CADERNO DE
ANÁLISE E P R O P O S TA S
TAQUARALTO
R I TA L O U R E N Ç O
PALMAS - TO JUNHO DE 2016
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CADERNO DE DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA PROJETO DE INTERVENÇÃO URBANA EM TAQUARALTO, PALMAS-TO ACADÊMICA: Rita Lourenço
DISCIPLINAS: Projeto Urbanístico 2 Projeto de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Integrados PROFESSORES: Professora Drª Olívia Campos Maia Professor Esp. Pedro Lopes
PALMAS-TO JULHO DE 2016
“Culturas e climas são diferentes em cada lugar do mundo, mas as pessoas são iguais. Elas se juntarão em público se você der a elas um bom lugar para isso.” Jan Gehl
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ESCALAS DE TRABALHO
04 05
PARTE 1 - ANÁLISE URBANA 1 PALMAS
1.1 RELAÇÃO CENTRO TAQUARALTO
2 PALMAS SUL 3 TAQUARALTO 3.1 MAPA DE LEITURA URBANA
4 PRAÇA DA IGREJA
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PARTE 2 - PROPOSTAS 5 PARTIDO E DIRETRIZES 6 PALMAS SUL 6.1 MAPA DE PROPOSTAS: PALMAS SUL
7 TAQUARALTO 7.1 MAPA DE PROPOSTAS: TAQUARALTO
8 PRAÇA DA IGREJA 8.1 IMPLANTAÇÃO: PRAÇA DA IGREJA
20 22 23 24 25 26 28
PARTE 3 - CONCLUSÃO 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 10 BIBLIOGRAFIA
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INTRODUÇÃO Este trabalho é parte do processo de avaliação das disciplinas de Projeto Urbanístico 2 e Projeto de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Integrados (PAUPI), do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Tocantis, Campus Palmas-TO. Neste trabalho será apresentado uma breve análise do espaço urbano da parte sul do município de Palmas, capital do Estado do Tocantins, tendo como foco principal o bairro Taquaralto. Bem como, apresentará uma proposta de intervenção urbana na região e o anteprojeto da proposta de qualificação da Praça da Igreja de Taquaralto.
OBJETIVO O objetivo deste trabalho é demonstrar a capacidade do aluno de propor intervenções urbanas de médio porte e complexidade no espaço público, depois da realização do diagnóstico completo da área, levando em consideração o contexto histórico, socieconômico e ambiental da região e o embasamento teórico obtido através de discussões em sala de aula.
METODOLOGIA A metodologia utilizada conta com 3 partes de feitio do trabalho, sendo a primeira o levantamento de dados e o desenvolvimento de diagnósticos por temáticos divididos entre os grupos de alunos, a segunda, a elaboração de um caderno de diagnóstico da área contendo todos os temas de análise propostos em sala de aula, somados ao partido e diretrizes projetuais, e a terceira, a apresentação do projeto urbanístico de intervenção em nível de anteprojeto. Este trabalho, excepcionalmente, foi realizado por somente um aluno, ao invés de um grupo, como ficou acordado em sala de aula coms os professores responsáveis das disciplinas.
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ESCALAS DE TRABALHO Para fins didรกticos foram escolhidas as seguintes escalas de estudo, anรกlise e proposta:
PALMAS SUL
TAQUARALTO
PRAร A DA IGREJA
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PARTE 1
ANÁLISE URBANA
1 PALMAS Palmas é uma cidade planejada, projetada pela equipe de arquitetos goiana GRUPOQUATRO, e construída em 1989 para ser a capital do recém instituído Estado do Tocantins. Sua malha viária possui um desenho quadriculado que define suas quadras residenciais, comerciais e industriais de acordo com o zoneamento proposto. A sua ocupação não ocorreu conforme foi prevista pelo plano estipulado. Segundo Rodovalho (2012), ainda quando ocorriam as vendas dos primeiros lotes da primeira fase de ocupação, o distrito de Taquaralto, localizado na região sul de Palmas, parte da quinta fase de ocupação, já estava se encaminhando para ser a região mais densa da cidade, pois abrigava os trabalhadores da construção da Capital e os pequenos comércios.
