Edição 03 | Maio de 2018
PARANÁ,
um gigante em produção de alimentos
CENÁRIO INTERNACIONAL impulsiona as cotações
EXPOINGÁ 2018, forte e dinâmica Histórias de
GENTE CAMPEÃ
O PROTAGONISMO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
APRESENTAÇÃO
PRODUTOR, ORGULHO PARANAENSE
É
preciso reconhecer. Se há um setor na economia que nos dá mostras de sua pujança, empreendedorismo e capacidade realizadora, esse é o agronegócio, destaque desta edição da Revista RIC Rural pela exuberância de suas safras. E se há um Estado que tem se destacado no país que se firma cada vez mais entre os maiores fornecedores de alimentos para o mundo, esse é o Paraná. Quem sobrevoa as regiões produtoras do Estado, percebe logo do que estamos falando. O que se vê, em síntese, é o resultado de muito trabalho: lavouras e mais lavouras a se perder de vista, em um contexto dos mais produtivos e com uma particularidade: os paranaenses preservam aproximadamente 1/3 de suas florestas originais, conforme ficou comprovado no final de 2017 pelos números do cadastramento ambiental rural. Graças ao produtor paranaense e brasileiro, temos uma economia em franca recuperação e também a confiança de que, apesar de suas dificuldades, que incluem as vulnerabilidades do clima, o setor rural continuará honrando o país e nos possibilitando uma conquista que poucos povos possuem: a segurança alimentar, fator preponderante para a paz social. A essa gente laboriosa, com muito orgulho, os nossos cumprimentos. Boa leitura!
Expediente
Fundador e Presidente Emérito Mário Petrelli Presidente Executivo Grupo RIC Paraná Leonardo Petrelli Diretor Administrativo Financeiro Albertino Zamarco Diretor de Mercado da RICTV | Record TV Gilson Bette Diretor de Mercado Jovem Pan, dance paradise e Top View Marcelo Requena Diretor de Planejamento e de Mercado do Grupo RIC Paraná Carlos Manzoli Diretor de Mercado Nacional José Grisbach Gerente de Marketing Grupo RIC PR Michelle Reffo Publisher Plataforma Top View Marcus Yabe Tiragem 20.000 exemplares Foto da capa Mircea Bezergheanu Projeto Gráfico | Diagramação Diego Olejnik Revisão: Michelle Reffo | Fale conosco 41 3331-6131 | rp@ricpr.com.br Conteúdo produzido pela Editora Flamma Coordenação editorial: Luiza Bianca Furlan Recco (MTb 10438/PR)
LEONARDO PETRELLI NETO Presidente Executivo do Grupo RIC
Coordenação e produção: Rogério Recco Rua Flamengo, 544, Jardim Tabaetê, CEP 87005-180 Maringá PR, tel. 44 3041-0970 44 9101-1451 Colaboraram nesta edição: Agência de Notícias do Paraná (ANP), assessoria de imprensa Sistema Faep/Senar, assessoria de imprensa Sistema Ocepar, assessoria de imprensa Coopavel, assessoria de imprensa Sanepar
PARANÁ
08 12 15 16 17 19 20 21
Um gigante em produção
Agropecuária tem melhor resultado em quatro anos A melhor colheita Região Oeste sentiu mais Integrando soja e pecuária Cenário internacional impulsiona as cotações Cooperativas recebem 60% da produção agropecuária Sicredi projeta aumento no volume de crédito para agronegócio
SOLO
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Prosolo orienta sobre práticas conservacionistas
24
Usina Santa Terezinha é parceira em pesquisa
ÁGUA
26 28 32 34 36 37
Abastecimento de qualidade com o Moringa Cheia Produção de alimentos requer muita água IAP regulamenta licenciamento ambiental de piscicultura A aquicultura (ou piscicultura) é considerada uma atividade agrossilvipastoril Água: um dos nossos mais importantes ativos Itaipu bate recorde
EXPOSIÇÕES
38
Expoingá, forte e dinâmica como o agro
EXPORTAÇÕES
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Embarque de grãos cresce 45% em Paranaguá
PERSONAGEM
58 61
O Brasil possível de Herbert Bartz
QUALIDADE DE VIDA Com vista para o mar
PLANO SAFRA
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O campo na expectativa
ECONOMIA
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Ministro critica o embargo
Foto: Flamma
PARANÁ
22,4 milhões de toneladas foram colhidas na safra de verão
UM GIGANTE EM PRODUÇÃO Com apenas 3% do território nacional, Estado é o segundo maior produtor de grãos e responde por cerca de 20% de toda a safra brasileira
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M
ais uma marca expressiva na produção paranaense de grãos está sendo esperada para o ciclo 2017/18, que começou com a safra de soja e milho no verão, já colhida, e inclui o cultivo de milho de inverno, ainda em fase de desenvolvimento. Respondendo por apenas 3% do território brasileiro, o Paraná é um gigante como produtor nacional de grãos, ficando atrás apenas do Mato Grosso. Pelas projeções da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), os produtores paranaenses deverão colher neste ano um total de 39 milhões de toneladas, volume superior à média dos últimos quatro anos, que foi de 38 milhões. Esse número corresponde a aproximadamente 20% do total produzido pelo país. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab estima a safra de verão em 22,4 milhões de toneladas, enquanto a segunda safra de milho poderá chegar a 12,3 milhões, se o clima não atrapalhar. São incluídas nessa soma mais 3,9 a 4,0 milhões de toneladas de outros cereais de outono e inverno, como feijão e trigo. O Paraná praticamente concluiu a colheita da safra de verão com uma quantidade próxima à média que vem sendo obtida desde o período 2014/15, entre 20 e 22 milhões de toneladas. SOJA - Desse montante, a soja responde por 19,1 milhões de toneladas, 4% inferior ao ano passado, quando foi recorde e rendeu 19,8 milhões de toneladas, com média em torno de 3,5 mil quilos/hectare. A área ocupada com a cultura foi de 5,4 milhões de hectares, 3% mais que no ano anterior. Agora, as atenções se voltam para a segunda safra de outono e a de inverno. A previsão é que a segunda safra de milho, a ser colhida no meio do ano, seja consolidada em 12,3 milhões de toneladas. TRIGO - De acordo com estimativa do Deral, a área cultivada de trigo – cuja semeadura ocorre em sua maior parte no
mês de abril - deve crescer cerca de 8%, que corresponde a um adicional de 80 mil hectares. Assim, a área avança de 970 mil hectares no ano passado para 1,050 milhão neste ano. Com isso, a produção deve alcançar 3,3 milhões de toneladas, um aumento de praticamente 50% em relação ao ano passado. A região que mais deve aumentar a área com trigo é o oeste. Tal incremento reflete a quebra de safra ocorrida no ano passado e também o alongamento do ciclo da soja, provocado por problemas climáticos em 2017 e início de 2018, que inviabilizou em diversos municípios o cultivo de milho da segunda safra, deixando a área para o trigo, que é semeado mais tarde. O economista do Deral, Marcelo Garrido, acredita que, com tempo ajudando, a safra de trigo tende a ser grande, confirmando o Paraná como líder em produção ao lado do Rio Grande do Sul. Juntos os dois Estados contribuem com praticamente todo o fornecimento do cereal para o mercado interno, que corresponde a metade do que é consumido. MILHO - Por sua vez, a segunda safra de milho se estende por uma área de 2,15 milhões de hectares, 11% a menos em comparação a essa mesma época no ano passado. A produção esperada também é 7% menor que a de 2017, que foi de 13,3 milhões de toneladas. Entre a primeira e segunda safra de milho o Paraná deve produzir 15 milhões de toneladas, o equivalente a 17% da produção brasileira que este ano deve ser de 87 milhões de toneladas. Já se leva em conta a redução de 10 milhões de toneladas no volume total, em função do clima que atrasou os ciclos das lavouras de verão também em outros Estados. Com safra menor e risco de problema climático durante o desenvolvimento das culturas, a oferta da segunda safra, que representa 70% da produção brasileira, pode não atender as necessidades do mercado interno. Em função disso, as cotações do milho estão se valorizando no mercado interno, a exemplo do que acontece com a soja e o trigo, oferecendo boas oportunidades de negócios aos produtores.
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Foto: Flamma
PARANÁ
A área ocupada com a cultura foi de 5,4 milhões de hectares, 3% mais que no ano anterior.
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FEIJÃO - A colheita da primeira safra de feijão cultivada no Estado, em 2018, já foi concluída. A produção foi de 311,3 mil toneladas, 18% menor que no ano passado, quando a primeira safra rendeu 368,1 mil toneladas. A quebra da safra foi provocada pelo clima: houve excesso de chuvas durante a fase de desenvolvimento. A segunda safra de feijão transcorre com normalidade. Este ano, a área cultivada com a cultura foi 200.963 hectares, uma redução de 20% na comparação com a de 2017, de 251.625 hectares. A produção estimada pelo Deral é de 384.792 toneladas, 11% acima do colhido no ano passado, quando a segunda safra de feijão somou 346.610 toneladas.
19,1
Milhões de toneladas é a previsão para a soja, que na safra 2017/18 ocupou 5,4 milhões de hectares
12,3
Milhões de toneladas é a expectativa para o milho de segunda safra, quantidade que vai depender do comportamento do clima
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PARANÁ
AGROPECUÁRIA TEM MELHOR RESULTADO EM QUATRO ANOS A agropecuária do Paraná teve em 2017 o melhor desempenho em quatro anos e deve continuar fazendo bonito em 2018. A safra recorde de grãos e o bom resultado da pecuária fizeram o Produto Interno Bruto (PIB) do setor crescer 11,5% no ano passado. Sozinha, a agropecuária adicionou R$ 35,9 bilhões à economia do Estado, de acordo com dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). O setor foi um dos principais responsáveis pelo fim da recessão no Paraná. A agropecuária respondeu por 9,8% do PIB do Estado em 2017. No Brasil, o setor primário respondeu por 5,3%. Desde 2013, quando cresceu 18%, a agropecuária não registrava um avanço acima de dois dígitos no Estado. Maior produtor de carne e segundo maior produtor de grãos do país, o Paraná respondeu por 12% da produção agropecuária brasileira. No ano anterior, a participação havia sido de 11,8%. O Paraná se destacou nas principais culturas em 2017, de acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Respondeu por 17,2% da produção de soja, 18,4% de milho, 52,2% de trigo, 21,7% de feijão, 57,9% de cevada, 71,4% de centeio, 21,7% de aveia e 1,3% de arroz. Na pecuária, se consolidou como o maior produtor do país, resultado puxado, principalmente, pelo frango (30,9% do total de toneladas produzidas no Brasil) e de suínos (21%). Maior produtor de madeira, o Estado também aumentou sua participação na silvicultura nacional. Em 2017, respondeu por 24,6% da produção de madeira em tora, sendo que em 2015 essa participação havia sido de 22,2%.
