Jornal REPÓRTER DO MARÃO

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repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste

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Nº 1222 | Quinzenário | 1€ | Ano 25 | Director: Jorge Sousa | Director-Adjunto: Alexandre Panda | Subdirector: António Orlando | Edição:Tâmegapress | Redacção: Marco de Canaveses | 910 536 928

28 Setembro a 12 Outubro 2009

Tragédias enlutaram região do Tâmega e Sousa

Como superar a dor e contornar o luto

Lino Maia: ‘Norte é mais solidário’

Futuro de Bisalhães é da cor do barro

Túnel do Marão sem segurança externa


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política

PS pode fazer maioria absoluta com CDS ou PSD Sócrates escusa-se a fazer cenários sobre coligações antes de ser indigitado primeiro-ministro pelo PR

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PS ganhou domingo as eleições com 36,56% dos votos (96 deputados) mas se quiser governar em maioria absoluta terá de fazer entendimentos à direita com o PSD (29,09%, 78 mandatos) ou com o CDS-PP (10,46%, 21 mandatos). O secretário-geral do PS, José Sócrates, deixou em aberto todos os cenários em matéria de entendimentos. Em declarações na sede de campanha, disse ser “cedo” para revelar se governará sozinho ou coligado, reservando o anúncio da “solução governativa” para depois da indigitação presidencial e de consultas com restantes partidos. “O que farei é aguardar a indigitação presidencial e só depois disso procederei a consultas com os restantes partidos, e julgo que é esse o dever de quem ganhou as eleições, não com a maioria absoluta, mas com uma maioria relativa”, afirmou, numa conferência de imprensa no Hotel Altis, em Lisboa. Quando falta apurar quatro deputados pelos círculos da emigração, PS e CDS-PP somam 117 deputados, mais um do que o ne-

Redacção com Lusa | tamegapress@gmail.com | Fotos Lusa cessário para a maioria absoluta. Em conjunto, socialistas e sociais-democratas saem destas eleições com 174 deputados (resultados provisórios) mas o clima de crispação e as declarações na noite eleitoral tornam praticamente impossível a reedição do Bloco Central com actual liderança do PSD. À esquerda, os entendimentos estão mais complicados, uma vez que PS e BE juntos não ultrapassam os 112 deputados. Seria necessário que os socialistas recolhessem os quatro mandatos da emigração para alcançar uma maioria absoluta em conjunto com os bloquistas, um cenário improvável. Os deputados somados do PS e CDU não ultrapassam também os 111, longe da maioria. Cenário também improvável é de um acordo alargado à esquerda entre PS, bloquistas e CDU, tendo em conta o que que foi defendido pelos três partidos durante a campanha eleitoral. A possibilidade de o PS governar sozinho com entendimentos pontuais no Parlamento com o CDS-PP em diplomas importantes ganha assim maior peso, até porque

o líder dos centristas inscreveu na moção de estratégia sufragada pelos militantes que o partido se encontra equidistante de socialistas e sociais-democratas. De acordo com a legislação, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, apenas poderá convidar o novo primeiro-ministro a formar Governo depois de publicados os resultados das eleições legislativas em Diário da República, o que deverá ocorrer no máximo até 17 de Outubro. Contudo, o chefe de Estado poderá começar a ouvir informalmente os partidos sobre os resultados das eleições logo após o fim do apuramento dos resultados verificados nos círculos da emigração (a 07 de Outubro).

A possibilidade de o PS governar sozinho com entendimentos pontuais ganha maior peso


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política

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Futuro Governo e liderança do PSD na agenda pós-eleições Os cenários de governabilidade e o futuro da liderança do PSD serão duas das questões que dominarão o debate político das próximas semanas, depois do PS ter vencido as legislativas de domingo sem a maioria absoluta alcançada em 2005. Com 96 deputados (36,56% dos votos), os socialistas precisam, para governar em maioria absoluta, de fazer entendimentos à direita com o PSD (29,09%, 78 mandatos) ou com o CDS-PP (10,46%, 21 mandatos). Com mais três deputados do que os conseguidos por Santana Lopes em 2005, Manuela Ferreira Leite anunciou que irá convocar uma reunião do Conselho Nacional do partido para depois das eleições autárquicas de 11 de Outubro para analisar o ciclo eleitoral iniciado com as europeias. No entanto, alguns críticos internos já pedem a renovação da direcção, como Luís Filipe Menezes, Jorge Neto, António Nogueira Leite ou José Manuel Canavarro. Em termos percentuais, a abstenção foi a mais alta de sempre em eleições legislativas - 39,4 por cento - mas o número de votantes nas legislativas de domingo ultrapassou os de 1999 e 2002.

As eleições legislativas vistas por Santiago

Sócrates dançou Manuela!

REFLEXÕES

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Pedro Barros

Esta crise e o futuro As televisões e os jornais inundam-nos a toda a hora com a crise e os seus reflexos criando uma ansiedade e um estado colectivo de medos e receios sobre o futuro. Para sustentar este estado de coisas, repetem até à exaustão argumentos e histórias, respigam episódios dramáticos da grande crise de 1929, fazem previsões, dão voz à douta opinião de comentadores que dizem tudo e o contrário no dia seguinte, alimentando as tendências depressivas das pessoas, confundidas com tanta “ciência” de tão ilustres pessoas. Melhor seria que estivessem calados. Não quer isto dizer que não tenha havido e não continue a haver crise, interna e externamente, bem pelo contrário. Portugal está em crise há muitos anos, a necessidade de reequilibrar as contas públicas por causa do défice e do euro, a deslocalização, a fuga do IDE (Investimento Directo Estrangeiro). Mas o problema é só português? Claro que não. Portugal é uma pequena economia, muito dependente dos seus parceiros europeus, que tem vindo a sofrer com a deslocação para oriente de factores fundamentais da actividade económica; o alargamento a leste da União Europeia e o ganho de peso das economias asiáticas. E esta última questão não é um problema só de Portugal mas de toda a Europa e dos Estados Unidos que tem vindo a avolumar-se nos últimos 20 anos sem que os governos consigam soluções equilibradas. Recentemente, tivemos uma crise mundial, e essa crise afectou de diferentes modos os diversos países, mas a todos de uma forma grave. Uma crise que terá começado, dizem os “experts” na bolha do imobiliário e que, a partir de Outubro de 2008, se alastrou rapidamente ao sector bancário, abalando a confiança das pessoas. É inquestionável que houve uma crise. Como tem havido muitas outras, embora de menor dimensão. Aliás, a economia é feita de avanços e recuos que definem os ciclos económicos. Esta foi mais grave que outras por um conjunto de razões, muitas delas incontroláveis e imprevisíveis, como se viu, que representam o somatório de anos de opções erradas e de ganância. Mas como é que uma coisa desta pode acontecer, pergunta o cidadão comum? A ganância dos homens e o dinheiro são um cocktail explosivo que levou a uma espiral de desregulação por parte dos estados daquilo que é permitido, sem colocar em risco os cidadãos e a sociedade. Por outro lado, a grande especialização e o profissionalismo das entidades que compõem “os mercados financeiros”, bancos, fundos de investimento, sociedades financeiras, bolsas e investidores, deixaram os técnicos e os políticos ao serviço dos estados a “milhas de distância”. E isso ficou patente quando surgiram os primeiros sinais de crise, iguais a muitos outros, com os políticos e os estados a serem permeáveis à pressão dos media e da banca, tentando “apagar” a crise com milhões e mais milhões, sobretudo depois de terem “deixado cair” o banco de investimento americano Lehman Brothers, um dos mais fortes do sector, gerando uma crise de confiança à escala global, imparável e sem origem definida, e obrigando-os a sustentar muitos outros em muito piores condições, sob pena de a economia mundial se desmoronar como um baralho de cartas.

Neste entretanto, gastaram-se, malbarataram-se, milhões e milhões de dólares por incúria e incompetência de líderes políticos e de bancos centrais. Veja-se o Presidente da Reserva Federal americana, “o último a saber”, veja-se a política do Banco Central Europeu que no limiar da crise ainda aumentou as taxas de referência quando a economia real já sofria intensamente. O mal está feito e iremos levar muitos anos a recuperar. O que não conseguiremos recuperar são as empresas e as pessoas que sucumbiram nesta lógica infernal que destruiu postos de trabalho e riqueza, um pouco por todo o lado, gente séria e honesta, gente capaz que dificilmente conseguirá refazer as suas vidas e empresas ou recuperar o seu posto de trabalho. Mas será que aprendemos com os erros? Talvez sim ou talvez não. Os que provocaram a crise, como se pode ver pelos resultados dos bancos à escala mundial, são os primeiros a sair dela. E em força. As bolsas já fervilham. O petróleo sobe. À custa dos apoios dos estados, do dinheiro dos contribuintes que vai a dívida pública, a pagar talvez pela próxima geração. As Pequenas e Médias Empresas, outrora desprezadas, são o modelo e a grande referência, sempre na boca de todos. Acho muito bem e aplaudo. Só que quase nada se faz por elas no sentido de as fortalecer, apoiá-las em termos de gestão, de incorporação de tecnologia e de valor mas sobretudo de apoio à tesouraria. Nada ou pouco se faz para regular o sector financeiro impondo regras de ética pura que impeça que se cobrem juros de 10, 12, ou 15% no apoio de tesouraria quando a taxa de referência é de 1%. Isto é usura e ninguém foi preso. E a carga fiscal. Alguém se preocupa com a carga fiscal que recai sobre as pessoas e as empresas? Com a organização do sistema tributário (os impostos que pagamos) de forma justa, como deveriam ser, em vez de considerar o contribuinte “a vaca onde quando se precisa se tira sempre mais um bife”. Claro que é que há muito a fazer à escala europeia e ocidental. Não se pode aceitar competir com produtos produzidos em economias que não respeitam as pessoas, que se servem de trabalho em condições de quase escravatura, onde se desrespeitam escandalosamente as questões ambientais, e se financia com “dumping” esses produtos. Isto poderá ser a curto prazo a decadência e o fim de muitas economias e até de países que poderão deixar de ser viáveis face ao seu endividamento. Bastará que um outro conjunto de factores, em cadeia, como os que vivemos há poucos meses, alimentados pela ganância pelo dinheiro, abalem a confiança mundial e não haverá milhões de dólares ou euros que possam apagar a fogueira e tapar outro buraco. Isto porque, recorde-se, a confiança é a base de toda a economia. E o cidadão anónimo, nós todos, nesta encruzilhada, gostávamos de poder acreditar em alguém. Resta esperar que os políticos estejam a “fazer o trabalho de casa” e regulem o que deve ser regulado sob pena de deixarmos aos nossos filhos um mundo que, além de perigoso, poderá estar em contagem final para a sua implosão.


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ambiente

Câmara de Amarante acusa Quercus de falta de credibilidade Ambientalistas falam em taxa de 17% de saneamento, autarca diz que só não é superior a 55% por falta da nova ETAR

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Câmara de Amarante reagiu de forma dura ao comunicado da Quercus sobre a poluição no Rio Tâmega. Em causa está a percentagem de cobertura de saneamento no concelho de Amarante. Num comunicado recente sobre a poluição no Rio Tâmega, em cuja margem teve lugar uma acção daquela associação ambientalista, a Quercus, referiu-se à “baixíssima taxa de 17% de cobertura de saneamento básico”, não especificando qual a fonte deste dado. Em declarações ao Repórter do Marão (RM), Armindo Abreu, presidente da câmara, afirmou que o comunicado “é uma barbaridade” e “que põe em causa a credibilidade da própria [Quercus]”. Confrontado pelo RM, João Branco, presidente dos núcleos da Quercus de Vila Real e Viseu, mostrou cópia de um relatório da empresa Águas do Ave, referente a Dezembro de 2005, em que Amarante (61.582 hab.) aparece com uma taxa de co-

Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com

bertura de saneamento de 17%. O presidente da câmara desmente este valor e afirma que actualmente “a taxa de cobertura é de cerca de 55%, mas temos rede construída em baixa para uma taxa de cobertura de 80 a 85%”. O autarca argumentou que “alguma desta rede não está em funcionamento porque ainda não foi construída a ETAR de Vila Caiz”, da responsabilidade da empresa Águas do Ave. No comunicado da associação ambientalista é criticada a inércia das autoridades públicas perante a poluição no troço do Tâmega entre Amarante e Marco de Canaveses, classificado por lei como “domínio público hídrico” e “zona sensível”. Para a Quercus “a cor verde, pastosa e pestilenta que as águas do Tâmega apresentam na época de Verão, contrastando com a cor negra que registam nos restantes meses do ano, são o resultado da proliferação de fitoplâncton designado por al-

gas azuis ou cianobactérias”, resultado de um processo de eutrofização. As margens do rio “estão transformadas em pântanos de lodos negros e fétidos onde se acumulam resíduos de todo o tipo”, assinala a Quercus. No mesmo comunicado, diz esperar “a investigação do Ministério Público, de modo a apurar as responsabilidades institucionais dos diversos intervenientes públicos e privados que levaram o rio Tâmega ao estado de degradação em que se encontra”. Confrontado com os sinais evidentes de poluição do Tâmega, Armindo Abreu diz que há “vários focos de poluição desde a nascente à foz”. Na albufeira da barragem do Torrão, situada na foz do rio, “há um problema que se agrava”, porque, segundo o presidente de Câmara, a barragem “foi enchida sem os devidos cuidados de limpeza e desmatação”.


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Psicólogo clínico explica como Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com

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m menos de um mês várias famílias do Tâmega e Sousa conheceram um luto trágico e repentino. Em Baião, um acidente entre um comboio e um carro vitimou avós e neto, para além do condutor do carro e do presidente da junta da localidade onde se deu o desastre. Em Amarante, um tio atropelou acidentalmente uma sobrinha com poucos anos de vida, à porta da casa dos avós. Em Paços de Ferreira, um pai tentou salvar o filho que estava dentro de um poço e acabou por morrer com ele. A mais recente tragédia ceifou a vida a sete jovens raparigas num acidente de viação em Penafiel, todas alunas de um curso de formação naquela cidade. Estas tragédias deixaram de luto famílias inteiras que tiveram de enfrentar a dor e o sofrimento da perda, de forma brutal e repentina. O Repórter do Marão (RM) procurou obter, junto de um especialista da área do chamado “luto complicado”, respostas para a outra faceta das tragédias: como lidar com a dor e o luto. José Carlos Ferreirinha Rocha é licenciado em Psicologia Clínica e Doutorado em Ciências Biomédicas, docente do Instituto Superior de Ciências da Saúde Norte e Coordenador da UNIPSA - Unidade de Investigação em Psicologia e Saúde que está actualmente a desenvolver um estudo sobre a avaliação e intervenção psicológica no luto complicado, em parceria com investigadores europeus.

RM: Como é que uma família consegue lidar com o luto? O luto é um processo de adaptação a uma perda. Na família há relações intensas e muito significativas, pelo que, quando surge uma ruptura inesperada dessas relações, há diversos impactos importantes. Por vezes, os sobreviventes confrontam-se diariamente com a falta do papel que a pessoa que faleceu exercia. Há um sem-número de mudanças mais ou menos subtis no dia a dia dos sobreviventes. A família funciona como o espaço em que essas mudanças podem ser faladas, tendo em conta a carga emocional muito intensa. A capacidade de lidar com este tipo de emoções varia muito de pessoa para pessoa e pode ser treinada e facilitada. Por vezes, as pessoas em luto têm tremenda dificuldade em lidar com a perda, o processo dura anos e com agravamentos frequentes. Cerca de 20% das pessoas desenvolvem, o que se tem chamado, o luto complicado. RM: Como é que a notícia pode ser dada às famílias e qual é o processo de acompanhamento imediato que se deve ter para com elas? [Em vários dos casos INEM ou hospitais disponibilizaram médicos para acompanhar as famílias]. Todo o acompanhamento às famílias enlutadas

demonstra respeito pelo profundo sentimento de perda. Quando deixamos de sentir e de agir, algo estará errado em nós enquanto seres humanos. No entanto, o apoio deve ter em consideração que por vezes os efeitos não são assim tão positivos. Há especialistas com formação adequada para lidar com algumas das emoções mais complexas do luto. RM: Existe uma teoria segundo a qual a comunicação social pode ajudar a fazer o luto, quando as famílias desabafam com os jornalistas. De um ponto de vista da psicologia essa tese é possível? Em algumas situações a expressão emocional da perda é extremamente positiva. Ajuda a pessoa a organizar e a externalizar algumas emoções e, por vezes, acrescenta consciência social para alguns problemas. Nem sempre é fácil encontrar palavras para o que se sente e os jornalistas, e outros escritores, procuram palavras para ilustrar o que vivemos e o nosso mundo. Acabam por influenciar o modo como estes acontecimentos são organizados, com as vantagens e desvantagens associadas. RM: No caso do falecimento de jovens ou de crianças, o stress pós-traumático será maior, dada a juventude dos familiares. Quais são as atenções especiais a ter nesses casos?


