Repórter do Marão

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Nº 1242 | 28 jul-31 ago'10 | Ano 27 | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico | 30.000 ex.

Prémio GAZETA 2009

repórterdomarão

Tâ mega

do Tâmega e Sousa ao Nordeste

a g o s t o ’ 10

Az i b o

um refúgio no nordeste

era uma vez uma linha férrea?


Uma das praias fluviais tem bandeira azul desde 2003 e

Azibo é refúgio de Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos PP

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cerca de 3 km da cidade de Macedo de Cavaleiros e a 30 km de Bragança, as praias fluviais do Azibo são propostas irrecusáveis por estes dias em que o mercúrio do termómetro sobe no Nordeste Transmontano. Integradas na Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, as praias fluviais exibem, logo à entrada, os símbolos da sua qualidade. A Bandeira Azul é hasteada consecutivamente na Fraga da Pegada desde 2003, sendo a praia que, até hoje, mais vezes recebeu essa distinção em Portugal e na Europa. “A praia da Ribeira é o primeiro ano que tem. Somos o único concelho em Portugal que tem duas praias com Bandeira Azul”, refere Joaquim Paradela, coordenador da vigilância assegurada pela autarquia macedense. Além disso, as praias são acessíveis a todos os cidadãos com mobilidade reduzida. Já no próximo ano é possível que nasça uma nova praia, do outro lado da margem, um melhor acesso a partir de Macedo de Cavaleiros. A autarquia quer ainda avançar com a construção de eco-resorts, mas aguarda pelo aval do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). No relógio, os ponteiros ainda não marcam as 10:00, mas há já uma romaria de automóveis e autocarros nos caminhos que levam à praia da Ribeira. Rapidamente, o areal fica salpicado com guarda-sóis multimarcas. Pela mão trazem as pequenas arcas, com os mantimentos necessários para o almoço e para o lanche. Depois de besuntados os corpos com protetores solares, a preguiça domingueira convida a uma soneca antes dos mergulhos. A natureza envolvente, a qualidade da água e as infraestruturas de apoio (como bar, restaurante, parque de merendas, sanitários, parque infantil, espaços desportivos) legitimam as preferências. Nas horas de maior calor, os veraneantes recolhem-se na sombra das árvores, na zona do relvado.

| Uma praia muito concorrida | “De ano para ano, é sempre a dobrar. Já tivemos tanta gente no fim de semana passado como no pico de agosto de 2009”, frisa Joaquim Paradela. A tendência é para que o número continue a aumentar, em virtude da atual conjuntura económica. “Aqui, as pessoas passam as férias praticamente de borla.” A maioria vem de Vila Real, Porto, Bragança e até do Minho. “De Macedo não vem assim tanta gente como seria de esperar”, refere. Mas não são só os banhistas nacionais a desfrutar destas praias. “Temos tido muitos espanhóis, principalmente este ano.” A praia da Ribeira é a mais frequentada, com uma média diária de cinco mil pessoas aos fins de semana, enquanto a da Fraga terá umas três mil.

António Garcia, 39 anos, folheia as páginas de um livro, alheado da agitação à sua volta. Já vem desde que a praia existe, ou não fosse ele natural de Macedo de Cavaleiros. “É um lugar bom, e agradável. Venho sempre que posso ao fim de semana e durante a semana porque tenho um trabalho que me permite vir um bocadinho à tarde.” Traz a família, amigos ou vem sozinho. Aproveita o tempo para nadar, ler, brincar com a filha e fazer uns “crosses num trilho” ao findar do dia. Não dispensa o sossego da praia, sendo que a atribuição de Bandeira Azul lhe dá maior confiança. “Não há poluição e não tem grandes riscos para as crianças, já que a água é calma.” Talvez por isso, o número de visitantes esteja em crescendo. “Das terras aqui à volta, vêm de Chaves, Valpaços, Bragança, Vila Real. Pareceme que haverá por aqui apenas 10% das pessoas de Macedo e estão aqui perto…”

| Maioria dos veraneantes vem de outras cidades transmontanas | De mais longe veio César Pousa, 25 anos. Faz a viagem Lisboa-Bragança com regularidade, já que tem a família naquela cidade. As visitas ao Azibo acontecem no período da tarde, com amigos ou familiares. “O que mais gosto é da companhia e das pessoas que são muito afáveis, conversadoras e hospitaleiras. Gosto do espaço, da qualidade da água e da envolvente. Parece mesmo que foi feito de propósito.” Comparativamente com as praias do litoral, César considera a praia fluvial “mais calma” e, por isso, sente-se “mais seguro” quando vai a banhos. “A água é mais limpa e mais quente também”, sublinha. Para entreter o tempo no areal, bebe um refrigerante ou um café, joga às cartas, lê, ouve música ou fica “a olhar para o horizonte e a pensar na vida”. Andreia da Costa, emigrante em França, passa as férias em Bragança e há cerca de cinco anos que escolhe o Azibo para “ficar um bocadinho morena”. “A praia está longe, só no Porto, e isto é a única coisa que está aqui pertinho. Mas com esta areia e com este sol, está-se cá muito bem. A água está quentinha e há muita vigilância.” Por norma, traz os dois primos. “Almoçamos por aqui e ficamos cá todo o dia. Temos que trazer o guarda-sol, os protetores e muita água para beber”, relata a jovem de 21 anos. A prima, Daniela Teixeira, acrescenta que não falta “pão, fiambre, queijo, batatas fritas, bolachas e sumos” para completar o farnel. Aos 13 anos, Daniela é categórica na preferência pelo Azibo. “Ou vou para as piscinas ou fico em casa com a minha irmã, mas prefiro a praia. Gosto mais da água e é mais fixe.” Há também quem venha para observar todo o movimento, como Alzira Magalhães, 44 anos. “É a segunda vez que cá estou e passa-se cá uma tarde impecável. Não gosto muito de apanhar sol, por isso, venho mais para descansar e apre-


o maior número de galardões do país e da Europa

verão no nordeste ciar.” Residente em Coelhoso, Alzira sabe pela voz dos filhos que “há sempre muita gente por aqui.” Os mais novos optam por jogar raquetes, voleibol, futebol ou por fazer voar os papagaios multicolores. Bárbara Saldanha, 20 anos, estende a toalha já “há muito tempo”. Vinha desde tenra idade com os tios, mas “antigamente não tinha todas estas condições que tem agora”. “De ano para ano, tem vindo a ficar com mais qualidade. Há também mais gente, sobretudo ao domingo. Por isso, costumo vir durante a semana, que é mais calminho.” As férias da jovem brigantina são ali passadas, já que é “a coisa mais próxima parecida com a praia”.

| Mais pequenos estão 'como no céu' | A sombra protege o convívio da família de Luís Custódio. “Vim eram oito da manhã, pela fresquinha. Traz-se a merenda e ficamos por aqui todo o dia.” É a segunda vez que está no Azibo, apesar da proximidade com a sua terra, Bragança. Pai de duas crianças, uma ainda bebé, Luís trá-las porque “é uma praia segura”. “Tem estas zonas mais baixinhas para as crianças, que estão aqui como no céu.” Sobre a manta repousa ainda a panela do almoço, enquanto os sorrisos à volta das traquinices da mais pequena se multiplicam. “Até lá para as 15:00 não convém apanhar sol, que é o pior, por isso ficamos por aqui a descansar.” Uns metros adiante, mas resguardados por um guarda-sol, António Paradela e a esposa estão de olhos postos nos três filhos, que brincam à beira da água. Também eles madrugaram para aproveitar bem o domingo. “Cheguei por volta das 8:00. Quem vem cedo ainda apanha sombra”, explica. Só ao final do dia é que regressam a Carrazeda de Ansiães, até porque “só é uma hora de caminho”. “A qualidade da água é boa e como a praia é fluvial é bom para vir com os meninos.” Há risos de crianças e muitas correrias entre a água e o areal. “Gosto de vir para aqui brincar”, conta Francisco Vaz, 4 anos. Ainda não sabe nadar, daí as braçadeiras. Já a prima vinda de Barcelona e dois anos mais velha, Nélia Vidinha, garante não ter medo da água. “Venho com os meus pais e com os meus tios. Andamos a brincar e vamos para a água.” Em família é “mais divertido”, assegura a irmã de Francisco. “Gosto mais de nadar, mas às vezes vem para aqui muita gente. Fora da água, fazemos castelos e jogamos à bola”, explica Magali Vaz, irmã, 10 anos.

| Vigilância apertada | Para o nadador-salvador vigiar uma praia fluvial não é tarefa fácil. “É um bocado complicado conhecer completamente os perigos que a água esconde”, reve-

la Hugo Ribeiro. É o nadador de serviço da praia da Ribeira pelo terceiro ano consecutivo, das 10:00 às 19:00, todos os dias sem exceção. “Já estou aqui desde 20 de junho, mas este ano somos apenas dois nadadores-salvadores.” As praias contam ainda com a presença de dois socorristas e de duas equipas de vigilantes sapadores, que fazem a vigilância e “proíbem as pessoas de um certo número de coisas que não se podem praticar, como as mesas de campismo ou os animais, que é uma norma da Bandeira Azul”, explica Joaquim Paradela. Espraia-se a bandeira verde e o número de telemóvel do nadador está bem visível na boia gigante. O nadador de 29 anos refere o desrespeito das pessoas face às suas indicações. “Este é o meu posto de trabalho, eu digo-lhes para tirarem o guarda-sol, porque dificulta a visibilidade, mas elas não querem saber.” Ao início da tarde, Hugo viu-se obrigado a fazer um salvamento, o que acontece com frequência por causa da plataforma insuflável que existe nesta praia. “Muitos pais querem levar os miúdos para lá. Eles não sabem nadar e sentem-se aflitos. Há casos em que os miúdos também vão e não têm capacidade para chegar por eles próprios.” A limpeza do areal e da água é feita diariamente. “As pessoas ainda não estão mentalizadas para levarem consigo o lixo que fazem”, lamenta Joaquim Paradela.

| Convites ao lazer | Às primeiras horas da tarde, não há lugares na esplanada e o balcão do café está apinhado. O vaivém das pessoas é uma constante, contribuindo para que o negócio corra “dentro das expectativas”. “Há uma grande afluência e cada vez mais. Nesta altura já esteve mais gente do que em igual período de 2009”, refere o proprietário, Paulo Carvalho. Refrigerantes, cafés e gelados encimam a lista dos pedidos. Ao lado do edifício, há um stand com artigos de praia que procura capitalizar a presença dos veraneantes. “Vendo mais chapéus de sol, bolas, raquetes, baldes de praia e bastantes bronzeadores”, conta Paulo Carvalho. Os banhistas têm à sua disposição várias atividades, desde canoagem, bicicletas para andar nos trilhos, gaivotas e percursos pedestres. “Este mês e pelo terceiro ano, realiza-se o torneio de futebol de praia, cuja final será aqui”, acrescenta Joaquim Paradela. Ao final da tarde nem o vento que se levanta demove os banhistas, agora com a tez mais morena. Os mais velhos bebem a última cerveja e falam de posta à mirandesa para o jantar. Avizinha-se o pôr do sol e a despedida inevitável, por isso sacodem as toalhas, dão a mão aos mais pequenos e seguem, em fila indiana, pelo passadiço.


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Obras na principal praça de Amarante sem fim à vista  Autarquia justifica atraso com a falta de um parecer do IGESPAR relativo aos vestígios arqueológicos

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conclusão das obras no Largo do Arquinho, em Amarante, está atrasada porque aguarda o parecer favorável do IGESPAR às alterações ao projeto que tiveram de ser feitas após a descoberta no local de vestígios de uma ponte do século XIII. É esta a justificação da autarquia para uma situação que se arrasta numa das principais praças da cidade, com evidentes prejuízos para residentes, comerciantes e até visitantes. Não há uma data prevista para o fim das obras no Largo do Arquinho, em Amarante. A descoberta ocasional, em setembro do ano passado, de vestígios de uma ponte do século XIII obrigou à reformulação do projeto que aguarda o parecer favorável do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) para que os trabalhos sejam retomados, soube o Repórter do Marão. Moradores e comerciantes da zona dizem-se prejudicados com o arrastar das obras que estão paradas desde fevereiro. Há quem se queixe de não ter havido nenhuma informação ou explicação sobre o que se está a passar. “Ninguém nos deu informação nenhuma, ninguém”, contou ao Repórter do Marão uma jovem que trabalha na zona. “As pessoas queixam-se que não há estacionamento. A situação é complicada para todos os comerciantes que têm uma porta aberta”, referiu.

| Desde Novembro de 2008 | As obras de requalificação do Largo Conselheiro António Cândido começaram em novembro de 2008. No último inverno, antes do Natal, já havia comerciantes que falavam em transtornos e prejuízos causados pelas obras. Em dezembro, a Câmara de Amarante resolveu colocar um tapete provisório de alcatrão para facilitar o acesso ao largo. “Agora está melhorzito, mas não está bem. Primeiro nem trânsito havia”, disse um comerciante para quem “o cartão de visitas é fraquíssimo” e afasta as pessoas. As expectativas para o ansiado período pós-obras são pouco efusivas: “vamos a ver… só depois é que se dirá”.

Em declarações ao Repórter do Marão, o presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu, recusa que haja prejuízos e diz que compete aos interessados informarem-se sobre os motivos que levaram à não conclusão das obras. “Os lamentos [de comerciantes e moradores] admito-os e compreendo-os, na perspetiva do interesse comum”. Quanto ao argumento dos “prejuízos particulares não compreendo nem aceito”. O autarca entende que a Câmara não tinha de ter dado aos comerciantes e moradores informações ou explicações sobre a situação. “Publicamos as atas na internet e quem está interessado tem toda uma parafernália de informação que está disponível”, afirmou. “Devo esclarecer que a mim não chegou nenhuma queixa”, disse o autarca que já terá reunido com a Associação Empresarial de Amarante para “explicar a razão de ser” do atraso na conclusão das obras que esteve prevista para janeiro. E a razão de ser, diz o presidente da Câmara, foi a descoberta dos vestígios de uma ponte que o arqueólogo que acompanhou os trabalhos pensa ser do século XIII. O autarca lembra que houve “grande consenso” e que a Câmara decidiu que o arco entretanto posto a descoberto “deveria ficar à vista” e visitável o que obrigou a alterações no projeto. Como se trata de uma zona classificada, o IGESPAR tem que acompanhar esse processo. Houve um parecer inicial desfavorável ao projeto que foi apresentado. Foram feitas alterações e aguarda-se agora o parecer favorável do IGESPAR. “Não podemos intervir na placa central enquanto não estiver decidida esta questão”, salientou Armindo Abreu. Outro “constrangimento” com que a Câmara se deparou foi a exigência da EDP de que haja um técnico responsável pela futura iluminação do largo que, por opção da Câmara, será feita com lâmpadas LED (que permitem consumos de energia muito menores que os das lâmpadas convencionais e ganhos ambientais). Por sugestão de um vereador do PSD foram também mudadas as árvores. Esses “pequenos acertos” não têm “impedido a mobilidade” no largo, salienta o presidente da Câmara. Paula Costa


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INVESTIMENTOS ADIADOS | Autarcas queixam-se

Tâmega: era uma v O

cancelamento das obras de eletrificação e de modernização das linhas ferroviárias do Douro e do Tâmega motivou críticas dos autarcas que não aceitam a decisão do Governo. Enquanto esperam pelas respostas aos pedidos de audiências admitem formas de protesto que traduzam a revolta e indignação que dizem sentir. As críticas dos presidentes das câmaras de Amarante e do Marco de Canaveses são contundentes e comuns. “Sim, temos falado e estamos solidários”, disse ao Repórter do Marão o presidente da Câmara do Marco, Manuel Moreira, sobre os contactos que tem mantido com Armindo Abreu, o autarca socialista que preside à Câmara de Amarante. Em declarações recentes à Lusa, Armindo Abreu mostrou-se “estupefacto” e lembrou os “compromissos solenes de membros do anterior Governo”, numa alusão à garantia dada em Amarante pela anterior secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, de que o levantamento dos carris não significava o fim da Linha do Tâmega. “Como vamos explicar isto agora aos amarantinos?”, perguntou Armindo Abreu afirmando não ter dúvidas que a suspensão deste tipo de obras, enquanto outras se mantêm nas grandes cidades, nomeadamente no Metro de Lisboa, “compromete a coesão nacional”. Os dois autarcas aguardam há vários dias resposta aos pedidos de audiência feitos ao secretário de Estado dos Transportes e à REFER. Manuel Moreira diz que vai continuar a manter uma posição “de diálogo institucional”. Diariamente tem contactado por telefone e por e-mail o secretário de Estado dos Transportes “até que ele nos conceda audiência”. A Câmara do Marco está a seguir a via do diálogo institucional. “É assim que eu sei estar na vida pública. De forma civilizada, urbana e pró-ativa”, referiu. E se essa opção não der resultados? “Vamos ver… Dirigimo-nos a quem nos devíamos dirigir. Para já aguardo pela audiência e em função dela logo veremos quais são as outras medidas que iremos tomar. Mas há uma coisa que eu sei: nós não nos vamos calar porque esta obra é essencial, é uma obra estruturante para a região”. O autarca lamenta que a Câmara não tenha ainda sido recebida e que nada tenha sido formalmente comunicado. “Não podemos aceitar. O Marco de Canaveses e a região não podem ser constantemente os preteridos e penalizados. Nos momentos de maior desafogo orçamental os projetos vão para outras regiões do país. Seja o tempo de vacas gordas ou de vacas magras a região continua a ser preterida, ora isto é inaceitável”. A decisão de cancelar as obras previstas nas linhas férreas do interior norte foi comunicada pela REFER a 17 de junho às empresas que se apresentaram ao concurso. O cancelamento veio confirmar rumores que começaram a ouvir-se várias semanas antes. Esses rumores também se ouviram em Vila Caiz, freguesia do concelho de Amarante que era servida pela linha do Tâmega até à circulação ser suspensa a 25 de março de 2009. “Andavam aqui pessoas [da REFER] no terreno, foram feitas escrituras de ven-

da de terrenos”, contou ao RM António Jorge Ricardo, presidente da Junta de Vila Caiz. Por tudo isso, “era difícil de imaginar esta situação”, que reflete a “falta de uma gestão de rigor”. “Como é possível terem andado a comprar os terrenos? E para quê? A decisão já estava tomada. Enganaram a população. É por isso que a política anda no que anda. Não compreendo nem ninguém pode compreender”, afirmou o presidente da Junta. Em Vila Caiz os lugares mais afetados são Vilarinho e Passinhos. A Junta de freguesia está a ponderar marcar uma assembleia de freguesia extraordinária ou uma reunião nos lugares onde mais população utilizava o comboio. António Ricardo diz não ter dúvidas de que vai haver protestos. Ao ver as expropriações de terrenos o presidente da Junta de Santo Isidoro, no concelho do Marco de Canaveses acreditou que “mais dia, menos dia”, as obras iriam avançar. “Fizeram obras, gastou-se dinheiro”, conta Agostinho Baldaia. Foram fechadas passagens de nível deixando alguns proprietários sem acessos aos seus terrenos ou com “muito fracas” alternativas. “Não podem fazer as coisas à toa. O Governo não pode querer só lucro e esquecer a população”, defende o presidente da Junta de Santo Isidoro. Quanto à forma de reagir ao cancelamento das obras, o autarca entende que deverá ser feita “em conjunto, em articulação” com as restantes autarquias envolvidas e populações afetadas. Na zona da Livração há quem manifeste estranheza e incompreensão perante a decisão de não avançar com as obras. “Andou-se a gastar tanto dinheiro para nada. Os pequenos ficam sempre para trás, como é costume”, comentou ao RM uma moradora em Toutosa.

