Distribuição
3ª Edição | 2018 | Salvador - BA
GRATUITA
HORTA EM CASA Compreensão infantil do ciclo da natureza
MATERNIDADE REAL O que queremos e o que não queremos dizer com isso
MEMÓRIAS Um resgate a infância dos anos 60 à 90
INCLUSÃO NOSSA DE CADA DIA
“...a deficiência faz parte de seu filho(a), mas não o(a) define...”
Editorial Tentamos sempre desmistificar áreas e temáticas, buscando ampliar os olhares trazendo outras possibilidades para a educação nossa de cada dia, essa que sabemos o quanto é uma tarefa árdua, que requer paciência, repetição e entrega, muita entrega! Essa edição carrega consigo o significado de memórias no resgate da criança interior para que você possa se conectar com a criança que um dia foi e com isso enxergar com mais empatia o lugar dos seus filhos, já que de criança todos nós temos um pouco (ou muito)! Que você possa também ampliar sua forma de enxergar a inclusão social sem restringir-se ao senso comum da palavra, além de repensar sobre o romantismo que ainda se perpetua em relação à maternidade, pois ela é real e nos bastidores muitas coisas acontecem! Aproveitem!
Nany e Tainan
CRÉDITOS Concepção e idealização: Nany Lima (Publicitária, Produtora e Gestora Cultural) Tainan Guimarães (Psicóloga Clínica – Crianças, adolescentes e adultos) Design e Diagramação: OutPaper (Mônica Koblinger e Jéssica Taube) Revisão: Ademir Lima Distribuição: Marshmallow Ações Promocionais
Nos acompanhe nas mídias e fale conosco! facebook.com/vamosbrincar @vamosbrincaar revistavamosbrincar@gmail.com
Imagem: Juarez
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Vamos Brincar?! | 3ª Edição | 2018
Andaluz
ERRATA: Na capa da 2ª edição (versão impressa), onde se lê “POSISITVA”, leia-se “POSITIVA”. Assim como, na matéria da sessão “PARA NOSSAS CRIANÇAS”, linha 21, onde se lê “26 de junho”, leia-se “26 de julho”. Deixamos aqui nossas sinceras desculpas e continuaremos trabalhando pra dar sempre o nosso melhor.
Maternidade Real Por Juliana Malange Marques
Para suas e nossas crianças
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NACCI - Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil
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Horta em casa: compreensão infantil do ciclo da natureza
Inclusão nossa de cada dia A criança sou eu Fonoaudiologia sendo eu mesmo Infantil Medos na infância: como lidar? Trocando Memórias Figurinhas
Sessão destinada a toda a famíia
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Por Lúcia Daiello
Por João Lima
Um resgate a infância dos anos 60 à 90
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Por CLIP Arquitetura
Por Débora Schunk e Rosângela Lourenço
Por Mariana Paz – Psicóloga Infantil
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Por Lorena Azevêdo
Para suas e nossas crianças
Sessão interativa destinada à família
DIVERTIDA MENTE Por Tassia Velloso Psicóloga Familiar Sistêmica
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abe aquela animação que levamos a criança para assistir, mas no final das contas é você quem sai reflexiva sobre o tema? O filme “Divertida mente” é o exemplo perfeito desta experiência. Ele conta a história de Rilley, uma menina de 11 anos, que vive muitas transformações na sua vida. A partir daí a história acontece dentro da cabeça da garota, onde cinco emoções (Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojo) são as responsáveis por armazenar memórias e processar informações. Compreender o que acontece e influencia a protagonista torna-se fácil quando os cenários utilizados são a sua vida externa, através das interações sociais, e tudo o que acontece dentro da sua mente, quando as emoções entram em ação. Diante disto percebemos a dicotomia existente entre corpo-mente, traduzindo-se numa verdadeira lição de inteligência emocional para crianças e adultos. Quantas vezes nos percebemos impedindo que a tristeza tome conta das situações que enfrentamos? Afinal, vivenciar o desconforto não é tarefa fácil, principalmente na sociedade pós-moderna que tem como estandarte a alegria. Entretanto, é interessante pensar que
(Disney/Pixar/Divulgação)
todas as emoções carregam duas versões de si.
A alegria simboliza a disposição, extroversão e autoestima, na mesma medida que pode conotar negação e onipotência. O nojo, a depender da forma como as situações são interpretadas em conjunto com outras emoções, é agente tanto da aceitação quanto da rejeição. O medo, ao mesmo tempo em que pode ser protetivo, acarreta intimidação e ansiedade. A raiva, por sua vez, usa a polaridade das invasões de limite físico e emocional versus a contenção da impulsividade e agressividade diante de situações frustrantes. Por último a tristeza que, quando não elaborada, destaca a impotência, culpa e negativismo, contudo, ao ser compreendida, contribui com a elaboração simbólica e integração das experiências, através da introversão. A partir de um olhar mais sensível, é possível compreender que as emoções são funções estruturantes da nossa personalidade. À medida que lidamos bem com elas, compreendendo suas polaridades, conseguimos ampliar a nossa consciência e desenvolver tanto um cuidado pessoal, quanto relacional.
