repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
Nº 1235 | Quinzenário | Assinatura Nac. 40€ | Ano 26 | Diretor: Jorge Sousa | | Edição:Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 * Esta edição foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico *
07 a 21 abr’10
Pedro Abrunhosa critica políticos que hostilizam a cultura 'Falta no Porto um líder que não seja ignorante' Novo álbum a 12 de abril Longe é um disco de festa, ironia e celebração – considera o músico
Alberto Santos lança em julho o seu segundo romance
Inquérito iliba escola de Mirandela na morte de aluno
Pedro Abrunhosa critica políticos que hostilizam a cultura
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á uma crise cultural na política”, criticou o músico Pedro Abrunhosa que desde outubro de 2009 ocupa o lugar de deputado na Assembleia Municipal do Porto. Foi a própria cidade, a “mediocridade em que mergulhou” bem como “a ignorância, a petulância e a arrogância” que o levaram a aceitar o convite para integrar a lista do Partido Socialista. Desde então contou ter feito, na Assembleia, “intervenções no sentido de confrontar a atual presidência com os atos medíocres que tem tido e a hostilização da opinião contrária”. Abrunhosa frisou mesmo, e referindo-se ao autarca Rui Rio, que “não há maneira de pôr este presidente da câmara a ouvir, senão na própria assembleia onde não pode fugir”. Garantiu ainda que “não há concordância possível com a ignorância”. Na origem dos diferendos com Rio está o facto de “em nove anos não haver nada feito no Porto”. Para Pedro Abrunhosa, a cidade “regressou demograficamente aos anos 20” com a consequente perda económica porque “uma cidade que não tem pessoas, não tem produtividade”. A isto acrescem os “prédios devolutos e a cair”, as fachadas históricas demolidas e a “falta de um líder que não seja ignorante”.
| Portugal é a memória de Camões | Já a nível nacional, o músico lamenta que os políticos hostilizem a cultura e não tenham noção que “se não fosse pela cultura, Portugal não existia”, pois o que caracteriza o País em relação ao mundo é precisamente a sua “identidade cultural”. Acima de tudo, Pedro defende que Portugal é a memória de Camões, a voz da Amália, as pinturas de Almada Negreiros, os filmes de Manoel de Oliveira, o Fernando Pessoa e o Nobel Saramago. “É por isso que somos conhecidos e não por nenhum político”, frisou. Ao nível da música, garante que não há crise na criatividade e que agora começa a haver espaço para novos autores em Portugal. Há dois anos, o compositor investiu num estúdio de gravação em Gaia que é “um dos maiores da Europa” e formou uma editora: a Boom Studios. A aposta é em música portuguesa, escrita em português e por autores portugueses. Já editado está o primeiro álbum dos Varuna e está agora a ser a editado o trabalho de Cristina Macena que canta com Abrunhosa numa das faixas do novo disco. “É isto que queremos, novos autores que não tenham pressa de ser famosos e não tenham concorrido a ‘Ídolos’ ou coisas idênticas”, alertou o músico, para quem Portugal “é um país de karaoke”. Sobre os concursos de televisão para encontrar quem canta melhor, considera que “são concursos de fama rápida” e que nenhum privilegia os conteúdos. É que “é a escrever que a porca torce o rabo”, brincou.
É contra o novo acordo ortográfico que considera “um vergar da espinha às imposições neocoloniais reversas do Brasil”.
Faz parte do Conselho Consultivo da Cooperativa de Actividades Artísticas ÁRVORE e integra o Conselho Estratégico da Universidade Lusófona do Porto.
orto ue não seja ignorante' Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com | Fotos: Lusa e L.L.
Novo álbum a 12 de Abril
‘Longe’ é um disco de festa, ironia e celebração Pedro Abrunhosa. 50 anos. Seis álbuns de originais já lançados, muitas platinas, muito palco e um novo álbum na algibeira para apresentar a 12 de abril: ‘Longe’. Longe está tudo, longe é o desconhecido, longe é o caminho já percorrido e o que falta percorrer. ‘Pode o céu ser tão longe’ é o nome da terceira música que dá nome ao novo disco de Pedro Abrunhosa & Comité Caviar. Desaparecidos os Bandemónio junta-se um novo grupo com “sangue novo” porque “o rock é inconstância”.
| Nova sonoridade e atitude em ‘Longe’ | “É um som diferente, uma diferente atitude, é um álbum muito enérgico e muito mais paralelo com a minha energia no palco. É álbum de festa, de ironia e de celebração”, descreve assim Pedro Abrunhosa o seu novo disco. Depois dos álbuns ‘Momento’ e ‘Luz’, mais introspectivos, é tempo de algo “mais extrovertido”, da primeira canção de embalar, de ser ‘Rei do Bairro Alto’ ou ‘Capitão de Areia’, de dizer ‘Ai, ai caramba!’ e de ‘Fazer o que ainda não foi feito’. Dentro da música está o jazz por onde começou Abrunhosa, tendo até fundado a Escola de Jazz do Porto. Posteriormente, e apenas aos 33 anos de idade, numa “fase madura” da vida, lançou o primeiro trabalho – Viagens – que, em 1994, viria a mostrar toda uma nova forma de cantar em português, marcando de forma indelével uma geração ansiosa por novos ritmos e melodias. A própria voz de Abrunhosa torna-o único entre os pares e o músico sabe disso. Foi precisamente essa “voz limitada” que se tornou uma “idiossincrasia” e, por isso mesmo, longe de ser apenas mais uma voz cristalina, pura e igual a tantas outras. Pedro gosta de compor ao próprio ritmo, “lento”, sem gastar créditos ou apenas para satisfazer editoras, escrevendo cada álbum como se de um romance se tratasse. “Os meus discos são romances, no sentido literário, porque trazem experiências, estórias e personagens que é preciso interiorizar, viver, conhecer e dissecar”, explicou. As letras que escreve saem da experiência, da vida, da observação e até do sofrimento. Cada disco, lançado a cada dois anos e meio, é alvo de muito trabalho “para dar prazer às pessoas” e sempre com canções muito simples, “despojadas no sentido mas genuínas”. O oitavo tema do disco – ‘Ai, ai, caramba! Já fui…’ – foi escrito nos EUA a propósito dos emigrantes mexicanos que passam a fronteira em busca de uma vida melhor. De repente, Pedro Abrunhosa percebeu que a mesma situação se
O músico é aficionado por arqueologia e história. O seu escape é ir para a montanha no Alto Douro e aí estar sozinho até porque nunca deu muita importância ao “circo mediático e fanfarrónico da fama”.
pode aplicar a Portugal onde considera existir uma “realidade idêntica”. “Nós somos um bocado o México da Europa, um país limítrofe do sul, falhado em muitas políticas”, argumentou. Já o tema favorito do cantor e autor é o terceiro: ‘Pode o céu ser tão longe’.
| “Um grupo de rock não deve chegar aos 20 anos” | Desde 1991 que Abrunhosa era acompanhado pelos Bandemónio. Contudo, e como “há um período para tudo” e “é preciso ter coragem de pôr fim às coisas”, nascem em 2009 os Comité Caviar que o acompanham neste novo trabalho. “Acho que um grupo de rock não deve chegar a fazer 20 anos. Há qualquer coisa que está mal quando faz 20 anos”, salientou. O autor de ‘Tudo o que eu te dou’ prefere “produzir resultados diferentes” e “começar tudo de novo” até porque não gosta de ter espartilhos. Ainda assim, percebe que “a partir de determinada altura os grupos se institucionalizam, havendo medo de os desfazer, de os parar e destruir por causa da máquina por detrás das estruturas”. Quinze anos depois da primeira de muitas ‘Viagens’ (que vendeu mais de 140 mil exemplares), Abrunhosa admite que ainda “falta cumprir muita coisa”. O músico faz as contas: tem já seis discos de originais, mais DVD’s e discos ao vivo. “Mas ainda estou atrás de Peter Gabriel”, brinca. Pedro considera ter ainda muitas letras e muita música para editar até porque todos os dias escreve. Abrunhosa garante nunca ter baixado os braços perante os desafios e depois de todo o trajeto percorrido assegura não ter arrependimentos. Prefere acreditar em não repetir os mesmos erros e aprender com a história e com a vida, até porque o passado, esse, está longe. “A obra e o homem são coisas distintas” e a música fala mais alto que os óculos escuros e a cabeça rapada.
Abrunhosa gosta de ouvir música clássica (com destaque para Chopin, Wagner, Schumann, Mozart e Mahler) e jazz, “muito jazz”. A isso, e por necessidade, acrescenta um pouco de “rock português e escrito em português”.
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repórterdomarão
Centro Social em Tendais reforça apoio a idosos em Cinfães A entrada em funcionamento do lar do Centro Social de Tendais, a construção de dois novos lares de idosos no concelho e o projeto de transformar o antigo Centro de Saúde da vila numa Unidade de Cuidados Continuados vão reforçar as valências de apoio sénior no concelho de Cinfães.
Na freguesia de Tendais começou a funcionar no final de março o novo edifício de apoio à terceira idade que tem capacidade para 30 idosos. Os dez que ainda não estão nas novas instalações já foram selecionados e deverão entrar até meados de abril, disse ao Repórter do Marão o padre Adriano Pereira, presidente da Direção do Centro Social e Paroquial de Tendais e pároco da freguesia. O edifício situa-se no centro de Tendais, em plena serra de Montemuro e foi financiado pelo Governo através do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). Além dos 30 idosos internos do lar, o Centro Social vai prestar apoio domiciliário a 42 idosos que vivem em Tendais e noutras freguesias de Cinfães. O diretor conta que em breve as duas valências vão empregar 16 pessoas, entre técnicos e auxiliares (alguns frequentaram um curso na área da geriatria). A diretora técnica do lar é assistente social e vão ser con-
tratadas duas pessoas, a tempo parcial, para prestar serviços de enfermagem e de animação sócio-cultural. O novo equipamento permite acolher situações consideradas mais urgentes, de idosos acamados. Para o diretor do Centro Social, os baixos recursos económicos dos idosos não serão um impedimento à entrada no lar. “Não é por falta de meios que as pessoas deixam de ser atendidas”, disse ao Repórter do Marão, referindo ainda que neste momento a prioridade é pôr o lar a funcionar “com todas as condições possíveis e desejáveis”.
| Unidade de Cuidados Continuados na vila e mais dois lares em Souselo e Nespereira | O padre Adriano Pereira não se queixa de falta de apoio à nova obra de Tendais, que “vai ficar por um valor muito significativo: 1 milhão e 300 mil euros”. Num meio rural, envelhecido e que tem perdido população, o interesse e apoio manifestaram-se de várias formas incluindo através de contribuições e donativos. O Governo, através do Instituto da Segurança Social, comparticipou com 453 mil euros e a
Câmara de Cinfães com 297 mil euros. Tido como “um equipamento de extrema importância para o concelho”, a Unidade de Cuidados Continuados vai ficar nas instalações, hoje devolutas, do antigo Centro de Saúde. [Foto em baixo, à direita] A obra da Santa Casa da Misericórdia vai ser apoiada pela Administração Central, através do Programa Modelar, com 750 mil euros. Por se tratar “de um investimento muito avultado, próximo de dois milhões e 500 mil euros”, a Câmara decidiu financiá-lo com 1,25 milhões de euros. Para o presidente da autarquia, Pereira Pinto, este financiamento é uma forma de o concelho não perder “esta oportunidade”, reabilitando um espaço que é central na vila de Cinfães e com serviços de saúde fundamentais para a população idosa. A Assembleia Municipal aprovou por unanimidade o financiamento à Unidade de Cuidados Continuados. Ao nível das valências de apoio a idosos, existe um lar da Santa Casa da Misericórdia de Cinfães e está em construção um novo equipamento em Nespereira (40 idosos em internamento e 65 em regime domiciliário). Em Souselo, arrancaram a 1 de Março as obras para um lar com capacidade de internamento para 26 pessoas. P.C.
