repórterdomarão do Tâmega e Sousa ao Nordeste
Nº 1239 | Ano 26 | Quinzenário | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | | Edição:Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 * Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico *
09 - 22 jun’10
REGIONALIZAÇÃO Adão Silva (PSD) prefere relocalização de serviços à criação de regiões MOBILIDADE Serviços públicos de Vila Real continuam a violar a lei ENSINO EB de Toutosa sobrelotada, tem mais 10 turmas do que o previsto
António Mota Presidente da Mota-Engil
"Portugueses são individualistas, não gostam de partilhar"
Entrevista a António Mota | Desafio da Mota-Engil é
‘As empresas boas devem ser apoi Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com | Fotos J.S.
“O
s portugueses são muito individualistas, não gostam de partilhar”, diz António Mota, 56 anos, presidente da Mota-Engil, a maior construtora portuguesa que em 2009 atingiu lucros de 71,7 milhões de euros. O individualismo nas empresas nacionais, acredita, foi uma das razões que empurraram Portugal para a crise em que se encontra, tal como a falta de capacidade dos grupos económicos. Em entrevista ao Repórter do Marão, António Mota lembrou o passado em Amarante, explicou o sucesso da empresa que gere, apontou a falta de dimensão dos grupos económicos nacionais e contou como ser filho do patrão lhe trouxe vantagens e desvantagens. Para António Mota “as empresas hoje têm pouca dimensão e são poucos os setores em que os portugueses dominam a cadeia de valor”, razão pela qual “quando há uma crise internacional, os primeiros a sofrer são os portugueses”. Ainda assim, o setor da construção “é dos poucos que hoje ainda consegue dominar a cadeia de valor”, salienta. A culpa, acrescenta, não pode ser apontada a um determinado governo já que resulta de “muitos erros cometidos no passado” e de “um acumular de situações que foram sendo estabelecidas” as quais é preciso corrigir. O filho do fundador da Mota&Companhia (que em 2000 viria a fundir-se com a Engil, formando a Mota-Engil), defende ser agora necessário que o país se recupere “pelas empresas boas”, independentemente de serem grandes, médias ou pequenas. “Hoje toda a gente diz que o país se recupera pelas pequenas e médias empresas.
Quando se diz isto está a pôr-se um ónus em cima das empresas grandes”, refere. Contudo, “hoje em Portugal não temos empresas grandes. Toda a gente diz que a Mota-Engil é uma empresa grande mas quando vai lá fora é uma empresa média europeia”. Mas qual a receita da Mota-Engil para superar a crise? António Mota responde que a empresa apostou em “diversificar e internacionalizar”, tendo sido essa a “grande receita do equilíbrio” que a Mota-Engil tem em contas. “Estamos em vários negócios e em várias regiões do mundo. O que queremos é não ser nem dependentes de nenhum negócio nem dependentes de nenhuma região do mundo”, explica. Por isso mesmo, num momento de crise em Portugal, a Mota-Engil está assegurada por outros países (América Latina, Europa Central e África).
| Juventude ambiciosa e experiência ousada | António Mota começou a trabalhar na Mota&Companhia em 1977/78, mais de trinta anos depois de ter sido fundada pelo seu pai (e tios) em Amarante em 1946. No seu início, esta empresa trabalhava com madeira em Angola, tendo sido o segundo registo comercial em Cabinda. Em 1973 cessou a atividade com madeiras para dar lugar à construção, depois de em 1952 ter ganho o concurso para o aeroporto de Luanda. Para o empresário, gerir uma empresa como a Mota-Engil, “é conseguir motivar os quadros” que são quem faz a gestão do dia-adia. “A Mota & Companhia, a Engil e depois a Mota-Engil têm uma capacidade que é a dos seus quadros, do seu conhecimento de grupo, muitos deles com muitos anos de casa e que vivem isto como se fosse deles”, explica. Esta empresa tem ainda, para António Mota, uma “característica fundamental” que passa por incutir aos jovens uma “juventude ambiciosa”. Mas a Mota-Engil é ainda uma “experiência ousada”, sendo nesta “simbiose entre juventude ambiciosa e experiência ousada” que António Mota pensa estar a fórmula de sucesso da empresa. Para 2013 há uma ambição: “atingir os 3,1 mil milhões de faturação, mais de 50 por cento de volume de negócios no estrangeiro e uma margem de resultados maior que a atual”. A “ambição 2013”, como lhe chama, baseia-se na vontade de “replicar em todos os países” onde a Mota-Engil se encontra, o modelo de negócio que a empresa tem em Portugal. “Sermos construtores mas também sermos operadores de autoestradas e da área do ambiente”, sublinha. Já sobre 2010, António Mota acredita que a Mota-Engil terá “resultados razoáveis”. “Os grandes problemas que temos neste momento são de atrasos nas obras que não arrancaram”, refere. Para 2011 prevê que a componente nacional seja mais afetada pela internacional. Apesar da sua dimensão, a Mota-Engil Engenharia (sucedânea da Mota & Companhia) tem e “continuará a ter” sede em Amarante. Se por um lado esta é a empresa que mais contribui com impostos para aquele concelho, por outro António Mota retira “algum prazer” em lá manter a sede. “Amarante é a minha terra, é o regresso às origens”, lembra com saudade.
“É um bom sinal para o país” que Passos Coelho e Sócrates “consigam dialogar e tentem encontrar soluções”.
chegar a 2013 com 3,1 mil milhões de euros de faturação
adas, sejam grandes ou pequenas’ | Empresa “totalmente profissionalizada” | “O meu pai não me deixou muitas coisas, não me deixou muito dinheiro. Deixou-me foi muito trabalho e por isso o que eu quero deixar aos meus filhos é também muito trabalho”. António Mota não quer que os seus quatro filhos (três engenheiros e uma artista plástica) tenham tempo “para pensar em outras coisas” e que sejam unidos como ele foi com os irmãos que herdaram a Mota&Companhia criada pelo pai. Porque também não quer ser ele a conduzir a nova geração a lugares de topo na empresa, convidou Jorge Coelho (antigo ministro) para CEO da Mota-Engil, agora com uma gestão totalmente profissionalizada. Coelho foi também convidado “pelas suas ideias de internacionalização” e por ser “um quadro de elevadíssima capacidade de trabalho” que a certa altura decidiu deixar a política. Quanto às críticas que possam existir sobre a relação entre a política e a economia, Mota sustenta que “é impossível este país deixar de aproveitar as pessoas que tem”. Acrescenta que a Mota-Engil “já era a maior construtora portuguesa” antes da chegada de Jorge Coelho e que com ele a empresa faturou mais no estrangeiro que em Portugal. Ainda sobre as críticas a Coelho, António Mota brinca que “isso são mais ciúmes dos outros que lhe fizeram convites e ele não aceitou”. Para António Mota o fundamental é que os governos se empenhem em defender a sua indústria e as suas empresas no estrangeiro. Diz ser político apenas “de quatro em quatro anos” quando tem de votar. “Nessa altura penso pela minha cabeça e vejo qual a solução que será melhor para o setor e para o país”, esclarece. Depois de ter sido acusado de estar encostado ao governo rosa, António Mota diz já estar “habituado a isso”. É que “ser a maior empresa do país quer dizer ser capaz de ganhar a maior quota de mercado possível, esteja quem estiver no poder”. Sobre a nova liderança do PSD, o presidente da Mota-Engil considera “um bom sinal” que Passos Coelho e Sócrates “consigam dialogar e tentem encontrar soluções”. Soluções devem também ser encontradas no que concerne aos caminhos-de-ferro portugueses e ao TGV. É que “fala-se muito da alta velocidade mas esquece-se o outro problema que existe”: a linha do Norte. “A linha atual não é suficiente para o que se precisa”, razão pela qual é “preciso fazer uma nova linha” seja ela “para carga e transporte urbano ou para alta-velocidade”, defende. Para António Mota discute-se agora “uma coisa que não faz sentido”, apelando a que “não continuem a gastar dinheiro na linha do Norte porque não vale a pena”.
“O meu pai não me deixou muitas coisas, não me deixou muito dinheiro. Deixou-me foi muito trabalho e por isso o que eu quero deixar aos meus filhos é também muito trabalho”. A Mota-Engil Engenharia (sucedânea da Mota & C.ª) tem e “continuará a ter” sede em Amarante.
Acerca do TGV PortoLisboa, António Mota diz que discute-se “uma coisa que não faz sentido”. “Não continuem a gastar dinheiro na linha do Norte porque não vale a pena. É preciso fazer uma nova linha”. A Mota-Engil “já era a maior construtora portuguesa” antes da chegada de Jorge Coelho e que com ele a empresa faturou mais no estrangeiro que em Portugal. As críticas a Jorge Coelho são apenas “ciúmes”. António Mota nasceu em Amarante em 11 de maio de 1954. Tem quatro filhos, um rapaz e três raparigas – todos já com funções na empresa à exceção de uma filha, artista plástica, a viver em Londres – e uma “neta extraordinária”. Estudou em Amarante no Colégio de São Gonçalo, fez o liceu no Alexandre Herculano, no Porto e formou-se na Faculdade de Engenharia. Gosta de jogar golfe mas admite ter “pouco jeito”. “Costumo dizer que eu gosto mais de golfe que ele gosta de mim”.
