EDUCOMUNICA 04 - 2011

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Ano III – nº 4 - outubro, 2011

Isabela Paranatinga

‘Cadernos de História da Educação’ representa a FACED internacionalmente Da educação 1.0 às mídias eletrônicas empregadas na sala de aula. O periódico aborda a história do ensino em artigos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros e sua implicação atual. O ‘Cadernos de História da Educação’ recebeu o segundo maior estrato pelo Qualis/CAPES e o auxílio parcial para editoração e impressão da revista pela agência de fomento FAPEMIG. A cada edi ção são publicadas cerca de 30 trabalhos e a circulação média da edição impressa é de 300 exemplares. A revista também pode ser acessada na internet. Página 6 Periódico possui acordo com instituições da Europa e América

Aluno de intercâmbio compara Brasil e Japão Ana Gabriela Faria

Em entrevista ao Educomunica, o intercambista Ryoto Nakakura fala das diferenças culturais entre os países. Nakakura analisa as distintas práticas jornalísticas do Japão e do Brasil e expõe suas impressões sobre cultura, mídia e educação nesses países.

UFU registra aumento em graduação à distância A UFU registra aumento de 12% na procura por Pedagogia à distância. Os alunos que recorrem a esse formato de ensino são aqueles com a intenção de suprir a falta de tempo para cumprir a carga horária de um curso presencial. O coordenador do curso, Eucídio Arruda, esclarece as diferenças a respeito da educação à distância em faculdades públicas e particulares e ressalta as qualidades da modalidade.

Página 12 Ryoto ressalta liberdade de expressão em sala de aula

O Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom - aconteceu em Recife (PE), entre os dias 2 e 6 de setembro. O tema deste ano foi “Quem tem medo da pesquisa empírica?”. O evento contou com a participação de docentes e alunos da UFU. Página 7

CAS tem aluna aprovada no vestibular UFU 2011-2 O pré-vestibular para alunos surdos, oferecido pela FACED, tem aluna aprovada no último vestibular da UFU. Sarah Juliana conquistou uma vaga no curso de Matemática e no seu primeiro período está sem intérprete nas aulas. O cursinho iniciou suas atividades há sete anos e é coordenado pelo CEPAE. Página 5

Comissão reestrutura ementas do curso de Jornalismo Página 8

Rodas de conversa e mesas redondas revivem culturas populares Página 9

LIBRAS será obrigatório em Licenciaturas até 2015

Projeto de Extensão deve ampliar acesso à ciência

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Página 10 Aline Pires

Intercom reúne profissionais da área da comunicação

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Plataforma moodle é utilizada para atividades online

‘Xadrez das cores’ instiga debate sobre racismo

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Editorial “Um bem público a serviço do Brasil”. Ensino, pesquisa e extensão são bases fundamentais para atestar a competência das universidades brasileiras. Elas tem, por dever, integrar a sociedade à educação de qualidade. Por obrigação e respeito, também devem levar os resultados de seus trabalhos à comunidade como forma de resposta à confiança depositada na instituição. Tendo em vista essa via de mão dupla “sociedade-universidade”, apresentamos nesta edição o caso de cidadãos cujas capacidades físicas não os desmotivam em estudar e que almejam serem integrados à universidade. Com o auxílio de um curso preparatório especial para pessoas surdas dentro da UFU, eles têm condições de fazer parte desse bem público. Somado a isso, a FACED exporta seu nome para diversos países através do periódico “Cadernos de História da Educação” que chega aos dez anos e consolida a cada edição posição de destaque no meio acadêmico. Esse intercâmbio e troca de experiências entre as universidades é que nos permite cruzar com um aluno de outra parte do globo. Nesta edição, conversamos com o aluno Ryoto Nakakura sobre suas experiências culturais. No âmbito do conhecimento científico, o Pop Ciência aproxima esse saber produzido pelos professores da UFU à comunidade externa com uma linguagem fácil de se compreender. Criado pela coordenadora de Jornalismo, Adriana Omena, mostra que é possível comunicar, e não inferiorizar, as pesquisas científicas ao serem divulgadas. Ela também é a tutora do PET Conexões, responsável por promover eventos à comunidade externa produzidos pelos petianos. A terceira turma de Jornalismo deseja que você, leitor, adquira novas informações nesta quarta edição do Educomunica. Boa leitura!