Alberto S. Santos, Escritor | Depois do sucesso de A Escrava de Córdova segun
'Fiquei viciado pela
Paula Costa e Jorge Sousa | pcosta.
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epois do sucesso do romance histórico “A Escrava de Córdova” (publicado pela Porto Editora e que vai na terceira edição), o autor, Alberto S. Santos, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, tem o seu primeiro livro traduzido em castelhano e à venda em Espanha desde o final de fevereiro. O primeiro livro do autarca, que completou recentemente 43 anos, começou a ser escrito em 2006, foi editado em 2008 e já ultrapassou os 10 mil exemplares vendidos. O segundo livro ainda não tem um título definitivo, mas já está escrito. Deverá ser lançado em julho. [Por deferência do autor, apresentamos ao lado a pré-publicação de dois excertos do novo livro] Na cabeça de Alberto Santos há algumas ideias para um terceiro. O autor pretende criar uma espécie de trilogia que abranja três épocas distintas: anos 1000, 1500 e 2000. Neste momento, Alberto Santos está “a consolidar ideias” para o terceiro livro, que não será um romance histórico e irá abordar “coisas que são deste tempo”. A segunda obra do escritor já foi entregue à Porto Editora, decorrendo a fase da validação histórica. A história passa-se no século XVI e aborda “a fremência, a vida intensa na Bacia do Mediterrâneo”. Também “as inter-relações humanas que por força de várias circunstâncias se geravam e que criavam conflitos interiores muito fortes” e os conflitos sociais e pessoais, “confrontos com a vida do mais profundo que há”, farão parte do novo livro. Segundo o autor, por ali vão passar as vivências das pessoas da época mas o confronto de pontos de vista civilizacionais também se entrelaçam na história.
| Tema das religiões de volta | Tal como aconteceu em “A Escrava de Córdova”, factos históricos e fantasia coexistem. “Há novamente uma presença de religiões. A minha preocupação mais importante é procurar desmistificar a temática religiosa e levar a que os cidadãos percebam a importância que têm as religiões, mas também o facto de quando não há um espírito ecuménico e de tolerância, elas servirem mais de divisão, de motivo para que os homens estejam em desacordo e em conflito”, disse o autor ao Repórter do Marão. A cumprir o último mandato autárquico, Alberto Santos vê essa atividade como “muito exigente, mesmo fisicamente”, mas com uma vantagem: “os dias não são todos iguais” e considera que as funções que exerce propiciam mais a escrita do que a advocacia (que exerceu durante cerca de uma década).
“A Escrava de Córdova” vai na 3ª edição e já ultrapassou 10 mil exemplares La Esclava de Cordoba editado em Espanha pela Umbriel
do livro chega em julho
escrita'
.tamegapress@gmail.com | Fotos Carlos Gonçalves
| Escrever tem efeito regenerador | E porque escreve Alberto Santos? “No meu caso, a escrita, e a leitura também, têm um efeito regenerador e de me fazer transportar para outras dimensões do meu eu, sobretudo em tempos em que estou mais sereno”. A ligação à história não é obra do acaso. “A história sempre me suscitou, desde criança, um interesse especial. A geografia também, mas a história em particular”. Esse “gosto especial pelas questões da história” tem a ver com o sentido de “compreender o passado para melhor entender o presente, [interpretar] a reação dos seres humanos do meu tempo e de alguma forma perspetivar o futuro”. Quando começou a escrever “não fazia a mínima ideia que ia escrever uma história, ou mais do que uma, baseada em factos históricos. Mas quando a questão se colocou dentro de mim ficou muito evidente que gostaria que fosse com esse registo”. Durante a escrita deste segundo livro (iniciada no verão de 2008), Alberto Santos foi forçado a fazer uma pausa. “De fevereiro até às eleições [autárquicas, em outubro de 2009] não olhei mais para o texto, não escrevi uma linha”. Habitualmente toma notas no telemóvel, ou no papel e diz ter um processo de escrita que “não é rígido, não está pré-determinado”. “No final de cada capítulo é que eu vejo como é que o próximo vai surgir”, conta. Já depois do primeiro livro estar terminado teve algumas aulas de consolidação de conhecimentos e a técnica, conta, “nasceu da minha leitura de muitos livros”. Os dois livros que escreveu foram “desafios diferentes”. Mais versátil, o primeiro. O que vai ser agora editado foi “mais doloroso”. “Quando estamos a escrever uma história acordamos a pensar nas personagens, estamos num sítio qualquer, onde não temos nada para fazer e a história começa a bulir na nossa cabeça, sobretudo quando temos problemas para resolver na história”. Para estar preparado, lê “muito sobre o tempo histórico, entro no tempo histórico. O processo de aculturação a um tempo histórico é longo. São dezenas de livros que tenho que ler… e às vezes ler sem estar preocupado com a história, só ler”.
| Terceiro livro já está a ser pensado | Na escrita é frequente acontecerem imprevistos. “A história, de repente, toma conta de nós. Pensámos numa coisa e a meio as personagens levaram-nos para outros sítios. Aliás, nesta história [o próximo livro] a minha ideia era fazer um percurso pelo Sul da Península, depois Argel, Fez e Marraquexe. Depois mudou tudo e fui para Istambul e para Salónica”. E no final da história “há coisas que já não batem certo e é preciso ler e consolidar. [Há dias], por acaso, passei a tarde inteira agarrado a isso. Mas normalmente é às noites. Vou lendo, consolidando e reescrevendo”. O processo de reescrita é demorado, mas do agrado de Alberto Santos: “digo que é onde inserimos a poesia na prosa, onde procuramos cuidar um pouco mais”. O autarca-escritor espera não ficar pelo terceiro livro. “A partir do momento em que provei deste veneno agora estou um bocado viciado”. Na escrita encontrou “um pedaço de felicidade e de autossatisfação” que o faz manifestar um desejo: “gostava de continuar a escrever e que as pessoas continuassem a ler e a ter satisfação com o que eu escrevo”.
ARGEL, 1558
[Excertos do novo livro]
Uma esquadra de nove galés e dois bergantins preparava-s e para levantar ferro para umas boas jornadas de corso pelas cidades do Mediterrâneo, naquela soalheira manhã do final do Verão de 1559. Foi amarrado a uma enorme corren te de elos em ferro que se encontrava bem presa à galé-capitã que lhe cumpria fazer mover. O dourado reflexo das cinco emba rcações espelhava ao sol que avivava o azul-turquesa do mar. Trabalhadores e gente que deambulava pelo porto parara m para desfrutar do espectáculo que se fazia sempre que corsário argelino partia em busca de fortuna. Nutridas de um refrescada chusma, as naves mexiam-se devagar, com os seus magníficos estandartes de seda a ondular ao vento, ricame nte ornamentados e com duas meias luas brancas desen hadas sobre um fundo vermelho. Era a sua primeira vez. Jaime descia um novo degrau abaixo no báratro em que se tornara a sua existência. A força imprimida sobre os remos bem polidos ao longo do tempo por tantas mãos cristãs não demorou a provocar-lhe as prime iras mazelas nos músculos. Mas a sua dor era bem mais profunda. A alma saltava-lhe do corpo e afogava-se nas águas esculp idas pela cadência das asas da embarcação, como se cada batida a levasse para bem fundo naquele mar que, aos seus olhos, perdera a cor. Assim despido de vida, entregava-se à monotonia dos movimentos com os gomos verdes vazios cravados nas costas suadas do galeote negro que se contorcia em movimentos ondulares no banco da frente. Quando um vento de favor foi enviado pelos céus, as emba rcações passaram a navegar à vela. A sua alma deixou então braços de Neptuno e, timidamente, voltou a aconchegar os -se-lhe no íntimo. Todos os remeiros descansavam do primeiro embate com o novo adversário: o atrito do mar. - Vê-se bem que és maçarico aqui nas gurapas 1, rapaz… O homem barbudo sentado do lado esquerdo, de pele crespa e curtida pelo sol, limpava o suor da testa com as costas da mão. Jaime acenou levemente com a cabeça e esboçou um ténue sorriso enquanto também ele procurava a melho r forma de se livrar da transpiração em bica que lhe salgava os olhos. Não tinha vontade de falar. Cada vez se via mais perdid o e afundado no universo. Quando um sopro de vida lhe animava o destino, algo surgia no horizonte que o levava à consc iência do ínfimo papel que representava no teatro da humanidade. Sentia-se novamente o resto do mundo, a escória da civiliza ção, um refugo feito chusma para servir de energia motriz às galés turcas que se prepararam para atacar a Sardenha, as costas italianas, francesas, espanholas e portuguesas, em mais um estio de corso, fonte primeira da economia argelina. O vizinho, pressentindo os demónios que o afligiam, voltou à carga: - Se queres sobreviver, é melhor que comeces a preparar o teu destino. E a aprenderes algumas regras básicas de galeote. - Obrigado. Vejo que és experimentado nestas lides… - Remo à força há mais de dois anos, mas não quero apodr ecer nestes bancos, ou no fundo do mar. Estes infiéis não mataram quando me capturaram, por isso haverei de morre me r com a espada na mão em luta contra os cães danados… Sobreviverei até que chegue o dia da fuga ou da libertação. Jaime abriu os olhos de espanto perante a crueza e firmez a daquelas convicções. - E quem és tu?! - Ignacio de la Torre, soldado da Religião! – retorquiu, enqua nto levava a mão ao peito e erguia os olhos ao céu. _________________ 1
Galés, na gíria do meio.
