RG 103

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REGISTRO GERAL DO QUE INTERESSA O 103

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WIKILEAKS Todo cuidado é pouco: a guerra digital chega ao Brasil

É REAL!

Tudo pronto para o casamento de Kate e William. E nós temos os detalhes

PARIS EM CHAMAS PEDRO LOURENÇO AGITA A CAPITAL DA MODA E ELEGE SUAS MUSAS BRASILEIRAS ISSN 1678-9040 00103 9 771678 904006

Camila

PITANGA O glamour e o sucesso da diva da nova década

EXCLUSIVO: O HIGH GANHA FESTA PRIVÉE EM NOVA YORK








ISSN 1678-9040

PATRICIA CARTA Diretora Responsável

Diretora de Redação DORIS BICUDO Projeto Gráfico e Consultor Convidado STEVE WILLIAMS Direção de Arte NORIS LIMA Editor Executivo MARIO BOLZAN Editora de Texto ALESSANDRA GARATTONI Produtora Executiva MAYRA OMETTO Set Designer TISSY BRAUEN Arte BRUNO LENARDUCCI ANTONUCCI, MARCELLA KATZ UEHARA E ROGÉRIO DOMINGOS Colunista Convidada SUSY MENKES Consultora de Arte Convidada ELIANE STEPHAN Editor Especial Convidado DUDI MACHADO Editor de Estilo Convidado FABRIZIO ROLLO Editor de Beleza Convidada CASSIA AVILA Diretor de Produção Gráfica PAULO SÉRGIO CASTILLO LOPES Coordenador ROBERTO APOLINÁRIO Produção Gráfica DANILO CARVALHO

Colaboradores ÁLVARO TEIXEIRA, ANTONIO TRIGO, ANTÔNIO GILBERTO CARRADAS, BEATRIZ PEROTTI, CADÃO VOLPATO, CAMILA TOLEDO, CARLOS PRATES, CLÁUDIA RAMOS, CRIS BIATO, DANIEL HERNANDEZ, DIEGO GAIOTTI, ELIANA TRANCHESI, FABIANA SKAFF, FÁBIO ISHIMOTO, FRED MELO PAIVA, GIOVANA GASPARINI, GUSTAVO MILLER, HENRIQUE GENDRE, JEFF ARES, JULIA BRITO SANTOS, JULIEN DE SMEDT, KIKO FERRITE, LÉO COUTINHO, LUIS FIOD, MANOELA MEIRELLES, MANUELA FIGUEIREDO, MARCELO SEBÁ, MARCIO SCAVONE, MARIA DA PAZ TREFAUT, MARIANA GATTI, MARILIA NEUSTEIN, MIKE COPPOLA, NATHALIE LAGNEAU, NICKOLAS LORIEUX, PAULA MENDES, PAULO REIS, PEDRO LOURENÇO, RAPHAEL BRIEST, ROMULO FIALDINI, ROSANA RODINI, TEREZA KAWALL E VICTOR ALMEIDA E ZECA GUITERREZ

Site RG Diretor de Redação JEFF ARES. Editora ROSANA RODINI. Designer e Gerente de Mídias Sociais CAIO ZALC. Assistentes de Arte ANNA DEL MAR E MARIANA FLEURY. Repórter MIRELLA PENTEADO DE CAMARGO. Assistente de Redação VICTOR FRESI. Fotógrafos ANDRÉ LIGEIRO E LIU LAGE

Assinaturas assinaturas@cartaeditorial.com.br Central de Atendimento ao Cliente, tels. (11) 3038-1488 ou 0800-777-1400 – Fax 24 horas (11) 3038-1415 Serviço de Atendimento ao Cliente: sac@cartaeditorial.com.br www.cartaeditorial.com.br

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Publicidade Superintendente Comercial LUIS ANTONIO MARTINS CARNEIRO Diretora de Projetos Especiais BEATRIZ MONTEIRO Contatos ALESSANDRA GHERARDI, CATARINA CARVALHO E MARLI FALCHERO Contato Rio de Janeiro ISABEL MUNIZ (21) 8124-3205 isabelmuniz@cartaeditorial.com.br

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Diretores PATRICIA CARTA E IDEL ARCUSCHIN Fundador LUIS CARTA (1975-1986) ANDREA CARTA (1986-2003) RG não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam no expediente não têm autorização para falar em nome da RG ou a retirar qualquer tipo de material se não tiverem em seu poder uma carta em papel timbrado assinada por qualquer pessoa que conste do expediente. Registro nº 219.382, de 20/07/2004, no 1º Ofício de Registro de Títulos e Documentos, de acordo com a Lei de Imprensa. FOTOLITOS: Bureau São Paulo e Digiscan DISTRIBUIÇÃO: FC Comercial e Distribuidora S/A. IMPRESSÃO: IBEP Gráfica

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ÍNDICE

MARÇO 2011

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Camila, generosa, em pose para as lentes de Romulo Fialdini

14 ROMANCE NO AR! SUZY MENKES FALA COMO O ROMANTISMO INVADIU AS PASSARELAS INTERNACIONAIS

19 REGISTRO A ESCRITORA ARGENTINA MAIS FALADA NO BRASIL. JOALHEIRA NOVA NO PEDAÇO. CONHEÇA O CINEASTA QUE VAI DAR O QUE FALAR. OS JARDINS DE MARICY PISSINATTI

22 DÉCOR POR QUE DRIES VAN NOTEN É O DESIGNER MAIS COMPLETO DA MODA E DA DECORAÇÃO

26 LER PARA CRER OS LIVROS MAIS BACANAS DE FICÇÃO CIENTÍFICA ATÉ PARA QUEM NÃO É FÃ DO GÊNERO

53 MODA ELEGANTE, A TRANSPARÊNCIA VEM COM TUDO AO MESMO TEMPO: TEXTURAS DIFERENTES EM UM SÓ LOOK

62 10+ O MINIMALISMO SAI DOS RED CARPETS PARA OS CLOSETS DAS BRASILEIRAS

72 WE LOVE PITANGA

FOTO ROMULO FIALDINI

CAMILA ENCARNA A DIVA DO SÉCULO 21 EM ENSAIO ESPETACULAR, SÓ PARA A GENTE

CAPA Camila usa vestido, Alaia na NK Store. Foto Romulo Fialdini Styling Fábio Ishimoto Beleza Daniel Hernandez Produção de moda Kaio Assunção Tratamento de imagem Luiz Felipe Kim


ÍNDICE

MARÇO 2011

84 MULHERES DE PEDRO PEDRO LOURENÇO VESTE SUAS DIVAS EM ENSAIO PARA RG

102 LADY KATE A PLEBEIA KATE MIDDLETON PREPARA O FIGURINO PARA O CASAMENTO DO ANO COM O PRÍNCIPE WILLIAM

106 UI, QUE DELÍCIA! A ARQUITETURA DE PRATOS PARA SE COMER TAMBÉM COM OS OLHOS

108 QUENTE OU FRIO? O ARQUITETO JULIEN DE SMEDT ABRE SEU APARTAMENTO MINIMALISTA EM BRUXELAS

119 DESTINO O LUXO DO HOTEL LA MAMOUNIA E OUTROS HOT SPOTS DE MARRAKECH

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FOTOS MARCIO SCAVONE E DIVULGAÇÃO

Marina Bulgari volta com tudo na 5ª Avenida

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Johanna Stein em ensaio de Pedro Lourenço


COLABORADORES

ROMULO FIALDINI

Quando fotógrafo e personagem entram em sintonia, o resultado é arrebatador, ainda mais com duas feras como Romulo e Camila Pitanga. Colaborador mais que assíduo da RG, ele viaja entre moda, arquitetura e design, e é, invariavelmente, um sucesso.

JULIA BRITO SANTOS

Ela viaja sozinha pelo mundo desde os 12 anos para aprimorar idiomas e conhecer novas culturas. Hoje, aos 19, mora na Inglaterra e faz faculdade de Fashion Management na London College of Fashion. Para a RG, ajudou a contar a história do conto de fadas moderno entre Kate Middleton e príncipe William.

FRED MELO PAIVA

FOTOS MIDORI DE LUCA, RODRIGO SCHMIDT E ARQUIVO PESSOAL

Estreia celebrada pela RG, Fred foi repórter especial e diretor de redação de importantes revistas brasileiras, além de ter passado por jornais como O Estado de S.Paulo e Brasil Econômico. Nesta fase freelancer, em que escreve um livro-reportagem para a Companhia das Letras, é dele o perfil de Camila Pitanga, capa da edição. O prazer, claro, é todo nosso.

BIA PEROTTI

Produtora de moda das mais requisitadas e editora do blog Achados da Bia, um dos mais mais da nossa blogosfera, Bia Perotti entrou de cabeça na RG para eleger a Moda 10+, criar o Estilo Flagra e produzir nossa página de joias arquitetônicas.

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CAMILA ENCARNA A DIVA DO SÉCULO 21 INSPIRADA PELO ETERNO GLAMOUR DE FELLINI. KATE MIDDLETON FINALMENTE SOBE AO ALTAR E O DESFILE SESSENTINHA DA PRADA, EM MILÃO

Quem esquece de Marcello Mastroiani trançando as pernas por Roma no antológico filme de Felinni La Dolce Vita? Que repórter já não bancou ou sonhou ser, nem que por uma entrevista, o repórter Marcello? Todo mundo sabe que o filme não só consagrou locações históricas como lançou divas ao pódio. Além disso, na minha opinião, não há nada mais contemporâneo do que o estilo dos anos 1960, mesmo quando não está na moda, digamos assim. Mas, ainda que óbvio, o marco maior do filme foi ter apontado e criado o novo conceito de glamour, não acha? Quer inspiração melhor para Camila Pitanga do que uma star rodeada por fãs e paparazzi? Morena, sensual, foi fácil dar à diva de hoje uma pitada de Sophia Loren de ontem. Sim, Sophia não fez parte do casting do filme em referência, mas brincamos de Cinecittà: paparazzi, câmara e ação! O ensaio você pode conferir mais adiante. Muito mais que isso me leva à Itália, mas para não parecer nostálgica, posso citar o desfile da Prada que acabou de acontecer em Milão. E é para lá que eu vou! Deixo uma linda e saborosa RG para você, afivelo as malas e zarpo para o final das coleções de inverno logo trago muito mais histórias. Arrivederci São Paulo!

Patricia Carta 12

FOTO ROMULO FIALDINI, TIM ROOKE/REX FEATURES E CHRIS MOORE/GETTYIMAGES.COM

La Dolce Camila


rua haddock lobo

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SUZY MENKES

O que ela TEM NA CABEÇA? A dura tarefa de Kate Middleton agora é escolher que joias vai usar no grande dia. Nossa colunista dá o mapa da mina

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indicação (como Lady Diana Spencer, ela usava a tiara da família Spencer), diamantes peso pesados significam um bad hair day. As madeixas brilhantes de Kate são seu principal atrativo, mas será que ela terá de prendê-las em um chignon qualquer para acomodar as joias? E que tiara ela deveria escolher? A preferida de Diana, com diamantes e pérolas, que existe desde a era dos czares russos? Ou deveria esperar que a rainha Elizabeth lhe ofereça outra pedra da história da família? Talvez a tiara pontuda e geométrica com borda de diamantes que era a favorita da bisavó de William, a rainha mãe. Ou será que Kate deveria se livrar das joias e usar uma coroa de flores? A rainha mãe fez exatamente isso quando se casou com o futuro George VI, ele com a gagueira agora imortalizada no filme O Discurso do Rei. Ela usou uma coroa de flores de laranjeira com uma simbólica rosa de York de cada lado. Houve um precedente para tanto: a jovem Victoria também usou flores de laranjeira em vez de diamantes como diadema de casamento. Mas o problema para Kate é a grande expectativa do público: que ela terá a inteligência fashion, a elegância e o charme para ser outra “princesa do povo”, como Diana era chamada. Tudo isso em uma época de celebridade, em que toda noiva, de Victoria Beckham a Jennifer Lopez, se vestiu como rainha por um dia. Como várias gerações de pequenas garotas britânicas já perguntaram à mãe por que sua rainha está usando um lenço Hermès na cabeça em vez de uma coroa, o público certamente irá preferir um pouco de brilho no dia do casamento de Kate. Se Middleton estiver achando toda essa coisa da tiara uma dor de cabeça, não irá se consolar com recentes casamentos reais. Quando Victoria da Suécia se casou com seu personal trainer no ano

Lady Di reinventou o uso da coroa, usando-a em forma de tiara. Abaixo, o broche do príncipe Albert

passado usou uma tiara do tamanho de uma coroa com arrojados camafeus circundando a cabeça. Todo o restante das cabeças coroadas da Europa usou seus ornamentos reais para o grande baile. Meu conselho fashion para Kate seria escolher uma pedra que ache atraente — a rainha Elizabeth tem uma queda por diamantes e safiras, enquanto a rainha mãe gostava de rubis e pérolas. E uma vez que a cerimônia do casamento termine, talvez William pudesse fazer algo realmente ousado: ir com sua jovem noiva a um joalheiro contemporâneo e pedir que desenhe peças especialmente para Kate. Sem história por trás, sem herança de família, simplesmente um talismã do amor moderno do século 21.

SUZY MENKES É COLUNISTA DO INTERNATIONAL HERALD TRIBUNE FOTOS DIVULGAÇÃO

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squeça o vestido – não importa qual pompom de seda ou o tubo de cetim branco – que Kate Middleton vai decidir usar no dia de seu casamento com o príncipe William, em abril. O verdadeiro drama para essa futura rainha, convencional, mas ao mesmo tempo com uma mentalidade moderna, é o que fazer com as joias reais. Há centenas, se não milhares, delas: broches, colares, tiaras, diademas em todas as cores exceto preto. No entanto, se você pensar bem, com o legado da rainha Victoria de 40 anos de luto, provavelmente há uma tonelada de bugigangas jet black (mas definitivamente não jet-set). Assim como o anel de noivado de safira que inexoravelmente liga Kate à Princesa Diana, a maioria das joias traz com elas muita bagagem. Há outra safira poderosa: um broche emoldurado por diamantes. Na verdade, há vários deles; príncipe Albert pegou o “Albert’s brooch,” que ele havia dado a Victoria como presente de casamento, e fez cópias para suas filhas. Há também uma gargantilha de esmeralda cabochon que a imponente Rainha Mary (avó da rainha Elizabeth) fez a partir das esmeraldas de sua família, originalmente ganhas em uma loteria na Alemanha. Diana tirou o enchimento dessa peça, usandoa ao redor da cabeça como uma índia em uma viagem pela Austrália em 1985. Os problemas da jovem noiva começam com os enfeites de cabeça. Usar ou não uma tiara? Desde que Courtney Love e baladeiros modernos ressuscitaram a tiara e a tornaram divertida, faixas brilhantes na cabeça se tornaram um item fashion. Gerações de garotinhas vestidas de rosa cobriram a cabeça de brilhos, e Kate e sua irmã Pippa provavelmente já se postaram ao redor da árvore de Natal da família com tiaras nos cabelos bem escovados. Mas se a experiência de Diana for alguma



PRIMEIRA PESSOA

QUESTÃO DE DNA

A história pessoal de Eliana Tranchesi se confunde com a abertura das importações no Brasil. Depois dela, um estilo legitimamente brasileiro de vestir roupa ganhou o mundo. Criadora e importadora do mais alto luxo, a empresária recebe a repórter Claudia Ramos para lembrar episódios memoráveis, como um certo desfile na Maison Chanel, décadas atrás

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havia mercado, mas a mulher estava interessada no nosso PIB e onde estava a nossa concentração de riqueza. Foi uma negociação longa até convencê-la. Mas conseguimos e vender todas. Isso abriu o mercado e em um ano trouxemos 300 marcas. Nosso grande diferencial é a criatividade e o bom gosto. No inverno de 97, A MÃE LUCIA PIVA DE ALBUQUERQUE, EM PORTRAIT ATUAL eu e a Donata (Meirelles) E COM ELIZABETH SALTZMAN E fomos para a Europa com VALENTINO, EM PARIS calças jeans rasgadas e casaquinho da Chanel, daqueles que só eram vendidos como tailler. Fomos direto ao showroom e as vendedoras quase desmaiaram. Quatro meses depois, a Vogue América colocou na capa a jaqueta Chanel com a calça jeans, exatamente como tínhamos feito, por isso, posso dizer que fomos nós as inspiradoras. Nunca tentei imitar ninguém. Somos irreverentes e os estrangeiros amam esse jeito alegre. Em 2007, fizemos uma festa na Semana de Moda de Paris para as maiores personalidades. Levamos 98 garrafas de ‘51’ para as caipirinhas. Acabaram todas! Os convidados beberam e dançaram até o dia seguinte, quando aconteceria o desfile do Valentino. Só que os principais jornalistas, aqueles que ocupam as primeiras filas, não chegavam e, por isso, o desfile atrasou . O mais engraçado foi vê-los de óculos escuros na fila A, completamente acabados. Foi a melhor festa do evento.

