fúria, enfrenta cardumes de merluza, rodovalhos, fragaglias e linguados. Como o trigo é outro alicerce da cozinha mediterrânea, Montalbano não abre mão do pão com vinho, e do pão com caciocavallo, queijo típico dos povos nômades, feito antigamente com leite de jumenta. Para arrematar, o guloso detetive se abastece
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com uma generosa fatia de cassata siciliana, a sobremesa feita com ricota açucarada, pão de ló, marzipã e frutas cristalizadas. É bom lembrar que Montalbano foi batizado em homenagem a outro grande escritor policial, o espanhol Manuel Vázquez Montalbán, criador de mais um detetive gourmet: Pepe Carvalho. Sarcástico e bem-humorado, o personagem catalão é um ex-agente da CIA residente na bem temperada Barcelona. Para ele, “sexo e gastronomia são as coisas mais sérias que existem”. Quem há de duvidar diante de suas escolhas? A variedade é quase uma volta ao mundo: peru recheado ao molho de romã, arroz de coelho picante, spaghetti à carbonara, figos recheados à síria e caldeirada de peixe. Gostou? Mas não acabou. Em suas aventu ras, Pepe Carvalho se depara com cordeiros na brasa, morcela com toucinho, tripas à catalã e merluzas ao alho torrado. Os leitores ficam babando. Não dá pra falar de gastronomia sem citar a culinária francesa. Assim como é impossível abordar a literatura policial sem lembrar o comissário
Os gourmets do crime têm muitas nacionalidades: o francês Maigret, o iugoslavo-americano Nero Wolfe, o catalão Pepe Carvalho, o italiano Salvo Montalbano e o nosso brasileiríssimo Adão Flores
Jules Maigret, criação do belga Georges Simenon, um dos escritores mais prolíficos da história. Surgido em 1931 e protagonista de 75 livros e 28 contos, Maigret se mostra um homem aparentemente comum. Mas se revela um respeitado chefe da Polícia de Paris e um amante da boa mesa, dono de silhueta arredondada, embora nem tanto quanto a dos detetives Charlie Chan, de Earl Derr Biggers, e Adão Flores, do nosso Marcos Rey. Maigret bate cartão na Brasserie Dauphine, onde se empanturra de iguarias variadas. Em casa, é muito bem tratado pela mulher, Louise, que prepara refeições criminosamente deliciosas, como bacalhau à provençal, coq au vin, linguado dieppoise e cassoulet, uma parente francesa da nossa feijoada, nascida na cidade de Carcassonne. O temido homem da lei tem lá seus caprichos. É fã de charutos e vive com um cachimbo de cabo reto entre os lábios. Aprecia um cálice de pastis, mas também vai de vinho, brandy, cognac e seu primo armagnac. Que seus supe-
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Claro que a prolífica Agatha Christie também abordou comida. Mas nem tanto quanto George Simenon, que teceu loas a muitos pratos, incluindo o prosaico frango com batatas
riores não saibam, mas Maigret tem um fraco por cervejas e por calvados, destilado de maçã, típico da baixa Normandia. A bebida jorra de tonéis, a partir de fermentação e destilação da cidra, e é uma riqueza com Denominação de Origem Controlada. Ou seja, só pode ser chamado de “calvados” o produto feito naquela região e conforme a legislação francesa, como ocorre com o champanhe. Outro francês de primeira linha, o antropólogo Claude Lévi-Strauss registrou em 1946 que homens e mulheres se tornaram culturalmente mais desenvolvidos quando passaram a usar o fogo para preparar seus alimentos. Cozimento é transformação, cuidado e aprimoramento. Por isso, não é exagerado pensar que a história da humanidade pode ser contada a partir da evolução da culinária. A cozinha não é um cômodo doméstico qualquer: é lugar de encontro, ateliê e laboratório. Pequenos grandes prazeres Não à toa, “gastronomia” tornou-se o nome moderno para o que antes chamávamos de “alquimia”, ciência e arte recheadas de mistérios. Tinha que funcionar com uma literatura que vive de segredos e casos ocultos. Dos compostos para fazer venenos à elaborada mesa dos detetives, lá está a gastronomia, não só garantindo que nossos heróis sobrevivam, mas que também tenham uma boa vida. Nesse sentido, Hercule Poirot é
