repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
Nº 1223 | Quinzenário | 1€ | Ano 25 | Director: Jorge Sousa | Director-Adjunto: Alexandre Panda | Subdirector: António Orlando | Edição:Tâmegapress | Redacção: Marco de Canaveses | 910 536 928
13 a 26 Outubro 2009
Drama em Paços de Ferreira
Matar a fome no lixo
Urnas rejeitam ‘dinossauros’ no Tâmega Ferreira Torres, Paulo Teixeira e Fátima Felgueiras derrotados Vitórias do PS em Amarante, Baião, Lousada, Cinfães e Resende PS conquista câmaras nos distritos de Bragança e Vila Real PSD renova maiorias absolutas no Marco, Penafiel, Paços de Ferreira, Paredes, vence Felgueiras e mantém Celorico de Basto
ESTAÇÃO ARQUEOLÓGICA DO FREIXO
Quatro anos perdidos
Agrupamento de corporações rejeitado
Manuel Moreira, Marco de Canaveses
Eólicas O pulmão
financeiro do interior
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eleições autárquicas
PS obteve três resultados acima dos 60 por cento Apesar da bipolarização, em Amarante Armindo Abreu conseguiu ser reeleito Redacção | tamegapress@gmail.com
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as eleições autárquicas de domingo na região as mais destacadas vitórias aconteceram nos concelhos de Resende, Baião e Cinfães, onde os presidentes de câmara foram reeleitos com votações acima dos 60 por cento. Em Resende, António Borges foi reeleito pelo Partido Socialista (PS) com uma votação arrasadora: 68,9 por cento dos votos. O PSD (que nas autárquicas de 2005 concorreu em coligação com o CDS-PP obtendo 29,7 por cento dos votos) teve agora 26,4 por cento. José Luís Carneiro foi também reeleito presidente da câmara de Baião, tendo aumentado significativamente a votação de 2005. O PS obteve 66,8 por cento dos votos, um resultado muito expressivo que garantiu o reforço do executivo com um novo vereador (cinco vereadores socialistas para dois do PSD, que não foi além dos 29,2 por cento).
Um comunicado dos socialistas de Baião assinala que esta foi a “maior vitória de uma força política desde o 25 de Abril no município e uma das maiores a nível nacional nestas eleições”. O PS conquistou oito novas juntas de freguesia, ficando com 16 entre as 20 possíveis. Em Cinfães, o PS também aumentou a votação que tinha obtido em 2005 (de 57,6 para 60,8 por cento) e o presidente de câmara, Pereira Pinto, voltou a ser reeleito. Em Amarante o candidato do PS, Armindo Abreu, reconquistou por 759 votos a maioria absoluta que tinha conseguido nas eleições de 2001 e 2005. O socialista, que assumiu a presidência da câmara em 1995, em substituição de Francisco Assis, vai assim governar sem os constrangimentos da oposição a que foi sujeito no último mandato. Nas autárquicas de 2005 Armindo Abreu teve
como adversário Avelino Ferreira Torres (natural da freguesia de Rebordelo, Amarante), que tentava na terra natal destronar o socialista. Ao ter conseguido 27,6 por cento dos votos, Torres impediu a maioria, que agora foi recuperada por Armindo Abreu. Desta forma o autarca amarantino, à luz da Lei Eleitoral Autárquica, avança para o último mandato com quatro vereadores, além do presidente (cinco mandatos) contra os quatro vereadores do PSD que subiu de forma muito significativa a votação tendo passado de 25,6 para 44,5 por cento. No balanço eleitoral, o PS obteve 16 411 votos e o PSD liderado por José Luís Gaspar (que já tinha sido candidato em 2001), teve 15 652 votos, aumentando significativamente a votação, de 25,6 por cento para os actuais 44,6 por cento.
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Felgueiras e Castelo de Paiva têm novos presidentes Inácio Ribeiro destronou Fátima Felgueiras e Gonçalo Rocha destronou Paulo Teixeira Redacção | tamegapress@gmail.com
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s eleições autárquicas de 11 de Outubro deram dois novos presidentes de Câmara ao Vale do Sousa: Inácio Ribeiro (PSD/ CDS-PP) em Felgueiras e Gonçalo Rocha (PS) em Castelo de Paiva. No resto, os autarcas que já detinham o poder mantiveram-no uns reforçando-o, casos de Penafiel e Paredes e outros registaram perdas minimalistas, na circunstância, Paços de Ferreira (PSD) e Lousada (PS). Dos novos autarcas aquele que parece não ter que recear a contagem de votos por parte do tribunal é Inácio Ribeiro da Coligação PSDCDS. O social-democrata venceu a Câmara com 48,65%. Fátima Felgueiras com 25,71%, eleita vereadora na Oposição, afirmou peremptoriamente que não vai assumir o cargo de vereadora: “Era importante para Felgueiras que prosseguisse o projecto que tinha em marcha. Não foi essa a vontade dos felgueirenses. A minha disponibilidade era apenas a de prosseguir o projecto como presidente de Câmara. Como não foi essa a vontade dos felgueirenses e respeitando-a, o meu projecto termina aqui”, disse Fátima Felgueiras, aos jornalistas mal foram conhecidos os resultados finais. Inácio Ribeiro assume-se como um presidente contemporâneo. “O modelo que imperou esgotou. Seguramente que partir de hoje teremos o modelo democrático contemporâneo. O modelo que o povo comunga e quer, e que é, trabalhar em espírito de missão, que é, resolver os problemas dos nossos munícipes”, disse em tom triunfal o novo autarca de Felgueiras. Em Castelo de Paiva, o socialista Gonçalo Rocha, com 46,73% dos votos, conquistou a Câmara ao social-democrata, Paulo Teixeira (46,66% dos votos). Contas feitas, o jovem advogado, Gonçalo
Rocha venceu a Câmara por oito votos de diferença. Neste caso, em particular, a recontagem de votos, por parte do tribunal que decorrerá durante esta semana, é aguardada com expectativa. A diferença é mínima e o tribunal poderá ter uma soma de votos diferente da apurada no passado domingo, embora, não seja crível que tal aconteça. A experiencia diz-nos que os resultados apurados nas sucessivas recontagens nas mesas de voto, regra geral batem certo. Foi assim há quatro anos quando Paulo Teixeira venceu as eleições também por escassos votos. Mas nunca fiando…há pois que aguardar que o tribunal confirme os resultados. Em Penafiel, na noite da reeleição reforçada do social-democrata, Alberto Santos, a noticia, acabou por ser o desaire eleitoral da “promessa” socialista, Sousa Pinto. O candidato que é o director do Centro de Emprego de Penafiel teve pior resultado que o seu camarada, Nelson Correia, havia tido há quatro anos atrás. Sousa Pinto pelo PS obteve 29,68 por cento dos votos. “Houve uma disparidade de meios envolvidos, a coligação tem uma máquina de marketing que nós não temos. A isto se juntarmos alguma incapacidade comunicativa que terá falhado, resultou nesta percentagem. Estamos desapontamos mas a vida é mesmo a assim. Assumo o resultado. Dou os parabéns ao Dr. Alberto Santos. Ele vai governar e nós vamos fiscalizar”, disse Sousa Pinto, garantido que vai assumir a vereação e que não se esconde por detrás dos resultados. Do lado dos vencedores, Alberto Santos, obteve “o maior resultado de sempre numa eleição democrática para a Câmara” em Penafiel, como fez questão de sublinhar o reeleito presidente da autarquia local. A lista da coligação “Penafiel Quer PSD/CDS-pp”, teve a preferência de 64,26
Gonçalo Rocha conquistou a Câmara de Castelo de Paiva ao PSD por oito votos.
por cento dos votos expressos em urna, “um resultado histórico”, afirmou o eleito. São seis mandatos na Câmara contra três do PS. A Coligação reforçou a votação em todos os domínios. Ganhou 22 juntas de freguesia num total de 38 que dão corpo ao município, sendo que Pinheiro e Galegos são novidade e conquistou um deputado municipal, onde o mediático Lobo Xavier também foi reeleito presidente do órgão. Em Paredes, Celso Ferreira, foi reeleito com 57,81% dos votos. Celso Ferreira aguentouse face às fissuras que se abriram no PSD local ao longo do mandato que agora termina e derrotou copiosamente o socialista, Artur Penedos, o assessor de José Sócrates. O PS de Artur Penedos quedou-se pelos 26,54%. É a segunda vez que o socialista perde em Paredes umas eleições. Em Lousada, Jorge Magalhães, perdeu e ganhou…perdeu um vereador (de cinco passou para quatro), mas ganhou as eleições por maioria com 57,69%. A coligação “Lousada Viva- PSD CDS-PP”, que candidatou Leonel Vieira, obteve 37,63% dos votos, perdeu as eleições mas reforçou a votação o que lhe permitiu aumentar o número de vereadores, no caso, de dois para três. Em Paços de Ferreira, o social-democrata, Pedro Pinto, venceu por maioria com 52,36%. O PS que candidatou Humberto Brito obteve 41,55%. Os dois candidatos, durante a campanha eleitoral, travaram uma luta duríssima, que por vezes descambou para a acusação e insulto pessoal. Aliás, no único debate em que Humberto Brito acedeu participar frente ao seu opositor, Pedro Pinto, a gravação do programa por parte da Rádio Clube de Paços de Ferreira teve de parar tal era o nível da discussão.
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eleições autárquicas
Manuel Moreira derrota Ferreira Torres Maioria absoluta para o PSD em Marco de Canaveses Redacção com Lusa | tamegapress@gmail.com | Fotos Lusa
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nquanto a maioria falava de queda de um mito com abraços, bandeiras do ar e emoção, os outros conheciam o sabor da derrota, com tristeza e lamentos. As eleições no Marco de Canaveses ditaram a vitória da lista de Manuel Moreira, presidente de câmara reconduzido com maioria absoluta. Avelino Ferreira Torres foi o grande derrotado da noite das eleições e mandou segundo cabeça de cartaz declarar aos jornalistas que estava afónico e que não podia prestar declarações, nem aparecer na sede de campanha situada no centro comercial da cidade, que estava a começar a ser invadido pela onda laranja. Ninguém sabe ainda se o homem irá ocupar um dos dois lugares de vereação que conquistou nas urnas, mas Lindorfo Costa já deu uma certeza: ele não será vereador de oposição, deixando no entanto a indicação que o movimento não acabava dia 11 de Outubro. “Ferreira Torres está afónico, não pode estar presente. Talvez se tivesse ganho encontrava forças para vir aqui, mas agora temos que dar os parabéns aos vencedores”, disse aos jornalistas, Lindorfo Costa. Meia ora depois de serem conhecidos os resultados finais, que ditavam o segundo lugar ao mo-
vimento Marco Confiante com Ferreira Torres, a sede de campanha era fechada pelos apoiantes, que deixaram o protagonismo aos vencedores do PSD. Do outro lado da rua, na sede de campanha do PSD, o ambiente era quase histórico. Pessoas que se afirmam como não sendo do PSD entravam pelas instalações e abraçavam amigos e conhecidos com as mesas palavras: “Parece mentira. A democracia venceu no Marco. Conseguimos”, deixando claro que muitos festejavam mais a derrota de Avelino Ferreira Torres de que a vitoria de Manuel Moreira. Alias, Manuel Moreira fez questão de sublinhar que agradecia a todos os marcuenses, os votos que lhe concederam a maioria absoluta. “Espero que se tenha enterrado definitivamente o passado. Foi a vitória da liberdade e da democracia. É um dia de alegria e é um sinal de esperança, e confiança no futuro de que nós somos capazes de afirmar o futuro e de criar, com todos os marcoenses um concelho diferente, acima de tudo em liberdade. O Marco hoje perdeu o medo. O Marco hoje deu uma grande resposta de cidadania, de democracia e de liberdade”, lançou Manuel Moreira.
Em terceiro lugar e com um vereador eleito, Artur Melo do PS, assumiu a derrota mas atribuiu a derrota àquilo que apelidou de “voto útil pela negativa”. “O PS fez uma campanha positiva, com muita motivação. Falamos dos problemas concretos dos marcoenses mas na hora de voto, funcionou o voto útil pela negativa, entre PSD e Marco confiante. As pessoas não quiseram voltar ao passado e votaram PSD para não haver um regresso ao passado. O PS foi penalizado nesse sentido, mas vou para vereador e para representar a população.”, disse Artur Melo. Norberto Soares foi também uma das surpresas da noite eleitoral. Não conseguiu um lugar de vereação e por isso decidiu sair do tabuleiro político. “Houve um voto claro numa tentativa de evitar que Ferreira Torres regressasse. As pessoas votavam no candidato mais forte, pensando que votar em mim era um voto perdido, mas sinto-me realizado por ter cumprido o meu papel. Está na hora de afastar-me da vida politica”, disse Norberto Soares. A CDU de António Varela obteve cerca de dois porcento dos votos.
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eleições autárquicas
Mondim de Basto
PS desiste da candidatura a Ermelo depois da morte na assembleia de voto
Vila Real: PS ganha mais duas câmaras e pode empatar 7-7 com PSD O PS ganhou domingo mais duas câmaras no distrito de Vila Real, Mesão Frio e Sabrosa, e é o virtual vencedor de Mondim de Basto, podendo igualar o PSD no número de presidências de câmara, sete para cada partido. O presidente da Federação Distrital do PS de Vila Real, Rui Santos, anunciou uma “vitória estrondosa” do PS nas eleições autárquicas no distrito de Vila Real podendo passar de quatro presidências de câmara para as sete (Mondim ainda está à condição), igualando o PSD no número de câmaras. Em Mondim de Basto Humberto Cerqueira poderá vencer pela primeira vez as eleições para o PS neste concelho. E, em Sabrosa, José Marques conquistou a câmara para os socialistas depois de há quatro anos a ter vencido por uma lista de independentes. Em Mesão Frio Alberto Pereira, antigo militante do PSD e vice-presidente da autarquia, conse guiu ganhar a câmara a Marco Teixeira, que se recandidava pelo PSD a um sexto mandato à frente um cargo que já havia sido do seu pai. O PS manteve as câmaras de Montalegre (Fernando Rodrigues), Santa Marta de Penaguião (Francisco Ribeiro), Murça (João Teixeira) e Alijó (Artur Cascarejo). O PSD, por seu lado, reforçou o número de votos em concelhos como Boticas (Fernando Campos) e Peso da Régua (Nuno Gonçalves) e manteve as câmaras de Vila Pouca de Aguiar (Domingos Dias), Ribeira de Pena (Agostinho Pinto), Chaves (João Batista), Vila Real (Manuel Martins) e Valpaços (Francisco Tavares). Em Boticas o PSD conquistou os cinco mandatos na autarquia e a CDU ultrapassou o PS, transformando-se na segunda força partidária mais votada, conseguindo eleger dois deputados para a Assembleia Municipal. O PS, que teve que ir buscar um candidato à câmara ao concelho vizinho de Montalegre, conseguiu apenas 408 votos.
