Revista Longevidade

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A REVISTA LONGEVIDADE ESTÁ ONDE VOCÊ PREFERIR. VERSÃO DISPONÍVEL PARA TABLET E CELULAR acesse

www.revistalongevidade.com.br Longevidade - 3


ÍNDICE

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06 Editorial 08 Sua opinião 11 Palavra do doutor

12 Saúde em Foco

17 Movimente-se

Após os 60, os cuidados bucais devem ser redobrados

Independência com ajuda de atividades físicas

14 Comer Bem

21 Vida Simples

Alimentação e ritmo de vida determinam como será o

Pessoas que creem em força superior sofrem menos de ansiedade

o envelhecimento do nosso corpo

16 Movimente-se

22 Especial Casos de Alzheimer crescem em todo mundo a cada dia

Proibido para menores de 50 anos

26 Reportagem Para além dos cuidados básicos


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35

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28 Reportagem

37 Brasil

População Brasileira está envelhecendo. E você com isso?

Aposentados voltam a trabalhar

32 Saia de Casa A melhor idade para viajar

40 Brasil Aumenta o número de idosos eleitores

34 Retratos de Uma Vida De volta às aulas aos 60

35 Retratos de Uma Vida Mas que um lazer, motociclismo é aderido como estilo de vida por muitos

41 Memória em Dia Jogos - sodoku e palavras cruzadas


EDITORIAL

CARO LEITOR,

T

erceira idade: De repente estamos velhos, ou, considerados velhos. O Estatuto do Idoso estabelece como idosas as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. E esta é uma das mais importantes etapas de nossa vida. Pensar a velhice precisa ser natural, assim como pensar o futuro, a profissão, e tantas outras fases da nossa existência. Com maior expectativa de vida, o número de idosos no Brasil, segundo o IBGE, deve chegar a 32 milhões até 2025 e em 2060, serão mais de 58 milhões.

Analisando a mudança da estrutura etária brasileira, resultado da redução do número de jovens e do aumento da população idosa, o Brasil deve passar por profundas transformações socioeconômicas, além da necessidade de ações e intervenções que contribuam para um envelhecimento saudável. O idoso da atualidade não quer ficar à sombra de uma aposentadoria. A imagem de senhores e senhoras em cadeiras de balanço ficaram no passado. Rotina de trabalho, exercícios físicos e até esportes radicais fazem parte da vida de grande parcela da população idosa brasileira. Pensando neste cenário, percebemos que esta pauta precisa estar presente na rotina dos meios de comunicação. E na falta de um veículo especializado no idoso, damos vida à Longevidade.

Esta é a primeira edição da revista feita para “maiores de 60 anos”. Depois de longa pesquisa, onde ouvimos vocês, apresentamos aqui temas que nos foi sugerido como de interesse para este primeiro contato, como saúde, alimentação, viagens entre outros. Nesta edição, você vai conhecer o Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília. Referência em cuidados a doentes com Alzheimer, os pacientes atendidos pelo CMI fazem tratamentos alternativos como música e pintura. Na sessão Comer Bem, nutricionistas explicam a importância de manter hábitos alimentares saudáveis na terceira idade. Você sabe o que é Reabilitação Oral? Na coluna Pergunte ao Doutor, a odontóloga Suséli Dias explica que uma boca saudável vai além de um sorriso bonito. E mais, a falta de cuidados com os dentes, a longo prazo pode causar doenças do coração, AVC e diabetes. Este assunto você confere em nossa reportagem sobre os cuidados bucais a partir dos 60 anos. Na seção Retratos de uma Vida, a história de João e Nonita, motociclistas que viajam Brasil a fora em suas possantes máquinas. E o renomado fotógrafo Bizerra, que aos 64 anos voltou ao banco da faculdade. Ademais, dicas de viagem, esporte e lazer. Espero que gostem. Boa leitura e até a nossa próxima edição. Boa Leitura,

Adelina Dias Diretora de redação

Trabalho final da dis


Expediente Diretora de Redação Adelina Dias

Editores João Villagran Marcílio Sousa

Editor de Arte e Fotografia Ricardo botelho

Diagramação Ricardo Botelho Haland Guilarde

Pesquisa e Inteligência de Mercado Marcílio Sousa

Repórteres Michelle Sousa, Haland Guilarde, Bruna Queiroz, Bruna Dias, Rayanne Ramos, Lucyenne Landim, Mayara Dias, Paola Cristina, Viviane Araújo, Tércia Diniz, Lilian Chaves, Francisca Maranhão e Clara Caroline

Impressão: Gráfica Artmídia CNPJ 36.016.981/0001-11

www.revistalongevidade.com

SGAS 913 Bl. b S/N Brasília-DF CEP 70390-130

(61) 3033 8804

sciplina Oficina de Jornalismo de Revista, ministrada pela jornalista Maria Moraes Luz, em 1/2014, na Universidade Paulista, campus Brasília.


SUA OPINIÃO

Caro leitor, Este espaço é destinado a você. Opiniões, sugestões, reclamações e elogios serão sempre bem-vindos aqui. Entre em contato conosco por e-mail, rede sociais ou telefone. Será um prazer ouvi-lo. Revista Longevidade longevidade@gmail.com (61) 3033 8804

Todos os contatos de e-mail, telefones, sites, rede sociais e endereços são fictícios e foram criados para ilustrar a revista que é uma publicação para disciplina Oficina de Jornalismo em revista da Unip Brasília

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LONGEVIDADE

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Palavra do doutor REABILITAÇÃO ORAL Por Dra. Suséli Verdeli Dias CRO-DF 9302

A odontologia moderna prega a seguinte máxima: deve se poupar ao máximo a remoção dos dentes naturais, ou seja, mesmo que muito desgastados por maus cuidados, todos os tratamentos devem ser aplicados para que estes mesmos dentes permaneçam eternamente na boca dos pacientes. A remoção dos dentes é o último recurso a ser aplicado pelo dentista. A Reabilitação Oral é um das mais recentes alternativas que nós, dentistas, temos utilizado para cuidar de forma ampla de toda a dentição do paciente. Ela veio unir todas as especialidades em uma só, centrando em um único pensamento: “a harmonia”. Esta harmonia deve-se ao conhecimento do reabilitador de todas as especialidades, seus princípios e suas limitações. O reabilitador oral não é especialista em todas as áreas, mas é o organizador da utilização racional de cada uma das especialidades. Sabendo analisar, diagnosticar o problema, e, quando necessário, encaminhar o paciente a um especialista que possa ajudá-lo. Consiste em tratamentos de prótese dentária, Estética (resinas), Periodontia (gengiva/osso), Endodontia (canal), Ortodontia (aparelho), oclusão (a mais importante de todas, que se relaciona com a mordida funcional), Implantes e Cirurgias de enxertia óssea. A grande finalidade da reabilitação oral é reestabelecer: Função (mastigação), estética (beleza) e saúde (remover infecções). Uma dentição completa e bem articulada evita problemas na mandíbula e no maxilar, que podem se desenvolver em inconvenientes maiores e mais complexos no futuro. Para isso o primeiro passo é agendar uma avaliação no dentista, ele determinará quais exames ou testes são necessários. Normalmente o dentista pedirá um raio-X panorâmico, o que ajudará a avaliar o estado da boca e dos dentes. Em seguida, é feito um molde de gesso, que é uma réplica da situação inicial do paciente e este é colocado em um aparelho específico, um articulador semi-ajustável, que vai reproduzir os movimentos naturais durante a mastigação. A partir dessa avaliação inicial, o dentista determinará o que precisa ser feito: implante odontológico, prótese fixa, prótese removível ou prótese total. O planejamento é realizado unindo várias informações obtidas no exame clínico, na expectativa inicial do paciente e no diagnóstico deste modelo de gesso. Na primeira consulta é considerada a limpeza da boca (quando necessário), onde os trabalhos inadequados são removidos e cáries são limpas. Quando temos uma simples cárie em qualquer dente significa que estamos com a boca doente. A função do dentista não é apenas cuidar das cáries. Doenças

