Revista Vesta Edição 02 Ano 00

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Edição 02 l

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Dezembro de 2016

Revista laboratório dos cursos de Arquiterura e Urbanismo e Jornalismo

Dossiê Cidades Entrevista Mobilidade Urbana Paisagismo Espaço Público ETAU Biografia

Fabricação digital aponta novos caminhos para a Arquitetura

Os engenheiros do grande Oscar Niemeyer

O repertório arquitetônico de Londrina



EDITORIAL

C

omo uma cidade é ocupada e quais são as consequências das diversas formas de ocupá-la? Esta e outras discussões em torno da questão urbanística guiaram o desenvolvimento da segunda edição da Revista Laboratório Vesta, lançada no mês em que se comemora o Dia Nacional do Arquiteto e Urbanista. Longe de pretender trazer uma resposta absoluta, as matérias aqui apresentadas no dossiê Cidade buscam contribuir para o desenvolvimento de um pensamento crítico entre os estudantes de Arquitetura e Urbanismo acerca de uma das vertentes de sua profissão. Derivada do latim civitas, que significa direitos do cidadãos, o termo e a ideia de cidade estão intrinsecamente ligados à cidadania. Compreendemos que ao cumprir sua função de planejar cidades de maneira comprometida com as demandas sociais, o arquiteto e urbanista também está contribuindo para a garantia de direitos e, consequentemente, para desenvolvimento de cidadãos completos. Seu compromisso se estende também a questionar os aparatos regulatórios urbanos na busca pelo equilíbrio de interesses nos projetos que visam estruturar a reforma urbana brasileira. Vale sempre perguntarse: a quem esta cidade tem servido? Como pano de fundo de parte das reportagens do nosso dossiê, trouxemos exemplos vivenciados em Londrina, que completou 82 anos neste mês de dezembro. A segunda edição da revista laboratório marca também a despedida dos alunos da turma 2013/matutino de Jornalismo da Unopar, que participaram do desenvolvimento da publicação. Se falamos sobre a importância do compromisso do arquiteto e urbanista com a sociedade, o mesmo pode ser dito sobre o jornalista. Ao contar histórias e mediar a relação dos indivíduos com os fatos do mundo, o jornalista tem a função social de gerar conhecimento sobre a realidade, tendo em vista a sua transformação. Esperamos que a experiência vivenciada na Vesta tenha contribuído para a formação de todos.

Aos nossos leitores, desejamos Boa Festas e até 2017. Uma ótima leitura, Equipe Vesta

Expediente

Reportagem e Edição Agatha Zago Aleksa Marques Amanda Machado André Dias Edson Neves Ellen Roman Gabriela Nogueira Izaias Lopes Lais Azevedo Lais Cristina dos Santos Larissa Andrade Luana Sorgi Lucas Popolin Monica Perez Pedro Marconi Tauan Rodrigues

Diagramação e projeto gráfico

Beatriz Paludetto Gabriela Nogueira Mariana Ferreira Lopes Pedro Marconi

Colaboração

Gabriela Lima Maria Cristina Cardoso Raissa Bessa Renata Basso Thamine Ayoub

Editora e Jornalista Responsável Mariana Ferreira Lopes MTB: 12.549

Projeto de extensão ETAU (Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo)


ÍNDICE

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6 Carta do Leitor 8 Coluna do professor

Dôssie Cidades

10 Entrevista 16 Mobilidade urbana

24 Paisagismo 30 Espaço público

36 ETAU


40 Biografia 46 Espaço do estudante

66 Destaque

54

Paisagismo

acadêmico

70 Coluna CEAL

72 Manual de português

74 Dicas culturais

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TECNOLOGIA


CARTA DO LEITOR

Thamires Bertti Temos nossa primeira revista, nosso orgulho assim como nosso primeiro projeto. Nós sentimos representados e temos nosso espaço para participar onde podemos compartilhar nosso conhecimento e receber conhecimento de todos. Isso é lindo e é o que precisamos: de mais informação, mais valorização, de um espaço, onde se faz possivel demonstrar nosso empenho e saber que seremos valorizados. Foi a primeira de muitas sendo uma concretização do nosso espacinho no mundo de gigantes.

Estudante do 4º Semestre do Período Matutino

Aline Terra Incrivel! Algo que podemos contemplar dentro da nossa realidade. Prestigiamos muitos trabalhos, materias de outros lugares, se tornando algo um tanto platonico. Mas ver a Vesta apresentar conteudo similares, à altura daquilo que consumimos lá fora, com certeza é algo motivador e inspirador. Tem muito pra crescer e se tornar algo cada vez mais concreto, mas já deu pra sentir o entusiasmo de muitos por aqui. Parabéns pela iniciativa e parceria.

Estudante do 5º Semestre do Período Matutino

Jordanna Neves Neres Gostei por demais. Foi legal ver o conteúdo da revista retratando algo da nossa relalidade. As materias do Etau, entrevista com nossos professores, trabalhos de alunos daqui da instituição, até mesmo as ilustrações feitas pelo amigo da gente. Isso é bem legal e nos motiva em querer saber o que acontece de interessante com o nosso curso, trazendo uma maior visibilidade. Estão de parabéns, tomara que um dia possamos contemplar isso em forma de video. Estudante do 5º semestre do período Matutino



COLUNA DO PROFESSOR

Rumos do ensino da

C

omeço esse texto com uma constatação a respeito dos rumos que o ensino da Arquitetura e Urbanismo nas Universidades Brasileiras tem tomado e aproveito a discussão para mais uma vez provocar e incentivar nossos jovens estudantes a participarem ativamente da política de nosso país em busca da sociedade e cidade que queremos. Atualmente a maioria das escolas de arquitetura e urbanismo no Brasil oferecem cursos nos quais a formação profissional deixa a desejar, muito dessa realidade provocada pela qualidade do ensino básico praticado em nossas escolas. A crise do ensino de arquitetura ou de suas estratégias para aprendizagem de nosso ofício está inserida na crise mundial da educação, esta sim, a maior crise da contemporaneidade. Preocupados com a crise econômica mundial iniciada em 2008, governos não estão atentos a esta que, no longo prazo, provavelmente será muito mais prejudicial para o futuro dos governos democráticos.

Tanto no ensino fundamental e médio, como no ensino superior, as humanidades e as artes estão sendo eliminadas em quase todos os países do mundo. Esta tendência não está saindo apenas dos currículos, mas das mentes e dos corações dos pais e dos filhos. A competição toma conta do mundo, a eficiência é a palavra de ordem. Somos uma engrenagem constituída para produzir sem reflexão, sem questionamento. Devemos resistir às tentativas de reduzir o ensino a uma ferramenta, e esforçarmo-nos para conectar novamente a educação dos arquitetos às humanidades. Para capacitálos a serem cidadãos de seu país e do mundo. Em relação ao problema central de nossa preocupação, no ensino de arquitetura e urbanismo propriamente dito, compreendemos ser necessário recuperarmos o estágio anterior, o que possui uma formação básica sólida, que proporcione o amadurecimento necessário aos estu-


Renata Basso*

Arquitetura e Urbanismo dantes. Quando nos referimos a esta lacuna, a da alienação geral pela qual passamos, seja revertida e os mesmos recuperem uma postura mais engajada politicamente, contrapondo-se aos espertalhões e corruptos políticos, os quais se apossaram do poder e foram os maiores beneficiados com esse processo espúrio.

No instante em que atingirmos esse patamar, certamente passaremos a desfrutar novamente do prestígio perdido, passando a ter uma sociedade com maior qualidade de vida e, consequentemente, retornaremos deste caminho que nos foi reservado, o de despachantes de luxo que irão aprovar projetos concebidos, desenvolvidos e detalhados em outras regiões do planeta, onde jovens mais bem formados e, portanto, mais capazes que os nossos atuais desprotegidos estudantes que estão sendo formados nestas inadequadas escolas de arquitetura. Precisamos ainda fazer uma provocação ao jovem sobre a obrigação, o dever social, o compromisso com o pú-

blico, tais deveres devem ser compartilhados entre poder público e sociedade civil.

Quem reclamar da limpeza tem que ser o primeiro a se preocupar com sua própria coleta seletiva e o destino dos resíduos. Quem reclamar do saneamento deve ser o primeiro a procurar uma solução para seu problema inicial, quem reclama da proteção ao meio ambiente deve ser o primeiro a protegêlo, e, finalmente, quem reclama dos políticos deve ser o primeiro a fiscalizá-los. Conhecer antes de criticar, ajudar antes de pedir, colaborar antes de corromper! Esse é o dever da sociedade, isso é o mínimo que se espera dos jovens. E a juventude, mais uma vez, em um momento difícil da política brasileira – onde a descrença é difundida acima da esperança – será através da impetuosidade que lhe é inerente que deve se iniciar esse movimento de participação popular na política como solução, mostrando que o maior crime contra o erário é a nossa omissão.

* Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar

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Entrevista


Aparatos regulatĂłrios urbanos: a quem eles servem? A pesquisadora e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar, Thamine Ayoub, conversou com a Revista Vesta sobre polĂ­tica urbana e habitacional Por Mariana Lopes

Foto: Gabriela Lima


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Revista Vesta (RV) - Parece-nos que parte do aparato regulatório urbano vive uma tensão constante entre os interesses especulativos do mercado imobiliário e a luta de movimentos sociais. A pesquisadora Raquel Rolnik trata deste tensionamento em alguns de seus textos ao trazer que existem dois projetos distintos de Reforma Urbana. Qual a leitura que você faz deste cenário? Thamine Ayoub (TA) - Eu vejo que é um fato. São duas partes em defesa por seus direitos. O mercado tem o direito de lucrar dentro dessa lógica capitalista utilizando as estratégias que possui, já que não há nada que impeça que o espaço urbano seja tratado como mercadoria, o que no caso ocorre. Por outro lado, há uma proposta daqueles que são excluídos desse mercado, por não serem uma demanda rentável e 12

Foto: Arquivo Pessoal

ensar a cidade é também refletir sobre as políticas que regulamentam como e por quem ela deve ser ocupada. Compreender e problematizar os aparatos regulatórios que envolvem a política urbana é tarefa de Arquitetos e Urbanistas. Thamine de Almeida Ayoub Ayoub é um desses profissionais. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Londrina e Mestre pela mesma instituição, Thamine pesquisa em seu doutorado, realizado no Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos na Universidade de São Paulo, a regularização fundiária e seus desdobramentos após sua regulamentação na lei que rege o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar e coordenadora do ETAU, Thamine conversou com a Revista Vesta sobre política urbana e habitacional em Londrina.

Para a professora do c Urbanismo da Unopar, T de haver um embate d da Reforma Urbana, pre do me


curso de Arquitetura e Thamine Ayoub, apesar de interesses em torno evalecem as demandas ercado

pelo fato da exploração do trabalho gerar uma grande parte dos salários muito baixa e insuficiente para inserir tais pessoas dentro deste mercado. Trata-se de interesses direitos distintos e cabe ao Estado encontrar um equilíbrio entre todas as reivindicações. Mas o problema é que temos um Estado parcial. Então, apesar de haver o embate de propostas, nós assistimos sistematicamente a uma vitória de um dos lados, o mercado. Então eu vejo como um grande conflito de interesses e alguns dele são beneficiados pelo Estado. O problema está aí, em não haver uma melhor regulação. Em países com um Estado democrático mais desenvolvido, por assim dizer, vemos melhor o Estado tentando equilibrar esses interesses. O Brasil tem uma democracia e uma sociedade tão peculiares e isso se reflete na tomada de decisões sobre como a cidade vai ser ocupada, apropriada e construída.

flito de interesses em torno de um projeto de Reforma Urbana no Brasil é todo o processo de desenvolvimento e implementação do Estatuto da Cidade. E um dos pontos colocados por muitos pesquisadores é a forma como ocorre a participação popular dentro de processos decisórios, que é uma das diretrizes deste Estatuto. Como você enxerga tal questão dentro dos espaços de discussão que você já participou? TA - A participação popular vem sendo reivindicada ao longo da história e quando o país passa por um processo de redemocratização, na década de 1980, o movimento da Reforma Urbana tem justamente esse objetivo que é o de incluir na Constituição Federal alguns direitos em relação ao uso e à ocupação da cidade para garantir que a democracia ocorresse em todas as esferas. E dentro da questão da participação popular, o movimento da Reforma Urbana trouxe RV - Um dos exemplos para o texto da Constituque a Raquel Rolnik uti- ição reivindicações que liza para ilustrar o con- vieram de manifesta13


ções populares, principalmente questionando o papel do Estado na solução dos problemas relacionados à exclusão social e espacial, que não beneficiava efetivamente a classe que mais precisava. São criados então dois artigos, o 182 e 183 da Constituição, mas que ficaram muito abrangentes. O Estatuto da Cidade vem para regulamentá-los e instrumentalizar o Estado para realmente realizar o que estava colocado. Dentro dessa lógica, o Estatuto da Cidade seria uma forma de trazer essas reivindicações que foram construídas por meio da participação popular para a política urbana da cidade. Só que a questão é que por mais que exista a exigência da participação popular durante o processo do Plano Diretor Participativo e de outros instrumentos, eu vejo que quem tem voz para participar é uma parcela muito pequena da população e não é a parcela mais atingida. Não dá para dizer que não exista participação, porque existe tanto na elaboração do Plano Diretor 14

como nas audiências públicas. Porém, ainda temos a tradição de um planejamento tecnocrata, então os termos e as formas de condução das reuniões se encaminham muito mais para um viés técnico do que para um diálogo social. O Plano Diretor, por exemplo, é elaborado somente por técnicos e não há profissionais que tenham como foco facilitar a comunicação e que trabalhem com uma linguagem democrática. O problema é que quem tem acesso à informação e quem tem instrumentos para participar são poucos, é a questão da qualidade da participação.

RV - Passa também pelas pessoas conhecerem os seus direitos, inclusive. TA - Principalmente, tudo envolve esse entendimento de quais são os direitos das pessoas dentro da cidade. As pessoas têm direitos, mas o fato delas não os conhecerem não deveria impedir que elas sejam atendidas. Não dá para depender só da participação popular para atender reivindicações, o Estado deveria dar

conta disso, pois muitas necessidades são claras.

RV - Falando especificamente de política habitacional em Londrina, nós temos aqui no município o Residencial Vista Bela, que é um programa de habitação social que veio de certa forma garantir o direito das pessoas à moradia, mas que por outro lado acaba gerando uma grande segregação. Qual a sua leitura dessa situação? TA - O programa foi elaborado para atender a uma demanda que era econômica de mobilizar o mercado imobiliário e a indústria da construção civil. Por um lado, essa estratégia se uniu a uma real demanda por moradia no país só que ela olha por uma lente muito específica, que é a de produzir uma casa para as pessoas morarem e nem sempre o que elas precisam é de uma casa, mas de regularizar a casa onde elas já moram há mais de trinta anos só que numa área irregular, porque foi onde ela conseguiu. Esse programa buscou atender um demanda com uma solução bem específica, mas que não


é a maior demanda. Já começa então com o problema de não solucionar o que realmente precisava ser solucionado. Mas, além disso, quem produz isso é o mercado e ele está fazendo do ponto de vista monetário, que vai olhar as pessoas como número de casa a ser construída. O Estado não exigiu que junto dessa produção tivesse o atendimento às necessidades que estão relacionadas à moradia, que é a educação, a saúde, o lazer, a assistência social. Apesar da lei que regulamenta o programa e as cartilhas falarem da importância desses equipamentos, na prática isso não aconteceu em muitos lugares como Vista Bela. O que programa pretendia foi realizado. Ele tinha como objetivo entregar casas e não realizar uma reforma urbana. Predomina esse modelo de construir habitação social em lugares mais longe e mais baratos e isolar as pessoas lá, isolando-as, inclusive, dos seus direitos. RV - Você tocou em um ponto que é intrínseco à questão habitacional aqui de Londrina, que são as ocupações irregulares em fundos de vale. Como se caracterizam as políticas urbana e habitacionais sobre isso no município? TA - As leis federais sempre vão direcionar os municípios a criarem leis sobre a questão urbana que sejam voltadas para as características locais específicas. A lei federal prevê, por exemplo, que se suspenda a preservação permanente de uma área para a construção de moradia. A lei de Parcelamento do Solo, o Estatuto da Cidade, são várias as leis

que permitem a regularização em fundo de vale, por exemplo. Se as pessoas estão instaladas em algum lugar e se há nele uma infraestrutura adequada com todos os equipamentos, a lei prevê a regularização fundiária tanto em área pública como particular e também em área de preservação permanente. Mas é lógico que não pode virar regra. A preservação do meio ambiente é também um direito. Em Londrina, os fundos de vale não são apenas um cartão postal, mas enquanto faixa sanitária são de extrema importância para a qualidade de vida. Mas a questão é que quando há uma situação específica, ela precisa ser estudada para ver se é o caso ou não de regularizar. Vão ter situações que regularizar no fundo de vale vai ser pior para quem está lá se não é uma área adequada para se colocar uma infraestrutura. Não só uma área de preservação permanente, mas também em locais de risco. Por outro lado, há pessoas que estão bem instaladas e o fundo de vale já sofreu o impacto que tinha que sofrer, como aqui em Londrina em que há lugares onde as pessoas estão há mais de 30 anos. Então para mim, cada assentamento deve ser estudado. A política em Londrina é não regularizar em áreas de fundos de vale, justamente pela questão ambiental. Realmente, Londrina tem muitas áreas vazias bem localizadas e com infraestrutura, que poderiam ser utilizadas para essas famílias. O município poderia ter uma política habitacional mais eficiente para atender às demandas e não haver ocupação em fundos de vale. 15


Mobilidade Urbana


Para o sinal ficar verde

Com grande fluxo viário, Londrina busca alternativas para desafogar o trânsito em meio ao aumento de veículos nos últimos anos, cidade tem a segunda maior frota do Paraná Por Edson Neves e Pedro Marconi

Foto: Pedro Marconi


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igienópolis, Tiradentes, Dez de Dezembro, Leste-Oeste, Rio Branco, Ayrton Senna e Juscelino Kubitschek. O que estas avenidas têm em comum, além de serem vias importantes de Londrina? Todas são pilares da mobilidade urbana do município e estão na lista das que mais concentram fluxo viário.

