EDUCOMUNICA - 05 - 2011

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Ano III – nº 5 - dezembro, 2011

Regulamentação contribui para o Mestrado Profissional na FACED Hugo de Sousa

Divulgação

Programa pedagógico do MEC possibilita interação com Jornalismo

Projeto visa aprimorar qualidade social da educação

Aula do tradicional Mestrado Acadêmico da FACED

A nova regulamentação da CAPES contribui para a implantação de Mestrado Profissional na FACED. Segundo os professores, para que haja melhorias na educação brasileira é preciso existir uma relação entre o mestrado profissional e as Secretarias de Estado e Educação. O mestrado profissional tem caráter multidisciplinar e sua criação é a primeira experiência da FACED, que já atua na área de mestrado acadêmico. A inauguração do curso foi adiada para possibilitar amplo diálogo e debates na comunidade acadêmica. Página 7

A “Roda de Conversa: Um diálogo entre psicologia e educação infantil” problematizou os obstáculos da infância escolar, os sentimentos da criança perante ao novo ambiente e os desafios enfrentados pelos educadores. O evento, que aconteceu em 22 de outubro, foi realizado por discentes e docentes do curso de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. Página 5

Excesso de trabalho é um dos problemas do educador

O excesso de atividades traz resultados negativos no processo educacional. As tarefas na pesquisa e administração valorizam o prestígio acadêmico, mas prejudicam o ensino em sala de aula. Para o professor Roberto Puentes a sala de aula tem que ser o “coração da universidade”. Página 8

Igor Miranda

Roda de conversa discute relação da escola e criança

O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar (GESTAR II), inovação pedagógica da agenda do MEC, propicia formação continuada de professores de Língua Portuguesa e Matemática. O programa acontece em 24 municípios do norte de Minas Gerais e é desenvolvido em parceria com a UFU, o CEMEPE, a PROEX/UFU e a FACED/UFU. Página 9

Professores analisam validade do Enade para a Educação Página 6 Graduandos produzem matérias para revista científica

Infância escolar impõe desafios aos educadores

Técnico de áudio fala sobre experiências de vida Página 12

Profissionais discutem atuação do pedagogo em ambientes não-escolares Página 10

Os alunos do curso de Comunicação Social da UFU participaram da cobertura voluntária da terceira Semana de Ciência e Tecnologia de Uberlândia. Os graduandos tiveram contato com o jornalismo cientifico e redigiram matérias a respeito dos trabalhos apresentados durante a semana para a revista com recursos da Fapemig. Página 3

Laped aproxima futuros pedagogos da realidade em atividades práticas Página 4 Projeto socioambiental integra alunos de jornalismo Página 11


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Editorial Durante a produção desta edição do Educomunica, notamos que a maioria das matérias está relacionada com a qualidade do ensino. O pilar de uma sociedade desenvolvida é a educação, mas nem sempre é percebida a dificuldade presente no cotidiano daqueles que lecionam. Os docentes estão sobrecarregados por participarem ativamente nos processos de ensino, pesquisa e administração da própria universidade. Talvez os problemas comecem na base do ensino e, se não resolvidos, são carregados para a graduação. Será que fazer uma prova como o ENADE é a resposta para todos os problemas? É possível medir a qualidade de um ensino no qual os professores são mal-remunerados, estressados e alguns com didática questionável? A discussão foca, sobretudo a questão da falha deste exame, em apontar melhorias para a formação do pedagogo e como este instrumento é utilizado para ranquear as universidades. Apesar dos problemas, o investimento na formação continuada de professores, como o citado na matéria sobre o programa GESTAR II (Gestão da Aprendizagem escolar), demonstra a valorização do processo de ensino-aprendizagem desde os ensinos fundamental e básico. A presente publicação irá problematizar a realidade de professores, alunos e técnicos na educação. Além disso, há matérias sobre Jornalismo científico e sua utilidade na exposição dos resultados obtidos nas pesquisas; a criação do Mestrado Profissional e as formas de conciliar os horários em sua realização; e uma entrevista com o técnico de áudio Marcelo Melazzo, na qual ele conta sobre sua paixão pela música. A terceira turma de jornalismo apresenta a vocês a quinta edição do Educomunica e deseja a todos uma boa leitura!