Fases de ocupação de Palmas-TO. (VELASQUES, 2010 apud GRUPOQUATRO, 1989)
Logo, a quinta fase de ocupação urbana acabou dando-se concomitantemente com a primeira fase. Porém, de uma forma diferenciada do centro, trazendo para a região sul de Palmas uma característica de traçado urbano orgânico, crescimento desenfreado e não zoneado, além de abrigar àqueles que não possuíam recursos para se alojar no centro da cidade, a classe trabalhadora de baixa renda. [...] o centro deveria ser ocupado por, “não digo as pessoas mais ricas, mas tinha que ser valorizado. E a periferia seria Taquaralto”, que era uma pequena vila com pouco mais de dez casas. Com a oferta de terrenos e a política de doar lotes na região, logo se tornou um núcleo urbano e cresceu muito no período inicial da cidade, principalmente a área comercial devido à necessidade de consumo, mesmo que básico, da população que ali residia. (RODOVALHO, 2012, P.87)
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PALMAS SUL
FONTE: Google Earth, 2016.
PALMAS CENTRO
1.1 RELAÇÃO CENTRO - TAQUARALTO
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2 PALMAS SUL A área do plano foi disponibilizada na sua totalidade, para os funcionários públicos e pessoas com maior poder aquisitivo, e gerou uma ocupação dispersa com baixa densidade populacional e grandes vazios urbana. Além disso, surgiu um aglomerado urbano na região sul (na quinta etapa), que é chamado pela Lei do Plano Diretor 155/07 de Palmas Sul – voltado à população de baixa renda - que não fazia parte do projeto original, resultando em duas realidades totalmente distintas: uma dentro e outra fora do Plano Original, enfatizando o contraste social e gerando movimentos pendulares diários da população menos favorecida (fora do plano) para a região central (dentro do plano), onde existe uma maior oferta de empregos, serviços e infraestrutura. (CRUZ, 2014, P. 25)
A região sul de Palmas é composta por diversos bairros, moradia da maior parte da população de baixa renda da Capital. Entretanto, é a região mais movimentada da cidade, principalmente no quesito fluxo de pedestres. A apropriação do uso do solo e a sua alta densidade contribuem para que os moradores da região tenham um sentimento de pertencimento ao local, o que gera a possibilidade de estímulo de identidade. É evidente a má distribuição de equipamentos públicos na localidade e isso se deve a falta de priorização do envio de recursos para a parte sul da cidade, vista pelo poder municipal como uma área marginalizada, de pouca fonte de renda e de muitos problemas sociais. Mesmo sendo uma área ocupada desde os primeiros anos da Capital, o que se vê na região atualmente são unidades habitacionais ocupadas por cidadãos que não foram agraciados com infraestrutura e equipamentos públicos suficientes, além da vasta implantação de casas seriadas, idênticas entre si, ou conjuntos habitacionais verticalizados, parte de projetos governamentais de acesso à moradia às famílias de pouco recurso financeiro.
ANO DE APROVAÇÃO DO PARCELAMENTO DA QUADRA Até 1995 1996 - 2000 2001 - 2005 2006 - 2010 2011 - 2015
Histórico de ocupação de Palmas-TO. (PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMAS, S/A)
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MAPA DE ANÁLISE DO ENTORNO
MAPA DE ANÁLISE DO ENTORNO
POPULAÇÃO QUE CONSIDERA SUA RENDA FAMILIAR INSUFICIENTE PARA CUSTEAR NECESSIDADES BÁSICAS
de 18 a 30% de 30 a 42% POPULAÇÃO TOTAL 0 500 1.000 1.500 2.000 2.577
BAIRROS DE PALMAS SUL RESIDENCIAL BERTA VILLE
TO-050
POPULAÇÃO DOS BAIRROS DE PALMAS SUL IRMÃ DULCE
UNIÃO SUL JARDIM AURENY IV
JARDIM AURENY III
4.763 hab. 1.879 hab. 1.941 hab. 1.884 hab. 1.278 hab. 2.710 hab. 3.833 hab. 2.317 hab. 5.331 hab. 559 hab. 6.063 hab. 8.101 hab. 19.490 hab. 8.702 hab. 2.503 hab. 2.580 hab. 429 hab. 784 hab.
