Repórter do Marão

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“Fui enganado pela Estradas de Portugal”

EXCLUSIVO Entrevista com António Pereira, administrador da Água do Marão, a empresa que parou as obras do túnel

repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste

Nº 1226 | Quinzenário | 1€ | Ano 25 | Director: Jorge Sousa | Director-Adjunto: Alexandre Panda | Subdirector: António Orlando | Edição:Tâmegapress | Redacção: Marco de Canaveses | 910 536 928

25 Nov - 07 Dez 2009

TÂMEGA e SOUSA

PSD e PS partilham direcção da Comunidade PAREDES

Maus cheiros para aguentar mais quatro anos BRAGANÇA

Espectáculos no Teatro ainda são vistos como elitistas MARCO DE CANAVESES

Apoio a famílias carenciadas cresceu 70 por cento NORDESTE

Sonae sobressalta agricultores do Vale da Vilariça

Autarcas ainda acreditam no compromisso do Governo Sobretudo na região do Tâmega há antigos utentes da linha férrea que desconfiam do processo e do atraso das obras. Os carris foram levantados mas tarda o arranque das novas empreitadas. E a apreensão aumentou com a substituição da secretária de Estado Ana Paula Vitorino, agora “apenas” deputada do PS.

LINHAS DO TÂMEGA E CORGO SEM CARRIS

Saída de secretária de Estado gera apreensão


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linhas férreas

Saída de Ana Paula Vitorino gera apreensão na região do Tâmega Autarcas de Amarante e Marco de Canaveses acreditam que investimentos vão ser realizados António Orlando | aorlando.tamegapress@gmail.com | Fotos Lusa, Paula Lima e A.O.

A

s instalações do novo Governo e dos novos executivos camarários criaram uma espécie de “stand-by” em obras fundamentais para a região do Baixo Tâmega. A linha-férrea do Tâmega é um desses exemplos mais flagrantes. Os velhos carris foram rapidamente retirados do canal ferroviário logo após a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorio, ter dado por suspensa a circulação das automotoras. Já lá vão oito meses e até agora não há no terreno qualquer acto que indicie obras. Há sim um cenário de abandono. O presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu, desdramatiza e acredita cegamente que o Governo vai cumprir com o prometido. “As notícias que tenho é que estão agora a fazer um inquérito à população para concluírem o projecto de recuperação da linha para depois lançarem a obra concurso”, disse Armindo Abreu, ao Repórter do Marão (RM). A população, por sua vez, teme cada vez mais que se esteja perante um abandono em definitivo da linha do Tâmega. De resto, já o tinham dito, aquando do encerramento. Há oito meses. Lembram estratégias de esvaziamento da REFER para mais tarde concluir que “já não se justifica o investimento”, reavivam experiências a que o país tem assistido. O investimento total estimado para o conjunto de intervenções a realizar na Linha do Tâmega é de cerca de 13,3 milhões de euros. Admite-se que em face do montante, o concurso tenha âmbito internacional. “O que demora mais é esta fase burocrática. A execução da obra é relativamente fácil. Estou convencido que o prazo, no primeiro trimestre de 2012, vai ser cumprido. A senhora secretária de Estado pediu mesmo que a linha fosse reaberta a tempo do início do ano lectivo de 2011/12. Acho que ainda temos tempo”, advoga o socialista Abreu. A substituição da secretária de Estado, com a entrada em funções do novo governo, pode também ser um obstáculo a que a região prossiga nos trilhos de

desenvolvimento das suas acessibilidades. É sabido que a ex-secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, nutria – pelo menos assim o aparentava publicamente – simpatia pela região. Por exemplo, fazia aqui férias. No último Verão, esteve hospedada no Douro Palace Hotel, em Baião. E no anterior, havia percorrido, em turismo, a linha do Tua, pouco tempo antes do fatídico acidente que atirou para o rio o metro transmontano. Na retina está o traje informal (estava de férias) da ex-governante com que se apresentou diante das câmaras para falar sobre a tragédia. José Luís Carneiro, autarca de Baião, reconhece a Ana Paula Vitorino “uma grande sensibilidade para os problemas da região”, mas ainda assim acredita que a nova equipa das Obras Públicas vai cumprir com a região. “Tenho a certeza que assim será”, realçou. Porém, há compromissos que carecem de confirmação por parte da tutela. É o caso do protocolo estabelecido, no último Verão, entre as Câmaras de Baião, Resende e a Secretaria de Estado dos Transportes para a reactivação da travessia fluvial entre estes dois concelhos. “Gostaríamos que esse protocolo, agora, fosse reafirmado pelo senhor ministro da Obras Públicas. Por outro lado, também foi anunciado o estudo prévio da electrificação da linha do Douro entre o Marco e a Régua e é importante que esta matéria se mantenha actual para o novo Ministério”, sublinhou Carneiro ao RM. Seguros estarão os investimentos previstos para a zona da Pala (Baião), que prevêem a reconstrução de uma marina e a requalificação de toda aquela área criando-se assim as condições necessárias para que o novo hotel, candidato às cinco estrelas, avance. O concelho baionense aguarda também pela adjudicação da empreitada que vai construir a ligação rodoviária da Vila (sede) à Ermida (Santa Marinha do Zêzere). O concurso público está a decorrer. Também a decorrer está o concurso para a electrificação da Linha-férrea do Douro, desde Caíde

Eles decidem: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

Ministro António Mendonça Nasceu no Estoril, Cascais, em 18 de Maio de 1954, é casado e tem 4 filhos. Secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e Comunicações [Reconduzido] Paulo Jorge Oliveira Ribeiro de Campos Nasceu em Coimbra em 7 de Abril de 1965, é casado e tem 3 filhos. Secretario de Estado dos Transportes Carlos Henrique Graça Correia da Fonseca Nasceu em Setúbal em 23 de Março de 1948, é casado e tem 5 filhos.

(Lousada) até ao Marco de Canaveses. A obra é fundamental, para que nomeadamente, volte a funcionar até ao Marco o serviço de suburbanos (com maior oferta e a preços mais acessíveis para o utilizador). O autarca marcuense, Manuel Moreira, após estabelecer contacto com a REFER, disse ao RM ter sido informado que “o calendário do arranque da obra para o primeiro trimestre de 2010 se mantém”, isto apesar de alguns percalços no actual concurso. Sobre a saída de Ana Paula Vitorino do Governo, o autarca social-democrata, disse não esperar mudanças “uma vez que o Governo é a continuação do anterior”. “Espero que o executivo cumpra com os compromissos porque a nossa região não tem sido muito bafejada pelos investimentos públicos”, acrescentou Manuel Moreira.

Ana Paula Vitorino [tem] “uma grande sensibilidade para os problemas da região” José Luís Carneiro, presidente da Câmara Municipal de Baião

“Espero que o executivo cumpra com os compromissos” Manuel Moreira, presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses


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DentroI Ide I I Iquatro I I I I I I Imeses I I I I I I teIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII remos a obra a iniciar e a estimativa que temos de suspensão do serviço é de cerca de dois anos. Temos que pôr uma linha capaz, segura e que quando reabrir deve ser uma linha com melhor serviço e melhor coordenação com os comboios que vão para o Porto e Populares e autarcas continuam a ainda com comboios mais confortáveis” acreditar na promessa de Ana Paula

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Linha do Corgo reabre até 2011

Ana Paula Vitorino, sobre a Linha do Tâmega, Março de 2009

| De cabeça… Recuperar os 12 km da Linha do Tâmega em dois anos, equivale a 23 metros por dia.

| Consignação da Empreitada

Na sequência da decisão de suspensão da circulação naquelas Linhas, no passado 25 de Março, ficou a REFER incumbida de proceder às intervenções necessárias, nomeadamente a renovação integral da superstrutura de via (carril, travessas e balastro), beneficiação dos órgãos de drenagem longitudinal e transversal, beneficiação das plataformas e abrigos dos apeadeiros e estações existentes e consolidação geotécnica de taludes.

| 13,3 milhões de investimento

A empreitada da Linha do Tâmega (km 0,400 ao km 12,853) foi adjudicada ao consórcio Fergrupo – Construções e Técnicas Ferroviárias, SA/Ferrovias e Construções, SA por 2.473.665,00 euros e um prazo de execução de 75 dias de calendário.

Vitorino, agora deputada (PS) Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com Populares e autarcas da Linha do Corgo continuam a acreditar que o comboio vai voltar a circular na Linha do Corgo, vendo cumprir assim a promessa da antiga secretária de Estado dos Transportes. Ana Paula Vitorino saiu do Governo mas deixa um rasto de esperança entre Vila Real e Régua. Os carris foram levantados. A linha do Corgo lembra agora um estradão de terra batida deixando os passageiros a suspirar e a ansiar pelo regresso do comboio. João Lopes foi ferroviário durante muitos anos. Natural de Alvações do Corgo, concelho de Santa Marta de Penaguião, foi desde muito cedo que se acostumou a ver passar o comboio na Linha do Corgo, bem lá ao fundo da aldeia. O trabalho nos caminhos-de-ferro, como fogueiro e depois como maquinista, levam-nos a dizer que conhece como poucos esta linha que liga Vila Real a Peso da Régua, ao longo de 26 quilómetros. “Não há outro transporte mais seguro do que o comboio”, afirmou ao Repórter do Marão. É também por isso que anseia pela reactivação da linha, acreditando na promessa de Ana Paula Vitorino, a antiga secretária de Estado dos Transportes que se comprometeu a concretizar uma vasta intervenção de remodelação da linha, fechada a 25 de Março por falta de condições de segurança. A decisão da ex-secretária de Estado dos Transportes foi tomada na sequência do inquérito da REFER aos acidentes ocorridos no Tua. “A promessa dela vai ser cumprida, apesar de ter saído do Governo. Na minha boa fé, tenho uma grande esperança que o comboio vai voltar”, salientou. Também o presidente da Junta de Freguesia de Alvações do Corgo, Manuel Liberato, acredita que as

obras vão ser feitas. “Gosto de acreditar que as pessoas são de bem”, frisou, deixando no entanto a garantia de que, se o comboio não regressar ao Corgo, se vai “revoltar” levando o seu “povo” com ele. “Eles prometem, prometem e nós cá estamos à espera que essas promessas se cumpram”, salientou Fausto Soares, residente em Alvações do Corgo. João Lopes espera pelo comboio mas diz que não entende porque é que a renovação da linha teve que implicar o seu encerramento. “Em todos os anos que trabalhei para a CP nunca vi uma renovação que implicasse o fecho da linha”, frisou.

REFER reajusta horários |

Depois de uma primeira fase em que foram arrancados os carris da via, a REFER efectuou um inquérito às populações servidas pelo comboio do Corgo. Pelos concelhos atravessados pela linha, decorreram reuniões de trabalho entre a empresa pública e as autarquias. O vereador da Câmara de Vila Real, Miguel Esteves, explicou que o estudo visa apurar “quais as necessidades e anseios das populações quanto à utilização da linha de caminho de ferro”. É que, segundo referiu, o comboio era um meio de transporte muito utilizado há uns anos, quer por estudantes, trabalhadores que se deslocam quer para Vila Real quer para a Régua ou até por passageiros que iam às compras ou ao médico. “Ultimamente verificou-se um total desajuste das reais necessidades das populações com os horários que estavam a ser colocados na linha, uma situação que levou à degradação da procura”, frisou. Por isso, acrescentou, quando

reabrir a linha, a REFER quer reajustar os horários de funcionamento às necessidades dos utentes, para que também possa aumentar a sua utilização pelas populações locais. Em cima da mesa está ainda a hipótese de criar novas paragens ou reabilitar algumas das que não estavam a ser utilizadas. “A reunião com a REFER deixanos fortes indicadores de que a linha vai reabrir até 2011”, sublinhou. Agora haverão ainda mais duas fases para a colocação dos novos carris e travessas, beneficiação dos sistemas de drenagem, das plataformas, das estações e apeadeiros. O investimento previsto para a Linha do Corgo é de 23,4 milhões de euros.

Comboio preferido | Em alternativa ao comboio, o transporte pelas aldeias atravessadas pela linha de ferro dos concelhos de Vila Real, Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua, está a ser feito em autocarro. As populações locais anseiam pela reabertura da linha e temem a estrada no Inverno, alegando ser muito estreita, sinuosa e com muito gelo nos dias mais frios. Manuel Liberato sustenta as preocupações com o transporte rodoviário com os acidentes que já ocorrem na estrada. “Tem havido alguns acidentes com os carros que se tentam desviar do autocarro”, referiu. Acrescentou que a estrada é “muito perigosa” e que a maior parte da população “continua a preferir” o transporte ferroviário. Fausto Soares até viaja regularmente no autocarro, porque não tem alternativa de transporte, mas espera que o comboio regresse em breve à Linha do Corgo.


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ambiente

Paredes aguenta mais quatro anos de maus cheiros Paredes adere à SimDouro para resolver problema do saneamento em alta | Celso Ferreira reafirma que a ETAR vai mesmo ser desactivada A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Paredes, após anos de promessas não concretizadas, vai ser “desactivada e demolida” nos próximos quatro anos, garantiu ao Repórter do Marão (RM) o presidente da autarquia paredense, Celso Ferreira. O autarca justificou a boa nova com a adesão do município à SimDouro – Saneamento do Grande Porto, SA, uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, criada recentemente pelo Estado, para recolha, tratamento e rejeição de efluentes de vários municípios, entre os quais o de Paredes. A constituição da sociedade, que terá a seu cargo a gestão do Sistema Multimunicipal de Saneamento do Grande Porto, já começou a ser preparada. “A concessionária do saneamento em Paredes já começou a infra-estruturar em baixa em Cete, enquanto esta solução vai permitir a estruturação em alta da bacia do rio Sousa, num investimento bastante elevado”, disse Celso Ferreira. Paredes entra com 600 mil euros no capital social da empresa, que se compromete a investir no concelho cerca de 20 milhões de euros, acrescentou o autarca social-democrata.

ETAR em Aguiar de Sousa. |

“Desta vez, o problema da ETAR em Paredes fica resolvido em absoluto”, garantiu Celso Ferreira, revelando que a solução vai passar pela construção de duas novas ETAR, a maior delas no concelho vizinho de Penafiel. “Uma [ETAR] em Paço de Sousa, Penafiel, que servirá cerca de 70 mil habitantes, dos dois concelhos, e outra, um subsistema pequeno, em Aguiar de Sousa, a jusante do rio Sousa”, para servir a população daquela freguesia do concelho de Paredes, revelou.

Carlos Alexandre Teixeira | calexandre.tamegapress@gmail.com

Esta solução integrada pretende aproveitar os últimos fundos comunitários possíveis para que vários municípios, nomeadamente do interior norte do distrito do Porto, possam construir o saneamento em baixa. Mas será a SimDouro a construir, estender, reparar, renovar, manter e melhorar as obras e equipamentos em alta necessários.

Como S. Tomé… |

A população da zona envolvente à estação de Paredes e contígua à ETAR, ouvida pelo RM, é comedida nas reacções a mais um anúncio da “demolição” da estação de tratamento, optando pela máxima “ver para crer”. Ao longo dos últimos anos – são quase 20 desde que a ETAR, por decisão do então presidente Jorge Malheiro, foi construída naquela zona da cidade –, tiveram de “reaprender a respirar” e não será agora, por mais um anúncio, dizem, que vão ganhar coragem, encher o peito de ar e respirar fundo e de alívio pela boa nova. Lembram que as várias manifestações e os muitos abaixo-assinados ao longo dos anos nada resolveram e, por isso, querem “ver para crer”, embora todos estejam de acordo quanto “à má decisão” que foi instalar naquela zona uma ETAR. “É muito mau, um caos, só Deus sabe o que aqui temos passado. Se quem manda morasse aqui, já isto tinha sido resolvido”, disse Maria Beatriz. Para esta moradora da Rua Gago Coutinho, na estação, cuja casa dista cerca de 50 metros da ETAR, “de pouco vale ter as portas fechadas” nas alturas críticas, identificadas com “o calor e a altura em que deitam os preparados”. A opinião é partilhada por Laurinda Rocha e João Magalhães, comerciantes para quem “o cheiro, nos

dias piores, acaba por afectar o negócio”, na medida em que “afasta os clientes”.

Comerciantes desesperam |

“Os clientes reclamam, mas o pior é quando o cheiro se entranha. É uma pena, pois a zona até é agradável, mas parece ter ficado esquecida quando fecharam a passagem de nível”, queixou-se Laurinda. Do outro lado da rua Gago Coutinho, João lembrou que “dentro do mau, já houve momentos piores”, aludindo ao “tempo anterior a alguns melhoramentos”: “Ninguém parava aqui. Só visto”. Disse ainda ao RM que “nunca iria viver para aquela zona”, que elogia em especial pela “localização”, enquanto o problema da ETAR não estivesse resolvido”, num raciocínio igual ao de Maria Sousa, funcionária de uma clínica a funcionar nas imediações da ETAR. “É curioso como alguns utentes, para efeitos de localização, identificam a clínica como sendo aquela onde cheira mal”, referiu, concordando com a ideia: “nalguns dias, onde não se pode mesmo”.

“Desta vez, o problema da ETAR em Paredes fica resolvido em absoluto” Celso Ferreira, presidente CM Paredes


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os novos autarcas

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cultura

Casa da Música cresceu e não apresenta “sinais de trauma” Director artístico defende que gosto do público deve ser nivelado por cima Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com | Fotos João Miranda/Lusa e Casa da Música

P

ara que serve a música? Qual o propósito de uma partitura? Que utilidade tem um concerto para violinos? “A arte é por definição inútil; inútil mas necessária”, responde, ao Repórter do Marão, António Jorge Pacheco, actual director artístico e da educação da Casa da Música do Porto que em 2009 já recebeu cerca de 440 mil visitantes e dinamizou quase 300 espectáculos. O edifício singular projectado por Rem Koolhaas foi inaugurado em 2005 mas nestes quase cinco anos de existência “a Casa da Música cresceu, aprendeu a interagir com o meio e, apesar dos maus tratos que em dada altura recebeu, não apresenta sinais de trauma”. Os cinco anos são poucos, para uma instituição desta natureza mas “o potencial é enorme e creio que estamos no bom caminho”, sustenta António Jorge Pacheco, 49 anos, que conta já com 10 anos de ligação à Casa da Música. Entre 1999 e 2001 foi membro do grupo de trabalho da CdM, por nomeação do ministro da Cultura e logo em 2002 assumiu o cargo de coordenador artístico do espaço. De Novembro de 2005 a Março de 2006 foi director artístico interino da CdM e em 2008 aceitou o convite do Conselho de Administração da Fundação Casa da Música para substituir Pedro Burmester na direcção artística.

te conseguir entender a mecânica dos fluidos ou apreciar um poema de Herberto Hélder não lhes retira validade”, responde o director. Por esse mesmo motivo defende que “o gosto do público deve ser nivelado por cima e o que é verdadeiramente popular é a qualidade”. Ao público, a casa de todas as músicas oferece assim a possibilidade de tomar conhecimento com realidades distintas, ultrapassando-se as limitações próprias de cada um. “O mais fantástico no conhecimento, seja ele cultural ou científico, é que não tem limites”, lembra Jorge Pacheco. Por esse motivo, a Casa da Música fornece “instrumentos que ajudem a superar o estádio de conhecimento em que cada um se encontra”. Contudo, “o conhecimento e a cultura individual constroem-se com esforço individual e não há nada que se substitua a esse esforço”. Um esforço que passa pela Avenida da Boavista, no Porto e se cruza com a sala Suggia, a Orquestra Nacional do Porto, o quarteto Remix Ensemble, o clubbing, entre tantos outros. Em 2009 a programação da CdM ainda foi da autoria de Pedro Burmester, sendo 2010 o ano da estreia do novo director artístico. Do ponto de vista estrutural adianta “muito poucas diferenças”, mas os conteúdos “partem todos os anos do zero”. “Há que inventar tudo!”

Reconhecimento internacional |

Quanto a balanços de 2009, na direcção artística, Jorge Pacheco opta por não os fazer. “Preferia que fosse feito por alguém mais imparcial”, sublinha. Assume, porém, ter o compromisso de “dar continuidade ao projecto tal como ele foi originalmente concebido, desenvolver as competências artística dos agrupamentos e explorar todo o seu potencial, ser cada vez mais pertinente para a comunidade local e manter o equilíbrio da representação dos vários géneros musicais”. Salienta ainda que a internacionalização do projecto será sempre o corolário da qualidade do trabalho desenvolvido, e não um objectivo, embora “o reconhecimento internacional da Casa seja hoje um facto”. Mas será a Casa da Música acessível a qualquer um? “O facto de pouca gen-

A taxa média de ocupação em cada evento da Casa da Música é de 75 por cento. Além dos cerca de 300 concertos, em 2009 foram dinamizadas 1343 actividades do Serviço Educativo.


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cultura

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Acesso à cultura democratizado António Jorge Pacheco considera que investimento na cultura tem mais garantias de retorno “Os países que mais e melhor investiram na educação e na cultura são hoje os mais evoluídos, os mais ricos e os mais justos”. Daí se retira a importância da própria cultura na formação da sociedade e no crescimento interior de cada um dos seus elementos. Essa capacidade, ou característica, da cultura justifica uma “contribuição financeira do Estado” que passa por “subsidiar o público e democratizar o acesso a bens culturais”, salienta António Jorge Pacheco para quem “está provado que um investimento criterioso na cultura em momentos de crise é dos que dá maiores garantias de retorno”. Ainda que concorde com a falta de apoios à cultura por parte do Estado, considera mais premente “saber que responsabilidades deve o Estado assumir em relação ao património e à criação do património do futuro”, lembrando que “o Estado não pode manter unidades de produção artística de fachada ou desvirtuar a sua missão de serviço público”. Em si, o potencial da Casa da Música é “enorme”, com uma área de influência que “tem vindo a alargarse paulatinamente e não é só mensurável através do público que visita”. Jorge Pacheco recorda, pois, que “de cada vez que um dos agrupamentos residentes actua noutro palco – em Portugal ou no estrangeiro – leva um pouco da Casa consigo”. Dentro da própria cultura, a evolução em termos de procura tem sido “positiva” mas o director artístico

–membro da direcção da Réseau Varèse de Paris desde 2004 – questiona se não se poderia ter ido “mais longe”. “Tivemos vários contextos que criaram sobressaltos positivos que depois não tiveram continuidade, ou pior, sofreram retrocessos irresponsáveis, senão mesmo criminosos, pelas mãos do poder político local ou nacional”, lamenta. É que no século XXI ainda há quem “não tenha percebido que há uma relação causaefeito entre os níveis civilizacionais, de justiça e riqueza e o nível cultural das populações”. L.L.

António Jorge Pacheco foi membro do júri do Leone D’Oro da edição de 2007 do Festival de Música Contemporânea da Bienal de Veneza A convite do Ministério da Cultura Flamengo, integrou este ano a Comissão de Avaliação para a atribuição de subsídios estatais na área da música.


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saúde

Ambulância SIV de Amarante é “desperdício de recursos” Comandante dos BV da Lixa relata casos de falta de coordenação e defende que viatura deve ser atribuída aos bombeiros, como acontece em Baião Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com

O

c omandante dos bombeiros da Lixa afirma que não faz sentido existir uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) afecta ao centro de saúde de Amarante, a cerca de 200 metros do quartel de bombeiros local. Para José Campos, está a haver um “desaproveitamento e um gasto supérfluo de recursos”. As ambulâncias SIV são consideradas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) como “mais um meio disponível” podendo ser usadas “em conjunto com ambulâncias de socorro, isoladamente ou em conjunto com a VMER”. José Campos, que é comandante dos bombeiros da Lixa desde 2001, e Vogal do Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses diz que esta entidade tem alertado o Ministério da Saúde para “estas situações que são anómalas e que causam algum desconforto. Muitos comandantes de bombeiros e responsáveis das entidades que detêm corpos de bombeiros têm pacificamente deixado que algumas outras estruturas que não têm nada a ver com o comandamento entrem pelas nossas casas adentro”. Para o comandante está a haver uma duplicação de meios que “não é correcta porque gera alguma conflitualidade e há recursos desaproveitados”. Para

sustentar a sua opinião dá dois exemplos: em Maio de 2008, houve um acidente numa prova de autocross que estava a ser coberta pelos bombeiros da Lixa [em Santa Cristina, Figueiró]. Estavam no local nove ambulâncias. Foram utilizadas sete e quando a ambulância SIV chegou os sete feridos já tinham sido encaminhados para Penafiel e para o Porto.

Duplicação de meios | Mais recentemente, num tiroteio [entre a GNR e um fugitivo, que acabou por morrer] no Alto da Lixa, em S. Gens, quando a ambulância SIV chegou ao local, diz José Campos, o ferido mais grave já tinha dado entrada no hospital de Amarante e a segunda ambulância, onde seguia o outro ferido, passou pela SIV na zona do Sobreiro, a meio do caminho para o hospital de Amarante. Casos que para o comandante reflectem “um desfasamento e grande falta de coordenação”. Além de que quando o INEM “manda dois meios [para o mesmo local], paga dois meios e paga a saída, o serviço”. José Campos admite que noutros locais do país onde exista “falta de resposta dos corpos de bombeiros, as ambulâncias SIV se justificam”. “Não faz sentido nenhum que quando um corpo de bombeiros, que é posto do INEM (e nós somos um

posto do INEM há 30 anos) se desloca para uma determinada ocorrência, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ponha em causa a qualidade da prestação desses serviços por uma entidade com quem tem um protocolo e que tem gente qualificada”. Contrapondo ao caso de Amarante, o comandante refere que em Baião, o INEM entregou a ambulância SIV que estava afecta ao centro de saúde aos bombeiros de Baião. “Isto que eu defendo não é nada de anormal porque é uma prática do próprio INEM. Se o INEM reconhece que em alguns locais essa prática deve ser feita por que não a faz relativamente a Amarante?”, questiona.