DICA PARA CUIDAR DAS EMOÇÕES EM FAMÍLIA Escolha caixas e decore com a característica de cada emoção. Deixe canetas e papéis ao alcance de todos e explique que aquele é o “Cantinho das Emoções”, onde cada um poderá escrever ou desenhar uma situação que vivenciou no dia e colocar na caixa correspondente. Ao final da semana combinem um horário para que as emoções sejam compartilhadas e levantadas estratégias para enfrentar as emoções disfuncionais.
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Raízes
RAÍZES - Semeando Cultura
A CRIANÇA SOU EU SENDO EU MESMO Sobre o resgate da criança interior Por João Lima – Diretor, Ator e Palhaço
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rincar é importante, não só pela diversão em si, mas por ser a conexão com o quê os especialistas chamam de Criança Interior. “Em todo adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa.” C. Yung. Concordando que, de fato, nossas questões emocionais e comportamentais estão ligados às experiências da infância, então não há outro caminho para a solução de possíveis problemas se não conhecer e reconhecer as experiências traumáticas da nossa vida infantil. Mas como voltar ao passado para encontrar essa criança sem uma máquina do tempo? Sem um “Delore”? Calma, ninguém precisa de um Delore para encontrar sua Criança. Ela não está no passado, ela está no nosso interior e a brincadeira pode ser o Delore. A brincadeira é uma das formas de acessar a Criança Interior. Que nada mais é do que a verdadeira essência de uma pessoa, é a personalidade em desenvol-
vimento. É o quê a pessoa seria se tivesse coragem de ser ela mesma e não um fantoche programado para agradar a todos que lhe interessa para não ser rejeitado, ridicularizado, para ser aceita. O ser humano é eternamente criança e só deixa de ser quando perde o contato consigo mesmo. Quando passa usar máscaras e subterfúgios para agradar o outro, deixando de ser ela mesma para tornar-se algo que julga ser necessário para ser querida. Portanto, entrar em contato com a Criança Interior é entrar em contato consigo mesmo. É descobrir quem se é e aceitar-se, e assim ser autêntico, tornar-se de fato um indivíduo. “A necessidade de encontrar a criança interior faz parte da jornada de todo ser humano na direção do autoconhecimento e da sua totalidade”, Rosemeire Zago. A criança interior está presente quando se brinca, quando se tem prazer naquilo que está fazendo. Enfim, não sou nenhum terapeuta ou guru para receitar tratamentos, mas posso assegurar-lhes, pela minha experiência como palhaço que sou, que só o fato de brincar e divertir-se como criança faz muito bem a alma.
Vamos VamosBrincar?! Brincar?! | | 3ª Edição Edição 1 | 2018
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Memórias “Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras,
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asimiro de Abreu no seu poema “Meus oito anos” retrata sobre a saudosa fase que é a infância. Como é bom revivê-la! E que tal aproveitar o dia das crianças para resgatar as lembranças dessa época e reencontrar a sua criança interior? Pensando nisso, reunimos alguns elementos que marcaram décadas! Confira, reviva e compartilhe as doces lembranças!
Debaixo dos laranjais”
Anos
60 Pega-pega Mãe da rua Esconde-esconde Passa-anel Morto-vivo Batata-quente Cobra-cega Pião Bolinha de gude Peteca Rolimã Badoque Velocípede
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Anos
70 Jogos de tabuleiro Jogo da Vida Bom de Bola Fort Apache Ferrorama e Autorama Cavalo de aço (velotrol) Vai-vem Pula pirata
Sessão nostalgia
Bate-bate Amoeba Aquaplay Patins Corda Elástico Pipa Comandos em Ação Pogobol Genius
Anos
80 Barra-bandeira Pega-esconde Pega-pega Pega-congelou Mola colorida Boneca moranguinho Barbies e bonecas-bebês Boneco Fofão
Meu primeiro gradiente Lousa mágica Jogo da pescaria He-Man Murphy Monkey Baby (da Família Dinossauros) Moranguinho Fofolete e Lango-Lango Pula macaco
Anos
90 Tazos Tamagochis Pirocóptero Iôiôs Geloucos Pega-varetas Cubo mágico Bate-bate Mini game
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Bússola
BÚSSOLA - Travessias da Educação
MATERNIDADE REAL O que queremos e o que não queremos dizer com isso Por Juliana Malange Marques - Consultora em Amamentação, Mestre e Doutora em Neurociências
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ma das vantagens de se tornar mãe em tempos de redes sociais virtuais é a possibilidade de encontrar outras vozes, para além de nossos círculos de convívio, às angústias e expectativas que nascem com a mãe que nos tornamos. Maternidade é sinônimo de solidão, de reclusão, na maior parte do tempo, e estar conectada a uma rede de mães – ainda que virtualmente – nos permite trocar experiências e validar nossos conflituosos sentimentos, trazendo acalento aos corações. É também na interação com mães de toda parte do mundo que reconhecemos, acolhemos, e percebemos a nós mesmas como mães reais. Maternidade real. Afinal, o que é isso que tanto falam nas redes sociais? Maternidade real é termo que vem para desmistificar a maternidade ideal, romantizada, o “padecer no paraíso”. Ao nos assumirmos como mães reais, podemos nos permitir sentir as dores sem culpa; esta bendita culpa que a sociedade ainda insiste em jogar em nossas costas. Podemos nos permitir delegar aos outros cuidadores funções que a eles competem e abandonarmos a capa de super-mãe. Desnudar a maternidade é um dos caminhos para se (re)construir uma sociedade mais justa e igualitária, com equilíbrio de direitos e deveres. Quando pensamos em garantia de direitos, falar sobre maternidade real é tão fun-
