Edição 02 | Abril de 2018
QUEM INTEGRA, PROSPERA Inovadores e sustentáveis, projetos de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que tiveram o Paraná como berço, há duas décadas, se espalham pelo Estado e o País, fazendo do agronegócio uma atividade ainda mais moderna, dinâmica e rentável
EXPOLONDRINA 2018 Espelhando a grandeza do agro nacional
HISTÓRIAS DE GENTE CAMPEÃ
APRESENTAÇÃO
CRESCER COM SUSTENTABILIDADE uando falamos em sustentabilidade no agronegócio, o ponto de partida são os cuidados dos produtores com o solo que cultivam. O Paraná tem ocupado posição de destaque em relação a este assunto, desde a década de 1980, quando foi implantado um programa conservacionista de grandes proporções, do qual se tornou um exemplo internacional. Em 2016, na busca de soluções para novos desafios que surgiram e com a finalidade de reafirmar o Paraná como um Estado que, efetivamente, se preocupa com a preservação ambiental, o Governo estabeleceu o Prosolo, o Programa Integrado de Conservação de Solo e Água que conta com o envolvimento direto das mais importantes entidades e instituições relacionadas ao agronegócio estadual. Nesta segunda edição da Revista RIC Rural, chamamos atenção para o tema e também para uma mudança que está sendo percebida no modo de fazer agricultura e pecuária, que tem tudo a ver com a sustentabilidade que tanto se persegue: os sistemas integrados. O princípio básico é justamente o manejo adequado do solo, reestruturado para promover a reforma de pastagens exauridas e, ao mesmo tempo, introduzir a produção de grãos. Os sistemas integrados são um caminho próspero para que o país, já um dos mais importantes protagonistas do agronegócio no planeta, consiga expandir ainda mais as suas safras e corresponder às expectativas de se consolidar como o principal provedor de alimentos para uma população global que, até 2050, segundo a FAO, é estimada em 9,3 bilhões de indivíduos – ante os 7 bilhões de 2011. Ao analisar o tema, a Revista mostra que os produtores paranaenses estão cada vez mais conscientes do seu papel e, também, dos cuidados que precisam dispensar ao seu maior patrimônio: o solo. Boa leitura!
LEONARDO PETRELLI NETO Presidente do Grupo RIC
Expediente
Fundador e Presidente Emérito Mário Petrelli Presidente Executivo Grupo RIC Paraná Leonardo Petrelli Diretor Administrativo Financeiro Albertino Zamarco Diretor de Mercado da RICTV | Record TV Gilson Bette Diretor de Mercado Jovem Pan, dance paradise e Top View Marcelo Requenaa Diretor de Planejamento e de Mercado do Grupo RIC Paraná Carlos Manzoli Diretor de Mercado Nacional José Grisbach Gerente de Marketing Grupo RIC PR Michelle Reffo Gerente de Conteúdo e Produção José Nascimento Publisher Plataforma Top View Marcus Yabe Tiragem 15.000 exemplares Redação e Produção informações do Recco Projeto Gráfico | Diagramação Diego Olejnik Revisão: Michelle Reffo | Fale conosco 41 3331-6131 | rp@ricpr.com.br Conteúdo produzido pela Editora Flamma Coordenação editorial: Luiza Bianca Furlan Recco MTb 10438/PR Rua Flamengo, 544, Jardim Tabaetê, CEP 87005-180 Maringá PR, 44 3041-0970 | 44 9101-1451 Colaboraram nesta edição: Agência de Notícias do Paraná (ANP), assessoria de imprensa Sistema FAEP/SENAR, assessoria de imprensa Sistema OCEPAR, assessoria de imprensa Coopavel, assessoria de imprensa Sanepar.
SOLOS
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Por um agro sustentável
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Números da pecuária são incipientes
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Pesquisa em área de cana
Pecuaristas se rendem a produção de grãos Com a integração, expandir a produção de alimentos
Prosolo integra Governo e 22 parceiros
Moringa Cheia apresenta os primeiros resultados
30 31
Sempre na vanguarda
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15 de abril, o Dia Nacional da Conservação do Solo
Conservação de solo e os sistemas integrados
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
EXPOSIÇÕES
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ExpoLondrina espera meio milhão de visitantes
41
Fórum do Agronegócio reune lideranças nacionais
42
Expoingá, melhor a cada ano
46
Show Rural Coopavel bate recorde de público
PRESERVAÇÃO
50
No Paraná, 27,9% das florestas estão em imóveis rurais
56
ONU e Itaipu Binacional celebram parceria
60
Ano passado BRDE contratou R$ 2,2 bilhões em financiamentos
MERCADO
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Expansão da soja impressiona pela rapidez e a grandiosidade
AGRO
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Sicredi e o Agronegócio: uma história de vínculo e cooperação.
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Um Paraná pulsante
SOLOS
Texto: Rogério Recco, com informações da Agência de Notícias do Paraná-ANP | Foto: Flamma
POR UM AGRO SUSTENTÁVEL Práticas conservacionistas bem conduzidas, como o manejo adequado do solo, promovem de forma exemplar a reforma de pastos degradados em sistema de integração com lavoura, melhorando os resultados para os produtores e abrindo novos horizontes para a economia das regiões no Paraná
U
ma mudança está sendo observada em regiões do Estado onde, tradicionalmente, reinava o boi. De alguns anos para cá, parte das extensas pastagens começou a ceder espaço para lavouras de grãos, que trouxeram junto as máquinas agrícolas e outras novidades. Com isso, o solo passou a ser melhor cuidado, a pecuária foi sendo repaginada, as propriedades começaram a se modernizar e os tempos de incerteza deram lugar à prosperidade. “Do jeito que estava não podia ficar”, afirma o agropecuarista Gérson Bórtoli, de Umuarama, município que é um dos principais redutos da bovinocultura de corte no Paraná. Nada contra essa atividade: o problema é que grande parte dos pastos se exauriu e com os preços pouco atraentes da carne bovina nos últimos anos, os pecuaristas tiveram que se mexer. A degradação dos pastos é um processo
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natural e previsível, após décadas de exploração intensiva sem a devida reposição de nutrientes. “O solo em muitos lugares está só no osso”, comenta Bórtoli, que há 15 anos começou a fazer o que muitos estão buscando agora: reestruturar a pecuária a partir da adoção de práticas mais modernas, aposentando o modelo tradicional, caracterizado pela baixa ocupação, o amadorismo e o minguado retorno econômico. Bórtoli começou a plantar grãos para reformar os pastos, algo que pecuaristas mais antigos diziam ser uma “heresia”. Ele conta que apanhou um pouco no começo, até dominar as tecnologias. Valeu a pena: atualmente, o produtor de Umuarama é uma das principais referências do Estado em integração lavoura-pecuária (ILP). Fatura com a produção de soja nos meses quentes em áreas antes destinadas às pastagens e, por meio desse mesmo processo, consegue potencializar a pecuária, uma vez que as terras retornam, no
A soja avança sobre áreas antes ocupadas por pastos degradados, transformando o noroeste paranaense em uma nova fronteira agrícola
inverno, para a engorda dos animais. Agora, ao contrário de antes, e diferente do que ainda se vê por aí, ele tem pasto de sobra, mesmo no frio, o período mais temido pelos pecuaristas que ainda permanecem no velho sistema. Não existe mágica nessa história. Tudo começa por um bom manejo de solo, quesito indispensável para desenvolver com sucesso um projeto de integração. Por esse e outros motivos, a ILP é, na opinião de lideranças, um modelo inovador e sustentável que pode ampliar substancialmente a produção brasileira de grãos e fazer do país uma potência agrícola ainda mais respeitada no cenário internacional. OUSADIA - Os primeiros sistemas integrados começaram a ser praticados de forma tímida, no Brasil, há pouco mais de duas décadas. No Paraná, o ponto de partida foi justamente Umuarama, onde, na década de 1990, o então prefeito Fernando Scanavaca instituiu o Programa de Arrendamento
de Terras (Pater) para tentar dinamizar a economia regional, afetada pelos incipientes resultados da pecuária. Scanavaca, hoje deputado estadual, lembra que a iniciativa foi ousada para a época, esbarrou em algumas dificuldades como a falta de tecnologias para a região e a resistência dos pecuaristas em arrendar as suas terras para agricultores, mas deu certo: “perdemos o medo do areião”. O “areião” a que se refere é o solo frágil conhecido como arenito caiuá, que se estende por pelo menos 2 milhões de hectares no noroeste paranaense. Quem vê, até pensa: é improvável produzir grãos ali, onde, em tom de brincadeira, alguns afirmam que a areia poderia ser usada em construção. Mas a experiência de produtores locais e de muitos outros, pela região, demonstra que a soma de vontade de mudar, adoção de práticas conservacionistas, tecnologias adequadas para produzir e uma boa orientação técnica, está fazendo do arenito
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caiuá uma nova fronteira agrícola. Gérson Bórtoli que o diga. Orientado pelos técnicos da cooperativa Cocamar, ele não apenas incrementou a sua atividade pecuária, aumentando a lotação e engordando animais em ciclos mais rápidos, como se tornou um campeão de produtividade de soja. Na recente safra 2017/18, sua média foi de 66 sacas por hectare, comparável, por exemplo, a que produtores obtiveram nas terras férteis de Maringá. O princípio básico é não mexer no solo – ou corrigir minimamente as suas imperfeições, como buracos e caminhos trilhados pelo gado - e cultivar bastante forragem como revestimento que servirá de reforço alimentar para os animais no inverno e também como
Bórtoli, na cabine do trator: há 15 anos ele começou a produzir grãos e diz que “do jeito que estava não podia ficar”
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cobertura de palha no verão. PROTEGER - A lógica é que, com uma boa camada de palha, a superfície ficará protegida da chuva forte e do sol escaldante. Se a chuva pesada cair sobre uma terra descoberta, poderá provocar danos em forma de erosão, principalmente se estiver em declive. O mesmo não acontece com um solo protegido de palha: a precipitação é absorvida sem maiores problemas. A insolação, por sua vez, eleva a temperatura do solo, que pode chegar a 60 graus centígrados. Em um ambiente assim, uma estiagem, mesmo de curta duração, pode ser fatal para uma lavoura. Debaixo da palha, a terra se mantém fresca e úmida por mais tempo após a chuva, sem esquecer que as raízes das
conservacionistas recomendadas, pode se dar mal. No areião, uma temporada de chuvas é sempre um risco se o agricultor não fizer plantio direto e curvas de nível, por exemplo.