Santa Fé Santa Fé 2 Morada do Sol Morada do Sol 2 Maria Rosa Setor Sul Bela Vista Sol Nascente Santa Barbara Sônia Regina Aureny I Aureny II Aureny III Aureny IV Irmã Dulce Lago Sul Jd. Aeroporto Santa Helena
ÁREA DE ESTUDO (TAQUARALTO) TENDÊNCIA DE PESSOAS EM BUSCA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS, COMÉRCIO E PONTOS INSTITUICIONAIS
POPULAÇÃO TOTAL DE PALMAS SUL 101.458 hab. (Fonte: Palmas Minha Cidade de 2009).
JARDIM AURENY I
POPULAÇÃO DE TAQUARALTO 26.749 hab. (14% da população de Palmas) POPULAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 7.410 hab. (Fonte: Palmas Minha Cidade de 2009).
JARDIM AURENY II
SANTA FÉ 2ª ETAPA
JARDIM JANAÍNA
JD. SANTA HELENA
TAQUARALTO CENTRO
TAQUARALTO SETOR SUL
UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO
ESTAÇÃO DE ÔNIBUS
CEMITÉRIO
PRAÇAS
ESCOLA
MORADA DO SOL MORADA SETOR 3 DO SOL
VALE DO SOL TAQUARALTO
SANTA BÁRBARA
FEIRA COBERTA
-0 TO
6ª ETAPA
JARDIM AEROPORTO
GINÁSIO AYRTON SENNA
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SANTA FÉ LAGO SUL
UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
SETOR 2
RESID. MARIA ROSA MORADA DO SOL SETOR 1
JARDIM TAQUARI
MORADA DO SOL
JARDIM SANTA BÁRBARA TAQUARALTO BELA VISTA
JARDIM SÔNIA REGINA TAQUARALTO SOL NASCENTE
JARDIM BELA VISTA
JARDIM PAULISTA
DISTRITO INDUSTRIAL
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3 TAQUARALTO Taquaralto é uma região de Palmas que destoa do que conhecemos do centro da capital, tanto no seu desenho como na ausência de vazios urbanos devido à alta densidade da região. O começo da ocupação desse bairro foi concomitante à criação dos bairros centrais da Capital, em 1989, em um caráter de fuga das regras de povoamento da cidade. Sua regularização foi baseada na resistência dos que ali já mantinham sua vida, em sua maioria, famílias de poucos recursos financeiros, mantenedoras dos pequenos comércios da região, trabalhadores braçais e prestadores de serviços. Fora do eixo das nominações numeradas das quadras do centro, Taquaralto assume identidade como bairro, como localidade importante e de destaque na região sul de Palmas. A sua principal diferença, além do traçado urbano não quadriculado, é a presença de pessoas na rua diuturnamente, caracterizando a região como um ponto de centralidade, distante do centro de Palmas. Isso é parte resultado de uma ocupação amplamente de habitantes de menor renda, que, em sua maioria, não possuem automóvel e se utilizam do espaço público para se locomover a pé e aguardar pelo transporte público. Um dos pontos fortes que garantem um potencial para se almejar urbanidade para Taquaralto é a sensação de estímulo à apropriação do espaço, por ter crescido sem um desenho rígido de vias e zoneamento limitante. Tais motivos também estimulam, na região, a ocupação de suas ruas e lotes tal qual o usuário bem entende, seja com comércio ambulante, derivação do uso do solo dos lotes, descaracterização de padrão construtivo, intervenções nas calçadas e mobiliários urbanos, entre outros. Apesar de tudo isso gerar uma sensação de pertencimento à cidade desejável por parte de seus habitantes, também gerou problemas de desorganização urbana, como, por exemplo, a falta de acessibilidade devido a não-padronização de calçadas, má distribuição das vias, choque de alto tráfego de automóveis com o alto fluxo de pessoas, falta de áreas públicas de convivências, falta no atendimento das necessidades dos moradores devido a priorização do comércio local, bem como, o alto índice de poluição sonora, visual e ambiental gerada principalmente pelos comerciantes da Avenida Tocantins. Para tentar corresponder às necessidades de Taquaralto, faz-se necessário entender o estilo de vida local e como se dá a movimentação urbana na região, seus fluxos de pessoas, as necessidades tanto dos passantes como dos habitantes, e então, perguntar-se o que pode ser melhorado no espaço urbano para tornar mais confortável e interativa a vivência na região.
