repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
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‘Barragem não mete medo’ Nº 1230 | Quinzenário | Ass. Nac. 40€ | Ano 25 | Director: Jorge Sousa | Director-Adjunto: Alexandre Panda | Subdirector: António Orlando | Edição:Tâmegapress | Redacção: Marco de Canaveses | 910 536 928
– assegura o presidente da Câmara de Amarante
Horários no Douro afugentam passageiros
Românico aproxima Tâmega e Sousa
Professor de Bragança é o ‘anjo da guarda’ dos imigrantes de Leste MANUEL MOREIRA | CM Marco de Canaveses
‘Com cinco milhões de euros por ano não é possível fazer mais’ O condicionamento financeiro em que vive a Câmara do Marco de Canaveses vai demorar “vários mandatos” a ultrapassar. Essa é a convicção do presidente da autarquia, Manuel Moreira, que estima ser necessário o tempo de “uma geração”. p.15
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sociedade
Autarca de Amarante e
“Estou preparado p O
estudo ambiental da barragem de Fridão está em fase de discussão pública até 15 de Fevereiro, mas o assunto parece interessar pouco à maioria da população, atitude mais difícil de perceber por tratar-se da fase decisiva do processo. Visto pelas associações ambientalistas como “partidário” da barragem, o presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu, diz confiar no trabalho dos técnicos que acompanham o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) e “preparado para não ter medos”. Em entrevista ao Repórter do Marão, o presidente da Câmara de Amarante afirma que tomou a decisão de optar pelo “conhecimento científico” em detrimento do “conhecimento do senso comum”. O que está actualmente em avaliação ambiental é a execução da barragem de Fridão, mas a sua construção está directamente relacionada com o aproveitamento já existente a jusante, no Torrão, foz do rio Tâmega, pelos efeitos que provoca no ecossistema da cidade. É por isso que a manutenção da cota da barragem do Torrão – desde a sua entrada em funcionamento, há 20 anos, no nível 62 – é fundamental para manter alguma corrente no Tâmega na área urbana (em vez de uma espécie de lago, com águas paradas). Ou seja, o limite do regolfo do Torrão (local até onde chegam as oscilações da cota das águas de uma albufeira) não pode ultrapassar o chamado açude dos Morleiros, em frente ao parque florestal. O autarca de Amarante recorda que embora a barragem esteja preparada para funcionar à cota máxima de 65, a autarquia não permitirá que tal aconteça. “Quando o município der o parecer [sobre o EIA da barragem de Fridão], evidentemente que não vai deixar de referir o facto de que embora a barragem possa funcionar à cota 65, não aceitamos que ultrapasse a cota 62. Aliás, é o compromisso que existe. Penso que tem sido e continuará a ser cumprido. A própria EDP já disse isso
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a barragem de Fridão
ara não ter medos” Paula Costa e Jorge Sousa | tamegapress@gmail.com | Fotos CMA, EDP e Arquivo
publicamente. Há o compromisso público”, afirmou. Questionado sobre se estão a ser devidamente ponderados os impactes negativos da nova barragem de Fridão – situada a apenas oito quilómetros a montante da cidade e com a albufeira à cota 160 –, o presidente responde que “as universidades estão envolvidas no EIA e portanto não deixarão de ter em conta os aspectos negativos e positivos da construção desta barragem”. O mesmo acontece com a Agência Portuguesa do Ambiente e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, entidades públicas que estão a “acompanhar o desenvolvimento do EIA e vão pronunciar-se”. E isso deixa o presidente da Câmara de Amarante descansado? “Não, não deixa descansado… Repare uma coisa: é o conhecimento científico e técnico. Estou preparado para aceitar como bom o que os peritos de competência técnica reconhecida irão dizer. Em princípio, são pessoas independentes, não tenho nenhuma razão para desconfiar, nomeadamente dos peritos do Governo e das entidades públicas”.
| A segurança e o medo | Armindo Abreu
tem consciência que “para a população em geral há duas preocupações fundamentais: a questão da segurança – já fizemos esse debate e sei que as pessoas que estiveram presentes saíram descansadas em relação a essas questões –, mas admito que se mantenha esse medo e até será óptimo por causa dos riscos induzidos, porque evidentemente uma barragem num rio cria riscos”. “Se as pessoas ficarem completamente alheadas, dizendo racionalmente que não há problema absolutamente nenhum, em simulações que se possam fazer
não reagem e é necessário reagir para que os planos de emergência funcionem e possam ser devidamente testados”, acrescenta o autarca. A nível da segurança, por se tratar “de uma estrutura em betão, feita com a experiência que a engenharia portuguesa tem” é um aspecto tido como positivo. “E veja que temos várias barragens no Douro e nunca houve nenhum acidente. E fiquei a saber outra coisa: é que todas estas barragens estão a ser monitorizadas ao segundo”, sublinha o autarca, afirmando que o único fenómeno natural que poderia fazer colapsar uma barragem seria um tremor de terra.
| Questões ambientais |
Em curso estão diversos debates sobre os impactes ambientais. “O que me parece que mais preocupa a população é a qualidade da água. Não sou técnico. É para isso que se fazem estes debates. Aí há várias opiniões: há técnicos que defendem que existe uma clara degradação da qualidade da água. Há outros técnicos que defendem que a água que corre pode até permitir a melhoria da qualidade a jusante [da barragem], dependendo dos caudais e da própria qualidade da água a jusante, que é péssima, na albufeira do Torrão”, considera. Armindo Abreu diz que tem feito a si próprio uma pergunta: “E se de tempos a tempos houver uma descarga maior de água isso não melhorará a qualidade da água na albufeira do Torrão? A simples movimentação aumenta a oxigenação da água, agora depende se ela vem mais ou menos degradada de montante”. A concluir, o presidente da Câmara de Amarante defende – mau grado reconhecer aos biólogos preocupações legítimas na questão da fauna e aos botânicos competências no que se refere à flora –, que deve prevalecer “o interesse público”.
ESCALÃO PRINCIPAL Localização da Barragem
4,7 km a montante da foz do rio Olo
Altura da Barragem
97 m
Largura da Barragem
300 m
Extensão da Albufeira
33 km
Área Inundada
817 ha
Volume Armazenado (para o NPA)
196 mil hm3
Nível Mínimo em Exploração Normal
-157
Caudal Máximo a lançar pela Central
350 m3/s
Queda de Água
77 m
Potência no alternador (MW)
238 MW
Energia (média/anual) produzida
295 GWh
Volume de Escavação
901 mil m3
Volume de Betão
364 mil m3
BARRAGEM DE JUSANTE Localização da Barragem
0,5 km a montante da foz do rio Olo
Altura da Barragem
30 m
Largura da Barragem
135 m
Nível de Pleno Armazenamento
-86
Nível Mínimo em Exploração
-77
Volume Armazenado (para o NPA)
5,3 mil hm3
Caudal a lançar para jusante
A lançar conforme condicionantes
Volume de Escavação
175 mil m3
Volume de Betão
59 mil m3
VALORES TOTAIS Acessos e Restabelecimentos
8,7 km
Investimento Total
255 milhões euros
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cultura
Românico aproxima Sousa e Tâmega Há 36 monumentos catalogados nos seis novos municípios mas apenas um ou dois por cada entrarão na Rota A assinatura dos protocolos que estabelecem o alargamento da Rota do Românico do Vale do Sousa à região do Tâmega está marcada para meados de Fevereiro, numa cerimónia pública em que será formalizada a adesão de mais seis municípios: Amarante, Baião, Marco de Canaveses, Celorico de Basto, Cinfães e Resende. De acordo com o inventário feito por iniciativa da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, existem nestes seis novos municípios 36 monumentos que poderão vir a integrar a Rota do Românico. Mas, sendo “impossível arrancar com os 36 imóveis”, explicou ao Repórter do Marão Rosário Machado, directora da Rota do Românico do Vale do Sousa, serão escolhidos um, ou eventualmente dois, por concelho. Nesses monumentos serão feitas obras de salvaguarda e recuperação, financiadas por dinheiros da União Europeia, do Turismo de Portugal e das autarquias. A equipa da Rota do Românico vai ser reforçada com técnicos do Baixo Tâmega e a partir de Março deverá iniciar-se o trabalho conjunto, adiantou Rosário Machado considerando que a inclusão de um número maior ou menor de imóveis “vai depender da
vontade e da capacidade dos municípios”. No próximo ano deverá iniciar-se a integração dos primeiros monumentos românicos do Tâmega e, “se tudo correr bem”, salienta a directora, o processo de alargamento deverá estar concluído em 2015 ou, no limite, em 2017. Nessa altura, a Rota do Românico será “um produto comum”, já sem a designação que a liga ao Vale do Sousa. Directora da Rota do Românico desde 2006, a socióloga Rosário Machado diz acreditar que este alargamento traduz “uma perspectiva de retorno histórico” a uma região que nos séculos XII e XIII “era uma só”, governada pelos Sousa e pelos Ribadouro, duas proeminentes famílias nobres que estavam entre as seis que formavam o Condado Portucalense, recorda. A solidez e consolidação da Rota do Românico terá “claramente” efeitos na coesão dos territórios, que sairá reforçada “a partir dos elementos patrimoniais”, porque trata-se de “um projecto de desenvolvimento territorial que tem como função a sua coesão”, refere a directora. Para o presidente da Associação de Municípios do Baixo Tâmega, Armindo Abreu, o alargamento da Rota do Românico é um passo “no sentido da unida-
de regional”. “Com os êxitos e os inêxitos até agora alcançados, está a começar a criar-se esse sentimento de região. Por exemplo, hoje é com naturalidade que a região do Sousa entende que a Rota do Românico deve ser estendida a todo o Tâmega. Já é um sinal”, considera o autarca. Chegou-se à conclusão que “é útil para as duas sub-regiões, para eles e para nós, fazermos uma rota mais alargada. São pequenos passos, mas são passos, apesar de tudo”, entende Armindo Abreu. Actualmente a Rota do Românico do Vale do Sousa, que tem como entidade gestora a Associação de Municípios do Vale do Sousa, abrange 21 monumentos dos municípios de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel. A Rota do Românico do Vale do Sousa recebeu este mês duas distinções: uma atribuída pelo Turismo de Portugal, no âmbito da Feira Internacional de Turismo que decorreu no Parque das Nações, em Lisboa e a outra, em Madrid, na Feira Internacional de Turismo - FITUR 2010 onde lhe foi atribuído o XXXV Troféu Internacional de Turismo, Hotelaria e Gastronomia. Paula Costa
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Sala transmontana é líder Mais de 65 mil pessoas assistiram aos 420 espectá
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sucesso acumulado ao longo dos últimos seis anos pelo Teatro de Vila Real não se pode dissociar da equipa liderada por Vítor Nogueira. Em 2009, o teatro voltou a ser líder nacional em visitantes e espectadores.