forragens vão reciclar nutrientes no subsolo e a matéria orgânica resultante da decomposição dos vegetais irá restabelecer condições para o desenvolvimento de micro-organismos essenciais à recuperação da fertilidade natural. O que vem acontecendo em grande número de propriedades paranaenses, como exigência indispensável para viabilizar os sistemas integrados, está em plena consonância com o Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná (Prosolo), lançado em 2016 pelo Governo do Estado. Cultivar grãos no arenito, em especial, exige cuidados porque esse tipo de solo não aceita desaforo. Se o produtor não tomar todos os cuidados e deixar de lado as práticas
“Perdemos o medo do areião” Fernando Scanavaca Deputado estadual e ex-prefeito de Umuarama
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Pastos são recuperados com lavoura, um negócio vantajoso para o pecuarista
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Androni, que desativou um sistema de confinamento: “O gado ganha peso a pasto. Para nós, foi o melhor negócio”
PECUARISTAS SE RENDEM À PRODUÇÃO DE GRÃOS Não faltam exemplos em todo o Estado para demonstrar o sucesso dos modelos integrados entre produtores que cuidam bem do solo e colhem os frutos
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Sistema de irrigação em fazenda no município de Cruzeiro do Oeste faz chover na roça e não tem tempo ruim
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m Cidade Gaúcha, no noroeste, os irmãos Andreoni se dizem arrependidos por não terem aderido antes à ILP. No sexto ano de produção de soja, eles já compraram todos os maquinários necessários e, graças às pastagens abundantes de capim braquiária no inverno, recuperadas pela agricultura, desativaram o velho e oneroso sistema de confinamento. “O gado ganha peso a pasto. Para nós, foi o melhor negócio que fizemos”, comenta Ari, um dos irmãos. No início de 2016, quando o Paraná inteiro foi assolado por uma sequência de chuvas intensas, a propriedade dos Andreoni escapou ilesa, graças ao solo manejado e protegido adequadamente. Na vizinhança, foram muitos os casos de erosão. CAPIM VERSÁTIL - O capim braquiária, espécie africana que se adaptou bem às condições brasileiras, é semeado logo depois da colheita da soja para produzir uma pastagem que estará vicejando plenamente na época mais fria do ano. De acordo com especialistas, esse capim tem
tripla aptidão: fornece alimento para os animais, trabalha o subsolo com seu intenso enraizamento e, às vésperas da semeadura da soja, é dessecado quimicamente e se transforma em uma camada de palha que servirá como um cobertor para o solo. No município de Iporã, o pecuarista Albertino Afonso Branco, o Tininho, conta que relutou quando o técnico da cooperativa o procurou para falar sobre as vantagens oferecidas pela integração. “Ainda bem que ele foi insistente”, sorri, dizendo que o novo modelo mudou a sua vida. Com a reestruturação do solo, “a soja passou a ser uma ferramenta indispensável para o equilíbrio financeiro da propriedade e também para fortalecer a pecuária”, ressalta. Agora, ele não se preocupa mais em guardar alimento para o gado no inverno, como fazia antes. No ano passado, Tininho venceu um concurso regional de produtividade de soja e, como prêmio, foi passear nos Estados Unidos. “Eu me senti o cara”, diz. IRRIGAÇÃO - Em Cruzeiro do Oeste, os irmãos Luiz Fernando e Luiz Francisco Paro de Oliveira
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contam que, há quatro anos, decidiram potencializar a pecuária de corte, contando com a perspectiva de que as cotações da carne subiriam. Compraram um equipamento de irrigação por pivô central que faz chover na roça e investiram na reestruturação do solo degradado. “Modernizamos a propriedade e esse cuidado com o solo foi importante”, afirma Luiz Fernando. Como os preços da carne não evoluíram e os custos da atividade continuaram em elevação, o equipamento foi redirecionado para a produção de grãos: soja no verão e milho no inverno. Com isso, a família Paro está entre os primeiros do Paraná a fazerem integração lavoura-pecuária com o recurso da irrigação. Um luxo, que possibilitou a eles, no ano passado, semearem soja em meados de setembro, época em que uma estiagem impedia a semeadura da oleaginosa em praticamente todo o Estado. “Agora, não tem mais tempo ruim”, brinca Luiz Fernando, emendando que eles conseguiram colher a soja
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no início de fevereiro, antes de todo mundo, já semeando milho no lugar. “Quanto mais cedo a gente cultivar o milho, menos risco corre lá na frente, quando o frio apertar”, explica. SOLUÇÕES - Há maneiras de o pecuarista tradicional – aquele que não tem afinidade com lavoura e maquinários - investir em integração para recuperar os seus pastos a custos baixos. O exemplo é dado por Wilson Pulzatto e o seu filho Ricardo, donos de propriedade de engorda em Santa Fé, região de Maringá. Diante da exaustão dos pastos e sem “know-how” para eles próprios tocarem a agricultura, o jeito foi firmar uma parceria com um experiente produtor local, dono dos maquinários e da confiança deles. O agricultor fica com um porcentual da colheita e entrega os pastos recuperados. “Estamos muito satisfeitos com esse modelo”, afirma Pulzatto, que explica caber a eles, os proprietários, corrigir os níveis de acidez do solo. E se, por algum motivo, houver uma frustração de safra, o
percentual do arrendamento diminui na mesma proporção. “Trabalhamos com flexibilidade que é melhor para todo mundo”, completa. A degradação do solo e dos pastos em regiões arenosas chegou a tal ponto que mesmo pecuaristas de tradição no negócio, e sem conhecimento em agricultura, decidiram colocar as mãos na massa e partir para o aprendizado.
A pecuária é revigorada em pastagens de solo reestruturado
Em Guaraci, que fica entre Maringá e Londrina, o exemplo é o produtor Antonio Albuquerque Garcia, o seu Toninho. Aos 77 anos, ele conta que nunca havia pensado em ver a fazenda de 370 hectares cultivada com soja, como vem acontecendo desde 2012. Seu Toninho diz que estranhou um pouco no começo, pois a propriedade adquirida por seus familiares em 1952 sempre foi de pastos. No entanto, depois de ver a mudança para melhor acontecendo em outras propriedades, decidiu romper o longo histórico da família e experimentar a novidade. “Não tenho do que me arrepender”, afirma.
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VAI AUMENTAR - São 100 hectares de soja, área que vai ser ampliada para 150 no ciclo 2018/19. Na temporada 2016/17, o produtor colheu a média de 55,7 sacas/ hectare, praticamente a mesma do ano anterior. Nada mau para um solo com 18% de teor de argila – o que na interpretação bem humorada do próprio seu Toninho, “é areia da grossa”.
A tradição na pecuária não segurou Pulzatto, que reforma os pastos arrendando suas terras por meio de um modelo flexível
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Recusando propostas para arrendar suas terras, seu Toninho surpreendeu quando decidiu ele próprio, apesar da idade, tocar a ILP e investir na aquisição de maquinários (só não tem, ainda, a colheitadeira) e explica porque a integração está valendo a pena. A agricultura entrou na fazenda sem que ele precisasse reduzir o rebanho de aproximadamente mil cabeças e o solo vem sendo reestruturado com o plantio de braquiária logo após a colheita, formando forragem para alimentar o gado no inverno. O produtor, que segue à risca a orientação técnica, diz ter gostado do sistema em que o pasto é dessecado para dar lugar à lavoura, sem nenhuma intervenção no solo, a não ser a correção dos trilhos deixados pela boiada. ADUBAR NÃO COMPENSA - Também em Guaraci, o pecuarista José Sérgio Garcia se rendeu à integração. Dos 255 hectares da propriedade, 104 foram cultivados com soja na última safra. Garcia faz a engorda de 480 cabeças e recorda ter se interessado pela integração, há alguns anos, depois de participar de uma viagem à feira Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). Na volta, tratou logo de planejar a integração em sua fazenda, introduzindo-a por etapas, comprando as máquinas e só contratando a colheita. “Com o declínio natural da pastagem fica muito caro tentar recuperar com adubo”, comenta. Fazendo integração, ele já reformou 100%
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A economia fragilizada de regiões onde há muito tempo predomina a pecuária tradicional, ganha uma injeção de ânimo
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dos pastos e vê a soja, protegida pela palha de braquiária, suportar melhor as adversidades climáticas. Dono de granjas para 50 mil aves, Garcia destina o resíduo orgânico dos barracões para fortalecer a adubação da lavoura e ressalta a importância da diversificação que foi trazida pela integração. “Melhorei meus pastos e, sem reduzir o rebanho, passei a ter uma fonte de renda a mais, com a soja”, conclui.
Carlos Augusto Gomes: “Começamos com soja em 2000 e a família sempre teve cuidado com o solo”
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A integração lavoura-pecuária também é praticada na propriedade de 133 hectares da família Gomes, em Jaguapitã, município vizinho. O proprietário, seu Agostinho, e o filho dele, Carlos Augusto, começaram a plantar soja em 2000 e atualmente a oleaginosa ocupa 63 hectares, área essa que, no inverno, é destinada para o cultivo de aveia e milheto para produção de silagem que alimenta o gado de leite. São 60 hectares de pastos formados, em grande parte, com capim braquiária, onde estão alojadas 220 cabeças, média de 3,6 por hectare, considerada razoável para uma região onde os pastos, normalmente, suportam menos da metade desse número de animais. Formado em administração de empresas e com pós-graduação em manejo de fertilidade do solo e manejo de plantas, Carlos Augusto, de 36 anos, conta que a família sempre dedicou especial atenção à conservação do solo, “o nosso maior patrimônio”.
“A soja passou a ser uma ferramenta indispensável para o equilíbrio financeiro da propriedade e também para fortalecer a pecuária” Albertino Afonso Branco, o Tininho, produtor em Iporã Soja em meio à palhada: solo protegido e ambiente mais favorável ao desenvolvimento da lavoura
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Foto: Flamma Foto: Flamma
A paisagem em várias regiões do Estado está passando por uma transformação
INTEGRAÇÃO COMO FUNCIONA ∙ Na primavera, o pasto degradado é dessecado quimicamente, sem revolvimento da terra. São eliminados buracos, trilhos do gado e retirados os tocos e pedras. Seguindo orientação técnica, e de acordo com minuciosa análise de solo, é realizada a reposição de nutrientes básicos, para receber a cultura da soja. ∙ Após a colheita da soja, é feita a semeadura de forragens que inclui, entre outros, capim braquiária e aveia, para cobrir o solo. ∙ O desenvolvimento normal da forragem resultará em um pasto que poderá abrigar, no inverno, um número maior de cabeças de gado do que havia antes. ∙ Na primavera seguinte, o ciclo começa de novo, com a dessecação química do pasto e a semeadura da safra de soja.
Aos 77 anos, o conservacionista seu Toninho – na reserva florestal em sua fazenda, onde ele está ao lado de uma perobeira - decidiu romper a longa tradição familiar na pecuária e, ele próprio, tocar a agricultura
∙ O modelo é realizado em sistema de rodízio na propriedade.
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COM A INTEGRAÇÃO, EXPANDIR A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS O Brasil se posiciona entre as principais potências mundiais em produção de alimentos.
