Revista Trailer #5

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Primavera-Ver達o 15 |16



LILLYSARTI.COM.BR


Trailer | Expediente

PUBLISHERS Dieter Wolfgang Brockhausen Humberto Rebonato DIRETORA DE REDAÇÃO Doris Bicudo PUBLICADO POR Agadê Editora Praça Dirceu de Lima, 656 Casa Verde, São Paulo, Sp Cep 02515-050 Telefone +55 11 3966 3022 agadeeditora.com.br

EDITORA DE PESQUISA E IMAGEM Matilda Azevedo STYLIST CONVIDADO Thiago Ferraz DESIGNER Vine Almeida COOLHUNTER Daniel Fonseca REVISÃO Paulo Vinicio De Brito ASSISTENTE DE REDAÇÃO Valéria Oliveira

COMERCIAL Fabiano Troiano fabianotroiano@agadeeditora.com.br +55 11 3966 3022

TRAILER ONLINE Caio Kato portaltrailer.com.br

CONSULTORIA DE PROJETO GRÁFICO B + K Criative

COLABORADORES Alexandra Farah Antonio Trigo Camila Salviano Chico Duarte Franco Amendola Gustavo Ipolito Hugo Frasa Krisna Carvalho Marcio Simnch Pedro Saci Priscilla Portugal Renata Pereira De Souza Silvio Giorgio Tony Müller

TRATAMENTO DE IMAGEM Mané

CAPA Katia Selinger (Ford Models) FOTO Marcio Simnch EDIÇÃO DE MODA Thiago Ferraz (Agência An) BELEZA Silvio Giorgio (Capa Mgt) RETOUCHING + COLOUR GRADING Rg Imagem LOOK DA CAPA Vestido, CHRISTIAN DIOR. Colar, HECTOR ALBERTAZZI

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PRÉ-IMPRESSÃO Gráfica Ipsis IMPRESSÃO E ACABAMENTO Gráfica Ipsis ANUNCIE comercial@Trailerbrasil.com.br FALE CONOSCO redação@Trailerbrasil.com.br


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Trailer | Bem-vindo

Queremos mais

A

maduros e, como consepesquisa para o quência, começamos a próximo verão ocupar novos espaços e, é abrangente e Doris Bicudo orgulhosamente, apresencheia de extretamos o Trailer Première – mos. Do minimalismo aos salão de negócios que acontece em excessos – tanto nas formas quanto no mix de texturas e cores –, nós op- maio, em São Paulo. O que ele tem a ver com a revista? Tudo. Além de tamos por embarcar nesta viagem ser movido a paixão, ele acredita e percorrer o caminho completo. no futuro da nossa moda e encara De cabeça aberta e bem atentos, fomos pinçando todas as tendências o presente com um otimismo que alguns deixaram de lado. Azar de de moda e negócios. Paramos em quem ficou para trás e sorte nossa, incríveis vitrines, descobrimos movique estamos juntos para mais este mentos de arte inspiradores e ainda voo cheio de – boas – emoções. batemos um papo com um emAperte o cinto, mas mantenha os presário que acredita no mercado olhos bem abertos e curta cada debrasileiro. Assim como a gente. Esta talhe. Esta é a nossa receita. E olha edição é um divisor de águas. Uma nova fase. Crescemos, estamos mais que tem dado certo...

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Trailer | Índice

Cartela de Cores

Colaboradores Pág. 10 Inspiração Pág. 14 Trends Pág. 16 In off Pág. 22

Pág. 58

Entrevista

Texturas Pág. 60 Ensaio

Pág. 24 Negócios Pág. 32 Preview Pág. 46

Pág. 66

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Ensaio Talento Pág. 88 Arte Pág. 90 O Artista Fala

Pág. 98 Oportunidade Pág. 110 Trailer Premiè Pág. 112 Pág. 92

Créditos Pág. 114

Cenografia Pág. 94

Agenda Pág. 116

Visual Merchandising Pág. 96

Coming Soon Pág. 118

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Trailer | Colaboradores

A liberdade está na moda – e a opulência e o minimal caminham lado a lado neste verão. Perguntamos aos nossos colaboradores em qual tendência eles se encaixam...

Pedro Saci

Thiago Ferraz

Artista plástico “Na pintura, sou livre, mas, na vida, sou minimalista”

Stylist “Nem esquerda, tampouco direita. Estou no meio. Por quê? Porque eu gosto do equilíbrio das coisas”

Marcio Simnch

Marcela Kaljee e Ana Boschiero

Fotógrafo “Só sou opulento na hora de comprar livros. De resto, prefiro o mínimo”

Diretoras de arte “Somos uma dupla de extremos. O cotidiano é minimal – mas sabemos que, às vezes, ser over dá um colorido especial à vida”

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Hugo Frasa

Antonio Trigo

Artista plástico “Independentemente da estação, eu sou sempre minimalista”

Jornalista “Exagerar é ótimo. Mas continuo acreditando que toda dose precisa de um limite”

Silvio Giorgio

Gustavo Ipolito, Camila Salviano e Tony Müller

Beauty artist “O indivíduo pode ser sempre exagerado. Mas eu sou sempre minimal”

Fotógrafo, cenógrafa e stylist “Nós cremos que os melhores atos da existência são bem simples”

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Mercado


Tudo ou nunca mais As buscas criativas dos designers

Navegar é preciso

Uma radiografia das tendências do verão 2015/16

Universo particular Natalie Klein abre seu universo particular para a Trailer

Passos largos

Alexandre Birman dá sua receita de sucesso em um bate-papo exclusivo

Prospectar para vencer! Startups e o caminho para uma empreitada vencedora


Trailer | Inspiração FOTO Marcio Simnch EDIÇÃO DE MODA Thiago Ferraz (Agência AN) BELEZA Silvio Giorgio (Capa Mgt) INTERVENÇÃO Hugo Frasa SET DESIGN Studio Forma MODELO Katia Selinger (Ford Models) Moletom e colar, TÊCA. Calça, OSKLEN. Sandálias, ANIMALE.

Tudo ou nunca mais Os extremos pontuam os criadores e suas coleções para o verão 2015/2016. E têm tudo para agradar um consumidor ávido por novas tendências Por Daniel Fonseca

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uma espécie de caleidoscópio, nossa quinta edição trafega vias de mão dupla. Pelo consumo rápido, por ofertas de uma vida livre num sítio cheinho de plantações para um mundo melhor. Vivemos numa era maximalista, exagerada, onde menos é menos e mais é mais. Para brindar a estação, nós nos banhamos em um mar de sensações quase impalpáveis, de coisas que podem ser ou não ser. Juntas, misturadas. Nós nos aventuramos no mundo das contradições, das personalidades fortes, dos roteiros inesperados, da

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moda discrepante, femininamente masculinizada, opulenta, hedonista, tecnológica, ecológica, barroca, kitsch, minimalista. É dessa organização um tanto quanto caótica que pontuamos parte da nossa pesquisa para a estação mais importante do ano no quesito bons negócios. Deixando um pouco de lado essa oscilação voraz, também queremos falar de paciência, tranquilidade e equilíbrio. Assim como implantar um resort all inclusive no deserto. Mais que isso: discorrer sobre duplicidades e contrastes que a nossa louca existência propõe. Dia após dia.

É de mulheres atemporais com um quê a mais que nos alimentamos. Dos olhos de ressaca da Capitu de Machado de Assis, das rechonchudas de Botero, da alma exasperada da Marquesa de Santos, da dança de Josephine Baker, da feminilidade de Janis Joplin e da coragem de Leila Diniz. Miramos num consumidor que transita livremente mundo afora e nos vemos obrigados a ser tudo e mais um pouco. O próximo verão é de céus e de infernos. A cada um cabe eleger o seu destino.

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Trailer | Trends

Navegar é preciso O caminho do varejo atual é identificar os desejos dos consumidores, quebrar barreiras e acompanhar a velocidade das mídias sociais. Está pronto para encarar o desafio? Por Daniel Fonseca

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uma era de consumo rápido e com milhões de indicadores para medir o quão eficiente cada serviço é, somos bombardeados pelo adjetivo fast em todas as partes. Ao mesmo tempo que buscamos uma vida mais saudável, calma e natural, exigimos velocidade, ritmo e novidade. Queremos sempre mais. Talvez por esse mesmo motivo várias empresas tenham que empenhar grande parte de seu precioso tempo pensando em como alcançar esse consumidor tão volátil. Como ganhar a fidelidade de pessoas que podem ser mil em uma só? O grande desafio é buscar identidade em um momento em que os desejos são variantes e intercambiados – no qual vemos nascer um mercado sem rótulos, sem fronteiras e sem gêneros. Com a rapidez das informações, pode-se dizer que o consumidor deixa de lado um foco único e está mais aberto para o que o mercado direciona. Eliminar barreiras, quebrar regras, fundir contradições, simplificar e acelerar. Estes são apenas pequenos desafios – dos quais poderíamos enumerar muitíssimos – que confrontam grande parte dos varejistas na hora de tomar uma decisão nos dias de hoje.