(…) ISTAMBUL, 1560 Quando duas crianças loiras soluçantes eram arrastadas à sua frente para junto de um homem, que pelo aspec to de vizir, certamente iriam servir de companhia aos filhos da mesma idade, e enquanto Mami se encontrava à conve rsa mais adiante com alguém aparentemente conhecido, o médico reneg ado ouviu uma voz sussurrante de sotaque português atrás de si, enquanto a mão tentava encontrar a sua: - Hoje não é prudente falarmos. Deixo-te uma carta de Rosa para leres com calma. É muito importante. Encon tramo-nos amanhã na praça do Hipódromo. Mehemet agarrou o mensagem com força e cheio de emoçã o, tornado-se quedo e ausente do mundo por alguns instan tes. Segurava na mão algo que saíra dos dedos da amad a, da sua formosa rosa vermelha. Estava já instalada em si a semente da inquietude. Por isso, quando olhou por cima dos ombro s, só viu um vulto a desaparecer por entre o povo que se acotovelava por aquelas paragens. Desprendeu-se das cenas dos escravos, com o intuito de buscar um lugar mais calmo onde pudesse, pelo menos, admirar o sobrescrito enviado por Rosa. Mas já não pôde. Uma onda formada por alguns dos transeuntes envolveu Mehemet. Este deixou-se levar até à esquina da praça, para evitar cair. Já ali, percebeu que eram já só três os homens que o empurravam e que pareciam não estar propriamente de boa-fé: - A carta, onde meteste a carta?! Mehemet esperneou e tentou libertar os braços manietados. Como não o conseguiu à primeira, gritou por Mami, que via do local onde se encontrava. Fora cirurgicamente levado não para um ângulo cego para não ser visto pelo Agá do Paxá de Argel da zona onde conversava animadamente, alheio ao infortúnio do amigo. Mas também lhe não valeu de muito , atenta a vozearia que emergia dos mercados, das ruas, da cidade a fervilhar. Só alguns transeuntes mostravam alguma estupe facção, mas eram logo informados pelos outros dois de que se tratava de um ladrão do bazar e que esperavam a chega da da polícia. Sentiu a pressão de uma agomia no ventre. - Vá lá, desembucha! Enquanto os outros dois assaltantes continuavam nas explicações a um passeante mais curioso, surgiu, do lado esquerdo, um rapaz com os olhos esbugalhados e ar tenso, que se aproximava discretamente com as bugigangas que normalmente vendia. Mehemet reconheceu-o de imediato. - Eu tenho aqui uma carta! - Mostra-a! - Calma, deixem-me tirá-la com calma! Mas para que a quere is?! É pessoal… - Não tens nada com isso! Dá a carta, de imediato! Só então, reparou que o seu interlocutor, apesar de vestid o à maneira turca, falava o idioma castelhano, com a acentu ção típica da Andaluzia. a- És andaluz? - Despacha-te, senão... Mehemet voltou a sentir a pressão da agomia. Com modo s suaves, apesar da tensão que vivia no momento, tirou o sobrescrito do local onde o escondera colado ao corpo e, num ápice, atirou-o com força para o lado onde o jovem vendedor de bugigangas se encontrava. Voou como um pássaro de asas abertas em direcção ao seu ninho. Apanhou-o ainda no ar e fugiu rua abaixo como se uma multidão de ferozes janíça ros o perseguisse para o matar. Um dos assaltantes foi-lhe de imediato no encalço. Os outros dois agarraram Mehemet pelos braços, arrasta ram-no para uma porta e entraram numa casa que, como as demais daquela cidade, era feita de madeira e greda, a argila típica da zona. Estava desocupada, mas rapidamente Mehemet constatou que a residência era familiar àquele duo. Como casa típica de Istambul, era dividida em duas partes, uma para o harém, outra para o solam lik, o local das salas de recreio e dos quartos dos criados. O renegado foi levado com brusquidão por um sinuoso labirinto para uma das salas e obrigado a sentar -se num sofá, que era o único adorno, para além de algun s desenhos florais nas paredes, de um versículo do Corão sobre a porta, do tecto dourado e de alguns cachimbos espalh ados pelo chão. Mehemet jogara a fortuna com a carta, embora não soube sse que sorte a mesma teria, nomeadamente se o perseg uidor alcançara o rapaz que lhe costumava trazer os recados de Simão, ou se este a devolveria ao amigo português. Mas ali, onde se encontrava naquele preciso momento, não sabia o que fazer ao seu fado. E aqueles dois não estavam para brinca deiras: - Grande fideputa, porque atiraste a carta?
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Ercília Costa ou Artur Correia?
Eleições para a Concelhia do PS Amarante com a mira em 2013 As eleições para a Comissão Política Concelhia de Amarante do Partido Socialista estão a gerar expectativa não só entre os militantes, mas também na comunidade local e no seio de outras forças políticas com representação nos órgãos do Município. Em confronto, estão duas listas (v. depoimentos nesta página). Uma liderada por Artur Correia, presidente da Junta de Freguesia de S. Gonçalo, que deverá levar consigo três vereadores do atual Executivo Municipal: Octávia Clemente, que é também vice-presidente da Câmara, Helder Ferreira e Carlos Pereira. Esta candidatura, claramente identificada com a “linha” de Armindo Abreu, que cessa funções no partido, inclui, ainda, Fernando Sampaio, diretor da Secundária de Amarante, um “desalinhado” que tentou liderar uma lista própria, mas que não conseguiu apoios suficientes. Sampaio é tido como putativo candidato à Câmara em 2013. Ercília Costa, professora e líder parlamentar do PS na Assembleia Municipal, conhecida voz crítica da liderança de Armindo Abreu, encabeça a segunda lista e propõe-se fazer ruturas no partido, que considera ter estado, nos últimos anos, amorfo e acrítico. Com uma lista de nomes menos sonantes, mas também descomprometidos, na sua maioria, com a política do partido no passado recente, Ercília Costa tem, porém, um apoio de vulto que não deixará de usar na campanha interna. Trata-se de Francisco Assis, que, em 1989, iniciou o “reinado” socialista em Amarante, até então um “feudo” do PSD, e que, atualmente, lidera a bancada socialista na Assembleia da República. A "contagem de espingardas" no PS de Amarante vem sendo feita arma a arma e ninguém parece querer arriscar prognósticos quanto a resultados. Artur Correia, que parecia partir em vantagem, pode ter perdido apoios com a integração na sua lista de Fernando Sampaio, que tem mostrado um discurso público diferente do do presidente da Junta de S. Gonçalo, o que resulta numa liderança bi-céfala. Depois, Sampaio quer ser presidente da Câmara, tem tentado obter protagonismo, mas os seus interesses podem colidir com os de Armindo Abreu que, de partida da Câmara, não o apoiará, e há-de querer influenciar a escolha do candidato para 2013. A juíza Helena Ribeiro, antiga diretora-geral da Administração da Justiça, será, tudo o indica, a sua candidata preferida. A, pelo menos aparente, incoerência da lista de Artur Correia pode estar a favorecer Ercília Costa, que se tem desdobrado em contactos para a sua causa, conseguindo, para já, obrigar o PS de Amarante a abrir o debate interno. Sem nomes, de momento, para a candidatura socialista autárquica de 2013, Ercília propõe-se renovar o PS de Amarante, criando dinâmicas que lhe permitam vencer de novo. Se perder as eleições para a concelhia, Ercília deverá demitir-se de líder da bancada do PS na Assembleia Municipal, o que obrigaria Artur Correia a assumir o lugar. Porém, entre os militantes socialistas comenta-se a sua falta de perfil para o cargo que, no atual mandato autárquico, assume importância de relevo, pelo facto de o PS estar em minoria naquele órgão.
política
Renovar para Vencer A equipa do projecto Renovar para Vencer* destaca a clara aposta na mudança, elegendo a mobilização, a motivação, o empenho, o diálogo, e a abertura do partido à sociedade amarantina como vectores principais. Enquanto partido, o PS tem, em Amarante, uma história, um percurso e uma identidade que nos permitem manter a ambição e a esperança no futuro e em novas vitórias. É necessário abrir as portas do partido socialista à sociedade civil, descentralizando as acções, ouvindo os anseios da população. (...) Reconhecemos que a solidaErcília Costa riedade é um vaCandidata à liderança do lor essencial para PS/Amarante que o trabalho político se desenvolva com organização, serenidade e coesão, o que exige um espírito crítico construtivo como base na reflexão e motivador da intervenção política. (...) No âmbito da reorganização do nosso partido, apostamos num novo modelo de organização e num conjunto de mecanismos tendentes a uma eficaz comunicação interna, utilizando os recursos hoje disponíveis, mais acessíveis, a menor custo e mais eficazes, num profícuo diálogo político entre o partido, as instituições e a população, no reforço da adesão dos militantes. (...)
A acção política do PS tem de ser descentralizada, para que o debate seja realizado com os militantes, simpatizantes e a sociedade civil, criando, deste modo, uma opinião política partilhada e participada. A Comissão Política terá de ser a principal impulsionadora do debate, em todos os domínios temáticos, criando para o efeito grupos de trabalho sectoriais como vector de partilha e enriquecimento do conhecimento, proporcionando debates alargados a toda a sociedade civil. (...) Pretendemos imprimir um novo alento ao PS, trazendo-o, de novo, ao protagonismo do debate político local e regional, articulá-lo com os nossos eleitos, com as instituições do concelho e com a estrutura federativa. (...) Os simpatizantes que integraram as nossas listas aos vários actos eleitorais já nos deram provas de grande empenho, contribuindo para saborosas vitórias, destacando o contributo do Dr. Celso Freitas, a quem se propõem fazer uma sentida e merecida homenagem. Renovar para Vencer significa, também, abordar e chamar independentes para o debate político sobre temáticas de interesse de toda a sociedade. Renovar para Vencer significa abrir o partido à sociedade civil, aos órgãos de comunicação social, ao debate público e à participação de todos aqueles que se identifiquem com os nossos ideais. (...) Apresentamos uma alternativa que cremos credibilizará a acção política. Os Socialistas de Amarante podem contar com o nosso total empenho em prol do município e do partido, confiando na mudança. * A lista liderada por Ercília Costa conta com o apoio de Francisco Assis
Um partido uno e coeso Do ponto de vista da vida interna do Partido Socialista e, principalmente, na sua relação com a sociedade Amarantina e com os seus militantes e independentes, tudo justifica que se leve a cabo uma discussão aberta e profunda e que daí se retirem conclusões úteis para o futuro do partido no nosso concelho. O PS Amarante necessita de reflectir sobre os instrumentos de acção política a levar a cabo nos próximos anos, seja no plano das ideias, seja no plano da organização. (...) Estas eleições realizam-se quando no horizonte estarão ainda longe os próximos combates eleitorais. Como é sabido, não obstante das eleições presidenciais em 2011, em condições normais só voltaremos a ter eleições legislativas e autárquicas em 2013, e por isso se redobra a importância dum partido forte, coeso e interventivo. A lista que tenho a honra de encabeçar, submete-se a este sufrágio sob o lema “COMPROMISSO E AMBIÇÃO”: compromisso e orgulho com a obra feita pelo PS; compromisso e lealdade com o actual executivo na Câmara Municipal e com os demais eleitos na Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia e ambição por continuarmos a ser a referência de trabalho, de honestidade e de dinamismo junto dos Amarantinos. (...) A renovação do Partido Socialista é um objectivo irreversível. É forçoso reconhecer que ainda possuímos significativos défices no funcionamento do PS. Possuímos poucos militantes e estruturas demasiado burocratizadas. (...) A abertura do partido à sociedade, quando está na governação é um desígnio que todos os responsáveis pelo PS Amarante têm que aceitar. O PS serve hoje Amarante como o maior partido do Concelho. É nesse plano que, estando-se
em início de mandato, deverá empenhar o melhor do seu esforço nos próximos anos. (...) Cabe a esta Comissão Politica Concelhia preparar desde já o processo eleitoral para as autárquicas 2013, de forma a reafirmar a nossa força autárquica. À Secção do PS cabe o trabalho rigoroso e paciente de apoiar a gestão dos nossos autarcas que lideram a Câmara Municipal, as Juntas e as Assembleias de Freguesia, bem como trabalhar com os nossos autarcas que se encontram na oposição. (...) A actual fase da vida do PS exige de todos nós Artur Correia Candidato à liderança do um comprometi- PS/Amarante mento reforçado. Estar no Governo e na Câmara coloca-nos no limiar da crítica diária. Só com empenhamento nas estruturas do PS, com posturas sérias e reforço da militância se conseguirá manter. Caso esta candidatura mereça a confiança maioritária dos militantes, desde já nos comprometemos a constituir um secretariado aberto, plural e representativos das várias sensibilidades. Com um partido orgulhoso do seu passado e da sua história, rico na sua diversidade e democracia, unido e renovado e cada vez mais aberto à sociedade, teremos mais probabilidade de continuar a vencer.
