Revista Vesta Edição 03 Ano 01

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VESTA Edição 03 l

Ano 01

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Junho de 2018

rquiteturae Urbanismo Unopar

Revista laboratório dos cursos de Arquiterura e Urbanismo e Jornalismo

Um passeio pela Arquitetura Contemporânea Biografia - Mario Figueroa Mulheres na Arquitetura Plataforma Bim

A importância da iluminação no projeto arquitetônico

Reforma Urbana: uma necessidade imediata

Trote Solidário: ajuda ao Projeto Vista Bela

Arquitetura sustentável e bioconstrução



EDITORIAL

A

terceira edição da Revista Vesta traz, entre várias outras discussões, uma reflexão sobre como a arquitetura pode contribuir para tornar a vida na cidade mais humana, sobretudo para pessoas economicamente menos favorecidas. A reportagem sobre a necessidade urgente de reformas urbanas faz um questionamento pertinente sobre como os bairros populares são projetados muitas vezes sem a devida inclusão arquitetônica, cultural e social para garantir o bem-estar de seus habitantes. Ações como o trote solidário desenvolvido pelos cursos de Arquitetura, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Artes visuais e jornalismo, objeto de uma das matérias desta edição, mostra como é possível contribuir com a sociedade e aliar a prática profissional ao trabalho em prol de comunidades pouco auxiliadas pelo poder público, e transformar a realidade social de muitas pessoas. Pensando ainda na preocupação social e ambiental, trazemos também uma reportagem sobre projetos arquitetônicos em que a bioconstrução é protagonista. Em um momento em que a superpopulação e a degradação do meio ambiente é uma preocupação constante, construções sustentáveis devem ganhar popularidade nos próximos anos no Brasil nos próximos anos. As mulheres que se destacaram na arquitetura também ganham espaço em nossas páginas, mostrando grandes nomes femininos que se destacaram no passado na Arquitetura e Urbanismo, e quais desafios as profissionais contemporâneas encontram no meio profissional.

Esperamos que esta edição traga a nossos leitores reflexões acerca do mundo contemporâneo, e do papel da Arquitetura como atuante na melhoria social e cultural. Boa leitura !

Equipe Revista Vesta

Expediente Reportagem Camilla Giovanna de Sousa Carina Bertozzi Danilo Avanci Henrique Frigo Lorena Storrodumof Maria Cristina Cardoso Taynara Berteli Thalia Lorraine da Silva Edição Jornalística Carina Bertozzi Diagramação Camilla Giovanna de Sousa Filipe Muniz Fatel Colaboradores Heloiza Tonon Raissa Bessa Renata Romagnolli Basso Thamine Ayoub Coordenação e Jornalista responsável Carina Bertozzi MTB: 05029

Projeto de extensão ETAU (Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo)


ÍNDICE 6

Coluna do Diretor

8 Coluna

do professor

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BIOGRAFIA MARIO FIGUEROA

32 Mulheres na arquitetura

40 Trote solidário

46 Reforma Urbana

54 Plataforma

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BIM

BIOCONSTRUÇÃO


VESTA 62 Iluminação 74 Mostra MAI 2017

80 Exposição sonora

84 Manual de português

86 Dicas culturais

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ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA


COLUNA DO DIRETOR

Carlos Vici

C

hegamos a mais uma edição de nossa Revista Vesta, mais uma das ferramentas de aprendizado do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar de Londrina. Nesta edição, gostaria de chamar a atenção de nossos leitores a uma causa que é transversal em nossas atividades acadêmicas: O trote solidário. Instituições normalmente fazem suas atividades na chegada de seus alunos para que eles possam contribuir de forma efetiva com a sociedade, uma janela para a realidade. Com muita autoridade nosso curso de Arquitetura e Urbanismo, em parceria com os demais cursos da Unidade Catuaí assumiram com nossos alunos, professores e coordenadores o papel de ousar na comunidade, de “pular a janela” e se fazer acontecer e executar as ações em uma comunidade altamente carente, no Bairro Vista Bela. Nossos alunos foram os protagonistas da revitalização, das atividades culturais, educacionais e de higiene básica, transformando através da Educação um cenário e dando o direito ao sonho há mais de 200 crianças diretamente. Um trote solidário que não foi realizado em apenas uma visita, mas sim em atividades que perduraram um ano inteiro, culminando em um novo laboratório de informática, a revitalização da estrutura elétrica e de paisagismo do local, pintura ilustrativa e local para esporte das crianças! Enfim, na Universidade não damos em momento algum o “peixe, mas ensinamos a pescar”! Fazer de nosso aluno o agente transformador faz com que a gente cada dia mais tenha certeza que não apenas ensinamos, mas transformamos o futuro das pessoas, com a paixão por Educar!

Prof. Carlos Henrique Gorges Vici Diretor – UNOPAR – UNIDADE CATUAI



COLUNA DO PROFESSOR

O

lá alunos e colegas da Arquitetura e Urbanismo, hoje escrevo a vocês sobre a importância da arquitetura na vida das pessoas e no desenvolvimento de nossas cidades e sociedade, desde os primórdios do século XX “existir como ser humano significa morar” e é sabido que a missão de transformar e produzir o espaço urbano concerne ao Arquiteto e Urbanista. As cidades por abrigarem diversos tipos de grupos e interesses sempre foram palco de lutas e movimentos transformadores e formadores da sociedade de cada época. No que se refere ao nosso tempo, é o espaço de disputa entre as diversas classes sociais em virtude principalmente da falta de áreas propicia a moradia motivadas pelas disputas de classes, especulação imobiliária, dentre outros. O Arquiteto e Urbanista Frente as mais variadas lutas sociais é o agente capaz de garantir direitos inerentes ao exercício da cidadania de grande parcela da sociedade que está nesta batalha pelo direito de “existir” – ele não trata apenas do acesso ao espaço da moradia, mas também do reassentamento, habitação, preço dos alugueis, implantação de saneamento, instalação de luz elétrica, água e esgotos, além de diversos equipamentos urbanos necessários para se viver com dignidade. Trazendo e debatendo essas questões frequentemente com os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar, nossos projetos de pesquisa e extensão ganham forças e começam a despontar na cidade de Londrina, em benefício de nossos alunos e de nossa comunidade – considero tal fato a uma “semente semeada em terra fértil”, e essa terra é a motivação do nosso aluno e a percepção real de que


Renata Basso*

ele já na academia é o agente produtor e transformador do espaço em que vive. O curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar participa ativamente da Equipe de Cooperação Técnica do Plano Diretor Participativo de Londrina, essa participação estimula a ida de nossos alunos aos bairros, à vivência do espaço urbano, às audiências e conferências públicas, à real apropriação da sua cidade. Além dessa participação, ou motivado por ela, desenvolvemos projetos pensados para realidades particulares como a Proposta Urbano Paisagística de Requalificação do Parque do Buracão também conhecido por Centro Social Urbano da Vila Portuguesa (Londrina) e Requalificação do Bairro e entorno do Lago San Fernando (Rolândia). Deixo meu convite a todos para conhecerem o Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo da Unopar, seus trabalhos, sua equipe e sua MOTIVAÇÃO. Motivação literalmente vem de do lat. motivu, ‘que move’. referindo-se ao ato ou efeito de motivar. Segundo dicionário Aurélio um conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo. O aluno motivado tem sido o grande destaque da nossa extensão universitária, esta motivação está possibilitando a formação do profissional cidadão e o levando a agir em nossa cidade, neste espaço privilegiado de produção do conhecimento e tão significativo para a superação das desigualdades sociais existentes.

* Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar.


Mario Figueiroa Arquiteto de reconhecimento internacional é o destaque do perfil desta edição

BIOGRAFIA

Por Carina Bertozzi

O arquiteto Mario Figueiroa conquistou fama internacional por seu projetos amplos, arrojados e criativos.


Imagem: Figueroa.arq

É impossível falar sobre arquitetura no Brasil sem mencionar o nome de Mario Figueiroa. Destaque na arquitetura nacional e internacional, está entre os arquitetos de maior importância no ramo, e é referência com seus projetos inovadores. Figueiroa nasce no Chile em 1966, mas acaba por fixar-se no Brasil, onde estudou e atua profissionalmente. Forma-se em arquitetura pela PUC de Campinas em 1988, e continua seus estudos, posteriormente concluindo seu doutorado pela FAU USP em 2002. Além da atuação como arquiteto, também é professor e Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAAP, além de lecionar desde 1993 no Projeto VIII na FAU Mackenzie, e no Estúdio Vertical na Escola da Cidade a partir de 2006. Seu reconhecimento profissional lhe rende convites para participação como conferencista e professor convidado em diversas instituições nacionais e internacionais, como Argentina, Chile, Colômbia, México, Panamá e Espanha, entre outras. Sua experiência profissional garantiu que ele vencesse, além de ser finalista em vários outros, cinco concursos nacionais para importante obras públicas e privadas, como o projeto da Ponte e

Passarela em 2012 em Blumenau, Santa Catarina, em 2012, o Novo Teatro Castro Alves, na Bahia, em 2011, e o projeto do Complexo Hotel Paineiras em 2011, no Rio de Janeiro. Outros de seus projetos culturais incluem a Green Square Library and Plaza na Austrália, além de um projeto para uma base de pesquisa científica na Antártica. Internacionalmente, um de seus prêmios mais importantes foi o concurso internacional para realização do projeto arquitetônico do Museo de la Memoria y Los Derechos Humanos no Centro Matucana em Santiago, Chile, o qual vence com um projeto em parceria com Carlos Dias e Lucas Fehr. Os croquis feitos para a criação do Museo de la Memoria compõem desde 2011 o Acervo de Arquitetura do Centre George Pompidou em Paris. Foi sócio fundador do Estúdio America, mas no início de 2012 reestrutura a Figueroa & Associados e cria a figueroa.arq., que mantém atualmente na cidade de São Paulo. Os projetos de Figueroa são influenciados pelas tendências da escola paulistana, liderada inicialmente por Vilanova Artigas, que prioriza o uso de concreto armado aparente, além de valorização das estruturas, linhas lim-

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pas, grandes planos e extensões de construções horizontais. Em entrevistas dadas à imprensa, Figueiroa frequentemente associa a arquitetura ao exercício intelectual, e a criatividade seria, em sua concepção, o resultado de suas experiências de vida e repertórios culturais adquiridos

Imagem: Figueroa.arq

ao longo da vida. O estilo arquitetônico de Figueroa se utiliza de um equilíbrio entre espaço preenchidos e espaços vazios, criando uma relação equilibrada entre os locais de uso privado, como quartos, e espaços amplos e arejados, criando amplitude e conforto. Espaços


grandes e vazios como áreas de recreação e salas de estar não possuem colunas ou paredes separando as áreas, propiciando assim a abertura necessária para a entrada de luz e vento. Espaço interno do projeto da Green Square Library and Plaza, em Sydney, Austrália.


