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Priscila C osta

EDU C OMUNICA Educação de Jovens e Adultos

Parte dos prestadores de serviço da UFU não concluíu o ensino fundamental e outros nem foram alfabetizados. Muitos não conseguem participar do EJA porque o horário de trabalho é incompativel com o período de aula. Página 7

Nota trás espectativas e reflexões sobre o curso. Conheça as mudanças na grade curricular e o peso que as disciplinas de Ciências Sociais dão ao Jornalismo da UFU.

Inclusão Bianca Judice

Enade

Página 3, 4 e 5

EAD Curso de pedagogia a distância formou a primeira turma e já começa a preencher lacunas exitentes no mercado profissional.

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Rádio A rádio universitária completou 26 anos no ar. Com 24 horas de programação educativa que aos poucos abre espaço para universitários. Página 11

UFU oferece curso de língua portuguesa com domínio em Libras. Dados do IBGE revelam que 9,7 milhões de pessoas, no Brasil, sofrem com algum grau de deficiência auditiva sendo dois milhões com deficiência severa.

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Confira uma entrevista com os novos professores do curso de Jornalismo. Ingrid Gomes e Rafael Venâncio falam sobre carreira e projetos.

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Editorial Um ano de conquistas. Assim podemos definir 2013 para alguns cursos ligados à Faced. O Jornalismo obteve nota máxima no Enade, um orgulho para docentes e discentes. Nesta edição vamos discutir os reflexos disso para o curso, as disciplinas de Ciências Sociais como fatores que influenciaram na nota e as mudanças na grade curricular para os próximos anos, uma forma de continuar com conceito elevado e de se adequar sempre às necessidades dos futuros jornalistas. Conquistas também para a inclusão social. O curso de Língua Portuguesa passou a contar com o ensino de Libras. Na pedagogia à distância a formação da primeira turma que já ganha mercado e faz a diferença. Mas em meio a tantas vitórias ainda temos muito a avançar como a alfabetização de todos os prestadores de serviço que estão ligados à Universidade. Uma de nossas reportagens revela que vários terceirizados têm escolaridade baixa e alguns chegam a ser analfabetos. A Universidade até oferece um curso, trata-se do EJA, Educação de Jovens e Adultos, mas o horários das aulas não consegue atender a todos os trabalhadores que prestam serviços. Uma edição recheada de assuntos atuais e que nos permitem muitas discussões. Uma boa leitura a todos! C

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Artigo

O importante é a quantidade Entrar no Facebook é fácil e mais fácil ainda é ter vários amigos. Quanto mais amigos você tiver melhor. Mais curtidas você irá receber. Ah, essas tais curtidas que afagam qualquer alma por mais insensível e desumana que seja; que alimentam o ego de qualquer ser que planeja durante minutos e até horas a próxima postagem. Não importa se a menina invejosa que curtiu e comentou “LINDAAA!” naquela sua foto de shortinho fazendo gesto hippie e mandando beijinho para a câmera na frente do espelho fale para a outra menina que comentou “Peeeerfeita” nessa sua mesma foto sobre as suas celulites, estrias e o short brega. O importante é que elas curtiram e comentaram a sua foto. Nessa era de redes sociais o que vale são as curtidas, comentários e cutucadas. Aquele menino chato que posta sobre política do tipo “Corrupto merece pena de morte” e sempre reclama da segunda-feira. Você tem que aturá-los, pois são eles que irão ajudar a enriquecer cada vez mais as suas curtidas. O melhor é que mais de 90% desses amigos que você possui não te cumprimentarão quando te encontrarem cara a cara na balada ou na rua. Quem precisa de vida social quando se tem a virtual? Pra que sair com os amigos reais, se divertir e jogar conversa fora quanto se pode ficar na