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3.1 MAPA DE LEITURA URBANA
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4 PRAÇA DA IGREJA A Praça da Igreja de Taquaralto é ponto de referência na região. Sua estreita relação com a Avenida Tocantins e seu posicionamento como marco de entrada para a Rodovia TO-030 faz com que a praça seja amplamente conhecida não só pelos cidadãos Palmenses, como também pelos Tocantinenses. A igreja presente na praça já foi alvo de diversas reformas, nem sempre mantendo seu estilo arquitetônico inicial e atualmente se encontra sem acabamento construtivo em grande parte da sua estrutura e apresenta pouca qualidade de uso. O playground presente na praça encontra-se desgastado e sem reparos, porém ainda é utilizado pelas crianças que por alí vivem ou estudam. A arborização é boa, a praça conta com áreas de sombra onde os trabalhadores da Avenida Tocantins costumam sentar-se durante o intervalo entre as jornadas de trabalho, porém há pouca vegetação rasteira, substituída por solo batido arenoso o que confere um aspecto sujo à praça e favorece o acúmulo de poeira. Nas laterais da praça, lindeiras a Avenida Tocantins, há algumas instalações improvisadas de pontos de alimentação informais e comerciantes de frutas, além da lanchonete construída no local. Nesses pontos de alimentação são servidos pratos típicos dessa parte do país como o Tucunaré frito, caldo de chambari, buchada de bode, caldo de cana, entre outros. Sabe-se que é de grande importância pra região a continuação da existência desses restaurantes informais, pois os mesmos já são uma característica comum em vários pontos dos município, e é um hábito comum dos habitantes da cidade frequentarem este tipo de comércio. É necessário entender a importância de qualificar o espaço sem retirar as peças fundamentais do seu funcionamento, ou seja, não interferir nos costumes culturais da população local, mas sim dar mais qualidade para que eles tomem seu espaço.
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FONTE: Autora, 2016.
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PARTE 2
PROPOSTAS
URBANIDADE IDENTIDADE
5 PARTIDO E DIRETRIZES
I D E N T I D A D E
I D E N T I D A D E
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INCENTIVO A EDUCAÇÃO CULTURA, ESPORTE E LAZER
INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE EDUCAÇÃO, CULTURA ESPORTE E LAZER QUE ATENDAM A POPULAÇÃO LOCAL
MARCOS VISUAIS
TORNAR OS ESPAÇOS PÚBLICOS APTOS A RECEBEREM PROJETOS E APROPRIAÇÕES QUE OS IDENTIFIQUE COMO REFERÊNCIAS
CENTRALIDADES
CRIAR ESPAÇÕES QUE POSSUAM QUALIDADES QUE ESTIMULEM A CRIAÇÃO DE CENTRALIDADE, COMO, CONFORTO AMBIENTAL, BOM MOBILIÁRIO URBANO, ENCONTRO DE FLUXOS
PRIORIZAÇÃO DE PEDESTRES
ESPAÇOS PÚBLICOS E INTERAÇÃO
APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO
TORNAR AS VIAS DE PEDRESTES PADRONIZADAS, ACESSÍVEIS, TERMICAMENTE CONFOTÁVEIS E ATRATIVAS REDUZIR O CONFLITO ENTRE VEÍCULOS AUTOMOTORES E PESSOAS CRIAR E QUALIFICAR OS ESPAÇOS PÚBLICOS DA REGIÃO, LOGO, ESTIMULAR O SEU USO CONVERGIR FLUXO DE PESSOAS PARA O ESPAÇO PÚBLICO
ESPAÇOS PÚBLICOS AMPLOS QUE PROPICIEM ATIVIDADES COMO FEIRAS LIVRES, APRESENTAÇÕES E REUNIÃO DE PESSOAS
‘Espaço’ e ‘lugar’, muito embora possam se superpor fisicamente, não são termos equivalentes, como nos ensina a geografia moderna, preocupada com as implicações não só econômicas, mas também culturais dos seus conceitos. O lugar é o locus de vivências emocionais, é depositário de memórias, de tradições, torna-se, assim, testemunha da história, Sua configuração, percebida como ímpar, é cpaz de suscutar lembranças provocando ou transmitindo sentimentos pessoais e coletivos, gerando e sustentando a indentidade de indivídios e grupos. Já os espaços genéricos, impessoais, anônimos, difusos, padronizados não só esquivam-se a assumir identidade pr[opria e como tendem a dissolver a de seus usuários. Alguns chegam mesmo a anular a ambas, ao ponto de merecerem da antropologia a designação de “não-lugares”. (SANTOS, 2006)
