Objetivos
de adesão da sociedade japonesa aos
Este trabalho visa a análise urbano-arquitetônica entre os séculos XIX e meados do século XX pautado no interesse pela arquitetura japonesa.
elementos da cultura ocidental, posterior a reabertura dos portos para nações estrangeiras, por volta de 1850 tem precedentes profundos que remontam ao
Desenvolver-se-á reflexões relativas a seus diálogos com o Ocidente através do estudo da Tsuchiura House: relações com a sociedade e seu tempo; aspectos relativos
século XVI e XVII que se notabilizam através da hibridização cultural e artística como fonte e testemunho histórico. Nesse sentido, para o entendimento da inserção
ao modo de vida moderno; horizontes urbanos e adensamentos; tecnologia e presença estrangeira no japão. Desse modo, estabelece-se um panorama
da sociedade frente ao mundo, não é possível o entendimento da sociedade japonesa como um fenômeno isolado. É necessário rever a história na perspectiva
importante e necessário para o entendimento da complexa produção do espaço urbano entre séculos de transformações, guerras e nacionalismos
da globalização da cultura e dos encontros entre civilizações no espaço e no tempo. (BURKE, 2003) É necessário, de antemão, assinalar
exacerbados. Metodologia Através do desenvolvimento de
as diferenças dos modos de compreensão do espaço, apreciação estética e léxico construtivo. Portanto, sendo afirmativo que a palavra equivalente ao entendimento de
estudos sobre a genealogia da Arquitetura Moderna Japonesa: coexistência entre incorporação do repertório moderno-ocidental e tradição construtiva,
``arquiteto´´, no Ocidente; no Japão só surgiu a partir da Era Meiji (明治時代 , Meiji Jidai, início em 1868) a partir do Professor da Universidade Imperial, atual
objetiva-se fazer uma breve análise do reconhecimento da presença estrangeira, mais especificamente de experiências estrangeiras de arquitetos japoneses, e
Universidade de Tóquio: Chuta Ito (1867-1954). Chuta Ito formulou a palavra kenchiku, 建 築, (lit. ``levantar edifícios´´) em
arquitetos modernistas no Japão e novas visões ampliadas acerca das influências cruzadas entre Oriente e Ocidente por meio da utilização de pinturas, fotografias,
oposição à zoka, 造 家学, (lit. ``estudo de fazer casas´´). (AOKI GIRARDELLI, 2010). Entretanto a existência da noção de uma arquitetura ocidental no Japão, esteve
gravuras, desenhos, magazines, mapas e revistas no compreendido período de tempo dos séculos XIX e XX.
presente antes da formalização deste pensamento, dado a presença de ordens religiosas cristãs que perduraram entre o século XVI e XVII até o fechamento dos
“Arquitetura”: Japão O Japão, por muito tempo, foi entendido como um exemplo de unidade
portos e a expulsão de ocidentais Ibéricos, em 1639, pela autoridade do shogunato Tokugawa. (BAILEY, 2001; CURVELO,
cultural. Embora, sua tradição também se constitui a partir da apropriação: a adição em detrimento da exclusão. O fenômeno
2007; GRUZINSKI, 2014). Dentre as edificações erigidas pelas ordens cristãs presentes no Japão, havia a
coexistência de construções híbridas de
e
cidades
distintas
das
japonesas
igrejas cristãs ao modo construtivo de templos autóctones budistas e xintoístas e a existência de igrejas ao modo Ocidental, portanto, arquiteturas ao modo Europeu.
proveniente da circulação de imagens e o ensino das técnicas a japoneses no Seminário dos Pintores de Giovanni Niccolò (1560-1626), revelando sobre o suporte
Nagasaki era um das poucas localidades onde resistiam construções intimamente ligadas a presença cristã e a cultura arquitetônica-material resistente.
oriental (biombo) as formas e maneiras artísticas estrangeiras da renascença ainda no Japão do século XVII (ARIMURA, 2019; CURVELO, 2007; KOTANI, 2010; MATOS,
Entretanto, a existência dela foi comprometida pelo bombardeamento nuclear em 1945 (BAILEY, 2001). A exemplo do registro desse
2015; YAMAMORI, 1999). Desse modo, a relevância destas fontes visuais evidenciam o contato do Japão com a cultura arquitetônica ocidental dentro de condições
conhecimento acerca das arquiteturas estrangeiras: dos biombos preservados no Museu da Cidade de Kobe (figura 1), sua iconografia remete às pinturas ao gosto
de espaços e tempos da primária globalização explicitam a consciência sobre sua inserção em relação ao mundo.