FOTOS ARQUIVO PESSOAL, KIKO FERRITE E ÁLVARO TEIXEIRA

ui pioneira em muitas coisas. Antes da década de 90, as importações eram proibidas no Brasil e não havia internet nem matéria prima para as nossas coleções. Assim, desde pequena, eu e minha mãe, Lucia, passávamos um tempo no exterior atrás de novidades. Víamos vários desfiles. Acho que assisti a todas as coleções nos últimos 30 anos, tanto no Brasil como no exterior. Na época, e, ao contrário de hoje, eram verdadeiros acontecimentos, poucas pessoas tinham acesso. Como sempre fui muito curiosa, anotava tudo. Tinha milhares de caderninhos com desenhos e observações. Um desses desfiles, da Chanel, foi na lendária Maison da Rue Cambon. Devia ter umas 80 pessoas, todas sentadas em volta daquela escada famosa. Dava para ver as modelos se trocando. Era tudo mais intimista, diferente de hoje. Não era um show para o mundo. Durante esse tempo, fomos aprendendo, mudando e desenvolvendo. Fazíamos nossas próprias ferragens, até mesmo os botões! Para mim era inaceitável comprar um scarpin em Paris porque não existia no meu pais, então, eu batia o pé: “Vamos fazer aqui”. Não aceito o ‘não posso, o não consigo’. Assim, eu trazia muitas coisas como parâmetro, inclusive um scarpin de salto. “Meninas, na Europa a mulher compra um sapato e o salto não quebra”. Abrimos e descobrimos que tinha um pino dentro. Os nossos eram só de madeira. Em uma outra viagem, um fiscal da Alfândega me parou: “Por que você está trazendo esse monte de moletons?” Eu respondi: “Se eu não trouxer para a tecelagem ver esses tecidos, nunca vão fazer igual”. Eram peças de lã, seda, stretch. Nós abrimos o mercado para os brasileiros. Quando eu tinha 26 anos, minha mãe morreu. A Daslu já era uma loja maior, com uma linha de produção e estilo consolidados. Quando as importações foram liberadas na década de 90, decidi investir e crescer. Mas, ninguém acreditava que havia mercado de alto luxo no Brasil. No meu primeiro pedido à Prada, a diretora repetia: “Para quem você vai vender 20, 30 bolsas nossas?” Eu não queria 20, mas 250. Garantia a ela que


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REGISTRO Almofadas e poltrona com tecidos da Coleção Nomade de Pierre Frey, www.pierrefrey.com

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O REI NÔMADE A trilha certa, que leva ao caminho da casa como abrigo seguro, faz o nomadismo virar modismo. Conforto, simplicidade, rusticidade, artesanato bruto, colorido abundante e ideias sem fronteiras fazem os passos desse andarilho internacional, que monta sua tenda em terra de ninguém e a transforma em paraíso mul-

ticultural. O design frio e industrial só é válido no ambiente se for livre, versátil e multiuso. Tapetes dos povos curdos, mesa Xique-Xique inspirada em cactos do sertão nordestino (do designer Sergio Matos), luminárias e utensílios como copos e travessas de alumínio batido (de Brunno Jahara, que são inspirados em peças usadas e amassadas), somadas a panos e tecidos da nova coleção Pierre Frey (batizada Nomade) reproduzem motivos étnicos e geométricos típicos do Oriente Médio e Ásia Central. A casa mais do que nunca é poliglota!

Poltrona Pallet, Estúdio Mama COLETIVO AMOR DE MADRE

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POR FABRIZIO ROLLO

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Mesa Xique-Xique do designer brasileiro SERGIO J. MATOS


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REGISTRO

WELCOME

DÉCOR POR FABRIZIO ROLLO

Não é à toa que o belga Dries Van Noten é considerado hoje o nome mais cool e, arrisco, o mais completo da estética fashion e décor. Todos querem vestir um Dries e suas lojas, criadas pelo arquiteto Gert Voorjans, são forte inspiração para decorar uma casa. As butiques têm o verdadeiro espírito “home shopping” com sofás, almofadas, tapetes, mesas de centro e tudo mais que contribui para receber os clientes em clima de “fique à vontade e sinta-se em casa”. O mais novo endereço Dries Van Noten, inaugurado em Paris, no número 9 do Quai Mala-

MESA CHINESA SEC. XVIII, DE LACA, TECNICA QUE COBRE AS PAREDES DA LOJA DRIES VAN NOTEN. ESTA PEÇA ENCONTRA SE NA CONTRY HOUSE, SP

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quis, é dedicado exclusivamente ao homem. Durante anos, funcionou ali uma galeria de arte oriental, e as paredes originais de laca cor brick foram mantidas. O décor reúne arsenal chique e arrojado de móveis de latão e plexiglass dos anos 70, aliados a peças góticas, pinturas flamencas e holandesas e arte africana. Se a loja feminina no número 7 da mesma Quai Malaquis tem ares da decoradora francesa Madeleine Castaing (a mais famosa do século 20), a nova Dries masculina pode ser associada ao gosto artístico de Monsieur YSL. Os que

acompanham a moda mais de perto sabem que esse moço charmoso (fashionistas têm queda por ele, que é muito bem-casado com Patrick Vangheluwe) começou lá nos anos 80, mais precisamente em 1986, e atravessou a década de 90 na contramão do minimalismo. Dries é excentricamente refinado, sofisticado mesmo quando é simples. Sua marca maior é dominada por forte pesquisa de tecidos, cores e estampas — sejam florais, geométricas ou inspiradas em panos antigos turcos, afegãos, marroquinos ou onde quer que a inspiração dele possa viajar.

A NOVA LOJA DE DRIES VAN NOTEN EM PARIS, DEDICADA AO HOMEM, PODE MUITO BEM SER A SALA DE SUA CASA

FOTOS JULIEN OPPENHEIM E DIEGO GAIOTTI PRODUÇÃO DE OBJETO MANUELA FIGUEIREDO

DRESS ME DRIES


C

AROLINA PEREZ,

que por 16 anos atuou como sócia na agência de viagens da mãe, Tereza Perez, tem no DNA o entusiasmo de quem conhece – e sabe — o luxo de viajar. Ou melhor, o requinte. Criadora da Travelweek, exposição com foco em viagens exclusivas que estreia no Pavilhão da Bienal entre os dias 6 e 10 de abril, ela acredita que o importante é realizar viagens diferenciadas, mas com alto padrão.

FOTOS RAPHAEL BRIEST E DIVULGAÇÃO SET DESIGNER TISSY BRAUEN

RG: Comparada a outras feiras de turismo, qual o diferencial da Travelweek? CP: A Travelweek não é somente para negócios. Ela conversa com o público final. O objetivo não é fechar uma viagem in loco, é ter experiências e acesso à informação qualificada. Com projeto assinado por Sig Bergamin, é pioneira ao dividir os pavilhões por destino, por meio de uma grande exposição fotográfica. Viajamos o mundo, convi-

RAIO X POR ANTONIO TRIGO

percorrer seu interior e fazer um tour gastronômico por regiões que fazem da culinária do país uma arte. RG: Qual o seu destino exótico preferido? CP: É importante conhecer o próprio perfil. O Butão é um país excêntrico. E você pode ficar em sua capital, Thimpu, ou em outras cidades, como Paro, hospedado no Amanresorts, uma das cadeias hoteleiras mais chiques. RG: Você já fez uma viagem barata? CP: Já fiz mochilão! Mas confesso que estou ficando mal-acostumada. Minha vida profissional se mistura à pessoal. Como eu posso julgar e propor algo se eu não viver as experiências? RG: É possível viajar com requinte no Brasil? CP: O Brasil prosperou, embora ainda exista um caminho a percorrer. O essencial é encontrar hotéis autênticos, que se integrem à comunidade local. Procure o resort Ponta dos Ganchos em Santa Catarina. Na Bahia há o Vila Naiá, o São Francisco do Corumbau e a Fazenda da Lagoa. RG: Sua próxima viagem será... CP: Para os países do “ão”, como o Quirguistão e Usbequistão. Tenho lido sobre Marco Polo e quero fazer a rota da seda. Mas a rede hoteleira é péssima e é preciso abrir mão de certos confortos. A Travelweek não oferece essa viagem!

A TRILHA DE CAROL damos e patrocinamos as melhores agências do Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia e México. E temos ainda as mais exclusivas redes hoteleiras do planeta, como Four Seasons, Dorchester Collection e Orient-Express. RG: Que país é um clássico para viagens de alto padrão? CP: A França é um clássico. Mas é bom

PATRIMÔNIO INGLÊS

Só quando ela passeia pela esteira do aeroporto a gente entende a verdadeira beleza de uma mala de viagem. Em busca das marcas mais chiques do mundo, encontramos a GLOBE-TROTTER, fundada pelo inglês David Nelken em 1897, na Alemanha. Mas já em 1901 Sir David embarcou de volta pra terra da rainha — a fábrica da marca funciona em Broxbourne. No lugar da mais alta tecnologia, a Globe-Trotter aposta no artesanato, com peças feitas a partir da vulcanização de várias camadas de papel. A estética é atemporal, com coleções temáticas que já ganharam o closet do primeiroministro Winston Churchill e da rainha Elizabeth. www.globetrotter1897.com 23


REGISTRO

VIDA PRIVADA De Jean-Luc Godard a Gus Van Saint, tudo passa pelo liquidificador de referências do paulistano Marco Later, de 21 anos. Com o colega de faculdade Gustavo Moraes, está prestes a lançar uma produtora de vídeo. Tudo começou quando Marco, estudante de cinema da Faap, teve a ideia de produzir videoclipes para bandas nacionais e internacionais. “Mas, veja bem: sem a autorização dos músicos. A gente criava os vídeos porque gostava do som e mandava para a pura apreciação deles”, diz ele, que ainda não decidiu o 24

nome da cooperativa de cinema que acaba de criar. Um dos videoclipes, enviado para a banda meio americana meio brasileira Little Joy, fez o maior sucesso no Youtube, “e sem mesmo que os músicos tenham comentado”, diz. “Foi a partir daí que surgiu a ideia de criar esta produtora, que funciona como uma guerrilha urbana. Cada um de nós tem uma pequena ilha de edição em casa. Já produzimos também trabalhos ligados a música, cinema e publicidade.” O cofrinho só foi inaugurado quando a agência F/Nazca convidou a du-

POR ZECA GUTIERRES

pla para produzir um trabalho de publicidade, “mas isso é também segredo de estado”, avisa Marco, que começou estudando arquitetura na USP, mas trocou tudo pelo mundo do cinema da Faap. E por falar nisso… A maior influência do jovem cineasta vem do cineasta francês Michel Gondry, que produz cinema e videoclipes. “Gosto de soluções não digitais que vão além da estética acelerada dos videoclipes modernos. Curtimos também o cinema alternativo norte-americano”. Mas e Godard? “Bom, ele é o mestre de todo estudante de cinema, né?”

FOTO RAPHAEL BRIEST SET DESIGNER TISSY BRAUEN

CINEMA NOVÍSSIMO


“FERRAMENTAS PARA JARDINAGEM? AH, PROCURE A RUA IMPERATRIZ LEOPOLDINA, PRÓXIMO AO CEASA. VOCÊ ENCONTRA TUDO O QUE PRECISA POR LÁ”

MARICY PISSINATTI, QUE FEZ DE SUA CASA UM JARDIM DAS DELÍCIAS, DÁ DICAS PARA QUEM QUER MEXER NA TERRA

“NOSSAS BOAS LIVRARIAS SARAIVA, FNAC, LASELVA E CULTURA TÊM ÓTIMOS LIVROS SOBRE JARDINAGEM. OU ENTÃO CONSULTE O SITE PLANTARUM.COM.BR”

“PARA UM ‘JARDIM BURLE MARX’: BROMÉLIAS E FOLHAGENS COMO OS PHILODENDROS, ALOCÁCIAS, ANTÚRIOS, HELICÔNIAS, MUSAS, STRELITZIAS, ALPÍNIAS, PALMEIRAS”

MEU MUNDO FOTOS ROMULO FIALDINI

SET DESIGNER TISSY BRAUEN

O JARDIM SECRETO DE MARICY Foi no bairro Sumarezinho, em São Paulo, que a paisagista Maricy Pissinatti encontrou terreno para criar seu belo jardim de flores, trepadeiras, vasos com frutíferas e temperos. Engenheira-agrônoma por formação, começou a carreira em um escritório de paisagismo, em 1995, onde ficou por três anos. “Desde então sigo com a minha própria equipe”,

diz ela, que trocou as sacadas por uma casa térrea e envidraçada com um pátio central ensolarado. Maricy, que cria desde pequenos jardins ou varandas até casas de praia e de campo, é rápida quando a pergunta é o tipo de flor que combina com as estações mais amenas do ano. “Aposte na durabilidade de flores de arbustos como azaléias, camélias, jasmim

amarelo, rosas, lavandas. A ausência de chuvas faz com que as flores fiquem intactas. A temperatura fria conserva naturalmente a flor”, explica. “E não concentre as flores em uma só estação. Diversifique para o espaço estar florido o ano todo.” Já o jardim que deixaria Burle Marx feliz… “Pense em plantas com movimento e flores exuberantes.” 25


REGISTRO

LIVROS POR CADÃO VOLPATTO

Arthur C. Clarke, Kurt Vonnegut e Philip K. Dick são alguns dos escritores fundamentais do gênero. Mas outros continuam levando a ficção científica para frente. O americano William Gibson, nascido em 1948, é o autor de Neuromancer (1984), obra violenta e premonitora, que ajudou a disparar um subgênero poderoso chamado cyberpunk. Caso queira dar um mergulho inaugural nesse gênero que é viciante, uma trinca de livros disponível nas estantes, e logo mais nos tablets, deixará você muito perto da fonte. Comece com A Cidade Inteira Dorme e Outros Contos Breves, de Ray Bradbury (Globo). Fahrenheit 451 e As Crônicas Marcianas são algumas das credenciais de Bradbury (nascido em 1920), um especialista na arte de tornar plausíveis as invenções da imaginação. Esse livro é uma notável (e agradável) coletânea de seus pequenos grandes contos. Depois, ataque com O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick (Aleph). Imagine um mundo no qual alemães e japoneses venceram a Segunda Guerra. Acrescente a esse mundo as altas doses de paranoia e a escrita febril de um mestre da FC. Bem-vindo ao universo de Philip K. Dick. Por fim, para ficar mais próximo do tempo de hoje, leia Neuromancer, de William Gibson (Aleph). É a porta de entrada para o gênero cyberpunk, que atraiu e atrai muitíssimos novos leitores. O livro de Gibson narra as aventuras (e desventuras) de um hacker condenado por ter roubado os patrões. 26

O PAÍS DO FUTURO A literatura brasileira não é pródiga em ficção científica. Mas Bráulio Tavares, autor de A Espinha Dorsal da Memória: Mundo Fantasma (Rocco), é hoje o nome mais reconhecido. No entanto, alguns escritores andam se deslocando para o gênero. Nelson de Oliveira, contista e romancista de dotes literários (autor de Naquela Época Tínhamos um Gato, entre muitos outros), acaba de abandonar a carreira para mudar de nome e de gênero literário. Nelson agora assumiu o heterônimo de Luiz Bras para assinar livros de ficção científica, deixando o outro, o real, para escrever críticas e ensaios. Paraíso Líquido (Terracota) é uma coletânea de contos de Bras que encara a FC sob o ponto de vista das novas tecnologias e crises do futuro. Ou seja: por ele, nossos problemas continuam amanhã.

FOTOS DIEGO GAIOTTI

ATÉ AMANHÃ!