Pânico no Douro com nova redução do número de pipas Dirigentes associativos e vitivinicultores do Douro concentraram-se segunda-feira, em Lisboa, para alertar para os problemas sociais da região que temem que se agrave, caso se concretize a redução de produção de vinho do Porto na próxima vindima. A delegação da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDOURO) juntou-se a outras associações de agricultores de todo o país e à Confederação Nacional de Agricultura (CNA), em frente ao ministério da Agricultura. A dirigente da AVIDOURO, Berta Santos, disse à agência Lusa que o Douro “não aceita mais uma redução nos quantitativos do benefício ou novas baixas do preço do vinho na produção”. O benefício é a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de Vinho do Porto e que é fixado pelo Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). Ao longo dos últimos anos, a atribuição do benefício tem-se transformado num problema, “com aspetos de injustiça social”, sublinhou a dirigente.
| Diminuição tem vindo a acentuar-se há alguns anos | No ano passado, o Douro transformou em vinho do Porto 110.000 pipas, menos 13.500 pipas em relação à última colheita. Berta Santos referiu ainda que os vitivinicultores estão prontos para sair à rua numa grande manifestação a realizar-se no Douro, entre julho ou agosto, caso se confirmem as suspeitas de redução do benefício.
| Novas vinhas es tão a ser chumbadas pela CCDRN |
A Associação do s Vitivinicultore s Independentes ro (AVIDOURO do Dou) anunciou que vai interpor um dência cautelar a provipara travar o ch umbo dos projet conversão de vi os de renha no Douro, que dizem estar “muitos” vitivinicu a afetar ltores. Berta Santos, dirigente da AV IDOURO, refe “muitos e muito riu que s” vitivinicultore s durienses “est confrontados” co ão a ser m um parecer de sfavorável aos se jetos de reconv us proersão e reestrut É que, frisou, ao mesmo tempo que diminuem os uração das vinh TIS), por parte da as (VIComissão de Coo rendimentos dos lavradores aumentam os impostos e rdenação e Desen vimento Regiona voll do Norte (CCDR o custo dos combustíveis ou adubos. N). Este parecer de sf avorável inviabili Outra questão que está a preocupar a AVIDOUza os projetos, m dos quais, segund uitos o a responsável, RO é a Casa do Douro (CD), organismo representaestavam a ser co tizados porque já ncretivo da lavoura duriense e que tem uma dívida de 130 tinham um pare cer favorável po do Ministério da r parte milhões de euros. Agricultura. A di rig ente salientou qu Berta Santos diz que os vitivinicultores estão e a AVIDOURO da à Casa do Dou vai solicitar ajupreocupados com o “segredo” que envolve as últiro para avançar co m te pr la ovidências caure s que possam “t mas propostas apresentadas pelo Governo com visravar” estas situa çõ liz es ad or “muito penaas” para a região ta à resolução dos problemas financeiros da institui. “Muitos dos noss ção. os vitivinicultore s estão neste mom com a corda ao pe “O Governo não pode impor soluções que não ento scoço”, frisou. Berta Santos qu promovam a defesa da região e dos lavradores. A eixou-se da “aplica ção cega de algu AVIDOURO apela à direção da CD para que inforgulamentação da ma requal não foi dado conhecimento pr me e mobilize os vitivinicultores”, salientou. aos vitivinicultore évio s”da região. A associação vai solicitar reuniões urgentes à Fonte da CCDR N disse à agência CD, ao IVDP, à Comissão Parlamentar de AgriLusa que o Min rio da Agricultu istéra começou a en viar em janeiro os cultura e ao ministro da Agricultura. sos para a comiss pr oc esão emitir parecer de A responsável referiu ainda a “asfixia financonformidade do projetos inseridos s em Rede Ecológica ceira” da maioria das adegas cooperativas da reNacional (REN no Plano Interm ) ou un ici pal de Ordenam gião duriense. ento do Territó (PIOT) do Alto D rio ouro Vinhateiro A AVIDOURO quer alertar para a rega ile. Entre janeiro e m ai o, a CCDRN rece gal que “grandes empresas instalaram nas suas beu 906 processo tendo dado resp osta a 876 e esta s, vinhas”, sobretudo na região do Douro Superior, ndo 30 pendente ra de informação s, à espeadicional. enquanto que os pequenos e médios lavradores Segundo a fonte, “são fiscalizados e perseguidos por tudo e por dos processos já apreciados, 64 re ra m um parecer de cebenada”. sfavorável. A co m iss ão avalia os risco “O Douro está a ferver e a verdade é que o s de erosão do so rência com as lin lo, a interfeMinistério da Agricultura e o Governo continuhas de água, a de st ru içã te o rr de ân mata mediica ou os solos com am sem respostas eficazes para os problemas declive superior Apesar de o pare a 50 por cento. da mais antiga região demarcada do mundo”, cer da CCDRN ser vinculativo, os tos são aprovado concluiu Berta Santos. projes pelo Ministério da Agricultura.
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Entrevista a Adão Silva | Regionalização dos “reizinhos
Poder de Lisboa tem rel F
oi secretário de Estado adjunto da Saúde e diz que sentiu na pele as “vergastadas” da “lógica hipócrita e centralista” que governa o país sempre que tentou “tirar do bolo uma fatia um pouco mais grossa” para zonas marginais a esta engrenagem como é Bragança, de onde é oriundo. Ainda assim, acredita que “é possível remar contra a corrente” e garante não ter “inveja nem ciúme” pelo maior investimento de sempre em curso no Nordeste Transmontano executado por um governo socialista. Antevê que a “saturação” desencadeará o tão ambicionado reequilíbrio entre interior e litoral, mas não através da regionalização de ”reizinhos locais” defendida por alguns. Aos 52 anos, Adão Silva é uma figura incontornável do PSD de Bragança, quer pelos cargos que desempenhou nas estruturas locais do partido e serviços públicos, quer pela presença assídua no parlamento. Foi eleito deputado, pela primeira vez, em 1987 e, se a atual legislatura chegar ao fim, somará 17 anos na Assembleia da República com alguns interregnos ditados pelas “vicissitudes políticas” que o arredaram da lista entre 1995 e 1999 e pela sua passagem pelo governo de coligação PSD/CDS-PP, liderado por Durão Barroso. O ministro da Saúde que se seguiu, o socialista Correia de Campos, chamou-lhe “o secretário de Estado de Trásos-Montes”, o que para Adão Silva “espelha bem a lógica de um homem muito lisboeta, muito na lógica hipócrita da corrente de Lisboa”. Onde esta lógica bem se nota, segundo o deputado, é nas funções governativas, “porque aí há meios, há recursos, existe em cima da mesa um bolo e uma grande responsabilidade na sua divisão e quando se começa a fazer uma fatia um pouco mais grossa para o interior fica logo toda a gente muita excitada”. “E toda a gente são as elites de Lisboa, a Comunicação social de Lisboa, as televisões, os responsáveis políticos que ficam muito ciosos daquela fatia que fica um pouco mais larga, e notei muito esse tipo de vergastadas, senti estas vergastadas, algumas até com muito furor”, concretizou. Diz Adão Silva que “era até engraçado ver como é que me tratavam nesta minha preocupação de trazer um pouco mais para o interior e até mesmo para o Porto. Para Lisboa tudo: recursos humanos, financeiros, tecnológicos, para o resto…quando nós estivermos bem saciados, talvez sobre alguma coisa”.
| Um milhão em Lisboa "equivale" a um tostão em Bragança | O parlamento tem sido também “uma janela fabulosa” para observar esta engrenagem. “Percebi que o poder central, em Lisboa, tem uma relação difícil com as áreas territoriais mais periféricas do país. Percebi que há uma imensa hipocrisia de gente que vai fazendo atos de contrição, dizendo que é preciso desenvolver o interior, investir no interior, encaminhar recursos para o interior, criar equilíbrios territoriais ao nível do desenvolvimento, garantir igualdade de oportunidades, mas depois quando chega o momento certo de dizer quanto é que isso custa, aí assistimos a uma imensa retração”. “Lisboa pode malbaratar um milhão, mas é muito ciosa de gastar um tostão em terras como Bragança e outras”, acrescentou. Ainda assim, considera ser possível “vencer esta sobreconcentração histórica, sendo muito obstinado “, mas “na base de uma grande penalização pública, sofrendo na pele os efeitos da contestação” e “as agruras que esperarão”.
locais” é a última ideia romântica que sobra do 25 de Abril
ação difícil com interior Helena Fidalgo | hfidalgo.tamegapress@gmail.com | Fotos G.P. PSD e Rui Gomes Garante, porém, que a sua saída do governo não foi uma retaliação e já estava programada por razões familiares, tendo sido antecipada com a partida de Durão Barroso para a Comissão Europeia e a tomada de posse de Pedro Santana Lopes. Na opinião do social democrata, apesar desta lógica
centralista, “Lisboa não consegue ficar com tudo, há gente capaz de rasgar a corrente” e aponta como exemplo o próprio Distrito de Bragança. “Mudou muito, ganhou infraestruturas importantes, serviços essenciais para o bem estar das pessoas e modernizou-se”, disse.
Deputado do PSD contra a criação de regiões administrativas
Relocalização é o caminho para o equilíbrio Mas este distrito “ganhou sobretudo qualidade de vida: as pessoas não valorizam isto porque vivem cá, mas este é um espaço onde se tem muitas condições para levar uma vida com imensa qualidade. É pena é que somos poucos para aproveitar a imensa qualidade de recursos naturais. Hoje há quase uma espécie de ideologia do bem estar e ninguém oferece tantos condições como as áreas do interior do país, Bragança em particular”. O deputado acredita que “é de esperar que a gente que desespera em Lisboa numa fila de trânsito, numa incapacidade de estacionar o automóvel, numa vida frenética e stressante, que acabe por começar a ter necessidade de se evadir”. Diz-se absolutamente convencido de que “chegaremos ao tempo em que pode haver um reequilíbrio entre a cidade litoral e o interior “. “O que nós estamos a criar é uma situação em que está a haver uma saturação e depois há um momento em que tem de haver qualquer coisa, não porque os políticos querem mas pela própria força das circunstâncias e aí teremos obviamente a necessidade de criar as alternativas”. Apresentar uma proposta nesse sentido é o projeto de futuro do deputado, que espera vir a ter algum eco se o PSD de Pedro Passos Coelho chegar ao governo. Adão Silva defende para Portugal um modelo idêntico ao que a Irlanda adotou, assente na relocalização de serviços públicos e privados, nomeadamente ligados às novas tecnologias como os call center. Preconiza a criação de uma comissão ligada ao Ministério das Finanças para conduzir o processo, a exemplo do que aconteceu na Irlanda, que definiu como propósito, em cinco anos, retirar de Dublin (a capital) cerca de 10 mil funcionários públicos e coloca-los em 54 concelhos. A regionalização não é o caminho para o reequilíbrio, na opinião do deputado.
| Bem haja o PS, pelas estradas esperadas há décadas | “Eu sou contra a regionalização naquilo que é uma instituição de regiões administrativas com os seus órgãos, as suas competências, com muitas despesas, com muitos carros, com muitos gabinetes, com muitos assessores, com muita necessidade de lançar mais impostos para que os portugueses possam pagar toda aquela nova estrutura de régulo, porque há de haver aqui depois muita gente candidata a régulo, tipo... reizinhos lo-
cais. Eu sou contra isso, essa tal regionalização cheia de burocracia, de cortes, de majestades e de privilégios”, declarou. Adão Silva entende que “a regionalização tal como alguns a defendem, com essa estrutura toda, é a última ideia romântica que sobra do 25 de Abril”. As deslocações do deputado entre Bragança e Lisboa são muitas vezes feitas de avião e é daí que tem uma vista privilegiada sobre o estaleiro em que está transformado o Distrito de Bragança com todas as estradas esperadas há décadas em execução, desde a autoestrada, ao IP2 e IC5. “Nessa matéria não tenho nenhum ciúme, nenhuma inveja, nenhum queixume, tenho uma enorme satisfação. É o PS no governo que está a fazer isto e eu digo: bem haja o PS, que nunca lhe doam as mãos”, afirmou, lamentando apenas que tenha “demorado tanto” e que o Distrito seja “o último”. “Era muito cético em relação a isso, mas verdadeiramente hoje tenho de reconhecer que as obras avançam, bato-me para que não parem, como aliás tem sido evidente quando me encrespo contra os dirigentes do meu partido”, acrescentou. Relativamente ao seu futuro político diz-se “um soldado raso, pronto para tudo”. “Se me derem qualquer galão ou qualquer divisa acima disso, sempre as entendo como uma promoção temporária e que a minha trincheira é outra vez soldado raso”, enfatizou.
