repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
Nº 1227 | Quinzenário | 1€ | Ano 25 | Director: Jorge Sousa | Director-Adjunto: Alexandre Panda | Subdirector: António Orlando | Edição:Tâmegapress | Redacção: Marco de Canaveses | 910 536 928
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Violência doméstica bate recordes p.2-4
TÚNEL DO MARÃO
Tribunal manteve decisão, obras paradas há um mês NORDESTE
Festas dos Rapazes e do Bacalhau resistem no tempo VILA REAL
Autarca trabalha a ouvir música clássica GASTRONOMIA
Freamunde eleva o capão a um manjar
EDP desiste do grupo reversível e de produzir energia na segunda barragem A EDP acaba de propor alterações ao estudo prévio da construção da barragem de Fridão, há dias apresentado à Câmara de Amarante e às juntas de freguesia – desiste do grupo reversível no escalão principal e da produção de energia no escalão de juzante. A empresa quer produzir energia já no fim de 2016 e propõe-se construir uma pista de águas bravas junto à cidade, entre outros melhoramentos. A consulta pública da avaliação de impacte ambiental deverá decorrer em Janeiro e Fevereiro. p.16
Escalão principal em Fridão, Amarante
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vidas
Violência doméstica é realidade cada vez menos escondida STOP
À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
S
e antes, resguardadas pela intimidade do lar, ficavam remetidas ao silêncio, agora, as vítimas de violência doméstica deixam o medo e a vergonha de lado e denunciam. Às vezes, até mais do que uma vez. Por isso, não é de estranhar que nos distritos de Vila Real e Bragança, o número de casos relacionados com esse crime aumente de ano para ano. Durante 2008, o Gabinete de Apoio à Vítima de Vila Real registou 332 processos em todo o distrito, tendo nos 11 meses deste ano contabilizado 447. Tal aumento explica-se pelo “maior número de pessoas da esfera social da vítima – familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e até entidades patronais –, que procura a APAV para pedir apoio”, adianta a gestora do Gabinete, Elisa Brites. Também crimes como os maus tratos (físicos e psíquicos), as ameaças/coação e os crimes sexuais no âmbito das relações de intimidade tiveram um acréscimo face ao ano passado. O Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica do distrito de Bragança recebeu, no último ano, 126 vítimas, das quais 22 pertenciam ao sexo masculino. Até ao início do mês de Novembro, tinham sido atendidas 165 vítimas, sendo 20 do sexo masculino. Segundo a psicóloga do Núcleo, Teresa Fernandes, o acréscimo justifica-se com o facto de “as pessoas estarem mais informadas sobre como, onde e quando denunciar”. À mediatização do problema da violência doméstica juntou-se uma maior divulgação de informações
Denúncias têm vindo a crescer nos distritos de Vila Real e Bragança Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos APAV e Arquivo a nível local, nomeadamente sobre “os efeitos psicossociais negativos que provoca nas vítimas, as vítimas vicariantes (por exposição à violência) como é o caso dos menores, as diversas formas de denunciar a violência doméstica e os tipos de apoio que podem ser prestados pelas várias instituições”, sublinha. Além das campanhas de sensibilização, o facto de a Lei considerar, desde 2000, a violência doméstica como crime público também contribuiu para que o problema tenha adquirido outra visibilidade. Dados estatísticos da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) revelam que o número de crimes de Violência Doméstica no primeiro semestre deste ano subiu nove por cento face a igual período do ano passado. Se no primeiro semestre de 2008 houve um total de 7.788 crimes, no 1º semestre deste ano esse número subiu para 8.496. Refirase ainda que entre tentativas de homicídio e homicídios consumados, de 2008 para 2009 (também no 1º semestre), estes cresceram de 4 para 18 casos. Até Novembro, foram apresentadas 150 queixas no comando territorial da GNR de Bragança, mais 6 do que em igual período do ano passado. Por seu turno, o comando distrital da PSP de Bragança registou 123 ocorrências só em 2008 e até ao final de Outubro deste ano, contabilizou 116 ocorrências.
| Maioria dos casos no âmbito do casal | A população vítima de violência domés-
tica inclui mulheres e homens adultos, menores, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. O maior número de casos de violência doméstica está relacionado com agressões dentro do casal, onde a maioria das vítimas continua a ser a mulher. Contudo, o número de denúncias sobe tam-
bém do outro lado. A confirmá-lo estão os números do comando territorial da GNR de Bragança: 14 casos em 2008 e 16 até Novembro de 2009. Também o comando distrital da PSP de Bragança recebeu 22 queixas em 2008 e 23 até ao final do mês de Outubro deste ano. As vítimas do sexo masculino abrangem menores de 16 e maiores de 65 anos, sejam filhos, pais, irmãos ou cunhados, cônjuges ou ex-cônjuges. A actuação das autoridades em matéria de violência doméstica tem permitido perceber uma nova realidade. Verifica-se uma tendência crescente de violência contra idosos, designadamente de filhos para pais. O consumo abusivo de álcool e de estupefacientes fazem com que “os filhos agridam os pais para que estes lhe dêem o dinheiro das reformas”, explica Cláudia Granjo, do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) da GNR de Bragança.
| Agressão física é a queixa principal | Ofensa à integridade física simples é a
queixa dominante nos casos de violência doméstica em ambos os distritos. No ano transacto, ofensa à integridade simples e violação da obrigação de alimentos foram as queixas mais apresentadas no comando distrital da PSP de Bragança, com 12 e 4 registos, respectivamente. Em 2009, mantém-se essa tendência: 8 casos nos dois tipos de queixas. O comando distrital da PSP de Vila Real tem em mãos 32 processos na área urbana de Vila Real e 28 em Chaves, sendo a ofensa à integridade simples a queixa recorrente. “Nesses 32 casos, 10% são as mesmas pessoas, isto é, a mesma pessoa é vítima várias vezes e apresenta várias vezes queixa”, frisa o subintendente Manuel Grilo. Quando quatro paredes já não são suficientes para ocultar um drama, são as vítimas com idades
FLAGELO NACIONAL
Mais de 80 queixas po r dia
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As queixas de violência doméstica apresentad as nas forças de segurança aum entaram 12 por cento no primeiro semestre deste ano fac e a igual período de 2008, revela um relatório da Direcç ão-Geral da Administra ção Interna. O documento, que ana lisa as ocorrências par ticipadas às forças de segurança no primeiro semestre do ano, indica que a PSP e GNR rec eberam 14 600 queix as, mais 1570 casos que no mesmo período de 2008. Nos primeiros seis me ses, as forças de segura nça receberam, em média, cer ca de 81 queixas por dia de violência doméstica, adianta o relatório, referindo tam bém que a PSP registou 9206 ocorr ências (mais 9,8 por cen to que em 2008) e a GNR 5394 (mais 12 por cento). Geralmente, as situaçõ es de violência doméstic a ocorrem ao fim-de-semana, especialmente ao domi ngo, e passam-se durante a noite e madrugada. As denúncias às forças de segurança foram ma ioritariamente (89 por cento) feitas pelas próprias víti mas, que na maioria são mulheres, estão casadas ou em un ião de facto e tem uma média de 39 anos.
compreendidas entre os 40 e os 50 anos que mais participações fazem, logo seguidas da faixa dos 1830 anos. Em último, estão as vítimas dos 50 aos 60 anos, porque “haverá uma maior inibição, já são casamentos muito antigos”, justifica o subintendente. No âmbito do Programa Integrado de Policiamento de Proximidade (PIPP), a PSP tem, no terreno, equipas especializadas para lidar com pessoas que sofrem violência doméstica. Após a queixa ter sido formalizada, os agentes acompanham as vítimas e regressam ao terreno para averiguar se as agressões terminaram.
| Lares provisórios | Sob a alçada da APAV, existe uma rede nacional de Casas de Abrigo para Mulheres e Crianças Vítimas de Violência. Em cada uma, as vítimas são acolhidas temporariamente, permitindo a ruptura com as circunstâncias de vitimação e promovendo a criação de um projecto de vida sem violência. O distrito de Vila Real tem uma Casa de Abrigo, que pertence à APAV. Em Bragança, existe outra, no caso, uma valência da Santa Casa da Misericórdia daquela cidade. | Portos de abrigo no Nordeste |
No âmbito da GNR, existem 8 gabinetes de apoio à vítima no distrito, localizados nos postos territoriais de Macedo de Cavaleiros, Vinhais, Carrazeda de Ansiães, Mogadouro, Mirandela, Vimioso, Miranda do Douro e Izeda. O Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica em Bragança engloba um conjunto de instituições que uniram esforços e recursos para responder às necessidades das vítimas na construção de um novo projecto de vida afastado da violência. O Gabinete de Apoio à Vítima de Vila Real funciona há 13 anos (desde Novembro de 1996) e presta apoio jurídico, emocional e psicológico a quem bate à porta.
Maioria das vítimas já sofreu maus tratos anteriores A maioria das vítimas de violência doméstica que apresentou queixa às forças de segurança no primeiro semestre deste ano já tinha sofrido maus tratos anteriores, segundo um relatório da DirecçãoGeral da Administração Interna (DGAI). O documento, que faz uma análise das ocorrências participadas às forças de segurança no primeiro semestre do ano, contempla pela primeira vez dados extraídos da descrição da ocorrência. Os dados indicam que em 91 por cento dos casos denunciados nos primeiros seis meses do ano existiram situações anteriores de violência, não sendo a primeira vez que a víti-
ma sofre este tipo de agressão. O documento do organismo do Ministério da Administração Interna revela, igualmente, que quase 85 por cento das ocorrências sucederam na casa onde a vítima reside e 10 por cento na via pública. Em mais de dois terços das situações, as forças de segurança deslocaram-se ao local onde ocorreu a agressão, após a denúncia. O relatório diz também que a violência física esteve presente em 74 por cento das situações, a psicológica em 54 por cento e a sexual em 1,1 por cento. Os três principais “factores precipitantes” das ocorrências estiveram relaciona-
dos com um estado alterado do agressor devido ao consumo de álcool ou drogas (32 por cento), com questões relacionadas com dinheiro, bens e desemprego (16 por cento) e com respostas do agressor a uma situação de ameaça de abandono (15 por cento), adianta o documento. O relatório salienta, também, que em mais de 75 por cento dos casos a violência física referia-se à utilização de “força física”, em quase seis por cento dos casos o agressor ameaçou usar ou usou arma branca, em 4,2 por cento a vítima foi agredida com objectos de mobiliário ou utensílios de cozinha e em 2,6 por cento foi usada ou houve ameaça de armas de fogo.
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Violência doméstica à luz da psicologia e da criminologia Alexandre Panda | apanda.tamegapress@gmail.com
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violência doméstica continua a ser o tema bem actual que enche as páginas dos jornais e os ecrãs das televisões. Para além de saber que determinado adulto maltratou uma criança ou mulher ou marido, importa saber quais são os motivos que levam alguém a usar da violência do seio de uma família. Saber também quais são as repercussões numa vítima e tentar perceber se existem tratamentos psicológicos que podem ajudar famílias a ultrapassar este problema. Para responder a todas essas perguntas o RM falou com Jorge Quintas, um professor do Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte (ISCS-N) na CESPU, em Gandra, Paredes. O especialista também é docente convidado da Escola de Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade do Porto e doutorado em Criminologia e licenciado e mestre em Psicologia pela Universidade do Porto. RM: O que é a violência doméstica? Como é que ela se traduz num casal ou numa relação entre familiares?
JQ: A expressão violência doméstica usa-se habitualmente para designar situações de violência entre parceiros íntimos, sendo que estas situações podem também ser designadas como violência conjugal ou violência no casal. Contudo, outras situações de violência ocorridas na esfera familiar como o abuso de crianças ou de pessoas idosas podem também ser consideradas violência doméstica. Do ponto de vista legal a violência doméstica é, em Portugal, na actualidade, considerada um tipo legal de crime que inclui maus-tratos físicos ou psíquicos de cônjuges, ex-cônjuges e progenitores. Existe ainda um outro tipo de crime designado “Maus-tratos” relativa a pessoas menores ou particularmente indefesas que estejam sob guarda.
Existem vários tipos de violência doméstica? Há diversas tipologias relativas à violência doméstica. Habitualmente distingue-se as situações de violência física, sexual e psicológica. Este último subtipo pode incluir violência verbal, ameaças e atentados diversos à dignidade e liberdade da vítima. É comum a sobreposição dos vários tipos de violência doméstica, isto é as pessoas serem alvo, simultaneamente ou em momentos sucessivos, dos vários tipos de violência. Existe um ciclo da violência doméstica. Qual é esse ciclo? A partir dos trabalhos de um autor muito relevante nesta área, Walker, identificou-se um padrão nas situações de violência, especialmente, conjugal. Haverá uma fase de acumulação de tensão e segue-se uma de explosão violenta onde se concretizam de forma mais explícita as agressões. Posteriormente, haverá uma terceira fase designada por “lua-de-mel” em que poderão acontecer reconciliações, desculpas e perdão. Segue-se uma fase em que se reinicia o ciclo. Este ciclo da violência será responsável pela manutenção, intensificação e pelo prolongamento da violência. O que leva um familiar a agredir outro? Quais são as características ou estado de espírito que pode levar alguém a molestar fisicamente ou psicologicamente um familiar? Mais do que apontar um factor único para explicar a agressão no âmbito familiar, é consensual que as explicações terão de ser de natureza multifactorial. As características individuais do agressor, a dinâmica familiar e relacional, os factores contextuais, a própria organização social e os níveis de tolerância à agressão devem ser sempre considerados como factores determinantes da violência doméstica. Quais são as repercussões psicológicas num ser humano que é vítima de violência doméstica?
Jorge Quintas, professor do Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte, na CESPU
“A manipulação [das vítimas] por parte dos agressores é comum e serve para explicar o prolongamento de situações de violência”
As repercussões psicológicas da violência doméstica são muito relevantes. Uma extensa literatura mostra que a violência doméstica está associada com diversos tipos de sintomas físicos, psicológicos e sociais na vítima directa e também nas restantes pessoas do agregado familiar expostas à violência, particularmente as crianças. Há inclusivamente indicações que mostram a proximidade das vítimas das perturbações de stress pós-traumático e o autor já citado, Walker, fala mesmo de um Síndroma da Mulher Batida. Em estudos que estamos a desenvolver na Unidade de Investigação Psicologia e Saúde (UniPSa) do Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte (ISCS-N) da CESPU, em Gandra, Paredes, eu e a minha colega Alexandra Serra e um grupo de estudantes do Mestrado em Psicologia Forense e da Transgressão, temos vindo a encontrar níveis muito relevantes de perturbação emocional e de sintomatologia psicopatológica nas mulheres vítimas de violência e nos seus filhos.
