Anuário Brazil Music Conference 2018

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Anuรกrio BRMC 10 yearbook




Nasce o Rio Music Conference, inicialmente pensado para ser uma conferência com workshops e feira de negócios com 7 dias de duração na Marina da Glória. Festas com David Guetta, Pete Tong, Sven Väth, Armin van Buuren, Erick Morillo e Gui Boratto marcaram o encerramento da primeira edição. O ciclo de palestras debateu temas como “Revolução Digital: da queda do vinil à ascensão do MP3” e teve workshop de discotecagem básica com DJ Marky. Rio Music Conference was born, initially thought to be a conference with workshops and a 7-day business fair in Marina da Glória. Parties with David Guetta, Pete Tong, Sven Väth, Armin van Buuren, Erick Morillo and Gui Boratto marked the closing of the first edition. The lecture series debated topics such as “Digital Revolution: from the fall of vinyl to the rise of MP3” and had a DJ workshop with DJ Marky.

Dividido oficialmente em festival de Carnaval (Rio Music Carnival) e conferência (Rio Music Conference) o encontro ganha um upgrade e muda-se para o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, mudando a sede para o MAR (Museu de Arte do Rio) e Museu do Amanhã. Recorde de público: 1500 pessoas em três dias e mais de 100 atividades. Curitiba sedia o RMC Brasil e São Paulo o RMC América Latina, atraindo um número recorde de participantes e convidados. Officially divided as Carnival festival (Rio Music Carnival) and conference (Rio Music Conference) the encounter is upgraded and moves to Porto Maravilha, in Rio de Janeiro, changing its headquarters to MAR (Rio Art Museum) and Museum of Tomorrow. Record of audience: 1500 people in three days and more than 100 activities. Curitiba hosts RMC Brasil and São Paulo RMC Latin America, setting a new a record number of participants and guests.

Uma 9ª Edição impecável no Rio de Janeiro, pouco antes do Carnaval novamente ocupa o revitalizado centro do Rio. O RMC torna-se BRMC (Brazil Music Conference) e parte para uma nova casa: São Paulo, que já havia recebido suas elogiadas edições Latino-Americanas no Unibes Cultural. A flawless 9th Edition in Rio de Janeiro - just before Carnival, it occupies again Rio’s revitalized downtown. RMC becomes BRMC (Brazil Music Conference) and departs for a new house: São Paulo, which had already received the praised Latin-American editions at Unibes Cultural.

Após o sucesso da primeira edição, o RMC passa a buscar espaço para a música eletrônica em meio ao Carnaval carioca, dividindo-se em “The Conference” e “The Music”. As atrações foram novamente peso pesado: Erick Morillo, Steve Angello, Luciano, Sharam, Loco Dice, Tocadisco e Armin van Buuren completaram o time internacional, sendo que Armin, naquele ano DJ #1 do mundo, participou também de um papo exclusivo na conferência. Uma das maiores competições de de scratching do mundo, o DMC, integrou as atividades. After the first edition’s success, RMC began to seek space for electronic music in the midst of the Carioca Carnival; Dividing it into “The Conference” and “The Music”. Again, heavyweight attractions: Erick Morillo, Steve Angello, Luciano, Sharam, Loco Dice, Tocadisco and Armin van Buuren formed the international team. And Armin, elected number one DJ in the world in that year, had an exclusive participation at the conference. One of the biggest scratching/turntablism competitions in the world, the DMC, also integrated the activities.

O programa RMC Colab leva música eletrônica para instituições periféricas do Rio de Janeiro. Peter Hook, ex-New Order e Joy Division, é um dos destaques da conferência. Mais de 40 mil pessoas comparecem a Marina da Glória durante o Carnaval para curtir atrações como Tiësto, Afrojack, Dimitri Vegas & Like Mike e Life in Color – ao todo foram 14 dias de evento no Rio. As edições regionais em Curitiba e São Paulo tiveram recorde de público (700 e 900 participantes, respectivamente) mostrando a força do cone Sudeste-Sul. The RMC Collaboration program brings electronic music to peripheral institutions in Rio de Janeiro. Peter Hook, former New Order and Joy Division, is one of the conference’s highlights. More than 40,000 people attend to Marina da Glória during the Carnival to enjoy attractions such as Tiësto, Afrojack, Dimitri Vegas & Like Mike and Life in Color - in 14 days of event. Regional symposia in Curitiba and São Paulo (having 700 and 900 participants, respectively) indicated the strength of the Southeast-South portion.


25 mil pessoas passaram pelas pistas e salas do RMC. As festas foram uma miscelânea de estilos e talentos brasileiros e internacionais, com DJs como Booka Shade, Trentemoller, Dave Clarke, Kaskade, Axwell, Fatboy Slim e dOP, arky b2b Murphy, Kings of Swingers (Renato Ratier e Mau Mau), Memê, Gui Boratto, Ask2Quit e Wehbba. Os “Road Shows” levaram a proposta do RMC para centros urbanos como Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Ribeirão Preto e São Paulo. Twenty-five thousand people passed through the rooms and dance floors of RMC. The parties were a mix of Brazilian and international styles and talents, with DJs such as Booka Shade, Trentemoeller, Dave Clarke, Kaskade, Axwell, Fatboy Slim, dOP, Arky b2b Murphy, Kings of Swingers (Mau Mau & Renato Ratier), Memê, Gui Boratto, Ask2Quit and Wehbba. The road shows brought the RMC proposal to urban centers such as Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Ribeirão Preto and São Paulo.

Um dos maiores festivais de música eletrônica que o Rio de Janeiro já viu acontece no Carnaval. A conferência abre recebendo o Boiler Room Live from RMC, direto do morro do Vidigal e recebe a primeira reunião da AFEM (Association for Electronic Music) no Hemisfério Sul. O evento bate recorde de convidados internacionais. Os números impressionam: mais de 30 clubs participaram da Club Week, com 150 festas e 600 atrações musicais. Dentre as edições regionais, São Paulo se destaca recebendo convidados internacionais. One of the biggest electronic music festivals Rio de Janeiro has ever seen takes place at Carnival. The conference was opened by a Boiler Room edition live from RMC, straight from the Favela do Vidigal and hosts the first meeting of the AFEM (Association for Electronic Music) in the Southern Hemisphere - The event beats record of international guests. The numbers impress: more than 30 clubs participated in Club Week, with 150 parties and 600 musical attractions. Among the regional editions, São Paulo stands out receiving international guests.

Com duração de doze dias entre conferência e apresentações musicais, o RMC 2012 leva à Marina da Glória mais de 60 atrações musicais em 7 noites de festa. É lançado o primeiro Anuário RMC, e também tem início o Prêmio RMC com 16 categorias. Os vencedores são eleitos por um seleto grupo de Embaixadores, que são membros do mercado espalhados pelo Brasil. Twelve days in between conferences and musical performances, RMC 2012 brings to Marina da Glória more than 60 musical attractions in 7 nights of parties. This is when the first RMC Yearbook is released, and the RMC Awards starts, having 16 categories. The winners are elected by a select group of Ambassadors, who are market members spread throughout Brazil.

O RMC cresce e separa a conferência das festas: a conferência acontece agora no Hotel Pestana em Copacabana, antes do Carnaval, e as festas permanecem na Marina da Glória, durante o Carnaval. Tem início a Club Week, com estabelecimentos cariocas apresentando uma programação voltada à música eletrônica para atraírem a atenção dos participantes. Edições regionais em praças como São Paulo, Curitiba e Manaus. The RMC grows and splits the program into parts: the conference took place at Hotel Pestana in Copacabana, before Carnival, and the parties remained at Marina da Glória, during the Carnival. “Club Week” begins, as many venues in Rio presented an electronic music orientation in order to attract the participants’ attention. Also, there were regional editions in towns like São Paulo, Curitiba and Manaus.

LINHA DO TEMPO BRMC BRMC TIMELINE




Bem-vindos ao Brazil music conference a 10ª edição do rio music conference!

Welcome to the Brazil Music Conference - the 10th edition of Rio Music Conference!

Chegamos lá. É hora de avançar.

Growing brings us the responsibility to lead movements, to be ahead of the changes and to open paths towards the evolution and the progress of the markets!

Crescer nos traz a responsabilidade de liderar movimentos, estar à frente das mudanças e abrir caminhos rumo à evolução e o progresso dos mercados! Imbuídos neste espírito e no clima de nosso 10º aniversário, demos um firme passo à frente: SOMOS BRAZIL! Nacionalizamos uma marca de um produto que já era nacional - tendo realizado mais de 30 conferências em 13 cidades do país desde 2009 - e apostamos na pujança e no cenário vibrante da grande São Paulo para seguirmos adiante! SOMOS O BRAZIL MUSIC CONFERENCE. SOMOS porque nada se faz sozinho. SOMOS um ambiente de trocas, conexões, união - que busca inspirar, libertar as mentes criativas e promover a faísca para a inovação; e reunir as cabeças que vão apontar as tendências e o futuro de uma rica, empolgante e fantástica indústria musical! Ao longo de uma década a Dance Music evoluiu, passou a ser um gigante guarda-chuva de gêneros, abraçou o multifacetado Brasil-continente, se mostrou fértil em diversidade, crossovers, e catalizador de valores e ideais de uma cultura global! Ensinamos, aprendemos, construímos - chegamos no topo. Mostramos que aqueles jovens estavam certos: um mundo novo, digital e tecnológico estaria começando. É difícil competir com o poder das batidas da Dance Music e sua capacidade de promover interações, multiplicar as sensações humanas, conectar genuinamente as pessoas e gerar pertencimento. SOMOS feitos disso: corpo, alma, emoção. Em tempos de inteligência artificial, realidade aumentada e machine learnings, não haverá muito mais para os Seres Humanos fazerem do que serem, humanos, apenas. Nesse contexto, avassaladoramente, a música se apresenta como ferramenta transformadora de alegria, de união e cura. Também de geração de renda, riqueza e muitos empregos para os setores criativos. Estamos em muitos campos, apontando o futuro e as tendências da comunicação das marcas, da moda, da propaganda, da indústria do audiovisual, dos games até na medicina e na psicologia. SOMOS SHOW! SOMOS BUSINESS! Vamos além. Vamos promover e fortalecer os nossos ecossistemas. Criar mercados, mais conexões e colaborações. Mostrar o case Brasil e os caminhos que encontramos aqui a partir de dificuldades econômicas, sociais e logísticas que se apresentaram. O BRMC continuará de braços abertos e recebendo delegações da Europa, América; agora Ásia, Africa, Austrália… Conectando nosso mercado com o mundo lá fora. Mas também, e principalmente argentinos, colombianos, paraguaios, uruguaios, chilenos e todos os nossos queridos vizinhos: SOMOS LATINOAMERICA.

We got there. It’s time to move forward.

Imbued in this spirit and in the mood for our 10th anniversary, we took a firm step forward: WE ARE BRAZIL! We nationalized a brand of a product that was already national - having held more than 30 conferences in 13 cities in the country since 2009 - and we bet on the strength and vibrant scenery of São Paulo to move on! WE ARE BRAZIL MUSIC CONFERENCE. WE ARE because nothing is done alone. WE ARE an environment of exchanges, connections, union - that aim to inspire, free creative minds and crate a spark for innovation; and bring together heads that will point out the trends and future of a rich, exciting and fantastic music industry! Over a decade, Dance Music has evolved into a giant umbrella of genres, embraced the multifaceted “Brazilian continent”. It has proved to be fertile in diversity, crossovers, and catalyst for values and ideals of a global culture! We teach, we learn, we build - we reach the top. We showed that those young people were right: a new, digital and technological world would be starting. It is difficult to compete with the power of Dance Music beats and its ability to promote interactions, multiply human sensations, genuinely connect people and generate belonging. WE ARE made of it: body and soul. In times of artificial intelligence, augmented reality and machine learning, there will be little more for human beings to do than… to be human. In this context, overwhelmingly, music presents itself as a transforming tool of joy, unity and healing. Also as a market of revenue and wealth, providing jobs for the creative sectors. We are, in many fields, pointing out the future and trends of communication from brands, fashion, advertising, the audiovisual industry, games to medicine and psychology. WE ARE SHOW! WE ARE BUSINESS! We go further. We will promote and strengthen our ecosystems. Create markets, more connections and collaborations. Showcasing our country and the paths that we find here from the economic, social and logistic difficulties that may occur along the way. The BRMC will continue receiving delegations from Europe, America, Asia, Africa, Australia with open arms. Connecting our market to the outside world. But also, and especially, connecting Argentines, Colombians, Paraguayans, Uruguayans, Chileans and all our dear neighbors, because WE ARE LATIN AMERICA.

Vamos manter o nosso olhar para o futuro e assim seguirmos. É para lá que vamos caminhando e, a cada dia, construir o nosso próprio caminho. Estimular, provocar o espírito empreendedor e sonhador dos nossos criativos e artistas; e nas milhões de pessoas impactadas, a sua essência, sentimento verdadeiro e o sentido de vida. Afinal, SOMOS O QUE SOMOS. Vamos saborear. De preferência, com uma boa música.

Let’s keep our eyes on the future and beyond. That is where we are heading and, each day, building our own way. To stimulate, to provoke the enterprising and dreamy spirit of our artists; and in the millions of people impacted, their essence, true feeling and sense of life. After all, WE ARE WHAT WE ARE. Let’s savor. Preferably, with some good music.

Aproveitem, inspirem-se e divirtam-se! Muito obrigado. Vida longa ao BRMC! Um grande abraço.

Enjoy, be inspired and have fun! Thank you very much. Long live the BRMC! Best regards.

Claudio da Rocha Miranda Filho - Co-Fundador e Diretor Geral

Claudio da Rocha Miranda Filho - Co-Founder and General Director


ANUÁRIO 2018

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RIO MUSIC CONFERENCE AGORA É BRAZIL MUSIC CONFERENCE RIO MUSIC CONFERENCE IS NOW BRAZIL MUSIC CONFERENCE Um pouco do nosso passado O Rio Music Conference (RMC) nasceu em 2009 como um encontro da indústria da música eletrônica e entretenimento visando a convergência entre os profissionais deste setor e oferecendo oportunidades a quem deseja participar ativamente do mercado. O RMC englobava a Conferência (parte dia), o Festival Rio Music Carnival e o Club Week (parte noite), estabelecendo-se em meio ao Carnaval carioca na intensa movimentação cultural já existente na cidade durante o período. A primeira edição do RMC surgiu da percepção que o mercado de música eletrônica estava crescendo. Já na época, mais de 3 bilhões de dólares eram movimentados por ano sem que houvesse um encontro que proporcionasse um ambiente democrático para a expansão organizada e integrada da indústria.

A bit of our past Rio Music Conference (RMC) was born in 2009 as a meeting of the electronic music and entertainment industry, aiming the convergence among professionals in this sector and offering opportunities to those who want to participate actively in the market. The RMC comprised the Conference (day part), the Rio Music Carnival Festival and the Club Week (night part), establishing itself in the midst of the Carioca Carnival due to the intense cultural movement that already existed in the city during the period. The first edition of the RMC came from the perception that the electronic music market was growing. Already at that time, more than $ 3 billion was moved every year without a meeting that would provide a democratic environment for the organized and integrated expansion of the industry.

Para assimilar as particularidades de um país continental, o RMC percorreu os mercados locais através de edições regionais, realizadas em 13 cidades de Norte a Sul do Brasil, fornecendo ao time da curadoria e organização insights valiosos que acabaram colaborando para a grande mudança que estava por vir.

In order to assimilate the particularities of a continental country, the RMC traveled to acknowledge all local markets inside Brazil through regional editions, held in 13 cities from North to South, providing the curatorship and organization with valuable insights that eventually contributed to the great change that was to come.

Além dos eventos, um dos maiores legados da conferência é este Anuário de Mercado, que desde 2012 analisa minuciosamente o cenário econômico e artístico da música eletrônica no Brasil e no mundo, fornecendo dados e caminhos possíveis para os interessados no setor.

In addition to the events, one of the major legacies of the conference is this Market Yearbook, which since 2012 has carefully analyzed the economic and artistic scene of electronic music in Brazil and in the world, providing data and possible paths of action for those interested in the sector.


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POR DENTRO DO BRMC10

A trajetória da conferência a consolidou como o principal evento do meio no hemisfério sul, sendo o ponto de encontro para personagens importantes da cena se encontrarem - muitos deles pela primeira vez. Nas áreas de networking muitas ideias nasceram, encontraram apoio e cresceram para tomar vida própria. No cenário internacional o BRMC mantém acordos de cooperação e troca de conteúdo com os principais festivais e conferências do mundo, como o ADE (Amsterdam Dance Event), WMC (Winter Music Conference, de Miami), EDMBiz (de Las Vegas), a PEW (Paris Electronic Week) e o IMS (International Music Summit, de Ibiza). Desde 2014 a conferência é associada a AFEM (Association for Eletronic Music), associação global que representa os interesses desta indústria.

The long-term trajectory of RMC has cemented it as the main event in the southern hemisphere. It’s the platform for important characters in the scene to meet - many of them, for the first time. In the areas of networking, several ideas were born, found support and grew to take on a life of their own. In the international arena, BRMC maintains cooperation agreements and exchange of content with the main festivals and conferences in the world, such as the Amsterdam Dance Event (ADE), WMC (Winter Music Conference in Miami), EDMBiz (Las Vegas), Paris Electronic Week and IMS (International Music Summit, Ibiza). Since 2014 the conference has been associated with AFEM (Association for Electronic Music), a global association representing the interests of this industry.


ANUÁRIO 2018

Em outubro de 2017 o Rio Music Conference (RMC) se transforma em Brazil Music Conference (BRMC), a conferência da dance music e show business. O processo culminou com o anúncio de um novo calendário e a mudança oficial para a cidade de São Paulo. O espaço escolhido para receber a maior de todas as conferências foi o Unibes Cultural, que já havia recebido três Edições Regionais da chamada RMC São Paulo. A mudança acompanha diversas novidades, como os seis macro-temas que organizam os conteúdos (Art In Sound, Future Forum, Somos Latinoamerica!, Trending Topics, Show Business e Music+Brands), um novo espaco para expositores, um Night Program à altura e uma grande festa de encerramento. Mantendo a tradição de reunir centenas de convidados de todas as partes do Brasil e do mundo em torno de seus debates, o encontro marca as comemorações do ingresso em sua décima temporada: BRMC10. Profissionais dos mais variados segmentos do setor, empresários, artistas e especialistas de todo o mundo participam ao longo de três dias de painéis, workshops, espaços de networking e debates sobre o mercado do entretenimento e da música. Em suma, o objetivo foi cumprido com louvor: desenvolver uma nova conferência com atrativos para um mercado que se renova em velocidade constante. Estar à frente de tendências, representar interesses do Brasil e seus vizinhos da América Latina e abrir espaços para diálogos cada vez mais plurais não é apenas um caminho para o BRMC, mas a única escolha possível para contemplar o exigente cenário da música do futuro.

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In October 2017 Rio Music Conference (RMC) becomes Brazil Music Conference (BRMC), the conference of dance music and show business in Latin America. The process culminated in the announcement of a new calendar and official change to the city of São Paulo. The space chosen to host the largest of all conferences is Unibes Cultural, which has already had three Regional Editions of the so-called RMC Sao Paulo. The change accompanies several new features, such as the six macro themes to better organize the contents (Art In Sound, Future Forum, Somos Latinoamerica!, Trending Topics, Show Business and Music + Brands), a new space for exhibitors, and a great Closing Party. Continuing the tradition of gathering hundreds of guests from all over Brazil and the world around important debates, the meeting marks the celebrations of the tenth season, so it’s BRMC10. Professionals from a wide range of industry segments, business people, artists and experts from around the world take part in three days of panels, workshops, networking and debates on the entertainment and music market. In short, the goal was well accomplished: to develop a new conference with attractions for a market that is renewed at constant speed. Being ahead of trends, representing interests in Brazil and its neighbors in Latin America and opening spaces for increasingly plural dialogues is not only an interesting path for BRMC, but the only possible choice in order to contemplate the demanding music scene of the future musicians and artists.


SUMÁRIO Index

Linha do Tempo

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Timeline

Trending Topics

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E a EDM?

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Where’s EDM?

Entrevista: Bruno Martini

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Bruno Martini Interview

Festival Também é Política

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Festivals are Political

Show Business

36

Dados de Mercado

38

Market Data

Nas Pistas do Brasil

40

Throughout Brazilian Dance Floors

Cenografia é o novo Headliner

48

Set design: the new headliner

Agências e Management

54

Agencies and Management

Art in Sound

58

Bossa Nova 60

60


Entrevista Marcos Valle

69

Marcos Valle Interview

Music+Brands O que as Marcas Querem?

74

What do Brands Want from You?

76

Entrevista Coy Freitas

80

Coy Freitas Interview

SOMOS Latinoamérica!

86

Continente unido; potencial infinito

88

United continent; infinite potential

Future Forum

108

Novas Tecnologias

116

New Tech

O Amanhã da Música do Futuro

128

Tomorrow’s music future

Heads of the Market

134

Expediente

144


Para manter a música viva: Ação e vocação. Ciência e arte. Tradição e futuro.

Somos apaixonados por música.

e encantamento. Razão

Somos o elo que conecta

e emoção. Tudo em perfeita

compositores, intérpretes,

sintonia. Como tudo que

músicos, editores e produtores

é vivo, a arte e o Ecad estão

fonográficos aos canais

em constante evolução.

e espaços onde a música

E nossa nova marca passa

toca e emociona as pessoas.

a ser o espelho de nosso papel

Unindo transpiração

no mundo, a tradução de

e inspiração. Técnica

nosso propósito.



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LINHA DO TEMPO

RMC

FRECUENCIAS

CHILE

FEV | FEB

MAI | MAY

JUL | JUL

RMC se despede do Rio de Janeiro com edição no Museu de Arte do Rio.

• DGTL estreia no Brasil com edição na grande São Paulo • Hi Ibiza abre suas portas no mesmo local onde o clube Space funcionou por 27 anos

Polêmica no Rio: decreto da Prefeitura condiciona liberação de alvarás para eventos a análise do Gabinete do Prefeito

RMC says goodbye to Rio de Janeiro at the MAR - Rio Art Museum

MAR | MAR Kondzilla, Alok e Vintage Culture figuram na lista de jovens com menos de 30 anos mais influentes do país na revista Forbes Brasil (edição especial “Under 30”)

• DGTL has its first Brazilian edition in the greater São Paulo area • Hi Ibiza opens its doors in the same place where Space club ran for 27 years

Kondzilla, Alok and Vintage Culture were on Forbes Brasil’s list of most infuential people under 30 in the country (“Under 30” special edition)

ABR | APR Tiësto lança faixa “Boom” com duo Sevenn flertando com Brazilian Bass Tiësto releases “Boom” with duo Sevenn, flirting with Brazilian Bass

JUN | JUN Ministério da Justiça emite nota técnica afirmando ser ilegal a prática de cobrança de valores distintos para ingressos masculinos e femininos Ministry of Justice issued a technical stating that it is illegal to charge different venue ticket values for men and women

Controversy in Rio de Janeiro: City Hall decree submits event licenses to analysis and approval by the Mayor’s Office

AGO | AUG “Hear Me Now” de Alok, Zeeba e Bruno Martini se torna a música mais tocada da história do Spotify Brasil e quebra barreira dos 100 milhões de plays no mundo • Anzu anuncia seu fechamento após 20 anos de atividades “Hear Me Now” by Alok, Zeeba and Bruno Martini becomes Spotify Brasil’s most played song and breaks the 100 million plays global barrier • Anzu announces closure after 20 years running


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ANUÁRIO 2018

D-EDGE

FESTIVAL

AVICII

SET | SEP

NOV | NOV

FEV | FEB

Chile recebe sua primeira conferência de música eletrônica, Frecuencias • Privilege realiza seu primeiro festival em Buzios

Resident Advisor anuncia fim do seu ranking de DJs

DJ e produtor Alesso se apresenta ao lado de Anitta em bloco de Carnaval no centro do Rio

Chile receives its first electronic music conference, Frecuencias • Privilege makes its first festival in Buzios

OUT | OCT RMC se transforma em BRMC • Martin Garrix mais uma vez é eleito melhor DJ do mundo no ranking da DJ Mag. Alok conquista melhor posição entre brasileiros na história da votação (19o lugar), e Vintage Culture e Cat Dealers também figuram no Top100 RMC becomes BRMC • Martin Garrix is once again elected the best DJ in the world by DJ Mag. Alok gets best position among Brazilians in the history of the vote (19th place), and Vintage Culture and Cat Dealers also ranked in the Top100

Resident Advisor announce the end of their DJ rank

DEZ | DEC

DJ and producer Alesso performs with Anitta at Carnaval in Rio de Janeiro

No Rio Grande do Sul, palco desaba durante festa e mata o DJ Kaleb Freitas, que se apresentava In Rio Grande do Sul, stage collapsed during event and kills DJ Kaleb Freitas, who was playing

JAN | JAN Decisão liminar em favor da Assenrio autoriza cobrança de preços diferenciados de ingressos masculinos e femininos Preliminary decision in favor of Assenrio authorizes charging different prices for male and female venue tickets

MAR | MAR • Clube Green Valley é eleito melhor do mundo pela terceira vez - outros 8 brasileiros figuram na lista da DJ Mag • Festa Sensation cancela turnê de três eventos no país • Green Valley is elected the best club in the world for the third time 8 more Brazilian clubs enter the DJ Mag list • Sensation cancels tour with three events in the country

ABR | APR Primeira edição do D-Edge Festival acontece em São Paulo Morre, com 28 anos, o DJ e produtor Avicii First edition of D-Edge Festival happens in São Paulo DJ and producer Avicii dies, age 28


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Conhecer tendências não é apenas uma opção, mas uma obrigação para os grandes profissionais de qualquer mercado criativo. Portanto é melhor manter os olhos e ouvidos bem abertos aos tópicos recorrentes no mundo atual. Questões de gênero, sexualidade e política estão nos holofotes; influenciadores e personalidades do mundo digital são o grande foco de atenção e investimento. Por outro lado, movimentações culturais genuínas têm mudado o panorama do mercado e quebrado fronteiras na música. Aqui é o espaço para debater iniciativas, movimentos e pessoas que vêm moldando o mundo em que vivemos.

Being aware of trends is a must for all serious professionals in any creative market. And right now, issues of gender, sexuality, data privacy and politics are in the spotlight, while influencers and personalities from the digital world are the main focus of attention and investment. Despite the focus on digital platforms, it is grass-roots cultural initiatives that really change the market and the cultural landscape, breaking down borders in music and other cultural activities. Trending Topics is the place to discuss initiatives, movements and the people who are shaping the world we live in.


#METOO Quem pensava que o movimento #metoo não fosse chegar à música eletrônica se enganou. Apesar de não acontecer com a mesma força e repercussão do cinema e de outros segmentos da música, histórias de assédio masculino na cena vêm aparecendo. A DJ e produtora The Black Madonna — voz que se destaca em defesa de um segmento mais inclusivo — pensa que ainda há muito a avançar nesse ambiente tão propenso a abusos. O que mais vem por aí?

#METOO If you thought the #metoo movement wouldn’t spread to electronic music, think again. Although it is not as viral and intense as in cinema and other music segments, stories of abuse to women in the scene have begun to show u. The DJ and producer The Black Madonna - a voice who stands up for a more inclusive segment - thinks there is still much to improve in this environment which is very prone to abuse.

SEM MAIS RANKINGS O Resident Advisor fez um anúncio surpreendente no final de 2017. O site, um dos mais influentes do mundo na música eletrônica, decidiu parar de promover suas disputadas eleições dos melhores do ano, tanto com votos de leitores como da própria equipe. Depois do resultado de 2016, os editores perceberam que as votações não refletiam mais a diversidade da cena e continuavam dominadas por homens norteamericanos e europeus. “Não queremos mais ranquear artistas desse jeito”, comunicaram.

NO MORE RANKS Resident Advisor made a surprising announcement at the end of 2017. The site, one of the most influential in the world of electronic music, decided to stop promoting their much disputed elections of the best of the year among voters and their own team. After the results of 2016, the editors perceived that votes no longer reflected the diversity of the scene and were still dominated by North American and European men. “We don’t want to rank artists this way”, they communicated.