Reger essa sinfonia é o que vem se tornando cada dia mais difícil. Desde que o prêt-à-porter colocou a alta-costura em xeque e industrializou a moda, o mercado passou a girar de uma forma quase independente. Enquanto poucos continuaram acreditando no poder das luxuosas maisons, os mais visionários apostaram na classe média, passando a criar impérios que fizeram aflorar o fast fashion tal como o conhecemos hoje. Pense na revolução que foi a Biba em plena Londres dos anos 1970! O furor que a marca causou ao trazer modelos das telinhas para as prateleiras num piscar de olhos. Isso fez com que filas gigantescas se formassem nas portas da primeira loja e as cifras crescessem num ritmo alucinante, atraindo os olhos de investidores interessados em repetir a dose para ganhar dinheiro rápido por meio do próspero e incipiente negócio. Por trás – e no meio – de toda a agitação da época, Barbara Hulanicki fundou um império furtivo. Ostensivo, mas decadente. Inovador e perigoso. Do marketing ousado – a Biba foi a primeira a usar a força do logotipo – ao atraente clima art déco que compunha o visual das lojas, o negócio foi, sem sombra de dúvidas, um divisor de águas na história do varejo de moda. Um caso inspirador.

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Com marketing ousado, a Biba, de Barbara Hulanicki, deu o start de uma nova visão à moda como negócio que vale até os dias de hoje

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Trailer | Trends

O crescimento recente da classe média fez reviver tempos de altos e baixos, numa escala de consumo parecida com aquela que floreou a década de 50

Não por coincidência, 60 anos depois, vemos surgir impérios colossais do luxo que passam a disputar visibilidade com outros imperadores, não tão luxuosos assim. O crescimento recente da classe média fez reviver tempos de altos e baixos, com uma escala de consumo intransigente bastante parecida com aquela que floreou a década de 50. Estamos como no princípio de um fim, numa espécie de recomeço. Vemos os desfiles – e toda a comunicação convencional de moda – dividirem a força. De outro lado, assistimos ao triunfo do comércio online, o furor das novas tecnologias e a velocidade das comunicações e seu conteúdo ágil. Além da força das mídias sociais. Ao mesmo tempo, vemos marcas tentando se adaptar, mirando com outros olhos a sociedade ao redor para entregar produtos e serviços de uma maneira setorizada. Preto no branco. Toma lá da cá. Sem firulas. Esse é o caso da tão temida Forever 21, dona de um reino de mais de 480 lojas e de um séquito formado por sedentos súditos mundo afora. A febre, que chegou ao Brasil em 2013, tem um plano de expansão a perder de vista, oferecendo a moda das passarelas a preço de banana. Criada por dois sul-coreanos recém-chegados aos Estados Unidos no início da década de 80, a Forever sofreu vários processos ao longo de sua trajetória. Já foi acusada inúmeras vezes de plágio, trabalho escravo e até de jogar com motivos religiosos.

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Tudo isso, entretanto, não impediu que a marca se expandisse em todo o globo e se tornasse um dos cases mais importantes do varejo atual por criar um modelo de negócio que alia fast design, logística e arquitetura de loja de uma maneira simples, esperta e extremamente lucrativa. Ignorando as querelas e abrindo mão da exclusividade tão em desuso, a Versace não hesitou em se aventurar no mercado brasileiro, ao lado da também gigante Riachuelo. Com uma coleção de modelos que levam o DNA da grife italiana ofertados a preços módicos e objetivos, que já fazem parte do universo do grupo brasileiro. As duas casas conseguiram trazer um resultado que fez barulho e agradou o consumidor nacional. O cobranding, ou junção de duas marcas, tão batido na década passada, reaparece aqui e acolá de maneira reforçada, quase sublime. Em um revival dos anos 1990, ao menos uma coisa boa restou: todo o mundo continua querendo colaborar. A palavra de ordem é multiplicar. É isso que muitos empreendedores não querem enxergar. O consumidor atual é multi, é trans. Ele pode ser tudo e mais um pouco. Depende do humor de cada temporada, que já não se guia por invernos ou verões, mas sim por estilos de vida, ocasiões. É por este motivo que planejar tornou-se tão difícil. Uma mesma mulher pode se esconder sobre o preto de modelagem construtivista do verão 2015 da Calvin Klein e, no mesmo dia, se esbaldar num jardim armado no topo de um prédio icônico do centro da cidade vestida dos pés à cabeça com estampas à la Dries Van Noten.


Do minimalismo de Francisco Costa para a Calvin Klein ao over de Dries Van Noten se faz um ver達o...

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Trailer | Trends

Vale tudo. Da ostentação à sobriedade, do feminino ao masculino, do ecológico ao tecnológico, cabe a cada varejista apontar seu norte

De olho nesse freguês embaralhado, empresas como a Diesel e a GAP apostaram recentemente em campanhas que desafiam um personagem interconectado. Pioneira na comunicação com o universo jovem, a marca italiana, que sentiu na pele os efeitos da crise europeia, resolveu dar a volta por cima para criar uma estratégia de comunicação que envolvesse o público e um novo diretor criativo: Nicola Formichetti. A partir da hashtag #dieselreboot, o consumidor final interagia nas mídias sociais para expressar a sua criatividade e seu jeito diferente de ser. Uma seleção foi feita para levar pessoas da vida real direto para os cliques da campanha, humanizando a relação entre quem compra e o que é comprado. Já a americana GAP resolveu desafiar os tabus para apresentar pessoas multirraciais e de diferentes credos dando vida à campanha “Love Comes in Every Shade”, ou “Amor Vem em Todas Formas”, numa maneira de celebrar a diversidade de forma cosmopolita e realista. Desafiar as percepções também parece ter sido a célula motora de outras ações que resolveram optar por histórias nada convencionais para comunicar. A Tiffany & Co. lançou recentemente o primeiro comercial de suas clássicas alianças de noivado estrelado por um casal gay. A departamental Barneys, em sua mais recente campanha, por exemplo, utilizou em seu casting modelos transexuais.

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A crescente popularidade da top canadense Winnie Harlow também é mais um sinal que confirma essa convergência. Abraçada pelo público por sua simpatia e seu sorriso cativante, a modelo, que sofre de vitiligo, é a cara da nova campanha da espanhola Desigual, que também já ficou conhecida por seu caráter peculiar e seu marketing inusitado. Não menos conflitiva, a campanha encabeçada em 2013 pela ONG Pro-Infirmis em parceria com lojas departamentais de Zurique, na Suíça, chamou a atenção de quem passava em frente às vitrines com o uso de manequins baseados em pessoas com algum tipo de deficiência física. A partir da pergunta “Quem é normal?”, um vídeo com todo o processo da ação foi criado, tanto como forma de divulgar o projeto na web como também para alertar o mercado de moda sobre a importância de se quebrar padrões e aceitar as diferenças nos dias de hoje. Vale tudo. Da ostentação à sobriedade, do feminino ao masculino, do ecológico ao tecnológico, cabe a cada varejista apontar seu norte, rever seu entorno e equilibrar o mix de ingredientes para aquecer o negócio. O verão vem quente, mas, cuidado, ele pode esfriar. Por isso é importante preparar o tempero, confirmar se o produto é fresco e vender com muita ginga. Que venha o calor, e que ele seja elegante sem perder a cadência!


Winnie Harlow na campanha da Desigual. Os modelos transexuais, em foto de Bruce Weber para a Barneys. A gigante Gap prioriza qualquer tipo de amor em sua nova campanha

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Trailer | In off

Universo Particular Natalie Klein comanda seus negócios com pulso firme e gestão precisa. Além de lojas em São Paulo e no Rio, a dona da NK distribui suas marcas para 78 pontos Brasil afora

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Há um longo caminho pela frente para o Brasil ditar moda. Ainda não temos uma identidade formada, ou reconhecida. Se a moda internacional é minimal, o que vamos encontrar em nossas vitrines é o minimalismo. Porém, se nas passarelas internacionais o destaque for o barroco, o Brasil vai se tornar barroco... Mas, aos poucos, estamos traçando nossa autoria.

ompor o estoque é de extrema importância e exige muito cuidado. Ter um bom olhar e estar a par das tendências é fundamental, assim como fazer bem a matemática. Hoje temos 30% de importados para 70% das nossas marcas nacionais. É um equilíbrio saudável. Prudência e cautela é a nossa receita para nos mantermos bem em uma economia instável como a nossa. Como dizia meu avô (o fundador da Casas Bahia, Samuel Klein): “Comprar bem comprado para vender bem vendido”. Uma boa gestão é tão importante – ou mais – quanto um bom olho para as compras. Ter ferramentas é fundamental para o negócio de moda. Mas o ideal é o casamento entre o olhar apurado e treinado com o suporte de uma gestão eficiente. Já pensei em levar o formato NK para outras capitais além do Rio de Janeiro, onde temos uma operação bem-sucedida. Mas, como a palavra de ordem é cautela, vamos esperar o momento certo O sucesso não vem por acaso. A fórmula é dedicação e disciplina. Parece simples, mas exige um treinamento diário.