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ultrapassar o luto É um conhecido factor de risco de pós-stress traumático e luto complicado. Temos bons instrumentos para avaliar este tipo de consequências e por isso devem ser correctamente avaliados e acompanhados de modo a evitar consequências de longo prazo. Há hoje diversas evidências de como as crianças expostas a violência ou a catástrofes são particularmente sensíveis e com efeitos vários anos após, no rendimento escolar, no sono, no nível de ansiedade, etc. RM: No caso concreto de Penafiel, uma jovem ia a conduzir um carro em que seguiam mais seis pessoas. Algumas famílias poderão ter a tendência de querer culpar essa jovem condutora. É possível que na morte de alguém querido tenhamos o reflexo de encontrar explicações e/ou culpados, na tentativa de diminuir a dor, de expulsar essa dor? É uma emoção frequente, sentir culpa ou revolta depois de uma perda e os técnicos que trabalham com estas famílias devem estar preparados para emoções muito intensas. Contudo, por vezes apercebemo-nos que não tem base racional e que não nos ajuda a dar significado à perda em si. Mesmo assim, em algumas situações, as emoções de culpa ou revolta podem fazer sentido e podem ser expressas de um modo adequado. Quanto ao pro-

curar explicações, este aspecto pode ajudar a dar significado à perda em si. RM: Muitas vezes os familiares directos querem ver o local do acidente, o que ficou do carro e os destroços. Isso é bom ou é mau? Qual é o melhor para eles? Não há uma resposta certa para todos nós. Há pessoas que sentem essa necessidade e devem fazê-lo com consciência das emoções que poderão activar. Há pessoas que ao ver os destroços ficam com uma vivência sensorial muito desagradável e outras em que existe um forte desequilíbrio entre ganhos e benefícios. RM: Ao verem fotografias “choque” nos jornais (como corpos no local do acidente) os familiares podem ser prejudicados? Exemplificando com factos concretos, qual é o efeito? Para além de serem uma violação dos direitos de imagem, essas fotografias podem naturalmente ter um impacto muito negativo nos familiares e na comunidade em geral. Reacções de pós-stress traumático, como ansiedade, pensamentos intrusivos (flash-backs) ou evitamento de tudo que recorde a situação, são facetas frequentes. O dia em que os seres humanos deixem de ter sensibilidade a imagens violentas será um dia triste.

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Fotos chocantes nos jornais violam “direitos de imagem e podem ter um impacto muito negativo nos familiares e na comunidade”. “As pessoas em luto têm tremenda dificuldade em lidar com a perda, o processo dura anos”. [Prof. José Ferreirinha]


Túnel do Marão avança sem plano externo de segurança António Orlando | aorlando.tamegapress@gmail.com | Pedro Rosário, Lusa | Fotos

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construção do Túnel do Marão, o maior da Europa, arrancou sem que exista um plano de emergência exterior, a accionar em caso de acidente grave. Existe apenas um estudo prévio. O único plano de emergência concluído é o interno, elaborado e posto em prática pela empresa construtora e exploradora do túnel, a Infratúnel. Os atrasos estarão relacionados com os incêndios florestais que têm sobrecarregado a agenda dos bombeiros. Após contactos preparatórios com os dois governos civis, Porto e Vila Real, os responsáveis da Infratúnel aguardam por um encontro com os bombeiros para que se avance na planificação e execução do Plano Externo de Emergência (PEE) que integrará o plano interno da Infratúnel. “Admitimos perfeitamente que esta azáfama dos fogos florestais esteja a preocupar e a ocupar por inteiro os bombeiros”, disse ao Repórter do Marão, António Machado, responsável da segurança da Somague, uma das empresas que integra o consórcio construtor. O comandante dos bombeiros de Amarante, Jorge Rocha, diz que já houve várias

reuniões, mas que efectivamente ainda faltam alguns passos para que seja concluído o Plano de Emergência. “Nesta altura nem sequer tínhamos disponibilidade para fazer a reunião. Em todo o caso, desde o início da obra que nós em conjunto estabelecemos pontos de encontro em caso de acidente. É a única coisa que existe neste momento. Vai ser elaborado o Plano de Emergência para o Túnel, porque nós, bombeiros de Amarante e Vila Real, não temos meios para trabalhar em túneis”, explica Jorge Rocha. Quanto ao Plano de Emergência da Infratúnel, o estudo prevê, nomeadamente, 12 pontos de encontro para que se faça socorro. “Temos insistido com os bombeiros para termos uma reunião com eles para definirmos as situações que requerem um maior cuidado. Por exemplo, vem aí o Inverno. Compreendemos que não nos atendam porque eles andam na serra, nos fogos. Não quer dizer que desistamos de tentar”, explica António Machado que, juntamente com Sandra Matos, assume a chefia das questões de segurança interna da construtora.

As orientações dos bombeiros serão pois preciosas quer para quem trabalha na obra e necessite de socorro de emergência, quer para as equipas de socorro. “Eles, bombeiros, é que terão de dizer este sítio é bom, para eventualmente terraplanar. Nós não vamos fazer à revelia senão depois dá asneira, não funciona. Por exemplo, já sobrevoei esta zona de helicóptero e não vi ponto nenhum jeitoso onde ele pudesse aterrar. Eles existirão e os bombeiros saberão melhor que ninguém”, acrescenta. A perfuração da serra, que vai dar origem aos quase seis quilómetros de túnel, por exigências técnicas é feita 24 horas por dia, ao ritmo diário de quatro metros. Há duas frentes de trabalho, uma a partir de Amarante, distrito do Porto e outra do lado da Campeã, distrito de Vila Real. Em cada uma das frentes do túnel o número de trabalhadores varia entre os dez e os 12 operários. O trabalho é sobretudo robótico. A maioria dos operários vai estar ocupada com a construção da auto-estrada, que inclui alguns grandes viadutos.


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Método NATM (New Austrian Tunnelling Method) Trata-se de um método construtivo, desenvolvido entre 1957 e 1965, a que foi dado o nome de Novo Método Austríaco para o distinguir de um antigo método construtivo também de origem austríaca. Este método considera que a massa de solo envolvente do túnel escavado contribui para a sua própria sustentação. A eventual deformação dessas rochas é minimizada através da aplicação, imediatamente após o avanço da escavação, de uma primeira camada fina de betão. A este método está associada uma complexa e sofisticada tarefa de instrumentação que monitoriza o estado do túnel escavado.

Troço portajado entre Amarante e Vila Real O novo troço da A4 AmaranteVila Real, em fase inicial de construção, será portajado por quem faça o percurso a partir da zona de Gondar, logo após a saída para Mesão Frio e Régua, até Parada de Cunhos e vice-versa, troço que inclui a circulação no túnel. A duplicação do IP4 entre o nó Este de Amarante e Gondar será de livre circulação, sem portagens. Neste local, existirá uma rotunda qe permitirá a continuação do percurso por auto-estrada com pagamento de portagem ou a utilização do actual IP4, para aqueles que preferirem a viagem pelo velho traçado. Serra acima.

Mais de mil operários em meados de 2010 A obra de prolongamento da A4 de Amarante a Vila Real terá o seu pico laboral em meados do próximo ano, ocasião em que estarão no terreno, em simultâneo, cerca de mil operários, disse a fonte da Somague. Será a mão-de-obra necessária para a construção de 25,7 km de traçado novo, 3,9 km de alargamento (a abrir em 2011) , cinco nós de ligação, uma praça de portagem, um centro de assistência e manutenção e o túnel, composto por duas galerias de 5,7 km de comprimento cada. A empreitada de prolongamento da A4 prevê a construção de 13 obras de artes especiais. Dois desses viadutos terão mais de 800 metros de comprimento, sendo que um deles, sobre o vale de Ansiães, terá uma altura de 150 metros. O investimento na obra é de 350 milhões de euros.

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Fogos florestais estão a adiar as reuniões entre bombeiros e a construtora para concluir o Plano Externo de Emergência


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O 11 de Setembro … do Carrapatelo António Orlando | aorlando.tamegapress@gmail.com

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Bairro da EDP no Carrapatelo, outrora, uma cidade (assim designada por quem lá vivia nas mais de 150 casas pré-fabricadas) está reduzido a carvão e a escombros. Se é verdade que a esmagadora maioria dos blocos já tinham sido demolidos, não é menos verdade que o fogo do passado dia 11 de Setembro fez ruir a esperança de quem ainda lá mora. A esperança de ali terminarem os seus dias… Há muito que se fala na intenção da EDP de transformar o Bairro da EDP – localizado na encosta sobranceira ao Douro, na margem direita do rio, na freguesia de Penhalonga – num empreendimento turístico. O projecto imobiliário terá sido recentemente apresentado à Câmara do Marco. Em consequência dos objectivos imobiliários da EDP, os antigos funcionários da empresa que em 1968 para ali foram viver para construírem a Barragem do Carrapatelo, no rio Douro, foram, posteriormente “incentivados” pela entidade patronal a irem-se embora. Progressivamente os moradores do Bairro foram cedendo a troco de indemnizações. “A uns, aos mais novos, foi-lhes proposto 50 mil euros compensatórios e aos outros, aos reformados, a EDP ofereceu-lhes apenas 40 mil euros”, explica Francisco Vieira, morador no Bairro do Carrapatelo.

A diferente oferta fez com que se estabelecesse de imediato um braço de ferro entre empresa e ex-funcionários. Os processos andam, ainda, pelos corredores dos tribunais. Francisco Vieira assume que tem sido um dos que mais tem batido o pé à discrepância oferecida pelo ex-patrão recusando por isso abandonar o local que o acolhe há 40 anos. Porém, o passar do tempo terá pesado no acordo recente que fez com a empresa sob mediação judicial. Se é certo que chegou a acordo para se ir embora, Francisco Vieira, recusa, contudo, fazê-lo sem que aconteça o mesmo com os restantes vizinhos. Ou seja, que haja um acordo satisfatório com todos os moradores.

“As pessoas em luto têm tremenda dificuldade em lidar com a perda, o processo dura anos”

“São todos mais velhos que eu. São pessoas indefesas, se vou embora o que háde ser desta gente?”, interroga-se. O bloco habitacional que ainda resiste no Bairro é um monte de tábuas velhas. A madeira que faz as paredes das casas e suporta o telhado está podre. Ao mínimo descuido desmorona-se tudo. Daí que os moradores, todos idosos, falem em milagre, quando olham em volta e vêem tudo queimado. Restam as suas casas. Por onde o fogo do 11 de Setembro passou, só ficaram os alicerces em cimento. Os 27 bombeiros que acorreram ao incêndio foram incapazes de suster as chamas que derreteram a densa vegetação por mais de 100 hectares. Um helicóptero Kamov e um avião Canadair fizeram, também, algumas descargas. A Cruz Vermelha também prestou apoio. No Bairro da EDP, arderam ainda duas viaturas que estavam guardadas num barracão que servia de garagem, uma oficina de metalomecânica, onde Francisco Vieira passava entretido grande parte dos dias e morreram cerca de 60 animais domésticos (galinhas e coelhos etc). Na encosta do Carrapatelo, três casas (uma de habitação permanente e duas de férias) arderam também. A idosa que habitava uma dessas casas destruídas foi realojada em casa de familiares.


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Moradores queixam-se de actuação tardia dos bombeiros

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rancisco Vieira, à semelhança de outros moradores do bairro de Carrapatelo critica a actuação “tardia” dos bombeiros. O morador diz mesmo que se não fosse ele o bairro ardia por completo: barram-me a entrada, disseram-me que o importante era estar vivo. “E as minhas coisas? Fico só com a roupa no corpo?” perguntei eu. “Apanhei-os desprevenidos e corri para aqui. Quando aqui cheguei já estavam a arder dois barrotes do telhado, consegui apagá-los, caso contrário ardia tudo”, conta. O presidente de Junta de Penhalonga, José Leitão do Couto, desmente que os bombeiros não estivessem à altura das circunstâncias. “O que se passou é que o incêndio, tocado pelo vento, rapidamente tomou conta da encosta”, explicou, na ocasião, o autarca de freguesia. Fonte dos bombeiros disse “que é normal as críticas aos voluntários. Os incendiários é que chegam sempre primeiro”, desabafou a fonte. O presidente da Câmara do Marco, Manuel Moreira, fez saber na última Assembleia Municipal que chamou ao local a Policia Judiciária para investigar as causas deste e de outros incêndios que fustigaram o concelho. AO

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saúde

Urologia do Tâmega e Sousa pratica cirurgia inovadora Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com

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ma equipa do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), chefiada pelo director do Serviço de Urologia, Joaquim Lindoro, realizou na semana passada uma cirurgia delicada, “de alto grau de diferenciação, e que apenas se praticava nos hospitais de Santo António e de S. João”, no Porto. Numa situação de cancro agressivo da bexiga, “usando o método laparoscópico, fizemos uma remoção total da bexiga” a um homem de 65 anos, contou ao Repórter do Marão Joaquim Lindoro. “Está na Unidade de Cuidados Intensivos por rotina, mas está realmente muito bem”, acrescentou o médico, acabado de chegar de junto do doente. No último ano foram feitas “à volta de 100 cirurgias laparoscópicas” no Serviço de Urologia do CHTS, em Penafiel. Em 2007, o Serviço foi considerado o quarto a nível nacional em termos de experiência da cirurgia laparoscópica aplicada à Urologia. Joaquim Lindoro foi um dos pioneiros da cirurgia laparoscópica, “ainda estava no S. João”, em 1993-1994. “Fiquei com a ideia de desenvolver a laparoscopia mal surgisse a oportunidade”. Em 2006, no CHT “arrancámos com a laparoscopia em intervenções mais fáceis. Começámos a desenvolver sozinhos esta actividade com a ajuda de um médico nos

chegou do Hospital de Santo António ”. Sobre a cirurgia delicada que orientou recentemente, Joaquim Lindoro entende que o mais importante está antes. “Há uma construção de base, de rotinas. Nunca poderíamos ter chegado a uma cirurgia tão complicada se por detrás não houvesse muitas outras que permitiram criar uma prática. Não há aqui saltos… os saltos são perigosos e os princípios éticos são fundamentais: estamos a lidar com doentes”. O Serviço de Urologia foi “evoluindo aos poucos, com seriedade”, diz o director de Serviço. “Tenho um corpo de especialistas bem formado”, que integra agora 4 médicos e 14 enfermeiros “cuja dedicação em torno da Urolo-

Serviço de Urologia do CHTS melhorou cuidados prestados e ficou ao nível dos hospitais do Porto

gia tem permitido dar uma resposta eficaz aos nossos doentes, que encontram hoje em Penafiel e Amarante respostas e soluções que há bem pouco tempo só estavam disponíveis nos Hospitais do Porto”, sublinha o especialista. De acordo com os dados do último ano, divulgados pelo hospital, a Urologia registou um crescimento de 40% de doentes saídos do internamento. Na Consulta Externa efectuaram-se cerca de 4.500 consultas, o que representa um crescimento de 30%, com as primeiras consultas (indicador que mede o acesso dos utentes ao Hospital), a crescer 33%. O Hospital de Dia registou 1.519 sessões, mais 26% que no ano anterior. Ao nível da cirurgia, o Bloco Operatório registou um forte crescimento: na casa dos 40% e o ambulatório cresceu 50% ao nível dos doentes intervencionados. Resultados que, segundo o CHTS, “ fazem com que 80% dos doentes inscritos para primeira consulta esperem menos de 3 meses. Os doentes inscritos para cirurgia convencional esperam menos de um mês e para o Ambulatório cerca de dois meses”. Para permitir “trazer os centros de saúde ao hospital e disponibilizarmos o conhecimento”, explicou o enfermeiro Osvaldo Dias, o Serviço de Urologia promoveu a 25 de Setembro, no Auditório do Hospital Padre Américo, a I Jornada de Enfermagem Urológica.


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entrevista

‘O povo do Norte é mais solidário’ Presidente da confederação das IPSS quer um novo olhar para a Região Norte Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com

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o Norte “as pessoas aproximam-se mais umas das outras”, defende Lino Maia, presidente da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS), sediada no Porto. O também padre na freguesia de Aldoar e capelão no Hospital de Magalhães Lemos acredita que esta partilha de afectos leva a que o aumento da pobreza, em consequência da crise económica, não se traduza em aumento de criminalidade nos vários bairros sociais da Invicta. “O povo do Norte é mais solidário. Há mais olhares de umas pessoas para as outras enquanto no resto do país há algum desconhecimento mútuo”, destacou ao Repórter do Marão Lino Maia, presidente da CNIS desde 2006 e eleito este ano para um novo mandato. Porque este “povo” tem um “espírito mais cristão”, não sabe explicar. Sabe, sim, que apesar de a pobreza aumentar, “os afectos permanecem e até se intensificam”. “Penso que há mais aproxi-

mação, sensibilidade e afecto quanto mais precárias são as situações das pessoas”, sublinhou. Comparando as várias informações que lhe vão chegando das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), percebeu que em todo o país há situações de instabilidade nos bairros sociais, mas a Norte “os afectos aproximam as pessoas, tornamnas mais solidárias e menos permeáveis a inseguranças”. A região tem, no entanto, sido “um pouco ostracizada” e “esquecida” pelos grandes centros de decisão. O Porto, enquanto identidade cultural do Norte, enfrenta actualmente uma “situação social difícil” por razões “conjunturais”. Sem grande capacidade de decisão, o Porto/ Norte vê-se com a população a cada dia mais envelhecida e desempregada. Importa, por isso, “olhar um pouco para o Norte, debruçar sobre a identidade do Porto, a sua capacidade dinamizadora, centralizadora e catalisadora de sinergias”.