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TRENDING TOPICS

CRÉDITOS YOHAN AUGUSTO

CADÊ A EDM? WHERE’S EDM? POR PAULO CANI

Por um lado, o gênero que arrebatou multidões no Brasil perdeu espaço; por outro, está mais consolidado do que nunca. On the one hand, the genre that drew huge crowds in Brazil has lost its ground. On the other, it is more established than ever.

Nos dias atuais muito se fala em crise, política, bem como onde vamos parar com tanta desordem generalizada em diversos mercados. Na música eletrônica o cenário está similar e tem muita gente perdida sobre tal futuro incerto. O universo vive certa instabilidade, por conta do setor financeiro, investimento em marketing e da própria internet que colabora para disseminação do conteúdo. Ao mesmo tempo, é uma indústria bilionária que se transforma a todo instante deixando órfãos, literalmente, fãs e artistas dedicados a vários estilos. Entre dezenas de subgêneros existe um em especial que

Nowadays, much is being said about crisis. The political one, as well as where we will end up after such generalized disorder in various markets. In electronic music, the scenario is similar and a lot of people is lost about such unpredictable future. This universe maintains a certain visible stability, due to investments in marketing and the internet, that contributes to the diffusion of content. At the same time, it is a billionaire industry that goes through transformations all the time, leaving many (literally)


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é tópico diário em discussões por todo o país, onde a pergunta que surge é sempre a mesma: “Cadê a EDM?”. A música eletrônica passou por muitas fases, a humanidade vivenciou uma série de acontecimentos e assistiu a propagação de músicas como, por exemplo, “Radioactivity” do Kraftwerk na década de 70, “Blue Monday” do New Order por volta de 80 até chegar nos primeiros hits da dance music nos anos 90, como “Pump Up The Jam” e “Rhythm Of The Night”. Que época de ouro, não é mesmo? E não por menos, foram descobertos uma infinidade de talentos, entre eles Daft Punk, Groove Armada, Fatboy Slim, The Chemical Brothers e The Prodigy. Foi justamente nesse período que surgiu um espaço para a Dance Music no mainstream, com o empurrão da MTV transmitindo vídeo clipes da e-music até surgirem os primeiros programas de música eletrônica nas rádios, em todo o planeta. Os primeiros vestígios da Electronic Dance Music, como a conhecemos, são percebidos através do icônico David Guetta em 2004. Mas foi exatamente em 2007 no lançamento do disco “Pop Life” que então a EDM nasceu de forma oficial, sendo introduzida em todos os canais de comunicação existentes no mundo, incorporada ao pop NorteAmericano de vez e batizada como a conhecemos hoje. Todos os continentes abraçaram o gênero que, em 2011, levou Guetta a tornar-se o DJ mais popular já visto, desbancando o Techno e Trance, gêneros que desde 1997 dominavam o tão polêmico e requisitado Top 100 DJs da revista britânica DJ Mag. Para Juliana Faria, do Dance Paradise Jovem Pan, as coisas aconteceram naturalmente: “Historicamente o rádio é um veículo muito poderoso até hoje; ele vive por novidade, principalmente musical. Musicalmente falando a EDM é super propícia para ser um som radiofônico. Tem melodia, vocal e toda a essência do que as pessoas gostam de ouvir seja nas festas, no carro ou com os amigos. Os programas de rádio no geral se pautam através de rankings como a Billboard, por exemplo, então foi bem fácil a introdução do gênero no nosso veículo”. Não demorou muito para o Brasil entrar na onda. As principais empresas do setor logo foram deixando de lado a nomenclatura das raves para iniciarem o processo

orphaned fans and artists of various styles. Among dozens of subgenres, there is one in special that is a recurrent topic in debates all over the country. And the question always is “Where’s EDM?” Electronic music has gone through many phases. Humankind has experienced a series of events and witnessed the propagation of tracks such as Kraftwerk’s “Radioactivity” in the 70s, New Order’s “Blue Monday” around 1980, up to the first dance music hits in the 90s, such as “Pump Up the Jam” and “Rhythm of the Night”. What a golden age that was! Not surprisingly, an infinity of talents was discovered. Among them were Daft Punk, Groove Armada, Fatboy Slim, The Chemical Brothers and The Prodigy. It was precisely in that time that Dance Music gained some ground in the mainstream with a little push from MTV airing electronic music videos, until the very first electronic music radio programs emerged worldwide. The first traces of Electronic Dance Music as we know it could be seen through the iconic David Guetta in 2004. But it was most exactly in 2007 that EDM was officially born with the release of “Pop Life”. It was then introduced into all media channels worldwide, incorporated into North American pop music for good and named as we know it now. All of the world embraced the music genre that, in 2011, turned Guetta into the most popular DJ ever seen. As a result, EDM overtook Techno and Trance, the genres that had been topping the controversial and much sought-after Top 100 DJs chart of British DJ Mag since 1997. According to Juliana Faria of Dance Paradise Jovem Pan, things followed their natural course. “Historically the radio has always been a very powerful medium. It relies on novelty, mainly musical. Musically speaking, EDM is super radio-friendly. It has got melodic and vocal lines, and all the essential elements of what people like listening to at parties, in the car or with friends. Radio programs in general are guided by charts such as Billboard’s, so it was very easy to introduce this genre in this medium.” It wasn’t long before Brazil went with the flow. The main companies in the sector put rave terminology aside in order to start organizing electronic music festivals such as XXXperience, Universo Paralello, Kaballah – and the list goes on. Those were glory days with lineups oriented


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de organização dos festivais de música eletrônica: XXXperience, Universo Paralello, Kaballah e a lista vai longe. Tempos gloriosos com line-ups focados em atrações internacionais caríssimas, que pegou carona em um “período de ouro” brasileiro, com a economia em alta e o poder de consumo nas alturas, que durou até 2015 quando começaram os escândalos políticos e o dólar foi às alturas. Foi então que os players do setor começaram a ter dificuldades em contratar os artistas internacionais, abrindo espaço para os talentos brasileiros. Vintage Culture e Alok se tornaram os novos ídolos protagonizando o auge do Deep House e o Brazilian Bass, respectivamente. “Outro fator que acelerou a ‘morte’ da EDM no Brasil foi o fato de ser um subgênero que nasceu em outro país e ganhou popularidade no Brasil, ou seja, não é algo criado por nós, como o BR Bass e suas ramificações, ou indo mais além, o Drum’n Bass brazuca que bombou no início dos anos 2000.” - completa Felippe Senne, da HUB Records. O mercado enxergou - ou simplesmente empurrou - os artistas nacionais de EDM como a bola da vez. O pagamento era em reais, a logística barata em comparação com os internacionais. Ademais, a música eletrônica nunca evoluiu tanto quanto nos últimos anos, e nunca atraiu tantos holofotes da mídia e atenção de outros estilos musicais: sinais de que o pico de saturação estava próximo.

towards extremely expensive international artists, riding on the back of a Brazilian “golden age”, with the country’s economy booming and a high purchasing power. This lasted until 2015, when a number of political scandals broke and the US dollar skyrocketed. It was then that players in the sector found it hard to hire international artists, which created space for Brazilian talents. Vintage Culture and Alok became the new idols, being key protagonists in the pinnacle of Deep House and Brazilian Bass, respectively. “Another reason that made the ‘death’ of EDM faster in Brazil was the fact that it is a subgenre that was born in another country and became popular here. In other words, it isn’t something we created, like Brazilian Bass and its branches, or rather, the Brazilian Drum’n Bass that was a big hit in the early 2000s”, Felipe Senne of HUB Records adds. The market saw EDM’s national artists as the next big thing – or simply pushed them into being it. The pay was in Brazilian reais and the logistics cheaper compared to international artists. Furthermore, electronic music had never evolved as much as in the last few years, and had never been in the spotlight of the media and attracted other musical genres’ attention. A clear sign it was reaching saturation point. According

to

sound

engineer

Bernardo

Schwanka



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CRÉDITOS FERNANDO SIGMA

Segundo o Engenheiro de Áudio da FABRIEK, Bernardo Schwanka, não foi só uma questão de mercado: “O público estava saturado do EDM que tocava tanto em festival quanto em festas para 100 pessoas. O ciclo precisava mudar e surgiram subgêneros como brazilian bass, que nada mais é que um EDM mais lento. As construções das tracks do gênero normalmente são feitas com synths e samples comuns na época do EDM”. Com a transformação dos estilos musicais a todo vapor, eis que surge o “Pop Eletrônico” carregando com si diversas influências, mas por aqui pelo menos o predomínio se manteve ao Deep House, Brazilian Bass, Trap e similares. Esse reflexo, como já foi dito, chegou a todos os eventos do Brasil, brilhando em clubes do interior, festas e grandes festivais como Rock in Rio e Lollapalooza. A essa altura da conversa, a pergunta que introduz o texto sem dúvidas pode ser respondida por: a EDM está em todos os gêneros da música eletrônica comercial, mesmo que seu mercado esteja em baixa em nosso país. Nas plataformas de streaming os números não mentem. As 10 músicas mais populares do Alok no Spotify, por exemplo, acumulam cerca de 600 milhões de plays. A música co-criada com Bruno Martini e Zeeba, “Hear Me Now”, atingiu o posto de música brasileira mais tocada em toda a história da plataforma. Ainda assim, hoje, dos 10 DJs mais escutados no Spotify Brasil, apenas

(FABRIEK), it wasn’t simply a market matter. “The audience was exhausted with the EDM that was playing either at festivals or 100 people parties. The cycle needed to change and subgenres like Brazilian Bass, which is simply a slower-paced EDM, came out. The construction of Brazilian Bass tracks is usually based on synths and samples, quite common elements at the age of EDM”. As a result of the fast-paced changes in musical styles, Electronic Pop then emerges, carrying with it many influences. But, in Brazil, they were predominantly Deep House, Brazilian Bass, Trap, and the like. As mentioned before, this has reflected in all Brazilian events, becoming the highlight at clubs on the countryside, at parties, and major festivals like Rock in Rio and Lollapalooza. At this stage, this article’s original question can be answered by stating that EDM is in all of commercial electronic music genres, even if its market is down. On streaming platforms, numbers don’t lie. Alok’s top ten tracks on Spotify, for example, rack up 600 million plays. “Hear Me Now”, co-created with Bruno Martini and Zeeba, has reached the position of most-streamed song in all of the platform’s history. Even so, out of the 10 mostlistened DJs on Spotify nowadays, only FTampa is an EDM producer. The kids that drank at this source have grown up and spread their wings. In the Top 100 ranking of DJ Mag (the very same magazine that had eyes only for Techno,


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“Creio que pista e streaming ainda são cenários bem separados no Brasil.” Pollyanna Assumpção

FTampa é produtor musical de EDM. A molecada que bebeu desta fonte cresceu e ganhou o mundo, no ranking dos 100+ populares da revista DJmag (aquela, que até a chegada de Guetta tinha olhos e ouvidos apenas para o Techno, Trance e House) o Brasil tem três representantes, sendo Alok o #19, Vintage Culture o #31 e Cat Dealers #74, respectivamente. “Creio que pista e streaming ainda são cenários bem separados no Brasil, principalmente quando percebemos que os maiores hits dos DJs brasileiros mais populares são ainda bootlegs. Temos cases de sucesso que fazem hits pras pistas e pras plataformas, mas se analisarmos o começo da trajetória de muitos deles, percebemos que as músicas autorais vieram depois de algum tempo de carreira onde muitos já eram estabelecidos com agendas lotadas.” - Pollyanna Assumpção, da Universal Music Brasil. Com esse tal Deep House brasileiro tomando conta, os artistas tiveram a oportunidade nos últimos tempos de expandir os negócios, levando seus shows para turnês nos Estados Unidos, Europa, Ásia, entre outros, lugares requisitados. Apesar de vivermos um cenário atípico, o resto do planeta ainda respira bastante da EDM, e o DJ mais bem pago do mundo ainda é o britânico Calvin Harris – pela quinta vez consecutiva, arrecadando uma média de U$50 milhões por ano. Hoje a lista dos 100 DJs mais populares, citada anteriormente, é composta em grande maioria por artistas de EDM, Pop, Dance e Trap. Neste universo de mudanças intensas, há muito o que acontecer, novos ciclos devem surgir. A EDM está viva para alguns e é passado para outros. Mas uma coisa é certa: boa parte do que nosso mercado é hoje, deve-se à Electronic Dance Music. Seja qual for o seu gênero predileto ou aquele com que você trabalha, o fato é que todos ganhamos com a ascensão deste estilo musical no Brasil e no mundo.

Trance and House music until the rise of David Guetta), we have got three Brazilians: Alok at No.19, Vintage Culture at No.31 and Cat Dealers at No.74. “I believe that dancefloor and streaming are quite separate scenarios in Brazil, mainly as we realize that Brazilian DJs’ greatest hits still are bootlegs. We’ve got successful artists that produce hit tracks aimed at the dancefloor as well as streaming platforms. But if we take a deep look at their history, we realize that original tracks were only produced after a while in their careers, when they were already established artists with busy schedules”, states Pollyana Assumpção of Universal Music Brasil. Because Deep House has been taking over the scene, artists have had the chance to expand their businesses in the last few years, touring the U.S, Europe, Asia and taking their sets to the most sought-after places. Although the Brazilian scenario is an atypical one, the whole rest of the world still breathes EDM in, and the highest paid DJ in the world is Calvin Harris, topping the chart for the fifth year in a row, having earned around 50 million dollars a year. Today the Top 100 DJs list, as mentioned above, is mainly made up of EDM, Pop, Dance and Trap music artists. In this universe full of intense changes, there is still a lot to happen and new cycles may come about. EDM is still alive for some and belongs to the past for others. But one thing for sure, a great part of what the music market represents today is due to Electronic Dance Music. No matter what your favourite genre is or which one you work with, it is a fact that we all benefit from the rise of this musical style in Brazil and worldwide.



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O MUNDO É POUCO PARA ELE: BRUNO MARTINI BRUNO MARTINI: THE WORLD IS ENOUGH POR BRUNA CALEGARI

“O desafio é ouvir seu coração, observar o mundo ao seu redor e saber esperar a sua vez de jogar” “The big challenge is to listen to your heart, watching the world around you waiting for your turn to play.”


ANUÁRIO 2018

Ele faz música sem barreiras geográficas e de idade; não tem referências óbvias, passa longe de modinhas e tem personalidade de sobra. Hoje, ele é a cara de toda uma geração. Bruno Martini tem 25 anos e alcançou projeção internacional com o sucesso “Hear Me Now”, a música brasileira com mais execuções no Spotify até hoje. Acompanham o setlist “Sun goes Down”, “Never let me go” e “ With Me”. Já colaborou com o lendário Afrika Bambaataa, recentemente produziu um álbum com Timbaland, produziu remix para Sofia Carson, compôs em parceria com Dennis DJ, Vitor Kley, Alok, e a lista continua! Atuando como DJ, Bruno é nascido e criado em meio ao universo da música - o jovem talento é filho de Gino Martini, integrante da banda Double You. Desde muito cedo o garoto que figurava no Disney Channel vem desenvolvendo uma personalidade artística inquestionável, e suas conquistas possuem tal magnitude que se assemelham a carreiras com mais de 20 anos. Talvez porque, para Bruno, a música é uma carreira que vem sendo trilhada desde muito cedo. Entenda mais sobre sua história, presente e um futuro que, se depender de suas posições agregadoras e otimistas, promete ser brilhante.

Seu pai tem um background musical muito rico. Como foi para você crescer num ambiente musical e, depois de um tempo, desenvolver seu próprio som? Poucos sabem que eu me formei em engenharia, mas a música sem dúvida alguma é o alicerce de quem sou. Desde muito novo convivi com estúdios, músicos, equipamentos e entendi a construção de uma canção. No meio do caminho ainda virei ator de um seriado da Disney [Que Talento!, de 2014 a 2016] que tinha a música como síntese principal. Uma coisa foi me levando a outra e, hoje, não sei dizer o que faria se não fosse música. É algo que se confunde com a minha própria vida e personalidade. Conciliar uma carreira tão meteórica como estudos é possível? O Bruno engenheiro ainda existe ao lado do Bruno DJ e produtor musical? Eles são parte do mesmo Bruno! Há uma construção, há pontes musicais e na engenharia há calculo, método, pensamento cartesiano. Mas sem um coração, sem a pulsação e a vontade de fazer algo diferente e que atenda a um grupo grande de pessoas, toda essa exatidão não

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He makes music without geographic or age differences; no obvious references, stays away from trends and has lots of personality. Today, he is the face of an entire generation. Bruno Martini is 25 years old and has reached international projection with the hit “Hear Me Now”, the Brazilian song with most plays on Spotify until now. Listen to the setlist “Sun goes Down”, “Never let me go” and “With Me”. He has already collaborated with the legend Afrika Bambaata, recently produced an album with Timbaland, a remix for Sofia Carson, wrote with Dennis DJ, Vitor Kley, Alok and the list goes on! As a DJ, Bruno was born and raised in the music business - the young talent is the son of Gino Martini, member of the band Double You. Since he was very little and appeared on the Disney Channel, he has been developing an unquestionable artistic personality, and his achievements are so grand that they equate to careers of more than 20 years. Perhaps it’s because to Bruno, music has been his career since he was a child. To get to know more about his story, present and a future that promises to be brilliant just due to his open and optimistic positions.

Your father has a very rich musical background. How was it for you to grow up in a musical environment and, after some time, develop your own sound? Not many people know, but I have a degree in engineering, but music, without a doubt, is the base of who I am. I have been in studios, known musicians, handled equipment and learned how to write a song. In my path I also became an actor of a series on the Disney Channel [Que Talento” from 2014 to 2016], which had music as its main theme. One thing led to the other and today, I don’t know what I would work with if not music. It’s something that mixes up with my own life and personality. Is it possible to balance such a successful career and studies? Does the engineer Bruno still exist beside the DJ and producer Bruno? They are part of the same Bruno! There is a construction, there are musical bridges and in engineering there is calculus, method, cartesian thinking. But there is no heart, no pulse and a will to do something different that attends to a big group of people, all of this exactness doesn’t have


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tem um bom resultado pra mim. As notas musicais são como algarismos, as melodias são como pilares, vejo semelhanças mas não consigo dizer exatamente quais! Só posso dizer que tanto num caso como no outro, a “ conta tem que fechar” e o resultado ser positivo. Quais são os grandes desafios de manter uma carreira em um mundo que muda tão rápido, com tamanha oferta de produtores? O desafio é manter os pés no chão, é manter-se fiel ao que se acredita, é ouvir seu coração, observar o mundo ao seu redor e saber esperar a sua vez de jogar. Não vejo a música como uma competição, uma olimpíada; eu a entendo como uma construção, uma expressão. É erro e acerto; nada mais é do que treino, é dedicação e paixão pelo que se faz. Sem paixão não tem graça. E não estou competindo, estou fazendo o que eu acredito. Como foi migrar do estúdio para os palcos, e da banda College 11 criada depois do programa no Disney Channel, para a cabine do DJ? Como você enxerga, da sua posição, a indústria da música eletrônica? Pode parecer curioso mas ainda estou tentando me achar, estou experimentando diversas formas de me expressar. Quero deixar uma assinatura; quero muito que alguém ouça e fale “essa só pode ser do Martini”! Creio que meu terreno é mesmo o da música pop mas quero unir meus dons, tocar instrumentos, reunir e interagir com outros artistas, transitar em outras vertentes, fazer vídeos e passar uma boa mensagem. Estou experimentando, e sinto que estou apenas começando. Acredita que existe muito espaço para artistas brasileiros conquistarem o mercado internacional? O mundo é uma coisa só: a internet deixou isso assim. Se nos comunicarmos em uma linguagem universal, o mundo vira uma bolinha. Quero falar para o mundo mas não tenho essa pressão de ser “mundial” apesar de ser uma artista da Universal internacional (risos). Sou Brasileiro e amo meu país apesar de tocar em muitos países. Vamos ver o que acontece. Vivo um dia após o outro!

a good result to me. Musical notes are like digits, melodies are like pillars, I see similarities but I can’t say exactly which! I can only say that in both cases, the problem ‘must be solved’ and the result positive. Which are the greatest challenged to maintain a career in a world that changes so fast, with so many producers? The challenge is to keep your feet on the ground, be faithful to what you believe in, listen to your heart, observe the world around you and know when it is your turn to play. I don’t see music as a competition, an olympic game; I see it as a construction, an expression. It is trial and error; nothing more than training, through dedication and passion for what you do. Without passion there is no fun. And I am not competing, I am doing what I believe in. How was it to move from the studio to the stage, and from the band College 11, created after the Disney Channel program, to the DJ booth? How do you see, from your position, the electronic music industry? This might seem curious but I am still trying to find my voice, I’m experimenting with different forms of expression. I want to leave my mark; I really want someone to listen and say “this can only be Martini”! I believe my place is pop music but I want to unite my talents, play instruments, colab and interact with other artists, other types of music, make videos and pass on a good message. I’m experimenting, and I feel that I am just beginning. Do you think there is much space for Brazilian artists to conquer the international market? The world is only one: the internet has made it that way. If we communicate in a universal language, the world becomes a bubble. I want to talk to the world but I don’t have this pressure to be “global”, even though I am a Universal international artist (laughs). I am Brazilian and I love my country even though I play in many different countries. Let’s see what happens. I live one day at a time!



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FESTIVAL PSICODÁLIA, 2018. CRÉDITOS HAI STUDIO / DUDA DALZOTTO


ANUÁRIO 2018

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FESTIVAL TAMBÉM É POLÍTICA FESTIVALS ARE POLITICAL POR INÁCIO MARTINELLI

O conturbado momento político vivido pelo Brasil faz com que temas de embates ideológicos estejam na ponta da língua (ou dos dedos) de grande parte da população. Seja na mesa de bar, na sala de jantar ou na tela do computador, política virou um tópico tão concorrido quanto final de novela e jogo de futebol. Porém, os grandes festivais de música do país ainda pecam em refletir essa discussão, com raras iniciativas voltadas a promover o engajamento do público nesses espaços. No exterior, atividades do tipo são bem difundidas. Talvez o maior exemplo seja Glastonbury, que possui uma forte veia política desde a sua criação, quando ainda era um festival ligado à contracultura e à sustentabilidade. Nos anos 80, o evento se tornou um dos maiores financiadores da Campanha pelo Desarmamento Nuclear. Hoje em dia, o público pode participar de painéis nos quais figuras do poder público e da iniciativa privada discutem temas atuais. O festival também abre espaço para que ONGs divulguem os seus trabalhos e a organização continua fazendo generosas doações financeiras a instituições como Greenpeace e Oxfam. Um exemplo mais contemporâneo de festival politicamente engajado é o americano Afropunk. Inicialmente, o evento visava ser uma plataforma para

Brazil is currently in a troubled political moment and this makes politics a theme that is on most people’s lips – or at their fingertips. At a pub, a dining room or on the computer screen, politics is a topic as disputed as that series’ season finale or a soccer match. However, major music festivals in Brazil still do not reflect this debate, there being very rare initiatives aimed at promoting the engagement of the audience in those spaces. Activities like these are quite widespread in other countries. Glastonbury Festival may be the greatest example, as it has had a strong political streak since its beginning, when it used to be a festival associated with counterculture and sustainability. In the 80s, the event became one of the greatest sponsors of the Nuclear Disarmament Campaign. Nowadays, festival-goers can take part in panels in which current issues are discussed by private sector and public authorities. The festival also creates space for NGOs to promote their work, and its foundation keeps making generous donations to organisations such as Greenpeace and Oxfam. A more contemporary example of a politically engaged festival is Afropunk. Initially it aimed at being a platform that would bring together black people who listened to


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reunir pessoas negras que ouviam punk, um subgênero musical normalmente associado à população branca. Com o tempo, o festival passou a agregar outros ritmos e tornou-se uma celebração da cultura negra em geral. Além de ter como lema principal o combate a qualquer forma de opressão, o Afropunk também encoraja o público a participar do debate político. Para isso, foi criado um sistema de pontos (Earn a Ticket Program) que premia com um ingresso quem realiza uma série de tarefas que vão desde seguir páginas de ONGs nas redes sociais até limpar parques e participar de reuniões com ativistas. No Brasil, a primeira edição do Rock in Rio possui uma importância histórica por ter acontecido momentos antes do fim da ditadura militar, simbolizando a redemocratização tupiniquim e a liberdade de expressão. Porém, apesar do significativo apoio à proteção da Amazônia, o festival deixou a política de lado em suas edições mais recentes, restando aos artistas usarem o alcance do evento para protestarem, como no show de Liniker e Johnny Hooker no Palco Sunset ano passado. É evidente que ser politizado é uma característica que não se adequa a todos os eventos, principalmente por motivos comerciais. Porém, na atual conjuntura do país, incentivar o diálogo sobre política entre o público jovem deveria ser um pré-requisito de todo grande festival.

FESTIVAL PSICODÁLIA, 2018. CRÉDITOS HAI STUDIO / DUDA DALZOTTO

punk rock, a musical subgenre usually associated with white people. Over time, the festival has included a wider range of musical genres and became a celebration of black culture in general. Afropunk’s main motto is to fight oppression of all kinds and, besides that, it also encourages the festival-goers to engage in political debate. To this end, a point-earning system has been created (Earn a Ticket Program). It awards a ticket to those who engage in a series of tasks that go from following NGOs on social media to cleaning parks or taking part in meetings with activists. In Brazil, the first edition of Rock in Rio is historically important, as it took place right before the end of military rule, which symbolized the democratization of Brazil and freedom of speech. However, despite its meaningful support to protect the Amazon then, Rock in Rio has put politics aside in its most recent editions, leaving it to artists to use the festival’s reach to protest against certain issues, as in Liniker and Johnny Hooker’s concert on the Sunset Stage last year. It is clear that being political is not a characteristic that fits all events, mainly for commercial reasons. However, considering Brazil’s current state of affairs, encouraging dialogue about political issues among young people should be a prerequisite for every major festival.



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Apesar de ser o ápice para o público, cada apresentação artística (seja um show ou DJset) é apenas o produto final de uma cadeia produtiva riquíssima, composta por profissionais competentes de diversas áreas do entretenimento, compreendendo clubes, festas e festivais de renome. Muitos destes profissionais aprenderam na prática e contam com anos de mercado, já outros estão iniciando carreiras brilhantes: o ponto em comum entre eles reside nas imensas dificuldades imposta pelo sistema para executar experiências que ficarão para a vida toda. Mas o show tem que continuar!

Every show or DJ set is really the end product of a long and dedicated production chain that involves talented and dedicated professionals from a wide range of areas of the entertainment industry, including clubs, parties and well known festivals. Many of these people have learned their trade through years of hard work and a whole lot of self-belief, while others are just at the beginning of what they hope is a brilliant career: the common ground between them all is that the hardest thing in the world is to sustain any career over a number of years. Despite this, the show must go on! And it always does...


RAIO-X DA MÚSICA NACIONAL A Folha de São Paulo analisou 134 bilhões de execuções no YouTube, entre 2014 e 2017, para fazer um mapa detalhado do que os brasileiros estão ouvindo. Apesar do domínio do sertanejo, o estudo constatou um amplo quadro de misturas sonoras e comprovou fatos que muitos já imaginavam, como a ascensão da música eletrônica no Sul e Sudeste e o fortalecimento cada vez maior do streaming, principalmente através de playlists – estima-se que 3 entre 4 usuários costumam criar suas próprias seleções.

X-RAY OF BRAZILIAN MUSIC Folha de São Paulo newspaper analyzed 134 billion plays on YouTube, between 2014 and 2017, to make a detailed map of what Brazilians are listening to. Despite the domination of sertanejo (country music), the study showed a wide range of sounds and proved fact many already imagined, such as the ascension of electronic music in the southern and southeastern regions of Brazil, and the growth of streaming, especially through playlists - approximately 3 to 4 users create their own collections.