Redacção | tamegapress@gmail.com
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PS vai desistir da candidatura à Assembleia de Freguesia de Ermelo,Mondim de Basto, depois de, no domingo, o candidato socialista ter alegadamente assassinado o marido da adversária política ao cargo. O presidente da Federação Distrital do PS de Vila Real, Rui Santos, disse à Agência Lusa que o Partido Socialista decidiu desistir da candidatura à Assembleia de Freguesia, cujas eleições decorrem no próximo domingo. Pouco passava das 07h00 de domingo, quando o candidato socialista António Cunha se dirigiu à mesa de voto de Fervença, freguesia de Ermelo, e, segundo a GNR, disparou um tiro de caçadeira que atingiu mortalmente a vítima na cabeça. A vítima, Maxissimo Clemente, tinha 57 anos, era marido da presidente da Junta de Freguesia de Ermelo, Glória Nunes (PSD) e integrava também a lista social-democrata à Assembleia Municipal de Mondim de Basto. Fonte do PSD referiu que Glória Nunes mantém a sua recandidatura à presidência da junta daquela freguesia, encravada na serra do Alvão. “Dadas as circunstâncias decidimos que é melhor abandonarmos a candidatura à junta de fre-
guesia”, afirmou o responsável. Rui Santos aproveitou para fazer um apelo à população local para que vá votar, em liberdade e segurança, repudiando qualquer ameaça. No entanto, para evitar qualquer problema que possa surgir no próximo domingo, o socialista disse que vai ser pedido um reforço policial. A liderança na Câmara de Mondim de Basto ainda permanece em aberto, faltando precisamente apurar a freguesia de Ermelo, onde estão inscritos 935 eleitores. A diferença de votos entre o PS e o CDS-PP é de 417. De acordo com a Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI), quando estão apuradas oito freguesias, o PS vai à frente em Mondim de Basto com 39,8 por cento e 1.897 votos, mais 417 que o CDS-PP, que tem 31,05 por cento, Os socialistas já conseguiram eleger dois vereadores, enquanto os democratas-cristãos um, faltando ainda a eleição de um autarca. O presumível homicida, que abandonou a arma do crime e a viatura no Peso da Régua, continua a monte, estando a ser procurado pela Polícia Judiciária e GNR.
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Autarcas da região reforçaram posições Coutinho Ribeiro comenta resultado das eleições no Marco Para Coutinho Ribeiro, advogado, excandidato do PSD às autárquicas de 2001 derrotado por Avelino Ferreira Torres, e mandatário da candidatura de Manuel Moreira, o resultado das eleições “foi uma vitória da liberdade, da democracia, das mãos limpas, contra 23 anos de um poder carregado de trapalhadas e de pontos obscuros”. Coutinho Ribeiro considera que estas eleições autárquicas marcam “o regresso à normalidade. O Marco de Canaveses passa a ser uma terra normal, como qualquer outra, com futuro. Fica reabilitado o orgulho de ser marcuense”. O resultado das eleições significa também “a morte política dos dois [Ferreira Torres e Lindorfo Costa]. Fico muito satisfeito por isso.” Coutinho Ribeiro considera que os dois políticos agora eleitos vereadores pelo Movimento Marco de Verdade com Ferreira Torres “no início governaram bem, nos primeiros anos em que estiveram na câmara, mas depressa perderam isso e começaram a confundir o que era público e privado”. Na sexta-feira, “quando cheguei ao comício disse que o resultado seria 4-2-1, só não sabia se o 1 seria Artur Melo ou Norberto Soares. Sentia-se o crescendo, muito entusiasmo, a galvanização e a vontade grande de as pessoas penalizarem Ferreira Torres”.
As autarquias do Baixo Tâmega e os dois municípios de Viseu que integram o mesmo espaço subregional – Cinfães e Resende – renovaram a confiança nos seus autarcas e nos partidos que representam. A única alteração entre os presidentes de Câmara ocorreu em Celorico de Basto, onde Joaquim Mota e Silva sucedeu a seu pai, Albertino Mota e Silva, ambos do PSD. As eleições mais disputadas ocorreram em Marco de Canaveses e Amarante. No primeiro caso, Manuel Moreira (PSD) renovou a maioria absoluta, com 43,11% dos votos e quatro eleitos, derrotando nas urnas Avelino Ferreira Torres (29,7% e dois vereadores), que se apresentava numa lista independente e cuja elegibilidade chegou a ser posta em causa pelo Tribunal local. Após o Tribunal Constitucional ter validado a sua presença nas eleições, Ferreira Torres sonhou com a vitória mas mostrouse incapaz de reunir os apoios suficientes para conquistar de novo um município que governou de 1982 até 2005, sob a bandeira do CDSPP. Manuel Moreira saiu vitorioso de um combate que envolveu ainda Artur Melo (12,94%), eleito vereador com um dos piores resultados de sempre do PS, e Norberto Soares (10,46%), o candidato independente que falhou a eleição como vereador depois de ter sido vice-presidente de Ferreira Torres e candidato do CDSPP nas eleições anteriores, nas quais registara mais de 30% dos votos. A vitória do PSD em Marco de Canaveses deverá ter terminado com a carreira política de Avelino Ferreira Torres. Derrotado em Amarante em 2005, Torres apostou no regresso a Marco de Canaveses sedento de poder, mas os marcoenses souberam dar-lhe a resposta merecida. Em Amarante, ultrapassado o “fenómeno” que baralhou as eleições anteriores, PS e PSD envolveram-se num mano a mano até à última contagem. Armindo Abreu deu a vitória ao PS com 46,66% dos votos, contra os 44,5% de José Luís Gaspar (PSD). Uma diferença de apenas 759 votos que resultou numa maioria absoluta no executivo. Quatro eleitos para o PS e três para o PSD. José Luís Gaspar repetiu o bom resultado de 2001 e Armindo Abreu mostrou que não o podem subestimar, mesmo depois de um mandato extraordinariamente difícil, em que se viu em minoria e rodeado de vereadores aposta-
dos em fazer-lhe a vida negra. Amarante continua fiel ao PS desde 1989. Em Baião, José Luís Carneiro, um dos jovens autarcas mais emblemáticos do PS, reforçou a sua maioria absoluta, atingindo 66,84% dos votos e elegendo mais um vereador. O PSD, com José Carlos Póvoas, antigo deputado e vereador da Câmara do Porto, não conseguiu fazer frente à avalanche socialista e ficou reduzido a dois vereadores. O desafio que se coloca a José Luís Carneiro é gerir a autarquia com o pensamento no futuro, pensando na sua sucessão a médio prazo, uma vez que é unânime a opinião de que lhe estão reservados voos mais elevados na política nacional. Em Cinfães e Resende, no distrito de Viseu, o PS teve duas retumbantes vitórias, já aguardadas. Em Resende, António Borges atingiu 68,97% dos votos e cinco mandatos, contra os 26,46% do PSD, com dois mandatos. Em Cinfães, Pereira Pinto aumentou a sua vantagem sobre o PSD, alcançando 60,85% dos votos e elegendo mais um vereador. Os sociais-democratas ficaram-se pelos 26,56% e dois mandatos na Câmara Municipal. Por último, em Celorico de Basto, no distrito de Braga, aconteceu a sucessão familiar dentro do mesmo partido. O histórico Albertino Mota e Silva cedeu o lugar na candidatura à presidência da Câmara a Joaquim Mota e Silva, seu filho, e concorreu à Assembleia Municipal. Ambos venceram por larga margem. Joaquim Mota e Silva alcançou 51,16% dos votos e manteve os cinco mandatos, contra os 42,89% e dois vereadores do PS. As eleições do passado dia 11 de Outubro demonstraram mais uma vez que os autarcas em funções dispõem de grande vantagem sobre quem lhes disputa o lugar. As populações confiam no seu trabalho e tendem a renovarlhes a confiança. Contudo, também dão sinais de clarividência ao travar nas urnas o populismo desenfreado, impedindo a recompensa dos que já provaram ser maus gestores do interesse e dos dinheiros públicos. Fizeram-no em Amarante, em 2005, e em Marco de Canaveses, em 2009. José Carlos Pereira Gestor
Membro da Assembleia Municipal cessante de Marco de Canaveses e da Assembleia Intermunicipal do Tâmega e Sousa
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eleições autárquicas
Bragança
PS ganha mais duas câmaras, mulheres e independentes destacam-se Berta Nunes venceu em Alfândega da Fé e tornou-se na primeira mulher a liderar uma câmara no Nordeste Transmontano Redacção | tamegapress@gmail.com
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Partido Socialista conquistou duas câmaras ao PSD no distrito de Bragança numa noite eleitoral marcada pela eleição da primeira mulher presidente e pela ascensão das candidaturas independentes. Num panorama autárquico sempre dominado por homens, Berta Nunes tornou-se na primeira mulher eleita no Nordeste Transmontano, conquistando Alfândega da Fé ao PSD, que concorreu coligado com o CDS-PP, mas ficou a 402 votos da vencedora. O PS ganhou também em Miranda do Douro com Artur Nunes, economista e presidente da associação comercial local, a conquistar a autarquia social democrata. O PS manteve as quatro câmaras que detinha Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo, Vi-
nhais e Vila Flor - e ganha duas, somando seis dos doze municípios do Distrito de Bragança. O PSD perdeu duas autarquias, nas quais os actuais presidentes Manuel Rodrigo (Miranda do Douro) e João Carlos Figueiredo (Alfândega da Fé) não se recandidataram - e em Carrazeda de Ansiães teve de discutir taco a taco. Em Carrazeda de Ansiães o social-democrata Eugénio de Castro decidiu afastar-se depois de 20 anos e Olímpia Candeias zangou-se com o PSD por não ter sido a escolhida, tendo avançado como independente à Câmara e ficado a apenas 67 votos do PSD, que perdeu a maioria, ficando com dois eleitos, tantos como a candidata independente. O restante vereador ficou para o PS. Em Bragança o autarca social democrata, Jorge Nunes, foi reeleito, mas perdeu votos e mandatos. Quem sobressaiu foi o independente Hum-
berto Rocha, um socialista que decidiu avançar sozinho e foi eleito vereador, tendo conquistado pelo menos duas juntas de freguesia. Nos restantes municípios a generalidade dos presidentes reeleitos reforçaram a votação, com o socialista Américo Pereira a conseguir quase 70 por cento dos votos em Vinhais e a ganhar em todas as freguesias do concelho. Também em Freixo de Espada à Cinta outro socialista, José Santos, fez o “pleno”, com o partido a vencer nas seis freguesias do concelho mais pequeno do distrito. Em Mirandela José Silvano manteve o bastião PSD com quatro eleitos, mas a candidata socialista Júlia Rodrigues reforçou a posição do partido elegendo dois vereadores. Já o CDS-PP perdeu terreno no concelho com maior expressão do partido, passando de três para um vereador.
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sociedade
Plano de concentração de corporações desagrada a bombeiros Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com
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“A curto ou a médio prazo é impossível criar esses agrupamentos, mas a porta não está fechada.”
ncentivar as corporações de bombeiros de um mesmo concelho a formarem um agrupamento, com um comando concelhio único, está na agenda do governo. Em meados deste ano, o secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, desafiou os bombeiros voluntários a adoptarem um novo modelo de gestão integrada de meios de socorro, formando agrupamentos de bombeiros quando existirem várias corporações no mesmo concelho. Esta nova figura encontra resistências em diversos responsáveis de bombeiros, que falam em perda de identidade. Na opinião do presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto, agrupar bombeiros de várias localidades sobre o mesmo nome e comando é, a curto e médio prazo, “impossível”. No Tâmega e Sousa, existem várias associações de bombeiros instaladas no mesmo concelho. Paredes bate o recorde com cinco corporações, Penafiel tem três e a maioria dos concelhos regista duas. Em Paredes, existem bombeiros instalados na cidade, em Baltar, Cête, Lordelo e Rebordosa. Em
Penafiel, além da corporação da sede de concelho, existem corpos de bombeiros em Entre-os-Rios e Paço de Sousa. Amarante e Vila Meã são as duas corporações da terra de Amadeu de Sousa Cardoso. Baião também tem duas, na vila e em Santa Marinha do Zêzere. O mesmo número em Felgueiras, distribuídas pelas cidades de Felgueiras e Lixa. Outros casos no mesmo concelho: Paços de Ferreira e Freamunde, Cinfães e Nespereira. Apenas Marco de Canaveses, Castelo de Paiva, Lousada, Resende e Celorico de Basto tem um único corpo de bombeiros. No caso do Marco, a corporação foi criando secções avançadas, distribuídas pelo concelho, o que tornou desnecessária a criação de outros corpos de bombeiros. O Secretário de Estado adiantou que já existe legislação que prevê a criação de agrupamentos de corpos de bombeiros. “Havendo concelhos onde há três, quatro ou cinco corporações de bombeiros é necessário que comecem a pensar em conjunto sem perder a identidade”, defendeu.
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Federação em números 18 concelhos 45 corporações de voluntários 2 profissionais 2 privativas 4 anos de existência 80 mil euros de orçamento
Federação do Porto discorda José Miranda, presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto, concorda que nos casos de emergência deve existir um comandante municipal, que coordena as acções no teatro das operações, mas defende que apenas o comandante de cada corporação deve orientar os seus bombeiros. “Em caso de emergência, funcionamos em termos de subsidiariedade. Isto é, quando temos uma catástrofe, são accionados os meios mais próximos do local e depois em forma de espiral, são chamadas as outras corporações. O sistema tem funcionado perfeitamente”, explicou, em entrevista ao RM. Relativamente ao agrupamento de bombeiros desejado pelo governo, no sentido de poupar meios e concentrar a administração dos corpos de bombeiros, José Miranda não fecha a porta à ideia, mas acredita que este projecto “não pode ser cons-
truído de um dia para o outro”. “A curto ou a médio prazo é impossível criar esses agrupamentos, mas a porta não está fechada. Temos de conversar sobre a aplicação concreta deste projecto e ver como poderia resultar. Mas todas as mudanças nos corpos de bombeiros têm de partir de baixo, da base, e não de cima. No Marco de Canaveses, foi a própria corporação que cresceu com secções avançadas. Pedir a outras que se apaguem para dar lugar a uma grande, com um único comando é, para já, muito complicado”, explicou o presidente da Federação. José Miranda adiantou ao RM que estão a surgir, ao nível concelhio, acordos entre corpos de bombeiros para que tratem conjuntamente as suas questões com o poder municipal autárquico. “É impossível ter vários corpos de bombeiros, que nasceram consoante as necessidade que as histórias locais impuseram, e que têm as suas identidade próprias, a fundirem-se de um momento para o outro. Vai contra a nossa génese. Deve-
mos manter as nossas individualidades porque é reforçando a individualidade que damos força ao colectivo”, afirmou o dirigente distrital. José Miranda acredita que é ao nível dos transportes de doentes que os bombeiros precisam de investir numa melhor gestão dos meios. “A Federação do Distrito do Porto está a fazer um estudo no sentido de optimizar esse serviço, para ter menos custos. Temos um grupo de trabalho com representantes de algumas associações e já estamos em negociações com uma universidade para apresentar um plano informático”, anunciou ao RM. Exemplificou que se houver uma ambulância a sair de Baião para um hospital do Porto com um doente e se em Marco de Canaveses existirem três doentes para o mesmo destino a viatura de Baião também poderá transportar aqueles utentes, diminuindo-se com essa medida de gestão o custo do transporte quer para as corporações de bombeiros quer para as população que servem.
DIVERGÊNCIAS José Morais
Luís Neves
Jorge Rocha
(Comandante dos Bombeiros de Paredes)
(Comandante dos Bombeiros de Entre-os-Rios)
(Comandante dos Bombeiros de Amarante)
“Poderão existir eventuais acordos pontuais. Vejo isso como uma possibilidade futura. Acredito que o futuro passe por aí, mas não a curto prazo. Ainda não existe maturidade suficiente e há sempre reticências à mudança. Mas acredito que ainda seja prematuro”.
“Vai empobrecer o voluntariado porque irá acabar com a identidade e com a proximidade que cada comandante tem com os seus homens. Desconheço esse incentivo do Governo, mas não pode haver um comando à distância porque os bombeiros estão de alma e coração para defender as suas terras”.
“Sou totalmente a favor. Ter um único comando operacional ao nível do município seria mais fácil. Havia uniformização dos critérios e a informação e a coordenação sairiam reforçadas. Todos os corpos de bombeiros trabalhavam da mesma forma o que podia proporcionar uma melhor repartição dos meios”.