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Crônica

Cada macaco no seu galho Daniela Ávila Malagoli Quando me foi dada a tarefa de escrever uma crônica, de imediato pensei: Vou sair, vou ao shopping me distrair, isso me parece muito complicado. Bom, e foi durante esse passeio ao centro do consumismo, promotor de uns instantes de felicidade incomuns, que eu observei, de maneira inédita, algo digno de ser aqui relatado. Quando você vai a algum lugar onde há mesas e cadeiras, já reparou como as pessoas se localizam espacialmente? Pois, passe a olhar ao seu redor! Arranje um tempo! Se achar conveniente encontrar esse tempo, por sinal pequeníssimo (se é que ele existe) na caixa dos seus afazeres intermináveis, para refletir sobre o que lhe pergunto, você verá que as pessoas evitam sentar ao seu lado. O que quero dizer a você é que constatei algo que eu mesma me vejo fazendo desde que me entendo por ser humano. Em geral, há sempre um espaço entre as pessoas, uma ou mais mesas. Só quando não há mais opções, aí sentamos (temos que fazer isso, na verdade) ao lado de alguém. Creio que você não achou isso um absurdo... nem eu. Quando cheguei à praça de alimentação, pedi um Burger King, sem dúvida a melhor opção para me abster, por alguns momentos, da tacocracia que me acompanha todos os dias. Meu acompanhante e eu procuramos, sem sequer nos comunicarmos verbalmente, uma mesa isolada, sem quase ninguém por perto. Acomodamo-nos de forma que não houvesse ninguém ao nosso lado. Aí sim. Durante os meus minutos de extrema alegria, saboreando o BK, olhei ao meu redor e comecei a reparar os meus semelhantes. Inúmeras pessoas se cruzando, com o olhar fixo, mas nelas mesmas. Um senhor de barba grande e espumada sentado em um canto, sozinho, tomando uma cerveja; em outro canto um casal e seus três filhinhos inquietos fazendo um super lanche. Mais à frente, um grupo de amigos jogando conversa

fora. E por aí vai... Cada um vivendo o seu momento, das mais variadas maneiras. Mas uma observação: todos no seu canto; cada macaco no seu galho. E aí, eu me perguntei: Por que tanto medo, tanto repúdio? As pessoas se evitam. Existe, entre nós, um receio mútuo e recíproco que permeia as relações sociais, se é que isso pode ser chamado de relação. Enquanto eu pensava sobre tal situação, que por acaso causou-me uma indignação profunda, meu acompanhante diz em tom brando: “Vamos, já vai encher bastante aqui”. Levantei daquela praça recheada de grupos fechados e cantos peculiares e fui para casa. Minha casa é em um condomínio fechado. Fechado não só para a rua, mas para os meus vizinhos... Com alguns eu troco mínimas palavras. Aquele “bom dia” amarelo dentro do elevador, conhece? Ou então um “Parece que vai chover, não acha?” para não falar que não disse nada. Outros eu nem cheguei a conhecer. E no momento, sinto muito, mas não tenho tal interesse. Não porque eu não goste deles... isso nem é possível, se é que me entende. Tempos modernos, novas tecnologias, pessoas mais afastadas... é, os tempos mudaram e muito. E os ditados populares também. De “um por todos e todos por um” para “cada um por si e Deus por todos”. Isso nos parece muito familiar... Não acha? E sabe qual é o maior desejo da maioria de nós? Ir, nas nossas férias, para uma ilha paradisíaca, isolada, longe de tudo e de todos. Que maravilha! Enfim, só. De aldeia global, não temos nada. Gostamos mesmo é de ficar nas nossas cadeiras. Multidões de solitários... É um paradoxo que ainda não consegui compreender. Eu complementaria um trecho de Mário Sergio Cortella, que diz que é preciso mais espanto diante das tecnologias e inovações que aparecem diante de nós. Eu diria que é necessário menos espanto entre as pessoas .

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EXPEDIENTE O jornal EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação do Prof. Dr. Gerson de Sousa. Planejamento Gráfico e Editoração: Ricardo Ferreira de Carvalho. Bolsista: Sabrina Tomaz. Coordenadora do curso de Comunicação Social: Profa. Dra. Adriana Cristina Omena dos Santos. Diretora da FACED: Profa. Dra. Mara Rúbia Alves Marques. Tiragem: 250 exemplares. Impressão: Agência de Notícias – Jornalismo/UFU.

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PET Conexões Educomunicação debate racismo Participantes discutem tema polêmico a partir da exibição de curta-metragem

Sob o slogan de “Curta o choque”, na primeira edição do Choque Cinematográfico foi exibido “O xadrez das cores”, cuja temática central é o preconceito racial. O evento, organizado pelo Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões de Saberes: Educomunicação, em parceria com o PET das Ciências Sociais, foi aberto à participação da comunidade interna e externa e aconteceu no dia 27 de agosto, no Campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Após a exibição do filme foi realizado um amplo debate que contou com a participação de todos os presentes no evento e de convidados como a professora Vania Aparecida Martins Bernardes, que participa do NEAB, e a primeira presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB, doutora Selma Aparecida Santos. A bolsista do PET Conexões, Susana Arantes, esclarece que “a proposta do choque é promover debates sobre temas do cotidiano pra fugir um pouco dos temas padrões acadêmicos”. Outra integrante do grupo, Valquíria Amaral, ressalta a importância de levar os temas ao público externo. “Às vezes ficamos muito fechados no meio acadêmico e o conhecimento que a gente produz aqui quase nunca é levado pra fora dos muros da UFU,” completa. Para Selma Aparecida, o modo

