O Final dos Tempos

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O Final dos tempos Autor: Ricardo de Paula Meneghelli Julho – 2011 1ª. Edição - 2012 Revisão: Elcy Pereira Pecorari Colaboração: Laura Caetano Meneghelli, Marcos Cerimarco Temas: Segunda Vinda de Jesus Cristo, Escatologia, Teologia Última Revisão: 15-08-2012 Todos os direitos reservados em língua portuguesa para o autor. ISBN

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O FINAL DOS TEMPOS Ricardo de Paula Meneghelli   Versão 15.08.12 ricardo.meneghelli@gmail.com

A versão integral e impressa deste livro pode ser adquirida no site

www.oDiscipulo.com Que o Senhor lhe dê graça e sabedoria. Tenha uma boa leitura. Acesse também: www.facebook.com/OFinalDosTempos



Índice

Índice ........................................................................................... 5 Introdução .................................................................................. 7 As Palavras de Jesus ................................................................11 As Parábolas .............................................................................27 Conclusão A Grande Tribulação A Segunda Vinda do Senhor Os Mil Anos O Juízo Final O Novo Gênesis A Obra e o Futuro da Igreja APÊNDICES: Para Onde Vão os Mortos Israel e a Igreja Bibliografia



Introdução

O

cumprimento do supremo propósito de Deus se dará quando toda Sua grande família, aos milhões e milhões, estiver reunida diante dele revestida da glória de Seu Filho, pronta para viver a eternidade em um precioso e íntimo relacionamento com Ele. Enquanto caminhamos para esse dia, seguimos testemunhando, proclamando as boas novas e edificando-nos uns aos outros, até que a Noiva esteja pronta e adornada para o seu Noivo. A fim de não desanimarmos diante das dificuldades que se aproximam e não desviarmos do alvo proposto, o Senhor deixou ensinamentos e orientações acerca das coisas que estão por vir. Examinando as suas palavras com um coração simples e quebrantado, juntamente com o ensino de seus apóstolos e profetas, podemos traçar um panorama dos acontecimentos que nos aguardam para não sermos surpreendidos em nossa caminhada. Não se trata de prever o futuro, ou fazer especulações sobre ele, mas de descobrir o que Deus registrou nas Escrituras para que estejamos preparados. Ao mesmo tempo em que o tema desperta muito interesse, também exige certos cuidados, pois vamos lidar com textos e profecias nem sempre muito claros. Nesses casos, qualquer tentativa nossa de chegar a conclusões especulativas e lógicas apartados do Espírito Santo e da correta base bíblica certamente estará sujeita a erros. Precisamos ser sóbrios, crer na Palavra de Deus, buscar revelação dos mistérios e com humildade, aguardar


O Final dos Tempos pelo que ainda não foi revelado, sem tirar conclusões precipitadas e fazer cogitações absurdas. Neste livro, muitos especialistas no assunto sentirão falta dos termos pré-milenarista, amilenarista, pós-milenarista, prétribulacionista, meso-tribulacionista, pós-tribulacionista, dispensacionalista, etc., pois minha abordagem não será pautada nos conceitos teológicos tradicionais, nem se preocupará em explicar dogmas e doutrinas. A proposta é examinar a palavra de Deus passo a passo, sem buscar interpretações tendenciosas em favor de um ou outro ponto de vista e ir ao encontro da verdade. Vamos apresentar os fatos, remover alguns enganos e traçar um panorama tão claro quanto possível, sem nos deixar levar pela enxurrada de folclore escatológico tão comum em nossos dias. Embora cheguemos a um bom nível de detalhes, observaremos os fatos como que sobrevoando uma paisagem bíblica magnífica, porém sem aterrissar e olhar microscopicamente os detalhes, mas tendo uma visão panorâmica e organizada do cenário geral do final dos tempos. Apresentarei o tema conforme a minha fé e compreensão das Escrituras, tendo a esperança de que ao final da leitura você tenha maior clareza sobre o assunto e principalmente a plena certeza e uma viva expectativa da volta do Senhor Jesus.

Ricardo de Paula Meneghelli Piracicaba - São Paulo Agosto / 2012

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PARTE 1 AS PALAVRAS DE JESUS

Deus desvendou-nos o mistério da sua vontade, que é fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, até a plenitude dos tempos. Ele é a revelação de Deus para todos os homens, a Palavra Viva e muito superior ao maior dos profetas. Assim, consideraremos as palavras de Jesus como a principal orientação nesse ou em qualquer outro assunto.