“Só na falta de resposta dos corpos de bombeiros, as ambulâncias SIV se justificam”


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autarquias

Rota do Românico vai alargar-se ao Tâmega Redacção | tamegapress@gmail.com O reeleito presidente do Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa, Alberto Santos, anunciou ao Repórter do Marão que a Rota do Românico será um dos projectos que vai avançar no domínio da supra-municipalidade. O autarca social-democrata, que também preside à Câmara de Penafiel, vai ficar à frente da CIM até ao fim de 2011, tendo os autarcas dos 12 municípios acordado a rotatividade da presidência entre socialistas e sociaisdemocratas. Em declarações ao Repórter do Marão (RM), Alberto Santos (foto) disse que se mantém no cargo para “dar continuidade a todos os processos que temos em curso”. O autarca classifica como “extremamente prioritária” a “gestão do pacote financeiro para a região”, manifestando a intenção de “aproveitá-lo ao máximo”. “Essa é uma obrigação que temos com a região, com os cidadãos e com cada um dos municípios”, afirmou. Alberto Santos entende que se deve avançar com “projectos onde o domínio da supra-municipalidade seja um factor diferenciador”. “Tenho a certeza que vamos encontrar esses projectos comuns”, afirmou. Um dos casos será na área do turismo, “alavancado no românico”. “Penso que é um dos projectos que devemos abraçar todos em conjunto”, acrescentou. Noutras áreas, “podem vir a avançar medidas em domínios como por exemplo a harmonização das tarifas”e a realização de “acordos entre alguns municí-

PSD e PS acordam partilha da presidência da Comunidade Intermunicipal pios para tratar de problemas comuns”. Na reunião, contou ao RM o presidente da câmara de Baião, José Luís Carneiro (PS), que propunha o seu colega de Lousada [Jorge Magalhães (PS)] para a liderança da CIM, “houve o entendimento de que deveríamos conceder a presidência ao PSD e o PS ficar com duas vice-presidências, admitindo a possibilidade de no futuro poder haver uma certa rotatividade no desempenho dessas funções”. “[Essa hipótese] foi bem encarada por todos e em função disso conseguiu-se consensualizar uma posição que é benéfica para a CIM, o que demonstra uma grande maturidade dos autarcas, que conseguiram que o interesse da Comunidade estivesse para além do interesse partidário, o que é em si mesmo um facto digno de registo”, considera. A recolha, tratamento e selecção dos Resíduos Sólidos Urbanos e os programas Tâmega Digital e Vale do Sousa Digital “devem assumir agora uma perspectiva supra-municipal”, defende o autarca de Baião, acrescentando que “outra matéria que irá suscitar um entendimento supra-municipal é a Rota do Românico que deve alargar-se a outros municípios”. A CIM do Tâmega e Sousa, que abrange o espaço territorial NUTS III Tâmega (Nomenclatura de Unidade Territorial para fins Estatísticos), já era presidida desde Fevereiro por Alberto Santos, mas o empate entre o PS e o PSD nas eleições autárquicas de Outubro obrigou ao acordo entre os dois partidos políticos na composição da Comunidade.

Assim, o PSD vai presidir à comunidade na primeira metade do mandato, cabendo os dois vice-presidentes ao Partido Socialista (os autarcas de Cinfães, Pereira Pinto, e Castelo de Paiva, Gonçalo Rocha), invertendose os cargos na segunda metade, dentro de dois anos. Como os estatutos não prevêem mandatos parciais, os autarcas agora eleitos para o Conselho Executivo deverão demitir-se no final de 2011, levando a uma nova eleição. No anterior mandato, o PSD detinha a maioria, com seis presidências de câmara e o PS apenas cinco, uma vez que Felgueiras era presidida por uma lista independente. Com a vitória socialista em Castelo de Paiva e a conquista de Felgueiras pelo PSD, os dois partidos equilibraram forças. Na assembleia intermunicipal, o PSD é maioritário, tendo até reforçado a sua posição, depois de os sociais-democratas terem ganho a maioria em Amarante (anteriormente era do PS) e mantido a assembleia de Castelo de Paiva, cujo executivo passou para os socialistas. A CIM do Tâmega e Sousa abrange um território com cerca de 530 mil habitantes. Integram a comunidade intermunicipal os municípios de Amarante (PS), Baião (PS), Castelo de Paiva (PS), Celorico de Basto (PSD), Cinfães (PS), Felgueiras (PSD), Lousada (PS), Marco de Canaveses (PSD), Paços de Ferreira (PSD), Paredes (PSD), Penafiel (PSD) e Resende (PS).



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Angola e auto-estradas ajudam MOMEL a contornar a crise Empresa de Amarante fecha 2009 com 12,5 milhões

Fundada há 20 anos, a empresa Momel tem três lojas em Angola (duas em Luanda, uma no Lobito) e prepara-se para abrir uma quarta, no Huambo. No ano passado, a Momel teve um volume de negócios de 12,5 milhões de euros. As lojas de Angola facturaram 2,5 milhões de euros, cerca de 20 por cento do total. Empresa grossista, a Momel comercializa materiais para a construção civil e obras públicas, produtos para pichelaria, climatização, sanitários, rega e jardim. Com sede em Cepelos, Amarante, a Momel (empresa certificada pela Norma ISO 9001), ocupa uma área (coberta e descoberta) com cerca de 30000 metros quadrados e tem 65 funcionários, dez dos quais são vendedores. Em Janeiro último a Momel registou 30 por cento menos de vendas que no mesmo mês de 2007. A situação melhorou “do Verão para cá” e José Mendes, administrador da Momel, tem a expectativa que o mercado estabilize. “Vamos continuar. Hoje já se nota alguma estabilidade. Resta saber se é para ficar. Gostaríamos que estabilizasse por aqui. 2008 foi um bocado turbulento”, disse ao Repórter do Marão. A partir do primeiro semestre, “a obra pública teve um crescimento significativo. Esta obra [o alargamento do IP 4] veio ajudar-nos muito. Geograficamente tiramos partido dela porque estamos aqui à volta”. O mesmo se passa com “outras aqui próximas”, conta o administrador da Momel. Na área em que a empresa trabalha, “o tipo de construção que existia sofreu alteração”. Agora as apostas passam pelo “mercado da reconstrução e pelo mercado da construção pequena em que o forte seriam os sanitários porque numa construção pequena a tubaria representa uma facturação pequena, enquanto que na construção em grande escala a tubaria tem um peso substancial”. Até há bem pouco tempo, “a grande parte da construção era em altura, que reduziu 95 por cento. Precisamente há três, quatro anos alarguei a área para os sanitários, já a pensar que esta era uma das apostas que vinha aí, a pensar nesta mudança que ia ha-

ver no mercado e já não estamos a apanhar tanto por tabela com a crise”. A Momel foi “abrindo a outras áreas (ar condicionado, piscinas, aquecimento) que nos permitiram, digamos, ir buscar esta alteração que houve no mercado. Foi por aí que conseguimos compensar”. A aposta na internacionalização intensificou-se nos últimos dois anos. “Foi quando me comecei a virar mais para o mercado de Angola. Lá o mercado está em franca expansão. Acho que as maiores empresas [de construção] que estão em Angola trabalham connosco. E uma parte delas compramnos cá mercadoria para mandar para lá”. Se optar por abrir outra loja, adianta José Mendes, a cidade escolhida será Luanda. “A primeira loja que abri em Angola foi em 2001, no Lobito. Há três anos é que voltei a pensar em abrir. É um mercado que não é tão fácil como isso para uma empresa se estabelecer. Já que temos uma estrutura quase como aqui criada em Luanda, o interesse é fazer ali lojas de venda directa” para servir “os locais, o consumidor final”. “Tem mercado ali para dez anos em franca expansão. Na minha opinião, o consumo de Angola está em Luanda, é onde se nota que está o peso da economia de Angola, é onde toda a gente tem os maiores investimentos, onde circula o dinheiro, é tudo ali”, garante. A nível interno, o Porto é um “mercado apetecível”, reconhece o administrador. Paula Costa

A situação melhorou “do Verão para cá” diz José Mendes, administrador da Momel, que tem a expectativa que o mercado estabilize.

economia / saúde

A Diabetes exige acção concertada de todo o sistema de saúde A Diabetes Mellitus é um “problema cuja resolução depende de cada um de nós e de sectores que nada têm a ver com o Ministério da Saúde ou com os hospitais”, defendeu José Alberto Marques, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), durante o lançamento da campanha regional de sensibilização para a Diabetes. A doença exige uma actuação concertada dos hospitais, centros de saúde e dos restantes sectores como por exemplo o planeamento urbano, já que é fundamental a existência de boas condições para a prática de exercício físico nas cidades. Andar de bicicleta, fazer caminhadas, praticar natação ou outros desportos são opções para combater o sedentarismo. Por outro lado, uma alimentação saudável (apesar de a organização da vida moderna muitas vezes não o permitir), é também um aspecto essencial no combate à Diabetes. Nesta área, “como em tudo, é muito mais fácil prevenir que remediar”, referiu Conceição Bacelar, representante do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde do Norte e médica endocrinologista há 30 anos. “Conhecer a diabetes para prevenir. Ir para a rua, divulgar. Saber os cuidados a ter para prevenir” a doença é o único caminho porque “a vida saudável não tem

preço”, lembrou Conceição Bacelar defendendo a necessidade de a consulta do Pé Diabético “ser uma realidade” em hospitais “com uma certa dimensão”. Ao voltar a dinamizar a campanha regional, o CHTS pretende “transformar o dia [Mundial da Diabetes] em três semanas”, disse Freire Soares, director do Departamento de Medicina do CHTS. Além das acções de informação e sensibilização, este ano a campanha de sensibilização passa também pela colocação de 30 outdoors de grandes dimensões em nove municípios da região. De acordo com o “Estudo da Prevalência da Diabetes em Portugal”, a incidência na população ronda os 12 por cento. A obesidade infantil e nos adolescentes é uma das principais causas de desenvolvimento da doença. São consideradas como possuidoras de risco acrescido de desenvolvimento de Diabetes as pessoas com excesso de peso ou obesidade, vida sedentária, história familiar de diabetes em primeiro grau, diabetes gestacional prévia, história de doença cardiovascular prévia ou hipertensão arterial. Paula Costa

O que é a Diabetes Mellitus A Diabetes Mellitus é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento do nível de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos hidratos de carbono dos alimentos. Os sintomas de alerta da Diabetes Mellitus são: sede constante e intensa, urinar muitas vezes e em grandes quantidades, alterações súbitas do peso corporal, fadiga constante, visão turva e fome constante e difícil de saciar. Entre as principais complicações, que, em último caso, podem matar o doente, estão a cegueira, amputação de membros, falência renal e doença vascular. Fonte: CHTS


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Constituída Comissão de Toponímia no Marco No Marco de Canaveses tomou posse esta semana a Comissão Municipal de Toponímia, constituída por unanimidade na reunião de câmara de 5 de Novembro. A Comissão Municipal de Toponímia desempenha funções consultivas no âmbito da toponímia concelhia e integra sete “cidadãos de reconhecido mérito”: Emília Alves Marques Oliveira, Hernâni Mendes Pinto, Joaquim Ferreira Santana, José Carlos Pereira, Lino Tavares Dias, Manuel Vieira Soares Barbosa e Maria da Conceição Leite Pinto. Na primeira reunião do executivo camarário, o presidente da câmara propôs a mudança de nome do Estádio “Avelino Ferreira Torres” para “Estádio Municipal do Marco de Canaveses”. Manuel Moreira lembrou que o estádio “é um equipamento de utilização e propriedade municipal, encontrando-se ao serviço dos munícipes e colectividades do concelho”, e que “os equipamentos públicos municipais devem, sempre que possível, projectar o nome do concelho”. Para Manuel Moreira, a designação “Estádio Municipal do Marco de Canaveses” é “a mais adequada e coerente com este princípio”. Recorde-se que em Setembro de 2007 a Assembleia Municipal dirigiu uma recomendação à câmara para alterar o actual nome daquele equipamento público para “Estádio Municipal do Marco de Canaveses”. A Câmara aguarda que a Junta de Freguesia de Fornos e a Comissão Municipal de Toponímia emitam os seus pareceres, para depois decidir.

diversos

Direito Fiscal em Felgueiras

Quartel da GNR na antiga adega cooperativa de Amarante O novo quartel da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Amarante vai ser construído no imóvel da antiga adega cooperativa. Por duas vezes, no mandato anterior, o presidente da câmara de Amarante, Armindo Abreu, propôs, para esse fim, a aprovação de um protocolo com o Ministério da Administração Interna (MAI). A oposição votou contra, o que atrasou o processo de construção do novo quartel do Destacamento da GNR de Amarante. Agora, novamente por proposta do presidente da câmara, o executivo de Amarante aprovou a celebração do protocolo com a Direcção-Geral de Infra-Estruturas e Equipamentos (DGIE) do MAI. A Assembleia Municipal pronuncia-se sobre esta deliberação na reunião de 28 de Novembro. Segundo nota do Gabinete de Comunicação da Câmara de Amarante, o protocolo define que “a Câmara cede ao MAI, em di-

reito de superfície e pelo prazo de 50 anos, prorrogável por iguais períodos, a área necessária para a construção daquele equipamento, a retirar do prédio urbano propriedade do município e que tem uma área total de 5 250 metros quadrados”. No entanto, diz a mesma nota, “a cedência não será total, já que fica salvaguardada a construção de uma via de acesso a autocarros ao actual parque de estacionamento, nas traseiras da antiga adega”. O protocolo, que vai ser assinado entre a Câmara Municipal de Amarante e o MAI, estabelece que “caberá à DGIE elaborar o projecto, que tem de ser aprovado pela Câmara e pela GNR, cabendo ao município lançar a obra a concurso, que inclui a demolição das actuais construções, à excepção do depósito de água, que será preservado”. O MAI pagará ao município a totalidade da empreitada.