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relatos, documentos jurídicos, além de filmes e fotografias que retratam de maneira ampla o período. Além do acervo permanente, o Museo de la Memoria também possui espaço para exposições temporárias no espaço interno e também na praça de 6 mil metros quadrados, que também compõe o projeto arquitetônico A ideia é transformar o espaço em uma instituição cultural importante na cidade de Santiago, que além de conscientizar sobre o período do regime militar, também promova a diversidade cultural.

Imagem: Figueroa.arq

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Museo de la da Memoria e los Derechos Humanos é um projeto inaugurado em 2010 pela ex-presidente Michelle Bachelet. Nele, encontram-se registros de violações dos Direitos Humanos ocorridos durante o período de ditadura militar no Chile entre os anos de 1973 e 1990. A criação do museu é um importante passo para a facilitação do acesso à população de informações sobre o que ocorreu no país durante o período em que estava sob ditadura militar, e também estimular a reflexão sobre a perda da dignidade dos cidadãos que foram vítimas do regime totalitário. Sua localização na rua Matucana pretende estimular o circuito cultural Santiago Poente. Por meio de objetos de documento físicos e digitais, o visitante pode ter contato com informações que lhe permitem conhecer e entender um pouco mais deste período da história chilena, desde o golpe de Estado, a repressão e a resistência da população, até o processo de abertura política e as políticas de reparação instituídas nos anos posteriores ao fim da ditadura. O acervo do museu possui testemunhos orais e escrito, cartas,


Imagem: Elciudadano.com

Espaço interno de uma das exposições permanentes do Museo de la Memoria.

Museu da Memória


SUSTENTABILIDADE

Imagem: Agari Farm/Clã pé vermelho

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Arquitetura sustentável A bioconstrução que compreende as necessidades do futuro e do planeta Por Lorena Storrodumof

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o final da década de 1980 e início de 1990, as questões de sustentabilidade passaram a ser necessárias também no mercado da construção. Projetos desenvolveram-se com o intuito de compreender as necessidades do presente, sem comprometer o futuro dos clientes e do planeta. O mundo foi desafiado a economizar água e energia, a reciclar e tomar medidas ecológicas em prol do meio ambiente. A arquitetura sentiu-se na obrigação de se adequar a essas necessidades, abrindo seus leques de possibilidades e quebrando paradigmas. O crescimento populacional nas grandes cidades exige estruturas e novas construções e consequentemente gera impactos negativos ao meio ambiente. Pensando nisso, o desenvolvimento econômico e material se reinventou e se desenvolveu a partir de recursos naturais e fon-

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tes recicláveis. A construção limpa é um forte exemplo disso.

Bioconstrução

Construção limpa, também conhecida como bioconstrução, pensa na otimização do espaço da obra, na escolha de fornecedores de confiança e no descarte adequado dos resíduos. Se despejados em qualquer lugar, formam grande concentração de entulho, além de entupir bueiros e emitir quantidades significativas de gás carbônico na atmosfera. Aliada à bioconstrução, nasce uma nova forma de cuidado com o meio ambiente: A eco-arquitetura. Ela passa a observar um edifício como parte viva de uma cidade. Compromete-se a planejar técnicas sustentáveis de criação, que diferenciem estruturas ecológicas de espaços comuns. Sua proposta é: selecionar materiais atóxicos, recicláveis e reutilizáveis; fazer uso de fontes alternativas, reduzir o consumo de

Imagem: Fetudi Photography


Vivência de bioconstrução em Hiperadobe organizada pelo Clã Pé Vermelho.

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Imagem: Arquivo Pessoal

água e formular projetos inteligentes e diferenciados, que além de preservar o planeta, sejam viáveis ao consumidor. Estudante de Arquitetura e urbanismo e permacultora, Laura Troian Gil já participou de projetos que envolviam técnicas sustentáveis de construção como: Uso de bambu, hiperadobe, superadobe, adobe, cob, corwood e tijolo de solocimento. A universitária se interessa bastante quando o assunto é sustentabilidade. Com apenas 20 anos de idade ajudou a fundar o Clã Pé Vermelho, grupo independente de permacultura, atuante na região de Londrina (PR), que além de incentivar a bioconstrução, oferece vivência

de como planejar e manter um quintal mais sustentável através do manejo agroecológico. Laura também relata já ter se hospedado em diversos locais eco arquitetados aqui no Brasil: “Notei que apesar de o acabamento ficar igual ao convencional, a estética mudava um pouco em relação a curvas, tons terrosos e simplicidade. Foi uma experiência ótima, senti na pele como é uma bioconstrução”. Diante de tantas técnicas inovadoras que visam cada vez mais a preservação do meio ambiente, é necessário saber se o arquiteto está apto a trabalhar nessa área. “Universidades poderiam apresentar a construção natural aos alunos em disciplinas ‘Sistemas Estruturais’ e ‘Técnicas Construtivas’, ou até mesmo formular matérias específicas para a construção limpa”, comenta a estudante. A Arquitetura sustentável ainda é um assunto pouco desenvolvido no Brasil. Dificilmente são encontrados projetos totalmente voltados para a preservação do meio ambiente. Cristina Cazonatto Galvão -dona da empresa Cris Galvão Arquitetura, de Londrina – exerce seu traba-

Laura Troian Gil ajudou a fundar um grupo de permacultura na região de Londrina (PR). 20


Imagem: Flavio Coutinho

Para a arquiteta Cristina Cazonatto Galvão, a reeducação de clientes e profissionais caminha de forma lenta, mas crescente.

lho como arquiteta há 13 anos e conta que mesmo que a reeducação, tanto de clientes quanto de profissionais da área, esteja caminhando de forma lenta, muitas empresas de arquitetura já pensam em soluções mais sustentáveis: “procuro sempre fazer meus projetos com um novo olhar. Vejo que hoje no mercado encontramos mais materiais que se preocupam com a natureza, com a construção limpa, e que não afetem tanto o meio ambiente. E mesmo que muitas empresas não abordem o compromisso de sustentabilidade,

elas são incentivadas a procurar cada vez mais soluções que não agridam o planeta”. De acordo com Augusto César Santana, formado em Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e atual arquiteto na empresa Fronarq, a procura por projetos de bioconstrução não é tão grande, e elas partem majoritariamente de obras públicas e parques, pois além da obrigação de darem o exemplo à sociedade, possuem condições financeiras viáveis para isso. Os custos para a arquitetura sustentável, quando pretende-se aliar preservação à tecnologia e estética, de início não são tão acessíveis, visto que os resultados de economia são obtidos a longo prazo, o que dificulta no convencimento do cliente a aderir às técnicas da bioconstrução. De imediato, o valor um pouco mais elevado para a compra de: lâmpadas de LED, torneiras com sensor de presença; placas solares; tijolos de solocimento; forros e painéis de ecoplaca; sistemas de reaproveitamento de água; tintas naturais; resinas ecopisos; colas à base de água; objetos artesanais e recicláveis, entre outros materiais, assusta o 21


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Imagem: Arquivo Pessoal

consumidor que é leigo em relação as propostas da arquitetura verde. Mas, apesar de algumas sugestões sustentáveis ainda inviabilizarem o projeto para grande parte da população, é possível reduzir os custos. Nem todas as propostas representam grande relevância no combate aos impactos ao meio ambiente. Desconsiderar técnicas ou uso de itens como vidros, por exemplo -que abalam o bolso do consumidor - é uma grande estratégia para a economia. Tishman Speyer, empresa responsável por investimentos nos Estados Unidos, foi a primeira a desenvolver um edifício corporativo sustentável em Nova York. Segundo ela, um edifício sustentável tem um gasto mensal de R$ 5/m², diferente de um convencional que gasta R$ 3/m² a mais. A empresa ainda afirma que o preço de venda ou de um aluguel de empreendimentos comerciais sustentáveis, pode ser 7,5% mais alto que o comum. Resultados que fazem a diferença. Outra forma de empresas ajudarem na preservação, é fazendo a reutilização de materiais. Santana conta um pouco de como sua empresa conse-

De acordo com o arquiteto Augusto César Santana, a procura por projetos de bioconstrução é feita, majoritariamente, por obras públicas e parques.

gue economizar e desenvolver técnicas em prol do meio ambiente: “Quando participamos de feiras, montamos stands para empresas divulgarem suas marcas, e ao final, trazemos os materiais de volta para o galpão e os reutilizamos em próximos eventos, fazendo apenas algumas adaptações necessárias de acordo com o tema proposto. Além da economia, contribuímos para o bem do planeta”.


Conheça técnicas utilizadas no brasil que fazem uso de materiais totalmente sustentáveis:

COB Material de construção composto de argila, areia e palha. Sua composição não prejudica o meio ambiente. Confira mais sobre essa técnica limpa no link: https://bit.ly/2IFfp3X

ADOBE Tijolo feito com uma mistura de barro cru, areia, estrume e fibra vegetal. Confira mais sobre essa técnica limpa no link: https://abr.ai/2GJH0yZ

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ARQUITETURA HOJE

Imagem: Guilherme B Alves

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Das curvas de Niemeyer aos dias de hoje: um passeio pela arquitetura contemporânea brasileira Por Taynara Berteli

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arquitetura modernista deixou suas marcas no Brasil. Com obras que partem dos azulejos do Ministério da Educação e Saúde (MES), estendem-se através das linhas curvas da Igreja de São Francisco de Assis e alcançam o ápice no formato particularizado das colunas externas presentes no Palácio da Alvorada, o país tornou-se reconhecido mundialmente pelas suas contribuições ao modernismo. Grandes nomes como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa já estão perpetuados na arquitetura brasileira. No entanto, décadas depois, seus trabalhos continuam a influenciar obras atuais que englobam um leque de características e marcam uma nova fase arquitetônica em solo brasileiro: a contemporânea.

Características

A arquitetura contemporânea brasileira teve início a partir de 1980 e segue até os dias de hoje. Com um discurso que 26

ultrapassa os moldes antigos, seus projetos não se limitam a permanecer apenas no passado, mas também expandem seu olhar para o futuro e ampliam perspectivas. Uma das grandes características desta arquitetura atual é a multiplicidade. Os modelos arquitetônicos contemporâneos no Brasil partilham de diversas influências modernistas e pós-modernistas. Eles não carregam uma linguagem única, mas reinterpretam os princípios estéticos vigentes no país e introduzem novos elementos em suas edificações. A identidade das obras brasileiras também é aparente nas escolhas dos materiais. Resgatando aspectos do modernismo e brutalismo, as construções privilegiam o concreto em sua forma pura e visível. Sua utilização é encontrada em produções que vão desde de infraestrutura urbana a design de interiores, e, em muitos casos, tem como intenção apenas compor um detalhe arquitetônico.


Imagem: Nelson Kon

Janelas amplas e uso de materiais naturais também marcam presença na arquitetura contemporânea brasileira.