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damental quanto empoderar-se para um maternar e paternar conscientes: estou me referindo aqui aos direitos dos bebês e das crianças – o lado mais vulnerável em qualquer equação. Relatório da UNICEF de 2017 nos aponta uma situação alarmante: dentre as crianças na faixa de 2 a 4 anos, em todo o mundo, aproximadamente 75% sofre algum tipo de agressão e/ou punição física por parte de seus cuidadores. O relatório aponta, ainda, que a cada 7 minutos, uma criança ou adolescente sofre homicídio por consequência do ciclo de violência que tem início na primeira infância; um importante indicativo da vulnerabilidade deste estrato social. E é aqui que quero salientar o ponto principal do artigo: embora o argumento da maternidade real seja, sim, a chave para a desconstrução da maternidade romantizada que oprime e anula mães todos os dias, ele não deve ser entendido como argumento para legitimar escolhas ruins para bebês e crianças. Maternidade real não é argumento para validar práticas radicais de treinamento de sono ou uso de qualquer tipo de violência física e emo-
de real não é sobre escolhas mais fáceis para os cuidadores. O argumento válido, nesta situação, seria apontar as dificuldades enfrentadas durante a amamentação como parte da maternidade real. Justificar uma decisão pessoal potencialmente ruim como essa com base no mau uso do argumento é prestar um desserviço à comunidade pois, além de desencorajar as mulheres a amamentarem seus bebês, desqualifica diretrizes da OMS e Ministério da Saúde que realizam um trabalho sério de atenção à saúde da criança.
cional dirigidas ao bebê e criança, ou qualquer conduta que tenha impacto negativo na vida da criança. Maternidade real não é argumento nem mesmo para legitimar práticas culturais “não violentas”, como introdução de chupetas ou mamadeiras. Explico as aspas: introdução de chupetas e mamadeiras têm consequências negativas para o pleno desenvolvimento orofacial do bebê, além de interferir no aleitamento materno, violando uma das bases para o desenvolvimento físico e emocional saudáveis.
Maternidade real é sobre ser a mãe que podemos ser, com todas nossas imperfeições humanas, diante dos desafios que a maternidade nos impõe; não deve ser argumento de apoio para minimizar nossa responsabilidade sobre as escolhas no maternar. Criar uma criança saudável e feliz é a tarefa mais importante (e mais difícil) de nossas vidas, e nossas decisões conscientes devem ser conduzidas seguindo os preceitos recomendados pelos órgãos de saúde e proteção à infância, que baseiam suas diretrizes em evidências científicas recentes e robustas.
“...ser a mãe que podemos ser, com todas nossas imperfeições humanas.”
Para me fazer entender com clareza vou mais a fundo neste tópico, que é meu território: é comum ouvirmos que a oferta de leite artificial com o uso de colher ou copinho (a melhor forma de se evitar desmame precoce) é uma idealização da maternidade pois, “na maternidade real, é mais prático e fácil utilizar mamadeira”. Trata-se de uma falácia, uma vez que maternida-
É dever da sociedade proteger a infância, pois é nela que está o futuro do planeta; as crianças são o alicerce para a construção de uma nova sociedade, com mais respeito, mais amor e mais empatia. Nosso empenho é fazer crescer a empatia, cicatrizando uma sociedade fraturada em desigualdades. Fotos gentilmente cedidas por Lorena Azevêdo, mãe de Ravi e Rudá.
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Ubuntu
UBUNTU - Somos Todos Um
NACCI - Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil
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Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil - NACCI é uma instituição sem fins lucrativos que contribui para o aumento das expectativas de vida das crianças com câncer na Bahia, garantindo o resgate da cidadania no que se refere ao direito à saúde, atendimento de qualidade e bem estar social; Abriga, apoia e protege crianças portadoras de câncer, oriundas de famílias de poucos recursos, residentes na capital e no interior do Estado, oferecendo-lhes hospedagem, alimentação, roupas, cestas básicas, passagens, condução para o hospital, acompanhamento sócio pedagógico e lazer. Iniciamos nossas atividades em 27 de outubro de 1994 através da iniciativa de amigos em comum, sob a liderança e determinação de Clayton Costa Oliveira, que sempre atuou como voluntário em instituições sociais, trabalhando em prol da cidadania e do tratamento digno para crianças portadoras de câncer. O Nacci, com sede própria no Bairro da Saúde, em Salvador, busca proporcionar a crianças com câncer e seus acompanhantes, uma estadia digna, com qualidade de vida e aconchego, contribuindo para o sucesso do tratamento. Temos cadastradas desde a fundação, 702 crianças e adolescentes, entre curados, óbitos e desistentes. Nosso cadastro ativo contabiliza hoje 460 pessoas, que são atendidas pelo Hospital Martagão Gesteira, Hemoba e Hospital das Clínicas.