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Artigo

Cazuza, um idiota morto? José Pedro Bezerra Há algum tempo me foi encaminhado um email de uma psicóloga clínica, chamada Karla Christine. Em seu texto, intitulado “Cazuza, um idiota morto!” a psicóloga expõe, com muito vigor e segurança, que o cantor Cazuza não era o tipo de ídolo que as pessoas deviam cultivar. Acho esse email extremamente exagerado (e não, não seria da música do cara). Para início de conversa, durante o filme, em momento algum, os diretores, atores, o diabo a quatro, dizem que as atitudes de Cazuza devem ser seguidas. Aliás, quando o cantor contrai a doença (HIV) e o filme mostra todo o seu sofrimento, acredito que fica muito mais a mensagem de que não devemos seguir seus passos no que concerne às suas atitudes sociais. Se ao ver o filme, a filha da psicóloga, mesmo vendo toda a luta do artista no fim de sua vida, achasse que seria legal viver em “bacanais, beber até cair e outras coisas”, seria necessário que ela procurasse uma ajuda psicológica. E que ela não o fizesse em casa. Apesar de expressar sua opinião e coisa e tal, a psicóloga foi extremamente infeliz em seu conceito, muito mais pessoal do que analítica, sobre o cantor. Cazuza marcou época. Foi aclamado criticamente pela sua música. E era isso que a psicóloga deveria ter levado em conta. Agenor de Miranda Araújo Neto não era famoso nem aclamado publicamente por suas orgias sexuais e vícios. Era aclamado pela sua excelente produção musical. E isso, a “excelente” profissional que é a psicóloga, resume em uma linha de sua argumentação. E daí que ele era filhinho de papai, mimado, gay, hetero, bi, o que for. As pessoas não gostam do Cazuza pela pessoa que ele foi, e sim pelo artista que ele era. Não é só porque está lá é que temos que levar como exemplo. Podia ter todos os seus defeitos, mas pelo menos o filme foi realista. Mostrou como Cazuza viveu sua vida e evidenciou como essas atitudes acabaram com a vida que ele poderia vir a ter. A música é excelente e o filme vem mostrar que, viven-

do a vida como ele viveu, apesar de se tornar um ídolo (mais uma vez, pela música), foi ele quem, com o perdão da palavra, se fodeu no final. Gosto da música do cara. Mas esculachá-lo dizendo que é um idiota morto é um absurdo para com alguém que produziu tanto para a música (ou qualquer outra pessoa. Nenhum ser humano é indigno o suficiente de se dizer que é um idiota morto) desse país. Gostamos de Renato Russo, Cássia Eler e Tim Maia. Todos no mesmo exemplo do Cazuza: excelentes, quase míticos, músicos. E todos drogados. E todos mortos. Quem perdeu com a morte deles foram apenas eles. Quem ganhou com sua vida fomos nós (ou pelo menos eu). Essa psicóloga simplesmente ignora quem, na importância cultural musical brasileira, ele foi. No filme a mãe não se orgulha de ter feito tudo o que fez pra ele. Mas era mãe, e achava que o tinha educado de forma correta. E foi uma ótima produção cinematográfica! Quase no final de seu texto a psicóloga diz: “Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.”. Se formos usar argumentos ridículos e idiotas para expormos nossas opiniões fica fácil. Indo na linha imbecil da Karla, o que Cazuza seguiu foi o exemplo da Eletrosom: “É por você que a gente faz!”. E, mesmo eu, escrevendo esse artigo, sei o quanto fica ridículo fazermos comparações como essa. Na boa? Não dá para dar crédito a uma mulher que usa uma propaganda de uma linha de veículos automotores como argumento de um texto que critica um cantor. Cazuza foi, sim, ídolo! Ídolo errante, mas ídolo. Quem vem com tudo não cansa. Deveríamos, para o dia nascer feliz, utilizarmos todo amor que houver nessa vida. Mesmo que seja procurando uma ideologia para viver. Ser polêmico faz parte do meu show. Mesmo que ainda seja exagerado. E que deixem essas críticas de lado. O nosso amor a gente inventa.

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EXPEDIENTE O jornal EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jor nalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação do Prof. Dr. Gerson de Sousa. Planejamento Gráfico e Editoração: Ricardo Ferreira de Carvalho. Coorde nadora do curso de Comunicação Social: Profa. Dra. Adriana Cristina Omena dos Santos. Diretora da FACED: Profa. Dra. Mara Rúbia Alves Marques. Tiragem: 250 exemplares. Impressão: Agência de Notícias – Jornalismo/UFU.

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Jornalismo científico aproxima população e universidade Modalidade jornalística apresentada em palestra é novidade para graduandos de comunicação

Com o objetivo de disseminar os trabalhos científicos e criar uma cultura de divulgação no âmbito acadêmico, a Universidade Federal de Uberlândia sediou, em outubro, a palestra “Divulgação cientifica e jornalismo cientifico”. O evento, organizado pela jornalista Dalira Lucia Carneiro, reuniu alunos de diversos cursos. O resultado das discussões será divulgado em artigos a serem produzidos por alunos voluntários e publicado em revista cientifica financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Os artigos produzidos tiveram como pauta “Mudanças climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos”, tema da terceira edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. A Semana aconteceu de 17 a 31 de outubro, em Uberlândia. O principal ponto da palestra foi mostrar a importância de difundir para a sociedade os resultados obtidos pelos cientistas, cujas pesquisas são, em parte, financiadas por dinheiro público. Essa modalidade do jornalismo, considerada como área difícil, é pouco procurada pelos graduandos em comunicação. Dalira explica que a palestra teve a proposta de despertar o interesse dos alunos pelo tema e incentivar as coberturas voluntárias em eventos científicos.