Em casos prolongados, será que a vítima pode mesmo sentir uma culpa qualquer e por isso nunca denunciar a situação. Será que uma vítima pode até desculpar o agressor? A ambivalência de sentimentos das vítimas e a própria manipulação emocional por parte dos agressores é comum e serve para explicar a manutenção e o prolongamento de situações de violência durante períodos que chegam a ser de muitos anos. De um ponto de vista psicológico, o agressor pode ser considerado um doente? Existem tratamentos? Se sim, de que tipo? O agressor não é necessariamente um doente no sentido médico do termo. No âmbito da aplicação da justiça podem ser propostas intervenções terapêuticas e educativas que visam diminuir o risco de reincidência criminal. Os programas de intervenção com agressores em simultâneo, com intervenções de suporte e protecção das vítimas são considerados, na actualidade, prioritários internacionalmente. Não sendo panaceia, o trabalho com agressores em temas como a regulação emocional, os pensamentos, as atitudes face ao crime e às vítimas e a estabilização de consumos de substâncias, particularmente de álcool são avaliados como um contributo importante para este problema. Em Portugal, o Ministério da Justiça, através particularmente da Direcção Geral de Reinserção Social está a desenvolver já intervenções especializadas nesta área. No ISCS-N estamos a trabalhar precisamente na avaliação destas intervenções, através de protocolo específico de colaboração. O facto de ter sido vítima de violência doméstica durante a infância significa que depois de ter chegado à idade adulta essa pessoa irá reproduzir com os seus filhos a mesma violência? Não. Poderá funcionar como um factor de risco acrescido, isto é, será um pouco mais provável a conduta. Possivelmente isto acontece porque os factores de risco associados à violência doméstica são relativamente estáveis nos mesmos contextos familiares e culturais. No caso da violência para com os filhos, há sempre aquela ideia popular de que um estalo é apenas dar educação. “Bater” num filho pode ser considerado violência doméstica? Qual é o limite ou a fronteira entre dar educação e ser um agressor? Condutas violentas são contrárias à educação. Podem atemorizar mas não educam ninguém. As punições e os reforços são formas de educar que devem ser sempre usadas sem violência. Deter e conter birras e más condutas das crianças são necessários para a sua educação mas para o efeito não é necessário ser violento. É aos adultos que compete gerir firmemente situações passíveis de gerar uma escalada de violência largamente perturbadoras.
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Tradição do bacalhau na consoada alargou-se a várias regiões Doces ganham formas e nomes diferentes entre o Minho e o Algarve Ao contrário do que acontecia há algumas décadas, a ementa de Natal é hoje menos diferenciada nas várias regiões do país. Os hábitos de consumo foram-se generalizando e as diferenças vincadas entre regiões foram-se dissipando. O hábito nortenho de comer bacalhau na consoada foi sendo adoptado por quase todo o país. A ceia de Natal com bacalhau cozido com batatas, cenouras e couve penca, regados com muito e bom azeite e vinagre, faz parte da cultura gastronómica do Norte. Tal como a “roupa velha”, prato que é servido ao almoço ou jantar do dia 25 e que é feita num refogado farto em azeite, cebola e alhos picados a que se juntam os restos de batata, bacalhau e couve, sem espinhas e cortados fininhos, que sobraram da véspera. Também o hábito de comer polvo na consoada foi-se massificando em muitas zonas do Norte e em particular em Trás-os-Montes. No almoço do dia de Natal, no Minho, Tâmega e Douro os assados são presença obrigatória: cabrito, anho ou peru assados no forno ou ainda capão à Freamunde (prato tradicional na zona de Paços de Ferreira). No que respeita à doçaria, nas mesas portuguesas, por altura do Natal, não falta o bolo-rei (agora sem fava e brinde, mas com ou sem chila, ou gila), o pãode-ló, leite-creme, bolinhos de cenoura, sonhos, e as famosas rabanadas, fritos de pão-cacete passado por leite ou vinho e ovos, também conhecidos como fatias douradas, fatias paridas ou de parideira. Os mexidos de Natal, típicos da região minhota, do Tâmega e Douro, vão ao lume com miolo de pão, nozes, passas, pinhões, mel e vinho do Porto. São servidos em travessas ou em pequenos pratinhos polvilhados com canela. Destas regiões são também os conhecidos bolinhos de jerimu, feitos com um puré de abóbora (de polpa cor-de-laranja) a que se junta farinha, fermento, açúcar e claras em castelo, e que nalgumas zonas também são chamados de sonhos. A aletria, feita com água ou leite, é tradicional no Minho, Tâmega e Douro, e mantém o nome em todo o território nacional. O mesmo não acontece com a filhós, um dos mais famosos doces natalícios, que além do nome também vê variar a forma consoante a região. As filhós são velhozes nalgumas zonas e noutras em vez da massa ser estendida para fritar é frita em forma de bola (Alto Alentejo), de chapéu (Outeiro de Gatos/Meda) ou mesmo cortada às tiras e enrolada num garfo enquan-
to passa na fritadeira, para ganhar a forma espiral. Com as necessárias adaptações, acrescentando o sumo de laranja e a aguardente e fritando a massa em tirinhas dobradas em forma de livro, o Baixo Alentejo chama-lhes judias. Chamados rabanadas ou fatias, sonhos ou bolinhos de jerimu há um ingrediente comum a todos: o açúcar. Muito açúcar (branco ou amarelo). Porque o Natal quer-se doce. E, como diz o ditado, não se engorda entre o Natal e o Ano Novo, mas entre o Ano Novo e o Natal. O seguinte, claro. “Perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe”, diz a sabedoria popular, que bem pode servir de argumento aos que não resistem a tantas iguarias.
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Sarracenos mantém tradição de comer o bacalhau na rua Aldeia de S. Pedro de Sarracenos, Bragança, reúne uma centena de comensais de S. Estêvão a 26 de Dezembro Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com
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inda os estômagos estão aconchegados com as iguarias natalícias quando se impõe o cumprimento de uma outra tradição. Em S. Pedro de Sarracenos, freguesia do concelho de Bragança, o dia 26 de Dezembro está reservado para a festa do bacalhau à Santo Estêvão. Trata-se de um ritual herdado desde tempos imemoriais, garantem os habitantes. “Já ninguém sabe de quando vem esta tradição.” A rua central da aldeia torna-se a casa de todos os que querem participar no almoço, onde a ementa apresenta o bacalhau como escolha inequívoca. “É uma forma de juntar as diferentes famílias, mesmo que seja logo a seguir ao Natal”, conta Luís Vila, membro da organização.
|Postas de 300 a 400 gr | Com esta sugestão gastronómica, os homens ficam incumbidos de cortar o bacalhau “em postas iguais”, cujo peso pode variar de 300 a 400 gramas, e de “ir mudando as águas” durante dois ou três dias. A 26 de Dezembro, os mordomos fazem a fogueira e responsabilizam-se pela preparação da mesa. Enquanto isso, o bacalhau é colocado em caldeiras, onde fica algum tempo até estar devidamente cozido. Há quem afiance que “em cada caldeira cabem 50 quilos de bacalhau”. “Os homens cozem o bacalhau e as mulheres descascam as batatas antes de serem ser-
vidas”, conta a organização. Finda a celebração eucarística que antecede o banquete, o pároco procede à bênção e o Santo Estêvão é colocado “na cabeça da mesa”, de onde só arreda pé quando a refeição termina. Além do apetite, os comensais têm que levar prato e talheres, porque para a mesa já vai tudo “prontinho a comer”. “É uma posta que enche completamente o prato, bem regadinha com azeite da terra e vinho à discrição”, refere Luís Vila. A organização do repasto é da responsabilidade da mordomia de Santo Estêvão, que se encarrega de, atempadamente, percorrer a aldeia para “saber quem se quer inscrever e quantas postas vão querer”. “As pessoas podem convidar amigos, como já tem acontecido, que vêm de Bragança, do Porto ou de Lisboa, e assim já compramos a contar com quem vem de fora. Embora se compre sempre um pouco mais”, justifica a organização. É apenas cobrado um valor pecuniário para “cobrir os gastos”. Esta refeição comunitária acontece sempre na rua, a menos que as condições climatéricas não o permitam. No ano passado, a festa do bacalhau reuniu mais de uma centena de convivas. “Tivemos uma grande mesa, por acaso. Costuma vir muita gente de Bragança, precisamente pelo convívio”, recorda-se.
| Sabor genuíno | Talvez por “ser cozido na caldeira”, o “fiel amigo” faz as delícias dos miúdos e dos graúdos. Quem prova, não consegue resgatar à memória um atributo que não seja a genuinidade. “Dá a impressão que o facto de ser cozido na caldeira, ao ar livre e com lenha, faz com que tenha outro paladar, um sabor mais antigo”, afiança um comensal de S. Pedro de Sarracenos. Há também quem sustente que o “sabor especial” se fique a dever, em exclusivo, “à tradição”. A 26 de Dezembro, as postas bem aviadas e cozidas prometem pôr à prova as capacidades gustativas de quem marcar presença em mais uma edição da festa do bacalhau à Santo Estêvão.
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‘Festa dos Rapazes’ no Nordeste Transmontano O
Natal é a “Festa dos Rapazes” no Nordeste Transmontano com o colorido e as picardias dos “caretos” a envolver toda a comunidade numa celebração ancestral em qque convivem o sagrado e o profano da quadra. Já lhe chamaram em livro “O Inverno Mágico” protagonizado por diabólicas figuras escondidas atrás das máscaras, sem as quais não há Natal em aldeias como Varge, no concelho de Bragança. Depois da noite de consoada passada em família, os rapazes mascarados tomam conta da aldeia durante dois dias, a 25 e 26 de Dezembro. Os mais idosos já não conseguem acompanhar os rapazes nas tropelias, mas ainda têm presente a magia destes rituais, que conseguem trazer para a rua no pico do gelado Inverno todo a comunidade e cada vez mais forasteiros.
| Máscaras e chocalhadas | As máscaras continuam a ser o principal adereço dos rapazes disfarçados ainda por baixo de farfalhudos fatos feitos de cobertas estragadas ou de sacos de lona e enfeitados com farrapos. Fazem-se acompanhar de utensílios agrícolas e à cinta carregam ruidosos cintos de chocalhos que tem como alvo predilecto as raparigas. Durante muito tempo elas tiveram apenas direito às chocalhadas nesta festa onde começaram mais tarde a ser convidadas para comer e dançar. A vitela e o bacalhau confortam o estômago dos rapazes entre as muitas picardias. A tradição está diferente. Agora pagam a um cozinheiro para fazer o trabalho e o dinheiro compra tudo que antigamente era feito exclusivamente pelos rapazes. Desde a apanha da lenha no monte, que era transportada num carro de bois, para fazer arder a fogueira em torno da qual se reúne o povo. Eram também eles que ajustavam e preparavam a vitela e à mesa tinham lugar conforme o estatuto. “Iam subindo de galão de ano para ano”, conta um dos residentes, lembrando um dos conceitos desta festa dos rapazes que marca a passagem dos jovens mancebos para a idade adulta. | A rir se castiga os costumes | As tropelias começam depois da missa de Natal com as comédias ou “loas” em que os “caretos” passam em revista o quotidiano da aldeia, denunciado deslizes dos conterrâneos. A crítica social é enfatizada com encenações em que os rapazes “vestem” a pele dos protagonistas, seja mulher, velho ou mesmo animal, e faz o delírio da assistência, que aplaude e ri, mesmo com o ressentimento dos visados, porque aqui impera a velha máxima: “ridendocastigat mores” (a rir se castiga os costumes). Segue-se a ronda de Boas-Festas ao som da gaita-de-foles, dos gritos e da chocalhada dos “caretos”, depois da qual resta uma vara (pau) com vários ramos carregada de fumeiro, pão, frutos secos e outros produtos da terra. Esta recolha é o contributo para a ceia dos rapazes ou arrematada para angariar dinheiro para pagar a festa. Mas também os rapazes não se livram de rigorosas punições, caso não cumpram o que manda a tradição e a mais penosa é para aqueles que falhem a alvorada. Os que não comparecerem à segunda ronda são retirados da cama para a rua e atirados ao rio ou obrigados a dar umas voltas pela geada, descalços e despidos, não se vislumbrando pior castigo, no rigoroso Inverno transmontano. Os mais velhos dizem que os rapazes de agora são menos disciplinados, talvez também porque são em menor número que antigamente, mas todos concordam que o importante é manter a tradição e, para que assim seja, até aceitam alguns desvios ao rigor de outros tempos.
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Animação de Natal na cidade do Marco Para promover as compras nas lojas do comércio local, a Associação Empresarial (AE) do Marco de Canaveses organiza, entre os dias 17 e 23, animação de rua com as figuras habitualmente presentes na época natalícia e um atelier de postais alusivos ao Natal. A AE deixa um convite às crianças para comparecerem na inauguração do atelier, dia 17, no centro da cidade, junto ao BPI. Nesse espaço vão estar pessoas responsáveis pelas actividades e os pais poderão deixar os filhos enquanto fazem compras nas lojas. Até ao dia 13 a AE Marco tem a decorrer o concurso de montras de Natal, em que participam associados do concelho. As montras vencedoras vão receber publicidade gratuita no jornal da AE Marco e na imprensa local.
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Dj Pedro Cazanova sugere ‘Fúria Divina’
Por seu turno, a Câmara Municipal anunciou que a iluminação e a sonorização das ruas da cidade prolongar-se-ão até 10 de Janeiro, data em que se realizará mais uma edição dos Cantares de Janeiras do Marco de Canaveses.
É português, é Dj e destacou-se nas pistas de dança deste Verão ao som de “Selfish Love”. Pedro Cazanova, nome artístico do jovem produtor Pedro Rafael Penedo, deu os primeiros passos na música há 14 anos, tendo sido o tema oficial da Lisboa Parade 2007 a sua primeira produção, quando misturou o House com a guitarra portuguesa. A partir daí participou em várias festas por todo o país dividindo as hostes com Dj’s internacionais bem conhecidos como Eric Morillo, Dj Gregory, Justin Harris, entre outros. No panorama do house português tocou ao lado do Dj Vibe, Carlos Manaça e XL Garcia. Os álbuns de dance music nacionais “Sasha Summer Sessions 2009” e “Portugal Night 2009 – First Time” contaram com a participação deste promissor português, Pedro Cazanova, que juntamente com outros dois Dj’s nacionais misturou os sons mais badalados deste Verão. Selfish Love, tema que lhe garantiu o re-
conhecimento público de trabalho de anos e que se encontra nos álbuns anteriormente referidos, teve a participação especial da cantora Andrea, mas já se ouve nas rádios o novo sucesso do produtor – My First luv, mais um hit agora com a voz de Filipa Baptista. Com uma agenda muito preenchida até ao fim do ano e já com datas para 2010, Pedro Cazanova confessou ao RM que o tempo para a família é escasso e em época natalícia os preparativos para a ceia de Natal ficam mais difíceis. No entanto, salienta adorar o Natal: “Vibro muito com o Natal. Se pudesse tinha a casa decorada com a árvore de Natal o ano todo”.Quanto às prendas, o produtor confessa que prefere “preparar a ceia de Natal com tudo o que é característico da época e proporcionar uma noite agradável em família”. Como sugestão de Natal, para além de muita música, Pedro Cazanova sugere como prenda para os amigos o último best-seller de José Rodrigues do Santos “Fúria Divina”. I.S.
