Floripa é

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FLORIANÓPOLIS

343 anos

Floripa

é nº 5 • Março 2016

PATRIMÔNIO O MERCADO PÚBLICO ESTá DE VOLTA E PRONTO PARA CONQUISTAR MORADORES E VISITANTES

ARTE Museus se renovam, ganham programação internacional e prometem encantar público e crítica

A magia da ilha

ENTREVISTA Prefeito Cesar Souza Junior comemora avanços nas áreas sociais e em mobilidade urbana

Nem só de belezas naturais vive uma Florianópolis que não para de atrair novos negócios e pessoas e está se firmando como referência em educação e saúde e turismo de eventos


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Nada como morar em FloriaNópolis. aiNda mais Num eNdereço como este. Parabéns, FlorianóPolis! uma cidade única.

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ÍNDICE Entrevista

MELHOR DO QUE A MÉDIA NACIONAL

Educação

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as universidades que nos orgulham 16 língua portuguesa e cultura geral para estrangeiros estudante de tecnologia é a melhor do país

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FUNDADOR e Presidente Emérito

Mário J. Gonzaga Petrelli

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Grupo RIC SC

alunos se tornam investidores 28

Saúde

presidente-Executivo

saúde de verdade e referência nacional

Marcello Corrêa Petrelli

30

Diretor Administrativo e Financeiro

onde o câncer em criança está sendo vencido 31 hospital busca maior relação com pacientes

Albertino Zamarco Jr. Diretor Superintendente

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Reynaldo Ramos Diretor de Planejamento e Estratégia

Urbe

34 novo comércio bem além do centro 38 rua bocaiuva vai ficar mais moderna

Meio Ambiente

Roberto Bertolin

CAPA

paixão pelo curió desafia o tempo 54

58

Comportamento

3

Revista FLORIPA É Gerente Comercial Lauro Cordeiro Editor-executivo

Marcos Horostecki

magia por toda parte

REPORTAGEM

62 nosso senhor dos passos 65 Esporte

de volta ao coração do ilhéu e do turista 1

Luis Meneghim Diretor Regional Florianópolis

44

aqui se vive da água e do mar 48

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Diretor de Conteúdo

hipismo amplia opções de lazer na sc-401 40

orquidário preserva patrimônio natural de santa catarina

ESPECIAL

Derly Massaud de Anunciação

Aline Torres, Geraldo De Césaro e Ludmila Souza fotografia

Elton Damásio

70 vela é a maior formadora de novos campeões 71 Cultura capital dos grandes eventos 75 o novo reduto das artes 78

onde o esporte encontra a beleza e a natureza

Gastronomia

Tereza Damásio Diagramação e arte final

Thiago Jacques e Gustavo Souza Distribuição

RIC Editora IMPRESSÃO

Coan Gráfica www.ricmais.com.br/sc/revistafloripae

a revolução começa na padaria

82

a comida de rua de cara nova por aqui 86

Grupo RIC

Avenida do Antão, 1857 Altos do Morro da Cruz – Centro CEP 88025-150 – Florianópolis/SC (48) 3251 1440

um movimento que incentiva novas atitudes 90 a sua revista de todos os dias 92

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EDITORIAL Floripa recebe mais que os nossos parabéns. Recebe um patrimônio de volta.

Florianópolis

é uma cidade cada dia mais moderna Capaz de atrair novos moradores e visitantes todos os dias, Florianópolis está evoluindo para atender não apenas aqueles que a escolheram para morar, mas também seus filhos nativos e todos aqueles interessados em criar raízes e investir em novos negócios na Capital de todos os catarinenses. A nossa cidade não para de crescer e impressionar, orgulhando a todos nós. Já se foi o tempo em que era preciso deixar a cidade para conseguir um bom atendimento na área da saúde. E os nossos jovens encontram aqui as melhores opções em ensino universitário. Para o lazer e para o comércio, novas opções estão se consolidando bem além da região central, como a avenida Madre Benvenuta e a SC-401. Essa nova Edição de Floripa É mostra os investimentos e quem são os responsáveis por algumas dessas mudanças. Comemoramos o aniversário da nossa cidade festejando a volta do nosso Mercado Público e prevendo novas obras em favor da preservação de nossa história, monumentos e estilo de vida. Enaltecemos os esportes náuticos, típicos de quem vive em uma ilha repleta de belezas naturais. E relembramos toda uma magia, que é como uma liga que une a todos nós. Mostramos uma cidade cada dia mais moderna, que nos oferece opções de gastronomia e lazer comparáveis às das grandes metrópoles do mundo e que transformou o entretenimento numa verdadeira indústria, capaz de atrair mais e mais investimentos e de promover ainda mais a nossa Capital nos quatro canto do País e no Exterior. Florianópolis é assim. Moderna e instigante e ao mesmo tempo tradicional. Lugar onde o pescador ainda lança

A Praça Getúlio Vargas, a popular Praça dos Bombeiros, completamente revitalizada é o presente que a WOA está entregando para Florianópolis. Um patrimônio da cidade que volta a fazer parte da vida

tranquilamente a sua rede, todos os dias, em busca de seu sustento. Onde o mar nos oferece frutos exóticos que são

de todos que amam viver aqui.

nossa marca registrada, como as ostras, por exemplo. E onde podemos encontrar a beleza nas coisas simples, como

Parabéns Floripa

numa flor ou na arquitetura construída há mais de dois séculos, que mesmo para aquele visitante mais assíduo, ainda

pelos seus 343 anos.

garante longos minutos de contemplação e inquietação.

Marcello Corrêa Petrelli Presidente-Executivo Grupo RIC SC

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Em Entrevista exclusiva, o prefeito Cesar Souza Júnior comemora a implantação dos principais projetos da sua gestão nas áreas da mobilidade urbana, saúde e educação No dia em que a capital do Estado comemora 343 anos, a Floripa É traz uma entrevista exclusiva com o prefeito Cesar Souza Júnior que, durante meia hora, fez um relato das grandes conquistas que Florianópolis teve em pouco mais de três anos de gestão, com destaque para setores como mobilidade urbana, educação e saúde. O prefeito também ressaltou a importância da revitalização do Centro da cidade; os aspectos que ele ainda pretende avançar nos pouco mais de nove meses que lhe restam deste mandato; a preparação que se faz necessária para a próxima temporada; e analisou o momento econômico vivido pelo município, que sente os reflexos da crise nacional. Cesar Souza Júnior também abordou alguns problemas enfrentados pela cidade na última temporada de verão; a queda na arrecadação; e as dificuldades para levar adiante obras que dependem do governo federal. Cesar Júnior salientou a paixão que tem por continuar projetos já iniciados, mas sem deixar claro se pretende concorrer à reeleição. E a mensagem do prefeito à população de Florianópolis, no dia do aniversário do município, é de esperança, de orgulho e de otimismo. Confira os principais trechos da entrevista.

Palhoça e Biguaçu, além dos municípios do nosso cinturão verde, com uma linha clara, direta, que é de faixas exclusivas para ônibus. No caso de Florianópolis, a obra é em volta ao Morro da Cruz. A primeira parte já está em execução.

Planejamento urbano Florianópolis não tinha projeto, nenhum plano para enfrentar o grande desafio que é a mobilidade. Hoje temos o Plamus (Plano de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis), que é a interligação dos planos de Florianópolis, São José, 12

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Na questão da rua Edu Vieira, estamos em processo final de licitação e eu espero iniciar as obras ainda durante o mês de abril

Na segunda parte vamos ter BRT (Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus, em português) ao Norte e BRT ao Sul para dotar a cidade de um sistema de transporte mais confiável. São mais de R$ 600 milhões de investimento, valor qualificado no Ministério das Cidades, para a implementação desse plano. Essa obra será um divisor de águas. Florianópolis viveu de fazer obras pontuais para resolver problemas pontuais no trânsito. Tudo sem ter uma lógica interna e metropolitana. Já fomos premiados como melhor plano de

mobilidade metropolitana. Os projetos estão prontos e agora vamos conseguir iniciar o BRT volta ao morro. E, na sequência, os BRTs Norte e Sul. Obras que estão sendo realizadas estão preparadas para receber esse fluxo. Por exemplo: o elevado do Rio Tavares teve seu projeto adequado já para recepcionar o BRT Sul. As obras de ampliação da capacidade da marginal da Beira-Mar Norte já são preparadas para receber o futuro BRT volta ao morro. E tem a questão que envolve a duplicação da rua deputado Antônio Edu Vieira. Estamos no processo final da licitação e espero começar a obra em abril. Os recursos estão assegurados por meio de financiamento. Em três meses a população já verá um volume intenso de obras na Edu Vieira. Na mobilidade é isso. Um rumo metropolitano e projetos qualificados em órgãos nacionais e internacionais. Estamos indo para uma terceira ação de financiamento, proposta que já passou nas primeiras etapas do Ministério da Fazenda para financiamento internacional. Quando assumimos, o cenário de financiamento federal era muito alvissareiro. Em 2012, havia muitos recursos em Brasília e poucos projetos. Nós conseguimos finalizar os projetos e fomos engolidos pela crise. A nossa visão agora é focar em empréstimos internacionais, que estão sendo muito oferecidos.

Avanços na Educação Nós conseguimos ser o único município do país a ter um financiamento internacional na área de educação. Ampliamos a qualidade da nossa rede, já

Realizações na Saúde

Nós assumimos com um déficit de mais de 40 médicos no sistema, com filas em diversas especialidades. Hoje, todas as nossas filas reduziram, mais de 80% delas zeraram. Claro que ainda temos alguns problemas em serviços oferecidos em parceria com o Estado. Além dos novos centros de saúde e das obras de qualificação, teremos as duas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) da Criança: a UPA Sul e a UPA Norte; a abertura da UPA do Continente antes do final de abril, que é uma grande demanda da cidade; e a implantação do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) 24 horas que, na verdade, é um centro de referência para o tratamento do dependente químicos. E Florianópolis ganhou o título de melhor rede de saúde básica entre as capitais do Brasil, por três anos seguidos. Foi a primeira capital do país a atingir 100% de cobertura do Programa de Saúde da Família, reconhecido pelo Ministério da Saúde. Hoje o nosso sistema municipal conta com mais de 400 médicos, quase 3.000

A nossa educação é referência e fortaleceuse bastante, tanto que aquilo que o Brasil projeta atingir em 2024 nós atingimos em ainda em 2014

Entrevista

Entrevista

“MELHOR DO QUE A MÉDIA NACIONAL”

criamos mais de 2.000 novas vagas na educação infantil, vamos chegar a 4.000 vagas ao final deste governo, que foi o que prometemos na campanha. Vamos transformar a passarela do samba em um espaço completo de contra turno escolar. A educação de Florianópolis só acumulou título nesse período: de melhor educação básica do país; e de educação mais inovadora do Brasil, segundo o Ministério da Educação e institutos internacionais. E neste ano temos mais de 30 obras no setor de educação em execução. Novas escolas em Ponta das Canas e na Tapera, conversão de antigas escolas do Estado em centos de educação infantil. A nossa educação é referência e fortaleceuse bastante na nossa gestão, tanto que aquilo que o Brasil projeta atingir em 2024 em termos de qualidade na educação, nós atingimos em 2014. Não sei se o Brasil vai conseguir chegar em sua meta, mas nós vamos seguir avançando. Isso tudo mostra, também, que foi um grande acerto ter mantido o professor Rodolfo Pinto da Luz como secretário. É um trabalho que teve sequência técnica e ganhou impulso com a nossa parceria.

profissionais que prestam um serviço de excelência à população, melhor até do que grande parte do serviço privado.

Revitalização do Centro

A restauração do Mercado Público nos coloca, hoje, na condição de termos o melhor mercado público do país, com a cobertura que está em execução, que era outro grande falso dilema da cidade. E entre junho e julho deste ano está programada a entrega do restauro da Casa de Câmara e Cadeia, no mais antigo prédio de Florianópolis, onde será instalado o Museu da Cidade, totalmente interativo, também com recursos já assegurados em parceria com a iniciativa privada. Ainda no Centro de Florianópolis, o Centro Sapiens, que está começando a ser implementado, vai trazer gente de economia criativa. E tem o projeto que deve ser lançado até a metade deste ano, de revitalização de todo o Largo da Alfândega, além da revitalização do Museu Victor Meirelles. Só no Centro da cidade é um conjunto de obras ao custo de mais de R$ 50 milhões, algo que o Centro nunca viu, e isso já se reflete nos comerciantes, que estão mais animados, com novas perspectivas.

O que falta fazer Eu estou focado em meus compromissos de campanha. Essa é a minha agenda. Foi essa agenda que nos colocou no cargo de prefeito. Quando eu montei o meu programa pré-eleitoral, em 2011, concluído em 2012, todo foi feito com um cenário econômico completamente 2016 l FLORIPA É l

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eventual modelo novo. O saneamento básico não pode continuar sendo o patinho feito da cidade. Se a Casan não apresentar respostas, até com obras no decorrer deste ano, e de desempenho para a próxima temporada, não vai ficar trabalhando em Florianópolis. Terá que se adequar. Mas foi importante também que a nossa administração, em parceria com o governo do Estado, concluiu as obras de duplicação da SC-401, no trecho de Jurerê a Canasvieiras; da duplicação da SC-403, de Canasvieiras até a entrada de Ingleses, que melhorou a mobilidade no Norte da Ilha; a inauguração do Centro de Convenções do Norte da Ilha, uma estrutura que vai nos garantir um calendário turístico mais estável no decorrer do ano; e a entrega do elevado de Canasvieiras. Outra obra importante para o Sul da Ilha, que está em execução, é o elevado do Rio Tavares. Também estamos trabalhando na revitalização do centro histórico do Ribeirão da Ilha, da Praça Bento Silvério, na Lagoa da Conceição, e vamos começar a revitalização da Avenida das Rendeiras. São obras que ajudam a trabalhar e melhorar o nosso potencial turístico. Temos grandes avanças, mas também um desafio muito claro na parte da mobilidade e do saneamento básico. Estou muito confiante que vamos avançar.

Obras federais O acesso ao aeroporto está caminhando. O governo fez nova licitação da obra, que é essencial para, junto com o elevado do Rio Tavares, dar fluidez ao trânsito no Sul da Ilha. A outra obra importante é a da duplicação da Via Expressa. O governo federal tem nos enganado muito e eu faço um apelo à bancada federal para que todos tratemos dessa obra como prioridade. Mas acho que, nesse momento que o Brasil vive, será muito difícil avançar nessa grande obra. Tem que ser a bandeira número 1 para todos os que representam a região metropolitana da Grande Florianópolis.

Temporada de verão Em muitos aspectos nós avançamos no que se refere a temporada de verão. Banheiro na praia, por exemplo, não tinha e nós conseguimos implementar; a união de todos os órgãos de controle e fiscalização; fizemos o balizamento náutico, em parceria com a Capitania dos Portos; um melhor ordenamento das praias; a melhoria da limpeza das praias com a adoção de novas tecnologias pela Comcap (Companhia 14

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Melhoramentos da Capital); a aquisição dos quadricículos; e a compra de novos caminhões para a Comcap, que tem um volume de trabalho brutal nas praias. No primeiro ano, a gente teve dificuldades extremas com a falta d´água. Isso a Casan conseguiu resolver. Este ano, tivemos um grande problema no sistema de esgoto e saneamento. E a Casan terá que resolver este problema. Caso contrário, teremos que partir para mudanças. Não podemos ficar reféns de um modelo ineficiente como ele se mostrou nesta temporada. Aplicamos uma multa pesada para a Casan, abrimos uma comissão que vai avaliar o desempenho da Casan e também pensar em um

Fomos colhidos por uma crise brutal. Mas vamos apresentar uma cidade muito melhor do que aquela do queaquela pegamos em 2013

A economia da cidade está melhor do que a média nacional. Florianópolis também está em recessão, mas em um patamar menor

Futuro político

Eu tenho muita paixão por projetos que queria ter realizado e não consegui, ou que comecei e não concluí, por mudanças que a gente pode fazer na cidade. Não tenho apego ao cargo. Ser prefeito é carregar muita responsabilidade, é um

cargo de muito peso porque todos os problemas do país deságuam na autoridade que está mais próxima do povo. E essa autoridade é o prefeito. Tenho paixão por realizar e por concluir coisas e projetos que a gente já deixou bem encaminhados.

Entrevista

Entrevista

diferente. Ninguém imaginaria que, quatro cinco anos depois o Brasil, seria um país conflagrado. Isso gerou dificuldades para o país e para Florianópolis. Na área de mobilidade, nós estaríamos com muitas obras na cidade, como esperávamos, se tudo estivesse normal. Projetamos que teríamos a manutenção dos repasses federais, que a arrecadação manteria um aumento médio de 11% ou 12% ao ano, que era o que vinha ocorrendo. Mas fomos colhidos por uma crise brutal, que nos obrigou a tomar decisões difíceis, duras, que nos obrigou a conviver com uma grande escassez. Mas nós vamos apresentar à sociedade uma cidade muito melhor do que aquela que a gente pegou em 2013. Minha agenda é cumprir o que assumimos, apresentar o que avançamos e, aonde não conseguir atingir o objetivo em 100%, explicar os motivos pelos quais não aconteceu. Todo mundo sabe que governar com dinheiro é fácil; na escassez, é duro.

Mensagem de aniversário Quero deixar uma mensagem de esperança porque Florianópolis segue sendo a cidade mais desejada, tem a melhor saúde e a melhor educação entre as capitais brasileiras, tem uma economia forte. Temos muito mais motivos para nos orgulharmos da cidade em que vivemos do que para jogarmos pedras nela. A gente deve ser crítico, mas não cego. É só abrir os olhos para ver que vivemos na cidade, no seu conjunto, mais incrível do país, que mesmo com uma crise profunda, tem preservado e ampliado as suas conquistas, sobretudo na área social. Uma cidade que nos orgulha.

Cenário econômico Nós não somos uma ilha econômica, fazemos parte do Brasil, um país que vive a mais profunda crise dos últimos 50 anos. Mas Florianópolis, pela diversificação de sua economia, pelo perfil de alta renda da população, por ter na tecnologia e no turismo dois vetores importantes, tem conseguido se manter mais estabilizada economicamente do que outras cidades brasileiras. É claro que temos queda na arrecadação do ISS, que representa um menor movimento econômico; atraso no repasse de recursos federais; nos recursos de obras e tudo isso impacta negativamente nas ações da prefeitura. Isso é preocupante. Eu diria que a economia da cidade está melhor do que a média nacional. Florianópolis também está em recessão, como todo o país, mas em um patamar menor. 2016 l FLORIPA É l

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Educação

As universidades que nos orgulham

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Cursos de alta qualidade atraem estudantes e investimentos de todo o País e ajudam a cidade a se desenvolver

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lorianópolis, uma cidade cada vez mais cosmopolita, é hoje também um importante centro universitário, com diversos cursos de referência, tanto em instituições públicas quanto em universidades ou faculdades comunitárias ou de natureza privada. Os números comprovam que a capital atrai estudantes de todo o país e, também, muitos do exterior. Além da formação acadêmica, Florianópolis cativa muitos desses jovens que ficam na cidade e acabam se tornando investidores. E os números da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) são tão expressivos que eles demonstram, com clareza, o crescimento acelerado do setor. Em 10 anos, a instituição passou de 18.706 alunos, em 2005, para 23.042, em 2014, de acordo com a publicação periódica UFSC em números, onde estão contidos os principais dados da instituição. E o número de cursos presenciais oferecidos, que era 16

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de 65, em 2005, chegou a 103 em 2013 e em 2014. E na graduação a distância, a UFSC oferecia quatro cursos em 2005 e foi a 13 em 2014. E a cada ano surgem novidades na UFSC. Em 2015 foram criados os cursos de animação e o de ciência da informação, ambos em Florianópolis. “Ao criar esses cursos, a UFSC reforça o seu compromisso em atender a demandas prementes da sociedade, contribuindo para o seu desenvolvimento. A área de animação está em franca expansão, com tecnologias cada vez mais inovadoras; e a criação do curso de ciência da informação é estratégica pois é um campo que também está em crescimento”, justifica a reitora da UFSC, Roselane Neckel. A vinda de estudantes de todas as partes do Brasil e do exterior deve-se muito ao reconhecimento e aos prêmios obtidos pela UFSC. Na última avaliação

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feita pelo Ministério da Educação, divulgada em dezembro do ano passada, a entidade recebeu a 6ª maior nota entre as instituições públicas de ensino superior do país. Foi a única universidade catarinense a figurar no topo desse ranking. Também no ano passado, a UFSC foi premiada, pela primeira vez, na categoria Mérito Institucional do Prêmio Jovem Cientista, do CNPq. “Além disso, mais de 90% dos cursos de graduação da UFSC avaliados pelo Guia do Estudante Abril, edição 2016, foram considerados excelentes ou muito bons. A universidade destacou-se na edição 2015 do ranking de Universidades QS: América Latina por ter ganho 17 posições e chegar à 24 colocação na classificação geral. Entre as brasileiras, a UFSC é a 10ª; e, das federais é a 6ª”, comemora Roselane, ao lembrar que a entidade é uma das 18 brasileiras no ranking 2015 do Center for World University Rankings (CWUR), que 2016 l FLORIPA É l

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Segundo a reitora, a UFSC tem compromisso constante em manter o tripé da educação superior, que determina aliar ensino, pesquisa e extensão. “A UFSC atrai os estudantes por destacar-se em diversas frentes, seja na pesquisa, com mais de 3.500 projetos em andamento, ou na formação de parcerias públicas e privadas para o desenvolvimento de tecnologias alinhadas ao mercado”, completa. Santa Catarina possui unidades de ensino superior distribuídas em todas as regiões, mas é notória que a concentração maior está em Florianópolis. Muitas têm tradição na oferta de cursos de graduação e pós-graduação, nas mais variadas áreas do conhecimento e outras com atividades relativamente recentes. “Os novos cursos ofertados, em sua maioria, são voltados ao campo tecnológico devido à demanda significativa deste segmento”, afirma o presidente do Conselho Estadual de Educação, Osvaldir Ramos. As universidades e faculdades têm perspectivas variadas. Há as que ofertam cursos com vagas muito concorridas, como é o caso de medicina, direito, arquitetura e odontologia. “Lamentavelmente, isto não se reproduz nos cursos de licenciatura, pois muitas das vagas disponíveis não são preenchidas”, salienta Ramos. Ele entende que “o grande desafio das instituições de ensino superior está na melhoria constante da qualidade, com incentivo à qualificação do corpo docente em programas de formação continuada e especialização”. A Florianópolis de hoje é constituída por uma vasta gama de famílias de origens variadas, recebendo gente de todo o Estado, do Brasil e também de outros países. “A mobilidade social é inerente ao 18

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A maioria dos universitários prioriza os estudos e o trabalho, com as exceções de estudantes que são mantidos por suas famílias no período de formação acadêmica. “O trabalho dos universitários, especialmente por meio de estágio, qualifica os setores empresariais. O fato de estarem inseridos no ambiente universitário permite uma qualificação diferenciada em relação aos trabalhadores com

universidades em

crescimento menor qualificação profissional”, revela. A Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) se consolidou, nos últimos anos, como a segunda melhor de SC em cursos de graduação, segundo o ranking do MEC. Em 2013, a Universidade do Estado chegou a superar a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e foi considerada a 18ª melhor do país entre 192 avaliadas, além de ser a quarta melhor estadual em todo o Brasil. Também ganhou o Prêmio Educador Elpídio Barbosa por vários anos.

“A Udesc passou por um acelerado crescimento e a palavra de ordem é qualificar mais. Nosso grande objetivo é garantir a excelência na infraestrutura física e de pessoal para todos os cursos”, anuncia o reitor Antonio Heronaldo de Souza. A Udesc planeja um crescimento por meio da educação a distância, com cursos já aprovados como o de pedagogia, administração pública e licenciatura em biologia. “Com uma pós-graduação ainda recente, a Udesc bus ca alinhar sua produção de conhecimentos com as potencialidades de Santa Catarina”, projeta.

