repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
Nº 1234 | Quinzenário | Assinatura Nac. 40€ | Ano 26 | Diretor: Jorge Sousa | Diretor-Adjunto: Alexandre Panda | Edição:Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928
* Esta edição foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico *
24 mar a 07 abr’10
Municípios valorizam as economias locais
Fumeiro em Baião | Pão-de-ló em Felgueiras Reitor da UTAD aposta na investigação após mandato de oito anos
Erradicar abandono escolar em Paredes é prioridade da Câmara
É um dos pioneiros da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Chegou a Vila Real para trabalhar no então Instituto Politécnico (1976) e 33 anos depois Armando Mascarenhas Ferreira está a terminar o segundo mandado à frente da reitoria da universidade que cresceu e fez crescer a cidade transmontana. pgs. 6-7
No concelho de Paredes, 60 por cento dos jovens abandonam a escola entre os 15 e os 16 anos, sem concluírem o ensino secundário. Mas o presidente da Câmara, Celso Ferreira, tem a expectativa que dentro de oito anos o concelho esteja “irreconhecível” em termos de qualificação da população. pgs. 18-19
No Mosteiro de Pombeiro a 26 e 27 de março |
Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com | Texto e fotos
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os dias que antecedem a Páscoa saem diariamente cerca de 500 quilos de pão-de-ló da fábrica de Felgueiras que foi fornecedora da Casa Real. Além dos muitos postos de venda no país, o pão-de-ló de Margaride, de Leonor Rosa da Silva, é vendido no Brasil, França e Espanha. Os proprietários estão a negociar a venda no Japão. Na fábrica de pão-de-ló de Margaride, no centro de Felgueiras, as duas semanas que antecedem a Páscoa são o tempo da “ceifa”, a altura do ano (a par do Natal), em que mais se produz esse doce tradicional. O fabrico de pão-de-ló chega aos 500 quilos por dia, conta ao Repórter do Marão Margarida Lickfold, a atual proprietária da fábrica que ainda funciona num edifício do século XIX. Foi por iniciativa de Leonor Rosa da Silva que ali se instalaram os dois fornos onde se coze o pão-de-ló de Margaride e as cavacas, uma dupla que é a imagem de marca da casa e de Felgueiras. Antes, a doceira que “foi enjeitada na roda do Porto” e criada por uma ama do lugar da Corredoura, já fazia pão-de-ló na Lixa para onde foi viver depois de casar, aos 16 anos. Leonor morreu em 1898, após três casamentos sem descendência. Cerca de dez anos antes, Leonor Rosa da Silva tinha sido informada “por carta particular, timbrada com as armas de Suas Altezas Reais os Duques de Bragança, data do Paço de Belém em 5 de Dezembro de 1888 e assinada pelo conde de S. Mamede”, que passara a ser fornecedora da Real e Ducal Casa de Bragança, podendo usar o selo com as armas reais e ducais – que se mantém ainda hoje no papel de embalagem do pão-de-ló. A ligação à Casa Real perdurou e no banquete do casamento de D. Duarte de Bragança com Isabel de Herédia foi servido “o nosso pão-de-ló”, recorda com orgulho Margarida Lickfold. “Quando passa por esta zona”, D. Duarte leva pão-deló de Margaride. Entre as figuras públicas clientes da casa contam-se o ex-presidente da República, Ramalho Eanes, e Maria de Lurdes Modesto, especialista em gastronomia tradicional portuguesa. Sempre que aparecia, a dinamizadora da Confraria do Pão-de-Ló vinha sem pressas e gostava de ir à cozinha assistir às várias fases de preparação das cavacas. Há décadas, o pão-de-ló era o folar da Páscoa, oferecido por quem tinha posses, a prenda de padrinhos endinheirados, em determinadas épocas um luxo a que poucos acediam. Margarida Lickfold lembra-se de os caseiros aparecerem na fábrica com cestos forrados com toalhas de linho onde levavam as roscas de pão-deló para oferecer aos senhorios.
Hoje, “vende-se bastante” os pães-de-ló mais pequenos (de meio quilo), mas o peso é diverso e vai até aos 15 quilos (por encomenda). Na casa, é habitual fazeremse alguns. Dois deles vão para lojas de Cascais e do Porto, para enfeitar as montras. Doce fofo e seco, que “entala”, o pão-de-ló é feito com ovos, farinha e açúcar. A primeira tarefa é partir os ovos. Na época alta esse trabalho é feito por “quatro mulheres que só fazem isso. Entram às 7:00”, explica Margarida Lickfold. Depois, numa sala onde estão todos os ingredientes são doseadas as quantidades. E é aí que estará a essência da qualidade do bolo. “O segredo somos nós. Vamos lá e deitamos o nosso segredo”. A frase é dita num tom que é de brincadeira, mas a proprietária insiste que “só a família é que sabe” qual o pormenor que confere o toque final ao pão-de-ló que, independentemente do tamanho, coze durante uma hora. Enviado por correio expresso para várias cidades – Viana do Castelo, Porto, Cascais e Lisboa, etc. –, o pão-de-ló de Margaride também se vende no Brasil, em França e Espanha. E é muito provável que em breve esteja à venda no Japão. Mal se sobem as escadas que dão acesso à fábrica de pão-de-ló percebe-se que se entra num ambiente com história. Um retrato de Leonor Rosa da Silva como que prescruta do alto quem entra. As mobílias, as peças decorativas remetem para o século XIX. Na sala que dá acesso à cozinha, junto a uma vitrine de época, existe um móvel de prateleiras fundas e gavetas grandes, feito de propósito para guardar o pão-de-ló e as cavacas. Na cozinha, que mantém a traça original, mantêm-se as masseiras onde é preparada a massa, antigamente à força de braços e hoje de forma mecânica. A qualidade dos doces da casa vai até ao pormenor final da embalagem, cuidada e apelativa. Todo esse património familiar é “para conservar”. É esse o desejo de Margarida Lickfold que se mostra agradada com a “boa medida” anunciada pela Câmara de Felgueiras. A valorização dos produtos da terra “estava muito parada”, mesmo "esquecida". Por isso, a ideia de fazer uma espécie de casamento entre o vinho verde e pãode-ló é vista como positiva. Até porque, o doce tradicional exige acompanhamento líquido, seja com “vinho fino” (do Porto), ou com o vinho verde que se produz no concelho de Felgueiras. As preferências de acompanhamento são diversas: há quem o prefira simples, acompanhado com queijo ou mesmo com presunto. No concelho de Felgueiras há cerca de 50 postos de trabalho diretos associados ao fabrico e venda de doces tradicionais, distribuídos por oito empresas – apurou o Repórter do Marão junto da Associação Empresarial de Felgueiras – mas foi impossível calcular o peso económico que o fabrico da doçaria artesanal tem na economia local. Esse levantamento está ainda por fazer.
| Fabrico de doçaria tradicional emprega 50 pessoas
Câmara promete festival anual antes da Páscoa A Câmara de Felgueiras organiza o I Festival do Pão-de-Ló - Mostra Anual de Pão-de-Ló e Doces Tradicionais, a 27 e 28 de março – fim-de-semana que antecede a Páscoa –, no Mosteiro de Pombeiro, estando garantida a presença de algumas dezenas de produtores de pão-de-ló, cavacas, lérias e outros doces tradicionais. Na apresentação do evento, assumido como uma aposta que anualmente vai acontecer dias antes da Páscoa, o presidente da Câmara, Inácio Ribeiro, referiu-se ao pão-de-ló de Felgueiras como “um bem nacional, um produto por excelência e diferenciador em relação a muita doçaria que se fabrica no país”. Para o autarca, “é possível tornar o concelho de Felgueiras, com este primeiro festival, num marco turístico da região nortenha”. Felgueiras é o centro “em termos de pão-de-ló”, sustenta. O festival integra os fins-de-semana gastronómicos, da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal e foi promovido na região da Galiza, no novo espaço do turismo nortenho na cidade de Santiago de Compostela.
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Fumeiro de Baião dá passos decisivos para a desejada certificação A s cozinhas dos 16 produtores que vão participar na Feira do Fumeiro e do Cozido à Portuguesa, em Baião, foram este ano licenciadas e pela primeira vez o fumeiro tem um selo que identifica o produtor. Mais um passo para a certificação.
Este ano a Feira do Fumeiro de Baião obrigou a trabalho reforçado. Exigências da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e da Direção Geral de Veterinária sustentadas na legislação saída no final do ano passado obrigaram ao licenciamento das cozinhas dos 16 produtores que este fimde-semana participam na feira do fumeiro. As cozinhas foram antecipadamente vistoriadas e licenciadas para a produção do fumeiro que vai vender-se na feira do Tijelinho. Uma equipa de técnicos da Câmara de Baião e um médico veterinário acompanharam os vários procedimentos, desde o controle da qualidade da água até à selagem dos enchidos, que é feita também pela primeira vez. Moiras, linguiças, alheiras e outros enchidos têm um selo onde consta o número do produtor, nome e contacto. O presunto não pode ser vendido inteiro para que quem compra possa verificar que está a comprar um produto bem curado. Os preços por quilo foram previamente acordados entre os participantes. As alheiras (dez euros) e o salpicão (20 euros) estão, respetivamente, na base e no topo da lista de preços. O presunto sem osso fatiado vai ser vendido a 17,50 euros.
É em Gosende, na freguesia de Gôve, junto à casa onde vive, que Paula Cristina Osório (foto) faz os enchidos que vai levar à feira. É o segundo ano que participa. Este ano vai levar menor quantidade. “Porque estamos em crise”, responde ao Repórter do Marão.
| Produtores satisfeitos | “Começámos a trabalhar nisto em dezembro”, diz, para explicar que o fumeiro “requer muitos cuidados”, muitas canseiras. “Sabe o que lhe digo: isto para chegar à mesa do cliente dá muito, muito trabalho”. Acabada de chegar com um braçado de achas para o lume, Amélia Costa, atesta as palavras da filha Paula Cristina. “Ui, Deus me livre… trabalho e despesa”, diz enquanto trata de manter a fogueira acesa “das 9 da manhã às 11 da noite”. A mais nova dos sete filhos de dona Amélia é a única que se dedica a fazer enchidos. Na casa dos pais, em Campelo, criavam-se e matavam-se porcos, um hábito de subsistência ancestral. Na memória ficou o animal mais possante: uma porca que pesava 18 arrobas (270 quilos), conta dona Amélia. Paula Cristina aprendeu com a mãe, que, aos 76 anos, ainda a ajuda, e com a experiência que foi adquirindo. Explica que há pormenores fundamentais: as alheiras, porque são feitas com pão e carnes diversas cozinhadas, são muito melindrosas, azedam com facilidade. Os salpicões devem ser feitos com carne
do lombo do porco. “Não se devem fazer” com carne da pá ou do presunto que dão salpicões mais secos. Na chaminé há três níveis, do mais próximo da fogueira, ao mais afastado, no topo. A quantidade de enchidos pendurados a defumar cativa a atenção: pedaços de cabeça e barriga, salpicões, linguiças, presuntos e num dos suportes uma espécie de “estrela” do fumeiro: um grande salpicão (com dois quilos) espetado num pau de louro que o segura. As “novas exigências” obrigaram a que os porcos tivessem de ser mortos no matadouro. Segunda a Câmara de Baião, este ano foram mortos 43 porcos. A matança fez-se no matadouro municipal de Resende, cuja câmara municipal apoia também esta iniciativa. Paula Cristina aproveitou o sangue dos três animais levados para o matadouro. Uma mistura de sal e vinho tinto impede que o sangue coalhe. Foi guardado para fazer as moiras, um enchido que leva carne cortada em pequenos pedaços, alho ou cebola picados, e que se come cozido. A produtora mostra-se muito satisfeita com a ajuda da autarquia, destacando sobretudo o apoio prestado pelo seu presidente, José Luís Carneiro. As luvas, toucas e batas foram oferecidas pela autarquia. Nas últimas quatro edições da feira (mais de 36 mil visitantes) foram vendidas oito toneladas de fumeiro, quatro toneladas de laranja da Pala e mais de dois mil quilos de biscoito da Teixeira, além de 20 mil garrafas de vinho verde. Paula Costa
Entrevista a Armando Mascarenhas Ferreira |
'UTAD foi a força m É
um dos pioneiros da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Chegou a Vila Real para trabalhar no então Instituto Politécnico em 1976 e passados 33 anos Armando Mascarenhas Ferreira está a terminar o segundo mandado à frente da reitoria da universidade que cresceu e fez crescer a cidade transmontana.