R$ 35,9
bilhões foram injetados pela agropecuária na economia estadual em 2017
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UM NOVO RECORDE NACIONAL A safra brasileira 2017/18 de soja deve registrar recorde de produção com 115,9 milhões de toneladas. Os números são estimados pela Consultoria INTL FCStone, que revisou suas previsões em abril e apontou um aumento 2,7% frente ao que foi divulgado em março, o que significa também 1,87 milhão de toneladas acima do ciclo anterior. Outras estimativas variam de 114 milhões (quantidade obtida no ciclo anterior – 2016/17) a 118 milhões de toneladas. A produtividade média esperada para o Brasil foi aumentada para 3,31 toneladas por hectare e a exportação dos produtos deve bater o nível recorde de 69,5 milhões de toneladas. Ana Luiza Lodi, analista de mercado, explica que, mesmo os problemas no Sul do País não foram capazes de abalar os bons resultados da produção em geral. “Os Estados da região Centro-oeste e do Matopiba [região compreendida pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia] apresentam um resultado excepcional, ultrapassando, inclusive, o alcançado na safra passada”, destaca Lodi. RECUO - Para a primeira safra de milho 2017/18, as estimativas apresentam uma leve queda, de 23,4 para 23,37 milhões de toneladas. Segundo a analista, a diminuição foi impactada por um pequeno corte que aconteceu na produtividade do Paraná e também ficou abaixo do alcançado na primeira safra 2016/17. “A queda considerável da produção de verão em relação ao ano passado foi majoritariamente condicionada pelo recuo da área plantada, com os produtores dando preferência para a soja, após o recorde de produção de milho ter pesado muito sobre os preços do cereal”, avalia. Já no caso da segunda safra de milho 2017/18, o balanço da INTL FCStone informa que a produção deve ser de 63 milhões de toneladas, com um aumento decorrente do maior número de áreas plantadas. O balanço de oferta e demanda também deve ser maior, com estoques elevados e possibilidade de mudança devido à quebra da safra argentina. “Dá para fazer mais”, diz produtor em Arapongas, norte do Estado, o produtor Miguel
Foto: Flamma
O produtor Miguel e o filho VinĂcius cultivam soja e milho em Arapongas. Cuidado com o solo garante melhor desempenho da lavoura
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PARANÁ
115,9
milhões de toneladas é a previsão para a colheita de soja
Surek e seu filho Vinícius colheram neste ano a média de 73 sacas de soja por hectare (177/alqueire). O volume ficou levemente abaixo em comparação às 74,3 sacas/hectare da safra do ano passado (180/alqueire), mas eles não podem se queixar. Por causa dos problemas climáticos - estiagem e baixas temperaturas no início do período de desenvolvimento, em outubro, e um longo período chuvoso na reta final da cultura, entre os meses de dezembro e janeiro -, houve redução da produtividade regional. No município, a média ficou em 54,5 sacas/hectare (132/alqueire). Eles estão entre os que produziram bem, mas Miguel afirma: “Dá para fazer mais”. Dono de quatro barracões de frango na propriedade, onde aloja 127 mil cabeças a cada criada, o produtor conta que dedica especial cuidado ao solo, destinando à fertilização das lavouras os resíduos da avicultura, que servem de adubo orgânico. O solo é fértil, mas os Surek enfrentam um problema comum entre os produtores de grãos, que limita a produtividade das lavouras: a compactação, causada pelo tráfego de máquinas pesadas. Miguel conta que no ano passado foi preciso mexer na camada superficial. Em seguida, onde havia cultivado soja, ele fez o plantio de capim braquiária (espécie de origem africana que se adaptou bem ao Brasil onde é mais usada como pastagem), para revestir e proteger o solo. As vantagens desse cultivo, segundo o produtor, é que as raízes da braquiária ajudam a eliminar a compactação e abrem canais que facilitam a infiltração de água, reciclam nutrientes e impedem o processo erosivo. “Com as chuvas pesadas,
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não acontece mais enxurrada”, acrescenta Miguel, lembrando que o capim foi dessecado quimicamente na primavera para a formação de palha destinada ao plantio direto da soja. “Trabalhamos com o pensamento de que é possível sempre aumentar as nossas médias”, afirma o produtor, que voltou a cultivar milho no início de 2018, depois do intervalo de um ano. Ele conta que, na soja, seu recorde foi batido em 2013, quando conseguiu pico de 84,2 sacas/hectare (204 sacas/alqueire) em uma das áreas da lavoura. O filho Vinícius, de 27 anos, formado em engenharia de produção, está ao lado de Miguel desde pequeno, na lavoura. Ele acabou de retornar de um estágio de oito meses nos Estados Unidos, onde trabalhou em fazenda de produção de silagem (alimento bovino) na Califórnia. “Pretendo ficar no campo”, diz Vinícius, que aos poucos vai incorporando a experiência e os conhecimentos do pai, mas apresentando também sugestões de práticas e tecnologias que viu lá fora e podem melhorar a atividade por aqui.
“Trabalhamos com o pensamento de que é possível sempre aumentar as nossas médias” Miguel Surek, de Arapongas
Foto: Flamma
Cecília e o filho Paulo, na sede da fazenda em Floraí: média da soja neste ano foi a melhor de todos os tempos
A MELHOR COLHEITA Se de um lado há produtores cujas lavouras foram castigadas pelo clima adverso e registraram perdas de produtividade, de outro há os que no ciclo 2017/18 colheram a sua melhor safra de soja. Em Floraí, a 50 quilômetros de Maringá, a família Falavigna alcançou a sua melhor média em todos os tempos: 67 sacas por hectare (162/alqueire), enquanto a média no município foi de 51,6 sacas/hectare (125/alqueire). “Não há segredo algum”, afirma a produtora Cecília Falavigna, explicando que a receita do sucesso na agricultura é ter vontade de evoluir, adotar as melhores tecnologias possíveis e seguir orientação técnica profissional. Seu histórico de vida demonstra o quanto isto é verdade: há pouco mais de 20 anos, quando ficou viúva, a então professora, mãe de três filhos pequenos, não tinha afinidade alguma com os negócios do marido, que se resumiam a uma fazenda em Floraí e outra em Mamborê, próximo a Campo Mourão. Cecília decidiu encarar o desafio de aprender a ser produtora rural, “partindo do zero”, como diz, adentrando em um território que, até então, era dominado praticamente só por homens. Para isso, contou com o apoio do administrador Waldemar Orlandelli, que já trabalhava para o
marido. “Alguns achavam que ele não aceitaria ficar sob as ordens de quem não entendia nada do riscado, mas não foi isso o que aconteceu”, lembra a produtora. Orlandelli continuou sendo o administrador e, com Cecília, viu que as coisas mudariam rapidamente no decorrer dos anos. “Dona Cecília sempre foi muito receptiva a novas tecnologias e gosta de empregar nas propriedades o que há de melhor”, diz ele. Cecília se destaca como uma produtora diferenciada da Cocamar, cooperativa da qual é cooperada. Graças aos seus investimentos em práticas modernas e produtos de ponta, que foi vendo em dias de campo e palestras técnicas, onde dialoga com especialistas e outros produtores, ela se tornou campeã em concursos regionais de produtividade de soja e laranja. Atualmente ela e o filho Paulo cuidam dos negócios. Orlandelli conta que o solo de textura mista do município requer cuidados especiais, que são tomados em um trabalho planejado e contínuo. “Não descuidamos da preservação”, afirma o administrador, que está há 36 anos a serviço da família. Segundo ele, um solo bem estruturado possibilita que a lavoura suporte melhor as adversidades do clima. “O potencial da soja é muito grande e temos que fazer a nossa parte”, conclui.
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PARANÁ
No oeste paranaense, os produtores cooperados da cooperativa Copacol, de Cafelândia, colheram um total de 7,7 milhões de sacas de soja. Com área aproximada de 170 mil hectares de cultivo, a produção média foi de 62,8 sacas/hectare, cerca de 15% abaixo na comparação com o ciclo anterior. De acordo com o gerente técnico da cooperativa, Fernando Fávero, a produção foi considerada boa diante dos problemas climáticos. “Os cooperados fizeram a parte deles, aplicaram as tecnologias disponíveis e recomendadas, não fosse isso, poderíamos ter perdas maiores”. Por sua vez, a Coamo, maior cooperativa do Brasil, sediada em Campo Mourão, recebeu 85 milhões de sacas de soja e milho, apenas na safra de verão (2017/18). A região compreendida pela operação da Coamo no Paraná e outros Estados soma 3 milhões de hectares. MÉDIA BOA - Em São João do Ivaí, no centro-norte paranaense, o cooperado Paulo Cesar Luiz, conseguiu média de 62 sacas por hectare (150/alqueire). “Mesmo com todos os transtornos que tivemos ainda fechamos com uma boa média. Ficou acima do que imaginávamos durante o ciclo da lavoura”, afirmou Luiz a jornalistas da cooperativa, em reportagem publicada na Revista Coamo. O produtor segue as orientações da assistência técnica da cooperativa e investe em tecnologias e sistemas de produção para melhorar a produtividade. “Não controlamos o clima, mas se a planta estiver bem nutrida supera melhor as adversidades.” O plantio da safrinha de milho também atrasou. Contudo, as plantas seguem em desenvolvimento e o produtor diz estar confiante em uma boa produção. “A expectativa é boa. Tudo depende do clima, se não esfriar muito cedo, teremos uma boa safra.” Na área de ação da Coamo, a região que mais sofreu com o clima no ciclo 2017/18 foi o oeste do Paraná. Tradicionalmente, é a que abre o período de semeadura no verão. Na safra, houve antecipação em cerca de dez dias nessa operação, dentro do zoneamento e vazio sanitário. Porém, devido à falta de chuva, o trabalho de forma mais intensa só ocorreu nos últimos dias de setembro. Foi 16 | RIC RURAL - MAIO 2018
nesse período que o cooperado Roberto Scholz, de Toledo, levou as máquinas para o campo. Ele conta que algumas variedades foram plantadas fora da época e para atrapalhar ainda mais, outubro foi um mês bastante chuvoso. “Foram 15 milímetros em média por dia. No final de outubro choveu 300 milímetros em uma noite. Depois, em novembro, foram 27 dias de seca e em dezembro voltou a chover muito, atrapalhando as aplicações. O reflexo foi a queda na produção entre 30 e 50 sacas de média no município. No meu caso, foram em torno de 35 sacas a menos em comparação ao ano passado.” Irregularidade do clima afetou com mais intensidade algumas regiões do Estado, reduzindo a produtividade da soja
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REGIÃO OESTE SENTIU MAIS
Irregularidade do clima afetou com mais intensidade algumas regiões do Estado, reduzindo a produtividade da soja
“Mesmo com todos os transtornos que tivemos ainda fechamos com uma boa média. Ficou acima do que imaginávamos durante o ciclo da lavoura” Paulo Cezar Luiz, produtor de São João do Ivaí
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INTEGRANDO SOJA E PECUÁRIA
Investindo em programa de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em São Jerônimo da Serra, a 100 quilômetros de Londrina, a produtora Etiane Caldas Gomes Kuster consegue resultados acima da média regional. O agronegócio se tornou o projeto de vida da produtora há alguns anos, após a perda do marido. Advogada e residente em Curitiba, ela decidiu dedicar-se integralmente à atividade que sempre acompanhou de perto, com o apoio da filha Ilana, também formada em direito, que a ajuda na gestão das propriedades, e do seu gerente, o técnico agrícola André Oliveira. As propriedades são especializadas no ciclo completo (cria, recria e engorda) fruto de cruzamento industrial de nelore e angus. Os animais terminam o ciclo superprecoce aos 18 meses, oferecendo uma carne macia e saborosa, com a qualidade desejada pelo mercado. PIONEIRA – Cultivada para a reforma dos pastos, a soja alcançou a média de 57,8 sacas por hectare (140/alqueire) na safra 2017/18. A família foi uma das pioneiras nessa prática, mantendo-a desde 1991. “O cultivo de grãos traz equilíbrio financeiro ao nosso negócio e reestrutura o solo, melhorando os pastos”, explica a produtora.