MÚSICA POR ROSANA RODINI

FOTO DHEW COX

APOSTA RG: MOLOTOV JUKEBOX Foi nos ecos baianos de fim de ano que RG descobriu o Molotov Jukebox. Fomos pesquisar, tamanha a animação de quem viu e ouviu in loco a salada musical que a banda de East London fez nas areias de Trancoso. “Era uma vez uma garota, um garoto e um festival que assustaria até Alice em seu país das maravilhas. Nesse festival, eles descobriram o amor, pintaram as suas caras e testaram o limite do corpo humano”, relembra (ou fantasia) Natalia Tena, a líder do grupo. O limite em questão? Oito noites com pouco ou quase nada de sono. Pois bem: nasceu assim, virada, há dois anos e em alguma tenda londrina, a trupe que virou objeto de desejo desta página. “Somos uma banda de seis. Surgimos da procura de um dream team”, pontua. E o time é bom. A começar por Natalia Tena — a linda vocalista é espanhola, toca acordeom, faz dancinha e, nas horas vagas, atua no cinema, com direito a participação no fenômeno Harry Potter e tudo mais. Completando o conjunto da obra,

Sam Apley fica com vocal e violão, Adam Burke é o dono da guitarra, Tom Wilson é o rei do baixo, Max Burnett-Wain assume a bateria e Angus Moncrieff é o cara do trompete. Tá bom para você? “Nos definimos como uma mistura de gypsy, ska, funk, dubstep, flamenco, house, electro, pop, reggae e soul.” E são. Também são pop, com repertório que vai de canções próprias a clássicos de Bob McFerrin ou Marvin Gaye. No Brasil, chegaram via Matthew Bushwacka, top DJ e conhecido de Jessie J, “a partner in crime” do Molotov, como gostam de falar sobre a música que, vira e mexe, dá suas palhinhas nos shows deles. Sabia que a turma de Trancoso segue falando de vocês? “A gente é que segue falando de lá. Somos um bando de gringos acostumados a tocar em clubes pequenos e suados. A Bahia foi especial.” No mais, andam compondo bastante. “Vinho tinto ajuda, viu?”. Ou ajudava, já que durante a passagem por esses trópicos desenvolveram um gosto todo especial pela tal da caipirinha. E caíram nas

graças do samba, claro, que agora passa a ser mais uma influência na salada musical do Molotov, que está, neste momento, gravando num estúdio de Londres o seu primeiro álbum. Paralelamente ao disco, Natalia segue com a sua vida dupla, no bom sentido. “Tenho um filme que sai já, já, o You Instead. Interpreto uma rock star.” Aí é fácil… “Também tenho o último Harry Potter na agenda, e algumas séries”, completa. “Ah, sonho em trabalhar com um diretor espanhol, ou na adaptação de um desenho”, finaliza. Os planos da banda? “Queremos tocar no Rio! E em São Paulo – sentimos falta de queijo e carne no espeto.” Outra vontade é tocar no Carnaval do ano que vem, mas como ainda falta muito... “Juramos nunca mais passar um inverno na Inglaterra. É frio e cinza, entediante e miserável.” Já que o Brasil é quente, devem aportar por aqui nos primeiros sinais do inverno deles. “Já estamos procurando lugares, se alguém puder nos ajudar, só falar com a gente no www.molotov-jukebox.co.uk 27


REGISTRO Toda hora:

O anel de Raphael Falci a acompanha diariamente

Vintage Inseparável: A bolsa Chanel comprada em Paris é curinga

Brilho Intenso:

Colete comprado em um brechó de Nova York

Maxi Colar:

Colorido e alegre, essa peça Miu Miu é definitiva

Glitter Fashion: O

PORTFÓLIO

sapato Miu Miu e um de seus muitos livros de moda

POR TISSY BRAUEN

ALÉM DA MODA

K

ATIA FRIDRICH, que faz sucesso

como personal shopper no Shopping Cidade Jardim ajudando

indecisos na hora das compras, manda o recado: “Trabalho mais com gente do que com roupas. Como tenho facilidade com pessoas, amo o que faço”, divertese a consultora de imagem. De quebra, requisitadas do País. Amante de brilhos e cores, acredita ter um estilo arrojado e, ao mesmo tempo, chique. “Só detesto essa coisa da ‘bolsa do momento’. Apesar de adorar novidades, procuro fugir de coisas óbvias e me diferenciar”, diz ela. (ANTONIO TRIGO)

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Poltrona Desejo:

Da designer Louise Campbell, é a peça que ela mais ama na casa

Para Caminhar:

A sapatilha de paetês Paula Ferber é excelente para o trabalho

FOTOS RAPHAEL BRIEST

é ainda uma das personal stylists mais


O TEMPO É IMPLACÁVEL E O BACANA DE HOJE CAI EM DESGRAÇA JÁ AMANHÃ, NÃO É MESMO? POR ISSO, RG APROVEITA A VIRADA DA DÉCADA PARA REVER MODISMOS E O QUE VIRÁ NOS PRÓXIMOS ANOS. JET SETTERS, BLOGUEIRAS E VINHO ROSÉ JÁ TÊM CARA DE ANTEONTEM PARA VOCÊ? ENTÃO, SIGA A LISTA!

LISTA POR MARIO BOLZAN

2000

2010

Destino para não ir nas próximas férias

St. Barth

Japaratinga

E as blogueiras…

“Você conhece o meu blog?

“Blog, eu? Jamais!

Mulheres da vez

Mulheres-fruta

Transex

Fazer sozinha pra quê?

Personal Trainer

Personal shopper

Estilista da década

Nicholas Ghesquière

Gareth Pugh

FOTOS DIVULGAÇÃO

O melhor fundo de investimento

Bernie Madoff

Meu colchão

Sobre o casamento

Bem-casados

Descasados

Ufa, que azia!

Macarrons

Cupcakes

Droga da década

Ecstasy

Twitter

Recebo em casa e sirvo…

Um carpaccio

Coquetel de camarão, o retorno

Papo cibernético

ICQ

Skype

Para acalmar os ânimos

Rivotril

Rivotril

Best-sellers

Romances de Nick Hornby

Revistas no iPad

Drinque

Vinho rosé

Aperol Spritz

Meu jatinho é…

Sinônimo de status

Uma questão de higiene

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REGISTRO RG ULTRA-SOM

Com look retrô e combinação de materiais exótica, o Ultrasone Edition 10 é acessório indispensável para qualquer iPod maníaco. Em edição limitada, o mimo custa U$ 2.750. Escutou?

ESPORTE FINO NAS PASSARELAS MASCULINAS DE GIVENCHY, ACNE E D&G O MOLETOM COM PEGADA POP E GRÁFICA FAZ ALUSÃO À CULTURA “FOREVER YOUNG” E PROMETE SER O HIT DA TEMPORADA EM QUALQUER FAIXA ETÁRIA.

FRIVOLIDADE

MÁXIMA POR DUDI MACHADO

ARCO-ÍRIS

Novo diretor criativo da Asprey, a loja de produtos de luxo mais tradicional da Inglaterra, Bruce Hoeksema, promete injetar ar fresco na marca. A coleção de clutches Regent Satin é uma das primeiras a chegar numa infinidade de cores preciosas.

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FOTOS DIVULGAÇÃO E CHRIS MOORE/CATWALKING

MISS B.

Neta do fundador do império joalheiro que leva o nome de sua família, Marina Bulgari se desligou da família e criou sua própria marca Marina B., hit entre o jet-set na década de 80. Apesar de ter abandonado o business na década seguinte, seu nome prevalece e, agora, sob nova administração, a marca irá relançar os mimos preciosos que causavam frisson no passado em endereço luxuoso de NY, mais precisamente no número 589 da 5ª Avenida.


Old School Clássica, mas sem caretice, a J. Crew sempre foi endereço certo para encontrar os melhores clássicos do guarda-roupa americano. A recém-lançada linha de tênis em edição limitada em parceria com a New Balance é prova disso. No momento, apenas à venda na Liquor Store, loja especial da marca, em Tribeca, NY.

BIG BANG

Quase uma novata em um mercado dominado por empresas centenárias, a italiana Hublot nasceu em 1976 pelas mãos de Carlo Crocco, criador da primeira pulseira de borracha natural da história. Sempre inovando, a marca é hoje uma das que apresentam uma gama infindável de modelos com diferentes combinações de materiais, pedras preciosas e cores com apelo esportivo e fashionista. No Brasil dá pra ver os modelos nas vitrines da Frattina Joias.

CIOCOLATTO FUNDADA EM TURIM EM 1858 PELOS IRMÃOS FERDINANDO E EDOARDO BARATTI, A BARATTI & MILANO É UMA VERDADEIRA INSTITUIÇÃO ITALIANA. FAMOSA POR SEUS BOMBONS DE GIANDUIA, A MARCA AGORA TAMBÉM É BEST-SELLER NA EATALY, A NOVA MEGALOJA ESPECIALIZADA EM PRODUTOS ITALIANOS DE MARIO BATTALI, EM NOVA YORK.

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REGISTRO

IT GIRL...

O

nome é masculino. Mas isso é apenas um detalhe quando a era é trans. Quer uma prova maior? ANDREJ PEJIC emplacou como nossa it-girl da vez, seção reservada normalmente a moças de fino trato. Loiro, alto e esguio, o modelo sérvioaustraliano tem traços tão femininos que muitas vezes é confundido com mulher. Não que isso, no caso dele, seja ruim. Figura exótica, é a atual causa de frenesi do mundo da moda. Já desfilou para estilistas como John Galliano, Raf Simons, Paul Smith e Jean Paul Gaultier. Para o último, aliás, foi fotografado para a campanha hot, hot, hot (menina com menina e beijo na boca, sabe?) ao lado da top Karolina Kurkova. Quase veio ao Brasil na última edição da São Paulo Fashion Week. Não fechou por conta do seu cachê, mais alto do que os interessados podiam pagar para tê-lo. Sim, androginia é fashion. Mas também é cara. Tempos de Lea T, baby.

3X4 É vestido de mulher que Andrej Pejic desfila para as principais marcas do mundo

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FOTOS NATHALIE LAGNEAU/GETTYIMAGES.COM E REX FEATURES

(ROSANA RODINI)


AND IT GUY: ANDREJ PEJIC

N

ão se trata de redundância. Também estamos (pelo menos por ora) um pouco longe da insanidade. Mas fazer o quê se a nossa it-girl também exerce, e muito bem, as funções de garoto da vez? ANDREJ PEJIC, que você já conhece da página ao lado, é homem com H. Começou a carreira de calça. Logo emplacou na Semana de Moda de Paris, ainda a mais importante do circuito mundial. Aí começaram a perguntar quem era a tal loira do backstage. A turma que adora uma quebra de barreiras logo inverteu os papéis do loiro, que facilmente se passa por mulher nas passarelas ou em power editoriais mundo afora. Combina com os novos tempos, e também com o futurismo das passarelas. Ainda assim, vira e mexe, Andrej abocanha campanhas masculinas, uma coisa “o avesso do avesso do avesso”, como já disse Caetano Veloso. O último a apostar na verve mui macho do rapaz? Marc Jacobs. Garoto esperto. Ou garota, dependendo da ocasião… (ROSANA RODINI)

FOTOS MIKE COPPOLA/GETTYIMAGE E DIVULGAÇÃO

3X4 O queridinho da moda trans em versão masculina. Na certidão, ele é homem

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HANNELI MUSTAPARTA

HANNELI.COM


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CAMILA ESPINOSA

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CAMILA COUTINHO

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ANNA FASANO

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MARIAH BERNARDES

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TATIANA PILテグ

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GALA GONZALEZ

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REGISTRO

MENINA DAS LETRAS

FINA ESTAMPA ELA TEM 33 ANOS, É LINDA E VEM AO BRASIL PARA PARTICIPAR DE UMA FLIP PELA PRIMEIRA VEZ. SEU NOME: POLA OLOIXARAC. NACIONALIDADE: ARGENTINA. PARA AQUELES QUE COSTUMAM ACHAR QUE A COMPETÊNCIA NÃO É UM ATRIBUTO COMUM EM MULHERES BONITAS, O PREMIADO ESCRITOR RICARDO PIGLIA DÁ O TROCO: “ELA É O GRANDE ACONTECIMENTO DA NOVA NARRATIVA ARGENTINA”. SEU ROMANCE DE ESTREIA, AS TEORIAS SELVAGENS, FOI EDITADO AQUI PELA SARAIVA. EM ENTREVISTA À RG, POLA DIZ AQUILO QUE TODO O MUNDO ESPERA – QUE GOSTA DE CHICO BUARQUE, MUTANTES, TOM JOBIM E GAL COSTA. QUE SÃO PAULO É SELVAGEM E QUE SONHA CONHECER O RIO. “BEM, EU TENHO TODOS OS TIPOS DE FANTASIAS QUENTES SOBRE O BRASIL, COMO TODOS OS ARGENTINOS”, INSINUA. AGUARDEM, EM PARATY ELA VAI INSINUAR MUITO MAIS. 48

(ANTONIO TRIGO)


FOTOS PAOLA CORTES ROCCA, DIVULGAÇÃO, VICTOR ALMEIDA E RAPHAEL BRIEST

SEGUNDA PELE

Investir nos clássicos eternos – que podem ser usados por muitas e muitas temporadas – é a pedida da vez, certo? Pois bem, em tempos de minimalismo e elegância máxima, tudo indica que o atemporal cashmere vai ser protagonista da próxima estação. Por aqui, RG adora os modelos da Fillity: em versões decote V ou decote canoa, eles são produzidos em infinitas cores diferentes e usam matéria-prima importada da Mongólia, referência absoluta no tema. Para colecionar! www.fillity.com.br (ALESSANDRA GARATTONI)

A GRANDE MAÇÃ

Mais parece um conto de fadas: ROBERTO VASCON sai do interior de Minas Gerais para tentar a sorte em Nova York, mas acaba dormindo no Central Park. Do dinheiro que conquistou recolhendo latas, um dia resolveu confeccionar bolsas e acabou descoberto por um jornalista. O resultado? Suas Perfect Bags são um sucesso – e já foram vistas até em estrelas como Madonna e Oprah Winfrey. www.robertovascon.com.br (ANTONIO TRIGO)

ACELERA, GUGA A RELAÇÃO DE AMOR ENTRE GUGA SZABZON E AS ARTES PLÁSTICAS VEIO DE UMA FORMA ACIDENTAL. SEU CÚMPLICE É UM FUSCA VERMELHO, NO QUAL PERCORREU OS SEBOS DE SÃO PAULO EM BUSCA DE ANTIGOS MAPAS. E FOI O MIX DE SEUS CONHECIMENTOS CARTOGRÁFICOS E DE CORTE E COSTURA QUE RESULTOU EM SEU TRABALHO MAIS IMPORTANTE: A SÉRIE LUGAR COMUM. EM JUNHO, GUGA PARTE RUMO A BERLIM, ONDE FICARÁ POR TRÊS MESES. VOLTA AO BRASIL EM SETEMBRO, COM UMA EXPÔ NA CAPITAL ALEMÃ EM SEU CURRÍCULO. (MARILIA NEUSTEIN) 49


REGISTRO

GALERISTA GENTIL Nem parece galeria de arte. Parece uma casa, dessas muito cozy: pé-direito baixo, telhado branquinho e um dono sorridente que te convida para tomar chá e falar da vida, com a calma que só os fortes conseguem manter na pauliceia doidona. Não é à toa que EDUARDO FERNANDES dá nome à sua galeria; é ele quem pulsa ali, meticuloso na escolha dos seus artistas — gente com genuíno talento, boa parte ainda não reconhecida, outros tantos já consagrados, como o excepcional Eduardo Climachauska. Investimentos certos. O galerista passa ao largo dos modismos do mercado, foge das bolhas especulativas e mira em arte de gente grande, de técnica consistente e comprometimento com o essencial do ofício. Os critérios não mudam. Mas reciclar é bem-vindo, e Fernandes recebeu RG no novo espaço de sua galeria, agora reformada, mais ampla e receptiva, com bancos no jardim e novas paredes; tinta fresca para receber obras de artistas que você deveria conhecer. Vá com tempo, é um respiro. www.galeriaeduardohfernandes.com. (JEFF ARES)

FRANCESINHA A JOALHEIRA FRANCESA ANNELISE MICHELSON MOSTROU O PORQUÊ DE SER UMA DAS QUERIDINHAS DE NOMES PODEROSOS DA MODA, COMO CARINE ROITFELD. O TRABALHO DA MOÇA É UMA MISTURA DE MATERIAIS PRECIOSOS COM OUTROS

JÁ ESTOU PROCURANDO ARTESÃOS E ADORARIA TRABALHAR COM FAVELAS. HÁ MUITO PARA FAZER NESTE PAÍS.” ELA JÁ COGITA UMA LINHA ESPECIAL SÓ PARA OS CLIENTES BRASILEIROS. OS COLARES E PULSEIRAS PESADOS DE BRONZE — SEMPRE FEITOS A MÃO — JÁ TÊM FÃS POR AQUI, COMO PAOLA DE ORLEANS E BRAGANÇA E COSTANZA PASCOLATO. WWW.ANNELISEMICHELSON.COM (ANTONIO TRIGO) 50

FOTOS NICKOLAS LORIEUX E ROMULO FIALDINI

“GOSTARIA DE DESENVOLVER MINHAS CRIAÇÕES NO BRASIL,

FOTOS NICKOLAS LORIEUX E ROMULO FIALDINI

INUSITADOS, COMO MIÇANGAS E OLHOS DE GATO DE VIDRO.