Educação

A UFSC é uma instituição em constante expansão e novas demandas surgem a todo momento. “O grande desafio é administrar, de forma ética e responsável, uma estrutura que envolve cinco campi, cerca de 50 mil pessoas e mais de 500 grupos de pesquisa. Estamos investindo em espaço físico, estrutura de dados, laboratórios, equipamentos e na pista de atletismo. Em maio, vamos inaugurar o novo prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, e o Núcleo de Pesquisas Geológicas”, destaca.

ser humano. Quem vem para Florianópolis traz consigo necessidades de moradia, trabalho e estudo entre outros aspectos”, ressalta Ramos. E essa migração reflete nos investimentos em bens materiais e de consumo com reflexo na compra, construção e aluguéis, além do consumo dos serviços oferecidos na cidade.

Parabéns, Florianópolis, pelos seus 290 anos.

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Educação

classifica as mil melhores instituições de ensino superior do mundo.

A gente coopera e comemora com esta cidade.

E o crescimento da Udesc se mostra nos números, mas com destaque também para os novos cursos. Nos últimos anos foram implantadas as graduações de licenciatura em pedagogia (2011), geografia (2013), história (2013); mestrado em design (2011), em administração (2011), em fisioterapia (2011), em gestão de unidades de informação (2013); e em artes (2014); e doutorado em educação (2012), em artes visuais (2013), em história (2014) e em administração (2015). Em Florianópolis, a Unisul possui duas unidades (uma na Trajano e outra na Dib Mussi); reúne cerca de 2.900 alunos em seus nove cursos de graduação; 10 de pósgraduação e um de mestrado (executivo em administração).

Estatísticas universitárias 11 centros de ensino 4 unidades em Florianópolis e polos 103 cursos de graduação de Educação a Distância em todo o presenciais

U 23.042 alunos matriculados F em Florianópolis S 53% dos estudantes são de C Florianópolis

16.325

alunos

de

Pós-

Graduação

2.170 professores ativos 550 alunos de outros países em

U Estado D 3.910 alunos de graduação E 736 alunos de pós-graduação S 313 professores efetivos C

44 cursos entre graduação, pós, mestrado e doutorado

25

alunos atualmente

de

outros

países

2015

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Educação Ao fazer intercâmbio estudantes estrangeiros buscam espaço no mercado de trabalho e na cena cultural.

Receber estudantes do exterior torna-se parte da rotina nas instituições da capital

E

m todas as instituições de ensino superior que recebem alunos de outros países a vida dos universitários é muito parecida. A maioria mora em apartamentos de aluguel nas proximidades da universidade que frequentam; e têm forte inserção na cena cultural e tecnológica da região. A Univali, por exemplo, em seu histórico tem alunos da Venezuela, Argentina, Peru e Portugal. “Esta demanda se dá em função da multidisciplinaridade dos conteúdos e a posição da instituição, que foi classificada como a 8ª melhor universidade não-pública do Brasil em 2015”, destaca o professor Renato Buchele Rodrigues, diretor articulador do campus Florianópolis. Os estudantes têm convênio com a Univali e recebem apoio das suas instituições de origem por meio de programas de intercâmbio. Acreditamos 20

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que a localização, belezas naturais e o modo de vida da capital catarinense também são atrativos para a escolha da Univali como instituição de ensino superior”, completa Rodrigues, que também é diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Comunicação, Turismo e Lazer. Nas instituições públicas de ensino superior também a presença de estudantes estrangeiros já está incorporada à rotina de Florianópolis. Na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), por exemplo, havia cerca de 550 universitários do exterior em 2015, de acordo com informações da Secretaria de Relações Internacionais. Os estrangeiros não podem trabalhar, uma vez que o visto de estudante não permite a realização de atividade remunerada. “Eles participam de trilhas, fazem passeios de barco e frequentam restaurantes típicos, como

qualquer turista”, conforme levantamento da secretaria. Segundo experiência da equipe da Secretaria, os estudantes buscam alugar apartamentos por conta própria, sendo que grande número deles dá preferência em morar na Lagoa da Conceição e arredores, por ser uma região turística e que é bastante divulgada. No IFSC, desde 2010 o campus Florianópolis-Continente tem parceria com instituições francesas e recebe alunas para estágio final do curso de hotelaria do Lyceu de La Rochelle no Resort de Ponta dos Ganchos, em Governador Celso Ramos. Até agora foram recebidos 10 estudantes franceses. Esses alunos chegam em abril e ficam até julho. No hotel, passam, durante o período de estágio, pelos setores de recepção, governança, reservas e cozinha e salão. 2016 l FLORIPA É l

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Educação

Língua portuguesa E CULTURA geral PARA ESTRANGEIROS CONTEÚDO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO ATRAI INTERESSADOS EM APRENDER O PORTUGUÊS DO BRASIL E CONHECER MELHOR A CULTURA NAICIONAL

A

miscigenação entre universitários que estudam em Florianópolis é cada vez maior graças ao bom conceito das universidades e faculdades, aos cursos que oferecem e às oportunidades que se abrem não apenas para os jovens de outras cidades de Santa Catarina e demais Estados do país, mas também para jovens do exterior. Além da formação, a cidade atrai muitos desses estudantes, que

movimentam a economia em diversos setores, principalmente o imobiliário, o de alimentação e de lazer. De olho nesse filão, mas com foco em melhor atender aos estrangeiros, a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) criou, em 2008, em formato experimental, o Programa de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para estrangeiros. Em 2009, consolidou o modelo. O curso deu tão certo que passou a receber, em média, 100

Sucesso. Mais de 600 alunos estrangeiros são inscritos por ano no Programa.

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estudantes por ano, o que representa, nos últimos seis anos, cerca de 600 alunos vindos do exterior. Neste semestre, a Unisul tem três turmas de estrangeiros, nos níveis avançado, intermediário e iniciante. No avançado, a turma do professor Luiz Henrique Queriquelli tem os alunos Andrew Corrigan, 22 anos (Estados Unidos); Edil Arnaldo Torres Diaz, 27 (Estados Unidos); Jairet Robert Crum, 29 (Estados Unidos); Kate Josephine Glasson, 22 (Austrália); e Tiara Tani, 26 (Japão). “As belezas naturais, as praias e a receptividade do povo me atraíram par cá”, revela Jairet, que está há seis meses na cidade e deve ficar até o fim deste semestre. “Vim para aprender português, sou fã do futebol brasileiro e quero estudar, trabalhar e viver aqui”, diz. Tiara também tem como objetivo básico estudar português já que parte da família é brasileira. “O nível das faculdades é alto e a cidade é tranquila. Por isso, vim para cá. Estou há seis meses e pretendo ficar até a metade do ano”, anuncia. “Trabalhei muito para juntar o

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Anos 2016 l FLORIPA É l

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Kate, que namora um brasileiro, chegou há seis meses e já faz planos para morar e trabalhar em Florianópolis. “Todos os brasileiros que conheço são amigáveis, simpáticos e cozinham bem. Estou muito feliz aqui”, afirma a geóloga que está em Florianópolis, pois ganhou uma bolsa de estudos. “Eu adoro o Brasil, a Copa do Mundo me trouxe para cá. E Santa Catarina vai ficar no meu coração pela maneira como fui recebido”, destaca Andrew, que veio ao Brasil pela terceira vez e deve ficar até os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em agosto.

economizar e garantir os estudos na capital catarinense “Eu gosta de surfar e praticar kitesurf. Quero aproveitar mais a vida e o tempo”, revela.

Finlândia, México, Equador, Irlanda, Polônia, Rússia, Egito, Japão, Inglaterra e Holanda. Trata-se de um braço de internacionalização da Unisul.

Este programa de línguas vem recebendo, a cada ano, estudantes de diversas partes do mundo como Estados Unidos, Austrália, Camarões,

São oferecidas duas modalidades de cursos: o Extensivo, iniciando em cada semestre, com a duração de 18 semanas; e o Intensivo, com duração

menor, de cinco ou sete semanas, entre junho e julho, além do Intensivo de fevereiro, com duração de quatro semanas. Todos os semestres os alunos estrangeiros fazem passeios por Florianópolis, como parte do plano de ensino. Professores levam os alunos para apreciarem a arquitetura local, os

museus, a arte sacra, a história contada por meio da arte. As saídas também servem para ampliar o vocabulário, conhecer o estilo e o ritmo de vida atual do florianopolitano. Os alunos chegam aos bancos da Unisul por intermédio de empresas conveniadas, que oferecem moradia, como Host Families; outros vêm de

forma independente. Eles gostam muito de ficar na Lagoa da Conceição e em regiões turísticas, buscam participar das rotinas da cidade, como andar de ônibus e fazer as refeições em restaurantes. Alguns compram moto para se locomover e a maior parte é sustentada pelos pais, vêm só com o objetivo de estudar.

Educação

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dinheiro e vir ter esta experiência no Brasil. Quero aproveitar a natureza e, principalmente, as praias”, revela. “Sempre quis visitar o Brasil. Cheguei no fim de fevereiro e devo ficar um semestre, mas já senti que a cidade é tranquila e segura. Era um local assim que eu buscava para estudar português”, elogia Edil.

No intermediário estudam com a professora Fernanda Miara oito alunos: Austin Samuel Dobson (EUA), Carolynne Zimmermann (EUA); Danielle Pascaline Makeme (Camarões); Erin Marie Meehan (EUA); Joey Antoni Otte (Holanda); Julia Schweiss (EUA); Maria Munoz (EUA); e Owen Alexander Phillips (Inglaterra). “Escolhi Florianópolis por ser uma experiência diferente e ter mulheres bonitas. Quero estudar português e curtir a praia”, admite Austin, 27 anos, que chegou no fim de janeiro e fica na capital só até completar o semestre. Ele está morando com uma família de brasileiros. Os estudos estão sendo pagos pela família dele. “Eu gosto do clima, a cidade é muito tranquila e as pessoas, bastante receptivas”, elogia Erin, 21 anos, que chegou há poucas semanas e tem um semestre para aprender a falar português. Ele disse que trabalhou muito e economizou dinheiro para conseguir passar um semestre em Florianópolis, onde ele também mora com uma família brasileira. “Estou aprendendo a surfar, vou a baladas e gosto da comida brasileira. Estou me sentindo em casa”, afirma. E Phillips destaca que a vida em Florianópolis é bem mais tranquila do que em Londres, onde trabalhou quatro anos para 24

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Turma de estrangeiros da Unisul está em busca de conhecimentos em português e cultura brasileira.

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ESTUDANTE DE TECNOLOGIA É A MELHOR DO PAÍS

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ntidade da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), a Faculdade Senai Florianópolis nasceu com foco bem definido: antes da abertura dos cursos são realizadas análises de demanda no mercado de trabalho, identificando as necessidades das empresas e as perspectivas de crescimento dos setores envolvidos. Assim, os novos cursos são desenvolvidos em parceria com a indústria, ampliando a empregabilidade dos alunos e egressos e auxiliando as indústrias a serem mais competitivas, que é o foco da Fiesc. Os alunos têm a oportunidade de conquistar certificados reconhecidos pela indústria, a partir de projetos desenvolvidos com a indústria.

Assim, além de aprender na prática, os alunos saem com um currículo diferenciado para conquistar um emprego ou melhorar em sua carreira. Segundo o diretor do Senai Florianópolis, Marcos Hollerweger, “nove em cada dez alunos da Faculdade Senai conquistam seu emprego em até um ano após concluir a formação. Nosso objetivo é crescer e ampliar o número de cursos e alunos”, orgulhase, ao anunciar que a Faculdade está investindo na estruturação de novos cursos nas áreas de sistemas embarcados e análise e desenvolvimento de sistemas, na modalidade a distância. Mesmo sem um número expressivo de alunos, a Faculdade Senai já desfruta do reconhecimento. Em 2011, o curso

de redes de computadores teve conceito máximo no Enade (Exame Nacional de Desenvolvimento dos Estudantes) ao ser considerado o melhor do Brasil. Em 2010, o curso de automação foi indicado pela revista Veja como um dos melhores do país. E em 2014, a estudante do curso de redes de computadores, Raíssa Marcon, foi vencedora da etapa latino-americana da competição mundial de redes de computadores realizada pela Cisco, uma das maiores companhias de TI (Tecnologia da Informação) do mundo. Ela foi a melhor nas provas Netriders, disputada com mais 19 profissionais da América Latina e do Caribe. Como prêmio, Raissa ganhou uma viagem para o centro de treinamento da Cisco, na Califórnia (EUA).

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A

formação acadêmica e a inovação são ingredientes básicos para fazer aflorar o espírito de empreendedor em quem está de olho no futuro profissional e no mercado de trabalho. Como as universidades e faculdades de Florianópolis

em Florianópolis traz recursos, investimentos, gera impostos e empregos, movimentando os diferentes setores da economia. “Os brasileiros são mais empreendedores que os estrangeiros, principalmente eles fazendo negócio fora de seu país. Das startups criadas aqui, só cerca de 5% são de jovens do exterior”, calcula Chierighini “Uma facilidade que tem em outros países é o acesso ao dinheiro. Por isso dá a impressão que eles são mais empreendedores. E uma das coisas que também atrapalha nossos empreendedores é a burocracia brasileira”, acrescenta. Duas iniciativas recentes, que estimularam muito o segmento de startups, foram a criação do projeto StartupSC, do Sebrae, e o Darwin Starter, aceleradora desenvolvida pelo fundo de investimento Cventures, em parceria com Sebrae/SC, Fiesc, Sapiens Parque, Celta e Fundação Certi. “São iniciativas

e projetos importantes para o desenvolvimento do ambiente empreendedor de Florianópolis, tanto que a cidade foi eleita, em 2014, pela Endeavor, organização de fomento ao empreendedorismo no mundo, a cidade com melhor ambiente para se empreender no Brasil”, lembra Alexandre Souza, coordenador do programa StartupSC. Em 2015, Florianópolis ficou em 2º, atrás só de São Paulo. E um estudo feito pela Acate (Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia) mostrou que 10 mil pessoas trabalhavam no setor de tecnologia da informação e comunicação no Estado, sendo 36% em Florianópolis. O Sebrae já formou cinco turmas no programa de capacitação, totalizando 100 startups, de 23 cidades do Estado. Florianópolis tem a maior representação, com participação de 53 empresas. No entanto, o Sebrae não dispõe

de informações sobre o índice de estrangeiros que criam startups em Florianópolis, e nem o que trazem para a economia local com as novas empresas. Em Florianópolis, Alexandre Souza cita cinco startups de destaque: a Contentools, primeira a oferecer produtos de marketing de conteúdo no Brasil. Participou do programa de capacitação StartupSC e, posteriormente, foi acelerada no Vale do Silício (EUA); a Moblee, maior plataforma de aplicativos para eventos da América Latina; a Decora, que cria inovação para os maiores e-commerces do Brasil e do mundo; a Resultados Digitais, que ajuda empresas de todos os portes a entenderem e aproveitarem os benefícios do marketing digital; e a Exact Sales, especializada em vendas complexas, que nasceu em 2015 e fechou o primeiro ano com um faturamento de R$ 5 milhões.

programação, design e validação de mercado. Já foram realizadas três edições em Florianópolis (2013, 2014 e 2015) e está planejada para este ano uma edição especial somente para mulheres em agosto. - Meetup StartupSC: eventos itinerantes e informais, com reunião de empreendedores para discutir o ecossistema de startups em Santa Catarina. Mais de 3.000 pessoas participaram das 11 edições realizadas nos últimos três anos. Em Florianópolis já aconteceram oito. - Missão ao Vale: organizada pelo projeto que tem a finalidade de levar

startups para expor no Vale do Silício, em San Francisco (EUA). Nas edições de 2013, 2014 e 2015, 25 startups catarinenses participaram. - Programa de Capacitação: Na principal ação do projeto, é selecionado um grupo de 20 startups que, durante cinco meses, os empreendedores participam de workshops, cursos, palestras e sessões de mentoria, ministrados por especialistas, mentores e consultores do Sebrae. O objetivo é deixar a startup estruturada, pronta para crescer.

Educação

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aLUNOS SE TORNAM INVESTIDORES

que o setor de tecnologia da informação, onde se encontra a maioria das startups, ultrapassou as atividades turísticas como a principal fonte de negócios. E, assim, a capital do turismo virou o paraíso das startups. Este filão de mercado atrai tanto os estudantes locais e nacionais, quanto os estrangeiros, que vem para cá pensando em fazer dinheiro, mas também em busca de conhecimento. O ecossistema de Florianópolis é muito positivo para o desenvolvimento das startups. “Governo, empresas e universidades têm feito seu papel de forma organizada e profissional. Com este modelo de negócios, Florianópolis passa recebem estudantes do mundo a ser conhecida mundialmente todo, é inevitável que muitos como a capital da inovação”, desses jovens fiquem por aqui e destaca Tony Chierighini, diretor acabem se tornando investidores. executivo do Celta, incubadora E um dos caminhos é a criação mais antiga do país e diversas de startups, novas empresas vezes escolhida a melhor do ano que pressupõem velocidade em seu ramo. Qualquer empresa, brasileira na construção e retorno para investidores. E já faz muitos anos ou estrangeira, que se instala

Destaques do projeto Startup SC O projeto Startup SC visa desenvolver e promover empreendimentos inovadores em todo o Estado. O principal objetivo é fortalecer as startups digitais a partir da difusão da cultura empreendedora e da profissionalização da gestão de seus empreendimentos com ações de capacitação, inovação e mercado. São realizadas diversas ações para todo tipo de empreendedor, desde a pessoa que tem uma ideia e quer iniciar uma startup até o empreendedor que já tem uma startup e precisa acelerar seu crescimento. Uma startup, para se diferenciar, precisa entender quem é o cliente 28

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que ela quer atender, qual o tamanho do mercado, e principalmente, como resolver a ‘dor’ que este cliente possui. Encontrar essa combinação de problema/solução deve ser a preocupação principal do empreendedor nos momentos iniciais da startup. Das atividades que o projeto realiza, Alexandre Souza (foto) destaca quatro itens. Startup Weekend: evento internacional que reúne empreendedores, desenvolvedores, designers e entusiastas para compartilhar ideias, formar equipes e criar novas startups. São 54 horas de criação de modelos de negócios,

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SAÚDE DE VERDADE E REFERÊNCIA NACIONAL nOVOS SERVIÇOS E TRATAMENTOS DE ALTA COMPLEXIDADE GARANTEM MAIS QUALIDADE DE VIDA E ATRAEM APOSENTADOS

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amosa por suas belezas naturais, com dezenas de praias paradisíacas, paisagen que fascinam, Florianópolis sempre foi um atrativo especial para turistas. Mas, nos últimos tempos, também se tornou um paraíso para aposentados. Este, certamente, é um dos motivos que transformaram a Capital catarinense em centro de atendimento e referência no Estado quando o assunto é saúde. A cada dia surgem mais clínicas e laboratórios oferecendo novas especialidades, com profissionais renomados e alta tecnologia. Muitas entidades são reconhecidas nacionalmente. O Hospital Infantil Joana e Gusmão, uma referência no combate ao câncer infantil; e o SOS Cardio, um hospital completo para atender a cardiologia, com extensão a especialidades consideradas de alta complexidade, são dois exemplos. Em Florianópolis, segundo relatório fornecido pela AHESC (Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina) e pela FEHOESC (Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina), existem, atualmente, 43 laboratórios e 1.378 opções entre hospitais, clínicas e serviços de saúde privados e filantrópicos. Em toda a região são 76 laboratórios e 1.722 clínicas, serviços de saúde e hospitais particulares 30

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e filantrópicos. As entidades não dispõem de números referentes há cinco ou 10 anos para que uma comparação pudesse ser feita para demonstrar em números, esse crescimento que é visível. “Apesar da crise e do sub financiamento da Saúde, os estabelecimentos estão aplicando uma gestão alternativa para manter a qualidade dos serviços prestados”, resume Tércio Kasten, presidente da Federação dos Hospitais de SC e também da CNS (Confederação Nacional de Saúde). “Neste momento, as entidades hospitalares que representam o setor apoiam a proposta de emenda constitucional 01/2015, que prevê a aplicação de cerca de 20% da receita corrente líquida do país para a saúde, ao final de seis anos. Estamos trabalhando para sensibilizar os parlamentares a apoiarem esta emenda”, anuncia Kasten. Em Florianópolis, entre as instituições que fizeram altos investimentos, nos últimos tempos, está o Hospital de Caridade que, em outubro de 2015, ganhou uma unidade especializada em cardiologia. A construção da nova ala levou sete anos e custou R$ 32 milhões. Desse total, R$ 8,5 milhões foram repassados pelo governo do Estado. Com a inauguração, o número de especialistas triplicou e, com os 20 novos leiros, a

quantidade de vagas na UTI dobrou. Os pacientes cardíacos, que ficavam na UTI Geral, no 4º andar, foram transferidos para o 5º andar, e contam com uma estrutura semelhante à dos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês, ambos de São Paulo. Parte da tecnologia implantada é alemã. A nova ala conta com ambulatório de cardiologia, pronto atendimento 24 horas, exames cardiológicos, internações em alas, hemodinâmica e cardiologia intervencionista, além de UTI cardiológica. Cada leito da nova estrutura conta com um monitor cardíaco e as informações do equipamento são acompanhadas na central de monitorização, de onde é possível ver, nas telas, a frequência cardíaca e a pressão arterial do paciente. É a única no Estado nesses moldes. Os quartos da unidade são climatizados, contam com leito automatizado e respiradores mecânicos. No momento da inauguração, Luiz Mário Machado, provedor em exercício da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos e Imperial Hospital de Caridade, afirmou que “o Estado ganhou tecnologia de ponta para o atendimento de emergências cardíacas. A ampliação do Centro Intensivo de Alta Complexidade permite um aperfeiçoamento constante do atendimento aos pacientes”.

Saúde

Saúde

Premiações e homenagens Entre 2014 e 2015, o serviço público de saúde realizado pela prefeitura de Florianópolis recebeu premiações, homenagens e reconhecimentos, em caráter nacional, em pelo menos seis momentos. Confira:

1

Em dezembro de 2014, o Ministério da Saúde oficializou Florianópolis como cidade 100%, uma conquista que reflete o trabalho do município, com 130 equipes em 49 centros de saúde, na busca de excelência em saúde pública. Florianópolis recebeu uma placa como homenagem por ser o primeiro do país a alcançar 100% de cobertura populacional da Estratégia de Saúde da família. ------------------------------------------------------------

2

Em fevereiro de 2015, uma iniciativa inovadora da prefeitura de Florianópolis, o SamuVet (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Veterinária), conquistou o 22º Prêmio Expressão de Ecologia, na categoria Bem-Estar Animal. ------------------------------------------------------------

3

A Secretaria de Saúde de Florianópolis foi agraciada pelo Ministério da Saúde, em abril do ano passado, com o Prêmio InovaSUS 2014, em Brasília. O programa vencedor foi o Prêmio Boas Práticas em Saúde. ------------------------------------------------------------

4

Em 2015, o Ministério da Saúde usou ações da Capital como modelo para curso a distância e Florianópolis virou referência em práticas integrativas e complementares de saúde.

5

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Em julho de 2015, Florianópolis recebeu uma homenagem especial durante o 13º Congresso de Medicina da Família e Comunidade, em Natal (RN), por ser a primeira capital do país a alcançar 100% de cobertura populacional da Estratégia de Saúde da Família. ------------------------------------------------------------

6

No início de agosto de 2015, a saúde de Florianópolis foi premiada em São Paulo. O Ranking Connected Smart Cities, levantamento feito pela consultoria Urban Systems, colocou a capital catarinense em 2º lugar, entre 700 cidades, na área da saúde.

Unidades de tratamento intensivo disponíveis no Hospital Joana de Gusmão.

ONDE O CÂNCER EM CRIANÇAS ESTÁ SENDO VENCIDO Hospital Infantil garante diagnóstico rápido e eficaz graças a equipamentos de última geração

O

HIEGR (Hospital Infantil Edith Gama Ramos), o primeiro do Estado com esse perfil de atendimento, inaugurado em 1964, em Florianópolis, foi o embrião do Hospital Infantil Joana de Gusmão, que hoje é uma referência no Estado para as patologias de média e alta complexidade, com ênfase no tratamento contra o câncer infantil. Anexo à Maternidade Carmela Dutra, o HIEGR passou a atender a população infantil e possibilitou, através de convênio com a UFSC, o ensino da pediatria em nível de graduação. Em 1966, criou o Programa de Residência Médica em Pediatria e, em 1977, o Programa de Residência em Cirurgia Pediátrica.

