Revista Trailer Brasil #4

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Expediente T r a i l e r

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PUBLISHERS DIETER WOLFGANG BROCKHAUSEN HUMBERTO REBONATO DIRETORA DE REDAÇÃO DORIS BICUDO

PUBLICADO POR AGADÊ EDITORA PRAÇA DIRCEU DE LIMA, 656 CASA VERDE, SÃO PAULO, SP CEP 02515-050 TELEFONE +55 11 3966 3022 agadeeditora.com.br

PROJETO EDITORIAL E GRÁFICO EQUIPE TRAILER

EDITORA DE MODA E PESQUISA MATILDA AZEVEDO

STYLIST RENATA CORRÊA

DESIGNERS OMAR BELTRAME

VINE ALMEIDA

COOLHUNTER DANIEL FONSECA

COMERCIAL +55 11 3966 3022

TRAILER ONLINE CAIO KATO

ASSISTENTE DE REDAÇÃO VALÉRIA OLIVEIRA

EXECUTIVAS DE NEGÓCIOS CATARINA CARVALHO

TRATAMENTO DE IMAGEM

LUCIANE GRASCIANO

MANÉ

REVISÃO PAULO VINICIO DE BRITO COLABORADORES ALEX WINK ALICE PENNA E COSTA ANTONIO TRIGO BAIXO RIBEIRO BRUNA SAMPAIO DANIEL HERNANDEZ (MLAGES) DANIEL MELIM FELIPE TADEU GUILHERME ITACARAMBI GUI PAGANINI GUSTAVO IPOLITO HELEN RÖDEL ISABELA EING (KEEMOD) MARCELO ANDRADE MARIANA MARTINS MURILLO MENDES RENATA CORRÊA (S.D MGMT) ROBERTA DAMASCENO THIAGO PEREIRA VLAD RAPCHAN

PRÉ-IMPRESSÃO GRÁFICA IPSIS

IMPRESSÃO E ACABAMENTO GRÁFICA IPSIS

CAPA ISABELA EING (KEEMOD) MODA RENATA CORRÊA (S.D MGMT) FOTO GUI PAGANINI BELEZA DANIEL HERNANDEZ (MLAGES) RETOUCHING + COLOUR GRADING ALEX WINK (STUDIO AW) LOOK DA CAPA VESTIDO E CASACO, PRADA SAPATOS, TUFI DUEK

TRAILER BRASIL ONLINE trailerbrasil.com.br ANUNCIE comercial@trailerbrasil.com.br FALE CONOSCO redação@trailerbrasil.com.br


Moda para a mulher real, que não tem medo de mostrar suas curvas Elena Mirò ocupa lugar de destaque no cenário plus size A grife italiana faz sucesso na Milão Fashion Week Agora no Brasil! Venda com exclusividade: Intrends ShowRoom - 11 3892.7302


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Street Style Bem-vindos ao Inverno 2015! Uma estação exótica. Sim, as pesquisas apontam esta nova roupagem – no sentido literal – para a mulher urbana. Extravagância passa a ser tendência e palavra de ordem. Quanto mais, melhor. Para irmos além no assunto, escalamos nosso colaborador Daniel Fonseca, que mergulhou na vanguarda dos anos 60, 70, 80 e 90, ainda tão inspiradores para a moda, para traçar o panorama do que vamos querer vestir na nova estação. Eu, particularmente, fiquei tão inspirada que não parei mais de ouvir Changes, de David Bowie. O mundo pede mudanças e elas, muitas vezes, vêm dos grandes empresários, como mostramos na matéria sobre o Capitalismo Consciente. Cada edição da Trailer é tratada como única. Uma revista para pesquisar e colecionar. Assim como uma obra de arte. Convidamos Baixo Ribeiro, da Choque Cultural e da Choque Eduqativo, para fazer a curadoria da cartela de cores da nova estação, assim, como dos acessórios. Em nossos paralelos, chegamos à conclusão de que a arte que vem das ruas pode contribuir muito para a moda urbana. O grunge vem nas tramas e o minimalismo dá o contraponto à estravaganza. E fomos além em nossas divagações – quase – utópicas e decretamos o final dos dias para os selfies. Isto mesmo, neste inverno brinque com as formas e as cores. E ouse. Seja você mesmo. Resgaste o seu diário e só divida suas emoções com quem realmente merece. Por que não?

Doris Bicudo


S達o Paulo Shopping Cidade Jardim - 11 3750 4400 - www.dior.com



SALÃO INTERNACIONAL DE MODA E NEGÓCIOS PRIMAVERA / VERÃO 2016 MODA FEMININA - MASCULINA ACESSÓRIOS - CALÇADOS

DE 5 A 8 DE MAIO DE 2015 SÃO PAULO - SP

MAIS INFORMAÇÕES EM:

WWW.TRAILERBRASIL.COM.BR



Roteiro

Cenรกrio Pesquisa


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CAPITALISMO CONSCIENTE:

NOVO PARADIGMA OU RETOMADA? Por Alice Penna e Costa


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ocê sabe qual é a diferença entre uma aranha e uma estrela-do-mar? A aranha é um bicho forte, resistente, agressivo, feroz. E a estrela-do-mar é um ser marinho, dócil, que não oferece perigo nem desperta medo. O que acontece com a aranha quando se tira dela uma perna? Ela continua se movimentando, tem outras pernas e vai andando, é lutadora. Mas se você der uma pancada na cabeça ela morre. Já a estrela-do-mar não tem um cérebro. Tem vários! E se você arrancar um pedaço, o todo se modifica, nasce outro pedaço, ela se reconstrói, recompõe-se. Se der uma pancada na cabeça dela, não acontece nada, não morre. Ela tem as outras cabeças. Qual é o conceito por trás disso? É que a grande maioria das organizações – não só as empresas, e sim as organizações humanas – é como a aranha. Tem só um grande chefe, um líder. E se ele faltar, por qualquer motivo, muito provavelmente a estrutura acaba. Já o modelo estrela-do-mar tem muitas cabeças inspiradoras que agem, independentemente de uma só liderança. Assim são as organizações que começaram a nascer no início deste novo século... O Capitalismo Consciente surgiu da união de várias empresas com esse perfil de cooperação e compartilhamento. A crença é que, de todos os sistemas econômicos, o Capitalismo foi o que mais gerou benefícios sociais. Ele aumentou o tamanho do bolo. A nova proposta do Capitalismo Consciente é que este bolo seja dividido de uma maneira mais justa. Seguindo esta linha de raciocínio, podemos incluir no contexto as feiras de negócios, que, não por acaso, estão ganhando

cada vez mais espaço. Uma das funções que elas têm é a de pôr em prática a lógica custo/ benefício, criando um intercâmbio comercial entre expositores e compradores, com a vantagem da otimização de tempo e recursos, pois propiciam que todos, dentro de um só espaço, possam conferir as novidades, comparar produtos e otimizar suas compras. Isto, além de ser muito confortável e moderno, privilegia também a sustentabilidade – uma das maiores preocupações do Capitalismo Consciente –, pois, com a redução de viagens e deslocamentos, gastam menos combustíveis e energia, diminuindo a emissão dos gases causadores do efeito estufa. O movimento teve start em 2008, nos Estados Unidos, e em 2013 foi oficializado como uma ONG no Brasil: o Movimento Capitalismo Consciente Brasil, que faz parte do surgido nos Estados Unidos e que já começa a aparecer em outros países como Inglaterra, Austrália, Índia e África do Sul.