Ocidental e retratam construções, vivências
Figura 1: Par de biombos namban, 8 folhas, c.1611-1614, Kobe City Museum Fonte: KOBE CITY MUSEUM (Japão). Collection of Kobe City Museum: beauty and history transformation. Kobe: Kobe City Museum, 2008. 180 p.
Nesse sentido, de forma análoga
tradição ao qual muitos dos universitários
aos fundamentos culturais: a fim de desenvolver uma identidade arquitetônica moderna japonesa no século XX, esse fenômeno, também não se deu de forma
japoneses tiveram que experienciar e se apropriaram das medidas políticas de modernização do Estado na Era Meiji e na sucessiva Era Showa.
repentina e por forças contrárias ao estrangeiro, mas sim pela adição: tentando misturar várias influências locais, síntese Ocidente-Oriente. Uma fusão do velho,
Desse modo, a nova linguagem construtiva surgiria com as formas verdadeiramente nativas fossem incorporadas com métodos importados de
regional e fortificadas segurança movimento
universal, que lançou bases sob a intelectualidade como no pensamento de que o moderno estava inseparável do
construção e sua influência como teórico da arquitetura foi decisiva, uma vez que se tornou um dos principais expoentes da primeira geração dos arquitetos
processo de modernização tecnológica e institucional – pensamento não unívoco ao Japão, mas também desenvolvido em
modernistas do Japão. Em oposição ao pensamento de Ito, Yasuji Otsuka, por exemplo, argumentava a respeito da
diversas outras partes do mundo, incluindo o Brasil (CURTIS, 2008). Portanto, é reflexo da dupla vivência em relação à influência ocidental e à
aceitação de modelos visuais ocidentais e modificá-los para as condições, artes e meios de construção locais. (CURTIS, 2008).
Figura 2: Museu Nacional de Tóquio ( 東京国立博物館, Tokyo Kokuritsu Hakubutsukan) , 1937, projetado por Jin Watanabe Fonte: Acervo pessoal, Ricardo Makino, 2019.
Sobre a recepção de modelos visuais ocidentais e modificações para as condições locais e maneiras modernas de viver, o autor Junichiro Tanizaki, considerado um dos grandes escritores da literatura moderna japonesa, é exemplar no ensaio sobre a apreciação estética japonesa: Em louvor da sombra (1933), no qual disserta sobre a distinção entre a apreciação das sombras e a beleza da casa japonesa em oposição à clareza e pureza iluminista Ocidental e a consciência sobre a inflexão da mudança da vida
Figura 3: Girl knitting, Oil on canvas, 72,5x60,5. Ryohei Koiso, 1939. Hyogo Prefectural Art Museum, Kobe, Japan. Fonte: Acervo pessoal, Ricardo Makino,2020.
urbana, proveniente das novas tecnologias modernas importadas do Ocidente, com destaque à iluminação elétrica. Portanto, sua postura conservadora em relação à absorção inegável e inevitável frente ao processo de modernização tecnológica e institucional do Império exprime a ambivalência da resistência e da necessidade de adaptação, fato atento para os primeiros arquitetos japoneses, no século XX, logo, não sendo pauta repentina de atenção.