Em 28 de dezembro de 1979 foi desativado e, na mesma data, foi inaugurado o Hospital Infantil Joana de Gusmão, vinculado à Secretaria de Saúde do Estado, que aprimorou os serviços que vinham sendo realizados. “Hoje, celebramos o índice 73% de cura dos pacientes oncológicos, que está acima da média nacional, graças à tecnologia em relação a imagem. Nosso banco de equipamentos de imagem, tomografia, radiologia digital, ultrassonografia e seriógrafo digital propiciam a realização de exames de imagem de altíssima resolução, além da rapidez no diagnóstico”, destaca o diretor e doutor Carlos Schoeller. Mas não é só isso que sobressai entre as tecnologias e equipamentos do Hospital 2016 l FLORIPA É l

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O Infantil é um hospital de excelência ao ensino da saúde. Mantém convênio com a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e a Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) para o ensino de graduação em medicina, enfermagem e fisioterapia e pós-graduação em nível de residência médica em pediatria, cirurgia pediátrica, neonatologia, terapia intensiva pediátrica, endocrinologia pediátrica, nutrologia pediátrica, ortopedia pediátrica e cancerologia pediátrica. O serviço de oncohematologia do Hospital Infantil é um dos orgulhos da instituição e, por isso, tem reconhecimento nacional. No geral, o Infantil faz “cerca de 6 mil consultas por ano com jovens pacientes que lutam pela vida, além das consultas dos procedimentos cirúrgicos e de quimioterapia. A estimativa é que responda por 70% dos atendimentos de câncer infantojuvenil no Estado”, completa o doutor Carlos Schoeller.

Hospital Infantil Centro de excelência ao ensino da saúde

7.183 internações 88.017 consultas ambulatoriais 78.733 atendimentos de emergência 4.597 cirurgias 65,80% dos pacientes são de Florianópolis e região

0,86% é o índice de mortalidade geral 132 leitos ativos 846 funcionários 22.000 metros quadrados de área 32

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Pioneirismo e confiança no mercado de análises clínicas

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undado em 1974 pelo médico patologista João Nilson Zunino, o Santa Luzia tem como especialidade exames clínicos. Após cursar medicina na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e obter experiência na área, Zunino adquiriu a Clínica Santa Luzia e a transformou no Laboratório Médico Santa Luzia, demonstrando seu lado empreendedor. Quando abriu as portas, o Santa Luzia tinha um médico, um bioquímico e cinco colaboradores. O Santa Luzia se destaca no Brasil como uma das cinco maiores e mais consolidadas empresas no segmento de análises clínicas. “Temos muitos desafios para continuar sendo uma empresa de ponta, e o maior deles é a atualização constante da área técnica, tanto na capacitação dos colaboradores quanto na modernização do parque tecnológico. Os investimentos são constantes, sempre com foco no melhor atendimento nas unidades de coleta”, salienta a presidente do Santa Luzia, Alexandra Zunino Slonski. Nos últimos três anos, o Santa Luzia realizou uma série de investimentos tanto na sua estrutura física, quanto na área de

tecnologia e capacitação de pessoas. Em 2010, fundou a sua área técnica onde são processados os exames. É uma área de mais de 1 mil metros quadrados. São cerca de 90 colaboradores apenas nessa área. “Reformamos as unidades de atendimento; remodelamos a matriz, no Centro de Florianópolis; modernizamos e ampliamos a unidade do Angeloni Capoeiras; transferimos o posto de atendimento do Estreito para um local maior e mais moderno; e abrimos nova unidade no bairro Trindade”, enumera Alexandra. Em 2011, o Santa Luzia adquiriu o segundo aparelho OLA, que dobrou a capacidade de atendimento; em 2013, trouxe, de forma inédita para o Sul do Brasil, o aparelho Maldi-Tof. Entre os aparelhos que o Santa Luzia disponibiliza de forma pioneira em Santa Catarina também estão o Quanta Lyser e os gasômetros. O laboratório integra a seleta lista do Colégio Americano de Patologia Clínica como um dos 122 do mundo que possuem o equipamento gasômetro Nova Stat Profile CCX. Neste ano, o Santa Luzia continua sem projeto de ampliação e modernização, com mudança das unidades de atendimento

do Hospital de Caridade (Florianópolis) e da Praia Comprida (São José), além da reforma dos postos da Lagoa da Conceição e Barreiros. Com uma das estruturas mais completas do Estado e logística de alto padrão, a empresa é reconhecida pela qualidade nos processos, tecnologia de ponta, profissionais especializados e agilidade na entrega dos resultados, com 93% dos exames ficando prontos em menos de 24 horas.

Hospital Santa Luzia

HOSPITAL BUSCA MAIOR RELAÇÃO COM PACIENTES

Saúde

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Infantil. A endoscopia digestiva, alta e baixa, exclusiva à pediatria, é única no Estado e possui um software de captura de imagens desenvolvido pelo grupo do Hospital Infantil. “Isso permite que as imagens do exame sejam transmitidas pelo sistema de Tele Medicina. E o equipamento de vídeo-cirurgia permite cirurgias minimamente invasivas com alta precoce e baixa morbidade. Isso só é possível graças ao pessoal altamente treinado tanto na área de suporte de UTI quanto na área de apoio do centro cirúrgico”, enfatiza o diretor.

Inovação e comprometimento

9 mil exames realizados em 1974, ano da fundação 6,3 milhões de exames feitos em 2015 52% dos exames são de pacientes de Florianópolis 75 milhões de exames feitos desde a fundação 67 mil pacientes por mês foram atendidos em 2015

500 é o número de convênios que o Santa Luzia atende 12 médicos e população

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bioquímicos atendem a

30 unidades na região, sendo 16 em Florianópolis (13 ambulatoriais e três hospitalares) 600 é o número de colaboradores da empresa R$ 4,5 milhões foram investidos pelo Santa Luzia na área técnica nos últimos dois anos

PARA DIMINUIR A PREOCUPAÇÃO DO PACIENTE, INSTITUIÇÃO FOCA NA FILOSOFIA DO ATENDIMENTO HUMANIZADO

O

complexo Baía Sul é formado pela Clínica Imagem, inaugurada em 1994; Imagem Mulher, Medical Center e Hospital Baía Sul Dia, todos em funcionamento desde 2005; e o Hospital Baía Sul, ativado em 2011. Alguns dados representam bem a grande procura por atendimento no complexo. A Clínica Imagem e Imagem Mulher fazem 13 mil exames por mês; e 9 mil pessoas são atendidas mensalmente. Já foram realizados mais de 500 mil ressonâncias e tomografias desde a inauguração. O Baía Sul Hospital Dia já prestou 48.610 atendimentos até o final de fevereiro; e o Hospital Baía Sul, 30.206. Na estrutura de cada uma das empresas do complexo, alguns médicos atuam tanto no Hospital Baía Sul quanto no Baía Sul Hospital Dia. E um dos diferenciais é que o pronto atendimento está integrado ao complexo, que conta também com o laboratório Santa Luzia e com inúmeros consultórios de especialidades diversas. Em 2015, a Imagem Mulher passou por uma ampla reformulação. “A estrutura, hoje, oferece conforto, segurança, tranquilidade e qualidade nos serviços. Há mais de 10 anos,

a Imagem Mulher atende com exclusividade o público feminino para a realização de exames de imagem. O profissionalismo de toda a equipe, associado à renovação tecnológica e à política do acolhimento é o grande diferencial na busca, sempre, pela excelência no atendimento”, ressalta o diretor geral do complexo Irineu May Brodbeck. “Mais do que falar em alta tecnologia, que também disponibilizamos em nossas empresas, precisamos destacar o respeito que temos com a fragilidade que as pessoas ficam a partir de uma enfermidade. A parte humana é o que mais conta. Esse é o nosso maior diferencial. São centenas de profissionais focados na filosofia do bem atender”, reforça o diretor. Além das especialidades de cada uma das instituições, junto ao Baía Sul Hospital Dia, o Hospital Baía Sul possui corpo clínico nas áreas de anestesiologia, angiologia, cardiologia, cirurgias bucomaxilofacial, de cabeça e pescoço, do aparelho digestivo e oncológica, além de fisioterapia, gastroenterologia, ginecologia, mastologia, neurologia e neurocirurgia, oftalmologia, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia, pneumologia e urologia.

Área de excelência do Laboratório Santa Luzia com mais de 1 mil metros quadrados.

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Urbi

rua bocaiuva VAI FICAR MAIS MODERNA PROPOSTA de revitalização PRETENDE HUMANIZAR a região e torná-la referência PARA O BRASIL E PARA O MUNDO

D

o interior do restaurante/ empório Uai de Minas, o funcionário Fernando Leite, nascido em Uberaba (MG), olha para a rua Bocaiuva e questiona: “Será que vai ficar parecido com a (rua) Vidal Ramos?” A dúvida de Fernando se refere à planejada revitalização da região da Bocaiuva, um projeto envolvendo Prefeitura de Florianópolis, iniciativa privada, empresários e moradores, num grande esforço de humanização e reurbanização de uma das regiões mais tradicionais e nobres da cidade. Segundo os envolvidos, o projeto Bocaiuva é

mais ambicioso do que o executado na rua Vidal Ramos. A coordenadora regional do Sebrae, Soraya Tonelli, explica que a revitalização dos espaços comerciais é fundamental para a entidade, para capacitar os micro e pequenos empresários e também pela geração de negócios, renda e emprego. Cada projeto tem seu conceito; no caso da Vidal Ramos, o conceito foi de shopping a céu aberto. ”Até hoje vêm caravanas de missões técnicas de vários Estados do país para conhecer”. Na Bocaiuva o conceito central é o de boulevard, que tem o Passeio Pedra Branca, em Palhoça,

Fernando Leite trabalha na Bocaiuva e têm expectativas com novo projeto.

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ou a elegante rua paulista Oscar Freire como referências. “O escopo do projeto é maior do que isso.” Soraya esclarece que o projeto não se resume à rua Bocaiuva. Abrange a região, incluindo a travessa Harmonia, travessa Carreirão, rua Alves de Brito, Rafael Bandeira e demais vias. A extensão de um quilômetro e meio começa nas imediações do Beiramar Shopping e segue até a rua Esteves Júnior. “O maior conceito é de vida em movimento: fomentar a vida no espaço público, com mais espaço para o pedestre, trazendo mobiliário urbano, calçadas ampliadas, iluminação adequada, vegetação pontuada, integração do passeio público com ciclovia – convivência harmoniosa de veículos, pedestres e bicicletas.” O projeto arquitetônico de Juliana Castro adapta os vários modais de mobilidade a uma via compartilhada de baixa velocidade, que também inclui ônibus. Aliando arquitetura, design, cultura, preservação, fornecimento de bens e prestação de serviços, o objetivo é fazer da Bocaiuva uma região ainda mais atraente para visitar, agradável de estar e ideal para viver. Pontualmente, os objetivos da iniciativa são múltiplos e variados. A ideia é recuperar e renovar a estrutura física da região, garantindo acesso seguro a todos os usuários e fomentando atividades alternativas de convívio e lazer. Soraya explica que o Sebrae também tem interesse em qualificar os micro e pequenos empresários, aumentar a atratividade e a competitividade da região e, consequentemente, dos empreendimentos ali situados. Os empresários conseguirão ampliar a percepção de valor dos negócios ali instalados para satisfazer necessidades, expectativas e desejos de consumidores e turistas.

Entenda o projeto Principais ações previstas Alargamento das calçadas: pedestres terão 53% da vida (hoje têm 36%) Inclusão de arborização: espécies como sibipiruna e ipês amarelos vão embelezar o local Redução da fiação aérea: fios subterrâneos darão mais segurança aos transeuntes e moradores Embelezamento da região: Mibiliário urbana moderno vai ajudar na humanização, atraindo pessoas para a rua Redução da velocidade dos veículos: cruzamentos serão elevados, dando segurança aos pedestres ao diminuir velocidade dos veículos Inclusão de atividades de cultura e lazer: eventos para atrair pessoas

projeto é focado em qualidade de vida É um projeto ambicioso, apresentado no site vivabocaiuva.com.br, e já foi apresentado à Prefeitura e demais atores públicos e privados. “Como parte do projeto prevê fiação subterrânea numa região muito antiga, é necessário um trabalho delicado com Casa, Celesc, SCGás, operadoras de telefonia.” Segundo Soraya, o trabalho foi organizado num comitê gestor do qual participam Sebrae, CDL, Ipuf, Casan, Celesc, Beiramar Shopping, Amapraça (Associação de Moradores da Praça Celso Ramos) e outros. “Já avançamos muito, e estamos com os projetos executivos de engenharia já prontos, doados pela iniciativa privada”, comenta. Como ainda há muita coisa em fase de projeto e de orçamento, é precoce falar em valores, por enquanto, mas cada parceiro já recebeu uma estimativa de investimento. A coordenadora do Sebrae adianta que já tem um financiamento na Caixa Econômica Federal com a Prefeitura para poder tocar as licitações e obras públicas. “Sabemos que o maior investimento vai ser a fiação subterrânea”, adianta Soraya. “Investimentos na pavimentação de vias, incluindo calçadas e passeio, está estimada em R$ 3,5 milhões, mas a fiação de alta e baixa tensão será um montante muito significativo.” A antecipação de ICMS será a saída para obter os recursos. Soraya destaca que a relação custobenefício será muito positiva no final. “É um desafio muito grande, mas o benefício é proporcional ao tamanho do desafio.” A expectativa é ser uma referência internacional, como é a New Road, em Brighton (Inglaterra), um dos modelos usados para elaborar o projeto da Bocaiuva. Haverá benefícios para todos, garante. A largada do projeto Bocaiuva se deu

no segundo semestre de 2014, mas ainda há quem esteja cético sobre a iniciativa. Luizilda Damásio Boppré, do Bocaiuva Café, teme pelo comércio. “Se restringir muito os carros, o comércio . pode sofrer. O povo gosta de parar na frente, e se não tiver estacionamento, o movimento vai cair”, prevê. Ela toca seu charmoso café na rua há cerca de cinco anos. “Fui a reuniões sobre o projeto”, conta. “Vamos ver no que vai dar.” Em contraste com a comerciante, Patrícia Vasconcelos, presidente da Amapraça, é entusiasta do Projeto Bocaiuva Vida em Movimento: “É preciso conhecer o projeto todo.” A Amapraça (Associação dos Moradores da Praça Celso Ramos) tem uma história de sucesso com a revitalização daquele espaço público, que abrange do Beiramar Shopping até o CIC (Centro Integrado de Cultura), hoje um dos mais seguros e bem organizados da zona mais nobre de Florianópolis, a Beira-mar. “O projeto vai afetar toda a região. O núcleo de comerciantes da Bocaiuva começou esse movimento e nos chamou para participar”, conta ela.

melhorias para o comércio da região Patrícia admite que são “muitas pontas” para unir, mas tem muita gente envolvida, incluindo grandes empresários, bancos, escolas, e o comércio da região, que está muito mobilizado. “Há um ano estamos nessa luta, e provavelmente começaremos a ver as obras em 2017”, estima Patrícia, lembrando que a legislação eleitoral obriga o poder público a parar licitações. Ela entende a preocupação dos comerciantes, mas projeta

BENEFÍCIOS PARA TODOS O QUE OS MORADORES GANHAM – Melhor iluminação urbana. – Melhoria nas atividades de lazer. – Valorização paisagística do local. – Mais arborização e menos fiação aérea. – Garantia de mobilidade urbana. – Valorização do pedestre. – Melhor acessibilidade.

O QUE OS EMPRESÁRIOS GANHAM – Ambientação melhor garante atratibilidade. – Iluminação ajuda na segurança. – Maior acessibilidade e mobilidade potencializa o fluxo de pessoas. – Ampliação da percepção de valor dos negócios localizados na região.

O QUE A CIDADE GANHA – Recuperação da estrutura física, garante acesso seguro a todos os usuários. – Atratividade da região ajuda no ambiente turístico da cidade. – Fomento de atividades alternativas de convívio e lazer atrai e beneficia a todos. – Geração de empregos, promovendo o aumento da renda e o dinamismo econômico de toda a cidade. 2016 l FLORIPA É l

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Urbi Presidente da Amapraça, Patrícia Vasconcelos acredita que a nova Bocaiuva ficará mais bonita do que Beverly Hills

que o resultado vai dar muita qualidade de vida. “Hoje em dia moramos em apartamento, as pessoas não se encontram”, lembra. “A rua é nosso local de encontro, e a Bocaiuva será uma extensão disso, mais sociável e mais humana.” Otimista quanto ao resultado, Patrícia acredita que a nova Bocaiuva ficará mais bonita do que Beverly Hills. “A gente tem o mar ao lado, Beverly Hills não tem”, brinca. “Vai beneficiar todos, até o turismo, porque vai atrair muita gente.” Ela ressalta que o trânsito será mais lento, mas vai ficar mais humano. “A cidade foi feita para as pessoas, não para os carros. Vai começar uma outra visão, de mais transporte público.” Patrícia cita uma previsão de engenheiros de que as obras durem entre 10 e 12 meses. Mas o transtorno vale a pena. “Fica o exemplo que se pode fazer. É complicado, demora, tem que bater portas, mas não se pode desistir.” A experiência da revitalização da Praça Celso Ramos é um exemplo da transformação que pode ser feita. “Noto que os moradores da Praça se empoderaram e tomaram à frente da praça como sua – é um exercício de cidadania.” No site www.vivaabocaiuva.com.br, a população pode se inteirar dos conceitos que norteiam a iniciativa e alguns de seus principais atores. No vídeo de apresentação, Patrícia dá seu depoimento como moradora da região e também lojista no Beiramar Shopping. Comerciantes como Sérgio 36

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Arruda, do Emporuim Bocaiuva, ressaltam o respeito ao pedestre: “Muitos não conseguem caminhar por aqui, uma região tão nobre. Essa revitalização vai trazer muitos benefícios para nós, comerciantes e também para os moradores.” Sérgio Arruda tem seu famoso estabelecimento há 23 anos na região e faz parte do Núcleo Bocaiuva, que reúne os empresários da região e é um dos membros do comitê gestor do projeto. Também engajado, Walter Biselli, diretor do Beiramar Shopping, lembra que a Bocaiuva é uma rua antiga e extremamente tradicional. “É o coração da cidade. E esse projeto é um ‘ganha-ganha’ para a cidade, para os turistas, para os moradores, para os empresários.” Outro parceiro importante da iniciativa é o CDL (Confederação de Diretores Lojistas). A entidade está empenhada em agregar os empresários da região para fazer com que eles participem do projeto. “Com o empresário, é possível fazer as coisas acontecerem”, diz Hélio Leite, gerente de articulações e negócios. Ele faz questão de ressaltar que o projeto busca não uma revitalização física, mas sim uma humanização da área. “Assim as pessoas não passam, simplesmente, pela rua”, diz. “Elas ganham uma experiência mais humana.” Para Hélio Leite, o primeiro benefício do projeto já é visível, mesmo sem investimento: a segurança pública. “Já fizemos um trabalho forte com a PM e o número de delitos diminuiu de 3 ou 4 por semana para 1 ou 2 ao mês”, cita,

enumerando também as campanhas “Não dê dinheiro ao flanelinha” e Vizinho Solidário, que criam um sentido maior de comunidade. “A partir daí, todos se envolvem em uma iniciativa como o Projeto Bocaiuva.” O gerente da CDL estima que até 2019 esteja tudo concluído. “Temos avançado na parte arquitetônica, e estamos encaminhando a parte de infraestrutura”, diz ele, citando que o projeto já tem protocolo para financiamento na Caixa Econômica. Hélio Leite lembra que a entidade está envolvida em planos de revitalização de outras ruas, como a Jerônimo Coelho, Conselheiro Mafra e o chamado Centro Sapiens, uma parceria com o Sapiens Park que abrange oito ruas a leste da Praça 15 de Novembro. O principal, para Hélio Leite, é a interação dos parceiros em busca do resultado comum: a humanização da região da Bocaiuva. “Costumo dizer que esse projeto é de pessoas para pessoas: se as pessoas não estiverem envolvidas, não existiu nenhuma qualificação.” Até a concretização do Projeto Bocaiuva: Vida em Movimento, haverá tempo para sanar todas as dúvidas de Fernando Leite, do Uai de Minas. “Parece que vai ser uma coisa boa”, diz ele. Com a colega Karen Kremer, Fernando convida para restaurante, que, entre os títulos que recebeu, está o Melhor PF (Prato Feito) do Sul do país e o terceiro PF do Brasil. 2016 l FLORIPA É l

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ESPAÇOS COMO A SC-401 E A AVENIDA MADRE BENVENUTA AMPLIAM OPÇÕES E ATRAEM CADA VEZ MAIS PÚBLICO

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om a ocupação do Centro e o crescimento da cidade, novas áreas estão se tornando cada vez mais importantes para o comércio de Florianópolis. Essa mudança de perfil em algumas regiões não é importante só economicamente, mas também para a oferta de opções à população. Não é de hoje que a rodovia SC-401, que liga o Centro às praias do Norte da Ilha virou o principal centro comercial e de serviços da cidade, com novidades surgindo com muita frequência. O mesmo acontece com avenida Madre Benvenuta, que liga os bairros Trindade ao Itacurubi, passando pelo Santa Mônica. A SC-401 é toda duplicada, mas falta acostamento em alguns trechos. O trânsito é muito intenso e os motoristas enfrentam engarrafamentos em quase todos os dias. Normal para uma rodovia que recebia, segundo relatório da Polícia Militar Rodoviária, uma média diária de 48 mil veículos, durante todo o ano de 2012, e que chegou a 55 mil, em 2014. Uma peculiaridade da rodovia é que ela tem uma praça de pedágio que nunca foi ativada. Desde o final de 2003, a SC401 passou a ser a sede do Centro Administrativo do Estado. Com a mudança do governo, a região ganhou visibilidade. Um shopping foi inaugurado ao lado da rodovia, em 2006; o Teatro Pedro Ivo Campos, junto ao Centro Administrativo, foi inaugurado em 2008; o SOS Cardio passou a atender naquele corredor, em 2011. No primeiro semestre de 2014, foi inaugurada, em Canasvieiras, a 1ª Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal e, no segundo semestre daquele ano, o Sebrae também se instalou na SC401. Já em novembro do ano passado, entrou em funcionamento o Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira.

Com melhor infraestrutura, SC-401 está repleta de novas empresas 38

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Ao longo de seus 23 quilômetros, a SC-401 está repleta de empresas de tecnologia, lojas de móveis e decorações, de material de construção, restaurantes, grandes lojas de departamento, comércio de piscinas, postos de combustíveis, estofarias, centro comercial, empresa de transporte coletivo, terminal de ônibus, clínica veterinária, pet shop, mecânicas, fábricas de esquadrias, vidraçaria, cartório, imobiliária,

revendedoras de veículos, empresa de comunicação, doçaria, comércio de frutas e verduras e legumes, depósito de gás, empresa de fogos de artifício e até de carros velhos e sucata recolhida pela Polícia Militar Rodoviária.