Central de doações (71)2109.0011 Banco do Brasil Agência 2798 -7 Conta Corrente: 6576-5 Banco Bradesco Agência 3021 Conta Corrente: 190.464.7 Caixa Econômica Federal Agência: 1509 Conta Corrente: 121/4 Operação: 03
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@nacci-oficial Nacci Oficial @nacci-oficial
Endereço: Rua do Alvo No. 45, Saúde. Cep. 40.045-180. Salvador. Bahia
*Essa sessão é destinada exclusivamente para Instituições Sociais. Conhece alguma que precisa de visibilidade? Manda pra gente: revistavamosbrincar@gmail.com
Cultivo
CULTIVO - Saúde e Cuidado
INCLUSÃO NOSSA DE CADA DIA Por Lúcia de Fátima Daiello Fonsêca - Psicomotricista e Psicanalista
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egundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), cerca de 45 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, e desses, quase 4 milhões são crianças. Mas foi somente a partir da segunda metade do século XX que Convenções, Declarações e Leis passaram a contemplar e garantir plenos direitos às pessoas com deficiência, como educação e trabalho, reabilitação, direitos civis e políticos, participação social, proteção contra atos discriminatórios, dentre muitos outros. Compromissos firmados legalmente contribuíram e continuam a contribuir para trazer à tona discussões sobre o tema e favorecer a construção de uma sociedade mais inclusiva, com melhores condições de vida para crianças com deficiência e suas famílias. No entanto, ainda são muitas as barreiras enfrentadas no dia a dia quanto à igualdade de direitos por meio da inclusão, sejam elas sociais ou educacionais.
intelectuais, de mobilidade, de comunicação, de condição socioeconômica, cor... Pensar a inclusão hoje é mudar paradigmas, é aceitar que todos têm direitos iguais, entretanto, abrindo espaço para acolher as diferenças e para a prática de novos saberes e novas formas de organização. Incluir hoje significa transformar, quebrar verdades absolutas que, até então, eram inquestionáveis.
A INCLUSÃO COMEÇA EM CASA Ter um filho com deficiência não é fácil! Quando se constata que a criança perfeita esperada, na qual os pais depositaram seus sonhos e desejos, tem uma deficiência, toda a projeção de um futuro cai por terra. As dúvidas se instalam: vai falar? Andar? Vai aprender? E agora? É como se o que houvesse de mais precioso se quebrasse em mil pedacinhos… E é a partir daí que os pais precisam dar conta da angústia inicial e viver o luto do “filho perfeito” idealizado que não nasceu. Mas o que isso tem a ver com inclusão? Muito, tudo! Aceitação é o primeiro ponto. Quando uma família aceita que a deficiência faz parte de seu filho(a), mas não o(a) define, a inclusão familiar tem início, pois torna-se possível apostar novamente em um futuro promissor para aquela criança, independente das limitações que ela tenha.
“...deficiência faz parte de seu filho(a), mas não o(a) define...”
Mas, o que de fato é inclusão? Muitos acreditam que inclusão é poder ir a locais acessíveis, ter vagas exclusivas em estacionamento, prioridade de atendimento e frequentar escola regular de ensino. Tudo isso diz respeito à inclusão, mas não se encerra aí. Incluir significa fazer parte, envolver. Inclusão tem a ver com pertencimento (aos grupos social, familiar e escolar), independente das diferenças
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E então a criança deixa de ser reconhecida pelo seu diagnóstico e descola-se da referência “meu filho é Autista, Down, TDAH...”, etc., para “meu filho tem autismo, síndrome de down, TDAH...”. É a criança vista como sujeito membro da família, acolhida e compreendida em suas diferenças. E o melhor de tudo, reconhecida pelas suas capacidades!
A INCLUSÃO NA ESCOLA Inúmeras são as barreiras ainda enfrentadas por crianças com deficiência e suas famílias no processo de escolarização. Embora a Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência) esteja em vigência há quase 3 anos, é comum vermos batalhas sem fim para que o Capítulo IV - Dos Direitos Fundamentais, que versa sobre o direito à educação, seja cumprido. Das escolas regulares que negam matrícula de crianças com deficiência
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àquelas que aceitam mas pouco fazem em prol da inclusão, são as crianças que mais perdem oportunidades preciosas de desenvolvimento (intelectual, físico, emocional e social), tendo, muitas vezes, seu potencial limitado por conta disso. Professores que compreendem claramente e estão preparados para a inclusão são os que vão proporcionar de fato um ambiente escolar onde cada criança com deficiência, ao lado de seus pares, possa se capacitar e beneficiar da educação inclusiva. Atitudes educacionais positivas e flexíveis em relação a inclusão promovem escolas com bons resultados não só para as crianças com deficiência, mas para todas as crianças!