É um apaixonado pelas letras. Conjuga a escrita com a direcção do Teatro e a coordenação da Biblioteca Municipal. Vítor Nogueira é, aos 43 anos, o homem da cultura em Vila Real. Natural da cidade transmontana, foi professor no ensino politécnico, jornalista e já escreveu 13 obras entre poesia, ensaio, filosofia e historiografia local. Ler, escrever ou assistir a espectáculos são algumas das coisas com que mais gosta de ocupar o seu tempo. Tempo esse que é repartido com a família, a mulher e os dois filhos de 9 e 14 anos. “Tenho uma vida muito organizada”, afirmou ao Repórter do Marão. O seu último livro, “Mar Largo” foi considerado pelo semanário Expresso como uma das melhores obras de 2009, reunindo um conjunto de poemas que têm como ponto de partida o calcetamento, em 1848, da Praça do Rossio, em Lisboa. Na sua volta à praça o autor fala-nos dos trabalhos, executados por reclusos, ou então dos seus cafés, reflectindo sobre o sentido da vida ou expondo inquietações. Há oito anos, Vítor Nogueira (na foto, à direita) foi convidado pelo presidente da Câmara de Vila Real, Manuel Martins, para liderar o projecto do Teatro Municipal, que entrou em funcionamento em Março de 2006. Há cinco anos assumiu também a Biblioteca Municipal. Em tudo o que mexe, parece que ganha vida.
| Seis anos a dar espectáculos |
Seis anos depois de ter sido inaugurado pelo então primeiro-ministro, Durão Barroso, o Teatro de Vila Real continua a ser o equipamento da Rede Nacional de Teatros e casas de espectáculos do país a registar o maior número de visitantes e espectadores a nível nacional. “Foi um ano bom. Embora com menos gastos, mantivemos o fluxo de público. A nossa aposta continua a ser na qualidade da programação em vez da quantidade”, salientou Vítor Nogueira. Em 2009, o Teatro recebeu a visita de 283.576 pessoas, registando uma média de ocupação de salas de cerca de 90 por cento. A média de visitantes entre 2004 e 2008 foi de 259.023, enquanto que a média nesses quatro anos de ocupação das salas foi de 88,6 por cento. “O grande objectivo continua a ser facilitar o acesso à cultura, através de preços baixos e acessíveis aos nossos espectadores”, afirmou. Mais de 65 mil pessoas assistiram aos 420 espectáculos. O custo médio de cada espectador foi de 15 euros. A média entre 2004 e 2008, rondou os 66 mil espectadores. Na programação do ano passado estiveram representados 19 países, houve seis estreias nacionais em Vila Real, sete espectáculos únicos em Portugal e duas co-produções. As estatísticas de 2009 revelam ainda que cerca de 60 mil pessoas visitaram as ex-
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nacional em visitantes e espectadores culos realizados em 2009 Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com | Fotos Miguel Meireles e TVR
posições permanentes e itinerantes e mais de 20 mil visitaram o Museu do Som e da Imagem. O Teatro de Vila Real conta já com um cartaz de espectáculos anuais com público fidelizado e em número crescente, como é o caso do FAN (Festival de Ano Novo), Vinte e Sete (Festival Internacional), Músicas do Mundo (Festival de Verão) e o Douro Jazz. Vítor Nogueira diz que o equipamento “facilita” o trabalho da equipa que lidera. Pois ao grande auditório, com mais de 500 lugares, junta-se o pequeno auditório, o auditório exterior, o café concerto, a sala de exposições, a galeria bar e o museu da Imagem. “Não é fácil trabalhar com uma única sala grande”, referiu. Do trabalho feito em 2009, o director destacou a coprodução com a Peripécia, cujo espectáculo esteve um mês em cena no Teatro D.Maria II. O orçamento anual do Teatro é de um milhão de euros. Mas, em 2010, a estrutura vai contar com o apoio dos fundos comunitários, através de candidaturas já aprovadas, como o projecto Articular, que irão reduzir “o esforço financeiro da câmara”.
| Ana Moura e Rodrigo Leão |
A nova temporada na programação do Teatro Municipal de Vila Real arrancou com a “mais internacional” das edições do FAN – Festival de Ano Novo, que, durante o mês de Janeiro, propôs 24 concertos nas cidades de Vila Real, Bragança e Chaves. Os músicos vieram da Bulgária, Bélgica, Coreia do Sul, Inglaterra e Portugal e, sob o lema, “Música séria para gente divertida”, o FAN pretende chegar a públicos de todas as idades e de todos os gostos e ao mesmo tempo incentivar o turismo cultural neste território. No entanto, os “momentos altos” da área da música para o primeiro trimestre deste ano, vão ser os concertos de Rodrigo Leão, que regressa a Trás-os-Montes a 13 de Fevereiro para apresentar o novo álbum “A Mãe”, e a fadista Ana Moura que actua pela primeira vez em Vila Real
a 06 de Março com o seu mais recente trabalho “Leva-me aos Fados”. Uma das “obras maiores” do dramaturgo inglês William Shakespeare, “Otelo”, será apresentada em Março pela ACE/Teatro do Bolhão, o espectáculo que dá o arranque ao Vinte e Sete – Festival Internacional de Teatro. As propostas nesta área integram ainda outro dramaturgo importante da história do teatro, designadamente Samuel Beckett, com a peça “Começar a Acabar”, que será representada pelo actor João Lagarto.
| Garrett pela Jangada Teatro | A dramaturgia portuguesa será representada pela Jangada Teatro que traz ao palco transmontano a peça “Frei Luís de Sousa”, de Almeida Garrett. Os novos dramaturgos portugueses também têm espaço na programação de 2010, como é o caso de Daniel Jonas, que verá um dos seus textos encenados pela companhia Teatro Bruto. A peça “Reféns”, com texto de Daniel Jonas, assinala o sexto aniversário do Teatro Municipal de Vila Real. O espectáculo do novo circo “Paisagens em Trânsito” será apresentado pela companhia Circolando, e na área da dança, a Quorum Ballet, vencedora da primeira edição dos Prémios de Dança em Portugal, apresentará o espectáculo “Impacto”, que inclui uma sessão para as escolas. Pelos palcos do teatro passarão ainda os portugueses The Weatherman, um banda que recupera o universo pop dos Beatles, a Roda de Choro de Lisboa, que une músicos portugueses e brasileiros, e a OliveTreeDance, uma banda de Renato Oliveira, natural de Vila Real. As exposições que poderão ser vistas neste trimestre são: “Rádios Gira Discos”, a partir de 5 de Fevereiro no Museu do Som e da Imagem, a exposição de fotografia “Entre Nós”, que uniu jovens de Alijó e de Matosinhos, de 17 de Fevereiro a 3 de Março e a pintura de Eurico Borges, de 6 a 31 de Março, na sala de exposições.
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sociedade
Ministra recebe Alto Tâmega
Horários no Douro afugentam passageiros Intervalos dos comboios na Régua chegam às 4 horas Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com
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om uma cadência de comboios que nas horas de ponta chega a ser inferior a meia hora, a Linha do Douro até Caíde contrasta em absoluto com o resto do troço até à Régua onde os intervalos entre a passagem das composições chegam a durar quatro horas. Na Linha ferroviária do Douro coexistem duas realidades completamente distintas. Uma, no troço servido pelos comboios suburbanos , que termina em Caíde, no concelho de Lousada. Durante a semana, as várias dezenas de automóveis estacionados junto à estação de Caíde comprovam a grande afluência de passageiros de freguesias e concelhos vizinhos a um serviço que nos dias de semana disponibiliza diariamente cerca de duas dezenas de comboios. A outra, oposta, é a que se vive no troço onde a linha não foi modernizada e onde opera o serviço regional da CP, entre Caíde e a Régua. A insuficiente oferta de horários há muito que motiva queixas dos utentes e obriga passageiros que residem no interior do distrito do Porto (nos concelhos de Baião e do Marco de Canaveses) a levantarem-se de madrugada para conseguirem chegar a tempo ao trabalho, ao hospital ou à escola, no Porto. “A Linha do Douro está muito mal de comboios, acima do Marco”, comenta uma passageira à beira de completar 70 anos. Residente em Santa Cruz do Douro, concelho de Baião, com problemas de saúde que obrigaram a um transplante renal, sempre que precisa de ir ao Hospital de S. João, no Porto, levanta-se às 04:30 da manhã. Faz a pé o percurso até à estação ferroviária de Aregos, onde apanha o comboio das 06:37. Na estação de Caíde muda para um comboio suburbano que segue até Porto-S. Bento. “Uns são portugueses, outros são espanhóis”, critica outro passageiro, ferroviário aposentado e residente em Ancede, Baião, referindo-se aos poucos comboios que saem da estação da Régua. “Esperamos aqui horas perdidas. Já estou aqui há quase duas horas… porquê?”, pergunta uma idosa, en-
quanto espera que parta da Régua o primeiro comboio regional da tarde. O anterior tinha partido quatro horas antes. Os passageiros queixam-se de que o serviço tem vindo progressivamente a degradar-se: “Piorou, mas de que maneira!”, responde de imediato a passageira. De Caíde até ao Marco “devia haver mais comboios”, considera outra passageira com cerca de 40 anos que usa regularmente o transporte ferroviário para ir a consultas médicas no Porto. Nessa manhã saiu da estação do Marco de Canaveses às 06:35 no comboio que chega ao Porto às 08:00. A passageira sabe que está prometida a melhoria da linha, mas também já constatou que a promessa está por cumprir. “Nunca mais andam com ela”, diz. “Venho sempre no [comboio] mais barato”, opção que faz com que, por vezes, tenha de esperar no Porto “duas a três horas” pelo comboio até ao Marco de Canaveses. Outra situação que demonstra a desadequação dos horários é explicada ao Repórter do Marão por um utente de 36 anos que trabalha na zona da Maia e utiliza o comboio seis dias por semana. O primeiro comboio Inter-Regional que sai da Régua, às 07:30, não pára em nenhuma estação do concelho de Mesão Frio, o que obriga pessoas que moram neste concelho a terem de se deslocar de automóvel 12, 15 e mais quilómetros até à estação de Ermida, no vizinho concelho de Baião, para aí entrarem no InterRegional que chega a Campanhã às 09:16. Se o comboio parasse em Barqueiros, a diferença na chegada ao destino seria de apenas quatro minutos, soube o RM. Tamillys Reis entrou com uma amiga na estação de Mosteirô. A jovem estudante universitária reside em Cinfães (a 15 quilómetros) e até chegar ao Porto conta com “uma viagem longa e stressante”. Os comboios a diesel da década de 70 do século passado não têm fichas para ligar o computador, nem ar condicionado, nem serviço de bar. A universitária deixa o recado à CP: “o serviço podia ser bem melhor”.