Letícia Daniela

Eric Dayson – Kênia Leal – Letícia Daniela – Monique França

Evento reúne cerca de 40 pessoas, entre estudantes e comunidade

como o evento foi realizado, sem compor a mesa formal, facilitou a interação no debate entre os participantes. Selma sugere que seja aprofundada a questão do preconceito racial para esclarecer sua origem. “Porque é só através do conhecimento que nós conseguimos quebrar os pré-conceitos”, afirma. Segundo a tutora do PET Conexões, Adriana Omena dos Santos, a primeira edição do evento superou expectativas. A quantidade de pessoas que estava presente dobrou, em relação a outras atividades organizadas pelo PET, mesmo tendo uma divulgação mínima. Além disso, a interação entre os convidados foi um fator importante para a construção do debate. “Houve uma participação muito legal

da mesa e do público”, diz. Carmelita da Silva, participante do evento, afirma que não tinha conhecimento prévio do tema abordado. “Eu nem imaginava que o preconceito estivesse presente dentro de um espaço acadêmico, teoricamente ocupado por pessoas intelectuais. Este hábito ruim parece estar enraizado na nossa sociedade.” O estudante africano, em mobilidade, Edmilson Rodrigues, afirmou que é importante participar de discussões desse gênero para conhecer diferentes opiniões. O universitário completa dizendo que entendeu como o tema é visto no Brasil. “Não estamos longe do racismo, vivemos em uma sociedade racista sim e hoje fizemos aqui esse reconhecimento”, comenta. C

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Cursos da FACED inovam com proposta educativa Projeto de extensão constitui-se de trabalhos de formação e produção do conhecimento Fabiane de Souza – Isabella Carvalho – Lucas Tondini Isabella Carvalho

lismo científico é voltado pra divulgação e disseminação do conhecimento científico como um todo”, comenta a aluna. “Tudo o que é produzido na Universidade, o jornalismo científico procura divulgar através da ‘tradução’ dos termos técnicos para uma linguagem mais acessível à população”, esclarece a voluntária.

Geni acredita que os projetos são um ganho para a Universidade, para a comunidade e para os alunos

O projeto de extensão “Ciência/UFU – A Agência de Notícias e a web rádio do curso de Jornalismo/UFU a serviço da Difusão e Popularização”, desenvolvido pelo curso de Comunicação Social: habilitação em Jornalismo em conjunto com professores do curso de Pedagogia da UFU, tem o objetivo de recolher as informações científicas produzidas na universidade e repassar à comunidade de forma mais acessível. A proposta do projeto é desenvolver uma web rádio e produzir programas para a Rádio Universitária e para a TV universitária. O projeto prevê a capacitação dos professores de ciência nas escolas por meio de uma cartilha, juntamente com um DVD, que incluirá o áudio produzido pela web rádio e os filmetes

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exibidos na televisão. O material produzido levará informações de projetos desenvolvidos na UFU. De acordo com Adriana Omena dos Santos, coordenadora do curso de jornalismo, o projeto é um ganho acadêmico e profissional para os graduandos. “Os alunos estão preparados para fazer a cobertura da notícia, mas o jornalismo especializado exige que você tenha algum conhecimento da área, ou seja, o aluno é o mediador entre o que está acontecendo e a sociedade”, explica. O principal foco do projeto é o jornalismo científico. A aluna do quarto período e voluntária do Pop Ciência, Ana Beatriz Camargo Tuma, 20, afirma que o projeto propõe facilitar a compreensão da comunidade em relação às pesquisas publicadas. “O jorna-

Para a diretora de Extensão Universitária Geni de Araújo Costa, 54, os projetos são um conhecimento que ele (o aluno) põe em prática. “Quem fica na teorização, não consegue enxergar a realidade”, afirma. A diretora ressalta a oportunidade de crescimento acadêmico e profissional oferecidos pelos projetos. “Muitos alunos se importam com o beneficio material que as bolsas oferecem e deixam de pensar em outros ganhos, principalmente o ganho profissional.”, declara. Geni ainda diz que “ao confrontar os dados coletados com a realidade, ele vê o objetivo, o ideal acadêmico e o ideal para determinada comunidade. Então ele pode ser mais crítico, mais reflexivo, mais transformador, portanto, um profissional diferenciado.” Os estudantes interessados em participar do projeto devem procurar a coordenadora Adriana Omena dos Santos ou um dos professores envolvidos: Web Rádio - profª Sandra Sueli Garcia; Minuto Ciência UFU (TV) profª Mônica Nunes Vieira; Ciência em Pauta (impresso) - profª Ana Cristina Spanemberg. C


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Aluna de cursinho para surdos ingressa na UFU Sarah Juliana, estudante do CAS há quatro anos, frequenta o 1º período de Matemática

A estudante Sarah Juliana, aprovada no vestibular 2011-2 da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), conquistou uma vaga no curso de Matemática. Para essa conquista, contou com o auxílio dos voluntários do Cursinho Alternativo para Alunos Surdos (CAS).