BEATS NAS RUAS Enquanto o carnaval de rua se solidifica de vez em grandes cidades do Sudeste e até do Sul, onde isso era impensável há poucos anos, espaços se abrem para blocos de todos os estilos. A música eletrônica não podia ficar de fora: em 2018, dezenas de eventos foram organizados tanto por coletivos já conhecidos da cena como por grandes empresas do ramo. Quem agradece é o público, que ocupou as ruas e seguiu em massa os trios elétricos em festas como a Gopslock e a Carreta Apolo (SP Beats), o Bloco D.Rrete e o Unidos do BPM, em São Paulo e a Mikatreta, em Belo Horizonte. Sem falar, é claro, em outras dezenas de blocos (inclusive os clandestinos) na capital do carnaval, o Rio de Janeiro.

BEATS ON THE STREETS While the street carnival solidifies once in big cities of the Southeast and until the South, where this was unthinkable a few years ago, unraveling “bloquinhos” of all styles. Electronic music could not be left out: in 2018, dozens of events were organized by both groups already known on the scene and by major companies in the field. The public, who took to the streets and massively followed the electric trios at parties such as Gopslock and Carreta Apolo (SP Beats), D.Rrete and Unidos do BPM in São Paulo and Mikatreta in Belo Horizonte. Not to mention, of course, in dozens of other blocks (including clandestine ones) in the capital of Carnaval, Rio de Janeiro.


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SHOWBUSINESS

DADOS DO MERCADO MARKET DATA A partir desta edição o Anuário BRMC apresentará os dados do mercado de forma mais flexível; encerrando o acompanhamento anual de dados que trazia em infográficos a evolução das estimativas anuais de público, arrecadação, cachês e patrocínios dos eventos de música eletrônica espalhados pelo Brasil. O principal motivo da mudança é que entre a concepção deste modelo, em 2011, e a última edição do Anuário, em 2017, o mercado mudou de forma significativa - assim como também mudaram as métricas capazes de trazer informações e insights relevantes para os diversos protagonistas interessados neste universo. Assim, dentro desta nova realidade e das novas diretrizes da conferência, apresentamos uma compilação de dados variados, contando com o suporte de experts neste assunto.

From this edition, the BRMC Yearbook will present the market data in a more flexible way; analyzing the annual monitoring of data and presenting infographics with the evolution of annual estimates in audience, revenue and sponsorship of electronic music events spread throughout Brazil. The main reason for the change is that between the design of this model in 2011 and the last edition of the Yearbook in 2017 the market has changed significantly - as have the metrics that could bring relevant information and insights to the various players interested in this universe. Thus, within this new reality and the new guidelines of the conference, we present a compilation of varied data, counting with the support of experts in this subject.

RECEITA COM MÚSICA 2017 2017 RECORDED MUSIC REVENUES FONTE: MIDIA RESEARCH

A FORÇA DAS PLAYLISTS

Receita global da música gravada Global recorded music revenue

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dos ouvintes do streaming usam as Playlists of streaming listeners use playlists

dos ouvintes do streaming criam as suas próprias playlists of streaming listeners create their own playlists FONTE: NIELSEN MUSIC

5,2bi

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Receita Universal Music Global recorded music revenue

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Receita de selos independentes Combined independent and artists revenue

Receita com streamings Streaming music revenue NO BRASIL, AS PRINCIPAIS FONTES DE STREAMING SÃO: IN BRAZIL, THE MAIN SOURCES OF STREAMING ARE:

YouTube usuários que não assinam os serviços (uso gratuito) users who don’t subscribe to services (free use) assinantes de serviços subscribers to streaming platforms FONTE: MIDIA RESEARCH

O crescimento na quantidade de streaming de música eletrônica entre 2017 e 2018 Electronic music streaming between 2017 and 2018 has grown over FONTE: DEEZER


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ANUÁRIO 2018

PRINCIPAIS FORMATOS DE CONSUMO MUSICAL NO BRASIL HOW DO BRAZILIANS LISTEN TO MUSIC FONTE: MIDIA RESEARCH

Rádio Vídeos Stream gratuito Stream for free Shows e festas Go to gigs and concerts Rádio Apps de música gratuitos Use free music app CDs Merchadising Assinaturas Pay for subscription Compra de músicas Buy tracks Compra de vinil Buy vinyl

USUÁRIOS MENSALMENTE ATIVOS EM SERVIÇOS DE STREAMING DE MÚSICA NO BRASIL MONTHLY ACTIVE USERS OF MUSIC STREAMING SERVICES FONTE: MIDIA RESEARCH

AS REDES SOCIAIS COMO O PRINCIPAL CANAL DE PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO SOCIAL NETWORKS AS THE MAIN CHANNEL OF PROMOTION AND DISSEMINATION

dos ouvintes de streaming usam as redes sociais para se informarem sobre música of streaming listeners use social media to find out about music buscam novas músicas e álbuns are looking for new songs and albums turnês e novas datas tour and new dates bastidores e vida pessoal dos artistas behind the scenes and personal life of artists FONTE: NIELSEN MUSIC


NAS PISTAS DO BRASIL THROUGHOUT BRAZILIAN DANCE FLOORS

CRÉDITOS IMAGE DEALERS


CRÉDITOS LEANDRO QUARTIEMEISTER



CRÉDITOS FERNANDO SIGMA

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CRÉDITOS CAIO GRAÇA


CRÉDITOS FELIPE GABRIEL

CRÉDITOS FERNANDO SIGMA



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SHOWBUSINESS

CRÉDITOS ROOM28

CENOGRAFIA: O NOVO HEADLINER SET DESIGN: THE NEW HEADLINER POR FELICIO MARMO

O visual de uma noite memorável já não é mais uma ação isolada dentro da experiência de festas e festivais na vanguardista capital de São Paulo, bem como no resto do país onde pupilas são cada vez mais convidadas a sonhar junto com o trabalho fino de um time de profissionais novos que invadem a cena noturna (e das day parties também). Os arquitetos e designers da balada já são encontrados criando espetáculos a parte, em núcleos independentes e nas grandes produções, ampliando a atuação da área que antes era dominada mais pelos VJs.

The visuals of a memorable night is no longer isolated actions in the party and festival experience in the avantgarde capital of São Paulo, as well as in the rest of the country. Our pupils are also invited to dream with the fine work of a team of new professionals invading the night scene (and day parties as well). Party architects and designers have been creating spectacles of their own in independent events and large productions, expanding on the area dominated by VJs in the past.


ANUÁRIO 2018

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CRÉDITOS GUI URBAN

“O público busca cada vez mais participar do evento, a energia da pista, o som e os visuais juntos proporcionam uma experiência única e sensações a qual todos querem vivenciar”, conta Junior Costa Carvalho, do Sala28 que foi responsável pela iluminação cenográfica do Dekmantel no Brasil em 2017 e 2018, e que melhor aproveitou a beleza dos galpões abandonados de São Paulo pra criar uma estética da nova noite da cidade, criando para diversas festas independentes. As megaproduções ganharam ainda mais refinamento para mexer com os sentidos de frequentadores exigentes, e nesta seara o mercado da cenografia segue em plena expansão. Caso de Mario Sergio de Albuquerque. Sócio diretor da Laroc, foi produtor dentro da Plusnetwork, assinando produções de todos os eventos, incluindo Tomorrowland, Elrow, Electric Zoo. No Laroc, contratou o escritório holandês 250k pra fazer um remake no visual da casa. Agora ele vai representar a empresa no Brasil para projetos especiais de cenografia de festivais e shows.

“The public wants to participate in the events, the energy of the dancefloor, the sound and the visuals together provide a unique experience and sensations that everyone wants to have”, says Junior Costa Carvalho, from Sala28, responsible for light design at Dekmantel in Brazil 2017 and 2018, and enhanced the beauty of abandoned warehouses in São Paulo to create an aesthetic for the new nightlife in the city for several independent parties. Mega-productions gained even more refinement in order to please the senses of the demanding public, and this is where the set design market is in full expansion. The case of Mario Sergio de Albuquerque. Associate director of Laroc, he was a producer at Plusnetwork, representing all of their events, such as Tomorrowland, Elrow, Electric Zoo. At Laroc, he hired the Dutch office 250k to redesign the club’s visuals. Now he is representing the company in Brazil for special festival and show design projects.


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SHOWBUSINESS

“A twofiftyk é um escritório multi-disciplinar onde conseguimos oferecer soluções diversas para eventos, artistas e até o mercado corporativo. Tudo desenvolvido e criado na Holanda, porém com execução 100% nacional com o know-how que adquiri na produção de grandes festivais no Brasil. Muito empolgado com essa nova alternativa pro mercado nacional que tanto precisa de inovação”. Conversamos com esses dois peritos e sensíveis no assunto pra você entender um pouco mais sobre como a cenografia está mudando a cara dos rolês pra sempre.

“Twofiftyk is a multidisciplinary office that offers multiple solutions for events, artists and even the corporate market. Everything is developed and created in Holland, but executed 100% in Brazil with the know-how I acquired producing big festivals in Brazil. I’m very excited with this new alternative for the national market very much in need of innovation”. We spoke with these two experts to understand more about how set design is changing the face of the nightlife forever.

MÁRIO SÉRGIO | LAROC A Laroc se destaca incluindo temáticas visuais impactantes na sua proposta de valor desde o primeiro dia de funcionamento. O que já mudou da estreia até os dias atuais? Laroc desde sua estreia já veio com uma proposta diferenciada. Não tínhamos uma simples ‘cabine’ de club e sim um palco como os festivais. Os elementos de madeira junto de painéis de LED e luz já nos posicionava de outra maneira. A combinação da natureza, com tecnologia aliado a boa música eram os ingredientes iniciais. Tínhamos a certeza que em dois anos faríamos uma completa mudança, até pela vida útil da madeira utilizada com a ação do tempo, calor, humidade e etc. Após este período inicial do club, ouvimos de vários artistas e do público que o Laroc tinha um ‘festival feeling’ e aí então resolvemos assumir isso de fato buscando que pudesse nos auxiliar a fazer uma remodelagem completa trazendo algo inovador para o cenário de ‘clubs’. Não foi só a cenografia, mas novo mapa de luz, LED, as fitas no teto e os elementos aéreos que tem total link com nossa identidade visual. Estamos em constante evolução sempre tentando estar um passo a frente. Quais são os planos para a 250k no Brasil a partir de sua representação? Além do Laroc, que foi o primeiro case no Brasil, hoje já temos o Só Track Boa como clientes, onde fizemos o Stage Design, Light Design e Visual Content para a temporada 2018 que será inaugurado na Kaballah em uma versão pocket, guardando as surpresas para as edições maiores do festival.

MÁRIO SÉRGIO | LAROC

Laroc has been calling attention with its impacting thematic visuals in its value proposal since the first opening day. What has changed since then? Laroc,ever since its opening, has a different proposal. We didn’t have just a simple club cabin, but a festival stage. The wooden elements with LED panels and lighting in themselves put us in a different position. The combination of nature and technology and quality music were the initial ingredients. We were certain that in two years we would make a complete change, especially due to the working life of the wood, weathered by time, hear, humidity, etc. After this initial period of the club, we heard from several artists and the public that Laroc had a ‘festival feeling’,and that’s when we decided to explore that by searching for what could help us completely remodel and bring something innovative to the ‘club’ scene. It was not only set design, but a new light map, LED, ceiling tape and aerial elements that have total connection with our visual identity. We are in constant evolution, always trying to keep one step ahead. What are the plans for 250k in Brazil under your representation? Besides Laroc, our first case in Brazil, today we are working with Só Track Boa as clients, where we did Stage Design, Light Design and Visual Content for the 2018 season to be inaugurated at Kaballah in pocket version, saving the surprises for bigger editions of the festival.



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JUNIOR COSTA CARVALHO | SALA28 Como foi trabalhar com o holandês Bob Roijen, designer de luz e de palco do festival Dekmantel? Pensando como um remix para a ideia original do artista, que elementos a mais a Sala28 adicionou para os visuais do festival no pais? Trabalhar com o Bob Roijen no 1º ano foi gratificante, uma troca de experiência de ambas as partes. Já no 2º ano, foi uma honra saber que a Sala28 assinaria inteiramente os visuais do festival. Pensando como remix, ele trouxe sua experiência de produção de festivais holandeses, e nós adicionamos ao projeto o que a cena underground eletrônica de SP vem vivenciando atualmente. Colocamos um pouco de nós e colaboramos com outros artistas que fazem a cena ficar cada vez mais interessante e ajudar nessa evolução, criando sempre uma experiência única para o público. O principal elemento encontrado nas cenografias clubbers montadas por vocês ~e o néon, revisitando aí uma estética kitsch de forma atual e única. Como se deu essa construção para Gop Tun e para outras festas de São Paulo? Na verdade, o que usamos são barras de LED digital desenvolvidas pela Sala28, esse é o nosso grande diferencial. O processo foi longo até chegarmos a esse formato que é bem semelhante ao Neon. Desde que começamos nossos estudos com o LED digital nunca mais paramos, porém a Sala28 não se limita apenas à utilização de tubos, fazemos o uso de diversos equipamentos e bastante técnica para chegarmos ao resultado final de cada projeto: volumetria, luz, fumaça, reflexão, sombras e efeitos ópticos são alguns deles. Sobre a Gop Tun, além da parceria, existe uma amizade de longa data, antes mesmo da própria formação da GOP. Confiança e liberdade de criação são os pontos chave para o resultado de superação em cada trabalho executado ao longo dessa jornada, o desafio em transformar galpões e locais abandonados em experiência única é o que motiva a Sala28 a inventar novas estéticas.

JUNIOR COSTA CARVALHO | ROOM28

What was it like to work with the Dutch Bob Roijen, light and stage designer for Dekmantel festival? As a remix of the original idea of the artist, which elements did Sala28 add to the visuals of the festival in Brazil? Working with Bob Roijen in the first year was gratifying, it was an exchange of experience for both parts. In the second year, it was an honor to know that Sala28 would sign the visuals entirely. Thinking in terms of a remix, he brought his experience in production of Dutch festivals, and we added to the project what the underground electronic music scene of São Paulo is doing now. We put a bit of ourselves and collaborated with other artists who make the scene more interesting and help in this evolution, creating a unique experience to the public. The main element found in the club design you make is neon, revisiting a kitsch aesthetic in a new and unique way; How did this come about for Gop Tun and other parties in São Paulo? Actually, we use digital LED bars developed by Sala28, this is our great attribute. It was a long process until we arrived at this format which is quite similar to neon. since we began our studies with digital LED we never stopped, however Sala28 is not limited to the use of tubes, we use many different equipments and many techniques in order to arrive at the final result of each project: volumetry, lights, smoke, reflections, shadows and optical effects are just a few. About Gop Tun, we have a long friendship from before they began their project. Trust and freedom to create are the key elements for evolving on each and every project on this journey, the challenge of transforming warehouses and abandoned locations in a unique experience is what motivates Sala28 to invent new aesthetics.


A revista brasileira de música eletrônica

SHARAM JEY

R$ 19,90 • Nº 48 • janeiro/fevereiro 2018

MAIOR PUBLICAÇÃO DE MÚSICA ELETRÔNICA DO BRASIL

49 EDIÇÕES LANÇADAS

DESTAQUES DO ANO Nossos colaboradores apontam o que mais lhe chamaram atenção em 2017

MAGIC ISLAND

Sucesso do evento, que reuniu 40 atrações, já garante edição de 2018

FERNANDA MARTINS R$ 19,90 • Nº 41 • 2015

É do Brasil uma das maiores representantes femininas do techno mundial na atualidade

A revista brasileira de música eletrônica

ROCK IN RIO Palco Eletronica provou sua força dentro do festival com público expressivo nos 7 dias

GABRIEL

De alma leve, vive o sonho de muitos; 2017 foi o melhor ano da carreira, que completa uma década de bons resultados

BONI FANCY ADAM INCBEYER | MUTEK | OCTAVE | ETAPP ONE KYLE | MEME | ADE | UMF | SOUL.SET BRASIL || DEKMANTEL TANTSA | TRIBALTECH | BPM

TOMORROWLAND

O fenômeno belga agora também é brasileiro

Com suas releituras de clássicos e um plano de carreira bem definido, o DJ e produtor paranaense chega ao topo da cena eletrônica nacional

RIO MUSIC CONFERENCE Evento se consolida como o maior encontro eletrônico da América Latina

UNIVERSO PARALELLO

A revista brasileira de música eletrônica R$ 19,90 • Nº 47 • julho/agosto/setembro

Vintage Culture

O mítico evento do sul da Bahia celebra 13 anos de festas

VIRADA À PAULISTA

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O evento paulistano, que celebra a música dançante, chega ao segundo ano com a pujança vital para surpreender o público

A cena dos beatmakers de São Paulo cresce em alto e bom som

CREAMFIELDS | HAPPY HOLI | WARUNG DAY | LOLLAPALOOZA

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10 ANOS A revista brasileira de música eletrônica

RMC 2017

ADE 21a EDIÇÃO

Maior encontro de música eletrônica no mundo chama a atenção através dos números cada vez mais impressionantes

A VEZ DELAS

Com eventos importantes no Brasil e exterior, prova por que é referência na América Latina

TOP 50 CLUBS

Confira o ranking que mobilizou novamente dezenas de estabelecimentos pelo país

MELHORES DE 2016

20 mulheres com sororidade, profissionalismo e talento de sobra contam suas histórias e desafios na cena nacional

Sucesso mundial ao apostar num som reconhecidamente próprio, trilhou por caminhos sólidos para então atingir o patamar que poucos artistas brasileiros já alcançaram

Perguntamos aos nossos colaboradores sobre seus destaques pessoais no ano

AnnA 1

ADAM BEYER | OCTAVE ONE | MEME | UMF BRASIL | DEKMANTEL |

WWW.HOUSEMAG.COM.BR

VENCEDOR DE 4 PRÊMIOS DO RMC

BPM

11 ANOS DE MERCADO

JEFF MILLS

O mago do techno conta a respeito de existência humana, composições musicais e da nova obra baseada no Sistema Solar

WINTER MUSIC

10ª edição do festival, que já virou tradição no inverno catarinense, comemorou os dez anos da House Mag em grande estilo

MULTIFACETADO

Parte de vários projetos emblemáticos, Zopelar fala sobre reflexões artísticas e do ambiente inspirador em que está inserido

V INN E

O artista, de apenas 20 anos, é a bola da vez no sucesso do bass nacional, com faixas como “Rock U” e “Bring it Back”

TOP 50 DJS | COACHELLA | CLAUDINHO BRASIL | EL FORTIN | DEKMANTEL | DGTL


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O QUEBRA CABEÇA DE AÇÕES E CARACTERÍSTICAS QUE RESULTA EM UM BOM MANAGEMENT THE PUZZLE OF FINDING AND BEING A GOOD MANAGEMENT PROFESSIONAL POR ALAN MEDEIROS

Com o mercado da música eletrônica cada vez mais aquecido em solo nacional, os serviços que envolvem essa indústria têm passado por um momento de intensa profissionalização. Prova disso são as agências de bookings e especialmente as de management do Brasil, que têm se estruturado e mudado de forma significativa não somente a carreira dos artistas trabalhados, mas também o mercado como um todo. Mas, pra começo de conversa: o que afinal um manager faz? O management, para ser explicado de uma forma bem direta, é o responsável por todo posicionamento de marca de um determinado artista em um determinado cenário. Há diferentes formatos de management, mas geralmente eles englobam comunicação, relacionamento com a parte de bookings (em muitos casos esses dois exemplos andam juntos), representação frente às gravadoras e mais. Ou seja, o profissional ou a agência de management traz um ar profissional para a jornada musical de um DJ/produtor, algo que, muito provavelmente, o representado não teria know how para executar. Com a profissionalização que citamos no começo deste texto, novas agências e personal managers surgiram. Estes, qualificados de forma técnica, têm guiado

Whilst the Brazilian electronic music market increases its heat, the services encompassed by this industry go through a moment of intense professionalization. As evidence, booking agencies and specially management agencies have structured and significantly changed, not only the career of their artists, but also of the market as a whole. But in the first place, what does a manager do? Management, in a nut-shell, is responsible for every brand positioning of a particular artist in a given scenario. There are different management formats, but they usually include communication, relationship with the bookings (in many cases these two examples are tied), representation when dealing with record labels and more. That is, the manager or the management agency, brings a professional backing to the musical journey of a DJ / producer, something that, most likely, the represented artist would not have knowhow to perform. As mentioned before, with the professionalization of the sector, new agencies and personal managers emerged. These technically qualified people have steered true transformations within electronic music made in Brazil. For example, Vintage Culture has entered Entourage


ANUÁRIO 2018

verdadeiras transformações dentro a música eletrônica made in Brazil. Alguns exemplos clássicos? Vintage Culture entrou para o casting da Entourage sem uma grande base de fãs, quatro anos depois acumula gigs dentro e fora do Brasil com uma popularidade nunca antes vista dentro do mercado - milhares de fãs em todas os shows, milhões nas redes sociais. A carreira dos Tropkillaz certamente não seria a mesma sem o excelente acompanhado de Rogerio Rodrigues e seu staff. Num contexto mais conceitual, vale destacar o trabalho da D AGENCY junto a Apex Music com a DJ e produtora BLANCAh, hoje um dos nomes brasileiros com maior potencial de inserção no mercado do exterior. Outros ótimos exemplos não faltam, mas é realmente curioso observar é o que há em comum entre todos esses trabalhos citados: planejamento estratégico, visualização de resultados a médio/longo prazo e investimento financeiro. Sim, a marca de um artista precisa ser tratada como uma visão mais business, especialmente para aqueles que já estão em um nível mais avançado em suas carreiras. Dentro desse panorama, investir em questões que vão desde Facebook Ads até um bom estúdio de engenharia sonora pode ser decisivo para melhorias na carreira. Maurício Soares, responsável pela orientação horizontal dos artistas Clara Ribeiro, DJ Glazer, Jun Honda e outros, através da Alma Music, comenta sobre o papel de um manager frente a seus artistas: “O bom manager tem uma visão clara sobre o trabalho do artista, bem como onde e como o mesmo se encaixa ao mercado, e por isso consegue ao mesmo tempo proporcionar a liberdade e a proteção necessárias para o processo de criação.”. Percebe-se acima que este profissional também tem como objetivo deixar o artista com o mais tempo livre possível para se dedicar às atividades conectadas ao seu desenvolvimento artístico. As tomadas de decisões importantes quase sempre acontecem em conjunto, o diferencial que é um bom gestor traz ônus e bônus de cada caminho possível com clareza, para que o artista possa ter uma visão mais clara sobre os desdobramentos de sua carreira. Marc Lankreijer, nome ativo no cenário internacional desde a década de 90 e fundador da Amsterdam Music Society (AMS), comentou com exclusividade ao BRMC uma das obrigações de um manager que poucas vezes lembramos: “Você tem que estender sua rede conhecendo pessoas do mundo todo

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casting without having a large fan base. Four years later, after accumulating gigs in and out of Brazil he now has a never-before-seen popularity within the marketplace thousands of fans at all shows and millions of followers on social networks. Another success case, Tropkillaz’s race would certainly not be the same without the excellent addition of Rogerio Rodrigues and his staff. In a more conceptual/underground context, it is worth mentioning the work of D AGENCY in partnership with Apex Music working on DJ and producer BLANCAh - today, one of the Brazilian names with greatest potential for overseas market insertion. We don’t lack great examples, but curiously, they all share some common factors within their works: strategic planning, results programming in mid/long term and financial investment. Obviously, the artist’s brand must be treated as business, especially for those who are already at a higher level in their careers. Within this scenario, investing on a range of tools from Facebook Ads, to a good mix/mastering (engineering) studio can be crucial for career enhancements. Maurício Soares, responsible for artists Clara Ribeiro, DJ Glazer, Jun Honda and others, comments on the role of a manager towards his artists: “The good manager has a clear vision about the work of the artist, as well as where and how it fits into the market. Hence, providing the necessary freedom and protection for the creation process”. You can notice this professional has also the objective to provide the artist with the greater free time possible, in order to address the activities connected to his/her artistic development. Important decision-making are almost always decided together - the differential is that a good manager knows how to plainly ponder the pros and cons of each possible path, so the artist can have a clearer vision about his/her career’s unfolding. Marc Lankreijer, who has been active on the international market since the 90s, and founder of the Amsterdam Music Society, commented exclusively to BRMC one of the manager’s obligations that we rarely remember: “You have to extend your network by personally meeting people from all over the world and live the club scene, just like the DJ does every weekend”. Mauricio Soares also complements speaking about some common investments nowadays, such as logistics with jets


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pessoalmente e viver a cena clubber, assim como o DJ faz todo fim de semana.”. Mauricio Soares ainda complementa e fala sobre alguns investimentos relativamente comuns, como logística com jatinhos (por vezes apenas para uma filmagem ou captação fotográfica) ou fazendas de engajamento artificial nas redes sociais. Segundo o profissional, estas opções podem parecer importantes hoje, mas de fato não constroem uma relação genuína com os fãs, que são quem compra os ingressos, produtos e alavanca de fato a carreira do artista. “Existe uma fase de descoberta que é muito bacana, mas que também pode dar peso excessivo às aparências e ao curto prazo - especialmente porque para o artista que começa a crescer, encantarse com os resultados e afagos imediatos e tornar-se míope para o resto é um risco muito grande” finaliza Maurício. Do outro lado da moeda estão os artistas sem agência. Embora nem todos estejam nessa posição por escolha, alguns nomes realmente preferem estar à frente no comando de suas próprias carreiras. Esse caminho, assim como todos os outros, oferece alguns prós e contras, mas afinal não é tão simples encontrar um bom manager e, se for pra trabalhar com alguém apenas por ter um representante, para muitos não vale a pena. Entre as principais agruras de uma jornada sem o acompanhamento de management incluem a dificuldade de posicionamento no mercado e relacionamento com marcas do cenário - gravadoras, clubs, núcleos etc. De uma forma geral, é nítido que ainda precisamos evoluir em alguns pontos relacionados ao management no Brasil - alguns deles dizem respeito até mesmo a cultura de negócio do povo brasileiro. Por outro lado, é inegável que estamos passando por um momento muito interessante com excelentes opções para DJs/ produtores que estão precisando desse tipo de serviço – e definitivamente representam hoje, a olhos vistos, o crescimento tão expressivo do mercado nacional. A tendência é que no futuro tenhamos cada vez mais profissionais qualificados trabalhando em prol não somente dos seus artistas, mas também de um crescimento sustentável para o mercado.

(sometimes just for video or photo shooting) or artificial engagement in social networks (bots farming). According to the professional, these options may seem important today, but in fact do not build a genuine relation with the fans - which are the real people buying tickets and products, growing someone’s career. “There is a discovery phase, that is pretty cool. But it can also give excessive importance to appearances and the short term thinking especially because, for the growing artist, to dazzle with the results and immediate fondling can make you myopic for the big picture and that is a huge risk.” - says Maurício. On the other side, are the artists without an agency. Although not everyone is in this position by choice, some artists really prefer to be in charge of their own careers. This path, like any other, offers some pros and cons. It’s not so easy to find a good manager and if you are willing to have it, just for the sake of being represented, it’s not worth it. Among the main difficulties of a journey without the back-up of management are the difficulty of market positioning and relationship with brands - e.g. record companies, clubs, music nuclei, et al. In general, it is clear we still need to evolve some aspects related to artistic management in Brazil - some of them even concern the Brazilian business culture. On the other hand, it is undeniable that we are going through a very interesting time with excellent options for DJs / producers who are in need of this type of service. The trend is that in the future we will have more and more qualified professionals working not only for their artists, but also for a more sustainable market growth.


sunset open air conteúdo musical estrutura de festival we never stop to be the best Laroc we could ever be

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laroc sunset club valinhos, são paulo, brazil contato@laroc.club follow us

Com apenas 2 anos de história, conquistamos a 29ª posição dentro do Top100Clubs. Esse resultado em tão pouco tempo é conseqüência de seguirmos os nossos próprios valores e a nossa missão de ser leal à música e com a experiência do público. Sejam bem vindos à Laroc!