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O NOVO COMÉRCIO, BEM ALÉM DO CENTRO

Deixando o comércio de lado, a SC401 também abriga de cemitério a motéis, de áreas para a prática de esportes e empreendimentos com brinquedos para crianças a trechos de mata nativa, de escola de muay thai a espaço para jogar boliche, sedes de associações profissionais, casas noturnas, instituições de ensino superior, escolas municipais, além de muitas construções, como empreendimentos voltados a área de tecnologia. Destaque também para um grande condomínio empresarial próximo a Cacupé.

investidores EM BUSCA DE NOVIDADES A SC-401 faz parte da chamada “rota da inovação” de Florianópolis. “O segmento de tecnologia tem se solidificado na região desde a década de 1980 com a criação do Parq Tec Alfa e a incubadora Celta. Com isso, não só os espaços da “Tecnópolis” foram sendo ocupados como o entorno, valorizando os terrenos e os edifícios lá instalados, os quais passaram a abrigar preferencialmente, negócios voltados a inovação e tecnologia”, lembra José Henrique Carneiro, o professor Rico, que até o fim de fevereiro deste ano ocupava o cargo de secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável de Florianópolis. Na avaliação do presidente da Acif (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), Sander DeMira, “o crescimento dos bairros do Norte da Ilha, como Canasvieiras, Ingleses e Jurerê Internacional, foi um fator que bastante contribuiu para o desenvolvimento da SC-401. Assim, a rodovia seguiu seu caminho natural de importante eixo de expansão da cidade. Nela havia - e ainda há - bastante espaço para construções e grandes empreendimentos puderam ser ali instalados. Grandes áreas, grande fluxo (e de alto poder aquisitivo). O Sapiens Parque e o recém-inaugurado Centro de Convenções de Canasvieiras

Avenida Madre Benvenuta está mais atraente e repleta de opções para a noite da capital

também contribuirão para movimentar ainda mais os negócios”, aposta. Já o presidente do Sinduscon, Hélio Bairros, entende que a avenida Madre Benvenuta já foi concebida com valores mais altos. Por isso, sua valorização nos últimos anos não foi muito elevada, ficando, em média, em 5%. No caso da SC-401, a valorização foi bem maior, 10% em média, nos últimos cinco anos. “A principal razão é a localização estratégica desses dois locais. São duas vias principais de acesso ao Centro e comportam centros comerciais considerados âncoras, como shoppings”, constata, ao lembrar que “para os investidores, o atrativo da SC401 é criar um espaço adequado às suas necessidades, uma vez que outros centros comerciais não possuem espaço e flexibilidade para grandes mudanças”. Para o professor Rico, quanto à Madre Benvenuta “já se tratava de uma área nobre residencial, e que, com a instalação de alguns estabelecimentos comerciais e mais expressivamente o shopping, tornou a região mais valorizada e atrativa em termos de investimentos, tanto para aquisição de imóveis residenciais quanto comerciais, já que os moradores têm poder aquisitivo maior e gostos e preferências mais requintados”. E, segundo ele, a atração dos empresários pela SC-401 se explica pela qualidade de vida de

Florianópolis e pelo ecossistema de inovação favorável e receptivo que ali se desenvolveu. Na avaliação da presidente da Acif, o crescimento do comércio na região da Madre Benvenuta, se deve a uma soma de fatores. “Tivemos uma influência importante pela instalação do Shopping Iguatemi, que oferece serviços variados. Muito importante também é reconhecer a grande expansão e qualificação populacional no bairro do Itacorubi, que, somados à Udesc e a proximidade com a Celesc, contribuem para a movimentação constante de público na via, além da região ser tradicional por concentrar moradores de bom poder aquisitivo.” Por fim, o presidente do Sinduscon lembra que a SC-401 é um polo melhor que a região da Madre Benvenuta, que ainda enfrenta entraves relacionados ao Plano Diretor. A Madre Benvenuta é mais fechada para modificações, não comporta grandes construções e existe um limite para obras. Já na SC-401 ainda tem muito por se fazer, como ciclovias e vias especiais para pedestres. “São dois pontos que sempre foram vias de acesso. Por isso, o tráfego de pessoas é bem elevado. A novidade é que passouse a olhar os locais com outros olhos e não mais só como simples vias de acesso”, resume. 2016 l FLORIPA É l

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HIPISMO AMPLIA OPÇÕES DE LAZER NA SC-401 COM EQUOTERAPIA, TREINO LIVRE E COMPETIÇÕES ANUAIS, A HÍPICA SE TORNOU ROTA DE LAZER PARA CRIANÇAS E ADULTOS DE TODAS AS IDADES

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odovia mais movimentada de Florianópolis, grande corredor comercial e um paraíso para empresas de tecnologia e para grandes empreendimentos, a SC-401 reúne encantos e sutilezas que vão desde a Sociedade Hípica Catarinense, instalada há 35 anos em ampla área nobre, no 40

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bairro Saco Grande II, a uma importadora de vinhos, a Carvalho Francês, instalada em junho de 2012, em Santo Antônio de Lisboa, que tem o rótulo de maior adega de Santa Catarina. “É uma região muito valorizada, que desperta o interesse dos empresários, de quem busca visibilidade, já que é, praticamente, o único acesso para quem

busca as tradicionais praias do Norte do Ilha.” Esta é avaliação do presidente da hípica, Eduardo Luiz Miranda, que assumiu em 2016 e fica no cargo por dois anos. “Como estamos numa ilha, não tem muito espaço para expansão. A SC-401 é uma exceção”, constata. A hípica funciona o ano todo, organiza competições estaduais e

pela primeira vez e venceu a chamada prova “varinha no chão”, em que não há saltos. “Esse esporte é apaixonante, praticar equitação dá prazer”, conta Ana Paula Santos Simon, 17 anos. Ela frequenta a hípica há uma ano e meio e treina cinco vezes por semana em torno de duas horas por dia. E para ampliar os horizontes aos amantes do esporte, a hípica deverá ganhar, ainda neste ano, três quadras de tênis, que estão em construção.

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nacionais, dispõe de 75 cavalos, sete professores, tem 42 associados e cerca de 100 alunos na escola de equitação. Uma professora e dois auxiliares trabalham, há mais de 10 anos, com equoterapia, que hoje tem uma turma de 35 alunos entre crianças com necessidades especiais e as que querem dar os primeiros passos na equitação, a partir dos sete anos de idade. É o caso de Valentina Pereira Bottega, 7 anos, que mora em Cacupé e, em maio completa um ano de aulas de equitação. “Eu amo equitação. Quando tem aula, acordo bem cedo, disposta e não tenho medo do cavalo”, destaca. Ela treina duas vezes por semana, por um período de 45 minutos cada. Em novembro do ano passado, competiu

Vinhos finos estão entre as novidades da SC-401

RODOVIA TEM OPÇÕES SOFISTICADAS ícone de sofisticação para a região, a Carvalho Francês, uma importadora de vinhos instalada em junho de 2012 em Santo Antônio de Lisboa tem o rótulo de maior adega de Santa Catarina. Com vinhos importados do Chile, da Argentina, de Portugal, da Espanha, da Itália e da França, a Carvalho Francês escolheu a SC-401 para se instalar “por ser uma região muito movimentada e de bastante visibilidade, mas, principalmente, por ser em Santo Antônio de Lisboa, uma região rica em gastronomia”, salienta o gerente Marcelo Lopes, que conta com duas vendedoras para atender os clientes: Caroline Tauceda e Kátia Mognon. Os vinhos encontrados na adega, branco, tinto e rose, são exclusivos, “não se compra em supermercados”, garante. Atendendo de segunda a sábado, a adega também comercializa espumantes e champagne. Para completar, no local são realizados eventos, como formaturas e reuniões de empresas.

Ana Paula Santos Simon, 17 anos. Ela frequenta a hípica há uma ano e meio e treina cinco vezes por semana 2016 l FLORIPA É l

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VARIEDADE DE SERVIÇOS GARANTE FLUXO DE CONSUMIDORES

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ma via completa, com shopping, centros comerciais, agências bancárias, concessionárias de veículos, auto elétrica, universidade, escolas, creche, supermercados, clínicas médicas e odontológicas, restaurantes, bares, cafés, floricultura, imobiliária, cabeleireiro, lavanderia, escritórios de contabilidade e de advocacia, além de corretora de seguros. Tudo isso faz da Madre Benvenuta uma das avenidas com mix comercial mais diversificado da cidade. Em pouco mais de dois quilômetros de extensão, incluindo os trechos da Lauro Linhares à Beirra-Mar Norte, e da Beira-Mar Norte à rodovia Admar Gonzaga, a avenida Madre Benvenuta também é endereço de loja de instrumentos musicais, passando por escola da Polícia Militar, Batalhão da Polícia Militar, clube com atividades esportivas, recreativas e sociais, academia de ginástica, academia ao ar livre, campo de futebol, igreja, gruta, asilo, companhia telefônica, cooperativa e até de pet shop. “Trabalhamos com instrumentos clássicos e orquestrais. Já tínhamos escola aqui perto e decidimos abrir uma

loja na Madre Benvenuta por ser perto de Udesc (que tem curso de música), pela exposição que o local oferece e por ser passagem de muitos alunos e ter grande movimento”, detalha Diogo Ruduit Thumé, diretor da Sonorità Instrumentos Musicais. A loja abriu em dezembro de 2015 e atende das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sextafeira. Aos sábados, funciona das 9h às 13h.

garante maior conforto ao cliente.” Assim o proprietário do pet shop, Murilo Pereira Garcia, definiu os motivos que o levaram a se instalar na avenida. A procura por produtos aumentou, o número de serviços oferecidos também cresceu, assim como o número de clientes. E o quadro de funcionários passou de cinco para oito. A loja atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h; e, aos sábados, das 9h às 13h.

C o n s u l t ó r i o veterinário, banho e tosa, creche, hospedagem, adestramento e uma série de produtos é tudo o que a MY Pack matilha e família, instalada em março de 2015 na avenida Madre Benvenuta, oferece aos clientes. “Tínhamos loja aqui perto e precisamos expandir. Viemos para a Madre Benvenuta para ter mais visibilidade, por estar perto de duas universidades e do colégio da Polícia Militar, que nos dá mais segurança, e também para se manter na mesma região, o que

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Diogo Ruduit vende instrumentos musicais, e está animado com o crescimento da região

LIGUE AGORA Madre Benvenuta conta com todos os serviços disponíveis em uma cidade, como pet shop por exemplo 42

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*Os ingressos de cinema são um bônus apenas para quem assinar a versão impressa do jornal e são válidos somente para os filmes 2D da Rede Cinemark. Plano da Help válido apenas para assinantes da versão impressa. Filiação ao Clube ND garante desconto de até 50% em mais de 100 empresas parceiras, verificar as empresas parceiras no endereço eletrônico ndonline.com.br/clubend.

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EM APENAS DOIS ANOS DE PESQUISAS, INICIATIVA CIENTÍFICA DEDICADA À FLOR-SÍMBOLO DE FLORIANÓPOLIS TRAZ SURPRESAS E NOVIDADES

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á é fato conhecido que a Festa das Flores mais famosa de Santa Catarina é realizada em Joinville, e tem as orquídeas como atração principal. Também é fato conhecido que a flor símbolo de Santa Catarina e de Florianópolis é uma orquídea, a Laelia purpurata. Talvez não seja tão

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conhecido o fato que está em Florianópolis o maior banco de dados científicos sobre as orquídeas catarinenses: o Orquidário Amélia Cirimbelli Brillinger. O orquidário, inaugurado em 2014, pretende estudar, classificar e preservar as espécies existentes em Santa Catarina. O geógrafo e botânico Marcelo Vieira

Nascimento, responsável pelo projeto e também presidente da Federação Catarinense de Orquidofilia, também se dedica ao Atlas das Orquídeas de Santa Catarina, que complementa as atividades do orquidário, uma área de 300 metros quadrados no sul da Ilha, bem próximo ao Aeroporto Hercílio Luz. Ele tem a parceria

da empresa de engenharia Prosul. O nome do orquidário é em homenagem à mãe do presidente da Prosul, Wilfredo Brillinger. Ela era apaixonada por orquídeas. Em apenas dois anos, Marcelo garante que os resultados começam a aparecer. Agora com a parceria, o número de espécies de orquídeas conhecidas em Santa Catarina pulou de 470 em 2013 para 722 no último levantamento, de novembro de 2015. Santa Catarina é detentora de 44,14% de todos os gêneros de orquídeas aceitos e conhecidos no Brasil; e esse novo número atesta que 28,43% das espécies também são nativas de nosso Estado. “Se conseguimos isso apenas com um parceiro, imagina o que poderia ser feito se tivéssemos apoio”, ressalta o botânico. Qualquer pessoa pode acessar o site do atlas em www.atlasorquideassc.com.br e ver a diversidade das orquídeas de Santa Catarina. O número é resultado de um trabalho extenso de ir ao campo e trazer as orquídeas para estudo e classificação

no Atlas. “Ninguém tem esse trabalho”, garante Marcelo. Durante a pesquisa foram catalogadas orquídeas indígenas e silvestres (chamadas de puras), que não tiveram contato humano. A coleta se compõe de três amostras: uma mantida viva e outras foram dissecadas. As obras, especialmente as de barragens, expõem as plantas ao risco de extinção. A ida prévia dos pesquisadores a campo ajuda a identificar as espécies antes que o meio ambiente seja perturbado pelo homem. “A orquídea também ajuda na sustentabilidade, porque sabemos que onde tem orquídea, tem equilíbrio ambiental”, garante o botânico. A orquídea catarinense mais famosa, a Laelia purpurata, símbolo da Capital e do Estado, está em extinção na natureza. Ela pode ser observada em Florianópolis no prédio da Câmara de Vereadores, em pleno centro da cidade. Marcelo lembra que a Federação Orquidófila plantou uma quantidade dessas orquídeas perto de dois coqueiros. “Batizamos de Orquidário Vertical de Florianópolis”, diz o botânico. Com a Laelia em risco de extinção, Marcelo teme que, se nada for feito para preservação, em breve não haverá mais exemplares originais (selvagens) para reprodução em laboratório e posterior reintrodução na natureza. “O que vemos hoje são Laelia purpurata frutos de cruzamentos e de laboratório”, garante. Durante o trabalho árduo de ir ao mato para observar as plantas, uma recompensa. Pelo menos três novas espécies podem ter sido descobertas, suspeita o botânico, mostrando uma das plantas dentro do viveiro. “Só saberemos ao certo na época de floração”, diz Marcelo, em meio ao espaço de 300 metros quadrados que administra praticamente sozinho. (Confira mais dados sobre Florianópolis no box) O Atlas de Orquídeas de Santa Catarina ainda não está pronto em definitivo. Como todo trabalho científico, ainda precisa ser aprovado pela comunidade acadêmica. “Planejo apresentar o trabalho concluído em novembro de 2017, no México, durante a Conferência Mundial de Orquídeas”, revela Marcelo Nascimento. Uma curiosidade que saiu dos trabalhos de campo: foram observadas cinco espécies de orquídeas do gênero O número de espécies de orquídeas em Santa Catarina pulou de 470 para 772 e continua aumentando

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Sugestão de investimento comercial Vanilla – a orquídea usada para se fazer baunilha, importante ingrediente gastronômico. “Na Costa Rica, onde se encontra o maior número de espécies de orquídeas, apenas 36 são do gênero Vanilla. Santa Catarina tem cinco dessas espécies e Florianópolis tem três”, aponta o botânico, ressaltando que duas dessas espécies foram encontradas no Morro da Cruz. “Então, elas podem ser cultivadas na região sem qualquer problema”, garante. Marcelo Nascimento ressalta que um plantio sustentado pode ser uma opção de investimento para quem quiser fazer da orquídea sabor baunilha uma atividade econômica de rentabilidade comprovada. “Aqui ninguém faz isso ainda, e é uma alternativa comercial bastante viável”, sugere. A ideia do botânico pode ser facilmente comprovada. Uma breve pesquisa na internet mostra que uma muda de variedade Vanilla pode ser vendida entre R$ 60 a R$ 100. No Brasil, um dos maiores produtores de baunilha é a região sul da Bahia, que vende a produção inteiramente para São Paulo. Não são apenas os resultados de campo que começam a aparecer. Com o apoio do parceiro privado, o orquidário agora possui não apenas uma extensa biblioteca sobre o assunto, aberta a todos os pesquisadores da área, como também projetos e parcerias com jardins botânicos de diversas partes do mundo. Entre os citados por Marcelo estão México, Colômbia, França, Costa Rica, Reino Unido. Aliás, Marcelo ressalta que as orquídeas catarinenses já estão incluídas na Iniciativa Darwin, uma ação de financiamento do governo britânico que ajuda projetos locais de biodiversidade e conservação do meio ambiente. O bicentenário Real Jardim Botânico de Kew, situado perto de Londres, também está envolvido na pesquisa catarinense. “Antes éramos uma coleção científica local e estadual; agora somos uma referência internacional”, orgulha-se Marcelo. 2016 l FLORIPA É l

Meio Ambiente

Meio Ambiente

Orquidário preserva patrimônio natural de santa catarina

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Marcelo Nascimento usa como exemplo o Projeto Tamar, que ajuda a preservar a tartaruga marinha no Brasil. “Por que não podemos ter um Projeto Purpurata, com orquidário, uma área de preservação com a reintrodução da mesma e educação ambiental informal, aberta ao público?”, sugere. Ele acrescenta que, além de um orquidário, poderia ser criado laboratório de micropropagação de orquídeas. “Santa Catarina já tem leis instituindo a Semana Estadual e Municipal da Laelia purpurata. Nessas semanas, poderíamos fazer doação de mudas à população”, diz. Segundo ele, recursos não faltam. “Podemos aplicar parte dos recursos arrecadados com multas por crimes ambientais, por exemplo.” E o local para isso? Marcelo sugere um espaço dentro do Parque Municipal da Lagoa do Peri: “Lá é o berço natural da Laelia e pode ser até possível encontrar espécimes nas matas.” Por enquanto, infelizmente, somente pesquisadores científicos têm acesso ao orquidário. Eventualmente, com a evolução da iniciativa e talvez a atração de novos parceiros, o local deverá ir além de ser um banco genético das orquídeas catarinenses. Desde seu lançamento, existe o planejamento de se voltar para programas culturais e educacionais destinados a despertar o interesse de jovens e adultos. No momento a visitação ainda é restrita. Grupos pequenos são aceitos com objetivos científicos e educacionais, mas apenas com pré-agendamento feito diretamente no site do atlas.

Dr. Fernando Graça Aranha • Diretor Técnico • CRM 12033

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ntre os variados símbolos de Florianópolis, um dos mais conhecidos é o do pescador. O típico pescador manezinho é o da pesca artesanal, atividade que ocupa 20 mil pessoas em Santa Catarina, de acordo com os números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, onde está a Secretaria de Pesca e Aquicultura. É uma atividade em transformação, assim como o pescador, hoje angustiado com o futuro de seu trabalho. A mudança mais visível tem sido a ascensão da maricultura como atividade econômica em Florianópolis. Mas nem todos acreditam que seja possível trocar uma pela outra. Com o rosto marcado e a pele bronzeada pelos anos no mar, Osvanir Aderbal dos Santos, que prefere ser chamado de Vani, é um dos que resiste na atividade da pesca artesanal, especialmente a pesca da tainha, a de maior tradição cultural. Aos 44 anos, 30 deles dedicados à atividade de pescador de alto mar na tradicional comunidade da Barra da Lagoa, Vani se queixa da fiscalização intensa das autoridades na sua ocupação. “A fiscalização é que pega”, garante, pois as autoridades estão de olho principalmente no tipo de rede. “Se sou licenciado para trabalhar com rede de corvina, não posso trabalhar com outro tipo, e isso restringe minha pesca. Eu deveria poder trabalhar tanto com rede boiada (que fica na superfície) quanto a rede de fundo”, reclama. Segundo ele, órgãos ambientais se preocupam com o futuro das espécies, por isso a fiscalização é tão rigorosa, mas o problema não é a pesca artesanal. “Um barco industrial pesca num dia 750 toneladas de peixes, e o pescador artesanal pesca 200 toneladas na safra 48

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toda; e eu é que acabei com a tainha?”, questiona. No seu rancho de pesca, em meio a amigos e tripulantes, Vani revela ser neto e filho de pescador, profissão que espera deixar para o pequeno Caick, o sobrinho de 9 anos. Mas admite que, embora ainda existam muitos pescadores na faixa dos 50 anos, são poucos os novatos adolescentes ou de 20 anos. “Acho que sempre vai ter pescador”, opina. “Enquanto houver pescador, vai ter peixe fresco para comer.” Uma preocupação ambiental dos pescadores é com o aquecimento. “Peixe só vem no frio”, revela, com sua experiência. “A atividade é igual agricultura: tem safra (da tainha, da anchova, da corvina), e tem também

a questão da temperatura.” Ele revela satisfação com a temporada passada, de 2015, em que foram capturadas pouco mais de 1.300 mil toneladas de tainha em Santa Catarina, a maior parte delas justamente por pescadores da Barra da Lagoa. Vani admite que não é uma ocupação fácil. “Não queremos que nossos filhos tenham as dificuldades que temos.” Contudo, ele ressalta que nem todos os pescadores podem optar pelo cultivo de ostras, por exemplo. “O pescador de alto-mar não foi para a maricultura, só o de baía”, observa, referindo-se principalmente aos ostreicultores do Ribeirão da Ilha e de Santo Antônio de Lisboa.

QUALIDADE DO MAR ATRAI INVESTIDORES

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a verdade, não é o pescador que está mudando sua atividade para a maricultura. É o mar calmo e propício ao cultivo dos moluscos que tem atraído muita gente para o litoral. Um deles é Leonardo Cabral, que desde 1993 se dedica à fazenda marinha Freguesia, em Santo Antônio de Lisboa. Na verdade, Leonardo diz que praticamente “herdou” a fazenda do pai, Caio, que se interessou quando soube dos incentivos para a implantação do cultivo de ostras. Até então, Caio se dedicava à pecuária. Hoje é o filho quem se dedica integralmente à atividade rural da marinha, com diferenciais: ele tem a certificação de qualidade de suas ostras, e foi a primeira fazenda marinha no Brasil a obter esse título do Sebrae (Serviço de Apoio À Micro e Pequena Empresa).

No momento, Leonardo está em vias de conseguir também a certificação da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina). As certificações significam monitoramento constante da qualidade da produção e dos produtos. “É feita análise e controle de tudo: desde o momento que vem do laboratório até a ostra chegar na mesa.” Foi um processo até chegar a esse passo, lembra Leonardo, um dos poucos maricultores na cidade que controla o processo integralmente. Afinal, ele não só cultiva e vende ostras de qualidade certificada, mas também possui um entreposto para vender seus produtos e um restaurante especializado em frutos do mar, com o foco voltado para as ostras. “Na verdade, eu posso dizer que

O mar calmo e limpo garante a qualidade do pescado e dos frutos do mar

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ambiente higiênico e sustentável, que não produz dejetos. “Operando no flutuante não tem maré ruim ou tempo ruim que nos impeça de trabalhar”, garante o maricultor, que tem uma empresa familiar com foco na profissionalização. Com ajuda de especialistas e um engenheiro aquícola que acompanha todas as etapas da produção, nada escapa do rígido controle. Em Santa Catarina, responsável por

95% da produção de ostras do país, o cultivo é exclusivo da ostra do Pacífico (Crassostrea gigas), um animal que não é nativo das águas atlânticas do Brasil. Inicialmente, a Freguesia tentou cultivar mexilhões, mas na busca de excelência, optou por se concentrar exclusivamente nas ostras. No começo, as sementes eram chilenas e japonesas, adaptadas com ajuda de projetos da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Hoje a universidade fornece as sementes produzidas lá mesmo. “Nossa ostra agora é manezinha”, brinca. Como qualquer atividade rural, a ostreicultura tem uma temporada, que começa com a chegada das ostras, em março. Ao chegar, as sementes vão para os chamados “travesseiros”, estruturas que atuam como berçários para as ostras antes que elas sejam implantadas nas lanternas, onde vão crescer até a maturidade para serem colhida s e beneficiadas ali mesmo, a menos de 100 metros de onde foram cultivadas. São constantemente monitoradas durante o crescimento, e trocam de lanternas com diferentes tranças de rede para que não lhes falte alimento ou para protegê-las de parasitas ou de predadores, como o caramujo do mar. O Freguesia Oyester Bar, um restaurante à beira da praia de Santo Antônio, fica em frente à fazenda marinha. “Quando a cozinha precisa de ostras, é mais fácil vir aqui e colher. O processo de lavagem segue todo um ritual das normas estabelecidas, então não é tão ágil quanto costumava ser, mas ganha em segurança e qualidade”, defende Leonardo. Embora ainda seja um percentual baixo, a casca da ostra é reciclada. As cascas mais preservadas são separadas para o artesanato. Mas mesmo as mais quebradas e danificação são remetidas para a fabricação de tijolos “verdes”, por uma empresa especializada do município vizinho de São José. Com o tempo, Leonardo acredita que novas aplicações para a casca de ostra possam fazer a

Leonardo Cabral se orgulha da qualidade do produto que pesca

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atividade ainda mais sustentável. A atual meta da fazenda marinha é obter a certificação da Cidasc, com a construção de um entreposto de pesca, dotado de barreira sanitária e dentro de rígidas normas. Leonardo conta que a estrutura física já está quase pronta, mas já começou a operação dentro dos parâmetros do órgão oficial. “Para nossa produção, que chega a 80 mil dúzias de

ostras, está sendo um desafio, mas ao mesmo tempo é muito positivo”, revela o produtor. Empreendedor sempre em busca de inovação, Leonardo agora experimenta um novo produto: turismo de experiência, uma iniciativa que tema poio do Convention & Visitors Bureau. Em resumo, a ideia é que turistas venham em expedições guiadas para conhecer

a fazenda marinha e degustar ostras. A Fazenda Freguesia já faz isso com grupos pequenos, mas Leonardo reconhece que precisará de mais estrutura para tornar esse produto uma realidade sólida. “No momento, estamos concentrados em qualificar e expandir ainda mais a produção”, garante, preocupado com seus clientes e público basicamente local.