Raissa Dantas

Carlos Gabriel Ferreira – Isley Borges – Lívia Rodrigues – Raissa Dantas

A aluna fez parte do CAS durante quatro anos: três dedicados ao Programa de Ação Afirmativa de Ingresso no Ensino Superior (PAAES) e um preparando-se para o vestibular. As atividades do projeto tiveram início há sete anos e são coordenadas pelo Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE). Sarah estudou em escola pública e necessitou de intérpretes ao longo de sua formação. A estudante enfrentou dificuldades na aprendizagem devido à metodologia utilizada pelos professores. “Alguns não sabem como lidar nestes casos. Muitos colegas também se afastaram, pois não sabiam como se comunicar comigo”, revela.

Sarah Juliana, ex-aluna do CAS, fala sobre o pré-vestibular

Sinval Fernandes é intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), ministra aulas de química e acompanha o desenvolvimento dos alunos. O professor, apesar de não ser contratado pela Universidade, auxilia Sarah nas aulas do curso de Matemática. O voluntário encontra dificuldade ao fazer interpretação: localizar sinônimos do português na língua de sinais. Segundo ele, para a estudante o ideal seria uma pessoa formada em Matemática que conheça

Saiba mais sobre o CAS O material didático utilizado no Cursinho é formulado pelo grupo docente voluntário. Os professores tentam deixá-lo mais atrativo e didático. Os equipamentos para a realização das aulas, como data show e computador, são fornecidos pelo CEPAE e o material entregue aos alunos baseia-se em exercícios focados nos processos seletivos da UFU. Neste semestre o proje to contempla nove estudantes.

os termos específicos da área. A professora Eliamar Godoi auxilia na coordenação do cursinho desde agosto de 2010. Para Eliamar, a aprovação de Sarah significa a realização de um objetivo que todos os alunos tem buscado. No intuito de melhorar o trabalho do CAS na UFU, Eliamar pretende oferecer bolsas para professores. “Isso atrairá mais profissionais para ministrar aulas”, diz. Além das bolsas, pretende criar cursos de extensão para intérpretes. Esses cursos poderão suprir a carência desses profissionais que é muito grande no Brasil, pois a profissão só foi regulamentada em 2005. Outra possibilidade é de a própria Sarah ministrar aulas no CAS, iniciando com uma bolsa de monitoria de 12 horas semanais. C

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CAPES e FAPEMIG atestam qualidade de periódico Publicação, que celebra 10 anos, obteve o segundo melhor conceito pelo Qualis/CAPES Debora Bringsken - Hugo de Sousa - Isabela Paranatinga - Neimar Alves Neimar Alves

escrito por pesquisadores de outras instituições nacionais e estrangeiras. Os investigadores da própria Universidade Federal de Uberlândia (UFU) são vinculados, em sua maioria, ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em História e Historiografia da Educação (NEPHE).

Carlos Henrique, um dos fundadores do periódico

O periódico Cadernos História da Educação comemora, este ano, uma década de publicações com resultados expressivos. Desde o ano passado, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) promove o custeio de editoração e impressão. O impresso obteve em 2008 estrato A2 (o segundo mais elevado) pelo Qualis/CAPES, por quesitos como periodicidade, presença de resumos em língua estrangeira, existência de versão eletrônica, volume de circulação, captação de artigos do exterior e conselho editorial. Estima-se que a revista em papel tenha circulação média, por edição, de 300 exemplares. O veículo de divulgação em pesquisas na área de História da Educação teve seu primeiro volume no ano de 2002. Devido ao aumento de textos de qualidade recebidos para submissão e ao crescente interesse de pesquisadores, alcançou em 2009 a marca de duas edições anuais. Grande parte dos trabalhos publicados é

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O primeiro volume publicado pouco dispunha da estrutura encontrada hoje. “No início, a revista era feita quase que de modo artesanal. Alguns professores e eu fazíamos a captação de textos e não havia sequer revisores. Nós mesmos desempenhávamos esse papel. Hoje, ao contrário, existem revisores escolhidos para isso e a revista é acessada internacionalmente”, afirma Carlos Henrique de Carvalho, um dos criadores do periódico e membro de seu conselho editorial. “Quando a revista começou, tinha que buscar publicação. Hoje, as duas edições (anuais) não suprem a grande quantidade de materiais que recebemos”, completa. A qualidade da revista pode ser analisada pelo recente apoio financeiro de uma importante agência de fomento. “Somente bons periódicos recebem o apoio da FAPEMIG e nós somos um desses”, assegura o conselheiro. Apesar das novas metodologias de ensino digitais, a revista trata do passado da transmissão de saber e o expõe na atualidade por meio de seus artigos para outros pesquisadores. “Desde a constituição do campo pedagógico, atribui-se importância ao