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As viagens internacionais de pesquisas são, sim, importantes. Organizo minha agenda para, de quatro a seis vezes ao ano, acompanhar o que está acontecendo lá fora. O e-commerce funciona para o mercado de luxo. Acredito que toda experiência de compra hoje seja híbrida: ou o cliente pesquisa virtualmente e compra na loja física ou vice-versa. Por isso são canais complementares. E não concorrentes. Pessoalmente, tenho resistência com a palavra luxo. Para mim, luxo é ter opção. Não vivo sem... Meus filhos. Nada me dá mais prazer do que... Ter achado meus propósitos na vida, pessoal e profissional.


Trailer | Entrevista

Passos largos

Com um olhar 360º, Alexandre Birman comanda o Grupo Arezzo e se firma como um empresário de mente aberta a todo tipo de ideias – elas podem vir de muitos lados Por Alexandra Farah. Fotos: Franco Amendola

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o esporte, ele é um triatleta – toda manhã ele treina. Porém, no business, ele é um “quadriatleta” que tem sob seu comando quatro importantes marcas nacionais. Tanta energia é necessária para que o executivo comande o grupo Arezzo&CO – fundado há mais de quatro décadas por seu pai, Anderson Birman –, uma holding de sucesso no Brasil e no exterior que exige dele a união do tino empresarial com empreendedorismo sob a sola do mesmo sapato. Alexandre assumiu a presidência da empresa, hoje de capital aberto, em 2011, e injetou nela ainda mais agilidade e tecnologia, não somente na produção e na venda de seus produtos, mas também na comunicação com a rede de colaboradores. Entre fábricas no Sul e lojas por todo o território nacional, são mais de 15 mil pessoas trabalhando para algum de seus tentáculos – 2200 deles diretos da folha de pagamento. A Arezzo, a maior dentre suas grifes, tem 400 lojas; a Schutz, 80 unidades; e a Alexandre Birman, de alto luxo, e a Ana Capri, especializada em rasteiras, somam meia centena de flagships. De perto, fica nítido que a troca de informação, a transparência e a comunicação direta com a equipe definem seu estilo de comando. Aumentar o mix de produtos, fazer com que a Ana Capri tenha o tamanho da Arezzo e tocar ainda mais o coração e o bolso das consumidoras digitais e reais são suas metas para este ano. Em seu escritório – que pode ser descrito como um aquário de paredes de vidro –, no efervescente bairro paulistano Vila Olímpia, ele contou para Trailer, com exclusividade, como atingirá suas metas.

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Trailer | Entrevista

Trailer – Quais palavras são fundamentais na cartilha de uma empresa de moda bem-sucedida? Alexandre Birman – Agilidade e diversidade. A nossa empresa tem hoje obrigação de fazer múltiplas coleções por ano. Entre as quatro marcas, fabricamos mais de 11500 tipos de sapatos. Um exemplo: a linha de Dia das Mães foi lançada no início de março para os franqueados. Um mês antes os pedidos estão produzidos e a coleção, em todas as lojas. Estamos evoluindo consistentemente em uma logística que abrange criação, comercialização, produção e entrega. Tudo para ganhar nestas duas palavrinhas que citei. Agilidade e diversidade são conceitos cada vez mais importantes e fundamentais para a consolidação de uma marca. T – Quais são as ferramentas que o grupo usa para conquistá-las? AB – A gente agora roda em SAP, software de gestão de negócios usado pelas maiores empresas do mundo e que fornece informações em tempo real. Nosso grupo é pioneiro em implantá-lo no varejo de moda brasileiro. É realmente uma plataforma muito parruda e que proporciona agilidade e um grau preciso de cruzamento de informação que possibilita, entre outras coisas, mais visibilidade do giro de cada produto em todas as lojas. Hoje, como temos mais de 500, tornou-se fundamental ao nos fornecer com precisão tudo o que precisamos. T – O sistema já mudou o dia a dia do grupo? AB – Está começando. Passamos por seis meses de treinamento e acabamos de “virar” o sistema em janeiro. Estamos aprendendo. Antes, trabalhávamos com vários... Tínhamos que pegar informação de um e colocar em outro, e só assim conseguíamos fazer uma planilha. Agora, todas as informações estão em um banco de dados único, o que possibilita extração rápida e confiável de informação. Além disso, ele dá opções e propõe ações do que fazer com os dados coletados. A Arezzo trabalha com um sistema de gestão do giro de produto chamado relatório dos cinco erres: remarcar, repor, repromover, reposicionar e remanejar. A gente tem que saber do grau de giro do produto para ficar a par dessas ações. O SAP não é uma bola de cristal que vai chegar e mudar o mundo, mas veio para facilitar a tomada de decisões.

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T – A consumidora mudou muito? AB – Está cada vez mais difícil ter produtos clássicos, que serão vendidos durante anos. Temos que ter mais e mais variedades – uma consequência natural de a consumidora estar com o gosto cada vez mais “customizado”. T – Como o ponto de venda de cada uma das marcas é trabalhado? AB – Eles são completamente independentes. A Arezzo e a Schutz têm ritmos de coleção idênticos. A Ana Capri, menor, e a Alexandre Birman, menor ainda – só quatro coleções ao ano. Fast fashion é uma coisa e luxo é outra. Para o luxo temos a Alexandre Birman, com apenas quatro coleções anuais e que segue o calendário americano. A fábrica é maravilhosa, exclusiva e tem 200 pessoas trabalhando. Todas de branco. A Ana Capri muda menos porque é só flat, sempre rasteira, com trocas menos profundas. Já a Arezzo e a Shcutz estão mais próximas. T – Por quê? AB – Porque a Schtuz tem produto mais fashion e a Arezzo, embora seja casual, dá muito foco à moda também. O que as difere é que a Schutz e Arezzo têm preços e públicos diferentes. A primeira é muito mais nichada e só tem 80 lojas, enquanto a Arezzo soma 400 unidades. T – Como você define qual tendência seguir? AB – Hoje as tendências são múltiplas. Cabe a cada grande marca seguir o seu caminho. Claro que existe uma convergência para um determinado mood de cada estação, como os anos 1970, que estão muito em alta. Muito mesmo. Nunca vi uma tendência setentista tão forte como neste verão e acho que vai ser um sucesso. Tem tudo a ver com o gosto da brasileira. T – As brasileiras amam essa década? AB – Amam. Os anos 1960, por exemplo, não são a cara delas, o masculino-feminino e loafers também não funcionam muito. Vendem bem, mas nunca são grandes sucessos. A década de 70 tem plataforma, salto sino, tachas. Elas adoram. Para o lançamento de Dia das Mães já acelerei muita coisa que vai pegar no verão.

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Trailer | Entrevista

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T – O e-commerce da Schutz faz um sucesso impressionante. Por quê? AB – É a marca número 1 de e-commerce de sapato e moda do Brasil. Mais que qualquer label de roupa. A loja online rende bem mais que a física porque o custo é muito menor. A Schutz foi a primeira no Brasil a ter uma conta no Instagram, isto em 2009. T – Qual o próximo passo da Schutz? AB – A gente vai lançar, em maio, um aplicativo com funcionalidade de ‘One Click To Buy’. Por ele dá para fazer toda a operação apenas com um clique. Vai ser incrível. A partir dele vamos ter toda a plataforma de relacionamento com a Schutz. Uma fortuna em dinheiro, mais de R$ 2 milhões investidos em mais de um ano e meio de construção. A tecnologia é de uma empresa americana. Será uma revolução. T – O negócio é pegar o consumidor em todos os canais? AB – O próximo lançamento da Schutz não vai ser tão tecnlógico. Não posso contar muito ainda, mas unirá o mundo digital com o real. Hoje o conceito é ‘Omni-Channel’. Ou seja, levar a consumidora da loja física para a online e vice-versa. T – Os franqueados muitas vezes ficam incomodados com as vendas online por acreditarem que perdem clientes. Como resolver isto? AB – A gente está com um trabalho que vai ser desenvolvido, principalmente com a Arezzo, para que os franqueados possam se beneficiar das vendas online. Algumas ferramentas vão estar no ar já em agosto. E possibilitarão várias interações entre a loja física e a loja virtual. T – Qual é a tecnologia que vai revolucionar a construção do sapato? AB – Difícil aliar tecnologia com feminilidade. A gente ainda não encontrou esta fórmula. O conforto deixa o sapato mais feio. Existem, por exemplo, as palmilhas, que antes eram de papelão e agora são de material injetado. Algumas poucas marcas usam essa nova palmilha, que dá mais firmeza ao andar de salto alto. A plataforma da Schutz é conhecida pela estabilidade. Ela é perceptível para qualquer mulher.