Meio Ambiente

Meio Ambiente

tenho um autêntico oyster bar, como existem em outras partes do mundo”, orgulha-se Leonardo Cabral Um dos diferenciais da Fazenda Freguesia é realizar o manejo (operações de colheita, pré-seleção e pré-lavagem) das ostras no próprio mar, dentro de uma balsa de 100 metros quadrados onde seis trabalhadores atuam com balcões de inox em meio às lanternas carregadas de ostras, um

FAZENDA DE OSTRAS SE DESTACA EM MERCADO NACIONAL

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oco local não é a especialidade da Fazenda Ostravagante, localizada na Caieira da Barra do Sul, bairro ao sul da Ilha de Santa Catarina. O empresário Paulo Constantino, 60 anos, vende toda a produção para o resto do Brasil. Constantino chegou a Florianópolis em 1996, vindo de São Paulo, onde tinha uma fazenda de rosas. “Eu introduzi o cultivo da rosa Dallas no Brasil”, lembra. Mas trocou de cidade e de ramo, quando, numa visita a Florianópolis, ouviu de um garçom do Mercado Público que apenas um ou dois restaurantes na cidade serviam ostras gratinadas. O empreendedor viu ali a chance de mudar de negócio e de cidade: “Já queria sair de São Paulo.” Pioneiro na implantação de área de cultivo de ostras e mariscos na região do Ribeirão da Ilha, Paulo Constantino tem uma das mais eficientes e produtivas

fazendas marinhas da região. “Fui o terceiro produtor no Ribeirão”, diz. Como empresário, Paulo Constantino se inteirou do negócio e arrumou um sócio francês. Na França, a ostra leva até dois anos para chegar ao tamanho ideal, por motivo da temperatura baixa da água e também do pouco alimento. Aqui, leva em média de oito a nove meses para estar em ponto de comercialização. Segundo a Epagri, a comunidade do Ribeirão da Ilha destaca-se como a maior produtora de ostra, com 2.256 toneladas. A ostra do Ribeirão, sozinha, representa 83,4% da produção de Florianópolis e 61,48% da produção estadual. A Ostravagante atrai chefs e donos de restaurantes de todo o Brasil, curiosos em conhecer a procedência de seu produto. Paulo Constantino os recebe ali mesmo, e já começa a construir uma espécie de pousada para

os que pretendam ficar mais de um dia. Seu mercado é nacional, e ele tem um representante em São Paulo, mas não significa que ele não possa se expandir. Com o dólar em alta, Constantino não esconde: “Fica mais atraente exportar, mas ainda não tenho planos”. Hoje Paulo Constantino produz 12 mil dúzias de ostras e 8 a 10 toneladas de mexilhões todos os meses nos quatro hectares da sua fazenda marinha. Essa produção vai toda via aérea para restaurantes de Curitiba até Manaus. Para isso, ele tem o SIF (Selo de Inspeção Federal) há quase 20 anos. É o selo de garantia de rigor sanitário, em todo o processo - da inseminação, crescimento, à colheita, embalagem e transporte. São análises semanais de carne de ostra. O animal viaja in natura, em grandes embalagens de isopor, até chegarem aos principais mercados: São Paulo e Brasília.

As ostras de Santa Catarina são apreciadas em São Paulo e Brasília

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Meio Ambiente

Meio Ambiente

Paulo Constantino é um especialista na pesca e venda de frutos do mar

pesca artesanaL ainda garante trabalho e renda na capital

Longe se vão os tempos em que as freguesias mais tradicionais da Ilha (Ponta das Canas, Barra da Lagoa, Canasvieiras e Campeche) se dedicavam à pesca para complementar renda. A história da Ilha ensina que a figura tradicional do pescador artesanal como se vê hoje é relativamente recente. No século 19, o homem do interior apenas intercalava a pesca com o trabalho na lavoura. Mas entre maio a julho, época da tainha, o manezinho deixava a roça e o engenho de farinha aos cuidados da família e saía para o mar. A agricultura era para sobrevivência da família, e a pesca era um trabalho remunerado, já que o dono da rede contratava a mão-de-obra. Em pouco tempo, a agricultura perdeu sua importância e os lavradores se voltaram para 52

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o mar para obter renda. Na primeira metade do século 20, a maioria dos lavradores vendera parte das terras para serem donos de rede, porque era mais rentável. Quem não tinha terra (e não conseguia comprar redes) trabalhava sazonalmente como mão de obra. Com o incentivo à pesca industrial, a maré virou. A pesca de arrasto, praticada de forma indiscriminada pelos barcos industriais, foi responsável por redução do peixe no mar. Sem a tecnologia da pesca industrial, os pecadores artesanais foram obrigados a aumentar suas horas no mar para manter seu nível de renda. Surgiu também a figura do atravessador, que comprava Cooperativas de maricultores contribuem com a melhoria da qualidade de vida do pescador

Sou pioneiro. Eu introduzi o cultivo da rosa Dallas no Brasil

o peixe a um preço muito baixo. Aos poucos, o Mercado Público começou a vender peixe de Itajaí e camarão de Laguna. A decadência da pesca artesanal levou a um empobrecimento do pescador tradicional, que também viu a cidade se urbanizar. Muitos tiveram que trocar o mar pelo mercado de trabalho urbano. Em 1940, dos 46 mil habitantes de Florianópolis, 17 mil viviam no interior da ilha. Em 1980, Florianópolis já tinha 188 mil habitantes, mas somente 14 mil moravam no interior. A migração do mané para a periferia (e eventualmente até

para a Grande Florianópolis) também se deu pela expansão da especulação imobiliária no litoral e a expansão de investimentos turísticos. O incentivo oficial ao turismo levou o pescador a vender seus antigos terrenos de roça para empreendimentos dedicados aos turistas. Hoje, ainda há pescador morando na beira do mar, mas poucos têm barco e rede. Servem de mãode-obra para a pesca industrial. Contudo, há também os que resistem e se dedicam à atividade artesanal - ao menos na parte do ano em que lhe é permitido pescar. 2016 l FLORIPA É l

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Paixão pelo curió desafia o tempo

Floripa

NOSSO AFETO POR VOCÊ SE RENOVA DIARIAMENTE.

Curiódromo da Ilha reúne apaixonados por pássaros e preserva a tradição manezinha

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oucas tradições são mais típicas de Florianópolis do que a criação e apreciação do canto do curió. É uma herança tão forte na cidade que ela foi a primeira do Brasil a ter um Curiódromo, local onde se reúnem criadores, competidores, apreciadores e passarinheiros em geral – seja para torneios, para treinos ou para simples lazer entre os manezinhos apaixonados pelos pássaros. O primeiro Curiódromo do Brasil, que já figurou até na revista alemã “Die Welt”, atrai olhares curiosos de quem visita Florianópolis. “Virou atração turística”, diz Aldo Machado, vicepresidente da SAC (Sociedade Amigos do Curió), que administra o local, inaugurado em 1980. Criar curió chegou a ser considerado atestado de manezice. Não é incomum ouvir que, para se reconhecer um mané legítimo, basta ver se ele tem o dedo torno de tanto carregar a gaiola de curió. Claro que é um exagero. Até porque o mané legítimo sabe que a não se carrega a gaiola pela alça, mas sim pela base, com a mão espalmada. “Quem carrega gaiola pela alça é tijucano”, garante um criador que preferiu não se identificar, indicando ser uma brincadeira entre os apreciadores de pássaros. Sair com o pássaro é parte de tradição porque é uma maneira de acostumar o pássaro a movimento e não estranhe na hora que chegar a uma competição. Aliás, a tradição de competição remota à década de 1950, quando dezenas de passarinheiros se encontravam em diversas partes da cidade 54

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e assim começaram a disputar o canto. Na época era uma brincadeira, uma ocasião social. Hoje o curió é assunto sério para os frequentadores do Curiódromo da Ilha. A SAC tem mais de mil associados, porém frequentam o local passarinheiros de Palhoça, São José, São João Batista e outros municípios da região. Mas nem só de curió vive o mané. Outras espécies são aceitas nos torneiros e competições: além do curió, tem canário, coleira, trinca-ferro e bicudo. O vice-presidente da SAC, Aldo Machado, não esconde o sorriso ao falar da tradição. Hoje é tudo organizado, mas a paixão é ancestral.

Competição em ambiente descontraído No grande ginásio, reúnem-se criadores de toda a região da Grande Florianópolis para os torneiros, que começam em maio. É a época das competições de trinca-ferro. As competições de curió esquentam a partir de agosto. De setembro até dezembro, época em que os pássaros mais cantam, Aldo conta que até mesmo o Curiódromo fica pequeno, e os competidores usam o ginásio da Escola Estadual Simão José Hess, vizinha à estrutura. “Temos a permissão da escola”, diz Aldo. A partir de março, os pássaros entram na

época da muda. É a época de acasalamento e troca de penas, quando eles não cantam. Mas o Curiódromo não fecha. Durante os meses de muda, os criadores vão lá para trocar ideias e treinar os pássaros. Ali, junto a demais apreciadores, junto ao barzinho e churrasqueira, eles têm o momento descontraído de preparação para os torneios e falar de sua paixão pelos pássaros. A maior parte deles se dedica aos pássaros há décadas, pois conservação a tradição dos pais. Aldo Machado diz que há 30 anos cuida de seus passarinhos, e que eles ocupam a maior parte do seu tempo. “Começa já antes do sol nascer, cuidando das gaiolas, limpando e alimentando”, descreve. “Tem gente que até contrata pessoas para ajudar, porque o trabalho é grande.” Jorge Guerreiro Heusi, criador de curiós, é um dos que optou por contratar uma pessoa para ajudá-lo. Aos 78 anos, ele é o dono do Sítio do Curió, no Córrego Grande, um criadouro especializado. “Ah, isso é muito trabalho”, diz Jorge, “é coisa para gente aposentada como eu”. Ele os cria há 30 anos, numa estrutura especialmente montada que ocupa praticamente todo o andar térreo de sua casa. O ambiente é climatizado para que no inverno os pássaros possam receber calor. A criação de curiós é cuidadosamente controlada pelos órgãos ambientais, porque a espécie foi praticamente extinta na natureza. A proibição de capturar curiós livres data de 1967, mas pássaros registrados podem ser criados por pessoas habilitadas, como Jorge

Este pedacinho de terra aconchegante, que faz todo mundo se sentir em casa é a nossa maior inspiração. Parabéns pelos seus 343 anos. Nós da Stafe nos orgulhamos de fazer parte da sua história e de poder contribuir com empreendimentos à altura da beleza dessa cidade.

www.laspiedrasfloripa.com.br

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Jorge Heusi possui um dos maiores criatórios de curiós de florianópolis

Heusi e outros. Há um controle feito pela anilha no filhote, indicando que ele é criado em cativeiro – pássaros silvestres não aceitam o anilhamento. “Muitos criticam a criação, mas foi o criador que conseguiu preservar a espécie para que as gerações possam apreciar seu canto”, defende Heusi. “A agricultura dizimou as matas, e os criadores ajudam na preservação, não só do curió mas também do bicudo e do coleira”, exemplifica. O criador Lauro José Cardoso, que tem coleiro e curió, concorda com o aspecto preservacionista. Há 30 anos ele se dedica aos passarinhos, e é frequentador assíduo do Curiódromo. “A consciência das pessoas também melhorou. Hoje não se pega mais passarinho no mato.” Aldo Machado acrescenta: “Hoje tem criador que até solta passarinho, especialmente aqueles que não servem para competir.”

Canto, fibra e valorização A competição de canto começou como uma tentativa de preservar o Canto Florianópolis, também conhecida como Canto Catarina, que estava sendo lentamente extinta, suplantada por outros cantos de curiós. Existem catalogadas mais de cem tipo de cantos regionais. O esforço dos criadores de Florianópolis conseguiu resgatar o canto local, com uso de CDs contendo o canto de grandes mestres canoros. O canto do curió, comparado a um violino, é apenas parte da competição. Os passarinhos são analisados quanto à qualidade de canto, mas também quanto à 56

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fibra (quanto tempo cantam). Os mais valentes vencem as competições e são valorizados. Nas competições de fibra, as gaiolas com os curiós são colocadas lado a lado, numa roda. Cada uma será acompanhada por um juiz durante 20 minutos, período em que serão contados quantos cantos a ave dá. Os menos cantadores são eliminados. Os classificados vão para a etapa seguinte, e assim sucessivamente, até que sobrem apenas 30 curiós. Quem cantar mais leva o troféu para casa. Nas provas de qualidade, os critérios são diferentes. Cada passarinho é levado para cantar sozinho, numa estaca. Os juízes observam se o animal canta as notas conforme o regulamento. Ganha o mais afinado e também o que repetir mais vezes o mesmo canto.

que não é criador. Não que não haja passarinhos de valor em Florianópolis. Aldo machado lembra alguns dos grandes campeões que já passaram por aqui. Um dos curiós mais famosos chamava-se Trovoada. “Esse ganhou o título de campeão dos campeões”. Também houve um chamado Popó, que teve sua fama nacional, assim como o pássaro chamado Preto Joia. Na última temporada de 2015, um passarinho que se destacou foi Power Júnior, o grande campeão da categoria curió preto. Valores à parte, todos os apreciadores de pássaros e frequentadores do Curiódromo são unânimes em afirmar que o que realmente vale é a paixão. José Antônio Santos, o Zequinha, 62 anos, define-se como um passarinheiro. “Não sou criador”, diz, dizendo que tem essa paixão no sangue há 50 anos. Ele tem coleiro, curió e canário. Num domingo ensolarado, era cedo quando já estava junto aos amigos no Curiódromo, mesmo sem competição. É o prazer, a camaradagem e a companhia que levam a essa reunião de manés. Para quem acha que é uma tradição em risco, Aldo Machado aponta que há meninos acompanhando os pais, e alguns já estão participando das competições. “Tem guri de 12 anos que já faz marcação na roda, contando o tempo do pássaro durante o torneio”, garante, confiante que o legado de admiração de pássaros está seguro para as próximas gerações.

Normalmente é o canto que valoriza o pássaro, assunto que deixa os criadores de penas arrepiadas. Aldo Machado explica que a venda de curió é ilegal, e ninguém fala muito abertamente sobre o assunto. Então, há histórias de passarinhos trocados por apartamentos avaliados em R$ 300 mil, outros de ofertas de R$ 10 mil durante os torneios, mas nada confirmado. Mas isso é oferta para campeões nacionais. Hoje em dia, com os torneios locais, não se chega a tudo isso. “Só o que posso dizer é quem um bom filhote tem preço médio entre 300 e 500 reais”, diz Aldo, Aldo Machado é um dos competidores do Curiódromo 2016 l FLORIPA É l

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Comportamento

ESPECIAL

Magia por toda A PROFUSÃO DE BELEZAS NATURAIS ANO E QUE SEMPRE SE PERGUNTAM:

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difícil encontrar alguém em Florianópolis, nativo ou adotado, que não tenha ouvido falar da Ilha da Magia. Grande parte da população conhece a origem da expressão, vinda do folclorista e antropólogo Franklin Cascaes, em função de sua pesquisa sobre o imaginário dos habitantes de Florianópolis. O universo de mitos e lendas como bruxas, lobisomens e boitatás, que virou até minissérie de televisão (veja box), com o tempo foi dando lugar a um conceito novo. A Ilha da Magia mostra seus encantos e atrai pessoas de toda a parte. Muitos dos que a visitam não perdem a oportunidade de voltar. Outros, ainda, quando podem, escolhem a Ilha para morar. O professor Francisco do Valle Pereira, coordenador de comunicação do NEA (Núcleo de Estudos Açorianos) da Universidade Federal de Santa Catarina, enumera possíveis motivos para o conceito ter sido incorporado por seus habitantes: o fato de ser uma capital de Estado, ser situada numa ilha e ter hábitos ainda provincianos. Não demorou muito, diz ele, para essa identificação com a população ser capitalizada por dois segmentos: o político e o turístico. A identidade cultural logo foi apropriada pelas prefeituras em slogans de governo, em peças promocionais que usavam essa expressão. Uma grande evidência, ressalta o estudioso, é que o órgão máximo da cultura do município leva justamente o nome do folclorista: 58

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parte GARANTE GRANDE QUANTIDADE DE TURISTAS TODO O QUE ATRAI TANTA GENTE PARA MORAR EM FLORIANÓPOLIS?

Lugar fácil de viver Fundação Franklin Cascaes. O trade turístico usou o contexto da magia sobrenatural também para promover Florianópolis como destino para lazer dos visitantes. “A magia das bruxas também é a magia da natureza, de seus habitantes e costumes, nessa que é a última ilha do Sul do Brasil”, ressalta o professor da UFSC. “Como diz o antropólogo Peninha (Gelci Coelho, museólogo, discípulo e continuador da obra de Franklin Cascaes), esse local é uma pérola: é um mimo especial do Criador”. Francisco do Valle Pereira também destaca que o ambiente agradável, a tranquilidade e as belezas naturais fazem “uma conspiração” para tudo dar certo. “Não se tem dificuldade para viver aqui”.

Essa facilidade de vida em Florianópolis atraiu pessoas como o casal Daniel Ferreira Guedes, 35 anos, e Aline Santos dos Anjos, 32, que há seis anos moram na Grande Florianópolis. Eles contam que vieram de Belém (PA) em busca de oportunidade de trabalho. “Aqui tem magia sim”, confirma Aline, que é vendedora em São José e nas suas férias resolveu passear por pontos turísticos de Florianópolis com o marido. “Deixamos mãe, família na nossa terra. Agora não pensamos mais em voltar.” “Florianópolis só nos trouxe coisas boas”, reforça Daniel, que trabalha como vigilante. “Aqui conseguimos em 6 anos o que provavelmente não conseguiríamos em 20 na nossa terra.” O casal reforça a apreciação de belezas

naturais e uma paisagem única, muito diferente do Pará. “Há uma variedade de atrações, mas as praias são uma paisagem diferenciada”, destaca Aline, que reforça ter vindo de um lugar com praias de mar e de rio. “Mas as (praias) daqui são lindas demais.” A profusão de belezas naturais tem seu lugar garantido nos slogans oficias da Prefeitura de Florianópolis, destaca o professor Francisco do Valle Pereira. “Nos últimos dois ou três mandatos, os slogans se referem à natureza ou, mais recentemente, ao conceito de qualidade de vida, ligado às belezas naturais”, lembrando os chavões “Terra de Sol e Mar”, “Florianópolis das 42 praias”, ou “a capital da qualidade de vida”. Ele destaca que o fundo de tudo

isso é a identidade cultural, que vai se incorporando às pessoas porque tem uma ressonância da alma de quem mora em Florianópolis. “Ao trabalhar com essa ‘flechada de Cupido’ na alma, as identidades têm grande significação para quem vive aqui, seja daqui ou venha para cá, mesmo temporariamente, para fazer um curso superior, um trabalho. A pessoa vive tudo isso e percebe que tem um significado.” Na verdade, defende o professor, essa identificação já extrapolou o conceito dos mitos sobrenaturais. “Antes tudo isso era muito latente; mas agora há magia nas coisas típicas do manezinho, como o Curiódromo, o Mercado Público, a figueira da Praça XV”, exemplifica. “É uma questão de alma.”

Tudo começou na TELEVISÃO O professor Francisco do Valle Pereira, coordenador do NEA (Núcleo de Estudos Açorianos) da UFSC lembra que o conceito de Ilha da Magia se popularizou na década de 1980 e ganhou projeção nacional com a minissérie “Ilha das Bruxas”, exibida pela extinta Rede Manchete em 1991. “O seriado deu uma visibilidade nacional, fundamentado no trabalho de

Franklin Cascaes”, acentua. O roteiro de Paulo Figueiredo teve a decisiva contribuição da jornalista catarinense Bebel Orofino, estudiosa do assunto. Na época, foi a produção mais cara do núcleo de dramaturgia da emissora, que vinha da novela de grande sucesso “Pantanal”. A minissérie “Ilha das Bruxas” foi planejada para se tornar um sucesso

como o da obra ambientada no Centro-Oeste, mas não foi o que aconteceu. Se o retorno de audiência não atingiu o patamar desejado, a minissérie filmada na localidade de Ratones contribuiu para a solidificação da ideia já explorada no turismo de Florianópolis. A mensagem oficial, já oficializada em Congresso da Abrav de 1988, era que a cidade de ar misterioso e mágico

tinha encantos em sua natureza e costumes, o que atraía mais e mais visitantes, principalmente dos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul e de países vizinhos, como Uruguai e, principalmente Argentina. A minissérie “Ilha das Bruxas” pode ser assistida na íntegra no YouTube.

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Eles chegaram a trabalhar em São José Daniel Ferreira Guedes e Aline Santos dos Anjos vieram do Pará e adoram a cidade

Alma simples Foi guiada pela alma que Gioconda Rosito, 62 anos, veio parar em Florianópolis, mais especificamente em Santo Antônio de Lisboa. A gaúcha morava na Alemanha, mas quando seu casamento se desfez, ela voltou para o Brasil, na década de 1990. “Não quis ficar em Porto Alegre, e comecei a procurar uma cidade para refazer a minha vida”, conta. “Comecei pelas cidades onde tinha amigos: Curitiba, Rio de Janeiro... Terminei chegando aqui há 20 anos, em 1996, e não penso em sair.” Gioconda é uma apaixonada por Santo Antônio de Lisboa, e muito atuante na comunidade. “Santo Antônio é muito simples, mas um lugar cheio de magia. As pessoas se abrem para quem conhece esse mundo delas. É como se fosse uma conexão, né?”, reflete, ressaltando que seu dia a dia é muito despojado, com roupas simples e um modo sincero de viver. A localidade de Santo Antônio de Lisboa, com as vizinhas Cacupé e Sambaqui, formam a charmosa Rota Gastronômica do Sol Poente. É que todo o litoral desses bairros é pontuado por restaurantes, bares e cafés charmosos, que lotam de turista, seja verão ou não, com uma vista especial do entardecer. Gioconda já morou na Europa e é testemunha da diversidade de visitantes. “O mundo inteiro passa por aqui, e quase toda semana eu falo alemão com os turistas.” Mané tardia, ela se descobriu uma maricultora. Morava na Barra do Sambaqui, ao lado de Santo Antônio, quando viu os habitantes da localidade se 60

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interessarem pelo cultivo de ostras. “Fui à Epagri, fiz o curso, que terminava com visitas a produtores. Comecei no ramo e não demorou muito para eu ter o Cantinho da Ostra.” Por viver intensamente a vida comunitária, Gioconda também passa pelos mesmos sofrimentos do nativo. Em 2014, ela viu seu rancho de maricultura ser destruído num incêndio que atingiu outros produtores de ostras. Só agora, dois anos mais tarde, eles obtiveram para licença para a reconstrução.

e Palhoça, mas rapidamente voltaram para Ilha. “Recusei uma boa proposta de trabalho em Palhoça, mas hoje estou onde quero”, revela Javier. “Aqui tem gente boa, o lugar é bonito.” Confessa que teve muita saudade quando voltou à Argentina, por motivos de doença na família. “Aqui é uma coisa especial”, diz, apontando para além da rua onde trabalha. “Lá tem morro verde, não é em todo lugar do mundo que tem isso: campo, natureza e cidade juntos.”