da gengiva e cárie são consequências de uma higiene oral precária e ineficiente, nada valendo por tanto o tratamento do dentista, se a principal causa não for combatida, isto é, a melhora substancial da higiene da boca. Depois disto, são instalados dentes provisórios. Tudo o que se quer dos novos dentes devemos conseguir nas restaurações provisórias. Essas restaurações, de uma maneira geral, permanecem um bom tempo na boca do paciente. Após os provisórios começamos a trabalhar na construção da boca que são as especialidades de apoio: canais necessários, tratamento periodontal, confecção de pinos metálicos nas raízes, enxertos ósseos em alguns casos, implantes nas regiões sem dentes ou nas regiões com indicação de extração de dentes. Após isso quando tudo estiver adequadamente saudável e estruturado, o paciente é moldado, fotografado, selecionada a cor dos dentes com iluminação adequada e todas essas informações são enviadas ao ceramista ou protético para que os dentes sejam criados de forma natural devolvendo à estética e a função mastigatória. O paciente deve se sentir a vontade com a nova estrutura dental estabelecida, exercendo as suas principais funções que são mastigar os alimentos e sorrir. Para fazer uma reabilitação, as consultas em geral são de longa duração. O tempo do tratamento é inerente a cada caso, dependo do que será realizado. Um trabalho de reabilitação tem em média um prazo de durabilidade de 10 anos, mas isso depende dos hábitos e da higiene de cada um. Quando o paciente decide reestruturar seu sorriso, deve ser esclarecido de como cuidar da higiene dental com as informações básicas de quantas vezes escovar os dentes, a maneira correta de escová-los, o tempo de escovação, o uso correto do fio dental, da melhor pasta de dente etc. Após o término do tratamento, haverá a necessidade de visitas periódicas para a limpeza e para a aplicação de flúor. É válido lembrar que dente artificial não é dente natural, e tem suas limitações. Todas as dúvidas quanto ao que se espera de um tratamento reabilitador devem ser tiradas com o dentista. Sua participação com críticas ou perguntas no desenrolar do tratamento é de suma importância para o profissional. Ele é a pessoa quem lhe orientará a respeito do que é possível ou não. Não deixe de dar sua opinião, mas cada caso apresenta suas limitações. Mas tenha certeza de que, no final do tratamento, você notará uma diferença bastante positiva no seu sorriso, na sua mastigação e na sua vida.

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SAĂšDE EM FOCO

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APÓS OS 60, OS CUIDADOS BUCAIS DEVEM SER REDOBRADOS A PERDA DENTÁRIA É UM PROBLEMA QUE ATINGE OS IDOSOS BRASILEIROS. PESQUISA AFIRMA QUE 80% DELES JÁ PERDERAM VÁRIOS DENTES E MUITOS NÃO TEM ACESSO À PRÓTESE.

Por Paola Cristina / Foto Marcílio Sousa evantamento feito pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), mostra que a perda dentária é um problema que atinge 80% dos brasileiros com mais de 60 anos. Destes, 35% precisam de prótese dentária, mas não tem acesso. O estudo aponta ainda que metade dos brasileiros entre 35 e 45 anos já perdeu ao menos 12 dentes.

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A pesquisa foi feita em 250 municípios de todos os estados brasileiros e abrangeu 13.471 adultos entre 35 e 44 anos e 5.349 idosos entre 65 e 74 anos. A consulta periódica ao dentista precisa fazer parte da rotina dos idosos, no entanto, de acordo com a pesquisa da USP, a falta de cuidados e prevenção são os maiores causadores dos problemas dentais que afetam a maior parte das pessoas com mais de 60 anos. A longo prazo, a falta de cuidados com a boca pode causar problemas cardíacos, entre outros, como explica o odontologista Mauricio Dias: “pode também intensificar ou ajudar no desenvolvimento do diabetes; contribuir com o surgimento de AVC. Pode também fazer com que o paciente, por não ter uma boa mastigação, desenvolva uma gastrite. E em alguns casos extremos até câncer bucal.” A boca possui uma bactéria chamada streptococcus sanguinis que, ao entrar em contato com a corrente sanguínea devido a problemas gengivais, pode se alojar no coração causando uma infecção chamada endocardite bacteriana. Uma boca saudável precisa ter um bom nível ósseo, ausência de cáries, todos os dentes, naturais ou repostos, e não pode ter inflamação nas gengivas. Embora a realidade estatística seja preocupante, a busca por uma boca saudável e um

sorriso bonito tem levado muitas pessoas ao dentista. É o caso do auxiliar de serviços gerais João Feitosa, 60, que sentia muita dor com os dentes estragados. “Como não tinha o costume de ir ao dentista, tinha medo de mexer e doer ainda mais. Agora me sinto bem. Com a prótese, cortei o mal pela raiz”. A dona de casa Ilma Petrolínio, 62, apresenta um caso de perda dentária devido ao número de gestações aliado à falta de cuidados.” Engravidei 9 vezes e fui perdendo os dentes, até que, com 39 anos resolvi tirar os que sobraram e comecei a usar a prótese”. O ideal é que todos possam manter os dentes originais, pois, de acordo com o odontologista, a extração acarreta perdas ósseas, algumas vezes irreversíveis, modificando o ato de mastigar, de falar e até mesmo de respirar. Uma boa escovação após as refeições e o uso de fio dental é a melhor receita para uma boca saudável e prevenida de futuros problemas. E para quem tem dificuldade de locomoção e coordenação, as escovas elétricas são aliadas nos cuidados diários e não exige muito esforço. Alguns cuidados que garantem a saúde da sua boca Escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia e usar creme dental com flúor. Usar fio dental pelo menos uma vez ao dia. Em caso de uso de próteses, a higienização também deve ser feita após cada refeição. Quem usa dentaduras definitivas ou implantes, deve-se fazer um exame bucal pelo menos uma vez por ano. Consultar regularmente um dentista para exames e limpeza completa. Longevidade - 13


COMER BEM

Foto: Internet

LONGEVIDADE

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Alimentação e ritmo de vida determinam como será o envelhecimento do nosso corpo por

Bruna Queiroz

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preocupação com uma alimentação saudável deve estar presente em todas as idades. Apesar de cada pessoa envelhecer de uma forma diferente, os cuidados com a alimentação continuam indispensáveis. Uma dieta adequada deve envolver todos os nutrientes necessários, que são as proteínas, gorduras, vitaminas, sais minerais e o consumo de água na quantidade adequada. A comerciante Ires de Lourdes, 44 anos, diz que se preocupa com a alimentação, pois, depois que a pessoa envelhece, fica mais difícil de cuidar da saúde. “Quando a gente envelhece, o metabolismo fica mais lento e fica difícil cuidar da saúde e do estado do corpo. Quero envelhecer com um corpo saudável. Como de três em três horas e sempre incluo vegetais nas refeições”, explica Ires. A alimentação da pessoa idosa segue, de maneira geral, os mesmos princípios da dieta saudável recomendada para todas as pessoas adultas. No entanto, é importante ressaltar que os cuidados quanto à quantidade de calorias e a qualidade dos produtos ingeridos devem ser redobrados, pois ao avançar da idade, o metabolismo desacelera e há uma diminuição do rendimento das atividades físicas. A nutricionista, especializada na nutrição do idoso, Daiane do Carmo, ressalta as mudanças físicas provocadas pelo envelhecimento que afetam a nutrição: “com o tempo, os intestinos perdem a força muscular. Isso pode ocasionar uma inflamação no estômago, o crescimento bacteriano anormal que prejudicam a digestão e absorção dos alimentos. Além disso, a diminuição dos sentidos do olfato e paladar ocasionado pelo passar dos anos podem reduzir o apetite. Por último, com a diminuição da produção de hormônios, o pâncreas secreta menos insulina e as células tornam-se menos responsivas, causando metabolismo anormal de glicose. É preciso um cuidado especial para não desenvolver a diabetes”. Já para a nutricionista Mariana Braga, a escolha de alimentos e os hábitos alimentares dos idosos são afetados não apenas pela preferência, mas também pelas transformações que acompanham a experiência de envelhecer em nossa sociedade. Se as pessoas vivem sós, com familiares ou em instituições, tudo isso afeta o que elas comem. Depois de todas essas dicas para o cuidado com a alimentação, não se esqueça de escolher bem os alimentos que ingere. Escolha envelhecer bem e com saúde!