| Expectativa idêntica na zona do Corgo | O presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçalves, exige que o Governo cumpra as promessas que fez e recomece as obras na Linha do Corgo. A circulação de comboios foi suspensa em março de 2009 (no mesmo dia que na linha do Tâmega) e através de um comunicado, que continua afixado nas estações, a CP justificava a decisão com a “necessidade inadiável de intervenção na infraestrutura com vista a garantir a segurança da circulação”. A então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, invocou razões de segurança para fechar a Linha do Corgo anunciando depois um investimento de 23,4 milhões de euros na reparação da linha que deveria reabrir até ao final deste ano. As primeiras fases ficaram concluídas no final de 2009, depois do levantamento dos carris e travessas e reperfilamento da plataforma, só que, entretanto, os trabalhos pararam deixando as populações e autarcas apreensivos quanto ao futuro da linha. Apesar de reconhecer que o adiamento da obra é uma “inevitabilidade”, o autarca exige, no entanto, que as promessas do Governo “sejam cumpridas”. Até porque, salientou, o comboio “continua a ser um importante meio de transporte para as populações locais, possuindo ainda um grande valor turístico e patrimonial”. Com uma extensão de 26 quilómetros, a linha do Corgo faz a ligação dos concelhos de Vila Real, Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua. Paula Costa com Lusa


e de não serem recebidos pelo Governo

ez uma linha férrea? Antiga secretária de Estado dos Transportes garante que empreitadas no Douro, Tâmega e Corgo apenas foram adiadas

"A REFER não desiste de nenhuma das obras" to público em infraestruturas. Também a REFER, tal como todas as empresas públicas e privadas, teve que rever o seu plano de investimentos em todo o País e não apenas no norte do País, nem “sobretudo na zona do Tâmega e Sousa e no Douro”, adiando as empreitadas que não estivessem em curso. Seria inaceitável se houvesse uma discriminação relativamente ao norte do País, mas tal não é verdade.

No início de 2009, na altura em funções governativas, Ana Paula Vitorino empenhou a sua palavra junto de autarcas e das populações do Tâmega e do Douro, comprometendo-se a levar por diante a modernização das referidas linhas férreas no norte do país. Agora, face às restrições orçamentais, os autarcas das respetivas regiões foram informados pela REFER que as obras não vão avançar, apesar de tratar-se de investimentos de reduzida dimensão os que são relativos às duas vias estreitas, encerradas há quase um ano e meio. Os autarcas das zonas afetadas temem o futuro da linha do Tâmega e quanto à modernização do troço Caíde-Marco os respetivos concursos já foram anulados e os concorrentes informados dessa decisão. O Repórter do Marão ouviu também a antiga secretária de Estado dos Transportes sobre a questão, agora na sua qualidade de deputada eleita pelo Porto. Como comenta a medida da REFER de não avançar este ano com nenhum dos investimentos no norte do país, sobretudo na zona do Tâmega e Sousa e no Douro, obras que já estavam a concurso e nas quais se empenhou como secretária de Estado dos Transportes? Ana Paula Vitorino: Como secretária de Estado dos Transportes, entre março de 2005 e outubro de 2009, sempre defendi uma política de mobilidade sustentável em todo o território nacional e sempre desenvolvi todas as ações necessárias para a sua concretização, tendo, entre outras, dado orientações às empresas públicas, nomeadamente à REFER e à CP, e autorizado o lançamento de concursos para obras quando necessário. Naturalmente, no caso de obras, o seu ritmo é fortemente condicionado pelas exigências do cumprimento das boas normas de engenharia e ambientais e das regras jurídicas de contratação exigidas por lei, bem como das disponibilidades orçamentais. Entendi na altura como Secretária de Estado, mas também há muito como especialista em Transportes, que o desenvolvimento do caminho-de-ferro é peça fundamental de uma política de transportes, aliás em linha com o preconizado pela “Política Comum de Transportes” da União Europeia, e elemento determinante para a coesão social. Desta forma, deverá ser prioridade número um da Política de Transportes Nacional apostar na modernização da ferrovia e recuperar o atraso relativo que temos nesta matéria. Durante duas décadas, de meados dos anos 80 do século passado até à primeira metade desta década, consolidou-se o primado da rodovia, em que a par da construção de autoestradas houve um forte desinvestimento na ferrovia, inclusive com encerramento de linhas nos finais da década de 80 e início da década de 90, e forte degradação do serviço oferecido, entrando-se num “ciclo viciado” de mau serviço – perda de clientes – pior serviço para justificar e fomentar a aposta na rodovia. Tive o sonho que as décadas seguintes deveriam potenciar o regresso ao primado da ferrovia. Este é um sonho de modernidade cuja concretização podemos observar, por exemplo, nos países nórdicos, na Europa Central e, ainda, nas regiões mais cosmopolitas dos Estados Unidos da América, onde as opções dos políticos, na formulação de políticas, e dos restantes cidadãos, na sua organização de vida, são inequivocamente a favor dos transportes públicos, muito especialmente do caminho-de-ferro.

Será o investimento ainda possível na linha do Douro, apesar do adiamento por alguns anos das obras previstas, eletrificação e requalificação?

Foi neste contexto que decidi, em nome do Governo de então, apostar decisivamente na construção de novas linhas, quer de alta velocidade, quer convencionais (por exemplo, variante da Trofa e ligação ao Porto de Aveiro), na modernização de linhas existentes, na reabertura de linhas encerradas (por exemplo, Ramal de Leixões) e melhorias acentuadas do serviço e do material circulante. Nesta política, assume particular relevância a modernização da linha do Douro, que deverá ser eletrificada até à Régua e ser objeto de parcerias com fim turístico no troço Pocinho – Barca d´Alva, bem como a modernização profunda das linhas de via estreita do Tâmega e do Corgo. Por isso, foram lançadas as obras necessárias à prossecução desse objetivo, tendo sido adotado um plano faseado que permitisse diminuir o tempo global de intervenção, lançado obras à medida que fossem sendo concluídos os respetivos projetos de engenharia e em função das disponibilidades orçamentais. Foi também a firme convicção de que esse era o caminho certo que me levou a propor, entre outras ações, a inclusão deste plano de modernização das linhas da Régua, do Tâmega e do Corgo quer no Programa Eleitoral dos Deputados do PS do Distrito do Porto, que a nível nacional. A modernização destas linhas é, portanto, um compromisso pessoal como Deputada à Assembleia da República eleita pelo Distrito do Porto, o que muito me honra, mas também um compromisso de todos os Deputados do PS do Distrito do Porto e do Partido Socialista. Considera que, apesar das restrições do PEC e do equilíbrio das contas públicas, ainda será possível escalonar os referidos investimentos e satisfazer os interesses das populações das regiões afetadas? APV: Mas não podemos esquecer a maior crise económica mundial dos últimos oitenta anos que, obviamente, também atingiu Portugal e os Portugueses. À semelhança de todos os países da União Europeia, para fazer face a essa crise e às suas consequências nomeadamente em termos da diminuição da capacidade de investimento, Portugal viu-se obrigado a repensar todo o seu programa de desenvolvimento, nomeadamente no que respeita ao investimen-

APV: Segundo a REFER, não estão a desistir de nenhuma destas obras (Linhas do Douro, Tâmega e Corgo), mas apenas a recalendarizar a sua concretização para poderem cumprir as limitações que lhes foram impostas pelo PEC. O novo calendário para as obras é o compromisso possível entre o interesse da população que urge satisfazer e o equilíbrio das contas públicas que é vital assegurar. Naturalmente, ninguém vê com agrado serem adiados investimentos tão necessários, nem os cidadãos em geral, nem os deputados, nem ninguém da REFER, mas será inconsciência ou demagogia não entendermos as razões do adiamento. Devemos estar, isso sim, na primeira linha para exigir que estes investimentos não fiquem esquecidos e que sejam considerados prioritários e reiniciados a par da retoma económica. Como reage às críticas daqueles que consideram que as vias do Tâmega e do Corgo deixarão de ter procura se o encerramento ultrapassar os dois/três anos, pelo que se antevê que as duas linhas - cujos carris até já foram levantados - jamais terão os comboios a circular? APV: Com certeza que uma interrupção de serviço tão prolongada poderá levar ao abandono definitivo deste modo de transporte. Mas a degradação do serviço, com horários que não interessam a ninguém, com estações sem acesso e sem forma de lá chegar, não terão porventura pior efeito? A CCDR, os Municípios, a CP e outras entidades públicas e privadas deverão de forma coordenada repensar todo o serviço ferroviário e integrá-lo num plano mais vasto de transportes. Estou convencida que se a reabertura da ferrovia corresponder a mais e melhor transporte e for antecedida de uma boa campanha de divulgação, não só voltarão os atuais clientes como, finalmente, veremos a procura crescer. Não são investimentos de segunda, como dizem alguns, atingidos por pensamentos de terceiro mundo e de uma era anterior às preocupações sociais, ambientais e de sustentabilidade em que o automóvel era o símbolo de pujança e de qualidade de vida. É necessário requalificar a Linha do Douro e electrificá-la até à Régua. É necessário requalificar as Linhas do Tâmega e do Corgo. É necessário, depois de concluídas as obras, dotá-las de bons serviços, com conforto e com os horários adequados. É necessário por razões sociais, ambientais e económicas. Cabe a todos nós assegurar que a REFER irá cumprir a nova calendarização para a execução desses investimentos. Estaremos, desta forma, a defender os interesses das populações e de todo o País. J.S.


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TESTEMUNHOS

de ex-alunos HSTA “A EPALC dá a oportunidade aos alunos de perceber a realidade do mundo de trabalho, e fazendo com que saiam o mais bem preparados para enfrentar essa realidade”. André Filipe Monteiro ( HS01) Técnico de HST ( nível III) – da Medimarco

Curso Profissional de Técnico de Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho em cada ano ocorrem em todo o mundo cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças profissionais tendo custos económicos que ultrapassam os 4% do PIB mundial. O número de mortos ultrapassa os 2 milhões todos os anos. Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho todos os anos morrem na UE mais de 140 mil pessoas devido a doenças profissionais e cerca de 9000 por acidentes de trabalho. Finalmente em Portugal, tendo em conta informação do ACT ( Autoridade para as Condições de Trabalho) na década de noventa do passado século morriam todos os anos uma média de cerca de 300 trabalhadores por ano, para além de cerca de 300.000 acidentes de trabalho com alguma gravidade! Actualmente ocorrem cerca de 250.000 acidentes por ano e que resultaram em 115 acidentes mortais em 2009. De realçar, para além dos custos ( directos/indirectos) inerentes desta realidade que afectam a crise global em que hoje se vive, o imenso sofrimento pessoal e familiar subjacente a estes números. Números estes que por si só demonstram que muito há ainda a fazer nesta área…. O Curso Profissional de Técnico de Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente na EPALC, permite qualificar técnicos aptos a desenvolver actividades de prevenção e de protecção contra riscos profissionais, proporcionando ambientes de trabalho, saudáveis, seguros, confortáveis, para que o trabalhador se sinta plenamente realizado e feliz nas suas actividades laborais. Salientar que a EPALC esteve desde o início presente na elaboração do Plano de Estudo deste Curso, junto do Ministério da Educação, materializado na Portaria nº 891/2005 de 26 de Setembro. A EPALC continua a apostar na qualidade inerente ao Curso de Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente, quer a nível de recursos materiais ( livros da especialidade, equipamentos etc) quer humanos, onde para além da área técnica, se procuram, professores técnicos superiores de HST para melhor fazerem a interligação de saberes científicos e técnicos. Igualmente se aposta em parcerias e contactos diversificados, quer a nível de empresas de serviços externos de SHST devidamente equipadas, assim como com entidades de formação Superior de Higiene e Segurança do Trabalho (Universidades, Institutos), empresas dos diversos sectores industriais, que trazem uma mais-valia aos nossos alunos e Professores/Formadores. A utilização de Metodologias Activas de ensino-aprendizagem, baseadas em experiências reais, vivenciadas pelo o aluno e/ou práticas simuladas são estratégias co-

“Na EPALC, adquirimos conhecimentos importantes que nos acompanham ao longo do percurso profissional Os estágios realizados durante os três anos lectivos, são uma porta aberta para a inserção no mundo de trabalho”.

muns da EPALC. Algumas das actividades são já tradicionais no âmbito deste curso, nomeadamente:

Sílvia Patrícia Marinho ( HS01) Téc. HST ( nível III) da Medimarco e a terminar o Téc. Superior de HST.

"A EPALC foi para mim uma escola onde me pude desenvolver tanto a nível escolar/profissional como a nível pessoal! Tive excelentes professores que me ajudaram e transmitiram conceitos muitos importantes no âmbito de SHST, e hoje quase no termo da minha Licenciatura em Segurança e Qualidade no Trabalho olho para o passado e vejo o quanto importante foi passar pela EPALC, porque ao longo da minha licenciatura apesar de aprender muitos conceitos novos, outros apenas os relembrei, uma vez que, na EPALC já tinha falado e aprendido acerca de determinados assuntos programáticos de SHST. Sem dúvida alguma a EPALC foi uma óptima escolha para terminar o 12ºAno e Frequentar um Curso Profissional. Vale a pena apostar na Epalc!" Isabel Patrícia Mesquita ( HS02) Téc. Superior de HST.

Onde estão sempre convidadas entidades de referência nas respectivas temáticas. Para além da Formação em Contexto de Trabalho/ Estágio em que o aluno contacta directamente com o mundo laboral, realizam-se inúmeras visitas técnicas sempre acompanhados com especialistas na área. Exemplo disso, a visita ao Laboratório de Ergonomia, da Universidade do Minho, pioneira no estudo antropométrico da população portuguesa, ou as obras de construção civil em que a empresa responsável pela construção, uma das mais reconhecidas no nosso país e internacionalmente na área da construção civil a DST -Domingos Teixeira da Silva- (certificada no Sistema integrado de Qualidade, Ambiente e Segurança, dando

assim cumprimento à Norma NP EN ISO 9001:2008, NP EN ISO 14 001:2004 e OSHAS 18001:2007), visita a uma das empresas de referência na área da prestação de Serviços de HSST, Medimarco, ao Laboratório de Análise de Solos e de Microbiologia Ambiental, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), pois a componente ambiental integra este curso, tornando-o ainda mais actual e interessante, etc. Assim sendo, a EAPLC pretende dar resposta a uma necessidade real em Portugal conferindo o nível 3 de qualificação profissional, aos alunos com o Curso de Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente, ainda presentes em números aquém dos desejados, face ao tecido empresarial no país. Vem, pois, frequentar um dos curso com mais sucesso na EPALC, onde o lema é “Aprender com prazer, para mais tarde saber…SER”. O Director do Curso HSTA Dr. José Castro


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agosto’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

Óleos alimentares aproveitados no Marco

Os óleos alimentares usados vão poder ser depositados em locais próprios, os óleões, equipamentos que começaram a ser colocados junto às baterias de ecopontos do Marco de Canaveses. O primeiro ponto de recolha de óleos alimentares usados (com capacidade para 120 litros), foi instalado junto ao Estádio Municipal. Até ao final de 2011 vão ser colocados 53 óleões, estabelece o protocolo assinado recentemente entre a Câmara Municipal do Marco e a empresa Biosys – Serviços de Ambiente Lda. Os próximos óleões vão ser instalados na Av. Gago Coutinho e no Bairro dos Morteirados, em Fornos. A Câmara do Marco anunciou ainda que na zona urbana vão ainda ser colocados três pontos de recolha na freguesia de Tuías (Av. Manuel Pereira Soares, junto à Cepsa, rua Dr. Manuel Vasconcelos e Travessa Amália Rodrigues). A empresa comprometeu-se a fazer recolhas mensais para evitar que os óleos depositados estejam na via pública por períodos de tempo demasiado longos, explicou António Pereira, diretor técnico da Biosys. Durante a assinatura do protocolo, o presidente da Câmara, Manuel Moreira, lembrou que um litro de óleo usado que é despejado pode contaminar um milhão de litros de água. O fornecimento de óleões para a recolha seletiva e encaminhamento dos óleos usados é uma obrigação legal e, ao mesmo tempo, “um esforço para criar melhores condições ambientais” e um sinal de “uma nova cultura ambiental que queremos na nossa terra e no nosso país”, afirmou Manuel Moreira. Até 2015 deverão ser colocados no concelho do Marco cerca de 140 oleões. No final da assinatura do protocolo, a Biosys entregou uma cadeira de rodas ao Promotor do Cidadão com Deficiência do Marco de Canaveses, Luís de Magalhães, um gesto que o presidente da Câmara definiu como “nobre e digno”. P.C.