Nasceu em Benguela, Angola, há 60 anos. Tirou o curso de Engenharia Agronómica e iniciou o seu percurso profissional como assistente na Universidade de Luanda. Apanhado no meio da descolonização, que se deu após o 25 de abril de 1974, teve que vir para Portugal, onde chegou em agosto de 1975, altura em que teve o primeiro contacto com o Instituto Politécnico de Vila Real que estava a dar os primeiros passos. “Não fazia ideia onde ficava Vila Real”, afirmou ao Repórter do Marão. Habituado ao calor africano, foi uma espécie de “choque” térmico que sentiu quando chegou à cidade de Vila Real. “Tomei posse num dia em que a temperatura máxima foi de três graus negativos e a mínima cinco graus negativos”, recordou. “Para quem passava praticamente todo o ano em mangas de camisa foi realmente um choque muito grande. Para além de me ter juntado a uma instituição que dava os primeiros passos, numa cidade onde as acessibilidades eram más e as deslocações muito longas”, salientou. O então instituto politécnico começou a funcionar no edifício onde agora está instalado o Arquivo Distrital e as primeiras aulas decorreram no salão dos Bombeiros da Cruz Verde. Mascarenhas Ferreira começou por partilhar o gabinete com “oito ou nove” colegas. Só mais tarde, já num pré fabricado do campus é que teve o primeiro gabinete a sério. Agora é sentado no amplo e acolhedor gabinete do reitor da UTAD, instalado no edifício de Geociências, que recorda o passado que o levou a assumir os destinos da academia transmontana em 2002. Pelo caminho percorreu os Estados Unidos da América, Holanda e Inglater-
ra em estágios de investigação, doutorou-se e até fez uma mudança de trajetória em 1990, quando assumiu o cargo de chefe de gabinete do ministro do Ambiente e Recursos Naturais, Fernando Real, regressando um ano depois à universidade para se juntar à equipa reitoral de Torres Pereira.
| Cidade cresceu com o ensino superior | Quando chegou, Vila Real não era nada do que é hoje. A cidade cresceu com o ensino superior. A UTAD, que nasceu em 1986, foi, na opinião de Mascarenhas Ferreira, “como que a força motriz ou o motor de desenvolvimento da região e em particular da cidade”. O crescimento foi rápido e, por isso, foram cometidos “alguns erros” do ponto de vista urbanístico. “Os estudantes tinham dificuldade em encontrar alojamento e houve que dar resposta rapidamente”, referiu. Na altura, o local de trabalho era muitas vezes “a pastelaria Gomes” e o ponto de encontro o Cabanelas, passando posteriormente para o Pioledo. “Foram tempos que recordo com saudade. A cidade estava a crescer e nós sentíamos que estávamos a contribuir para o desenvolvimento”, frisou. Hoje, para Mascarenhas Ferreira, Vila Real é uma “cidade com uma boa qualidade de vida e com boas acessibilidades”. Um dos grandes problemas apontados pelo reitor foi a dificuldade em trazer pessoas para a região transmontana. Numa primeira fase, a instituição vingou com a ajuda dos docentes e não docentes provenientes das ex-colónias. “Seríamos à volta de 85 a 90 por cento do pessoal que começou a trabalhar no instituto”.
| Anos difíceis | Anos mais tarde, a grande preocupação da universidade foi a perda do “bem precioso, o aluno”. Quando tomou posse em 2002, a UTAD tinha cerca de 7.300 alunos. Só que, a partir daí, a instituição começou a sentir problemas devido à “diminuição constante do número de alunos”, em grande parte devido à concorrên-
| Reitor deixa cargo no final do segundo mandato
otriz de Vila Real' Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com | Fotos PL
cia do ensino superior privado e público do Porto, Minho e Bragança. “Infelizmente, em áreas onde éramos tradicionalmente fortes, rapidamente tivemos a competição de universidades como a do Porto, uma concorrência que surgiu inscrita no âmbito da autonomia das instituições”, salientou. No entanto, acrescentou que o “respeito pela autonomia das instituições não dispensa, nem fere, a regulação da oferta, regulação essa que deveria ter sido feita pelos sucessivos governos que deveriam ter preservado os nichos de formação especializados”. “Entrámos num ciclo difícil em que queríamos alunos, mas também precisávamos de docentes e de os qualificar e, depois, alguns cursos começaram também a sentir sérias dificuldades”, explicou. A UTAD possui atualmente cerca de 400 professores doutorados, uma aposta na qualificação que, para o reitor, representou um grande esforço. A solução passou por procurar novas ofertas de formação, mais apelativas. Mascarenhas Ferreira salientou que a universidade tem sido “pioneira” em vários cursos, como o de Enologia ou de Engenharia da Reabilitação e Acessibilidade Humana. Nos últimos anos, a academia transmontana adequou todos os cursos a Bolonha. O reitor referiu que a UTAD começou a recuperar nos últimos três anos, registando um aumento do número de universitários.
| Contrato de confiança com o Governo | A universidade conta com um orçamento de cerca de 35 milhões de euros, reforçado em quatro milhões através do contrato de confiança assinado entre o Governo e as instituições de ensino superior. Esta situação vai ajudar a UTAD a “respirar um pouco de alívio”. Esta universidade, conjuntamente com a de Évora e dos Açores, foi uma das primeiras que entrou em dificuldades financeiras. “São aquelas que estão localizadas em ambiente demográfico e geograficamente menos favoráveis”. Agora, depois de assinado o contrato de confiança com o Governo, é preciso elaborar o plano estratégico para o futuro, já que as instituições de ensino superior (institutos e universidades) têm que formar mais de cem mil ativos até 2013.
A UTAD terá agora que elaborar o plano estratégico para cumprir a sua parte do contrato, sendo que, segundo o reitor, a formação poderá passar pela atualização de conhecimentos, formando maiores de 23 anos, através da educação à distância e ir buscar às autarquias ou organismos descentralizados, pessoas para requalificação profissional.
| Novo reitor eleito até fim de Junho | Até ao final de junho, a UTAD vai eleger o próximo reitor que terá que tomar posse até meados de julho. Depois, Armando Mascarenhas Ferreira quer descansar, libertar-se de horários e compromissos. E, porque o bichinho da investigação ainda mexe, quer aproveitar o período de seis meses a um ano que tem direito legalmente, para atualização científica. “Tenho que me atualizar porque estive durante muito tempo dedicado à administração, à reitoria”, concluiu.
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vila real
José Sócrates preside dia 30 ao arranque do edifício de Ciências Veterinárias na UTAD O primeiro-ministro, José Sócrates, vai ser o convidado especial do Dia da Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro (UTAD). No campus da academia, em Vila Real, o governante vai lançar a primeira pedra do edifício de ciências veterinárias/bloco de laboratórios, e descerrar a placa que atribuiu à Biblioteca Central da UTAD o nome do ex-reitor já falecido, Torres Pereira. “É uma forma de premiar um homem que se dedicou de alma e coração a esta instituição”, disse ao Repórter do Marão o reitor, Armando Mascarenhas Ferreira. Torres Pereira desempenhou o cargo entre 1990 e 2002. O Dia da UTAD, que se assinala a 22 de março, foi este ano adiado para o dia 30, por questões de agenda do primeiro-ministro. Nesta visita, José Sócrates vai estar acompanhado do ministro da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago. Com um investimento de 9,4 milhões de euros, o novo edifício da UTAD tem um prazo de conclusão de 18 meses, vai acomodar algumas especialidades da medicina veterinária e vai fazer uma forte interface com áreas consideradas atualmente decisivas na investigação, como a biologia molecular, a genética, a bioquímica ou a nutrição humana. O projeto resultou de uma negociação que demorou cinco anos e conta com uma comparticipação de 70 por cento do programa comunitário FEDER. No Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento
da Administração Central (PIDDAC) de 2010, o Governo inscreveu uma verba de 500 mil euros para as Ciências Veterinárias/bloco de laboratórios. “É um edifício importante para nós”, salientou Mascarenhas Ferreira. Tanto mais que, segundo acrescentou, vai dotar a instituição de “praticamente todas as condições necessárias” para acomodar o curso de mestrado integrado em Medicina, uma ambição antiga da academia transmontana. A UTAD, em parceria com um dos maiores grupos privados portugueses ligados ao ensino e saúde, o CESPU, quer criar o primeiro curso de Medicina fora de uma faculdade. A candidatura foi entregue no final de dezembro à Agência de Avaliação e Acreditação do En-
sino Superior (A3ES), e propõe a criação de um mestrado de seis anos, com todos os ciclos dos tradicionais cursos de Medicina, destinando-se a alunos que terminam o 12ºano e se candidatam ao Ensino Superior. O mestrado terá a frequência de 60 alunos e a ideia dos promotores é aproveitar os recursos existentes, através de parcerias público-privadas. O reitor considerou, no entanto, que será pouco provável que no dia 30 o ministro da ciência e ensino superior, se pronuncie sobre o andamento do processo de criação deste curso. “Espero é que o ministro venha anunciar o seu apoio à criação no nosso Parque de Ciência e Tecnologia”, salientou Mascarenhas Ferreira. Depois de ter sido reprovada uma primeira candidatura aos fundos comunitários, os promotores estão a preparar uma nova candidatura conjunta do Parque de Ciência e Tecnologia de Trás-os-Montes e Alto Douro para entregar ao segundo aviso que irá ser aberto pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN). Além da UTAD, o projeto envolve o Instituto Politécnico de Bragança, as autarquias de Vila Real e Bragança e a PortusPark- Rede de Parques de Ciência e Tecnologia e consiste na criação dos Regia Douro Park, centrado na área agroalimentar centrada no vinho e na vinha, e do Brigantia Eco Park, ligado ao ambiente e energias renováveis.
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nordeste
Escavação do Túnel do Marão prestes a recomeçar Decisão judicial é ainda provisória
Barragens no Alto Tâmega
Autarcas e ambientalistas querem estudo ambiental mais credível Autarcas, ambientalistas e representantes de movimentos cívicos defenderam, em Vila Real, a substituição do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) das Barragens do Alto Tâmega, em consulta pública até 14 de abril, por outro mais “sério e credível”. A “cascata” do Alto Tâmega, adjudicada à espanhola Iberdrola, visa a construção de quatro barragens: as de Alto Tâmega (Vidago), Daivões - ambas no rio Tâmega -, Gouvães e Padroselos (afluentes). No âmbito do EIA, em consulta pública até 14 de abril, a Agência Portuguesa do Ambiente promoveu uma reunião que contou com a presença de responsáveis da Iberdrola, de representantes da empresa responsável pelo estudo, a Procesl, e ainda de autarcas, movimentos cívicos, ambientalistas, universitários ou agricultores. Domingos Dias, presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, o concelho mais afetado pela construção das barragens, defendeu que o EIA deve ser “retirado e substituído por outro”. “Este EIA é demasiado pobre para poder levar a que empreendimentos com tão grandes impactos no Alto Tâmega sejam executados”, afirmou o autarca. Como impacto mais significativo, Domingos Dias realçou a deterioração da qualidade da água, sendo que o estudo não refere se esta vai ficar inutilizada para consumo humano, animal ou para regadio. O autarca apontou ainda falhas sobre as consequências que as albufeiras poderão ter nos ventos, afetando os parques eólicos da Empreendimentos Hidroelétricos do Alto Tâmega e Barroso, principal fonte de rendimento da empresa que junta os seis municípios deste território. Também Pedro Couteiro, da Coordenadora de Afetados pelas Grandes Barragens e Transvases (COAGRETE), defendeu que deve ser submetido a consulta pública um estudo “sério e decente”, salientando que estes empreendimentos não vão trazer nenhum benefício para as populações. O economista Amílcar Salgado chamou a aten-
ção para os “custos sombra” que não estão contabilizados no EIA, como o aumento dos tratamentos nas vinhas devido ao aumento da humidade e dos custos com o aquecimento das casas e frisou que os 3500 postos de trabalho criados pela construção destes aproveitamentos hidroelétricos são “temporários”. Perante as críticas, Paulo Ferreira, representante da Procesl, reconheceu que o estudo tem lacunas, mas frisou que muitas das questões ambientais apontadas serão desenvolvidas na fase do Relatório de Conformidade Ambiental. Pina Moura, presidente da Iberdrola Portugal, afirmou que a retirada do EIA está “fora de questão”, explicou que a reunião serviu para ouvir as “reações, tomar nota e refletir” e defendeu o projeto, que considerou ser “bom” para as populações daquela que é uma das regiões mais deprimidas do país. Em relação à população de bivalves, espécie rara e protegida que foi encontrada no rio Beça, para onde está prevista a Barragem de Padroselos, Pina Moura recusou antecipar cenários. Na sequência da descoberta, o EIA revela um “possível cenário alternativo do projeto”, que passa pela exclusão desta barragem aumentando a potência prevista para Gouvães. “Esperamos que as regras fixadas pelo concurso se cumpram com rigor por parte de todos os intervenientes neste processo. Esperamos contribuições críticas mas num quadro de concretização do projeto”, sublinhou.
