EDUCOMUNICA Ano VI - nº11 - fevereiro, 2015
O que é DCE ?
Conheça o Diretório Estudantil e as propostas da nova gestão. pág. 6
Para Melhorar a educação PNAIC trabalha com a alfabetização de crianças. pág. 10
Intercom Sudeste
Evento chega pela primeira vez em Uberlândia. pág. 3
Batendo um Bolão em 2015 A.A.A Jornalismo avalia o desempenho recente e projeta o novo ano pág. 5
EDUCOMUNICA
Editorial
Ao abrir esse jornal, o leitor encontrará uma proposta diferente, recheada de reportagens e histórias muito próximas da vivência dos estudantes. Para iniciar o ano em que um dos maiores eventos da área de comunicação, o Intercom Sudeste, chega pela primeira vez à Uberlândia, a 11ª edição do Educomunica aparece para tratar das vozes que ecoam dentro da FACED. Há vozes que vêm para nos ensinar, falando sobre educação e alfabetização. Há vozes que hoje percorrem o árduo caminho da graduação, vivem o cotidiano universitário e gritam suas reivindicações, organizando-se através do diretório estudantil e dos centros e diretórios acadêmicos de seus cursos. Há também vozes que só querem cantar seu amor e refletir sobre suas crises de identidade. Outras preferem se organizar em prol da prática esportiva e aliar a teoria à prática para fazer seu TCC e concluir a graduação. E, ainda, uma voz especial, que não chegou aos ouvidos preciosos dos seus próprios pais, que são surdos, mas teve um espaço garantido para contar sua história, pedir respeito e fechar com chave de ouro esse trabalho. Fica o convite ao leitor, para que leia e se emocione com essas vozes captadas pelos nossos ouvidos e mentes, e transcritas pelas mãos de futuros jornalistas que, de alguma forma, se identificam com o material e estão orgulhosos do resultado final.
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
EDUCOMUNICA
CRÔNICA:
A Crise dos 20 e poucos
Isabella Rodrigues
Em uma conversa com a minha mãe, dessas que brotam do nada e pelos meios eletrônicos da vida moderna, surgiu uma expressão um tanto quanto emocionada da parte dela. “Você já tem quase 21!”, digitou ela. Assim, simples, objetiva e direta, como quem anuncia um evento memorável. Aquela frase me fez repensar no significado desse contexto. Afinal, o que é ter quase 21 anos? É simplesmente ainda ter 20, mas dali a uns dias, como num passe de mágica, já não ter mais e pronto? Sem nenhuma mudança a mais? Ou quer dizer ter praticamente outra idade só pra aumentar o peso dos anos e das responsabilidades? Talvez seja um pouco de tudo isso e uma forma abstrata de medir seu passado e futuro em (quase) idades. Para mim, todos os momentos de “quase X anos” significam se despedir de muitas coisas e dar boas-vindas a tantas outras. Antes mesmo de mudar de idade, já me despeço de um plano que não deu certo, de pessoas que não me acrescentam como antes, daquela calça que eu amei por muito tempo, mas já consigo me conformar que não serve mais e, às vezes, também dou adeus a pensamentos e ideias que não combinam com a idade que eu “quase tenho”. Mais do que me despedir de partes da vida, a cada nova idade acabo despedindo-me de uma fase. Despeço-me de quem eu era e de quem deixei de ser. Geralmente peço notícias de alguns passados para poder me lembrar e sentir saudade, outras vezes, é melhor enterrar aqueles momentos que amargariam a memória. As despedidas dos ciclos da vida acabam sendo assim. Boas e ruins. Que nos fazem sentir falta e, ao mesmo tempo ansiar pelo novo (re)encontro. Se despedir se torna a hora do tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Ainda tenho quase 21. Mas rapidamente terei quase 22, quase 23 e as despedidas aparentemente não irão cessar nunca. Talvez seja a dinâmica de viver. Ou só uma crise dos 20 e poucos.