NAtivOS JÁ SÃO MINORIA Para o professor Francisco do Valle Pereira, a alma do habitante de Florianópolis incorporou totalmente esses conceitos da Ilha da Magia por estar calcado na identidade cultural. “Até empresas que têm identificação com a cidade incorporaram o conceito. O Grupo Koerich tem o slogan ‘gente nossa’, por exemplo.” Mas a maioria dos habitantes da Capital não é mais “gente nossa”. O Censo de 2010 mostrou que manezinhos já são minoria em Florianópolis. O total de habitantes é de 421.240 pessoas, mas destes apenas 48,29% nasceram aqui. Os outros 51,71% vieram de

outras cidades, Estados e países. O grosso da fatia dos migrantes vem de Santa Catarina: 69,61%. O índice de pessoas vindas de fora, em 2000, era de 12%, que correspondia a 40.501 pessoas. Em 2010, o número absoluto (correspondente aos 51,71%) chegou a 217.823 pessoas, das quais mais de 7 mil eram estrangeiros como Javier Martinez. Nem é preciso dizer que a proporção provavelmente cresceu ainda mais nos últimos seis anos.

Comportamento

mas é apaixonado por Florianópolis. Foi por acaso que soube sobre a Ilha. “Fui à Casa de Brasil, em Montevidéu, ver oportunidades de visitar ou morar no Brasil. Lá encontramos uma mulher, uma gaúcha, que nos falou maravilhas de Florianópolis. Viemos passar férias e nos apaixonamos.” O casal tem duas filhas: Guadalupe, de 16 anos, e Luciana, de 7 anos. “Luciana é um nome bem brasileiro”, ressalta Marcela.

A Ilha da Magia está cada diz mais suplantada pela magia da Ilha. Se estivesse vivo, Franklin Cascaes certamente ficaria surpreso ao ver a dimensão e os rumos tomados por sua obra. Ou talvez atribuísse a situação aos “casos e ocasos raros” de Florianópolis.

Sem jamais ter tirado férias, Gioconda não planeja sair de Santo Antônio. Mas agora já cogita ir visitar os filhos, que preferiram ficar na Europa. “Tenho uma filha na Suíça e um filho na Alemanha.” Mas não tem perigo de ficar por lá, garante. “Gosto muito disso aqui. Aqui eu me encontrei. Não saio daqui , nem mesmo para morar no Centro de Florianópolis.” Mas nem todo mundo consegue vir a Florianópolis e ficar com planos de longo prazo. Muito da magia da Ilha se refere a pessoas que vão e voltam a morar na cidade, por questões de diversas. E o misterioso canto da sereia que é Florianópolis os atrai de volta. É o caso de Javier Martinez, 49 anos, um uruguaio criado na Argentina, e sua mulher argentina Marcela. Dono do salão de beleza Ibiza, no bairro Santa Mônica, Javier voltou a morar há quase quatro anos na Ilha, onde viveu anteriormente por cinco anos. “Ficamos com muitas saudades dos amigos que deixamos aqui”, revela. “Nunca topei com gente ruim em Florianópolis”.

Gioconda Rosito (esq.) e Francisco do Valle Pereira (acima) não trocam Florianópolis por nenhum outro lugar

Javier já morou na Austrália também, 2016 l FLORIPA É l

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APÓS REFORMAS E POLÊMICA, O NOVO FORMATO “MIX” DO MERCADO PÚBLICO É A NOVA ATRAÇÃO PARA O ANIVERSÁRIO DE FLORIANÓPOLIS No aniversário de Florianópolis, uma das estrelas da festa é o Mercado Público, que funciona com o novo formato mix desde a entrega da ala sul, em agosto de 2015. Esse velho novo Mercado passou por sete anos de mudanças, assistiu a muitas polêmicas, mas hoje está mais organizado, moderno e seguro, garante o presidente da Associação do Mercado Público, Aldonei Brito, de 50 anos. A polêmica maior ficou por conta do processo de licitação, fato histórico, que

só se compara à reforma do prédio, a mais completa dos últimos cem anos. Embora a reforma tenha sido precipitada por um incêndio na ala norte há 11 anos, foi feita novamente em 2014 e incluiu a ala sul, que só foi aberta à comunidade em agosto do ano passado. “Hoje o Mercado tem um mix de produtos, atendimento diferenciado”, diz Brito, ressaltando que o carro-chefe do local, as peixarias, têm hoje balconistas, uniformizados, com touca e botas. “Somos o único mercado público do Brasil com selo

de inspeção estadual da Cidasc”, orgulha-se. A limpeza do Mercado Público de Florianópolis chamou atenção de Bernardo Duarte, superintendente de um banco em Fortaleza (CE). “Aqui é muito organizado”, admira-se. Ao lado de Elis Henrique, diretora de empresa, e da pedagoga Eberian Almeida, Bernardo faz uma comparação com o Mercado Público de Fortaleza e elogia a estrutura: “Lá não tem lugar climatizado, e barzinhos tão bons, com cervejas artesanais e tudo.” Bernardo destaca que o mercado

de lá é voltado para o fortalezense. “É bem popular. Não se tem tanta coisa de qualidade como aqui”, diz o turista, ressaltando que o que mais chamou a atenção foi o vão do mercado, amplo e cheio de opções gastronômicas. “O preço é que é turístico. Eu já tinha ouvido falar, mas não sabia que era assim”, garante o cearense.

RECONHECIDO E AMADO POR TODOS Aldonei Brito cita que o site de viagens TripAdvisor dá 90% de aprovação para o Mercado. “Em qualquer cidade do mundo, é a alma da cidade”, diz. Depois da licitação e do reposicionamento do Mercado, Brito cita a qualificação do local e rejeita que os preços estejam altos. “Aqui tem o mesmo preço da Sanduicharia da Ilha, do Quiosque da Brahma. Tem preços para todos os públicos”, afirma. Ele destaca a qualificação dos restaurantes. “Hoje tem estrutura, tem até maître. E tem também gente que fala no mínimo espanhol”, diz. “Claro que cobramos por isso também.” Os produtos ofertados hoje, para Brito, são mais variados. “Antes tinham 39 boxes vendendo sapatos. Hoje só tem nove. Mas tem mais empórios, artesanatos, cafés, duas sorveterias, para não mencionar as peixarias”, enumera o presidente da associação. Brito anuncia uma surpresa especial para o aniversário da cidade. “No dia da festa, o Mercado estará aberto normalmente ao público”, revela, destacando que o novo modelo está trazendo novos hábitos aos moradores da cidade. “Durante toda a temporada, de 20 de dezembro até 14 de fevereiro (após o Carnaval), o Mercado abriu todos os domingos.” Por enquanto, o local só fica aberto de certeza um domingo por mês, mas Brito prevê que isso possa mudar, conforme a população vá se acostumando aos novos horários. Um dos grandes fantasmas que rondava o Mercado Público parece estar definitivamente exorcizado: os riscos de incêndio, comuns a prédios muito antigos. “Hoje temos o melhor preventivo contra incêndios do Brasil”, garante.

A PARTIR DE MAIO Contudo, a revitalização do Mercado Público, uma das bandeiras do jornal Notícias do Dia desde 2010, ainda não está totalmente concluída. Desde o dia 14 de março, estão em andamento as obras para a instalação da cobertura retrátil do vão central, onde ficam boa parte das mesinhas de restaurantes, bares e botecos. O trabalho que é feito durante a noite, tem previsão de estar concluído já em maio. Até lá, contudo, a vida no Mercado Público continua, e cada vez mais emocionante. É o que garante quem passou praticamente toda a vida no Mercado, como Aurino Manoel dos Santos, 69 anos – dos

quais 56 no Mercado. “E mais alguma coisa”, acrescenta, rindo. Ele tem um bemsucedido açougue no local. Seu Aurino, como é conhecido, também ajuda os filhos a tocarem uma tenda de carnes exóticas. Comerciante da velha guarda, ele elogia a revitalização do espaço. “O povo precisava de uma coisa assim, limpo, organizando, lindo”, diz ele, ressaltando, porém, que o movimento de clientes não voltou a ser o que era antigamente, “mas eles estão voltando”.

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DE VOLTA AO CORAÇÃO DO ILHÉU E DO TURISTA

Em meio a lagostas, caranguejos, berbigão e molhos especiais, Seu Aurino lembra suas quase seis décadas de Mercado. “Eu era guri e ajudava meu pai, Manoel Joaquim dos Santos, no comércio.

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Para Seu Aurino, a mudança foi positiva: “A evolução é natural”. Declarase feliz por estar no Mercado, trabalhando com a família. “Criei minha família aqui. Hoje trabalha filho, filha, nora, neto. Eu me sinto realizado.” Nem todos têm essa felicidade. O comerciante Sérgio Murilo começou a trabalhar no Mercado em 1981 e tinha uma banca de calçados desde 1989. Com a reformulação de 2014, ele agora tem uma loja que vende souvenir e artigos de palha e vime. “Essa mudança não foi boa, não”, avalia. “O povo não vem mais: o comércio é que tem que se adaptar às necessidades do povo. Vendíamos barato e o povo vinha comprar.” Sérgio diz que o Mercado não pode ser só para turista: “Tem que ser para o povo da terra. E o povo não vem mais”, diz ele.

NOVO ESPAÇO ATRAI PÚBLICO DE FORA Não é a opinião da rendeira Elita Catarina Ramos. Essa simpática senhora de 63 anos passa suas tardes no espaço dedicado à venda e ensino de renda de bilro dentro do Mercado. O movimento é constante, diz. “Não é só de turista. Muitas pessoas da nossa cidade vêm comprar renda para levar de lembrança aos parentes de fora”, explica. “É bom porque aqui é central: podia ir comprar na Lagoa, ou em Sambaqui, mas é longe. Aqui tá pertinho.” Elita fica orgulhosa quando fala de seu ofício. “Valoriza a arte e nossa cultura”, explica ela, enquanto ensina um trançado a uma colega a seu lado e atende clientes interessados em comprar peças prontas. Elas também dão cursos de renda de bilro, e aguardam ainda interesse das crianças. “Até agora apareceu pouca criança. Elas podem começar a fazer renda a partir de uns oito anos, mais ou menos”, diz Elita, cumprimentando o único rendeiro do

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Vi a mudança, a degradação, depois o incêndio...”, diz, referindo-se ao desastre de 2005 que praticamente destruiu a ala norte do prédio. “Esse nosso mercado dá uma novela”, brinca. “Mas tem que ter um final feliz”, arremeda.

espaço, conhecido como Dinho. Aparece gente de tudo quanto é lugar, garante a rendeira, citando Japão, Alemanha, Estados Unidos: “Não é só América Latina”. Ela explica que a renda veio da Bélgica, embora seja herança cultural de muitas regiões europeias. “A nossa aqui de Santa Catarina é parecida com as rendas de Portugal, por causa da colonização açoriana”, esclarece, explicando a um turista francês como se soletra bilro. Para Elita, o espaço cultural da rendeira no Mercado ainda engatinha. “Ele pode crescer”, diz ela, explicando que a clientela ainda custa a chegar. A avaliação é semelhante à de Seu Aurino, o dono do açougue que leva seu nome: “O povo ainda está acanhado (para fazer compras no Mercado)”. Aos poucos, o novo Mercado Público vai retomar o mesmo lugar no coração da cidade. Por enquanto, ele ainda aparece como uma coisa nova, uma melhoria para os novos tempos que a cidade vive.

Nosso Senhor dos Passos 250 anos de devoção

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quinta-feira amanhece quente na Capela Menino Deus, nas proximidades do Imperial Hospital de Caridade de Florianópolis. A imagem do Senhor Jesus dos Passos é cercada por dezenas de crianças, que começam a lavação da escultura ornamentada e em tamanho natural. Eis o primeiro rito da 250ª Procissão do Senhor Jesus dos Passos, a maior manifestação religiosa de Santa Catarina. Cerimônia que tem como símbolo principal a representação em cerâmica de Jesus caindo pela primeira vez a caminho do Calvário.

As novas áreas do Mercado oferecem também produtos naturais

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A imagem chegou à Ilha de Desterro em 1764. Atribuída ao escultor baiano Francisco das Chagas, a obra tinha como destino Rio Grande (RS), mas o barco que a transportava teve que atracar em águas catarinenses. Aquele infortúnio logístico seria logo interpretado como vontade divina e assim daria início a devoção que atrai milhares de fieis pelas ruas do Centro de Florianópolis.

Em 1º de janeiro de 1765 é fundada a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, guardiã da imagem e realizadora do culto, que teve sua primeira edição no ano seguinte e persiste até hoje. Tombada pelo Conselho Estadual de Cultura como Patrimônio Cultural Imaterial de Santa Catarina em 2006, a Procissão aguarda este ano um parecer técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para ser registrada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Quando receber o título será a segunda maior procissão católica do Brasil. Perdendo apenas para o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, realizada no segundo domingo de outubro, em Belém, no Pará.

A comunidade acompanha emocionada os pequenos que, em cada gesto, vão renovando a tradição, uma das preocupações mais urgentes da Irmandade. “Estamos investindo na aproximação dos jovens com o evento, mas não apenas para caminhar conosco, e sim, para que conheçam a história e nos ajudem a mantêla viva”, disse o provedor em exercício da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, Luiz Mário Machado.

Esculpida em tamanho natural, a imagem mostra um Jesus ajoelhado pela perna esquerda, enquanto apoia uma grossa cruz no ombro. Seu rosto está tomado de suor e sangue, que parte do topo da cabeça, onde está a coroa de espinhos. A expressão de dor e exaustão chama a atenção do grupo de crianças que prossegue com a lavação.

Aumenta a expectativa para a chegada do fim de semana. O roxo vai tomando conta aos poucos das ruas do Centro, desde o largo da Catedral até a Capela Menino Deus. É de lá que parte no sábado pela manhã a Procissão do Carregador. Após uma missa, tem início uma caminhada perfazendo o trajeto da procissão pela primeira vez. Balaio, castiçal,

A lavação termina para dar início a Missa do Sacramento da Unção dos Enfermos. Ao anoitecer, outra missa, a da Benção do Santíssimo Sacramento, encerra a cerimônia de preparação para o translado da imagem até a Catedral.

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Procissão atrai milhares de fiéis todos os anos

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novo, a cura de uma doença, um pedido atendido. São inúmeros os motivos que convergem para a santa imagem. Moradores das ruas Menino Deus e Tiradentes iniciam os preparativos para o grande dia. Janelas e portas são decoradas, margeando um mosaico de tapetes feitos com serragem, cal, café. São símbolos da festa, com desenhos e palavras que transmitem mensagens de motivação, paz, amor e fé. É este o cenário na manhã do domingo, dia 13 de março, exatamente a 15 dias da Páscoa, como preza a tradição de 250 anos. Já abrigada na Catedral, a imagem é adorada em uma missa matinal que tem a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos com destaque especial. A cor dos guardiões da imagem é a roxa e predomina nas vestes e marca o ambiente. Uma multidão vai se juntando no Centro a espera da Procissão. São mais de 40 mil quando o Sermão do Encontro das Imagens é feito pelo padre Márcio Alexandre Vignoli, de Balneário Camboriú. Momento de muita

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almofadas, bancos, suporte e cofre que acompanham a imagem são levados por um grupo com mais de cem pessoas até a Catedral Metropolitana. O sábado é de grande movimento no Centro Histórico. Fiéis de todas as partes do Estado vem chegando para o grande momento e se misturam em meio aos consumidores, as feiras, aos comércios e ao Mercado Público. A noite se aproxima. É hora da imagem deixar temporariamente sua morada. Nova missa é realizada na Capela Menino Deus, ministrada pelo capelão Padre Pedro Koehler. Os cânticos de louvor e rezas vão embalando o cortejo que acompanha as imagens do Senhor Jesus dos Passos e da Nossa Senhora das Dores. Membros da comunidade se prontificam a carregar os símbolos da fé e devoção de milhares. São mais de 20 mil, segundo a Polícia Militar. Gratidão é a palavra que mais se ouve entre os seguidores. Um emprego

comoção para os fiéis, quando é possível acompanhar idosos, adultos e crianças aos prantos, em uma sintonia cerimoniosa. São as irmãs da Irmandade que puxam a frente da Procissão, acompanhada de um coral e banda que vai marcando o passo geral. O caminho de volta é feito por um emaranhado de populares e autoridades catarinenses. A rua Tiradentes fica tomada, o som é ouvido ao longe. Os fiéis pedem a benção, alguns carregam terços nas mãos, vão rezando e cantando durante todo o percurso. É grande o número de crianças, símbolos da esperança de renovação do culto. O cortejo para em seis pontos distintos para que um canto rompa em lamento a dor sentida por Cristo durante seu calvário. É com sentimento de compaixão que a imagem é posta de volta a sua casa. Diante dos fiéis, ela reluz soberana a espera de novos pedidos e promessas. Ano que vem tem mais.

Nossa Senhora das Dores é icone de devoção

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Onde o esporte encontra a beleza e a natureza MODALIDADES NÁUTICAS E AO AR LIVRE CONQUISTAM PÚBLICO E AJUDAM NO CRESCIMENTO DO TURISMO DE EVENTOS

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ais do que nunca, Florianópolis passou a atrair eventos esportivos de peso e de renome internacional, nos últimos anos, como o Ironman, a meia-maratona, corridas e até provas de kart com estrelas mundiais do automobilismo. Não há como negar que a capital catarinense tem vários atrativos para eventos internacionais. A beleza natural da Ilha, a infraestrutura e o apelo de mídia da cidade podem ser considerados os principais pontos que atraem os promotores de eventos. As modalidades náuticas, como vela e remo, levaram o nome de Florianópolis mundo afora. Aqui despontaram, e continuam surgindo, grandes campeões nessas modalidades, assim como no surfe, outro esporte que explora muito bem as águas do mar. Normalmente, é a prefeitura de Florianópolis, por meio da Fundação Municipal de Esportes e 70

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a Secretaria Municipal de Turismo que fornece todo o apoio para a realização destes eventos. Afinal, há um imenso potencial para o desenvolvimento de esportes, principalmente as modalidades náuticas e atividades ligadas à natureza. Normalmente, as grandes cidades têm dificuldades na realização de eventos, principalmente em termos de mobilidade e locais para as competições. “Nos últimos três anos, fomentamos duas regatas no aniversário de Florianópolis, uma com a Associação de Vela da Lagoa da Conceição e outra com o Iate Clube Veleiros da Ilha. Também fomentamos outros esportes somo surfe, standup paddle e os clubes de remo da cidade”, conta o diretor de Esportes da Fundação Municipal de Esportes, George Neis. Essas competições, tradicionalmente, já fazem parte do calendário e a

Fundação de Esportes é constantemente procurada por outros organizadores de competições. Mas nem sempre é possível a execução de todos os projetos, devido à grande demanda. “O poder público é um agente de fomento das modalidades esportivas. Em relação aos esportes náuticos, alguns estão bem estruturados e têm conseguido uma parceria de sucesso. Outros, nem tanto”, revela Neis. Ele admite que falta a união de forças para a estruturação de um projeto náutico organizado e com objetivos definidos. “A sociedade civil deveria buscar, junto aos poderes públicos, o apoio a um projeto global para o fomento das atividades náuticas. Seria um grande passo para que a atividade alcançasse os padrões internacionais”, projeta o diretor.

á 60 anos, o Iate Clube de Santa Catarina aproveita como ninguém o potencial náutico de Florianópolis. E a vocação de títulos dos velejadores, que começou em 1945, com Ademar Nunes Pires e Osvaldo Pedro Nunes, que foram campeões brasileiros da classe Scharpie, por equipe, cada vez fica mais forte. Os títulos dos catarinenses vão se acumulando a cada temporada, assim como a organização de grandes eventos da modalidade. Em fevereiro deste ano, por exemplo, o Iate Clube Veleiros da Ilha organizou o XXIV Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina, competição que é uma das mais tradicionais do calendário de vela do país. “O Circuito Oceânico deste ano foi ainda mais importante, pois foi válido como Brasileiros das classes ORC e RGS, as duas mais importantes de vela oceânica do Brasil. E os dois campeões das categorias foram barcos do Iate Clube: Catuana Kim (ORC) e Zephyrus (RGS)”, destaca Alexandre Back, comodoro do Iate Clube de Santa Catarina. Em 2015, o Iate Clube trouxe o Mundial de Soto 40 para a Sede Oceânica, além de realizar dez etapas da Copa Veleiros de Oceano, uma por mês, e nove etapas da Copa Veleiros de Monotipos, também uma por mês. “O Iate Clube tem atividade esportiva quase todas as semanas. Nos últimos anos intensificamos ainda mais as competições de vela. Trouxemos o Brasileiro de Optimist, em janeiro deste ano, e a seletiva para o Mundial da mesma categoria, no ano passado. Além disso, para 2016 estão programados o Brasileiro de Dingue e todas as nossas etapas do calendário”, reforça Back. O Iate Clube tem atletas desde o jovem velejador, que está iniciando na base, entre 6 e 15 anos, na classe Optimist, até os mais experientes, que velejam de Oceano e Monotipo. “Entre os atletas olímpicos de destaques temos o Bruno Fontes, da classe Laser, com duas participações em Jogos; o André “Bochecha” Fonseca, também

presente em duas Olimpíadas, além de ter sido o único brasileiro a disputar a última edição da Volvo Ocean Race. E Marcelo Gusmão, que velejou na Olimpíada de Atlanta (1996), e participa ativamente dos eventos. Para completar, temos atletas que já fazem parte da seleção brasileira, como Alex Veeren, que neste ano foi vicecampeão sul-americano de Laser Radial”, comemora. A Sede Oceânica fica em Jurerê, onde acontece a maioria dos eventos do Iate Clube. Ela é considerada por muitos como a melhor do país e uma das melhores do mundo devido às constantes boas condições de vento. Muitos atletas olímpicos têm vindo a Florianópolis para se prepararem para a Olimpíada. “O Iate Clube investe muito nas competições internas. Para se ter uma ideia, mais de 15 pessoas da equipe de trabalho do clube estão

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Vela é A MAIOR FORMADORA DE NOVOS campeões

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escaladas para trabalharem na Olimpíada Rio 2016 na vela. O quadro técnico catarinense é considerado o melhor do país”, orgulha-se. Segundo Back, “Florianópolis tem um potencial muito grande para esportes náuticos e que não está sendo aproveitado adequadamente. Marinas públicas, trapiches públicos, incentivo à iniciativa privada para investimentos em estruturas náuticas praticamente não existem. Há organizações que procuram alertar e auxiliar. Mas é preciso recursos e políticas públicas voltadas para este tema”. Para completar, ele acredita que “o poder público deve olhar com mais atenção o potencial náutico. Sabemos das dificuldades e limitações que o setor público encontra. Por isso, entendemos que as soluções devam vir de parcerias público-privadas”.