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os últimos 45 anos, o agronegócio nacional passou por uma mudança, o que levou o país a deixar de depender da importação de produtos básicos como arroz e feijão, para ser um dos maiores provedores de comida do mundo. Atualmente, de acordo com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cada safra anual, na soma de todos os itens, colhe-se o suficiente para matar a fome por um ano de uma população cinco vezes maior que a brasileira. Significa dizer que um em cada sete habitantes do planeta se alimenta do que é produzido nas roças do país. Mesmo já contando com segurança alimentar, pode-se dizer que o Brasil ainda está engatinhando no aproveitamento de suas terras, que na soma da agricultura e pecuária representam 26% do território nacional. E quando se fala em aproveitar melhor, não se prega ampliar esse percentual, promovendo o desmatamento, como alguns
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poderiam pensar, mas “fazer muito mais com o mesmo”, afirma Luiz Lourenço, presidente do Conselho de Administração da Cocamar. Para Lourenço, o impulso nesse sentido está sendo dado pela integração lavoura-pecuária (ILP) ou a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Em 2016, uma pesquisa encomendada pela Rede de Fomento ILPF, formada por empresas e instituições que fomentam projetos integrados pelo Brasil, descobriu que 11,5 milhões de hectares já eram cultivados no país utilizando inúmeros formatos. No Paraná, seriam cerca de 400 mil hectares. No caso, integrar lavoura-pecuária é aproveitar a mesma terra para, durante o ano, produzir grãos no verão e gado no inverno. A floresta, que pode ser de eucalipto ou outra espécie mantida de forma intercalar nos pastos, oferece renda adicional com a venda da madeira e ainda tem a finalidade de propiciar conforto térmico para os animais. Isso mesmo: se tiver oportunidade, o leitor pode reparar que nos dias quentes os bovinos
“É preciso fazer direito, seguindo rigorosamente tudo o que é recomendado” Em 45 anos o Brasil passou de importador a grande exportador mundial de alimentos
Luiz Lourenço, presidente do conselho de administração da Cocamar, uma das cooperativas que mais incentivam sistemas integrados no país
“É um sistema sustentável que diferencia o agronegócio brasileiro”, afirma o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Sérgio José Alves, especializado em sistemas integrados desde a década de 1990. Ele lembra que a integração é uma quebra de paradigmas, sobretudo para o pecuarista tradicional, geralmente avesso a mudanças. Segundo ele, os sistemas integrados conquistaram um espaço significativo nos últimos anos, mas o avanço poderia ter sido maior não fosse pela conhecida relutância de muitos criadores. Alves observa que a diversificação das fontes de renda melhora o fluxo de caixa da fazenda, mas não é só. “A gestão é modernizada, a produtividade cresce, a propriedade fica mais bonita, as terras se valorizam e é lucro no bolso”, resume, acrescentando ainda que na ponta do consumidor, o abate de gado mais precoce garante uma carne de melhor qualidade que atende a uma exigência do mercado. procuram o conforto térmico oferecido pela sombra das árvores. O bem-estar animal está em voga em muitos países e isto se soma aos benefícios que os sistemas integrados proporcionam. A única advertência feita por Luiz Lourenço é que o interessado em fazer integração, busque orientação técnica especializada, sob pena de não obter êxito. “É preciso fazer direito, seguindo rigorosamente tudo o que é recomendado”, avisa. PULO DO GATO - Especialistas explicam que por meio de tecnologias consagradas e seguindo orientação técnica, uma fazenda de pastos degradados se torna produtora de soja durante a primavera/verão e no outono/inverno explora a pecuária. O pulo do gato é que a soja vai recuperar os pastos, gerar renda e financiar totalmente a pecuária que, com pastagens de qualidade, será potencializada.
11,5 milhões de hectares já são cultivados com sistemas integrados no país, segundo pesquisa encomendada em 2016 pela Rede de Fomento. Seriam cerca de 400 mil no Paraná
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NÚMEROS DA PECUÁRIA SÃO INCIPIENTES Embora muito respeitado em produção de alimentos, o Brasil exibe números modestos em produtividade na comparação com outros países.
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a agricultura, as médias de soja e milho, principais commodities, ficam abaixo das obtidas por nossos maiores concorrentes, os norte-americanos e os argentinos. No entanto, quando se fala em pecuária, os dados são constrangedores. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a média de ocupação nos degradados pastos do noroeste paranaense é de apenas uma unidade animal por hectare/ano, o que representa não mais que três ou quatro arrobas de carne de faturamento nesse período (cada arroba equivale a 15 quilos). Com a arroba ao redor de R$ 150,00 o ganho bruto anual ao proprietário não passa de R$ 600,00 insignificante levando em conta o valor da terra.
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Detalhe de propriedade na região norte do Estado: em alguns lugares, atividade ainda está associada ao atraso e ao amadorismo
“BOI SANFONA” - Nesse ambiente hostil de pastos que se degradaram por falta de nutrientes básicos, os animais até ganham algum peso no verão, quando a vegetação viceja naturalmente, mas eles emagrecem e até morrem de fome quando a superfície fica ressequida no inverno. É o tal “boi sanfona”, que engorda e emagrece conforme as estações e permanece por muito tempo no pasto, gerando custos, contraindo pragas e doenças e, ao final, resultando em uma carne com padrão abaixo do desejado pelos consumidores. Diferentemente, em pastagens recuperadas pelo sistema de integração, o número de unidades animais chega a ser três ou quatro vezes maior, com uma produção superior a 25 arrobas de carne por hectare. “Os animais engordam mais rápido e vão para o abate mais cedo, o que garante uma carne com maciez e de melhor qualidade”, explica o zootecnista João Batista Barbi, do Instituto Emater.
4 arrobas
de carne por hectare/ ano o equivalente a meia carcaça animal, ainda é a realidade em fazendas localizadas em regiões de solos mais degradados
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A melhor opção Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, promover a integração “é uma forma de levantar os ânimos das lideranças dos municípios, que se deparam com muitas dificuldades no seu dia a dia”. Conforme Ortigara, “a integração aumenta a produtividade das lavouras, moderniza a pecuária, fortalece a economia e, com isso, aumenta a arrecadação dos municípios”. É o caso de Umuarama, Cianorte, Paranavaí e outras cidades. Há 20 anos, quando ainda nem se falava em integração lavourapecuária, o município de Umuarama não tinha um único silo de grãos sequer. Hoje, com o avanço da oleaginosa em reforma de pastagens pela região ao redor, o dinamismo econômico é percebido pelo grande número de empresas instaladas com armazéns para o recebimento das safras, bem como a chegada de concessionárias de máquinas agrícolas e revendas de produtos agropecuários, entre outros segmentos com foco no setor. POTENCIAL - Nos 107 municípios que fazem parte do arenito caiuá, a arrecadação é de R$ 15,8 bilhões/ano, conforme dados do governo do Estado. “Mas o potencial econômico é muito maior”, garante Ortigara, relatando que a região conta com bons produtores e pecuaristas, mas as médias não são boas. Em 70% das áreas, o que há são pastagens com baixa produção de carne, leite e uma oferta reduzida de alimentação para os próprios animais. “Antes os fazendeiros tinham dinheiro para ir passear todos os anos na Europa. Hoje, com a degradação dos pastos, isso não acontece mais.” Ortigara deixa claro: é preciso fazer um bom manejo do solo, com a reposição dos nutrientes, sob pena de esgotá-lo e a região ingressar numa rota de empobrecimento. “O uso racional do solo é uma premissa básica”, pontua o secretário. Para ele, o melhor caminho é a integração de atividades, desde que se faça com um plantio direto de qualidade, uma vez que a decomposição da palha remanescente das culturas de inverno é acelerada. “O que está sendo proposto, com a integração lavoura-pecuáriafloresta, é a consolidação de uma iniciativa que pode revolucionar o noroeste”, conclui.
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A lavoura se desenvolve em regiões que, antes, pareciam improváveis para a agricultura, dinamizando a economia dos municípios
“A integração aumenta a produtividade das lavouras, moderniza a pecuária, fortalece a economia e, com isso, aumenta a arrecadação dos municípios” Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e do Abastecimento
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MUNÍCIPIOS fazem parte da região do arenito caiuá, no noroeste paranaense
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PROSOLO INTEGRA GOVERNO E 22 PARCEIROS O Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná (PROSOLO) foi criado em 2016 para recuperar áreas com erosão, um problema que voltou a aparecer em grande número de propriedades em praticamente todas as regiões do Estado, nos últimos anos.
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nvolve a parceria de 22 entidades do setor público e da iniciativa privada, numa estrutura que está sendo colocada à disposição do produtor para que ele tenha assistência técnica qualificada e orientação de como adotar as práticas conservacionistas e quais são as mais indicadas para a região onde está localizada sua propriedade. O consultor em solos, engenheiro agrônomo Marcos Vieira, destaca os benefícios econômicos e de sustentabilidade do meio ambiente,
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decorrentes de técnicas de conservação de solos e água adotadas nas propriedades. Ele lembra que o maior patrimônio do agricultor não é a colheitadeira ou o trator potente, mas sim o solo que ele dispõe em sua propriedade. EXEMPLO - Vieira cita o exemplo de Guarapuava, precisamente nas áreas ocupadas pelos produtores da cooperativa Agrária, onde a maioria é de descendência alemã. Eles exibem as maiores produtividades de soja e milho, em volume comparável à média da produtividade dos Estados Unidos. “Guarapuava é exemplo para os produtores que transformaram uma área
Foto: Flamma
de solo pobre num dos mais produtivos do país. Isso mostra que tecnologia e a vontade de cuidar traz resultados positivos.” O consultor faz referência às ferramentas de tecnologia, planejamento e gestão que ajudam o produtor a equilibrar o solo e a água. E salienta ainda que “para ter água ideal, precisa ter solo ideal”: “muita ou pouca água no solo é prejuízo. É preciso planejar e adotar sistemas para que a água fique retida no solo e nisso um profissional de agronomia tem muito a ajudar”, recomenda; O programa prevê a adoção de técnicas conservacionistas que podem ser o terraceamento, curvas em nível, cobertura do solo, plantio direto e rotação de culturas, que serão recomendadas de acordo com o tipo de propriedade e a região em que ela se encontra. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/PR), um dos parceiros, está treinando servidores, técnicos e produtores. Os técnicos serão capacitados a serem consultores em conservação de solos, que poderão orientar os agricultores. Eles fazem um curso de 300 horas, na modalidade à distância. A previsão é capacitar cerca de 2.000 técnicos.
“Guarapuava é exemplo para os produtores que transformaram uma área de solo pobre num dos mais produtivos do país. Isso mostra que tecnologia e a vontade de cuidar traz resultados positivos” Marcos Vieira, consultor em solos
Campos da região de Guarapuava: solo fraco não impediu que produtores de grãos alcançassem médias comparáveis a de seus colegas norte-americanos
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PESQUISA EM ÁREA DE CANA O Prosolo está fomentando pesquisas em áreas de conservação de solo e água em sete mesorregiões do Estado do Paraná.
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a mesorregião que abrange o noroeste, a Universidade Estadual de Maringá, Usina Santa Terezinha (Grupo Usaçucar) e pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em Paranavaí, estão iniciando projeto para investigar impactos das chuvas e de técnicas conservacionistas na erosão do solo em culturas de cana de açúcar. Para isso, foi selecionada uma área agrícola de cerca de 200 hectares, entre os municípios de Paranacity e Inajá, na microbacia hidrográfica do ribeirão São Francisco, que deságua no Rio Paranapanema. No local serão desenvolvidas pesquisas, para avaliar a erosão em duas escalas: a primeira, maior, para medir a perda de sedimentos no ribeirão correspondendo e a segunda, menor - parcelas de 2 hectares - em quatro sistemas de uso do solo com cana de açúcar, envolvendo parcelas sem e com terraços, e com diferentes quantidades de palhada na superfície do solo. O projeto tem expectativa de conhecer a quantidade da água das chuvas que infiltrará no solo e de enxurradas nas condições de campo, para os diferentes sistemas de manejo e de palhada na superfície de solo que apresentam camada superficial arenosa.