A Associação de Municípios do Alto Tâmega (AMAT) reúne-se a 03 de Fevereiro com a ministra da Saúde para denunciar alegados problemas funcionamento da unidade hospitalar de Chaves, incluída no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro desde 2007. Os seis autarcas de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar, vão a Lisboa falar sobre a saúde na região. O presidente da Câmara de Boticas, Fernando Campos, fala numa “situação escandalosa” como estão a ser prestados os serviços de saúde à população que é servida pelo Hospital de Chaves. O autarca de Chaves, João Batista, disse que “são inúmeras as queixas” apresentadas contra a unidade hospitalar de Chaves, que não “tem conseguido dar resposta às carências dos utentes”. Referiu ainda que esses problemas estão essencialmente relacionados com a “falta de médicos”. A administração do CHTMAD também já reconheceu que os problemas e as queixas que se colocam em Chaves são as urgências, onde “se regista um afluxo muito grande de pessoas”.
Parque de Ciência e Medicina são novas apostas da UTAD A Universidade de Vila Real quer avançar com dois projectos “estruturantes”, o Parque de Ciência e Tecnologia de Trás-os-Montes e Alto Douro e o curso de Mestrado Integrado de Medicina. Depois de ter sido reprovada uma primeira candidatura aos fundos comunitários, os promotores estão a preparar uma nova candidatura conjunta do Parque de Ciência e Tecnologia de Trásos-Montes e Alto Douro. Mascarenhas Ferreira referiu que a UTAD, em parceria com um dos maiores grupos privados portugueses ligados ao ensino e saúde, o CESPU, quer criar o primeiro curso de Medicina fora de uma faculdade. O mestrado está programado para a frequência de 60 alunos. As eleições para a reitoria da UTAD vão decorrer no primeiro semestre deste ano.
Boa resposta cirúrgica no C.H. do Tâmega e Sousa O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), com unidades em Penafiel (Hospital Padre Américo) e Amarante (Hospital de S. Gonçalo), com universo populacional superior a meio milhão de habitantes, apresenta a melhor capacidade de resposta ao nível das cirurgias no norte do país. De acordo com o hospital, “nenhum doente ultrapassa o tempo de espera máximo”. Segundo a fonte, a média das listas de espera do CHTS registava, no final de 2009, um mês e meio, enquanto que a média da região Norte era superior a três meses. O centro hospitalar explica que estes indicadores resultam da “aposta estratégica” de alargar o funcionamento do bloco operatório e do investimento efectuado ao nível do ambulatório”.
Trás-os-Montes unido O presidente da Comunidade Intermunicipal de Trás-os-Montes, Fernando Campos, definiu como um dos principais propósitos conseguir unir as duas comunidades intermunicipais transmontanas: a de Trás-os-Montes e a do Douro.
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Imigrantes de Leste elogiam acolhim Professor de Bragança é o “anjo da guarda” de ucranianos, romenos, moldavos e
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uando chegaram, os lugares eram desconhecidos, os rostos pouco familiares e a língua completamente ininteligível. Só o frio não era estranho para os imigrantes de Leste que, em 2000, começaram a “invadir” Bragança. Na nova terra, descobriram a mão amiga de Luís Costa, que os ajudou a traduzir documentos e os acompanhou em várias situações de necessidade. A casualidade acabou por marcar o primeiro contacto. “Um dia, ia a passar na rua e ouvi-os a falar russo. Meti conversa com eles, perguntando se eram turistas ou quê e eles ficaram muito admirados por alguém falar russo”, recorda o professor do Instituto Politécnico de Bragança. E foi logo nesse primeiro momento que os imigrantes lhe pediram ajuda. “Comecei a falar com os senhorios e a traduzir documentos. Eles ficaram com o meu contacto de telemóvel e, quando era preciso, ligavam-me.” Depois de ter concorrido a uma bolsa de estudo, Luís Costa foi viver para Krasnodar (na ex-União Soviética), onde fez a licenciatura, o mestrado e o doutoramento. Os nove anos e meio de permanência em território soviético justificam a fluência em russo e a única motivação para ajudar os imigrantes. “Estudei à custa deles, por isso, já pagaram adiantado. Não faço mais do que o meu dever de gratidão para com eles”, reitera. Nesse apoio à integração é preciso criar empatia e estabelecer vínculos de confiança. O segredo de Luís Costa ser tão bem sucedido está “na própria vivência, já que uma das maiores riquezas que trouxe de lá foi ter estudado com pessoas de cerca de 60 países diferentes, o que me deu maior maleabilidade de estar e compreensão dos outros”. Mykmaylo Sydoruk, 30 anos, foi dos primeiros imigrantes a cruzar-se com Luís Costa. “É a única pessoa em Bragança que fala russo e entende-nos melhor do que qualquer outra, dá-se com todos e está sempre disponível.” O ucraniano não esquece a ajuda prestada no processo de legalização. “Foi de início o nosso tradutor para todos os documentos, é muito nosso amigo.”
Luís Costa percebe perfeitamente quais os obstáculos à integração num país estrangeiro ou não tivesse passado também por essa experiência. A barreira linguística acabava por dificultar tudo o resto. “Não lhes era possível ler os contratos de trabalho e, por isso, vários tiveram que recorrer ao tribunal de trabalho. Se as pessoas não sabem entender a língua é difícil explicar as leis do nosso país.” Além de ter traduzido contratos de trabalho, documentos para a Direcção-Geral de Viação e para o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), teve ainda um papel importante na inserção dos filhos dos imigrantes. “Agora as escolas já têm esse serviço, mas antes traduzia documentos [cadernetas de educação] e tratava com os professores.”
| Começou como tradutor | De sorriso fácil e boa disposição constante, o engenheiro agrónomo de 51 anos estava longe de imaginar que viria a tornarse uma referência para a comunidade imigrante e não só. Tanto na polícia como nos tribunais do distrito ainda hoje o chamam para “servir como tradutor”. “No início do próximo mês tenho que ir ao Tribunal de Valpaços”, diz. Há sete anos que Bragança é a residência oficial de Tatiana Roborciuc e tão depressa não deve deixar de o ser. “Fico aqui porque gosto muito das pessoas”, confidencia. Vinda da Moldávia, esta imigrante de 41 anos refere-se a Luís Costa como “uma pessoa muito boa, impecável mesmo”. Conheceu-o num jantar e ele acabou por ajudá-la “em todas as questões de papéis, como declarações ou documentos de casamento”. Tatiana veio para a capital de distrito depois de ter ficado sem trabalho em Lisboa. “Tinha cá um amigo que me ligou e vim. Ao segundo dia, comecei a trabalhar”, revela sorridente. Apesar de “já falar português”, a língua foi a principal dificuldade. Para que os imigrantes pudessem aprender a língua portuguesa e a legislação nacional, Luís Costa empenhou-se na criação de uma escola que funcionou, durante mais de dois anos, no Centro Cultural da cidade. Por lá passaram mais de uma centena de imigrantes e serviu também como “centro de emprego, onde os empresários
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imigração
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ento brigantino russos Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos PP iam à procura de trabalhadores”. Se há uns anos os imigrantes procuraram Luís Costa “bastantes vezes, quase diariamente”, hoje em dia é “mais pontualmente, só quando precisam”. O engenheiro considera que, agora, a corrente imigratória “parou praticamente” e está convencido que quem cá está é para ficar, até porque “já trouxeram os garotos”. Natural da Bielorrúsia, Veronica Yakubchik tem 35 anos e está em Bragança desde 2002. Trabalha numa lavandaria e é na cidade transmontana que tenciona permanecer. “É um meio pequeno e o acolhimento foi bom. Gosto muito disto.” Tem como vizinho Luís Costa, que “sempre explica documentos do SEF ou do tribunal, quando a gente precisa”. “É muito boa pessoa, tem coração grande”, assegura. Segundo os dados do SEF relativos a 2008, residiam 1679 imigrantes no distrito de Bragança. Dos países de Leste, os mais representados eram a Ucrânia com 201 imigrantes (128 homens e 73 mulheres), a Roménia com 111 (59 homens e 52 mulheres) e a Moldávia com 110 (63 homens e 47 mulheres). Todos estes imigrantes eram detentores de títulos de residência ou com vistos de longa duração.
| Histórias que ficam na bagagem | Ao longo do tempo, houve alguns episó-
dios que o marcaram, desde o falecimento de um ucraniano ao moldavo que sofria de amnésia. No primeiro caso, “a complicação” foi com o funeral. “Queriam fazer-lhe um enterro cristão ortodoxo e eu, que sou ateu, tive que andar a resolver essa questão”, conta. Depois de alguma reticência inicial, a missa “acabou por ser rezada por dois padres”. Na outra situação, a polícia apareceu-lhe em casa porque “não sabia o que fazer” com um moldavo que tinha partido uns vidros de uma institui-
ção pública para pernoitar. O imigrante “bem-posto”, trazia dinheiro consigo e tinha visto, logo não podia ficar preso. “Ele pensava que estava na Moldávia, numa aldeia vizinha. Pensámos em interná-lo, porque estava amnésico, mas através do telemóvel descobri o número do genro”, explica Luís Costa. Então, engenheiro e polícias quotizaram-se para lhe comprar o bilhete de autocarro e enviaram-no para Lisboa ao encontro do familiar, mas o transbordo no Porto fez com que o moldavo andasse por lá até ser encontrado 15 dias depois, sem documentos e sem nada.
| Um convite inesperado | Há cerca
de dois anos, no seguimento de uma conversa informal, Luís Costa recebeu um convite do Cônsul da Ucrânia no Porto. “Entrei em contacto com ele por causa de uma certidão de casamento, que serviria para confirmar que o cidadão ucraniano nunca tinha sido casado e que estava a demorar meses. Foi quando ele disse que já me conhecia, para meu grande espanto, e me perguntou se não queria ser cônsul honorário”, recorda. Avesso a títulos “por natureza”, Luís Costa recusou ou não ajudasse agora os filhos daqueles que, um dia, o ajudaram. O apoio estende-se, na maioria dos casos, a imigrantes de nacionalidade ucraniana, romena, moldava e russa, sendo que não quer “ter a contabilidade” de quantos já terá auxiliado. Diz-se “compensado por certos laços de amizade que se foram estabelecendo”, daí a sua presença ser agora mais solicitada para convívio em almoços e jantares. Quando se encontram, falam russo, esse idioma que legitima a cumplicidade. “São os meus meninos”, diz Luís Costa quando se aproxima do grupo de imigrantes. Lá longe, mais a Leste da Europa, ficam as raízes.