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Em 2002, Raj Sisodia, professor indiano radicado nos Estados Unidos, e o empresário John Mackey, da Whole Foods Market – cadeia de supermercados especializada em comida natural e orgânica – promoveram uma pesquisa ouvindo muitos consumidores, os quais responderam a seguinte pergunta: sem quais empresas vocês não poderiam viver? Do resultado, destacaram-se 60. Em uma nova pesquisa, este número foi reduzido para 30, que começaram a ser avaliadas. Percebeu-se um desempenho financeiro superior à média das corporações do mercado. Este material resultou no livro Firms of Endearment – As Companhias mais Amadas, em tradução livre –, que é o estopim do Capitalismo Consciente. Adotar esses conceitos não é renegar um dos pilares do sistema capitalista, já que sem lucro não há empresa. Porém, muitos empreendedores estão descobrindo que a lucratividade, pura e simples, não pode ser o único objetivo de uma companhia. É preciso reavaliar o papel e o alcance do mercado nas práticas sociais, nas relações humanas e na vida cotidiana. O lucro constitui um elemento importante do capitalismo e tem de ser um objetivo. Contudo, existe um propósito além deste, que é gerar valor para todos. Para isso, é preciso ter compromisso com as pessoas e com o meio ambiente, buscando uma nova maneira de pensar a cadeia de consumo, com produtos que tragam benefícios ao consumidor, ao negócio, aos parceiros e ao planeta. Se o consumidor não entra na loja ou o fornecedor não entrega as roupas, a cadeia perde. Mas existe a possibilidade de todos crescerem juntos – o consumidor, o fornecedor, o funcionário e o varejista – quando todos estão preocupados uns com os outros.

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O Capitalismo Consciente se baseia em quatro pilares: propósito, cultura, liderança e público-chave. O propósito visa criar valores que vão além do lucro e inspirar o empresário, os funcionários, e até mesmo os consumidores, enquanto a cultura busca desenvolver uma relação de confiança entre os membros de sua equipe e seus investidores. A liderança é responsável por manter os propósitos da organização, inspirar e enaltecer o que há de melhor nos funcionários. E, por fim, o público-chave – colaboradores, consumidores, comunidade, governo e investidores –, pelo qual a empresa deve zelar e trabalhar para maximizar os retornos. Esta orientação mantém todos os envolvidos no negócio informados de seus resultados para que estejam engajados no mesmo objetivo. Assim, a junção desses quatro elementos proporciona uma nova maneira de pensar os negócios, por meio de um sistema centrado nas relações humanas. É muito importante que a empresa tenha uma Liderança Consciente, que cria um propósito maior, que vai além do dinheiro, considerando o lucro como consequência deste propósito maior. A partir disto você engaja os participantes, os consumidores, os funcionários, a comunidade, e daí cria uma cultura imbatível e o resultado financeiro é superior à média do mercado. O seu consumidor passa a ser um defensor da sua marca, do seu produto, do seu serviço.


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Companhias como Whole Foods, Patagonia, Southwest Airlines e Walmart praticam nos Estados Unidos as ideias divulgadas pelo Movimento Capitalismo Consciente. No Brasil, já começam a surgir também alguns exemplos de empresas e líderes conscientes, como a Mercur, no Rio Grande do Sul, uma empresa de material escolar que abriu mão de um produto licenciado, tipo Disney, para não participar da competição entre os alunos como: “eu tenho a princesa mais bonita ou o herói mais forte”. Depois que desistiram dos produtos licenciados, o faturamento caiu, porém a mudança na cultura da empresa foi tamanha que hoje a consciência das despesas e dos investimentos pelos funcionários é maior, levando o resultado financeiro a um lucro superior ao de antes. Mesmo caindo o faturamento tem um lucro maior, porque todo o mundo presta mais atenção nos gastos. Isto se chama engajamento! Então começa a se criar uma cultura diferente, uma cultura de preocupação com todos, de não desperdício, de sustentabilidade, em todos os sentidos. Um dos primeiros brasileiros a entrar em contato com o Capitalismo Consciente nos Estados Unidos foi Thomas Eckschmidt, que hoje é o diretor executivo do Movimento Capitalismo Consciente Brasil. “Em 2010 eu me convidei, com a maior cara de pau do mundo. Pelo trabalho que eu fazia com alimentos, interessei-me pela Whole Foods e soube que iria acontecer uma reunião do Movimento Capitalismo Consciente, em Austin, Texas, nos Estados Unidos. Mandei um e-mail me oferecendo, passei por três entrevistas e confirmaram o meu encontro com 150 donos de empresas, como o fundador do Starbucks. Pessoas incríveis. Voltei com a cabeça cheia de ideias, mas não consegui fazer nada. No segundo ano, encontrei-me lá com outro brasileiro, o André Kaufman, e, quando a gente voltou, soube que ele tinha um grupo chamado Rede de Líderes Conscientes. Então, por dois anos, evoluímos esta conversa e chegamos à conclusão de que não queríamos só o líder consciente, e sim o Capitalismo Consciente. Porque às vezes o líder não tem o poder de transformar uma empresa.”