CAPÍTULO 1 As Palavras de Jesus

Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu com poder e grande glória (Mt 24:30)

O ensino de Jesus sobre o final dos tempos está relatado nos três evangelhos sinópticos, Mateus 24:1-25:46, Marcos 13:1-37 e Lucas 21:5-36. Tomaremos como base o texto de Mateus, por este estar organizado por temas e reunir quase todas as palavras de Jesus sobre o assunto num único trecho. Recorreremos também a Marcos e Lucas para complementar o quadro e formarmos uma visão completa. As Profecias Sobre o Fim Mateus 24:1-3 Jesus saiu do templo e, enquanto caminhava, seus discípulos aproximaram-se dele para lhe mostrar as construções do templo. “Vocês estão vendo tudo isto?”, perguntou ele. “Eu lhes garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas”. Tendo Jesus se assentado no Monte das Oliveiras, os discípulos dirigiram-se a ele em particular, e disseram: “Dize-nos, quando acontecerão estas coisas? E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos?”

Aqui se inicia o registo de Mateus. Esse episódio aconteceu quando Jesus e seus discípulos saíam pela última vez do templo


O Final dos Tempos dos judeus em Jerusalém, na terça ou quarta feira antes da sua morte e ressurreição. Os discípulos estavam maravilhados com as belas construções do templo e Jesus lhes afirmou que todo aquele esplendor seria destruído. Os discípulos associaram este fato com o final dos tempos e, mais tarde, quando estavam a sós no Monte das Oliveiras, fizeram duas perguntas: 

Quando acontecerão estas coisas?

Qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos?

A expressão “estas coisas” refere-se ao que Jesus tinha dito anteriormente sobre a destruição do templo de Jerusalém, e a pergunta a ser respondida é “quando”. Com relação à vinda de Jesus e o fim dos tempos, a pergunta a ser respondida é “qual será o sinal”. Assim, as profecias que vêm a seguir são a resposta de Jesus a essa dupla pergunta: “Quando acontecerá a destruição do templo de Jerusalém?” e “Qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos?”. As respostas abrangem um vasto período de tempo, sendo que alguns fatos relatados já aconteceram, outros estão acontecendo e outros ainda vão acontecer. O Início das Dores de Parto Mateus 24:4-8 Jesus respondeu: “Cuidado, que ninguém os engane; Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão a muitos. Vocês ouvirão falar de guerras e de rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores”.


As Palavras de Jesus Primeiramente, Jesus adverte seus discípulos a respeito de sinais que não indicam o fim. É comum em épocas de grandes guerras, catástrofes, fome generalizada e grande perseguição, as pessoas pensarem que está próximo o fim do mundo. Jesus, porém, diz que estes eventos vão ocorrer, mas não significa que é o fim. Ou como está escrito em Lc21:9 “...ainda não é o fim”. Ele diz que eles representam o “início das dores”. A palavra que aparece no texto grego, no final do verso 8, frequentemente traduzida apenas por “dores” é /odinon, que significa forte dor, sofrimento, espasmos, como dores de parto. As dores de parto se iniciam em determinado momento da gravidez e vão se intensificando até que a criança venha à luz. Os primeiros sinais de dor não significam que a criança esteja nascendo, mas à medida que elas vão aumentando, sabemos que está chegando a hora. O mesmo acontece com as guerras, fomes e terremotos. Estes sinais sempre aconteceram e estão acontecendo hoje em dia, mas vão se intensificar, tomando grandes proporções, principalmente quando estivermos próximos da vinda do Senhor. A Perseguição da Igreja Mateus 24:9-14 Então eles os entregarão para ser perseguidos e condenados a morte, e vocês serão odiados por todas as nações por minha causa. Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará, mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, como testemunho a todas as nações, e então virá o fim.

Jesus adverte seus discípulos de que eles serão muito perseguidos no tempo do fim. Em toda sua ampla resposta ele vê nesses homens a sua a Igreja. Quando se dirige aos discípulos, está se dirigindo á Igreja. Os acontecimentos em questão estão

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O Final dos Tempos relacionados a uma época posterior ao derramamento do Espírito Santo (Atos 2) quando ela (sua Igreja) estará em plena atividade, sofrendo resistência dos judeus e dos governantes. Isso fica claro no texto de Marcos 13:9-11 onde vemos o seguinte quadro: Marcos 13:9-11 “Fiquem atentos, pois vocês serão entregues aos tribunais e serão açoitados nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis, como testemunho a eles. E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações. Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam tão-somente o que lhes for dado naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo”.