conhecimento do passado educacional nos processos de formação de professores”, analisa Décio Gatti, criador do Cadernos de História da Educação e presidente da Comissão Editorial. “Acredito que esse raciocínio ainda tenha validade, pois apesar das críticas recebidas pela escola, ela é uma instituição forte e que se encontra, nas suas diferentes formas, presente em todo mundo”, conclui Gatti. A revista é armazenada no Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) da UFU e pode ser acessada gratuitamente (http://www.seer.ufu.br/index.php/che/). O internauta pode se cadastrar e receber aviso por e-mail quando uma nova edição estiver disponível. Já a edição impressa pode ser lida na maioria das bibliotecas universitárias de todo o Brasil e em universidades estrangeiras parceiras em países como Portugal e França. No SEER os pesquisadores têm à disposição os critérios necessários para enviar online seu texto à submissão. “Claro que existem muitos artigos bons, mas também recebemos outros tantos artigos ruins. Isso não é exclusivo do Caderno, todos os periódicos enfrentam isso”, afirma Carlos de Carvalho. A revista somente publica textos na íntegra e produzidos por titulados com mestrado, no mínimo. Por ano são publicados cerca de 30 artigos e estima-se que 35% do total recebido é recusado após análise dos pareceristas. C


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Pesquisa empírica instiga debate no Intercom 2011 Evento em Recife promove integração e amplia o conhecimento no campo da Comunicação

“Quem tem medo da pesquisa empírica?” foi o principal tema discutido por pesquisadores da área de Comunicação Social no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Intercom 2011. O colóquio sobre o futuro do rádio e a oficina de literatura são pontos destacados pelos participantes da Universidade Federal de Uberlândia, (UFU). O congresso aconteceu na cidade de Recife, em Pernambuco, entre os dias 2 e 6 de setembro e reuniu professores e alunos de todo o país. A professora do Curso de Jornalismo da UFU, Sandra Garcia, participou do colóquio “Futuro do rádio”, como parte do grupo de rádio de mídias sonoras. A importância da discussão, declara Sandra, está relacionada ao debate sobre a história e o futuro do rádio. Para a docente, o conhecimento deve ser o

Lucas Felipe

Daniela Malagoli – Laura Junqueira – Letícia França – Mariana Marques

Mesa redonda com José Marques de Melo

foco do aluno da área de Ciências Humanas. “O Intercom é o mais importante congresso da área de comunicação e propicia ao aluno ter contato direto com autores e pensadores da área, ampliando assim seu conhecimento e sua visão de mundo”. Elisa Chueiri, estudante do 6º período de Jornalismo da UFU, apresentou o artigo “A teoria na

prática do Informativo Faced”. Elisa assistiu a uma oficina sobre a importância do corte e da edição do cinema, tema de seu interesse. “O professor que ministrou a oficina deu muitos exemplos e fez um apanhado geral sobre a história do cinema”, explica. “O Intercom é essencial, tanto para a formação universitária, quanto para a carreira profissional”, complementa. C

Oficina de Jornalismo Literário motiva estudante a produzir monografia A aluna da 1ª turma de Jornalismo da UFU Diélen Borges revela que as discussões no Intercom são muito interessan tes. “Você encontra pessoas de todo o país que pesquisam e possuem os mesmos interesses que você”. A estudante ex plica que o congresso ofereceu a oficina de Jornalismo Literário, de seu interesse, e que não consta como optativa pela UFU. O interesse pelo tema levou Diélen a produzir sua monografia. “O curso de Comunicação é muito amplo, e essas oportunidades te possibilitam um direcionamento específico para sua área de interesse”. Diélen explica que apresentou um artigo sobre telenovela, “Infidelidade televisionada: A apologia à traição conjugal na telenovela ‘Viver a Vida’”; o qual recebeu críticas e sugestões de profissionais da área. “É um encontro com pessoas do campo em que você tem interesse em pesquisar. Participei de um VT de telenovela e encontrei autores de livros que eu lia para escrever sobre o assunto”.

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Ementa reforça formação de jornalista educador Mudanças nas disciplinas de ciências sociais ligam a teoria ao cotidiano do jornalista Igor Miranda – Laura Máximo – Maria Luiza Soares – Túlio Calegari Maria Luiza Soares

permitido aos alunos o domínio de habilidades conceituais e analíticas provenientes da Sociologia”, explica Rodrigo. “Creio que este trabalho inaugurou um canal de comunicação entre os alunos do curso e o corpo docente das Ciências Sociais”.