A escavação do Túnel do Marão, inserido na auto estrada que vai ligar Amarante a Vila Real, vai ser retomada depois de quatro meses suspensa devido a uma providência cautelar interposta pela empresa Água do Marão. O Tribunal Central Administrativo do Norte (TCAN) levantou a suspensão provisória às obras do Túnel do Marão, que tinha sido decretado pelo Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Penafiel. “A concessionária acolhe com agrado a decisão do TCAN, na medida em que constitui uma primeira confirmação, por um tribunal superior, da razão da concessionária”, afirmou à agência Lusa o presidente do Conselho de administração da Auto Estrada do Marão, Francisco Silva. No entanto, o responsável explicou que a decisão do TCAN foi proferida em sede de recurso do decretamento provisório de suspensão da construção do túnel previamente decretada pelo tribunal de Penafiel. É que o processo da providência cautelar continua a ser julgado no TAF de Penafiel, sendo que, em abril, prossegue a fase de inquirição de testemunhas, a qual conduzirá ao proferimento de uma decisão sobre a providência em principio durante o mês de maio. “Só aí estaremos realmente em condições de poder saber se os trabalhos podem, efetivamente, continuar”, frisou. A decisão final do processo cabe ao TAF de Penafiel que pode até decidir pela paragem definitiva da obra. De momento, para retomar a escavação do maior túnel rodoviário da Península Ibérica, com 5,6 quilómetros, a concessionária tem que cumprir duas condições. A primeira tem a ver com a instalação, nas captações de “António Pereira - Água do Marão, Lda”, de um sistema de monitorização de níveis, caudais e qualidade das águas, sob a coordenação e fiscalização de uma comissão constituída pelos especialistas Martins de Carvalho e Marques da Silva. A concessionária está ainda proibida de usar explosivos com carga superior a 100 quilos, uma atividade que será fiscalizada por uma pessoa a indicar pela empresa da Água do Marão. “A data prevista para o início dos trabalhos está dependente da adequação destas condições, encontrandose já em marcha as ações com vista ao seu cumprimento, estimando-se à presente data, que o início dos trabalhos possa vir a ocorrer ainda no decorrer deste mês”, afirmou Francisco Silva. Por sua vez, o proprietário da Água do Marão, António Pereira, afirmou que vai ficar atento para ver se a concessionária cumpre com o imposto pelo tribunal, porque diz que “está em causa uma empresa com 25 anos, que emprega meia centena de trabalhadores e milhares e milhares de clientes”. “Com certeza que vou estar muito atento a todo o evoluir desta situação. Isto é só nesta fase em que o julgamento não está concluído, já que poderá ser decretado novamente o embargo da obra. As medidas tomadas provisoriamente podem passar a definitivas”, referiu. Francisco Silva disse ainda que a suspensão decretada pelo TAF de Penafiel da execução das obras no túnel teve, desde logo, “impacto sobre a data de conclusão dos trabalhos e consequentemente na data de abertura ao tráfego da infraestrutura bem como nas datas associadas ao respetivo prazo de início e fim de exploração”. “Adicionalmente foram já incorridos um conjunto de custos decorrentes da imobilização de meios físicos e humanos ao longo desta suspensão os quais estão a ser devidamente quantificados”, acrescentou.
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Fotos Manuel Teles/Lusa
Armazém desenhado por Siza abre no Verão O armazém de envelhecimento de vinho da Quinta do Portal, desenhado por Siza Vieira, abre no verão as portas a visitas regulares, tanto para os amantes do vinho como da arquitetura. Apesar de há mais de um século a família Mansilha se dedicar à produção de vinhos, a empresa Quinta do Portal, que se estende pelos concelhos de Sabrosa e Alijó, foi constituída apenas em 1994, dedicando-se desde então aos vinhos do Porto, do Douro, Moscatel e espumantes. “Só este verão o armazém estará aberto para visitas turísticas regulares. Estamos convictos na importância desta infraestrutura nos roteiros do Douro”, afirmou Castro Ribeiro, diretor geral da Sociedade Quinta do Portal, em comunicado enviado à imprensa. Com um investimento de quatro milhões de euros, o edifício abarca as três áreas de atividade da quinta: vinha, vinificação e turismo.
Projeto ajuda crianças e jovens em risco em Bragança A Casa do Trabalho de Bragança vai conduzir nos próximos três anos um projeto que se propõe ajudar 169 crianças e jovens em risco a encontrarem saídas sociais e profissionais, divulgaram os responsáveis. O projeto será desenvolvido no âmbito do programa nacional “Escolhas” que chega a Bragança uma década depois da sua criação. A Casa do Trabalho, uma instituição que acolhe crianças e jovens em risco, é a sede e coordenadora da iniciativa, que não se restringe aos utentes, mas abrangerá destinatários de todo o distrito de Bragança, com idades entre os seis e os 24 anos. “Pontes de Inclusão” é o nome do projeto que conta com sete parceiros sociais, entre escolas, instituições ligadas à juventude, comissão de proteção de crianças e jovens, centros sociais, entre outros.
Exposição de burros mirandeses fotografados por Toscani
O fotógrafo italiano Oliviero Toscani decidiu há cinco anos fotografar burros mirandeses, num trabalho que deu origem a uma irónica exposição que vai ser vista pela primeira vez em Trás-os-Montes, a terra de origem dos “modelos”. A exposição de fotografia vai estar patente em Alfândega da Fé, entre 12 e 19 de agosto e chega pela mão do festival internacional “Sete Sóis, Sete Luas”, uma rede cultural de 25 localidades de 10 países do Mediterrâneo e da lusofonia. O município transmontano de Alfândega da Fé integra pela primeira vez esta rede e é na vila transmontana que poderá ser apreciada a exposição de Toscani feita de propósito, em 2005, para o festival “Sete Sóis, Sete Luas”. Segundo explicou o diretor do festival, Marco Abbondanza, na apresentação do evento em Alfândega da Fé, o fotógrafo das polémicas campanhas da Benetton escolheu para “top-models” do seu trabalho os burros portugueses, especificamente da raça Mirandesa, a única raça asinina portuguesa protegida pela União Europeia. A exposição tem como título “Hardware+Software = Burros” e pretende chamar a atenção sobre “o empobrecimento da inteligência do homem por culpa da tecnologia”.
nordeste
Arte manuelina
Freixo de Espada à Cinta trabalha para captar turismo cultural Freixo de Espada à Cinta está tornar-se num museu vivo em que os visitantes são convidados a passear pela história da “vila mais manuelina de Portugal” que quer entrar com este legado nos roteiros do turismo cultural. O rumo está traçado e passa também pela ligação ao Oriente desta terra transmontana de onde partiram o primeiro navegador português a chegar à China, Jorge Álvares, e inúmeros missionários. Mais de uma centena de livros em chinês e sobre o Oriente trazidos nas missões vão ser disponibilizados ao público na biblioteca dos navegadores e missionários a instalar na igreja do Convento São Filipe de Nery. O monumento é um símbolo do período manuelino da vila e será um dos pólos do Museu do Território e da Memória. Em declarações à Lusa, o responsável por esta área na autarquia, Jorge Duarte, salientou que em vez de um museu num espaço fechado, o município optou por contar a história da vila ao vivo, fazendo as pessoas circular num roteiro composto por vários núcleos. O passeio parte do coração do manuelino, o estilo arquitetónico que personifica um dos períodos mais esplendorosos de Portugal, e que abunda na vila raiana transmontana com exemplares únicos como a Torre do Galo, com forma heptagonal, sobranceira à igreja matriz.
A imponente igreja guarda no seu interior retábulos da Escola de Grão Vasco e apresenta uma dimensão muito superior aos tradicionais templos, acreditando-se ser “uma miniatura dos Jerónimos”, já que têm em comum dois arquitetos, segundo José Duarte. Igreja e Torre são o que resta do castelo e muralhas cujos blocos de granito estão dispersos pelas casas do centro histórico da vila com a arte manuelina nas portadas redondas. Um freixo (árvore) com uma espada presa no tronco alimenta naquela zona a lenda da origem do nome num cavaleiro de espada à cinta que terá descansado à sombra daquele ou de outro freixo. Esse museu vivo tem ainda lugar reservado para a casa onde nasceu o poeta republicano Guerra Junqueiro, para a demonstração de todo o ciclo da seda, e poderá ser alargado no futuro às freguesias rurais. Em Mazouco, o ponte de interesse será o famoso “Cavalo”, a mais antiga figura rupestre junto ao Douro Internacional procurada sobretudo para visitas de estudo escolares. O presidente da Câmara, José Santos, aposta em articular o turismo cultural com a paisagem que há muito despertou o interesse turístico, mas ainda não consegue fixar o “turista do farnel” das excursões, que pouco mexe com a economia regional.
Doentes oncológicos com mais serviços em Bragança Os serviços públicos de oncologia vão ser reforçados no Nordeste Transmontano com a criação de uma nova clínica que assegurará a manutenção dos cuidados de saúde nesta área aos doentes da região, anunciou fonte hospitalar. A anunciada reestruturação nacional dos serviços oncológicos levantou suspeitas, nomeadamente junto de forças políticas do distrito de Bragança, de que os serviços oncológicos pudessem encerrar, obrigando os doentes desta região a maiores deslocações. O Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE) anunciou que vai “reforçar os meios e a qualidade de tratamento de doenças oncológicas, o que permitirá dar resposta na região a doentes até agora reencaminhados para outras unidades”. Um dos contributos para aumentar a capacidade de resposta será a criação da nova Clínica Oncológica do Nordeste, na unidade hospitalar de Ma-
cedo de Cavaleiros, onde funciona atualmente a unidade oncológica que atende doentes da região. O reforço dos serviços será possível através de um protocolo de colaboração que o CHNE formaliza terça feira com o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, homologado pela Administração Regional de Saúde (ARS) Norte. A cerimónia decorre, em Bragança, onde terá também lugar uma reunião dos responsáveis das duas instituições para discutir a realidade oncológica da região e o programa de implementação de novos procedimentos, para uma assistência de maior proximidade aos doentes oncológicos do nordeste. O protocolo prevê a criação da nova Clínica Oncológica no distrito de Bragança e a consolidação da colaboração entre as duas entidades de saúde, estabelecendo a realização de reuniões semanais e consultas de grupo, com presença física, ou através de videoconferência de especialistas do IPO Porto.