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Comboio turístico e balão em Amarante
A animação de Natal em Amarante regista este ano novidades, das quais as mais significativas serão o regresso do comboio turístico e também a chegada do Pai Natal num balão de ar quente, o que acontecerá sobre o largo de S. Gonçalo, numa grande operação mediática protagonizada pela modelo Carla Matadinho. Por iniciativa da Associação Empresarial de Amarante (AEA), a animação começa a 16 e vai acontecer em vários pontos da cidade, o que demonstra uma aposta significativa na campanha “neste Natal o comércio tradicional de Amarante tem um presente para si”. Ateliers temáticos (pintura facial, postais de Natal), um parque de diversões insuflável, que vai ser instalado no Largo de S. Gonçalo, e uma chegada diferente do Pai e da Mãe Natal, com a participação da modelo, estão já confirmados. A AEA tem também assegurada a vinda do comboio turístico de Natal, o que não acontecia desde 2006. O comboio, que tem três car-
ruagens e capacidade para cerca de 90 passageiros, efectuará viagens entre os dias 16 e 23, estando ainda prevista a passagem pelo Largo do Arquinho, que tem estado encerrado devido às obras de requalificação daquela área da cidade. O percurso vai abranger outras zonas da cidade, com paragem “em três ou quatro pontos-chave”, procurando incluir os sócios da AEA que aderirem à campanha. O acesso às viagens vai fazer-se através de senhas que os comerciantes oferecem aos clientes. A quantidade de senhas oferecidas dependerá do valor de compras feito. Segundo a AEA, os comerciantes que aderirem à campanha terão também acesso a um conjunto de brindes para distribuir pelos seus clientes através de um sistema de raspadinha. A criação de um catálogo de descontos em lojas aderentes, cuja intenção é chegar aos 150 comerciantes, pretende funcionar como “balão de ensaio” para iniciativas futuras da AEA.
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Consoada no hotel A Casa da Calçada, unidade hoteleira de projecção internacional localizada no centro histórico de Amarante, prepara com afinco a noite da Consoada, uma iniciativa que começou a ter clientes específicos já na quadra natalícia anterior. Aguiar Branco, director do hotel de charme de quatro estrelas, que integra a associação, de origem francesa, Relais & Châteaux, explica que em parte esse novo hábito está relacionado com as mudanças na estrutura das famílias. “Há pais que são divorciados e precisam de um espaço. Não quer dizer que jantem com as outras pessoas, mas pelo menos estão num espaço em que há mais gente, que lhes dá mais conforto do que estarem sozinhos em casa”, explicou. A opção por um espaço diferente e com todo o conforto parece assim ser decisiva para famílias monoparentais ou recompostas com capacidade financeira. Por outro lado, acrescenta o director da Casa da Calçada, “há famílias que cresceram para as condições que têm nas suas próprias casas e procuram nos hotéis um local para se poderem reunir todos”. Ter hóspedes na ceia de Consoada passou a ser uma situação corrente, tendo-se verificado um aumento da procura. “Nós apostámos [nessa oferta] o ano passado e este ano já temos quase tudo tomado para a noite. Também porque começámos a divulgar com maior antecedência”, apostando “junto dos operadores e agentes de viagens no sentido de eles poderem oferecer a Casa da Calçada a esse mercado”. A estalagem sempre esteve aberta nesta época, mas sobretudo para pessoas que tinham familiares aqui na região. No dia 25, já existia o hábito mais enraizado de as pessoas saírem para o almoço de Natal. “As pessoas ficavam o dia 24 em casa e no dia seguinte procuravam sair. Normalmente compete às mulheres fazerem as refeições e como na noite anterior tinham tido muito que fazer, já procuravam os hotéis para terem a folga nesse dia”, conta o responsável pela gestão da Casa da Calçada. A decoração exterior e interior da Casa da Calçada é alusiva à quadra e a ementa apresenta o que é habitual fazer-se: o tradicional bacalhau e também um ou outro prato assado em alternativa, para as pessoas que não são adeptas do bacalhau. A doçaria de Natal passa obrigatoriamente pela aletria, bolo-rei e formigos.
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Iniciativas culturais do Tâmega ao Nordeste A quadra natalalícia é propícia a manifestações de cultura e de música, razão que levou o RM a recolher para o leitor algumas sugestões disponíveis até meados de Janeiro na região do Tâmega e Sousa e também no Nordeste. A Orquestra do Norte vai actuar em Amarante, em mais um concerto de Natal, no domingo, 13, às 22:00, na Igreja de São Gonçalo. No concerto participam os solistas José Manuel Araújo (tenor), Tiago Matos (barítono) e o Coro da Lapa sob a direcção do maestro Jorge Matta. A Orquestra do Norte vai interpretar Capricho Sinfónico, Crisantimmi e Missa Di Gloria, obras do compositor italiano Giacomo Puccini. Ainda em Amarante, será apresentado o quarto número da revista “Nova Águia”. A sessão terá lugar a 12 de Dezembro, pelas 15:30, na Biblioteca Municipal Albano Sardoeira. A câmara de Felgueiras organiza o primeiro concurso de presépios de Natal, em que participam instituições públicas e privadas sem fins lucrativos. Os presépios concorrentes vão estar expostos a partir do dia 18 em espaços públicos (largos, praças, jardins e rotundas) do concelho de Felgueiras. Todos os participantes no concurso recebem um prémio de 100 euros e vão ser atribuídos três prémios finais no valor de 250, 200 e 150 euros, respectivamente. A entrega dos prémios vai ser feita durante o Encontro de Cantadores de Reis, marcado para 16 de Janeiro, nos Paços do Concelho. Os grupos interessados em participar nos Encontros de Janeiras, que vão ter lugar nos dias 17 e 24 de
Janeiro, no Pavilhão de Feiras e Exposições de Penafiel, devem inscrever-se no Pelouro da Cultura da câmara de Penafiel até ao dia 18. As inscrições podem ser feita através dos contactos 255 711 806 ou 255 723 676 (fax). A festa de Natal dos idosos que vivem no concelho de Baião, está marcada para os dias 13 e 20, no Pavilhão Multiusos. O programa da festa inclui missa, às 11:00, seguida de almoço. Às 15:00 começa o baile, com folclore e música tradicional. No Marco de Canaveses, até 08 de Janeiro, vai ter lugar uma exposição de Pintura de Teresa Freitas, que pode ser vista no Espaço Arte – Museu Municipal Carmen Miranda. A artista é natural de Moçambique, residiu em São Paulo (Brasil) durante dezoito anos, onde teve os primeiros contactos com a arte. Reside em Portugal desde 1990, na cidade do Porto.
A Academia de Música de Resende vai apresentar o seu primeiro concerto de Natal a 22 de Dezembro, às 21:30, no Auditório Municipal. Os 58 alunos desta Academia vão actuar no espectáculo. A Old Blind Mole Orkestra dá um espectáculo no dia 12, às 22h00, no pequeno auditório do Teatro de Vila Real. Oriunda da França, a Old Blind Mole Orkestra “é capaz de transmitir grande entusiasmo, mesmo nas situações mais adversas, é impossível resistir às suas canções com instrumentais divertidos e à voz cativante de Stelele”, divulgou o Teatro de Vila Real. Para caracterizar a Old Blind Mole Orkestra “há quem fale em jazz e swing, em pop boémio, em folk e gipsy ou música dos Balcãs — e há quem se lembre de Tom Waits”. Na mesma cidade, o cinema teatro vila real apresenta ‘historias de cabaret’, realização de Abel Ferrara. O filme tem lugar a 21 de Dezembro, no Pequeno Auditório (22:00). No Café-Concerto, a 26, terá lugar o Jazzy Christmas. Em Macedo de Cavaleiros, no Centro Cultural, está patente até dia 27 uma exposição de escultura do artista plástico David de Almeida. Natural de S. Pedro do Sul, David de Almeida, 64 anos, expõe desde 1970, tendo participado regularmente em Feiras de Arte e em Bienais Internacionais. Em Miranda do Douro, vai ter lugar o GEADA 2009 - II Festibal de Cultura Tradecional de tierras de Miranda, que decorrerá de 26 a 28 de Dezembro. A organização é da Associação Recreativa da Juventude Mirandesa e dos Pauliteiros da Cidade de Miranda do Douro.
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economia / ambiente
Consulta pública da barragem de Fridão em Janeiro e Fevereiro EDP prevê produzir energia no final de 2015 Jorge Sousa | jsousa.tamegapress@gmail.com
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E DP desistiu de instalar um grupo reversível na barragem de Fridão – contrariando a intenção manifestada no primeiro trimestre de 2009 – e também de produzir energia no escalão de jusante, uma segunda barragem de 30 metros de altura, quatro quilómetros a jusante da principal, apurou o Repórter do Marão. Foi ainda fixada a cota máxima de armazenamento em 160, o que se traduzirá numa barragem em abóbada com a altura de 97 metros. Numa reunião recente na Câmara Municipal de Amarante os responsáveis da EDP propuseram diversas alterações ao estudo prévio da construção da barragem de Fridão, documento que foi apresentado ao presidente da autarquia e às juntas de freguesia. A concessionária da barragem desiste da instalação do grupo reversível no escalão principal – que proporcionaria a reutilização da água turbinada durante o dia, através da utilização de energia eólica produzida durante a noite – bem como da produção de energia no escalão de jusante, adiantou ao RM o presidente da Câmara, Armindo Abreu. Um grupo reversível, como existem vários instalados em barragens portuguesas, é aquele que funciona como turbina durante as horas em que há maior solicitação no consumo de energia e pode funcionar como bomba nos períodos de horas de vazio ou de excedentes de energia na rede.
| Produção de energia em 2016 |
Desconhece-se a razão desta opção por parte da EDP, mas é sabido que o arranque em bomba de grupos com elevada potência, como é o caso de Fridão, envolve dificuldades especiais de funcionamento da própria estrutura, segundo revelam vários estudos. A empresa quer iniciar a produção de energia em Fridão até ao final de 2015 e antevendo dificuldades na
aceitação do empreendimento por parte da população local e sobretudo dos ambientalistas veio já propor à Câmara Municipal de Amarante e às juntas de freguesia da área envolvida um conjunto de “Medidas de Minimização ou Compensação”. A EDP acena, entre outras medidas, com a construção de duas novas travessias sobre o rio Tâmega, aproveitando o coroamento das barragens, situadas a quatro e a oito quilómetros da cidade. Fridão, por exemplo, ficará ligado a Codessosso e à região de Basto, através da construção de uma nova via entre a Estrada Municipal (EM) 1208 e a Estrada Nacional (EN) 210, a via antiga entre Amarante e Celorico de Basto. O mesmo se passará entre as duas margens no local da barragem de jusante, 500 metros a montante da ponte do Borralheiro e da foz do rio Olo e que vai apenas servir para “modular” os caudais turbinados a montante. Será executada uma nova via entre a EN 312 (do lado de Fridão), e a EM 1206, na margem direita do Tâmega, em Gatão. Além dos novos acessos, a EDP propõe-se construir uma pista de águas bravas junto à cidade, no Penedo do Açúcar, com a extensão de 350 metros e “de padrões internacionais”. Chega a ser proposta a construção de uma bancada e zona de público, mas esta solução não agrada à autarquia por a sua localização coincidir com a área do antigo parque de campismo. Armindo Abreu disse ao RM que as propostas da EDP terão de ser concertadas com as conclusões de um estudo que a CCDR Norte está a desenvolver para todas as zonas de albufeiras, destinado a aferir do “potencial de desenvolvimento” dessas áreas. Saliente-se que a EDP também propõe a “estruturação de área de piscina natural para uso recreativo” no Tâmega, junto à cidade, bem como o “arranjo urbanís-
tico e recuperação da Ilha dos Amores para sua protecção contra a erosão e utilização lúdica”. Entretanto, a consulta pública da avaliação de impacte ambiental deverá arrancar entre o final deste ano e o início de Janeiro, sendo aguardado a qualquer instante o parecer da Comissão de Avaliação e o despacho de abertura do prazo da Agência Portuguesa do Ambiente, entidade tutelada pelo Ministério do Ambiente. O prazo de consulta pública do EIA (Estudo de Impacte Ambiental) é de dois meses.
| Mil postos de trabalho | Se tudo correr como planeado pela EDP, o projecto das barragens será executado até ao fim de 2010, sendo apontado o mês de Julho de 2011 para a assinatura dos contratos e a adjudicação das obras. A entrada em exploração da barragem de Fridão, segundo o calendário da eléctrica nacional, continua a ser Dezembro de 2015. No estudo prévio agora conhecido, são elencados os impactes positivos, dos quais se destaca sobretudo a criação de emprego directo e indirecto, sendo anunciado um pico de mil postos de trabalho no ano de 2014. O emprego indirecto, segundo a EDP, é estimado em duas a três vezes aquele número. Em termos de exploração, são apontados como positivos a reserva de água, mormente para o combate a incêndios e rega, a regularização de caudais no Tâmega e o desenvolvimento de actividades de lazer no rio. Como impactes negativos são referidos a modificação da paisagem e os estaleiros, bem como a destruição da pista de canoagem de Fridão, de duas pontes de arame e de uma área de lazer, além de seis habitações. A inundação das albufeiras criadas na barragem de Fridão e na barragem de jusante afectará seis hectares de área agrícola.
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sociedade
Lojas asiáticas geram apreensão entre comerciantes do Marco “Estes espaços não trazem mais-valias para o concelho”, adverte a Associação Empresarial A possibilidade de abrir mais um espaço comercial do género Hiper Ásia nas antigas instalações do supermercado Ponto Fresco, no Marco de Canaveses, com uma área entre 1300 a 1500 metros quadrados, é motivo de “preocupação”, considera Cláudio Ferreira, secretário-geral da Associação Empresarial do Marco de Canaveses (AE Marco). “Isso preocupa-me e devia preocupar não só a mim, não só a AE Marco mas também a Câmara Municipal, porque ao deixar abrir estes espaços poderá estar a contribuir para o encerramento de outros dez ou 20 ditos pequenos empresários. Isto deve ser motivo de preocupação. E mais: não sei se essas lojas empregam pessoas do concelho ou se as trazem de fora, onde é que pagam os seus impostos? Se não são marcuenses vêm aqui estragar o comércio que existe. Vamos fazer contas”, sugere, lembrando que está em causa o “total desequilíbrio”, já que se trata de “mais um espaço médio de chineses. Podiam ser chineses ou polacos… então e o tal equilíbrio?”, questiona. “Penso que o nosso concelho está demasiado concentrado nestas médias superfícies claramente em prejuízo do dito pequeno comércio, e o tal equilíbrio não existe. Eu não tenho nada contra essas médias superfícies. Por um lado até é bom, primeiro porque trazem concorrência e o comércio de rua, tradicional, também tem que se modernizar”, afirma o dirigente da AE Marco. “Os comerciantes também têm de “ser mais inovadores, terem formação. Os tempos são outros. A própria AE teve que se modernizar, mudar os seus métodos de trabalho,
alargar os seus serviços senão hoje corria o risco de fechar. Temos todos que evoluir”, considera. Para Cláudio Ferreira, espaços do tipo Hiper Ásia (que abriu há dois meses em Tuías), “não trazem nada de bom, de positivo, mais-valias para o concelho”. “Defendo que se faça uma análise cuidada destes espaços. Seja no Ministério da Economia, que emite as licenças, seja na câmara municipal”, referiu ao RM. A avaliação do impacte do espaço comercial de Tuías ainda não foi feita, diz Cláudio Ferreira porque “ainda é cedo e há questões que têm de ser avaliadas”. Este ano, cessaram actividade 33 associados da AE Marco (a maior parte lojas de comércio a retalho) e entraram 50 novos. Destes novos associados, 50 por cento são do sector do comércio e restauração. Este “saldo positivo”, afirma o secretário-geral, é o resultado dos “benefícios” resultantes dos protocolos com entidades e empresas nas áreas das comunicações, combustíveis, seguros e banca “para que os associados consigam reduzir os custos fixos da sua empresa”. A AE Marco tem cerca de 800 associados, sobretudo pequenas e médias empresas dos sectores do comércio, serviços e indústria. Entretanto, fonte da AE Marco adiantou ao RM que ainda não foi tomada nenhuma posição oficial sobre o eventual alargamento dos dias da actual feira do Marco (quinzenal) – de dois para três –, um assunto que também está em estudo por parte da câmara municipal. Paula Costa com J.S.