“De repente, os espaços coletivos e a sua apropriação por uma comunidade de moradores, surgem como um processo complexo de atribuição de sentido. Este processo constitui um exercício permanente de poder. Graças a ele, os usuários do espaço coletivo continuam a dispor do meio urbano em que vivem, fazendo escolhas, cedendo a argumentos convincentes, impondo restrições e determinando funcionalidades. A base dessa capacidade está no princípio mais simples e fundamental da cidadania: a ação conjunta, resultante do diálogo plural que amplia o campo do possível, e, com ele, a diversidade, princípio estrutural do urbano” (SANTOS, 1981, apud FERREIRA, 2007). “Não são apenas locais de grande significado comunicativo no cotidiano dos que trabalham e se utilizam dos serviços e comércio das áreas centrais, são também lugares de forte conteúdo simbólico, de grandes manifestações políticas, religiosas e comemorativas. (...) Nas praças centraisa diversidade maior de situações e de usuários resulta em inúmeras contradições, trocas mais diversas, manifestações mais representativas,enfim, uma percepção maior do lugar e do mundo” (QUEIROGA, 2001, apud FERREIRA, 2007). “O conceito de urbanidade, aqui focalizado, se refere ao modo como espaços da cidade acolhem as pessoas. Espaços com urbanidade são espaços hospitaleiros. O oposto são os espaços inóspitos ou, se quisermos, de baixa urbanidade [...] Tudo muito ao contrário da atual tendência à segregação em guetos residenciais, profissionais, comerciais e viários. A urbanidade, assim conceituada, emerge como um parâmetro maior, e abrangente, na avaliação da qualidade dos lugares. O reconhecimento da arquitetura e da cidade a partir da urbanidade re-propõe os valores essenciais da arquitetura como arte social.” (AGUIAR, 2012)
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6 PALMAS SUL MEMORIAL DESCRITIVO DA PROPOSTA PARA PALMAS SUL Desde o último senso populacional de Palmas, sabe-se que a sua região sul é a área mais populosa do município, contraditoriamente, também é a região com condições mais precárias de qualidade de vida: poucas praças, nenhum parque urbano, nenhum equipamento público voltado para a cultura, poucos equipamentos de esporte e lazer, má qualidade de mobilidade urbana, acessibilidade e a alta priorização do tráfego de automóveis. Tendo em vista essa problemática, foi proposto a inserção de alguns equipamentos públicos por bairro, para dar início ao fomento a cultura, formação escolar, esporte e lazer para os moradores. A proposta de parques urbanos, orla e praias qualificadas também se apresentam para suprir a necessidade de espaços públicos de qualidade, tendo em vista que maioria da população na região não possui recursos financeiros suficientes para bancar gastos com lazer distantes de sua moradia, como vêm acontecendo nos últimos tempos, onde só são realizados eventos festivos, feiras e atrações públicas no centro da cidade. Para as faixas de terra marginais ao lago e para as áreas rurais ao extremo sul da região foi proposto a regularização do uso do solo e a manutenção das suas particularidades perante a legislação do município. Para as margens do lago é necessário propagar com solidez normas contra a edificação irregular e a instalação de chácaras, e garantir o acesso público às margens do lago e a manutenção das suas áreas verdes. Já para as áreas identificadas na cor amarela no extremo sul da Capital faz-se necessário acabar com a ideia de expansão do perímetro urbano para tal região, visto que a cidade ainda conta com um grande vazio urbano nas áreas centrais e por isso não cabe nesta hora nenhuma medida expansiva, principalmente quanto à implantação de casas seriadas de interesse social como já se tem visto sendo implantadas na região assinalada. Com a execução de tais medidas propostas visa-se tornar possíveis melhorias na qualidade de vida local, trazendo novas centralidades urbanas, promovendo a interação entre pessoas e criando novas potencialidades de apropriação do espaço público e assim, a criação de uma melhor imagem coletiva da região. 22