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Trailer | Entrevista

T – Como você motiva e se comunica com seus funcionários? AB – A gente tem uma rede que conecta todos fabricantes e franqueados. São 15 mil colaboradores. Dentro da Arezzo&Co, para os 2200 funcionários diretos temos um Instagram fechado, no qual todo o mundo pode postar, e todas as comunicações internas são feitas por meio dele. Temos também vários tipos de reuniões: uma mensal, na qual divulgamos todos os resultados; um call trimestral; e um chat aberto a perguntas, em que faço uma apresentação aos colaboradores. T – Bate-papo rápido ou longo? AB – A gente fica duas horas nesse chat trimestral! Além disso, temos um processo interno de comunicação, com TVs em todos os murais, e também um site corporativo. É uma intranet, na qual constam todas as datas comemorativas e todos os aniversários. A gente presa muito a comunicação interna. Com os franqueados, todo mês, fazemos um e-call. Cada marca faz um com seus licenciados. Esse sistema de call é muito legal e por isso estamos desenvolvendo agora um sistema de videoconferência, chamado ‘Fashion e-call’. Outra novidade para esta estação é divulgar toda a nossa estratégia em uma convenção para 1500 pessoas, que acontecerá em São Paulo. T – Perto do vestuário, o segmento calçadista é vitorioso no Brasil... AB – É um segmento interessante, sapato é bem posicionado. Mas temos dois mundos: um é tomado por fábricas que não têm lojas e vendem mais em multimarcas. Outro, no qual nos enquadramos, que, além de comercializar em multimarcas, possui monomarca. Somos a maior rede de lojas monomarca de sapatos do Brasil e temos a meta de terminar o ano com 600 lojas. No grupo, temos o negócio do varejo e o de vender para multimarcas por meio das feiras de negócios. Segmento em que acredito bastante. T – Como crescer nos próximos anos? AB – Vamos expandir outras categorias de produtos. As bolsas já correspondem a 20% das vendas da Schutz – era quase zero alguns anos atrás. Com Schutz a gente não pretende abrir muito mais lojas. Vamos segurar um pouco a distribuição. Entretanto, a Arezzo é mais democrática e tem espaço para abrir ainda mais vitrines. Ana Capri é a marca que vai crescer: temos mais de 50 lojas e nossa ideia é que ela alcance o tamanho da Arezzo. Como pode notar, acreditamos no Brasil. E nas brasileiras.

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Trailer | Negócios

Prospectar para vencer! Menos capital na hora de investir e a criação de uma dinâmica para sair do corporativo tradicional são algumas oportunidades das startups. Inspire-se e monte seu próprio negócio. Por que não? Por Doris Bicudo

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ocê já se perguntou o que é uma startup? E uma aceleradora, uma incubadora, um investidor anjo... Se nunca ouviu dizer ou nem sabe do que estamos falando, está na hora de ficar amigo dos termos, que estão se tornando cada vez mais frequentes e próximos. Essas empresas estão em fase de desenvolvimento e investindo em pesquisas de mercado. Na comunidade de internet, parece que o empreendedor é um herói místico e a startup é um negócio meio exotérico, mas ela nada mais é do que um empreendimento como todos os demais. O que difere um pouco a cultura deste modelo é uma visão de como fazer as coisas de maneira muito simples, com menos capital do que em uma abordagem mais tradicional. Falando de varejo, significa que montar uma loja física envolve um investimento muito diferente do usado para montar uma unidade virtual. As startups precisam crescer rapidamente para enfrentar a concorrência mundial. Para

isso, alguns modelos de investidores aparecem. São eles: os investidores anjos, que são indivíduos que aplicam recursos próprios em determinadas ideias e empresas; os fundos, que são gestores de recursos de terceiros – têm menos flexibilidade e prazos para entrar e sair do negócio, mas uma massa de dinheiro maior –; as aceleradoras, que aplicam recursos em empresas que tenham fôlego para crescer em curto prazo; e as incubadoras, que avaliam e traçam um plano para um projeto potencial. No caso de Giovanna Motta, sócia-fundadora do site e-closet – primeiro e-commerce de moda premium do Brasil –, alguns fatores foram fundamentais para montar seu business plan: “O desejo pessoal de ter um endereço onde pudesse encontrar marcas bacanas, com toda comodidade e praticidade que só a internet proporciona, aliado à vontade de ter meu próprio negócio e um investidor que viu uma grande oportunidade”, pondera a empresária. O custo inicial do projeto foi de aproximadamente R$500 mil.

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Trailer | Negócios

O que define startup como cultura de empreendimento é a criação de uma dinâmica de trabalho para fugir do corporativo tradicional.

A Farfetch, que opera de forma diferente dos e-commerces, juntando consumidores com uma rede mundial de butiques independentes, acaba de receber mais um aporte. O valor anunciado é de US$86 milhões. Com este novo acordo, participa do seleto grupo de empresas privadas que atingiram o patamar de US$1 bilhão. “O desafio agora é continuar a inovar e se concentrar na criação de uma marca global de longa duração”, disse José Neves, fundador e CEO da Farfetch, ao Business of Fashion. Assim como acontece mundialmente, o Brasil já surfa na onda dos e-commerces multimarcas, caso do OQVestir, que teve um crescimento robusto a partir de um aporte recebido, em 2011, do fundo de investimentos Tigercom. “Qualquer startup deve ter paixão pelo que está construindo, planejamento para atrair investidores, uma bússola que passe a segurança de que você sabe aonde quer chegar, consciência se o negócio é palpável e se está dentro de um modelo que já deu certo lá fora. Além de persistir, sempre”, ensina Isabel Humberg, CEO do OQVestir

O fenômeno mais recente na internet são as marcas próprias digitais de diferentes segmentos.

Na moda tem diversos exemplos e, no Brasil, surgiram várias que estão em começo de história e dando um passo para frente. Não são varejistas, mas têm um know-how de varejo e sabem gerenciar a marca. Como diz Daniel Cunha, dono do e-commerce de roupas Basico e do Grandbox, especializado em beleza, “A gente não tem os custos típicos de uma loja física, tudo o que envolve investimento, equipe, aluguel, mas somos empresas que têm estoque. Então você não se livra de tudo”. Ambos são negócios que foram

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montados do zero e juntaram pessoas como sócios ou co-investidores. “O que buscamos fazer foi estar presente na fase inicial: a formatação! Assim, o dinheiro é usado para criar oportunidade de se envolver em empreendimentos interessantes.” Enquanto as lojas físicas vêm migrando para a venda virtual, perguntamos para Ana Isabel de Carvalho Pinto, diretora de marketing da Shop2gether, qual a possibilidade de os sites de vendas migrarem também para lojas físicas. “Acredito que hoje todos os e-commerces já tenham refletido sobre esse assunto; a dúvida é se a diversidade na abordagem do cliente, até então preferencialmente online, justifica o investimento”, conclui a empresária. Um dos problemas do e-commerce é o desconto. Tudo é movido a desconto. Mas, para quem mora fora dos grandes centros, comprar pela internet é uma revolução. Antigamente era preciso viajar para achar coisas diferentes das ofertas de sua cidade. Hoje tudo chega a sua

casa. Muitas startups ou e-commerces fazem praticamente tudo pelo correio e, quando se está mais longe e o frete é caro, você acaba fazendo um pedido maior, o que para o vendedor é uma vantagem. Levando-se em conta que o propósito maior vai além do dinheiro, na visão moderna de empreendedorismo, as startups devem estar seguras de que seus projetos sejam inovadores e promissores.

O competitivo mundo dos negócios, assim como os consumidores, exige muito mais do que uma boa ideia.

E lembre-se: a diferença entre investir e empreender é que, quando você vai simplesmente investir, toma decisões mais racionais. Quando você empreende, ter alguma paixão é importante.

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Inverno 2015 - Richini By Jessica.pdf 1 11/03/2015 18:42:34

SAN ANDRÉS MILANO


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Pesquisa Por Matilda Azevedo


Preview

As principais tendências do verão desfiladas nas passarelas internacionais

Cartela de cores

Pedro Saci interpreta a palheta da estação em forma de arte

Texturas

Confira quais são as mais importantes tramas e estampas do verão 2015/16

Mood verão

Trailer faz sua leitura do mood da estação


Soft pop

Trailer | Preview

Uma tendência que deve ser bem recebida por homens e mulheres. O conjunto da obra é livre e as estampas de traços soltos e muito – bom – humor, tornando este o tema mais sensível do verão. Um caleidoscópio de cores doces e leves, cheio de ternura. Invista em peças de corte reto e muita alfaiataria. Crie seus próprios composés e seja exclusivo, já que esta cartela de cores dá liberdade para tanto... Da esquerda para a direita: Marc by Marc Jacobs; Dior; Fendi; Kenzo; Peter Pilotto

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Fotos: AgĂŞncia Fotosite


Eco ativo

Trailer | Preview

Este tema traz de volta a ideia dos uniformes e das peças utilitárias. Os bolsos, no caso, podem fazer a roupa. Simplicidade e conforto marcham juntos. Por conta disso, chemises e vestidos amplos ganham poder. A cartela de cores fica entre os cáquis e verdes e os tecidos tentam criar uma relação entre o natural e o tecnológico. Mais uma vez, a sustentabilidade abre caminho para novas possibilidades. Da esquerda para a direita: Chanel; Marc Jacobs; Sacai; Loewe; Raf Simons