Figura 4: Woman and Sewing Machine, Oil on canvas, 72,7x53,0. Konosuke Tamura, 1948. Hyogo Prefectural Museum of Art, Kobe, Japan. Fonte: Acervo pessoal, Ricardo Makino, 202
Desse modo, em linhas gerais, ambos posicionamentos tiveram suas repercussões igualmente significativas, no entendimento de que o ecletismo
ao remeter ao clássico do Oriente asiático e ao Japão (KAWAMICHI; HASHITERA, 2002). Por outro lado, a maneira de entendimento à maneira de Otuska foi
arquitetônico japonês defendido por Ito realizou-se pelo estilo que ficou conhecido como Imperial Crown Amalgamate Style (CESARO, 2018; ISOZAKI, 2011), em
acolhido de uma forma mais difusa e atenta, como uma ``diglossia cultural ́ ́, na mesma chave de entendimento de Burke sobre o Japão, em Hibridismo Cultural
Japonês: teikan yoshiki, 帝冠様式 (figura 2), uma arquitetura resistente eclética-ocidental com tecnologias modernas, mas com proporções e formas
(2003): tornando os japoneses biculturais, capazes de alternar entre culturas e escolhendo o que consideram ser apropriado à situação em que se
japonesas baseadas numa tradição elaborada com bases em um ``evolucionismo ́ ́ teorizado por Chuta Ito
encontram. Desse modo, sendo hábeis em acolher valores que mesclavam entre a tradição e a modernidade no mais amplo sentido.
Figura 5: Bruno Taut, Vista distante, plano para pequena cidade sobre montanha Ikoma, dezembro de 1933, 1933, The Museum Yamato Bunkakan
Figura 6: Bruno Taut, anotações sobre processo de refinamento da arquitetura japonesa, durante visitação em Kyoto, 1933. Fonte: Exibição Impossible Architecture ―The Architects' Dreams January 7-February 2020
Intercâmbios do Japão entre-guerras: décadas de 1920-1930 Em consequência do embate conservador entre Oriente e Ocidente, o fortalecimento de uma consciência crítica a respeito do passado e a inevitabilidade das
Deutscher Werkbund–, e aproveitando a passagem de Bruno Taut (refugiado no Japão em 1933, contra a perseguição racial alemã); Ueno concebeu o conhecido
mudanças promovidas a partir da Restauração Meiji, sob domínio imperial; no início do século XX, na arquitetura que se caracteriza pelo estilo eclético e mesclava
episódio da visita deste arquiteto fundamental, modernista, par de Walter Gropius, Erich Mendelsohn e Gerrit Rietveld, à até então desconhecida Vila
componentes, destaca-se Kikutaro Shimoda, arquiteto da primeira geração de formandos da Universidade Imperial de Engenharia, que inclusive trabalhou com
Imperial de Katsura e ao Santuário de Ise (xintoísta), dois exemplares da arquitetura tradicional japonesa (figura 5). (CESARO, 2018; KUMA, 2008). Esse episódio em
Frank Lloyd Wright em uma passagem por Chicago, em 1919 e foi requerido para a reconstrução do Hotel Imperial de Tóquio. Projeto posteriormente encarregado à
grande medida elevou a arquitetura japonesa a um novo status (ISOZAKI, 2011). Taut discursou sobre a capacidade
Wright que levou a conclusão em 1923. Episódios fundamentais, como este, denotam o efeito das políticas de culturas cruzadas provenientes de medidas
da arquitetura japonesa tradicional estar em consonância com valores proposto pelo modernismo Ocidental e, portanto, distinto, inclusive, do Imperial Crown Amalgamate
adotadas no estudo e intercâmbio científico e social entre formandos da Universidade. Merece atenção o episódio em que o arquiteto Isaburo Ueno – que frequentou a
Style, representado pelo pensamento de Chuta Ito (ISOZAKI, 2011, SHINOHARA, 1958). Aos olhos da arquitetura ocidental, a composição de vãos livres; espaços
abertos, simples e com grande clareza
detrimento da exclusão: deram formas
construtiva dava grande transparência e circulação fluida. Portanto, anacronicamente, a construção tradicional japonesa foi reconhecida com uma
específicas manifestam sob diferentes formas, como o entendimento de Kazuo Shinohara, na casa como ``obra de arte´´ (LOBÃO, 2016) e no Laboratório de Kenzo
qualidade espacial objetivada na arquitetura moderna ocidental. Desse modo, favorecendo coexistência e incorporação de repertório moderno-ocidental
Tange, expoente internacional para a arquitetura japonesa do pós-guerra ao fim do século XX. Desse modo, a tradição ocidental arquitetônica moderna não foi
intrinsecamente relacionado aos espaços tradicionalmente existentes. Através de publicações de Gropius, como Internationale Architektur (1910) en
interpretada em sentido literal, baseava-se numa apropriação a partir da mentalidade e da sensibilidade: o desenvolvimento do suporte intelectual para arquitetura
Oeuvre Complète (1929), de Le Corbusier; a arquitetura moderna ocidental, pura, de volumes regulares e que se pretendia universal: gradualmente tornou-se mais
moderna distintamente japonesa – maneira semelhante em distintos países ao longo do século XX na busca de uma individual identidade arquitetônica moderna, tal como
conhecida no Japão. Mesmo que houvessem todos esses precedentes, foi com Junzo Sakakura e Kunio Maekawa – que trabalharam com Le Corbusier no fim
Curtis disserta com detalhe e excelência em Arquitetura Moderna Desde 1900.