TESTEMUNHOS Olá, o meu nome é Fernando Mesquita, e venho-te incentivar a estudar na Escola Profissional António do Lago Cerqueira. E porque este incentivo? A resposta é simples, podes obter novas experiências e amizades conhecendo de uma forma cativante o mundo do trabalho. Se queres o meu conselho, inscreve-te já, não percas tempo, pois óptimas condições de ensino, excelentes professores e funcionários te esperam, grandes empresas estão ansiosas por te conhecer e teres a oportunidade de mostrares o que vales. Estudo na EPALC há 3 anos, e nestes anos aprendi muito sobre o mundo profissional, conheci grandes empresas com pessoal que nem palavras tenho para descrever, onde deixei bons amigos. Não hesites, agora é a tua vez de ter esta nova experiência de vida. Na EPALC as aulas são óptimas, os professores dedicam-se 100% aos alunos com métodos diferentes mas engraçados. Podes ainda usufruir de estágios que são momentos únicos. Inscreve-te já, a EPALC espera por ti. Fernando Mesquita, VE16
Escolhemos estudar na EPALC por iniciativa própria e por termos colegas que nos incentivaram a fazer tal opção. Também a possibilidade de obter o diploma do 12º ano e um certificado profissional ajudou na tomada de decisão, uma vez que o curso permite realizar estágios e actividades diversas, e assim tomar contacto com a realidade. Tem sido uma experiência muito agradável estudar na EPALC e temos a vantagem dos professores estarem mais próximos dos alunos e nos prepararem para o mercado de trabalho. Eulália Magalhães e Catarina Costa, CQ04
Ao completar o 9º ano de escolaridade na Escola Profissional António do Lago Cerqueira e por ter gostado da forma como fui acolhida, optei por prosseguir os estudos num Curso Profissional, que valoriza o desenvolvimento das competências pessoais e técnicas necessárias ao exercício de uma profissão, preparando-me para a inserção no mercado de trabalho. A escola e o curso pelo qual optei vão de encontro às minhas expectativas proporcionando-me o contacto com vários projectos, tais como a Escola Electrão, TWIST e OTESHA, os quais têm contribuído para um enriquecimento a nível pessoal. Tem sido uma experiência muito positiva, na qual realço as boas relações interpessoais entre professores e alunos, e os métodos de ensino, mais interessantes e motivadores. Micaela, GA16
A EPALC ofereceu-nos uma opção na nossa vida, realizarmos o ensino secundário de uma forma mais ampla e abrangente. Para além do mais proporciona-nos óptimas experiências de aprendizagem em visitas de estudo e nos estágios que são fruto de uma vastíssima e intensa preparação antecedente aos mesmos. As nossas aulas seguem a estrutura modular, ou seja, o aluno aprende ao seu ritmo tendo um acompanhamento muito mais personalizado do que em qualquer outra escola. Os professores que não só estão perfeitamente preparados para nos ensinar como estabelecem connosco uma relação próxima e de inter-ajuda, que nos proporciona um clima agradável que pessoalmente, nunca sentimos em qualquer outra escola. Portanto quando nos perguntam porque escolhemos a EPALC a nossa resposta imediata é porque é muito melhor que qualquer outra escola. Lá sentimo-nos bem, felizes e preparados a ingressar no mundo do trabalho com todas as excelentes experiências que nos proporcionam. Eunice Cardoso e Janete Cerqueira, HS 04
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mercado de trabalho é hoje altamente selectivo, privilegiando os que, de facto, estão mais bem preparados para desempenhar nele um papel produtivo. Só os mais habilitados serão capazes de triunfar num mundo laboral cada vez mais exigente. A preparação eficaz e altamente profissionalizada dos seus alunos é a razão de ser desta escola. Com um Corpo Docente muito empenhado e competente e uma Direcção com uma visão estratégica em termos de futuro, a Escola é capaz de dotar os seus alunos de um conjunto de ferramentas de conhecimento que lhes permite encarar a sua futura profissão com segurança. O nosso corpo de Professores/Formadores acumula uma experiência de muitos anos neste tipo de ensino. Estão, pois, preparados para atender os seus alunos de um modo próximo e eficaz. Esta relação Professor/Aluno, a par da formação modular que praticamos, é muito diferente da abordagem instituída nas escolas secundárias e tem tido excelentes resultados ao longo dos anos. A prová-lo, desde 1991, a EPALC já formou quase 1000 alunos. Todos eles passaram por estágios em empresas e, muitos deles, são hoje profissionais de sucesso. Ao longo dos próximos meses aparecerão nestas páginas depoimentos reais e directos de antigos alunos da EPALC, testemunhando a sua vivência na Escola e a importância de terem adquirido as competências certas para o exercício das suas funções profissionais. Para além das competências adquiridas ao nível das disciplinas, aos alunos dos cursos profissionais, são-lhes facultadas outras competências a nível do saber-fazer inseridas no desenvolvimento da Formação em Contexto de Trabalho e na Prova de Aptidão Profissional, práticas facultadas através da ligação directa ao mundo do trabalho – estágios e visitas de estudo – e de diversos intercâmbios com instituições nacionais e europeias, adquirindo no final da sua formação uma dupla certificação – o aluno obtém um diploma de conclusão do nível secundário de educação (12º ano de escolaridade) e um certificado de qualificação profissional de nível III. Em complemento da Formação Técnica e Profissional, uma das mais importantes missões do sistema de ensino é preparar os seus alunos para a cidadania. Também aqui, para além do plano curricular e interdisciplinar, a EPALC oferece aos seus estudantes um conjunto de projectos de intervenção na vida activa que lhes estimula o gosto pela participação na colectividade. É o caso, entre outros, do Projecto OTESHA, um programa de intervenção social na área do consumo responsável, proposto pela Casa da Juventude de Amarante; do Projecto TWIST, proposto pela EDP, orientado para a sensibilização da utilização racional da energia; do Clube da Protecção Civil, proposto pela Câmara Municipal de Amarante (CMA), onde os jovens desenvolvem actividades no âmbito da segurança; assim como projectos onde é desenvolvido o tema do empreendedorismo (propostos pela EDP e pela CMA) onde os participantes são confrontados com as realidades da criação, desenvolvimento e gestão de produtos/empresas. A EPALC oferece ainda apoios escolares como sejam : refeições, material escolar, subsídios de alojamento e transportes, que garantem aos Pais/Encarregados de Educação um serviço de Ensino e Formação completo. Por tudo isto, se o leitor é um jovem que procura a instituição certa para a sua formação académica e profissional ou se é um Pai/Encarregado de Educação que se preocupa com o futuro dos seus educandos, coloque na sua lista a Escola Profissional António do Lago Cerqueira, venha visitar-nos ou então esteja atento às próximas edições deste jornal onde, uma vez por mês, poderá ler com maior detalhe os testemunhos de alunos e antigos alunos, Professores/Formadores; a descrição de projectos, protocolos e intercâmbios com outras instituições/empresas, assim como a oferta formativa da EPALC para o próximo ano lectivo. João Agostinho Pavão, Prof. Doutor Director Técnico-Pedagógico da EPALC
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ESCOLA PROFISSIONAL ANTÓNIO DO LAGO CERQUEIRA | AMARANTE
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24 mar a 07 abr’10
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
tamega e sousa
Dois diretores de escolas disputam PS/Amarante
Quartel dos bombeiros de Vila Meã inaugurado a 18 de Abril
A casa é nova mas os acessos são maus Há dois meses que os bombeiros de Vila Meã, a segunda corporação do concelho de Amarante, se mudaram para o novo quartel, circundado por campos agrícolas, mas os acessos indispensáveis à circulação das viaturas da corporação não foram acautelados. Só agora, quatro anos depois do lançamento da primeira pedra, está em curso o processo de expropriação do terreno que permitirá construir o acesso direto ao quartel. O arruamento que os bombeiros têm de usar para aceder à principal via da localidade é estreito e não reúne condições para saídas em situação de emergência. Se os moradores deixarem os seus automóveis estacionados à porta de casa, um veículo de maior dimensão, como um autotanque, não consegue passar (foto). Uma preocupação manifestada esta semana ao RM pelo comandante dos bombeiros de Vila Meã, Albano Teixeira que, contudo, se congratula pela melhoria substancial que o novo quartel veio trazer à operacionalidade da corporação. Apesar dos acessos provisórios, as condições de trabalho dos bombeiros são agora infinitamente melhores. Na opinião de Albano Teixeira, a falta de acessos adequados é uma preocupação, sobretu-
do porque se aproxima o verão, época de maior atividade dos bombeiros, o que poderá condicionar a prestação de socorro. A Rede Ferroviária Nacional (REFER), que tem em curso as obras de supressão da passagem de nível, indemnizou os bombeiros para saírem do antigo quartel, demolido para permitir a construção de uma passagem desnivelada na via férrea do Douro. Mas a obra que a REFER está a fazer tem motivado críticas de alguns setores da população local – embora cumpra o projeto aprovado pela Câmara de Amarante –, sendo mesmo considerada “um escândalo e um atentado contra Vila Meã” por um grupo de residentes que assina sob o nome de “Unidos por Vila Meã”. Dizem os críticos – que têm alertado várias entidades através de e-mail, embora não se identifiquem perante os órgãos de comunicação social – que o que está a ser feito no terreno contraria “o plano de pormenor desenhado em tempos pelo arquiteto Carlos Prata (por encomenda da Câmara Municipal de Amarante)”. Em vez de “uma via urbana, desde a Ponte da Pedra até Ataíde, com algumas ramificações perpendiculares” está a ser construída “uma estrada estreita entre Ataíde e o Centro de Saúde, com duas saídas: uma na Rua Dr. Joaquim Silva Cunha e outra na Rua 25 de Abril”, o que é considerado um erro. Segundos estes populares, esta situação só foi possível devido à “brandura da Câmara para com a REFER”, o que é considerado “sinal de desleixo e incompetência” que põe em causa o desenvolvimento de Vila Meã. O Repórter do Marão procurou confrontar o presidente da Câmara, Armindo Abreu, com estas críticas o que não foi possível até à hora de fecho da edição. O novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã, que custou 1,15 milhões de euros, vai ser inaugurado na tarde de 18 de Abril pelo secretário de Estado da Proteção Civil, Vasco Franco.
As eleições para a Concelhia do Partido Socialista de Amarante, marcadas para 17 de Abril, vão ser disputadas por dois professores, ambos diretores de agrupamentos escolares e militantes com alguns de mandatos autárquicos. “Renovar para vencer” é o lema da candidatura de Ercília Costa, membro socialista na Assembleia Municipal e diretora do Agrupamento de Escolas do Marão (EB 1|2|3), que propõe “uma clara aposta na mudança que irá exigir, de todos nós: crença, empenho, motivação, dinâmica e envolvimento”. “Assumimos uma atitude positiva e recusamos o derrotismo que apenas serve para minar a confiança e a motivação e nos leva ao desgaste de energias essenciais, para encararmos os nossos problemas, com muita determinação. Temos, em Amarante, enquanto Partido, uma história, um percurso e uma identidade que nos permitem manter a ambição e a esperança no futuro e em novas vitórias”, propõe a candidatura liderada por Ercília Costa. O outro professor candidato é Artur Correia. Tem 43 anos e encabeça a lista que concorre à Comissão Política do PS de Amarante. É diretor do Agrupamento de Escolas Amadeo de Souza Cardoso (EB 2|3 de Telões) e presidente da Junta de Freguesia de S. Gonçalo. Apresenta-se com a máxima “Compromisso e ambição”. “Compromisso com o trabalho realizado no nosso município pelo PS, pela actual Comissão Política e pelos órgãos autárquicos eleitos”, explica Artur Correia, para quem a ambição está no propósito “de fazer mais e manter o PS como partido de confiança dos amarantinos”.
Alargamento do IP4 é obra de risco O alargamento da plataforma do IP4, na zona de Amarante, está a revelar-se uma obra de risco. O automobilista que morreu soterrado sob o viaduto que desabou quando estava a ser betonado, em Cepelos, no início de março, foi a segunda vítima mortal da obra. O acidente causou ainda alguns feridos ligeiros entre os trabalhadores da obra. A autoridade que fiscaliza as condições do trabalho estranhou que o viaduto estivesse a ser betonado com o trânsito aberto na auto estrada, podendo o diretor da obra ser acusado pelo MP de homicídio por negligência. No mesmo troço e escassas semanas antes, tinha morrido um operário ao manobrar uma máquina. Outro trabalhador tinha ficado gravemente ferido em novembro.
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Paredes regista 6
Celso Fer radical na N
o concelho de Paredes, 60 por cento dos jovens abandonam a escola entre os 15 e os 16 anos, sem concluírem o ensino secundário. Mas o presidente da Câmara tem a expectativa de que, pelo trabalho que está a ser feito, dentro de oito anos o concelho esteja “irreconhecível” em termos de qualificação.