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gastronomia
Freamunde eleva o capão a “manjar dos deuses” Associação de Criadores de Capão de Freamunde tem em fase de conclusão o processo de certificação Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com
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odos os anos, no mês do Natal, Freamunde vive essa condição única no país de ser a “terra dos capões”. Dezembro é o tempo da feira onde se vende o galináceo cujo destino é traçado por mão humana, num incisivo golpe que o capa impedindo-lhe a prática de “vícios”: cantar, arrastar a asa e galar as fêmeas da capoeira. O capão nasce pinto e é quando tem entre três meses a três meses e meio que é castrado. Através de um golpe são-lhe retirados os órgãos sexuais e cortada a crista. Sem capacidade para pôr em prática os “vícios” que os humanos lhe atribuem, o capão limita-se a crescer e engordar. Transforma-se numa “bola de carne”. Com dez meses ou um ano um capão chega a pesar seis a sete quilos, depois de limpo. Porque o capão foi adquirindo importância, tornando-se numa atracção, Dezembro é também o mês da Feira dos Capões e da Semana Gastronómica do Capão à Freamunde. Uma iguaria que faz chegar a Freamunde muitos visitantes, gente que vem em excursões de autocarro ou em grupo para provar o capão nos oito restaurantes que participam na IV Semana Gastronómica que termina a 13, dia da Feira dos Capões. A “espécie real”, adjectivo que parece ter origem no rifão popular “capão de oito meses para a mesa do rei”, é exibida aos olhos dos visitantes e compradores, no largo junto ao coreto. No final, é eleito o melhor capão vivo presente da feira. Instituída por provisão do Rei D. João V, a 3 de Outubro de 1719, há no entanto registos de que a Feira dos Capões já se realizava no século XV, no terreno e devesas da Confraria de Santo António, que retirava daí grandes benefícios. A feira coincide com a data em que a liturgia católica venera Santa Luzia, a protectora da visão e dos olhos, devoção que atrai muita gente de fora a Freamunde e faz encher a capela de Santo António, onde está a imagem de Santa Luzia.
na gastronómica andou “próximo dos dois mil”. Mas este ano, entre os proprietários de restaurantes, há quem receie, devido à crise, uma diminuição do número de visitantes que se deslocam propositadamente para uma refeição de Capão à Freamunde, um prato que não é “muito acessível”. Com o respectivo acompanhamento (batata assada ou grelos salteados], um Capão à Freamunde custa 120 euros, dando para seis a sete pessoas. As bebidas são à parte.
Tanto a feira dos capões como a semana gastronómica têm como consequência “uma bola de neve” de efeitos positivos, conta ao Repórter do Marão o presidente da Junta de Freguesia de Freamunde, José Maria Taipa. “Contamos que este ano não fuja à regra”, referiu o autarca, acrescentando que é notório o vai e vem constante de forasteiros com reflexos positivos na economia local. As edições anteriores ultrapassaram as previsões dos quatro parceiros que organizam a semana gastronómica: a câmara de Paços de Ferreira, a junta de Freamunde, Associação Juvenil ao Futuro e a Associação de Criadores de Capão de Freamunde, que tem em fase de conclusão o processo de certificação do capão com a designação IGP – Indicação Geográfica Protegida. No ano passado, o número de capões vendidos pelos sete restaurantes que participaram na sema-
O incisivo golpe que o capa impede-lhe a prática de “vícios”: cantar, arrastar a asa e galar as fêmeas da capoeira. O capão limita-se a crescer e engordar. Transforma-se numa “bola de carne”. Com dez meses ou um ano um capão chega a pesar seis a sete quilos, depois de limpo.
Assado no forno ou à bordalesa? A forma de cozinhar o capão à Freamunde tem algumas orientações gerais, mas há também variações que dependem da experiência e gosto pessoal do cozinheiro. Depois de morto (há quem antes o embriague com vinho do Porto) e de se retirarem os miúdos, o capão é posto a marinar em água, muito sal e limão cortado aos pedaços, conta ao Repórter do Marão António Sousa, proprietário do Restaurante Da Presa, que além de ter criação própria também compra na época de maior saída do capão, em que o restaurante serve várias dezenas de aves por semana. Passado um dia escorre-se bem a faz-se uma vinha de alhos com vinho maduro branco, cerveja, vinho do Porto, aguardente, duas folhas de louro, duas laranjas cortadas aos pedaços, colorau, azeite, alho e cebola.
| Assado exige cuidados | Colocase o capão num tabuleiro sob uma cama farta de cebola às rodelas e com a vinha de alhos. O recheio do capão consiste num picado com os miúdos, carne de
vaca e um bocadinho de presunto ou salpicão. Regase o capão só uma vez com azeite e vinho do Porto e vai ao forno bem quente (a 250 graus) durante duas horas. Além de demorado, o processo exige alguns cuidados: passada meia-hora retira-se o capão do forno e pica-se com um garfo, vira-se ao contrário, volta a ser regado com vinho do Porto e regressa ao forno. Até estar assado volta-se a picar e a regar com vinho do Porto. Há um pormenor importante: na parte final, convém cobrir o capão com papel prata para evitar que a pele fique queimada. Ao fim de uma hora no forno põe-se a batata cortada aos cubos.
| Maduro tinto ou espumante |
Diz quem já provou que só pela batata “vale a pena comer… é uma delícia”. A acompanhar, é habitual servirem-se grelos salteados. Um bom vinho maduro tinto ou um espumante verde são tidos como escolhas acertadas para o Capão à Freamunde. Em Freamunde, há também quem cozinhe capão
à bordalesa – o gerente do restaurante Da Presa é um dos que gosta de variar a confecção da ave –, mas nessa outra forma de preparar o capão a vinha de alhos é feita com vinho tinto e muito alho. O sangue do capão é acrescentado durante o estufado que leva também algumas colheres de farinha Maizena para engrossar o cozinhado. O capão à bordalesa é servido com tostas.
| Gato por lebre | Ao comprar o capão vivo é preciso ter atenção para não comprar “gato por lebre”, ou, neste caso, rinchão por capão. O rinchão é uma mistura. Não é galo nem capão e resulta de um processo de castração mal feito por quem não domina a técnica. Na véspera da feira, há vendedores de fora, gente com “menos escrúpulos”, que cortam a crista ao galináceo e tentam vendê-lo por capão, diz o presidente da Junta de Freamunde. Para evitar enganos, há na feira um espaço próprio, identificado, da Associação de Criadores de Capão, onde se assegura a venda do verdadeiro capão. P.C.
Doce centenário de Penafiel
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Bolinhos de Amor de Casais Novos lutam contra as imitações
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ão anunciados em feiras e romarias, e muitos acabam consumidos como sendo os originais Bolinhos de Amor, mas não é a mesma coisa. O Repórter do Marão foi conhecer melhor este doce tradicional a São Martinho de Recesinhos. Cândida Santana é sobrinha da herdeira da receita original dos Bolinhos de Amor, com quem partilha um dos segredos mais bem guardados da gastronomia local, e responsável pela sua produção e comercialização. Estes doces típicos são uma marca registada e só estão à venda em São Martinho de Recesinhos, no Restaurante e Residencial Bolinhos de Amor (outrora Hospedaria da Malaposta), e numa área de serviço daquela freguesia penafidelense. Exclusivamente. Dona Cândida faz questão de vincar a ideia e explica esta quase obsessão com as inúmeras vezes em que lhe são apresentadas queixas, a maioria de indisposições, após ingestão dos doces comprados como sendo os originais.
| Cuidado com as imitações | “Sabe, as pessoas querem vender e, às vezes, são capazes de tudo. Dizem que são os Bolinhos de Amor de Casais Novos, e, por serem muito idênticos – branquinhos, pequeninos e tudo o mais... – alguns compram ‘gato por lebre’”, explicou. Dona Cândida garante, no entanto, que, “quem os conhecer, não compra, pois sabe perfeitamente que não se vende para as feiras”. Na mesma casa onde tudo começou – instalações recuperadas de um edifício com mais de 300 anos –, Cândida Santana exibe com orgulho a cozinha, já lavada e arrumada, onde semanalmente produz os afamados bolinhos. E também o pãode-ló e o Pão Teixeira feito na casa. Tinha saído uma fornada horas antes, apesar de ser coisa sem dia certo. “Não é todos os dias. Quando acabam uns, fazemos outros”, confirmou. | Segredo bem guardado | É na cozinha que passa a maior parte do tempo, de volta dos ovos, da farinha e do açúcar – deixámos intencionalmente escapar à espera de uma resposta que não se fez demorar. “É assim, tem a farinha,
o açúcar e o ovo, a gema de ovo – é só a gema de ovo. O resto é caseirinho, são ingredientes nossos, mas ficamos por aqui...” O tom sério quase nos tirou o apetite de saber mais, mas insistimos. Sem grande sucesso. “O que dá mais trabalho, se fazer o bolo ou cobri-lo? Bem, é preciso bater, preparar a massa, cobrir… Tudo tem o seu trabalho”, afirmou, deixando escapar um sorriso vitorioso, dando como certa a vitória na partida. E, se dúvidas existiam, Dona Cândida apressou-se a desfazê-las: “Já tive quem me oferecesse muito dinheiro, pode acreditar, só para dizer uma pequenina coisa, mas mandei-os abaixo de Braga num instante. Isto morre comigo”.
| Doce para dias especiais | De volta à recepção, ao lado do café amavelmente servido ao balcão, Dona Cândida juntou alguns bolinhos, num acompanhamento com muito melhor paladar do que as “aparentadas” cavacas. Assim também pensam os clientes, hoje em menor número. “Isto teve uma quebra muito grande”, queixou-se, resumindo a procura a “quem já conhece o bolinho” ou a “quem quer dar uma coisa especial”. O Natal e a Páscoa são duas épocas altas, mas os doces são também muito procurados para casamentos. Sem esquecer o Dia dos Namorados, acrescentou Dona Cândida, “grata” à “generosa encomenda” que a autarquia penafidelense, entre outras entidades, faz por ocasião do dia de S. Valentim. Há mais clientes a justificar referência. “Também há pessoas que chegam e dizem: ó minha senhora, ia a passar na auto-estrada, lembrei-me que antigamente vinha cá com os meus pais, e passei por aqui... Ainda há esses (clientes), mas, a partir daí, o que há é uma coisa m uito pequenina”. Os Bolinhos de Amor são vendidos em cartuchos de quilo, meio ou de um quarto de quilo e custam 16, oito ou quatro euros, respectivamente, um preço que Cândida Santana diz ser acessível, tendo em conta o trabalho que dão a confeccionar e a sua qualidade. Carlos Alexandre | calexandre.tamegapress@gmail.com
Um pouco de história. O Restaurante e Residencial Bolinhos de Amor, localizado no lugar de Casais Novos, em São Martinho de Recezinhos, foi recuperado em 1996, a partir de um edifício antigo (construção do século XVI) e usado como estalagem há 110 anos. Entre os seus frequentadores mais conhecidos contam-se Zé do Telhado, um cliente das merendas, e o poeta e escritor António Nobre, que ali se instalava nas inúmeras viagens que realizava para a região, considerando de “excepcional beleza” toda a área envolvente. A antiga estalagem mereceu-lhe mesmo uma referência no poema ‘Viagens na Minha Terra’, incluído no livro ‘Só’.
“Depois cançados da viagem repoizavam na estalagem (que era em Cazaes mesmo ao dobrar) vinha a Sr. Anna das Dores «Que hão-de querer os meus senhores?» há pão e carne para assar” ... (Poema em “Viagens na Minha Terra”) Com a passagem dos anos, o negócio começou a entrar em crise, e pior ficou com a abertura da linha de comboio, motivando as herdeiras a apostar num doce. Eram quatro as ditas senhoras, filhas da proprietária, e o nome do dito, após muitas voltas, acabou por surgir. Soou-lhes bem Bolinhos de Amor, e assim ficou baptizado o conhecido e afamado doce. O fabrico e comercialização deste doce tradicional da região, que se veio a tornar no referencial de memória colectiva de toda a propriedade, passou a ser feito em novas instalações, numa casa igualmente antiga em frente do edifício principal. O segredo do doce foi passando de geração em geração – das senhoras para o seu afilhado e herdeiro, um tal de “senhor Assis”, que elas criaram, e deste para Maria da Glória, que o partilhou com a sobrinha, Cândida Santana. Os dois filhos asseguram a continuidade da iguaria. “Era novita e andava aqui. Olhe que vinha muita, mas mesmo muita, gente. Ao fim-de-semana, então, parecia uma romaria. Era carro de um lado, carro do outro...”, recordou ao RM Dona Cândida. Fonte: Cândida Santana e página oficial da casa dos Bolinhos de Amor
“Já tive quem me oferecesse muito dinheiro, pode acreditar, só para dizer uma pequenina coisa, mas mandei-os abaixo de Braga num instante. Isto morre comigo”.