A SOCIEDADE INCLUSIVA Uma sociedade inclusiva é aquela que respeita as diferenças e garante os direitos das pessoas com deficiência,
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inclusive das crianças, pois crianças com deficiência, além das especificidades de cada caso, têm as mesmas necessidades das demais (educação, saúde, proteção, amor e cuidados familiares, etc.). A inclusão social não deve ser encarada somente como dever do Estado, mas da população geral ao garantir que crianças com deficiência participem plenamente da vida em sociedade de forma a conquistar progressiva independência e a manutenção de relações saudáveis. Equidade, prevenção de abusos e atos discriminatórios são de responsabilidade de todos e devem ser tema de conversas cotidianas no seio das famílias como forma de circulação da informação e de conscientização. Crianças interagem constantemente com outras crianças em atividades sociais – nas escolas, em parques e praças públicas, em locais privados – e as diferenças no modo de ser e nas capacidades de cada uma, quando compreendidas e respeitadas trazem benefícios para todas elas, tendo deficiência ou não. Uma sociedade inclusiva respeita o tempo da infância e abre espaço para todas as crianças poderem brincar, aprender e se desenvolver. Uma sociedade inclusiva é aquela que dá voz e visibilidade à criança com deficiência!
“Em algum lugar, alguém está dizendo a um menino que ele não pode brincar porque não consegue andar; a uma menina que ela não pode aprender porque não consegue enxergar. Esse menino merece uma oportunidade para brincar. E todos nós ganhamos quando essa menina, e todas as crianças, conseguem ler, aprender e contribuir. O caminho a percorrer será desafiador. Mas crianças não aceitam limites desnecessários. Nós também não deveríamos aceitar.” (Anthony Lake / Ex-Diretor Executivo do UNICEF)
Bússola
BÚSSOLA - Travessias da Educação
MEDOS NA INFÂNCIA: COMO LIDAR? Por Mariana Paz – Psicóloga Infantil
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seu filho tem medo? E agora, o que fazer? O medo é um sentimento comum a todos nós, ele contribui para a nossa sobrevivência e a preservação da nossa integridade. O medo pode nos proteger em muitas situações, como para escapar de uma condição de perigo, produzindo respostas orgânicas de alerta, luta/fuga, aceleração dos batimentos cardíacos e reações de correr tão rapidamente que nem sabíamos que éramos capazes de atingir tal velocidade! Assim como o medo pode exercer funções extremamente importantes nas nossas vidas, pode também nos impedir de nos engajar naquilo que desejamos, nos fazendo desistir de nossos objetivos e aspirações. Os medos podem aparecer em crianças das mais diversas idades, das pequeninas até as maiores e a depender do momento do processo de desenvolvimento, formas diferentes de manifestação são observadas. Nas menores, os medos mais comuns são de situações ou seres imaginários, como fantas-
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mas, zumbis e bichos malvados, assim como de personagens de lendas e histórias, como o homem do saco, Anabelle, loira do banheiro, palhaços. Já nas maiores, os medos são mais voltados às situações reais como ser esquecido em algum lugar, se perder dos pais ou ficar sozinho sem eles, medo de ladrão ou violência, de ir mal na prova, dos pais brigarem com ele, não fazer amigos, de dormir sozinho ou de escuro, entre outros. Muitas vezes ficamos sem saber o que fazer quando as crianças demostram ou falam dos seus medos e a tendência é darmos mais atenção quando os medos são entendidos por nós, adultos, como justificáveis ou que fazem algum sentido. Quando achamos que são medos “de criança” e o consideramos sem importância, dizemos: “Que bobagem, isso não existe, não ligue para isso!”. No final das contas não damos muita importância, mudamos de assunto e não conversamos com elas sobre isso. Vocês devem estar pensando: “humm, e qual o problema? Medos são só
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coisa de criança!”. Pois a notícia é: se nós não cuidarmos disso e as ajudarmos, podem se transformar em grandes monstros na vida delas e se constituir como um empecilho para seguirem em frente. Ao longo do tempo vemos essas crianças se negando a participar de atividades que gostam porque o medo é tão grande e insuportável, que preferem evitar se expor àquela situação que poderá gerar o medo, mesmo que seja algo muito prazeroso para ela. Começam a evitar tudo o que está de alguma maneira relacionada à situação geradora do medo. Por exemplo: “não vou à casa do meu melhor amigo porque lá tem cachorro”; “não vou mais brincar no playground porque tenho que pegar o elevador”; “não vou ao cinema com a turma da escola porque lá podem ter muitas outras crianças que eu não conheço”; “não quero viajar para aquele parque que tenho a maior vontade porque tem que ir de avião”; “não vou à festa do pijama da minha amiga porque eu tenho medo de dormir sozinha”. Se você identificou que o seu fi-