Muntaser Khalil

frente de uma tela recebendo curtidas e lendo postagens de verdadeiros “neo-filósofos” da vida virtual? Até sinto um pouco de pena do Aristóteles com seus três tipos de amizade. Ele que não pôde conhecer esse novo tipo de amizade virtual em que você nem precisa ver a pessoa cara a cara, agora se revira no túmulo. Penso que se estivesse vivo, ele chamaria essa amizade de Amizade do Ego, porque é algo tão especial que transcendem o toque, o olhar face to face, os momentos divertidos de sociabilidade e tornase algo de ego pra ego. Não chega na alma, pois ela não é importante num mundo virtual. Deixa esse negócio de alma e sentimentos para as religiões e para a Clarice Lispector que deve estar também soltando serpentinas no céu ao se ver como autora de um monte de frases postadas no Facebook que ela nunca escreveu e se estivesse viva também não escreveria. Por isso mantenha seus amigos do Facebook, Instagram, Twitter ou seja lá qual nova rede social e adicione cada vez mais. Não importa se é o ex, a ex do ex ou a ex da ex. O importante é que essa gente vai curtir suas fotos, depois comentá-las e depois comentar novamente pelo chat entre elas de forma mais realista, se é que você me entende. Mas pra que serve a realidade se estamos no virtual? C

EXPEDIENTE O jornal EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação da Profª. Ma. Patricia Amaral. Reitor: Prof. Dr. Elmiro Santos Resende. Diretor da FACED: Prof. Dr. Marcelo Soares Pereira. Coordenador do Curso: Profª. Drª. Ana Spannenberg. Monitor: José Elias Mendes Neto. Editoração: Ricardo Ferreira de Carvalho. Tiragem: 1 00 exemplares. Impressão: Agência de Notícias – Jornalismo/UFU.

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Curso de Jornalismo terá novo currículo

Cindy Freitas, Luísa Salviano, Nayara Ferreira e Thais Fernandes

estudantes, uma vez que mais horas de teoria relacionada à educação, será melhor para o currículo. A professora doutora Sandra Garcia, acrescenta que o curso sairá do âmbito da Comunicação Social e passará a se chamar apenas Jornalismo, com disciplinas mais focadas na habilitação. “O projeto já foi aprovado pelo Colegiado, mas ainda estamos fazendo os ajustes exigidos e atualizando os equipamentos do curso,” conta. A matéria de Empreendedorismo foi criada para ensinar aos futuros alunos como montar o próprio negócio, ampliando as opções de carreira e não restringindo apenas a uma redação. Ainda de acordo com Sandra, o MEC deu prazo de dois anos para que as mudanças sejam implantadas, e já no início de 2014 elas passarão pelo CONFACED - Conselho da Faculdade de Educação. Se aprovadas, as diretrizes serão avaliadas pelo Conselho de Graduação - CONGRAD e, passando por esta segunda aprovação, entrarão em vigor no ano de 2015, para os futuros alunos. C Nayara Ferreira

Luísa Salviano

Em setembro desse ano foram homologadas pelo MEC as novas diretrizes para o curso de Jornalismo na UFU. Houve mudanças no currículo a fim de promover um diálogo maior entre comunicação e educação, uma vez que o curso está inserido na Faculdade de Educação, FACED. Exemplos de alterações, além da criação de novas disciplinas como Empreendedorismo, Políticas Públicas de Educação e Introdução ao Jornalismo, é a descentralização de disciplinas com a carga horária maior oferecidas atualmente em um único Educação. “A gente vive escutando os semestre do curso. No novo currículo, termos ‘comunicação’ e ‘educação’, essas matérias como Radiojornalis- mas não sabe relacioná-los. Eu mesma mo, Telejornalismo saí da disciplina de e Jornalismo Im- “O projeto já foi aprovado Educomunicação há presso serão dividi- pelo Colegiado, mas pouco tempo e não das em dois ainda estamos fazendo sabia o que era, tive períodos, enquanto os ajustes exigidos e que estudar,” afirma. a disciplina de FoDaniela Malagoli atualizando os tojornalismo será explica que as mucomplementada por equipamentos do curso.” danças serão imSandra Garcia portantes para a outra: Oficina de fotografia. qualificação e Devido a exigência do MEC pelo aprendizado do aluno e que as alteaumento da carga-horária do curso, rações não prejudicarão os as atividades complementares que hoje devem ser integralizadas num total de 140 horas, serão ampliadas. Mas também haverá o aumento de opções para conclusão dessas horas, como um curso de inglês, uma atualização de blog e a entrega da resenha de um filme. Para Daniela Malagoli, aluna do 6º período de Jornalismo, as mudanças serão de grande importância para os futuros alunos do curso, principalmente no que diz respeito à relação com a