A taxa de abandono escolar na passagem do 3.º Ciclo para o secundário é de 60 por cento. O presidente da Câmara de Paredes, Celso Ferreira, tem a noção de que se trata de uma situação aflitiva. “O drama está aqui: é quando nós perdemos os 60 por cento dos nossos jovens que não fazem o secundário. Deixam a escola aos 15, 16 anos. Entretanto, cerca de 20 por cento já a deixaram no 3.º Ciclo e é isto que não pode acontecer”, afirma o autarca, reconhecendo que tem havido “um esforço” por parte das escolas. “Devo dizer que os professores e os conselhos executivos têm feito um trabalho absolutamente fantástico e creio que da maneira como estamos a trabalhar, em conjunto, talvez daqui a oito anos vamos ter um território verdadeiramente irreconhecível do ponto de vista da qualificação”. Para que isso aconteça, é necessário “não baixar os braços”, adverte Celso Ferreira. No concelho de Paredes há atualmente 18 mil cidadãos com menos de 18 anos, ou seja, em idade escolar. Só cerca de 14 mil frequentam a escola. Os restantes abandonaram. O abandono escolar é mais significativo no 3.º Ciclo e no secundário. “Cerca de dois terços desses quatro mil estão no mercado de trabalho ou à espera de entrar no mercado de trabalho. Neste momento, se calhar, estão mais à espera que outra coisa”, referiu o presidente da Câmara em entrevista ao Repórter do Marão. A oferta de cursos de formação tem vindo a aumentar. “No ano passado nós fomos a câmara municipal que mais cursos de educação e formação propôs ao Ministério da Educação. Onze, concretamente. Tínhamos dez cursos de educação e formação nas escolas e passamos a ter 21, mais do que duplicamos. E a aposta tem sido contínua. Além disso, temos o projeto Empresários pela Inclusão Social (EPIS) que tem como objetivo combater o abandono e o insucesso escolares logo a partir do 3.º Ciclo”, lembra Celso ferreira. O projeto entrou no terceiro ano de implementação. Para o presidente da Câmara, com “resultados particularmente interessantes”. “Acreditamos que uma vez estabilizada a metodologia vamos poder adoptá-la noutros níveis de ensino, nomeadamente no 2.º Ciclo”, sustenta. O autarca recorda, por outro lado, a meta dos 12 anos de escolaridade. “Começámos a falar nos 12 anos de escolaridade há dois anos e meio e fiquei contente porque o partido que su-
0% de abandono escolar no 3º ciclo
reira promete mudança a qualificação dos jovens Paula Costa e Jorge Sousa | pcosta.tamegapress@gmail.com | Fotos RM porta o Governo aprovou em congresso essa medida. Portanto, nós estamos à frente na preocupação da escola inclusiva e estamos a trabalhar para que isso seja uma realidade”. As estatísticas mostram que “entre os anos letivos de 2008-2009 e 20092010 a média de negativas a nível nacional sofreu uma redução de dois por cento e em Paredes sofreu uma redução de 17 por cento”. “Nós, graças a este trabalho junto dos alunos, estamos a conseguir que o número de alunos muito maus, aqueles que tinham muitas negativas, esteja a diminuir drasticamente e porquê? Porque os mediadores familiares trabalham diretamente com eles, ensinam-nos a estudar. São psicólogos e sociólogos que conseguem motivá-los e estamos a ver que muitos dos alunos que são potenciais alunos de abandono estão a recuperar um pouco o seu desempenho escolar e estão provavelmente a caminho de acreditarem que a escola pode ser uma opção”, acrescenta o autarca. Relacionada com a indústria do mobiliário, predominante no concelho, o presidente da Câmara destaca uma mais-valia: “Temos a sorte de ter aqui o centro de formação que faz um trabalho notável. Os alunos que saem dali com o 12.º ano com formação específica em mobiliário só não arranjam emprego no dia seguinte os que não quiserem. São muito requisitados”. Ainda na área da educação, a Câmara desenvolveu uma Carta Educativa “que prevê uma revolução total no conceito de parque escolar. Estamos a fazer aqui em Paredes aquilo que ninguém mais está a fazer em Portugal. O Governo está a fechar escolas com menos de dez alunos. Nós decidimos fechar escolas com menos de 100 alunos num objetivo de antecipar a realidade da escola dentro de uns anos”. A primeira fase deverá estar concluída dentro de um ano e Celso Ferreira credita que no espaço temporal de três a quatro anos a Carta Educativa estará concluída com o 2.º e 3.º Ciclos e o secundário. Nas duas fases, a Câmara de Paredes vai gastar 30 milhões de euros. O restante é comparticipado pelo Estado. “A nossa Carta Educativa estabelece uma diferença. É muito dinheiro? É. Podemos não ter dinheiro para rotundas e para futebol, agora a Carta Educativa é sagrada. E nós temos que ser o melhor território educativo do país, custe o que custar”. A Câmara conta fechar 64 escolas. As crianças vão ser transportadas para as escolas novas e as antigas vão ser transformadas em projetos de natureza social: espaços de convívio, centros de dia ou para uso de associações juvenis. A Carta Educativa implica “um esforço financeiro inacreditável para muita gente, mas estamos a ter a coragem de o fazer”, faz questão de dizer Celso Ferreira, não hesitando na comparação com a autarquia da capital do país. “A Câmara de Lisboa não teve esta ambição. Nós aqui em Paredes vamos ter escolas muito melhores do que em Lisboa e vamos dar às nossas crianças aquilo que as crianças lisboetas não têm. Isso para mim é um referencial muito importante. É o referencial da qualidade, da ambição e da exigência”.
‘Nenhum convite me arranca da minha terra’ Nem um futuro Governo PSD levará o autarca para Lisboa Se Pedro Passos Coelho ganhar a liderança do PSD, Celso Ferreira não irá ocupar cargos políticos em Lisboa, garantiu ao Repórter do Marão. “O compromisso que eu tenho é para comigo e com a minha família. Tenho um filho com cinco anos e uma bebé com sete meses e não trocaria o estrelato político onde quer que fosse pelo crescimento e acompanhamento dos meus filhos”. O autarca diz que teve oportunidade de fazer carreira política em Lisboa na altura em que o filho mais velho tinha seis meses. Rejeitou e afirma não estar “arrependido”. Licenciado em Direito, Celso Ferreira, 40 anos, é oriundo de uma família de Lordelo ligada à indústria do mobiliário, e garante que Paredes é o seu palco político. “Com toda a sinceridade, não me vejo a fazer política fora de Paredes. Nenhum convite me arranca de Paredes”. No que gosta de fazer quando tem tempo livre considera-se “igual a qualquer outra pessoa". "Gosto de passear, de ir ao cinema, como toda a gente” e não esconde que tem procurado estar mais com os filhos. “Ser pai, ter duas crianças maravilhosas em casa implica também uma grande dedicação. Isso não é fácil num concelho com 24 freguesias e 90 mil habitantes”. Gosta que o domingo “seja para a família. Temos esse direito, mas mais do que
isso temos também essa obrigação. É para mim fundamental que o domingo seja para a família”, por isso decidiu não participar nas 36 procissões que anualmente se fazem no concelho. Ao fim-de-semana, os compromissos de agenda são repartidos pelos vereadores, todos com menos de 50 anos e com filhos com menos de dez anos. Fala da determinação como intrínseca à sua personalidade: “Muito determinado, isso sou. Acredito muito no meu projeto”. Considera-se sensível, no plano social. “Acho que herdei essa característica da minha mãe e acho que sou um indivíduo criativo e não tenho dúvidas que herdei essa característica do meu pai”. O gosto de “conhecer” traduz-se na leitura e nas viagens. “Leio quase todos os dias. Gosto muito de tudo o que tenha informação que me possa valorizar no meu dia-a-dia, tudo o que me possa ajudar a decidir, tanto sobre matérias técnicas como ensaios. Prefiro livros que formatem o meu conhecimento, o meu background, sobretudo no plano histórico e do desenvolvimento sócio-económico”. Conta que não é “grande apreciador de romances", aludindo aos que eram de leitura obrigatória no liceu. “Gosto imenso de ler artigos de imprensa especializada e gosto muito de viajar porque se aprende muito viajando”. P.C.
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Podem votar nas diretas perto de 79 mil militantes O universo eleitoral das diretas de 26 de março para a liderança social democrata é o maior desde que o PSD adotou este método de eleição, estando em condições de votar mais de 78.900 militantes. Nas primeiras eleições diretas para a liderança do PSD, que se realizaram em 2006 e das quais saiu vencedor Luís Marques Mendes, estavam em condições de votar cerca de 55 mil militantes . Desses, aproximadamente 20 mil exerceram depois o seu direito de voto. Um ano mais tarde, em 2007, nas diretas conquistadas por Luís Filipe Menezes, o número de inscritos subiu para 63 mil e os votantes foram mais de 38 mil. Nas diretas de 2008, das quais Manuela Ferreira Leite saiu vencedora, o universo eleitoral foi de 76.388 militantes, dos quais perto de 46 mil participaram nas eleições. No que respeita às próximas diretas de 26 de março, o prazo para pagamento de quotas terminou na terça feira e os cadernos eleitorais foram enviados pela secretaria-geral do PSD às secções e às candidaturas à liderança do partido na quinta feira. Dos mais de 78.900 militantes com direito de voto nas diretas de 26 de março, mais de 16 mil pertencem à distrital social democrata do Porto. Seguem-se a Área Metropolitana de Lisboa, com perto de 13 mil inscritos nas diretas, Braga, com quase oito mil, Aveiro, com mais de seis mil, e Coimbra, com aproximadamente 4.500 militantes em condições de votar. Os militantes inscritos na região autónoma da Madeira são cerca de 2.500, nos Açores perto de 600 e nos círculos da emigração aproximadamente 1.200, dos quais dois terços pertencentes a estruturas do PSD fora da Europa e um terço a estruturas da Europa. São candidatos às diretas de 26 de março para a liderança do PSD Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros. Nessas eleições, os militantes vão também escolher os delegados ao XXXIII Congresso do PSD, que elegerá os novos órgãos do partido.
eleições psd
As razões porque voto Aguiar-Branco Apoio o candidato à Presidência do PSD para o nosso futuro. E estas características são José Pedro Aguiar-Branco, desde logo pela sua o património mais claro que José Pedro Aguiarhonestidade, pela seriedade com que enfrenta os Branco possui. problemas, pelo seu sentido de estado e pelas caSei, e é público, que Aguiar-Branco quer um pacidades demonstradas na sua vida profissional novo paradigma no sistema interno do PSD. Pree nos seus 30 anos de militância no Partido Social tende restituir o partido aos princípios da sua géDemocrata, onde somos companheiros nos meus nese. Um partido interclassista. Um partido onde 25 anos de militância. tem lugar e a mesma respeitabilidade um agriculJosé Pedro Aguiar-Branco provou na lidetor, um operário ou um quadro superior. José Perança da bancada do PSD na Assembleia da Redro Aguiar-Branco sabe que a força do PSD está pública que é capaz de colocar os interesses do na sua capacidade de união, na sua capacidade de país acima de quaisquer interesses partidários mobilização a partir das bases e não num grupo ou pessoais. À semelhança do apelo de sua Exde individualidades ou de intelectuais. Com a sua celência o Sr. Presidente da República Prof. Aníinteligência e capacidade Aguiar-Branco, uma vez bal Cavaco Silva para que houvesse um entendi- Rui Cunha Monteiro eleito, saberá conjugar todo este património do Cand. de mento partidário para aprovação do orçamento Mandatário PSD e saberá encontrar uma solução de governaAguiar-Branco de estado para 2010, em nome da estabilidade de bilidade para Portugal, para no momento certo a um país à beira do abismo, também Aguiar-Branco, enquanto apresentar aos Portugueses. líder parlamentar, foi internamente um mensageiro desse esAguiar-Branco mostrou de forma irrepreensível o seu senforço de coesão nacional, na defesa de Portugal e dos Portugue- tido de responsabilidade e a sua preparação para desempenhar ses. Essa é uma prova irrefutável do seu potencial de liderança o cargo a que se propõe quando disse ter consciência que ser líe do seu sentido de responsabilidade. der da oposição é uma das funções mais difíceis de desempeSem ilusões sei que no próximo dia 26 de Março os mili- nhar mas que a função de ser primeiro-ministro, principalmentantes não vão apenas eleger o Presidente do Partido Social te nas difíceis circunstâncias em que se encontra o país, é ainda Democrata mas vão, também, eleger um possível primeiro- mais difícil! Mas com determinação disse, também, ser para si ministro de Portugal. Essa é uma grande responsabilidade mais que uma honra, um sentimento de imensa responsabilidaque recai sobre cada militante. É imperioso colocar as emo- de em restituir a confiança nos valores e nas instituições, resções e as simpatias de parte e escolher quem é capaz de res- taurar a credibilidade nas contas públicas e devolver a esperantituir a tranquilidade e a esperança ao nosso país. Portugal ça aos Portugueses. necessita de um primeiro-ministro que não minta aos portuPela sua concepção de vida, pelos seus conceitos sociais, gueses; Portugal necessita de um primeiro-ministro idóneo; pela sua visão estratégica para o país, pelo seu empreendedoPortugal necessita de um primeiro-ministro com capacidade rismo e pelas suas capacidades, aceitei facilmente ser mandade trabalho; Portugal necessita de um primeiro-ministro com tário da candidatura de José Pedro Aguiar-Branco e este meu uma experiência de vida profissional sólida; Portugal neces- apoio é dado em total tranquilidade de consciência e no meu desita de um primeiro-ministro ponderado nas decisões; Portu- ver de responsabilidade para comigo, para com os meus compagal necessita de um primeiro-ministro que saiba o que quer nheiros de partido e para com Portugal e os Portugueses.