6.1 MAPA DE PROPOSTAS: PALMAS SUL
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7 TAQUARALTO MEMORIAL DESCRITIVO DA PROPOSTA PARA TAQUARALTO Com a concentração de um intenso fluxo de pessoas, de uma extrema falta da priorização do pedestre e a escassez de espaços e equipamentos públicos, Taquaralto encontra-se necessitado de medidas populistas de qualificação urbana. Tendo em vista a potencialidade de se trabalhar com a identidade urbana local devido ao sentimento de pertencimento bairrista, bem como, o potencial de urbanidade que clama tornar a região agradável para seus moradores e transeuntes, foi proposta a retirada do fluxo de automóveis particulares na Avenida Tocantins, dando prioridade aos principais utilizadores de tal avenida: os pedestres em busca de comércio, serviços e transporte público. Sendo assim, na área indicada pelas placas de trânsito sinalizadas no mapa ao lado, foi proposta a ampliação das calçadas e a sua qualificação para atender às normas de acessibilidade, tornar mais agradável o movimento à pé na sua extensão, dar a possibilidade de melhoria na utilização do espaço pelo comércio ambulante já existente, além da implantação de 1 (um) só leito carroçável de duas mãos para passagem do transporte público. A reestruturação ou a implantação de praças públicas são propostas para que os cidadãos utilizadores, tanto moradores como passantes, tenham qualidade de vivência na região, pois o que vemos hoje é a falta de um espaço público bem equipado, com lugares pra sentar, banheiros públicos, sombras e bebedouros para se refrescar, espaços de descanso para os intervalos entre as jornadas de trabalho, espera do transporte público ou interação interpessoal, e até mesmo a falta de utilização do espaço esportivo já existente (Ginásio Ayrton Senna) pela sua pobre estrutura de acolhimento e estímulo do seu uso. Outra necessidade a ser suprida pelas propostas mapeadas é a falta de equipamentos culturais e centros acadêmicos profissionalizantes para os moradores da região e bairros vizinhos. Com tanta qualificação proposta não seria possível deixar de propor a utilização de instrumentos legais que garantam a não supervalorização da área seguida do fenômeno de gentrificação, para isso faz-se necessário manter as áreas lindeiras aos principais espaços públicos com um gabarito restrito que impeça a verticalização das edificações e a alteração do uso do solo de algumas áreas para estritamente residenciais, para que a região não seja tomada pelo comércio e não perca sua identidade bairrista. 24
7.1 MAPA DE PROPOSTA: TAQUARALTO
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8 PRAÇA DA IGREJA
ATUAL
PROPOSTA
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8.1 IMPLANTAÇÃO: PRAÇA DA IGREJA Esta proposta para a Praça da Igreja foi embasada no sentido da qualificação e não da total remodelação do local. O objetivo do projeto é trazer qualidade ao usufruto da praça, manter sua atual movimentação, manter seus usos habituais, porém com melhor infraestrutura.
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LEGIBILIDADE E LOCALIZAÇÃO
PARADA DE ÔNIBUS DA PRAÇA DA IGREJA
ILUMINAÇÃO PARA PEDESTRE
MESMO NÍVEL DA CALÇADA PARA CICLOVIA, PARA CANTEIRO E LEITO CARROÇÁVEL
INTERAÇÃO PRAÇA DA IGREJA E AV. TOCANTINS 29
FONTE: Autora, 2016.