Mudança aproximará teoria clássica das Ciências Sociais ao cotidiano do estudante

Professores e alunos da Faculdade de Educação (FACED) presentes na última assembleia do curso de Comunicação Social/Jornalismo, dia 30 de maio deste ano, discutiram a reestruturação do projeto pedagógico. O principal assunto foi a mudança nas ementas de algumas disciplinas, entre elas a área de ciências sociais. Uma das mudanças pretende adequar a teoria proveniente dos pensadores clássicos das Ciências Sociais à realidade do estudante e às atuais condições da sociedade brasileira. “É imprescindível a abordagem de temas

que insiram o estudante no contexto da atualidade, trazer a discussão de temas correntes.” afirma Lucas Felipe Jerônimo, 22, cursando o 6º período de Comunicação Social. “É preciso debater o que está sendo veiculado cotidianamente na mídia, que é a futura ferramenta de trabalho e expressão desse aluno”, sugere. Rodrigo Ribeiro, professor da matéria de Sociologia no curso de Jornalismo, afirmou que os alunos participam dos debates ocorridos durante as aulas, demonstrando dinamismo em relação ao conteúdo. “Espero que o trabalho desenvolvido tenha

Segundo o aluno Rinaldo Augusto, cursando o 4° período de Jornalismo, o conteúdo é suficiente para despertar pensamento crítico. “Comecei a enxergar muitas coisas de maneiras diferentes depois que comecei a estudar mais a fundo cultura e política”, conta. Outra questão discutida na reestruturação do projeto pedagógico é o diferencial do curso, que pretende formar um profissional ligado à área da educação. A mudança geral na ementa das matérias permite aos alunos visionarem esse propósito. “Na atual grade esta formação não é clara, por isso, com o novo desenho curricular do curso, isso ficará mais evidente, pois haverá mais disciplinas que liguem a comunicação à educação”, revela Sandra Garcia, professora do curso e presidente da comissão de reestruturação do projeto pedagógico do curso. C

Como funciona o processo de mudança da ementa As modificações estão a cargo da comissão de reestruturação do projeto pedagógico, constituída pelos professores Adriana Omena dos Santos, Ana Spannenberg, Marcel Mano, Robson de França e pela representante discente Daniela Ávila. A presidência é de Sandra Garcia. Todas as propostas são analisadas pelos integrantes da comissão.

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Pesquisadores debatem educação e culturas populares Tema deste ano instiga a produzir conhecimento e superar as desigualdades no Brasil

O Encontro Nacional de Pesquisadores (as) em Educação e Culturas Populares (ENPECPOP), realizado no campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), teve como tema central “Educação e culturas populares: produção de conhecimento e superação das desigualdades no Brasil”. O encontro ocorreu nos dias 16 e 17 de setembro e contou com cerca de 500 participantes e 10 rodas de conversa. O evento é uma atividade do GPECPOP – Grupo de Pesquisa em Educação e Culturas Populares – que incentiva a divulgação e debate das pesquisas realizadas pelo grupo. Na roda de conversa “Educação e culturas populares na atualidade”, os participantes discutiram sobre educação ambiental popular, as diferenças entre educação popular e não popular; e valores ou crenças agregados a fatos cotidianos passados pelas gerações. Para o policial militar, José Valdinei Martins, graduando do curso de História da UFU e participante da roda de conversa, a educação ambiental é importante para o ensino infantil. “A criança tem o poder de ensinar os adultos e cobrá-los acerca da educação ambiental. Um adulto não iria querer desobedecer ao ensinamento de um filho”.

Guilherme Gonçalves

Caio Nunes – Guilherme Gonçalves – Emílio Lins – Verônica Jellifes

Debate em mesa redonda do ENPECPOP discute educação e culturas populares na atualidade

A docente no curso de graduação de matemática da UFU e coordenadora da roda de conversa “Educação e culturas populares na atualidade”, Cristiane Coppe, explica que o evento é uma ação para fortalecer o estudo das culturas populares. “Essa questão é bastante trabalhada nas comunidades marginalizadas e deveria ser mais trabalhada nas universidades”, analisa. As relações de gênero, de etnias e de classes sociais nos processos educacionais foram temas discutidos da roda de conversa “Educação popular: Etnociências”. A palestrante convidada para esta roda foi a professora doutora Gelsa Knijnik, da Universidade do Vale do Rio dos Si-

nos (UNISINOS). Gelsa Knijnik explica que estudos realizados com moradores de acampamentos semterra, mostram que pessoas de baixa instrução conseguem realizar operações de difícil conclusão por meio de culturas populares. O coordenador do ENPECPOP, Benerval Santos, avalia que a importância do encontro não se resume a discussão do tema. “A proposta do ENPECPOP é mobilizar o campo acadêmico em prol de ações nessa área”, explica. O encontro contou com a participação de graduandos, pós-graduandos, doutores, mestres e pesquisadores da área de Pedagogia e Educação. C

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Pedagogia à distância surge como tendência de ensino Encontros presenciais promovem troca de experiências entre alunos Aline Pires – Ana Luiza Honma – Isabel Gonçalves – Taís Bittencourt Aline Pires

balham no apoio ao docente, mas não são docentes da disciplina.”, compara. Eliamar Godoi, aluna do curso, afirma que apesar das constantes melhorias, a graduação, nesta modalidade, deixa a desejar em alguns quesitos. “Um curso à distância não consegue suprir necessidades básicas de informação, interação e de acompanhamento efetivo do desempenho dos alunos”, diz Eliamar.