Câmara pode ter de pagar 16 milhões de indemnização à Águas do Marco A Câmara do Marco de Canaveses vai recorrer para o Tribunal Central Administrativo da decisão do Tribunal Arbitral que obriga o município a compensar com 16 milhões de euros a empresa concessionária das redes de água e saneamento. “Consideramos que o Tribunal Arbitral não fez um julgamento justo e, como tal, o acórdão final é lesivo dos interesses dos cidadãos do Marco. A Câmara vai recorrer desta decisão, para que se faça justiça”, afirmou o presidente da autarquia, Manuel Moreira, em conferência de imprensa. A decisão do Tribunal Arbitral, conhecida no dia 20 de julho, ocorreu na sequência de um diferendo entre a autarquia liderada pelo social democrata Manuel Moreira e a empresa Águas do Marco, a propósito do contrato de concessão por 35 anos das redes de água e saneamento. O atual executivo considera que os valores previstos no contrato para serem cobrados aos munícipes são "demasiado elevados", cerca do dobro do que está a ser cobrado, segundo o vice-presidente, José Mota. Esse contrato está em vigor desde maio de 2005, quando era presidente da Câmara, Norberto Soares, que assumira o cargo depois da renúncia de Avelino Ferreira Torres, para este se candidatar à autarquia de Amarante. Após a vitória de Manuel Moreira no Marco de Canaveses, em 2005, o seu executivo iniciou negociações com a empresa para reduzir o valor cobrado, tarifas contestadas pela população que chegou a manifestar-se na rua. Segundo Manuel Moreira, as negociações nunca evoluíram de acordo com as pretensões da edilidade, o que levou a Câmara a avançar, em 2007, com a “modificação unilateral do contrato” de concessão, impondo à empresa uma diminuição de cerca de 30 por cento nos valores cobrados. Caso essa alteração não tivesse sido realizada, cada munícipe estaria agora a pagar por mês cerca de 72 cêntimos por metro cúbico, em vez dos 36 que estão a ser cobrados. Em 2008, a empresa recorreu ao Tribunal Arbitral, alegando que a intervenção do município desequilibrou, “em termos económicos e financeiros”, a concessionária das re-

des de água e saneamento. Aquela instância judicial deu agora razão à empresa e determinou que o valor que repõe o equilíbrio financeiro deverá ser de 16 milhões de euros, mais do que o que a autarquia estava disposta a aceitar, cerca de nove milhões de euros. Manuel Moreira reafirmou que está determinado em continuar a defender os interesses dos munícipes, lamentando que a empresa esteja preocupada com os resultados líquidos, que, alega, são superiores em cerca de 50 por cento face ao que se previa aquando do concurso público. “Isso é um escândalo”, enfatizou o autarca. No recurso para a instância superior, a autarquia vai tentar a nulidade do contrato de concessão, alegando “algumas irregularidades”. O município vai invocar o facto de, alegadamente, nem todos os documentos anexos ao contrato terem sido submetidos à apreciação da Assembleia Municipal. Vai alegar também que a entidade reguladora do setor (Instituto Regulador das Águas e dos Resíduos - IRAR) não se pronunciou sobre a minuta final do contrato. Outra alegada irregularidade foi o facto de, segundo o atual presidente, os serviços jurídicos da autarquia não terem sido chamados a acompanharem a elaboração do caderno de encargos e o programa do concurso. Embora tenha alegado não ter “números rigorosos”, o presidente da Câmara do Marco de Canaveses admitiu que cerca de dois terços da população do concelho continuam a não ter ligação às redes públicas de água e saneamento.

Festa da francesinha começa a 26 de agosto De 26 a 29 de Agosto a Festa da Cerveja, da Francesinha e dos Bons Petiscos, regressa ao parque da cidade do Marco de Canaveses. Promovida pela terceira vez pela Associação Empresarial do Marco de Canaveses, a festa marcuense, onde estarão representados oito restaurantes do concelho, tem suscitado a adesão de muitos milhares de pessoas. A animação musical vai ser feita por bandas de garagem, e ranchos folclóricos, além de sessões de karaoke.

Feira das Atividades recebeu 30 mil visitantes A Feira das Atividades Empresariais do Marco de Canaveses (FAE Marco) excedeu as expetativas tendo recebido 30 997 visitantes, divulgou Cláudio Ferreira, secretário-geral da Associação Empresarial do Marco de Canaveses, que organiza a FAEMarco. A edição deste ano (a oitava) decorreu “muito melhor do que a de 2009 e os comerciantes saíram muito satisfeitos com os contactos comerciais” que estabeleceram na feira. Face ao êxito alcançado, a FAE Marco já tem assegurada a edição do próximo ano. Cláudio Ferreira anunciou que a organização vai começar ainda este mês o processo de contratação dos artistas que participarão na edição de 2011.

tâmega

Celorico não assinou protocolo EDP/ Estradas de Portugal O presidente da Câmara de Celorico de Basto não assinou o protocolo que prevê a construção da ligação de Mondim de Basto à EN 210 porque o documento parte do pressuposto de que a barragem de Fridão já existe e o autarca entende que a sua construção "não é um facto consumado". Em declarações ao RM, o presidente da Câmara de Celorico, Joaquim Mota e Silva, entende que “seria impensável” assinar um protocolo que tem por base a existência da barragem. A Estradas de Portugal divulgou que “a construção desta ligação com cerca de três quilómetros [em terrenos maioritariamente localizados em Celorico], tem como objetivo aproximar Mondim de Basto da Via do Tâmega e restabelecer a rede viária afetada pelo Aproveitamento Hidroelétrico de Fridão, através de uma via com melhores condições de circulação, com maior segurança e conforto”. Salientando que não quer fazer “juízos de valor”, o presidente de Celorico diz que a não adesão ao pro-

tocolo “não foi uma atitude tomada de um dia para o outro” tendo sido previamente comunicada. “Cada coisa a seu tempo. Entendemos que não devíamos assinar um documento que nos colocaria na posição de anuir à própria barragem e nós ainda não dissemos que concordamos”, afirmou. A assinatura do protocolo seria considerar “que a barragem é uma inevitabilidade”, o que o autarca garante não ser verdadeiro. Neste momento, a autarquia está em diálogo com a EDP para obter medidas compensatórias. Joaquim Mota da Silva diz que há “questões ambientais que não estão devidamente acauteladas”. A primeira das contrapartidas de que o concelho “não abdica” é a salvaguarda da qualidade do meio ambiente. “Não havendo entendimento, não há barragem” diz o autarca. Dos cerca de 800 hectares de terrenos submersos pela albufeira, 40 por cento localizam-se em Celorico de Basto, considerado o concelho “mais afetado” pela barragem. P.C.



José Luís Carneiro, presidente da Dolmen

"Somos um agente activo na captação de investimento para o nosso espaço sub-regional" Projectos aprovados vão gerar mais de 80 postos de trabalho A Dolmen – Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega prevê a criação de 84 postos de trabalho, numa primeira fase, nos 39 projectos de investimento aprovados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER). O órgão de gestão do Grupo de Acção Local (GAL) da Dolmen encerrou no passado dia 27 de julho o processo decisional relativo às 76 candidaturas recepcionadas no âmbito do primeiro período de candidaturas ao Subprograma 3 do PRODER – Dinamização das zonas rurais. No total, foram aprovados 29 projectos de investimento no âmbito da medida 3.1 – Diversificação da economia e criação de emprego, e 10 relativos à medida 3.2 – Melhoria da qualidade de vida, explica o coordenador executivo da Dolmen, Rolando Pimenta. Na área dos serviços básicos para a população rural os cinco projetos aprovados

prevêem a criação de 33 empregos. Através de acções de criação e desenvolvimento de micro-empresas (com 16 projectos aprovados) prevê-se a criação de 29 postos de trabalho. No desenvolvimento de atividades turísticas e de lazer deverão ser criados 15 postos de trabalho nos 10 projectos que foram aprovados. Aos 84 postos de trabalho a criar nesta primeira fase do concurso do PRODER, há que acrescentar mais “oito postos já criados pela Dolmen, ligados directamente à gestão ou implementação do Programa no território, à investigação (no Centro de Estudos do Mundo Rural), e ao apoio à promoção e comercialização de produtos locais”, especificou Rolando Pimenta. Baião e o Marco de Canaveses são os concelhos do território Douro-Verde que tiveram maior número de projectos aprovados: 14 e 11, respetivamente. Seguem-se Amarante, com 8, Cinfães com 3 e Penafiel também com 3. O investimento total previsto nesses concelhos é de 6.987.500 euros e vão ser atribuídos incentivos financeiros no valor de 3.079.018 euros. O montante global de despesas elegíveis é de 5.374.675 de euros. O presidente da Direção da Dolmen, José Luís Carneiro, destaca que em todo o processo "fundamentalmente” tentou-se “que a Dolmen se afirmasse como um agente activo na captação de investimento para o nosso espaço sub-regional”, o que foi feito “com a preocupação de repartir os investimentos a apoiar de um modo equitativo e equilibrado e de valorizar as áreas e os sectores com maior potencial dos diversos municípios”. “Por um lado, quisemos apostar nos sectores tradicionais e em produtos locais de qualidade, como sejam os casos das carnes e dos vinhos, mas também na dimensão turística que tem conhecido um incremento singnificativo nestes municípios tanto no que toca à qualidade da oferta, como no número de turistas que nos procuram”, afirma José Luís Carneiro. Segundo o presidente da Dolmen, houve também a preocupação de “apoiar as empresas mais dinâmicas do território, e que estando ligadas a sectores de ponta, da inovação e do conhecimento, podem contribuir para a criação de riqueza e para o desenvolvimento integrado do território". A Cooperativa Dolmen prevê que o próximo período de candidaturas comece em outubro ou novembro próximos.


Projectos aprovados

1.º CONCURSO DO PRODER – SUBPROGRAMA 3 Aprovados 39 projectos de investimento: Prevista a criação de 84 postos de trabalhos na 1.ª fase

Acção 3.1 - Diversificação da Economia e Criação de Emprego Acção 3.1.1 – Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola Nº Provisório

Nome do Beneficiário

Nome do projecto

003

FAROL D’ÁGUA

LAND STORY - COUNTRY EMOTIONS & EXPERIENCE

014

POUSADELA - IMOBILIARIA, TURISMO E AGRICULTURA LDA.

CASAS DE CASEIROS

025

ANTÓNIO DE BARROS SOUSA RIBEIRO

COMPLEXO AGRO TURISTICO DE VILA BOA DE QUIRES

Acção 3.1.2 – Criação e Desenvolvimento de Micro-Empresas

O Órgão de Gestão do Grupo de Acção Local (GAL) Dolmen encerrou no passado dia 27 o processo decisional relativo às 76 candidaturas recepcionadas no âmbito do primeiro período de candidaturas ao Subpragrama 3 do Proder – Dinamização das Zonas Rurais. Foram aprovados 29 projectos de investimento no âmbito da medida 3.1 – Diversificação da Economia e Criação de Emprego e 10 relativos à medida 3.2 – Melhoria de Qualidade de Vida:

Nº Provisório

Nome do Beneficiário

Nome do projecto

002

CLAUDINA DE MAGALHÃES COSTA FERREIRA DE AMORIM

SALÃO DE EVENTOS

006

MEDIA MARCO - PUBLICAÇÕES, LDA

DOURO VERDE TV - WEB TV

010

CARNAROUQUESA - AGRUP. DE PRODUTORES DE BOVINOS

CRIAÇÃO DE UM TALHO

013

DIONÍSIO FERREIRA CARDOSO

PADARIA E CONFEITARIA S. JORGE

016

HELDER FERNANDO FERREIRA DA ROCHA

RESTAURANTE O ENGAÇO

020

SERVISAÚDE - SERVIÇOS DE SAÚDE DE BAIÃO, UNIPESSOAL LDA.

SERVISAÚDE

023

PROJECTO DIGITAL, ARTES GRÁFICAS, SOCIEDADE UNIPESSOAL LDA

PROJECTO DIGITAL

037

BAR DOS PAUZINHOS UNIPESSOAL, LDA

BAR DOS PAUZINHOS

040

PRAÇA D’AVENTURA UNIPESSOAL LDA.

ESPLANADA DO CENTRO CÍVICO, BOSS DISCO

043

GLOBALANG, UNIPESSOAL LDA

GLOBALANG - DESENVOLVIMENTO E SOLIDIFICAÇÃO DE ACTIVIDADE EMPRESARIAL

3.1.1 – Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola 3.1.2 – Criação e Desenvolvimento de Micro-Empresas 3.1.3 – Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer Sub-Total

049

A MINHA MÃE - RESTAURAÇÃO E TURISMO, LDA

O RETIRO DAS NOVELEIRAS

051

A.M. AGOSTINHO MOURA, SOCIEDADE UNIPESSOAL LDA

FILHOS DE MOURA - ADEGA REGIONAL

054

MARTINHA - SERVIÇOS AGRÍCOLAS, UNIPESSOAL LDA

EMPRESA DE PRESTAÇÃO SERVIÇOS

055

PECUÁRIA DO MARCO DE CANAVESES, LDA

CONSTRUÇÃO DE DOIS PAVILHÕES DESTINADOS A CRESCIMENTO DE AVES

064

ISABEL MARIA MIRANDA GOMES SOARES

TASQUINHA DO FUMO

065

BISCOITOS REGIONAIS DA TEIXEIRA SOC UNIPESSOAL LDA

ARRANJOS EXTERIORES DO CENTRO DE PROMOÇÃO DO BISCOITO DA TEIXEIRA

Acção 3.1.3 – Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer Nº Provisório

Nome do Beneficiário

Nome do projecto

001

MELO & LEME - TURISMO DE HABITAÇÃO, LDA

TURISMO DE HABITAÇÃO - EXPANSÃO E DIVERSIFICAÇÃO

004

MANUEL FRANCISCO RIBEIRO PINTO

CASA DE CAMPO - VINHA VELHA

005

MARIA LEONOR FÉLIX SILVA FONSECA LOUREIRO DOS SANTOS

O ACONCHEGO DAS RAÍZES

024

SUAVE RELEVO, LDA

CASA VENTUZELA

031

WALTER LAMEGO PINTO

CASA DO BAIRRO

033

CASA GRANDE PINHEIRO, LDA

TER NA QUINTA DA CASA GRANDE PINHEIRO

035

MARIA GEORGINA PIRES MACHADO COELHO SILVA

QUINTA DE GATÃO

036

MONTEIRO DA ROCHA LDA

CASA DE CAMPO DE SANTA CRISTINA ALPENDORADA

042

CASA DE GONDOMIL TURISMO NO DOURO, LDA

CASA DE VILA CETE

045

INSPIRAÇÃO DO CAMPO

INSPIRAÇÃO DO CAMPO

Acção 3.2 – Melhoria da Qualidade de Vida Acção 3.2.1 – Conservação e Valorização do Património Rural Nº Provisório

Nome do Beneficiário

Nome do projecto

047

ANTÓNIO QUEIROZ VASCONCELOS LENCASTRE

ESPAÇO CULTURAL E MUSEOLÓGICO AMADEO SOUZA CARDOSO

056

JUNTA DE FREGUESIA DE GONDAR

REVALORIZAÇÃO DO MUSEU RURAL DO MARÃO E CENTRO CÍVICO DE GONDAR

057

MUNICÍPIO DE BAIÃO

CENTRO COMUNITÁRIO DE TRADIÇÃO RURAL - MESQUINHATA

062

MUNICÍPIO DE BAIÃO

CENTRO COMUNITÁRIO DE TRADIÇÃO RURAL DE VALADARES

066

ASSOC. CULT. E REC. DE ST.ª CRUZ DO DOURO

GASTRONOMIA NA CASA DO LAVRADOR

MEDIDA 3.1 N.º de Projectos Aprovados

Acções

Despesas Elegíveis

Comparticipações Atribuídas

Postos de Trabalho a Criar

3

549.000€

290.796€

4

16

1.726.886€

997.663€

29

10

1.508.499€

828.909€

15

3.784.385€

2.117.368€

MEDIDA 3.2 N.º de Projectos Aprovados

Acções

Despesas Elegíveis

Comparticipações Atribuídas

Postos de Trabalho a Criar

3.2.1– Conservação e Valorização do Património Rural

5

593.427€

356.056€

3

3.2.2 – Serviços Básicos para a População Rural

5

996.863€

602.594€

33

1.590.290

958.650€

Sub-Total

Candidaturas aprovadas por Concelho do Território Douro-Verde Concelho Amarante Baião Marco de Canaveses Cinfães Penafiel Resende

N. Projectos Aprovados 8 14 11 3 3 0

Incentivo atribuído % 18% 30% 35% 8% 10% 0

Notas: 1 – Montante de Global de Despesas Elegíveis: 5.374.675€ 2 – Incentivo a Atribuir: 3.079.018€ 3 – Investimento Total Previsto: 6.987.500€ 4 – Data provável do próximo período de candidatura: Outubro/Novembro 2010

Acção 3.2.2 – Serviços Básicos para a População Rural Nº Provisório

Nome do Beneficiário

Nome do projecto

009

CERCIMARANTE C.R.L

FÓRUM SÓCIO OCUPACIONAL

017

PROGREDIR - ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL DO MARÃO OCIDENTAL

A CASA DOS AVÓS

032

ASSOCIAÇÃO ALEGRIA DE CRESCER

CENTRO DE DIA E SAD - ALEGRIA DE CRESCER

048

CENTRO SOCIAL DE VALE SANTA NATÁLIA

ESPAÇO GERAÇÕES 2

050

CASA DO POVO DE TABUADO

CENTRO DE DIA COM SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO

Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL

AMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL Telef. 255 521 004 - Fax 255 521 678

dolmen@sapo.pt


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repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

Cândido Barbosa volta a tentar a vitória na Volta a Portugal

UHF, Carminho e Rita Guerra na Agrival de 21 a 29 de agosto A 31.ª edição da Agrival – Feira Agrícola do Vale do Sousa vai decorrer de 21 a 29 de agosto no Parque de Feiras e Exposições de Penafiel. O programa de animação da Agrival, a maior feira do género na região, é variado e inclui sessões de karaoke, cantares ao desafio, atuações de ranchos folclóricos e espetáculos com José Malhoa, Rita Guerra, a jovem fadista Carminho, Leandro ou a banda UHF. Cada dia é dedicado a um concelho da região e durante a feira vão ter lugar as jornadas de hortofruticultura do Tâmega (no dia 26) e concursos de produtos da região: broa de milho, cebolas e melão casca de carvalho. A 24 de agosto realiza-se um concurso nacional de cães da raça podengo. No dia dedicado à Galiza (27), vai decorrer um convívio de produtores e engarrafadores de vinho verde . Em simultâneo com a Agrival realiza-se a 9.ª Mostra de Gastronomia, que funcionará das 12:00 às 01:30. Das 12:00 às 14:00 a entrada na praça da alimentação é livre. Na noite de encerramento vão ser eleitos a miss e o mister Agrival.

NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO EM BAIÃO DE PAULO FERREIRA DOS SANTOS

Justificação Certifico para fins de publicação que, por escritura nove de Julho de dois mil e dez lavrada a folhas seis e seguintes do livro de notas para escrituras diversas número treze - A, do Cartório em Baião, do notário, Licenciado Paulo Bruno Ferreira dos Santos, ANTÓNIO PINTO BORGES e mulher MARIA PALMIRA DA CONCEIÇÃO ALVES casados sob o regime de comunhão geral de bens, naturais da freguesia de Gestaçô, concelho de Baião, onde residem no lugar de Quintela, contribuintes fiscais 155.978.152 e 155.978.160, declararam: Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrém, dos dois seguintes imóveis. UM - Prédio urbano, composto por casa de habitação para caseiro com outra casa junta destinada a corte e arrumos agrícolas, sito no lugar de Ordem, freguesia de Teixeira, concelho de Baião, a confrontar do norte com caminho, sul, nascente e poente com António Pinto Borges, com a área total de cento e vinte vírgula sessenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 39, com o valor patrimonial tributário e atribuído de sete mil quatrocentos e noventa euros e setenta e cinco cêntimos, não descrito no Registo Predial. DOIS - Prédio rústico, composto por quinta de vinhas e souto, cultura, fruteiras, castanheiros, pinhal, mato e pastagem, sito em Vinhas, freguesia de Teixeira, concelho de Baião, a confrontar do norte com David Pereira, sul com caminho, nascente com Avelino Teixeira e poente com Serafim Lopes, com a área de trinta e três mil e trezentos metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 193, com o valor patrimonial tributário e atribuído de mil e quatrocentos euros e oitenta e seis cêntimos, não descrito no Registo Predial. Que eles justificantes possuem os referidos prédios desde mil novecentos e setenta e cinco por compra verbal a João Borges, viúvo, residente que foi no lugar de Vinhós, freguesia de Teixeira, concelho de Baião, cujo título por isso não dispõem. Que desde aquele ano entraram na posse dos imóveis, agindo sempre por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade plena, aproveitando todas as suas utilidades, usufruindoos, cultivando o rústico e colhendo os seus produtos, habitando e fazendo melhoramentos e reparações no urbano e, suportando os respectivos encargos de ambos, posse esta que exerceram até hoje, de modo contínuo, pacífica e publicamente e de boa fé, pelo que se afirmam proprietários dos prédios, justificando a sua aquisição, por usucapião. É certidão de narrativa e está conforme o original. Baião, nove de Julho de dois mil e dez. O Notário, (Paulo Bruno Ferreira dos Santos) Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (4m)

diversos

Ambientalistas tentam travar barragem de Fridão no tribunal administrativo A Associação Cívica Pró Tâmega avançou com uma ação popular administrativa onde pede que seja decretada a anulação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) da barragem de Fridão, no rio Tâmega. A ação, que foi entregue a 23 de julho no Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel e é dirigida contra o Estado português, representado pela ministra do Ambiente e Ordenamento do Território e contra a EDP – Eletricidade de Portugal, SA, requer “que seja decretada a anulação da DIA, condicionalmente favorável” relativa a Fridão e aprovada pelo secretário de Estado do Ambiente a 30 de abril último. A eventual anulação da DIA teria “como consequência direta a anulabilidade do licenciamento". A associação ambientalista foi constituída por escritura pública em Amarante em maio 2010 e integra membros do movimento Por Amarante sem Barragens e do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega. A Associação critica ainda a recente classificação de “albufeira de águas públicas de utilização condicionada” que poderá mesmo impedir quaisquer investimentos turísticos no vale do Tâmega, já anunciados por autarquias e empresários. “Com esta classificação não poderá lá ser feito nada”, sublinha a Pro Tâmega.

CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTE Departamento de Urbanismo

AVISO Nos termos do n.º 2 do artigo 78.º do DecretoLei n.º 555/99, de 16/12, TORNA-SE PÚBLICO que a Câmara Municipal de Amarante, emitiu em 26/04/2010, o alvará de loteamento n.º 1/2010 em nome e a requerimento de Predivimeã – Empreendimentos Imobiliários Lda, NIPC 506 674 711, que titula a aprovação da operação de loteamento do prédio sito no lugar de Balanceiros, freguesia de Real, descrito na Conservatória do Registo Predial na ficha 360/19900928 e inscrito na matriz sob o artigo 285. Operação de loteamento, com as seguintes características: Área total a lotear: 13691 m2; Número de lotes:18; Número de pisos: 3; Número total de fogos:18. Prazo para a conclusão das obras de urbanização: 18 meses. Amarante e Departamento de Urbanismo, 06 de Maio de 2010. O Presidente da Câmara, Dr. Armindo José da Cunha Abreu Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (3m)

Cândido Barbosa, o ciclista de Paredes eterno candidato à vitória na Volta a Portugal em bicicleta, quer concretizar este ano o sonho sempre adiado de vencer a maior prova velocipédica nacional. “O objetivo é concretizar o sonho de vencer a Volta a Portugal. Penso que, este ano, esse sonho poderá tornar-se realidade”, disse o também vereador na câmara de Paredes, assumindo-se como candidato à camisola amarela da corrida que vai estar na estrada entre 4 e 15 de agosto. Nem o facto de estar no Palmeiras Resort-Prio-Tavira, equipa do espanhol David Blanco, o grande favorito para o triunfo nesta edição, parece perturbar o seu desejo de vencer, depois de dois segundos lugares (2005 e 2007) e um terceiro (2006). Com 14 edições da Volta a Portugal nas pernas, na qual é o corredor em atividade com maior número de etapas ganhas, o “Foguete de Rebordosa” reconheceu que o nível da edição deste ano está um pouco abaixo do habitual. “Não podemos dizer que é o pior pelotão, mas é o mais reduzido dos últimos tempos”. A culpa, garantiu, é da conjuntura económica e não da falta de talentos nacionais.

Hospital de Amarante corta despesa O Hospital de São Gonçalo, em Amarante, deixou de ter cirurgiões ao fim de semana no internamento, uma medida adoptada pela administração para reduzir as horas extraordinárias. “Ao fim de semana os dois ou três cirurgiões que são precisos para garantir o serviço não tinham grande trabalho, raramente eram chamados a intervir, e isso significa que oneravam muito as contas do hospital", justificou a unidade de saúde.

Escavações em Lousada reveladoras A terceira campanha de escavações no Castro de S. Domingos, em Lousada, revelou um conjunto significativo de novidades e descobertas que atestam a ocupação diversificada do sítio, anunciou a autarquia. Para o vereador da Cultura, Eduardo Vilar, “cada nova descoberta aumenta a nossa perceção da história de Lousada e dos nossos antepassados”. Segundo a fonte, foram descobertos novos espaços funcionais contíguos à casa romana, nomeadamente “alinhamentos de pedras que denunciam expressivos muros romanos e castrejos” e recolhidos alguns indícios da eventual “extração de material argiloso que serviria posteriormente para a preparação das argamassas”.



Entrevista a Luís Braga da Cruz

Missão de Serralves é “fac expressão da cultura conte Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com | Foto Lusa

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Fundação de Serralves, com o seu museu e jardins, há muito se assumiu como espaço de referência no Porto. A sua missão, conta o presidente do Conselho da Administração da fundação, é “facultar a expressão da cultura contemporânea aos portugueses”. Um desafio que Luís Braga da Cruz aceitou quando em janeiro assumiu aquele cargo. Ser contemporâneo, explica, é “gostar de estar atualizado”. Em entrevista ao Repórter do Marão, o também professor de engenharia, admitiu que a arte contemporânea “não é muito amigável”, sendo mais fácil, por exemplo, “gostar de impressionistas franceses”. Porém, todo o período da história teve a sua contemporaneidade e Serralves está aí para “tentar perceber o tempo que vem a seguir”. “Cultura é tudo aquilo que tem a ver com a experiência humana e com a energia de criação e inovação que há em cada um”, diz Luís Braga da Cruz, 68 anos, presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves desde janeiro. Já foi deputado do Partido Socialista, ministro da Economia do Governo de António Guterres e durante 14 anos assumiu a liderança da Comissão de Coordenação Regional do Norte (CCDR-N). Licenciado em engenharia civil pela Universidade do Porto, tem um longo percurso pelas energias renováveis, pela engenharia de estruturas e pelo desenvolvimento regional. Teve vontade de se internacionalizar, e de seguir para um doutoramento nos EUA, mas acabou em Mafra, numa “carreira militar de vários anos”. No início deste ano, e “por convergência de fatores”, acabou por ser eleito para o cargo que agora ocupa: um projeto “de desafio” e que “corresponde a uma missão de fazer Portugal diferente, um bocadinho”. Da cultura contemporânea diz que “não se percebe, não obedece a critérios de racionalidade”, valorizando, contudo, a criatividade e os percursos. “É estar permanentemente em atitude de antecipação em relação ao futuro”, explica Braga da Cruz. Por Serralves têm passado os grandes nomes da expressão cultural contemporânea, aqueles que “marcam a agenda da contemporaneidade na escultura, instalações e vídeos”. Por isso mesmo, a fundação torna-se um “exemplo do que pode ser a internacionalização”, contribuindo mesmo para que “os portugueses possam ser do seu tempo e possam estar a par daquilo que se faz de melhor no seu tempo.

| Autarquias são “territórios de difusão cultural” | Em Serralves, o objetivo de Braga da Cruz é cumprir a missão da própria fundação: consolidar a coleção, progredir na divulgação dos valores contemporâneos e promover o debate das questões con-

temporâneas. “Um aspeto que talvez tenha sido reforçado, porque sou sensível a isso, foi promover a descentralização cultural”. Nesse sentido, defende que as câmaras municipais são “territórios de difusão de cultura” pelo que devem ser impulsionadas a “explorar a coleção de Serralves” a fim de incluir na sua programação cultural uma componente contemporânea. A finalidade de Serralves, destaca, é “facultar a expressão da cultura contemporânea aos portugueses”, e isso faz-se através de “facultar mostras, exposições de muita qualidade e criando uma coleção representativa do nosso tempo porque sem uma co-

leção um museu não existe”. Mas porque nem tudo o que emerge será perene, “é difícil fazer uma coleção de arte contemporânea” até porque Serralves “não pode ser muito experimentalista” ao contrário das autarquias que por vezes aceitam o desafio de apostar em jovens artistas. Anualmente Serralves recebe 400 mil visitantes, dos quais 115 mil jovens que frequentam os serviços educativos (visitas guiadas, ateliê, …). Domingo é o dia da semana que atrai mais pessoas ao espaço até porque “não se paga bilhete da parte da manhã”; uma forma de atrair novos e diferentes públicos. A Serralves chegam quase diariamente excursões. Vêm de al-

‘Regionalização seri para Portugal’ “Eu estou pessoalmente convencido nas vantagens da regionalização. Por tudo aquilo que foi a minha experiência de política regional, a regionalização seria muito boa para Portugal”, garante Luís Braga da Cruz, ex-presidente da comissão de coordenação nortenha. Acredita mesmo que a regionalização poderia ser uma solução para a situação de crise que o País atravessa, lembrando que “em qualquer país em que essa experiência foi feita, o desempenho económico, social e cultural ganhou muito”, tendo permitido “que quem estava mais periférico também se pudesse afirmar, dando contributos para que o todo nacional ficasse a ganhar”. O antigo presidente da CCDR-N assegurou mesmo não conhecer nenhuma “experiência parecida com a portuguesa – com uma gestão centralizada e apenas um nível central e um municipal – que tenha tido sucesso”. Sobre a questão de referendar a regionalização, Braga da Cruz responde “que a Constituição da República Portuguesa não previa fazer referendos para matérias como a regionalização”, sentenciando ter sido “um erro” levar a questão ao País, até porque “é uma matéria que pode ser de natureza política um pouco mais erudita”. Neste momento, salienta, restam “dois caminhos”: ou se retira tal obrigação – o que “seria o mais seguro para aqueles que gostariam de ver a regionalização implementada – ou então só se deve partir para um referendo “com um

largo consenso nacional” e com os dois grandes partidos a entenderem-se nessa matéria.

| É preciso exportar | Aparte a regionalização, o ex-governante sentencia que “a única forma de sairmos da crise é introduzindo mais riqueza no País e para tal é necessário vender para o exterior e recolher o resultado dessa venda”. Em outras palavras, Portugal precisa de exportar sem ficar à espera que alguém “venha comprar”. “Podemos exportar tudo desde que seja bem recebido nos mercados a que se destina”, salienta Braga da Cruz, realçando porém que “é necessário fazer bem e incorporar inovação” no que se exporta. Felizmente, garante, “há sinais de que as exportações portuguesas podem desenvolver-se” e Serralves pode, no domínio da cultura, dar o seu contributo ao “abrir Portugal ao mundo e fazer com que o País seja conhecido no exterior”. No domínio da cultura, Luís Braga da Cruz afirma que esta não é mais um sector que tem que ter acesso ao orçamento de Estado, lamentando que o orçamento para esta área esteja já “no limiar do aceitável”, podendo inviabilizar projetos que “vivem com grande sacrifício”. Serralves foi mesmo obrigada a fazer “alguma contenção” mas sempre com a preocupação de “não baixar a qualidade nem dar sinais que possam ser entendidos como um menor dinamismo”.


cultar a emporânea” deias do interior, de diferentes pontos do País e pela primeira vez na vida são confrontadas com formas de arte a que não estão habituadas. O número de visitantes estrangeiros “também tem vindo a crescer” e Braga da Cruz lamenta apenas que um dos défices do Porto seja o facto de “ter pouca oferta que mantenha os turistas por mais de dois dias” na cidade. Ainda assim, sublinha que “Serralves não é um projeto do Porto ou da área metropolitana”, querendo afirmar-se “como projeto nacional, criando uma coleção de referência ao nível nacional e fazendo parcerias com municípios portugueses do Minho até ao Algarve”.

ia boa Braga da Cruz é presidente do conselho geral da Universidade do Minho e dá aulas de história da engenharia civil na FEUP. Para o futuro “gostaria que Serralves se continuasse a afirmar”. Diz não ter desafios políticos mas garante continuar a ser “fiel” ao que acredita. Nome Completo: Luís Garcia Braga da Cruz Data Nascimento: 30 de maio de 1942 Habilitações Literárias: Liceu D. João III, Coimbra, 1951/59; Preparatórios de Engenharia, Universidade de Coimbra, 1959/62; Engenharia Civil, Universidade do Porto, 1962/65. Cargos exercidos: Deputado na X Legislatura; Consultor do Presidente da Comissão Executiva da EDP; Ministro da Economia do XIV Governo Constitucional, Lisboa, 2001/02; Presidente da Comissão de Coordenação da Região do Norte, 1986/01;… Frase: “Sou muito curioso, gosto muito de me meter nas coisas, de ler, de me informar e de chegar sempre um bocadinho mais longe”.