COMÉRCIO AMBULANTE
PARTE 4
CONCLUSÃO
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS A região de Palmas Sul apresenta características diferentes da região central desde a época da primeira fase de ocupação da Capital. Dessa forma, é necessário entender cada aspecto que a distingue, e então poder interpretar seus problemas urbanos, para que se possa prever suas necessidades. A realidade é que a região é muito densa e a população local, mesmo sendo aproximadamente o dobro da população central, não é agraciada com nem a metade da infraestrutura urbana que é oferecida no centro. O bairro de Taquaralto é um claro exemplo disso. Apesar da sua intensa movimentação e forte representatividade no plano urbano do município, a qualidade de vida obtida por lá é precária. Apesar de cada problema urbano, a região traz consigo muitos potenciais a serem estimulados. As zonas de centralidades e de alto tráfego de pessoas como a Avenida Tocantins merecem atenção especial pois já são pontos vivos da cidade que necessitam de qualificação. Com o devido cuidado, toda a região pode se tornar um lugar bom para viver, um lugar capaz de oferecer qualidade de vida aos seus moradores e transeuntes. É preciso valorizar o local para que seus habitantes se sintam valorizados e assim serão estimulados a nutrir sentimentos de pertencimento. “Ao assumir a importância de uma corrente do pensamento urbanístico que busca analisar o cotidiano para extrair lições para o planejamento urbano pretendo jogar luz sobre a forma como serão apresentadas adiante algumas considerações propositivas sobre espaços de lazer e moradia. Sem ignorar os inúmeros tratados sobre espaços de lazer urbanos ou os diversos ensaios de valorosos arquitetos que se debruçaram sobre o tema, o que interessa a esse breve estudo é agregar algumas teses que podem vir a embasar uma análise sobre possibilidades de intervenções singelas, porém essenciais para a qualificação de nossos espaços livres. Retomando a epígrafe de Carlos Nelson, há que se pensar na qualificação dos espaços livres num contexto de escassez de investimentos – e de qualquer perspectiva a esse respeito – e em alternativas de qualificação do espaço urbano que dêem conta de uma diversidade necessária, e desejável.” (FERREIRA, 2007)
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10 BIBLIOGRAFIA AGUIAR, Douglas. Urbanidade e a qualidade da Cidade. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.141/4221> Acesso em> 01 de Julho de 2016. PORTAL VITRUVIUS, 2012. BRASIL. Estatuto da cidade (2002). Estatuto da cidade: Guia para implementação pelos municípios e cidadãos: Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana. – 2. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002. CRUZ, Suheid Neves. Centralidade e Espaço Público em Taquaralto: Levantamentos, diagnóstico e diretrizes urbanísticas de ação. Monografia (Trabalho Final de Graduação) - Universidade Federal do Tocantins, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Palmas, 2014. FERREIRA, Paulo Emílio Buarque. Apropriação do Espaço Urbano e as Políticas de Intervenção Urbana e Habitacional No Centro de São Paulo. Dissertação apresentada à FAU USP para obtenção do Título de Mestre. Orientador: Profº Dr. João Sette Whitaker Ferreira. São Paulo, 2007. GRUPOQUATRO. do do Tocantins:
Memorial do projeto da capital Palmas/Plano Básico. Goiânia, 1989
do esta(Mimeog).
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. Perspectiva, São Paulo; 1ª edição, 2013 LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. 3 ed. São Paulo. Editora Martins Fontes. 2011. MASCARÓ, J. L. Loteamentos urbanos. Mais quatro, Porto Alegre, 2005. RODOVALHO, Sarah Afonso. Palmas, Do Projeto ao Plano: O Papel Do Planejamento Urbano Na Produção Do Espaço . 193 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional). Universidade Federal do Tocantins. Palmas, 2012. SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Identidade Urbana e Globalização: A formação dos Múltiplos Territórios em Guarulhos-SP / São Paulo: Annablume; Guarulhos: Sindicato dos Professores de Guarulhos, 2006. VELASQUES, A. B. A. A Concepção de Palmas (1989) e a Sua Condição Moderna. Tese (Doutorado em Urbanismo). Universidade Federal do Rio de Janeiro. PROURB/ UFRJ: Rio de Janeiro, 2010.
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