Taís Bittencourt

Aline Pires – Ana Luiza Honma – Isabel Gonçalves – Taís Bittencourt

Dalira: “Atividades como essa são de grande importância para a formação profissional do estudante”

”Atividades como essa são de grande importância para a formação profissional do estudante, como também para a efetivação de projetos que estão sendo desenvolvidos na universidade”, comenta. Stella Viera, estudante do curso de Jornalismo participa do projeto e ressalta a importância da divulgação científica. “Os experimentos são feitos para auxiliar a população, mas existe uma dificuldade no acesso a informações, ou não é possível entender o que está sendo passado. O jornalista age como um mediador, facilitando a compreensão das pessoas a cerca do que os cientistas desenvolvem”, comenta a aluna.

A palestra de apresentação da modalidade contribuiu para instigar o interesse pelo voluntariado da estudante Elisa Chueiri. “É muito diferente da minha área de atuação, mas é possível gostar de outras áreas também e essa é interessante”, afirma Elisa. A divulgação científica tem importante papel social e supera a descrição de projetos científicos. Esse jornalismo aplica a realidade científica ao cotidiano das pessoas. “É muito importante você aproximar o conhecimento e o cidadão comum, principalmente as crianças e jovens para que eles possam tomar gosto pela ciência e assim, despertar suas vocações”, finaliza Dalira. C

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LAPED facilita interação entre alunos e professores Laboratório pedagógico sofre mudanças na coordenação e auxilia na prática do ensino

Michelle Júnia Soares

Ana Gabriela Faria – Michelle Júnia Soares – Priscila Mendonça – Rassendil Júnior

LAPED aproxima os alunos de suas profissões por meio de importantes materiais didáticos

O Laboratório Pedagógico (LAPED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) tem a função de oferecer aos universitários atividades teóricas e práticas e apoiar eventos de extensão como seminários, oficinas, palestras, mini-cursos e amostras de vídeos. O laboratório se encontra na sala 107 do bloco U no campus Santa Mônica. A coordenadora do laboratório, Elenita Pinheiro, afirma que o LAPED dá suporte às metodologias de ensino, estágios e projetos integrados de práticas educativas (PIPE), realiza e apoia ações dos professores. A estudante do curso de Pedagogia Patrícia Franco, 22, estuda metodologia no ambiente e diz que o laboratório possibilita experiências com materiais importantes como livros didáticos, mapas, globos e microscópios. Lana Vital, 21, também estudante de Pedagogia, acrescenta que “o laboratório é uma importante forma de

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aproximação com o futuro que iremos encontrar pela frente”. Adriana Carolina, 20, discente do terceiro ano do curso de Pedagogia e estagiária da rede municipal de ensino, explica que o laboratório servia como um apoio para o curso de pedagogia. A mudança veio com a nova coordenação do LAPED, como a melhoria na estrutura física. Adriana relata: “o espaço está com novos armários, mais organizado e com novos equipamentos, o que facilita o aprendizado”. Elenita conta que o laboratório abre portas para palestras, eventos e participação de outros cursos de licenciatura ou bacharelado. “Esse ano nós tivemos um curso ministrado por uma estudante do mestrado em educação em parceria com uma professora da área de historia da educação e esse curso contou com a participação de estudantes de vários cursos, ciências soci-

ais, historia, pedagogia”, comenta. Para a coordenadora, a participação de outros cursos no Laboratório Pedagógico amplia a possibilidade de debate e favorece a convivência múltipla de estudantes de diversas áreas. Divulga informação, promove a interação e não restringe o conhecimento ao curso de pedagogia. “Sem dúvida, o espaço do LAPED do ponto de vista físico e do ponto de vista da produção e divulgação do conhecimento é muito rico, importante e necessário tanto para a faculdade enquanto unidade acadêmica como outras instâncias dos cursos”, comenta. Os alunos e seus orientadores desenvolvem projetos educativos para lidar com crianças com deficiência visual. O LAPED tem planetários com partes desmontáveis e jogos educativos para demonstrar a noção de espaço e forma dos objetos. Os alunos da educação básica são chamados para experimentar as atividades práticas realizadas no laboratório, assim como profissionais da educação. C

A criação do LAPED O Laboratório Pedagógico (LAPED) é um espaço criado em 1988 com o objetivo de desenvolver as atividades acadêmicas no âmbito da Metodologia de Ensino no Curso de Pedagogia. Ao longo desses anos incorporou também a função de apoiar atividades extensionistas e em 1990, o laboratório passa a ser um Órgão Complementar da FACED.


