Revista ink

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n° 1 | 2014 | R$ 14,90

AUMENTA A OFERTA DE

TINTAS “VERDES” Indústria aposta na demanda por tintas offset menos agressivas ao meio ambiente. P. 10


GALERIA ink

EDUARDO SANCINETTI - série “Mar Morto” (para Jorge Amado) guache s/ papel | 59,4x42cm | 2012


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EDITORIAL

EDITORA ÍMÃ Editor e diretor responsável: Sandra Medeiros

BEM-VINDO!

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m tempos de repensar estrategicamente o design, a comunicação, a produção gráfica, e os processos de impressão, apresentamos a primeira edição da Revista Ink. O foco dessa revista é a inovação, dentro de uma visão criativa e sustentável, no que diz respeito à produção e utilização de tintas de impressão. Objetivamos apresentar conhecimentos que sejam de importância fundamental para a hora de planejar, desenvolver e gerenciar trabalhos na área. Além de mostrar novas tecnologias, serviços, produtos e processos para uma discussão do panorama atual e futuro da indústria gráfica brasileira e mundial.

Diretor Executivo: Luíza Nicodemos Diretor de Arte: Ricardo Capucho Designers: Bruno Babilon Maiara Madeira Nichole Oliveira Ricardo Capucho Pesquisa de Imagem: Nichole Oliveira Produtor Gráfico: Bruno Babilon Revisão: Maiara Madeira Distribuição: Cemuni IV www.cemuniiv.com.br Pré-impressão: NossaCasa Impressão: Unicopy

www.revistaink.com.br

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SUMÁRIO

Março de 2012 Edição 1 Tiragem 10 000 exemplares CAPA Ilustração 1a capa Simon Prades Ilustração 4a capa Natasha Durley

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PANORAMA BRASILEIRO Bahia lança em 2012 Fac-símile da primeira Revista brasileira.

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SUSTENTABILIDADE Benefícios ambientas com o uso de tintas a base de água.

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CAPA Panorama do crescente mercado das tintas “verdes”.

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NEGÓCIOS Efeitos da crise mundial no mercado gráfico do país.

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ESPECIAL Impressão em alta recupera as vendas. Com a expansão da indústria gráfica nacional, fornecedores de tintas de impressão comemoram crescimento nas demandas.

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ENTREVISTA

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PANORAMA BRASILEIRO

BAHIA LANÇA EM 2012 FAC-SÍMILE DA PRIMEIRA REVISTA BRASILEIRA Está previsto para o próximo ano o lançamento de edição fac-similar de As variedades ou Ensaios de Literatura, que circulou em 1812.

luva com fac-símile da revista de Silva Serva, acompanhada uma compilação de ensaios sobre esta primeira revista brasileira, editada pela Fundação Pedro Calmon

TEXTO: LUIS GUILHERME PONTES TAVARES

A

comemoração dos 200 anos do lançamento da primeira revista brasileira está marcada para 23 de janeiro de 2012 no Auditório Katia Mattoso da Biblioteca Pública do Estado da Bahia. Na ocasião será lançado o fac-símile da coleção de As variedades ou Ensaios de Literatura, cujos três únicos números, que circularam entre janeiro e março de 1812, foram impressos na tipografia de Manuel Antonio da Silva Serva, em Salvador, a primeira unidade da indústria gráfico-editorial privada brasileira. O fac-símile será acomodado num estojo ao lado de volumes contendo o texto atualizado da revista e de ensaios a respeito dela e de seu impressor. O evento foi programado pela Fundação Pedro Clamon, órgão da Secretaria da Cultura do governo baiano, em parceria com a Associação Bahiana de Imprensa, Empresa Gráfica da Bahia (que comemorará o primeiro centenário em 2015) e o Núcleo de Estudos da História dos Impressos da Bahia (Nehib). Estão sendo convidados três palestrantes para o lançamento: a professora Cybelle Moreira de Ipanema, secretária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB); o jornalista Leão Serva, diretor do Diário de São Paulo e descendente de Silva Serva; e o empresário Thomaz Souto Correa, vice -presidente do Conselho Editorial do Grupo Abril.

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Apenas três números O historiador Helio Viana dedicou o primeiro capítulo do seu clássico Contribuição à História da Imprensa Brasileira (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945) para afirmar o pioneirismo de As Variedades entre as revistas dos primórdios da imprensa brasileira. O autor preenche algumas páginas do ensaio com informações sobre o redator Diogo Soares da Silva de Bivar. A revista foi também estudada pelo bibliófilo Renato Berbert de Castro, que, em 1982, publicou o primeiro fac-símile dela no número 1 da série “Documentos e estudos de história e literatura da Bahia: inéditos e reimpressos”, do Arquivo Público do Estado da Bahia. O texto introdutório, de sua lavra, dialoga com o ensaio de Helio Vianna. As Variedades ou Ensaios de Literatura foi mais uma iniciativa audaciosa do empresário de origem portuguesa Manoel Antonio da Silva Serva. Em 14 de maio de 1811, ele lançara o primeiro jornal baiano e segundo impresso no País — Idade d’Ouro do Brazil —, patrocinado pelo conde dos Arcos, e >>


PANORAMA BRASILEIRO

enfrentava dificu1ra renovar assinaturas e vender exemplares avulsos. Silva Serva as encarava com vigor e criatividade: substituía importação ao fabricar em Salvador tipos móveis e prelos — pretendia fabricar papel a partir da polpa obtida com a folha de bananeira e formava quadros na sua tipografia, mas o reduzido mercado por causa do predomínio de analfabetos e a ausência de redatores não autorizava o novo produto que Silva Serva lançou em janeiro de 1812. A missão, digamos assim, de As Variedades ou Ensaios de Literatura era civilizatória. Tanto o prospecto que anunciava o seu lançamento como