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marco de canaveses
Ruas Francisco Sá Carneiro e Gago Coutinho serão as primeiras a receber obras
Comerciantes do Marco anseiam pela requalificação urbana
O
projeto de requalificação urbana do Marco de Canaveses é “a grande esperança” para reanimar o comércio tradicional. A expectativa é de que esse projeto “saia do papel” ainda este ano, disse ao Repórter do Marão o secretário-geral da Associação Empresarial (AE) do Marco de Canaveses, Cláudio Ferreira.
um projeto de raiz. Existem programas? Sim. Se eles têm condições para muitas vezes as pessoas aproveitarem, é discutível. Nalguns, de facto, nem vale a pena as pessoas candidatarem-se”. Por outro lado, acrescenta Cláudio Ferreira, “na conjuntura atual muitas pessoas têm receio de investir e também precisam de incentivos, sejam do governo, sejam do poder local”.
“O projeto é bom e é uma esperança, mas que saia do papel”, reafirmou. “Já o vi e digamos que é o recuperar de um antigo Procom a que a AE se candidatou em 2000, mas não foi aprovado por questões orçamentais. Era direcionado aos comerciantes. Foi através desse programa que foi feita a requalificação em cidades como Penafiel, Braga e Paredes, que aproveitaram e ficaram com centros urbanos mais modernos e bonitos”. Os comerciantes esperam agora que o projeto de requalificação urbana, da autoria do arquiteto Rafael Magalhães e que a Câmara do Marco tenciona iniciar ainda em 2010, leve a “que se faça alguma coisa e se traga novamente vida ao centro da cidade”, afirma o secretário-geral da AE Marco que dá como exemplo a Rua dr. Francisco Sá Carneiro que, diz, chegou a ser “uma das mais nobres e neste momento é das mais esquecidas ou abandonadas”. Outro caso é o da Rua Gago Coutinho. Ao longo destas duas artérias citadinas, “são mais de 30 as lojas fechadas”, o que “causa desalento” e deixa a impressão de que o comércio de rua está moribundo. Cláudio Ferreira garante que “alguns dos sobreviventes que ainda lá estão sentem-se desapoiados”.
| Manuel Moreira promete avançar este ano |
| Há incentivos que desencorajam os investidores – salienta a AE Marco | Resultado da ausência de planeamento urbanístico da cidade, o estacionamento tornou-se em algumas zonas a “grande dificuldade”. O secretário-geral da AE reconhece que tem havido apoio do Governo, através de programas como o Modcom (que chegou a ter financiamento de 50 por cento a fundo perdido), pela via do Centro de Emprego, com apoios através de alguns programas específicos, e da Cooperativa Dolmen. Para Cláudio Ferreira há aspetos que falham: “os programas existem, mas ou burocraticamente são muito pesados, ou não são aliciantes em termos de incentivos, ou ainda porque é o abre e fecha e não dão tempo para as pessoas pensarem
Para a Câmara, a requalificação urbana do Marco de Canaveses “é para avançar”, garantiu ao Repórter do Marão o presidente da Câmara, Manuel Moreira, mas os constrangimentos financeiros em que a autarquia vive impedem que se estabeleça uma previsão para o início das obras. O projeto de requalificação, no valor total de 6 milhões e 700 mil euros, foi aprovado há um ano para ser executado dentro de um prazo de três anos, e é tido como fundamental para a revitalização do comércio e do dinamismo do centro urbano do Marco de Canaveses. A intervenção prevê novas pavimentações nas ruas Manuel Pereira Soares, Francisco Sá Carneiro e Gago Coutinho, até à Igreja de Santa Maria, a criação de espaços verdes, a eliminação das barreiras arquitetónicas e o reforço da iluminação pública. O projeto inclui ainda a reabilitação dos edifícios da Casa do Povo de Fornos e da antiga sede da Coopermarco. A aprovação da candidatura foi um processo bastante complicado, recorda o presidente da Câmara. “Essa candidatura foi um projeto que eu agarrei e que realmente foi tirada a ferros. Foi uma luta titânica… mas quero concretizá-lo. Vamos lutar por isso”. Garantindo que a regeneração urbanística não está em causa, contudo, o autarca afirmou ao RM que o arranque das obras “vai depender também da evolução económica a nível nacional e europeu porque isso também se reflete na região e no nosso concelho em termos de receitas, etc”. O tempo está a contar. A Câmara do Marco já só tem dois anos pela frente para conseguir dispor dos cerca de dois milhões de euros, verba de que precisa para poder usar os 4 milhões e 600 mil euros de financiamento que o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) atribuiu ao projeto. Manuel Moreira diz-se determinado e rejeita a ideia de que o projeto esteja posto de parte: “não desisti, nem vou desistir [da requalificação urbana]”, afirmou. Paula Costa
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Rui Cunha e José Cruz disputam PSD/Marco Rui Cunha, líder do PSD na Assembleia do Marco de Canaveses, volta a defrontar José Cruz nas eleições para a presidência da Concelhia dos sociais-democratas. A candidatura do atual líder concelhio já era esperada mas o avanço de Rui Cunha, que foi derrotado há dois anos por cerca de uma dezena de votos, só foi concretizado depois de um grupo de 30 militantes do PSD/Marco, entre os quais se contam Márcio Magalhães, ex-presidente da JSD, Luís Pinto, atual presidente da JSD, Zita Freitas, presidente da mesa do plenário do PSD, Rui Mendes, Coutinho Ribeiro, Sérgio Sousa e Zita Monteiro, bem como alguns presidentes de junta, o ter instado a concorrer. Segundo revela o seu grupo de apoio, posteriormente associaram-se mais algumas dezenas de militantes, nomeadamente Manuel Moreira (presidente da Câmara Municipal), António Coutinho (presidente da Assembleia Municipal), Gil Mendes, José Mota (vice-presidente da Câmara), Domingos Neves (presidente da Junta de Freguesia de Alpendurada), António Teixeira (presidente da Junta de Freguesia de Vila Boa do Bispo), Joaquim Sousa (presidente da Junta de Freguesia de Favões), Gorete Babo (presidente da Junta de Freguesia de Sobretâmega), Costa Pinto (presidente da Junta de Freguesia de Sande), Joaquim Mota, Ricardo Araújo, Jorge Pessoa, José Carlos Valadares e Victor Gonçalo, entre outros. A candidatura afirma encarar o embate eleitoral com a missão "de projetar o PSD/Marco no futuro, enquanto alavanca essencial de uma política de verdadeiro desenvolvimento da comunidade". José Cruz, por seu turno, disse ao Repórter do Marão que manterá globalmente a mesma equipa na sua lista, embora não exclua "alguma renovação". A seção do PSD/Marco tem cerca de um milhar de militantes, votando habitualmente entre 400 e 500. As eleições decorrem entre as 15:00 e 23:00 de 17 de abril e a entrega de listas para os órgãos locais poderá ser feita até 15 de abril.
Sensibilização de condutores A Polícia Municipal do Marco de Canaveses vai desenvolver a 10 de abril, em Alpendorada e Matos, uma ação de sensibilização dos automobilistas com o objetivo de apelar ao bom senso e ao cumprimento do código da estrada e das regras de segurança. O álcool e a condução, o tempo de reação na condução e a fadiga e a condução são os assuntos abordados nos folhetos que vão ser distribuídos. Idêntica ação de sensibilização da Polícia Municipal decorreu a 3 de abril.
Vaivém Oceanário até domingo O projeto Vaivém Oceanário - Educação Ambiental em Movimento está no Marco de Canaveses até 11 de abril, permitindo às escolas do concelho participarem numa viagem pela necessidade de conservar os oceanos. Alunos dos quatro agrupamentos de escolas do concelho, do pré-escolar ao 3.º ciclo, bem como duas secundárias, participarão em ações de sensibilização que visam alertar a comunidade para a "necessidade urgente de uma mudança de atitude face à conservação e sustentabilidade dos recursos naturais". Da responsabilidade do Oceanário de Lisboa, este projeto encontra-se na alameda Dr. Miranda da Rocha, entre a biblioteca e o museu municipal.
Direito do consumo em Felgueiras O presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC), Mário Frota, anunciou a criação de uma delegação em Felgueiras que funcionará na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG). O novo serviço prestará apoio na área do direito de consumo a toda a comunidade escolar, extensivo aos habitantes do concelho. Segundo Mário Frota, a delegação da APDC trabalhará em articulação com este estabelecimento de ensino superior que integra a rede de escolas do Instituto Politécnico do Porto e com a Câmara de Felgueiras, através do seu gabinete de apoio ao consumidor.
tâmega e sousa
Famílias carenciadas recebem casas em Marco de Canaveses Três famílias carenciadas do concelho do Marco de Canaveses receberam quarta feira habitações sociais disponibilizadas pela câmara municipal. As casas - uma moradia e dois apartamentos sofreram obras de remodelação para permitirem alojar as três famílias. Manuel Moreira, presidente da câmara, disse à Lusa que a entrega destas habitações, realizada hoje numa cerimónia simbólica, procura corresponder a situações consideradas “mais urgentes” pelos serviços sociais da edilidade marcuense. Num caso foi contemplada uma mãe que vive com uma filha de 31 anos portadora de deficiência e acamada há vários anos. Outra habitação foi entregue a uma viúva que vivia sozinha numa casa abarracada e a terceira
casa foi confiada a um casal com dois filhos que vive numa situação económica difícil. “No âmbito da nossa consciência social, acorremos a três situações difíceis. Creio que essas famílias viveram hoje momentos de grande felicidade e nós também”, disse. O autarca acrescentou que há mais pedidos na autarquia para disponibilização de casas, situações que estão a ser ponderadas e que serão atendidas quando a câmara tiver mais mais habitações. As três famílias contempladas vão pagar ao Município rendas simbólicas, sublinhou ainda Manuel Moreira. Os dois apartamentos de tipo T2 situam-se no lugar de Talegre, em Tuías, e a moradia na freguesia de Fornos.