Eucídio Arruda, coordenador do curso: 567 alunos matriculados em duas turmas

O curso de Pedagogia à distância, oferecido pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), teve um aumento de 12% em sua procura no período de dois anos. Ao todo são 567 alunos matriculados atualmente, divididos em duas turmas, em comparação aos 267 da primeira turma de 2009. O perfil dos graduandos que buscam a Educação à Distância (EaD) é obter um título de graduação e compensar a indisponibilidade para cumprir a carga horária exigida nos cursos presenciais. Alunos e professores entrevistados analisam que essa modalidade de ensino exige maturidade e disciplina nos estudos por não contar com a presença do professor. A proposta da graduação é integrar os profissionais da área de educa-

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ção sem acesso ao ensino superior. Com o apoio da Universidade Aberta do Brasil (UAB), o curso se divide entre encontros presenciais esporádicos e atividades à distância, realizadas por meio de computador, internet e apostilas para estudo por conta do próprio aluno. Os cursos de EaD podem ser encontrados tanto em faculdades públicas quanto em particulares. “A faculdade privada precisa trabalhar com a figura do tutor, mas tem enfrentado questões de ordem trabalhista, porque o tutor nessa instituição é reconhecido como professor”, explica Eucídio Arruda, coordenador da Pedagogia à distância. “Na UAB é diferente, nós temos a figura do tutor presencial e tutor à distância. Eles tra-

Graduada pelo Projeto Veredas, precursor do ensino de pedagogia à distância na UFU, Jorcelita Alvim ressalta pontos positivos do seu processo. “O material didático era ótimo e a dinâmica do curso com os encontros mensais era excelente. Nos encontros cada um levava suas práticas, de sala de aula, positivas e negativas e compartilhava, era muito boa essa troca”, pontua. Eucídio Arruda afirma que depois de formado, as projeções obtidas no mercado de trabalho são as mesmas de um profissional graduado presencialmente. “Não pode vir no diploma que a formação foi à distância”, afirma o coordenador. Ele diz que esta nova modalidade veio para ficar e em alguns anos o termo EaD não existirá mais. “Futuramente acredito que tenhamos modelos semelhantes às universidades europeias em que metade das aulas ocorra presencialmente e metade à distância, e não se fale mais em distinções entre modalidades”, completa. C


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Jornalismo discute obrigatoriedade de LIBRAS Coordenação do curso destaca importância da especialidade no exercício profissional

O curso de bacharelado em Comunicação Social discute a necessidade de implantação do ensino da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) na estrutura curricular do curso. A disciplina, atualmente optativa, possibilita uma comunicação especial para os futuros jornalistas. A Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) promoveu um planejamento para integralizar a matéria, até 2015, nos currículos da licenciatura. A coordenadora do curso de Jornalismo, Adriana Omena dos Santos, embora sem posicionamento do colegiado em relação à obrigatoriedade da disciplina no curso, ressalta a importância de um jornalista conseguir conversar com o surdo. “Se você for realmente seguir carreira de repórter, se o seu contato for direto com o entrevistado, saber LIBRAS é imprescindível. Você precisa saber conversar a língua que os surdos usam”, reforça. O estudante de Comunicação Social Guilherme Gonçalves, ao analisar a obrigatoriedade no curso de Jornalismo, considera a Língua Brasileira de Sinais como mais uma forma de comunicação que pode se tornar um diferencial na profissão. “Como jornalista é preciso se comu-

Thiago Lima

Isadora Menezes – Juliana Gaspar – Marília Coelho – Thiago Lima

Professora Eliamar Godoi leciona em uma das 15 turmas em andamento

nicar com todas as pessoas”.

tes entrarão em contato direto com a Educação Básica que recebe estudantes carentes dessa comunicação especial.

A Profª Mara Rúbia Alves Marques, diretora da FACED, afirma que o projeto prioriza os cursos de Pedagogia e Letras. A oferta de 15 A FACED oferece curso de LIturmas em diferentes horários su- BRAS desde 2009. A disciplina torperou as 12 que estavam previstas nou-se obrigatória nos cursos de lipara 2011. A cenciatura em “Como jornalista é preciso se Língua Brasi2006 e a faculdacomunicar com todas as leira de Sinais é de iniciou inveslecionada nas timentos para pessoas”. - Guilherme Gonçalves graduações prepossibilitar sua senciais, virtuais e de Educação Es- implantação. O corpo docente da pecial da universidade. disciplina totaliza, após dois anos de atuação, o número de seis profesA preocupação do Governo Fesores exclusivos, senso quatro destes deral quanto à obrigatoriedade do surdos. O curso, em 2009, contava ensino nos cursos de licenciatura com apenas uma professora surda, consiste no vínculo destes com a sem intérprete. C formação de professores. Os docen11


EDUCOMUNICA

Ano III– n° 4

UFU

‘No Japão, só o professor fala e os alunos escrevem’ O intercambista revela diferenças entre a cultura, mídia e educação no Brasil e Japão

Ana Gabriela Faria

Ana Gabriela Faria – Michelle Júnia Soares - Priscila Mendonça – Rassendil Barbosa