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Foto: Flamma
PARANÁ
Analistas afirmam está sendo aberto um espaço para o Brasil exportar 4 milhões de toneladas a mais de soja neste ano
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CENÁRIO INTERNACIONAL IMPULSIONA AS COTAÇÕES A forte quebra da safra argentina, terceira maior produtora mundial de soja, e a escalada no conflito comercial entre China e Estados Unidos, têm chacoalhado o mercado internacional da oleaginosa e reforça as expectativas de que as exportações brasileiras do grão batam novo recorde este ano. Com a possibilidade de que os chineses comprem menos soja americana, os prêmios de exportação para a soja brasileira no porto de Paranaguá vêm subindo. Para analistas, está sendo aberto um espaço para o Brasil exportar 4 milhões de toneladas a mais de soja neste ano. As estimativas iniciais eram de que o país embarcaria um total de 70 milhões de toneladas de soja em grão – já um volume recorde. Mas o embate EUA x China pode levar os embarques a 74 milhões de toneladas sem afetar a demanda doméstica. EM PLENA COLHEITA - Os prêmios da soja brasileira já vinham subindo desde janeiro com a quebra da safra na Argentina e causaram um fenômeno pouco visto no Brasil: as cotações da oleaginosa subiram mesmo durante a colheita. De acordo com especialistas, os prêmios devem continuar fortes no decorrer do ano, porque o excedente no mercado nacional vai diminuindo. À medida que o Brasil elevar exportações, os prêmios tendem a aumentar. Por outro lado, entendidos de mercado observam que há limites para o Brasil ampliar suas vendas de soja à China, uma vez que o país não têm condições de atender toda eventual demanda adicional do país asiático. Considerando que o Brasil vai colher 115 milhões de toneladas na safra 2017/18 e que processará 43 milhões de toneladas – conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) – não sobrará muita soja para exportação. LIMITES - Outro fator que deve limitar os embarques de soja em grão para a China é que produzir farelo de soja no Brasil está rentável atualmente em função da quebra da safra da Argentina. A China já vinha reduzindo as importações de soja americana nos últimos meses em retaliação ao governo de Donald Trump. Segundo o serviço alfandegário chinês, o
país asiático importou 5,4 milhões de toneladas de soja em fevereiro, 2% menos que no mesmo mês de 2017. As compras do Brasil, no entanto, subiram 154,1% na mesma comparação, para 1,7 milhão de toneladas. Já as dos EUA recuaram 24,4%, para 3,6 milhões de toneladas. Há a possibilidade, ainda, de o Brasil exportar mais de 74 milhões de toneladas neste ano em função da maior demanda chinesa e importar soja dos Estados Unidos para atender o consumo doméstico. Como alternativa para driblar a taxação chinesa, tradings americanas que operam no Brasil também poderiam exportar soja dos EUA à China por meio das operações brasileiras, avaliou uma fonte do setor. Grandes empresas do setor, como a Cargill, afirmou estar “profundamente preocupada” com o avanço das tensões comerciais entre EUA e China. “O impacto de um conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo pode levar a uma guerra comercial destrutiva com sérias consequências para o crescimento econômico e para a criação de empregos”, disse a empresa.
74 milhões de toneladas é quanto o Brasil pode exportar de soja neste ano
43 milhões
de toneladas é a quantidade estimada de processamento do grão no mercado interno
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PARANÁ
Foto: Flamma
Em mais de 120 dos 399 municípios do Paraná, as unidades da cooperativa são as maiores empresas locais, segundo a Ocepar
COOPERATIVAS RECEBEM 60% DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA As 80 cooperativas agropecuárias paranaenses recebem nada menos que 60% da produção agropecuária estadual e de acordo com a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), o faturamento anual do setor já supera a R$ 70 bilhões por ano. Mais de 50% da produção de soja do Estado, por exemplo, passa por essas organizações. "Não daria para pensar em fazer uma safra agrícola sem contar com a estrutura das cooperativas", afirma o presidente da entidade, José Roberto Ricken. Segundo Ricken, as unidades operacionais das cooperativas geralmente são as maiores empresas em grande parte das cidades onde estão situadas, gerando empregos, impostos, recebendo as safras, fornecendo insumos, movimentando a economia e fazendo a transferência de tecnologias aos produtores. A cada ano, o setor investe cerca de R$ 1,8 bilhão em estruturas que incluem a construção e a ampliação de armazéns. Em sua região, no noroeste e norte do Estado, a Cocamar está ampliando a capacidade estática de armazenagem de grãos de 1,1 para 1,5 milhão de toneladas. Ao participar no dia 2 de abril da Assembleia Geral do Sistema Ocepar, em Curitiba, a então vice-governadora Cida Borghetti comentou que “As cooperativas são essenciais para a economia 20 | RIC RURAL - MAIO 2018
do Paraná e um modelo para o país pela eficiência nas suas gestões”. Cida Borghetti, que assumiu o cargo de governadora no dia 7 com a desincompatibilização de Beto Richa, também fez referência aos investimentos em tecnologia e a geração de milhares de empregos e oportunidades. “São cerca de quatro milhões de empregos indiretos gerados. O governo do Paraná reconhece o excepcional trabalho das cooperativas e tem o compromisso com o diálogo e a parceria para buscar o crescimento do setor”.
"Não daria para pensar em fazer uma safra agrícola sem contar com a estrutura das cooperativas" José Roberto Ricken, Presidente do Sistema Ocepar
R$ 1,8 bilhão
são investidos anualmente pelas cooperativas em estruturas
Foto: Daniele Corrêa Conteúdo oferecido por
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SOLO
PROSOLO ORIENTA SOBRE PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS As chuvas intensas ocorridas durante alguns períodos em 2016 e 2017 causaram danos ao solo em várias regiões do Estado, que já foi considerado um modelo internacional em conservação
L
ançado em 2016 pelo governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Programa Integrado de Conservação de Solos e água do Paraná (Prosolo) envolve a parceria de 22 entidades do setor público e da iniciativa privada, numa estrutura que está sendo colocada à disposição do produtor. O objetivo é que ele tenha assistência técnica qualificada e orientação de como adotar as práticas conservacionistas e quais são as mais indicadas para a região onde está localizada a sua propriedade. As chuvas intensas ocorridas durante alguns períodos em 2016 e 2017 causaram danos ao solo em várias regiões do Estado, que já foi considerado um modelo internacional em conservação. A perda de qualidade do plantio direto nos últimos anos, com a remo-
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ção de terraços e curvas de nível para facilitar a movimentação de máquinas maiores. E, com a flagrante volta do processo erosivo, em que as enxurradas levaram grande quantidade de terra para os rios, foi ligado o sinal de alerta. O consultor em solos, engenheiro agrônomo Marcos Vieira, destaca os resultados da adequada conservação de solos para produtores e consumidores, que passam a ter acesso a alimentos de boa qualidade e, assim, atendem as exigências de questões ambientais nos negócios. “Uma série de questões sociais que estão na pauta de compradores e consumidores internacionais também passam a ser atendidas, o que é uma responsabilidade de todos nós”, diz Vieira. O consultor se refere às ferramentas de tecnologia, planejamento e gestão que ajudam o produtor a equilibrar o solo e a água. Ele salienta ainda que para ter água ideal, precisa ter solo ideal. “Muita ou pouca água no solo é prejuízo.
É preciso planejar e adotar sistemas para que a água fique retida no solo e nisso um profissional de agronomia tem muito a ajudar”, recomenda. O programa prevê a adoção de técnicas conservacionistas que podem ser o terraceamento, curva em nível, cobertura do solo, plantio direto e rotação de culturas, entre outras práticas, recomendadas de acordo com o tipo de propriedade e a região em que ela se encontra. TREINAMENTO - O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/PR), um dos parceiros, está treinando servidores, técnicos e produtores. Os técnicos são capacitados para se tornarem consultores em conservação de solos e orientar os agricultores. Eles fazem um curso de 300 horas, na modalidade à distância. A previsão é capacitar 2 mil técnicos.
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SOLO
USINA SANTA TEREZINHA É PARCEIRA EM PESQUISA O Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná (Prosolo) está fomentando pesquisas na área de conservação de solo e água em sete mesorregiões do Estado. Na mesorregião que abrange a região noroeste, a Universidade Estadual de Maringá (UEM), Usina Santa Terezinha e pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em Paranavaí, estão iniciando projeto para investigar impactos das chuvas e de técnicas conservacionistas na erosão do solo em culturas de cana-de-açúcar. Para isso, os pesquisadores Jonez Fidalski e Mateus Carvalho Basílio de Azevedo (Iapar), o professor Marcos Rafael Nanni (UEM) e os grupos da unidade de Paranacity da usina, selecionaram uma área agrícola de cerca de 200 hectares, entre aquele município e Inajá, na microbacia hidrográfica do Ribeirão São Francisco, que deságua no Rio
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Paranapanema, na mesorregião noroeste. Fidalski explica que nessa área serão desenvolvidas pesquisas para avaliar a erosão em duas escalas. A primeira, maior, de 200 hectares, vai medir a perda de sedimentos no Ribeirão. A segunda – parcelas de dois hectares – em quatro sistemas de uso do solo com cana-de-açúcar, envolvendo parcelas sem e com terraços, e com diferentes quantidades de palhada na superfície do solo. “O projeto tem expectativa de conhecer a quantidade de água das chuvas que infiltrará no solo e de enxurradas que ocorrerão nas condições de campo, para os diferentes sistemas de manejo e de palhada na superfície de solo que apresentam camada superficial arenosa”, resume Fidalski. Além da pesquisa em cana-de-açúcar, o Prosolo, por meio da Rede Agropesquisa Paraná, está promovendo uma série de outros projetos de pesquisa serão desenvolvidos ao longo dos próximos quatro anos.