O emprego de outros materiais como aço e estruturas metálicas também estão associados a esta fase da arquitetura. Contudo, outro protagonista vem ganhando espaço na composição das obras atuais: o vidro. Seja em coberturas ou fachadas, o uso constante de grandes vidraças permite maior incidência de luz natural, reduzindo a aplicação de luz artificial no ambiente. A utilização de vidros também proporciona um maior contato das pessoas

com o meio externo, além de evidenciar o conforto térmico, uma das principais características da contemporaneidade. A ampla dimensão das janelas como um importante traço desta arquitetura também traz antigos questionamentos sobre a sustentabilidade. A valorização de materiais naturais e recicláveis torna-se uma das grandes manifestações deste período. Como uma forma de estabelecer a harmonia entre o processo construtivo e o meio 27


ambiente, as madeiras, fibras e pedras são cada vez mais encontradas nas recentes projeções, proporcionando uma decoração distinta e uma construção mais sustentável. Já os padrões minimalistas e o high tech também estão ex-

Imagem: André Porto/ Metro

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postos nas obras brasileiras. Os projetos da atualidade têm tecnologias avançadas que possibilitam o aperfeiçoamento do design, uma produção mais controlada e um resultado final mais eficaz. Portanto, o contemporâneo


é o movimento presente. São elementos incorporados e reinventados durante décadas que, sem negar, abarcam obras passadas, experimentam novas técnicas e criam tendências.

O vidro é outro protagonista na arquitetura contemporânea brasileira, permitindo melhor aproveitamento da luz natural.

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Principais escritórios Mesmo pertencendo a uma geração de arquitetos modernistas, Paulo Mendes da Rocha consagra-se, atualmente, como um dos maiores profissionais da arquitetura contemporânea brasileira. Ele apropria-se de elementos difundidos por João Vilanova Artigas para criar projetos que despertam o potencial do homem em transformar o lugar que habita. Entretanto, Mendes não é o único que destaca-se nesta fase arquitetônica. Com o decorrer dos anos, novos nomes também ganharam espaço neste vasto âmbito e agregaram mais valor as edificações brasileiras. Dentre os principais escritórios da atualidade destacam-se: • Brasil Arquitetura: O escritóImagem: Jornal da Embaixadas

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rio paulistano foi fundado em 1979 e é dirigido por Marcelo Carvalho Ferraz e Francisco de Paiva Fanucci. Em 1986, criaram a Marcenaria Baraúna com o intuito de iniciar trabalhos de design mobiliários e objetos em madeira. Atualmente, a equipe realiza projetos para diversos setores como conjuntos residenciais, edifícios para lazer, restaurantes, entre outros. Vencedor de prêmios da Bienal de Arquitetura de Quito e IAB/SP, as obras do escritório respeitam e dialogam com a cultura local, além de misturar materiais como concreto, madeiras e vidros, caracterizando uma arquitetura contemporânea. • Studio MK27: Fundado no início dos anos de 1980 por Marcio Kogan, a equipe é composta por mais de 20 integrantes e diversos colaboradores no Brasil e exterior. Seus projetos Colunas do Palácio da Alvorada: exemplo da arquitetura modernista, que influenciou a arquitetura contemporânea brasileira.


Imagem: Nelson Kon

atentam-se para os detalhes e atraem pela leveza que apresentam. A priorização de linhas retas e o minimalismo também são características que compõe o conjunto arquitetônico. Influenciado não somente pelo modernismo, mas também pelo cinema, Kogan lidera uma equipe que coleciona prêmios nacionais e internacionais. O escritório ganhou a Bienal de Arquitetura de São Paulo, Record House, Wallpaper Design Awards, WAF, entre outros. • Studio Arthur Casas: Com suas obras disseminadas em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Tóquio e Nova York, o arquiteto Arhtur Casas fundou o escritório em 1999. Inspirados pela arquitetura moderna nacional, os projetos realizados possuem formas limpas e harmônicas. Casas também privilegia materiais como madeira e pedras em obras no Rio de Janeiro. O uso inteligente da

iluminação natural e elementos que atribuem aconchego ao espaço também fazem parte do reportório do arquiteto. • figueroa.arq: Criado em 2012, o escritório já conquistou prêmios da Bienal de Arquitetura de Santiago, Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), entre outros. Fundado pelo arquiteto e professor Mario Figueroa, suas obras visam a elaboração de uma arquitetura que atenda as demandas contemporâneas da sociedade com responsabilidade ambiental. Além destes, outros profissionais também têm contribuído para a construção da imagem da arquitetura contemporânea no Brasil. Dentre eles estão: Ruy Ohtake, Gustavo Penna Arquiteto e Associados, 23 SUL, Arquitetos Associados, Apiacás Arquitetos, FGMF e outros. 31


MULHERES NA ARQUITETURA

Imagem: Acervo Zaha Hadid

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A luta pela igualdade

Em 2016, segundo o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil), elas eram 62% dos profissionais registrados, 99.660 mulheres em um total de 160.255 arquitetos em atividade no paĂ­s. Por Camilla Giovanna De Sousa

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s mulheres sempre foram vistas como o “sexo frágil’’, e na Arquitetura e Urbanismo não seria diferente. Em 1890, Sophia Hayden Bennett é a primeira mulher a receber o diploma de arquiteta do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, nos Estados Unidos. Começa assim o impasse de que as mulheres não são capazes de atuar no campo de planejamento e construção. Sophia participou de um concurso para projetar o Edifício da Mulher, seu projeto foi baseado em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e contava com três pavimentos no estilo renascentista italiano. Por ser uma ideia original, o júri optou por construí-lo. Durante toda construção do edifício, Sophia passou por momentos de tensão e acabou internada em um sanatório por conta disso. Esse fato deu margem para os homens da época dizerem que as mulheres não poderiam ser arquitetas. Além disso, ela recebeu um pagamento muito menor que a maioria dos arquitetos homens receberia por um projeto desse porte. Zaha Hadid é uma arquiteta de grande importância até os dias de hoje. Ela enfrentou muitos preconceitos por ser iraquiana e uma profissional mulher na década de 50. Apesar disso, foi a única pessoa do sexo feminino a ganhar o prestigioso prêmio Pritzker – prêmio internacional de arquitetura – em 2004. Grande parte da obra de Zaha Hadid é conceitual. Entre seus projetos executados estão: Vitra Fire Station (1993), Weil am Rhein, Ale-

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“Sim, sou feminista porque acho todas as mulheres inteligentes, talentosas e duras. Acredito na habilidade feminina; e no poder e na independência femininas. Antes eu não gostava que me chamassem de arquiteta mulher. O importante é que sou arquiteta, o fato de ser mulher é uma informação secundária. Mas talvez isso tenha ajudado outras mulheres, inspirandoas a escolher uma profissão e fazer algo a respeito, especialmente em um campo considerado não apto para mulheres.” Zaha Hadid, em entrevista para TIME em novembro de 2013.


e mais igualdade entre os sexos. Era ativista pela valorização do trabalho feminino fora da esfera doméstica. Devido ao grande machismo da época, a arquiteta foi questionada pela sua competência e conhecimento. Seu primeiro trabalho foi a vistoria de um para raio no alto do antigo edifício da prefeitura do Rio. Os homens achavam que ela não conseguiria, porém Carmem já havia escalado todos os morros o Rio de Janeiro quando era estudante e concluiu o trabalho com êxito.

Imagem: Sophia Hayden

manha; Centro Rosenthal de Arte Contemporânea (1998), Cincinnati, Ohio, EUA; Terminal Hoenheim-North & estacionamento (2001), Estrasburgo, França; Bergisel Ski Jump (2002), Innsbruck, Áustria e o Centro Aquático de Londres (2011), Londres, Inglaterra. Carmem Velasco Portinho foi engenheira, urbanista e feminista brasileira. Ela foi a primeira mulher a ganhar o título de urbanista. Na década de 1920 e 1930, Carmem lutou por mais cidadania para as mulheres

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Imagem: arquivo Pessoal/Carmem Velasco

Construção Carmem Velasaco.

Todas as promoções dentro do departamento no qual ela trabalhava eram indicadas não por merecimento, então era muito difícil para uma mulher ser promovida. Carmem, com todo seu esforço, conseguiu 36

uma bolsa do Conselho Britânico para estagiar nas cidades inglesas destruídas pela guerra, construindo novas habitações e complementando seu estudo de urbanismo. Em 1950, sugeriu ao prefeito do


Rio a criação do departamento de Habitação popular para diminuir a falta de moradas populares. Foi assim que ela se tornou a diretora do Departamento de Habitação Popular e introduziu esse conceito no Brasil. Em conversa com Juliana Meda, arquiteta e urbanista renomada de Londrina, as mulheres até os dias atuais, não competem em igualdade com os homens no mercado. “Na área de interiores já conseguimos superar isso, porém na execução de projetos maiores ainda não. Acredito que isso é uma questão cultural, que tem que ser conquistada ainda pela humanidade. As pessoas ainda não estão aptas a acreditar no fato que a mulher consegue ter filhos, família, casa e trabalhar.” Ela conta que durante a faculdade não sofreu preconceitos por ser

mulher e participar de construções e planejamentos, porém, Juliana afirma já ter sofrido por ser do “sexo frágil” durante seus trabalhos depois de formada. A arquiteta acredita que os tempos estão mudando e que em breve as mulheres vão ganhar o mesmo salário que os homens. Juliana aponta que os homens têm mais facilidade em cobrar o que o projeto realmente vale, já as mulheres não. Ana Paula Brunetto, arquiteta formada pela Universidade Dom Pedro II, em São José do Rio Preto–SP, trabalha hoje na empresa AR Oficina e projetos em Londrina, Paraná. A profissional conta que em sua época de faculdade, a turma era basicamente de meninas. “Os poucos meninos da minha turma não sofriam preconceito por fazer arquitetura e

Imagem: Camilla Giovanna

Salão de Festas Royal Golf por Juliana Meda.