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sociedade
Póquer é o jogo da moda Jogadores preferem partidas entre amigos aos jogos online Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com
S
ó há pouco tempo o jogo do póquer começou a democratizar-se em Portugal, mas o certo é que está a ganhar cada vez mais adeptos. Antes, os grupos de amigos, que gostam de jogar cartas com a componente do dinheiro vivo, reuníam-se à noite para jogar à lerpa, mas agora é o póquer que reúne o consenso. Os apostadores, que reconhecem ser um jogo viciante, são de várias faixas etárias e classes sociais. Para jogar precisam apenas de fichas e um baralho de cartas, mas todos adoptam o tapete verde “à casino” e também as bebidas e café para aguentar as longas horas de jogo. “No último fim-de-semana, estivemos cerca de cinco horas na mesa de jogo, em casa de um amigo em Penafiel. No ganha ali, perde acolá, realizei cerca de 150 euros. Não é muito, mas para apenas uma noite de “trabalho” é muito bom”, explicou ao Repórter do Marão, Nuno Neves, assistente administrativo em Penafiel, numa empresa de contabilidade, que prefere, tal como os outros jogadores, não ser fotografado. “Eu até sou solteiro mas os restantes são casados e não querem ter problemas em casa por causa do jogo”, argumentou o
jogador, de 32 anos, que participa em várias mesas de jogo entre amigos, em Penafiel, Paredes e Lousada. A partida de Texas Old’em, uma das variantes mais populares do póquer, que se joga com cinco cartas descobertas em cima da mesa e mais duas nas mãos dos jogadores, começou cedo: 20h30. “Há partidas que começam muito tarde, mas eu prefiro mais cedo porque a minha família não sabe deste passatempo. Jogo uma vez por semana e não pesa muito no meu orçamento. Trago sempre 150 euros que trocamos por fichas e no final fazemos as contas. No nosso meio nunca dá para perder mais do que isso mas dá para ganhar 500 ou 600 euros durante uma noite. Os valores nunca são muito altos porque jogamos entre amigos”, garantiu ao Repórter do Marão, um empresário da construção civil que preferiu manter o anonimato. Quando se pergunta aos jogadores como começaram a enveredar pelo caminho do póquer, todos citam os jogos ditos tradicionais dos cafés, dos quais se fartaram. “Comecei a jogar ao sobe e desce ou à lerpa, mas são jogos muito virados para a sorte. Isto é, ou temos jogo e ganhamos ou perdemos. O póquer é mais interessante,
uma vez que podemos fazer jogo psicológico ou bluff ”, disse ao RM Carlos Ferreira, de Paredes, que também participa em partidas de póquer na internet. No jogo online, o actual líder é o poker stars, o maior site de apostas de póquer no mundo. São mais de oito milhões de jogadores dos mais diversos países que jogam nas mais variadas categorias: desde o dinheiro fictício até às mesas de dinheiro a sério, com apostas que podem ir dos cêntimos até a alguns milhares de euros. “Na internet é mais difícil porque nunca sabemos se estamos numa mesa virtual em que há vários amigos a jogar em parceria para depois dividir os lucros. No online, é sempre incerto. Entre amigos, cara à cara, sabemos com quem lidamos e é mais transparente”, concluiu Nuno Neves.
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Os lucrativos “moinhos de vento” Bem mais produtivos do que os artesanais engenhos que serviam para moer o grão, enfeitam cada vez mais a paisagem dos montes e serras
Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com
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as cumeadas das serras do Marão e do Montemuro as torres eólicas fazem lembrar “moinhos de vento” de aparência estranha. Numa paisagem natural pouco humanizada, os aerogeradores ou torres eólicas começaram a ser instalados há uma década e tornaram-se numa importante e inquestionável fonte de rendimento. O impacto visual é notório, tal como são óbvios os benefícios económicos para as populações onde os parques foram implantados. Na freguesia de Teixeira, Baião, nos parques eólicos de Penedo Ruivo e de Seixinhos funcionam 17 aerogeradores numa área com cerca de 300 hectares. As torres eólicas rendem anualmente à Junta de Freguesia de Teixeira 25 mil euros. Se a este valor se somar o que rendem as antenas de telemóveis e de televisão instaladas no alto da Senhora da Serra, a Junta de Teixeira arrecada por ano 40 mil euros, mais o dinheiro que que recebe directamente do Estado. O presidente da junta, António Magalhães afirma que se trata de “uma receita importante” e que essas verbas “são gastas na freguesia” que tem cerca de 1300 habitantes. A Junta tem “quatro funcionários a trabalhar diariamente” e comprou uma carrinha de nove lugares onde são transportadas gratuitamente as crianças do jardim-de-infância. Foi construída uma piscina e há alguns anos foram melhorados os acessos à capela mortuária. O dinheiro das rendas é posto “ao serviço da população”, diz o presidente da junta. Questionado sobre o impacto negativo dos parques, António Magalhães é peremptório: “Nenhum. Absolutamente nenhum”. “Se assim não fosse, o Ministério do Ambiente não os licenciava”, considera. E lembra que foram tomadas medidas de protecção de espécies como a águia real e a águia-deasa-redonda. Quando os primeiros aerogeradores começaram a funcionar, recorda o autarca, houve reacções de pessoas de freguesias vizinhas (do concelho de Amarante), que se queixavam de barulho e de interferências nas emissões televisivas. Mas António Magalhães diz
que essas reacções aconteciam “por despeito e para ver se de facto [essas pessoas] iam buscar algum benefício”.
Renda das eólicas paga sapadores no Marão O dinheiro que recebe dos três parques eólicos (cerca de 25 mil euros por ano), permite ao Conselho Directivo dos Baldios de Ansiães manter “em permanência”, desde 2000, uma equipa de cinco sapadores florestais. “Foi criada logo que saiu a lei”, explica Arménio Miranda, presidente do Conselho Directivo. Os salários são pagos “atempadamente” e o Conselho Directivo está a ponderar adquirir uma segunda viatura para os sapadores. Com um orçamento anual que ronda os 65 mil euros, a equipa recebe do Estado uma subvenção de 35 mil euros. Beneficiação de caminhos, projectos de reflorestação, limpezas florestais, além do combate aos incêndios, estão entre os trabalhos a cargo dos cinco homens que trabalham todo o ano numa área com cerca de 2.500 hectares de terrenos baldios, a maior do concelho de Amarante. Num dos parques, “meia torre é da Campeã”, cuja junta de freguesia tem direito a metade do dinheiro que a empresa paga por ano por aquele aerogerador.
“As torres eólicas rendem anualmente à Junta de Freguesia de Teixeira 25 mil euros.”
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Cinfães tem quase uma centena de aerogeradores No concelho de Cinfães, os primeiros aerogeradores começaram a funcionar em 1999. Actualmente existe quase uma centena de torres eólicas em dez parques situados nas freguesias de Alhões, Tendais, Gralheira, Nespereira e Cinfães. Alguns destes parques estão em zonas de fronteira com freguesias dos concelhos de Arouca e Castro Daire e nesses casos o dinheiro das rendas pago pelas empresas que exploram os parques é dividido. Para o presidente da câmara de Cinfães, Pereira Pinto, os resultados da implantação dos parques são “positivos”. Em que aspectos? O autarca dá como exemplo a requalificação de uma estrada com cerca de seis quilómetros que tinha ficado em mau estado após a construção de um parque eólico e onde a empresa gastou “cerca de 500 mil euros”. Por ano, a câmara recebe 2,5% da facturação da energia produzida nos parques, o que corresponde a “largas dezenas de milhares de euros”. E há também os “benefícios” que resultam dos protocolos entre as empresas, a câmara e instituições de solidariedade social. Para os proprietários dos terrenos onde foram instaladas as torres, as rendas que recebem são “um complemento”, sobretudo para quem recebe pensões baixas, lembra o presidente da Câmara. “Há quem receba 500 euros, outros 250”, valores que dependem do número de aerogeradores instalados nos terrenos, explica o autarca. O presidente da Câmara de Cinfães diz que houve o cuidado de que as torres eólicas “não ficassem muito juntas” de modo a diminuírem o impacto visual. “Eu até nem desgosto de os ver [os aerogeradores] a trabalhar”, conta o autarca, salientando que “é muito mais negativo” o impacto das linhas de alta tensão que atravessam o concelho de Cinfães, vindas da barragem do Carrapatelo, pelas quais “não recebemos absolutamente nada” da EDP.
Montalegre vai receber renda mensal de 50 mil euros Os novos moinhos de vento, bem mais produtivos do que os artesanais engenhos que serviam para moer o grão, enfeitam cada vez mais a paisagem dos montes e serras do norte do país. E começam a ser uma apetecível fonte de receita para as respectivas autarquias, sejam câmaras municipais ou juntas de freguesia. É o caso da câmara de Montalegre que anunciou recentemente que vai receber 860 mil euros de contrapartida imediata pela construção dos parques eólicos no concelho. A verba, que o presidente da câmara, Fernando Rodrigues, diz ser “muito importante para as finanças locais e para o futuro do concelho”, foi negociada com a ENEOP, empresa proprietária dos parques. Segundo a autarquia, a empresa Empreendimentos Hidroeléctricos do Alto Tâmega e Barroso, SA (na qual participam as autarquias do Alto Tâmega) passa a deter uma participação de 20% no capital social da ENEOP e logo que os parques entrem em funcionamento, a Câmara de Montalegre irá receber 50 mil euros por mês, valor que resulta de 2,5 por cento de facturação.
O que é a energia eólica? A energia eólica é o processo pelo qual o vento é utilizado para produzir energia mecânica ou energia eléctrica. As turbinas eólicas convertem a energia cinética do vento em energia mecânica. Esta energia mecânica pode ser utilizada para muitas actividades (moer grão, bombear água) ou para alimentar um gerador que a transforma em energia eléctrica que pode ser injectada na rede e distribuída ao consumidor. A energia eólica também pode ter uma aplicação descentralizada, ou seja, utilizada apenas para fornecer electricidade num determinado local situado longe da rede eléctrica de distribuição aos consumidores. Fonte: Direcção-Geral de Energia e Geologia
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entrevista
Incêndios triplicaram no distrito do Porto Comandante do CDOS sugere coimas para comportamentos de risco Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com
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Porque começam tantos incêndios às três da manhã?” Esta é uma pergunta para a qual o coronel José Teixeira Leite, comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) do Porto, não tem resposta tal como não tem explicação para o facto de apenas dois por cento dos incêndios serem derivados de causas naturais. A mão do homem está implícita nas restantes, seja propositadamente ou por negligência; uma situação que Teixeira Leite defende que devia ser fortemente reprimida. Facto é que este ano o número de fogos triplicou no distrito do Porto, chegando a uma média de 23 incêndios por dia. E os meios não são infinitos. A chamada época de incêndios já terminou e desde o início do ano que no distrito do Porto se contabilizaram mais de 6.300 fogos; um número bastante superior aos cerca de 2.100 no mesmo período de 2008. Ainda que se atribua (erradamente) o número de fogos às elevadas temperaturas, importa salientar que “o calor por si só não provoca incêndios” sendo necessária “uma ignição que pode ser de origem humana ou natural”, como explicou o comandante operacional Teixeira Leite em entrevista ao Repórter do Marão. Causas naturais são poucas e este ano não houve as chamadas trovoadas secas. Então porque triplicou o número de ignições no Porto, com fogos que começaram de madrugada? “Aconteceu alguma coisa e alguém tem de es-
tudar”, afirmou o coronel já condecorado com medalhas de mérito e dez louvores. De acordo com o comandante, o distrito do Porto tem ainda outra “particularidade” já que representa “entre 25 a 30 por cento dos totais nacionais de ignições” pelo que se pode retirar daqui que em 2009 já deflagraram mais de 20 mil fogos em Portugal. No distrito do Porto, os mais de seis mil incêndios levaram a que as 45 corporações existentes fossem accionadas 10.300 vezes e que no total interviessem mais de 54 mil bombeiros. Teixeira Leite sustenta que o distrito apresenta algumas dificuldades no combate às chamas por existir uma forte ligação entre o que é urbano e o que é florestal, havendo habitações em zonas de floresta. “Torna-se complicado combater o incêndio porque primeiro temos que nos preocupar em salvar pessoas e bens”, frisou. Sensibilizar e reprimir “O problema dos incêndios florestais resolvese diminuindo as ignições, não é falando de mais ou menos combate. Os meios que existem são suficientes”, destacou o oficial de Estado-Maior, desde Março de 2006 no CDOS do Porto. Mas para diminuir as ignições é necessário que se reduzam os comportamentos de risco e os actos criminosos ou negligentes. Nesse sentido, o coronel defende que devem se tomadas duas medidas: sensibilização; fiscalização e repressão. Não só os chamados
grupos de risco devem ser alvo de sensibilização directa como os mais jovens devem ser sensibilizados para que o comportamento da sociedade se altere a médio/ longo prazo. Mais que isso, devese “reprimir quem tem comportamentos de risco” como queimadas ou fogueiras em locais proibidos e sem condições de segurança. O comandante sugere pois que haja aplicação de coimas e que “as pessoas que fossem apanhadas a ter comportamentos de risco pagavam de imediato a multa, à semelhança do que acontece nas estradas portuguesas”.
No Porto destacam-se duas faixas de maior risco de incêndio: uma faixa central (Trofa, Santo Tirso, Gondomar e Valongo) e uma faixa interior (Baião, Amarante e Marco de Canaveses).
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CDOS do Porto tem plano de contingência para gripe A Em caso de pandemia serão accionados meios para garantir serviços indispensáveis
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Comando Distrital de Operações de Socorro do Porto tem um plano de contingência em caso de pandemia de gripe A (H1N1). O comandante Teixeira Leite garante que serão então accionados todos os meios para apoiar as estruturas do distrito para que não entrem em colapso. O pior cenário é a simultaneidade de doentes num determinado serviço. No caso do CDOS, todo o edifício pode até encerrar, estando previsto um veículo de comunicações móvel que sirva de sala de operações Neste momento o CDOS recebe diariamente informações dos bombeiros sobre o ponto de situação. Está também a ser difundido um plano tipo para todos os estabelecimentos de ensino do distrito “para sistematizar o melhor procedimento a adoptar em caso de pandemia”, explicou o coronel de infantaria. Se a situação agravar há certos serviços que têm obrigatoriamente que continuar a funcionar, como a recolha de lixo e o abastecimento de água. “Temos meios pré-definidos e procedimentos para que se algum serviço for afectado, haja reforço por outro. Pode haver mesmo fluxo de meios a nível inter-municipal”, sublinhou.
O comando
O CDOS do Porto faz parte de uma estrutura nacional de 18 comandos distritais que dependem do comando central de Lisboa. No Porto a organização divide-se em: área para sensibilização pública; área de planeamento da segurança contra incêndios e sala de operações. Esta última tem um funcionamento permanente e acompanha todo o movimento da área de protecção e socorro do distrito. “Estamos ligados permanentemente aos bombeiros, serviços municipais de protecção civil e infra-estruturas mais relevantes do distrito como Petrogal, aeroporto, Metro do Porto, hospitais de referência, INEM e 113”, referiu Teixeira Lopes.
CDOS preparou um plano de contingência para o evento ‘Red Bull’ em que o pior cenário era a queda de um avião sobre a multidão
Na noite de S. João, no Porto, os meios agilizamse para controlar a queda dos tradicionais balões antes de caírem e se incendiarem.