Expulso do colégio por simpatizar com a esquerda Bem longe dos tempos em que, na adolescência, foi expulso do colégio por simpatizar com ideais radicais de esquerda, Adão Silva recorda que despertou verdadeiramente para a política com a escrita na pequena imprensa regional, aos 25 anos. Lembra-se da primeira entrevista ao então ministro da Educação, João de Deus Pinheiro, que viria a ser colega de partido. Fazia “com muito fascínio ver como é que o político se comportava, como é que se contorcia, como saia airosamente da pergunta mais embaraçosa, perceber o que dizia e o grau de concretização que ia tendo, como se montava o discurso político”. Não tem dúvida de que nasceu para a política assim, sem raízes familiares ou qualquer proximidade partidária. A figura de Sá Carneiro seduziu-o para o PSD e a paixão pela literatura é outra fonte de inspiração também do professor, profissão que não exerce há muito tempo mas para a qual diz ter sido “talhado”, admitindo que “adoraria regressar à escola” Emídio Garcia, em Bragança. “É o que eu mais gosto. O que eu espero é acabar a minha carreira profissional a dar aulas de Literatura Portuguesa ao 12º ano”, afirmou. Licenciado em Línguas e Literatura Modernas - estudos portugueses e franceses, apesar da “vida cheia de pressão” consegue ter tempo para ler, sobretudo poesia e os escritores portugueses, em que incluiu recentemente “Temperas da Cinza” do conterrâneo Pires Cabral. Está a ler “A Montanha Mágica” de Thomas Mann, um livro “imenso, um romance rio” e continua “fascinado pela forma como o escritor se reinventa”. “Não quero chegar aos 65 anos como político”, garante.
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eleições / ps-porto
Renato defende regionalização já
José Luís Carneiro promete maioria no Porto e no Tâmega A maioria na Área Metropolitana do Porto e no interior do distrito nas eleições autárquicas foi o objetivo assumido por José Luís Carneiro na apresentação da candidatura à federação do PS/Porto, afirmando-se como uma “voz crítica positiva” do Governo. José Luís Carneiro escolheu o Palácio da Bolsa, no Porto, para apresentar a sua candidatura à Federação do PS/Porto – cujas eleições estão marcadas para 08 e 09 de outubro - corrida onde vai encontrar o atual líder distrital, Renato Sampaio. Segundo o também presidente da Câmara de Baião estiveram cerca de “1500 militantes” na apresentação da candidatura - sob o lema “Por um Porto de Esperança” - tendo o socialista pedido para que cada um dos presentes convencesse três militantes para que pudesse ganhar as eleições. José Luís Carneiro assumiu como “grande objetivo político” ganhar duas maiorias nas próximas eleições autárquicas, sendo estas a maioria na Área Metropolitana do Porto e no Vale do Sousa e Baixo Tâmega. “Eu próprio estou disponível para, de novo, ser candidato a uma câmara municipal e julgo quem lidera os partidos políticos tem que ter a disponibilidade para se sujeitar ao escrutínio dos cidadãos”, revelou em declarações no final aos jor-
nalistas, não querendo, no entanto, revelar se isso irá acontecer ou não em Baião já que não considera ser “o momento oportuno” para dar essa resposta. O autarca garantiu ser “uma voz de apoio ao Governo mas que lhe transmita aquilo que é hoje o sentimento que prevalece no distrito e na região”, apelidando de “voz crítica positiva” esta postura. “Temos que puxar pelas nossas melhores forças para ajudar o secretário-geral que é um dos mais reformistas que há em toda a União Europeia. Infelizmente não temos tido à frente do partido alguém que tenha as mesmas qualidades de liderança e de afirmação do Porto e da região”, enfatizou. O candidato, que garante ter o apoio de Francisco Assis, deixou também uma “palavra” ao opositor Renato Sampaio, garantindo que o seu movimento “não é contra ninguém”, desejando “chegar ao fim da candidatura e manter essa relação saudável com aqueles que vão estar” na outra candidatura. Defensor “intransigente” da Regionalização, José Luís Carneiro afirmou que o referendo sobre esta matéria deveria acontecer logo após as eleições presidenciais, sufrágio para o qual manifestou o apoio total a Manuel Alegre.
O líder da distrital do PS/Porto, Renato Sampaio, apresentou a recandidatura ao terceiro mandato na presidência da federação, manifestando "solidariedade" ao Governo e a José Sócrates e estabelecendo a Regionalização como objetivo para esta legislatura. A apresentação oficial da recandidatura de Renato Sampaio como líder do PS/Porto decorreu no hotel Sheraton, no Porto, e reuniu nomes socialistas como a governadora civil do Porto, Isabel Santos, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, a ex-secretária de Estado Ana Paula Vitorino e o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto. Renato Sampaio, que é líder da distrital socialista do Porto há já dois mandatos - e encontrará como opositor nas eleições o presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro - dedicou uma parte do seu discurso ao apoio ao Governo socialista de José Sócrates. "Assegurar a necessária solidariedade ao Governo e ao nosso secretário-geral mesmo quando isso foi feito à custa de menor popularidade pessoal e coletiva junto de alguns pseudo-líderes de opinião ou com a oposição clara ou encapotada de alguns - poucos - adversários internos", apontou o presidente da federação como um dos compromissos que assumiu há dois anos. Para Renato Sampaio "não são só os socialistas que têm razões para continuar a acreditar no PS e no Governo de Portugal", mas também os cidadãos do distrito do Porto. Outros dos temas evidenciados pelo candidato à presidência do PS/ Porto foi a Regionalização, que apelidou de "a reforma das reformas" e que considera ser "o único e melhor caminho para o nosso futuro coletivo e para o aumento dos níveis de coesão nacional". "Pugnaremos pela criação de um amplo movimento com outras forças políticas, instituições e cidadãos, liderando aquilo que deve ser um poderoso movimento cívico de afirmação regional. Só assim seremos consequentes com o objetivo de concretizar tão estruturante reforma nesta legislatura", garantiu. E foi também sobre a Regionalização que Renato Sampaio deixou uma crítica ao opositor José Luís Carneiro. "Não acompanharemos aqueles que, à falta de outros argumentos, ciclicamente levantam a bandeira da regionalização apenas para se fazerem ouvir com estéreis exercícios de oratória", condenou.
Entrevista a Ricardo Magalhães, Estrutura de
Douro deve ser um clá Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com | Fotos | P.L. e LUSA
É
o homem do Douro. Neste momento conduz os destinos da mais antiga região demarcada do mundo através da Estrutura de Missão do Douro (EMD). Ricardo Magalhães acredita que este é um território com futuro mas reconhece que ainda há muitas batalhas para conquistar. Ricardo Magalhães nasceu em Luanda há 58 anos. Aos dois já vivia em Vila Real, cidade onde o pai nasceu. A mãe é de Celeirós do Douro, concelho de Sabrosa. Pouco depois de fazer a primeira classe, foi para Nampula, Moçambique, de onde regressou para o Colégio Militar, em Lisboa. Tirou o curso de Engenharia Civil e entrou para a Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDRN), na altura presidida pelo professor Valente de Oliveira. Ricardo Magalhães foi o primeiro diretor regional do Ambiente, diretor regional do Ordenamento do Território e, mais tarde, vice presidente da CCDRN com Braga da Cruz. Entre 1995 e 2001 trabalhou com a, então, ministra do Ambiente, Elisa Ferreira na Secretaria de Estado dos Recursos Naturais e na Secretaria de Estado Adjunta do Planeamento. Há dois anos abraçou o projeto da EMD. Que balanço faz deste período à frente da EMD. Que batalhas já foram ganhas e o que é que falhou? Faço um balanço positivo mas ciente que é possível fazer melhor. Plenamente convicto que há desafios que ainda não estão ganhos mas que existe um rumo, uma visão para o Douro. Deixe-me que lhe diga que muito do tempo da pequena equipa técnica que coordeno é consumido a informar, a estimular, a mobilizar recursos e competências. Boa parte do nosso dia é passado a apoiar quem tem uma ideia e a quer transformar em investimento. Seja público, seja privado. A nossa atividade não se mede por quilómetros de alcatrão ou metros cúbicos de betão. Damos mais atenção, numa imagem, ao software do que ao hardware. Passamos os dias atentos às oportunidades que se abrem com o novo Quadro Comunitário, com o Programa Regional, para que não se percam oportunidades. Exemplo disso é o Plano de Desenvolvimento Turístico do Douro que já está em execução. A região beneficia pela primeira vez de um programa de promoção e animação turística. Estamos a falar de 30 projetos imateriais que envolvem mais de 80 iniciativas e de um apoio financeiro comunitário a rondar os 7,5 milhões de euros para três anos (2009 – 2011). Em causa estão iniciativas de promoção e animação turística. Recorde-se que o Douro tem uma permanência média de 1,5 noites. Importa criar condições para que haja mais visitantes e que os mesmos permaneçam mais tempo na região.