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Fotos: AgĂŞncia Fotosite


Tapeçaria

Trailer | Preview

Antigos mercadores encontram o design contemporâneo e, juntos, dão um novo significado à opulência. Estampas e texturas que lembram as tradicionais padronagens de tapetes persas, arabescos e jacquards fazem um patchwork de épocas e culturas, numa deliciosa viagem. O humor aqui é ornamental. Invista em vestidos longos e casacos poderosos. Os tecidos devem ser leves para tropicalizar essa forte tendência. Da esquerda para a direita: Barbara Bui; Valentino; Dries Van Noten; Emilio Pucci; Louis Vuitton

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Fotos: AgĂŞncia Fotosite


New romance

Trailer | Preview

O presente e o passado formam parceria muito interessante e trazem o romantismo de volta. Desta vez, totalmente repaginado e com uma pitada de provocação. Babados e rendas usados de novas maneiras são testemunhas do casamento entre os séculos 18 e 21. As estampas são delicadas. Já as peças, com total liberdade de formas, mais ousadas e muito contemporâneas. O branco serve como ponto de partida para uma palheta de cores suaves. Da esquerda para a direita: Miu Miu; Dior; Valentino; Prada; Ann Demeulemeester

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Fotos: AgĂŞncia Fotosite


Esporte futurista

Trailer | Preview

A atmosfera aqui é refinada e o clima é quase espacial. Para dar o tom certo, tecidos tecnológicos, como o neoprene e a borracha, fazem par com modelagens amorfas, no melhor sentido da palavra. O esportivo deixa de ser associado à roupa de academia e pode, agora, transitar em todos os lugares. Invista nos tons de azul e nos brancos. Tops quadrados, bermudas e saias midi são peças obrigatórias que definem este tema. Da esquerda para a direita: Kenzo; Fay; Bottega Veneta; DKNY; Alexander Wang

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Fotos: AgĂŞncia Fotosite


Denim de luxo

Trailer | Preview

Quem diria que o tecido que surgiu no século 19, quando os trabalhadores precisavam de um pano resistente para seus uniformes, atingisse agora o seu mais alto grau de nobreza. O jeans ganha espaço em ternos completos, saias rodadas e mostra que é o rei absoluto do verão. A cartela é vasta, vai do mais claro até o índigo, e o look total é o que há de mais cool na estação. Investimento de retorno garantido. Da esquerda para a direita: Chloé; Stella McCartney; Lacoste; Lemaire; MM6 Maison Margiela

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Fotos: AgĂŞncia Fotosite


Trailer | Cartela de Cores

As cores, especialmente os tons de rosa, são característica fortíssima na obra de Pedro Saci, o artista independente que usa os muros, assim como as telas, como expressão de seu trabalho. Com o codinome SACI LOVES YOU, faz do abstrato sua assinatura. Convidado pela Trailer, ele definiu em forma de arte a cartela de cores do verão. Para inspirar e refletir!

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Trailer | Texturas

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Patchwork

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Fotos: Agência Fotosite

As estampas vão se misturar sem medo e, assim, formar cartelas de cores inusitadas e de personalidade forte. Aqui vale tudo e é possível atingir um vasto leque de clientes. Optar entre as peças mais ousadas ou as mais delicadas vai do estilo de cada um. O importante é que tem pra todo o mundo!

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1 - Prada; 2 - Stella McCartney; 3 - Maison Margiela; 4 - Marni; 5 - Céline

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Jardim pop

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Os florais, verdadeiros clássicos das estações quentes, desabrocham neste verão de forma mais atrevida e com uma pitada artsy. Na hora de compor seu estoque, inspire-se nas telas de Andy Warhol. Aceite o nosso conselho: as peças devem ter cores mais vivas.

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Fotos: Agência Fotosite

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1 - Marni; 2 - Viktor & Rolf; 3 - Chanel; 4 - Thom Browne; 5 - Fendi

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Trailer | Texturas

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Apliques

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Fotos: Agência Fotosite

Misturar materiais é a ordem da vez. Peças com detalhes bordados, recortes com texturas e brilhos que devem parecer aplicados de forma orgânica nas peças, mas que, na verdade, são milimetricamente colocados. Tudo isso fica muito chique se a escolha for feita com atenção. Valorize acabamentos refinados e cores alegres.

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1 - Mary Katrantzou; 2 - Marni; 3 - Cêline; 4 - Erdem; 5 - Bottega Veneta

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2

Abstrato

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As estampas abstratas desta estação nos levam a uma viagem cultural. Pinceladas apressadas, splashes de tinta e detalhes de obras consagradas ganham perfume étnico por conta da palheta de cores composta de cáquis e alaranjados. As roupas têm função de telas e ilustram as obras. Aposta certeira.

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Fotos: Agência Fotosite

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1 - 3.1 Phillip Lim; 2 - Dona Karan; 3 - Baja; 4 - Carven; 5 - Marni

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Trailer | Texturas

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Tramados

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Fotos: Agência Fotosite

Para acompanhar as altas temperaturas do verão, fique de olho nas telas, que devem fazer parte de várias coleções. Elas chegam para dividir espaço com as clássicas rendas, mas com um grande diferencial: os cortes a laser dão sensação mais futurista. Os acessórios também ganham esse ar esportivo e tecidos emborrachados. Os tons são suaves.

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1 - Chloé; 2 - Tod’s; 3 - Kenzo; 4 - Louis Vuitton; 5 - Balenciaga

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Panfleto

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Fotos: Agência Fotosite

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1 - Burberry; 2 - Antonio Marras; 3 - Lacoste; 4 - Fay; 5 - Marc by Marc Jacobs

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Palavras de ordem, frases de efeito, números e até códigos de barra chegam com tudo para provar que ser engajado está na moda. Esta estética tipográfica dos slogans é presença obrigatória nas araras do verão 15|16. Invista em acessórios e faça o teste.


MOOD VERÃO Como em uma passarela, desfilamos em nosso editorial as principais tendências do verão. Os temas ganham interpretações livres e uma pitada artsy. Afinal, a moda é ou não é muito de tudo?


FOTOS: MARCIO SIMNCH EDIÇÃO DE MODA: THIAGO FERRAZ (AGÊNCIA AN) BELEZA: SILVIO GIORGIO (CAPA MGT) SET DESIGN: STUDIO FORMA OBRAS DE ARTE: HUGO FRASA (EMMA THOMAS)

New romance Katia: Vestido, CHRISTIAN DIOR. Colar, HECTOR ALBERTAZZI. Jou: Camisa, GIORGIO ARMANI


Texturas Katia: Top, DOLCE&GABBANA. Saia, GABRIELA B. Colar (longo), CLAUDIA SAVELI PARA CHOIX. Colar (curto), CLAUDIA SAVELI PARA CARTEL 011. Cadeira, PASSADO COMPOSTO


Clean metal Katia: Anel, ARAMEZ. Bracelete (três aros), ELEONORA HSIUNG. Bracelete (liso), DANI K. Colar, KARIN REITER. Escultura, BRUNO JAHARA


Denin de luxo Kamila: Look total, COLCCI. Colar, DANI K



Tapeรงaria | masculino Jou: Moletom e calรงa, DOLCE&GABBANA. Obi, MARIA SANZ


Tapeรงaria | feminino Katia: Look total, DOLCE&GABBANA. Brincos, DIFERENZA. Kamila: Look total, DOLCE&GABBANA



Geomテゥtrico Katia: Top, DOLCE&GABBANA. Colar, DANI K. Braceletes, KARIN REITER. Anel, ELEONOR HSIUNG. Poltrona, GALPテグ TEO


Soft pop Bolsa, LE PETITS JOUERS PARA ACAJU DO BRASIL



Esporte futurista | masculino Jou: Top, OSKLEN. Bermuda, RATIER. Colar, IVO MINONI PARA RATIER


Esporte futurista | feminino Katia: Top, COCA-COLA CLOTHING. Saia, OSKLEN. Sandálias, VITORINO CAMPOS. Óculos, TÊCA. Cadeira, PASSADO COMPOSTO


Eco ativo Jou: Camisa, TNG. Macacรฃo, SPAZIO VINTAGE. Sandรกlias, EMPORIO ARMANI. Colar, IVO MINONI PARA RATIER



Soft pop | feminino Kamila: Vestido, APARTAMENTO 03. Colar, ARAMEZ


Soft pop | masculino Jou: Top e bermuda, DOLCE&GABBANA. Colar, KLINK STORE PARA RATIER. テ田ulos, SPEKTRE


Moldura futurista Jou: Casaco, COLCCI. テ田ulos, CHILLI BEANS


SILVIO GIORGIO usou produtos Nars e Redken TRATAMENTO DE IMAGEMS RG imagem MODELOS Jou Bellini, Kamila Hansen e Katia Selinger (Ford Models) PRODUÇÃO EXECUTIVA Renata Pereira de Souza (Agência AN) ASSISTENTES DE FOTO André Katopodis e Vitor Jardim COORDENAÇÃO DE MODA Carol Roquete e Luise Ferderman PRODUÇÃO DE MODA Juliana Tambosi ASSISTENTE DE BELEZA Thiago Pereira (Capa Mgt) AGRADECIMENTOS Galeria Emma Thomas, Studio Adriano Damas, Studio Pier 88