O ministério da saúde indica dez hábitos saudáveis que ajudam a manter uma alimenta-

ção saudável e nutritiva. São eles: 1 – Evite o consumo de refeições volumosas. Faça pelo menos três grandes refeições durante o dia e pequenos lanches durante os intervalos. Estabeleça horários rotineiros para fazer as refeições, e mastigue bem os alimentos para uma maior absorção dos nutrientes e para aumentar a sensação de saciedade. 2 – Inclua diariamente nas suas refeições o consumo dos alimentos dos grupos de cereais, dando preferência aos produtos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. 3 – Aumente o consumo de verduras e legumes nas refeições e use frutas como parte das sobremesas. Esses alimentos são ricos em vitaminas, sais minerais e fibras que evitam os riscos de prisão de ventre e ajudam a diminuir os riscos de várias doenças. 4 – Consuma leites e derivados diariamente, evitando queijos gordurosos e manteigas. Esse alimentos são ricos em cálcio, que atua no fortalecimento dos dentes e ossos, além de ser essencial na regulamentação dos batimentos cardíacos. 5 – Ao escolher a carne, dê preferência aos peixes, aves sem pele e carnes magras. Evite consumir os alimentos fritos, prefira as preparações assadas e grelhadas. Retire a camada de gordura aparente tanto nas carnes vermelhas, quanto nas aves. 6 – Prefira óleos vegetais, mas os use com moderação. Dê preferência ao azeite para temperar saladas e pratos prontos e não reutilize a gordura usada em frituras, pois esse processo faz com que ocorram alterações químicas no óleo, tornando-o prejudicial à saúde. 7 – Evite refrigerantes e sucos artificiais, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas. Dê preferência ao sabor natural dos alimentos e reduza a quantidade de açúcar utilizada nos alimentos. 8 – Reduza o consumo de sal. A quantidade diária indicada é, no máximo, uma colher de chá rasa por pessoa, distribuída para todas as refeições do dia. Leia o rótulo das embalagens dos produtos e verifique a quantidade de sódio por porção. Inclua nas refeições os temperos naturais, como cheiro-verde, alho, cebola, pimenta e ervas frescas. 9 – Beba pelo menos dois litros de água por dia, em pequenas quantidades, várias vezes ao dia. A água é essencial para o bom funcionamento do organismo, faz com que o intestino funcione melhor e mantém o corpo hidratado. Prefira o uso de água filtrada para preparar refeições e sucos. 10 – Pratique atividades físicas por pelos menos 30 minutos durante o dia, e evite o consumo de cigarros e bebidas alcoólicas. Procure a orientação de um profissional especializado para definir qual a atividade física mais indicada para o seu corpo e procure fazer uma alimentação moderada antes dos exercícios.

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MOVIMENTE-SE

PROIBIDO PARA MENORES DE 50 ANOS AS DIVAS DANÇARINAS ARRANJARAM UMA FORMA DIFERENTE DE CUIDAR DA SAÚDE E ELEVAR A AUTOESTIMA por Lucyenne Landim

U

/ Foto Ricardo Botelho

ma alternativa contra o envelhecimento. É assim que as jovens senhoras do Instituto de Dança Juliana Castro definem o projeto Divas Dance. Jovens na alma, e senhoras por já terem pelo menos meio século de vida. A idade é, inclusive, um dos requisitos para participar das aulas. São vários os motivos que as levaram para o salão de dança. Ana Lessa, 67 anos, está no projeto há um ano. Para ela, o maior estímulo foi a vontade de socializar e fazer novas amizades. Uma das principais mudanças na vida de Ana desde que entrou no projeto foi o aumento da autoestima. “Quando danço, esqueço os problemas que tenho lá fora e me sinto mais livre”, afirma. Já Clóris Carvalho, 65 anos, participa das aulas há mais de um ano por incentivo médico. Com diabetes, ela destaca que os problemas de saúde diminuíram significativamente depois que começou a dançar. E ainda tem o fator felicidade, que traz também o sentimento de vitalidade. Márcia da Mata, 65 anos, afirma que a turma é composta por “idosas que querem continuar vivendo, porque a vida é uma festa e não foi feita para ficar parada”. As aulas são ministradas pela professora Letícia Covre, que está no projeto desde julho de 2013. Com um repertório diversificado, as músicas vão desde os sucessos da Jovem Guarda, que abrangeu os anos 60 e 70, como Celly Campello, até os pops da atualidade, como Ivete Sangalo e Anitta. E um dos pontos mais trabalhados nas

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aulas é a coordenação motora das alunas, que as ajuda fora do salão de dança. Para a professora, o projeto, além de recordar a juventude das alunas, estimula a qualidade de vida por meio alternativo, que é a dança. Letícia explica ainda que participar do projeto está sendo uma experiência de vida, tanto pessoal, quanto profissional. “Eu pensava muito nessa questão do envelhecer, se eu vou saber envelhecer. E dando aula, eu presto atenção nas histórias delas e sinto que é uma preparação. Hoje, me sinto mais segura para enfrentar a vida e também para assumir novos desafios como professora”, destaca.

O PROJETO DIVAS DANCE JÁ EXISTE EM ACADEMIAS E ESCOLAS DE DANÇA DE BRASÍLIA E EM GOIÁS. PARA PARTICIPAR, É PRECISO TER ENTRE CINQUENTA E OITENTA ANOS. O GRUPO TAMBÉM PROMOVE ENCONTROS FORA DA ESCOLA. DE TRÊS EM TRÊS MESES, BAILES TEMÁTICOS REÚNEM ALUNAS DE VÁRIAS ACADEMIAS. ALÉM DISSO, AS DIVAS MARCAM ENCONTROS MENSAIS, SEJA UMA TARDE DE CHÁ OU ATÉ MESMO UMA SESSÃO DE CINEMA. NO INSTITUTO DE DANÇA JULIANA CASTRO, AS AULAS ACONTECEM NAS TARDES DE TERÇAS E QUINTAS-FEIRAS. PARA SABER MAIS, BASTA ENTRAR EM CONTATO PELO TELEFONE 3244-4142.


INDEPENDÊNCIA COM AJUDA DA ATIVIDADE FÍSICA PRATICAR EXERCÍCIOS FÍSICOS EM TODA E QUALQUER IDADE TRAZ BENEFÍCIOS PARA O CORPO E PARA A MENTE

A GEPAFI da UNB oferece um programa de exercícios para os idosos por

Rayanne Ramos / Fotos Ricardo Botelho

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om o passar do dos anos, o nosso corpo sofre diversas alterações. Quando envelhecemos, perdemos força muscular. Agilidade, coordenação e flexibilidade também diminuem. Mas, com a prática regular de atividade física esses problemas podem ser amenizados. De acordo com os professores de educação física Helder de Lima Silva e Ana Paula Caracelli, as melhores atividades são as que causam choque no sistema esquelético, pois com o envelhecimento, o idoso perde uma média significativa de cálcio o que acarreta na fragilização dos ossos. Quando o idoso pratica caminhada, musculação e outras modalidades esportivas, estas atividades favorecem o aumento dos níveis de cálcio, chamado de percentual mineral ósseo. Segundo os professores, as atividades devem ser realizadas em volume e intensidade baixos, em ambientes que promovam segurança ao idoso e acompanhamento específico. E antes de começar qualquer exercício, deverão passar por uma pré-avaliação com um profissional de

educação física e também de um médico, que irá analisar individualmente qual a melhor atividade de acordo com as restrições de cada um. “Sem duvida, os exercícios que mais melhoram a funcionalidade do idoso é a pratica de treinamento resistido (musculação) e a pratica de exercícios funcionais que usam o peso do corpo como carga, onde você pode utilizar exercícios da vida diária tais como sentar, agachar, subir escada utilizando o peso do corpo e também pesos externos, tais como usar baldes de água como resistência, pano molhado e etc”, alerta Helder. O exercício físico tem inúmeros benefícios para o ser humano, principalmente quando chegamos à terceira idade. Além de melhorar a parte física do corpo, como condicionamento cardíaco e respiratório, a parte psicológica também é beneficiada, a auto-estima e o bem estar social são altamente elevados. A professora Ana Paula Caracelli incentiva: “idosos ativos tem uma qualidade de vida melhor tanto no aspecto físico, cognitivo e social. O exercício físico influencia diretamente nas AVD’s (atividades da vida Longevidade - 17