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mesorregiões do Estado são atendidas pelo Prosolo
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ÁGUAS
ABASTECIMENTO DE QUALIDADE COM O MORINGA CHEIA O objetivo é que produtores rurais em todo o Estado, cujas propriedades encontram-se dentro das bacias de captação para tratamento, sejam assistidos
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Propriedades que se encontram nas bacias de captação para tratamento da água, são assistidas na preservação correta dos rios, nascentes e cursos d’água
uando um produtor cuida bem do solo que cultiva, adotando práticas conservacionistas, está preservando o meio ambiente. Em uma propriedade de solo devidamente protegido, a água da chuva é absorvida sem provocar enxurradas que deixariam um rastro de erosão, chegando limpa ao leito do rio. Um dos subprogramas do Prosolo é o Moringa Cheia, abordado na última edição da Revista RIC Rural. Lançada em setembro de 2017 para atender a uma demanda da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), essa iniciativa visa continuar garantindo o abastecimento de água de qualidade à população. Para a aplicação da metodologia, o projeto-piloto em 2017 foi a recuperação do solo em uma área degradada no reservatório do Rio Iraí, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. A partir de então, o subprograma está sendo levado para outras regiões do Estado, com foco na recuperação, até o ano de 2022, de áreas de diversas bacias hidrográficas, o que inclui solos, águas e Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e também das microbacias nos mananciais de captação de água. O objetivo é que produtores rurais em todo o Estado, cujas propriedades encontram-se dentro das bacias de captação para tratamento da água, sejam assistidos pelo Moringa Cheia na preservação correta dos rios, nascentes e cursos d’água. Com isso, haverá, de acordo com a Sanepar, redução no custo de tratamento da água, melhoria da qualidade da mesma e, no caso específico do proprietário, a preservação do solo. A Sanepar financia a sua realização, sendo o projeto elaborado pelo Instituto Emater e a execução a cargo da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar).
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ÁGUAS
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS REQUER MUITA ÁGUA Para produzir alimentos, demanda-se uma grande quantidade de água. Uma xícara de café, por exemplo, requer 150 litros. Para um quilo de tomate, são necessários quase 200 litros e para um quilo de carne, não menos de 15 mil litros, segundo estudos da organização holandesa The Water Footprint Network. Diante dessa realidade, a busca pelo desenvolvimento sustentável representa um desafio. A expectativa é que a população mundial passe dos 7 bilhões de pessoas em 2013, para 9,3 bilhões ou até mais em 2050, segundo a FAO (Fundo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Esse crescimento – e o consequente aumento da demanda por água, energia e alimentos – vem fazendo com que toda a cadeia produtiva procure soluções que permitam o uso mais racional dos recursos hídricos. No Brasil, a agricultura seria responsável por 70% do consumo de água, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Embora pareça muito, esse gasto precisa ser relativizado, na opinião de especialistas, uma vez que não pode ser equiparado ao consumo industrial, que representa 20% do
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Foto: GoneWithTheWind
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Foto: Flamma
ÁGUAS
montante, ou mesmo ao consumo humano, de 10%. Isso porque boa parte da água usada no campo retorna à natureza. “O que não é consumido pela planta permanece no ciclo hidrológico, seja por meio da evaporação ou da penetração no solo, que devolve essa água para o lençol freático”, afirma o pesquisador Alexandre Nepomuceno, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele ressalta ainda que a maior parte da irrigação de plantações é feita com água das chuvas. “É justamente esse retorno da água para a natureza que completa o ciclo e faz com que chova”, diz. O plantio direto — nome dado à técnica de manter a terra sempre coberta com a palha decomposta de safras anteriores — também é usado para evitar a rápida evaporação da água e a erosão do solo, uma vez que a infiltração se torna mais lenta. “O Brasil é líder mundial no uso desse sistema, que já ocupa cerca de 60% da área plantada”, afirma Nepomuceno. BIOTECNOLOGIA - Depois de analisar resultados acumulados entre 2007 e 2011, a consultoria Céleres projeta que a intensificação da biotecnologia no agronegócio, com a disseminação de cultivos geneticamente modificados, está promovendo redução do uso da água. Isto decorre, segundo a Céleres, da menor necessidade de aplicações de defensivos e da introdução de variedades mais resistentes a pragas. “Essa redução vem, principalmente, do número de pulverizações”, diz Anderson Galvão, sócio-diretor da consultoria. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de plantas adaptadas às mudanças climáticas também é, na opinião de estudiosos, uma forma de estender a área de plantio a regiões mais áridas, minimizando o risco de perdas em períodos de estiagem. “Nos Estados Unidos, já foram plantados mais de 10 milhões de hectares de milho geneticamente modificados com esse intuito”, diz Alexandre Nepomuceno, da Embrapa.
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Segundo consultoria, cultivos geneticamente modificados, devido ao menor número de pulverizações, reduzem a demanda por água na agricultura
15.000 litros de água são necessários para produzir 1 quilo de carne bovina, segundo dados da empresa holandesa The Water Footprint Network.
Foto: Flamma
Para chegar a uma única xícara de café seriam demandados 150 litros de água em todo o processo produtivo
Foto: Flamma
Foto: Flamma
A Austrália é outro exemplo de nação, segundo ele, que conseguiu driblar um período de dez anos de seca com técnicas como o uso de plantas geneticamente modificadas, o controle de irrigação e o aperfeiçoamento do sistema de recolhimento de água das chuvas. “O Brasil precisa modernizar a agricultura e investir em novas tecnologias para continuar alimentando cada vez mais pessoas sem que, para isso, tenha que aumentar a área produtiva”, diz Galvão.
“O que não é consumido pela planta permanece no ciclo hidrológico, seja por meio da evaporação ou da penetração no solo, que devolve essa água para o lençol freático” Produtor mostra palhada que se acumulou no solo cultivado em sistema de plantio direto: prática retém água na superfície e beneficia a lavoura e o meio ambiente
Alexandre Nepomuceno, pesquisador da Embrapa, explicando que não é correto afirmar que a agricultura responde por 70% do consumo de água
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Foto: Flamma
ÁGUAS
IAP REGULAMENTA LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PISCICULTURA O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) publicou no início de março uma portaria que regulamenta o licenciamento ambiental de piscicultura em áreas rurais consideradas consolidadas. A regulamentação da atividade atende pedido do setor produtivo, que vinha encontrando obstáculos para o licenciamento em algumas localidades do Estado. “O objetivo é fortalecer o setor, garantindo sempre o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável”, informou o IAP em nota. Desde 2011 o Instituto vinha trabalhando a matéria e, recentemente, regulamentou a criação de tilápia no lago de Itaipu. Com a portaria, estendeu a medida para a atividade em áreas consolidadas de todo o Estado, o que é permitido pelo novo Código Florestal”. De acordo com a portaria nº 057/2018 a aquicultura (ou piscicultura) é considerada uma atividade agrossilvipastoril, ou seja, poderá ser licenciada em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008, como prevê o Código Florestal (Lei Federal nº 12.651/2012). O documento estabelece ainda que a atividade em imóveis rurais de até 15 módulos fiscais é admitida nas Áreas de Preservação Permanente (APP) de margem dos rios e áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais. Porém, são necessários alguns cuidados, como adotar práticas sustentáveis de manejo de solo e água, de acordo com normas dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; estar de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de recursos hídricos; que o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural – CAR e, principalmente, não implique na retirada de vegetação nativa. SISLEG – O IAP também publicou a portaria nº 056/2018, que prorrogou até dia 31 de maio deste ano o prazo para protocolo de solicitação de revisão de Termos de Compromisso firmados com base no extinto Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente (Sisleg).
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A aquicultura (ou piscicultura) é considerada uma atividade agrossilvipastoril
O documento prorroga em mais 60 dias a portaria de 234 de 19 de dezembro de 2017, que estipulava o término do prazo em 31 de março. Ele tem o objetivo de atender o estabelecido no Decreto Federal nº 9.257 de 29 de dezembro de 2017 que prorrogou o prazo para adesão ao Cadastro Ambiental Rural para 31 de maio de 2018. Com base nesse decreto e no Código Florestal, a revisão dos termos de compromisso pode ser solicitada porque estes foram firmados com base na legislação ambiental anterior. É necessário que o proprietário rural solicite a revisão. Podem pedir essa revisão aqueles que querem obter as garantias estabelecidas pela nova lei para quem fizer o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e, se necessário, aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA). Quem não fizer o pedido tem a obrigação de cumprir integralmente os critérios já estabelecidos na lei anterior.
31/5/2018
é o prazo máximo para protocolar solicitação de revisão de Termos de Compromisso firmados com base no extinto Sisleg
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ÁGUAS
A AQUICULTURA (OU PISCICULTURA) É CONSIDERADA UMA ATIVIDADE AGROSSILVIPASTORIL Opção pelo peixe valeu a pena, diz produtor tradicional de soja e milho, Antonio Ribeiro de Souza, de Cianorte, plantava 20 hectares (8 alqueires) próprios com a cultura e arrendava uma grande para área para poder fechar as contas, ganhando com o volume de produção. Mas a cada ano ficava mais difícil encontrar áreas boas e com um valor de renda viável. Foi aí que decidiu investir na diversificação da propriedade e se concentrar em sua própria área, parando com os arrendamentos. Para aproveitar uma área de relevo acidentado e alagada, ele havia construído, há cerca de 20 anos, um conjunto de oito represas com 18 mil metros quadrados de lâmina d’água onde faz recria e engorda de tilápia. A princípio a produção era mais para consumo e comercialização do excedente. Quanto aumentou a produção, chegou a trabalhar com parceiros, não deu muito certo e foi aí que decidiu priorizar a piscicultura. AGREGAR VALOR – Há cinco anos, buscando agregar valor à produção e ter uma opção de renda extra, Souza construiu uma estrutura com 110 metros quadrados que serve como abatedouro e agroindústria rural, montando uma linha de produção para limpeza, filetagem e embalagem. Com essa estrutura, ele passou a abater 2 mil peixes por dia, mas por enquanto o trabalho de despesca e abate é feito uma vez na semana ou a cada dez dias, tirando em média 450 quilos de peixes por vez. “Conforme for abrindo o mercado, a ideia é ir ampliando a produção”, diz o produtor. A tilápia é a principal criação, leva sete meses para atingir o tamanho ideal, sendo abatida com 600 a 700 gramas, rendendo de 200 a 300 gramas de filé. Como em cada represa há peixe em um estágio de desenvolvimento, sempre há produto para
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A despesca e o abate são feitos uma vez por semana, rendendo cerca de 450 quilos, em média
fornecer. A entrega é feita semanalmente em mercados e lanchonetes e há uma clientela que vai buscar no sítio. APROVEITAMENTO – Em média, 33% do peixe se transformam em filé. “Por enquanto, não temos como aproveitar totalmente as carcaças e a pele, porque o volume é pequeno e não compensa o investimento. Então, mais para dar uma destinação correta, torramos e misturamos com a ração para os peixes, acrescentando milho, farelo de soja, de trigo e de arroz. A maior parte da ração, entretanto, é comprada extrusada, própria para alimentar as tilápias e que resultam numa perda menor. A família também cria pacu, espécie que come de tudo, aproveitando os restos dos insumos que as tilápias não consomem, e as carpas capim e cabeçuda, que se alimentam principalmente das plantas e algas que surgem nos tanques, deixando-os limpos. TRABALHO – No dia a dia da propriedade trabalham Souza, um genro e um diarista. Quando é tempo de despesca e filetagem, aí a filha Vanessa e a esposa Luzia se juntam ao grupo e são contratadas mais umas dez pessoas, entre vizinhos e amigos, que ajudam na despesca e na limpeza. Souza diz que o peixe acaba dando mais renda que a soja, mas também muito trabalho, demandando tecnologias. “Se der algum problema como doença ou falta de oxigênio, a perda é total. Tem que ficar acompanhando o tempo todo, cuidando também com os predadores”, comenta o produtor que coloca em média oito peixes por metro quadrado. A meta é chegar a 15 peixes por metro quadrado ou mais, nível que demanda alta tecnologia.