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Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), hoje, no Brasil, dos profissionais registrados, 60,65% são mulheres. Nos dias de hoje, as graduandas de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Londrina, relatam não ter sofrido nenhum preconceito durante sua graduação. Paula Stelmachuk, aluna do 4°ano, comenta que em sua sala existe uma predominância de mulheres. Ela diz que apesar de não ter sofrido nenhum tipo de preconceito por seu gênero, o mundo ainda é cheio de preconceitos. “Acho que nenhum tipo de preconceito foi totalmente superado.” “Quando visitei as obras, por mais que não fossem muitas, não senti qualquer tipo de preconceito por parte dos engenheiros. Eles me ajudaram e me auxiliaram muito”, comenta Paula. A estudante afirma que apesar de não ter conhecimento sobre o salário dos estudantes formados, os professores, independentemente de ser homem ou mulher, não tem discrepância. “Tenho professores e professoras que ganhando muito bem e outros um pouco menos, independente do sexo.” A arquiteta Nádia Diniz afirma que como ela foi da primeira turma de arquitetura (graduada em 1985), foi complicado a questão do preconceito por parte dos homens

Imagem: Camilla Giovanna

não engenharia” afirma. Ana acredita que a questão “arquiteta tem um salário inferior aos arquitetos” já foi superada. Ela comenta que para profissionais liberais não existe mais esse problema. A mulher, muitas vezes, é vista como alguém incapaz de estar no planejamento de grandes construções. “Com certeza existe uma certa desconfiança e machismo por parte de alguns prestadores de serviço e o pessoal de mão de obra. Já aconteceu um caso onde eu acompanhava uma obra, combinei algo com o mestre de obras e depois fiquei sabendo através do meu cliente que ele falou que era besteira fazer o que eu combinei. Eu, a arquiteta, só entendia de desenhos e quem entendia de obra era ele. Tento sempre ser gentil, mas tem momentos que temos que ser mais enérgicas” relata Ana. Apesar disso, as mulheres, segundo Ana, já competem de igual para igual. “Hoje em dia o cliente contrata o profissional com quem mais se identifica, pelo seu trabalho e competência. Independente do sexo.” A maior conquista, em seu ponto de vista, é a conquista de mais espaço e direitos no mercado. A arquiteta diz que o número de arquitetas administrando escritórios aumentou e segundo o


durante seus anos de graduação. “Apesar de ter sido complicado, não é nada que não pudéssemos contornar e com o tempo mostrar que não queríamos competir com ninguém e sim agregar conhecimento”, comenta. Assim como Ana Brunetto, Nádia acredita que a questão de que “as arquitetas ter um salário inferior aos arquitetos” já foi superada. “Os arquitetos que trabalham com carteira assinada, recebem o mesmo valor independente do sexo. E quando recebem por trabalho executado, é o valor do trabalho que conta, e não a pessoa que executa.” Para Nádia, a arquitetura é uma capacidade criativa e criatividade

não tem sexo. “O que não pode faltar é competência e mostrar que realmente conhece sobre o que está sendo projetado”, afirma. Pode-se ver que os tempos estão mudando. Cada vez mais as mulheres conquistam seu espaço junto aos homens. Seja na arquitetura, na medicina, jornalismo ou qualquer outro lugar, as mulheres já estão começando a ser vistas de igual para igual. Sexo não faz diferença, competência e determinação sim. Lugar de mulher é onde ela quer estar, fazendo o que ela quer.

Sala de Estar por Nádia Diniz.

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TROTE SOLIDÁRIO COMUNIDADE

Imagem: Thalia Lorraine

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Vista Bela

Alunos da Unopar fazem trote solidário para auxiliar na ampliação da Biblioteca Solidária no Vista Bela. Por Thalia Lorraine

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A

Imagem: Arquivo Pessoal

idéia do trote solidário é proposta pela entidade e ocorre todos os anos, e não é o primeiro trote a ser feito envolvendo a comunidade. No ano passado ocorreu em uma creche, no qual os alunos tinham que fazer um projeto com melhorias para o local, e este ano o local escolhido foi o Projeto Vista Bela. A proposta do trote solidário ser realizado este ano no projeto Vista Bela surgiu em uma banca de defesa conclusão de curso de

jornalismo. Lá, a coordenadora do ETAU, Thamine de Almeida Ayoub Ayoub conheceu a criadora do Projeto Vista Bela, Joseleide Batistela, 36, que lhe contou sobre seu projeto de criação de uma biblioteca no Bairro Vista Bela, e quais eram as necessidades para a realização de seu sonho. Foi quando o Escritório técnico de Arquitetura e Urbanismo (ETAU) se colocou à disposição para auxiliar no projeto. Coincidentemente, pouco tempo depois, o diretor da Unopar pedia sugestões para o trote dos alunos, uma atividade que fugisse da ideia de um trote tradicional, e que pudesse contribuir com a comunidade. Foi quando Thamine sugeriu a ideia do Projeto Vista Bela, aceita imediatamente, e que reuniu também os cursos de engenharia civil, elétrica, direito, jornalismo e artes visuais. Thamine Ayoub explica sobre a importância do ETAU para os alunos, e comenta que “todas as demandas do escritório são

Thamine Ayoub, coordenadora do ETAU. 42


Imagem: Divulgação/Projeto Vista Bela

de pessoas e entidades que não possuem condições financeiras para custear um arquiteto. É neste momento que os alunos do projeto podem contribuir, colocando os alunos em contato com as atividades profissionais e também exercendo seu papel solidário na comunidade”. O trote solidário da Unopar surgiu na própria essência do curso de Arquitetura e urbanismo, não só estudar na teoria, mas também fazer intervenções na prática para melhorias na sociedade. Sem falar que é muito importante fazer um trote com responsabilidade e algo para que os calouros aprendessem a ter um convívio melhor com a sociedade, tanto que o trote não foi no início do ano, mas sim no meio do ano, para que não pegassem algo já pronto e sim auxiliassem na construção do projeto. Neste ano o trote foi auxiliar e ajudar nas reformas da biblioteca solidária. O ETAU e todos os alunos tornaram-se membro ao ver toda a carência da casa, virão que a casa por ter uma demanda grande de crianças, o local não tinha estrutura suficiente para comporta-los. O projeto inicial dos alunos de arquitetura incluiu a pintura dos muros e a instalação de uma cobertura para a realização das

Joseleide Batistela (no centro da foto) ladeada por voluntárias, ao receber doações para o projeto.

atividades da biblioteca também na área externa do local. Posteriormente, a previsão é de ampliação do espaço, deixando o local mais amplo e arejado. 43


Já os alunos de engenharia civil se encarregaram do projeto relativo à melhoria do piso, já que todo espaço ainda possui piso de barro. A ideia é revestir inicialmente o piso com cimento. Os alunos de engenharia elétrica estão auxiliando na revbuirisão e manutenção da fiação elétrica, para tornar o espaço seguro para as crianças que frequentam a biblioteca. Ao alunos de Jornalismo coube a missão de divulgar o projeto, possibilitando que mais pessoas conheçam o trabalho desenvolvido no bairro, e possam também contribuir com doações ou se voluntariar nas atividades de reforço escolar. Os alunos de Artes Visuais se encarregaram em contribuir com a melhoria da parte visual do local. Imagem: Bruno Lourenço

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A ideia de criar uma biblioteca no bairro Vista Bela começou quando Joseleide, moradora do bairro, sentiu a necessidade de auxiliar as crianças que moram ali em suas atividades escolares. Ela relata, com emoção, que “o projeto Biblioteca Solidária é algo que surgiu da necessidade, para que as crianças não ficassem nas ruas, pois as maiorias dos responsáveis não tinham lugar para deixá-los”. Ela então pediu doações em redes sociais de livros e materiais didáticos para a alfabetização das crianças. Ela relata que atendia as crianças na garagem de sua casa. No início, cerca de 15 crianças frequentavam a biblioteca improvisada, mas rapidamente a demanda de crianças começou a aumentar. Foi quando ela alugou a casa Aluno do curso de Engenharia Elétrica, João Paulo Silva colaborou com a estruturação da parte elétrica do projeto.


Renan Silva, do curso de arquitetura, comenta sobre a realização em ver o projeto melhorado com as contribuições do trote solidário. Imagem: Bruno Lourenço

ao lado de sua residência. O trabalho de Joseleide e de sua mãe Isoleide Feitosa Lima, dobrou, e com isso, mais doações também foram necessárias. O projeto passou a receber não apenas livros, mas também roupas, brinquedos e alimentos. E o local, que era apenas para aprendizagem das crianças, tornou-se também onde mais passavam o tempo, não apenas aprendendo, mas também lendo e participando de oficinas e palestras. Para o Aluno Renan Amaro da Silva, 26, aluno do sétimo semestre de arquitetura e urbanismo, é muito gratificante participar do projeto, pois “o trabalho é totalmente voluntário, e a recompensa é ver o projeto finalizado com êxito”. Ele conta que para bancar a reforma do local, os moradores do bairro conseguiram arrecadações junto a entidades como a própria Unopar, que além de disponibilizar os alunos, também auxilia financeiramente com parte das des-

pesas, entre outras. João Paulo Silva, 24, que cursa o sexto de engenharia elétrica, comenta como está sendo importante para ele auxiliar no projeto da biblioteca solidária. Este foi o primeiro trote em que ele participou, e ele relata sobre as funções que desempenhou dentro do trote, “arrumando toda parte elétrica da casa, para que não haja risco de acidentes elétricos com fios desencapados e soltos, trazendo mais conforto e segurança para todos”. A expectativa é que os trotes solidários tenham continuidade nos próximos anos, já que, além de auxiliar os alunos a ter contato com a realidade da profissão, colocando em prática os conhecimentos que adquirem nas aulas, ajudam de forma prática a melhorar a vida da população contemplada nos projetos.

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CIDADANIA

Imagem: Antonio Cruz/AgĂŞncia Brasil

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Reforma Urbana: uma necessidade imediata Por Danilo Avanci

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“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo.” —Aluísio Azevedo, O Cortiço.

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possível dizer que tratar de moradia é, além de uma reflexão semântica sobre o termo, realizar um exercício de análise sobre a história de uma sociedade. Em 1850, com a pressão aristocrática dos grandes ruralistas diante da proibição do tráfico negreiro, o então Imperador Dom Pedro II assinava o documento que viria a ser, ao menos institucionalmente, o pontapé burocrático para a concentração de terras em nosso País. A “Lei de Terras”, como se tornou conhecida, fazia com que a posse de terrenos se daria de duas maneiras: Pela compra, sempre a altíssimos e inacessíveis preços, ou pelas graças da doação do Estado. Ambos reforçavam e expandiam a predominância burguesa sobre o território brasileiro, característica que permanece essencialmente intocável até os dias atuais. Em 1887, ano que precedeu a

oficialização da Lei Áurea, o Ministério da Agricultura constatou, em seu relatório anual, que a população sob condição escrava contabilizava de 723.419 pessoas. Ao mesmo tempo, o governo passara


Augusto Malta: Estalagem localizada na Rua do Senado, 1906. Rio de Janeiro, Museu da Imagem e do Som.

a incentivar a entrada de trabalhadores imigrantes, sobretudo nas lavouras do sudeste, em um período onde as mãos de obra escrava e assalariada conviviam lado a lado.