A Confederação

Lino da Silva Maia nasceu em 1947 em Vila do Conde. É padre desde 1973, tendo passado pelas igrejas de São Romão do Coronado, Covelas e Seminário do Bom Pastor onde foi superior.

O também pároco de Aldoar, Porto, é actualmente responsável pela pastoral social e caritativa na diocese do Porto e é ainda membro do conselho presbiteral e pastoral.

A CNIS – Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade – conta com 2.700 instituições filiadas, sendo que um terço destas se encontra na zona Norte do país. Esta entidade “tem uma grande força” ao congregar todas as iniciativas, representando-as e liderando o debate e a reflexão na área da acção social. Presta também apoio na formação dos agentes, além de celebrar acordos de valorização para o sector e de o representar no diálogo com o poder central. No total, há no País mais de três mil entidades de apoio social, estando algumas inscritas em outras entidades que desenvolvem o mesmo tipo de acção. Ainda assim, um terço na margem norte do rio Douro “é uma grande proporção”, frisou Lino Maia, também responsável pela Pastoral Social e Caritativa na Diocese do Porto. Enquanto dirigente da CNIS, o pároco percebeu que ao longo dos últimos anos o sector “começou a ser conhecido e reconhecido no contexto nacional e internacional”. No âmbito da confederação foi criado um centro de estudos sociais que congrega grandes pensadores sendo a grande aposta, para o próximo mandato, um reforço na qualidade do apoio prestado e a criação de um observatório social que “avalie e pense” o próprio sector das IPSS.


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IPSS têm papel dinamizador importante Respostas sociais devem começar na comunidade e ser reconhecidas pelo Estado

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s Instituições Particulares de Solidariedade (IPSS) têm um papel importante na dinamização e recuperação de zonas deprimidas pelo que devem ter o “papel principal” nas respostas às necessidades e carências que surgem no seio da comunidade. Em entrevista ao Repórter do Marão, o padre Lino Maia salientou que apesar da crise nenhuma IPSS fechou a porta, tendo pelo contrário, reforçado as respostas sociais. Tempos difíceis exigem medidas difíceis. Coloca-se então a questão sobre quem as deve tomar. No sector do apoio social multiplicam-se as respostas para apoiar os ditos “carenciados” mas não está ainda definida a fronteira entre o auxílio que o poder central deve prestar e aquele que nasce da própria sociedade. Para aquele pároco “o Estado deve aparecer não como o primeiro agente, mas

como coordenador e para suprir quando não houver resposta da comunidade”. Ao poder central cabe então um “pequeno papel”, sendo o papel principal dado à comunidade que “o Estado deve reconhecer e apoiar” e só depois “suprir quando não houver quem o faça”. As ajudas podem partir das muitas IPSS existentes que mesmo em tempo de crise reforçaram as suas respostas sociais, não tendo havido “nenhuma” que encerrasse, ao contrário do que tem vindo a suceder com muitas empresas de Norte a Sul do País. O grande desafio que agora se coloca às IPSS é o de se tornarem “agentes de desenvolvimento local”. “Nas zonas mais deprimidas do interior, estas IPSS podem ser reactivadoras de alguma actividade económica, ajudando na fixação da população e no seu rejuvenescimento”, concluiu.

Nas IPSS, onde os dirigentes são voluntários, 42 por cento dos custos são suportados por acordos com o Estado e 58 por cento representam comparticipações de utentes e contributos da comunidade.


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amarante

Dr. Barros

Uma medicina em extinção Aos 85 anos, é um dos mais requisitados e respeitados médicos de clínica geral em Amarante Helena Carvalho | hcarvalho.tamegapress@gmail.com

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ugusto José Faria de Barros, ou simplesmente dr. Barros como é conhecido, foi, é, e será uma referência obrigatória na medicina em Amarante, não fosse ele, ainda, aos 85 anos, um dos mais requisitados e respeitados médicos de clínica geral. A afluência de pessoas ao seu consultório, na Rua Cândido dos Reis, em Amarante, traduz de forma inequívoca a confiança que os pacientes nele continuam a depositar, fortemente consolidada na vasta experiência adquirida ao longo de uma vida inteira de dedicação bem como na vivacidade que continua a evidenciar. A exercer há cerca de 60 anos não dá sinal algum de necessidade de abrandar o ritmo e efectua, ainda, visitas domiciliárias, para as quais se dirige algumas vezes a conduzir. Normalmente não tira férias e muito poucas vezes se ausentou do país, por culpa do desconforto que sente relativamente aos aviões: “Não, não tiro férias, eu estou sempre de férias” responde prontamente quando interpelado. A pretexto de averiguar o segredo por detrás da sua intensa actividade diária, numa idade que para muitos é já sinónimo de inércia quase total, fomos ao seu encontro numa tarde quente, onde num dia normal de trabalho, e sem amarras de agenda, atende quem até ele chega. Da sua rotina diária fala expressivamente, não restando qualquer dúvida do apreço que sente em relação ao que faz: “Não faço marcações, as pessoas vêm e atendo-as à medida que vão chegando, isso permite-me a margem de manobra necessária para fazer uma ou outra coisa se me apetecer. Às dez da manhã já aqui estou e saio para almoçar à meia hora, regresso às 15 horas e o número de

pessoas na sala é que dita a hora a que acabo”. Faço por gosto, se não o fizesse que me restava – sentar-me em casa, sem nada para fazer? Não me dou com a passividade”. O percurso casa/consultório fá-lo invariavelmente a pé (mora em Cepelos) e é, em simultâneo com o apego ao trabalho, pensamentos positivos, e o enfoque na resolução dos problemas, a fórmula que encontrou (com sucesso) para fintar a idade. “Estou sempre muito desligado das preocupações; interessado em resolver problemas, sim; preocupações não”. Também não temo a morte, nem sequer me detenho a pensá-la”. O conforto financeiro, de que sempre gozou, admite, possibilitoulhe conciliar pacificamente a sua imensa vontade de ajudar com a forma como pratica a medicina: desprendidamente. “Perante o doente tanto me interessa curá-lo eu, ou outro qualquer, às vezes nem cobro consultas. Se quisesse duplicar os rendimentos, também saberia fazê-lo, mas não sou comerciante, sou médico”, afirma. Na forma como exerce medicina percebe-se a vantagem de algumas das suas características pessoais: “Sou uma pessoa desenrascada, porventura esta é a característica que melhor me define” e relata, em tom divertido o momento em que um indivíduo chega ao consultório com sangramento nasal abundante e contínuo: “O sangue jorrava-lhe sem sinal algum de que fosse abrandar e a solução foi efectuar um tamponamento posterior com uma gaze.” E continua: “O meu colega que o viu posteriormente, pediu-me para, se voltasse a fazê-lo lhe deixar uma ponta para a poder remover”. Das inúmeras situações que se lhe foram deparando ao longo da


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‘Deixo-os [doentes] relatarem detalhadamente as suas queixas, só assim poderei acertar no diagnóstico’ Medicina ou Lavoura A profissão que escolheu não surgiu ao acaso. O pai, clínico geral, terá tido a sua quota-parte de responsabilidade. Apesar disso, afirma que a opção não teria sido diferente e que só trocaria a medicina a favor da lavoura, actividade com a qual reconhece grande afinidade. Aluno aplicado concluiu Medicina em Coimbra aos 24 anos e à falta de obrigatoriedade de estágio (na altura) a sua consciência empurrá-lo-ia por diversos serviços de hospitais e consultórios privados em Lisboa e no Porto na procura da necessária prática para exercer. O casamento surgiu dois anos depois e sendo a esposa de Amarante, foi aqui que se instalou. Tem três filhos – que apesar de não terem seguido as pisadas do pai são bem sucedidos profissionalmente, pelo que não se arrepende de não lhes ter incutido o gosto pela medicina – cinco netos e uma bisneta recém-nascida.

vida profissional recorda também os primeiros tempos e a dificuldade que era fazer os domicílios à noite “ Na altura não havia serviços de urgência, pelo que era comum ser chamado a qualquer hora da noite para visitar doentes no Marco de Canaveses ou no Ermelo; ao Marco fui uma vez de bicicleta e ao Ermelo de cavalo, mas os obs-

táculos eram ultrapassados e os que precisavam de médico, tinham-no”. Aos incontáveis lamentos a que está habituado, o mesmo tratamento: escuta activa. “O meu sistema de consulta é ouvir e os doentes apercebem-se que me interesso verdadeiramente, deixo-os relatarem detalhadamente as suas queixas,

só assim poderei acertar no diagnóstico. Esta é uma competência essencial num médico.” Ao pouco tempo que lhe resta findos os afazeres dedica-se com a mesma paixão a algumas actividades que elegeu como verdadeiros refúgios: a leitura, a caça e o futebol. “Dos livros retiro grande prazer e gosto muito de romances biográficos, psicológicos e dos autores clássicos, nomeadamente Voltaire e Shakespeare”; leio também os técnicos para me manter actualizado relativamente às novidades na medicina”. Na caça, que pratica desde novo, encontrou o exercício perfeito entre o contacto com a natureza e a camaradagem que a mesma proporciona, não se identificando porém como “matador”. Adepto confesso do clube da cidade que o viu nascer – Futebol Clube do Porto, diz-se confiante relativamente ao trabalho que será desenvolvido nesta época, sendo por isso de adivinhar que o clube arrecade uma vez mais o título. Para o médico não é fácil lidar com a ansiedade que se vive no decorrer dos jogos, contudo diz-se agora “mais domesticado”.


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baião

Monumentos megalíticos vandalizados na Aboboreira Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com

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o planalto da Serra da Aboboreira foram vandalizados três monumentos megalíticos que tinham sido preparados para serem visitados por turistas, soube o Repórter do Marão (RM) através da arqueóloga Carla Stockler, responsável pelo Campo Arqueológico da Serra da Aboboreira. Na zona da serra que pertence ao concelho de Baião existem seis monumentos megalíticos, próximos do estradão principal, “preparados para serem visitados por turistas”. Nos últimos meses (entre Maio e Julho), desses seis, três foram alvo de vandalismo. Num monumento foi furtado o passadiço de madeira. Noutro foi retirada uma das cruzetas que compõem a vedação. Para Carla Stockler o que aconteceu reflecte “falta de civismo”. Em 2005, através do programa AGRIS, foi realizado um projecto de valorização de um conjunto de monumentos megalíticos da Serra da Aboboreira, dotando-os de condições para passarem a ser visitáveis. Este projecto (no valor de cerca de 102 mil euros) “incluiu acções de investigação arqueológica, conservação, restauro e valorização”, explicou a arqueóloga. Nessa altura, ao se ter optado por deixar visível a couraça lítica da mamoa de dois monumentos (Outeiro de Gregos 2 e 3), foi necessário dotá-los de uma estrutura de madeira – passadiço – que permitisse aos visitantes aceder ao topo dos monumentos sem andarem por cima dessa mesma estrutura pétrea, com a excepção da parte superior à volta do dólmens, uma vez que aí essa estrutura já não é a original, mas uma outra em sua substituição”. Em 2008, no âmbito de um projecto co-financiado pelo Leader +, foram colocadas vedações em alguns monumentos, porque a ausência de uma cerca permitia a “condutores de veículos motorizados de duas e quatro rodas circundarem muito perto destes monumentos, chegando mesmo a subir com os veículos as mamoas (montículos de terra e pedras que cobrem os dólmens), utilizando essas mesmas mamoas como rampas de lançamento.

Há 20 anos que Carla Stockler acompanha o Campo Arqueológico da Aboboreira (criado em 1978) e, diz a técnica, ao contrário do que acontecia inicialmente, agora, é notória “muita vontade de estragar”. Nessa altura, as atitudes de desvalorização aconteciam “por desconhecimento. Agora já não é o desconhecimento. Querem mostrar que não estão de acordo, há uma vontade deliberada de mostrar que não gostam “de património que é público” e foi valorizado “com dinheiro de todos nós”. Carla Stockler diz que a actuação da GNR não tem tido “qualquer tipo de eficácia”. “Perguntam se temos suspeitos, mas não fazemos a mínima ideia, acabando os inquéritos arquivados”, sublinha.

‘Ao contrário do que acontecia inicialmente, agora, é notória “muita vontade de estragar’ Carla Stockler, que acompanha o Campo Arqueológico da Aboboreira há 20 anos


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castelo de paiva

Hotel Douro 41 só abrirá lá para o fim do ano Atraso nas obras dá tempo para a formação do pessoal Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com

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s obras do futuro Hotel Douro 41, situado à beira do rio Douro, em Castelo de Paiva, estão atrasadas o que deverá também adiar a conclusão do empreendimento que promete dar um novo dinamismo ao sector do turismo naquele concelho do Tâmega e Sousa. Inicialmente a abertura estava prevista para meados de 2009, mas o Repórter do Marão (RM) sabe que o empreendimento nunca será inaugurado antes do final do ano, dado o atraso nas obras. O Grupo Lágrimas, a empresa responsável pelo investimento de cerca de 20 milhões de euros, está a aproveitar o tempo, estabelecendo parcerias com as entidades locais no sentido de preparar a abertura, ao nível dos recursos humanos. Fonte da empresa adiantou ao RM que o Grupo Lágrimas está a desenvolver parcerias com a Câmara Municipal de Castelo de Paiva e o Instituto de Emprego e Formação Profissional para assegurar o recrutamento de profissionais que irão tra-

balhar no futuro hotel. “ Temos um anúncio na página Web da Câmara com os postos de trabalho e a divulgação dos respectivos perfis profissionais. Também há uma colaboração com as UNIVAS, Unidades de Inserção na Vida Activa, para o processo de registo e recolha de candidaturas aos vários postos de trabalho, bem como cedência de instalações do IEFP para as entrevistas de recrutamento”, explicou ao RM a mesma fonte. Ainda no campo dos recursos humanos, o grupo está a trabalhar com as colectividades locais no sentido de formar os candidatos aos cerca de 40 postos de trabalho que estarão disponíveis aquando da abertura do Douro 41. “Com a Associação do Couto Mineiro do Pejão temos a assinatura de um Protocolo de Cooperação relativo aos vários cursos profissionais da área da hotelaria e turismo e também ao acolhimento de alguns alunos para a realização de estágios pro-

fissionais e curriculares. Com a Associação Comercial e Industrial de Castelo de Paiva existe uma colaboração na definição das necessidades de formação e no curso EFA, Cursos de Educação e Formação de Adultos, de Empregada de Andares”, explicou ao RM, fonte do Grupo Lágrimas. Na altura da apresentação do projecto, Miguel Júdice, administrador do Grupo Lágrimas, explicou que o empreendimento é orientado para um serviço personalizado, de charme, de luxo discreto e de experiências SPA, desportivas, culturais e gastronómicas, destacando que o Douro 41 “é um projecto único, com uma vista deslumbrante sobre o Douro e com a particularidade de estar mesmo em cima do rio”. O administrador explicou ainda que a nova estrutura hoteleira vai ser fiel às tradições gastronómicas da região e vai aproveitar as potencialidades turísticas de Castelo de Paiva, com destaque para as actividades radicais no Paiva, um rio de referência nos desportos de águas bravas.