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exemplar. O metódico detetive criado pela inglesa Agatha Christie em 1920 é símbolo de inteligência e elegância, d i st r ibu ído s nu m cor pi n ho rol iço e b e m a l i m e nt a d o. Atrás dos bigodes arqueados, dos olhos
Rubem Fonseca e Luiz Alfredo Garcia-Roza morreram em 2020. Deixaram dois personagens imortais: Mandrake e o delegado Espinosa. Ambos atuam no Rio de Janeiro – e gostam de comer bem
verdes como azeitonas e dentro da cabeça em forma de ovo há uma mente insaciável por respostas, comandando um estômago exigente. Habitante de um simétrico e bem decorado apartamento em Whitehaven Mansions, Londres, o nada modesto Poirot conta com a lealdade do capitão Hastings e os serviços de George, o mordomo que o chama de “Sir”. Entre seus prediletos no menu está o frango assado com legumes, acompanhado por licor de cassis ou tisana, infusão de ervas adoçadas com cinco cubinhos de açúcar. Não bastasse a sofisticação, há a sorte, e às vezes a montanha vem até Maomé. No conto “A Aventura do Pucasarão rural no interior da Inglaterra onde servem a tradicional sobremesa, que é simplesmente “de matar”. Na novela Treze à Mesa, o detetive precisa descobrir quem deu cabo de lord Edgware, e a presença em um jantar é justamente o álibi de que uma mulher suspeita precisa. No Brasil também existem detetives charmosos e bons de garfo. Mandrake aproveita sua condição de advogado criminalista para solucionar casos, comer bem e conquistar belas mulheres. Criado em 1967 por Rubem Fonseca, divide um escritório no Rio de Janeiro com o sócio Leon Wexler e alimenta a lenda pessoal de ser irresistível. É
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reprodução Rico Tomaso para The American Magazine (março/1938)
dim de Natal”, Poirot é convidado a passar a festa num
O sagaz Nero Wolfe bebericando em Nova York
também um incorrigível em sua especial atenção para os charutos. Não abre mão dos Panatela e dos Havana médios e supremos. Como dinheiro na mão é vendaval, pouco sobra no seu bolso. Menos exclusivo, mas tão charmoso quanto Mandrake é o delegado Espinosa, titular da 12ª delegacia de polícia, em Copacabana. De hábitos frugais, o detetive criado por Luiz Alfredo Garcia-Roza em 1996 gosta de caminhar para refletir sobre seus casos e, de quebra, comprar comida pronta ou ingredientes para seus aperitivos. É um homem prático, que não tem as habilidades culinárias de Scarpetta nem os requintes de Nero Wolfe. Mas tem seu charme. Não dispensa um bem escolhido vinho tinto, cervejas estupidamente geladas e um fumegante café. Com os policiais de sua confiança, almoça numa trattoria discreta e não resiste às delícias do restaurante árabe vizinho de seu apartamento no Bairro Peixoto. Como mora sozinho, ao longo da semana, recorre a congelados, sanduíches e pizzas. Mas, quando chega a sexta-feira, abastece a despensa com pães diversos, presunto defumado, camembert, provolone, queijo brie e emmental. É que a namorada Irene vai dar uma passada por lá e só partirá na segunda-feira. Elementar, meu caro Watson – frase que, aliás, jamais foi dita por Sherlock Holmes, de A r t hu r C on a n Doyle, outro detetive inesquecível.