REVISTA DE CABECEIRA

FOTO FREJA ERICHSEN HENRIQUE GENDRE EDIÇÃO LUIS FIOD BELEZA DANIEL HERNANDEZ E DIVULGAÇÃO

Até parece um livro, mas LE MONDE D’HERMÈS é uma revista bimestral distribuída para os clientes da Hermès mundo afora. E apenas compradores selecionados e fiéis, é bom ressaltar. No Brasil, desembarcam apenas 3 mil exemplares por edição, que esgotam na mão das lulus mais afoitas. O conteúdo gira, claro, em torno das novidades da maison e mostra editoriais feitos especialmente para a publicação. Pela quantidade limitada, tem até colecionadoras, que esperam a revista com a mesma ansiedade que uma nova bolsa Birkin. Corra. www.hermes.com (A.T.)

EXÓTICA

Depois do rasante que deu em São Paulo, a top dinamarquesa FREJA BEHA ERICHSEN saiu encantada com os grafites espalhados pela cidade. E prometeu voltar ao país, para férias na região norte, dica da amiga Raquel Zimmermann. Copiada por todo o planeta fashion, ela é da nova safra de tops de beleza incomum. “Fico muito contente. O momento agora é mais andrógeno, talvez por isso eu seja uma referência de estilo ou beleza para outras pessoas”, diz, em entrevista exclusiva à RG. E sobre a ser modelo número dois do models.com? “Me sinto lisonjeada, mas o mais importante é que gosto do trabalho e das pessoas com quem convivo”. (A.T.) 51


varuzza

50 60 70

r jo達o moura 499 11 3898 0458 rvaruzza@uol.com.br


MODA A V O LTA D O S U M M E R J A C K E T + M O D A + E S T I L O + J O I A + B E L E Z A

FOTO TERRY RICHARDSON

COM NOVA YORK A SEUS PÉS, TERRY RICHARDSON CLICOU A TOP ENIKO MIHALIK COM O LOOK DO MOMENTO

Eniko com look total BO.BÔ. Marcelo Sebá assina a direção artística e Matheus Mazzafera, o styling

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MODA Marco Apolônio, R$ 638

JULIA RESTOIN

Lia Souza, R$ 263

ESCONDEMOSTRA DISCRETA, SUTIL E ELEGANTE: EIS A TRANSPARÊNCIA DA VEZ POR PAULA MENDES

Emporio Armani, R$ 1.640

Bottega Veneta na Avec Nuance, R$ 9.890 ELIE TAHARI, FALL 2011

Left, R$ 780

TRANSPARÊNCIA Bo.Bô, R$ 438

Saad, R$ 742

Jimmy Choo, R$ 3.700

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FOTOS STILL VICTOR ALMEIDA ASSISTENTE DE PRODUÇÃO DE MODA LIANA HAJE FOTOS ANDRÉ LIGEIRO E DAVID X PUTTING/DFANYC.COM

QUER



MODA

TOQUE FINAL

Missoni na Alberta, R$ 1.716

EXTREMOS OPOSTOS: INVISTA EM TEXTURAS DIFERENTES EM UM MESMO LOOK

Diferenza, R$ 583

POR PAULA MENDES

Rodo na Alberta, R$ 1.890

Corello, R$ 379

Colcci, R$ 1.749

Daslu, R$ 490

MARIA BONITA EXTRA, INVERNO 2011

OLIVIA PALERMO

MIX TEXTURA

Renner, R$ 90 Louis Vuitton, R$ 8.200 Maria Bonita Extra, R$ 715

QUER

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FOTOS STILL VICTOR ALMEIDA ASSISTENTE DE PRODUÇÃO DE MODA LIANA HAJE FOTOS CHARLES ESHELMAN/GETTYIMAGES.COM E LUISA GOMES/GETTYIMAGES.COM

Vania Nielsen no Conceito Showroom, R$ 895



MODA

MANGA CASULO WHITNEY PORT

Pantalena, R$ 6 mil

Triton, sob consulta

Lia Souza, R$ 478

Bo.Bô, R$ 678

NOITE E DIA

OMBROS COBERTOS EM VERSÃO LIVRE DE MONOTONIA POR PAULA MENDES

Dior, R$ 7.600

Giulietta no Loft.y showroom, R$ 576

QUER

Checklist, R$ 149

Hector Albertazzi, R$ 336 Missinclof, R$ 847

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OSKLEN, INVERNO 2011

FOTOS STILL VICTOR ALMEIDA ASSISTENTE DE PRODUÇÃO DE MODA LIANA HAJE FOTOS JACOB ANDRZEJCZAK/GETTYIMAGES.COM E DIVULGAÇÃO

Daslu, R$ 990



ESTILO CLAUDIA SCHIFFER DEIXA A DUPLA CLÁSSICA P&B MUITO MAIS INTERESSANTE COM SEU LENÇO FLORAL

FLAGRA POR BIA PEROTTI

CONFUSÃO DA BOA

FOTOS FRED DUVAL/GETTYIMAGES.COM, JEAN BAPTISTE LACROIX/GETTYIMAGES.COM, HENRIQUE PADILHA, JASON MERRITT/GETTYIMAGES.COM, STEPHEN LOVEKIN/ GETTYIMAGES.COM E CHARLES GALLAY/GETTYIMAGES.COM

NÃO TENHA MEDO DE OUSAR COM ESTAMPAS E PADRONAGENS DIFERENTES NA MEDIDA CERTA

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PARA COMEÇAR

SE AS MISTURAS DE ESTAMPAS E PADRONAGENS MUITO DIFERENTES TE ASSUSTAM, COMECE COM PRODUÇÕES MAIS TÍMIDAS. A SUGESTÃO É USAR A MESMA ESTAMPA EM TONS DIFERENTES. VOCÊ VAI SE ACOSTUMAR E LOGO DESFILARÁ POÁS COM ONÇAS, FLORES, LISTRAS... KRISTEN BELL COMBINA A MESMA ESTAMPA EM TONS DIFERENTES. BOA OPÇÃO PARA QUEM NÃO QUER OUSAR DEMAIS

FLORES + ONÇA PARECE UM MIX IMPROVÁVEL? AMBER HEARD PROVA QUE NÃO!

OLIVIA PALERMO COMBINA DESCOMBINANDO CORES E PADRÕES. E NÃO É QUE FICOU LINDO?

GLORIA KALIL ESCOLHE CAMISETA LISTRADA E SOMA À SAIA FLORAL TIPO PAREÔ

ANNE HATHAWAY MISTURA LISTRAS E POÁS NA PRODUÇÃO TOTAL MARNI

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ESTILO A SILHUETA COMPORTADA DO VESTIDO DE EMMA STONE PROVA QUE NÃO É PRECISO MUITO PARA FAZER BONITO

OS 10+ NA ONDA CLEAN POR BIA PEROTTI

O MINIMALISMO INVADE TAMBÉM O RED CARPET – E A MODA JÁ ESTÁ ENTRE AS BRASILEIRAS

ACESSÓRIOS EM NUDE E DOURADO VALORIZAM O LARANJA DESFILADO POR GWYNETH PALTROW

CLAIRE DANES VAI COM O ROSA ANTIGO – O TOM DA VEZ – ASSINADO POR CALVIN KLEIN

JULIA PETIT UNE MODA E BELEZA: O COQUE NO TOPO DA CABEÇA É ÚLTIMA TENDÊNCIA

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FAÇA COMO DIANE KRUGER E ESCOLHA UM TECIDO COM EFEITO BRILHANTE PARA ILUMINAR O MODELO

LIMPEZA FASHION

A FAMOSA REGRA DO “MENOS É MAIS” VEM COM FORÇA E A ORDEM É PREZAR PELO MENOS POSSÍVEL. DEIXE EM CASA ACESSÓRIOS CHEIOS DE DETALHES, BOLSAS COM FRUFRUS E DÊ PREFERÊNCIA A BRACELETES E CLUTCHES COM DESIGN IGUALMENTE LIMPO. O RESULTADO É ULTRAMODERNO.


PANTONE

A CARTELA DE CORES FAVORITA DAS CELEBRIDADES PASSEIA PELA GAMA DE ROSAS QUE VAI DO PINK AO ROSA PÁLIDO E DO LARANJA CLARINHO ATÉ O CORAL. COMO COMBINAR? INVISTA EM ACESSÓRIOS DOURADOS E NUDE. BOA PEDIDA PARA ILUMINAR AS NOITES DE FESTA.

MALIN AKERMAN COMBINA CLUTCH E BATOM COM O TOM DO VESTIDO NUM LONGO DE SEDA

FOTOS PETISCOS.COM, JASON MERRITT/GETTYIMAGES.COM, ALBERTO E. RODRIGUEZ/GETTYIMAGENS.COM, FRAZER HARRISON/GETTYIMAGES.COM, KEVORK DJANSEZIAN/GETTYIMAGES.COM E JERRIT CLARK/GETTYIMAGES.COM

CAMERON DIAZ PROVA QUE CONHECE A REGRA DO EQUILÍBRIO: QUANDO O VESTIDO É JUSTO, A BARRA DESCE

ELETTRA ROSSELLINI DISPENSA ACESSÓRIOS, MAS CAPRICHA NO MODELO: DECOTE E COMPRIMENTO ASSIMÉTRICOS

O T-SHIRT DRESS GANHA O RED CARPET. JULIANNE MOORE ARREMATA A PRODUÇÃO COM CABELOS AO NATURAL

DREW BARRYMORE ELEGE LOOK-DESEJO DE JIL SANDER DE MODELAGEM INUSITADA

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JOIA ESPAÇO VAZADO Se você não é fã das peças mais pesadas, a alternativa é apostar em pulseiras cheias de recortes que deixam a pele à mostra e trazem mais leveza. RG adora o modelo desenvolvido por Ana Khouri, à venda na NK. Ana Khouri na NK Store, R$ 19.380

ESCULTURA DE MODA DESIGNERS SE INSPIRAM NA ARQUITETURA E CRIAM PEÇAS QUE SÃO VERDADEIRAS OBRAS DE ARTE POR BIA PEROTTI Antonio Bernardo, R$ 22.950

QUER

O escolhido

ELE É QUERIDINHO DAS MOÇAS ANTENADAS E DE PERSONALIDADE FORTE QUE AMAM PEÇAS COM DESIGN ARROJADO. RAPHAEL FALCI ACABA DE LANÇAR SEU SOCO-INGLÊS DELUXE (R$ 398) — COM BANHO DE OURO E ÔNIX – QUE TEM TUDO PARA SE TORNAR MAIS UMA PEÇA-DESEJO. GIOVANA GASPARINI JÁ GARANTIU O SEU!

PEÇA ASSINADA

H. Stern, R$ 74.500

Tiffany & Co., sob consulta

LUZ E FORMA AS PEÇAS ARQUITETÔNICAS TÊM UMA QUEDA PELO DESIGN CLEAN COM FORMAS ARREDONDADAS OU RETAS E QUASE SEMPRE LISAS. MENOS É MAIS! 64

GLORIA COELHO, INVERNO 2011

Antonio Bernardes, R$ 13.430

FOTOS RAPHAEL BRIEST E DIVULGAÇÃO BELEZA RAFAELA FIGUEIREDO/CAPA MGT FOTOS STILL DIVULGAÇÃO

ANÉIS E PULSEIRAS LEMBRAM ESCULTURAS EM FORMA DE CUBOS, FITAS E ONDAS. ITENS DE COLECIONADOR



BELEZA

Dior, R$ 116

QUASE NATURAL TRÊS TENDÊNCIAS PARA TER A CARA DO INVERNO 2011 POR CASSIA AVILA

Contém 1g, R$ 39

NO TOM CERTO

FATIMA THOMAS, maquiadora sênior da

Ruivas e loiras ficam ótimas com vermelhos vibrantes. As morenas são iluminadas pelos tons cereja. E as negras devem investir nos vermelhos acobreados e vinho

MAC, conta que a estação será de cores fortes. “A boca será intensa com muito vermelho, vinho, pink e laranja”, diz. Outra forte tendência? “Dark Eyes”. “Não o preto básico e clássico, mas o verde, beringela e cinza. O cinza é perfeito para mulheres que estão aprendendo a se maquiar. Ele esfumaça melhor do que o preto e a chance de errar é menor”. Mais uma aposta: Nude Face. “Não só a boca, como vimos nos últimos tempos, mas todo o rosto, que será marcado por pele perfeita, cintilante e luminosa. As pessoas nem vão saber onde está a maquiagem.”

NOVIDADE! Eudora, R$ 24

MAC, R$ 125

Duda Molinos, R$ 31 cada

Givenchy, R$ 250

TENDÊNCIA MAC, R$ 117

A MAQUIADORA AMERICANA, QUE SE APAIXONOU PELA PROFISSÃO POR MEIO DAS ARTES PLÁSTICAS, JÁ TRABALHOU COM MARCAS COMO CHLOÉ, DRIES VAN NOTEN, ZAC POSEN, GIAMBATISTA VALLI, ALBERTA FERRETTI, BLUMARINE, MISSONI, DONNA KARAN, ALEXANDER MCQUEEN, DIANE VON FURSTENBERG, EPPERSONM, LANVIN, MALANDRINO, BABY PHAT E SEAN JOHN. NA SÃO PAULO FASHION WEEK, ASSINOU A BELEZA DOS DESFILES DE REINALDO LOURENÇO (FOTO), OSKLEN, GLORIA COELHO E IÓDICE. ACHOU POUCO? TAMBÉM JÁ PASSARAM POR SEUS PINCÉIS CELEBRIDADES COMO ALICIA KEYS, MARY J. BLIGE, FERGIE, JILL SCOTT, GREEN DAY, CYNDI LAUPER, BILL BELLAMY, KAT WILLIAMS E MICAH KIYO. ESTÁ BOM OU QUER MAIS? 66

FOTOS PAULO REIS FOTOS STILL DIVULGAÇÃO

OLHOS DE LINCE


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exposição inédita de

viagens exclusivas

Travelweek Sao Paulo - a primeira exposição de viagens de alto padrão realizada no Brasil. Uma galeria inspiradora de viagens na Bienal de Niemeyer, ambientada por Sig Bergamin, que traz 300 top representantes do mundo à São Paulo. Viagens começam com o prazer de fazer planos, abrir mapas e transportar a imaginação para os confins da Terra e suas infinitas possibilidades. 6 de abril | quarta-feira abertura para convidados 7 & 8 de abril | quinta & sexta-feira exclusivo para profissionais 9 & 10 de abril | sábado & domingo aberto para visita, ingressos na bilheteria Venha ver o que o mundo tem de melhor a oferecer. Acesse nosso website e conheça as marcas de maior prestígio, além de dicas de viagens na seção HOTIPS.

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O que é o novo

para você?