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desporto
Amarante FC tem gestão “equilibrada e rigorosa” Jorge Pinto, ex-vereador e antigo responsável pelo futebol juvenil, diz que clube “não entrará em loucuras” Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com
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urante 12 anos Jorge Pinto foi vereador da Câmara de Amarante. Desde 3 de Julho último é o presidente da Direcção do Amarante Futebol Clube (AFC). “São coisas completamente diferentes”, explica Jorge Pinto em conversa com o Repórter do Marão (RM). Condição primeira para dirigir um clube de uma cidade do interior: “é preciso gostar-se muito de futebol”. Acrescenta: “Para se ser dirigente associativo é preciso ter-se uma grande paixão pelo futebol. Venho cá [ao estádio municipal] de segunda a domingo. Se não gostasse de futebol não podia estar aqui”. No entanto, há seis meses, ser presidente do AFC era “uma situação anormal e impensável”, recorda Jorge Pinto, que já tinha sido um dos vice-presidentes e na última época coordenou o futebol juvenil do clube. Aos 51 anos, a situação de aposentado deu-lhe “liberdade de movimentos”. E impôs-se a si próprio uma condição: “onde quer que eu estivesse não ganharia mais um cêntimo. Dou a minha disponibilidade de pensamento e de acção a algumas colectividades”. Além do AFC também dirige o Infantário-Creche O Miúdo. Mas, ressalva, “os meus descontos para a Caixa Geral de Aposentações continuam a ser feitos até aos 61 anos. O único privilégio que eu tenho é a ausência de um trabalho com um horário pré-definido”.
|Não é preciso ser rico para se ser presidente | No fu-
tebol, sempre entendeu “que para se ser presidente é preciso uma certa almofada financeira que eu, pessoalmente, não tenho”. Foram tentadas várias soluções “com pessoas que eventualmente poderiam reunir esses requisitos”, mas “ninguém quis assumir o primeiro lugar”. Foi manifestada “disponibilidade para continuarem a apoiar”. Houve “empresários que disseram que podíamos contar com o apoio deles. Tivemos que encontrar uma solução para Direcção. E foi assim que aparecemos aqui”, recorda Jorge Pinto, salientando que “todos sem excepção, são pessoas que gostam de futebol, que jogaram futebol aqui em Amarante, outros têm cá os filhos como atletas. Aquilo que une todos é a paixão pelo futebol”. Gerir o AFC é “claramente um grande desafio” que exige “a noção muito rigorosa do dinheiro que se tem como certo. Depois, saber quais são as expectativas e onde é
que se pode ir aumentar a receita. Mas partir com muito rigor”, sublinha. Sem “megalomanias” ou “excessos de confiança” e “com o sentido prudente dos tempos em que vivemos”, afirma. É também importante que as pessoas que dirigem “tenham uma boa aceitação social no meio em que vivem. Não precisam de ser ricos ou ter muito dinheiro”, clarifica. O AFC “teve a sorte de desde 2006 até 2009 ter à frente dos seus destinos pessoas com sentido de responsabilidade e que deixaram o clube numa situação estável em termos financeiros”, salienta o presidente.
| Orçamento de 250 mil euros | Com um orçamento anual que ron-
da os 250 mil euros, a Direcção acordou com 80 por cento dos atletas a atribuição de um prémio, na condição de o clube ficar nos seis primeiros lugares, os que garantem a permanência. Não existem prémios de jogos individuais e todo “o dinheiro que entrar no AFC tem que ser devidamente contabilizado e a sua saída da mesma forma”, assegura Jorge Pinto. O AFC está nos primeiros lugares da Terceira Divisão e tem, segundo o presidente, “todas as condições para sedimentar muito fortemente a presença na Terceira Divisão, sempre numa perspectiva de poder chegar à Segunda”. Que é esse “o lugar que o clube, a cidade e o concelho mereciam no panorama do futebol nacional”. As funções de dirigente desportivo obrigaram Jorge Pinto a alterar alguns hábitos: “a única coisa que deixei de fazer foi ir ao cinema. Os fins-de-semana são todos para o futebol”. Passa duas a três horas por dia a ler (livros e jornais, sobretudo na internet). Quando tem tempo livre, entretêm-se “em casa a tratar dos cães e das galinhas. Gosto de pegar numa enxada, ou numa moto-serra e desbastar uns pinheiros, sou meio agricultor”, diz. A paixão pelo futebol transparece também quando recorda, emocionado, “a primeira vez” que se sentou no banco, como director de uma equipa de iniciados. “As lágrimas correram-me porque me lembrei do meu filho [hoje com 19 anos] que foi obrigado a deixar de jogar futebol” quando, já inscrito como jogador de juvenis do Amarante, lhe foi detectado um problema cardíaco grave que o impede de qualquer prática desportiva.
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400 jovens em formação Actualmente com cerca de 2000 sócios, o AFC tem futebol sénior e juvenil. O presidente diz que o clube tem “cerca de 300 atletas, entre inscritos e não inscritos”. No futebol juvenil há cinco escalões de formação em competição e dez equipas. A que se junta a préformação, com Os Gonçalinhos. São cerca de 60 crianças “que pagam uma pequena contribuição para obterem essa formação desportiva” dois dias por semana. O plantel sénior tem 21 atletas, um treinador principal e dois adjuntos. No gabinete médico trabalham um técnico superior de saúde e três massagistas. “Tudo isto é uma máquina extremamente pesada. A equipa sénior custa por mês cerca de 15 mil euros. Temos mais 5 mil para a formação juvenil, mais cerca de 4 mil com os quatro funcionários e depois temos uma despesa muito considerável com inscrições e as deslocações”, o que totaliza despesas mensais na ordem dos 22 mil euros. “Os únicos que trabalham graciosamente são os dirigentes. De resto, treinadores, massagistas, todos recebem uma compensação para as despesas que têm”. Jorge Pinto considera “de grande relevância o trabalho que é feito quer pelos treinadores quer pelos directores das camadas jovens porque cria-se uma relação de empatia, e respeito mútuo que é muito salutar. Para o desenvolvimento sócio-afectivo e para a formação dos jovens, nada melhor do que uma colectividade desportiva, mas uma colectividade bem organizada, com normas, em que cada um sabe o que pode e o que não pode fazer”. Para contornar as dificuldades, este ano cada atleta teve que dar uma pequena contribuição para poder ser inscrito, desde os Gonçalinhos até à equipa sénior. Pela primeira vez todos os atletas seniores e técnicos foram obrigados a serem associados do AFC. “Todos os que aqui jogam são sócios do Amarante. Pagam uma contribuição mensal de cinco euros e os atletas das camadas de formação tiveram que dar uma jóia inicial de inscrição para ajudar a pagar a inscrição (que é extremamente cara), na Associação de Futebol do Porto e para terem os exames médicos condizentes com o rigor da actividade física a que estão sujeitos. Foi um contributo que os pais aceitaram muito bem, perceberam isso. Apesar de tudo, ainda somos das colectividades aqui à volta que pede menos”.
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entrevista
Prof. Pinto da Costa, uma ‘pessoa vulgar’ Especialista em Medicina Legal vive cada dia com “o máximo de prazer possível” Liliana Leandro | lleandro .tamegapress@gmail.com
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osé Eduardo Lima Pinto da Costa, ou Professor Pinto da Costa como é mais conhecido dado o seu vasto currículo e extenso conhecimento, tem 75 anos, 56 dos quais ligados à medicina. Ainda que seja uma figura carismática do Porto, a cidade onde sempre se manteve pelo saudosismo, tradição e mar, já conhece os cinco continentes. Da Austrália trouxe o cheiro progresso e de liberdade máxima. A sua imagem de marca – longas barbas brancas que mantém há 40 anos - tornamno inconfundível e ainda que se considere uma pessoa cinzenta, porque “a normalidade não é preta nem branca”, todo o seu discurso é marcado pela cor, pela vida e pelo trabalho que, garante, nunca irá largar. Em entrevista ao Repórter do Marão lembrou estórias de passado e presente e de como já aos cinco anos dava injecções em ursos de peluche. “Eu sou uma pessoa vulgar. Procuro sê-lo nas minhas vivências e relacionamentos com todos indiscriminadamente”, começa por dizer o professor Pinto da Costa, agora professor catedrático jubilado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e um dos mais destacados especialistas em medicina-legal do País. A paixão e o gosto pela medicina já não sabe bem como surgiram. “Terá sido a influência de um tio-avô que era médico e professor catedrático e era uma daquelas pessoas referenciadas como importante na família”, recordou. Aliás, “não se perspectivou” ser outra profissão que não a de médico, ou teria sido “talvez jornalista pela abrangência e possibilidades”. Assim que terminou a licenciatura em medicina, no Porto, em 1961, logo foi convidado para ser assistente na faculdade e por lá ficou a descobrir as “potencialidades da medicina-legal”. Anos mais tarde, em 1974, foi convidado para professor auxiliar, passando a professor associado em 1979 e a professor catedrático, da Faculdade de Medicina do Porto, em 1996. Entre 1975 e 2001 dirigiu o Instituto de Medicina Legal do Porto e em 2003 criou o Centro Médico-Legal que leva o seu nome. O seu percurso profissional foi sempre assim, preenchido e em crescendo. Pinto da Costa participou em centenas de congressos, publicou mais de quinhentos trabalhos científicos, fundou várias publicações médico-legais, é membro de 32 sociedades científicas nacionais e internacionais, entre tantas outras actividades que o tornam, como o pró-
prio admite, um “escravo da agenda”. Tempo livre é, por isso mesmo, algo que José Eduardo Pinto da Costa não tem. “Costumo dizer que vou descansar no cemitério”, graceja, lembrando uma expressão que garante sempre usar: “Goza a vida o mais que puderes porque para estar parado tens a eternidade”. É desse gozo dos dias, desse vivenciar cada hora e minuto que faz o seu lema, esquecendo a idade que vai contando e o facto de ter “menos percurso existencial que o que tinha aos 20 anos”. Ainda que não tenha tempos livres, considera nunca ter trabalhado por nunca ter feito nada que não gostasse. As férias? As que faz “são por obrigação familiar” e sem nunca largar o computador ou a Internet para não se desligar do mundo. José Eduardo Pinto da Costa gosta de toda a música “desde o Jamiroquai até Beethoven” e lê, muito, “não há dia nenhum em que não leia ou escreva”, confessa. No Porto, onde aprecia o mar e o rio e gosta de ir à Foz ou a Leça para passear, já abdicou “da privacidade”. Agora, e frequentemente, é interpelado em qualquer sítio e até mesmo no supermercado. Parar não faz parte dos seus verbos. “Isso só acontecerá se tiver uma hemorragia cerebral”, garante. Sobre o futuro, conta que “foi ontem”. “Quero é todos os dias mexer os dedos das mãos e dos pés. Isso é a minha filosofia”.
José Eduardo Pinto da Costa foi o primeiro português a ser eleito vice-presidente da Academia Internacional de Medicina Legal e de Medicina Social. Um cargo que desempenhou entre 1985 e 1991. Fundou, em 1981, a Sociedade Médico-Legal de Portugal, primeira sociedade científica daquele âmbito, à qual preside e na qual tem sido um exemplo de pedagogia médico-legal.
“Não há autópsias inconclusivas” José Eduardo Pinto da Costa considera que em Portugal a Medicina Legal se ocupa muito dos vivos
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into da Costa é professor. A carreira de docência acompanha-o há longos anos porque gosta de comunicar e tem facilidade nisso, não fosse um grande orador. O Repórter do Marão foi espreitar uma das suas palestras no Externato Ribadouro, no Porto, e viu como os muitos alunos que o ouviam não se deixaram intimidar pela sua figura e se divertiam com a forma simples, directa e quase “naif ” com que ia explicando complexos fenómenos da química e biologia. O professor tem o dom da palavra e as pessoas em absorver o que diz. Talvez por isso mesmo tenha sido eleito, por outros alunos, o melhor professor do sexto ano de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Actualmente lecciona em várias universidades, sendo um reconhecido especialista em medicina-legal. Mas o que é a medicina legal? “É a aplicação de conhecimentos médico-psico-biológicos a questões de direito”, referiu Pinto da Costa. Simplificando, ou não soubesse o professor da sua “facilidade em simplificar o extraordinariamente complicado”, diz-nos que é a medicina-legal que faz “a ponte entre a medicina e o direito” para “aferir a normalidade” e a razão perante a lei. Em Portugal considera que a medicina-legal se “ocupa muito dos vivos” enquanto “no estrangeiro
isso está entregue aos serviços de saúde”. Pinto da Costa garante que “não há autópsias inconclusivas”, sendo que “uma autópsia não é apenas cortar um cadáver. Isso faz-se nos talhos”. Actualmente, explicou, a autópsia médico-legal é constituída por quatro partes. Começa-se pela informação disponibilizada, visita-se depois o local do crime, em terceiro lugar examina-se o cadáver e por fim realizam-se exames complementares. Se são inconclusivas é porque não estão completas, sublinha. A autópsia é, porém, o trabalho que menos realiza no seu centro médico. “Fazemos exames de vivos ao nível da avaliação para o trabalho, avaliação criminal e pareceres de toda a índole”. De todo o seu percurso não destaca grandes feitos. Prefere “o dia-a-dia, a casualidade”. Recorda, contudo, o episódio em que impediu um suicídio por telefone. Confessa-se “cinzento” e, por isso, capaz de compreender “as virtualidades e os defeitos que as pessoas têm, procurando sempre olhá-las pelo lado melhor e ajudá-las a abrir novas perspectivas de vida para que tenham mais prazer existencial”. Mas é esse “sentir melhor” que lhe dá todas as cores nas palavras que diz. L.L.
Parar não faz parte dos seus verbos. “Isso só acontecerá se tiver uma hemorragia cerebral”, garante. Sobre o futuro, conta que “foi ontem”. “Quero é todos os dias mexer os dedos das mãos e dos pés. Isso é a minha filosofia”. Diplomado pelo Curso Superior de Medicina Desportiva em 1967, pertenceu ao corpo clínico do Futebol Clube do Porto e foi médico da Federação Portuguesa de Boxe. Em 1971 foi eleito Presidente do Congresso da Federação Portuguesa de Hóquei, cargo que mantém.