DIOGO SOARES DA SILVA DE BIVAR Nao há uma data precisa da chegada acidental a Salvador do redator da revista As Variedades. Ele havia sido degredado de Portugal para Rios de Sena, em Moçambique, sob a acusação de ter apoiado os franceses quando da ocupação napoleônica de 1807, cuja consequência foi a transmigração da Corte portuguesa para o Brasil. Ficou preso no Forte de São Pedro até 1821, quando dom João VI restabeleceu-lhe a liberdade. Durante esse período colaborou com o seu texto nos impressos da Tipografia Serva. Constituiu Atabalipa Ximenes de Bivar e Velasco. Assim como há questões não respondidas sobre a história da primeira revista brasileira, há também questões não respondidas sobre Diogo de Bivar. Seu destino fora traçado em Portugal para acabar na África. No entanto, depois de cumprir “prisão” em Salvador, foi para o Rio de Janeiro como funcionário da Corte e experimentou o prestígio de ser o primeiro orador do Real Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e diretor do Real Conservatório Dramático. O que se lamenta é a ausência da biografia de Manoel Antonio da Silva Serva, o pioneiro da indústria gráfica privada brasileira.

a carta de princípios estampada no número 1 dão conta de que suas páginas seriam preenchidas por “reflexões profundas sobre os costumes e as virtudes sociais e morais, algumas novelas de escolhido gosto e moral, resumo de viagens, extratos da história antiga, pedaços de autores clássicos portugueses, quer em prosa, quer em verso, anedotas curiosas, tudo, em uma palavra, que pode compreender-se na expressão geral de Literatura, são os materiais de que o Redator se há de servir para esta compilação, que pelo correr do tempo se ampliará a alguns ramos dos conhecimentos científicos propriamente ditos”. Nos dias atuais seria uma revista de variedades e autoajuda. O primeiro número, datado de janeiro de 1812, saiu com 30 páginas. Circulou no início de fevereiro, mês em que a revista não ofereceu um novo número aos assinantes. Isso porque o redator caíra doente. Em março saiu, então, o número duplo — 2 e 3 — com 67 páginas e com esse a vida do periódico foi encerrada. Em 1814, Silva Serva comercializou num único volume os três números da revista, aproveitando os exemplares que sobraram de 1812. Imprimiu novo frontispício, exibindo assim, mais uma vez, seu tirocínio comercial e sua criatividade. É um dos volumes de 1814 que está sendo digitalizado e que será lançado em janeiro próximo.

Exemplar raro É provável que só tenha restado um único volume da coleção de As Variedades ou Ensaios de Literatura, daí a relevância do fac-símile que será lançado em 2012. Tanto Helio Vianna como Renato Berbert de Castro utilizaram-se deste que é, portanto, uma raridade: o volume que há alguns anos pertence à Fundação Clemente Mariani, entidade cultural ligada ao Banco da Bahia Investimentos, fora anteriormente do colecionador fluminense Francisco Marques dos Santos. Em 1949, após o volume ser submetido, no Rio de Janeiro, a ações restaurativas sob a responsabilidade do bibliófilo Tancredo de Barros Paiva, Marques dos Santos doou-o ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. O volume está em bom estado e a mancha gráfica permite usufruir de leitura agradável. *Jornalista e produtor editorial. É diretor cultural da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) para o biênio 2011-2012. É autor de Arthur Arezio da Fonseca (Salvador: Egbo, 2005). Recebeu da Abigraf/ ABTG, em 1991, o Prêmio Ignaz Johann Sessler.

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SUSTENTABILIDADE

ECOLÓGICA

O uso de tintas, vernizes ou adesivos à base de água pode trazer benefícios ambientais em relação aos insumos à base de solventes orgânicos. TEXTO: ELISA QUARTIM | ILUSTRACÃO: TIM LAHAN

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s produtos à base de água eliminam a necessidade do emprego de solventes para diluição e limpeza dos equipamentos, bem como a geração de solventes residuais e de resíduos com restos de solventes, além de eliminar as emissões atmosféricas de Compostos Orgânicos Voláteis. No entanto, as vantagens comparativas devem ser avaliadas caso a caso, o emprego de insumos à base de água pode requerer, por exemplo, sistemas de tratamento de efluentes líquidos. A redução do consumo de tintas pode começar com o designer, minimizando a cobertura de cores na embalagem e reduzindo o número de cores. A tinta existente hoje para substituir a de óleos minerais é a tinta a base de óleos vegetais como o milho ou o coco. Esse tipo de tinta atinge tanto as características técnicas necessárias para a impressão quanto as características de preservação do meio ambiente. Essa troca de tinta a base de

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óleo mineral pela tinta com base de óleo vegetal, pode reduzir o impacto de resíduos tóxicos, tanto sólidos como a emissão de gases que de 30% passa de 2 a 4%. Além dos substratos de impressão e dos insumos químicos, o processo gráfico utiliza outros materiais, como filmes, reveladores e fixadores para o processamento das imagens; solventes para a limpeza dos equipamentos; outros materiais diversos como, por exemplo, fita dupla face para colar a chapa flexográfica no cilindro porta-clichê. Cada um destes materiais têm impactos associados à sua fabricação. Cabe à gráfica otimizar seu consumo e valorizar a destinação dos seus resíduos, tanto em termos ambientais como econômicos.