O que é o novo para você? Esta foi a pergunta que nos permeou durante a

edição de março, aqui na redação da RG. Preparamos um laboratório imaginário e fomos à luta: criar a diva da nova década, deste século 21. Ela precisa ter personalidade, sex appeal, uma pitada da irreverência e bastante classe. Em pouquíssimo tempo tínhamos a resposta: Camila Pitanga. Muito mais do que todos estes adjetivos, Camila tem a ginga da brasileira. E um estilo próprio realçado pelos pincéis de Daniel Hernandez e captado pelas lentes de Romulo Fialdini. E como falar do novo sem pensar em Pedro Lourenço? Impossível. Esta edição também rende as mais sinceras homenagens ao nosso menino-prodígio da moda brasileira, que neste exato momento pode estar recebendo os aplausos mais que merecidos de uma seleta plateia em Paris, por conta de seu terceiro desfile na capital da moda. E quem diria que o novo queridinho dos estilistas internacionais é também a menina dos olhos desta mesma turma. Entenda quem é Andrej Pejic, que dá suas piruetas — vestido de menina ou de menino, dependendo da ocasião — nos desfiles mais importantes mundo afora. Sabia que a apostasensação da literatura é uma menina fashion, linda? A argentina Pola Oloixarac, que desembarca por aqui para participar da Flip, em julho. Por falar em novo, conheça Marco Lafer: bem nascido, boa pinta e cheio de talento para o cinema. Nas nossas andanças também descobrimos uma menina especial e estilosa até não poder mais correndo pelo Parque do Ibirapuera. Trata-se de Stephane Park. Uma coreana apaixonada por novidades e moda. Assim como nós.

diretora de redação 71


S

oul Beautiful

Que Amy Winehouse que nada. O papel de diva moderna cai muito, mas muuuito melhor na nossa Camila Pitanga. Nela não falta sequer aquela pintinha, mais estratégica que a de Marilyn. (E ao vê-la dançar e ouvir seu vozeirão, é o caso de perguntar se ela não está na profissão errada.) POR FRED MELO PAIVA FOTOS ROMULO FIALDINI STYLING FABIO ISHIMOTO BELEZA DANIEL HERNANDEZ


Jaqueta de pele, Talie NK Store e vestido, Herve Leger na M & Guia


Top, Carlos Miele e saia, Lita Mortari. テ田ulos, Louis Vuitton e colar, Givenchy na NK Store


ncontro Camila Pitanga espichada lânguida e preguiçosamente na cadeira, a admirar-se no espelho. É uma cadeira comum, que não cabe uma Camila Pitanga inteira. De forma que ela está com as pernas pro ar e os pés sobre o balcão, descalços. Eu, que tenho fetiche por pés assim como Quentin Tarantino e o outrora repórter-rastejante Xico Sá, tento aferir alguma coisa sobre o sustentáculo daquela carreira. Não é um pé delicado, a que se pode chamar de pezinho. Poderia dar uma nota quatro pontos acima da Alessandra Ambrosio, por exemplo. Mas imagino o que muita gente não faria para chegar aos pés da Camila Pitanga. Anoto no bloquinho: nota 7. Vou me distraindo com essa questão rasteira enquanto Camila se distrai com o iPhone, vendo fotos e vídeos da Antônia. Camila tem 33 anos. Antonia vai fazer 3 – mas já sabe cantar “Oh, Terezinha... Oh, Terezinha... É um barato o Cassino do Chacrinha!”. Está no iPhone. Foi a Camila que ensinou, ao passar com a filha repetidas vezes pela estátua do Velho Guerreiro nas proximidades da Globo, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro. Em compensação, Antônia tem ensinado à mãe sobre a complexidade das relações humanas. “Educar te faz pensar”, diz Camila, “faz rever várias coisas”. Camila vê e revê o espelho à sua frente. Está descalça e de bobs. Bobs cor-de-rosa. Estamos no camarim do estúdio de Bob Wolfenson, alugado para a produção do ensaio que você, leitor, pode ver nestas páginas. De bobs no Bob, penso eu bobamente. “Pode passar a argamassa”, sugere ela ao maquiador Daniel Hernandez. “É que depois do laser para correção da pele apareceram umas manchas de sol no meu rosto.” Apuro o olhar para ver se identifico alguma coisa. Concluo que

assim como os bobs as manchas devem ser coisa da cabeça de Camila Pitanga. A maquiagem precede a hora da estrela, sugere a fabricação da diva, a transformação da pessoa física em pessoa jurídica. Daqueles bobs há de emergir um cabelo de fazer inveja, daquela “argamassa” não se verá mais do que bochechas naturalmente douradas. Nesse limiar entre realidade e fantasia, dão-se as conversas mais despretensiosas – o papo-furado que vale dez entrevistas com o gravador na mão. “Sabia que você tem um twitter falso?”, pergunta Fabiana Oliva, a assessora. “Jura? E o que publicam nesse twitter?”, interessa-se Camila. “Dão notícias da sua vida como se fosse você.” Camila permanece impassível, como se os bobs não permitissem ficar de cabelo em pé. “E não tem jeito de explodir isso?”, vocifera, estilo Kadafi. Fabiana explica os trâmites que já percorreu para tentar a “explosão” da conta. Ainda não teve sucesso – nem com Camila Pitanga nem com Fábio Assunção, que embora falte na novela é outro a sobrar no site de relacionamentos. “Melhor é fazer como Zé Simão”, diz Fabiana, referindo-se ao colunista da Folha de S.Paulo. “O seu twitter é falso, mas ele finge que é verdadeiro.” Macaco velho. Enquanto se tece essa conversa fiada, puxam-se uns olhos de gata na Camila Pitanga, instalam-se uns cílios postiços. Camila vai ganhando ares de Amy Winehouse, coitada. Mas isso é bom: vamos acabar com esse negócio de que apenas a Winevodka, esse contêiner sem alça, pode trazer para os novos anos 10 o deslumbre feminino dos velhos anos 20. O papel de diva moderna cai muito, mas muuuuito melhor na nossa Camila Pitanga. Em cujo vozeirão, inclusive, eu apostaria todos os meus caraminguás. Olha, Camila, lembre-se disso: fui eu que dei a ideia.


Vestido, Reinaldo Lourenรงo


Regata, Le Lis Blanc e saia, Emporio Armani

O papel de diva moderna cai muito, mas muuuuito bem na nossa Camila Pitanga


aniel com a mão na massa, e Camila, falando no telefone. Tipo aquelas conversas que a gente ouve por aí, no restaurante, no elevador. “É você que está cuidando das coisas do meu irmão, Julita?... Ahan... Sei, sei... Ahan... O mesmo preço ou deu um advance?... Ahan... Sei, sei...”. O Daniel põe uma Bethânia no tocador de iPod. “Mas peraí, cê vai conseguir negociar um advance, né?... É que eu sou a irmã mais velha... Sei, sei... Ainda não deu pra falar de valores... Ahan...”. Ficamos todos de voyeur, quer dizer, de escuteur. Eu já imaginava grandes negócios, contratos milionários (fui eu que dei a ideia!). E rolava Bethânia. A essa altura Camila já tinha as bochechas coradas por alguma coisa que eu, analfabeto nessa parte, diria ser uma boa lufada de pó de arroz. Agora sem os bobs, surge uma outra Camila Pitanga – e vai-se embora aquela deusa tipo “nóis lá em casa”, de bobs e chinelo de dedo. Uma chapinha – pelo menos o que eu julgo ser uma – rola ao som da Bethânia. E a Camila vai ficando aquela Pitanga que a gente conhece. “Negue o seu amor, o seu carinho, diga que você já me esqueceu, pise machucando com jeitinho esse coração que ainda é seu, diga que o meu pranto é covardia, mas não esqueça que você foi minha um dia...”. Parecia surreal: eu, num pequeno quartinho com a Camila Pitanga, ouvindo “Negue” – uma pena que fosse a versão da Bethânia, cujas letras a Camila sabia de cor. Menos essa, que ela pulou. Talvez, como eu, preferisse o clássico de Adelino Moreira na voz do Nelson Gonçalves. Ou do Marcelo Nova, com o Camisa de Vênus. Isso, no entanto, não vinha ao caso. Porque finalmente o Daniel tinha encerrado o seu trabalho e a Camila era a Camila Pitanga – dourada, magrinha, gostosa, alta, negra, branca, forte, fina, despachada, elegante, et coeteras et coeteras. “Que transformação”, digo, ao pé de seu ouvido, no lugar de recitar o Adelino Moreira. “Não é? Ressuscita-me!”, brinca, linda de morrer. 78

Questionário Proust A ideia de felicidade perfeita: Sentir o sol tocando a pele. Um herói vivo e um herói morto: Antônio Pitanga e Gandhi. A pessoa que mais admira: Paulo José. Sua característica positiva mais marcante: Gostar de dançar. Sua característica mais deplorável: Superexigência. A característica que mais deplora nos outros: Não lido bem com a ironia. Sua maior extravagância: Receber muito bem meus amigos em casa. A viagem preferida: Tailândia. O maior amor da sua vida: Meu amor, Cláudio. Onde e quando foi mais feliz: Em Baía Formosa (RN), vendo os fogos no último réveillon. Sua maior realização: Antônia. Ocupação preferida: Me preparar para um próximo papel. Qualidade que mais admira num homem: A pele. E numa mulher: A cumplicidade. O que mais valoriza nos amigos: O mesmo: cumplicidade. O escritor preferido: Escritora: Clarice Lispector. Se pudesse morrer e voltar outra pessoa: Camila mesmo. Como gostaria de morrer: Sem sofrimento. O lema: Ir fundo nas coisas.


Vestido, Diane Von Furstenberg e colar, Lool


Top, Bo.Bô

E lá vai a Camila, e lá vem ela, troca de vestido, põe sapato, tira sapato, troca de novo, joga um casaquinho, enrola-se num pano 80

lá vai a Camila, e lá vem ela, troca de vestido, põe sapato, tira sapato, troca de novo, joga um casaquinho, enrola-se num pano (que não deve se chamar exatamente “pano”). Tem nove looks para fotografar! Vai e volta, protagonista de um desfile só dela. Mexe e remexe dentro do carro – carro não, um Audi A6 3.0 T, um tesão. Planeja com o Daniel, parceiro antigo, um editorial tocando vários instrumentos. Agora está rolando Lenny Kravitz e ela ensaia um air guitar. Embora, nessa modalidade, prefira o movimento do baixo – um air bass. Lá vai, lá vem, e de repente surge ela com o grande tocador de iPod sobre um dos ombros, tipo rapper americano. Está usando um decotadíssimo Reinaldo Lourenço. Tem uma pinta bem ali, onde o V do decote se prolonga perigosamente. “Tipo Taís Araújo, Camila Pitanga, uma mistura, confesso, fiquei de perna bamba” – me lembrou os Racionais. Vou falar com o Mano Brown. Ele precisa produzir a Camila. Fui eu que dei a ideia.


Blazer, Diane Von Furstenberg, vestido, Al채ia na NK Store, clutch, Lool


Camila veste cardigã, Armani Exchange Os modelos: Gustavo Trento usa pull, Ermenegildo Zegna. Diogo Tofolo veste jaqueta, Seven e camisa, Ermenegildo Zegna, gravata, Emporio Armani. Vitor Campos usa pull, Ermenegildo Zegna e camisa, Dopping. Felipe Carming veste camisa, Ellus e polo, Gant. Produção de moda Kaio Assunção Assistentes de fotos Nicole Fialdini e Luis Felipe Kim Assistente de produção de moda Daniela Tavares Assistente de beleza Randré Martins Agradecimentos Audi, Coisas da Doris, Dom Pérignon, Floricultura Jardim do Itaim, KCase, La Vie en Douce e Saint Phylippe O BACKSTAGE DO ENSAIO NO WWW.SITERG.COM.BR


Tem nove looks para fotografar! Vai e volta, protagonista de um desfile só dela. Mexe e remexe dentro do carro – carro não, um senhor carro, um tesão


Pedro

e suas mulheres

Menino-prodígio da moda nacional, Pedro Lourenço se firma cada vez mais na cena internacional. Legítimo representante da geração digital, ele pensa em sua marca de maneira global, age de forma racional e acaba de firmar parceria inédita com a Riachuelo para desenhar uma coleção para o homem real. Conheça algumas musas inspiradoras desse garoto sensacional POR DUDI MACHADO FOTOS MARCIO SCAVONE

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A todo o vapor, mas sem suor aparente, Pedro Lourenço estava no auge da preparação de sua coleção de inverno 2011, que seria apresentada em Paris durante a semana de moda, quando topou mostrar um pouco de sua trajetória para RG por meio das mulheres reais que o inspiram e que vestem suas criações. Essa é a terceira vez que o mais jovem talento da moda nacional mostra a coleção que leva seu nome na Cidade Luz. Afinal, apesar da pouca idade – ele chega aos 21 este ano –, Pedro já tem quase uma década de chão percorrida no mundo fashion. Toda essa experiência, somada a uma disciplina e método germânicos, foram essenciais para transformar uma promessa em realidade. Adicione tudo isso ao vigor, gana e energia que os muito jovens costumam ter, a uma pitada de ousadia e criatividade, além de visão clara e focada no bussines. Pronto. Você tem em mãos a receita do que deve ser um designer/estilista da nova década do século 21.

MÃOS À OBRA Diferentemente dos estilistas de décadas passadas, que podiam se dar ao luxo de apenas viver no olimpo criativo e deixar números e contas a pagar para os meros “mortais”, Pedro sabe que entender e dominar o negócio da moda hoje também faz parte do que o mercado espera de um designer completo. Toda essa seriedade não impede que sonhos e inspirações ainda bebam em fontes clássicas como o cinema e as artes.



Johanna Birman “O que me encanta no trabalho do Pedro é sua vasta bagagem cultural e como isso se reflete na passarela”


Para a atual coleção, Pedro visitou Marlene Dietrich no filme A Vênus Loira, de 1932, ao mesmo tempo que os hippies digitais num remix que é a cara da sua geração, que cresceu misturando o virtual e o real. Poder conviver com várias realidades ao mesmo tempo é um talento essencial que ele desenvolveu desde cedo. “A Fátima Ali me ensinou como organizar e planejar minha carreira e a companhia”, conta ele. Esse direcionamento foi fundamental já que Pedro hoje desenha uma coleção para o desfile de Paris denominada Pedro Lourenço, as linhas Capsule e Hi-End, além de uma coleção especial para a Daslu. A grande novidade fica por conta da coleção que ele vai assinar para a gigante Riachuelo: pela primeira vez vai criar uma linha masculina. O que vem por aí? De camisetas a casacos. Tudo que um homem moderno quer e não consegue encontrar por aqui. Moda masculina moderna, com corte e preços acessíveis. Preparem-se meninos!