diversas áreas da memória e do raciocínio, além de ser de suma importância no aspecto de socialização e renovação no círculo de amizades, que nessa fase da vida começa a ficar mais restrita”. Para Helder Silva, os exercícios auxiliam principalmente na funcionalidade do idoso ajudando-o na independência, pois a maioria depende de alguém ou de algum meio para realizar suas atividades diárias por ex: bengala, andador. “É de suma importância você resgatar isso para o idoso, pois a sua independência está relacionada com melhoras na autoestima, convivência e auto realização”, destaca o professor. Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos Em Brasília, o ponto de encontro para os idosos que praticam atividade física é o GEPAFI, Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos. Localizado na Universidade de Brasília (UnB), tem como principal objetivo desenvolver pesquisas na área da atividade física para idosos. O grupo é formado por estudantes e professores, que estudam alterações morfológicas e adaptações fisiológicas agudas e crônicas que ocorrem no corpo humano durante o exercício físico. O GEPAFI também possui parceria com a Secretaria de Saude do DF, no programa de prevenção da Osteoporose. Através da parceria é realizada a confecção e distribuição de cartilhas e manuais sobre os benefícios da atividade física para pessoas que foram diagnosticadas com a doença. As principais atividades são realizadas no Centro Olímpico da Universidade. Os idosos realizam exercícios coordenativos além de alongamento e atividades de força no laboratório de ergonomia e musculação, sempre com o acompanhamento de profissionais habilitados. Os frequentadores do GEPAFI definem o lugar como um incentivo para cuidarem de sua saúde física e psicológica, além das amizades feitas no grupo. Maria Irene Monteiro,79, sempre fez exercícios físicos e reconhece os inúmeros benefícios da prática. “As vantagens da atividade física são todas do mundo, os riscos de queda, por exemplo, diminuíram

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Além dos exercícios físicos, a convivência em grupo

muito”. Já Terezinha Horne, 75, que jogou vôlei na juventude, acrescenta mais uma vantagem na prática do exercício físico na GEPAFI: a sociabilização. “Nós fazemos atividades extracurriculares, marcamos de sair para conversar e sempre nos divertimos muito”. DICAS IMPORTANTES PARA COMEÇAR A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS Especialistas, em geral, alertam que antes de começar a praticar algum exercício físico é importante realizar alguns exames preventivos, até para escolher a melhor atividade para você. Exames necessários: • Níveis de colesterol e triglicérides, retirados a partir de um exame de sangue; • Medição da pressão arterial; • Teste ergométrico, ou seja, teste de esforço físico, medido por aparelhos como a esteira ou bicicleta ergométrica; • Teste de função pulmonar, que mede o funcionamento e resistência da respiração.


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VIDA SIMPLES PESSOAS QUE CREEM EM FORÇA SUPERIOR SOFREM MENOS DE ANSIEDADE COM MELHORES CONDIÇÕES FINANCEIRAS, IDOSOS INVESTEM EM QUALIDADE DE VIDA por Francisca

Maranhão / Foto Ricardo Botelho

A

A fé ajuda na recuperação de doenças

creditar em uma força maior, capaz de superar nossas expectativas. Acreditar em si mesmo, em um tratamento a que se submete, na solução de um problema que na visão de outras pessoas não tem remédio. O que é esse sentimento, presente na vida de muitas pessoas e que ajuda a atravessar momentos difíceis, de angústia, dor, sofrimento e tensões do dia a dia? Isto é Fé. Crença em algo ou alguém, mesmo que não possa ser visto ou tocado, sem evidente comprovação de sua existência. A fé contraria a dúvida. É confiança, certeza de que tudo vai se resolver. É pensamento positivo, esperança. No contexto religioso, ter fé é crer nos princípios propagados pela religião a que se segue. É acreditar em Deus e na sua existência, onipresença e onisciência. “A fé é a capacidade de crer em algo que não se pode ver. É o oposto da dúvida. Na Teologia, é base para estudos”, explica a teóloga Cassandra Santana. Estudo da Universidade de Toronto, localizada no Canadá, mostra que pessoas religiosas, que tem fé em algo ou acreditam na existência de Deus, sofrem menos de ansiedade, depressão e culpa. Os

especialistas examinaram por meio de eletroencefalograma, 51 voluntários, a maioria cristã, além de budistas, ateus, hinduístas e muçulmanos. Para a psicóloga Tatiane Resende, a fé é um importante instrumento na vida das pessoas. “Acreditar em uma força externa renova os sentimentos de confiança em si mesmo e na capacidade de resolver problemas. A pessoa que tem fé ganha fôlego extra para enfrentar situações verdadeiramente difíceis. A perda de um parente, uma doença grave ou uma demissão, poderá ser mais facilmente superada por pessoas que tem fé”, afirma Tatiane. Fé é o sentimento que move dona Sebastiana Alves, 73 anos, mãe de Antônia Neves, 33 anos. Em 2013 a filha de Sebastiana foi diagnosticada com um tumor na medula espinhal. Para Antônia, um sofrimento que poderia terminar ou piorar com cirurgia. O caso era grave e os médicos alertaram para a possível dificuldade de locomoção após a operação, que era de risco moderado. Dona Sebastiana não se abalou e tinha certeza do sucesso da cirurgia e da recuperação da filha. “Eu sempre acreditei que ela ia ficar boa. Quem tem fé não perde a esperança e eu sabia que minha filha voltaria a andar”, disse Sebastiana. Acreditar no sucesso da cirurgia foi um alento para Sebastiana, que, confiante, tocou a vida sabendo que o restabelecimento da filha seria pleno. Longevidade - 21


ESPECIAL

CASOS DE ALZHEIMER CRESCEM EM TODO O MUNDO A CADA ANO Até 2050 o número de pacientes com a doença deve triplicar. No Brasil são 1,2 milhão de casos diagnosticados

Adelina dias Foto Adelina dias

por

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Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que quase 1 milhão e 200 mil pessoas vivem com Alzheimer só no Brasil. Em todo o mundo são quase 36 milhões de idosos. Com o envelhecimento da população global, esses números aumentarão significativamente, podendo chegar a 115 milhões de pessoas com a doença, sinaliza a OMS. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos representam 8,6% da população total do Brasil, com 20 milhões de pessoas com sessenta anos ou mais. A estimativa da OMS é que o país seja o sexto em número de idosos em 2025, quando deve chegar a 32 milhões. O Alzheimer está entre as doenças que acometem pessoas na terceira idade. É a forma mais comum de demência neurodegenerativa em idosos. As causas ainda são desconhecidas e o mal se caracteriza pela redução progressiva das capacidades cognitivas do indivíduo. A percepção, atenção, memória, raciocínio, entre outros, aos poucos se perdem parcial ou completamente. A habilidade para o trabalho, as relações sociais são severamente afetadas e os problemas comportamentais e de personalidade começam a aparecer. De acordo com o geriatra Marco Polo Dias, do Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília, (HUB), essa degeneração começa no hipocampo, área que processa a memória, e com o tempo se espalha por outras regiões do cérebro. “A doença pode ser entendida por dois grandes eixos, o cognitivo, responsável pelas memórias e o comportamental, que causa agitação, insônia, perambulação, comer muito ou pouco, isolamento e até mesmo agressividade”, explica Dias. Apesar de não apresentar cura definitiva, evidências científicas mostram que é possível retardar e proteger a mente contra o mal de Alzheimer através de exercícios que estimulam o cérebro. A maior taxa de incidência da doença é em pessoas analfabetas e de baixa escolaridade. Estudos científicos associam a baixa educação ao risco de Alzheimer. Pesquisadores americanos teorizam que quanto mais se usa o cérebro, mais sinapses são criadas, aumen-

tando reserva importante para a pessoa mais velha. O estudo não deixa claro se a baixa educação e a pouca atividade mental facilitam o risco da doença ou se é mais fácil detectar em pessoas que exercitam a mente com maior frequência ou estudou mais. Os principais sintomas incluem dificuldade gradual em guardar memórias recentes e adquirir novos conhecimentos, em fazer cálculos simples, manter-se em estado de alerta e, em alguns casos, falar adequadamente. A pessoa com Alzheimer lembra com precisão de acontecimentos do passado, mas, esquece o que acabou de fazer. Com a evolução da doença vão perdendo a capacidade de reconhecer os próprios familiares, amigos e até mesmo a própria casa. Elza Pessoa, 82 anos, era uma senhora independente. Saia sozinha para fazer compras. Em uma ida ao supermercado, não conseguiu voltar para casa. Um conhecido a encontrou desorientada, sem saber o próprio endereço. Elza não reconheceu o vizinho, mas aceitou ajuda. Para Ellen Pessoa, 46 anos, filha de dona Elza, as duas horas que a mãe esteve perdida foram de angústia e sofrimento. Sucessivos casos de esquecimento ocorriam com frequência: panela queimando no fogo, nome dos netos e filhos, banhos na sequência, como se fosse o primeiro e ainda assim, o diagnóstico de Alzheimer estava longe de ser confirmado. Para que a família relatasse os casos e buscasse um especialista, foi preciso outro susto e desta vez, bem mais grave. Elza ficou fora de casa por três dias e localizada entre os moradores em situação de rua, da antiga Rodoferroviária de Brasília. A idosa esqueceu a própria identidade, não reconhecia os familiares e se recusava a voltar para a casa que ela não aceitava mais como sua. “Foi um trauma ver minha mãe entre os mendigos. Ela me olhou como uma estranha”, afirma Ellen. Elza foi encaminhada ao hospital e diagnosticada com Alzheimer. Passado o choque inicial, a família de dona Elza começou a adaptar a casa à rotina de medicamentos, consultas e tratamentos necessários Longevidade - 23