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memória
Ave, Richard Avedon O fotógrafo nova-iorquino também foi grande como autor de capas de discos Por WALTERSON SARDENBERG So
O artista e uma sequência de cliques para a capa de Bookends, de Simon & Garfunkel
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en ne g t ró ec vi oi ss t a
No inverno de 1976, Richard Avedon aguardava Muddy Waters chegar, iria fotografá-lo para a capa do LP Hard Again, produzido por um velho conhecido, o guitarrista Johnny Winter — a quem, por sinal, já clicara para outras duas capas. Era um dia frio, e Muddy despontou na porta vestindo um trenchcoat e usando chapéu. Já fazia menção de tirá-los, quando Avedon, ágil, o pegou pelo braço e o levou até a parede com o imaculado fundo branco, que preparara para a sessão fotográfica. Foram quatro cliques. E só. Não era preciso mais. Embora seja fã de Muddy Waters, o fotógrafo JR Duran admite ter comprado o disco do bluesman por causa da “belíssima capa”. Lá estava o velho Águas Lamacentas flagrado por inteiro: um bon vivant gaiato e pimpão. “Para fazer um bom retrato nem sempre é preciso clicar muito”, diz Duran, lembrando que Avedon (1923-2004) muitas vezes se restringia a um único rolo de filme, de 12 chapas. “Não tem essa história de sempre estabelecer uma camaradagem com o fotografado”, comenta. “Mais de 90% das pessoas que fotografei, nunca mais vi na vida.” Duran sublinha que o artista nova-iorquino, descendente de judeus russos, jamais foi um adulador. Pelo contrário. Ele cita como exemplo o retrato do duque de Windsor Edward VIII com a mulher, Wallis Simpson, feito por Avedon para a revista Harper’s Bazaar, em 1957. O casal foi surpreendido com uma expressão aflitiva, até mesmo de entojo.
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“Antes de fazer a foto, Avedon, cruel, contou ter acabado de ver um caminhão atropelar um cachorrinho”, diverte-se Duran, para quem um bom retrato é “um golpe de vento, um sopro; tem de notar que o cavalo vai passar selado e montar”. Richard Avedon foi um mestre do retrato. Para muitos, o maior deles, apesar da economia de recursos. Ele descartava as cores em favor do preto e branco. Preferia o fundo branco ou cinza, sem nenhuma cenografia. Fazia questão de eliminar toda e qualquer interferência na imagem. Dessa maneira, centrava toda a atenção no fotografado. Era um antibarroco, um anti-David L aC h ap el le. Fr uga l, costumava recorrer a uma única fonte de luz, quase sempre frontal e de cima para baixo. No mais, bastava o fotografado, fosse anônimo ou famoso, com seu brilho, suas cicatrizes. Quase sempre sem adornos e m i ra ndo a lente de frente. “Ele gostava das câmeras com negativos de médio e grande formatos: 4 x 5, 6 x 7, 6 x 6, 8 x 10”, ressalta Frederico Mendes, um dos brasileiros que mais fotografaram capas de discos. “Isso te obriga a ser seletivo. Com câmeras assim, não dá para disparar uma foto atrás da outra.” O principal cliente de Avedon entre as gravadoras era a Columbia. O fato de os estúdios da companhia — hoje, Sony Music — estarem instalados até hoje na rua 54, em Manhattan, deve ter ajudado. Facilitava. Avedon morava ali perto, num edifício da rua 57. O motivo principal desse vínculo, seja como for, era a liberdade de criação. Isso porque, ao
O duque de Windsor com a mulher, clicados em 1957 para a revista Harper’s Bazaar, e a capa de Hard Again, de Muddy Waters