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Comércio local de ‘olhos em bico’ Abertura de nova superfície preocupa comerciantes António Orlando | aorlando.tamegapress@gmail.com

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hama-se Hiper Ásia, localiza-se em Talegre, Tuías, Marco de Canaveses e está prestes a abrir ao público. Tal como o nome indica, trata-se de uma área comercial de grandes dimensões onde serão comercializadas roupas, brinquedos, ferramentas, entre outros produtos made in China. O secretário-geral da Associação Empresarial do Marco (AE Marco) diz que a abertura deste novo negócio está a sobressaltar o comércio da cidade e prepara-se para pedir explicações à Câmara. Na resposta, o poder político acusa o funcionário da AE Marco de aproveitamento político em época de eleições e baseado em princípios da política proteccionista do passado. Os responsáveis do Hiper Ásia adiantaram ao Repórter do Marão (RM) que o estabelecimento “asiático” vai funcionar diariamente entre as 09h00 e as 22h00 horas. O hiper ocupa um pavilhão onde funcionou até há pouco tempo um comércio do ramo automóvel. Cláudio Ferreira entende que o tecido empresarial está demasiado debilitado para absorver uma estrutura destas dimensões, de venda de produtos a preços que retiram qualquer margem de competitividade ao comércio local. “Numa altura de dificuldades económicas, parece-nos descabido este tipo de licenciamento”, afirmou Cláudio Ferreira ao Repórter do Marão. Confrontado pelo RM com o que fazer face à globalização do comércio mundial que abriu as fronteiras em todo o mundo e onde os produtos asiáti-

cos são os mais competitivos do globo, pelo menos no preço, o responsável admite que a resposta não é fácil: “De facto estamos numa economia global mas devemos é encontrar um equilíbrio. No Marco, há muito que deixou de haver equilíbrio. Soluções? Os comerciantes têm de ser inovadores? Sim, mas também tem que receber ajudas do Estado e da câmaras. Algum proteccionismo”, defende. O dirigente da AE Marco entende que o concelho “tem de ter um cadastro negocial nas diferentes zonas do município”. Bento Marinho, vereador com o pelouro dos licenciamentos urbanísticos na Câmara do Marco, lembra que o espaço já estava licenciado para comércio, “logo já tem por definição vocação comercial. Perante esta realidade em face do pedido de informação prévio da parte da câmara não havia, nem tinha que haver, qualquer objecção à pretensão do requerente desde que respeite a lei. A informação prévia foi dada neste sentido”, explicou o vereador ao Repórter. O RM não conseguiu confirmar se já entrou ou não o processo de licenciamento na autarquia. “Eu percebo a intenção do Dr. Cláudio: quer circo em tempo eleitoral, numa pseudo defesa do comércio do Marco. A defesa do comércio não se faz assim. Eu defendo a eficácia comercial do Marco e não a máxima que um dia foi usada pela AE Marco – que o Marco é dos marcuenses e que não precisa de outros comerciantes – isto é do mais rico em matéria do salazarismo”, conclui Bento Marinho.

marco de canaveses

‘Chinesices’ Cláudio Ferreira, simultaneamente secretário-geral da Associação Empresarial (AE) do Marco de Canaveses e número dois da lista candidata às eleições autárquicas no Movimento Um Marco de Verdade Com Norberto Soares, levou o problema da abertura do Hiper Ásia à última Assembleia Municipal (AM) do Marco de Canaveses. Na ocasião, no dia 18 de Setembro, o deputado independente eleito nas listas do CDSPP questionou o executivo se aquele espaço, “está legalizado e em que condições”. O responsável da AE Marco justificou a interpelação com as preocupações que diz ter recebido de um grupo de comerciantes. A resposta acabaria por chegar pelo vereador e vice-presidente da Câmara, Bento Marinho, com a célebre expressão de Guterres: “É a Vida”; A discussão ficou por aí. Antes, na mesma AM, já o presidente da Câmara, Manuel Moreira, havia acusado Cláudio Ferreira de politizar as duas instituições onde exerce cargos de relevo: A AE do Marco e os Bombeiros Voluntários. Um dia depois, foi a vez de Ferreira Torres fazer a mesma acusação a Cláudio Ferreira em comício político. O visado defende-se: “pedi as informações na qualidade de deputado municipal. A direcção da AE Marco irá, agora, pedir formalmente explicações à Câmara”.


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Adversários de Torres vão ter de vencê-lo nas urnas TC revogou decisão do tribunal do Marco, acórdão suscita muitas interrogações

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menos de duas semanas das eleições autárquicas, e depois de o Tribunal Constitucional (TC) ter decidido que Avelino Ferreira Torres pode ser candidato à câmara do Marco de Canaveses, os vários candidatos à autarquia marcuense mostram-se resignados com a decisão judicial e argumentam que “nunca desejaram vencer o seu adversário na secretaria”. O Partido Socialista (PS) do Marco de Canaveses, autor do processo de inelegibilidade contra Ferreira Torres, foi o último a comentar o acórdão do TC, mas foi aquele que protagonizou o acto mais simbólico: colocou uma faixa que, durante algumas horas (até aos serviços da Câmara a terem retirado), mudou o nome do estádio, atribuindo-lhe o nome “Municipal” em substituição de Avelino Ferreira Torres. Os socialistas justificaram a sua acção com a alegado incumprimento de uma deliberação da assembleia municipal. Posteriormente, o presidente da câmara, Manuel Moreira, considerou “não ter nenhum sentido” o acto do PS, porquanto foi decidido apenas proceder a alterações da toponímia da cidade após a publicação do regulamento municipal, o que aconteceu recentemente. Aliás, a entrada em vigor do citado regulamento (que abrange outros sectores da vida municipal) ocorreu a 29 de Setembro, sendo ainda necessário criar a respectiva

Ferreira Torres: “A verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima”

Manuel Moreira: “É preciso acabar com o medo no Marco”

Redacção | tamegapress@gmail.com Comissão de Toponímia, embora esta seja apenas um órgão consultivo. “Vamos à luta, vamos às eleições. O PS não se arrepende de nada do que fez neste caso. Foi o único partido que teve a coragem de suscitar esta questão. [A decisão do TC) foi um revés para aqueles que ficaram calados e quietos”, afirmou Artur Melo, na conferência de imprensa, referindo-se ao PSD e ao actual presidente de câmara. “O PS respeita a decisão do Tribunal, mas politicamente, não podemos deixar de censurar o facto de um cidadão, um autarca, condenado por ilícitos criminais contra a comunidade (…), não tenha, a exemplo de qualquer cidadão comum, cumprido a respectiva pena imposta pelo tribunal”, afirmam os socialistas marcuenses. Por seu lado, em declarações à Lusa, o candidato independente Avelino Ferreira Torres disse não esperar outro desfecho e sublinhou que a Justiça “saiu prestigiada”, depois de o Tribunal de Marco de Canaveses ter “chumbado” a sua candidatura na sequência de um pedido apresentado pela concelhia do PS. Ferreira Torres afirmou que a maioria da população do concelho e a Justiça estão “de parabéns” pela decisão do TC de dar provimento ao seu recurso. “A verdade vem sempre ao de cima, é como o azeite, e quando se quer ganhar na secretaria aquilo que se quer [aquilo que se

Norberto Soares: “Já contávamos tê-lo como adversário”

deve] ganhar em campo geralmente dá esses resultados”, afirmou o candidato. Manuel Moreira, actual presidente da Câmara de Marco de Canaveses e recandidato pelo PSD, entende que “o que é preciso é acabar com o medo no concelho”. “Estou nesta eleição para a disputar com todos os concorrentes. Prosseguimos o nosso trabalho e temos sondagens que nos mostram que temos claras hipóteses de vencer”, acrescentou o candidato, adiantando que “logo após as legislativas” a sua candidatura vai ter duas semanas “para mostrar o trabalho de quatro anos e pedir aos eleitores que votem em consciência”. Considerando que “o Marco não pode voltar para trás”, Manuel Moreira exortou os restantes a “travar um combate democrático e com elevação”. “Nada tenho a opor” à candidatura de Ferreira Torres, diz António Varela, candidato da CDU. Na campanha eleitoral “a CDU, através de mim e dos meus companheiros” irá confrontar Ferreira Torres com as responsabilidades políticas nas medidas de gestão que tomou enquanto presidente e que deixaram o Marco de Canaveses “em estado de catástrofe”. Norberto Soares manifesta-se “confiante” e confessa que se viveu “alguma expectativa” [em torno da decisão do TC]. “Já estávamos a contar tê-lo como adversário”, concluiu.

Artur Melo: “O PS não se arrepende do que fez”

António Varela: “Torres deixou o Marco em estado de catástrofe”


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Moradores de Rebordosa dão tréguas à REN Movimento contestário negoceia traçado alternativo

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s membros do Movimento Nacional Contra as Linhas de Alta Tensão em Zona Habitacionais (MNCATZH) obtiveram recentemente a garantia de que não haverá construção de novas linhas no concelho de Paredes. O movimento, que conta com o núcleo de Rebordosa, em Paredes, como membro fundador, reuniu-se com a administração da Rede Eléctrica Nacional (REN), que garantiu apenas estar prevista a manutenção das linhas existentes. Francisco Ramos, do Núcleo de Rebordosa, explicou ao RM que esta garantia não constitui uma vitória para o movimento. “Não ganhamos a batalha, mas podemos estar satisfeitos com essa garantia. Até porque daqui até 2014, o poder politico pode mudar o que significa que a legislação também pode vir a ser alterada, de acordo com o princípio de que não haja nenhuma linha de alta tensão perto de habitações ou populações”, explicou Francisco Ramos. Este foi o primeiro encontro do movimento com a REN depois da decisão desta última

Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com de instalar uma linha de alta tensão na freguesia de Rebordosa, no primeiro trimestre de 2008, afectando as populações residentes numa zona entre Santiago e Feiteira. Para o estudo do traçado alternativo à actual Linha de Alta Tensão Santiago-Feiteira, a REN irá solicitar à Câmara Municipal de Paredes novos elementos integrantes do Plano Director Municipal (PDM), bem como mapas recentes, onde constem os projectos de construção previstos e a alteração da rede viária planeada para o concelho. Ainda de acordo com as conclusões da reunião, o representante da REN, Jorge Marçal Liça, afirma que “a actual Linha é de 400 kV”. Quanto ao enterramento das linhas “para já, só está contemplado quando não exista alternativa de via aérea”. O Núcleo de Rebordosa, promete continuar vigilante e atento às movimentações da REN. Para o líder do movimento de contestação “não é hora de desistir de lutar pela saúde e qualidade de vida. Não pretendemos ter um futuro cozinhado no ‘micro-ondas’, estando todos os dias na mira e expostos às fortes

radiações electromagnéticas”. Neste sentido, os moradores de Rebordosa lamentam a morosidade da Justiça na avaliação da acção que intentaram há mais de um ano para impedir a REN de fazer passar uma linha de tensão naquela localidade. Recorde-se que foi apresentada pelos moradores, em Junho do ano passado, uma providência cautelar que acabou recusada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel. O tribunal concluiu na altura que os danos para a população resultantes da aprovação da providência seriam superiores aos decorrentes da sua recusa, pelo que indeferiu a diligência alegando “motivos de interesse público”.

Não pretendemos ter um futuro cozinhado no ‘micro-ondas’


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Paços de Ferreira instala Observatório sócioeconómico Redacção | tamegapress@gmail.com

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câmara de Paços de Ferreira prepara-se para criar um Observatório Sócioeconómico que deverá começar a funcionar no início de 2010, anunciou o presidente da câmara em conferência de imprensa. Trata-se de uma iniciativa que é única no género ao nível das autarquias do país e que deverá permitir “conhecer quase online o pulsar do concelho”, afirmou o presidente da Câmara, Pedro Pinto. A ideia inicial era criar um observatório apenas para o sector do mobiliário, mas depois foi decidido alargar o âmbito e recolher informação sócioeconómica que permita estudar e fazer uma análise prospectiva do concelho. Entre outros dados, o observatório vai permitir saber que indústrias existem e em que sectores; quantos trabalhadores, quantas empresas; quantos estudantes estão no ensino superior e que cursos frequentam. Dados que para o autarca são importantes na medida em que “para gerir bem é essencial dominar todas as variáveis do nosso ter-

ritório”. “A informação já existe, tem é uma assiduidade e uma qualidade que consideramos desajustadas”, explicou o vereador do pelouro das Actividades Económicas, Joaquim Pinto. Com a criação deste observatório (cujo modelo poderá depois servir para concelhos vizinhos), a câmara pretende dispor de “informação mais próxima da nossa realidade, mais ajustada às nossas necessidades e acima de tudo mais assídua. Não queremos ter informação de dois em dois anos ou de ano a ano. Queremos informação mais assídua, de mês a mês, e queremos ter informações sobre a freguesia da Raimonda, Freamunde ou sobre Paços de Ferreira”. Em declarações ao Repórter do Marão, o vereador acrescentou que o Observatório vai “melhorar a qualidade da informação, compilá-la, permitir que os decisores políticos a usem mas também pô-la ao dispor dos agentes económicos e sociais do nosso concelho. Ou seja, queremos que um empresário, de um sector qualquer, perceba que

como vai ter, por exemplo, um aumento da população faz sentido investir, desinvestir, empregar ou desempregar. É uma ferramenta que queremos que esteja ao dispor da nossa população e dos nossos empresários”. A empresa Lagos Link, especialista em estudos de mercado e estratégia, está a fazer um pré-diagnóstico do concelho e até ao final deste ano deverá ter concluído o “modelo conceptual” que vai definir como será recolhida e tratada a informação. A câmara de Paços de Ferreira vai criar um gabinete técnico responsável pela gestão do observatório que deverá começar a funcionar nos primeiros meses de 2010.

Iniciativa pioneira ao nível das autarquias do país


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Arte e gastronomia em Quintandona Milhares de pessoas acorrem anualmente à Festa do Caldo nesta aldeia típica de Lagares Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com

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num recanto mágico, onde a pedra antiga protege os habitantes das modernices, que está a aldeia preservada de Quintandona, em Penafiel. Todos os anos, nesta aldeia onde o xisto se mantém rei e senhor das fachadas das casas, das fontes e dos murros, a população organiza a Festa do Caldo. Ao contrário daquilo que se pode pensar, a Festa do Caldo não é só comer e beber, é ocasião de chamar à terra os espíritos festivos sim, mas misturados com a cultura, a música, o teatro e a boa disposição. É a calda cultural que compõe a receita dos organizadores que colheram nas hortas, da terra e da mente, os melhores ingredientes para apimentar o caldo de 2009. Pelas ruas e ruelas passaram os tachos e panelas, o bom vinho e mais iguarias que atraíram os sabores e sensações, numa das aldeias preservadas da região. “O Caldo de Quintandona serve de mote para dar a conhecer este local mágico, esquecido no tempo, onde a tradição ainda é como dantes. Estamos aqui numa aldeia parecida com aquela de Harry Potter. Há aqui muita paixão, muita magia e servimo-nos um pouco da gastronomia para dar cultura às pessoas e dar a conhecer esta terra cheia de histórias para ouvir”, explicou ao RM Pedro Soares, da organização. Antes da hora de jantar, nas cozinhas montadas ao ar livre, a panela já tinha ido ó lume. O porco já estava a ser assado para deliciar os visitantes. O vinho e a cerveja fresquinha já estavam prontas para

abrir os espíritos para o lado mais cultural do Caldo de Quintandona. Nas ruas, os comediantes preparavam-se para entreter as pessoas. Nos diversos palcos improvisados nas casas feitas de xisto, os espectadores mostravam-se ansiosos pelo início do espectáculo. Os ingredientes musicais eram os Ganlandun Galundaina, Pé na Terra, Lumen, Alafum, Deu-lá-deu, Uxte, e mais artistas de tradição esquecida nos tempos infinitos. Como ingredientes teatrais os alunos da Escola Superior de Música de das Artes do Espectáculo apresentaram Comédia numa noite de Verão e os já famosos comoDEantes representaram o Eu voo p’América. Também havia contadores de histórias, como Caldo de Contos, contos ao fogo e os contos terríficos, que arrepiaram os visitantes mais destemidos. “A festa teve mais visitantes que o ano passado. Mais gente pôde ver que através da música e da arte podemos começar a mudar a visão da nossa sociedade. Pôr as pessoas a pensar que é preciso mais solidariedade. A cultura pode-nos ajudar a transformar a nossa sociedade numa sociedade mais solidária”, disse ao RM, Pedro Soares. A Festa do Caldo e da Música Tradicional de Quintandona, que no ano passado recebeu mais de 7000 visitantes, é uma iniciativa dedicada à divulgação cultural e artística com raízes tradicionais, com o intuito de promover a Aldeia Rural Preservada de Quintandona, apoiando-se na gastronomia local.


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Lançamento de antologia poética A sessão de lançamento da antologia poética “Amante das Leituras 2009” vai ter lugar no dia 3 de Outubro, sábado, pelas 16h00 horas no Salão Paroquial do Mosteiro de Paço de Sousa. A antologia inclui textos de Ana Maria Jacinto, Bernardete Costa, Carlos Alberto Roldán, Denilson Neves, Fátima Araújo, Geraldes de Carvalho, Isabel Pinto Morais, Jorge Vicente, José Fernando Leal Pais Neto, José Félix, José Gil, Júlio Fernandes, Maria João Oliveira, Maria Rita Romão, Mónica Correia, Paula Gonçalves, Samuel Gomes, Túlio Henrique Pereira, Vera Carvalho e Vera Cunha. Durante a sessão, em que vão participar a Escola de Música Combofolk, do Orfeão de Rio Tinto, e o violinista Eliseu Antunes, vai ser apresentada a performance do poema colectivo “O Livro”, encenada por Vera Cunha e representada pelo actor José Torrier.

Serviços municipais certificados Os serviços de Recursos Humanos e do Ambiente da Câmara de Penafiel foram certificados no âmbito de um sistema de gestão da qualidade. A intenção da câmara é “atingir uma certificação integral”, dos serviços, anunciou recentemente o presidente da câmara, Alberto Santos. Com a excepção do Porto, Penafiel é na região “um município pioneiro em matéria de certificação de serviços, dado que é a primeira autarquia a ver serviços seus serem formalmente certificados”, divulgou a autarquia. A qualidade dos serviços está a ser promovida no âmbito da Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade do Município, segundo o referencial NP ISO 9001. Segundo o vereador dos Recursos Humanos, Ambiente e da Qualidade Municipal, Antonino de Sousa, os dois serviços que foram “certificados tratam de actividades com grande impacto na qualidade de vida dos penafidelenses”.