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Nota do ENADE confirma sucesso do Jornalismo da UFU

nota obtida pode ajudar professores e alunos que solicitam bolsas para pesquisas e iniciações científicas, pois ela agrega maior reconhecimento e visibilidade tanto da infraestrutura da própria Universidade, quanto da formação do corpo estudantil e colegiado. Segundo Victor Albergaria, aluno do quarto período do curso, a nota demonstra a realização de todo o esforço de discentes e docentes frente a todos os atritos com as administrações e com as dificuldades de um curso novo. “Não sei os outros alunos, mas me sinto tremendamente orgulhoso e motivado por estar no segundo melhor curso de Jornalismo do Brasil, segundo o ENADE” Victor acredita na qualidade dos alunos e complementa: “Acho que os professores devem estar ainda mais satisfeitos pelo excelente trabalho que fazem aqui”. Para a coordenadora, o curso Érika Abreu

O curso de Jornalismo da UFU obteve o conceito cinco (máximo) no último Exame Nacional de Desempenho de Estudante, ENADE. Criado há cinco anos, o curso teve como primeira coordenadora a professora doutora Adriana Omena, que comemora o resultado obtido, mas acredita em melhorias para os próximos anos. “Um curso não é imutável. É necessário atualizar as práticas pedagógicas”, diz Omena. Além do desafio de tentar equilibrar as matérias práticas e teóricas desde o primeiro período, a atual coordenadora Ana Cristina Spannenberg, juntamente com os outros professores do curso, tem mostrado a preocupação de realizar mudanças nas disciplinas que compõem a grade horária, como, por exemplo, a transformação da disciplina de Mídias e Comunicação em Introdução ao Jornalismo. A coordenadora acredita que a

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Érika Abreu

Caroline Bufelli-Érika Abreu-GabrielaJunqueira-Luisa Caleffi-Maria Clara Vieira

atende a demanda atual do mercado. “A proposta é formar, ao mesmo tempo, alguém que domine as técnicas e que consiga pensar de um modo diferenciado sobre aquela notícia”. Ana afirma, ainda, a possibilidade de oficinas e cursos de extensão como, por exemplo, de edição de vídeos e áudio, que possam complementar a formação do aluno de jornalismo da UFU. A nota do ENADE é o primeiro dado quantitativo de uma avaliação concreta sobre os trabalhos realizados até então no curso. A expectativa do colegiado, agora, é que a concorrência e a procura pelo curso de Jornalismo da UFU aumentem, não somente pela nota, mas também pelo notório reconhecimento que ele vem conquistando através do êxito dos alunos formados na primeira turma, não só no mercado de trabalho mas também na academia. C


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Ciências Sociais são presentes no Jornalismo da UFU Formado há apenas cinco anos, o curso de Jornalismo da UFU, conta com grande quantidade de matérias ligadas às Ciências Sociais, como Sociologia, Ciência Política e Antropologia. Em geral, os cursos de Jornalismo possuem forte presença desses temas humanísticos. Na UFU, o diferencial é que as disciplinas são oferecidas por professores da área, enquanto em outros locais, podem ser dadas por jornalistas. Segundo a ex-coordenadora do curso e atual coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias, Comunicação e Educação, Mestrado Profissional, Adriana Omena, isso representa um ponto positivo da Universidade. “Não dá para ser jornalista e cobrir, por exemplo, um sempenho, já que a maior parte da conflito sem entender de Antropolo- prova é composta de teoria. Adriana gia ou sem ter uma noção de Geopo- Omena, também elaboradora de lítica, é muito difícil. Ensinar só a questões do ENADE, defende esse técnica de reportagem pode fragilizar ponto de vista “não se faz prática a reportagem”. sem uma enverga“Não se faz prática sem Embora de fordura conceitual. E uma envergadura mação recente, o na hora de você curso já alcançou o conceitual. E na hora de cobrar o conhecisegundo lugar no mento, mesmo na você cobrar o ENADE/2012, parte prática, ela conhecimento, mesmo na Exame Nacional aparece”. parte prática, a de Desempenho A ênfase das dos Estudantes, envergadura conceitual matérias de cunho deixando para trás sociológico-humaaparece” inúmeras Univernístico pode contriAdriana Omena sidades públicas e buir também no privadas, o que exaltou os ânimos olhar crítico de mundo do acadêmico, de docentes, alunos e técnico-admi- como reforça a professora doutora em nistrativos. A carga de matérias teó- Sociologia, Débora Pastana. “Por ricas nos primeiros períodos, que meio dos vários referenciais teóricos gera muito desânimo a alguns dis- presentes nas Ciências Sociais, o discentes, tem influência direta no de- cente pode aprofundar sua compreen-