Baião é exemplo no ordenamento escolar Especialistas do grupo de Decisores de Educação Europeus consideraram “interessante a forma como Baião está a fazer o agrupamento escolar”, tido como um caso de sucesso do reordenamento da rede do primeiro ciclo. A visita do grupo de especialistas europeus na área da Educação centrou-se no tema “A aposta no primeiro ciclo para atingir o sucesso”, tendo participado no encontro membros oriundos de países como Alemanha, França, Reino Unido, Bulgária, Polónia, Itália, Suécia e Turquia. “O facto de estarmos a ser visitados por oito países da Europa para verificar o modo como desenvolvemos a nossa política educativa, constitui um orgulho e uma satisfação, por vermos que o que estamos a implementar vai produzir resultados na melhoria das condições de vida sociais da nossa população, no aumento dos padrões de cultura e também na garantia de maiores e melhores oportunidades para aqueles que agora estão na escola”, afirmou o

presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro. Sue Waters, uma professora de Inglaterra e um dos 12 membros do grupo de especialistas, disse à Lusa ser “realmente interessante ver como Portugal, e neste caso especifico Baião, está a fazer o agrupamento escolar, como está a gerir as dificuldades e como que estão a reagir professores e pais”. José Luís Carneiro apelidou de “pequena revolução positiva no sector da educação” o trabalho feito nos últimos quatro anos, salientando “a construção da primeira fase do Pólo escolar de Gestaçô e do Centro Escolar de Campelo - Baião”. “Estão neste momento em projecto de arquitectura mais dois centros escolares e mais dois pólos escolares e queríamos que a meio do actual mandato, todas as crianças já estivessem neste quadro de igualdade de oportunidades”, sublinhou o presidente da câmara.

A turma pós-laboral do terceiro ano da licenciatura em Solicitadoria, da Escola Superior de Tecnologia de Gestão de Felgueiras (ESTGF) organiza a 04 de Dezembro um seminário sobre “Fiscalidade e Empreendedorismo”, em que participam os especialistas Francisco Gama Lobo, Carlos Cunha e Vera Alves. “O Contencioso Tributário”, é o tema que dá início ao seminário, às 16:00. As “Alterações ao IRC e ajustamentos ao SNC” e o “Empreendedorismo” são os temas que completam o painel do seminário.

A Grelha organiza Eventos de 2010 Nos dias 27, 28 e 29 de Novembro o Edifício Top, em Amarante, recebe a quinta mostra de eventos 2010, organizada pela Grelha, Restaurante & Catering. A abertura da mostra de eventos está marcada para as 17:00 do dia 27, sexta-feira, com a visita aos stands dos expositores. No sábado, vai ter lugar, às 22:00, um desfile de vestidos de noiva, seguido de um espectáculo musical. Domingo, último dia da mostra de eventos, volta a haver desfile de vestidos de noiva, às 16:00. A Grelha está vocacionada para o serviço de catering em instalações próprias ou nas da preferência dos clientes, servindo banquetes em todo o país.


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economia

Fogueteiro deu lugar ao pirotécnico A Expo 98 foi um ponto de viragem na história da pirotecnia portuguesa Alexandre Panda | Texto e Fotos | apanda.tamegapress@gmail.com

O

tradicional fogueteiro à moda antiga está com os dias contados. A figura do homem da aldeia que bem cedo de manhã acordava os populares ao som do foguete para anunciar uma festa não acabou, nem irá acabar tão cedo, mas já não é esta figura que realiza o espectáculo pirotécnico que à noite ilumina o céu e delicia os festeiros. Em 15 anos, a arte do fogueteiro passou do amadorismo a níveis e padrões de tecnologia altamente elevados. Alias, já não se fala em fogueteiros. Os homens são agora chamados pirotécnicos, que já não lançam engenhos à mão mas sim equipados com computadores.

Computadores |

Em duas décadas, o que era rudimentar e elaborado por amadores em barracos, com todos os perigos inerentes à utilização da pólvora, passou a ser produzido por especialista que estudam as melhores formas de preparar os engenhos. Já não há lançamentos de foguetes avulsos. Agora os espectáculos estão na era do multimédia, com lançamentos geridos por computadores. Tudo é desenhado previamente e as empresas de pirotecnia credenciadas têm de responder a altos padrões de segurança e qualidade, para poderem trabalhar. “Há 15-20 anos apareceram novas administrações com outras perspectivas de futuro nas empresas. Descobrimos novas ferramentas. Hoje o factor mais prezado é a segurança e nem tanto a produção

que já se faz com máquinas e de forma mais industrializada. Ao nível dos espectáculos também houve muita evolução tecnológica. Os lançamentos que eram feitos à mão, são agora efectuados com sistemas de disparos digitais previamente programados. No espectáculo em si, temos agora laseres e vídeos. Estamos na era do digital no espectáculo e na era das máquinas para a produção. Mas a mão do pirotécnico será sempre soberana”, explicou ao RM, Joaquim Melo, sócio da GJR pirotecnia, uma das maiores empresas da região e com credenciais internacionais.

O efeito Expo98 | A evolução da pirotecnia foi feita ao longo dos anos, mas só em 1998 se começou a falar de linguagem, de comunicação pirotécnica. A Expo 98 foi um ponto de viragem na história da pirotecnia portuguesa, muito apreciada e reconhecida no estrangeiro. “Em 1992, já tínhamos materiais eléctricos e analógicos, mas a partir da Expo, o fogo-de-artifício passou a ser um espectáculo de arte – uma verdadeira linguagem e comunicação com a preocupação de melhorar sempre a qualidade. Temos muito prestígio no estrangeiro. Somos convidados para demonstrações. Por exemplo, agora vamos para Singapura, apenas para desenhar um espectáculo e também estaremos presentes na África do Sul para o Mundial de Futebol”, explicou ainda o empresário, que acrescentou

que Portugal tem uma longa tradição na arte do fogo -de-artifício. “Para os portugueses, o espectáculo de pirotecnia é como o Fado. É uma questão cultural”, acrescentou. Se dúvidas não restam quanto ao desaparecimento do fogueteiro tradicional, o certo é que o futuro da pirotecnia irá passar por um regresso às origens através dos símbolos. “A figura do homem simpático irá ficar no imaginário colectivo. Mas somos todos fogueteiros e a nossa paixão irá continuar. Por isso estamos a produzir engenhos com símbolos do passado, mas mais tecnológicos, com mais criatividade. Serão espectáculos com multiferramentas”, concluiu o empresário.

Portugal tem uma longa tradição na arte do fogo -de-artifício. O espectáculo de pirotecnia é como o Fado. É uma questão cultural.


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“Há muita indefinição na legislação” Se os espectáculos são cada vez mais tecnológicos e os empresários estão sempre a acompanhar a evolução da indústria, o mesmo não se pode dizer da legislação. A imagem mais marcante desta indefinição legislativa é a seguinte: a não ser que se tenha pedido uma licença e requisitado a presença de bombeiros não se podia acender umas “estrelinhas” de bolo de aniversário ou mesmo utilizar umas velas de reacendimento. “Em teoria, em Portugal, teríamos de pedir todas essas licenças para soprar velas. Já na Europa, esses produtos pirotécnico são de venda livre. O problema é que a lei portuguesa não faz a diferença entre esses pequenos produtos e os grandes engenhos. Teríamos de fazer uma legislação nova com a catalogação dos produtos. Ou seja o que é de livre utilização e o que é para profissionais”, explicou ao RM, António Melo, outro sócio da GJR. A lei portuguesa não define qual é a perigosidade dos engenhos, sem fazer uma discriminação que é feita apenas pela lei da experiência. Em relação à legislação, a outra preocupação dos empresários do ramo da pirotecnia prende-se com o facto de ser a mesma entidade governamental a emitir licenças de funcionamento e a fiscalizar as empresas. “Antigamente quem emitia as licenças era um

departamento do Ministério da Economia. Agora todas as competências – licenciamento e fiscalização – estão concentradas na PSP. O problema é que o Ministério da Administração Interna não é sensível às questões económicas. A nível nacional a pirotecnia não é um ramo que tenha um grande peso, mas deveríamos ter uma entidade económica para emitir licenças e outra para fiscalizar que seria a PSP. Essa sim preocupada apenas com as questões de segurança”, explicou ainda o empresário que já pediu uma audiência nos ministérios de Lisboa, onde irá defender esta tese de separação dos poderes. No país vizinho, em Espanha, as licenças são emitidas por uma entidade ligada ao Ministério da Economia e a fiscalização está nas mãos da Administração Interna, o que segundo o empresário irá beneficiar o sector, no sentido em que a tutela da economia seria sempre mais adequada para resolver questões de investimento e burocracia. A.P.

“Até as ‘estrelinhas’ de bolo de aniversário precisam de licença”


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“Fui enganado pela Estradas de Portugal” Proprietário da empresa Água do Marão afirma que os técnicos lhe garantiram que o traçado pela serra do Marão “nunca seria o aprovado” Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com

“O túnel passa abaixo das minhas captações 127 metros. Portanto, toda a água vai ser sugada para o túnel”. António Pereira, proprietário da Água do Marão

O proprietário da empresa que comercializa a Água do Marão teme que a construção do túnel, a uma quota inferior à da fábrica de engarrafamento, afecte irreversivelmente a quantidade e qualidade dos aquíferos e, sobretudo, provoque o encerramento da unidade, que dá emprego a meia centena de trabalhadores. António Pereira diz que se sente “profundamente enganado” pela empresa Estradas de Portugal. E explica: “A empresa Estradas de Portugal apresentou à empresa Água do Marão quatro traçados. Pediram-me a opinião relativamente aos quatro projectos e eu disse que o traçado dois, que é este, não podia ser efectuado [construído] porque se fosse iria interferir com as captações da Água do Marão. Os técnicos da Estradas de Portugal garantiram-me que aquele traçado nunca seria o aprovado. Seria um dos outros três a ser aprovado. Fiquei tranquilo. Escrevi uma carta e responderam-me que o assunto estava a ser devidamente acompanhado”. Depois foi aprovado o estudo prévio, lembra o empresário. “E, para minha surpresa, foi aprovada a solução que passava aqui ao lado das minhas captações, aquela que eles me prometeram que nunca seria a solução. Fiquei muito preocupado. Comecei a fazer estudos e disse-lhes que pelas informações que eu tinha dos geólogos iria confirmar-se o que eu lhes tinha dito: a interferência com as [captações da] Água do Marão”. António Pereira acusa a Estradas de Portugal de o ter ignorado. “Pura e simplesmente não me ligaram nada. Falei-lhes do investimento de milhões de euros, dos clientes que tenho em todo o mundo. Não ligaram nada, aprovaram-no e estão a fazer a obra, e eu a defender os meus direitos, é isso que eu estou a fazer. Eu não actuei só agora. Actuei antes de os estudos serem aprovados”. O empresário não tem dúvidas de que a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) “não foi cumprida” porque ela diz “claramente que o empreiteiro tinha que demonstrar a não afectação das captações da Água do Marão. Isso não foi demonstrado”. “Não entregaram os anexos [do RECAPE – Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução] aqui em Amarante, em Vila Real e na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Só [o fizeram] depois de uma reclamação minha e da câmara. Disseram-me que tinham entregue tudo. Mentiram-me, aldrabaram-me. E só depois, pela minha insistência, por escrito, à Agência Portuguesa do Ambiente é que os entregaram. No primeiro [RECAPE] já existiam, mas

retiraram-nos para consulta pública, para eu não ir consultar. Fizeram isso de propósito”, acusa. “O que o estudo demonstra é que há uma interferência. Eles tinham que demonstrar que não afectava. O túnel passa abaixo das minhas captações 127 metros. Portanto, toda a água vai ser sugada para o túnel”, antevê António Pereira. “Estou aqui há 25 anos. Sou um grande defensor de Trás-os-Montes, do turismo, das autoestradas, agora tenho aqui um investimento de uma vida, dezenas de milhões de euros aplicados e não posso ser penalizado por um erro. Não podem passar por cima de mim, atropelarem-me e lavarem as mãos como Pilatos”, lembrou o empresário, que também gere, desde há dois anos, a pousada de S. Gonçalo, situada a escassas centenas de metros da embocadura do túnel (do lado de Amarante) e mesmo ao lado do actual IP4. António Pereira mostra-se espantado por “a abertura do túnel está a ser feita com explosivos. Não está a ser feita com a tuneladora, como muita gente imagina”. As explosões, diz, “sentem-se frequentemente”, entre duas a quatro vezes por dia. “Os rebentamentos, que incomodam os hóspedes da Pousada, ouvem-se todos. Treme isto tudo e provocam fissuramento em todo o maciço rochoso. Assim sendo vão alterar o circuito da água, vão alterá-lo a quilómetros de distância! Há zonas da montanha que são zonas saturadas, onde se concentram os aquíferos, onde se acondiciona a água, o recurso hídrico da Serra do Marão. Aquilo vai drenar tudo para o túnel”, lamenta. Com J.S.

“Só [entregaram os anexos do RECAPE] depois de uma reclamação minha e da câmara. Disseram-me que tinham entregue tudo. Mentiram-me, aldrabaram-me.”