No ano passado o movimento foi lançado formalmente por aqui como Movimento Capitalismo Consciente Brasil. Foi em novembro. É muito novo, mas está crescendo. Nos Estados Unidos, o movimento chegou bem antes. Tanto lá como aqui não se faz propaganda e ninguém anuncia. É no boca a boca. Tem que vir de dentro, pois, se forem usadas as mesmas ferramentas tradicionais, como a propaganda e o marketing, o movimento não acontece. Já existe uma grande demanda de muitos empreendedores entrando em contato, querendo saber e se interessando. Vamos ampliar o conceito com a reflexão de André Kaufman, atual presidente do conselho do Movimento Capitalismo Consciente Brasil: “Consciência, na minha concepção, é nossa capacidade de enxergar o todo, mas como se fosse um zoom. Não quer dizer que as pessoas menos conscientes sejam menos inteligentes. As pessoas que conseguem enxergar a vida dentro de um contexto maior tendem a ser mais felizes, porque nada é por acaso, tudo acontece para o crescimento da consciência. No momento em que entrei nesse processo, consegui ver o todo. Como tinha um trabalho com esses líderes, comecei a conversar com eles sobre isto e percebi que alguns deles, muito poucos, talvez uns 10 ou 15%, já eram assim. Algumas pessoas começaram a me incentivar para criar um clube e aí iniciou um movimento que a gente, depois de alguns anos, chamou de Rede de Líderes Conscientes. E isso evoluiu para o que é hoje o Movimento do Capitalismo Consciente.”


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Na área de Moda, podemos ver um exemplo de como surgiu essa ideia na empresa Patagonia, nos Estados Unidos. A marca começou produzindo artigos para esportes e expandiu para vestuário. Seu fundador, Yvon Chouinard, ao visitar uma plantação de algodão, viu o que acontecia à terra com o uso de agrotóxicos e tomou a decisão de que, daquele dia em diante, só usaria algodão orgânico ou fibras sintéticas. Começou uma campanha para diminuir o impacto do seu negócio com uma rastreabilidade imensa, em que hoje, em todas as etiquetas, estão representadas as pegadas: de carbono, de cunho social e outras. Yvon Chouinard é um dos primeiros fundadores do Movimento Capitalismo Consciente. Patagonia é um caso muito claro. A loja é outra! O piso é de madeira reciclada. Não precisa derrubar uma árvore para fazê-lo, aproveita-se qualquer refugo de construção, trata-se a madeira e pronto! Seria o algodão orgânico mais caro do que o valor nominal que você paga ou o tempo de durabilidade dessa peça? Tamanha era a preocupação dessa turma da Patagonia, que, em 2011, em um grande evento de vendas – a Black Friday –, eles fizeram um anúncio de página inteira, no The Wall Street Journal, que dizia: “não compre esta jaqueta! Traga a sua usada que a gente ajusta, reforma, costura, pois a nossa jaqueta dura vinte anos, então você não precisa comprar outra”. O que aconteceu foi que venderam muito mais jaquetas! No Brasil, também nessa área de moda, o exemplo mais conhecido é o da Riachuelo. Flavio Rocha, CEO da marca, teve contato com o movimento e resolveu adequar as suas empresas ao conceito. Nesse caso, trabalhando com moda, ele tem toda a cadeia do negócio, pois produzem o tecido, confeccionam, vendem e financiam a compra. Como fazer todas as empresas envolvidas entenderem que fazem parte de uma coisa só e não devem ficar competindo entre si ou sabotando as outras áreas para seu próprio benefício? Segundo o

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depoimento de Flávio – em uma palestra do seminário do Movimento no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa, que atua nas áreas de negócios, economia e direito), foi muito difícil fazer com que o processo se concretizasse e que todos os funcionários e fornecedores entendessem que a empresa tem que trabalhar como uma coisa só. Foi um processo longo e doloroso para alguns, pois quem não se adaptou teve que ser substituído. Mas hoje ele tem uma empresa muito mais ajustada e lucrativa do que antes. E o aumento do lucro é distribuído entre todas as empresas do grupo e todas as pessoas, segundo seu merecimento. Interessante também o exemplo de Stella McCartney, que produz bolsas com materiais alternativos, saindo dos convencionais, que têm um impacto maior no meio ambiente. Patagonia já existe há 20 anos, Stella, mais recente. As coisas estão começando a aparecer, as pessoas estão começando a se preocupar com isso. Da mesma forma, existem sites como o shelf.com.br, no qual você negocia peças de grife que não usa mais e começa a recircular uma riqueza que está parada dentro do seu armário. Tanto quem compra quanto quem vende têm garantia de confidencialidade. É uma forma diferente de olhar o Capitalismo.


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O papel das blogueiras de moda é de grande responsabilidade, já que agora falam o que é que vai ser usado, estimulando esse consumismo desenfreado. Diz Thomas: “Acho que as blogueiras têm uma grande responsabilidade. Elas poderiam começar a fazer um trabalho de juntar aquilo daquela temporada com isto desta. Ensinar a consumir com um nível de consciência.” E o Movimento Capitalismo Consciente Brasil também está tentando criar, em algumas universidades, cadeiras na área para levar essas ideias aos jovens que estão se preparando para entrar no mercado de trabalho. Como já acontece nos Estados Unidos. As mulheres, como não poderia deixar de ser, também estão muito bem representadas no Movimento Capitalismo Consciente Brasil e várias líderes e proprietárias de empresas vitoriosas fazem parte do conselho do movimento. Debora Degenszejn, profissional da área financeira e participante do conselho, coloca seu ponto de vista: “Nas corporações, o modelo tradicional de pirâmide vem de uma origem militar e dessa forma era bastante excludente. Quer dizer, sempre era o chefe que estava no topo e que ia dominar. Nós todos fomos educados pela sociedade para sermos excludentes, para sermos polarizados. Então, para eu estar certa você precisa estar errado. E o novo, na minha opinião, é que a gente permita que várias verdades existam no mesmo lugar”.

E como são escolhidos os conselheiros e diretores do Movimento? O modelo se baseia no voo das andorinhas. Elas voam em uma formação que lembra uma flecha. A andorinha que está na ponta da frente recebe o maior impacto do ar, o atrito é muito forte e ela tem que fazer mais força. As que estão atrás vão meio no vácuo e fazem menos esforço. Tudo muito fluido, organizado e consensual. Assim também é como acontece no movimento. As pessoas estão na linha de frente enquanto podem, têm tempo, disponibilidade e vontade para atuar. Quem precisa se afastar em função de compromissos profissionais ou de qualquer espécie tem essa licença, e sem cobrança dos demais. As diretorias são rotativas, assim como os cargos de conselheiros ou diretorias. E não tem um líder máximo. Todos são líderes conscientes, estrelas-domar, voando como andorinhas, no precioso movimento desse momento...