Bruna Saquy

Bruna Saquy - Bruna Pratali - Mariana Almeida - Mariana Capicotto

são acerca da realidade nacional, problemas sociais, política, economia, entre outros e, ao mesmo tempo, fazer uma reflexão sobre seu papel nesse cenário enquanto comunicador”. A primeira turma de Jornalismo da UFU acaba de se formar e já conta com destaque no mercado. A ex-aluna da universidade, Paula Arantes, está empregada atualmente como produtora da segunda edição da MGTV da TV Integração, afiliada da Rede Globo em Uberaba. “O jornalista precisa da parte prática porque é o que vai fazer em sua vida profissional. Porém, essa prática é questão de treino e repetição. E é aí que entra o diferencial da parte teórica. Entender as teorias do jornalismo, filósofos e sociólogos antigos e atuais ajuda bastante na hora de redigir uma matéria sobre economia ou política, por exemplo”, afirma a recém-formada. C 5


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UFU abre curso voltado à inclusão Devido à crescente necessidade de inclusão social de portadores de deficiência auditiva, a UFU terá, a partir de 2014, o novo curso de Licenciatura em Língua Portuguesa com domínio de Libras, Linguagem Brasileira de Sinais, com duração de oito semestres. Segundo o coordenador do curso, professor doutor José Sueli Magalhães, a proposta surgiu em junho de 2012, dentro do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência Viver sem Limite, como forma de apoio consolidado a uma política de respeito à diversidade e à inclusão. “O curso vem, dessa forma, concretizar-se como um grande passo da UFU para que nossa sociedade se proclame verdadeiramente como assentada em um regime democrático. Temos que lembrar também que a legislação prevê o oferecimento de cursos de formação de professores de Língua Portuguesa para falantes e surdos, ou seja, para aqueles que têm como língua materna o Português ou a Libras, sendo papel dos órgãos públicos implementar tais cursos”, aponta José Sueli. O professor ainda diz que, dessa forma, a UFU busca atender às determinações legais, oferecendo o curso em uma região do país ainda carente dessa habilitação, e contribuir para a formação desses profissionais. Em entrevista mediada por Letícia Leite, intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais, Paulo Sérgio de Oliveira, e professor substituto na disciplina de Libras I da UFU, diz “A primeira língua do surdo é a linguagem de sinais e o Português, a se6

Renato Pinheiro

Renato Pinheiro - Marcelo França - Bianca Judice

gunda língua. É um desafio porque do que uma das grandes dificuldades existe uma grande maioria de pesso- é a interpretação contextual da linas que acredita que o surdo não con- guagem. segue aprender o Português, não por Dados do censo de 2010 realizado falta de capacidade, mas por falta de pelo IBGE mostram que, no Brasil, estratégias de ensino”. 9,7 milhões de pessoas sofrem com Lorena Karla Silva, surda e estu- algum grau de deficiência auditiva, dante do curso de Teatro da UFU, diz desse total cerca de dois milhões que os surdos conhecem os sinais, possuem deficiência auditiva severa. mas não conhecem a palavra que cor- Números como este representam responde àquele si- "A grande maioria das uma realidade que nal, portanto o parte da população pessoas acredita que o novo curso pode ignora ou descoacrescentar muito surdo não consegue nhece, além de inaos portadores des- aprender o português" dicar a necessidade te tipo de necessiPaulo Sérgio de Oliveira de aprimoramento dade. “O curso veio dos conhecimentos acrescentar algo muito diferente e ur- na área de Libras, língua que foi regente, para preparar os professores a conhecida como segunda língua ofiatender os alunos neste sentido de no- cial brasileira somente em 2002. vas estratégias para o aprendizado do Serão abertas 30 vagas para disPortuguês como segunda língua”, diz. centes, além de sete vagas para proA estudante acrescenta que a UFU fessores e oito para técnicos. Para necessita de profissionais qualificados mais informações, o curso já possui que possam dirigir os devidos esforços uma página no Facebook (www.fano ensino da língua portuguesa, sen- cebook.com/PortuguesLibras). C