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Roda de conversa debate desafios da infância escolar Intenção é problematizar os primeiros passos da vida escolar da criança nos dias de hoje

“A criança e o início da vida escolar” foi uma das quatro temáticas da “Roda de Conversa: Um diálogo entre psicologia e educação infantil”, realizada por alunas e professoras do curso de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O terceiro encontro, realizado em 22 de outubro, teve a participação de treze inscritos e ofereceu um espaço de reflexão e construção conjunta do conhecimento. O projeto foi ministrado pelas discentes de Psicologia Isabela Rezende Carneiro, do nono período, e Roselaine Abadia Bonifácio, do oitavo período, e coordenado pelas professoras Anabela Santos Peretta e Carmem Reis. Durante o encontro eles tiveram a oportunidade de expor suas opiniões e conceitos sobre as temáticas trabalhadas, por meio de discussões em grupo, e realizar atividades como desenho e colagem. A metodologia teve como objetivo elaborar meios para sensibilizar os participantes. “Por isso, planejávamos uma parte de discussão teórica e outra de produção e vivência dos participantes”, explica Isabela Carneiro. “Visávamos um momento de ampliação dos saberes, através da exposição oral e da utilização de recursos artísticos, culturais e expressivos”. O critério de seleção da temática da roda buscou atrair os interessados

em educação básica. Anabela Santos, uma das orientandas do projeto, afirma que pensou em situações mais presentes no cotidiano dos educadores e nas contribuições que a Psicologia poderia oferecer para a educação infantil.

Igor Miranda

Igor Miranda – Laura Máximo – Maria Luiza Soares – Túlio Calegari

Aplicação de conceitos psicopedagógicos objetiva construir novos saberes para a prática

Alesandra Ferreira Bento Souza, participante do curso e discente do quarto ano de pedagogia, explica que se inscreveu nas rodas de conversa por dois motivos: considerar as temáticas interessantes e acreditar que essa proposta contribui para o conhecimento em pedagogia. “Embora o foco da pedagogia seja trabalhar com crianças, o curso falha um pouco nesse aspecto”, analisa Alesandra. “Então, sempre quando surge alguma temática que dá pra trabalhar a educação infantil, principalmente atrelada à psicologia, busco participar”, afirma. A discente problematiza a infância hoje de ser “adultizada”. Este problema traz desafios pedagógicos ao educador. “São crianças que hoje jogam jogos, usam roupas e veem programas pra adultos. Isso tem influência na educação”, observa Alesandra. “Falta saber como o educador, trabalhando com a criança, pode aproveitar essas

informações que eles trazem. Como podem aproveitar pra discutir com a criança modos de vestir, o que pode e o que não pode assistir, entre outros comportamentos”, completa. Juntamente com os outros três temas, titulados “A criança de hoje: de qual infância estamos falando?”, “Educadores e pais: um diálogo possível” e “Cobrindo e (re)descobrindo: a sexualidade na infância”, o debate sobre a infância escolar abrangeu várias etapas da vida escolar. A Roda de Conversa, em sua primeira edição, faz parte de um projeto de extensão e integração à comunidade, financiado pela PROEX. O evento ocorreu durante quatro sábados não consecutivos dos meses de outubro e novembro. Por despertar diversos questionamentos tanto para educadores quanto estudantes, há a proposta de realizar nova edição. C

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Professores analisam uso dos resultados do ENADE Docentes e discentes de Pedagogia consideram o exame importante, porém insuficiente Eric Dayson – Kênia Leal – Letícia Daniela – Monique França Eric Dayson

similam o conhecimento. “Até que ponto esse resultado significa um curso de qualidade efetivamente no sentido de ajudar a formar professores que deem conta dos problemas da educação no Brasil?”, questiona a docente. O curso obteve resultado favorável na última participação, em 2008, atingindo cinco pontos, que corresponde a nota máxima.

Geovana Teixeira: ENADE deveria apontar melhorias para a formação do pedagogo

Os alunos do curso de Pedagogia da UFU participaram da última edição do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), realizado no dia 6 de novembro. O objetivo é avaliar o rendimento dos estudantes de graduação em relação aos conteúdos programáticos presentes na grade curricular. Professores argumentam que o fato de os alunos ingressantes não precisarem fazer a prova deixaria de atender à proposta inicial que é acompanhar o desempenho dos estudantes. A Coordenadora do curso de Pedagogia, Geovana Ferreira Melo Teixeira, ressalta a importância do Enade para auto-avaliar o curso e identificar os pontos frágeis e as lacunas da formação. Ela percebe que há

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falha na utilização dos resultados por se restringir a um ranking das notas obtidas pelas Universidades. “Se eles fossem analisados e apontassem saídas e possibilidades para melhorar a formação do pedagogo, aí sim, seriam de importância extrema”, completa. Para a professora Olenir Maria Mendes, apesar dos resultados serem positivos, é preciso compreendê-los e interpretá-los nos seus elementos individuais e olhar como os alunos as-