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suasasas Texto e pesquisa de VM por Daniel Fonseca Pesquisa de moda e imagens por Matilda Azevedo


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A inspiração excêntrica faz do inverno 2015 uma estação livre para criar, ousar e agradar

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uma mistura entre elementos tecnológicos e feitos à mão, a inspiração da próxima temporada tem na extravagância sua principal aliada. Cheio de altos e baixos, nuances, texturas – muitas – e brilhos, o inverno 2015 pode ser mais quente do que se possa imaginar. Como forma de transcender ou mesmo evitar a volatilidade do novo, entramos numa era dual, dicotômica. Talvez por um reflexo da nova fase capitalista, marcada pela crise e pelo surgimento de negócios originais, a vontade é de extravazar. O “sair do armário” e a possibilidade de “soltar as suas feras” parecem mesmo tomar conta do cenário internacional para dar lugar a pessoas mais integradas, sociabilizadas. Apesar das incertezas, vemos nascer um consumidor sem amarras, sem pré-conceitos. Mais intuitivo. E isso parece aflorar na inspiração excêntrica que brota tanto na moda, como no design, na arquitetura e nas artes. Pensando num instinto rebelde espalhafatoso, a quarta edição da Trailer Brasil paira sobre um universo inesperado, com pitadas transgressoras, floreado de performers, drag queens e superdivas. Mergulhamos no imaginário da noite, dos brilhantismos, da música, dos globos espelhados, mas também passamos pelo crivo etnológico e até político dos movimentos culturais e de libertação. Seguimos o nosso faro. Nós nos deixamos apaixonar pelas texturas e pela imersão do trabalho de Phyllis Galembo, que cruzou a África para fotografar rituais e suas vestimentas exuberantes. Empapamo-nos do espírito apátrida de nossa Elke Maravilha, da timidez cínica do cantor lírico Klaus Nomi, que saiu do underground para a notoriedade pelas mãos de David Bowie, da alma fabulosa do imagético performer australiano Leigh Bowery, da energia fantástica dos Secos e Molhados e da simplicidade nada simples do ícone fashion

Iris Apfel. Toda esta inspiração vem provar que mais é mais nesta estação. De novo os anos 1980 inspiram a moda. Das superposições das drags mitológicas do documentário Paris is Burning vimos nascer as estampas cósmicas que Yohji Yamamoto interpretou com maestria em sua apresentação na temporada francesa. Do Vogue de Madonna surgem os metalizados. E a pop art invade o cotidiano. Karl Lagerfeld radicaliza e leva seu desfile cheio de referências do movimento para dentro de um supermercado de Paris. Psicodélicos, andróginos e controversos, Lennie Dale e seus Dzi Croquettes também surgem no nosso imaginário, para trazer um pouco – mais – de purpurina ao caliente inverno. Das fantasias e maquiagens às expressões corporais e vociferantes do grupo que sapecou Paris e encantou Liza Minelli, vemos saltar a energia que devemos emitir. Peças fortes devem induzir o consumidor a criar seu estilo próprio. Grandes marcas, como Louis Vuitton e Max Mara, vão beber na fonte dos movimentos da contracultura e neste caminho nos deparamos com o grupo espanhol Movida Madrileña, que conquistou Caetano Veloso, até os hits almodovarianos que inspiram o belga Dries Van Noten. Chegamos aos anos 1990 e demos de cara com o novo minimalismo, quase excêntrico, que o irlandês J.W.Anderson mostrou na última temporada inglesa de moda. Em seguida, invadimos as boates e encharcamos nossos olhos com o frenesi dos Club Kids e dos clássicos shows de drag queens que fizeram luzir RuPaul e sua Estravaganza. Do calor das pistas ao monstro invernoso da última coleção de Rei Kawakubo, esse espírito estrambótico vem para trazer humor e aquecer os motores da moda e do consumo, enchendo as araras de cores, tramas e muita Eleganza. “Abra suas asas e entre nessa festa”.


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Corajoso, Ney Matogrosso traz sua estravaganza sensual ao palco no final dos anos 1970

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Valente, Miucha Prada traz uma estravaganza contestadora às passarelas a partir dos anos 2000

A estravaganza de Leigh Bowery atravessou décadas para inspirar de John Galliano a David LaChapelle

A incrível estravaganza de Pedro Almodóvar e suas mulheres – sempre à beira de um ataque de nervos – serve como fonte de pesquisa para as temporadas de moda

O lirismo de Klaus Nomi conquista David Bowie e cria uma nova estética para o pop. Estravaganza total!

Uma das mais famosas drags do documentário Paris is Burning, Dorian Corey transpira estravaganza


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Há mais de 90 anos Iris Apfel traz eleganza ao comportamento da mulher contemporânea

A eleganza nada discreta do multimídia americano Nick Cave cria nova estética. A moda agradece

Purpurina, cílios postiços, plumas e barbas na eleganza dos Dzi Croquettes

Ernie Glam e seus Club Kids agitaram a Nova York dos anos 1990. Extrapolaram na elganza e otras cositas más...

Os rituais africanos registrado pelas lentes de Phyllis Galembo dão uma verdadeira aula de eleganza ao mundo civilizado

Elke Maravilha nasceu mulher e vive como drag até os dias de hoje. Quanta eleganza!


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INSTINTO SELVAGEM Não apenas de números e fórmulas vive o varejo. Vale tudo para conquistar os consumidores: da ousadia de novos designers a cenografias arrojadas

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ara provocar a tão buscada sensação de liberdade que o homem atual deseja, a tecnologia passa a desempenhar papel-chave. Como no universo criado por Spike Jonze em Her, os sistemas operacionais parecem cada vez mais possuir uma personalidade intuitiva. A possibilidade de pertencer a diversos universos e, ao mesmo tempo, não pertencer a nenhum, de estar sem estar, de aproximar desaproximando. Coisas do mundo contemporâneo: robôs para isso e aquilo, relógios que falam, como nos Jetsons, máquinas que imprimem outras máquinas. É exatamente este poder quase instintivo de compreender as coisas e juntá-las para transformá-las em outras que faz com que pessoas como Carol Lim e Humberto Leo, cofundadores da americana Opening Ceremony, possam transformar seus sonhos em negócios multidisciplinares. A marca, que começou como uma pequena loja em Nova York no início dos anos 2000, hoje é uma comunidade internacional que abriga pontos de venda em Londres e Los Angeles, uma flagship de departamentos em Tóquio, um showroom de multimarcas, uma grife de roupas para a casa, um e-commerce, um blog e um canal de TV. A partir do conceito de aproximação entre designers icônicos e outros não tão conhecidos, a empresa realiza uma seleção anual de produtos zapeados das mais diversas partes do mundo, o que torna cada ida ao espaço um momento único. Levando seus visitantes a passear por uma fauna exótica transformada em vitrines e móveis expositores, a Open Ceremony adota