lho está passando por um processo de evitação para experimentar coisas das quais deseja e gosta, esteja atento. Os medos podem estar começando a tomar conta dela e a privando de viver. O que fazer e o que não fazer? Ouça a sua criança com atenção e permita que ela expresse suas sensações, se coloque disponível para ajudá-la e não lide com os medos como se fosse bobagem. Isso pode fazê-las se sentirem incompreendidas, sozinhas, com vergonha, ridicularizadas e inadequadas por acharem que não deveriam estar sentindo esses medos, assim só aumentamos o problema. Uma opção é fazer autorrevelações, conte ao seu filho de medos que você também teve na infância e de como se sentia com isso. Elas sentem-se ouvidas e plenamente compreendidas, produzin-
do uma relação de confiança que a motiva ir em frente. Incentive o seu filho a encarar os medos. Se coloque ao lado dele nesta caminhada e diga que você pode ajudar a superar esse medo que ele quer vencer também. Lembre-se que a conquista da superação de um medo é gradual e deve ser feita de pouquinho em pouquinho. Se imaginarmos que o medo é o elevador e ele está deixando de se divertir e brincar com os amigos no parque do prédio, que tal propormos pegar o elevador junto com ele, depois ele subir um andar baixo sozinho e irmos aumentando aos poucos de acordo com as suas conquistas? Podemos dizer a elas que ir com medo mesmo pode valer a pena, já que passar uma tarde de brincadeiras será um resultado muito legal e divertido. Com o tempo, uma pitada de coragem e outra de apoio, o medo vai ficando cada vez menor. Pode ser leve, divertido e efetivo.
Reserve um momento no dia, caso a sua criança solicite, para vocês conversarem sobre os medos. Depois que vocês conversarem, combinem que vocês farão outras coisas, que ela vai brincar ou que vocês farão algo legal juntos. Essa é uma forma de proporcionar o apoio que ela precisa e ao mesmo tempo dar a chance para que ela possa vivenciar novas experiências! As crianças precisam sentir que podem contar com os pais e com as pessoas que ela confia e ela estará muito mais fortalecida para poder encarar esses medos. Caso a sua criança tenha um medo muito excessivo, apresentando preocupações muito grandes sobre as coisas e que você tem percebido que os medos têm a paralisado e deixando-a isolada, além de apresentar alguma mudança de comportamento importante, procure ajuda profissional. www.marianapaz.com.br
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OUTROS VENTOS
HORTA EM CASA Compreensão infantil do ciclo da natureza Por CLIP Arquitetura - Bruna Martins, Carolina Costa e Gabriela Markl
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ivemos um momento em que estamos repensando a relação com o planeta e com os seus recursos. A busca por uma nova consciência requer mudança de hábitos, e nada mais natural que ensiná-los desde cedo às crianças. Ao viver nas grandes cidades temos tendên-
cia a comer muitos alimentos industrializados e nos distanciarmos do contato com a natureza. Perdemos a compreensão da origem do que comemos e do seu ciclo até voltar à terra. Uma maneira de aproximar os pequenos dessa experiência é criar pequenas hortas em casa. O contato com a terra, o ato de plantar uma semente, vê-la brotar e cres-
VEJA QUAL A MELHOR OPÇÃO PARA SEU LAR Você tem quintal? Sim
Não
Seu apartamento ou casa tem espaço que bata sol? Sim Parede
Não Chão
Há espaço para vasos grandes?
Horta Vertical: temperos e ervas
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Sim
Palmeira areca, Pacová, Pintanga, Jaboticaba, Limão.
Não
Suculentas, Espadinha, Begônias, Orquídeas, Violeta.
cer ensina na prática o ciclo da natureza e o processo até a comida chegar às nossas mesas. Essa prática desperta também os sentidos através do contato com a terra e com as diferentes texturas das folhas e frutas, seus aromas e suas cores. Incluir a criança no cuidado com a horta e tornar isso uma tarefa também estimula a sua responsabilidade diante dos seres vivos. Outra virtude estimulada com essa dedicação é a paciência: vivenciar todo o desenvolvimento natural da planta pode ser desafiador para uma geração inserida na cultura do imediatismo. A melhoria na alimentação é outro benefício importante: há uma tendência a despertar o interesse da criança pela nutrição ao incluir itens da horta nas suas refeições, além de estudos indicarem que crianças envolvidas em jardinagem tendem a consumir mais frutas e legumes. Ter plantas em casa também traz bem-estar para os moradores, sendo possível tirar proveito da horta como um elemento decorativo.
Para iniciar deve-se escolher um local arejado na casa ou apartamento que tenha sol durante 4 a 6 horas por dia. Se o espaço for pequeno, hortas verticais podem ser uma solução: elas podem ser de painéis de madeira ou fibra, geralmente são vendidos em lojas de jardinagem ou confeccionados em casa com pallets, sobras de madeira, etc. Muitas plantas podem ser cultivadas assim. Pode-se iniciar com ervas, temperos e hortaliças mais usadas no dia a dia, como: manjericão, cebolinha, tomate-cereja, hortelã, pimenta, etc. Ao escolher o vaso colocar uma manta geotêxtil no fundo junto com pedras ou argila expandida para evitar que a terra escorra com a água. Chame a criança para participar desde o início do processo para que ela se aproprie deste espaço facilmente. Aproveite um dia livre e mãos à obra! Veja abaixo quais a espécies que você pode cultivar no seu lar, desde ornamentais à frutíferas, de acordo com a disponibilidade de espaço e luz natural.