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economia
Central de biomassa vai ser instalada junto ao nó da A7 Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com
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central de biomassa florestal de Cabeceiras de Basto, que vai servir 21 concelhos da região Norte, vai ser instalada na Zona Industrial de Vila Nune, próximo do Nó de Basto da A7. O terreno, com a área de 56.800 m2, foi vendido pela câmara de Cabeceiras à EDP- Produção Bioeléctrica, SA. Ao que o Repórter do Marão apurou junto do Gabinete de Comunicação e Marketing da EDP, prevê-se que a construção da central demore “cerca de 2 anos”, mas ainda não é certo quando é que as obras vão ter início. “De momento decorre o concurso para fornecimento do equipamento com a respectiva análise de propostas. A data de adjudicação dos trabalhos e de início de construção está dependente da conclusão desta análise, ainda não finalizada, e da consequente rentabilidade que se obtiver para o projecto”, disse fonte do Ga-
binete. Na semana passada, na Câmara de Viseu, foi assinada a escritura de aquisição de terrenos destinados à construção da central de biomassa, um investimento estimado em 15 milhões de euros do consórcio liderado pela Nutroton Energias. Situados no parque industrial de Coimbrões, freguesia de S. João de Lourosa, os terrenos custaram mais de 61 mil euros. A obra deverá ser lançada a concurso em 2010 e estar pronta em 2012. Em declarações à Lusa, o administrador executivo da Nutroton Energias, Marques Mendes, afirmou que há ainda “seis meses pela frente para um conjunto alargado de burocracia, de licenciamento”, com a Direcção-Geral de Energia e Geologia, lamentando que o processo de concretização seja “muito lento”. Das 15 centrais de biomassa anunciadas pelo
Governo em 2006 apenas uma está em construção. Actualmente estão em funcionamento as centrais de biomassa florestal localizadas em Mortágua e em Vila Velha de Ródão. O Governo atribuiu à EDP- Produção Bioeléctrica, SA cinco novas licenças destinadas a reforçar a central de Mortágua e à construção de novas unidades em Cabeceiras de Basto, Gondomar, Oleiros e Monchique que permitirão acrescentar mais 57 MW à potência instalada em Portugal. A futura central de biomassa de Cabeceiras de Basto terá uma capacidade de 11 MBA, 10 % maior do que a central instalada em Mortágua, o que significa que pode produzir por ano cerca de 75 GWH de electricidade, o suficiente para abastecer uma comunidade de 50 a 60 mil pessoas.
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amarante
Misericórdia de Amarante Quatro séculos a apoiar os necessitados Helena Carvalho | hcarvalho.tamegapress@gmail.com
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o serviço dos mais necessitados há quatro séculos, a Santa Casa da Misericórdia de Amarante (SCMA) tem hoje mais do que nunca o seu trabalho legitimado. Se, na sua remota origem, o empenho residia na protecção de pobres, doentes e peregrinos, hoje, fruto de mudanças sociais e económicas de natureza ímpar, outros necessitados carecem da sua bem-aventurada ajuda. O actual Provedor, José Augusto da Silva Silveira (está já no 2.º mandato, tendo desempenhado a função de Vice-Provedor de 2000 a 2005), revela um vasto conhecimento de alguns momentos da história da Instituição. “Podem apontar-se como percursoras da Santa Casa a Albergaria do Covelo e a Gafaria de S. Lázaro, instituições que praticavam a caridade, uma destinada ao albergue de pobres e dos muitos peregrinos que por esta terra passavam, e a outra destinada a acolher doentes incuráveis, tal como, à época, os leprosos. A primeira situava-se na actual Rua 31 de Janeiro, e a Gafaria, fora do centro, perto de um ribeiro – condições para que os doentes ficassem isolados. Estas duas Instituições remontam à Idade Média e passaram para a Administração da SCMA”, assinala o provedor. Da sua história constam outras transferências, legados e heranças várias que foram, através dos tempos, ajudando a aumentar o património e a suportar os custos impostos pela acção benemérita praticada. Importante papel na gestão dos assuntos relacionados com a caridade teve, e continua a ter, o cargo de Provedor que, ontem como hoje, necessita de possuir uma grande capacidade de altruísmo, não fosse a função exigente e a remuneração inexistente. A não retribuição pelo serviço prestado consta do “Compromisso”, instrumento peculiar que, à semelhança da função de uns quaisquer estatutos, regula o funcionamento e administração de qualquer Santa Casa da Misericórdia. A Santa Casa da Misericórdia de Amaran-
te, que trabalha de forma consistente para satisfazer as necessidades de um núcleo específico da população – 3.ª idade (possui também uma unidade com público-alvo diferenciado) e doentes do foro psiquiátrico (no Queimado, que absorveu os doentes de Travanca), área em que conta com a colaboração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS). Nos dois Lares em funcionamento, o Lar Conselheiro António Cândido (47 camas) recentemente centenário e a Estância Nossa Senhora da Piedade (69 quartos), mais moderna, a preocupação com os idosos é uma constante e não se limita ao fornecimento de alimentação, cuidados de higiene e de saúde. Têm salão de barbeiro e cabeleireiro, ginásio, capela, biblioteca e actividades que promovem a interacção entre utentes dos dois lares, onde a ocupação sadia é um objectivo. Nesta última unidade existem quatro tipos de internamento – com aluguer vitalício da habitação; ao abrigo do protocolo com a Segurança Social (SS); em quarto duplo, com pagamento total dos serviços, sem subsídio da SS e por último uma Unidade de Apoio Integrado, com internamento até um mês, com supervisão de uma equipa do Centro de Saúde de Amarante. Existem também três quartos em que o internamento pode ir de 3 dias a 3 meses, que tem como destinatários, por exemplo, acamados, cujos cuidadores precisam de descansar. O apoio domiciliário é outra valência de grande utilidade e ampara 15 pessoas, distribuídas pelas freguesias de S. Gonçalo, Cepelos, Madalena, Gatão (parte) e Padronelo (parte) que, no conforto do seu lar e a preços simbólicos, contam com refeições cozinhadas, tratamento de roupas e limpeza da habitação e, em alguns casos, pequenas compras. Segundo o provedor, esta é uma das áreas que se pretende seja alargada a mais beneficiários.
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Cuidados continuados são a próxima etapa
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impulso de novas realizações leva a que se procure formas de colmatar as deficiências encontradas, e a área da saúde, nomeadamente dos cuidados continuados integrados, é uma área a trabalhar. Nesse sentido, a Santa Casa submeteu uma candidatura ao Programa Modelar II para a criação de uma unidade de cuidados integrados com 60 camas, que, no caso de ser aprovada, viabilizará a construção de um edifício de raiz, em terreno anexo ao actual Hospital de S. Gonçalo, imóvel que é propriedade da instituição. Este edifício deverá ser devolvido pelo Estado após a conclusão do novo hospital de proximidade, em construção em Telões e com abertura prevista para o segundo semestre de 2011. “Tenho as contas para que este projecto seja sustentável”, afirma o Provedor que se baseia em diagnósticos reais das necessidades nessa área. O leque de profissionais a afectar a este projecto vai desde médicos e enfermeiros a fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistente social, psicóloga, encarregados de sector, etc. O arranque das obras (em caso de aprovação), far-seá em 2010. Os doentes de foro psiquiátrico e os que sofrem de Alzheimer estão também nos pensamentos do Provedor, que, atento à legislação, procura a necessária cobertura para poder partir em seu auxílio. Actualmente espalhados pelas suas valências trabalham 158 pessoas que cuidam de cerca de 300 idosos. Com uma lista de espera de cerca de 50 pessoas a Misericórdia continua a trabalhar com o objectivo de dar resposta às pessoas que recorrem à instituição.
Dois documentos – cartas de privilégios, emitidas pela Chancelaria de D. João III testemunham a existência da Misericórdia de Amarante em 1529. No primeiro atribui-se à instituição duas arrobas de açúcar e no segundo dá-se licença para que a mesma coloque um mamposteiro (pedidores de pão) a pedir esmola.
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marco de canaveses
‘Últimos quatro anos foram de inoperância total’ Lino Tavares Dias
Coordenador da Estação Arqueológica do Freixo, no Marco de Canaveses
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cidade romana de Tongobriga, no concelho do Marco de Canaveses, é um dos maiores achados arqueológicos do último quartel do séc. XX. À sua sombra nasceu uma pioneira escola de arqueologia. O potencial sócio-económico de Tongobriga é enorme para a região. Mas, ao fim de 30 anos, até a sinalização ainda não é satisfatória. RM - Por que razão é que mantendo uma carreira académica e tendo exercido funções públicas de topo [director da Delegação Regional do Norte do IPPAR] continua ligado à Área Arqueológica do Freixo? Lino Tavares – Tudo começou precisamente pela investigação na Área Arqueológica do Freixo. A minha especialização era arqueologia e fundamentalmente clássica, no sentido romano, e por isso em 1980 quando surge o convite para vir fazer o diagnóstico do que seriam algumas ruínas, poucas, que eram mais ou menos conhecidas como a “capela dos mouros”, eu vim como arqueólogo que me dedicava à investigação, ao trabalho em romano. Naturalmente, desenvolver-se um trabalho de investigação sistemático ao longo dos anos que hoje mostra que estamos numa cidade romana do início do século II, tudo isso proporciona resultados científicos que motivam o investigador. E o que acontece neste momento com a Estação Arqueológica do Freixo é que é um enorme laboratório de investigação, onde todo e qualquer trabalho produz novo conhecimento. A investigação aqui produzida durante muito tempo fez com que fosse possível fazer publicação e nos anos 90 fiz doutoramento como resultado da investigação aqui desenvolvida. Eu, há dez anos, mesmo já depois do doutoramento, tinha leituras ou apresentava algumas propostas muito diferentes das que faço hoje. Isso faz com que este sítio seja o pólo de irradiação e de interesse para quem trabalha e tem uma vida dedicada à investigação. O trabalho universitário é muito interessante, mas na medida em que eu, como professor, tenho uma investigação permanente por trás. Todos os dias abastece de certa forma a ciência, e renova, motiva e altera. Outra questão é que em 1980 e nos anos a seguir desenvolvemos e aplicamos metodologias muito inovadoras na leitura do território, e essa leitura permitiu que propuséssemos a classifica-
Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com ção como monumento nacional (veio a ser classificada em 1986) de uma área dentro da qual existe uma cidade. Muita gente não vê. Essa cidade está cá dentro. Esta cidade do século II estava a ser construída ao mesmo tempo que a cidade romana em Londres, por exemplo, e essas existências aqui dentro dos 50 hectares são potencial para gerações de investigação. Este é um aspecto extraordinariamente motivador e, por outro lado, acarreta problemas de gestão também novos. Estes 50 hectares são tratados de uma forma integrada e há agora que apresentar os resultados aos diferentes públicos e há que rentabilizar este espaço… Como é que isso pode ser feito? No plano estratégico que foi montado (no tempo do ministro Manuel Maria Carrilho) temos um centro de investigação que reúne conhecimento. Há que montar pequenas estruturas que permitam ao cidadão fruir o conhecimento que vai sendo transmitido, através de um centro interpretativo, chamemos-lhe museu. Ao mesmo tempo, uma garantia em que há qualidade na orientação de visitantes. Por outro lado, criar infraestruturas de que tanto se fala no país inteiro que são as estruturas de articulação com o turismo.
Isso está tudo feito: uma cafetaria-restaurante cuidadosamente preparada que permite ao visitante fruir esta situação. Este é um sítio que pode permanentemente fornecer elementos novos. Com esse potencial de que fala até onde é desejável que este sítio vá? Há cerca de 20 anos foi considerado que este sítio, nesse processo de evolução, podia ser um espaço de formação. Numa lógica inédita, que não havia no país, [foi decidido] formar técnicos de património. Por isso propusemos, e foi criada, a Escola Profissional de Arqueologia, que foi pioneira no país. Todos os anos entra gente nova. Em termos científicos começámos a fazer protocolos. Tivemos durante cinco anos a trabalhar connosco a Universidade de Brown, dos Estados Unidos, que trazia alunos que colaboravam nos trabalhos. Este espaço funcionava também como espaço de formação para gerações universitárias com outro tipo de pensamento que não o latino. Neste momento, para nós, há a responsabilidade de pôr a funcionar as estruturas construídas e rentabilizá-las no sentido de mostrar conhecimento científico. Publicar o conhecimento científico novo, fazer um ponto de situação. Julgamos que 2010 é um ano fundamental para fazermos isso.
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O futuro disto será necessariamente encarar este sítio como um espaço de salvaguarda. Para que as novas gerações possam usá-lo com novas metodologias, novas técnicas. O conhecimento vai evoluindo e temos que estar preparados para isso. E ao actuarmos nesta investigação não podemos pôr em causa as futuras gerações. Temos que salvaguardar quer ao nível do registo científico, quer ao nível dos espaços para que as novas gerações possam continuar a estudar, aprofundar e acrescentar conhecimento. Há que rentabilizar o turismo numa lógica de economia regional. São fluxos que podem permitir o aumento de 2, 5, 10 empregos ao longo do ano e isto é absolutamente fundamental. A Estação Arqueológica do Freixo, directa e indirectamente, é um dos maiores empregadores desta zona. E fundamentalmente gera empregos qualificados, e isto é importante. Dir-se-á: isso é entendido por toda a gente? Claro que não. Claro que há sempre aquelas pessoas que gostariam de ter em cima do terreno onde estão as ruínas um loteamento para venderem os terrenos. Anualmente, quantas pessoas visitam a estação arqueológica? Este sítio é visitado por cinco, seis mil pessoas/ano. Embora isso não tenha a ver connosco, este sítio não está bem sinalizado. Há uns anos pedimos à
Junta Autónoma de Estradas e na auto-estrada foi sinalizado.É necessário complementar sinalização. Foi colocada sinalização, mas ainda faltam placas em locais estratégicos. Em Portugal não há esse cuidado. Não temos cuidado com a sinalização. É lamentável que não se note que um sítio como Tongobriga está mal sinalizado. E não é por falta de aviso. É… Falta de interesse? Não sei… acho que há inoperância. Há várias inoperâncias. Há inoperância política, há inoperância técnica e há inoperância por incapacidade, por incompetência. Francamente, não sei dizer qual destas inoperâncias é que actua neste tipo de situações. É pena. Nota diferenças na forma como a população vê a área arqueológica? Não lhe sei responder. Se me perguntar o que é que os belgas, os italianos, os franceses pensam, eu sei porque já me disseram em congressos, em encontros. Aqui na região… quando nós chegámos cá em 1980, convidados pelo dr. Marramaque Encarnação, havia uma preocupação e houve depois alguma preocupação que estas situações se esclarecessem. Estamos a trabalhar num património que tem 2000 anos e numa região onde qualquer metro de terreno dá para construir uma casa, as pessoas perguntam: o que é aquilo? Vão descobrir minério? Não. O que aqui acontece é exumar uma coisa com 1900 a 2000 anos, é a afirma-
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ção deste espaço. E temos uma coisa, a torre da cadeia, que está encostada à câmara municipal do Marco, que tem uma grande incorporação de pedra ida daqui da ruína - isto foi há cem anos. Repare que há aqui toda uma linha de coerência histórica. Senti durante muitos anos que havia um conjunto de pessoas que estavam muito interessadas em que se soubesse mais, e havia um conjunto de pessoas que estavam interessadas em que os terrenos fossem para loteamento. É evidente que as pessoas que estavam interessadas que os terrenos arqueológicos fossem loteados eram contra. É um espaço salvaguardado como é a Torre de Belém ou a Torre dos Clérigos, que têm 500 e 300 anos. Isto aqui tem 2000. Aqui nunca comprámos um terreno por expropriação. Depois um ou outro queria era lotear o terreno para ganhar dinheiro, não quer saber das pedras. Estamos aqui exclusivamente pela defesa do bem público e da cultura. Por outro lado, há um aspecto interessante e ao fim de 30 anos já se pode dizer isto: como nós aparecemos nas televisões a fazer declarações e a explicar, há muita atractividade dos poderes políticos, até locais, para dizerem: venha ter connosco. Ora, nós nunca estivemos de lado nenhum. Tivemos sempre a preocupação de estar distantes das lutas partidárias. Não nos movem interesses políticos, partidários, ou outros tipos de interesses.