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longo de 24 anos (de 1961 a 1985), o diretor de arte da Columbia foi o ousado John Berg, que morreu em 2015, aos 83 anos — ele próprio um antológico capista, como revela a série para o grupo Chicago. Por encomenda da gravadora, Avedon fez as capas de Broadway’s Fair (1962), de Julie Andrews; The Second Album (1963) e My Name is Barbra (1965), de Barbra Streisand; Bookends (1968), de Simon & Garfunkel; Second Winter (1969), de Johnny Winter; New York City, You’re a Woman (1971), de Al Kooper; Fresh (1973), de Sly and the Family Stone; Together Live (1976), de Johnny e Edgar Winter; e Hard Again (1977), de Muddy Waters. Brincalhão, John Berg enumerou certa vez as vantagens de trabalhar como diretor de arte em uma corporação gigante e cujo mandachuva, William Pailey, era um colecionador de Picasso e Matisse. “Eu tinha poder, respeito, reconhecimento, influência, assentos de primeira classe e grandes almoços. E nenhum frisson se chamasse Milton Glaser ou Richard Avedon para me ajudar.” CÃEZINHOS EMPRESTADOS Convidar Avedon para fotografar uma capa de disco não era apenas uma questão de orçamento polpudo. Mas também uma aposta anticonvencional. “Havia um preconceito contra capas de discos em preto e branco”, lembra Frederico Mendes. “Elas eram permitidas em álbuns de jazz, como dos selos Verve e Blue Note. Mas não na área pop. As gravadoras achavam que preto e branco não vendia.” Avedon fez raríssimas capas coloridas. A do disco Red Hot and Cool (1955), do Dave Brubeck Quartet, não conta. Foi lançada numa época em que o fotógrafo ainda se limitava aos editoriais de moda. Além disso, estava fora do mercado: o disco era presenteado a compradores de cosméticos Helena Rubinstein. Para a Columbia, Avedon utilizou cor apenas nos LPs de Johnny Winter, um artista albino. De resto, suas capas coloridas para outras companhias não estão à sua altura. Por exemplo: Never, Never, Never (MCA, 1973), de Shirley Bassey, e Whitney (Arista, 1987), de Whitney Houston. Não impressionam. Basta cotejá-las ao preto e branco de Farewell, Angelina (Vanguard, 1965), de Joan Baez; Tenderness Junction (Reprise, 1967), dos Fugs; Gypsys, Tramps & Thieves (Kapp, 1971), de Cher; Walking Man
(Warner, 1974), de James Taylor; Dark Lady (MCA, 1974), de Cher; Cahoots (Capitol, 1971, uma contracapa, na verdade), da The Band; A New Album (RCA, 1976), de Lena Horne; This Time (Warner, 1980), de Al Jarreau; e I Saved the World Today (RCA, 1999), da dupla Eurythmics. Jacob Israel, o pai de Avedon, tinha uma modesta loja de roupas em Manhattan. A rigor, preferia fotografar — ou ser fotografado. Não se furtava em alugar carrões ou pedir cãezinhos emprestados só para figurar nos retratos na família. Presenteou o filho adolescente com uma Rolleiflex de lente dupla. Avedon levou-a na bagagem quando serviu como fotógrafo segunda classe na Marinha Mercante. Carregou-a, também, para a universidade, onde cursou dois anos de filosofia. Gostava de elocubrar sobre o ato de fotografar. Uma de suas máximas: “Todas as fotografias são verdadeiras. Mas nenhuma é a verdade”. Outra: “No minuto em que você pega a sua câmera, já começa a mentir — ou a contar a sua própria verdade”. Aos 22 anos, começou a clicar para a Harper's Bazaar. Inspirou-se no fotógrafo húngaro Martin Munkacsi, o primeiro a fazer editoriais de moda fora do estúdio. Levou a ideia às últimas consequências. Aos 34, era tão famoso que inspirou o personagem Dick Avery, de Fred Astaire, par romântico de Audrey Hepburn no filme Funny Face (Cinderela em Paris), de Stanley Donen. Nos anos 1960, trocou a Bazaar pela Vogue e, em paralelo, fotografou o movimento pelos direitos civis e se dedicou ao portrait. Foi preso em Washington, quando registrava manifestações anti-Vietnã, país onde, aliás, esteve clicando as vítimas da guerra. Na década de 1980, percorreu 17 estados dos EUA, fotografando 752 pessoas anônimas. Sempre em fundo branco. O resultado foi o monumental livro In the American West, com retratos de mineiros, condenados, açougueiros, garçonetes, vagabundos, donas de casa e outros desvalidos do sonho americano, “gente que nunca escreveu a história do país”. Alguns desses retratos foram considerados impiedosos. Talvez nem tanto quanto o portrait da atriz Sharon Stone, então no auge, feito para a revista New Yorker. “A Sharon chegou muito atrasada ao estúdio e Avedon, vingativo, a clicou quase disforme”, conta Juan Esteves, outro fotógrafo brasileiro ótimo de portraits. “Ele não era fácil.”