Libertar o futuro com Paulo Rangel O período eleitoral interno que o PSD se enúnica oportunidade de fugir a um destino traçado contra a atravessar, deve acima de tudo constià nascença. Promovendo assim um dos pilares batuir uma oportunidade para clarificar as ideias silares da verdadeira justiça social, a qual faz pardos diferentes candidatos, mas principalmente te do património ideológico do PSD e que é fundapara reforçar a união interna do partido e o seu mental para uma social-democracia moderna. principal objectivo, Servir Portugal! Em matérias económicas, o Dr. Paulo Rangel Para além do XXXII congresso do PSD reaponta para Portugal um caminho de progresso, alizado nos dias 13 e 14 do corrente mês, todos sustentado, não só no fortalecimento da economia, os candidatos tiveram já a oportunidade de reamas também na sociedade do conhecimento, da inlizar vários debates e sessões de esclarecimenformação e da tecnologia. Através da promoção de to, que constituíram uma oportunidade de ligar programas de reabilitação urbana e de apoio à fio partido ao país, transmitindo aos portugueses xação das pessoas nas terras do interior, promoa sua visão acerca do futuro do país. Demonsção de uma agricultura de recursos mínimos, que trando assim que o PSD é um partido aguerrigaranta a produção de uma quantidade razoável do e com uma salutar pluralidade de ideias, mas Vítor Gonçalo de bens que de alguma forma diminua a nossa deMandatário Cand. de responsável e pronto para os desafios que tem Paulo Rangel pendência externa de géneros alimentares, evipela frente. tando assim o êxodo rural, que leva à deterioração Os militantes do PSD perante a responsabilidade de esco- da qualidade de vida nas grandes cidades, em detrimento de allher aquele que será o próximo Primeiro-Ministro de Portu- gumas obras faraónicas que apenas servem os interesses de algal, devem escolher o melhor, o mais competente, aquele que guns grandes grupos económicos e quase não têm impacto na está mais próximo das vontades dos cidadãos e essencialmen- de criação de emprego. te aquele que tem o melhor projecto para o País. Nesse sentiO governo é liderado por um primeiro-ministro totalmente do, enquanto militante entendo que o Dr. Paulo Rangel é o can- desacreditado, que conduziu o nosso país à maior crise econódidato que melhor encarna todos esses anseios e a julgar pelas mica e financeira dos últimos 30 anos, por isso os sociais-demograndes manifestações de apoio que tem recebido, será tam- cratas têm de encontrar um projecto alternativo de governabém merecedor do voto da maioria dos militantes do Partido ção, que solucione o problema do elevado deficit, o desemprego Social Democrata. e a elevada dívida externa, que sem dúvida irão comprometer o Como ficou bem patente na apresentação da sua Moção de futuro das próximas gerações. Historicamente, o PSD sempre Estratégia Global, dada a conhecer no passado Sábado em Vila demonstrou saber governar em conjunturas económicas difíNova de Gaia, o Dr. Paulo Rangel é o único candidato que apre- ceis, por isso, no próximo dia 26 de Março os militantes do PSD senta um verdadeiro projecto de ruptura, que pretende através com o seu voto, irão escolher quem será o futuro Presidente do da mobilização da sociedade portuguesa transformar Portugal. Partido e o próximo Primeiro-Ministro de Portugal. As suas principais linhas de orientação, vão no sentido de liberPorque cada militante do PSD é um cidadão livre, dono tar os portugueses do peso da dívida e fomentar a ascensão so- exclusivo do seu voto, peço-lhe que no dia 26 de Março pense cial das classes mais baixas através da promoção de um ensino no Partido e, mais importante, na nossa Pátria, quando exermais exigente, pois a escola é para muitas das nossas crianças a cer um dever e um direito que é apenas seu: votar!
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negocios & empresas repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I II Irepórterdomarão I I Inordeste I
Adjudicado por:
CENTRO SOCIAL E PAROQUIAL DE TENDAIS
CINFÃES Obra concluída Montante: 992.291,43
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Diretor da Dolmen é candidato à liderança do PS/Marco Rolando Pimenta, coordenador executivo da Dolmen – Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, é candidato à Concelhia do Partido Socialista do Marco de Canaveses. A apresentação da candidatura de Rolando Pimenta, que tudo indica será a única a concorrer às eleições de 17 de Abril, vai ter lugar a 26 de março, no restaurante Plátano. Em declarações ao RM, o candidato anunciou que pretende “congregar as várias sensibilidades existentes no PS Marco”.
MCoutinho Rallye Team recupera na corrida para o título Manuel Coutinho e Manuel Babo, da MCoutinho Rallye Team, foram os vencedores do Rali Rota do Medronho. Com a vitória em Proença-a-Nova a dupla do Marco de Canaveses, subiu à segunda posição do Open 2010 e não esconde que tem como objetivo “a conquista do título”. “Da parte da manhã fizemos uma opção errada de pneus, o que nos limitou um pouco, mas conseguimos depois atacar para chegar à fase final da prova sem correr qualquer risco”, disse Manuel Coutinho no final do Rali Rota do Medronho. O Rali Vidreiro, na zona da Marinha Grande, a 17 de abril, é a próxima prova da MCoutinho Rallye Team.
outras terras/diversos
Feirantes e Câmara de Paiva desavindos por causa do sorteio Os feirantes de Castelo de Paiva ameaçam instaurar uma ação judicial à autarquia para impedir o avanço do novo regulamento de feiras e mercados, que, obrigando ao sorteio de todos os lugares, põe em risco aqueles que certos comerciantes ocupam há mais de 20 anos. Fernando Sá, presidente da associação Feiras e Mercados da Região Norte, afirmou que “a Câmara quis guerra e está a vingar-se dos feirantes e das associações que propuseram ao Governo que a forma de atribuição de lugares fosse regulamentada pela Lei”. Esse objetivo concretizou-se com a entrada em vigor do Decreto-Lei 42/2008 de 10 de março, que, segundo esse responsável, “ao acabar com as arrematações de lugares atribuídos por leilão, fechou as tetas dos feirantes para as câmaras e deixou-as sem essa receita”. Fernando Sá diz que os comerciantes de Castelo de Paiva não se opõem ao novo formato de sorteio de espaços de venda, mas esclarece que esse não está previsto nos moldes adequados. “A Câmara não está a cumprir o espírito da lei”, explica, “porque quer sortear todos os lugares, enquanto o legislador só queria sortear os que estivessem vagos”. Na feira de Castelo de Paiva (que se realiza sempre a 6 e 21 de cada mês ou, em caso de coincidência
com o domingo, no sábado anterior), trabalham regularmente 120 a 130 comerciantes, sendo que “muitos deles já ali têm lugar há 20, 30 ou 40 anos, e até fazem o chamado «fiado» para facilitar o pagamento a clientes mais antigos”. “O problema é que, se todos os lugares vão a sorteio, esses feirantes correm o risco de perder o seu local de trabalho”, observa Fernando Sá. “Durante mais de dez anos, a Câmara cobrou taxas de ocupação consideradas um abuso, mas as pessoas resistiram, deram o seu contributo e agora estão a ser marginalizadas”, acrescentou. O que os comerciantes propõem é que pelo processo do sorteio passem apenas os cerca de 50 lugares que ainda estão por ocupar no recinto, medida essa, aliás, que mereceu o apoio dos “mais de 1000 clientes da feira” que sábado deixaram os seus dados num abaixo-assinado a reivindicar essa solução. Entretanto, se não chegarem a acordo com a câmara municipal os feirantes propõem-se avançar com uma ação judicial para impedir que, no dia 30, a autarquia realize o sorteio nos moldes já anunciados. “A câmara quis guerra e não esteve interessada em ir ao encontro das reivindicações dos feirantes”, afirma Fernando Sá. Sustenta ainda que, agora, “estas pessoas estão bastante indignadas e querem lutar até ao fim”.
Museu de Penafiel candidato a prémio europeu O Museu Municipal de Penafiel, nomeado para o prémio internacional Museu Europeu do ano, EMYA 2010, foi visitado no seu primeiro ano por cerca de 23 mil pessoas, referiu a sua organização. Inaugurado a 24 de março de 2009 pelo Presidente da República, Cavaco Silva, o Museu Municipal de Penafiel, a “última grande obra” do arquiteto Fernando Távora, falecido em 2005, comemorou um ano de existência. Foram cerca de 23 mil as pessoas a visitar o espaço cultural durante o primeiro ano, sendo que destas sete mil estiveram integradas em grupos escolares e duas mil em grupos turísticos. O equipamento cultural localizado Penafiel, no remodelado palacete setecentista dos Pereira do Lago, foi nomeado para o prémio internacional Museu Europeu do ano, EMYA 2010, e é ainda candidato a Museu do Ano 2010, galardão promovido pela Associação Portuguesa de Museologia. O museu, obra de Fernando Távora que foi concluída
pelo seu filho, José Bernardo Távora, ficou ainda nos cinco finalistas dos Prémios Turismo de Portugal, na categoria Novo Projeto Público. Para o presidente da câmara, Alberto Santos, o museu é “um exemplo de como a cultura pode estar ao serviço do desenvolvimento de um território”. Durante o primeiro ano, o espaço recebeu duas exposições temporárias, a primeira entre março e outubro de 2009 sobre o projeto e a obra do próprio museu e uma segunda, entre novembro de 2009 e abril de 2010, intitulada “Rui Aguiar, uma antologia”. O equipamento cultural conta com três núcleos, de arqueologia, etnografia e história da cidade do concelho, complementados com uma área de exposições temporárias e uma sala multimédia. O museu tem também um auditório com capacidade para 150 pessoas, uma loja e um bar/ restaurante, situado sobre o jardim, criando um anfiteatro ao ar livre, capaz de albergar 200 pessoas.
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Artesã de Chaves faz acessórios de moda com materiais reciclados
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o pequeno ateliê, amontoam-se os pedaços de lonas publicitárias que, mais tarde, vão ganhar uma nova vida pelas mãos de Maria Inês Oliveira. A criatividade sustenta este artesanato dos tempos modernos, genuinamente amigo do ambiente. Foi ainda no tempo da Universidade que surgiu a ideia de reconverter desperdícios em peças de artesanato. “Antes do Euro 2004, havia muita publicidade em lonas e chamou-me a atenção, porque não sabia qual era o destino delas. Falei com o meu professor de design, que me deu a ideia de as reutilizar para fazer puffs”, conta Maria Inês. Licenciada em Engenharia do Vestuário, a jovem abriu, em 2006, a sua própria empresa – a Mimoarte –, em Couto de Ervededo (Chaves). Desde então, o pequeno negócio tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos. “Os produtos são um bocadinho caros, por isso, são mulheres de meia-idade, com algumas possibilidades económicas, que compram esse tipo de artesanato.” O preço é definido pelo tempo de produção. Se os porta-chaves custam quatro euros, um puff pode chegar aos 112 euros. As cores, os desenhos impressos nas telas e o formato “diferente” podem tornar o produto mais apelativo, sendo os acessórios de moda os mais procurados. “Estou a trabalhar numa coleção nova para o verão, feita de lonas para interiores”, avança.
| Vendas pela internet levam “mimos” à Europa e EUA | Além das carteiras, Maria Inês produz várias bolsas (para telemóvel, lenços, maquilhagem, cartões), despeja-bolsos e pastas para documentos. Ao todo, são já mais de 80 produtos diferentes. “Precisava de ter alguém que já soubesse costurar tudo direitinho para poder desenvolver todos os outros produtos que tenho em mente, nomeadamente os jogos didáticos”, acrescenta.
Apesar de, atualmente, só ter um posto de venda no Algarve, os seus produtos já chegaram aos Estados Unidos, França, Suíça, Luxemburgo e Espanha, através da internet ou por contactos. “Há emigrantes que vêm cá e vêem as bolsas nos familiares e depois pedem.” É pela internet que se processam a maioria das encomendas, ainda assim, Maria Inês vai “tentar colocar os produtos em lojas de vários pontos do País e no estrangeiro”. Neste mês, atravessa a fronteira para dar a conhecer o seu trabalho numa feira em Verín. “Os espanhóis gostam mais das coisas que são diferentes, garridas. Normalmente, são eles que compram.” Reciclar o que já não teria aproveitamento é um trabalho que exige “muita perseverança”. “Tem que se procurar materiais e angariar clientes, mostrando coisas novas, porque se continua sempre igual, o negócio morre.”