Expediente O jornal EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação da Profª. Drª. Vanessa Matos dos Santos - MTB: 50.456. Reitor: Prof. Dr. Elmiro Santos Resende. Diretor da FACED: Prof. Dr. Marcelo Soares Pereira. Coordenadora do Curso: Profª. Drª. Ana Spannenberg. Editores assistentes: Amanda Cristina, Bruno Prado, Melissa Gomes, Michelli Rosa, Pedro Vitor. Editoração: Ricardo Ferreira de Carvalho. Tiragem: 100 exemplares. Impressão: Agência de Notícias – Jornalismo/UFU.
2
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
EDUCOMUNICA EDUCOMUNICA
Uberlândia sedia o Intercom Sudeste
Evento considerado um dos mais importantes da comunicação acontece em junho Amanda Rodovalho - Ellen Melo - Victor Fernandes Experimental em Comunicação – Expocom, um prêmio destinado aos melhores trabalhos produzidos por alunos de graduação em Comunicação Social. Ana Cristina Spannenberg, coordenadora do curso de Comunicação Social: Jornalismo da UFU, é a responsável por gerenciar a exposição e explica que ao todo são 70 modalidades que precisam ser distribuídas em espaços para apresentação dos trabalhos.
Novas pessoas, novas experiências
Rodrigo Vieira (22) e Romening Oliveira (27) são estudantes de Comunicação Social da Universidade Castelo Branco, no Rio de Janeiro. Pela Internet, eles contam que vão participar pela primeira vez do Intercom Sudeste. “É uma oportunidade de adquirir mais conhecimentos e ainda conhecer futuros amigos de
profissão”, explica Romening. Rodrigo diz que a principal dificuldade para ele é encontrar um bom local para se hospedar em Uberlândia a preços acessíveis, e completa “O importante é todos participarem”.
"É uma oportunidade de adquirir mais conhecimentos” Romening Oliveira
Curiosidade
Adriana Omena e Mirna Tonus, também professora da UFU, contam que já tiveram experiências muito positivas e até engraçadas no evento. Em um deles, elas organizaram um livro em plena madrugada. O resultado desse trabalho foi o e-book “Múltiplos Olhares” com dois volumes.
Victor Fernandes
Em sua vigésima edição, o Intercom Sudeste, versão regional do Intercom Nacional promovido anualmente pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, será realizado em Uberlândia. O evento contará com palestras, workshops, exposições e outras atividades que ampliam o olhar sobre a Comunicação enquanto área de atuação profissional e de pesquisa. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) será sede dessa edição do evento, trabalhando ativamente com outras instituições de ensino superior da região, como explica Adriana Omena, professora da UFU: “Todas as instituições que tem o curso de Comunicação na região estão participando [...]. Cada uma vai oferecer aquilo que ela acha que tem de melhor para ofertar”, afirma. Durante o Intercom Sudeste 2015 acontecerá a Exposição de Pesquisa
3
EDUCOMUNICA
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
Não é o fim do mundo
EDUCOMUNICA
Alunos e professores da FACED falam sobre TCC Matheus Xavier
Amannda Barbosa - Bianca Felix - Matheus Martins - Natalia Ferraz
Apresentação do TCC proporciona debate e reflexão
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é um instrumento de avaliação final da graduação. No caso do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o trabalho é feito no molde de monografia. Para iniciar a pesquisa e dar continuidade ao projeto o aluno conta com uma disciplina específica que é dividida em duas etapas, TCC 1 (com um professor geral que ajuda a delinear o projeto) e TCC 2 (com a supervisão de um orientador específico). De acordo com a professora da disciplina TCC 1 no curso de Jornalismo, Adriana Omena dos Santos, é nesta disciplina que o aluno escolhe um assunto com o qual tenha proximidade, busca um orientador que tenha relativo conhecimento sobre o conteúdo e faz o esboço da sua monografia, que é submetida a uma banca avaliadora. Com a aprovação, inicia-se o TCC 2 e o discente finaliza o projeto. “Não se faz TCC sem 4