Sua disciplina e método germânicos foram essenciais para transformar uma promessa em realidade

CADA DETALHE, UM DETALHE Perfeccionista ao extremo, Pedro tem uma visão clara de seu trabalho e exige o mesmo de seus parceiros. Disciplinadíssimo, acorda todos os dias às 7 da manhã e cumpre à risca uma rotina de trabalho metodologicamente estipulada por ele mesmo, que inclui momentos de silêncio absoluto. Pedro conta que seu método de trabalhar veio da inspiração ao assistir o documentário sobre o método de trabalho do estilista Yohji Yamamoto, que só se comunicava com seus colegas via bilhetes. Assim é seu dia a dia de trabalho quando está em São Paulo, onde ocupa um andar no mesmo prédio em que está sediada a empresa de sua mãe, a estilista Glória Coelho. Em Paris também mantém um apartamento e um ateliê. Quando está por lá, visita fornecedores, conhece compradores e jornalistas de maneira mais livre e se dedica a pesquisas. Autodidata, apesar de ter feito diversos cursos e de ter sido guiado por expoentes como Marie Ruckie e seus próprios pais e amigos, Pedro nunca precisou completar seus estudos formais, já que na sua concepção trabalho e lazer sempre significaram a mesma coisa: uma extensão um do outro. Neste calendário, as férias são escassas e dez dias passados durante o réveillon na Bahia foram alguns dos raros momentos de dolce far niente do garoto. Não que ele realmente sinta muita falta deles. Perguntado qual seriam suas férias ideais ele responde sem pestanejar: “Sozinho, no deserto do Atacama, para poder me conectar comigo mesmo”. Esse aparente distanciamento, na verdade, demonstra a tranquilidade de alguém que começou precocemente também na busca espiritual. Pedro é praticante da cabala desde os 11 anos. Além de ser um apaixonado por astrologia e física quântica. Sempre inspirado pela mulher real, suas musas têm estilos e personalidades bem diferentes. Uma linha estética bem definida por um certo rigor cool junto a um desejo pelo novo, une essas que também são algumas de suas mais antigas e melhores clientes que abriram seus closets e posaram para as lentes de RG com os looks prediletos do jovem criador. 87


Isabella Prata “Admiro a visão do Pedro e a maneira que isso se traduz em seu trabalho”


SET DESIGNER TISSY BRAUEN BELEZA RAFAEL GUAPIANO/ABÁ MGT TRATAMENTO DE IMAGEM FUJOCKA PHOTODESIGN

Carol Andraus “Pedro é o resultado de uma combinação rara de DNA e inteligência privilegiados com uma vida respirando moda”

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IMPRESSÃO DIGITAL

Nova onda

Stephane Park faz da disciplina a razão de seu sucesso: entre as funções que acumula na grife da mãe, Catarina Park, a designer não para de estudar moda e ainda encontra tempo para nadar, correr e se dedicar à música. POR ANTONIO TRIGO FOTOS ROMULO FIALDINI SET DESIGNER TISSY BRAUEN


STYLING PAULA MENDES BELEZA CRIS BIATO

VESTIDO, DASLU

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IMPRESSテグ DIGITAL VESTIDO, TUFI DUEK. PULSEIRA GARIMPADA EM UM MERCADO DE HONG KONG

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ACIMA: LUMINÁRIA DE LOUIS PAULSEN E MESA SAARINEN DA C|O|D: CREATIVE ORIGINAL DESIGN; BOLSA GARIMPADA EM LONDON BRICK LANE. AO LADO: O CLÁSSICO DO DESIGN NA CADEIRA SPOLETO DE MARCEL BREVER; MAQUIAGEM GIORGIO ARMANI

Stephane Park é dona de uma beleza deslumbrante: seus delicados traços orientais são o contraponto ao jeito ousado de se vestir. Com apenas 24 anos, a moça tem uma história comum entre as famílias asiáticas: uma educação baseada em muita disciplina. Os pais, Thomas e Catarina, são os criadores da marca que leva o nome da mãe, Catarina Park. “Eu entrei na empresa da minha mãe com a missão de criar um marketing para uma marca que já é um sucesso. Eu quero agregar, já que antes a filosofia era fazer e vender”, diz. Os pais, imigrantes, se conheceram no Brasil, numa igreja católica frequentada por coreanos, que Stephane ainda visita. Filha mais velha de três mulheres, não foi conquistada pelo golfe praticado em família. Atualmente, se dedica a corridas feitas no Parque do Ibirapuera. Numa família coreana - ela explica - toda menina aprende a tocar piano. Com Stephane foi diferente: trocou o piano pelo violão, e adora cantar. “Na infância ou adolescência, eu me expressava desenhando ou com a moda. A hora de me vestir era o momento para eu tomar uma decisão sozinha”, afirma, centrada, para então concluir: “E não pense que isso é negativo.

“Sou a supervisora de vendas, responsável pelo marketing e produção, mas posso cobrir um caixa ou atuar como estoquista” 93


IMPRESSÃO DIGITAL VESTIDO, CATARINA PARK. TÊNIS MIZUNO

Hoje tenho e sei lidar com meus sonhos e responsabilidades e devo tudo isso aos meus pais”. Após cursar administração na Fundação Getúlio Vargas e trabalhar por um curto período na H.Stern, ela preferiu estudar por um mês na Saint Martins, em Londres. Mas, por lá, ficou oito meses. Conquistou outra vitória: um estágio na área de comunicação da Gucci, experiência que só foi possível porque, além de falar português, inglês e coreano, ela domina também o italiano. Foi apenas no retorno da capital inglesa que Stephane foi trabalhar com os pais e, por conta disso, 94

visita a cada seis meses outras fábricas da empresa na Ásia. Isso sem contar as viagens de pesquisa em cidades europeias. “Sou a supervisora de vendas, responsável pelo marketing e produção, mas posso cobrir um caixa ou atuar como estoquista. Em uma empresa familiar, sei a postura que devo ter.” Os desenhos que faz em casa são repletos de aplicações. “No futuro quero ter minha própria marca e tentar trabalhar 100% com design.” E quando ela acha que fará essa transição? “Preciso passar mais tempo estudando. Sei que tenho esse olhar de negócios, agora preciso do lado criativo”.


Pingue-pongue Maquiagem: Tudo da M.A.C. Uso lápis, batom e blush diariamente, dia ou noite Perfume: Coco Mademoiselle Livro: Count Zero, de William Gibson Música: “Keep the streets empty for me”, do Fever Ray Cidade: Siena, na Itália, porque é forte e delicada Ícone: Daphne Guinness Homem: Meu pai Filme: Blade Runner Comida: O sushi do Sushi Kyo, em São Paulo

UMA DAS ILUSTRAÇÕES DE MODA DE STEPHANE FEITA COM AQUARELA, NANQUIM E COLAGEM

“Quando viajo, gosto muito de sentir o lugar, mais do que comprar. O importante é mesclar marcas com bons achados” 95


IMPRESSÃO DIGITAL

GALHOS DE VIME COM FOTOS FEITAS PELA DESIGNER; AS FLORES GLORIOSAS GANHAM DESTAQUE À MESA COM O PRATO PRINCIPAL, DIRETO DO SUSHI KYO; A CLÁSSICA GAVETA DE UM ARTISTA

Quando não está desenhando, Stephane pode ser vista dançando em casas noturnas de São Paulo, como o Secreto ou Lions. O estilo? Ela adora garimpar peças mundo afora, como na loja I.T., em Hong Kong. “Quando viajo, gosto muito de sentir o lugar, mais do que comprar. O importante é mesclar marcas com bons achados”, diz, mostrando algumas peças especiais como uma bolsa vintage Marc Jacobs ou um sapato Armani, que considera uma joia. Ela também aponta como indispensáveis no closet os vestidos e acessórios de Reinaldo Lourenço que mescla com peças de Ann Demeulemeester. Seus ícones de moda? Ela gosta de Givenchy e Gareth Pugh, por considerar mais “dark”. O namorado é um arquiteto belga que vem todos os meses ao Brasil. “Sou romântica em gestos, não com palavras”, finaliza, com aquela discrição que só os orientais têm. 96


CASACO E BLUSA GARIMPADOS EM UM MERCADO DE SEUL. CALÇA GARIMPADA EM HONG KONG. BOLSA, JIMMY CHOO E MARC JACOBS. SAPATO, OFFICE. AGRADECIMENTOS: RENATA SHERMAN ASSESSORIA, C|O|D CREATIVE ORIGINAL DESIGN E SUSHI KYO RESTAURANTE

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DOSSIÊ RG

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Tecle shift

para matar

Durante a guerra fria ficou célebre a história de que o destino da humanidade estava resumido ao simples apertão de um botão vermelho. Na ocasião, cabia apenas aos Estados Unidos ou à União Soviética pressionar um dispositivo para que mísseis nucleares circulassem pelos ares do mundo e dessem fim a ele. Já hoje em dia...

FOTO OLI SCARFF/STAFF GETTYIMAGE.COM

POR GUSTAVO MILLER

Nos últimos meses, um novo tipo de guerra ganhou destaque nos noticiários: a digital. Uma guerra em que não se tem lados claros ou definidos, em que os mísseis – vírus, no caso – são espalhados pela internet e em que o botão pode ser do teclado de qualquer pessoa. Um exemplo simples: em pleno momento em que via o filme baseado em sua bilionária criação arrematar prêmios no Globo de Ouro e ser indicado ao Oscar, e ainda por cima ganhar o título de “homem do ano” pela revista Time, o programador Mark Zuckeberg teve o seu perfil dentro do Facebook invadido por hackers. O objetivo, acreditem, era político: um grupo estava descontente com o fato de o site não permitir que seus usuários investissem nele. Um gesto simbólico e pequeno para o mundo, mas que foi um verdadeiro caos dentro do Facebook, que se orgulha de sua segurança. Agora um exemplo mais complexo: no final do ano passado, em represália à prisão de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, páginas de governos, de operadoras de cartão de crédito e de comércio eletrônico foram derrubadas por milhares de simpatizantes do australiano, cujo site vazou milhares de documentos diplomáticos americanos. O objetivo era retrucar os bloqueios às doa-

ções financeiras que sustentam o WikiLeaks. Uma verdadeira jihad dos novos tempos, vide que Assange foi elevado à categoria de messias por defender uma internet em que a informação é livre. Guerra digital, como o cinema de Hollywood já mostrou, não é tão novidade assim. O que o caso acima demonstra é como uma ação, que até uma década atrás era rotulada como brincadeira de algum hacker vaidoso, hoje é realizada por grupos de chamados ciberterroristas. “Os tempos românticos da internet acabaram”, resume Raphael Mandarino, diretor-geral do Departamento de Segurança da Informação e Comunicação (DSIC) da Presidência da República, um órgão responsável pela defesa cibernética de 320 redes ligadas ao governo brasileiro. Mandarino treina, orienta e capacita oficiais das Forças Armadas, da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e da polícia militar para que eles saibam como se defender no momento que o Brasil for alvo de ataques digitais. E são muitos. Mesmo. “São 2.600 tentativas por hora, analiso 200 novos malwares (software que visa roubar informação alheia) por mês. Dos incidentes, 1% é tentativa de invasão, sendo que 80% deles vêm do mesmo lugar”, enumera. 99


DOSSIÊ RG

e acordo com uma fonte sigilosa ligada ao governo brasileiro, China e Rússia seriam esses “remetentes”. “Os ataques começaram em 1998, já com vírus, e até 2004 eram pura brincadeira de estudante. No final de 2007 é que o crime organizado entrou”, revela Mandarino, que explica que o ataque mais sério realizado no Brasil foi em 2008, quando um servidor foi invadido e sequestrado. O termo não é exagero: chegou-se a pedir na época um resgate de US$ 250 mil.

JULIAN ASSANGE NA CAPA DA TIME: ASSUNTOS CONFIDENCIAIS PRA QUEM QUISER VER; E MARK ZUCKEBERG, CRIADOR DO FACEBOOK, QUE VIU SEU PERFIL NO SITE DE RELACIONAMENTOS SER INVADIDO POR HACKERS

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AL-QAEDA DIGITAL Mas quais são os objetivos de uma guerra digital? Bem, eles vão de interesses políticos a comerciais. As armas bélicas usadas hoje não tiram vidas, mas provocam danos econômicos violentos. Imagina se alguém decide desligar Itaipu por alguns minutos? É possível. Em setembro passado, por exemplo, ficou notório o caso do vírus Stuxnet, desenvolvido apenas para atacar sistemas de controle industriais. No caso, instalações nucleares do Irã e da Índia. Apesar de não ter sua origem

comprovada, especialistas afirmam que é certo o apoio de uma nação por trás do verme que fez um belo estrago. Não é por acaso que nas recentes manifestações populares convocadas contra o regime do presidente egípcio Hosni Mubarak, um dos primeiros atos dele foi justamente bloquear a internet durante cinco dias. Mais do que evitar que a população do Egito usasse a web para mostrar a verdade daquilo que estava acontecendo no país, Mubarak se protegia contra uma ciberguerra – interna e externa. Para se ter uma noção do quanto isso é poderoso, no congresso americano atualmente circula um projeto de lei que tornaria legal o governo “retirar a internet” do país em casos de emergência. Loucura, mas faz certo sentido: é a maneira mais fácil de interromper uma bomba em forma de vírus. O escritor e jornalista americano Dan Verton, conhecido pelo livro Diário Hacker: Confissões de Hackers Adolescentes, foi pioneiro ao tratar do ciberterrorismo na obra Black Ice: the Invisible Threat of Cyberterrorism, de 2003. Em entrevista exclusiva à RG, ele diz que o mundo ainda não entendeu o poder das armas digitais. “Ainda acreditamos que esses terroristas sejam nerds que vivem em algum lugar desértico do meio-oeste americano, mas a realidade é bem diferente. O que é assustador é que nossos governos continuam a falar simplesmente do problema, quando quem está realmente fazendo algo em relação a isso são os homens maus, como grupos de crime organizado ou organizações terroristas”, revela. A Al-Qaeda poderia ter então uma célula de terrorismo digital? Sim e não, explica Verton. “Teve uma época que sim, mas hoje ela é mais uma organização simbólica. A maioria dos incidentes terroristas que você vê hoje são de pequenos grupos ou indivíduos que querem se identificar com a Al-Qaeda. Isso torna a situação ainda mais perigosa, pois sua ideo-


logia encontrara entusiastas em qualquer esquina. Qualquer hora veremos alguém com a instrução e o acesso corretos fazer um belo estrago nos sistemas responsáveis por importantes papéis da economia global”, alerta.

FOTO DIVULGAÇÃO E THOMAS COEX

TAMBÉM SOMOS ALVOS A identificação ideológica que Verton menciona é o que ocorreu com o caso Assange. E o que há de mais interessante na questão por trás do WikiLeaks e da retaliação feita por seus milhares de admiradores, é que ela não está muito longe de nós, usuários comuns. Há um ano, por exemplo, descobriu-se que o governo chinês espionava a conta do Gmail (email do Google) de ativistas a favor da libertação do Tibet. O fato provocou o fim das atividades do gigante da internet no país – como retaliação, hackers chineses atacaram os serviços da empresa até dizer chega. Em tempos sociais de Facebook, Twitter, YouTube e autopublicação constante, tornouse muito fácil que informações pessoais sejam vazadas e nos coloquem no centro de uma guerra digital. Ou você é ingênuo ao acreditar que somente você tem acesso a sua conta de e-mail? Ou que ninguém mais além de seus amigos estão de olho nas suas twittadas? “Na era das fronteiras da informação muitas vezes não fica claro quais os limites de responsabilidade de cada parte. A principal dica para a pessoa se preservar mais no ambiente digital envolve a reflexão sobre a perpetuidade do conteúdo ali colocado assim como contexto e conexões. As leis se aplicam à internet: segu-

rança tem que ser um hábito, não importa se de mundo real ou virtual”, explica a advogada especialista em direito digital Patrícia Peck. Para Alexandre Matias, editor do caderno de cultura digital Link, do jornal O Estado de S. Paulo, nesse caso a pergunta final que deve ser feita não é “de quem é o controle da informação?”, mas “dá para controlar a informação?”. O próprio responde. “Por maiores que sejam os contratos de sigilo ou mais difíceis que sejam as senhas, eles vão ser vazados, copiados, vistos, publicados. Mesmo porque se você não quiser se autopublicar usando as ferramentas da chamada web 2.0, podem publicar sobre você”, esclarece ele, que faz questão de trazer o WikiLeaks e a guerra digital para o cotidiano. “O quanto o assédio moral via internet, o ‘cyberbullying’, não pode ser considerado um ato de terrorismo em escala pessoal? Alguém que rouba todos os dados de banco da sua família também pode ser qualificado dessa forma? Alguém que te segue no Twitter pode ser considerado um ‘stalker’ (perseguidor) apenas com base no diálogo nessa rede? Minha grande preocupação é, depois de termos a década da rede social, assistirmos à década da rede antissocial, em que todo mundo dedura todo mundo. É o Big Brother do Orwell versão 2.0”, provoca.

A FICHA DE PRCURADO DE JULIAN ASSANGE E, AO LADO, E REPRODUÇÃO DO SITE WIKILEAKS: A GUERRA DIGITAL TEVE INÍCIO

“As armas bélicas usadas hoje não tiram vidas, mas provocam danos econômicos violentos” 101


DOSSIÊ

Cinderela moderna Moldada nos tradicionais padrões da aristocracia inglesa, a plebeia Kate Middleton viverá o sonho de Lady Di em tempos de crise econômica e da velocidade do tempo real POR MARIA DA PAZ TREFAUT COLABORAÇÃO JULIA BRITO SANTOS


FOTOS TIM ROOKE/REX FEATURES

n o olimpo das primeiras-damas, polarizado por Michelle Obama e Carla BruniSarkozy, que lugar está reservado para Kate Middleton? Não se espera dela o savoir-faire descolado da cantora e modelo ítalo-francesa nem a exuberância classuda da advogada de Harvard, que dá o que falar com sua indumentária cada vez que aparece em público. Paira, ainda, sobre a futura princesa da Inglaterra, o fantasma de Lady Di, que ditava regras de bemvestir desde os tempos em que frequentava o palácio de Buckingham. E que se tornou um ícone fashion, mais tarde, antes de seu fim trágico, quando passeava pelas ruas de Paris com o namorado playboy. Bonita e elegante, Kate parece pronta para o desafio e tem predicados de sobra para defender seu espaço. Se deixar Diana respeitosamente na memória dos ingleses e tiver um pouco de luz própria (não muita), cumprirá o que se espera dela. “Kate está sempre vestida de maneira adequada para representar a realeza”, diz a estilista Glória Coelho. “A tendência é que, com o tempo, ela se torne cada vez mais discreta e séria, como aconteceu com Lady Di. Não devemos julgar isso como uma coisa careta, a palavra certa é adequação: ela tem que ser clássica e formal para não destoar das pessoas da classe dela. Já as princesas de Mônaco representam outro tipo de realeza e são mais descontraídas porque sofreram a influência americana, de Hollywood. A corte inglesa sempre foi mais tradicional”.