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sociedade
Padeiro com mão esmagada em Paços de Ferreira Um funcionário de uma padaria ficou, a 25 de Janeiro, com uma mão esmagada depois de ter ficado preso numa máquina em que estava a trabalhar durante a madrugada, no centro da cidade de Paços de Ferreira. O jovem de 25 anos estava a preparar massa para cozer o pão quando a mão ficou presa por uma máquina. Os colegas de trabalho da empresa Panipal é que chamaram o 112, por volta da 01:00. O trabalhador foi assistido pelos bombeiros de Paços de Ferreira e transportado para o hospital de Penafiel.
Ourives assaltados e roubados em Lousada Um casal de ourives regressava a casa a pé, depois de ter estado no velório de um amigo da família, quando foi abordado por encapuzados armados a 16 de Janeiro, em Lousada. Homem e mulher foram empurrados para dentro da carrinha dos assaltantes que tinham outros cúmplices no veículo. Durante cerca de meia hora, os assaltantes andaram de carro pelas ruas de Lousada, até pararem em frente à ourivesaria Neto onde fez o proprietário abrir a loja e dar o código de abertura do cofre-forte, que continha uma grande quantidade de ouro. Ramiro Gomes ainda tentou resistir aos assaltantes mas foi agredido com um golpe de coronha na cabeça ficando deitado no chão da loja enquanto a mulher permaneceu dentro da viatura dos assaltantes, sendo mais tarde abandonada.
Encapuzados roubam tabaco em Paredes Um grupo de pelo menos quatro encapuzados montou na manhã de 20 de Janeiro, uma emboscada a uma carrinha de tabaco, simulando um acidente de viação, na localidade de Sobreira, em Paredes. Uma viatura de segurança, que acompanhava o pesado de distribuição, conseguiu escapar à emboscada preparada ao pormenor, e alertou de imediato as autoridades. De uma carrinha com dezenas de milhares de euros de tabaco, os encapuzados apenas levaram cerca de 40 embalagens. As autoridades acreditam que o assalto foi preparado ao pormenor, uma vez que os assaltantes balizaram previamente a estrada pela qual a carrinha de tabaco passava habitualmente.
PJ acaba com sequestro em Paços de Ferreira A Polícia Judiciária deteve, em Paços de Ferreira, um homem de 41 anos e outro de 42 que sequestraram uma mulher estrangeira durante cinco horas, agredindo-a violentamente. De acordo com a polícia, a vítima, de 33 anos, foi “violentamente agredida” no interior da residência do seu actual companheiro. De seguida, “foi introduzida à força no interior de uma carrinha do tipo furgão, que, horas mais tarde, foi interceptada” pela PJ. Aos arguidos, diz a polícia, é imputada também a prática reiterada de crimes de tráfico de pessoas e lenocínio em vários estabelecimentos de diversão do Vale do Sousa. Um dos detidos tem antecedentes policiais pela prática dos mesmos crimes, refere a PJ.
Mão amiga a quem quer deixar as drogas duras ou o álcool É por haver gente que chegou “ao fundo do poço” peração terá de cumprir. que existem os Narcóticos Anónimos (NA). Essa meOs grupos, que têm um coordenador (o cargo de táfora é frequentemente usada por quem teve ou tem mais responsabilidade), são muito heterogéneos. Apaexperiência de consumo de drogas (álcool ou drogas recem pessoas sem-abrigo (ou muito perto dessa conduras). São esses “adictos em recuperação”, dependen- dição), dependentes da Segurança Social, funcionários tes de drogas mas também do jogo, que frequentam as públicos, até ao empresário bem sucedido ou às figureuniões dos NA que se regem por um preceito funda- ras públicas do meio artístico ou da política. Resuminmental: o anonimato. Entre quem aparece às reuniões do: “Basta ser humano e ter problemas” de consumo de o que conta é o nome próprio. Os apelidos, que cono- drogas duras, jogo e bebida. tam com o contexto familiar ou público, são irrelevanHá quem reconheça no seu percurso pessoal “uma tes. Dessa forma “Somos todos iguais embora sejamos aptidão muito grande”, uma propensão obsessiva para todos diferentes” (ouve o Repórter do Marão, na reu- consumir drogas, e lembrar-se vagamente de como conião nocturna dos NA de Lousada), e põe-se em práti- meçou, na adolescência, experimentando comprimidos ca um dos princípios basilares do movimento criado em e de, muitos anos e um tormentoso caminho, ter a no1953 nos Estados Unidos da América, e que segue um ção de estar a chegar ao fim da linha. Para trás ficava programa espiritual, não religioso. Em Portugal, os NA uma longa “lua-de-mel” com as drogas. “Estava farto, existem há 25 anos. farto, farto, de droga. Tinha 38 anos já feitos, tinha heA primeira condição para pertencer aos NA é “re- patite e tinha que deixar de beber senão morria”. Deconhecer que se tem um problema e que se quer tra- pois de sucessivas desintoxicações, do apoio da famítá-lo”. Os grupos guiam-se “pelos 12 passos e pelas 12 lia, das rupturas, do desalento, há quem vá ter aos NA. tradições”, que se traduzem em momentos e em rituais “Agarrei-me a isto como a última tábua de salvação. que se põem em prática nas reuniões. Esses 12 passos Pensei: se funciona para outros tem de funcionar para correspondem às etapas para prosseguir a recupera- mim”. Fala-se da importância de “não sofrer por anteção individual, processo que exige “humildade, mente cipação”, de encontrar o equilíbrio, de acreditar que “as aberta e boa vontade”. Se a tentativa “resultar, muito coisas hoje estão melhor que ontem e amanhã estarão bem”, se falhar, o grupo de NA está lá e pode aconte- melhor que hoje”. Manifesta-se o desejo de não fazer cer que noutro momento, noutras circunstâncias, outra grandes projectos que podem impedir de “ viver o dia tentativa resulte. de hoje”. Espaços de auto e de entreajuRecuperar só é possível pela Nas regiões do Tâmega e Sousa e do Douda, onde existe identificação, pardeterminação, pela vontade próro há quatro grupos organizados de NA que reúnem semanalmente: em Amarante (nas tilha, e se criam laços de amizapria. “Deixei de andar aos estraseiras da igreja de S. Pedro), em Lousada, de, as reuniões dos NA acontecem ses, de andar para trás”, conta o mais antigo, fundado em 1995, e que reúporque há gente que tendo chegaquem até à adolescência “estune numa sala ao lado da igreja do Senhor do “ao fundo do poço” deparou-se dava, comia, dormia” e era acódos Aflitos; em Penafiel, na Junta de Freguecom duas saídas: procurar, por velito na igreja. sia de Novelas e em Vila Real, na União Arzes desesperadamente, a sobrevi“Quando fui para a grande tística Vilarealense, (junto à câmara municipal). Uma vez por mês há uma reunião que é vência ou afundar (o mesmo que cidade [estudar na universidade] aberta ao público. morrer). parecia que me tinham aberto Na região do Tâmega e Sousa há cerca “Quem chega pela primeira as portas do paraíso”. A mesma de 40 “adictos em recuperação”. Apesar de vez é a pessoa mais importante da pessoa consegue agora aperser “uma população um bocado flutuante”, reunião”. Traz consigo “o desejo ceber-se que a “fuga e a comparticipam regularmente nas reuniões cerca de parar de usar”. O ponto de parpulsividade” estavam lá, no seu de 12 pessoas. Mais informações sobre os NA na intertida é o “só por hoje”, as primeiras trajecto pessoal, e são traços conet em www.na-org.pt ou pelo número de te24 horas sem consumir drogas (ou muns a muitos dos que tentam a lefone 800 202 013 (linha de ajuda). sem jogar) que o adicto em recurecuperação. Paula Costa
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Choque fatal na A4 para cinco operários do Marco Acidente causou comoção na freguesia de Soalhães
tâmega e sousa
Lousada requalifica centro urbano O projecto de requalificação do centro urbano de Lousada vai obrigar à demolição do actual estádio municipal e à construção de um novo nos arredores da vila, anunciou o presidente da Câmara, Jorge Magalhães. O novo equipamento vai custar 1,3 milhões de euros e vai ser disponibilizado nas imediações da área urbana, na zona onde a autarquia já tem vários equipamentos desportivos, nomeadamente para o hóquei em campo. Segundo Jorge Magalhães, o novo estádio terá capacidade para 3000 lugares sentados, lotação que o autarca considera suficiente. A demolição do actual estádio, situado no centro da vila, junto ao mercado, é uma das acções previstas no projecto de remodelação urbana já aprovado pela câmara e que vai implicar um investimento de seis milhões de euros. Esta acção, apoiada em 70 por cento pelos fundos do QREN, deverá arrancar até Maio, abrangendo várias artérias da sede do concelho de Lousada. Com a demolição do estádio, na terceira e última fase desta intervenção urbanística, vai ser possível criar naquela zona - cerca de 70 mil metros quadrados - novas áreas verdes e de estacionamento automóvel, além de equipamentos de lazer para a população.
Debate sobre Fridão em Mondim
Cinco mortos e três feridos – trabalhadores da construção civil de diversas freguesias do Marco de Canaveses – é o balanço de um grave acidente que ocorreu na manhã de terça-feira na A4 (no sentido Amarante/Porto), próximo de Valongo. Os outros operários mortos eram naturais das freguesias de Soalhães, Paços de Gaiolo, Maureles e Tabuado. O sinistro envolveu um camião e uma carrinha de sete lugares mas que transportava oito operários da construção civil que trabalhavam para uma empresa do concelho do Marco de Canaveses. Fonte dos bombeiros de Valongo disse que o acidente resultou da colisão da carrinha – que ficou um monte de destroços, como se vê na foto – contra a traseira do pesado de mercadorias. As vítimas mortais, que ficaram encarceradas, tal como os feridos, eram todas ocupantes da carrinha de cabina dupla e caixa de carga.