leitura e sem tempo”, aconselha. O acadêmico do oitavo período do curso de Jornalismo da UFU, Rinaldo Augusto de Morais, escolheu o seriado da TV norte-americana, “The Walking Dead”, por conta da afinidade com o assunto. Para ele, a maior dificuldade está em conseguir conectar a teoria vista no decorrer do curso com o conteúdo da série. Neimar da Cunha Alves, colega de sala de Rinaldo, escolheu um tema que é pouco visto e problematizado durante a graduação: “o valor da vida atribuído pela mídia”, cujo foco é comparar reportagens sobre suicídios de pessoas famosas e anônimas. Ele afirma que um de seus objetivos é reunir material que sirva, posteriormente, para a comunidade acadêmica. No curso de Pedagogia da UFU, a apresentação do TCC não é obrigatória, mas é exigido que o aluno participe de algumas atividades complementares. De acordo com a coordenadora do curso, Lázara Cristina da Silva, após
passar pelo Projeto Integrado de Prática Educativa (PIPE) e pelo Estágio, o acadêmico escolhe como relatará suas experiências, que pode ser na forma de monografia, artigo científico ou relato de experiência/memorial. Ainda, segundo a coordenadora, é solicitado que o aluno se matricule em uma disciplina específica, tenha um orientador e defina sob qual molde será feito o seu trabalho final. Isabel Alves Simão, graduanda do 4º ano de Pedagogia, defenderá a “Educação Rural” frente a uma banca avaliadora. A estudante afirma que, por conta do TCC não ser obrigatório, os alunos podem encontrar problemas no momento da retirada do diploma, pois existem normas da universidade que exigem que o trabalho de conclusão de curso siga o modelo monográfico científico. O que ocorre é que, de acordo com a coordenação do curso, o aluno que optou por fazer outra forma de relatório final precisa adequá-lo às normas da UFU.
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
EDUCOMUNICA EDUCOMUNICA
Batendo um bolão em 2015!
Maior participação feminina é meta da Atlética do Jornalismo Ana Augusta Ribeiro, Lais Vieira e Nadja Nobre
Ana Augusta
Dionata Tinoco Divulgação
No ano de 2014, o curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) teve sua Atlética fortalecida, órgão de importância na socialização dos alunos da graduação. A Associação Atlética Acadêmica Jornalismo (A.A.A Jornalismo) se fortale-ceu para que o curso pudesse disputar as últimas Olimpíadas Universitárias, realizadas de outubro a dezembro. A colocação do Jornalismo pode não ter sido expressiva perante toda a Universi-dade, mas, para os integrantes da atlética e para os alunos do curso, foi Participação feminina ainda é tímida nas quadras uma grande vitória. Segundo um dos diretores da A.A.A Jornalismo, Gabriel “Esperamos que este minino, uma situação peculiar se fez Ribeiro, aluno do segundo período, o a participação das mulheres ano seja diferente e nós presente: 17º lugar nas Olimpíadas foi importanem campo foi nula. O curso não consete, e a partir disso o esperado é que os possamos fazer história guiu formar times femininos e nem ter resultados se tornem cada vez mais pouma participante em modalidade indivina competição.” sitivos. "Nossa participação nas olimGabriel Ribeiro dual. Segundo a aluna do sexto períopíadas do ano passado serviu como do, Flahana Pfeifer, o grande aprendizado pra essa nova gestão. Evi- fazer história na competição", afirma. contingente de conteúdos para estudar dente que poderíamos ter resultados Apesar de toda a agitação em torno e trabalhos para serem feitos a impedimuito melhores, mas esperamos que da nova Atlética e o fato do curso de ram de doar tempo para a atlética. Maeste ano seja diferente e nós possamos Jornalismo ser em sua grande parte fe- ria Paula Martins, do quarto perío-do, se inscreveu em todas as modalidades, mas não foi adiante pela falta de alunas se manifestando. "Adoro esportes e acredito que são uma boa forma de socialização. Continuo interessada em participar de várias formas e acredito que a formação de times femininos pode acrescentar muito", afirma. A expectativa é de que em 2015 a A.A.A Jornalismo continue crescendo. Novos alunos ingressarão no curso em março e espera-se que novos integrantes apareçam entre eles, principalmente mulheres. “Estamos trabalhando pra aprimorar os treinamentos e a preparação das equipes”, afirma o diretor Equipe de handebol masculino antes do segundo jogo em 02/1 1 /201 4 Ribeiro. 5
EDUCOMUNICA
EDUCOMUNICA
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
Conquistas que vão além da universidade Alunos desconhecem força do DCE e sua representatividade
Daniel Pompeu - Gabriel Ribeiro - Gabrieli Mazzola - Paola Buiatti Daniel Pompeu
Há cinco anos, Alecilda acompanha o movimento estudantil da UFU