Foto Adelina dias A musicoterapia ajuda a amenizar os efeitos da doença

para estabilizar a doença. O idoso com Alzheimer fica a cada dia mais dependente da ajuda dos outros, até mesmo para o cumprimento da rotina diária, como a higiene pessoal e alimentação.

ça. “Cuidar de quem tem Alzheimer não é o mesmo que cuidar de um idoso comum, de um diabético ou com dificuldades de locomoção. Compreender e estar preparado para as reações mais inesperadas é muito importante”, afirma.

Terapia alternativa traz bem-estar aos doentes

Joilda Santos é cuidadora por acaso. Na família Matsumoto há quase 18 anos, se preparou para cuidar de dona Tereza Nogami Matsumoto, 85 anos, desde a descoberta da doença. Para isso, Joilda fez curso e participou de palestras no HUB. Tereza está em tratamento há seis anos e Joilda é quem a acompanha ao Centro de Medicina do Idoso, às terças e sextas-feiras, para, entre um consulta e outra, cantar. “Aqui ela se solta. Tem dia que não quer sair de casa, mas quando é para cantar, ela vem toda feliz”, conta a cuidadora Joilda.

Musicoterapia e pintura atuam como coadjuvantes no tratamento do Alzheimer Há doze anos o Centro de Medicina do Idoso (CMI), do Hospital Universitário de Brasília (HUB), se destaca pela qualidade no atendimento aos idosos. Os profissionais do CMI cuidam da doença e da alma dos pacientes. O tratamento para a doença de Alzheimer realizado pela instituição foi destaque em pesquisa do Ministério da Saúde, entre os 74 centros de referência do idoso da Região Centro-Oeste. A unidade trabalha na primeira pesquisa comportamental sobre a doença, produzindo dados estatísticos para identificar até que ponto atividades lúdicas são benéficas no tratamento do Alzheimer. Além das especialidades médicas como geriatria, psicologia, odontogeriatria e fisioterapia, música e pintura fazem parte dos cuidados com os pacientes do CMI. Médicos e voluntários estão envolvidos no trabalho, que atende em média 500 pessoas por mês, entre idosos, cuidadores e familiares. Para a psicóloga Adriana Barbosa, a doença não afeta apenas o idoso, mas a todos os que convivem com ele: “O ideal é que toda a família esteja em tratamento. A convivência com o idoso doente não é fácil. É preciso aprender a lidar com os próprios sentimentos e com as alterações do paciente. Todos os dias é uma novidade”. A psicóloga reconhece que dependendo da estrutura familiar, é necessária a contratação de um cuidador e este deve ser preparado para lidar com idosos portadores da doen24 - Longevidade

Joilda também participa do Coral dos Idosos, do CMI. Ao lado de dona Tereza, ela solta a voz sob o comando do regente do coral e coordenador de musicoterapia, Sérgio Kolodziey, 72 anos. Voluntário desde 2005, o maestro acredita no poder da música como coadjuvante no tratamento da doença. “A música traz lembranças boas. Eles se transformam. Eu vejo felicidade na expressão de cada um”, descreve o maestro. Duas vezes por semana, Kolodziey conduz uma turma de aproximadamente 35 pessoas, entre pacientes diagnosticados com Alzheimer e seus acompanhantes. A importância do coral na vida dessas pessoas é medida pelo carinho com que tratam o professor. E pelos pedidos de “canta mais”, entoados quase em coro pelos aplicados alunos. Marignez Montemór, 83 anos, está há dois anos no grupo. Diagnosticada com a doença há dez, afirma que o maestro é o melhor professor do mundo. Lucilene Costa, cuidadora de Marignez, diz que o coral é o melhor remédio: “É o dia que ela fica melhor,


mais animada”. Walter Salgado, 79 anos, se levanta emocionado, para cantar “Oh, Minas Gerais”. Salgado foi diretor de um dos mais importantes hospitais de Brasília, o HRAN. Em tratamento há oito anos, diz que a música é paz e felicidade. Felicidade é a palavra mais repetida entre os idosos presentes ao coral. E o maestro se sente realizado em saber que contribui para o bem estar de tantas pessoas. “A música é um fator positivo, uma explosão de sentimentos. Com a música eles voltam no tempo e começam a agir como no passado. Transbordam emoção”, ressalta Kolodziey. O coral encerra cantando “Trem das Onze” para depois fazer uma roda de orações e agradecimentos. Para o geriatra Marco Polo Dias, a musicoterapia como tratamento complementar desperta as vias

sensoriais dos pacientes, estimulando partes do cérebro como o lóbulo frontal, sistema límbico e hipocampo, responsáveis pelo armazenamento da memória. “Ativar boas lembranças faz com que o paciente fique mais sereno, mudando o comportamento e isso é um ganho muito positivo, permitindo um cuidado melhor”, explica Dias. De acordo com o geriatra, a musicoterapia não tem como objetivo impedir a progressão da demência, apenas tornar a doença menos impactante para a família e para o próprio paciente. Enquanto a cura definitiva não vem, medicamentos como rivstigmina, galantamina e doneprezil, fornecidos gratuitamente pela rede pública de saúde, e terapias como a aplicada no CMI auxiliam na qualidade de vida aos idosos diagnosticados com a doença, além do apoio da família, fundamental para o bem-estar do doente.

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA É REFERÊNCIA NO TRATAMENTO DO ALZHEIMER CENTRO DE MEDICINA DO IDOSO - CMI

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REPORTAGEM PARA ALÉM DOS CUIDADOS BÁSICOS A RELAÇÃO DE CUMPLICIDADE ENTRE IDOSOS E SEUS CUIDADORES É FUNDAMENTAL PARA O PROLONGAMENTO DA VIDA E A INTERLOCUÇÃO ENTRE GERAÇÕES por

Bruna dias, Bruna Queiroz e Viviane Araújo

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xiste um determinado momento da vida em que começamos a precisar do cuidado do outro. Os papeis são invertidos e os pais, sempre tão cuidadosos e preocupados, começam a precisar dos filhos para os acompanharem nas necessidades do dia a dia. Mas, quando não é possível o acompanhamento da família nos cuidados dos idosos, eis que entra um novo personagem de fundamental importância: o cuidador de idosos. Entende-se por cuidador aquele que zela dos afazeres diários do idoso, auxiliando nas tarefas mais corriqueiras, como a higiene pessoal, saúde, lazer e até a alimentação da pessoa que é atendida. Esse cuidador pode ser algum integrante da família que se responsabiliza por essas tarefas ou algum profissional contratado para esse acompanhamento. Existem casos em que o cuidador de idosos ultrapassa as barreiras do simples contato profissional e se torna um membro da família. Esse é o caso de Claudete Almeida, 29 anos, que nasceu no Maranhão e veio para Brasília em busca de melhores condições de vida. Apesar de não ter o curso específico para cuidar de idosos, Claudete conseguiu uma oportunidade de emprego na casa de Dona Vita Rodrigues. Vita tem hoje 87 anos e tem a doença de Alzheimer. Devido à complexidade da doença, a família decidiu que precisava de alguém que pudesse cuidar da idosa 24h. Assim, Claudete deixou sua vida social de lado e decidiu se dedicar integralmente aos cuidados de Dona Vita. “Decidi morar aqui para cuidar da Dona Vita. Primeiro, porque já conhecia a família dela, segundo, porque devido o Alzheimer, seus filhos queriam uma pessoa de responsabilidade que cuidasse dela e da casa. Já estou nesse serviço há quatro anos sem ter feito um curso profissionalizante para cuidar dela, mas agora resolvi me especificar fazendo o curso de cuidadora de idosos”, descreve suas atividades, Claudete. Segundo o filho de Vita, Sebastião Fernandes, até os 82 anos de idade, a idosa executava todas as atividades do dia a dia, mas aos poucos as pessoas que tinham convivência mais próxima, observaram variações nas conversas, além de um elevado grau de esquecimento. Foi quando a família descobriu que Dona Vita tem Alzheimer.