Movimento pela Regionalização apresenta-se dia 22 em Paredes A defesa da criação de uma região Norte num país regionalizado é o objetivo do Movimento Regionalista Norte Sim, que se apresenta formalmente dia 22, num jantar debate em Paredes, anunciou um dos promotores, Ricardo Luz. “O nosso objetivo é um: a regionalização em Portugal e a criação de uma região Norte. Queremos tentar mobilizar o máximo possível de cidadãos. Para chegar à regionalização, primeiro temos de informar as pessoas porque a defendemos e de lhes dizer o que estamos a perder por não termos um país regionalizado”, adiantou o empresário. O Norte Sim é um “movimento político não partidário” que reúne, para já, “cerca de 100 pessoas no Norte que defendem a regionalização”, referiu Ricardo Luz.
"Gostaria que aparecessem projetos similares noutras regiões”, acrescentou. Para além de influenciar os cidadãos e “promover o debate”, o movimento pretende, também, segundo o seu promotor, “influenciar os eleitos para tomar decisões”, sejam elas a promoção da regionalização ou a opção pelo referendo. Entre as iniciativas previstas, para depois da apresentação formal do movimento, estão a organização, “todos os meses, de jantares debate em várias cidades do Norte”, abertos “a quem queira participar”. A publicação de uma newsletter e a “participação num programa semanal do canal por cabo RTV” são outras das atividades planeadas.
Motard de Penafiel a caminho do Mundial Osvaldo Garcia, motociclista de Penafiel, partiu esta semana rumo à África do Sul com o objetivo de chegar ao estádio de Port Elizabeth a 15 de junho, para assistir ao primeiro jogo da seleção portuguesa no Mundial de futebol. O motociclista de 52 anos (foto) pretende fazer apenas 300 quilómetros em cada dia, atravessando ao longo 'desta longa viagem' – cerca de 20 mil quilómetros – diversos países, nomeadamente Espanha, Marrocos, Camarões, Angola, Zâmbia, Moçambique e por fim África do Sul. O motard, que teve o apoio da autarquia e de empresas locais, reconhece que haverá dias mais complicados e que poderá demorar mais tempo por causa do combustível e dos procedimentos fronteiriços e alfandegários. Na passagem do compasso da Páscoa Osvaldo Garcia quis que lhe benzessem a moto, apesar de não ser religioso. A viagem, que começou junto ao Museu Municipal de Penafiel, contribui para a promoção de uma moto totalmente portuguesa (AJP PR4), mas o acontecimento também atraiu o músico Zé Pedro, da banda portuguesa Xutos e Pontapés. [Foto de Carlos Gonçalves]
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nordeste
Foto Manuel Teles/Lusa
Jovens institucionalizados aprendem a ser autónomos
Família de Mirandela promete levar caso a tribunal
Inquérito à morte de aluno desresponsabiliza a escola O inquérito do Ministério da Educação à morte de um aluno de Mirandela no rio Tua, afasta a hipótese de o rapaz ter sido vítima de agressões frequentes na escola e não responsabiliza o estabelecimento de ensino pelo sucedido. "O inquérito não confirmou que Leandro fosse vítima de frequentes agressões, perseguições ou ameaças na escola" EB 2/3 Luciano Cordeiro, lê-se numa nota à imprensa do Ministério da Educação (ME). O processo de inquérito instaurado pela Direcção Regional do Norte (DREN) e conduzido pela Inspeção Geral de Educação apurou que no dia 02 de março Leandro faltou à aula do meio dia juntamente com dois colegas e esteve envolvido em dois incidentes com outros alunos no espaço da escola. Concluiu, no entanto, que "os depoimentos dos alunos ouvidos são contraditórios entre si, não se concluindo pela existência de agressões". O rapaz, de 12 anos, "ausentou-se da escola, presumivelmente através das grades da vedação, depois das 13:00" e alguns colegas decidiram juntar-se a ele, "o que fizeram saindo pelo portão da escola, sem que tivessem sido impedidos". O grupo dirigiu-se para o parque de merendas de Mirandela, onde Leandro desapareceu na corrente do rio Tua. O corpo foi encontrado 23 dias depois a 12 quilómetros do local. O inquérito do ME não estabelece qualquer relação entre o que se passou na escola e o que sucedeu no rio, que foi inicialmente associado a um suicídio por Leandro ser alegadamente vítima de agressões reiteradas na escola.
| Pais e autarquia não acreditam nos resultados | De acordo com as conclusões do inquérito, "nos tempos mais próximos do trágico acontecimento não foram identificados sinais de que Leandro tivesse mudado o seu comportamento habitual". As averiguações concluem, porém, pela "necessidade de reforçar as condições de segurança da escola, nomeadamente no que respeita à veda-
ção do recinto e ao controlo de entradas e saídas". A vereadora da Educação na Câmara de Mirandela, Maria Gentil, considerou que o inquérito à morte de Leandro "tem implícita uma tentativa de transferir responsabilidades para o pessoal não docente e para a autarquia". Maria Gentil disse à agência Lusa que a leitura da autarquia resulta da conclusão expressa no inquérito de que "o relatório não aponta para a instauração de procedimento disciplinar a responsáveis na dependência direta do Ministério da Educação". "Ora, na escola, o pessoal não docente é o único que não se encontra na dependência direta do Ministério da Educação e faz parte dos quadros da Câmara Municipal", afirmou. A vereadora considerou esta parte do inquérito "pouco clara" e aguarda agora tomar conhecimento das certidões que o Ministério da Educação anunciou que irão ser extraídas do inquérito para serem remetidas à direção da escola e à Câmara Municipal de Mirandela, "para os efeitos tidos por convenientes". Segundo a vereadora, desde 2008 que o pessoal não docente da escola passou para o quadro da Câmara, porém, segundo disse, a autarquia não tem competência para desencadear procedimento disciplinar nem na gestão direta destes funcionários. De acordo com a vereadora, esta competência é da direção da Escola Básica 2/3 Luciano Cordeiro, com a qual pretende reunir-se para analisar os resultados do inquérito e eventuais procedimentos futuros. O relatório do inquérito divulgado pelo Ministério da Educação afasta o cenário de que a criança de 12 anos fosse vítima de agressões frequentes na escola e não estabelece qualquer ligação entre factos ocorridos no recinto e o afogamento no rio Tua, a 02 de março. A família de Leandro já manifestou "revolta" com as conclusões e a mãe, Amália Pires, disse não acreditar nos resultados do inquérito. Amália Pires reclama que a escola seja responsabilizada pela falta de segurança e promete seguir para tribunal com o caso, afirmando que está disposta a "ir até às últimas consequências".
Oito jovens de Bragança estão a aprender a ser autónomos no âmbito de um projeto pioneiro a nível nacional que pretende dar resposta àqueles que permanecem institucionalizados depois de atingirem a maioridade. Desde dezembro que estes jovens, que passaram a maior parte das suas vidas no Patronato de Bragança, estão a experimentar "uma injeção de liberdade e de responsabilidade" vivendo em dois apartamentos. Continuam a depender da instituição mas passaram a viver autonomamente, recebendo uma "mesada" da Segurança Social de valor próximo do ordenado mínimo nacional. Carlos Serqueira é um dos contemplados e em apenas quatro meses já experimentou uma realidade comum a muitos portugueses, é que "nem sempre o dinheiro chega até ao fim do mês". Todos estudam, no secundário e superior, e com a "mesada", além das despesas pessoais, têm de pagar a renda, água, luz e fazer as compras que se tem revelado a tarefa mais complicada, principalmente para responder aos gostos de todos. Se a lei fosse cumprida à letra, aos 18 anos os jovens teriam de procurar por eles próprios uma alternativa de vida, já que o sistema de lar de infância e juventude só abrange utentes até aos 18 anos, segundo Hélder Sousa, coordenador do projeto.
Autarca admite fecho do metro de Mirandela O presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, alertou que o encerramento definitivo da linha do Tua irá ditar também o fim do Metro por falta de capacidade financeira das autarquias para assegurar a exploração. O alerta do autarca social-democrata surge a cerca de dois meses de ser tomada a decisão final do Governo relativamente ao futuro da linha do Tua que está dependente da conclusão prevista, para maio, do processo da barragem de Foz Tua. "Só depois dessa análise económica é que podemos dizer se se mantém ou não, mas o mais certo é, se acabar uma das partes, por força dos resultados económicos teremos de fechar a outra", disse à agência Lusa José Silvano. Segundo explicou o autarca, até ao Cachão a concessão é exclusiva do Metro, o que significa que, mesmo que a linha do Tua seja desativada, o Metro poderá continuar a circular nestes 15 quilómetros, entre Mirandela e o Cachão. Porém, o autarca ressalva que é necessário fazer contas “porque o que está em causa é uma questão de custo/benefício". Perante a decisão final do Governo, o autarca que é por inerência presidente do Metro, verá quais são as alternativas, mas aponta desde já aquela que considera mais viável: "ser a EDP a assumir (o que restar) a linha para fins turísticos como contrapartida pela construção da barragem". Se a linha do Tua for desativada, o autarca reclama que a EDP deve negociar com os municípios transmontanos um programa de desenvolvimento regional com três por cento do valor da energia produzida nas barragens da região, o que equivale a cerca de 180 milhões de euros anuais. A EDP, a concessionária da barragem de Foz Tua, terá de entregar até maio os estudos e projetos necessários à conformidade do projeto final de execução com a Declaração de Impacte Ambiental. A empresa foi obrigada a estudar alternativas de transporte aos 16 quilómetros da ferrovia que a barragem vai inundar, tendo proposto que o percurso seja feito de barco do Tua até à Brunheda e se mantenha o comboio daí até Mirandela. A albufeira submergirá a zona mais atrativa do vale do Tua do ponto de vista turístico.
Centro de artes na estação A centenária estação de Mirandela da Linha do Tua votada ao abandono há mais de duas décadas poderá encher-se novamente de vida transformando-se num centro de artes, cultura, lazer e de memória do caminho de ferro. A Câmara local tem pronto o projeto da autoria do arquiteto Belém Lima e o modelo de financiamento dos onze milhões de euros necessários para dar novo uso à estação de comboio com uma dinâmica cultural que passa por um centro de artes, escola de música e espaço museológico.
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PS defende centros de saúde abertos à noite até à conclusão das novas estradas O presidente da federação de Bragança do PS, Mota Andrade, reafirmou que o atendimento noturno deve manter-se nos centros de saúde do distrito até estarem concluídas as novas estradas em execução na região. "Não me passa pela cabeça que enquanto não estejam concluídos o IP2, o IC5 e a autoestrada (Transmontana) os centros de saúde encerrem definitivamente à noite", disse o responsável socialista. Mota Andrade, que é também o único deputado do PS por Bragança na Assembleia da República, reiterou desta forma a posição que já tinha defendido há um ano sobre a reorganização dos serviços de saúde neste distrito. Esta “garantia” de Mota Andrade, citado esta semana pela Lusa, é reafirmada depois das dúvidas levantadas na região relativamente ao funcionamento, durante a noite, dos centros de saúde com a chegada, na semana passada, do prometido helicóptero do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica). Este distrito tem beneficiado de um regime de exceção que, depois do encerramento do SAP (Serviço de Atendimento Permanente), tem permitido a nove centros de saúde permanecerem abertos durante a noite com um enfermeiro, um administrativo e um médico à chamada telefónica. Este regime provisório de exceção foi criado tendo em conta a dispersão geográfica da população e vigoraria por apenas um ano, mas já se prolonga há três. O presidente da federação socialista defendeu que deverá vigorar, pelo menos durante cerca de mais dois anos - até ao final de 2011 - a data prevista para a conclusão das novas estradas.