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Movimento Estudantil como um todo, através de diversas lutas, tem conquistado melhorias e garantido os direitos dos estudantes. Historicamente, essas lutas não tem uma origem exata, mas segundo o professor Leonardo Barbosa Silva, diretor de assuntos estudantis da Universidade Federal de Uberlândia, o movimento já existia na Universidade de Bologna, na Itália, por volta do ano 1300, considerando que as associações de estudantes possam ser interpretadas como movimentos estudantis. A mestranda
em Ciências Sociais da UFU e vicepresidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Alecilda Oliveira, faz um alerta com relação à baixa participação dos estudantes: "Acompanho o movimento estudantil na UFU desde 2009 e acho que a entidade tem um papel fundamental, apesar dos estudantes às vezes não terem a dimensão da importância dele dentro da universidade". Leonardo Barbosa Silva destaca que a presença da questão políticopartidária dentro deste movimento não deve ser vista com maus olhos, e cita um exemplo de participação
dos estudantes em assuntos que não dizem respeito somente ao âmbito universitário: “o movimento estudantil da UFU estava no dia do leilão da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), ou seja, vai além das questões que envolvem universidade”. Silva, que foi estudante da UFU e participou do movimento estudantil de 1993 a 1999, diz ter uma visão “menos institucional” sobre o assunto e garante que “as demandas do movimento estudantil são longas e históricas e que elas tem relação direta com o sucesso da universidade”.
ALGUMAS DAS CONQUISTAS EM QUE O MOVIMENTO ESTUDANTIL DA UFU TEVE PAPEL ESSENCIAL • Elaboração e implementação do INTERCAMPI • Defesa do projeto que possibilitou a existência da moradia estudantil • Participação na construção de um Plano de Cultura para a UFU • Participação no processo de implementação dos novos Restaurantes Universitários •Garantia de um espaço físico para diversas Atéticas, Diretórios Acadêmicos e Centros Acadêmicos • Fórums e seminários de assuntos estudantis 6
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
EDUCOMUNICA EDUCOMUNICA
"Podemos Mais" conquista diretoria do DCE
Após vencer as eleições, grupo apresenta suas propostas
Alex Furtado - Hiago de Paula - Rassendil Junior - Timóteo B. Junior Na eleição para a nova chapa do Diretório Central dos Estudantes (DCE) ocorrida nos dias 09 e 10 de dezembro, a chapa 2, "Podemos Mais!", foi reeleita com 35.04% dos votos. A chapa vencedora tem pela frente dois grandes desafios: unir o movimento estudantil e garantir a viabilização de suas propostas de campanha. Segundo Isley Borges, aluno do curso de Jornalismo e um dos coordenadores do novo DCE, a entidade se difere das organizações de base, como os diretórios acadêmicos (DA's) e centros acadêmicos (CA's), pois tem um caráter mais abrangente. Para Borges, o DCE deve defender um projeto de integração que vai além da causa estudantil. Nasser Freitas Pena, gradu-
ando em Odontologia e novo coordenador do DCE, destaca a importância histórica da entidade e seu papel para o desenvolvimento da Universidade: “é a maior potência da voz dos estudantes dentro da instituição” O novo DCE tem algumas propostas em relação à FACED. Para Pena, o apoio à criação da Pró-Reitora de Assuntos Estudantis, poderá possibilitar a criação de uma diretoria específica para acessibilidade, deslocando e ampliando o atendimento do Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE), hoje vinculado à FACED. Segundo Daniel Pompeu, aluno do curso de Jornalismo e coordenador de comunicação .
do novo DCE, a nova gestão pretende também criar um jornal estudantil no qual as entidades e movimentos definirão as pautas e o CA do Jornalismo produzirá o conteúdo. Para Pompeu, o DCE, que é composto de diversos conselhos e comissões, deve redigir os projetos que futuramente poderão se tornar conquistas concretas além de pressionar a administração da universidade. Wesley Marques da Silva, diretor de logística da UFU, diz que o necessário, antes de tudo, é apresentá-las à Prefeitura Universitária. A partir daí, segundo Marques, a proposta vai ser estudada, sua relevância e aplicabilidade analisadas e, existindo recursos e condições, poderão ser implantadas.