O CASAL, EM 2010

Mesmo assim, diferentemente de Diana, que no início surgia como uma jovem recatada, Kate tem ares mais contemporâneos. Já participou de desfiles universitários com roupas transparentes, usou brilhos, shorts e tops, em looks meio tigresa. Agora, de cabelos domados pela escova e babyliss, chapeuzinho, vestidos no joelho e scarpins, mostra que soube bem se converter ao novo figurino. Os ingleses também não esperam dela uma nova Diana. A começar pela idade. Lady Di se casou aos 20 com um homem 12 anos velho. Kate se casará aos 29, depois de alguns anos de vida em comum com o futuro marido, da mesma idade. Ciente da aragem de juventude que o casamento representa para a vetusta monarquia inglesa, ela também parece mais madura para o desafio de entrar para uma família real fustigada por escândalos matrimoniais nas últimas décadas.


OS SOUVENIRS DO CASAMENTO INVADIRAM LONDRES INTEIRA, DESDE CANECAS, CHAVEIROS, CHÁS E ATÉ ESMALTES

À medida que se aproxima o casamento, Londres fica coberta com imagens da futura princesa. O curioso é que as fotos são quase sempre as mesmas. Embora figure na maioria das capas de revistas não há uma só entrevista dela. Os textos, todos na voz indireta, são ilustrados com flagrantes que circulam na internet, captados pelos paparazzi nos oito anos de convivência entre ela e William. Além das fotos feitas durante o anúncio do noivado, o que se tem é a imagem oficial, produzida pelo fotógrafo de moda Mario Testino por encomenda dos noivos. Esse retrato moderno procura reforçar a ideia de que se trata de um casal normal, que se conheceu na faculdade, namora e vai subir ao altar. Romântico, não? Ainda mais quando o noivo é o segundo herdeiro na linha de sucessão ao trono da Grã Bretanha e se casa com uma plebeia, fato que não acontecia na corte há 350 anos. Um casamento na nobreza é sempre um frisson em qualquer nação, até nas mais republicanas. No caso da Inglater-

ra, onde a crise econômica tem sido pesada, o matrimônio real traz leveza ao noticiário. Ajuda a esquecer o desemprego e a situação da velha Europa, que parece num beco sem saída. A população parece não se importar com o fato de Kate não ter berço aristocrático e de ser filha de uma aeromoça e de um piloto de avião que, apesar da origem, ficaram milionários com uma empresa de festas infantis. Nos bastidores se diz que para a mãe de Kate apenas o dinheiro não bastava. Seu sonho era que a filha ingressasse na família real e, para isso, colocou-a na mesma faculdade de William, a Saint Andrews University. Foi lá que a futura princesa ganhou o apelido de “Waity Katy”, por ter esperado tanto tempo pelo pedido de casamento, enquanto negligenciava a vida profissional. Se é verdade, ponto para ela. Haja obstinação. ALGUMAS CURIOSIDADES Passagens aéreas para o período do casamento estão 40% mais caras. Três novos hotéis serão inaugurados em Londres até abril, com cerca de 300 quartos cada. O vestido azul do noivado, da grife Issa London, da brasileira Daniela Helayel, foi imediatamente copiado por marcas como Lipsy, Ingenue e F&F que o venderam por preços entre 16 e 85 libras. O original custava 385. Souvenirs de todos os tipos celebram a união: canecas, chaveiros, pratos, colheres, sinos, cinzeiros, chá, esmalte, t-shirts e até camisinhas. As fotos estampadas precisam ser aprovadas, nenhum produto pode fazer propaganda de outra marca e é proibido fotos do príncipe com o uniforme militar.


MUNDOS DISTINTOS

FOTOS AYNSLEY/REX FEATURES E GETTY IMAGES

Kate não tem berço aristocrático e é filha de comissários de bordo que ficaram milionários com uma empresa de festas infantis Há também uma bebida alcoólica exclusiva para homenagear os noivos, a “Kiss me Kate”. Os que não aguentam mais ouvir falar do assunto, também foram contemplados com um souvenir, uma “sick bag”. Especula-se que os gastos devem chegar a 73 milhões de reais. De despesas com segurança ao vestido. A conta, fato inédito, será dividida entre a família real e a da noiva. Entre os 5 mil convidados estão a família Beckham, Elton John, chefes de Estado e toda realeza europeia. Esperase 600 mil pessoas nas ruas. O vestido será a grande surpresa da festa. Aliás, os vestidos: devem ser dois. PORCELANA AYNSLEY, À VENDA EM LONDRES, COM FOTOS DO CASAL.

Os britânicos querem que seja assinado por um estilista nativo e tudo indica que Kate não irá decepcioná-los. Fala-se da ousada Vivienne Westwood. Parece extravagância demais. As principais apostas são em Bruce Oldfield, um dos favoritos de Lady Di, e Philippa Lepley. Ainda não há notícias sobre o cardápio nem se sabe que chefs o assinarão. Seja como for, não faltará sheperds pie, torta de carne típica inglesa, o prato preferido do príncipe. Marcas de fast-fashion como Whistles e Reiss estão no closet de Kate. Sua maquiagem preferida é Komal Singh. O hairstylist é Richard Ward, cujo salão freqüenta a cada seis semanas. No dia a dia usa produtos Karin Herzog. O Boujis Club London, em South Kensington, é a balada mais frequentada pelos noivos. O casal vai morar em Wales depois do casamento – desde Henrique VII nenhum membro da família real morou lá. O nome de Kate é Catherine e assim será chamada daqui para frente. Mesmo que William assuma o trono, jamais será rainha, por não ter origem nobre. Terá outros títulos que lhe forem concedidos.

A resposta dos Astros é polêmica: os laços entre Kate e William serão fortes e dificilmente rompidos pelo tempo. Já o amor...

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ara Bárbara Abramo, astróloga da Folha de S.Paulo, William e Kate terão casamento de alto

prestígio, de forma a explicitar o que diferencia os britânicos do resto do mundo. O príncipe, canceriano, carrega as tradições familiares e as vai honrar. A plebeia, capricorniana determinada, escalará as montanhas da realeza inglesa, lugar para poucos. Em termos astrológicos, os signos se completam. Ambos nasceram com a Lua em Câncer, sinal de que têm o mesmo ritmo na vida privada, valorizam a intimidade e o passado de cada um. Tudo indica que vão falar a mesma língua nas convenções sociais e que serão ferozes defensores da privacidade. Urano no meio do céu fala de surpresas na cerimônia. Pompa, prestígio e uma exibição do poder militar e religioso britânicos. Tradição e orgulho, mas com inovação também – Urano ligará tudo aos iPods, TVs, internet etc. Privilégio que Charles e Diana não tiveram. O mapa do casamento não prevê uma relação estável, rotineira. Os astros indicam um distanciamento emocional progressivo, com o passar do tempo; mas Vênus e Saturno em ângulo tenso privilegiam as convenções sociais, as formalidades, os casamentos de interesse. Os laços serão fortes e dificilmente rompidos pelo tempo. Já o amor... 105


PRAZER

Arquitetura de comer

“POR FAVOR, GARÇOM: UM OSCAR NIEMEYER DE PRATO PRINCIPAL E UM RUY OHTAKE DE SOBREMESA”. SIM, A ARTE DE COMER TEM A VER COM A ARTE DE CRIAR CIDADES POR LÉO COUTINHO

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e até que a beleza desvia a atenção do que realmente importa. Um grupo chegou a promover um levante contra a salsinha picada que entra na decoração. Bobagem. A comida, assim como uma casa, pode ser bela sem deixar de ser boa. Outro arquiteto brasileiro que talvez sintetize essa ideia é Ruy Ohtake. Seus prédios são notados pela beleza das formas e a ousadia nas cores. Pode ser que ele nunca tenha dito isso, mas a minha impressão é que a culinária japonesa tem aí muita influência. Os franceses se esmeram, os americanos conseguem erguer sanduíches que são verdadeiras obras primas de engenharia, mas ninguém supera os japoneses na beleza das comidas, onde as formas e as cores encontram os aromas e os sabores. Longe de mim buscar um trocadilho entre a casa, a comida e a mulher, mas a verdade é que ela é a primeira morada e dá o primeiro alimento ao homem. Não foi à toa que Deus cuidou tão bem das formas delas Por isso somos tão mal-acostumados, principalmente no Brasil.

nova atração gastronômica da Vila Nova Conceição é o CLOS DE TAPAS, algo como “casa dos quitutes” em catalão. Quem cuida da cozinha são a nipo-brasileira Lígia Karazawa e o espanhol Raúl Jiménez García. Os dois se conheceram quando trabalhavam em San Sebastian, no estrelado Mugaritz, considerado pelo ranking da revista britânica Restaurant o 5º melhor do planeta. Passaram pelo Casa Marcial, nas Astúrias, e pelos badalados El Bulli e El Celler de Can Roca, na Catalunha. “Depois disso, não nos desgrudamos mais”, ronrona Lígia. Em São Paulo, servem criações lúdicas, lindas e cheias de sabor, como as batatas bravas trazidas à mesa num caixotinho, o ceviche de robalo servido com sopa fria de manjericão, a lula grelhada com ervilhas tortas e os bocados de queijo coalho em matizes doces, salgadas, amargas e picantes. O Clos de Tapas fica na Rua Domingos Fernandes. Lá, Lígia e Raúl podem ser vistos o dia todo e é depois do expediente que o jovem casal inicia a sessão de beijinhos, mas isso não está no menu. (KIKE MARTINS DA COSTA)

FOTO RAYMOND MEIER TRUCK ARCHIVE.COM E DIVULGAÇÃO

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inicius de Moraes disse que “uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza”. Está inteiro de razão o Poetinha, que no mesmo samba desafiou: “Senão é como amar uma mulher só linda. E daí?” Uma casa precisa também ser mais do que bonita. E não existe ímã mais eficiente para o corpo e para a alma humana do que uma casa que produz comida boa. Está aí um ponto de convergência entre as casas e as comidas: elas precisam ser boas e, apesar de não ser a beleza a primeira virtude de uma nem de outra, todos vão concordar que ajuda muito. Nosso arquiteto maior é tão admirado quanto incompreendido. Para cada um que perde o fôlego diante de uma obra do Oscar Niemeyer, existe outro para dizer que na prática ela não funciona. Quanta injustiça! Aqui em São Paulo temos o Copan, há 60 anos atraindo olhares apaixonados de todo o mundo. Se por fora é bonito, por dentro é uma delícia. A mesma injúria recai sobre certos chefes de cozinhas que capricham na apresentação de seus pratos. Dizem que é frescura desnecessária


DE COMER COM OS OLHOS: GASTRONOMIA E ARQUITETURA DE MテグS DADAS

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O REINO DE JULIEN BEM NO CENTRO DE BRUXELAS, EM UM PRÉDIO ABANDONADO, O ARQUITETO E DESIGNER JULIEN DE SMEDT MONTOU SEU NOVO APARTAMENTO. TUDO MUITO CLEAN, COM MÓVEIS DE DESIGN E PONTOS ESTRATÉGICOS DE COR POR MARIO BOLZAN


COLEÇÃO DE CACTUS; NESTA PÁGINA, VISTA DO LIVING: JANELAS LEVAM LUZ PARA TODO O APARTAMENTO. O BEAN BAG ONDE GOSTA DE OUVIR MÚSICA E A CHAISE TROPICALIA BRAZIL, DE PATRICIA URQUIOLA


o lado de fora, olhando da rua, o edifício de quatro andares não tem nenhum atrativo e passa despercebido em meio aos outros do centro da cidade. Quando Julien encontrou a antiga fábrica de talheres abandonada, ficou com os três pisos superiores e começou uma reforma para transformar o espaço em um apartamento amplo, de paredes de tijolos aparentes crus ou pintados de branco, pisos de cimento queimado e janelas imensas de vidro que deixam a luz se espalhar por todos os ambientes. “Fiz um projeto supersimples, amplo e iluminado, com muitos espaços livres, grandes e, depois, pontuei com elementos coloridos”. Poucos móveis pontuam o estilo minimalista e urbano, garimpados aqui e ali ou trazidos da casa de seus pais. Do living, é possível olhar para um lado e imaginar que se está no meio do deserto, com uma coleção de cactos. No lado oposto, Julien simula uma praia com a chaise Tropicalia Brazil da espanhola Patricia Urquiola, considerada por muitos como a diva do New Design. Nos andares superiores ficam dois quartos, a cozinha e enormes terraços, de onde se vê Bruxelas linda nos dias de verão. Ele comanda o JDS, escritório premiado de design com duas bases, uma em Copenhague e outra em Bruxelas. Assinam projetos de aeroportos, mobiliário, apartamentos e até a famosa pista de esqui, a New Holmenkollen Ski Jump, em Oslo. Trata-se do primeiro trabalho de reconhecimento internacional que saiu de suas pranchetas e que alavancou outros além das terras escandinavas, chegando até o Rio de Janeiro, onde participou da reforma de expansão do bacanérrimo Hotel Santa Teresa. Apaixonado pelo sol, Julien quer montar um lar e escritório nos trópicos, em São Paulo. E como não abre mão de espaços enormes, é bem provável que encontre a versão brasileira de seu apartamento belga na Vila Madalena. “Mas aceito sugestões”, ele diz, rindo. 110

A COZINHA COM PAREDE DE VIDRO E VISTA PARA A RUA; UM PEQUENO QUARTO DE HÓSPEDES MONTADO NO MEZANINO

“Sou um apaixonado pelos artistas brasileiros: Ernesto Neto, osgemeos e Vik Muniz”

FOTOS JDS ARCHITECTS

A MODA DA CASA



CHARLOTTE OLYMPIA DELLAL

GLAMOUR GIRL

IT GIRL MAIS FESTEJADA DA TEMPORADA, CHARLOTTE DELLAL ORGANIZOU JANTAR PETIT COMITÉ EM PLENA SEMANA DE MODA DE NY PARA COMEMORAR O SUCESSO DE SUA MARCA NA BIG APPLE POR DUDI MACHADO


O CLIMA ERA DE ALEGRIA TOTAL. CHARLOTTE COMEMORAVA A CHEGADA DE SUA MARCA NA BERGDORF GOODMAN E SEUS AINDA MUITO DISCRETOS QUATRO MESES DE GRAVIDEZ

ALEXIA NIEDZIELSKI E JULIA RESTOIN-ROITFELD

OLIVIA PALERMO


SARAH MOYER E REBECCA LOTHORPE

O EDITOR HAMISH BOWLES É AMIGO DA FAMÍLIA E MARCOU PRESENÇA NO JANTAR

CHARLOTTE ALEXIA NIEDZIELSKI E GABRIEL KLABIN


AMBER ATHERTON

ANDREA E CHARLOTTE DELLAL

NO CASTING, UMA TURMA DE FASHIONISTAS, EM SUA MAIORIA “MADE IN ENGLAND” – NA CIDADE POR CONTA DOS DESFILES –, SE ANIMAVA COM DRINQUES COMO O CARMEN MIRANDA, INSPIRADOS EM SUA NOVA COLEÇÃO

FOTOS ©DAVID X PRUTTING/BFANYC.COM

ROBERT FORREST E ALEXIA NIEDZIELSKI

A suíte presidencial do Royalton Hotel – um clássico reduto dos fashionistas – serviu de palco para o jantar em comemoração à chegada da marca Charlotte Olympia, de Charlotte Dellal, às prateleiras da luxuosa Bergdorf Goodman. Com fôlego e disposição invejáveis, Charlotte recebeu clientes, vendeu e assinou as solas de suas criações durante toda a tarde na loja. À noite, impecável com calças e suspensórios de Charles Anastase e seu indefectível hairpiece, recebeu uma turma quente que incluía a atriz Olivia Palermo, Julia Roitfeld, Tallulah Harlech e Hamish Bowles, numa noite com sotaque mais british do que americano. Andrea Dellal, de passagem pela cidade, se preparava para embarcar no dia seguinte para visitar o irmão de Charlotte, Max, que atualmente vive em Washington. 115


Restaurante Vertigo & Moon Bar do hotel Banyan Tree Bangkok


Lugares que todo mundo tem chance de conhecer. Alguma chance.