18 MIL
metros quadrados de lâmina d’água compõem um conjunto de oito represas com 18 mil metros quadrados na propriedade em Cianorte
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ÁGUAS
Foto: Flamma
ÁGUA: UM DOS NOSSOS MAIS IMPORTANTES ATIVOS -
Por Roberta Züge*
Hoje, caso questionemos algum adolescente – alguns nem tão adolescentes assim – sobre algo totalmente indispensável, provavelmente, a energia será a primeira resposta. Sem dúvida, é algo que altera a vida de todos. Mas, antes da energia, vem a água; e, aliás, cerca de 70% da energia elétrica do Brasil também depende dela. Não foi coincidência que as primeiras civilizações se desenvolveram às margens de rios e córregos. Além da ingestão, a água é imprescindível para a produção de alimentos. Por muito tempo a questão da água, especialmente no Brasil, foi negligenciada. Pela abundância e facilidade de acessá-la, poucos cuidados eram realizados, muito por falta de políticas públicas adequadas. Em algumas regiões, onde o acesso de água é fácil e há chuvas bem distribuídas, sequer existiam políticas e programas que focassem a preservação deste bem precioso, assim como o uso racional. Mas este cenário tem se modificado. Além de o acesso a informação ter sido ampliado, mais brasileiros estão engajados na preservação. A agropecuária consome 70% de toda a água utilizada no planeta, segundo o Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Produzir alimentos necessita de muita água. Quanto menos desenvolvido o país, maior é o consumo. Dados da Embrapa indicam que mais de 70% da água destinada à agropecuária é utilizada na irrigação e 11% seguem para hidratação dos rebanhos. Lembrando que parte do que é irrigado também é consumido pelos animais de produção. Pelo alto consumo de água na irrigação, novas tecnologias e manejos estão sendo desenvolvidos para mitigar as perdas. Estudos da FAO demonstram que cerca de 60% da água utilizada em irrigação se perde pela evaporação. Algumas mudanças de manejo podem alterar bem este número. É importante salientar que a irrigação, apesar do custo hídrico, é imprescindível, pois, aumenta a produtividade, algo significante para minimizar o custo dos alimentos. Condenar a agropecuária pelo alto consumo de água é como punir um professor por utilizar muito giz escrevendo na lousa. Deve-se capilarizar as técnicas e os manejos desenvolvidos, para um uso mais racional, mas é uma dependência que sempre existirá.
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“Por muito tempo a questão da água, especialmente no Brasil, foi negligenciada. Pela abundância e facilidade de acessá-la, poucos cuidados eram realizados, muito por falta de políticas públicas adequadas” * Roberta Züge Médica-veterinária e doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), diretoraadministrativa do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e vice-presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (Sindivet)
Foto: Rubens Fraulini
Segundo a empresa, a alta performance é resultado, principalmente, de projeto e construção bem consolidados, somados à operação e à manutenção de qualidade
ITAIPU BATE RECORDE Itaipu bateu mais uma vez o recorde mensal de produção de energia chegando próximo da barreira dos 10 milhões de megawatts-hora (MWh) no mês. Com 9,879 MWh gerados, março de 2018 ficou marcado com a maior produção em um único mês nos quase 34 anos de operação da hidrelétrica. As boas condições hidrológicas e um planejamento hidroenergético entre Itaipu, Operador Nacional do Sistema (ONS), Ande (Estatal Paraguaia), Furnas e Copel permitiram ainda outro feito: o melhor trimestre histórico da usina, com 27,940 MWh gerados de janeiro a março deste ano. A alta performance é resultado, principalmente, de projeto e construção bem consolidados, somados à operação e à manutenção de qualidade. A produção do mês de março seria suficiente para atender à demanda de energia do Estado do Paraná por quatro meses ou de todo o Brasil por sete dias. A do trimestre bastaria para atender ao consumo do Estado de São Paulo por três meses.
De acordo com a Superintendência de Operação (OP.DT), os números de 2018 são ainda mais significativos quando se leva em consideração que a Itaipu vem trabalhando em vários projetos estruturantes para colocar em prática a modernização das unidades geradoras.
“A continuar nesse ritmo, Itaipu poderá colocar 2018 dentre as cinco melhores marcas anuais de produção de energia” Celso Torino, superintendente de Operação
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Foto: SRM
EXPOSIÇÕES
Detalhe do Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro: exposição é uma das maiores em seu segmento no país
Diversão, informação, desenvolvimento genético e tecnológico é o que mais de meio milhão de visitantes vão encontrar na 46ª edição da Feira, de 3 a 14 de maio
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Foto: SRM
EXPOINGÁ, FORTE E DINÂMICA COMO O AGRO Concessionárias de máquinas agrícolas estabelecem planos especiais de negociação durante o evento
U
m dos maiores eventos do segmento agropecuário do Brasil, com grande importância para o Paraná e a região, a 46ª Expoingá – Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Maringá, 23ª edição internacional, chega em 2018 com perspectivas animadoras de movimentação financeira e público. Na avaliação de Maria Iraclézia de Araújo, Presidente da Sociedade Rural de Maringá, realizadora do evento, “O ano com uma boa safra e recuperação dos preços dos produtos agrícolas tende a capitalizar melhor os produtores rurais e elevar a capacidade de negócios durante a Feira”. CRESCER - Os organizadores acreditam que a movimentação financeira cresça cerca de 10% em relação ao ano anterior. De acordo com as expectativas, os negócios podem chegar a R$ 500 milhões aproximadamente, ante R$ 455,4 milhões em 2017. Segundo Maria Iraclézia, os resultados do ano passado foram recordes, mas há a favor da Feira este ano os índices de recuperação da economia no país e um otimismo mais generalizado dos próprios expositores. UM DIA A MAIS - O público esperado no Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro é na média dos últimos anos, devendo ficar próximo a 600 mil pessoas, considerando o fato de que este ano a Feira tem um dia a mais do que nas últimas edições. A Expoingá ganhou mais um dia por conta das comemorações do aniversário da cidade, no dia 14 de maio (segunda-feira). A Feira, que começa no dia 3 de maio e vai até o dia 14, terá doze dias para apresentação e comercialização de animais de alta genética, produtos da indústria, comércio e serviços, diversão, entretenimento, difusão de novos conhecimentos, tecnologias e muitas novidades. Cerca de 1,3 mil expositores participam do evento.
“O ano com uma boa safra e recuperação dos preços dos produtos agrícolas tende a capitalizar melhor os produtores rurais e elevar a capacidade de negócios durante a Feira” Maria Iraclézia de Araújo, Presidente da Sociedade Rural de Maringá
10%
é a expectativa de crescimento dos negócios gerados pela Feira, que podem chegar a R$ 500 milhões, ante os R$455,4 milhões de 2017
600 mil
visitantes é o público esperado, proveniente da cidade e toda a região
1,3 mil,
quantidade de expositores dos mais variados produtos
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Foto: SRM
EXPOSIÇÕES
Uma atração por si só, a arena coberta comporta 14 mil pessoas
ATRAÇÃO É O QUE NÃO FALTA Uma das principais novidades deste ano para o produtor rural é o Fórum Nacional de ILPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (veja box) e também um canteiro demonstrativo dessa técnica, que é a mais recomendada atualmente para a produção sustentável no campo. As mulheres empreendedoras do agronegócio também deixam sua marca ao apresentarem, pelo segundo ano, suas experiências e contribuições para o crescimento do setor no país. No segmento da tecnologia, o “Hackathon Inova Agro” é o destaque. EVENTOS - Já na parte técnica, serão mais de 70 eventos para públicos diversificados. Desde fóruns, seminários, encontros, workshops e cursos voltados à qualificação de mão de obra, pequenos, médios e grandes produtores, profissionais, técnicos e estudantes de diferentes campos de estudo, até eventos como 14º Fórum de Negócios Internacionais recheiam a programação. O setor da agropecuária contará ainda com o Espaço da Carne Gourmet, pelo segundo ano, 40 | RIC RURAL - MAIO 2018
demonstrando o processo de produção de carnes nobres e certificadas. E também se destacam as exposições nacionais de duas raças de ovinos (Suffolk e Naturalmente Coloridos), comprovando o crescimento deste segmento na pecuária paranaense. No geral, são mais de 7.500 mil animais, entre bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equinos e pequenos animais expostos no evento. Para conferir credibilidade ao que é mostrado como novidade na Feira não faltam investimentos, como, por exemplo, as despesas lançadas para trazer ao julgamento de ovinos Suffolk o juiz internacional Geoff Biddulph, da Inglaterra, um dos mais especializados na raça do mundo.
70
eventos para públicos diversificados estão na programação
Foto: SRM
Excursões de estudantes e produtores são recebidas praticamente todos os dias
UMA FEIRA PARA TODA A FAMÍLIA Sendo reconhecida ainda como uma das feiras agropecuárias de maior diversidade de produtos e atrações, a Expoingá, como costuma lembrar Maria Iraclézia, é uma feira preparada para toda a família. “O nosso público é eclético. Vêm para o parque desde as criancinhas às pessoas idosas, que encontram opções variadas que lhes agradam, seja no segmento da agropecuária, no pavilhão de indústria ne comércio, na gastronomia, no parque de diversões ou nos shows”, comenta a Presidente da entidade, salientando o esforço para que cada setor ofereça o melhor ao público. Além dos setores já citados, fortes instituições financeiras, parque de diversões, mais de 90 apresentações culturais, nove shows com artistas nacionais, provas e julgamentos de animais de elite, montarias em touro, feira de artesanato internacional e regional, Museu do Videogame Itinerante (sucesso de 2017 que está de volta), a agroindústria familiar, os pequenos animais e a tradicional Fazendinha estarão presentes na Feira.
Outra marca da Expoingá, a solidariedade se repete mais um ano, com dois dias de portões abertos (3 e 14) e shows gratuitos, enquanto a população contribui com a doação de alimentos, produtos de higiene pessoal e agasalhos.