Certificações A constante preocupação das gráficas com o meio ambiente e a grande

quantidade de impressos industrializados, faz com que essas operações evoluam para uma tecnologia cada vez mais correta. Para conseguir uma boa imagem no mercado, as gráficas estão adequando os seus processos, afim de que eles se enquadrem em políticas ambientais corretas e com isso sejam concedidas as certificações de preservação ambiental, comprovando a existência da preocupação e responsabilidade com o meio ambiente (vide tabela na página ao lado). A principal maneira que a indústria gráfica tem para reduzir os impactos associados à utilização de um substrato para impressão é a de reduzir suas perdas no processo. Outra maneira de redução é o usuário procurar se informar a respeito da origem das matérias-primas que garantem que os produtos provêm de bom manejo florestal e seguem critérios socioambientais de produção.


SUSTENTABILIDADE

As principais certificações são:

FSC Brasil

RoHS

ISO 14001

Organização não governamental, independente e sem fins lucrativos, cuja missão é difundir e facilitar o bom manejo das florestas conforme princípios e critérios que conciliam as salvaguardas ecológicas com os benefícios sociais e a viabilidade econômica.

RoHS são diretivas europeias que estabelecem procedimentos para que tanto as matérias-primas utilizadas no processo produtivo quanto os produtos finais estejam isentas ou em percentuais toleráveis de substâncias tóxicas como o cádmio, mercúrio e chumbo.

Sistema de gerenciamento ambiental que inclui a estrutura organizacional, o planejamento de atividades, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para o desenvolvimento, implementação, alcance, revisão e manutenção da política ambiental

Conselho Brasileiro de Manejo Florestal

Restrição de certas substâncias perigosas

Organização Internacional de Padronização

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CAPA

AUMENTA A OFERTA DE TINTAS “VERDES” Ainda estamos distantes do consumo de regiões como a América do Norte e Europa, mas a indústria aposta no rápido crescimento na demanda no Brasil por tintas offset menos agressivas ao meio ambiente. TEXTO: TÂNIA GALLUZZI | ILUSTRACÃO: KATIE SCOTT

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CAPA

H

á um movimento constante, sobretudo nas empresas que lideram ou pretendem liderar seus mercados para que seus esforços de inovação, pesquisa e desenvolvimento sejam norteados pelo tripé da sustentabilidade. Em muitos casos, essa trilha já ultrapassou a geração de produtos ambientalmente menos agressivos. Os processos produtivos estão sendo reavaliados, caminhando para o que o físico e escritor austríaco Fritjof Capra chama de bom crescimento. Difusor da educação ecológica, ele acredita que o bom crescimento está relacionado com a processos de produção e serviços mais eficientes, com energias renováveis, emissões zero, reciclagem contínua de recursos naturais e restauração dos ecossistemas terrestres. Na indústria gráfica, essa experiência tem muitas vertentes e uma delas é o uso de insumos “verdes”, assim classificados por causarem menor impacto ao meio ambiente. Na lista de matérias-primas utilizadas pelo setor, um item que vem avançando nessa seara é a tinta de impressão, impulsionada pelos progressos da indústria química. A tinta para impressão offset em máquinas planas ou rotativas normalmente é composta de quatro partes: resina, parte não volátil que serve para aglomerar as partículas de pigmento e é responsável pe1a transformação do produto do estado líquido para o sólido finamente dividido e insolúvel, utilizado para dar cor, opacidade e outros efeitos; solvente, líquido volátil empregado na diluição da tinta; e aditivo que proporcionam características especiais às tintas, além de auxiliar na secagem.

Mineral x vegetal A princípio, tudo que não tem como origem fontes renováveis está atacando o meio ambiente e um dos elementos que está nessa lista, entre os que compõe uma tinta; é o óleo

mineral, empregado como solvente. Além de vir de uma fonte não renovável, o petróleo, o óleo mineral libera no processo de secagem os compostos orgânicos voláteis, o famigerado VOC, que podem não só prejudicar a saúde humana como contribuir para a deterioração da camada de ozônio.

“A nova tecnologia de tinta de baixo VOC não se limita simplesmente a substituição de óleo mineral por óleos de soja. Existe toda uma gama de novos insumos, como resinas, secantes e aditivos, que permitiram à Printcor aprimorar a formulação.” Marco Zorzetto, gerente industrial da Printcor

“A presença de elementos de fontes renováveis também colabora para facilitar a reciclagem ou a compostagem do produto final.”

Cristina Barros, gerente de marketing da Sun Chemical Há mais de 40 anos, os fabricantes de tinta de impressão vêm procurando substituir o óleo mineral pelo óleo vegetal. A linhaça é uma fonte muito utilizada, assim como a soja, que ganha cada vez mais espaço. O VOC pode estar presente em outros elementos de uma tinta. A maior pressão para que ele seja eliminado é exercida pelo convertedores de embalagem, especialmente em resposta a indústria alimentícia, preocupada com possíveis contaminações e com a migração de odores residuais. Uma das primeiras industrias de tintas gráficas a investir no óleo de soja e em amidos naturais na formulação de tintas para impressão offset plana foi a Sun Chemical. Segundo informações da companhia, mais de 80% dos componentes das tintas para impressão plana que fabrica são derivados de fontes renováveis. Para im-

pressão rotativa, a Sun Chemical aumentou a utilização do óleo de soja e outros biocomponentes em produtos voltados para a produção de revistas e jornais. As tintas para impressão rotativas coldset são fabricadas utilizando óleos minerais com alta temperatura de ebulição e, por essa razão, com baixa emissão de VOC.