Helicóptero do INEM em Macedo de Cavaleiros custa quatro milhões por ano O helicóptero de emergência e socorro era o meio que faltava para dar cumprimento ao protocolo celebrado há três anos entre o então ministro da Saúde, Correia de Campos, e os autarcas do Nordeste Transmontano. O protocolo determinava o encerramento do SAP nos nove centros de saúde com este serviço e em contrapartida disponibilizava meios alternativos de emergência e socorro e uma reorganização das urgências. O distrito de Bragança ficaria com duas urgências médicocirúrgicas, Bragança e Mirandela, e duas urgências básicas, em Mogadouro e Macedo de Cavaleiros. Previa também a colocação de duas ambulâncias SIV (Suporte Imediato de Vida) em Miranda do Douro e Torre de Moncorvo /Freixo de Espada à Cinta. De todos os meios e serviços previstos faltava apenas o helicóptero que chegou na semana passada com mais uma ambulância de emergência para quando o meio aéreo não puder operar. Um estudo do Ministério da Saúde prevê que o aparelho possa ficar inoperacional durante um total de mais de dois meses no ano por adversidades climatéricas. O líder socialista no distrito expressou a "satisfação do Partido Socialista pela vinda de mais um meio, um enorme investimento que prova que nunca houve por parte do Governo intenção de diminuir os custos com a saúde". "O helicóptero custa quase quatro milhões de euros por ano e esse valor dava para manter os SAP em funcionamento três ou quatro anos", afirmou o responsável.
diversos / desporto
Mundial de Trial traz melhores do mundo a Paços de Ferreira A pouco mais de duas semanas da prova, os adeptos da modalidade têm a expectativa de assistir no Monte Pilar a prestações de alto nível dos pilotos que lutam pelos lugares de topo do Campeonato do Mundo de Trial. Entre eles está o catalão Toni Bou, da equipa Montesa, tri-campeão nas duas modalidades: Outdoor e Indoor. Adam Raga, Takahisa Fujinami e Albert Cabestany vão competir para a vitória no GP de Portugal. Os locais e infraestruturas do Grande Prémio de Portugal, segunda prova do Campeonato do Mundo de Trial, que decorre a 24 e 25 de abril em Paços de Ferreira, foram aprovados pela Federação Internacional de Motociclismo (FIM). O presidente da Comissão de Trial da FIM, Jean Marc Crumière visitou e aprovou o espaço disponibilizado para o paddock e todas as instalações de suporte ao Grande Prémio de Portugal que é organizado pelo Moto Clube de Paços de Ferreira com o apoio da autarquia. O dirigente da FIM concordou com a criação de uma zona-espectáculo (a 15.ª da competição, junto ao paddock, próximo da fábrica da Ikea, e elogiou as zonas de competição, no Monte Pilar, freguesia de Penamaior, onde já se realizaram várias provas internacio-
nais, divulgou a organização. O Moto Clube de Paços de Ferreira salienta que nesta prova vão participar alguns dos melhores pilotos do mundo.
MCoutinho Rallye Team soma triunfos Apesar de alguns problemas no Mitsubishi Lancer EVO VI, Manuel Coutinho e Manuel Babo venceram o Rali Rota do Folar, no fim-de-semana da Páscoa, com uma vantagem de 51,1 segundos sobre os segundos classificados. Prova pontuável para o “Campeonato Regional Douro – 2010”, o Rali Rota do Folar, em Valpaços, foi organizado pelo Clube Automóvel de Vilarandelo (freguesia de Valpaços), com a colaboração do Clube Automóvel da Régua e Clube Automóvel de Vila Real. A principal novidade do rali foi o número de pilotos inscritos, que este ano ultrapassou os 40, tendo participado algumas equipas espanholas. Durante a manhã, a MCoutinho Rallye Team deparou-se com “alguns problemas” no carro, contratempos que de tarde foram esquecidos com a dupla a impor-se com um ataque “forte” que “permitiu garantir esta vitória”, disse no final da prova Manuel Coutinho. A MCoutinho Rallye Team dominou até à última classificativa do rali que teve quatro provas especiais com 42,8 quilómetros, num percurso total de 121,3 quilómetros. Satisfeito com mais uma vitória “muito gratificante”, consegui-
da “sem a pressão habitual”, Manuel Babo destacou os quilómetros feitos com o Mitsubishi, “que poderão ser muito importantes para o futuro”. O rali de Valpaços serviu sobretudo de preparação para a próxima etapa do Campeonato Open de Ralis. O Rali Vidreiro, na Marinha Grande, é a próxima prova da MCoutinho Rallye Team.
Basquetebol de Penafiel na segunda fase O Clube de Basquetebol de Penafiel (CBP) venceu a primeira fase do Campeonato da Proliga, acontecimento de maior relevo por ter ocorrido na época de estreia. Treinada pelo veterano Valentyn Melnychuk, a equipa de Penafiel recebeu o Terceira Basket para a 20ª e derradeira jornada do Campeonato e ao longo da partida comprovou porque vem ocupando o primeiro lugar da tabela.
No final do primeiro período, era mínima a diferença no marcador. Na segunda parte de jogo, Melnychuk apostou numa defesa mais aguerrida e em saídas muito rápidas para o contra-ataque, o que desequilibrou a partida – 15 pontos de diferença entre as equipas. O americano Sidney Holmes voltou a destacar-se e conseguiu 22 pontos para a equipa, 14 ressaltos, duas assistências, um roubo de bola e um desarme de lançamento. Em destaque na equipa de Penafiel estiveram também os atletas bases João Pereira com 20 pontos, quatro ressaltos e três assistências, James Grabowski, 13 pontos, nove ressaltos, duas assistências e Vladimir Teixeira, oito pontos, três ressaltos, três assistências e três roubos de bola. A equipa de Penafiel assegurou o primeiro lugar no campeonato, alcançando uma vitória de 86-76 sobre o Terceira Basket. A equipa dos Açores ainda luta por um lugar de acesso aos playoffs podendo ser o primeiro adversário do CBP/Sentir Penafiel na fase decisiva.
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opinião
Desafios que esperam o novo PSD de Pedro Passos Coelho Sem surpresas, Pedro Passos Coelho venceu as directas do PSD. Sem surpresas, repete-se, excepto para aqueles dentro do PSD que convivem sempre em grupo e em círculo fechados, a discutir teses e teorias, assertivas por certo para os seus membros, mas inadequadas ao mundo de hoje, em que é mais importante a existência de gente que faz, do que gente que faz de conta. Sou daqueles que apostou em Pedro Passos Coelho para líder do Partido nas eleições directas de Maio de 2008. Acreditei e ainda hoje acredito, até com a convicção redobrada, que já nessa altura era o melhor candidato para o PSD e, naturalmenCarlos Sousa Pinto te, para liderar um futuro governo naPenafiel cional. Os militantes então não o quiseram. Passaram dois anos. O Partido e o País, contudo, perderam muito mais que estes dois anos
de calendário. O PSD perdeu a possibilidade de ter um verdadeiro líder, em quem os militantes confiam e acreditam e, mais grave, o Pais perdeu a possibilidade de o PSD ganhar as últimas legislativas e acabar, definitivamente, com a governação socialista, que muito tem penalizado Portugal e os portugueses. Hoje todos reconhecem (ou quase todos, para não ser redutor), que o PSD perdeu as eleições legislativas por “falta de comparência”. O PSD apresentou-se então sem um líder, um rosto que inspirasse confiança nos portugueses. O PSD perdeu credibilidade aos olhos dos portugueses. Curiosamente, a mesma credibilidade (ou falta dela), que a presidente do partido e outros dirigentes nacionais reclamam ter conquistado para o PSD na hora de fazerem o balanço deste mandato. A eleição de Pedro Passos Coelho abre portas a um novo ciclo político. Acredito no PSD e, em especial, neste que agora inicia funções e acredito também, como acreditei sempre, em Portugal. O Portugal das conquistas, o Portugal dos descobrimentos e o Portugal composto de gente de trabalho, empreendedora e que nunca vira a cara à luta. Neste Portugal e neste PSD eu acredito. O PSD de agora não vai ser liderado por uma qualquer dama de ferro ou de bronze, tão-pouco por um professor catedrático de renome, um comentador televisivo ou um qualquer Einstein da política. Vai ser liderado por
um homem normal, mas que é um político experiente, trabalhador, competente e capaz. Que sabe rodear-se dos melhores nas áreas mais importantes da governação, que escuta os seus ensinamentos e conselhos, que sabe ouvir e escutar o pensamento e as vontades dos militantes e dos portugueses em geral. É um político com experiência e prática. Dele se conhecem ideias e convicções, que pratica. Vivemos um período de crise muito forte. Liderar o maior partido da oposição não é tarefa fácil. Dele se esperam medidas, ideias e soluções que contrariem as políticas deste governo, que dia após dia, nos empurra cada vez mais para a cauda da Europa. Ao PSD pede-se e exige-se, até, face à gravidade da situação económica do País, soluções para cada uma das áreas fulcrais da governação. Temos que deixar de lado os teóricos da economia, que debitam números em série mas não passam daí. Fazem muito bem o diagnóstico, mas não apresentam solução. Mal vai o doente que não encontra mais no médico, que a doença e o seu nome, sem ter esperança na sua cura. Ao PSD, a este PSD e a Pedro Passos Coelho pede-se esta solução. A começar prioritariamente pelo combate à crise económica e ao desemprego. Se começarmos por aí e formos capazes, acredito, seguindo as palavras de Chico Buarque, “…que esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal”. sousapinto.carlos@gmail.com