‘Nenhum convite me arranca da minha terra’  Nem um futuro Governo PSD levará o autarca para Lisboa


Corgobus é um caso de sucesso nos

Milhão e meio de pass Paula Lima | plima.tamegapress@gmail.com | Fotos | P.L. e Fátima Meireles

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cidade de Vila Real dispõe de um serviço de transportes públicos desde 2004. Com o número de passageiros sempre a crescer, a concessionária – Corgobus – vai ainda entrar em bairros mais isolados para dar mais mobilidade aos cidadãos. A empresa garante que os transportes podem ser amigos do ambiente, por isso associou-se a uma campanha de divulgação das espécies em extinção do concelho. À frente da Corgobus está um engenheiro de 44 anos, João Queirós, que depois de passar pela indústria metalúrgica se dedica agora aos transportes. Que balanço faz dos primeiros anos de atividade da Corgobus. O objetivo de diminuir os automóveis do centro urbano de Vila Real foi cumprido? Partindo do princípio que as pessoas que utilizam hoje os nossos transportes efetuavam um número de deslocações semelhantes, partindo do princípio que o número de habitantes e população flutuante é o mesmo e, tendo em conta que tínhamos uma previsão de atingir as 900.000 viagens nesta fase e estamos em 1.500.000, acredito que muitas pessoas deixam o seu transporte particular estacionado e recorrem ao transporte público, ao nosso transporte que, pela sua qualidade e eficiência, conseguiu demonstrar ser uma alternativa válida à viatura particular. Enquanto na maior parte dos casos o número de passageiros diminui, em Vila Real cresce. Como se explica esse fenómeno? As flutuações de passageiros têm muito a ver com determinados fatores que por vezes contrariam o que alguns “experts” dizem. Objetivamente, em Vila Real o número de passageiros cresce porque, relativamente ao desemprego, a situação, apesar de ter flutuações, não será crítica. Depois, numa cidade em que nos julgamos esquecidos do resto do mundo, percebemos que temos algumas coisas únicas – um transporte urbano de qualidade capaz de rivalizar ou suplantar o transporte das grandes me-

trópoles, como Lisboa ou o Porto. A idade média das viaturas é também baixa, as viaturas são bastante recentes, confortáveis e adaptadas às nossas necessidades. Não teremos “flores”, leia-se alguns meios que chamam muito a atenção de quem passa, mas temos o essencial para ser uma alternativa ao transporte particular. Ainda há margem para crescer mais em termos de passageiros? Acreditamos que estamos próximos do limite. Estamos a preparar, prefiro dizer antecipar, algumas necessidades que se revelarão brevemente na nossa cidade. Por acreditarmos nisso, estamos já a ultimar alguns estudos, algumas ações para podermos avançar. Se não o fizermos, a nossa margem de progressão será muito reduzida, correndo até o risco de diminuir. No âmbito do projeto Articular, a Corgobus vai adquirir um mini autocarro para servir os bairros mais isolados da cidade. Este é também um serviço social que a empresa vai cumprir? Podemos dizer que o Articular nos permite concretizar algo muito semelhante ao que foi proposto à Câmara Municipal de Vila Real (CMVR) há alguns anos e que, por razões várias, não foi possível implementar. O Articular vai permitir uma ligação entre os Bairros de Santa Maria, Araucária, Ferreiros e Pimenta. É importante que algumas pessoas, que estão no “centro” da nossa cidade e que possuem problemas de mobilidade, possam ter um meio que lhes possibilite deslocar-se. Há algumas pessoas que poderão conhecer outras realidades que hoje, apesar de estarem no centro, não conhecem, porque não saem de casa. Mas a Corgobus é um pequeno parceiro neste projeto que nunca poderia ter sucesso se não contasse com a colaboração ou se não posse “pilotado” pela CMVR. E novas linhas? Existem freguesias próximas da cidade que também reivindicam o transporte público?

Estamos, conjuntamente com a CMVR, a analisar várias possibilidades. Mas, como é habitual, só depois das coisas estarem acordadas/materializadas é que poderemos dar nota delas. Até lá, continuaremos a trabalhar e nunca esquecemos os pedidos que nos fazem chegar através de alguns abaixo assinados, quer tenham cinco assinaturas ou 500, ou apenas uma. Mas, há algumas coisas que temos todos que estar cientes! Há leis, há princípios que nenhum dos intervenientes no processo irá ultrapassar. Comecemos pela área de exclusividade que existe. Está definida, é conhecida e é uma área onde apenas a Corgobus pode prestar serviço. Infelizmente vemos muita gente a quebrar esta regra básica e elementar na frente seja de quem for e muitas vezes na frente de quem teria que tomar atitudes, transportando passageiros da Corgobus “ao mesmo preço” e alegando que “eles demoram muito, está muito atrasado…” Nós não participamos destes esquemas! Nunca o faremos. Para alargarmos a nossa zona de intervenção, terá que haver alteração da nossa área de exclusividade e, só assim poderemos dar resposta positiva a muitas das populações que, ano após ano, nos enviam abaixo-assinados. Quais são os principais problemas com que a empresa se debate? Debatemo-nos diariamente, a cada minuto, com a falta de educação, a falta de respeito, resumindo, a falta de princípios de muitas pessoas da nossa cidade. Isso revela-se a cada instante, com estacionamentos em 2ª e 3ª fila, com chamadas constantes às autoridades, para nos ajudarem. É lamentável, é triste! Desperdiçamos imensa energia com situações recorrentes, em que as soluções são fáceis de implementar. Basta que o civismo exista e, no caso de não existir que, cada um de nós faça cumprir ou exija o cumprimento de determinadas regras. É simples, é fácil e rápido, com a grande vantagem de nunca desperdiçarmos energias em coisas básicas.


transportes urbanos em Vila Real

ageiros transportados

Os autocarros podem ser amigos do ambiente? Os autocarros são amigos do ambiente. A tecnologia tem evoluído e temos tido novidades constantes, quer na melhoria de performance das viaturas quer a nível de emissões. Se associarmos a tudo isto a capacidade de transporte dum autocarro, concluiremos que ao utilizarmos o transporte público estamos a defender o futuro. A Corgobus tem sempre cuidado com este aspeto e, para além das últimas tecnologias a nível de viaturas, gastamos anualmente uns largos milhares de euros a tratar os resíduos que produzimos. Na nossa casa, até uma lâmpa-

da é separada e entregue a entidades que se encarregam do seu tratamento. Recentemente a Corgobus abriu as portas a "novos passageiros", através do programa de Biodiversidade da autarquia que pretende dar a conhecer espécies em extinção. Começámos a proporcionar a "novos passageiros" o conhecimento da nossa cidade! Estou certo que este conhecimento é recíproco ou seja, os "novos passageiros" não conhecem a cidade e a cidade e seus habitantes não

conhecem estes "passageiros" (na sua maioria). Assumimos o nosso papel. Não estamos cá apenas para transportar pessoas. Os "novos passageiros" são uma forma de assumirmos outra parte do nosso papel que é o de alertar para espécies que estão em vias de extinção, que é o fazer refletir um pouco o que andamos a fazer, o que andamos a provocar na natureza com as nossas ações. Por outro lado, gostamos de inovar, de provocar as pessoas, para que elas possam reagir, possam agir e, desta forma, melhorar a vida de “todos” nós, inclusive a destes e doutros "novos passageiros".


Clubes sociais em Bragança e Vila Real | At

Símbolos de um

Patrícia Posse | pposse.tameg

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as capitais de distrito da região transmontana, as mudanças sociais explicam os indícios de decadência dos clubes sociais. Beneficiando de uma localização central, são hoje espaços carregados de histórias, onde gerações se cruzaram e onde cabem todas as nostalgias. Com o surgimento de novas instituições culturais, os clubes perderam sócios, esplendor e visibilidade social. Agora, a prioridade é cativar sócios, sem atender às restrições elitistas que estiveram na sua génese. Antes do 25 de Abril, havia uma clivagem social em que só as pessoas com “uma posição social decente” eram propostas por sócios e aprovadas em Assembleia. Resistentes ao tempo, os sócios fiéis resumem-se a um grupo diminuto, cuja dedicação incondicional tem evitado o declínio e mesmo o encerrar das portas.

| Clube de Bragança quase centenário | Republicano na sua origem, o Clube de Bragança é uma associação recreativa, cultural e desportiva instalada no nº 154 da rua Abílio Beça. A coletividade surgiu no fim de 1935, no seguimento do Centro Republicano Emídio Garcia e do clube de caçadores que ali terá existido antes de 1911. “Foi sempre um marco dos ideais republicanos. Fizeram-se mesas redondas ativas e críticas, debates com os vários candidatos à câmara para sabermos os seus projetos”, recorda o ex-presidente, Júlio Carvalho. Local de encontro de republicanos, o Clube foi promotor de eventos cívicos e culturais, como colóquios, ciclos de cinema e teatro, exposições de pintura e fotografia, concursos literários, récitas, concertos, passeios pedestres e torneios de ténis de mesa. Em 1981, foi responsável pela 1ª Feira do Livro e por intervenções de cariz social, inclusive no plano das linhas férreas. Tidas como “as melhores da cidade”, as festas de fim de ano e de Carnaval no Clube ganharam fama. “Deixou de ter o espírito republicano para ser um pouco elitista. Juntava-se a fina flor de Bragança e as meninas de bem vinham aqui nos seus bailes de debutantes”, lembra Júlio Carvalho, 69 anos. Contudo, a fragilidade do chão obrigava ao cumprimento religioso de alguns procedimentos de segurança. “Na lapela dos casacos, usavam-se flores de duas cores. Enquanto dançavam os que tinham a flor amarela, os outros tinham que esperar. Depois trocava-se”, conta o sócio António Almendra. Se em tempos idos, a vida cultural brigantina gravitava em torno do Clube, hoje a oferta é variada. Com cerca de 180 associados, o Clube é visitado por uma dezena de sócios que todas as noites vai jogar às cartas, beber um café e conviver. “As pessoas são um bocado comodistas e a falta de estacionamento é um handicap para virem ao Clube”, afirma o atual presidente, João Genésio.

O edifício, conhecido por “Redondo”, albergou uma escola de música, acolheu uma mostra de cinema com 15 filmes de temática transmontana (alguns de cineastas como Manoel de Oliveira, João César Monteiro e Leonel Vieira), foi utilizado para a prática de ioga, como palco de ensaios teatrais e está aberto a novas iniciativas. “Facultamos o espaço só pelo movimento”, conclui o responsável.

| A resistência de um “vício bom” | José Taveira, 62 anos, é uma presença de longa data no Clube de Bragança. “Vinham casais com filhos e passavam-se momentos muito bons. Depois, começou a haver alternativas e as pessoas foram-se afastando. Hoje juntamonos 20 ou 30 sócios. Fazemos a nossa tertúlia diária, jogamos às cartas, conversamos um bocado, vemos televisão.” Rumar ao Clube é “um vício bom”. “Não sei o que seria deste grupo se, de repente, isto fechasse. Seria uma falha muito grande, porque estamos tão habituados a vir aqui todas as noites...” Aos 60 anos, Manuel Teixeira resgata à memória as vivências da meninice. “Eu e os meus amigos vínhamos jogar bilhar, convivíamos e tínhamos o baile infantil no Carnaval.” Os mais velhos jogavam as cartas “não para ganhar ou perder fortunas, mas para entreter”, um hábito que ainda perdura. “Isto está em decadência, o associativismo perdeu-se, o centro da cidade ficou sem gente e não há estacionamentos”, lamenta. Para Júlio Carvalho, a ligação ao Clube sempre foi “muito especial”, talvez pela assiduidade desde 1970 e pelos 12 anos na direção. O atual presidente do conselho fiscal recorda que, nos primórdios, ficou “um bocado dececionado”. “Era mais um clube de meia dúzia de pessoas que se encontravam para jogar à batota. Reagi, fui criticado e até insultado, mas não desisti do meu objetivo e consegui que isso desaparecesse.” Foi-se imprimindo “um novo cunho de promoção artística, cultural e social” e existiam cerca de 300 associados. O Clube atravessou “alguns momentos difíceis” até Júlio Carvalho ter assumido os comandos e verificar a necessidade de “dar uma nova fisionomia não só no corpo como na alma” do Clube. Num comunicado de 1998, lê-se que “fisicamente o Clube está velho, abandonado, disforme, agonizante e socialmente está inerte, inativo, parado, pobre, vivendo da caridade de meia dúzia de sócios que o vão, a custo, sustentando”. A intervenção infraestrutural acabou por acontecer com o apoio da autarquia, de mecenas e, evidentemente, com o contributo dos sócios. Numa noite de início de semana, o baralho de cartas espera pelos sócios que vão chegando quase a conta-gotas. Joga-se a sueca, o king ou o rami, enquanto se sedimenta um companheirismo de anos. Júlio Carvalho acredita que o futuro do Clube passará pelas novas gerações, porque, como diz, “a vida muda e a sociedade é


ividades desportivas asseguram novo dinamismo

prestígio perdido

gapress@gmail.com | Fotos | P.P. uma renovação constante, muitas vezes com retorno ao passado”. Para já, a única verdade insofismável é a luta pela continuidade. “Tanto eu como os meus companheiros de dia a dia nunca deixaremos que o Clube morra, porque lhe temos amor, porque o ajudámos a renascer e o dia em que ele estiver numa situação de moribundo, nós voltaremos e nunca acabará.” Essa afetividade à instituição é de tal ordem que quando o prédio foi posto à venda, cinco sócios estavam dispostos a comprar o imóvel para oferecer ao Clube. É essa irmandade que os reúne ali, noite após noite, numa atmosfera de convívio saudável. “O Clube pode ter um papel importante, porque estamos a comemorar a República e em 2011 vai fazer 100 anos”, lembra.

| Desporto e música para angariar novos públicos | Se antigamente os clubes eram mais vocacionados para as atividades socioculturais, hoje a componente desportiva tem um peso incontestável na tentativa de lhes restituir “vida”. No ano passado foi criada a equipa de futebol de veteranos, pois é uma modalidade “não profissional, virada para os encontros e os custos não são grandes”. “São, pelo menos, 60 pessoas envolvidas, o que dá um certo movimento ao Clube”, frisa João Genésio. A par do desporto, promovem-se concertos com música ao vivo todas as sextas-feiras de cada mês para “cativar as pessoas”. Em Vila Real, a aposta passa pelo ténis de mesa, que tem feito renascer o Club. Criada no final de 2008, a secção passou de 7 para 19 atletas federados. “A nível nacional já somos dos melhores e fomos campeões regionais de seniores em 2009/10. Temos outros projetos que passam pelo xadrez, com aulas ao sábado à tarde”, afirma o atual presidente, João Gonçalves. A sala, outrora palco de bailes, foi invadida por mesas de treino. Os espelhos estão cobertos com fotografias das equipas e as paredes vestidas com os recortes da imprensa que dão conta das vitórias. Conciliar os treinos é um desafio pela exiguidade do espaço. “Chegam a estar 16 miúdos dentro desta sala e para treinar é muito complicado”, admite o treinador ucraniano, Alexander Stanko. O Club está aberto todos os dias, inclusive com treinos à noite para quem quiser praticar por lazer. João Gonçalves avança que estão a ser preparados concertos de música clássica e negociada com os lares a realização de bailes ao domingo.

| Longevidade em Vila Real (com)prometida | Na comemoração dos 116 anos de vida, a intenção de angariar novos sócios mantém-se firme e urgente. “De há um ano para cá, já estan-

cámos e invertemos a queda. As pessoas sabem que existe mais atividade e estamos a crescer devagarinho, com os pais dos miúdos que praticam ténis de mesa a tornarem-se sócios”, explica João Gonçalves. Recentemente, abriu o bar para “mostrar que há outro dinamismo”. Fundado em 1894, o Club de Vila Real é uma das associações mais antigas em todo o País. “Era um clube de alta sociedade e nem os maiores comerciantes da rua Direita conseguiam entrar. Agora tem sido uma decadência muito grande, mas ainda bem que isto vai ter nova vida”, menciona Mário Pinto, sócio nº 3 do Club e ex-presidente. Instalado na Casa dos Marqueses de Vila Real, o Club tinha por fim “promover a instrução e recreio dos sócios” e para o efeito dispunha de um gabinete de leitura. O acesso ao Club estava vedado aos menores de 12 anos “salvo em festas promovidas especialmente para crianças”, pode ler-se nos Estatutos. Até à década de 70, o Club tinha uma grande afluência, chegando o número de sócios às quatro centenas. “Depois tornou-se mais frequente jogar as cartas a dinheiro e isto estava a morrer. Tiveram mesmo que vender o património”, relata João Gonçalves. Atualmente, os sócios pagantes são poucos. “Não chega se calhar à centena, mas alguns sócios contribuíram para que o Club não tivesse morrido e agora não pagam a quota.”

| Dedicação a tempo inteiro | Fernando Sousa, 82 anos, trabalhou no Club quase meio século e residiu com a família no último piso. Portanto, conhece bem cada recanto e as lembranças são irrequietas. “Vim governar a minha vida, atendia os sócios, servia as bebidas no bar, punha as cartas na mesa.” Em 1949, as gorjetas ultrapassavam largamente o salário de 750 escudos. “As pessoas que jogavam eram ricas e tirava quatro ou cinco vezes mais nas gorjetas. Depois houve uma queda social e as pessoas começaram a não vir.” No Club “não entrava qualquer um, só as pessoas nobres da cidade”, sendo que a maior parte dos associados vinha por ocasião dos bailes e das festas. “Era por convites ou se algum sócio quisesse trazer um amigo tinha que pedir à direção. Eram bailes chiques que geravam curiosidade. As pessoas vizinhas quando sabiam que havia bailes vinham para a entrada ver como é que as meninas vinham vestidas.” O Club era frequentado sobretudo por um público masculino que dava corpo ao “vício do jogo”. “Nesse tempo, jogavam toda a noite. Alguns saíam daqui diretamente para o trabalho”. Fernando Sousa conta ainda que a primeira instituição a ter televisão em Vila Real foi o Club. Então, “as senhoras vinham para a sala de televisão e os homens para as de jogos”. Porém, agora “não é nada como era” e o antigo funcionário sobe as escadas do Club só “para matar saudades e passar o tempo”.