“O nosso público é eclético. Vêm para o parque desde as criancinhas às pessoas idosas, que encontram opções variadas que lhes agradam, seja no segmento da agropecuária, no pavilhão de indústria e comércio, na gastronomia, no parque de diversões ou nos shows” Maria Iraclézia, Presidente da SRM
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EXPOSIÇÕES
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INJEÇÃO DE RECURSOS A Expoingá traz ao município de Maringá uma forte injeção de recursos no mês de maio por tudo que movimenta em termos de serviços, rede hoteleira, transporte, gastronomia e geração de empregos. A Feira gera aproximadamente 10 mil empregos diretos e indiretos, entre contratações da Sociedade Rural de Maringá e das empresas expositoras que pegam trabalhadores temporários para os estandes, instalações, manutenção e a movimentação de outros setores na cidade. Na agenda, o 1º Fórum Brasileiro Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Apresentar e debater as principais metodologias, inovações e soluções tecnológicas da ILPF (Integração LavouraPecuária-Floresta) e divulgar informações que contribuam na adoção e adequação de manejo deste sistema de produção, vem sendo sendo uma necessidade à medida que se ampliam as áreas e o número de produtores que apostam nesse modelo inovador e sustentável. É com esta finalidade que acontece o I Fórum Brasileiro de ILPF, no dia 9 de maio, durante a 46ª Expoingá. Voltado a produtores rurais, comunidade acadêmica e científica, técnicos, extensionistas e instituições financeiras, o evento é realizado pela Sociedade Rural de Maringá e a cooperativa Cocamar.
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A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Esta forma de sistema integrado busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade, gerando equilíbrio financeiro, diversificando a produção e gerando produtos de qualidade. Com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas. PALESTRAS - O Fórum vai acontecer das 13h30 às 17:30 horas, no Restaurante Central do parque, e contará com palestras de especialistas. O primeiro a falar é Paulo Renato Herrmann, presidente da John Deere Brasil, especialista no tema. Em seguida acontece o painel “Alternativas para a ILPF”, mediado pelo diretor executivo da Rede de Fomento à ILPF, William Marchió. Participam dos debates, Lourival Vilela, pesquisador da Embrapa Cerrados; Sérgio José Alves, pesquisador do Iapar; César Augusto Feltrin Gesualdo, engenheiro agrônomo da Cocamar e o produtor rural José Leandro Pires, trazendo sua experiência em ILPF desenvolvida na Fazenda Nova Guaída, em Mato Grosso.
Sistema inovador e sustentável, a integração lavoura-pecuáriafloresta (ILPF) cresce no país
Inscrições A participação no fórum é gratuita. As inscrições podem ser feitas pelo site: http://forumbrasileiroilpf.com.br/
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O produto final, no prato, é fruto de um processo que inclui investimento em genética e muito profissionalismo
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ESPAÇO DA CARNE GOURMET Em seu segundo ano na Expoingá, o projeto que é uma iniciativa da Sociedade Rural de Maringá, tem como objetivo divulgar a qualidade da carne produzida no Brasil. Neste ano, o Espaço estará localizado próximo ao portão principal do Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro. Ao todo, seis expositores, onde produtores de carnes nobres de bovinos, ovinos e aves, vão demonstrar o processo de criação, sanidade e nutrição para que sejam obtidos animais de alto padrão genético e a carne certificada. PREPARO - Um atrativo para o público é a “Vitrine da Carne”. O ambiente fechado por vidro recebe o conceituado mestre de carnes Marcelo Conceição “Bolinha”, que explicará como fazer a desossa e a retirada dos cortes para a montagem de pratos especiais. Além disso, ele irá ministrar cursos para interessado na área. Segundo a presidente da SRM, Maria Iraclézia de Araújo, o projeto valoriza a carne de qualidade e o desenvolvimento genético, levando ao público um produto diferenciado. “No local estão presentes os elos envolvidos na produção da carne de qualidade, que são parceiros da genética, nutrição e sanidade, os quais, com práticas de manejo ideal, produzem carnes nobres e certificadas, para um consumidor sofisticado”, explicou.
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EXPOSIÇÕES
Foto: Flamma
Detalhe geral do Fórum, que contou com a participação de grande número de produtores
LIDERANÇAS DEBATEM O PROTAGONISMO DO AGRO Com representantes dos mais diversos setores, Fórum demostrou o prestígio da Feira realizada de 5 a 15 de abril no Parque Internacional de Exposições Governador Ney Braga
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Foto: Ascom
omo poucas vezes se viu no Paraná, o Fórum de Agronegócios realizado este ano durante a ExpoLondrina 2018, de 5 a 15 de abril, reuniu um grande número de lideranças e especialistas para debater o protagonismo brasileiro no agro, o que conferiu relevância ao evento promovido pela Sociedade Rural do Paraná e a empresa MMarchiori. Praticamente todos os convidados integrariam listas das personalidades mais influentes do setor, em nível nacional. Pesos pesados como os ex-ministros da Agricultura Roberto Rodrigues e Alysson Paolinelli palestraram no Fórum, que contou também com a presença de Cesário Ramalho, presidente do Conselho do Global Agribusiness Fórum (GAF), da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil, Cleber Oliveira Soares, diretor de Inovação e Tecnologia da Embrapa, José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, Luiz Gustavo Mussio, diretor da Esalq/USP, Marcelo Vieira, presidente da Sociedade Rural Brasileira, Marcos da Rosa, presidente da Aprasoja Brasil, Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil, Mônika Bergamaschi, presidente da Ibisa, e Luiz Lourenço, presidente da Cocamar.
Brandão: “Os brasileiros conceberam a maior potência ambiental e agroalimentar do mundo com inovação e tecnologias”
DESTAQUE - Ao abrir o Fórum, o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Afrânio Brandão, afirmou que o país é destaque no cenário internacional por seu desenvolvimento agrícola sustentável. O Brasil, ressaltou, possui 520 milhões de hectares de reservas florestais nativas, enquanto que apenas 68 milhões de hectares são destinados à agricultura e 160 milhões à pecuária. Outro diferencial brasileiro é a sua disponibilidade de água: o país concentra 16% das reservas de água doce do planeta. “Os brasileiros conceberam a maior potência ambiental e agroalimentar do mundo com inovação e tecnologias”, afirmou Brandão, ressaltando que o potencial de expansão do setor ainda é muito grande: há pelo menos 50 milhões de hectares de novas fronteiras, sem a necessidade de promover desmatamento. O presidente da SRP enfatizou ainda que o campo faz a diferença na economia e na balança comercial brasileira, apresentando em 2017 um superávit de US$ 86 bilhões. “Não fosse por isso, a balança teria sido negativa, assim como também a economia não estaria se recuperando”, completou. 47 | RIC RURAL - MAIO 2018
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O DESAFIO DE CONQUISTAR O MERCADO A executiva da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Sueli de Sá, destacou no Fórum de Agronegócio na ExpoLondrina que estão em operação mais de 110 unidades instaladas fora do Brasil, prestando apoio a 13 mil empresas exportadoras que, no ano passado, responderam por US$ 62 bilhões em negócios. “A Apex desenvolve 65 projetos com o mercado externo, dos quais 17 voltados ao setor agro”, afirmou de Sá. De acordo com ela, a maior parte dos negócios envolve alimentos processados, etanol e outros itens. “Sem a participação do agro nas exportações, a balança comercial seria deficitária em US$ 14 bilhões.” Em 20 anos, os embarques realizados pelo agronegócio resultaram em um superávit de US$ 1,3 trilhão, informou a executiva. Para de Sá, o desafio brasileiro é continuar conquistando mercados e diversificar as exportações. SER MAIS ATIVO - Entre os painelistas, a senadora Ana Amélia Lemos disse que o Brasil não aprendeu ainda a barganhar no mercado internacional. O país, segundo ela, não sabe tirar proveito de situações que poderiam ampliar mercado para os produtos nacionais. “Em matéria de política externa, somos mais amigos dos outros do que dos nossos próprios produtores”, citou, ao justificar que num mundo em que a maioria dos países é protecionista, o Brasil precisa ter uma postura mais ativa. INSTITUCIONAL - “Temos que deixar de ser meros expectadores para ocupar o protagonismo no mercado internacional”, disse Luiz Cornacchioni, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Para ele, há muito a avançar na questão institucional, o que se traduziria em conquistas no mercado externo. “Em lugar de uma atitude mais proativa, estamos sempre tentando nos defender de alguma coisa”, reclamou o diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo (Esalq/ USP), Luiz Gustavo Nussio.
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Rodrigues: a segurança alimentar é também um fator de paz social
US$ 14 bilhões
seria o déficit da balança comercial brasileira em 2017, sem a participação dos produtos do agronegócio
US$ 1,3 trilhão
é a soma do superávit gerado pelo setor à balança comercial brasileira em 20 anos
“Em matéria de política externa, somos mais amigos dos outros do que dos nossos próprios produtores” Ana Amélia Lemos, Senadora (PP-RS)
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Ricken: sociedade em geral desconhece o quanto os produtores rurais são preservacionistas
O SETOR SE COMUNICA MAL Ao pronunciar-se no Fórum em Londrina, a senadora Ana Amélia Lemos observou que os produtores brasileiros proporcionam segurança alimentar ao país, oferecendo comida em abundância e de qualidade. Ela lembrou que há exatos 15 anos, a safra nacional de grãos não passava de 100 milhões de toneladas, enquanto a que foi colhida no ano passado quase chegou a 240 milhões. Mesmo diante de tais conquistas, o setor rural enfrenta, na opinião da senadora, um certo preconceito por parte da sociedade urbana, que o vê com os rótulos de sempre: mau pagador, atrasado e predador do meio ambiente. “É preciso ter um protagonismo também na comunicação e combater essas inverdades”, disse Lemos, lembrando a célebre frase de Chacrinha: “quem não se comunica se trumbica”. PAZ SOCIAL - “A sociedade brasileira sabe muito bem da importância da agricultura, mas o que falta é senso de pertencimento”, pontuou o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Segundo ele, a segurança alimentar é também um fator de paz social. COOPERATIVAS - O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, foi taxativo: “Não fosse o agro, o Brasil estaria liquidado economicamente”. Na visão dele, campo e cidade precisam caminhar juntos, sem rancores. E citou o modelo cooperativista paranaense como exemplo dessa integração: em 120 dos 399 municípios do Estado, a cooperativa é a maior empresa local. “Juntas, as cooperativas vão movimentar 100 bilhões de reais em 2020,
impulsionando o desenvolvimento das cidades, o que é bom para todos.” Ricken citou também que o segmento cooperativista recebe 60% de toda a produção agropecuária estadual e já industrializa metade desses volumes. CARNE FRACA - Quanto a comunicação, Ricken lembrou que 28% da vegetação nativa do Estado está preservada (percentual acima dos 20% exigidos por lei) e a sociedade em geral desconhece o quanto os produtores rurais são preservacionistas. E deu um exemplo de informação desastrosa que arranhou a imagem do setor: o que saiu na mídia a respeito da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal no primeiro semestre de 2017. “O que deveria ficar restrito a alguns frigoríficos que apresentavam problemas, foi generalizado de maneira sensacionalista, penalizando o produto brasileiro. Ou seja, um crime de lesa-pátria”, definiu.