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Faltam voluntários em projeto de alfabetização na UFU Núbia C arvalho

Leticia França - Mariana Molina - Núbia Carvalho - Priscila Costa

Há pouco mais de dez anos, a Faculdade de Educação da UFU oferece, por meio do Núcleo de Educação a Distância, o curso EJA – Educação para Jovens e Adultos. Muitos alunos já passaram por ele, porém, a quantidade poderia ser maior caso o projeto contasse com mais voluntários. O núcleo é coordenado pela professora e pós-doutora na área de Educação, Sônia Maria dos Santos. Segundo ela, a proposta é diminuir e até mesmo acabar com os problemas enfrentados pelas dificuldades de leitura da comunidade. O curso oferece oficinas que usam textos que fazem parte do cotidiano dos alunos e foge dos moldes rígidos das salas de aula tradicionais. Apesar de oferecer a EJA, a UFU ainda conta com trabalhadores terceirizados da área de limpeza, manutenção e jardinagem com pouca ou nenhuma alfabetização. A maioria desses colaboradores, cerca de 200, são ligados a Arqgrafh que é

prestadora de serviços de locação de mão-de-obra. De acordo com Lara Caetano, sócia da empresa, devido ao tipo de serviço prestado pelos seus funcionários na UFU, todos possuem uma baixa escolaridade. Segundo a coordenadora do curso EJA, nos últimos cinco anos não houve procura pelo programa por parte dos colaboradores terceirizados. Arlindo Santos de Menezes, 34 anos, um migrante de Sobral, Ceará, é funcionário do setor de limpeza. Ele conta que aos 14 anos começou a trabalhar na construção civil, porém desde cedo trabalhou no campo. “A criança nasce e vai pra enxada braba, desde pequeno trabalha em horta e ajuda na roça, aí não tinha como estudar”, explica. Após ficar mais velho, estudar e ler se tornaram sonhos mais distantes pela falta de tempo e a crença na impossibilidade de aprender. Ele acredita que teria melhores oportunidades caso tivesse estudado.Um

dos momentos em que sente falta dos estudos é quando seu filho de 16 anos pede apoio com as tarefas da escola e ele não consegue ajudar. Mesmo sabendo da existência do curso EJA na UFU, Arlindo se sente impossibilitado de participar do programa porque o horário de trabalho é incompatível com as aulas.Ainda que a vontade de ler e escrever existam, pelo menos para Arlindo e muitos outros que ajudam na manutenção da Universidade, o sonho da alfabetização continua distante. C

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Os bastidores da diagramação

Kennedy Rosa

Carolina Rodrigues - Geane Amaral - Kennedy Rosa - Monalisa França - Talita Vital

Kennedy Rosa

Diagramar é a arte de organizar produção do jornal laboratorial Senso os elementos gráficos que compõem (In)comum. diversas mídias como jornais, revis- “A diagramação vem sendo importas, livros, sites, entre outros. O re- tante para qualquer área que o jornacurso é utilizado lista for seguir, além para distribuir tex- "Tudo na diagramação é de ser essencial para tos, fotos e imagens proposital e precisa ter dar ‘cara’ à notícia e em um espaço delevá-la a um nível harmonia" terminado com o Christiane Pitanga mais alto”, afirma objetivo de trazer Mariana Molina, harmonia, representar o contexto, si- estudante do sexto período, que atratuar o leitor e assim revelar até mes- vés da disciplina de Planejamento mo a linha editorial. Gráfico viu a oportunidade de exercer No curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia, a diagramação faz parte da disciplina obrigatória de Planejamento Gráfico, ministrada no quarto período. Segundo Christiane Pitanga, professora da disciplina e mestre em Comunicação Social, “o diagramador tem a função de traduzir visualmente a informação e a intenção que o editor quer transmitir ao público, porque tudo na diagramação é proposital e precisa ter harmonia”. Assim, seus alunos vivenciam mais a prática jornalística impressa, pois são avaliados pela 8