O que me representa na graduação?
CAs e DAs atuam politicamente como mediadores que transitam nas instâncias institucionais Josielle Ingrid - Letícia Maria - Raissa Müller Centros Acadêmicos (CAs) ou Diretórios Acadêmicos (DAs) são entidades representativas e sem hierarquia entre os estudantes de graduação, lideradas e mantidas pelos próprios discentes, com o dever de ser o principal elo entre os alunos, a coordenação do curso e a direção da instituição. A Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) comporta dois cursos de graduação – Pedagogia e Comunicação Social: Jornalismo. Cada um possui sua entidade representativa, o DA Pedagogia (DAPed) e o CA - Comunicação Social (CACoS). “O DA tem um caráter social, políti-
co e de lazer. Social e político para re- dora geral do DAPed. Amanda Marques, atual coordenapresentar os estudantes em todos os dora geral do CACoS, afirma que a espaços (...). De lazer para promover a socialização através de confraterniza- função do CA é “zelar pela integração dos alunos e eventos em geral, como de palestras, cine-debates, Todos os alunos dos promoção o Intercom e o Expocom e também as cursos de graduação festas, porque ninguém é de ferro”. As estudantes, quando falam de podem frequentar e partipar ativamente seus interesses em participar dos dipartilham anseios semelhannas decisões de seus retórios, tes: “eu queria dar uma vida para o CAs e DAs CACoS”, relata Amanda. Para Dandara, o diretório acadêmico foi uma conquista muito grande e, vendo sua ções e financiar a entidade, pois não há outro meio de financiamento (...).”, ex- história, teve uma vontade grande de plica Dandara Castro, atual coordena- não deixá-lo morrer. 7
EDUCOMUNICA
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
O amor está no ar!
EDUCOMUNICA
Casais contam como é o namoro entre pessoas do mesmo curso
Felipe Flores
Guilherme Vidal - Mateus Augusto - Renato Taioba - Rodrigo Castro
Cumplicidade dentro e fora da Universidade
Acordar cedo, pegar ônibus lotado, comer no RU, vários textos para ler, resenhas, tudo isso pode ser bem cansativo. Talvez um romance possa esquentar as coisas e tornar a vida acadêmica mais empolgante. Mas, será que a convivência, dentro e fora de sala, ajuda ou atrapalha os corações apaixonados dos futuros jornalistas? Eles passam boa parte do dia no campus. Alguns ficam mais tempo nele do que em suas próprias casas, o que muitas vezes gera uma convivência bem próxima com os colegas. Essa amizade tende a ser o primeiro passo para engatar um namoro, como aconteceu com Rafael Leonel (21), e Michael Kealton (20), ambos do 4º período de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Eles revelaram ainda que a cumplicidade ajuda na produção acadêmica, mas que recentemente pre8
cisaram estabelecer um tempo pra serem “somente namorados”. A rotina fora da faculdade também interfere no namoro. Alguns casais sentem dificuldade em organizar o tempo, como confessa Laura Máximo (21), do 8º período. “Ele dorme às 5h, eu acor-
"Tem que ter muita maturidade para saber separar as coisas ” Ana Augusta Ribeiro
do às 5h30 para trabalhar e isso às vezes se torna um problema”. Felipe Flores (21), namorado de Laura e aluno do 6º período defende que "...a convivência diária só atrapalha se você não suporta a outra pessoa". Ana Augusta Ribeiro (20) conheceu Paulo Rafael Costa como veterano an-
tes das aulas começarem. Ela era caloura e ainda estava se ambientando. Para ela, uma das vantagens dessa relação está em poder contar com a sinceridade do namorado sobre suas produções, não por facilitar, mas a fim de melhorar seu desempenho. Paulo afirma que, apesar de estudar em salas vizinhas, é mais comum o casal se encontrar fora da faculdade. O lado negativo pesou quando percebeu que, no início do namoro, ia à faculdade mais pelo relacionamento que pelo curso em si. Para os próximos casais que podem surgir, principalmente com a entrada da sétima turma no próximo semestre, Ana deixa a dica: “Tem que ter muita maturidade para saber separar as coisas”. “Tem que saber levar isso, para não virar uma discussão entre o casal”, completa seu namorado.