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Projeto visa investigar impactos das chuvas e de técnicas conservacionistas na erosão do solo
Foto: Flamma
SOLOS
SOLOS
Foto: Prosolo
MORINGA CHEIA APRESENTA OS PRIMEIROS RESULTADOS Local devastado pela erosão foi recuperado e metodologia será aplicada em outras regiões
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ssa água tem muito a ver com os cuidados que o produtor rural dispensa ao solo em sua propriedade. Por sua vez, é provável que o homem do campo também não faça ideia dos caminhos percorridos pela água que brota em suas nascentes e segue pelo rio até chegar à casa do consumidor. Ocorre que quando um produtor cuida bem do solo que cultiva, adotando práticas conservacionistas, está fazendo a sua parte para a preservação do meio ambiente. Em uma propriedade assim, de solo devidamente protegido, a água da chuva é absorvida como uma esponja, sem provocar enxurradas que deixariam um rastro de erosão, chegando limpa ao leito do rio. Isto resume a proposta de iniciativas como o Moringa Cheia, um subprograma do Prosolo. Lançado em 4 de setembro de 2017, quando se comemorava um ano de Prosolo, o Moringa Cheia surgiu de uma demanda da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) para continuar garantindo o abastecimento de água de qualidade à população. RIO IRAÍ - Os primeiros resultados começam a aparecer. Um projeto-piloto, para a aplicação da metodologia, recuperou o solo em uma área degradada no reservatório do Rio Iraí, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. No local, os danos ao solo eram impactantes: havia enormes crateras e voçorocas que representavam um passivo ambiental de 17 anos, desde a época de construção do reservatório. Com tal experiência, a partir de agora o Moringa Cheia deverá ser replicado em outras regiões do Estado, recuperando áreas de diversas bacias
Ao abrir a torneira de casa, um morador recebe a água tratada e, em sua rotina nem imagina a trajetória pela qual o líquido passa antes de ser consumido. hidrográficas até 2022, com foco no manejo adequado dos solos e das águas e preservando as Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e das microbacias nos mananciais de captação de água. O Prosolo inclui um leque de ações relacionadas ao propósito de preservação do solo e da água. Além do Moringa Cheia, há os subprogramas Gestão de Solo e Água em Microbacias, Prorural, Campanha Plante Seu Futuro e Pronasolos. Produtores rurais em todo o Estado, cujas propriedades encontram-se dentro das bacias de captação para tratamento da água, serão apoiados pelo Moringa Cheia na preservação correta dos rios, nascentes e cursos d’água. Com isso, haverá, segundo a Sanepar, redução no custo de tratamento da água, melhoria da qualidade da mesma e, no caso específico do proprietário, a preservação do solo. O subprograma é fruto de um trabalho conjunto desenvolvido entre entidades parceiras do Prosolo. A Sanepar financia a sua realização, sendo o projeto elaborado pelo Instituto Emater e a execução a cargo da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar). “O trabalho mostra a importância e a força de ações conjuntas, como resultado dessa sinergia preconizada pelo Prosolo”, afirma o secretário da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara.
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Foto: Flamma
SOLOS
Especialista João Dantas utiliza o equipamento penetrômetro em propriedade na região norte do Estado para avaliar níveis de compactação do solo
SEMPRE NA VANGUARDA O Paraná sempre esteve na dianteira em ações de conservação de solos no país e se tornou um modelo internacional com a implantação do Programa de Microbacias Hidrográficas, na década de 1980.
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os últimos anos, entretanto, foi percebida uma ruptura no sistema preservacionista que vinha sendo adotado pelos produtores. Segundo especialistas, houve perda de qualidade no plantio direto, ao mesmo tempo em que, com a chegada de máquinas maiores, alterou-se o modelo de curvas de nível para facilitar as manobras. Como efeito direto, a agropecuária começou a sofrer impactos negativos. Imaginou-se, no passado, que o sistema de plantio direto seria capaz de dar uma solução definitiva para o problema. Em viagem pelo Paraná, para onde vem regularmente prestar serviços de consultoria
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e fazer palestras a produtores, o especialista em solos João Paulo de Sá Dantas tem visitado diversas regiões e, segundo ele, há ainda um enorme potencial produtivo a explorar. Dantas percebeu que, em alguns casos, produtores desejam melhorar a qualidade dos seus solos, mas não sabem exatamente por onde começar. “Temos ainda muito a agregar aos produtores sobre conhecimento do próprio solo”, diz ele, acrescentando que isso é decisivo para a sustentabilidade e também para o necessário aumento da produtividade das lavouras.
Werner Hermann Meyer Junior - Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal, secretário executivo do Prosolo
SOLOS
CONSERVAÇÃO DE SOLO E OS SISTEMAS INTEGRADOS A produção rural paranaense tem recebido importantes contribuições em razão da disseminação dos sistemas integrados de produção. Reconhecendo a importância desse sistema, a Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada, aponta como uma próxima ação, após fomentar as pesquisas em conservação de solo e água, o incentivo às pesquisas em sistemas integrados de produção voltado para a recuperação de áreas degradadas. O Estado do Paraná se destaca na produção de tecnologia relacionada aos sistemas integrados e mostra também nesse quesito o alto nível da produção agropecuária e florestal praticada.
Foto: Flamma
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reconhecimento desse sistema e sua consequente adoção pelo produtor rural é fruto do esforço científico aliado a diversas ações de extensão rural. Os sistemas integrados são complexos e compreende uma série de ações coordenadas de gerenciamento e manejo por parte do produtor, o que muitas vezes se apresenta como uma grande barreira à adoção do sistema. Em contrapartida, o produtor paranaense tem percebido um grande número de benefícios que os sistemas integrados oferecem. Esses benefícios se baseiam nos princípios de uma agricultura conservacionista, onde se exploram os recursos naturais de maneira inteligente, respeitando as correlações ecológicas e como consequência, trazendo sinergismo para o sistema. Sem dúvida, o solo é um dos principais beneficiados pelo sistema integrado, diferentes culturas, exploram diversas camadas do solo, ampliando sobremaneira seu potencial produtivo, enriquecendo a fauna e flora edáfica, promovendo incremento no fluxo de nutrientes e a melhoria das condições físicas do solo. Não é por acaso, que diversos pesquisadores entendem que a reciclagem de nutrientes no solo é uma das principais características dos sistemas integrados de produção agropecuária. Assim como o plantio direto, obteve sucesso por se aproximar mais das condições naturais, os sistemas integrados vão além, proporcionando condições mais próximas às que ocorrem em condições de não antrópicas. Como não poderia ser diferente, o Prosolo - Paraná (Programa Integrado de Conservação de Solo e Água) entende que esse conjunto de ferramentas utilizadas nos sistemas integrados, deve ter sua adoção apoiada e incentivada pela sua eficiência e eficácia no controle do processo erosivo do solo e consequente preservação dos cursos d’água e das estradas rurais.
A Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada aponta como uma próxima ação, após fomentar as pesquisas em conservação de solo e água, o incentivo as pesquisas em sistemas integrados de produção voltado para a recuperação de áreas degradadas
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SOLOS
15 DE ABRIL, O DIA NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DO SOLO O Dia Nacional da Conservação do Solo é celebrado 15 de abril, mas existem outras duas datas relacionadas a esse tema: 22 de abril (Dia Internacional da Mãe Terra) e 5 de dezembro (Dia Mundial do Solo). As três sugerem uma reflexão sobre como a terra é tratada.
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Cerca de 50% dos solos latino americanos sofrem algum tipo de degradação
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egundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), cerca de um terço dos solos do mundo estão degradados por fatores como erosão, salinização, compactação, acidificação e contaminação. Entre outros prejuízos, como selamento da terra – que agrava as enchentes – e perda de fertilidade, os solos degradados captam menos carbono da atmosfera, interferindo nas mudanças climáticas. Por outro lado, quando gerido de forma sustentável, o solo pode desempenhar um papel importante na diminuição das alterações climáticas, por meio do sequestro de carbono e outros gases de efeito estufa. O estudo “Status of the World’s Soil Resources” reúne o trabalho de cerca de 200 cientistas do solo de 60 países. A pesquisadora da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça, faz parte do conselho editorial e pesquisadores de outros centros de pesquisa da empresa participam da publicação. PERDA - De acordo com a publicação, somente a erosão elimina de 25 a 40 bilhões de toneladas de solo por ano, reduzindo de forma significativa a produtividade das culturas e a capacidade de armazenar carbono, nutrientes e água. Perdas de produção de cereais devido à erosão são estimadas em 7,6 milhões de toneladas por ano. Se não forem tomadas medidas para reduzir os problemas com o solo, haverá a diminuição de milhões de toneladas de cereais a cada ano. Na América Latina o cenário também é preocupante. “Cerca de 50% dos solos latinoamericanos sofrem algum tipo de degradação. No Brasil, os principais problemas encontrados são erosão, perda de carbono orgânico e desequilíbrio de nutrientes”, explica Maria de Lourdes. Os solos brasileiros também sofrem com a salinização, poluição, acidificação. “A agricultura geralmente retira mais nutrientes do solo do que repõe. Isso acontece porque falta conhecimento mais detalhado do solo e políticas públicas para que o pequeno produtor possa fazer o manejo adequado da terra”, aponta a pesquisadora. Segundo ela, o Brasil é o país que mais possui áreas que podem ser incorporadas à agricultura, porém precisa avançar na adoção de práticas sustentáveis na produção de alimentos e no conhecimento dos solos. “Possuímos tecnologias que promovem a agricultura sustentável, mas elas precisam ser mais adotadas pelos produtores, tais
como o plantio direto, a integração lavourapecuária-floresta e a fixação biológica de nitrogênio. Somente com o conhecimento detalhado dos solos é que será possível dar suporte ao crescimento dessa agricultura sustentável”, informa Maria de Lourdes. Até 2050 será necessário aumentar a produtividade mundial de alimentos em 50% para suprir a população que somará 9.3 bilhões de pessoas.