Trabalho em equipe e visual deslumbrante na formação dos atletas 2016 l FLORIPA É l

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Remo COMEMORA 100 ANOS NA CAPITAL

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passado, o presente e o futuro da centenária história do remo 1 3 de Florianópolis se encontraram nas águas da Baía Sul no final de fevereiro. Foi um momento emocionante. Cerca de 120 atletas dos três clubes de remo da Capital (Martinelli, Aldo Luz e Riachuelo) disputaram 13 provas, todas de 500 metros, na chamada Regata de Velocidade. O evento marcou o início da temporada 2016 e teve o Martinelli em 1º lugar, com nove dos 17 atletas campeões; o Aldo Luz ficou em 2º, com cinco campeões; e o Riachuelo em 3º, com três campeões. O remo é um esporte que tem a beleza e a natureza como parceiros inseparáveis. Mas, nessa prova específica, apesar da vibração dos vencedores, o que roubou a cena foi a homenagem feita após as disputas, quando as cinzas de Álvaro Elpo (Corvina), que morreu em janeiro de 2016, aos 103 anos, foram derramadas no mar sob aplausos intensos de familiares, parentes, amigos e amantes do esporte. Assim, Alvinho, como era chamado carinhosamente, que foi timoneiro do Aldo Luz por muito tempo, teve seu pedido atendido. “As águas da Baía Sul eram o local onde ele mais gostava de ficar”, contou o presidente da Federação Catarinense de Remo, Carlos Alberto de Melo Dutra, o popular Liquinho. Em 2015, os amantes do remo festejaram 100 anos do surgimento do esporte na Capital. E se o passado da modalidade estava representando pela homenagem a Alvinho, o presente também era muito forte. Entre os competidores da Regata de Velocidade estava Anderson Nocetti, que competiu pelo Martinelli e ganhou o páreo do 8. Nocetti é dono de um currículo invejável: o florianopolitano, 42 anos, foi o primeiro remador brasileiro a competir em quatro Olimpíadas seguidas: Sydney (2000), Atenas (2004); Pequim (2008) e Londres (2012), além de ter 24 títulos nacionais e 11 sul-americanos. “Passei mais da metade da minha vida remando e tudo valeu a pena. Em Jogos Olímpicos, fiquei em 13º em Sydney e em Atenas, minhas melhores colocações”, reforça ele, que perdeu a conta de quantas participações e títulos teve na disputa de remo nos Jasc (Jogos Abertos de Santa Catarina). “Com todo esse potencial que temos em Florianópolis, é uma pena que falta organização e apoio para o remo se l FLORIPA É l 2016

desenvolver mais e voltar aos tempos de glória”, lamenta o multicampeão, que ainda tem resistência e motivação para seguir competindo. Com passado e presente tão ricos e fortes, o remo de Florianópolis aposta no futuro e tem bons motivos. Um deles é José Vitor Farias, 18 anos, campeão brasileiro, vice sul-americano e 12º no Mundial, tudo na categoria júnior, em 2015, além de

ter participado do evento teste para a Olimpíada, em agosto do ano passado, no Rio de Janeiro. “Comecei em 2010, com o projeto Remo vai à Escola, do Aldo Luz, para divulgar a modalidade. Hoje, o remo é tudo na minha vida”, orgulhase, ao comemorar o título da Regata da Velocidade, ao lado de Pedro Morgado, na categoria 23 anos.

HISTÓRIA É RECHEADA DE TÍTULOS e conquistas A história do remo em Florianópolis começou em 1915, com a fundação do Clube Náutico Riachuelo e do Clube Náutico Francisco Martinelli. Em 1918, foi fundado o Clube de Regatas Florianópolis, transformado em Aldo Luz, em 1919. Entre as relíquias dessa história mais que centenária, há fatos pitorescos e curiosos, como uma equipe do Aldo Luz que saiu da Capital de madrugada para ir remando até Itajaí, na década de 1920. O primeiro título brasileiro conquistado pelo Estado foi em 1936, com barco Quatro

com timoneiro, do Riachuelo, cuja guarnição teve o timoneiro Décio Couto como o primeiro catarinense nos Jogos Olímpicos, em 1936, em Berlim (Alemanha). Santa Catarina voltou a conquistar o Brasileiro, na mesma prova, em 1954 e em 1955, e, na sequência, o Sul-americano, com uma guarnição do Aldo Luz, que entre os remadores contava com o saudoso Sady Cayres Berber. “Nas décadas de 1950 e 1960, o esporte teve o seu auge, levando milhares de pessoas ao cais da cidade e a toda a região central de

Uma empresa que investe em energia renovável só poderia escolher como sede uma cidade que renova as energias. Parabéns pelos seus 343 anos. 23 de março. Aniversário de Florianópolis. 2016 l FLORIPA É l

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petições internacionais. Em 2007, em Munique (Alemanha), aconteceu a maior vitória do remo nacional até aquela data, com a conquista do Mundial pela atleta catarinense Josiane Dias de Lima. No ano seguinte, o remo passou a fazer para da Paralimpíada, em Pequim (China), e Josiane conquistou o bronze, a única medalha até hoje da modalidade em Jogos Paralímpicos. Além do pararemo, que vem alcançando resultados expressivos com a seleção, o Brasil conta com outra multicampeã: a catarinense Fabiana Beltrame. Em 2011, ela venceu o Mundial, na Eslovênia. Até hoje, é a única remadora da categoria convencional a alcançar tal feito. Fabiana já disputou as Olimpíadas de 2004 (Atenas), 2008 (Pequim) e 2012 (Londres). “No momento, o esporte vive uma fase de renovação em Florianópolis, com os clubes investindo em estrutura, tanto em barcos e equipamentos quanto em profissionais mais capacitados”, destaca André. Um dos desafios atuais é aumentar o número de praticantes e tornar a modalidade interessante para o público. A aposta da federação foi unificar o calendário de 2016 e 2017 com as mesmas provas, o que fará os clubes se plane-

jarem para a formação de novos atletas. Outra proposta da federação é transformar o Parque Náutico em um local mais frequentado pela população. Atualmente, Santa Catarina tem um polo da seleção paralímpica e do remo feminino, onde treinam as equipes principais. Incentivar esportes náuticos não se resume a construção de marinas, mas ter um espaço de fomento ao desporto. “No caso do Parque Náutico, havia um projeto para ser atracadouro do transporte marítimo da capital, que ficava bem junto ao flutuante de saída de barcos. Como incentivar os esportes náuticos assim?”, questiona o secretário da federação. “Como investir em esportes náuticos se a cidade não está voltada para a inclusão do mar no seu planejamento”, ressalta André, ao mesmo tempo em que reconhece que “a Fundação Municipal de Esporte de Florianópolis tem apoiado os clubes de remo e os projetos de escolinha”. O que todos concordam é que esportes náuticos sempre foram uma tradição de Florianópolis. E a criação de uma estrutura para atender o interesse coletivo é fator determinando para despertar o interesse da pessoa no desenvolvimento de atividades ao ar livre.

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Florianópolis, gerando noticiário semelhante ao futebol dos dias atuais”, compara o secretário da Federação de Remo de Santa Catarina, André Arthur Dutra. Com o surgimento do aterro da Baía Sul e a transferência dos clubes para o Parque Náutico Walter Lang, em 1979, (as primeiras construções no aterro foram os clubes de remo), o esporte acabou perdendo seu protagonismo como a modalidade mais popular da cidade. Com o aterro, os clubes passaram por muitas dificuldades pois o mar começou a ficar cada vez mais distante. Nas décadas de 1980 e de 1990, os clubes iniciaram um trabalho de base que fez ressurgir a modalidade, mas não mais comparada ao que era nas décadas anteriores. No início dos anos 2000, o Estado foi, e continua sendo, o maior celeiro de atletas para a seleção brasileira. Destaque para os remadores Alexandre Soares e Anderson Nocetti, que disputaram Jogos Olímpicos e Pan-Americanos. Outro marco importante foi a criação de uma nova categoria que deu as maiores conquistas para o remo do Brasil: a inclusão do pararemo nas com-

A CAPITAL DOS GRANDES EVENTOS

ALÉM DE ATRAIR MILHARES DE PESSOAS, FESTAS, SHOWS E CASAS NOTURNAS COLOCAM FLORIANÓPOLIS ENTRE OS DESTINOS PREFERIDOS DE ARTISTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

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e você é baladeiro, quer praia, mas não sossego, Florianópolis é o seu destino. Além das festas de todo o santo dia, há grandes eventos oficializados no calendário da cidade. “As pessoas têm razões para estar aqui além das praias. Nós somos a terceira cidade do Brasil em turismo de eventos, a segunda que mais recebe estrangeiros e um dos principais destinos do Brasil. Ter uma programação sólida valoriza nos belezas e nos transforma em uma capital cultural ”, salienta o prefeito Cesar Souza Júnior. O ano já começa com festerê. Há Réveillon pé na areia, extremamente luxuoso e a famosa queima de fogos na avenida Beira-Mar Norte que arrebata multidões. Neste ano, 350 mil pessoas se reuniram para apreciar o espetáculo pirotécnico, 22 minutos de fogos, que deu boas vindas a 2016. Além de shows com artistas da terra. 74

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Em fevereiro, a festa pagã levou o povo às ruas. Um milhão de foliões curtiu o carnaval em Florianópolis. Quem abriu os trabalhos foi o Berbigão do Boca. O bloco existe desde 1992 e tem até hino, escrito por Pedrinho do Pandeiro – “é festa pra rachar, é uma coisa louca. Vamos botar pra quebrar, no Berbigão do Boca”. Já na Nego Quirido desfilaram 17 escolas de samba. A campeã foi a Unidos da Coloninha, que surgiu em 1962 no bairro Estreito e já conquistou oito títulos. Na passarela, a escola fez um desfile impecável, no samba-enredo falou sobre desejos. Mas quem bancou mesmo a animação foi a Skol, que proporcionou cinco dias de diversão. Trouxe Anitta, Sorriso Maroto, Jeito Moleque, Lexa, Thiago Martins, Nego Joe, Sonido Club, Wilson Sideral e, para encerrar o último dia na Arena, Sambaí e Turma do Pagode. No Lagoa Iate Club foi montado o private party da Skol Beats Experience,

convidados exclusivos apreciaram a noite até às 5h. “Este ano o carnaval foi épico. Inovamos. Montamos uma superestrutura com diversos shows, espaço de arena gratuito com segurança, camarotes com serviços open bar e open food no centro da cidade e na passarela”, conta Rafael Coufal, gerente de eventos regional da Ambev. No segundo dia de salve-se quem puder, o bloco dos Sujos, o mais irreverente, desfilou pelo Centro histórico, enquanto o Camarote Skol Folia, montado na praça Fernando Machado, recebeu a turma animado do Bloquete Calma Beth. No palco, Fábio Dunk abriu a festa com os sucessos do sertanejo universitário. Tranquilo. Favorável. Diana Dias trouxe axé e o Furacão, o Baile encerrou no batidão do funk. Uma odisséia eclética pela musica popular brasileira. 2016 l FLORIPA É l

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Cultura

O Sertanejo da magia Uma das principais casas noturnas de Florianópolis é a Fields. A primeira casa de luxo voltada ao sertanejo na capital catarinense. Durante o ano serão recebidos grandes nomes da música como Bruno e Marrone, Matheus & Kauan, Mun-

hoz & Mariano. A promoter mais antiga da casa, Karolina Krueger tem uma agenda movimentada para dar conta do público interessado na balada. “Tenho seis contas no facebook, instagram, whatsapp e meu telefone toca sete dias

por semana, durante 24 horas”, disse. Já o clássico do Sertanejo poderá ser ouvido no Centrosul. Dia 21 de maio terá show de Zezé de Camargo e Luciano, a expectativa é que reúna sete mil pessoas.

FESTA PARA TODOS OS GOSTOS Floripa tem Durante o verão, o Floripa Tem comemorou seu décimo aniversário realizando diversos shows. Donavon Frankenreiter, Junior Dread, Gabriel o Pensador, Dazaranha, Luau com Moriel, Casa da Praia, Reis do Nada + Dj Coy, além de oito apresentações do Sounds in Da City que levaram mais de 12 mil pessoas às embaixadas do Trapiche e da Praia Mole. Também teve empréstimos de bikes, bikes elétricas, skates, stand up paddle, guardasóis e cadeiras, aulas de defesa pessoal, zumba, levando milhares de pessoas a interagirem com as embaixadas do evento diariamente.

Vem pro Axé, painho O que é que e a baiana tem? O que é que a baiana tem? Tem passaporte para Floripa teeeeem!! É isso mesmo, painho. Se num ano não vem Ivete, vem Claudinha. A Capital catarinense recebe dois eventos de axé que estremecem a ilha. 76

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Um evento que dá fome O Carnafacul, em abril, é uma festa universitária que também mistura outros gêneros. Já o Folianópolis, em novembro, é puro axé. Esse ano a micareta comemora dez anos com a temática Folia da Selva. Solte a fera.

Natal da Magia Um grande encanto do Natal é passear pela Praça Quinze de Novembro. As árvores centenárias são coloridas com luzes e estrelas. No bosque há presépio, casinhas açorianas e a casa do papai Noel. E não é só a criançada que delira, tem muito adulto tirando selfie nesse cenário. Também há boa musica. Ano passado o grande encontro foi entre Toquinho e a Camerata de Florianópolis.

Dá fome só de pensar na Fenaostra. Tradicionalmente festejada em outubro, no pico dos mariscos e moluscos, a festa existe há 18 anos. Além de estimular a produção nas comunidades de maricultura, incrementa o turismo ilhéu em um mês de consagradas festas catarinenses. E não faltam devoradores de ostras para apreciá-las ao bafo, gratinadas, in natura, no risoto, no pastel, no bolinho. Huuumm. Ano passado foram consumidas 20 mil dúzias de ostras. Cada prata é uma experiência culinária formidável. A Fenaostra é a grande responsável pelo título que Florianópolis recebeu da UNESCO, de Cidade Criativa na Gastronomia. É claro que o folclore é elemento essencial nesse encontro. Tem boide-mamão, maricota, vaqueiro e a bernunça, serpenteando pelo salão.

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Cultura

O NOVO REDUTO DAS ARTES Armação recebe artistas locais entusiasmados com o momento da arte na capital

a ILHA GANHA NOVOS AMBIENTES ARTÍSTICOS PARA TODOS OS GOSTOS

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lorianópolis é uma obra de arte. A maior ilha de um arquipélago com outras 30, ligada ao continente por três pontes. Entre elas, a Hercílio Luz, a maior ponte suspensa do Brasil, símbolo da beleza majestosa da cidade. Na ilha há mais de cem praias, cada qual tem sua história e, nome dado por índio ou por português, as matrizes iniciais da cultura mané. Tem mar gelado, bravio, calmo e aquele que parece piscina. Têm densas cadeias montanhosas, como as do Alto Ribeirão, com 500 metros de altitude. Tem trilhas em meio aos caetés, as perobas, as canelas e aos garapurus, que se exibem florindo em amarelo na primavera. Tem grandes lagoas, como a salobra Conceição ou a doce Peri, e lagoas menores, a Lagoinha do Leste, da Chica e a Lagoa Pequena. Tem furnas, cavernas, pinturas rupestres, caminhos indígenas e histórias de bruxas. Cordilheiras agrupadas em grandes maciços, como o da Costeira e o da Cruz e uma infinidade de cachoeiras embrenhadas na mata nativa. Sem esquecer os vestígios do Brasil Colonial, bananais, clareiras de antigas roças, ruínas de engenhos e a arquitetura luso-brasileira, que coloriu o Centro histórico, Santo Antônio de Lisboa, o Ribeirão e a Caieira do Sul com casarios transportados para telas de grandes artistas plásticos. Sim, Florianópolis é cada vez mais um grande cenário artístico no país. 78

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No ano passado veio o Miró, neste ano vem Gaudí, além dos catalões, os museus estão com vasta programação, exposições nacionais e internacionais, e feiras de arte, uma tendência que nos aproxima das cidades cosmopolitas como Berlim, Nova York, São Paulo e Paris. A exposição A Força da Matéria, de Joan Miró, foi a maior realizada no Brasil sobre o catalão, contou ainda com duas obras inéditas e com a presença do neto do artista, Joan Punyet Miró. Em dois meses recebeu 69.661 mil visitantes. A administração do Masc (Museu de Arte de Santa Catarina) comemora como sendo o número mais expressivo da instituição. Miró viveu 90 anos, duas Grandes Guerras, a Guerra Civil Espanhola e a ditadura de Franco. Era o artista da liberdade. Seu traço não se aprisionou ao mundo externo, intuitivamente redesenhou os limites da pintura e projetou o alicerce da arte contemporânea. O artista trazia a visão despojada de preconceitos que os artistas das escolas fauvistas e cubistas buscavam, com a destruição dos valores tradicionais. Em sua obra criou expressões metafóricas. Através de signos, símbolos, representou a natureza transcendentalmente. Seu universo era o dos sonhos, da magia. Essa desconstrução o tornou um ícone do surrealismo. Os cânones da beleza renascentista foram finalmente

rompidos pelo primitivo. Miró não gostava de academicismos. Tinha valor o autêntico. Sua obra é carregada de elementos do cosmos, luas, sóis e no centro dessa poética, a mulher, deusa sagrada da vida. Sua grande influência foi Gaudí, um dos maiores arquitetos modernistas, que terá seu trabalho exposto em Florianópolis graças à nova parceria entre Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo, e o Masc. A data da exposição não está definida, sabe-se

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Cultura

apenas que será no segundo semestre. Antoni Gaudí é conhecido por se inspirar nos movimentos da natureza. Foi ele o criador de uma nova arquitetura, naturalista, que testa o limite da materialidade. Suas obras são belas e funcionais, concebidas a partir de modelos tridimensionais moldados pela gravidade. Gaudí também abusou da técnica catalã trencandis, cerâmicas quebradas para compor superfícies. Sua obra mais famosa é a igreja A Sagrada Família, ícone da arte. Situada em Barcelona, a edificação possui cinco naves, com cruzeiros de três que formam a cruz latina.

TEM ARTISTA SAINDO DO ARMÁRIO No prédio mais estreito de Florianópolis, um sobrado branco com janelas e portas vermelhas, funciona a Casa de Teatro Armação, cenário de um dos grupos teatrais mais antigos do Brasil, fundado em 1972. Foi esse espaço afetivo, situado no coração da cidade, na Praça Quinze de Novembro, que Fifo Lima escolheu como sede da FAF (Feira de Arte de Florianópolis), a novidade cultural mais celebrada pelos artistas independentes do Estado. Jornalista e curador de arte, com vasta experiência no mercado cultural, Fifo sentia a necessidade de um espaço onde os artistas pudessem comercializar suas obras, interagir com o público e trocar idéias com os seus pares. A FAF teve 23 edições de sucesso no ano passado, cerca de 200 artistas expuseram suas criações, que variam principalmente entre pinturas, desenhos, xilos, esculturas e fotografias, e o sábado no Centro nunca mais foi de marasmo. A FAF é um ambiente descolado. Oferece chope, café, tem mesinhas e cadeiras na rua. A arte também é bem mais acessível. Há trabalhos baratinhos, de R$ 5. Outras mais elaboradas. A peça mais cara vendida foi uma fotografia, por R$ 1 mil. De qualquer maneira o ambiente é mais amigável. Muitas pessoas não vão a FAF com intuito de consumir, mas passam o dia lá, conversando com os artistas. Sem falar que virou um grande ponto de encontro entre as pessoas que se identificam com o ambiente. Apesar do sucesso, vale lembrar, que a 80

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FAF será mensal neste ano. O Fifo precisa descansar! Na primeira edição de 2016, no dia 5 de março, esteve presente o coletivo de arte, El Clandestino, de Joinville; Fellipe Finco, o Tily, com suas cerâmicas inspiradas em games e animações; o universo feminino de Paula Schlindwein; a coleção nó, de Paola Tavares, que não desvincula o homem da natureza; e a metamorfose artística de Natália Fabris, entre outros. “Muitos artistas tem saído do armário com a FAF. A maneira que a feira foi estruturada nos dá coragem para enfrentar o público e nossa autocrítica”, disse Paula Schlindwein. Outra opção para curtir o Centro aos sábados é a Viva a Cidade. Antes inabitado, o espaço foi transformado em uma feira de pulgas. O comércio se estende pelas ruas

Fernando Machado, Antônio Luiz, Nunes Machado, João Pinto, Tiradentes, Victor Meirelles e Saldanha Marinho. Uma das bancas que chama atenção é a Coffee Table Shop, que disponibiliza mais de 200 anúncios publicitários retrôs. As impressões são catalogadas desde 1934, com um anuncio da revista carioca Boa Nova. “Lar Feliz é uma atmosphera de paz, de tranquilidade, o sorriso acolhedor da esposa, o aspecto tratado do filhinho, a ordem da casa”. Bom, esse definitivamente está desatualizado! Mas, daria um belo retrato se enquadrado. Por fim, não dá para deixar de fora o Varal da Trajano. A exposição esse ano foi aberta pelo fotógrafo Carlos Silva, do Correio Braziliense. Foram 30 imagens da Amazônia expostas no calçadão. Uma celebração à arte democrática que foge das galerias e ganha às ruas.

Além de um serviço ágil, nosso Pronto Atendimento possui tecnologia de ponta e integração com Laboratório Médico, Centro de Diagnóstico por Imagem e Hospital de alta complexidade. A segurança e o bem-estar do paciente são garantidos por uma equipe capacitada e estrutura de qualidade. O cuidado que você merece, quando mais precisar, é no Pronto Atendimento do Hospital Baía Sul. Atendimento a partir de 15 anos, em caráter particular e por convênios. Rua Menino Deus, 63, Centro, Florianópolis/SC - (48) 3205.1466 Responsável Técnico pelo Pronto Atendimento: Dr. Eden Edimur Rossi Junior CRM/SC 6105 Diretor Técnico Médico: Dr. Rafael Klee de Vasconcellos CRM/SC 7156

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CADA VEZ MAIS GOURMET, PADARIAS INVESTEM EM ATENDIMENTO E TÉCNICAS INTERNACIONAIS PARA MELHORAR O MERCADO

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oi-se o tempo que era preciso ir a São Paulo para apreciar uma boa padaria. Em Florianópolis as mais tradicionais cederam seus lugares a verdadeiros centros gastronômicos. E nessa transição o clássico pãozinho francês de todas as manhãs foi desbancado por uma dieta mais saudável. Sim, a grande tendência na cidade são os pães orgânicos, com farinhas integrais, sem glúten, lactose e reforçados por alimentos funcionais e saborosos. Mais que comer, os clientes desejam se nutrir. É assim que as padarias de renome buscam aproximação com produtores 82

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rurais, para dar aquele ar de granja, ou de comida da avó no universo da panificação. A advogada Cláudia Aguiar, 43 anos, busca durante todas as manhãs pães reguladores de damasco no Padeiro de Sevilha e crê que seu consumo além de trazer qualidade de vida pode ser encarado como uma ferramenta política. “São as pequenas revoluções do dia a dia. Ensino meus filhos a cuidarem do corpo e da natureza ao mesmo tempo e de uma forma simples. Basta que eles escolham com consciência o que vamos comer. Essa é uma forma de resgatar valores essenciais”, disse.

mantém suas receitas artesanais desde os tempos da vovó mas sem deixar de trazer novidades originais de sua terra natal, como as baquettes francesas, pannetones e os pães funcionais sem gorduras, nem açúcares”, disse Geraldo. Outra padaria familiar é a Ponto do Pão, na Osmar Cunha. Há quatro sócios. Marina Andriani, a mãe, tia e o irmão. Mas tudo começou há mais de meio século com a padaria de Ulmar Sardá, avô de Marina, no Estreito. Marina, que é nutricionista, tenta aliar a tradição familiar com a qualidade alimentar. Os forneiros chegam cedo, às 4h da manhã. Às 6h45 já tem pão quentinho no buffet, que só fechará às 20h. Isso de segunda a sexta. No sábado a padaria fecha às 13h. São servidos pães com fermentação natural, sem glúten e lactose e a linha de pães gentis. Seis sabores orgânicos que também são vendidos nos Mercados São Jorge. Meio-dia há buffet de omeletes e bruschettas. Combinações formidáveis como abobrinhas com gorgonzola, pesto com berinjela, rosbife com cebola confit, salmão com cream cheese, frango com

barbecue e cogumelos com cebola roxa. No inverno há sopas. A Ponto do Pão é ampla, tem 66 funcionários, e é dividida entre panificação, confeitaria, lanchonete, buffet, autosserviço, loja e setor de encomendas. Nesse espaço um diferencial bacana são as cestas de vime para piqueniques. A para um casal custa R$ 98. Além da cesta, da icônica toalha xadrez, dos copos, guardanapos e sacos para lixo, ela é composta de quatro éclair capresse, oito grissinis, um pote pequeno de pasta de provolone, dez pastéis de forno, dois espetinhos de frutas, dois muffins, quatro donuts, dois cookies, um suco, duas águas de 500 ml e uma garrafa de vinho tinto. Na compra da cesta o cliente recebe como sugestão uma lista de parques e praças de Florianópolis, como a Parque da Luz, com visão para a bela ponta que liga ilha e continente, o Horto Florestal do Córrego Grande, a Lagoa da Conceição ou o Parque de Coqueiros. Com tanta beleza natural é impossível o piquenique não ficar charmoso.