Bate Sol?
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Sim Frutíferas: Pitanga, Jaboticaba, Limão, Acerola.
Temperos e ervas: Cebolinha, Coentro, Manjericão, Hortelã, Alecrim, Alho.
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Cultivo
CULTIVO - Saúde e Cuidado
FONOAUDIOLOGIA INFANTIL Por Débora Schunk e Rosângela Lourenço - Fonoaudiólogas
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atuação da fonoaudiologia vai muito além de “ensinar crianças a falar certo”. Segundo o Conselho Regional de Fonoaudiologia, o profissional da área é responsável pelos cuidados da audição, da linguagem oral, da articulação da fala, da voz, da fluência, da leitura e escrita e dos sistemas orofacial e de deglutição, tanto em termos de promoção e prevenção da saúde, quanto com ações de avaliação, diagnóstico, terapia das alterações de tais funções e orientação a familiares, cuidadores e outros profissionais. Quando falamos especificamente de crianças o fonoaudiólogo torna-se o profissional imprescindível para auxiliar em vários momentos de sua vida dentre eles destacamos: O trabalho em maternidades realizando o Teste da Orelhinha e o Teste da Linguinha nos bebês neonatos. Esses exames tem a finalidade de identificar precocemente alterações na audição e no frênulo
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lingual do bebê. As duas avaliações são rápidas e não causam dor ou prejuízos ao recém-nascido. -ebês com dificuldade na amamentação e na sucção podem ser beneficiados pelo fonoaudiólogo para auxiliar nesse processo; Nos casos de disfagia (dificuldade de engolir), aversão alimentar, dificuldade ou impossibilidade de mastigação, o fonoaudiólogo deve avaliar e identificar a causa e tratar a alteração específica dessa criança. Crianças com dificuldade em compreender ordens simples, brincadeiras, gestos (dar tchau, mandar beijos), mesmo ainda não tendo linguagem expressiva, ou seja, a fala propriamente dita, é importante buscar a avaliação de um fonoaudiólogo para observar se ela não apresenta atraso no desenvolvimento da linguagem. Ao perceber que a criança aos dois anos de idade sua linguagem pouco mudou ao longo dos meses, seu
Vamos Brincar?! | 3ª Edição Edição 1 | | 2018 2018
número de palavras não aumenta e ninguém entende o que ele diz, é importante buscar a avaliação do fonoaudiólogo para iniciar o quanto antes a estimulação correta. Entre três e cinco anos de idade, a criança aumenta seu repertório linguístico e passa a ser um falante fluente. Se nesse período ainda houver alterações na produção de fala, disfluência, entre outras alterações, a intervenção fonoaudiológica se faz necessária. É importante que a criança esteja com toda a aquisição da linguagem completa para iniciar a fase que virá posteriormente que é a leitura e escrita. Durante o processo de iniciação da leitura e escrita a criança mostra-se muito desinteressada, utiliza de subterfúgios para não realizar as tarefas, não consegue ficar muito tempo sentado e se concentrando na atividade, pode não ser preguiça e sim algum distúrbio de aprendizado, de linguagem ou de audição que estejam o prejudicando, nesses casos é de vital importância a avaliação do fonoaudiólogo que irá atenuar as dificuldades dos escolares no processo de aprendizado e auxiliar no aprimoramento da leitura e escrita, além de claro avaliar e orientar para outras avaliações específicas.