os conhecimentos do campo, como estagiária do Informativo FACED, que é um jornal ligado diretamente à Faculdade de Educação. Mariana é supervisionada no estágio por Ricardo Carvalho, especialista em editoração e diagramação. É responsável pelo planejamento dos produtos elaborados pelos alunos do curso, como os jornais Educomunica, Comunica, Senso (In)comum e outros. Publicitário por formação, trabalha há cinco anos na UFU e há trinta na área. Ao longo de sua carreira conta que o ofício era realizado manualmente, devido à falta de recursos tecnológicos. Assim, se utilizavam as paicas, réguas tipográficas para medir o tamanho e espaço dos caracteres do texto, que atualmente compõem os programas de editoração e diagramação dos computadores. “O computador faz boa parte do trabalho para você, além de possibilitar a utilização de diversos recursos semióticos que antigamente não eram visualizados”, afirma Ricardo. C


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Sistema educacional colhe frutos do ensino a distância

Eliamar Godoy, formada em Letras, considerou sua graduação restrita para sua atuação profissional e procurou o curso de pedagogia a distância a fim de se especializar na área de Educação. “O momento em que optei por cursar Pedagogia era corrido, pois eu trabalhava e cursava Doutorado em Linguística Aplicada, então decidi pela modalidade a distância”, conta Eliamar. Ela ainda salienta que essa modalidade exige maturidade e disciplina para organizar os estudos, já que há flexibilidade de tempo e espaço. “Confesso que entrei achando que o curso era simples, foi um engano, o contexto é difícil e acredito que pega de surpresa muitos que entram, pois você tem que se organizar e seguir o cronograma dentro de um currículo rígido, acredito que esse foi o motivo de uma grande parcela ter desistido do curso durante a minha formação a distância.” Além da graduação em Pedagogia a distância, a FACED ainda ofe-

rece, na mesma modalidade, Especialização em Mídias e Educação e três cursos de aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado. A entrada é anual, se dá através de análise curricular e, em alguns casos, provas. As aulas ocorrem pela Internet, por DVD ou outros meios e podem ser gravadas ou ministradas, ao vivo, por meio de web-conferências, além da exigência de provas presenciais. C C amila Pavani

O curso de Pedagogia a distância da UFU, oferecido pela Faculdade de Educação, FACED, foi aprovado em 2004 com foco em professores do ensino básico público. Formou as primeiras turmas no início de 2013 e segundo o diretor da FACED, Marcelo Soares, “começa a preencher as grandes lacunas que existem no campo profissional decorrentes da ausência de profissionais formados na área específica”. A graduação em Pedagogia, nessa modalidade, é uma parceria entre a FACED e o Centro de Ensino a Distância da Universidade, CeaD. Uma resposta ao programa Universidade Aberta do Brasil, sistema integrado por instituições públicas que oferece cursos de nível superior a distância para camadas da população com dificuldade de acesso à academia. A ideia e a prática da EaD, devem ser vinculadas à função social da Universidade, a implementação de um ensino de qualidade, gratuito e comprometido com a inclusão social, segundo o Portal do CeaD. O curso tem reconhecimento do diretor como significativo para a região. “Durante minha primeira gestão, em 2004, a região do Triângulo Mineiro tinha muitos professores na educação básica, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental, que não tinham a formação superior, apenas o nível médio. Com a oferta das duas primeiras turmas de pedagogia a distância, a UFU conseguiu dar uma contribuição muito importante na região para qualificação dos profissionais em serviço”, afirma o diretor da FACED.