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RECAPE diz que não se prevêem impactes na qualidade da água Empresa já apresentou duas providências cautelares em tribunal O Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) da empreitada Túnel do Marão conclui “que da realização da obra não se prevêem impactes na qualidade da Água do Marão”, mas a empresa discorda desta apreciação. O relatório, porém, assinala que “poderão ocorrer influências quantitativas, pouco significativas, a partir de um troço do túnel atravessando uma zona fortemente tectonizada, pondo eventualmente em contacto, por falhas de desenvolvimento regional, o túnel e as formações xistentas onde se desenvolve a zona de chamada das Águas do Marão”. Nesse caso, admite o RECAPE, “a zona de contribuição da [captação] Água do Marão será provavelmente afectada”. Desde que começou a construção do túnel do Marão, na auto-estrada que vai ligar Amarante a Vila Real, a empresa Água do Marão já interpôs duas providências cautelares, a primeira das quais impediu a monitorização das captações pela concessionária do empreendimento. Mais recentemente, a empresa de António Pereira recorreu ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel para suspender a construção do maior túnel rodoviário da Península Ibérica, alegando que a obra vai pre-

judicar a exploração da água da serra do Marão. Aquando do início da escavação do túnel, no Verão deste ano, a Água do Marão alegou que os trabalhos de instalação dos piezómetros (aparelhos que avaliam a compressibilidade dos líquidos) estariam a turvar as águas, impedindo assim a validação de qualquer dado sobre a qualidade/quantidade de água. A monitorização das captações de água foi ditada pelo RECAPE, com o objectivo de avaliar a qualidade e a quantidade de águas nas captações durante a obra. António Pereira referiu ao RM que, na altura, a fábrica chegou a fechar por uns dias, deixando parados os 50 funcionários e levando à ruptura dos stocks. Fonte da Concessionária Auto-Estradas do Marão disse que, até agora, “não foi comprovado que a intervenção turvou a água”, mas acrescentou que, mesmo assim, se manteve a monitorização das águas num conjunto de outros pontos, a qual “não evidencia”, à data, “qualquer tipo de afectação qualitativa/quantitativa das águas pelos trabalhos realizados”. A paragem dos trabalhos determinada pelo tribunal teve por base as alegações de António Pereira, todas elas, segundo a fonte da concessionária, baseadas em eventuais impactos futuros, que a construção do túnel possa vir a ter sobre a exploração. Lusa

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Rotários querem captar jovens

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ar de si antes de pensar em si” é o lema do Rotary International, a primeira organização de clubes prestadores de serviços, que teve o início em 1905, nos Estados Unidos da América. Um século volvido, o Rotary está implantado em mais de 200 países, incluindo Portugal que conta já com vários clubes espalhados pelo país. Entre eles encontra-se o Rotary Clube de Amarante, presidido actualmente por Francisco Machado. O Rotary Clube de Amarante foi admitido a 1 de Junho de 1954 e tem como padrinho o Rotary Club do Porto, mas destaca-se pelo número de clubes afilhados: Vila Real, Luanda, Estarreja, Penafiel, Resende e Ovar. Num concelho com excesso de clubes e associações, o Rotary é o mais pequeno clube da cidade, com apenas 18 sócios, mas que nem por isso deixa de ter um importante papel no seio de uma comunidade com grandes carências.

Mais associados | Francisco Machado é o presidente dos rotários amarantinos desde Julho – os mandatos têm a duração de um ano – e tem como principal objectivo aumentar o número de sócios. “Espero conseguir admitir pelo menos mais dois ou três sócios e de preferência profissionais jovens para que a continuidade do clube não seja colocada em causa”, disse ao RM Francisco Machado. O presidente dos rotários rejeita a ideia de se tratar de um clube elitista, embora os Rotary tenham uma filosofia muito diferentes dos clubes convencionais. Cada sócio dispende cerca de 500 euros/ano na sua actividade rotária, que inclui uma reunião com jantar pelo menos uma vez por mês. O dinheiro é utilizado para pagar as despesas com a sede do clube e o restante vai para os cofres do Rotary Internacional. É a partir da “casa-mãe” que são distribuídas as verbas para as diversas campanhas e para responder aos pedidos dos clubes quando têm a necessidade de acudir a uma situação de pobreza e para atribuir bolsas de estudo. “Em Amarante já alguns jovens foram bolseiros do Rotary Clube de Amarante. É uma contribuição muito importante para jovens com poucos recursos económicos terminarem a sua licenciatura. Mais tarde agradecem a nossa ajuda e geralmente entram para o clube para ajudar outros jovens. É uma forma de retribuir o apoio que receberam”, frisou Francisco Machado. Homenagem a professora |

Durante as reuniões mensais é geralmente debatido um tema da actualidade. Além disso, todos os anos é homenageado um profissional e na reunião de Novembro foi distinguido o profissionalismo da professora já aposentada Virgína Amélia Silva (na foto, ao lado do presidente). Francisco Machado realça a importância destas homenagens, uma vez que os rotários são clubes que dão grande importância às profissões. Nas reuniões do Rotary Clube de Amarante, como em todos os outros clubes, procede-se à bênção das bandeiras e os participantes apresentam-se dizendo o nome e a sua profissão. É um ritual que não pode faltar nas reuniões dos rotários. No que diz respeito aos projectos, o Rotary Club de Amarante oferece anualmente uma cadeira de rodas para a Santa Casa da Misericórdia de Amarante; participa no Banco Alimentar; disponibiliza um bar, cedido pela Junta de freguesia, a várias

organizações de jovens entre as quais os escuteiros; e homenageia um profissional. O presidente amarantino realça o papel preponderante do Rotary na luta contra a poliomielite. Francisco Machado reconhece que a contribuição do clube amarantino não é grande mas vai ao encontro do lema “dar de si antes de pensar em si”. “Se todos colaborarem podemos ajudar muitos que precisam”, conclui o presidente do Rotary Clube de Amarante. Alcino Oliveira


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Beneficiação da Variante entre a A4 e o Marco de Canaveses arranca em Dezembro

Plantadas 1700 árvores na serra da Aboboreira Cerca de 1700 árvores (carvalhos negral, vidoeiros e castanheiros) foram plantadas na serra da Aboboreira, por cerca de 300 pessoas que participaram no projecto “Criar Bosques”. A iniciativa foi promovida pela Caixa Geral de Depósitos e pela associação ambientalista Quercus para assinalar o Dia da Floresta Autóctone (23 de Novembro) e contou com a colaboração da Câmara de Baião, do Agrupa-

mento de Escolas de Vale de Ovil e ainda com a ajuda dos Bombeiros Voluntários de Baião e dos sapadores florestais da Associação de Entre Douro e Tâmega. Entretanto, a Câmara de Baião anunciou que nos próximos quatro anos vai proceder à plantação anual de quatro mil árvores, segundo um plano de florestação aprovado pela autarquia.

Mostra Gastronómica “O Miúdo à descoberta da cultura” “O Miúdo à descoberta da cultura” é o tema da primeira mostra gastronómica, promovida pelo Infantário Creche O Miúdo, que vai decorrer no sábado, 28 de Novembro, a

partir das 20:00, em Amarante. A mostra começa com as entradas: verde, pataniscas, salpicão e presunto. O prato principal é cabrito assado no forno e as sobremesas incluem pudim, leite creme, doces natalícios e regionais. A acompanhar, vinho verde, branco e tinto, e vinhos de outras regiões do país. O preço por adulto é de 20 euros. Crianças até aos 12 anos pagam 8 euros. A animação vai fazer-se com música tradicional de Amarante. A primeira mostra gastronómica enquadra-se no tema do Projecto Pedagógico (O Miúdo à descoberta da cultura) do Infantário Creche O Miúdo, e pretende “promover pratos típicos da região”, proporcionando “bons momentos de convívio num ambiente acolhedor”. Pretende ser uma iniciativa para promover pratos típicos da região, podendo proporcionar bons momentos de convívio num ambiente acolhedor, sublinha a organização. As inscrições podem ser feitas pelo telefone 255 437 640, por e-mail, para infantariocrechemiudo@hotmail.com, ou dirigindo-se à sede da instituição, na Rua de Guimarães, n.º 643, em Amarante.

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Marco de Canaveses: Obra entre variante à EN211 e Ponte de Canaveses arranca em Dezembro A Estradas de Portugal anunciou hoje a adjudicação da empreitada da variante à EN 211, entre a Rotunda do nó com o IP9, e a Ponte de Canaveses, obra que arrancará no início de Dezembro. A deem Portugal anunciou a adjudicaA Estradas EP refere, comunicado, tratar-se “de ção da empreitada da variante à EN 211, entre a uma zona que tem registado alguma sinistraRotunda do nó com IP9, e a Ponte lidade, pelo que a ointervenção vai de deCanaveenconses, obra que arrancará no início de Dezembro. tro aos anseios da população dos concelhos A EP refere, em comunicado, tratar-se “de abrangidos (Marco de Canaveses e Baião), uma zona que tem registado alguma sinistraliservindo cerca de 75 mil habitantes”. dade, que a intervenção vai de encontro aos A pelo empreitada, que representa um investianseios da população dos concelhos abrangidos mento de cerca de 1,4 milhões de euros, tem (Marco de de Canaveses Baião), servindo cerca um prazo execuçãoeesperado de 60 dias. de 75 mil habitantes”. A obra prevê “a rectificação e reformuA empreitada, que representa lação dos separadores centrais nosum nósinvestide limento de cerca de 1,4 milhões de euros, tem um gação existentes, a pavimentação do troço, a prazo de execuçãodeesperado 60 dias. que seimplementação balizas de rebatíveis A obra prevê “aderectificação reformulaparam os sentidos tráfego e ae reformulação dos separadores centrais nos nós de ligação da sinalização vertical e horizontal”. ção A existentes, a pavimentação do troço, a imEP afirma que este troço com cerca de plementação de balizas rebatíveis que separam 7900 metros regista um tráfego médio diário os e a reformulação sinadesentidos cerca dede17tráfego mil veículos e permite da a ligalização vertical e horizontal”. ção entre a A4 (Nó do Marco de Canavezes) e A EP afirma que este troço com ecerca de os concelhos do Marco de Canavezes Baião. 7900“Com metros regista um tráfego médio diário de a realização destes trabalhos, fica cerca de 17 mil veículos e permite a ligação engarantida, no troço rodoviário em causa, uma tre a A4 (Nó em do Marco de Canaveses) os concecirculação perfeitas condiçõese de segulhos do Marco de Canaveses e Baião. rança e conforto aos utentes rodoviários”. “Com realização destes trabalhos, fica gaA obraa deverá ficar pronta em três meses. rantida, no troço rodoviário em causa, uma circulação em perfeitas condições de segurança e conforto aos utentes rodoviários”. A obra deverá ficar pronta em três meses.


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Famílias apoiadas pela Acção Social passaram de 300 para 500 em um ano Vereadora do Marco de Canaveses diz que são situações relacionadas com o desemprego, agravadas pela grande incidência de acidentes de trabalho

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número de famílias apoiadas pelo serviço de Acção Social da Câmara do Marco de Canaveses passou de 300 para um pouco mais de 500 em apenas um ano, ou seja, registou um aumento de cerca de 70 por cento, anunciou ao Repórter do Marão a vereadora do pelouro na autarquia marcuense. Trata-se sobretudo de “situações relacionadas com desemprego e, por incrível que pareça, também com uma grande incidência de acidentes de trabalho que têm acontecido e que envolvem pessoas que são a principal fonte de rendimento de determinada família”, disse Gorete Monteiro, vereadora com o pelouro da Acção Social. Neste momento são apoiadas 510 famílias, um número significativo, reconhece a vereadora.

Encargos duplicaram | Uma grande parte destas famílias, que têm filhos em idade escolar, são apoiadas através da Acção Social Escolar que abrange o 1.º Ciclo do Ensino Básico. Este ano lectivo, devido às alterações na atribuição dos apoios (que deixaram de se fazer com base nas declarações de IRS e passaram a ter como referência os escalões do abono de família), o orçamento da Câmara do Marco para Acção Social Escolar duplicou, atingindo os 400 mil euros. “Fizemos reclamações e diligências através da Associação Nacional de Municípios, uma vez que o Governo fez essa alteração sem qualquer aviso, sem qualquer auscultação das câmaras municipais, no sentido de haver uma comparticipação nessa despesa, à semelhança do que tinha acontecido com os transportes escolares”, conta Gorete Monteiro. Mas “essa luta” acabou por não ter resultados práticos.

Ao contrário do que acontecia na maioria dos municípios do país, até há quatro anos não existia no Marco de Canaveses Acção Social Escolar no 1.º Ciclo do Ensino Básico. Actualmente estão a receber apoio (na totalidade ou em 50 por cento do valor dos livros escolares e das refeições), cerca de 1 700 crianças. O acompanhamento das famílias é feito tendo em conta as circunstâncias em que pedem apoio. “Sempre que é necessário o acompanhamento psicológico, tentamos, após a nossa primeira triagem, efectuar as diligências necessárias junto da Segurança Social, do centro de saúde para que o mais rápido possível eles tenham esse acompanhamento”, referiu. Noutros casos, “quando se trata de uma família carenciada, o apoio que podemos dar através do gabinete é a nível de vestuário e alimentação. Sempre que não temos essa resposta encaminhamos para instituições que através do Banco Alimentar fornecem esse apoio alimentar, mensalmente”. Pode ainda ser feito “o encaminhamento, quando entendemos necessário, para o Rendimento Social de Inserção, sendo certo que depois a avaliação é feita pela Segurança Social”.

Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com uma candidatura ao Programa Nacional do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social. “Vamo-nos candidatar aos eixos prioritários para termos alguns apoios que permitam promover e tomar iniciativas de combate à exclusão social”, adiantou a vereadora. A candidatura está a ser feita em articulação com a Rede Social.