Capas famosas para Joan Baez, Cher, Sly & The Family Stone e James Taylor
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Juan Esteves tem uma queda especial pela capa do LP Walking Man, de James Taylor. “Antes mesmo de me tornar fotógrafo, fiquei entusiasmado por aquela imagem”, diz. “Uma dos aspectos que me chamaram a atenção é aparecer o frame, a barra preta do negativo 8 x 10. Mostra que o retrato está ali por inteiro. Avedon fez questão de não manipulá-lo.” Jua n ta mbém gosta mu ito das capas de A New Album, de Lena Horne, e Fresh, de Sly Stone. “Elas revelam uma outra característica do Avedon: saber instruir e captar, como poucos, o movimento do fotografado dentro do estúdio”, analisa. Já Frederico Mendes admira sobretudo duas capas da
década de 1960. Em especial, a de Bookends, de Simon & Garfunkel. “A foto insinua, antes de tudo, a cumplicidade da dupla”, avalia. “E há uma questão técnica curiosa. O fundo cinza do Avedon, na realidade, é vermelho vivo. Se usasse um fundo cinza de verdade, o tom seria mais fechado, menos luminoso.” Outra capa que Frederico exalta é a de Farewell, Angelina, de Joan Baez. “Há um ventilador suave e distante nos cabelos”, nota. “Mas Avedon não teve a preocupação de deixar a Joan lindíssima. Ela nem está maquiada. Aparecem os dentes, que não são bonitos como os lábios. Isso tudo ressalta a autenticidade da cantora.”
On Avedon Por MARCIO SCAVONE
Faço retratos, e digo isso com a convicção
Richard Avedon, na cama de hospital
gens para campanha dos cosméticos Cli-
da famosa autoapresentação do cineasta
trazida para o estúdio, apenas uma se-
nique, pois fotografava bitucas de cigarro
John Ford numa daquelas reuniões de
mana depois de ser submetido a uma ci-
e as animava de vida e memória. Viravam
sindicato em Los Angeles durante o ma-
rurgia. Estava ali para clicar uma campa-
gente, no seu olhar.
carthismo. Segundo consta, ele se levan-
nha da Bloomingdale's. Ou vagando pelo
Das capas de disco de Richard Ave-
tou e disse: “Meu nome é John Ford e eu
Meio-Oeste americano, já consagrado,
don, penso naquelas em branco e preto,
faço westerns!”.
procurando drifters e apicultores que jus-
mais fotográficas, mais perto de sua as-
Meus ídolos eram dois: Richard Avedon
tificassem numa fração de segundo sua
sinatura visual. Simon & Garfunkel na
e Irving Penn. Não demorou muito, des-
própria existência. Sim, porque o fotógra-
luz e sombra praticamente exalam aque-
cobri o terceiro pé do meu tripé: Helmut
fo é um obcecado. Assim vejo o artista. O
le adágio: “Hello darkness, my old friend”.
Newton. É claro que já havia me inteira-
que estes gigantes fizeram para a minha
Ou aquelas capas feitas com as chapas
do de David Bailey e do filme Blow-Up, do
geração de fotógrafos foi aliviar a culpa,
10x8, sangradas, que Avedon usava como
Antonioni. OK, eram quatro fotógrafos.
quando suprimos a eventual falta de ta-
escudo e aríete para penetrar a cidadela
lento com obstinação, perfeccionismo e
da individualidade dos seus fotografados,
dias de 30 horas.
que, segundo ele, o procuravam como as
Deixo de lado a imagem desgastada do tripé.
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pessoas procuram os médicos: para saber
Avedon dizia: “Se passar um dia em
Avedon fez capas de discos pois são
que eu não tenha feito alguma coisa rela-
retratos. Assim como André Kertesz fo-
cionada com fotografia, é como se tivesse
tografou para a revista House and Garden
É assim o retrato de Muddy Waters, que
negligenciado algo essencial para a minha
em Nova York pela elegância de suas ca-
com certeza não precisou consultar seu
existência. É como se eu não tivesse acor-
deiras em branco e preto solitárias e mo-
clínico geral por anos, pois tinha passado
dado”. Bem, aqui estou martelando as po-
lhadas no Jardim de Luxemburgo num
por Dick Avedon. O branco neutro, o estú-
bres teclas deste Macintosh e justificando
outono esquecido. Ou, ainda, Irving
dio, a terra de ninguém, o olhar fixo. É por
este final de tarde.
Penn, chamado para fotografar embala-
aí que me encontro com ele.
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como estão.