“Hoje, produzimos mensalmente mais de 100 toneladas de produtos com essa concepção e acreditamos que em pouco tempo as tintas à base de óleos vegetais serão a maioria nas gráficas” Sandro Garbim, diretor técnico da Premiata

Nessa linha seguem as tintas Sunlit Diamond e Sunlit Exact PSO para o processo offset plano, que serão apresentadas na ExpoPrint 2010. A presença de elementos de fontes renováveis também colabora para facilitar a reciclagem ou compostagem do produto final. O desempenho dessas duas linhas é o mesmo das tintas convencionais, acrescido de melhor qualidade final no impresso e melhor performance na máquina em função da estabilidade entre água e tinta. O impressor, contudo, deve estar atento ao fato de que, com essas tintas, trabalha-se com menos água. Outros fabricantes, como a Printcor, destacam o fato de que, afora o apelo ecológico, as tintas com baixo conteúdo de compostos orgânicos voláteis e metais pesados, apresentam vantagens no processo de impressão. A empresa desenvolve tintas menos agressivas ao meio ambiente desde o ano 2000 e quem responde por essa proposta para o segmento offset é a linha Print Free, também novidade para a feira. Em três versões, o produto atende aos segmentos de embalagens (cartão), promocional (papel couché fosco e brilhante) e he- >>

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CAPA

atset (papel couché, papel reciclado, LWC e papel offset). “A nova tecnologia de tinta de baixo VOC não se limita simplesmente à substituição de óleo minerail por óleos de soja. Existe toda uma gama de novos insumos, como resinas, secantes e aditivos, que permitiram à Printcor aprimorar a formulação, oferecendo tintas de alta cura, brilho e menor ganho de ponto”, afirma Marco Zorzetto, gerente industrial. A linha Print Free chega ao mercado com um preço 5 a 10% superior as demais linhas para a mesma finalidade. Mas, de acordo com Marco Zorzetto, há uma tendência de queda num curto espaço de tempo. Em patamar semelhante, de 10 a 20% mais caras que as convencionais, ficam as novas tintas “verdes” da Premiata. Na verdade, trata-se de desdobramentos de uma escala lançada em 2004, a Bio Reverse, tinta offset para papéis revestidos ou não. O diferencial, mais uma vez, é o uso de matérias-primas de fontes renováveis (entenda óleos vegetais). Na ExpoPrint, a Premiata mostrará a família ISO Bio Reverse, desenvolvida especialmente para atender às normas ISO 2846-1 e ABNT NBR NM-ISO 12647-2. “Em algumas formulações, a porcentagem de óleo de soja pode superar os 35%”, diz Sandro Garbim, diretor técnico. Assim como em tantos outros segmentos da economia, os fornecedores comentam que a demanda por produtos ambientalmente mais amigáveis ainda é maior em países de alto nível de desenvolvimento econômico e social, até mesmo em função de leis ambientais mais rígidas. A substituição de tintas com base mineral para as de base vegetal foi iniciada há bastante tempo nessas regiões e hoje a proporção de tintas minerais é bem inferior ás ecológicas, cenário oposto ao que ocorre aqui. O diretor da Premiata comenta que, no plano das

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tintas gráficas, a Europa, com destaque para a Alemanha, está na dianteira, mas que a procura no Brasil está crescendo ano após ano. “Hoje, produzimos mensalmente mais de 100 toneladas de produtos com essa concepção e acreditamos que em pouco tempo as tintas à base de óleos vegetais serão a maioria nas gráficas impulsionadas pelas exigências de seus clientes”. A Premiata já pesquisa uma linha totalmente isenta de óleos minerais e com alto percentual de compostos de fontes renováveis. A Cromos, que realiza pesquisa na área de produtos menos nocivos ao meio ambiente há mais de 20 anos, está igualmente otimista quanto ao potencial do mercado nacional. “Grandes gráficas e editoras de porte estão migrando para formulações menos agressivas. As companhias estão utilizando esse argumento para se consolidarem no universo do crescimento sustentável. Podemos estimar, que hoje nas empresas de referência aproximadamente 50% das tintas utilizadas em seus trabalhos sigam nessa linha, com um aumento crescente a cada dia”, afirma Daniela Silva, supervisora de marketing.

Ganhos na cadeia produtiva A contribuição que a indústria de tintas gráficas pode dar a questão da sustentabilidade vai muito além da substituição de itens em suas formulações. Essa é a bandeira levantada por dois fornecedores, a Hostmann-Steinberg Brasil, que faz parte do conglomerado de origem alemã Hubergroup, e a Overlake, especializada em vernizes gráficos. Eles tem em comum a certificação ISO 14000, conjuntos de normas que estabelece diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro das empresas. De acordo com Marcos Bastolla, gerente técnico da Hostmann-Steinberg Brasil, o uso de óleos ve-

getais nas formulações das tintas representa uma pequena parte da preocupação do Hubergroup com a cadeia produtiva e o meio ambiente.

“Podemos estimar que hoje nas empresas de referência aproximadamente 50% das tintas utilizadas em seus trabalhos sigam nessa linha.” Daniela Silva, supervisora de marketing da Cromos

“A base das primeiras formulações de tintas gráficas sempre foram os óleos vegetais. A tinta utilizada por Gutenberg para imprimir sua Bíblia tinha sua fórmula baseada 100% em óleos vegetais.” Marcos Bastolla, gerente técnico da Hostmann-Steinberg Brasil

“A base das primeiras formulações de antigas gráficas sempre foram os óleos vegetais. A tinta utilizada por Gutemberg para imprimir sua Bíblia tinha sua fórmula baseada 100% em óleos vegetais. O que ocorre é que, por interesses comerciais e de forma equivocada, uma tinta formulada com óleo de soja, mesmo que parcialmente, passou a ser considerada mais ecológica”. Ele admite, porém, que em alguns mercados específicos, como o de tintas para impressão de jornais, a ampliação do uso de óleo de soja foi um passo positivo para a redução do volume de óleos minerais (não renováveis). “O uso de óleo de soja, assim como o de outros vegetais, é um conceito já utilizado há décadas pelo Hubergroup e nossas linhas Mineral Oil Free são comercializadas no Brasil desde o início de nossas atividades”. Para o técnico, a principal diferença de uma tinta ecologicamente correta é o impacto ambiental de seu processo produtivo. A utilização de


CAPA

“Falamos do produto em si, mas a embalagem da tinta, por exemplo, também é muito importante do ponto de vista ecológico.”