“Possuímos tecnologias que promovem a agricultura sustentável, mas elas precisam ser mais adotadas pelos produtores, tais como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta e a fixação biológica de nitrogênio. Somente com o conhecimento detalhado dos solos é que será possível dar suporte ao crescimento dessa agricultura sustentável” Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Embrapa Solos
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DOS SOLOS do planeta estariam degradados por fatores diversos, de acordo com a FAO
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Foto: Ascom/Londrina
EXPOSIÇÕES
EXPOLONDRINA ESPERA MEIO MILHÃO DE VISITANTES Eventos técnicos de âmbito nacional, soluções digitais, exposição de mais de 60 raças de animais, shows e gastronomia estão entre as principais atrações
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O Parque Governador Ney Braga se transforma em uma enorme praรงa de lazer, negรณcios e difusรฃo do conhecimento
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EXPOSIÇÕES
“Paixão em Pensar à frente. O agro nos move” Com este slogan a 58ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina – ExpoLondrina 2018 - acontece de 5 a 15 de abril no Parque de Exposições Governador Ney Braga, em Londrina, com a previsão de receber meio milhão de visitantes. Entre as mais importantes do país para o setor do agronegócio, a exposição vem, nos últimos anos, apresentando novidades que vão ao encontro do momento atual, em que a tecnologia com base na inovação tem grande relevância para o setor. Este ano, será realizado o III Hackaton Smart Agro, evento que atrai dezenas de participantes com foco no desenvolvimento de soluções digitais que possam facilitar o dia a dia do campo e das centenas de atividades que envolvem o agronegócio. A ExpoLondrina foi a primeira feira do setor a introduzir a maratona, que consiste na reunião de desenvolvedores de softwares, designers, empresários e monitores num espaço especialmente preparado, onde permanecem por cerca de 48 horas seguidas, trabalhando no desenvolvimento de um projeto. Paralelamente ao Hackathon, dezenas de eventos técnicos são promovidos nos espaços do Parque, visando a difusão de tecnologias e de conhecimento. A ExpoLondrina já é um marco no calendário nacional do agronegócio e tem na parte técnica um de seus destaques, trazendo atualizações, informações e todas as novidades do segmento para expositores, criadores e público em geral. São dezenas de palestras, cursos, debates e oficinas realizadas em parceria entre a Sociedade 36 | RIC RURAL - ABRIL 2018
Rural do Paraná, entidade organizadora da Exposição, e instituições de ensino e pesquisa – Universidade Estadual de Londrina, Embrapa, Seab/Emater, Iapar, entre outros. “Priorizamos a realização de eventos que agreguem novos conhecimentos, que possam gerar renda e expertise aos produtores. Sabemos que há muitas entidades trabalhando seriamente para isso, mas na ExpoLondrina temos a oportunidade de reunir, de um lado, muitas pessoas capacitadas para compartilhar seus conhecimentos e, de outro, produtores ansiosos por novas técnicas”, comenta o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Afrânio Brandão. O diretor de atividades agroindustriais e um dos responsáveis pela elaboração da agenda técnica, Luigi Carrer Filho, destaca a importância destas parcerias para a realização de eventos de qualidade e que atendam às necessidades do público da ExpoLondrina, tanto que alguns eventos já estão na quinta ou sexta edição. “A nossa responsabilidade com a agenda técnica da ExpoLondrina é grande. A cada ano os eventos vêm melhorando e superando a edição anterior. Esta evolução de qualidade gera expectativa junto ao público e desperta interesse tanto no meio rural, quanto no acadêmico. Desde outubro, pessoas estão nos contatando para saber sobre a grade técnica”, conta Carrer Filho.
Em sua 58ª edição, a Feira está entre as maiores em seu segmento no país
“Priorizamos a realização de eventos que agreguem novos conhecimentos, que possam gerar renda e expertise aos produtores” Afrânio Brandão, presidente da Sociedade Rural
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EXPOSIÇÕES
Foto: Ascom/Londrina
Animais revelam excelência da produção nacional
Na ExpoLondrina, a presença de genética de qualidade, a realização de leilões, intercâmbio de informações para cria, recria, engorda e confinamento dão uma mostra do patamar em que se encontra a produção de carne paranaense e nacional. Além da bovinocultura, são destaques do setor animal a ovinocultura, a piscicultura e a equinocultura. O segmento de equinos organiza leilões e julgamentos, mas também encanta o público com as provas equestres e hipismo. Em 2017, passaram pelo Parque 6.485 animais de 60 raças. Este ano, o número deve ser superior, devido ao maior número de leilões agendados. Estão programados 19 leilões, transformando os recintos do Parque Ney Braga numa praça de negócios com gado de corte, elite, touros, ovino, gado leiteiro e equino. Ano passado, a Operação Carne Fraca e as delações dos dirigentes da JBS ocasionaram uma queda nas cotações da arroba no Brasil e, por consequência, no Paraná, causando retração e apreensão no mercado bovino em geral. “Este ano, o cenário está diferente e sinalizando para um aquecimento no mercado de animais, em especial, o segmento de bovinos”, comenta o diretor de Pecuária da SRP, Ricardo Rezende. Segundo ele, embora ainda que de forma tímida, a economia começa a dar sinais de melhora e “é uma boa hora para a reposição de animais tanto de engorda quanto de cria”.
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Atual cenário sinaliza para um aquecimento no mercado de animais
“É uma boa hora para a reposição de animais tanto de engorda quanto de cria” Ricardo Rezende, Diretor de Pecuária
19 é o número de leilões programados
6.485
ANIMAIS de 60 raças passaram pelo Parque em 2017 e número deve ser maior neste ano
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Impacto na economia regional A realização da ExpoLondrina impacta toda a região. Em 11 dias de exposição, cerca de 550 mil pessoas se movimentam em direção ao Parque Ney Braga, vindas, principalmente, de cidades vizinhas, mas também de outros Estados e países. São gerados em torno de sete mil empregos, incluindo as contratações temporárias para segurança, limpeza, atendimento nos estandes e os empregos indiretos. Na edição de 2017, participaram 3.170 expositores e houve uma movimentação financeira de R$ 570 milhões. Esses números devem repetir-se em 2018. As instituições financeiras presentes à exposição já asseguraram R$ 345 milhões em financiamentos para o setor rural. Para este ano, as expectativas de negócios e público também são grandes, conforme adianta o presidente da SRP, Afrânio Brandão. “Trabalhamos para fazer uma exposição melhor do que a outra e este empenho provoca resultados positivos que sempre nos surpreendem. Esperamos, claro, superar a movimentação do ano passado, mas não podemos deixar de ressaltar que nossos números já são bastante expressivos”, comenta.
Crédito: Ascom/Londrina
EXPOSIÇÕES
Brandão diz esperar que números de 2017, “bastante expressivos”, sejam superados
3.170
EXPOSITORES participaram da edição anterior e retornam em 2018
R$345 MILHÕES
foram liberados pelas instituições financeiras para o setor rural 40 | RIC RURAL - ABRIL 2018
EXPOSIÇÕES
Eventos técnicos, sempre muito prestigiados, estão entre as atrações para o setor na ExpoLondrina
FÓRUM DO AGRONEGÓCIO REUNE LIDERANÇAS NACIONAIS Um dos principais eventos da feira, para o setor rural, é o Fórum do Agronegócio, no dia 9 de abril, com a presença de importantes lideranças nacionais, e que terá como tema “O Protagonismo do Agro Brasileiro no Mundo”, com a seguinte programação.
12h30 Receptivo
16h15 Intervalo
13h Cerimônia de Abertura • Afrânio Brandão, Presidente da Sociedade Rural do Paraná • Cesário Ramalho, Presidente do Conselho do Global Agribusiness Fórum – GAF
16h30 Painel “Inovação no Agro e na Agroindústria Brasileira: as demandas mundiais e os desafios na produção sustentável de alimentos” • Moderador Tobias Ferraz, Terra Viva • Marcelo Vieira, Presidente SRB • Alysson Paolinelli, Presidente Abramilho • Marcos da Rosa, Presidente Aprosoja • Luiz Lourenço, Presidente Conselho Administração Cocamar • Antonio Jorge Camardelli, Presidente ABIEC • Paulo Herrmann, Presidente John Deere • Pedro Lopes, Presidente ABCT • Mônika Bergarmaschi, Presidente IBISA
13h45 Conferência “O Brasil protagonista de uma nova história no Agro mundial”, com Roberto Jaguaribe Gomes de Matos, Presidente. 14h30 “O agronegócio na nova sociedade: implicações e perspectivas para o Brasil”, com Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura. 15h Moderação Fernando Lopes, Valor Econômico Debatedores • Ana Amélia Lemos, Senadora • Alan Bojanic, Representante FAO Brasil • Mauricio Antônio Lopes, Presidente Embrapa • José Roberto Ricken, Presidente Sistema Ocepar • Luiz Carlos Correa Carvalho, Presidente ABAG • Luiz Gustavo Nussio, Diretor ESALQ-USP
17h40 Perguntas do Auditório 18h15 “O protagonismo do Agro Brasileiro expresso no Fórum do Agronegócio 2018” • Ana Dalla Pria, Globo Rural • Fernando Lopes, Valor Econômico • Tobias Ferraz, Terra Viva 18h30 Encerramento 41 | RIC RURAL - ABRIL 2018
EXPOSIÇÕES
EXPOINGÁ, MELHOR A CADA ANO Organizadores anunciam novidades e a expectativa de um volume maior de comercialização na edição deste ano, de 3 a 14 de maio
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Foto: Ascom/Maringรก
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Foto: Ascom/Maringá
EXPOSIÇÕES
A Feira oferece opções para todos os públicos e idades
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otimismo quanto ao desempenho do agronegócio na economia brasileira marcou o lançamento da Expoingá 2018, no início de março. A festa, no Centro de Eventos do Parque de Exposições, reuniu cerca de mil pessoas. O governador Beto Richa, a vice-governadora Cida Borghetti e o ministro da Saúde, Ricardo Barros, entre outras autoridades, prestigiaram o evento. A presidente da Sociedade Rural de Maringá, Maria Iraclézia de Araújo, anunciou as expectativas de negócios da feira. Lembrando que o setor cresceu 13% no ano passado e puxou para cima o PIB brasileiro, ela disse que é possível superar os números da edição anterior. “Nossa feira no ano passado já foi muito boa. Mas é possível que a gente atinja em torno de R$ 500 milhões de comercialização este ano. Quando os resultados no campo são bons, os agricultores também investem mais na produção, em equipamentos, melhorias de sistemas”, salientou. “Sobre a expectativa de público, é possível que fique em patamares iguais, já que a Expoingá 2017 recebeu perto de 600 mil pessoas”, observou. O governador Beto Richa disse sentir44 | RIC RURAL - ABRIL 2018
“Quando os resultados no campo são bons, os agricultores também investem mais na produção, em equipamentos, melhorias de sistemas” Maria Iraclézia de Araújo, presidente da Sociedade Rural de Maringá
Foto: Ascom/Maringá
Entretenimento e informação também fazem parte da festa
se satisfeito ao participar do lançamento de uma das mais importantes feiras agropecuárias do Brasil. “Nossa presença aqui demonstra o reconhecimento do Governo do Estado ao agronegócio, àqueles que produzem e geram riqueza”, afirmou, ao destacar que o Paraná responde por 20% da produção nacional do agronegócio. Durante o lançamento foram anunciadas as novidades da feira, que este ano tem o tema “Forte e Dinâmica como o Agro”. Feira internacional de artesanato com cerca de 200 expositores, oriundos de mais de 20 países e 15 Estados, maratona de computação Hackathon Inova Agro e a volta do museu do videogame, grande sucesso em 2017, estão entre as atrações. A Sociedade Rural de Maringá, organizadora da feira, informou que manterá a tradição de dois dias de portões abertos para o público, além da garantia de doze raças bovinas, das melhores raças de equinos, mostras nacionais de ovinos, julgamentos, leilões e provas equestres. Na área de agricultura, a feira traz um campo demonstrativo de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) e promove também o primeiro fórum nacional para debater esse inovador sistema de produção, com a participação dos maiores especialistas da área.
O espaço da carne para valorizar o produto de qualidade, além de dezenas de eventos técnicos, exposição de maquinários agrícolas, os lançamentos da indústria automobilística e uma diversidade de outros produtos da indústria, comércio e serviços, assim como entretenimento, cultura e gastronomia, estão garantidos para a Expoingá 2018, que acontece de 3 a 14 de maio.