Na saúde vocal podemos destacar o acompanhamento desse profissional não só na prevenção, como no tratamento dos transtornos que possam surgir através de comportamentos vocais abusivos, o que acarreta em um impacto negativo às pregas vocais da criança. -Também destacamos a importância na área de saúde auditiva onde o profissional atua com o objetivo de identificar perdas auditivas, onde o diagnóstico tardio pode causar prejuízo no desenvolvimento global da criança. Temos ainda a atuação direta da área em crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autismo, Síndrome de Down entre outras Síndromes, onde o objetivo maior da fonoaudiologia é melhorar os sintomas comportamentais, linguagem e comunicação verbal
e não verbal. Respiração oral e má oclusão dentária são outras alterações que precisam ser avaliadas e trabalhadas junto pelos profissionais. Lembrem-se que, quanto antes iniciarem o acompanhamento, melhores e mais rápidos serão os resultados. Especialmente na infância, a consulta ao Fonoaudiólogo é de extrema importância para o pleno aprendizado cognitivo, linguístico e motor da criança. Isso porque a avaliação feita por este profissional consegue identificar a etapa do desenvolvimento em que a criança se encontra e, a
partir dessa identificação, um tratamento efetivo na aquisição das funções ausentes pode ser iniciado podendo com isso evitar ou suprimir as consequências que poderão prejudicar a criança futuramente, por isso em caso de dúvidas, não hesite em buscar auxilio desse profissional, pois ele é capacitado para avaliar, diagnosticar e trabalhar dificuldades pertinentes nessas áreas. Débora Schunk (CRFa 4 10270-2) - Coordenadora de Fonoaudiologia nas Clínicas Erasmo Neto Rosângela
Lourenço
(CRFa 4 9957) - Diretora Clínica nas Clínicas Erasmo Neto
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Trocando Figurinhas Relatos Reais
REDE DE APOIO PARA UMA MATERNIDADE MAIS LEVE Por Lorena Azevêdo – Mãe de Ravi e Rudá
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omos eu, eles e um pai que trabalha em outra cidade. Na prática sou eu, eles e nossa rotina como uma máquina cheia de engrenagens onde dou os direcionamentos e o movimento que faz tudo girar. E para mim não poderia existir, ainda, eles sem mim, não aos 2 e 4 anos. Cuidados, alimentação, escola, aniversário dos amigos, parquinho, médicos, exames, vacinas, terapias, colinho e peitinho para dormir (ufa!). Não tinha dor de cabeça, gripe ou indisposição que me tirasse da função de MÃE. Vivendo assim começou a fazer sentido o dizer “mãe não pode ficar doente”. Eu entendia isso, era o que eu vivia. Não por não sentir que o corpo e a mente às vezes pediam uma pausa, mas por não ver uma forma de funcionamento da nossa máquina família sem que eu
estivesse no comando (e na ação). Mas maternidade é isso, quando você acha que está tudo certo, que você entende como tudo funciona, é por que está tudo errado! Nunca, jamais seremos máquinas com engrenagens perfeitas... E foi aí que caí doente, assim, do dia para noite, quase um mês depois de desmamar o mais velho e ainda amamentando o caçulinha, a doença veio e literalmente me paralisou! Foram dias entre emergências, clínicas e exames e quase 20 dias de internação. Eles não podiam ir ao hospital, havia um risco para eles e para mim, então a tecnologia ajudava um pouco na saudade, mas nenhuma vídeo chamada conseguiria matar a saudade do cheiro, do toque, do contato, tudo era só um paliativo. Toda dor física era potencializada pela dor da saudade, da
Imagens: Rayana Azevêdo
culpa, do abandono e desamparo que eu supunha ter deixado os meninos. Em meios aos momentos de dor sempre perguntava por eles e por detalhes de suas vidas: “tem que mandar fruta no lanche” “hoje tem terapia” “desce com eles para o parquinho” “a dose do remédio”... A resposta sempre era: “se cuida que eles estão bem!” “fica tranquila”! Mas como? Não era eu a condutora da vidinha deles? Como eles estavam seguindo sem mim? E então eu voltei para casa, pedi alta, por que aquela saudade já estava doendo demais, e naquele momento já podia passar sem morfina, mas não sem os meninos. Nos reencontramos, foi emocionante! Como pode uma saudade tão grande em menos de um mês? A saudade me fazia vê-los muito diferentes, mas eram eles sim, eram eles bem cuidados, amados e felizes. Eram dois meninos que naquele tempo não mudaram quase nada suas rotinas, não faltaram escola, levaram lanches saudáveis, estavam de unhas cortadas e orelhas limpas, brincavam ao ar livre, foram para as terapias e até para aniversario do amiguinho (e le-
vando presente!) Foi assim, a partir de uma dor física tão forte que eu olhei para o lado e vi uma linda e forte rede de apoio (coisa tão importante para a saúde emocional de uma Mãe). Foram avós, a Dinda, amigos, vizinhos, professores e terapeutas, pais dos amigos, todos abraçando e cuidando deles. É claro que eles sentiram a minha falta, mas o cuidar em nada ficou prejudicado. Isso tudo me mostrou que Mãe pode adoecer sim! Mãe é humana, é gente, é carne, osso e um monte de emoções (e uma culpa enorme) nas costas. E ser humano, ser mãe, sentir dor e ter esse tempo de me cuidar permitiu que eu voltasse melhor para eles, melhor por permitir aos outros e a mim mesma outras conduções, outros movimentos, afinal de contas, parafraseando um ditado africano “É preciso toda uma aldeia para educar e cuidar de uma criança”.
Lorena Azevêdo, mãe de Ravi (5) e Rudá (3), compartilha suas experiências maternas no @amamaequefaz
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É quem desbrava o mundo. É quem se ocupa de brincadeiras e tem mania de sonhar. É quem gosta de criar, imaginar e se aventurar. É quem sabe colorir o papel em branco. É quem monta peças do quebra cabeça. É quem gosta de desafios e novidades. É quem aprende mas também ensina. É quem coleciona histórias. É quem faz amigo através de um sorriso. É quem gosta de presença. É quem tem olhar sincero. É quem acredita nas pessoas. É quem não sente o tempo passar. É quem sabe amar. É aquela que vive em cada um de nós. É quem diz: - Vamos Brincar?!