Candidatura |

De acordo com Gorete Monteiro, no ano passado foram atribuídos “sensivelmente 350 cabazes de Natal – campanha que volta a repetirse este ano –, e apoiadas entre 300 a 400 famílias com base nas listagens da Segurança Social e nos casos acompanhados no gabinete de Acção Social. São famílias carenciadas, não só monetariamente, mas que têm apoio, por exemplo, ao nível da gestão dos rendimentos”. A Câmara do Marco também está a preparar

“O orçamento da Câmara do Marco para Acção Social Escolar duplicou” Gorete Monteiro, vereadora da Acção Social na CM Marco de Canaveses


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Freamunde realiza mais uma Semana Gastronómica do Capão Entre 2 e 13 de Dezembro realiza-se em Freamunde, Paços de Ferreira, mais uma edição da Semana Gastronómica do Capão e a 18.ª edição do Concurso Gastronómico “Capão à Freamunde”. A Semana Gastronómica tem na Feira de S. Luzia, dia 13, o seu ponto alto, sendo por excelência o local onde se vendem os capões vivos. O capão é um galináceo castrado [capado] em tenra idade, que a tradição identifica como tendo origem na época romana. “Ao franganote, antes de começar a cantar de galo ou de adquirir trejeitos de rei da capoeira, tira-se a virilidade, mutilandoo nos seus órgãos genitais. Sem o vício de macho, torna-se corpulento, as penas alongam-se e tornam-se sedosas e macias, tal como a sua carne suculenta”, explica no seu sítio na internet a Junta de Freguesia de Freamunde. Nalgumas zonas do Norte do país o capão substitui o perú na ementa da gastronomia natalícia. A Associação Juvenil ao Futuro (AJAF) tem vindo a promover todos os anos o galináceo e tem em curso o processo de certificação do capão através da designação Indicação Geográfica Protegida (IGP).

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Amarante Rally Team conquistou o segundo lugar Com o segundo lugar obtido no Rallye Casinos do Algarve, os pilotos Vítor Pascoal e Mário Castro, do Amarante Rally Team, em Peugeot 207 S2000 privado, sagraram-se vice-campeões nacionais de ralis. Apesar de não terem alcançado o título, a dupla considera que a época “até foi positiva”, destacando a vitória no Vodafone rally de Portugal, o segundo lugar no Rali Vinho da Ma-

deira e, por último, a conquista do vice-campeonato. “Alcançámos todos os objectivos a que nos tínhamos proposto no início do ano e ainda vencemos o principal rali do campeonato nacional (…) Demos luta até ao último rali e pressionámos a Peugeot oficial até ao fim, coisa de que eles não estavam à espera no início da época”, referiu Vítor Pascoal.


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Toda a cidade vai aos espectáculos, mas Bragança continua a “desfazer” do Teatro Mais de 20 mil pessoas assistem anualmente a espectáculos culturais, mas a directora do TMB reconhece que falta “auto-estima” aos brigantinos Helena Fidalgo | hfidalgo.tamegapress@gmail.com | Manuel Teles | Fotos

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s estatísticas dizem que cada um dos brigantinos vai ao Teatro Municipal de Bragança (TMB) uma vez por ano e que a sala de espectáculos transmontana tem das mais elevadas taxas de ocupação nacionais. A “Idade Maior” é claramente o grande público de uma programação que toca todas as faixas etárias e artes de palco. Helena Genésio não tem dúvidas de que está cumprido o desígnio que traçou no dia da abertura, em 31 de Janeiro de 2004: “o Teatro Municipal de Bragança foi a revolução cultural esperada”. É por isso que a directora do TMB não compreende “a imagem exterior de insucesso e de que ali não se passa nada” que persiste na cidade. “Acho que é um pouco a opinião das pessoas que cá não vêm, um pouco aquela história que santos da casa não fazem milagres”, diz. Uma atitude “bem diferente” do que acontece com o Teatro Municipal de Vila Real. “Não há vilarealense nenhum que não tenha orgulho no seu teatro e que não fale dele, mesmo aqueles que nunca lá foram e, no entanto, dizem bem daquele teatro”, notou. “Os brigantinos são muito assim: desfazemos muito das nossas coisas, criticamos muito as nossas coisas, os outros é que são bons, aquilo que os outros têm é que é bom, isto talvez justifique um pouco a imagem exterior do teatro”, é a justificação que a directora encontra entre um lamento e um apelo: “nós devíamos ter mais auto-estima, mais orgulho nas nossas coisas”. Garante que os relatórios da bilheteira não podem ser falseados e os números dizem que 21 mil pes-

soas vão ao teatro de Bragança por ano, o que estatisticamente equivale a dizer que toda a população da cidade passa pela sala de espectáculos anualmente e que cada brigantino vai ao teatro, pelo menos, uma vez por ano. Desde a data de abertura até final de 2008, o público já assistiu a 500 espectáculos, o dobro de sessões, de todas as artes de palco, teatro, música de todos os tipos, orquestras e coros, dança clássica e contemporânea. A taxa de ocupação média ronda os 70 por cento, “excelente” para a directora, “superior a qualquer teatro deste país. As taxas são todas negativas, excepto as casas com espectáculos comerciais”. Os dois teatros transmontanos são os mais movimentados e o de Bragança só é superado, segundo a directora, justamente pelo vizinho de Vila Real, que alberga “os bares da moda da cidade e um café concerto, que em Bragança são impossíveis por o edifício não ter sido projectado com esse fim”. É essa também a razão apontada pela directora para o TMB fechar em Agosto por ser o mês das festas e romarias e por não poder receber as festas da cidade que se estendem por palcos exteriores. “Nós temos de facto esta imagem de sucesso e as coisas resultam, mas a imagem que sai para fora é de insucesso de que aqui não se passa nada. Eu acho que o tempo vai ajudar a limpar”, diz. Helena Genésio acredita que “uma década, o tempo de uma geração, será suficiente para obter resultados e mudar mentalidades”. Para já, “mudaram-se os hábitos das pessoas, criaram-se hábitos culturais e já ninguém precisa de

ir a Lisboa ou ao Porto ver espectáculos”. A “Idade Maior”, os maiores de 65 anos, é claramente o público do teatro, gente que está hoje reformada. São idosos sobretudo da cidade, alguns utentes de lares, porém “mesmo a cidade de Bragança não é completamente urbana. A ruralidade, o mundo rural e o urbano misturam-se muito”, explica a directora. Às críticas iniciais de “elitismo” na programação, Helena Genésio pergunta: “então e esta Terceira Idade porque é que vem e é o meu grande público?”. “Num meio pequeno como Bragança, nós somos muito pouco receptivos ao novo e à novidade, somos muito acomodados, gostamos muito do nosso canto, daquilo que nós conhecemos muito bem e do desconhecido temos sempre medo”, considerou. Ainda assim, reitera que não entrou pela “porta mais fácil, pelo lado acessível que toda a gente conhece, pelas caras conhecidas”. “Mas se elitista é sinónimo de qualidade eu continuo a afirmar que nós temos uma programação elitista e um dos meus primeiros objectivos foi ter criado um elitismo para todos”, concluiu.

“O tempo de uma geração, será suficiente para obter resultados e mudar mentalidades”


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Novas gerações para mudar mentalidades

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nquéritos anónimos para avaliar o grau de satisfação são distribuídos com alguma regularidade ao público e a directora mostra-se “satisfeita com a opinião maioritariamente positiva das pessoas”. Num dos últimos inquéritos, os itens referentes à programação e atendimento só receberam quatro e cinco do público, numa escala de um a cinco. “O teatro deu às pessoas ocupação de tempos livres, momentos de lazer, qualidade de vida, divertimento, conhecimento, formação, educação. Eu acho que tudo isto contribuiu para começar a mudar devagar a forma de ser e de estar dos brigantinos”, defende. E a começar pelos mais pequeninos, já que o TMB oferece desde concertos para bebés à programação para a infância/juventude. “Oferecemos um espectáculo para estas faixas etárias por período (escolar) o que quer dizer que toda a infância, toda a juventude vem ao teatro, pelo menos três vezes por ano. Isto muda”, acredita He-

lena Genésio. É nesta geração que a directora aposta e a que se juntam também “em determinados momentos, os jovens adultos alunos do Politécnico, que frequentam o teatro nos festivais, como o festival de Jazz”. E não é por acaso, segundo Helena Genésio, que este ano o Douro Jazz (um festival repartido por várias localidades transmontanas) atingiu em Bragança recordes de bilheteira. O público entre os 18 e os 24 anos vai também ao TMB por altura do Festival Internacional de Teatro. Os espectáculos com aceitação transversal, em termos de idades e públicos, são os de dança contemporânea e o teatro independente. Helena Genésio sempre foi apaixonada por teatro e esteve ligada aos palcos desde a vida académica, no Teatro Universitário do Porto, cidade onde se formou em Português- Francês. “Percebi que nunca seria uma grande actriz e retirei-me” para ser “uma boa professora” adjunta da Escola Superior de Educação do Instituto Poli-

técnico de Bragança. Mas mal chegou a Bragança, faltou-lhe o teatro e contagiou o meio académico com a arte de representar, criando em 1990 o Teatro de Estudantes de Bragança (TEB), o único grupo, embora amador, da cidade, desde que a companhia profissional Teatro em Movimento se retirou de Bragança. Helena Genésio é a directora artística do TEB há 20 anos e já conta mais de 40 produções e actuações em festivais nacionais e internacionais. Nos últimos anos reservam sempre uma estreia para a Mostra de Teatro Escolar que, em Maio, permite a jovens das escolas da cidade experimentarem os bastidores e o palco principal do TMB. Pelo TEB já passaram quase 800 jovens estudantes e actores, alguns dos quais seguiram a carreira artista como a actriz Maria João Pinho, conhecida das telenovelas, que recentemente regressou a Bragança no elenco nacional da peça de teatro “A Casa de Bernarda Alba” de Federico García Lorca. H.F.


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Entrada da SONAE nos pomares da Vilariça sobressalta agricultores Associação de Beneficiários considera que até constitui um incentivo, mas alerta para a necessidade de organização Helena Fidalgo Texto | Manuel Teles Fotos | LUSA | Montagem: tamegapress@gmail.com

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ma das empresas da holding privada de Belmiro de Azevedo, o “patrão” da Sonae, está a investir na plantação de pomares no Vale da Vilariça, onde a produção de fruta se tornou mais promissora com a abundância de água para regadio. Entre os agricultores do vale não se fala de outra coisa: “a Sonae já está a investir nos pomares”, mas de quem se trata realmente é da Prosa - Produtos e Serviços Agrícolas, uma empresa da holding pessoal de Belmiro de Azevedo, com sede no Marco de Canavezes que se dedica ao comércio por grosso de frutas e de produtos hortícolas. A empresa não quis falar sobre o assunto, mas já em 2006 anunciou, quando da inauguração de um entreposto de kiwi no Marco de Canavezes, uma parceria com os produtores do Vale da Vilariça. “Quando nós não somos capazes de tomar conta de nós próprios, paciência, vêm outros a tomar conta”, desabafa José Brás, um dos maiores produtores do vale, que conhece bem a apetência das grandes cadeias alimentares pelos produtos desta zona agrícola. É com alguma “preocupação” que os agricultores, sobretudo mais antigos, vêem as máquinas a preparar cerca de 40 hectares para pomares da primeira empresa exterior a explorar directamente o vale, mesmo junto a uma das barragens para rega. Resolvido o problema da falta de água, José Mesquita, um pequeno agricultor de 70 anos, teme que se “desvirtue o sistema do vale e que possa ter mesmo implicações económicas”. O controlo dos preços, obrigando a uma redução do rendimentos dos produtores mais pequenos é uma da principais preocupações. Já o presidente da Associação de Beneficiários do

Vale da Vilariça, Fernando Brás, garante não ter receio. “Bem pelo contrário, isso constitui um incentivo. O que me satisfaz relativamente a isso é que reconhecem as potencialidades do vale”, disse à Lusa. “Agora, o que eu acho é que nós temos que nos organizar para não dependermos de ninguém “, afirmou.

Alqueva transmontano | As barragens por que esperaram mais de meio século os agricultores do Vale da Vilariça estão finalmente concluídas e prometem revolucionar uma das zonas agrícolas mais férteis do país. De fruta percebem eles, os agricultores transmontanos da Vilariça, de onde saem toneladas sobretudo de pêssego, mas também citrinos, melão ou hortícolas para grandes cadeias alimentares com qualidade reconhecida. A produção pode quintuplicar, acredita Fernando Brás, o presidente da Associação de Beneficiários do Vale da Vilariça que tem já pronto um projecto de 2,7 milhões de euros para informatizar o regadio para uma gestão mais eficiente da água. O projecto aguarda financiamento do PRODER Programa de Desenvolvimento Rural. A ideia é finalmente criar uma organização para tirar maior proveito da riqueza agrícola, um passo que os agricultores nunca conseguiram dar num vale em que são exploradas apenas um terço das suas potencialidades. “Enquanto não houvesse água não havia condições de organização nem ninguém queria investir”, observou Fernando Brás, lembrando a longa espera e sucessivas promessas estatais num processo que chegou a ser apelidado do “Alqueva transmontano”. O plano de regadio projectado há mais de meio

século está finalmente concluído com quatro barragens, a da Burga, Santa Justa e Salgueiro, no Bloco Norte, e do Ribeiro Grande e Arco, no Bloco Sul e o presidente da associação de beneficiários acredita que as barragens permitirão alargar o perímetro de regadio que actualmente abrange 800 agricultores. A ideia é tornar o vale mais competitivo. “Temos aqui potencialidades que não podemos desperdiçar”, afiança, com a expectativa de que com a água será possível expandir a área de produção e reforçar também a aposta, além dos pomares, em outras culturas como o olival.