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Porque todo cenário cultural se baseia na arte; na necessidade de expressão. Dos subúrbios de Chicago, Detroit e Berlim aos morros cariocas, passando pelas comunidades indígenas ou por caóticas cidades Latino Americanas. Muito além do mercado, a música e o entretenimento são exemplos vivos de cultura, que respira e gravita em torno dos mais variados temas, surgindo e transformando as pessoas que se envolvem com eles. É hora de conhecer cases e personalidades de sucesso nesta cena, que já possuem lugar cativo na história da música eletrônica.

Every cultural scene is based on multiple forms of art and all of them are driven by the need to express ideas and creativity. It’s the same equation whether you’re from from the suburbs of Chicago, Detroit and Berlin, from Rio’s hills, an indigenous community or the middle of a chaotic Latin American city. But looking beyond the market and the never-ending needs of commercialism, music and entertainment are living examples of culture, breathing and gravitating around a variety of themes, that transform and enhance the people who engage with them. Now it’s time to get to know the personalities from this scene, which has always played its part in the history of electronic music.


ANIVERSÁRIOS O último ano vem sendo de comemorações importantes na música brasileira: por um lado, ícones da MPB como Gal Costa, Milton Nascimento e o grupo MPB4 completam 50 anos de carreira. Nos lados da música eletrônica os números ainda não são tão altos, mas já impressionam. No final de 2017, o DJ Mau Mau celebrou 30 anos de pista. Em 2018 é a vez de Anderson Noise alcançar a mesma marca. E o single “Pontapé”, um dos maiores hits do techno brasileiro, que trouxe fama internacional a Renato Cohen, ultrapassou os 15 anos de idade!

BIRTHDAYS The last year has been of important celebrations in Brazilian music: on the one hand, MPB icons such as Gal Costa, Milton Nascimento and the MPB4 group celebrate their 50-year career. On the sides of electronic music the numbers are not yet so high, but quite impressive already. At the end of 2017, DJ Mau Mau celebrated 30 years of DJ life. In 2018 it’s Anderson Noise’s turn to reach the same mark. And the single “Pontapé”, one of the biggest hits of Brazilian techno, that brought international fame to Renato Cohen, surpassed the 15 years of age!

TRANCE: DE PAIS PARA FILHOS Há quem diga que ele nunca se foi, mas fato é que o trance parece ter voltado com força às pistas do mundo. Primeiro com tracks discretamente inseridas no meio de sets de DJs como Nina Kraviz e, agora, com o retorno de nomes como Paul van Dyk, que também nunca deixou de estar ativo mas recentemente estreou nova apresentação. A diferença é que o gênero agora atrai nem só os antigos e nostálgicos fãs, mas também os seus filhos, abertos às melodias características do estilo. Duvida? Dá um Google em “Desert Sound” e diga com o que se parece.

TRANCE: FROM FATHER TO SON Some say that it never left, but fact is that trance seems to have returned with full power to the dance floors of the world. First with tracks discreetly inserted in the middle of sets of DJs like Nina Kraviz and now with the return of names like Paul van Dyk, who also never stopped being active but recently debuted a brand new presentation. The difference is that the genre now attracts not only old and nostalgic fans but also their children, open to the melodies characteristic of the style. Doubt it? Google “Desert Sound” and press play.


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ART IN SOUND

60 ANOS DA BOSSA NOVA E A EVOLUÇÃO DA MÚSICA BRASILEIRA 60 YEARS OF BOSSA NOVA AND THE EVOLUTION OF BRAZILIAN MUSIC POR ALEXANDRE ALBINI


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Um dos gêneros mais importantes do nosso fazer musical completa 60 anos em 2018, tendo papel relevante até hoje nesta rica trajetória brasileira de influências sonoras e culturais, ao inspirar de forma direta artistas que seguem se reinventando — à exemplo de Marcos Valle One of the most important genres of our music is turning 60 in 2018, playing a relevant role to date in this rich Brazilian trajectory of sound and cultural influences, by inspiring in a direct way artists who continue to reinvent themselves - like Marcos Valle Após interpretações de músicas como “Aquarela do Brasil”, canções de Francisco Alves e Orlando Silva, entre tantas outras, o país se tornou um dos expoentes mundiais da música no final dos anos 50; retratando, em especial, o cotidiano carioca em meio ao processo de industrialização durante o Governo JK, com o Plano de Metas e a política desenvolvimentista. É nesse contexto que a Bossa Nova ganha projeção, mais precisamente em 1958, quando João Gilberto lança pela gravadora Odeon um 78 rotações que incluía “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. O intérprete eternizaria, a partir disso, estes acordes dissonantes característicos, ironizados em “Desafinado” — e aclamados em apresentações no Beco das Garrafas, um dos maiores redutos bossa novistas. Tais sucessos, junto de “Garota de Ipanema”, fizeram parte das apresentações realizadas no festival de 1962 no Carnegie Hall, em Nova Iorque. A série de shows, produzidos com apoio do Itamaraty, teve participação dos maiores representantes do estilo, a fim de promovêlo nos EUA. Apesar de ser um gênero associado à classe média, Gilberto havia sido fortemente influenciado pelo samba sincopado do morro (protagonizado por Moreira da Silva, Luiz Barbosa entre outros, que fizeram sucesso na Era do Rádio, entre os anos 30 e 50), com o compositor baiano realizando uma releitura que aproximou o ritmo típico da marginalidade à elite. Por volta de 1963, Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime são responsáveis por uma mudança de pensamento, ao questionarem a ingerência do jazz norte-americano e proporem uma reaproximação com as raízes da bossa — corrente aderida por Nara Leão e Carlos Lyra, expressado por este último nos versos de “Influência do Jazz”. A instauração da ditadura militar, em abril de 64, fez com que a bossa passasse a ter um caráter mais ativista/ militante. O não alinhamento a esse patrulhamento

After interpretations of “Aquarela do Brasil”, by Carmem Miranda, and songs by Francisco Alves and Orlando Silva, Brazil became one of the world’s music exponents in the late 50’s, portraying, among other things, the Carioca daily life in the midst of industrialization process during the JK (Juscelino Kubitschek - Brazil’s 21th President 1940-1945) Government, with the “Goals Plan” and the development policy reinforced by the motto “50 years in 5”. It is in this context that Bossa Nova gains a projection, more precisely in 1958, when João Gilberto releases an LP via Odeon Records called “Canção do Amor Demais”, which included “Chega de Saudade”, by Tom Jobim and Vinícius de Moraes. From this, the interpreter would eternalize, those characteristic dissonant chords, ironized in “Desafinado” - being acclaimed in presentations at Beco das Garrafas, one of the greatest bossa nova’s stronghold, that also used to host Elis Regina, Simonal and other artists. Such hits, amongst “Girl from Ipanema”, were part of the presentations held at the historic 1962’s festival at Carnegie Hall in New York. The series of shows, produced with the support of Itamaraty (Brazil’s Ministry of Foreign Affairs), had the participation of the greatest representatives of the style in order to promote it in the USA. Although Bossa Nova was a genre associated with the middle class, João Gilberto had been strongly influenced by the syncopated samba of the hill / favela (played by Moreira da Silva, Luiz Barbosa among others, who were successful in the Radio Age between the 30s and 50s), as the Bahian composer elaborated a rereading which brought the rhythm typically associated with marginality to the elite. In the mid-60’s, Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo and Francis Hime were responsible for a mindset shift,


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ideológico foi sintetizado em “A Resposta”, num tempo em que isto era tido como alienação pela classe artística à esquerda — com Bôscoli, Jobim, Menescal e outros líricos, também enquadrados. O início do arrefecimento é comumente dado com a final do I Festival de MPB, em 6 de abril de 1965, representado por “Arrastão”, interpretado por Elis Regina. Uma semana depois, na oitava edição do Grammy, Gilberto recebe quatro prêmios por Getz/ Gilberto, incluindo disco do ano e melhor álbum. O LP permanece 96 semanas em segundo lugar na lista pop da revista Billboard, atrás somente dos Beatles. Neste ano é também composta “Samba de Verão”, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, que após a gravação de Walter Wanderley, em 1966, atingiria igualmente o segundo posto nas paradas estadunidenses, tendo noventa versões gravadas naquele país. Mesmo com este “fim”, o estilo continuou inspirando o cenário musical brasileiro nas décadas posteriores. Paralelamente, o funk e o soul de Stevie Wonder e James Brown se tornavam prestigiados por aqui, gerando um amplo mercado de black music no começo da década de 70. Seus maiores representantes eram Tim Maia e a Banda Black Rio, num elo perfeito entre os bailes e as gravadoras. “Surgia nessa época a disco music e os brasileiros bebiam dessa fonte, aliados às discotecas e rádios. Junto a isso vem o boogie, um pouco depois e com elementos mais nacionais, principalmente nas mãos dos magos Robson Jorge e Lincoln Olivetti, que além de produzirem uma infinidade de nomes, faziam temas para televisão, o que tornava o alcance comercial ainda maior”, explica o DJ e pesquisador Rafael Moraes. Porém, como lembra DJ Tahira, “não podemos esquecer do jazz. Esse sim foi peça principal e o primeiro a influenciar instrumentistas brasileiros em suas composições — desde as big bands até Miles Davis. A nossa música já era dançante e o soul e funk vieram depois trazendo outra perspectiva para o que já era groovado. Uma mistura realmente incrível!” Do Brasil, mais precisamente do Nordeste, surge um fluxo de artistas com sons que combinavam ritmos e perspectivas regionais com samba, jazz e rock. O destaque foi o grupo Novos Baianos, com faixas como “Sensibilidade da Bossa”, além de um samba eletrificado expresso em Acabou Chorare (1972) — que se mantém até hoje

questioning the interference of American jazz and proposing a rapprochement with the roots of Bossa - bloc which Nara Leão and Carlos Lyra adhered to; As expressed by Carlos in the verses of “Influence of Jazz”. The beginning of bossa’s cooling is commonly given by the 1st MPB (Brazilian Popular Music) Festival, on April 6th, 1965 - represented by “Arrastão”, played by Elis Regina. A week later, in the eighth edition of Grammy, João Gilberto receives four awards for Getz / Gilberto, including album of the year and best album. The LP remains an incredible 96 weeks at second position on Billboard’s pop list, seconded only by the Beatles. Within this year also “Samba de Verão” was composed, by Marcos Valle and Paulo Sérgio Valle, who after recording Walter Wanderley in 66, would also reach second place in the US charts, earning ninety recorded versions in that country. Even though this “end”, the style continued to inspire the Brazilian music scene in the following decades. At the same time, the funk and soul of Stevie Wonder and James Brown became prestigious here, generating a broad black music market in the early 1970s. Their biggest representatives were Tim Maia and the Banda Black Rio, a perfect link between dancing balls and record companies. “At that time came disco music and the Brazilians drank from that source, in conjunction with discos and radios. Herewith comes the Boogie - a little after, having more Brazilian elements, primarily by the hands of the ‘wizards’ Robson Jorge and Lincoln Olivetti, who in addition to producing a multitude of names, made soundtracks for television - allowing a greater reach of their commercial purposes”, explains the DJ and researcher Rafael Moraes. However, as DJ Tahira recalls: “We can not forget about jazz. This was indeed the main piece and the first to influence Brazilian instrumentalists in their compositions - from the big bands to Miles Davis. Soul and funk came afterwards, but they were also very important; Since people here always had a very strong connection with dance. Our music was already danceable and these two styles brought another perspective to what was already groovy. A really incredible mix!” In parallel, from the Northeast region comes a stream of artists with sounds which combined rhythms and regional perspectives with samba, jazz and rock.



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entre os melhores álbuns de todos os tempos. Nessa mesma época nasce o trio carioca Azymuth, que mescla soul, disco, bossa e funk com a música brasileira; sem contar nomes como Eumir Deodato e João Donato. “Falar do pioneirismo do funk e soul brasileiro sem mencionar Tim Maia é um pecado. Mas mesmo antes dele, Jorge Ben e Wilson Simonal já desfrutavam desse balanço. Tim, após voltar deportado dos EUA, foi convidado por Elis Regina para um trabalho. Percebe-se que o contato da MPB com estes gêneros era inevitável”, conta o produtor musical Rafael Araújo. Já DJ Nuts vê esse período por outro prisma: “A soul music foi imprescindível para ajustar o orgulho de ser afro-brasileiro, e como estética sonora nos anos 70, se tornou meramente uma roupagem usada para vender discos. Virando a década, os cantores e grupos de rock ganham mais swing, quando a batida deixa de ser quadrada.” Prova dessa tendência foram os traços no samba rock e nos sons quentes que passam a fazer enorme sucesso logo depois. Ajudado pela popularização dos sintetizadores, em 1978 a disco atinge o auge no Brasil por meio da novela Dancin’ Days, fazendo com que se espalhassem discotecas por todo o país. Leonardo Ruas, DJ e colecionador de discos, vai mais a fundo: “Os anos 80 foram uma época de transição pro mundo da música, ao surgir instrumentos eletrônicos que começaram a eletrificar o funk e disco. Nesse período os japoneses vieram ‘rapar’ nossos vinis, mas eles não tinham interesse no boogie brasileiro, e sim no samba jazz, bossa, psicodélico... Os DJs estavam mais preocupados com hip hop e a recém-criada house music.” Porém, essa redescoberta ganhou maior projeção nos anos 90, quando os estrangeiros passaram a pesquisar profundamente nossa música. Para Rafael Moraes, “Gilles Peterson e Antal são peças fundamentais nesse processo que tira os programas de rádio, clubs e festivais de uma visão monotemática e colocam a pluralidade como marca registrada. O primeiro foi o curador do Boiler Room Recife e o segundo está diretamente ligado ao Dekmantel, sendo grande influenciador de inúmeros DJs europeus. Nos dois casos presenciamos um passeio não só entre boogie e bossa, mas também pelo disco, afro, latin e eletrônica.”

The highlight was the Novos Baianos group, throughout an electrified samba expressed in “Acabou Chorare” (1972) that remains to this day among the best albums of all time. At that same time, the Carioca trio Azymuth was born, mixing soul, disco and funk with Brazilian music; and new names from that period like Eumir Deodato and João Donato. “To talk about the Brazilian pioneers of funk and soul without mentioning Tim Maia is a sin. But even before him, Jorge Ben and Wilson Simonal already enjoyed that groove. Tim, after returning from the US, was invited by Elis Regina for a work. It’s notable the contact of MPB with these genres was inevitable”, says music producer Rafael Araújo. Anyhow, DJ Nuts sees this period from another perspective: “Although it’s not about a political expression here, soul music was also essential to adjust the pride of being AfroBrazilian, and how the sound aesthetics in the 70’s became a background for selling records. This beat, which came to be called a boogie, was going at a very high speed, giving DJs a chance of uplifting the dance floor with more spicy tracks”. Proving this trend were the traits in samba rock and the hot sounds which made huge success soon after. Helped by the popularization of synthesizers, in 1978 Disco music reaches its peak in Brazil due the soup opera “Dancing Days”, causing discotheques to spread throughout the country. Leonardo Ruas, DJ and record collector, goes deeper: “The 80s were a time of transition in the music world, as electronic instruments began to electrify funk and disco. In that period, Japanese collectors came and took away much of our vinyl. But they had no interest in Brazilian boogie, yet in samba jazz, bossa, psychedelic ... The DJs here were more concerned with hip hop and newly created house music. Which we’ve never been as much recognized”. However, this rediscovery gained more projection in the 1990s, when international people began to deeply research our music. For Rafael Moraes, “Gilles Peterson and Antal are key players in this process which takes radio shows, clubs and festivals away from a monothematic vision and place plurality as a trademark. The former was


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Nesta questão, Tahira promove um contraponto importante: “Nos anos 80 já havia DJs procurando por sonoridades brasileiras nos sebos. Não é uma exclusividade do boogie nem da disco, como muita gente fala. Os gringos começaram procurando bossa, depois samba, e aí por funk, soul e tropicália.” Indícios deste resgate às nossas raízes têm aparecido com frequência, tal qual a Brazilian Disco Boogie Sounds (1978–1982), lançada em 2014 pela gravadora francesa Favorite, sendo a primeira coletânea de disco music brasileira no mundo a desenterrar faixas ainda pouco exploradas. Exemplo mais recente dessa onda é Boogie Naipe, novo álbum e show de Mano Brown. Para Millos Kaiser, uma das partes do duo Selvagem, isso talvez é reflexo do esgotamento de parte do público por músicas puramente mecânicas. “Acho que esse som ‘orgânico dançável’ está em alta. [...] a disco foi a primeira dance music de verdade, e começou orgânica, para depois incorporar outros elementos, transmutar-se em boogie, electro, e aí house, techno... Creio que com a oferta de faixas eletrônicas em demasia, vários DJs passaram a focar as pesquisas em décadas passadas, para diferenciar o repertório dos demais.” Ainda que para muitos a meca dos sons dançantes seja no Sul, a capital paulista oferece um vasto leque de opções para as origens da nossa cultura, com tais ritmos sendo apresentados com frequência nas festas Calefação Tropicaos, Pilantragi, Só Pedrada Musical, Disco é Cultura, Primavera, te amo e outras. No restante do país isso não é diferente, assim como na Alter Disco, Odara e Brasilidades, em Curitiba; Baile Perfumado e Terça do Vinil, no Recife; Disritmia, no Rio; Baile Muderno, em João Pessoa; Baila, em Florianópolis; Criolina, em Brasília; Baile Tropical, em Belém; Batuke, em Manaus; e, claro, nos festivais Marisco, Bananada, Mareh, Psicodália e Dekmantel SP. “É muito legal ver um público novo se interessando por artistas que fizeram parte do embasamento de muito do que temos hoje. Aqui e em Amsterdã presenciei palcos lotados por quem queria ver de perto Marcos Valle e Azymuth. Percebo que cada vez mais vemos jovens de cabeça e ouvidos atentos para descobrir sonoridades e isso inclui passado, presente e futuro”, afirma Caio Taborda, integrante do coletivo Gop Tun e um dos organizadores da edição brasileira do festival Dekmantel.

the curator of Boiler Room Recife edition and the latter is directly connected to Dekmantel, being great influencer of numerous European DJs. In both cases we watch a trip not only in between Boogie and Bossa, but also Disco, Afro, Latin and Electronic”. On this matter, Tahira makes an important counterpoint: “In the 80’s there were already Brazilian DJs digging sounds in second-hand shops. It’s not a boogie or disco exclusivity, as most people say. Foreigners started looking for Bossa, later Samba, and then Funk, Soul and Tropicália”. Signs of this ransom to our roots have appeared frequently, such as Brazilian Disco Boogie Sounds (1978-1982), launched in 2014 by the French label Favorite, being the first compilation of Brazilian Disco music in the world to unearth tracks still little explored. Most recent example of this wave is Boogie Naipe - Mano Brown’s new album and concert. For Millos Kaiser, half of Selvagem duo, this is perhaps a reflection of the public’s exhaustion of purely mechanical music. “I think this ‘danceable organic’ sound is on the rise. [...] the Disco was the first real dance music, and it started organic, to later incorporate other elements, transmuting into boogie, electro, and then house, techno... I believe that with the high offer of electronic tracks many DJs have focused their researches on past decades in order to differentiate the repertoire from the others”. São Paulo’s capital offers a wide range of options within the origins of our culture, with such rhythms being presented frequently in parties like Calefação Tropicaos, Pilantragi, Só Pedrada Musical, Disco É Cultura, Primavera, Te Amo and others. It is no different in other parts of the country, such as Alter Disco, Odara and Brasilidades, in Curitiba; Baile Perfumado e Terça do Vinil in Recife; Disritmia in Rio de Janeiro; Baile Muderno, in João Pessoa; Baila in Florianópolis; Criolina in Brasília; Baile Tropical in Belém; Batuke in Manaus; and, obviously at the festivals Marisco, Bananada, Mareh, Psicodália and Dekmantel Sao Paulo. “It’s really cool to see a new audience getting interested in artists who were part of the basics of much of what we have today. Here and in Amsterdam I witnessed big crowds willing to see Marcos Valle, Azymuth and Maria Rita Stumpf. I realize that is increasingly bigger the number of young people with attentive heads and ears discovering sonorities; And, this includes past, present and future” says Caio Taborda, from Gop Tun and Dekmantel SP.



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Sobre isso, Tahira complementa: “O mundo da cultura DJ ama misturas porque é isso que a gente faz, tanto nas discotecagens quanto nas produções, ao pegar sons inusitados e trazer uma modernidade para os beats, samples e synths.” Não à toa, bandas como Bixiga 70, Hermeto Pascoal, Pedra Branca, Mundo Livre S/A e Baiana System têm servido de inspiração para os DJ sets de Carrot Green, Lucio K, David Tabalipa, Rodrigo Bento, Pita Uchôa, Paulão, Barbara Boeing, PG, 440, Cauana Stival, entre outros. O que vem reforçando também iniciativas diversas, à exemplo de Vitrola (Alataj), Patuá Discos, e as rádios Na Manteiga, Treze e Tapioca. “Demorou, mas finalmente o público está aprendendo a ouvir e dar valor a outros gêneros que não sejam propriamente eletrônicos. Nosso país é muito rico musicalmente, e unir estilos e culturas está no nosso sangue. Falando em remixes e edits, estou curioso para ouvir o novo álbum do DJ Meme, intitulado Som Bacana e que faz essas misturas, algumas delas inclusive com a participação do Marcos Valle. É a eletrônica flertando com tudo isso”, arremata Rafael Araújo. Para o sociólogo e curador artístico Chico Cornejo, “Marcos Valle é um dos mais criativos compositores e arranjadores brasileiros, muito por conta de sua habilidade em elaborar melodias tão viscosas pela sua simplicidade aparente e complexidade subjacente (o trunfo da bossa), para construir levadas que conciliam a essência do que entendemos como nossa ginga com os fundamentos daquilo que se concebe como o groove do jazz. Todos os seus trabalhos posteriores foram guiados por esse esforço diplomático, no qual o ritmo era a língua franca e a sincopada o principal elemento tradutor.” De fato, um cara que veio da bossa, do samba jazz, flertou com a disco, fez boogie com Lincoln Olivetti, entrou nos anos 90 produzindo e ainda está na ativa..., faz dele um ícone a ser respeitado e sempre revisitado. Por isso, nada mais apropriado que entrevistá-lo para colher um parecer sobre essa rica trajetória em que é parte notória, e a respeito da evolução da nossa música num entendimento para os dias atuais, tendo em vista o ambiente das pistas, dos remixes e dos shows em diversos festivais relevantes.

About this, Tahira adds: “The world’s DJ culture loves mixtures because that’s what we do, both in recordings and productions, when picking up unusual sounds and bringing some modernity to beats, samples and synths.” No wonder, the bands Bixiga 70, Hermeto Pascoal, Pedra Branca, Mundo Livre S/A and Baiana System have served as inspiration for DJ sets such as Carrot Green, Lucio K, David Tabalipa, Rodrigo Bento, Pita Uchôa, Paulão, Barbara Boeing, PG , 440 and Cauana Stival. This has also reinforced several initiatives, such as Vitrola (Alataj), Patuá Discos, and Na Manteiga, Treze and Tapioca radios. “It took time, but finally the Brazilian public is learning to listen and give value to other genres that are not properly electronic. Our country is very rich musically, and uniting styles and cultures is in our blood. Talking about remixes and edits, I’m curious to hear DJ Meme’s new album titled ‘Som Bacana’ which has these mixes, some of them including Marcos Valle. It’s the electronic music flirting with all of that” - Rafael Araújo says. For the sociologist and artistic curator Chico Cornejo, “Marcos Valle is one of the most creative Brazilian composers and arrangers, in large part because of his ability to elaborate as tenacious melodies with their apparent simplicity and underlying complexity (the craftsmanship of Bossa), to build up rhythms that conciliate the essence of what we understand as our swing alongside the foundations of what is conceived as Jazz’s groove. All his later work was guided by this diplomatic effort, in which rhythm was the lingua franca and the syncopation as the main element of translation”. In fact, a guy who came from Bossa, Samba Jazz, flirted with Disco, and made Boogie with Lincoln Olivetti, entered the 90s producing music and is still active… Is for sure an icon to be respected and always revisited. Therefore, nothing more appropriate than interviewing him to get an opinion on the evolution of our music, understanding the present moment, considering the current dance floors, remixes and the gigs in several relevant festivals.


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ENTREVISTA: MARCOS VALLE INTERVIEW Você trabalhou com soul e funk de modo pioneiro no Brasil, no fim dos anos 60. Quão relevante esse vanguardismo foi, ao seu ver, para o desenvolvimento da MPB a partir dali? Essa ligação com o funk e soul foi importante pra mim porque já era uma parte forte e presente na minha música. Desde que sou garoto, e durante minha formação, fui muito influenciado pela black music, Marvin Gaye e outros artistas. No final dos anos 60, o impacto da bossa nova já não era tão forte como quando comecei a gravar, o que deu abertura para aparecer as demais influências que eu tinha, permitindo ao público que me acompanhava ter uma visão mais ampla, além da bossa e do samba jazz. Quanto a música brasileira em geral, acredito que foi interessante por essa característica de se renovar e de beber de várias fontes que acabam casando muito bem; pois, afinal de contas, a base da nossa cultura é negra, o que ampliou e enriqueceu ainda mais a nossa MPB. Fruto disso é Vontade De Rever Você (1981), em que um boogie e soul mais modernos são protagonistas — algo que te levaria a ser “descoberto”, na década seguinte, por DJs ingleses. De que forma este fato foi importante para te propiciar uma nova guinada internacional? Percorri vários caminhos, e quando chega nos anos 70 eu passo uma época em Los Angeles e tenho um contato bem próximo com a soul music, através de um parceiro de produção do Marvin Gaye. Aí pude trabalhar tudo aquilo que já tinha dentro de mim e então essa possibilidade entre o samba e a bossa, o RnB e o soul, o

You have worked with soul and funk music as a pioneer in Brazil, by the end of the 60’s. How relevant was this vanguardism, in your opinion, for the development of MPB (Brazilian Popular Music) from there? This connection between funk and soul was important for me because they already had a strong presence in my music. Since I was a kid, during my studies, I was very influenced by black music - like Marvin Gaye and others. In the late 60’s, Bossa Nova did not have the same strong impact as when I started recording. That gave me the opportunity to show the other references I had, allowing my audience to have a broader view beyond Bossa and Samba Jazz. About the Brazilian Music in general, I believe this characteristic provided a refreshing moment, which made people drink from various sources that ended up matching very well; because, after all, the basis of our culture is black - that has amplified and enriched our MPB even more. “Fruto disso é Vontade De Rever Você” (1981), in which a more modern boogie and soul are protagonists something that would take you to be “discovered”, in the following decade, by English DJs. How important was it to make you achieve international breakthrough? I’ve traveled a lot, and by the time I get to the ‘70s I spent some time in Los Angeles having a very close contact with soul music through a Marvin Gaye’s production partner. Then I was able to work everything that was already inside me, connecting Samba, Bossa, Rn’B, Soul, Funk… It was a very intense moment for me - being able to overflow these influences on my surface. This whole mix (which also included jazz, rock, pop and erudite) ended up creating my


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funk..., ficaram muito vivas pra mim e foi um momento pra colocar essas influências na minha superfície. Essa mistura toda (que incluía também jazz, rock, pop e erudita) acabou criando o meu estilo, e acredito que isto atraiu o interesse dos DJs ingleses na década de 90 e que foi realmente importante pra minha carreira, não tenha dúvida. A partir disso, sou convidado a fazer vários shows em festivais na Europa, e, então, muita gente sente a necessidade de se aprofundar sobre mim — o que me faz voltar, inclusive, a trabalhar em discos novos, depois dos meus álbuns anteriores serem inteiramente consumidos por esse público. Então vem essa vontade, as gravadoras passam a me procurar e começo a lançar na Far Out Recordings. Daí em diante, realmente, uma grande mudança acontece novamente. Em Nova Bossa Nova (1997), é feito uma releitura mais funk e ao encontro do movimento acid jazz, no final dos anos 90. Foi uma forma de interpretação da bossa para a atualidade, encaixando-a neste novo ambiente de pista de dança em que você estava inserido? Quando pensei neste que foi meu primeiro LP pela Far Out, o meu encontro naquele momento com Joe Davis, dono da gravadora, se deu de forma muito interessante porque ele, ao lado de Gilles Peterson, foram, digamos, os primeiros a tocar minhas faixas nas pistas de dança de Londres. Então, sou incentivado a fazer tipos diferentes de música já no álbum de estreia para esse público recém-conquistado e que estava esperando pelo meu novo trabalho. E assim fiz o disco, procurando exatamente dar um panorama geral da minha música; o que foi muito bem aceito, voltando a tocar nos clubs com ainda mais força. No álbum Estatica (2010) é oferecido uma rica mistura de jazz e “Baião Maracatú”. Na sua visão, são essas experimentações que despertam tanto interesse, resultando em diversos edits e remixes para composições suas? Nesse disco, quarto pela Far Out, coloco muito a coisa da harmonia forte, seja nas aberturas, nas mudanças de climas que gosto...; e, como no Nova Bossa Nova, também sou provocado a entrar nas influências a fundo. Isso é uma coisa interessante, pois os meus fãs me fazem visitar a minha música de todas as épocas. Acho que essa mistura, e a coisa toda que ela tem, torna muito difícil de defini-la, despertando interesse para

style, and I think this attracted the interest of the English DJs in the 90’s, and certainly that was really important for my career. From that, I was invited to several gigs in festivals in Europe, arousing the interest of more people about me. That made me go back to studio and work on new albums - after my previous albums were entirely consumed by this public. Then, record companies start looking after me and I begin to work with Far Out Recordings. Thereafter, a real great change happens again. Em “Nova Bossa Nova” (1997), you do a funkier reinterpretation also encountering the acid jazz movement by the end of the 90’s. Was it a way of presenting contemporary bossa, shaping it into this new dance floor orientation in which you were inserted? When thinking of my first LP for Far Out Recordings, I met Joe Davis, the label’s head honcho. It was a very interesting meeting because Joe, along with Gilles Peterson were, let’s say, the first to play my tracks on London dance floors. So I was encouraged to do different types of music as early as on the debut album, having in mind this newlyconquered audience which was expecting my new work. In the album “Estática” (2010) you offer a rich mix of jazz and “Baião Maracatú”. In your view, are these experiments that arouse such interest - resulting in various edits and remixes for your compositions? On this album, the fourth by Far Out, I put a lot of the “strong harmony” thing, being it in the openings or in mood changes that I like… And, as in the “Nova Bossa Nova”, I am also encouraged to deep dive into my influences. This is an interesting thing, because my fans make me revisit my music of all times. I think this whole mixture thing (very hard to define) arouses the interest for edits and remixes. I would say that it attracts even the rappers, as were the cases with Jay-Z, Kanye West, Pusha T, and others who immersed themselves in this discography to compose or make partnerships through the use of samples. My music is like this: it’s already in me and I just choose what path to follow.