C amila Pavani

Camila Pavani - Gabriela Petusk - Laura Moreira - Leandro Fernandes

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ENEM traz dificuldades para a educação

O Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM, é uma prova aplicada no Brasil inteiro com a intenção inicial de medir o conhecimento geral dos alunos que terminaram o ensino médio mas, com o passar do tempo, começou a ser aplicado como nova forma de ingresso para algumas faculdades federais do país. Com opiniões diversas sobre o novo sistema, que subistitui o vestibular convencional, as escolas começam a se adaptar ao novo modelo de avaliação. Com uma prova mais contextualizada e interdisciplinar e somente com questões de múltipla escolha, os professores "Uma das maiores dificuldades é desenvolver novas estratégias de ensino para trabalhar com as habilidades individuais de cada aluno"

Ediluce Batista

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e alunos encontram algumas dificuldades para se adequar a essa novidade. Em Uberlândia, as escolas particulares começam a mesclar novos materiais feitos com base nas provas aplicadas nos anos anteriores, com os que preparam para o vestibular comum. Já nas escolas públicas da cidade, o foco ainda é no vestibular seriado, mais conhecido como PAAES. Maria Clara Machado, estudante de escola particular, fez o ENEM 2013 e diz que “o foco (na escola) passou a não ser no aprofundamento das matérias e sim para conteúdos usuais e mais básicos. Porém, ainda houve pre-

paração para outros vestibulares, pois grande parte do material também era baseado em questões de vestibular, além do fato da prova ser, de certa forma, imprevisível”. Já Mariana Duarte, de escola estadual, critica dizendo que “[a escola] é muito mal preparada, o assunto mal é abordado, eles focam muito no PAAES e deixam os alunos que prestam ENEM prejudicados por serem bem menos preparados”. Na opinião da professora de redação e português do ensino médio, Ediluce Batista, formada em Letras pela UFU, o ENEM não uma é uma forma justa de avaliação, já que não avalia o conteúdo sistematizado e exigido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN, que ainda são adotados pelas Universidades. “Uma das maiores dificuldades é desenvolver novas estratégias de ensino para trabalhar com as habilidades individuais de cada aluno, já que a prova não é tão objetiva e direta, e avalia diferentes aspectos”, completa. O ENEM realizado no ano de 2013 teve mais de 7,1 milhões de inscritos e vai divulgar o resultado e as notas individuais em janeiro de 2014. C Reprodução / Internet

Junior Barbosa

Amanda Ribeiro - Júlia Costa - Marina Pagliari - Junior Barbosa


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Desafios e expectativas em meio aos 90 anos do rádio O rádio completou nove décadas de existência no Brasil no ano passado, e para comemorar essa data, a Universidade Federal de Uberlândia realizou em dezembro o Seminário Nacional 90 anos de Rádio no Brasil, que contou com a participação de especialistas neste veículo de comunicação de diversas Universidades do país. O evento foi uma iniciativa do Núcleo de Pesquisa em Cultura Popular, Imagem e Som, POPULIS, criado em 2002 para pesquisar, de maneira interdisciplinar, temáticas da cultura popular e suas interfaces com a indústria cultural, com base na linguagem radiofônica, fotográfica, televisiva e musical. Nesses 90 anos, foram outorgadas diversas concessões, entre elas para a Rádio Universitária, que atua em Uberlândia há 26 anos. É uma rádio educativa com programação 24 horas e credenciada junto ao Ministério da Educação como fundação de apoio à UFU. Nessa rádio os estudantes dão seus primeiros passos como aspirantes e amantes do meio radiofônico. Além de dar oportunidade de estágio aos alunos, ali são desenvolvidas aulas práticas de radiojornalismo, ofertadas pelo curso.

Paulo Rafael C osta

Maria Paula Martins - Paulo Rafael Costa - Tarcis Duarte - Vinícius Ribeiro

Antes mesmo de começar a ter essas aulas, Víctor Albergaria, aluno do quarto período de Jornalismo, se encantou com o universo radiofônico no início de sua vida acadêmica. Aceitou, ainda no primeiro semestre, o convite para auxiliar na edição de um programa infantil da Rádio Universitária. Logo depois, se envolveu em projetos da Rádio In, a web rádio dos estudantes de Jornalismo, onde produz e apresenta um programa até hoje. “A técnica em rádio é muito mais prazerosa e importante do que toda a teoria. É o momento de colocar em prática aquilo tudo que está no papel”, afirma ele. Aline Guerra, também aluna do quarto período e bolsista na Rádio In, acredita na importância de se passar por uma Universidade para aprender técnicas, como de locução, time, ritmo e edição. “As habilida-