Ryoto: intercâmbio para agregar conhecimentos culturais

“Jornalistas são muito importantes para escrever o que é verdade e o que é mentira, mas parece que a situação não é perfeita, por isso eu queria ver a condição dos jornalistas de outros países”. A frase é de Ryoto Nakakura, 23 anos, natural de Tokyo no Japão. Em Uberlândia desde 9 de agosto passado, Nakakura cursa Teorias da Comunicação I, Leitura e Produção de Texto II, Ciência Política e Comunicação e Antropologia Cultural no curso de Jornalismo da UFU. O objetivo é aperfeiçoar a língua portuguesa e agregar conhecimentos culturais sobre o país. Graduando do curso de Cultura e Línguas no Japão, Nakakura veio ao Brasil e ficará por seis meses. EDUCOMUNICA: Por que você escolheu jornalismo? Ryoto Nakakura: Porque é muito interessante. No Japão meus professores da escola me falaram que o jornalismo é recente e os jornalistas não são tão bons. Quando o terremoto aconteceu (março de 2011), o governo disse muitas coisas, mas pensamos que algumas partes são mentira, por exemplo, sobre a radioatividade. Jornalistas são

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muito importantes para escrever o que é verdade e o que é mentira, mas parece que a situação não é perfeita, por isso eu queria ver a condição dos jornalistas de outros países. EDUC.: Quais as semelhanças e diferenças entre os jornalistas do Brasil e do Japão? R.N.: Para mim jornalistas do Brasil falam mais diretamente o que querem falar, enquanto no Japão algumas vezes os jornalistas escrevem pensando que terão problemas. Não só os jornalistas, mas no Japão não falamos diretamente. EDUC.: Como a cultura japonesa influencia na mídia? R.N.: No Japão, quando políticos falam oficialmente, a mídia japonesa precisa de um cartão para estar lá e perguntar. Por isso, jornalistas que escrevem mal sobre políticos não podem entrar da próxima vez. A situação da mídia para mim é muito ruim e nem sempre fala só a verdade. EDUC.: Qual a diferença de ensino entre o curso de cultura e línguas do Japão e o curso de Jornalismo aqui na UFU? R.N.: Agora, no Brasil, estou aprendendo outras maneiras de olhar o Jornalismo. Por exemplo, no Japão só o professor fala e os alunos escutam e escrevem. Aqui temos muitos debates durante a aula, falamos o que pensamos. No Japão os professores dizem que podemos perguntar durante a aula, mas minha cultura não é como aqui: por isso ninguém fala durante a aula. Acredito que para ser bom jornalista é muito importante perguntar quando outra pessoa esta falando, é muito importante falar o que você pensa. EDUC.: Como as pessoas do Japão vêem o curso de Jornalismo? R.N.: Na minha universidade no Japão chamada Sophia, existem muitos professores famosos e também pessoas que estudam jornalismo muito inteligentes. Mas algumas pessoas pensam que a mídia no Japão não é muito boa. Por isso não entendem porque eles querem ser jornalistas, não entendem porque eles trabalham para a mídia.

EDUC.: O que você observa no Brasil que já tinha aprendido no seu curso de Cultura e Línguas no Japão? R.N.: Quando estava no Japão estudava alguns casos do Brasil, por exemplo, as favelas. Pensava que só negros moravam lá, mas uma amiga me falou que também moram japoneses, brancos. Quando estudava no Japão usávamos estereótipos, só uma parte de um todo. Também estudei sobre a segurança no Brasil, e muitas pessoas diziam que aqui é muito perigoso, que existem muitos casos sobre roubos, mortes, mas parece que não é como eu imaginava. Por exemplo, eu não trouxe minha câmera porque algumas pessoas me falaram que é perigoso usar câmera na rua, especialmente turistas. Mas eu não pareço turista na rua, porque aqui tem muitos japoneses. Então o que eu estudava é um pouco diferente do mundo real. EDUC.: No Brasil, a internet está se tornando importante fonte de informação. E no Japão? R.N.: Muitas pessoas assistiam televisão e liam revistas para saber informações, mas recentemente não, porque podemos ver na internet. Também no Japão muitas pessoas pensam que a televisão, muitas vezes, não fala só verdade. O problema é quando alguma pessoa mente e outras acreditam. Para mim parece um pouco perigoso porque você nunca sabe quem fala a informação. Mas o ponto positivo é que na internet podemos falar com outras pessoas para ganhar muitos tipos de informações, você também pode falar o que você sabe. EDUC.: Você pensa em atuar na área jornalística? Por quê? R.N.: Até agora é muito interessante, mas tenho medo de ser jornalista, porque eles sempre estão em situações perigosas. Por exemplo, se você precisar escrever alguma coisa sobre políticos ou sobre máfias. Eu gosto de ler artigos de jornalistas, sempre quero saber a verdade e também quero mudar a situação do Japão, mas eu não queria ser jornalista.

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