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FOTO ©DAVID X PRUTTING/BFANYC.COM

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UM BELLINI PODE SER MUITO MAIS DO QUE UM DRINQUE QUANDO INSERIDO NO HABITAT NATURAL: NOVA YORK

O Bellini da foto foi servido na festa pilotada por Charlotte Dellal durante a Semana de Moda de Nova York

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GUIA SALVE SALVADOR

Três dicas para respirar a Bahia de Todos os Santos

DESTINO

ENTRE BAIANOS FAROL DA BARRA

Esbarre em Caetano Veloso e amigos no por do sol mais desejado da cidade

NOVO POINT SALVADOR, A CIDADE MAIS EFERVESCENTE DO NORDESTE, TEM HOTSPOT PRA CHAMAR DE SEU

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odo soteropolitano sabe que a capital baiana é conhecida não só pelas praias, mas pela simplicidade que atrai turistas atrás de tradições e especiarias locais. Mas, se o visitante for mais exigente, boa notícia: a cidade acaba de ganhar um hotel de altíssimo padrão, o Pestana Lodge, que é point de toda a turminha bacana e segue o conceito all suites, ou seja, serviços exclusivos e muito estilo. O que isso significa? Não há desejo que pareça impossível quando solicitado. Achou pouco? Este modelo de hospedagem só tem similar na província de Tróia, em Portugal. O tupiniquim tem, é claro, uma vantagem: vista deslumbrante sobre o mar, no Rio Vermelho. www.pestanaresidence.com

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Não tem como passar por Salvador sem levar para casa uma fitinha da sorte. Axé!

DICAS DE QUEM CONHECE

Preta Gil

Frequentadora do bar-boate Zanzibar, com vista para Cidade Baixa 120

David Nisenholz

O empresário adora o bolinho de bacalhau do Restaurante da Dadá, no Pelourinho

Thalita Pugliesi A top é assídua. No último carnaval foi vista no Hotel Pestana Lodge

GULA LOCAL RESTAURANTE AMADO

Para o almoço, jantar ou uma rodada de drinks, vá ao Amado, de Claudinho Edinger

FOTOS DIVULGAÇÃO E IAN GAVAN/GETTYIMAGES.COM

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Dicas para comer, se perder...

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Um mercado entre ruelas por onde vale a pena se perder para encontrar as boas compras

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ELEITO POR MUITOS, O LA MAMOUNIA SE MANTÉM IMPONENTE SOB AS PALMEIRAS DE MARRAKECH

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rguido em um dos jardins que o rei Sidi Mohamed Ben Abdellah mandou construir para os filhos, no século 18, o hotel La Mamounia é uma das joias raras de Marrakech. Dos 50 quartos que ostentava no fim dos 30 aos 136 da versão atual, além das 71 suítes e das três tradicionais acomodações marroquinas, tudo ali inspira glamour – está a cinco minutos da imponente Praça Jemaa El Fna e no coração da antiga cidade imperial. Entre os ilustres visitantes do passado estão o primeiro-ministro inglês Winston Churchill (que amava o por do sol da região) e Charlie Chaplin. Dos tempos pós-modernos já

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passaram por lá os Rolling Stones, Nicole Kidman e Tom Cruise. Nas mãos do ultramoderno designer Jacques Garcia (o mesmo que cuidou do Hotel Costes, em Paris), o Mamounia foi redecorado com uma mistura que une os franceses séculos 18 e 19 e os orientalismos de outrora. Hitchcock filmou por lá O Homem que Sabia Demais e criadores como Saint Laurent e Pierre Balmain compraram casas nas proximidades. O desejo de voltar pode ser conferido no livro de visitantes do La Mamounia, com recados cheios de graça dos ilustres hóspedes. www.mamounia.com/uk

O nome, que significa brilhante, é um conjunto de palácio e grandes jardins construído no século 19

BO-ZIN JANTAR ESTRELADO

O restô mistura exotismo com o contemporâneo e é frequentado por celebs internacionais

FOTOS DIVULGAÇÃO

JARDIM DE ALÁ

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MOSAICO Geometria inspirada nos ricos ladrilhos faz a trama e a fama dos tapetes

Nature Market, R$ 290

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ACONTECE

SOFÁ CHESTERFIELD, E GARDEN SEAT OPTCAL, DA 6F

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LOUNGE RG DURANTE A SÃO PAULO FASHION WEEK RG E A FILLITY COMANDARAM UM DOS LOUNGES MAIS DISPUTADOS DA BIENAL

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Com décor de Fabrizio Rollo, nosso espaço virou QG de gente de moda e editores internacionais, que passaram por lá entre um desfile e outro para tomar picolés da Diletto e drinques de frutas com Johnnie Walker Red Label. No cenário, paredes de madeirite, mobiliário chique e um mix oriental com panos étnicos africanos.

1. Rodrigo Trussardi 2. Amalia Wust 3. Chiara Gadaletta 4. Dimitri Mussard 5. Michael Roberts 6. Paulo Dabbur 7. Esperança Dabbur 8. Os gifts da Fillity 9. Roberta Pinheiro e Ivan Rodic

FOTOS CARLOS PRATES FOTOS CARLOS PRATES FOTOS STILL CESAR CURY FOTOS STILL CURY FOTOSCESAR CARLOS PRATES E CÉSAR CURY

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“NO LOUNGE DESSA EDIÇÃO DA SPFW, MOBILIÁRIO DE ÉPOCA, PRESENTES DA FILLITY, DELÍCIAS DILETTO E JOHNNIE WALKER RED LABEL

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1. Poltrona Paulistano, Futon Company 2. Garden seat chinês, Autore. 3. Cadeira ZigZag, Tok & Stok 4. Mesa de chinoiserie, Juliana Benfatti 5. Tapete da Revestir Revestindo 6. Arandela italiana anos 60, Ricardo Varuzza 7. Sofá Sérgio Rodrigues, Legado Arte 8. Panos africanos, Katmandu 9. Banqueta brasileira, Schultz Boldrini 10. Banqueta de acrílico com assento africano, Raul Yetman e Alberto Moraes 11. Par de cadeiras, Legado Arte 12. Biombo de laca, L’Oeil 13. Gifts, Fillity

2

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Onde

ENCONTRAR JOIAS

ANA KHOURI, TEL. (11) 3897-2600, SP. ANTONIO BERNARDO, TEL. (11) 3083-5622, SP. FRATTINA, TEL. (11) 3062-3244, SP. H.STERN, SAC 0800 022 7442. RAPHAEL FALCI, TEL. (11) 3841-8104, SP. TANI JEWELS, TEL. (11) 5181-1335, SP. TIFFANY & CO., TEL. (11) 3815-7000, SP. VIVARA, SAC 0800 7744 999.

BELEZA

CONTÉM 1G, SAC (11) 3660-0378, SP. DIOR, SAC 0800-170506. DUDA MOLINOS, SAC (11) 4736-8896, SP. EUDORA, WWW.EUDORA.COM.BR GIVENCHY, SAC 0800-170506. MAC, SAC 0800 772 2777.

DÉCOR

BLUE MAN, AL. LORENA, 1.621, TEL. (11) 3085-0476, SP. BOTTEH, AL. GABRIEL MONTEIRO DA SILVA, 296, TEL. (11) 3081-6293, SP. BY KAMY, AL. GABRIEL MONTEIRO DA

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SILVA, 1.147, TEL. (11) 3081-1266, SP. DEPÓSITO KARIRI, RUA ARTHUR DE AZEVEDO, 877, TEL. (11) 3064-6585, SP. JULIANA BENFATTI ANTIGUIDADES, RUA SAMPAIO VIDAL, 786, TEL. (11) 3083-7858, SP. LE LIS BLANC CASA, RUA OSCAR FREIRE, 1.119, TEL. (11) 3809-8950, SP. NATURA MARKET, RUA AUGUSTA, 2.694, TEL. (11) 3082-5342, SP. PANDORA, TEL. (11) 3081-3301, SP.

MODA

ALBERTA, AV. AFRÂNIO DE MELO FRANCO, 290, SHOPPING LEBLON, TEL. (11) 3875-1792, RJ. ARMANI EXCHANGE, RUA HADDOCK LOBO, 1.550, TEL. (11) 3323-3510, SP. AVEC NUANCE, AV. AFRÂNIO DE MELO FRANCO, 290, TEL. (21) 2274-0595, RJ. BO.BÔ, RUA HADDOCK LOBO, 1.702, TEL. (11) 3081-0469, SP. CHECKLIST, TEL. (11) 3047-6507, SP. COLCCI, TEL. (47) 3247-3000, SC. CORELLO, RUA AUGUSTA, 2.466, TEL. (11) 3060-8220, SP. DASLU, AV. CHEDID JAFET, 131, TEL. (11) 3841-4000, SP. DIFERENZA, AL. FRANCA, 1.332.

TEL. (11) 3061-3437, SP. FOLIC, RUA OLIMPÍADAS, 360, SHOPPING VILA OLÍMPIA, TEL. (11) 3047-6278, SP. HECTOR ALBERTAZZI, TEL. (11) 2292-9178, SP. JIMMY CHOO, TEL. (11) 3552-2052, SP. LEFT, RUA JOÃO CACHOEIRA, 1.470, TEL. (11) 3045-5862, SP. LIA SOUZA, RUA PEIXOTO GOMIDE, 1.801, TEL. (11) 3062-3877, SP. LOFTY SHOWROOM, RUA JESUÍNO ARRUDA, 797, TEL. (11) 3073-1319, SP. LUIZA BARCELOS, TEL. (31) 2102-0100, MG. MARCO APOLLONIO, RUA OSCAR FREIRE, 2.234, TEL. (11) 3081-6370, SP. MARIA BONITA EXTRA, RUA OSCAR FREIRE, 705, TEL. (11) 3063-3609, SP. MISSINCLOF, AL. LORENA, 1.257, TEL. (11) 4304-4300, SP. PANTALENA, TEL. (11) 3266-7169, SP. RENNER, AV. ROQUE PETRONI JR, 1.089, SHOPPING MORUMBI, TEL. (11) 2165-2800, SP. SAAD, AL. LORENA, 427, TEL. (11) 3052-1792, SP. TRITTON, RUA OSCAR FREIRE, 993, TEL. (11) 3891-1628, SP. VANIA NIELSEN NO CONCEITO SHOWROOM, RUA CASA DO ATOR, 538,


HORÓSCOPO

MUDANÇAS À VISTA!

NESTE MÊS, A ENTRADA DO PLANETA URANO NO SIGNO DE ÁRIES COLOCARÁ EM EVIDÊNCIA UMA MAIOR NECESSIDADE DE LIBERDADE E CRIATIVIDADE PARA TODOS. COMO TUDO TEM O SEU PREÇO, É IMPORTANTE EVITAR OS RADICALISMOS E PROCURAR SOLUÇÕES POR MEIO DE DIPLOMACIA E BOA VONTADE. PARA OS SONHADORES PISCIANOS É UM PERÍODO EXCELENTE PARA ALAVANCAR PROJETOS COM MAIS OBJETIVIDADE E PRAGMATISMO! POR TEREZA KAWALL

PEIXES 20 Fevereiro – 20 Março A presença de Urano e Júpiter no setor de finanças dos piscianos sugere que mudanças e oportunidades já estão a caminho. Para JUSTIN BIEBER (1.03), por exemplo, elas vêm a galope: o fenômeno teen vende revistas, livros e CDs aos milhões. Fique esperta e abra os olhos para não desperdiçá-las. Jogue o seu charme à vontade, é um ótimo momento para agitar a vida social, cultural e, claro, namorar! A pedra do mês é a água marinha.

ÁRIES

LEÃO

ESCORPIÃO

21 Março – 20 Abril

23 Julho – 22 Agosto

23 Outubro – 21 Novembro

A expressão “nada como um dia após o outro” servirá como luva. Pressa e ansiedade poderão prejudicar o seu desempenho. Mantenha o foco naquilo que já começou. A continuidade trará frutos. Adiar é sinal de maturidade emocional.

Neste mês poderá haver uma intensificação ou aceleração do ritmo da vida dos leoninos, em especial para os que nasceram no primeiro decanato. Se o corpo pode ser treinado por que não a nossa mente também? Cultive pensamentos mais leves e respire fundo para romper com as amarras que ficaram no passado!

Evite sacrificar a saúde pelo trabalho, mesmo com a capacidade de produzir em alta. Invista em conhecimento, cursos, seminários, viagem, e alivie a rotina e o stress. A vida pessoal e amorosa vai retribuir.

TOURO 21 Abril – 20 Maio

É enganoso acreditar que você tem todo o tempo do mundo para ser feliz. Coisas emperradas precisam de mente aberta e desapegada. Tire o pó da acomodação e da inércia. Se for o caso, peça ajuda profissional para o trabalho fluir rapidamente!

GÊMEOS 21 Maio – 20 Junho

O conhecimento é um bem precioso. O excesso de opiniões ou de informações podem deixá-la mais dispersa ou confusa. Dê um tempo para pensar melhor e tire suas próprias conclusões; o senso comum nem sempre é o melhor companheiro.

CÂNCER FOTO REX FEATURES

21 Junho – 22 Julho

Atitude generosa e confiante poderá dinamizar e equilibrar seu ambiente familiar. Assim terá mais tempo e energia para o trabalho e vida social. Todos os exercícios com água, como hidroginástica ou caminhadas na praia serão bem-vindos.

VIRGEM 23 Agosto – 22 Setembro

Tudo o que existe no agora, foi um dia sonhado no passado. Para você, que sempre opta por decisões mais racionais e pragmáticas, saiba que uma boa dose de imaginação faria muito bem ao seu bem-estar emocional. Acredite mais nas relações e saia da defensiva. Quem neste mundo não tem contradições e esquisitices?

LIBRA 23 Setembro – 22 Outubro

Já está na hora de mostrar as suas opiniões com mais determinação e ser menos condescendente com os outros. Sempre haverá contrariedades no cotidiano, mas isso não deve fazêla recuar. Este momento pode ensinála a defender o seu território com mais garra e coragem, mas isso não significa desrespeito a ninguém!

SAGITÁRIO 22 Novembro – 21 Dezembro

É bem provável que você esteja animada e esperançosa com este ano. Prepare o terreno, adube a terra, e tire as pragas que houver. As mudanças vão começar por você mesma e nada melhor do que superar velhos hábitos e sobretudo, os ressentimentos do passado. Um brinde ao futuro!

CAPRICÓRNIO 22 Dezembro – 20 Janeiro

Ninguém é uma ilha – e você muito menos! Nos próximos dias você terá a comprovação do quanto é importante para seus amigos. Muitos obstáculos são criados em nossa mente e tornam-se realidade. Preocupe-se menos com o amanhã.

AQUÁRIO 21 de fevereiro a 19 de fevereiro

Preste mais atenção nos assuntos que vão e voltam sem nenhuma solução à vista. Tenha mais foco e lembre-se que a perseverança e disciplina são sinônimos de força e sucesso. Confie em seu potencial e atraia novas oportunidades, avance sem medo! 127


Rocha Branca considerada a melhor água do Brasil. A Revista Go’Where Gastronomia e a Toledo Associados confirmam aquilo que os consumidores Rocha Branca já sabem, somos a melhor água de galão do Brasil.

O TESTE Participaram da pesquisa 40 consumidores, com idades entre 30 e 50 anos. Veja a tabela ao lado.

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A única água mineral que preserva o meio ambiente.

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Quem disse que beleza não se põe à mesa? Esse sousplat tem um trabalho minucioso de bordados com miçangas turquesas, pedrarias e lantejoulas de metal. Uma verdadeira obra de arte para encher os olhos POR FABRIZIO ROLLO 130

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Sousplat esmeralda, R$ 520, na Tania Bulhões Home




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