um formato multinacional de negócio para trazer um respiro novidadeiro aos seus clientes, abarcando um pilar criativo que vai além do campo da moda. Durante os últimos anos, a dupla da loja conceito colaborou com diversas marcas, como Rodarte, Maison Martin Margiela e Topshop, além de se converter em responsáveis pela direção criativa da Kenzo, justificando o caráter multifacetado do casal. Com um lado multitarefas bastante apurado, a americana Sophia Amoruso, CEO da bombada Nasty Gal, também acredita na sua capacidade visionária para manter viva a chama que criou uma das marcas mais queridinhas da atualidade. Apelidada pela Forbes de “Fenômeno Fashion”, a empresária é uma das mais promissoras do seu setor, liderando uma companhia que cresceu nos últimos anos de maneira exponencial, sem grandes truques ou artimanhas administrativas. Por meio de uma rede de fãs e seguidores, Amoruso constituiu um império online, revolucionando o e-commerce. Seu business, que começou com um singelo perfil no eBay, onde ela vendia produtos de segunda mão, atingiu os confins da internet e hoje conta com seguidoras assíduas provenientes de diversos países onde a marca chegou sem estar presente fisicamente. Responsáveis pelo faturamento milionário da jovem de 30 anos, os cerca de 2 milhões de seguidores – entre Facebook e Instagram – demonstram o poder das mídias sociais e da internet em cativar esses e-consumidores que passam também a ser o foco de empresas que tentam sobreviver na era que começa a ver o fim dos centros comerciais.


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O ousado projeto itinerante Arak Nova, assinado a quatro mãos por Anish Kapoor e pelo arquiteto japonês Arata Isozaki, abriga de shows a fashion shows

A designer de acessórios Noriko Nakazato prova que ousadia também tem seu espaço nas prateleiras das melhores lojas

Respire fundo e faça parte da obra do artista Photographer Hal, na qual moda e objetos temáticos são embalados a vácuo Na tradicional Selfridges de Londres, cientistas – malucos?! – criam um aroma para você chamar de seu. Por apenas 65 libras

O avestruz, tão pouco lembrado no mundo da moda, é destaque nos displays de acessórios da Opening Cerimony de Tóquio A cenografia da loja Benetton do SoHo em Nova York, prova o contraponto do DNA da marca: identidade visual arrojada com roupas clássicas

Preste atenção neste nome: Fiona O’Neil. A neoestilista pintou à mão os tecidos de seu desfile de conclusão da Saint Martin School. Plateia e olheiros foram ao delírio


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O consumidor atual quer mais. Cabe ao varejo buscar novas formas de atrair e fidelizar seu cliente. Inovar é o caminho

Pensando em diversificar o modo como interagem com seus consumidores, marcas como Levi’s, Kenzo, Ugg’s, e até mesmo nomes como Ikea e Marimekko – ambas do ramo de decoração –, começam a investir em formatos alternativos para suprir de novidade este consumidor. A britânica de calçados Ugg’s criou uma vitrine interativa onde é possível ver, comparar e comprar 24 horas por dia. Localizada em Tóquio, a fachada tecnológica promete inovar o modo de consumir, de maneira natural e intuitiva. Baseada no mesmo conceito tecnológico, a japonesa Kenzo também resolveu lançar mão do aparato para criar uma maneira divertida de filantropia. Durante uma semana, uma vitrine digital foi transformada em um aquário gigante, convidando os parisienses a colaborarem em uma campanha que prometia ajudar a ONG BLUE, numa maneira descontraída de envolver os transeuntes da agitada capital. De olho na aproximação entre moda e arte, a mãe das calças jeans resolveu patrocinar um projeto que pretende fomentar iniciativas artísticas em diversas partes dos Estados Unidos. Intitulado Station to Station, conecta criadores de diversos universos para sugerir intervenções a bordo de um trem em movimento. A expectativa do projeto, liderado pelo artista Doug Aitken, é organizar conteúdos e experiências únicas para um público global em diversas estações ferroviárias espalhadas pelo território americano, levando também o nome da realizadora Levi’s de modo despretensioso e efetivo. Especialista em pensar fora da caixinha – e do armário –, a sueca IKEA é pioneira quando o assunto é sair do ponto de venda e impressionar os consumidores em momentos inusitados. Seguindo o seu faro para surpreender, a divertida casa de decoração invadiu um dos vagões do metrô de Tóquio para fazer

com que os estressados cidadãos da metrópole pudessem relaxar e conhecer a nova linha de produtos para sala de estar, tudo acompanhado de drinques e aperitivos. A partir da mesma ideia de ocupação, a delirante Marimekko também tomou um espaço público em Hong Kong para inventar uma espécie de café pop-up em comemoração aos 50 anos de sua estampa mais famosa, a Unikko. Numa proposta não menos aloucada, os brasileiros da Mangaba Produções também vêm levando seus clientes a mundos imaginários. Das cenografias e campanhas publicitárias aos espaços de varejo, os criativos do estúdio sempre se fiam na intuição quando o tema é impressionar o público atual. Com uma boa visão do mercado nacional e plugado nos acontecimentos internacionais, o perfil multifacetado da equipe garante o cheiro fresco das invenções que saem dali. Atentos ao novo cenário do varejo, a francesa Window Mannequin também mergulhou no universo extravagante e modular para criar manequins que extrapolam os limites entre fantasia e realidade. A marca lançou recentemente uma linha de bonecos que promete deixar qualquer consumidor de queixo caído. Com o nome Vogue Cameleon, a coleção traz manequins capazes de serem modificados a ponto de se tornarem irreconhecíveis entre uma temporada e outra. Jogando com o conceito de reaproveitamento sem perder o glamour, os camaleões possuem, além de 16 poses diferentes, centenas de opções de bocas, olhos, cílios e cabelos, tudo para se adaptar facilmente a cada tipo de negócio ou piração criativa. Independentemente do formato ou do propósito, o que podemos inferir, a partir de um sobrevoo pelo varejo atual, é uma intensa vontade de extrapolar os padrões até hoje praticados. Vemos nascer uma geração de negócios mais inventivos, intuitivos. Acima de tudo, atraentes e inesquecíveis.


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Guerrilla Store da Commes des Garçons, de Berlim vai na contramão dos projetos milionários. Por lá, conteúdo vai além da forma...