Após a abolição, o que se viu nos anos seguintes foi o desenvolvimento de uma população “indesejável” aos novos tempos, um coletivo de deserdados da República. Além de discriminados, os ex-es49


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cravos, agora abandonados à própria sorte, passaram a integrar grande parte dos números de desempregados, trabalhadores temporários e lumpens, quadro que também resultou em um aumento da violência e marginalização. É justamente nesta realidade que irá se garantir a expansão dos cortiços e disseminação de zonas periféricas, dando luz a uma cultura única a estes coletivos. Da industrialização da República Oligárquica ao Êxodo Rural, o que notamos em nosso contexto histórico é uma realidade segregadora, fruto de uma sociedade construída sob a exploração humana. No entanto, se toda problemática exige de solução, um a pauta que vem sendo tratada – já não a tão pouco tempo – sobre estas contradições, é a chamada “Reforma Urbana”. A Reforma Urbana integra parte das reformas de base, iniciadas pelo governo de João Goulart (DATA), e que seriam modificações estruturais capazes de garantir um aumento significativo na qualidade de vida da população, além de uma distribuição de renda igualitária.

Embora Jango tenha caído no golpe militar — em muito pelo caráter progressista de suas reformas — o debate de suas propostas resiste até hoje, tanto no âmbito acadêmico quanto no civil. Cultura e Reforma Urbana Se a cultura nasce das condições sociais de um coletivo, ela acaba por se tornar, a longo prazo, uma figura representante e parte indissociável do mesmo. Ao tratar da reforma urbana e de uma eventual reestruturação da sociedade, o acesso à cultura e seu incentivo acabam se tornando tão importantes para a habitação quanto a própria moradia. Embora apresente um importante avanço nas políticas habitacionais (incentivo à construção civil, política econômica, surgimento do Minha Casa Minha Vida) , o projeto Minha Casa Minha Vida é vítima de críticas por, muitas vezes, acabar desconsiderando a vitalidade destes aspectos na construção de um ambiente verdadeiramente inclusivo, gerando uma espécie de isolamento popular de classes mais simples da sociedade.


Imagem: Bruno Lourenço

O Conjunto Habitacional Vista Bela, construído em 2009 e que hoje abriga mais de 12 mil pessoas, se torna um exemplo visível destas ditas “minicidades”. Devido ao distanciamento do centro do município, os moradores do bairro acabam enfrentando um agravamento de complicações cotidianas. Seja por dificuldades logísticas em relação ao trabalho, acesso ao lazer ou até mesmo pela criação de uma visão estereotipada aos habitantes, a sensação que reluz é a de uma separação material, quase mesmo política, do conjunto para com o restante da cidade. Segundo o músico e antigo mo-

A moradora Isoleide Lima comenta sobre o preconceito da população em relação ao Vista Bela, mas a iniciativa popular na criação do projeto Vista Bela está mudando a vida dos jovens do bairro.

rador, Reginaldo Rocha, um dos grandes problemas das periferias surge pela falta de planejamento por parte do Estado. ”Para mim, o primeiro fator é o preconceito. Além disso, a falta de atenção do estado é visível, pois poderia ser mais bem assessora-

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do. Em relação a violência, o que vemos é uma diferença muito grande nas próprias crianças. Antigamente era comum ver crianças pintando armas em paredes, hoje elas pintam rosas. Pelo fato de ser músico, acredito que a cultura seja uma espécie de semente de coisas boas nas pessoas, é um pontapé inicial para a construção de um ser humano melhor.” Se a Cultura e o seu acesso são garantias inalienáveis ao homem, a iniciativa popular acaba se tornando tão vital para seu desenvolvimento quanto o amparo do estado projetado para sua disseminação. O projeto Vista Bela, iniciado no ano passado pela moradora Joseleide Feitosa e que possuía como objetivo a criação de uma biblioteca popular para crianças, atende hoje a mais de 200 jovens moradores do Bairro. De acordo com a moradora e voluntariado projeto, Dona Isoleide Feitosa de Lima, uma iniciativa pode significar a mudança completa na vida dos pequenos. “Temos muitas crianças carentes aqui, algumas que vinham somente pra comer e que acabaram se interessando mais pela leitura depois que chegaram. Então oferecer carinho, alimentação pode sim fazer uma diferença enorme, tanto nas vidas

delas como nas nossas”. Em relação ao preconceito, Dona Isoleide afirma que a realidade vivida no Bairro acaba provocando um sentimento de afastamento pela população. “A gente tenta fazer um cadastro, atrás de um emprego, e muitos não aceitam quando veem que somos do Vista Bela. Isso acaba gerando um sentimento de afastamento muito grande.” A projeção de uma moradia verdadeiramente humana, que não se resuma as habitações privadas e que compreenda a casa própria como apenas um entre os diversos fatores que garantem a existência digna do cidadão, é uma questão dramaticamente urgente, tendo em vista não somente a extensão deste debate, mas também a implicação dele: uma sociedade mais inclusiva e igual. Ao tratar de cultura, o aspecto da moradia ganha um novo semblante. Já não são mais os tijolos e o cimento que irão permitir a inclusão do homem na sociedade e tampouco trazer sua satisfação pessoal. A capacidade de expressão— individual e coletiva—, a sua identificação social, seu pertencimento a grupos e sua relação direta com a sociedade civil se tornam pressupostos inegáveis para uma


Para o morador Reginaldo Rocha, a falta de assistência do Estado é visível em bairros mais carentes, mas o incentivo à cultura contribui para a formação de um ser humano melhor, o que se reflete na própria melhoria do bairro Vista Bela.

Imagem: Bruno Lourenço

civilização verdadeiramente democrática. Embora uma Reforma Urbana plena possa soar como uma espécie de utopismo distante, que permeie desilusões se confrontada com a realidade da lógica capitalista, ela também pode ser encarada como uma visão que, embora incapaz de mudar o mundo por si, nos permite o encontro de um caminho nobre e altruísta para fazê-lo. É a oportunidade de, por fim, conceber a moradia digna, acesso a cultura, transporte coletivo e saúde não como mercadorias, mas sim, direitos humanos.

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TECNOLOGIA

Imagem: Reprodução

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Plataforma BIM

Na terceira edição da revista, nos aprofundamos no sistema que divide opiniões de arquitetos londrinenses. Por Maria Cristina Cardoso e Giovana Oliveira

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ontrolar todo o ciclo de vida de um projeto arquitetônico da plantaaté sua concretização, não é tarefa das mais fáceis no cotidiano da arquitetura. Em virtude disso, todos os recursos que surgem para auxiliar estas etapas são muito bem vindos. O uso da plataforma de modelagem de informação - BIM - chega com o objetivo de provocar melhorias na produtividade e reduzir o trabalho arquitetônico. Se tudo que você procurava era saber mais a respeito de assunto, essa matéria da VESTA é para você. O BIM (Building Information Modeling ou Building Information Model) significa Modelagem da Informação da Construção ou Modelo da Informação da Construção e é um conjunto de informações geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida de um edifício. Seu termo foi popularizado por Jerry Laiserin em 1987. O projeto arquitetônico se inicia com inúmeras fases. Todas as etapas de seu desenvolvimento,requerem do profissional de arquitetura igual atenção. A definição do programa de necessidades do projeto, levantamentos do local, estudos preliminares, anteprojeto, projetos legais e executivos são os principais passos para que o projeto tenha êxito. Atualmente o mercado arquitetônico conta com um recurso a mais 56

para agilizar e realizar com precisão todo esse trabalho dentro de um projeto, a Plataforma BIM. Devido a essas construções disponibilizadas nos diversos estágios do projeto, é possível avaliar, planejar, coordenar e recuperar informações do empreendimento e ainda verificar interferências, testar alternativas de projeto e ensaiar o comportamento do modelo sob a ação de diversos agentes. Diferente dos programas CAD, onde o arquiteto desenha, os programas BIM podem indicar erros de projeto, antes da obra, trazendo economia e redução de tempo. Além disso, o programa tem um rendimento maior comparado com o AutoCad. Com o intuito de facilitar e fazer a diferença em projetos de construção, a plataforma controla as etapas do projeto em tempo real, além de armazenar e compartilhar dados de um único modelo, englobando várias especialidades da construção. Ainda constrói virtualmente as edificações realizando testes, planejamentos, cálculos e as informações de todos os processos. O que temos percebido, porém, é que nem todos os arquitetos fazem uso da ferramenta. Entrevistamosprofessores e estudantes de arquitetura e urbanismo, bem como os profissionais da área para entender a opção de uso ou não do


Imagem: Cristina Cardoso

Arquiteto Emerson Ribeiro

programa. Acompanhem o resultado desse bate papo. Atuando há dez anos no mercado, o arquiteto Emerson Ribeiro,32, não utiliza 100% da plataforma, porém levantou algumas razões que fazem desse recurso essencial para a arquitetura: “A maior de todas é a facilidade em integrar projetos como o arquitetônico, elétrico, hidráulico, estrutural entre outros. Outra vantagem é visualizar o projeto que está sendo desenvolvido de forma integral, porque os programas que utilizam a plataforma fazem a composição geral da obra inclusive à volumetria. Projetar na plataforma BIM costuma ser um projeto mais detalhista porque cada solução adotada no início - ao desenvolver a planta - vai se refletir no resultado final das fachadas e outros elementos, diferente dos outros programas

em que cada desenho é desenvolvido independentemente do anterior. Quanto ao tempo gasto no desenvolvimento de um trabalho utilizando esse programa, depende muito do domínio que o profissional tenha nessa ferramenta. Comparado a outros programas similares, projetar no BIM reduz em média metade do tempo gasto, podendo ter uma redução ainda maior” - explicou o arquiteto. Já o arquiteto Ricardo Blank atua na área há três anos. Diz não usar a plataforma porque trabalha muito com criação e este tipo de ferramenta engessa demais o processo do projeto: “Ela acaba trabalhando com modelos standard, que só funcionam em grande escala e sem muita flexibilidade. Funciona mais para grandes construtoras por repetir modelos, do que para profissionais 57


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Imagem: Reprodução

que atendem cada cliente de forma particularizada, valorizando o indivíduo, suas características e necessidades diretas – relatou o profissional da Studio 4. A maioria dos entrevistados fazem uso dos programas Revit Arquitetura e para o OSX, Vectorworks e ArchiCad.O Revit é baseado na tecnologia BIM. O trabalho realizado com ele é interligado e os elementos são associados a outros componentes e informações – assim, se o usuário faz uma mudança em uma vista, por exemplo, as outras vistas se atualizam automaticamente.O Vectorworks é muito versátil e trabalha com desenvolvimento de projetos em 2 e 3D, sem contar que permite a modelagem de informações sem que o usuário limite a sua liberdade de criação. É indicado para profissionais que trabalham com Design, modelagem e renderização. Pioneiro na plataforma BIM, oArchiCad conta com uma interface intuitiva queintegra dados de construção, desenho 2D/3D e renderização. Ainda interliga de maneira automática plantas, elevações e perspectivas a um só arquivo, armazenando todas as informações sobre o projeto. O estudante Carlos Oliveira, 27, cursa o 3º ano de Arquitetura e Urbanismo na Unopar e comentou que, além de quantitativos de obra extremamente precisos, através do programa, pode-se obter uma visão melhor dos processos de construção e antecipar erros que poderiam acontecer em obras, estabelecendo as etapas com mais facilidade. “O software BIM é um conceito de controle de informações de uma construção que pode ser utilizada de vários aspectos para melhorar a obra e garantir maior fidelidade entre o que é desenhado e o será construído” - garante Carlos. “Nos programas do CAD, se eu for alterar a posição de uma janela, terei que mudar todos os desenhos em que está janela aparece. Já no Revit,