O Senhor disse que eles seriam perseguidos, presos, hostilizados por judeus e autoridades do mundo e surgiriam muitos enganadores. A palavra “perseguidos” ou “atribulados” que aparece em Mt 24:9 não faz referência à Grande Tribulação, mas é empregada no sentido genérico, mostrando que os discípulos iriam sofrer resistência de judeus e gentios, mas o Espírito Santo os guiaria para que o evangelho do reino fosse pregado a todas as nações. A perseguição seria uma oportunidade para a Igreja testemunhar e crescer (Lc 21:17). Podemos observar que estes eventos aconteceram mesmo antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C.: “Serão entregues aos tribunais” At 4:3-7 Agarraram Pedro e João e, como já estava anoitecendo, os colocaram na prisão até o dia seguinte... No dia seguinte, as autoridades, os líderes religiosos e os mestres da lei reuniram-se em Jerusalém. Estavam ali Anás, o sumo sacerdote, bem como Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da família do sumo sacerdote. Mandaram trazer Pedro e João diante deles e começaram a interrogá-los...”

“Serão açoitados nas sinagogas”


As Palavras de Jesus 2Co 11:24 "Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites."

“Serão levados à presença de governadores e reis” At 18:12 "Sendo Gálio pró-cônsul da Acácia, os judeus fizeram em conjunto um levante contra Paulo e o levaram ao tribunal”

No decorrer da história da Igreja sempre houve perseguições. Acredita-se que a maioria dos apóstolos tenha morrido por causa de perseguições como a promovida pelos judeus de Jerusalém (At 8:1), a do rei Herodes (At 12:1), a do imperador Nero (64 d.C.) e a do Imperador Domiciano (95 d.C.). Muitos irmãos sofreram e morreram por causa dessas perseguições. Ainda hoje, onde quer que seja pregado o Evangelho do Reino, ocorrem perseguições. Se neste momento, um discípulo abrir sua boca para falar sobre divórcio, homossexualismo ou aborto, será perseguido. Mesmo assim, o evangelho precisa ser pregado em todo o mundo, como testemunho a todas as nações1. As perseguições virão e serão ainda mais intensas à medida que nos aproximarmos da vinda do Senhor. Será cada vez mais comum que a sociedade resista aos princípios ensinados por Cristo e sustentados pela Igreja. Jesus também disse que “por causa do aumento da maldade, o amor de muitos esfriará”, possivelmente se referindo à decadência da Igreja com seu ápice na Idade Média ou ao desvio de muitos cristãos em direção ao mundo, atraídos pelos aparentes benefícios da sociedade humanista e materialista de nossos dias.

1 Em grego /ethnesin: raças, tribos, etnias. Note que, o evangelho será pregado "como testemunho a todas as nações" e não a todas as pessoas de todas as nações.

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O Final dos Tempos A Grande Tribulação Mateus 24:15-22 Assim, quando vocês virem o ‘sacrilégio terrível’, do qual falou o profeta Daniel, no Lugar Santo – quem lê entenda – então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes. Quem estiver no telhado de sua casa não desça para tirar dela coisa alguma. Quem estiver no campo não volte para pegar seu manto. Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e as que estiverem amamentando! Orem para que a fuga de vocês não aconteça no inverno nem no sábado; Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas por causa dos eleitos aqueles dias serão abreviados.

Veja também o texto paralelo em Lucas: Lucas 21:20-24 “Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos, vocês saberão que a sua devastação está próxima. Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes, os que estiverem na cidade saiam, e os que estiverem no campo não entrem na cidade. Pois esses são os dias da vingança, em cumprimento de tudo o que foi escrito. Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando! Haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. Cairão pela espada e serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos deles se cumpram.”

Vemos no inicio desse trecho um sinal de alerta. Uma ruptura, uma mudança de tempo. Depois de falar sobre vários sinais que não indicam o fim, Jesus chama a atenção dos discípulos para algo de extrema importância. Um sinal que devem observar atentamente. Um sinal que começa a esclarecer realmente as perguntas feitas pelos discípulos sobre a destruição de Jerusalém e o final dos tempos. Esse sinal abre um período de grande aflição e sofrimento no qual as forças do mal intensificarão sua atuação sobre a terra.