Rotatória da Avenida Dez de Dezembro com Leste Oeste é um dos locais com trânsito intenso nos horários de pico. Uma trincheira será construída no local para melhorar o trânsito

Entre as causas para os diversos problemas de trânsito na cidade está a falta de um melhor planejamento no passado. “Temos, a exemplo de cidades com porte semelhante ao nosso, os mesmos problemas, que é uma frota de veículos muito grande para uma estrutura viária acanhada. Não que em Londrina não houve um planejamento, mas o planejamento feito no traçado, na década de 30, foi mais acanhado em relação a outras cidades, como Maringá”, exemplifica Cristiane Biazzono, gerente de Projetos de Sinalização Viária e Controle de Tráfego do Ippul.

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Foto: Pedro Marconi

Segundo o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), Londrina possuía 366.748 veículos até o ano passado. Em 2007 este número era de 235.457, representando um aumento de 55%. Este total rende à cidade a segunda maior frota do Paraná, perdendo apenas para Curitiba, com 1.406.049 veículos circulando. O constante aumento de carros e motocicletas se torna um desafio para a equipe do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), órgão responsável por organizar o crescimento do município de forma integrada.


Plano Municipal de Mobilidade Urbana Para minimizar os efeitos do aumento de veículos nas cidades, o Governo Federal sancionou o projeto de lei 12.587/2012, que obriga todos os munícipios com mais de 20 mil habitantes a apresentarem um Plano Municipal de Mobilidade Urbana, com soluções para facilitar o deslocamento das pessoas. Como a maioria das cidades ainda não conseguiu apresentar este plano, o Senado discute a possibilidade ampliar o prazo para 2018. Londrina está entre os que ainda não concluíram o projeto. Cristiane explica que vários pontos que estarão neste projeto já fazem parte das propostas implementadas pelo Ippul, que inclusive estão presentes na Lei do Novo Sistema Viário de Londrina, aprovada em 2014, como faixas exclusivas para

ônibus, que começaram a ser implantadas em 2010, e as ciclofaixas e ciclovias. “Em primeiro lugar a priorização do transporte público coletivo, que já conta com mais 18 quilômetros, o que coloca Londrina em uma situação bastante diferenciada em relação à maioria dos municípios brasileiros”, destaca. Uma consultoria externa especializada será contratada para a confecção do Plano Municipal de Mobilidade Urbana. “Também temos a definição da macro administração viária pretendida para Londrina, como a definição do que é o anel de integração (sequência de vias com elevada capacidade de tráfego, que tem como objetivo promover ligações perimetrais entre diferentes quadrantes da cidade) e o contorno urbano. A medida de que


Londrina tem a segunda maior frota de veículos do Paraná novos loteamentos sejam abertos, os responsáveis já terão que adequar o espaço a esse anel de integração. Assim, aos poucos, ele está sendo construído”, destaca Cristiane.

O projeto de Lei do Novo Sistema Viário de Londrina também apresenta a aposta da cidade para melhorar a mobilidade urbana: o transporte público. De acordo com Cristiane, isto acontece para seguir toda uma legislação e pela incapacidade do município de dar vazão para o aumento da frota, em que precisaria desapropriar espaços para a criação de novas vias e o aumento de ruas. Sendo assim, a intenção é aprimorar o que já existe, com transporte ad20

equado, como é o caso do Superbus.

Além disso, projetos pontuais para os gargalos do trânsito existem, como “Calçada para todos”, que incentiva as pessoas a deixarem o carro em casa com a reforma das calçadas; a construção de um viaduto na avenida Dez de Dezembro; e a duplicação de vias, como a rua Goiás, Bolívia, Faria Lima, Humaitá, este último esbarra na capitação de recursos.

Com um grande trabalho pela frente, afinal Londrina tem mais de meio milhão de habitantes, alguns desafios ainda são encontrados para melhorar o fluxo viário. “Londrina


Fotos: Divulgação Prefeitura

precisaria de um investimento em uma central de semaforização, por exemplo. Temos mais de 200 pontos com sinaleiros que poderiam funcionar melhor, com uma otimização, garantindo um tempo de tráfego menor, principalmente na região central. Também alguns investimentos em tecnologia, que precisariam ser feitos, mas não são pequenos”, elenca.

Quando se fala sobre mobilidade urbana em Londrina, não podemos esquecer de um projeto que está em evidência na cidade: o Super Bus. Atualmente, com oito ônibus fazendo parte da frota, o projeto ainda está em sua “Fase 1”, englobando um investimento de aproximadamente R$ 143 milhões. Do total, R$ 19 milhões foram oriundos da prefeitura de Londrina e o restante de verbas do governo federal.

Superbus

Uma das grandes apostas da administração para levar a população a optar pelo ônibus ao invés do carro é o Superbus. Esta nova forma de transporte coletivo contempla veículos com suspensão a ar, wi-fi grátis, ar condicionado, monitor de TV 14 polegadas para informativos aos usuários, bancos com estofado e encosto para a cabeça, retrovisores elétricos, banco do motorista com volante ajustável em altura e profundidade, além de envolver toda uma estrutura, com faixas exclusivas, pontos de ônibus personalizados, terminais ligando as regiões da cidade e sistema inteligente de trânsito.

Assessor de projetos estratégicos da prefeitura, Carlos Alberto Geirinhas, um dos responsáveis pela

Superbus é a principal aposta do poder executivo para melhorar mobilidade urbana da cidade

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implantação do projeto na cidade e que cuida da parte infraestrutural do Superbus, explica que já estão sendo pensadas obras da “Fase 2” do Superbus, que contempla, até o momento, a criação de corredores exclusivos para a frota, para justamente priorizar a passagem dos ônibus. O investimento, no entanto, pretende custar o dobro do primeiro.

Já funcionando com oito veículos, sendo dois articulados e seis convencionais, Geirinhas completa que a fase atual é de demonstração para a população. “Esses oito veículos que estão circulando atualmente refletem apenas uma fase de demonstração do Superbus. A partir da nova gestão e da assinatura de um novo termo de referenciamento, o projeto deve aumentar”, projeta. Além disso, em parceria com a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), está em pauta a implantação de “sinaleiros inteligentes”, que darão a preferência aos ônibus. No primeiro, e único balanço do Superbus em Londrina, a CMTU calculou que já tenha atendido cerca de 93 mil usuários, em 2.700 viagens. 22

Obras bem vindas

Para o professor da Unopar, Ivan Lincon Oeda, o fluxo viário londrinense está sobrecarregado. “É comum (o sobrecarregamento) em cidades com centros de atividades concentradas em determinada região, em nosso caso a região central e a região da Gleba Palhano”, disse.

Em relação ao SuperBus, Oeda acredita que qualquer obra de melhoria é sempre bem vinda, porém faz uma ressalva. “Para que todo o sistema de transporte público funcione, a tarifa é o fator principal na escolha pelo público. Outro fator é a integração do transporte com a região metropolitana, o que de fato não ocorre em Londrina”, destaca. Perguntado sobre algum projeto em que considere pouco efetivo, o arquiteto foi cirúrgico. “Com certeza a duplicação da PR-445 é a mais que trouxe impactos negativos à nossa cidade. Uma obra vultosa dessa deveria ser melhor projetada em conjunto com a cidade, e não apenas representar uma solução para o estado. Creio que ainda veremos muitas coisas piorando nos próximos anos”, aponta.



PAISAGISMO


Infraestrutura verde nas cidades Fundos de vale são as apostas para conservação e economia nos espaços urbanos Por Agatha Zago e Amanda Machado


Fotos: Amanda Machado, Agatha Zago

De acordo com o arquiteto e urbanista Evandro Rodrigues, os projetos referentes a infraestrutura verde deveriam agregar os fundos de vale 26


O

conceito da infraestrutura verde está atrelado ao pensamento ecológico, sustentável e econômico exigido contemporaneamente nas construções e utilizações de espaço das cidades. Esse tipo de infraestrutura consiste em ambientes que possuem biodiversidades conservadas e que permitem escoamento de águas da chuva e o manuseio de rios urbanos. Ela surgiu da necessidade pela procura por fontes alternativas que auxiliassem uma condução consciente de captação de águas em espaços urbanos, de preservação da biodiversidade e até mesmo por questões estéticas e de lazer. A infraestrutura verde tem o intuito de minimizar possíveis catástrofes naturais por falta de planejamento do espaço urbano e contribui na redução de mudanças climáticas. Com essa proteção do espaço verde a cidade só tem a ganhar em benefícios para sua economia e sustentabilidade, além de conservar a natureza.

Fundo de vale

Junto a isso, temos os fundos de vale. Segundo o arquiteto, urbanista e ecólogo, Evandro Rodrigues, estes locais funcionam como uma calha natural, que recebem água da chuva e de todos os seus arredores. “Geralmente, é nestes ambientes que estão os corredores de drenagem das bacias hidrográficas. É interessante dizer também, que os fundos de vale são aquelas avenidas nas partes mais baixas do relevo urbano que em muitos casos estão sobre rios canalizados”, completou.