Os três feridos do acidente foram internados no Hospital de S. João do Porto, com ferimentos considerados “sem gravidade”. Um deles teve alta algumas horas depois. A presidente da Junta de Freguesia da Soalhães, Cristina Vieira, de onde eram naturais duas das vítimas mortais, informou que foi disponibilizado apoio psicológico aos familiares. Uma das vítimas era “um jovem com 27 anos muito querido na freguesia”, conhecido por ser “vocalista do grupo musical ‘Ritmo Douro’”, com grande prestígio na região marcuense e outro dos trabalhadores estava ligado a um grupo de bombos. As causas do acidente estão a ser investigadas mas sabe-se que a carrinha que transportava os oito trabalhadores embateu na traseira de um camião – depois de falhada uma alegada tentativa de ultrapassagem – que circulava a uma velocidade muito reduzida, presumivelmente devido a avaria mecânica. Foto Estela Silva/Lusa
PJ deteve em Amarante homem suspeito de roubo à mão armada A Polícia Judiciária deteve a 25 de Janeiro, em Amarante, um homem suspeito da autoria de um roubo à mão armada ocorrido a 13 de Outubro de 2009. Em comunicado, a PJ refere que o homem terá participado no roubo de uma vítima que, quando chegava a casa conduzindo o seu veículo, foi abordada por dois indivíduos. Os dois alegados assaltantes, um dos quais
detido em 10 de Novembro de 2009, terão ameaçado a vítima por duas vezes, sendo que o agora detido terá revistado a vítima e apropriado de cerca de dois mil euros. O detido, desempregado, de 35 anos de idade, tinha já antecedentes criminais por crimes de burla, falsificação de documento, furto e condução sem habilitação legal. O outro suspeito ainda se encontra a monte.
A Câmara de Mondim de Basto promove a 05 de Fevereiro uma sessão de esclarecimento sobre o Estudo de Impacte Ambiental da Barragem de Fridão, a construir pela EDP no rio Tâmega. Segundo a autarquia, as maiores dúvidas levantadas pelas populações afectadas pela construção do empreendimento estão relacionadas com a qualidade da água, os efeitos da alteração do clima na agricultura e os impactes na fauna. Entretanto, a EDP anunciou que vai criar um Posto de Atendimento nas instalações da câmara, sob a forma de quiosque, que tem como principal objectivo prestar informação genérica sobre o empreendimento e esclarecer dúvidas específicas que particulares ou entidades possam ter.
Gás natural chegou a Felgueiras O gás natural chegou este mês a Felgueiras, acontecimento que foi assinalado pela empresa EDP Gás e pela Câmara e já abastece cerca de um milhar de clientes, residenciais e empresariais, anunciou a autarquia. O gás natural, que se apresenta com um custo cerca de 50% mais barato em relação ao propano, é menos poluente e, segundo os técnicos, mais seguro. Foram instalados 23 km de rede na cidade de Felgueiras e a empresa garante que em breve chegará à Lixa.
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“Com cinco milhões de euros por ano não é possível fazer mais” Autarca do Marco adverte que reequilíbrio financeiro vai demorar 20 anos
O
condicionamento financeiro em que vive a Câmara do Marco de Canaveses vai demorar “vários mandatos” a ultrapassar. Essa é a convicção do presidente da Câmara, Manuel Moreira, que estima ser necessário o tempo de “uma geração”, ou seja, 20 anos, para atingir o equilíbrio das finanças municipais e níveis razoáveis de desenvolvimento do concelho. “O nosso orçamento, grosso modo, é de 25 milhões de euros por ano. Mas mais de 80 por cento está comprometido com as despesas correntes da câmara”e com os encargos financeiros do empréstimo de 45 milhões de euros feito pela Câmara do Marco em 2004”, relembra o autarca em entrevista ao Repórter do Marão. Assim sendo, que dinheiro é que fica para investir? “Ficam cerca de cinco milhões, o que é pouco, muito pouco para a missão de empreender, de realizar coisas a bem da nossa terra que também merece ter uma oportunidade de ser um concelho desenvolvido. Esse é o maior desígnio que temos para o Marco. Isso vai levar uma geração. Não digo isto como retórica de político, que sou, mas digo-o com convicção. É preciso dar tempo ao tempo. Isto é para se fazer ao longo de muitos anos. É por isso que eu costumo dizer: é comigo e para além de mim”.
| Câmara paga 400 mil euros todos os meses | Muito crítico da gestão de Avelino Ferreira Torres, Manuel Moreira diz que desde que chegou à Câmara foram surgindo novas dívidas que têm de ser pagas. “Como é possível quem me antecedeu ter feito em 2004 um empréstimo de 45 milhões de euros dizendo que era necessário esse valor para pagar as dívidas e com a auditoria que fizemos às contas constatámos que afinal não pagaram tudo, porque nós a cada passo ainda estamos a descobrir novas dívidas. A verdade é esta: não pagou tudo e ainda por cima acrescentaram novas dívidas”. O presidente da câmara usa a expressão popular “cada cavadela, uma minhoca” para explicar que o que se tem passado com as dívidas é idêntico.
“Encontrámos um concelho muito condicionado financeiramente. Herdámos compromissos financeiros muitíssimo elevados” que, neste momento, são da ordem “dos 400 mil euros por mês. Se eu não tivesse esses compromissos, em que todos os meses temos de pagar esse dinheiro, dava para eu fazer muito mais obras materiais e imateriais e com certeza seria muito mais avaliado pelos meus concidadãos da capacidade de empreender que eu tenho, só que não tenho é meios e eu não posso inventar dinheiro, não tenho essa capacidade, mas comigo está a humanidade porque ninguém inventa dinheiro”. Anualmente esses encargos totalizam cinco milhões de euros.
| “Eu não quero enganar as pessoas…” |
Aquando do empréstimo, em 2004, o Estado deu o aval através do contrato financeiro e autorizou aquele empréstimo de 45 milhões de euros com a garantia da Câmara de que durante 20 anos não faria mais nenhum empréstimo. Manuel Moreira acha inconcebível que essa garantia tenha sido dada: “como é que é possível governar-se um concelho da dimensão do Marco de Canaveses, que tem 202 quilómetros quadrados, muito disperso, que tem 31 freguesias, que não tem água e saneamento na maior parte do território, que não tem um bom parque escolar, que não tem uma série de equipamentos sociais e culturais… como é que é possível dizer-se que não se precisa de contrair mais nenhum empréstimo durante 20 anos”, pergunta. Para o presidente da Câmara do Marco é preciso lidar com a situação com honestidade e realismo. “Eu não quero enganar as pessoas… como pessoas normais temos que tentar dar uma esperança ao Marco de Canaveses e aos marcoenses de que é possível. É isso que eu quero, mas para isso é preciso dar tempo ao tempo. Eu também gostava de fazer tudo o que ambicionei para o Marco nos meus mandatos”, salienta o autarca, convencido de que muitos projectos terão de ficar para futuros mandatos, para outros protagonistas. Paula Costa
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ÉDITO Faz-se público que, nos termos e para os efeitos do Art. 19º do Regulamento de Licenças para Instalações Eléctricas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26 852, de 30 de Julho de 1936, com redacção dada pela Portaria n.º 344/89, de 13 de Maio, estará parente na Secretaria de MUNICÍPIO DE AMARANTE e na DIRECÇÃO REGIONAL DA ECONOMIA DO NORTE, Rua direita do Viso, 120, 4269-002 PORTO, todos os dias úteis, durante as horas de expediente, pelo prazo de quinze dias, a contar da publicação deste édito no “Diário da República”, o projecto apresentado pela EDP DISTRIBUIÇÃO - ENERGIA, SA , DIRECÇÃO DE REDE E CLIENTES NORTE, para o estabelecimento da LN Aérea a 15 KV, PINHEIRO MANSO - VILA MEÃ (MODIFICAÇÃO), na(s) freguesia(s) de S. Gonçalo e Fregim, concelho(s) de Amarante, a que se refere o Processo nº. EPU/34290. Todas as reclamações contra a aprovação deste projecto deverão ser presentes na Direcção Regional da Economia do Norte ou na Secretaria daquele Município, dentro do citado prazo. Direcção Regional da Economia do Norte, 23-11-2009 O DIRECTOR REGIONAL (Manuel Humberto Gonçalves Moura)
Reporter do Marão, N.1230 - 26/01/10
ÉDITO Faz-se público que, nos termos e para os efeitos do Art. 19º do Regulamento de Licenças para Instalações Eléctricas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26 852, de 30 de Julho de 1936, com redacção dada pela Portaria n.º 344/89, de 13 de Maio, estará parente na Secretaria de MUNICÍPIO DE AMARANTE e na DIRECÇÃO REGIONAL DA ECONOMIA DO NORTE, Rua direita do Viso, 120, 4269-002 PORTO, todos os dias úteis, durante as horas de expediente, pelo prazo de quinze dias, a contar da publicação deste édito no “Diário da República”, o projecto apresentado pela EDP DISTRIBUIÇÃO - ENERGIA, SA , DIRECÇÃO DE REDE E CLIENTES NORTE, para o estabelecimento da LN Mista a 15 KV, CENTRO HOSPITALAR DO TÂMEGA E SOUSA, na(s) freguesia(s) de Telões, concelho(s) de Amarante, a que se refere o Processo nº. EPU / 34285. Todas as reclamações contra a aprovação deste projecto deverão ser presentes na Direcção Regional da Economia do Norte ou na Secretaria daquele Município, dentro do citado prazo. Direcção Regional da Economia do Norte, 23-11-2009 O DIRECTOR REGIONAL (Manuel Humberto Gonçalves Moura)
Reporter do Marão, N.1230 - 26/01/10
desporto
Manuel Coutinho mostra por que é candidato ao título do Open de Ralis A Equipa MCoutinho Rallye Team, formada pelos pilotos Manuel Coutinho e Manuel Babo, começou da melhor maneira a temporada de 2010 no Campeonato Open de Ralis, ao dominar o Rali de Montelongo. Ao volante do Mitsubishi Lancer Evolution VI, o piloto Manuel Coutinho conseguiu mostrar durante a prova por que é um dos sérios candidatos ao título. “Assumimos à partida que o nosso objectivo seria estar na luta pelas primeiras posições. No entanto, não contávamos sair vitoriosos da primeira prova do Campeonato. Estamos muito satisfeitos e com bastante motivação para a restante temporada”, declarou o piloto. Para o co-piloto Manuel Babo “alcançar a primeira vitória é marcante para todos”. “Penso que a merecemos e só espero que seja a primeira de muitas!”, acrescentou. O Rali de Montelongo foi marcado por condições climatéricas muito adversas, o que não facilitou a tarefa dos pilotos. “A muita chuva que caiu fez com que as classificativas se tornassem bastante traiçoeiras e muito escorregadias. Alcançar esta vitória foi um prémio para toda a equipa”, salientou o piloto Manuel Coutinho. O próximo desafio da MCoutinho Rallye Team é o Rali de Barcelos, a 13 de Fevereiro.