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agosto’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

nordeste

Bienal de Gravura mostra trabalhos de 360 artistas  Entre 10 de agosto e 31 de outubro

Classificação da linha do Tua pode travar a barragem?  Ambientalistas conseguiram abrir processo no IGESPAR Os defensores da linha do Tua anunciaram que conseguiram abrir o processo de classificação da via férrea como monumento de interesse nacional o que poderá travar a construção da barragem de Foz Tua se a decisão for favorável. A abertura do processo implica, segundo a lei, e mesmo antes de qualquer decisão, que os imóveis em apreciação “não podem ser demolidos, alienados, restaurados ou alterados”, além de fixar uma zona de proteção de 50 metros onde não pode haver qualquer intervenção sem autorização e parecer prévio do IGESPAR. A construção da barragem de Foz Tua, que se encontra ainda em fase de aprovação, está prevista para a zona da linha férrea e a albufeira submergirá 16 quilómetros. O pedido de classificação da linha partiu de um movimento de cidadãos que tem Manuela Cunha como primeira subscritora do requerimento a pedir a classificação que, segundo disse à Lusa, foi admitido pelo IGESPAR- Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. O processo foi desencadeado por um requerimento subscrito por mais de uma centena de pessoas ligadas ao mundo artístico, cultural, político e à “luta do Tua” e seguiu-se a uma petição com mais de cinco mil assinaturas que não teve sequência na Assembleia da República.

| EDP lançou concurso | A EDP não comenta o processo de classificação da linha nem eventuais consequências para a barragem, cujo concurso já foi lançado. A empresa prevê arrancar com as obras antes do final do ano, embora ressalve que estes procedimentos nunca avançarão antes da apro-

vação do RECAPE - Relatório de Conformidade Ambiental - que se encontra em discussão pública até 06 de agosto e que decidirá o impasse entre a linha e a barragem. A ativista da linha do Tua, Manuela Cunha, que é também dirigente do Partido Ecologista os Verdes (PEV), classificou estes procedimentos da EDP como “uma atitude descabida”. “Nada impede a EDP de contratar um empreiteiro e um arquiteto, mas lançar um concurso num terreno que não lhe pertence, não faz sentido”, afirmou a ativista, frisando que a concessão ainda é provisória.

| Parque natural? | A EDP propôs hoje a criação de uma das maiores áreas protegidas do país em torno das barragens do Sabor e do Tua o que desagrada a alguns autarcas locais pelo papel que o ICNB possa vir a assumir no projeto. Esse parque natural Sabor/Tua seria, segundo um administrador da EDP, “possivelmente o segundo ou terceiro maior do país” e “autossustentável” com uma verba anual garantida entre 800 mil a um milhão de euros. Este valor é a soma dos fundos financeiros ambientais garantidos para as zonas envolventes dos dois empreendimentos correspondentes a três por cento da receita líquida anual de produção de energia de cada barragem. Embora a EDP tenha avançado que já fez uma primeira abordagem com o Ministério do Ambiente depois de ter o parecer favorável dos municípios, a ideia foi recebida com reservas pelos presidentes das Câmaras de Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo.

Seminário sobre transportes escolares em Vila Real Especialistas, autarcas e operadores vão debater, de 9 a 11 de setembro, num seminário em Vila Real, os problemas, desafios e oportunidades dos transportes escolares e rurais. As soluções de articulação e integração que poderão levar a uma otimização dos custos que as autarquias despendem anualmente no transporte escolar vão ser um dos temas a debater no Teatro de Vila Real na terceira edição do seminário MS_TP (Mobilidade Sustentável e dos

Transportes Públicos). Para o coordenador do seminário, Luís Ramos, “a problemática da mobilidade nos territórios rurais resulta, em grande parte, do ciclo vicioso da perda da população – perda de serviços – perda de transportes” e “a necessidade da procura de soluções alternativas de transporte para estes territórios deve privilegiar a flexibilidade, a criatividade e a maximização de recursos existentes no terreno”.

A Bienal Internacional de Gravura arranca a 10 de agosto com 16 exposições, compostas por 750 obras de 360 artistas de 74 países, que vão estar espalhadas pelo Douro. A quinta edição da bienal do Douro vai prestar homenagem ao artista catalão Antoni Tàpies, considerado pela crítica como um dos maiores nomes das artes plásticas do século XX, ao nível de Picasso, Marcel Duchamp ou Pollock. Há 10 anos que o evento coloca o concelho duriense no “mapa cultural nacional e mundial”. O diretor técnico, Nuno Canelas, salientou que a quinta edição vai ser a “maior mostra de sempre da arte da gravura”, já que integra 16 exposições que vão poder ser vistas em Alijó, Vila Nova de Foz Côa, Peso da Régua, Vila Real e Porto. Como novidades para este ano, o responsável destacou a abertura aos processos digitais de gravura e a entrada da bienal para o mundo virtual Second Life, onde vão estar expostas 24 gravuras. “Contrariando o marasmo cultural do país em tempo de crise, que arrasa tudo o que for cultura e arte, a Bienal Internacional de Gravura do Douro está aí, mais forte do que nunca”, salientou Nuno Canelas. A Câmara de Alijó é a principal parceira da organização e apesar da crise, o presidente Artur Cascarejo salientou o “enorme esforço” feito para continuar a apoiar a iniciativa que considera ter um “sentido estratégico” para o Douro e para o país. Até 31 de outubro, vão ser realizados workshops sobre “Gravura não tóxica”, “Gravura em metal”, “Gravura rupestre” e a conferência “Gravura contemporânea versus gravura rupestre”. Artur Cascarejo salientou ainda a ligação à escola, numa clara aposta na “formação de públicos” para “garantir o futuro”. A Gráfica Urbana (Porto), o Teatro Municipal de Vila Real, o Museu do Douro (Régua), o Centro Cultural e Museu do Côa, o Museu do Pão e do Vinho (Favaios) e o Pavilhão Gimnodesportivo, Biblioteca, Auditório Municipal e Piscinas Municipais de Alijó vão acolher obras de nomes consagrados e de jovens artistas em formação.

Barca movida à luz do sol navega no Tâmega em Chaves Uma barca movida a energia solar inspirada nas que noutros tempos transportavam cereais para um moinho junto à margem do rio Tâmega está a navegar desde há uma semana, no troço que passa por Chaves, por iniciativa de um artesão/inventor local. “A ideia da criação da barca assentou em três pontos: pôr em prática o espírito criativo, aplicar as energias renováveis e recordar as embarcações que noutros tempos via andar pelo rio Tâmega”, contou à agência Lusa o autor da ideia, Amílcar Cunha, de 47 anos. Durante o fim de semana e feriados, este inventor oferece viagens entre a ponte Romana e a ponte Nova, aos interessados que queiram passar 10 minutos numa barca movida por energia solar. A barca, que custou cerca de dois mil euros, é feita de madeira, tem lugar para seis pessoas, suporta cerca de 400 quilos e movimenta-se à luz solar, através de um painel fotovoltaico. Nos dias em que o sol não aparece, a barca possui um sistema de movimentação alternativo, através de uma rotação pedaleira que põe em movimento um motor elétrico. Amílcar Cunha, empresário do ramo da vidraria, aproveitou os tempos livres depois do trabalho para a construção da barca solar, que só lhe demorou uma semana. “Desde de muito novo que gosto de fazer engenhocas", justifica.


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nordeste

Produtores de Chaves vendem diretamente ao cliente ao sábado O Clube de Produtores de Venda Direta do Alto Tâmega, implementado há cerca de dois meses, criou o “Mercadinho de Chaves”, junto à ponte romana, para promover o escoamento da produção dos pequenos agricultores da região. O objetivo deste mercadinho, montado na margem direita do rio Tâmega, é “eliminar os intermediários e ajudar os produtores a escoar e promover os produtos das suas colheitas”, disse o presidente do Clube, Fernando Batista, citado pela Lusa. “Esta ideia não tem nada de novo”, acrescentou o responsável, salientando que ela surgiu das suas viagens a Itália e Alemanha onde existem estes mercados de venda direta de produtos às pessoas. O “Mercadinho de Chaves” funciona apenas uma vez por semana, aos sábados de manhã, das 9:00 às 13:00, onde os produtores colocam à venda fruta da época, legumes, pão, azeite, vinho, entre outros produtos. Para poder montar uma banca no local os agricultores “têm de pertencer ao clube e apresentar produtos de qualidade”, disse Fernando Batista. O preço dos produtos, que é estabelecido pelos próprios agricultores, “tem de ser um preço módico”, disse. “Afinal o mercadinho tem a função de oferecer produtos de qualidade a preços acessíveis”, frisou. O problema dos produtores do Alto Tâmega, segundo Fernando Batista, é produzirem em pouca quantidade, os produtos não serem procurados e não terem possibilidade de os colocar diretamente em grandes superfícies comerciais. “O mercadinho tem a vantagem de não ter intermediários na venda e os produtores poderem aumentar os seus rendimentos ao vender diretamente os produtos aos consumidores”, referiu.

Governo acredita que o Túnel do Marão será retomado em breve

 Arte rupestre

Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa já pode ser visitado O Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa abriu as portas 15 anos depois da polémica que suspendeu a construção da barragem devido aos protestos de ambientalistas e de especialistas em arte rupestre. Foi inaugurado pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, e pelo primeiro-ministro José Sócrates. O equipamento cultural representou um investimento de cerca de 18 milhões de euros, passando a ser o principal ponto de acolhimento do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC). Foi construído com o objetivo de divulgar e contextualizar os achados arqueológicos do vale do Côa descobertos em 1994 e que estiveram na origem da suspensão das obras de construção da barragem. O processo teve como ponto alto outubro de 1995 quando o Governo de António Guterres ordenou a suspensão da construção da barragem na foz do Côa devido às gravuras rupestres encontradas e classificadas pela UNESCO como Património da Humanidade, em dezembro de 1998. Com a identificação de diversos núcleos de gravuras e depois de vários protestos e debate público, nasceu o PAVC considerado como o maior museu do

mundo ao ar livre do Paleolítico. As gravuras, que já eram referenciadas por pastores locais, ganharam fama mundial após o arqueólogo Nelson Rebanda ter identificado a denominada rocha da Canada do Inferno. Após muita polémica, que dividiu os habitantes de Foz Côa, a construção da barragem foi interrompida e a EDP foi indemnizada em muitos milhões de euros. Após avanços e recuos, incluindo a alteração do local de construção do museu - inicialmente projetado para o sítio onde a barragem começou a ser edificada, na Canada do Inferno, mas posteriormente deslocado para uma encosta sobranceira à confluência dos rios Douro e Côa, no vale José Esteves, na zona norte do PAVC - a obra começou no terreno no início de 2007. Naquele local, os autores do projeto, Tiago Pimentel e Camilo Rebelo, idealizaram um monólito com janelas em frestas, semi-enterrado e com oito metros de altura na vertente virada para o Douro. O trajeto expositivo foi desenvolvido de forma a possibilitar duas alternativas: um percurso cronológico e outro temático, estando também previstos espaços para acolhimento de exposições temporárias.

Escavações revelam possível observatório

O secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, acredita que a escavação do Túnel do Marão, inserido na autoestrada entre Amarante e Vila Real, vai ser retomada em breve, depois de parada por decisão do tribunal praticamente desde novembro de 2009. O governante referiu que as imposições definidas pelo tribunal e que vão permitir monitorizar os impactos da construção do túnel estão a “breves dias de estarem concluídas”, o que permitirá “muito rapidamente” retomar os trabalhos. A escavação do túnel ainda foi retomada a 04 de maio por decisão do Tribunal Central Administrativo do Norte (TCAN), que levantou a suspensão provisória, mas foi novamente suspensa pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel no início de junho. A paragem das obras resulta de uma providência cautelar interposta pela empresa Água do Marão. De momento está a ser feita a instalação dos piezómetros, instrumentos que servem para fazer a medição dos caudais. Devido às diversas paragens nas obras, a ligação por autoestrada entre Amarante e Vila Real só deverá ficar concluída em 2012, registando já cerca de um ano de atraso.

As escavações arqueológicas no Castanheiro do Vento, concelho de Vila Nova de Foz Côa, estão a revelar uma colina monumentalizada com um possível observatório, afastando a ideia de se tratar de povoados fortificados da Idade do Cobre. “O paradigma aqui presente altera a ideia funcionalista de isto serem povoados fortificados”, pois os habitantes de então “não construíam estas células para se defenderem, mas como uma fonte de referência identitária no território”, afirma Vítor Oliveira Jorge, o arqueólogo responsável pela escavação. No topo da colina, transformada desde há 5 mil anos “numa espécie de labirinto de construções em forma de flor, como que representando o Cosmos”, ter-se-á erguido “uma grande torre, que lembra a de Babel”, acredita Vítor Oliveira Jorge (na foto, da Lusa). A comparação parte da ideia de que uma suposta elevação de argila, “assente numa grande estrutura em pedra de xisto”, poderá “ter servido de observatório”, num local cuja história é desvendada por voluntários de várias línguas e países. Vítor Oliveira Jorge, professor da Faculdade de Letras do Porto, recorda a existência de uma “sociedade sem escrita” que através da construção arquitetónica “quis deixar algo ali que ficasse na memória”, num processo “consciente de construção de identidade”, sustenta.

“Era uma população que começava a sentir a necessidade de viver um universo simbólico, numa narrativa coletiva”, afirma Vítor Oliveira Jorge, equiparando este processo com “a necessidade que hoje temos em pertencer a agremiações e clubes”. A época em causa - entre 3 e 2 mil anos a.C. – marca o “começo do apego à terra que não existia no paleolítico” e a “transição para sítios de reunião imponentes”, explica o também presidente da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnografia (SPAE). Desde 1998 que se efetuam escavações neste sítio da freguesia de Horta do Douro, numa cooperação da Universidade do Porto com outras universidades estrangeiras, e o Instituto Politécnico de Tomar, em parceria com a Associação Cultural Desportiva e Recreativa (ACDR) de Freixo de Numão.



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Pior cego é aquele que não quer ver Pouco tempo depois da autarquia de Amarante comemorar, com pompa e circunstância, os 100 anos da linha férrea em Amarante, eis que, passados três dias, a mesma é encerrada “para obras”. Assegurava a representante do governo que, questões de segurança a tal obrigavam, mas que “…dentro de quatro meses os trabalhos se iniciariam e que no espaço de dois anos estariam concluídos”. Num ápice, os carris foram arrancados e levados para??!!….. Entretanto, o tempo foi passando. Quando todos já desconfiavam da concretização das promessas, do governo socialista, o representante autárquico-mor afirmava-se confiante. Por diversas vezes questionamos o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Amarante sobre o estado do processo de requalificação da Linha do Tâmega, e ele, crente, respondia repetidamente: “Está, como estava!”, “Está como estava!”, “Em Março 2009, a Sra. Secretária de Estado garantiu que dentro de dois anos estaria reaberMaria José C. Branco ta” (3/5/2010), “…a obra conVereadora PSD - Amarante tinua prevista, dependendo

do cabimento orçamental.”(17/5/2010). Seria confiança? Seria ingenuidade? Hum… há tantos anos na política socialista e há vários anos com a “linha Sócrates”? Será possível, alguém ainda acreditar?... Com que então “Está como estava!”? Infelizmente, nem isso! Afinal, não estava, não está, nem nunca estará! De credível, só a vossa profunda fidelidade para com aqueles que professam a “linha Sócrates”, e não é ao grego que me refiro!... Porque esse, deixou saudade! Ora, se não é ingenuidade, só pode ser confiança cega em quem já nos habituou a desdizer de tarde o que afirmou de manhã. E, meus amigos, “Pior cego é aquele que não quer ver”. Há pouco tempo, faleceu um português que, de forma mestra, trabalhou o tema da cegueira, mais ou menos voluntária, mais ou menos inconsciente. À semelhança da sociedade que este nosso compatriota reproduziu, numa das suas obras, continuamos a ensaiar, ninguém sabe ainda para quê e até quando, numa cegueira, surda e muda. A Linha do Tâmega, está longe de estar como estava. Acabou há muito, foi-se com os carris tão rapidamente arrancados. Vários outros serviços já não estão, outros vão deixando de estar. E, Amarante vai-se atolando neste cenário de cegos devotos que não querem ver!....