Francisco Veloso, diretor da Overlake matérias-primas renováveis é uma das características que ajuda a classificar um produto como ecológico, contudo não é a única. Ele alerta para o fato de que fábricas que não coletam de maneira adequada seus resíduos serão infinitamente menos ecológicas que uma indústria que utilize somente óleo mineral na fabricação de seus produtos. “A quantidade de óleo presente em uma tinta de impressão para o processo offset plano oscila entre 10 e 45%, sendo que se pode utilizar somente óleos vegetais ou um blend. Mesmo assim, toda a indústria mundial de tintas gráficas, incluindo heatset e coldset, que são volumes muito maiores, utiliza aproximadamente 0,02% da produção mundial de óleos minerais, o que derruba a teoria de que a utilização desses óleos prejudica o meio ambiente ou incentiva a extração desse produto”. A Hostmann segue pesquisando para melhorar a performance pro-

dutiva de seus produtos. A empresa, segundo Marcos Bastolla, é a única no mercado nacional que eliminou algumas etapas do processo produtivo de pigmentos e de tintas. “Nossa produção utiliza até 60% menos energia. Isso porque não usamos o processo de secagem do pigmento após a sua obtenção.” Em uníssono, Francisco Veloso, diretor da Overlake, diz que é preciso ampliar a discussão, analisando a cadeia produtiva como um todo. “Falamos do produto em si, mas a embalagem da tinta, por exemplo, também é muito importante do ponto de vista ecológico”. A Overlake já instalou em três clientes um sistema automático de alimentação através de tanques [, que são abastecidos diretamente pelos veículos de transporte da Overlake, eliminando as embalagens. A empresa usa ainda contêineres de papelão tanto para exportação quanto para clientes internos.

Mas o uso de compostos de fontes renováveis de matéria-prima também chegou aos vernizes da Overlake. Na ExpoPrint, a empresa mostrará três novos vernizes offset, sendo um UV e dois à base d’água. Direcionado, sobretudo, ao segmento de embalagem, o novo verniz UV tem em sua formulação componentes à base de óleo de soja. Também para o mercado de embalagens, um dos novos vernizes à base de água incorpora elementos advindos de fontes renováveis de matéria-prima, substituindo derivados de petróleo. Apresentando toque aveludado e acabamento fosco, o novo verniz à base de água soft touch pode ser uma alternativa ambientalmente correta e mais econômica à tradicional aplicação de filmes plásticos, como o BOPP. Em tempo: tanto a Premiata quanto a Printcor, que já possui a certificação ISO 9001, estão em fase de implantação da ISO 14000.

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NEGÓCIOS

NAVEGANDO NAS ONDAS TEXTO: ADA CAPERUTO | ILUSTRAÇÃO: ANDREW GROVES

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ão é possível definir como “furacão’ ou “marolinha” a verdadeira convulsão financeira que atingiu o mundo a partir do último quadrimestre de 2008. Forte ou fraca, é certo que a ventania deste clima atípico na economia atingiu as empresas gráficas de pequeno e médio porte em diferentes intensidades: intensa para alguns, branda para outros. A crise está ai. Amplamente anunciada pela imprensa desde seu início, quando o mercado imobiliário dos Estados Unidos serviu de estopim para uma bomba de proporções mundiais, no início do último semestre do ano que passou. O Brasil, apesar das afirmações oficiais de que, por aqui, os efeitos seriam brandos, não ficou de fora dos reflexos que, de um modo geral, trouxeram retração a todos os setores e atividades econômicas. A verdade é que as grandes empresas são as mais atingidas pelas mudanças no merca do internacional. No entanto, desde o início deste ano, os pequenos negócios, focados no mercado interno, estão ameaçados pelo efeito dominó que tende a afetar todos os elos da cadeia produtiva. As pequenas e médias empresas (PME) também sentem os efeitos da desaceleração econômica, como a diminuição da demanda, do faturamento e da oferta de crédito. Para avaliar as dimensões desta situação, em março último o Sebrae Nacional elaborou a sondagem “Ponto de Vista dos Pequenos Negócios”, divulgada pela Agência Sebrae de Notícias. A pesquisa, que entrevistou

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2.937 empresários de todos os setores, em 26 estados do País e do Distrito Federal, trata dos reflexos da crise nas PME. Apesar de 63% dos empresários afirmarem que foram afetados pela crise, 69% dos entrevistados não demitiram funcionários e outros 65% disseram que não houve necessidade de recorrer ao dinheiro dos bancos.