Os fundos de vale são verdadeiros corredores ecológicos, auxiliando na preservação de nascentes e tendo presença da mata ciliar a sua volta. Na cidade de Londrina temos como exemplo a Mata Luiz de Sá, o Marco Zero e os espaços do Lago Igapó e Cabrinha, todos protegidos por lei. Para Evandro, os fundos de vale são os locais em que devem ser pensados os projetos referentes a uma infraestrutura verde. “Esta relação é o elemento principal na tomada de decisões e deveriam estar presentes nas agendas de planejadores urbanos como peça chave no desenho urbano de uma cidade ou mesmo suas posteriores intervenções”, destaca Rodrigues. 27


Legislação

De acordo com a vereadora de Londrina, Elza Correia, os “fundos de vale são áreas inedificáveis e não existe legislação no município que se autorize qualquer tipo de construção nesses ambientes”. As leis vigentes que devem ser respeitadas por arquitetos ou engenheiros referentes a construções nestes espaços são: a Lei n. 12.237/2015, referente ao Plano Diretor e Parcelamento do solo, e a Lei n. 12.237/2015, referente ao Sistema viário. “A secretaria de obras o IPPUL devem garantir ou não a legalidade do projeto de construção apresentado por estes profissionais.”, acrescentou Elza. Porém, de acordo com a vereadora, em casos de construções, as irregularidades que ocorrem nestes espaços se devem a falta de fiscalização da Prefeitura. “Normalmente, o empresário recebe alvará provisório de construção, entretanto, em muitos casos, este alvará é usado como se fosse definitivo, então o empresário termina a obra de forma irregular e não recebe o habite-se”, comentou. A vereadora ainda explica que a função da Câmara de Vereadores sobre as construções nestes espaços é a de 28

fiscalização das ações do executivo. “Nesta questão específica, muitas vezes, só fica sabendo quando a obra já está pronta de forma irregular”, declarou Correia. Sendo assim, as possíveis construções e ocupações encontradas nesses fundos de vale são inconstitucionais.

Elza ainda afirma que recentemente foi criado uma Comissão de Fiscalização de Obras Irregulares aplicado por ela. A comissão verificou diversas irregularidades apresentando um relatório final ao Ministério Público e ao Governo Municipal. Sobre as penalidades, a vereadora explica que geralmente é cobrado uma multa ou firmado o Termo de Ajuste de Conduta (TAC), em que “O Governo apresenta uma contrapartida que deve ser cumprida pelo empresário”.

Coexistência

Evandro Rodrigues explica que são vários os embates nos quais construções em fundos de vale provocam ao meio ambiente. Segundo ele, os impactos são a impermeabilização do local, aumento de resíduos, supressão vegetal e o impacto na saúde da população que vive em construções em fun-


Fotos: Amanda Machado, Agatha Zago

A vereadora de Londrina, Elza Correia, conta que na Câmara de Vereadores tramitaram inúmeros projetos (envolvendo fundos de vale) que alteram as Leis que compõe o Plano Diretor de Londrina. Chegaram a tramitar mais de 30 projetos entre projetos do Executivo e de Vereadores muitos já aprovados ou rejeitados dos de vale, o que na maioria das vezes são irregulares ou clandestinas. “As pessoas vivem em áreas de risco, pois a supressão da vegetação torna o solo instável. Este é um problema social e ambiental. Muitas vezes dadas às costas das administrações geram gastos com saúde e infraestrutura aos cofres públicos, principalmente, no tratamento de doenças, como também, no abastecimento e tratamento de água”, comentou. Rodrigues ainda destaca que a prefeitura deve dar uma atenção maior a esses lugares, com potenciais ecológicos, estéticos e sociais. O arquiteto e urbanista ainda explica que apesar de os fundos de vale estar em diversas regiões, não estão sendo observados como deveriam, ou seja, como um sistema de gestão pública.

Evandro afirma que os locais que compreendem os fundos de vale deveriam ser espaços destinados ao público para o lazer, a conservação da biodiversidade, e principalmente da água, já que sua qualidade depende da conservação em que o ambiente a sua volta se encontra. Em uma cidade, os espaços físicos para as pessoas, a fauna e flora devem ser de coexistência, e não de segregação 29


ESPAÇO PÚBLICO


Nossa praça

As cidades precisam cada vez mais de áreas para socialização e as praças são ótimos lugares para isso Por Ellen Roman e Monica Perez


E

m Londrina existem aproximadamente 700 praças de caráter público, livre, sem restrições e destinados à convivência social. Lugares como ruas, parques, playgrounds, pistas de skate, jardins públicos, monumentos, reservas ecológicas, prédios tombados e praças no geral, representam um ambiente livre por não possuir complexas edificações.

De acordo com a gerente de projetos urbanísticos e edificação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL), Simone de Oliveira Fernandes Vecchiatti, os requerimentos referentes às praças representam 50% dos pedidos para desenvolvimento de projetos. “São requerimentos simples como parques, academias ao ar livre. A urbanização da praça como um todo, bancos, lixeiras, calçada, piso táctil e iluminação.” A arquiteta, urbanista e professora da Unopar Thamine Ayoub, observa que em alguns pontos centrais da cidade há praças que possuem maior infraestrutura e equipamentos adequados para atividades de lazer. “Já em praças mais periféricas, principalmente inseridas em bairros, vemos muitas delas que não tem nada, nem grama. É um terreno demarcado com meio fio que não tem calçada, apenas terra”, salienta. 32

Há ainda locais públicos que são apropriados pela própria comunidade e transformados em praças, como é o caso da Nossa praça, localizado no Jardim Sabará, entre as ruas Cristovão Cardoso de Barros e a Estácio de Sá. O espaço foi abraçado pela população local e transformado em uma praça com ilu-


minação e água, tudo cedido pelo município. O ponto de encontro não é denominado como uma praça pela Prefeitura, mas por conta da insistência de uma das moradoras do bairro, agora todos podem usufruir de um lugar arborizado e tranquilo. “Tudo começou há uns 8 anos

quando eu quebrei um vaso e fiquei com dó porque não tinha onde pôr”, lembra Cacilda, líder do grupo. Outra moradora, a dona Eni, conta que há algum tempo elas não tem mais o mesmo cuidado com a praça devido à falta de interesse dos outros. No entanto, estão fazendo planos para voltar a cuidar da praça.

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Diretrizes Urbanísticas

O processo de parcelamento do solo urbano em Londrina é burocrático e começa com as diretrizes urbanísticas no IPPUL. Qualquer construtora que tenha interesse em transformar uma área em loteamento urbano residencial ou industrial deve protocolar o pedido no Instituto. “A construtora vai receber a indicação de dentro da gleba onde deve ficar a área públi-

ca destinada a praça, ao lazer e recreação, aos equipamentos comunitários e as vias de circulação. Ela pode desenvolver o projeto da maneira que quiser e de acordo com os parâmetros legais das duas leis de parcelamento e a de ocupação”, afirma a arquiteta do IPPUL Ana Flávia Galinari.

Depois das diretrizes estão aprovadas e definidas pelo Instituto, a construtora entra num segundo

Há ainda locais públicos que são apropriados pela própria comunidade e transformados em praças


momento de aprovação na Secretaria de Obras, quando é detalhado o projeto de parcelamento do solo e definido a quantidade, as proporções e dimensões dessas áreas e aprovado o loteamento.

A Prefeitura dispõe do projeto “Boa Praça”, parceria realizada entre o IPPUL, Secretaria de Obras, Secretaria do Meio Ambiente e Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina. O projeto funciona a partir do interesse de empresários em determinados espaços, para promover melhorias e a manutenção do local. Após a liberação do pedido é feito um contrato de dois anos, e neste período, é permitido ao interessado utilizar o espaço para anunciar sua marca. De acordo com a gerente do IPPUL, a população em geral pode participar dessa iniciativa. “É uma forma de a prefeitura ter outras pessoas cuidando desse espaço público”, afirma.

10 dicas para projetar uma praça segundo as arquitetas e urbanistas Thamine Ayoub e Ana Flávia Galinari

1ª Localização onde todos possam ver, para evitar a apropriação indevida por drogadilhos e vândalos;

A inclinação deve ser suave, não excedendo 15% do terreno;

3ª Deve ser arborizada; 4ª Integrada pela população, com cuidado e trato do espaço;

5ª Não devem estar localizadas em locais de alto fluxo de automóveis;

6ª Deve conter piso táctil; 7ª Deve conter elementos de socialização, como bancos e mesas arranjados de forma a promover a interação entre as pessoas que frequentam o local;

8ª Levar em conta uma parcela de área permeável;

9ª Necessário área para o lazer ativo como quadras e espaço para caminhadas;

10ª E promover um espaço de amenidade e contemplação

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ETAU


Foto: Reprodução

ETAU realiza projeto de revitalização na Vila Portuguesa Um dos motivos da escolha do terreno se deu pela necessidade de renovar a história Por Larissa Andrade


O

Centro Social Urbano (CSU) da Vila Portuguesa, mais conhecido como Buracão, foi inaugurado em 11 de março de 1979 por meio de recursos federais do Programa Nacional de Centros Sociais Urbanos (PNCSU) com intuito de centralizar a integração comunitária. O local possui uma Unidade Básica de Saúde (UBS), um almoxarifado da Secretaria Municipal de Assistência Social, a 5ª Companhia Independente da Polícia Militar, unidades com atividades para idosos, contra turno para as escolas municipais e é cortado pelos córregos Bom Retiro e Ibiá. O Buracão conta com pista de caminhada, campo de futebol, quadra poliesportiva, palco para apresentações, pista profissional de skate, academia ao ar livre, caixa de areia para prática de atletismo, academia para exercícios pesados, entre outros espaços criados para o lazer e a prática esportiva, mas que hoje estão degradados e até inutilizáveis. A equipe do Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo (ETAU) vem há cerca de um ano trabalhando no projeto de revitalização do local, criando diagnósticos a partir de visitas in loco para conhecer todos os espaços e entender as necessidades das pessoas que o frequentam, por meio também de entrevistas com os moradores da região. Um dos integrantes do grupo, Elton Charles Pereira, conta que o trabalho funciona como um tipo de ar38

queologia urbana, para entender o que existia nos espaços e explorar ao máximo as possibilidades de revitalização de cada um.