As Palavras de Jesus Aqui precisamos prestar atenção, pois a pergunta que os discípulos fizeram é dupla e também a profecia tem uma dupla referência. Ela tem um cumprimento parcial num futuro próximo, mas seu cumprimento integral está num futuro mais distante. Assim: “Jerusalém rodeada de exércitos” é um sinal referente à destruição de Jerusalém e do seu templo, que ocorreu no ano 70 d.C. Está é a resposta à primeira pergunta feita incialmente pelos discípulos. “O sacrilégio terrível2 do qual falou Daniel” é um sinal referente ao surgimento do anticristo e o início da Grande Tribulação dos últimos dias, que compõe a resposta à segunda pergunta dos discípulos. São sinais distintos, que se referem a eventos distintos. O primeiro ligado á destruição do Templo e o segundo ligado ao final dos tempos. Vamos, então, analisa-los observando as características de cada um: A Destruição de Jerusalém Em 66 d.C. iniciou-se sério conflito entre Jerusalém e Roma por causa de questões religiosas, protestos contra taxas e impostos, e ataques contra cidadãos romanos. Em 70 d.C. Roma pôs fim ao conflito quando suas legiões comandadas por Tito sitiaram e destruíram o centro da resistência rebelde em Jerusalém e derrotaram as forças judaicas. A cidade foi cercada e destruída de forma terrível. Milhares foram mortos, suas ruas foram inundadas de sangue e Jerusalém foi completamente arrasada, sobrando apenas uma torre e um muro do templo que hoje é conhecido como Muro das Lamentações. 2

Ou a “abominação da desolação”

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O Final dos Tempos Jesus previu essa destruição dizendo que “não restaria pedra sobre pedra que não fosse derrubada” e também advertiu os discípulos dando-lhes sinas deste acontecimento: “Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos, vocês saberão que a sua devastação está próxima”. “Os que estiverem na Judéia fujam para os montes” “Quem estiver no telhado de sua casa não desça para tirar dela coisa alguma” “Quem estiver no campo (fora das cidades) não volte para pegar seu manto”

Todos deveriam sair às pressas da Judéia. Os que estivessem no campo não teriam tempo de voltar à cidade para pegar alguma coisa. Deveriam fugir rapidamente deixando tudo para trás. sábado”

“Orem para que a fuga de vocês não aconteça no inverno nem no

No inverno havia muitas chuvas e as estradas estariam péssimas e escorregadias, os riachos estariam cheios e difíceis de atravessar, os dias seriam curtos e as noites longas. No sábado os portões da cidade estariam fechados como de costume, o que dificultaria a fuga. De fato quando Tito veio contra Jerusalém, havia muitos discípulos lá e quando viram os exércitos se aproximando, fugiram rapidamente para uma cidade chamada Pela, localizada do outro lado do rio Jordão e se salvaram da destruição.


As Palavras de Jesus Foi um dia de ira contra os judeus, como diz Lc 21:23-24, muitos caíram “ao fio da espada” outros foram “levados cativos”3. Jerusalém foi destruída e “pisada pelos gentios”. O templo foi destruído, cessaram também as peregrinações dos judeus para adoração e eles foram “espalhados por todas as nações”. No decorrer dos séculos, a cidade foi ocupada por diversos povos: romanos, cristãos do império bizantino, muçulmanos e turcos otomanos. Porém, depois de quase 2 mil anos, o extermínio de 6 milhões de judeus em campos de concentração durante a II Guerra Mundial, impulsionou a reconstituição de um Estado próprio para eles e foi criado o Estado de Israel em 1948. Desde então, judeus de todas as partes do mundo tem voltado para Jerusalém4. A Grande Tribulação dos Últimos Dias Quanto à destruição de Jerusalém, vemos que a profecia atingiu seu cumprimento histórico, mas a segunda referência ainda aguarda cumprimento. Os versos 15 e 21 de Mateus 24 apontam para acontecimentos futuros, da época imediatamente anterior à volta de do Senhor Jesus. Um indício desse fato está no verso 29 que diz que os sinais da vinda do Filho do homem seriam vistos “imediatamente após a aflição daqueles dias”. Outro indício está na referencia que Jesus faz ao profeta Daniel, recomendando atenção ao ler a profecia – “quem lê entenda”. Em seu relato, Daniel também 3 Sabe-se que o Coliseu de Roma foi construído com mão-de-obra escrava constituída por judeus aprisionados nessa batalha 4 De acordo com a Agência Judia para Israel, no ano de 2007 havia 13,2 milhões de judeus mundialmente; 5,4 milhões (40,9%) em Israel, 5,3 milhões (40,2%) nos EUA, e o resto distribuído em comunidades de vários tamanhos no mundo inteiro.