Projeto no Revit realizado por Guilherme Dionísio.


basta eu fazer uma única alteração, que todas elas mudarão automaticamente. O arquiteto que faz um projeto no Revit, por exemplo, terá trabalho para passar esse material para o calculista fazer os dimensionamentos estruturais. Porém, se ambos profissionais souberem trabalhar com a mesma plataforma, o resultado trará benefício a eles” – explicou o acadêmico. O estudante de Arquitetura e Urbanismo, Guilherme Dionísio, ressaltou que o BIM traz muitos be-

nefícios e vantagens para aqueles que desejam implantar o software em seus escritórios como também para o profissional liberal. Para o ele, as vantagens são grandes, pois irá torná-los mais competitivos e qualificados para o mercado de trabalho. A transição do CAD para o BIM é uma evolução tecnológica e cultural. “Os recursos oferecidos por essa plataforma vão além do CAD, a realidade é que o BIM traz grandes benefícios para as pequenas, 59


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Imagem: Reprodução

CUSTOS Os custos desse software variam de R$ 4 mil a R$ 13 mil reais isso porque é preciso além da autorização é necessário liberar licenças adicionais para o uso. Isso sem contar com custos de treinamentos e maquinário. É um programa que pede máquinas com 3 Gigabytes de memória. Memória RAM nunca é demais. Um processador veloz e um HD com boa capacidade é essencial, em razão da quantidade de arquivos gerados e armazenados de dados. Quanto ao monitor, para facilitar o trabalho e ser mais confortável 20” polegadas já é ideal. O que podemos concluir é que sempre surgirão no mercado arquitetônico, novos e inúmeros programas facilitadores, com o intuito de auxiliar nas projeções, podendo assim atender às necessidades dos profissionais da arquitetura.Fato é que, conhecer e

Imagem: Reprodução

médias e grandes empresas. A alteração do CAD para o BIM tem a mesma semelhança entre os desenhos feitos à mão, para os desenhos computadorizados (CAD)”, explica o estudante. Guilherme ressaltou que, o BIM não vem para causar espanto, pois ele é um conjunto de sistema muito intuitivo, podendo auxiliar todo o trabalho desenvolvido pelos arquitetos. Porém, quando são dominados, se tornam valiosos. Assim como, o fluxo de trabalho que a plataforma implica, gerando uma grande economia de tarefas e correções. Algumas empresas já compreenderam que essa plataforma surgiu para torná-los ainda mais competitivos, podendo ajudar também no custo final da obra. “No inicio da obra, o construtor passa um orçamento para o cliente. Porém, ao completá-la o custo sobe excessivamente comparado ao valor definido anteriormente. Mas, com a plataforma BIM é possível ter uma precisão através das tecnologias oferecidas, sendo mais difícil ocorrer o superfaturamento de uma obra, pois o projeto estará mais enxuto” – explica ele. Nós ainda não desenvolvemos nenhum projeto com todas as tecnologias oferecidas por essa plataforma. Porém, estamos buscando todo o conhecimento sobre para futuramente oferecer consultoria para as empresas que desejam adquirir esse software”, concluiu Guilherme.


experiência novas tecnologias, fará do arquiteto um profissional qualificado e atento às mudanças, permitindo assim se especializar e dominar programas técnicos. Não podemos deixar de citar que há aqueles que optam por permanecer no processo mais tradicional, utilizando pouco ou quase nada da tecnologia no desenvolvimento dos projetos, o que não desmereceem nada o trabalho do profissional, pois o que sempre irá contar é a experiência, excelência e acriatividade dos projetos desempenhados. Os programas em 3D na arquitetura são utilizados há algum tempo - aproximadamente trinta anos - isso para produção de imagens

finais do projeto. Testando alternativas de materiais, aos poucos os programas 3D foram inseridos no ambiente de trabalho. Servindo basicamente para visualização, as geometrias produzidas nestes programas não contêm nenhum tipo de informação. O que não ocorre na plataforma BIM, a mesma incorpora informações dentro do projeto e ainda é possível extrair dos desenhos dados como, por exemplo, custos. É a parametricidade que garante gerar objetos editáveis e essa é a grande diferença entre um software de modelagem 3D e um software BIM. Sem essa capacidade, o software é só mais um modelagem de objetos 3D.

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ILUMINAÇÃO

Imagem: Kjpargeter – Freepik

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Focando na luz

A iluminação é um importante instrumento dentro do planejamento arquitetônico, com um bom trabalho é possível ter resultados surpreendentes. Por Henrique Frigo

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oi no período paleolítico que o homem descobriu o fogo, a primeira luz artificial, produzida com gordura e fibra de animais, que eram colocados em recipientes de pedra. Essa descoberta revolucionou seu modo de vida, pois, além da iluminação, o fogo proporcionava também segurança contra animais selvagens, cauterização de ferimentos e também cozimento de alimentos. Com o início da utilização de recipientes de barro, os utensílios para se preservar o fogo dentro das cavernas foram se modernizando, o que garantiu melhores possibilidades de sobrevivência. Com a popularização do uso de velas na Idade Média, a iluminação das casas melhora sensivelmente, mesmo sendo feitas de sebo animal, artigo caro para a época, que as tornava acessíveis apenas para uma pequena parcela da população. 64

Imagem: Renan Klippel


Iluminação de destaque em painel de madeira.

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A arquiteta Gabriela Fernandes explica a importância de um bom projeto luminotécnico para valorizar o ambiente e economizar energia. 66

Imagem: Mrsiraphol - Freepik

minação do Escritório Gazeta Coletivo. As pessoas passam a poder usufruir dias mais longos, em que podem sair às ruas com mais segurança e aproveitar as atividades noturnas que a cidade passa a oferecer. Vizinhos podem colocar cadeiras nas calçadas e conversar agradavelmente. Dentro de casa, a leitura pode ser estendida, e a reunião em família pode se prolongar até mais tarde. Nos dias atuais, cada vez mais o púbico descobre que a arquitetura é uma parte importante no processo de construção de um ambiente. O projeto arquitetônico caminha junto com o da engenharia civil, dando direcionamento para que a construção tenha um Imagem: Arquivo Pessoal

Com o passar dos anos, a necessidade de se pensar na iluminação como parte importante dos projetos arquitetônicos foi se intensificando. No Brasil por exemplo, até meados do século XIX, as atividades sociais noturnas, como frequentar um teatro ou visitar um amigo após o pôr-do-sol representavam um risco, a falta de iluminação nas ruas as deixava expostas aos perigos da noite, como assaltantes e assassinos. Comércios e indústrias trabalhavam apenas no período diurno, pois a falta de iluminação eficiente dificultava o trabalho quando escurecia. Isso muda totalmente com o surgimento da luz elétrica com Thomas Alva Edson em 1879 que cria a primeira lâmpada elétrica sua posterior popularização. “Com o surgimento da energia elétrica, aí a vida noturna da cidade se revolucionou, mudou muito”, afirma a arquiteta Gabriela Fernandes especialista em Foco em Ilu-


É importante escolher um tipo de iluminação que valorize o espaço e torne o ambiente mais agradável.

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resultado final de acordo com as necessidades do cliente. Em um projeto residencial, detalhes como a disposição e a escolha de modelos adequados de móveis fazem toda a diferença dentro do ambiente. Colocar o sofá na lateral e não no centro da sala, instalar a tevê na parede, optar por uma iluminação que priorize espaços pequenos, como no caso de apartamentos com metragem reduzida, são exemplos de como um projeto arquitetônico pode fazer a diferença na valorização de espaços que irão proporcionar um ambiente agradável, que o cliente possa usufruir plenamente. Já em um ambiente comercial, as demandas podem ser diferentes. Em uma loja de roupas, por exemplo, a necessidade de um espaço amplo de circulação deve ser priorizada, e uma boa iluminação é essencial, tanto no ambiente de exposição das peças quanto nos provadores. É imprescindível que os produtos sejam expostos de forma atrativa e o cliente possa visualizar as peças com facilidade ao prová-las. Na indústria, além da questão estética, as preocupações em relação ao projeto arquitetônico têm também o foco na questão da segurança. Neste caso, o projeto deve identificar pontos que garantam a segurança de funcionários e todas as pessoas que circularão no local,


Imagem: Topntp26/Freepik

Em um ambiente comercial as demandas são diferentes. O projeto deve atender às necessidades dos clientes.

minimizando a possibilidade de acidentes de trabalho. Em todas as situações, um projeto luminotécnico contribui de maneira decisiva para que o arquiteto possa atender as necessidades e expectativas do cliente, proporcionando ambientes que garantam segurança, funcionalidade e bem-estar. A iluminação entra como conceito importante nos projetos arquitetônicos no Brasil após a crise energética de 2001, que levou ao racionamento de energia em todo país, levando a população a mudar seus hábitos, como o de apagar luzes em lugares vazios, a troca da luz incandescente por lâmpadas fluorescentes, e, mais recentemente, pelas de LED. Nesse contexto, criar um projeto luminotécnico é importante, inclusive como forma de economia de energia, como descreve Gabriela: “Principalmente hoje, com essa vida que a gente tem, a iluminação entra com um papel muito importante e possibilita esses usos diferentes de luz”. Não é a quantidade maior ou menor de focos de luzes que deixará um local mais ou menos escuro, e sim, o uso racional de técnicas para valorizar este espaço e dar a ele a iluminação necessária para cada atividade. “Em cima da mesa de jantar, é um lugar que você precisa de luz porque vai precisar enxer-

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gar o alimento que está consumindo. Também dentro da cozinha, na bancada de trabalho, no restaurante, onde os locais serão usados para corte de alimentos e manipulação. A iluminação pode parecer apenas decorativa, mas não, ela entra nessa questão técnica”, aponta Gabriela.