Centro interpretativo continua fechado
RM – Têm aqui um centro interpretativo que ainda não está aberto ao público. LT - A ideia do projecto para a Estação Arqueológica é que esse centro interpretativo tem uma recepção, um auditório, um sítio de exposição, uma cafetaria, tudo isso em edifícios separados, numa estratégia de espalhamento, com funcionamento autónomo. E há de facto uma sala a que nós chamamos núcleo expositivo da vida quotidiana que não está a funcionar. O edifício está pronto, o projecto expositivo não está… julgo que é uma das inoperâncias que leva a isso. Estamos a tentar que ele seja montado para funcionar até final de 2010. A ideia é que ele possa funcionar, na medida do possível, sem luz artificial e fará a apresentação da vida quotidiana desde que o romano de Tongobriga se levantava até que se deitava. Desde que haja acordo e capacidade financeira para desenvolver o plano expositivo. O “empurrão” tem necessaria-
mente que ser do Ministério da Cultura, através da Delegação Regional da Cultura. Se isso pode ser feito em parceria com entidades locais e regionais, com certeza que sim. Apesar dos contratempos, as coisas podem correr bem… aquela inoperância de que falava, ao fim de quase quatro anos essa inoperância que estamos aqui a sentir tem necessariamente que ser ultrapassada. Os próximos anos podem ser o solidificar desta estrutura que está montada. Refere-se aos últimos quatro anos? Sim. Foram manifestamente anos de inoperância ao nível da cultura. Aliás, o primeiro-ministro reconheceu isso publicamente. Ao nível do património, foram quatro anos de inoperância total. O museu está fechado, a cafetaria está pronta há quatro anos e não estar aberta tem a ver com essa inoperância política, e inoperância técnica que é induzida pela inoperância política.
Em concurso público foi adjudicada a exploração do restaurante… mas há quatro anos que não é um contributo para a economia regional. Foram quatro anos perdidos? Mais que perdidos, são quatro anos de profunda lamentação. Falando como cidadão contribuinte, acho que não nos podemos dar ao luxo de ter um edifício daqueles pronto, equipado, um investimento forte, e há quatro anos fechado. Isto é profundamente penalizador e profundamente lamentável. E já fez ver isso aos responsáveis? Claro que sim. Não o faria aqui se não tivesse já feito ver e sentir por escrito… As máquinas administrativas, muito concentradas em Lisboa, não estão adequadas nem preparadas para projectos inovadores. Estão preparadas para a gestão corrente. Não estão preparados… não percebem o que é uma gestão integrada de um sítio a 50 km do Porto. Fica longe de Lisboa e... dá trabalho.
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Viriato vai investir 8 milhões numa fábrica em Angola Redacção com Lusa | tamegapress@gmail.com
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Viriato, empresa de mobiliário e projectos de decoração para hotelaria, que sábado abre uma ‘showhouse’ em Luanda, vai construir uma fábrica em Angola, estando neste momento a avaliar a melhor localização. “Vamos avançar para a indústria. Já temos o projecto e estamos a estudar a melhor localização para a fábrica”, disse à Lusa o presidente do conselho de administração (CA) da Viriato Hotel Concept. Em declarações à Lusa, António Rocha avançou que “a ‘showhouse’, com seis soluções hoteleiras, vai ser inaugurada, no próximo sábado, pelo ministro do Turismo angolano”. Em parceria com a HM Veloso Angola, António Rocha constituiu a Viriato - África Hotel Concept, uma sociedade de direito angolano, que vai avançar para a construção de uma fábrica, que representará um investimento de cerca de oito milhões de euros. “Já trabalho com Angola há mais de 15 anos, mas os impostos penalizam muito as exportações”, explicou à Lusa o presidente do CA, acrescentando que “o crescimento do mercado exige uma pre-
sença mais efectiva”. “Será uma fábrica com muita tecnologia, melhor do que a que tenho em Portugal”, revelou António Rocha. Em entrevista à Lusa, o empresário admitiu que a aposta, em Angola, é motivada pela “oportunidade do mercado” e por uma “paixão” pelo país. “É um mercado que me diz muito. Fiz lá o serviço militar obrigatório e há uns anos comecei a ir a Angola mais vezes e devo ter água do Bengo, como dizem, porque fiquei fã”, revelou o empresário. A Viriato começou por ser uma fábrica de móveis, mas, nos anos 80, ao aceder ao desafio da francesa Bouygues de produzir mobiliário para hotéis, abriu a porta do mercado da hotelaria, o que levou a segunda geração a diversificar a actividade aos projectos de decoração de hotéis. Durante alguns anos, manteve a produção de mobiliário doméstico, mas o crescimento do número de clientes da hotelaria, associado aos primeiros sinais de crise na indústria de móveis, levou a empresa de Paredes a fixar-se naquele nicho de mercado.
Segundo o presidente da Viriato, neste momento, os projectos chave-na-mão, de maior valor acrescentado, representam cerca de 20 por cento do negócio da empresa, que, em 2008, facturou 25 milhões de euros. No último ano, António Rocha surpreendeu os 130 funcionários com um aumento salarial na ordem dos cinco por cento, acima da actualização salarial da função pública, justificando a opção com a necessidade de “dar confiança às pessoas que andavam desanimadas e cabisbaixas”. Desde que se concentrou no mercado hoteleiro, “a Viriato já decorou e equipou centenas de hotéis de gama média/ alta, destacando-se a Suécia, França, Espanha, Arábia Saudita, Cabo Verde, Tahiti. Entre os clientes da empresa de Paredes, estão as cadeias Le Meridien, Hilton, Sheraton, Ritz e Ramada. De acordo com António Rocha, “a quebra nos investimentos hoteleiros, sentida, nos últimos anos, em Espanha, Inglaterra e no Dubai, foi compensada com o crescimento do turismo em África, nomeadamente em Angola e Marrocos”.
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Enganar a fome nos contentores do Lidl Alimentos deitados ao lixo ou fora de validade são procurados todas as noites Carlos Alexandre | calexandre.tamegapress@gmail.com
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s contentores do supermercado Lidl, em Paços de Ferreira, são vasculhados quase todas as noites por gente que quer enganar a fome. Inúmeras pessoas buscam alimentos deixados no lixo por parte do pessoal do estabelecimento, uma prática com vários anos. O supermercado está localizado no centro da cidade, na Rua Dr. Jaime Leão Barros, e é contíguo à secundária de Paços de Ferreira, em cuja paragem de autocarros se juntam todas as noites várias pessoas, num grupo constante de cinco a seis elementos (a maioria do Barreiro, Paços de Ferreira), de quando em vez reforçado por dois emigrantes de Leste. É nos bancos da referida paragem que estas pessoas aguardam ansiosas pela hora em que o lixo é despejado nos contentores (normalmente entre as 21h00 e
as 22h00), para, em seguida, aproveitando a “cegueira” cúmplice e frequente dos elementos do supermercado, o revolverem, na esperança de encontrarem “alguma coisa que ainda se aproveite”. Esta ideia é válida essencialmente para os alimentos – sobretudo pão, mas também alguns congelados, arroz, esparguete e, às vezes, iogurtes –, excluindose os que se apresentam visivelmente estragados (o prazo de validade só funciona como critério de selecção quando é “largamente ultrapassado”, o que quase nunca acontece). Ao Repórter do Marão (RM) nenhuma das pessoas disse passar fome nos dias em que o camião do lixo aparece primeiro ou as ditas sobras são regadas com água (há relatos, mais antigos, de uso de lixívia), numa tentativa de as inutilizar.
Esse é um risco real, “mas no Lidl sempre é melhor do que nos outros supermercados”, disseram em uníssono, a partir da experiência de “vários anos”. “A vergonha das pessoas conhecidas” e o estado do tempo são outros dos grandes obstáculos para esta gente que “mergulha” nos contentores de lixo em busca de alimentos, mas, como fazem questão de dizer e já tiveram oportunidade de o repetir a uma patrulha da GNR local, “não estão a roubar” e só o fazem por “necessidade”. Ironicamente, fazem-no no mesmo supermercado onde gastam uma parte do pouco dinheiro a que têm acesso, o local, alegam, mais próximo de suas casas e onde os preços dos mantimentos ficam mais em conta.
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A necessidade é o traço comum a estas pessoas, a maioria já de uma certa idade (que evitam as fotografias com receio de serem identificadas) e todas com uma história de vida marcada por mil dificuldades e poucas ou nenhumas ajudas. O RM deixa-lhe dois exemplos.
MARIA, 70 anos, está aposentada e vive no Barreiro com o marido, três anos mais velho e entrevado numa cama articulada que ‘ganharam’ de empréstimo. O dinheiro da reforma não chega para tudo. Para ajudar às despesas, Maria cria galinhas e coelhos, que alimenta em parte com os restos de legumes que encontra nos contentores de lixo do Lidl. “Levo também alguma coisa de comer que possa surgir”, explicou, com a naturalidade de quem recorre a essas práticas há “muitos anos”. Há quem vá de dia. Ao contrário de si e de mais alguns. Mas há muitos mais que o podiam fazer. Maria garante que “há muitos pobres envergonhados” e reconhece que “isto não é vida”. “Mas também não vimos roubar”, acrescentou, suspirando por uma ajuda que nunca teve. “Ó senhor, isto é uma ‘nica’ de nada embrulhada numa folha de couve, mas um bocadinho de despesa por mês era tão bom!!!”
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Histórias de quem pouco ou nada tem RICARDO, 23 anos, está desempregado, é órfão de pai e mãe e vive de caridade. Garante, sem encontrar explicações, que a família no Barreiro (tios e primos) não quer saber de si. Ao contrário da avó, com quem viveu. Até ela morrer. Nessa altura, a serração onde tinha começado a trabalhar faliu e teve de abandonar a casa (alugada) onde viviam. Ficou abalado, perdeu os documentos e a vontade de os recuperar. E até de procurar ajuda. Ainda passou uma temporada em casa de uma irmã, em Vila Nova de Gaia, mas não se deu bem e regressou a Paços de Ferreira. Dorme, desde então, numa casa devoluta. “Passo as noites no chão, com um cobertor por cima, mas, pelo menos, é abrigado e dá para me agasalhar um pouco”, contou ao RM. Durante o dia, pede esmola. Come de favor num restaurante e de favor “uma senhora” lava-lhe a roupa. À noite “frequenta” o Lidl. Por indicação de um “conhecido”. É assim há cerca de um ano. “Levo é pão, o resto divide-se”, explicou quem nada tem. Ou quase. Ricardo tem o sexto ano e, apesar de toda a miséria, mantém um sonho: quer voltar a trabalhar e ter novamente as suas coisas: “Acredito que um dia isso ainda será possível”.
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Penafiel encesta no basquetebol nacional Crise nos clubes ditou subida precoce do CBP à Proliga Iva Soares | Alexandre Panda | ivasoares.tamegapress@gmail.com Dez anos depois de ser fundado, o Clube de Basquetebol de Penafiel (CBP) sobe, pela primeira vez, ao segundo patamar mais alto da federação de basquetebol – Proliga. Uma subida que acontece num ano em que vários clubes da Liga desistem da competição e abrem lugares para novos clubes que competiam nas divisões inferiores do basquetebol nacional. Dois anos depois de lutar pela ascensão, Sérgio Rodrigues, presidente do CBP há seis anos, considera que o esforço de todos é agora compensado. A mudança de escalão trouxe novos desafios ao CBP. Sérgio Rodrigues, no espaço de um mês, viu-se obrigado a formar a equipa, desde o novo treinador a reforços de jogadores, bem como a ultrapassar toda a burocracia que envolveu a candidatura à Proliga. A Federação de Basquetebol exige garantias do clube para a manutenção na Proliga, pelo menos de uma época, pelo que o CBP teve de rapidamente procurar apoios financeiros. Com um orçamento de cerca de 100 mil euros para esta época a necessidade de parcerias urge. A primeira opção de Sérgio Rodrigues foi recorrer à Câmara Municipal de Penafiel, a qual apoiou de imediato o projecto. Todavia, a manutenção da época requer um investimento elevado e o CBP continua à procura de outras parcerias para estabilizar a equipa e poder apostar em novos objectivos. Para o presidente do CBP, Sérgio Rodrigues, o objectivo a longo prazo será “obviamente subir à Liga Profissional de Basquetebol (LPB) ”, sem nunca perder a esperança de “alcançar os Play-off ”, acrescenta.
Para já, segundo o dirigente, o objectivo é a manutenção na Proliga. Um dia após saber da possibilidade de ingressar na Proliga, Sérgio Rodrigues decidiu convidar para treinador o ex-seleccionador nacional Valentin Melnychuk, que aceitou o convite. Em duas semanas, a equipa estava constituída e as garantias asseguradas. A candidatura foi apresentada e aprovada pela Federação. Para fechar as contratações, chegaram ao clube dois internacionais, James Grabowski e Sidney Holmes, basquetebolistas profissionais norte-americanos que na temporada passada jogaram na Roménia e Irlanda, respectivamente. James e Sidney vieram para jogar no CBP, facto histórico no clube e que se deve à notoriedade que o clube ganha nesta altura com a subida à Proliga. A contratação dos dois jogadores foi feita directamente e não por meio de agentes, um facto que Sérgio Rodrigues salienta, dada a abundância de propostas que lhe foram chegando diariamente. O presidente do clube confessou ao Repórter do Marão que todos os números de telemóvel, bem como o correio electrónico, foram invadidos com propostas dos vários cantos do mundo. Desde a candidatura ao segundo escalão, o CBP passou a estar na ordem do dia. O reforço da projecção do CBP já começa a atrair os adeptos desta modalidade desportiva ao pavilhão municipal. De realçar que em vários jogos da época passada o CBP conseguiu atrair 500 a 600 pessoas, entre elas crianças e idosos. Este entusiasmo pelo basquetebol parece estar a criar uma cultura desportiva que até então o município de Penafiel não conhecia, confessou o presidente do clube.
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Loja do cidadão em Penafiel Em Penafiel a Loja do Cidadão vai ficar localizada na praceta da Alegria, nas antigas instalações do Museu Municipal. A abertura das propostas para a adaptação daquele espaço (que vai ter uma área de cerca de 900 metros quadrados), teve lugar esta semana. O prazo de execução da obra é de 60 dias. Numa nota do gabinete de imprensa, a câmara de Penafiel diz esperar “que antes do final do ano a mesma possa ser inaugurada”. A Loja do Cidadão vai dispor de um balcão multiserviços que permitirá a resolução de várias questões no mesmo espaço físico. Ali vão ser instalados os serviços da Segurança Social, do Instituto dos Registos e do Notariado e os serviços municipalizados de Penafiel. O protocolo para a construção da Loja do Cidadão foi celebrado com a Câmara Municipal de Penafiel e homologado em Outubro de 2008 pela secretária de Estado da Modernização Administrativa.
Dirigente do Ano Sérgio Filipe Rodrigues, 32 anos, presidente do Clube de Basquetebol de Penafiel, foi eleito pela Federação de Basquetebol do Porto como ‘Dirigente do Ano’. Presidente do clube desde 2003 e treinador há oito anos – o CBP tem cerca de 300 atletas nas modalidades de basquetebol e andebol –, Sérgio Rodrigues é também empresário e professor de Educação Física. Sérgio Rodrigues iniciou a carreira de treinador nas camadas jovens do clube e a sua aposta no desenvolvimento da modalidade em Penafiel vai ao ponto de oferecer cursos de treinador de basquetebol às jovens promessas do CBP. Em termos desportivos, actualmente, treina os juniores femininos no basquetebol.