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edições e remixes. Diria que atrai até os rappers, como foi o caso do Jay-Z, Kanye West, Pusha T, e outros que mergulharam nessa discografia para compor ou fazer parcerias através do uso de samples. Minha música é assim: já está aqui dentro e apenas vejo se caminho pra um lado ou pro outro. As apresentações no Boiler Room Recife, Dekmantel Holanda e na 2ª edição do festival no Brasil provam que a sua música vem se transformando. Como é a sensação de angariar novos fãs e continuar influenciando levas de artistas, prestes a completar 55 anos de carreira? Apesar de ser basicamente o que sempre foi, com o tempo, idade e experiência fui adicionando outras coisas, se aperfeiçoando e buscando mais dentro de mim mesmo o que fazer. Algo que me fez gostar disso cada vez mais e dar maior valor, em especial, ao que estou envolvido e tendo o prazer de fazer. Logicamente, isso vai proporcionando novos fãs, lugares e festivais pelo mundo afora. Aí penso: poxa, já tenho tanto tempo de carreira e as coisas seguem acontecendo?! Mas não só continuam, como surgem novas ideias, parcerias, projetos... É uma série de coisas que só me fazem bem, me dão uma empolgação para trabalhar e seguir vivendo de música. É tão bom poder estar em todos esses lugares e de uma maneira sincera e autêntica. Então a sensação, pode ter certeza, é maravilhosa; e continuar influenciando gente nova é um prêmio que recebo na minha carreira.

The shows at Boiler Room Recife, Dekmantel Festivals both in Amsterdam and in São Paulo, prove your music has been changing. How does it feel to attract new fans and continue to influence artists’ lives, after a 55 years old career? Despite the fact of being basically what always have been, with time, age and experience I have been adding other things - improving myself and finding answers inside me. Something that made me enjoy this even more, especially on what I am involved with, having pleasure to do so. Naturally, this brings new fans, places and festivals around the world. Then I think: Whoah! I already have such a long lasting career and things keep happening?! But they not only continue, as also new ideas come up, new partnerships and projects... It’s a series of things that only do me good, they excite me to work and keep on living music. It is so good to be in all these places and in a sincere and authentic way. So the feeling, you can be sure, is wonderful; and continuing to influence new people is a prize I get in my career.



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Na visão de especialistas, como se dão as interações entre artistas e marcas? Profissionais de ponta da indústria da propaganda e publicidade são convidados a discutir como a relação entre artistas, eventos, música e marcas está evoluindo, assim como demonstração de cases de sucesso de campanhas publicitárias e outras finalidades e contribuições que a música trouxe na construção de identidade e da reputação de produtos, serviços e marcas.

Time to examine the craft and creativity in interactions between artists and consumer brands. Some of the cream of the Brazilian advertising industry talk about the ways in which brand/artist relationships are evolving, and to offer examples of great advertising campaigns that have included input from both the artist and the brand. Panelists will also be offering advice for both established and upcoming artists as to how they can make themselves relevant and attractive to brands and their campaigns.


AGORA ME ESCUTE As playlists em serviços de streaming ajudaram Alok e Bruno Martini a alcançar o posto de artistas brasileiros mais ouvidos no planeta em rankings como o da Billboard e do Spotify. Neste serviço, uma experiência os levou ao top 50 global. O hit “Hear me Now” começou sendo incluído em seleções regionais, até organizamente despontar entre as mais ouvidas do mundo. Isto prova que uma revolução na maneira de consumir música está acontecendo neste exato momento – como vem acontecendo todos os dias, nos últimos anos.

HEAR ME NOW Playlists in streaming services helped Alok and Bruno Martini to become the Brazilian artists most listened to on the planet in ranks such as Billboard and Spotify. In this service, an experience took him to the top 50 global chart. His hit “Hear me now” started being included in regional selections, until it began to appear among the most listened in the world.

PATROCINANDO EXPERIÊNCIAS Festas, festivais e até mesmo artistas vêm sendo cada vez mais beneficiados por patrocínios de marcas de todos os tamanhos. Se, por um lado, eventos gigantes como o Lollapalooza quase vinculam seus nomes a algumas marcas (como em seus palcos nomeados a partir de patrocinadores), outros, como o Dekmantel, apostaram em abordagens menos agressivas, levando as empresas a interagirem com o público de formas mais discretas e naturais. Entenda mais sobre como isto acontece, na matéria a seguir.

SPONSORING EXPERIENCES Festivals, clubs and even artists have been increasingly benefited by sponsorship of brands from all sizes. While, on the one hand, giant events such as Lollapalooza almost linked their names to some brands (such as in their sponsored stages), others, such as Dekmantel, relied on less aggressive approaches, prompting companies to interact with the public in more discreet and natural ways. Understand more about how this happens in the following subject.


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O QUE AS MARCAS QUEREM? NO UNIVERSO DA EXPERIÊNCIA, TER O PARCEIRO CERTO PODE FAZER TODA A DIFERENÇA. WHAT DO BRANDS WANT FROM YOU? IN THE WORLD OF EXPERIENCE, HAVING THE RIGHT PARTNER CAN MAKE ALL THE DIFFERENCE. POR BRUNA CALEGARI


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Você lembra da época em que o último capítulo da novela das 8 parava o país inteiro? Ou quando o artista convidado pelo apresentador de domingo era o galã mais famoso, que estrelava todas as campanhas publicitárias em horário nobre? Se recorda estes detalhes, é porque viveu durante a era da televisão - tudo bem, não precisa mentir a idade, pois as coisas mudaram não faz muito tempo. Mas quando elas mudaram, foi rápido e intenso! Há menos de uma década, as agências de publicidade tinham que investir em grandes conglomerados de mídia para atrair a atenção para seus clientes - as marcas. Nesta equação, o preço de um espaço comercial em um jornal de circulação nacional era caríssimo, e as marcas que quisessem aparecer não tinham escolha senão investir neste tipo de mídia.

Do you remember the time when the final episode of the biggest national’s soup opera used to paralyze the whole country? Or, when the guest artist for a TV show was the most famous heartthrob - the one who was also starring the most prominent ads in the prime-time? If you do remember these details, it’s because you lived during the television era. That’s fine: no need to lie your age - as things have changed not too long ago. But when they did, it was fast and intense! Less than a decade ago, advertising agencies had to invest in large media conglomerates to attract attention to their customers - the brands. In this equation, the price of a display ad in a newspaper of national circulation was very expensive, and the brands that wanted to be seen had no choice but to invest in this type of media.

Se antes existiam TV, jornal, rádio e outdoor, hoje temos dezenas de meios de nos comunicar e nos informar. E muitos deles não suportam nem anúncios - ora, muitos são serviços de mensagem direta, criptografada! Com tanta opção (e dispersão) como uma marca pode estar em contato com seus consumidores, hoje? E foi assim que migramos da “era da informação” para a chamada “era da experiência”: marcas querem, cada vez mais, estar presentes no dia-a-dia dos consumidores de forma

If before there were TV, newspaper, radio and billboard, today we have dozens of ways to communicate and inform us. And, many of them do not even support ads nowadays - i.e. encrypted direct message services and apps. Today, having so much choice (and dispersion) how a brand can be in touch with its consumers? And this is how we migrated from the “information age” to the so-called “era of experience”: the brands want to be increasingly present in the daily lives of consumers, in order to gain


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CRÉDITOS FERNANDO SIGMA

a ganharem sua confiança e simpatia apresentandose ao lado do YouTuber favorito, do festival que todo mundo fala e do artista do momento. E se existe uma mudança comportamental, cultural e econômica que afeta diretamente o mercado da música, ela é provocada pelas marcas e seus interesses. Por isso conversamos com Coy Freitas, diretor artístico da agência B/Ferraz, que atua desenvolvendo parcerias estratégicas e projetos especiais para marcas. Coy é responsável por destinar verba e atenção de muitas marcas para o mercado da música eletrônica, dos festivais a projetos únicos de branding e posicionamento. Na entrevista a seguir, conduzida pela publicitária Bruna Calegari, ele nos dá um parecer sobre esta crescente onda de experiência, conceito, curadoria e investimento no mercado de live entertainment.

their trust and sympathy - by being placed next to the favorite YouTuber, in the festival that everyone talks about and the artist of the moment. And, if there is a behavioral, cultural and economic change that directly affects the music market, it is driven by brands and their interests. That is the reason we spoke with Coy Freitas, artistic director of B/Ferraz agency, which develops strategic partnerships and special projects for brands. Coy is responsible for allocating funds and attention of many brands on the electronic music market; From festivals activations to unique branding and market positioning projects. In the following interview, conducted by the adwoman Bruna Calegari, he tell us his opinion on this growing wave of experience, concept, curation and investment in the live entertainment market.


PODER DE PERFORMANCE XY-2 XY-3B SPEAKERS de alta potência XY-2 e XY-3B foram feitos para DJs que querem causar impacto nas multidões. Estes speakers poderosos oferecem som natural com coerência, sob medida para grandes pistas ou eventos externos.

Produtos acima da esquerda para direita: XY-2, XY-3B


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ENTREVISTA/INTERVIEW

É visível como as marcas têm desenvolvido melhor suas ações em grandes e médios festivias. Trabalhar com anseios das marcas em eventos exibe um lado interessante da publicidade? Como observa o approach das grandes marcas neste universo? Existem marcas e marcas, né? E também, a forma de trabalho das agências que atendem estas marcas interfere muito. Acredito que qualquer investimento em música, seja ele num evento através de patrocínio/ ativação ou até mesmo em projetos proprietários das marcas, o mais importante é ter uma visão de longo prazo. E isso já se torna um dos fatores que mais complicam nesta relação. Muitas empresas-corporações têm um giro tão rápido no seu quadro de funcionárioscolaboradores que torna praticamente impossível controlar as expectativas em relação ao retorno do investimento, sempre, na grande maioria dos casos, os clientes têm consciência disso, mas na prática, na pressão dos resultados imediatos, passam por cima desta “verdade” e depois isso se torna um problema. Claro que, tratando-se de patrocínios de eventos e festivais, é mais prático obter retorno no curto prazo: basta os recursos para investimentos estarem bem planejados. Digo isso porque o valor do patrocínio tem que ser bom, mas ao mesmo tempo a marca precisa deixar uma verba boa para ativar e se possível um outra para comunicar. Um dos grandes erros é que as marcas acabam com a verba no patrocínio e depois sobra pouco pro resto, assim não conseguem investir decentemente em itens importantes. Mas em projetos relacionados a música, chamados de “plataformas de música” que envolvem plano de patrocínios de eventos, produção e publicação/distribuição de conteúdo, PR, etc… aí, mais do que nunca, a construção de reputação e o retorno, são, obrigatoriamente, de longo prazo. Uma das coisas mais loucas no Brasil, é que 3 anos se tornam “longo prazo” e convenhamos, não é. Longo prazo são 8, 10 anos.

It is evident how brands have better developed their actions in large and medium-sized festivals. Does working with brands’ interests at events unveil an interesting side of advertising? How do you see big brands approaching this universe? There are different kinds of brands, right? Also, the modus operandi of the agencies which attend these brands interferes a lot. I believe that any investment in music, being it placed in an event through sponsorship / activation or even in brand’s own projects, the most important factor is to have a long-term vision. And that is substantial: Many companies/corporations have such a fast employee turnover that it is virtually impossible to control expectations about return on investment. In most cases clients are aware of this, but in practice, the pressure for more immediate results ignores this true and becomes a problem. Of course, when it comes to sponsoring events and festivals, it is commonsensical to have a short-term return - if, the investment resources are well planned. I say this because the value of the sponsorship has to be good. But, at the same time, the brand needs to invest in activation and if possible, to have another investment in communication/media. A common big mistake is when they run out their budget on sponsorship, without investing properly in other important factors. In musicrelated projects, or “music platforms” which involve events’ sponsorship plan, production and media/press/ distribution of content, PR, et al. ... There, more than ever, reputation building and return, are, necessarily, long-


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As marcas sabem o que querem ou estão atrás de “ondas” que não entendem muito bem? Um dos maiores erros neste aspecto é a idéia de “apropriação”, seja de conceitos, de estilos, de qualquer coisa relacionada a música. No momento em que você se propõe a se apropriar da música, deu errado e o projeto vai morrer muitas vezes antes mesmo de nascer - numa lógica de “longo prazo” onde o nascimento pode ser o primeiro ano de vida ou os dois primeiros anos. Algumas marcas já têm um histórico muito grande de relação com o meio musical e, por isso, são mais preparadas, têm mais repertório e muitas vezes já sabem “o que não querem”, o que já é um bom primeiro passo. Aqui novamente estamos pensando na “gestão de expectativas”. As marcas têm que entender que tudo depende do tamanho do investimento. Não vale comprar cota de apoio e achar que vai ter uma visibilidade gigante! Claro, sempre pode dar certo, com criatividade e bons profissionais a cota de apoio pode ser o suficiente para uma marca atingir seus objetivos com algum projeto, mas não pode investir pouco e achar que vai “dominar” o evento. Pode acreditar que isso acontece com muita frequência. Com relação a estar “atrás de ondas que não entendem muito bem” acontece sim, porque às vezes a pessoa responsável pela marca quer fazer parte de um movimento, mas este movimento pode não ter nada a ver com

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term achievements. One very disquieting misconception in Brazil is: we consider 3 years as “long term” and - let’s face it; It is not. Long term is about 8, 10 years. Do brands know in depth what they want or are they following “fashions” or “waves” which they do not understand very well? One of the biggest mistakes in this aspect is the idea of “appropriation”. Be it conceptually, styles and/or anything related to music. By the time you decide to appropriate music, it went wrong and the project will die many times even before being born - in a “long-term” logic, where birth may be in the first one or two years of life. Some brands already have a very long time relation with the musical environment and are therefore more prepared, having a greater repertoire. Often they already know “what they do not want”, which is a good first step. Here again we are thinking of “expectations management.” Brands have to understand that everything depends on the size of the investment. You can’t buy a small support quota and expect a huge visibility! Of course It can always work; With creativity and good professionals, that quota could be enough for the brand achieve some goals - But it won’t “dominate” the event on a small budget. That expectation happens a lot.


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o posicionamento da marca e fica meio forçada a participação. Precisa de um bom planejamento, precisa de orçamento de médio e longo prazo, precisa ser de verdade. Senão, o público não enxerga a relação verdadeira entre a marca e produto musical. Qual é a maior dificuldade nessa equação entre marca/ativação/público? Tempo, planejamento, visão de longo prazo, alocação de recursos adequadamente para que a marca possa ter todas as ferramentas disponíveis, no seu timing certo para que o investimento tenha o melhor resultado possível dentro daquela movimentação. Dê um exemplo de case que, na sua opinião, foi sensacional nessa equação: Skol Beats pra mim é sempre o melhor exemplo. Afinal, o evento virou produto e é um produto importante no portfólio da Ambev. Mas posso citar mais: Natura Musical também é um case de sucesso. No meio da música, muitos dizem que se acabar com o programa da Natura ou com o Sesc, acaba a MPB (imagine!). Exageros à parte, o reconhecimento do meio é uma grande conquista e os resultados culturais acabam trazendo benefícios. Também citaria o Red Bull Music Academy como um projeto incrível, com estilo e relevância, e muita qualidade. Apesar de não rolar muita coisa no Brasil, é uma plataforma global bem forte e reconhecida. Acho que vale salientar o Itaú: o

About the “waves which they don’t really comprehend”, that also happens: sometimes a brand representative wants to make part on a movement that does not reflect the brand’s positioning and somewhat that looks a bit pushy. It does require a good planning, financial plan and budget for mid and long-terms, it needs to be real. Otherwise, people will not see the true relation between the brand and the musical product. What is the biggest difficulty in this equation between brand / activation / public? Time, planning, long-term vision, proper fund allocation so the brand have all the available tools at the right time in order to have the best results for that investment. Which is, in your opinion, a successful case with an outstanding performance within this equation? Skol Beats for me is always the best example. After all, the event became a product and is an important product in Ambev’s portfolio. But I can cite more: Natura Musical is also a success case. In the music milieu, many say that if you terminate Natura’s program or Sesc, you bring MPB (Popular Brazilian Music) to an end (can you imagine?!). Exaggeration aside, recognition of the milieu is a great achievement and cultural results end up delivering benefits. I would also cite the Red Bull Music Academy as an incredible project with style and relevance, and great quality. Although there is not much happening in Brazil,



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programa “Rumos” do Itaú Cultural é bem legal e o fato deles terem assumido a gestão do Auditório Ibirapuera (São Paulo), mesmo com as condições bem restritivas de visibilidade de marca, é um sinal de maturidade e de visão cultural, da importância da cultura na formação de uma sociedade mais evoluída, com senso crítico e repertório. Então, se pararmos para avaliar cases de sucesso, todos, 100% dos casos, são projetos de longo prazo. Analisando toda sua trajetória, como definiria o momento em que estamos passando, essa busca pela experiência que transcende a música e o próprio evento em si? Vivemos na era da experiência, e isso é uma realidade de toda a “comunicação”. Mas isso não é algo que as marcas criaram e impuseram ao consumidor - na verdade é o contrário, né? Isso foi criado para atender a demanda do público, e as pesquisas demonstraram e os resultados vieram. Portanto, foi algo que nasceu do consumidor e as marcas estão aproveitando isso para criar experiências complementares ao que a música em si oferece como experiência. Em festivais, onde as pessoas ficam por muitas horas, estas experiências extras acabam cumprindo o seu papel. Tem muitas coisas legais, que fazem sentido e enriquecem mesmo o festival - e claro, tem erros grosseiros.

it is a very strong and recognized global platform. I think it’s worth mentioning Itaú: Their Itaú Cultural’s “Rumos” program is very cool - and the fact they have taken over the management of the Ibirapuera Auditorium (São Paulo), even after the very restrictive conditions for brand visibility, is a sign of maturity and cultural vision. They understand the importance of culture in the development of a more evolved society, with a broader critical sense and repertoire. So, if we stop to evaluate successful cases, all, 100% of the cases, are long-term projects. Looking back, how would you define the current moment we are in? Whereas we are looking for this experience which transcends music and events themselves. We live in the era of experience, and this is a reality on every form of “communication”. Although this is not something that brands have created and imposed on the consumer - in fact it’s the opposite, right? This was created to meet the demand of the public, and research has shown and the results have come. So it was something that was born on the consumer’s side and the brands are taking advantage of it to create experiences that complement the offered music. At festivals, where people stay for many hours, these extra experiences end up fulfilling their role. There are lots of cool things that make sense and really enrich the festival - and of course, there are gross mistakes.


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“Então, se pararmos para avaliar cases de sucesso, todos, 100% dos casos, são projetos de longo prazo.”

Quais tecnologias acredita que serão sucesso nesse meio, nos próximos anos? Acho que todas as tecnologias que trazem bons serviços que ajudam a melhorar a experiência são sempre positivas. Acho também que a democratização do acesso é importantíssimo, e viabilizam que mais e mais artistas consigam produzir e distribuir sua arte, para que cada vez mais público possa consumir e conhecer estes trabalhos, também tendem a dar certo. E onde um artista ou produtor de eventos deve mirar, daqui pra frente, para conseguir melhores resultados? Em ser original, em produzir arte na sua essência, em fazer algo de qualidade que esteja alinhada com seu propósito. Sendo essencial, original-autoral, verdadeiro e legítimo, tende a dar certo, emocionar e cativar o público. Mas o artista musical tem que trabalhar muito, pois são muitas as ferramentas que ele tem disponível e para conseguir chegar a um resultado: ele precisa saber usar todas elas, cada uma do seu jeito, e para isso tem que se dedicar ao trabalho, com disciplina e muita entrega. Muito raro acontecer de outra forma, ainda mais hoje em dia.

What technologies do you think will be successful in this environment in the coming years? I think all the technologies which bring good services that help improve the user experience are always positive. I also believe that the democratization of access is very important and allows more and more artists to produce and distribute their art, so that more and more people can consume and get to know their works, these technologies also tend to work. And where should an artist or event producer aim, from now on in order to get better results? In being original, in producing art in its essence, in doing something of quality that is aligned with your purpose. Being essential, original-authorial, true and legitimate, tends to work; Being exciting, and captivating to the audiences. But the musical artist has to work hard, because there are many tools available to him. To achieve a result he has to know how to use them all, in their own way. And to do this he has to dedicate himself to work, with discipline and much surrender. Very rare to happen otherwise, even more so nowadays.


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Nos últimos cinco anos, jovens de toda América do Sul abraçaram a música eletrônica e sua cultura, aos milhões. Da Argentina ao México, a Colômbia, o Equador, o Chile e, claro, o Brasil, a música eletrônica cresceu e hoje é o estilo que mais de 100 milhões de millennials da região querem ouvir! Para celebrar isso e encorajar uma aproximação de ecossistemas, o BRMC apresentará uma série de painéis com especialistas regionais que examinam as realidades atuais da cena e questionam como as comunidades criativas da região podem colaborar para fazer da América Latina a verdadeira federação de nações eletrônicas!

In the last five years the youth of South America have embraced electronic music and its associated cultures in their millions. From Argentina to Mexico, Colombia, Ecuador, Chile and of course, Brazil, electronic music, from the most commercial to the deepest, darkest underground sounds, is what the region’s 100+ million millennials want to hear. In order to celebrate this and encourage further growth, BRMC will be presenting a series of highly focussed panels of regional experts examining the current realities of the scene, and asking the big questions about how the region’s creative communities can work together to make Latin America a true federation of electronic nations.


AGENDA CHEIA Novas edições do Dekmantel, do DGTL e do Ultra, a consolidação cada vez maior do Warung Day Festival, mais edições de festivais tradicionais como a XXXperience, a TribalTech e a Tribe. A comunidade da música eletrônica continua com programação cheia o ano todo no Brasil. Pelo continente a agenda também continua cheia, com festivais como o Sónar e Lollapalooza mantendo presença na América do Sul, o DGTL que acontece no Chile, e o MUTEK, que já tem data marcada para acontecer de novo no México e Argentina.

FULL SCHEDULE New editions of Dekmantel, DGTL and Ultra, the ever-growing consolidation of the Warung Day Festival, plus editions of traditional festivals like XXXperience, TribalTech and Tribe. The electronic music community continues with full programming year-round in Brazil. Throughout the continent, the agenda is also full, with festivals such as Sónar and Lollapalooza keeping the great work in South America, DGTL going to Chile, and also MUTEK, which is scheduled to take place again in Mexico and Argentina.

CONFERÊNCIAS A exemplo do BRMC, encontros do setor como o Frecuencias, no Chile, também vêm se consolidando pelo continente. Sem falar em eventos mais amplos da indústria musical, como o IMESUR, que em 2017 aproximou músicos, empresários e produtores brasileiros e chilenos de diversos segmentos. Em São Paulo destaca-se também a SIM, a Semana Internacional de Música.

CONFERENCES Like the BRMC, industry meetings such as Frecuencias in Chile have also been consolidating across the continent. Not to mention broader events in the music industry, such as IMESUR, which in 2017 brought together Brazilian and Chilean musicians, entrepreneurs and producers from different segments. In São Paulo, SIM the International Music Week also stands out.


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CRÉDITOS FELIPE CARTAXO


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AMÉRICA LATINA: CONTINENTE UNIDO; POTENCIAL INFINITO LATIN AMERICA: UNITED CONTINENT; INFINITE POTENTIAL POR BRUNA CALEGARI

Se estendendo da gelada Tierra del Fuego, penetrando na Amazônia brasileira, atravessando a cintura fina da América Central e correndo ao longo do sinuoso Rio Bravo. A porção latina do continente americano abarca uma multiculturalidade tão vasta e complexa quanto seu território. Mas quais seriam os caminhos para compartilhar uma cultura sonora latino-americana? Extending from the freezing Tierra del Fuego, penetrating the Brazilian Amazon, crossing Central America’s thin waist and running along the tortuous Rio Bravo. The Latin slice of the American continent embraces a multiculturality as vast and complex as its territory. But what are the ways of sharing a Latin American sound culture? Está longe da pretensão deste texto responder a questões tão profundas. Além do mais, em matéria de América Latina o consenso é algo inimaginável, a começar pelo nome, que na falta de outro mais apropriado adota-se pela facilidade na compreensão. Pode-se brincar que a pós-verdade nasceu por aqui, com a chegada de Colombo, pois independente da quantidade de estudos em áreas distintas, eles sempre apontarão para respostas diferentes e a única certeza da união dos Latino-Americanos como povo reside na complexidade de suas diferenças. Mas para além da cumbia da Colômbia e do samba do Brasil, entre algumas arepas da Venezuela, as carnes

By no means, this text claims to answer such profound questions. Moreover, what regards Latin America, consensus is something unimaginable; Starting by its name, which in the absence of a more appropriate one, is given for its easy understanding. We can make a joke that post-truth was born here, with the arrival of Columbus, because regardless the number of studies in different areas, they will always point to different answers and the only certainty of Latin Americans be united as a one people lies in the complexity of their differences. But beyond Colombia’s Cumbia and the Samba of Brazil, among some


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da Argentina e as pimentas mexicanas encontramos muitos sinais semelhantes, em especial uma história repleta de conflitos e instabilidades. Pensar na América Latina a partir da sua posição ao sul não é uma busca por identidade fechada ou isolada do mundo, mas por uma compreensão de suas raízes e história - para melhor delinear um possível futuro. Em especial na música, as influências das fusões históricas são facilmente perceptíveis na alegria do frevo, na melancolia do tango e na nostalgia do sertanejo autêntico. Uma miríade de estilos e sub-estilos musicais resultantes da mescla entre europeus, indígenas e africanos que constitui um dos mais ricos e originais panoramas musicais da sociedade contemporânea. Este legado, entretanto, é curiosamente ignorado ou renegado por uma quantidade significativa do público e dos produtores de música eletrônica da região, que geralmente estão com os ouvidos voltados a sons urbanos vindos de Berlim, Miami ou Chicago. Nossa música tem sido, ao longo de décadas, curiosamente mais valorizada por exploradores estrangeiros numa irônica repetição da história - alguns deles grandes “conoisseurs” de todo o mundo como o inglês Gilles Peterson, radialista da BBC Radio 6 em Londres que possui um caso de amor com a música brasileira e toca semanalmente tracks que poucos cariocas, paulistas e mineiros já ouviram. Outro exemplo é o projeto belga Gotan Project, referência mundial em tango eletrônico. Independente de seu local de nascimento, a música flui e encontra seu espaço. Estamos em 2018: o acesso à música é tão amplo quanto as possibilidades de geolocalização e tempo/espaço, tornando não apenas possível que um portenho crie Chicago House Music dos anos 90, mas também que um berlinense conheça e toque toda discografia da Tropicália Brasileira. Mas por que a música local ainda precisa desta (re) descoberta através do olhar externo - e mais ainda, de sua validação?

Arepas from Venezuela, the meats of Argentina and the Mexican peppers we find many similar signs, especially a history full of conflicts and instabilities. To think about Latin America due its southern position is not a search of a closed or isolated identity in the world, but an understanding of its roots and history - to better trace a possible future. Especially in music, the influences of historical fusions are easily discernible in Frevo’s happiness, in the melancholy of Tango, and in the nostalgia of the authentic Sertanejo (Brazilian folk/country music). A myriad of musical styles and sub-styles resulting from the blend of Europeans, Indigenous and African, which constitutes one of the richest and most original musical panoramas of contemporary society. This legacy, however, is curiously ignored or denied by a significant amount of the public and the electronic music producers of the region, who usually have their ears focused on urban sounds from Berlin, Miami or Chicago. Our music has, for decades, been curiously more valued by foreign explorers in an ironic repetition of the history - some of them are among the world’s great “connoisseurs” like the BBC’s Radio 6 host, Gilles Peterson, based in London. Gilles is known to love Brazilian music, playing tracks that many people from Rio, Sao Paulo or Minas Gerais have ever heard. Another example is the Belgian project Gotan Project, a world reference in electronic tango. Regardless your birthplace, music flows and finds its space. We are in 2018: access to music is as broad as the possibilities of geo-location and time / space, making it not only possible for a person from Buenos Aires to create 90’s Chicago House, but also for a Berliner to know and play the entire discography of Brazilian Tropicália. But then, why does local music still need this (re)discovery through an external look - and as well, its validation?



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CRÉDITOS FERNANDO SIGMA

QUANDO SE DÁ VALOR AO QUE VEM DE DENTRO No cenário Latino-Americano sobram exemplos. Foi assim quando os exilados chilenos Ricardo Villalobos e Luciano utilizaram as influências de infância para dar início a um novo som eletrônico, com mais movimento e fluidez. O resultado foi um vibrante renascimento musical no meio dos anos 2000, que levou dezenas de chilenos a fazer carreira internacional na cena underground de um dos mercados mais respeitados do mundo: o Europeu. Fenômeno similar aconteceu quando o drum’n bass brasileiro carregado de influências da música popular nacional encantou ingleses. Nos dois casos, a explosão fora dos nichos nos países latinos passou por uma espécie de aprovação em cenários internacionais. Hoje, entretanto, este processo parece perder força, abrindo espaço para uma saudável onda que se espalha por diversos países latinoamericanos de pesquisa e diálogo com as sonoridades enraizadas na cultura popular local. Estaria a visão do mundo cultural a partir de uma perspectiva eurocêntrica desgastada? Ao que tudo indica há uma lenta e gradual quebra de paradigmas culturais em diversos redutos antes vistos como “exóticos”. O que já foi rotulado como “world music” hoje é respeitado em sua autenticidade e ganha força cada vez maior, inclusive nos produtos das grandes gravadoras e em cada vez mais sets de DJs que enxergam na pesquisa (ou diggin’) um verdadeiro diferencial. Ao mesmo tempo artistas turcos, romenos e africanos se espalham nos cartazes de clubes e festivais

WHEN YOU VALUE WHAT COMES FROM WITHIN

Tthe Latin American scenario is plenty of examples. This was how Chilean exiled Ricardo Villalobos and Luciano used their childhood influences to start a new electronic sound, with more movement and flow. The result was a vibrant musical renaissance in the mid-2000s that led dozens of Chileans to make an international career in the underground scene in one of the most respected markets in the world: the European. A similar phenomenon occurred when Brazilian drum’n bass stuffed with national’s popular music influences, captivated the Brits. In both cases, the breakthrough of these niches in Latin countries went through a kind of consent at an international level. Today, however, this process seems to lose strength, opening space for a healthy wave that hits several Latin American countries - through the dialog with society and researches of sounds rooted in local popular culture. Was the view of the cultural world from a worn Eurocentric perspective? There seems to be a slow and gradual breakdown of cultural paradigms in several conceptions formerly seen as “exotic”. What has already been labeled as “world music” today is respected due its authenticity and attracts more interest, including being signed by major record companies and increasingly being included in sets of DJs who see the digging’ (or, musical research)


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“Todos na América Latina cresceram nessa instabilidade permanente que nos torna muito atentos e, apesar de planejarmos a longo prazo, estamos cientes de que muitas vezes precisamos ter agilidade para mudar o curso para continuar na corrida” Gonzalo Solimano

por todo o mundo à mesma velocidade que países tidos como periféricos assistem a movimentos embasados na cultura local emergirem com força - criando cenários e mercados nunca antes imaginados. Como a cena latino-americana reage a este fenômeno? “Nós vemos duas tendências diferentes se desenvolvendo no mercado musical peruano” afirma Lionel Igersheim, francês fundador do festival peruano Selvamonos: “Por um lado, há uma vontade de alcançar os mercados internacionais, trazendo produções mainstream massivas para o público peruano, em um ritmo nunca antes visto. Por outro lado, a cena local está se consolidando, possibilitando que artistas independentes desenvolvam sua carreira, invistam em novos materiais e excursões internacionais e também possibilitem a visita de artistas independentes internacionais ao Peru.”– alguma (ou total) semelhança com o mercado Brasileiro não é mera coincidência. Segundo Gonzalo Solimano, DJ e empresário argentino à frente da produtora Unlock (responsável pelo festival de arte digital Mutek em solo portenho), não apenas existe a oportunidade de criarmos novos movimentos culturais com as nossas influências musicais, mas estamos historicamente mais preparados para aproveitar estas oportunidades: “Acho que todos na América Latina cresceram nessa instabilidade permanente que nos torna muito atentos e, apesar de planejarmos a longo prazo, estamos cientes de que muitas vezes precisamos ter agilidade para mudar o curso para continuar na corrida.”

as a true differential. At the same time, Turkish, Romanian and African artists are featured on posters of clubs and festivals around the world at the same speed as peripheral countries watch movements based on local culture strongly emerge - creating scenarios and markets never before imagined. How does the Latin American scene react to this phenomenon? “We see two different trends developing in the Peruvian music market,” says Lionel Igersheim, the French founder of Peruvian Selvamonos festival: “There is a desire to reach international markets, bringing massive mainstream productions to the Peruvian public at an unprecedented speed. On the other hand, the local scene is consolidating, allowing independent artists to develop their careers, invest in new materials and international tours, and that also makes possible the visit of international independent artists to Peru.” - some (or total) similarity with the Brazilian market it is not mere coincidence. According to Gonzalo Solimano, an Argentinian DJ and entrepreneur, head of Unlock productions (responsible for Mutek Buenos Aires among others), not only there is an opportunity to create new cultural movements with our musical influences, but also we are historically more prepared to avail of these opportunities: “I think everyone in Latin America grew up in this permanent instability that makes us very attentive and, despite our long-term planning, we are aware that many times we need to have agility to change course in order to continue in the race”.


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RESSIGNIFICAÇÃO CULTURAL: UM POSICIONAMENTO POLÍTICO Se a música latina faz muito sucesso no universo pop mundial há bastante tempo, no cenário eletrônico esta movimentação é mais recente. Diversos grupos e artistas vêm cavando fundo e expondo suas raízes, mais do que como forma genuína de expressão: como um ato político. Uma maneira de mostrar que, antes de que um estrangeiro se aproprie das características tão intrínsecas a cada país ou região, seus próprios nativos transformem em arte este capital cultural. É o caso da ascensão da carreira de Nicolá Cruz, equatoriano representante de uma linha que vem sendo chamada de Andes Step ou Andes Beat. Como o próprio nome sugere, o estilo tem características provenientes da música dos Andes, nostálgica e repleta de elementos folclóricos. Em 2015 Nicola lançou seu primeiro álbum autoral “Prender El Alma”, que seguiu uma colaboração com ninguém menos que Nicolas Jaar – chileno filho de emigrantes que explora suas raízes Latino-Americanas de forma originalíssima. Nicolá é amigo próximo do VJ Fidel Eljouri, com quem se apresenta em diversas datas como headliner, do Peru à Colômbia. Fidel afirma que não apenas bebe da cultura primitiva equatoriana, mas que mantém uma ligação contínua com os membros da tribo Shipibo, participando de rituais de Ayahuasca na busca por “utilizar novos meios para aumentar a conscientização sobre estes povos que existem até hoje, mostrar o que aprendo sobre uma cultura e identidade que estão em evolução constante.” Outras exemplos deste movimento de ressignificação cultural são notadas por toda a porção latina do continente americano. Seja no festejado trio argentino Chancha Via Circuito, na dupla peruana Dengue! Dengue! Dengue! ou no brasileiro Pigmalião - projeto que tem à frente o carioca Daniel Lucas, também responsável pelo selo Frente Bolivarista - os ritmos tradicionais são valorizados e interpretados em linguagens atuais com um cuidado e uma relação artística sutil e muito original. O fenômeno vai além das pistas, como mostra o exemplo das batidas e letras altamente politizadas do BaianaSystem. A banda baiana, antes de ser headliner de 8 a cada 10 festivais brasileiros, era considerada o lado underground do Carnaval de Salvador, onde se

CULTURAL RESSIGNIFICATION: A POLITICAL POSITIONING

If Latin music has been very successful in the world pop universe for a long time, in the electronic scene this movement is more recent. Various groups and artists have been digging deeper and exposing their roots - more than a genuine way of expression: a political act. A form of expression which, before a foreigner appropriates the characteristics so intrinsic to each country or region, their own natives transform the cultural capital into art. This is the case of Nicolá Cruz and his career growth, an Ecuadorian representative of a style that has been referred as Andes Step or Andes Beat. As its name suggests, it has characteristics originating from the music from the Andes nostalgic and full of folk elements. In 2015 Nicola released his first original album, called “Prender El Alma”, which followed a collaboration with nobody less than Nicolas Jaar - Chilean son of emigrants who explores his Latin American roots in a super original way. Nicolá is a close friend of VJ Fidel Eljouri, with who he performs several gigs as headliners, from Peru to Colombia. Fidel affirms that he not only sips from the primitive Ecuadorian culture, but maintains a continuous connection with the members of the Shipibo tribe, participating in rituals of Ayahuasca in the search for “using new means to increase the awareness about these people which exist until today, showing what I learn about a culture and identity in a constant evolution”. Other examples of this movement of cultural resignification are noted throughout the Latin portion of the American continent. Be it the celebrated Argentinean trio Chancha Via Circuito, in the Peruvian duo Dengue! Dengue! Dengue! or in the Brazilian Pygmalion - a project headed by Daniel Lucas, which is also Frente Bolivarista label’s head honcho. The traditional rhythms are valued and interpreted in current languages, nurturing a subtle and very original artistic relationship. The phenomenon goes beyond the dance floors, as shown by the example of BaianaSystem’s highly politicized beats and lyrics. The Bahian band, before being headliner of 8 in every 10 Brazilian festivals, was considered the underground side of Salvador’s Carnival, where they did shows in a clandestine bloc called “Navio Pirata” (Pirate Ship). The mix of mangue-beat, dub, kuduro, cumbia and afrobeat makes performances resemble DJ sets - turning



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apresentava em um bloco clandestino chamado “Navio Pirata”. A mistura do mangue-beat, dub, kuduro, cumbia e afrobeat funciona como uma legítima pista de dança em apresentações que mais se assemelham a sets, contínuas e cheias de batidas do 4x4. A banda é composta por 4 cabeças pensantes a serviço da arte dançante - como eles mesmo se definem, além de percussionistas e 2 DJs. Russo Passapusso, vocalista, reforça o peso político dos processos de valorização local: “Compreender a nossa cultura como a essência intrínseca a se despertar dentro e fora de nós, com certeza esse despertar é político. Tenho percebido uma esperança que une os princípios das diferente pessoas que convivo . Pra mim em tudo podemos construir um ato político!” Além de artistas e bandas, os coletivos têm sido importantes para a disseminação das novas sonoridades. Festas independentes em capitais como São Paulo, BH, Rio, Porto Alegre e Curitiba que muitas vezes viram na rua o espaço para existir, na internet o espaço para trocar e se comunicar com mais pessoas a cada dia. Sonido Trópico, Gatopardø, Ballet Fractal, Gruta, MBR, Quack, selos como Tropical Twista e Frente Bolivarista

the audience in a legitimate dance floor; Continuous and plenty of 4x4 beats. They are “four thinking heads in the service of dancing art” - as they define themselves, as well as percussionists and 2 DJs. Russo Passapusso, vocalist, reinforces the political weight of local valorization processes: “Understanding our culture as the intrinsic essence and be complete awake: in and out of us. Surely this awakening is political. I’ve noticed a hope that unites the principles of different people I relate. For me, everything can be a political act!”. In addition to artists and bands, collectives have been important for the dissemination of new sonorities. Independent parties in capitals such as São Paulo, Belo Horizonte, Rio, Porto Alegre and Curitiba have often found on the streets the space to exist and, on the internet the space to promote exchanging and communication with more people every day. Sonido Trópico, Gatopard¬ø, Ballet Fractal, Gruta, MBR and Quack. Labels such as Tropical Twista and Frente Bolivarista and artists like Spaniol, Gerra G, Cosmic & Damião, Pigmalião, Cigarra, Fanfarra Electronica in between many others.



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e artistas como Spaniol, Gerra G, Cosmic & Damião, Pigmalião, Cigarra, Fanfarra Electronica e muitos outros. Um dos cases de maior sucesso recente de investimento em música regional vem da label argentina ZZK. Foi fundada pelo americano Grant C. Dull no início dos anos 2000 com o intuito de trazer a cumbia, estilo musical que conecta toda a América Latina Hispanófona, para as pistas de dança. Hoje representando artistas como Chancha Via Circuíto, Uji e o próprio Nicola Cruz, Grant afirma: “nossa cena cresceu organicamente o suficiente para que nada se torne comercial muito rápido. Eu também acho que as pessoas se relacionam com a autenticidade desta cena, em como os produtores estão explorando tradições e cultura de uma forma que mostra através da sua música.” Allie Silver, mais uma “gringa” em terras argentinas, investe no crescimento desta cena através da Free Radical Productions. A americana enxerga além do que muitos de nós, nascidos e criados na América Latina, podemos ver: “o mercado latino-americano tem um grande potencial por causa de seu talento e resiliência. A América Latina, em geral, e também a Argentina, especificamente, tiveram tantos desafios a superar, mas nunca desistiram. Sua determinação em criar arte apesar dos difíceis desafios políticos e de infraestrutura torna sua música ainda mais bela e única.”

One of the most recent successful investment’s cases in regional music comes from the Argentine label ZZK - it was founded by the North-American Grant C. Dull in the early 2000s with the objective of bringing Cumbia, a musical style that connects all of the Hispano-Latin America on the dance floors. Today, representing artists such as Chancha Via Circuito, Uji and Nicola Cruz himself, Grant states: “Our scene has grown organically enough in a way nothing will become commercial very fast. I also think people relate to the authenticity of this scene, how producers are exploring traditions and culture in a way which is shown through their music.” Allie Silver, another “gringa” in Argentina, invests in the growth of this scene through Free Radical Productions. The American sees beyond of what many of us - born and raised in Latin America can see: “The Latin American market has a great potential because of its talent and resilience. Latin America, in general, and Argentina in particular, had so many challenges to overcome, but they never gave up. Its determination to create art despite difficult political and infrastructure challenges makes its music even more beautiful and unique”.


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ARTE E MERCADO, UNIÃO E FORÇA

ART AND MARKET, UNION AND FORCE

E quando o assunto é viabilizar em termos mercadológicos os produtos culturais locais, como está se comportando este movimento? Como já visto, a quantidade de artistas e profissionais dedicados a transpor dificuldades para trabalhar e criar novas oportunidades é enorme, mas as nuances do meio comercial são tão ou mais complexos que os desafios históricos culturais.

When the subject is about making feasible, in market terms, the consummation of local cultural products - how is the market behaving? As we have seen, the number of artists and professionals dedicated to overcoming difficulties to work and create new opportunities is enormous, but the nuances of the commercial environment are as complex as or more than historical cultural challenges.

Com dólar alto, instabilidades econômicas/políticas e a insistente busca do público mainstream pelos talentos norte-americanos e europeus, realizar turnês internacionais são atos corajosos. Afirma Kabir Engel, que faz eventos no Chile há mais de 20 anos: “O Chile é um país muito pequeno e, portanto, a cena musical eletrônica não é tão grande. Os mesmos shows na Argentina ou no Brasil são muito maiores. Assim ficamos reféns muitas vezes da vinda de artistas para estes países para, então, conseguirmos uma data em Santiago.” Já Priscila Prestes, responsável por tours internacionais da agência Alliance (que trabalha com nomes como Warung Beach Club, Warung Day Festival e Tribaltech), conta sobre a rotina de quem faz as turnês acontecerem: “Os artistas não vêm pra fazer uma só data, e com o dólar cada vez mais alto tornase mais difícil fazer rolar. É uma equação complicada: Se, por um lado precisa ser um artista que tenha certa relevância e venda ingressos, por outro lado estes artistas possuem uma agenda bem cheia e acabamos concorrendo com propostas feitas por seus vizinhos, onde é desnecessário que o DJ pegue um avião de 13 horas para se apresentar. Na maioria das vezes eles têm que querer muito.” Neste cenário, se por um lado alimenta-se um ciclo onde artistas velhos conhecidos do público estão sempre voltando a custos e riscos elevados, abre-se uma imensa lacuna a ser preenchida com oportunidades. Camilo González, historiador e co-fundador da conferência Frecuencias no Chile, tem uma posição bem definida sobre um caminho interessante a ser tomado pelo mercado Latino-Americano no intuito de torná-lo mais atrativo a toda cadeia: “Somos um continente e um mercado grande o suficiente e ávidos por entretenimento e arte para não saber como aproveitar o que temos: um grande público e grandes artistas. Estamos acostumados a assistir e pagar caro

With high priced dollar exchanges, economic / political instabilities and the insistent request by the mainstream public for American and European talents, international tours are brave acts. According to Kabir Engel, who has held events in Chile for over 20 years: “Chile is a very small country and therefore the electronic music scene is not so great. The same shows in Argentina or in Brazil are much bigger. In many times, we have been held hostage, depending on the tour of these artists to these countries so we can book them in Santiago”. Priscila Prestes, who is responsible for the international tours of Alliance agency (which works with brands like Warung Beach Club, Warung Day Festival and Tribaltech), tells us about the routine of those who make the tours happen: “Artists do not come to do a single gig, and with the skyrocketing dollar - that becomes even more difficult to take place. It’s a complicated equation: If, on the one hand, you have to book an artist who has some relevance and sell tickets, on the other hand these artists have a very busy schedule and we end up competing with proposals made by their country’s neighbors, where it is unnecessary for the DJ to take a 13 hour flight to present him/herself. Most of the times, they have to want it a lot”. In this scenario, if, in one side, there is a cycle where artists long time known to the public keep coming back even with high costs and risks - that creates a huge gap to be filled with opportunities. Camilo González, historian and co-founder of the Frecuencias conference in Chile, has a well-defined position on an interesting path to be taken by the Latin American market in order to make it more attractive to the whole chain: “We are a continent and a market big enough and eager for entertainment and art to not know how to enjoy what we have: a large audience and great artists. We are used to pay expensive prices to watch and to access interesting content - which ends up reducing not only the capacity of producers to carry out events, but also the public’s ability to access culture. Changing this also depends on the time to get to know people and responsibly collaboration in between those who drive the industry in each country. On the other hand, we also need


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para acessar conteúdos interessantes, o que acaba diminuindo não apenas a capacidade dos produtores de realizar eventos, mas também a capacidade do público de acessar a cultura. Mudar isso também depende do tempo para se conhecer e colaborar de maneira responsável entre aqueles que movimentam a indústria em cada país. Por outro lado, também precisamos arriscar um pouco e apostar na América Latina. Nenhuma mudança de paradigma ocorreu sem esforço ou sacrifício por parte de seus protagonistas. A tarefa é nossa, não o público.” O mercado brasileiro possui uma bom exemplo com o trabalho feito em torno do “Brazilian Bass”: aproveitando a desvalorização do Real, que muitas vezes inviabiliza a vinda de artistas internacionais, em meados de 2016 agentes locais passaram a investir pesado em talentos nacionais em escala nunca antes vista. Hoje, estrelas das pistas (e das redes sociais) contam com um mercado massivo, em pleno crescimento e com protagonistas locais em eterna renovação – um claro exemplo de que apostar no produto interno pode dar mais resultado do que importar o que vem de fora. “Acredito que não é apenas importante unir os ‘principais representantes’, mas também incorporar aqueles que são menores em tamanho, mas que têm a capacidade econômica e a gestão necessárias para produzir eventos e gerar conteúdo valioso. Para mim, a ideia de uma associação Latino Americana não é apenas atraente, mas necessária para gerar um contexto positivo para trazer artistas de outros continentes a preços mais baixos e para expor nossos artistas locais e popularizar seu trabalho.” afirma Camilo, numa estratégia de incentivos à uma coalizão Latino-Americana. “Nossos artistas são tão bons quanto os estrangeiros e não têm as mesmas possibilidades de mídia global e investimento, por exemplo. Portanto esses esforços vão de encontro ao crescimento dos mercados, afastam gradualmente o conteúdo do hemisfério norte e incentivam o consumo e exportação de música latina eletrônica.”

to take a little risk and bet on Latin America. No paradigm shift occurred without effort or sacrifice on the part of its protagonists. The task is ours, not the audience’s. “ The Brazilian market has a good example of the work done over the “Brazilian Bass”: taking advantage of the Real’s devaluation, which often makes the access of international artists unfeasible. In the middle of 2016, local agents began to heavily invest in national talents - in a never seen before scale. Today, dance floor (and social networks) stars rely on a massive growing market and local players in constant renewal - a clear example that betting on the domestic product can bring better results than importing what comes from outside. “I believe it is not only important to bring the ‘top representatives’ together, but also to incorporate those who are smaller in size but who have the necessary economic capacity and management to produce events and generate valuable content. For me, the idea of a Latin American association is not only attractive, but essential to generate a positive context to bring artists from other continents at lower prices and to expose our local talents and popularize their work” - Camilo affirms, on a strategy which incentives a Latin American coalition. “For example, our artists are as good as foreigners and do not have the same possibilities of global media and investment. So these efforts come upon the markets’ growth, gradually deviating the content of the northern hemisphere and encouraging the consumption and exportation of Latin electronic music”.



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AMÉRICA LATINA: CONTINENTE UNIDO; POTENCIAL INFINITO POR BRUNA CALEGARI

Extendiéndose desde la helada Tierra del Fuego, penetrando en la Amazonía brasileña, atravesando la cintura fina de América Central y corriendo a lo largo del sinuoso Río Bravo. La porción latina del continente americano abarca una multiculturalidad tan vasta y compleja como su territorio. ¿Pero cuáles serían los caminos para compartir una cultura sonora latinoamericana? Está lejos de la pretensión de este texto responder a cuestiones tan profundas. Además, en materia de América Latina el consenso es algo inimaginable, comenzando por el nombre, que ante la falta de otro nombre más apropiado se adopta por la facilidad en la comprensión. Se puede decir que la post-verdad nació por aquí, con la llegada de Colón, pues independientemente de la cantidad de estudios en áreas distintas, ellos siempre apuntarán para respuestas diferentes y la única certeza de la unión de los Latinoamericanos como pueblo reside en la complejidad de sus diferencias. Pero más allá de la cumbia de Colombia y de la samba de Brasil, entre algunas arepas de Venezuela, las carnes de Argentina y las pimientas mexicanas encontramos muchos signos semejantes, en especial una historia repleta

de conflictos e inestabilidades. Pensar en América Latina a partir de su posición al sur no es una búsqueda por una identidad cerrada o aislada del mundo, sino por una comprensión de sus raíces e historia - para delinear mejor un posible futuro. En especial en la música, las influencias de las fusiones históricas son fácilmente perceptibles en la alegría del frevo, en la melancolía del tango y en la nostalgia del sertanejo auténtico. Una miríada de estilos y sub-estilos musicales resultantes de la mezcla entre europeos, indígenas y africanos que constituye uno de los más ricos y originales panoramas musicales de la sociedad contemporánea. Este legado, no obstante, es curiosamente ignorado o renegado por una cantidad significativa del público y de los productores de música electrónica de la región, que



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generalmente tienen los oídos dirigidos a sonidos urbanos provenientes de Berlín, Miami o Chicago. Nuestra música ha sido, a lo largo de décadas, curiosamente más valorizada por exploradores extranjeros en una irónica repetición de la historia - algunos de ellos grandes “conoisseurs” de todo el mundo como el inglés Gilles Peterson, locutor de radio de la BBC Radio 6 en Londres que posee una historia de amor con la música brasileña y toca semanalmente tracks que pocos cariocas, paulistas y mineros ya escucharon. Otro ejemplo es el proyecto belga Gotan Project, referencia mundial en el tango electrónico. Independiente de su lugar de nacimiento, la música fluye y encuentra su espacio. Estamos en el 2018: el acceso a la música es tan amplio como las posibilidades de geolocalización y tiempo/espacio, haciendo no solo posible que un porteño cree Chicago House Music de los años 90, pero también que un berlinés conozca y toque toda la discográfica del Tropicalismo Brasileño. ¿Pero por qué la música local todavía necesita de este (re)descubrimiento a través de una mirada externa - y aún más, de su validación? CUANDO SE DA VALOR A LO QUE VIENE DE ADENTRO

En el escenario Latinoamericano sobran ejemplos de esto. Fue así cuando los exiliados chilenos Ricardo Villalobos y Luciano utilizaron las influencias de su infancia para dar inicio a un nuevo sonido electrónico, con más movimiento y fluidez. El resultado fue un vibrante renacimiento musical a mediados de los años 2000, que llevó a decenas de chilenos a hacer carrera internacional en la escena underground de uno de los mercados más respetados del mundo: el Europeo. Un fenómeno similar ocurrió cuando el drum’n bass brasileño cargado de influencias de la música popular nacional encantó a los ingleses. En los dos casos, la explosión fuera de los nichos en los países latinos pasó por una especie de aprobación en escenarios internacionales. Hoy, no obstante, este proceso parece perder fuerza, abriendo espacio para una saludable ola

que se esparce por diversos países latinoamericanos de búsqueda y diálogo con las sonoridades enraizadas en la cultura popular local. ¿Estaría desgastada la visión del mundo cultural a partir de una perspectiva euro-céntrica? Todo indica que hay una lenta y gradual ruptura de paradigmas culturales en diversos reductos antes vistos como “exóticos”. Lo que ya fue rotulado como “world music” hoy es respetado en su autenticidad y gana una fuerza cada vez mayor, incluso en los productos de las grandes grabadoras y en cada vez más sets de DJs que ven en la búsqueda (o diggin’) un verdadero diferencial. Al mismo tiempo, artistas turcos, rumanos y africanos se esparcen en los carteles de clubes y festivales por todo el mundo a la misma velocidad que los países considerados periféricos ven emerger con fuerza movimientos basados en la cultura local - creando escenarios y mercados nunca antes imaginados. ¿Cómo reacciona a este fenómeno la escena latinoamericana? “Nosotros vemos dos tendencias diferentes desarrollándose en el mercado musical peruano” afirma Lionel Igersheim, francés fundador del festival peruano Selvamonos: “Por un lado, hay una voluntad de alcanzar a los mercados internacionales, trayendo producciones mainstream masivas para el público peruano, en un ritmo nunca antes visto. Por otro lado, la escena local está consolidándose, posibilitando que artistas independientes desarrollen su carrera, inviertan en nuevos materiales y excursiones internacionales y también posibiliten la visita de artistas independientes internacionales a Perú.”– alguna (o total) semejanza con el mercado Brasileño no es mera coincidencia. Según Gonzalo Solimano, DJ y empresario argentino al frente de la productora Unlock (responsable por el festival de arte digital Mutek en suelo porteño), no solo existe la oportunidad de crear nuevos movimientos culturales con nuestras influencias musicales, sino que estamos históricamente más preparados para aprovechar



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estas oportunidades: “Creo que todos en América Latina crecieron en esta inestabilidad permanente que nos vuelve muy atentos y, a pesar de planificarnos a largo plazo, estamos conscientes de que muchas veces debemos tener agilidad para cambiar el curso para continuar en la carrera.” RESIGNIFICACIÓN CULTURAL: UN POSICIONAMIENTO POLÍTICO

Si la música latina tiene mucho éxito en el universo pop mundial hace bastante tiempo, en el escenario electrónico este movimiento es más reciente. Diversos grupos y artistas están hurgando profundamente y exponiendo sus raíces, más que como forma genuina de expresión: como un acto político. Una manera de mostrar que, antes de que un extranjero se apropie de las características tan intrínsecas de cada país o región, sus propios nativos transformen en arte este capital cultural. Es el caso de la ascensión de la carrera de Nicolá Cruz, ecuatoriano representante de una línea que está siendo llamada Andes Step o Andes Beat. Como el propio nombre lo sugiere, el estilo tiene características provenientes de la música de los Andes, nostálgica y repleta de elementos folclóricos. En el 2015 Nicola lanzó su primer álbum autoral “Prender El Alma”, que siguió una colaboración con nadie menos que Nicolas Jaar – chileno hijo de emigrantes que explora sus raíces Latinoamericanas de forma originalísima. Nicolá es un amigo cercano del VJ Fidel Eljouri, con quien se presenta en diversas fechas como headliner, desde Perú hasta Colombia. Fidel afirma que no solo bebe de la cultura primitiva ecuatoriana, sino que mantiene una conexión continua con los miembros de la tribu Shipibo, participando de rituales de Ayahuasca en la búsqueda por “utilizar nuevos medios para aumentar la concientización sobre estos pueblos que existen hasta hoy, mostrar lo que aprendo sobre una cultura e identidad que están en evolución constante.” Otros ejemplos de este movimiento de resignificación cultural son notados por toda la porción latina del continente americano. Ya sea en el festejado trío argentino Chancha Vía Circuito, en el dúo peruano Dengue! Dengue! Dengue! o en el brasileño Pigmalião - proyecto que tiene al frente al carioca Daniel Lucas, también responsable del sello Frente Bolivarista - los ritmos tradicionales son valorizados e interpretados en lenguajes actuales con un cuidado y una relación artística sutil y muy original.