Dentro de casa

As possibilidades de criação de ambientes diferenciados utilizando a iluminação são bem variadas. “A iluminação entra nisso, de conseguir adequar aquele ambiente ao uso da pessoa”, explica Gabriela. A mesa da sala de jantar requer uma atenção especial para que o conforto durante as refeições seja garantido. Para isso, o uso de uma luz direta sobre os alimentos pode ser uma boa opção, como por exemplo, deixando a luminária no mínimo 60 centímetros acima da mesa. Já no quarto, especialmente aos adeptos da leitura na cama, o excesso de luz pode incomodar. Nesse caso, um ambiente de luz indireta, no qual os focos de luz não estão mirados para o centro do ambiente, sendo iluminados apenas por seu reflexo garantem o conforto. Para quem possui tevê no quarto de dormir, a indicação seriaum ambiente com luz ofuscada, com irradiação de luz baixa, garantido descanso e tranqüilidade. Na cozinha onde alimentos serão manipulados, é necessário que a luz esteja realmente presente. Para isso, a implantação de uma iluminação direta pode ser

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Na sala de jantar, o uso de uma luz direta sobre os alimentos pode ser uma boa opção, como por exemplo, deixando a luminária no mínimo 60 centímetros acima da mesa.

ideal, assim, todo o ambiente fica iluminado, evitando acidentes. A iluminação da sala de estar, onde acontecerão reuniões e encontros de família pode ser ofuscada, criando um ambiente aconchegante. É possível também valorizar os detalhes da decoração, por meio de lâmpadas embutidas, que realçam quadros e obras de arte, conferindo sofisticação ao


Imagem: Will Bakker

ambiente. ” A gente pensa em todos esses aspectos, então para cada ambiente vamos pensar em alguma coisa específica”. Descreve, Gabriela.

Atenção no ambiente

Estabelecimentos comerciais como padarias, restaurantes, indústrias e lojas também merecem uma atenção. “O caixa, por exemplo não pode ser um ambiente mal iluminado,

é um lugar em que ela (funcionária) vai estar recebendo dinheiro e trabalhando com documentos, então é necessário que ela tenha certeza do que ela está fazendo e tenha uma visualização clara das atividades”, Explica Gabriela. O projeto de iluminação é variável e abrange desde o lugar onde será executado até as especificações do cliente. O layout pode nos informar corretamente cada função executada pelos funcionários, assim poderá ser criado um bom aproveitamento com os focos de luz. As lojas de fast-food, por exemplo, são planejadas para a rápida degustação de alimentos. As luzes brancas diretas são utilizadas para que se crie um certo incômodo e a pessoa se retire logo após consumir sua refeição, dando lugar ao próximo cliente. Já para restaurantes que buscam proporcionar ao cliente um local mais aconchegante e decorativo, existem formas de se produzir uma iluminação ofuscada, gerando tranquilidade e conforto ao cliente, podendo ser usada intencionalmente para que ele fique por mais tempo degustando alimentos e bebidas.

Luz e lucros podem ser parceiros

Em supermercados e shoppings, o projeto luminotécnico pode garantir inclusive bons lucros, como aponta Gabriela: “Se o balcão está iluminado com uma luz que não é correta, ele pode distorcer as cores dos alimentos, e às vezes aquela comida 71


que está maravilhosa, o consumidor olha e acha que está feia, a carne não fica com uma cor bonita porque existem também aspectos de cores das lâmpadas, existem algumas com um tom mais amarelado, outras mais azuis, então você tem que saber para utilizar a favor do projeto”. Nos shoppings nos quais não existe iluminação natural nas lojas, os projetos precisam ser bem executados, tanto nas vitrines quanto nos provadores, para que não haja distorção na cor das roupas ocasionados por problemas com a luz. A indicaImagem: Bearfotos/Freepik

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ção são os focos de luzes embutidas que dão um requinte no ambiente sem que as roupas tomem outras cores. Quem está em fase de construção ou reforma e deseja fazer um planejamento de iluminação, deve recorrer aos profissionais da área, que irão aconselhar e mostrar opções seguras e sustentáveis, para que o resultado final seja bem sucedido e atenda totalmente às expectativas do cliente. Uma vitrine mal iluminada pode interferir nas características do produto e até mesmo prejudicar as vendas.


Branco: Definida por opiniões diferentes, alguns especialistas indicam que a cor branca é utilizada para obter a sensação de limpeza e calma, outros associam a frieza e a impessoalidade. Em quartos de crianças o ideal seria as luzes embutidas criando uma suave iluminação indireta.

Verde: Luz especialmente indicada para ambientes externos como piscina e jardins, por destacar tons que remetem à natureza. É importante lembrar que os focos de luz neste caso, precisam ser resistente a chuva, e as luzes de led são uma boa opção.

Imagem: Marco Monetti Imagem: Bridget Coila

Azul: Sempre ligado a calma e a tranquilidade. O azul tem sido até mesmo indicado para acalmar crianças que são muito agitadas e também realçar ambientes e objetos. Mas cuidado, pesquisas recentes mostram que a luz azul altera o ciclo fisiológico causando depressão.

Imagem: Pixabay

Vermelho: Esta cor geralmente está associada a sentimentos mais fortes, é a cor dos apaixonados, e na iluminação não é diferente. Porém, deve ser utilizada apenas em ambientes mais íntimos, pois em excesso pode causar irritação ou nervosismo.

Imagem: Jorge Díaz

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urante a produção do projeto luminotécnico é preciso que o arquiteto saiba qual o efeito da luz no ambiente. Principalmente a cor, pois sem que se perceba, a iluminação pode estar causando irritação ou até mesmo indícios de depressão. Confira alguns exemplos de cores de luz e seu respectivos efeitos:

Fontes: www.hometeka.com.br www.epochtimes.com.br

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APRENDIZADO NA PRÁTICA

Imagem: Renata Basso

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Arquitetura funcional e praticidade O projeto da Unopar na Mostra MAI 2017 Por Maria Cristina Cardoso

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Imagem: TVU Catuaí

A

Mostra de Arquitetura e Interiores - MAI edição Londrina - teve início no dia 04 de novembro com duração de um mês. Profissionais da área de arquitetura foram convidados para decorar cerca de 40 ambientes, em uma mansão com 1.100 metros quadrados, construída em um terreno de 9 mil metros quadrados na beira do Lago Igapó. O intuito é divulgar o trabalho das empresas que estão participando do evento e movimentar o mercado de arquitetura na cidade. A mostra traz as últimas tendências de design e decoração, além de atrações gastronômicas e artísticas para os seus visitantes, e a faculdade Unopar não poderia ficar de fora dessa. Alunos de arquitetura junto à coordenadora do curso, Renata Romagnolli e a professora Heloísa Tonon, construíram dentro da casa mais visitada de Londrina um ambiente especial dedicado à instituição. Um container foi o espaço que ganhou cara nova. A ideia era fazer um ambiente que tivesse ligação e envolvimento do ambiente universitário, surgindo assim a Sala de Atlética – nome dado ao espaço. O projeto de execução levou três semanas para ser concluído. Uma aparência moderna e jovial fizeram parte dessa projeção, em conjunto com materiais sustentáveis, buscando trazer praticidade ao ambiente. A professora Heloisa Tonon, uma das responsáveis pela execução do projeto, relatou: “O ambiente Sala de Atlética foi desenvolvido pensando em seus usuários. Jovens universitários em sua

Espaço externo do container projetado pelos alunos.


transição de juventude para adulto. O espaço é composto por elementos que remetem ao industrialismo, através da utilização de eletrodutos aparentes, iluminação cênica além de ser focado na área de estudos. A cor preta no mobiliado em aço, remetem a um ambiente prático, apresentando espaço para pequenas reuniões de estudos e diversão. Os palletes re-

vestidos em compensados e grelhas modulados o ambiente que além de ampliar, possibilita diversos usos”. A participação dos alunos foi maciça, transferindo o aprendizado das salas de aula para o local da Mostra. Eles fizeram desde a parte elétrica, com o apoio dos alunos do curso de Engenharia Elétrica - 6º e 7º semestres e Civil (diversos semes77


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Imagem: TVU Catuaí

tres) até a pintura. A coordenadora do curso de Arquitetura, professora Renata Romagnolli Basso, deu mais detalhes do projeto em entrevista à revista. “A equipe da MAI propôs uma parceria com a UNOPAR, que fizesse com que o curso de Arquitetura participasse do evento, principalmente com monitores durante a Mostra. Renato Lincoln sugeriu que tivéssemos um ambiente para a divulgação da instituição e vários cursos desenvolvessem ações dentro da Casa MAI antes e durante o evento, sendo o curso de Arquitetura o carro chefe. O espaço que teve como container como estrutura, sofreu algumas modificações para ser também um dos locais visitados, se tornando um ambiente a mais na Mostra. “Nós não gastamos com nada! Conseguimos fornecedores de tudo! Aproveitamos materiais de depósitos de construção que seriam descartados. Foi engraçado em um dos últimos dias, que percebemos que faltaria uma calha para o lado externo do container e um dos nossos alunos por ter uma fábrica desse material, nos cedeu. A sustentabilidade acabou virando nossa base para a construção do espaço. Todas as medidas tiveram que ser feitas de

A professora Heloiza Tonon comenta sobre o espaço do container, cujos elementos remetem ao industrialismo, sem, porém, perder o conforto.

forma bem cuidadosa, pois o espaço é bem restrito e compacto. O container é revestido por um compensado naval que foi mantido. É reaproveitável, sendo possível a desmontagem e montagem em outros eventos”, comenta Renata. O evento foi uma ótima oportunidade para esses alunos se colocarem no mercado de trabalho, adquirir contatos com muitos profissionais e empresas, além de conseguirem ver em qual área possuem mais afinidade. Participaram de forma intercalada cerca de 46 alunos. Muitos tiveram seu primeiro contato com uma mostra de Arquitetura, aprenderam com isso analisar as novas tendências de mercado, contato com as obras de artes e cada detalhe de composição de um ambiente, além de presenciar palestras e workshops. A faculdade Unopar ainda ofereceu para a Mostra de Arquitetura e Interiores 3 aulas Shows de Gastronomia, aula de desenho de observação, englobando também o pessoal de Gastronomia, Odontologia, Nutrição, Ciências Aeronáuticas, que compareceram ao evento e transformaram o Espaço Atlética em um QG de reuniões, ponto de encontro e pesquisas. O espaço foi feito e projetado pelo grupo da Unopar Catuaí, porém outras unidades acabaram cedendo ideais para a ornamentação final. 79


Alunos do curso organizam expo campus da U

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o dia 24 de novembro, uma criativa exposição invadiu o campus da Unopar Catuaí. A exposição chamada de “Espaço Sensações” propiciou aos visitantes um contato com diferentes suportes para experimentação do uso do som para provocar emoções em quem houve. Diversos projetos com foco na acústica foram montadas no espaço, nos quais as pessoas podiam experienciar diferentes relações com o som. Um dos destaque da exposição foi a utilização de uma música, criada pelos alunos especialmente para o evento, que provocou sensações diferenciadas no público. A ideia da exposição partiu da professora Raissa Bessa, que ministrava neste semestre a disciplina de Conforto Ambiental II, que entre outros temas, aborda a percepção do som no

Os alunos se envolveram ativamente para que os visitantes pudessem ter a melhor experiência sonora ao visitar o espaço.