EDUCOMUNICA EDUCOMUNICA
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
PNAIC forma orientadores para alfabetização Programa do governo federal busca alfabetizar crianças até os oito anos Bianca Guedes
Adrivania Santos - Bianca Guedes - Giovana Oliveira - Laura Fernandes - Ygor Rodrigues
Marília (à direita) conversa com outras coordenadoras do PNAIC
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) foi implantado no ano de 2013 com o objetivo de garantir a alfabetização de crianças até os oito anos de idade. Desenvolvido pelo Governo Federal em parceria com governos estaduais e municipais, o PNAIC consiste na formação presencial de professores. As universidades públicas formam orientadores em cursos de 200 horas anuais, e estes capacitam os futuros professores em curso presencial de dois anos, com 120h por ano, cuja metodologia propõe estudos e atividades práticas. Em Minas Gerais seis universidades atendem as escolas municipais. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é uma delas e atinge 95 municípios da
região. Segundo Marilia Villela de Oliveira, profes sora do curso de Pedagogia e coordenadora Geral do PNAIC na instituição, no pacto “os orientadores formados desenvolvem esse trabalho
"Desde de muito cedo a criança trabalha a questão da interpretação"
Valéria Cristina dos Santos
nos municípios do qual eles vieram”. De acordo com o site do Ministério da Educação (MEC), os professores alfabetizadores devem auxiliar na formação para o exercício da cidadania, e para isso necessitam ter clareza do conteúdo e da forma como vão ensinar. Seu trabalho deve explorar
as capacidades de leitura e produção de textos e conhecimentos de diversas áreas através de métodos lúdicos, sem deixar de cuidar do bem-estar das crianças. Diante do objetivo de consolidar a alfabetização, Valéria Cristina Souza dos Santos, coordenadora de matemática do pacto, ressalta que “o letramento vem muito da vivência, do dia a dia dos meninos. A alfabetização é uma sistematização que acontece”. Assim, segundo Valéria, o trabalho desenvolvido no PNAIC ocorre a partir de uma perspectiva na qual “desde muito cedo a criança trabalha a questão da interpretação” Apesar das barreiras, Marília vê o lado positivo dos resultados do programa, e acrescenta que o fracasso escolar na alfabetização "é um dos maiores gargalos que temos no sistema educacional […] e inúmeras tentativas têm sido feitas para solucionar este problema. Entendemos que o pacto é uma iniciativa que tem conseguido impactar na qualidade do trabalho feito pelos professores. Então, tem suas lacunas e suas dificuldades, mas dentro dos programas que já vimos, ele tem tido um impacto positivo".
AVALIAÇÃO O PACTO CONTA COM TRÊS COMPONENTES PRINCIPAIS DE AVALIACAÇÃO: • Avaliações processuais debatidas durante a formação.