Diversão e cultura Entre diversão e cultura eu escolho ambas. Mas entre a Bracalândia e o finado Cine Teatro S. Martinho, alinho (alinhava) sem margem para dúvidas com o "Cinema" como nós lhe chamava-mos, que trazia cultura e diversão a Penafiel. A nossa sala de espectáculos foi-se embora. A Bracalândia chegou mesmo agora. Lamento a primeira. Sem ser contra, não exulto com a segunda. Lamento profundamente o desaparecimento de uma das maiores referências da nossa terra. Foi imperdoável a sua destruição. É lamentável que num local de história, surja agora algo sem glória: escritórios e lojas comerciais. Ou seja, mais do mesmo. Eis Penafiel mais uma vez no lado errado do vento. Podem vir as requalificações urbanas que vierem. Podem vir as acessibilidades que forem preciso. Podem virar Penafiel de pernas para o ar, que a nossa terra cada vez tem menos alma. Eu se fosse presidente da Câmara, de ontem ou de hoje, tinha adquirido aquele espaço para se construir um Teatro Municipal. E não teria feito nada do outro mundo. Era a "obrigação" de um político atento e com alguma dose de bairrismo. Mas comprar com que dinheiro, perguntarão os leitores? O que há mais é dinheiro em Penafiel. Bastavam os milhões das benesses de que a Bracalândia está a beneficiar. (É preciso que se saiba que o Parque Temático não vai pagar impostos à Câmara durante dez anos). Depois, bastaria ter suspenso durante algum tempo as verbas que são canalizadas para o futebol profissional. Não esquecendo as fortunas desperdiçadas em caprichos fotogénicos, tais como os "Enduros", que por aí motocaram, etapas de Voltas a Portugal que daqui partiram e megalómanas "escritarias". Muito dinheiro que se atirou ao ar que, em concreto, nada trouxe a Penafiel. Se essas verbas fossem aplicadas na aquisição e recuperação do "Cinema", em Penafiel outro galo cantaria, já que iria afinal, ao encontro da maior obsessão dos vários poderes autárquicos, que é atrair gente para a cida-
versão e cultura. São coisas completade. Mas na opinião dos vários execumente diferentes. tivos, Penafiel tem de modernizar-se Eu se fosse presidente da Câmara e isso nunca passou pela recuperação de Penafiel de hoje, teria alguma preodo "Cinema". cupação em localizar (deve estar no ArMas em Matosinhos, Póvoa de quivo Municipal), uma postura camaráVarzim, Montijo, Mealhada, Coimria de 1950 ou 51, documento esse que bra, Sever do Vouga, Vila do Conde, proíbe de todo, que se construa no loS. João da Madeira entre outros, tocal onde funcionou o "Cinema", algo que dos os seus Cines foram, estão ou vão não seja uma sala de espectáculos, que é ser recuperados, com intervenções o que está a acontecer. Isto é tudo uma camarárias. Custaram milhões, pois questão cultural e na minha terra há um custaram, mas estas localidades ficatremendo mau hábito. Troca-se a festa ram mais ricas. da cultura pela cultura da festa. O "CineO único político que se preocuma" era festa da cultura. A Bracalândia é pou com o Cine Teatro S. Martinho, a cultura da festa. foi Emídio Alves, de Rio de Moinhos, Quanto a este dito Parque Temátiex-vereador social-democrata na Câmara de Penafiel. Este encetou várias Fernando Beça Moreira co, a postura dos políticos foi e é outra? Toda a gente feliz e contente. Um aconlutas em prol da sua aquisição. Entre- Penafiel tecimento que só aparece de cem em cem tanto, outra gente, outros políticos, anos. Alguém o disse, a prever 350 mil vioutros interesses se levantaram. Uma vez perguntei a Justino do Fundo se não tinha sitantes por ano, quando em Braga, durante os dezassesaudades do "Cinema". A resposta veio lacónica: "Eu te anos que lá esteve, a média anual foi de 149 mil. Não estarei de acordo com Mesquita Machado, prenão, eu tenho saudades é do Barracão". Nem o melhor presidente da Câmara de Penafiel, de todos os tempos, sidente da Câmara de Braga, quando disse que a Braestava para ali virado. Diga-se que este "Barracão" era calândia era um somatório de S. Joões. Eu acho que o uma sala de espectáculo que funcionou no mesmo local "Paraíso da Brincadeira", será um pouco melhor que o mais ou menos entre 1912 e 1949. Mais tarde, um outro nosso parque de diversões do S. Martinho, com vantapolítico, que eu considero um mau penafidelense dizia gem para este, que não tem de se pagar 18 euros para lá que "Não é preciso "Cinema" coisíssima nenhuma, por- entrar. Mais umas pipocas e lá vão quatro contos! É caro ou nem por isso? Tem a palavra os milhaque cinema já temos nós" (ali para os lados do Sameiro). Este mau penafidelense bem sabe que não é a mes- res de desempregados e os milhões de reformados com ma coisa. Uma coisa é um cinema, só com essa finali- pensões de 200 e 300 euros! Mas pronto, só lá vai quem quiser e puder. Talvez dade, outra é uma sala para todo o tipo de espectáculos, que é o que não temos há 25 anos. O mesmo se pode os "bem de vida": banqueiros, gestores, administradodizer em relação ao auditório que vai nascer no Museu res, políticos com várias pensões, professores, etc., etc., Municipal. Este auditório nunca substituirá o antigo ci- e são muitos. Portanto a Bracalândia será um sucesso nema, que nos proporcionou, milhares de horas de di- com certeza!
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Um novo PSD A estrondosa vitória de Pedro Passos Coelho nas eleições directas do PSD tem como principal significado a concretização do desejo de estabilidade directiva por parte dos militantes do PSD. Contra todas as dúvidas e maus augúrios, os sociais-democratas confiaram um mandato absoluto ao seu novo líder, conferindo sem sombra de dúvidas ao presidente do partido uma larga margem de manobra, quer para escolher a equipa dirigente, quer para definir uma linha política de firmeza face ao PS de José Sócrates. O resultado de Pedro Passos Coelho (com quase 62%) transforma-o, sem dúvida, no líder mais legitimado de sempre do partido social-democrata - escolhido com praticamente dois terços dos votos. Só perdeu na Madeira. Mas houve casos, como no distrito do Porto, a maior distrital do PSD, em que a sua base de sustentação ultrapassou os 70 por cento. Este resultado histórico na vida do partido tem a particularidade de ter sido contra a “aristocracia” do PSD, que tarda em perceber que os seus votos, individualmente, valem tanto como os dos militantes mais modestos, ou seja os denominados militantes de base. Em termos de opinião pública, estou igualmente convencido que Pedro Passos Coelho se vai afirmar como a única alternativa viável a José SócraMarco António Costa tes. CredibiPresidente PSD/Porto lidade e convicção são atributos reconhecidos ao novo rosto do PSD que, como líder da oposição, rapidamente será reconhecido como o futuro Primeiro-ministro de Portugal. Esta é, aliás, a condição para que o actual Governo se desmorone para o País estancar os esvaimentos dos recursos dos portugueses, uma maléfica marca da governação socialista. Internamente, esperamos todos que o PSD entre numa fase de acalmia e estabilidade directiva. Durante a campanha interna e já na noite dos resultados, os concorrentes à liderança, vencedor e vencidos, reafirmaram as intenções de, «vencesse quem vencesse», iria existir uma colaboração mútua. Pedro Passos Coelho acrescentou ainda que gostaria de ver os seus adversários nos órgãos nacionais do Partido. Os militantes e os portugueses aplaudiram esta atitude. De resto, dificilmente aceitariam e, muito mais dificuldades teriam em compreender, caso a cúpula voltasse a ditar exclusões. A primeira escolha de opção política da nova liderança é sobre o PEC. Apesar de um voto favorável no Parlamento (abstenção do PSD), o programa não é um texto sagrado. E, por isso, o novo líder do PSD certamente exigirá melhorias, em especial nos desagravos fiscais para empresas e cidadãos portugueses. Pedro Passos Coelho, que não reconhece os méritos do documento, irá, por certo, avaliar os reparos possíveis sem colocar em causa a credibilidade internacional de Portugal.
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Um dia para Limpar Portugal, décadas para limpar consciências Tive a oportunidade de agradecer ao No dia 20 de Março de 2010 particiBruno Nogueira e ao Rui Madureira (aupei no movimento de cidadania que tinha tores da iniciativa no Marco), ao engenheio objectivo de “Limpar Portugal”. Foi um ro Moura da Câmara, assim como ao presucesso, nem a chuva demoveu os marcosidente da Câmara do Marco pelo apoio à enses do objectivo a que se propuseram, iniciativa. O meu agradecimento traduzido limpar as freguesias que compõem o nosso neste orgão de informação não abarca toda concelho, cada um com a sua brigada, que a grandeza do gesto, do momento e da atino total mobilizaram 1017 marcoenses. tude, atendendo a que não possuo capaciEra muita gente a trabalhar, com entudades que me permitam traduzi-lo no seu siasmo, alegria e sobretudo uma cadeia de explendor. solidariedade e entreajuda como não se via Tenho, contudo capacidade para tradesde a época pós-25 de Abril. duzir nestas linhas a minha revolta por Foram recolhidas 165 toneladas de verificar que nos dias imediatos já se delixo, sendo separado de acordo com as suas positaram lixos nalguns locais. Sinto-me caracteristicas; pneus , vidros, inertes e os revoltado, na medida em que muitos de nós chamados “monstros” (sofás, frigoríficos, deram o seu contributo com o único objecmáquinas de lavar , televisões, etc..). Hernâni Pinto tivo de melhorar o planeta, que é simplesAs instalações das oficinas da Câmara Marco de Canaveses mente a nossa Terra, que é de todos!!! Te(onde era o depósito), encerraram apenas nho consciência (e não me importo) que no dia 21 (às 5 da manhã), tal era o moviteremos de ter mais dias como este, mas também tenho consmento de carrinhas e camiões a descarregar e a carregar para ciência de que esse será um trabalho menor, comparado com o os transportar até ás lixeiras e centrais de tratamento e recitempo que irá demorar a mudar muitas consciências!! clagem.