Um dos motivos da escolha do terreno, para Leandro Starni, também membro da equipe, se deu pela necessidade de renovar a história da sociedade que sempre usufruiu do local e por notar certa divisão na forma como as gestões públicas olham para a cidade. É evidente a diferença das praças existentes na região centro-sul em relação ao terreno abordado, que recebe ali classes sociais menos abastadas e que agora, por não ter a devida infraestrutura, acabou se tornando um local marginalizado.

Propostas

Com a conclusão do diagnóstico e coleta de informações, foi determinado o fluxo de pessoas, os espaços mais utilizados, quem os utiliza, a existência de caminhos alternativos e como torná-los fixos, o detalhamento dos materiais que serão utilizados, os tipos de equipamento a serem implantados e as ideias de revitalização. Como ideias, foram pensadas a construção de uma marquise como forma de agregar a pista de skate à dança e ao grafite, novos equipamentos para o parquinho, podendo ser utilizado também nas


Fotos: Larissa Andrade

Devido a precariedade do local a pista de skate alaga em dias de chuva, tornando-a inutilizável

atividades contra turno das escolas municipais já existentes no CSU da Vila Portuguesa, além de uma ciclovia e uma nova pista de caminhada que passa por dentro e por fora dos espaços.

os conceitos, a equipe voltou ao local para expor todas as estratégias de revitalização e saber a opinião da comunidade, para o último apontamento e ajuste das considerações fiDepois de elaborar o nais. Como uma forma projeto e definir todos de tornar viável a ex-

ecução do projeto, todos os materiais propostos são recicláveis e reutilizáveis para que haja maior custo benefício, um argumento relevante para torná-lo possível. O projeto já finalizado foi entregue à Prefeitura Municipal de Londrina. 39


BIOGRAFIA


Jan Gehl,

o especialista em idealizar espaços públicos

Ele acredita que as ciências sociais e psicológicas deveriam ser estudadas nas escolas de arquitetura e urbanismo Por Beatriz Paludetto e Tauan Rodrigues Foto: Reprodução


J

an Gehl é um arquiteto e urbanista nascido no ano de 1936, em Copenhague, Dinamarca. Atualmente, ele é professor universitário aposentado e possui uma empresa de consultoria, Gehl Architects, com alguns sócios. Tornou-se mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Academia Real de Belas Artes da Dinamarca em 1960. Gehl recebeu uma bolsa de estudos da instituição para “estudos da forma e função dos espaços públicos” e foi nesta época em que começou a dar aulas na Dinamarca e em diversos outros países como Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, México, entre outros.

O arquiteto e urbanista é mundialmente conhecido por planejar e desenvolver cidades para as pessoas,tornandose uma das principais referências no tema de desenho urbano e espaços públicos. Gehl acredita que a Arquitetura e o Urbanismo têm um grande envolvimento com o desenvolvimento humano. “Descobrimos que o comportamento das pessoas depende do que você as convida a fazer”, quanto mais ruas houver, mas tráfego haverá. Um ambiente público mais atraente será usado por mais pessoas”, disse o dinamarquês em uma entrevista ao jornal suíço Tages Woche.

Interdisciplinaridade

Ao desenvolver projetos para as cidades, Jan Gehl considera primordialmente os indivíduos. Por isso, ele defende que as Ciências Sociais e Psicológicas sejam ensinadas no curso de Arquitetura e Urbanismo.

Sua esposa foi uma grande influenciadora deste seu pensamento, psicóloga, ela o fazia pensar na funcionalidade das coisas e não apenas nas formas.

Junto com outros colegas, Gehl e sua esposa, Ingrid Mundt, marcavam reuniões semanais em sua residência para discutir as ligações entre Sociologia, Psicologia, Arquitetura e Urbanismo e Planejamento. Isso fomentava ainda mais sobre sua ideologia de criar e planejar 42


cidades para o bem estar das pessoas. Alguns de seus livros que tratam deste assunto ficaram mundialmente famosos, como: “Cidades para pessoas” (Cities for People), “Vida entre os edifícios” (Life Between Buildings), “Novos espaços urbanos” (New City Spaces), “Como estudar a vida pública” (How to Study Public Life), “Espaços públicos, vida pública” (Public spaces, public life), entre outras obras. Stroget é um marco urbanístico

Cidade para as pessoas Em seu primeiro livro publicado juntamente com Lars Gemzøe, “Novos espaços urbanos”, Gehl fala sobre a Strøget, a primeira rua criada apenas para pedestres da capital dinamarquesa, Copenhague. Para ele, priorizar as pessoas é o melhor que se pode fazer para uma cidade. Esta rua era uma importante avenida comercial e o anúncio de seu fecha.

Fotos: Reprodução


Fotos: Reprodução

O objetivo principal na Av. São João e Largo Paissandú é criar um ambiente seguro e confortável para pedestres e passageiros

mento para virar um grande calçadão provocou revlolta dos comerciantes na época. Eles pensavam que o clima frio da Dinamarca não possibilitaria a convivência das pessoas no espaço público e assim as suas vendas diminuiriam. Felizmente Gehl estava certo, o calçadão de quase um quilômetro começou a lotar de gente e as vendas do comércio triplicaram.

Princípios

Se um lugar proporciona o contato visual entre as pessoas e tem uma infraestrutura correta para evitar uma 44

experiência sensorial desagradável, está cumprindo dois dos 12 princípios criados pelo arquiteto e urbanista Jan Gehl, juntamente com Lars Gemzøe e Sia Karnaes, para poder perceber se um espaço público é bom ou não para a sociedade. Tais princípios são: proteção contra o tráfego, segurança nos espações públicos, proteção contra experiências sensoriais desagradáveis, espaços para caminhar, espaços de permanência, ter onde sentar, possibilidade de observar, oportunidade de conversar, locais para exercitar-se, escala humana, possibilidade de aproveitar o clima e boa experiência sensorial.


Obras Gehl, hoje em dia trabalha apenas em sua consultoria de Arquitetura e Urbanismo com seus parceiros buscando a melhoria das cidades, muitas cidades mundialmente famosas já usufruíram de seus trabalhos, como Nova York, Moscou, Cidade do México e até Rio de Janeiro e São Paulo.

Em São Paulo, Gehl fez oficinas para técnicos do município para incentivar os moradores o uso e permanência nas praças públicas. Em colaboração com a empresa METRO Arquitetos Associados, transformaram os Largos do São Francisco e Paissandu em parklet. Apesar de provisórias, a ideia é que as transformações dessas áreas permitem que os cidadãos e usuários vivenciem as mudanças imaginadas para longo prazo e participem das discussões em torno de alternativas urbanísticas para a área central. Os espaços terão bancos em muretas e canteiros, decks de madeira com guarda-sol e cadeiras de praia, equipamentos de lazer e ginástica, além de programação cultural que inclui feirinha gastronômica, shows, projeções de cinema e vídeo e karaokê.

Unopar

No curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar, as ideias humanistas de urbanismo são muito utilizadas, visto que esta é a identidade do curso. A Coordenadora Renata Romagnolli Basso acredita que “para o arquiteto ou estudante de arquitetura é fundamental saber que para mudar uma cidade ou intervir nela é preciso conhecê-la a fundo”. Renata afirma que a maior contribuição de Gehl ao curso é o conhecimento dos vínculos e contatos que uma cidade cria entre seus habitantes. “A proposta trabalhada por Gehl e a qual passamos aos nossos alunos tem a ver com o entendimento de que a cidade deve ser criada para o convívio ao nível dos olhos, para a qualidade de vida. Nada de busca pela forma, mas pela escala humana”, conclui ela.

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METODOLOGIA DE PROJETO

Os engenheir d


ros

Niemeyer

de

Parceria entre o arquiteto e os engenheiros Joaquim Cardozo e José Sussekind possibilitou a execução das obras monumentais de Niemeyer Por luana sorgi e lugas popolin


Q

uando ouvimos o nome Oscar Niemeyer, a primeira coisa que nos vem à cabeça são obras muito bem elaboradas e curvas que serpenteiam com muita precisão. Niemeyer foi responsável por obras monumentais na cidade de Brasília e outros tantos projetos ilustres no Brasil e no Mundo. Porém, muitos apreciadores do seu modo único de trabalho não imaginam o quão

Foto: Reprodução

importante foi o papel dos engenheiros de confiança de Niemeyer para poder realizar construções consideradas impossíveis e estonteantes.

Joaquim Cardozo

O primeiro engenheiro foi Joaquim Maria Moreira Cardozo, que também era poeta. Classificado pelo próprio Niemeyer como “o

brasileiro mais culto que existia”, Cardozo foi responsável pelo cálculo de vários monumentos relevantes para a história brasileira, incluindo o Palácio da Alvorada, a Catedral Metropolitana de Brasília e o Congresso Nacional. Joaquim foi um dos protagonistas da história construída por Niemeyer. A primeira obra que atuaram juntos foi a Igrejinha da Pampulha, em

José Carlos Sussekind junto a Niemeyer (no meio), o engenheiro auxiliou na construção memorável do Sambódromo da Marquês de Sapucaí 48


1943, na cidade de Belo Horizonte. Devemos ressaltar que naquela época, para fazer os cálculos necessários, não se tinha o auxílio do computador, tudo era feito a base do papel e lápis.

do tinha aproximadamente 20 anos e estagiava no escritório de Joaquim Cardozo. Após a morte de seu chefe, Niemeyer lhe ofereceu uma vaga como engenheiro e, a partir daí, começou uma grande amizade.

gostavam ou não, mas o importante era sempre estar criando obras diferenciadas, sempre dando uma importância grande a estrutura, com muitos vãos e espaços, sem muitas particularidades.