•Acesso ao sistema informatizado para cadastrar a Provinha Brasil de cada criança, no início e final do 2º ano. • Avaliação coodernada pelo INEP, ao final do 3º ano, para monitorar o nível de alfabetização alcançado e adotar medidas e políticas necessárias para aperfeiçoar o que for necessário. OBS: O MEC é responsável pelo custo dos sistemas e avaliações externas . SAIBA MAIS: pacto.mec.gov.br/avaliacoes 9
EDUCOMUNICA
EDUCOMUNICA
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
Cultivando o ensino
Valorizar a educação no campo é respeitar a cultura rural Maryna Ajej - Pedro Lobato - Thalita Araujo se desloquem para as áreas rurais para que possam enxergar essa realidade. Para Sandra, a participação dos futuros professores neste ambiente é importante como forma de valorizar a vida no campo, pois quando se retira o aluno da escola, retira-se também um modo de vida, experiências de lazer e a referência que uma fazenda tem de um mundo letrado. Pensando nisso, o Programa Saberes da Terra do Ministério da Educação (MEC) possibilita a jovens agricultores de 18 a 29 anos que concluam o Ensino Fundamental com uma qualificação profissional. Além disso, a Escola Família Agrícola (EFA), através da Pedagogia da Alternância, leva os estudantes inseridos no meio rural a valorizarem o seu espaço por meio da leitura, da escrita, da matemática, tecnologia e até mesmo a lidar com a terra, as plantas e os animais, promovendo formação integral do aluno e interação escola-família. Arquivo Público de Uberlândia
No Brasil, a cultura e a educação dagogia da Faculdade de foram comprometidas pela censu- Educação (Faced) na Universidade ra da ditadura militar na década Federal de Uberlândia (UFU), dede 1970. A Lei nº 9.394, de 20 de senvolvem um projeto de pesquidezembro de 1996, mais conheci- sa e extensão sobre a educação da como Lei de Diretrizes e Bases no campo. Costa afirma que a reda Educação Nacional (LDB), ga- formulação dos currículos é essenrante o direito à educação básica cial em um cenário em que 95% e gratuita para qualquer cidadão dos alunos são filhos de assentabrasileiro. Mas, isso nem sempre acontece na prática, pois, mesmo que existam escolas para a população, muitas vezes elas não possuem qualidade suficiente para uma boa alfabetização. De acordo com documento publicado em 2005 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu- Escola Municipal Rural Aprazível (sem data) cacionais Anísio Teixeira (Inep), os principais problemas da dos ou trabalhadores rurais. O educação no campo são: a insufi- conteúdo trabalhado pelos profesciência das instalações físicas da sores não condiz com a realidade maioria das escolas, as dificulda- desses alunos e até reforçam o des de acesso dos professores e preconceito, apresentando aos joalunos, bem como falta de profes- vens o campo como um atraso. sores habilitados. Assim, Costa acredita que a uniAntônio Cláudio Moreira Costa e versidade tem que propor condiSandra Cristina Fagundes de Li- ções para que os alunos da ma, professores do curso de pe- graduação do curso de Pedagogia
SAIBA MAIS: EDUCAÇÃO RURAL OU NO CAMPO? A educação rural pressupõe métodos que garantam o próprio sustento. Com a reivindicação do direito ao ensino, a política da educação rural resultou numa nova concepção de educação que respeita a cultura, valores e as especificidades do campo, ou seja, a educação no campo. 10
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
CRÔNICA:
EDUCOMUNICA EDUCOMUNICA
Se fosse eterna... Ellen Melo Casa de vó, comida de vó, abraço de vó... Sempre tive dentro de mim que as despedidas, por mais difíceis que possam parecer, ao serem olhadas por um outro ângulo, conseguimos tirar delas algo positivo. Mas e agora? Agora que me despedi da pessoa a quem eu devo tudo que sou e tudo que consegui nesses 20 anos, essa tarefa está mais complicada... Lembro de você me levando para as aulas de piano, natação, inglês, fazendo cachinhos no meu cabelo desgrenhado, para que eu fosse bonitinha para a escola. Lembro de você passar na mercearia e comprar paçoquinha quando alguém brigava comigo, e suas tentativas de corrigir minhas tarefas, colocando os óculos mais perto dos olhos... Cresci... E mais uma vez você estava ao meu lado para que eu encostasse minha cabeça no seu ombro e secasse as lágrimas por aquele rapaz idiota, falando que eu deveria arranjar tempo para comer direito e não ficar com anemia, para que eu chegasse das baladas mais cedo, e que eu já deveria ir deixando o cabelo crescer para a formatura da faculdade... Tenho consciência de que seus últimos dias não foram fáceis, você pediu para que a gente não desistisse de você... Eu fui até o final vó, e você também... Em meio a dor, tentei te fazer rir quando você queria chorar e te emprestava meus ombros quando não conseguia sucesso na minha missão, a situação se inverteu... Semanas atrás, quando você foi pro hospital, me disse que não era pra ficar preocupada porque você ainda viveria muitos anos. O casamento, a senhora não garantia (acho que assim como eu, não me via entrando na igreja de vestido branco), mas iria, pelo menos, ver minha formatura da faculdade. E daqui a poucos anos eu vou estar lá vó... e vai ser por você! Para tentar te orgulhar, para mostrar a mim mesma que todo o seu esforço não foi em vão. Ahh vovó, sorte mesmo seria se você fosse eterna...