Festival literário com José Saramago Personagens dos romances de José Saramago invadem as ruas de Penafiel de 15 a 28 de Outubro no âmbito do festival literário Escritaria 2009. O escritor José Saramago é o centro das atenções do certame organizado pela Câmara de Penafiel em parceria com as Edições Cão Menor. O programa do festival inclui o lançamento mundial do novo livro de José Saramago, intitulado “Caim”, marcado para 18 de Outubro, no Museu Municipal de Penafiel, assim como o anúncio do vencedor do Prémio Literário José Saramago. Tal como sucedeu no ano transacto (em torno de Urbano Tavares Rodrigues), o Escritaria 2009 contempla um vasto conjunto de iniciativas de reflexão e debate sobre a importância literária do autor de “Memorial do Convento” e de divulgação da escrita de José Saramago. Manuel Andrade, da organização do festival, diz que um dos objectivos deste evento consiste em “contaminar a cidade com aforismos, frases soltas, referências históricas, cosmogonias literárias, imagens e obras plásticas que remetam para o peculiar universo de José Saramago”. No programa está também o colóquio internacional do Escritaria, a 17 e 18 de Outubro, onde várias personalidades nacionais e estrangeiras se propõem analisar e celebrar o percurso do Nobel da Literatura de 1998. Entre os convidados estão o cineasta brasileiro Fernando Meirelles (realizador de “Ensaio sobre a Cegueira”).
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Operários de Castelo de Paiva receosos que emprego acabe Os trabalhadores da empresa de calçado Glovar, do grupo Aerosoles, manifestaram-se na última terça-feira à porta da fábrica da localidade de Oliveira do Arda, em Castelo de Paiva, contra a ordem da administração de uma paragem parcial da laboração e porque temem a extinção dos seus empregos. Cerca de 100 trabalhadores receberam a ordem da administração para parar a laboração e ficar em casa. “A vontade deles é fechar isto. Sabemos que a empresa dá apenas dois por cento de hipóteses para a continuação desta fábrica. Dizem que está a dar prejuízo”, adiantou ao RM, Célia Costa, de 34 anos. A empresa garantiu aos trabalhadores que os dias de paragem serão remunerados mas os funcionários desconfiam que, a curto prazo, a fábrica feche as portas. “Não temos encomendas, nem há nenhum trabalho em vista”, explicou ao RM, Carlos Duarte, que trabalha há seis anos na empresa de Castelo de Paiva. Ontem de manhã, os inspectores da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) estiveram na empresa para se assegurarem da legalidade do processo. Os trabalhadores criticam ainda o sindicato da área do calçado, que culpam de falta de acompanhamento. “O sindicato diz-nos que se não houver comprador, a fábrica irá fechar. O sindicato não aparece cá, não nos dá apoio e parece que está do lado dos patrões”, afirmou Conceição Silva, de 33 anos.
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Turistas nacionais encheram o Douro Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com
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Douro registou, este ano, uma das maiores enchentes de sempre. Milhares de turistas, na sua maioria portugueses, passearam pelo Património Mundial da Humanidade, de barco, comboio ou autocarro. Mas o Douro quer mais. Até 2013, a região quer duplicar as camas existentes e, sem massificar, abrir as portas a outros segmentos de alojamento para além dos hotéis de quatro ou cinco estrelas. Maria Jesus Leitão há 20 anos que passa os dias em frente à Estação do Peso da Régua. Com o cesto numa mão e os tradicionais rebuçados na outra vai gritando para chamar a atenção dos turistas. E foram muitos os que viu passar neste Verão. “Pareciam formigas a irem em carreirinhos do comboio para os barcos ou vice-versa”, afirmou ao Repórter do Marão. Só que, para Maria, mais turistas na Régua não equivaleu a mais clientes.
“Os estrangeiros não compram nem um pacote de rebuçados. Para pagarem um tostão é um Deus nos livre”, salientou. Também, acrescentou, “nem tempo lhes dão para parar. Quase correm para irem apanhar os barcos ou o comboio”. Ali mesmo ao lado, José Monteiro espera por clientes sentado no seu táxi. É taxista na Régua há 35 anos e por isso diz conhecer bem a cidade e as suas gentes. É também por isso que afirma peremptoriamente: “houve mais pessoas a passearam no Douro este ano, houve pois”. E justificou. “O Verão foi muito maior”. “Então não foi? Pois repare, no ano passado choveu em Julho, em Agosto e em Setembro, e, em 2009, esses três meses foram de sol”, salientou. Foi um ano “excepcional” para o Douro, mas não para si. “Os turistas normalmente vêm em grupo e já com tudo organizado pelas agências”.
José Monteiro referiu que os poucos que procuram o serviço de táxi é para irem “até aos hotéis, restaurantes ou caves dos vinhos. “Mas tudo aqui à volta da cidade”, sublinhou. Élio Pereira Pinto explora o bar da estação e, depois de fazer as contas, disse que os meses de Agosto e Setembro foram “muito bons”. “Tivemos sem dúvida mais clientes do que no mesmo período do ano passado”, sublinhou. Ernesto Teixeira está reformado e por isso gosta de se sentar nas esplanadas da Régua a ver passar as caras novas que há por ali todos os dias. “Tivemos aqui muitos mais portugueses que estrangeiros”, afirmou convicto. E as estatísticas oficiais corroboram a sua afirmação. A grande maioria dos turistas que visitou este Verão o Douro é portuguesa.
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Douro esteve lotado Visivelmente satisfeito anda António Martinho, o presidente da Entidade Regional Turismo do Douro. “Felizmente que sim. É um facto que o Douro tem vindo a ver aumentar a sua taxa de ocupação, quer no alojamento tradicional, quer no Turismo em Espaço Rural”, disse ao Repórter do Marão. E o Douro esgotou mesmo de 3 a 5 de Outubro. “O fim-de-semana prolongado registou a maior enchente de sempre no Douro. As 2500 camas disponíveis esgotaram por completo e houve quem dormisse no carro”, sublinhou António José Teixeira, o presidente da Rota do Vinho do Porto (RVP). E durante esses três dias, não foram só os hotéis que estiveram cheios. Também os espaços de turismo rural e os restaurantes lotaram. No Vintage House Hotel, instalado na marginal do Pinhão, em frente ao rio Douro, todos os fins-de-semana deste Verão “estiveram praticamente esgotados”. Em Agosto, a lotação desta unidade hoteleira foi de 80 por cento, enquanto que, em Setembro, foi de 75 por cento. “Foi uma taxa muito boa”, salientou fonte do hotel. Carina Marinheiro abriu em Junho uma nova unidade hoteleira, o Douro River Hotel, em frente à cidade da Régua. Depois de contas feitas aos primeiros meses de funcionamento, a responsável salientou que o “balanço é muito positivo”. “Os fins-de-semana têm estado sempre cheios. Está, sem dúvida, a corresponder às expectativas”, sublinhou. As vindimas são o maior atractivo do Douro. Os visitantes procuram participar nos trabalhos da recolha das uvas, lagaradas, provas de vinhos e passeios pelas quintas. Mas, António Martinho encontra “facilmente” “vários outros factores” que justificam o aumento do turismo neste território. “Desde logo, uma maior visibilidade das características que a região tem: a candidatura a Maravilha da Natureza mostrou uma faceta não muito explorada até agora, o Alto Douro Vinhateiro adquiriu uma nova força, a nova organização do Turismo em Portugal, ao autonomizar a marca Douro, contribuiu também para uma maior afirmação”, referiu. O responsável salientou ainda as “acções de promoção que se foram desenvolvendo, os eventos que começaram a organizar-se, que levaram a um melhor conhecimento do Douro e potenciaram a divulgação que os cruzeiros fluviais lhe têm vindo a dar”. Turismo fluvial aumentou sete por cento Até 31 de Agosto, o número de turistas que subiram o Douro em embarcações de turismo ou re-
creio aumentou sete por cento, comparado com igual período do ano passado. Segundo dados da Delegação do Douro do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), 132.495 turistas utilizaram a via navegável até ao final de Agosto. Em igual período do ano passado, foram 123.441 turistas, enquanto que, em 2007, o IPTM registou 121.216 turistas. O número de eclusagens feitas, nas cinco barragens do Douro, foi de 5.292, mais nove por cento do que em 2008, em que foram feitas 4.852 eclusagens. O proprietário da Douro Azul, Mário Ferreira, afirmou que “este foi o melhor ano de sempre” para a sua empresa. Até ao final do ano, o responsável perspectiva “trazer no mínimo 100 mil pessoas” à região. “Registamos um crescimento superior aos 11 por cento”. Em 2009 e até à primeira semana de Outubro, a Douro Azul transportou 116.882 passageiros, o que equivaleu a um volume de negócios de 12.392 milhões de euros. No ano passado, a empresa de Mário Ferreira transportou 90.610 passageiros, que resultaram num volume de negócios de 11.501 milhões de euros. “Já sabíamos que ia ser um ano difícil por causa da crise. O mercado inglês teve uma quebra superior a 25 por cento e era o nosso maior mercado estrangeiro. Por isso, desde o início do ano procuramos arranjar alternativas para cobrir o que iria ser o buraco do mercado inglês”, afirmou o responsável. A Douro Azul investiu em mercados alternativos, que segundo Mário Ferreira, “não estavam em crise”, como a Suiça, Israel, Austrália e Nova Zelândia. “O mercado português também subiu muito em relação ao ano passado”, salientou. Douro quer duplicar camas até 2013 A região do Douro dispõe actualmente de 2.338 camas. No entanto, nestes dados oficiais disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), ainda não estão contabilizadas as novas unidades hoteleiras e empreendimentos turísticos no espaço rural em fase de classificação. Segundo o presidente da Turismo do Douro, António Martinho, recentemente abriram dois hotéis rurais, um hotel de três estrelas e um de quatro. Abriram ou reabriram também unidades Turismo em Espaço Rural (TER), a que corresponde a criação de mais de sessenta postos de trabalho. Mas a meta do Douro, de acordo com o chefe da Estrutura de Missão do Douro, Ricardo Maga-
lhães, é chegar a 2013 com um crescimento de 45 a 50 por cento sobre as camas actuais. As estimativas apontam para a construção, até esse mesmo ano, de mais 16 unidades de alojamento de categoria superior, as quais representam um investimento privado global de 150 milhões de euros. António Martinho defende que “todos os turistas merecem serviço de qualidade”. Por isso mesmo, diz que não aceita que só se autorizem hotéis de quatro e cinco estrelas. “Há lugar para outros segmentos”, frisou. Acrescentou que, de momento, se está a incentivar e a apoiar os empresários para que requalifiquem as suas estalagens ou pensões. “O que não se pretende é fazer do turismo no Douro um turismo massificado. É a qualidade que deve existir no alojamento, tenha ele a classificação que tiver, na restauração, enfim, nos eventos de animação que se organizarem”, salientou. António Martinho considera que o turismo é uma actividade económica. “Juntamente com ela desenvolvem-se outras. Isso é muito importante para uma região onde se vive, essencialmente, da monocultura da vinha e dos serviços públicos”, concluiu.
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Novas urgências no hospital de Vila Real Obras arrancam até Novembro, garante a administração do CHTS
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construção das novas urgências, geral e pediátrica, e da unidade de cuidados intensivos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), em Vila Real, começa até Novembro, anunciou fonte hospitalar. O presidente do conselho de administração do CHTMAD, Carlos Vaz, avançou que as obras em Vila Real começam dentro de “duas a três semanas” o que implica que a urgência geral seja transferida para um pavilhão pré-fabricado, com mais de 1500 metros quadrados, durante os próximos 18 meses. O responsável garante que o pavilhão possui todas as condições para um “bom atendimento” aos utentes e salienta ainda que este “é muito maior” que a actual urgência. Garantido estará também o tratamento dos doentes com Gripe A, através de um circuito independente sem que estejam em contacto com os outros utentes. De acordo com Carlos Vaz, a urgência geral vai ser ampliada, passando para 1600 metros quadrados, e, numa área contígua, embora com entradas separadas,
será construída a urgência pediátrica, integrada na área materno-infantil. Actualmente, este hospital atende em média 217 episódios de urgência por dia. No edifício principal, será ainda construída uma unidade de cuidados intensivos, bem como um serviço de infecto-contagiosas, com 24 camas, e que contará com todas as condições técnicas de isolamento para evitar contaminação de outros doentes ou serviços. Carlos Vaz referiu que, até ao próximo Verão, iniciamse as obras de construção de um novo edifício, no actual parque de estacionamento, onde passarão a funcionar especialidades como pneumologia, nefrologia (com um serviço de diálise novo, pediatria ou neurologia e mais uma área de internamento de medicina, com 24 camas. Já com a Via Verde do Acidente Vascular Cerebral e coronária a funcionar, o hospital vai passar a dispor da Via Verde da sépsis (doença de evolução progressiva, manifesta-se pela alteração dos órgãos e ocorre quando bactérias de um foco infeccioso se espalham pela corrente sanguínea) e do trauma até ao final do ano.
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Investimento global é de 25 milhões de euros
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investimento na unidade de Vila Real do Centro Hospitalar ascende aos 25 milhões de euros. Com 2800 funcionários, dos quais 325 são médicos, o centro hospitalar necessita de captar “mais 20 clínicos”. Segundo o responsável, nefrologia e cardiologia são especialidades deficitárias em meios humanos e a neurocirurgia ainda não foi criada precisamente por causa da falta de médicos. O CHTMAD, o único hospital polivalente da região transmontana, agrega as unidades hospitalares de Chaves, Peso da Régua e Lamego. Em Chaves, estão a ser investidos cerca de cinco milhões de euros na remodelação total do bloco operatório, quer o con-
vencional quer a cirurgia de ambulatório e na substituição de todas as janelas, portas e camas do hospital. Aqui foram já concluídas as obras na área da consulta externa, com adaptação para o serviço de obstetrícia e pediatria autónoma. Depois da construção do centro oftalmológico no Hospital D.Luiz I, na Régua, o próximo investimento nesta unidade passa pela criação de 20 camas para os cuidados continuados. Em Lamego, já está em construção o Hospital de Proximidade, um dos dois primeiros hospitais de ambulatório do país [o outro está a ser construído em Amarante], que vai custar 41 milhões de euros.
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empresas & negócios
Quimonda sem soluções positivas A Comissão de Trabalhadores (CT) da Quimonda considerou que “andam a brincar” com os funcionários da empresa, questionando o calendário do anúncio da dispensa de 590 trabalhadores, feito na passada segunda-feira, um dia após as eleições autárquicas. “As decisões políticas não podem influenciar os números do emprego e desemprego. Andam a brincar com os trabalhadores”, considerou Bruno Maia, da CT da Quimonda. Bruno Maia comentou o comunicado da administração da Quimonda que informa que a empresa iria começar a dispensar, no imediato, 590 trabalhadores, dos 800 que estão em regime de ´lay-off´. Bruno Maia voltou a referir que esta situação de dispensa de funcionários é “angustiante” e que faz parte da “segunda fase da hecatombe”. Apesar de a empresa afirmar que, mais tarde, estes trabalhadores “podem ser gradualmente admitidos” na fábrica, Bruno Maia alega que tudo isso não passa de “fumaça” atirada para os olhos dos funcionários.
Indústria automóvel dá sinais de esperança Ford Europa obtém em Setembro 10,1 por cento da quota do mercado A Ford Europa registou em Setembro uma quota de mercado de 10,1 por cento no conjunto dos 19 países europeus onde opera, sendo a sua melhor prestação desde Setembro de 2001, e representando uma subida de 0,8 pontos percentuais face a Setembro de 2008.