| Ciclo de produção intensivo | Antes de chegar à peça final, Maria Inês tem que se empenhar na recolha do material, na idealização e concretização do objeto, bem como na posterior divulgação e venda. A empresária de 34 anos procura estabelecer parcerias com autarquias e empresas para a cedência dos materiais. Antes de colocar as telas em PVC no armazém, Maria Inês abre-as para “ver o que têm lá dentro” e saber o potencial criativo que contêm. Quando precisa, vai buscá-las, lava-as e delineia os moldes na imagem que pretende. “Aqui é tudo cortado à mão”, sublinha. Segue-se o processo de costura e, por fim, nova limpeza. “Todo o tempo é aproveitado para trabalhar.” Uma das dificuldades com que Maria Inês se debate é encontrar mão-de-obra qualificada na região para este tipo de trabalho. “Já tive aqui uma pessoa em part-time, que neste momento está grávida.” Apesar da maior consciencialização ambiental, as empresas deviam, antes de deitar ao lixo, ter “a preocupação de saber se há alguém que o reutiliza”. “Estão a ajudar o ambiente, mas também podem ter contrapartidas com isso, porque oferecemos dinheiro ou produtos em troca”. Patrícia Posse
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opinião
O dever da cidadania: debate de ideias em Amarante
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m dias difíceis, como são indubitavelmente os que hoje vivemos, já fui questionada sobre a razão de ser do Fórum Amarante XXI e concretamente das “Conferências de Amarante” que se vão iniciar no próximo dia 27 de Março. Todos sabemos e sentimos que vivemos tempos muito difíceis, quiçá os mais difíceis de que muitos de nós têm memória. Ora, é nestes tempos que as exigências, a todos os níveis, são maiores e a que a nossa responsabilidade como cidadãos não pode ser adiada; não podemos olhar para o lado e esperar que passe ou então que alguém se empenhe em resolver a situação e encontre a poção milagrosa que cure todos os males. Vivemos uma época de grande exigência colectiva, todos devendo contribuir de alguma forma para que esta inexorável crise recue ou diminua. É imperativo restabelecer a esperança, a dignidade, a auto-estima, os comportamentos éticos, os valores básicos da vida em sociedade, a responsabilização das instituições e dos cidadãos. Aqui chegados surge a inevitável pergunta: o que é que um Fórum dedicado ao debate de ideias pode fazer pelo País, pelas nossas preocupações, sejam elas sociais, éticas, económicas, ambientais, políticas, culturais? Respondo sempre sem hesitação que estes tempos são exigentes, de responsabilização social e que o tempo da abulia tem necessariamente que ser posto de lado, logo é indispensável que se discutam os temas que nos preocupam a todos, que se debatam com os melhores especialistas, que se analisem de forma séria e em-
penhada e participada. É necessário que todos nós tenhamos consciência que quanto mais informados estivermos melhor será a nossa participação na sociedade, que seguramente as nossas opções serão as mais acertadas. Não podemos deixar os outros decidir porque nos alheamos Lúcia Coutinho dos problemas, sem Fórum Amarante XXI vontade ou interesse em agir, apenas focados no nosso dia-a-dia, nos nossos problemas comezinhos, sem capacidade de olhar mais longe ou noutras direcções. Ou então já perdemos a esperança e somos dos que engrossam fileiras a proclamar que este país não tem futuro, que bateu no fundo, que está irremediavelmente perdido, hipotecado, à beira da bancarrota. O que fazemos? Limitamo-nos a esperar que chegue esse dia fatídico, que pode vir encapotado de várias formas: no emprego que não se alcança, ou que se perde, na fábrica que fecha, na casa que é entregue ao banco, no atentado am-
biental praticado ao nosso lado, nos cuidados de saúde que são deficientes, na pensão de reforma que não permite a sobrevivência condigna, na fila que não pára de crescer para a única refeição do dia fornecida graciosamente, na classe média que se extingue, nos impostos que vemos inexplicavelmente aumentar, nos subsídios que se distribuem a quem vive de “esquemas” e não se concede a quem verdadeiramente necessita? Muitos de nós recusam cruzar os braços, ficar indiferentes. A opção é agir, não perdendo a confiança. Ao debatermos os várias temas que nos propomos, e fazendo-o em conjunto, certamente que veremos renascer a esperança na nossa colectividade, na nossa cidade, no nosso concelho e, mais importante, no nosso País. Estou certa que todos os que comparecerem, participando nesta forma de debate público e aberto a toda a sociedade, concluirão, no final deste ciclo, que valeu a pena termos reflectido os reais problemas do país, através de Amarante, e decerto ideias avisadas irão ser retiradas e aproveitadas por vários sectores da sociedade. Depois do debate das ideias ficará o trabalho de as colocarmos em prática. Um trabalho árduo, mas não se esperam facilidades, as adversidades que nós conseguirmos ultrapassar e enfrentar realizam-nos e fortalecemnos e tornam-nos seres mais completos. Como dizia W. Churchill – “Não adianta dizer que estamos a fazer o melhor que podemos. Temos que conseguir o que quer que seja necessário.” Este é o preço da cidadania.
O pai de Natasha Conheci Alexander vai para sete meses. Tinha acabado de descer do furgão e um companheiro de ronda, já habituado às noites do Porto, apontou para a esquerda, um lugar escuro, dizendo-me: “Veja ali”. Ali, era a soleira da porta de um armazém, por detrás de um pequeno murete, onde a luz do candeeiro colocado no passeio da rua quase não chegava. Eram quatro horas da madrugada. Aproximei-me e, pela “parede” de cartão a vedar a soleira, percebi que estaria ali alguém. “Boa noite”, atirei. Silêncio. “Boa noite”, disse de novo. Lentamente, a custo, o vulto deitado dá meia volta, levanta a cabeça, olha o colete fluorescente que levo vestido e responde, com forte sotaque de leste: “Muito obrigado”. E só depois: “Boa noite”. No furgão levávamos leite com cacau, sandes de queijo, fruta, roupa, cobertores e produtos de higiene, sobretudo para as mulheres. Alexander aceita o “kit” completo (é assim que, na gíria dos sem-abrigo, é conhecida a refeição que distribuímos) e há-de querer também um cobertor e umas meias, que as noites de Setembro começam a trazer brisas frescas. Ajudo-o a sentar-se, coloco-lhe os alimentos a seu lado, sobre uma grade vazia de coca-cola que lhe serve de mesa, e fico à conversa com ele, que vai saboreando, deliciado, a sua primeira refeição em 24 horas. A cada gole de leite ou bocado de pão que mastiga repete: “Muito obrigado”. Alexander tem formação superior, é ucraniano e chegou a Portugal há oito anos, clandestinamente, à procura de emprego. Conseguiu-o numa oficina de metalomecânica, mas nunca chegou a enviar dinheiro algum para a família. Um acidente de trabalho quase lhe esmagou a perna esquerda e, saído do hospital, sem documentos, andando apenas com recurso a ca-
Regressei a casa, desejoso pela nadianas, só podia ter como destino a próxima ronda. Seguiram-se duas, rua. Conta-me isto com uma resignatrês, e do Alexander nem rastos. ção arrepiante e diz saber que nunca Questionei outros sem-abrigo, mas mais voltará à Ucrânia, onde, de resnenhum tinha notícias dele. “O rusto, confessa, o devem julgar morto. E so?, não vi”, diziam-me invariavelregressar, só mesmo se pudesse levar mente. Deve estar já na Ucrânia, melhores condições de vida à família. pensei. E imaginei-o, sentado na banPara ser um estorvo, não. “Comprecada de um pavilhão, assistindo, vaiende?”, pergunta-me, ao mesmo temdoso, às coreografias de Natasha. po que remexe num saco de plástico, Na última ronda em que particionde guarda papéis e recortes de jorpei, cheguei, como era costume, ansionais do seu país. Despeja o saco aos so à soleira de Alexander. Esperava, meus pés, inclina-se, espalha o seu como das últimas vezes, não ver carconteúdo, apanha uma fotografia estões, sacos de plástico, apenas uma encurecida pela humidade e diz-me: trada escura para um armazém aban“Minha menina. Vê!” Nicolau Ribeiro donado. Mas a soleira tinha voltado a Fiquei à conversa com Alexan- Amarante ser ocupada. Aproximei-me, espreitei, der à volta de 20 minutos, até ser chatentando identificar o vulto que ali esmado pelos meus companheiros de ronda que, entretanto, tinham assistido outros sem- tava deitado, e disse boa noite. Fez-se silêncio, repeti as abrigo nas imediações do Mercado Ferreira Borges. boas noites, o corpo mexeu-se muito a custo e tive de Regressei ao furgão petrificado. Era a minha noite de pedir ajuda para o virar e sentar. “Muito obrigado. Boa baptismo como voluntário, estava na rua desde as dez noite!”, disse Alexander. Tinha a barba comprida, estada noite, tinha prestado apoio diverso, mas nenhum va magro e havia envelhecido muito desde Setembro. Despedi-me dele após mais ou menos meia hora, sem-abrigo me tinha impressionado tanto como Aledepois de lhe servir a refeição e de lhe ter deixado dois xander, cuja imagem não me saía da cabeça. Quando, por volta das seis da manhã, terminou a cobertores e um casaco. Retomei o meu lugar no furronda e descarregámos o furgão, senti vontade de vol- gão na altura em que na rádio se dizia ser aquela a matar à soleira do Alexander para lhe dizer que, com toda drugada mais fria dos últimos anos. No Porto, a temperatura era de zero graus. Na a certeza, a Natasha, apesar dos seus (agora) 21 anos, o esperava e que acreditava que ele voltaria. Que o re- Ucrânia seria, por certo, inferior e é bem provável que ceberia de abraço, independentemente de ele levar, ou Natasha estivesse à lareira a sonhar com o pai. não, o dinheiro para ela comprar os patins novos que nicolauribeiro@gmail.com lhe prometera.
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O guarda-nocturno quer trabalhar de dia Anda toda a gente à procura de “lugar”. Mais acima se já tiver poiso, ou (con)correr com outro se o não tiver. E no que cada um tiver de fazer não pode cumprir porque há quem não fez a sua parte, e se o fez decerto eu faria melhor. No espectro partidário, se for “abençoado”, mesmo que não saiba fazer nada é competente para tudo. E se o cargo é alto, por que não presta contas, a asneira garante indemnização à despedida. Que “sociedade” é esta que troca os papéis de toda a gente? Quem está satisfeito com o que tem e o que faz? Não teremos o síndrome do guarda-nocturno que revindica trabalhar de dia? É que na generalidade dos acontecimentos nunca falta uma “vítima” e um prejudicado”. Depois vem o “expert” a dar entendimento, a sugerir inquérito e comissão, e a induzir dotes que Armando Miro o sugerem para tal. PoJornalista rém, raramente se procura, com objectivdade, a essência da questão; duas ou três larachas doutorais e alegado suporte científico para acabar nas envolvências e no que ou quem se pretende atingir. Nada se esclarece. O único objectivo é turvar, remexer, deixar no ar e manter em aberto para voltar à carga quando der jeito. Há porém, numa quase certeza absoluta, um eterno culpado. Seja com a carga de dolo e reparação de dano, seja apenas na piedosa moralidade: o Estado.
Esquecemos que o Estado, confundido com “governo”, é quem menos está ou deve estar preocupado com as comesinhas coisas de cada um. É sua obrigação tratar da sua generalização e globalidade, coisa também que nem sempre sabe, quer ou pode fazer. Exemplo? Ao conjugar o OE com o PEC taxou logo os habituais e habituados a pagar. Deixou para depois as mais valias dos que, habituados a não pagar, poderiam sentir-se injustiçados. Que terá o “estado” a ver com a generalidade das coisas onde o querem meter? E porque é que ele, acossado, não resiste ao inquérito e à lei que logo esquecerá em letra morta? No PREC acusava-se o estado de querer dominar tudo e exigíamos o “bom estado”. Até com as crianças, dando o exemplo dos países que as punham sob a sua tutela para lhes “lavar” o cérebro”, (ou comê-las ao pequeno almoço), queremos hoje uma escola a toda a responsabilidade e tempo. E quanto mais deste melhor para o deixar à família para outras coisas, sendo que essas outras coisas não comportarão, decerto, a responsabilidade da Educação e tudo o mais que lhe esteja associado. O estado do Estado não está bem estudado. Cada um que o é, e dele faz parte, não quer ser nem saber dele, saturado que está ou diz estar, do estado em que o Estado está. Mas se o seu estado no Estado o faz prevalecer, entende e defende o seu estatuto de Estado, fazendo parte dele na parte que é dele e ele lhe dá. É o Estado dos direitos de quem tem a receber. Mas se é para dar, contribuir ou ceder, passando ao Estado solidário e cidadão, obrigando-se no seu dever Estado/Nação, já o Estado não é seu, é de quem o quizer...
Arrogância humana Ao longo da sua, muito recente, existência sobre a Terra o homem tem procurado dominar tudo e todos. Desde que abandonou a sua condição de nómada, em que a sua vida de colector era ditada pelo ritmo das estações, a sua ingerência nos processos naturais não mais parou. Mais do que explorar e esgotar recursos naturais, modificar topografias, condicionar a hidrografia, arrasar ecossistemas, etc. tem actuado como um genuíno predador. É que nem como parasita, porque este evita destruir o hospedeiro, para garantir a sua própria sobrevivência! Ao homem não foi concedido o direito de usufruto do planeta nem o direito de eliminar quem se atravessa na sua galopante ambição. Até ao atribuir a si próprio o direito único de uso de maiúscula, Homem! Tempos a tempos, a Natureza mostra a sua insubordinação, poder e imprevisibilidade através de catástrofes naturais. Mais do que um planeta activo, a Terra é indomável! Tudo que existe à superfície, inMaria José C. Branco cluindo formas de vida, Vereadora PSD - Amarante são ocupantes fugazes de uma existência de 4600 M.a. Na Terra ocorreram impactos meteoríticos, profundas alterações climáticas, extinções em massa, vulcanismo catastrófico, etc. etc. e todo o equilíbrio se restabeleceu. Quando o homem pensa dominar, ou mesmo pre-
ver, eventos naturais, eis que uma catástrofe natural acontece. A Terra dá mostras da sua força e irreverência. Lição de humildade? Quando ouvimos falar de preocupações ambientais, efectivamente, só o são porque está em risco a espécie humana, ou os seus interesses económicos! A Terra não necessita do homem para nada, nós é que necessitamos dela. E, cada elo, da cadeia de equilíbrios que destruímos acaba por, directa, ou indirectamente, nos afectar como espécie. Há dias, num dos programas noticiosos televisivos, era referida a atribuição de uma distinção de mérito de desempenho a uma equipa de dois elementos. Chamou-me a atenção a cumplicidade notória entre os dois, enquanto o humano retirava do seu próprio pescoço a medalha recebida e a colocava no do canídeo, reconhecendo que, em última instância era o nariz dele que resolvia as situações. Na última Assembleia Municipal ouvi da boca do Presidente dos amarantinos: “…porque eu até gosto de fauna e flora,…até planto árvores,… mas os animais não têm direitos…”. Para além daquele duo medalhado, lembrei-me de qual seria a postura e reacção de quem foi salvo por eles, no meio de escombros?!... Para alguns a arrogância poderá ser encarada como carácter, sinal de força, poder, etc. mas, para quem está emocionalmente distante, vê cegueira, autismo e uma profunda falta de humildade que comummente compromete o sentido de autocrítica. Os populares costumam dizer, “Não cuspas para o ar, que te pode cair em cima!”. As catástrofes são imprevisíveis e indiscriminadas, podem ser de ordem muito diversa, naturais e/ou humanas, e servem frequentemente para mostrar às pessoas que os tronos são instáveis, efémeros, e, quem lá está em cima… um dia vai abaixo! E cairá, arrogantemente, como a gravidade ditar!!!...