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tâmega e sousa
Centro de Estudos do Mundo Rural garantirá o futuro da Dolmen A C ooperativa Dolmen vai avançar com a criação de um Centro de Estudos do Mundo Rural ainda em 2010, projecto que foi aprovado e que deverá estar a funcionar em pleno dentro de dois anos, anunciou ao Repórter do Marão o presidente da cooperativa, José Luís Carneiro. A criação do Centro de Estudos do Mundo Rural (que conta com uma verba já aprovada de 60 mil euros), foi também anunciada durante o encontro anual de parceiros da Dolmen, que decorreu na Casa do Lavrador, em Santa Cruz do Douro, Baião. O Centro de Estudos do Mundo Rural “visa criar conhecimento, fazer recolha e sistematização de informação sobre o território e a partir daí produzir conhecimento para que a Dolmen possa ser uma prestadora de serviços às entidades da região que queiram apresentar projectos de desenvolvimento”, explicou ao RM o presidente da Direcção da Dolmen, José Luís Carneiro, adiantando que já estão “definidos os recursos académicos [necessários]”. Considerada como “bastante importante”, a concretização do Centro de Estudos é vista como uma estrutura que no futuro “pode criar efeitos de sustentabilidade financeira”, permitindo à Dolmen “encontrar vida própria para além dos fundos comunitários”, afirmou José Luís Carneiro. Partindo “dos próprios recursos endógenos fazer perdurar mais no tempo o trabalho que tem vindo a ser feito pela Dolmen”, tendo presente que “o desen-
volvimento não é nada que nos caia do regaço”, defendeu o presidente da Direcção da Dolmen no encontro de parceiros. Até 2013, a Dolmen, Cooperativa sem fins lucrativos fundada em Janeiro de 1993, tem a expectativa de que venham a ser apoiados “cerca de 100 projectos no âmbito do PRODER [Programa de Desenvolvimento Rural]”, adiantou Rolando Pimenta, coordenador executivo da Cooperativa Dolmen e gestor do programa a nível local. “Para os investidores é uma situação mais favorável, mas que irá penalizar terceiros”. Os projectos aprovados vão receber “entre 40 a 60 por cento de apoio a fundo perdido”. Aspecto “menos positivo”, afirmou Rolando Pimenta, é que “a taxa de comparticipação subiu em 10 por cento. Iremos apoiar menos projectos porque o montante de despesas elegíveis subiu de 200 para 300 mil euros. Para um bolo igual vamos dar fatias maiores”. O director executivo da Dolmen referiu ainda que a cooperativa “vai ser das entidades contempladas com atribuição de reserva de eficiência, o que nos dará uma dotação orçamental que passará dos 18 para 25 milhões de euros de investimento”. Durante o encontro na Casa do Lavrador foi apresentado o Plano de Aquisição de Competências e Animação, um instrumento previsto no PRODER e que se destina a promover a animação e divulgação dos territórios rurais. Entre outras iniciativas, este Plano prevê a realização, no próximo ano, do primei-
ro congresso regional Douro Verde, a dinamização de uma rede regional de itinerários naturais e culturais, em parceria com várias entidades, o apoio à realização de um festival de música de grande projecção e o retomar dos “Serões na Aldeia”.“Para concretizarmos este plano vamos precisar da colaboração de todos” disse Rolando Pimenta aos parceiros presentes. “Temos vivido de costas voltadas. Estamos na cauda da região Norte. O território tem uma imagem difusa e temos que valorizá-lo no seu conjunto”, afirmou. No entanto, apesar desses constrangimentos, existe “um enorme potencial”. Por isso, é fundamental “saber congregar esforços”, concluiu Rolando Pimenta. Durante a Assembleia Geral da Dolmen, em que participaram cooperadores públicos e privados (autarquias, associações, empresas), o presidente da Direcção explicou que foram apresentadas candidaturas “no valor de 45 milhões de euros”, e que há projectos que “se não forem aprovados nesta primeira fase, poderão ser” noutras fases que vão decorrer em 2010. O processo que está a decorrer deverá ser “transparente, criterioso” de modo a que “todo o território se sinta olhado num plano de igualdade” ”, disse José Luís Carneiro, acrescentando que a “sustentabilidade económico-financeira dos projectos” foi considerada como “muito importante”. P.C./J.S.
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outras terras
Papa fecha no Porto visita a Portugal
Feirantes do Marco receosos com as novas regras na arrematação dos terrados As mudanças no processo de atribuição de lugares na feira do Marco de Canaveses motivaram alguma exaltação entre os feirantes e levou cerca de três dezenas à Câmara do Marco. Um grupo de feirantes detentores de lugares esteve reunido na semana passada durante mais de duas horas com o vice-presidente da Câmara e vereador do pelouro das Actividades Económicas, José Mota. O direito de ocupação da feira é provisório e tem que ser validado de dois em dois anos. A última arrematação fez-se em Dezembro de 2007 e termina no final deste mês. Na última feira houve alguma confusão e ânimos mais exaltados quando os funcionários da Câmara do Marco de Canaveses distribuíram aos feirantes os formulários para se inscreverem no novo processo de arrematação de lugares. Durante a reunião na câmara do Marco foi explicado aos feirantes que terminou a arrematação de lugares em hasta pública, através de leilão. “A nova lei vem dizer que esse processo de licitação, que de certa forma privilegia quem tem maior capacidade financeira, não pode ser continuado”, disse ao Repórter do Marão José Mota. A nova legislação determina que no caso de haver mais que um interessado num lugar, o desempate faz-se por sorteio. O vereador diz compreender a preocupação das pessoas e acredita que a reacção dos feirantes se deve à mudança de procedimentos, que motiva
receios e algumas incertezas. “É uma lei nova, há interpretações diferentes. Vamos procurar contactar outras câmaras” da região para esclarecer alguns aspectos. No entanto, salienta, a câmara não terá “uma atitude contrária à lei”. A feira do Marco faz-se mensalmente nos dias 3 e 15. Nos vários sectores (alimentar, de vestuário, calçado, malhas e miudezas, entre outros) vendem 305 feirantes. O facto de se tratar de uma “feira apetecível”, levou a que recentemente tenha sido referida a possibilidade de vir a realizarse mais um dia por mês. A câmara vai “amadurecer” essa ideia e José Mota garante que não é por se tratar de uma feira apetecível que a câmara vai aproveitar-se e aumentar as taxas. “O nosso entendimento não é esse”, afirmou. O valor único que vai ser proposto aos feirantes vai incluir o “valor da arrematação e do terrado” (pagos até agora separadamente), “reflectindo todas as despesas e encargos que a Câmara tem” com a realização da feira. O vice-presidente da câmara do Marco confirma que em termos financeiros a feira é importante para a autarquia. Nos últimos dois anos, resultado da arrematação de 2007, a câmara recebeu cerca de 68 mil euros. Mas não só por essa razão. “Sempre se fez uma feira no Marco. É importante para quem compra e para quem vende”, acrescenta, mas também pelas suas raízes históricas. Paula Costa
Aregos com termas todo o ano As Termas de Caldas de Aregos, Resende, passaram a estar abertas todo o ano, após a aquisição e a beneficiação feitas pela câmara local, anunciou fonte da autarquia. De acordo com a fonte, a Câmara de Resende investiu “cerca de 400 mil euros” nas termas, que há um ano estavam encerradas e hoje dão emprego a 46 pessoas. “Foram realizados investimentos em novos vestiários, numa nova piscina termal e num novo ginásio, representando novas ofertas e a criação de mais emprego a partir da exploração do recurso termal”, salientou a fonte.
Jorge Manuel Costa Pinheiro
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Além dos tratamentos termais, “passam a estar disponíveis mais serviços ligados ao bem-estar, à reabilitação e ao rendimento atlético”. As Termas de Caldas de Aregos passaram a designar-se Balneário Rainha D. Mafalda, que foi quem fundou no local a primeira gafaria (hospital de leprosos), no século XII. O balneário “tem nascentes naturais de águas sulfurosas a 62 graus, com reconhecido valor terapêutico para a prevenção e recuperação de problemas musculares e esqueléticos, dermatológicos e das vias respiratórias, reumatismo, artrites, sinusites, acne juvenil, dermatites e recuperação de fracturas”, realçou a fonte. Após a aquisição das termas em Abril pela autarquia, a Companhia das Águas de Caldas de Aregos foi transformada em empresa municipal e emprega hoje 46 funcionários. “De Dezembro a Fevereiro do próximo ano todos os naturais ou residentes em Resende, com mais de 65 anos, terão acesso gratuito aos tratamentos com duração de uma semana”, anunciou a fonte. As termas situam-se junto ao Rio Douro, a cinco quilómetros da sede do concelho, “numa posição privilegiada junto à fluvina e ao cais de embarque recentemente inaugurados”.
O Papa Bento XVI realiza entre 11 e 14 de Maio uma visita oficial e episcopal a Portugal, onde visitará as cidades de Lisboa, Fátima e Porto. O também coordenador da visita do Papa a nível eclesial anunciou que esta deslocação de quatro dias de Bento XVI a Portugal terá três pontos altos: a “santa missa” na cidade de Lisboa, num local que ainda não está definido, as cerimónias religiosas em Fátima e uma outra missa na cidade do Porto. Esta visita está a ser articulada com a Presidência da República, estando prevista a presença do chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em todas as cerimónias. Bento XVI terá também um encontro com o primeiro-ministro, José Sócrates, no dia 12. A visita “privilegiará três sectores da acção eclesiástica”, nomeadamente a cultura, os padres e a organização da pastoral social. A visita de Bento XVI, que terá 83 anos quando visitar Portugal, acontecerá no décimo aniversário da beatificação de Jacinta e Francisco, pastorinhos de Fátima, quando se assinala o quinto aniversário da morte da irmã Lúcia e ainda o centésimo aniversário do nascimento de Jacinta. A visita ainda não tem um tema definido, mas D. Carlos Azevedo adiantou que “andará próximo do anúncio da boa nova, valores e missão”. Em Lisboa, o Terreiro do Paço é uma hipótese de espaço para acolher a missa do dia 11 de Maio, enquanto no Porto será a Avenida dos Aliados a receber o Papa. Acompanhará Bento XVI uma comitiva de 25 pessoas, bem como 60 jornalistas.
RM - 1227 - 08/12/09
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO RIO OVELHA VÁRZEA DE OVELHA E ALIVIADA MARCO DE CANA VESES
CONVOCA TÓRIA O Presidente da Mesa da Assembleia desta associação, ao abrigo do artigo n° 16 dos estatutos desta colectividade, convoca todos os associados, para uma assembleia geral ordinária a realizar no dia 12 Dezembro, ás 17 horas, na sua sede social em Várzea de Ovelha e Aliviada, com a seguinte Ordem de Trabalhos: • 1º Leitura da acta da reunião anterior. • • 2º Apresentação do plano de actividades do ano em curso e a sua aprovação. • 3º Outros assuntos de interesse para a colectividade. NOTA: Se à hora marcada não estiverem presentes mais de 50% dos associados, a assembleia, em segunda convocatória, terá inicio meia hora depois com os associados presentes. Várzea de Ovelha e Aliviada, 28 Novembro de 2009 O Presidente de Assembleia Geral (António Soares Ribeiro)
Do projecto à realidade. O Hospital da Terra Quente já está em construção.
Conclusão prevista no 1º Trimestre de 2011
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nordeste
O professor adepto ferrenho do FC Porto que trabalha a ouvir música clássica Manuel Martins foi eleito para o quinto mandato à frente da Câmara de Vila Real Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com | Texto e Fotos
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onge vão os tempos em que Vila Real começava na Vila Velha, acabava no Pioledo e em que se entrava na cidade por “quelhos”. Manuel Martins diz-se orgulhoso por ter contribuído para o crescimento da sua terra e arrisca-se a ficar na história como o presidente de Câmara que mais tempo ocupou o cargo. Todos conhecem o autarca, mas o homem gosta de preservar a sua vida pessoal e apenas revela que é portista ferrenho, que não dorme sem ler e gosta de música erudita.
Manuel Martins nasceu no seio de uma família modesta de comerciantes em 1942, no centro da cidade de Vila Real, numa altura em que a cidade se limitava entre a Vila Velha e a actual zona do Pioledo. Passar para lá do rio Corgo já era uma aventura e a entrada na cidade era feita por “quelhos”. Sessenta e sete anos depois, Vila Real mudou, cresceu, desenvolveu-se e aspira ser a cidade capital da região Norte. O professor que nunca quis ser presidente habilita-se agora a ficar na história como o autarca que mais tempo ocupou a cadeira da presidência. Manuel Martins tomou posse para o seu quinto e último mandato à frente do município de Vila Real. No total serão 20 anos à frente da autarquia, mais uns quantos como vice-presidente. No concelho todos conhecem o autarca. Já o homem gosta de ser reservado. Ao Repórter do Marão contou algumas das histórias da sua vida e falou da “estrelinha da sorte” que muitas vezes o ajudou.
| Cartografia de Cabo Verde | Depois de ter concluído
a licenciatura em Ciências Geológicas, no Porto, Manuel Martins deu aulas como professor provisório no antigo liceu, a actual Escola Camilo Castelo Branco. Em 1966 e em plena guerra colonial, foi chamado para cumprir o serviço militar, mas, em vez de ir parar a um palco de guerra foi para Cabo Verde, fazer a cartografia daquele país. “Tenho a honra e o orgulho de poder dizer que a carta que hoje Cabo Verde tem, feita a uma escala de 1/25 mil também tem
lá o meu dedo”, referiu. Martins chegou ao arquipélago africano a 07 de Abril de 1968, no mesmo dia que nasceu o seu filho, tendo regressado a Vila Real dois anos depois, precisamente no mesmo dia, no mesmo barco e no mesmo camarote. De regresso à cidade Natal, sem emprego, foi mais uma vez bafejado pela sorte. Um professor do liceu adoeceu e o então reitor chamou-o para dar aulas e ali ficou por mais de 20 anos.
fazer tudo bem feito”, referiu. Foi mais ou menos por essa altura que Manuel Martins se envolveu na política. Foi também a pedido insistente de colegas e, mais tarde, da própria mulher, que chegou à câmara onde ocupou o cargo de vice-presidente, com um interregno pelo meio. “Quando me perguntam que profissão tenho, eu respondo professor do ensino secundário. Ser presidente de câmara é um acidente na minha vida, não é a minha profissão”, referiu.
| Professor entra na política |
| Primeiro mandato sem maioria |
Entretanto desempenhou funções na acção social, como director de ciclo e, em 1979, a pedido dos colegas, candidatouse a presidente do conselho executivo. “Sempre tive este mau hábito de assumir as responsabilidades das coisas e querer
O primeiro mandato não foi fácil. O PSD de Manuel Martins ganhou com três mandatos, os mesmos do PS, enquanto que o CDS conquistou um. Foi com este partido que o PSD teve que governar, mas a partir daí Martins reforçou o número de votos. O presidente garante que está com força para o presente mandato, até como se este fosse o primeiro. “Quando se está nas coisas deve-se estar de corpo inteiro, com sentimento de quem tem um dever a cumprir. Eu acho que se fez muita coisa, mas também acho que há muita coisa para fazer”, salientou. Ainda faltam quatro anos, mas Martins também já pensou no que vai fazer quando sair da câmara. A primeira coisa será arrumar os papéis. “São montanhas de coisas que vou metendo em pastas e que nunca organizei”, frisou.
| Escrever as memórias |
Depois diz que era capaz de gostar de escrever um livro sobre a sua vida. “Hoje o que me faz correr é a história, são os meus quatro netos e os meus filhos. Gostava de lhes deixar pelo menos o orgulho de terem tido um avô que foi o último presidente de Câmara de Vila Real do século passado e o primeiro deste século”, salientou.