Univerdade norte-americana assina protocolo com instituições durienses Cinco instituições durienses assinaram protocolo com a universidade norte-americana George Washington, na passada terça-feira dia 13 de Outubro, que visa a qualificação e a internacionalização do destino na vertente enoturística. O projecto envolve a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a Estrutura de Missão do Douro (EMD), a Entidade Regional Turismo do Douro, a Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego (EHTD) e a Rota do Vinho do Porto (RVP). Para o chefe da EMD, Ricardo Magalhães, esta “colaboração poderá ainda contribuir para uma aceleração da internacionalização do Douro, designadamente no mercado norte-americano”. O protocolo prevê a realização de um curso de Verão, entre Maio e Julho de 2010, destinado a alunos pós-graduados da EHTD e da universidade norte-americana, que trabalharão em grupo para estudar o potencial enoturístico do Douro e apresentar, como relatório final do curso, um conjunto de recomendações e acções estratégicas no sentido de qualificar o destino. A realização de cursos de Verão no estrangeiro na área do Turismo tem sido uma aposta da George Washington desde 2000, sendo o programa reconhecido pela Organização Mundial do Turismo.
Mindelo Park com “cara nova” em Abril Vila do Conde vai ter novo complexo empresarial com 130 novas empresas. A empresa MCSEM-Sociedade Imobiliária, S.A, representada pelos administradores Pedro Barros e António Coutinho, lançou no inicio do mês de Outubro a primeira pedra do parque empresarial Mindelo Park, em Vila do Conde, prometendo criar cerca de 2000 postos de trabalho até à conclusão do projecto. A construção do empreendimento vai ser feita em quatro fases. A primeira começa dentro semanas e prevê-se que conclui em Abril de 2010, contribuindo assim para a abertura de novos postos de trabalho já no próximo ano. Facto importante para o desenvolvimento económico e social de Vila do Conde, defende fonte da empresa. Este empreendimento “trata-se de um projecto de requalificação das antigas instalações da Fábrica do Mindelo que dará lugar a um Parque Empresarial de nova geração com a ambição de dar resposta às solicitações e necessidades das empresas modernas”, salienta
fonte da MCSEM. O complexo empresarial visa a concentração de empresas de comércio, indústria (não poluente), armazenagem e serviços num recinto com sete hectares. Segundo o administrador Pedro Barros, o espaço reserva uma área de apoio às empresas e com investigação tecnológica que alia as universidades às empresas ali instaladas. O Mindelo Park está estrategicamente bem localizado uma vez que se situa junto das ligações ao porto de Leixões, ao aeroporto do Porto e à fronteira espanhola o que resulta numa elevada dinâmica empresarial e desenvolvimento da região, acrescenta fonte da empresa. Um investimento de 25 milhões de euros que trás esperança de trabalho às pessoas da terra, nomeadamente às da Quimonda (vizinha do novo complexo), que estão em vias de despedimento colectivo.
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desporto
Correr em Espanha para esquecer o doping Ex-ciclista da Liberty Seguros vai correr para Espanha em 2010 Manuel Cardoso solidário com colegas apanhados nas malhas do doping.
Carlos Alexandre | calexandre.tamegapress@gmail.com
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ciclista Manuel Cardoso pensou desistir da modalidade, quando foi conhecido o controlo antidoping positivo de três colegas da Liberty Seguros, incluindo Nuno Ribeiro, vencedor da última Volta a Portugal, mas vai correr para Espanha em 2010. Manuel Cardoso contou ao Repórter do Marão (RM) que o anúncio do controlo positivo a Nuno Ribeiro, Hector Guerra e Isidro Nozal caiu “como uma bomba” no seio da equipa Liberty, entretanto extinta.
“Estávamos a festejar a vitória na Volta, sabíamos que tínhamos trabalhado bem e, de um momento para o outro, surgiu isto, que abalou toda a gente”, disse o ciclista de Paços de Ferreira, para quem o que aconteceu foi uma “completa surpresa”, incluindo para “alguns atletas”. Acreditar nos colegas e responsáveis Sobre os casos positivos por EPO (hormona produzida pelo corpo humano e libertada pelos rins, que actua ao nível da medula óssea, estimu-
lando a produção de glóbulos vermelhos, o que se traduz no aumento da quantidade de oxigénio que o sangue pode fornecer aos músculos), Cardoso jogou à defesa. “Continuo a acreditar nas pessoas que estavam à frente da equipa. Numa estrutura profissional, cada um tem a sua função e a dos ciclistas é dar aos pedais”, sublinhou. E nem a vontade de vencer, objectivo de todos os atletas, o faz pensar noutros cenários: “Todos querem ganhar, mas não acredito que eles [Ribeiro,
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Guerra e Nozal], conhecendo as consequências que tal coisa teria nas suas carreiras e na dos colegas, o fizessem”. Evitando alongar-se no tema, Cardoso admitiu “grande dificuldade” em se ultrapassar a desconfiança dos media e das pessoas numa modalidade que “estava a conseguir limpar a sua imagem”, mas mostrou-se “positivamente surpreendido” com a reacção das pessoas, especialmente dos vizinhos, em Paços de Ferreira. Cardoso lamenta fim da melhor equipa O sprinter da equipa e um dos melhores do pelotão nacional preferiu antes destacar a “situação má” em que ficaram “mais de 20 famílias” (a estrutura integrava 15 ciclistas e os auxiliares, como massagistas, mecânicos e directores) e lamentou o fim da “melhor equipa” lusa de ciclismo. “Era a equipa com melhor estrutura, a que oferecia as melhores condições e aquela que estava mais organizada. O objectivo imediato era correr a ‘Vuelta’ em 2010”, sublinhou, sem esconder a “desilusão” pelo sucedido. Futuro em Espanha A quente, Manuel Cardoso admitiu que ainda ponderou desistir, mas acabou por ceder ao convite de uma equipa espanhola, onde se propõe “garantir um lugar no grupo” que irá participar numa grande volta internacional (Vuelta ou Giro). “Sair para o estrangeiro era uma das soluções para ultrapassar isto e, ao mesmo tempo, renovar ambições e conseguir participar em grandes corridas”, justificou o ciclista, actual campeão nacional de estrada, o título mais importante da sua curta carreira profissional.
“Há quatro anos que somos controlados a qualquer hora do dia e a mínima alteração nas nossas rotinas tem de ser comunicada ao Concelho Nacional Antidopagem (CNAD). Até parecemos prisioneiros” QUEM É? Manuel Cardoso, 26 anos, é natural de Paços de Ferreira, onde reside, e ciclista profissional há quatro anos, tendo representado o Boavista e a Liberty Seguros. Soma 33 vitórias, incluindo o título de campeão nacional de estrada, conquistado em Junho passado em Santa Maria da Feira. Define-se um “bom profissional” e vive o que faz a 100 por cento, numa rotina tripartida entre os treinos, a corrida e o descanso.
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Forças de segurança recebem formação em Vila Real A MCoutinho e a Ford juntaram a 10 de Outubro, no Pena Aventura Park, em Ribeira de Pena, cerca de 90 agentes da PSP, GNR, GIPS e Guardas Prisionais para uma mega acção dedicado às forças de segurança. Os agentes receberam formação ao nível de “condução defensiva”, pelo Instituto de Investigação e Formação Rodoviária do Porto, bem como participaram em workshops de defesa pessoal, coordenados pela Academia Israeli Krav Maga, do Porto. Segundo uma fonte da organização, as forças de segurança tiveram ainda a possibilidade de utilizar os Segways, experimentaram o maior Fantasticable do Mundo e participaram em diversos desportos radicais, nomeadamente paintball, slide e rappel. “Foi um evento único no distrito de Vila Real, que deu a oportunidade a todos os participantes de receberem uma formação aliada a entretenimento e preparação física e um dia totalmente gratuito no Pena Aventura Park”, salientou a organização.
Paços de Ferreira
Paulo Sérgio confirma convite do Guimarães A eventual transferência do treinador do Paços de Ferreira, Paulo Sérgio, para o Vitória de Guimarães, ambos da Liga de futebol, está dependente de negociações entre direcções, nesta altura inexistentes, confirmou hoje o presidente da formação pacense. Fernando Sequeira disse que “essa possibilidade foi abordada de uma forma desinteressada”, mas carece de “contactos oficiais”, e lembrou que já leu o mesmo em relação a Carlos Carvalhal ou a André Vilas Boas. “A ambição é um direito que todos temos, mas terá que haver uma vontade tripartida. E, neste momento, não há contacto nenhum entre as direcções para que essa situação possa avançar”, garantiu o dirigente. Fernando Sequeira confirmou já ter conversado com Paulo Sérgio sobre a situação e insistiu na ideia de que “o clube não quer cortar as pernas a ninguém”, mas prometeu “defender intransigentemente” os interesses da instituição. “Há um contrato e esse contrato tem de ser respeitado. Tudo o resto, nesta altura, é especulativo”, disse o dirigente, após uma curta declaração do técnico da formação pacense. Paulo Sérgio confirmou o convite e mostrou “ambição de treinar um grande clube como o Vitória de Guimarães”, mas deixou a decisão nas mãos das direcções dos dois clubes. “Isto mexe connosco e faz-nos pensar, mas não cuspo no prato em que como. Tenho um grande respeito e gratidão pelo clube que me deu a oportunidade de treinar na Liga”, disse, confirmando que “há três dias a esta parte” tem conversado com o presidente do clube sobre a situação. O ainda técnico dos “castores” afirmou que “as coisas não deviam ter sido resolvidas assim” e remeteu para “as partes envolvidas” a tarefa de “encontrar a melhor solução para o caso”.
diversos
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opinião
Manchas na pele:
Saber mais, prevenir melhor De que manchas estamos a falar? Sabemos que a pele é o maior órgão do corpo humano, está sujeita a vários tipos de agressões e as manchas são alterações na sua coloração que podem aparecer em qualquer idade, sabemos que há doenças que se anunciam por manchas irregulares, sabemos igualmente que as “pintas” aparecem em todos os corpos um pouco como as sardas, têm a ver com a pigmentação, e sabemos também que há manchas de envelhecimento como há as manchas da gravidez (cloasmas). O tipo de manchas de pele que vamos falar é um desses distúrbios da pigmentação da pele, caracteriza-se por manchas escuras, aparece principalmente no rosto (mas também pode ocorrer no tronco, pescoço e membros superiores), é um distúrbio tipicamente feminino, é uma consequência do aumento da melanina na pele e dá pelo nome de melasma. Este consiste na aquisição progressiva da coloração, desde castanho claro a castanho escuro, conforme a parte da pele afectada. O domínio das manchas na pele é assim enorme, tem a ver com as alterações da produção de melanina, com as infecções, distúrbios hormonais, micoses, alterações vasculares, tumores, exposições solares e acne. Depois das férias, estas manchas são um justificado motivo de preocupação para quem se submeteu à exposição solar, a pele muitas vezes fica manchada, havendo que fazer tratamentos já que estas manchas podem ser motivo de grande angústia e sofrimento. De facto, a natureza das doenças dérmicas ocasionam geralmente problemas de ordem psicológica pela desfiguração facial, têm repercussões na vida de relação, na produtividade no trabalho e na auto-estima. Melasma, o que é? Afecta mais de metade das grávidas, são as manchas na pele do rosto popularmente reconhecidas por “pano de grávida”. Mas o melasma afecta as mulheres em todos estados pois tem a ver com as características genéticas, as alterações hormonais (é o caso da gravidez) o uso de anticoncepcionais e a exposição às radiações ultravioletas e infravermelhos. No caso das grávidas, desaparece gradualmente com o fim da gravidez e os tratamentos para acabar com as manchas são habitualmente bem sucedidos. Na terapêutica hormonal de substituição (THS), em que usam contraceptivos orais, pode ocorrer melasma. Enfim, o melasma é um tipo de do-
ença cutânea caracterizada por excesso de caracterização, está intimamente relacionada com a exposição a estrogénios, durante a contracepção hormonal, gravidez e terapêutica da menopausa com hormonas. Na grávida desaparece algum tempo após o parto. Podem contribuir para o desenvolvimento do melasma a exposição à radiação ultravioleta, influências genéticas, alguns cosméticos, doença hepática ou endócrina e alguns anti-epilépticos (para além, claro está, da gravidez e da terapêutica hormonal). Continua a ser desconhecida a causa exacta do melasma. Características do melasma No essencial, são as seguintes: hiperpigmentação simétrica facial, sobretudo nas maçãs do rosto e nas regiões malares; pode ocorrer em zonas não expostas às radiações ultravioletas; tem a ver com a produção de melanina (é o pigmento que dá a cor à pele); pode envolver a derme, a epiderme ou ambas; afecta em cerca de 90% dos casos as mulheres; exacerba por exposição solar, gravidez, contraceptivos orais e alguns anti-epilépticos. Como se trata? Há um número apreciável de tratamentos. Todos têm por objectivo a eliminação da coloração das manchas e para que se evite que se venha a formar mais pigmentação. Conforme o tipo de melasma assim a resposta aos tratamentos. A base de todos estes tratamentos consiste na aplicação, por rotina, de cremes protectores solares para as radiações ultravioletas, sem os quais toda a terapêutica falha. Para o melasma epidérmico existem várias opções terapêuticas se bem que as melhorias possam demorar semanas e até mesmo meses até se tornarem visíveis. Para o melasma dérmico é indispensável a aplicação de um creme totalmente opaco às radiações. A terapêutica dirige-se à eliminação das manchas, procura não causar a descoloração excessiva nem irritação cutânea no local das manchas ou à sua volta. Podem ser utilizados agentes dispigmentantes, peelings químicos e outros, criocirurgia, abrasão cutânea e laser. Entre as substâncias usadas, são de destacar: Protectores solares e evitar a exposição aos raios UV Cosméticos opacifantes Laser
Criocirurgia Peeling químico Cremes tópicos com: Fenóis (hidroquinona) Retinóides (tretinoína) Corticosteróides (dexametasona, fluocinolona) Ácido azeláico Alfa hidroxiácios (ácido glicólico) Ácido tricloroacético Ácido salicílico Associação de corticosteróides, fenóis e retinóides (tretinoína) Convém esclarecer que algumas destas substâncias nem sempre são de fácil tolerância, podendo nalguns casos ocasionar alguma irritação cutânea, pelo que poderá haver necessidade de associar vários tipos de substâncias. O que esperar do aconselhamento farmacêutico Conte com o seu farmacêutico, se estiver com manchas no rosto ele terá um ou mais dos seguintes procedimentos: Orientará o doente para o médico dermatologista (é a ele que compete identificar o melasma dérmico, que é o mais difícil de responder ao tratamento e que não dispensa a aplicação de agentes totalmente opacos); Motivará o doente para aplicação diária, do Verão ao Inverno, de um protector solar que seja realmente efectivo para as radiações ultravioletas A e B; Motivar ao doente para a manutenção do tratamento, dando-lhe a saber que todas estas terapêuticas requerem semanas e até mesmo meses até se obterem melhorias (esta informação é indispensável para que o doente perceba que tem de ser perseverante, o abandono da terapêutica faz reaparecer o problema); Informará o doente para as possíveis reacções adversas dos medicamentos esclarecendo o modo de proceder no caso de surgirem alterações; No caso da grávida, haverá que explicar-lhe que deve ser paciente pois geralmente as manchas desaparecem algum tempo após o parto, recomendando-lhe a aplicação de um protector solar diariamente.