A foto escolhida para a capa de Bookends (1968), de Simon & Garfunkel
Richard Avedon morreu de hemorragia cerebral, aos 81 anos, em 2004, no Texas, quando a grande arte das capas de discos já entrara em extinção. Estava fazendo uma série de retratos de políticos e poderosos, publicada após sua morte com o nome Portraits of Power. No ano passado, Michael Avedon, seu neto, fez o portrait de Emma Ferrer, neta de Audrey Hepburn, para a capa de
Harper’s Bazaar. Um ciclo se fechava. “O Avedon influenciou todo mundo”, resume JR Duran. Para Juan Esteves, o nova-iorquino muito magro, de rosto encovado, conseguiu algo que os fotógrafos perseguem quase sempre em vão. “Você não distingue no trabalho do Avedon o que é comercial do que é autoral. Ele impôs sua marca sobre o conservadorismo do mercado.” TP
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luxo
A marca dos presidentes
Criada em 1818, a Brooks Brothers vestiu 41 dos 46 presidentes dos Estados Unidos. É uma grife de primeiríssima – há mais de 200 anos Por Marcello Borges
Não sei se você também é assim, mas, quando preciso de alguma roupa, vou à mesma loja, procuro o mesmo vendedor e compro a peça que já estava querendo quando cheguei. Para mim, lojas que vendem de tudo para homens são uma bênção, poupandome de rodar pelo shopping. Em São Paulo, tínhamos alguns estabelecimentos com artigos para cavalheiros que pretendiam ter de tudo, como a Old England e a Casa Kosmos. Na verdade, cada um acabava imprimindo sua especialidade. A Old England puxava um pouco para sua suposta origem, com destaque para os pulôveres Pringle, além de gravatas francesas e italianas – estas, da região do lago de Como. Já a Casa Kosmos, inaugurada em 1906, vendia “artigos finos para homens”. Não deve ser confundida com a livraria do mesmo nome, fundada em 1935 no Rio de Janeiro, com filial em São Paulo. Mário de Andrade menciona a pioneira num de seus poemas: “A casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação... Mas neste Largo do Arouche posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal”. Meu pai comprava camisas lá, com a vantagem de poder adquirir colarinhos e punhos soltos “de reserva”.
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Steve na pele do detetive Frank Bullitt (1968): estilo de sobra
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l u x o
Mas isso era em São Paulo. Muitas décadas antes, em
muito práticas mas um terror no verão brasileiro.
Nova York, um estabelecimento pretendia reunir mesmo
Seus mais importantes lançamentos foram, em pri-
toda sorte de artigos para cavalheiros: a Brooks Brothers.
meiro lugar, o costume com corte quadrado, chamado
É a mais antiga loja especializada em roupas dos Estados
sack ou Ivy League suit, uma referência ao modo de trajar
Unidos ainda em funcionamento. Foi fundada em 7 de
dos alunos das universidades mais tradicionais da Nova
abril de 1818 em Manhattan por Henry Sands Brooks.
Inglaterra (em especial, Harvard, Princeton e Yale). Esse
Portanto, mais de dois séculos.
corte foi popularizado por John Kennedy, que depois ins-
Brooks (1772-1833) era filho de um médico de Connecti-
pirou, entre os mais jovens, o chamado Preppy Style, entre
cut. Mudou-se para Nova York e abriu um armazém. Em
nós conhecido – pejorativamente ou não – como “estilo
1818, comprou o imóvel na esquina das ruas Catherine e
mauricinho”.
Cherry, na região chamada hoje de Two Bridges, zona sul de
Em segundo lugar desponta a camisa com botões no
Manhattan, e fundou a H. & D. H. Brooks & Co. O lema era
colarinho, uma criação de John E. Brooks, neto do funda-
“produzir só itens da mais fina qualidade e vendê-los com
dor da loja, em 1896. Ele havia visto essas camisas em
preço justo a quem busca e aprecia essas mercadorias”.