500
MILHÕES é a expectativa de negócios
1.000
CONVIDADOS participaram do lançamento da Exposição, no dia 1º de março
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Foto: Myckael Kaefer/Show Rural
EXPOSIÇÕES
A 30ª edição do evento mostra porque está entre as três maiores feiras de disseminação de tecnologias, conhecimentos e inovações para o agronegócio no mundo
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Não faltaram novidades na feira, que surpreendeu mais uma vez por bater o recorde de público Foto: Myckael Kaefer/Show Rural
SHOW RURAL COOPAVEL BATE RECORDE DE PÚBLICO
NÚMEROS DO EVENTO
265.350 visitantes Maquinários de todas as marcas e tamanhos, com muita tecnologia embarcada, entre os atrativos do evento
R$ 1,8 BILHÃO em negócios
Foto: Myckael Kaefer/Show Rural
530 expositores 4.000 postos
temporários de trabalho
Para o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que visitou a feira, “a Embrapa é o melhor cartão de visita que um brasileiro tem”
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Show Rural Coopavel recebeu 265.350 pessoas em cinco dias e movimentou R$ 1,8 bilhão em negócios. Os principais números da edição histórica de 30 anos foram comemorados pelo presidente da cooperativa, Dilvo Grolli. A presença do público bate novo recorde em 2018, como tem sido nas três décadas de realização do evento, que foi iniciado como um dia de campo com apenas 15 empresas e 110 visitantes, em 1989. A melhor marca anterior era a de fevereiro de 2017, quando 253.068 pessoas estiveram na área que recepciona a terceira maior feira de disseminação de tecnologias, conhecimentos e inovações para o agronegócio do mundo. A expectativa de negócios para 2018 era de R$ 1,5 bilhão e fechou com R$ 300 milhões
acima do previsto. “O Show Rural ressaltou a força e a pujança de um segmento responsável por contribuir com o PIB, com a geração de empregos e com a distribuição de renda em todo o país”, conforme Dilvo. O Show Rural Coopavel, além de movimentar vários setores produtivos de Cascavel e da região deu ocupação a mais de quatro mil trabalhadores, dos quais 1,1 mil da Coopavel, entre funcionários e terceirizados. O número de expositores foi recorde, 530, mas a meta é manter o evento com cerca de 500 e público na casa das 250 mil pessoas, conforme Dilvo Grolli. MINISTRO E EMBRAPA - A solenidade de lançamento de tecnologias da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), realizada no dia 9 de fevereiro, no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), contou com a presença do ministro da 47 | RIC RURAL - ABRIL 2018
Foto: Myckael Kaefer/Show Rural
EXPOSIÇÕES
Companhias promoveram o lançamentos de novos materiais, como híbridos de milho
Agricultura, Blairo Maggi, e do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, entre outras autoridades. A Embrapa coloca no mercado três tecnologias: a cultivar de soja BRS 413 RR, o feijão carioca BRS FC402 e o aplicativo Doutor Milho, que objetiva facilitar o manejo da cultura. De acordo com o ministro Blairo Maggi, a Embrapa tem seu lugar na história do Brasil, porque a empresa sempre foi a grande parceira da agricultura. Além disso, o reconhecimento mundial da Embrapa vem sendo comprovado a cada visita do ministro ao exterior. “Posso dizer que a Embrapa é o melhor cartão de visita que um brasileiro tem. Por onde passo, no mundo, é visível o seu reconhecimento”, ressaltou o ministro. O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, destacou que o tema do Show Rural 2017 (“Bem-vindo ao Amanhã”) mostra a contemporaneidade da agricultura brasileira e a atenção dada à inovação. “Temos que 48 | RIC RURAL - ABRIL 2018
nos preparar para o futuro. E essa feira tem exatamente isso no seu DNA: ajudar os produtores a perceberem o que está vindo no futuro”, disse Lopes. RICHA - Em visita ao Show Rural, o governador Beto Richa e a vice-governadora Cida Borghetti ressaltaram o papel que as feiras de tecnologia tiveram para que o Paraná se tornasse um dos mais importantes celeiros agrícolas do Brasil. “O Show Rural Coopavel é uma vitrine tecnológica que nos orgulha, que mostra o que há de melhor, mais moderno e necessário para produzirmos grandes safras”, disse Richa. “É sempre uma alegria estar no Show Rural, uma das maiores feiras do mundo”, comentou Borghetti. Entre outras medidas, o governador assinou parceria com o Banco do Brasil para liberar mais financiamentos para o Trator Solidário,
Foto: Myckael Kaefer/Show Rural
O espaço pecuário, com animais de alto padrão e equipamentos, cresce a cada ano
programa que empresta recursos a taxas e a prazos diferenciados para a aquisição de maquinários por pequenos produtores rurais. O projeto, que envolve também o Instituto Emater, a Secretaria de Estado da Agricultura e a Agência de Fomento do Paraná, já liberou 9.813 unidades desde que foi criado – esse volume perfaz mais de R$ 540 milhões em investimentos. “E a previsão é para muito mais”, garantiu o governador. O diretor da New Holland (que também é parceira no Trator Solidário), Alexandre Blasi, destacou que o programa leva soluções e tecnologias a agricultores que precisam de aliados para elevar as suas produções.
“O Show Rural ressaltou a força e a pujança de um segmento responsável por contribuir com o PIB, com a geração de empregos e com a distribuição de renda em todo o país” Dilvo Grolli, presidente da Coopavel
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Foto: flamma
PRESERVAÇÃO
NO PARANÁ, 27,9% DAS FLORESTAS ESTÃO EM IMÓVEIS RURAIS Percentual é considerado alto e até surpreendente para um Estado que ocupa só 3% do território nacional é o segundo maior produtor nacional de alimentos
U
m estudo de georreferenciamento realizado da Embrapa Territorial, publicado no mês de fevereiro deste ano, revela com todos os números: o Estado do Paraná detém com florestas preservadas uma extensão que corresponde a 20,4% de seu território. O índice é o resultado da soma das áreas de preservação permanente (APP) em propriedades rurais, unidades de conservação e terras indígenas. No entanto, se forem consideradas apenas as áreas dos imóveis rurais, o percentual sobe para 27,9%. Considerando que o Paraná é o segundo maior produtor de alimentos do país, isto reforça a tese defendida por algumas instituições representativas do agronegócio, de que os produtores, mesmo cultivando a maior parte das terras no Estado, têm preservado
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a cobertura florestal em grau até mesmo acima do que estabelece a lei. A análise foi coordenada por Evaristo Eduardo de Miranda, com o apoio dos pesquisadores Carlos Alberto de Carvalho, Paulo Roberto Rodrigues Martinho e Osvaldo Tadatomo Oshiro, da Embrapa Territorial sediada em Campinas (SP). Segundo a equipe, o trabalho de geoprocessamento levou cerca de dois meses, pois foram verificados os dados em mais de 370 mil imóveis rurais cadastrados no Paraná. SICAR - Os dados levam em conta o Cadastro Ambiental Rural (CAR) instituído pelo Código Florestal, conforme a Lei 12.651 de 25 de maio de 2012. Em janeiro de 2017, a Embrapa efetuou o download dos arquivos do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR), que abrange os cadastros lançados pelos proprietários rurais entre 2014 e 2016. O Paraná possui uma área territorial total de 19,979 milhões de hectares e, segundo o estudo, 14,801 milhões são de imóveis rurais inscritos no CAR até 2016. O levantamento se baseia, também, para efeitos comparativos, nas informações do Censo Agropecuário de 2006, o último a ser feito. Desse Censo, um total de 13,490 milhões de hectares teria migrado para o SICAR em 2016, perfazendo 3,686 milhões de hectares de vegetação preservada em imóveis rurais. Adicionando outros 358,4 mil hectares de estimativa de área que ainda não teriam migrado, a cobertura com florestas em imóveis rurais no Estado seria de 4,044 milhões de hectares, 27,9% do total do território paranaense, 7,9% a mais do que os 20% de áreas de vegetação preservada determinados pelo Código Florestal para o bioma Mata Atlântica.
PASSO A PASSO - Código Florestal: Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. - Lei do Código Florestal criou o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em 2012. - De 2012 a 2014, o Sistema Florestal Brasileiro (SFB/MMA) organizou o Sistema SICAR (Sistema de Cadastro Ambiental Rural). - De 2014 a 2016, os agricultores se cadastraram. - Em dezembro de 2016, havia cerca de 4 milhões de produtores e 400 milhões de hectares no SICAR. - Em janeiro de 2017, a Embrapa realizou o download dos arquivos do SICAR.
19,9 milhões
de hectares é total da área territorial paranaense
4 milhões de hectares são destinados à preservação da vegetação nativa em imóveis rurais
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PRESERVAÇÃO
AGRICULTURA E AMBIENTE ALINHADOS Para o pesquisador Carlos Alberto Carvalho, que integra a equipe da Embrapa Territorial, o estudo traz números e dados científicos que demonstram: “os agricultores contribuem de forma expressiva com a preservação do meio ambiente”. “A pesquisa mostra que a agricultura está alinhada com a questão ambiental”, enfatiza. O pesquisador ressalta que os dados do CAR dizem respeito à intenção dos agricultores com relação à preservação. Esse trabalho, explica ele, é declaratório: o produtor rural, ao fazer o Cadastramento Ambiental Rural, informou onde vai ser sua reserva legal, ou a área de preservação permanente, onde ele tem vegetação excedente, e se comprometeu administrativamente e juridicamente a preservar e mantê-las. “É um ato declaratório, não quer dizer que tudo está coberto de vegetação, mas significa que os proprietários rurais se comprometeram a isso e serão monitorados pelas instituições fiscalizadoras.”
Ferramentas de georreferenciamento e inteligência territorial permitem localizar as áreas destinadas à preservação
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PRECISÃO - Conforme o técnico da Embrapa, no Brasil, o percentual de áreas dentro de propriedades agrícolas dedicadas à preservação é de 20%, o que equivale a 160 milhões de hectares. “Com as ferramentas de georreferenciamento e inteligência territorial nós podemos localizar, por município, e indicar onde estão os produtores rurais que têm mais áreas destinadas à preservação, encontrar os que têm menos, estabelecer contatos e utilizar os mecanismos de compensação”, explica. “Todas essas informações expressas em mapas e números, nos trazem um embasamento para propor políticas públicas, estabelecer parcerias e ampliar o detalhamento dos dados, mostrando a interconexão dos locais de preservação e motivando outros estudos, por exemplo, sobre o movimento e deslocamento da fauna nessas áreas”, finaliza
“Os agricultores contribuem de forma expressiva com a preservação do meio ambiente” Carlos Alberto Carvalho, pesquisador da Embrapa Territorial
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Foto:Tips 4 Trips
PRESERVAÇÃO
Guaraqueçaba, no litoral norte do Estado, cercado de florestas, tem 95,4% de seu território preservado.