da década de 1920–, que introduziram as formas corbusianas e a compreensão dos princípios ordenadores e seu vocabulário arquitetônico: pilotis, rampas, planos curvos, transparência e superfícies translúcidas (CURTIS, 2008). Outros arquitetos japoneses que trabalham nos países exteriores, destaca-se o casal Kameki e Nobuko Tsuchiura, que trabalharam para Frank Lloyd Wright, autores do projeto da própria residência na qual extrapolam os modelos
Figura 7: Comparativo entre arquitetura de Kenzo Tange e tradição construtiva japonesa. Fonte: KOOLHAAS, Rem; OBRIST,Hans Ulrich. Project Japan, Metabolism Talks. Köln: Taschen, 2011.
ecléticos japoneses e buscam nessas fontes modernistas corbusianas e sob de influências da Bauhaus: a residência como máquina de habitar e uma ``arquitetura branca´´, primeira geração de arquitetos sob influência da ``Estética do Engenheiro´´, nas palavras de Fumihiko Maki (NICCOLI, 2014). O hibridismo cultural do Japão, a partir do qual adicionam novos valores, em
Figura 8: Casa de Kenzo Tange, 1953. Tóquio, Japão Fonte: KOOLHAAS, Rem; OBRIST,Hans Ulrich. Project Japan, Metabolism Talks. Köln: Taschen, 2011.
Considerações sobre Frank Lloyd Wright Para entender a relevância da casa projetada pelo casal Tsuchiura, é necessário reconhecer a influência e a posterior ruptura com o entendimento de arquitetura transmitido por Frank Lloyd Wright, o qual guiou o casal japonês durante sua estadia de dois anos nos Estados Unidos. Assim, durante este período, e consequentemente estendendo à carreira de ambos, Kameki e Nobuko Tsuchiura encontraram-se no limiar do
arquitetura vernacular japonesa que este sofre por meio do estudioso Edward Morse em sua obra “Japanese Homes and Their
Surrounding”. A ntes mesmo de conhecer o Japão em 1905, Wright já demonstrava grande interesse no modo de construir japonesa, resultado visível nas Prairie Houses p rojetadas entre o século XIX e XX. (NUTE, 1993) Assim, desde cedo o arquiteto estabelece uma relação com a moradia tradicional japonesa, possibilitando
diálogo entre a arquitetura tradicional japonesa, a influência de Wright e outras influências ocidentais modernistas. Destacando a Tsuchiura House da
formas alternativas ao entendimento ocidental. Certamente que este vínculo entre o estadunidense e a cultura japonesa explica
década de trinta, faz-se necessário apontar o rompimento com várias das qualidades apontadas por Wright como essenciais e o inclinamento do casal à influências
parcialmente a decepção de Wright quando este se refere à Casa Tsuchiura. “Eu sinto muito em ver a pobreza de imaginação em vocês” (WRIGHT, 1931).
corbusianas ao tratar da fachada composta por vários volumes brancos, e até mesmo a ausência do telhado tradicional japonês (KRUGER, 2014).
Apesar disso, é válido destacar a permanente influência do grande arquiteto na obra do casal, como os beirais extensos, a grande janela de vidro que se
A respeito de Frank Lloyd Wright, vale destacar a forte influência da própria
mescla com a parede e a sala de estar com pé direito duplo (KRUGER, 2014).