Imagens: Raíssa Bessa

CONFORTO AMBIENTAL

Por Carina Bertozzi


o de Arquitetura osição sonora no Unopar Catuaí

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ambiente e seus benefícios e malefícios, e como trabalhar isso em um determinado ambiente. A exposição foi proposta pela professora como forma de aplicar de forma prática e criativa os conceitos teóricos aprendidos em sala. Raissa Bessa comenta que “o objetivo da exposição foi, além da experiência prática, que os alunos se divirtam com o processo de aprendizado. A disciplina tem conteúdos mais pesados, então a exposição serviu para que os conteúdos sejam apreendidos com mais

leveza”. Na primeira etapa da disciplina, os alunos fizeram uma percepção sonora sobre o mundo em que vivem. Depois criaram uma música com essas percepções, que incluía sons do cotidiano, sempre pensando qual o tipo de emoções deveria provocar no ouvinte. A música foi utilizada na exposição como tratamento sonoro, e serviu como linha condutora para as experiências que os visitantes tiveram ao visitar o espaço e conhecer os diversos projetos criados peProjeto de experiência sonora participante do Espaço Sensações.

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los alunos. Tiego Oliveira, estudante do curso de Arquitetura e participante da exposição, explica como foi o processo de criação da música utilizada no Espaço Sensações: “Nós tivemos que pensar em um conjunto de sons, mesclá-los, mixá-los e transformá-los em uma música que criasse alguns tipos de sensações e emoções para o ouvinte, e como ela iria interferir neste indivíduo”. A música criada foi baseada na narração sonora de um dia na vida de um indivíduo que se levanta, vai trabalhar, passa pelo estresse da vida cotidiana, e acaba por sofrer um acidente e morre. Ele então vê sua vida passar em sua mente por meio de lembranças auditivas de momentos importantes, como nascimento, aniversários e amigos. “Nós quisemos mostrar de forma figurada como a vida é curta e que devemos aproveitá-la ao máximo. Foi uma experiência impactante, nos deu trabalho para organizar o projeto, mas o resultado foi muito gratificante”, diz Tiego. Foram também apresentadas fotos no estande que complementavam a mensagem da música, para que o visitante pudesse ter uma experiência completa de sensações. A exposição foi planejada desde o início do semestre, e o resultado final foi aprovado pelos alunos e também pelo público. Raissa Bessa comenta que “ O resultado foi acima do

Professora Raissa Bessa, idealizadora da exposição.

que eu esperava, os alunos se envolveram ativamente no planejamento e criação da exposição. Ao final do percurso, os visitantes podiam responder um questionário sobre as sensações que tiveram, e nós tivemos um total de 139 questionários respondidos, ou seja, 139 pessoas tiveram uma experiência sonora no espaço. Ver o envolvimento dos alunos e da comunidade acadêmica é muito gratificante. Agora vamos trabalhar para que as próximas exposições sejam ainda melhores”.

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MANUAL DE PORTUGUÊS

m qualquer atividade profissional, escrever bem é fundamental para que o profissional passe uma boa imagem a seus clientes e empregadores. Mas a língua portuguesa possui várias particularidades que nos deixam em dúvida sobre a forma correta de falar e escrever certas palavras. Vamos conhecer algumas delas, para melhorar ainda mais nossa comunicação ?

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Acidente x incidente: Acidente é um acontecimento infeliz, um desastre. Já incidente se refere a um evento ou acontecimento imprevisto. A fim x afim A fim significa ‘com o objetivo de’. O adjetivo afim indica ideia de afinidade, semelhança, parentesco. Por que x porque x por quê x porquê “Por que” pode ser usado em três situações: para introduzir uma pergunta, quando a palavra ‘motivo’ está subentendida ou quando equivale a pelo qual, pela qual, pelos quais e pelas quais. “Porque” introduz as ideias de causa e explicação, equivalendo a ‘pois, uma vez que, já que’. “Por quê”, separado e com acento, é usado no fim de frases, concluindo uma pergunta. “Porquê”, junto e acentuado, é aplicado quando substantivo, como sinônimo de ‘causa, motivo, razão’.


Seção x sessão x cessão Seção equivale a ‘divisão, segmento parte de um todo’. Sessão é o tempo que dura uma reunião, uma assembleia, um trabalho ou espetáculo. Já cessão é ato ou efeito de ceder algo em favor de outrem. Sob x sobre Sob significa ‘debaixo de’ e transmite a ideia de posição inferior. Por sua vez, sobre exprime a ideia geral de ‘em cima de’, e pode significar também ‘a respeito de’. Descrição x discrição Descrição é o ato de descrever. Discrição é a qualidade de quem ou do que é discreto.

Eminência x iminência Eminência designa a qualidade daquilo que é eminente, ou seja, alguém ou alguma coisa superior, ilustre ou exemplar. Já iminência refere-se a algo que está prestes a acontecer. Emergir x imergir Emergir é ‘vir à tona, aparecer, manifestar-se’. Já imergir é o oposto e significa ‘afundar, mergulhar, submergir’. Fonte: https://www.catho.com.br/ carreira-sucesso/dicas-emprego/ nao-erre-mais-dicas-de-portuguespara-aplicar-no-trabalho/

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SÉRIES Abstract: The Art of Design

DICAS CULURAIS

Esta série documental da Netflix possui oito episódios, cada um com uma duração media de 45 minutos. Cada episódio é focado nas ideias, inspirações e processo criativo de um designer conceituado de diversas áreas, como o ilustrador Christoph Niemann; a cenógrafa Es Devlin; o designer de tênis Tinker Hatfield; o designer de automóveis Ralph Gilles, a designer gráfica Paula Scher; o fotógrafo Platon. Além deles, os destaques são a designer de interiores Ilse Crawford e o arquiteto Bjarke Ingels.

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Fotos: Reprodução

O dinamaruês Bjarke Ingels é visto como um dos arquitetos mais inspiradores de sua era. Ele foi responsável, dentre outras coisas, pelo projeto do novo World Trade Center. A design de interiores Ilse Crawford realizou vários projetos premiados no mundo todo.

Projeto do BIG – Bjarke Ingels Group, o Edifícil 8, chamado assim devido ao seu formato, ganhou vários prêmios e foi considerado um dos edifícios mais importantes da última década.

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O projeto do arquiteto Patrick Bradley usou quatro contêineres na estrutura. A residência, de apenas têm 115 m², fica na fazenda da família dele e levou sete meses para ficar pronta.

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A estrutura em arco dessa residência foi inspirada em técnicas do séc. XIV. O objetivo era usar materiais locais para reduzir a poluição. Dez toneladas de jornais foram utilizadas como isolante térmico.


Se você gosta de arquitetura e projetos monumentais, este programa é obrigatório. No ar pelo Channel 4 há 19 anos, o show acompanha - desde o terreno vazio até o espaço estar habitado - pessoas que resolveram investir seu tempo e dinheiro na construção de suas próprias residências. São projetos ousados, originais e realmente grandiosos. Quase todos demoram anos para serem construídos, o que significa que cada um dos episódios leva ainda mais tempo para ficar pronto. Não sem mérito, o programa apresentado por Kevin McCloud já foi indicado seis vezes ao prêmio BAFTA e levou o troféu em uma dessas indicações. Pelo seu sucesso, a marca Grand Designs também passou a incluir livros, uma revista mensal, prêmios de arquitetura e uma exibição bianual. Oito episódios da 14ª temporada estão disponíveis na Netflix.

Esta é a maior casa de COB do mundo, feita no mais alto nível de sustentabilidade. Foram utilizadas duas mil toneladas de COB. Os dois prédios da residência possuem formato redondo e três andares, além de um teto verde. Além deles, há também um anexo que serve como local de trabalho.

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Foto:buildsomethingbeautiful.com.uk

Foto: Douglas Gibb/Divulgação

Foto: Aidan Monaghan/Divulgação

Grand Designs


As Casas Mais Extraordinárias do Mundo O premiado arquiteto Piers Taylor e a atriz Caroline Quentin viajam para vários países com o objetivo de conhecer (surpresa!) as casas mais extraordinárias do mundo. Em cada uma delas os apresentadores recebem as chaves e nós os acompanhamos enquanto eles exploram o lugar. Depois, eles conversam com os proprietários. Em cada episódio, de uma hora, eles visitam várias residências. A série é produzida pela BBC e distribuida no Brasil pela Netflix. A primeira temporada tem quatro episódios, cada um focado em um tipo de residência: nas montanhas, nas florestas, no litoral e no subterrâneo, nessa ordem.

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Fotos: Reprodução


LIVROS Iluminação no design de interiores Escrito por: Malcolm Innes. Editora: GG Brasil Ano: 2014

Foto: Reprodução

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Sinopse: Dividida em duas partes (uma teórica e outra prática), a publicação é como um guia para quem ingressa na área de iluminação – e esclarece muitos pontos, também, a profissionais já experientes, com ideias de projetos. Na primeira parte, Teoria, estuda-se o comportamento da luz natural e da elétrica, a física da luz e os fatores humanos na percepção da luz, sempre com diagramas e estudos para melhor apreender os conceitos. A segunda parte, Processo e prática, é rica em imagens e análises de projetos de interiores por todo o mundo, e traz estudos de caso que incluem detalhamento das necessidades e soluções adotadas, acompanhados de fotos e detalhes técnicos.


O direito à cidade Escrito por: Henri Lefebvre Editora: Centauro Ano: 2009

Foto: Reprodução

Sinopse: As questões e reflexões urbanísticas saem dos círculos dos técnicos, dos especialistas, dos intelectuais que pretendem estar na vanguarda dos fatos. Passam para o domínio público através de artigos de jornais e de livros de alcance e ambição diferentes. Ao mesmo tempo, o urbanismo torna-se ideologia e prática. E, no entanto, as questões relativas à cidade e à realidade urbana não são plenamente conhecidas e reconhecidas; ainda não assumiram politicamente a importância e o significado que têm no pensamento e na prática. Este livro tem por objetivo fazer com que estes problemas entrem na consciência e nos programas políticos, além de propor que os pensamentos e as atividades que dizem respeito ao urbanismo passem pelo crivo da crítica. 93


INTERNET Clã Pé Vermelho http://pevermelhopermacul.wixsite.com

O Clã Pé Vermelho é um grupo independente de Permacultura “comprometida com a realização de um VIVER/CONVIVER leve, transparente, livre e alegre.” Atuante na região de Londrina (PR), eles promovem oficinas, cursos, consultorias & mutirões.

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Figueroa.arq http://www.figueroa.arq.br/

Site do escritório criado em 2012 pelo arquiteto Mario Figueroa. É possível ver os projetos culturais, comerciais, de design e habitação; as premiações e a equipe, formada por Figueroa e Letícia Tamisari. “A figueroa.arq tem por essência o comprometimento por um processo intelectual criativo e aberto que busca de maneira investigativa: debater, desenhar e construir arquiteturas com responsabilidade social e ambiental pautadas no objetivo de atender de maneira plena as demandas contemporâneas solicitadas pela sociedade.”

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