Beja Santos Assessor do Instituto do Consumidor
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Em tempo de crise aumenta a procura de decoradores
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ecorar uma casa há muito que deixou de ser uma dor de cabeça, pelo menos para quem pode recorrer a um decorador. À conversa com a decoradora de interiores, Beatriz Moura, o Repórter do Marão ficou a saber que a procura pelos serviços destes profissionais está a aumentar, principalmente entre os casais jovens e homens divorciados, sem tempo para as “andanças” da casa. Segundo Beatriz Moura, “não há casas iguais” pelo que todo o trabalho é personalizado e estudado à minúcia. Se em muitas casas os tons negros ou mesmo coloridos podem ser misturados, há outras residências em que as cores pastel são as mais indicadas porque “tudo depende da casa e do tempo que as pessoas querem manter aquela decoração”, acrescenta a decoradora. De forma que os clientes não se cansem da decoração, a profissional aposta, maioritariamente, em “cores neutras e mobiliário prático”. Beatriz Moura confessou ao RM que pensa sempre na praticabilidade da casa e que por isso opta por decorações leves com “pouco para limpar”. Actualmente, o forte do mobiliário está nas linhas modernas, lisas e direitas, em tons castanhos e negros. Os acessórios jogam com as cores mais ácidas e neutras mediante o tema da casa. Se há casas modernas em que os acessórios de cores ácidas dão um toque arrojado, nas vivendas clássicas os tons neutros e pastéis dos detalhes adequam-se muito mais. É neste seguimento que Beatriz defende que “o trabalho do decorador é muito pormenorizado”. Numa sociedade em crise e que o tempo, por vezes, escasseia para as lides domésticas, a decoradora defende que as pessoas devem ponderar na escolha para a casa e acima de tudo que “devem começar a chamar mais cedo os serviços do decorador”. Habitualmente chamam o profissional quando a casa já está concluída e quando o decorador se confronta com o espaço aparecem logo pormenores que dificultam o seu trabalho. A decoradora dá o exemplo da posição dos focos de luz na sala que, por norma, estão ao centro e “nem a mesa de jantar nem os sofás estão ao centro”. Uma dificuldade que tem de ultrapassar com a adaptação de outros acessórios, como é o caso dos candeeiros. “Despesas que poderiam ser evitadas se chamassem o decorador quando da projecção da casa”, acrescenta. O trabalho de um decorador de interiores começa quando da visita do cliente ao ateliê pois é logo na primeira conversa que o profissional percebe os gostos e as tendências do cliente. Após a primeira visita à casa, existe base para iniciar o projecto. A decoradora Beatriz Moura dispõe de um serviço experimental em 3D, o qual permite avaliar cores, mobiliário e disposição dos objectos em toda a casa. Desta forma o profissional consegue tornar os seus serviços mais rentáveis e por vezes mais económicos ao cliente. Segundo a decoradora “o serviço do profissional pode até ser compensador na medida em que evita a compra de produtos desnecessários”.
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crónica|eventos
Prova de todo-o-terreno em Paredes A.M.PIRES CABRAL
A raposa e os grilos O Leitor desapercebido das perfídias do colunista julgaria, ao ler o título, que estava em frente de uma fábula — um desses deliciosos textos em que há animais a falar e a agir como humanos com o único fito de satirizar os vícios e defeitos destes últimos. Mas não: a fábula está muito para além dos meus talentos. Escrevo sobre gente — e é um pau! Na verdade, a raposa e os grilos que o título parece convocar estão nele como o Pilatos no credo e só aparecerão lá mais para o fim, quando o principal estiver dito. Na verdade, este texto é ainda sobre a crise. “Parece que o diabo do homem não tem mais nada para falar, senão da crise”, dirão alguns, porventura enfadados de tanto ouvir a nefanda palavra matar-lhe dia e noite o bichinho do ouvido. Mas repito o que aqui escrevi no mês passado: «A crise come connosco à mesa, dorme connosco na cama, sentase ao nosso lado no autocarro. É incontornável.» E é, de facto. Mesmo quando se parece respirar um certo clima de ligeiríssimo desafogo, com base em números que vão chegando um pouco de todas as austeras fontes internacionais, com a OCDE à dianteira — lá vem uma notícia que parece não ter outro objectivo senão esborralhar-nos as poucas pedras que tínhamos amontoado nas nossas expectativas. No dia em que escrevo, por exemplo, a senhora OCDE — com a sua vocação de desmancha-prazeres — reviu em alta os números do desemprego e prevê para 2010 mais duzentos e tantos mil desempregados em Portugal. Lá tivemos nós de rever em baixa as nossas esperanças. O próprio Repórter do Marão, que me alberga mensalmente estes desabafos, faz questão de noticiar que, em Paços de Ferreira, «empresários em dificuldades já recorrem ao banco alimentar.» E não há-de uma pessoa ficar deprimida? É certo que não serão todos os empresários de Paços Ferreira. Presumo que aqueles empresários que contribuíram para que o concelho fosse o que contava a maior concentração de Ferraris por km2 — não tenham ainda chegado ao extremo de ir à porta do Banco Alimentar mendigar, de chapéu na mão e estômago a roncar, géneros alimentícios para si e para os seus. Que
diabo, ele há empresários e empresários. Aqueles a que a notícia se refere são certamente donos de PME’s — sigla e conceito que os políticos têm explorado até à exaustão sem contudo terem contribuído com um grama de solução para os problemas que as afectam. São os donos de pequenas explorações industriais, muitas delas à escala familiar ou pouco mais, cuja vida continua complicada, mesmo sabendo-se que a recessão acabou (para já). De qualquer forma, são empresários — e aqui entram finalmente a raposa e os grilos. Há um provérbio na minha boa terra trasmontana a que acho uma graça especial. Os provérbios, já se sabe, são formulações lapidares que à sageza aliam frequentemente a graça. É o caso deste: “Quando a raposa anda aos grilos, se mal da mãe, pior dos filhos”. Entendese: quando nos contentamos com muito menos do que aquilo que seria natural, aqueles que dependem de nós sofrem ainda mais do que nós. Não é com grilos que a raposa mata a fome dos filhos. Já entende o Leitor a que vem o título. É uma alegoria da época difícil que atravessamos. A raposa — são os empresários que, à falta de perdizes e coelhos, buscam passadio mais rasteiro e presume-se que menos suculento. Os grilos — são a ajuda do Banco Alimentar. Os filhos — são os que deles dependem, ou seja, os operários. Bem se pode dizer, de facto, que, por muito mal que passem esses empresários, pior passarão os que estão um furo abaixo na escala social. Diabo de crise, que nunca mais nos abre um claro, inequívoco e definitivo rasgão no véu negro em que andamos todos embrulhados! pirescabral@oniduo.pt
Quando nos contentamos com muito menos do que aquilo que seria natural, aqueles que dependem de nós sofrem ainda mais do que nós. Não é com grilos que a raposa mata a fome dos filhos.
III Raid Aventura Ranger anima região duriense
Nos próximos dias 16, 17 e 18 de Outubro, o clube TT de Paredes realiza o II Aventura Off Road. Durante três dias os adeptos do todo-o-terreno e dos desportos radicais, convergem em direcção ao Parque Industrial de Baltar para assistir e participar nas diversas actividades com alto nível competitivo e de lazer. Esta prova tem como objectivo mostrar como é possível aliar a prática do todo-o-terreno com os sabores únicos da gastronomia local. Passeio de BTT, Passeio TT, Pista de Trial 4x4, Show STrip, insufláveis, muita animação e inúmeras actividades radicais, são alguns dos motivos para marcar presença.
Nos dias 17 e 18 de Outubro decorre mais uma prova da época 2009/2010 da Taça de Portugal de Corridas de Aventura da Federação Portuguesa de Orientação, que integra o “IV Campeonato de Corridas de Aventura do Exército” e “IV Campeonato Ibérico de Corridas de Aventura”. O inicio da etapa começa em São João da Pesqueira passando por mais seis localidades durienses, tendo como meta a cidade de Lamego. Este evento contará com cerca de 60 equipas e traz para a região os melhores atletas portugueses e espanhóis.
Mariza e Ana Moura actuam no Porto A nova voz internacional do fado, Ana Moura sobe ao palco da Casa da Música, no dia 20 de Outubro às 21h30, para interpretar os temas do seu recente álbum “ Leva-me aos Fados”. Ao quarto disco de originais, a fadista de Santarém é considerada uma das melhores da actualidade. O seu repertório inclui os mais variados temas, do fado mais tradicional ao mais experimental, interpretando também criações dos mais conceituados autores e compositores contemporâneos. Do outro lado da cidade, a 29 de Outubro às 21h30, chega a vez da talentosa Mariza encantar o Coliseu do Porto. A fadista ou “cantadeira de fados” como gosta de ser chamada, vai certamente encantar os presentes com a interpretação dos seus maiores êxitos. A sua invulgar capacidade de interpretação conjugada com a sua paixão pelas palavras de poetas torna impossível ficar-lhe indiferente tornando a experiência de a ver e ouvir em algo de verdadeiramente extraordinário. Prova disso são os sucessivos concertos nos mais famosos palcos nacionais e internacionais e os consecutivos prémios que vai arrecadando na sua ainda curta mas já sólida carreira.
Teatro no auditório municipal de Lousada Os actores André Gago, José Eduardo e Marcela da Costa sobem ao palco do auditório municipal de Lousda no dia 23 de Outubro, para levar à cena a peça “Quarto 108”. A acção passa-se num quarto de hospital – o “Quarto 108” - onde um homem de 40 anos vai passar pela experiência de ser confrontado com a notícia de uma possível doença grave. Como se a situação não fosse já de si melindrosa e aflitiva, ele vai ter dividir o quarto com outro paciente mais velho, hipocondríaco e mexeriqueiro que vive na angústia de ter “alta”. Este confronto vai ser arbitrado por uma jovem enfermeira (Marcela da Costa) que se esforça por aturar e confortar estes dois pacientes tão diferentes um do outro e que, com ternura e profissionalismo consegue atenuar as carências e angústias de um, e a solidão e velhice do outro. Uma história da autoria de Gérald Aubert, tradução de Alexandre Rodrigues e encenação de Joaquim Nicolau.
13 a 26 Out‘09
sabores & aromas de baco
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repórterdomarão
Doces “gourmet” com carimbo marcuense Casa dos Lenteirões comemora 190 anos dos Doces do Freixo e conquista as lojas ‘Gourmet’ com um segredo de família. Redacção | tamegapress@gmail.com Desde 1819, que os doces conventuais do Freixo, iguaria confeccionada a escassos quilómetros da cidade do Marco de Canaveses, conservam os sabores tradicionais. As cavacas e as fatias são os produtos mais apreciados. Segundo Paulo Mendes, bisneto de Carlota da Silva, fundadora do estabelecimento, 70 por cento dos clientes são de fora do concelho do Marco de Canaveses, mas também há turistas estrangeiros entre a clientela. A comemorar 190 anos, a Casa dos Lenteirões ainda conserva o estatuto de doçaria conventual em alguns dos seus produtos, sobretudo as cavacas e as afamadas fatias. O segredo passou de pais para filhos. Paulo Mendes, também pasteleiro na Casa dos Lenteirões, considera fundamental a utilização de ingredientes naturais para se obter um excelente o resultado final. “Todos os doces na Casa dos Lenteirões são confeccionados com produtos naturais e com as técnicas tradicionais”, garante. Com a moda das lojas ‘Gourmet’, os Doces do Freixo têm sido muito requisitados e a Casa dos Lenteirões tem vindo a abastecer várias lojas do sector, nomeadamente a conhecida loja “Praça”, na Foz do Douro, Porto. Podemos também encontrar esta doçaria na cadeia alimentar Intermarché, para a qual a Casa dos Lenteirões fornece diariamente. A doçaria mais conhecida do Marco de Canaveses também já conquistou um dos marcuenses mais conhecidos no país, o eng.º Belmiro Azevedo, cliente frequente da Casa dos Lenteirões, segundo revelou o pasteleiro. A qualidade dos doces do Freixo há muito que conquistou o “estômago” dos marcuenses e todos quanto passam pela terra e provam as deliciosas iguarias conventuais. Os ingredientes são poucos, somente ovos, farinha e açúcar. No entanto, o segredo parece estar nas “voltas” que estes três componentes dão no decorrer da sua confecção.
Origem num convento de freiras A história dos doces regionais do Freixo, em Marco de Canaveses, remonta ao século XVII e seriam confeccionados num convento de freiras. Todavia, as primeiras informações acerca dos doces aparecem apenas a partir do ano 1819, no reinado de D. João VI, data de construção da original Casa dos Lenteirões. Reza a história local que o Rei D. Luís exigia a presença dos doces regionais do Freixo nos seus banquetes. A Casa dos Lenteirões situa-se na freguesia do Freixo, a 2,5 km da cidade do Marco de Canaveses (no sentido de Cinfães). O estabelecimento apenas encerra às segundas-feiras de manhã.
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10 a 23 de Set‘09
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
património
Museu da Pedra Situado em Alpendorada e Matos, o Museu realça a importância do granito para a região Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com
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á a conhecer a relação do homem com a pedra e da pedra com a arte, o património e a história. O Museu da Pedra está situado no Concelho de Marco de Canaveses, mais precisamente na freguesia de Alpendurada e Matos, onde todos os habitantes têm uma relação especial com a pedra que está bem visível nos montes que circundam aquela localidade. No Museu da Pedra o visitante pode dar um passeio que o leva até as origens da pedra, do tempo em que os homens ainda não sabiam trabalhá-la. A abundância das pedreiras nesta localidade do Marco de Canaveses levou o homem a apostar nesta matéria-prima como principal fonte de rendimento. Hoje, todas as fases do “trabalhar a pedra”, estão expostas no Museu recentemente aberto ao público. O Museu está instalado num edifício recuperado onde funcionava uma antiga escola pré-primária e para a definição do espaço e para a escolha do acervo foi convidado o actual director do Museu da Imprensa do Porto, Luís Humberto Marcos. No exterior do edifício principal, um telheiro transporta o visitante para a realidade laboral dos pedreiros da região. O local também alberga umas obras de arte imponentes pelo tamanho, mas também pela paixão e dedicação que deve ter sido necessária para a sua elaboração. Quando se entra no museu, o odor muito caracte-
rístico da pedra enche as narinas do visitante e atraio para uma dimensão que permite visualizar o amor ao trabalho bem feito e à arte. Para os habitantes, o Museu da Pedra de Alpendurada constituiu uma homenagem a todos os antepassados que viveram do granito. O Museu da Pedra realça a importância do granito para o Marco de Canaveses e para toda a região envolvente, do ponto de vista económico, social e arquitectónico. O espaço dispõe de um amplo salão multiusos, com cerca de 140 metros quadrados, para exposição permanente dos artefactos em pedra e videoteca, e uma arrecadação, no exterior, com 27 metros quadrados para arrumação de material diverso. A exposição está dividida em áreas temáticas, apresentando elementos ligados à pedra. Partindo da composição mineral, para chegar à manipulação pelo homem para todos os fins possíveis. O acervo também não esquece as ferramentas e as aplicações artísticas. O projecto de valorizar a Pedra através do Museu não se esgota naquele espaço, uma vez que a ideia é estender o museu para muitos lugares. Os responsáveis do Museu querem que, no futuro, o projecto se torne polinucleado, dinâmico e inovador, irradiando para outras zonas do Marco de Canaveses e mostrando como a relação com a pedra constitui uma matriz ancestral do concelho.
13 a 26 Out‘09
cartoon | nós
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repórterdomarão
Cartoons de Santiago [Pseudónimo de António Santos]
Introdução às novas tecnologias de informação 2009
Fundado em 1984 Quinzenário Regional • Publica-se à segunda-feira Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89 Redacção: Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 437 000 E-mail: tamegapress@gmail.com Director: Jorge Sousa (C.P. 1689), Director adjunto: Alexandre Panda (C.P. 8276) Sub-director: António Orlando (C.P. 3057) Redacção e colaboradores: Alexandre Panda, António Orlando, Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Paula Costa (C.P. 4670), Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre (C.P. 2950), Helena Carvalho. Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros
Colaboração/Outsourcing: Media Marco (Vitor Almeida, Sandra Teixeira), Baião Repórter/Marão Online (Jorge Sousa, Marta Sousa) Promoção Comercial, Relações Públicas e Publireportagem: Iva Soares - Telef. 910 536 928 publicidade.tamegapress@gmail.com Propriedade e Edição: Tâmegapress - Comunicação e Multimédia, Lda. NIPC: 508920450 Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 - Apartado 4 4630-279 MARCO DE CANAVESES Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.
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