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O Final dos Tempos previu um tempo de aflição sobre Israel envolvendo a destruição da cidade e do templo: Dn 9:26-27 Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele. A cidade e o Lugar Santo serão destruídos pelo povo do governante que virá. O fim virá como uma inundação: guerras continuarão até o fim, e desolações foram decretadas. Com muitos ele fará uma aliança que durará uma semana. No meio da semana ele dará fim ao sacrifício e à oferta. E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele o fim que lhe está decretado”.

Alguns tentam associar este “governante” com Antíoco Epifânio, um rei da Dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 e 164 a.C. Ele fez um acordo com alguns chefes judeus e depois atacou Jerusalém, destruindo a cidade e profanando o templo em 167 a.C., conforme registrado no livro de Macabeus. Porém, o v26 fala de uma destruição da cidade posterior a morte do Ungido (o Cristo). Note também que Jesus disse em Mt 24:15 “...quando vocês virem o sacrilégio terrível...”, apontando para um evento futuro, para algo que ainda deveria acontecer. Isso exclui Antíoco e nos dá como opção o general Tito que destruiu Jerusalém em 70 d.C. conforme já estudamos. Desse modo, podemos entender a profecia de Daniel nos seguintes termos: “Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto”. Isso aponta para a morte de Jesus, o messias, que ocorreu em 30 d.C. “A cidade e o Lugar Santo serão destruídos pelo povo do governante que virá”. Isso aponta para a destruição de Jerusalém e do Templo judeu pelo general romano Tito, que ocorreu em 70 d.C. Daí em diante prossegue-se com guerras e desolações por um período indeterminado de tempo até que venha o fim, que


As Palavras de Jesus “virá como uma inundação”. Nesse espaço de tempo, haverá guerras e rumores de guerras, nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares, conforme Jesus profetizou em Mateus 24:6-8. Vindo, então, o tempo do fim, surgirá “alguém” que fará “uma aliança que durará uma semana”. Essa “semana”– que não é uma semana literal de 7 dias – se refere ao período da Grande Tribulação que virá sobre o mundo “como nunca houve nem jamais haverá”, durante o qual será colocado o “sacrilégio terrível” mencionado por Jesus e o “alguém” a que nos referimos, será o líder mundial que estará a frente das abominações dessa época (comparar com Ap13:11-18 e 17:6-14). Assim, compreendemos que, além dos sofrimentos causados por Atíoco Epifânio e posteriormente por Tito, haverá nos últimos dias outro governante, que causará grandes aflições e sofrimentos durante um período que é conhecido como “Grande Tribulação”5. Falsos Cristos Mateus 24:23-28 Se alguém lhes disser: ‘Vejam, aqui está o Cristo!’ ou ‘Ali está ele!’, não acreditem; Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que farão tão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam que eu os avisei antecipadamente. Assim, se alguém lhes disser: ‘Ele está no deserto’, não saiam; ou ‘Ali está ele, dentro da casa!’, não acreditem. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será a vinda do Filho do homem. Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres.

Por causa da grande aflição que existirá durante a Grande Tribulação, surgirá uma grande expectativa pela volta de Cristo, 5

Esse tema será abordado com mais detalhes na Parte-II desse livro.

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O Final dos Tempos misturada, porém, em muito engano. Por isso Jesus adverte seus discípulos quanto ao surgimento de falsos cristos e falsos profetas. Falsos cristos são “falsos ungidos”, pessoas que aparentemente tem a unção de Deus, operam milagres e prodígios, mas cujo poder não vem de Deus. Também haverá falsos profetas, afirmando serem enviados por Deus, mas suas palavras serão equivocadas e cheias de engano. Naqueles dias, os poderes das trevas operarão intensamente, de modo que tais pessoas poderão realizar milagres que enganariam até os escolhidos (ver Ap13:1115). Por isso Jesus advertiu seus discípulos com antecedência, para que não fossem enganados, e eles registraram estas palavras para nós com a mesma finalidade. Sinais no céu, na lua e nas estrelas Mateus 24:29 Imediatamente após a aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados. Lucas 21:25-26 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações estarão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação do mar. Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados.