Figura 9: Da esquerda, Frank Lloyd Wright, Richard Neutra, Sylva Moser com um bebê, Kameki Tsuchiura, Nobu Tsuchiura, Werner Moser no violino e Dione Neutra no violoncelo na sala de estar em Taliesin, 1924. Fonte: http://architectuul.com/architects/view_image/nobuko-tsuchiura/21875
Análise: Tsuchiura House,
土浦邸
Nome: Tsuchiura House
Localização:
2-chōme-6-14
Tipo: Residencial Arquitetos: Tsuchiura Kameki & Nobuko Ano de construção: 1934-1935 Demanda: construído para si.
Shinagawa-ku , Tokyo 141-0021 Área do terreno: 285,98 m² Área construída: 172,72 m
Situação: 1995: Designado como patrimônio cultural de Tóquio.
2013: Preservação pela entidade Tsuchiura Friends, organização não governamental formado por historiadores e arquitetos,
1999: Uma das 20 obras selecionadas pela Docomomo Japão 2002: Doação do acervo dos projetos arquitetônicos do casal para Edo-Tokyo
inclui-se membro honorário Fumihiko Maki e representante Terunobu Fujimori
Museum
Figura 10: Fotos da Casa da família Tsuchiura recém construída Fonte: https://dev.architectuul.com/architecture/tsuchiura-house
Kamiōsaki
Kameki Tsuchiura (1897 - 1996) Nobuko Tsuchiura (1900 - 1998)
Kameki Tsuchiura era estudante da Universidade Imperial, hoje Universidade de Tóquio, no departamento de arquitetura, quando conheceu Frank Lloyd Wright. A
Kameki foi para outras comissões notáveis, como o International Hall of Tourism em 1954 e o Saitama Medical College em 1969. De sua parte, Nobuko se
apresentação foi feita por um jovem arquiteto entusiasta de Wright, Arata Endo, recomendando Tsuchiura para o cargo de desenhista de Wright. Kameki e Nobuko,
tornou uma espécie de celebridade; ela apareceu em publicações sobre estilo de vida promovendo sua abordagem de design de interiores para a dona de casa
sua esposa arquiteta, começaram a trabalhar para Wright em 1921, no Imperial Hotel. Em 1922, Wright retornou aos Estados Unidos juntamente com o casal,
moderna. E atualmente, é amplamente reconhecida como a primeira arquiteta do Japão, embora as produções do casal, com as quais se consolidaram como
que ali, trabalharam como desenhistas para o renomado arquiteto por dois anos, participando de vários projetos. Nobuko e Kameki gradualmente
arquitetos, foram creditadas em grande parte a Kameki à época.
migraram da linguagem rígida de Wright para as novas influências de Estilo Internacional Europeu. A alvenaria de blocos foi substituída por painéis de gesso em molduras de madeira, e, com isso -a padronização de materiais e layout-, esforçaram-se em seu objetivo de melhorar as moradias japonesas em geral por meio da somatória econômica de sua linguagem e técnica construtiva. O casal Tsuchiura se estabeleceu no meio de sua profissão na década de 30, tendo concluído mais de 20 projetos, sendo residenciais em sua maior parte. Em 1935, finalizam a construção da sua própria casa, num pequeno terreno em Shinagawa.
Figura 11: Autorretrato, óleo sobre tela, por Nobuko Tsuchiura. Fonte: https://artscape.jp/artscape/eng/focus/1404_02.html
Urbanização e fatores impulsionadores da modernização Tóquio, no início do século XX, enfrentava problemas comuns ao período, tratado com maiores dificuldades na cidade, graças ao poder centralizado; o governo central comandava todas as decisões, implementações e intervenções locais de escala municipal. As autoridades
localizada a estação Meguro, a 700m da Tsuchiura House, tenha seu solo parcelado nesse momento, através do instrumento LR. Devido ao problema de moradia nas áreas urbanas causado pela valorização excessiva dos aluguéis e pelo
locais detinham poderes extremamente reduzidos, e as ações do império sobre Tóquio eram sobretudo, em infraestruturas básicas: com o Land Readjustment. O
êxodo rural na Era Meiji, existiam muitos empecilhos para construir uma casa. Assim, a habitação tornou-se um assunto a ser tratado pelo governo, resultando na
Land readjustment é um método pelo qual a propriedade de lotes espalhados e irregulares de terras agrícolas é agrupada,
aprovação da Lei de Colaboração em 1922, a qual consistiu na facilitação de financiamento da construção de casas.