jogadores de polo na Inglaterra e considerou-as muito
Com a morte de Henry, a loja passou aos seus filhos
práticas, uma vez que os botões impediam a gola de voar
– Elisha, Daniel, Edward e John –, que mudaram o nome
e atrapalhar a ação dos jogadores. Dizer que ainda são
da empresa para Brooks Brothers em 1850. A companhia
fabricadas é pouco, porque são um de seus carros-chefe,
passou pelas mãos da Marks & Spencer inglesa entre
em especial quando o tecido é o oxford azul-claro. John
1988 e 2001, quando foi enfim revendida ao empresário italiano Claudio Del Vecchio, filho do fundador do grupo Luxottica. A marca se difundiu. “Somos o mordomo do sonho americano”, costuma dizer Del Vecchio. Se em 1969 havia apenas dez lojas BB, todas dentro das fronteiras americanas, 46 anos depois, esse número aumentou em escala geométrica. Passaram a ser 280 lojas Brooks Brothers, sendo 210 nos EUA e 70 em países como Austrália, Índia, Japão, China, França, Espanha, Itália, México e Suíça. Até os Beatles O fato de ter vestido 41 dentre 46 presidentes americanos já sugere que o estilo da casa é conservador. Mesmo assim, a loja foi responsável por diversas inovações no ramo, como as primeiras roupas prontas (1849); o tweed Harris (1900) e o madras (1902), um tecido indiano leve de algodão com padronagem xadrez e textura corrugada, geralmente usado em bermudas ou calças. E mais: o casaco polo (1910); camisas sociais cor-de-rosa e meias de estampa Argyle (1957), um axadrezado com losangos surgido no século 18 na Escócia e inspirado no tartan do clã Campbell de Argyll. E ainda camisas lava-e-usa (1953), de tecido sintético,
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As antigas lojas e alguns dos fregueses: Abraham Lincoln, John Kennedy, Andy Warhol, Miles Davis, Barack Obama e Donald Trump
l u x o
Lennon e Paul McCartney usam camisas BB assim – e dessa cor – no filme Help! (1965). O caimento da gola, que forma uma lágrima ao contrário, é inconfundível. Aliás, Ralph Lauren (nascido Ralph Lifshitz), que foi vendedor na icônica loja da BB na Madison Avenue, moveu uma ação contra a empresa sobre a marca Polo e perdeu. Assim, deu à Brooks Brothers o direito de continuar a chamar aquela camisa de “original polo button-down collar”. Escolha o caimento Curiosamente, entre 1865 e 2003, a loja não fez costumes de tecido preto, supostamente pelo fato de ser a cor do sobretudo que o presidente Abraham Lincoln usava quando foi assassinado, em 1865. Era um modelo sob medida, presente da BB. Aliás, Lincoln trajava o mesmo casaco quando assumiu a presidência. Além dele, vale destacar os dois Roosevelts, Kennedy, Bush (pai), Clinton, Obama e Trump, que também usaram roupas da marca. Uma lista de clientes da loja vai de Fred Astaire a Cary Grant, de Miles Davis a Thelonious Monk, de F. Scott Fitzgerald a Gay Talese. Até Andy Warhol, considerado um tanto desmazelado, gostava da BB. Um amigo que o conhecia bem relembrou: “Ele sempre parecia desleixado, sempre com a gravata torta, como se não tivesse tempo para ajeitá-la, sempre com os cadarços desamarrados, até com meias de cores diferentes, mas comprava tudo na Brooks Brothers”. Televisão e cinema também receberam a influência da
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BB. Na série Mad Men, as roupas são fornecidas pela marca,
viços ao Reino de Espanha ou da Casa de Habsburgo. Entre
que também confeccionou mais de 1.500 itens para a refil-
seus agraciados modernos, destaca-se Nicolas Sarkozy.
magem de O Grande Gatsby (2013). Naquele mesmo ano, a
Uma das virtudes de comprar roupas na Brooks
empresa rebatizou a antiga University Collection com o novo
Brothers é a possibilidade de escolher peças pelo compri-
nome Red Fleece. Desta vez, as roupas eram mais coloridas e
mento de manga e pelo colarinho nas camisas (em geral,
de caimento mais moderno. Além da Red Fleece, a BB tem a
as lojas vendem camisas em função apenas do colarinho).
linha Black Fleece, criada em 2007 com peças ainda mais
Outra vantagem é a variedade de caimentos, tanto nas
avançadas, desenhadas por Thom Browne.