Após a morte de Cardozo, quem continuou ao lado de Niemeyer executando suas obras foi o engenheiro especializado em estruturas em fundações, José Carlos O engenheiro conta que Niemeyer gostava de ver Sussekind. a singularidade em seus Sussekind conheceu o projetos, para ele não famoso arquiteto quan- importava se as pessoas

José Carlos Sussekind ficou ao lado de Oscar Niemeyer até seu falecimento em 05 de dezembro de 2012, aos 104 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, de infecção respiratória.

Sete anos antes de sua morte, ocorreu um acidente trágico em uma obra que estava sendo desenvolvida por ele e Oscar. A obra em questão era o Palácio de Exposições do Bairro da Gameleira, em Belo Horizonte. O prédio desabou matando 69 operários e deixando outros 50 feridos. Ele foi julgado e, logo após sua absolvição, deixou de atuar.

José Carlos

Em uma entrevista concedida em 2012 para a revista Veja, Sussekind enfatizou: “Começamos com uma relação estritamente profissional, mas, um segundo depois, eu já estava encantado com ele. Tive o privilégio de fazer parte do círculo de amigos e, com o passar dos anos, a geração dele foi morrendo e, por ser mais novo, fui dos únicos a restar. Tivemos uma relação muito próxima. Quando nos reuníamos, falávamos 20 ou 30 minutos sobre trabalho e ficávamos de 2 a 3 horas batendo papo. É difícil separar o trabalho da amizade, foram mais de 40 anos juntos”.

Os projetos eram considerados desafiadores e audaciosos, por isso levavam algum tempo, as vezes 10, 20, 30 anos. Sussekind usava a expressão "travessuras técnicas" para elucidar o seu trabalho ao lado de um dos maiores arquitetos brasileiros. Juntos suas obras mais marcantes foram o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, a Sede da Procuradoria Geral da República e a Universidade Mentouri de Constantine, na Argélia.

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Estudante fala sobre a importância do Centro Acadêmico para o curso de Arquitetura e Urbanismo Por MARIANA LOPES

N

esta edição, a Revista Vesta conversou com o estudante Luis Severiano Junior, 24, presidente e um dos idealizadores do Centro Acadêmico João Batista (CAJOB), do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar. Criado em 2015, o CAJOB, como é popularmente conhecida a entidade estudantil, surgiu da busca dos próprios alunos por sua representatividade dentro do curso. Com uma proposta de debate e horizontalidade na tomada de decisões, o Centro Acadêmico tem discutido o direciona-

mento da graduação e também promovido eventos. Um deles foi o Trote Solidário, realizado em março deste ano, quando os alunos do curso participaram da revitalização da Associação Flávia Cristina. RV - O que é o Centro Acadêmico e como ele é formado? LSJ - O Centro Acadêmico João Batista, O CAJOB, é uma instituição independente criada e dirigida pelos estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar, que visa representar os estudantes dentro e fora da universidade. Ele é formado por alunos devidamente matriculados eleitos pelo voto direto. A atual gestão possui cinco membros, dentre eles: Luís Severiano Jr – Presidente; Gabriela

Foto: Facebook/CAJOB

ESPAÇO DO ESTUDANTE

Luis Severiano Junior


Diretoria do CAJOB (Luis ao centro) durante Trote Solidário realizado em março deste ano Almeida - Vice Presidente; Letícia Anklan – Primeira Secretária; Amanda More – Tesoureira; Marcos Sábio – Diretor Geral RV - Desde quando o CAJOB existe? LSJ - O CAJOB foi fundado em outubro de 2015. Foi delegada uma comissão de fundação que ficou encarregada de escrever o atual estatuto, este posteriormente foi revisado e aprovado pelos estudantes por meio de uma assembleia geral.

RV - Desde quando você faz parte do Centro Acadêmico e qual a sua função?  LSJ - Em 2015 vi a necessidade da criação de uma instituição que representasse os estudantes do curso, conversei com alunos interessados e amadurecemos essa ideia, fomos atrás das informações necessárias e conseguimos colocar tudo em prática. Portanto, estou desde o início neste projeto, sou

o idealizador e um dos fundadores do nosso Centro Acadêmico. Eu sou também o Presidente. Respondo legalmente pelo CAJOB, mas as nossas decisões são tomadas em coletivo, acreditamos que todas e todos devem ter voz, estando na direção ou não. Os estudantes podem e devem propor pautas e contribuir com ideias, assim como, fazer reclamações e apontar o que acreditam não estar indo bem. 51


RV - O que o CAJOB proporciona aos alunos de Arquitetura e Urbanismo? LSJ - Nossa gestão atua principalmente na organização dos estudantes e representação dos seus interesses frente a coordenação do curso e fora da instituição nos diversos debates sobre a nossa cidade. Dentro da instituição promovemos debates e palestras para aproximar os alunos destes temas. Atuamos também na organização de eventos como o Trote Solidário, festas e viagens. Além de lutar por melhorias na qualidade de ensino do curso, o CAJOB busca representar a visão do estudante de arquitetura e urbanismo fora da instituição. Levar o olhar de quem tem a cidade como o seu principal objeto de estudo e trabalho, a fim de contribuir com uma sociedade mais justa e igualitária. Trazemos, também, estas discussões para dentro do curso para despertar nos estudantes este olhar mais humanista da nossa sociedade e contribuir, assim, para a formação de profissionais mais conscientes da sua importância para a transformação da nossa sociedade. RV - Existe alguma relação dos professores do curso de Arquitetura com o Centro Acadêmico? LSJ - O CAJOB é independente, todas as decisões são tomadas pela sua 52

direção e pelo voto dos estudantes através das assembleias gerais. Porém uma das nossas bandeiras é a luta por uma melhor qualidade no ensino e acreditamos que uma das formas de isso acontece passa por uma melhor integração entre alunos e professores. Por este motivo mantemos uma boa relação com os professores da instituição e, inclusive, apoiamos muitas de suas bandeiras como por exemplo a valorização da profissão. Alguns professores do curso são frequentemente consultados e auxiliam em nossos projetos, como é o caso da professora Thamine Ayoub que é a nossa maior parceira neste sentido.

RV - Cada instituição tem o seu centro acadêmico? LSJ - Infelizmente em muitas instituições não há o conhecimento da possibilidade da criação deste mecanismo de participação dos estudantes e, geralmente, quando os alunos a descobrem, muitas vezes são desestimulados pela própria instituição, que muitas vezes vê o centro acadêmico como uma ameaça. Nós do Cajob temos como uma de nossas missões estimular a criação de centros acadêmicos que representem os demais estudantes dos diversos cursos da nossa instituição.



PAISAGISMO

Do palmito o repertรณrio a de Lon

Entre os anos de 1930 e 1970, o norte do Paranรก partir dos materiais dispo


o à madeira: arquitetônico ndrina

á foi caracterizado por um conjunto arquitetônico a oníveis: palmito e peroba-rosa Por Aleksa Marques e Gabriela Nogueira


T

udo começou com George Craig Smith. Ele chegou com sua caravana em 1929 dando início a uma era arquitetônica que marcaria para sempre o norte paranaense. E assim mais de dez homens inauguraram, com casas inicialmente feitas de palmito, o Patrimônio Três Bocas, primeiro nome dado a Londrina. Tempos depois, muitas outras caravanas chegaram e o lugar foi consumido por donos de terra, trabalhadores e compradores: o Patrimônio se transformou num verdadeiro canteiro de obras.

Atendendo às necessidades imediatas, edificações precárias foram feitas para abrigar os imigrantes vindos majoritariamente da Itália, da Alemanha e do Japão. Sem preocupação com estrutura e durabilidade, os homens passaram a utilizar outro material que também estava ao alcance: a peroba-rosa. Na época, a madeira era encontrada em abundância por aqui e foi a matéria-prima mais explorada até meados de 1970, época de escassez da espécie por conta do desmatamento. Recentemente uma pesquisa feita por graduandos de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL) resultou na visita de 41 ruas do centro de Londrina e no 56

registro de 138 casas que ainda traziam a lembrança da Londrina de madeira. “Uma coisa que eu gostei bastante de ver nas casas foram as taramelas para fechar a porta. Aquilo me fascinou. Outro detalhe marcante foi o xadrez para refrescar a casa”, conta o pesquisador Matheus Sussai.

Eldorado

Com o material nas mãos, os imigrantes ergueram suportes em madeira roliça, usaram a casca de palmito para fazer as paredes e o chão de tábuas extraídos da peroba, tudo serrado e esculpido manualmente para o surgimento de uma nova fase. Com o tempo, a “Terra da Promissão”, o primeiro momento da cultura arquitetônica de construção em madeira em Londrina, foi perdendo sua simplicidade e caráter provisório e dando lugar ao “Eldorado”. Escadas, porões, rampas e a cor natural da madeira passaram a dar vida às edificações. Esse período foi de 1940 a 60 e ficou marcado pelo ápice da cultura da madeira no norte paranaense. Casas do Eldolrado são mais elaboradas, com um repertório arquitetônico rico e técnicas avançadas de construção que uniram o saber dos imigrantes com a mão


de obra local.