Imediatamente antes da vinda de Jesus, as forças da natureza entrarão em colapso. Hoje ficamos perplexos com os tsunamis, terremotos, inundações, furacões e erupções vulcânicas que acompanhamos pelos noticiários na TV. Já se percebe um aumento na intensidade e frequência dessas catástrofes. Mas naqueles dias, “os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo”. Estes sinais no sol, na lua e nas estrelas são de fundamental importância para nosso estudo. Eles nos ajudam a


As Palavras de Jesus situar adequadamente o “dia do Senhor” e os eventos descritos na abertura do “sexto selo” no livro de Apocalipse. Conforme Jesus disse, estes sinais ocorrerão depois da Grande Tribulação. Joel profetizou que eles devem ocorrer antes do “grande dia do Senhor” (Jl 2:31). Isso significa que eles serão um divisor de águas entre a Grande Tribulação e o “dia do Senhor”, que virá logo em seguida. Isso nos ajudará muito quando formos estudar textos como Ap 6:12-14 e Is 13:9-10. A Vinda do Filho do Homem Mateus 24:30-31 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e estes reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.

Depois o cumprimento de todos aqueles sinais e depois da “aflição daqueles dias”, aparecerá no céu o sinal do filho do homem e Jesus virá sobre as nuvens do céu. O Rei dos reis e Senhor dos senhores virá com toda Sua glória, poder e majestade, e todos os povos da terra o verão! A Sua segunda vinda será muito diferente da primeira. Quando Cristo veio pela primeira vez a este mundo, Ele assumiu a forma de servo, nasceu em um estábulo, era sujeito aos seus pais terrenos, era limitado por um corpo humano que foi humilhado, crucificado e morto pelos homens em uma cruz (Fp 2:6-8). Mas Ele ressuscitou dentre os mortos (At 2:24), foi exaltado à direita de Deus (At 2:36), recebeu todo poder e autoridade no céu e na terra (Mt 28:18) e também toda a glória que tinha com o Pai desde antes da criação do mundo (Jo 17:5). Hoje Ele é o Senhor dos senhores

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O Final dos Tempos (Fp 2:9-11), o Rei da Glória (Sl 24:10). É esse Jesus que voltará. Não o servo, mas o Senhor do Universo (Ap 19:11-16). Seus anjos ajuntarão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma à outra extremidade do céu e da terra (Mc 13:26-27). Esses eleitos são os cristãos, seus discípulos. Isto coincide com 1Ts 4:1617 que diz que seremos arrebatados para o encontro do Senhor nos ares (ou nos céus). Todas as vezes que a palavra “eleitos” ou “escolhidos” aparece no Novo Testamento está se referindo a cristãos (Mt 20:16 Jo 13:18,15:16 At 15:22,25 Rm 8:33,16:13 1Co 1:27,28 Ef 1:4 Cl 3:12 Tg 2:5 2Tm 2:10 Tt 1:1 1Pe 1:2,2:9,5:13 Ap 17:14) nunca se refere a judeus não cristãos. No Antigo Testamento os eleitos eram os judeus, mas quando Cristo veio pela primeira vez, os cristãos, juntamente com os santos do Antigo Testamento, se tornaram os eleitos, o “Israel de Deus”, que é a Sua Igreja (1Pe 2:9). Desse modo, os eleitos mencionados aqui são a Igreja. Observe também que, segundo suas próprias palavras, Jesus retorna à terra depois que os poderes celestes forem abalados, ao final da Grande Tribulação. Somente então seus anjos ajuntarão seus eleitos de uma à outra extremidade do céu. Isso significa que a Igreja permanecerá na terra e entrará no período da Grande Tribulação testemunhando de Cristo e proclamando o evangelho até que Ele retorne no último dia. Assim, não virão tempos mais fáceis para a Igreja. A perseguição, a resistência e a iniquidade aumentarão, o combate endurecerá, mas o Espírito Santo será derramado cada vez mais intensamente e, ao final, a Noiva estará pronta para o Noivo.