José Saramago homenageado em Penafiel Escritor premiado com o Nobel da Literatura é o convidado da “Escritaria em” Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com

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escritor José Saramago é o convidado da segunda edição do “Escritaria em”, iniciativa que regressa a Penafiel de 15 a 18 de Outubro. Foi Urbano Tavares Rodrigues, o escritor centro das atenções na edição do ano passado, quem formalizou o convite, telefonicamente, para Lanzarote, onde Saramago vive. De acordo com a organização, a escolha do nome que sucederia a Urbano Tavares Rodrigues foi unânime. José Saramago foi escolhido pelo presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Alberto Santos, por Manuel Andrade, administrador das Edições Cão Menor, e António Castanheira, fundador da Escritaria e pelo próprio Urbano. O formato do “Escritaria em Penafiel” vai ser mantido “com as adaptações justificadas pela especificidade do convidado”. Penafiel vai receber as intervenções que constituem a exposição sobre José Saramago e um colóquio internacional com “algumas das personalidades mais relevantes que partilharão com os presentes o seu conhecimento do escritor”, anun-

ciou a organização. O programa prevê música, teatro e cinema com o realizador brasileiro Fernando Meirelles, que trará pessoalmente o seu “Ensaio sobre a Cegueira”, e por “A maior Flor do Mundo”, de Juan Pablo Etcheverry. Ainda segundo a organização, “duas obras de arte em torno da obra do convidado - desta vez da responsabilidade de dois ateliers de arquitectura - passarão a integrar o património cultural de Penafiel”. O promotor e anfitrião da “Escritaria em” é a Câmara Municipal de Penafiel; a organização do colóquio e dos espectáculos é das Edições Cão Menor, que também será a editora nacional do DVD. Os organizadores da “Escritaria em” são responsáveis pela produção do videograma e pela concepção das intervenções plásticas na cidade (com a coordenação gráfica do designer e ilustrador Rui Martins).

Iniciativa decorre de 15 a 18 de Outubro


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Começou julgamento do ex-presidente dos bombeiros de Amarante O início do julgamento do ex-presidente dos bombeiros de Amarante, acusado de abuso de confiança qualificado e infidelidade, ficou marcado por questões processuais que adiaram para 10 de Outubro a audição das primeiras testemunhas. Ilídio Pinto é acusado de se ter aproveitado das suas funções de presidente da direcção dos bombeiros para desviar cerca de 11 mil euros dos cofres da corporação, que se constituiu assistente no processo. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a que Repórter do Marão teve acesso, em 2003, Ilídio Pinto usou dois cheques de contas dos bombeiros de Amarante e entregou-os a outro arguido no processo, Agostinho Reis, que os endossou para obter o valor em numerário. Este arguido estava na altura a construir uma piscina em casa de Ilídio Pinto, em Carvalho de Rei, freguesia onde é presidente de jun-

ta e recandidato às próximas autárquicas em 11 de Outubro. “[Ilídio Pinto] Sabia que o único modo de que dispunha para aceder ao valor monetário existente nessas contas era através da emissão de cheques”, pode ler-se na acusação. O MP diz ainda que o ex-presidente da associação não deu qualquer explicação ao tesoureiro dos bombeiros nem pediu o preenchimento dos cheques, como fazia habitualmente. O caso foi parar à Polícia Judiciária depois de, em 2006, uma nova direcção dos bombeiros ter pedido uma auditoria às contas. No início do julgamento, em 23 de Setembro, advogados e procurador debateram várias questões ligadas à extracção de certidões de outros inquéritos em que Ilídio Pinto está indiciado. O julgamento prossegue a 10 de Outubro. AP

outras terras em breves

Espadanedo (Cinfães) vai ter novo equipamento social A Associação de Solidariedade Social de Espadanedo, em Cinfães, vai construir um Lar Residencial, um Centro de Actividades Ocupacionais e Serviços de Apoio Domiciliário, que irá dar resposta directa a cerca de 100 pessoas deficientes. O projecto para a construção do “Lar Residencial Nossa Senhora de Lurdes de Espadanedo” foi aprovado pelo Fundo Social Europeu. A associação, que se dedica ao apoio à deficiência no concelho de Cinfães, apresentou uma candidatura ao POPH – Programa Operacional de Potencial Humano, no âmbito da medida 6.12 – Apoio ao Investimento a Respostas Integradas de Apoio Social. A comparticipação em 75% do financiamento público aprovado é de 1.042.000 euros.

Repórter do Marão | Nº 1222 | 2009-09-28

CARTÓRIO NOTARIAL DE MARCO DE CANAVESES de LIC. ANTÓNIO A.M. ÁGUIA MOURA EXTRACTO Certifico narrativamente, para efeitos de publicação que, por escritura lavrada em dezassete de Setembro de dois mil e nove, iniciada a folhas oitenta, do livro de notas para escrituras diversas nº Cento e Treze – A, do Cartório Notarial sito na Rua Eusébio da Silva Ferreira, Edifício Ordem, lojas 36 e 38, em Marco de Canaveses, a “Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses”, alterou os seus Estatutos e em consequência, mantendo a sua sede na Avenida Gago Coutinho, nº 533, freguesia de Fornos, concelho de Marco de Canaveses, passou a ter o seguinte objecto social: 1 - A Associação tem como objecto criar e manter um corpo de bombeiros, que se rege pela legislação aplicável e socorrer feridos e doentes e a proteger por qualquer forma ao seu alcance, vidas e bens. Pode também promover festas e sessões culturais e recreativas e exercer qualquer outra actividade conducente à melhor preparação cultural, social, moral, ambiental e física dos seus associados e da população em geral. Pode exercer directa ou indirectamente actividades complementares que resultem em fontes de rendimento para a Associação; 2 - A Associação tem como escopo principal a protecção de pessoas e bens, designadamente o socorro a feridos, doentes ou náufragos e a extinção de incêndios, detendo e mantendo em actividade, para o efeito, um corpo de bombeiros voluntários ou misto, com observância do definido no regime jurídico dos corpos de bombeiros e demais legislação aplicável; 3 - Com estrita observância do seu fim não lu-

crativo e sem prejuízo do seu escopo principal, as associações podem desenvolver outras actividades, individualmente ou em associação, parceria ou por qualquer outra forma societária legalmente prevista, com outras pessoas singulares ou colectivas, desde que permitidas por deliberação da Assembleia-Geral, nomeadamente: a) Prestação de cuidados de saúde, actividades desportivas, culturais e recreativas, conducentes a uma melhor preparação física e intelectual dos seus associados; b) Actividades de carácter social de apoio e protecção à infância, a juventude, a deficiência e aos idosos ou em qualquer situação de carência que justifique uma actuação pró humanitária. 4 - Pode ainda desenvolver outras actividades, a titulo gratuito ou remunerado, com ou sem fins lucrativos, nomeadamente a prestação de serviços, comerciais ou industriais, individualmente, ou através de parceria, associação ou por qualquer outra forma legalmente prevista, desde que permitidas por deliberação da AssembleiaGeral e os lucros dessas actividades revertam para os seus fins estatutários. Sendo os seus órgãos sociais, a AssembleiaGeral, a Direcção e o Conselho Fiscal. Vai conforme o original, na parte a que me reporto. Cartório Notarial de Lic. António Alfredo Moutinho Águia de Moura, aos dezassete de Setembro do ano dois mil e nove. O Notário, (António Alfredo Moutinho Águia de Moura)

Paços de Ferreira: começaram as obras do Centro Escolar

Começaram na semana passada as obras de construção do Centro Escolar de Paços de Ferreira, junto à Inspecção de Veículos, na Rua do Mosteiro de Ferreira. Os autocarros da Auto-Viação Pacense foram transferidas para o local onde vão ficar as futuras instalações da transportadora, na Via do Poder Local. Segundo o Gabinete de Comunicação da Câmara de Paços de Ferreira, “o novo Centro Escolar, que custará quase 3 milhões de euros, terá 16 salas do 1º Ciclo do Ensino Básico, para 400 alunos, e seis salas de Jardim de Infância, para 150 alunos. O Centro Escolar permitirá também aliviar o pólo B (junto ao Pavilhão Desportivo) que será depois requalificado”, e as instalações da Escola Sede A e do Jardim de Infância, junto ao Parque Urbano, vão ser desactivadas. Resultado da negociação entre a câmara e a Auto-Viação Pacense, a localização do Centro Escolar de Paços de Ferreira vai permitir retirar os autocarros da cidade.


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empresas & negócios

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Nova Sucursal do Millenium BCP em Paredes O banco Millenium BCP abriu este mês nova sucursal em Paredes, mais uma das várias sucursais que estão a ser abertas por todo o país. Com o intuito de chegar mais perto e satisfazer o cliente, o Millenium BCP aposta na rede de retalho do sector. Para marcar o arranque da filial em Paredes, a equipa liderada por Júlia Fernandes, tem um leque de produtos promocionais, como é o caso do cartão de débito Maestro e a solução Cliente Frequente, que facilita a gestão do orçamento mensal sem custos nos primeiros seis meses. Esta sucursal é, portanto, a concretização da estratégia definida pela instituição para chegar mais perto dos clientes e obter resultados positivos.

Solidariedade por meio das energias renováveis O grupo EDP lançou um projecto-piloto na área das energias renováveis para ajudar os refugiados do Kakuma, no Quénia, num investimento de 1,3 milhões de euros. A decisão foi tomada em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados - UNHCR (ACNUR), na 5ª Conferência anual da Clinton Global Initiative, que decorreu em Nova Iorque. Trata-se de um projecto único à escala mundial que visa o desenvolvimento sustentável neste campo de refugiados e com intuito de aplicabilidade noutros locais de igual cariz. A tenção de chegar aos 50 mil refugiados será alcançada através da instalação de painéis solares fotovoltaicos, aerogeradores, lâmpadas eficientes, redimensionamento de geradores diesel, instalação de bombas de água, fornos solares

e purificadores de água. A EDP vai enviar uma equipa para o campo de refugiados para

controlar o projecto uma vez que vai haver parcerias locais para a execução da obra.

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Aquapura e Casa da Calçada entre os melhores hotéis para apreciadores de vinho O Aquapura Douro Valley Hotel, situado em Lamego, e a Casa da Calçada (foto), em Amarante, são os únicos hotéis portugueses que fazem parte da lista dos galardoados com o “Prémio Hotel do Vinho 2009”, atribuído pela editora espanhola “ExperienciasyMas”. O Aquapura Douro Valley Portugal, que ficou no 7º lugar, e a Casa da Calçada no 9º, estão entre os dez hotéis mais visitados do Sul da Europa pelos apreciadores do vinho, refere o “site” da “ExperienciasyMas” que lança guias sobre os melhores e mais charmosos hotéis do mundo.

O Aquapura Douro Valley Hotel, na rota vinícola do vale do Douro, situado em Lamego, é considerado pelo guia espanhol uma referência nos hotéis do segmento de luxo. Situada na Rota do Vinho Verde e muito próxima do Douro, a Casa da Calçada é descrita como sendo “uma lindíssima casa senhorial, com reconhecido restaurante de criativos menús”.

Projecto Integrado de Energia Solar (PIES) recebe designação de projecto PIN O governo atribuiu ao projecto do grupo RPP Solar o estatuto de Projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN). O investimento ronda os 850 milhões de euros e vai criar 1.800 postos de trabalho directos, 300 dos quais para engenheiros e quadros superiores. O PIES visa agregar toda a cadeia de produção de energia solar, com a instalação de sete unidades industriais, uma delas de transformação de silício em células para painéis solares, cinco a sete torres eólicas, painéis solares e turbinas de co-geração. O projecto vai ter 40 mil painéis fotovoltaicos.


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Olaria de Bisalhães Futuro é da cor do barro Museu e formação profissional de olaria são as propostas da autarquia para garantir o futuro Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com

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ão quatro os oleiros de Bisalhães, Vila Real, que continuam a moldar o barro. No último ano, um jovem de 30 anos começou a dedicarse à arte mas é apenas um passatempo e, por isso, são muitos os que auguram um futuro negro para a olaria. A câmara quer intervir com formação profissional, introdução de novas técnicas e a construção de um museu. As mãos gretadas pelo tempo moldam o barro na roda. É a experiência de toda uma vida que vai dando forma aos mais diversos objectos. Aos 68 anos, Querubim Queirós da Rocha ainda gosta de inovar, inventar peças novas. Os dias são passados à volta da roda na sua casa de Bisalhães. A doença da mulher impede-o de ir diariamente para a banca que a Câmara de Vila Real instalou numa das principais entradas da cidade. Agora é só aos fins-de-semana que ali vai vender as suas peças. Quando comecei a moldar o barro? Devolve a pergunta com um sorriso cansado. Depois de uma paragem para organizar o tempo responde. “Desde os 10. Aos 12 já ganhava os dias e depois por aí adiante até aos 68 que tenho”. Nas suas recordações de menino sempre se lembra de ser oleiro. O pai morreu quando tinha apenas seis anos e começou a aprender a arte com os irmãos. “Depois fui desenvolvendo sozinho e fui andando, andando até que cheguei ao nome de Querubim”. E Querubim é um dos quatro oleiros que ainda existem em Bisalhães, a terra do barro negro, localizada a poucos quilómetros da cidade de Vila Real. No seu tempo, o artesão chegou a contar 62. Miguel Fontes, 30 anos, foi obrigado a ficar mais tempo em casa com o filho bebé, enquanto a mulher estudava à noite. Para passar o tempo come-

çou a mexer no barro. Na oficina dos avós, antigos oleiros, ainda havia a matéria-prima e os utensílios. “Decidi pegar num pouco de barro, amassa-lo e tentar fazer qualquer coisa. Lá começou a sair um alguidar e uma caneca pequena. Noutro dia voltei a experimentar outra vez. Fui melhorando a técnica, melhorando as peças e tentar fazer outro tipo de coisas que não os alguidares e as assadeiras”, disse ao Repórter do Marão. Há cerca de um ano e meio que Miguel, que já ganhou o título de “o mais novo artesão de Bisalhães”, começou a trabalhar mais assiduamente e já participou em duas feiras dedicadas ao barro negro, na aldeia que lhe dá o nome, e na tradicional Feira de São Pedro, em Vila Real. Mas esta continua a ser apenas uma ocupação dos tempos livres. Miguel é informático na Câmara Municipal e diz que, para além de ajudar a passar o tempo, é sempre mais algum dinheiro que vai ganhando com a venda do barro. O seu grande sonho era saber fazer a mítica bilha do segredo. “Ainda não consigo. É preciso muita experiência, muitos anos para conseguir, mas gostava muito”. Querubim gosta de ver caras novas a trabalhar o barro, mas é céptico. “São precisos muitos anos, trabalhar diariamente e de manhã à noite para conseguir fazer um bom trabalho”, salientou. Explicou ainda que, por exemplo, quando se deixa a roda parada durante dois ou três dias, depois é preciso um dia inteiro para recuperar e conseguir que o barro volte a pegar”. “Para sair alguma coisa tem que ser todos os dias. De tempos a tempos nunca se vai a lado nenhum”, sustentou. Em comum, Miguel e Querubim parecem ver o futuro negro do barro de Bisalhães.

“Sou o mais novo aqui. Vou fazendo aos poucos. No ano passado, ainda se pensava que depois de eu começar outros se pudessem vir a interessar também. Mas não apareceu ninguém”, afirmou o técnico de informática. O sexagenário não tem dúvidas. “Assim a olaria de Bisalhães não tem futuro”. E explica. “É um trabalho sujo, temos que passar o dia todo debruçados sobre a roda e com as mãos metidas no barro. E depois ainda temos a parte da cozedura que é a pior”. Para que os jovens se pudessem interessar pela actividade era preciso, segundo o artesão, modernizar os fornos, as preparações do barro, as lenhas. “A mocidade assim já veria algum futuro, agora não se vê futuro nenhum”, sublinhou. Querubim referiu ainda o seu neto, que aos quatro anos “já ia fazendo alguma coisita”. “Mas agora, os pais fizeram uma casa na Campeã, vão leva-lo para lá, ficamos distantes e já não vai dar em nada”, lamentou. Querubim Queirós da Rocha já contabiliza três formações em olaria, em Bisalhães. Só que, acrescenta, nenhum dos formandos ficou na actividade. “Ficaram com o dinheirito, com um diploma, mas ninguém ficou a moldar o barro”. Para combater o futuro “negro” da olaria de Bisalhães, o vereador da Câmara de Vila Real, Domingos Madeira Pinto, anunciou a realização de acções de formação, com base em novas e modernas tecnologias. Mas, garante, desta vez “vai ser diferente”. O público-alvo dos cursos de formação profissional será os jovens com mais de 23 anos, com destaque para os residentes na freguesia. “Esperamos ter nos próximos dois a três anos uma nova fornada de artesãos que tirem rentabilidade desta arte”, sublinhou.


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Como nasce o barro negro

Madeira Pinto destacou a necessidade de introduzir novas metodologias na olaria de Bisalhães, para tornar a actividade mais atractiva para os jovens. “Com as condições de trabalho actual, conforme se pica o barro e o trabalho que dá, não haja duvidas que os jovens não vão querer”, referiu. As novas metodologias incidem, por exemplo, na introdução de rodas eléctricas ou fornos colectivos. Em simultâneo, a autarquia quer abrir o Museu da Olaria em Bisalhães. O espaço já está escolhido e, nas contas do autarca, poderá abrir as portas no próximo ano. Segundo explicou, este espaço funcionará de acordo com três vértices fundamentais: o histórico, o turístico e o emprego. A Associação Empresarial – Nervir também agarrou o dossier da olaria negra de Bisalhães e tem desenvolvido essencialmente registos da história desta actividade “para preservar a identidade regional” e garantir a sua “perpetuação”.