Urbanismo e democracia

se, a negligência, o crime económico, o criUrbanismo e democracia estiveram me ambiental; a dependência externa; as sempre ligados, embora pouco se note, as dívidas sobrecarregam as famílias portuopiniões encarreiram-se para o fácil utiliguesas já muito fragilizadas pela crónica faltarismo. Quando todos compreendem o ta de emprego. Os recursos públicos drenaBelo; evitaríamos a real selvajaria do urdos pelos interesses imobiliários, vão desde banismo em Vila Real. a água, minerais, electricidade, produtos orA cidade agrega num todo, o ambiengânicos e inorgânicos e mão de obra. Urge te, a política e o povo. Uma cidade que bapois combater este flagelo que mina a demoseie a sua economia no sector imobiliário cracia da cidade dando mais força à justiça não cria oportunidades e riqueza para toe promover o desenvolvimento da transpados, por outro lado impõe moralmente que rência, equacionar orçamentos autárquicos cada um seja proprietário através do cré- Paulo Seara com menor contributo do sector imobiliário, dito. A prioridade do emprego, saúde e da BE Vila Real e canalizar as energias e recursos para proeducação é negligenciada. É como água gramas sustentáveis de reabilitação urbana, e ponderar esvaindo-se num barril com fuga. A cidade adoece lentainvestimentos dúbios; como o Hotel do Parque e outros mente. O neo-liberalismo não está com o equilíbrio da cianões discretos. dade, não é uma prioridade, apenas as crises que o alimenSão conhecidos os efeitos das políticas do betão. São tam. Os governantes que são a charneira do sistema não conhecidos os protagonistas, envolvidos em processos juestão interessados nem no ambiente nem no povo, a qualidiciais, actos de corrupção e casos nebulosos. Os cidadãos dade de vida da cidade empobrece, e num dominó todos os têm que deixar de ser moles, com estes indivíduos. cidadãos ficam mais fracos. Os cidadãos fracos ficam obeOs efeitos das más políticas urbanísticas: descaractedientes e alicerçam os seus sonhos na sombra dos mais rização, degradação, insustentabilidade agudizam-se. Vila fortes. Preocupados com as migalhas dos fortes. Quanto Real nunca vai ser uma cidade de 200 mil habitantes em custa ser proprietário com migalhas. Ter uma casa feita 2025. Saibam, que todos os PDM´s de Portugal servem com migalhas. para viver 30 milhões habitantes. Desastres ambientais É urgente implementar um programa de reabilitação como os da Madeira vão acontecer com mais frequência. urbana ao nível nacional (projecto de lei do Bloco de EsO que aconteceu este inverno em Rio Tinto (Porto), foi só querda) que visa: um beliscão. a) apoio à reabilitação urbana no valor de 5000 miEm Vila Real, a economia, o ambiente urbano e rural lhões de euros e a qualidade de vida estão em exibição na montra das ilub) uma bolsa de habitação para arrendamento fora do sões. Gostaríamos, profundamente de ter outra capitalimercado especulativo dade inserida no edifício democrático, e pensar bem nas c) pressão fiscal sobre os proprietários para colocar as causas e consequências das torres de marfim do mercado. habitações na bolsa de habitação Existem duas maneiras de encarar esta problemátid) criação de um fundo de apoio aos proprietários poca: acreditar nos ditames do mercado e seguir uma senbres sação de falsa segurança ou optar por políticas atentas às e) criação de trabalho para pequenas empresas dinâmicas sociais dos nossos tempos, que entregam os cif) dinamizar o mercado de arrendamento e congelar a dadãos à lei da selva. dívidas externa ( o cerne do PEC) Estaremos sempre solidários com os segundos e proPor enquanto a política de habitação em Portugal é curaremos debater com os primeiros. avulsa e minada pelos interesses do rentismo e das mais valias. Procura explorar o direito à intimidade dos cidaseara.paulo@gmail.com dãos. Entre o galope do PSD e o trote do PS perpetua-

opinião

O imobilismo do PS

José Sócrates apresentou-se no debate do Estado da Nação como alguém que não se preocupa com a construção de um clima parlamentar favorável à governabilidade. O discurso do Primeiro-Ministro foi recheado de provocações a todas as bancadas parlamentares, bem ao tom da anterior legislatura. A agravar tal comportamento regista-se o uso de elementos estatísticos de 2008, no que diz respeito à pobreza, misturados com elementos parciais, infelizmente circunstanciais, quanto ao desemprego em Junho de 2010. Escamoteou o senhor Primeiro-Ministro que os dados da pobreza de 2008 verificaram-se aquando de uma taxa de desemprego de 7%, ou seja, abaixo dos 400 mil desempregados. Hoje, a mesma, infelizmente, é superior a 10%, pelo que mais de 150 mil portugueses estão em risco ou em situação efectiva da pobreza. Aliás, no geral, o Primeiro-Ministro gastou o seu tempo a negar a responsabilidade essencial do seu Executivo na grave situação que o País atravessa e a denegrir as propostas do PSD em matéria de revisão Marco António Costa constitucional. Vice-Presidente da Comissão O PS, mais Politica Nacional do PSD uma vez, revelou-se conservador e imobilista em matéria de revisão constitucional. Também no passado aquando de anteriores revisões constitucionais, o PS sempre se assumiu conservador. Recorde-se aquando da proposta do PPD, para acabar com a tutela militar do regime através da extinção do Conselho da Revolução, ou então para que terminasse a irreversibilidade das nacionalizações. Então, como agora, o PS resistiu e com isso transformou-se num travão à rápida modernização política e económica do País, atrasandoo face à restante Europa. O PSD não falhará a missão histórica de modernizar Portugal, reformando o Estado e transformando-o num instrumento ao serviço dos cidadãos e do desenvolvimento do País. O PS, de hoje, demitiu-se de ser uma força transformadora da sociedade, acoitando-se numa postura rezinguenta e truculenta face às propostas que o PSD legitimamente apresenta para mudar Portugal. O PS, infelizmente, assume-se apenas como partido comentador e destruidor das propostas do PSD. Já lá “vai o tempo” em que o PS clamava por ideias e se afanava de só ele “puxar” por Portugal, criticando o PSD por não ser capaz de apresentar propostas. É este o PS, que agora ao revelar uma infantilidade democrática, procura ultrajar todas as ideias apresentadas pelo PSD, não se coibindo de organizar campanhas desvirtuadoras do conteúdo das mesmas, recorrendo por isso à mais primária demagogia a fim de lançar o “medo” na sociedade quanto aos perigos destas novas ideias. Este é um PS que fica para trás no andamento da História e que para a História ficará como um compasso de espera na modernidade de Portugal.


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opinião / pub

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Coma comida, fuja dos produtos alimentares processados pelos EUA, foram obrigados a redefinir os Michael Pollan é um professor que alimentos como a mera soma dos seus nuescreve livros altamente polémicos, caso trientes reconhecidos. Começava uma inde “O Dilema do Omnívoro” (publicado terminável batalha sobre as gorduras boas em 2009 por Publicações Dom Quixote) e gorduras más, os alimentos com fibras e e “Em Defesa da Comida, Manifesto de sem fibras, os ómega 3 e os ómega 6, e muium Consumidor” (Publicações Dom Quito mais que se sabe. Lançou-se o anátema xote, 2010). É importante recapitular alsobre as gorduras, como se elas fossem imgumas ideias mestras do seu pensamenprescindíveis. Importa ouvir a observação to: vivemos numa permanente confusão de Michael Pollan: “Vale a pena lembrar quanto às melhores escolhas alimentaque 60 % do cérebro humano é constituíres: os nossos hábitos de comer estão do por gordura; cada neurónio está revespermanentemente submetidos às prestido por uma camada protectora da mesma sões das indústrias agro-alimentares; isto substância. As gorduras compõem a estrunão ocorre por acaso, estamos inseridos tura das paredes das nossas células, cujos numa cadeia alimentar assente nos triun- Beja Santos rácios entre os vários tipos de lípidos infos da produtividade, designadamente a Assessor Inst. Consumidor fluenciam a permeabilidade das mesmas partir do milho, que passou a ser tratado a tudo, desde a glucose e as hormonas até como uma pura matéria-prima que veio aos micróbios e às toxinas”. Há que contestar energicamente definir o corte que se instalou entre o produtor de alimentos os pressupostos em que o nutricionismo se baseia: a ideia de e os consumidores. A sociedade de consumo em que vivemos que um alimento não é um sistema mas a soma dos seus nutriunfou graças à energia fóssil, ao milho, aos fertilizantes, trientes. As ciências da nutrição estudam apenas um nutrienà agricultura intensiva. Progressivamente, fomos avançante de cada vez, retiram-no do contexto alimento, e o alimento do para os alimentos processados, cujo constituinte básico é fica separado do contexto da dieta e esta do contexto do estio milho. A indústria alimentar está confrontada com condilo de vida. Esquecem-se que as pessoas não comem nutriencionantes intransponíveis: faça-se o que se fizer, cada um de tes, comem alimentos e os alimentos podem comportar-se de nós pode comer apenas cerca de 700 kg por ano. Só há duas uma forma muito diferente dos nutrientes que contêm. Para opções para as poderosas indústrias: descobrir como levar as Pollan, o nutricionismo é mais uma ideologia que uma ciência, pessoas a gastar mais dinheiro pelos mesmos 700 kg de comiao serviço da indústria alimentar, dos anunciantes que dão as da ou tentá-las a comer mais do que isso. suas ordens aos media e aos governos que se deslumbram Os consumidores são impelidos, neste cenário, a escocom estas indústrias de produtos que sugerem a comida. lhas responsáveis, têm obrigação de querer saber mais sobre A factura deste novo regime alimentar não é contabilizáo que comem e até como é que esta alimentação corresponde vel: são as doenças da civilização, como a obesidade, a diabea verdadeiros interesses de saúde ou pode ser causadora de tes, as doenças cardiovasculares, a hipertensão e um conjundoença. “Em Defesa da Comida” é um livro estimulante. Coto específico de cancros relacionados com a dieta. Há quem meça por nos recordar que durante muito tempo a única coiargumente que este discurso é tremendista, é graças a esta sa disponível para nos alimentarmos parecia ser a comida só alimentação que a nossa esperança de vida aumentou drasque hoje estamos cada vez mais condicionados pelos milhaticamente. Não é bem assim: a maior parte deste ganho deres de substâncias comestíveis que se vendem nos supermerve-se ao facto de um número superior de pessoas sobrevivecados. Esquecemos muitas vezes o tomate, a cebola, a alface rem aos primeiros meses de vida e à infância, isto tem a ver ou a beringela em detrimento de produtos inventados nos lacom os cuidados de saúde, a vacinação e os preceitos de higieboratórios. é aqui que se anda a remexer na química e a aprone. Deu-se a industrialização de toda a cadeia alimentar, com fundar as tecnologias alimentares: aromas, novos gostos, noum inerente processo de simplificação química e biológica. E vas cores, falsos açúcares, falsas gorduras, falsos amidos... As aqui estamos, perante uma espantosa variedade de produtos indústrias agro-alimentares têm um pacto estabelecido com alimentares a par de uma redução de alimentos, já que milhaas ciências da nutrição e com um certo tipo de jornalismo que res de variedades de origem vegetal e animal deixaram de ser muito contribui para aumentar a confusão que rodeia os dicomercializados no último século. É este o paradoxo mais grilemas do omnívoro. No seu livro, Michael Pollan defende tetante do nosso tempo: dizem que comemos melhor, no entanses verdadeiramente iconoclastas: a maioria das orientações to é a medicina que está a manter vivas as pessoas que o regialimentares que recebemos ao longo dos últimos 50 anos torme alimentar ocidental faz adoecer. nou-nos menos saudáveis e consideravelmente mais obesos, Que alternativas? Deixar de comer segundo o regime alihavendo, como a mais lúcida das reacções, de proceder a uma mentar ocidental. Sabe-se que não é fácil, vivemos numa atdefesa da comida, havendo que repudiar o sindroma em que mosfera de sedução em torno dos alimentos processados em vivem as classes médias que sofrem de ortorexia (obsessão que estes processos industriais já invadiram muitos alimendoentia pela alimentação saudável). Para reagir bem, é imtos integrais. Para comer e ter gosto em comer, fazer da comiportante ter um conhecimento mais sólido da natureza do reda um objectivo de saúde e de convivência, Pollan reivindica gime alimentar ocidental, havendo que o repudiar; a alternaum conjunto de atitudes de que destacamos: evitar produtos tiva que se perfila é constituída por novas regras pessoais de alimentares que contenham ingredientes impronunciáveis; alimentação: a felicidade, a qualidade de vida e a saúde pasevitar produtos alimentares que se auto-intitulem benéficos sa por haver novamente comida de verdade sempre à nospara a saúde; dar primazia aos vegetais, sobretudo às folhas; sa mesa. aprender a comer como um omnívoro, adicionando novos aliEm “A Era do Nutricionismo”, o autor recorda-nos como mentos, atitude que irá favorecer a biodiversidade, aprecie o é que as substâncias invisíveis se impuseram no mercado. A que comem os franceses, os italianos, os japoneses, os indiapartir do momento, desde o século XIX, em que foram idennos ou os gregos; tente não comer sozinho, é isso que o matificados os três principais constituintes dos alimentos (prorketing dos produtos alimentares pretende, é dar-lhe umas teínas, lípidos e hidratos de carbono, mais conhecidos como coisas que sugerem que são comida para se empanturrar de macronutrientes), seguindo-se a identificação dos macronugorduras e açúcares; aprenda a subverter o nutricionismo, trientes existentes no solo. Parecia resolvido o mistério da habitue-se a cozinhar com alimentos, prepare uma refeição a nutrição humana, a comida ia ser forçada a revelar os seus partir de plantas e animais. segredos químicos. Começaram investigações sobre as viPode-se discordar do que Pollan propõe. Há que reconhetaminas e outros micronutrientes, a indústria ganhou coracer porém que o seu manifesto é estimulante e que as escogem para se lançar na apresentação de produtos rotulados lhas alimentares que sugere podem proporcionar saúde e reou publicitados como saudáveis, quase com o valor de mediligar a obrigação de comer com o prazer de estar à mesa. camentos. Todos os governos do mundo ocidental, a começar

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CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTE Departamento de Urbanismo

AVISO TORNA-SE PÚBLICO, para efeitos do disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16/12, que a Câmara Municipal de Amarante, emitiu em 07/06/2010 aditamento à licença de loteamento, titulada pelo alvará n.º 2/97 em nome e a requerimento de Armando Luís Carvalho da Silva, NIF 134 150 660, residente na Rua de Aldeia Nova nº 695, freguesia de Vila Caiz, através do qual é licenciado o aditamento ao alvará de loteamento acima referido, o qual incidiu sobre o prédio, sito na Rua Padre Álvaro da Silva Barbosa, freguesia de Vila Caiz, inscrito na matriz sob o artigo 1724 e descrito na Conservatória do Registo Predial na ficha 1065/19980319. A alteração ao alvará de loteamento supra, deferida por despacho de 14/01/2010, respeita o disposto no Regulamento do Plano Director Municipal, e consiste no seguinte: Alteração das especificações do lote nº 1, nomeadamente: Aumento da área da cave do edifício (fracção A) em 56,70 m2 para constituição de um espaço destinado a garagem. Município de Amarante, 07 de Junho de 2010. O Presidente da Câmara, Dr. Armindo José da Cunha Abreu Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (3m)

CÂMARA MUNICIPAL DE AMARANTE Departamento de Urbanismo

AVISO TORNA-SE PÚBLICO, para efeitos do disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16/12, que a Câmara Municipal de Amarante, emitiu em 17/05/2010 aditamento à licença de loteamento, titulada pelo alvará n.º 28/88 em nome e a requerimento de José Carvalho Brás & Monteiro, Lda, NIPC 501 826 300, com sede na Calçada de Nossa Senhora, 11, freguesia de Travanca, através do qual é licenciado o aditamento ao alvará de loteamento acima referido, o qual incidiu sobre o prédio, sito no lugar de Murtas, freguesia da Madalena, inscrito na matriz sob o artigo 408 e descrito na Conservatória do Registo Predial na ficha 176/19881219. A alteração ao alvará de loteamento supra, deferida por despacho de 07/05/2010, respeita o disposto no Regulamento do Plano Director Municipal, e consiste no seguinte: Alteração do número de fogos: de habitação unifamiliar para bifamiliar; Alteração da áreas por piso: - Cave (destinada a garagem) – de 108 m2 para 193 m2; rés-do-chão (habitação) de 108 m2 para 173 m2; andar (habitação) de 108 m2 para 173 m2. Município de Amarante, 17 de Maio de 2010. O Presidente da Câmara, Dr. Armindo José da Cunha Abreu Reporter do Marão, N.1242 - 28/7-Ago/2010 (3m)


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crónica / cultura

“O teatro é uma arte subversiva porque vive da palavra” Liliana Leandro | lleandro.tamegapress@gmail.com | Fotos TEP

J

úlio Gago é o atual diretor artístico e presidente do Teatro Experimental do Porto (TEP). Já foi ator, já encenou, já foi preso pela PIDE por um espetáculo que criou no final da década de 70. Hoje descreve-se como um cidadão que já passou a casa dos 60 anos e que “por acaso” sempre gostou de teatro. “Desde miúdo”, quando aos 15 anos, e pela primeira vez, foi ao TEP. Em conversa com o Repórter do Marão explicou que o teatro é a síntese de todas as artes e que faz falta uma nova revolução estética. “O teatro é uma síntese de todas as artes, é algo que nasce com as pessoas”, começou por dizer Júlio Gago. Discurso fluído, palavra firme, vai lembrando que “a primeira tendência que um bebé tem pouco depois de nascer é imitar ou fazer humor através de ‘gracinhas’”. Gago já fez um pouco de tudo. Desde crítica de artes plásticas até apoio a doutorandos, tendo até escrito poesia. Criou-se “nas tertúlias”, admitindo ter tido a sorte de “conviver com as pessoas certas e com uma craveira intelectual bastante desenvolvida”. Por isso, desinteressou-se pelo ensino e pela aprendizagem organizada em liceus e universidades. Nunca concluiu nenhum curso (nem pretende!) e considera ter “uma bagagem cultural muito acima da média”. Para Júlio Gago a “cultura é fundamental e é sempre subversiva”. Quanto ao teatro dito comercial, e até mediático, diz estar no “limiar da cultura”

não sendo “mais do que lazer”. É uma “forma de divertimento pelo riso e pelo choro do espetador sem o pôr a pensar, sem o pôr a discernir sobre o que é um ato cultural na sua verdadeira dimensão e que o ajuda a mudar a vida”.