des que tenho em rádio, eu jamais conseguiria se entrasse de paraquedas em uma emissora para trabalhar”, conta ela. Aline espera que o Seminário Nacional 90 anos de Rádio no Brasil possa ter inspirado os alunos e os motivado a se envolver mais com esse meio de comunicação e principalmente com a Rádio In, que sofre com a falta de interesse dos estudantes. “O jornalista que trabalha em rádio sai preparado para atuar em qualquer outro meio”, afirma Sandra Garcia, que é doutora em Comunicação e Semiótica e professora de radiojornalismo da UFU. Sandra enfatiza que, apesar de o setor radiofônico ainda precisar crescer e ser mais valorizado, a convergência com novas mídias e a melhora nas transmissões trazem boas perspectivas mercadológicas para o setor. C 11


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Ingrid e Rafael: os novos rostos do Jornalismo da UFU

Jhonatas Elyel, Michael Kealton, Rafael Leonel e Sérgio Dalláglio

Quais são algumas de suas experiências anteriores a UFU?

Sérgio Dalláglio

INGRID: Fiz estágio em uma editora que trabalha com impressos sobre prevenção de doenças e que é veiculada em empresas de médio e grande porte, o que deu seguimento para que abrisse meu próprio estúdio, que trata do mesmo tema. Também trabalhei como coordenadora do Laboratório da Agência de Notícias do curso de Comunicação Social. RAFAEL: Trabalhei em outras três Universidades, em uma delas fui

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coordenador do curso de Rádio e TV, Produção Visual e Produção Multimídia. Durante o mestrado, trabalhei em um site de jornalismo esportivo, o núcleo em que eu trabalhava falava sobre futebol argentino.

Sérgio Dalláglio

No segundo semestre de 2013, dois novos professores passaram a integrar a equipe de docentes do curso de Comunicação Social. Rafael Venâncio, que ministra aulas de Jornalismo Digital, é doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Universidade de São Paulo; e Ingrid Gomes, professora de Mídia Impressa, é doutora em Processos Comunicacionais pela Universidade Metodista de São Paulo. Apesar de serem de áreas diferentes, ambos possuem vivência no mercado e concederam, ao Educomunica, uma entrevista.

Por que vocês decidiram seguir a carreira acadêmica?

INGRID: Decidi me tornar professora quando fiz a Pós-Graduação em São Paulo, pois foi onde tive mais contato com o mundo acadêmico e gostei muito da experiência. RAFAEL: Sempre fui motivado pelo bem público. Meu objetivo pessoal no trabalho, como professor, é ter a oportunidade de mudar o Jornalismo. Quando se tem um jornalista ensinando futuros profissionais, consegue-se ensinar, tanto em exercícios laboratoriais, quanto na prática. Para você a Universidade promove o desenvolvimento dos alunos?

ma, inovar na área.

Quando falamos de internete as informações nela contida, na sua opinião, qual é sua importância?

INGRID: As informações vindas da internet, mesmo que sendo superficiais, são importantes. Se o leitor estiver interessado, ele vai buscar outras fontes confiáveis a respeito do assunto. RAFAEL: Adoro o fato da internet ter muitas informações, mas o problema é que elas são muito brutas, já que há falta de mediação entre o produtor e a divulgação. A falta de leitura e interpretação dos conteúdos da internet é um problema da educação no Brasil, não da web.

INGRID: A mobilidade que a Universidade oferece, quando os assuntos são pesquisa e projetos, é enorme, uma vez que nas faculdades federais há uma maior facilidade para trabalhar com esse tipo de diretriz. O curso de Jornalismo conta com um Quais são seus projetos atuais ou futuleque de oportunidades muito gran- ros para a universidade? de por fazer parte da Faculdade de INGRID: No momento, trabaEducação. lho em um projeto de extensão, denO que você pensa sobre a formação tro do Centro de Incubação de de profissionais através de disciplinas Empreendimentos Populares Solipráticas? dários, sobre os assentamentos de Acredito qu, a forma- Uberlândia. ção de jornalistas através de matérias RAFAEL: Tenho planos para ofipráticas e da conversa permite mu- cinas sobre o conteúdo midiático por dar, não o profissional que já está em trás das histórias em quadrinhos e uma grande emissora, mas sim aque- animes, já que esta é uma de minhas le que está tentando, de alguma for- áreas de pesquisa. C


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