5 minute read

Lady Gaga

Next Article
Madonna

Madonna

Uma ode à criatividade e reinvenção

por DEBORAH ALMEIDA (@deborahalmeidaa)

Advertisement

No dia 19 de agosto de 2008, Lady Gaga lançou seu primeiro álbum de estúdio, abrindo sua carreira da melhor forma possível. Passados 10 anos desde que The Fame chegou as paradas, fomos apresentados a Gaga por meio de hit singles como Just Dance e Poker Face. A artista trouxe um sopro de renovação a um gênero que, durante algum tempo, estava estagnado e sem muitas novidades, ganhando uma artista que quebrou expectativas, mostrou um novo jeito de fazer música e se tornou um marco para uma geração de fãs do pop.

Na época de lançamento, Lady Gaga explicou que o conceito principal do álbum seria sobre qualquer um poder se sentir famoso. Nas palavras da cantora, “Cultura pop é arte. Você não é legal por odiar cultura pop, então eu a abracei e você a escuta por todo o The Fame. Mas é uma fama compartilhável. Eu quero convidar todos para a festa. Eu quero que as pessoas se sintam parte deste estilo de vida”.

The Fame chegou ao topo das paradas musicais de 11 países, incluindo o Reino Unido e a Austrália. Nos EUA, o álbum alcançou o #2, vendendo, até hoje, quase 5 milhões de unidades. Mundialmente, já foram comercializados mais de 15 milhões de CDs.

The Fame, lançado pela Interscope Records, debutou a artista no mercado musical com batidas viciantes e muita ambição. Além de músicas, a cantora trouxe histórias e não deixou nenhuma delas passar despercebidas. Das 12 faixas da versão simples, seis viraram singles: Just Dance, Poker Face, Eh, Eh (Nothing Else I Can Say), LoveGame, Paparazzi e Beautiful, Dirty, Rich. Cada uma dessas composições ganhou clipes com direito a produção teatral e figurinos excêntricos – tudo seguindo o estilo único e inconfundível da cantora.

O sucesso da Mother Monster (como é chamada pelos fãs) foi incontestável. The Fame foi nomeado 13 vezes para importantes prêmios, vencendo 11 desses. Dentre essas vitórias, dois prêmios no Grammy Awards como Melhor Álbum Eletronic/Dance e Melhor Gravação Dance, com Poker Face.

Um ano depois, a cantora lançou The Fame Monster, um extended play (EP) do álbum anterior com oito novas canções, confirmando ainda mais a capacidade de Lady Gaga para fazer músicas boas, diferentes e com alta qualidade. O EP trouxe uma nova visão sobre a fama, de maneira bem mais obscura que o álbum anterior. Com a nova tracklist, os singles foram Bad Romance, Telephone (com participação de Beyoncé), Alejandro e Dance In The Dark.

Com o The Fame Monster, a estética passou a ser mais obscura e grotesca, representando o teor musical do EP.

A união de The Fame e The Fame Monster é tida como um yin-yang sobre a fama e seus desdobramentos. Enquanto o primeiro fala sobre ambição, dinheiro e sucesso, o segundo traz à tona todos os medos enfrentados pela artista. Essas produções opostas foram uma forma de mostrar ao mundo a dicotomia vivida pela Mother Monster, que vivenciava os altos e baixos da fama. Contudo, ainda que os sentimentos tenham variado bastante, ela conseguiu manter todo o sucesso, talento e excentricidade anterior.

CONTINUIDADE

Três anos após lançar The Fame, Lady Gaga surgiu com seu segundo álbum – possivelmente o mais marcante de toda a sua carreira. Born This Way, também gravado pela Interscope Records, veio em março de 2011. Segundo ela, o disco serviria para entender sua existência e responder diversas perguntas que foram- -lhe feitas ao longo da da trajetória. O álbum veio com cinco singles: Born This Way, Judas, The Edge Of Glory, Yoü And I e Marry The Night. Todos seguiram o mesmo modelo do primeiro disco, contando com figurinos inusitados e produção teatral. Além disso, seu talento foi novamente reconhecido e rendeu diversas críticas positivas, nomeações e prêmios.

Sendo a autoaceitação um dos temas principais da obra, Gaga passou a afirmar constantemente que tudo bem ser diferente das outras pessoas ou ser chamada de “aberração”. Seu discurso era tão verbal quanto visual, pois vestia-se de maneira incomum nos eventos e chamava bastante atenção por isso. Apesar de ter recebido críticas negativas sobre alguns trajes e aparições (como o vestido feito de carne, por exemplo), isso deixou-a bastante comentada na mídia e toda ocasião era motivo para aguardar ansiosamente pelo modelito escolhido por ela.

No Born This Way, Gaga acentua diversas partes do seu corpo (como suas maças do rosto), vendendo, visualmente, a ideia do diferente.

Em 2013, Gaga lançou ARTPOP, seu terceiro álbum em estúdio, descrevendo-o como “uma celebração e uma jornada musical poética”. Com referências mitológicas, a artista traz à tona tabus sociais, como sexo, papéis de gênero e drogas. Mais uma vez, ela fugiu das produções ortodoxas e colocou bastante criatividade na obra. ARTPOP é um álbum de reflexões, libertações e autodescoberta.

O disco veio com três singles: Applause, Do What U Want e G.U.Y.. Ainda que não tenha feito tanto sucesso quanto os anteriores, o projeto não deixou faltar ambição, genialidade ou traços marcantes de sua personalidade. Para alguns críticos, ARTPOP foi subestimado, talvez pela complexidade dos temas tratados.

Após muitos anos focando em seu visual e aparições excêntricas, Gaga decidiu mudar seu estilo. Fez um projeto de música jazz, participando de um álbum colaborativo com Tony Bennett, chamado Cheek to Cheek. Isso lhe deu a chance de provar seu talento em outros estilos musicais, saindo de sua zona de conforto. Esse disco não possui composições autorais, porém inclui novas versões de clássicos do jazz, como Anything Goes, de Cole Porter, e I Can’t Give Anything But Love, de Jimmy McHugh e Dorothy Fields.

Com ARTPOP, a cantora mistura o mundo da moda editorial, com a tecnologia e uma pegada futurista, onde a Arte é Pop e o Pop é Arte

Gaga também decidiu trocar trajes extravagantes por visuais discretos e toda a arte visual foi deixada de lado para focar em seu talento vocal. Assim, surgiu Joanne, em 2016. O nome do disco é uma homenagem à uma falecida tia e carrega bastante sentimento, seguindo por um caminho bem mais espiritual. Com seus singles Perfect Illusion, Million Reasons e Joanne, além das demais faixas, a artista coloca em jogo diversas emoções que, até então, não eram reveladas.

Apesar de ser a produção mais pessoal, Lady Gaga afirma que não é para ser um álbum triste. Joanne é sobre contar sua história e tocar pessoas com ela. Seu quinto e mais recente disco mostrou uma maior variedade de estilos musicais. Além do habitual pop dance, Joanne traz bastante soft rock e composições country. É uma produção eclética, tanto de gêneros quanto de emoções. Sendo fã ou hater, o mundo ouviu muito – e ainda ouve – as canções de Lady Gaga. Sua entrada no mercado deixou o pop mais moderno, com pegadas inteligentes e um novo modo de chamar atenção e fazer arte. //

This article is from: