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DELICIA QUE DERRETE NA BOCA
A ARTE DE SER ANFITRIÃO
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JOGADA DE MESTRE
DESCOBRINDO A CIDADE LUZ
tura pelo centro internacional da World
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federation of Acupuncture-Moxibus-
DOE PALAVRAS
O SENTIDO DE TER UM AMGO
A revista BEM VIVER é uma publicação quadrimestral da Construtora Pereira Alvim. Av. João Fiusa, 2777 Tel. 16 3515 5151 Ribeirão Preto-SP redacao@bemviverrevista.com.br
Editor/Jornalista Responsável:
Heloisa Moraes - MTB: 34868 Revisor: Nilson Kemura Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Rita Corrêa Produção Fotográfica: Tatiana Martins Fotógrafo Responsável: Alessandro
Samueli
CULTURA E LAZER
ECOLOGIA
Coordenação: Ana Maria Machado Agência: N.Case Comunicação
Impressão e Fotolito: Gráfica São
Francisco Tiragem: 8.000 exemplares Agradecimentos: Woodstock Casa, Le Sofiah, Escolinha de Arte do Museu, Santa Farina Biscoitos Enrico Abbozzo doutor em acupun-
tion Societies (WFAS)
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MERCADO
BEM ESTAR
Ilustrações: Renato Andrade
correspondência Capa 10ª ed. / dez. 2010
CUMPRIMENTO COM ENTUSIASMO A REVISTA BEM VIVER. É DIGNA DE CIRCULAR EM QUALQUER PRAÇA: MUNICIPAL, NACIONAL OU INTERNACIONAL. PARABÉNS PRA VOCÊS É POUCO. UMA REVISTA COM ESTA QUALIDADE MERECE UMA TIRAGEM MUITO MAIOR. ELA TEM UMA DIAGRAMAÇÃO E UMA APRESENTAÇÃO TÃO ATRAENTES QUE COMPETEM COM OS EXCELENTES TEXTOS REDACIONAIS. ATÉ OS ANÚNCIOS SÃO BONITOS. ESTA MINHA OPINIÃO SOBRE BEM VIVER É DO ALTO DE MEUS 40 OU 50 ANOS DE JORNALISMO. ATÉ AGORA NÃO VI UM VEICULO IGUAL OU PARECIDO. BEM VIVER CONFERE MUITA FORÇA E PRESTÍGIO AOS PRODUTOS QUE ANUNCIA. A REVISTA MERECE SER AMPLIADA, TER UMA TIRAGEM MUITO MAIOR. O SUCESSO É GARANTIDO! PRA FRENTE BEM VIVER! Dirceu M. Coutinho - jornalista, São Paulo - SP
REVISTA BEM VIVER! É UM CARTÃO DE ECOLOGIA! É VERDE! VIDA! ALEGRIA! FAZ BEM A SAÚDE FÍSICA E AO ESPÍRITO... SEUS SÁBIOS ENSINAMENTOS, SUAS PARÁBOLAS, SÃO ALIMENTO VIVO PARA NOSSA ALMA... TRABALHEI 30 ANOS NO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO, ONDE TENHO UMA PROPRIEDADE NO PARAÍSO DE ILHA BELA, SOU AMBIENTALISTA, SANGUE VERDE NAS VEIAS E DEFENSORA DA NATUREZA DE DEUS. PARABÉNS À TODOS DA REVISTA ...RIBEIRÃO PRETO ESTÁ HOJE MAIS RICA NO SABER E MELHOR EM QUALIDADE DE VIDA !!!
Mafalda Shardoni - prof. pedagoga aposentada, Rib.Preto- SP
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Ana Machado - coordenadora envie seu comentário ou sugestão: redacao@bemviverrevista.com.br
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editorial Também da Europa vem uma das maiores tentações para o nosso paladar e ao pecado da gula: o chocolate. E se do Velho Continente aprendemos tanto, nada perdemos na arte da hospitalidade, seja com estrangeiros, seja com todos aqueles a que diariamente convivemos e queremos bem. É o assunto da matéria sobre receber bem, com dicas de sensibilidade, praticidade e bom senso para reunir os amigos. O xadrez, rei dos jogos de tabuleiro que fascina multidões há séculos, conciliando o lúdico com o raciocínio estratégico, é também tema da revista. E nesse desvendado xadrez de ideias pelo mundo, a dinâmica das novas gerações, marcadas por teens multitarefas e movidos a tecnologias, sem no entanto perder valores humanos, é fundamental. Serão o futuro. Futuro que a Kia Motors, a gigante automobilística do momento, parece antecipar a passos largos, conquistando o público do mundo todo. A preocupação com o meio ambiente e seus crescentes desequilíbrios é também matéria a ser lida com atenção, para que cada um se conscientize e contribua para um mundo mais justo e equilibrado, no qual tudo o mais faça sentido e possamos continuar buscando um futuro melhor.
Boa leitura!
José Roberto Pereira Alvim Diretor da Construtora Pereira Alvim
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CONQUISTAS
Em sua décima primeira edição, a revista Bem Viver percorre a Cidade Luz, para quem quer conhecer um pouco mais sobre Paris. Além da cidade e de seus incontáveis e fascinantes pontos turísticos, lembra também o que de melhor os franceses abriram ao mundo: a moda, pela sensibilidade aguçada e pelo pioneirismo da eterna estilista Coco Chanel.
CHOCOLATE história e ciência
de um prazer
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gastronomia
A tentação quase diabólica de um manjar além do divino
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Aos sussurros, no confessionário de uma igreja, ouvem-se, no período da quaresma, algumas confissões: “Sempre digo para mim mesma que é a última vez. Mas aí eu sinto o cheirinho do chocolate quente, dos brigadeiros ou dos bombons. Tão pequenos, tão simples, tão inocentes. Penso: só uma provadinha não vai fazer mal. Acontece que há um delicioso, pecaminoso recheio macio e amanteigado que derrete... Deus me perdoe! Derrete devagarinho na boca e tortura você de prazer!”. “O diabo, às vezes, prepara coisas doces. Que ‘bobagenzinhas’ podem parecer mais inofensivas, mais inocentes que chocolate?”. Quem viaja pelo mundo dos livros, da música, dos filmes, sempre quer provar novos sabores. Essas frases fazem parte de uma história que se passa numa tranquila vila francesa, cheia de costumes e tradições, no filme ‘Chocolate’ - irresistível e deliciosamente doce. É nesse cenário provinciano e conservador que a forasteira Vianne (Juliette Binoche) e a filha Anouk (Victoire Thivisol), recém-chegadas no vilarejo, abrem uma tentadora loja de chocolates próxima a uma igreja. Fazem confeitos que adoçam espíritos e almas. E nessa envolvente história recheada de mistério, magia e chocolate revelam-se prazeres, obsessões e desejos dos moradores, através da habilidade e do encanto de Vianne, que consegue romper as barreiras do preconceito na tacanha vila. Por meio do fascínio do chocolate, a comunidade descobre a arte de viver, o amor à liberdade, e é levada a uma vida doce e harmoniosa, com os sabores 12
da existência. Escrever sobre chocolate é fascinante, quase tanto quanto degustá-lo. E é sempre tentador saboreá-lo antes (e durante, e depois...) de transformar pensamentos e ideias em palavras. Como quem busca fonte de inspiração, desejo maior para buscar ainda mais informações e, assim, resgatar um pouco da história dessa iguaria a partir do cacau. E a designação latina para o cacaueiro, Theobroma cacao, que significa “alimento dos deuses”, já sugere o suficiente. Dos deuses mesmo é o sabor inigualável desse confeito que proporciona sensações de prazer no mundo todo. Cada país da Europa parece ter seu chocolate favorito próprio, e as características das marcas mais vendidas variam muito. Assim, o chocolate ao leite com uma nota de caramelo domina o mercado Inglês, enquanto os franceses preferem a cor mais escura do chocolate com maior teor de cacau, como a Itália, que até arranjou briga com a Justiça Europeia, defendendo o chocolate mais puro, sem adição de óleos vegetais (e quem já provou um “Bacio de Perugia” sabe que os italianos têm certa razão). Mas voltemos um pouco no tempo. No século XVI, os conquistadores espanhóis introduziram o chocolate na Europa. Eles haviam descoberto uma bebida meio amarga e muito consumida naquela época, feita com cacau. E, através dos espanhóis, o chocolate se tornou popular na forma como o conhecemos com menos gordura e deliciosamente doce. O Brasil também teve influência na história do chocolate. Durante a Segunda Guerra houve uma crise de cacau, e o preço do doce subiu vertiginosamente. Mas um garoto, Chico Late Santos, filho de um padeiro, teve uma ideia genial para baratear o chocolate e desbancar a concorrência: adicionar leite, na época um dos produtos mais baratos, ao cacau. Indo contra todas as expectativas, a nova receita ficou excelente. Fez e faz o maior sucesso! E por que o chocolate proporciona sensação de bem-estar? Foi comprovado que existem componentes químicos no chocolate, como feniletilalanina, teobromina e triptofano, que estão associados a sensações de prazer no ser humano. Degustar um bom chocolate eleva os níveis de serotonina, responsável pela sensação de prazer, aliviando a depressão e a ansiedade, e suas calorias elevam os teores de endorfina, também ligadas ao prazer e ao bom humor. Há também uma relação de identidade com a comida, pois doces estão geralmente ligados a momentos agradáveis, a situações de prazer. Um estudo científico afirma que derreter um bom chocolate na língua causa uma sensação de prazer quatro vezes mais duradoura ao corpo e ao cérebro que um beijo. A ciência pode explicar as várias substâncias do chocolate, relatar sua história, predizer seus benefícios e malefícios, mas nada relata sobre como resistir à tentação quase diabólica desse manjar além do divino. A melhor atitude aos amantes dessa iguaria irresistível talvez seja escolher, preferencialmente, o chocolate preto, e comer com moderação (tentar, ao menos!). Até Oscar Wilde dizia que “a melhor maneira de libertar-se de uma tentação 13
é entregar-se a ela”. Talvez o conselho nos console nesse caso.
Foto: ©iStockphoto.com/nicolebranan
E o danado é tão bom que vem “disfarçado” sob as mais tentadoras formas. Muitas guloseimas são feitas a partir dele, como bolos, brigadeiros, barras, mousses, bombons, tortas, croissants, sorvetes, milk-shakes e até um delicioso brownie, cuja receita você vai acompanhar na nossa dica de hoje. Aproveite!
Dica da chef Marina Pereira www.estanamesa.blogspot.com
BROWNIE Ingredientes: 226g de manteiga sem sal 226g de chocolate meio-amargo, cortado em pedaçinhos 4 ovos 1/2 colher (chá) de sal 1 xícara de açúcar mascavo 1 xícara de açúcar granulado 2 colheres (chá) de essência de baunilha 1 xícara de farinha de trigo
Modo de fazer:
Pré-aqueça o forno a uma temperatura de 180ºC Unte uma assadeira média Derreta em banho maria a manteiga e o chocolate meio-amargo Em uma tigela misture os ovos, o sal, os açúcares e a baunilha mexendo bastante Misture o chocolate derretido na mistura e adcione a farinha de trigo Despeje toda a massa na assadeira untada e leve ao forno por 45 minutos Deixe esfriar bem e corte em quadrados
Dicas: Coloque sempre os ingredientes nas quantidades certas Deixe esfriar bem para que na hora de cortar ele não desmonte todo E crie o seu acompanhamento, caldas, sorvetes, frutas etc.
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o poder de SURPREENDER 18
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mercado
Reafirmando a tradição dos tigres asiáticos de superar as intempéries do mercado e surpreender o mundo, a Kia mostra seu poder, inovando e ocupando de forma sustentável o seu lugar.
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Numa dia de sol e céu aberto de 2010, um luxuoso sedã branco, com um grande laço vermelho sobre o capô e flores sobre o teto, percorre um tapete vermelho. A cidade é Pyeongtaek, a 80 km de Seul, cujo porto é o principal centro de embarque da Kia Motors. O veículo é de série, um sedã Optima como milhares de outros. Mas este simboliza um marco importante: representa 10 milhões de veículos exportados, desde o primeiro automóvel sul-coreano exportado em 1975. Como mostra a história dos tigres asiáticos, a Kia mantém a tradição de superar as intempéries e os maremotos do mercado e crescer de forma sustentável e constante, surpreendendo o mundo e deixando uma marca cada vez mais importante na indústria automotiva global. E em Ribeirão Preto, sua representação não é diferente: desde os anos 90, passou por duas gestões e, hoje, com o Grupo Matriz Veículos, mantém um market share local acima da média nacional para a marca. Fundada em 1944 como fabricante de bicicletas e depois de veículos e equipamentos militares, a Kia tornou-se, na virada do milênio, uma das mais expressivas indústrias automobilísticas do mundo. E muito disso se deveu à revolução educacional implantada na Coréia do Sul nos anos 70, reconhecida como a mais importante do século passado. Vinte e cinco anos depois, o país já disponibilizava técnicos e engenheiros mais qualificados que a mão-de-obra das tradicionais montadoras da Europa e dos Estados Unidos, possibilitando ao grupo KiaHyundai um dos mais importantes e ousados projetos de reestruturação, lançando em 2001 o programa “Top Five in 2010”, alcançado com dois anos de antecedência, em 2008. Outra prova do crescimento sustentável da marca é que, se o acumulado de cinco milhões de unidades exportadas - atingido em março de 2005 - levou trinta anos para acontecer, os outros cinco milhões foram alcançados em apenas 6 anos. Uma inteligente estratégia de gestão, aliada à precisa interpretação de comportamentos e tendências - traduzida no design do alemão Peter Schreyer levaram ao desenvolvimento de uma linha de produtos de qualidade, satisfazendo diferentes estilos de consumidores, do esportivo ao clássico, de jovens a famílias, passando por altos executivos e empresários. Progressos nas atividades de marketing global e investimentos nas redes de distribuidores também colaboraram para a expansão da marca. De dez países em 1980, a Kia exporta seus veículos para 156 nações atualmente, tornando-se, em 2009, o quarto em vendas globais, superando a Ford.
Em Ribeirão Preto desde os anos 90, a concessionária Kia percebeu desde o início todo o potencial da região que, historicamente, funciona como polo de consumo regional. A concessão passou por duas gestões até chegar ao Grupo Matriz Veículos, em dezembro de 2009. “O potencial da cidade e da região tem a sua importância reconhecida, mas o que faz a diferença é o trabalho diário em todos os níveis da empresa, contemplando um projeto alinhado com a indústria”, comenta Elieser Fraga, diretor da empresa. “A linha de produtos Kia é sem dúvida o que mais encanta os consumidores de diferentes classes e idades, tanto na categoria passeio como na de utilitários esportivos (SUVs) e todos os modelos são os mais completos das suas categorias e ainda com garantia de 5 anos. E os resultados em vendas não poderiam ser diferentes, a Kia é a marca que mais cresce no mundo e também em Ribeirão e região”, complementa Elieser. 21
Desde 1998, Kia e Hyundai pertencem ao conglomerado “Automotive Group”, da Coreia, responsável pela produção das duas marcas, utilizando os mesmos conceitos e plataformas para produção. Mas possuem distribuidores diferentes e concorrem entre si no mesmo segmento. Competem de forma natural e, juntas ou isoladas, continuam ampliando o market share da indústria coreana no país. Lembrada por muitos anos por seus utilitários, como a Besta que cumpriram papel importante num período de transição de comportamento a Kia provou a sua vocação inovadora, ocupando hoje lugar de destaque nos segmentos de compactos, sedãs médios e de luxo, minivans e SUVs. Num mercado altamente competitivo, ocupado tradicionalmente por montadoras europeias, japonesas e americanas, encontrou ou criou seu próprio espaço no Brasil, por exemplo, foi uma das marcas responsáveis pela ampliação do segmento de SUVs (Sport Utility Vehicles), até então acessível somente ao público de maior poder aquisitivo. “O acontecimento de hoje não teria sido possível sem nossos leais clientes e funcionários da Kia de todo o mundo. Nós, da Kia Motors, prometemos nos dedicar ao desenvolvimento sustentável da economia global e às comunidades locais onde atuamos”, afirmou Hyoung-Keun Lee, vice-chairman e CEO da Kia Motors, ao comemorar o evento histórico da marca de dez milhões de unidades exportadas. E o Grupo Matriz Veículos de Ribeirão Preto, representante da marca, segue os passos da Kia e compartilha tanto o sucesso da marca quanto a promessa: projeta para 2011 e 2012 a ampliação da concessionária atual, a inauguração da nova concessionária na cidade e a abertura de uma concessionária em Franca no primeiro semestre de 2012. O sucesso da Kia Motors, no mundo todo, no Brasil ou em Ribeirão, tanto quanto pela qualidade de seus veículos, dá-se pelo alinhamento perfeito do pensamento e das estratégias de mercado e de crescimento. E é uma realidade, renovada e inovada diariamente. Que mantém real e vivo o slogan da marca: “O poder de surpreender”. Não por acaso ela vem de um país há decadas chamado tigre asiático, e faz de seu caminho um tapete vermelho. 22
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receber bem É UMA ARTE 26
morar bem
Abrir a porta aos amigos, acolhê-los em sua intimidade é um dizer sem palavras. E não exige muito. Bom senso, atenção, pequenos cuidados e boa dose de carinho bastam.
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Convidar alguém para ir à sua casa é um gesto de carinho, de confiança e de intimidade. Um pensamento oriental disseminado por toda a cultura japonesa cita que “convidados são como deuses”. E como é bom receber em casa os amigos para um jantar, um almoço, um brunch ou apenas um drink. Receber visitas não é tarefa difícil, nem deve ser sinônimo de horas de tensão e estresse, impedindo que o anfitrião também participe da ocasião com prazer, embora seja ele responsável pelo bem-estar de seus convidados. Deve haver vontade, naturalidade e carinho. A arte de receber bem consiste em momentos de descontração, de prazer com praticidade, simplicidade e elegância. Mas planeje com antecedência (e inteligência!), para evitar contratempos indesejáveis. Para que o encontro seja agradável é preciso estar atento aos detalhes, que fazem grande diferença, mesmo numa recepção simples. Sempre vale a velha máxima de que “o menos, muitas vezes, é mais”! Então, nada de exageros. É só deixar o ambiente aconchegante. E isso quer dizer que não há necessidade de muita pompa, decoração, enfeites, objetos carregados. Bom gosto e bom senso é a melhor receita. Para uma recepção calorosa é preciso pensar em alguns “temperos” para a ocasião, e esse tempero pode vir servido num detalhe diferente e de bom gosto. Numa dica do livro “Na sala com Danuza”- a escritora sugere, por exemplo, que você tenha taças de diferentes cores para oferecer aos convidados. Além de divertido, descontraído, pode ser
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prático! Qual a cor de taça que você escolheria? Outro mimo é uma música ambiente de bom gosto num volume adequado, ou um toque especial de flores, uma iluminação agradável, um aroma especial, bom humor e, é claro, um prato com sabor especial. E o que fazer para evitar situações desastrosas? Aí vai a dica: é preciso conhecer os costumes e gostos dos convidados até mesmo para elaborar um cardápio. Já imaginou colocar carne no menu e ter convidado vegetariano? Ou camarão, frutos do mar, e alguém ser alérgico? Portanto, seja prudente para evitar os desconfortos e não cometer gafes. Ofereça opções inteligentes, nunca um único prato. Procure não ousar muito, caso não conheça bem o gosto de seus convidados. E não se esqueça da sobremesa, que também deve ser variada, para satisfazer a todos e ‘adoçar’ ainda mais o encontro com os amigos. Tudo definido, recepção organizada, ambiente aconchegante, cardápio definido, vem um cuidado fundamental: evite conversas muito íntimas ou assuntos polêmicos que possam causar estresse. Faça com que as pessoas se sintam confortáveis, como se estivessem em casa. Assim, você também poderá desfrutar da recepção de forma prazerosa e segura com os amigos, com a certeza de que tudo está perfeito. Com os pequenos gestos você demonstra ao seu convidado toda a delicadeza e o carinho para recebê-lo, tornando o encontro surpreendente, mas sem surpresas desagradáveis, do começo ao fim. Para finalizar o encontro com sucesso, que tal uma variedade deliciosa de petit fours? A Revista Bem Viver dá a dica: biscoitos de maracujá, aveia com chocolate, canela, goiabinha, aveia com laranja, champagne, leite ninho, castanha-do-Pará, limão... Hummmmm... E para acompanhar o petit four, um delicioso cafezinho ou um chá com sabor de ‘quero mais’... Mais café? Mais café e outros encontros como esse em casa, com os amigos. Mais cordialidade e menos formalidade. Sejam bem-vindos!!!
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bem estar
desmistificando a
ACUPUNTURA 33
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Quando o assunto é saúde, naturalmente existe a preocupação. Geralmente, a primeira opção é buscar ajuda na medicina oficial, mais conhecida como medicina ocidental. E quando os resultados não são o esperado, é comum as pessoas procurarem alternativas. Acupuntura, homeopatia, técnicas energéticas como florais de Bach e fitoterapia são algumas das opções que estão se destacando na sociedade brasileira. Mas fica a pergunta: será que terapias complementares têm resultado? Desmistificando essa questão, o uso da Medicina Tradicional Chinesa no Brasil, como tratamento de saúde, está deixando de ser uma simples “alternativa à medicina convencional”, ganhando credibilidade e espaço. A partir de 1970, tiveram início estudos científicos para comprovar a eficácia da acupuntura, que consiste na aplicação de agulhas, em pontos definidos do corpo, chamados de “Pontos de Acupuntura”. A intenção é estimular o equilíbrio do organismo atuando nos meridianos que são os canais de energia que o indivíduo possui ao longo de todo o corpo, ligados diretamente aos Zang-Fu (órgãos ou vísceras). Em 1979, a Organização Mundial de Saúde (OMS) listou 41 doenças para cujo tratamento a acupuntura apresentou resultados positivos. Após vinte e cinco anos de pesquisas em instituições mundialmente reconhecidas, a OMS publicou o documento Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials (Acupuntura: Análise de relatórios sobre ensaios clínicos controlados), com a especificação dos resultados destas pesquisas. Nele, consta a análise da eficácia da acupuntura e também das técnicas de moxabustão, ventosa, sangria, eletro-acupuntura, laser-acupuntura, magneto-acupuntura, massagem shiatsu, tuina e acupressura (pressão digital
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nos pontos) em comparação com o tratamento convencional para 147 doenças, sintomas e condições de saúde. Foram também analisados problemas relacionados a males físicos, distúrbios orgânicos, mentais e psicossomáticos, problemas decorrentes do tratamento de câncer, cirurgias e dependência química. A acupuntura vem ganhando, cada vez mais, força e destaque. É utilizada em tratamentos estéticos para a amenização de gorduras localizadas, flacidez e rugas. Já a auriculoterapia, que atua diretamente em pontos na orelha, é direcionada para tratamentos de dores na coluna, tendinites, artrites, artroses, dores musculares, enxaquecas, TPM (Tensão Pré-menstrual), e desequilíbrios emocionais, como estresse, surtos de ansiedade, síndrome do pânico e processos depressivos. Hoje, a acupuntura é reconhecida como uma especialização por conselhos como o de Fisioterapia, Psicologia, Enfermagem, Nutrição e Medicina, entre outros. Os profissionais da área da saúde que querem especializar-se em acupuntura devem buscar formação e m ó r g ã o s c o m p e t e n t e s e reconhecidos. Em Ribeirão Preto, o Instituto Brasileiro de Acupuntura e Massoterapia (IBRAM) ensina, há 14 anos, o método da Medicina Tradicional Chinesa. É a primeira instituição de ensino de Acupuntura a receber a chancela do Conselho de Farmácia, que reconhece o IBRAM como escola de capacitação de profissionais de Farmácia para trabalhar com acupuntura. De acordo com Flaviana Pimenta, acupunturista e professora do IBRAM, “a acupuntura já é considerada uma ciência e tem resultados comprovados. O que nós fazemos é uma pré-
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avaliação, um interrogatório, uma análise do pulso e da língua, para tentar descobrir qual a causa e assim alterar a energia do próprio corpo do paciente para reequilibrá-la”. A comunidade também se beneficia com o IBRAM, que implantou em todas as suas filiais o programa Acupuntura Comunitária, desenvolvido aos sábados, para atender gratuitamente - pessoas de baixa renda. Segundo dados do Instituto, 91% dos pacientes obtiveram melhoria na saúde com o tratamento por acupuntura, e a redução do uso de medicamentos foi de 61%. A eficácia do método na melhoria das dores foi de 75,27%. Houve redução dos transtornos emocionais em 48,38%, com melhoria do quadro de ansiedade, estresse, depressão, angústia e tristeza, de acordo com relato dos usuários. Em dez anos de existência, mais de seis mil pessoas já foram beneficiadas com o programa nas seis unidades do IBRAM. “Nós fazemos um cadastro, uma triagem socioeconômica para atender quem realmente não tem condições de pagar a acupuntura, uma terapia complementar, sem efeitos colaterais. E os resultados são rápidos. A gente percebe que logo nas primeiras sessões, praticamente todos os pacientes já começam a apresentar resultados satisfatórios. E até mesmo muitos dos problemas pelos quais procuram a acupuntura são sanados”, relata Flaviana.
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MODA
uma expressão DE SER
40 ilustração: Lu Simão (www.lusimao.com.br)
cultura e lazer
Ser básico não é ser simplista, mas atemporal, porque envolve essência. Na dinâmica do contemporâneo e do descartável, em que forma e conteúdo se confundem, estilo e elegância se eternizam.
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Num sopro feminista surge, naturalmente, Coco Chanel, uma estilista francesa muito à frente do seu tempo. Independente, bem-sucedida, de personalidade marcante e muito estilo, quebrou grandes tabus quando adotou uma postura autêntica e libertária. Com seus conceitos sobre moda, livrou a mulher das roupas desconfortáveis, das faixas e cintas, dos corpetes apertados - trajes comuns do fim do século XIX e começo do século XX. Até esse período, as mulheres nunca haviam usado vestimentas que mostrassem suas pernas. O estilo clássico de Chanel se tornou atemporal, básico. Suas criações até hoje ditam e influenciam a moda mundial. Ela revolucionou o conceito de moda, quando garantiu à mulher a liberdade de se expressar através da forma de se vestir. “A moda não é algo presente apenas nas roupas. A moda está no céu, nas ruas, a moda tem a ver com ideias, com a forma como vivemos, com o que está acontecendo”, afirmava segura Chanel. Algumas peças são símbolos de elegância e status e marcaram para sempre a história da moda. Coco Chanel revolucionou o guarda-roupa feminino quando criou as primeiras calças para as mulheres uma afronta à época, quando essa peça era exclusiva dos homens. Criou os tailleurs. Eternizou o colar de pérolas, os broches de camélias, a bolsa com alças de corrente dourada, o corte de cabelo Chanel e o irresistível pretinho básico, que de básico tem só a expressão para se referir à peça criada em 1926 e que se tornou peça coringa. “O preto domina tudo, assim como o branco. Ele é beleza absoluta. É a harmonia perfeita. Coloque uma mulher de preto num salão de baile e todos os olhos estarão sobre ela”, dizia Chanel. Antes dos anos 20, a cor preta era usada apenas por senhoras e no período de luto.
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Na década de 30, o mundo da moda se tornou menos glamoroso. Foi influenciado pela crise que se abateu com a quebra da Bolsa de Nova York e afetou a economia mundial. E na sequência, a Segunda Guerra Mundial. Ostentação já não mais era possível devido à situação financeira geral. Houve regras de racionamento, impostas pelo governo, que limitavam a quantidade de tecido que se podia comprar. Com a escassez de tecidos, as mulheres tiveram que reformar suas roupas e utilizar materiais alternativos da época. O apogeu da alta-costura foi durante os anos 50. Com Chanel surgiram outros grandes nomes importantes na criação da moda, como Cristóbal Balenciaga, Hubert de Givenchy, Pierre Balmain, Madame Grès. Esses estilistas transformaram essa época na mais glamorosa e sofisticada de todas. O diferencial era ter estilo. Próprio. E, quando falamos em moda, não se pode deixar de falar da participação brasileira com a estilista Zuzu Angel nos anos 60. A característica principal do trabalho dessa mineira era preservar a moda com base na identidade e na cultura do nosso país. As criações de Zuzu eram baseadas no tropicalismo, com estampas de chita, inspirações em Maria Bonita e Lampião, xadrez, florais, aplicações de pedras preciosas, bordados à mão, rendas do norte e rendões nordestinos tingidos manualmente, com seda roupas originais com toques de brasilidade, modernas até hoje. Com estampas de cores irresistíveis Zuzu mostrou o valor da moda do Brasil e conquistou as vitrines internacionais. No auge da alta-costura, a estilista criava modelos personalizados para artistas como Joan Crawford, Yolanda Costa e Silva, Helô Amado, Heloisa Lustosa, Kim Novak, Margot Fontaine e Liza Minelli. Zuzu Angel, no Brasil, e Coco Chanel, na França, marcaram a história e cada uma “à sua moda”! Hoje a moda traz versão atualizada do que fez sucesso desde os anos 20. Segue a tendência de consumo da atualidade e acompanha o tempo. Mas a moda vai além. Está associada ao modo de se comportar das pessoas, de se pentear, de se apresentar, de postura e gestos. Seu estilo representa sua imagem, seu retrato. Moda pode ser considerada o reflexo da evolução do comportamento o que está relacionada à origem da palavra que provém do latim modus. Desde a pré-história surgiram as vestimentas, primeiro com o intuito de proteger o corpo do homem. Depois, serviram para distinguir os que as usavam de acordo com aspectos religiosos, estéticos, sociais. A moda é um fenômeno sociocultural que expressa a condição do ser humano, suas ideias, seus sentimentos, hábitos e costumes. Estar na moda não está relacionado ao que cada um deve vestir ou fazer, mas é a forma como cada um se apresenta ao mundo, a sua personalidade. E é por meio do visual que as pessoas vão avaliar e dizer se alguém é uma pessoa básica, ousada, extravagante, séria, descontraída, intelectual, sensual, sofisticada. Afinal, qual é a sua moda? 42
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RODRIGO SANTORO Rodrigo Santoro nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, no dia 22 de agosto de 1975. Ator de destaque no cenário nacional e também de carreira internacional, teve sua primeira participação em TV na novela da Rede Globo “Olho no Olho”, exibida em 1993/94. A partir daí, não parou mais. Participou também de minisséries, como em “Hilda Furacão”, em que interpretou um frei que se apaixonou por uma prostituta; “Hoje é dia de Maria”, em que protagonizou as duas jornadas; “Som & Fúria”, entre outras. Nas telas do cinema nacional, Rodrigo atuou em “Bicho de Sete Cabeças”. Foi premiado como Melhor Ator nos festivais de cinema de Brasília, Recife, Rio de Janeiro e de vários países sul-americanos. Nesse mesmo período, atuou no longa-metragem “Abril Despedaçado”, com uma belíssima participação como o personagem Tonho, um homem quieto do sertão. Ainda nas telas brasileiras, em 2003, interpretou o travesti Lady Di, no filme “Carandiru”. E foi nesse mesmo ano que Rodrigo iniciou sua carreira internacional, com participação na produção americana “Charlie’s Angels: Full Throttle” (“As panteras”). Santoro, ator de minisséries, longas e filmes nacionais e estrangeiros falou sobre sua carreira para a Bem Viver.
Qual a análise que você faz de sua experiência em tv e filmes nacionais e estrangeiros? A maior diferença é na estrutura e na língua. Nos filmes estrangeiros,especialmente grandes produções hollywoodianas, a estrutura é bastante grande devido ao dinheiro investido. São muitas câmeras e muitas pessoas trabalhando ao mesmo tempo. Atuar em inglês também é um desafio, ainda é um obstáculo a ser vencido. No mais, atuar é sempre atuar, pois estamos representando o ser humano e suas emoções, o que independe de cultura ou país. Somos todos iguais! No longa “Os Desafinados”, você precisou aprender a tocar piano. Como é a experiência de desenvolver outras habilidades para interpretar determinados papeis? Na verdade é um presente poder aprender tantas coisas enquanto trabalho. É uma das coisas de que mais gosto na minha profissão.Estou sempre conhecendo algo novo e para isso é preciso estar aberto e não julgar jamais. Quais seus planos de trabalho para este ano? Tenho 5 filmes para estrear este ano: “Rio” (animação da Fox), “There Be Dragons” (filme sobre a guerra civil espanhola), “Heleno” (biografia do jogador de futebol Heleno de Freitas), “Meu País” (drama familiar, com Débora Falabela e Paulo José) e “Reis e Ratos” (com Selton Melo, dirigido por Mauro Lima). O que é Bem Viver para você? Viver bem é viver com saúde, desfrutando de cada momento da vida. Reclamando pouco e agradecendo muito. Viver bem é viver feliz!
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VISÃO ESTRATÉGICA
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hobby
De jogo dos reis a rei dos jogos de tabuleiro, majestade nunca em xeque-mate
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Houve um tempo em que, nas praças das cidades, cada mesa de concreto oferecia em seus tampos tabuleiros de jogos. Quadriculados de 64 casas, oito por oito, convidavam jovens e velhos aos jogos de tabuleiro. Seja com as peças originais, seja com pedrinhas ou tampinhas de garrafas o que a criatividade ou o momento permitissem fizeram e fazem a alegria de muitos. Tecem com arte, pensamento e ecumenismo os dias de jovens e adultos. Entre eles, o xadrez, que, de jogo dos reis na antiguidade, tornou-se o rei dos jogos de tabuleiro. Como em muitos outros assuntos na História, a origem do xadrez é um grande mistério. Do rei Salomão aos sábios mandarins da época de Confúcio, passando pelos egípcios, a muitos se atribui a origem do jogo. E, revolvendo a história, perde-se o fio quando se cruzam os 3.000 anos antes de nossa era. Mas os indícios mais evidentes de um jogo semelhante ao que se joga hoje datam do século VII na Índia, com um jogo chamado chaturanga, e, dois séculos depois, já na China. Passando pelos persas e pelos árabes, chegou ao Ocidente, onde, nos últimos 100 anos, foi padronizado e é hoje praticamente universal em suas regras e sua admiração. Seja lá como tenha sido sua verdadeira trajetória, o fato é que como muitos legados da expansão do mundo, do Oriente para o Ocidente - o xadrez carrega consigo até hoje a genialidade de seus inventores.
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Reza uma lenda antiga que, muitos séculos atrás, na Índia, um arrogante e cruel rajá reinava, sendo sua grande paixão as guerras que travava. Certo dia, entediado por não haver ninguém a combater, convocou os súditos brâmanes, ordenando que algum deles criasse algo que o distraísse. Um sábio brâmane inventou então um jogo que representasse a própria guerra, com dois exércitos, um de cada lado de um tabuleiro o campo de batalha -, avançando e ao mesmo tempo protegendo seu próprio rei.
O rajá ficou tão encantado que ofereceu ao criador do jogo a recompensa que este quisesse. E o brâmane pediu então apenas que lhe desse uma quantia em arroz, assim determinada: um grão na primeira casa do tabuleiro, dois na segunda, quatro na terceira, 8 na seguinte, dobrando-se a quantidade até a última casa do tabuleiro (64). O soberano riu da modéstia do brâmane, mas aprendeu uma lição: percebeu que, fazendo os cálculos, ainda à metade do tabuleiro todo o arroz do reino já se esgotara, sendo impossível atender ao pedido.
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Envolvendo arte, filosofia e ciência, o xadrez é um jogo difícil de se jogar bem, mas muito fácil de se aprender seus fundamentos. São seis tipos de peças (rei, rainha, bispo, torre, peão e cavalo talvez a única peça de jogos que não se desloca em linha reta), com movimentos diferentes, movidas com o objetivo de encurralar o rei adversário (o xeque-mate). Uma vez aprendidas as regras básicas, a prática leva ao fascínio e ao aprimoramento de milhões ao redor do mundo. E sem a necessidade de joysticks, tecnologias eletrônicas (ainda que haja xadrez para computadores), televisores de alta definição, fios. Bravamente, resiste à era dos videogames. Jogo estratégico, de raciocínio e muita paciência, tem muito a ver com a Filosofia. Baudelaire dizia que “a imaginação é a faculdade filosófica por excelência”. E no xadrez, a imaginação é fundamental para a criação de variantes e combinações. É a antecipação imaginativa que leva ao descobrimento e à formulação de planos estratégicos. E para o filósofo Wittgenstein, “poderia chamar-se filosofia ao que é possível, ao que está latente, antes de todos os descobrimentos e invenções”. E no xadrez, um dos maiores atrativos reside na expectativa de descobrir novas jogadas. Como na filosofia, é a busca da revelação de algo latente, invisível. E xadrez é também cura. Para a psicóloga e professora Irene Greather, da Universidade Santa Úrsula, o xadrez é um instrumento de trabalho, no tratamento de pacientes psicóticos. Segundo ela, o jogo ajuda muito a melhorar a concentração e, junto a um grupo de terapeutas, analisa os pacientes a partir de suas jogadas e estratégias de jogo. Na PUC-Rio é ministrado um curso de xadrez, dado como matéria eletiva na faculdade de engenharia da universidade. Neste curso, lida-se com o jogo como uma ferramenta para a discussão filosófica. “O mais interessante é que a avaliação obrigatoriamente tem que ter a ver com a sua vida. Ou seja, é pedido que você trace um caminho da sua vida até o ponto de encontro, que é o xadrez”, diz Carlos Pittella, poeta e aluno da PUC-Rio. O xadrez é considerado por muitos como um jogo para intelectuais e pessoas com inteligência privilegiada. Mas o pensamento deveria ser quase o oposto: dedicando-se ao xadrez é que se pode, sim, desenvolver mais as habilidades intelectuais. E o que é melhor, com uma atividade lúdica, que se pode exercer confraternizando com as mais variadas pessoas, dos mais variados lugares, sem distinção de raça, idade, gênero. Para crianças, o exercício de atividades lúdicas como esta, que envolvem raciocínio, concentração, paciência, podem auxiliar muito na melhoria do comportamento, na escola e em casa, no desenvolvimento de habilidades que colaboram no aprendizado escolar, seja nas disciplinas regulares, seja no relacionamento social. Karpov, Kasparov (que disputou partidas com o supercomputador Deep Blue, da IBM, ganhando um desafio e perdendo outro, entre 1996 e 1997), Capablanca são exemplos de grandes mestres enxadristas no mundo. No Brasil, Henrique Mecking, o Mequinho, é nosso maior orgulho. Mas não é preciso entrar no jogo somente com a condição de se tornar um grande mestre. De jogo de reis a rei dos jogos. Compreender que, como jogo, ganha-se e perde-se, podendo-se aprender sempre, eis a maneira de não perder a majestade humana.
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PASSAREDO: investimento em
QUALIDADE (Mireia Bergamo)
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história
Empresa aérea regional tem sua história marcada pelo crescimento consciente e planejado
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Com sede em Ribeirão Preto (SP), a Passaredo Linhas Aéreas começou sua história em 1978 no transporte rodoviário. Mas em 1995 teve início a história da empresa no setor aéreo, sempre pautada pelo crescimento consciente e planejado. Com sede em Ribeirão Preto, a Companhia possui atualmente cinco bases operacionais. Elas estão localizadas nas cidades de Ribeirão Preto (SP), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), São Paulo (SP) e Salvador (BA). O cliente sempre foi o foco principal da Passaredo Linhas Aéreo que prioriza o atendimento de suas necessidades cuidadosamente estudadas. Este conceito conduz o dia-a-dia da empresa que pontua seus serviços atendendo as reais expectativas do seu cliente, oferecendo agilidade, praticidade e principalmente economia, inclusive de tempo, já que as rotas interligam diversos destinos direto, sem escalas. Recentemente a empresa foi certificada pela ANAC com a maior nota referente ao espaço entre assentos, que no Brasil somente 2 empresas tiveram essa nota.
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AERONAVES Para oferecer mais conforto e agilidade a empresa contratou em 2008 os modernos Jatos Embraer. Atualmente a Passaredo já tem em sua frota 14 aeronaves. A frota é 100% nacional sendo ela composta por 13 Jatos ERJ 145 (capacidade de 50 passageiros) e um Jato ERJ 135 (capacidade para 37 passageiros)
DESTINOS Hoje a empresa atende 18 destinos: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Goiânia, Palmas, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Araguaína, Barreiras, Ji-Paraná, Londrina, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Uberlândia, Vitória da Conquista.
NOVIDADES 2011 A partir de julho a Passaredo passa a atender mais três novas cidades: Alta Floresta, Rondonópolis e Sinop, todas localizadas no Mato Grosso, região Centro-Oeste do Brasil, onde a empresa passa a investir cada vez mais.
AVIAÇÃO EXECUTIVA No final do último ano a Passaredo inaugurou seu terceiro hangar, que teve um investimento de cerca de US$5 milhões. O prédio é resultado de um projeto feito de acordo com as necessidades da aviação brasileira, garantindo a melhor infra-estrutura e crescimento sustentável. As instalações da Passaredo disponibilizam hangaragem, serviços de manutenção de aeronaves, coordenação operacional de vôos, cursos e treinamentos para pilotos e comissárias, serviço de bordo para vôos executivos, sala VIP para clientes, total infra-estrutura para tripulação, fretamento de aeronaves e atendimento de aeronaves executivas.
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o charme da
CAPITAL FRANCESA 58
viagem
Para descobrir a Cidade Luz, seus Monumentos e Tesouros da Arte mundial
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Paris: capital da França, cidade monumental, histórica, cultural, gastronômica, romântica, cidade da moda e do design. Charmosa e imponente! Iniciante ou não na descoberta de Paris, a escolha do roteiro pelo turista não é tarefa das mais fáceis. São mais de 1800 monumentos históricos, mais de 160 museus, mais de 140 teatros, centenas de cinemas, cafés, bares, restaurantes. Para visitar Paris é preciso se preparar para descobrir os incontáveis e imperdíveis pontos turísticos e aproveitar tudo que a “Cidade Luz” tem a oferecer. Paris reserva surpresas em cada uma de suas esquinas, com segredos a serem desvendados. Os bairros, verdadeiras cidades dentro da cidade, cada um com seu ambiente singular, são convites para caminhadas, para esmiuçar cada detalhe, cada passagem, cada rua cheia de energia e vitalidade. A capital francesa supera-se ano após ano com novas atrações e aperfeiçoa as existentes, cria feitiços e sempre acaba seduzindo seus visitantes. Mas, por onde começar a visita? Eis uma pergunta difícil, porque toda Paris merece ser vista, conhecida. Um bom começo pode ser um city-tour pelos pontos turísticos tradicionais. A Torre Eiffel imagem símbolo da capital francesa - cartão postal da cidade é um dos atrativos mais clássicos. Inaugurada em 1889 nas comemorações do centenário da Revolução Francesa, tem 300 metros de altura, 1.652 degraus da base ao topo e pesa cerca de sete mil toneladas. São três andares e diversos elevadores. As luzes da Torre são um atrativo à parte que por si só impressionam os turistas. A noite se torna mais deslumbrante do que nunca com sua iluminação, que enche os olhos de todos que por lá passam. É também um ponto de observação da cidade, uma vista de tirar o fôlego.
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A Pont Neuf (Ponte Nova), a mais antiga ponte da cidade; e a Praça da Bastilha, símbolo da Revolução Francesa, também merecem destaque. E o que dizer da Catedral de Notre-Dame e sua imponente arquitetura? Sua construção teve início no século XII, dedicada a Maria, mãe de Jesus. Na época, Luís VII era o imperador da França, e tinha como objetivo construir uma catedral à altura da importância da França e de sua capital. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Catedral resistiu bravamente à invasão e ocupação nazista. Dentre os reis coroados na Catedral estão o Rei Henrique IV e Napoleão Bonaparte, ali coroado imperador.
O Museu do Louvre é um capítulo à parte que merece destaque. É, sem dúvida, um dos mais conceituados museus do mundo e o mais visitado de Paris. Fundado em 1793, possui um dos mais ricos acervos do mundo e inclui obras da Idade Antiga até o século XX, como mobiliário, joalheria, pintura, escultura, e muito mais. Durante a Idade Média, no início da construção do Museu, o Louvre serviu de fortaleza para a defesa do sítio de Paris. A última grande modificação do Louvre foi a construção da Pirâmide de Vidro em 1989. Dentre as obras expostas 60
nos imensos salões, a mais visitada é sem dúvida, a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Em relação à escultura, entre as mais visitadas estão a Vênus de Milo e a Vitória de Samotrácia. Com tantas obras em exibição, é impossível ver todas em um único dia de visita. Reserve um tempo a mais para o Louvre (há quem diga que, mesmo apreciando cada obra por um minuto apenas, seria preciso uma semana para ver todo o acervo). Além do famoso e imperdível Museu do Louvre, descubra também outros importantes museus, como o Centro de Arte Contemporânea Georges Pompidou, Museu d’Orsay, Museu Picasso, Museu Carnavalet, Museu Grévin. A natureza também desperta para os visitantes. Um dos mais belos jardins de Paris é o Jardim de Luxemburgo. A admirável e desejável área verde abriga o prédio do Palácio de Luxemburgo - o Senado francês. Mas sua principal atração são as pessoas, que, em dias de sol, vêm sentar-se nos gramados. Passam horas lendo, conversando, relaxando e admirando o Jardim. A Avenue Champs Elysées - principal avenida da cidade -, é também ponto tradicional de visitação. Ela se estende por aproximadamente quatro quilômetros, ligando, na extremidade a oeste, o Arco do Triunfo (situado na Praça Charles de Gaulle) e, a leste, o largo conhecido como Place de la Concorde. Ao longo da Champs Elysées encontram-se dezenas de lojas, restaurantes, galerias, lojinhas de fast food e a casa de shows Lido. É a principal passarela de Paris. E, em se falando de Arco do Triunfo, conheçamos um pouco mais sobre ele: o monumento começou a ser construído em 1806 e foi inaugurado em 1836, em comemoração às vitórias militares de Napoleão Bonaparte (nele há gravados os nomes de 128 batalhas e de 558 generais). Está localizado na Praça Charles de Gaulle, uma das extremidades da avenida Champs-Élysées e chama a atenção dos visitantes pela imponência da arquitetura de 50 metros de altura. No coração de Paris, é ponto de partida das cerimônias mais importantes que ocorrem na França. Caminhar à beira do rio Sena é também um grande charme de Paris. Mas passear de barco por ele é romântico e inesquecível. É possível almoçar ou jantar nas embarcações que conduzem os turistas num passeio charmoso e assim apreciar a cidade majestosa. Muitas vezes os anfitriões dos barcos alugam a cabine para os convidados passarem a noite sobre o rio - uma experiência espetacular. Ambiente refinado, menu gastronômico francês, aliando tradição e criatividade, são os ingredientes de uma noite de sonho e requinte sobre o Sena. A Basílica do Sagrado Coração (em francês Basilique du Sacré-Cœur) é um templo da Igreja Católica Romana em Paris. Localizada no topo da montanha de Montmartre, o ponto mais alto da cidade, cujo nome significa “monte dos mártires”, situa-se ao norte de Paris, 129 metros acima do nível do mar. A construção da Basílica teve início por volta de 1875. Em 1919 foi consagrada Basílica e desde então se tornou um local sagrado e de peregrinação. Tem o formato de cruz grega adornada por quatro cúpulas, incluindo a cúpula central de 80 metros de altura e um campanário com um sino de 3 metros de diâmetro e mais de 26 toneladas. A arquitetura da basílica é inspirada na arquitetura romana e bizantina e influenciou outros edifícios religiosos do século XX. A Sacré-Cœur surpreende pela sua beleza e por ser um dos melhores pontos a oferecer uma 61
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Palácio de Luxemburgo
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visão panorâmica da cidade. Mas é impossível ficar só na visitação do óbvio. Para conhecer Paris mais intimamente, reserve mais dias na cidade além do planejado para os pontos turísticos tradicionais. A cidade é dividida em arrondissements (vilas ou bairros), e uma boa maneira para conhecer a capital francesa é dedicar uma manhã ou tarde a cada uma destas regiões, caminhando e deixando-se levar pelo que vier pela frente. Com um mapa do metrô, um mapa da cidade e muito ânimo, você estará pronto para a conquista de Paris - uma cidade para se descobrir o ano inteiro. Cada estação tem seu encanto. Exceto em caso de anos com inverno rigoroso, o que está longe de ser a regra, o inverno oferece seus encantos em Paris. Quando o friozinho começa a apertar, há sempre um café ou um bistrô acolhedor por perto. Toma-se um café - ou um ballon de rouge (copo de vinho) - e a viagem pode prosseguir. Durante o restante das estações, o clima é mais amigo e a viagem se torna mais agradável. A maioria dos visitantes, entretanto, prefere visitar a capital francesa a partir de maio até o fim do outono local.
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Roteiros programados e pontos recomendados é uma boa pedida, mas nada se compara à experiência individual, ao prazer de descobrir um cantinho só seu, que não consta em nenhum livro turístico, em nenhum site. O melhor de Paris é para ser descoberta por cada um, por conta própria. Descobrir Paris é se entregar, mergulhar nessa viagem e fazer dela experiência única. Escolha um sapato bem confortável, saia de seu hotel bem cedinho, sentindo o clima e a atmosfera de cada canto por onde passar e desvende a seu modo a Cidade Luz.
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ESTA IMAGEM tem alguma coisa
a ver com você? Já estamos decidindo hoje como será o futuro do Planeta Água. E nada de poético há no horizonte. Mas ainda podemos escolher um futuro melhor: é preciso sair da zona de conforto.
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ecologia
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Imagine-se num domingo, confortavelmente sentado em sua poltrona, vendo na TV uma imagem linda e ao mesmo tempo assustadora de uma geleira se desprendendo e indo ao mar. Ouvindo o ruído estrondoso do gelo se quebrando e do impacto na água, e o pequeno tsunami que se forma no mar, por centenas de metros. Você fica impressionado. E na mesa ao seu lado, num copo de whisky, um cubo de gelo vai aos poucos derretendo, enquanto você o gira com o dedo. Uma comparação: só na Groenlândia, em 2009, o volume de gelo lançado ao mar - crescente pelo acelerado aquecimento global, causando impactos ambientais como a elevação do nível do mar - foi de 200 quilômetros cúbicos, o equivalente a 200 cubos de gelo com um quilômetro de altura, um de largura e um de profundidade (mais de 3 quatrilhões de cubos de gelo iguais ao que refresca sua bebida). Ao mesmo tempo, enchentes assolam o Brasil, a Austrália, o Reino Unido e na Ásia, e a Europa tem ondas de calor intenso como nunca antes. E o que você pode fazer para que tudo isso evite ou minimize as consequências previstas para todo o planeta? Entre períodos de estabilidade e outros de oscilações, as mudanças climáticas fazem parte da história da Terra. Cientistas podem traçar um quadro do que aconteceu há milhares de anos analisando testemunhos do passado, como geleiras, fósseis, aneis de árvores e sedimentos oceânicos (que também estão se extinguindo). Embora haja incertezas e questionamentos quanto aos estudos da ciência da mudança do clima, grande parte da comunidade científica reconhece que o atual aquecimento do planeta é de origem antropogênica, ou seja, é fruto da atividade humana e é um dos maiores desafios a serem enfrentados. E a maior causa é a crescente liberação de gases causadores de efeito estufa, desde a Revolução Industrial, no século XIX. Mudamos a geografia do clima.
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Entendamos: o efeito estufa é um fenômeno natural essencial à vida no planeta. A camada de gases que envolve a Terra é o que a mantém aquecida, como o vidro de uma estufa para plantas. Sem ela, a temperatura na Terra ficaria em torno de -17° C. O problema é que, desde a Revolução Industrial, a concentração de gases na atmosfera tem aumentado em ritmo cada vez mais acelerado, aumentando a temperatura do planeta além do desejado e, neste ritmo, no futuro, além do tolerável. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), a principal causa deste aumento é a queima de combustíveis fósseis utilizados para gerar energia e para produção de bens de consumo. Dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e clorofluorcarbonetos são alguns dos principais vilões. No Brasil, 75% das emissões são causadas pelo desmatamento, principalmente da Amazônia, e 90% das emissões de metano são provenientes dos rebanhos de gado (no mundo, este índice é de 28%), que têm esse gás produzido no processo de digestão e o lançam à atmosfera. Mas antes de desejar “mandar as vacas para o brejo”, cabe lembrar que o maior responsável ainda é o gás carbônico (CO2) emitido por fábricas e carros. Segundo o IPCC, desde 1850, a temperatura na superfície aumentou cerca de 0,8°C, mas no Ártico aumentou o dobro, nos últimos 100 anos. E na Groenlândia, em alguns pontos, chegou a subir 7°C. Essa é a região do planeta onde as consequências do aquecimento global são mais visíveis e mais perigosas. O degelo de uma calota polar não tem grande impacto no nível dos oceanos, pois é mar congelado que se derrete. Mas o gelo da Groenlândia está sobre a terra. Segundo estudos, se tudo derretesse, os oceanos subiriam sete metros, só com o gelo da Groenlândia (para se ter uma ideia do problema, 70% da população mundial vive em planícies costeiras). Não há previsão de que isso ocorra nos próximos séculos, mas é bom pensarmos e nos preocuparmos. Só a geleira de Jakobshavn, conhecida como o Amazonas das geleiras porque nenhuma outra na Groenlândia lança mais mais gelo no mar quanto ela -, já recuou 15 km em apenas dez anos (em um único ano, o espaço aberto pelo gelo equivale a 800 estádios do Maracanã). No início do século passado, foi dela que se desprendeu um iceberg imenso, que, ganhando mar aberto, afundou, em 1912, o Titanic. Se continuar no ritmo atual, elevará o nível dos oceanos em 5 cm, além do já previsto, a cada 100 anos. Nunca antes a ciência esteve tão perto de comprovar os efeitos do “fator humano” no clima. Estudos publicados na revista Nature em fevereiro de 2011 concluíram que o aquecimento global acelerado já é o responsável por eventos climáticos extremos, afetando a vida de milhões de pessoas. Os estudos relacionam diretamente o aumento da emissão de gases de efeito estufa ao aumento de chuvas e neve no hemisfério norte, e aos riscos de inundações no Reino Unido. Temos testemunhado intensas chuvas e inundações no Brasil, na Austrália, na Ásia, em níveis jamais registrados. Segundo os estudos, a cada grau de elevação na temperatura, aumenta entre 6% e 7% o volume de evaporação da água sobre a Terra, o que provoca o aumento das precipitações. Por outro lado, as áreas de deserto pelo globo também crescem, a uma taxa de 2.000 km de terra por ano, causando desequilíbrio aos ecossistemas. Áreas antes de climas amenos e estáveis começam a enfrentar ondas de calor, secas, tufões, furacões. As áreas de degelo no verão, ao se reduzirem, reduzem também o volume de água potável a grandes populações, como as próximas ao Kilimanjaro e ao Himalaia. Outra grande preocupação é a explosão demográfica mundial e o aumento das desigualdades sociais, deixando grandes populações pobres vulneráveis a esses fenômenos naturais extremos, sejam de aridez ou inundações, de calor ou de frio, em áreas de risco, provocando sede, fome e mortes aos milhares.
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Foto: ©iStockphoto.com/gregsi
Foto: ©iStockphoto.com/Gueholl
Eventos como os tsunamis que atingiram o Japão causam em nós um sentimento de tristeza, até revolta, mas não se prestam à condenação moral, pois são eventos naturais, determinados por causalidades inerentes ao mundo físico e que independem da vontade ou escolha humanas. Mas em eventos como esses, constatada a responsabilidade humana nos danos causados, junta-se o juízo ético, a desaprovação e a necessidade de ações que cessem ou amenizem os prejuízos. Suspeita-se que o mundo como ele é esteja aquém do mundo como deveria ser, e que a realidade pode ser melhor, reconhecido o potencial humano. É preciso que tentemos vislumbrar o futuro e que nos conscientizemos de que ele pode ser pior do que desejamos. Ou melhor do que a ciência nos aponta, se nos conscientizarmos. E que ajamos de acordo, com responsabilidade. Consciência para discernir entre o certo e o errado. Responsabilidade para seguir o caminho certo. Precisamos acreditar mais naquilo que sabemos. E o que podemos fazer? Uma forma simples é o consumo consciente: consumir o necessário, e daqueles que produzem também de forma responsável, sem exploração da natureza ou de seres humanos. Consumindo menos, também produzimos menos lixo. Escolhendo de quem consumimos, impedimos que as irregularidades se perpetuem. Organizando nosso lixo, deixamos o planeta mais limpo, inclusive das desigualdades sociais. Outra atitude é a busca de formas mais limpas de energia: o Sol fornece à Terra em uma hora energia suficiente para manter a população mundial durante um ano. E em que lugar sobre a Terra que não venta? Resgatar nossos elos com esses elementos naturais é essencial, tudo com moderação, inteligência e compartilhamento. Como únicos seres pensantes, cabe a nós cuidar conscientemente do ambiente em que vivemos. Há um século, um iceberg naufragou o Titanic, e com ele milhares de pessoas. Ou mudamos, ou, no futuro, não naufragaremos: a água nos tomará em terra firme. O navio Terra faz água, e rápido (e pior, água não-potável). É preciso sairmos de nossa zona de conforto. Cabenos por fim o alerta do lúcido Bertrand Russell: “nós estamos em meio a uma corrida entre a destreza humana quanto aos meios e a sandice humana quanto aos fins; mas, se a sabedoria não avançar na medida do saber, ao avanço do saber corresponderá o avanço do pesar”.
Sugestão de vídeo: HOME Nosso planeta, nossa casa Ainda há tempo para salvar a Natureza (um filme de Yann Arthus-Bertrand)
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CONTADORES e ouvidores DE HISTÓRIAS 76
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incentivo social
A arte da Palavra tem o poder de reavivar as emoções de nosso mundo interior, despertar sentimentos adormecidos, estimular a compaixão e a solidariedade, traz sabedoria e perspicácia, aviva a imaginação. Encorajanos a acreditar que a as pequeninas ações são importantes.
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Quem não conhece a velha e boa abertura de uma “contação” de história? “Era uma vez”... e assim surge, para os que ouvem a história, uma realidade encantada, onde tudo é possível. Com essas palavras mágicas a imaginação divaga por caminhos distantes, e o que se espera no final é: “e foram felizes para sempre”. E os que contam a história demonstram um gesto de amor e doação ao próximo. Porque o contador, ao contar uma história, empresta o seu corpo, a sua voz e os seus afetos ao texto narrado. Expressa sua consciência corporal e vocal através do movimento cênico, dos gestos, das expressões fisionômicas e da entonação. O contador toma para si a história e a coloca de forma lúdica para quem ouve. A contação de história estimula o hábito de ler, a criatividade, contribui para aumentar o vocabulário, mexe com a memória auditiva e visual - imprescindível para a formação do ser humano. E as histórias fazem parte de nossas vidas. Elas nos comovem, transformam-nos e nos aproximam dos outros. Informam, distraem, ensinam, transmitem emoção que penetra em nosso ser. A leitura de histórias, repassadas por gerações, pode contribuir para o resgate de uma vida mais humana. Ninguém é tão pobre que não possa doar. Doar uma fração do seu tempo para o bem do próximo. O voluntário doa sua energia e criatividade, mas recebe o contato humano e tem a oportunidade de aprender coisas novas no livro da vida. É isso que acontece no “Centro de Voluntariado de Ribeirão Preto”, que desenvolve os programas “Contadores de Histórias para Crianças e Adolescentes Hospitalizados” e o “Ouvidores de História para a terceira idade”. Voluntários transformam a vida de crianças internadas
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em hospitais, promovendo a humanização hospitalar, e levam carinho e atenção aos idosos. O “Contadores de História” foi implantado no Hospital Santa Lydia. E com o sucesso do resultado, o programa foi estendido aos hospitais Santa Casa, Sinhá Junqueira, Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas e ao GACC - Grupo de Apoio à Criança com Câncer. Desde a implantação do programa, em 2005, foram formadas seis turmas de voluntários. Onde há um contador de histórias, o ambiente se torna prazeroso. Lendas, fábulas, contos, tudo é inspiração para os contadores que transformam as histórias em momentos de alegria e de sonho para os ouvintes. Na contação ocorre o improviso e a interação com o público. E assim plantam e colhem sorrisos. Desde o início do atendimento, em agosto de 2005, até dezembro de 2010, foram atendidas 23.340 crianças e foram 9.444 horas doadas pelos voluntários. Segundo Maria Gilda Pedreira de Freitas Cortucci - coordenadora do programa -, os benefícios do “Contadores de História” são significativos. “Observa-se a diminuição do sofrimento do paciente internado, pois torna-se o ambiente mais agradável e, consequentemente,
a doença tem uma evolução melhor e a cura pode chegar mais rápido”. Não é preciso muito para aqueles que às vezes sentem que nada têm. Você pode simplesmente ouvi-los. É o programa “Ouvidores de Histórias para a Terceira Idade”, que atua no 79
Asilo Padre Euclides, no Lar dos Velhos, no Lar Santa Rita de Cássia e no Hospital Santa Lydia. Esse é mais um trabalho de amor ao próximo desenvolvido pelo Centro de Voluntariado de Ribeirão Preto e seus voluntários. De agosto de 2008 até fevereiro de 2011 foram atendidos mais de 5.600 idosos e doadas mais de 3.200 horas. Os idosos esperam por um pouquinho de atenção, e ter alguém que escute o que sai do “baú de sabedoria” deles ajuda na manutenção da qualidade de vida, promove dignidade e respeito. Segundo Verter Eitor Cortucci - coordenador do “Ouvidores de Histórias”, o programa tem como objetivo promover o entretenimento, a recreação, e valorizar o conhecimento dos idosos, visando a transformar seu momento em dias mais alegres e agradáveis. “Para os idosos que contam as histórias ou simplesmente conversam, o benefício que se procura é o de resgatar o exercício da cidadania, a sua autoestima, torná-los participativos, estimular o constante exercício de atividades que possibilitem melhorar o raciocínio, a imaginação e a criatividade”. Os benefícios são para o idoso e também para o voluntário, que troca experiências e aprende com os mais velhos. Como disse Shakespeare: “Aprendi que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha”. Cada um é voluntário ao seu modo e contribui na medida de suas possibilidades. O ato de contar e escutar histórias proporciona contato entre as pessoas e permite um profundo e prazeroso intercâmbio de experiências. Atua na construção de valores, contribui para a formação de uma percepção crítica e sensível da vida, da arte e da sociedade. Seja um voluntário! Faça a sua parte!
Assim me contaram, assim vos contei, contai a outros... “É preciso que o conto seja velho na memória do povo, anônimo em sua autoria, divulgado em seu conhecimento e persistente nos repertórios orais. Que seja omisso nos nomes próprios, localizações geográficas e datas fixadoras do caso no tempo.” (Câmara Cascudo)
“Creio que a imaginação pode mais que o conhecimento. Que o mito pode mais que a história. Que os sonhos podem mais que os fatos. Que a esperança sempre vence a experiência. Que só o riso cura a tristeza. E creio que o amor pode mais que a morte.”
(Robert Fulghum, em “Tudo o que eu devia saber na vida aprendi no jardim de infância”, Editora Best Seller)
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essa geração pode salvar o mundo do “IP-
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Enquanto estudam ou fazem uma pesquisa na Internet, interrompem a leitura (antes de terminar o segundo parágrafo) para visitar uma das inúmeras janelas abertas em que está navegando. Com seu iPod ligado, checa e-mails, assiste a um vídeo que uma amiga indicou, alterna entre três ou quatro amigos no MSN, responde a um SMS que acaba de chegar no celular e liga em seguida para confirmar, verifica as atualizações de quem segue no Twitter e no Facebook... entre outras tantas coisas, e ao mesmo tempo. Assim é, muitas vezes, o dia a dia dos teens da chamada geração Z, erroneamente vistos como superficiais, folgados, distraídos, egoístas. Mas não se engane: multitarefas, eles vivem o tempo todo conectados, mas não só ao mundo virtual (também percebem tudo o que se passa ao redor: a mãe ao telefone, o menino que espreita ou a menina que sorri, o cheiro da comida que vem da cozinha). Levam a sério a máxima árcade do “Carpe diem” (porque “Tempus fugit”) e têm fortes valores éticos, preocupam-se com o mundo em que vivem e viverão, valorizam os amigos e priorizam o aprendizado e as relações humanas.
Dos Baby Boomers do pós-guerra, passando pelos Yuppies e pelas Gerações X e Y, chegando às gerações Z e Alfa, o mundo sempre tentou classificações para suas gerações. E cada uma delas, com seus adolescentes, sempre presenteou o mundo com mentes brilhantes e dinâmicas, à frente de seu tempo, como Bill Gates (Microsoft), Steve Jobs (Apple), Larry Page (Google) e Marck Zuckerberg (Facebook) ficando só no evidente e recente mundo da informática e das tecnologias virtuais. E o que esperar dos teens de hoje, para os próximos anos?
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Ainda que sem as bandeiras e o estardalhaço dos anos 60 e 70, eles têm a mesma força poderosa de mudança (já em curso), e munidos de muitas novas armas, de alcance global. Concebidos em berço digital, numa era mais democrática e global, sabem o que querem e, principalmente, sabem como conseguir o que querem. Colocam como prioridades a vida profissional e, mais ainda, a pessoal. Mas esse certo “umbiguismo” não deve ser confundido com egoísmo. É preciso aprender a conversar com eles, compreendê-los na sua complexidade para que tudo seja revelado, e orientá-los, para que, nessa era da convergência, toda essa energia seja canalizada para bons propósitos. Pode soar às vezes paradoxal, mas eles criam e usam tecnologias para criar sociedade e valores mais voltados ao humano. Customizam sua própria existência, mobilizando massas seja para preservar o meio ambiente, seja para questionar o aumento do preço do pão-de-queijo da cantina de sua escola. Sonham com um emprego milionário, onde possam chegar de bermuda e camiseta, de skate ou bicicleta e decorar seu próprio lugar de trabalho com sua criatividade infinita - e para moldar um mundo novo, também com uma criatividade infinita. Mas fiquem tranquilos, senhores pais: eles cruzam a madrugada olhando para o monitor, mas ainda abrem mão de tudo isso para acompanhar uma micareta ao vivo, por dias a fio, faça chuva ou sol, até descalços. Continuam a ir às baladas, beber, “ficar”, dormir num domingo até as quatro da tarde, e a viver intensamente seus amores pela eternidade de alguns meses. Ou seja, ainda carregam dentro de si o lado humano da adolescência como décadas atrás (ainda que alguns valores tenham evoluído nem sempre na direção que gostaríamos). Dormem na casa dos amigos, choram suas tristezas ou pelos seus ídolos (os ídolos mudaram, mas o fanatismo continua o mesmo), dividem o esmalte ou as músicas, emprestam roupas e cometem, sim, em segredo, suas “pequenas infrações”, companheiros e companheiras que são (e, segundo eles mesmo, o serão eternamente). A garota teen de hoje é o brotinho tão bem descrito por Paulo Mendes Campos na década de 60, em “O cego de Ipanema”. Só que na versão século XXI. Nossos teens não são mais como os de outrora (e que bom é isso!)... porque o mundo não é mais o mesmo! As ciências e tecnologias avançaram a passos largos, e eles logo perceberam que é possível viver mais, e melhor. Criam suas próprias normas e valores, mas ainda admiram seus pais, o que quer dizer que compreendem e respeitam valores humanos de outras épocas, valores que não perecem. E é desejável que eles os preservem. E os passem adiante. A maioria dos estudos divergem sobre os benefícios e malefícios do uso intenso das tecnologias atuais principalmente móveis -, que permitem que se esteja conectado a tudo, mesmo fora de casa. Enquanto alguns alegam que adolescentes que delas se utilizam desenvolvem mais as conexões cerebrais e melhoram o raciocínio na tomada de decisões, outros as criticam e se preocupam, pois prevêem num futuro não tão longínquo uma espécie de “iPocalipse”, gerado por uma adolescência que se comunica por mensagens de 140 caracteres e não se aprofundam nem se concentram em nada, dividindo o foco entre inúmeras atividades, ouvindo MP3 e jogando vídeo game ou estudando para as provas de amanhã. O tempo dirá quem acertou. A nós, todos, cabe aproveitar a grande e fantástica oportunidade de também nos (re)educarmos, enfrentando o desafio de manter princípios, criar outros, ajustarmo87
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nos a um mundo que está em constante curso de mudanças, de evolução,e transmirtirmos às próximas gerações aquilo que de valor temos. Todos temos o poder de inovação, de adaptação, de mudanças. Cada época encontrou sua maneira própria de educar seus filhos, e o presente indica que com sucesso. Um xeque saudita afirmou certa vez que “a Idade da Pedra não acabou porque acabaram-se as pedras, mas porque se encontrou algo melhor”. Também nossos teens avançarão porque descobrirão coisas melhores (mas guardarão as pedras certas, que, sendo pedras, não perecerão). E William Blake dizia que “é insano que nós, já adultos,
tentemos vestir nossas roupas de criança”. E é uma verdade. Mas nada nos impede de saudosistas que somos-, vez ou outra resgatarmos do armário uma roupinha de criança, ou uma fotografia desbotada, e observarmos em que nos tornamos, e em que nossos jovens estão se transformando. Recorremos ao passado, mas para olhar direito o presente, e vislumbrar o futuro. Porque já não somos caçadores e coletores, mas cultivadores. De humanidade. Nós e nossos teenZ.
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por Renata Canales
O mistério das mulheres
Dizem que o rei Arthur, quando jovem, caçava em terras vizinhas quando foi surpreendido pelo senhor do local. O costume da época era matar o invasor, mas, fascinado com a inteligência do rapaz, o proprietário fez-lhe uma proposta: sua vida pelo segredo de como conseguir o amor de uma mulher. Nem sábios ou professores conseguiram achar a resposta. Foi Merlin, o mago, que apontou a solução. O enigma só poderia ser revelado pela temida bruxa que habitava o pequeno chalé em cima do morro e que nunca tinha se deixado ver. Com coragem, Arthur enfrentou o medo e subiu com destreza ao lugar que todos evitavam. Entrou devagar naquela casa suja e mal cheirosa, e tentou controlar o espanto com a aparência horrível da mulher. Com apenas um dente na boca, verrugas de todos os tamanhos, de enorme nariz e vesgos olhos, tinha os cabelos longos e desgrenhados que caíam sobre uma corcunda que parecia mover-se de um lado para o outro. Aceitou de pronto responder, caso Arthur se casasse com ela. Não havia outra saída. Pacto feito, o enigma foi decifrado. - O que toda mulher quer é ser soberana da própria vida disse-lhe a bruxa. Satisfeito com a resposta, o vizinho concedeu o perdão a Arthur. Chegou o dia do casamento. O noivo belíssimo recebeu no altar a bruxa que nem banho tomara. Ela foi manquitolando até ele, pigarreando e escarrando nojeiras pelo chão. Mesmo com aquela presença asquerosa, Arthur foi gentil e, durante toda a festa, tratou-a com respeito e delicadeza. Finda a recepção, seguiram os recémcasados para o quarto. Que sina cruel a daquele moço de beleza ímpar. Porém, assim que entraram no quarto, de bruxa transformouse em moça de beleza encantadora. Perplexo, ouviu-a explicar que era a sua retribuição por tratamento tão gentil como nunca havia tido. Disse-lhe ainda que ela alternaria essa beleza com sua antiga aparência, ficando a ele a decisão de escolher o horário. Se de dia, ele mostraria com orgulho a faceira esposa aos amigos; se de noite, teria a mais bela das amantes. Arthur olhou-a com doçura e deu o veredito: - A escolha, minha esposa, deve ser sua. Eu acatarei a decisão e a tratarei, tanto de dia como de noite, com a mesma cordialidade.. A mulher ajoelhou-se perante o marido e com os olhos cheios de lágrimas de felicidade declarou: - Pois eu decido ser sempre bela, ficar ao seu lado, e amar-te como nunca ninguém amou alguém. Pois me respeitou como toda mulher quer ser respeitada e eu me sinto, assim, soberana de minha própria vida! Essa é a lenda da feia bruxa que se tornou a mais linda das helenas. Alguns juram que já tiveram a mesma experiência! 90
A maioria das pessoas acredita estar sempre com a razão e passa grande parte da vida provando que sua atitude é realmente a correta. O vencedor muda a si mesmo sem querer modificar o comportamento do próximo. Vive a alegria agora, sem ficar esperando o dia para ser feliz, e realiza o seu sonho, sem incomodarse com os sonhos dos demais. Passamos a maior parte da nossa vida escutando a palavra “não”. Você não pode fazer isto, você não é capaz, você não tem o direito de fazer isto ou aquilo e assim por diante. O “não” foi aplicado em grande escala, fato que levou nossa mente a percorrer os vários caminhos da inferioridade, como se fosse hábito adquirido ou coisa simples e normal. Hora de reverter este processo! Redescobrir-se como pessoa. O ser humano que tem todo o direito de ser feliz. A felicidade e a conquista são bens em abundância no universo e disponíveis a todos que se harmonizam com ele. Negócios! Sagrado é o instante em que dois indivíduos fazem uso de sua consciência na tentativa de estabelecer uma troca que otimiza o ganho para os dois e a perda para ninguém. Goethe descreve a arquitetura como “música congelada”, e para os sábios o dinheiro é “trabalho congelado”. A vida é um espelho. O que você acha de bom nos outros está também em você. Os defeitos que você acha nos outros são os seus defeitos também. A beleza que vê ao seu redor é sua beleza. Doe aos outros e estará doando a si mesmo. Aprecie a beleza, e será belo. Admire a criatividade, e será criativo. Ame, e será amado. Procure compreender, e será compreendido. Ouça, e sua voz será ouvida. Ensine, e aprenderá. Mostre ao espelho sua melhor face! Ficará feliz com o que ele vai lhe mostrar. Veja o melhor nos outros e será uma pessoa melhor. Ouvindo as nossas intuições, podemos escutar, com precisão, a voz que vem de dentro: A Voz do Coração! Nunca deixe de fazer algo de bom quando ele lhe pedir. O tempo poderá passar...e a oportunidade também! META - buscamos; CAMINHO - achamos; DESAFIO - enfrentamos; VIDA - inventamos; SAUDADE - matamos; SONHO - realizamos. Quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Quer ser feliz para sempre? Perdoe!
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conviver
por Regis Vianna
Você é resultado daquilo em que acredita
por Felício Bombonato
“O Mullah Nasrudim estava sentado numa casa de chá quando um amigo, todo animado, apareceu para conversar. - Estou prestes a me casar, Mullah, e estou empolgadíssimo. Por falar nisso, o senhor nunca pensou em se casar? - Já pensei - respondeu Nasrudim - Em minha juventude, na realidade, eu quis muito me casar, mas resolvi esperar até encontrar a esposa perfeita. Viajei por toda parte para encontrá-la. Fui a Damasco, onde conheci uma linda mulher. Ela era graciosa, bondosa e profundamente espiritualizada, mas faltava-lhe conhecimento das coisas do mundo. Continuei a viagem e fui até Isfahan. Lá conheci uma mulher que conhecia tanto as coisas do mundo quanto as do espírito. Era linda em muitos aspectos, mas não conseguimos nos entender. Finalmente, fui ao Cairo e lá, após muita busca, eu a encontrei: uma mulher profundamente espiritual, cheia de graça e linda em todos os aspectos. À vontade nas coisas do mundo e também nos reinos além do mundo terreno. Senti que havia encontrado a esposa perfeita. O amigo então perguntou: - Então o senhor se casou com ela, Mullah? - Ah, meu amigo - respondeu Nasrudim, sacudindo a cabeça. - Infelizmente ela também estava procurando o marido perfeito.”
Torne-se aquilo que você deseja para você. Existe uma Lei que governa o Universo, chamada Lei da Atração, e esta diz que os semelhantes se atraem, e isto significa que você está sempre atraindo para si pessoas, situações, oportunidades e coisas relativas ao seu modo natural de ser, pensar e agir. A nossa mente é uma usina geradora de pensamentos, e estes são impulsos magnéticos que se propagam pelo espaço em forma de ondas e se relacionam com os seus semelhantes, atraindo-os para si. Nós somos um ímã e a vida é um eco. Tudo o que vem até você é atraído por você mesmo, portanto aquilo que você está pensando de forma recorrente é que determina as suas realidades presentes e futuras. Na história acima, o nosso amigo procurou a esposa perfeita, sem ser perfeito. Da mesma forma, para atrair as coisas que você deseja, precisa tornar-me seu igual, Se você deseja atrair uma pessoa gentil e romântica, torne-se gentil e romântico. Se você deseja atrair saúde, pense de modo saudável e sinta-se saudável. Lembre-se de que você se torna aquilo em que mais pensa, e atrai também aquilo em que você mais pensa, por isso pense apenas e somente coisas boas. Eleve o seu padrão mental e vibratório para o nível do melhor. Você possui o seu futuro em suas mãos, e poderá moldá-lo segundo os seus desejos presentes. Tudo está em sua mente.
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Gênero:
Tragédia
Época:
Qualquer tempo
Personagens:
Sempre uma mulher e um homem
Cenário:
Qualquer espaço que possa abrigar um homem e uma mulher
A mulher estava em frente do fogão fazia meia hora. Era sexta-feira comecinho da noite. Mexia vagarosamente uma sopa. O olhar perdido dentro do caldeirão. O barulho da chave na fechadura trouxe-a de volta ao chão da cozinha. Instintivamente, os olhos correram para a porta. E quase imediatamente tornaram a mergulhar na sopa. O homem entrou e a atirou o molho de chaves na mesa. Fez a mesma coisa com a carteira. Sentou-se no sofá e abriu o jornal. Leu qualquer coisa, levantou-se e ligou a televisão. Nem mudou de canal e voltou para o sofá. A mulher desligou o gás. Pegou o caldeirão e o colocou na mesa. A da cozinha. Pegou dois pratos, duas colheres e a concha. Os pratos nos extremos da mesa. Sentou-se e serviu-se. Apoiou os cotovelos na mesa e, mantendo o olhar imerso na sopa, começou a tomá-la. O homem deixou o jornal, a televisão ligada e foi para a cozinha. Sentou-se e colocou comida no prato. A mulher terminou de comer. Levantou-se. Ajeitou a cadeira no lugar. Passou uma água no prato e na colher. Pegou um copo e bebeu água da torneira. Enxaguou e deixou tudo no escorredor de plástico em cima da pia. Foi para a sala e sentou-se no sofá. Começou a ver televisão. Depois se levantou e trocou de canal. O homem acabou de tomar a sopa, levantou-se e deixou o prato na pia. Abriu a torneira e bebeu água com a mão em concha. Foi para a sala e sentou-se no sofá. No mesmo lugar de antes. Começou a ver televisão. Depois de um tempo, pegou o jornal. Olhava a televisão e voltava para o jornal. A mulher pegou uma revista e começou a folheá-la. Passava os olhos pelas páginas. Detevese mais em um anúncio. O homem, sem largar o jornal, levantou-se e mudou de canal. Voltou à mesma posição no sofá. A mulher fechou a revista e viu televisão. Depois se levantou e foi ao banheiro. Lavou o rosto com água, tirou o vestido e ficou de combinação. Arrumou os cabelos com as mãos e foi para o quarto. Deitou de barriga para cima e fixou o olhar no teto. O homem largou o jornal, levantou-se e mudou de canal. Voltou para o sofá. Levantou-se novamente, mudou de canal e ficou em frente à televisão. Mudou outra vez o canal. Quase instantaneamente mudou de novo o canal. Mudou mais uma vez. Mudou. O tempo entre um canal e outro foi diminuindo, até que o homem passou duas vezes por todos os canais, quase sem interrupção. Depois desligou a televisão, deixou o jornal no sofá, apagou a luz da sala e foi para o quarto. Tirou a camisa e a calça e jogou-as sobre uma cadeira. No lugar de cueca, sempre usava um calção. Deitou-se na cama também de barriga para cima e também ficou olhando para o teto. A mulher, depois de um tempo, virou-se para o lado da parede e encolheu-se em conchinha. O homem, depois de um tempo, virou-se para o outro lado. A mulher, depois de um tempo, levantou-se e apagou a luz do quarto. Voltou para cama e dormiu.
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por Magno Bucci
Amor é fogo que arde sem se ver (emprestado de Camões)
por Luiz Puntel
Amor borrado A relação do casal já fazia água há tempos. Primeiro vieram as brigas conjugais por questões bobas. Depois, a maldita rotina, ela fazendo tudo sempre igual, ele se calando com a boca de feijão, como já poetou o Chico, o maior entendido em casamentos frustrados. Quando o cotidiano se transformou no insosso quotidiano, a relação já não fazia água, chovia indiferença entre os dois. O primeiro sintoma foi assumirem um explícito bunda-com-bunda, cada um virado pro seu lado, as vontadinhas se afogando no mar de desprezos do casal. É por isso que, naquela segunda-feira, no escritório, enquanto esperava o café a ser servido pela secretária, folheava o jornal. Aliás, um de seus hábitos que ela detestava! Mas, o que ela tinha que implicar com isso? Era vezo, visgo, vício, oras! E, na verdade, não era bem o jornal que ele gostava de ler, mas um caderno em particular. Isso lá era crime, era pecado, era? Ainda naquele final de semana, num bar onde ele se reunia com os amigos, um deles, metido a psicoterapeuta de boteco, aventou que muito provavelmente ele tinha o desejo inconfessável de se descobrir, de se procurar, aliado à ansiedade de pertencimento. “Mas eu não procuro nada!” - ele, estupefato, conseguiu dizer, assim que o amigo fez uma pausa para sorver um gole de chope. “Eu apenas gosto de ler classificados, posso?” Esse o drama dele, leitores! Quando se dava conta, lá estava ele, seus olhos treinados de-b-u-l-h-a-n-d-o todos os anúncios! Ia de “procura-se cachorro perdido” a “imóveis - única oportunidade”. Tudo merecia seu apreço, sem pressa! Até mesmo anúncios de... bem... sabe, leitor,... de... acompanhantes! Não, não! Nunca se valera de tais préstimos, mas ficava imaginando como seria estar com aquela morena fogosa, que prometia discrição, ou levar para a cama aquela loirinha atrevida, que prometia gozos infindos no seu propalado serviço completo! Foi aí, entre a morena fogosa e a loirinha atrevida, que um dos classificados chamou sua atenção. Ficou intrigado pela sinteticidade da mensagem, curta e grossa. Mas, o que será que uma casada venderia? Curioso, leu:
CASADA VENDE Vendo um amor em desuso Quando deu por si, já estava digitando, no celular, o número publicado no anúncio. Nem deu tempo de pensar que o número lhe era familiar. Do outro lado, atendeu uma voz feminina. Desligou incontinente. Era a voz da esposa. Nervoso, sem querer, derrubou o café, e o líquido borrou o anúncio e seu casamento. Puntel, em solidariedade, estende o lenço.
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curiosidades de esopo
A cigarra e a formiga Em pleno Verão, sob um sol escaldante, a formiga trabalhava sem descanso. Ia e vinha dos campos para o formigueiro, para encher a sua despensa de alimentos. Entretanto, deitada descansadamente à sombra, a cigarra desfrutava bons momentos. Cantava alegremente o dia todo, sem preocupações nem cansaço. Quando passava por ali, a formiga via sempre a cigarra a descansar. - Por que é que trabalhas tanto, formiga? Faz como eu, aproveita a vida! - dizia-lhe a cigarra, tranquilamente. O Verão passou e chegaram as primeiras nuvens trazidas pelo Outono. A formiga apressouse ainda mais para encher a despensa, enquanto a cigarra observava o céu, inquieta. Cansada e satisfeita com o seu trabalho, a formiga verificou que tinha alimento de sobra para o Inverno. Finalmente, podia descansar tranquila. Entretanto, a cigarra via cair as últimas folhas das árvores. Em pouco tempo, tudo ficou coberto de neve. Ela já não tinha vontade de cantar. O Sol tinha desaparecido. A cigarra estava com fome e tremia de frio. Lembrou-se então da formiga trabalhadora e foi bater à porta do formigueiro, à procura de abrigo e alimento. A formiga disse-lhe: - Enquanto te divertias, eu trabalhava. Pois agora estás a colher o que plantaste! E fechou-lhe a porta na cara. Gelada e esfomeada, a cigarra ficou sozinha no meio da floresta. Tinha um longo Inverno pela frente para se arrepender de ter sido tão preguiçosa.
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