Vanguarda


Purismo sem fronteiras

Conheça uma estilista da nova geração: Gabriela Sakate

Sabor de arte

Kreëmart e sua deliciosa performance comestível

O artista fala

A opulenta obra de Baron Von Fancy

A compra como experiência

Espaços físicos e consumidores em plena sintonia

O duo da vitrine Uma boa vitrine diz muito

Always lolita

Um verão colorido para uma mulher contemporânea, em fotos inspiradoras


Trailer | Talento

Purismo sem fronteiras As criações da paulistana Gabriela Sakate poderiam ser minimalistas não fossem suas desconstruções da silhueta e seus primorosos bordados que colhem elogios mundo afora por Antonio Trigo

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Fotos: Rafael Jacinto. Styling: Matilda Azevedo Beleza: Mel Freese

O

pai de Gabriela é japonês, mas nem por essa razão a estilista domina a língua do arquipélago do outro lado do mundo – tampouco tal fato significa que ela negue suas raízes e inspirações. “Acredito que, além de amar a fotografia, parte de minhas referências encontro na arquitetura oriental”, entrega ela, que acabou de voltar de uma temporada asiática em que passou por cidades como Tóquio, Kyoto e Hiroshima. A pequena estatura em se falando de moda – 1,64 metro de altura muito bem distribuído em 50 quilos – pode até não demonstrar seus predicados, mas a garota de 28 anos não para de receber elogios por suas criações descomplicadas e, diga-se, bem acabadas. Formada em design de moda no Senac, Gabriela complementou seus estudos em Paris e Londres e, pela frequência com que se apresentou no exterior – suas coleções já foram vistas em Portugal, na Colômbia, na Inglaterra e nos Estados Unidos –, ganhou menções honrosas em jornais como The Sunday Times, no Reino Unido, El País, na Espanha, e nas edições inglesa e japonesa da revista Marie Claire. “Os meus desenhos vêm de um minimalismo, porém tento trabalhar de uma maneira diferente, desconstruída e pura. Para alcançar este resultado invisto em peças bordadas”, fala, com a maior segurança.

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Eleita como uma das cinco marcas brasileiras para serem observadas pelo periódico britânico The Telegraph, ela conta que prioriza não dividir suas ideias na tradicional estrutura de inverno e verão. Por isso, em seu e-commerce, recém-lançado, apresenta saias, blusas e alguns poucos – e bons – acessórios em cores sóbrias e assimetria sedutora para serem usados em qualquer estação. “Eu acredito que as minhas criações são leves e podem ser combinadas com artigos pesados. É através das texturas que alcanço uma assinatura atemporal”, resume. Além de sua novíssima loja virtual, Gabriela sonha em mostrar mais suas roupas na Europa – um fato que, apesar das inúmeras oportunidades que teve, ainda não conseguiu realizar pelas chances que apareceram na terra verde-e-amarela. “Sempre tive a sensação de que a moda purista é mais bem recebida lá fora, mas toda vez que regressava ao Brasil, algo incrível acontecia e me fazia entender que era possível, sim, consolidar minha marca por aqui”, conta a bela de raízes nipônicas e alegria tipicamente brasileira. Mais global, impossível!


Trailer | Arte

Sabor

de arte Em busca de um antídoto contra os entediantes vernissages culturais, o coletivo Kreëmart conseguiu o inimaginável: fazer do açúcar o recheio generoso de exposições que dão o que falar Por Antonio Trigo

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N

o fim de 2006, a revista T Style, do jornal The New York Times, dava um sinal de que os tempos sombrios que insistiam em persistir desde os atentados contra as torres gêmeas findavam. O motivo? Uma matéria com o curioso título Art Gâteuax anunciava que a arte começava a rir – e ironizar – dos políticos do Ocidente e do Oriente. No longo artigo era citado pela primeira vez um coletivo, batizado de Kreëmart, que ousava unir artistas retumbantes – Ghada Amer & Reza Farkondeh, Vik Muniz e Teresita Fernandes – ao chef Guido Mogni para, literalmente, confeitarem na Tate Modern. Os convidados amaram comer arte e, na ponta da língua, sentiram o sabor do ex-presidente norte-americano George Bush (foto abaixo).

“Eu gosto de provocar o artista para que ele instigue o público”, resume Raphael Castoriano, o fundador do Kreëmart, criado, portanto, porque ele não aguentava mais os borings eventos artsy. Castoriano explica que, para chegar à receita ideal e quebrar a monotonia, pensou no açúcar – “um luxo que, como a arte, não é necessário”. Desde então especializou-se em

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tirar do forno chefs diversos para chacoalhar o liquidificador cultural com a ajuda de expoentes da arte contemporânea. O fermento surtiu efeito e as performances do Kreëmart não param de ganhar as bandejas dos museus mais estrelados – e encontra neste meado de década, digamos, seu ápice. É a moda da opulência, da provocação, das formas e do volume. Dramática, memorável e até um pouco descartável, poderia ser descrita como a sensação de lavar sua roupa preferida e danificá-la – restando apenas a saudade da experiência. Para citar algumas das fórmulas inesquecíveis do Krëemart, basta lembrar de Marina Abramovic e suas bocas comestíveis no MoMa, em Nova York; da cantora Debbie Harry – a vocalista punk do Blondie – literalmente provando o bolo de si mesma no MOCA, em Los Angeles; dos cigarros comestíveis de Maurizio Cattelan e Pierpaolo Ferrari (foto, na página anterior) feitos para a revista Toilet Paper; ou da lúdica dança de Mariko Mori cercada de lâmpadas de açúcar na Art Basel de Hong Kong. O Kreëmart tornou-se tão doce que tem até provado um pouco de veneno: na novíssima série You’re My Drug of Choice, exposta na loja da Melissa, em Nova York, clientes pegam copos que no passado eram preenchidos com uma espécie de substância extraída do ópio. A diferença é que eles, agora abastecidos de limonada, ganharam glitter para contrapor o azedume de antigamente – e tem gente que joga o tal copo no lixo, sem perceber que são assinados por Baron Von Fancy, codinome de Gordon Stevenson, outra descoberta do Kreëmart. “Baron é um artista baseado na cultura da pop art e que só foi descoberto porque existem as redes sociais”, resume Castoriano, sobre seu pupilo cheio de fãs no Instagram e que, mais uma vez, fez a batedeira perder o eixo. A turma crème de la crème da arte agradece.


Trailer | O Artista Fala

Alter ego: em Nova York copos como este têm sido encontrados no lixo. Mas eles têm dupla identidade. Fazem alusão a uma droga do passado e são fragmentos da série You’re My Drug of Choice, de Gordon Stevenson, ou Baron Von Fancy, o nome artístico cheio de pompa do criador de 20 e poucos anos pra lá de promissor

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Trailer | Cenografia

A compra como experiĂŞncia

Cenografias impressionantes trazem de volta o prazer de consumir off-line Por Priscilla Portugal

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A

tmosfera. Branded environment. Curadoria no design de interiores. Todas estas expressões estão na ponta da língua de quem pretende atrair o consumidor para dentro de sua loja física. Porque, ora, se ele pode comprar do sofá de sua sala, por qual razão se daria o trabalho de enfrentar o trânsito e então provar as peças, arriscando ainda não encontrar algo do seu tamanho? “Pelo prazer”, respondem os especialistas. E é aí que entra a importância de uma grife criar experiências. A trendhunter holandesa Li Edelkoort disse recentemente que “o ato de fazer compras tende a se tornar uma viagem para nosso próprio interior, para satisfazer nossas necessidades e nossos desejos mais complexos”. Logo, imaginação, senso de observação, inteligência e humor entram em ação para antecipar esses desejos. Dessa combinação de fatores, estão surgindo projetos, no mínimo, inspiradores. Entre março e abril, a loja de departamentos londrina Selfridges concebeu um espaço temporário chamado Agender (foto na página anterior). Em uma época em que modelos transexuais não são mais novidade nas passarelas, dirigir-se ao “departamento feminino” de uma loja é so-last-season. O que se busca mesmo é uma expressão ilimitada da individualidade. Mais que oferecer smokings femininos e saias masculinas, a pop-up store tem o espírito contemporâneo de grifes como Nicopanda, Ann Demeulemeester e Yang Li. Uma atmosfera futurista reforça o conceito de androginia, com esculturas enormes de papel machê criadas pela artista Faye Toogood. O fato é que a Selfridges não foi a primeira a perceber que essas experiências sensoriais reacendem no consumidor a vontade de sonhar. E o que, senão os sonhos, mais leva a gente a consumir (moda)? Em Milão, a tradicional alfaiataria Caruso abriu há poucos meses uma loja conceito que mais parece um teatro: palco, plateia, bastidores e cortinas parecem anunciar o começo de um espetáculo. Os atores são os manequins e o backstage, com luzes e holofotes, expõe as novas coleções da grife. O cenário todo reproduz o Teatro Regio, da cidade de Parma, berço da Caruso. A ideia da tradição – importantíssima para uma alfaiataria – é lembrada a cada passo quando se imerge no ponto de venda.