...Assim como a Number 3, de Atenas, que abriga peças raras da marca de Rei Kawakubo. O minimalismo levado ao extremo Uma boa ação em uma bela vitrine, o projeto filantrópico da Kenzo

Um dos exemplares do projeto Station to Station patrocinado pela Levi’s prova que, cada vez mais, a moda bebe na fonte das artes e do design

DIY, no sentido literal da expressão, e monte e remonte seu manequim por várias estações com uma ajuda da Window Mannequim

Em um mundo globalizado, a filandesa Marimekko transforma ônibus em café, em Hong Kong, e, de quebra, customiza com a sua estampa mais famosa

Com quantas grifes se faz uma multimarcas? No caso da hypada Hostem, de Londres, só de marcas conceituais


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Arte para vestir

Com técnicas manuais, a estilista Helen Rödel resgata os universos do tricô e do crochê para desenvolver coleções atemporais e cheias de significado

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a contramão do mercado de moda atual, dominado por processos industriais e super impessoais, a gaúcha de Lajedo resolveu expressar sua paixão pela moda criando peças, cuja confecção pode levar até dois meses e que, na maioria das vezes, são produzidas por uma única artesã. Em sua cartela de inspirações, movida pelas artes e seus jogos de cores e formas, a tecnologia se mistura ao manual para dar origem a alquimias que muitas vezes chegam a ser únicas, o que torna o resultado final de suas peças ainda mais impressionante. Guiada pelo ambiente natural, pelo vento e por sua própria vontade de criar, Helen deixa escapar seu lado poético naquilo que cria. “Tenho uma inquietude de cavar o que eu sou”, conta a estilista, que vive revolvendo as coisas e os objetos que a circundam para inspirar seus desenhos. A partir de uma pequena estrutura – hoje ela trabalha com cerca de dez pessoas –, a marca começou a crescer e ganhar os olhos da imprensa e do mercado internacional. Quando perguntamos se as colaboradoras fazem parte do processo criativo, a estilista confirmou que elas não apenas participam como também atuam, oferecendo soluções. “Todas são artesãs há muitos anos e cada uma tem um repertório enorme e diverso de técnicas”, conta. Além da equipe de criação, a tricoteira ainda conta com a direção executiva de seu marido, Guilherme Thofehrn, que é a mão ativa por trás das

campanhas e das ações de expansão da marca. Atualmente, é possível encontrar o produto em sites de venda online, como o nacional Rugendas e o gringo Not Just a Label e também na bombada multimarcas italiana Luisa Via Roma, especialista em reconhecer novos talentos. Por aqui a representação fica por conta da Cartel 011, em São Paulo, e em Porto Alegre, na loja Histórias na Garagem. Desafiando o futuro e costurando o passado, as peças produzidas por Helen exprimem delicadeza e profundidade, natureza e mecanismo, contemporaneidade e anacronismo. Por meio de jogos artísticos entre cores, formas e pontos, uma beleza singela que encanta e brinda os olhos com roupas intuitivas, duradouras e cheias de personalidade.


Vanguarda T r a i l e r

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Fotos Divulgação

As tramas de Helen Rödel e seu mix de cores e texturas autorais. O resgate do artesanal na vanguarda da moda


In

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Of f

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ROBERTA DAMASCENO

da Dona Coisa, no Rio, aposta nas marcas brasileiras e expande seus negócios. Veja abaixo as ideias da empresária

Não foi difícil a decisão de trabalhar com o foco de valorizar a produção nacional. Mesmo antes de ter a minha multimarcas e atuar neste segmento, admirava o trabalho de brasileiros como Clô Orosco, Gloria Coelho e Maria Cândida Sarmento, da Maria Bonita. Meu sonho era reunir em uma mesma loja esses talentos. Quando tive a oportunidade de abrir meu negócio, em 2005, o cenário era outro e encontrei também novos estilistas maravilhosos. Um caminho natural, no meu caso. Está provado que não existe uma matemática que dê um resultado lógico de um número exato de grifes para compor uma multimarcas. Acredito não ser uma questão de quantidade, mas sim de qualidade, sem abrir mão daquilo que consideramos importante no trabalho do designer. Para nós, mostrar a personalidade de cada marca é essencial. Este é o nosso critério de escolha. Comercializamos muito bem marcas que levam o DNA de seus criadores, como Sônia Maria Pinto, Marisa Ribeiro, Lino Villaventura, Andrea Marques e Huis Clos. Sempre surgem novos talentos. Posso falar de Têca por Helô Rocha, que tem um trabalho extremamente feminino e consegue revisitar o clássico com muita modernidade. E da linha de Cris Cordeiro A., marca carioca focada no conforto, que chega com personalidade. A minha seleção de peças pode parecer conceitual para uma cidade como o Rio de Janeiro, mas, na verdade, não demorou para que as pessoas

entendessem a qualidade, o conforto e a atemporalidade da roupa que a Dona Coisa oferece. Penso que sempre existiu um público carente deste produto e a demanda vem crescendo. Procuro fazer uma curadoria bastante abrangente, de forma a atender diferentes estilos. Mas sempre respeitando o clima carioca, com roupas fluidas, leves, confortáveis e algumas vezes fora do corpo. Escolha passional que levo também para meu closet, que defino ser uma miniatura da Dona Coisa. A venda online, para nós, deve ser tratada como um atendimento personalizado, exatamente como procuramos fazer em nossa loja física. O foco é suprir a questão da distância e ampliar o resultado de nosso trabalho. Minha busca pela excelência é diária e o meu compromisso não é apenas com os clientes, mas também com a minha equipe. Aprimorar todos os detalhes que envolvem meu trabalho com a Dona Coisa, desde curadoria, atendimento e pós-venda, faz parte do meu presente e do meu futuro. Trabalhar no azul requer cuidado. Um conselho? Ouse, mas com parcimônia. Para uma pessoa como eu, que aprecia a escrita a lápis, o ócio criativo é necessário. Aconselho a experiência...”


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Fotos Divulgação

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A Dona Coisa, no Rio, vai além da moda e cria um lifestyle da marca, dos vinhos premium à moda, passando pelo design, a ideia é priorizar a criação brasileira



Preview

Passarelas

Pesquisa por Matilda Azevedo Texto Doris Bicudo


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Backstage | ChloĂŠ

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Backstage | ChloĂŠ


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Soft colors

Os looks monocromáticos procuram na androginia a sua personalidade nesta nova estação. Estilos se misturam e buscam no corte impecável da alfaiataria o caimento perfeito para o básico. Além das misturas entre si, os tons pastel fazem contraponto muito interessante em peças de cores fortes (como podemos ver na página de estampas gráficas). O consumidor final tem papel importantíssimo neste cenário e busca no acabamento o requinte do luxo. Todo cuidado é pouco na escolha de aviamentos e forros.

Chloé

Rebecca Taylor

Hermés

A não estrutura do casaco roupão é for te tendência


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A laVanda Ê uma das cores importantes. Do cou ro aos tecidos fluidos Tod’s

Christopher Lemaire

Jil Sander

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Backstage | Valentino

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Backstage | Marni


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Excêntrico

Temperly London

A etnia ganha construção contemporânea

Dries Van Noten

Yohji Yamamoto

O mundo mudou e quem não se deu conta está propenso a perder seu lugar na fila. A palavra de ordem do Inverno 2015 é personalidade. O valor está no estilo próprio e único. Liberdade para se deixar levar. Os excessos vêm nos volumes inesperados, muito bem interpretados por Consuelo Castiglioni no desfile da Marni. As cores são intensas. E o estranho se torna corriqueiro e dá espaço a uma moda totalmente criativa. É hora de soltar as amarras e deixar se levar pela imaginação. Querer é poder.