A falta de conhecimento sobre a avaliação é um dos fatores que desestimula os alunos a fazerem a prova. “No primeiro ano, a gente nem sabe direito o que é o Enade, nem pra quê serve, então nem tem como levar a sério”, confirma a aluna concluinte do curso de Pedagogia Tuany Caldas. Nesta edição do Enade, a Pró-Reitoria de Graduação da UFU distribuiu cadernos informativos sobre o exame. A aluna de Pedagogia, Larissa Borges, explica que o material ajudou a conscientizar os alunos, levando-os a tratar a prova com mais seriedade. “Foi bom pra eu fazer uma auto-avaliação, ainda mais que eu pretendo prestar concursos, então vi no que estou em déficit e no que não estou”, conclui. C

Entenda o Enade O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) que é formado por mais outras duas avaliações: das instituições e dos cursos. A prova do ENADE é composta por 30 questões de componente específico e dez de for mação geral. A presença dos alunos selecionados é obrigatória. A ausência deixa o discente em situação irregular e o impede de obter o diploma de conclusão de curso.


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Mestrado Profissional deverá ser implantado em 2012 Modalidade de pós-graduação depende de parcerias com unidades acadêmicas

Em meio a opiniões divergentes e discussões acaloradas, a Faculdade de Educação (FACED), planeja, até meados de 2012, debates para a criação do curso de pós-graduação stricto sensu, Mestrado Profissional em Educação. O mestrado profissional deve ser multidisciplinar e trata-se da primeira experiência na unidade acadêmica que há mais de 20 anos atua com Mestrado Acadêmico. A difícil compatibilidade de horários do curso em relação ao trabalho de professores da rede pública, considerado público alvo, é um dos pontos a serem resolvidos como esclarece professores entrevistados pelo Educomunica. O mestrado profissional faz parte do planejamento de novos cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu da Faculdade de Educação segundo o Plano Institucional de Desenvolvimento e Expansão (PIDE) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) regulamentou os mestrados profissionais com a publicação da Portaria Normativa número 07 em 22 de junho de 2009. A adequação às novas normas exigiu alterações na Carta Magna da UFU e possibilitou a circulação efetiva de projetos que contemplem a pós-graduação profissional. O trabalho final de conclusão do curso de mestrado profissional é mais

flexível em relação ao acadêmico e pode ser apresentado, dentre outros formatos, com a produção de programas de mídia, editoria, composições, concertos, softwares, estudos de caso, relatório técnico com regras de sigilo, patentes, desenvolvimento de aplicativos, de materiais didáticos e instrucionais. O pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFU Alcimar Soares problematiza o conflito de horários entre os professores que atuam na educação pública interessados no curso. “É muito difícil abandonar o emprego ou pedir uma licença por dois anos que seja para fazer uma pós-graduação”. O professor acrescenta que “seria interessante se talvez houvessem aulas noturnas ou nos fins de semana, mas isso seria incompatível com os nossos professores”. Carlos Henrique de Carvalho, coordenador do Programa de Pós-graduação em Educação da FACED, compactua com Alcimar que os cursos exigem critérios. Eles concordam que o programa de mestrado profissional deve ter uma ralação de proximidade com a Secretaria de Estado de Educação, as Secretarias Municipais e Estaduais de Educação e a CAPES. Para Mara Rúbia Alves Marques, diretora da FACED, o ambiente está mais favorável por influência da regulamentação da CAPES após um período de receio em alguns conselhos

Hugo de Sousa

Debora Bringsken – Hugo de Sousa – Isabela Paranatinga – Neimar Alves

Soares fala da criação de mestrados profissionais

superiores. Mara exemplifica a abertura de horizontes com o Mestrado Profissional em Ciências da Saúde, primeiro desse tipo em funcionamento na UFU, como importante. Esse ambiente contribui para o professor Carlos Henrique ser favorável à implantação de mestrado profissional na FACED. “Vamos ter que discutir e não pode ser terra de ninguém”. O professor também se mostra reticente com um curso profissional à distância e com a falta de integração entre os níveis de ensino. “Temos que pensar em políticas para a educação básica até a pós-graduação, pois as coisas não se separam, senão um fica culpando o outro”, explica Carlos Henrique. “Não devemos pensar que mestrado acadêmico não serve mais para melhorar nossa educação básica e vamos botar uma pá de cal nele e vamos financiar só mestrado profissional que aí a coisa vai melhorar”, desabafa. C

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Desafios da docência é pauta entre educadores Multiplicidade de tarefas pode prejudicar desempenho pedagógico em sala de aula

Juliana Gaspar

Isadora Menezes – Juliana Gaspar – Marília Coelho – Thiago Lima

Roberto Puentes expõe as dificuldades da profissão: precariedade interfere na didática dos professores

Docentes da Universidade Federal de Uberlândia discutem as dificuldades encontradas no cotidiano da profissão. Eles argumentam que o trabalho nas universidades prioriza o prestígio acadêmico. Como consequência, o ensino e atenção dos mestres à sala de aula assumem caráter secundário. A precariedade da profissionalização da docência, outra questão de debate, interfere de forma direta na didática dos professores. A professora em Educação Olenir Maria Mendes problematiza a existência de um tripé de responsabilidade dos docentes: ensino, pesquisa e extensão. As múltiplas tarefas exercidas pelos profissionais são apresentadas pela professora como responsáveis pela dimi-