Do ponto de vista infraestrutural foram aprovados no Programa Regional do Norte, no contexto do Plano Turístico do Douro, 25 projetos (mais de 50 intervenções), que representam cerca de 32,4 milhões de euros investimento total e 21,1 milhões de euros de FEDER. Tratam-se de intervenções que visam criar e melhorar as condições de suporte e de contexto ao desenvolvimento turístico do Destino Douro e valorizar os seus recursos turísticos (por ex. no domínio da navegabilidade, do património cultural, de equipamentos, do ambiente, etc.) Houve uma efetiva descriminação positiva do Douro em matéria de Turismo e, não descansámos, enquanto não se começou a consumar. Outro exemplo: Programa da Regeneração Urbana. Neste segundo caso, nenhuma autarquia ficou de fora. Tratam-se de investimentos que permitirão qualificar as cidades, as vilas e, no seu conjunto, o território. Passámos da teoria à prática. Esta continua a ser uma região em que os intervenientes estão de costas voltadas ou já se começa a ver união? Há dois anos e tal sentar à mesma mesa e discutir projetos que se pretendiam comuns, não era tarefa fácil. Hoje - sou suspeito para o dizer - mas começam a germinar novas práticas organizativas entre agentes públicos e privados. Reconheça-se que a região é débil do ponto de vista de espessura institucional e que não é de um momento para o outro, por artes mágicas, que se alteram comportamentos, que se modificam rotinas. Leva o seu tempo. A região tem que se abrir ao exterior e, portanto, tem que ganhar escala. E para tal, os atores têm que se associar. Não há outra saída. Se o Douro quer ser uma região competitiva. Temos de acabar com a lógica do quintal. Recordo dois passos recentes e importantes que vão nesse sentido. A criação da Comunidade Intermunicipal do Douro e a criação da Turismo do Douro. Para crescer e vencer, a região vai ter necessariamente que concorrer, que exportar. Vai ter que enfrentar outros territórios – destinos, com “inteligência coletiva”, com organização, com sensibilidade. No capítulo do turismo e de abertura ao exterior, o Douro tem vindo a ser pioneiro na integração em redes de referência mundial, redes de conhecimento, de divulgação, redes temáticas. Destaca-se o processo de cooperação com o Centro Mundial de Excelência de Destinos - CED (o Douro foi o primeiro no Mundo), com a National Geographic (o Douro é o primeiro em Portugal a aderir à rede de destinos Geoturismo), com a Rede de Paisagens Vinhateiras Património Mundial (Vitour), com a Região de Castela Leão, com a Universidade George Washington. Estes são passos que pretendemos desenvolver e reforçar.
Missão | Região "vai descolar rumo ao desenvolvimento"
ssico e não uma moda QREN não favorece o investimento turístico Este quadro comunitário é a última oportunidade para o Douro se desenvolver? Antes de tudo devemos tirar o melhor partido dos atuais fundos comunitários. Resistir à tentação do difuso, da dispersão, da atomização de pequenos investimentos que se diluem no espaço, sem efetiva eficácia económica e social. Quando chegarmos a 2013, os indicadores de desenvolvimento do Douro terão de ser outros. Sabemos que a base da economia da região assenta no vinho. Há um setor emergente, o turismo e, em particular, no enoturismo com uma margem de progresso enorme. Estamos pois perante dois ativos que se casam. Há uma estratégia clara consagrada no Plano de Desenvolvimento turístico que assenta na matriz “ Quintas do Douro”. Ora, para se concretizar, impõese que para além do investimento público se apoie efetivamente, a iniciativa privada. Dito de outra forma, o sistema de incentivos do QREN não tem favorecido até ao momento o investimento turístico privado no Douro. Quais são os pilares em que o crescimento deste território têm que assentar? Os pilares são conhecidos: o vinho, a cultura, a paisagem e o turismo. A região tem uma valia patrimonial de que não tirou, ainda, o devido partido económico. O património paisagístico, o património natural, o património monumental edificado e, convém
não esquecer, o seu património genético. Depois de tanto dinheiro afetado à região em outros quadros comunitários, o que tem que mudar para que os apoios se convertam em desenvolvimento? Essa pergunta, só por si, justifica uma nova conversa. O Douro tem que prosseguir o objetivo de abertura ao mundo, de inserção em redes internacionais, conforme já referi. Por outro lado, é preciso conjugar, em simultâneo, iniciativa, ambição, inovação e outra capacitação institucional. O Douro está apenas na moda ou é uma região com futuro? Ouço aqui e acolá que o Douro está na moda. Sim, de alguma forma é verdade. Mas convém ter presente que o Douro não é uma região nova. É uma região vitivinícola com mais de 250 anos, que tem um valor universal – Património da Humanidade – classificado pela UNESCO desde 2001. Porventura, de algum tempo a esta parte, é que se tem vindo a reconhecer de forma mais expressiva o seu valor natural, histórico-cultural e turístico. Assim, diria que o que se pretende é que o Douro não seja apenas uma moda – pois as modas passam, mas faça parte dos “clássicos” – isto é, que permaneça na história como um território cultural, evolutivo e vivo.
Escola Básica 2,3 de Toutosa com excesso de alunos e falta de espaço Tem mais 10 turmas do que foi previsto para o edifício, construído há 17 anos Na Escola Básica do 2.º e 3.º ciclos de Toutosa, no Marco de Canaveses, há problemas de sobrelotação nas instalações, denunciaram recentemente alunos do estabelecimento durante o Parlamento Jovem no Marco de Canaveses . A falta de espaço obrigou à divisão de salas e à adaptação de espaços que tinham sido criados para outros fins. O edifício foi construído há 17 anos e tem problemas “quer ao nível da construção quer de espaços específicos”, revelou o grupo de alunos que participou na última Assembleia Municipal de Jovens do Marco de Canaveses. As infiltrações causadas por problemas no telhado provocaram o escurecimento dos tetos e foi até necessário pôr baldes a apanhar a água que caía numa sala. A EB 2,3 de Toutosa foi construída para 18 turmas. Neste momento tem 28, confirmou ao Repórter do Marão, a diretora da escola, Clara Leão. A diretora da escola reconhece a existência dos problemas descritos pelos alunos, mas garante que têm vindo a ser tomadas medidas para os resolver. Os problemas no telhado, que causaram as infiltrações, foram agravados em março quando um temporal levantou parte do telhado, explicou a diretora da EB 2,3 de Toutosa, salientando que tem havido “grande colaboração” da Câmara Municipal do Marco e da Direção Regional de Educação do norte (DREN).
| Falta de espaço não permite funcionamento dos laboratórios de Química | Os alunos de Toutosa deram vários exemplos de problemas resultantes da insuficiência de espaços físicos. Foi “necessário abdicar da sala de estudo, clube de
informática, laboratório de matemática e da sala de diretores de turma, que é frequentemente usada como sala de aulas”. O espaço da biblioteca escolar já teve de ser usado para aulas e para a receção a encarregados de educação e houve ensaios de teatro que, por falta de salas, tiveram de ser feitos no recinto exterior da escola. A falta de espaços específicos causa “problemas que trazem grandes dificuldades na gestão de espaço e tempo”, relembraram os alunos. Nos laboratórios, o espaço é exíguo e a Hotte (equipamento de laboratório onde se fazem experiências químicas) não funciona impedindo a realização em condições de segurança de experiências com reagentes químicos. A solução encontrada para ultrapassar a falta de salas tem sido, desde o início deste ano letivo, o reaproveitamento de espaços e a divisão de algumas salas, disse Clara Leão.
| Quase 600 alunos neste ano letivo | Das 28 turmas, três são de cursos de Educação e Formação e uma de Percursos Curriculares Alternativos. No total, frequentam a EB 2,3 de Toutosa 593 alunos. A sobrelotação da escola é “bastante” significativa, afirmou a diretora. Ao nível do Agrupamento de Escolas de Toutosa a falta de espaço obrigou a alterações nalguns dos 12 estabelecimentos de ensino. Foi o caso da escola do 1.º Ciclo de Vila Nova, em Vila Boa de Quires, que funciona com regime duplo e do jardim-de-infância de Igreja, em Banho e Carvalhosa, onde uma sala foi adaptada e transformada em cantina. Na EB do 1.º Ciclo de Peso, em Santo Isidoro, a cerca do recreio foi diminuída para ser feito um parque infantil para as crianças do jardim-de-infância. Paula Costa
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tâmega/diversos
Conferência em Amarante com Manuel Clemente e Mega Ferreira A associação Fórum Amarante XXI promove a 19 de junho o segundo debate de um ciclo de quatro, denominado Conferência do Verão, sob o lema “De como uma boa estratégia para a cidade contribui para uma nova cidadania”. O encontro terá lugar na Casa da Calçada, pelas 16:30. Os oradores convidados são Manuel Clemente, bispo do Porto, Manuel Salgado, arquiteto e vice-presidente da Câmara de Lisboa e Mega Ferreira, presidente do Centro Cultural de Belém. A organização espera um assistência de três centenas de pessoas, devido ao prestígio dos oradores convidados e ao êxito da última conferência.
Marco receia adiamento das obras da REFER
Cardiologia reforçada em Penafiel A capacidade técnica do serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), em Penafiel, foi substancialmente melhorada permitindo agora a monitorização de doentes através da telemetria. “Não aumentámos a capacidade, temos é um serviço com uma capacidade técnica melhor”, explicou Paula Pinto, diretora do serviço de Cardiologia do CHTS. A médica acrescentou que foi feita uma “atualização de uma técnica que já existe. Quase todos os serviços de cardiologia a nível nacional têm capacidade de telemetria. O que temos neste momento é a possibilidade de monitorização de todos os doentes desde o dia de entrada até à saída ou mesmo quando se ausentam do serviço para a execução de exames auxiliares de diagnóstico ou eventualmente para transferência hospitalar”. Além das 17 camas para cuidados intermédios, o serviço de Cardiologia tem mais cinco destinadas a cuidados intensivos com um sistema de telemetria de última geração, permitindo internar cinco doentes em simultâneo e a sua monitorização permanente através de terminais instalados nos corredores da unidade. Paula Pinto (foto) referiu que houve uma conjugação de “muitos esforços” e que, pela sua vontade, há muito tempo que a nova unidade teria sido criada. “Penso que as coisas não estariam fáceis, havia muitas coisas a fazer neste hospital, presumo que isto não terá sido uma prioridade”, afirmou. O serviço de Cardiologia, que passou a
ocupar o 10.º piso do hospital (que até há pouco tempo estava desocupado), funciona em “ambiente aberto".