PARANÁ LIDERA NA REGIÃO SUL Em comparação com os demais Estados do Sul, o Paraná lidera absoluto com 40,3% de participação em área total destinada à preservação da vegetação nativa nos imóveis rurais do CAR migrados ao SICAR em 2016. O Rio Grande do Sul vem a seguir, com 35,7%, e Santa Catarina possui 24,1%. Na média dos três Estados, o percentual de áreas com florestas preservadas é de 25,4%. Com 339 municípios, o Paraná é subdividido em 39 microrregiões. Pelo Censo Agropecuário de 2006, haviam 371 mil imóveis rurais com total de 15,391 milhões de hectares. Em 2017, estavam inscritos no Sistema Cadastro Ambiental Rural (SICAR) 382.8 mil imóveis, com 14,555 milhões de hectares, 73% da área territorial do Estado. De acordo com a análise da Embrapa Territorial, a área destinada à preservação da vegetação nativa nos imóveis do CAR era de 4,056 milhões de hectares, o correspondente a 27,9% da área dos imóveis rurais e 20,4% do Estado. No Paraná, há também 619,5 mil hectares de vegetação protegida em unidades de conservação e terras indígenas. MAIS E MENOS - Entre as 39 microrregiões, as 10 que mais preservam áreas de vegetação nativa nos imóveis do CAR são as sediadas
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por Paranaguá (87%), Cerro Azul (53,3%), União da Vitória (47,6%), Curitiba (45%), Rio Negro (42,9%), Irati (40,6%), Lapa (38,6%), São Mateus do Sul (38,4%), Palmas (36,3%) e Jaguariaíva (35,9%). Por sua vez, as dez microrregiões que menos preservam são: Astorga (13,2%), Paranavaí (14,5%), Maringá (14,5%), Toledo (14,5%), Floraí (15,9%), Foz do Iguaçu (16,1%), Porecatu (16,3%), Jacarezinho (16,5%), Goioerê (17%) e Cianorte (18,3%). Por município, o que mais preserva no Estado, por estar cercado de florestas, é Guaraqueçaba, no litoral, com 95,4% de áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa em relação aos imóveis rurais. Em último lugar, entre os 399 municípios paranaenses, está Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, com apenas 2,3%, segundo a análise da Embrapa.
370 mil
é o número de propriedades rurais cadastradas no PR
Foto:Flamma
Número de propriedades reduziu 3% na Região Sul, no comparativo do Censo de 2006 com os números do CAR, em 2017
4,4 milhões de propriedades rurais estavam cadastradas, em todo o Brasil, no mês de outubro de 2017
Guaraqueçaba é o município que mais preserva com 94,4% de áreas dedicadas.
EM FRAGMENTAÇÃO Em todo o Brasil, no mês de outubro de 2017, estavam cadastrados 4,474 milhões de propriedades rurais. Comparando com o Censo Agropecuário de 2006, que indicava a existência de 5,175 milhões de propriedades no país, aquele número representava 86% do total. Na Região Sul, havia 1,006 milhão de propriedades em 2006, mas, no ano passado, já estavam cadastradas 1,204 milhão, ultrapassando em 20% a quantidade existente há 11 anos, o que revela um acelerado processo de fragmentação. Somando a área de todos os estabelecimentos agropecuários do país em 2006, conforme o Censo Agropecuário, contava-se 333,6 milhões de hectares, contra 418,7 milhões no ano passado, registrando uma expansão de 25%. Na contramão desse crescimento, houve uma redução de 3% na Região Sul, que passou de 41,7 milhões de hectares em 2006, para 40,4 milhões em 2017.
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Foto: IHA 2011 World Congress - Sightseeing
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS PRESERVAÇÃO
ONU E ITAIPU BINACIONAL CELEBRAM PARCERIA Iniciativa será desenvolvida ao longo de quatro anos e prevê a promoção dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) de números 6 e 7 (água e energia)
O
Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (Undesa) e a Itaipu Binacional lançaram no dia 7 de março, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a parceria Soluções Sustentáveis em Água e Energia. A iniciativa, prevista inicialmente para os próximos quatro anos, tem o objetivo de promover de forma coordenada os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de números 6 e 7 (água e energia, respectivamente), que compõem a Agenda 2030.
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Foto: Bill Bly
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
Detalhe da reunião na sede da ONU: acordo pretende ensejar uma rede global para tratar de temas relacionados a água e energia
Os diretores-geral de Itaipu, Luiz Fernando Leone Vianna e James Spalding, que representam, respectivamente, Brasil e Paraguai, participaram da solenidade ao lado de Liu Zhenmin, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais. O diretor de Coordenação de Itaipu, Newton Kaminski, também esteve no ato. A parceria entre a Undesa e a Itaipu visa se tornar uma rede global para tratar de temas relacionados ao nexo água-energia de forma sustentável, com um grande número de membros de todas as regiões, incluindo governos, empresas, sociedade civil e organizações internacionais. A meta principal é que essa aliança estabeleça uma plataforma para que partes interessadas de todo o mundo incrementem suas capacidades e sinalizem um compromisso de alto nível para a implementação dos ODS 6 e 7 de forma holística. A parceria Soluções Sustentáveis em Água e Energia objetiva construir capacitações, diálogos e cooperação para promover o desenvolvimento sustentável. Também pretende identificar pontos-chave e oportunidades para integração, e trabalhar colaborativamente para direcionar ações que abordem esses temas, tais como o compartilhamento de boas práticas, capacitação e promoção de inovações específicas através de cooperação internacional. “Sem integrar programas e sistemas sustentáveis de água e energia, não é possível erradicar a pobreza”, disse Liu Zhenmin, subsecretário-geral para Assuntos Econômicos 58 | RIC RURAL - ABRIL 2018
“Sem integrar programas e sistemas sustentáveis de água e energia, não é possível erradicar a pobreza” Liu Zhenmin, subsecretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU)
e Sociais. “Estamos honrados por ter essa oportunidade de trabalhar com a Itaipu Binacional, que é um exemplo mundial de como dois países podem atuar juntos e em harmonia para prover energia limpa e confiável para seus cidadãos”, completou.“Esta parceria entre Itaipu e a Undesa é muito mais do que um acordo entre uma companhia de energia e uma organização da ONU. Itaipu é fruto de um trabalho conjunto entre dois países que uniram esforços para transformar as águas do Rio Paraná em energia. Então, vemos essa cooperação com a Undesa para a implementação dos ODS 6 e 7 como algo que será igualmente bem-sucedido”, afirmou o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Luiz Fernando Leone Vianna. “Estamos muito satisfeitos com esta oportunidade de trabalhar com a Undesa para promover a Agenda 2030 e, neste caso, os ODS 6 e 7”, disse o diretor-geral paraguaio, James Spalding. “Itaipu não foca apenas a produção de energia limpa e renovável, mas tem um
Foto: ICVB/Foz
Construída por Brasil e Paraguai, a Itaipu Binacional foi inaugurada em 1982
forte histórico de responsabilidade social corporativa e conservação ambiental. Estamos animados com esta parceria e não há dúvidas de que ela trará resultados positivos concretos”. Energia e água estão intrinsicamente conectadas e são interdependentes: servem à agricultura, inclusive aos cultivos destinados a biocombustíveis. O crescimento populacional e econômico adiciona uma pressão crescente sobre água e energia, enquanto várias regiões do mundo já estão experimentando escassez de ambos. Hoje, 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a serviços de eletricidade, enquanto que o estresse hídrico afeta mais de dois bilhões de pessoas. Até 2035, o consumo de energia deve registrar um aumento 50%, o que deverá aumentar o consumo de água pelo setor energético em 85%. OBJETIVO A cooperação entre as duas partes visa se tornar uma rede global para tratar de temas relacionados ao nexo água-energia de forma sustentável, com um grande número de membros de todas as regiões, incluindo governos, empresas, sociedade civil e organizações internacionais.
1,1 bilhão
de pessoas não têm acesso a serviços de eletricidade e mais de 2 bilhões de pessoas sofrem com os problemas ocasionados pelo estresse hídrico, em todo o mundo.
50%
é a expectativa de aumento global de consumo de energia até 2035, o que deverá incrementar o consumo de água pelo setor energético em 85%
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Foto: Flamma
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
Maior parte dos investimentos é destinada ao setor primário
ANO PASSADO BRDE CONTRATOU R$ 2,2 BILHÕES EM FINANCIAMENTOS No período de 2011 a 2017, só as contratações feitas pela Agência Paraná somaram R$ 7,2 bilhões e a região oeste do Estado concentrou 27% dos financiamentos
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Banco Regional de desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) contratou R$ 2,2 bilhões em financiamentos nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em 2017. De acordo com a instituição, o desempenho produziu repercussões socioeconômicas importantes para a região: Foram 33.065 empregos criados ou mantidos, dos quais 6.613 diretos e 26.452 indiretos.
pela Agência Paraná somaram R$ 7,2 bilhões, sendo que a região oeste do Estado concentrou 27% dos financiamentos. O setor primário (agropecuária, floresta, extrativismo) ficou com a maior fatia dos investimentos, R$ 2,8 bilhões. Desse valor, R$ 2,2 bilhões foram repassados a produtores rurais. Já o setor de comércio e serviços representou R$ 1,74 bilhão dos investimentos e o da indústria de transformação, R$ 1,6 bilhão.
Das 4.744 operações de crédito realizadas em 2017 pelo BRDE, 79% foram para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), num volume superior a R$ 1 bilhão. A média foi de R$ 463 mil por contratação, “o que demonstra o compromisso do BRDE com o fomento ao desenvolvimento econômico e social sustentável para empreendimentos de todos os portes”, acrescentou o dirigente. Somando o valor de R$ 2,2 bilhões em contratações com os recursos próprios dos investidores, o total aplicado em projetos financiados pelo BRDE na Região Sul chegou a R$ 4,071 bilhões em 2017. Assim, o banco elevou para R$ 132,7 bilhões, em valores atualizados, o volume de recursos que aplicou nos seus 56 anos de atuação no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. SUSTENTABILIDADE - Nas contratações em 2017, foram destaque os financiamentos liberados por meio do programa BRDE Produção e Consumo Sustentáveis (PCS), com o repasse de R$ 45,7 milhões a empreendimentos de desenvolvimento sustentável nas áreas econômica, ambiental e social. Nos investimentos, destaque para o agronegócio e empresas de todos os portes. No período de 2011 a 2017, as contratações feitas
Foto: Orlando Kissner - aenpr
As operações também geraram o recolhimento de ICMS de R$ 359 milhões que os três Estados destinam às comunidades através de políticas públicas. “Foi um bom resultado, destacando que o BRDE encerrou o ano mantendo a posição de maior repassador de recursos entre as instituições credenciadas pelo BNDES na Região Sul e o sexto colocado no país”, afirmou o diretor-presidente do banco, Orlando Pessuti.