Cintos apertados É certo que as agruras econômicas não são novidade para os brasileiros, muito menos para o setor gráfico. Alguns destes momentos foram marcantes a partir da década de 1980 — a chamada década perdida —, estendendo-se até a virada para o século XXI. Com uma história de 40 anos no mercado de impressos, a Gráfica Fox, de Belo Horizonte (MG), tem forte atuação no setor comercial e nove funcionários. Como uma das crises mais sérias que viveu, o diretor Flávio Ferreira de Souza cita o período de altas frequentes da inflação e os congelamentos do Plano Cruzado, no governo de José Sarney, em 1986. “Não podíamos manter um orçamento por mais de 24 horas, o que gerava um grande desgaste nas negociações”, lembra o executivo. O plano econômico do governo Fernando Collor de Mello, em 1990, foi o pior momento para a Gráfica Comunicare, de Curitiba (PR), empresa de porte médio, do ramo editorial, com 30 anos de existência e 63 funcionários, O diretor Raphael Manzoni conta que, graças ao “confisco” dos Cruzados Novos, em 1990,

perdeu o capital para pagar a liberação de uma máquina importada, presa na alfândega. Para o diretor da Grafiset Gráfica, Lourival Lopes dos Reis, não foram os planos econômicos, mas o desabastecimento de papel no mercado interno, em 1978, a causa do pior momento na história de 35 anos da gráfica de 10 funcionários, instalada em Porto Alegre (Rs) e especializada nos segmento comercial e promocional. No entanto, o sufoco do passado não chega nem perto da dificuldade atual para a Gráfica Comercial, de São José dos Campos, no Estado de São Paulo, que conta com 6 funcionários. “Todos esses momentos foram complexos, porém, se de alguma forma pudéssemos agrupá-los, não teriam as consequências que a atual crise trouxe, uma situação sem precedentes”, diz Edilson Biondi, gerente de negócios da empresa fundada há 30 anos, com atuação no segmento comercial. A Gráfica Rio Mulato sobrevive há 20 anos às agruras e intempéries econômicas, mas está em situação peculiar. Localizada em Regeneração, interior do Piauí, com 6 funcionários, seus clientes são pequenos estabelecimentos comerciais e profissionais autônomos de municípios >>


NEGÓCIOS

DA CRISE MUNDIAL circunvizinhos. Segundo a diretora Nileide B. Silva, a gráfica sofre não apenas com um desequilíbrio na demanda, como também com as dificuldades geográficas e com a burocracia para obtenção de crédito. “O que assusta é a expectativa da crise. É como se fosse uma cortina e não sabemos o que está por trás”.

Efeitos e reações De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade e do Dieese, 221 mil postos de trabalho foram fechados em janeiro de 2009, em seis capitais e no Distrito Federal. Apesar de especialistas afirmarem que as demissões em decorrência da crise estejam atingindo muito mais as grandes empresas, a pesquisa revela Outro aspecto: do total de 127 mil trabalhadores demitidos, 96 mil não tinham carteira assinada – um modelo de trabalho geralmente adotado pelas empresas menores. É o caso da Gráfica e Editora Contexto, de Olinda (PE), que reduziu o quadro em mais de 50%. Com 23 anos de mercado, atuando no ramo promocional, a empresa tem hoje 12 funcionários — mas já foram 28. O monstro por detrás da cortina dá o ar da graça no levantamento do Sebrae Nacional, que aponta que cerca cio 70% das PME tiveram retração nas vendas a partir de setembro de 2008. Mais de 55% delas viram reduzir-se o número de clientes; outros 30% demitiram funcionários, enquanto o nível de investimento previsto caiu para 60% das empresas consultadas.

Flávio de Souza, da gráfica Fox, diz que sentiu, de fato, queda no faturamento mensal. Na Gráfica e Editora Contexto a crise está em seu ápice, com a diminuição drástica das encomendas. Pior para a Comunicare, que teve seus planos de expansão interrompidos quando reduziu-se o volume de orçamentos e, consequentemente, de pedidos. A diretora da Gráfica Rio Mulato revela que, no seu caso, preços e prazos de fornecedores se mantiveram praticamente inalterados. Mas Nileide explica que deu sorte, pois tinha um fôlego provocado por uma demanda inesperada de clientes. Há cerca de oito anos, muitos trabalhadores autônomos passaram a atuar na formalidade, gerando pedidos de impressos diversos. “Foi isso o que nos deu tranquilidade para atravessar os últimos seis meses, em que vem ocorrendo uma diminuição das compras”. Para tentar reverter a situação, a Contexto reviu custos e o departamento comercial tratou de adotar uma postura ainda mais ativa. “Melhoramos nossa gestão, nos aproximamos dos clientes e adiamos investimentos”, sintetiza Eduardo Mota, embora afirme que, por outro lado, acelerou sua entrada na impressão digital. Estratégico! Os funcionários têm contado ainda mais pontos positivos neste momento. “Em todas as situações de crise, meu investimento sempre foi no pessoal, e agora contratei uma pessoa de vendas para fazer contatos nas cidades vizinhas”, diz a diretora

da Rio Mulato. “Eles estão integrados ao processo e são consultados sobre cada assunto”, acrescenta. No balanço final, o clima nas PMEs é de otimismo. Ao menos é o que aponta a pesquisa do Sebrae Nacional. Mais de 68% dos empresários acreditam no aumento do número de clientes neste ano e 49% deles disseram que devem aumentar o investimento próprio no negócio. “Esta situação é momentânea. O País sairá fortalecido com a abertura de novos mercados consumidores”, observa Flávio de Souza, da Fox. O diretor da Contexto dá prazo e diz que a reação deverá começar no último trimestre do ano. Na Comunicare, a reação já se mostra concretamente com a entrada no segmento de impressão digital e a abertura de dois pontos de varejo, no nicho de gráfica rápida, além da prospecção de um terceiro estabelecimento. Enfim, para sobreviver à turbulência, os especialistas dão uma lição de casa que os empresários do setor gráfico já sabem e cumprem direitinho: rever estratégias de gestão, reduzir desperdícios, eliminar estoques desnecessários, adaptar produtos e estar atento ao mercado interno. Mais do que o empenho destes empreendedores, o setor público tem sua parte a cumprir. Além da pesquisa, o Sebrae assina uma receita de medidas anti-crise, que inclui a desoneração de impostos, a adoção de políticas monetárias de crédito e fiscais, os programas de criação direta de emprego, subsídios ao emprego, a capacitação da mão-de-obra e o microcrédito.