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A necessidade de contratar um cuidador de idosos geralmente surge quando o estado de saúde se agrava e a família não tem disponibilidade de fazer esse acompanhamento integral e não quer internar o idoso em uma clínica de repouso. Para manter um cuidador, é necessário dispor de parte da renda familiar para o pagamento deste. Na composição dos custos para manter um cuidador diário, deve ser considerado o salário base acertado entre as partes, 13º, férias e encargos sociais, além de outras despesas como alimentação e transporte. Hoje, Claudete já faz parte da família e do ciclo de amizade dos parentes. Total confiança é depositada nela, tendo em vista a dedicação, o respeito e o carinho, apresentado pelo cuidador com a idosa e com todos que a cercam. Além de cuidar da idosa, Claudete também é uma exímia companheira. Dona Vita Rodrigues ouve atentamente as palavras de sua cuidadora e finaliza: “Eu sou bem cuidada e gosto da casa cheia, assim converso bastante, fazendo com que o tempo passe rápido”. Algumas pessoas entram na vida das famílias para cuidados e companhia além da vida. A opção por contratar um cuidador normalmente é atrelada a uma necessidade especial. Ana Maria sempre foi uma senhora muito independente. Não gostava que ninguém mexesse em suas coisas e tinha o cuidado de manter tudo limpo e em seu lugar. Aos 75 anos, depois de um acidente, Dona Ana, como era conhecida, fraturou um braço e necessitou de cuidados especiais. Depois de um consenso entre os nove filhos, decidiram que seria a hora de ter uma pessoa para acompanhar e cuidar da mãe. Assim, surgiu Gorete, 54 anos, e que teria como missão cuidar da casa e de Dona Ana. Exigente, muitas vezes reclamava do serviço de Gorete, mas elogiava muito a companhia. E Gorete não se importava, sabia que era preciosismo de Dona Ana. Juntas, riam durante horas e nunca se cansavam de contar as histórias de suas vidas. Infelizmente, chegou o fim de um ciclo. No dia 6 de abril de 2012, Dona Ana deixou a todos que a amava. Por ironia do destino, dois meses depois, Gorete também se foi, fazendo companhia para dona Ana lá no céu.



POPULAÇÃO BRASILEIRA ESTÁ ENVELHECENDO. E VOCÊ COM ISSO? CADA VEZ MENOS CRIANÇAS NASCEM E MAIS IDOSOS VÃO OCUPANDO OS ESPAÇOS URBANOS, DEMANDANDO RESPEITO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO por João

Vilagran e Michelle Sousa

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les fazem parte de uma faixa etária cada vez maior na população brasileira. Geralmente, ao se falar em terceira idade logo se pensa em doenças e falta de expectativa de vida. Entretanto, a taxa de natalidade diminuiu nos últimos anos, assim, a população vem envelhecendo gradativamente e o número de idosos aumentando, segundo o Censo Demográfico de 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O censo divulgou ainda que, por volta do ano de 2050, haverá cerca de 73 idosos para cada 100 crianças no Brasil, atingindo cerca de 215 milhões de habitantes no país. As mulheres idosas representam um percentual de 12,63% no Brasil, enquanto os homens, 5,6% (dos 60 aos 70 anos ou mais), como informam os dados do IBGE em 2012. SAlém do aumento da expectativa de vida, podemos observar que cada vez mais pessoas idosas são responsáveis pelos domicílios, num total de 8.964.850 (dos 44.795.101 domicílios brasileiros, cerca de 62,4% da população brasileira), segundo dados da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, da Presidência da República. A escolaridade média varia entre três e quatro anos, com renda mensal de pouco mais de R$ 600, um aumento de 63% nos censos realizados entre os anos de 1991e 2000. Mas a principal fonte de renda ainda é a aposentadoria, para ambos os sexos.

núncias. De acordo com a assistente social Geovana de Oliveira, da Secretaria do Idoso do Distrito Federal, a maioria das denúncias é feita via telefone para o Disque 100, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República ou para a Ouvidoria Especial do Idoso. Há ainda as ligações para a Central Especial do Idoso, ambas da Secretaria Especial do Idoso do DF. Ainda de acordo com a assistente social, os maus tratos psicológicos, físicos e financeiros, negligência e abuso sexual são as principais violências cometidas contra os idosos. No entanto, Geovana faz uma ressalva, pois para ela, com o Estatuto, houveram avanços no que tange aos direitos para os idosos. “(A divulgação) é feita através de distribuição e da necessidade do atendimento. Quando há uma palestra, sempre distribuímos cartilhas sobre o Estatuto. O que os idosos mais procuram são os seus direitos no transporte público local e interestadual. Todos querem e tem acesso ao Estatuto. Querem ter o poder em mãos”, contextualiza a assistente social.

Direitos garantidos em lei - O Estatuto do Idoso assegura os direitos de cidadania e de assistência jurídica às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Esse direito foi instituído pela Câmara Federal no ano de 2000, por uma comissão especial, baseado na Lei nº 8842, de 4 de janeiro de 1994. O Estatuto “têm por objetivo deliberar sobre políticas públicas, controlar ações de atendimento, além de zelar pelo cumprimento dos direitos do idoso”. A normativa foi sancionada pelo então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 1 de outubro 2003, e publicada no Diário Oficial da União no dia 03 do mesmo mês.

Contudo, ainda que exista um Estatuto que garanta em lei os direitos da pessoa idosa, podemos notar nos noticiários diários violências cometidas contra este grupo vulnerável. Para isto, existem serviços especializados na proteção à pessoa idosa. Um exemplo é o Disque Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (Disque 100), serviço de âmbito nacional, de utilidade pública de emergência, direcionado para o atendimento de denúncias e violações de direitos humanos, bem como é um canal de informações e orientações sobre direitos humanos à população brasileira. Ou seja, o serviço não se detém apenas à acolher a pessoa idosa, mas também qualquer outro grupo vulnerável, seja ele criança, adolescente, pessoas com deficiência, população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais ou Travestis (LGBT), população carcerária, quilombolas, dentre outros.

Os direitos garantidos no Estatuto têm entre seus objetivos, a promoção da inclusão social e a garantia de que os direitos das pessoas idosas sejam cumpridos. Mesmo com o elevado índice de violência contra os idosos, a legislação das pessoas com mais de 60 anos vem ganhando força graças às de-

Caracterização dos dados - Podemos observar a partir do Balanço Geral, realizado pela Ouvidoria Nacional da Secretaria de Direitos Humanos, que as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo possuem maior índice de registro de denúncias ao Disque 100. Para o coordenador de encaminhamento do