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Esta conexão com o inconsciente do consumidor também acontece na loja da Burberry da Regent Street, em Londres. Um cinema dos anos 1920 foi remodelado para simular uma compra online. Sim, porque, desde 2001, com a chegada do diretor-criativo Christopher Bailey, tem sido importante para a Burberry mostrar que é antenada. E ela faz isso com 100 telas de LED, que ora se transformam em espelhos, ora passam imagens dos desfiles, ora trazem detalhes e vídeos das peças à venda, como se o consumidor estivesse navegando. Os vendedores circulam munidos de um iPad, que mostra como jaquetas e trench coats podem ser personalizados. O formato de compra ganha também os jovens, habituados a transitar por esse universo virtual. Estratégias assim falam ao coração do consumidor, mas também reforçam os conceitos caros à grife. “Queremos ser uma loja que encoraja jovens designers e marcas de luxo a prosseguir no caminho da criação e da liberdade”, explicou, à jornalista Suzy Menkes, o empresário Adrian Joffe, marido e sócio da designer Rei Kawakubo, na multimarcas Dover Street Market, uma das mais importantes referências quando se pensa em cenografia de impacto, tratando roupas e acessórios como obras de arte. Sua visão conceitual fica clara, por exemplo, na unidade de Nova York, em que paredes grafitadas servem de pano de fundo para a última coleção da Prada, uma das colunas do edifício recebeu uma instalação site-specific do duo de arquitetos London Fieldworks, o quinto andar é dedicado a jovens designers, que nele interferem como quiserem... Um universo lúdico por essência, mas onde nada acontece por acaso: é tudo resultado de um conceito bem estruturado e em constante renovação – duas vezes por ano, o espaço é fechado por três dias e seu interior é repaginado. Adrian Joffe contou ao jornal britânico Financial Times que deixam de faturar até £100 mil com essa operação. Mas, então, por que vale a pena? No intuito de oferecer experiências sensoriais e não apenas vender objetos, a Dover Street Market se transforma de um meio para “apenas” comprar roupas para um destino surpreendente.


Trailer | Visual Merchandising

O duo da vitrine

A aridez inspiradora da Prada-Texas. As sempre surpreendentes vitrines da Selfridges de Londres

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Ará Candio e Juliemy Machado são dois defensores da criação autoral no VM. A dupla revela as perspectivas do setor e como se diferenciar para atrair os consumidores por Daniel Fonseca

E

m tempos de concorrência ferrenha, saber criar a tão sonhada identidade única é tarefa indispensável. Tão indispensável que o mercado criou, de modo natural, profissionais aptos a prestar consultoria para lojas com propostas distintas. É este o caso de dois nomes paulistanos cada vez mais procurados por quem não tem tempo a perder: Ará Candio e Juliemy Machado, uma dupla de amigos que frequentemente trabalha em conjunto. Ará, criador da VIU (Visual Identidade Única) abandonou a carreira de biólogo para se especializar em consumo e visual merchandising após cursar marketing de moda em Sidney, na Austrália. Depois de passar por grifes como Levi’s, Lush e Daslu, tornou-se o rei das multimarcas, sendo capaz de desmontar uma loja com o olhar – e ainda palestrar ou dar aulas. E o que o inspira? Feiras. “E devo dizer que nada se compara à feira hippie que existe em Belo Horizonte”, responde. Enquanto isso, Juliemy – que toca uma empresa homônima – reina no atacado com a experiência de quem passou por labels como Alcaçuz, Shoulder e Ellus. Ela, como reconhecem seus clientes, sabe como montar uma vitrine com garbo e elegância – não que se prive de notar

o inusitado e de lambuzar a criatividade observando fachadas do Bom Retiro, em São Paulo. “Sou apaixonada por uma manequim chamada Valentina (foto abaixo), da ABC”, conta ela, sobre o modelo que tem dentes e que, coincidência, também é marca produtora de bonecos alvo de Ará: “Os manequins masculinos têm um quê feminino. Algo andrógino e sensacional”.

Quando unidos – ou mesmo trabalhando solo – acabam por desenvolver projetos que prometem modificar o modo como vemos as lojas atuais. Com uma visão fresca, realista e contemporânea, eles desmitificam o monstro que é o varejo nacional. “Cenografias inspiradas em festivais de música estão na moda e acho que uma certa aridez – ou um toque do de-

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serto – também está em voga”, diz Ará, um apaixonado pelo mar. Sua colega Juliemy prefere o verde. “Eu sou dos materiais. Sempre começo a partir deles. Aprecio a madeira e posso dizer que o macramê e as fibras estão em alta”, revela. Para Ará, a evolução está na comunicação: “O varejista quer saber mais e conhecer o processo que envolve o seu negócio e fortalecer a experiência dentro do espaço de venda”, conclui. Ambos concordam que estamos num ano promissor, mas que também requer preparo, principalmente no ponto de venda. “É preciso notar as novidades, como a volta do glamour dos anos 1990 realizada pela Roostein”, diz Ará, sobre a empresa que dispensou manequins cabeça de ovo e aposta em versões esnobes e alegres. Nada mais desejável. Porém, pouco adianta um bom manequim e se esquecer da seleção das peças. “O produto geralmente não passa por uma curadoria” comenta Juliemy, que é fã de shop-in-shops e assinala que há uma carência feeling e cultura de varejo – o que ocasiona a nada almejada cópia. Desafiar a razão e dar lugar à fantasia, à imaginação e ao saber fazer sem rodeios são premissas que nenhum lojista pode ignorar. A regra é sonhar – de preferência, com conhecimento e sem limites.


O CANDY COLOR DÁ O PONTO DE LUZ PARA UMA MODA ROMÂNTICA E QUASE SENSUAL. COMO PEDE O VERÃO E A MULHER CONTEMPORÂNEA. ESTAMOS COMBINADOS?

Fotos: Gustavo Ipolito Edição de Moda: Tony Müller Set Design: Camila Salviano Beleza: Krisna Carvalho (CAPA Mgt)


Camisa de seda, LLAS. Vestido, SPORTMAX. Sutiã, LOUNGERIE. Óculos, TOD’S


Top e saia, PAULA RAIA. Suti達, LOUNGERIE. Meias, WOLFORD. Botas, COCA-COLA CLOTHING


Chapéu, CHANEL. Vestido, SPORTMAX. Casaco, FABIANA MILAZZO


Biquíni e top, PH PRAIA. Saia, AFER. Camisa, LLAS. Chapéu, GRACIELLA STARLLING. Lenço, TORY BURCH. Oculos, TOD´S


Trench coat e bolsa, CHRISTIAN DIOR. Vestido, VICTOR DZENK


Lenço, CRISTHIAN DIOR. Macacão, FABIANA MILAZZO. Sutiã, LOUNGERIE


Blusa, PAULA RAIA. Top, AFER


Top e saia, PRADA. Óculos e bolsa, TOD’S


Chapéu, GRACIELLA STARLING. Lenço, TORY BURCH. Vestido, CHRISTIAN DIOR. Bolsa, CHANEL KRISNA CARVALHO usou produtos M.A.C Cosmetics e L’Oréal Professionel TRATAMENTO DE IMAGENS Chico Duarte ASSISTENTES DE FOTO Andre Almeida e Pedro Bodick ASSISTENTE DE MODA Murilo Tadashi MODELO Caroline Hahn (Rock)


Serviรงos


Contato imediato

Saiba por que as feiras de negócios estão cada vez mais em pauta

Bem vindo, Trailer Première

O primeiro salão de moda premium com o aval Trailer

Créditos

Os endereços desta edição

Agenda

As feiras mais importantes mundo afora

Coming soon

Já com foco no próximo inverno, mostramos os temas que vêm por aí


Trailer | Oportunidade

Contato imediato Em tempos de consumo sensorial, os salões de negócio são oportunidades raras de contato direto entre varejista e lojista – e a melhor maneira de conquistar novos clientes Por Doris Bicudo

A

moda vive um momento único, no qual a excelência produtiva deve extrapolar as pranchetas dos diretores criativos e avançar em todas as áreas – da confecção ao varejo. Não importa o tamanho do negócio: o mercado contemporâneo não permite que se trabalhe com ínfimas margens de erro. Calcular seu estoque e manter a estrutura se tornam atos de heroísmo que nem sempre podem contar com um final feliz. Para evitar este risco, anote: a intuição e a experimentação são termos do passado. Entretanto, organizar e gerir são as palavras de ordem. Para ajudar nessa missão irrevogável, os salões de negócios estão ganhando cada vez mais espaço. E, não por acaso, eles têm como função principal pôr em prática a eficácia lógica do custo/benefício. Ou seja, criar um intercâmbio comercial entre expositores e compradores, com a vantagem da otimização de tempo e recursos, pois propiciam que todos, num único ambiente, possam conferir as novidades, comparar produtos e dinamizar suas compras, além de proporcionar condições de negociação imediata das peças expostas. Dentro de um só espaço são realizadas vendas, agregados novos clientes, introduzidos lançamentos, distribuidores ou investidores.