Dois dos oleiros de Bisalhães que ainda fabricam o barro negro: Miguel Fontes (em cima) e Querubim da Rocha

Já no século XVI havia homens a trabalhar o barro nos arredores de Vila Real. Das suas mãos nascia a loiça de que a população precisava para armazenar, cozinhar e servir os alimentos. Isabel Maria Fernandes, directora do Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, escreve no livro “A Louça Negra de Bisalhães” que estes oleiros “teimam em manter viva esta arte ancestral”, Diz ainda que “são dos poucos a cozer a loiça desta forma, mantendo-se Portugal como um dos últimos redutos onde a loiça se coze em fornos deste género, sistema que foi usado por essa Europa fora mas que hoje quase só por cá se conserva”. Depois de extrair o barro, de o picar (preparar), de o moldar na roda e efectuar os desenhos na loiça, o oleiro tem uma última tarefa pela frente, a mais complicada de todas: a cozedura. E é a forma como a louça de Bisalhães é cozida que lhe dá a cor negra. O forno é um buraco aberto na terra. Colocam-se as peças numa grelha e introduz-se na abertura. A lenha é colocada por baixo das peças e também por cima. Para impedir a libertação de fumos, o forno artesanal é abafado com uma camada de caruma, musgo e terra. Aqui reside o segredo é que, se não se abafasse, a louça ficava vermelha. A cozedura dura cerca de 24 horas e é feita essencialmente no Verão.

A Bilha do Segredo Entre as muitas peças que os oleiros de Bisalhães fazem, encontra-se a bilha do segredo. É uma pequena jarra que esconde um truque para apanhar (molhar) os desprevenidos. A bilha apresenta um pequeno orifício na base superior, local onde devem pousar os lábios, mas possui uma série de aberturas, por onde pode passar a água. Para se usar sem se molhar é necessário tapar um pequeno furo escondido por trás da pega e beber o líquido pelo buraco superior.


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EDP vai suportar medidas ambientais no Sabor A concessionária da barragem vai afectar anualmente 750 mil euros para medidas de compensação entre Bragança, Guarda e Vila Real Lusa

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concessionária da barragem do Baixo Sabor (EDP) vai afectar anualmente 750 mil euros para medidas de compensação ambiental que se estendem de Bragança à Guarda e Vila Real, numa área superior ao dobro da zona que será inundada pela albufeira, disse à agência Lusa uma fonte comunitária. A zona beneficiada estende-se ao longo de 140 quilómetros de distância em relação ao local da construção da barragem, localizada na parte terminal do rio Sabor, no concelho transmontano de Torre de Moncorvo. A barragem do Baixo Sabor contempla para medidas de carácter ambiental um Fundo Financeiro correspondente a três por cento dos resultados líquidos anuais da produção de energia, que terá uma entidade gestora constituída por agentes locais, como autarquias e organizações não governamentais, nomeadamente ambientalistas. Este fundo destinava-se, inicialmente apenas à área de influência da barragem, com um albufeira que se estende por 60 quilómetros pelos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mogadouro, Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo, no Distrito de Bragança. A contestação ambiental à barragem atrasou o projecto em uma década e a Comissão Europeia impôs um reforço das medidas para arquivar, em 2007, as queixas de associações ligadas ao Ambiente que constituíram a Plataforma Sabor Livre. A EDP, concessionária da barragem, prevê gastar, ao longo dos 75 anos de vida do Baixo Sabor, 60 milhões de euros, correspondentes “ao maior investimento jamais feito em Portugal, e provavelmente na Europa, em conservação da natureza e biodiver-

sidade”. Estas medidas permitirão a melhoria das condições de espécies protegidas como o lobo, águias e morcegos, através do reforço da cadeia alimentar, recuperação de populações em vias de extinção e de habitats. As medidas prevêem inclusive atribuição de incentivos aos agricultores para colaborarem nesta tarefa ambiental e distribuição de cães de gado aos pastores para atenuar a animosidade motivada por eventuais ataques do lobo aos rebanhos. O Baixo Sabor já foi apelidado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, “a mãe de todas as barragens” por constituir uma importante reserva de água, controlar os caudais e as cheias no rio Douro e para o desenvolvimento da energia eólica. O empreendimento tem um custo de 354 milhões de euros e é composto por duas barragens, a principal com 123 metros de altura e uma segunda denominada de contra-embalse, que permitirá “bombear” água para o escalão principal. O empreendimento tem sido alvo da contestação das associações ambientalistas que recorreram aos tribunais e outras instâncias nacionais e europeias para travar o projecto. O tribunal europeu confirmou recentemente o arquivamento das queixas por parte da Comissão Europeia, considerando “manifestamente inadmissível” um recurso dos ambientalistas para anular a decisão tomada por Bruxelas, em 2007. A Plataforma Sabor Livre tem ainda uma petição contra a barragem no Parlamento Europeu, que decidiu promover uma acareação entre os ambientalistas e as autoridades nacionais em data ainda a marcar.

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Assalto à mão armada em gasolineira de aldeia A Polícia Judiciária está a investigar um assalto à mão armada numa gasolineira de uma aldeia de Bragança, de onde foram furtados cerca de 400 euros em dinheiro, anunciou hoje fonte policial. De acordo com a fonte, a autoria do assalto é atribuída a um casal, com idades entre os 20 e 30 anos, que na passada terça-feira abasteceu uma viatura de marca Mercedes e cor cinzenta nas bombas de gasolina de Santa Comba de Rossas, a cerca de 15 quilómetros de Bragança. Segundo o relato feito pela funcionária da gasolineira às autoridades, a mulher permaneceu na viatura, enquanto o homem se terá dirigido à funcionária com uma arma alegadamente dissimulada por debaixo de uma gabardina cinzenta que traria no braço.

Acidente na linha do Tua ainda em investigação O inquérito judicial ao último acidente na linha do Tua continua em fase de investigação mais de um ano depois do descarrilamento que fez um morto e 43 feridos e suspendeu a circulação na ferrovia transmontana. Fonte oficial da Procuradoria-Geral da República informou por escrito a agência Lusa que “o processo está em investigação, estando a ser feitas diligências e exames médicos a alguns ofendidos”. Este é o segundo inquérito judicial desencadeado pela PGR aos acidentes na linha do Tua. O primeiro processo relacionado com o primeiro acidente, em Fevereiro de 2007, em que morreram três funcionários da CP e do Metro de Mirandela, foi arquivado pelo Ministério Público. A viúva de uma das vítimas, o revisor, tentou levar a julgamento o presidente da administração da REFER e os técnicos especialistas, supervisores e encarregados pelas inspecções semanais da linha. Mas a sua pretensão foi inviabilizada pelo Tribunal da Relação do Porto, que julgou improcedente o recurso da decisão de arquivamento do processo. Conclusiva foi a investigação levada a cabo pela Comissão de Inquérito, de que faziam parte entidades como a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e que apontou “defeitos grosseiros” na via férrea e anomalias na automotora que, conjugados, terão originado o descarrilamento.


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Criadores vão investir 4 milhões de euros na raça mirandesa Redacção com Lusa | tamegapress@gmail.com

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s responsáveis pela raça mirandesa preparam-se para investir quatro milhões de euros na expansão de uma das imagens de marca do Nordeste Transmontano que quer assumir-se como alternativa à crise na agricultura. “Crescer” é a palavra de ordem num mercado onde a procura supera a capacidade de resposta dos produtores de carne mirandesa, um dos poucos produtos que resistiu, nos últimos anos, à queda acentuada do preço pago ao produtor. Enquanto outras carnes e produtos como o cereal ou o azeite sofreram quebras de rendimento levando agricultores a abandonarem as produções, a mirandesa manteve os preços. As contas, reveladas na semana passada à Lusa, são de Fernando Sousa, secretário-técnico da raça, que considera que a mirandesa “é a alternativa” e que a crise pode ser uma janela de oportunidades. O responsável acredita ser possível atrair agricultores que estão a perder rentabilidade noutras actividades e a raça mirandesa - que durante gerações funcionou como complemento à lavoura - passar a ser um suporte da actividade agrícola. Os novos desafios estiveram em debate, sábado, em Miranda do Douro, num encontro para assinalar três aniversários da raça autóctone transmontana certificada e protegida pela União Europeia. A raça mirandesa celebra o centenário da publicação do decreto-lei que instituiu o registo de descendência, as bodas de ouro do Livro Genealógico e os vinte anos da associação de criadores. O solar da raça é o Nordeste Transmontano, onde se encontra a maior parte dos 567 produtores, sendo propósito da associação alargá-lo de Bragança a Évo-

ra. O número de produtores ficou reduzido a um terço em pouco mais de uma década, mas o efectivo manteve-se, no entanto, e as explorações cresceram em número de animais. Os produtores recebem um subsídio da União Europeia que pode chegar aos 600 euros anuais por cabeça. A venda de um vitelo pode render 800 euros. Ao mercado chegam 360 toneladas de carne mirandesa por ano, o equivalente ao consumo anual de carne da cidade de Bragança. As dez raças autóctones do país representam apenas cinco por cento do consumo nacional de carne. Um “nicho” que se distingue pela qualidade e que Fernando Sousa compara a uma “micro empresa” cujo volume de negócios total desconhece, mas é rentável. Só o agrupamento movimenta dois milhões de euros/ano. A Posta à Mirandesa é o pedaço de carne mais conhecido da região, a que deverão juntar-se novos produtos na unidade industrial projectada há cinco anos para Vimioso. Fernando Sousa está convencido de que o projecto vai finalmente avançar, aguardando apenas a aprovação de uma candidatura ao PRODER, que deverá financiar 40 por cento dos quatro milhões necessários para o projecto. Os enchidos de carne de vaca são uma das apostas dos produtores que querem agora lançar-se no mercado da exportação, começando por Paris, onde um distribuidor já faz chegar a mirandesa. A capital francesa é a localização pensada para a primeira loja conceptual ainda em fase de projecto, que será um espaço de degustação e aproximação aos consumidores.

Docentes dos politécnicos têm de fazer doutoramentos Dois terços dos docentes dos politécnicos, o equivalente a quatro mil professores, não têm doutoramento, um grau que terão de obter nos próximos seis anos para poderem continuar a leccionar nestas instituições de ensino superior. Os números foram avançados à Lusa pelo presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Sobrinho Teixeira, que reconhece que atingir este patamar “será um esforço enorme”. Sobrinho Teixeira está convencido, porém, de que “é possível” atingir este objectivo no período transitório de seis anos criado para os professores obterem o grau de doutor. O Governo criou um programa para financiar a qualificação dos docentes dos politécnicos, já que o novo Estatuto da Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico exige o grau mais elevado para que possam leccionar nestas instituições, à semelhança das universidades.


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Olá Outono Luvas, cachecóis, botas e guarda-chuvas tudo fora do baú. Bem-vindo Outono e nova colecção. Iva Soares | ivasoares.tamegapress@gmail.com

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Verão está de partida e com ele as cores tropicais, as peças finas e decotadas. É tempo de vestir agasalhos mas sempre com estilo e novas tendências. O Outono/Inverno de 2009-2010 vai ser marcado pelas cores brilhantes do ouro, prata e bronze, pelos padrões variados de florais, xadrezes e prints – os conhecidos padrões de pele animal. No entanto, a nova estação vai ser assinalada com vários temas. Desta vez não existe um só tema para o Outono/Inverno mas vários que vão desde o Punk, Folclore, anos 80, Classic Nouveau, Primitive e o Old School claramente marcado pelas minissaias de xadrez e as gravatas. Joselina Ferreira, estilista, explica ao RM que todos estes temas vão estar associados a tecidos diversificados como são o caso das peles, cabedal, fazendas – que relembram o estilo Tweed, do príncipe de Gales, aliado ao xadrez – as eternas malhas associadas aos agasalhos exteriores e ainda os tecidos finos como as sedas para peças mais arrojadas com apliques de lantejoulas, bastante frequentes nesta estação. Este Inverno, os looks largos e hiper juntos vão andar de mão dada pelo que os moldes clás-

sicos, que seguem as linhas do corpo, vão estar patentes nas minissaias, nos conhecidos taiilleurs de Tweed e nos vestidos cintados que, ao contrário da estação passada, vão sobressair em tecidos mais finos. Nos moldes mais largos encontra-se uma mistura de túnicas, casacos de malhas e blasers de corte masculino sobre gangas justíssimas e leginns. Passando dos trapinhos aos sapatinhos, neste Inverno as botas largas e acima do joelho vão definir a tendência no calçado. Segundo a estilista Joselina, os sapatos abertos à frente de salto alto compensado vão, também, predominar nesta estação fria e determinar a elegância feminina. Do calor para o frio, ficam as flores que depois de triunfarem como acessórios nos penteados passam a estar presentes nas carteiras, onde podem surgir como mero apontamento ou a cobrir toda a carteira. Sendo os acessórios um ponto alto da colecção Outono/Inverno, as flores em forma de alfinete de peça de vestuário ou em bijutaria vão marcar a estação. Será um Inverno que vai distinguir-se pela variedade de estilos e pormenores, prometendo uma estação cheia de brilho e elegância.

Negro marca maquilhagem de Inverno A make up desta estação destaca-se nos olhos com o look natural e o abuso do negro. Para o dia-a-dia opte por um estilo mais natural usando as cores deste Inverno: rosa-magenta, azul-eléctrico e o vermelho. Num estilo mais arrojado opte pela mistura das cores negras com os brilhos do ouro, prata e bronze.


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Dos jogos entre miúdos em Cête até à Segunda Liga Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com

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afa é um jovem médio campista ambicioso que está actualmente no Futebol Clube de Penafiel e que cumpriu recentemente o seu primeiro jogo pela Selecção Nacional Sub 21. Começou no futebol com apenas dez anos. Na altura não sonhava ser seleccionado para representar Portugal, mas o génio da bola corria pelas veias e rapidamente “olheiros” do Futebol Clube do Porto viram nele um futuro promissor. “Estava a jogar em Cête, no concelho de Paredes. Eram apenas jogos de miúdos, mas um dia durante um torneio apadrinhado por Rui Barros, do FC Porto, algumas pessoas indicaram-me e fui para as camadas jovens do Porto”, recorda o atleta, em entrevista ao Repórter do Marão. O gosto pelo futebol começava a ganhar cada vez mais importância e o aperfeiçoamento da técnica também crescia a bom ritmo. Depois de cinco anos nas esco-

las do Porto, o jovem atleta atraiu a atenção do Leixões, mas preferiu ir para os juniores do Penafiel. Mais tarde, foi seleccionado para a selecção Sub 21. À primeira chamada, em Vila Nova de Gaia, entrou aos 70 minutos e deu nas vistas. Os pupilos de Oceano Cruz jogaram ao ataque frente à Lituânia e venceram por 4-1. “Encontrei um grupo de trabalho com muita ambição de conseguir o apuramento. Já conhecia alguns jogadores com quem joguei no FC do Porto. Foi uma experiencia interessante e espero conseguir evoluir para poder ser chamado novamente”, explicou ao RM Rafa. Quando o médio entrou no campo, depois de 70 minutos no banco, Rafa ouviu uma ovação vinda das bancadas. Os amigos tinham decidido não perder a oportunidade de ver o jovem actuar pela primeira vez com as cores da selecção nacional. “Vi alguns com a camisola do

Penafiel e isso foi um apoio fantástico. Deu-me bastante moral e senti mais confiança”, conta. Quanto ao presente, o médio campista diz que o trabalho é a via do sucesso para qualquer jogador. O atleta não esconde a ambição de subir cada vez mais na tabela dos clubes de grande dimensão e assume a vontade de continuar o trabalho no Penafiel para poder atrair as atenções. “Acredito que qualquer jogador tem de ter ambição para poder evoluir. É natural. Quero trabalhar cada vez mais para poder ajudar o Penafiel o que poderá vir a abrirme novas portas no futebol. É verdade que quero ir para um clube maior, mas para já o importante é ajudar o Penafiel a cumprir os objectivos definidos no início da época”, rematou. Rafa adiante que tem como ídolos jogadores como Fernando Redondo, Raul Meireles, Petit e ainda Miguel Veloso.