Um serviço humano emocionante: ser cuidador de doentes terminais dos de saúde mas precisa de cuidadores e cuidadoras que lhe O fenómeno do envelhecimento, as múltiplas formas de ajudem a saber franquear a passagem da vida para a morte. apoiar os seniores e os cuidados com doentes terminais ganha“Caminhando com Doentes Terminais”, por Joyce Rupp ram amplitude já que a dependência, o carinho com o doente e Joyce Hutchison (Editora Sinodal, distribuída em Portugal sénior, a medicina do bom envelhecimento, os cuidados geriápela Editora Vozes) é um pungente e experimentado relato tricos, por exemplo, estão em permanente adaptação. acerca da nossa caminhada final. Ser cuidador destas pessoOs serviços de proximidade têm constituído uma alternaas pressupõe um investimento afectivo fortíssimo, uma grande tiva útil aos cuidados familiares (mesmo quando se tornou propreparação e disponibilidade. verbial existirem famílias de quatro gerações obrigadas a reeA obra acolhe diferentes relatos de coragem e consolo e xaminar as relações dentro da esfera desse grupo), dão apoio e mostra como por vezes a simples presença de alguém pode caconforto ao sénior, prestando-lhe por vezes cuidados continuapacitar o paciente terminal a vencer as suas dos e nalguns casos até cuidados terminais. angústias e preconceitos. Um cuidador tanO envelhecimento activo, por outro lado, to pode ser um profissional de clínica ou tem sido uma resposta a este envelhecimenhospital como qualquer membro da famíto demográfico em que os seniores não polia. Os assistentes sociais ajudam os doentes dem ficar sem préstimo e exclusivamente e as famílias a lidar com o stress emocional entregues à Segurança Social. Por isso, se e temos evidentemente a questão delicada procura incentivar o sénior a estar ocupado dos aportes morais e religiosos já que camimuito para além do tempo da reforma e a nhando para a morte a despedida tem semsaber envelhecer melhor prestando servipre um determinado sentido ou é aceite sem ços sociais e dando solidariedade aos outros. sentido. No fundo, o cuidador encoraja o doOs auto-cuidados e a vida activa podem conente terminal a descobrir um determinatribuir para envelhecer melhor e cada vez do sentido para o fim da vida, liberta ansiemais lentamente. Não é novidade para nindades, orienta o sofrimento para o amor de guém que agora aos 60 anos podemos ainDeus, reforça a fé, toma a família do doente da pensar em ter 20 a 30 anos de vida auterminal coesa, esbate ressentimentos, faz tónoma. Hoje, a resistência dos seniores, 75 Beja Santos revelar segredos, fomenta dádivas de huanos, é proporcional à resistência dos senio- Assessor Inst. Consumidor mor, unindo ainda mais aqueles que julgares de 60 anos do século XIX. Mas também vam que só havia vida até que a morte os sabemos que o nosso corpo e mente não enseparasse. velhecem de uma só vez mas em peças separadas. Daí, as esNão se esconde que este livro de coragem e consolo para tratégias de prevenção de envelhecimento terem obrigatoriacuidadores não esteja dominado por uma tónica ética e religiomente um formato personalizado. sa, porque o está. São histórias comoventes, que falam na esA despeito deste envelhecimento activo e de uma longeviperança do amor divino. Mas igualmente são relatos cheios de dade francamente mais saudável, até uma doença precoce pode alegria que nos conclamam a termos esperança e paz nos moderrubar um sénior cheio de sonhos. O aspecto que pretendementos dolorosos da partida, nossa ou dos entes queridos que mos agora focar tem a ver com os doentes terminais (aqueles nos rodeiam. que, fruto de uma doença terrível, aguardam uma morte inePara muitos este livro será uma bênção. E nenhum cuidaxorável, com ou sem quimioterapia, ou cujo definhamento seja dor de doentes terminais ficará indiferente a estes relatos. Por igualmente irreversível). Estes doentes terminais eram acomisso propomos esta leitura sem hesitar, independentemente da panhados no passado por profissionais de saúde e familiares fé de cada um. cuidadores. Hoje o doente terminal carece à mesma de cuida-
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crónica|eventos
Pintora Balbina Mendes revela tradições A.M.PIRES CABRAL
Os professores Ultimamente dei em matutar que só me sentirei razoavelmente protegido contra as incertezas do futuro no dia em que conseguir ganhar o euromilhões. Que querem, sou assim feito desta massa: radical e pessimista ao mesmo tempo. Vai daí, em vez de jogar os dois euros semanais do costume, passei a jogar quatro. Com resultados bem magros: uns oito ou nove euros de prémio lá quando o rei faz anos. Descontente com essa táctica, pedi à teoria das probabilidades e das combinações matemáticas o milagre de um destes dias acordar multimilionário. Com resultados nulos: nem uma nem outra se prontificavam a frutificar em cinco números e duas estrelas nos tempos mais próximos. De forma que, considerei, teria de subir mais uns degraus na escala, antes de ir bater directamente à porta de Deus. Foi então que no pára-brisas do meu carro apareceu um dia um papelinho branco (que a princípio e à distância confundi em pânico com uma multa) que me trouxe uma nova esperança. Era o Professor Rama a oferecer-me os seus serviços. Confesso que nunca tinha ouvido falar neste «grande médium vidente internacional» que, segundo o papelinho, é «espiritualista e cientista, adaptado de conhecimentos e poderes». Mas bastava-me saber que, se era eficaz contra uma série de infortúnios os mais diversos, também pouco lhe custaria ditar-me, num momento de transe, os números e estrelas que com tanto afinco tenho perseguido. Resolvi consultá-lo no dia seguinte. Mas eis que, quando me metia no carro para ir ter com ele, dou com outro papel semelhante no pára-brisas. Desta feita, era o Professor Bangali, que tinha em relação ao primeiro a subtil diferença de ser «espiritualista cientista». Dizia o seu papel: «Se quer prender uma vida nova e pôr fim a tudo o que o preocupa, não perca tempo, contacte o Professor Bangali.» Ora, justamente o que eu pretendo é prender uma vida nova (porque a velha, devo confessar, já anda um bocado solta). Daí o ter resolvido optar por este segundo professor, até porque oferecia «facilidades de pagamento», factor que não é de desprezar nos tempos que correm.
Só que, no dia seguinte, se dá nova reviravolta. Eu a entrar no carro — e um novo papel no párabrisas. Agora era o Professor Diaby, também ligeiramente diferente dos outros, porque se anunciava como «astrólogo curandeiro». Para além dos achaques que também os outros curavam, este tinha a vantagem de oferecer a «atracção de clientes». Não é coisa para deitar fora, a atracção de clientes. A gente nunca sabe quando vai precisar de atrair clientes. De modo que estava agora inclinado a consultar o Professor Diaby (apesar de o nome me lembrar insistentemente o diabo, última criatura que desejaria ter como cliente). Mas não é que no dia imediato me aparece mais uma oferta no pára-brisas? Agora era o mestre astrólogo Dansoko que me oferecia «resultados bons e rápidos garantidos a 100%» e assegurava tratar do meu problema «com eficácia e honestidade». ‘Pois seja’, disse para comigo. ‘Consultemos Dansoko.’ Corro o risco de não ser acreditado, se disser que no dia seguinte (que foi ontem) apareceu ainda um outro papel no pára-brisas. Era dum «astrólogo-médium africano» que dava pelo nome de Professor Ali. De um modo geral oferecia os mesmos préstimos que os anteriores. Mas — como a cereja no topo do bolo — este professor «faz emagrecer ou engordar». Não é que eu esteja desgostoso com os meus 65 quilos, mas nunca se sabe quando se nos mete na cabeça perder ou ganhar uns quilitos. Infelizmente o Professor Ali dá consultas em Viana do Castelo e em Mirandela, e ainda não estendeu a sua benéfica acção a Vila Real. De modo que aqui estou eu como o tolo no meio da ponte. A quem recorrer nesta minha paixão por ganhar o euromilhões? A Rama? A Bangali? A Diaby? A Dansoko? A Ali? Às vezes a abundância só atrapalha… Ajude-me o Leitor a decidir nesta angustiante hesitação. Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico. pirescabral@oniduo.pt
A pintora Balbina Mendes transpôs para 40 telas as várias máscaras que saem à rua nas festas do solstício de inverno, uma tradição ancestral da região de Trás-osMontes e Alto Douro que quer dar a conhecer a todo o país. A exposição "Máscaras Rituais do Douro e Trás-os-Montes", que está patente ao público na Casa Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia, integra um projeto mais vasto, do qual fazem parte um livro e um DVD. Balbina Mendes nasceu em Miranda do Douro, distrito de Bragança, pelo que, segundo disse à Agência Lusa, as tradições e rituais das festas dos rapazes ou de inverno sempre fizeram parte da sua vida. Agora, as suas telas revelam máscaras esculpidas na madeira, moldadas no latão, feitas a partir da palha, vime, cortiça ou folha-de-Flandres, máscaras que escondem os rostos dos que saem à rua para protagonizar estes rituais que começam em dezembro e terminam na quarta feira de cinzas, que se assinala no dia a seguir ao Carnaval. A pintora percorreu diversas localidades transmontanas à procura das máscaras, desde Podence, Lazarim, Constantim, Varge, Salsas ou Torre de Dona Chama. Balbina Mendes explicou que a ideia para este trabalho surgiu quando estava a trabalhar numa exposição sobre o Douro e pintou o "chocalheiro de Bemposta".
"Exigiu de mim transpor para a tela a cor, a alegria transmitida pelas máscaras quando vão à rua e isto foi algo que me começou a beliscar. Daí comecei a alimentar a ideia de como seria uma grande exposição de máscaras", salientou. O livro de Balbina Mendes conta com textos de Adriano Moreira, do investigador António Pinelo Tiza, e dois contos inéditos de Pires Cabral e de Amadeu Ferreira, sendo que este último escreveu em mirandês. Já o DVD pretende revelar o mundo das máscaras, apresentando apontamentos filmados, rituais e tradições. Depois de Gaia, a exposição vai para os museus de Espinho, Lamego e do Douro.
Ciclo de Cordas em Amarante Os dois últimos concertos do Ciclo de Cordas de Amarante, dedicado ao estilo latino, acontecem nas noites de 9 e 17 de abril na Casa das Artes de Amarante, com entrada gratuita. Esta sexta feira, às 22:00, atua a Orquestra de Bandolins de Esmoriz, associação criada há vinte e cinco anos e que se dedica a estilos diversos, do
Jazz à música clássica, passando pela música tradicional portuguesa e originais da orquestra. Apresenta-se com 25 músicos, amadores e profissionais. O concerto final é com o trio CoMcOrDaS, que difunde o Jazz Manouche, estilo mais conhecido por combinar vários géneros musicais, dando destaque ao Swing e aos ritmos ciganos.
Resende promove cavacas a 18 de abril Resende organiza a 18 de abril a quarta edição da Festa das Cavacas, evento novamente promovido pela Câmara Municipal. A promoção de um dos produtos gastronómicos mais conhecidos do concelho terá lugar no Pavilhão Multiusos de Caldas de Aregos. Durante o certame (com abertura marcada para as 11:00) os visitantes terão a oportunidade de provar este doce tradicional, feito à moda antiga e cozido em fornos de lenha. A componente musical será executada pelos grupos musicais "Strella do Dia", "Karrossel" e "Pé na Terra".
Concurso literário na Escola de Arqueologia A Escola Profissional de Arqueologia (EPA) do Marco de Canaveses promove um concurso literário aberto a alunos, professores e funcionários. A data limite para a entrega dos trabalhos é o dia 20 de maio. A entrega dos prémios terá lugar uma semana depois, no Chá das Letras, uma iniciativa dinamizada pelos professores da componente sóciocultural da EPA. "Diversidade cultural" é o tema do
concurso literário “que visa estimular a capacidade criativa e o uso da língua portuguesa” porque sendo a única escola profissional de arqueologia do país tem “bastantes alunos oriundos de Cabo Verde, mas também gente [originária] um pouco de todo o país”, disse ao RM a professora Alzira Carvalho. Os concorrentes podem apresentar trabalhos em prosa ou poesia, obrigatoriamente sob pseudónimo.
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artes | nós
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* Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico *
Alguns textos, sobretudo de colaboradores, poderão, contudo, utilizar ainda a grafia anterior.
Fundado em 1984 Quinzenário Regional Registo/Título: ERC 109 918
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Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]
Depósito Legal: 26663/89 Redação: Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689), Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Paula Costa (C.P. 4670), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse, Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919). Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro. Colaboração/Outsourcing: Media Marco, Baião Repórter/ Marão Online
“Liberdade” 2010
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O OLHAR DE...
Eduardo Pinto
Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.
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1933-2009
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“Expressões" – Telões - Amarante – Anos 60