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Cena do vĂ­deo PacĂ­fic Light, do designer russo Ruslan Khasanov.


ESPECIAL

TINTAS GRÁFICAS

Impressão em alta recupera as vendas. Com a expansão da indústria gráfica nacional, fornecedores de tintas de impressão comemoram crescimento nas demandas. TEXTO: ROSE DE MORAIS

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elatório preliminar de desempenho divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) aponta expansão de 10% e um faturamento global superior a US$ 5 bilhões em 2004, contra os US$ 4,5 bilhões alcançados em 2003. Embora não sejam resultados definitivos, o último saldo anual da balança comercial também foi bastante favorável aos produtos gráficos brasileiros com superávit de US$ 100,7 milhões, contra os US$ 72,8 milhões de 2003, um aumento de 38,7%. As exportações cresceram 2,65%, totalizando US$ 204,43 milhões, e as importações registraram queda de 6,79%, ao somar US$ 103,7 milhões. Tais avaliações feitas pela Abigraf levaram em conta o consumo aparente de papéis e tintas de uso setorial, onde o crescimento em 2004 foi estimado em torno de 8%. Se as margens de lucro subtraídas nos últimos anos ainda não puderam ser recuperadas, restou a possibilidade de recuperar vendas. Como grande importador de matérias-primas, como pigmentos, óleos minerais, vegetais, ceras e resinas, o setor de tintas também se viu favorecido pelo câmbio e pela condição declinante do dólar, podendo contabilizar menores custos de produção. No entanto, para expandir e até mesmo assegurar participações no mercado interno, e projetar-se de maneira agressiva nas exportações, o setor tem modernizado fábricas, oferecendo novas ofertas em produtos. Aquosa para rotogravura – Com mais de 60 anos de atuação, a Cromos, com fábrica no Rio

de Janeiro, inova a oferta de produtos para o segmento de rotogravura de alta tiragem, lançando em meados de 2005 a linha de tintas aquosas, como alternativa de substituição para as tintas à base de solventes orgânicos. A liberação da nova linha aos mercados de rótulos, etiquetas e embalagens só será possível graças a inúmeros testes complexos de impressão, envolvendo as etapas de gravação de cilindros e secagem por evaporação nas estufas. O fornecimento inicial deve ser para impressões em papel ou cartões, empregados na fabricação de carteiras e envoltórios para a indústria de cigarros. Ao conceber a novidade, a empresa levou em conta não só a evolução do mercado de tintas gráficas, que vem adquirindo equipamentos mais velozes, como também as demandas ambientais das empresas, por produtos menos agressivos. “Hoje não mais se admitem tintas gráficas formuladas com metais pesados ou com fortes odores e, por isso, a busca de fontes e fornecedores de matérias-primas tornou-se incessante para melhorar a competitividade dos nossos produtos”, acrescentou Gero. Há décadas produzindo tintas para rotogravura à base de nitrocelulose, com especialização no fornecimento para o mercado de embalagens para cigarros, em parceria de longa data com a Philip Morris, a empresa teve agora a oportunidade de desenvolver as primeiras aplicações de tintas aquosas para a aplicação. E, além desta, também se prepara >>

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Cena do vídeo Pacífic Light, do designer russo Ruslan Khasanov.

para lançar nova linha para off-set, com cura UV e secagem instantânea. Com essas características, há mais de 20 anos já são produzidas várias linhas de produtos, cujas vendas não decolaram na proporção esperada em razão dos custos e de dificuldades operacionais encontradas pelas gráficas. “Planejamos, agora, produzir com novas matérias-primas, e vamos promover reduções de custo, tornando os produtos mais atraentes sem perdas de produtividade comuns a esse tipo de impressão, sobretudo na produção de formulários contínuos em sistemas rotativos”, afirmou o diretor. Com participação em torno de 35% no mercado de tintas off-set, estimado em 500 toneladas/ mês, a Cromos também se destaca no fornecimento de tintas off-setsheet fed, para impressão de formulários contínuos, folhetos, materiais promocionais, obras didáticas e embalagens em geral. Também produz tintas off-set com cura UV, para papéis e plásticos, neste último caso envolvendo a fabricação de cartões de crédito e telefônicos. Seu alto conceito, porém, se estende ao segmento de tintas metalgráficas com cura térmica ou UV, empregadas em latas compostas de três peças (three-piece), envolvendo tampa, corpo da lata e fundo, para o mercado de óleos e solventes. Outro foco é em tintas com cura térmica para latas two -piece, providas de tampa e corpo repuxados, em alumínio ou aço, utilizadas para acondicionar refrigerantes e cervejas, onde a Cromos detém posição confortável de fornecedora exclusiva, mantendo-se na liderança. “Em 2005, vamos nos dedicar mais ao mercado de tintas flexográficas para substratos flexíveis”, antecipou seu diretor. Responsável pelo desenvol-

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O SETOR DE TINTAS PARA IMPRESSÃO INGRESSOU CONFIANTE EM 2005 E NÃO SEM MOTIVOS, POIS A INDÚSTRIA GRÁFICA CONSEGUIU RETOMAR O RITMO DE CRESCIMENTO NO ANO PASSADO. vimento das primeiras tintas flexográficas aquosas, formuladas ainda na década de 70, a Cromos ganhou mercados nos segmentos do papelão ondulado e sacos multifolhados, mas pretende agora centrar o foco em flexíveis. “A flexografia, especialmente para substratos flexíveis, é o segmento que mais cresce no mundo e no Brasil, e terá grande desenvolvimento nos próximos anos, principalmente em virtude das exportações de alimentos, um mercado em franca expansão no Brasil e de grande exigência quanto à especialização de seus fornecedores”, comentou Gero. Afora a flexografia, a consagrada impressão por off-set, disseminada nos segmentos editorial, promocional e de embalagens, também deverá continuar rendendo bons dividendos. A empresa renovou acordo comercial com a americana INX International, do grupo japonês Sakata, para a venda no Brasil de tintas gráficas especiais destinadas às impressões em máquinas rotativas do tipo “HS”, com capacidade para grandes volumes. >>