Penafiel vence Taça da Proliga em Basquetebol O Penafiel, orientado pelo ex-seleccionador nacional de basquetebol Valentyn Melnychuk, conquistou a Taça da Proliga, ao derrotar o Barcelos, por 65-70, em Ponte de Sôr. Depois de afastarem, nas meias-finais, 72-62, o Lusitânia, equipa que ocupa o segundo lugar no campeonato, os penafidelenses mantiveram a bitola que os mantém como líderes da Proliga ao fim da primeira volta do campeonato. Na final da Taça da Proliga, os jogadores orientados por Valentyn Melnychuk até terminaram a primeira parte a perder por um ponto, 27-26, mas no regresso dos balneários assumiram o comando do jogo para nunca mais o largar. À entrada para o último período venciam por 52-56, vantagem que souberam gerir até ao apito final.
Pedrinha despediu-se do Paços de Ferreira O Paços de Ferreira distinguiu pela primeira vez um futebolista do clube com um alfinete de ouro, agraciando Pedrinha, na cerimónia de despedida do capitão, que vai jogar no Chernomoretz-Burgas, da Bulgária. “Estou a sangrar por dentro, e, à medida que os dias vão passando, torna-se mais difícil. Foram nove anos fantásticos num clube pequeno, mas de grande dimensão [humana], que faz parte da minha vida”, disse Pedrinha, com a voz embargada, afirmando tratar-se
de uma “experiência nova” e de uma opção que pretende “abraçar com toda a força”. O presidente do Paços de Ferreira, Fernando Sequeira, destacou-o como uma “figura carismática” do clube e um exemplo, elogios reforçados pelo técnico Ulisses Morais, dizendo ser raro um clube sentirse órfão de um jogador. Os dois reconheceram a importância desta oportunidade para o atleta, de 31 anos, cuja saída vai permitir um encaixe financeiro ao clube nortenho. Finalista do Curso de Educação (ramo Ensino Básico, variante de Educação Física), Pedrinha assinou por três épocas e meia com o ChernomoretzBurgas, actual quarto classificado do campeonato búlgaro, com aspirações a lutar por um lugar nas competições europeias. “A Bulgária é uma espécie de namoro antigo, pois já no final da última época fui contactado por um outro clube e as coisas estiveram muito perto de acontecer”, sublinhou Pedrinha.
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Centro Escolar de Urgezes
Obra adjudicada pela
CÂMARA MUNICIPAL DE GUIMARÃES Montante: 2.297.190,37 €
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Missão Sorriso do Continente contemplou hospital de Vila Real
“Volante de Ouro” chegou ao mercado nacional MCoutinho Alvescar apresentou novo Opel Astra em Vila Real
A Missão Sorriso, uma iniciativa do Modelo e do Continente que se realizou pelo sétimo ano consecutivo, contemplou 11 unidades hospitalares de todo o país, que vão receber verbas para projectos na área da Pediatria. De um total de 27 candidaturas provenientes de Hospitais Pediátricos, Maternidades e Hospitais com serviços de Pediatria e/ou Obstetrícia, todos localizados em áreas de influência das lojas Continente, foram galardoados 11, nomeadamente o Centro Hospitalar de Trásos-Montes e Alto Douro (CHTMAD). Foi-lhe atribuída uma verba de 47.500,00 euros para o projecto “Melhores cuidados Pediátricos”, destinado a financiar parcialmente o equipamento e a sala de apoio ao ambulatório. À semelhança dos anos anteriores, as verbas foram angariadas através da venda de um Produto Missão Sorriso. Este ano foi lançado o Livro “Leopoldina e a Ordem das Asas”, uma história com vários finais possíveis onde é o leitor, à medida que vai avançando na história, que vai escolhendo os diferentes finais. Segundo revela o Continente, desde 2003 o projecto Missão Sorriso doou mais de quatro milhões de Euros para unidades de pediatria e hospitais pediátricos portugueses, contribuindo para melhorar os cuidados prestados às crianças hospitalizadas.
Grupo Martins aumenta rede de Áreas de Serviço BP
O Grupo Martins, que tem sede em Paços de Ferreira e é um dos maiores distribuidores da petrolífera BP, anunciou o alargamento da sua rede de distribuição de combustíveis a retalho e lojas de conveniência, com a integração de duas novas Áreas de Serviço, situadas na A41, em Moreira da Maia, junto à Lipor e próximas do nó de acesso ao Aeroporto Internacional do Porto – Francisco Sá Carneiro. Em Novembro, o Grupo Martins já tinha incorporado na sua rede a Área de Serviço BP, em Lousada. “Com estas novas instalações, o Grupo Martins conta agora com cinco áreas de serviço, desde a Maia a Felgueiras, passando por Paços de Ferreira e Lousada, dotadas com os mais modernos equipamentos tecnológicos de apoio ao cliente, geridas de acordo com os mais elevados padrões de segurança e qualidade, com um atendimento personalizado e a qualidade Grupo Martins”, assinala a fonte da empresa. Entretanto, o Grupo Martins foi galardoado com o Troféu 4C’s Comunidade 2009, uma distinção que a BP Portugal institui anualmente entre os seus parceiros de negócio, no âmbito da sua política de boas práticas. O Troféu 4C’s, da BP Portugal, visa distinguir aqueles que com notoriedade e consistência se diferenciem pela sua acção numa das seguintes áreas: Crescimento, Comunidade, Competitividade e Consolidação, adianta o Grupo Martins. A empresa de Paços de Ferreira assinala que, de acordo com o manifesto do júri, o Grupo Martins foi o parceiro da BP Portugal “que mais sobressaiu no âmbito da responsabilidade social e na perfeita interpretação do conceito de boas práticas”.
A MCoutinho Alvescar , sediada em Amarante, apresentou no fim-de-semana de 16 e 17 de Janeiro, a mais recente estrela da Opel, o Novo Astra. Este jágalardoado com o prémio “Volante de Ouro”. A ação decorreu na sua filial de Vila Real, e contou com a presença dos administradores da empresa e grupo, clientes, comunicação social bem como público em geral que por ali quis passar e ver o novo automóvel. A apresentação ficou a cargo do actor/manequim Afonso Vilela que, juntamente com um grupo de bailarinas, animaram a festa. Aquando da apresentação do novo Astra foram expostos os modelos da geração Astra, sendo que a atenção se concentrava na nova estrela da Opel – o Astra. As músicas escolhidas para a animação do lançamento estavam sentimentalmente ligadas ao automóvel, ou pelo menos, à sensação de conduzir o novo Astra. Desde a sensação de fama, glamour (Fame – Naturi Naughton) de quem conduz um carro de uma linha estética tão requintada, até ao “amor egoísta” de quem o possui. “Ninguém deixará conduzir o seu carro pois o gosto pela sua condução será demasiado, que não vai querer que mais ninguém o conduza. Daí a escolha da música oficial do lançamento do Astra ter recaído sobre o tema “Selfish Love” do músico e Dj português Pedro Cazanova”, referiu ao Repórter do Marão a responsável de marketing da MCoutinho Alvescar, Valéria Alves. No âmbito comercial, a venda deste modelo não tem grandes segredos, segundo o administrador da empresa, Paulo Pereira. “A marca vende um pouco por si só e este modelo Astra tem todos os pormenores e instrumentação automóvel para captar o público”, salientou. O novo modelo da Opel tem um sistema de Controlo de Luzes automático, que “adapta automaticamente os faróis à iluminação da estrada, através de sensores de luminosidade e velocidade”.