Terra fértil |

O Vale da Vilariça era o centro do plano estratégico traçado há mais de 50 anos pelo engenheiro Camilo Mendonça, que ficou conhecido como o “pai” da agricultura transmontana. Sem projectos de gabinete, pensou as culturas, barragens, cooperativas e um pólo para transformar e escoar a produção, o extinto Complexo Agro-Industrial do Cachão. A agricultura transmontana é hoje uma herança de Camilo Mendonça, com muito do que foi pensado ainda por cumprir ou só recentemente concretizado como as barragens para o regadio da Vilariça. Camilo Mendonça viu há décadas todo o potencial deste vale que se estende por quatro concelhos do Nordeste Transmontano, desde Macedo de Cavaleiros, a Alfândega da Fé, Vila For até Torre de Moncorvo, no Douro. O microclima da Vilariça é propício a uma diversidade de culturas, com destaque para a fruta, nomeadamente pêssego, citrinos, melão, mas também hortícolas, olival e vinha.


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Foi você que pediu serviços em linha?

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ortugal é tido como estando em transição para a Sociedade em Rede, o que significa que possui o que se chama de alto acesso digital, traduzido na existência de abundante infraestrutura tecnológica, sobretudo ao nível das redes de comunicação. E a situação tenderá a melhorar, no curto prazo, com os investimentos que, em todo o território, estão a ser feitos em fibra óptica. Acompanham-nos, nesta transição, Espanha e Itália, sendo o grupo da frente constituído por Finlândia, Estados Unidos da América e Singapura, cujas sociedades são designadas de “sociedades informacionais avançadas”.1 Estarmos em transição para a Sociedade em Rede não nos envergonha, é certo, mas deve-nos fazer pensar. Até porque, verdade seja dita, têm sido vultosos os investimentos que o Estado vem fazendo desde 1997, quando ficou concluído o Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal, bastando recordar programas como Cidades e Regiões Digitais ou o Plano Tecnológico. Ou o facto de ter sido em território português (mera coincidência?) que se desenharam projectos tão importantes como o “e-Europe 2005” ou a “Estratégia de Lisboa”. E onde, mais recentemente, nasceu o célebre Magalhães que tanta fama nos tem trazido pelo mundo fora. Se somos um país tecnologicamente avançado (ou dotado), porque estamos ainda em transição para a Sociedade em Rede?, perguntar-se-á. Deixem-me citar Manuel Castells para dizer que a Sociedade em Rede “é uma estrutura social baseada em redes operadas por tecnologias de comunicação e informação, fundamentadas na microelectrónica e em redes digitais de computadores que geram, processam e distribuem informação a partir do conhecimento acumulado nos nós dessas redes”.2 Exacto. A Sociedade em Rede é uma estrutu-

ra social suportada numa estrutura tecnológica, da qual se apropria, dando-lhe múltiplos usos, conforme as suas necessidades, desejos ou motivações: na comunicação, no lazer, no trabalho, na governação, na aprendizagem… Só que, para que os cidadãos façam das tecnologias uma conveniente apropriação, necessitam ser portadores de literacias que, em Portugal, mais de metade da população ainda não tem, a fazer fé, por exemplo, nas estatísticas da utilização da Internet que deixam a maioria dos portugueses desligados. E, dos que já estão conectados, haverá uma boa parte que não consegue procurar e seleccionar informação e, outra, que, acedendo-lhe, não é capaz de a integrar e transformá-la em conhecimento. A lição que daqui se tira é que a tecnologia é a via mas não é o fim. Que é como quem diz, tem um carácter instrumental e é assim mesmo que deve ser encarada: como um instrumento para atingir objectivos. Vem tudo isto a propósito da divulgação recente de um relatório que dá Portugal como o segundo país entre os Estados europeus da OCDE mais bem classificado no que diz respeito à sofisticação e ao acesso online a serviços públicos. Ficamos apenas atrás da Áustria, mas à frente do Reino Unido, da Noruega e da Suécia, alguns dos países que, tipicamente, encabeçam os rankings relativos às tecnologias digitais. Só que, apenas 18 por cento dos cidadãos portugueses usam os serviços online, o que nos atira para o 17º lugar entre os países da OCDE. A conclusão parece, portanto, ser óbvia: trabalhou-se (bem) a montante, modernizando tecnologicamente as organizações da administração pública, mas não se investiu o suficiente na formação dos cidadãos. Esta constatação é feita para os serviços do Estado, mas serve igualmente para os da administração local, de acor-

do com um estudo da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (APDSI), de Janeiro de 2009, que constata haver um excesso de serviços online em relação à procura efectiva por parte dos cidadãos. Admitindo, emNicolau Ribeiro bora, que a admiTéc. Sup. Admin. Pública. nistração pública Mestre C. Comunicação faz mau marketing e não consegue, por isso, comunicar convenientemente os seus serviços, há-de concluir-se que os cidadãos não usam os serviços em linha (como não estudam, não compram, não se divertem, não convivem, não se socializam no ciberespaço…) porque carecem de literacias que os habilitem como actores da Sociedade em Rede. Ora, cá está um sector a que os investimentos públicos podem dar prioridade, numa altura em que se definem planos e se elaboram orçamentos. nicolauribeiro@gmail.com 1 Cardoso, G. (2006). Sociedades em Transição para a Sociedade em Rede. In Castells M. e Cardoso G. (Org.) A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Acção Política. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda 2 Castells, M. (2006). Compreender a Transformação Social. In Castells, M. e Cardoso G. (Org.), A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Acção Política. Lisboa: Imprensa NacionalCasa da Moeda

Antonino de Sousa show

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i (a 04/11/09) um artigo de opinião no jornal “Repórter do Marão”da autoria de Antonino de Sousa, vereador da Câmara Municipal de Penafiel, com o título “Saramago Show”. Eu não vou tecer aqui qualquer comentário sobre José Saramago ou sobre a Bíblia. Até porque para falar duma instituição como é o nosso Nobel da Literatura e de um livro como a Bíblia, é preciso muita bagagem e a minha cabe apenas num Fiat 600. Escrevo estas linhas, para fazer um reparo a algumas linhas que o dr. Antonino escreveu. Então é assim: A determinada altura do texto em questão, o colunista penafidelense diz: “Li, de resto, em vários locais que Saramago tem o direito de dizer os disparates que quiser sobre Deus, as religiões e a Bíblia. Pois claro que tem. Somos um país livre, democrático e tolerante. E felizmente, não li em lado nenhum que Saramago devia ser amordaçado. O mesmo não sucederia se vivêssemos sob o comunismo, doutrina que Saramago serve e que provocou milhões de mortos

às mãos dos seus sequazes.” Ó dr. Antonino de Sousa que grande calinada que o Sr. deu, para não dizer valente disparate que o Sr. disse. Pense bem. Se calhar enganou-se. Mas pronto, um engano qualquer um tem, seja ele advogado, vereador, sapateiro ou trolha. Então acha que um ateu comunista não poderia falar se vivêssemos sob o comunismo? Acha que um regime comunista iria amordaçar Saramago, por este falar contra Deus, contra as religiões ou contra Fernando Beça Moreira a Bíblia? Penafiel Se pelo contrá-

rio, o senhor dissesse que José Saramago ao fazer as considerações que fez, iria logo para o Tarrafal se vivêssemos num regime católico-fascista, tipo Salazar/ Cerejeira, eu ainda estaria de acordo. Se o senhor dissesse, que Saramago era logo queimado vivo, se vivêssemos num regime em que a inquisição católica matava apenas quem ousasse apenas pensar, eu assinava por baixo. Assim não. Dr. Antonino de Sousa, o que o senhor disse no jornal, é um erro tremendo que só desprestigia quem o profere. Se calhar foi com a pressa em dizer na mesma frase que o comunismo matou não sei quantos milhões de pessoas. Já agora, dr. Antonino, já que o senhor falou em liberdade e democracia, que regime era aquele liderado por Cavaco Silva em 1993, quando Santana Lopes e Sousa Lara, vetaram o livro “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” de José Saramago, de concorrer a um prémio literário europeu? Teria sido comunista?


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opinião

O Culto...do Silva!

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q uartel abriu. Estamos a 26 de Abril de 1974. O poder local instalou-se. Os senhores da terra viram, reagiram, criaram movimentos, facções e dividiram, sempre com o sentido de reinar. Eis que aparece o Silva (que chico esperto!). O nosso Silva é mais fino do que eles todos juntos. O Silva começa por arranjar recrutas (não é dificil, quando há notas para dividir). Nomeia alguns Sargentos; • No Futebol, nos Bombeiros, na Rádio, no Jornal, na Casa do Povo, nas Juntas, na Cooperativa, nas Associações, no Tribunal, na GNR, enfim, em tudo o que mexa com as papeladas do Quartel. • O Silva reúne com os primos Silvas de outros Quartéis (porque Silvas não faltam!) e decidem formar o pacto de entre-ajuda dos Silvas. É simples; • O Silva do Futebol ajuda fora do campo (é responsável pelo imposto especial por conta); • O Silva dos Bombeiros nomeia quem apa-

ga o fogo; • O Silva da Rádio fala a toda a hora (e sempre bem), do primo Silva; • O Silva do Jornal põe sempre a 1ª página com o primo Silva; • O Silva da Casa do Povo que arranja baixas pela caixa, farta-se de dizer “Ao Povo”, foi o primo Silva! • O Silva das Juntas entra no Quartel de chapéu na mão e sai com uma fisga para atordoar os inimigos do primo (ou melhor, os inimigos são os que discordam da Política Silva); • O Silva da Cooperativa manda umas garrafas a todos os Silvas, Silvinhas e Silvões. É claro que primeiro faz a colheita, até manda a Madame Silva recolher os cheques. Perdão! As uvas! • Os Silvas das Associações estão sempre à espera do General para umas ofertas, festinhas, obrinhas e em troca aparecem na fotografia com o General; • O Silva do Tribunal troca as datas dos proces-

sos e eles expiram; • O Silva da GNR liga sempre a avisar o dia e a hora em que o piquete vai a Casa do General; • Por fim, o Povo, que tanto ouve falar do Silva e dizer tão bem do Silva até diz Avé Silva!

Hernâni Pinto Obs.: Por acaMarco de Canaveses so este Silva veio parar ao Marco e parece que ainda cá vive, mas não faltam Silvas destes espalhados pelo nosso país!

O pequeno espectáculo de Antonino

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o Repórter do Marão, de 28 de Outubro a 10 de Novembro, Antonino de Sousa, vereador PP da Câmara Municipal de Penafiel, emitiu opinião. SARAMAGO SHOW assim se intitulava a crónica de Antonino. Falou o vereador PP da Câmara Municipal de Penafiel da estadia de Saramago em Penafiel, da polémica com o último livro e as suas declarações públicas sobre a Bíblia. Falou e, por mais relevantes ou irrelevantes que fossem as suas opiniões sobre o ocorrido, o seu registo não deixaria de ser legítimo e normal. Onde Antonino se “estende” e se torna até boçal é quando julga que deve assumir a defesa dos pretensamente ofendidos pelas opiniões de Saramago. Em primeiro lugar, ao dizer que o escritor e a sua obra de arte são separáveis das suas convicções políticas, ideológicas e religiosas, Antonino não percebe que a criação não existe sem Cristiano Ribeiro o criador, e dele Paredes emana, e que o Saramago escritor é o mesmo Saramago pensador ou simplesmente o Saramago ser humano. O ilustre convidado da Escritaria em 2009, como o escritor convidado (igualmente comunista) Urbano Tavares Rodrigues em 2008, nunca poderia ser o escritor neutral, e sem polémicas, que agradaria muito a Antonino.