Levando também em conta as necessidades das máquinas off-set planas, a empresa desenvolveu tintas para aplicações em papéis revestidos e não -revestidos com brilho e alta resistência ao atrito, que não secam na rolagem em períodos até 24 horas. Para papéis de secagem mais lenta, como os cuchês foscos e os off-set, outro desenvolvimento também contemplou secagens mais rápidas. Para impressões de alto brilho e rápida secagem, são oferecidas tintas off-set especiais, indicadas para impressoras com reversão 4/4 e 5/5, com velocidade de impressão de mais de 15 mil bases/hora, incluindo produtos para máquinas com impressão simultânea, abrangendo frente e verso impressos em quatro cores em cada lado. Na próxima temporada, também impera na Cromos a certeza de retomar a fabricação de vernizes à base d’água e com cura UV, além de aumentar as vendas aos mercados de embalagens para alimentos e brinquedos que, há mais de 20 anos, já vem utilizando tintas off-set de baixa toxidez, fabricadas pela empresa com teores controlados de metais, como antimônio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio e selênio.

Cena do vídeo Pacífic Light, do designer russo Ruslan Khasanov.

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ENTREVISTA

JOÃO CARLOS

Há 15 anos no mercado gráfico capixaba, fala sobre sua experiência com produção de tintas especiais. TEXTO: TÂNIA GALLUZZI | ILUSTRACÃO: KATIE SCOTT

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oão Carlos é proprietário da pequena empresa Cor e Cores, fabricante de tinta pantone para impressão offset. João recebeu a equipe de Ink em seu ateliê que tem sede em sua residência em Vila Velha e nos concedeu uma entrevista a respeito de seu trabalho e do mercado gráfico estadual. Confira a entrevista a seguir. Revista Ink Há quanto tempo você está no mercado gráfico? João Carlos Em torno de 25 anos.

Foto: Maiara Madeira

RI E trabalhando especificamente com Pantone? JC Trabalhando com Pantone na minha própria casa, já tem faz uns 2 anos já. RI O que o levou a trabalhar por conta própria com tintas especiais? JC A dificuldade financeira mesmo, pois trabalhei durante 15 anos dentro de uma gráfica, que repentinamente entrou em falência. Por causa da dificuldade em conseguir outro emprego, resolvi então montar meu próprio negócio. RI E atualmente você trabalha para as gráficas? JC Sim, meu trabalho hoje é fornecer tinta pantone para as gráficas. Quando os clientes das gráficas solicitam paras os seus trabalhos, tintas especifícas da escala pantone, as gráficas entram em contato comigo e solicitam a quantidade de tinta pantone a ser produzida para aquele trabalho.

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ENTREVISTA

RI Como funciona o laboratório que você montou em sua residência? JC O meu trabalho funciona através de pedidos. Tenho em casa dezesseis tintas-base, cada uma com seu respectivo valor de preço RI Com quais tipos de tinta você trabalha? JC Somente Offset, todas as tintas-base são offset. RI Você precisou se qualificar com algum curso para exercer esse trabalho? JC Utilizei minha experiência de anos de trabalho em gráficas e fiz alguns treinamentos em São Paulo para complementar meus conhecimentos.

Foto: Maiara Madeira

RI Você tem algum curso superior ou formação? JC Meu conhecimento quanto a conhecimentos de produção gráfica é todo na base da coragem mesmo, tenho cursos profissionalizantes, porém nenhum a ver com a área.

RI Você presta serviço somente para as gráficas ou para qualquer um que queira encomendar a tinta? JC Qualquer um que desejar encomendar tinta pantone.

RI O processo de preparação das tintas te oferece algum risco à saúde? JC Não.

RI Qual a quantidade mínima e máxima de tinta que você produz? JC A mínima é um quilo, menos que isso o custo não vale a pena. E a máxima que eu já produzi foram dez quilos.

RI Existem cuidados básicos para manipular os materiais e as tintas? JC Sim, não se pode ter contato direto diariamente com as tintas, a não ser pequenos sujos decorrentes do próprio processo de produção. RI A que tipos de tipos de impressão se destinam as tintas que você manipula? JC Normalmente para impressão de cartões de visita, folders ou qualquer outro trabalho feito em offset. RI Existem cuidados que devem ser tomados no que diz respeito a questões socioambientais, como o descarte de materiais? JC Sim, não se pode descartar os materiais utilizados para a produção das tintas em lixo comum. Eu levo os resíduos para a gráfica que contratou a produção, e ela mesma se responsabiliza pelo descarte. Geralmente, as gráficas grandes possuem contrato com empresas específicas que prestam o serviço do descarte adequado.

RI Você atende somente em Vitória ou em outras cidades também? JC Atendo toda a Grande Vitória. Ainda não fiz serviços para cidades do interior do estado ou fora do estado. RI A seu ver, como está o mercado de tintas especiais e o mercado gráfico do estado? JC Infelizmente ainda há pouca abertura para pequenos empresários, apesar de eu prestar serviços para grandes gráficas, como a GSA por exemplo, a maioria prefere optar por comprar tintas de grandes fábricas de fora do estado.

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GALERIA ink

EDUARDO SANCINETTI - série “Mar Morto” (para Jorge Amado) guache s/ papel | 59,4x42cm | 2012



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