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nuição do interesse na melhoria do ensino e maiores investimentos aos dois campos remanescentes. “Estamos mais focados em trabalhos, projetos, ações. Nosso fôlego é direcionado para a pesquisa”, explica Olenir, que atua na área da didática e formação de professores. A formação para a docência não atinge todos os profissionais da área, afirma o professor em Educação Roberto Valdés Puentes. Para Puentes, há dificuldades no trato com as questões próprias da didática e os professores apresentam limitações no processo de transmissão de conteúdo e produção coletiva do conhecimento. Em artigo publicado na Revista Educação e Filosofia da UFU, o professor destaca

a importância de diferenciar o ensino de acordo com cada nível escolar. O trabalho característico da graduação possui exigências especificas a serem cumpridas pela docência universitária, o que segundo o artigo, atribui identidade ao processo educativo. “Defendo a ideia de que a sala de aula tem que ser o coração da universidade” declara Puentes. O professor indica a necessidade de tratar as boas praticas durante a aula como objetos de valorização das políticas institucionais e foco de competição entre docentes. A preocupação com a formação pedagógica do educador, de acordo com ele, ainda é retraída. Sua autonomia exagerada e a privacidade das práticas em sala interferem no aprendizado do estudante de ensino superior. “Os professores decidem sozinhos o que fazer, como ensinar e avaliar. Não se sabe o que eles e os alunos fazem dentro da sala de aula”. O acadêmico ressalta que o aluno de graduação possui uma autonomia limitada e a presença do professor como orientador e colaborador do processo de aprendizagem é indispensável. “Nós precisamos procurar uma mudança que coloque o ensino no centro das práticas pedagógicas da universidade”, argumenta. Puentes complementa que o aluno aprende em sala de aula o que não é capaz de aprender sozinho. C


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Inovação pedagógica é tema na agenda do MEC GESTAR II oferece formação continuada a professores de Língua Portuguesa e Matemática

A conscientização de docentes para a importância de inserir novos métodos de ensino em sala de aula é um dos principais objetivos do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar (GESTAR II). O Programa, realizado em encontros trimestrais, é uma proposta da Secretaria de Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC), que oferece formação continuada aos professores de Língua Portuguesa e Matemática. A proposta é estender o conhecimento do pedagogo para problematizar a realidade do aluno no processo de ensino. O projeto acontece em 24 municípios do norte de Minas Gerais e é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais (CEMEPE), a Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PROEX/UFU) e a Faculdade de Educação (FACED/UFU). “O GESTAR II permite a formação continuada de professores em

serviço. Isso é um avanço nos cursos de capacitação, pois permite que o cursista concilie trabalho e estudo, sem se ausentar de suas funções”, relata Aléx Gomes da Silva, professor há nove anos na escola pública de Bonfinópolis de Minas. O professor leciona matemática para as séries finais dos Ensinos Fundamental e Médio. Desde o início do ano, o docente participa das reuniões periódicas do Programa. Antônio Bosco, coordenador do Programa na UFU, esclarece que o projeto visa aprimorar a qualidade social da educação em conjunto à formação continuada dos professores. Há o desenvolvimento de outra proposta, semelhante ao Gestar II, para ser aplicada em Uberlândia, em parceria com a PROEX/UFU e a Secretaria Municipal de Educação. A partir do desenvolvimento deste programa similar, será possível auxiliar pedagogicamente as escolas públicas do Triângulo Mineiro. O GESTAR II viabiliza a troca de

Isley Borges

Carlos Gabriel Ferreira - Isley Borges - Lívia Rodrigues - Raissa Dantas

Bosco relata experiências proporcionadas pelos encontros do GESTAR II

experiências e a promoção da aprendizagem entre professores tutores de diversas áreas. O grupo complementa os encontros nos sítios da internet por meio do blog do programa (http://gestar2mc.blogspot.com/) e realiza estudos individuais. “Os alunos, diante das aulas diferenciadas, aprovaram a intervenção do GESTAR II, participando ativamente do que era proposto a eles”, destaca Aléx. C

Isley Borges

Futuros jornalistas auxiliam educadores na produção de informativos

Alunos ministraram oficinas a partir de conteúdos da sala de aula

Os estudantes do curso de Jornalismo, Brunner Macedo e Marcos Vinícius, integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões de Saberes - Educomunicação, ministraram oficinas de redação jornalística, diagramação e fotojornalismo para professores participantes do programa GESTAR II. De acordo com os universitários, a prática do aprendizado em sala de aula e a participação no PET possibilitou a capacitação dos professores em Belo Horizonte, auxiliandoos a desenvolver o próprio informativo do projeto. “Os professores estavam animados e aptos ao aprendizado”, concluíram Brunner e Marcos.