estradas e infra-estruturas principais são construídas e o terreno é então subdividido em lotes urbanos. Cada proprietário deve contribuir com uma parte de sua
Antes da implementação desta lei, as revistas voltadas ao público feminino traziam muitos artigos sobre inflação de aluguéis e porque construir ao invés de
propriedade de terra anterior para fornecer espaço para instalações públicas e infraestrutura urbana necessária, atendendo o interesse público, enquanto o
alugar. (TEASLEY, 2005). No entanto, após o Grande Terremoto de Kanto em 1923, uma forma modificada de LR foi usada para reconstruir
proprietário tem suas terras valorizadas no processo. Este instrumento foi importado para o Japão na virada do século e foi usado principalmente para consolidação de
grandes áreas do centro de Tóquio e Yokohama. Uma agência governamental especial foi criada para realizar essas obras. Durante a década de 1930, a LR foi
terras agrícolas e projetos de melhoria de irrigação, embora logo tenha sido usado também para projetos de expansão suburbana.
amplamente utilizada pelo governo central para estabelecer instalações militares. Essa tragédia possibilitou a incorporação de princípios modernos, eficientes e sanitários
A concentração de ação sob tutela do estado levou a aprovação da Lei de
na reconstrução das casas. Dessa forma, foi nesse contexto e com base na circulação de novas ideias de uma revigorada perspectiva de reconstrução
Planejamento, em 1919, que possibilitou o código de Zoneamento (Zoning Building Code Growth Mgmt), gerando mudanças principalmente nos edifícios habitacionais. Como zoneamento para organização espacial do solo da cidade, é provável que a zona de Shaguinawa, onde está
urbana em que a Tsuchiura House foi projetada. As mudanças advindas da legislação pós incêndio provavelmente incentivaram a ocupação e deram os rumos da consolidação urbana nessa área.
Figura 12: Mapa de Tóquio (1898), pontuado em azul a localização atual da Tsuchiura House Fonte: http://www.oldtokyo.com/cartography/
No recorte temporal do mapa de
são, são tentadores para os cansados. O
1898 (figura 12), era uma área urbanizada próxima à baía, onde, na atividade turística, servia de uma parada obrigatória para os visitantes, chegando ou saindo, de tokyo:
viajante desce; ele sobe os degraus; senta-se na varanda e sente-se disposto a desfrutar da esplêndida vista aqui apresentada das águas calmas da baía,
“Agora fica claro que estamos nos aproximando de uma cidade importante pelas multidões de viajantes que lotam a estrada. Atualmente chegamos a
com a movimentada frota de embarcações nativas e estrangeiras, e as encostas da cidade cobertas de palácios além, enquanto o entregou a Phillis [garota do
Shinagawa (...) Aqui a elite da aristocracia de Yedo estava acostumada a buscar diversão, e descansar, admirando as belezas da baía de Yedo, a perspectiva da
interior], deu-lhe chá e cachimbos” (Potter’s American Monthly: ‘Japan and Her People’, M.A. Bruhmet, 1879). As proximidades da casa, no mapa
cidade ser muito bonita a partir deste ponto(...) A atividade inseparável da vida dentro e perto de uma grande cidade se mostra em Shinagawa. A casa de chá e as
de 1930 (figura 13), não possui características de uma área com urbanização consolidada, ou isso não foi enfatizado pelo cartógrafo, o que é menos
floristas convidam o viajante a descansar e repousar. Chá, confeitaria e música, como
provável, visto a falta de definição de quarteirões, observada no centro-direita do mapa, por exemplo
Figura 13: Mapa de Tóquio (1918), pontuado em azul a localização atual da Tsuchiura House Fonte: http://www.oldtokyo.com/cartography/
Relação com o Entorno
A casa está localizada numa área residencial horizontal, afunilada entre o
Na área residencial em questão, os gabaritos variam de dois a quatros
instituto de estudos naturais a leste, junto a uma rodovia elevada, e a ferrovia Saikyo Line a oeste. Encontra-se também entre áreas de verticalização intensa, no encontro
pavimentos, com poucas residências térreas, logo, a Tsuchiura House se conforma no alinhamento desta área residencial; o que a destaca do restante do
de vias arteriais e coletoras, ao Sul, e entre vias coletoras ao norte; as residências, por sua vez, se encontram nas estreitas vias locais - a Tsuchiura House está localizada
tecido são justamente a sua quebra com as características da casa tradicional japonesa e a sua incorporação des algumas outras destas ao estilo internacional.