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Prada

Burberry

Marni

Formas amplas e cinturas marcadas


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Backstage | Missoni

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Backstage | Jonatham Saunders


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Grafismo

Livre para ousar, esta é a estampa mais forte da estação. Na carona da excentricidade que reinará no próximo inverno, as estampas gráficas vêm em várias aplicações. Algumas vezes invadem o look total, como no desfile de Dries Van Noten, outras, em detalhes, como surgiu na passarela masculina da Louis Vuitton. O bordô – cor must have para os dias frios do inverno – divide a cena com os tons pastel. E por que não misturar dois tipos de grafismos em um mesmo look? Escolha arrasadora, no bom sentido.

Givenchy

Louis Vuitton

Marni

Seria o bordô o novo preto?


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Dries Van Noten

Burberry

Calvin Klein

Liberade para mistu rar os grafismos e br incar com as formas


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Backstage | Chanel

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Backstage | Cèline


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New Lady Like

A mulher deste novo tempo é urbana e prova isto neste inverno 2015. Além de atenta, busca no conforto a roupa certa para estar bem – e pronta – para cumprir a sua atribulada agenda, que começa de dia e não tem hora para acabar. Saias rodadas invadem este cenário. Democráticas, vão do míni ao mídi. Já as calcas, com cinturas altas e modelagens secas, fazem par com tops mais curtos. Metalizados e tons sóbrios são as escolhas certas. As sobreposições valem se forem inusitadas. Elegância é a palavra-chave.

Creatures of the Wind

Fendi

Salvatore Ferragamo

Sobr eposições: vale tudo!


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Balenciaga

J. W. Anderson

Max Mara

O origami nas formas e nos tecidos



Frame

Acessórios Cores da estação Estampas


Ac e s s ó r i o s T r a i l e r

I

II

IV

Fotos da obra Murillo Mendes

III

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Por Mariana Martins / Curadoria Baixo Ribeiro Moda para vestir e sentir-se confortável. Assim podemos definir os acessórios da nova estação. Por meio de seus famosos lambe-lambes, a artista plástica Mariana Martins faz um paralelo entre moda e arte. Caminho a seguir juntos


Ac e s s 贸 r i o s T r a i l e r

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V

VII

VI

VIII

I - Marni II - Kate Spade III - Burberry

IV - Prada V - Dolce&Gabbana VI - Max Mara

VII - Louis Vuitton VIII - Chanel


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IX

X

XI

IX - Dries Van Noten

X - Vivienne Westwood

XI - Fendi


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XIII

XII

XIV

XV

XVI

XII - Céline XIII - Marni

XIV - Tod’s XV - Louis Vuitton

XVI - Lanvin


C o re s

d a

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e s t a ç ã o

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C o re s

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e s t a ç ã o

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Por Daniel Melim Curadoria Baixo Ribeiro Foto da obra Murillo Mendes As cores do inverno 2015 vêm em mão dupla. Se, por um lado, o preto continua seu reinado, por outro, as cores intensas, como o amarelo – usado em praticamente todas as coleções –, também têm lugar de destaque. Os tons intermediários e os pastel ganham força quando falamos em looks minimalistas. Daniel Melim, artista exclusivo da Choque Cultural, em sua obra ESX, de 2014, faz um documento fiel das cores da nova estação. Uma arte urbana, assim como a mulher deste inverno.


Es t a m p a s

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Pop

Fotos Agência Fotosite

Valentino

Kenzo

Chanel

Manish Arora

Moschino

Issa

Neste inverno, quanto mais inesperadas as misturas de cores, melhor. Combinações inusitadas, frases de efeito e desenhos lúdicos estampam looks inteiros. E, pasmem, não chegam a chocar o consumidor. O indiano Manish Arora criou um universo de guloseimas gigantes. Jeremy Scott mergulhou na junk food e a misturou com Bob Esponja para a Moschino. No desfile da Issa, uma estampa inspirada nas flores do rei da pop art Andy Warhol. Já na coleção da Valentino uma viagem aos anos 1960 fez do figurino usado por Audrey Hepburn, em Charada, a imagem e semelhança do redingote apresentado na passarela.


Es t a m p a s

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Cósmica

Yohji Yamammoto

Fotos Agência Fotosite

Manish Arora

Preen

Mary Katrantzou

Peter Pilotto

Yohji Yamammoto

Já que é tempo de sonhar, por que não voar alto? Algumas marcas apostaram em estampas cósmicas, lúdicas e que nos transportam para outro mundo. Yohji Yamamoto, sempre inspirador, criou um universo do faz de conta em seu desfile. As estampas iam desde tatuagens japonesas até pedras preciosas e pílulas multicoloridas. Engrenagens complexas, como laboratórios de ficção científica, apareceram em peças que Mary Katrantzou apresentou na semana de moda inglesa. Já as camisas da Preen by Thornton Bregazzi foram além e resgataram as máscaras de Darth Vader, de Star Wars, em suas estampas.


Es t a m p a s

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Gráficos

Louis Vuitton

Fotos Agência Fotosite

Miu Miu

Dries Van Noten

3.1 Phillip Lim

Burberry

Peter Pilotto

As estampas gráficas são uma escolha certeira. Os tons pastel são importantes e se misturam com o preto e o bordô. Ilusões de ótica, abstratos e até desenhos que lembram as obras de Miró foram criados pela Burberry e aplicados nas bolsas da marca. No desfile da Miu Miu, Miucha Prada fez o contraponto entre a liberdade dos grafismos com estruturas arquitetônicas. O resultado? Peças jovens e fresh, que mantiveram o DNA da grife. Os pontos de luz ficaram por conta do amarelo, cor importantíssima do Inverno 2015. Peter Pilotto criou uma espécie de engenharia com as formas para inventar uma nova silhueta.


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Metalizados

Preen

Dries Van Noten

Fotos Agência Fotosite

Chanel

Marni

Mary Katrantzou

Miu Miu

Não se prenda apenas aos acessórios. Os metalizados agora conquistaram um lugar de destaque nas roupas que ganham ar mais despojado, o que possibilita vesti-las sem aquele peso que era automaticamente relacionado ao brilho das roupas de festa. Tecidos tecnológicos e muito couro para tops, calças e casacos. A mulher urbana é a inspiração e as peças podem ser usadas tanto durante o dia quanto à noite. Enquanto Karl Lagerfeld foi buscar inspiração no street, Dries Van Noten criou um volume quase espacial para cobrir a mulher que idealizou nesta nova estação. Tudo é uma questão de bom gosto e escolha certa.