Gastronomia

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a revolução começa na padaria

lançamento, o pão com colágeno. O sucesso do Padeiro fez com que uma filial fosse aberta no Primavera Garden, na SC-401. Dentro de uma belíssima floricultura, que também vende produtos paisagísticos. Depois de tomar um cafezinho dá para caminhar entre orquídeas, tulipas e bromélias. Também há uma infinidade de terrários, as mini florestas criadas dentro de vidros, livros de botânica e objetos de decoração. Apesar do clima natureba, as padarias são modernas, sofisticadas e muito badaladas. Às vezes é difícil conseguir um cantinho vago. A padaria Família Lorenzi está sempre movimentada. E a fama faz todo o sentido quando você experimenta as produções artesanais, o clima aconchegante e as receitas de um lugar que faz sucesso há 56 anos. Andrea e Geraldo, o casal que administra a padaria há 20 anos no bairro Agronômica, conhece os clientes pelo nome. Já viram muitas crianças que iam com a mãe comprar guloseimas agora que tornarem pais. “É uma empresa madura que

O Padeiro de Sevilha, que brinca com a ópera de Gioachino Rossini no nome, existe desde 1994, mas em abril de 2009 mudou o conceito. Virou uma padaria arrojada, a primeira de autosserviço de Florianópolis, com uma única mesa comunitária e fornos dentro da loja. Toda hora sai pão de queijo, receita exclusiva da casa. O proprietário Maurício Machado fabrica todos os produtos que vende. Atento a novidades internacionais, são dele criações como o pão antiestresse, com maracujá, chá de camomila, hortelã e erva cidreira, o pão de granja, com semente de linho e girassol e o próximo

Empresas oferecem os mesmos produtos encotnrados nos grandes centros

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PÃO NOSSO DE CADA DIA

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trigo é o símbolo da civilização. Seu plantio mudou o mundo. O homem deixou de flanar. Construiu casas, aldeias, impérios. Inventou a política e o tempo. De plantar, de colher. Não é a toa que Deméter, a deusa grega da agricultura, foi gerada por dois elementos essenciais à vida, a fertilidade da terra e o tempo. Tão antigo quanto o homem, o trigo foi feito pão primeiro na Mesopotâmia, há uns 10 mil anos. As padarias apostam também em pequenos lounges e na convivência entre os clientes

Nossos ancestrais primitivos moíam os grãos com pedras, misturavam com água, cozinhavam no fogo e tinham um produto duro e amargo para saborear nas solitárias noites neolíticas. Mas fascinados por pães eram mesmo os egípcios. Conta a lenda que um distraído escravo hebreu deixou o pão muito tempo exposto ao sol e a umidade. Estava descoberto o fermento. O próximo passo era criar os fornos de barro. Sai um pão quentinho ao gosto de Ramsés! As construções das pirâmides, consideradas maravilhas da humanidade, também foram pagas com pães. Um dia de trabalho valia três pães e dos cântaros de cerveja. Estrategistas, os egípcios acreditavam que os escravos e trabalhadores não se rebelariam se estivessem de barriga cheia. A fama dos faraós foi tão longe, que os gregos os chamavam de “arthophagoi”, traduzido como comedores de pão, segundo o departamento de história da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Mas os gregos também não poupavam esforços para agradar Deméter. Havia duas festas anuais. Nas Tesmofóricas, as mulheres se enfeitavam com coroas de trigo e louvaram a deusa da fertilidade com danças, ritos e comidas. Deméter as ensinou que os homens precisam olhar para o alto, para lua, para entender os ciclos do plantio. Às mulheres basta entende o próprio ciclo da vida no corpo. 84

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Produtos agradam pelo sabor e pela beleza

Na Europa, os pães já eram um próspero mercado em 250 a.c. E no século XVII, a França floresceu na cultura, na ciência e na gastronomia. O país se destacou, sobretudo, por suas magníficas padarias. Para celebrar essa cultura em terras ilhoas é imperdível a vista ao François, misto de café, boulangerie, pâtisserie e bar a vins, com direito a jazz francês ao vivo a partir de quinta-feira, que você pode curtir tomando champagne. O François foi diversas vezes premiado como melhor padaria da cidade, tem certificados de excelência e um menu cheio de delícias, como quiches, sanduíches, omeletes, folhados, croc monsier e tartines.O sofisticado cardápio foi pensado pelo chef francês Benôit. Uma fabulosa mistura é o croissant (ao gosto de Maria Antonieta) recheado com salmão defumado e limão siciliano. O peixe fresco combinado com a massa quentinha é a experiência gastronômica perfeita. Hummm. A doceria certamente também não deixa a desejar. Uma sobremesa essencial é o creme brulée, com aquela casquinha crocante e gostinho de baunilha de verdade. O café é o Segrafredo, considerado um dos melhores do mundo, e os vinhos vem do Brasil, Argentina, Chile, Itália e França. São servidos com temperatura ideal para acompanhar tábuas de frios, assiette du chef, patê e outras especialidades da casa. O François fica na SC-401. Um dos programas após degustar tantas

maravilhas é visitar Santo Antônio de Lisboa. Vilarejo único no Brasil. De um povo de falar ligeirinho, catolicismo pagão, lendas tecidas no bilro, colchas de memórias e cantos do Divino.

INVESTIMENTO ALÉM DA PADARIA Que tal emendar o café da manhã com o almoço? O Brunch também é moda em Florianópolis. Tradicional na Inglaterra e nos Estados Unidos esse café é servido entre às 10h e 14h. A ideia é apreciar os pratos sem pressa e na companhia de amigos com approach. O brunch pode levar até três horas e você não vai querer degustá-lo com papos chatos. Na Lagoa da Conceição, o Jack & Jacks, serve com chá inglês, suco, espumante, fruta, bolo, pão tostado, manteiga, cream cheese, ovos, bacon e tomate. Outro lugar para apreciar um brunch, desta vez, com sotaque francês é Bocaiúva Brasserie. Anexo ao hotel Blue Tree possui ambientação temática, pratos da alta gastronomia e preços justos. E no Santa Mônica tem o The Family Coffee Shop, que abre aos domingos, tem clima retrozinho, atendimento de primeira e varia as combinações do brunchs. Ah, eles também oferecem garrafinhas de água para todos os clientes, de graça. Viva a gentileza!

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odinhas à parte, a comida de rua sempre foi elemento essencial para saborear cidades. Os crepes nas barraquinhas de Paris, waffles na Bélgica, pastéis de nata em Portugal, acarajés na Bahia, baklavas turcos, pães com mortadela paulista. A boa notícia é que na rota das delícias, Florianópolis não foi ultrapassada. Estacionaram na Capital catarinense mais de 50 trucks - kombis, ônibus, caminhões e trailers aptos a oferecer variadas experiências

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gastronômicas, a preços moderados, e que te salvam dos clássicos, bons, mas batidos, cachorro-quente, amendoim, pipoca e espetinhos de gato, digo, gado. A tendência dos trucks demorou a chegar ao Brasil, aportou primeiro em São Paulo e há dois anos tem promovido diversos eventos em Florianópolis. No ano passado foram organizadas duas grandes paradas na Av. Beira-Mar Continental. Três dias de comilança em junho e outros três em dezembro. Mais de 40 truckeiros se mobilizaram nas criações de pratos de

alto padrão com influências japonesas, mexicanas, tailandesas, nordestinas, e claro, manezinhas. O Pão Mané, sanduíches artesanais, criou receitas de hambúrgueres com berbigão, um marisco importante na dieta nativa. Planejado para driblar o desperdício, o Xepa Truck foi um evento inédito no país, que teve positiva repercussão nacional. No dia 24 de outubro, 12 caminhões estacionaram no entorno da Praça XV e produziram cardápios com alimentos da Ceasa que iriam para o lixo por

apresentarem pequenos defeitos. Obviamente, sobraram alternativas vegetarianas, como o Naturalize, que atualmente virou container na Praça da Terra, no Rio Tavares, mas servia sobre rodas lanches com quê indiano, como o hambúrguer de batata doce com creme de espinafre, geléia de maça, goiaba, pêra e mix de folhas verdes. Agridoce ao gosto de Ganesha! Já o Parking Lot, na Lagoa da Conceição, aposta na união da culinária com o esporte. Isso mesmo, a novidade bacana surgiu há um ano no centrinho, com direito a diversificados trucks, mesinhas para o público e uma pista de skate bowl. O empreendimento é uma parceria entre Geovane Melo, do Japan Food Truck, e André Barros, pai de Pedro Barros, pentacampeão mundial de skate, ambos proprietários da Lay Back Beer. No ambiente plural e animado sempre tem

Gastronomia

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A COMIDA DE RUA COM CARA NOVA POR AQUI

som rolando. Mas, o prazer de muitos chefs de rua é fazer o truck rodar. On the Road! Arielli Guedes Secco é proprietária da Janis, uma kombi amarela super bicho-grilo e cheia de charme. Seu truck é um dos raros que oferece receita exclusiva, no caso, a Kombatata, que parece uma massa de pizza, mas é feita somente com batatas e tem divertidos sabores. O mais popular certamente é o Woodstock. Calma, não vai nenhum ingrediente alucinógeno nele! Apenas lingüiça Blumenau, queijo colonial, molho da casa à base de mostarda e melado e redução com aceto balsâmico para finalização. Mas, Arielli como muitos truckeiros, para ter sucesso no negócio investe em também em ações promocionais e eventos fechados, como festas corporativas, aniversários e casamentos. Uma ótima dica para inovar. Apesar do burburinho, os food trucks entram no Brasil na marcha lenta. O primeiro foi criado por Walter Scott em 1872, em Providence, nos EUA. O proprietário estrategicamente se pôs na esquina de uma fábrica. O operariado faminto e apressado não dispensava as tortas e os sanduíches do Scott, que logicamente oferecia um bom preço. Mas foi em 2008 que os restaurantes sobre rodas ganharam status gourmet. A crise imobiliária norte-americana obrigou importantes chefs a fecharem as portas. Comida de rua deixou de ser o de sempre. A sobrevivência da culinária virou mania itinerante e entrou definitivamente para o calendário florianopolitano.

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EM QUALQUER PRATO, PITADAS DE BUROCRACIA E INOVAÇÃO

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odificar uma cultura significa enfrentar a burocracia. Há dois anos o vereador Ed Pereira propôs um projeto de lei para permitir trucks em espaços públicos. A lei foi aprovada por unanimidade em outubro do ano passado e sancionada pelo prefeito Cesar Souza Júnior, mas as zonas ainda não foram estabelecidas. A Sesp (Secretaria Executiva de Serviços Públicos) estuda áreas que se adaptem às cozinhas itinerantes. O secretário da pasta, Eduardo Garcia Rodrigues diz que o novo traçado deve estar finalizado antes do final do semestre. O desafio é harmonizar os descolados trucks com a paisagem na cidade. Sem afetá-la e sem causar muvica, onde sempre teve calmaria.

Encontrar os espaços ideais é também uma luta da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), que criou um núcleo exclusivamente para apoiar os trucks. “Essa lei reconhece uma tendência mundial e um novo segmento econômico, que é a alimentação sobre rodas, precisamos nos adequar depressa”, disse Hélio Leite, Gestor de Negócios da instituição. Enquanto isso, o grupo Truckeiros de Santa Catarina, nasceu informalmente e se organizou para oferecer aos pares a participações em eventos e ações promocionais. A proposta é oportunizar aos clientes experiências simples, mas com qualidade. Memórias saborosas, para que o charme de Floripa pode ser desfrutado em todos os sentidos.

PARABÉNS

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Nosso Trabalho ajuda a construir esta cidade e aprimorar a segurança das relações jurídicas. Beleza dos produtos contrasta com uma explosão de sabores

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iver em Florianópolis é motivo de orgulho. Pudera. Ter o paraíso desenhado no retrovisor do carro no trajeto para o trabalho faz o morador desta Capital se sentir privilegiado. Sentimento que desperta em muitos um senso de responsabilidade, preservação e cidadania. Surgem práticas saudáveis pelos quatro cantos da Ilha e no Continente. E ações que ajudam a manter a harmonia, o desenvolvimento socioeconômico sustentável, o lazer e a cultura. Sensível as transformações e ao comportamentos da cidade, o Grupo RIC criou há 3 anos o projeto Sou Bem Floripa. Uma ideia inovadora que tem o mérito de funcionar como uma rede que aproxima bons exemplos do restante da sociedade visando uma repetição de boas maneiras na construção de um futuro melhor. O motorista cordial e que respeita as leis de trânsito, a dona de casa que economiza água e faz a família fechar a torneira, o trabalhador que, mesmo cansado, cede seu banco no ônibus para um idoso, gestante ou deficiente físico. Anônimos de uma sociedade em movimento ganharam destaques na TV, jornal e redes sociais do Grupo. E o projeto foi crescendo a medida que era aceito pela audiência. Eram pessoas dispostas a mudar suas maneiras em benefício do seu entorno. Ruas foram transformadas com medidas simples, mais e mais casos de maus tratos de animais foram sendo denunciados. Os moradores passaram a ser fiscais ambientais. Em busca de transformações, o Sou Bem Floripa liderou debates em prol da cidade. Foram seis programas transmitidos ao vivo pelo RIC Mais, com acompanhamento pelas redes sociais e retransmitido posteriormente pela Record News SC. O primeiro debate foi no dia 29 de março de 2014. Conduzido pela apresentadora Marta Gomes, o tema foi mobilidade urbana. Participaram da discussão cânones, como o arquiteto Dalmo Vieira Filho, o professor

Roberto de Oliveira, doutor em problemas urbanos e habitacionais e o vice-presidente da ViaCiclo, Daniel de Araújo, entre outros. Desde lá outros debates, como o bem-estar dos animais, o meio ambiente, o atendimento aos turistas, o saneamento básico e a construção, manutenção e implementação de ciclovias na Capital foram ao ar. “Uma cidade sem igual, um povo que faz a diferença”, o mote que impulsionou o movimento na empresa foi se realizando a medida que o projeto foi ganhando força. “A iniciativa da RICTV Record passou a promover ações que visavam justamente o fomento contínuo de mudanças positivas por meio do incentivo a pequenos gestos e atitudes que promovam a cidadania e o espírito de coletividade”, explicou Santiago Edo, gerente de marketing do grupo e idealizador do projeto. Da ideia surgiu um show que arrecadou mais de três toneladas de alimentos, revertidos aos Lares Seove e Recanto da Esperança. De olho no melhor aproveitamento do lixo, foram realizadas paradas com entregas de sacolas biodegradáveis em praias de Florianópolis. O projeto chegou ao ponto de adotar uma praça no Morro do Horácio, comunidade tradicional da Ilha, onde foi revitalizado os bancos, com plantio de mudas de árvores e flores. Recentemente, para alertar o público quanto a proibição de cachorros nas praias, foram realizadas parcerias para a instalação de mais de 40 placas nos balneários da capital. A iniciativa vem ao encontro da missão do Grupo RIC, melhorando a vida das pessoas e contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico, aproveitando a audiência e regionalismo para trazer grandes contribuições para a qualidade de vida de Florianópolis. Após três anos do seu início, o “Sou Bem Floripa” colhe bons frutos, mostrando que é uma marca

consolidada na cidade. Os totens estão presentes nas fotos divulgadas por moradores e turistas nas redes sociais, como um símbolo de quem ama Florianópolis.

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UM MOVIMENTO QUE INCENTIVA NOVAS ATITUDES

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A iniciativa ganhou prêmios no Estado e no Brasil. Em 2014, a ADVB/SC reconheceu o projeto por ter a responsabilidade social como seu melhor exemplo. No ano seguinte, o Sou Bem Floripa venceu o Prêmio Marketing Contemporâneo da Associação Brasileira de Marketing e Negócios. Além de receber o título da categoria “Responsabilidade Social e Sustentabilidade”, o movimento ganhou o troféu de destaque. Para falar sobre a experiência, Edo participou do 15º Ciclo de Casos do Prêmio Marketing Contemporâneo. A apresentação ocorreu na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), em Porto Alegre, participaram alunos e professores da instituição. Segundo o idealizador, a palestra contribuiu para agregar conhecimento aos alunos da instituição de propaganda e marketing. “Foi uma ótima experiência, sou ex-aluno da instituição e agora volto para compartilhar este projeto que a RICTV Record acreditou e está fazendo a diferença não só em Florianópolis, mas também em outras quatro cidades do Estado”, afirma. Quem sabe a ideia que contaminou a Capital com boas ações não possa contribuir para transformar Santa Catarina. Basta cada um fazer a sua parte, em pequenos gestos.

Participe também #soubemfloripa facebook.com/SouBemFloripa instagram.com/soubemfloripa

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Grupo RIC

a sua revista de todos os dias há 20 ANOS O JORNAL DO MEIO DIA “ABRE” AS JANELAS DA CIDADE “Usamos a TV para abrir as janelas da cidade”, assim Hélio Costa, 62 anos, alicerça o significado do jornal do Meio-Dia. O programa que começou em Chapecó, se estendeu por outras cinco sucursais, e completa 20 anos como o carro-chefe do maior grupo de comunicação do sul do Brasil, a RICTV Record. Com o tempo o formato do jornal mudou, mas a fórmula – dar voz ao povopermaneceu. Foi dessa maneira que a emissora conseguiu bater a programação da gigante Globo, com um programa

gravado inicialmente no interior de Santa Catarina. Nascido na Maternidade Carlos Corrêa e criado no Estreito, Hélio Costa é fruto da terra. Um nativo sem papas na língua, que incrivelmente tem a simpatia até de quem fala mal. Como os criminosos, chamados de “vagabundos” ao vivo pelo apresentador. Uma vez Leandro Lima, secretário adjunto de Estado de Justiça e Cidadania, disse que presidiários catarinenses nunca perdiam o programa e o adoravam.

É que Hélio é mais que uma metralhadora de xingamentos. Ele compreende a vasta teia da desigualdade social. Com a carreira fundamentada em 40 anos de jornalismo, principalmente, policial, varou delegacias atrás de histórias e personagens. Aprendeu, que nessa vida não há verdade absoluta. “Tu vê as carências dos cidadãos”, disse. Quanto maiores às carências, no bolso ou o no espírito, mais largueza o jornalismo exige. Quando vai às ruas o repórter precisa esquecer quem

Para Marcelo Campanholo (direita), gerente operacional da RIC Tv record, o telespectador se vê na tevê

Hélio Costa e Karem Fabiani levam o entreterimento e a notícia para casa dos telespectadores

é para ser o outro. Precisa entender a ansiedade, o descompasso,a encruzilhada de paradoxos de cada história. Seus inseparáveis vínculos, miséria e ostentação, morte e vida. Jornalismo é impermanência. Ninguém volta igual para redação. É imprescindível humanidade por trás da síntese. Para lidar com o medo, a repulsa, o calor, a indignação, “pero sin perder la ternura”, e também para entender que em toda brutalidade há delicadeza, que da censura floresce a criação e que os cínicos não nasceram para profissão. Hélio é âncora do Meio-Dia há 12 anos. Quando entrou para emissora o sucesso foi tamanho que em dois meses sua presença dobrou a audiência e o faturamento do jornal. A população da Grande Florianópolis prontamente se identificou com o manezinho, filho de servidores públicos. Ele como eles íntimo da pobreza. “Eu entendo as comunidades porque passei dificuldade. Um filhinho de papai nunca vai saber o que é morar em um lugar onde corre esgoto a céu aberto, onde a

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casa alaga e a tua mãe tem que sair para trabalhar às seis da manhã com o sapato molhado. Tem que lavar roupa para fora para complementar o dinheirinho da família e ainda criar seis filhos”, disse. Hélio virou herói palpável. Através da sua intervenção e diante da credibilidade do Jornal do Meio-Dia a cidade foi transformada. Os morros receberam água encanada, ruas foram pavimentadas, bairros inteiros receberam energia elétrica de qualidade. Entretanto, nos últimos anos, o modelo policialesco do Jornal do MeioDia se esgotou. As famílias não queriam almoçar sob tiroteio ou assistindo a um desfile de cadáveres. Marcos Giraldi foi contratado há três anos como novo gerente de Jornalismo para transformar o programa em uma revista eletrônica. Atualmente as pautaspilares são comportamento e cidade, ainda que sejam discutidas questões de segurança. As denúncias são interligadas às soluções e as pautas positivas estimuladas. As abordagens estão mais

pensadas, as edições mais zelosas e há cuidado com a plasticidade. Hélio foi resistente, não gostou, achou as mudanças “frufru”, queria continuar a avisar a comunidade sobre os “fios desencapados”, os bandidos perigosos que se satisfazem com a violência. Mas, o feedback dos telespectadores o impulsionou para o novo perfil. “As pessoas diziam: ‘Hélio gosto muito mais do jornal agora’. ‘Parabéns o jornal tá mais gostoso de assistir’. Daí as poucos ele aceitou”, disse Giraldi. A equipe de reportagem, por fim, trocou as delegacias pela cidade. A reforma editorial levou a audiência para as cabeças. “Atenção, vai gravar em um minuto”. “Bom dia, gente amiga, estamos iniciando mais um Jornal do Meio-Dia”. Karem Fabiani é o contraponto. Âncora ao lado de Hélio, representa o feminino, a leveza e a suavidade da mulher pensada justamente para equilibrar a intensidade do apresentador. “Fui bem recebida e me 2016 l FLORIPA É l

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Karem Fabiani quer estar cada dia mais perto do público diário do telejornal

adaptei depressa”, disse a apresentadora. Mas a cortesia não estava à mesa. Quem abriu o caminho e domou a fera foi Marta Gomes. Até então, Hélio nunca tinha dividido a apresentação de um programa. Desafio para carreira de Marta, afronta no ponto de vista de Hélio, a dupla se tornou querida pelo público e a revolução no jornal do Meio-Dia foi finalmente consolidada. Graças a essa intervenção, Karem pode fazer reportagens ao seu estilo. Ele se enxerga como alguém mais solta e divertida. Mas, também se mostra extremamente emotiva. Numa sociedade, que pelas suas raízes cartesianas, não gosta de sentir. Nem frio, nem dor, nem desconforto, Karem vê o jornalismo como uma profissão de fé, que exige arraigado saber que mesmo doída a vida é valiosa. E quando a pauta é dura ela descarrega a emoção chorando. Esse é seu exercício de reequilíbrio. 94

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. “Adoro o jornal, por que ele está ligado à cidade, ao que é bom e ao que é ruim”, disse. Essa conexão com a população foi fortalecida por outro pioneirismo. O Jornal do Meio-Dia foi o primeiro do Estado a promover a interação do público através das redes sociais. Facebook, Twitter e Whatsapp são ferramentas de aproximação. O alcance médio é de quase 200 mil pessoas por mês. Mas quando a matéria arrebata o telespectador os números podem triplicar. O drama da menina Júlia, que se afogou na piscina de casa, teve parada cardíaca e seqüelas respiratórias, atingiu 800 mil pessoas através dessas redes. Outro acerto é que diariamente o público se vê na tela ou se ouve na voz de Karem, graças às mensagens do facebook que são replicadas pela apresentadora.

Para Marcelo Campanholo, gerente operacional da RICTV Record, é essa questão de “não existir degrau entre quem faz e quem assiste”, que garante o triunfo do Jornal do Meio-Dia, e também o fato dele valorizar as características regionais das cinco sucursais: Joinville, Chapecó, Blumenau, Xanxerê e Itajaí, que tem redações independentes e repórteres e âncoras exclusivos. Para saber quando o Jornal do MeioDia foi lançado Campanholo olhou na carteira de trabalho. Ah, abril de 1996! Os primeiros âncoras foram Luis Pimentel, Cristiane Tomazoni, Ivan Carlos no Esporte, e João Rodrigues, na Comunidade. Todos alinhados na bancada. Inquieto, foi Hélio que começou a apresentar o programa em pé. Causou frisson. Era mais fácil para “descer o cacete”. Lembrando, que há julgamento, mas não puritanismo por parte do apresentador. “Eu bato no pecado, não no pecador”, disse. 2016 l FLORIPA É l

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