Em segundo lugar, ausente do debate das questões teológicas, onde certamente brilharia (que pena!), é no terreno do político que Antonino se mostra mais afoito. E aí duas observações. Antonino é básico e esquemático quando assim associa o ateísmo de Saramago à ideologia de Saramago, tornando claramente “Caim” um pretexto para discordar ideologicamente. Mas Antonino é violentamente grosseiro quando diz que Saramago “serve” o comunismo, ainda por cima com o “fardo” de milhões de mortos. Esta inaptidão de Antonino em perceber que alguém se pode identificar com uma ideologia, e mesmo assumir uma atitude militante, sem “servir” ou “se servir” dela, cria dificuldades em lhe apreender o sentido. Ficamos sem saber se não estamos perante uma ameaça de autoritarismo, de discriminação e de exclusão. O conteúdo e espírito que a programação da Escritaria incluiu, a saber, de liberdade, multivivência e de abertura cultural, e com manifesto sucesso para a organização e para a cidade, Antonino pretende di-

minuir ou destruir. A última observação que faço é a de que afinal o comunismo para Antonino é o diabo à solta que deve ser expurgado dos livros dos convidados do Escritaria. Ou será da lista dos convidados do Escritaria no futuro? A Antonino falta-lhe o estatuto e o cargo de censor. cristianoribeiro@gmail.com


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O futuro e a liderança do PSD

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P SD nacional está numa fase de grande reflexão interna, com vista a encontrar uma nova liderança que possa, desde logo, unir, motivar e afirmar o partido, que seja um referencial de estabilidade e aponte um rumo para o país, que apresente novos desafios, crie novos sonhos, e que traga uma nova esperança para Portugal. Estes são os principais objectivos e o que se espera do novo e futuro líder do PSD. Mas estes, apesar de consensuais, são difíceis de atingir. Nos últimos anos o PSD não tem sabido encontrar o caminho, nem as pessoas, e deixou de ser o partido reformista que já que foi, e tornou-se uma máquina trituradora de lideres mais ou menos previsível. Escolher um líder para o PSD não é tarefa fácil, tornando-se cada vez mais como os melões casca de carvalho, só sabemos o que lá está depois de os abrir… Mas, há sempre uns sinais, um traço aqui outro ali que nos indiciam alguma coisa, mas nada de muito concreto ou científico, podemos ate dizer que temos uma intuição, algo que se sente mas não se explica. Neste momento dos nomes falados, Pedro Passos Coelho é o único certo na corrida, pois quer Paulo Rangel, no Parlamento Europeu, quer Rui Rio, na Câmara do Porto, estão reféns das suas estratégias

pessoais. Paulo Rangel chuta para Marcelo e Rio fica com os dois pés no Porto. Pedro Passos Coelho cometeu, no entanto, dois erros estratégicos que lhe podem causar alguns problemas numa liderança anunciada e desejada. Em primeiro lugar, apresentou na anterior corrida à liderança, posições muito liberais para a economia e o momento de crise em nada a ajuda as suas ideias, tem de rever algumas matérias e apostar em novos conceitos. Em segundo lugar, depois de ter Mário Magalhães Vereador e v ice-presidente entrado bem no do PSD/Penafiel pós-legislativas, a seguir às autárquicas não aguentou a pressão e o anúncio da sua candidatura à liderança do partido foi, do meu ponto de vista, precipitada. As eleições internas ainda nem sequer estavam

marcadas, o debate do programa do Governo ainda estava por fazer, o PSD ainda mal tinha começado a curar as feridas e Passos Coelho veio a terreiro disponibilizarse… sem esperar que o partido lhe fizesse o apelo. Mesmo assim, penso que ainda estará a tempo de conseguir o seu espaço, onde espero tenha o maior sucesso. Seria bom para ele e para o país. Acompanho o trajecto de Pedro Passos Coelho desde o tempo da Jota, fase em já alinhámos nas mesmas fileiras e partilhávamos os mesmos corredores. Quando em 1986 começou a dar os primeiros “passos” na JSD Nacional, até à liderança desta última, já eu tinha começado o meu percurso político na CP Distrital do Porto da JSD e no Conselho Nacional. Já nessa altura, Pedro Passos Coelho, quando ia visitar a família a Vila Real, parava em Penafiel para falar um pouco comigo e com outros companheiros sobre política nacional e em particular da Jota. Volvidos mais de vinte anos, eis-me aqui a dar o meu contributo para a reflexão interna do meu partido e, quiçá, para o futuro do país. Apoiar os amigos mais do que uma obrigação é uma questão de princípio. Faço-o com serenidade e determinação. A um amigo damos as costas para o levar em ombros… e de borla…

Eleições, pesos e medidas (I)

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cabou, enfim, com as diferentes tomadas de posse, o ciclo eleitoral que não deixou de interferir com o nosso modo de viver habitual. Como disse um famoso homem político a democracia é o menos mau dos regimes políticos e exige eleições periódicas. O azar dos calendários fez com que por cá se sucedessem eleições europeias, legislativas e finalmente autárquicas. Se as europeias pouco mobilizaram, infelizmente, os nossos concidadãos, já o mesmo não se pode dizer das duas outras. Nas legislativas viu-se mais uma vez o degradante fenómeno do aparecimento de pára-quedistas que descobrem subitamente argumentos para se irem apresentar em distritos com os quais não têm a mínima relação pelo menos conhecida ou lógica… Na minha modesta opinião, as eleições autárquicas são as que mais ‘mexem’ com as populações. Fui autarca da freguesia a que me sinto mais ligado afectivamente, tendo tido a honra de presidir, por que para isso me candidatei, à respectiva Assembleia de Freguesia durante dois mandatos. Há os que se prestam a certas habilidades, legais, para chegar a esse honroso posto, mas isso não se coaduna com a minha maneira de ser.

Sempre pensei que há uma idade limite para concorrer, daí não me ter apresentado já nas penúltimas, não obstante as insistências nesse sentido, porque, se fosse mais uma vez eleito, a fasquia, que situo aos 70 anos, seria ultrapassada. Também penso, mas admito que haja quem discorde, que a nível das freguesias não faz grande sentido a apresentação de listas partidárias. Ao longo destes últimos 12 anos quer na ‘minha’ freguesia quer noutras que conheço bem, não consegui ver diferenças devidamente fundamentadas e sérias, a Luís Magalhães esse nível, entre Engenheiro uma gestão socialdemocrata ou socialista. Repito «fundamentadas e sérias» pois ouvi repetidas vezes o argumento, que julgo indecente, de que

se «a cor da Junta for a mesma da Câmara será mais fácil puxar vantagens» … Interpreto isso como uma implícita admissão de que existiriam câmaras que se deixariam influenciar por ‘cores’ e não por valores dos projectos ou ideias avançadas pelas juntas, uma vez avaliada a sua justiça, embora haja por vezes caso. que se prestam a confusões. Qualquer presidente de câmara honesto, sentirse-á profundamente ofendido na sua dignidade se isso pudesse ter uma ínfima possibilidade de ser verdade… O facto de haver listas partidárias nas freguesias presta-se também a certas ‘derrapagens’ verbais em comícios anunciados como de anúncio e esclarecimento de programas, quando no fundo se aproveita para ataques de índole pessoal aos ‘concorrentes’ (a coberto das suas filiações partidárias) ou até, pasme-se até onde vai a indecência, aos seus familiares. Claro que algumas vezes esses excessos são inspirados pelo que se ouve em outros patamares, na boca dos que são tomados como exemplo e repetidamente citados como «queridos amigos», e que nem sempre são os melhores mentores… A isso voltaremos…


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crónica|eventos

Encontro anual de parceiros da Dolmen António Mota

Alice e Faissal Nesse domingo, fez agora um ano, eu lembrei-me de cozer castanhas e fazer torresmos à moda da nossa terra, porque lá na Suíça, de vez em quando, dá-me saudades da comida do meu tempo de criança, sobretudo da que a minha mãe fazia ao lume, naquelas panelas de ferro, negras como tições. O meu marido consolou-se, e eu consolada de o ver assim, de barriga cheia, satisfeito. No fim do almoço, a minha Alice, que tinha feito dezoito anos há menos de um mês, virou-se para o pai e disse-lhe: “precisamos de conversar. Pode ser agora?” E o meu marido, coitado, respondeu-lhe: “Estou a ouvir-te”. E eu fiquei quieta, sem forças para me levantar. Alguma coisa muito séria tinha a Alice para dizer, ela que sempre foi muito fechada, muita senhora do seu nariz, teimosa como um jerico. Eu sentia o coração apertadinho, apertadinho. Então a minha Alice disse: “ vou-me casar “. Disse aquilo como se estivesse a dizer que tinha sede. A minha Alice a dizer que se ia casar? Mas ia casar-se com quem? Ela namoriscou desde os doze anos. Foi sempre muito esperta para essas coisas, que para estudar foi um tormento. De manhã namorava um, de tarde namorava outro, o que ela queria era divertirse. Nunca me apresentou nenhum namorado. O meu marido passou-se, e gritou, aflito, coitado dele: “que é que estás a dizer?” “ Vou-me casar. O casamento já está marcado para o próximo mês.”, disse a Alice. E o meu coração ficou apertado, apertadinho como uma noz. Esta gente nova tem tanta liberdade. “E vais-te casar com quem?”, perguntei eu. “Vou-me casar com um homem. Chama-se Faissal.” “Faissal… Isso é nome de um marroquino. Tu vais casarte com um marroquino? Tu estás boa da cabeça?”, berrou o meu marido. “Ele não é marroquino. É

argelino, e não é católico, tem outra religião. O casamento vai ser feito na religião dele.” Nós tínhamos feito há pouco tempo o casamento da nossa outra filha, a Paula, que é mais velha cinco anos que a Alice. O casamento foi aqui, em Portugal, no mês de Agosto, com cento e oitenta convidados, e foi tudo muito bonito. Mas o bonito sai caro e nós ficámos depenados. Então o meu marido disselhe: “Agora não tenho dinheiro para te fazer o casamento.” Ela respondeu que não queria o nosso dinheiro, que não precisava de nada. O Faissal já tinha alugado e mobilado um apartemã, ela só queria que estivéssemos ao lado dela; eles já tinham tudo tratado. De modo que lá se fez o casamento na Suíça, foi tudo como eles quiseram. Ali estivemos dentro daquele filme, com convidados de um lado e do outro, com duas religiões diferentes, costumes diferentes, tudo diferente. Nós a comer bacalhau e vitela assada, os outros a comer coisas esquisitas, nós a beber vinho e champanhe e eles só a beber chá, que a religião deles não permite o álcool. O Faissal tem lá os costumes dele, mas está bem na vida, tem negócios, tem dinheiro, é bom rapaz, e é muito educado e respeita-nos muito. Não come carne de porco, mas agora quando vem a minha casa, até já não diz que não a um copinho de vinho do Porto. O mundo está sempre em mudança, e nós aprendemos uns com os outros. anttoniomotta@gmail.com

E ali estivemos naquele filme estranho com convidados de um lado e do outro, com duas religiões diferentes, costumes diferentes, tudo diferente.

O encontro anual de parceiros da Dolmen – Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL, vai decorrer na sexta-

feira, 27 de Novembro, na Casa do Lavrador, em Santa Cruz do Douro, Baião. Neste encontro a Dolmen vai reflectir e avaliar a implementação da Estra-

tégia Local de Desenvolvimento (ELD). A recepção aos parceiros e convidados começa às 18:00, seguindo-se uma visita guiada à Casa do Lavrador. Depois, vai ter lugar a Assembleia Geral da Dolmen. Às 19:30 vai ser servida uma Merenda Lavrador. O Conselho Geral do GAL (Membros da Parceria Local) reúne pelas 20:00 e no final vão ser projectados os vídeos”Caminho de Jacinto” e “Douro-Verde”. Durante a Ceia do Lavrador vai ser feita a apresentação do Programa de Aquisição de Competências e Animação (PACA) – Triénio 2009/2011. Um período de debate antecede as conclusões e encerramento do encontro.

David Fonseca apanha a “onda” até Vila Real

Primeiros acordes de “Virar a Página” no Espaço SWEET em Lisboa Quatro anos depois do último álbum de originais os Anjos apresentam “Virar a Página”. O lançamento oficial do novo disco é feito no dia 02 de Dezembro às 22:00 no Espaço SWEET em Lisboa. Nelson e Sérgio Rosado reúnem, numa noite que se traduzirá especial, amigos, fãs e profissionais que tornaram possível mais um trabalho dos Anjos. “Virar a Página” dá nome ao álbum e ao single de arranque que conta com a participação especial de Sérginho Moah, o vocalista da banda brasileira Papas da Língua. O novo trabalho dos Anjos já está à venda e conta com uma edição especial (tema extra “Tudo Há-de Mudar”) apenas disponível nas lojas FNAC.

Depois de mostrar “Between Waves“ pelas ruas de Portugal, em formato acústico, David Fonseca está de volta aos palcos para dar a conhecer o quarto álbum de originais. A próxima paragem é no Teatro de Vila Real, este sábado, pelas 22:00. O concerto acontece numa altura em que David Fonseca atinge o auge da sua carreira a solo e traz mais uma vez a Trás-os-Montes a melhor música portuguesa, em inglês. Muitos êxitos passados vão ser recordados mas serão as novas músicas como “A Cry 4 Love” a deliciar os fãs destas “bandas”. Os ingressos já estão à venda por 12 euros e a organização espera casa cheia.

Guitarras de Penafiel lembram Amália em Lousada A 28 de Novembro, às 21:30, o núcleo da AMI de Lousada organiza mais uma gala de Fado em homenagem à eterna fadista, Amália Rodrigues. O espectáculo destina-se à angariação de fundos para a instituição, que ao longo do ano apoia os mais carenciados. Cerca de dez fadistas lousadenses e da região, prestam o seu tributo a uma referência do fado nacional. Destaca-se a participação de Mélanie, Joaquim Cardoso e do grupo de Guitarras de Penafiel. Um espectáculo de solidariedade com a marca de uma das características culturais mais profundas do nosso país – o Fado.


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repórterdomarão

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos] Fundado em 1984 Quinzenário Regional • Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89 Redacção: Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202 E-mail: tamegapress@gmail.com Director: Jorge Sousa (C.P. 1689), Director adjunto: Alexandre Panda (C.P. 8276) Sub-director: António Orlando (C.P. 3057) Redacção e colaboradores: Alexandre Panda, António Orlando, Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Paula Costa (C.P. 4670), Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Helena Carvalho. Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto. Colaboração/Outsourcing: Media Marco (Vitor Almeida, Sandra Teixeira), Baião Repórter/Marão Online (Jorge Sousa, Marta Sousa) Promoção Comercial, Relações Públicas e Publireportagem: Iva Soares - Telef. 910 536 928 ivasoares.tamegapress@gmail.com, publicidade.tamegapress@gmail.com Propriedade e Edição: Tâmegapress - Comunicação e Multimédia, Lda. NIPC: 508920450 Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 - Apartado 4 4630-279 MARCO DE CANAVESES Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

Cap. Social: 80.000 Euros Impressão: Multiponto - Baltar Tiragem desta edição: 25.000 exemplares

Inscrição na APCT-Ass.Portuguesa de Controlo de Tiragem | Primeira auditoria em Novembro A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direcção deste jornal.

JAMES HETFIELD Metallica 2009



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