camisas quanto nos costumes e paletós. Dá para escolher
O Fleece é o símbolo da marca, evocando o Golden Flee-
entre o Milano (um caimento bem justo), passando pelo
ce ou Tosão de Ouro, nome da Ordre de la Toison d’Or. Essa
Regent (um pouco menos justo) pelo Madison (ou regular)
ordem de cavalaria foi criada pelo rei francês Filipe III,
e chegando ao Traditional, ou “folgado”. Ou seja, é muito
duque da Borgonha, em comemoração a seu casamento
provável que você encontre algo para a sua silhueta. Eis
com Isabel de Portugal. Ela é concedida a quem presta ser-
outra máxima de Claudio Del Vecchio, que adquiriu a
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marca há 17 anos por US$ 225 milhões, preço hoje considerado uma ninharia: “Não somos bons porque somos velhos. Somos velhos porque somos bons”. Eu sugiro aos interessados nas peças mais representativas da casa o blazer azul-marinho; as camisas de oxford com botões na gola (branca ou azul); os pulôveres de lã merino e os costumes de seersucker, que em português têm o improvável e duvidoso nome de anarruga, de algodão leve, listado, muito adequados ao nosso clima. Outras dicas são as bermudas de madras; lenços de seda para o bolso do paletó; pijamas de oxford ou, para os mais clássicos – ou arrojados –, um camisão de dormir do mesmo tecido. Como nota final, visite a seção de acessórios para rigor da loja da Madison Avenue, em Nova York. Eles têm umas meias de seda preta que são uma delícia nos pés, mesmo se você não for usar sapatos de verniz. Além disso, compre a gravata-borboleta preta sem laço pronto – dessas que você mesmo amarra. (Fica charmoso, no fim da festa, deixar a gravata com o nó desfeito.) O vendedor vai lhe contar a história de um colega que sabia fazer o laço nessas gravatas... com uma mão só. Para você ter uma ideia do nível dos vendedores da Brooks Brothers.
TP
E Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire vestindo BB para o filme O Grande Gatsby (2013)
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Profissões aquecidas do mercado C-Level Por João Marcio Souza
L João Marcio Souza, CEO da Talenses Executive, empresa do Talenses Group especializada em recrutamento C-Level
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íderes acostumados a contornar situações em um país quase sempre volátil experimentam agora a retomada do mercado após a maior crise de suas carreiras profissionais. Há luz no fim do túnel, ainda que tenhamos um cenário bastante incerto – e incerteza é o pior cenário para lideranças seniores que precisam tomar decisões todos os dias. E pelo menos uma única certeza: é preciso se reinventar. Em 2020 o efeito da crise foi avassalador e vimos uma redução de cerca de 40% no quadro de contratações do C-level. Já em 2021, presenciei contratações importantes. Principalmente relacionadas a posições represadas nos momentos mais agudos da pandemia. Setores mais tradicionais (bens de consumo, varejo, serviços, agro, saúde) e segmentos de capital mais intensivo (mineração, siderurgia, bens de capital, energia e infraestrutura) apresentaram um reaquecimento natural. Também tiveram destaque nichos (empresas investidas de fundos de private equity, tecnologia e digital) e contratações ligadas à melhoria na governança corporativa das empresas, em linha com as tendências ESG. O mercado de contratações C-Level é muito impactado e influenciado pelo PIB e suas consequências. Se de um lado temos para 2022 um cenário ainda instável (inflação e juros em alta, variantes do coronavírus, eleições, Copa do Mundo), decerto veremos um mercado de contratações no alto escalão muito melhor do que nos dois últimos anos, embora ainda tímido e conservador. Os cargos mais altos representam no dia a dia a visão e vontade dos acionistas controladores. Portanto, contratações no C-Level são muito bem planejadas e executadas de maneira cautelosa. Tendo em vista esse contexto, listei abaixo as áreas que concentrarão grande parte dessas movimentações. 1. Diretoria Geral Diante da velocidade com que ocorrem as transformações no mundo e no ambiente empresarial, as empresas direcionarão seus esforços para contratar líderes que compatibilizem com seus desafios de negócios e aportem novas competências estratégicas e comportamentais. Dois focos entre os principais: atração e retenção de talentos e a execução de agendas de ESG. 2. Diretoria de Business Insights Empresas buscando consolidar informações em um único data lake focando a leitura mais precisa do comportamento de seus clientes, bem como no apoio às áreas de negócios e em suas respectivas estratégias de go to market. 3. Diretoria de Finanças & Administração Além dos temas mais diretamente ligados às questões de governança corporativa, os CFOs estarão também muito presentes em IPOs, M&As e terão atuação como sempre decisiva na gestão dos recursos financeiros da empresa. Sobretudo em um cenário em que o custo do dinheiro estará cada mais elevado no Brasil, com taxa de juros se aproximando a 12% até o fim do ano. TP
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