Abílio Rafael Barbosa de Sousa Idade: 21 anos Posição: Médio Começou a jogar com 10 anos 1 golo enquanto profissional 3 anos como sénior Clube: FC Penafiel 1 selecção Sub 21 5 anos nas escolas do FCPorto


SILVA PEREIRA desporto

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Alimentação regrada e treino físico adiam “reforma” da antiga glória penafidelense quase a completar 71 anos

Paixão para toda a vida

Carlos Alexandre | calexandre.tamegapress@gmail.com

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ilva Pereira, antiga glória do FC Penafiel, continua a treinar diariamente e a jogar, de preferência a tempo inteiro, na equipa de veteranos, feito que o septuagenário (completa 71 anos em Dezembro) explica com a “paixão” pelo futebol. O segredo deste raro registo reside, segundo o próprio, na “alimentação regrada” e no “treino físico”, hábitos de que Silva Pereira diz “não conseguir fugir” e que remontam ao tempo em que jogava futebol. “Nunca soube o que era uma pizza, embora traga às vezes para casa, ou marisco e não sou amigo de doces, privilegiando os grelhados, em especial de peixe, e a sopa de lavrador, com os ‘matadores’ todos, como hortaliça, nabo ou feijão”, explicou ao RM Silva Pereira. A dieta alimentar inclui fruta, água e uma toma diária de vitamina C, cuidados que o craque da bola, que tinha a alcunha de “vagabundo” e ficou conhecido no seu tempo por “pensar e jogar depressa”, admite não ter grandes seguidores entre muitos dos profissionais do futebol. Silva Pereira ganhou nome pela bola, sem a qual não consegue passar, e por ela continua a correr atrás, seja como treinador das Escolinhas do FC Penafiel ou atleta na equipa de veteranos do clube rubro-negro, ao ponto de ainda hoje, a poucos meses de completar 71 anos (nasceu a 20 de Dezembro de 1938), ficar “chateado” quando não joga a tempo inteiro. “Colegas e adversários estranham a minha condição física, e às vezes até eu fico admirado, pois não sei o que é ficar cansado”, sublinhou, garantindo que dá “muito pouco trabalho aos médicos” e, em matéria de lesões, apenas se recorda de um braço partido. Silva Pereira faz corrida, bicicleta, natação e musculação, mas é em campo, com a bola nos pés, que se sente melhor e onde continua a encantar os graúdos, antigos e actuais colegas, e os mais pequenos, a quem ensina e ao lado de quem corre para explicar como se faz. “Continuo a sentir-me capaz, mas tenho consciência de que não sou eterno. Quando não puder mais e tiver de deixar de jogar futebol, já não existo”, afirmou, sem esconder que, se tivesse o poder de escolher, seria capaz de “morrer em campo”.

800 jogos sem cartões disciplinares Silva Pereira é uma figura ímpar do FC Penafiel, único clube que representou em 21 anos de carreira, 18 dos quais como capitão de equipa. Realizou mais de 800 jogos oficiais sem nunca ter visto um cartão amarelo ou vermelho. Teve o azar de nascer numa geração em que ainda se jogava por amor ao clube, razão principal para ter resistido aos convites dos três “grandes”, mais o Boavista e o Vitória de Guimarães, clube que mais perto ficou de o contratar. Mas o que queria mesmo era ter sido internacional. “Ouvi muita gente dizer que vinha de longe só para me ver jogar. A ser verdade, o que dizem é muito”, sublinha ao RM o veterano atleta. “Mas n unca tive a oportunidade de me ver jogar (na televisão)”, lamenta Silva Pereira, apreciador de Maradona, “o maior de todos”, e de Messi, “o melhor da actualidade”.


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opinião

Que justiça é esta? No exercício das funções autárquicas que exerço, procurei nunca sobrepor os planos da política e da justiça. A politização da justiça e a judicialização da política são factores que em nada abonam o Estado de Direito, contribuindo, pelo contrário, para diminuir o grau de confiança que o cidadão comum deposita nos órgãos e nas instituições. Contudo, o desrespeito reiterado da Lei por parte daqueles que desempenham funções públicas não pode passar em claro. Por esse motivo, quando Ferreira Torres e Lindorfo Costa foram pronunciados e depois condenados pela prática de crimes cometidos no exercício de funções autárquicas em Marco de Canaveses, defendi na Assembleia Municipal que deveriam renunciar aos respectivos mandatos ou, no mínimo, suspendê-los até trânsito em julgado das sentenças, de modo a salvaguardar as instituições e a dignificar a relação entre eleitos e eleitores. As decisões são hoje definitivas e ambos foram condenados. Ferreira Torres viu confirmada a sua condenação a dois anos e três meses de prisão, com

pena suspensa, por crimes continuados de peculato e abuso de poderes e por um crime de peculato de uso. Lindorfo Costa não recorreu da sentença que o condenou a quinze meses de prisão, com pena suspensa, pelo crime continuado de abuso de poder. Ferreira Torres foi ainda condenado à pena acessória de perda do mandato e a questão da sua elegibilidade para as próximas eleições só na passada semana foi dirimida pelo Tribunal Constitucional, que concluiu pela inconstitucionalidade da aplicação automática e pela inaplicabilidade dos normativos que sustentariam essa pena acessória, contrariando a decisão proferida pelo Tribunal de Marco de Canaveses, que o considerara inelegível. O acórdão do Tribunal Constitucional é uma peça jurídica de inegável interesse teórico, mas demonstra também como o emaranhado de leis conduz a jurisprudência por caminhos ínvios, muitas vezes ao arrepio do senso comum. Ferreira Torres foi condenado em 2004 e o Tribunal da Relação confirmou, em 2006, o essencial da sentença

e ajustou as penas. O trânsito em julgado ocorreu já em 2009 com o indeferimento de um derradeiro recurso junto do Tribunal Constitucional. Sabe-se agora que a pena acessória de perda de mandato não será aplicada. O excesso de garantismo e a longa demora dos tribunais jogou, portanto, a favor de Ferreira Torres. A justiça, que tem de ser consequente e produzir efeitos concretos, ficou por cumprir. Na mente das pessoas comuns ficou a ideia de que o crime compensa, o que é perigoso para o regime democrático. Creio que o legislador terá forçosamente de descer do pedestal académico e perceber a realidade que o rodeia, sob pena de agravar o clima de descrédito que se abateu sobre a aplicação da justiça em Portugal.

Apesar das vozes discordantes, principalmente por parte dos designados “históricos”, este diploma tem subjacente a renovação da classe política, visando evitar a excessiva personalização de cargos executivos. Assim, muitos dos actuais presidentes de Câmara e presidentes de Junta, candidatam-se pela última vez em Outubro. É um novo panorama que se vislumbra e, embora difícil de imaginar, os próximos quatro anos prometem ser a maior renovação de sempre no poder local. No painel dos municípios do Vale do Sousa as mudanças deverão ocorrer em quatro dos seis concelhos o que levará a que o mosaico político desta região nunca mais volte a ser o mesmo... Porém, as perspectivas para 2013 não podem ser dissociadas dos dois momentos políticos que o país vai viver com as eleições legislativas [realizadas no passado domingo], e as presidenciais, em 2011, sendo ainda de considerar, a acreditar nas sondagens não haverá nenhuma maioria, a possibilidade de se realizarem novas eleições legislativas antecipadas. Perante este cenário, os aparelhos políticos têm um novo desafio pela frente no

que refere à sucessão dos candidatos que vão a votos pela última vez em Outubro. A questão que se agora se coloca é: - Como enfrentarão os aparelhos partidários o desafio de procurar substitutos para os referidos autarcas? Apesar de o poder a nível autárquico apontar muitas vezes para mecanismos de sucessão dos presidentes, e as forças políticas procurarem encontrar novos candidatos próximos daqueles que irão sair do poder, os aparelhos políticos, não restem dúvidas, já começaram a “antecipar” a saída de cena de diversos candidatos autárquicos nas eleições de 2013, as primeiras com a lei da limitação dos mandatos locais em vigor. As listas dos candidatos às autarquias que agora vão a sufrágio reflectem já esse horizonte, estas, não restem dúvidas, não foram feitas ao acaso e, depois do dia 11 de Outubro, novos candidatos se vão perfilar, tentando conquistar, nestes próximos quatro anos, o lugar de sucessor legítimo dos que ficarão excluídos da próxima corrida…

José Carlos Pereira Gestor Membro da Assembleia Municipal de Marco de Canaveses e da Assembleia Intermunicipal do Tâmega e Sousa

Prenúncio As eleições autárquicas que se avizinham trazem consigo o espectro da Lei n.º 46/2005, de 29 de Agosto. Poucos gostam de falar sobre esta medida legislativa mas, o que é certo, é que daqui a quatro anos o panorama político do Vale do Sousa vai mudar. Este é o prenúncio de uma medida legislativa, adoptada poucos meses antes das eleições autárquicas de 2005, que estabelece limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes autarquias locais. Se ganharem as eleições no próximo dia 11 de Outubro, Fátima Felgueiras, Alberto Santos, Jorge Magalhães e Paulo Teixeira Ramalheira, para além de inúmeros presidentes de Junta, dão início ao seu derradeiro mandato. Tudo porque a lei de limitação de mandatos proíbe que os autarcas com mais de três exercícios autárquicos consecutivos se voltem a candidatar no seu município no mandato seguinte. Estes limites não agradam a todos os políticos e os que criticam a lei vão esgrimindo argumentos contra o seu “espírito”, apelidando-a de absurda e condicionadora da vontade dos eleitores, porque nem estes últimos lhe poderão valer.

Paula Alves Ex-jornalista


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Da crise social à pobreza A crise económica tem feito disparar a pobreza, o desemprego e a desintegração social que são problemas centrais na sociedade actual sendo, hoje, motivo de grande preocupação. Proponho assim uma breve reflexão! Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (2007), Portugal conta com dois milhões de pobres o que equivale a um terço da população em idade activa. Se formos observando o mundo que nos rodeia percebemos que o país está cada vez mais pobre e que esta pobreza se mostra cada vez mais dramática à medida que vai passando o tempo. A crise económica resulta em crise social que, por sua vez, resulta muitas vezes numa desorganização familiar conduzindo a graves situações de pobreza. Esta é a realidade com a qual cada vez mais convivemos, se a observarmos cuidadosamente percebemos que existem na nossa sociedade problemas extremamente sérios que carecem

de resposta social urgente. Necessidades tão básicas como a alimentação e o acesso aos serviços de saúde, considerados bens essenciais à vida estão actualmente gravemente comprometidos. O banco alimentar contra a fome, constitui uma resposta provisória a situações de carência alimentar comprovada. Esta procura de ajuda tem aumentado exponencialmente por famílias carenciadas e parece perspectivar-se o risco de uma maior incidência, sobretudo pelo aumento do desemprego. No campo das respostas sociais, as Instituições Particulares de Solidariedade Social, principais responsáveis actualmente por iniciativas de solidariedade, vivem momentos muito difíceis, tendo necessidade também de recorrer frequentemente ao banco alimentar por incapacidade financeira para assegurar apoios aos seus utentes. Os subsídios disponibilizados pelo governo podem ajudar, mas não resol-

vem o problema de fundo da nossa sociedade. O combate da pobreza deveria passar sobretudo por políticas educativas no sentido de desenvolver estratégias pessoais, sociais e profissionais que permitam às pessoas ultrapassarem as mais variadas situações de crise com que se deparam. Desta forma, parece urgente repensar as políticas sociais de carácter meramente assistencialista em Portugal de forma a responder a um problema multidimensional grave, como é o caso da pobreza, apostando em políticas estruturais tendo como linha de orientação a inclusão e o desenvolvimento sustentado da sociedade actual.

Alice Barbosa Psicóloga

Mãos lavadas, mais saúde No actual contexto, em que se apresenta como imperiosa a participação de todos na contenção da propagação de uma doença, a nova Gripe A, que assumiu já uma dimensão pandémica mas que pode, ainda assim, ser limitada na sua dimensão com a prática generalizada das medidas de protecção recomendadas, faz todo o sentido reflectir na forma como são concretizadas estas medidas e nas soluções que são apresentadas à população, em particular no que diz respeito aos produtos para limpeza e desinfecção das mãos e das superfícies. As mãos são um dos mais importantes veículos de transmissão de micróbios causadores de doenças, sejam eles bactérias, vírus como o da actual Gripe A, ou outros. De facto, a via mais frequente de transmissão do vírus da gripe, é através das mãos sujas, por contacto com superfícies contaminadas ou através dos cumprimentos sociais. Tocar com as mãos contaminadas no nariz, na boca ou nos olhos, permite que o vírus entre no organismo indo causar a doença. É assim justificada a

necessidade de manter mãos e superfícies limpas e desinfectadas a todo o momento. Neste sentido, os produtos desinfectantes têm cada vez mais procura por parte dos utentes das farmácias. Importa também destacar que a par da desinfecção faz todo o sentido manter a saúde e o bem-estar da pele, procurando na farmácia produtos menos agressivos e mais seguros. Limpar não é o mesmo que desinfectar. De há muito que os higienistas enfatizam a importância de uma correcta lavagem das mãos como o primeiro marco no controlo das infecções. Lavar as mãos é uma garantia para melhorar os padrões da saúde pública, tem a ver com os cuidados de saúde hospitalares como com as escolas, jardins-de-infância ou as nossas casas, é um dos mais eficientes métodos para a prevenção das doenças, desde a diarreia e outras perturbações gastrointestinais até à gripe e à pneumonia. Lavar é remover a sujidade e a higienização das mãos é a medida mais importante para diminuir o risco de

transmissão de uma infecção de uma pessoa para outra. Deve lavar-se as mãos após tossir, depois de contactar com pessoas doentes, depois de ir à casa de banho, antes e depois de comer, ao chegar da rua e sempre que sintamos as nossas mãos menos limpas, praticando uma técnica correcta de lavagem - aplicando sabão sobre as mãos molhadas e esfregando uma mão contra a outra, após a aplicação de sabão, não esquecendo o dorso das mãos e os espaços entre os dedos, durante pelo menos 20 segundos), e secando bem as mãos, sempre que possível com toalhete de uso único. A lavagem deve ser frequente sendo que, para evitar que pele fique seca é recomendado o uso de um creme hidratante, para compensar. Só assim se previnem as fissuras da pele e se reduz a contaminação das mãos. Em alternativa ao sabão normal podem ser utilizados sabões ou outros preparados antisépticos.

Beja Santos

Assessor do Instituto do Consumidor


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tecnologia/gadgets

PC bonito e barato! Nokia lança o seu 1º netbook – BOOKLET 3G

A Lenovo lança o novo computador de secretária - Lenovo C100 com ecrã LCD de 18.5 polegadas que integra o corpo do computador e que confere ao conjunto uma espessura de apenas 2 polegadas. Este PC inclui um processador Inter Core 230, 1 GB de RAM, gravador de DVD, disco rígido de 160 GB e 4 portas USB e traz o Windows XP.

Nokia N900 no mercado em Outubro O novo equipamento da Nokia traz um teclado QWERTY deslizante e é compatível com redes móveis 3G/3G+. Com ecrã LCD de 3.5 polegadas, o N900 tem uma memória interna de 32 GB, sendo expandida por cartões microSDHC. Com câmara de 5 megapixels e flash LED, o aparelho tem conectividade Wi-fi, Bluetooth 2.1 e receptor GPS. Relativamente ao software é de salientar que o N900 é compatível com a norma OpenGL ES 2.0 e suporta o Adobe Flash 9.4. No que toca a ficheiros multimédia, os formatos H.264, MPEG-4, Xvid, WMV, MP3, AAC, AAC+, eAAC+, M4A, WAV e WMA são igualmente suportados. Tudo isto num equipamento que mede 110.9×59.8×18 mm e pesa 181 gramas.

Um aparelho que alia o design à mobilidade no trabalho, sempre com vista à navegação na internet. O Nokia Booklet 3G vem equipado com Wi-fi e Bluetooth e com conectividade 3G e HSDPA. O equipamento contém um processador Intel Atom, ecrã de 10 polegadas e resolução HD Ready e leitor de cartões SD. O primeiro netbook da Nokia com uma espessura apenas de 20mm vai estar à venda por cerca de 560 Euros. Um preço já habitual dos produtos Nokia.

iPhone 3G S – acessibilidade e rapidez O novo iPhone 3Gs da Apple reúne novas aplicações e maior rapidez no seu funcionamento o que proporciona ao utilizador um aproveitamento eficaz do equipamento. O novo iPhone conta com uma câmara de vídeo com 3 megapixels e um novo processador de texto que permite editar e enviar de seguida por sms ou e-mail. A partilha de ficheiros pela internet é agora mais fácil e rápida uma vez que a versão iPhone 3Gs tem um acesso mais rápido à internet. Aplicações como Bussola, Spotlight e Dictafone fazem parte do menu do 3Gs.

HTC Touch2 chega às lojas em Outubro

Iva Soares | ivasoares.tamegapress@gmail.com

A empresa HTC junta o lançamento do novo PDA com a saída do Windows Mobile 6.5, o novo software da Microsoft para os equipamentos móveis. O HTC Touch2 possui GPS e já traz instalado o Google Maps no navegador Internet Explorer e interface TouchFLO 3D. Com câmara de 3.2 megapixels, ecrã de 2.8 polegadas, o novo HTC Touch2 oferece, também, suporte à maioria dos formatos de áudio e vídeo.

Novo Creative Zen X-Fi 2 já está à venda O mais recente leitor multimédia ZEN incorpora para além do X-Fi (Extreme Fidelity) um ecrã táctil para uma fácil navegação nos conteúdos do equipamento. Este novo aparelho da Creative acede rapidamente a toda a música, imagens e vídeos em vários formatos como é o caso de ficheiros MP3, WMA, AAC, Audible 4 e FLAC. Aliado a toda a tecnologia de ponta, o novo Creative Zen X-Fi 2 apresenta um design sublime, bastante apelativo para o público feminino.