As Palavras de Jesus Observando os Sinais Após apresentar quais serão os sinais relativos à destruição do templo e à Sua vinda, respondendo às perguntas dos discípulos, Jesus os orienta a observar os sinais para saberem quando o fim estiver próximo. Mateus 24:32-33 Aprendam a lição da figueira: Quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem todas estas coisas, saibam que ele está próximo, às portas.

A figueira é uma árvore comum em Israel, que floresce na primavera anunciando o verão. Jesus usa este exemplo para mostrar que assim como as folhas da figueira anunciam o verão, os sinais que Ele descreveu anunciarão que Sua vinda está próxima. Ele quer que observemos os sinais. Mateus 24:34-35 Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.

Com esta afirmação, Jesus está assegurando o cumprimento de Suas palavras. Os sinais referentes à destruição de Jerusalém e do templo se cumpriram 40 anos depois, ainda dentro daquela geração. Com relação aos sinais da sua vinda é certo que os discípulos deveriam aguardar mais e, para que não desanimassem, Ele acrescenta “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão”. Como nos dias de Noé Mateus 24:36-44 Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai. Como foi nos dias de Noé, assim

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O Final dos Tempos será na vinda do Filho do homem. Pois nos dias anteriores ao dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do homem. Dois homens estarão no campo: um será levado e o outro deixado; Duas mulheres estarão trabalhando num moinho: uma será levada e outra deixada. Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor. Mas entendam isto: se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que sua casa fosse arrombada. Assim, vocês também precisam estar preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora em que vocês menos esperam.

Nesse ponto, Jesus usa a história de Noé para esclarecer que ninguém saberá o momento exato de Sua vinda, a não ser o Pai. Nos dias de Noé as pessoas estavam distantes de Deus, vivendo em pecados, preocupadas com seus próprios interesses e prazeres. Noé, porém, tinha comunhão com Deus e o ouvia. Quando Deus lhe deu a ordem, ele entrou na arca e ninguém percebeu. Veio então o dilúvio e destruiu a todos eles. Embora Noé não soubesse o dia e a hora que viria o dilúvio, ele não foi pego de surpresa! Deus o preparou, avisandolhe do que estava para acontecer e dando-lhe instruções precisas para sua salvação (Gn 6:12-22). Mandou que fizesse uma arca e no momento exato ordenou-lhe que entrasse nela para não ser destruído (Gn 7:1-16). Assim também será conosco. Se vigiarmos e tivermos comunhão com Deus, este dia não nos pegará de surpresa (1Ts 5:1-5), estaremos preparados observando os sinais com oração e aguardando a Sua vinda.


CAPÍTULO 2 As Parábolas

O tom profético das palavras de Jesus pouco a pouco dá lugar ao ensino. Após profetizar sobre os sinais de Sua vinda e do fim dos tempos, Ele passa a ensinar Seus discípulos acerca da postura que devem ter enquanto aguardam esse grande dia. As parábolas que vem a seguir têm o objetivo de nos ensinar que o discípulo de Jesus deve permanecer fiel, trabalhando, orando e se santificando até que seu Senhor volte. O Servo Fiel e Sensato Mateus 24:45-51 Quem é, pois, o servo fiel e sensato a quem o seu senhor encarrega os de sua casa para lhes dar alimento no tempo devido? Feliz o servo que o seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens. Mas suponham que este servo seja mau e diga a si mesmo: ‘Meu senhor está demorando’, e então comece a bater em seus conservos e a comer e a beber com os beberrões, O senhor daquele servo virá num dia em que o não espera, e numa hora que não sabe. Ele o punirá severamente, e lhe dará lugar com os hipócritas; onde haverá choro e ranger de dentes.



Adquira o livro e continue lendo os demais capítulos: 

As Parábolas

A Grande Tribulação

A Segunda Vinda do Senhor

Os Mil Anos

O Juízo Final

O Novo Gênesis

A Obra e o Futuro da Igreja

APÊNDICES: 

Para Onde Vão os Mortos

Israel e a Igreja

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O Final dos Tempos Figuras e Diagramas Além da excelente organização do texto, o livro conta ainda com diversas figuras e diagramas ilustrativos que auxiliam o leitor a compreender todo o cenário geral do final dos tempos:

A tão esperada cópia impressa do livro já está em fase final de publicação na Editora Life e em breve estará disponível no site www.odiscipulo.com.


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