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HC abre vagas de estágio para alunos da Pedagogia Ambiente hospitalar proporciona experiência diferenciada para crescimento profissional

Caio Nunes

Caio Nunes – Guilherme Gonçalves – Emílio Lins – Verônica Jellifes

Coordenadora Pérsia Karine analisa a importância da psicopedagogia em ambientes hospitalares

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia contará, em 2012, com três estagiários do curso de Pedagogia. Os discentes participarão de uma experiência pedagógica no âmbito da saúde, que é essencial para sua formação porque foge do contexto tradicional de atuação em ambientes escolares. Este será o primeiro ano em que deve ocorrer o estágio. Os pré-requisitos para concorrer às vagas são o aluno cursar ou ter cursado a matéria Tópicos em Psicopedagogia e estar, no mínimo, no terceiro período. A disciplina consiste na área de estudo dos processos e das dificuldades

de aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos. A importância e o reconhecimento do profissional da área de psicopedagogia, nos últimos anos, tem permitido ao psicopedagogo expandir seus espaços de trabalho. A professora do curso de Pedagogia, Maria Irene, acredita que a vivência de outros contextos e outras realidades, com enfoque educativo, amplia a formação: a prática pedagógica pode se efetivar em diferentes espaços além da escola. Maria Irene afirma que a relação entre saúde e educação é possível e necessária. “A saúde não se limita à

ausência de doença, mas envolve qualidade de vida, o que implica na construção de hábitos saudáveis. Nessa perspectiva o papel da educação é fundamental, uma vez que possibilita uma mudança de cultura”, argumenta. Para a coordenadora do estágio e psicopedagoga Pérsia Karine, o trabalho do pedagogo na área hospitalar é algo novo. Segundo ela, tem-se discutido a participação do pedagogo em espaços não-escolares, ao considerar o espaço da saúde como educativo. A atividade acadêmica contará com a participação e atuação, em conjunto, de alunos de outros cursos. “O estágio é um trabalho interdisciplinar, entre a psicopedagogia, psicologia e fisioterapia. A ideia é voltada para o atendimento pedagógico interdisciplinar”, completa Pérsia Karine. A coordenadora analisa que a pedagogia não se aplica somente ao ambiente escolar. “O estágio poderá possibilitar uma visão mais ampla da educação para os alunos, o espaço hospitalar é um espaço também educativo. Educativo no sentido de aprender a lidar com a hospitalização, onde entra o trabalho psicopedagógico para oferecer esse suporte.”, conclui. C

Resultado será divulgado em dezembro O processo seletivo ocorreu no dia 23/11 e o gabarito da prova de seleção será afixado na primeira quinzena de dezembro, no mural do Setor de Estágio (Bloco 1A, Sala 216, Campus Santa Mônica). O resultado final da seleção será divulgado na página da UFU, no mural do Setor de Estágio e no mural do curso de Pedagogia na Faculdade de Educação. As inscrições para o estágio foram realizadas no período de 25/10/2011 à 08/11/2011.

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Alunos do Jornalismo participam de ação sustentável Programa teve início em novembro de 2010 e envolve 28 bolsistas de diferentes graduações

O projeto “Formação de Agentes Ambientais”, em sua segunda edição, busca soluções sustentáveis para a Universidade Federal de Uberlândia. O objetivo é formar estudantes de graduação como agentes ambientais, por meio da sua capacitação em aulas, encontros e execução de atividades práticas em projetos voltados à elaboração de uma agenda ambiental para a UFU. Os discentes participam de cursos, visitas técnicas e desenvolvem projetos com os temas: Gestão de Resíduos Sólidos, Plano de Mobilidade Sustentável, Educação Ambiental, Licitações e Compras Sustentáveis e Agenda Ambiental. O programa teve início em novembro de 2010 e envolve atualmente 28 estudantes bolsistas de 14 diferentes graduações. Élisson Prieto, diretor de Sustentabilidade Ambiental na Prefeitura Universitária e coordenador do Projeto, destaca a importância da iniciativa para a UFU. Os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes foram encaminhados para a Administração Superior e deram início à elaboração de Agenda Ambiental. O projeto contará com a

Letícia França

Daniela Malagoli – Laura Junqueira – Letícia França – Mariana Marques

Agentes Ambientais da UFU conhecem o Campus Glória: trabalho de campo sobre sustentabilidade

elaboração de um site para a divulgação dos encontros e resultados do grupo de agentes ambientais. Este espaço disponibilizará informações sobre a questão socioambiental na universidade, dicas e ferramentas online, como um sistema de incentivo à carona solidária. O site terá um caráter educativo, ao incentivar a comunidade universitária a adotar hábitos ecologicamente corretos. O aluno do curso de Jornalismo da UFU, Felipe Saldanha, declara que “meio ambiente” é um tema que não está restrito a uma área específica de conhecimento. O estudante explica que os alunos de Jornalismo contribuem para o desen-

volvimento do projeto ao compartilhar os aprendizados adquiridos nas suas disciplinas e nas suas vivências, explorar possibilidades de comunicação, divulgar resultados e sensibilizar sobre questões ambientais. A assistente social Maria de Fátima Oliveira, gerente da Divisão de Assistência ao Estudante - DIASE, ressalta que o aluno carrega consigo a consciência ambiental adquirida durante o projeto, expandindo o curso para a sociedade. Fátima complementa que é muito importante que tenhamos cuidado com o meio ambiente na Universidade, e conclui: “Não é um conhecimento só para a UFU. É um conhecimento para a vida”. C 11