“Ser presidente de câmara é um acidente na minha vida, não é a minha profissão”
Partir satisfeito depois de executar compromisso Manuel Martins assumiu um compromisso de honra para este quinto e último mandato, onde incluiu 40 projectos. “Se fizer o que está neste compromisso eleitoral, que eu quero fazer, vou embora satisfeito”, frisou. Importante para o autarca é acabar o parque escolar para deixar às crianças de Vila Real “escolas do século XXI” e resolver a área desportiva, com a conclusão das obras do pavilhão desportivo, a piscina do Calvário e o Monte da Forca. Depois há que “andar ligeiro” para concretizar os projectos Articular e Douro Alliance e não perder os fundos comunitários já aprovados. A estratégia passa ainda pela internacionalização do circuito automóvel de Vila Real, com a construção de novas boxes, e a criação do Museu do Vinho Mateus Rosé, através de uma parceria com a Sogrape. Para promover o emprego, Martins quer criar um fundo de capital de risco para apoio financeiro à criação de novos negócios, uma plataforma de apoio empresarial e implementar um programa de estágios para jovens residentes no concelho. Está ainda prevista a construção de uma nova zona empresarial, com capacidade para a instalação de 140 empresas e a criação de dois mil postos de emprego, perto do aeródromo de
Vila Real, que vai sofrer obras de remodelação e ampliação da pista. “É tão importante como uma auto-estrada. Este ano já chegaram imensos jactos de nove, dez lugares, que tinham como destino o Douro. Temos mesmo que andar muito depressa nisto”, frisou. Alargar a rede de transportes públicos e levar mini-bus aos bairros da cidade, a construção de três parques de estacionamento no centro da cidade e requalificar e modernizar o aeródromo, foram outros dos projectos anunciados pelo autarca. Em 16 anos à frente da autarquia, Martins salientou que se deparou com processos e obras complicadas. “Não é só estalar os dedos. Há dificuldades pelo meio que às vezes queremos ultrapassar e não conseguimos”, salientou. A obra que diz que mais custou a concretizar foi o teatro municipal, cujo projecto chegou mesmo a ser chumbado pelo Tribunal Constitucional. Depois os transportes públicos urbanos, que, só para definir as linhas ou o caderno de encargos, demorou três anos. Outro dossier complicado foi o dos terrenos da Quinta do Seixo, onde finalmente se está a construir o terminal rodoviário. P.L.
| Com muita vontade de viajar pelo p aís | Da sua vida pessoal, Mar tins pouco revela . Apenas diz que gosta de ou vir música, principalmente mú sica erudita, e até é habitual e star a trabal h ar ao som da Ante na 2. Gosta também de ler, aliás, não d orme sem ler, e te m sempre tr ê s ou quatro livro s na mesa-d e-cabeceira. Para além disso, é um adepto de fu tebol e do F u te b Clube do Port ol o. A sua angúst ia é, segundo referiu, não co nhecer bem o país. É, aliás, uma coisa que o deixa incomodado e por isso g arante que, quan do tiver mais tempo, é aquilo que vai fazer: p artir à descoberta de Portugal.
Maus cheiros de fábrica de cogumelos atormentam duas aldeias de Vila Flor Administração da Sousacamp promete corrigir o problema dentro de meses Redacção com LUSA | tamegapress@gmail.com
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c omposto orgânico - substrato - produzido na unidade industrial de produção de cogumelos situada no concelho transmontano de Vila Flor é a causa dos maus cheiros que estão a atormentar os moradores de duas aldeias, problema que a empresa prometeu corrigir em breve. Habitantes e autarcas de duas localidades do concelho – Benlhevai e Santa Comba da Vilariça – garantem que os maus cheiros lançados pela fábrica de cogumelos Sousacamp prolongam-se há anos e que a empresa sempre tem prometido resolver o problema. Artur de Sousa, administrador da Sousacamp, afirma que a empresa vai “instalar um sistema de bombagem de ar que irá melhorar a situação”, garantindo que “dentro de cinco meses, o problema deverá estar resolvido”.
| 400 postos de trabalho em cinco fábricas | A Sousacamp é responsável por
400 postos de trabalho, 180 dos quais na unidade de Vila Flor, e recebeu o apoio financeiro do Governo para os 27,5 milhões de euros de investimento que está a realizar para aumentar a produção. Parte do investimento destina-se a aumentar de seis para 28 os túneis de produção de substrato com a “melhoria do qualidade da matéria e do ar”, garantiu o empresário. A Sousacamp é das maiores produtoras nacionais de cogumelos em estufa com cinco unidades es-
palhadas pelo Norte de Portugal (Benlhevai, Paredes e Vila Real) e Espanha. Segundo explicou o proprietário, Artur de Sousa, na unidade de Benlhevai é produzido o substrato para todas a unidades do grupo. Este composto orgânico é a origem dos “maus cheiros” de que se queixam também os habitantes de Santa Comba da Vilariça. “Às vezes no Calvário é mesmo um calvário”, disse José Fernando Teixeira, referindo-se a um dos bairros mais afectados da aldeia pela sua localização mais elevada. Mas todos cheiram, assegura Duarte Braz, explicando que “a pestilência” só ocorre em determinados períodos, quando é mexido o composto. Segundo José Fernandes “mesmo na estrada sente-se”, referindo-se à nacional 102, que liga Bragança a Torre de Moncorvo e ponto de passagem do trânsito que ruma a sul do país. Quem vive na zona, dizem, sobretudo no Verão, “não tem outro remédio senão fechar tudo” e “nem nas esplanadas do café se consegue estar”. Ressalvam que “o que vale é não ser contínuo” e a intensidade varia consoante o vento.
| Zona da Vilariça é a mais afectada | Às queixas dos habitantes juntam-se os autarcas como Fernando Brás, presidente da freguesia de Santa Comba da Vilariça, que está “disponível para apoiar as iniciativas que as pessoas enten-
derem”. O colega de Benlhevai, Álvaro Correia, que há 16 anos preside à junta de freguesia eleito pelo movimento “Pelo Povo de Benlhavai”, contou à Lusa que logo no primeiro mandato fez diligências sem sucesso sobre este problema. “Há dias e horas em que o cheiro é insuportável e a nível ambiental começa a ser também insuportável”, corrobora.
|Complacência devido à falta de emprego | O autarca reconhece que tem havi-
do “alguma complacência porque no Nordeste Transmontano não há fábricas” e este é dos maiores investimentos locais com 20 anos de actividade. O empresário Artur de Sousa confirmou a existência do cheiro oriundo das grandes quantidades de substrato que ali se produz. Entende que “é um contra e típico” desta que é considerada uma “actividade agrícola como uma vacaria, aviários ou outro tipo de estufas”. “Aqui é uma coisa ligeira, cheiro forte é o da Portucel que arrasa com tudo” considerou, atribuindo as queixas “a alguns ex-funcionários descontentes que não têm a melhor relação com a empresa”. O primeiro-ministro esteve em Maio na unidade e o empresário garante que José Sócrates “achou o cheiro normal”, enquanto que os queixosos estranham que “nesse dia não tenha cheirado”.
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actualidade
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Túnel do Marão continua suspenso Obras pararam há um mês e Tribunal Administrativo de Penafiel manteve decisão a favor da empresa Águas do Marão Jorge Sousa | jsousa.tamegapress@gmail.com
A
s obras de construção do Túnel do Marão, obra integrada no troço de auto-estrada Amarante/Vila Real, vão continuar paradas por tempo indeterminado, por decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel, apurou o Repórter do Marão junto de várias fontes. A obra do Túnel do Marão está suspensa há um mês (desde 10 de Novembro), por decisão do juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel devido a uma providência cautelar interposta no início de Novembro pela empresa Água do Marão, que alega que a perfuração do túnel vai prejudicar a exploração da água. A concessionária Auto-Estrada do Marão e o consórcio construtor (Infratúnel) recorreram da providência cautelar, mas um mês depois o tribunal manteve a decisão de parar o túnel. Fonte da empresa Água do Marão confirmou a notificação do despacho que mantém suspensa a obra, proferido pelo juiz do tribunal de Penafiel na semana passada, mas declinou adiantar quaisquer outros pormenores, nomeadamente do teor do despacho judicial. Do lado da Somague, a fonte também confirmou que se mantém a paragem das obras, acrescentando que apenas na próxima semana a empresa vai reagir ao despacho do juiz, que está ainda a ser analisado pelos serviços jurídicos da construtora. A fonte admitiu que o concessionário da autoestrada e o consórcio responsável pela construção do túnel poderão apelar ao Governo para usar a figura do interesse público do empreendimento para inverter o resultado da providência cautelar. Recorde-se que o Governo já em várias situações invocou o interesse público através de um instrumento jurídico designado de “resolução fundamentada”, de modo a ultrapassar outras providências cautelares ditadas pelos tribunais.
| Auto-estrada Amarante/Vila Real poderá parar | A paragem das
obras do túnel do Marão – por enquanto apenas nas duas frentes do túnel, Ansiães e Campeã – estará a causar prejuízos diários de “muitos milhares de euros”, considera fonte da Somague. No último mês, a suspensão do túnel ainda não afectou as restantes frentes da obra – o alargamento do IP4 para perfil de auto-estrada entre o termo da A4, em Geraldes e Gondar, a frente do lado de Vila Real e a construção dos diversos viadutos do troço –, mas a decisão judicial poderá arrastar a suspensão da construção da auto-estrada. A fonte da Somague contactada pelo Repórter do Marão salientou que esta auto-estrada era a única, das várias concessões rodoviárias, que não tinha sido chumbada pelo Tribunal de Contas, o que torna esta situação ainda mais insustentável.
Recorde-se que tanto a concessionária da obra, a Auto-Estrada do Marão, como o consórcio construtor, a Infratúnel, apresentaram as suas justificações ao Tribunal Administrativo, algumas das quais baseadas nos estudos que permitiram avançar com a construção do Túnel do Marão. O Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) da Auto-Estrada do Marão possui um anexo específico sobre a “Avaliação Detalhada das Implicações do Túnel do Marão nas Captações das Água do Marão” que concluiu que, da realização da obra, “não se prevêem impactes na qualidade da Água do Marão”. Contudo, pode ler-se no documento que “poderão ocorrer influências quantitativas, pouco significativas”, a partir de um determinado troço que poderá afectar a “zona de contribuição das Águas do Marão”. Para conciliar a obra e a continuação da operação das Águas do Marão, de acordo com o RECAPE, será necessário “pôr em marcha um sistema de monitorização incluindo registo sistemático de níveis e caudais nas captações das águas”. A Somague, porém, argumenta que a empresa da Água do Marão a impediu de instalar o sistema de monitorização. Na altura da paragem das obras, há um mês, o Ministério das Obras Públicas garantira que está a ser cumprida a DIA emitida em 2007, estando também a ser devidamente monitorizada a obra e o seu impacto nas águas do Marão.
| Especialistas têm dúvidas |
Entretanto, a professora e hidrogeóloga da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Rosário Costa, disse recentemente à Lusa que nenhum cientista pode afirmar se a construção do túnel influencia ou não as captações da Água do Marão, porque a serra do Marão, do ponto de vista geológico, é uma zona muito complexa. “O túnel vai passar a 500 ou 600 metros [apenas 123 metros, no ponto mais próximo, segundo a empresa das águas] abaixo da cota a que estão as captações da Água do Marão, e não é linear sabermos o que é que está a acontecer a essa profundidade num ambiente geológico tão complexo como é este”, salientou. A especialista defende que é “muito importante ir acompanhando a obra, ir controlando o que vai aparecendo e ir interpretando a geologia de profundidade”. “Só assim se pode ter a certeza de alguma influência ou não”, referiu. A fonte da Somague salienta que os estudos referem que apenas a quantidade de água poderá ser afectada, mas ressalva que se isso acontecer – o que só pode ser atestado através da monitorização – a empresa terá direito a ser “compensada nos termos da lei”.
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opinião
A idade não é a que temos mas a que sentimos
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envelhecimento à escala mundial modificou os termos da revolução demográfica, alterando a chamada pirâmide etária com imensas crianças e jovens e um minúsculo vértice de sexagenários a longevos na casa dos 100 anos. A mudança de concepções chegou à maneira de ver os seniores: no passado, eram encarados como seres altamente dependentes, mais umas bocas a comer o que os outros produziam, uns incapazes que agravavam os gastos em saúde. Na actualidade, há um enorme consenso quanto ao chamado envelhecimento activo e ao primado da autonomia do sénior: quanto maior prevenção houver, muito maior será a sua qualidade de vida e o retardamento dos fenómenos ligados ao envelhecimento; quanto mais se difundir a educação para a saúde, mais o sénior viverá com satisfação e na chamada solidariedade inter-geracional, podendo contribuir para manter viva a sua curiosidade e cooperar com os outros. “Ame as suas rugas II, pois há muito por viver!”, é um belo contributo para a responsabilidade de pré-seniores e seniores estarem atentos às conquistas da geriatria e gerontologia, e aproveitarem as potencialidades do envelhecimento activo para dar mais vida aos anos (por Rosane Magaly Martins e Suleica Iara Hagen, Coisas de Ler, 2009). As autoras pretendem desmistificar os estigmas e preconceitos associados ainda hoje à velhice. Devemos repudiar o despojamento social, viver com projectos e consolidar uma cultura positiva da velhice. Como? Lutar com todas as forças para nos mantermos incluídos: manter um regime alimentar adequado às nossas possibilidades (às naturais dificuldades dos sentidos, aos problemas de dentição, à menor capacidade digestiva...); prevenir os problemas de visão (o glaucoma, mácula...); promover estilos de vida saudáveis (actividade física, exercitar a memória, cultivar a leitura, intensificar a vida de relação, ter cuidados com a aparência física...). Este
livro não é uma enciclopédia, mas alerso de peso, procure manter uma prática ta-nos para dossiês importantíssimos na de regular de actividade física. idade sénior, como se exemplifica. Terceiro, emboneque-se. Já lá vai Primeiro, o calçado. É indiscutível o tempo em que a beleza estava intimaque na velhice surgem várias dificuldades mente associada à juventude e os velhos associadas à locomoção. Como a actividaeram obrigatoriamente feios. Sendo ainde física é indispensável, nada melhor da verdade que os media tiranizam o conque usar um calçado que nos assegure o ceito de beleza associando uma juventude bem-estar. Escreve-se no livro que “O saprolongada (para promover cosméticos, pato ideal é aquele que, além de ser leve e cirurgia plástica, tintas para o cabelo, confortável não excede 350 gr conseguinmúltiplas formas de tratamento do cordo um justo equilíbrio entre a flexibilidapo...) a beleza tem vindo gradualmente a de e estabilidade. A estabilidade do saparelacionar-se com os sentimentos de felito que confere capacidades de absorção Beja Santos cidade, tranquilidade e o sentir-se bem. de choques, para que não haja torções no Assessor Inst. Consumidor A beleza passou a ser uma busca, usar os pé, é conseguida através de reforços latecuidados de beleza tornou-se, na idade sérais com maleabilidade vertical. Desta forma, o pé quando nior, uma das mais eloquentes provas de respeito e do senassenta no solo, fá-lo de uma forma segura, estável e cómo- tido da dignidade. da. Todo o calçado destinado ao idoso deverá: facilitar o calQuarto, saber-se olhar ao espelho. Porque nos olhamos çar, sem necessitar do auxílio de outras pessoas; o pé deverá diariamente ao espelho, não sentimos diferenças significamovimentar-se livremente dentro do sapato, sem causar le- tivas mas sentimos que o tempo, mais ou menos perceptisões; deverá ser anti-alérgico e deverá deixar respirar o pé; velmente, deixa as suas marcas. Também ouvimos o nosso o salto deverá ser estável, não excedendo os 4 cm de altura. organismo e sentimos que há mudanças. Ou seja, vemos ruOs materiais de calçado aconselhados são: pele, lycra, velcro gas, sentimos problemas de flexibilidade e resistência físiou fecho de correr. ca, verificamos a flacidez da pele, o aumento continuado do Segundo, ponha-se a mexer, o movimento é vida. Os mo- comprimento do nariz, a redução da altura, os problemas vimentos são de grande importância biológica, psicológica, das articulações, a redução da visão, entre outras manifessocial, cultural e evolutiva. Sabe-se que na idade sénior ocor- tações. Devemos saber responder ao que vemos no espelho. re um certo declínio do sistema muscular, associado à re- Como dizem as autoras, é preciso que haja uma preocupadução da flexibilidade e da mobilidade articular: o sénior é ção extrema na qualidade do envelhecer, procurando gerir atreito a quedas, tem mais problemas nas articulações (caso o próprio corpo com as suas limitações e harmonizá-lo com da osteoartrite). Mexa-se com calçado adequado, evite per- o ambiente circundante, fazendo da velhice o que ela de facmanecer de pé por longos períodos, mantenha os objectos to representa: mais uma etapa da vida a ser vivida e um prede uso constante ao alcance das mãos, defenda-se do exces- sente recebido pelo próprio mérito de estar vivo.