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Rota dos Móveis repete presença na Intercasa Três anos após a primeira participação na Feira Internacional de Decoração, a Rota dos Móveis de Paredes integra a lista de expositores da Intercasa, que vai decorrer entre os dias 3 e 11 de Outubro na FIL, Lisboa. Da Rota dos Móveis de Paredes parte para Lisboa uma equipa que integra 20 empresas de mobiliário e decoração, preenchendo assim cerca de 3 mil metros do pavilhão 1 da FIL, no Parque das Nações. Os empresários prometem surpreender os visitantes da feira, aliando o requinte à sobriedade da decoração.

Equipa MCoutinho Shell vence Rali de Vila Real Depois de regressar às provas no Rali de Murça, a equipa MCoutinho Shell venceu a prova extra do Rali de Vila Real. A dupla de pilotos Manuel Coutinho e Manuel Babo foi a mais rápida, ficando sempre no primeiro lugar em todos os troços da prova. O objectivo principal da equipa MCoutinho Shell era fazer quilómetros para testar o novo Mitsubishi Lancer Evo VI e acabaram a competição com o melhor tempo em todos os troços, alcançando assim o pódio na Prova Extra, que tinha 15 quilómetros de extensão. Na prova para o campeonato nacional de ralis, a dupla Paulo Barata e António Santos assegurou o o primeiro lugar.

‘UNIDOS POR OLIVEIRA’ Eleição para as Autarquias Locais 2009 A Lista de Grupo de Cidadãos “Unidos por Oliveira”, candidatos à Assembleia de Freguesia de Oliveira,

THE ENGLISH SCHOOL OF AMARANTE Cursos de inglês crianças e adultos Inscrições abertas Gostaria de começar ou continuar a aprendizagem do inglês? Contacte Telef. 255 431 352 * Clube Residencial da Madalena Lote 10 - Esc 3 - 4600 Amarante

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crónica|eventos

António Mota

Américo e Aldina Quer o senhor fazer um brilharete nessa coisa que vai escrever para o jornal, e pede-me que lhe conte uma história das antigas. O senhor vai desculpar estas palavras, mas eu estou farto. Estamos no sossego do lar, e aparece aqui gente estranha e sempre apressada. Aparecem e tiram-nos retratos, e estendem microfones, e filmam, e querem que lhes conte uma história, mas não querem saber se estamos bem, só querem que fiquemos bem no retrato. De modo que não tenho disposição para lhe contar uma história. E quem é que vai ler? Eu até era capaz de ler, mas, infelizmente, tenho as vistas um bocado cansadas. E como tenho o cérebro muito roto, deixo os óculos em qualquer parte, e depois esqueço-me deles, nunca sei onde os pousei. Quando a minha Aldina estava aqui comigo tratavame dos óculos e tratava de mim. A minha Aldina andava sempre a dizer-me “mete os óculos no bolso, Américo, ou põe-nos pendurados ao pescoço, toma o comprimido para isto, toma o comprimido para aquilo”. Muitos comprimidos engolem os velhos. A minha Aldina faz-me muita falta. Eu e a minha Aldina sempre fomos carne e unha. Agora, tanto se me dá como se me deu com os remédios, se tomei, tomei, se não tomei é como se tomasse. Veio muita gente ao funeral da minha Aldina, até fiquei admirado, e as floristas fizeram bom negócio. Calhou num sábado à tarde, que é um dia bom para funerais. Se fosse a meio da semana não vinha tanta gente. Foi enterrada na nossa campa. Foi cara, mas é nossa. Desde que viemos para aqui, a minha Aldina gostava de ir todos os dias ao jardim, era como se fosse ao quintal e à capoeira lá de casa. Tinha aquela ideia de se levantar cedo, coitadinha, só para ir até ao jardim e voltar cá para dentro. Às vezes sentavase num banco de pedra e punhase a olhar para longe. A minha Aldina tinha olhos muito azuis e era bonita. Eu bem lhe dizia “ ó mulher, deixa-te estar mais um bocadinho na cama, o almoço e o jantar estão feitos, as batatas já foram semeadas e recolhidas, o porco está cevado, e salgado, e curado e comido, as galinhas já

puseram os ovos. E os nossos filhos ligam quando podem, aparecem quando lhes dá jeito, não há nada a fazer, é assim o mundo. Agora estamos sempre em férias. Aldina, mete-te outra vez na cama e deixa-te estar comigo, vem aqui, ou queres que te ligue a televisão?” . E ela fazia de conta que eu era um soco. A minha Aldina estava muito surda e mais surda ficava para não me ouvir. Podia enganar os outros, mas a mim, não. Ela ouvia bem, mas fazia-lhe jeito fazer-se mouca, coitada da minha Aldina. Em Setembro as folhas começam a cair que é um sinal para os velhos. Folha caída, Outono à porta. Naquela manhã nem dei por nada, deixei-me estar na cama com os olhos fechados. Eu sempre gostei de sonhar com os olhos fechados. Com os olhos fechados vê-se melhor. E nesta idade, tome nota e nunca se esqueça, o melhor é fechar os olhos e fazer de conta que não ouvimos nada. Mas como eu estava a contarlhe, no dia onze de Setembro, numa sexta-feira, a minha Aldina deixou-me a sonhar, e foi dar a volta dela. Chegou lá fora, andou o que lhe apeteceu, e depois sentou-se no banco de pedra a ver cair as primeiras folhas. E aproveitou para ir com as folhas. E agora aqui estou à espera que eles me telefonem, o telemóvel foi uma grande invenção, podemos falar a qualquer momento. Tivemos três filhos, estão todos casados, mas vivem longe e têm a vida deles. E acha o senhor, da maneira que tenho a minha vida, que ainda tenho cabeça para lhe contar histórias? Passe bem. E até um dia destes, se ainda cá estivermos. anttoniomotta@gmail.com

Andou o que lhe apeteceu, e depois sentou-se no banco de pedra a ver cair as primeiras folhas. E aproveitou para ir com as folhas.

Alta velocidade na Exponor Nos dias 3, 4 e 5 de Outubro decorre o MotorShow 2009 na Exponor. Esta edição presta homenagem ao piloto Armindo Araújo, novo Campeão do Mundo de Produção. O piloto estará presente para satisfazer as delícias dos amantes do automobilismo. O evento, para além da exposição dos automóveis de competição, integra a prova Troféu Piloto Motorshow numa pista indoor que vai proporcionar a participação do público. A Organização confirmou a presença de carros das várias modalidades do desporto automóvel, nomeadamente o Peugeot 207 S2000 que Vítor Pascoal conduz no Campeonato de Portugal de Ralis e o Opel Astra OPC de Ralicross, de Joaquim Santos. Armindo Aráujo vai também participar no Motorshow ao volante de um Mitsubishi Lancer Evolution.

Clássicos dos anos 50 e 60 no Douro Jazz O Douro Jazz continua a dar música em tempo de Vindimas e Bragança é a próxima cidade. Drugstore Cowboy Quartet actua já no dia 1 de Outubro no Teatro Municipal às 21h30. Vila Real recebe o quarteto a 3 de Outubro. Drugstore Cowboy é um novo e excitante quarteto que está a entrar rapidamente na cena jazz internacional. É co-liderado por músicos experientes de Londres, caso de Quentin Collins e Brandon Allen.

Samba no Coliseu do Porto e Campo Pequeno O poeta do samba brasileiro, Seu Jorge, toca nas grandes salas nacionais a 9 e 10 de Outubro. Os bilhetes para os

espectáculos já estão à venda e prevêse lotação cheia para Porto e Lisboa. Os preços variam entre os 22 e 29 euros. Seu Jorge traz na bagagem América Brasil, disco com o qual arrecadou o Grammy Latino na categoria MPB. O músico conhecido pelos temas «Ana Carolina», «Burguesinha» regressa a Portugal para dois concertos memoráveis.

Bernando Sassetti conta histórias em Paredes O pianista Bernando Sasseti participa no programa cultural “Conta-me Histórias” da Casa da Cultura de Paredes no dia 9 de Outubro, pelas 21h30. O músico português vai contar algumas histórias sobre as suas composições enquanto toca cinco a seis temas da sua autoria. O programa “Conta-me Histórias” tem vários nomes agendados para participar na tertúlia musical, e Bernando Sassetti é o próximo músico que vai dar estória ao tema dos Xutos e Pontapés “Conta-me Histórias daquilo que eu não vi…”.Garrett ganha vida para contar a história trágica de D. Madalena, D. Manuel Coutinho e D. João de Portugal.


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Exeo ST é o familiar desportivo da Seat O SEAT Exeo, a berlina desportiva da Marca, aumenta a sua oferta com a chegada ao mercado português da sua versão familiar, denominada ST, um veículo extremamente funcional em que o luxo, o conforto e o espaço estão associados à tradicional filosofia desportiva que caracteriza todos os modelos da SEAT. O novo SEAT Exeo ST vai mais além no que toca à versatilidade e funcionalidade interior, já que graças à sua carroçaria familiar e ao seu novo portão traseiro, a capacidade de carga aumenta consideravelmente. Adicionalmente, com o lançamento do ST, a gama do Exeo amplia a sua oferta de equipamento ao incorporar novos sistemas que melhoram a segurança e a habitabilidade a bordo, reforçando assim a posição do novo modelo da SEAT dentro do segmento D das berlinas médias. Uma das principais novidades, que fazem parte do novo Exeo é o sistema de som BOSE, com 10 colunas de alta qualidade que garantem uma acústica perfeita dentro do habitáculo juntamente com um vasto leque de sistemas de navegação e infoentretenimento. Outro dos elementos que se destacam no Exeo ST é o sistema WIV de manutenção variável, que permite prolongar de uma forma notável os intervalos de serviço e informa o condutor do número de quilómetros que faltam até ao serviço seguinte.

Ressalva-se o serviço do nível de óleo bem como o desgaste das pastilhas do travão que também serão alvo destes avisos. O novo Exeo ST distingue-se da versão quatro portas na carroçaria, uma vez que esta é ligeiramente maior. Outros dos pormenores que permitem identificar o novo Exeo ST são as barras do tejadilho. A oferta do novo SEAT Exeo ST é composta por três propulsores a gasolina -1.6 de 102 CV; 1.8 T de 150 CV e 2.0 TSI de 200 CV- e dois Diesel -2.0 de 143 e 170 CV (a versão de 120 CV irá ser disponibilizada até ao final do ano) - com filtro de partículas DPF e com tecnologia “common rail”. Todas as motorizações estão associadas a transmissões manuais de 6 velocidades, cumprindo as especificações da normativa EU5 sobre as emissões poluentes e que será obrigatória em 2011.

Três versões do SEAT Exeo ST O SEAT Exeo St está disponível em três versões: Reference, Style e Sport. Na versão base, o Reference, estão incluídos 7 airbags de série, (a que se podem somar os traseiros de tórax, opcionais em toda a gama), Climatronic com duas zonas, ABS + TCS, ESP com assistência de travagem de emergência (EBA), desconexão do airbag do passagei-

ro, avisador de cinto de segurança para condutor, sistema WIV, encostos de cabeça optimizados, indicador de mudança de velocidade (excepto no motor 1.6 102 CV), jantes de aço de 16” com pneus 205/55, computador de bordo, vidros eléctricos dianteiros e traseiros, retrovisores eléctricos e aquecidos, barras no tejadilho, suspensão confort, faróis de nevoeiro, fecho centralizado das portas com comando à distância, compartimentos porta-objectos debaixo dos bancos dianteiros, porta-luvas iluminado, luzes de leitura dianteiras e traseiras, rádio CD com MP3 com entrada auxiliar para fontes de som (Aux-in) e quatro colunas, tomada de 12 V na bagageira, entre outros. Na versão Style somam ao equipamento do Reference outros elementos práticos à condução como são o caso do banco do passageiro regulável em altura, cruise control, kit fumador, retrovisores exteriores com posição parking, sensor de estacionamento traseiro, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, espelho interior anti-encandeamento entre muitos outros de tecnologia de ponta. A versão Sport tem o mesmo nível de equipamento da Style, diferenciando-se em pormenores como as jantes se liga leve de 17” com pneus 225/45, aplicação em alumínio nos vidros laterais, moldura do pilar B/C no acabamento “Glossy Black” e inserções em alumínio na protecção das embaladeiras.


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património

Museu de Amadeo “Obra com um sentido de intemporalidade, só possível nos grandes criadores” – Almada Negreiros

O

Museu Municipal Amadeo de Sousa-Cardoso é um dos ex-libris da cidade amarantina. O edifício foi, outrora, uma biblioteca e aquilo que conhecemos hoje foi fundado, em 1947, pelo dr. Albano Sardoeira que quis reunir num único espaço materiais respeitantes à história local e lembrar artistas e escritores nascidos em Amarante, como António Carneiro, Acácio Lino, Manuel Monterroso, Abade de Jazente, António Cândido, Teixeira de Pascoaes, Augusto Casimiro, Alfredo Brochado, Ilídio Sardoeira, Agustina Bessa Luís, Alexandre Pinheiro Torres, entre outros. Instalado no Convento Dominicano de S. Gonçalo de Amarante, uma construção executada ao longo dos sécs. XVI-XVIII, o Museu foi progressivamente ocupando alguns espaços do antigo convento, sucessivamente qualificados até ao projecto revalorizador de arquitectura, de 1980, de sentido moderno, do arquitecto Alcino Soutinho. Este arquitecto projectou a reconstituição dos claustros, desvirtuados pela demolição do corpo que os separava, realizada em meados do século XIX. Em nome de Amadeo e da historicidade da sua obra, o Museu procura uma senda de modernidade. “Encadeiam-se as gerações de artistas, com as

Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com | António Pinto | Fotos

obras e os autores possíveis, certamente com muitas lacunas que sempre desejamos ultrapassar, mas com uma coerência conciliadora das correntes artísticas com o acervo museológico. Às vezes, forçada a cronologia, proporciona-se, antes, o diálogo das obras, das temáticas ou valoriza-se o espaço e as releituras”, explica fonte do Museu. Ainda segundo a fonte, Amadeo constitui a principal referência do Museu de que é patrono, e a aproximação à sua obra torna-o em “instrumento de uma pedagogia da modernidade, com os percursos visíveis do cubismo à abstracção, com as notícias do futurismo, as marcas do expressionismo e as premonições do dadaísmo e seus absurdos”. Valores de radicação e modernidade, que Almada Negreiros reconhecia como “descoberta de Portugal no século XX”, dão a esta obra um sentido de intemporalidade, só possível nos grandes criadores. Redescoberto Amadeo nos anos 50-60, é em seu nome que no museu se reunirão obras de artistas vencedores do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, entre os equívocos de figurativos e abstractos, alimentando a querela até ao questionamento da Escola de Paris, à dita morte das vanguardas americanas e anglo-saxónicas.


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cartoon | artes | nós

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Fundado em 1984 Quinzenário Regional • Publica-se à segunda-feira Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89

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Cartoons de Santiago [Pseudónimo de António Santos]

Redacção: Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 437 000 E-mail: tamegapress@gmail.com Director: Jorge Sousa (C.P. 1689), Director adjunto: Alexandre Panda (C.P. 8276) Sub-director: António Orlando (C.P. 3057) Redacção e colaboradores: Alexandre Panda, António Orlando, Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Paula Costa (C.P. 4670), Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre (C.P. 2950), Helena Carvalho. Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros Colaboração/Outsourcing: Media Marco (Vitor Almeida, Sandra Teixeira), Baião Repórter/Marão Online (Jorge Sousa, Marta Sousa) Promoção Comercial, Relações Públicas e Publireportagem: Iva Soares - Telef. 910 536 928 publicidade.tamegapress@gmail.com Propriedade e Edição: Tâmegapress - Comunicação e Multimédia, Lda. NIPC: 508920450 Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 - Apartado 4 4630-279 MARCO DE CANAVESES Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

Cap. Social: 80.000 Euros Impressão: Mirandela - Lisboa Tiragem desta edição: 25.000 exemplares

Inscrição na APCT-Ass.Portuguesa de Controlo de Tiragem | Primeira auditoria em Novembro A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à opinião da Direcção deste jornal.

Fotobiografia de Amadeo de Souza-Cardoso A mais recente Fotobiografia de Amadeo de Souza-Cardoso, que foi publicada na colecção Fotobiografias do Século XX, dirigida por Joaquim Vieira e editada pelo Círculo de Leitores, vai ser

SARKOZY 2009

posta à venda no início de Outubro pela Temas & Debates. A Fotobiografia é da autoria da historiadora de arte Margarida Magalhães Ramalho e da artista plástica Margarida Cunha Belém. Amadeo de Souza-Cardoso nasceu em Manhufe, Amarante, em 1887 e morreu pouco antes de completar 31 anos, vítima da “gripe espanhola”. Amadeo tinha “a cabeça em Paris e o coração em Manhufe”, como afirmou António Cardoso, director do Museu Amadeo de Souza-Cardozo, em

Amarante. A “forte ligação” que o pintor manteve com a terra onde nasceu é abordada na fotobiografia. Artista de referência na pintura portuguesa do século XX, Amadeo fez o seu percurso rejeitando o academismo e a ortodoxia. “Eu não sigo escola alguma. As escolas morreram. Nós, os novos, só procuramos agora a originalidade. Sou impressionista, cubista, futurista, abstraccionista? De tudo um pouco…”, confessou Amadeo, em entrevista ao jornal O Dia.



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