El fenómeno va más allá de las pistas, como muestra el ejemplo de los ritmos y letras altamente politizados del BaianaSystem. La banda baiana, antes de ser headliner de 8 cada 10 festivales brasileños, era considerada el lado underground del Carnaval de Salvador, donde se presentaba en un bloque clandestino llamado “Navío Pirata”. La mezcla del mangue-beat, dub, kuduro, cumbia y afrobeat funciona como una legítima pista de baile en presentaciones que se asemejan más a sets, continuas y llenas de ritmos del 4x4. La banda está compuesta por 4 cabezas pensantes al servicio del arte danzante - como ellos mismos se definen, además de percusionistas y 2 DJs. Russo Passapusso, vocalista, refuerza el peso político de los procesos de valorización local: “Comprender nuestra cultura como la esencia intrínseca a despertar dentro y fuera de nosotros, claro que ese despertar es político. He percibido una esperanza que une los principios de las diferente personas con las que convivo. ¡Para mí en todo podemos construir un acto político!” Además de artistas y bandas, los colectivos han sido importantes para la diseminación de las nuevas sonoridades. Fiestas independientes en capitales como São Paulo, BH, Río, Porto Alegre y Curitiba que muchas veces vieron en la calle el espacio para existir, en Internet el espacio para cambiar y comunicarse con más personas a cada día. Sonido Trópico, Gatopardø, Ballet Fractal, Gruta, MBR, Quack, sellos como Tropical Twista y Frente Bolivarista y artistas como Spaniol, Gerra G, Cosmic & Damião, Pigmalião, Cigarra, Fanfarra Electrónica y muchos otros. Uno de los casos de mayor éxito reciente de inversión en música regional viene de la label argentina ZZK. Fue fundada por el americano Grant C. Dull al inicio de los años 2000 con la intención de traer la cumbia, estilo musical que conecta a toda América Latina Hispanohablante, para las pistas de baile. Hoy representando a artistas como Chancha Vía Circuito, Uji y el propio Nicola Cruz, Grant afirma: “nuestra escena creció orgánicamente lo suficiente para que nada se vuelva comercial muy rápido. Yo también creo que las personas se relacionan con la autenticidad de esta escena, en cómo los productores están explorando tradiciones y cultura de una forma que se muestra a través de su música.” Allie Silver, otra extranjera en tierras argentinas, invierte en el crecimiento de esta escena a través de la Free Radical Productions. La americana ve mucho más que muchos de nosotros, nacidos y criados en América Latina, podemos ver: “el mercado


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latinoamericano tiene un gran potencial por causa de su talento y resiliencia. América Latina, en general, y también Argentina, específicamente, tuvieron tantos desafíos a superar, pero nunca desistieron. Su determinación en crear arte a pesar de los difíciles desafíos políticos y de infraestructura hace a su música aún más bella y única.” ARTE Y MERCADO, UNIÓN Y FUERZA

Y cuando el asunto es viabilizar los productos culturales locales en términos mercadológicos, ¿cómo se está comportando este movimiento? Como ya fue visto, la cantidad de artistas y profesionales dedicados a transponer dificultades para trabajar y crear nuevas oportunidades es enorme, pero los matices del medio comercial son tan o más complejos que los desafíos históricos culturales. Con el dólar alto, las inestabilidades económicas/ políticas y la insistente búsqueda del público mainstream por los talentos norteamericanos y europeos, realizar giras internacionales son actos valerosos. Afirma Kabir Engel, que realiza eventos en Chile hace más de 20 años: “Chile es un país muy pequeño y, por lo tanto, la escena musical electrónica no es tan grande. Los mismos shows en Argentina o en Brasil son mucho mayores. Así muchas veces somos rehenes de la llegada de artistas a estos países para, entonces, lograr una fecha en Santiago.” Ya Priscila Prestes, responsable de giras internacionales de la agencia Alliance (que trabaja con nombres como Warung Beach Club, Warung Day Festival y Tribaltech), cuenta sobre la rutina de quien hace que las giras ocurran: “Los artistas no vienen para hacer una sola fecha, y con el dólar cada vez más alto se hace más difícil lograrlo. Es una ecuación complicada: Si, por un lado, tiene que ser un artista que tenga cierta relevancia y venda entradas, por otro lado estos artistas poseen una agenda muy ocupada y acabamos compitiendo con propuestas hechas por sus vecinos, donde es desnecesario que el DJ coja un vuelo de 13 horas para presentarse. La mayoría de las veces ellos tienen que quererlo mucho.” En este escenario, si, por un lado, se alimenta un ciclo donde artistas viejos conocidos del público están siempre regresando a costos y riesgos elevados, se abre una inmensa laguna a ser llenada con oportunidades. Camilo González, historiador y co-fundador de la conferencia Frecuencias en Chile, tiene una posición bien definida sobre un camino interesante a ser tomado por el mercado Latinoamericano con la intención de hacerlo más atractivo a toda la cadena:

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“Somos un continente y un mercado suficientemente grande y estamos ávidos por entretenimiento y arte para no saber cómo aprovechar lo que tenemos: un gran público y grandes artistas. Estamos acostumbrados a ver y a pagar caro para acceder a contenidos interesantes, lo que acaba disminuyendo no solamente la capacidad de los productores de realizar eventos, sino también la capacidad del público de acceder a la cultura. Cambiar esto también depende del tiempo para conocerse y colaborar de manera responsable entre aquellos que mueven la industria en cada país. Por otro lado, también debemos arriesgarnos un poco y apostar en América Latina. Ningún cambio de paradigma ocurrió sin esfuerzo o sacrificio por parte de sus protagonistas. La tarea es nuestra, no del público.” El mercado brasileño posee un buen ejemplo con el trabajo hecho alrededor del “Brazilian Bass”: aprovechando la desvalorización del Real, que muchas veces impide la llegada de artistas internacionales, a mediados del año 2016 los agentes locales comenzaron a invertir pesado en talentos nacionales a una escala nunca antes vista. Hoy, estrellas de las pistas (y de las redes sociales) cuentan con un mercado masivo, en pleno crecimiento y con protagonistas locales en eterna renovación – un claro ejemplo de que apostar en el producto interno puede dar más resultado que importar lo que viene de afuera. “Pienso que no solamente es importante unir a los ‘principales representantes’, sino también incorporar a aquellos que son menores en tamaño, pero que tienen la capacidad económica y la gestión necesarias para producir eventos y generar contenido valioso. Para mí, la idea de una asociación Latinoamericana no es solo atractiva, sino necesaria para generar un contexto positivo para traer artistas de otros continentes a precios más bajos y para exponer a nuestros artistas locales y popularizar su trabajo.” afirma Camilo, en una estrategia de incentivos para una coalición Latinoamericana. “Nuestros artistas son tan buenos como los extranjeros y no tienen las mismas posibilidades de medios de comunicación globales y de inversión, por ejemplo. Por lo tanto, estos esfuerzos van al encuentro del crecimiento de los mercados, alejan gradualmente el contenido del hemisferio norte e incentivan el consumo y la exportación de la música latina electrónica.”


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Inovação e futurismo, do empreendedorismo disruptivo à realidade virtual. A tecnologia desempenha um papel importante na vida da maioria das pessoas, agindo como um facilitador para muitos e como fonte de inspiração criativa para os demais. Para ajudar nossos participantes a entender tudo isso, e também a ver algum sentido do que será introduzido na próxima década, o BRMC criou o Future Forum, um lugar onde as melhores ideias novas em produção, música, tecnologia e inovação ocupam um lugar central.

Technology plays a major role in most people’s lives, acting as an enabler for many, and as a source of creative inspiration for others. In order to help our delegates make sense of all this, and also to get some sense of what will be introduced over the next decade might, BRMC has created the Future Forum, a place where the very best new ideas in both production and music-making, as well as the technology that makes it happen, take centre stage.


MÚSICA NO DNA Depois da descoberta da possibilidade de se armazenar dados no DNA, claro que não ia demorar para a música entrar nessa. Para comemorar o aniversário de 20 anos do álbum Mezzanine, os ingleses do Massive Attack decidiram codificar as gravações nessas moléculas. Na época do seu lançamento, em 1998, disco já foi objeto de inovação: foi o primeiro a ser transmitido por streaming, de forma gratuita, via RealAudio.

MUSIC IN DNA After the discovery of the possibility of recording data in DNA, it was clear that music would not take long to jump on the bandwagon. To celebrate the 20th anniversary of Mezzanine, Massive Attack decided to encode their recording in these molecules. At the time of its release in 1998, the album was already innovative: it was the first to be broadcast through streaming for free, through RealAudio.

CRIPTOROYALTIES O mercado da música não tem ficado para trás na onda das criptomoedas. Björk, por exemplo, distribuiu AudioCoins para quem comprou seu último álbum. Já o rapper 50 Cent, um dos primeiros músicos mainstream a aceitar bitcoins como pagamento, em 2014 teve que negar que ainda possuía 700 unidades da moeda — o que hoje equivaleria a milhões de dólares. O último a inovar foi o DJ e produtor Gramatik, que utilizou a tecnologia Ethereum para criar a GRMTK. Quem a adquirir leva mais do que uma criptomoeda: ganha também participação nos direitos e royalties gerados pela sua música.

CRIPTOROYALTIES The music market is not behind in the criptocurrency trend. Björk, for example, distributed AudioCoins for whomever bought her latest album. 50 Cent, one of the first mainstream artists to accept bitcoins as payment, in 2014, had to deny still having 700 units - which would be worth millions of dollars today. The latest innovation was DJ and producer Gramatik, who used Ethereum technology to create GRMTK. Whoever buys it wins more than criptocurrency: they also gain participation in the rights and royalties of the music.


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FUTURE FORUM

ENTREVISTA: RAFAEL ARAÚJO INTERVIEW Estávamos em meados dos anos 2000 quando o DJ e produtor musical Rafael Araújo, fundador do selo de techno BR909, decidiu investir em uma nova empreitada. Profissionalizar DJs, oferecendo cursos completos de teoria e prática da arte da discotecagem à produção musical. Assim, em 2004 nasce a AIMEC (Academia Internacional de Música Eletrônica de Curitiba), escola que, de tanto formar centenas de DJs e produtores musicais, acabou colaborando para mudanças expressivas nos cenários artísticos e culturais das praças por onde espalharam suas unidades - de Balneário Camboriu a Campinas são 7 unidades fixas e cursos espalhados pelo país. Por compartilhar de ideais semelhantes em relação a mercado e profissionalização do setor, a escola é parceira do Brazil Music Conference desde a primeira edição, e a cada Anuário convidamos seus professores para indicar as principais tecnologias que serão tendência nos próximos meses. Mas antes de partir para o futuro, que tal voltar para o lado humano do empreendedor que deu vida a esta gigante, e permanece fiel a um sonho de quase 15 anos de idade? Com a palavra, Rafael Araújo, co-fundador da AIMEC: O BRMC chegou a sua décima edição, e você tem participado desde o começo da conferência em 2009. Se fosse citar uma tecnologia utilizada pelo

It was mid 2000’s when the DJ and music producer Rafael Araújo, founder of the label BR909, decided to invest in a new venture. His aim was to professionalize DJs, offering complete courses of theoretical and practical skills on DJing and music production. Thus, in 2004 AIMEC (International Academy of Electronic Music in Curitiba) was born. School which, forming hundreds of DJs, ended up collaborating to expressive changes in the artistic and cultural scenario around the locations where their units are settled. From Balneário Camboriú to Campinas, there are seven fixed units spread across the country. By sharing similar mindsets relating the market and the professionalization over the segment, the school is BRMC’s partner since it’s first edition. And on every Yearbook, its teachers are invited to indicate the main technologies that will be a trend in the coming months. Before we sail into the future, how about we turn to the human side of the entrepreneur who gave life to this giant player, remaining faithful to a dream of almost 15 years old? Let’s talk to Rafael Araújo, co-founder of AIMEC: BRMC has reached its tenth edition, and you have been attending it since the conference began back in 2009. What DJ technology would you choose, that endured intact all this period - until today? Why? It’s true; We had the honor of attending BRMC since its beginning. We have seen the conference grow along with



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FUTURE FORUM

“Em 2009 já tínhamos o Ableton Live, que permanece até hoje como uma ótima opção para quem quer produzir músicas. E da parte dos DJs, foi em 2009 que a Pioneer DJ lançou o CDJ 2000, que continua sendo usado até hoje. ”

DJ lá em 2009 que sobreviveu intacta até hoje, qual seria ela? E por que acha que ela sobreviveu? É verdade, tivemos a honra de participar desde o início. Vimos a conferência crescer junto com a vontade dos organizadores em oferecer um conteúdo relevante para o mercado nacional e internacional, e tem sido ótimo. Sobre a tecnologia que se manteve no topo, terei que dividir minha atenção! Em 2009 já tínhamos o Ableton Live, que permanece até hoje como uma ótima opção para quem quer produzir músicas. E da parte dos DJs, foi em 2009 que a Pioneer DJ lançou o CDJ 2000, que continua sendo usado até hoje. Os DJMs da Pioneer evoluíram, mas em grande parte a sistemática de uso é a mesma. Claro: a Technics MK2, toca-discos que nunca saíram de moda também permaneceram intactos. Este sobreviveu por manter viva a verdadeira arte da discotecagem. Impossível escolher uma só; prefiro ficar com estas três! A onda retrô atingiu o DJ e produtor musical, esse retorno ao analógico? Qual sua opinião a respeito? Eu gosto deste retorno, pois sou um cara saudosista. Gosto dos equipamentos que fizeram história na música. Marcaram época. São eles que na maioria das vezes trouxeram e trazem a alma de uma música. Nada como o bass de um Mini Moog, teclado sintetizador que foi desenvolvido nos anos 70 e que inclusive teve um relançamento pela Moog recentemente. A Roland relançou pela sua linha “boutique” todos os equipamentos clássicos que foram muito usados pelos produtores musicais e pelos DJs dos anos 80. Mas eu vejo que não só na música essa onda retrô está acontecendo. Na moda, na TV, seriados, etc. É uma onda muito maior. Quais tecnologias ficaram obsoletas muito rápido? Existe um padrão ou algo em comum entre elas?

the organizers’ willingness on offering relevant content to both national and international market - and that’s being great. About the top technology, I’m splitting my attention! In 2009 we already had Ableton Live, which remains to this day as a great option for anyone who wants to produce music. On the DJ’s side, Pioneer released the CDJ 2000 in 2009, which continues to be used until today. Pioneer’s DJMs have evolved, but to a large extent the usage pattern is the same. Obviously, Technics MK2 turntables never went out of style - remaining intact. They survived by keeping alive the true art of DJing. It is impossible to choose only one. I would rather keep these three choices! The retro wave hit the DJ and music producer. What it is your opinion over this pursuit of an analog sound? I enjoy this return, since I’m a nostalgic guy. I like the equipment that made history in music. Milestones in their times. Those instruments are the ones which most often brought, and still bring the soul of a tune. There’s nothing like the bass of a Mini Moog, keyboard synthesizer developed in the 70’s that had a recently relaunched by Moog. Roland relaunched via its “Boutique” series, many of their classic equipment used by many of the main music producers and DJs from the 80’s. From my perspective, music is not the only affected by the retro wave. For example fashion, TV shows and so on. It’s a much bigger wave. What technologies became obsolete very quickly? Is there any pattern or a common factor in between them? The tapes had their moment. The K7 tape had its moment. CD also reached the peak in the 90’s but it is also obsolete nowadays. I believe flash drives will become obsolete at a certain point. Very soon we’re having all our files on cloud and by arriving at the club, we access them by login on the CDJ. I remember that DAT (Digital Audio Tape) was mandatory in the studios and today nobody else uses it.



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As fitas de rolo tiveram seu momento. A fita K7 teve o seu momento. O próprio CD também teve o seu auge nos anos 90 mas hoje ficou obsoleto. Acredito que os flash drives em algum momento também ficarão obsoletos. Muito em breve vamos ter todos os nossos arquivos na nuvem, e quando chegarmos ao club vamos logar pelo CDJ e acessa-los. Lembro do DAT (Digital Audio Tape) que era obrigatório nos estúdios e hoje ninguém mais usa. Ele era usado para gravar a master final de uma track. Lembra dos MD (Mini Discs)? Eram regraváveis e portáteis mas que também desapareceram. Sem falar dos laser discs, que eram aqueles CDs do tamanho de 12 polegadas para assistir a vídeos digitalizado. Acredito que as limitações sejam devido ao peso, espaço, volume que essas mídias tinham. A obsolecência é uma coisa comum nos dias de hoje. A própria Apple é mestre nisso. Te obriga a comprar um novo telefone ou um computador porque o antigo já não suporta mais os apps e softwares atuais. Como professor, quais diferenças percebe entre os alunos que começavam o curso em 2009 e os que começam em 2018? Tanto ontem como hoje, a gente sente na pele o desejo de consumo deles por um determinado estilo musical que esteja em evidência no momento. Em 2009 era a febre do electro house, minimal, psy trance. Vinham muitos alunos com o desejo de participar dessas cenas. A música eletrônica é assim: hoje é o techno, ontem era o electro house, deep house. Amanhã é o tech house, brazilian bass. Esse processo cíclico é o que faz a indústria interessante. Como você enxerga o novo músico? Um cara que tem a noção de tecnologia, além de conhecimento musical, é claro. Um cara que sabe a importância do mundo digital, tanto para o desenvolvimento e criação de seu trabalho, quanto para a divulgação e promoção do mesmo. Vender e comercializar o seu trabalho, depois administrar e cuidar da parte financeira dele. Isso se ele quiser engrenar em uma carreira profissional e comercial. Se quiser apenas tocar, pode aprender em casa pela internet mesmo. Mas acima de tudo, um cara que nunca se esqueça de fazer músicas boas.

It was used to record the final master of a track. Do you remember MDs (MiniDisk)? They were rewritable and portable but they also disappeared. Not to mention the laser discs, those 12 inches CDs, to watch scanned videos. I believe the limitations are due to the weight, space and volume of data these media had. Obsolescence is a common thing nowadays. Apple knows it better. They force you buying a new phone or computer, since your old one does not handle your current apps and softwares anymore. As a teacher, what differences do you notice between the students whose courses started had start in 2009 and those whose begin in 2018? Both yesterday and today, we feel their desire to consume and create a certain musical style. Normally one which is in evidence at the moment. Back in 2009, we had fever of Electro House, Minimal and Psy-Trance. Many students had the wish to integrate these scenes. The electronic music is like this: today is the techno, yesterday was the electro house, deep house. Tomorrow is tech house, brazilian bass. This cyclical process is what makes the industry interesting. How do you see the new musician? People who have technology notions additionally to their musical skills. If you take your career seriously - manage it properly and take care of your finances, you have got to know the importance of the digital world; Both in developing and creating to marketing, promoting and selling your work. If you are DJing or producing for fun, you can learn by internet at home. But above all, the new musician is a person who deliver great tracks.



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NOVAS TECNOLOGIAS NEW TECH

ABLETON LIVE 10 INOVADOR OU MAIS DO MESMO? Após longa espera a empresa alemã Ableton finalmente lançou este ano para o grande público a décima versão do seu DAW (Digital Audio Workstation). E como normalmente faz, existem três opções, a versão de entrada “Intro” custando U$ 99, a versão “Standard” intermediaria custando U$ 449 e a versão “Suite” mais completa custando U$ 749. Sou usuário do Live desde a sua versão 6 e quase sempre tive a oportunidade de trabalhar com a opção mais completa do software, confesso que eu estava com um desejo gigante por uma nova versão do Ableton Live. Á primeira vista no Live 10 o que todo usuário vai notar são algumas mudanças no design que deixaram aquele DAW meio sem graça e parado no tempo, um pouco mais bonito, dando um “ar” de coisa nova. Outra coisa muito interessante que com certeza vai ajudar muita gente é a possibilidade de instalar packs

ABLETON LIVE 10 INNOVATIVE OR MORE OF THE SAME?

After a long wait, this year the German company Ableton has finally released the tenth version of its DAW (Digital Audio Workstation), to the general public. And as usual, there are three options: the entry level version, “Intro” - costing $ 99. The intermediate version, “Standard” costing $ 449. And the more complete version, “Suite” costing $ 749. I have been a Live user since its version 6, normally having the opportunity to use most complete version of the software. I must confess I was craving a new version of Ableton Live. At first glance, every Live 10’s user will notice some changes on its design. Before, the interface was kind of dull and stopped in time. Now it is nicer, more beautiful and fresh. Another very interesting fact which is sure to help a lot of people is the possibility to install sample packs, presets


TODA VEZ QUE A MÚSICA EXTRAPOLA SUA MISSÃO DE CONECTAR PESSOAS E PASSA A ENGAJAR OS PLAYERS, AQUECER O MERCADO E ABRIR CONVERSAS, A NOSSA ESCOLHA É AUMENTAR O VOLUME.

A AGÊNCIA DE LIVE MARKETING PATROCINADORA OFICIAL DA BRMC 2018.


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de samples, presets, sons do Live, diretamente da nuvem sem precisar sair do software. E mais uma vez o grande carro chefe de toda campanha de marketing da Ableton é a praticidade do software, pensando nisso, agora existem vários recursos que trazem uma experiência ainda melhor ao usuário quando estiver trabalhando com o Live 10. Um recurso bem legal que vai tornar a sua vida mais organizada durante o uso são as “listas”, com ele você consegue favoritar os seus plug-ins nativos ou externos e colocar todos em uma espécie de pasta com o nome e cor que desejar tornando a procura por um determinado plugin muito mais rápida. Ainda falando em praticidade, temos agora um histórico de saves. Toda vez que você abre um projeto e salva ele, o Live 10 cria automaticamente um arquivo backup com a data e hora do último salvamento. Isso também é feito quando você resolve fazer gravações, o software coloca a data e hora em todas as gravações feitas, facilitando a identificação dos arquivos. No Live 10 também foram acrescentadas algumas funções solicitadas a muito tempo pelos fãs como; novo sintetizador, novos efeitos, possibilidade de colocar grupos dentro de grupos, exportar o projeto para mp3, novos atalhos e algumas outras funções na tela de arranjo que ajudam e muito no workflow. São diversos recursos novos que infelizmente não caberia aqui, mas você pode conferir em detalhes em nosso canal no Youtube, AIMEC Brasil. Por fim a sensação que eu tive após alguns meses de uso com o Live 10 é que ele me parece mais um Ableton Live 9.8 do que uma grande nova versão. Realmente são diversos recursos novos, mas são coisinhas pequenas e o que realmente os usuários experientes e de longa data queriam ainda, pelo menos por hora, não tem. O software em si é excelente, está rápido, com menos bugs e não tenho dúvida que os novos usuários irão amar os recursos apresentados. Porém pra mim a Ableton ainda continua parada no tempo e por incrível que pareça sem criatividade suficiente para lançar algo realmente inovador.

and Live sounds, straight from the cloud - without the need to leave the software. Once again, the marketing campaign from Ableton focuses the software practicality as their great flagship. With this in mind, several new features bring an enhanced user experience when using Live 10. A cool feature to help you get organized, is the “Lists” function. You create a folder with your favorite plugins (native or external), then name it and color it - making the search for a particular plugin much faster. Talking about practicality, we now have a “Saves” historic. Every time you open and save a file, the software automatically generates a backup file (with date and time of last “Save”). This also happens when recording. Some added features are long time requested by the users, like: new synthesizer, new effects, possibility to do grouping within groups, export projects to mp3, new shortcuts and some other functions on the arrangement screen that are much improving the workflow. There are several new features that unfortunately would not fit here, but you can check in detail on our Youtube channel, AIMEC Brasil. The overall sensation I had after some months of using it, is that it feels like a 9.8 - not a major updated version. I must point there are several new features. But they are not so relevant and at least for now - won’t suffice their user’s needs. The software itself is excellent. It is fast, has fewer bugs and I’m sure the new features will be much appreciated. Although personally, I think Ableton is stuck in time and astonishingly without the necessary creativity in order to release something really innovative.



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ELECTRIC SUNBURST: SEU GUITARRISTA DE PLANTÃO Quem nunca sonhou em ser um grande guitarrista? Tocar para milhares de pessoas aquele solo incrível ou criar um riff que entre para a história? A habilidade para ser um grande guitarrista está reservada para aqueles que dedicam praticamente a vida inteira ao instrumento. Mas isso está mudando, pois a Native Instrument revolucionou a forma de tocar os instrumentos. O recém lançado ELECTRIC SUNBURST promete recriar com bastante realismo a performance de um guitarrista com apenas alguns cliques. Para isso, ele captura com precisão o som de uma guitarra clássica escolhida por seu timbre rico, quente e versátil. Todo o caminho do sinal da gravação foi mantido, incluindo cabos de alta qualidade, pré-amplificadores de tubo e conversores de alta resolução, tudo para garantir que cada nuance deste instrumento lendário seja capturado com precisão. Mas só a qualidade da gravação não basta, é preciso performance para convencer. Para conseguir isso, ele combina uma biblioteca abrangente de padrões de dedilhados, arpejos e riffs, com controles de desempenho em tempo real. O inovador mecanismo de reprodução permite um número praticamente infinito de variações de acordes e cria resultados musicais convincentes a partir de notas tocadas sem esforço.