“Quase não vimos casas do primeiro período. A maioria vem do Eldorado, são casas mais pensadas estruturalmente. Elas têm porão e varanda e muita gente aluga o porão. Às vezes o morador não sabia a data de construção, porque era locatário, mas a característica denunciava a casa”, explica Sussai.

Fim

Com a falta da peroba e o término do ciclo madeireiro da região, a partir de 1970, é chegado o fim da cultura arquitetônica em madeira. Apesar

Fotos: Gabriela Nogueira

Sala da casa de madeira em Londrina, construída na década de 50, pintada após a edificação

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da resistência da peroba, aos poucos a alvenaria foi ganhando espaço e acompanhando o crescimento da metrópole. A crise econômica e social que havia se instaurado fez com que os povos saíssem dali em busca, quem sabe, de uma nova “Terra da Promissão” ou até um novo “Eldorado”.

O aposentado José Garcia Campos é um dos londrinenses que manteve os pés e as estacas na residência. Ele nasceu em 1947 e mora atualmente em uma das 138 casas de madeira restantes no centro da cidade, mais precisamente na rua Uruguai. Ele conta que seu pai, empregado da Companhia de Terras do Norte do Paraná (CTNP), mandou construir a casa na década de 1950. Desde então, o local já passou por pinturas, acréscimo de cômodos e pequenas revitalizações, mas a peroba continua fazendo parte da história da casa.

“Muitas casas que visitamos estavam bem velhas, bem deterioradas. Mas os moradores disseram que a peroba-rosa é uma madeira de qualidade muito boa. Vários contaram que para colocar um prego na parede é muito 58

difícil, tem que ter furadeira, porque a peroba é uma madeira muito dura”, narra a pesquisadora Sonia Dantas.

Assim como a maioria das casas catalogadas, a residência de Campos tem varanda e porão. Esse último cômodo já serviu de morada para a irmã do aposentado. Segundo ele, o local era dividido em sala, cozinha e quarto, mas hoje virou depósito de “tranqueiras”. Além do porão, a pequena casa é composta por sala, dois quartos, cozinha, banheiro ao lado do porão, outro de alvenaria construído posteriormente, varanda e um quintal grande e arborizado.

Pesquisa

A pesquisa desenvolvida por Dantas e Sussai resultou na produção do Mapeamento e do Inventário das Casas de Madeira na Região Central da Cidade de Londrina/PR. Entre as 41 ruas percorridas, os historiadores constataram que 18 já não tinham casas de madeira. A rua Uruguai foi a que mais resistiu ao tempo nesse sentido, foram fotografadas e


JosĂŠ Garcia Campos, aposentado apaixonado pela histĂłria da cidade 59


catalogadas 22 casas no trecho.

O trabalho, encerrado em 2014, teve a orientação da professora Zueleide Casagrande de Paula e o objetivo de gerar maior compreensão da história do município através das casas pioneiras que ainda havia no centro. “As casas de madeira são patrimônios que deveriam ser preservados. Mas, como a peroba-rosa hoje é muito cara, vários moradores disseram que não têm condições de reformar e acabam tendo que se desfazer”, relata Dantas. “Elas estão desaparecendo do centro da cidade. Daqui talvez uns 20 ou 30 anos não existam mais”, completa.

Com a elevação da rua, a casa de Campos tornou-se um tesouro escondido pelo desenvolvimento da metrópole. E, se depender do apaixonado por história, seu lar continuará sendo uma raridade entre as casas desfeitas. “Não quero sair daqui, mamãe e papai fizeram essa casa com muito sacrifício. As construtoras sempre oferecem preços baixos. Mas a minha casa eu não vendo, não tem preço. Não tem homem que gosta de mulher feia? Então, eu gosto daqui. Mas eu sei que, quando eu morrer, vão demolir ela”, relata Campos. 60


Varanda anexada à casa de madeira após a construção original Foto: Matheus Sussai

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Fabricação digit caminhos para

TECNOLOGIA

Por Izaias Lopes e Laís Azevedo

C

onhecida como prototipagem rápida, a fabricação digital é o trabalho que utiliza impressora 3D para produzir objetos a partir de modelos digitais, desenvolvidos em computador. O primeiro caso de objetos desenvolvidos nessa plataforma foi no ano de 1952, tendo utilizado peças complexas de aviões. Desde então, a impressão em 3D tem adquirido espaço na área de arquitetura e urbanismo por conta de sua eficiência no desenvolvimento desses materiais. Henrique Stabile, arquiteto e urbanista, mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, também professor no IED – Istituto Europeo di Design de São Paulo e designer, entrou neste mercado na

Unopar promoveu w orgânica ministrado para estudantes Arquitetura

Modelagem Orgânica montad do professo


tal aponta novos a a Arquitetura

workshop de modelagem o por Henrique Stabile s e profissionais de a e Urbanismo Fotos: Divulgação

da por participantes com orientação or Rodrigo Alves

época de sua graduação, feita na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Foi durante o curso que Stábile começou a se interessar por formas complexas e as maneiras como eram construídas e concebidas. Foi em uma temporada de trabalho em Xangai na China, que o arquiteto teve acesso a tecnologias de ponta. “Por esta experiência voltei ao Brasil e recebi diversos convites para participar de projetos que envolviam estas áreas e, portanto acabei me especializando nelas”, relata ele. Transformando grandes ideias em formas conceituadas dentro da Arquitetura e Urbanismo, a fabricação digital pode auxiliar no desenvolvimento de projetos como mobiliário, interiores, cenografia 63


e moda. Além disso, ela tem sido uma das grandes aliadas dos projetos arquitetônicos e tem aberto oportunidades de mercado. “A fabricação digital pode trazer uma melhor compreensão dos diversos processos e etapas de um projeto de arquitetura. Mais precisamente em como podemos trazer uma obra do digital para o físico, uma vez que hoje projetamos tudo direto no computador”, enfatiza Stabile.

Ensino

Os ambientes acadêmicos devem estar preparados para desafios tecnológicos, além de atividades que estimulem às experiências de aprendizagem dos alunos. Inserir entrevista com o Rodrigo. Para Henrique, as questões relacionadas à fabricação digital devem ser inseridas no curso de Arquitetura e Urbanismo de forma prática, para que o aluno possa adquirir experiência para o mercado de trabalho. “Estas questões devem ser abordadas de maneira mais prática, de forma que o aluno bote a mão na massa de verdade. Entretanto, por tratarem-se de assuntos menos acessíveis e que exigem um maior conhecimento técnico, os workshops e oficinas práticas tem se mostrado o melhor caminho para a introdução do assunto na graduação”, finaliza Henrique. 64


Participantes no workshop de modelagem orgânica no processo de montagem da construção de um pavilhão de dupla curvatura

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Auditór

Acadêmicos do 6º semestre de Arquit desenvolvimento de seu projeto pa

DESTAQUE ACADÊMICO

Por Elton Charles Pereira e Rafael Dacal Woitas Colaboração de raíssa Bessa

E

xprimiremos aqui o processo criativo, especificações de materiais e diretrizes que perfizeram chegar-se a solução final do auditório RUA, que faz parte da conjuntura de equipamentos de apoio de um hotel com um apelo cultural e interativo.

A conceituação ou abstrações foram extremamente singulares e, assim, a ideia conceitual surgiu das discussões sobre as ruas e suas interatividades heterogêneas, suas peculiaridades e seus problemas intrinsicamente humanos, a massa que se move, mas não se “toca”. Portanto, a partir desta discussão foi promovida a proposta de trazer e fazer um espaço interativo, topoceptivo e simbólico que traria um convívio destituído da inércia de um auditório comum, onde a primeiro momento pensa-se em ouvir e não


rio RUA

tetura e Urbanismo da Unopar explicam o ara a disciplina de Conforto Ambiental

Vista lateral. Os painéis de madeira sobem em curva e se tornam as placas superiores até descerem no outro lado do auditório. São quatro painéis em que são intercalados com fechamentos em vidro acústico

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em interagir-se. Fomos que possa se ter e criar na oposição deste para- disposições diversas do equipamento, a solução doxo dos auditórios. foi a rotação individual A materialização ou como uma catapulta e a partido arquitetônico, própria costas tornando como afirmado que o o piso posteriormente, auditório tinha já um loincorporando a concal pré-determinado, seceituação e criando uma gundo pavimento de um dinâmica de uso dos esedifício de 11 andares, a paços, um auditório que forma retangular do espode ser uma praça. paço tendia a direcionar e engessar formas in- Solucionando a acústidicadas para solucionar ca, a partir do ponto emissor foram instalaa acústica. das, no concreto, placas Ambas as paredes lat- em madeira acústica erais serão aproveitadas dupla em obliquidade com pinturas urbanas com esquadrias em vie espaços para a ex- dro duplo, a cada vértice posição de artes, as es- sequencialmente avança quadrias com aberturas 20 cm, chegando a um para o exterior eviden- afunilamento final de 1 cia a interatividade pro- m. O teto foi resolvido posta, através do olhar. em conversação íntima Uma das singularidades com as placas em mado RUA é o equipamento deiras dispostas nas que por si só é a essência paredes e com a própria da ocupação do espaço, forma de disposição, nas as poltronas, a ideia de arestas de intersecção movimento e de espaço entre parede e teto foi interativo tem seu ápice quebrada a angulação de nos assentos que podem noventa graus com uma desaparecer e tornar as curva suave. As placusualidades infinitas, foi as de madeira no teto criado no rés do piso es- foram sendo de variapaço para a acomodação das alturas sem uma hode uma por uma de modo mogeneização, foi pre68

visto uma inclinação no piso de 8,30 por cento, suave, portanto. Todas as chapas de madeira duplas das paredes e tetos contam com lã de rocha permeando, a esquadria de vidro 10 mm duplo conta também com um vácuo, podendo ser aberta, o piso foi revestido com carpete têxtil cooperando com a diminuição da reverberação, as poltronas em tecido com detalhamento em madeira. As escolhas dos materiais foram embasadas em pesquisas, análises e custo, escolhidos assim, o uso de chapa de madeira, vidros temperados, carpete, lã de rocha e cortina acústica. A solução acústica é solucionada basicamente no desenho e disposição dos elementos vedantes. Trabalho desenvolvido em conjunto cooperou para o produto final a partir de discussões e divergências, o momento criativo foi extremamente importante para se chegar à conjuntura do RUA.