| António Pedro mudou o teatro | Em Portugal, a forma de fazer teatro mudou com António Pedro, encenador, escritor e artista plástico português, nascido em 1909. “Ele fez a única revolução estética do teatro português” ao trazer para o país a encenação. Foi “uma figura lapidar”, foi poeta, romancista, autor de narrativas, pintor, escritor, ceramista, galerista, jornalista e, sobretudo, “criou a unidade e a síntese de todas essas vertentes através do teatro”. Os primeiros oito anos do Teatro Experimental do Porto, entre 1953 e 1961, são passados com António Pedro. “Isto marcou tudo, deixou uma marca que se refletiu não só no TEP mas no resto do teatro português, com grande parte das companhias de teatro de Portugal a terem sido feitas à imagem do TEP ou enquanto dissidências”. É o caso do Teatro Experimental de Cascais, da companhia A Barraca ou da Seiva Trupe. Em 57 anos de existência, outras figuras passaram por aquela que é considerada a decana das companhias profissionais do Teatro Português e a que maior longevidade atingiu

Júlio Gago, diretor do Teatro Experimental do Porto em Portugal: João Guedes, Dalila Rocha, Ruy de Carvalho, Paulo Renato, Fernando Gusmão, Mário Viegas,… Durante os anos da ditadura, o TEP foi ensombrado por episódios de “perseguição e censura” com espetáculos a serem proibidos e o Estado a limitar os financiamentos. Já no final dos anos 90, os apoios foram reduzidos de forma tal que o TEP teve de mudar. Abandonou o Porto, que lhe tinha servido de casa, e encontrou acolhimento em Gaia onde se encontra há já 11 anos. Pelo meio ficaram os dias bons, em que o TEP atingiu os cinco mil sócios. Decorria o ano de 1957 e este número quase rivalizava com o de sócios do FC Porto. Atualmente “tem pouco mais de 300”, lamenta Júlio Gago.

| “A experiência do teatro é hoje diferente” | Ainda assim, e em 2009, a média de espetadores por representação do TEP ultrapassou os 220, num total de mais de 37 mil para 226 atuações. Dados de 2010 apontam para mais de 30 mil espetadores e 126 representações. “No ano passado conseguimos uma coisa que nenhuma outra companhia de teatro português conseguiu: 47 por cento do total de receitas obtidas foram conseguidas por meios próprios”, observou Júlio Gago. Para estes resultados em muito contribuíram os espetáculos realizados para escolas, com o TEP a encenar as peças ‘Felizmente

Há Luar’ e ‘Frei Luís de Sousa’, prestando uma especial atenção aos programas curriculares. Mudaram-se os tempos e surgiram novas formas de interesse como a televisão, a internet e o teatro dito comercial. E se antigamente se ia aos espetáculos em grupo, hoje assiste-se a uma “desabituação da ida ao teatro, tal como da ida ao café ou à tertúlia”, conta Júlio Gago. Nos palcos assiste-se à tendência do “teatro de dúvidas, restrito, dirigido ao umbigo de cada um e que dificilmente consegue captar público”. E teatro sem público, não é teatro. “Devemos descodificar o que é complexo, para que o público consiga perceber”, defende.

| Teatro não foge à crise | A crise também ataca o teatro. E, diz Júlio Gago, o “sentido da moda mudou”. Mecenas e patrocinadores optam pela dança e artes plásticas, relegando o teatro para segundo plano. “Com a dança e com a música não existe a força e a carga subversiva que tem uma palavra”, justifica. Em termos de financiamento, o TEP conta com a Câmara Municipal de Gaia. Contra o Ministério da Cultura já foram movidos vários processos, com o MC a ser este ano condenado a pagar duas indemnizações ao teatro experimental. Para o também presidente da direção, “os últimos anos têm sido de modorra em que pouco de inovador tem surgido”, defendendo ser “fundamental” que


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cultura/crónica

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repórterdomarão

António Mota

Mariana e Matias

“haja alguma coisa de lapidarmente cortador com o passado” para que “possam existir revoluções estéticas”.

| "Pasmaceira | Os últimos anos têm sido de “pasmaceira”, diz mesmo Júlio Gago, sublinhando que “não tem surgido nada radicalmente destruidor”. Por isso, acredita que este é “um período de estagnação” em que aguarda, “com confiança”, que “apareçam artistas destruidores de tudo aquilo que é castrador para a sociedade”. Ainda durante este ano espera levar a cena mais duas peças das muitas encenadas por António Pedro (este ano o TEP está a comemorar o centenário do seu nascimento). A 23 de setembro estreia ‘A Morte de um Caixeiro Viajante’ e em novembro é a vez de ‘A jornada para a noite’. A programação para 2011 só será divulgada “lá para setembro” mas o próximo será o ano de homenagear o pintor Augusto Gomes.

| O gosto de dirigir | Júlio Gago diz que não voltará a atuar, nem a encenar. (A última vez que representou foi em 1971 e deixou a encenação em 1979). Chegou à conclusão que “queria dirigir”. A maior conquista, afirma sem hesitações, foram os seus dois filhos e um neto. Falta-lhe conquistar o sonho e, por isso, continua a sonhar coisas impossíveis.

Um museu do teatro em Gaia Um dos grandes projetos centrais do TEP é a criação do museu do teatro António Pedro em Gaia, revelou Júlio Gago ao RM. Autarquia e ministério já se manifestaram disponíveis para colaborar com o novo museu mas “a situação está num impasse”. Para dezembro está prevista uma exposição sobre António Pedro na Casa Museu Teixeira Lopes.

Tudo tem o seu tempo, Mariana. Tudo o que tem um início há-de, mais cedo, ou mais tarde, ter inexoravelmente um fim. Agora não gosto de festas. Agora não suporto o barulho e a confusão. Irrita-me até ao tutano o choro interesseiro das crianças, que negoceiam com os pais momentos de silêncio por mais uma voltinha no carrossel ou no avião. Detesto as festas e os arraiais. Já não tenho paciência para andar de cá para lá, de lá para cá, a acenar e a sorrir para os conhecidos que andam a fazer o mesmo, ou resguardado num grupo barulhento e provocatório, indiferente à banda de música pelintra que é escutada por meia dúzia de velhos derreados, amparando o peso dos anos em bengalas envernizadas. Alguns vestem fatos que cheiram a naftalina, calçam sapatilhas, e cobrem a cabeça com chapéus de feltro ou bonés com o nome da Câmara Municipal ou da Junta de freguesia, muito leves, muito coloridos. E eu penso: um dia, e não demorará muito, farei este papel. Um dia, também estarei aqui com um boné na cabeça e umas sapatilhas nos pés, esperando com toda a paciência do mundo que a banda de música toque o 1820, de Nikolai Tchaikovsky, se for boazinha e gostar de mostrar serviço. Ou se ainda houver bandas. Aqui estarei, silencioso como as estátuas do jardim, esperando, pacientemente, que o tempo passe. Aqui estarei muito sereno, esperando encontrar alguém que queira conversar comigo um bocadinho depois de os músicos descerem do coreto. E talvez eu o convide para bebermos umas águas sem gás. Agora já não posso alambazar-me com as farturas, muito doces e encharcadas em óleo, nem com as rocas de açúcar, nem com as cervejas geladas, nem com as sardinhas assadas e as tigelas de vinho bebidas quando a madrugada vai alta. Agora já não posso, agora não pode ser, estou proibido, não devo, é melhor não abusar. Comecei a ouvir repetir estas palavras depois de ter ocupado temporariamente a cama três da enfermaria dois, e do médico me ter dito, com um tom professoral: o senhor Matias tem de aprender a dizer não a certas

coisas, e sim, a outras. Tem de mudar o seu estilo de vida, não pode ser tão sedentário, tem de emagrecer, tem de cortar com o álcool e com o tabaco, tem de comer com menos sal... - Odiei o médico, que era magricelas e tinha caspa. Tudo tem o seu tempo, Mariana. Agora aqui estou a olhar para o calendário, como se estivesse no meio da ponte. A nascente está a minha infância. É essa nascente que eu procuro para matar a sede. A foz não me interessa conhecer, e é melhor assim, viver na incerteza dos dias. Entendes, Mariana? Se calhar esta conversa está a aborrecer-te. Tu não tens culpa de nada. Tu és uma jovenzinha, chegaste ao tempo mais bonito da tua vida, o tempo em que o espelho onde nos descobrimos e admiramos, transforma os sonhos em realidade. Chegaste ao tempo em que se acredita que os muros se derrubam com um assopro singelo. Mas é com esses gestos que o mundo muda. Desculpa esta conversa parva, minha filha, mas os anúncios dos altifalantes, os foguetes, os coretos, os carrosséis e as barracas, os carros amontoados e as multidões, em vez de me alegrarem, põe-me melancólico, remetem-me para a pieguice. E este tempo também não ajuda nada. anttoniomotta@gmail.com

Detesto as festas e os arraiais. Já não tenho paciência para andar de cá para lá, de lá para cá, a acenar e a sorrir para os conhecidos que andam a fazer o mesmo, ou resguardado num grupo barulhento e provocatório, indiferente à banda de música pelintra que é escutada por meia dúzia de velhos derreados, amparando o peso dos anos em bengalas envernizadas. Alguns vestem fatos que cheiram a naftalina, calçam sapatilhas, e cobrem a cabeça com chapéus de feltro ou bonés com o nome da Câmara Municipal ou da Junta de freguesia, muito leves, muito coloridos. E eu penso: um dia, e não demorará muito, farei este papel.


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crónica|eventos

Orquestra do Norte... de Óbidos a Baião A.M.PIRES CABRAL

Barriga cheia, barriga vazia... Na minha actividade ocasional de tradutor, tocou-me traduzir recentemente um texto do historiador inglês Charles Esdaile sobre a presença em Portugal das tropas da nossa mais antiga (e pérfida) aliada, durante a Guerra Peninsular. Nesse texto aprendi que, entre os oficiais ingleses que estiveram entre nós, houve quase duas centenas que publicaram as suas impressões sobre o Portugal de princípios do séc. XIX, sob a forma de diários, correspondência ou mesmo de obra em livro. Claro está que noventa e nove vírgula nove por cento das vezes, o retrato que do nosso país e da nossa gente fazem é o mais severo possível. Admito que Portugal fosse por essa altura um país pouco civilizado segundo os padrões da Inglaterra. Mas também admito que anda em muitas das descrições aquela irreprimível tendência dos ‘bifes’ para o snobismo e para acharem que o resto do mundo nasceu unicamente para os servir. Muitos desses oficiais eram o que se pode dizer prigs, palavra que combina as ideias de petulância e atitude enfatuada para com tudo o que não seja inglês. Seja como for, não vou aqui branquear a barbárie do Portugal dessa época. Em Lisboa ainda havia então o péssimo costume (e alguns dos oficiais retratam-no com cómica crueza) do ‘água vai!’ – isto é, de lançar pela janela fora o conteúdo dos penicos domésticos, que, diga-se em abono da verdade, não era exactamente água nem necessariamente líquido. E nem tão mal que se gritava ‘água vai!’, para que os transeuntes se pudessem precatar… Acredito que na capital inglesa, por essa altura, tais práticas já não existissem, se bem que já tenho lido páginas de Charles Dickens que retratam situações e ambientes pouco menos sórdidos nos quelhos da civilizadíssima Londres vitoriana. Só para se ficar com uma ideia do tom por que afina o geral dos testemunhos, leia-se o que escreve um desses oficiais: Que bando de pobres diabos ignorantes, supersticiosos e dominados pelos padres são os portugueses. Sem os ver, é impossível conceber que haja na Europa um povo tão aviltado. A mais emporcalhada das pocilgas é um palácio comparada com as casas imundas desta cidade porca e malcheirosa … As ruas estão apinha-

das de cães meio mortos de fome, padres anafados e gente ociosa. De quando em quando, porém, aparece uma página mais compassiva, em que se procura compreender a miséria do povo português à luz da brutalidade das tropas francesas que nos invadiram por três vezes, a maior corja de rapinantes que alguma vez assolou a ocidental praia lusitana. E há parágrafos pungentes: Não era raro ver hordas destes pobres desgraçados, velhos e novos, homens e mulheres, andrajosos, a verdadeira imagem da morte, em volta de uma fogueira miserável, sobre a qual havia um pote de barro cheio das ervas que se podiam colher nos campos e nas sebes. Milhares conseguiam arrastar uma existência miserável com este sustento abjecto. (...) Os soldados ingleses auxiliavam-nos de todas as maneiras ao seu alcance, e na Legião Ligeira (...) fazia-se sopa das cabeças e vísceras do gado abatido para a tropa e distribuía-se pela população faminta. (Cabeças e vísceras, repararam?) Nem se pense, com base neste parágrafo, que os ingleses foram sempre desinteressadamente esmoleres para com os portugueses famintos. Vezes houve em que a música era bem outra: Esta região tinha sido durante tanto tempo teatro de guerra (...) que os habitantes por fim começaram eles próprios a temer a fome e escondiam para seu sustento tudo o que lhes restava, de forma que (...) era impossível extorquir-lhes uma carcaça do seu bom pão, do qual precisávamos tão desesperadamente que éramos obrigados a esconder patrulhas nas diferentes estradas e caminhos (...) à procura de camponeses que passassem de umas aldeias para as outras (...) a fim de lhes roubarmos fosse o que fosse, e o nosso orgulho não nos impedia de tirar nem que fosse meia dúzia de batatas do cesto de alguma velha. Ai não... Barriga cheia é barriga cheia, barriga vazia é barriga vazia.... Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico. pirescabral@oniduo.pt

A Orquestra do Norte encerra, em agosto, a temporada do primeiro semestre, com concertos em Óbidos, Valpaços, Mogadouro e Baião. A Orquestra do Norte passa por Óbidos nos dias 7, 19 e 21, no âmbito do Festival de Ópera daquela localidade. O primeiro concerto, marcado para as 21:30, na Cerca do Castelo, vai levar ao palco “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, com encenação de Eleonora Paterniti e direção de João Ferreira Lobo. Dia 19, à mesma hora e no mesmo local, é a vez da apresentação de “La Bohème”, de Puccini, com encenação de Giancarlo Fabri. O festival encerra com a Gala da ópera na

Abrunhosa em Vila Real No parque do Abambres SC, em Vila Real, 19, 20, 21 e 22 de Agosto são os dias do Festival Querido Mês de Agosto que vai ter como cabeças de cartaz Pedro Abrunhosa, Miguel Gameiro, João Pedro Pais e Rita Guerra. A abertura é no dia 19, às16:00, e o encerramento está previsto para as 02:00. O passe diário custa 10 euros e o passe festival (para os quatro dias), custa 30 euros. Pelo campo de Futebol do SC Abambres vão passar Romana, Emanuel, FF, Micaela, entre outros.

Júlio Pomar em Bragança

A exposição Júlio Pomar – Uma Antologia está patente até 17 de outubro no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. Concebida com base num “discurso expositivo onde o critério cronológico é particularmente evidente”, a exposição procura “estabelecer, dentro das possibilidades do espaço arquitetónico do museu, o reencontro do espetador com cada um dos períodos, temas e obras mais marcantes da produção artística” de Júlio Pomar, um dos mais destacados artistas da pintura portuguesa.

Lagoa de Óbidos, às 21:30 de dia 21: o coro da Orquestra do Norte junta-se à soprano Elisabete Matos, sob a direção de Pérez Sierra. A Valpaços (dia 12, às 21:30, no Largo da Igreja Matriz) e a Baião (dia 20, às 21:30, na Praça do Município), a Orquestra do Norte leva o concerto “Matizes de Verão”, onde estará presente o som característico das castanholas da maestrina espanhola Margarita Guerra. Em Mogadouro, no dia 14, (às 21:30, na Casa da Cultura), a Orquestra do Norte apresenta um concerto com as obras “Sheherazade”, de RimskyKorsakov, e “Príncipe Igor, Danças Polovtsianas”, de Alexander Borodin.

Cinema ao luar e diabos à solta em Amarante Sessões de “Cinema ao Luar” é o que propõe o Cineclube de Amarante para as noites de 8, 9 e 10 de agosto nos claustros da Câmara Municipal. As sessões começam às 22:00 horas e têm entrada livre. Avatar, de James Cameron, é o primeiro filme a ser exibido, no domingo, dia 8 de agosto. A 9 vai ser apresentado OMIRI, um espetáculo áudio-visual que explora em simultâneo “a criação de ambientes complexos dada pela sopreposição de camadas sonoras e visuais gravadas em tempo real e a improvisação em torno das mesmas”. Seguese o documentário Pare, Escute, Olhe, de Jorge Pelicano (10 agosto). Entretanto, o regresso dos “Diabos de Amarante”, figuras de veneração popular, vai ocorrer a 22 de agosto. O desfile tem início marcado para as 22:00, sendo os diabos transportados em carros de bois até ao centro da cidade, onde se vai realizar um espectáculo multimédia e pirotécnico.


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artes | nós

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Cartoons Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior. Fundado em 1984 Quinzenário Regional

de

Santiagu

Registo/Título: ERC 109 918 Depósito Legal: 26663/89 Redação:

[Pseudónimo de António Santos]

Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 Apartado 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESES Telef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202 E-mail: tamegapress@gmail.com Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689) Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Paula Costa (C.P. 4670), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse, Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite. Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas: Alberto Santos, José Luís Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas. Colaborações/Outsourcing/Agências: Agência Lusa (Texto e fotografia), Media Marco, Baião Repórter/Marão Online Promoção Comercial, Relações Públicas e Publireportagem: Telef. 910 536 928 - Ana Pinto publicidade.tamegapress@gmail.com anapinto.tamegapress@gmail.com Propriedade e Edição: Tâmegapress - Comunicação e Multimédia, Lda. NIPC: 508920450 Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 - Apartado 4 4630-279 MARCO DE CANAVESES

O Sermão do Santo Durão aos peixes 2010

O OLHAR DE...

Eduardo Pinto

1933-2009

Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

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"Vira da Nazaré" – Amarante – Anos 60

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