“Os doentes circulam no corredor. A enfermagem tem uma intervenção muito importante nos doentes em termos de formação. Os doentes são muito acompanhados, muito ensinados, cativados, digamos assim. Apesar da má recordação da patologia que têm, acho que levam algumas boas recordações de nós”, salientou Paula Pinto. Para o presidente do Conselho de Administração do CHTS, José Luís Catarino, “a grande vantagem deste serviço “é que dentro de muito pouco tempo as transferências”para o hospital central de referência, que é o Hospital de S. João, passarão para os “três a cinco por cento”. O passo seguinte é a criação, até ao final do ano, de uma via verde para os doentes com problemas coronários, anunciou o administrador. Numa população de quase 600 mil habitantes, residentes nos concelhos do Vale do Sousa e Baixo Tâmega, “há cerca de quatro por cento de doentes que sofrem, por exemplo, de insuficiência cardíaca. A possibilidade de criar aqui uma clínica que trata a insuficiência cardíaca é um passo importantíssimo. Isto é uma melhoria imensa para o utente”, considerou. A insuficiência cardíaca é um problema grave de saúde pública e está identificada como a principal causa de internamento hospitalar após os 65 anos. Dados divulgados pelo CHTS indicam que em 2009 foram tratados 865 doentes no serviço de Cardiologia, o que significa um aumento de 6,4 por cento relativamente ao ano anterior. Quanto à nova unidade de cuidados intensivos, José Luís Catarino disse que “já há muito tempo” havia vontade de a abrir. O processo avançou porque “foi considerado urgente”. “As condições técnicas melhoraram imenso. O aparecimento da telemetria que possibilita monitorizar todos os doentes a todo o momento é um grande avanço. A possibilidade de os doentes estarem todos no mesmo serviço, as cinco camas de cuidados intensivos, tudo isso vem melhorar muito o atendimento dos utentes”, destacou José Luís Catarino.
A Câmara do Marco de Canaveses receia a anulação ou o adiamento das obras de Eletrificação da Linha do Douro e de Requalificação da Linha do Tâmega devido aos cortes orçamentais impostos pelo Governo. A autarquia considera os empreendimentos um investimento inadiávelpara o concelho e para a região do Tâmega e por isso o presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, vai manifestar a sua preocupação numa conferência de imprensa a realizar sexta-feira, 11 de junho, junto à estação. O autarca vai "exigir" que o Governo e a REFER realizem os investimentos "a curto prazo, como planeado".
Aterro de inertes da Ambisousa
O aterro de inertes de Rio Mau, único do género na área de intervenção da Ambisousa, que integra os municípios de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, possui uma capacidade total de 124 000 toneladas e custou 570 mil euros. O novo aterro de resíduos de construção e demolição gerido pela Ambisousa assegura a deposição desse tipo de materiais num local adequado, "evitando que sejam ilegalmente descarregados no meio ambiente e permitindo a resolução de um passivo ambiental". Localizado na serra da Boneca, em Penafiel, o aterro de inertes de Rio Mau possibilitou ainda a requalificação ambiental de uma antiga exploração de lousa, “repondo, tanto quanto possível, as condições iniciais do terreno e a sua integração paisagística”. A infraestrutura foi inaugurada na semana passada pelo secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, ocasião em que foi também apresentada a nova estação de triagem.
Reunião de Escolas Profissionais
Escolas profissionais agrícolas de todo o país estiveram reunidas em Rosém, na Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Marco de Canaveses (EPAMAC) para um encontro nacional de reflexão sobre o ensino profissional agrícola. O encontro de trabalho da semana passada pretendeu “ser um momento de reflexão coletiva” onde foram debatidas e analisadas “as preocupações e problemas, mas mais importante: perspetivar o futuro, apontar novos caminhos e repescar novos desafios”, disse Victor Vítor, diretor da EPAMAC, na abertura da sessão de trabalho. “A nossa força foi sempre esta união que existe desde o início entre todos nós. Mas união não pode querer dizer uniformidade. Será pela diferença que queremos continuar a afirmarmo-nos como escolas profissionais. É por isso que aqui estamos, para encontrar em conjunto formas de continuarmos a fazer a diferença no panorama do ensino em Portugal”, referiu.
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empresas & negócios
A MCoutinho Alvescar e a iniciativa “Pinta O Corsa” trouxeram mais vida a Felgueiras no Dia Mundial da Criança
Numa iniciativa conjunta com a Associação Empresarial de Felgueiras, que contou com a presença de 2700 crianças, a MCoutinho Alvescar comemorou, com os mais pequenos, o Dia Mundial da Criança em 2010, sob o lema “Pinta o Corsa”. Na ação, que decorreu no Parque Desportivo de Felgueiras e para dar asas à criatividade das crianças, a MCoutinho Alvescar promoveu o passatempo “Pinta o Corsa”, para o qual foram selecionadas duas escolas do referido concelho, nomeadamente a Escola EB1 de Margaride e Escola EB1 de Varziela que ficaram desde logo habilitadas a um magnífico prémio final – a oferta de equipamento audiovisual para a vencedora. As crianças das respetivas escolas coloriram de maneira sublime o tema “Ambiente” ao fazer percorrer o pincel de forma descontraída e divertida pelos contornos do Opel Corsa. Contando com a presença e colaboração do Exmº. Senhor Presidente da Câmara de Felgueiras, Dr. Inácio Ribeiro, os resultados artísticos obtidos foram fantásticos, transmitindo uma clara mensagem, a todos os mais velhos presentes, a da sua enorme preocupação com o meio ambiente, que já faz parte das suas vidas e do seu dia-a-dia. No final, a Escola de Margaride saiu vencedora mas o sentimento geral era o de que todos os participantes foram os grandes vencedores na sua preocupação com a construção de um futuro melhor. Foi sem dúvida um dia inesquecível com uma série de atividades orientadas para as crianças do concelho e com um dia maravilhoso e cheio de sol. [Informação da marca]
Hotel Aquapura nomeado para prémio europeu
MAZDA abriu stand em Paredes A MCoutinho Porto apresentou na semana passada em Paredes o seu novo espaço de exposição da marca japonesa Mazda. A marca dispõe de uma gama completa de automóveis que visa satisfazer as mais variadas necessidades dos seus clientes, combinando tradição e modernidade. Este novo espaço, elegante e dinâmico, bem no centro de Paredes, juntamente com o existente no Porto, é o ponto de partida para a ligação entre os clientes Mazda do interior do distrito do Porto e a MCoutinho Porto. A gama é constituída pelos modelos Mazda 2, Mazda 3, Mazda 5, Mazda 6, Mazda CX-7 e Mazda MX-5, automóveis que se destacam pela sua aparência sofisticada, conforto, segurança, perfor-
Modelo apoia seleção nacional de futebol O Modelo, patrocinador oficial da seleção nacional de futebol, tem em curso um conjunto de iniciativas de apoio à campanha da equipa portuguesa no Mundial da África do Sul, que arranca a 11 de junho. Além do pic-nic gigante que organizou no sába-
O hotel Aquapura Douro Valley, unidade de cinco estrelas situada em Lamego, foi nomeado para hotel europeu nos Travel Awards 2010 (WTA), os prémios mais reputados do setor turístico a nível internacional. Esta unidade hoteleira foi a que recebeu maior número de nomeações para estes prémios, num total de quatro. Os WTA, cuja votação decorre até 10 de setembro, são entregues anualmente e distinguem a excelência do setor, tendo por base a votação dos profissionais do ramo. O Aquapura Douro Valley é uma unidade de luxo inaugurada em 2007.
mance única e a responsabilidade ecológica. Na apresentação desta gama inovadora no ramo automóvel foi destaque a presença de um camião equipado com consola interativa instalada num veículo descapotável, em que os visitantes, miúdos e graúdos, puderam testar as suas qualidades de piloto. O tour Mazda vai percorrer várias cidades e festas tradicionais da região, incluindo a feira gastronómica de Lamego, entre 16 e 20 de junho. A instalação da Mazda em Paredes integrase no projeto mais vasto de “posicionar o grupo MCoutinho como uma marca de referência no negócio automóvel”.
do, em Lisboa, o Modelo sorteou três viagens à África do Sul entre os seus clientes que adquiriram bolas de vinil, no valor líquido de quatro mil euros cada. Os premiados vão poder assistir ao jogo Portugal-Brasil, beneficiando ainda da oferta das viagens e da respetiva estadia.
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MCoutinho Rallye Team vence em Arganil e lidera o Open
A MCoutinho Rallye Team conquistou, em Arganil, no último domingo, a sua quarta vitória no Open de Ralis 2010, um resultado que deixa a equipa do Marco de Canaveses mais perto do título. Manuel Coutinho e Manuel Babo, atuais líderes deste campeonato, mostraram-se surpreendidos com o resultado da prova afirmando que “viemos para este rali com o único objetivo de fazer quilómetros em terra e recuperar o nosso ritmo competitivo neste tipo de piso. Procuramos fazer a nossa prova, segura, sem cometer qualquer excesso e acabamos envolvidos na luta pela vitória!”. A equipa do Marco de Canaveses, que tripula um Mitsubishi Lancer EVO VI, ainda sofreu um percalço, com a quebra de um amortecedor quase no final da prova, mas os pilotos mostraram-se satisfeitos com o resultado. “É um resultado que não esperávamos mas que será, seguramente, muito importante em termos de Campeonato”. O campeonato será apenas retomado no rali cidade de Gondomar, a 11 e 12 de setembro, mas a dupla do Marco de Canaveses participará já no próximo fim-de-semana no rali em Baião, uma prova pontuável para o campeonato Regional de Ralis Douro.
Encontrado cadáver da jovem de Lamego desaparecida O corpo de Carina Ferreira, a jovem que se encontrava desaparecida há mais de um mês em Lamego, foi retirado na segunda-feira à noite do local onde foi encontrado. O cadáver foi removido pelos Bombeiros Voluntários de Lamego. O corpo, encontrado numa ravina lateral à autoestrada entre Lamego e Régua, aparentemente em resultado de um acidente de viação, foi transportado para o Instituto de Medicina Legal de Vila Real. Fonte da PJ anunciou que o carro de Carina foi encontrado entre Lamego e a Régua junto a um túnel, no fundo de uma ribanceira com mais de 30 metros e escondido pela vegetação, onde investigadores da Polícia Judiciária tiveram, inclusive, de fazer rappel. Em comunicado, a PJ adiantou que "tudo indica tratar-se de um infeliz desfecho derivado de um acidente de viação, mas apenas os resultados da autópsia, a realizar pelo Instituto de Medicina Legal, poderão confirmar, ou não, tal ocorrência, mantendo-se em aberto outras possibilidades da causa da morte". Carina Ferreira, que foi encontrada ao volante do veículo e com o cinto posto, estava desaparecida desde 1 de maio.