Destaca-se ainda o sistema Opel Eye que se caracteriza por ler os sinais de trânsito, informando os condutores sobre a velocidade máxima e proibição de ultrapassagem. A juntar a isto, o novo Opel Astra tem um sistema de controlo electrónico de chassis FlexRide, proporcionando três modos de condução seleccionáveis, Sport, Tour e Normal, com comutação automática em situações extremas. O ambiente também é uma das prioridades deste novo modelo. A nova gama de motores Opel Astra prova que é possível equilibrar o desempenho activo com a economia de combustível e as baixas emissões. “É um modelo com standards de qualidade elevados, sendo o carro menos poluente do seu segmento”, sublinhou Paulo Pereira. A aposta da MCoutinho Alvescar incide muito na região do Nordeste, nomeadamente, num grande espaço de exposição em Vila Real, mercado que o administrador Paulo Pereira considera “forte e para explorar”. Para 2010, os objectivos do grupo passam pelo aumento de vendas de automóveis, uma vez que o ano de 2009 foi “o pior dos últimos 10 anos”, afirmou o administrador do grupo, António Coutinho. Para combater a crise no sector automóvel, António Coutinho considera “muito importante” o apoio do Estado, nomeadamente o incentivo ao abate de carros em fim de vida. Ainda segundo Paulo Pereira, as vendas da marca Opel no ano passado foram sustentadas pelo apoio do Estado. “Cerca de 40 por cento das vendas teve um veículo para abate”, frisou o administrador, que considera que todos os apoios que possam ser dados “são fundamentais para ultrapassar a crise económica em que Portugal se encontra”. A gama Astra não se fica por este modelo. A meio do ano sairá para o mercado nacional a versão carrinha e até ao final de 2010 a Opel lançará a nova versão do Opel Meriva. Iva Soares
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opinião
Regionalização: Comecemos com o debate, mas sério, já. Depois do referendo de 1998, que chumbou a Regionalização, então centrada na proposta de criação de oito regiões administrativas, a Regionalização volta hoje a ser tema de debate, com os dois principais partidos (PS e PSD) a recentrar a agenda política em torno deste assunto, da necessidade de um amplo debate, sendo que, quanto maior for o consenso alcançado entre estes dois partidos, mais fácil se tornará a implementação desta reforma. José Sócrates, na qualidade de secretário-geral do PS, disse em finais do ano passado que o Estado está preparado para proceder a uma reforma que considera indispensável e urgente Carlos Sousa Pinto e que a Regionali- Penafiel zação é um imperativo que se impõe, assim que houver um consenso político em torno dela. O Partido Socialista levou o tema a debate nas jornadas parlamentares que realizou em Beja, apontando logo o caminho quanto ao recorte geográfico das futuras regiões administrativas, na base de 5 unidades territoriais, corrigindo assim a proposta referendada há 12 anos atrás. O PSD logo anunciou que vai propor na Assembleia da República a constituição de uma Comissão Parlamentar Eventual sobre a Regionalização,
que avalie os contributos e opiniões externas sobre o tema, ouvindo políticos, economistas e outros técnicos que se têm pronunciado sobre a matéria e procure as soluções inerentes ao processo da regionalização para, depois das eleições presidenciais, o tema da regionalização entrar na Agenda Política. A Regionalização, que poderia e devia ser uma realidade no nosso País desde 1998, não será referendada antes de 2012. Perderam-se, assim, 14 anos que poderiam e deveriam ter sido aproveitados para eliminar assimetrias e aprofundar a descentralização política do País. Neste período de tempo, a Grécia e a Irlanda deram passos significativos em relação à regionalização e Portugal é nesta matéria um caso atípico, é o único País da Europa Comunitária que ainda está completamente centralizado e onde não há estrato intermédio de poder entre o poder local e o poder central. Enquanto a regionalização não avança, os portugueses, diga-se antes os políticos portugueses, entretêm-se a discutir o número das regiões a criar, se são cinco, seis ou oito, quando mais importante que o número, são as competências que o Poder Central está disposto de abdicar a favor do novo Poder Regional, os órgãos a criar e o custo que estes novos cargos representa para o erário público. Mas se a discussão à volta do novo referendo da Regionalização só se efectuar depois das eleições presidenciais, como é intenção dos principais partidos, aproveitemos então estas manifestações de vontade, para começarmos já, mas a sério, a debater o tema da Regionalização. Aproveitemos os fóruns políticos e cívicos, a Assembleia da República, as Assembleias Municipais e de Freguesia, para discutir a Regionalização. Talvez, assim, depois das Presidenciais, possamos obter o máximo denominador comum que sirva
de referência à construção das futuras regiões administrativas, alicerçado, num amplo consenso político. Comecemos já este debate, porque o futuro não pode esperar mais. sousapinto.carlos@gmail.com
Eleições, pesos e medidas (Fim)
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ncerro hoje esta espécie de tríptico despretensioso que me foi inspirado pelo último acto eleitoral. Na crónica precedente ao falar de ‘pesos’, referi-me ao duplo significado que essa palavra tem. O mesmo acontece com ‘medida’, e também essa dualidade se pode aplicar ao acontecimento referido, que no passado mês de Outubro nos deu mais do mesmo. Um dos temas que foi mais debatido, e que tudo leva a crer, infelizmente, não vai mudar muito nestes tempos mais próximos, foi o do saneamento, espécie de monstro que todos conhecem, de que muitíssimos sofrem as consequências, mas que entra em letargia entre dois actos eleitorais. Se alguém disso tem dúvidas, basta sacrificar-se a dar uma vista de olhos nos programas eleitorais e reler as afirmações proferidas, com evidente manipulação de dados nem sempre fiáveis (quando disponíveis, o que é raro…). Concordo que o problema do saneamento não é simples, e Amarante não foge à regra, com a diferença, pelo que me é dado observar, de não se dizer a verdade, escamoteando um verdadeiro debate sobre o assunto e as medidas que se têm de tomar atempadamente. Foi tornado público um documento, pelo visto subscrito pela Câmara Municipal de Amarante (CMA), ela-
borado segundo parece pela entidade que agora é responsável, pelo menos em parte, pelo problema (Águas do Ave), e que avançava com uma taxa de cobertura da rede de saneamento significativamente inferior da que a CMA cita. As explicações, nos parcos debates que existiram, foram insuficientes e imprecisas, e ao que me dizem chegouse a avançar com pueril argumento duma distracção para justificar a assinatura, ‘de cruz’, do tal documento. A ser verdade, isso Luís Magalhães diz tudo da atenção Engenheiro de quem preside aos nossos (tristes) destinos. O assunto, contudo, deve-lhe perturbar a mente, pois no discurso de tomada de posse, num total despropósito, voltou a ele, e mais uma vez os valores citados foram diferentes, continuando nós sem saber a verdadeira taxa de cobertura.
O subterfúgio que consiste em confundir ‘rede enterrada’ com utentes realmente podendo usufruir dessa infra-estrutura, acusando ainda alguns de não quererem ‘ligar-se’, não lembra a qualquer um…E como nessas ocasiões, mesmo que houvesse quem estivesse disponível, não é permitido corrigir, fica-se com uma impressão de que se calhar algo daquilo que se ouve será verdade. Já dizia Voltaire : menti, menti, que alguma coisa fica… Será realmente difícil ‘medir’ essa taxa de cobertura e saber onde se situa a verdade, se nos números das ‘Águas do Ave’, corroborados distraidamente por quem de direito (em todos os sentidos da palavra…) ou no que é proferido em ocasiões descabidas? São ‘medidas’ relativamente fáceis de fazer, como qualquer estudante sabe. Um pouco mais complicadas, e que exigem vontade, rigor e determinação, são as outras ‘medidas’, isto é, as decisões para que quem porventura tenha rede disponível seja obrigado a ‘ligar-se’, e que quem, como eu, a tem à porta há anos, o possa fazer. Mas a ‘minha’ rede só serve para as estatísticas, falsas como as afirmações que as envolvem, numa despudor inadmissível e que dura há demasiado tempo, e que cada vez mais exige outro tipo de medidas…
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opinião / diversos
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Contar com Marcel Proust para mudarmos a nossa vida descrever um homem com insónias, revendo Pode um escritor, mesmo genial, influenas suas impressões. Proust escrevia na cama, ciar decisivamente o curso da nossa existênque gostava de ler o jornal à procura de hiscia? Não são poucos os que acreditam nestórias que pudessem ser transformadas em sa possibilidade. Um pensador de renome, acontecimentos literários. Alguém obserAlain de Botton, vem desafiar-nos com a vida vou que depois de ele ler o jornal e ao relae a obra de Proust, um escritor consideratar uma notícia lida era capaz de a transfordo difícil, um homem doente, amante de fesmar num romance trágico ou cómico, graças tas e cosmopolita. O resultado desta incursão à sua imaginação e fantasia. Proust estabepela vida e obra de Proust é deslumbrante, teleceu um novo cânon literário: é a beleza do mos aqui um livro maravilhoso, de leitura diestilo que ultrapassa a coscuvilhice, é a litevertida, por vezes mordaz, sempre imaginatiratura que faz o espectáculo e é respeitada vo e com o potencial para colar as mensagens e admirada porque nos obriga a despender de Proust na nossa vida, arrebatando-nos: o tempo necessário, sempre que necessário. “Como Proust pode mudar a sua vida”, por Terceiro, Proust foi um tão poderoso ficAlain Botton, Publicações Dom Quixote, 2009. cionista que transformou todos os seus perPrimeiro, a ascendência deste génio litesonagens à custa dos problemas pessoais e rário. Proust era filho de um médico influenda sua atmosfera social circundante: a sua te dedicado à melhoria dos padrões de higiedependência da mãe, a sua homossexualidane pública, teve uma carreira internacional de equívoca, o seu pessimismo romântico, a e dizia abertamente que fora feliz, toda a sua obsessão com as doenças e com os cuisua vida. Marcel Proust só se interessava dados pessoais, tudo e muitíssimo mais será pela literatura, os poucos trabalhos em que transplantado para a criase envolveu foram detividade literária. Observa cepcionantes. Ainda foi Alain de Botton que “O robibliotecário mas acamance de Proust está rebou por ser despedido. pleto de pessoas que poAlém disso, o Dr. Proust deríamos considerar más escrevia imenso sobre sofredoras, almas atormena melhoria do bem-estadas que foram traídas no tar físico da população, amor ou excluídas de feslivros populares de autas, torturadas por um sento-ajuda em que falava timento de desadequação inna prevenção das dores telectual ou de inferioridade de costas ou nos exercísocial, mas que nada aprencios físicos mais adequadem com esse sofrimento e, dos à higiene de vida. na verdade, reagem envolEsta imagem do pai, do vendo-se numa série de meseu incansável labor e do Beja Santos canismos de defesa ruinoseu entusiasmo divulgaAssessor Inst. Consumidor sos que incluem arrogância tivo, aparecerá reflectie ilusão, crueldade e impieda em personagens nas dade, ira e ciúme”. Ele aproveita-se de tossuas obras-primas. O confronto com o irmão, ses, gafes sociais e traições emocionais para Robert, também foi difícil. Robert dizia, saprocurar encontrar a felicidade. Porque toda be-se lá com que grau de cinismo: “O que é a literatura de Proust está marcada por esse triste é que é preciso que as pessoas estejam dom supremo de haver pessoas que se commuito doentes ou tenham partido uma perna portam de forma inusitada, entregando-se para terem oportunidade de ler Em Busca à vaidade e às paixões. A vida é muito mais do Tempo Perdido”. Ao que Alain de Botton complexa que a representação de lugares-coacrescenta que mesmo que se esteja doente, muns, é essa mensagem de fantasia que a ficler Proust é um tremendo desafio: a extenção de Proust regista do princípio ao fim. são das frases, as construções serpenteantes, Este Proust, que é hoje considerado como sendo que a mais longa, localizada no quinto um dos maiores vultos literários do século XX, volume, teria, se disposta em linha recta num procurava avidamente as novas e velhas amicorpo de texto normal, pouco menos de quazades, era dissipador, mundano e cosmopolitro metros. ta, adorava escrever cartas e ler a trivialidaSegundo, Proust introduziu uma nova des dos jornais e presumia que os seus livros arquitectura na construção do romance, foi pudessem trazer indicações de como ser feliz uma inovação mas deixou os editores e os leino amor. Nunca se tomou muito a sério, emtores do tempo boquiabertos ou indiferenbora tenha trabalhado afincadamente na sua tes, de um modo geral. Um desses editores obra literária; acreditava que a leitura poderia chegou a dizer: “Ao chegar ao fim das 712 pácimentar toda a nossa vida espiritual e nunca ginas deste manuscrito, depois de muito soexcluiu as referências aos seus gostos culináfrimento ao ser afogado em desenvolvimenrios, artísticos e o seu olhar sobre a justiça e tos incompreensíveis e de uma impaciência o desprezo pelos poderosos. Sim, ler Proust irritante por nunca conseguir chegar à sué ganhar coragem para enveredar por novos perfície, é completamente impossível percecaminhos dentro da nossa própria existência. ber qual é o tema. Qual é o propósito de tudo Ele está nas livrarias e nas bibliotecas sempre isto? Onde quer chegar? É impossível perpronto para nos acolher e estimular para essa ceber. E mais adiante disse, indignado, que arriscada aventura. Proust tinha precisado de 17 páginas para
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EDP entregou propostas alternativas á linha do Tua
A EDP anunciou esta semana que já entregou o estudo das alternativas à linha do Tua que ficará submersa pela barragem de Foz Tua, mas sem revelar as soluções propostas. “Foi entregue a quem de direito e que decidirá em conformidade e não seria delicado da nossa parte estar a divulgá-lo”, disse o administrador da EDP Manso Neto, em Bragança, à margem da cerimónia de entrega de apoios financeiros a instituições de solidariedade, no âmbito da iniciativa “EDP Solidária Barragens 2009”. De acordo com Manso Neto, membro do conselho de administração da EDP, o estudo sobre as alternativas de transporte na zona afectada pela barragem de Foz Tua, já foi entregue à comissão de avaliação da Declaração de Impacto Ambiental (DIA). A DIA que autoriza a construção da barragem foi emitida em Maio de 2009 com um parecer favorável mas “fortemente condicionado”. Uma das imposições à EDP foi a realização do estudo de alternativas aos cerca de 16 quilómetros da linha do Tua que ficarão submersos com a barragem. A linha do Tua tem-se assumido como o principal obstáculo no processo da barragem por ser incompatível com o aproveitamento hidroeléctrico. A DIA implicou a desactivação imediata de quatro quilómetros para estudos de prospecção e impõe que nas alternativas de transportes o estudo de uma solução ferroviária, que os especialistas apontam como dis-
pendiosa, sem conseguir evitar que se perca a zona mais atractiva do ponto e vista turístico. Apesar de desconhecer ainda qual a decisão da comissão de avaliação relativamente à linha do Tua, a EDP tem como objectivo arrancar com a obra da barragem ainda este ano (na imagem, a antevisão do empreendimento). De acordo o administrador, a EDP pretende lançar o concurso de construção durante o Verão e iniciar a obra da barragem ainda este ano, com um prazo de execução até 2014.