EDUCOMUNICA

Ano III– n° 5

UFU

‘O rock é único, mais democrático, uma energia diferente’ O engenheiro Marcelo Melazzo analisa o trabalho na UFU e relata experiências de vida Fabiane de Souza – Isabella Carvalho – Lucas Tondini Isabella Carvalho

leque, “ah vou pegar esse negócio”. E aí, eu gostei, identifiquei com o instrumento e comecei a ouvir as músicas que eu gostava. Começava a tentar tirar e tal. Educ.: Entrar para uma banda estava nos seus planos? M. M.: Quando você começa a tocar um instrumento, como consequência você já pensa que você quer tocar (numa banda). Tocar bateria sozinho é complicado (risos). Nunca comecei a tocar pensando em ser famoso. Educ.: A banda toca composições próprias? O que levou a definir o rock como estilo musical? Marcelo já trabalhou como engenheiro em obra

Mad Houdini. Este é o nome da atual banda na qual Marcelo Melazzo, 35, é baterista. Formado em Engenharia Elétrica, com ênfase em eletrônica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Marcelo residiu em outras cidades para exercer a profissão de engenheiro. Atualmente, o musico realiza outra atividade profissional: é o técnico de áudio do curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo. “Eu gosto do rock pela gama que ele permite. Ele é mais democrático. E ao mesmo tempo é uma energia muito diferente”, defende. Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao Educomunica. EDUCOMUNICA: Sabemos que você toca bateria. Por que esse instrumento e como foi seu primeiro contato? MARCELO MELAZZO: Sempre estive em contato com a música. Eu tenho um irmão que é baterista. Então foi um período, que ele tava até trabalhando com meu pai e a bateria estava parada lá. Não tava tocando tanto e eu, de mo-

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M. M.: Toca, mas toca pouco. O básico é cover de rock mesmo. Ninguém tem mais uma liberdade muito grande para vestir uma camisa e virar aquele músico, aquele estereótipo que as pessoas querem. Então a gente toca de uma a três musicas, no máximo. E rock porque é a nossa influencia. Eu gosto do rock pela gama que ele permite. Ele é mais democrático. E ao mesmo tempo é uma energia muito diferente. O rock é único, ele mexe com a parte estranha da sua cabeça. Educ.: Como é a agenda da banda? São só apresentações locais? M. M.: É mais local, porque a gente faz mais cover hoje em dia. A gente toca no Rock’n Beer, toca em algumas festas que o Marinho faz - que é um cara das antigas -, no Sibipiruna. Às vezes toca fora porque ele tem alguns contatos, mas o espaço (do rock) diminuiu muito. Educ.: Você chegou a trabalhar na sua area de formação? M. M.: Cheguei. Eu sou formado em Engenharia Elétrica com ênfase em eletrônica. Aí eu formei e fui pra São

José dos Campos. Fiquei quase um ano e meio lá, trabalhando em obra. Educ.: E como foi a ‘transição’ de engenheiro para seu trabalho atual? M. M.: Tranquilo. Trabalho é trabalho (risos). O começo é difícil. Apareceu a oportunidade, eu fui. Ai você dá a cara pra bater, mas é bom pro crescimento pessoal. Então, por isso que a transição com relação à questão de engenharia não tem muito problema não. Educ.: Como você se especializou em edição de áudio e rádio? M. M.: Eu fiz um curso. A rádio na verdade é uma automação. A rádio em si é uma coisa, a produção é outra coisa. Você usa a ferramenta que você tem mais afinidade. Educ.: Qual a diferença entre trabalhar como engenheiro e técnico de áudio? M. M.: Eu acho que a diferença básica é que, por exemplo, aqui praticamente eu tenho uma autonomia total. Na engenharia você depende dos outros, é amarrado. Aqui dependo só de espaço e de recurso, enquanto no outro tinha essa questão de trabalhar com as pessoas. Educ.: Como foi a experiência de morar em outras cidades durante sua atividade profissional? M. M.: Foi excelente. A cultura da própria cidade, a questão de independência, lidar com a dificuldade, a questão de maturidade geral, de sair de um mundinho mesmo. Eu nunca tive problema de convivência com as pessoas. Então pra mim é só aquele baque inicial que você fica meio: caraca, onde que eu tô? O que tá acontecendo? Até você entender a cidade e tal. Depois que você passa isso, a adaptação é tranquila. C


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