“A sociedade brasileira sabe muito bem da importância da agricultura, mas o que falta é senso de pertencimento” Roberto Rodrigues - ex-ministro da Agricultura
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Paolinelli: Se somos o carro-chefe da economia brasileira, vamos exigir que o presidente a ser eleito este ano não repita os erros cometidos pelos últimos governantes
PROTAGONISMO MUNDIAL O aumento crescente da população do planeta gera uma série de preocupações entre os especialistas de todos os setores e foi tema do Fórum na ExpoLondrina. A pergunta é: como produzir alimentos para 9,7 bilhões de pessoas, número previsto de habitantes até 2050 de acordo com informações das Nações Unidas (ONU)? Para Cesário Ramalho, presidente do Conselho do Global Agribusiness Forum (GAF), a segurança alimentar deve ser encarada como um dos temas mais importantes para a humanidade. O Brasil, afirmou ele, se tornou o segundo principal país fornecedor de alimentos para o mundo, depois dos Estados Unidos, desenvolvendo um sistema planetário de segurança alimentar. As safras brasileiras, de acordo com Ramalho, seriam capazes de alimentar três vezes e meia, por um ano, a população do país. MAIS COMIDA - Para o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, com líderes inconfiáveis como Trump, Putin e outros de menor calibre, o mundo não tem atualmente uma referência global e a própria democracia está em risco. A população do planeta pode se privar de tudo, menos de comida, e aí é que entra o Brasil. Rodrigues mencionou um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 35 países, segundo 50 | RIC RURAL - MAIO 2018
o qual, nos próximos dez anos, a oferta mundial de alimentos precisa crescer 20% para atender a demanda de uma população em constante processo de urbanização. “Com esse estudo em mãos, os países voltam seus olhares para o Brasil”, destacou o ex-ministro, frisando que os produtores brasileiros não têm medo do desafio. “Nos últimos 30 anos, ninguém conseguiu fazer tanto na agricultura quanto nós. O Brasil é, hoje, o celeiro do planeta.” MUDANÇA RADICAL - “Em quatro décadas apenas, passamos da condição de país do futebol, do samba e do café, que precisava importar alimentos, ao patamar de nação fortemente exportadora de comida para o mundo”, ressaltou Mônika Bergamaschi, presidente-executiva do Instituto Brasileiro para a Inovação e Sustentabilidade do Agronegócio (Ibisa). De acordo com o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, em 2025 o Brasil estará colhendo 300 milhões de toneladas de grãos e assumirá a dianteira na produção de soja e milho, superando os Estados Unidos. “Nenhum outro país terá capacidade de crescer tão rápido em produção de alimentos”, atribuindo isso ao empreendedorismo dos agricultores brasileiros. AGREGAR VALOR - Para Cleber Soares, da Embrapa, não vai adiantar muita coisa ao país apenas produzir grandes volumes, sem valor agregado. Ele mencionou os sistemas de integração lavoura-pecuária como uma
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Herrmann: chances são grandes de o país passar a ser visto como líder mundial em agronegócios
oportunidade nesse sentido e a premência de avançar na qualidade dos alimentos para atender a consumidores cada vez mais exigentes, resumindo “O mundo espera muito do Brasil”. O ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, concordou com o dirigente da Embrapa ao afirmar não ser bom negócio para o Brasil continuar exportando apenas commodities e deu como exemplo o café. Embora o país seja o maior produtor mundial, o faturamento da Alemanha, que só industrializa o grão, é 4,5 vezes superior ao que o Brasil obtém com a matéria-prima. PRÓXIMO GOVERNO - A seu ver, para que o Brasil seja protagonista do agro mundial é preciso, primeiro, fazer a lição de casa. “Se somos o carro-chefe da economia brasileira, vamos exigir que o presidente a ser eleito este ano não repita os erros cometidos pelos últimos governantes. Um desses erros, segundo ele, foi gastar muito além dos orçamentos, “gerando uma famigerada dívida pública da qual a população brasileira é avalista”. “Outubro é a oportunidade de renovar”, enfatizou o presidente da John Deere Brasil, Paulo Herrmann, destacando a necessidade de a população “eleger representantes que coloquem o país nos trilhos”. Sobre o agro, Herrmann salientou que o Brasil tem poucas chances de ser reconhecido como uma referência industrial ou de serviços, mas em contrapartida, são muitas, segundo ele, as possibilidades de o país passar a
ser visto como líder mundial em agronegócios. Herrmann disse se recordar que, há algumas décadas, o Brasil praticamente não existia no cenário do agro internacional. Nesse passado, a supremacia era dos EUA, que representavam 60% da exportação mundial de milho, índice que atualmente caiu à metade, o que se deve às crescentes safras brasileiras. O mesmo acontecendo agora também em relação à soja, completou o dirigente.
300 milhões de toneladas de grãos é quanto o Brasil estará colhendo em 2025, de acordo com estimativa da FAO
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Rosa: Pesados tributos e altos custos de produção deixam sem rentabilidade 55% dos produtores brasileiros
TRIBUTAÇÃO EXCESSIVA ASFIXIA O SETOR Representando no Fórum em Londrina o ministro da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Francisco Marcelo Rodrigues Bezerra, afirmou que o montante a ser colhido na atual safra brasileira 2017/18 de grãos não deverá ficar muito abaixo do montante recorde obtido no período anterior (2016/17), de 238 milhões de toneladas. Esse número inclui o milho de segunda safra, ainda em fase de desenvolvimento. “Com o país se transformando em uma potência mundial do agronegócio, a dinâmica atividade desse setor promove o desenvolvimento nas regiões produtoras e a geração de empregos.” Mas deixou claro: há desafios a enfrentar, em especial no que refere a competitividade do setor – afetada principalmente pela alta carga tributária -, as deficiências do armazenamento e as dificuldades de logística, com estradas e portos obsoletos. É PESADO - O ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, foi contundente ao criticar o que chamou de “tributação excessiva” do setor,
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de cerca de 40%, o que faz com que um mesmo tipo de trator no Paraguai, por exemplo, custe 30% a menos. Marcos da Rosa, presidente da Aprasoja Brasil, também fez críticas ao volume de impostos pagos pelo setor produtivo, salientando que no Mato Grosso, seu Estado, a situação é ainda pior, por conta da contribuição de R$ 1,56 para cada saca de soja produzida. Ele garantiu, ao palestrar, que a rentabilidade de 55% dos produtores brasileiros é praticamente zero ou está próxima disso, o que se deve à somatória de tributos e altos custos de produção. “Um hectare de soja exige um desembolso equivalente a 60 sacas de soja”, garantiu. FALTAM PROFISSIONAIS - O diretor da Esalq/Usp, Luiz Gustavo Nussio, disse que embora o Brasil seja um gigante do agro, oferecendo nesse setor muitas oportunidades profissionais, os cursos de ciências agrárias oferecidos pelas Universidades, de uma forma geral, são bem menos procurados que os de outras áreas, e indagou: “Por que os jovens não se entusiasmam?”. Ele explicou que para dar sustentação ao crescimento do campo, se faz necessário produzir um grande número de técnicos especializados. Mas enquanto países como os EUA consomem 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) com pesquisas, o percentual
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Lourenço: O mercado mundial da soja cresce 5% ao ano e temos aí uma boa oportunidade a aproveitar”
brasileiro é quase cinco vezes menor: apenas 1,2%. “Não há fórmula mágica de fazer pesquisa que não seja por meio do investimento”, pontuou Nussio, deixando claro que para continuar crescendo, é indispensável formar profissionais. PERDAS - Pedro Lopes, presidente da Associação Brasileira de Logística, Transportes e Cargas (ABTC), afirmou que o agronegócio perde quase R$ 4 bilhões em média, por ano, em razão das péssimas condições de transporte. “Há um desperdício grande de grãos nas estradas e também por falta de espaço para armazenar”, disse ele, reclamando a falta de uma política de armazenamento para o país, uma vez que as estruturas atualmente disponíveis comportam apenas 50 milhões de toneladas, cerca de um quinto do que é produzido. Para complicar ainda mais, Lopes salientou não haver integração entre os diversos modais – rodovia, ferrovia, hidrovia -, o que eleva o custo Brasil. NÃO COMPENSA - Também entre os painelistas, o presidente da cooperativa Cocamar, Luiz Lourenço, salientou não haver retorno para uma empresa que necessita construir armazéns para acondicionar as safras, visto que os financiamentos oferecidos atualmente para esse fim,
seriam excessivamente caros. “A armazenagem é um gargalo”, frisou, lembrando que o Brasil busca protagonismo no mercado mundial mas não possui estruturas para alicerçar-se. “O mercado mundial da soja cresce 5% ao ano e temos aí uma boa oportunidade a aproveitar”, comentou, emendando que os sistemas integrados incorporam áreas de pastos degradados ao moderno processo produtivo. Só no noroeste do Paraná, lembrou Lourenço, existem de 2 milhões de hectares de solos arenosos que apresentam potencial para esse modelo de produção.
“O mercado mundial da soja cresce 5% ao ano e temos aí uma boa oportunidade a aproveitar” Luiz Lourenço - Presidente da Cooperativa Cocamar
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Palestras e cursos para produtores e especialistas foram promovidos todos os dias
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Agenda de movimentados leilões resultou em grande volume de negócios
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Em média, produtores preservam a cobertura florestal em percentual até mesmo acima do que prevê a lei.
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EXPORTAÇÃO
Detalhe do Porto, um dos mais importantes da América Latina
EMBARQUE DE GRÃOS CRESCE 45% EM PARANAGUÁ Expansão aconteceu de 2010 a 2017, sendo que no ano passado a movimentação atingiu a marca recorde de 17,4 milhões de toneladas
E
ntre os maiores terminais graneleiros da América Latina, o Porto de Paranaguá aumentou em 45% o volume de grãos embarcados pelo corredor de exportação, entre 2010 e 2017. Naquele primeiro ano, foram escoadas 12 milhões de toneladas de produtos. Em 2017, a movimentação atingiu a marca recorde de 17,4 milhões de toneladas – maior volume já exportado em toda a história do porto. A estrutura portuária recebeu investimentos públicos que totalizaram R$ 657 milhões até 2017,
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com a previsão de chegar a R$ 725 milhões em 2020. O montante garantiu recordes de movimentação e resultados para todo o setor produtivo. APROVAÇÃO – A Associação dos Terminais do Corredor de Exportação de Paranaguá (ATEXP) reúne dez grandes empresas que, juntas, exportam mais de 17 milhões de toneladas de grãos por ano e pretendem atingir a marca anual de 20 milhões de toneladas. O gerente da ATEXP, Jean Azzolin, explica foi construída neste período uma estrutura mais
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A estrutura portuária recebeu investimentos públicos que totalizaram R$ 657 milhões até 2017
adequada, que tem possibilitado escoar as safras agrícolas com maior rapidez e qualidade. Já o superintendente de Operações e Logística da cooperativa Coamo, Airton Galinari, informa que são exportados por Paranaguá 80% da produção dos seus 28 mil cooperados. Segundo ele, “o ambiente de confiança que se criou nos últimos anos, no porto, propiciou novos investimentos”, PRODUTIVIDADE - Para Gilson Luiz Azinelli, superintendente da Cotriguaçu, que reúne as quatro maiores Cooperativas do oeste do Paraná (Lar, Copacol, Coopavel e Cvale) 100% da produção de farelo, soja e milho sai por Paranaguá “A modernização no Porto aumentou a nossa produtividade consideravelmente”, diz Azinelli. O Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá é formado por um conglomerado de silos horizontais e verticais, correias transportadoras e carregadores de navios, com capacidade de embarque de 9 mil toneladas/hora. Por sua vez, o complexo graneleiro da APPA é composto por dois silos com capacidade total para 160 mil toneladas e interligados a outros dez terminais privados. Estes são responsáveis por 80% do total do volume exportado. Os terminais possuem capacidade de recebimento de cargas de 11,2 mil toneladas/hora, e capacidade de ensilagem que ultrapassa 1,2 milhão de toneladas.