Pedida a suspensão de Fridão e do Tua Entretanto, o Bloco de Esquerda e os Verdes pediram quarta-feira no Parlamento a suspensão do Programa Nacional de Barragens e a exclusão das infra-estruturas previstas para o Tua e Fridão, apontando a falta de estudos sobre os impactos cumulativos. “O estudo de avaliação ambiental estratégica foi manipulado e baseia-se em dados desactualizados”, afirmou a deputada do partido ecologista ‘Os Verdes’ Heloísa Apolónia, aludindo a um estudo da Comissão Europeia que corrobora as críticas que têm sido feitas ao Programa Nacional de Barragens. “Não foi estudado o efeito cumulativo das barragens que já estão construídas com as previstas neste programa e as avaliações de impacte ambiental que estão a ser feitas a cada uma das barragens estão a revelar impactes ambientais, socioeconómicos e sociais muitíssimo superiores ao que se previa”, explicou.
Celorico repara estragos do mau tempo A Câmara de Celorico de Basto anunciou o arranque de um plano alargado de obras para corrigir os estragos causados pelo mau tempo das últimas semanas. Joaquim Mota e Silva (PSD) explicou à Lusa que os trabalhos em curso mobilizam dezenas de funcionários e visam reparar várias der-
rocadas que ocorreram nas últimas semanas, um pouco por todo o concelho devido à chuva forte. Os serviços técnicos da autarquia ultimaram um Plano de Contingência no qual são sinalizadas as situações mais urgentes e destacados os meios humanos e de equipamento apropriados.
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crónica|diversos
António Mota
Boneca e Serginho Eu não me quero meter na tua vida, Serginho, bem sabes que não sou como certas pessoas que eu conheço, que só se sentem felizes se viverem a vida dos outros. Não, meu filho, eu não sou como essas pessoas, como é o caso da tua avó, a mãe do teu pai, que passa a vida meter-se onde não deve. Eu só penso nas minhas coisas, e já me chega. Nunca gostei do diz-que-disse, nem do traz e leva, leva e traz. Gosto de viver a minha vida, e detesto a má-língua. Não, Serginho, a tua mãe não é dessas. Mas conta lá outra vez, meu filho, como isso aconteceu. Mas conta tudo, vê se não te esqueces de nenhum pormenor, porque as grandes coisas são sempre feitas de pormenores. E não estejas tão triste, porque ela não merece que sofras tanto. Nem te ponhas a beber, para afogar as mágoas. Não me mintas Serginho, porque não vale e pena. Eu acordei esta madrugada e bem vi como as paredes do corredor te serviam de bengala. E tudo por casa da Boneca, como tu lhe chamas. Não fiques assim, Serginho. O mundo não vai acabar lá porque a Boneca, como tu lhe chamas, depois de namorar contigo durante cinco anos, foi viver com outro homem. Eu sei, meu filho, o que isso dói. Também bebi desse fel. Nessa altura eu pensei que o mundo ia acabar, tal era a tristeza que me roía a todas as horas do dia e da noite. Mas o tempo tudo sara, e só o tempo é que nos dá a chave para abrir outras portas. Um ano depois eu já estava casada com o teu pai, e tu a mexeres-te dentro da minha barriga. E até hoje não me arrependi. Eu acho que ela se cansou de esperar, Serginho. A Boneca que tu julgavas que já te pertencia, tem trinta anos, e esperou por ti durante cinco anos. Cinco anos são sessenta meses, Serginho. É muito tempo para quem sonha. Serginho, és meu filho, mas eu tenho de te dizer a verdade: sempre foste um indeciso. Para nasceres tu, ia eu morrendo, tanto foi o tempo que demoraste a sair de mim. Quando tu eras pequeno nunca sabias o que dizer, nunca sabias que prenda havias de pedir, nunca sabias o que comer, nun-
ca sabias escolher nada, ficavas uma eternidade a olhar, perdido, sem te decidires. Se calhar eu é que não te soube educar, mas não estou certa disso, porque as tuas irmãs são bem despachadas. Tu é que me saíste acanhadinho, tal e qual como o teu pai, que se não fosse eu a empurrá-lo, ainda agora estava à espera que ele me pedisse em casamento. De modo que o que tu tens a fazer, Serginho, é pensares que a culpa da Boneca, como tu lhe chamas, te largar e ter corrido para os braços do teu melhor amigo de infância, não é dela, é tua. A tua Boneca, como tu lhe chamas, quer ser mãe, quer ter o canto dela, quer viver. E tu, Serginho, em que é que pensas? Pensas na tua carreira lá na GNR, queres ser capitão. É o teu sonho. E apareces por aqui quando o rei faz anos. Mal chegas, vestes o fato de treino, calças as sapatilhas e vais correr horas a fio à roda do parque, tu dizes que é por causa da forma física, mas eu acho que é para mostrares a musculatura e os óculos de sol. E eu acho muito bem que tenhas um bocadinho de vaidade. Tu dizes que gastaste um dinheirão em telefone e em mensagens, quase todas as noites vias e ouvias no computador a Boneca, e que nunca se zangaram. Mas esqueceste um pormenor, Serginho. Esqueceste que o amor é como a planta que nasce no calor do verão: morre se não for regado. E é uma perda de tempo humedecer uma planta que mirrou. anttoniomotta@gmail.com
Eu acho que ela se cansou de esperar, Serginho. A Boneca que tu julgavas que já te pertencia, tem trinta anos, e esperou por ti durante cinco anos. É muito tempo para quem sonha.
Festival de Gastronomia do Norte envolve centenas de restaurantes O Turismo do Porto e Norte de Portugal lançou no Marco de Canaveses a maior e mais arrojada iniciativa de promoção da gastronomia do norte do país. São os “Finsde-semana Gastronómicos”, uma iniciativa que vai envolver até ao final de Maio centenas de restaurantes de 60 concelhos nortenhos. Segundo fonte do organismo, esta iniciativa pretende “posicionar o produto estratégico ‘Gastronomia e Vinhos’, numa perspectiva de contemporaneidade, de novos horizontes e desafios revestidos de competitividade”. Na sessão de abertura, a 23 de Janeiro, no Marco de Canaveses, no restaurante Pensão Magalhães – que serviu o anho assado com arroz e as fatias do Freixo, especialidades gastronómicas deste concelho do interior do distrito do Porto – participaram o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira, e o presidente da câmara local, Manuel Moreira. Os fins-de-semana gastronómicos vão percorrer, em datas distintas, os vários concelhos aderentes do Minho, Douro Litoral e Trás-os-Montes, que apresentarão as respectivas especialidades. O festival encerra a 22 e 23 de Maio na cidade do Porto. A iniciativa assenta na marca “portoenorte.come” e conta com o envolvimento de entidades públicas, nomeadamente os municípios. No Marco de Canaveses aderiram mais quatro restaurantes. Nos fins-de-semana de 6 e 7 e de 13 e 14 de Fevereiro os restaurantes dos concelhos de Baião, Montalegre, S. Tirso, Trofa, Amarante, Bragança, Vimioso e Paços de Ferreira mostram os seus “pratos”.
Cozinha tradicional dá prémio ao Restaurante O Golfe, em Amarante O Restaurante O Golfe, localizado no Campo de Golfe de Amarante, foi galardoado com o prémio Verde Prata, distinção que lhe foi atribuída pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV). O prémio, obtido num concurso realizado em Setembro passado, distingue os restaurantes “que associam de forma excepcional o Vinho Verde e a Gastronomia”, anunciou a organização. O Restaurante O Golfe foi galardoado na categoria “cozinha tradicional”, tendo apresentado a concurso um menu que inclui “Enguia do Tâmega sobre tosta de Pão de Padronelo”, servida com Espumante de Vinho Verde Branco Quinta da Calçada (2006) e o prato de carne “Cabritinho da Serra de Carvalho de Rei, sobre grelinhos salteados e batatinha assada”, acompanhado por um Quinta da Lixa Tinto (2006). A sobremesa servida é a “Sinfonia de São Gonçalo” com Espumante Branco Quinta da Lixa Meio Seco.
Quinta de Sabrosa propõe “Romance no Douro” A Casa das Pipas, da Quinta do Portal, instalada no concelho de Sabrosa, propõe para 2010 um programa de “intenso romantismo”, o qual terá no mês dos namorados (Fevereiro) um dos seus momentos mais altos. Os visitantes serão recebidos com vinho do Porto e o programa propõe uma noite de alojamento em quarto superior, pequeno almoço, visita à adega de envelhecimento, prova de vinhos da Quinta do Portal e um jantar vínico no restaurante da unidade, à luz das velas. Para que o “cenário seja perfeito”, a Quinta do Portal inclui no programa de dois dias um passeio de barco nas águas do rio Douro.
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cartoon | nós
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C a r t o ons de Santiagu Fundado em 1984 Quinzenário Regional Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89
[Pseudónimo de António Santos]
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«To be, or not to be, that’s the question» 2010