Vinho da Quinta da Levada galardoado com duas medalhas de ouro O vinho verde branco Quinta da Levada, produzido na encosta de Sanche voltada para o rio Ovelha, na freguesia de Aboadela, em Amarante, ganhou duas medalhas de ouro num concurso da Comissão de Vitivinicultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) em que participaram cerca de 200 produtores de vinho. Foi considerado um dos cinco melhores vinhos verdes da colheita de 2009. Situada num local que, ao contrário de outras zonas do concelho de Amarante, não tem uma tradição forte de vinhos verdes, a Quinta da Levada foi adquirida há cerca de 10 anos pelo empresário e vitivinicultor José Teixeira Mendes. Foi feita uma plantação nova “com castas adequadas à zona. O azal parecia ter aqui uma boa aceitação”, recorda José Mendes. As castas principais são o azal, pedernã e uma pequena quantidade de avesso. A vinha começou a produzir “há seis, sete anos”. E foi precisamente com o vinho Quinta da Levada, produzido com a casta azal, “que ganhámos o prémio”, contou José Mendes ao Repórter do Marão. No concurso as castas alvarinho e trajadura eram vencedoras comuns, mas a azal não era uma casta habitualmente premiada, o que também é motivo de satisfação. Para José Mendes, a dimensão da vinha “permitiu um acompanhamento mais de perto e um nível bastante alto de qualidade”. Esse e outros fatores, como a exposição solar “muito boa” são determinantes no sucesso da produção de vinho verde da Quinta da Levada. “Até o dia da vindima tem influência na qualidade do vinho” faz questão de dizer o vitivinicultor. “Penso que saímos todos a ganhar, tanto eu como o enólogo. Já vínhamos a aproximarmo-nos muito deste troféu e acabou por este ano vir-nos parar às mãos. A medalha de ouro dá bastante mérito ao enólogo, o engenheiro António Sousa”, disse ao RM. Em anos médios, na Quinta da Levada engarrafam-se um total de 20 mil garrafas, 17 500 são de vinho branco oriundo de uma vinha que tem dois hectares. A procura tem aumentado e o vinho “é todo escoado”. Os Best of Vinho Verde, ou os Melhores Verdes de 2010, integram uma categoria introduzida na edição do ano passado do con-
curso que é organizado há 30 anos e que pretende eleger os cinco melhores Vinhos Verdes e divulgar e premiar o potencial dos vinhos e aguardentes da região. A escolha do Best of foi feita por um júri internacional, composto por sete membros, o português Luís Lopes, jornalista da Revista de Vinhos, e seis estrangeiros que representam os principais mercados internacionais de exportações: Estados Unidos da América, Canadá, Reino Unido, Brasil, Noruega e Alemanha. O ano de 2009 “foi o melhor de sempre para o Vinho Verde” anunciou recentemente Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, na cerimónia de entrega dos prémios aos melhores Vinhos Verdes que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto. O valor das exportações atingiu cerca de 30 milhões de euros.
Mobilidade em Vila Real | Entidades públicas
Fintar o “degrauzin Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos P.P.
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rocurar emprego, apresentar uma queixa ou enviar uma carta são tarefas praticamente vedadas ao cidadão com deficiência motora que viva em Vila Real. Apesar da bandeira de ouro da mobilidade, a capital de distrito tem alguns edifícios públicos com restrições à acessibilidade. Mário Gonçalves abandona a leitura de “O planeta do sr. Sammler” para iniciar um périplo pela sua cidade. Tal como o protagonista do livro, Mário é um sobrevivente intrigado pelas possibilidades do futuro. Um mergulho aos 19 anos engavetou-lhe os sonhos e obrigou-o a uma “reformulação da vida” quando se viu tetraplégico. “Numas férias com a namorada e com os amigos fomos para o rio. Aconteceu a fatalidade de bater com a cabeça e partir o pescoço.” No início, recusou-se a aceitar, depois fez “o luto para prosseguir”. Aos 38, esforça-se por sobreviver numa cidade, onde à exceção do centro histórico, é “uma temeridade” andar em cadeira de rodas. “É o Deus que te livre, um ver se te avias. Está tudo como não devia estar.”
| Escritório a céu aberto na câmara | Se Mário já tivesse concluído o curso de engenharia de reabilitação e fosse inscrever-se no Instituto de Emprego e Formação Profissional, não poderia fazê-lo como os outros cidadãos. Os vários lances de escada só se contornam com a solicitude dos funcionários que vêm à rua. “Tenho que pedir
a alguém que venha a sair do edifício o favor de os chamar.” De frente para a câmara municipal, Mário conta como é atendido. “Eles vêm cá fora tratar do assunto, é o tal escritório a céu aberto.” Contudo, o vereador do urbanismo, Miguel Esteves, assegura que os cidadãos com mobilidade reduzida têm acesso à zona de atendimento pelo pátio contíguo às escadas principais. “No interior, foi promovida a acessibilidade para todos através de rampas de acesso e de elevadores.”
| Escadório no tribunal, CTT ‘é para esquecer’ | Em direção ao edifício onde está instalado a Polícia de Segurança Pública, o Governo Civil e outros serviços públicos, Mário debate-se com uma passadeira sem desnível que lhe interdita o acesso. Quando veio apresentar uma queixa, teve que ocupar os colegas e nem no Tribunal é feita a justiça devida. “Tem um elevador lá dentro, giro e funcional, mas como é para lá chegar?” A inexistência de rampas na fachada principal e o degrau “da praxe” na porta lateral obrigam Mário a ter que contar “sempre com a ajuda de alguém”. Ali próximo, o edifício dos CTT é “para esquecer”. “Vem cá fora o senhor ou peço a alguém que me coloque a carta, porque continuam a afastar-nos do tal direito de acesso aos organismos públicos.” Por vezes, “a diferença de cota entre a entrada no edifício e a entrada do passeio não permite construir a rampa de acesso”, justifica o vereador. Nem o sinal proibitivo do trânsito evita as cargas e descargas nas ruas pedonais. Mário encos-
ta-se e espera que o veículo avance para ter espaço suficiente para prosseguir o seu caminho. Ainda assim, a requalificação do centro histórico ficou “impecável”.
| Parque da Cidade, centro histórico e CGD são bons exemplos | “O Parque da Cidade também está espetacular, tudo rampeado com a inclinação perfeita”, acrescenta. Subindo a Carvalho Araújo, a avenida principal de Vila Real, Mário não sofre com a irregularidade do passeio empedrado, porque a sua cadeira elétrica “dá para quase todo o terreno”. “Os outros é que devem ficar com as cadeiras desengonçadas, pois são materiais de liga leve”. Na referida avenida, Mário podia tentar obter informações no Posto de Turismo, não sem antes se debater com o pequeno degrau. Metros mais à frente, o bom exemplo da Caixa Geral de Depósitos. “Antes era uma rampa para alpinistas, mas agora está bem, o que prova que só não fazem quando não querem.” Na maioria dos casos, o desnível das passadeiras é um problema pela inclinação acentuada ou por terminarem no muro do passeio. “Está determinado que as rampas sejam feitas com 6%, no máximo, de inclinação, mas não é isso que acontece.” As rampas de acesso dos autocarros públicos são “um mito”, porque “têm grande inclinação e em dias de chuva, as rodas derrapam que é uma coisa maluca.” Mário já foi atropelado e esteve acamado 4 meses, por isso sabe que o hospital está bem rampea-
violam lei das acessibilidades
ho da praxe” do e que para comprar medicamentos “tem sempre que vir alguém cá fora”. Na Segurança Social, a dificuldade de aceder à rampa na entrada principal advém “da falta de civismo das pessoas, que colocam os carros mesmo em frente”. Chegar ao mercado municipal é missão impossível. “As estradas que são empedradas não há nada a fazer, mas podiam facilitar com obras nos passeios.” As contas de luz e de água têm que ser pagas pela Internet, já que os edifícios não têm qualquer alternativa ao escadario. “Onde não há espaço, podiam pôr um elevador”, aponta. Pelo alcatroamento “que fizeram há pouco tempo”, Mário já pode aceder às finanças da Araucária e fora os elevadores “algo estreitos” da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, não tem problemas de mobilidade.
| Lei previa 10 anos de adaptação, já lá vão 13 | Num percurso feito de barreiras e esperas, Mário não desarma. “A lei do tempo do Guterres previa que os organismos públicos estivessem acessíveis num prazo de 10 anos, mas já passaram 13 e continua tudo na mesma.” Publicado em 2006, o decretolei nº 163 reduz para 5 anos o prazo de adaptação dos edifícios cujo início de construção seja posterior a 22 de agosto de 1997. A antiguidade dos edifícios onde estão instalados alguns serviços públicos serve de justificação para a falta e/ou inexistência de acessibilidades. “Em espaços mais antigos não é fácil implementar de um dia para o outro ou num espaço de tempo curto. O próprio tribunal, que obriga a todos os cidadãos a cumprir a lei, tem algumas dificuldades que ainda não
conseguiu ultrapassar”, exemplifica o vereador. Mário garante que nem mesmo os edifícios intervencionados recentemente, como o Centro de Saúde nº 1, excluem “o tal degrauzinho da praxe”. “Tenho que pedir ajuda, não há outra maneira”, lamenta. Por isso, ler continuará a ser a forma de viajar mais imediata e onde não cabem barreiras.
| Luta em standby | A Associação Deficientes Motores Transmontanos (ADMT), sediada em Vila Real, está quase parada desde 2007. “Estamos a juntar meios e associados para continuar”, refere o presidente António Lapa. Neste momento, a ADMT conta com 75 associados de Vila Real, Peso da Régua, Pinhão, Vila Pouca de Aguiar, Murça, Mirandela e Bragança. A falta de acessibilidades dos edifícios, as árvores “metidas no meio dos passeios que obrigam a saltar para o alcatrão” e as passadeiras são queixas recorrentes. “Embora a lei esteja em vigor, ninguém a cumpre. Acabamos por ter os mesmos problemas e ainda não está nada daquilo que deveria ser.” O Promotor do Cidadão com Deficiência contribui para que os direitos de igualdade no acesso não sejam ignorados, porém apenas 5 dos 308 municípios portugueses dispõem desta figura (Porto, Lousã, Marco de Canaveses, Viseu e Santa Maria da Feira). Em Vila Real, existe o Gabinete da Mobilidade que acaba por se substituir às funções do Promotor e embora a criação dessa figura possa vir a ser equacionada, não será suficiente para “tornar a cidade mais ou menos acessível”. “Pode eventualmente ‘pressionar’ as mais diversas entidades, mas depois cabe o ónus do pagamento ao município”, sustenta o vereador.