ELECTRIC SUNBURST: YOUR GUITARIST ON DUTY

Who has never dreamed of being a great guitarist? Playing that amazing solo for thousands of people or creating a historical riff? The perks of being a great guitarist are reserved for those who devoted practically their whole life to the instrument. But that’s changing since Native Instruments has revolutionized the way we play instruments. The newly released ELECTRIC SUNBURST promises to recreate, in a quite realistic way, the guitarist’s performance with just a few clicks. To do so, it accurately captures the sound of a classic guitar chosen for its rich, warm and versatile timbre. The entire signal path of the recording has been kept, high quality cables, tube preamplifiers and high-resolution converters. All to ensure every nuance of this legendary instrument is accurately captured. Nevertheless, only quality recording is not enough performance is a key factor. In order to achieve this, it combines a comprehensive library of fingering patterns, arpeggios and riffs, with real-time performance controls. Its innovative playback mechanism allows a virtually infinite number of chord variations, creating compelling musical results from effortlessly played notes. You can even switch between the bridge and arm pickup signals, which were recorded separately, being able


ANUÁRIO 2018

Você pode até alternar entre os sinais dos captadores da ponte e do braço, que foram gravados separadamente, assim é possível assumir o controle total do equilíbrio da mixagem. Além disso, um microfone condensador foi montado acima das cordas para capturar detalhes sonoros e adicionar realismo ao desempenho. Milhares de loops, notas únicas e ruídos foram gravados em uma ampla gama de posições de trastes e tocados de maneiras diferentes. Isso proporciona flexibilidade, realismo e variedade tonal sem precedentes. Ajustes de afinação, temporização e humanização proporcionam performances genuínas em muitos estilos musicais. Para moldar o timbre, o ELECTRIC SUNBURST apresenta um conjunto de efeitos, amplificadores e emulações de gabinete de alta qualidade, que trazem características de pedais clássicos e oferecem um som de guitarra autêntico de ponta a ponta. Mas não é só isso, ele possui também: equalizador de alta qualidade, compressores, emulação de fita, reverb, delay, delay de fita... todo esse conjunto traz para você um timbre de guitarra completo e pronto para performance ao vivo dentro do próprio instrumento. Em suma, se você não tem o tempo necessário para se tornar um mestre da guitarra ou simplesmente deseja um riff novo em suas produções, esse é o cara ideal para ser o novo integrante da sua banda.

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to totally control the mixing balance. In addition, a condenser microphone has been mounted above the strings to capture sound detail and add realism to your performance. Thousands of loops, unique notes and noises were recorded in a wide range of frets position and played in different ways. This provides unprecedented flexibility, realism and tonal variety. Tuning, timing and humanization settings provide genuine performances in many musical styles. To shape the timbre, the ELECTRIC SUNBURST features a bundle of effects, emulations of amps and high quality cabinet bringing classic pedals flavor and deliver an authentic end-to-end guitar sound. There’s more: It also features a high quality EQ, compressors, tape emulations, reverb, delay, tape delay… All this suite gives you a complete guitar timbre ready to live perform. In short: if you do not have the time to become a guitar master or simply want a new riff on your productions, this is the ideal guy to be the new member of your band.


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O PODER DO PEQUENINO TORAIZ AS1 Que a Pioneer já é referência em equipamentos para Discotecagem todos nós já sabemos. São inúmeras opções entre CDJs, Mixers, Controladores e Softwares para diversos tipos de performances e profissionais. Seguindo este pensamento de inovação, surge um novo seguimento Pioneer de equipamentos, o de instrumentos. Essa aposta veio em parceria com a empresa Dave Smith Instruments, qual cedeu alguns de seus componentes analógicos dos já consagrados sintetizadores Prophet 6, para criação de sua linha TORAIZ. Tive a oportunidade de fazer um review do equipamento, no intuito de criar alguns vídeos para Pioneer Brasil e através disso pude me impressionar com o seu grande potencial. Pequeno em tamanho, mas, poderoso na sonoridade. O Sintetizador Analógico foi um de meus primeiros a serem usados a fundo, até então só havia trabalhado com alguns modelos virtuais. Isto fez com que minha experiência fosse muito bacana e divertida, pois é muito fácil trabalhar com sua interface muito intuitiva e também encontrar todos os parâmetros utilizados para o sound designer. O TORAIZ-AS1 possui um duplo oscilador, com a escolha dos tipos de onda, além toda parte de filtros, Envelopes, LFOs e Efeitos. Tudo isso com um menu muito bem direto e eficiente. A aparência frágil não condiz com a qualidade do acabamento, que é feito em metal muito resistente, possibilitando não só sua utilização em Estúdios

THE POWER OF THE LITTLE TORAIZ AS1

We all already know that Pioneer is a reference when talking about DJ equipment. There are numerous options among CDJs, mixers, controllers and softwares for various types of performances and professionals. Following this innovation-driven mindset, Pioneer ventures on a new segment: the musical instruments. This endeavor came in partnership with Dave Smith Instruments, which ceded some of its analog components of the established synthesizers Prophet 6, to create its TORAIZ line. I had the opportunity to do a gear review in order to create some videos for Pioneer Brasil and through that I got impressed with its great potential. Small in size, but powerful in sound. The Analog Synthesizer was one of my first to be used in depth, until then I had only worked with some virtual models. This provided me a real nice and fun experience - it is very easy to work using its quite intuitive interface. It also has all the necessary parameters for sound design/shaping. TORAIZ-AS1 features two oscillators, wave formats, filters, envelopes, LFO’s and effects. All in a very straightforward and efficient menu. Its fragile look does not do justice over the quality of the finish, which is made of very sturdy metal, making it possible not only its use in Studios but also provides a travel partner for live performances. That’s why this product got me. Connection is made via USB port or MIDI connection, making it easier for DJs to use it - delivering a new world



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como também o torna um parceiro de viagens para apresentações ao vivo. E foi nessa opção que realmente me identifiquei muito com o produto. Sua conexão via porta USB e também com opção de conexão MIDI, facilita a inserção na discotecagem, trazendo para o DJ um novo mundo e uma experiência muito boa de criação, além de atratividade e inovação para o público. Para os Produtores, existe também um banco poderoso de presets que já acompanham o produto e a possibilidade de criação de novas sonoridades, além de um plugin muito bem desenvolvido, que faz com que seja possível trazer suas criações diretamente do computador para a memória interna do TORAIZ. Bastam apenas alguns toques no equipamento, para que se tenham sons totalmente inovadores e exclusivos. Uma das ferramentas bacanas e que me chamou muito a atenção, foi o sequencer de 64 passos. Confesso que até conseguir dominar a sua programação, levei uns “olés”, mas depois que entendi o processo e vi que não era assim tão complicado, consegui criar algumas linhas próprias e deixa-las preparadas para apresentações futuras. Contudo, acredito que não é necessário gastar vários milhares de reais para ter um sintetizador analógico de grande potencial, a Pioneer nos proporcionou isso com um valor bem acessível se comparado aos demais! Obrigado Pioneer!

of great experiences when creating, besides adding some attractiveness and innovation for the public. On the production side, there is a powerful native bank of presets and the possibility of creating new sonorities. Its well developed plugin allows you to upload tracks directly from your computer into TORAIZ’s internal drive. With just few touches and you have total innovative and exclusive sounds. One of its cool tools that caught my attention was the 64-step sequencer. At first glance, the programming seemed to be a little hard. But as soon as I understood its process, it wasn’t that complicated. I managed to create some of my own lines and rest them ready for future presentations. However, I don’t think it’s necessary to spend a big amount of money on a huge analog synth. Pioneer provided us this with a very affordable price tag when comparing! Thank you Pioneer.



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PHASE UM NOVO SISTEMA DE TIME CODE DJs do mundo inteiro ficaram chocados com o lançamento deste ano na NAMM (National Association of Music Merchants) na Califórnia. Trata-se do Phase, um sistema de time code em formato de um pequeno retângulo que permite o uso dos toca-discos já conectados aos existentes DVS do mercado para manipular qualquer áudio como se estivesse utilizando discos de time code com agulhas normais, mas sem de fato estar usando o braço dos toca-discos e as agulhas. São dois transmissores e uma base receptora que se conecta ao mixer. Eles capturam todos os movimentos do toca-discos e transmitem via wireless estas informações para a base que analisa a informação deste sinal fazendo com que o software DVS possa interpretar a movimentação permitindo total manipulação e domínio do áudio com resposta de latência zero, mesmo nos movimentos mais rápidos. O Phase possui conexão wi-fi com uma frequência própria, sem interferências. Ele pode ser utilizado com os principais sistemas DVS existentes como o Traktor da Native Instruments, o Serato ou o Rekordbox DJ da Pioneer DJ e funciona bastando apenas colocá-lo sob o prato do toca-discos. As baterias internas duram cerca de 10 horas e para recarregá-las a duração é de cerca de 2 horas. A empresa responsável pelo Phase é da França e se chama MWM. Como apresentou a sua versão beta na NAMM 2018, esse equipamento vem prometendo substituir os sistemas de DVS. É uma nova era para o turntabilism. O preço está chegando a US$300 e o equipamento estará disponível para compra a partir do próximo verão norte-americano. Mais infos no https://phase-project.com

PHASE A NEW TIME CODE SYSTEM

DJs around the world were shocked by this year’s release at the National Association of Music Merchants (NAMM) in California. This is Phase, a small rectangle time code system that allows the already connected turntable into its existing Digital Vinyl System to manipulate any audio as if they would be used with regular time codes - only by the fact you won’t use its stylus and tonearm neither. They are two transmitters and a receiver connected to the mixer. They capture all the movements done on the turntable plate and wirelessly transmit this information to its receiver, which analyzes this signal causing the DVS software to interpret the movement - allowing full audio performance and manipulation, having zero latency response, even on fast moves. Phase has a wi-fi connection using its own frequency, so without any interference. It can be used with the lead existing DVS systems such as Native Instruments’ own Traktor, Serato or Rekordbox DJ by Pioneer DJ and it works just by placing it under the turntable plate. The internal batteries last about 10 hours and the recharging time is about 2 hours. Phase is made by a French company called MWM. As it introduced its beta in NAMM 2018, this device is taking the risk to be the replacement of the previous DVS systems. t’s a new era for turntabilism. The price is up to $ 300 and the equipment will be available for purchase from next summer. More info on https://phase-project.com



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O AMANHÃ DA MÚSICA DO FUTURO TOMORROW’S MUSIC FUTURE POR JOÃO ANZOLIN

Blockchain, criptomoedas, inteligência artificial: como as novas tecnologias estão mudando como se cria, dissemina e consome a música. Blockchain, crypto-coins, artificial intelligence: how new technologies are changing how one creates, disseminates, and consumes music. Nenhum outro gênero musical foi tão ligado a ideia de futuro e esteve tão atrelado à tecnologia como a música eletrônica. Som das máquinas por excelência - das primeiras incursões na música concreta às produções que se popularizaram em Chicago e Detroit e se disseminaram décadas depois em Londres e Berlim - os sintetizadores, as baterias eletrônicas e os computadores tiveram um protagonismo quase absoluto nos processos

No other musical genre has been so future-oriented, and being so connected to technology as electronic music. Machine sound par excellence: from the first incursions until concrete music - to productions that became popular in Chicago and Detroit and spread decades later in London and Berlin. Synthesizers, electronic drums and computers


ANUÁRIO 2018

criativos da Dance Music. A identificação da cultura clubber com as inovações tecnológicas também superava o aspecto musical: forma e conteúdo da comunicação, cenografia, iluminação, vestuário e alguns traços do comportamento das pistas estiveram relacionados a uma ideia vanguardista desde o início das pistas, sendo elas um ambiente fértil e aberto para experimentações. O que já foi novidade, entretanto, se converteu no padrão: softwares, hardwares e estúdios de todos os gêneros musicais hoje se apóiam no que um dia já foi tão novo a ponto de ser considerado “a última grande revolução musical”. Artistas e bandas de todos os estilos musicais manejam com familiaridade synths e batidas. A música antes restrita às pistas se popularizou e embala de festas infantis a comerciais de televisão. Até mesmo os festivais de música sertaneja se inspiram nos seus pares eletrônicos quando concebem palcos e planejam cenografia e iluminação. Sem o peso da responsabilidade pelo futuro do que quer que seja, o cenário eletrônico parece ter concluído sua sina futurística; longe de sofrer com uma crise de identidade, entretanto. Curiosa e paradoxalmente a busca por sonoridades orgânicas e as escavação das referências do passado estão mais fortes do que nunca - assim como o aumento no comércio do vinil. Todos seguem à vontade dialogando e fazendo uso das inovações - talvez de forma menos visível, mas não menos impactante. Como diz William Gibson, escritor norte americano notável por sua ficção voltada ao amanhã tecnológico e autor da expressão cyberespaço: o futuro já chegou, só não está uniformemente distribuído. Mudanças tecnológicas tão profundas e rápidas submetem todas as áreas do conhecimento a um processo de reavaliação constante - ao mesmo tempo que impõem a distintas gerações o FOMO, “medo de se estar por fora”. A verdade é que palavras ainda pouco compreendidas como criptomoedas e blockchain e aplicações práticas da polêmica inteligência artificial já fazem parte da

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played an almost absolute role in the creative processes of Dance Music. Clubbers’ cultural identification with the technological innovations also surpassed the musical aspect: form and content of communication, scenography, lighting, clothing and some traces of dance floor behaviors were related to an avant-garde idea since their begins, being a fertile and open environment for experimentations. However, what was new has become the standard: softwares, hardwares and studios of all musical genres today are based on what was once new and considered “the last great musical revolution”. Artists and bands of all musical styles handle with proficiency their synths and beats. Music which was previously restricted to the dance floors became popular and sonorizes from children’s parties to television commercials. Even country music festivals are inspired by their electronic peers when they design stages and plan scenography and lighting. Considering no responsibilities on whatever be the destiny of Electronic Music, it has encountered its futuristic fate. Far from suffering from an identity crisis, at any rate. Curiously and paradoxically, the quest for organic sonorities and the digging of past references are stronger than ever - as is the increase in vinyl trade. All follow at ease, dialoging and making use of innovations - perhaps in a less visible form, but no less shocking. As William Gibson, an American writer known for his “technological tomorrow-oriented” fiction and author of the term cyberspace, says: The future has arrived, it is only not evenly distributed. Such deep and rapid technological changes subject all areas of knowledge to a constant process of re-evaluation - while imposing “FOMO” (Fear Of Missing Out) to different generations”. Frankly, there are still words little understood such as crypto-coins and blockchain and practical applications of the controversial artificial intelligence which are already part of the routine of the creative processes, distribution and music consumption and its related entertainment. More and more, festivals have proved to be one of the great beneficiaries of this innovative wave. Promotion systems, ticket and beverage purchases through apps


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rotina dos processos de criação, distribuição e consumo de música e do entretenimento a ela relacionada. Festas e festivais vêm se revelando um dos grandes beneficiários da onda de inovações. Sistemas de promoção, compra de ingresso e de bebidas através de aplicativos (muitas vezes combinados a pulseiras, cartões ou leitores de impressão digital) e chatbots (assistentes automatizados de comunicação virtual) trocando mensagens com o público são ferramentas cada vez mais populares, facilitando a vida tanto dos produtores como do público. Problemas comuns a todo evento de médio e grande porte como filas, falsificação de ingressos e falta de informações relevantes aos frequentadores são sanados de forma simples, melhorando a experiência geral das pessoas e também a operação e o lucro dos produtores. Mais que isso: os dados coletados em todos estes processos são capazes de proporcionar ferramentas ainda mais valiosas para toda a cadeia produtiva do entretenimento. Iniciativas como Social Wave, Gigloop, Sympla e Onni são são algumas das representantes brasileiras que vem se destacando no cenário de inovações. A maior revolução de todas, contudo, ainda está em sua fase embrionária e atende pelo nome de blockchain. Idealizado para possibilitar transações financeiras da criptomoeda Bitcoin eliminando intermediários e baseado no princípio de que a própria rede é capaz de garantir sua segurança, ele já é visto, por exemplo, como uma das possíveis soluções à complicada equação de distribuição dos royalties de direitos autorais. Benefícios como a transparência e a segurança de dados que caracterizam o blockchain certamente poderiam revolucionar a forma como a música circula - para os consumidores, diretamente dos autores e com garantia de uma remuneração justa. Iniciativas como Mycelia, Revelator, Dotblockchain, Ujo, Voise, Muse e Opus são algumas das inúmeras plataformas que vem surgindo dedicadas a tentativa de colocar em prática a utópica missão de distribuir música através de redes descentralizadas com remuneração direta aos criadores. Uma das mais bem sucedidas até aqui, a Viberate foi

(often combined with wristbands, cards, or fingerprint scanners) and chatbots (automated assistants for virtual communication), exchanging messages with the public are increasingly popular tools, helping producers and public. Common problems to any medium and large event such as queuing, ticket forgery and lack of relevant information to the audience can be fixed in a simple way - improving the general experience of the people as well the operation and profit of the producers. Additionally: the data collected in all these processes are able to provide even more valuable tools for the entire entertainment production chain. Initiatives such as Social Wave, Gigloop, Sympla and Onni are some of the Brazilian representatives which have been standing out in the innovations’ scenario. The greatest revolution, however, is still in its embryonic stage and goes by the name of blockchain. Idealized to enable financial transactions of the cryptocurrency Bitcoin by eliminating intermediaries and based on the principle that the network itself is able to guarantee its security, it is being already seen, for example, as one of the possible solutions to the complicated equation of royalties’ distribution. Benefits such as transparency and data security which characterize blockchain could certainly revolutionize the way music circulates until the final consumer - directly from the authors and with a guarantee of fair remuneration. Initiatives such as Mycelia, Revelator, Dotblockchain, Ujo, Voise, Muse and Opus are some of the innumerable platforms that have been arising. They dedicate themselves to try to put into practice the utopian mission of music distribution through decentralized networks with direct remuneration to creators. One of the most successful hitherto, Viberate was conceived by one of the icons of the techno scene from Eastern Europe, Slovenian DJ and producer Umek. A cryptocurrency (virtual currencies that are based on the blockchain) exclusive to musical universe, called Musicoin, exists since February of 2017. More recently, Volare, “World’s first blockchain music streaming speaker” was released - it only plays music within the decentralized networks.


INC. music & technology

Aqui se faz. Se cria. Projeta e desenvolve. O Superplayer é o principal parceiro brasileiro quando o assunto é música e tecnologia. Saiba como estamos ajudando algumas empresas:

O player brasileiro de música.

Plataforma de conteúdo exclusivamente cristão.

Curadoria das aeronaves da Azul Linhas Aéreas.

O maior concurso de bandas universitárias do Brasil, em parceria com o Santander.

superplayer.fm/business


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FUTURE FORUM

idealizada por um dos ícones da cena de techno do leste europeu, o DJ e produtor esloveno Umek. Uma criptomoeda (como são chamadas as moedas virtuais que se baseiam no blockchain) exclusiva para o universo da música chamada Musicoin existe desde fevereiro de 2017 - e mais recentemente uma caixa de som que reproduz apenas músicas que circulam pelas redes descentralizadas, a Volareo, foi lançada. Apesar do otimismo generalizado em torno das potencialidades do uso do blockchain, há quem acredite que poucas ou nenhuma delas irá se concretizar. O jornalista musical inglês David Gerard é um deles. Um dos mais controversos críticos do blockchain e autor do livro “Attack of the 50 Foot Blockchain: Bitcoin, Blockchain, Ethereum & Smart Contracts” ele aponta diversos motivos pelos quais as especulações em torno dos benefícios não passaria de utopia. A quantidade de iniciativas que surgem a cada dia já seria um dos grandes problemas, pois a oferta de plataformas já é considerada grande demais e inviável para todos os músicos. As 35 milhões de músicas disponíveis no catálogo do iTunes e os mais de um bilhão de plays diários do Spotify por si também representariam uma quantidade de dados e de contratos específicos muito além da capacidade das redes atuais de blockchain - e energéticas também, já que o processo de mineração das criptomoedas consome quantidades elevadas de energia. De utilização concreta hoje alguns artistas aceitam criptomoedas como pagamento de cachês e raves secretas em subúrbios de cidades norte americanas fazem sua divulgação usando a tecnologia para garantir que só as pessoas certas vão receber os convites para eventos. Provavelmente o passo mais prático - e ousado - dado até hoje seja o da banda de J-Pop Virtual Currency Girls: as oito integrantes que sobem ao palco fantasiadas e tem nomes de criptomoedas só vendem suas músicas, merchandising e ingressos para shows em Bitcoins. Uma das letras da banda alerta os usuários com o refrão “Cuidado com sua senha; nunca use a mesma!”. Sendo adepto das novas tecnologias, cético em relação a elas ou amante do passado, a única certeza é que o conselho é bastante útil.

Despite the widespread optimism about blockchain’s potential, there are some who believe that few or none of them will remain. The English musical journalist David Gerard is one of them. One of the most controversial blockchain’s critics and author of the book “Attack of the 50 Foot Blockchain: Bitcoin, Blockchain, Ethereum & Smart Contracts”, he points out several reasons why speculation about the benefits would be no more than a utopia. The amount of initiatives that arise each day would be already one of the great problems, since the provision of platforms is already considered too great and unfeasible for all musicians. The 35 million songs available in the iTunes catalog and more than a billion Spotify daily plays per se would also represent a lot of data and specific contracts far beyond the capacity of today’s blockchain networks - and also energy, as the Crypto-coin mining process consumes high amounts of energy. About concrete usage today, some artists accept cryptocurrencies as payment form and secret raves in North American suburbs do their promo using the technology to ensure that only the right people will receive the invitations. Probably the most practical - and daring - step taken so far is from the J-Pop band, Virtual Currency Girls: the eight members who go on stage wearing costumes and have names of cryptocurrencies only sell their music, merchandising and concert tickets in Bitcoins. One of the band’s lyrics alerts users with the chorus “Beware of your passwords; never use the same!”. No matter if you are adept of new technologies, skeptical of them or a lover of the past, the only certainty is that this advice is very useful.



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Homenagem BRMC a personalidades do cenário local. Brazil Music Conference pays homage to local heroes. A influência da música eletrônica dentro do universo cultural atual, bem como no entretenimento ao vivo são inquestionáveis; sua contribuição para a nova cultura pop, enorme. Por isso o Brazil Music Conference aproveita uma série de mudanças para sedimentar uma nova fase do conhecido Prêmio RMC, que teve seis edições ao longo de anos de conferência, contemplando realizadores e revelando nomes para muito além do nicho da dance music. Com esta evolução buscamos valorizar os grandes profissionais que têm deixado grandes marcas em suas áreas, ao invés de apontar o“melhor”, mesmo que seja na opinião dos participantes mais ativos do Mercado, nossos embaixadores. Queremos premiar, mas não através de uma eleição. É por isto que o Prêmio RMC transforma-se na homenagem BRMC “Heads of the Industry”, contemplando dezesseis iniciativas eleitas pelo nosso time de curadoria.

The influence of electronic music within the current cultural ethos as well as in the live entertainment is unquestionable; Its contribution to the new pop culture is huge. That is why Brazil Music Conference takes advantage of a series of changes in order to sediment a new phase of the well-known RMC Awards, after six editions over the years of conference, contemplating the doers and unveiling names far beyond of dance music’s niche. With this evolution we seek to value great professionals who have left great marks in their areas, instead of pointing out the “best” - even if this opinion comes from the most active market’s people, our ambassadors. We do want to award, but not through an election. That is why the RMC Awards is transformed into the BRMC “Heads of the Industry” tribute, contemplating sixteen initiatives chosen by our curatorship team:


“Por colocar a dance music brasileira no topo do mainstream internacional” “For putting Brazilian dance music in the top of the international mainstream”

“Pelo agigantamento frente a uma dificuldade” “For becoming a giant in the face of a difficulty”


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HEADS OF THE INDUSTRY

“Pela consistência de reinventar e moldar um festival brasileiro ao longo do tempo e gerações” “For the consistency of reinventing and shaping a Brazilian festival over time and generations”

“Por trazer um olhar diferente para o mercado latino americano sob a perspectiva internacional” “For bringing attention to the latin american market, under a global perspective”


ANUÁRIO 2018

“Pelo talento e maestria em continuar inspirando novas gerações” “For the talent and mastery in continuing to inspire new generations”

“Pelos 30 anos de carreira” “For theirs 30 years’ career”

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HEADS OF THE INDUSTRY

“Pela importância do papel do promoter para o desenvolvimento de uma cena e a condução de uma noite que atravessou gerações imponente na noite de São Paulo” “For the importance of the promoter’s role in the development of the night scene of São Paulo”

“Pelo pontapé inicial!” “For his “Pontapé”: it was the first Brazilian techno hit to travel worldwide”


ANUÁRIO 2018

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“Pelos 20 anos de carreira com extrema consistência” “For his 20 years’ career with extreme consistency”

“Pelas grandes tours internacionais em solo Brasileiro ao longo de anos” “For the great international tours on Brazilian soil over the years”


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“Por gerenciar o melhor clube do Mundo, em solo brasileiro” “For managing the best club in the world, based in Brazil”

“Pelos anos de conhecimento compartilhado através de management de artistas” “For years of shared knowledge through artist management”


ANUÁRIO 2018

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“Por sempre conectar o pop com a música eletrônica” “For always connecting the pop with the electronic music”

“Pela prova de que grandes sonhos tornam-se realidade” “By proofing that great dreams come true”


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“Por colocar a mulher em destaque na indústria da música” “For highlighting prominent women in the music industry”

“Pelo poder coletivo de renovação de um cenário musical” “By the collective refreshment power in a musical scene”


Concept—Stage Design—Visual Content—Show

Electric Love Festival, Áustria

Laroc Club, Brasil

TWOFIFTYK opera no Brasil com exclusividade da M-S A TWOFIFTYK é um studio de design holandês multidisciplinar, responsável pela criação de grandes clubs e festivais como Electric Zoo, EDC Las Vegas, Laroc Club, Awakenings, e os shows proprietários Armin Only, Martin Garrix, I Am Hardwell entre outros.

M-S Live Productions m-s@m-s.live


DIRETOR GERAL Claudio da Rocha Miranda Filho GERENTE GERAL Claudia Campà CURADORIA Bruna Calegari Gary Smith Leo Janeiro Maurício Soares RELACIONAMENTO Gabriel Moraes Gonçalo Vinhas COMUNICAÇÃO Alex Jukes - Jukebox PR Guigo Monfrinato João Anzolin - Hot Content Luisi Valadão - Lupa Comunicação PRODUÇÃO EXECUTIVA Carol Marinoni Fabiano Tamburus TECNOLOGIA Ilan Kriger ADMINISTRAÇÃO Clarissa Crisóstomo JURÍDICO Dr. Vicente Donnici Os artigos assinados nesta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Brazil Music Conference. A reprodução do conteúdo somente será permitida se previamente autorizada, com crédito da fonte.

ANUÁRIO BRMC 2018 COORDENAÇÃO EDITORIAL Bruna Calegari Claudio da Rocha Miranda Filho João Anzolin EDITORA EXECUTIVA Bruna Calegari DIREÇÃO DE ARTE Ricardo Lin Eduardo Nogueira CAPA Eduardo Nogueira REDAÇÃO Alan Medeiros Alexandre Albini Bruna Calegari Felicio Marmo Hélio Miguel Inácio Martinelli João Anzolin Paulo Cani Patricia Muller Sary TRADUÇÃO Erica Alves Letícia Martins Marcelo Godoy AGRADECIMENTO Ebraim Martini Yohan Augusto Fernando Sigma Victor Flosi REVISÃO Bruna Calegari O Anuário Brazil Music Conference 2018 é uma publicação produzida por Hot Content Mídia e Conteúdo. Todos os direitos reservados.






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