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PSD, espaço de tolerância O PSD mostrou no fim-de-semana que é o partido da tolerância e que mantém a sua característica de ser um espaço aberto ao debate franco e profícuo de ideias. Além de ter sido uma inequívoca demonstração da vitalidade do partido, o Congresso revelou-se uma excelente oportunidade política, respondendo à ansiedade sentida pelos militantes em discutir a sua vida interna e reflectir sobre o estado do País. Sábado, o primeiro dia de trabalhos do conclave, foi um momento alto da vida partidária, marcado pelo alto nível do debate entre os candidatos à liderança, apenas manchado por manifestações de radicalismo e intolerância de sectores provenientes de uma das candidaturas que se opõe a Pedro Passos Coelho. Esta atitude está longe da tradição da vida do PSD e os apupos e assobios ouvidos só revelam o radicalismo extremista que coexiste nesse movimento, bem longínquo do personalismo humanista e tolerante que faz parte do ADN fundador do partido. Terá sido esse, aliás, Marco António Costa um dos motiPresidente PSD/Porto vos a contribuir para o falhanço de uma esperada avalanche de manifestações de apoio a Paulo Rangel por parte de "notáveis" , que não se verificou. Também a crescente e estruturada convicção de que Pedro Passos Coelho se apresenta como claro favorito na corrida eleitoral à liderança do partido não deixou de pesar neste recuo de muitas figuras que, sem nenhuma surpresa, preferem não afrontar quem pressentem como o vencedor de amanhã. Marcante foi também a forma como a actual líder do partido deixa o cargo: sem chama e sem glória. Um discurso auto justificativo proporcionou a Manuel Ferreira leite a complacência do Congresso, bem dentro do espírito de tolerância característico da grande maioria dos militantes do PSD. Um ponto ainda a reter dos trabalhos de encerramento: a confirmação dos receios manifestados neste espaço acerca da inoportunidade e inconsequência de uma revisão estatutária efectuada sem que os militantes nisso tivessem concentrados ou mesmo minimamente interessados. Criou-se, a propósito, uma polémica escusada e artificial, aproveitada, entre outros, pelos socialistas para desviar atenções de um Congresso que no essencial foi um exemplo de confronto democrático e de debate de ideias sobre a vida do partido e sobre a degradação a que o Governo de José Sócrates está a conduzir Portugal. O caso da contenção de críticas internas durante determinados períodos pré-eleitorais, além de corresponder a uma preocupação de unidade em torno de uma orientação estratégica, aliás também presente em regulamentos de outros partidos, tratou-se de uma aprovação eventualmente apressada por parte de militantes saturados e ainda indignados com os maus exemplos dados por quem, em altura crítica da vida colectiva, foi capaz de virar ao contrário as setas símbolo do partido.
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crónica|eventos
Teatro em Vila Real, Chaves e Bragança António Mota
Rosália e Joaquim Não gosto de falar sobre isso. Já se passou muito tempo, mais de vinte anos, vê lá tu, e eu não tenho grande prazer em bulir no meu passado. Quem me vê aqui, já com cinquenta e tal anos, a tomar conta deste restaurantezinho que me põe o cabelo, a pele e a roupa a tresandar a fritos, e, em certas sextas-feiras, com uma vontade de entornar a sopa por cima da cabeça dos clientes que vêm aqui mostrar a barriga e afogar as frustrações do emprego e esquecer as suas extremosas mulheres que já não têm pachorra para lhes aturarem os roncos, a impotência e o mau hálito. Não gosto de falar nisso, só mesmo tu, com essa carinha de santa. Apetece-me odiar-te. Mas eu não sou capaz. Eu nunca consegui odiar ninguém. Nem a ele, que tanto mal me fez. Casámos muito novos, ele tinha dezanove e eu dezoito, hoje até se torna ridículo lembrar que havia casamentos com estas idades. E demo-nos bem. A princípio era muito amor e uma cabana, era tudo muito urgente, como se o mundo fosse acabar. O Joaquim arranjou o empregozinho dele das nove às cinco e meia, e de repente começou tudo a ficar à maneira dele, muito ordenado, muito certinho, muito rotineiro, muito insosso. E eu fui-me desencantando. Quando distraí o olhar encontrei, sem querer, uns olhos muito azuis. E o gelo que se tinha formado dentro de mim, começou a derreter. Descobri, vê lá tu, que estava apaixonada. Mas eu não queria estar, porque o Joaquim era um bom marido, muito certinho, com todas as quotas em dia, pontualíssimo, muito educado, respeitador, não bebia, não fumava, não entrava em tascos, tinha todas as virtudes que descansam a sogra mais exigente. Um dia depois de termos feito sete anos de casados, e ainda sem filhos, eu estava a atravessar a ponte a caminho do meu trabalho. Naquela altura eu ajudava na cozinha deste restaurante que agora é meu. Eu ia a atravessar a ponte e quando cheguei a meio parei, pus-me a olhar para o rio, e pensei: não sejas parva, Rosália. Depois da tempestade que se vai levantar, há-de vir bonança. E o Joaquim, há-de compreender, ele tem bom coração, é honesto, é bonzinho.
Quando entrei no restaurante já tinha decidido que ia deixar de viver com ele. É horrível sentirmo-nos traidores, sem o querermos. Mas enganei-me. O Joaquim não entendeu nada, não quis perceber nada. E eu fui viver com o homem dos olhinhos verdes numa casa pequenina e desconfortável. Voltei a ter uma cabana e muito amor, digo eu, agora, e fui uma mulher muito feliz durante três dias e três noite, coisa pouca. No quarto dia, quando estava sozinha, o Joaquim veio visitarme. Trouxe uma marreta e desfez tudo o que encontrou. Trouxe uma lâmina afiada e, com requintes de carniceiro, golpeoume o corpo, tirou a pele da cabeça, desfigurou-me, chorou e gritou como nunca tinha visto. Estive oito meses no hospital e fiquei abismada. O meu amor segundo, o príncipe de olhos verdes, fugiu para França sem me dizer ou mandar dizer uma palavra. O Joaquim rastejou à minha volta, e eu, que estava tão precisada de amparo, voltei a ser a mulher dele. Fomos um casal normalíssimo meio ano, vivemos muito silenciosos até ao dia em que me vieram dizer que ele se tinha atirado da ponte para o rio sem saber nadar. E diz-me lá tu, se não há telenovelas com um enredo muito mais chocho do que o meu. Mas afinal o que é que queres jantar? anttoniomotta@gmail.com
Joaquim era um bom marido, muito certinho, com todas as quotas em dia, pontualíssimo, muito educado, respeitador, não bebia, não fumava, não entrava em tascos, tinha todas as virtudes que descansam a sogra mais exigente.
Os espetáculos “Otelo”, de William Shakespeare, e o “L.A. Lost Angels Project”, onde participam 60 crianças e jovens de Bragança, dão o arranque a 27 de março ao Festival Internacional de Teatro Vinte e Sete. Durante um mês, de 27 de março a 27 de abril, realizam-se 32 espetáculos, por 15 companhias e grupos de Portugal, Espanha, Alemanha e Argentina, espalhados pelos palcos de Vila Real, Chaves e Bragança. Organizada pelos teatros municipais de Vila Real e Bragança e a Associação Chaves Viva, a sexta edição do Festival Internacional de Teatro Vinte e Sete conta com um orçamento de cerca de 70 mil euros. Rui Araújo, coordenador do departamento de produção e programação do Teatro de Vila Real, salientou, em conferência de imprensa, a aposta na “qualidade” dos espetáculos para “todos os gostos”, desde o clássico, contemporâneo ou para crianças. O evento arranca no dia Mundial do Teatro, em Vila Real, com o clássico “Otelo”, numa produção da ACE/Teatro do Bolhão, que apresenta um elenco de 12 atores dirigido pelo encenador japonês Kuniaki Ida. No mesmo dia, o Teatro de Bragança estreia, em coprodução com a companhia Teatro da Garagem, a peça “L.A.
Lost Angels Project To Kill Mankind”, cujo elenco integra cerca de 40 alunos da escola secundária Miguel Torga e mais 20 jovens de um clube de amigos local que se dedica ao parkour, atividade em que os praticantes usam o seu corpo para ultrapassar obstáculos. Numa coprodução com o Teatro de Vila Real, estreia ainda a nova peça da companhia Peripécia, uma sátira à indústria farmacêutica intitulada “Remédios santos sem princípios ativos”.
“Sete Sóis, Sete Luas” em Alfândega da Fé O município de Alfândega da Fé vai fazer chegar este verão pela primeira vez a Trás-os-Montes o festival internacional “Sete Sóis, Sete Luas” que será também uma oportunidade de o pequeno concelho transmontano se projetar além fronteiras. Entre 17 de julho e 21 de agosto, Alfândega da Fé será um dos palcos do festival que decorre em simultâneo em 25 localidades de 10 países do Mediterrâneo e do mundo lusófono. O concelho, um dos mais pequenos do Distrito de Bragança, é o primeiro de Trásos-Montes a integrar este festival com 18
anos e que para além da divulgação da música popular contemporânea, das artes plásticas e outras manifestações artísticas, é também um veículo e promoção das potencialidades turísticas das regiões. Nos fins de semana de verão vão ouvir-se em Alfândega da Fé os “7LUASORKESTRA”, sete músicos provenientes de diferentes culturas, o acordeão diatónico do País Basco com KORRNTZI, um jovem grupo que se inspira numa antiga tradição da cultura basca, e os Acquaragia Drom, com músicas do sul da Itália.
Santiagu foi o autor português mais votado pelo público com o cartoon do Papa Bento XVI O cartoonista Santiagu, colaborador habitual do Repórter do Marão e pseudónimo de António Santos, foi o autor português mais votado pelo público na 12.ª edição do festival mundial PortoCartoon de 2009 que teve como tema “As Crises”. O cartoonista e ilustrador polaco Zygmunt Zaradkiewicz foi o vencedor do Prémio do Público. Logo a seguir ao “Jantar da Crise”, o trabalho vencedor, foi escolhido, com uma diferença de aproximadamente 30 votos, o cartoon de Bento XVI, da autoria de Santiagu. As escolhas do público foram feitas entre julho e dezembro pelos visitantes que passaram pelos três locais onde habitualmente é mostrada a exposição do PortoCartoon: Museu da Imprensa, aeroporto Sá Carneiro e Caixa Geral de Depósitos e ainda pelos cibernautas.
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artes | nós
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repórterdomarão
C a r t o ons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos] * Esta edição foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico * Alguns textos, sobretudo de colaboradores, poderão, contudo, utilizar ainda a grafia anterior.
Fundado em 1984 Quinzenário Regional Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89 Redação: Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689), Diretor adjunto: Alexandre Panda (C.P. 8276) Redação e colaboradores: Alexandre Panda, António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa; Alcino Oliveira (C.P. 4286), Paula Costa (C.P. 4670), Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Helena Fidalgo (C.P. 3563), Helena Carvalho, Patrícia Posse, A. Massa Constâncio (C.P. 3919). Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro.
“A luta continua...” 2010
Colaboração/Outsourcing: Media Marco, Baião Repórter/ Marão Online Promoção Comercial, Relações Públicas e Publireportagem: Telef. 910 536 928 publicidade.tamegapress@gmail.com Propriedade e Edição: Tâmegapress - Comunicação e Multimédia, Lda. NIPC: 508920450 Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 - Apartado 4 4630-279 MARCO DE CANAVESES Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.
O OLHAR DE...
Eduardo Pinto 1933-2009
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“O Reguila - Telões - Amarante” – Anos 60
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