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Animal Print

Fendi Fotos Agência Fotosite

Sportmax

Bottega Venetta

Saint Laurent

Givenchy

Givenchy

Com o perfume retrô das divas hollywoodianas, as estampas de animais aparecem com determinação. De borboletas à eterna onça tão adorada pelas brasileiras, são mescladas com peças clássicas, como no desfile da Givenchy. Em um mix ousado, Riccardo Tisci juntou casacos de pele com camisas de gola laço cor-de-rosa. Os vestidos-casacos também entram na brincadeira. Alguns estilistas desafiam o PETA e levam peles naturais para a passarela. Já os ecologicamente corretos buscam nos fakes boas alternativas. Para as mais discretas, bolsas de todos os tipos. Todo cuidado é pouco. Eles estão por toda parte.


Es t a m p a s

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Xadrez

3.1 Phillip Lim

Salvatore Ferragamo

Fotos Agência Fotosite

Max Mara

Vivienne Westwood

Etro

Mother of Pearl

O clássico dos clássicos nunca se vai. Vivienne Westwood comprova a regra ao apresentar em seu desfile o tradicional tartan, em tons de laranja, repaginado pelas modelagens amplas. Já na passarela da Max Mara vimos a padronagem em tecidos tecnológicos, coletes de nylon com golas de pele. O xadrez neste inverno busca nas formas mais requintadas o shape das modelagens. A alfaiataria entra mais uma vez em cena. Os tecidos desafiam a tecnologia e dão a impressão de terem saído de teares manuais. A cara dos dias mais frios, o xadrez é uma das escolhas com pouquíssima possibilidade de erro.



Ensaio

Velvet Underground


Velvet Underground A moda anda lado a lado com esta nova mulher, urbana e livre, que empresta sua personalidade ao Inverno 2015. Do lady like ao sensual, com muita ou pouca roupa, ela não só brilha com os metalizados como também é capaz de soltar as suas feras. Tipo não tem pra ninguém

Fotos Gui Paganini Moda Renata Corrêa (S.D Mgmt) Beleza Daniel Hernandez (MLages) Set Design Mangaba Produções Retouching + Colour Grading Alex Wink (Studio AW)


Vestido com detalhes em vinil, Pedro Lourenรงo Capa de couro, Gloria Coelho Bolsa de couro e brincos, Christian Dior Botas de neoprene, Tufi Duek



Top cropped, Pedro Lourenço Gola alta de tricô, Uma Calça de neoprene, Tufi Duek Sapatos de couro, Christian Dior


Vestido com bordados, Gucci Casaco de l達, Kate Spade


Colete e sapatos de couro, Christian Dior Gola alta de tric么, Mixed Legging, American Apparel



Top, Versace Blusa de tela, Lanรงa Perfume Saia de algodรฃo, Vitorino Campos Botas de neoprene, Tufi Duek


Corpete de vinil, Madame Sher Saia de vinil, Topshop Luvas de couro sintĂŠtico, Riachuelo Brincos, Christian Dior Botas de neoprene, Tufi Duek



Blusa e calça de jacquard, Carolina Herrera Bodychain de metal, Caio Vinicius Bolsa de metal, Versace Luvas de couro sintético, Riachuelo Sapatos de couro e acrílico, Pedro Lourenço


Top cropped de tricô, Coven Bralet de couro sintético, Janiero Casaco de pele e couro, Patricia Motta Calça de neoprene, Tufi Duek Brincos, Christian Dior


Blusa de malha, Bo.B么 Saia de neoprene, Cris Barros Bolsa de couro com al莽a de corrente, Chanel Brincos, Christian Dior Botas de neoprene, Tufi Duek



Top cropped, Triton Saia de crepe e musseline, Cris Barros Cinto de tela e metal, Fendi no Trash Chic Sapatos de couro e acrílico, Pedro Lourenço




Malha de lã, Egrey Top, Tufi Duek Saia de couro, Patricia Motta Brincos, Christian Dior Sapatos de couro e acrílico, Pedro Lourenço

Modelo: Isabela Eing (Keemod) Assistentes de foto: Gustavo Ipolito, Marcelo Andrade e Vlad Rapchan Produção de moda: Bruna Sampaio e Guilherme Itacarambi Assistente de beleza: Thiago Pereira Camareira: Vilma Produção executiva: Aline Borges (S.DC&P)


Cré d i t o s

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AMERICAN APPAREL americanapparel.com.br

FENDI NO TRASH CHIC trashchicvirtual.com.br

PATRICIA MOTTA patriciamotta.com

BO.BÔ 11 3049.4444 bobo.com.br

GLORIA COELHO 11 3186.5753 gloriacoelho.com.br

PEDRO LOURENÇO 11 3097.0879 pedrolourenco.com

CAIO VINICIUS caio-vinicius.com

GUCCI gucci.com

PRADA prada.com

CAROLINA HERRERA carolinaherrera.com

HISTÓRIAS NA GARAGEM 51 3237.2353 historiasnagaragem.com

RIACHUELO riachuelo.com.br

CARTEL 011 11 3081.4171 cartel011.com.br CHANEL chanel.com CHRISTIAN DIOR dior.com COVEN 31 3292.6898 www.coven.com.br

JANIERO 11 2889.8879 janiero.com.br JULIANA GEVAYERD julianagevaerd.com.br KATE SPADE katespade.com.br LANÇA PERFUME lancaperfume.com.br

CRIS BARROS www.crisbarros.com.br

MADAME SHER madamesher.com

EGREY 11 3082.7571

MIXED loja.mixed.com.br

TOPSHOP topshop.com TRITON 11 2384.2469 triton.com.br TUFI DUEK tufiduek.com.br UMA uma.com.br VERSACE versace.com VITORINO CAMPOS 71 3234.4196 vitorinocampos.com



C o m i n g T r a i l e r

S o o n

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A Pr imavera / Verão 2016 é, no mínimo complexa. São quatro as tendências mais fortes. Do encontro entre o fundo do mar e o espaço cósmico vemos surgir cores ácidas em roupas desconstruídas. Os emojis saem do mundo virtual e vão estampar o pop. Homens mais sensíveis. Uma moda mais engajada busca nos vãos abandonados das cidades seu DNA. Já a opulência do luxo vem da pesquisa de antigas culturas. Inspire-se!




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