COLUNA CEAL

Conheça o Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina

O

Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL), foi fundado em 26 de outubro de 1953, é uma entidade que representa os profissionais das engenharias, da arquitetura e demais setores relacionados à cadeia da construção civil. São mais de 60 anos de “luta saudável” em busca dos interesses das classes e da sociedade. O CEAL avaliza as ações de uma população que pretende viver em uma cidade com qualidade de vida. Assim, a entidade atua como porta-voz e defensora desses ideais, na atualização profissional e em assuntos de interesse da sociedade. No campo profissional, o clube promove a boa relação das classes, com o intuito de valorizar as atividades profissionais de maneira digna e justa, tendo como exemplo o Agiliza Obras, o Projeto Casa Fácil e a Câmara das Políticas Públicas. Está presente em assuntos relevantes para a comunidade, participando e atuando com representação em Conselhos Municipais.


Serviços à Sociedade O CEAL é responsável por alguns serviços à comunidade tais como: A participação na criação da Funtel/Ipolon e do IPPUL que teve participação significativa para a implementação da UEL e inclusive do curso de Engenharia Civil na instituição de ensino. O Projeto Casa Fácil, no qual foram elaborados aproximadamente 3.700 projetos em Londrina e o respectivo diagnóstico sociológico, assim como atendimento à algumas cidades da região de Londrina.

O Clube foi responsável pela fundação da Associação Profissional da Construção Civil de Londrina em 8 de maio de 1970 que mais tarde passou a se chamar SINDUSCON NORTE-PR.

O CEAL faz parcerias com universidades e instituições de ensino voltadas ao aprimoramento profissional, representação e participação nos eventos, comissões e conselhos do CREA-PR. E trabalha, também, com a realização e apoio em eventos como: palestras técnicas, cursos, seminários, feiras, jornadas, mostras de trabalhos de graduação; semanas de engenharia e arquitetura com profissionais de renome nacional, e palestras técnicas em parceria com fornecedores de materiais e equipamentos nas áreas de engenharia, arquitetura e afins.

Texto enviado pela assessoria de Imprensa do Clube dos Engenharia e Arquitetura de Londrina. As opiniões aqui expressas são de responsabilidade do CEAL e não refletem obrigatoriamente o posicionamento da Revista Vesta.


A MANUAL DE PORTUGUÊS

língua portuguesa quase sempre nos deixa cheios de dúvidas. A gramática ainda é um grande mistério para muitas pessoas , apesar de sermos falantes habilidosos e de sabermos adequar a linguagem de acordo com a necessidade de cada situação, às vezes ficamos na dúvida sobre o uso correto de algumas expressões. Algumas vezes a gramática da língua portuguesa pode confundir os falantes, mas existem dicas de português que podem facilitar a sua relação com o nosso idioma: 1: Para mim fazer ou para eu fazer? Bom, para acabar de vez com a dúvida, basta pensar que mim é um pronome pessoal oblíquo, portanto, não pode exercer função de sujeito em uma oração. O mim não faz nada, certo? O correto é para eu fazer. 2: Menas ou menos? Essa é fácil, até porque a forma menas simplesmente não existe. 3: Como se diz, quatorze ou catorze? Você pode optar por qualquer uma das formas, pois ambas estão corretas.

4: São uma hora da tarde ou é uma hora da tarde? O verbo ser deve concordar com as horas, portanto, “é uma hora da tarde”, “são duas horas da tarde” e assim por diante. Lembrese de que “são doze horas”, mas se for substituir o “doze horas” por “meio-dia”, então será “é meio-dia”. 5: Está fazendo zero graus ou está fazendo zero grau? Se o zero é singular, devemos, pois, atentarnos à concordância. O correto é “zero grau”, no singular.

Visto em: http://portugues.uol.com.br/gramatica/dicas-port


6: Anexo ou em anexo? Dizer que algo está em anexo é o mesmo que dizer que algo está anexado, portanto, a palavra deve concordar com o substantivo a que se refere: Anexas seguem as promissórias. Anexo segue o recibo. Os documentos solicitados estão anexos. Em anexo é uma forma invariável, portanto, não vai para o feminino e nem para o plural: Em anexo, seguem as promissórias. Em anexo, segue o recibo. Em anexo, seguem os documentos solicitados. 7: Seje ou seja? Essa também é fácil, até porque não existe a forma seje, tampouco esteje. No presente do subjuntivo, os verbos ser e estar são seja, esteja e tenha.

8: Ela sempre quiz ou ela sempre quis? Lembre-se: quiz, com z, não existe! O certo é quis, pois o som /z/ na conjugação do verbo querer deve ser grafado com “s”: quisera, quiseram, quiseste, etc.

9: Houveram muitos desentendimentos ou houve muitos desentendimentos? Quando ao verbo haver for atribuído o sentido de existir ou acontecer, ele é impessoal, isto é, sem sujeito, portanto, só pode ser usado no singular. O correto é “houve muitos problemas”. 10: Degraus ou degrais? Só existe uma forma correta para o plural da palavra degrau, e essa forma é degraus. A terminação –ais deve ser empregada apenas nas palavras terminadas em -al, como canais, animais, anuais etc.

tugues.html


FILMES

DICAS CULURAIS

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The Human Scale (2012)

Sinopse: Esta produção se destaca por fazer uma crítica sobre como construímos e usamos nossas cidades. O filme apresenta depoimentos de arquitetos e urbanistas, fazendo considerações sobre como as necessidades humanas ficam em segundo plano diante de interesses econômicos.

The Human Scale é um filme dinamarquês, de 2012, dirigido por Andreas Dalsgaard.


Elevado 3.5 (2007)

Sinopse: O documentário discorre sobre as pessoas que se cruzam no minhocão em São Paulo. O prédio foi construído no período da ditadura militar. O filme conta a narrativa de várias histórias que se passaram pelo espaço, além de fazer conexões com outras épocas. Elevado 3.5 é uma produção brasileira, de 2007, com direção de João Sodré, Maíra Bühler e Paulo Pastorelo.

Foto: Reprodução

Metrópolis (1927)

Foto: Reprodução

Sinopse: Trata de uma produção alemã de ficção científica, considerada obra prima do expressionismo alemão. O roteir o faz questionamentos sobre as figuras de poder da sociedade. Metrópolis foi produzido em 1927, pelo austríaco Fritz Lang.

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LIVROS A arte de projetar em arquitetura, (Bauentwurfslehre) Escrito por: Ernst Neufert 550 páginas. Fonte: GG Brasil. Preço: cerca de R$ 350 Sinopse: Uma referência entre livros de arquitetura para criação de projetos ergonômicos, A Arte de Projetar em Arquitetura, é um manual sobre edificações, que reúne todos os procedimentos e técnicas necessárias para a construção de edifícios. Embora sua primeira edição seja datada de 1936, o livro continua sendo atualizado até os dias de hoje e é leitura indispensável para todos os profissionais envolvidos em projetos de construção. Possui traduções para 17 idiomas.

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Urbanismo ecológico

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Escrito por:Mohsen Mostafavi e Gareth Doherty 650 páginas. Fontes: GG Brasil e o site www.urbanidades.arq.br Preço: cerca de R$ 150 Sinopse: O livro fala sobre sustentabilidade nas cidades sob diferentes perspectivas, é um material crítico, enriquecido por diversas autoridades nas mais variadas áreas arquitetônicas, planejadores, desenhistas urbanos, teóricos, economistas, engenheiros, artistas, cientistas, entre outros profissionais. É reconhecido por ser um dos precursores sobre ética e estética do meio urbano.zar a essências dessas regiões críticas.

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Urban Sketching, Guia completo de técnicas de desenho urbano Escrito por: Thomas Thorspecken 128 páginas. Preço: cerca de R$ 70 Fonte: Saraiva.com Sinopse: Reúne diversas explanações sobre as técnicas de desenhos urbanos, além de oferecer uma análise de diversos ilustradores. O livro também tem a proposta de dar diversas dicas e macetes sobre o desenho urbano.

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Manual do Arquiteto Descalço Escrito por: Johan Van Lengen 729 páginas Fonte: www.arquidicas.com.br Preço: Cerca de R$ 110

Foto: Reprodução

Sinopse: Outra referência em construções éticas e sustentáveis, este manual aborda questões sobre arquitetura bioclimática, projetos de construções eficientes que minimizam os impactos ecológicos e trabalham a construção de forma a oferecer conforto térmico.

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