no centro, mais afastados das avenidas, dessa zona, numa rua sem saída. Domesticidade Como mencionado anteriormente, o governo japonês lidou com a crise de
doméstico da mulher. Desse modo, a racionalização das tarefas domésticas
moradia urbana em meio à modernização da Era Meiji. Além disso, com a intenção de melhorar a produtividade e trazer progresso à nação (TEASLEY, 2005), o Estado
permitiu às donas de casa terem tempo de exercer atividades intelectuais e desenvolver sua personalidade como indivíduo (TIPTON, 2009). Mesmo
passou a cada vez mais se engajar nos lares e na dinâmica familiar por meio do Ministério da Educação, com auxílio do Ministério do Lar. (TIPTON, 2009)
reformadores na época considerados conservadores como Hatoyama Haruko afirmavam: “as mulheres já não são mais uma decoração, e não devem ser
Reformadores propuseram mudanças tanto no traçado da casa, quanto nos costumes. É imprescindível discorrer sobre o papel da mulher e as
simplesmente dependentes de homens”. (TIPTON, 2009) De novembro de 1919 a fevereiro de 1920, Tóquio sediou a Exposição de
transformações deste quando se trata do ambiente doméstico. Esses reformadores são ao mesmo tempo tradicionalistas, ao permanecerem ratificando a divisão do
Reforma da Vida Diária. Em um dos posters (fig. 14), pode-se observar a propaganda dos valores modernos de uma cozinha ocidental prática e limpa contrastando com
trabalho por gênero, e inovadores, ao proporem soluções para agilizar o trabalho
o cômodo tradicional japonês com aspecto sujo e tomado pela fumaça.
Figura 14: ‘Reform of the Home Begins With Kitchen Arrangements’ Courtesy of the National Museum of Nature and Science, Tokyo.
Características espaciais, plásticas e técnicas da obra e de seu entorno
Tradicionalmente,
as
habitações
plano centrado na família com um cômodo
japonesas se caracterizaram (diante da perspectiva ocidental) pela sua forma distinta de estruturação, principalmente quando contraposto à arquitetura do
para convívio e um corredor. (TEASLEY, 2005). Isso representa uma mudança de mentalidade na cultura japonesa, que agora valoriza mais o núcleo familiar no próprio
ocidente. Quando comparadas, percebe-se as diferentes soluções para a forma de morar presentes nos mais simples mobiliários até a disposição dos cômodos.
espaço doméstico do que o convidado que ocasionalmente frequenta a casa. Apesar destas recomendações, a partir da observação da planta, percebe-se
(MORSE, 1885, p.7). Assim, entende-se que a cultura japonesa molda sua arquitetura, a partir da maneira de sentar e agachar-se, dormir e alimentar-se.
que a Tsuchiura House possui os cômodos mais privados, como quartos e sala de estudos, situados na face norte. Seguindo a tradição japonesa, na face sul situa-se a
(ISHIMOTO, 1963, p.12) Entre as modificações sugeridas pelos projetistas modernos para casas,
sala de estar, a qual possui uma grande janela que se estende pela parede de pé direito duplo permitindo um bom
estavam a substituição de alguns elementos da casa tradicionais para os ocidentais, como a mudança do plano centrado no hóspede (face sul) para o
aproveitamento da luz solar e a preservação da privacidade a partir de uma cota superior ao nível da rua. A contribuição moderna para a sala de estar
consiste na disposição de um jardim à sua
para a família e outra frequentada pelos
frente, como Kaji Etsuko sugeriu em 1920 na obra Bunka seikatsu ni hitsuyo naru kyakuma no soshoku. Enquanto ela liderava a escola para mulheres Nihon Joshi Koutou
convidados, de preferência na face sul. Esta sala com vista para um jardim seria um elo entre o ambiente doméstico e o público, assim como era o papel mediador
Gakuin, propôs uma casa ideal com dois tipos de sala de estar: uma mais privada
da mulher na sociedade na Era Meiji. (INOUE, 2003).