Pessuti: Banco tem compromisso com o desenvolvimento econômico e social
R$ 4,071 bilhões
é a soma dos financiamentos contraídos junto ao BRDE e os recursos próprios aplicados pelos empresários, em 2017
NÚMEROS • São mais de 35 mil clientes e R$ 16,8 bilhões em ativos. • R$ 13,9 bilhões em financiamentos na Região Sul, dos quais R$ 5,7 bilhões no Paraná. • O patrimônio líquido do banco é de R$ 2,4 bilhões. • A instituição apoia projetos em todos os setores da economia em 90,9% dos municípios do Sul (1.083 cidades). 61 | RIC RURAL - ABRIL 2018
MERCADO
EXPANSÃO DA SOJA IMPRESSIONA PELA RAPIDEZ E A GRANDIOSIDADE De uma década para cá, área incorporada pela oleaginosa na soma dos três principais países produtores equivale praticamente ao total cultivado na safra 2017/18 pelo Brasil
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os últimos dez anos, a soja avançou com intensidade pelo interior do cerrado brasileiro, pelos pampas argentinos e pelo coração dos Estados Unidos. Mas o trunfo dessa commodity depende da China: as importações do país triplicaram ao longo de uma década, para um total estimado em quase 100 milhões de toneladas em 2018. Os embarques aumentaram mesmo em um período de oscilação na demanda chinesa por commodities industriais como o minério de ferro e o cobre.. Os números da expansão da soja são impressionantes, sobretudo nos Estados Unidos e no Brasil, respectivamente o primeiro e o segundo maiores produtores mundiais. Em apenas cinco safras, de 2013/14 para 2017/18, os agricultores norteamericanos expandiram a área cultivada em 17,4%, de 30,858 milhões para 36,228 milhões de hectares. Nessa mesma fração de tempo, os sojicultores brasileiros fizeram
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Juntos, Estados Unidos e Brasil incorporaram nada menos que 10,27 milhões de hectares com lavouras de soja em cinco anos. Para que o leitor possa ter entender melhor, o vice-presidente de Negócios da Cocamar, José Cícero Aderaldo, lembra que isto representa duas vezes a área cultivada com soja pelo Paraná, o segundo maior produtor nacional, depois do Mato Grosso. Mas se o levantamento se estender para uma década, de 2007/08 a 2017/18, período em que a China triplicou suas importações do grão, o avanço da oleaginosa fica ainda mais visível e impactante, dando mostras de que a incorporação de áreas pela oleaginosa tem sido contínua e consistente. No período, a expansão da soja nos Estados Unidos, Brasil e Argentina (os três principais produtores, pela ordem) somou, respectivamente, 10,262 milhões de hectares, 13,700 milhões de hectares e 10,153 milhões de hectares. Juntando tudo, são 34,1 milhões de hectares acrescidos com soja em apenas dez anos, o que, espantosamente, é quase toda a área plantada no Brasil (35,000 milhões) e praticamente sete vezes a superfície cultivada com o grão na safra 2017/18 pelo Paraná.
PODIA SER MAIS - Detalhe: esse aumento poderia ter sido ainda maior não fosse pela taxação imposta nos últimos anos pelo governo argentino aos seus produtores, o que levou a um desestímulo e consequente decréscimo na área plantada no país vizinho. Nas últimas cinco safras, a área cultivada na Argentina caiu 3,6%, de 19,4 milhões de hectares em 2013/14, para 18,7 milhões na atual temporada 2017/18, que está sendo afetada pela forte estiagem. Autoridades argentinas avaliam que a projeção de safra poderá diminuir de 57 milhões para 40 milhões de toneladas.
O vice-presidente da Cocamar comenta que o apetite chinês por soja está salvando os países produtores. No caso do Brasil, as exportações nacionais da oleaginosa, que eram de apenas 2 milhões de toneladas no ciclo 1997/98, saltaram para 68,1 milhões de toneladas em 2017, das quais 53,7 milhões embarcadas para o país asiático (76% do total), conforme dados da Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleo Vegetal). O crescimento é persistente e se acentuou ainda mais nos últimos anos, lembrando que em 2014 o volume total não passou de 45,6 milhões de toneladas, de cujo montante 32,6 milhões seguiram para o parceiro chinês. Com a guerra comercial que acaba de ser deflagrada pelo governo Donald Trump, sobretaxando as importações norteamericanas de aço e alumínio em 25% e afrontando os chineses, principais produtores mundiais da commodity, especialistas de mercado avaliam que uma forma de retaliação do país asiático poderá ser a redução da quantidade de soja que eles importam dos Estados Unidos, direcionando-as preferenciamente para a América do Sul, o que beneficia, em particular, o Brasil.
10,27 milhões
de hectares foram incorporados ao cultivo de soja nos Estados Unidos e Brasil, os dois principais países produtores, nos últimos cinco anos
68,1 milhões
de toneladas de soja foram exportadas pelo Brasil em 2017, das quais 53,7 milhões com destino ao país asiático (76% do total)
35 milhões
de hectares é a área cultivada com soja no Brasil
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Foto: Flamma
a área plantada aumentar 16,3%, de 30,100 milhões para 35,000 milhões de hectares. Os dados são do Foreign Agricultural Service/ USDA, divulgados em fevereiro/2018.
AGRO
SICREDI E O AGRONEGÓCIO: UMA HISTÓRIA DE VÍNCULO E COOPERAÇÃO. A relação da Sicredi União PR/SP com o agronegócio vem desde sua constituição há 32 anos e tem se fortalecido desde então. Para se ter uma ideia da importância do segmento para o Sicredi, a instituição é a maior em financiamento do agronegócio no Brasil. Com relação ao financiamento de longo prazo para aquisição de máquinas e equipamentos via BNDES, o Sicredi tem o maior volume contratado.
SICREDI E AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS
A preservação do meio ambiente é um dos pilares da sustentabilidade competitiva e, para isso, o Sicredi tem ações sociais voltadas para este segmento, assim como estruturou soluções que contribuem com a sustentabilidade ambiental. Exemplo disso é o Consórcio Sustentável, por meio do qual é possível planejar a aquisição de veículos elétricos ou híbridos e de equipamentos como painéis solares, geradores eólicos e de tratamento de água e esgoto. Outra solução é o Crédito Sustentável. A cooperativa criou a linha com recursos próprios e juros mais acessíveis do que as modalidades convencionais, uma vez que estes equipamentos, na grande maioria, são importados e não são financiados através das linhas do BNDES.
PROJEÇÕES PARA O AGRONEGÓCIO EM 2018 Conforme afirma Rogério Machado, Diretor Executivo da Sicredi União PR/SP: “Estamos otimistas com o ano de 2018. Há boas projeções de crescimento econômico e, acima de tudo, acreditamos que o Brasil é um país voltado para a produção de alimentos, sendo considerado grande celeiro mundial. Nossas projeções no agronegócio para 2018 são de crescimento de 24% no volume de financiamento em relação a 2017, com a participação da Sicredi União PR/SP no mercado regional em torno de 14%”.
ORIGENS DO SICREDI E DO COOPERATIVISMO
Rogério Machado, Diretor Executivo da Sicredi União PR/SP.
ORIGENS DO SICREDI/COOPERATIVISMO O movimento que deu origem à Sicredi União PR/SP foi a iniciativa de 25 produtores rurais, associados à Cocamar, que estavam insatisfeitos com as condições impostas a eles para terem acesso a crédito rural. A proposta do cooperativismo de crédito era “acabar com o dinheiro caro do sistema financeiro tradicional.”. Assim surgiu a Credimar, seguindo todos os princípios do cooperativismo de crédito, implantado no Brasil pelo padre suiço Theodor Amstad em 1902 e que disseminou a cultura de participação, cooperação e desenvolvimento que hoje está espalhada por todo o país.
O movimento que deu origem à Sicredi União PR/SP foi a iniciativa de 25 produtores rurais, associados à Cocamar, que estavam insatisfeitos com as condições impostas a eles para terem acesso a crédito rural. A proposta do cooperativismo de crédito era “acabar com o dinheiro caro” do sistema financeiro tradicional. Assim surgiu a Credimar, seguindo todos os princípios do cooperativismo de crédito, implantado no Brasil pelo padre suíço Theodor Amstad, em 1902 e que disseminou a cultura de participação, cooperação e desenvolvimento que hoje está espalhada por todo o país.
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AGRO
UM PARANÁ PULSANTE Sérgio e Rose e gravação de matéria em propriedade: agro paranaense cresce em praticamente todos os segmentos
R
adicados em Maringá, os apresentadores do programa RIC Rural, jornalistas Sérgio Mendes e Rose Machado, viajam constantemente pelo Paraná. Em suas andanças para a produção de reportagens, visitando propriedades, conversando com produtores e lideranças, eles relatam que uma “revolução silenciosa” está ajudando a fortalecer ainda mais o agronegócio paranaense. Quando se fala no mundo agro, geralmente as pessoas pensam nas possantes máquinas em fazendas produtoras de grãos - a imagem mais comum que vem à cabeça. Mas o dinamismo do campo não se resume à soja, o carro-chefe da agropecuária brasileira e estadual. “Há um Paraná pulsante e vibrante”, explica Sérgio, referindo-se, em especial, ao que se pode ver em propriedades rurais de todos os tamanhos e segmentos, onde é nítida a evolução imprimida por tecnologias mais avançadas e uma gestão moderna. ORGULHO - Para Rose, observa-se também, de maneira frequente, o frescor da presença do jovem na atividade rural: “a modernização está trazendo o filho de volta para o campo”, revertendo um fenômeno de migração para os centros urbanos, causado pela falta de perspectivas que havia na atividade rural para os mais novos – antes associada à força braçal, ao amadorismo e a ausência de resultados. Não apenas trazendo-os de volta, mas motivando-os a graduarem-se para fazer da agropecuária, com a praticidade oferecida pelos recursos tecnológicos, o seu futuro. “Eles adquiriram orgulho da vida rural, querem dar continuidade ao negócio da família, sabem da importância que o setor representa para a economia do país e a segurança alimentar da população”, acrescenta a apresentadora.
Sérgio Mendes e Rose Machado, apresentadores do programa RIC Rural, falam sobre a “revolução silenciosa” que estão percebendo em vários outros segmentos do agronegócio do Paraná, nas rotineiras viagens que fazem para todos os cantos do Estado
DESCOBRINDO O FILÃO - “De dez anos para cá, a linguagem do produtor é outra”, frisa Sérgio. Isto, segundo ele, é visto até mesmo na pecuária, setor que não tem acompanhado na mesma rapidez o progresso da agricultura. Ele comenta que a busca por modelos que promovem a melhoria da qualidade da carne é recompensada por um mercado altamente interessado, que ainda não consegue suprir toda a demanda com a oferta do próprio Estado e precisa importar: “os produtores perceberam que o investimento bem orientado retorna logo.” Rose diz também que representantes de praticamente todos os setores produtivos, desde hortigranjeiros, frutas, pecuária leiteira, a pequenos animais, café e outros, estão descobrindo o seu filão: “de uma forma geral, eles têm conseguido capitalizar-se, trabalhar com mentalidade empresarial e transformar isso em conquistas, como a melhoria da qualidade de vida”. CATIVA - Um exemplo recente e representativo, segundo eles, é a recuperação da cooperativa Cativa, de Londrina, que acaba de absorver uma central, a Confepar. “Há alguns anos, a Cativa enfrentava sérias dificuldades e parecia estar fadada ao desaparecimento, mas um grupo de associados, muitos deles de pequeno porte, agindo com determinação e profissionalismo, decidiu reerguê-la e conseguiu seu objetivo, praticando exemplarmente a união de forças, a essência do cooperativismo”, complementa Sérgio. Exemplos assim, encantadores e surpreendentes, mostram que está emergindo uma nova geração de produtores paranaenses, cada vez mais antenada e preparada para superar os desafios e crescer.
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