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Sair da crise
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p aís está mergulhado numa crise económica e financeira sem precedentes nos tempos mais próximos e que provocou sérias repercussões sociais. Uma crise de características únicas e que, pela primeira vez, se fez sentir a uma escala global. Portugal, com uma economia débil e muito dependente do exterior, não podia deixar de sentir os reflexos da crise. As previsões mais recentes apontam para um défice superior a 8% do PIB no final do corrente ano, resultado que está longe de ser o pior entre os países da União Europeia. Em cima da mesa está já o compromisso de reduzir o défice para 3% do PIB até 2013, meta que José Sócrates considera “realista”. Teremos assim um período de quatro anos para colocar em ordem as contas públicas, um exercício particularmente difícil atendendo às condições de partida. Portugal registou uma taxa de desemprego de 10,2% no final de Outubro, acima da média europeia de 9,3%, mas muito longe dos 19,3% da nossa vizinha Espanha. O agravamento das condições económicas obrigou o Governo a alargar as prestações sociais. No final de Setembro havia cerca de 351 mil pessoas a receber subsídio de desemprego, correspondendo a um aumento superior a 36% face ao mês homólogo de
2008. Em Setembro, foram processadas 5,8 milhões (!) de prestações sociais – um crescimento de 6,6% no número de prestações e de 11% na despesa corrente associada.
Governo tem-se distinguido igualmente no apoio às empresas com capacidade exportadora, fazendo da conquista de novos mercados um elemento distintivo da sua actuação.
Entretanto, o Banco Central Europeu prepara o fim gradual dos apoios à banca, o que provocará tensões nos mercados de crédito, com reflexos nas condições em que a banca nacional, primeiro, as empresas e os particulares, depois, têm acesso ao crédito.
A tendência negativa que se faz sentir no mercado de trabalho só poderá ser invertida com a retoma económica e, por isso, tudo o que puder ajudar a essa recuperação será bem-vindo. Creio que as contas públicas exigem uma forte contenção ao nível da despesa e que o aumento de impostos deve ser a última alternativa a ter em conta.
José Carlos Pereira
Gestor Perante este quadro de dificuldades, mas já com sinais ténues de recuperação, acredito que o Governo de José Sócrates saberá encontrar o rumo certo para Portugal acompanhar os seus parceiros europeus na saída da crise. Não têm faltado as medidas concretas de apoio à criação de emprego e a pessoas desempregadas, assim como as acções com vista a assegurar a sustentabilidade da segurança social. O
A situação que se vive exige uma actuação rigorosa do Governo, mas também responsabilidade da oposição. Os exemplos mais recentes não foram felizes. O Governo, que foi viabilizado pelo parlamento, não pode ser surpreendido com medidas aprovadas pela coligação ”negativa” das oposições que implicam perdas de receita superiores a 1.100 milhões de euros. Quem governa é o Governo e não o parlamento. Com o aumento da despesa em apoios sociais e a quebra das receitas fiscais, a oposição parece querer empurrar o Governo para o aumento de impostos, procurando tirar partido desse facto. Sócrates não se deixará encostar à parede e estou certo que saberá dar a resposta adequada.
Escritaria, Saramago e o dr. Cristiano Ribeiro Um artigo de opinião que escrevi nesta coluna, há duas edições, provocou azedas reacções. No referido artigo procurei deixar algumas notas sobre a iniciativa de cariz cultural realizada pela Câmara Municipal de Penafiel denominada Escritaria e que teve na edição deste ano a presença de José Saramago. Perante as polémicas declarações proferidas nessa circunstância pelo escritor, quis apenas dar nota pública das motivações da organização. Sobretudo para esclarecer que o pensamento do escritor sobre a Bíblia é bem diferente da opinião da organização do evento. E não é que alguns dos factos que sublinhei, e que são do domínio público, deram azo a reacções de profunda irritação. Que José Saramago é comunista é de todos sabido, pelo menos desde o tempo em que o escritor foi director do DN e dos saneamentos que aí levou a cabo. Que o comunismo provocou mais de cem milhões de mortos em vários continentes, raças e culturas, é um facto do conhecimento público, pelo menos desde 9 de Novembro de 1989 e da queda do muro de Berlim. Quanto a estes factos o Dr. Cristiano Ribeiro nada diz. Ao invés prefere o insulto fácil. De resto, uma atitude típica da ortodoxia comunista, de que o Dr. Cristiano Ribeiro é um dos mais ilustres representantes no Vale do Sousa. Para o Dr. Cristiano Ri-
beiro é mais fácil insultar que argumentar. Boçal, básico e grosseiro. Foram apenas alguns dos epítetos com que me mimou. Seja, Dr. Cristiano Ribeiro. Antes isso que cego pelo fundamentalismo que o impede a si de ver e reconhecer as atrocidades cometidas por regimes sanguinários que matam em nome de uma ideologia. O comunismo fabricou três dos maiores carniceiros da espécie humana – Lenine, Estaline e Mao Tse-Tung. Durante a ditadura de Fidel Castro 2,2 milhões de pessoas tiveram Antonino de Sousa que fugir de Cuba Vereador da Câmara e do regime comuMunicipal de Penafiel nista. Os números do comunismo são conhecidos: China - 65 milhões de mortos; União Soviética - 20 milhões de mortos; Coreia do Norte - 2 milhões de mortos; Camboja - 2 mi-
lhões de mortos; África - 1,7 milhões, distribuídos entre Etiópia, Angola e Moçambique; Afeganistão - 1,5 milhões; Leste da Europa - 1 milhão; América Latina - 150 mil entre Cuba, Nicarágua e Peru (cf. Stéphane Courtois, Le livre noire du communisme, Robert Laffont, 1998, pag. 14). A defesa obcecada com que o Dr. Cristiano Ribeiro defende a ideologia subjacente a estes regimes sanguinários retira-lhe idoneidade e autoridade moral para julgar quem pensa diferente de si. Mesmo que aos seus iluminados olhos não passe de um boçal. Em Penafiel as actividades culturais não se regem por questões ideológicas ou de credo. Na Câmara Municipal de Penafiel a produção cultural tem por base a qualidade, a diversidade e os diferentes públicos. Por isso, o Escritaria teve por convidados dois escritores que também são comunistas. Aos Cristianos Ribeiros deste mundo isso deve fazer uma grande confusão. Para terminar, deixaria apenas uma triste curiosidade. Todas as grandes tiranias do século XX - (fascismo, nazismo e comunismo) - foram e são visceralmente ateias. antoninodesousa@gmail.com
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crónica|diversos
Prémio Eça de Queiroz começa a ser atribuído em 2011 A.M.PIRES CABRAL
Música Quimba Quando, aí pelos anos 80 do século passado, um cantor dito popular chamado Emanuel se saiu com uma cantiga qualquer de que apenas recordo uma espécie de leit-motiv — “nós pimba! nós pimba!” — poucos julgariam que seria possível ir mais longe em matéria de futilidade brejeira combinada com machismo fundamentalista. Mas a verdade é que se avançou, e muito, nesse caminho escabroso, quando surgiu na cena discográfica portuguesa um artista que dá pelo nome de Quim Barreiros. Este refinou na brejeirice, entrou mesmo pelos caminhos dúbios da obscenidade mascarada de inocência, gato escondido com rabo de fora, e levou o machismo musical português a pontos que, agora sim, serão difíceis de ultrapassar. Só mesmo dizendo as coisas por claro… E quem pode adiantar que isso nunca será possível, numa sociedade cada vez mais permissiva? É à música desse senhor que eu, recorrendo a um trocadilho barato, chamo ‘música quimba’. O leitor está a ver: ‘quim’ de Quim mais ‘ba’ de Barreiros. A música quimba é hoje uma disciplina musical de créditos firmados entre nós, como a chansonette o é para os franceses. O papa dessa religião continua a ser o Sr. Barreiros, mas andam por aí outras aves canoras a arremedá-lo, valha a verdade que sem o êxito do protótipo. A certa altura apareceu mesmo uma criança, de seu nome Saul, muito festejada pelas suas cantigas quimba. A gente ouvia-o e apetecia dizer: “Que criancinha tão prendada! Tão novinha e já só canta ordinarices.” Contudo — provavelmente com a mudança da voz — este Saul parece ter emudecido. Gorou-se assim uma promissora carreira dentro da mais lídima música quimba. Felizmente, digo eu. Desafio o Leitor a apontar uma cantiga do Sr. Barreiros — uma só que seja — em cuja letra não espreite um macho latino a porejar cio, sempre pronto a comer este mundo e o outro, tudo cozinhado segundo as receitas mais variadas e mais exóticas. É o machismo mais despudorado que se exprime naquelas cantigas. Era pois de imaginar que as mulheres — se efectivamente tivessem dois palmos de testa e ou dez gramas de vergonha —
seriam as primeiras a repudiar tal música. Pois não senhor: nas festas universitárias, mal a criatura rompe a cantar o Mestre de culinária são as jovens as primeiras a saltar para a pista de dança. Não se lhas dá que o senhor insulte o sexo dito fraco e cante a mulher como simples objecto de deboche masculino. O Sr. Barreiros canta e elas dançam, lembrando, respectivamente, o flautista de Hamelin e os ratos que o seguiam cegamente quando ele tocava — sem ofensa para os ratos nem para o flautista, naturalmente. No fim-de-semana passado, fomos com um grupo de amigos passar dois dias a um centro de férias do INATEL. Como é de tradição nesses centros de férias, uma noite houve aquilo a que chamam animação — um simples rancho folclórico que de folclórico já tem muito pouco, porque entretanto se apetrechou não para preservar a pureza das danças e cantares tradicionais, mas para encher o olho a um público maioritariamente urbano e ignorante dessas coisas, que se extasia com o que lhe impingem desde que tenha um cheirinho a vira e mesmo que seja o mais descarado gato por lebre. Mas enfim, daí não vem grande mal ao mundo. No final, porém, terminadas as danças, foi anunciado que se iria rematar o espectáculo com algumas cantigas. E aparece um dos sujeitos da tocata a tocar viola e outro a cantar. A cantar o quê? Canções tradicionais? Canções de trabalho? Canções de arrolar meninos? Canções de sentido genuinamente etnográfico? Nada disso. O sujeito rompeu a cantar uma coisa que tinha por refrão: “Eu gosto de mamar nas tetas da cabritinha”. Nem mais. Claro que algumas senhoras presentes abandonaram então a sala. Mas o grosso do público, masculino e feminino, aplaudiu e engrossou o coro. Pelos vistos, toda aquela gente gostava de mamar nas tetas da cabritinha. E era, vos juro, ao mesmo tempo confrangedor e grotesco ver algumas das madamas a cantarem, em báquico transporte, as tetas da cabritinha. Se Nosso Senhor não nos acode, não sei onde iremos parar. pirescabral@oniduo.pt
A antiga ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, vai regulamentar um prémio de mérito cultural com o nome de Eça de Queiroz, que terá o objectivo
de distinguir “diversas expressões culturais”, anunciou ao RM o presidente da Câmara de Baião. José Luís Carneiro, que é também membro do Conselho de Administração da Fundação Eça de Queiroz (FEQ), que tem sede em Tormes, Santa Cruz do Douro, no concelho de Baião, adiantou que o prémio será de âmbito nacional, terá periodicidade anual e começará a ser atribuído em 2011.
“Já era tempo de uma figura ímpar, como Eça de Queiroz, ter um prémio com o seu nome, por tudo o que representa na nossa cultura e literatura. É também uma forma de evidenciar o relevo desta instituição que trabalha todos os dias para manter viva a obra queirosiana”, disse José Luís Carneiro. O autarca acrescentou que Isabel Pires de Lima, que integra o Conselho Cultural da FEQ e é considerada uma especialista na obra queirosiana, deverá apresentar o regulamento do prémio no próximo ano, sendo intenção da organização convidar entidades privadas e públicas. Para o financiamento do prémio, que ainda não tem valor pecuniário definido, “mas deverá ser atractivo”, o autarca salienta que deverá reunir contributos de câmaras municipais, empresas públicas, co-fundadores e parceiros da FEQ, mas também de empresas privadas. “É nossa intenção que o prémio não se limite à literatura, mas que abranja também a fotografia, a pintura e outras expressões culturais”, referiu o autarca de Baião. Em Tormes, decorreu no início fo mês um colóquio internacional sobre a obra de Eça de Queiroz - “Os Estudos Queirosianos - Desafios Actuais” que reuniu dezenas de investigadores e curiosos da obra do romancista.
Prémio ‘Douro Ensaio’ no dia do aniversário do Património Mundial O prémio “Douro Ensaio”, com um valor de 5000 euros, é entregue pela primeira vez a 14 de Dezembro, no Peso da Régua, no dia em que se assinala o oitavo aniversário da elevação do Douro a Património Mundial da Humanidade. Instituído pela Direcção Regional da Cultura do Norte (DRCN) e pela Fundação EDP, o prémio é entregue pela primeira vez este ano e visa distinguir o melhor ensaio sobre obras do património literário relacionado com a região duriense ou sobre os seus escritores. Segundo fonte da DRCN, o “Douro Ensaio” será atribuído bienalmente e terá um valor pecuniário de 5000 euros, havendo a possibilidade de serem consideradas duas menções honrosas. O objectivo da iniciativa é, de acordo com a Cultura do Norte, “estimular a publicação de estudos, sob a forma de dissertações académicas ou outros trabalhos de investigação no género de ensaio literário, que permitam aprofundar o conhecimento sobre a vida e a obra de escritores naturais da região do Douro ou que com ela se relacionaram”. Pretende ainda “destacar a impor-
tância do património literário, da região alto duriense, como um elemento decisivo na valorização e divulgação desse património colectivo enquanto factor de representação, de conhecimento e de identidade desta região vinhateira”. A entrega do prémio ocorre precisamente a 14 de Dezembro, dia em que se assinala o oitavo aniversário da elevação do Douro a Património Mundial da UNESCO. A cerimónia tem como palco o Museu do Douro, que abriu as portas há um ano na cidade de Peso da Régua, e se junta às comemorações do Património Mundial com um programa que inclui um momento musical especialmente concebido para o momento, protagonizado pelo guitarrista Paulo Vaz de Carvalho. Acompanhado de três músicos, Paulo Vaz de Carvalho apresentará uma composição inédita baseada em poemas do autor duriense António Cabral O programa termina com a mesa redonda “Conversas Vintage” que reunirá diversos protagonistas do sector do vinho do Porto.
08 Dez a 28 Dez’09
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repórterdomarão
C a r t o ons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]
Presidente da Coreia do Norte - KING JONG IL
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