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“O tempo é fator de enorme importância e de valor intangível. Quanto mais rápido o comprador encontra o que precisa para abastecer sua loja, mais pode se dedicar aos planos de crescimento de sua empreitada”, pondera o empresário José Xavier Neto, do Fashionroom, que, como o nome aponta, administra um showroom paulistano com cerca de 40 marcas. Outro atrativo irrefutável reside na enorme probabilidade de agregarmos novos compradores – enquanto, na mão oposta, o varejista tem a chance de aumentar seu leque de marcas.

Deve-se levar em conta que a abrangência de um salão possibilita mostrar o produto a um grande número de donos de lojas que, eventualmente, seriam inatingíveis

Sendo assim, podemos afirmar que eles são as melhores oportunidades de planejar a produção. “Apresentar as coleções num único dia facilita muito o trabalho de compras para o lojista, pois concentram-se as marcas em um mesmo espaço, gerando sinergia para o trabalho. Isto sem falar dos benefícios alcançados

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pela padronização de uma mesma data para o mercado como um todo”, enfatiza Roberto Davidowicz, presidente da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST). Como se sabe, a maneira mais efetiva de divulgar e atingir um maior número de compradores é o contato direto. “É algo que julgo vital para o sucesso das vendas e as boas parcerias comerciais”, comenta Preta Nascimento, do showroom que leva seu nome. Outras vantagens estão na publicidade e na segurança de poder fazer uma avaliação precisa do desempenho de seu produto – não raro, a relação entre as duas partes chega a ser tão estreita que dá ao varejista a possibilidade de adequar seu pedido. É importante destacar também que marcar essa presença aproxima seus produtos de potenciais compradores, uma vez que os visitantes das feiras estão mais relaxados e propensos à compra – mas é preciso lembrar que o expositor deve estar atento ao fato de que os salões só existem porque têm como objetivo conquistar, convencer e vender para consumidores cada vez mais exigentes. Um bom produto representa muito, mas, mesmo assim, deve estar em perfeita sintonia com o todo para ter a recepção merecida – pois, não há como negar, nos dias atuais o consumo é realizado também de forma sensorial.


Trailer | Salão

Bem-vindo, Trailer Première Entre 5 e 8 de maio, estreia nosso primeiro salão de negócios, que trará novidades de importantes criadores de moda premium adulta

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E

nquanto alguns esperam sentados, outros sabem que é imprescindível olhar o futuro. Partindo da premissa de antever as necessidades dos varejistas e lojistas, Dieter Wolfgang Brockhausen e Humberto Rebonato, sócios que há mais de 20 anos comandam a Fit 0/16 – maior feira do setor infanto-juvenil da América Latina –, estreiam no mercado adulto em projeto grandioso: Trailer Première, Salão Internacional de Moda e Negócios. Durante quatro dias cerca de 100 expositores estarão reunidos em um mesmo espaço, o Centro de Eventos Pró-Magno, na capital paulista.

Nos mesmos moldes dos grandes eventos internacionais, o objetivo é dinamizar o contato entre os lojistas e as marcas.

Para Humberto, o investimento surge após ampla pesquisa no mercado da moda adulta e como consequência do sucesso da revista Trailer, título que, em dois anos, sagrou-se antecipando e entregando tendências aos lojistas de mono e

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multimarcas que não têm tempo – e dinheiro – a perder. “Após prospectarmos sobre a relevância de uma feira que faça jus aos moldes globais, foi-nos dado sinal verde de urgência por parte dos fabricantes”, relembra Humberto que, assim como seu sócio, acredita que a experiência acumulada na Fit 0/16 foi essencial para a decisão. “Não porque saibamos tudo de moda, mas por termos a consciência de que nossa expertise em relação aos negócios pode contribuir para a evolução têxtil brasileira”, complementa Dieter. Crível, a dupla encontrou na realização do Trailer Première um terreno fértil para abrigar brands de todos os tipos e participações ecléticas que vão além da seara feminina – o acontecimento nasce com integrantes de peso, tais quais grifes internacionais, moda masculina, praia, festa e até calçados. “O sucesso desta primeira edição se deve a uma lacuna que apontava para uma carência na profissionalização dos eventos que privilegiam a relação entre o lojista e o varejista. E é sempre uma satisfação realizar algo desejado por nossos parceiros”, dizem, em uníssono, Dieter e Humberto. Oportunidade única para um adiante promissor e vendas com bons resultados em tempos nos quais é preciso reagir às dificuldades com ousadia.


Trailer | Créditos

ACAJU DO BRASIL acajudobrasil.com.br

ELEONORA HSIUNG eleonorahsiung.com.br

PH PRAIA phpraia.com.br

AFER afer.com.br

EMPORIO ARMANI armani.com

PRADA prada.com

ANIMALE animale.com.br

FABIANA MILAZZO fabianamilazzo.com.br

RATIER ratier.com.br

APARTAMENTO 03 apartamento03.com.br

GABRIELA B gabrielab.com.br

SPAZIO VINTAGE spaziovintage.com.br

ARAMEZ ACESSÓRIOS aramez.com.br

GIORGIO ARMANI armani.com

SPEKTRE spektresunglasses.com

BRUNNO JAHARA brunnojahara.com

GRACIELLA STARLLING graciellastarling.com.br

SPORTMAX sportmax.com

CARTEL 011 cartel011.com.br

HECTOR ALBERTAZZI hectoralbertazzi.com.br

TÊCA tecateca.com.br

CHANEL chanel.com

IVO MINONI ivominonidesign.com

TEO lojateo.com.br

CHILLI BEANS chillibeans.com.br

KARIN REITER karinreiter.com.br

TNG tng.com.br

CHOIX lojachoix.com.br

LES PETITS JOUEURS lespetitsjoueurs.com

TOD’S tods.com

CHRISTIAN DIOR dior.com

LLAS llas.com.br

TORY BURCH toryburch.com.br

COCA-COLA CLOTHING cocacola.com.br

LOUNGERIE loungerie.com.br

VENTURA oticaventura.com.br

COLCCI colcci.com.br

MARIA SANZ MARTINS mariasanzmartins.com

VICTOR DZENK victordzenk.com.br

DANI K. danielak.com.br

OSKLEN osklen.com

VITORINO CAMPOS vitorinocampos.com

DIFERENZA diferenza.com.br

PASSADO COMPOSTO passadocomposto.com.br

WOLFORD wolford.com

DOLCE&GABBANA dolcegabbana.com

PAULA RAIA paularaia.com.br

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Trailer | Agenda

SPFW 13 A 17 DE ABRIL SÃO PAULO Desfiles da temporada oficial da moda brasileira, onde serão apresentadas as coleções primavera-verão 2015/16. No Parque Villa-Lobos, em SP.

Pitti Woman e Pitti Uomo

Paris Couture & Haute Couture

16 A 19 DE JUNHO FLORENÇA, ITÁLIA Referência internacional, a abrangente feira mostra desde alta costura até o que há de mais vanguardista na moda contemporânea. Com as coleções internacionais de verão 2016.

5 A 10 DE JULHO PARIS, FRANÇA Desfiles da temporada de outonoinverno 2015/2016 das luxuosas coleções de alta-costura

Trailer Première 5 A 8 DE MAIO SÃO PAULO Estreia do salão de negócios criado para atrair compradores do segmento premium de moda. O Trailer Première chega como importante evento da indústria têxtil e de confecção. Além disso, servirá para abrir portas ao apresentar inovações, tecnologia e receber compradores, distribuidores multimarcas e redes de varejo de toda a América Latina. Com as coleções primavera-verão 2015/16. No Centro de Eventos Pró Magno, em SP.

Paris Fashion Week 24 A 28 DE JUNHO PARIS, FRANÇA É na capital francesa que acontece o start dos desfiles masculinos da temporada de moda internacional.

Bread & Butter 7 A 9 DE JULHO BERLIM, ALEMANHA Gigantesca feira de moda voltada para mercados de urbanwear e streetwear, com roupas, acessórios e calçados.

Seek Tranoï Homme 27 A 29 DE JUNHO PARIS, FRANÇA Uma das mais importantes feiras comerciais, que reúne mais de mil designers de todo o mundo. Dentro do espaço, instalações artísticas, desfiles, entre outras atrações para seduzir o consumidor.

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8 A 10 DE JULHO BERLIM, ALEMANHA Voltada para a moda contemporânea, reúne marcas dos segmentos masculino e feminino. Dos clássico ao moderno, várias grifes participam da feira.


Rua Bela Cintra 2167 Jardins - SP | 11 3085 -8150 instagram.com/lojareinaldolourenco loja@reinaldolourenco.com.br


Trailer | Coming Soon

Inverno ‘16

Formas ousadas, estampas gráficas, emoções múltiplas definem o inverno 2016. Sensorial é o termo da vez. O minimalismo ganha novo shape e o futuro é aqui e agora. Para depois, só o tempo dirá

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