INVESTIMENTOS – Em março, o governo do Estado liberou ordem de serviço para início das obras no cais oeste do Porto de Paranaguá, com investimento de R$ 177,58 milhões que abrange ampliação e modernização de berços de atracação. O projeto será custeado com recursos próprios da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). De acordo com o governo do Estado, o empreendimento vai triplicar a capacidade de exportação de grãos e amplia a competitividade dos produtos paranaenses e brasileiros. O prazo de execução da obra é de 18 meses.
11,2 mil toneladas/hora é a capacidade de recebimento de cargas dos terminais
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PERSONAGEM
Livro escrito pelo jornalista Wilhan Santin resgata a histรณria do pioneiro
O BRASIL POSSร VEL DE HERBERT BARTZ Pioneiro do plantio direto tem a sua histรณria contada em livro lanรงado na ExpoLondrina. Ele sobreviveu ao bombardeio de Dresden e contribuiu para revolucionar a agricultura brasileira
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Esse cenário, no entanto, começou a mudar no começo dos anos 1970, a partir do momento em que o agricultor Herbert Bartz, por conta própria, financiando passagens aéreas em dez vezes, indignou-se e resolveu viajar pela Europa e pelos Estados Unidos buscando uma solução. No Kentucky, Estados Unidos, dois extensionistas praticavam o “No-Till”. Ou seja, plantavam sem arar e gradear, sem revolver o solo, deixando-o protegido e menos suscetível à erosão. Era o plantio direto. ESTRANHARAM - Bartz trouxe a tecnologia para o Brasil, adotando o sistema em sua Fazenda Rhenânia, no município de Rolândia (PR). Foi tachado de louco quando plantou por cima da palha da safra anterior. Vizinhos chegaram a lamentar pelo fato de ele estar perdendo a sanidade mental, de tão estranho que era o novo jeito de plantar. Atualmente, diferente é quem cultiva sem fazer plantio direto. Dados da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação indicam que o Sistema é utilizado em aproximadamente 35 milhões de hectares no Brasil, o que corresponde a quase 90% das áreas ocupadas com lavouras de grãos. O sistema propiciou à agricultura do país chegar ao século 21 com recordes de produtividade. Somente por isso Herbert Bartz já mereceria uma bela biografia. Porém, ele tem muito mais para contar. SOBREVIVENTE - Menino nascido no Brasil e criado na Alemanha, em meio à Segunda Guerra Mundial (1939-45), é um sobrevivente. Passou
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A
erosão é um flagelo da agricultura brasileira. Uma estimativa feita pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), em 1981, apontou que as perdas de solo por erosão no Estado chegavam a 1,8 bilhão de toneladas por ano, causadas principalmente por chuvas. Se a enxurrada leva a camada superficial de terra para o leito do rio, é preciso adotar logo um manejo adequado. Caso contrário, como se diz por aí, o proprietário pode ficar apenas com a escritura nas mãos.
Bartz é cumprimentado pelo Presidente da Sociedade Rural do Paraná, Afrânio Brandão
por todas as privações, inclusive de comida. Na noite de 13 de fevereiro de 1945, ele estava em Dresden. Ao anoitecer daquela terçafeira, um imenso ataque aéreo com bombas incendiárias, comandado por forças britânicas, arrasou a cidade alemã cortada pelo Rio Elba. Homens e mulheres que molhavam, com água, Herbert e outras crianças, abrigados em um porão, em meio a um calor terrível, salvaram-no. Depois, teve o pai prisioneiro dos russos, integrou um grupo de ginástica artística, viajou “fazendo mochilão” pela Europa, perdeu a mãe e voltou com o pai e os irmãos para o Brasil. Pagou o alto preço do pioneirismo de iniciar um sistema que ninguém fazia, entrou em polêmicas, perdeu um filho adolescente. Mas não desistiu. Tudo isso está no livro “O Brasil possível: a biografia de Herbert Bartz” (240 páginas, edição do autor), escrito pelo jornalista Wilhan Santin. Durante 14 meses, ele fez 20 entrevistas com o biografado, ouviu outras 27 pessoas, pesquisou em dezenas de revistas, jornais, fotografias, livros e artigos da Internet para reconstruir toda a história de 81 anos de vida de Bartz. “A obra foi idealizada por Johann e Marie Bartz, filhos de Herbert, e construída graças à colaboração de muitas pessoas, inclusive do próprio Bartz. Ele participou intensamente, contando tudo com detalhes. Muitos o relacionam ao pioneirismo do plantio direto, mas desconhecem toda a história anterior 59 | RIC RURAL - MAIO 2018
que o levaram ao sistema. Além disso, trata-se também de, além da saga de um agricultor, contar um capítulo importante do agronegócio brasileiro”, explica Santin.
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PERSONAGEM
É POSSÍVEL - O título do livro, “O Brasil possível”, foi ideia de Bartz. A explicação ele dá na biografia. “Tenho a certeza de que o Brasil com o qual eu sonho é sim possível. Espero que tudo o que está acontecendo no agronegócio se espalhe para todos os setores, que aqueles que ocupam os cargos políticos possam se espelhar no homem do campo, que trabalha do nascer ao pôr-do-sol, que come marmita em cima do trator com o motor ligado para fazer o plantio e a colheita no tempo certo, que planta sem ter a certeza de preços bons no momento da safra, que enfrenta estradas esburacadas para escoar a produção e que entende a natureza e a respeita. Por sinal, ela, a natureza, não aceita propinas.” A obra foi patrocinada por Fundação Agrisus, Dow AgroSciences, Itaipu Binacional, Jacto, Marchesan e Microgeo.
“Espero que tudo o que está acontecendo no agronegócio se espalhe para todos os setores, que aqueles que ocupam os cargos políticos possam se espelhar no homem do campo, que trabalha do nascer ao pôr do sol” Herbert Bartz
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Aos 81 anos, Bartz vive em sua fazenda no município de Rolândia
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PLANO SAFRA
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Setor pleiteia que montante e regras sejam divulgadas o mais cedo possível
O CAMPO NA EXPECTATIVA Governo promete manter ao menos os R$ 188 bilhões liberados no ciclo anterior, para a temporada 2018/19, que começa em 1º de julho e vai até 30 de junho do próximo ano
O
secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa), Neri Geller, afirmou que o Plano Agrícola e Pecuário 2018/19 deverá manter, no mínimo, os R$ 188 bilhões aprovados para o ciclo anterior. A informação foi repassada pelo executivo a produtores em Lucas do Rio Verde (MT), e confirmada pelo ministro Blairo Maggi em visita que fez à cooperativa Coamo, no dia 19 de abril, em Campo Mourão (PR). Wilson Vaz Araújo confirmou que o plano deverá ser apresentado um pouco mais cedo este ano. “Em 2017, foi anunciado em 7 de junho”, informa a nota do Ministério, sendo que o ano-safra se inicia no dia 1º de julho de um ano e se encerra em 30 de junho do ano seguinte. No meio agropecuário cresce, de fato, a pressão para que as regras para o próximo ciclo sejam divulgadas com a maior antecedência possível, conforme apuração com fontes do setor. NOVIDADE - O Mapa relata também que entre as novidades para o próximo ciclo estão a adoção de um sistema de seguro que seja feito por meio de leilão direto para o produtor, e não pelo agente financeiro. “Eu reconheço que nós precisamos avançar. Por isso, façam encaminhamentos práticos, e a gente altera o que seja factível”, completou Geller. Pelo lado dos produtores, a principal reivindicação foi a redução da taxa de juros, atualmente em torno de 8,5% ao ano – ante uma Selic (taxa básica de juros) de 6,5% ao ano. COOPERATIVAS - O presidente do Sistema Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken, conversou pessoalmente com Maggi em Campo Mourão e pediu que a taxa de juros caia de 8,5% para 5,5%
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ao ano. Ele reivindicou também a manutenção dos atuais níveis de exigibilidade para os depósitos à vista (34%) e poupança rural (60%), destinados para o crédito rural. Quanto ao montante de recursos a ser disponibilizado, ao menos R$ 160 bilhões sejam para créditos de custeio e comercialização e os restantes para investimentos. Ricken pediu também que seja aumentado o limite do Programa de Desenvolvimento Cooperativo (Prodecoop) para R$ 200 milhões, retirar o limite para as cooperativas do PCA. Por fim, no crédito de industrializar, retirar o limite escalonado e adotar um limite global de R$ 800 milhões.
“Eu reconheço que nós precisamos avançar. Por isso, façam encaminhamentos práticos, e a gente altera o que seja factível” Wilson Vaz Araújo, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa)
8,5%
é a taxa de juros agrícolas atualmente, no Brasil. Setor pede que percentual caia para 5,5%
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ECONOMIA
Em Campo Mourão (PR), o ministro Blairo Maggi falou que o deslistamento de frigoríficos exportadores de aves à União Europeia deverá ser respondido pelo Brasil com a abertura de um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC). Maggi se queixou da maneira como o Brasil é tratado dentro das cotas de exportação. Nossa reclamação é que a Comunidade Europeia diz que é uma questão de saúde, mas se o Brasil pagar uma tarifa de 1.024 euros por tonelada e mandar tudo como carne in natura, entra sem nenhum problema. Então não é uma questão de saúde. E é isso que nós vamos reclamar na OMC”, explicou. Pagando a tarifa extra-cota, as exigências sanitárias quanto a salmonellas são reduzidas de 2.600 tipos da bactéria para dois. COTAS - O painel na OMC, segundo o ministro, servirá para discutir as cotas. “Estamos sendo penalizados. Há uma proteção de mercado que a gente não pode mais aceitar. Vamos brigar pelo espaço conforme o mercado mundial preconiza, que deve ser livre entre os países”. Disse ainda ter a certeza de que “estamos corretos nesse pleito e que a Comunidade Europeia está errada. Podemos reparar isso e receber um tratamento conforme o Brasil precisa”. IMPACTO - O impacto da decisão da UE deve ser grande e terá que ser substituído, afirmou. Mas, Maggi lembrou que os estabelecimentos afetados vendem também para o mercado interno, mercados da Ásia, no México, em vários lugares do mundo.
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MINISTRO CRITICA O EMBARGO
Cida Borghetti, Blairo Maggi e Galassini
“Estamos sendo penalizados. Há uma proteção de mercado que a gente não pode mais aceitar” Blairo Maggi - Ministro da Agricultura
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