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Um grande Chapitô A Educação em Portugal tem, ao longo da história, passado por inúmeras transformações. Reformas, revisões, remodelações, etc., algumas delas preconizaram grandes mudanças, outras nem tanto, mas todas tiveram em comum a subjacente vontade, de cada um dos governos responsável, deixar a sua “marca”. Como consequência, de muitas dessas reformas, revisões, remodelações, etc., nunca se chegou a saber, ou conhecer, o seu verdadeiro valor porque nunca se chegaram a concretizar. Mas, actualmente, todos temos de reconhecer o férreo e manifesto apoio que o governo tem desenvolvido, para a transformação da Escola pública num grande e bem sucedido “Chapitô”. Sim, porque só com muita e diversificadas artes se pode, de forma tão radical, fantástica e espectacular, mudar para o actual circo que vivemos. Com o devido respeito pelas artes circenses, e a tão prestigiada Chapitô, mas o seu lugar na nossa sociedade está-se a esvaziar... Proliferam mágicos que dos bolsos retiram múltiplos diplomas variados e coloridos para todos os gostos, ocasiões e circunstâncias. Se alguém hesitar, pagam-lhes para que aceitem… oferecem materiais, visitas de estudo, etc. em troca só lhes pedem que não faltem muito para não dar nas vistas! Comportamentos????… não vale arrancar olhos! Humilham-se e denegrecem-se, instigam-se os professores uns contra os outros e todos contra os professores… Eles, só podem ser eles os culpados!... de tudo que está errado. Programas desadequados? Estratégias obsoletas? Condições impróprias para ensinar e aprender? Nunca, impossível! Infernize-lhes a existência que eles até se vão embora aos milhares, e por pouco dinheiro! Criam-se lugares para outros mais baratos e sem capacidade de contestação… Da mesma cartola tiram-se vários coelhos! Atribuem-se a professores que nunca se Maria José C. Branco destacaram em nada como tal, a não ser pela Vereadora PSD - Amarante incontestável fidelidade, poderes que lhes permitem revelar o ímpeto ditador refreado! E eles, retribuem reproduzindo, quiçá ultrapassando, na sua capacidade de subverter, bajular, falsear, etc. sempre contribuindo para o espectáculo!! Para que os dirigentes, em golpes de contorcionismo maquiavélico exibam números de sucesso obtido não à custa de conhecimentos, destrezas, cultura científica,… para quê??? Só queremos números, números de pseudo sucesso!!! Lá pelo meio, quase esquecidos, os alunos que lá estão para aprender, e estudar, sentem-se injustiçados porque eles não têm materiais oferecidos, não têm visitas de estudo de vários dias oferecidas, não têm comportamentos desadequados, não envergonham os professores nas deslocações ao exterior da escola, etc. eles querem efectivamente aprender! São as aves raras do sistema! Há dias, um aluno do ensino básico, quando a professora o aconselhava insistentemente para a necessidade de estudar e de se empenhar, ele, sagaz, respondia, “Para quê matar-me? Depois faço como a minha mãe, não percebe nada daquilo, ainda lhe pagam, e dão-lhe o papel!”. Arte de transformar … tudo em nada! De preferência imensos nadas porque os números queremse gordos para que não destoem nas estatísticas. As tais estatísticas que têm subvertido e alimentado este grande, e triste, Chapitô!
opinião
“Ou pagam todos ou …” sacções bolsistas, ou não aumentar a taxa de IRC para a banca, Os últimos dias têm sido ricos em notícias sobre a crise, foao continuar a desbaratar milhões de euros em Estádios e manram conhecidas as medidas que o Governo vai pôr em prática, ter a vontade de privatizar tudo o que dá lucro, não se conseguidesdobraram-se os habituais pregadores a dissertar sobre a crirá não só sair da situação em que sucessivos governantes do pós se e houve uma, quase, unanimidade entre os pregadores encar25 de Abril nos meteram, como também não será possível altados que o caminho a seguir terá que ser o de aumentar o IVA mejar o crescimento económico e a justiça fise o IRS. Ainda não o disseram, mas os pascal e social. sos seguintes serão os cortes nos vencimentos A grave situação em que o país se encontra dos funcionários públicos (medida que rapidapoderá levar a que haja um aumento da conmente será seguida no sector privado) e os cortestação social que poderá degenerar em situates nas funções sociais do Estado como medições semelhantes às que recentemente se vivedas indispensáveis para combater o deficit das ram na Grécia. No entanto, e apesar das vozes contas públicas. que se vão ouvindo a apelar à não contestação No entanto, e para disfarçar a malvadez e ao não aconselhar a realização de greves e que vão fazendo aos mais pobres, anunciaram manifestações, os portugueses, e em particuque vão reduzir os vencimentos dos políticos e lar os que mais sentem os efeitos da crise – os que a taxa de IRC também irá aumentar. mais pobres, os trabalhadores por conta de ouÉ mais prejudicial aumentar o preço dos trem ou os funcionários públicos - não devem bens essenciais como o pão ou leite (que cusaceitar que sejam eles a pagar as contas dos ertam o mesmo para quem ganha o salário míros dos sucessivos governos. nimo nacional ou para quem ganha 3000 € ou Um exemplo: hoje, passada a euforia fute7000 €) do que cortar por mês 350 € a quem João Monteiro Lima ganha mais de 7000 €. Haverá algum portu- CDU/AM Marco de Canaveses bolística do Euro2004, qualquer português de bom senso reconhece que foi deitar dinheiro guês que, ganhando 7000€/ mês não aceitasfora ao construir Estádios como os do Algarve, se que lhe fosse cortado 350 €? Eu não me de Leiria ou de Aveiro, que passam dias “às moscas”. importaria. Há que exigir responsabilidade a quem decide e a quem goPor cá, o Governo decidiu cortar 5% (cinco por cento) aos verna, os portugueses não se podem limitar a aceitar o que lhes vencimentos dos políticos, noutros países foram mais longe e tentam impor. Hoje os que pedem aos portugueses para que sechegaram a cortar 10% e 15% nos vencimentos dos responsáveis jam responsáveis e ajudem no combate à crise, deveriam ser respolíticos. Em Portugal, a coragem foi menor. Tão só. ponsáveis e corajosos. Responsáveis, e admitir que foram e são Ao tributar de igual forma a Coca-Cola e o leite ou o pão, ao também responsáveis pela situação do país, e corajosos para immanter as mordomias dos políticos, como por exemplo o acumupor, não só aos mais pobres e aos trabalhadores, mas também lar de reformas (não falando da sua obtenção muito antes dos 65 aos mais ricos, que paguem a crise. Adaptando um ditado popuanos), ou ao gastar mais de 190 milhões de euros só com a Aslar “haja moralidade ou pagam todos …” sembleia da República, ao não tributar as mais-valias e as tran-
Gastronomia: o Tempo e o Modo dância ou escassez, a sazonalidade, a facilidade de comunicação, a Ia falar de Economia por ser coisa engraçada e «fácil». Não transmissão como dádiva ou partilha, até o segredo e a pequena essendo ciência exacta, embora haja quem o afirme, permite os mais pionagem, a cópia e tantas outras coisas e formas de conhecimento, variados raciocínios, análises e previsões. Permite ainda, tanto a esenraizamente e afirmação. pecialistas como a atrevidos como eu, acertar nas coisas depois de Comer passou da necessidade humana de sobrevivência à suacontecerem. blimação e aprimoramento. Passou a ter tradição nos dias festivos. Vangloriando-se e exibindo saber até nas falhas, é na constânA refeição do sustento evoluiu para encontro de família ou amigos, cia da crise que sempre ouvi falar e já nem me lembro desde quanpara espaço de negócio ou colóquio, cerimónia do que se revela. Dá-nos o valor do papel nas de homenagem ou agradecimento, momento de bolsas que sobem ou descem e assim deduz a exaltação, meditação, oração e até declaração. sua “saúde”. Conjugada com as bênçãos e arPassou do tugúrio da mesa do lavrador à renegos das notações de “agências” que não se do bragal do morgado. Da do pobre crente à do sabe porquê ou por alma de quem assim deciabade. Da do lar humilde à do solar e do condem, cobrem-se umas às outras nos erros que vento. Aprimorou-se. Foi a exaltação das vituanunca assumem, mas partilham os despojos. O lhas numa alquimia que as tirou do quotidiano valor do que se cria, seja de intelecto ou culti- onde a maior fartura era a fome - para chevo, do que se tem e outros exploram ou nos deigar ao engenho da imaginação e à arte da conxam usar, as mais valias que podemos adendar, fecção. disso nem se fala nem se sabe o valor. A Gastronomia é assim uma coisa que tanVamos então a algo mais “saboroso” que to pode ser “difusa” como um valor cultural dos me têm sugerido: a Gastronomia. mais elevados, como tão bem souberam os franMais ainda se, numa região definida e asceses, já há séculos, «vender» ao Mundo. Ela sumida, lhe corresponde ou não uma “GastroArmando Miro pode ser uma dos grandes atractivos de uma nomia”. Jornalista terra ou região se, com seriedade e transparênA palavra e o que define, na essência e sigcia, a soubermos estudar, sentir, desenvolver e nificado - «gastro» de estômago (alimento) e dar a conhecer. «nomia» regra ou modo de – não facilitam a questão neste objectiSe atentarmos bem, ao querermos uma definição rígida e obvo, isto é, afirmar que uma região tem uma “Gastronomia”. jectiva, e com parâmetros muito bem definidos, então dificilmenSe quisermos ser assertivos e afirmar que esta é uma verdate a conseguiríamos definir para qualquer lugar. O que comíamos de insofismável, não corremos qualquer risco de desmentido. Em há 30 ou 40 anos? E há 100 anos? E antes da batata e do arroz? E qualquer lado em que haja gente, decerto que se come. Dá-se ao mais atrás? estômago o suporte da vida com o que se faz por regras ou modos. Ela é a nossa história e a nossa memória. É o nosso engenho Não irei hoje, porém, falar de um caso específico. criativo que a fome sublimou da necessidade. Assente que em todo o lado se come - é necessidade básica - e Era o que havia e o que se descobria. que para se comer na maior parte das situações há “confecção” Hoje é também saudade ou desejo do que algum dia se viu ou entra aqui a nobre arte da Culinária - então há em cada lugar uma experimentou e se quer ter de novo sem saber como ou onde. “Gastronomia”. Esta vai-se afirmando e espandindo conforme as Voltarei... relações de vizinhança, a similaridade dos produtos e a sua abun-