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serviço, Fabiano Lima, a principal razão desses números são a grande população desses estados. Quando questionado com relação aos dados relativos à violação de direitos, o coordenador relata não haver ainda uma análise categórica. “Quanto ao real quadro da violência ainda não temos um diagnóstico definitivo, tendo em vista que muitas violações ocorrem de forma velada e a cultura de denunciar ainda se desenvolve em meio a sociedade brasileira”, afirma. Quanto à capital do país, o Distrito Federal ocupa o primeiro lugar no ranking no quesito registro de denúncias realizadas mensalmente, (1.088 denúncias, num total de 550.57 denúncias por cem mil habitantes). Dos tipos de violações vigentes no Estatuto, a negligência* e a violência psicológica** são as mais cometidas pelos suspeitos contra as vítimas, entretanto, pouco se sabe sobre elas ou como distingui-las. “Se analisarmos do ponto de vista técnico, o demandante (própria vítima ou terceiro) não tem essa capacidade, ou pelo menos, não é demonstrada no momento do contato com o serviço”, expõe Fabiano. O trabalho desenvolvido pela Secretaria possui parcerias ou órgãos da Rede de Proteção. A atuação da Rede de Proteção e Defesa presente nos estados e municípios possui foco voltado à proteção integral das vítimas, considerando a prioridade requerida em lei ou em instrumentos vinculantes. O objetivo deve ser o de garantir a cessação imediata da violência praticada que está associada diretamente ao processo de proteção da vítima, bem como o rompimento do ciclo de violações que está relacionado

ao processo de responsabilização do agressor. Em linhas gerais, o que se espera da rede é a efetiva aplicação de medidas protetivas à vítima, de modo a devolver-lhe a dignidade humana por hora perdida e de igual modo, quando possível, a adoção de procedimentos de responsabilização que evitem que o agressor reincida no cometimento da violência e nem faça outras vítimas. Os registros realizados através do Disque 100 permitem a apuração das violências também no âmbito do ambiente em que ocorrem os fatos. O balanço apontou que em sua maioria, a violência ocorre dentro da residência da própria vítima (por filhos de ambos os sexos), onde o medo se esconde. Ainda que haja certa resistência natural da vítima expor as violações que sofre, Lima afirma que durante a apuração dos fatos (investigação dos órgãos protetores) não há problemas ou dificuldades para a Rede de Proteção e Defesa realizar os procedimentos e diligências necessárias para apurar a situação revelada, independentemente do local de ocorrência. “No tocante à manifestação e/ou confirmação das violações, entendemos que em alguns casos há uma certa proteção aos suspeitos por parte das vítimas, pelo fato de serem pessoas muito próximas, como filhos, netos, cuidadores, etc.”, aponta o coordenador. Para quem ainda não conhece o serviço, Lima o resume em poucas palavras: “Funcionamos todos os dias, 24h, por meio do número telefônico 100. É um serviço público que se destaca por sua qualidade no atendimento ao cidadão e tem como premissa principal o acolhimento humanizado e a efetiva proteção aos direitos violados.”

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SAIA DE CASA A MELHOR IDADE PARA VIAJAR COM MELHORES CONDIÇÕES FINANCEIRAS, IDOSOS INVESTEM EM QUALIDADE DE VIDA por Líllian

Chaves e Mayara Oliveira

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Após a aposentadoria, podemos tirar um tempo pra nós mesmos

número de idosos no Brasil dobrou nos últimos 20 anos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013 as pessoas com mais de 60 anos já somavam 23,5 milhões, em 1991 eram apenas 10,7 milhões. Com o aumento dessa população, os serviços voltados para esse público cresceu, entre eles, o turismo. Com menos obrigações familiares e condição financeira melhor, o idoso brasileiro usa a aposentadoria para ter mais lazer e investir em qualidade de vida. Mais ativa, a terceira idade busca usar o tempo livre para cuidar de si mesma. A aposentada Badia Matos de 66 anos, afirma que sair para passeios ou viajar em grupos, melhora a saúde. “A gente se sente bem. Sendo viúva encontrei nos passeios uma forma de melhorar a saúde e a autoestima. Agora vou viajar pela primeira vez sem a família”, afirma. Os governos Federal e Distrital têm programas de incentivo ao turismo, voltados exclusivamente para cidadãos na terceira idade. O maior deles é programa Viaja Mais Melhor Idade do Ministério do Turismo que oferece pacotes em período de baixa temporada a preços reduzidos. Para esse grupo os pagamentos são faci-

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litados e pode ser por meio de desconto em folha de benefício do INSS. Os pacotes variam entre R$ 300 e R$ 3.000,00. No Distrito Federal foi implantado em 2013 o programa Passeando com Experiência, que realiza passeios com guia turístico dentro de Brasília. Segundo a Secretária do Idoso, em 2013 foram feitos 36 passeios guiados e até abril de 2014 foram 14 passeios. Recentemente foi criado também o programa Turismo Cidadão que já realizou três passeios na capital federal. Dentre os lugares mais procurados pelos idosos estão hotéis fazenda no entorno do Distrito Federal, Caldas Novas e Pirenópolis. Os pacotes para esses lugares custam a partir de R$ 85,00. A coordenadora de turismo do Serviço Social do Comércio (Sesc), , Elaine Achar, afirma que os passeios são agradáveis e seguros. “Os passeios são sempre com guias e acompanhados por brigadistas para caso de necessidade”. A periodicidade dos passeios pelo Sesc variam. Para saber mais basta acessar www.sesc.com. br e buscar pela página da sua cidade. E sobre os programas do Governo Federal, acesse www.viajamais.gov.br.


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RETRATOS DE UMA VIDA

DE VOLTA ÀS AULAS AOS 60 A BUSCA POR CONHECIMENTO E COMPARTILHANDO APRENDIZADOS por Francisca

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Maranhão

ernando Bezerra da Silva, 64 anos, é fotógrafo de profissão. Paulista de Valparaíso possui extenso currículo, com trabalhos nacionais e internacionais, além de exposições fotográficas. Em Brasília, passou por veículos de comunicação e assessorias de imprensa, sempre mantendo a paixão despertada ainda menino, quando resolveu seguir a profissão do pai, que era fotógrafo dos tempos de “lambe-lambe”. Em 1980 Bizerra fundou a Agência BG Press de Fotojornalismo, que presta serviços fotográficos para empresas públicas, privadas, jornais e agências de todo o país. Coordena a Escola Brasiliense de Fotografia, despertando novos talentos na capital, é presidente do Sindicato dos Fotógrafos de Brasília e aluno de graduação superior do curso Tecnologia em Fotografia do Iesb. Trabalhando desde 1974 na capital, Bizerra está entre os profissionais mais bem conceituados no ramo de fotografia. Mesmo atuando como professor em cursos técnicos resolveu se colo-

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car na posição de aluno, o mais velho da turma, encarando um novo e gratificante desafio, movido pela vontade de aprender e compartilhar conhecimento. “Essa convivência com garotos, e alguns mais maduros me entusiasmaram voltar a estudar. Essa importância de voltar a adquirir conhecimento passa pela carência da formação acadêmica que é algo que sempre senti que precisava buscar apesar de fotografar a mais de 54 anos, percebi que tenho muito pra se viver”, afirma Bizerra. Para viver essa experiência, Bizerra precisou conciliar a vida pessoal, de empresário, fotógrafo e professor, readaptando horários e administrando as várias atividades do dia a dia de modo a atuar bem em cada uma delas. Segundo Bizerra, encarar a vida acadêmica é uma resposta aos anseios profissionais de fotógrafo. “A decisão por voltar a estudar está centrada e orientada pelo prazer de estar de volta à sala de aula, e responder a mim mesmo que voltei a pensar na fotografia e não somente em estar fazendo fotografia” explica.


MAIS QUE UM LAZER, MOTOCICLISMO É ADERIDO COMO ESTILO DE VIDA POR MUITOS JOÃO E NONITA ENCONTRAM NO MOTOCICLISMO UMA SAÍDA PARA O ESTRESSE DO DIA A DIA por Tércia

Diniz e Clara Caroline

Nonita Nunes acredita que mais importante que a idade, é a paixão pela moto

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cordar, arrumar a mala e sair com destino traçado. Esse é um dos objetivos para este ano da funcionária pública e amante do motociclismo, Nonita Leite. Aos 18 anos, ela adquiriu a primeira moto, uma CG 250cc e hoje, aos 58 anos, possui uma Shadow 600cc, quase três vezes mais potente que a primeira. Já fez viagens para Minas Gerais, São Paulo e várias cidades do Goiás. Conhecida na capital por encabeçar projetos que difundem a cultura do mundo das motos, Nonita já enfrentou vários tipos de preconceito. “Meu filho tem 22 anos e não sobe em uma moto de jeito nenhum, mas me respeita. Espero poder transmitir esse gosto para o meu neto. Mas nem todo mundo aceita. Já disseram que mulher não deveria poder dirigir moto, independentemente da idade. Muitas mulheres, até com idades mais avançadas, têm vontade de conhecer esse mundo sob rodas, mas é preciso se desprender dos tabus. Só posso lamentar por esse e outros pensamentos, ainda mais em um mundo tão moderno para algumas coisas”, ressalta a motociclista. Fundadora da ONG Motociclistas do Bem, pro-

jeto que realiza ações sociais em diferentes instituições da cidade, Nonita também organiza o Encontro da Vila. O evento é voltado para quem dirige moto, sem restrições de sexo, idade e modelo. “Quero levar esse legado até o meu último dia de vida. A sociedade precisa enxergar que nós somos do bem. Em todos os novos encontros e amigos que faço ganho experiência e me sinto mais jovem; renovo minhas forças”. Aventura também faz parte da rotina do aposentado João Ferreira. Piloto de Moto Cross há quatro anos, ele é fascinado por esportes radicais desde a adolescência. Atualmente, com 67 anos, Ferreira conta que já não tem o mesmo condicionamento físico de antigamente, mas que ainda pratica o esporte. “Faço o que qualquer jovem faz, claro que com algumas restrições. Mas o único cuidado maior é para não cair, porque na minha idade posso ter complicações maiores”, explica. Mesmo sem fazer parte de um moto clube, Ferreira acompanha eventos da classe e campeonatos de Moto Cross. Para este ano, o administrador aposentado tem trabalhado na criação de um site sobre Moto Cross. Longevidade - 35