11
EDUCOMUNICA
Ano VI - fevereiro, 2015 - nº11
EDUCOMUNICA
O som do gesto Isabella Rodrigues - Letícia Brito - Marcela Pissolato Keli Maria de Souza, 35, é uma CODA (Children of Deaf Adults) que, na tradução para o português, significa: filha ouvinte de pais surdos. Desde criança, ela conviveu com duas línguas, a língua portuguesa e a língua brasileira de sinais (LIBRAS), e foi aprendendo, naturalmente, a apropriar-se dessas duas maneiras de se comunicar. Formada em Letras com especialização em Educação Especial, hoje é professora da FACED na área de tradução e interpretação de LIBRAS. O apoio prestado aos pais surdos ultrapassou os muros de casa e se tornou sua profissão. Nesta edição, o Educomunica mergulha num outro mundo, pautado pela sensibilidade e um novo som: o som do gesto. Educomunica: Como foi sua cria- estudar ou que teríamos que traba- gente [CODAS] que está no meio do
ção e relacionamento com seus pais sendo uma CODA? Por ser a irmã mais velha, sentia que tinha mais responsabilidade? Keli: Para mim foi tão natural que quando falam a respeito disso eu tenho que pensar se houve alguma diferença. Mas, olhando pra trás, eu consigo percebê-las. Como eu sou a mais velha, acabei assumindo muitas responsabilidades na criação dos meus irmãos. Por exemplo, eu ia às reuniões de escola deles com minha mãe para interpretar para ela. Não que eu fosse a "mãe", mas como ela precisava de um intérprete para se comunicar, eu acabava funcionando como essa ponte. E: Como foi o processo de aprender tanto a Língua de Sinais quanto o português? K: Convivi com meus pais e tios surdos que se comunicavam por Libras. Com meus avós e primos aprendi o português. Então não noto diferença nesse aspecto. Não tem como falar qual eu aprendi primeiro, já que [o aprendizado] aconteceu ao mesmo tempo e naturalmente. E: O que te instigou a trabalhar com Educação Especial? K: Meus pais sempre valorizaram muito a educação. Então, mesmo não sendo de uma família de posses, nunca falaram que não iríamos 12
lhar até o ensino médio. Sobre a interpretação, eu falo que a profissão me escolheu. Antes de ser professora eu fui intérprete profissional por 12 anos e já fazia alguns serviços
Keli Maria de Souza, professora na UFU
como voluntária antes disso. Paralelamente cursava faculdade de Letras e a possibilidade de lecionar me encantava. Aos poucos fui conciliando a LIBRAS com a docência e então as coisas foram se encaminhando para esse sentido. E: Você já presenciou algum tipo de preconceitos com surdos? K: Então, é interessante isso. Porque às vezes eles [surdos] não percebem tanto preconceito como a
caminho entre surdos e ouvintes. Por exemplo, eu andava de ônibus com meus pais para ir à Associação dos Surdos e a gente ia batendo um papo em língua de sinais. Aí eu escutava as pessoas falando: “Tadinho, olha lá todo mundo surdo”. Por várias vezes eu falava: “Tadinho não, eles não ouvem, mas tem outra língua”. Em algumas situações você fica irritada e chateada. Hoje a gente percebe as coisas mudando bastante, pelo menos as pessoas já aceitam. E: Você considera que o fato de ter sido criada por pais surdos influenciou no seu modo de ser, agir e enxergar o mundo? K: Com certeza. Eu acho que o lado da gente observar as pessoas com um pouco mais de humanidade. Eu sempre penso muito nas minhas palavras para não agredir as pessoas, [principalmente] os deficientes, os idosos, essas pessoas que estão no ramo dos mais excluídos. Sempre tive uma aproximação muito grande com esse público. Não sou uma especialista em cegueira, mas se eu tiver um aluno cego eu tenho uma sensibilidade maior em atendêlo. Conviver com essas situações faz a gente observar a questão das minorias porque a gente sente na pele o preconceito.