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crónica|eventos
Exposição de Isabel Ribas em Amarante A.M.PIRES CABRAL
Mais desabafos Se há alguma coisa em que o Sr. Vítor Constâncio tem feito jus ao seu apelido é na constância com que vem desempenhando o papel de corvo mensageiro de desgraças. Ainda ontem (21 de Maio) o ouvimos crocitar secamente, do alto dos seus (escandalosamente muitos, suponho) milhares de euros mensais que, se as coisas não correrem bem com este pacote de austeridade, poderá ter de vir a mostrar-se necessário efectuar cortes nos salários públicos e privados. Bem sei que não devemos confundir mensagem com mensageiro. Mas gostaria de ter visto outros modos no senhor. Nenhuma compunção, nenhum frémito de simpatia para com as potenciais vítimas desta eventual segunda pilhagem. Disse-o com a impassível frieza tecnocrática com que diz sempre estas coisas. Claro: para si próprio não perspectiva dificuldades de maior para comprar o pão e o arroz quotidianos, nem os fatos de marca e os carros topo-degama. Alguém viu alguma vez o elefante preocupado com o preço da alpista? Só para desanuviar o ambiente, seria de desejar que o despachassem rapidamente para o Banco Central Europeu – se não nos assaltasse a dúvida se lá, desse poleiro mais alto, não nos será ainda mais daninho. *** Já não há pachorra – eu pelo menos não tenho – para a Comissão de Inquérito Parlamentar às eventuais mentirolas de José Sócrates sobre aquelas negociatas que não o chegaram a ser. Estão ali aquelas senhoras e senhores, que tão úteis podiam ser noutras tarefas, a moer interminavelmente aquele meio quilo de café que já está mais que moído e donde se não espera que salte aquilo que por força querem que salte. É certo que alguns deles e delas levam aquilo muito a sério. Pudera, têm ali de borla horas de transmissão televisiva e exposição pública que não se podem deitar fora. E
é vê-los posar. Lembram-me irresistivelmente uma canção dos anos 60 do século passado, salvo erro do conjunto de Mário Simões, cujo estribilho era: O curioso é que estes tipos divertidos / Estão convencidos que estão muito distraídos. Mais divertido que todos estará José Pacheco Pereira, a quem foi dada a prerrogativa especial de ler as transcrições das célebres escutas que aliás, segundo a lei que temos, parece que não podem servir de prova no caso. Miguel Sousa Tavares, um dos mais lúcidos e implacáveis comentadores da nossa comunicação social, começa uma crónica recente deste modo irrespondível: «Há qualquer coisa de sórdido em imaginarmos a cena: algures, numa sala escondida da Assembleia da República, José Pacheco Pereira deleita-se lendo as transcrições das escutas aos casos ‘laterais’ detectados no âmbito do processo ‘Face Oculta’.» Assim deve ter sido, efectivamente. Tanto que o deputado deixou escapar um adjectivo arrebatado: o que lhe foi dado ler é ‘avassalador’. Não sabemos, nem nunca poderemos saber (a menos que Pacheco cometa uma inconfidência que não o julgamos capaz de cometer), o que é que há de tão avassalador nas escutas. Será porventura aquela coisa que já andou nas primeiras páginas de jornais e telejornais, de que as escutas indiciavam um plano de subversão do estado de direito. Se assim é, Pacheco devia, por uma questão de pudor, moderar o seu entusiasmo. Porque afinal de contas ele tem a sorte de, no tempo em que era educando de Arnaldo de Matos, não haver ainda escutas. Porque, se houvesse, quantas conversas do solícito deputado não configurariam planos de subversão do estado de direito? Sim, quantas? Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico. pirescabral@oniduo.pt
A Casa da Cultura e Juventude de Amarante mostra, entre 10 de junho e 10 de julho, a exposição “Semente da terra”, da autoria de Isabel Ribas. Natural de Ariz, Marco de Canaveses, a artista plástica vive em Amarante, onde mantém o seu atelier “Corredor e Companhia” e pretende desta forma homenagear alguns dos artistas amarantinos que mais a marcaram e inspiram na sua atividade artística. A exposição pode ser visitada diariamente, entre as 08:00 e as 24:00.
Gastronomia em Lamego De 16 a 20 de junho realiza-se em Lamego o I Festival de Gastronomia do Douro Indoor que vai decorrer em simultâneo com o Festival da Bôla (dias 19 e 20 de junho). Outros eventos estão previstos para a região: Circuito Automóvel de Vila Real (24 a 27 de junho) e o Festival de Música no Peso da Régua, de 1 a 4 de julho. Inserido no programa “Douro Emoções”, o Festival é uma iniciativa da Entidade Regional Turismo do Douro, em colaboração com a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro, a Câmara de Lamego, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão e a Associação de Empresários de Hotelaria e Turismo do Douro.
Trial 4x4 em Montalegre A Pista Automóvel de Montalegre recebe a 13 de junho a terceira prova do Troféu Ibérico Trial 4x4. Pelo terceiro ano consecutivo, Montalegre acolhe a jornada do Troféu Ibérico que reúne competidores portugueses e espanhóis ao serviço das máquinas 4 x 4, com organização a cargo do Trepa Monte Clube TT Montalegre. As inscrições começaram domingo e prolongam-se até dia 5 de junho, tendo um valor de 300 euros, os interessados podem inscrever-se em geral@trofeutrial4x4.com. O primeiro classificado arrecada 400 euros, o segundo 200 e o terceiro 100.
Deolinda em Amarante a 27 de junho O grupo Deolinda, que acaba de editar o seu segundo álbum, atua em Amarante a 27 de junho. O concerto terá lugar no parque do Ribeirinho (22:00), espetáculo que marca o arranque da animação de Verão na cidade. Deolinda é um projeto de música popular portuguesa iniciado em 2006, inspirado nas raízes da música portuguesa. Os quatro jovens músicos buscam "experiências musicais diversas (jazz, música clássica, música étnica e tradicional) através do cruzamento das diferentes linguagens e pesquisa musical".
Feira rural em Paço de Sousa Paço de Sousa organiza a 12 e 13 de junho, a Feira Rural 2010, uma iniciativa do Centro Cultural e Rancho Folclórico de Paço de Sousa. A 12ª edição da Feira Rural apresentará diversas bancas de exposição e venda de “produtos da terra”, como enchidos, doces, horticultura, bem como louça e ferramentas agrícolas. As tasquinhas vão servir porco no espeto e petiscos variados, acompanhados do bom vinho da região. O evento realiza-se no largo do Mosteiro de Paço de Sousa.
Balbina Mendes expõe em Alfândega da Fé O Centro Cultural José Rodrigues, em Alfândega da Fé, recebe a partir de 10 de junho (19:00) a exposição de pintura "Máscaras Rituais do Douro e Trás-os-Montes", de Balbina Mendes. As obras em exposição evocam e abonam as enigmáticas e valorosas tradições do norte do país. A exposição iniciou o seu percurso em Bruxelas e visa percorrer todo território português, alertando também para a importância de preservar e difundir estas marcas de entidade cultural. No mesmo evento será apresentado um livro da artista.
Vila Real em festa até ao S. Pedro A cidade de Vila Real vai estar em festa durante todo o mês de junho, tendo como pontos altos as feiras de Santo António e de São Pedro e o 43º Circuito Automóvel de Vila Real. A Festa e Feira de Santo António (dia 13) inclui as tradicionais feiras e concurso de gado Maronês, em Lordelo, missa e procissão de Santo António (Araucária) e espetáculos musicais diversificados, incluindo concerto de Tereza Salgueiro e uma noite de fados, com os Amantes e os Veteranos do Fado, culminando no tradicional arraial e fogo de artifício. O São Pedro encerra o ciclo de festas vividas durante o mês de junho em Vila Real, altura na qual se cumpre a tradição da Feira dos Pucarinhos, em que dois importantes tipos de artesanato assumem destaque: o barro negro de Bisalhães e os linhos de Agarez e Mondrões. Considerado o maior evento desportivo da região, o Circuito de Vila Real, entre 19 e 20 de junho, deverá atrair à região cerca de 150 mil pessoas.
Nadir Afonso no Porto "sem limites" “Nadir Afonso. Sem limites” é a exposição patente no Museu Soares dos Reis, no Porto, até 13 de junho. A mostra engloba trabalhos produzidos na década de 30, quando Nadir Afonso ainda era estudante e prolonga-se até à década de 60. “Como a obra do Nadir é tão extensa, houve necessidade de delimitar no tempo, por isso pretende-se uma visão retrospetiva até aos anos 60”, explica Laura Afonso, esposa do mestre e presidente da Fundação. Estão expostas cerca de uma centena de obras, grande parte desconhecidas do público, e um conjunto de estudos “feitos à mão livre”. Os esboços permitem ao visitante ver como tudo começa e acompanhar o processo de criação artística. A exposição segue para o Museu do Chiado, em Lisboa, onde ficará até 3 de outubro.
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Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.
Cartoons de Santiagu
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[Pseudónimo de António Santos]
Fundado em 1984 Quinzenário Regional Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89 Redação: Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689), Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Paula Costa (C.P. 4670), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse, Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite. Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas. Colaboração/Outsourcing: Media Marco, Baião Repórter/Marão Online Promoção Comercial, Relações Públicas e Publireportagem: Telef. 910 536 928 - Ana Pinto publicidade.tamegapress@gmail.com anapinto.tamegapress@gmail.com
Desporto e Sociedade 2010
O OLHAR DE...
Eduardo Pinto 1933-2009
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"O Regresso" – Telões - Amarante – Início dos Anos 60