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BRASIL

APOSENTADOS VOLTAM A TRABALHAR

IBGE MOSTRA QUE O MERCADO ACOLHE 7,1% DE TRABALHADORES COM MAIS DE 60 ANOS por

Adelina dias e Marcílio Sousa

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a atualidade, idosos tem parte significativa no mercado de trabalho, mesmo depois de aposentados. Com experiência e maturidade, eles conseguem rendimentos maiores do que os jovens. Muitas vezes livres das despesas com filhos e outros familiares, impulsionam a economia com a aquisição de produtos e serviços. Elenice Vieira, 67 anos, é funcionária pública aposentada há seis anos. No final de 2013, surgiu uma oportunidade de voltar ao mercado de trabalho com uma vaga de professora de inglês. “Voltar a trabalhar foi uma surpresa boa, sem contar que ganho um dinheiro extra e posso me comprometer mais com viagens e compras”, afirma. Além de dinheiro extra, idosos buscam também uma ocupação. A aposentada Gema Ferreira, 63 anos, contrariou a família quando, depois de três anos de descanso, resolveu voltar ao batente. Procurou antigos colegas e conseguiu uma vaga de secretária. “Me sinto viva ao sair de casa todos os dias. Eu fiquei muito doente quando me aposentei. Trabalhando não dou espaço para doenças”, diz. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), em março de 2013, 24,7% das pessoas ocupadas no mercado de trabalho tem acima de 50 anos de idade, totalizando 5,6 milhões de brasileiros. A mesma pesquisa apontou que apenas 7,6% das pessoas sem ocupação, mas, em busca de novo trabalho, tinham mais de 50 anos. Já a taxa de desocupação entre os que têm mais de 50 anos foi de apenas 1,6%, bem abaixo da média de 5% juntando todas as idades e regiões pesquisadas. Outro levantamento mais abrangente do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), com amostra nacional, aponta que 21,6% das pessoas ocupadas em 2012 tinham mais de 50 anos de idade. Os ocupados com 60 anos ou mais chegam a 7,1% do total das pessoas com mais de 10 anos. Dados do Censo 2010 indicam que a renda média

de pessoas com mais de 70 anos (R$ 1.232,00) é menor do que a renda entre pessoas com 60 a 69 anos (R$ 1.430,54) e bem maior do que o rendimento das pessoas da faixa entre 25 a 29 anos (R$ 839,76) ou 20 a 24 anos (R$ 506,31). Para a consultora do Sebrae, Maria da Conceição Costa, além de ser importante a reinserção do idoso no mercado de trabalho, pelos benefícios sociais e psicológicos a que são submetidos, trata-se de mão de obra qualificada, responsável e comprometida com as tarefas que irão desenvolver. “As pessoas idosas que buscam qualidade de vida mental e física, tem motivação para o trabalho com consciência e constância no que se propõem a fazer. Eles não estão mais com ambição de crescimento de carreira, gerando mudanças constantes de emprego. São mais conscientes de seus atos e responsabilidades e consequentemente, mais estáveis nas empresas”. Afirma a consultora. Segundo Maria da Conceição, com o envelhecimento gradual da população, o mercado está mudando seus conceitos, diferentemente do que ocorreu na década de 1980, em que pessoas maduras eram substituídas por mais jovens e encontravam dificuldades para se recolocarem no mercado. Para a consultora do Sebrae, na atualidade as diferentes gerações tem valor nas empresas. “Todas as gerações possuem expertises para contribuir com os resultados da empresa. Por exemplo, os mais velhos têm paciência para planejar e realizar auditorias orçamentarias, diferente de jovens que estão entrando no mercado de trabalho e que possuem visão mais imediatistas, de execução e desejam mais isso do que planejar”. Longevidade - 37


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Ilustração: dedalus Bueno

CRESCE O NÚMERO DE ELEITORES IDOSOS NO BRASIL AOS 70 ANOS O VOTO É OPCIONAL, MAS MUITOS FAZEM QUESTÃO DE COMPARECER ÀS URNAS

Adelina dias

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m outubro os mais de 140 milhões de eleitores brasileiros deverão ir às urnas para eleger o presidente e vice-presidente da República, deputados federais, senadores, governadores e vice-governadores, deputados estaduais. No Distrito Federal, além do governador e vice, deputados distritais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, o número de eleitores brasileiros com 70 anos ou mais aumentou. Nas eleições passadas eram 6,9% e subiu para 7,2%. Os eleitores com idade entre 60 e 69 anos somam mais de 12,4 milhões, entre 70 e 79 anos, são 6,5 milhões e com mais de 79 anos, 2,5 milhões. Apesar de ser o símbolo máximo da democracia, a rejeição ao voto obrigatório chegou a 61%, entre os 2.844 entrevistados pela pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, se tivessem a opção de não votar, 57% dos eleitores não compareceriam às urnas. A pesquisa é feita desde 1989 e nos estudos anteriores, os que deixariam de votar se não houvesse obrigatoriedade, nunca ultrapassou 50%. Entre os eleitores com idade entre 16 e 24 anos, a rejeição é de 58%. No grupo de 45 a 59 anos, 68% dos entrevistados se posicionaram contra o voto obrigatório. A pesquisa mostrou também que quanto maior a renda e a escolaridade, maior o índice de rejeição. Entre os que têm renda familiar mensal acima de dez salários mínimos, 68% são contra. Eleitores consultados com

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ensino superior, 71% rejeitam. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Enquanto uns fogem das urnas, pessoas como dona Isolina Alves é um exemplo de civismo. Aos 76 anos ela faz questão de votar. “As mulheres antigamente não votavam, eu sempre voto e passo isso aos meus filhos e netos. Não adianta reclamar do país e não escolher quem vai governar.” Geraldo Oliveira, 84 anos, deixou de votar uma única vez, por motivo de doença e reclama até hoje. “Eu estava operado, mas já tinha meus candidatos todos anotados e perdi a chance nos dois turnos. Mas este ano nada me impede”, afirma oliveira. Para o cientista político Octaciano Nogueira, quem vota o faz por consciência e não por obrigação. Segundo Nogueira, a importância que o idoso, mesmo sem ter a obrigação de votar, dá ao pleito, é um sinal de que a sociedade deseja mudanças. “votar é um compromisso de todo aquele que se importa com o regime democrático, que sabe a importância do voto para o fortalecimento da democracia, uma atitude desejável para todos”. No Brasil, o voto é obrigatório até 69 anos. Após esta idade, ir às urnas se torna facultativo. O recadastramento eleitoral, quando solicitado, é necessário, evitando assim o cancelamento do CPF.


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HORIZONTAIS 6. Mulher canonizada. (5) 7. Refeição pequena e rápida. (6) 8. Ataque, impulso. (6) 9. Aquele que tem direito à metade dos bens. (6) 10. Madeira (em inglês). (4) 11. Estômagos (em inglês). (8) 13. Forte, poderoso, potente. (8) 17. As mulheres usam para agasalhar os ombros e o tronco. (4) 19. Sala de estar (em

inglês). (6) 21. Indivíduo, pessoa (feminino). (6) 22. Inseto (em inglês). (6) 23. Uma das maiores revistas de publicação semanal do Brasil. (5) VERTICAIS 1. Que tem ondas (plural). (8) 2. Membro da maçonaria (plural). (6) 3. Monte ___: Lar dos deuses da mitologia grega. (6) 4. Em que lugar. (4) 5. Igreja (em inglês). (6)

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