Figura 15: Desenhos da Tsuchiura House Fonte: <https://jp.toto.com/tototsushin/2018_summer/modernhouse.htm>
Dentre os elementos construtivos que se destacam na Tsuchiura House, é importante considerar a influência do
manter-se no nível mais baixo da casa (figura 8). A adaptação desta característica
genkan, 玄関 (lit. ``hall de entrada´´) na obra moderna. Este trata-se de um elemento tradicional da arquitetura vernacular, onde é realizada a troca de calçados como medida
tradicional não é a única presente na obra, mas pode-se notar qualidades do shōji, 障 子. Estes são painéis de correr de madeira e papel translúcido empregados na
de higiene e, principalmente, propõe um espaço intermediário entre público e privado. (NUTE, 1993, p.43) O lobby de entrada da casa se assemelha a tal
transição entre o interior e exterior, geralmente sucedidos pelo engawa,掾側, uma plataforma estreita de madeira que se estende da parede, assemelhando-se à
aspecto ao se elevar do nível da rua, e
compreensão de varanda da cultura ocidental. (ISHIMOTO, 1963, p.28-31) Na
obra de Tsuchiura, o grande painel de vidro
como um valioso patrimônio edificado
na sala de estar faz referência aos shōji, permitindo a transposição da luz e prosseguido pelo deck que media a habitação e o jardim, criando um espaço
preservado que dialoga com preceitos de um modernismo que se desejava universal e hibridamente local.
intermediário de transição, similar ao engawa ( figura 9). Esta obra, realizada na metade da década de 30, hibridamente apresentando aspectos que tragam à memória elementos do vocabulário construtivo da casa tradicional japonesa, estabelece conexões com as formas corbusianas e a compreensão dos princípios ordenadores e seu vocabulário arquitetônico moderno ocidental (CURTIS, 2008). Extrapolam os modelos ecléticos japoneses das décadas passadas e buscam nessas fontes modernistas: o volume como produto da percepção, a superfície é envelope que pode anular e ampliar a sensação; a planta ordena o espaço. Nesse sentido, essa ``arquitetura branca´´ é parte de uma primeira geração de arquitetos japoneses que se atentaram à Estética do Engenheiro
Figura 15: entrada da casa da família Tsuchiura
tal qual Le Corbusier propôs em Por uma Arquitetura (Vers une architecture , 1958). As fotos da recém construção são reveladora na experimentação de um novo modo de vida diferente: formas modernas romperam com o que vinha imediatamente antes, aspiração de ``universalidade´´; introdução de novos padrões de iluminação, aquecimento, ventilação e uso do espaço ao abrir planta-baixa criando distintas alturas. Uma obra incontestavelmente ``moderna´´ (figuras 10 e 11). Desse modo, a preservação deste importante testemunho das transformações convulsivas de um Japão atravessado por guerras, destruições, circulações e reconstruções tem a Tsuchiura House
Figura 16: visão do espaço aberto entre níveis da residência
Figura 17: visão exterior a partir do jardim. Fonte: <https://jp.toto.com/tototsushin/2018_summer/modernhou se.htm>
Figura 18: vista exterior do edifício a partir da rua
Figura 19: vista interior a partir da janela do quarto do casal Fonte:<https://architecturetokyo.wordpress.com/2016/08/1 6/1935-tsuchiura-house-kameki-tsuchiura/>
Figura 20: E scadaria de acesso ao hall de entrada da Tsuchiura House Fonte: <https://architecturetokyo.wordpress.com/2016/08/16/1935-tsuchiura-house-kameki-tsuchiura/>
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